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<p>A ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA RETRATADA ATRAVÉS DO CONFINAMENTO FEMININO EM “SOLANGE”, DE JEFERSON TENÓRIO</p><p>TENÓRIO, Jeferson. Solange. In: PECHANSKY, R. (Org.). Partes de uma casa. Porto Alegre: TAG- Experiências Literárias, 2021. p.33-62.</p><p>Leila Rute Gonçalves Soares[footnoteRef:18656] [18656: Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem – PPCL. E-mail: leilasoares@alu.uern.br</p><p>]</p><p>Resumo: Jeferson Tenório, no conto “Solange” (2021), utiliza seu conhecimento para abordar sobre como a branquitude ao longo do tempo silencia-se sobre suas origens escravagistas e colonialistas, perpetuando práticas de violência, ao mesmo tempo em que preservam seus privilégios sociais e resguardam aos “outros” os locai de subalternidade. Em “Solange” (2021) vemos o retrato, muito bem descrito por Tenório, de uma sociedade que prática a manutenção de uma estrutura racista, que mantém o conforto social de uma maioria branca.</p><p>Palavras-chave: Racismo. Confinamento. Escravidão contemporânea.</p><p>“Solange”, conto ora resenhado, do autor contemporâneo Jeferson Tenório integra a coletânea de contos Partes de uma casa (2021), organizada por Rafaela Pechansky, com prefácio de Itamar Vieira Junior. A obra reúne sete histórias de autores (as) brasileiros (as) (Jeferson Tenório, Marília Garcia, Caetano W. Galindo, Amara Moira, Carol Bensimon, Miguel Del Castillo e Natalia Borges Polesso) que exploram o tema confinamento considerando os envolvimentos, conexões e opressões que ocorrem dentro de uma casa. Desse modo, a obra nos leva a ressignificar o conceito que temos acerca de uma casa, um lar, uma residência.</p><p>Algumas delas possuem alta carga emocional, tais como “Solange” e “João Maia, 237”, outras possuem uma leitura mais leve, como é o caso de “Não me olha, não diz nada”. Contudo, todos os contos possuem uma característica impactante, especialmente por terem sido escritos paralelamente ao período da pandemia, mostrando-nos que uma casa nada mais é do que uma pequena parte do mundo à nossa volta, e levando-nos a refletir sobre as diferentes formas de estar em confinamento.</p><p>Desse modo, a obra nos leva a ressignificar o conceito que temos acerca de uma casa, um lar, uma residência. Além disso, as narrativas presentes na coletânea refletem sobre os impactos da pandemia e do confinamento no cotidiano da sociedade, pois revelam as emoções e os questionamentos desse período. Nessa amálgama que se tornou o trabalho, a vida social, os afazeres, o lazer e o distanciamento físico, tudo acontecendo em um mesmo espaço, o confinamento e a vida como conhecíamos se tornaram indissociáveis, e Partes de uma casa (2021) evidencia essa perspectiva.</p><p>Jeferson Tenório é considerado um dos nomes mais relevantes da literatura brasileira contemporânea. Seus romances abordam temas como racismo, violência policial, educação e parentalidade. Seu último livro, O Avesso da pele, foi finalista do Prêmio Jabuti 2020 e do Prêmio Oceanos 2021. Ele é escritor, professor e pesquisador brasileiro, radicado em Porto Alegre. Seu romance de estreia, O beijo na parede, foi publicado em 2013, sendo eleito Livro do Ano pela Associação Gaúcha de Escritores. Recentemente, seu livro O avesso da pele, sofreu tentativas de censura. A polarização política no Brasil e o avanço de grupos antidemocráticos de extrema direita, ameaçam as novas vozes artísticas que surgem na literatura brasileira, causando tensões no cenário literário do país.</p><p>Tenório faz parte de uma produção literária que emerge no país e que compreende a força da representatividade em suas obras. Autores tidos como “periféricos”, têm alcançado espaço e reconhecimento em editoras grandes, tornando-se sucesso de vendas e conquistando prêmios literários. Fato que confronta aqueles que prezam por uma literatura que se encaixa nos princípios canônicos tradicionais. Sobre isto, Antoine Compagnon já apontava que “a linha divisória é, pois, das mais claras: de um lado, os defensores tradicionais do cãnone, de outro, os teóricos que lhe contestam toda validade. Entre os dois, um certo número de posições medianas, logo frágeis, menos defensáveis, esforçam-se por manter uma certa legitimidade do valor” (Compagnon, 2010, p. 229).