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ESTÁCIO CEARÁ DISCIPLINA: PARASITOLOGIA Prof. Ms. Zulmira Castro Aula 3: Protozoários Teciduais e Sanguíneos vinculados por vetores II – Tripanossomíases CONTEXTO HISTÓRICO A tripanossomíase americana, posteriormente denominada doença de Chagas em homenagem ao seu descobridor o pesquisador brasileiro Carlos Chagas, é uma importante doença parasitária resultante da infecção pelo protozoário parasito hemoflagelado Trypanosoma cruzi, tendo insetos triatomíneos como vetores. As formas mais importantes de transmissão da doença de Chagas ainda são as vetoriais (seja via lesão resultante da picada, seja por mucosa ocular ou oral), contudo apresentam também importância epidemiológica a transmissão transfusional e congênita CONTEXTO HISTÓRICO EPIDEMIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA Zona rural Zona urbana EPIDEMIOLOGIA CICLO EPIDEMIOLÓGICO DO T. CRUZI Triatoma infestans Gambás – Didelphis marsupialis – o mais importante reservatótio das Américas. Apresenta dois ciclos vitais distintos do parasita (sangue / glândula de cheiro : idêntico ao dos barbeiros) Ciclo silvestre 71 espécies Ciclo doméstico 7espécies PRINCIPAIS ESPÉCIES DE TRIATOMÍNEOS Triatoma infestans – cor negra com manchas amarelas no conexivo, amplamente distribuído na América do Sul, estritamente domiciliar e atualmente “eliminado” Triatoma infestans conexivo Panstrogylus megistus – cor negra com manchas vermelhas pronoto ocorre nas frias e úmidas. na região do conexivo e áreas mais montanhosas, pronoto Panstrongilus sp. T. brasiliensis – cor varia de negro a marrom- conexivo escuro, conexivo anelações amarelas nas tíbias e no e pronoto, ocorre nas áreas mais quentes, importante no Nordeste. T. brasiliensis T. sordida, T. rubrofasciata, T. pseudomaculata, R. pictipes, P. geniculatus – importância secundária CICLO BIOLÓGICO DOS TRIATOMÍNEOS MORFOLOGIA Hospedeiro vertebrado Amastigota: intracelular, presença de flagelo curto Livre . Tripomastigota sanguíneo: forma alongada , flagelo forma uma membrana ondulante parasita. que percorre o corpo doTripomastigota sanguíneoAmastigota Epimastigota: forma alongada e flagelo formando uma pequena membrana ondulante. Encontrado no intestino do inseto vetor. Tripomastigota metacíclicoEpimastigota Tripomastigota metacíclico: encontrado nas fezes do barbeiro Hospedeiro invertebrado CICLO BIOLÓGICO O inseto pica e defeca ao mesmo tempo. Tripomastigotas metacíclicos penetram na pele Transformam-se em tripomastigotas metacíclicos e são eliminados nas fezes. Tripomastigotas sanguíneos são ingeridos por um novo barbeiro durante a picada CICLO BIOLÓGICO DOS TRIATOMÍNEOS INTERAÇÃO PARASITA - CÉLULA HOSPEDEIRA A. Aderência a membrana celular, B-C. Internalização via dapseudópodes membrana, ou depressão D. Parasita dentro do vacúolo parasitário, E-F. Transformação do tripomastigota em amastigotas, G. Multiplicação dos amastigotas no citoplasma da célula, H-I. Transformação de amastigota – tripomastigota. J. Ruptura da célula hospedeira e liberação sanguíneos. de tripomastigotas MECANISMOS DE TRANSMISSÃO Vetorial: de maior importância epidemiológica. Forma infectante: Tripomastigotas metacíclicos. Transfusional: Importante Tripomastigota sanguíneo. nas áreas urbanas. Forma infectante: Congênita: Forma infectante: Tripomastigotas sanguíneos que atingem o feto. Acidental: Inoculação por agulha ou contato das contendo tripomastigotas. mucosas com material Ingestão: Caldo de cana, açaí, alimentos contaminados com fezes de triatomíneos. Forma infectante tripomastigotas. Transplante de órgãos: pode resultar em doença aguda grave. Forma infectante: amastigotas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Infecção assintomática (grande maioria). Fase aguda • Período de incubação: 5 a 14 dias da forma aguda. picada p/ a • Primeiras manifestações: Sinal de Romaña- Sinal de Romanã: edema bipalpebral unilateral (presença de parasitas abundantes – amastigotas como tripomastigotas) - Chagoma de inoculação: inflamação local na derme no ponto de inoculação do parasita. • Febre, edema, adenite, hepato-esplenomegalia, as vezes insuficiência cardíaca (10 a 30%). • Mortalidade de 10%: crianças e imunodeprimidos. Chagoma de inoculação PATOGENIA NA FASE AGUDA - Parasitemia elevada (estabelecer uma imunidade e focos inflamatórios) - Presença de ninhos de amastigotas cujo o rompimento promove focos inflamatórios que podem levar a morte. Meningoencefalite. Miocardite chagásica aguda. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Fase crônica a). Forma assintomática ou indeterminada: Período de incubação: 10 a 30 anos. - - - - - Corresponde a mais de 50-70% dos casos, Caracteriza-se pela presença de anticorpos anti-T.cruzi, Presença ou ausência de tripanosomas circulantes, Ausência de sintomas da doença, Eletrocardiograma e exames radiológicos normais MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Fase crônica b) Forma Sintomática: reativação do processo inflamatório (parasitemia baixa) e as mudanças anatômicas. Cardíaca • Insuficiência cardíaca: Substituição do tecido muscular por fibrose, diminuição da força contrátil do miocárdio (arritmias) Formação de trombos intracavitários• (retardamento da circulação) Comprometimento do sistema das• contrações cardíacas (feixe de Hiss, nódulo sinusal, nódulo AV): gera perturbações de estímulos e propagação. Raio X do tórax presença de cardiomegalia FORMA CARDÍACA Insuficiência cardíaca, distúrbios da condução Cardiomegalia Fibras substituindo massa muscular MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Fase crônica b) Forma Sintomática: Digestiva (megacólon e megaesôfago) Megaesôfago: disfagia, refluxo gastro-esofágico, dor retroesternal. Megacolón: constipação instestinal. Destruição do plexo mioentérico pelo inflitrado inflamatório com permanente. dilatação DIAGNÓSTICO Clínico: manifestações da entrada do parasita, associado febre e hepato- esplenomegalia (fase aguda) Alterações cardíacas e digestivas fase crônica). (evidenciadas por eletrocardiograma e radiografia – Laboratorial Fase aguda: presença do parasita - Esfregaço de sangue, - Gota espessa, no sangue - Exame de creme leucocitário ou Método de Strout. - Testes sorológicos: RIFI e ELISA (detecção de IgM) (Início de formação de anticorpos – a partir de 15 dias de infecção) Fase Crônica: baixa parasitemia e presença de anticorpos - Xenodiagnóstico ou hemocultura (presença de parasita em um barbeiro saudável) - Testes sorológicos – RIFI, ELISA e HAI - PCR TRATAMENTO Benzonidazol: efeito apenas contra as formas sanguíneas. 5 a 8 mg/kg por dia durante 60 dias. Efetivo na fase aguda, entretanto, na fase crônica visa apenas melhoria do prognóstico do paciente. CONTROLE Melhoria da habitação, Combate ao triatomíneos (dedetização), Vigilância de banco de sangue.