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1 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Conceitos Iniciais – Conceito de Tributo DIREITO TRIBUTÁRIO A N O TA ÇÕ ES CONCEITOS INICIAIS – CONCEITO DE TRIBUTO DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS III Dentro do Direito Tributário, quando um juiz vai julgar uma lide tributária, a primeira coisa que ele deve ter certeza é de que se trata, de fato, de uma lide tributária (se o Estado está realmente cobrando um tributo) para se saber qual o regime jurídico aplicado. Exemplo: Houve uma discussão sobre as custas judiciais serem ou não um tributo. No momento em que o STF disse que as custas judiciais seriam tributos da espécie taxa, auto- maticamente seriam aplicadas todas as restrições tributárias como, por exemplo, aumentar as taxas por meio de resolução (vide princípio da legalidade) ou respeitar o prazo da noven- tena e o princípio da anterioridade etc. Dessa forma, dizer ou não se algo é tributo importa no regime jurídico aplicado. Obs.: � Uma classificação, ou seja, dividir um gênero em espécies, somente tem relevância prática se as espécies estão sobre regimes jurídicos diferentes. Exemplo: Discussão sobre pedágio ser taxa ou preço público. O estado do Rio Grande do Sul aumentou o valor do pedágio por decreto. Se for preço público, é válido. Se for taxa, não. Pos- teriormente, o STF decidiu – alterando a sua jurisprudência – que o pedágio é Preço Público, logo pode ser aumentado por meio de decreto. As regras aplicadas em impostos são diferentes de taxas – e diferente das demais. Assim, após saber se algo é tributo, deve-se saber a natureza jurídica do tributo, desvendar o regime jurídico ao qual está submetida aquela cobrança. Inicialmente, deve-se estudar o conceito de tributo, que está no art. 3º do CTN. Conceito de Tributo Art. 3º do CTN. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 5m 2 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Conceitos Iniciais – Conceito de Tributo DIREITO TRIBUTÁRIO A N O TA ÇÕ ES ATENÇÃO Já foi cobrado em prova: O legislador quis dizer que está vedada, como regra, a cobrança do produto in labore (em trabalho) ou in natura (em bens). Exemplo de in labore: O serviço militar obrigatório não tem natureza tributária, pois a obrigação tributária é em moeda, e não em trabalho. Exemplo de in natura: Certo contribuinte importou 1.000 garrafas de whisky, vindas da Escócia, e posteriormente descobriu que a alíquota de imposto de importação sobre as garrafas é de 20%. Assim, o contribuinte deixa cerca de 200 garrafas (20% das garrafas) na alfândega, com a finalidade de pagar os tributos. Contudo, as garrafas serão devolvidas, pois o tributo deve ser pago em moedas (recolhido em reais). • A doutrina analisa que o trecho ‘’ou cujo valor nela se possa exprimir’’ autoriza a utilização de indexadores, como: – OTN – Obrigação do Tesouro Nacional; – BTN – Bônus do Tesouro Nacional; – BTNF – Bônus do Tesouro Nacional Fiscal; – UFIR – Unidade Fiscal de Referência. Antigamente, costumava-se dizer que o tributo era 100 UFIRs. A ideia era que a UFIR fosse algo que poderia ser convertido em moeda, com uma mera operação aritmética. Dessa forma, o tributo não deixaria de ser prestação em moeda, somente sendo expresso de outra forma. ATENÇÃO No início dos anos 2000, o CTN foi alterado em seu art. 156, inciso XI, no qual se au- toriza que o tributo possa ser quitado por meio de dação em pagamento de bens imó- veis. O CTN somente autoriza a dação em pagamento em casos bem específicos e necessariamente por meio de bens imóveis. • O tributo é uma prestação pecuniária compulsória, ou seja, não há necessidade de manifestação de vontade como requisito para contrair a obrigação. Trata-se de uma obrigação. 10m 3 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Conceitos Iniciais – Conceito de Tributo DIREITO TRIBUTÁRIO A N O TA ÇÕ ES Em direito privado, a principal fonte das obrigações é o contrato, que, na sua origem, decorre diretamente da manifestação da vontade das partes (ex voluntate). A lei obriga a pagar a obrigação, mas não obriga as partes a firmarem as obrigações. A obrigação tributária é ex lege, ou seja, decorre da lei. O tributo é uma obrigação que ‘’não constitui sanção de ato ilícito’’, conforme art. 3º do CTN. Esta é a única diferença entre tributo e multa. Obs.: � Há diversos casos em que alguém faz a prática de atos ilícitos e, por meio deles, obtém rendimentos. Nesse caso, pode o Estado cobrar o seu imposto de renda? Fica a discussão se pode o Estado cobrar tributos advindo de atos ilícitos ou não. O tributo nunca é a punição do ato ilícito. Utiliza-se a técnica da subsunção tanto no Direito Tributário quanto no Direito Penal. Por exemplo, matar alguém está tipificado no art. 121 do CP e sofre a sanção ali exposta (chamado de tipo penal). No Direito Tributário, é cha- mado de fato gerador. O princípio do pecunia non olet traz a ideia de que ‘’o dinheiro não cheira’’. Ele advém do imperador Vespasiano na Roma antiga, que teria resolvido – para arrecadar mais – cobrar um tributo semelhante às nossas taxas pela utilização das latrinas (banheiros públicos). Tito, seu filho, questionou o pai: “Mas, pai, o senhor quer tributar a merda?”