</p><p>Vale ressaltar que a literatura, ultrapassa os limites da expressão artística, pois é também uma forma de manifestar posicionamentos frente a questões sociais, que se materializa a partir da exposição dos autores sobre suas interpretações particulares sobre o mundo. Nesse sentido, escritores como Jeferson Tenório, apresentam em suas obras novas formas de abordar a forma e conteúdo literários, relacionando-os a partir de diferentes lugares sociais. Levando esses aspectos em consideração, observa-se que as produções literárias se afastam do tradicional. Sobre o valor e avaliação dos textos literários, Compagnon (2010) ressalta que</p><p>A avaliação dos textos literários (sua comparação, sua Classificação, sua hierarquização) deve ser diferenciada do valor da literatura em si mesmo. Mas é claro que os dois problemas não são independentes: um mesmo critério de valor (por exemplo, o estranhamento, ou a complexidade, ou a obscuridade, ou a pureza) preside, em geral, à distinção entre textos literários e textos não literários, e à classificação dos textos literários entre si (Compagnon, 2010, p. 223).</p><p>O conto de Tenório relata a história de Solange, mulher negra cuja vida fora roubada para morar reclusa dentro de um cômodo minúsculo em condições análogas à escravidão, desde a infância a fase adulta, por quase 30 anos. Apesar de ser um elemento relacionado a proteção, ao cuidado e a família, uma casa pode ser objeto gerador de anseios, angústias e repressão. Embora seja um ambiente intrinsecamente ligado às nossas vidas, há sempre algo inatingível por detrás das portas de uma residência. Dessa forma, questões como a condição da mulher negra na sociedade contemporânea e os aspectos da escravidão contemporânea estão presentes no conto, nos levando a refletir sobre questões sobre gênero, raça e classe social.</p><p>A narrativa retrata uma sociedade estruturalmente racista e os significados de um lar enquanto espaço físico dentro desse quadro social complexo. Jeferson Tenório evidencia que cento e trinta e dois anos após a abolição da escravatura no Brasil não foram suficientes para deter o racismo, pois os casos de pessoas negras em condições análogas à escravidão ainda são registrados dentro e fora da ficção.</p><p>Para Gotlib (2006), na perspectiva do conto enquanto relato de um acontecimento, seria preciso concluir que, de alguma forma, o conto estabelece um comprometimento com a realidade. É procedente que exista, na arte literária, a verossimilhança, que aparece no texto para que o leitor identifique uma ligação com a vida palpável. No entanto, a autora frisa que é importante compreender que o conto não possui compromisso com a realidade da maneira como ela de fato é, já que a literatura se configura como um tipo de representação da realidade. Contudo, embora não haja um limite preciso entre a realidade e a ficção, Gotlib (2006, p. 8) aponta que “o que existe é já a ficção, a arte de inventar um modo de se representar algo. Há, naturalmente, graus de proximidade ou afastamento do real. Há textos que têm intenção de registrar com mais fidelidade a realidade nossa”, considerando, no entanto, qual realidade nossa será registrada com mais proximidade.</p><p>A vista disso, faz-se importante ressaltar que o conto ora resenhado, devido aos aspectos sociais presentes em sua narrativa, possui proximidade com a realidade social em que vivemos. Considerando o percurso histórico feminino, as mulheres foram tratadas como inferiores ao sexo masculino não apenas no âmbito cultural, mas também no social, histórico e político. Desde o princípio, foram impostos papéis sociais às mulheres que as mantinham em papeis de subserviência, sem que as fossem concedido o direito de tomar as próprias decisões. Por muito tempo, esses papéis estiveram condicionados aos espaços privados, sendo o principal deles, o lar, onde a mulher</p><p>esteve destinada a realizar as tarefas e necessidades domésticas. Além disso, também detinha a função de reprodutora da espécie humana, sendo a ela reservada a aptidão para a maternidade, embora não possuísse domínio ou liberdade sobre seu próprio corpo, estando direcionada a atender os desejos do marido.