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<p>Teoria da Comunicação</p><p>Texto verbal: análise e estrutura</p><p>IT0349 - (Enem)</p><p>Assentamento</p><p>Zanza daqui</p><p>Zanza pra acolá</p><p>Fim de feira, periferia afora</p><p>A cidade não mora mais em mim</p><p>Francisco, Serafim</p><p>Vamos embora</p><p>Ver o capim</p><p>Ver o baobá</p><p>Vamos ver a campina quando flora</p><p>A piracema, rios contravim</p><p>Binho, Bel, Bia, Quim</p><p>Vamos embora</p><p>Quando eu morrer</p><p>Cansado de guerra</p><p>Morro de bem</p><p>Com a minha terra:</p><p>Cana, caqui</p><p>Inhame, abóbora</p><p>Onde só vento se semeava outrora</p><p>Amplidão, nação, sertão sem fim</p><p>Ó Manuel, Miguilim</p><p>Vamos embora</p><p>BUARQUE, C. As cidades. Rio de Janeiro: RCA, 1998</p><p>(fragmento).</p><p>Nesse texto, predomina a função poé�ca da linguagem.</p><p>Entretanto, a função emo�va pode ser iden�ficada no</p><p>verso:</p><p>a) “Zanza pra acolá”.</p><p>b) “Fim de feira, periferia afora”.</p><p>c) “A cidade não mora mais em mim”.</p><p>d) “Onde só vento se semeava outrora”.</p><p>e) “Ó Manuel, Miguilim”.</p><p>IT0008 - (Enem)</p><p>Falso moralista</p><p>Você condena o que a moçada anda fazendo</p><p>e não aceita o teatro de revista</p><p>arte moderna pra você não vale nada</p><p>e até vedete você diz não ser ar�sta</p><p>Você se julga um tanto bom e até perfeito</p><p>Por qualquer coisa deita logo falação</p><p>Mas eu conheço bem o seu defeito</p><p>e não vou fazer segredo não</p><p>Você é visto toda sexta no Joá</p><p>e não é só no Carnaval que vai pros bailes se acabar</p><p>Fim de semana você deixa a companheira</p><p>e no bar com os amigos bebe bem a noite inteira</p><p>Segunda-feira chega na repar�ção</p><p>pede dispensa para ir ao oculista</p><p>e vai curar sua ressaca simplesmente</p><p>Você não passa de um falso moralista</p><p>NELSON SARGENTO. Sonho de um sambista. São Paulo:</p><p>Eldorado, 1979.</p><p>As letras de samba normalmente se caracterizam por</p><p>apresentarem marcas informais do uso da língua. Nessa</p><p>letra de Nelson Sargento, são exemplos dessas marcas</p><p>a) “falação” e “pros bailes”.</p><p>b) “você” e “teatro de revista”.</p><p>c) “perfeito” e “Carnaval”.</p><p>d) “bebe bem” e “oculista”.</p><p>e) “curar” e “falso moralista”.</p><p>IT0299 - (Fuvest)</p><p>A escrita faz de tal modo parte de nossa civilização que</p><p>poderia servir de definição dela própria. A história da</p><p>humanidade se divide em duas imensas eras: antes e a</p><p>par�r da escrita. Talvez venha o dia de uma terceira era</p><p>— depois da escrita. Vivemos os séculos da civilização</p><p>escrita. Todas as nossas sociedades baseiam-se no</p><p>escrito. A lei escrita subs�tui a lei oral, o contrato escrito</p><p>subs�tui a convenção verbal, a religião escrita se seguiu à</p><p>tradição lendária. E sobretudo não existe história que não</p><p>se funde sobre textos.</p><p>Charles Higounet. A história da escrita. Adaptado.</p><p>1@professorferretto @prof_ferretto</p><p>A escrita poderia servir de definição da nossa civilização,</p><p>uma vez que</p><p>a) a terceira era está prestes a acontecer.</p><p>b) o escrito respalda as a�vidades humanas.</p><p>c) as convenções verbais subs�tuíram o escrito.</p><p>d) a oralidade deixou de ser usada em períodos remotos.</p><p>e) os textos pararam de se modificar a par�r da escrita.</p><p>IT0005 - (Enem)</p><p>Reaprender a ler no�cias</p><p>Não dá mais para ler um jornal, revista ou assis�r a um</p><p>telejornal da mesma forma que fazíamos até o</p><p>surgimento da rede mundial de computadores. O</p><p>Observatório da Imprensa antecipou isso lá nos idos de</p><p>1996 quando cunhou o slogan “Você nunca mais vai ler</p><p>jornal do mesmo jeito”. De fato, hoje já não basta mais</p><p>ler o que está escrito ou falado para estar bem</p><p>informado. É preciso conhecer as entrelinhas e saber que</p><p>não há obje�vidade e nem isenção absolutas, porque</p><p>cada ser humano vê o mundo de uma forma diferente.</p><p>Ter um pé atrás passou a ser a regra básica número um</p><p>de quem passa os olhos por uma primeira página, capa</p><p>de revista ou chamadas de um no�ciário na TV.</p><p>Há uma diferença importante entre desconfiar de tudo e</p><p>procurar ver o maior número possível de lados de um</p><p>mesmo fato, dado ou evento. Apenas desconfiar não</p><p>resolve porque se trata de uma a�tude passiva. É claro,</p><p>tudo começa com a dúvida, mas a par�r dela é</p><p>necessário ser proa�vo, ou seja, inves�gar, estudar,</p><p>procurar os elementos ocultos que sempre existem numa</p><p>no�cia. No começo é um esforço solitário que pode se</p><p>tornar cole�vo à medida que mais pessoas descobrem</p><p>sua vulnerabilidade informa�va.</p><p>Disponível em: www.observatoriodaimprensa.com.br.</p><p>Acesso em 30 set. 2015 (adaptado).</p><p>No texto, os argumentos apresentados permitem inferir</p><p>que o obje�vo do autor é convencer os leitores a</p><p>a) buscarem fontes de informação comprome�das com a</p><p>verdade.</p><p>b) privilegiarem no�cias veiculadas em jornais de grande</p><p>circulação.</p><p>c) adotarem uma postura crí�ca em relação às</p><p>informações recebidas.</p><p>d) ques�onarem a prá�ca jornalís�ca anterior ao</p><p>surgimento da internet.</p><p>e) valorizarem reportagens redigidas com imparcialidade</p><p>diante dos fatos.</p><p>IT0009 - (Enem)</p><p>Comportamento geral</p><p>Você deve estampar sempre um ar de alegria</p><p>E dizer: tudo tem melhorado</p><p>Você deve rezar pelo bem do patrão</p><p>E esquecer que está desempregado</p><p>Você merece</p><p>Você merece</p><p>Tudo vai bem, tudo legal</p><p>Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé</p><p>Se acabarem com teu carnaval</p><p>Você deve aprender a baixar a cabeça</p><p>E dizer sempre: muito obrigado</p><p>São palavras que ainda te deixam dizer</p><p>Por ser homem bem disciplinado</p><p>Deve pois só fazer pelo bem da nação</p><p>Tudo aquilo que for ordenado</p><p>Pra ganhar um fuscão no juízo final</p><p>E diploma de bem-comportado</p><p>GONZAGUINHA. Luiz Gonzaga Jr. Rio de Janeiro: Odeon.</p><p>1973 (fragmento).</p><p>Pela análise do tema e dos procedimentos</p><p>argumenta�vos u�lizados na letra da canção composta</p><p>por Gonzaguinha na década de 1970, infere-se o obje�vo</p><p>de</p><p>a) ironizar a incorporação de ideias e a�tudes</p><p>conformistas.</p><p>b) convencer o público sobre a importância dos deveres</p><p>cívicos.</p><p>c) relacionar o discurso religioso à resolução de</p><p>problemas sociais.</p><p>d) ques�onar o valor atribuído pela população às festas</p><p>populares.</p><p>e) defender uma postura cole�va indiferente aos valores</p><p>dominantes.</p><p>IT0313 - (Fuvest)</p><p>2@professorferretto @prof_ferretto</p><p>O efeito de humor presente nas falas das personagens</p><p>decorre</p><p>a) da quebra de expecta�va gerada pela polissemia.</p><p>b) da ambiguidade causada pela antonímia.</p><p>c) do contraste provocado pela foné�ca.</p><p>d) do contraste introduzido pela neologia.</p><p>e) do estranhamento devido à morfologia.</p><p>IT0295 - (Fuvest)</p><p>Leia os seguintes textos de Machado de Assis:</p><p>I.</p><p>Suave mari magno*</p><p>Lembra-me que, em certo dia,</p><p>Na rua, ao sol de verão,</p><p>Envenenado morria</p><p>Um pobre cão.</p><p>Arfava, espumava e ria,</p><p>De um riso espúrio e bufão,</p><p>Ventre e pernas sacudia</p><p>Na convulsão.</p><p>Nenhum, nenhum curioso</p><p>Passava, sem se deter,</p><p>Silencioso,</p><p>Junto ao cão que ia morrer,</p><p>Como se lhe desse gozo</p><p>Ver padecer.</p><p>Machado de Assis. Ocidentais.</p><p>* Expressão la�na, re�rada de Lucrécio (Da natureza das</p><p>coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari</p><p>magno, turban�bus aequora ven�s/ E terra magnum</p><p>alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no</p><p>mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da</p><p>terra os grandes esforços de um outro.”).</p><p>II.</p><p>Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e</p><p>que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo</p><p>na mão.</p><p>Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.</p><p>III.</p><p>Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do</p><p>leito o marido:</p><p>– Que foi? perguntou ele.</p><p>– Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei?</p><p>(...)</p><p>– Sonhei que estavam matando você.</p><p>Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele,</p><p>ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma</p><p>piedade gostosa, um sen�mento par�cular, ín�mo,</p><p>profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para</p><p>que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela</p><p>gritasse angus�ada, convulsa, cheia de dor e de pavor.</p><p>Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI.</p><p>No texto III, ao analisar a interioridade de Palha, o</p><p>narrador descobre, no pensamento oculto do negociante,</p><p>a) a ternura que lhe inspira a mulher, capaz de toda</p><p>abnegação.</p><p>b) a piedade que lhe causa a mulher, a quem só guarda</p><p>desprezo.</p><p>c) a vaidade que beira o sadismo, ao ver a mulher sofrer</p><p>por ele.</p><p>d) o gozo vinga�vo, visto que a mulher o trai com Carlos</p><p>Maria.</p><p>e) o remorso do infiel, pois ele trai a mulher com Maria</p><p>Benedita.</p><p>admirava aquele pedaço de água quieta”.</p><p>b) a presença de um narrador-personagem, como se lê</p><p>em “em verdade vos digo que pensava em outra</p><p>coisa”.</p><p>c) a sobriedade do protagonista ao avaliar o seu</p><p>percurso, como se lê em “Cotejava o passado com o</p><p>presente”.</p><p>d) o sen�do mís�co e fatalista que rege os des�nos,</p><p>como se lê em “Deus escreve direito por linhas</p><p>tortas”.</p><p>e) a reversibilidade entre o cômico e o trágico, como se lê</p><p>em “de modo que o que parecia uma desgraça...”.</p><p>IT0004 - (Enem)</p><p>Estojo escolar</p><p>Rio de Janeiro – Noite dessas, ciscando num desses</p><p>canais a cabo, vi uns caras oferecendo maravilhas</p><p>eletrônicas, bastava telefonar e eu receberia um</p><p>notebook capaz de me ajudar a fabricar um navio, uma</p><p>estação espacial.</p><p>[...] Como pretendo viajar esses dias, habilitei-me a</p><p>comprar aquilo que os caras anunciavam como o top do</p><p>top em matéria de computador portá�l.</p><p>No sábado, recebi um embrulho complicado que</p><p>necessitava de um manual de instruções para ser aberto.</p><p>[...] De repente, como vem acontecendo nos úl�mos</p><p>tempos, houve um corte na memória e vi diante de mim</p><p>o meu primeiro estojo escolar. Tinha 5 anos e ia para o</p><p>jardim de infância.</p><p>Era uma caixinha comprida, envernizada, com uma</p><p>tampa que corria nas bordas do corpo principal. Dentro,</p><p>arrumados em divisões, havia lápis coloridos, um</p><p>apontador, uma lapiseira cromada, uma régua de 20 cm e</p><p>uma borracha para apagar meus erros.</p><p>[...] Da caixinha vinha um cheiro gostoso, cheiro que</p><p>nunca esqueci e que me tonteava de prazer. [...]</p><p>O notebook que agora abro é negro e, em matéria de</p><p>cheiro, é abominável. Cheira vilmente a telefone celular,</p><p>a cabine de avião, a aparelho de ultrassonografia onde</p><p>outro dia uma moça veio ver como sou por dentro. Acho</p><p>que piorei de estojo e de vida.</p><p>CONY, C. H. Crônicas para ler na escola. São Paulo:</p><p>Obje�va, 2009 (adaptado).</p><p>No texto, há marcas da função da linguagem que nele</p><p>predomina. Essas marcas são responsáveis por colocar</p><p>em foco o(a)</p><p>19@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) mensagem, elevando-a à categoria de objeto esté�co</p><p>do mundo das artes.</p><p>b) código, transformando a linguagem u�lizada no texto</p><p>na própria temá�ca abordada.</p><p>c) contexto, fazendo das informações presentes no texto</p><p>seu aspecto essencial.</p><p>d) enunciador, buscando expressar sua a�tude em</p><p>relação ao conteúdo do enunciado.</p><p>e) interlocutor, considerando-o responsável pelo</p><p>direcionamento dado à narra�va pelo enunciador.</p><p>IT0306 - (Fuvest)</p><p>Romance LIII ou Das Palavras Aéreas</p><p>Ai, palavras, ai, palavras,</p><p>que estranha potência, a vossa!</p><p>Ai, palavras, ai, palavras,</p><p>sois de vento, ides no vento,</p><p>no vento que não retorna,</p><p>e, em tão rápida existência,</p><p>tudo se forma e transforma!</p><p>Sois de vento, ides no vento,</p><p>e quedais, com sorte nova! (...)</p><p>Ai, palavras, ai, palavras,</p><p>que estranha potência, a vossa!</p><p>Perdão podíeis ter sido!</p><p>– sois madeira que se corta,</p><p>– sois vinte degraus de escada,</p><p>– sois um pedaço de corda...</p><p>– sois povo pelas janelas,</p><p>cortejo, bandeiras, tropa...</p><p>Ai, palavras, ai, palavras,</p><p>que estranha potência, a vossa!</p><p>Éreis um sopro na aragem...</p><p>– sois um homem que se enforca!</p><p>Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência.</p><p>A “estranha potência” que a voz lírica ressalta nas</p><p>palavras decorre de uma combinação entre</p><p>a) fluidez nos ventos do presente e conteúdo fixo no</p><p>passado.</p><p>b) forma abstrata no espaço e presença concreta na</p><p>história.</p><p>c) leveza impalpável na arte e vigor nos documentos</p><p>an�gos.</p><p>d) sonoridade ruidosa nos ares e significado estável no</p><p>papel.</p><p>e) lirismo irrefle�do da poesia e peso justo dos</p><p>acontecimentos.</p><p>IT0322 - (Fuvest)</p><p>amora</p><p>a palavra amora</p><p>seria talvez menos doce</p><p>e um pouco menos vermelha</p><p>se não trouxesse em seu corpo</p><p>(como um velado esplendor)</p><p>a memória da palavra amor</p><p>a palavra amargo</p><p>seria talvez mais doce</p><p>e um pouco menos acerba</p><p>se não trouxesse em seu corpo</p><p>(como uma sombra a espreitar)</p><p>a memória da palavra amar</p><p>Marco Catalão, Sob a face neutra.</p><p>Tal como se lê no poema,</p><p>a) a palavra “amora” é substan�vo, e “amargo”, adje�vo.</p><p>b) o verbo “amar” ameniza o amargor da palavra</p><p>“amargo”.</p><p>c) o substan�vo “corpo” apresenta sen�do denota�vo.</p><p>d) o substan�vo “amor” intensifica o dulçor da palavra</p><p>“amora”.</p><p>e) o verbo “amar” e o substan�vo “amor” são</p><p>intercambiáveis.</p><p>IT0011 - (Enem)</p><p>Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário</p><p>público, certo de que a língua portuguesa é emprestada</p><p>ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o</p><p>escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se</p><p>veem na humilhante con�ngência de sofrer</p><p>con�nuamente censuras ásperas dos proprietários da</p><p>língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os</p><p>autores e os escritores, com especialidade os gramá�cos,</p><p>não se entendem no tocante à correção grama�cal,</p><p>vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os</p><p>mais profundos estudiosos do nosso idioma – usando do</p><p>direito que lhe confere a Cons�tuição, vem pedir que o</p><p>20@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua</p><p>oficial e nacional do povo brasileiro.</p><p>BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível</p><p>em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 26 jun.</p><p>2012</p><p>Nessa pe�ção da pitoresca personagem do romance de</p><p>Lima Barreto, o uso da norma-padrão jus�fica-se pela</p><p>a) situação social de enunciação representada.</p><p>b) divergência teórica entre gramá�cos e literatos.</p><p>c) pouca representa�vidade das línguas indígenas.</p><p>d) a�tude irônica diante da língua dos colonizadores.</p><p>e) tenta�va de solicitação do documento demandado.</p><p>IT0357 - (Enem)</p><p>Ser cronista</p><p>Sei que não sou, mas tenho meditado ligeiramente no</p><p>assunto.</p><p>Crônica é um relato? É uma conversa? É um resumo de</p><p>um estado de espírito? Não sei, pois antes de começar a</p><p>escrever para o Jornal do Brasil, eu só �nha escrito</p><p>romances e contos.</p><p>E também sem perceber, à medida que escrevia para</p><p>aqui, ia me tornando pessoal demais, correndo o risco de</p><p>em breve publicar minha vida passada e presente, o que</p><p>não pretendo. Outra coisa notei: basta eu saber que</p><p>estou escrevendo para jornal, isto é, para algo aberto</p><p>facilmente por todo o mundo, e não para um livro, que só</p><p>é aberto por quem realmente quer, para que, sem</p><p>mesmo sen�r, o modo de escrever se transforme. Não é</p><p>que me desagrade mudar, pelo contrário. Mas queria que</p><p>fossem mudanças mais profundas e interiores que não</p><p>viessem a se refle�r no escrever. Mas mudar só porque</p><p>isso é uma coluna ou uma crônica? Ser mais leve só</p><p>porque o leitor assim o quer? Diver�r? Fazer passar uns</p><p>minutos de leitura? E outra coisa: nos meus livros quero</p><p>profundamente a comunicação profunda comigo e com o</p><p>leitor. Aqui no Jornal apenas falo com o leitor e agrada-</p><p>me que ele fique agradado. Vou dizer a verdade: não</p><p>estou contente.</p><p>LISPECTOR, C. In: A descoberta do mundo. Rio de Janeiro:</p><p>Rocco, 1999.</p><p>No texto, ao refle�r sobre a a�vidade de cronista, a</p><p>autora ques�ona caracterís�cas do gênero crônica, como</p><p>a) relação distanciada entre os interlocutores.</p><p>b) ar�culação de vários núcleos narra�vos.</p><p>c) brevidade no tratamento da temá�ca.</p><p>d) descrição minuciosa dos personagens.</p><p>e) público leitor exclusivo.</p><p>IT0010 - (Enem)</p><p>Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais</p><p>longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira</p><p>vez esse nome Pasárgada quando �nha os meus</p><p>dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de</p><p>Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro</p><p>dos persas”, suscitou na minha imaginação uma</p><p>paisagem fabulosa, um país de delícias, como o</p><p>de L’invita�on au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte</p><p>anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua</p><p>do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais</p><p>aguda sensação de tudo o que eu não �nha feito em</p><p>minha vida por mo�vo da doença, saltou-me de súbito</p><p>do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me</p><p>embora p’ra Pasárgada!” Sen� na redondilha a primeira</p><p>célula de um poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei.</p><p>Alguns anos depois, em idên�cas circunstâncias de</p><p>desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de</p><p>evasão da “vida besta”.</p><p>Desta vez o poema saiu sem</p><p>esforço como se já es�vesse pronto dentro de mim.</p><p>Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a</p><p>minha vida; [...] Não sou arquiteto, como meu pai</p><p>desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não</p><p>de uma forma imperfeita neste mundo de aparências’,</p><p>uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de</p><p>Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.</p><p>BANDEIRA, M. I�nerário da Pasárgada. Rio de Janeiro:</p><p>Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984</p><p>Os processos de interação comunica�va preveem a</p><p>presença a�va de múl�plos elementos da comunicação,</p><p>entre os quais se destacam as funções da linguagem.</p><p>Nesse fragmento, a função da linguagem predominante</p><p>é</p><p>a) emo�va, porque o poeta expõe os sen�mentos de</p><p>angús�a que o levaram à criação poé�ca.</p><p>b) referencial, porque o texto informa sobre a origem do</p><p>nome empregado em um famoso poema de</p><p>Bandeira.</p><p>c) metalinguís�ca, porque o poeta tece comentários</p><p>sobre a gênese e o processo de escrita de um de seus</p><p>poemas.</p><p>d) poé�ca, porque o texto aborda os elementos esté�cos</p><p>de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira.</p><p>e) apela�va, porque o poeta tenta convencer os leitores</p><p>sobre sua dificuldade de compor um poema.</p><p>IT0321 - (Fuvest)</p><p>amora</p><p>a palavra amora</p><p>seria talvez menos doce</p><p>e um pouco menos vermelha</p><p>21@professorferretto @prof_ferretto</p><p>se não trouxesse em seu corpo</p><p>(como um velado esplendor)</p><p>a memória da palavra amor</p><p>a palavra amargo</p><p>seria talvez mais doce</p><p>e um pouco menos acerba</p><p>se não trouxesse em seu corpo</p><p>(como uma sombra a espreitar)</p><p>a memória da palavra amar</p><p>Marco Catalão, Sob a face neutra.</p><p>É correto afirmar que o poema</p><p>a) aborda o tema da memória, considerada uma</p><p>faculdade que torna o ser humano menos amargo e</p><p>sombrio.</p><p>b) enfoca a hesitação do eu lírico diante das palavras, o</p><p>que vem expresso pela repe�ção da palavra “talvez”.</p><p>c) apresenta natureza român�ca, sendo as palavras</p><p>“amora” e “amargo” metáforas do sen�mento</p><p>amoroso.</p><p>d) possui reiterações sonoras que resultam em uma</p><p>tensão inusitada entre os termos “amor” e “amar”.</p><p>e) ressalta os significados das palavras tal como se</p><p>verificam no seu uso mais corrente.</p><p>IT0341 - (Enem)</p><p>Morte lenta ao luso infame que inventou a calçada</p><p>portuguesa. Maldito D. Manuel I e sua corja de tenentes</p><p>Eusébios. Quadrados de pedregulho irregular socados à</p><p>mão. À mão! É claro que ia soltar, ninguém reparou que</p><p>ia soltar? Branco, preto, branco, preto, as ondas do mar</p><p>de Copacabana. De que me servem as ondas do mar de</p><p>Copacabana? Me deem chão liso, sem protuberâncias</p><p>calcárias. Mosaico estúpido. Mania de mosaico. Joga</p><p>concreto em cima e aplaina. Buraco, cratera, pedra solta,</p><p>bueiro-bomba. Depois dos setenta, a vida se transforma</p><p>numa interminável corrida de obstáculos. A queda é a</p><p>maior ameaça para o idoso. “Idoso”, palavra odienta.</p><p>Pior, só “terceira idade”. A queda separa a velhice da</p><p>senilidade extrema. O tombo destrói a cadeia que liga a</p><p>cabeça aos pés. Adeus, corpo. Em casa, vou de corrimão</p><p>em corri - mão, tateio móveis e paredes, e tomo banho</p><p>sentado. Da poltrona para a janela, da janela para a</p><p>cama, da cama para a poltrona, da poltrona para a janela.</p><p>Olha aí, outra vez, a pedrinha traiçoeira atrás de me</p><p>pegar. Um dia eu caio, hoje não.</p><p>TORRES, F. Fim. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.</p><p>O recurso que caracteriza a organização estrutural desse</p><p>texto é o(a)</p><p>a) justaposição de sequências verbais e nominais.</p><p>b) mudança de eventos resultante do jogo temporal.</p><p>c) uso de adje�vos qualifica�vos na descrição do cenário.</p><p>d) encadeamento semân�co pelo uso de substan�vos</p><p>sinônimos.</p><p>e) inter-relação entre orações por elementos linguís�cos</p><p>lógicos.</p><p>IT0328 - (Fuvest)</p><p>E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et</p><p>Tartufe? Ai, amiga minha, a resposta é naturalmente a</p><p>mesma, – também ela comia bem, dormia largo e fofo, –</p><p>coisas que, aliás, não impedem que uma pessoa ame,</p><p>quando quer amar. Se esta úl�ma reflexão é o mo�vo</p><p>secreto da vossa pergunta, deixai que vos diga que sois</p><p>muito indiscreta, e que eu não me quero senão com</p><p>dissimulados.</p><p>Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim</p><p>da comissão das Alagoas, com elogios da imprensa; a</p><p>Atalaia chamou-lhe “o anjo da consolação”. 1E não se</p><p>pense que este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse;</p><p>ao contrário, resumindo em Sofia toda a ação da</p><p>caridade, podia mor�ficar as novas amigas, e fazer-lhe</p><p>perder em um dia o trabalho de longos meses. Assim se</p><p>explica o ar�go que a mesma folha trouxe no número</p><p>seguinte, nomeando, par�cularizando e glorificando as</p><p>outras comissárias – “estrelas de primeira grandeza”.</p><p>Machado de Assis, Quincas Borba.</p><p>No excerto, o autor recorre à intertextualidade,</p><p>dialogando com a comédia de Molière, Tartufo (1664),</p><p>cuja personagem central é um impostor da fé. Tal é a</p><p>fama da peça que o nome próprio se incorporou ao</p><p>vocabulário, inclusive em português, como substan�vo</p><p>comum, para designar o “indivíduo hipócrita” ou o “falso</p><p>devoto”. No contexto maior do romance, sugere-se que a</p><p>tartufice</p><p>a) se cola à imagem da leitora, indiscreta quanto aos</p><p>amores alheios.</p><p>b) é ação isolada de Sofia, arrivista social e benemérita</p><p>fingida.</p><p>c) diz respeito ao filósofo Quincas Borba, o que explica o</p><p>�tulo do livro.</p><p>d) se produz na imprensa, apesar de esta se esquivar da</p><p>eloquência vazia.</p><p>e) se estende à sociedade, na qual o cinismo é o trunfo</p><p>dos fortes.</p><p>IT0293 - (Fuvest)</p><p>Leia os seguintes textos de Machado de Assis:</p><p>22@professorferretto @prof_ferretto</p><p>I.</p><p>Suave mari magno*</p><p>Lembra-me que, em certo dia,</p><p>Na rua, ao sol de verão,</p><p>Envenenado morria</p><p>Um pobre cão.</p><p>Arfava, espumava e ria,</p><p>De um riso espúrio e bufão,</p><p>Ventre e pernas sacudia</p><p>Na convulsão.</p><p>Nenhum, nenhum curioso</p><p>Passava, sem se deter,</p><p>Silencioso,</p><p>Junto ao cão que ia morrer,</p><p>Como se lhe desse gozo</p><p>Ver padecer.</p><p>Machado de Assis. Ocidentais.</p><p>* Expressão la�na, re�rada de Lucrécio (Da natureza das</p><p>coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari</p><p>magno, turban�bus aequora ven�s/ E terra magnum</p><p>alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no</p><p>mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da</p><p>terra os grandes esforços de um outro.”).</p><p>II.</p><p>Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e</p><p>que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo</p><p>na mão.</p><p>Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.</p><p>III.</p><p>Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do</p><p>leito o marido:</p><p>– Que foi? perguntou ele.</p><p>– Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei?</p><p>(...)</p><p>– Sonhei que estavam matando você.</p><p>Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele,</p><p>ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma</p><p>piedade gostosa, um sen�mento par�cular, ín�mo,</p><p>profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para</p><p>que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela</p><p>gritasse angus�ada, convulsa, cheia de dor e de pavor.</p><p>Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI.</p><p>A visão do eu lírico no texto I</p><p>a) volta-se nostálgica para as imagens de uma</p><p>lembrança.</p><p>b) centra-se com desprezo na figura do animal</p><p>agonizante.</p><p>c) apreende displicentemente o movimento dos</p><p>transeuntes.</p><p>d) ganha distância da cena para captar todos os seus</p><p>aspectos.</p><p>e) apresenta o espectador da crueldade como um ser</p><p>incomum.</p><p>IT0318 - (Fuvest)</p><p>Os textos literários são obras de discurso, a que falta a</p><p>imediata referencialidade da linguagem corrente;</p><p>poé�cos, abolem, “destroem” o mundo circundante,</p><p>co�diano, graças à função irrealizante da imaginação que</p><p>os constrói. E prendem-nos na teia de sua linguagem, a</p><p>que devem o poder de apelo esté�co que nos enleia;</p><p>seduz-nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...).</p><p>No entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando</p><p>retornamos ao real, nossa experiência, ampliada e</p><p>renovada pela experiência da obra, à luz do que nos</p><p>revelou, possibilita redescobri-lo, sen�ndo-o e pensando-</p><p>o de maneira diferente e nova. A ilusão, a men�ra, o</p><p>fingimento da ficção, aclara o real ao desligar-se dele,</p><p>transfigurando-o; e aclara-o já pelo insight que em nós</p><p>provocou.</p><p>Benedito Nunes, “É�ca e leitura”, de Crivo</p><p>de Papel.</p><p>O que eu precisava era ler um romance fantás�co, um</p><p>romance besta, em que os homens e as mulheres fossem</p><p>criações absurdas, não andassem magoando-se, traindo-</p><p>se. Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente</p><p>essas leituras já não me comovem.</p><p>Graciliano Ramos, Angús�a.</p><p>Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado</p><p>de ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma</p><p>concessão ao gosto público. Solilóquio doido, enervante.</p><p>Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a</p><p>respeito de seu livro Angús�a.</p><p>Se o discurso literário “aclara o real ao desligar-se dele,</p><p>transfigurando-o”, pode-se dizer que Luís da Silva, o</p><p>narrador-protagonista de Angús�a, já não se comove</p><p>com a leitura de “histórias fáceis, sem almas</p><p>complicadas” porque</p><p>23@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) rejeita, como jornalista, a escrita de ficção.</p><p>b) prefere alienar-se com narra�vas épicas.</p><p>c) é indiferente às histórias de fundo sen�mental.</p><p>d) está engajado na militância polí�ca.</p><p>e) se afunda na nega�vidade própria do fracasso.</p><p>IT0012 - (Enem)</p><p>Relatos de viagem: nas curvas da Nacional 222, em</p><p>Portugal</p><p>Em abril deste ano, fomos a Portugal para uma</p><p>viagem de um mês que esperávamos há um ano. Pois no</p><p>dia 4 de maio, chegávamos ao Aeroporto Francisco Sá</p><p>Carneiro, no Porto. Que linda a “an�ga, muy nobre,</p><p>sempre leal e invicta” cidade do Porto! “Encantei-me”,</p><p>diriam eles... pelas belas paisagens, construções</p><p>históricas com lindas fachadas, parques e praças muito</p><p>bem cuidados.</p><p>Os tripeiros, sinônimo de portuenses, têm orgulho</p><p>de sua cidade, apelidada de Invicta – nunca foi invadida.</p><p>E valorizam tudo o que há de bom ali, como “a melhor</p><p>estrada para se dirigir do mundo”, a Nacional 222.</p><p>Pois na manhã do 25 de abril, dia da Revolução</p><p>dos Cravos, resolvemos conhecer a tal maravilha. A cada</p><p>10 km �nhamos que encostar: corríamos, dançávamos,</p><p>tomávamos chocolate quente, sopa, tudo que fosse</p><p>quen�nho. E lá íamos para mais uma etapa. Uma</p><p>aventura deliciosa. Depois de três horas – mais ou menos</p><p>o dobro do tempo necessário, não fossem as paradas</p><p>para aquecimento –, chegamos a casa! Congelados, mas</p><p>maravilhados e invictos!</p><p>Disponível em: h�ps://oglobo.globo.com. Acesso em: 6</p><p>dez. 2017 (adaptado).</p><p>Nesse texto, busca-se seduzir o leitor por meio da</p><p>exploração de uma voz externa sobre a iden�dade</p><p>histórica do povo português. O trecho que evidencia esse</p><p>procedimento argumenta�vo é</p><p>a) “Que linda a ‘an�ga, muy nobre, sempre leal e invicta’</p><p>cidade do Porto!”.</p><p>b) “Encantei-me’, diriam eles... pelas belas paisagens,</p><p>construções históricas com lindas fachadas [...]”.</p><p>c) “Os tripeiros, sinônimo de portuenses, têm orgulho de</p><p>sua cidade [...]”.</p><p>d) “E valorizam tudo o que há de bom ali, como ‘a</p><p>melhor estrada para se dirigir do mundo’ [...]”.</p><p>e) “Pois na manhã do 25 de abril, dia da Revolução dos</p><p>Cravos, resolvemos conhecer a tal maravilha”.</p><p>IT0324 - (Fuvest)</p><p>Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que</p><p>a pisa.</p><p>Mas mais frágil fica a bota.</p><p>Gonçalo M. Tavares, 1: poemas.</p><p>*sesta: repouso após o almoço.</p><p>O ditado popular que se relaciona melhor com o poema</p><p>é:</p><p>a) Para bom entendedor, meia palavra basta.</p><p>b) Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.</p><p>c) Quem com ferro fere, com ferro será ferido.</p><p>d) Um dia é da caça, o outro é do caçador.</p><p>e) Uma andorinha só não faz verão.</p><p>IT0309 - (Fuvest)</p><p>Leusipo perguntou o que eu �nha ido fazer na aldeia.</p><p>Preferi achar que o tom era amistoso e, no meu</p><p>paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era</p><p>um romance. Eu tentava convencê-lo de que não havia</p><p>mo�vo para preocupação. Tudo o que eu queria saber já</p><p>era conhecido. E ele me perguntava: “Então, porque você</p><p>quer saber, se já sabe?” Tentei lhe explicar que pretendia</p><p>escrever um livro e mais uma vez o que era um romance,</p><p>o que era um livro de ficção (e mostrava o que �nha nas</p><p>mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma</p><p>consequência na realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se</p><p>de desentendido, mas na verdade só queria me in�midar.</p><p>As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu</p><p>tentava dizer que, para os brancos que não acreditam em</p><p>deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente</p><p>dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase,</p><p>já não sabia se o idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a</p><p>não ser: “O que você quer com o passado?”. Repe�a. E,</p><p>diante da sua insistência bovina, �ve de me render à</p><p>evidência de que eu não sabia responder à sua pergunta.</p><p>Bernardo Carvalho, Nove Noites. Adaptado.</p><p>As respostas do narrador às perguntas de Leusipo são</p><p>uma tenta�va de disfarçar o caráter</p><p>a) fabular do romance, inspirado nas lendas e tradições</p><p>dos Krahô.</p><p>b) inves�ga�vo do romance, embasado em testemunhos</p><p>dos Krahô.