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Historia do Brasil 253 sob as janelas. Ferveu a intriga dos "representantes dos estaleiros navais e fabricas de armas" (1), com a insidia de uma propaganda em que o "perigo brasileiro" desa brochava, odioso. Propz ela que o Brasil dividisse com a Argentina a frota adquirida. . . Mas Zeballos deixou cm 21 de Junho (1908) o ministcrio: e para justificar a conduta anti-brasileira afirmou, num artigo, que as legações do Brasil em Buenos Aires, Santiago, Monte vidéo, Assunção, La Paz, Lima e Washington andavam difundindo a noticia de que a Argentina ameaçava os países vizinhos, para completar, que o Brasil os defenderia. E transcrevia, entre aspas, dois periodos de suposto tele grama de Rio Branco a uma delas. Desmentiu o Itama ratí: jamais telegrafára cousa semelhante. Zeballos voltou à carga, já agora com uma singular intimativa: "Revise el baron de Rio Branco su archivo secreto dei Pacifico y lea el documento original. . . 17 de Junho de 1908 .. . numero 9 . . . " O famigerado telegrama n.0 9. Rio Branco confirmou. Sim, fôra transmitido, em cifra, para a legação no Chile, via Buenos Aires: apenas. . . a tradução não era aquela. E publicou-o, "in extenso", no texto real, deplorando a captação do despacho e a sua versão errônea, fruto por certo de um embuste, em que caíra Zeballos. É imaginar o constrangimento causado pelo incidente nestes duros termos. Cessava, aliás, com a singeleza da réplica. Todo o propalado cerco anti argentino se esvanecia, como uma espiral de fumaça. No ano seguinte, cogitava Rio Branco do A.B.C. Seria, num entendimento cooperativo, a cordial inteligencia entre a Argentina, o Brasil e o Chile. Se consumasse o acôrdo (que em 21 de Janeiro de 1909 propoz primeiramente ao ministro chileno, em Petropolis) cimentaria, defini tiva, a paz nesta parte do continente. Em 19ll, conveio, satisfazendo ao que confidencialmente lhe apresentou, (1) Despacho de Hio Branco, cit. por ALVARo L1Ns, ibid ., p. 504. 254 Pedro Calmon em nome de Saenz Pefia, Ramon J. Cárcano, em desistir do terceiro "dreadnought". Faria o mesmo a Argentina. Com estas intenções conciliatórias podia encerrar a grande carreira pública, angustiada, no final, pelas decep ções letais da política. Não resistiu o barão às emoções de um período atroz da vida nacional - ao começar, sob o signo da desordem armada, o ano infeliz de 1912. Pa trioticamente humilhado pelo bombardeio da Bahia, demitir-se-ia, se o governo não repuzesse a autoridade criminosamente deposta. O marechal atendeu. - Se o sr. saír, eu tambem renuncio - disse-lhe, aterrado pela perspectiva da segunda catastrofe, qual a retirada do homem glorioso (1). Mas lhe fraquejou o organismo. Morreu no seu gabinete do Itamaratí, onde dormia, junto da vasta mesa de trabalho, a 10 de Fevereiro. (1) ALBERTO DE FARIA, conf. na Acad. Bras., 80 de Agosto de 1930. XXV A CAMPANHA CIVILISTA Historia repetida. Quem fazia politica, era ele. . . Com esta frase auto ritária marcou Afonso Pena a linha pessoal do sistêma, extremada- como acontecera com Rodrigues Alves - na escôlha do sucessor. Não seria problema, se vivesse João Pinheiro. O presidente mineiro sobrepujára o panorama dos partidos com a sua individualidade iman tada de ação e idealismo: poucos homens na vida repu blicana se impuzeram tão depressa ao entusiasmo dos correligionários e à confiança do país. A sua fisionomia lembrava a de Castilhos; o positivismo progressista e a energia de comando faziam dele literalmente um chefe; mas vestia a firmeza dessas qualidades com as maneiras suaves de sua gente, de quem tinha a astúcia, a obstina ção e a modéstia. Ele proprio, numa imagem rústica, traçou o paralelo de gaúchos e mineiros, comparando a impaciencia do cavalo e a perseverança do burro ... (1) Sem afoiteza, sem ênfase, sem provocação, seguia pachor rentamente o seu rumo. Do palacio da Liberdade ao do Catete (2) parecia curto atalho, na crista calva das "alterosas" montanhas natais. . . Vitima de molestia que não perdôa, morreu a 25 de Outubro de 