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<p>E-BOOK</p><p>SISTEMAS DE TRATAMENTO</p><p>E ABASTECIMENTO</p><p>Saneamento Ambiental e sua</p><p>importância socioambiental</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Nesta Unidade de Aprendizagem, serão estudados o saneamento ambiental e a sua importância</p><p>socioambiental. As ações de saneamento são de fundamental importância para o</p><p>desenvolvimento da saúde e da qualidade de vida da população, bem como para a proteção do</p><p>meio ambiente. Por este motivo, tal conhecimento torna-se fundamental para os futuros gestores</p><p>ambientais, assim como para o desenvolvimento mais sustentável dos centros urbanos.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Identificar o que é saneamento ambiental.•</p><p>Reconhecer a importância do saneamento básico para a população.•</p><p>Relacionar o desenvolvimento social com ações de saneamento ambiental.•</p><p>DESAFIO</p><p>O saneamento ambiental compreende um processo fundamental para a manutenção da qualidade</p><p>de vida. Ao saber disso o prefeito solicita para você, gestor ambiental da prefeitura, o</p><p>detalhamento de todos os passos que serão necessários para que o município construa o seu</p><p>Plano Municipal de Saneamento.</p><p>- Capa</p><p>- Sumário</p><p>- Introdução(breve contextualização do seu município)</p><p>- Plano de mobilização social (descrever a metodologia)</p><p>- Diagnóstico técnico-participativo (descrever a metodologia)</p><p>INFOGRÁFICO</p><p>O infográfico a seguir contempla os objetivos e os principais problemas com respeito ao</p><p>saneamento ambiental.</p><p>CONTEÚDO DO LIVRO</p><p>O livro Saneamento Ambiental e sua Importância Socioambiental é a base teórica para esta</p><p>Unidade de Aprendizagem e proporciona melhor compreensão dos conteúdos apresentados aqui.</p><p>SANEAMENTO</p><p>Eliane Conterato</p><p>Saneamento ambiental</p><p>e sua importância</p><p>socioambiental</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>� Identificar o que é saneamento ambiental.</p><p>� Reconhecer a importância do saneamento básico para a população.</p><p>� Relacionar o desenvolvimento social com as ações de saneamento</p><p>ambiental.</p><p>Introdução</p><p>Você já parou para pensar o quanto o saneamento interfere no desen-</p><p>volvimento social e ambiental da sociedade? O quanto a falta desse</p><p>serviço interfere na qualidade de vida da população? Conforme Ataide</p><p>e Borja (2017), pensar em justiça social é pensar no impacto socioam-</p><p>biental que representa o acesso a bens e serviços de um cidadão. A</p><p>falta de saneamento, que é um serviço básico que deve ser oferecido a</p><p>um cidadão, pode trazer diversos impactos como poluição dos recursos</p><p>hídricos, transmissão de doenças, aumento da mortalidade infantil, baixa</p><p>do rendimento escolar, entre outros.</p><p>As ações de saneamento são de fundamental importância para o de-</p><p>senvolvimento e bem-estar da sociedade, bem como para a proteção do</p><p>meio ambiente. Neste texto, você vai estudar o conceito de saneamento</p><p>ambiental e sua importância socioambiental.</p><p>Saneamento ambiental</p><p>Segundo Rosen (2006), o saneamento — considerado, em seu aspecto físico,</p><p>uma luta do homem em relação ao ambiente — existe desde o início da huma-</p><p>nidade, ora se desenvolvendo ora retrocedendo, de acordo com o surgimento,</p><p>evolução, queda e renascimento das civilizações.</p><p>Jordão e Pessoa (2014) enfatizam que o instinto e a necessidade levaram</p><p>o homem a se fixar próximo às fontes de energia, mas não de medir a ne-</p><p>cessidade de afastar ou condicionar os resíduos refugados por ele. Com isso,</p><p>historicamente, verifica-se a poluição das fontes de energia pelo homem até</p><p>se tornarem, nos piores casos, inadequadas à vida.</p><p>Figura 1. Energia – Homem – Resíduos.</p><p>Fonte: Adaptada de Jordão e Pessoa (2014, p. 02).</p><p>LIXO</p><p>ESGOTO</p><p>A</p><p>LI</p><p>M</p><p>EN</p><p>TO</p><p>Á</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>AR</p><p>HOMEM</p><p>Em resumo, desde que o ser humano passou a viver por longos períodos</p><p>em um mesmo espaço, passou também a conviver com a poluição causada</p><p>por seus rejeitos e as consequências disso para a saúde e o meio ambiente. A</p><p>Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecida pela Lei Federal nº. 6.938,</p><p>de 31 de agosto de 1981, define poluição como a degradação da qualidade</p><p>ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente:</p><p>Saneamento ambiental e sua importância socioambiental2</p><p>a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;</p><p>b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;</p><p>c) afetem desfavoravelmente a biota;</p><p>d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;</p><p>e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais</p><p>estabelecidos.</p><p>A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como um estado</p><p>de completo bem-estar físico, social e mental, e não apenas a ausência de do-</p><p>enças. A organização define ainda o saneamento ambiental como o controle</p><p>de todos os fatores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer</p><p>efeitos nocivos sobre a saúde.</p><p>O Ministério das Cidades define saneamento ambiental como o con-</p><p>junto de ações técnicas e socioeconômicas que, quando aplicadas, resultam</p><p>em maiores níveis de salubridade ambiental. Essas ações compreendem o</p><p>abastecimento de água em quantidade e em qualidade adequada; a coleta, o</p><p>tratamento e a disposição adequada dos resíduos sólidos, efluentes líquidos e</p><p>emissões atmosféricas; o manejo de águas pluviais; o controle ambiental de</p><p>vetores e reservatórios de doenças; a promoção sanitária e o controle ambiental</p><p>do uso e ocupação do solo; e a prevenção e controle do excesso de ruídos.</p><p>Para o desenvolvimento dessas ações, são necessárias diversas obras e</p><p>serviços:</p><p>� O abastecimento de água compreende a escolha de um manancial</p><p>que tenha qualidade e volume suficiente, a construção de adutoras e</p><p>estações de tratamento de água e a construção de reservatórios e redes</p><p>que levem a água potável até as residências.</p><p>� Para a coleta de esgoto, são necessárias construções de redes de coleta e</p><p>acessórios, interceptores, emissários e estações de tratamento de esgoto.</p><p>� Para a destinação adequada de resíduos sólidos, é necessário um</p><p>sistema de coleta adequado e a construção e aterros sanitários.</p><p>� Para a drenagem urbana, é necessária a construção de redes de coleta</p><p>pluviais e obras para amenizar o efeito de chuvas intensas e inundações.</p><p>Além dessas obras, também é necessária a gestão adequada de todos esses</p><p>serviços, seja pelo poder público, seja por concessionária. Como você pode</p><p>observar nessas definições, o saneamento ambiental compreende uma gama</p><p>de ações visando desde a conscientização da população até a elaboração e</p><p>execução de políticas públicas.</p><p>3Saneamento ambiental e sua importância socioambiental</p><p>Saneamento e desenvolvimento</p><p>A existência de saneamento adequado é uma condição primordial para o</p><p>desenvolvimento de uma nação, sendo um fator essencial para o país ser cha-</p><p>mado de “desenvolvido”. A falta de saneamento afeta as áreas de preservação,</p><p>turismo, trabalho, saúde, educação e cidadania.</p><p>Segundo o Instituto Trata Brasil, em estudo realizado em 2015, as perdas de</p><p>água devido a condições insatisfatórias de funcionamento de redes e desvios</p><p>de água atingem 38,1% no Brasil, ou seja, de toda a água tratada para a distri-</p><p>buição, quase 40% se perdem antes de chegar ao consumidor (INSTITUTO</p><p>TRATA BRASIL, 2015). Essa perda demonstra um descaso com o meio am-</p><p>biente, uma vez que a água é retirada dos mananciais, tratada e desperdiçada</p><p>antes mesmo de ser utilizada. No setor de turismo, o instituto indica que, em</p><p>2015, deixaram de ser gerados R$ 5,8 bilhões de renda do trabalho por conta</p><p>da degradação ambiental de áreas por falta de saneamento básico.</p><p>Em relação ao trabalho, o investimento no setor de saneamento gera renda</p><p>que movimenta diversos setores, como construção civil e comércio. Em re-</p><p>lação à saúde, o investimento gera economia, já que diminui as internações</p><p>causadas, principalmente, por doenças de origem ou transmissão hídrica.