</p><p>c) polí�co do romance, a respeito das condições de vida</p><p>dos Krahô.</p><p>d) etnográfico do romance, através do registro da cultura</p><p>dos Krahô.</p><p>e) biográfico do romance, relatando sua vivência junto</p><p>aos Krahô.</p><p>IT0339 - (Enem)</p><p>24@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Ela era linda. Gostava de dançar, fazia teatro em São</p><p>Paulo e sonhava ser atriz em Hollywood. Tinha 13 anos</p><p>quando ganhou uma câmera de vídeo – e uma irmã. As</p><p>duas se tornaram suas companheiras de</p><p>experimentações. Adolescente, Elena vivia a criar</p><p>filminhos e se empenhava em dirigir a pequena Petra nas</p><p>cenas que inventava. Era exigente com a irmã. E</p><p>acreditava no potencial da menina para sa�sfazer seus</p><p>arroubos de diretora precoce. Por cinco anos, integrou</p><p>algumas das melhores companhias paulistanas de teatro</p><p>e par�cipou de preleções para filmes e trabalhos na TV.</p><p>Nunca foi chamada. No início de 1990, Elena �nha 20</p><p>anos quando se mudou para Nova York para cursar artes</p><p>cênicas e batalhar uma chance no mercado americano.</p><p>Deslocada, ansiosa, frustrada após alguns testes de</p><p>elenco malsucedidos, decepcionada com a ausência de</p><p>reconheci mento e vi�mada por uma depressão que se</p><p>agravava com a falta de perspec�vas, Elena pôs fim à vida</p><p>no segundo semestre. Petra �nha 7 anos. Vinte anos</p><p>depois, é ela, a irmã caçula, que volta a Nova York para</p><p>percorrer os úl�mos passos da irmã, vasculhar seus</p><p>arquivos e transformar suas memórias em imagem e</p><p>poesia.</p><p>Elena é um filme sobre a irmã que parte e sobre a irmã</p><p>que fica. É um filme sobre a busca, a perda, a saudade,</p><p>mas também sobre o encontro, o legado, a memória. Um</p><p>filme sobre a Elena de Petra e sobre a Petra de Elena,</p><p>sobre o que ficou de uma na outra e, essencialmente, um</p><p>filme sobre a delicadeza.</p><p>VANUCHI, C. Época, 19 out. 2012 (adaptado).</p><p>O texto é exemplar de um gênero discursivo que cumpre</p><p>a função social de</p><p>a) narrar, por meio de imagem e poesia, cenas da vida</p><p>das irmãs Petra e Elena.</p><p>b) descrever, por meio das memórias de Petra, a</p><p>separação de duas irmãs.</p><p>c) sinte�zar, por meio das principais cenas do filme, a</p><p>história de Elena.</p><p>d) lançar, por meio da história de vida do autor, um filme</p><p>autobiográfico.</p><p>e) avaliar, por meio de análise crí�ca, o filme em</p><p>referência.</p><p>IT0301 - (Fuvest)</p><p>Uma úl�ma gargalhada estrondosa. 1E depois, o silêncio.</p><p>O palhaço jazia 2imóvel no chão. 3Mas seu rosto con�nua</p><p>sorrindo, para sempre. Porque a carreira original do</p><p>Coringa era para durar apenas 30 páginas. O tempo de</p><p>envenenar Gotham, sequestrar 4Robin, enfiar um par de</p><p>sopapos na Homem-Morcego e disparar o primeiro “vou</p><p>te matar” da sua relação. Na briga final do Batman nº. 1,</p><p>o “horripilante bufão” sofria um final digno de sua</p><p>desumana ironia: 5ao tropeçar, cravava sua própria adaga</p><p>no peito. Assim decidiram e desenharam 6seus pais, os</p><p>ar�stas Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson. Entretanto,</p><p>o criminoso mostrou, já em sua primeira aventura, um</p><p>enorme talento para 7se rebelar contra a ordem</p><p>estabelecida. 8Seu carisma seduziu a editora DC Comics,</p><p>que impôs o acréscimo de um quadrinho. Já dentro da</p><p>ambulância, vinha à tona “um dado desconcertante”. E</p><p>então um médico sentenciava: “Con�nua 9vivo. E vai</p><p>sobreviver!”.</p><p>Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na</p><p>Espanha ganha duas HQs, que inspiram debates</p><p>filosóficos sobre a liberdade”,</p><p>EI País. Junho/2020.</p><p>No fragmento “ao tropeçar, cravava sua própria adaga no</p><p>peito.” (ref. 5), a oração em negrito abrange,</p><p>simultaneamente, as noções de</p><p>a) proporção e explicação.</p><p>b) causa e proporção.</p><p>c) tempo e consequência.</p><p>d) explicação e consequência.</p><p>e) tempo e causa.</p><p>IT0427 - (Enem PPL)</p><p>Diante de uma fórmula consagrada, mas dando</p><p>indícios de desgaste, a Federação Internacional de Vôlei</p><p>quis mudar. No calendário há quase três décadas, a Liga</p><p>Mundial e o Grand Prix deram origem à nova Liga das</p><p>Nações. Mas, além das mudanças de formato, a</p><p>compe�ção promete revolucionar a forma com que o</p><p>esporte chega ao público e também atende a um pedido</p><p>an�go das mulheres: a igualdade na premiação. A</p><p>compe�ção dará US$ 1 milhão para o campeão de cada</p><p>gênero. Há algumas temporadas, as mulheres</p><p>contestavam a diferença na premiação. A nova Liga das</p><p>Nações, no entanto, atende ao pedido e iguala o valor</p><p>recebido nos dois naipes. “Estamos compreendendo</p><p>antes dos demais o espaço das mulheres no esporte. Até</p><p>então �nhamos a Liga Mundial masculina, que pagava 1</p><p>milhão de dólares para o campeão, e o Grand Prix, que</p><p>distribuía para a campeã feminina US$ 350 mil. Já no ano</p><p>passado, o prêmio do Grand Prix subiu para US$ 600 mil.</p><p>Com a criação da Liga das Nações, igualamos as</p><p>premiações. Ao dar a mesma premiação para os dois</p><p>gêneros, estamos dizendo ao mundo inteiro que homens</p><p>e mulheres devem ter os mesmos direitos” — disse o</p><p>presidente da FIVB.</p><p>Disponível em: h�ps://globoesporte.globo.com. Acesso</p><p>em: 9 jun. 2018 (adaptado).</p><p>25@professorferretto @prof_ferretto</p><p>A modalidade espor�va apresentada no texto</p><p>caracteriza-se por ser</p><p>a) inovadora, ao equiparar a premiação para ambos os</p><p>sexos.</p><p>b) obsoleta, ao premiar homens e mulheres de forma</p><p>desigual.</p><p>c) reconhecida, ao manter o formato de seus eventos por</p><p>décadas.</p><p>d) desgastada, ao não atender a uma demanda do</p><p>público espectador.</p><p>e) conservadora, ao resis�r à mudança do formato de</p><p>seus eventos.</p><p>IT0430 - (Enem PPL)</p><p>Foi o caso que um homenzinho, recém-aparecido na</p><p>cidade, veio à casa do Meu Amigo, por questão de vida e</p><p>morte, pedir providências. Meu Amigo sendo de vasto</p><p>saber e pensar, poeta, professor, ex-sargento de cavalaria</p><p>e delegado de polícia. Por tudo, talvez, costumava</p><p>afirmar: — “A vida de um ser humano, entre outros seres</p><p>humanos, é impossível. O que vemos é apenas milagre;</p><p>salvo melhor raciocínio.” Meu Amigo sendo fatalista.</p><p>Na data e hora, estava-se em seu fundo de quintal,</p><p>exercitando ao alvo, com carabinas e revólveres,</p><p>revezadamente. Meu Amigo, a bom seguro que, no</p><p>mundo, ninguém, jamais, a�rou quanto ele tão bem —</p><p>no agudo da pontaria e rapidez em sacar arma; gastava</p><p>nisso, por dia, caixas de balas. Estava justamente</p><p>especulando: — “Só quem entendia de tudo eram os</p><p>gregos. A vida tem poucas possibilidades”. Fatalista como</p><p>uma louça, o Meu Amigo. Sucedeu nesse comenos que o</p><p>vieram chamar, que o homenzinho o procurava.</p><p>ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Olympio,</p><p>1967.</p><p>Os procedimentos de construção conferem originalidade</p><p>ao es�lo do autor e produzem, no fragmento, efeito de</p><p>sen�do apoiado na</p><p>a) reflexão filosófica em torno da brevidade da vida.</p><p>b) tensão progressiva ante a chegada do estranho.</p><p>c) nota irônica do perfil intelectual do personagem.</p><p>d) curiosidade natural despertada pelo anonimato.</p><p>e) erudição su�l da alusão ao pensamento grego.</p><p>IT0431 - (Enem PPL)</p><p>Reciclagem de hábitos ajuda a enfrentar a crise</p><p>Todo início de ano as pessoas fazem uma lista de</p><p>propósitos para serem perseguidos ao longo dos</p><p>próximos 12 meses. Ao que tudo indica, o próximo ano</p><p>será um período de extrema dificuldade. Reciclar pode</p><p>ser uma alterna�va.</p><p>Esse conceito — por ser muito abrangente — nos</p><p>propicia uma reflexão. No dia a dia pessoal, dentro de</p><p>casa, podemos reciclar roupas, sapatos, objetos de uso</p><p>pessoal etc. Ou seja, ao adotarmos tal a�tude, não</p><p>gastamos o escasso e suado dinheiro disponível. Vale</p><p>também minimizar desperdícios. A vantagem dessa</p><p>“consciência ecológica” acaba por beneficiar o meio</p><p>ambiente e também o bolso.</p><p>Reciclar hábitos é muito di�cil. Quantos se lembram</p><p>de apagar a luz quando deixam um ambiente? E de</p><p>desligar o chuveiro quando estão se ensaboando?</p><p>Se estou desempregado ou com pouco dinheiro, não</p><p>preciso ir à academia (e me endividar ainda mais) para</p><p>cuidar da saúde. Caminhar pelos parques ou jardins pode</p><p>ser uma alterna�va. Quantas vezes nos deparamos com</p><p>pessoas andando — ou correndo — nas ruas? Isso pode</p><p>ser imitado. Não tem custo algum!</p><p>E nas finanças pessoais? Disciplina, disciplina. Reduzir</p><p>o consumo desenfreado, os gastos desnecessários e</p><p>pesquisar muito antes de comprar o que é realmente</p><p>essencial: supermercado, farmácia etc. Na verdade, as</p><p>compras passam por gestão. Se compro roupa nova</p><p>(necessária), deixo para comprar sapato ou bolsa no mês</p><p>que vem. Além de evitar o endividamento numa hora de</p><p>emprego di�cil e renda baixa, o planejamento de gastos</p><p>torna-se essencial.</p><p>Quem consegue poupar R$ 10,00 por semana terá R$</p><p>40,00 no final do mês. Ao longo do ano, terá acumulado</p><p>quase R$ 500. Sem sofrimento. Não foi uma reciclagem</p><p>de hábito?</p><p>CALIL, M. Disponível em: h�p://no�cias.uol.com.br.</p><p>Acesso em: 24 ago. 2017 (adaptado).</p><p>Para convencer o leitor de que a reciclagem de hábitos</p><p>ajuda a enfrentar a crise, o autor desse texto</p><p>a) sugere o planejamento dos gastos familiares com o</p><p>acompanhamento de um gestor.</p><p>b) revela o sofrimento ocasionado pela reciclagem de</p><p>hábitos já arraigados na sociedade.</p><p>c) u�liza perguntas retóricas direcionadas a um público</p><p>leitor engajado em causas ambientais.</p><p>d) apresenta sua preocupação em relação à dificuldade</p><p>enfrentada pela indústria da reciclagem.</p><p>e) faz um paralelo entre os ganhos da reciclagem para o</p><p>meio ambiente e para as finanças pessoais.</p><p>IT0434 - (Enem PPL)</p><p>Domés�cas, de Fernando Meirelles e Nando Olival (2001)</p><p>Drama de trabalhadoras domés�cas na cidade de São</p><p>Paulo, mostradas a par�r do co�diano de Cida, Roxane,</p><p>Quitéria, Raimunda e Créo. Uma quer se casar; a outra é</p><p>casada, mas sonha com um marido melhor; uma sonha</p><p>em ser ar�sta de novela e a outra acredita que tem por</p><p>26@professorferretto @prof_ferretto</p><p>missão na Terra servir a Deus e à sua patroa. Todas têm</p><p>sonhos dis�ntos, mas vivem a mesma realidade:</p><p>trabalhar como empregada domés�ca. Conduzido com</p><p>humor (e uma trilha musical dos hits populares do Brasil</p><p>brega dos anos 1970), o filme de Meirelles e Olival retrata</p><p>o universo par�cular dessa categoria de trabalhadoras</p><p>domés�cas. É curioso que, em nenhum momento,</p><p>aparecem patrões ou patroas. A narra�va</p><p>de Domés�cas se desenvolve segundo a ó�ca</p><p>con�ngente das classes subalternas, dos de baixo, com</p><p>seus anseios e sonhos, expecta�vas e frustrações. Não</p><p>aparecem situações de luta social por direitos, o que</p><p>sugere que o filme se detém na epiderme da consciência</p><p>de classe con�ngente, expressando, desse modo, a</p><p>fragmentação das perspec�vas de vida e trajetórias das</p><p>domés�cas (quase como um des�no, como observa na</p><p>palavra final a domés�ca Roxane). Do mesmo modo, ao</p><p>retratar Zé Pequeno (em Cidade de Deus), Meirelles</p><p>tratou sua sina de bandido quase como des�no. É</p><p>baseado na peça de teatro de Renata Melo (2005).</p><p>Disponível em: www.telacri�ca.org. Acesso em: 25 ago.</p><p>2017 (adaptado).</p><p>A sinopse, para convencer o leitor a assis�r ao</p><p>filme Domés�cas, lança mão da seguinte estratégia de</p><p>linguagem:</p><p>a) Reflexão sobre a língua u�lizada pelas personagens do</p><p>filme.</p><p>b) Avaliação posi�va do filme disfarçada de comparação.</p><p>c) Referência à mídia cinematográfica.</p><p>d) Descrição de cenas do filme.</p><p>e) Apelação ao leitor.</p><p>IT0435 - (Enem PPL)</p><p>TEXTO I</p><p>Há uma geração inteira sem conseguir emprego.</p><p>Grande parte sonha com um concurso público. Não é</p><p>novidade, mul�dões sempre correram atrás de emprego</p><p>municipal, estadual ou federal. Espanta é a disposição</p><p>para trabalhar em qualquer área, fora do que</p><p>consideravam sua vocação. Em crise, vocação é ter</p><p>salário. Há quem con�nue na casa dos pais,</p><p>indefinidamente. Ou quem volte. O problema é que nem</p><p>sempre</p><p>dá certo. Mães e pais que têm aposentadoria</p><p>ainda asseguram a sobrevivência dos filhos. É uma</p><p>geração à deriva.</p><p>CARRASCO, W. Disponível em: h�p://epoca.globo.com.</p><p>Acesso em: 23 ago. 2017 (adaptado).</p><p>TEXTO II</p><p>Ah, a casa da avó! Sinônimo de comidinha gostosa,</p><p>muita brincadeira, vontades feitas. O imaginário de muita</p><p>gente traz da infância as melhores lembranças da casa da</p><p>avó. Mas o que para muitos é apenas um local para</p><p>brincadeiras e férias, para outros, nos úl�mos tempos,</p><p>tem sido sinônimo da casa principal, onde os netos</p><p>moram e são criados.</p><p>Não só o mercado de trabalho levou as crianças para</p><p>a casa das avós em tempo integral, mas também a</p><p>sociedade moderna, com o divórcio e as novas</p><p>cons�tuições familiares. Com o divórcio, a correria do dia</p><p>a dia no mercado de trabalho e a própria emancipação da</p><p>mulher, muitas mães delegaram aos avós a tarefa de criar</p><p>seus filhos.</p><p>MAIA, K. Disponível em: www.cnte.org.br. Acesso em: 23</p><p>ago. 2017 (adaptado).</p><p>Nessa postagem dirigida aos seus seguidores de rede</p><p>social, o autor u�liza uma linguagem</p><p>a) ao aconchego que os filhos e netos encontram nesses</p><p>lugares.</p><p>b) ao fator econômico, que é a causa do problema nos</p><p>dois casos.</p><p>c) aos problemas de relacionamento que surgem nessas</p><p>situações.</p><p>d) ao divórcio, que é apontado como comum nos dias de</p><p>hoje.</p><p>e) à independência da mulher, que causa a ausência das</p><p>mães.</p><p>IT0439 - (Enem PPL)</p><p>O lobo que não é mau</p><p>A primeira coisa a saber é que o guará não é, na</p><p>verdade, um lobo. Embora seja o maior canídeo silvestre</p><p>da América do Sul, sua espécie (Chrysocyon brachyurus)</p><p>é de di�cil classificação. Alguns cien�stas dizem que é</p><p>parente das raposas, outros, que é parente do cachorro-</p><p>vinagre sul-americano. Mas, de lobo mesmo, ele não tem</p><p>nada. Além disso, é um animal onívoro. Porém, em</p><p>algumas regiões, a sua dieta chega a quase 70% de</p><p>frutas, especialmente da lobeira, uma árvore �pica das</p><p>savanas brasileiras, que contribui para a saúde do animal,</p><p>prevenindo um �po de verminose que ataca os rins do</p><p>guará.</p><p>O lobo-guará não é um animal perigoso ao homem.</p><p>Não existe nenhum registro, em toda a história, de um</p><p>guará que tenha atacado uma pessoa, mas, ainda assim,</p><p>são vistos como “maléficos”. Por quê? Porque, em</p><p>ambientes degradados, o lobo, para sobreviver, acaba</p><p>atacando galinheiros ou comendo aves que são criadas</p><p>soltas. Com a desculpa de “proteger sua criação”, pessoas</p><p>com baixo nível de consciência ecológica acabam</p><p>matando os animais.</p><p>Se não bastassem a matança e a destruição de</p><p>ambientes naturais, o lobo-guará ainda apresenta grande</p><p>índice de morte por atropelamento em estradas.</p><p>27@professorferretto @prof_ferretto</p><p>O fato é que o lobo-guará precisa de nós mais do que</p><p>nunca na história.</p><p>FERRAREZI JR., C. Revista QShow, n. 20, nov. 2015</p><p>(adaptado).</p><p>Esse texto de divulgação cien�fica u�liza como principal</p><p>estratégia argumenta�va a:</p><p>a) sedução, mostrando o lado delicado e afetuoso do</p><p>animal por meio da negação de seu nome popular.</p><p>b) comoção, relatando a perseguição que o animal sofre</p><p>constantemente pelos fazendeiros com baixo grau de</p><p>instrução.</p><p>c) intertextualidade, buscando contraponto numa</p><p>famosa história infan�l, confrontada com dados</p><p>concretos e fatos históricos.</p><p>d) chantagem, modificando a verdadeira índole do lobo-</p><p>guará para proteger as criações de animais domés�cos</p><p>em áreas degradadas.</p><p>e) in�midação, explorando os efeitos de sen�do</p><p>desencadeados pelo uso de palavras como “matança”,</p><p>“perigoso”, “degradados” e “atacando”.</p><p>IT0442 - (Enem PPL)</p><p>A busca do “texto oculto” na leitura de no�cias</p><p>Os meus colegas jornalistas que me perdoem, mas</p><p>não dá mais para ler uma no�cia de jornal apenas pelo</p><p>que está publicado. O nosso universo informa�vo ficou</p><p>muito mais complexo depois do surgimento da avalanche</p><p>informa�va na internet.</p><p>Esse fenômeno, inédito na história do jornalismo, está</p><p>nos obrigando a tomar uma no�cia de jornal apenas</p><p>como um ponto de par�da para uma análise que,</p><p>necessariamente, envolve a preocupação em descobrir o</p><p>contexto do que foi publicado. A no�cia de jornal não é</p><p>mais a verdade defini�va, mas a porta de entrada numa</p><p>realidade desconhecida e inevitavelmente complexa,</p><p>contraditória e diversa.</p><p>A principal mudança que todos nós teremos que</p><p>incorporar às nossas ro�nas informa�vas é a necessidade</p><p>de sermos crí�cos em relação às no�cias que leremos,</p><p>ouviremos ou assis�remos.</p><p>A busca de um novo modelo de formatação de</p><p>no�cias baseado numa cultura da diversificação</p><p>informa�va está apenas começando. O público passou a</p><p>ter uma importância estratégica na a�vidade profissional</p><p>porque os jornalistas necessitam, cada vez mais, dos</p><p>blogs pessoais, das páginas da web e das postagens em</p><p>redes sociais como fonte de no�cias. A histórica</p><p>dependência de fontes governamentais e corpora�vas</p><p>está rapidamente sendo subs�tuída pela no�cia oriunda</p><p>de comunidades, grupos sociais organizados e</p><p>influenciadores digitais. A agenda de no�cias das elites</p><p>perde espaço para a agenda do público.</p><p>É essa nova forma de ver a realidade que está na base</p><p>da necessidade do chamado “texto oculto”, um jargão</p><p>acadêmico para uma diversificação na nossa nova forma</p><p>de ler, ouvir e ver no�cias.</p><p>CASTILHO, C. Disponível em:</p><p>www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 30</p><p>out. 2021 (adaptado).</p><p>Ao problema�zar os modos de ler no�cias e a</p><p>necessidade de se buscar o chamado “texto oculto”, o</p><p>texto defende que esse processo implicará</p><p>a) adaptação na forma como a imprensa e o jornalismo</p><p>abordam a informação.</p><p>b) alteração na prá�ca interacional entre os usuários de</p><p>redes sociais.</p><p>c) ampliação da quan�dade de informação disponível na</p><p>internet.</p><p>d) demanda por informações fidedignas em fontes</p><p>oficiais.</p><p>e) percepção da no�cia como um produto acabado.</p><p>IT0443 - (Enem PPL)</p><p>TEXTO I</p><p>De casa para a escola</p><p>Saber respeitar limites, esperar, suportar, ter seus</p><p>desejos frustrados, fazer trocas e planejar é ter educação</p><p>financeira. E o exemplo vem de casa. Mas as a�tudes dos</p><p>pais somente serão referências para a educação</p><p>financeira se eles mesmos usarem o dinheiro de forma</p><p>consciente, fizerem pesquisa de preço, comprarem à</p><p>vista, pedirem descontos, �verem controle de suas</p><p>finanças, souberem o quanto têm e o quanto podem</p><p>gastar, inves�r e poupar. Portanto, boa parte das razões</p><p>que levam um adulto a se tornar consumista e a se</p><p>endividar está na educação que recebe quando criança</p><p>ou na adolescência.</p><p>MACEDO, C. Revista Carta Fundamental, n. 37, abr. 2012</p><p>(adaptado).</p><p>TEXTO II</p><p>Educação financeira para crianças</p><p>Ensinar para os filhos o valor das coisas é</p><p>responsabilidade dos pais, mas, se lidar com dinheiro é</p><p>complicado para adultos, passar esse conhecimento para</p><p>crianças é uma tarefa bem mais delicada. De acordo com</p><p>a especialista em educação financeira infan�l Cássia</p><p>D’Aquino, o momento certo de começar a ensinar a</p><p>criança a lidar com as finanças é anunciado pela própria,</p><p>na primeira vez em que pede aos pais para lhe</p><p>comprarem alguma coisa. Isso costuma acontecer por</p><p>volta dos dois anos e meio, e, nessa hora, o pequeno</p><p>mostra que já percebeu o que é dinheiro e que o dinheiro</p><p>“compra” as coisas que ele pode vir a querer. À medida</p><p>28@professorferretto @prof_ferretto</p><p>que os pequenos vão crescendo, os filhos vão convivendo</p><p>com a forma com que seus pais trabalham com o</p><p>dinheiro. Para Cássia, a melhor base para uma educação</p><p>financeira eficiente é aquela transmi�da por meio de</p><p>a�tudes simples na ro�na do relacionamento entre pais e</p><p>filhos. Assim que a criança manifestar uma noção básica</p><p>em relação a dinheiro, os pais já podem, de maneira</p><p>gradual, adotar uma postura educa�va.</p><p>Disponível em: h�p://brasil.gov.br. Acesso em: 27 fev.</p><p>2013.</p><p>Sob diferentes perspec�vas, os textos I e II abordam o</p><p>tema educação financeira. No entanto, em ambos os</p><p>textos, os autores sustentam a opinião de que</p><p>a) os modelos familiares impostos na infância e na</p><p>juventude são espelhos para os filhos.</p><p>b) o sucesso da educação financeira está ligado à forma</p><p>como a escola trabalha o tema.</p><p>c) uma das tarefas mais di�ceis do processo de educação</p><p>é estabelecer limites.</p><p>d) a educação imposta pela sociedade subs�tui aquela</p><p>recebida em casa.</p><p>e) os filhos devem poupar na infância para inves�rem</p><p>quando adultos.</p><p>IT0444 - (Enem PPL)</p><p>A criança e a lógica</p><p>Uma menina vê a foto da mãe grávida e ouve a</p><p>seguinte explicação: “Você estava na minha barriga,</p><p>filha”. Imediatamente, a criança chega à incrível</p><p>conclusão: “Mamãe, então você é o lobo mau?”. A par�r</p><p>dos 2 anos, a criança começa a dominar as palavras, mas</p><p>sua lógica, que difere da do adulto, surpreende os pais</p><p>pelas associações. Para uma psicóloga infan�l, esse</p><p>raciocínio se explica pelo fato de que a lógica, nos</p><p>primeiros anos de vida, é primi�va e rígida, não admite</p><p>que para a mesma questão existam várias possibilidades.</p><p>Quando a mãe diz que vai chegar em casa à noite, a</p><p>criança não compreende por que, afinal, a promessa</p><p>ainda não foi cumprida se já está escuro. Ou se ela já</p><p>ouviu que as pessoas morrem quando estão velhinhas e</p><p>de repente acontece de alguém próximo perder a vida</p><p>ainda jovem, ela pode custar a se conformar. “O</p><p>importante é falar a verdade e ter paciência. Com o</p><p>tempo, as crianças percebem que um fato pode ter mais</p><p>de uma explicação, e vários fatos influenciam uma</p><p>mesma situação. A lógica vai, assim, aprimorando-se e</p><p>ficando mais próxima da do adulto entre os 5 e 6 anos”,</p><p>afirma a especialista.</p><p>Disponível em: h�p://revistacrescer.globo.com. Acesso</p><p>em: 15 nov. 2014 (adaptado).</p><p>O texto cita a opinião de uma psicóloga como estratégia</p><p>argumenta�va para</p><p>a) explicar as associações inesperadas das crianças de 2 a</p><p>5 anos.</p><p>b) apresentar dados cien�ficos sobre a falta de lógica na</p><p>infância.</p><p>c) gerar efeitos de credibilidade às informações</p><p>apresentadas.</p><p>d) jus�ficar a natureza rudimentar do raciocínio infan�l.</p><p>e) ajudar os adultos na interlocução com as crianças.</p><p>IT0447 - (Enem PPL)</p><p>Tiranos de nós mesmos: a servidão voluntária na era da</p><p>sociedade do desempenho</p><p>Byung-Chul Han, no opúsculo Sociedade do cansaço,</p><p>discute a ascensão de um novo paradigma social, em que</p><p>a sociedade disciplinar de Foucault é subs�tuída pela</p><p>sociedade do desempenho. Esse novo modelo social é</p><p>movido por um impera�vo de maximizar a produção.</p><p>Nós, sujeitos de desempenho, somos constante e</p><p>sistema�camente pressionados a aperfeiçoar nossa</p><p>performance e a aumentar nossa produção.</p><p>A crença subjacente, segundo Han, é a de que nada é</p><p>impossível. Nós podemos fazer tudo. Estamos</p><p>constantemente pressionados por um poder fazer</p><p>ilimitado. É um excesso de posi�vidade, que se cons�tui</p><p>em verdadeira violência neuronal.</p><p>E por isso produzimos. Produzimos até a exaustão. E,</p><p>mesmo cansados, con�nuamos produzindo. Uma meta é</p><p>sempre subs�tuída por outra. A tarefa nunca acaba. É</p><p>frustrante e esgotante. O resultado é uma sociedade que</p><p>gera fracassados e depressivos, a quem só resta recorrer</p><p>a medicamentos para con�nuar produzindo mais</p><p>eficientemente.</p><p>Disponível em: h�p://jus�ficando.cartacapital.com.br.</p><p>Acesso em: 24 ago. 2017 (adaptado).</p><p>Com base nessa reflexão acerca do livro Sociedade do</p><p>cansaço, que discute o novo modelo da sociedade do</p><p>desempenho, o resenhista a</p><p>a) conceitua, apresenta seus fundamentos e conclui com</p><p>suas consequências.</p><p>b) fundamenta com argumentos, apresenta sua</p><p>conclusão e oferece exemplos.</p><p>c) descreve, apresenta suas consequências e conclui com</p><p>sua conceituação.</p><p>d) exemplifica, apresenta sua fundamentação e avalia</p><p>seus resultados.</p><p>e) discute, apresenta seu conceito e promove uma</p><p>discussão.</p><p>29@professorferretto @prof_ferretto</p><p>IT0448 - (Enem PPL)</p><p>Trechos do discurso de Ulysses Guimarães na</p><p>promulgação da Cons�tuição em 1988</p><p>Senhoras e senhores cons�tuintes.</p><p>Dois de fevereiro de 1987. Ecoam nesta sala as</p><p>reivindicações das ruas. A Nação quer mudar. A Nação</p><p>deve mudar. A Nação vai mudar. São palavras constantes</p><p>do discurso de posse como presidente da Assembleia</p><p>Nacional Cons�tuinte.</p><p>Hoje, 5 de outubro de 1988, no que tange à</p><p>Cons�tuição, a Nação mudou. A Cons�tuição mudou na</p><p>sua elaboração, mudou na definição dos Poderes. Mudou</p><p>restaurando a federação, mudou quando quer mudar o</p><p>homem cidadão. E é só cidadão quem ganha justo e</p><p>suficiente salário, lê e escreve, mora, tem hospital e</p><p>remédio, lazer quando descansa.</p><p>A Nação nos mandou executar um serviço. Nós o</p><p>fizemos com amor, aplicação e sem medo.</p><p>A Cons�tuição certamente não é perfeita. Ela própria</p><p>o confessa ao admi�r a reforma. Quanto a ela, discordar,</p><p>sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca.</p><p>Quando, após tantos anos de lutas e sacri�cios,</p><p>promulgamos o Estatuto do Homem, da Liberdade e da</p><p>Democracia, bradamos por imposição de sua honra.</p><p>Nós, os legisladores, ampliamos os nossos deveres.</p><p>Teremos de honrá-los. A Nação repudia a preguiça, a</p><p>negligência e a inépcia.</p><p>O povo é o superlegislador habilitado a rejeitar pelo</p><p>referendo os projetos aprovados pelo Parlamento.</p><p>Não é a Cons�tuição perfeita, mas será ú�l, pioneira,</p><p>desbravadora.</p><p>Termino com as palavras com que comecei esta fala.</p><p>A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação</p><p>vai mudar. A Cons�tuição pretende ser a voz, a letra, a</p><p>vontade polí�ca da sociedade rumo à mudança.</p><p>Que a promulgação seja o nosso grito. Mudar para</p><p>vencer.</p><p>Muda, Brasil.</p><p>Disponível em: www.senadofederal.br. Acesso em: 30</p><p>out. 2021.</p><p>O discurso de Ulysses Guimarães apresenta</p><p>caracterís�cas de duas funções da linguagem: ora revela</p><p>a subje�vidade de quem vive um momento histórico, ora</p><p>busca informar a população sobre a Carta Magna. Essas</p><p>duas funções manifestam-se, respec�vamente, nos</p><p>trechos:</p><p>a) “São palavras constantes do discurso de posse como</p><p>presidente da Assembleia Nacional Cons�tuinte.” e “A</p><p>Cons�tuição pretende ser a voz, a letra, a vontade</p><p>polí�ca da sociedade rumo à mudança”.</p><p>b) “Nós o fizemos com amor, aplicação e sem medo.” e</p><p>“A Cons�tuição mudou na sua elaboração, mudou na</p><p>definição dos Poderes”.</p><p>c) “Quando, após tantos anos de lutas e sacri�cios,</p><p>promulgamos o Estatuto do Homem, da Liberdade e</p><p>da Democracia, bradamos por imposição de sua</p><p>honra.” e “Nós, os legisladores, ampliamos os nossos</p><p>deveres. Teremos de honrá-los”.</p><p>d) “O povo é o superlegislador habilitado a rejeitar pelo</p><p>referendo os projetos aprovados pelo Parlamento.” e</p><p>“Termino com as palavras com que comecei esta fala”.</p><p>e) “Não é a Cons�tuição perfeita, mas será ú�l, pioneira,</p><p>desbravadora.” e “Que a promulgação seja o nosso</p><p>grito”.</p><p>IT0449 - (Enem PPL)</p><p>A vida deveria nos oferecer um lugarzinho no rodapé</p><p>da nossa história pessoal para eventuais erratas, como</p><p>em tese de doutorado. Pelas vezes em que na infância e</p><p>adolescência a gente foi bobo, foi ingênuo, foi</p><p>indesculpavelmente român�co, cego e teimoso, devia</p><p>haver uma errata possível. Como quando a gente</p><p>acreditou que se fosse bonzinho ganharia aquela</p><p>bicicleta; que todos os professores eram sábios e justos e</p><p>todas as autoridades decentes; e quando a gente</p><p>acreditou que pai e mãe eram imortais ou perfeitos.</p><p>Devia haver erratas que anulassem bobagens adultas:</p><p>botei fora aquela oportunidade, não cuidei da minha</p><p>grana, fui onipotente, perdi quem era tão precioso para</p><p>mim, escolhi a gostosona em lugar da parceira alegre e</p><p>terna; fiquei com aquele cara porque com ele seria mais</p><p>diver�do, mas no fundo eu não o queria como meu</p><p>amigo e pai dos meus filhos. Profissionalmente não me</p><p>preparei, não me preveni, não refle�, não entendi nada,</p><p>tomei as piores decisões. Ah, que bom seria se essas</p><p>trapalhadas pudessem ser anuladas com uma boa errata!</p><p>Em geral, não podem.</p><p>Por todas as vezes que desviamos o olhar lúcido ou</p><p>recolhemos o dedo denunciador, pagaremos — talvez</p><p>num futuro não muito distante — um alto preço, durante</p><p>um tempo incalculavelmente longo. E não haverá</p><p>erratas.</p><p>LUFT, L. Errata de pé de página. Veja, n. 28, 18 jul. 2007</p><p>(adaptado).</p><p>No texto, a autora propõe o uso metafórico da errata</p><p>como recurso para</p><p>30@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) assumir uma posição humilde diante da efemeridade</p><p>da vida.</p><p>b) evitar decisões equivocadas advindas da</p><p>inexperiência.</p><p>c) antecipar as consequências das nossas ações.</p><p>d) promover um maior amadurecimento intelectual.</p><p>e) rever a�tudes realizadas no passado.</p><p>IT0451 - (Enem PPL)</p><p>As informações con�das no texto dessa campanha têm o</p><p>obje�vo de</p><p>a) avaliar as polí�cas públicas para melhorar a qualidade</p><p>dos serviços prestados ao povo brasileiro.</p><p>b) apresentar os canais de par�cipação social, como os</p><p>Conselhos previstos na Cons�tuição Federal de 1988.</p><p>c) descrever o ciclo e as etapas de organização de uma</p><p>polí�ca pública como incen�vo à par�cipação social.</p><p>d) fazer a dis�nção entre as polí�cas de governo e as</p><p>polí�cas de Estado a fim de incen�var a busca por</p><p>direitos.</p><p>e) es�mular a par�cipação da sociedade civil em polí�cas</p><p>públicas para fortalecer a cidadania e o bem comum.</p><p>IT0454 - (Enem PPL)</p><p>Em nenhum outro �po de literatura a fantasia</p><p>desempenha papel tão importante. Sapos se</p><p>transformam em príncipes, animais conversam com</p><p>humanos, mesas se põem sozinhas e contratempos</p><p>insolúveis se resolvem de um parágrafo para outro. Essa</p><p>falta de verossimilhança não afasta o leitor. Pelo</p><p>contrário, juntamente com o anonimato dos príncipes e</p><p>princesas, que não têm personalidade definida e vivem</p><p>em terras distantes sem localização exata, ela facilita a</p><p>iden�ficação com os personagens. O mundo da fantasia</p><p>abre espaço para que coisas desagradáveis, que não</p><p>seriam toleradas em outros �pos de história, passem</p><p>incólumes, como bruxas comedoras de criancinha e</p><p>anões cruéis que roubam bebês. Boa parte do fascínio</p><p>dos contos tem origem justamente nesse mundo</p><p>sombrio. Contos de fadas não cons�tuem sempre</p><p>histórias agradáveis polvilhadas com açúcar, como a casa</p><p>de pão de ló de João e Maria. Pelo contrário, as tramas</p><p>são recheadas de malvadezas que sobrevivem às dezenas</p><p>de adaptações. Podem passar despercebidas, mas estão</p><p>lá. Ou é inofensiva a história de uma menina e sua avó</p><p>que são devoradas vivas por um lobo? Ou é inocente o</p><p>conto da menina que é sequestrada e obrigada a passar a</p><p>juventude trancada no alto de uma torre? E o que dizer</p><p>do bebê condenado à morte no dia do seu ba�zado?</p><p>Disponível em: h�ps://super.abril.com.br. Acesso em: 20</p><p>jun. 2019 (adaptado).