1908. Deixou desorientada a política, até aí em torno dele - contra Pinheiro Machado. Carlos Peixoto e o seu grupo, mo mentaneamente ao desabrigo, socorreram-se de David (1) PEDRO RACHE, Homens de Minas, ps., 86-7, (2) PAULO TAMM, João Pinheiro, p. 198, Belo Horizonte 1947, 256 Pedro Calmon Campista. O presidente Pena por ele se declarou em Dezembro. O ministro da fazenda seria o candidato. Cometia a mesma imprudencia do antecessor, com Bernar dino de Campos. De mais não precisava o adversario para o abater, dissolvendo, no fragôr dessa liquidação, o "jardim da infancia". Romperia Ruy Barbosa por conta propria o combate: negava ao presidente o direito de apresentar sucessor. Lembrou Rio Branco. Hàbilmente, Pinheiro parecia concordar com Campista. De fato, tudo faria para arre batar a Carlos Peixoto a chefía petulante da politica nacional: e o venceu com a candidatura do ministro da guerra. Antes o marechal Hermes! O fulgôr da espada. No ambiente pairava, significativamente, a mística militarista. Bastára um ano, entre 1907 e 1908, para se modificar na opinião geral a crença da dôce paz (1). As palavras de Ruy na Haia pertenciam a um período findo. O Brasil devia armar-se, como as demais potencias, em franco desafio estatístico; e o marechal, operoso e edu cativo, personificava o exercito. Abraçava-se a Rio Branco e Alexandrino nesse pensamento de ressurreição do po derío militar. Depois do episodio da Panther, o governo alemão queria reconquistar a simpatía brasileira: convidou-o para assistir, ao lado do Kaiser, às grandes manobras. Rio Branco deu à viagem a ressonancia espe rada; e a sua volta - o reformador do exercito do Brasil homenageado pelo primeiro exercito do mundo! - foi festejada com estrondo. Ali estava, de plumas e bordados, (1) Narra MEDEIROS E ALBUQUERQUE aspectos curiosos da excitação que em 1008, começava a Invadir o exercito, levando a lguns grupos a atos de vlolencla , após sessões secretas do Clube Militar . . . Minha vida, II, 40. Esse encerramento alude a um processo histórico e social que se acentuou no Brasil depois dos anos 30 do século passado: a) o deslocamento de contingentes populacionais para as regiões economicamente mais desenvolvidas e urbanizadas do país. b) o incentivo à migração feito pelos estados nordestinos e a construção de cidades planejadas no Centro-Oeste do país. c) a política de auxílio governamental às populações carentes do interior e o início da urbanização de alguns territórios sertanejos. d) a atração representada pela economia do cacau na Amazônia e o surgimento de cidades às margens dos rios. e) a industrialização acelerada das cidades litorâneas do Nordeste brasileiro e a concessão de títulos de propriedade rural para as famílias pobres nos estados do sul. 62 - (UNIMONTES MG) Cláudia Benevides, em sua obra Um Estado de Bem-Estar Social no Brasil, salienta que, mesmo com a série de medidas de ordem universalista que foram implantadas a partir dessa década, o Estado de Bem- Estar Social brasileiro não deixou de ser seletivo, pois condicionava, de diversas maneiras, o acesso aos serviços sociais a determinados segmentos sociais. A autora destaca que ocorreu a ampliação dos direitos sociais em alguns setores nesse período. Além da unificação dos IAPs (Institutos de Aposentadorias e Pensões) e a consequente criação do INPS (Instituto Nacional de Previdência Nacional), foi instituído o FUNRURAL (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural) e criado o Ministério da Previdência e Assistência Social. (BENEVIDES, C. V. Um Estado de Bem-Estar Social no Brasil? UFF. Rio de Janeiro, 2011.) O período ao qual a autora se refere é o do/da a) governo de J. K. b) redemocratização. c) governo Vargas. d) ditadura militar. 