</p><p>Segundo informações do Trata Brasil, a cada R$ 1 investido em saneamento</p><p>é gerada uma economia</p><p>rê</p><p>n</p><p>ci</p><p>a</p><p>N</p><p>e</p><p>g</p><p>a</p><p>ti</p><p>vo</p><p>Nível da energia potencial da água</p><p>atraída pelos sólidos (matriz) do solo</p><p>Potencial</p><p>osmótico</p><p>Potencial</p><p>matricial</p><p>Figura 5.5 Relação entre a energia potencial da água livre em um estado de referência padrão (pressão, temperatura</p><p>e altura) e a da água do solo. Se a água do solo contém sais e outros solutos, a atração mútua entre as moléculas de</p><p>água e estes compostos químicos reduz a energia potencial da água, sendo o grau de redução denominado potencial</p><p>osmótico. Da mesma forma, a atração mútua entre os sólidos (ou matriz) do solo e as moléculas da água do solo tam-</p><p>bém reduzem a energia potencial da água. Neste caso, a redução é chamada de potencial matricial. Uma vez que am-</p><p>bas as interações reduzem o nível da energia potencial da água quando comparado com o da água livre, as mudanças</p><p>no nível de energia (potencial osmótico e matricial) são todas consideradas negativas. Em contraste, as diferenças de</p><p>energia devidas à gravidade (potencial gravitacional) são sempre positivas, porque a altura de referência da água livre</p><p>é propositadamente indicada em um ponto no perfil do solo, inferior ao da água do solo. A raiz de uma planta, quando</p><p>tenta remover água de um solo úmido, tem que superar todas essas três forças simultaneamente.</p><p>Capítulo 5 A Água do Solo: Características e Comportamento 153</p><p>Após fortes chuvas, derretimento de neve ou irrigação, a força da gravidade desempenha</p><p>um importante papel na remoção do excesso de água dos horizontes superiores, bem como na</p><p>recarga das águas subterrâneas situadas abaixo do perfil do solo (Seção 5.5).</p><p>Potencial de pressão O componente de pressão potencial é responsável por todos os outros</p><p>efeitos do potencial da água do solo, além da gravidade e dos níveis de solutos. O potencial de</p><p>pressão, na maioria das vezes, inclui (1) a pressão hidrostática positiva decorrente do peso da</p><p>água em solos saturados e aquíferos e (2) a pressão negativa decorrente das forças de atração</p><p>entre a água e os sólidos ou a matriz do solo.</p><p>O potencial hidrostático, �h, é um componente que é operacional apenas para água em</p><p>zonas saturadas abaixo do lençol freático. Qualquer pessoa que tenha mergulhado para o fun-</p><p>do de uma piscina já sentiu a pressão hidrostática nos seus tímpanos.</p><p>A atração da água para as superfícies sólidas dá origem ao potencial matricial, �m, que é</p><p>sempre negativo porque a água atraída pela matriz do solo tem um estado de energia menor</p><p>do que o da água livre. (Essas pressões negativas são muitas vezes referidas como sucção ou</p><p>tensão, significando que os seus valores são positivos.) O potencial matricial opera em um solo</p><p>não saturado situado acima de um lençol freático (Figura 5.6).</p><p>O potencial matricial, �m, que resulta de forças adesivas e capilares, influencia tanto a re-</p><p>tenção como o movimento da água do solo. Diferenças entre os dois �m de duas zonas adja-</p><p>centes do solo promovem o movimento da água de áreas mais úmidas (estado de alta energia)</p><p>para áreas mais secas (estado de baixa energia) ou de poros grandes para poros pequenos.</p><p>Embora esse movimento possa ser lento, ele é extremamente importante para o fornecimento</p><p>de água às raízes das plantas e para aplicações em obras de engenharia.</p><p>Potencial osmótico O potencial osmótico, �o, é atribuído tanto à presença de</p><p>solutos inorgânicos como orgânicos na solução do solo. Como as moléculas de</p><p>água se aglomeram em torno dos íons ou de moléculas de solutos, a facilidade de</p><p>circulação (e, portanto, a energia potencial) da água é reduzida. Quanto maior a</p><p>Animação sobre osmose:</p><p>http://www.stolaf.</p><p>edu/people/giannini/</p><p>flashanimat/transport/</p><p>osmosis.swf</p><p>0</p><p>Potencial de pressão</p><p>Potencial</p><p>hidrostático,</p><p>valores</p><p>positivos</p><p>–</p><p>+</p><p>+</p><p>Nível freático</p><p>Profundidade</p><p>no perfil</p><p>do solo</p><p>–</p><p>PotencialPotencial</p><p>matricial,matricial,</p><p>valores negativosvalores negativos</p><p>–</p><p>Potencial</p><p>matricial,</p><p>valores negativos</p><p>Figura 5.6 Tanto o potencial matricial como o hidrostático são potenciais de pressão que podem contribuir para</p><p>o potencial total da água. O potencial matricial é sempre negativo, e o hidrostático é positivo. Quando a água está</p><p>em um solo não saturado acima do lençol freático (acima da zona saturada), ela está sujeita à influência de potenciais</p><p>matriciais. Por outro lado, a água situada em um solo saturado abaixo do nível freático está sujeita a potenciais hidros-</p><p>táticos. No exemplo mostrado aqui, o potencial matricial diminui linearmente à medida que a altura acima do lençol</p><p>freático aumenta, o que significa que a água que se eleva acima do lençol freático, por atração capilar, é a única fonte</p><p>de água neste perfil. A chuva ou a irrigação (ver linha pontilhada) iria alterar (ou curvar) a linha reta, mas não alteraria</p><p>as relações fundamentais aqui ilustradas.</p><p>154 Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos</p><p>concentração de solutos, mais reduzido será o potencial osmótico. Como sempre, a água</p><p>tenderá a se mover em direção a um ponto onde seu nível de energia é menor; neste caso,</p><p>para a zona de maior concentração de soluto. No entanto, a água em estado líquido somente</p><p>se moverá em resposta a diferenças de potencial osmótico (o processo denominado osmose)</p><p>se existir uma membrana semipermeável entre as zonas de alto e baixo potencial osmótico,</p><p>permitindo que somente a água passe e impedindo o movimento do soluto. Se nenhuma mem-</p><p>brana estiver presente, o movimento do soluto, em vez do da água, iguala em grande parte</p><p>as concentrações.</p><p>Por as diferentes zonas do solo normalmente não estarem separadas por membranas, o</p><p>potencial osmótico, �o, tem pouco efeito sobre o movimento da massa de água dos solos.</p><p>Seu efeito principal é constatado pela absorção de água pelas células das raízes das plantas</p><p>que estão isoladas da solução do solo pelas suas membranas celulares semipermeáveis. Em</p><p>solos ricos em sais solúveis, �o pode ser menor (ter um valor negativo maior) na solução</p><p>do solo do que nas células da raiz da planta; isso leva a restrições na absorção de água pelas</p><p>raízes das plantas. Em um solo muito salino, o potencial osmótico da água do solo pode</p><p>ser suficientemente baixo para fazer com que plântulas novas entrem em colapso (ou se</p><p>plasmolisem) à medida que a água caminha das células para a zona de menor potencial</p><p>osmótico do solo.</p><p>Métodos de expressão dos níveis de energia</p><p>Várias unidades podem ser usadas para expressar as diferenças nos níveis de energia da água</p><p>do solo. Um deles é a altura de uma coluna de água (geralmente em centímetros), cujo peso se</p><p>iguala ao potencial considerado. Já vimos esse meio de expressão quando definimos o signi-</p><p>ficado do h na equação da capilaridade (Seção 5.2), a qual nos fornece o potencial matricial</p><p>da água em um poro capilar. Uma segunda unidade é a pressão atmosférica padrão ao nível do</p><p>mar, que é de 760 mm Hg ou 1020 cm de água. Outra unidade denominada bar tem valores</p><p>aproximadamente iguais aos da pressão de uma atmosfera padrão. A energia pode ser expressa</p><p>por unidade de massa (joules/kg) ou por unidade de volume (newtons/m</p><p>2). No Sistema</p><p>Internacional de Unidades (SI), 1 pascal (Pa) é igual a 1 newton (N) atuando sobre uma área</p><p>de 1 m2. Neste livro, usamos Pa ou quilopascal (kPa) para expressar o potencial de água no</p><p>solo. Considerando que outras publicações podem usar outras unidades, a Tabela 5.1 mostra a</p><p>equivalência entre os meios mais comuns de expressar os potenciais da água do solo.