</p><p>As perguntas ao final do texto estão relacionadas ao</p><p>argumento segundo o qual contos de fadas</p><p>a) manifestam aspectos obscuros da condição humana.</p><p>b) es�mulam a fantasia e a imaginação dos leitores.</p><p>c) favorecem a iden�ficação com os personagens.</p><p>d) são inadequados para a maioria das crianças.</p><p>e) são adaptados aos valores de cada época.</p><p>IT0456 - (Enem PPL)</p><p>O sucesso das redes sociais é fruto da combinação</p><p>inteligente da capacidade de interagir dentro de uma</p><p>mesma página da internet e do uso de sistemas de</p><p>avaliação. Existem duas dinâmicas psicossociais</p><p>legi�mando tais recursos de avaliação. Na primeira,</p><p>alguém produz conteúdo e é recompensado com essas</p><p>reações. Já na segunda dinâmica, a produção de</p><p>conteúdo serve de balão de ensaio para a vida off-line.</p><p>Prazer e aprendizado são, portanto, as duas</p><p>promessas originais das redes sociais (anteriores à</p><p>mone�zação), nas quais os algoritmos de recomendação</p><p>prometem reduzir o tempo e a energia para encontrar</p><p>aquilo que interessa a cada um, no mar de opções</p><p>disponibilizadas, levando a situação a outro patamar, pela</p><p>exposição reiterada dos usuários aos conteúdos que</p><p>agravam sua ansiedade.</p><p>Assim, por exemplo, pessoas que estão insa�sfeitas</p><p>com o seu corpo fazem buscas que refletem esse</p><p>desconforto, procurando postagens relacionadas a essa</p><p>temá�ca. O algoritmo, então, passa a recomendar cada</p><p>vez mais conteúdos nessa linha e, o que é pior, a</p><p>convergir para os mais extremos, já que estes tendem a</p><p>fixar mais a atenção. Em pouco tempo, o usuário</p><p>“desconfortável” está sendo bombardeado por vídeos</p><p>que elevam em muito o seu pessimismo e que muitas</p><p>vezes servem de caminho à anorexia, à bulimia e à</p><p>depressão.</p><p>Di DIAS, A. M. Disponível em: www.uol.com.br. Acesso</p><p>em: 5 nov. 2021 (adaptado).</p><p>31@professorferretto @prof_ferretto</p><p>As sociedades têm evoluído concomitantemente ao</p><p>desenvolvimento de tecnologias que buscam, cada vez</p><p>mais, automa�zar a gestão das informações. No texto,</p><p>uma consequência nega�va desse processo é o fato de</p><p>ele</p><p>a) ser dirigido por um sistema de recomendações</p><p>individualizado.</p><p>b) estar vinculado ao aumento da sa�sfação e da prá�ca</p><p>dos usuários.</p><p>c) sobrecarregar o usuário com um fluxo massivo de</p><p>informações.</p><p>d) guiar-se pela confluência das interações on-line em</p><p>busca de avaliações posi�vas.</p><p>e) focar no engajamento dos usuários em detrimento de</p><p>suas necessidades concretas.</p><p>IT0401 - (Enem PPL)</p><p>TEXTO I</p><p>Você vai ficar obsoleto</p><p>Vivemos numa época em que as coisas ficam</p><p>obsoletas cada vez mais rápido. Produtos e serviços</p><p>desaparecem subs�tuídos por outros, como também</p><p>indústrias inteiras, devoradas por formas mais eficientes</p><p>de trabalho. O comportamento das pessoas também está</p><p>mudando; hoje aceitamos a inovação muito mais rápido.</p><p>Você sabia que a eletricidade demorou 46 anos para</p><p>ser adotada por pelos menos 25% da população norte-</p><p>americana? Para o telefone foram necessários 35 anos,</p><p>31 para o rádio, 26 para a televisão, 16 para o</p><p>computador, 13 para o celular e apenas 7 para a</p><p>internet.</p><p>Dessa forma, tecnologia e empreendedorismo</p><p>formam uma combinação explosiva que afeta os</p><p>tradicionais setores econômicos, transformando modelos</p><p>de negócios inteiros e acelerando o envelhecimento das</p><p>coisas. Portanto, a chave para lidar com isso nos exige</p><p>sair constantemente da zona de conforto. Deixar para</p><p>trás o velho e abrir-se ao novo é despir-se do medo do</p><p>desconhecido. É deixar-se dominar pelo entusiasmo, pela</p><p>curiosidade e pela vontade de viver e fazer diferente.</p><p>SENGER, A. Disponível em: www.cloudcoaching.com.br.</p><p>Acesso em: 20 nov. 2021 (adaptado).</p><p>TEXTO II</p><p>A ro�na obsoleta</p><p>Ser do tempo da máquina de escrever não me assusta</p><p>mais. Já é objeto de museu. De colecionador. Até seu</p><p>sucessor, o computador de mesa, está com os dias</p><p>contados. Tão mais prá�co o laptop! Mas também existe</p><p>o tablet, e quem sabe o que logo mais.</p><p>É surpreendente a velocidade com que meu co�diano</p><p>se transforma. Objetos essenciais até um tempinho atrás</p><p>desapareceram.</p><p>Inventa-se um disposi�vo, todo mundo tem, e, dali a</p><p>pouco, ele é trocado por outro, mais avançado. A</p><p>velocidade da mudança supera as eras anteriores.</p><p>O próprio papel está perdendo a razão de ser.</p><p>Documentos on-line são aceitos. Posso assinar um</p><p>contrato por e-mail. Houve um tempo em que ter xerox</p><p>de RG com firma reconhecida era um avanço. Hoje…</p><p>Quem faz xerox? Imagine, eu sou do tempo em que</p><p>na escola se faziam apos�las em xerox! Hoje, a gente</p><p>recebe on-line.</p><p>Parece estável? Vai sumir. A vida se torna obsoleta a</p><p>cada segundo. Mas o novo vai surgir. Isso torna a vida</p><p>fascinante. A realidade é deliciosamente instável.</p><p>CARRASCO, W. Disponível em: h�ps://veja.abril.com.br.</p><p>Acesso em: 20 nov. 2021).</p><p>Os textos I e II abordam a temá�ca da obsolescência e</p><p>têm em comum a</p><p>a) expressão de uma latente nostalgia.</p><p>b) crí�ca à velocidade das inovações tecnológicas.</p><p>c) percepção de uma constante sensação de inu�lidade.</p><p>d) opinião desfavorável a mudanças de hábitos e</p><p>comportamentos.</p><p>e) perspec�va o�mista diante da impermanência do</p><p>mundo contemporâneo.</p><p>IT0403 - (Enem PPL)</p><p>Para começar, ele nos olha na cara. Não é como a</p><p>máquina de escrever, que a gente olha de cima, com</p><p>superioridade. Com ele é olho no olho ou tela no olho.</p><p>Ele nos desafia. Parece estar dizendo: vamos lá, seu</p><p>desprezível pré-eletrônico, mostre o que você sabe fazer.</p><p>A máquina de escrever faz tudo que você manda, mesmo</p><p>que seja a tapa. Com o computador é diferente. Você faz</p><p>tudo que ele manda. Ou precisa fazer tudo ao modo dele,</p><p>senão ele não aceita. Às vezes, quando a gente erra, ele</p><p>faz “bip”. Assim, para todo mundo ouvir. Comecei a usar</p><p>o computador na redação do jornal e volta e meia errava.</p><p>E lá vinha ele: “Bip!” “Olha aqui, pessoal: ele errou.” “O</p><p>burro errou!”.</p><p>Outra coisa: ele é mais inteligente que você. Esse</p><p>negócio de que qualquer máquina só é tão inteligente</p><p>quanto quem a usa não vale com ele. Está subentendido,</p><p>nas suas relações com o computador, que você jamais</p><p>aproveitará metade das coisas que ele tem</p><p>para oferecer.</p><p>A máquina de escrever podia ter recursos que você</p><p>nunca usaria, mas não �nha o mesmo ar de quem só</p><p>aguentava os humanos por falta de coisa melhor, no</p><p>momento. E a máquina, mesmo nos seus instantes de</p><p>maior impaciência conosco, jamais faria “bip” em</p><p>público.</p><p>VERISSIMO, L. F. Pai não entende nada. Porto Alegre:</p><p>L&PM, 1990.</p><p>32@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Ao descrever sua relação com a máquina de escrever e o</p><p>computador, o cronista adota uma perspec�va que</p><p>a) põe em evidência a disparidade entre tecnologias.</p><p>b) cri�ca a quan�dade de recursos dos disposi�vos.</p><p>c) defende a u�lização de equipamentos obsoletos.</p><p>d) sobrepõe a inteligência humana à da máquina.</p><p>e) refuta o progresso técnico da comunicação.</p><p>IT0407 - (Enem PPL)</p><p>Plantas superpoderosas</p><p>A bióloga Joanne Chory já �nha 60 anos e um</p><p>diagnós�co de Parkinson quando decidiu se dedicar a um</p><p>projeto que capturasse gás carbônico da atmosfera —</p><p>coisa que as plantas fazem regularmente há 2,8 bilhões</p><p>de anos. Para isso, a pesquisadora começou a estudar</p><p>algumas espécies e alterá-las por meio de técnicas de</p><p>hor�cultura e manipulação gené�ca. A ideia é que</p><p>capturem mais carbono e o armazenem em suas raízes.</p><p>Uma dessas plantas, um �po de mostarda, já cresce no</p><p>delta do rio Mississipi. Caso funcione, a pesquisa tem</p><p>potencial para diminuir em 46% o excesso de CO2 jogado</p><p>anualmente na atmosfera. “Provavelmente não estarei</p><p>aqui para ver os resultados. Mas prefiro ser parte da</p><p>solução a me sentar e reclamar”, diz Joanne. Que as</p><p>superplantas criadas pela bióloga vinguem e vicejem!</p><p>CARNEIRO, F. Disponível em: h�ps://veja.abril.com.br.</p><p>Acesso em: 23 out. 2021 (adaptado).</p><p>Esse texto descreve a pesquisa inovadora realizada por</p><p>uma bióloga de 60 anos com diagnós�co de Parkinson. O</p><p>trecho que permite uma referência indireta a essa</p><p>condição �sica é</p><p>a) “decidiu se dedicar a um projeto que capturasse gás</p><p>carbônico”.</p><p>b) “a pesquisadora começou a estudar algumas</p><p>espécies”.</p><p>c) “Caso funcione, a pesquisa tem potencial para</p><p>diminuir em 46% o excesso de CO2”.</p><p>d) “‘Provavelmente não estarei aqui para ver os</p><p>resultados’”.</p><p>e) “Que as superplantas criadas pela bióloga vinguem e</p><p>vicejem!”.</p><p>IT0409 - (Enem PPL)</p><p>Nesse cartum, a predominância da função poé�ca da</p><p>linguagem manifesta-se na</p><p>a) ênfase dada à dificuldade de compreensão de um</p><p>atlas.</p><p>b) ar�culação entre a expressão verbal e as imagens</p><p>representadas.</p><p>c) singularidade da percepção da autora sobre a área de</p><p>geografia.</p><p>d) construção de uma representação cartográfica</p><p>diferente.</p><p>e) forma de organização das informações do mapa-</p><p>múndi.</p><p>IT0410 - (Enem PPL)</p><p>Uma marca de eletrodomés�cos que retornou para o</p><p>mercado brasileiro posicionou painéis em pontos</p><p>estratégicos da cidade de São Paulo com frases que</p><p>trazem histórias reais de mulheres que desafiaram</p><p>padrões e estereó�pos, com a premissa de trazer uma</p><p>reflexão sobre o Dia da Igualdade Feminina.</p><p>Cada uma das 9 frases traz um contraponto ins�gante</p><p>e atualiza uma nova ideia em sintonia com o ambiente,</p><p>dialogando com a cidade, como “O cara que inventou a</p><p>cerveja foi uma mulher”, perto de bares, e “O melhor</p><p>ar�lheiro da seleção é uma mulher nordes�na”, em</p><p>frente a estádios de futebol.</p><p>Frases como “O pai do wi-fi foi uma mulher, atriz e</p><p>refugiada”; “O gênio por trás do GPS foi uma mulher</p><p>negra”; “O arquiteto que projetou o MASP foi uma</p><p>mulher imigrante”; “O ator que mais vezes venceu o</p><p>Oscar foi uma mulher”; “O cien�sta precursor da energia</p><p>limpa foi uma mulher”; “O primeiro piloto de testes da</p><p>história foi uma mulher” e “O autor do primeiro romance</p><p>do mundo foi uma mulher japonesa” estavam presentes</p><p>em 15 pontos da cidade de São Paulo.</p><p>ALVES, S. Disponível em: www.b9.com.br. Acesso em: 5</p><p>nov. 2021 (adaptado).</p><p>Ao provocar a reflexão sobre o Dia da Igualdade</p><p>Feminina, a campanha descrita nesse texto fundamenta-</p><p>se no(a)</p><p>33@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) oposição proposital entre as referências de gênero</p><p>presentes nas frases.</p><p>b) relação entre os dizeres do painel e o local estratégico</p><p>de instalação.</p><p>c) alusão a grandes feitos cien�ficos que são</p><p>amplamente conhecidos.</p><p>d) padrão das frases que favorece a assimilação da</p><p>mensagem.</p><p>e) apresentação de temá�cas muito presentes no dia a</p><p>dia.</p><p>IT0411 - (Enem PPL)</p><p>A palavra saudade faz parte do vocabulário co�diano</p><p>dos portugueses e, também, do povo brasileiro. Mas</p><p>afinal, qual é a sua verdadeira origem? Existem algumas</p><p>especulações sobre a origem de saudade. Há quem</p><p>defenda que a palavra vem do árabe saudah. Outros</p><p>entendem que a sua origem vem do la�m sólitas, que</p><p>significa solidão.</p><p>Alguns especialistas indicam que palavras</p><p>como saud, saudá e suaida significam “sangue pisado” e</p><p>“preto dentro do coração”. A metáfora perfeita para</p><p>alguém que carrega no seu coração uma profunda</p><p>tristeza, tristeza esta que pode ser causada pela saudade.</p><p>Os árabes u�lizam o termo as-saudá quando querem se</p><p>referir a uma doença do �gado, diagnos�cada por eles</p><p>como “melancolia do paciente”.</p><p>Em certos idiomas, o significado de solitate foi</p><p>man�do, como é o caso do castelhano (soledad), do</p><p>italiano (solitudine) ou do francês (solitude). Em</p><p>português e no galego (soidade), alterou-se com o</p><p>tempo. Assim sendo, quando alguém dizia “tenho</p><p>saudades de casa” significava que sen�a “solidão” por</p><p>não estar em casa. De qualquer forma, os portugueses</p><p>foram atribuindo outros significados a saudade. Dizem</p><p>até que passou a fazer parte do dicionário dos</p><p>portugueses no tempo dos Descobrimentos Marí�mos.</p><p>Saudade definia a solidão que os portugueses �nham da</p><p>sua terra, familiares e amigos, quando estes par�am para</p><p>o Brasil.</p><p>Disponível em: www.natgeo.pt. Acesso em: 24 nov. 2021</p><p>(adaptado).</p><p>Esse texto, que trata da acepção da palavra “saudade”</p><p>em vários idiomas, tem como obje�vo</p><p>a) ques�onar sua evolução histórica.</p><p>b) especular sobre suas origens e�mológicas.</p><p>c) explicar seu processo de dicionarização.</p><p>d) problema�zar seus diferentes sen�dos na sociedade.</p><p>e) defender a tese acerca de sua origem desconhecida.</p><p>IT0415 - (Enem PPL)</p><p>TEXTO I</p><p>A nova opinião pública e as redes digitais</p><p>Todas as vezes que os injus�çados do mundo ganham</p><p>espaço nas telinhas dos gadgets de úl�ma geração e nas</p><p>correntes caudalosas de e-mails, e o barulho digital é</p><p>tanto que chega até aos veículos de comunicação</p><p>tradicionais, muita gente destaca as boas qualidades do</p><p>que chamam de uma nova opinião pública.</p><p>É di�cil não nos confrontarmos com as novas formas</p><p>que a sociedade u�liza para se inteirar, integrar-se,</p><p>persuadir, manipular, controlar, aprender, fazer-se ver e</p><p>ser vista, conversar e fofocar. Isso porque, o tempo todo,</p><p>as mul�dões estão opinando, capturando imagens em</p><p>quan�dade descomunal e disponibilizando-as facilmente</p><p>para audiências abrangentes.</p><p>Essa produção midiá�ca da mul�dão, muitas vezes</p><p>formatada sem preocupações técnicas, é�cas e esté�cas,</p><p>com certeza não contribui para a consolidação de uma</p><p>conversação democrá�ca, que respeite a alteridade, dê</p><p>tempo ao contraditório e à comunicação. Essa nova</p><p>opinião pública é rápida em linchamentos simbólicos e</p><p>em expressar preconceitos em mensagens rapidinhas, de</p><p>140 caracteres.</p><p>AMADEU, S. Disponível em: www.sescsp.org.br. Acesso</p><p>em: 26 nov. 2021 (adaptado).</p><p>TEXTO II</p><p>Uma nova opinião pública. Será?</p><p>A internet inverteu o ecossistema comunicacional. O</p><p>di�cil não é falar. Agora, o grande problema é ser ouvido.</p><p>Todavia, quando alguém fala algo que todos queriam</p><p>ouvir, uma onda imediatamente se forma no oceano</p><p>informacional e pode gerar ações concretas nas ruas, nos</p><p>mercados, nas bolsas de valores.</p><p>A rede é um ar�culador cole�vo de diversas causas.</p><p>Não podemos ter a ilusão de que somente ideias</p><p>democra�zantes e ligadas à nobre causa da defesa</p><p>ambiental é que geram adeptos. Uma análise mais</p><p>aprofundada das ações e do a�vismo em rede permite</p><p>observar que cada vez mais se formam redes de opinião</p><p>dis�ntas e muitas vezes opostas.</p><p>Por fim, também é preciso notar que a internet é uma</p><p>rede de arquitetura distribuída. Por isso, sua natureza é</p><p>mais propícia às ações democra�zadoras, livres e</p><p>favoráveis</p><p>ao compar�lhamento do que às posturas que</p><p>visam simplesmente à dominação, ao controle autoritário</p><p>e ao impedimento da troca de arquivos digitais.</p><p>NASSAR, P. Disponível em: www.sescsp.org.br. Acesso</p><p>em: 26 nov. 2021 (adaptado).</p><p>Com relação à produção da opinião pública na</p><p>contemporaneidade, os textos I e II divergem sobre o(a)</p><p>34@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) compreensão da internet como espaço de construção</p><p>democrá�ca.</p><p>b) uso mal-intencionado das tecnologias de informação e</p><p>comunicação.</p><p>c) entendimento da internet como meio de exposição de</p><p>pensamentos.</p><p>d) impacto das postagens nas redes de defensores de</p><p>causas minoritárias.</p><p>e) falta de curadoria dos conteúdos disponíveis nos</p><p>ambientes virtuais.</p><p>IT0463 - (Enem PPL)</p><p>Estresse é um termo que se vulgarizou nos úl�mos</p><p>tempos. Queixa-se de estresse o homem que chega em</p><p>casa depois de um dia de muito trabalho, de trânsito</p><p>pesado e das filas do banco. Queixa-se a mulher que</p><p>enfrentou uma maratona de a�vidades domés�cas,</p><p>profissionais e com os filhos. À noite, terminado o jantar,</p><p>com as crianças recolhidas, os dois mal têm forças para</p><p>trocar de roupa e cair na cama.</p><p>A palavra estresse não cabe nesse contexto. O que</p><p>eles sentem é cansaço, estão exaustos e uma noite de</p><p>sono é um santo remédio para recompor as energias e</p><p>revigorá-los para as tarefas do dia seguinte.</p><p>A palavra estresse, na verdade, caracteriza um</p><p>mecanismo fisiológico do organismo sem o qual nós, nem</p><p>os outros animais, teríamos sobrevivido. Se nosso</p><p>antepassado das cavernas não reagisse imediatamente,</p><p>ao se deparar com uma fera faminta, não teria deixado</p><p>descendentes. Nós exis�mos porque nossos ancestrais se</p><p>estressavam, isto é, liberavam uma série de mediadores</p><p>químicos (o mais popular é a adrenalina), que</p><p>provocavam reações fisiológicas para que, diante do</p><p>perigo, enfrentassem a fera ou fugissem.</p><p>Disponível em: h�p://drauziovarella.com.br. Acesso em:</p><p>2 jun. 2015.</p><p>Ao lançar mão do mecanismo de comparação, o autor do</p><p>texto conduz os leitores a</p><p>a) minimizarem os receios contra o estresse.</p><p>b) evitarem situações que causem estresse.</p><p>c) dis�nguirem os vários sintomas do estresse.</p><p>d) saberem da existência dos �pos de estresse.</p><p>e) compreenderem o significado do termo estresse.</p><p>IT0464 - (Enem PPL)</p><p>Sou leitor da revista e, acompanhando a entrevista da</p><p>juíza Kenarik Bouijikian, observo que há uma informação</p><p>passível de contestação histórica. Na página 14, a</p><p>meri�ssima cita que “�vemos uma lei que proibia a</p><p>entrada de africanos escravizados no Brasil (Lei Eusébio</p><p>de Queirós), e sabemos que mais de 500 mil entraram no</p><p>país mesmo após a promulgação da lei”. Sou professor de</p><p>História e, apesar de, após a Lei Eusébio de Queirós, de</p><p>1850, africanos escravizados terem entrado</p><p>clandes�namente no país, o número me parece</p><p>exagerado. É possível que meio milhão de africanos</p><p>tenham entrado ilegalmente após uma lei an�tráfico de</p><p>1831, a Lei Feijó, que exatamente por seu não</p><p>cumprimento passou a ser no anedotário jurídico</p><p>chamada de “lei para inglês ver”. Como a afirmação está</p><p>entre parênteses, me parece ter sido uma nota</p><p>equivocada do entrevistador, e não da juíza entrevistada.</p><p>De toda sorte, há a ilegalidade do trânsito de</p><p>escravizados para o Brasil apesar da existência de uma lei</p><p>restri�va.</p><p>J. C. C.</p><p>Cult, n. 229, nov. 2017 (adaptado)</p><p>A função social da carta do leitor está contemplada nesse</p><p>texto porque, em relação a uma publicação em edição</p><p>anterior de uma revista, ele apresenta um(a)</p><p>a) posicionamento relacionado a uma informação</p><p>con�da em uma entrevista.</p><p>b) relato de acontecimentos históricos norteadores de</p><p>uma entrevista.</p><p>c) sistema�zação de dados apresentados em uma</p><p>entrevista.</p><p>d) descrição de uma entrevista.</p><p>e) síntese de uma entrevista.</p><p>IT0468 - (Enem PPL)</p><p>TEXTO I</p><p>Para que seja caracterizada como bullying, e não</p><p>como uma agressão ocasional, a ação pra�cada e sofrida</p><p>pela ví�ma deve responder a alguns critérios: a</p><p>agressividade (�sica, verbal, social) e a intencionalidade</p><p>do ato, ou seja, o desejo de causar dor e</p><p>constrangimento; a frequência da agressão, uma vez que</p><p>o bullying é um ato repe��vo; e a desigualdade na</p><p>relação de poder, manifestada pela diferença de força</p><p>�sica ou social entre o agressor e a ví�ma.</p><p>ABDALLA, S. Bullying na escola: uma ameaça que não é</p><p>brincadeira. Disponível em: www.gazetadopovo.com.br.</p><p>Acesso em: 9 ago. 2017 (adaptado).</p><p>35@professorferretto @prof_ferretto</p><p>De acordo com as caracterís�cas apresentadas nos</p><p>textos, depreende-se que o bullying nas aulas de</p><p>educação �sica escolar tem sido resultante das</p><p>a) a�tudes constantes de desrespeito à diversidade nas</p><p>prá�cas corporais.</p><p>b) lesões provocadas durante jogos de contato por</p><p>estudantes agressivos.</p><p>c) disputas entre os alunos para ocuparem posições de</p><p>destaque nas equipes.</p><p>d) assimetria entre meninos e meninas durante a</p><p>vivência das a�vidades propostas.</p><p>e) prá�cas de inclusão de alunos com menos habilidade</p><p>motora nos jogos cole�vos.</p><p>IT0472 - (Enem PPL)</p><p>Letramento entra em cena</p><p>Houve uma significa�va mudança conceitual com a</p><p>entrada em cena da ideia de letramento ou níveis de</p><p>alfabe�smo, a par�r da década de 1980. Trocando em</p><p>miúdos, deixou-se de lado a divisão entre indivíduos</p><p>alfabe�zados (capacitados para codificar e decodificar os</p><p>elementos linguís�cos) e analfabetos. O letramento</p><p>implica associar escrita e leitura a prá�cas sociais que</p><p>tenham sen�do para aqueles que as u�lizam, além de</p><p>pressupor níveis de domínio das prá�cas que exigem</p><p>essas habilidades.</p><p>BARROS, R. Disponível em:</p><p>h�p://revistaeducacao.uol.com.br.</p><p>Acesso em: 1 ago. 2012 (adaptado).</p><p>A ideia de letramento compreende a alfabe�zação de</p><p>forma processual. Pela leitura e análise do texto, para</p><p>que o cidadão entre efe�vamente no mundo da escrita, a</p><p>escola deve dar condições a ele de</p><p>a) dar sen�do ao que é lido.</p><p>b) decodificar as palavras.</p><p>c) expressar-se oralmente.</p><p>d) assinar o próprio nome.</p><p>e) soletrar as palavras.</p><p>IT0473 - (Enem PPL)</p><p>Na tarefa diária de fazer jornalismo, bons �tulos que</p><p>apresentem de maneira clara o conteúdo da matéria são</p><p>uma arte. Um leitor tem apontado, insistentemente, ao</p><p>longo deste ano, �tulos com sen�do ambíguo em O Povo.</p><p>No dia 8 de agosto, na editoria Brasil, o �tulo destacava:</p><p>“Jus�ça suspende processo por homicídio de acidente em</p><p>Mariana”. Mais uma vez, ele apontou: “Do jeito como</p><p>está escrito, ficou a dúvida: o acidente de Mariana</p><p>cometeu ou sofreu o homicídio? Matou ou morreu?”. O</p><p>leitor ainda deu a sugestão de como poderia ser:</p><p>“Poderia ter sido assim: Suspenso o processo por</p><p>homicídio resultante do acidente em Mariana”. Entendo</p><p>que a insistência do leitor em apontar ambiguidades nos</p><p>�tulos é uma maneira de cobrar mais atenção com eles. É</p><p>nossa obrigação, como jornalistas, oferecer �tulos</p><p>precisos e coerentes, mesmo que o espaço para escrevê-</p><p>los seja delimitado por colunas e caracteres.</p><p>Disponível em: www.opovo.com.br. Acesso em: 10 dez.</p><p>2017 (adaptado).</p><p>Esse texto é de uma coluna de jornal escrita por um</p><p>ombudsman, profissional que, de maneira independente,</p><p>cri�ca o material publicado e responde às queixas dos</p><p>leitores. Quais trechos do texto ra�ficam o papel desse</p><p>profissional?</p><p>a) “Do jeito como está escrito, ficou a dúvida” e “No dia 8</p><p>de agosto, na editoria Brasil”.</p><p>b) “Entendo que a insistência” e “É nossa obrigação,</p><p>como jornalistas”.</p><p>c) “Na tarefa diária de fazer jornalismo” e “Suspenso o</p><p>processo por homicídio”.</p><p>d) “O leitor ainda deu a sugestão” e “apontar</p><p>ambiguidades nos �tulos”.</p><p>e) “o acidente de Mariana cometeu ou sofreu o</p><p>homicídio?” e “Matou ou morreu?”.</p><p>IT0474 - (Enem PPL)</p><p>Não cobra assinatura. Não cobra para fazer o</p><p>download. Não tem anúncios. Não tem compras dentro</p><p>do aplica�vo. Mas, então, como o WhatsApp ganha</p><p>dinheiro? Ou melhor, que �po de magia fez o Facebook</p><p>decidir comprar o app por R$ 19 bilhões, em 2014?</p><p>Quando fundado em 2009, o WhatsApp cobrava US$</p><p>1 por instalação em alguns países. Em outros, a empresa</p><p>36@professorferretto @prof_ferretto</p><p>cobrava US$ 1 por ano como forma simbólica de</p><p>assinatura. E, em alguns outros, o app</p><p>era</p><p>completamente gratuito, caso do Brasil.</p><p>Em agosto de 2014, ano da compra pelo Facebook,</p><p>cerca de 600 milhões de pessoas usavam o aplica�vo de</p><p>mensagens. Até setembro do mesmo ano, os relatórios</p><p>financeiros do Facebook apontavam que o faturamento</p><p>da empresa não ultrapassava a casa do US$ 1,3 milhão,</p><p>menos de um centésimo do valor da compra. Se você</p><p>pensou “então o WhatsApp não dá dinheiro”, isso faz</p><p>algum sen�do. O que levou o Facebook a gastar tanto,</p><p>então?</p><p>Especialistas apontam o “big data” — campo da</p><p>tecnologia que lida com grandes volumes de dados</p><p>digitais — como impulsionador da compra. Com mais</p><p>informações, a empresa pode analisar melhor o</p><p>comportamento dos usuários.</p><p>Em agosto de 2016, o WhatsApp começou a</p><p>compar�lhar dados com o Facebook. O obje�vo?</p><p>Fomentar relações entre as bases de Facebook,</p><p>WhatsApp e Instagram — sugerir amizades em uma rede</p><p>com base em contatos da outra, por exemplo — mas,</p><p>principalmente, o�mizar a recomendação de publicidade.</p><p>Afinal, é aí que está o maior volume de faturamento do</p><p>Facebook atualmente.</p><p>Disponível em: h�ps://no�cias.uol.com.br. Acesso em: 4</p><p>jun. 2019 (adaptado).</p><p>As estratégias descritas no texto para a obtenção de lucro</p><p>de forma indireta fundamentam-se no(a)</p><p>a) reconhecimento da mudança de comportamento dos</p><p>usuários.</p><p>b) necessidade de monopolizar o mercado de redes</p><p>sociais.</p><p>c) importância de arriscar na compra de concorrentes.</p><p>d) valor das informações no mundo contemporâneo.</p><p>e) impacto social de oferecer soluções gratuitas.</p><p>IT0484 - (Enem PPL)</p><p>Os números preocupantes sobre a saúde do brasileiro</p><p>indicam que alguns hábitos alimentares favoreceram o</p><p>crescimento da incidência dos índices de sobrepeso e</p><p>obesidade e, paralelamente, de doenças como diabetes e</p><p>hipertensão arterial. Isso sinaliza que o Brasil precisa</p><p>reforçar suas polí�cas públicas para a conscien�zação</p><p>sobre alimentação adequada. Entre as diversas ações em</p><p>curso, merece destaque a questão da rotulagem dos</p><p>produtos industrializados.</p><p>O “modelo semafórico nutricional”, que indica as</p><p>quan�dades de ingredientes como açúcar, gorduras e sal</p><p>na parte frontal da embalagem, de acordo com</p><p>recomendações de consumo diário adotadas em alguns</p><p>países da Europa e EUA, ou das “figuras geométricas” na</p><p>cor preta com inscrições como “alto em açúcar” ou “alto</p><p>em gordura saturada”, adotado no Chile, são algumas das</p><p>alterna�vas. Esse seria, segundo alguns representantes</p><p>do setor, o modelo mais eficiente na transmissão da</p><p>mensagem ao consumidor. Mas cabe a pergunta: mais</p><p>eficiente em informar ou em aterrorizar?</p><p>Disponível em: www.gazetadopovo.com.br. Acesso em:</p><p>11 dez. 2017.</p><p>Apoiando-se na premissa de que alguns dados con�dos</p><p>nas embalagens dos alimentos podem influenciar hábitos</p><p>alimentares, esse texto faz uma crí�ca a quê?</p><p>a) À forma de organizar as informações nos rótulos dos</p><p>produtos.</p><p>b) Às prá�cas de consumo e sua relação com a saúde</p><p>alimentar do brasileiro.</p><p>c) À relação entre os índices de sobrepeso e</p><p>determinadas epidemias.</p><p>d) Às polí�cas públicas de saúde adotadas por países</p><p>estrangeiros.</p><p>e) Ao desconhecimento da população sobre a</p><p>composição dos alimentos.</p><p>IT0487 - (Enem PPL)</p><p>Espaço e memória</p><p>O termo “Na minha casa...” é uma metáfora que</p><p>guarda múl�plas acepções para o conjunto de pessoas,</p><p>de adeptos, dos que creem nos orixás. Múl�plos deuses</p><p>que a diáspora negra trouxe para o Brasil. Refere-se ao</p><p>espaço onde as comunidades edificaram seus templos,</p><p>referência de orgulho, aludindo ao patrimônio cultural de</p><p>matriz africana, reelaborado em novo território.</p><p>O espaço é fundamental na cons�tuição da história de</p><p>um povo. Halbwachs (1941, p. 85), ao afirmar que “não</p><p>há memória cole�va que não se desenvolva em um</p><p>quadro espacial”, aponta para a importância de aspecto</p><p>tão significa�vo no desenvolvimento da vida social.</p><p>Lugar para onde está voltada a memória, onde</p><p>aqueles que viveram a condição-limite de escravo</p><p>podiam pensar-se como seres humanos, exercer essa</p><p>humanidade e encontrar os elementos que lhes</p><p>conferiam e garan�am uma iden�dade religiosa</p><p>diferenciada, com caracterís�cas próprias, que cons�tuiu</p><p>um “patrimônio simbólico do negro brasileiro (a memória</p><p>cultural da África), afirmou-se aqui como território</p><p>polí�co-mí�co-religioso para sua transmissão e</p><p>preservação” (SODRÉ, 1988, p. 50).</p><p>BARROS, J. F. P. Na minha casa. Rio de Janeiro: Pallas,</p><p>2003.</p><p>Na construção desse texto acadêmico, o autor se vale de</p><p>estratégia argumenta�va bastante comum a esse gênero</p><p>textual, a intertextualidade, cujas marcas são</p><p>37@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) aspas, que representam o ques�onamento parcial de</p><p>um ponto de vista.</p><p>b) citações de autores consagrados, que garantem a</p><p>autoridade do argumento.</p><p>c) construções sintá�cas, que privilegiam a coordenação</p><p>temporal de argumentos.</p><p>d) comparações entre dois pontos de vista, que são</p><p>antagônicos.</p><p>e) parênteses, que representam uma digressão para as</p><p>considerações do autor.</p><p>IT0491 - (Enem PPL)</p><p>A verdade sobre o envelhecimento das populações</p><p>Tem se tornado popular produzir grandes projeções</p><p>de redução de prosperidade baseada no envelhecimento</p><p>demográfico. Mas será que isso é realmente um</p><p>problema?</p><p>A média de idade nos Estados Unidos é atualmente de</p><p>36 anos. Na E�ópia, a média é de 18 anos. O país com</p><p>maior número de idosos é a Alemanha, onde a média de</p><p>idade é de 45 anos. Países em que a população mais</p><p>jovem domina são mais pobres, e aqueles com a</p><p>população dominante mais idosa são mais ricos. Então</p><p>por que temer o envelhecimento da população?</p><p>Existem pelo menos duas razões. A primeira é</p><p>psicológica: em analogia ao envelhecimento das pessoas,</p><p>sugere que, à medida que as populações envelhecem,</p><p>tornam-se mais fracas e perdem acuidade mental. A</p><p>segunda decorre dos economistas e de um indicador</p><p>conhecido como razão de dependência, que pressupõe</p><p>que todos os adultos com menos de 65 anos contribuem</p><p>para a sociedade, e todos com mais de 65 anos são um</p><p>peso. E a proporção de pessoas com mais de 65 anos</p><p>tende a aumentar.</p><p>LUTZ, W. Azul Magazine, ago. 2017 (adaptado).</p><p>A ar�culação entre as informações do texto leva à</p><p>compreensão de que ele propõe um(a)</p><p>a) levantamento das causas do envelhecimento das</p><p>populações.</p><p>b) análise dos dados demográficos de diferentes países</p><p>do mundo.</p><p>c) comparação entre a idade da população</p><p>economicamente a�va no mundo.</p><p>d) ques�onamento sobre o impacto nega�vo do</p><p>envelhecimento da população.</p><p>e) alerta aos economistas sobre as contribuições da</p><p>população abaixo dos 65 anos.</p><p>IT0493 - (Enem PPL)</p><p>Autobiografia de José Saramago</p><p>Nasci numa família de camponeses sem terra, em</p><p>Azinhaga, uma pequena povoação situada na província</p><p>do Ribatejo, na margem direita do Rio Almonda, a uns</p><p>cem quilômetros a nordeste de Lisboa. Meus pais</p><p>chamavam-se José de Sousa e Maria da Piedade. José de</p><p>Sousa teria sido também o meu nome se o funcionário</p><p>do Registro Civil, por sua própria inicia�va, não lhe</p><p>�vesse acrescentado a alcunha por que a família de meu</p><p>pai era conhecida na aldeia: Saramago. (Cabe esclarecer</p><p>que saramago é uma planta herbácea espontânea, cujas</p><p>folhas, naqueles tempos, em épocas de carência, serviam</p><p>como alimento na cozinha dos pobres.) Só aos sete anos,</p><p>quando �ve de apresentar na escola primária um</p><p>documento de iden�ficação, é que se veio a saber que o</p><p>meu nome completo era José de Sousa Saramago... Não</p><p>foi este, porém, o único problema de iden�dade com que</p><p>fui fadado no berço. Embora �vesse vindo ao mundo no</p><p>dia 16 de novembro de 1922, os meus documentos</p><p>oficiais referem que nasci dois dias depois, a 18: foi</p><p>graças a esta pequena fraude que a família escapou ao</p><p>pagamento da multa por falta de declaração do</p><p>nascimento no prazo legal.