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Conceitos Iniciais – Conceito de Tributo
DIREITO TRIBUTÁRIO
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CONCEITOS INICIAIS – CONCEITO DE TRIBUTO
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS III
Dentro do Direito Tributário, quando um juiz vai julgar uma lide tributária, a primeira 
coisa que ele deve ter certeza é de que se trata, de fato, de uma lide tributária (se o Estado 
está realmente cobrando um tributo) para se saber qual o regime jurídico aplicado.
Exemplo: Houve uma discussão sobre as custas judiciais serem ou não um tributo. No 
momento em que o STF disse que as custas judiciais seriam tributos da espécie taxa, auto-
maticamente seriam aplicadas todas as restrições tributárias como, por exemplo, aumentar 
as taxas por meio de resolução (vide princípio da legalidade) ou respeitar o prazo da noven-
tena e o princípio da anterioridade etc.
Dessa forma, dizer ou não se algo é tributo importa no regime jurídico aplicado.
Obs.: � Uma classificação, ou seja, dividir um gênero em espécies, somente tem relevância 
prática se as espécies estão sobre regimes jurídicos diferentes. Exemplo: Discussão 
sobre pedágio ser taxa ou preço público. O estado do Rio Grande do Sul aumentou 
o valor do pedágio por decreto. Se for preço público, é válido. Se for taxa, não. Pos-
teriormente, o STF decidiu – alterando a sua jurisprudência – que o pedágio é Preço 
Público, logo pode ser aumentado por meio de decreto.
As regras aplicadas em impostos são diferentes de taxas – e diferente das demais. Assim, 
após saber se algo é tributo, deve-se saber a natureza jurídica do tributo, desvendar o regime 
jurídico ao qual está submetida aquela cobrança.
Inicialmente, deve-se estudar o conceito de tributo, que está no art. 3º do CTN.
Conceito de Tributo 
Art. 3º do CTN. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor 
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada 
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
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Conceitos Iniciais – Conceito de Tributo
DIREITO TRIBUTÁRIO
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ATENÇÃO
Já foi cobrado em prova: O legislador quis dizer que está vedada, como regra, a cobrança 
do produto in labore (em trabalho) ou in natura (em bens).
Exemplo de in labore: O serviço militar obrigatório não tem natureza tributária, pois a 
obrigação tributária é em moeda, e não em trabalho.
Exemplo de in natura: Certo contribuinte importou 1.000 garrafas de whisky, vindas da 
Escócia, e posteriormente descobriu que a alíquota de imposto de importação sobre as 
garrafas é de 20%. Assim, o contribuinte deixa cerca de 200 garrafas (20% das garrafas) 
na alfândega, com a finalidade de pagar os tributos. Contudo, as garrafas serão devolvidas, 
pois o tributo deve ser pago em moedas (recolhido em reais).
• A doutrina analisa que o trecho ‘’ou cujo valor nela se possa exprimir’’ autoriza a 
utilização de indexadores, como:
 – OTN – Obrigação do Tesouro Nacional;
 – BTN – Bônus do Tesouro Nacional;
 – BTNF – Bônus do Tesouro Nacional Fiscal;
 – UFIR – Unidade Fiscal de Referência.
Antigamente, costumava-se dizer que o tributo era 100 UFIRs. A ideia era que a UFIR 
fosse algo que poderia ser convertido em moeda, com uma mera operação aritmética. Dessa 
forma, o tributo não deixaria de ser prestação em moeda, somente sendo expresso de 
outra forma. 
ATENÇÃO
No início dos anos 2000, o CTN foi alterado em seu art. 156, inciso XI, no qual se au-
toriza que o tributo possa ser quitado por meio de dação em pagamento de bens imó-
veis. O CTN somente autoriza a dação em pagamento em casos bem específicos e 
necessariamente por meio de bens imóveis.
• O tributo é uma prestação pecuniária compulsória, ou seja, não há necessidade de 
manifestação de vontade como requisito para contrair a obrigação. Trata-se de uma 
obrigação.
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Em direito privado, a principal fonte das obrigações é o contrato, que, na sua origem, 
decorre diretamente da manifestação da vontade das partes (ex voluntate). A lei obriga a 
pagar a obrigação, mas não obriga as partes a firmarem as obrigações. 
A obrigação tributária é ex lege, ou seja, decorre da lei.
O tributo é uma obrigação que ‘’não constitui sanção de ato ilícito’’, conforme art. 3º 
do CTN. Esta é a única diferença entre tributo e multa.
Obs.: � Há diversos casos em que alguém faz a prática de atos ilícitos e, por meio deles, 
obtém rendimentos. Nesse caso, pode o Estado cobrar o seu imposto de renda? Fica 
a discussão se pode o Estado cobrar tributos advindo de atos ilícitos ou não.
O tributo nunca é a punição do ato ilícito. Utiliza-se a técnica da subsunção tanto no 
Direito Tributário quanto no Direito Penal. Por exemplo, matar alguém está tipificado no art. 
121 do CP e sofre a sanção ali exposta (chamado de tipo penal). No Direito Tributário, é cha-
mado de fato gerador.