</p><p>Tabela 5.1 Equivalentes aproximados entre expressões de potencial da água do solo e o</p><p>diâmetro equivalente de poros esvaziados de água</p><p>Altura da coluna</p><p>unitária de água, cm</p><p>Potencial da água</p><p>do solo, bars</p><p>Potencial da água</p><p>do solo, kPaa</p><p>Diâmetro</p><p>equivalente de poros</p><p>esvaziados, �mb</p><p>0 0 0 –</p><p>10,2 –0,01 –1 300</p><p>102 –0,1 –10 30</p><p>306 –0,3 –30 10</p><p>1.020 –1,0 –100 3</p><p>15.300 –15 –1.500 0,2</p><p>31.700 –31 –3.100 0,97</p><p>102.000 –100 –10.000 0,03</p><p>a A unidade SI quilopascal (kPa) é equivalente a 0,01 bars.</p><p>b Menor poro passível de ser esvaziado pela tensão equivalente, como calculada usando-se a Eq.</p><p>5.1.</p><p>Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para</p><p>esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual</p><p>da Instituição, você encontra a obra na íntegra.</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>No vídeo a seguir, estão ilustradas as características da água: físicas, químicas e biológicas.</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>1) Sobre a distribuição de água no planeta, assinale a alternativa correta.</p><p>A) O planeta Terra possui 2/4 de sua superfície coberta por água.</p><p>B) A quantidade de água doce (rios, lagos, geleiras) é superior à de água salgada na Terra.</p><p>C) Toda água doce está disponível e apta para o consumo humano.</p><p>D) O corpo humano é constituído por cerca de 70 % de água. O que explica a necessidade de</p><p>ingerir níveis considerados de água por dia.</p><p>E) A água disponível para consumo nas águas subterrâneas não sofre com o processo de</p><p>degradação ambiental.</p><p>2) Qual das propriedades a seguir se refere às características físicas da água?</p><p>A) A acidez.</p><p>B) O sabor.</p><p>C) As algas.</p><p>D) A matéria orgânica.</p><p>E) Os microrganismos.</p><p>3) Sobre a composição química da água, assinale a alternativa correta.</p><p>A) A origem natural da característica dureza é a ação antrópica de despejo de resíduos</p><p>químicos.</p><p>B) Representa a intensidade das condições ácidas ou alcalinas do ambiente aquático.</p><p>C) O ferro e o manganês são elementos que, mesmo em excesso na água, não causam</p><p>problemas.</p><p>D) Alcalinidade é a capacidade de neutralizar bases.</p><p>E) Acidez é a capacidade da água de neutralizar ácidos.</p><p>4) Sobre a composição biológica da água, assinale a alternativa correta.</p><p>A) Trata-se da parte “viva” na composição da água. Não é muito relevante para os sistemas de</p><p>abastecimento.</p><p>B) O monitoramento da quantidade de algas e da presença de microrganismos patogênicos é</p><p>desnecessário quando se trata da água de abastecimento.</p><p>C) Os microrganismos patogênicos podem ser introduzidos na água junto com a matéria fecal</p><p>de esgotos sanitários.</p><p>D) A presença de grande quantidade de algas na água é benéfica e acarreta em um sabor</p><p>agradável.</p><p>E) Os organismos patogênicos presentes na água não oferecem nenhum risco ao homem.</p><p>5) Quanto às características da água, é possível afirmar que:</p><p>A) os parâmetros físicos, químicos e biológicos são irrelevantes para a avaliação da qualidade</p><p>da água.</p><p>B) substâncias químicas tóxicas presentes na água de consumo não oferecem risco à saúde,</p><p>pois o organismo não as absorve.</p><p>C) a água, em sua forma pura, possui odor e sabor levemente terrosos.</p><p>D) os agentes microbiológicos presentes na água são capazes de ocasionar incidência de</p><p>câncer em uma população.</p><p>E) a turbidez é a causada por matérias sólidas em suspensão (silte, argila, coloides, matéria</p><p>orgânica, entre outras).</p><p>NA PRÁTICA</p><p>As características físicas, químicas e biológicas da água variam de acordo com diversos fatores</p><p>envolvidos: salinidade, propriedades do solo em que está localizada, presença de vegetação, etc.</p><p>E para cada finalidade, essas características se alteram.</p><p>Por exemplo, qualquer quantidade de água que esteja abaixo da superfície terrestre é</p><p>considerada água subterrânea, isso é válido para as águas que ficam nos poros, nas falhas de</p><p>rochas e até nas cavernas. Esse tipo de água resulta em recurso hídrico natural essencial.</p><p>A alteração das características físicas, químicas e biológicas durante o processo de filtragem e</p><p>purificação por que passam torna a água própria para consumo humano. As imagens ilustram a</p><p>água subterrânea e a água entre rochas e vegetação.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do</p><p>professor:</p><p>Água potável - Apenas 3% das águas são doces.</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>Padrões de qualidade e classificação das</p><p>águas</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Esta Unidade de Aprendizagem apresenta reflexões relacionadas a um importante recurso</p><p>natural: a água. Esse recurso, de fundamental importância para a existência da biodiversidade na</p><p>Terra, está cada vez mais escasso e ameaçado. A fim de entender melhor esse cenário negativo e</p><p>promover ações que o minimizem, torna-se fundamental que um gestor ambiental compreenda</p><p>os padrões de qualidade e a classificação das águas.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Identificar características, padrões de qualidade e classificação das águas.•</p><p>Reconhecer os indicadores de qualidade física, química e biológica da água.•</p><p>Diferenciar as classes de água doce, segundo as diretrizes da Resolução no 357/2005 do</p><p>Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).</p><p>•</p><p>DESAFIO</p><p>Você é o gestor ambiental em uma indústria. Ao lado desse local, há um arroio com água</p><p>de cor esverdeada e cheiro desagradável.</p><p>Alguns moradores do entorno lhe informaram que tiveram contato com a água e se sentiram</p><p>mal, com náuseas e vômitos. Por essa razão, seu diretor contatou um laboratório especialista na</p><p>realização de análise da qualidade da água.</p><p>A partir de suas respostas, o técnico terá condições de separar os materiais adequados</p><p>para realizar a coleta das amostras de água e efetuar as análises laboratoriais?</p><p>INFOGRÁFICO</p><p>O infográfico mostra os principais pontos relacionados aos padrões de qualidade e à</p><p>classificação das águas, foco desta Unidade de Aprendizagem.</p><p>CONTEÚDO DO LIVRO</p><p>O trecho selecionado é do livro Meio ambiente e sustentabilidade. Nele, há uma interessante</p><p>abordagem sobre características, padrões de qualidade e classificação das águas.</p><p>Boa leitura!</p><p>M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] /</p><p>Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes</p><p>Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. –</p><p>Porto Alegre : Bookman, 2012.</p><p>Editado também como livro impresso em 2012.</p><p>ISBN 978-85-407-0197-7</p><p>1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André</p><p>Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini-</p><p>Carlos, Viviane.</p><p>CDU 502-022.316</p><p>Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Nos últimos 50 anos, devido ao elevado</p><p>crescimento populacional associado à busca</p><p>por melhor qualidade de vida, ocorreu um</p><p>aumento na produção industrial e agrícola</p><p>caracterizada pela intensa fabricação e utili-</p><p>zação de compostos químicos sintéticos</p><p>(inseticidas, herbicidas, plásticos, entre ou-</p><p>tros). Seja de maneira natural ou antrópica,</p><p>os resíduos gerados por esses compostos</p><p>aportam aos recursos hídricos com conse-</p><p>quente alteração da qualidade da água.</p><p>Por ser um recurso natural de fonte</p><p>esgotável, a Organização Mundial da Saúde</p><p>estima que a água se tornará cada vez mais</p><p>uma fonte de tensão e competição por parte</p><p>de diversas nações, fazendo com que os pro-</p><p>blemas referentes à deterioração da quali-</p><p>dade da água se tornem objeto de preocu-</p><p>pação. O conhecimento e a compreensão</p><p>das fontes de poluição, interações e efeitos</p><p>dos poluentes aquáticos são essenciais para</p><p>o controle destes em um ambiente seguro e</p><p>economicamente sustentável.</p><p>O planeta Terra é o único do nosso</p><p>sistema solar que apresenta moléculas de</p><p>água na forma líquida, na maior parte da</p><p>superfície, sendo 97,5% da água existente</p><p>no planeta, marinha, enquanto apenas 2,5%</p><p>restantes são de água doce. Ressalta-se que a</p><p>maior parcela dessa água doce (68,9%)</p><p>forma as calotas polares, geleiras e neves. Os</p><p>29,9% restantes constituem as águas sub-</p><p>terrâneas. A umidade dos solos e as águas</p><p>dos pântanos representam cerca de 0,9% do</p><p>total, e a água de rios e lagos aproximada-</p><p>mente 0,3% (Rebouças et al., 2006).