</p><p>Disponível em: www.josesaramago.org. Acesso em: 7</p><p>dez. 2017 (adaptado).</p><p>No texto, o autor discute o poder que os documentos</p><p>oficiais exercem sobre a vida das pessoas. Qual fato torna</p><p>isso evidente?</p><p>a) A sua entrada na escola aos sete anos de idade.</p><p>b) A alusão a uma planta no nome da família.</p><p>c) O problema de iden�dade originado desde o berço.</p><p>d) A isenção da multa por falta de declaração do</p><p>nascimento.</p><p>IT0001 - (Enem)</p><p>A volta do marido pródigo</p><p>– Bom dia, seu Marrinha! Como passou de ontem?</p><p>– Bem. Já sabe, não é? Só ganha meio dia. [...]</p><p>Lá além, Generoso cotuca Tercino:</p><p>– [...] Vai em festa, dorme que-horas, e, quando chega,</p><p>ainda é todo enfeitado e salamistrão!...</p><p>– Que é que hei de fazer, seu Marrinha... Amanheci com</p><p>uma nevralgia... Fiquei com cisma de apanhar friagem...</p><p>– Hum...</p><p>– Mas o senhor vai ver como eu toco o meu serviço e</p><p>ainda faço este povo trabalhar...</p><p>[...]</p><p>3@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Pintão suou para desprender um pedrouço, e teve de</p><p>pular para trás, para que a laje lhe não esmagasse um pé.</p><p>Pragueja:</p><p>– Quem não tem brio engorda!</p><p>– É... Esse sujeito só é isso, e mais isso... – opina Sidu.</p><p>– Também, tudo p’ra ele sai bom, e no fim dá certo...</p><p>– diz Correia, suspirando e retomando o enxadão. – “P’ra</p><p>uns, as vacas morrem ... p’ra outros até boi pega a</p><p>parir...”.</p><p>Seu Marra já concordou:</p><p>– Está bem, seu Laio, por hoje, como foi por doença, eu</p><p>aponto o dia todo. Que é a úl�ma vez!... E agora, deixa de</p><p>conversa fiada e vai pegando a ferramenta!</p><p>ROSA, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967.</p><p>Esse texto tem importância singular como patrimônio</p><p>linguís�co para a preservação da cultura nacional devido</p><p>a) à menção a enfermidades que indicam falta de</p><p>cuidado pessoal.</p><p>b) à referência a profissões já ex�ntas que caracterizam a</p><p>vida no campo.</p><p>c) aos nomes de personagens que acentuam aspectos de</p><p>sua personalidade.</p><p>d) ao emprego de ditados populares que resgatam</p><p>memórias e saberes cole�vos.</p><p>e) às descrições de costumes regionais que desmis�ficam</p><p>crenças e supers�ções.</p><p>IT0006 - (Enem)</p><p>Os linguistas têm notado a expansão do tratamento</p><p>informal. “Tenho 78 anos e devia ser tratado por senhor,</p><p>mas meus alunos mais jovens me tratam por você”, diz o</p><p>professor Ataliba Cas�lho, aparentemente sem se</p><p>incomodar com a informalidade, inconcebível em seus</p><p>tempos de estudante. O você, porém, não reinará</p><p>sozinho. O tu predomina em Porto Alegre e convive com</p><p>o você no Rio de Janeiro e em Recife, enquanto você é o</p><p>tratamento predominante em São Paulo, Curi�ba, Belo</p><p>Horizonte e Salvador. O tu já era mais próximo e menos</p><p>formal que você nas quase 500 cartas do acervo on-line</p><p>de uma ins�tuição universitária, quase todas de poetas,</p><p>polí�cos e outras personalidades do final do século XIX e</p><p>início do XX.</p><p>Disponível em: h�p://revistapesquisa.fapesp.br. Acesso</p><p>em: 21 abr. 2015 (adaptado).</p><p>No texto, constata-se que os usos de pronomes variaram</p><p>ao longo do tempo e que atualmente têm empregos</p><p>diversos pelas regiões do Brasil. Esse processo revela que</p><p>a) a escolha de “você” ou de “tu” está condicionada à</p><p>idade da pessoa que usa o pronome.</p><p>b) a possibilidade de se usar tanto “tu” quanto “você”</p><p>caracteriza a diversidade da língua.</p><p>c) o pronome “tu” tem sido empregado em situações</p><p>informais por todo o país.</p><p>d) a ocorrência simultânea de “tu” e de “você” evidencia</p><p>a inexistência da dis�nção entre níveis de</p><p>formalidade.</p><p>e) o emprego de “você” em documentos escritos</p><p>demonstra que a língua tende a se manter</p><p>inalterada.</p><p>IT0327 - (Fuvest)</p><p>O feminismo negro não é uma luta meramente</p><p>iden�tária, até porque branquitude e masculinidade</p><p>também são iden�dades. Pensar feminismos negros é</p><p>pensar projetos democrá�cos. Hoje afirmo isso com</p><p>muita tranquilidade, mas minha experiência de vida foi</p><p>marcada pelo incômodo de uma 1incompreensão</p><p>fundamental. 2Não que eu buscasse respostas para tudo.</p><p>Na maior parte da minha infância e adolescência, 3não</p><p>�nha consciência de mim. Não sabia por que 4sen�a</p><p>vergonha de levantar a mão quando a professora fazia</p><p>uma pergunta já supondo que eu não saberia a resposta.</p><p>5Por que eu ficava isolada na hora do recreio. Por que os</p><p>meninos diziam na minha cara que não queriam formar</p><p>par com a “neguinha” na festa junina. Eu me sen�a</p><p>estranha e inadequada, e, na maioria das vezes, fazia as</p><p>coisas no automá�co, 6me esforçando para não ser</p><p>notada.</p><p>Djamila Ribeiro, Quem tem medo do feminismo negro?.</p><p>O trecho que melhor define a “incompreensão</p><p>fundamental” (ref. 1) referida pela autora é:</p><p>a) “não que eu buscasse respostas para tudo” (ref. 2).</p><p>b) “não �nha consciência de mim” (ref. 3).</p><p>c) “Por que eu ficava isolada na hora do recreio” (ref. 5).</p><p>d) “me esforçando para não ser notada” (ref. 6).</p><p>e) “sen�a vergonha de levantar a mão” (ref. 4).</p><p>IT0296 - (Fuvest)</p><p>A taxação de livros tem um efeito cascata que acaba</p><p>custando caro não apenas ao leitor, como também ao</p><p>mercado editorial – que há anos não anda bem das</p><p>pernas – e, em úl�ma instância, ao desenvolvimento</p><p>econômico do país. A gente explica. Taxar um produto</p><p>significa, quase sempre, um aumento no valor do</p><p>produto final. Isso porque ao menos uma parte desse</p><p>imposto será repassada ao consumidor, especialmente se</p><p>4@professorferretto @prof_ferretto</p><p>considerarmos que as editoras e livrarias enfrentam há</p><p>anos uma crise que agora está intensificada pela</p><p>pandemia e não poderiam re�rar o valor desse imposto</p><p>de seu já apertado lucro. Livros mais caros também</p><p>resultam em queda de vendas, que, por sua vez,</p><p>enfraquece ainda mais editoras e as impede de inves�r</p><p>em novas publicações – especialmente aquelas de menor</p><p>apelo comercial, mas igualmente importantes para a</p><p>pluralidade de ideias. Já deu para perceber a confusão,</p><p>não é? Mas, além disso, qual seria o custo de uma</p><p>sociedade com menos leitores e menos livros?</p><p>Taís Ilhéu. “Por que taxar os livros pode gerar retrocesso</p><p>social e econômico no país”. Guia do Estudante.</p><p>Setembro/2020. Adaptado</p><p>De acordo com o texto, os eventos sequenciais aos quais</p><p>alude a expressão “efeito cascata” são:</p><p>a) livros mais caros, decréscimo de vendas, es�mulo às</p><p>editoras, supressão de inves�mento em novas</p><p>publicações.</p><p>b) aumento do valor do produto final, queda de vendas,</p><p>encolhimento das editoras, aumento do inves�mento</p><p>em novas obras.</p><p>c) livros mais caros, instabilidade nas vendas,</p><p>enfraquecimento das editoras, expansão das</p><p>publicações.</p><p>d) aumento do valor do produto final, contração nas</p><p>vendas, esgotamento das editoras, falta de</p><p>inves�mento em novas publicações.</p><p>e) livros mais caros, equilíbrio nas vendas, diminuição</p><p>das editoras, carência de inves�mento em novas</p><p>publicações.</p><p>IT0291 - (Fuvest)</p><p>No modelo hegemônico, quase todo o treinamento é</p><p>reservado para o desenvolvimento muscular, sobrando</p><p>muito pouco tempo para a mobilidade, a flexibilidade, o</p><p>treino restaura�vo, o relaxamento e o treinamento</p><p>cardiovascular. Na teoria, seria algo em torno de 70%</p><p>para o fortalecimento, 20% para o cárdio e 10% para a</p><p>flexibilidade e outros. Na prá�ca, muitos alunos</p><p>direcionam 100% do tempo para o fortalecimento.</p><p>Como a prá�ca cardiovascular é infinitamente mais</p><p>significa�va e determinante para a nossa saúde orgânica</p><p>como um todo, podendo ser considerada o “coração” de</p><p>um treinamento consciente e saudável, essa ordem</p><p>deveria ser revista.</p><p>Nuno Cobra Jr. “Fitness não é saúde”. Uol. 06/05/2021.</p><p>Adaptado.</p><p>Sem alteração de sen�do, o segundo parágrafo do texto</p><p>poderia ser reescrito da seguinte maneira:</p><p>a) Ainda que a prá�ca cardiovascular seja infinitamente</p><p>mais significa�va e determinante para a nossa saúde</p><p>orgânica como um todo, essa ordem deveria ser</p><p>revista, podendo ser considerada o “coração” de um</p><p>treinamento consciente e saudável.</p><p>b) Para evitar que a prá�ca cardiovascular se torne</p><p>infinitamente mais significa�va e determinante para a</p><p>nossa saúde orgânica como um todo, podendo ser</p><p>considerada o “coração” de um treinamento</p><p>consciente e saudável, essa ordem deveria ser</p><p>revista.</p><p>c) Quando a prá�ca cardiovascular for infinitamente mais</p><p>significa�va e determinante para a nossa saúde</p><p>orgânica como um todo, essa ordem deveria ser</p><p>revista, podendo ser considerada o “coração” de um</p><p>treinamento consciente e saudável.</p><p>d) Quanto mais a prá�ca cardiovascular é infinitamente</p><p>mais significa�va e determinante para a nossa saúde</p><p>orgânica como um todo, podendo ser considerada o</p><p>“coração” de um treinamento consciente e saudável,</p><p>essa ordem deveria ser revista.</p><p>e) Essa ordem deveria</p><p>e) O seu nascimento em uma aldeia de camponeses.</p><p>IT0494 - (Enem PPL)</p><p>Brasil tem quase 3 mil lixões ou aterros irregulares, diz</p><p>levantamento</p><p>Apesar da lei que acabou com lixões, vazadouros</p><p>funcionam normalmente.</p><p>O Brasil ainda despeja 30 milhões de toneladas de lixo</p><p>por ano, de forma inadequada, expondo os cidadãos ao</p><p>risco de doenças. E isso, apesar da lei que determinou o</p><p>fim dos lixões. Corta, descasca, abre a embalagem, joga</p><p>fora os restos, espreme, corta mais, descasca mais, abre</p><p>outra embalagem. Quantas vezes essas cenas se repetem</p><p>por dia em milhões de lares brasileiros?</p><p>Disponível em: h�p://g1.globo.com. Acesso em: 11 dez.</p><p>2017.</p><p>O recurso linguís�co que interrompe o fluxo</p><p>argumenta�vo para incluir o leitor na problemá�ca do</p><p>texto é a</p><p>38@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) apresentação de dados esta�s�cos imprecisos sobre</p><p>os lixões.</p><p>b) descrição de ambientes destruídos pelos descartes</p><p>incorretos.</p><p>c) enumeração de a�vidades ilustra�vas de ações</p><p>co�dianas.</p><p>d) discussão das leis sobre a redução dos lixões nas</p><p>cidades.</p><p>e) explicitação dos riscos de doenças via contaminação.</p><p>IT0499 - (Enem PPL)</p><p>Os smartphones estão sugando a sua produ�vidade.</p><p>Você abriria mão deles?</p><p>Telefones inteligentes drenam nossa atenção mesmo</p><p>quando desligados. E isso não é nada bom para a sua</p><p>carreira. Pesquisadores e empresas tentam achar uma</p><p>solução para o problema.</p><p>Funcionários estão distraídos com seus smartphones,</p><p>browsers web, aplica�vos de mensagem, sites de</p><p>compras e muitas redes sociais.</p><p>Os trabalhadores distraídos são improdu�vos. Uma</p><p>pesquisa da CareerBuilder descobriu que os gerentes de</p><p>contratação acreditam que os funcionários são</p><p>extremamente improdu�vos e mais da metade desses</p><p>gerentes acreditam que os smartphones são culpados.</p><p>Alguns empregadores disseram que os smartphones</p><p>degradam a qualidade do trabalho, diminuem a moral,</p><p>interferem no relacionamento entre chefe e empregado e</p><p>fazem com que os funcionários percam os prazos. (Os</p><p>funcionários entrevistados discordaram e apenas 10%</p><p>disseram que os telefones prejudicam a produ�vidade</p><p>durante o horário de trabalho.)</p><p>A única solução é uma combinação entre</p><p>treinamento, educação e melhor gerenciamento.</p><p>Os departamentos de RH devem procurar um</p><p>problema maior: a distração extrema do smartphone</p><p>pode significar que os funcionários estão completamente</p><p>desa�vados do trabalho. Os mo�vos para isso devem ser</p><p>iden�ficados e abordados.</p><p>A pior “solução” é a negação.</p><p>ELGAN, M. Disponível em: h�p://idgnow.com.br. Acesso</p><p>em: 24 ago. 2017 (adaptado).</p><p>Ao expor um problema contemporâneo do mercado de</p><p>trabalho e apontar uma solução, o texto evidencia a</p><p>a) relação entre as carreiras e as tecnologias de</p><p>informação e comunicação.</p><p>b) discordância entre empregadores e funcionários no</p><p>que diz respeito à produção.</p><p>c) nega�vidade do impacto das tecnologias de</p><p>informação e comunicação no mercado de trabalho.</p><p>d) desvinculação entre o desenvolvimento das</p><p>tecnologias de informação e comunicação e a</p><p>produ�vidade no trabalho.</p><p>e) necessidade de uma compreensão ampla e cuidadosa</p><p>do impacto das tecnologias de informação e</p><p>comunicação no mercado de trabalho.</p><p>IT0503 - (Enem PPL)</p><p>Entre as tenta�vas de encontrar o melhor ângulo para</p><p>re�rar o terneiro, meu irmão, o guri e seu pai tentavam</p><p>convencer Jaqueline de que a morte da vaca não seria</p><p>uma grande perda: “não é a mesma coisa que perder um</p><p>pai, um avô, que a gente lembra para o resto da vida, fica</p><p>lá no cemitério”, “bicho é bicho”. Jefferson, o guri, repe�a</p><p>tudo que o pai dizia, mas já afastado, pois havia sido</p><p>corrido pela mãe.</p><p>Jaqueline repete: “pra mim não tem diferença! Os</p><p>bichos estão tudo na volta. Eles sabem quando eu chego,</p><p>me conhecem, sabem o meu cheiro. Sou eu que dou</p><p>comida. Não tem diferença nenhuma!”. O pai tenta</p><p>concordar sem afrontar os caras, dizendo que as pessoas</p><p>desenvolvem valor de es�ma pelos animais.</p><p>KOSBY, M. F. Mugido (ou diário de uma doula). Rio de</p><p>Janeiro: Garupa, 2017.</p><p>No fragmento, as reações à perda de um animal refletem</p><p>concepções fortalecidas pela</p><p>a) sensibilidade adquirida com a lida no campo.</p><p>b) banalização da morte em função de sua recorrência.</p><p>c) expecta�va do sofrimento na visão do des�no</p><p>humano.</p><p>d) certeza da efemeridade da vida como fator de</p><p>pessimismo.</p><p>e) empa�a gerada pela interseção entre o homem e seu</p><p>ambiente.</p><p>IT0509 - (Enem PPL)</p><p>Com o fim da versão impressa do Diário Oficial da</p><p>União, o presidente da República assinou um decreto que</p><p>traz novas normas a serem seguidas nas publicações</p><p>oficiais, que agora estarão disponíveis apenas na versão</p><p>on-line.</p><p>Os atos a serem divulgados devem ser encaminhados</p><p>ao órgão exclusivamente por meio eletrônico. O jornal</p><p>será publicado de segunda a sexta, uma vez por dia,</p><p>39@professorferretto @prof_ferretto</p><p>exceto nos feriados nacionais e nos pontos faculta�vos</p><p>da administração pública federal.</p><p>O decreto reforça que o Diário Oficial trará os atos</p><p>com conteúdo norma�vo, exceto os atos de aplicação</p><p>exclusivamente interna que não afetem interesses de</p><p>terceiros, e os atos oficiais da administração pública</p><p>federal direta, autárquica e fundacional.</p><p>Disponível em: www.brasil.gov.br. Acesso em: 6 dez. 2017</p><p>(adaptado).</p><p>O decreto incide sobre a prá�ca de leitura do Diário</p><p>Oficial em todo o Brasil e pressupõe que</p><p>a) o país dispõe de uma cultura digital consolidada.</p><p>b) a publicação on-line dificulta o acesso ao texto oficial.</p><p>c) a decisão torna obrigatória a leitura de textos oficiais.</p><p>d) as repar�ções públicas dispensam a leitura de texto</p><p>impresso.</p><p>e) a mudança traz novos modelos para a administração</p><p>pública.</p><p>IT0513 - (Enem PPL)</p><p>O resgate de um barco com 25 imigrantes africanos na</p><p>costa do Maranhão reacendeu a discussão sobre o</p><p>quanto o Brasil estaria, cada vez mais, atraindo pessoas</p><p>de outros países em busca de refúgio ou de melhores</p><p>condições de vida.</p><p>O país recebeu 33866 pedidos de refúgio de</p><p>imigrantes no ano de 2017, segundo um relatório recente</p><p>do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), do</p><p>Ministério da Jus�ça.</p><p>A definição clássica de refugiado é “o imigrante que</p><p>sofre de fundado temor de perseguição por mo�vos de</p><p>raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões</p><p>polí�cas”.</p><p>No entanto, a Acnur, agência da ONU para refugiados,</p><p>já tem um entendimento ampliado do que pode</p><p>configurar um refugiado, incorporando também as</p><p>caracterís�cas de uma crise humanitária: fome</p><p>generalizada, ausência de acesso a medicamentos e</p><p>serviços básicos e perda de renda.</p><p>Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 22 maio 2018</p><p>(adaptado).</p><p>Nesse texto, a função metalinguís�ca tem papel</p><p>fundamental, pois revela que o direito de o imigrante ser</p><p>tratado como refugiado no Brasil depende do(a)</p><p>a) número de pedidos de refúgio já registrados no</p><p>relatório do Conare.</p><p>b) compreensão que o Ministério da Jus�ça tem da</p><p>palavra “refugiado”.</p><p>c) crise humanitária que se abate sobre os países mais</p><p>pobres do mundo.</p><p>d) profundidade da crise econômica pela qual passam</p><p>determinados países.</p><p>e) autorização da Acnur, que gerencia a distribuição de</p><p>refugiados pelos países.</p><p>IT0536 - (Enem PPL)</p><p>Qual a diferença entre publicidade e propaganda?</p><p>Esses dois termos não são sinônimos, embora sejam</p><p>usados indis�ntamente no Brasil. Propaganda é a</p><p>a�vidade associada à divulgação de ideias (polí�cas,</p><p>religiosas, par�dárias etc.) para influenciar um</p><p>comportamento. Alguns exemplos podem ilustrar, como</p><p>o famoso Tio Sam, criado para incen�var jovens a se</p><p>alistar no exército dos EUA; ou imagens criadas para</p><p>“demonizar” os judeus, espalhadas na Alemanha pelo</p><p>regime nazista; ou um pôster promovendo o poderio</p><p>militar da China comunista. No Brasil, um exemplo</p><p>regular de propaganda são as campanhas polí�cas em</p><p>período pré-eleitoral.</p><p>Já a publicidade, em sua essência, quer dizer tornar</p><p>algo público. Com a Revolução Industrial, a publicidade</p><p>ganhou um sen�do mais comercial e passou a ser uma</p><p>ferramenta de comunicação para convencer o público a</p><p>consumir um produto, serviço ou marca. Anúncios para</p><p>venda de carros, bebidas ou roupas são exemplos de</p><p>publicidade.</p><p>VASCONCELOS, Y.</p><p>Disponível em:</p><p>h�ps://mundoestranho.abril.com.br. Acesso em: 22 ago.</p><p>2017 (adaptado).</p><p>A função sociocomunica�va desse texto é</p><p>a) ilustrar como uma famosa figura dos EUA foi criada</p><p>para incen�var jovens a se alistar no exército.</p><p>b) explicar como é feita a publicidade na forma de</p><p>anúncios para venda de carros, bebidas ou roupas.</p><p>c) convencer o público sobre a importância do consumo.</p><p>d) esclarecer dois conceitos usados no senso comum.</p><p>e) divulgar a�vidades associadas à disseminação de</p><p>ideias.</p><p>IT0540 - (Enem PPL)</p><p>O craque crespo</p><p>Desde que Neymar despontou no futebol, uma de</p><p>suas marcas registradas é o cabelo. Sempre com um</p><p>visual novo a cada campeonato. Mas nesses anos de</p><p>40@professorferretto @prof_ferretto</p><p>carreira ainda faltava o ídolo fazer uma aparição nos</p><p>gramados com seu cabelo crespo natural, que ele</p><p>assumiu recentemente para a alegria e a autoes�ma dos</p><p>meninos cacheados que sonham ser craques um dia.</p><p>É di�cil assumir os cachos e abandonar a ditadura do</p><p>alisamento em um mundo onde o cabelo liso é �do como</p><p>o padrão de beleza ideal. Quando conseguimos fazer a</p><p>transição capilar, esse gesto nos aproxima da nossa real</p><p>iden�dade e nos empodera. Falo por experiência própria.</p><p>Passei 30 anos usando cabelos lisos e já nem me</p><p>lembrava de como eram meus fios naturais. Recuperar a</p><p>textura crespa, para além do cuidado esté�co, foi um ato</p><p>polí�co, de aceitação, de autorreconhecimento e de</p><p>redescoberta da minha negritude.</p><p>O discurso dos fios naturais tem ganhado uma</p><p>representação cada vez mais posi�va, valorizando a volta</p><p>dos cachos sem cair no estereó�po do “exó�co”, muito</p><p>comum no Brasil. O cabelo crespo, defini�vamente, não é</p><p>uma moda passageira. Torço que para Neymar também</p><p>não seja.</p><p>Alexandra Loras é ex-consulesa da França em São</p><p>Paulo, empresária, consultora de empresas e autora de</p><p>livros.</p><p>LORAS, A. O craque crespo. Disponível em:</p><p>h�p://diploma�que.org.br. Acesso em: 1 set. 2017.</p><p>Considerando os procedimentos argumenta�vos</p><p>presentes nesse texto, infere-se que o obje�vo da autora</p><p>é</p><p>a) valorizar a a�tude do jogador ao aderir à moda dos</p><p>cabelos crespos.</p><p>b) problema�zar percepções iden�tárias sobre padrões</p><p>de beleza.</p><p>c) apresentar as novas tendências da moda para os</p><p>cabelos.</p><p>d) relatar sua experiência de redescoberta de suas</p><p>origens.</p><p>e) evidenciar a influência dos ídolos sobre as crianças.</p><p>IT0544 - (Enem PPL)</p><p>O debate sobre o conceito de saúde refere-se à</p><p>importância de minimizar a simplificação que abrange o</p><p>entendimento do senso comum sobre esse fenômeno. É</p><p>possível entendê-lo de modo reducionista, tão somente,</p><p>à luz dos pressupostos biológicos e das associações</p><p>esta�s�cas presentes nos estudos epidemiológicos. Os</p><p>problemas que daí decorrem são: a) o foco centra-se na</p><p>doença; b) a culpabilização do indivíduo frente à sua</p><p>própria doença; c) a crença na possibilidade de resolução</p><p>do problema encerrando-se uma suposta causa, a qual</p><p>recai no processo de medicalização; d) a naturalização da</p><p>doença; e) o ce�cismo em relação à contribuição de</p><p>diferentes saberes para auxiliar na compreensão dos</p><p>fenômenos relacionados à saúde.</p><p>BAGRICHEVSKY, M. et al. Considerações teóricas acerca</p><p>das questões relacionadas à promoção da saúde. In:</p><p>BAGRICHEVSKY, M.; PALMA, A.; ESTEVÃO, A. (Org.). A</p><p>saúde em debate na educação �sica. Blumenau: Edibes,</p><p>2003.</p><p>O texto apresenta uma reflexão crí�ca sobre o conceito</p><p>de saúde, que deve ser entendida mediante</p><p>a) dados esta�s�cos presentes em estudos</p><p>epidemiológicos.</p><p>b) pressupostos relacionados à ausência de doenças nos</p><p>indivíduos.</p><p>c) responsabilização dos indivíduos pela adoção de</p><p>hábitos saudáveis.</p><p>d) intervenção da medicina nos diferentes processos que</p><p>acometem a saúde.</p><p>e) compreensão dos fenômenos sociais, polí�cos e</p><p>econômicos relacionados à saúde.</p><p>IT0548 - (Enem PPL)</p><p>As cores</p><p>Maria Alice abandonou o livro onde seus dedos</p><p>longos liam uma história de amor. Em seu pequeno</p><p>mundo de volumes, de cheiros, de sons, todas aquelas</p><p>palavras eram a perpétua renovação dos mistérios em</p><p>cujo seio sua imaginação se perdia. [...] Como seria cor e</p><p>o que seria? [...]. Era, com certeza, a nota marcante de</p><p>todas as coisas para aqueles cujos olhos viam, aqueles</p><p>olhos que tantas vezes palpara com inveja calada e que</p><p>se fechavam, quando os tocava, sensíveis como pássaros</p><p>assustados, palpitantes de vida, sob seus dedos trêmulos,</p><p>que diziam ser claros. Que seria o claro, afinal? Algo que</p><p>aprendera, de há muito, ser igual ao branco. [...]</p><p>E agora Maria Alice voltava outra vez ao Ins�tuto. E ao</p><p>grande amigo que lá conhecera. [...]. Lembrava-se da</p><p>ternura daquela voz, da beleza daquela voz. De como se</p><p>adivinhavam entre dezenas de outros e suas mãos se</p><p>encontravam. De como as palavras de amor �nham</p><p>irrompido e suas bocas se encontrado...De como um dia</p><p>seus pais haviam surgido inesperadamente no Ins�tuto e</p><p>a haviam levado à sala do diretor e se haviam queixado</p><p>da falta de vigilância e moralidade no estabelecimento. E</p><p>de como, no momento em que a re�ravam e quando ela</p><p>disse que pretendia se despedir de um amigo pelo qual</p><p>�nha grande afeição e com quem se queria casar, o pai</p><p>exclamara, horrorizado:</p><p>— Você não tem juízo, criatura? Casar-se com um</p><p>mulato? Nunca!</p><p>Mulato era cor. Estava longe aquele dia. Estava longe</p><p>o Ins�tuto, ao qual não saberia voltar, do qual nunca mais</p><p>�vera no�cia, e do qual somente restara o privilégio de</p><p>41@professorferretto @prof_ferretto</p><p>caminhar sozinha pelo reino dos livros, tão parecido com</p><p>a vida dos outros, tão cheio de cores.</p><p>LESSA, O. Seleta de Orígenes Lessa. Rio de Janeiro: José</p><p>Olympio, 1973.</p><p>No texto, a condição da personagem e os</p><p>desdobramentos da narra�va conduzem o leitor a</p><p>compreender o(a)</p><p>a) percepção das cores como metáfora da discriminação</p><p>racial.</p><p>b) privação da visão como elemento definidor das</p><p>relações humanas.</p><p>c) contraste entre as representações do amor de</p><p>diferentes gerações.</p><p>d) prevalência das diferenças sociais sobre a liberdade</p><p>das relações afe�vas.</p><p>e) embate entre a ingenuidade juvenil e a manutenção</p><p>de tradições familiares.</p><p>IT0553 - (Enem PPL)</p><p>— Não digo que seja uma mulher perdida, mas</p><p>recebeu uma educação muito livre, saracoteia sozinha</p><p>por toda a cidade e não tem podido, por conseguinte,</p><p>escapar à implacável maledicência dos fluminenses.</p><p>Demais, está habituada ao luxo, ao luxo da rua, que é o</p><p>mais caro; em casa arranjam-se ela e a �a sabe Deus</p><p>como. Não é mulher com quem a gente se case. Depois,</p><p>lembra-te que apenas começas e não tens ainda onde</p><p>cair morto. Enfim, és um homem: faze o que bem te</p><p>parecer.</p><p>Essas palavras, proferidas com uma franqueza por</p><p>tantos mo�vos autorizada, calaram no ânimo do</p><p>bacharel. In�mamente ele es�mava que o velho amigo</p><p>de seu pai o dissuadisse de requestar a moça, não pelas</p><p>consequências morais do casamento, mas pela obrigação,</p><p>que este lhe impunha, de sa�sfazer uma dívida de vinte</p><p>contos de réis, quando, apesar de todos os seus esforços,</p><p>não conseguira até então pôr de parte nem o terço</p><p>daquela quan�a.</p><p>AZEVEDO, A. A dívida. Disponível em:</p><p>www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 20 ago. 2017.</p><p>O texto, publicado no fim do século XIX, traz à tona</p><p>representações sociais da sociedade brasileira da época.</p><p>Em consonância com a esté�ca realista, traços da visão</p><p>crí�ca do narrador manifestam-se na</p><p>a) caracterização pejora�va do comportamento da</p><p>mulher solteira.</p><p>b) concepção irônica acerca dos valores morais inerentes</p><p>à vida conjugal.</p><p>c) contraposição entre a idealização do amor e as</p><p>imposições do trabalho.</p><p>d) expressão caricatural do casamento pelo viés do</p><p>sen�mentalismo burguês.</p><p>e) sobreposição da preocupação financeira em relação</p><p>ao sen�mento amoroso.</p><p>IT0554 - (Enem PPL)</p><p>Você vende uma casa, depois de ter morado nela</p><p>durante anos; você a conhece necessariamente melhor</p><p>do que qualquer comprador possível. Mas a jus�ça é,</p><p>então, informar o eventual comprador acerca de</p><p>qualquer defeito, aparente ou não, que possa exis�r nela,</p><p>e mesmo, embora a lei não obrigue a tanto, acerca de</p><p>algum problema com a vizinhança. E, sem dúvida, nem</p><p>todos nós fazemos isso, nem sempre, nem</p><p>completamente.</p><p>Mas quem não vê que seria justo fazê-lo e que somos</p><p>injustos não o fazendo? A lei pode ordenar essa</p><p>informação ou ignorar o problema, conforme os casos;</p><p>mas a jus�ça sempre manda fazê-lo.</p><p>Dir-se-á que seria di�cil, com tais exigências, ou pouco</p><p>vantajoso, vender casas... Pode ser. Mas onde se viu a</p><p>jus�ça ser fácil ou vantajosa? Só o é para quem a recebe</p><p>ou dela se beneficia, e melhor para ele; mas só é uma</p><p>virtude em quem a pra�ca ou a faz.</p><p>Devemos então renunciar nosso próprio interesse?</p><p>Claro que não. Mas devemos submetê-lo à jus�ça, e não</p><p>o contrário. Senão? Senão, contente-se com ser rico e</p><p>não tente ainda por cima ser justo.</p><p>COMTE-SPONVILLE, A. Pequeno tratado das grandes</p><p>virtudes. São Paulo: Mar�ns Fontes, 1995.</p><p>No processo de convencimento do leitor, o autor desse</p><p>texto defende a ideia de que</p><p>a) o interesse do outro deve se sobrepor ao interesse</p><p>pessoal.</p><p>b) a a�vidade comercial lucra�va é incompa�vel com a</p><p>jus�ça.</p><p>c) a criação de leis se pauta por princípios de jus�ça.</p><p>d) o impulso para a jus�ça é inerente ao homem.</p><p>e) a prá�ca da jus�ça pressupõe o bem comum.</p><p>IT0556 - (Enem PPL)</p><p>Eu gostaria de comentar brevemente as afinidades</p><p>existentes entre comunidade, comunicação e comunhão.</p><p>Essas afinidades começam no próprio radical das palavras</p><p>42@professorferretto @prof_ferretto</p><p>em questão. Assim, se nosso alvo são os atos de</p><p>interação comunica�va, temos que incluir em nosso</p><p>objeto de estudo a ecologia dos atos de interação</p><p>comunica�va, que se dão no contexto da ecologia da</p><p>interação comunica�va. No entanto, não basta a</p><p>proximidade espacial para que a comunicação se dê, é</p><p>necessário que os potenciais interlocutores entrem em</p><p>comunhão. Por fim, sem trocadilhos, a comunicação ideal</p><p>se dá no interior de uma comunidade, entre indivíduos</p><p>que entram em comunhão.</p><p>COUTO, H. H. O Tao da linguagem. Campinas: Pontes,</p><p>2012.</p><p>O trecho integra um livro sobre os aspectos ecológicos</p><p>envolvidos na interação comunica�va. Para convencer o</p><p>leitor das afinidades entre comunidade, comunicação e</p><p>comunhão, o autor</p><p>a) nega a força das comunidades interioranas.</p><p>b) joga com a ambiguidade das palavras.</p><p>c) parte de uma informação grama�cal.</p><p>d) recorre a argumentos emo�vos.</p><p>e) apela para a religiosidade.</p><p>IT0568 - (Enem PPL)</p><p>Não há dúvidas de que, nos úl�mos tempos, em</p><p>função da velocidade, do volume e da variedade da</p><p>geração de informações, questões referentes à</p><p>disseminação, ao armazenamento e ao acesso de dados</p><p>têm se tornado complexas, de modo a desafiar homens e</p><p>máquinas. Por meio de sistemas financeiros, de</p><p>transporte, de segurança e de comunicação interpessoal</p><p>– representados pelos mais variados disposi�vos, de</p><p>cartões de crédito a trens, aviões, passaportes e</p><p>telefones celulares –, circulam fluxos informacionais que</p><p>carregam o DNA da vida co�diana do indivíduo</p><p>contemporâneo. Para além do referido cenário</p><p>informacional contemporâneo, percebe-se, nos contextos</p><p>governamentais, um esforço – gerado por leis e decretos,</p><p>ou mesmo por pressões democrá�cas – em disseminar</p><p>informações de interesse público. No Brasil, está em</p><p>vigor, desde maio de 2012, a Lei de Acesso à Informação</p><p>n. 12.527. Em linhas gerais, a legislação regulamenta o</p><p>direito à informação, já garan�do na Cons�tuição</p><p>Federal, obrigando órgãos públicos a divulgarem os seus</p><p>dados.</p><p>SILVA JR., M. G. Vigiar, punir e viver. Minas faz Ciência, n.</p><p>58, 2014 (adaptado).</p><p>As Tecnologias de Informação e Comunicação propiciam</p><p>à sociedade contemporânea o acesso à grande</p><p>quan�dade de dados públicos e privados. De acordo com</p><p>o texto, essa nova realidade promove</p><p>a) ques�onamento sobre a privacidade.</p><p>b) mecanismos de vigilância de pessoas.</p><p>c) disseminação de informações individuais.</p><p>d) interferência da legislação no uso dos dados.</p><p>e) transparência na relação entre governo e cidadãos.</p><p>IT0569 - (Enem PPL)</p><p>“Escrever não é uma questão apenas de sa�sfação</p><p>pessoal”, disse o filósofo e educador pernambucano</p><p>Paulo Freire, na abertura de suas Cartas a Cris�na,</p><p>revelando a importância do hábito ritualizado da escrita</p><p>para o desenvolvimento de suas ideias, para a</p><p>concre�zação de sua missão e disseminação de seus</p><p>pontos de vista. Freire destaca especial importância à</p><p>escrita pelo desejo de “convencer outras pessoas”, de</p><p>transmi�r seus pensamentos e de engajar aqueles que o</p><p>leem na realização de seus sonhos.</p><p>KNAPP, L. Linha fina. Comunicação Empresarial, n. 88,</p><p>out. 2013.</p><p>Segundo o fragmento, para Paulo Freire, os textos devem</p><p>exercer, em alguma medida, a função cona�va, porque a</p><p>a�vidade de escrita, notadamente, possibilita</p><p>a) levar o leitor a realizar ações.</p><p>b) expressar sen�mentos do autor.</p><p>c) despertar a atenção do leitor.</p><p>d) falar da própria linguagem.