. Vespasiano deu uma moeda para seu filho cheirar e disse: “O dinheiro não cheira”. Assim, não importa quão mal cheirosa seja a origem do dinheiro, pois dinheiro não cheira. Obs.: � O STF poderia dizer, hoje em dia, que o dinheiro que advém de ato ilícito, como trá- fico de drogas, continua sendo dinheiro e vai ser objeto de tributação. O Direito Penal e o Direito Tributário utilizam do princípio da tipicidade. No Direito Penal, define-se como homicídio matar alguém (art. 121 do CP), com consequência de pena de reclusão de 6 a 12 anos. Já no Direito Tributário, define-se como fato gerador do ICMS a saída da mercadoria do estabelecimento comercial e aplica-se como consequência pagar ICMS com percentual de 18% (mais comum no Brasil). 15m 20m 4 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Conceitos Iniciais – Conceito de Tributo DIREITO TRIBUTÁRIO A N O TA ÇÕ ES Ao traficar entorpecentes e receber rendimentos, deve ser aplicado o Direito Penal para o tipo ‘’traficar entorpecentes’’ e o Direito Tributário para ‘’receber rendimentos’’. O que não pode existir é o imposto sobre tráfico de entorpecentes, mas o imposto sobre a renda deve ser cobrado, não importa se ela advém de atividade lícita ou ilícita. Quando o primeiro caso em que se discutiu essa matéria chegou ao STF, tratava-se de uma farmácia em que os donos vendiam, além dos medicamentos, drogas ilícitas. Quando a Polícia Civil descobriu o caso, responsabilizou-os pelo tráfico de entorpecentes. Além disso, ao tomar conhecimento, a Receita Federal (RF) investigou o caso quanto às quantias que tinham sido declaradas e descobriu que os réus estavam declarando e pagando apenas os valores referente às vendas dos entorpecentes lícitos. Assim, a RF fez uma autuação cobrando o imposto de renda e uma representação fiscal, para fins penais, para responsabilizá-los pelo crime contra a ordem tributária, conforme a Lei n. 8.137/1990, que é popularmente chamado de sonegação. Quando a matéria chegou ao STF, os réus tentaram se inocentar da acusação de sone- gação, alegando que seria imoral o Estado tributar uma atividade ilícita (tráfico de entorpe- centes) e que, de certa forma, estaria o Estado ganhando dinheiro com o tráfico, mas o STF entendeu que seria imoral dar imunidade tributária para quem pratica crimes e tributar quem exerce atividade lícita. ATENÇÃOA Constituição Federal (CF) somente permite o confisco como sanção. Exemplo: A CF prevê que quem tem trabalho escravo em sua propriedade vai perdê-la (expropriação) e não terá direito à indenização. Confisco é pena e tributo não pode ser confiscatório, então tributo não pode ser sanção por ato ilícito. O PULO DO GATO As bancas CESPE e FCC enxergam que, no princípio do não confisco, a vedação de que o tributo seja considerado sanção por ato ilícito. 25m 5 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Conceitos Iniciais – Conceito de Tributo DIREITO TRIBUTÁRIO • O artigo 3º do CTN diz que o tributo é ‘’cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada’’. Os atos administrativos podem ser vinculados ou discricionários; Discricionário: há margem de conveniência e oportunidade. Vinculados: não há margem de conveniência e oportunidade. Exemplo 1: Personagem de televisão que conferia ‘’cara e crachá’’ representa pessoa que trata de forma absolutamente vinculada, em que não há margem para discutir, não há margem de conveniência e oportunidade. Exemplo 2: Agente de trânsito que vê um motorista passar pelo sinal vermelho deve fazer a autuação. Exemplo 3: Se o servidor público federal pede licença capacitação, cabe à administração pública conceder ou não. No caso de uma servidora que está grávida e irá ter o filho no outro dia e pede a licença maternidade, não há margem ou análise, sendo vinculado. Assim, quando ocorre o fato gerador, tem que ser cobrado o tributo. O art. 142 do CTN define o que é lançamento e, no parágrafo único, dispõe que a atividade de administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. ATENÇÃO A cobrança de tributo é sempre vinculada, não cabendo nenhuma exceção. Sob o ponto de vista do contribuinte (sujeito passivo), a prestação é compulsória, ou seja, independe da sua vontade. Sob o ponto de vista da autoridade administrativa, a cobrança é vinculada, não importando o que pensa a autoridade fiscal com relação àquela matéria. 30m ���������������������������������������������������������������������������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Ricardo Alexandre de Almeida Santos. A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu- siva deste material.