</p><p>As mulheres eram confinadas dentro de suas próprias vidas, impedidas de expressar seus desejos, vontades, ambições e opiniões. A opressão motivada pelo mito da inferioridade física e mental, ao longo do tempo, foi a justificativa para aqueles que controlavam a vida das mulheres por meio de agressões físicas e poder financeiro, incluindo mulheres que foram importantes para a construção histórica do Brasil, e que foram apagadas da história, como Luzia Pinta e Sabina das Laranjeiras, ambas mulheres negras.</p><p>As mulheres eram confinadas dentro de suas próprias vidas, impedidas de expressar seus desejos, vontades, ambições e opiniões. A opressão motivada pelo mito da inferioridade física e mental, ao longo do tempo, foi a justificativa para aqueles que controlavam a vida das mulheres por meio de agressões físicas e poder financeiro, incluindo mulheres que foram importantes para a construção histórica do Brasil, e que foram apagadas da história, como Luzia Pinta e Sabina das Laranjeiras, ambas mulheres negras.</p><p>Ao pensarmos no percurso histórico das mulheres negras, essa condição feminina se agrava ainda mais. Almeida (2019, p. 43) ressalta que “mulheres negras são consideradas pouco capazes porque existe todo um sistema econômico, político e jurídico que perpetua essa condição de subalternidade, mantendo-as com baixos salários, fora dos espaços de decisão, expostas a todo tipo de violência”. Consequentemente, essa condição perpetua-se ao longo do tempo e deixa marcas igualmente violentas.</p><p>Davis (2016), em sua obra Mulheres, raça e classe, a trajetória de luta das mulheres negras na busca pela inclusão de seus direitos nas pautas feministas, apontando que enquanto suas irmãs brancas reivindicavam seus direitos, as mulheres negras ainda estavam reivindicando o reconhecimento de suas lutas dentro do movimento feminista. A autora ressalta, ainda, que “assim como seus companheiros, as mulheres negras trabalharam até não poder mais. Assim como seus companheiros, elas assumiram a responsabilidade de provedoras da família” (DAVIS, 2016, p. 244). Embora as mulheres brancas carregassem o fardo do trabalho doméstico, elas haviam encontrado maneiras de se apoiar economicamente em seus maridos, ao contrário das mulheres negras.</p><p>Carolina Maria de Jesus, em sua aclamada obra Quarto de despejo, faz um relato em meio a muitos outros, que ilustra com exatidão a realidade da vivência das mulheres negras:</p><p>16 DE JULHO [...] Tudo quanto eu encontro no lixo eu cato para vender. Deu 13 cruzeiros. Fiquei pensando que precisava comprar pão, sabão e leite para a Vera Eunice. E os 13 cruzeiros não dava! Cheguei em casa, aliás no meu barracão, nervosa e exausta. Pensei na vida atribulada que eu levo. Cato papel, lavo roupa para dois jovens, permaneço na rua o dia todo. E estou sempre em falta. A Vera não tem sapatos. E ela não gosta de andar descalça... (Jesus, 1960, p. 9).</p><p>Nesse sentido, ao pensarmos na condição da mulher negra, devemos considerar o conceito de interseccionalidade, que segundo Carvalho (2013, p. 84), pode ser definido como “acumulação, por uma pessoa, de várias marcas de subordinação, a qual leva à deterioração da forma de sua inclusão social”. Assim sendo, a integração social de uma mulher negra atravessa dois elementos: ser mulher e ser negra. Esses dois fatores interseccionais se relacionam com a subordinação de sua posição no espectro social.</p><p>Em muitas sociedades, a invisibilidade e o silêncio das mulheres fazem parte da ordem das coisas. “É a garantia de uma cidade tranquila” (PERROT, 2007, p. 17). Assim, manter as mulheres “domesticadas” nos espaços internos das casas foi a forma de repressão mais eficaz que as estruturas patriarcais conseguiram impelir ao sexo feminino. A história reservou o espaço público aos homens e os internos às mulheres. Dessa forma, é no espaço da casa que tomamos conhecimento dos pequenos indícios das estruturas de poder presentes na sociedade. A vivência de um lar é singular e pessoal. Nesse caso, estar em confinamento em determinado espaço passa a obter diversos significados, “e a casa não é só um endereço” (Vieira Júnior, 2021, p.13).</p><p>No prefácio da coletânea Partes de uma casa, Vieira Júnior (2021), nos lembra que em quase todas as casas, há coisas que podemos ver, e que não podemos ver. Observa-se que essa característica busca capturar não apenas o acontecimento, mas também o modo como ele se apresenta e o que está implícito nele.