</p><p>e) repassar informações.</p><p>IT0586 - (Enem PPL)</p><p>Ela parecia pedir socorro contra o que de algum modo</p><p>involuntariamente dissera. E ele com os olhos miúdos</p><p>quis que ela não fugisse e falou:</p><p>— Repita o que você disse, Lóri.</p><p>— Não sei mais.</p><p>— Mas eu sei, eu vou saber sempre. Você literalmente</p><p>disse: um dia será o mundo com sua impersonalidade</p><p>soberba versus a minha extrema individualidade de</p><p>pessoa, mas seremos um só.</p><p>— Sim.</p><p>Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a</p><p>felicidade. De início se sen�u vazia. Depois seus olhos</p><p>ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal,</p><p>como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela</p><p>vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o</p><p>que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço</p><p>dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me</p><p>doer como uma angús�a, como um grande silêncio de</p><p>espaços? A quem dou minha felicidade, que já está</p><p>começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não,</p><p>não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares</p><p>43@professorferretto @prof_ferretto</p><p>de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se</p><p>um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sen�r-se</p><p>feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu de</p><p>Ulisses quase correndo: ele era o perigo.</p><p>LISPECTOR, C. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres.</p><p>Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.</p><p>A obra de Clarice Lispector alcança forte expressividade</p><p>em razão de determinadas soluções narra�vas. No</p><p>fragmento, o processo que leva a essa expressividade</p><p>fundamenta-se no</p><p>a) desencontro estabelecido no diálogo do par amoroso.</p><p>b) exercício de análise filosófica conduzido pelo narrador.</p><p>c) registro do processo de autoconhecimento da</p><p>personagem.</p><p>d) discurso fragmentado como reflexo de traumas</p><p>psicológicos.</p><p>e) afastamento da voz narra�va em relação aos dramas</p><p>existenciais.</p><p>IT0627 - (Enem PPL)</p><p>O passado na tela do computador</p><p>Um dos desafios do novo Museu da Imigração é se</p><p>contrapor à imagem deixada pela exibição do acervo</p><p>permanente na época do Memorial do Imigrante, muito</p><p>cri�cada por dar ênfase demasiada aos imigrantes</p><p>estrangeiros e pouca atenção aos brasileiros. Era uma</p><p>representação desproporcional em relação aos números:</p><p>dos 3,5 milhões de pessoas que passaram pela</p><p>hospedaria de imigrantes de São Paulo,</p><p>aproximadamente 1,9 milhão eram estrangeiras (de 75</p><p>nacionalidades e etnias) e 1,6 milhão eram brasileiras,</p><p>oriundas, principalmente, dos estados nordes�nos.</p><p>HEBMÜLLER, P. Problemas brasileiros, n. 414, nov.-dez.</p><p>2012 (adaptado).</p><p>O autor do texto sobre a digitalização do acervo do novo</p><p>Museu da Imigração apresenta a ênfase no imigrante</p><p>estrangeiro como um problema de representação</p><p>equivocada da imigração em São Paulo. Para tanto,</p><p>fundamenta seu ponto de vista no(a)</p><p>a) panorama apresentado como a atual realidade do</p><p>imigrante em São Paulo.</p><p>b) uso da tecnologia para aprimorar a imagem do</p><p>imigrante em São Paulo.</p><p>c) diferença entre o Memorial do Imigrante e os demais</p><p>museus existentes em São Paulo.</p><p>d) diversidade de nacionalidades e etnias como</p><p>parâmetro da imigração em São Paulo.</p><p>e) desequilíbrio nas representações usuais dos</p><p>imigrantes em São Paulo.</p><p>IT0633 - (Enem PPL)</p><p>Ao acompanharmos a história do telefone,</p><p>verificamos que esse meio está se mostrando capaz de</p><p>reunir em seu conteúdo uma quan�dade cada vez maior</p><p>de outros meios ‒ envio de e-mails, recebimento de</p><p>no�cias,</p><p>música através de rádio e mensagens de texto.</p><p>Esta úl�ma função vem servindo como suporte para uma</p><p>nova forma de sociabilidade, o fenômeno do flash mob ‒</p><p>mobilizações relâmpago, que têm como caracterís�ca</p><p>principal realizar uma encenação em algum ponto da</p><p>cidade.</p><p>PAMPANELLI, G. A. A evolução do telefone e uma nova</p><p>forma de sociabilidade: o flash mob. Disponível em:</p><p>www.razonypalabra.org.mx. Acesso em: 1 jun. 2015</p><p>(adaptado).</p><p>De acordo com o texto, a evolução das tecnologias de</p><p>comunicação repercute na vida social, revelando que</p><p>a) o acúmulo de informações promove a sociabilidade.</p><p>b) as mudanças sociais demandam avanços tecnológicos.</p><p>c) o crescimento tecnológico acarreta mobilizações das</p><p>grandes massas.</p><p>d) a ar�culação entre meios tecnológicos pressupõe</p><p>desenvolvimento social.</p><p>e) a apropriação das tecnologias pela sociedade</p><p>possibilita ações inovadoras.</p><p>IT0639 - (Enem PPL)</p><p>Pedra sobre pedra</p><p>Algumas fazendas gaúchas ainda preservam as taipas,</p><p>muros de pedra para cercar o gado. Um �po de cerca</p><p>primi�va. Não há nada que prenda uma pedra na outra,</p><p>cuidadosamente empilhadas com altura de até um</p><p>metro. Engenharia simples que já dura 300 anos. A</p><p>mesma técnica usada no mangueirão, uma espécie de</p><p>curral onde os animais ficavam confinados à noite. As</p><p>taipas são atribuídas aos jesuítas. O obje�vo era domar o</p><p>gado xucro solto nos campos pelos colonizadores</p><p>espanhóis.</p><p>FERRI, M. Revista Terra da Gente, n. 96, abr. 2012.</p><p>Um texto pode combinar diferentes funções de</p><p>linguagem. Exemplo disso é Pedra sobre pedra, que se</p><p>vale da função referencial e da metalinguís�ca. A</p><p>metalinguagem é estabelecida</p><p>44@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) por tempos verbais ar�culados no presente e no</p><p>pretérito.</p><p>b) pelas frases simples e referência ao ditado “não ficará</p><p>pedra sobre pedra”.</p><p>c) pela linguagem impessoal e obje�va, marcada pela</p><p>terceira pessoa.</p><p>d) pela definição de termos como “taipa” e</p><p>“mangueirão”.</p><p>e) por adje�vos como “primi�vas” e “simples”, indicando</p><p>o ponto de vista do autor.</p><p>IT0641 - (Enem PPL)</p><p>Árvore é cortada para dar lugar à propaganda sobre</p><p>preservação ambiental</p><p>“Uma criança abraça uma árvore com o sorriso no</p><p>rosto. No fundo verde, uma mensagem exalta a</p><p>importância da preservação da natureza e lembra o Dia</p><p>da Árvore”. O que seria um roteiro padrão para uma peça</p><p>publicitária virou mo�vo de revolta e indignação em uma</p><p>cidade do interior de São Paulo. Isso porque uma</p><p>empresa de outdoor derrubou uma árvore centenária em</p><p>um terreno para a instalação de suas placas.</p><p>A empresa teria informado que �nha autorização da</p><p>prefeitura e da polícia ambiental para cortar a árvore.</p><p>Sobre a propaganda, a empresa disse que foi “uma infeliz</p><p>coincidência”, já que não sabia o que iria ser anunciado.</p><p>Em nota, a Companhia de Tecnologia de Saneamento</p><p>Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria do Meio</p><p>Ambiente do governo paulista, informou que não há</p><p>nenhuma autorização em nome da empresa para o corte</p><p>da árvore.</p><p>A multa, segundo a polícia ambiental, varia entre 100</p><p>reais e 1 000 reais por árvore ou planta cortada.</p><p>Disponível em: h�p://oglobo.globo.com. Acesso em: 21</p><p>set. 2015 (adaptado).</p><p>O texto apresenta uma crí�ca ao uso social de um</p><p>outdoor. Essa crí�ca está associada ao fato de</p><p>a) uma multa de 100 reais e 1 000 reais ser aplicada por</p><p>corte de árvore ou de planta.</p><p>b) a Secretaria do Meio Ambiente ter negado a</p><p>autorização do corte da árvore.</p><p>c) a empresa informar que foi uma “infeliz coincidência”</p><p>o corte da árvore.</p><p>d) uma campanha ambiental ter subs�tuído uma árvore</p><p>centenária.</p><p>e) a empresa u�lizar a imagem de uma criança na</p><p>campanha.</p><p>IT0591 - (Enem PPL)</p><p>O mundo mudou</p><p>O mundo mudou. “O mundo mudou” porque está</p><p>sempre mudando. E sempre estará, até que um dia</p><p>chegue o seu alardeado fim (se é que chegará). Hoje</p><p>vivemos “protegidos” por muitos cuidados e paparicos,</p><p>sempre sob a forma de “serviços”, e desde que você</p><p>tenha dinheiro para usá-los, claro. Carro quebrou na</p><p>marginal? Relaxe, o guincho da seguradora virá em</p><p>minutos resgatá-lo. Tem dificuldade de locomoção?</p><p>Espere, a empresa aérea disporá de uma cadeira de rodas</p><p>para levá-lo ao terminal. Surgiu uma goteira no seu chalé</p><p>em plenas férias de verão? Calma, o moço que conserta</p><p>telhados está correndo para lá agora. Vai ficando para</p><p>trás um outro mundo — de inicia�vas, de gestos</p><p>solidários, de amizade, de improvisação (sim, “quem não</p><p>improvisa se inviabiliza”, eu diria, parafraseando</p><p>Chacrinha). Estamos criando uma geração que não sabe</p><p>bater um prego na parede, trocar um bo�jão de gás,</p><p>armar uma rede. É, o mundo mudou sim. Só nos resta o</p><p>telefone do SAC, onde gastaremos nossa bílis com</p><p>impropérios ao vento; ou o site da loja de</p><p>eletrodomés�cos onde ninguém tem nome (que saudade</p><p>dos Reginaldos, Edmilsons e Velosos!). Ligaremos para</p><p>falar com a nossa própria solidão, a nossa dependência</p><p>do mundo dos serviços e a nossa incapacidade de viver</p><p>com real simplicidade, soterrados por senhas, protocolos</p><p>e pendências vãs. Nem Ka�a poderia sonhar com tal</p><p>mundo.</p><p>ZECA BALEIRO. Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso</p><p>em: 18 maio 2013 (adaptado).</p><p>O texto trata do avanço técnico e das facilidades</p><p>encontradas pelo homem moderno em relação à</p><p>prestação de serviços. No desenvolvimento da temá�ca,</p><p>o autor</p><p>a) mostra a necessidade de se construir uma sociedade</p><p>baseada no anonimato, reafirmando a ideia de que a</p><p>in�midade nas relações profissionais exerce influência</p><p>nega�va na qualidade do serviço prestado.</p><p>b) apresenta uma visão pessimista acerca de tais</p><p>facilidades porque elas contribuem para que o homem</p><p>moderno se torne acomodado e distanciado das</p><p>relações afe�vas.</p><p>c) recorre a clássicos da literatura mundial para</p><p>comprovar o porquê da necessidade de se viver a</p><p>simplicidade e a solidariedade em tempos de solidão</p><p>quase inevitável.</p><p>d) defende uma posição conformista perante o quadro</p><p>atual, apresentando exemplos, em seu co�diano, de</p><p>boa aceitação da pra�cidade oferecida pela vida</p><p>moderna.</p><p>e) acredita na existência de uma superproteção, que</p><p>impede os indivíduos modernos de sofrerem severos</p><p>danos materiais e emocionais.</p><p>45@professorferretto @prof_ferretto</p><p>IT0593 - (Enem PPL)</p><p>“Orgulho de ser nordes�no”: esse é o lema de uma</p><p>das torcidas organizadas do Ceará — a Cangaceiros</p><p>Alvinegros — que retrata bem qual o sen�mento dos</p><p>torcedores desse clube, um dos mais expressivos do</p><p>Nordeste. Há entre os torcedores aqueles que torcem</p><p>apenas para o Ceará e aqueles que torcem por um �me</p><p>do Sudeste também. Estes são denominados de</p><p>“torcedores mistos”, e estamos definindo aqui como</p><p>pertencentes ao campo da bifiliação clubís�ca.</p><p>Em geral, a bifiliação clubís�ca permite que</p><p>torcedores se engajem aos �mes do Rio de Janeiro, por</p><p>exemplo, sobretudo pela histórica projeção polí�ca e</p><p>posteriormente midiá�ca da então capital do Brasil.</p><p>Contudo, no interior da Cangaceiros Alvinegros, sustenta-</p><p>se a autoafirmação como nordes�nos, rechaçando</p><p>aqueles que deixam de torcer pelo �me local para se</p><p>apegarem aos clubes mais distantes. Ao serem</p><p>ques�onados sobre como encaravam a bifiliação, um dos</p><p>diretores da Cangaceiros foi enfá�co ao afirmar: “Você já</p><p>viu algum paulista ou carioca torcer pra �me do</p><p>Nordeste? Então por que eu vou torcer pra �me do Sul?”.</p><p>CAMPOS, F.; TOLEDO, L. H. O Brasil na arquibancada:</p><p>notas sobre a sociabilidade torcedora. Revista USP, n. 99,</p><p>set.-out.-nov. 2013 (adaptado).</p><p>O texto apresenta duas prá�cas dis�ntas de filiação aos</p><p>clubes de futebol. Nesse contexto, o significado</p><p>expressado pelo lema “Orgulho de ser nordes�no”</p><p>representa o(a)</p><p>a) apreço pela manutenção das tradições nordes�nas por</p><p>meio da bifiliação clubís�ca.</p><p>b) aliança entre torcidas dos clubes do Sudeste e</p><p>Nordeste por meio da bifiliação clubís�ca.</p><p>c) orgulho dos torcedores do Ceará por torcerem para</p><p>um dos clubes mais expressivos do Nordeste.</p><p>d) envaidecimento dos torcedores do Ceará por</p><p>enfrentarem clubes do Sudeste em condições de</p><p>igualdade.</p><p>e) resistência de torcedores dos clubes nordes�nos à</p><p>tendência de bifiliação clubís�ca com clubes do</p><p>Sudeste.</p><p>IT0607 - (Enem PPL)</p><p>A tecnologia está, defini�vamente,</p><p>presente na vida</p><p>co�diana. Seja para consultar informações, conversar</p><p>com amigos e familiares ou apenas entreter, a internet e</p><p>os celulares não saem das mãos e mentes das pessoas.</p><p>Por esse mo�vo, especialistas alertam: o uso excessivo</p><p>dessas ferramentas pode viciar. O problema, dizem os</p><p>especialistas, é o usuário conseguir diferenciar a</p><p>dependência do uso considerado normal. Hoje, a internet</p><p>e os celulares são ferramentas profissionais e de estudo.</p><p>MATSUURA, S. O Globo, 10 jun. 2013 (adaptado).</p><p>O desenvolvimento da sociedade está relacionado ao</p><p>avanço das tecnologias, que estabelecem novos padrões</p><p>de comportamento. De acordo com o texto, o alerta dos</p><p>especialistas deve-se à</p><p>a) insegurança do usuário, em razão do grande número</p><p>de pessoas conectadas às redes sociais.</p><p>b) a de credibilidade das informações transmi�das pelos</p><p>meios de comunicação de massa.</p><p>c) comprovação por pesquisas de que os danos ao</p><p>cérebro são muito maiores do que se pode imaginar.</p><p>d) subordinação das pessoas aos recursos oferecidos</p><p>pelas novas tecnologias, a ponto de prejudicar suas</p><p>vidas.</p><p>e) possibilidade de as pessoas se isolarem socialmente,</p><p>em razão do uso das novas tecnologias de</p><p>comunicação.</p><p>IT0608 - (Enem PPL)</p><p>Doutor dos sen�mentos</p><p>Veja quem é e o que pensa o português António</p><p>Damásio, um dos maiores nomes da neurociência atual,</p><p>sempre em busca de desvendar os mistérios do cérebro,</p><p>das emoções e da consciência.</p><p>Ele é baixo, usa óculos, tem cabelos brancos</p><p>penteados para trás e costuma ves�r terno e gravata. A</p><p>surpresa vem quando começa a falar. António Damásio</p><p>não confirma em nada o clichê que se tem de cien�sta.</p><p>Preocupado em ser o mais didá�co possível, tenta,</p><p>pacientemente, com certa graça e até ironia, sempre que</p><p>cabível, traduzir para os leigos estudos complexos sobre</p><p>o cérebro. Português, Damásio é um dos principais</p><p>expoentes da neurociência atual.</p><p>Diferentemente de outros neurocien�stas, que acham</p><p>que apenas a ciência tem respostas à compreensão da</p><p>mente, Damásio considera que muitas ideias não provêm</p><p>necessariamente daí. Para ele, um substrato</p><p>imprescindível para entender a mente, a consciência, os</p><p>sen�mentos e as emoções advém da vida intui�va,</p><p>ar�s�ca e intelectual. Fora dos meios cien�ficos, o nome</p><p>de Damásio começou a ser celebrado na década de 1990,</p><p>quando lançou seu primeiro livro, uma obra que fala de</p><p>emoção, razão e do cérebro humano.</p><p>TREFAUT, M. P Disponível em:</p><p>h�p://revistaplaneta.terra.com.br.</p><p>Acesso em: 2 set. 2014 (adaptado).</p><p>Na organização do texto, a sequência que atende à</p><p>função sociocomunica�va de apresentar obje�vamente o</p><p>cien�sta António Damásio é a</p><p>46@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) descri�va, pois delineia um perfil do professor.</p><p>b) injun�va, pois faz um convite à leitura de sua obra.</p><p>c) argumenta�va, pois defende o seu comportamento</p><p>incomum.</p><p>d) narra�va, pois são contados fatos relevantes ocorridos</p><p>em sua vida.</p><p>e) exposi�va, pois traz as impressões da autora a</p><p>respeito de seu trabalho.</p><p>IT0618 - (Enem PPL)</p><p>A inteligência está na rede</p><p>Pergunta: Há tecnologias que melhoram a vida</p><p>humana, como a invenção do calendário, e outras que</p><p>revolucionam a história humana, como a invenção da</p><p>roda. A internet, o iPad, o Facebook, o Google são</p><p>tecnologias que pertencem a que categoria?</p><p>Resposta: À das que revolucionam a história. O que</p><p>está acontecendo no mundo de hoje é semelhante ao</p><p>que se passou com a sociedade agrária depois da prensa</p><p>móvel de Gutenberg. Antes, o conhecimento estava</p><p>concentrado em oligopólios. A invenção de Gutenberg</p><p>começou a democra�zar o conhecimento, e as</p><p>ins�tuições do feudalismo entraram num processo de</p><p>atrofia. A novidade afetou a Igreja Católica, as</p><p>monarquias, os poderes coloniais e, com o passar do</p><p>tempo, resultou nas revoluções na América La�na, nos</p><p>Estados Unidos, na França. Resultou na democracia</p><p>parlamentar, na reforma protestante, na criação das</p><p>universidades, do próprio capitalismo. Mar�nho Lutero</p><p>chamou a prensa móvel de “a mais alta graça de Deus”.</p><p>Agora, mais uma vez, o gênio da tecnologia saiu da</p><p>garrafa. Com a prensa móvel, ganhamos acesso à palavra</p><p>escrita. Com a internet, cada um de nós pode ser seu</p><p>próprio editor. A imprensa nos deu acesso ao</p><p>conhecimento que já havia sido produzido e estava</p><p>registrado. A internet nos dá acesso ao conhecimento</p><p>con�do no cérebro de outras pessoas em qualquer parte</p><p>do mundo. Isso é uma revolução. E, tal como aconteceu</p><p>no passado, está fazendo com que nossas ins�tuições se</p><p>tornem obsoletas.</p><p>TAPSCOTT, D. Entrevista concedida a Augusto Nunes.</p><p>Veja, 21 abr. 2011 (adaptado).</p><p>Segundo o pesquisador entrevistado, a internet</p><p>revolucionou a história da mesma forma que a prensa</p><p>móvel de Gutenberg revolucionou o mundo no século XV.</p><p>De acordo com o texto, as duas invenções, de maneira</p><p>similar, provocaram o(a)</p><p>a) ocorrência de revoluções em busca por governos mais</p><p>democrá�cos.</p><p>b) divulgação do conhecimento produzido em papel nas</p><p>diversas ins�tuições.</p><p>c) organização das sociedades a favor do acesso livre à</p><p>educação e às universidades.</p><p>d) comércio do conhecimento produzido e registrado em</p><p>qualquer parte do mundo.</p><p>e) democra�zação do conhecimento pela divulgação de</p><p>ideias por meio de publicações.</p><p>IT0623 - (Enem PPL)</p><p>Ao longo dos anos 1980, um canal espor�vo de</p><p>televisão fracassou em implantar o basquete como</p><p>esporte mundial, e uma empresa de materiais espor�vos</p><p>teve de lidar, fora do seu programa, com um esporte que</p><p>lhe era estranho. Correndo atrás do prejuízo, ambas</p><p>corrigiram a rota e vieram a fazer da incorporação do</p><p>futebol a seu programa um obje�vo estratégico</p><p>alcançado com sucesso. O ajuste do interesse econômico</p><p>à realidade cultural, no entanto, não deixa de dizer algo</p><p>sobre ela: é significa�vo que o mais mundial dos esportes</p><p>não faça sen�do para os Estados Unidos, e que os</p><p>esportes que fazem mais sen�do para os Estados Unidos</p><p>estejam longe de fazer sen�do para o mundo. O futebol</p><p>ofereceu uma curiosa e nada desprezível contraparte</p><p>simbólica à hegemonia do imaginário norte-americano.</p><p>WISNIK, J. M. Veneno remédio: o futebol e o Brasil.</p><p>São Paulo: Cia. das Letras, 2008 (adaptado).</p><p>De acordo com o texto, em décadas passadas, a</p><p>dificuldade das empresas norte-americanas indica a</p><p>influência de um viés cultural e econômico na</p><p>a) popularização do futebol no país frente à concorrência</p><p>com o basquete.</p><p>b) conquista da alta lucra�vidade por meio do futebol no</p><p>cenário norte-americano.</p><p>c) implantação do basquete como esporte mundial</p><p>frente à força cultural do futebol.</p><p>d) importância dada por empresas espor�vas ao futebol,</p><p>similar àquela dada ao basquete.</p><p>e) tenta�va de fazer com que o futebol transmi�do pela</p><p>TV seja consumido por sua população.</p><p>IT0684 - (Enem PPL)</p><p>O veneno do bem</p><p>Imagine que você cortou o rosto e, em vez de dar</p><p>pontos, o seu médico passa uma supercola feita de</p><p>sangue de boi e veneno de cascavel. Isso pode mesmo</p><p>acontecer. Mas não se assuste. A história moderna das</p><p>serpentes não tem nada a ver com o medo ancestral que</p><p>47@professorferretto @prof_ferretto</p><p>inspiram. Para a ciência, elas guardam produtos</p><p>u�líssimos nas glândulas letais. O mais recente é uma</p><p>cola de pele genuinamente brasileira, que, segundo os</p><p>testes já feitos, dá uma cicatrização perfeita.</p><p>A descoberta pertence à equipe do professor Benedito</p><p>Barraviera, da Universidade Estadual Paulista, em</p><p>Botucatu. E não é a primeira feita no Brasil. Nos anos</p><p>1960, o médico Sérgio Ferreira, atual presidente da</p><p>Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência,</p><p>descobriu na jararaca uma molécula que em 1977 virou</p><p>remédio contra a hipertensão.</p><p>Disponível em: www.super.abril.com.br. Acesso em: 2</p><p>mar. 2012 (fragmento).</p><p>Nos diferentes textos, pode-se inferir, entre outras</p><p>informações, quais são os obje�vos de seu produtor e</p><p>quem é seu público-alvo. No trecho, para aproximar-se</p><p>do interlocutor, o autor</p><p>a) emprega uma linguagem técnica de domínio do leitor.</p><p>b) enfa�za informações importantes para a vida do leitor.</p><p>c) introduz o tema antecipando possíveis reações do</p><p>leitor.</p><p>d) explora um tema sobre o qual o leitor tem</p><p>reconhecido interesse.</p><p>e) apresenta ao leitor, de forma minuciosa, a descoberta</p><p>dos médicos.</p><p>IT0690 - (Enem PPL)</p><p>mas verdadeira, a constatação de Jairo Marques —</p><p>colunista que tem um talento raro — em seu texto “E a</p><p>mãe ficou velhinha” (“Co�diano”, ontem).</p><p>Aqueles que percebem que a mãe envelheceu sempre</p><p>têm a�tudes diversas. Ou não a procuram mais, porque</p><p>essa é uma forma de negar que um dia perderão o</p><p>amparo materno, ou resolvem estar ao lado dela o maior</p><p>tempo possível, pois têm medo de perdê-la sem ter</p><p>retribuído plenamente o amor que receberam.</p><p>Leonor Souza (São Paulo, SP) — Painel do Leitor. Folha de</p><p>S. Paulo, 29 fev. 2012.</p><p>Os gêneros textuais desempenham uma função social</p><p>específica, em determinadas situações de uso da língua,</p><p>em que os envolvidos na interação verbal têm um</p><p>obje�vo comunica�vo. Considerando as caracterís�cas</p><p>do gênero, a análise do texto Mães revela que sua função</p><p>é</p><p>a) ensinar sobre os cuidados que se deve ter com as</p><p>mães, especialmente na velhice.</p><p>b) influenciar o ânimo das pessoas, levando-as a querer</p><p>agir segundo um modelo sugerido.</p><p>c) informar sobre os idosos e sobre seus sen�mentos e</p><p>necessidades.</p><p>d) avaliar matéria publicada em edição anterior de jornal</p><p>ou de revista.</p><p>e) apresentar nova publicação, visando divulgá-la para</p><p>leitores de jornal.</p><p>IT0697 - (Enem PPL)</p><p>Você se preocupa com sua família, com seu trabalho e</p><p>com sua casa.</p><p>E com você?</p><p>A mulher conquistou um espaço de destaque no</p><p>ambiente profissional, além de cuidar da casa e do bem-</p><p>estar da família. Acompanhada por essa mudança,</p><p>também veio uma nova vida, com an�gos hábitos</p><p>�picamente masculinos, como o estresse, a falta de</p><p>tempo para se cuidar, o tabagismo e a maior incidência</p><p>de obesidade e depressão. Isso aumentou muito os casos</p><p>de infarto e doenças cardiovasculares. Elas já respondem</p><p>por 30% do número total dos casos, que matam seis</p><p>vezes mais do que o câncer de mama.</p><p>Cuide-se. Preocupe-se com sua saúde. Visite e</p><p>incen�ve quem você gosta a visitar um cardiologista.</p><p>Cláudia, ano 52, n. 2, fev. 2013 (adaptado).</p><p>Esse texto, publicado em uma revista, inicialmente</p><p>aponta modificações ocorridas na sociedade e, em</p><p>seguida,</p><p>a) descreve as diferentes a�vidades das mulheres hoje</p><p>em dia.</p><p>b) es�mula as leitoras a buscar sua realização na vida</p><p>profissional.</p><p>c) alerta as mulheres para a possibilidade de problemas</p><p>cardíacos.</p><p>d) informa as leitoras sobre mortes por câncer de mama</p><p>e por infarto.</p><p>e) valoriza as mulheres preocupadas com o bem-estar da</p><p>família.</p><p>IT0700 - (Enem PPL)</p><p>A internet amplia o que queremos e desejamos.</p><p>Pessoas alienadas se alienam mais na internet. Pessoas</p><p>interessantes tornam a comunicação com a internet mais</p><p>interessante. Pessoas abertas u�lizam a internet para</p><p>promover mais interação e compar�lhamento. Pessoas</p><p>individualistas se fecham mais ainda nos ambientes</p><p>digitais. Pessoas que têm dificuldades de relacionamento</p><p>48@professorferretto @prof_ferretto</p><p>na vida real muitas vezes procuram mil formas de fuga</p><p>para o virtual. Aproveitaremos melhor as possibilidades</p><p>da internet, se equilibrarmos a qualidade das interações</p><p>presenciais — na vida pessoal, profissional, emocional —</p><p>com as interações digitais correspondentes.</p><p>MORAN, J. M. Disponível em: www.eca.usp.br. Acesso</p><p>em: 31 jul. 2012 (adaptado).</p><p>O texto expressa um posicionamento a respeito do uso</p><p>da internet e suas repercussões na vida co�diana. Na</p><p>opinião do autor, esse sistema de informação e</p><p>comunicação</p><p>a) aumenta o número de pessoas alienadas.</p><p>b) resolve problemas de relacionamento.</p><p>c) soluciona a questão do individualismo.</p><p>d) equilibra as interações presenciais.</p><p>e) potencializa as caracterís�cas das pessoas.</p><p>IT0702 - (Enem PPL)</p><p>Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem</p><p>e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as</p><p>pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom</p><p>português. Para a prá�ca, tome-se hipotrélico querendo</p><p>dizer: an�podá�co, sengraçante imprizido; ou talvez,</p><p>vice- dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falta de</p><p>respeito para com a opinião alheia. Sob mais que,</p><p>tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se</p><p>verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar</p><p>neologismos, começa ele por se negar nominalmente a</p><p>própria existência.</p><p>ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro:</p><p>Nova Fronteira, 2001 (fragmento).</p><p>Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa,</p><p>depreende-se a predominância de uma das funções da</p><p>linguagem, iden�ficada como</p><p>a) metalinguís�ca, pois o trecho tem como propósito</p><p>essencial usar a língua portuguesa para explicar a</p><p>própria língua, por isso a u�lização de vários</p><p>sinônimos e definições.</p><p>b) referencial, pois o trecho tem como principal obje�vo</p><p>discorrer sobre um fato que não diz respeito ao</p><p>escritor ou ao leitor, por isso o predomínio da terceira</p><p>pessoa.</p><p>c) fá�ca, pois o trecho apresenta clara tenta�va de</p><p>estabelecimento de conexão com o leitor, por isso o</p><p>emprego dos termos “sabe-se lá” e “tome-se</p><p>hipotrélico”.</p><p>d) poé�ca, pois o trecho trata da criação de palavras</p><p>novas, necessária para textos em prosa, por isso o</p><p>emprego de “hipotrélico”.</p><p>e) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a</p><p>subje�vidade do autor, por isso o uso do advérbio de</p><p>dúvida “talvez”.</p><p>IT0706 - (Enem PPL)</p><p>Senhora</p><p>— Mãe, noooosssa! Esse seu cabelo novo ficou lindo!</p><p>Parece que você é, �po, mais jovem!</p><p>— Jura, minha filha? Obrigada!</p><p>— Mas aí você vira de frente e aí a gente vê que, �po,</p><p>não é, né?</p><p>— Coisa linda da mamãe!</p><p>Esse diálogo é real. Claro que achei graça, mas o fato</p><p>de envelhecer já não é mais segredo para ninguém.</p><p>Um belo dia, a vendedora da loja te pergunta: “A</p><p>senhora quer pagar como?” Senhora? Como assim?</p><p>Eu sempre fui a Marcinha! Agora eu sou a dona</p><p>Márcia! Sim, o porteiro, o motorista de táxi, o jornaleiro,</p><p>o garçom, o mundo inteiro resolveu ter um respeito</p><p>comigo que eu não pedi!</p><p>CABRITA, M. Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso</p><p>em: 11 ago. 2012 (fragmento).</p><p>A exploração de registros linguís�cos é importante</p><p>estratégia para o estabelecimento do efeito de sen�do</p><p>pretendido em determinados textos. No texto, o recurso</p><p>a diferentes registros indica</p><p>a) mudança na representação social do locutor.</p><p>b) reflexão sobre a iden�dade profissional da mãe.</p><p>c) referência ao tradicionalismo linguís�co da autora do</p><p>texto.</p><p>d) elogio às situações vivenciadas pela personagem mãe.</p><p>e) compreensão do processo de envelhecimento como</p><p>algo prazeroso.</p><p>49@professorferretto @prof_ferretto</p><p>IT0650 - (Enem PPL)</p><p>O mundo das grandes inovações tecnológicas, dos</p><p>avanços das pesquisas médicas e que já presenciou o</p><p>envio de homens ao espaço é o mesmo lugar onde 1</p><p>bilhão de pessoas dormem e acordam com fome. A</p><p>desnutrição ocupa o primeiro lugar no ranking dos 10</p><p>maiores riscos à saúde e mata mais do que a aids, a</p><p>malária e a tuberculose combinadas. O equivalente às</p><p>populações da Europa e da América do Norte, juntas,</p><p>está de barriga vazia. E um futuro famélico aguarda a</p><p>raça humana. Em 2050, apenas por razões ligadas às</p><p>mudanças climá�cas, o número de pessoas sem comida</p><p>no prato vai aumentar em até 20%.</p><p>Disponível em: www.correiobraziliense.com.br.</p><p>Acesso em: 22 jan. 2012.</p><p>Considerando a natureza do tema, a forma como está</p><p>apresentado e o meio pelo qual é veiculado o texto,</p><p>percebe-se que seu principal obje�vo é</p><p>a) divulgar dados esta�s�cos recentes sobre a fome no</p><p>mundo e sobre as inovações tecnológicas.</p><p>b) esclarecer questões cien�ficas acerca dos danos</p><p>causados pela fome e pela aids nos indivíduos.</p><p>c) demonstrar que a fome, juntamente com as doenças</p><p>endêmicas, também é um problema de saúde pública.</p><p>d) convidar o leitor a engajar-se em alguma ação posi�va</p><p>contra a fome, a par�r da divulgação de dados</p><p>alarmantes.</p><p>e) alertar sobre o problema da fome, apresentando-o</p><p>como um contraste no mundo de tantos recursos</p><p>tecnológicos.</p><p>IT0663 - (Enem PPL)</p><p>Telecommu�ng redefine o tradicional entendimento</p><p>sobre o espaço de trabalho. Atualmente, as organizações</p><p>estão se focando em novos valores, tais como, inovações,</p><p>sa�sfação, responsabilidades, resultados e ambiente de</p><p>trabalho familiar. A alterna�va do telecommu�ng</p><p>complementa esses princípios e oferece flexibilidade aos</p><p>patrões e empregados. É um conceito novo que, a cada</p><p>dia, ganha mais força ao redor do mundo. Grandes</p><p>empresas escolheram o trabalho de telecommu�ng pelas</p><p>facilidades que ele gera para o empregador. A</p><p>implantação do telecommu�ng determina regras para se</p><p>trabalhar em casa em dias específicos da semana e, nos</p><p>demais dias, trabalhar no escritório. O local de trabalho</p><p>pode ser a casa ou, temporariamente, por mo�vo de</p><p>viagem, outros escritórios.</p><p>FERREIRA JR., J.C. Disponível em: www.ccuec.unicamp.br.</p><p>Acesso em: 1 ago. 2012 (adaptado).</p><p>Com o advento das novas tecnologias, a sociedade tem</p><p>vivenciado mudanças de paradigmas em vários setores.</p><p>Nesse sen�do, o telecommu�ng traz novidades para o</p><p>mundo do trabalho porque proporciona prioritariamente</p><p>o(a)</p><p>a) aumento da produ�vidade do empregado.</p><p>b) equilíbrio entre vida pessoal e profissional do</p><p>trabalhador.</p><p>c) fortalecimento da relação entre empregador e</p><p>empregado.</p><p>d) par�cipação do profissional nas decisões da</p><p>organização.</p><p>e) maleabilidade dos locais de atuação do profissional da</p><p>empresa.</p><p>IT0675 - (Enem PPL)</p><p>O primeiro contato dos suruís com o homem branco</p><p>foi em 1969. A população indígena foi dizimada por</p><p>doenças e matanças, mas, recentemente, voltou a</p><p>crescer. Soa contraditório, mas a mesma modernidade</p><p>que quase dizimou os suruís nos tempos do primeiro</p><p>contato promete salvar a cultura e preservar o território</p><p>desse povo. Em 2007, o líder Almir Suruí, de 37 anos,</p><p>fechou uma parceria inédita e levou a tecnologia às</p><p>tribos. Os índios passaram a valorizar a história dos</p><p>anciãos. E a resguardar, em vídeos e fotos on-line, as</p><p>tradições da aldeia. Ainda se valeram de smartphones e</p><p>GPS para delimitar suas terras e iden�ficar os</p><p>desmatamentos ilegais.