</p><p>De acordo com relatório divulgado</p><p>pela Organização das Nações Unidas para</p><p>Educação Ciência e Cultura (UNESCO), du-</p><p>rante a terceira edição do Fórum Mundial da</p><p>Água ocorrido em Kyoto em 2003, o Brasil é</p><p>o país mais rico do mundo em recursos hí-</p><p>1</p><p>Poluição aquática</p><p>SONIA DOS SANTOS, LUCIANA CAMARGO DE OLIVEIRA,</p><p>ADEMIR DOS SANTOS, JULIO CÉSAR ROCHA e ANDRÉ HENRIQUE ROSA</p><p>Objetivos do</p><p>capítulo</p><p>Neste capítulo são abordadas as principais fontes e tipos de poluição em sistemas</p><p>aquáticos, destacando as características e propriedades dos principais contaminan-</p><p>tes orgânicos, inorgânicos e emergentes em águas superficiais e subterrâneas. Os</p><p>aspectos gerais relacionados ao transporte, à reatividade e aos processos que os</p><p>poluentes podem sofrer no corpo hídrico são discutidos, assim como a preocupa-</p><p>ção atual em relação à contaminação de águas subterrâneas.</p><p>18 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)</p><p>dricos, com 6,2 bilhões de m3 de água doce</p><p>(17% do total disponível no planeta) (Água:</p><p>Fórum Econômico Mundial, 2008).</p><p>Sabe-se, porém, que a distribuição de</p><p>água em nosso país é bastante desigual, pois a</p><p>maior parte desse recurso está disponível em</p><p>regiões com baixa densidade populacional</p><p>(região norte), sendo frequentes os problemas</p><p>de abastecimento nas regiões mais populosas</p><p>(grandes capitais da região sudeste).</p><p>A água própria para o consumo huma-</p><p>no se chama água potável e, para ser conside-</p><p>rada como tal, ela deve obedecer a certos pa-</p><p>drões de potabilidade necessitando muitas</p><p>vezes de tratamento para se adequar ao con-</p><p>sumo. Os métodos vão desde a simples fer-</p><p>vura até operações mais complexas.</p><p>A água potável e de boa qualidade é</p><p>fundamental para a saúde dos seres huma-</p><p>nos (o corpo humano é constituído por 70</p><p>a 75% de água e, na ausência dela, alguns</p><p>órgãos vitais deixam de funcionar), entre-</p><p>tanto, a maioria da população mundial não</p><p>tem acesso a esse bem precioso.</p><p>Apesar da importância da água para</p><p>os seres humanos, ela também é considera-</p><p>da um dos meios mais comuns de transmis-</p><p>são de doenças. Se a água que utilizamos,</p><p>seja para aliviar a sede ou para regar os ali-</p><p>mentos, não apresentar a qualidade neces-</p><p>sária, estes serão igualmente infectados e,</p><p>consequentemente, o corpo que os ingere</p><p>será alvo de inúmeras doenças. O Quadro</p><p>1.1 apresenta algumas doenças infecciosas</p><p>de veiculação hídrica.</p><p>Muitas das doenças transmitidas por</p><p>veiculação hídrica podem ser prevenidas</p><p>por um tratamento adequado da água antes</p><p>de seu uso. As estações de tratamento de</p><p>água se utilizam de vários procedimentos</p><p>como a decantação, a filtração, além da clo-</p><p>ração para eliminar os microrganismos</p><p>causadores de doenças.</p><p>DEFINIÇÃO, FONTES</p><p>E TIPOS DE POLUIÇÃO</p><p>A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente</p><p>(Lei No 6.938, de 31 de agosto de 1981) defi-</p><p>ne como poluição:</p><p>(...) a degradação da qualidade ambiental</p><p>resultante de atividades que direta ou indi-</p><p>retamente:</p><p>a) Prejudiquem a saúde, a segurança e o</p><p>bem-estar da população.</p><p>QUADRO 1.1</p><p>Doenças de veiculação hídrica</p><p>DOENÇAS TRANSMISSÃO PREVENÇÃO</p><p>Cólera, febre tifoide Contaminação no Desinfecção adequada</p><p>sistema de distribuição</p><p>Sarna, infecções Falta de água suficiente para Provisão de quantidades suficientes para</p><p>oculares, diarreia um consumo adequado banhos e limpezas gerais</p><p>Esquistossomose Invertebrados aquáticos Distribuição de água potável, e</p><p>educação sanitária</p><p>Malária, febre Organismos patogênicos Aplicação de inseticidas, evitar acúmulo</p><p>amarela, dengue de água em recipientes abertos, drenar</p><p>áreas inundadas e evitar saturação de</p><p>áreas agrícolas</p><p>Meio ambiente e sustentabilidade 323</p><p>mos cem anos, o aumento na demanda por</p><p>água foi duas vezes maior que o percentual</p><p>de crescimento populacional.</p><p>A contaminação dos recursos hídricos</p><p>ocorre por meio da drenagem das pasta-</p><p>gens, da adubação na agricultura, pelo des-</p><p>pejo de efluentes industriais e, principal-</p><p>mente, pela descarga de esgoto doméstico</p><p>sem tratamento, sendo esta última a princi-</p><p>pal fonte de contaminação dos corpos</p><p>d’água. A lista de agentes patogênicos (mi-</p><p>crorganismos como vírus, bactérias, fungos,</p><p>protozoários e até helmintos) que podem</p><p>ser veiculados pela água é grande, os quais</p><p>são capazes de causar doenças nos organis-</p><p>mos hospedeiros. Segundo a Organização</p><p>Mundial de Saúde, doenças de veiculação</p><p>hídrica são a principal causa de mortalida-</p><p>de no mundo.</p><p>As Estações de Tratamento de Água</p><p>(ETA) são responsáveis por transformarem</p><p>a água bruta captada de um corpo aquático</p><p>em uma água potável (pronta para ser con-</p><p>sumida pelo homem), enquanto as Estações</p><p>de Tratamento de Esgoto (ETE) tratam os</p><p>efluentes domésticos de forma que os mes-</p><p>mos possam ser descartados nos corpos re-</p><p>ceptores, não provocando impactos am-</p><p>bientais severos. O tratamento da água é re-</p><p>alizado por meio de diferentes etapas, tais</p><p>como gradeamento, coagulação/floculação,</p><p>decantação, filtração e desinfecção. Para o</p><p>tratamento de esgotos e efluentes, normal-</p><p>mente são empregados processos físico-</p><p>-químicos e biológicos.</p><p>PARÂMETROS DE QUALIDADE</p><p>E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS</p><p>Os componentes que alteram o grau de pu-</p><p>reza da água podem ser definidos por suas</p><p>características físicas, químicas e biológicas,</p><p>conhecidos como parâmetros de qualidade</p><p>de água.</p><p>As características físicas, químicas e</p><p>biológicas das águas naturais decorrem de</p><p>uma série de processos que ocorrem no</p><p>corpo hídrico.</p><p>Indicadores de qualidade física</p><p>Os principais indicadores de qualidade físi-</p><p>ca da água são: cor, temperatura, turbidez,</p><p>sabor e odor.</p><p>A cor resulta da existência de substân-</p><p>cias em solução, como ferro, manganês, co-</p><p>rantes, matéria orgânica e algas. Esse parâ-</p><p>metro de qualidade da água adquiriu maior</p><p>importância no início da década de 1970,</p><p>devido à confirmação da formação de pro-</p><p>dutos potencialmente cancerígenos (trialo-</p><p>metanos) como consequência da cloração</p><p>de águas coloridas.</p><p>A temperatura tem importância, uma</p><p>vez que influi nas propriedades da água (so-</p><p>lubilidade de substâncias e gases), nas velo-</p><p>cidades das reações químicas e bioquímicas</p><p>e, principalmente, no metabolismo dos mi-</p><p>crorganismos presentes na mesma.</p><p>A turbidez da água está relacionada</p><p>com a atenuação de intensidade que um</p><p>feixe de luz sofre ao atravessá-la devido à</p><p>presença de sólidos em suspensão. É um pa-</p><p>râmetro que indica a qualidade estética das</p><p>águas. Um dos problemas associados à tur-</p><p>bidez é a queda na eficiência de agentes de-</p><p>sinfetantes, como o cloro, por exemplo,</p><p>uma vez que pode servir de suporte para</p><p>microrganismos patogênicos, protegendo-</p><p>-os da ação dos desinfetantes.</p><p>O sabor e odor das águas naturais se</p><p>originam da presença de diversas substâncias</p><p>químicas (provenientes de esgotos domésti-</p><p>cos e efluentes industriais), gases dissolvidos</p><p>e microrganismos (principalmente algas e</p><p>cianobactérias). O sabor e odor das águas</p><p>podem não representar riscos à saúde huma-</p><p>na, mas a importância da suas remoções se</p><p>deve à possível rejeição da água com essas ca-</p><p>racterísticas pela população consumidora.</p><p>324 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)</p><p>Indicadores de</p><p>qualidade química</p><p>Os principais indicadores de qualidade quí-</p><p>mica da água são: pH, alcalinidade, acidez,</p><p>dureza, ferro e manganês, cloretos, fluoretos,</p><p>oxigênio dissolvido (OD), demanda quí mica</p><p>de oxigênio (DQO), demanda bioquímica</p><p>de oxigênio (DBO), carbono orgânico total</p><p>(COT), nitrogênio, fósforo e elementos po-</p><p>tencialmente tóxicos.