</p><p>No que concerne a representação das mulheres na literatura, percebe-se que os papéis impostos às mulheres na sociedade, influenciam na forma como elas são representadas nos espaços da narrativa literária. Compreende-se por espaço narrativo todo o cenário onde ocorre a história ficcional, e onde ela se desenvolve. Compondo, assim, toda a estrutura física, social e cultural presente na narrativa. Como ressalta Moisés (2014) ao frisar que as personagens não conseguem atuar livremente no espaço, pois precisam estar inseridas em um determinado lugar que interfere, direta ou indiretamente, no enredo da narrativa.</p><p>Ainda de acordo com Moisés (2014), os detalhes presentes no espaço da narrativa, podem variar a depender do gênero literário e dos subgêneros utilizados. O espaço tende a se manifestar de maneira gradativa, em gêneros como conto, novela e romance. Nesse sentido, o espaço se relaciona diretamente com as demais características que compõem a narrativa a, como enfatiza Moisés (2014):</p><p>A intensidade, a frequência e a densidade com que os lugares geográficos se impõem no conjunto da obra literária estão relacionadas intimamente às outras tantas características do enredo, em uma relação simbiótica de difícil mensuração do que vem primeiro (Moisés, 2014, p. 136-139).</p><p>Portanto, o espaço da narrativa assume a função não só de situar o leitor no cenário em que se passa a história e nas ações dos personagens, tendo um papel muito mais relevante e abrangente para a narrativa. A relação que o espaço desenvolve com os personagens e com o enredo, em muitos casos, acaba se tornando intrinsecamente indissociável, de modo que influencia diretamente a trama da história. Afetando, inclusive, os pensamentos, atitudes e emoções dos personagens. Como afirma Gancho (2014, p. 27) “as transformações e reveses que ocorrem ao longo da narrativa, em sua maioria, são motivados pelas características do espaço.”</p><p>Dessa forma, o espaço se transforma em um importante conceito que “[...] na perspectiva da topoanálise, se define como a soma de cenário ou natureza mais a impregnação de um clima psicológico” (Borges Filho, 2007, p. 25).</p><p>Faz-se importante ressaltar que, com relação aos espaços historicamente reservados às mulheres, um dos principais espaços domésticos destinados a elas, é a cozinha, onde era concentrada a maior parte das atividades domésticas. Não era incomum que as mulheres passassem grande parte de seus dias nas cozinhas de suas casas, preparando refeições e limpando, à espera de seus maridos. No conto de Jeferson Tenório, a personagem Solange, que se encontra em condições análogas à escravidão, também reside e é mantida confinada, em uma cozinha. Especificamente, no espaço que deveria funcionar como dispensa da casa.</p><p>Ribeiro (2019), destaca que não há como discutir racismo no Brasil, sem antes estabelecer um debate estrutural. Para entender a situação do racismo no país, é necessário observar a perspectiva histórica, e compreender a relação entre racismo e escravidão. Para a autora, deve-se considerar que ao longo de toda a história, o sistema beneficia economicamente a população majoritariamente branca, ao agir como se a população negra fosse mercadoria, impedindo-a de ter “acesso a direitos básicos e à distribuição de riquezas” (Ribeiro, 2019, p.6).</p><p>Tornando</p><p>a mencionar Carolina Maria de Jesus, ainda em Quarto de despejo, da autora, há a seguinte passagem:</p><p>13 DE MAIO Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpático para mim. É o dia da Abolição. Dia que comemoramos a libertação dos escravos. [...] Nas prisões os negros eram os bodes expiatórios. Mas os brancos agora são mais cultos. E não nos trata com despreso. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam felizes (Jesus, 1960, p. 30)</p><p>Embora Jesus (1960), demonstre sentimento esperançoso com relação ao posicionamento da população branca para com os negros, é doloroso observar que, mesmo no século XXI, o trabalho escravo assume uma nova face, aparecendo na mídia em tom de denúncia, provocando indignação na sociedade brasileira e, especialmente, entrando em conflito com os direitos trabalhistas e atingindo diretamente os direitos humanos.