</p><p>RIBEIRO, A. Não temos o direito de ficar isolados. Época,</p><p>n. 718, 20 fev. 2012 (adaptado).</p><p>Considerando-se as caracterís�cas históricas da relação</p><p>entre índios e não índios, a suposta contradição</p><p>observada na relação entre suruís e recursos da</p><p>modernidade jus�fica-se porque os índios</p><p>a) aderiram à tecnologia atual como forma de assimilar a</p><p>cultura do homem branco.</p><p>b) fizeram uso do GPS para iden�ficar áreas propícias a</p><p>novas plantações.</p><p>c) usaram recursos tecnológicos para registrar a cultura</p><p>do seu povo.</p><p>d) fecharam parceria para denunciar as vidas perdidas</p><p>por doenças e matanças.</p><p>e) resguardaram as tradições da aldeia à custa do</p><p>isolamento provocado pela tecnologia moderna.</p><p>IT0716 - (Fuvest)</p><p>“As sociólogas, filósofas e a�vistas feministas</p><p>destacaram, com o conceito de ‘reprodução social’, algo</p><p>que a teoria econômica ocultava: para que haja produção</p><p>50@professorferretto @prof_ferretto</p><p>de bens e de serviços é necessário que as pessoas que os</p><p>produzem sejam, por sua vez, produzidas. O trabalho da</p><p>reprodução social, portanto, cria e repõe a condição</p><p>primordial e necessária – a existência de pessoas que</p><p>trabalham – para que a produção econômica possa</p><p>con�nuar ocorrendo. Em grande medida, esse trabalho é</p><p>relegado ao ambiente familiar e às mulheres: cuidado</p><p>com os filhos, cuidado com doentes e idosos, preparação</p><p>de alimentos, limpeza e arrumação da casa e outros. O</p><p>trabalho de reprodução se opõe, socialmente, ao</p><p>trabalho de produção; este está inserido numa economia</p><p>organizada com base em empresas – nas fábricas, na</p><p>agricultura, nos escritórios –, voltado para o mercado e é</p><p>percebido como merecedor de contrapar�da financeira:</p><p>o salário. Assim, mesmo quando um trabalho da esfera</p><p>da reprodução se realiza por meio de uma relação de</p><p>emprego, se for realizado por mulheres, ele costuma ser</p><p>mal pago e desfrutar de menor pres�gio.”</p><p>ARRUZZA, Cinzia; BATTACHARYA, Tithi; FRASER, Nancy.</p><p>Feminismo para os 99%: um manifesto. São Paulo:</p><p>Boitempo, 2019.</p><p>“A chamada ‘economia do cuidado’ é o conjunto de</p><p>a�vidades não remuneradas, geralmente exercidas por</p><p>mulheres, como a limpeza da casa, preparação de</p><p>alimentos e os cuidados com crianças, idosos e doentes</p><p>da família. Um pacote que vale 11% do PIB atual (...). Em</p><p>valores, foram cerca de 634,3 bilhões de reais em 2015</p><p>[por exemplo]. (...) Contabilizar o valor dos afazeres</p><p>domés�cos no PIB do Brasil só se tornou possível a par�r</p><p>de 2001, quando o IBGE introduziu na Pesquisa Nacional</p><p>por Amostra de Domicílios (PNAD) a pergunta referente</p><p>ao número de horas despendido pela população para</p><p>executar essas a�vidades.”</p><p>Disponível em h�ps://www.cartacapital.com.br/.</p><p>Nos textos apresentados, encontram-se dois conceitos, o</p><p>de “reprodução social” e o de “economia do cuidado”. De</p><p>acordo com as definições desses conceitos e com os</p><p>dados indicados, qual das afirmações a seguir está</p><p>correta?</p><p>a) Os conceitos de reprodução social e de economia do</p><p>cuidado são contraditórios porque o primeiro se refere</p><p>a todo trabalho domés�co e o segundo apenas ao</p><p>trabalho domés�co pago e que é possível</p><p>contabilizar.</p><p>b) Ambos os conceitos se referem a um �po de trabalho</p><p>cuja importância é socialmente reconhecida, fato que</p><p>pode ser comprovado pela porcentagem expressiva</p><p>que ele representava do PIB brasileiro no ano de</p><p>2015.</p><p>c) As definições de reprodução social e de economia do</p><p>cuidado excluem, necessariamente, a possibilidade de</p><p>que o Estado seja responsável por parte das tarefas</p><p>envolvidas na reprodução das pessoas.</p><p>d) A contabilização no PIB dos valores dos afazeres</p><p>domés�cos no contexto da economia do cuidado</p><p>abarca apenas uma parte da reprodução social, pois</p><p>não inclui o trabalho domés�co remunerado e os</p><p>trabalhos de reprodução executados fora do ambiente</p><p>domés�co.</p><p>e) Os dados es�mados sobre a par�cipação das</p><p>a�vidades domés�cas não remuneradas no PIB do</p><p>Brasil mostram que a reprodução social acontece</p><p>apenas quando não há uma relação salarial entre</p><p>quem executa e quem se beneficia desse �po de</p><p>trabalho.</p><p>IT0718 - (Fuvest)</p><p>Texto I</p><p>“W. I. Thomas, decano dos sociólogos norte-</p><p>americanos, formula um teorema básico para as ciências</p><p>sociais: ‘Se os indivíduos definem as situações como</p><p>reais, elas são reais em suas consequências’. (...) A</p><p>primeira parte do teorema cons�tui uma incessante</p><p>lembrança de que os homens reagem não somente aos</p><p>traços obje�vos de uma situação, como também, e às</p><p>vezes principalmente, ao sen�do que a situação tem para</p><p>eles. E, assim que atribuíram algum sen�do à situação,</p><p>sua conduta consequente, e algumas das consequências</p><p>dessa conduta, são determinadas pelo sen�do atribuído.</p><p>(...) A profecia que se cumpre por si mesma é,</p><p>inicialmente, uma definição falsa da situação que provoca</p><p>uma nova conduta, a qual, por sua vez, converte em</p><p>verdadeiro o conceito originalmente falso.”.</p><p>MERTON, Robert. Sociologia: Teoria e Estrutura. São</p><p>Paulo: Editora Mestre Jou, 1970. p.515-517.</p><p>Texto II</p><p>“Depois de alguns anos inseridos nesta lógica de</p><p>abuso e privações de dis�ntos �pos, o detento é</p><p>novamente colocado em liberdade. (...) Conseguir um</p><p>trabalho não é tão fácil como parece, já que mesmo as</p><p>a�vidades menos qualificadas e manuais (como as</p><p>relacionadas a limpeza, serviços gerais, construção civil,</p><p>51@professorferretto @prof_ferretto</p><p>dentre outras) demandam ‘atestado de bons</p><p>antecedentes e a marca da passagem pela cadeia pode</p><p>significar um indesejável pertencimento ao mundo do</p><p>crime’ (Ramalho, 2018, p. 91). (...) O fator [condicionante</p><p>da reincidência] mais citado, presente em 44% dos textos</p><p>[sobre o tema], foi a baixa qualificação e as poucas</p><p>oportunidades, sendo essa a explicação padrão de boa</p><p>parte da literatura para a reincidência.”</p><p>RIBEIRO, Ludmila; OLIVEIRA, Valéria. Reincidência e</p><p>reentrada na prisão no Brasil: o que os estudos dizem</p><p>sobre os fatores que contribuem para essa trajetória.</p><p>Ar�go Estratégico 56. São Paulo: Ins�tuto Igarapé, 2022.</p><p>p.10-14.</p><p>Aplicando a noção proposta por Robert Merton, no texto</p><p>I, ao cenário descrito no texto II, qual definição da</p><p>situação das pessoas egressas do sistema prisional pelos</p><p>possíveis empregadores no mercado de trabalho tornaria</p><p>a reincidência criminal uma “profecia que se cumpre por</p><p>si mesma”?</p><p>a) Pessoas egressas do sistema prisional têm dificuldade</p><p>de</p><p>conseguir emprego no mercado de trabalho porque</p><p>são es�gma�zadas.</p><p>b) Pessoas egressas do sistema prisional têm a mesma</p><p>chance de conseguir empregos que o restante da</p><p>população, razão pela qual não devem ser</p><p>privilegiadas pelos empregadores.</p><p>c) Pessoas egressas do sistema prisional já foram</p><p>condenadas e cumpriram pena pelo crime come�do e</p><p>merecem a oportunidade de trabalhar para</p><p>recomeçarem a vida.</p><p>d) Pessoas egressas do sistema prisional voltarão a</p><p>cometer crimes e, por isso, não devem ser contratadas</p><p>para trabalhar.</p><p>e) Pessoas egressas do sistema prisional conseguem</p><p>somente trabalhos informais e de baixa remuneração</p><p>por terem pouca qualificação e dificuldades para</p><p>conseguir seus documentos.</p><p>IT0719 - (Fuvest)</p><p>Luc Boltanski e Ève Chiapello demonstram com</p><p>clareza e sagacidade a capacidade antropofágica do</p><p>capitalismo financeiro que “engole” a linguagem do</p><p>protesto e da libertação para transformá-la e u�lizá-la</p><p>para legi�mar a dominação social e polí�ca a par�r do</p><p>próprio mercado.</p><p>Na dimensão do mundo do trabalho, por exemplo,</p><p>todo um novo vocabulário teve que ser inventado para</p><p>escamotear as novas transformações e melhor oprimir o</p><p>trabalhador. Com essa linguagem aparentemente</p><p>libertadora, passa-se a impressão de que o ambiente de</p><p>trabalho melhorou e o trabalhador se emancipou.</p><p>Assim houve um esforço dirigido para transformar o</p><p>trabalhador em "colaborador", para eufemizar e</p><p>esconder a consciência de sua superexploração; tenta-se</p><p>também exaltar os supostos valores de liderança para</p><p>possibilitar que, a par�r de agora, o próprio funcionário,</p><p>não mais o patrão, passe a controlar e vigiar o colega de</p><p>trabalho. Ou, ainda, há a intenção de difundir a cultura</p><p>do empreendedorismo, segundo a qual todo mundo</p><p>pode ser empresário de si mesmo. E, o mais importante,</p><p>se ele falhar nessa empreitada, a culpa é apenas dele. É</p><p>necessário sempre culpar individualmente a ví�ma pelo</p><p>fracasso socialmente construído.</p><p>SOUZA, Jessé. Como o racismo criou o Brasil. Rio de</p><p>Janeiro: Estação Brasil, 2021.</p><p>De acordo com o texto, o uso de “colaborador” no lugar</p><p>de “trabalhador”, no campo das relações de trabalho,</p><p>indica</p><p>a) o apagamento da linguagem de reivindicação e a falsa</p><p>ideia de um trabalhador fortalecido.</p><p>b) a valorização do trabalhador vigiado pelo Estado nas</p><p>tradicionais relações emprega�cias.</p><p>c) a difusão da cultura da meritocracia, que fortalece as</p><p>relações do trabalhador com o Estado.</p><p>d) a consciência do patrão que rejeita a cultura do</p><p>neoliberalismo.</p><p>e) o impedimento de o trabalhador inves�r na prá�ca do</p><p>empreendedorismo.</p><p>IT0728 - (Fuvest)</p><p>Mito, na acepção aqui empregada, não significa</p><p>men�ra, falsidade ou mis�ficação. Tomo de emprés�mo</p><p>a formulação de Hans Blumenberg do mito polí�co como</p><p>um processo con�nuo de trabalho de uma narra�va que</p><p>responde a uma necessidade prá�ca de uma sociedade</p><p>em determinado período. Narra�va simbólica que é, o</p><p>mito polí�co coloca em suspenso o problema da verdade.</p><p>Seu discurso não pretende ter validade factual, mas</p><p>também não pode ser percebido como men�ra (do</p><p>contrário, não seria mito). O mito polí�co confere um</p><p>sen�do às circunstâncias que envolvem os indivíduos: ao</p><p>fazê-los ver sua condição presente como parte de uma</p><p>história em curso, ajuda a compreender e suportar o</p><p>mundo em que vivem.</p><p>ENGELKE, Antonio. O anjo redentor. Piauí, ago. 2018,</p><p>ed. 143, p. 24.</p><p>De acordo com o texto, o “mito polí�co”</p><p>52@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) prejudica o entendimento do mundo real.</p><p>b) necessita da abstração do tempo.</p><p>c) depende da verificação da verdade.</p><p>d) é uma fantasia desvinculada da realidade.</p><p>e) atende a situações concretas.</p><p>IT0729 - (Fuvest)</p><p>Seria di�cil encontrar hoje um crí�co literário</p><p>respeitável que gostasse de ser apanhado defendendo</p><p>como uma ideia a velha an�tese es�lo e conteúdo. A esse</p><p>respeito prevalece um religioso consenso. Todos estão</p><p>prontos a reconhecer que es�lo e conteúdo são</p><p>indissolúveis, que o es�lo fortemente individual de cada</p><p>escritor importante é um elemento orgânico de sua obra</p><p>e jamais algo meramente “decora�vo”.</p><p>Na prá�ca da crí�ca, entretanto, a velha an�tese</p><p>persiste pra�camente inexpugnada.</p><p>Susan Sontag. “Do es�lo”. Contra a interpretação.</p><p>Consideradas no contexto, as expressões “religioso</p><p>consenso”, “orgânico” e “inexpugnada”, sublinhadas no</p><p>texto, podem ser subs�tuídas, sem alteração de sen�do,</p><p>respec�vamente, por:</p><p>a) mís�co entendimento; biológico; invencível.</p><p>b) piedoso acordo; puro; inesgotável.</p><p>c) secular conformidade; natural; incompreensível.</p><p>d) fervorosa unanimidade; visceral; insuperada.</p><p>e) espiritual ajuste; vital; indomada.</p><p>IT0731 - (Fuvest)</p><p>I. Surge então a pergunta: se a fantasia funciona como</p><p>realidade; se não conseguimos agir senão mu�lando o</p><p>nosso eu; se o que há de mais profundo em nós é no fim</p><p>de contas a opinião dos outros; se estamos condenados a</p><p>não a�ngir o que nos parece realmente valioso –, qual a</p><p>diferença entre o bem e o mal, o justo e o injusto, o certo</p><p>e o errado? O autor passou a vida a ilustrar esta</p><p>pergunta, que é modulada de maneira exemplar no</p><p>primeiro e mais conhecido dos seus grandes romances de</p><p>maturidade.</p><p>II. É preciso, todavia, lembrar que essa ligação com o</p><p>problema geográfico e social só adquire significado</p><p>pleno, isto é, só atua sobre o leitor, graças à elevada</p><p>qualidade ar�s�ca do livro. O seu autor soube transpor o</p><p>ritmo mesológico para a própria estrutura da narra�va,</p><p>mobilizando recursos que a fazem parecer movida pela</p><p>mesma fatalidade sem saída. (...) Da consciência mor�ça</p><p>da personagem podem emergir os transes periódicos em</p><p>que se estorce o homem esmagado pela paisagem e</p><p>pelos outros homens.</p><p>Nos fragmentos I e II, aqui adaptados, o crí�co Antonio</p><p>Candido avalia duas obras literárias, que são,</p><p>respec�vamente,</p><p>a) A Relíquia e Sagarana.</p><p>b) O Cor�ço e Iracema.</p><p>c) Sagarana e O Cor�ço.</p><p>d) Mayombe e Minha Vida de Menina.</p><p>e) Memórias Póstumas de Brás Cubas e Vidas Secas.</p><p>IT0733 - (Fuvest)</p><p>O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a</p><p>jabu�caba, pode falar uma língua com igual pronúncia e</p><p>o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o</p><p>damasco e a nêspera?</p><p>José de Alencar. Bênção Paterna. Prefácio a Sonhos</p><p>d’ouro.</p><p>A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto</p><p>dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a</p><p>virgem pelo nome, outras remexe o uru de palha</p><p>ma�zada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos</p><p>fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda</p><p>e as �ntas de que ma�za o algodão.</p><p>José de Alencar. Iracema.</p><p>Glossário: “ará”: periquito; “uru”: cesto; “crautá”: espécie</p><p>de bromélia; “juçara”: �po de palmeira espinhosa.</p><p>No trecho “outras remexe o uru de palha ma�zada”, a</p><p>palavra sublinhada expressa ideia de</p><p>a) concessão.</p><p>b) finalidade.</p><p>c) adição.</p><p>d) tempo.</p><p>e) consequência.</p><p>IT0736 - (Fuvest)</p><p>Uma obra de arte é um desafio; não a explicamos,</p><p>Ajustamo-nos a ela. Ao interpreta lá, fazemos uso dos</p><p>nossos próprios obje�vos e esforços, dotamo-la de um</p><p>significado que tem sua origem nos nossos próprios</p><p>modos de viver e de pensar. Numa palavra, qualquer</p><p>gênero de arte que, de fato, nos afete, torna se, deste</p><p>modo, arte moderna.</p><p>As obras de arte, porém, são como al�tudes</p><p>inacessíveis. Não nos dirigimos a elas diretamente, mas</p><p>contornamo-las. Cada geração as vê sob um ângulo</p><p>diferente e sob uma nova visão; nem se deve supor que</p><p>um ponto de vista mais recente é mais eficiente do que</p><p>um anterior. Cada aspecto surge na sua altura própria,</p><p>53@professorferretto @prof_ferretto</p><p>que não pode ser antecipada nem prolongada; e, todavia,</p><p>o seu significado não está perdido porque o significado</p><p>que uma obra assume para uma geração posterior é o</p><p>resultado de uma série completa de interpretações</p><p>anteriores.</p><p>Arnold Hauser, Teorias da arte. Adaptado.</p><p>De acordo com o texto, a compreensão do significado de</p><p>uma obra de arte pressupõe</p><p>a) o reconhecimento de seu significado intrínseco.</p><p>b) a exclusividade do ponto de vista mais recente.</p><p>c) a consideração de seu caráter imutável.</p><p>d) o acúmulo de interpretações</p><p>anteriores.</p><p>e) a explicação defini�va de seu sen�do.</p><p>IT0738 - (Fuvest)</p><p>A adoção do cardápio indígena introduziu nas</p><p>cozinhas e zonas de serviço das moradas brasileiras</p><p>equipamentos desconhecidos no Reino. Instalou nos</p><p>alpendres roceiros a prensa de espremer mandioca</p><p>ralada para farinha. Nos inventários paulistas é comum a</p><p>menção de tal fato. No inventário de Pedro Nunes, por</p><p>exemplo, efetuado em 1623, fala se num sí�o nas bandas</p><p>do Ipiranga “com seu alpendre e duas camarinhas no dito</p><p>alpendre com a prensa no dito sí�o” que deveria</p><p>comprimir nos �pi�s toda a massa proveniente do</p><p>mandiocal também inventariado. Mas a farinha não</p><p>exigia somente a prensa – pedia, também, raladores,</p><p>cochos de lavagem e forno ou fogão. Era normal, então, a</p><p>casa de fazer farinha, no quintal, ao lado dos telheiros e</p><p>próxima à cozinha.</p><p>Carlos A. C. Lemos, Cozinhas, etc.</p><p>Traduz corretamente uma relação espacial expressa no</p><p>texto o que se encontra em:</p><p>a) A prensa é paralela aos �pi�s.</p><p>b) A casa de fazer farinha é adjacente aos telheiros.</p><p>c) As duas camarinhas são transversais à cozinha.</p><p>d) O alpendre é perpendicular às zonas de serviço.</p><p>e) O mandiocal e o Ipiranga são equidistantes do sí�o.</p><p>IT0740 - (Fuvest)</p><p>Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski</p><p>seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o</p><p>tradutor procure penetrar nas peculiaridades da</p><p>linguagem primeira, aplique se com afinco e faça com</p><p>que sua cria�vidade orientada pelo original permita,</p><p>paradoxalmente, afastar se do texto para ficar mais</p><p>próximo deste, um passo importante será dado.</p><p>Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase,</p><p>tratando o original como um conjunto de blocos a serem</p><p>transpostos, e transgredindo sem receio, quando</p><p>necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor</p><p>poderá trazê lo com boa margem de fidelidade para a</p><p>língua com a qual está trabalhando.</p><p>Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.</p><p>De acordo com o texto, a boa tradução precisa</p><p>a) evitar a transposição fiel dos conteúdos do texto</p><p>original.</p><p>b) desconsiderar as caracterís�cas da linguagem primeira</p><p>para poder a�ngir a língua de chegada.</p><p>c) desviar se da norma padrão tanto da língua original</p><p>quanto da língua de chegada.</p><p>d) privilegiar a inven�vidade, ainda que em detrimento</p><p>das peculiaridades do texto original.</p><p>e) buscar, na língua de chegada, soluções que</p><p>correspondam ao texto original.</p><p>IT0741 - (Fuvest)</p><p>Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski</p><p>seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o</p><p>tradutor procure penetrar nas peculiaridades da</p><p>linguagem primeira, aplique se com afinco e faça com</p><p>que sua cria�vidade orientada pelo original permita,</p><p>paradoxalmente, afastar se do texto para ficar mais</p><p>próximo deste, um passo importante será dado.</p><p>Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase,</p><p>tratando o original como um conjunto de blocos a serem</p><p>transpostos, e transgredindo sem receio, quando</p><p>necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor</p><p>poderá trazê-lo com boa margem de fidelidade para a</p><p>língua com a qual está trabalhando.</p><p>Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.</p><p>Tendo em vista que algumas das recomendações do</p><p>autor, rela�vas à prá�ca da tradução, fogem do senso</p><p>comum, pode se qualificá-las com o rela�vamente</p><p>recente:</p><p>a) dubita�vas.</p><p>b) contraintui�vas.</p><p>c) autocomplacentes.</p><p>d) especula�vas.</p><p>e) aleatórias.</p><p>IT0749 - (Fuvest)</p><p>A ARMA DA PROPAGANDA</p><p>O governo Médici não se limitou à repressão.</p><p>Dis�nguiu claramente entre um setor significa�vo mas</p><p>minoritário da sociedade, adversário do regime, e a</p><p>massa da população que vivia um dia a dia de alguma</p><p>esperança nesses anos de prosperidade econômica. A</p><p>54@professorferretto @prof_ferretto</p><p>repressão acabou com o primeiro setor, enquanto a</p><p>propaganda encarregou se de, pelo menos, neutralizar</p><p>gradualmente o segundo. Para alcançar este úl�mo</p><p>obje�vo, o governo contou com o grande avanço das</p><p>telecomunicações no país, após 1964. As facilidades de</p><p>crédito pessoal permi�ram a expansão do número de</p><p>residências que possuíam televisão: em 1960, apenas</p><p>9,5% das residências urbanas �nham televisão; em 1970,</p><p>a porcentagem chegava a 40%. Por essa época,</p><p>beneficiada pelo apoio do governo, de quem se</p><p>transformou em porta voz, a TV Globo expandiu se até se</p><p>tornar rede nacional e alcançar pra�camente o controle</p><p>do setor. A propaganda governamental passou a ter um</p><p>canal de expressão como nunca exis�ra na história do</p><p>país. A promoção do “Brasil grande potência” foi</p><p>realizada a par�r da Assessoria Especial de Relações</p><p>Públicas (AERP), criada no governo Costa e Silva, mas que</p><p>não chegou a ter importância nesse governo. Foi a época</p><p>do “Ninguém segura este país”, da marchinha Prá Frente,</p><p>Brasil, que embalou a grande vitória brasileira na Copa do</p><p>Mundo de 1970.</p><p>Boris Fausto, História do Brasil. Adaptado.</p><p>A frase que expressa uma ideia con�da no texto é:</p><p>a) A marchinha “Prá Frente, Brasil” também contribuiu</p><p>para o processo de neutralização da grande massa da</p><p>população.</p><p>b) A repressão no Governo Médici foi dirigida a um setor</p><p>que, além de minoritário, era também irrelevante no</p><p>conjunto da sociedade brasileira.</p><p>c) O tricampeonato de futebol conquistado pelo Brasil</p><p>em 1970 ajudou a mascarar inúmeras dificuldades</p><p>econômicas daquele período.</p><p>d) Uma caracterís�ca do governo Médici foi ter</p><p>conseguido levar a televisão à maioria dos lares</p><p>brasileiros.</p><p>e) A TV Globo foi criada para ser um veículo de</p><p>divulgação das realizações dos governos militares.</p><p>IT0750 - (Fuvest)</p><p>A ARMA DA PROPAGANDA</p><p>O governo Médici não se limitou à repressão.</p><p>Dis�nguiu claramente entre um setor significa�vo mas</p><p>minoritário da sociedade, adversário do regime, e a</p><p>massa da população que vivia um dia a dia de alguma</p><p>esperança nesses anos de prosperidade econômica. A</p><p>repressão acabou com o primeiro setor, enquanto a</p><p>propaganda encarregou se de, pelo menos, neutralizar</p><p>gradualmente o segundo. Para alcançar este úl�mo</p><p>obje�vo, o governo contou com o grande avanço das</p><p>telecomunicações no país, após 1964. As facilidades de</p><p>crédito pessoal permi�ram a expansão do número de</p><p>residências que possuíam televisão: em 1960, apenas</p><p>9,5% das residências urbanas �nham televisão; em 1970,</p><p>a porcentagem chegava a 40%. Por essa época,</p><p>beneficiada pelo apoio do governo, de quem se</p><p>transformou em porta voz, a TV Globo expandiu se até se</p><p>tornar rede nacional e alcançar pra�camente o controle</p><p>do setor. A propaganda governamental passou a ter um</p><p>canal de expressão como nunca exis�ra na história do</p><p>país. A promoção do “Brasil grande potência” foi</p><p>realizada a par�r da Assessoria Especial de Relações</p><p>Públicas (AERP), criada no governo Costa e Silva, mas que</p><p>não chegou a ter importância nesse governo. Foi a época</p><p>do “Ninguém segura este país”, da marchinha Prá Frente,</p><p>Brasil, que embalou a grande vitória brasileira na Copa do</p><p>Mundo de 1970.</p><p>Boris Fausto, História do Brasil. Adaptado.</p><p>A estratégia de dominação empregada pelo governo</p><p>Médici, tal como descrita no texto, assemelha-se,</p><p>sobretudo, à seguinte recomendação feita ao príncipe ou</p><p>ao governante por um célebre pensador da polí�ca:</p><p>a) “Deve o príncipe fazer se temer, de maneira que, se</p><p>não se fizer amado, pelo menos evite o ódio, pois é</p><p>fácil ser ao mesmo tempo temido e não odiado”.</p><p>b) “O mal que se �ver que fazer, deve o príncipe fazê-lo</p><p>de uma só vez; o bem, deve fazê-lo aos poucos (...)”.</p><p>c) “Não se pode deixar ao tempo o encargo de resolver</p><p>todas as coisas, pois o tempo tudo leva adiante e pode</p><p>transformar o bem em mal e o mal em bem”.</p><p>d) “Engana se quem acredita que novos bene�cios</p><p>podem fazer as grandes personagens esquecerem as</p><p>an�gas injúrias (...)”.</p><p>e) “Deve o príncipe, sobretudo, não tocar na propriedade</p><p>alheia, porque os homens esquecem mais depressa a</p><p>morte do pai que a perda do patrimônio”.</p><p>IT0754 - (Fuvest)</p><p>Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma</p><p>vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos �nham a</p><p>vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus</p><p>das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que</p><p>podia saber de vacinas? Então a bexiga</p><p>desceu e assolou</p><p>o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi</p><p>transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca</p><p>e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas</p><p>Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o</p><p>lazareto*. Omolu só queria com o alastrim marcar seus</p><p>filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as</p><p>macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade,</p><p>levasse para os ricos la�fundiários do sertão. Eles �nham</p><p>dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam</p><p>tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os</p><p>negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:</p><p>Ele é mesmo nosso pai</p><p>55@professorferretto @prof_ferretto</p><p>e é quem pode nos ajudar...</p><p>Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros</p><p>não o esqueçam avisa no seu cân�co de despedida:</p><p>Ora, adeus, ó meus filhinhos,</p><p>Qu’eu vou e torno a vortá...</p><p>E numa noite que os atabaques ba�am nas</p><p>macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu</p><p>pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão</p><p>de Juazeiro. A bexiga foi com ele.</p><p>Jorge Amado, Capitães da Areia.</p><p>*lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de</p><p>pessoas a�ngidas por determinadas doenças.</p><p>As informações con�das no texto permitem concluir</p><p>corretamente que a doença de que nele se fala</p><p>caracteriza se como</p><p>a) molés�a contagiosa, de caráter epidêmico, causada</p><p>por vírus.</p><p>b) endemia de zonas tropicais, causada por vírus,</p><p>prevalente no período chuvoso do ano.</p><p>c) surto infeccioso de e�ologia bacteriana, decorrente de</p><p>más condições sanitárias.</p><p>d) infecção bacteriana que, em regra, apresenta se</p><p>simultaneamente sob uma forma branda e uma</p><p>grave.</p><p>e) enfermidade endêmica que ocorre anualmente e reflui</p><p>de modo espontâneo.</p><p>IT0756 - (Fuvest)</p><p>– Pois, Grilo, agora realmente bem podemos dizer que</p><p>o sr. D. Jacinto está firme.</p><p>O Grilo arredou os óculos para a testa, e levantando</p><p>para o ar os cinco dedos em curva como pétalas de uma</p><p>tulipa:</p><p>– Sua Excelência brotou!</p><p>Profundo sempre o digno preto! Sim! Aquele</p><p>ressequido galho da Cidade, plantado na Serra, pegara,</p><p>chupara o húmus do torrão herdado, criara seiva,</p><p>afundara raízes, engrossara de tronco, a�rara ramos,</p><p>rebentara em flores, forte, sereno, ditoso, benéfico,</p><p>nobre, dando frutos, derramando sombra. E abrigados</p><p>pela grande árvore, e por ela nutridos, cem casais* em</p><p>redor o bendiziam.</p><p>Eça de Queirós, A cidade e as serras.</p><p>*casal: pequena propriedade rús�ca; pequeno povoado.</p><p>O teor das imagens empregadas no texto para</p><p>caracterizar a mudança pela qual passara Jacinto indica</p><p>que a causa principal dessa transformação foi</p><p>a) o retorno a sua terra natal.</p><p>b) a conversão religiosa.</p><p>c) o trabalho manual na lavoura.</p><p>d) a mudança da cidade para o campo.</p><p>e) o banimento das inovações tecnológicas.</p><p>IT0759 - (Fuvest)</p><p>Se o açúcar do Brasil o tem dado a conhecer a todos</p><p>os reinos e províncias da Europa, o tabaco o tem feito</p><p>muito afamado em todas as quatro partes do mundo, em</p><p>as quais hoje tanto se deseja e com tantas diligências e</p><p>por qualquer via se procura. Há pouco mais de cem anos</p><p>que esta folha se começou a plantar e beneficiar na Bahia</p><p>[...] e, desta sorte, uma folha antes desprezada e quase</p><p>desconhecida tem dado e dá atualmente grandes</p><p>cabedais aos moradores do Brasil e incríveis</p><p>emolumentos aos Erários dos príncipes.</p><p>André João Antonil. Cultura e opulência do Brasil por suas</p><p>drogas e minas. São Paulo: EDUSP, 2007. Adaptado.</p><p>O texto acima, escrito por um padre italiano em 1711,</p><p>revela que</p><p>a) o ciclo econômico do tabaco, que foi anterior ao do</p><p>ouro, sucedeu o da cana.</p><p>b) todo o rendimento do tabaco, a exemplo do que</p><p>ocorria com outros produtos, era direcionado à</p><p>metrópole.</p><p>c) não se pode exagerar quanto à lucra�vidade</p><p>propiciada pela cana.</p><p>d) os europeus, naquele ano, já conheciam plenamente o</p><p>potencial econômico de suas colônias americanas.</p><p>e) a economia colonial foi marcada pela simultaneidade</p><p>de produtos, cuja lucra�vidade se relacionava com sua</p><p>inserção em mercados internacionais.</p><p>IT0762 - (Fuvest)</p><p>Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós,</p><p>mesmo no que se refere à simples informação, depende</p><p>de muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende</p><p>do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso</p><p>conhecimento, da finalidade que temos pela frente. Para</p><p>quem pouco leu e pouco sabe, um compêndio de ginásio</p><p>pode ser a fonte reveladora. Para quem sabe muito, um</p><p>livro importante não passa de chuva no molhado. Além</p><p>disso, há as afinidades profundas, que nos fazem afinar</p><p>com certo autor (e portanto aproveitá-lo ao máximo) e</p><p>não com outro, independente da valia de ambos.</p><p>Antonio Candido, “Dez livros para entender o Brasil”.</p><p>Teoria e debate. Ed. 45, 01/07/2000.</p><p>Traduz uma ideia presente no texto a seguinte afirmação:</p><p>56@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) O efeito de um livro sobre o leitor é condicionado pela</p><p>quan�dade de informações que o texto veicula.</p><p>b) A recepção de um livro pode ser influenciada pela</p><p>situação vivida pelo leitor.</p><p>c) A verdadeira erudição não dispensa a leitura dos bons</p><p>manuais escolares.</p><p>d) A leitura de um livro a qual tem finalidades</p><p>meramente prá�cas prejudica a assimilação do</p><p>conhecimento.</p><p>e) O reconhecimento do valor de um livro depende,</p><p>primordialmente, dos sen�mentos pessoais do leitor.</p><p>IT0767 - (Fuvest)</p><p>E Jerônimo via e escutava, sen�ndo ir-se-lhe toda a</p><p>alma pelos olhos enamorados.</p><p>Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese</p><p>das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a</p><p>luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das</p><p>sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das</p><p>baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a</p><p>palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma</p><p>outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o</p><p>sapo� mais doce que o mel e era a castanha do caju, que</p><p>abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra</p><p>verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida,</p><p>que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo</p><p>dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras</p><p>embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as</p><p>artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha</p><p>daquele amor setentrional, uma nota daquela música</p><p>feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de</p><p>cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e</p><p>espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.</p><p>Aluísio Azevedo, O cor�ço.</p><p>Para entender as impressões de Jerônimo diante da</p><p>natureza brasileira, é preciso ter como pressuposto que</p><p>há</p><p>a) um contraste entre a experiência prévia da</p><p>personagem e sua vivência da diversidade biológica do</p><p>país em que agora se encontra.</p><p>b) uma con�nuidade na experiência de vida da</p><p>personagem, posto que a diversidade biológica aqui e</p><p>em seu local de origem são muito semelhantes.</p><p>c) uma ampliação no universo de conhecimento da</p><p>personagem, que já �nha vivência de diversidade</p><p>biológica semelhante, mas a expande aqui.</p><p>d) um equívoco na forma como a personagem percebe e</p><p>vivencia a diversidade biológica local, que não</p><p>comporta os organismos que ele julga ver.