</p><p>O potencial hidrogeniônico (pH) con-</p><p>siste na concentração dos íons H+</p><p>presentes</p><p>nas águas. Valores muito diferentes da neu-</p><p>tralidade conferem um caráter agressivo à</p><p>água, podendo causar prejuízos à vida dos</p><p>organismos e provocar corrosão ou incrus-</p><p>tação em tubulações.</p><p>A alcalinidade pode ser definida como</p><p>a capacidade que um sistema aquoso tem</p><p>para neutralizar ácidos, sendo devida prin-</p><p>cipalmente aos íons carbonatos e bicarbo-</p><p>natos. Cabe ressaltar que a alcalinidade é</p><p>um fator de capacidade e não de intensida-</p><p>de (como é o caso do pH). Diante disso,</p><p>uma solução aquosa com valor de pH abai-</p><p>xo de 7 pode apresentar uma alcalinidade</p><p>considerável.</p><p>A acidez é definida como a capacidade</p><p>que um sistema tem para neutralizar bases.</p><p>Do mesmo modo que para a alcalinidade,</p><p>uma acidez elevada não resulta, necessaria-</p><p>mente, em pH baixo. Ambos os parâmetros</p><p>estão relacionados com a capacidade tam-</p><p>pão do meio.</p><p>A dureza</p><p>é a propriedade relacionada</p><p>com a concentração de íons de determina-</p><p>dos minerais dissolvidos na água, principal-</p><p>mente cálcio e magnésio. A presença desses</p><p>íons na água pode reduzir a formação de es-</p><p>pumas de sabões e provocar incrustações</p><p>em tubulações de água quente.</p><p>O ferro e o manganês presentes nas</p><p>águas naturais são oriundos, principalmen-</p><p>te, de rochas e solos. A oxidação dessas</p><p>substâncias confere cor marrom ou aver-</p><p>melhada à água, podendo resultar em man-</p><p>chas em roupas. A presença de ferro nas</p><p>águas pode desencadear o desenvolvimento</p><p>de ferrobactérias, podendo provocar o apa-</p><p>recimento de odor e sabor à água e levar à</p><p>formação de incrustações em tubulações.</p><p>A presença de cloretos em águas pode</p><p>ser atribuída à dissolução de sais, à introdu-</p><p>ção de águas salgadas e ao lançamento de</p><p>efluentes domésticos e industriais nas mes-</p><p>mas. Quando presentes em maiores con-</p><p>centrações, esses íons conferem sabor, re-</p><p>sultando em maiores índices de rejeição</p><p>desta pela população.</p><p>O flúor, quando aplicado em concen-</p><p>tração adequada, é benéfico no combate às</p><p>cáries. Entretanto, em maiores concentra-</p><p>ções (superior a 2 mg/L), podem desenca-</p><p>dear a fluorose dentária, que é o escureci-</p><p>mento e a deterioração dos dentes.</p><p>A presença de oxigênio dissolvido</p><p>(OD) nas águas é fundamental para a ma-</p><p>nutenção de uma grande parte dos seres</p><p>vivos. A redução do oxigênio dissolvido nas</p><p>águas pode ocorrer pela respiração dos or-</p><p>ganismos presentes no ambiente aquático,</p><p>por perdas para a atmosfera e devido à mi-</p><p>neralização da matéria orgânica e oxidação</p><p>de íons. A determinação da concentração de</p><p>OD é de fundamental importância na ava-</p><p>liação da qualidade das águas, uma vez que</p><p>o oxigênio está envolvido praticamente em</p><p>todos os processos químicos e biológicos. O</p><p>nível de OD na água, além de depender da</p><p>temperatura e da pressão, é profundamente</p><p>afetado quando poluentes orgânicos biode-</p><p>gradáveis são lançados no curso receptor. As</p><p>bactérias aeróbias originalmente presentes</p><p>consomem o OD da água durante a degra-</p><p>dação dos compostos biodegradáveis. O</p><p>nível de oxigênio dissolvido pode atingir va-</p><p>lores bastante baixos, prejudicando a fauna</p><p>aquática (peixes) e provocando alterações</p><p>marcantes na biodiversidade.</p><p>A DBO expressa a quantidade de oxi-</p><p>gênio consumida durante a degradação da</p><p>Meio ambiente e sustentabilidade 325</p><p>matéria orgânica por microrganismos, en-</p><p>quanto a DQO se refere à quantidade de</p><p>oxigênio para a degradação química da ma-</p><p>téria orgânica, apresentando, portanto, va-</p><p>lores sempre superiores ao da DBO. A DBO</p><p>está relacionada com a matéria orgânica</p><p>biodegradável, ou seja, passível de ser oxi-</p><p>dada bioquimicamente, e a DQO está rela-</p><p>cionada com a matéria orgânica total (bio-</p><p>degradável e não biodegradável). Ambos os</p><p>parâmetros inferem a concentração de ma-</p><p>téria orgânica no meio.</p><p>A presença de diversos contaminantes</p><p>orgânicos na água é resultante do lança-</p><p>mento de esgotos e efluentes industriais, da</p><p>percolação de poluentes presentes em solos</p><p>contaminados, bem como de compostos</p><p>naturais. A avaliação da matéria orgânica</p><p>presente no efluente pode ser obtida por</p><p>um analisador de carbono orgânico total</p><p>(COT). Esse equipamento fornece o teor</p><p>exato de carbono em uma amostra.</p><p>O desenvolvimento de organismos</p><p>aquáticos é estimulado principalmente por</p><p>nutrientes limitantes, como fósforo e nitro-</p><p>gênio. Nos ambientes aquáticos, é necessá-</p><p>ria uma concentração muito baixa desses</p><p>compostos, de forma que pequena altera-</p><p>ção em seus teores pode desencadear uma</p><p>série de eventos não desejáveis, como, por</p><p>exemplo, o crescimento excessivo de plantas</p><p>aquáticas, principalmente de algas, fenôme-</p><p>no conhecido como eutrofização. A eutrofi-</p><p>zação pode resultar em diminuição do uso</p><p>da água para recreação e balneabilidade</p><p>(devido a aspectos estéticos e maus odores),</p><p>mortandade de peixes, maior dificuldade e</p><p>elevação dos custos para o tratamento des-</p><p>sas águas e rejeição da água para abasteci-</p><p>mento humano e animal devido à presença</p><p>de substâncias tóxicas excretadas pelas</p><p>algas.</p><p>A presença de metais e metaloides po-</p><p>tencialmente tóxicos em águas é resultado</p><p>do lançamento de efluentes industriais e da</p><p>lixiviação de áreas de garimpo e mineração.</p><p>Indicadores de qualidade</p><p>biológica</p><p>Dejetos urbanos e esgoto doméstico são</p><p>amplamente descarregados em corpos</p><p>d’água, principalmente em rios. Esse fato,</p><p>além de gerar um impacto negativo à biota</p><p>presente no corpo d’água, afeta alguns usos</p><p>preponderantes a ele destinados, tais como,</p><p>abastecimento de água potável e balneabili-</p><p>dade, pois a presença de bactérias, vírus e</p><p>protozoários em águas representa riscos</p><p>para a população. Esses microrganismos</p><p>podem ser responsáveis pelo desencadea-</p><p>mento de doenças de veiculação hídrica.</p><p>A avaliação da qualidade da água por</p><p>meio da utilização de indicadores biológi-</p><p>cos possibilita complementar as limitações</p><p>impostas pelas análises físico-químicas. Vá-</p><p>rios tipos de organismos têm sido utilizados</p><p>como indicadores da qualidade das águas,</p><p>com vantagens e desvantagens para cada</p><p>grupo, e de acordo com as características par-</p><p>ticulares do sistema aquático que se queira</p><p>avaliar.</p><p>O monitoramento da presença de</p><p>bactérias patogênicas é essencial no contro-</p><p>le da qualidade de água, quando o uso, dire-</p><p>ta ou indiretamente, leva ao consumo hu-</p><p>mano. Tais usos incluem água para consu-</p><p>mo, higiene pessoal, recreacional, irrigação</p><p>de alimentos vegetais e lavagem e processa-</p><p>mento desses alimentos.</p><p>A contaminação fecal é utilizada como</p><p>indicador da presença de poluentes orgâni-</p><p>cos de origem humana. Membros de dois</p><p>grupos de bactérias, coliformes e estrepto-</p><p>coccus fecais, são usados como indicadores</p><p>de uma possível contaminação por esgoto,</p><p>uma vez que são comumente encontrados</p><p>em fezes humanas e de animais. Embora a</p><p>maioria delas não seja propriamente pato-</p><p>gênica, servem como indicadoras de uma</p><p>potencial contaminação por bactérias pato-</p><p>gênicas, vírus e protozoários, os quais tam-</p><p>bém vivem no sistema digestivo.</p><p>326 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)</p><p>Uma vez descarregados em corpos</p><p>d’água, a sobrevivência dos patógenos é al-</p><p>tamente dependente da qualidade da água,</p><p>particularmente em relação à turbidez, nível</p><p>de oxigênio, nutrientes e temperatura. Po-</p><p>dem também, com frequência, ficar adsor-</p><p>vidos nas partículas de areia, argila e sedi-</p><p>mento, com consequente acumulação des-</p><p>ses organismos em rios e lagos.