63 - (IFPE) Por longos 21 anos, o Brasil foi governado por presidentes-generais.Era o chamado Regime Militar, encerrado em 1985 com a eleição, indireta, dos civis Tancredo Neves e José Sarney. No plano político, o regime militar implantado no país, a partir de 1964, caracterizou-se: I. Pela presença das massas populares, inclusive trabalhadores e estudantes, em todos os níveis da administração. II. Pela suspensão dos direitos políticos e cassação de mandatos de parlamentares. III. Pela intervenção em sindicatos, destituindo as lideranças sindicais que passaram a ser perseguidas. IV. Pelo estabelecimento das eleições indiretas para presidente da República e também dos governadores. V. Pela manutenção da Constituição Federal de 1946, de caráter liberal, além da ampliação dos direitos trabalhistas no país, como o direito de greve. Os itens corretos são: a) Apenas I e V b) Apenas I e IV c) Apenas I, II e V d) Apenas II, III e IV e) Todos 64 - (IFRS) Leia o trecho a seguir: “Sempre se soube que a investigação [...] seria alvo de críticas por parte de generais de pijama e de cobranças dos familiares de vítimas e iria mobilizar atenções no País inteiro. Estava claro também que os membros da comissão [...] teriam de se empenhar, acima de tudo, em cumprir a obrigação de conhecer cada crime, cada violência, em todos os detalhes. Episódios terríveis da história do País, como o atentado à bomba no Rio-Centro *...+.” JERONIMO, Josie. Luta pela memória da ditadura está em perigo. In: Revista Isto é, 31 jul. 2013. p. 47. O texto aborda as dificuldades encontradas pelos membros que compõem a “Comissão Nacional da Verdade”. Sobre as informações encontradas, pode-se afirmar que estão diretamente relacionadas a) à colaboração das autoridades brasileiras com as mortes perpetradas nos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, em virtude da mútua simpatia existente em relação às ideias de cunho ultranacionalista. b) às prisões arbitrárias e assassinatos cometidos entre 1937 e 1945 no Brasil, durante o período da ditadura do Estado Novo, contra os opositores do regime liderado por Getúlio Vargas. c) às perseguições e desaparecimentos ocorridos na década de 1890 no Rio de Janeiro, durante a contenção à Revolta da Armada, a mando do Presidente e Marechal do Exército, Floriano Peixoto. d) ao processo judicial contra o governo brasileiro no Tribunal Internacional de Haia, a pedido dos descendentes de famílias paraguaias em virtude de massacres cometidos por soldados brasileiros durante a Guerra do Paraguai, declarada para derrubar o ditador Solano López. e) à repressão violenta estabelecida pelo governo ditatorial civil-militar no Brasil, em 1964, que culminou com, além de torturas, desaparecimentos de cidadãos, muitos dos casos até hoje inconclusos. 65 - (PUC SP) O regime militar brasileiro (1964-1985) teve, entre suas características mais destacadas, a) a contínua defesa da democracia e a restrição à difusão do ideário socialista. b) o autoritarismo político e a limitação da organização político-partidária. c) a implantação da indústria de base e o abandono dos programas de estímulo à agricultura. d) o forte nacionalismo e a rejeição à influência norte-americana e britânica. e) a política econômica de base liberal e a completa desestatização da economia. 66 - (UNIMONTES MG) Entre as principais consequências do Ato Institucional n.º 05, baixado em fins de 1968 pelo governo brasileiro, pode-se elencar: a) Início do processo de abertura democrática, lenta e gradual do sistema político nacional. b) Cassação por 10 anos dos mandatos eletivos e suspensão dos direitos políticos de qualquer cidadão. c) Criação dos senadores biônicos nomeados pelo governo e adoção da censura prévia à imprensa. d) Extinção dos inúmeros partidos políticos existentes e implantação do sistema bipartidário. 67 - (PUCCamp SP) O mineiro Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira (MG) em 1902, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1934 e lá viveu até sua morte em 1987. Ao longo de seus 85 anos de vida, Drummond presenciou grandes transformações na economia e na sociedade brasileira. Ao longo da década de 1970, o poeta vivenciou a) a fundação da Petrobras e a inauguração da Transamazônica. b) a crise do petróleo e o fim do milagre brasileiro. c) a criação do Proálcool e a privatização da Siderúrgica, de Volta Redonda.