</p><p>e) um estreitamento na experiência de vida do</p><p>personagem, que vem de um local com maior</p><p>diversidade de ambientes e de organismos.</p><p>IT0682 - (Enem PPL)</p><p>Saiba impedir que os cavalos de troia abram a guarda de</p><p>seu computador</p><p>A lenda da Guerra de Troia conta que gregos</p><p>conseguiram entrar na cidade camuflados em um cavalo</p><p>e, então, abriram as portas da cidade para mais</p><p>guerreiros entrarem e vencerem a batalha. Silencioso, o</p><p>cavalo de troia é um programa malicioso que abre as</p><p>portas do computador a um invasor, que pode u�lizar</p><p>como quiser o privilégio de estar dentro de uma</p><p>máquina. Esse malware é instalado em um computador</p><p>de forma camuflada, sempre com o “consen�mento” do</p><p>usuário. A explicação é que essa praga está dentro de um</p><p>arquivo que parece ser ú�l, como um programa ou</p><p>proteção de tela — que, ao ser executado, abre caminho</p><p>para o cavalo de troia. A intenção da maioria dos cavalos</p><p>de troia (trojans) não é contaminar arquivos ou</p><p>hardwares. Atualmente, o obje�vo principal</p><p>ser revista: a prá�ca</p><p>cardiovascular é infinitamente mais significa�va e</p><p>determinante para a nossa saúde orgânica como um</p><p>todo, podendo ser considerada o “coração” de um</p><p>treinamento consciente e saudável.</p><p>IT0007 - (Enem)</p><p>Sinhá</p><p>Se a dona se banhou</p><p>Eu não estava lá</p><p>Por Deus Nosso Senhor</p><p>Eu não olhei Sinhá</p><p>Estava lá na roça</p><p>Sou de olhar ninguém</p><p>Não tenho mais cobiça</p><p>Nem enxergo bem</p><p>Para que me pôr no tronco</p><p>Para que me aleijar</p><p>Eu juro a vosmecê</p><p>Que nunca vi Sinhá</p><p>[…]</p><p>Por que talhar meu corpo</p><p>Eu não olhei Sinhá</p><p>Para que que vosmincê</p><p>Meus olhos vai furar</p><p>Eu choro em iorubá</p><p>Mas oro por Jesus</p><p>Para que que vassuncê</p><p>Me �ra a luz.</p><p>CHICO BUAROUE; JOÃO BOSCO. Chico. Rio de Janeiro:</p><p>Biscoito Fino, 2011 (fragmento).</p><p>5@professorferretto @prof_ferretto</p><p>No fragmento da letra da canção, o vocabulário</p><p>empregado e a situação retratada são relevantes para o</p><p>patrimônio linguís�co e iden�tário do país, na medida</p><p>em que</p><p>a) remetem à violência �sica e simbólica contra os povos</p><p>escravizados.</p><p>b) valorizam as influências da cultura africana sobre a</p><p>música nacional.</p><p>c) rela�vizam o sincre�smo cons�tu�vo das prá�cas</p><p>religiosas brasileiras.</p><p>d) narram os infortúnios da relação amorosa entre</p><p>membros de classes sociais diferentes.</p><p>e) problema�zam as diferentes visões de mundo na</p><p>sociedade durante o período colonial.</p><p>IT0358 - (Enem)</p><p>Projeto na Câmara de BH quer a vacinação gratuita de</p><p>cães contra a leishmaniose</p><p>A doença é grave e vem causando preocupação na região</p><p>metropolitana da capital mineira</p><p>Ela é uma doença grave, transmi�da pela picada do</p><p>mosquito-palha, e afeta tanto os seres humanos quanto</p><p>os cachorros: a leishmaniose. Por ser um problema de</p><p>saúde pública, a doença pode ganhar uma ação</p><p>preven�va importante, caso um projeto de lei seja</p><p>aprovado na Câmara Municipal de Belo Horizonte</p><p>(CMBH). Diante do alto número de casos da doença na</p><p>Grande BH, a Comissão de Saúde e Saneamento da</p><p>CMBH aprovou a proposta de realização de campanhas</p><p>públicas de vacinação gratuita de cães contra a</p><p>leishmaniose, tema do PL 404/17, apreciado pelo</p><p>colegiado em reunião ordinária, no dia 6 de dezembro.</p><p>Disponível em: h�ps://revistaencontro.com.br. Acesso</p><p>em: 11 dez. 2017.</p><p>Essa no�cia, além de cumprir sua função informa�va,</p><p>assume o papel de</p><p>a) fiscalizar as ações de saúde e saneamento da cidade.</p><p>b) defender os serviços gratuitos de atendimento à</p><p>população.</p><p>c) conscien�zar a população sobre grave problema de</p><p>saúde pública.</p><p>d) propor campanhas para a ampliação de acesso aos</p><p>serviços públicos.</p><p>e) responsabilizar os agentes públicos pela demora na</p><p>tomada de decisões.</p><p>IT0308 - (Fuvest)</p><p>Leusipo perguntou o que eu �nha ido fazer na aldeia.</p><p>Preferi achar que o tom era amistoso e, no meu</p><p>paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era</p><p>um romance. Eu tentava convencê-lo de que não havia</p><p>mo�vo para preocupação. Tudo o que eu queria saber já</p><p>era conhecido. E ele me perguntava: “Então, porque você</p><p>quer saber, se já sabe?” Tentei lhe explicar que pretendia</p><p>escrever um livro e mais uma vez o que era um romance,</p><p>o que era um livro de ficção (e mostrava o que �nha nas</p><p>mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma</p><p>consequência na realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se</p><p>de desentendido, mas na verdade só queria me in�midar.</p><p>As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu</p><p>tentava dizer que, para os brancos que não acreditam em</p><p>deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente</p><p>dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase,</p><p>já não sabia se o idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a</p><p>não ser: “O que você quer com o passado?”. Repe�a. E,</p><p>diante da sua insistência bovina, �ve de me render à</p><p>evidência de que eu não sabia responder à sua pergunta.</p><p>Bernardo Carvalho, Nove Noites. Adaptado.</p><p>Sem prejuízo de sen�do e fazendo as adaptações</p><p>necessárias, é possível subs�tuir as expressões em</p><p>destaque no texto, respec�vamente, por</p><p>a) incompreensão; armação; inofensivo; irredu�vel.</p><p>b) al�vez; brincadeira; ofendido; mansa.</p><p>c) ignorância; men�ra; prejudicado; alienada.</p><p>d) complacência; invenção; bobo; cega.</p><p>e) arrogância; entretenimento; incapaz; animalesca.</p><p>IT0361 - (Enem)</p><p>O bebê de tarlatana rosa</p><p>– [...] Na terça desliguei-me do grupo e caí no mar alto da</p><p>depravação, só, com uma roupa leve por cima da pele e</p><p>todos os maus ins�ntos fus�gados. De resto a cidade</p><p>inteira estava assim. É o momento em que por trás das</p><p>máscaras as meninas confessam paixões aos rapazes, é o</p><p>instante em que as ligações mais secretas transparecem,</p><p>em que a virgindade é dúbia e todos nós a achamos</p><p>inú�l, a honra uma caceteação, o bom senso uma fadiga.</p><p>Nesse momento tudo é possível, os maiores absurdos, os</p><p>maiores crimes; nesse momento há um riso que galvaniza</p><p>os sen�dos e o beijo se desata naturalmente.</p><p>Eu estava trepidante, com uma ânsia de acanalhar-me,</p><p>quase mórbida. Nada de raparigas do galarim</p><p>perfumadas e por demais conhecidas, nada do contato</p><p>familiar, mas o deboche anônimo, o deboche ritual de</p><p>chegar, pegar, acabar, con�nuar. Era ignóbil. Felizmente</p><p>muita gente sofre do mesmo mal no carnaval.</p><p>RIO, J. Dentro da noite. São Paulo: An�qua, 2002.</p><p>No texto, o personagem vincula ao carnaval a�tudes e</p><p>reações cole�vas diante das quais expressa</p><p>6@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) consagração da alegria do povo.</p><p>b) atração e asco perante a�tudes liber�nas.</p><p>c) espanto com a quan�dade de foliões nas ruas.</p><p>d) intenção de confraternizar com desconhecidos.</p><p>e) reconhecimento da festa como manifestação cultural.</p><p>IT0017 - (Enem)</p><p>TEXTO I</p><p>Terezinha de Jesus</p><p>De uma queda foi ao chão</p><p>Acudiu três cavalheiros</p><p>Todos os três de chapéu na mão</p><p>O primeiro foi seu pai</p><p>O segundo, seu irmão</p><p>O terceiro foi aquele</p><p>A quem Tereza deu a mão</p><p>BATISTA, M. F. B. M.; SANTOS, I. M. F. (Org.). Cancioneiro</p><p>da Paraíba. João Pessoa: Grafset, 1993 (adaptado).</p><p>TEXTO II</p><p>Outra interpretação é feita e par�r das condições sociais</p><p>daquele tempo. Para a ama e para a criança para quem</p><p>cantava a can�ga, e música falava do casamento como</p><p>um des�no natural na vida da mulher, na sociedade</p><p>brasileira do século XIX, marcada pelo patriarcalismo. A</p><p>música prepara a moça para o seu des�no não apenas</p><p>inexorável, mas desejável; o casamento, estabelecendo</p><p>uma hierarquia de obediência (pai, irmão mais velho,</p><p>marido), de acordo com a época e circunstâncias de sua</p><p>vida.</p><p>Disponível em: h�p://provsjose.blogspot.com.br. Acesso</p><p>em: 5 dez. 2012.</p><p>O comentário do Texto II sobre o Texto I evoca a</p><p>mobilização da língua oral que, em determinados</p><p>contextos,</p><p>a) assegura existência de pensamentos contrários à</p><p>ordem vigente.</p><p>b) mantém a heterogeneidade das formas de relações</p><p>sociais.</p><p>c) conserva a influência sobre certas culturas.</p><p>d) preserva a diversidade cultural e comportamental.</p><p>e) reforça comportamentos e padrões culturais.</p><p>IT0294 - (Fuvest)</p><p>Leia os seguintes textos de Machado de Assis:</p><p>I.</p><p>Suave mari magno*</p><p>Lembra-me que, em certo dia,</p><p>Na rua, ao sol de verão,</p><p>Envenenado morria</p><p>Um pobre cão.</p><p>Arfava, espumava e ria,</p><p>De um riso espúrio e bufão,</p><p>Ventre e pernas sacudia</p><p>Na convulsão.</p><p>Nenhum, nenhum curioso</p><p>Passava, sem se deter,</p><p>Silencioso,</p><p>Junto ao cão que ia morrer,</p><p>Como se lhe desse gozo</p><p>Ver padecer.</p><p>Machado de Assis. Ocidentais.</p><p>* Expressão la�na, re�rada de Lucrécio (Da natureza das</p><p>coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari</p><p>magno, turban�bus aequora ven�s/ E terra magnum</p><p>alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no</p><p>mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da</p><p>terra os grandes esforços de um outro.”).</p><p>II.</p><p>Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e</p><p>que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo</p><p>na mão.</p><p>Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.</p><p>III.</p><p>Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do</p><p>leito o marido:</p><p>– Que foi? perguntou ele.</p><p>– Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei?</p><p>(...)</p><p>– Sonhei que estavam matando você.</p><p>Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele,</p><p>ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma</p><p>piedade gostosa,</p><p>dos cavalos</p><p>de troia é roubar informações de uma máquina. O</p><p>programa destrói ou altera dados com intenção</p><p>maliciosa, causando problemas ao computador ou</p><p>u�lizando-o para fins criminosos, como enviar spams. A</p><p>primeira regra para evitar a entrada dos cavalos de troia</p><p>é: não abra arquivos de procedência duvidosa.</p><p>Disponível em: h�p://idgnow.uol.com.br. Acesso em: 14</p><p>ago. 2012 (adaptado).</p><p>Cavalo de troia é considerado um malware que invade</p><p>computadores, com intenção maliciosa. Pelas</p><p>informações apresentadas no texto, depreende-se que a</p><p>finalidade desse programa é</p><p>57@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) roubar informações ou alterar dados de arquivos de</p><p>procedência duvidosa.</p><p>b) inserir senhas para enviar spams, através de um</p><p>rastreamento no computador.</p><p>c) rastrear e inves�gar dados do computador sem o</p><p>conhecimento do usuário.</p><p>d) induzir o usuário a fazer uso criminoso e malicioso de</p><p>seu computador.</p><p>e) usurpar dados do computador, mediante sua execução</p><p>pelo usuário.</p><p>58@professorferretto @prof_ferretto</p><p>um sen�mento par�cular, ín�mo,</p><p>profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para</p><p>que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela</p><p>gritasse angus�ada, convulsa, cheia de dor e de pavor.</p><p>Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI.</p><p>A analogia consiste em um recurso de expressão</p><p>comumente u�lizado para ilustrar um raciocínio por meio</p><p>da semelhança que se observa entre dois fatos ou ideias.</p><p>No texto II, a analogia construída a par�r da imagem do</p><p>chicote pretende sugerir que</p><p>7@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) o instrumento do cas�go nem sempre cai em mãos</p><p>justas.</p><p>b) o apreço aos objetos independe do uso que se faz</p><p>deles.</p><p>c) o cabo é metáfora de mérito, e a ponta, metáfora de</p><p>culpa.</p><p>d) o mais fraco, por ser compassivo, é incapaz de</p><p>desfrutar do poder.</p><p>e) o prazer verdadeiro se experimenta no lado dos</p><p>dominantes.</p><p>IT0355 - (Enem)</p><p>Notas</p><p>Soluços, lágrimas, casa armada, veludo preto nos portais,</p><p>um homem que veio ves�r o cadáver, outro que tomou a</p><p>medida do caixão, caixão, essa, tocheiros, convites,</p><p>convidados que entravam, lentamente, a passo surdo, e</p><p>apertavam a mão à família, alguns tristes, todos sérios e</p><p>calados, padre e sacristão, rezas, aspersões d’água benta,</p><p>o fechar do caixão, a prego e martelo, seis pessoas que o</p><p>tomam da essa, e o levantam, e o descem a custo pela</p><p>escada, não obstante os gritos, soluços e novas lágrimas</p><p>da família, e vão até o coche fúnebre, e o colocam em</p><p>cima e traspassam e apertam as correias, o rodar do</p><p>coche, o rodar dos carros, um a um... Isto que parece um</p><p>simples inventário eram notas que eu havia tomado para</p><p>um capítulo triste e vulgar que não escrevo.</p><p>ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas.</p><p>www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 25 jul. 2022.</p><p>O recurso linguís�co que permite a Machado de Assis</p><p>considerar um capítulo de Memórias póstumas de Brás</p><p>Cubas como inventário é a</p><p>a) enumeração de objetos e fatos.</p><p>b) predominância de linguagem obje�va.</p><p>c) ocorrência de período longo no trecho.</p><p>d) combinação de verbos no presente e no pretérito.</p><p>e) presença de léxico do campo semân�co de funerais.</p><p>IT0344 - (Enem)</p><p>A escrava</p><p>– Admira-me –, disse uma senhora de sen�mentos</p><p>sinceramente abolicionistas —; faz-me até pasmar como</p><p>se possa sen�r, e expressar sen�mentos escravocratas,</p><p>no presente século, no século dezenove! A moral</p><p>religiosa e a moral cívica aí se erguem, e falam bem alto</p><p>esmagando a hidra que envenena a família no mais</p><p>sagrado santuário seu, e desmoraliza, e avilta a nação</p><p>inteira! Levantai os olhos ao Gólgota, ou percorrei-os em</p><p>torno da sociedade, e dizei-me:</p><p>– Para que se deu em sacri�cio, o Homem Deus, que ali</p><p>exalou seu derradeiro alento? Ah! Então não era verdade</p><p>que seu sangue era o resgate do homem! É então uma</p><p>men�ra abominável ter esse sangue comprado a</p><p>liberdade!? E depois, olhai a sociedade... Não vedes o</p><p>abutre que a corrói constantemente!... Não sen�s a</p><p>desmoralização que a enerva, o cancro que a destrói?</p><p>Por qualquer modo que encaremos a escravidão, ela é, e</p><p>sempre será um grande mal. Dela a decadência do</p><p>comércio; porque o comércio e a lavoura caminham de</p><p>mãos dadas, e o escravo não pode fazer florescer a</p><p>lavoura; porque o seu trabalho é forçado.</p><p>REIS, M. F. Úrsula outras obras. Brasília: Câmara dos</p><p>Deputados, 2018.</p><p>Inscrito na esté�ca român�ca da literatura brasileira, o</p><p>conto descor�na aspectos da realidade nacional no</p><p>século XIX ao</p><p>a) revelar a imposição de crenças religiosas a pessoas</p><p>escravizadas.</p><p>b) apontar a hipocrisia do discurso conservador na</p><p>defesa da escravidão.</p><p>c) sugerir prá�cas de violência �sica e moral em nome do</p><p>progresso material.</p><p>d) relacionar o declínio da produção agrícola e comercial</p><p>a questões raciais.</p><p>e) ironizar o comportamento dos proprietários de terra</p><p>na exploração do trabalho.</p><p>IT0302 - (Fuvest)</p><p>Uma úl�ma gargalhada estrondosa. 1E depois, o silêncio.</p><p>O palhaço jazia 2imóvel no chão. 3Mas seu rosto con�nua</p><p>sorrindo, para sempre. Porque a carreira original do</p><p>Coringa era para durar apenas 30 páginas. O tempo de</p><p>envenenar Gotham, sequestrar 4Robin, enfiar um par de</p><p>sopapos na Homem-Morcego e disparar o primeiro “vou</p><p>te matar” da sua relação. Na briga final do Batman nº. 1,</p><p>o “horripilante bufão” sofria um final digno de sua</p><p>desumana ironia: 5ao tropeçar, cravava sua própria adaga</p><p>no peito. Assim decidiram e desenharam 6seus pais, os</p><p>ar�stas Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson. Entretanto,</p><p>o criminoso mostrou, já em sua primeira aventura, um</p><p>enorme talento para 7se rebelar contra a ordem</p><p>estabelecida. 8Seu carisma seduziu a editora DC Comics,</p><p>que impôs o acréscimo de um quadrinho. Já dentro da</p><p>ambulância, vinha à tona “um dado desconcertante”. E</p><p>então um médico sentenciava: “Con�nua 9vivo. E vai</p><p>sobreviver!”.</p><p>Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na</p><p>Espanha ganha duas HQs, que inspiram debates</p><p>filosóficos sobre a liberdade”,</p><p>EI País. Junho/2020.</p><p>8@professorferretto @prof_ferretto</p><p>As vírgulas em “E depois, o silêncio.” (ref. 1) e em “Mas</p><p>seu rosto con�nua sorrindo, para sempre.” (ref. 3) são</p><p>usadas, respec�vamente, com a mesma finalidade que as</p><p>vírgulas em</p><p>a) “Após a queda, tomaram mais cuidado.” e “Quanto</p><p>mais espaço, mais liberdade.”.</p><p>b) “Aos estrangeiros, ofereceram iguarias.” e “Limpavam</p><p>a casa, e preparávamos as refeições.”.</p><p>c) “Colheram trigo e nós, algodão.” e “Eles se</p><p>encontraram nas férias, mas não viajaram.”.</p><p>d) “Para meus amigos, o melhor.” e “Organizava tudo,</p><p>cautelosamente.”.</p><p>e) “Viu o espetáculo, considerado o maior fenômeno de</p><p>bilheteria.” e “‘Conheço muito bem’, afirmou o rapaz.”.</p><p>IT0015 - (Enem)</p><p>O Ins�tuto de Arte de Chicago disponibilizou para</p><p>visualização on-line, compar�lhamento ou download</p><p>(sob licença Crea�ve Commons), 44 mil imagens de obras</p><p>de arte em al�ssima resolução, além de livros, estudos e</p><p>pesquisas sobre a história da arte.</p><p>Para o historiador da arte, Bendor Grosvenor, o sucesso</p><p>das coleções on-line de acesso aberto, além de</p><p>democra�zar a arte, vem ajudando a formar um novo</p><p>público museológico. Grosvenor acredita que quanto</p><p>mais pessoas forem expostas à arte on-line, mais visitas</p><p>pessoais acontecerão aos museus.</p><p>A coleção está disponível em seis categorias: paisagens</p><p>urbanas, impressionismo, essenciais, arte africana, moda</p><p>e animais. Também é possível pesquisar pelo nome da</p><p>obra, es�lo, autor ou período. Para navegar pela imagem</p><p>em alta definição, basta clicar sobre ela e u�lizar a</p><p>ferramenta de zoom. Para fazer o download, disponível</p><p>para obras de domínio público, é preciso u�lizar a seta</p><p>localizada do lado inferior direito da imagem.</p><p>Disponível em: www.revistabula.com.</p><p>Acesso em: 5 dez. 2018 (adaptado).</p><p>A função da linguagem que predomina nesse texto se</p><p>caracteriza por</p><p>a) evidenciar a subje�vidade da reportagem com base na</p><p>fala do historiador de arte.</p><p>b) convencer o leitor a fazer o acesso on-line, levando-o</p><p>a conhecer as obras de arte.</p><p>c) informar sobre o acesso às imagens por meio da</p><p>descrição do modo como acessá-las.</p><p>d) estabelecer interlocução com o leitor, orientando-o a</p><p>fazer o download das obras de arte.</p><p>e) enaltecer a arte, buscando popularizá-la por meio da</p><p>possibilidade de visualização on-line.</p><p>IT0340 - (Enem)</p><p>PALAVRA – As gramá�cas classificam as palavras em</p><p>substan�vo, adje�vo, verbo, advérbio, conjunção, prono -</p><p>me, numeral, ar�go e preposição. Os poetas classificam</p><p>as palavras pela alma porque gostam de brincar com elas,</p><p>e para brincar com elas é preciso ter in�midade primeiro.</p><p>É a alma da palavra que define, explica, ofende ou elogia,</p><p>se coloca entre o significante e o significado para dizer o</p><p>que quer, dar sen�mento às coisas, fazer sen�do. A</p><p>palavra nuvem chove. A palavra triste chora. A palavra</p><p>sono dorme. A palavra tempo passa. A palavra fogo</p><p>queima. A palavra faca corta. A palavra carro corre. A</p><p>palavra “palavra” diz. O que quer. E nunca desdiz depois.</p><p>As palavras têm corpo e alma, mas são diferentes das</p><p>pessoas em vários pontos. As palavras dizem o que</p><p>querem, está dito, e pronto.</p><p>FALCÃO, A. Pequeno dicionário de palavras ao vento. São</p><p>Paulo: Salamandra, 2013</p><p>(adaptado).</p><p>Esse texto, que simula um verbete para a palavra</p><p>“palavra”, cons�tui-se como um poema porque</p><p>a) tema�za o fazer poé�co, como em “Os poetas</p><p>classificam as palavras pela alma”.</p><p>b) u�liza o recurso expressivo da metáfora, como em “As</p><p>palavras têm corpo e alma”.</p><p>c) valoriza a gramá�ca da língua, como em “substan�vo,</p><p>adje�vo, verbo, advérbio, conjunção”.</p><p>d) estabelece comparações, como em “As palavras têm</p><p>corpo e alma, mas são diferentes das pessoas”.</p><p>e) apresenta informações per�nentes acerca do conceito</p><p>de “palavras”, como em “As gramá�cas classificam as</p><p>palavras”.</p><p>IT0329 - (Fuvest)</p><p>E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et</p><p>Tartufe? Ai, amiga minha, a resposta é naturalmente a</p><p>mesma, – também ela comia bem, dormia largo e fofo, –</p><p>coisas que, aliás, não impedem que uma pessoa ame,</p><p>quando quer amar. Se esta úl�ma reflexão é o mo�vo</p><p>secreto da vossa pergunta, deixai que vos diga que sois</p><p>muito indiscreta, e que eu não me quero senão com</p><p>dissimulados.</p><p>Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim</p><p>da comissão das Alagoas, com elogios da imprensa; a</p><p>Atalaia chamou-lhe “o anjo da consolação”. 1E não se</p><p>pense que este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse;</p><p>ao contrário, resumindo em Sofia toda a ação da</p><p>caridade, podia mor�ficar as novas amigas, e fazer-lhe</p><p>perder em um dia o trabalho de longos meses. Assim se</p><p>explica o ar�go que a mesma folha trouxe no número</p><p>seguinte, nomeando, par�cularizando e glorificando as</p><p>outras comissárias – “estrelas de primeira grandeza”.</p><p>9@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Machado de Assis, Quincas Borba.</p><p>Considerando o contexto, o trecho “E não se pense que</p><p>este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse” (ref. 1)</p><p>pode ser reescrito, sem prejuízo de sen�do, da seguinte</p><p>maneira: E não se pense que este nome a alegrou,</p><p>a) apesar de lisonjeá-la.</p><p>b) antes a lisonjeou.</p><p>c) porque a lisonjeava.</p><p>d) a fim de lisonjeá-la.</p><p>e) tanto quanto a lisonjeava.</p><p>IT0297 - (Fuvest)</p><p>A taxação de livros tem um efeito cascata que acaba</p><p>custando caro não apenas ao leitor, como também ao</p><p>mercado editorial – que há anos não anda bem das</p><p>pernas – e, em úl�ma instância, ao desenvolvimento</p><p>econômico do país. A gente explica. Taxar um produto</p><p>significa, quase sempre, um aumento no valor do</p><p>produto final. Isso porque ao menos uma parte desse</p><p>imposto será repassada ao consumidor, especialmente se</p><p>considerarmos que as editoras e livrarias enfrentam há</p><p>anos uma crise que agora está intensificada pela</p><p>pandemia e não poderiam re�rar o valor desse imposto</p><p>de seu já apertado lucro. Livros mais caros também</p><p>resultam em queda de vendas, que, por sua vez,</p><p>enfraquece ainda mais editoras e as impede de inves�r</p><p>em novas publicações – especialmente aquelas de menor</p><p>apelo comercial, mas igualmente importantes para a</p><p>pluralidade de ideias. Já deu para perceber a confusão,</p><p>não é? Mas, além disso, qual seria o custo de uma</p><p>sociedade com menos leitores e menos livros?</p><p>Taís Ilhéu. “Por que taxar os livros pode gerar retrocesso</p><p>social e econômico no país”. Guia do Estudante.</p><p>Setembro/2020. Adaptado</p><p>No texto, os pronomes em negrito referem-se,</p><p>respec�vamente, a:</p><p>a) taxação de livros, mercado editorial, crise, queda de</p><p>vendas.</p><p>b) taxação de livros, leitor, crise, queda de vendas.</p><p>c) efeito cascata, mercado editorial, crise, queda de</p><p>vendas.</p><p>d) efeito cascata, mercado editorial, livrarias, livros.</p><p>e) efeito cascata, leitor, crise, livros.</p><p>IT0018 - (Enem)</p><p>De domingo</p><p>–– Outrossim...</p><p>–– O quê?</p><p>–– O que o quê?</p><p>–– O que você disse.</p><p>–– Outrossim?</p><p>–– É.</p><p>–– O que é que tem?</p><p>–– Nada. Só achei engraçado.</p><p>–– Não vejo a graça.</p><p>–– Você vai concordar que não é uma palavra de todos os</p><p>dias.</p><p>–– Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo.</p><p>–– Se bem que parece mais uma palavra de segunda-</p><p>feira.</p><p>–– Não. Palavra de segunda-feira é “óbice”.</p><p>–– “Ônus”.</p><p>–– “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.</p><p>–– “Resquício” é de domingo.</p><p>–– Não, não. Segunda. No máximo terça.</p><p>–– Mas “outrossim”, francamente...</p><p>–– Qual o problema?</p><p>–– Re�ra o “outrossim”.</p><p>–– Não re�ro. É uma ó�ma palavra. Aliás é uma palavra</p><p>di�cil de usar. Não é qualquer um que usa “outrossim”.</p><p>VERISSIMO, L. F. Comédias da vida privada.</p><p>Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).</p><p>No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas</p><p>palavras da língua portuguesa. Esse uso promove o(a)</p><p>a) marcação temporal, evidenciada pela presença de</p><p>palavras indica�vas dos dias da semana.</p><p>b) tom humorís�co, ocasionado pela ocorrência de</p><p>palavras empregadas em contextos formais.</p><p>c) caracterização da iden�dade linguís�ca dos</p><p>interlocutores, percebida pela recorrência de palavras</p><p>regionais.</p><p>d) distanciamento entre os interlocutores, provocado</p><p>pelo emprego de palavras com significados pouco</p><p>conhecidos.</p><p>e) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de</p><p>palavras desconhecidas por parte de um dos</p><p>interlocutores do diálogo.</p><p>IT0013 - (Enem)</p><p>Seu delegado</p><p>Eu sou viúvo e tenho um filho homem</p><p>Arrumei uma viúva e fui me casar</p><p>A minha sogra era muito teimosa</p><p>Com o meu filho foi se matrimoniar</p><p>Desse matrimônio nasceu um garoto</p><p>Desde esse dia que eu ando é louco</p><p>Esse garoto é filho do meu filho</p><p>E o filho da minha sogra é irmão da minha mulher</p><p>Ele é meu neto e eu sou cunhado dele</p><p>10@professorferretto @prof_ferretto</p><p>A minha nora é minha sogra</p><p>Meu filho meu sogro é</p><p>Nessa confusão já nem sei quem sou</p><p>Acaba esse garoto sendo meu avô.</p><p>TRIO FORROZÃO. Agitando a rapaziada. Rio de Janeiro:</p><p>Natasha Records, 2009.</p><p>Nessa letra da canção, a suposição do úl�mo verso</p><p>sinaliza a intenção do autor de</p><p>a) ironizar as relações familiares modernas.</p><p>b) reforçar o humor da situação representada.</p><p>c) expressar perplexidade em relação ao parente.</p><p>d) atribuir à criança a causa da dúvida existencial.</p><p>e) ques�onar os lugares predeterminados da família.</p><p>IT0003 - (Enem)</p><p>A draga</p><p>A gente não sabia se aquela draga �nha nascido ali, no</p><p>Porto, como um pé de árvore ou uma duna.</p><p>– E que fosse uma casa de peixes?</p><p>Meia dúzia de loucos e bêbados moravam dentro dela,</p><p>enraizados em suas ferragens.</p><p>Dos viventes da draga era um o meu amigo Mário-pega-</p><p>sapo.</p><p>[...]</p><p>Quando Mário morreu, um literato oficial, em necrológio</p><p>caprichado, chamou-o de Mário-Captura-Sapo! Ai que</p><p>dor!</p><p>Ao literato cujo fazia-lhe nojo a forma coloquial.</p><p>Queria capturaem vez de pega para não macular (sic) a</p><p>língua nacional lá dele...</p><p>Da velha draga</p><p>Abrigo de vagabundos e de bêbados, restaram as</p><p>expressões: estar na draga, viver na draga por estar sem</p><p>dinheiro, viver na miséria</p><p>Que ora ofereço ao filólogo Aurélio Buarque de Hollanda</p><p>Para que as registre em seus léxicos</p><p>Pois que o povo já as registrou.</p><p>BARROS, M. Gramá�ca exposi�va do chão: poesia quase</p><p>toda. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1990</p><p>(fragmento).</p><p>Ao cri�car o preciosismo linguís�co do literato e ao</p><p>sugerir a dicionarização de expressões locais, o poeta</p><p>expressa uma concepção de língua que</p><p>a) contrapõe caracterís�cas da escrita e da fala.</p><p>b) ironiza a comunicação fora da norma-padrão.</p><p>c) subs�tui regionalismos por registros formais.</p><p>d) valoriza o uso de variedades populares.</p><p>e) defende novas regras grama�cais.</p><p>IT0360 - (Enem)</p><p>Firmo, o vaqueiro</p><p>No dia seguinte, à hora em que saía o gado, estava eu</p><p>debruçado à varanda quando vi o cafuzo que preparava o</p><p>animal viajeiro:</p><p>– Raimundinho, como vai ele?...</p><p>De longe apontou a palhoça.</p><p>– Sim.</p><p>O braço caiu-lhe, olhou-me algum tempo comovido;</p><p>depois, saltando para o animal, levou o polegar à boca</p><p>fazendo estalar a unha nos dentes: “Às quatro da</p><p>manhã... A�rei um verso e disse, para bulir com ele: Pega,</p><p>velho! Não respondeu. Tio Firmo, mesmo velho e doente,</p><p>não era homem para deixar um verso no chão... Fui ver,</p><p>coitado!... estava morto. E deu de esporas para que eu</p><p>não lhe visse as lágrimas.</p><p>NETTO, C. In: MARCHEZAN, L. G. (Org.). O conto</p><p>regionalista. São Paulo: Mar�ns Fontes, 2009.</p><p>A passagem registra um momento em que a</p><p>expressividade lírica é reforçada pela</p><p>a) plas�cidade da imagem do rebanho reunido.</p><p>b) sugestão da firmeza do sertanejo ao arrear</p><p>o cavalo.</p><p>c) situação de pobreza encontrada nos sertões</p><p>brasileiros.</p><p>d) afe�vidade demonstrada ao no�ciar a morte do</p><p>cantador.</p><p>e) preocupação do vaqueiro em demostrar sua virilidade.</p><p>IT0317 - (Fuvest)</p><p>Os textos literários são obras de discurso, a que falta a</p><p>imediata referencialidade da linguagem corrente;</p><p>poé�cos, abolem, “destroem” o mundo circundante,</p><p>co�diano, graças à função irrealizante da imaginação que</p><p>os constrói. E prendem-nos na teia de sua linguagem, a</p><p>que devem o poder de apelo esté�co que nos enleia;</p><p>seduz-nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...).</p><p>No entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando</p><p>retornamos ao real, nossa experiência, ampliada e</p><p>renovada pela experiência da obra, à luz do que nos</p><p>revelou, possibilita redescobri-lo, sen�ndo-o e pensando-</p><p>o de maneira diferente e nova. A ilusão, a men�ra, o</p><p>fingimento da ficção, aclara o real ao desligar-se dele,</p><p>transfigurando-o; e aclara-o já pelo insight que em nós</p><p>provocou.</p><p>Benedito Nunes, “É�ca e leitura”, de Crivo de Papel.</p><p>O que eu precisava era ler um romance fantás�co, um</p><p>romance besta, em que os homens e as mulheres fossem</p><p>criações absurdas, não andassem magoando-se, traindo-</p><p>11@professorferretto @prof_ferretto</p><p>se. Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente</p><p>essas leituras já não me comovem.</p><p>Graciliano Ramos, Angús�a.</p><p>Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado</p><p>de ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma</p><p>concessão ao gosto público. Solilóquio doido, enervante.</p><p>Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a</p><p>respeito de seu livro Angús�a.</p><p>O argumento de Benedito Nunes, em torno da natureza</p><p>ar�s�ca da literatura, leva a considerar que a obra só</p><p>assume função transformadora se</p><p>a) estabelece um contraponto entre a fantasia e o</p><p>mundo.</p><p>b) u�liza a linguagem para informar sobre o mundo.</p><p>c) ins�ga no leitor uma a�tude reflexiva diante do</p><p>mundo.</p><p>d) oferece ao leitor uma compensação anestesiante do</p><p>mundo.</p><p>e) conduz o leitor a ignorar o mundo real.</p><p>IT0314 - (Fuvest)</p><p>Psicanálise do açúcar</p><p>O açúcar cristal, ou açúcar de usina,</p><p>mostra a mais instável das brancuras:</p><p>quem do Recife sabe direito o quanto,</p><p>e o pouco desse quanto, que ela dura.</p><p>Sabe o mínimo do pouco que o cristal</p><p>se estabiliza cristal sobre o açúcar,</p><p>por cima do fundo an�go, de mascavo,</p><p>do mascavo barrento que se incuba;</p><p>e sabe que tudo pode romper o mínimo</p><p>em que o cristal é capaz de censura:</p><p>pois o tal fundo mascavo logo aflora</p><p>quer inverno ou verão mele o açúcar.</p><p>Só os banguês que-ainda purgam ainda</p><p>o açúcar bruto com barro, de mistura;</p><p>a usina já não o purga: da infância,</p><p>não de depois de adulto, ela o educa;</p><p>em enfermarias, com vácuos e turbinas,</p><p>em mãos de metal de gente indústria,</p><p>a usina o leva a sublimar em cristal</p><p>o pardo do xarope: não o purga, cura.</p><p>Mas como a cana se cria ainda hoje,</p><p>em mãos de barro de gente agricultura,</p><p>o barrento da pré-infância logo aflora</p><p>quer inverno ou verão mele o açúcar.