</p><p>As algas têm grande importância para</p><p>o equilíbrio do meio aquático e são respon-</p><p>sáveis pela geração de parte do oxigênio</p><p>presente neste devido à fotossíntese. Entre-</p><p>tanto, podem também acarretar problemas,</p><p>tais como, formação de grande quantidade</p><p>de massa orgânica; liberação de compostos</p><p>tóxicos, os quais podem resultar em sabor e</p><p>odor desagradáveis nas águas; e prolifera-</p><p>ção exagerada de algas nas superfícies, au-</p><p>mentando a turbidez da água e impedindo</p><p>a penetração de luz solar. O tempo útil dos</p><p>filtros (carreira) nas ETA é seriamente com-</p><p>prometido quando há presença de algas.</p><p>Classificação das águas naturais</p><p>Segundo a resolução CONAMA no 357</p><p>(2005), as águas doces (águas com salinida-</p><p>de igual ou inferior a 0,5 ‰) do Território</p><p>Nacional são classificadas, segundo a quali-</p><p>dade requerida para os seus usos preponde-</p><p>rantes, em cinco classes:</p><p>I. classe especial: águas destinadas:</p><p>a) ao abastecimento para consumo hu-</p><p>mano, com desinfecção;</p><p>b) à preservação do equilíbrio natural</p><p>das comunidades aquáticas; e</p><p>c) à preservação dos ambientes aquáti-</p><p>cos em unidades de conservação de</p><p>proteção integral.</p><p>II. classe 1: águas que podem ser destinadas:</p><p>a) ao abastecimento para consumo hu-</p><p>mano, após tratamento simplificado;</p><p>b) à proteção das comunidades aquáticas;</p><p>c) à recreação de contato primário, tais</p><p>como natação, esqui aquático e mer-</p><p>gulho, conforme Resolução CONA-</p><p>MA no 274 (2000);</p><p>d) à irrigação de hortaliças que são con-</p><p>sumidas cruas e de frutas que se de-</p><p>senvolvam rentes ao solo e que sejam</p><p>ingeridas cruas sem remoção</p><p>de pelí-</p><p>cula; e</p><p>e) à proteção das comunidades aquáti-</p><p>cas em terras indígenas.</p><p>III. classe 2: águas que podem ser destinadas:</p><p>a) ao abastecimento para consumo hu-</p><p>mano, após tratamento convencional;</p><p>b) à proteção das comunidades aquáticas;</p><p>c) à recreação de contato primário, tais</p><p>como natação, esqui aquático e mer-</p><p>gulho, conforme Resolução CONA-</p><p>MA no 274 (2000);</p><p>d) à irrigação de hortaliças, plantas fru-</p><p>tíferas e de parques, jardins, campos</p><p>de esporte e lazer, com os quais o pú-</p><p>blico possa vir a ter contato direto; e</p><p>e) à aquicultura e à atividade de pesca.</p><p>IV. classe 3: águas que podem ser destinadas:</p><p>a) ao abastecimento para consumo hu-</p><p>mano, após tratamento convencional</p><p>ou avançado;</p><p>b) à irrigação de culturas arbóreas, cere-</p><p>alíferas e forrageiras;</p><p>c) à pesca amadora;</p><p>d) à recreação de contato secundário; e</p><p>e) à dessedentação de animais.</p><p>V. classe 4: águas que podem ser destinadas:</p><p>a) à navegação; e</p><p>b) à harmonia paisagística.</p><p>Os padrões de qualidade das águas de-</p><p>terminados nessa Resolução (CONAMA no</p><p>357, 2005) estabelecem limites individuais</p><p>para cada substância em cada classe. Salien-</p><p>ta-se que as águas de melhor qualidade po-</p><p>Meio ambiente e sustentabilidade 327</p><p>dem ser aproveitadas em uso menos exigen-</p><p>te, desde que este não prejudique a qualida-</p><p>de da água, atendidos outros requisitos</p><p>pertinentes.</p><p>Padrão de potabilidade</p><p>O controle da qualidade da água de consu-</p><p>mo humano se tornou uma ação de saúde</p><p>pública a partir da década de 1970, com o</p><p>advento da Portaria no 56/Bsb do Ministé-</p><p>rio da Saúde (1977), que instituiu a norma</p><p>de potabilidade em todo o território nacio-</p><p>nal. Entretanto, somente após a criação do</p><p>Sistema Nacional de Vigilância Ambiental</p><p>em Saúde, em 1999, e da publicação da Por-</p><p>taria no 1.469, em 2000, foi implementado</p><p>um programa de vigilância da qualidade da</p><p>água.</p><p>Os valores máximos permitidos (ou os</p><p>limites máximos de contaminação – MCL)</p><p>foram definidos com base em bioensaios to-</p><p>xicológicos e em componentes químicos e fí-</p><p>sico-químicos capazes de alterar as proprie-</p><p>dades organolépticas da água, os quais, além</p><p>de causarem rejeição de consumo, podem</p><p>diminuir a vida útil de toda a infraestrutura</p><p>utilizada para a distribuição desta, acarretan-</p><p>do grandes prejuízos econômicos.</p><p>A água potável é definida como a água</p><p>para consumo humano cujos parâmetros</p><p>microbiológicos, físicos, químicos e radioa-</p><p>tivos atendam ao padrão de potabilidade e</p><p>não ofereçam riscos à saúde. No Brasil, desde</p><p>25 de março de 2004, o padrão de potabili-</p><p>dade é estabelecido pela Portaria no 518 do</p><p>Ministério da Saúde. Essa Portaria estabele-</p><p>ce os procedimentos e responsabilidades re-</p><p>lativas ao controle e vigilância da qualidade</p><p>da água para consumo humano e seu pa-</p><p>drão de potabilidade.</p><p>Após a desinfecção, a água deve conter</p><p>um teor mínimo de cloro residual livre de</p><p>0,5 mg/L, sendo obrigatória a manutenção</p><p>de, no mínimo, 0,2 mg/L em qualquer</p><p>ponto da rede de distribuição. Recomenda-</p><p>-se que, no sistema de distribuição, o pH da</p><p>água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5 e que</p><p>o teor máximo de cloro residual livre, em</p><p>qualquer ponto do sistema de abastecimen-</p><p>to, seja de 2,0 mg/L.</p><p>A água tratada presente no sistema de</p><p>distribuição (reservatórios e rede) deve ser</p><p>ausente de Escherichia coli ou coliformes</p><p>termotolerantes (em 100 mL de água), en-</p><p>quanto coliformes totais podem ser detec-</p><p>tados em 5 % das amostras examinadas no</p><p>mês (em sistemas que analisam 40 ou mais</p><p>amostras por mês). Na Tabela 14.1, é apre-</p><p>sentado o padrão de radioatividade para a</p><p>água potável, enquanto na Tabela 14.2 são</p><p>apresentados os valores máximos permiti-</p><p>dos dos principais parâmetros para água</p><p>própria ai consumo humano.</p><p>O Ministério da Saúde e as autorida-</p><p>des de saúde pública dos Estados, do Distri-</p><p>to Federal e dos Municípios são responsá-</p><p>veis pela fiscalização do fiel cumprimento</p><p>da Portaria no 518 de 2004.</p><p>TABELA 14.1</p><p>Padrão de radioatividade para água potável</p><p>PARÂMETRO UNIDADE1 VMP2</p><p>Radioatividade alfa global Bq/L 0,1</p><p>Radioatividade beta global Bq/L 1,0</p><p>1 Bq (Becquerel) = uma desintegração por segundo.</p><p>2 Valor máximo permitido.</p><p>Fonte: Portaria no 518 (2004).</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>O vídeo traz uma breve apresentação desta Unidade de Aprendizagem: características, padrões</p><p>de qualidade e classificação das águas de acordo com a Resolução no 357/2005 do CONAMA.</p><p>Confira!</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>1) Os indicadores físicos de qualidade da água incluem:</p><p>A) a) Cor, turbidez e pH.</p><p>B) b) Turbidez, odor e algas.</p><p>C) c) Turbidez, odor e cor.</p><p>D) d) pH, algas e bactérias patogênicas.</p><p>E) e) pH, ferro e fósforo.</p><p>2) Os indicadores químicos de qualidade da água incluem:</p><p>A) a) Cor, temperatura e algas.</p><p>B) b) pH, temperatura e oxigênio dissolvido (OD).</p><p>C) c) Bactérias, sabor e oxigênio dissolvido (OD).</p><p>D) d) pH, oxigênio dissolvido (OD) e demanda química de oxigênio (DQO).</p><p>E) e) Bactérias, turbidez e pH.</p><p>3) Os indicadores biológicos de qualidade da água incluem:</p><p>A) a) Algas, bactérias e contaminação fecal.</p><p>B) b) pH, temperatura e algas.</p><p>C) c) Cor, dureza e sabor.</p><p>D) d) pH, odor e oxigênio dissolvido (OD).</p><p>E) e) Bactérias, algas e oxigênio dissolvido (OD).</p><p>4) De acordo com a Resolução no 357/2005 do CONAMA, que dispõe sobre a</p><p>classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, a</p><p>classe de água que permite a preservação dos ambientes aquáticos em unidades de</p><p>conservação de proteção integral é a:</p><p>A) a) Classe 4.</p><p>B) b) Classe 2.</p><p>C) c) Classe 3.</p><p>D) d) Classe Especial.</p><p>E) e) Classe 1.</p><p>5) De acordo com a Resolução no 357/2005 do CONAMA, que dispõe sobre a</p><p>classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, a</p><p>classe de água que somente permite a navegação e a harmonia paisagística é:</p><p>A) a) Classe Especial.