</p><p>Nesse contexto, a cultura da desigualdade entre os gêneros e a repressão às minorias estão enraizados na história do Brasil desde a colonização. A resistência da mulher ao padrão do papel feminino imposto pela sociedade patriarcal esteve presente em vários acontecimentos históricos que, em meio a muita hostilidade, foi ganhando força e abriu uma fresta de espaço para os interesses das mulheres. No entanto, os espaços historicamente reservados as mulheres, principalmente os espaços domésticos, ainda hoje ressoam em suas vidas. Refletir sobre os impactos do confinamento na vida das mulheres, é também direcionar nosso olhar e pensar sobre a posição das mulheres na sociedade.</p><p>Nesse viés, a teoria pós-colonial e decolonial proporciona um aporto crítico e teórico essencial para compreender as obras de Tenório. Uma vez que suas obras exploram as dinâmicas de poder, identidade e resistência no contexto brasileiro pós-colonial. Por conseguinte, o autor utiliza sua escrita para subverter narrativas dominantes, muitas vezes expondo as complexidades das relações de poder históricas e contemporâneas. Mais de uma vez, em seus textos, ele se aprofunda nas experiências da diáspora africana no Brasil, destacando as camadas da opressão racial e social que persistem séculos após o colonialismo.</p><p>Seus personagens frequentemente confrontam questões identitárias e de pertencimento, lutando contra estereótipos e preconceitos sociais. Essa abordagem literária não apenas revela as injustiças historicamente estruturadas no país, mas também ressalta a capacidade de resistência da negritude no Brasil.</p><p>A escrita de Tenório também dialoga com a teoria decolonial ao desafiar as hierarquias culturais impostas pelo colonialismo e ao promover uma reavaliação crítica das normas estabelecidas. Suas narrativas frequentemente apresentam um eco de vozes e perspectivas, refletindo a diversidade afro-brasileira silenciada ou distorcida ao longo do tempo. Desse modo, sua escrita contribui para reconstruir o imaginário social ao destacar a multiplicidade cultural brasileira.</p><p>Outras temáticas como memória, trauma e legado histórico, elementos centrais para entender as repercussões duradouras do colonialismo, também estão presentes em suas narrativas. Ao fazer isso, ele contribui significativamente para o debate sobre a descolonização epistêmica e cultural. Jeferson Tenório se destaca como um escritor cuja escrita não só desafia as fronteiras impostas pelo colonialismo, mas também abre novos caminhos para a compreensão e valorização das vozes e experiências afro-brasileiras na literatura contemporânea.</p><p>Referências:</p><p>ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen Livros, 2019.</p><p>BORGES FILHO, O. Espaço e literatura: introdução à topoanálise. Franca: Ribeirão Gráfica e Editora, 2007.</p><p>CARVALHO, Layla Daniele Pedreira de. A concretização das desigualdades: disparidades de raça e gênero no acesso a bens e na exclusão digital. In: MARCONDES, Mariana Mazzini. [et. al] (Org.). Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil. Brasília: Ipea, 2013.</p><p>COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.</p><p>DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Candiani, Heci Regina. São Paulo: Boitempo, 2016.</p><p>GANCHO, C. Como Analisar Narrativas. 9a ed., Série Princípios, São Paulo: Ática,2014.</p><p>GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.</p><p>GOTLIB, Nádia Batella. Teoria do conto. 11.ed. São Paulo: Editora Ática, 2006.</p><p>LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.</p><p>MOISÉS, M. A Análise Literária. 19a ed. São Paulo: Cultrix, 2014. PERROT, M. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007.</p><p>PROETTI, Sidney. As pesquisas qualitativa e quantitativa como métodos de investigação científica: um estudo comparativo e objetivo. Revista Lumen, v. 2, n.4, Educação de base no Brasil, 2017. Disponível em http://www.periodicos.unifai.edu.br/index.php/lumen/article/download/60/88 Acesso em 10/05/2023.</p><p>______. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 9ª. ed. (Edição Popular). São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1960.</p><p>RIBEIRO, Djamila. Pequeno Manual Antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.</p><p>TENÓRIO, Jeferson. Solange. In: PECHANSKY, R. (Org.). Partes de uma casa. Porto Alegre: TAG- Experiências Literárias, 2021. p.33-62.</p><p>VIEIRA JUNIOR, Itamar. Prefácio. In: PECHANSKY, R. (Org.). Partes de uma casa. Porto Alegre: TAG- Experiências Literárias, 2021.</p>