</p><p>João Cabral de Melo Neto, A Educação pela Pedra.</p><p>* banguê: engenho de açúcar primi�vo movido a força</p><p>animal.</p><p>Os úl�mos quatro versos do poema rompem com a série</p><p>de contrapontos entre a usina e o banguê, pois</p><p>a) negam haver diferença química entre o açúcar cristal e</p><p>o açúcar mascavo.</p><p>b) esclarecem que a aparência do açúcar varia com a</p><p>espécie de cana cul�vada.</p><p>c) revelam que na base de toda empresa açucareira está</p><p>o trabalhador rural.</p><p>d) denunciam a exploração do trabalho infan�l nos</p><p>canaviais nordes�nos.</p><p>e) explicam que a estação do ano define em qualquer</p><p>processo o �po de açúcar.</p><p>IT0298 - (Fuvest)</p><p>Chega um momento em que a tensão eu/mundo se</p><p>exprime mediante uma perspec�va crí�ca, imanente à</p><p>escrita, o que torna o romance não mais uma variante</p><p>literária da ro�na social, mas o seu avesso; logo, o oposto</p><p>do discurso ideológico do homem médio. O romancista</p><p>“imitaria” a vida, sim, mas qual vida? Aquela cujo sen�do</p><p>dramá�co escapa a homens e mulheres entorpecidos ou</p><p>automa�zados por seus hábitos co�dianos. A vida como</p><p>objeto de busca e construção, e não a vida como</p><p>encadeamento de tempos vazios e inertes. Caso essa</p><p>pobre vida-morte deva ser tema�zada, ela aparecerá</p><p>como tal, degradada, sem a aura posi�va com que as</p><p>palavras “realismo” e “realidade” são usadas nos</p><p>discursos que fazem a apologia conformista da “vida</p><p>como ela é”...</p><p>A escrita da resistência, a narra�va atravessada pela</p><p>tensão crí�ca, mostra, sem retórica nem alarde</p><p>ideológico, que essa “vida como ela é” é, quase sempre,</p><p>o ramerrão [repe�ção] de um mecanismo alienante,</p><p>precisamente o contrário da vida plena e digna de ser</p><p>vivida.</p><p>É nesse sen�do que se pode dizer que a narra�va</p><p>descobre a vida verdadeira, e que esta abraça e</p><p>transcende a vida real. A literatura, com ser ficção, resiste</p><p>à men�ra. É nesse horizonte que o espaço da literatura,</p><p>considerado em geral como lugar da fantasia, pode ser o</p><p>lugar da verdade mais exigente.</p><p>Alfredo Bosi. “Narra�va e resistência”. Adaptado.</p><p>O conceito de resistência, expresso pela tensão do</p><p>indivíduo perante o mundo, adquire perspec�va crí�ca</p><p>na escrita do romance quando o autor</p><p>12@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) rompe a super�cie enganosa da realidade.</p><p>b) forja um realismo rente à vida mesquinha.</p><p>c) é neutro ao figurar a vacuidade do presente.</p><p>d) conserva o discurso posi�vo da ordem.</p><p>e) consegue sobrepor a fantasia à verdade.</p><p>IT0362 - (Enem)</p><p>Vanda vinha do interior de Minas Gerais e de dentro de</p><p>um livro de Charles Dickens. Sem dinheiro para criá-la,</p><p>sua mãe a dera, com seus sete anos, a uma conhecida.</p><p>Ao recebê-la, a mulher perguntou o que a garo�nha</p><p>gostava de comer. Anotou tudo num papel. Mal a mãe</p><p>virou as costas, no entanto, a fulana amassou a lista e,</p><p>como uma vilã de folhe�m, decretou: “A par�r de hoje,</p><p>você não vai mais nem sen�r o cheiro dessas comidas!”.</p><p>Vanda trabalhou lá até os quinze anos, quando recebeu a</p><p>carta de uma prima com uma nota de cem cruzeiros, saiu</p><p>de casa com a roupa do corpo e fugiu num ônibus para</p><p>São Paulo.</p><p>Todas as vezes que eu e minha irmã a importunávamos</p><p>com nossas demandas de criança mimada, ela nos</p><p>contava histórias da infância de gata-borralheira, fazia-</p><p>nos apertar seu nariz quebrado por uma das filhas da</p><p>“patroa” com um rolo de amassar pão e nos expulsava da</p><p>cozinha: “Sai pra lá, peste, e me deixa acabar essa janta”</p><p>PRATA, A. Nu de botas. São Paulo: Cia. das Letras, 2013</p><p>(adaptado).</p><p>Pela ó�ca do narrador, a trajetória da empregada de sua</p><p>casa assume um efeito expressivo decorrente da</p><p>a) citação a referências literárias tradicionais.</p><p>b) alusão à inocência das crianças da época.</p><p>c) estratégia de ques�onar a bondade humana.</p><p>d) descrição detalhada das pessoas do interior.</p><p>e) representação anedó�ca de atos de violência.</p><p>IT0351 - (Enem)</p><p>As línguas silenciadas do Brasil</p><p>Para aprender a língua de seu povo, o professor Txaywa</p><p>Pataxó, de 29 anos, precisou estudar os fatores que, por</p><p>diversas vezes, quase provocaram a ex�nção da língua</p><p>patxôhã. Mergulhou na história do Brasil e descobriu</p><p>fatos violentos que dispersaram os pataxós, forçados a</p><p>abandonar a própria língua para escapar da perseguição.</p><p>“Os pataxós se espalharam, principalmente, depois do</p><p>Fogo de 1951. Queimaram tudo e expulsaram a gente das</p><p>nossas terras. Isso constrange o nosso povo até hoje”,</p><p>conta Txaywa, estudante da Universidade Federal de</p><p>Minas Gerais e professor na aldeia Barra Velha, região de</p><p>Porto Seguro (BA). Mais de quatro décadas depois,</p><p>membros da etnia retornaram ao an�go local e iniciaram</p><p>um movimento de recuperação da língua patxôhã. Os</p><p>filhos de Sameary Pataxó já são fluentes – e ela, que se</p><p>mudou quando já era adulta para a aldeia, tenta</p><p>aprender um pouco com eles. “É a nossa iden�dade.</p><p>Você diz quem você é por meio da sua língua”, afirma a</p><p>professora de ensino fundamental sobre a importância</p><p>de restaurar a língua dos pataxós. O patxôhã está entre as</p><p>línguas indígenas faladas no Brasil: o IBGE es�mou 274</p><p>línguas no úl�mo censo. A publicação Povos indígenas no</p><p>Brasil 2011/2016, do Ins�tuto Socioambiental, calcula</p><p>160. Antes da chegada</p><p>dos portugueses, elas totalizavam</p><p>mais de mil.</p><p>Disponível em: h�ps://brasil.elpais.com. Acesso em: 11</p><p>jun. 2019 (adaptado).</p><p>O movimento de recuperação da língua patxôhã assume</p><p>um caráter iden�tário peculiar na medida em que</p><p>a) denuncia o processo de perseguição histórica sofrida</p><p>pelos povos indígenas.</p><p>b) conjuga o ato de resistência étnica à preservação da</p><p>memória cultural.</p><p>c) associa a preservação linguís�ca ao campo da pesquisa</p><p>acadêmica.</p><p>d) es�mula o retorno de povos indígenas a suas terras de</p><p>origem.</p><p>e) aumenta o número de línguas indígenas faladas no</p><p>Brasil.</p><p>IT0300 - (Fuvest)</p><p>A escrita faz de tal modo parte de nossa civilização que</p><p>poderia servir de definição dela própria. A história da</p><p>humanidade se divide em duas imensas eras: antes e a</p><p>par�r da escrita. Talvez venha o dia de uma terceira era</p><p>— depois da escrita. Vivemos os séculos da civilização</p><p>escrita. Todas as nossas sociedades baseiam-se no</p><p>escrito. A lei escrita subs�tui a lei oral, o contrato escrito</p><p>subs�tui a convenção verbal, a religião escrita se seguiu à</p><p>tradição lendária. E sobretudo não existe história que não</p><p>se funde sobre textos.</p><p>Charles Higounet. A história da escrita. Adaptado.</p><p>A locução conjun�va “de tal modo…que” e o advérbio</p><p>“sobretudo”, respec�vamente, expressam noção de:</p><p>a) conformidade e dúvida.</p><p>b) consequência e realce.</p><p>c) condição e negação.</p><p>d) consequência e negação.</p><p>e) condição e realce.</p><p>IT0303 - (Fuvest)</p><p>– Posso furar os olhos do povo?</p><p>13@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Esta frase besta foi repe�da muitas vezes e, em falta de</p><p>coisa melhor, aceitei-a. Sem dúvida. As mulheres hoje</p><p>não vivem como an�gamente, escondidas, evitando os</p><p>homens. Tudo é descoberto, cara a cara. Uma pessoa</p><p>topa outra. Se gostou, gostou; se não gostou, até logo. E</p><p>eu de fato não �nha visto nada. As aparências mentem. A</p><p>terra não é redonda? Esta prova da inocência de Marina</p><p>me pareceu considerável. Tantos indivíduos condenados</p><p>injustamente neste mundo ruim! O re�rante que fora</p><p>encontrado violando a filha de quatro anos – estava aí</p><p>um exemplo. As vizinhas �nham visto o homem</p><p>afastando as pernas da menina, todo o mundo pensava</p><p>que ele era um monstro. Engano. Quem pode lá jurar que</p><p>isto é assim ou assado? Procurei mesmo capacitar-me de</p><p>que Julião Tavares não exis�a. Julião Tavares era uma</p><p>sensação. Uma sensação desagradável, que eu pretendia</p><p>afastar de minha casa quando me juntasse àquela</p><p>sensação agradável que ali estava a choramingar.</p><p>Graciliano Ramos, Angús�a.</p><p>Em termos crí�cos, esse fragmento permite observar</p><p>que, no plano maior do romance Angús�a, o ponto de</p><p>vista</p><p>a) se acomoda nos limites da vulgaridade.</p><p>b) tenta imitar a retórica dos dominantes.</p><p>c) reproduz a lógica do determinismo social.</p><p>d) a�nge a neutralidade do espírito maduro.</p><p>e) revira os lados contrários da opinião.</p><p>IT0346 - (Enem)</p><p>Mas seu olhar verde, inconfundível, impressionante,</p><p>iluminava com sua luz misteriosa as sombrias arcadas</p><p>superciliares, que pareciam queimadas por ela, dizia logo</p><p>a sua origem cruzada e decantada através das misérias e</p><p>dos orgulhos de homens de aventura, contadores de</p><p>histórias fantás�cas, e de mulheres caladas e sofredoras,</p><p>que acompanhavam os maridos e amantes através das</p><p>matas intermináveis, expostas às febres, às feras, às</p><p>cobras do sertão indecifrável, ameaçador e sem fim, que</p><p>elas percorriam com a ambição única de um “pouso”</p><p>onde pudessem viver, por alguns dias, a vida ilusória de</p><p>família e de lar, sempre no encalço dos homens,</p><p>enfebrados pela procura do ouro e do diamante.</p><p>PENNA, C. Fronteira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.</p><p>Ao descrever os olhos de Maria Santa, o narrador</p><p>estabelece correlações que refletem a</p><p>a) caracterização da personagem com mes�ça.</p><p>b) construção do enredo de conquistas da família.</p><p>c) relação conflituosa das mulheres e seus maridos.</p><p>d) nostalgia do desejo de viver como os antepassados.</p><p>e) marca de an�gos sofrimentos no fluxo de consciência.</p><p>IT0312 - (Fuvest)</p><p>Remissão</p><p>Tua memória, pasto de poesia,</p><p>tua poesia, pasto dos vulgares,</p><p>vão se engastando numa coisa fria</p><p>a que tu chamas: vida, e seus pesares.</p><p>Mas, pesares de quê? perguntaria,</p><p>se esse travo de angús�a nos cantares,</p><p>se o que dorme na base da elegia</p><p>vai correndo e secando pelos ares,</p><p>e nada resta, mesmo, do que escreves</p><p>e te forçou ao exílio das palavras,</p><p>senão contentamento de escrever,</p><p>enquanto o tempo, e suas formas breves</p><p>ou longas, que su�l interpretavas,</p><p>se evapora no fundo do teu ser?</p><p>Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.</p><p>Claro enigma apresenta, por meio do lirismo reflexivo, o</p><p>posicionamento do escritor perante a sua condição no</p><p>mundo. Considerando-o como representa�vo desse seu</p><p>aspecto, o poema “Remissão”</p><p>a) traduz a melancolia e o recolhimento do eu lírico em</p><p>face da sensação de incomunicabilidade com uma</p><p>realidade indiferente à sua poesia.</p><p>b) revela uma perspec�va inconformada, mesclando-a,</p><p>livre da indulgência dos anos anteriores, a um novo</p><p>formalismo esté�co.</p><p>c) propõe, como reação do poeta à vulgaridade do</p><p>mundo, uma poé�ca capaz de interferir na realidade</p><p>pelo viés nostálgico.</p><p>d) reflete a visão idealizada do trabalho do poeta e a</p><p>consciência da perenidade da poesia, resistente à</p><p>passagem do tempo.</p><p>e) realiza a transição do lirismo social para o lirismo</p><p>meta�sico, caracterizado pela adesão ao conforto</p><p>espiritual e ao escapismo imagina�vo.</p><p>IT0326 - (Fuvest)</p><p>14@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Agora, o Manuel Fulô, este, sim! Um sujeito pingadinho,</p><p>quase menino – “pepino que encorujou desde pequeno”</p><p>– cara de bobo de fazenda, do segundo �po –; porque</p><p>toda fazenda tem o seu bobo, que é, ou um velhote</p><p>baixote, de barba rara no queixo, ou um eterno rapazola,</p><p>meio surdo, gago, glabro* e alvar**. Mas gostava de</p><p>fechar a cara e roncar voz, todo enfarruscado, para</p><p>mostrar brabeza, e só por descuido sorria, um sorriso</p><p>manhoso de dono de hotel. E, em suas feições de</p><p>caburé*** insalubre, amigavam-se as marcas do sangue</p><p>aimoré e do gálico herdado: cabelo preto, corrido, que</p><p>boi lambeu; dentes de fio em meia-lua; malares</p><p>pontudos; lobo da orelha aderente; testa curta, fugidia;</p><p>olhinhos de viés e nariz peba, mongol.</p><p>Guimarães Rosa, “Corpo fechado”, de Sagarana.</p><p>*sem pelos, sem barba **tolo ***mes�ço</p><p>O retrato de Manuel Fulô, tal como aparece no</p><p>fragmento, permite afirmar que</p><p>a) há clara an�pa�a do narrador para com a personagem,</p><p>que por isso é caracterizada como “bobo de fazenda”.</p><p>b) estão presentes traços de diferentes etnias, de modo a</p><p>refle�r a mescla de culturas própria ao es�lo do livro.</p><p>c) a expressão “caburé insalubre” denota o determinismo</p><p>biológico que norteia o livro.</p><p>d) é irônico o trecho “para mostrar brabeza”, pois ao fim</p><p>da narra�va Manuel Fulô sofre derrota na luta �sica.</p><p>e) se apontam em sua fisionomia os “olhinhos de viés”</p><p>para caracterizar a personagem como ingênua.</p><p>IT0016 - (Enem)</p><p>A língua tupi no Brasil</p><p>Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Pira�ninga</p><p>(peixe seco, em tupi) era quase sinônimo de falar língua</p><p>de índio. Em cada cinco habitantes da cidade, só dois</p><p>conheciam o português. Por isso, em 1698, o governador</p><p>da província, Artur de Sá e Meneses, implorou a Portugal</p><p>que só mandasse padres que soubessem “a língua geral</p><p>dos índios”, pois “aquela gente não se explica em outro</p><p>idioma”.</p><p>Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo</p><p>se desenvolveu e se espalhou no século XVII, graças ao</p><p>isolamento geográfico da cidade e à a�vidade pouco</p><p>cristã dos mamelucos paulistas: as bandeiras, expedições</p><p>ao sertão em busca de escravos índios. Muitos</p><p>bandeirantes nem sequer falavam o português ou se</p><p>expressavam mal. Domingos Jorge Velho, o paulista que</p><p>destruiu o Quilombo dos Palmares em 1694, foi descrito</p><p>pelo bispo de Pernambuco como “um bárbaro que nem</p><p>falar sabe”. Em suas andanças, essa gente ba�zou lugares</p><p>como Avanhandava (lugar onde o índio corre),</p><p>Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e Itu (cachoeira).</p><p>E acabou inventando uma nova língua.</p><p>“Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100</p><p>tribos diferentes”, conta o</p><p>historiador e antropólogo John</p><p>Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas. “Isso</p><p>mudou o tupi paulista, que, além da influência do</p><p>português, ainda recebia palavras de outros idiomas.” O</p><p>resultado da mistura ficou conhecido como língua geral</p><p>do sul, uma espécie de tupi facilitado.</p><p>ANGELO. C. Disponível em: h�p://super.abril.com.br.</p><p>Acesso em: 8 ago. 2012 (adaptado).</p><p>O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação</p><p>linguís�ca nacional. Quanto ao papel do tupi na formação</p><p>do português brasileiro, depreende-se que essa língua</p><p>indígena</p><p>a) contribuiu efe�vamente para o léxico, com nomes</p><p>rela�vos aos traços caracterís�cos dos lugares</p><p>designados.</p><p>b) originou o português falado em São Paulo no século</p><p>XVII, em cuja base grama�cal também está a fala de</p><p>variadas etnias indígenas.</p><p>c) desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de</p><p>catequese dos padres portugueses vindos de Lisboa.</p><p>d) misturou-se aos falares africanos, em razão das</p><p>interações entre portugueses e negros nas inves�das</p><p>contra o Quilombo dos Palmares.</p><p>e) expandiu-se paralelamente ao português falado pelo</p><p>colonizador, e juntos originaram a língua dos</p><p>bandeirantes paulistas.</p><p>IT0307 - (Fuvest)</p><p>Alferes, Ouro Preto em sombras</p><p>Espera pelo ba�zado,</p><p>Ainda que tarde sobre a morte do sonhador</p><p>Ainda que tarde sobre as bocas do traidor.</p><p>Raios de sol brilharão nos sinos:</p><p>Dez vias dar.</p><p>Ai Marília, as liras e o amar</p><p>Não posso mais sufocar</p><p>E a minha voz irá</p><p>Pra muito além do desterro e do sal,</p><p>Maior que a voz do rei.</p><p>Aldir Blanc e João Bosco, trecho da canção “Alferes”, de</p><p>1973.</p><p>A imagem de Tiradentes – a quem Cecília Meireles</p><p>qualificou “o Alferes imortal, radiosa expressão dos mais</p><p>altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo”,</p><p>em palestra feita em Ouro Preto – torna a aparecer como</p><p>15@professorferretto @prof_ferretto</p><p>símbolo da luta pela liberdade em vários momentos da</p><p>cultura nacional. Os versos do letrista Aldir Blanc evocam,</p><p>em novo contexto, o már�r sonhador para resis�r ao</p><p>discurso</p><p>a) da doutrina revolucionária de ligas poli�camente</p><p>engajadas.</p><p>b) da historiografia, que minimizou a importância de</p><p>Tiradentes.</p><p>c) de autoritarismo e opressão, próprio da ditadura</p><p>militar.</p><p>d) dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras</p><p>amorosas.</p><p>e) da �rania portuguesa sobre os mineradores no ciclo</p><p>do ouro.</p><p>IT0352 - (Enem)</p><p>Esaú e Jacó</p><p>Bárbara entrou, enquanto o pai pegou da viola e passou</p><p>ao patamar de pedra, à porta da esquerda. Era uma</p><p>criaturinha leve e breve, saia bordada, chinelinha no pé.</p><p>Não se lhe podia negar um corpo airoso. Os cabelos,</p><p>apanhados no alto da cabeça por um pedaço de fita</p><p>enxovalhada, faziam-lhe um solidéu natural, cuja borla</p><p>era suprida por um raminho de arruda. Já vai nisto um</p><p>pouco de sacerdo�sa. O mistério estava nos olhos. Estes</p><p>eram opacos, não sempre nem tanto que não fossem</p><p>também lúcidos e agudos, e neste úl�mo estado eram</p><p>igualmente compridos; tão compridos e tão agudos que</p><p>entravam pela gente abaixo, revolviam o coração e</p><p>tornavam cá fora, prontos para nova entrada e outro</p><p>revolvimento. Não te minto dizendo que as duas</p><p>sen�ram tal ou qual fascinação. Bárbara interrogou-as;</p><p>Na�vidade disse ao que vinha e entregou-lhe os retratos</p><p>dos filhos e os cabelos cortados, por lhe haverem dito</p><p>que bastava.</p><p>– Basta, confirmou Bárbara. Os meninos são seus filhos?</p><p>– São.</p><p>ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,</p><p>1994.</p><p>No relato da visita de duas mulheres ricas a uma vidente</p><p>no Morro do Castelo, a ironia — um dos traços mais</p><p>representa�vos da narra�va machadiana — consiste no</p><p>a) modo de ves�r dos moradores do morro carioca.</p><p>b) senso prá�co em relação às oportunidades de renda.</p><p>c) mistério que cerca as clientes de prá�cas de vidência.</p><p>d) misto de singeleza e astúcia dos gestos da</p><p>personagem.</p><p>e) interesse do narrador pelas figuras femininas</p><p>ambíguas.</p><p>IT0316 - (Fuvest)</p><p>Can�ga de enganar</p><p>(...)</p><p>O mundo não tem sen�do.</p><p>O mundo e suas canções</p><p>de �mbre mais comovido</p><p>estão calados, e a fala</p><p>que de uma para outra sala</p><p>ouvimos em certo instante</p><p>é silêncio que faz eco</p><p>e que volta a ser silêncio</p><p>no negrume circundante.</p><p>Silêncio: que quer dizer?</p><p>Que diz a boca do mundo?</p><p>Meu bem, o mundo é fechado,</p><p>se não for antes vazio.</p><p>O mundo é talvez: e é só.</p><p>Talvez nem seja talvez.</p><p>O mundo não vale a pena,</p><p>mas a pena não existe.</p><p>Meu bem, façamos de conta.</p><p>De sofrer e de olvidar,</p><p>de lembrar e de fruir,</p><p>de escolher nossas lembranças</p><p>e revertê-las, acaso</p><p>se lembrem demais em nós.</p><p>Façamos, meu bem, de conta</p><p>– mas a conta não existe –</p><p>que é tudo como se fosse,</p><p>ou que, se fora, não era.</p><p>(...)</p><p>Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma.</p><p>Em Claro Enigma, a ideia de engano surge sob a</p><p>perspec�va do sujeito maduro, já afastado das ilusões,</p><p>como se lê no verso-síntese “Tu não me enganas, mundo,</p><p>e não te engano a �.” (“Legado”). O excerto de “Can�ga</p><p>de enganar” apresenta a relação do eu com o mundo</p><p>mediada</p><p>a) pela música, que ressoa em canções líricas.</p><p>b) pela cor, brilhante na claridade solar.</p><p>c) pela afirmação de valores sólidos.</p><p>d) pela memória, que corre fluida no tempo.</p><p>e) pelo despropósito de um faz-de-conta.</p><p>IT0310 - (Fuvest)</p><p>Leusipo perguntou o que eu �nha ido fazer na aldeia.</p><p>Preferi achar que o tom era amistoso e, no meu</p><p>paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era</p><p>um romance. Eu tentava convencê-lo de que não havia</p><p>mo�vo para preocupação. Tudo o que eu queria saber já</p><p>16@professorferretto @prof_ferretto</p><p>era conhecido. E ele me perguntava: “Então, porque você</p><p>quer saber, se já sabe?” Tentei lhe explicar que pretendia</p><p>escrever um livro e mais uma vez o que era um romance,</p><p>o que era um livro de ficção (e mostrava o que �nha nas</p><p>mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma</p><p>consequência na realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se</p><p>de desentendido, mas na verdade só queria me in�midar.</p><p>As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu</p><p>tentava dizer que, para os brancos que não acreditam em</p><p>deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente</p><p>dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase,</p><p>já não sabia se o idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a</p><p>não ser: “O que você quer com o passado?”. Repe�a. E,</p><p>diante da sua insistência bovina, �ve de me render à</p><p>evidência de que eu não sabia responder à sua pergunta.</p><p>Bernardo Carvalho, Nove Noites. Adaptado.</p><p>Na cena apresentada, que explora o desconforto gerado</p><p>pela di�cil interlocução com o indígena, o narrador</p><p>a) abandona a ideia de inves�gar o passado, ao se ver</p><p>encurralado por Leusipo.</p><p>b) explora a sua posição ameaçadora de homem branco,</p><p>ao insis�r em permanecer na aldeia.</p><p>c) age com ousadia, ao procurar subjugar Leusipo a</p><p>contribuir com o seu projeto.</p><p>d) iden�fica-se com a sabedoria de Leusipo, ao preterir</p><p>do papel interroga�vo e se deixar ques�onar.</p><p>e) sente-se frustrado com a reação de Leusipo, que não</p><p>se deixa levar por sua diplomacia.</p><p>IT0014 - (Enem)</p><p>Senhor Juiz</p><p>O instrumento do “crime” que se arrola</p><p>Nesse processo de contravenção</p><p>Não é faca, revólver ou pistola,</p><p>Simplesmente, doutor, é um violão.</p><p>Será crime, afinal, será pecado,</p><p>Será delito de tão vis horrores,</p><p>Perambular na rua um desgraçado</p><p>Derramando nas praças suas dores?</p><p>Mande, pois, libertá-lo da agonia</p><p>(a consciência assim nos insinua)</p><p>Não sufoque o cantar que vem da rua,</p><p>Que vem da noite para saudar o dia.</p><p>É o apelo que aqui lhe dirigimos,</p><p>Na certeza do seu acolhimento</p><p>Juntada desta aos autos nós pedimos</p><p>E pedimos, enfim, deferimento</p><p>Disponível em: www.migalhas.com.br. Acesso em: 23 set.</p><p>2020 (adaptado).</p><p>Essa pe�ção de habeas corpus, ao transgredir o rigor da</p><p>linguagem jurídica,</p><p>a) permite que a narra�va seja obje�va e repleta de</p><p>sen�dos denota�vos.</p><p>b) mostra que o cordel explora termos próprios da esfera</p><p>do direito.</p><p>c) demonstra que o jogo de linguagem proposto atenua a</p><p>gravidade do delito.</p><p>d) exemplifica como o texto em forma de cordel</p><p>compromete a solicitação pretendida.</p><p>e) esclarece que os termos “crime” e “processo de</p><p>contravenção” são sinônimos.</p><p>IT0353 - (Enem)</p><p>A senhora</p><p>manifestava-se por atos, por gestos, e</p><p>sobretudo por um certo silêncio, que amargava, que</p><p>esfolava. Porém desmoralizar escancaradamente o</p><p>marido, não era com ela. [...]</p><p>As negras receberam ordem para meter no serviço a</p><p>gente do tal compadre Silveira: as cunhadas, ao fuso; os</p><p>cunhados, ao campo, tratar do gado com os vaqueiros; a</p><p>mulher e as irmãs, que se ocupassem da ninhada.</p><p>Margarida não �vera filhos, e como os desejasse com a</p><p>força de suas vontades, tratava sempre bem aos</p><p>pequenitos e às mães que os estavam criando. Não era</p><p>isso uma sen�mentalidade cristã, uma ternura, era o</p><p>egoísta e cru ins�nto da maternidade, obrando por mera</p><p>simpa�a carnal. Quanto ao pai do lote (referia-se ao</p><p>Antônio), esse que fosse ajudar ao vaqueiro das bestas.</p><p>Ordens dadas, o Quinquim referendava. Cada um</p><p>moralizava o outro, para moralizar-se.</p><p>PAIVA, M. O. Dona Guidinha do Poço. Rio de Janeiro:</p><p>Tecnoprint, s/d.</p><p>No trecho do romance naturalista, a forma como o</p><p>narrador julga comportamentos e emoções das</p><p>personagens femininas revela influência do pensamento</p><p>a) capitalista, marcado pela distribuição funcional do</p><p>trabalho.</p><p>b) liberal, buscando a igualdade entre pessoas</p><p>escravizadas e livres.</p><p>c) cien�fico, considerando o ser humano como um</p><p>fenômeno biológico.</p><p>d) religioso, fundamentado na fé e na aceitação dos</p><p>dogmas do cris�anismo.</p><p>e) afe�vo, manifesto na determinação de acolher</p><p>familiares e no respeito mútuo.</p><p>17@professorferretto @prof_ferretto</p><p>IT0002 - (Enem)</p><p>Não que Pelino fosse químico, longe disso; mas era sábio,</p><p>era gramá�co. Ninguém escrevia em Tubiacanga que não</p><p>levasse bordoada do Capitão Pelino, e mesmo quando se</p><p>falava em algum homem notável lá no Rio, ele não</p><p>deixava de dizer: “Não há dúvida! O homem tem talento,</p><p>mas escreve: ‘um outro’, ‘de resto’...” E contraía os lábios</p><p>como se �vesse engolido alguma cousa amarga.</p><p>Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respeitar o</p><p>solene Pelino, que corrigia e emendava as maiores glórias</p><p>nacionais. Um sábio...</p><p>Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero, o</p><p>Candido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de ter</p><p>passado mais uma vez a �ntura nos cabelos, o velho</p><p>mestre-escola saía vagarosamente de casa, muito</p><p>abotoado no seu paletó de brim mineiro, e encaminhava-</p><p>se para a bo�ca do Bastos a dar dous dedos de prosa.</p><p>Conversar é um modo de dizer, porque era Pelino avaro</p><p>de palavras, limitando-se tão-somente a ouvir. Quando,</p><p>porém, dos lábios de alguém escapava a menor</p><p>incorreção de linguagem, intervinha e emendava. “Eu</p><p>asseguro, dizia o agente do Correio, que…” Por aí, o</p><p>mestre-escola intervinha com mansuetude evangélica:</p><p>“Não diga ‘asseguro’, Senhor Bernardes; em português é</p><p>garanto”.</p><p>E a conversa con�nuava depois da emenda, para ser de</p><p>novo interrompida por uma outra. Por essas e outras,</p><p>houve muitos palestradores que se afastaram, mas</p><p>Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres, con�nuava</p><p>o seu apostolado de vernaculismo.</p><p>BARRETO, L. A Nova Califórnia. Disponível em:</p><p>www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 24 jul. 2019.</p><p>Do ponto de vista linguís�co, a defesa da norma-padrão</p><p>pelo personagem caracteriza-se por</p><p>a) contestar o ensino de regras em detrimento do</p><p>conteúdo das informações.</p><p>b) resgatar valores patrió�cos relacionados às tradições</p><p>da língua portuguesa.</p><p>c) adotar uma perspec�va complacente em relação aos</p><p>desvios grama�cais.</p><p>d) invalidar os usos da língua pautados pelos preceitos da</p><p>gramá�ca norma�va.</p><p>e) desconsiderar diferentes níveis de formalidade nas</p><p>situações de comunicação.</p><p>IT0319 - (Fuvest)</p><p>Os textos literários são obras de discurso, a que falta a</p><p>imediata referencialidade da linguagem corrente;</p><p>poé�cos, abolem, “destroem” o mundo circundante,</p><p>co�diano, graças à função irrealizante da imaginação que</p><p>os constrói. E prendem-nos na teia de sua linguagem, a</p><p>que devem o poder de apelo esté�co que nos enleia;</p><p>seduz-nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...).</p><p>No entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando</p><p>retornamos ao real, nossa experiência, ampliada e</p><p>renovada pela experiência da obra, à luz do que nos</p><p>revelou, possibilita redescobri-lo, sen�ndo-o e pensando-</p><p>o de maneira diferente e nova. A ilusão, a men�ra, o</p><p>fingimento da ficção, aclara o real ao desligar-se dele,</p><p>transfigurando-o; e aclara-o já pelo insight que em nós</p><p>provocou.</p><p>Benedito Nunes, “É�ca e leitura”, de Crivo de Papel.</p><p>O que eu precisava era ler um romance fantás�co, um</p><p>romance besta, em que os homens e as mulheres fossem</p><p>criações absurdas, não andassem magoando-se, traindo-</p><p>se. Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente</p><p>essas leituras já não me comovem.</p><p>Graciliano Ramos, Angús�a.</p><p>Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado</p><p>de ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma</p><p>concessão ao gosto público. Solilóquio doido, enervante.</p><p>Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a</p><p>respeito de seu livro Angús�a.</p><p>Para Graciliano Ramos, Angús�a não faz concessão ao</p><p>gosto do público na medida em que compõe uma</p><p>atmosfera</p><p>a) dramá�ca, ao representar as tensões de seu tempo.</p><p>b) grotesca, ao eliminar a expressão individual.</p><p>c) sa�rica, ao reduzir os eventos ao plano do riso.</p><p>d) ingênua, ao simular o equilíbrio entre sujeito e</p><p>mundo.</p><p>e) alegórica, ao exaltar as imagens de sujeira.</p><p>IT0323 - (Fuvest)</p><p>Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que</p><p>a pisa.</p><p>Mas mais frágil fica a bota.</p><p>Gonçalo M. Tavares, 1: poemas.</p><p>*sesta: repouso após o almoço.</p><p>Considerando que se trata de um texto literário, uma</p><p>interpretação que seja capaz de captar a sua</p><p>complexidade abordará o poema como</p><p>a) uma defesa da natureza.</p><p>b) um ataque às forças armadas.</p><p>c) uma defesa dos direitos humanos.</p><p>d) uma defesa da resistência civil.</p><p>e) um ataque à passividade.</p><p>18@professorferretto @prof_ferretto</p><p>IT0292 - (Fuvest)</p><p>No modelo hegemônico, quase todo o treinamento é</p><p>reservado para o desenvolvimento muscular, sobrando</p><p>muito pouco tempo para a mobilidade, a flexibilidade, o</p><p>treino restaura�vo, o relaxamento e o treinamento</p><p>cardiovascular. Na teoria, seria algo em torno de 70%</p><p>para o fortalecimento, 20% para o cárdio e 10% para a</p><p>flexibilidade e outros. Na prá�ca, muitos alunos</p><p>direcionam 100% do tempo para o fortalecimento.</p><p>Como a prá�ca cardiovascular é infinitamente mais</p><p>significa�va e determinante para a nossa saúde orgânica</p><p>como um todo, podendo ser considerada o “coração” de</p><p>um treinamento consciente e saudável, essa ordem</p><p>deveria ser revista.</p><p>Nuno Cobra Jr. “Fitness não é saúde”. Uol. 06/05/2021.</p><p>Adaptado.</p><p>Dentre as expressões destacadas, a que exerce a mesma</p><p>função sintá�ca do termo sublinhado em “o treino</p><p>restaura�vo, o relaxamento e o treinamento</p><p>cardiovascular” é:</p><p>a) um atleta de seleção precisa de treinamento intenso.</p><p>b) o amor ao esporte é fundamental para o atleta.</p><p>c) a população incorpora radicalmente a�tudes</p><p>saudáveis.</p><p>d) muitas pessoas se beneficiam de alimentos verdes.</p><p>e) todo �po de a�vidade �sica faz bem à saúde mental.</p><p>IT0311 - (Fuvest)</p><p>Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da manhã.</p><p>Quem o visse, com os polegares me�dos no cordão do</p><p>chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo,</p><p>cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água quieta;</p><p>mas em verdade vos digo que pensava em outra coisa.</p><p>Cotejava o passado com o presente. Que era, há um ano?</p><p>Professor. Que é agora! Capitalista. Olha para si, para as</p><p>chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente</p><p>amigo, Cris�ano Palha), para a casa, para o jardim, para a</p><p>enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as</p><p>chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de</p><p>propriedade.</p><p>– Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas,</p><p>pensa ele. Se mana Piedade tem casado com Quincas</p><p>Barba, apenas me dano uma esperança colateral. Não</p><p>casou; ambos morreram, e aqui está tudo comigo; de</p><p>modo que o que parecia uma desgraça...</p><p>Machado de Assis, Quincas Borba.</p><p>O primeiro capítulo de Quincas Borba já apresenta ao</p><p>leitor um elemento que será fundamental na construção</p><p>do romance:</p><p>a) a contemplação das paisagens naturais, como se lê em</p><p>“ele</p>

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