</p><p>B) b) Classe 2.</p><p>C) c) Classe 1.</p><p>D) d) Classe 3.</p><p>E) e) Classe 4.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Indústrias, colégios e condomínios devem passar por análise referente à água. Nesse</p><p>sentido, alguns cuidados são fundamentais para que se complete uma análise adequada da</p><p>água.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do</p><p>professor:</p><p>Meio Ambiente e Sustentabilidade</p><p>Rosa, André Henrique; Fraceto, Leonardo Fernandes; Moschini-Carlos, Viviane</p><p>Características dos efluentes</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Nesta Unidade de Aprendizagem, será abordado um dos problemas mais sérios para a</p><p>humanidade: a garantia de fontes de água adequada ao consumo humano, visto que existem</p><p>grandes volumes de efluentes domésticos e industriais sendo lançados nos corpos d'água sem</p><p>tratamento prévio adequado. Para isso, serão conceituadas as características dos efluentes,</p><p>considerando vários fatores, por exemplo, o crescimento da população mundial e a</p><p>contaminação dos recursos hídricos.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Conceituar e classificar os efluentes.•</p><p>Identificar fatores que influenciam nas características dos efluentes.•</p><p>Descrever os principais indicadores de qualidade física da água.•</p><p>DESAFIO</p><p>Considerando que você está atuando para uma indústria de alimentos e que todo sistema de</p><p>tratamento de efluente está sob sua responsabilidade, faça uma breve explanação quanto ao</p><p>conceito de efluente industrial, abordando quais são os parâmetros indicadores de qualidade</p><p>física da água e suas características.</p><p>INFOGRÁFICO</p><p>O infográfico a seguir ilustra os indicadores físicos e químicos para caraterização dos</p><p>efluentes discutidos nesta Unidade de Aprendizagem.</p><p>CONTEÚDO DO LIVRO</p><p>O texto indicado para leitura, proporcionará um enriquecimento técnico sobre o assunto,</p><p>colaborando para a formação e para a atuação do gestor ambiental.</p><p>Boa leitura.</p><p>Características dos efluentes</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>� Conceituar os efluentes.</p><p>� Identificar fatores</p><p>que influenciam nas características dos efluentes.</p><p>� Descrever os principais indicadores de qualidade física da água.</p><p>Introdução</p><p>Neste capítulo, você vai estudar as características dos efluentes. Após</p><p>o uso da água, esta adquire características dos processos nos quais foi</p><p>utilizada. Assim, podemos conceituar e classificar tais características de</p><p>acordo com as suas propriedades químicas, físicas e biológicas, o que</p><p>interferirá na forma como será o tratamento da água.</p><p>Os parâmetros utilizados para determinar as características das águas</p><p>também podem ser utilizados para a avaliação de indicadores de qua-</p><p>lidade da água. Diversos desses indicadores são utilizados atualmente</p><p>para a avaliação dos impactos no ambiente.</p><p>Efluentes: conceitos e classificação</p><p>A água é um recurso natural necessário para a realização de atividades diá-</p><p>rias do ser humano, bem como fundamental para os processos industriais de</p><p>diferentes ramos. A água, após ser utilizada, passa a ter em sua composição</p><p>substâncias oriundas do processo em que foi usada. Entende-se aqui como</p><p>processo o uso para atividades domésticas e industriais. Em termos gerais,</p><p>a água com as propriedades que adquiriu, sejam elas químicas, físicas ou</p><p>biológicas, passa a ser denominada efluente ou água residuária.</p><p>Metcalf e Eddy (2016, p. 3) conceituam esgoto como “[...] a água de abaste-</p><p>cimento de uma comunidade após o seu uso em uma variedade de aplicações,</p><p>contendo constituintes que, sem tratamento, a tornam imprópria para a maioria</p><p>dos usos”.</p><p>Podemos perceber, pela análise dos conceitos apresentados, que o esgoto</p><p>apresenta concentrações de substâncias químicas, físicas e biológicas (poluen-</p><p>tes), as quais podem causar impactos ambientais e de saúde coletiva, caso a</p><p>remoção desses compostos não seja tratada de forma adequada.</p><p>Quando lançadas sem tratamento em recursos hídricos, as águas residuárias</p><p>podem causar diversos danos ao meio ambiente. Dentre os vários impactos</p><p>existentes, podemos destacar a redução na concentração de oxigênio dissolvido</p><p>decorrente do lançamento de esgoto sem tratamento, resultando na emissão</p><p>de odores em virtude da anaerobiose causada no ambiente e a mortandade de</p><p>peixes. Quanto à emissão de efluentes industriais não tratados, ressalta-se a</p><p>contaminação dos corpos d’água por metais pesados e demais poluentes. A</p><p>presença de metais pesados pode contaminar toda a cadeia trófica, causando</p><p>distúrbios nos animais e até mesmo no homem. Como exemplo, podemos</p><p>destacar a contaminação por chumbo, que é um metal utilizado em produção</p><p>de ligas, baterias, fabricação de pigmentos e plásticos, borrachas e outros</p><p>processos industriais. A exposição a esse metal por longos períodos pode</p><p>causar efeitos adversos ao sistema nervoso.</p><p>Ressalta-se, ainda, a problemática do possível comprometimento da saúde</p><p>pública, sendo que o esgoto não tratado pode provocar doenças como cólera,</p><p>diarreia e hepatites, já que na sua composição há microrganismos patogênicos.</p><p>Classificação de efluentes</p><p>Os efluentes são classificados de acordo com o processo no qual são gerados.</p><p>O Quadro 1, a seguir, apresenta uma síntese de informações sobre as carac-</p><p>terísticas de cada tipologia.</p><p>Tipo de efluente Características</p><p>Sanitário Constituído de esgotos domésticos e</p><p>industriais, água de infiltração, contribuição</p><p>pluvial e contribuição pluvial parasitária.</p><p>Doméstico Resultante do uso da água para higiene e necessidades</p><p>fisiológicas do homem. Composto basicamente por resíduos</p><p>humanos por meio de descargas hidráulicas e resíduos</p><p>líquidos de estabelecimentos comerciais, públicos e similares.</p><p>Quadro 1. Classificação de efluentes</p><p>(Continua)</p><p>Características dos efluentes2</p><p>Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (1986) e Mendonça e Mendonça (2017).</p><p>Tipo de efluente Características</p><p>Industrial Gerados nos processos industriais, com características</p><p>específicas, dependendo do tipo de indústria.</p><p>Pluvial Águas que descarregam grandes</p><p>quantidades de água sobre o solo.</p><p>Infiltração e vazões</p><p>adicionais</p><p>Água proveniente do subsolo e que penetra nas</p><p>canalizações. Resultante de infiltrações no sistema de</p><p>esgotamento por juntas de tubulações, defeitos nas</p><p>paredes, tubulações de inspeção e limpeza, entre outros.</p><p>Contribuição</p><p>pluvial parasitária</p><p>Parcela de deflúvio superficial absorvida</p><p>pela rede coleta de esgoto sanitário.</p><p>Quadro 1. Classificação de efluentes</p><p>No Quadro 1 constam as principais fontes que originam os efluentes,</p><p>sendo que o conhecimento sobre estas é determinante para a compreensão</p><p>da sua composição e indicação dos possíveis tratamentos. Efluentes domés-</p><p>ticos, por exemplo, são caracterizados por apresentar concentrações mais</p><p>elevadas de matéria orgânica (expressa nas formas de demanda química de</p><p>oxigênio — DQO — e demanda bioquímica de oxigênio — DBO), nitrogênio,</p><p>fósforo e bactérias do grupo coliformes. Já efluentes industriais têm uma</p><p>maior variação na concentração de poluentes, em decorrência do processo</p><p>no qual é gerado. Para conhecermos essas variações, na Tabela 1 são apre-</p><p>sentadas as variações médias encontradas na literatura para a composição</p><p>de efluentes brutos.</p><p>Indústrias</p><p>Vazão</p><p>(m³/dia)</p><p>DBO</p><p>(mg/L)</p><p>Sólidos</p><p>suspensos</p><p>(mg/L)</p><p>DQO</p><p>(mg/L)</p><p>Óleos e</p><p>graxas</p><p>(mg/L)</p><p>Abatedouro</p><p>de bovinos</p><p>4.542 1.300 960 2.500 460</p><p>Tabela 1. Variação média para a composição de efluentes brutos</p><p>(Continua)</p><p>(Continuação)</p><p>3Características dos efluentes</p><p>Fonte: Adaptado de Hammer e Hammer Jr. (1977 apud MENDONÇA; MENDONÇA, 2017).