O princípio do pecunia non olet traz a ideia de que ‘’o dinheiro não cheira’’. Ele advém do 
imperador Vespasiano na Roma antiga, que teria resolvido – para arrecadar mais – cobrar 
um tributo semelhante às nossas taxas pela utilização das latrinas (banheiros públicos). Tito, 
seu filho, questionou o pai: “Mas, pai, o senhor quer tributar a merda?”. Vespasiano deu uma 
moeda para seu filho cheirar e disse: “O dinheiro não cheira”. Assim, não importa quão mal 
cheirosa seja a origem do dinheiro, pois dinheiro não cheira. 
Obs.: � O STF poderia dizer, hoje em dia, que o dinheiro que advém de ato ilícito, como trá-
fico de drogas, continua sendo dinheiro e vai ser objeto de tributação.
O Direito Penal e o Direito Tributário utilizam do princípio da tipicidade. No Direito Penal, 
define-se como homicídio matar alguém (art. 121 do CP), com consequência de pena de 
reclusão de 6 a 12 anos. Já no Direito Tributário, define-se como fato gerador do ICMS a 
saída da mercadoria do estabelecimento comercial e aplica-se como consequência pagar 
ICMS com percentual de 18% (mais comum no Brasil).
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Ao traficar entorpecentes e receber rendimentos, deve ser aplicado o Direito Penal 
para o tipo ‘’traficar entorpecentes’’ e o Direito Tributário para ‘’receber rendimentos’’. O que 
não pode existir é o imposto sobre tráfico de entorpecentes, mas o imposto sobre a 
renda deve ser cobrado, não importa se ela advém de atividade lícita ou ilícita.
Quando o primeiro caso em que se discutiu essa matéria chegou ao STF, tratava-se de 
uma farmácia em que os donos vendiam, além dos medicamentos, drogas ilícitas. Quando a 
Polícia Civil descobriu o caso, responsabilizou-os pelo tráfico de entorpecentes.
Além disso, ao tomar conhecimento, a Receita Federal (RF) investigou o caso quanto às 
quantias que tinham sido declaradas e descobriu que os réus estavam declarando e pagando 
apenas os valores referente às vendas dos entorpecentes lícitos.
Assim, a RF fez uma autuação cobrando o imposto de renda e uma representação 
fiscal, para fins penais, para responsabilizá-los pelo crime contra a ordem tributária, 
conforme a Lei n. 8.137/1990, que é popularmente chamado de sonegação.
Quando a matéria chegou ao STF, os réus tentaram se inocentar da acusação de sone-
gação, alegando que seria imoral o Estado tributar uma atividade ilícita (tráfico de entorpe-
centes) e que, de certa forma, estaria o Estado ganhando dinheiro com o tráfico, mas o STF 
entendeu que seria imoral dar imunidade tributária para quem pratica crimes e tributar 
quem exerce atividade lícita.
ATENÇÃOA Constituição Federal (CF) somente permite o confisco como sanção.
Exemplo: A CF prevê que quem tem trabalho escravo em sua propriedade vai perdê-la 
(expropriação) e não terá direito à indenização. 
Confisco é pena e tributo não pode ser confiscatório, então tributo não pode ser sanção 
por ato ilícito.
O PULO DO GATO
As bancas CESPE e FCC enxergam que, no princípio do não confisco, a vedação de 
que o tributo seja considerado sanção por ato ilícito.
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Conceitos Iniciais – Conceito de Tributo
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• O artigo 3º do CTN diz que o tributo é ‘’cobrado mediante atividade administrativa 
plenamente vinculada’’.
Os atos administrativos podem ser vinculados ou discricionários;
Discricionário: há margem de conveniência e oportunidade.
Vinculados: não há margem de conveniência e oportunidade.
Exemplo 1: Personagem de televisão que conferia ‘’cara e crachá’’ representa pessoa 
que trata de forma absolutamente vinculada, em que não há margem para discutir, não há 
margem de conveniência e oportunidade.
Exemplo 2: Agente de trânsito que vê um motorista passar pelo sinal vermelho deve fazer 
a autuação.
Exemplo 3: Se o servidor público federal pede licença capacitação, cabe à administração 
pública conceder ou não. No caso de uma servidora que está grávida e irá ter o filho no outro 
dia e pede a licença maternidade, não há margem ou análise, sendo vinculado.
Assim, quando ocorre o fato gerador, tem que ser cobrado o tributo.
O art. 142 do CTN define o que é lançamento e, no parágrafo único, dispõe que 
a atividade de administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de 
responsabilidade funcional.
ATENÇÃO
A cobrança de tributo é sempre vinculada, não cabendo nenhuma exceção.
Sob o ponto de vista do contribuinte (sujeito passivo), a prestação é compulsória, ou 
seja, independe da sua vontade. 
Sob o ponto de vista da autoridade administrativa, a cobrança é vinculada, não 
importando o que pensa a autoridade fiscal com relação àquela matéria.
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���������������������������������������������������������������������������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula 
preparada e ministrada pelo professor Ricardo Alexandre de Almeida Santos. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo 
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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