</p><p>Indústrias</p><p>Vazão</p><p>(m³/dia)</p><p>DBO</p><p>(mg/L)</p><p>Sólidos</p><p>suspensos</p><p>(mg/L)</p><p>DQO</p><p>(mg/L)</p><p>Óleos e</p><p>graxas</p><p>(mg/L)</p><p>Abatedouro</p><p>de aves</p><p>134 200 310 450 -</p><p>Produtos de</p><p>borracha</p><p>715 200 250 300 -</p><p>Sorvete 522 910 260 1.830 -</p><p>Laminação</p><p>de metais</p><p>409 8 27 36 -</p><p>Tapeçarias 390 140 60 490 -</p><p>Doces 370 1.560 260 2.960 200</p><p>Fábrica de</p><p>motos</p><p>354 30 26 70 -</p><p>Batatas fritas 342 600 680 1.260 -</p><p>Farinha 315 330 330 570 -</p><p>Laticínios 246 1.400 310 3.290 -</p><p>Lavanderias</p><p>industriais</p><p>189 770 450 2.400 520</p><p>Indústrias</p><p>farmacêuticas</p><p>154 270 150 390 160</p><p>Refrigerantes 61 480 480 1.000 -</p><p>Tabela 1. Variação média para a composição de efluentes brutos</p><p>As principais características dos efluentes</p><p>Como podemos visualizar, as características dos efluentes dependem de sua</p><p>composição. De acordo com Mendonça e Mendonça (2017), as características dos</p><p>efluentes podem ser determinadas por meio de parâmetros como medições locais</p><p>de vazão, coleta de amostras, análises e interpretação dos resultados obtidos.</p><p>(Continuação)</p><p>Características dos efluentes4</p><p>Para melhor compreender as suas propriedades, analisaremos os principais</p><p>parâmetros físicos, químicos e biológicos que influenciam. Nestes termos, cabe</p><p>diferenciar as características qualitativas e quantitativas das águas residuárias</p><p>a serem tratadas, visto que essas propriedades definirão a melhor forma de</p><p>tratamento. As características quantitativas referem-se à vazão do efluente, já</p><p>as características qualitativas referem-se às características físicas, químicas</p><p>e biológicas do efluente.</p><p>Jordão e Pessôa (2011) afirmam que os parâmetros de qualidade são gran-</p><p>dezas que indicam as características da água, dos esgotos ou dos recursos</p><p>hídricos, sendo estes de natureza física, química ou biológica. Trataremos,</p><p>aqui, sobre tais parâmetros.</p><p>Parâmetros físicos</p><p>Conforme afirmam Finotti et al. (2009), os parâmetros físicos relacionam-se</p><p>com aspectos sensoriais provocados. Os parâmetros físicos são: cor; tempe-</p><p>ratura; turbidez; sólidos sedimentáveis, totais, dissolvidos e suspensos, fixos</p><p>e voláteis; odor e sabor; pH; dureza; condutividade elétrica; e alcalinidade.</p><p>A variação da ordem de algumas dessas características tem implicações de</p><p>diferentes naturezas, portanto merecem destaque:</p><p>� Temperatura: este parâmetro influencia na vida microbiana presente</p><p>nos corpos hídricos, podendo a sua variação causar um impacto signi-</p><p>ficativo ao meio ambiente.</p><p>O aumento das temperaturas pode causar</p><p>alteração na viscosidade das águas. Segundo Jordão e Pessôa (2011), a</p><p>saturação do oxigênio dissolvido na água é afetada pela temperatura.</p><p>Assim, em temperaturas mais elevadas espera-se menores concentrações</p><p>de oxigênio dissolvido em água. Sendo assim, o lançamento de esgotos</p><p>com altas temperaturas impacta negativamente no meio aquático, redu-</p><p>zindo a disponibilidade de oxigênio para os seres aeróbios.</p><p>� Cor: este parâmetro é resultante da presença de substâncias dissolvi-</p><p>das, sendo causadas principalmente pela presença de ferro, manganês,</p><p>matéria orgânica, efluentes industriais coloridos ou, ainda, algas. Como</p><p>principal impacto há a redução da penetração da luz solar, o que causa</p><p>redução da fotossíntese realizada por fitoplâncton e macrófitas.</p><p>� Turbidez: este parâmetro se relaciona com a presença de materiais</p><p>em suspensão, que resultam na alteração da penetração de luz no</p><p>meio aquático. De acordo com Macêdo (2006), a turbidez decorre da</p><p>5Características dos efluentes</p><p>presença de partículas constituídas por plâncton, bactérias, argilas, silte</p><p>em suspensão, fontes de poluição que lançam material fino e outros.</p><p>� Sólidos: os sólidos resultam da presença de materiais dissolvidos e em</p><p>suspensão em águas e efluentes. As categorias de sólidos se dividem</p><p>em sólidos em suspensão e dissolvidos, sendo que seu somatório resulta</p><p>na concentração de sólidos totais em uma amostra.</p><p>Além disso, tais categorias se subdividem em sólidos fixos (resultado da</p><p>parcela inorgânica presente) e sólidos voláteis (fração orgânica). Ainda, é</p><p>possível determinar a concentração de sólidos sedimentáveis no meio, que</p><p>representa a concentração de partículas que podem sedimentar.</p><p>Nuvolari (2011) comenta que a presença de sólidos, em especial os presentes</p><p>no esgoto sanitário, acarreta o aumento da turbidez, influenciando diretamente</p><p>na entrada de luz, e diminui a saturação do oxigênio dissolvido.</p><p>Parâmetros químicos</p><p>As características químicas das águas residuárias são constituídas por com-</p><p>ponentes orgânicos e inorgânicos. De acordo com Jordão e Pessôa (2011),</p><p>a parcela orgânica, que compõe os esgotos, é constituída por compostos</p><p>de proteínas (40 a 60%), carboidratos (25 a 50%), gordura e óleos (10%)</p><p>e ureia, surfactantes, fenóis, pesticidas, entre outros. Os mesmos autores</p><p>comentam que a fração inorgânica dos esgotos é composta por areia e mi-</p><p>nerais dissolvidos.</p><p>Como parâmetros químicos, podemos citar: oxigênio dissolvido (OD),</p><p>matéria orgânica, DBO, DQO, nitrogênio, fósforo, surfactantes, óleos e graxas,</p><p>cianetos, fenóis, cromo, zinco, ferro, alumínio, níquel, chumbo, mercúrio e</p><p>outras substâncias.</p><p>Matéria orgânica</p><p>A análise deste parâmetro é de fundamental importância nos corpos d’água,</p><p>visto que é adotado tanto para a classificação de recursos hídrico como para</p><p>o padrão de emissão de efluentes. O processo de degradação dos compostos</p><p>orgânicos resulta no consumo de oxigênio, causando desequilíbrios ecológicos.</p><p>O oxigênio presente no meio será utilizado para a decomposição das substâncias</p><p>orgânicas, impactando nos organismos aeróbios.</p><p>A determinação da concentração de matéria orgânica pode ser realizada por</p><p>meio de diferentes parâmetros: DQO, DBO e carbono orgânico total (COT).</p><p>Características dos efluentes6</p><p>A DQO é uma medida indireta da concentração de matéria orgânica qui-</p><p>micamente degradável. Assim, na análise é determinada a concentração de</p><p>oxigênio capaz de quimicamente oxidar todos compostos orgânicos presentes</p><p>na amostra.</p><p>A DBO, por sua vez, representa a concentração de matéria biodegradável</p><p>presente em uma amostra. Sua determinação é realizada em um ensaio com</p><p>duração de cinco dias, sendo que esse período pode ser um inconveniente</p><p>quando há necessidade de avaliação imediata de sistemas de tratamento.</p><p>Entretanto, esse é o parâmetro utilizado para a classificação de águas doces,</p><p>segundo a Resolução CONAMA nº 357 (CONAMA, 2005).</p><p>Metcalf e Eddy (2016) apresentam as relações entre DBO e DQO, sendo que</p><p>para esgoto municipal bruto varia na faixa de 0,3 a 0,8. Os autores indicam,</p><p>ainda, que quando a relação DBO e DQO foi de 0,5 ou maior, o esgoto pode ser</p><p>tratado biologicamente, enquanto que valores de 0,3 ou menores sugerem que</p><p>no esgoto há componentes tóxicos necessitando de microrganismos adaptados</p><p>para sua estabilização.</p><p>A determinação de COT não separa as parcelas biodegradáveis e não</p><p>biodegradáveis da amostra (MACÊDO, 2006). Libânio et al. (2000) afirmam</p><p>que em águas superficiais o COT varia de 1 a 20 mg/L e em águas residuárias</p><p>pode chegar até a 1.000 mg/L. Os autores continuam comentando que uma</p><p>alteração significativa desse parâmetro é indicativa de novas fontes poluidoras</p><p>confirmadas por meio de outros ensaios (cor verdadeira, clorofila a, fósforo,</p><p>entre outros).</p><p>Série nitrogenada</p><p>O nitrogênio é um importante parâmetro a ser analisado, visto que para ocorrer</p><p>os processos biológicos é necessária uma quantidade de nitrogênio aceitável.</p><p>A série nitrogenada refere-se à determinação de nitrogênio total, nitrogênio</p><p>orgânico, nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato. Nuvolari (2011) comenta que</p><p>a presença de nitrogênio amoniacal caracteriza poluição recente, já a presença</p><p>de nitrato refere-se à poluição antiga. O nitrogênio, em elevadas concentrações</p><p>nos recursos hídricos, está relacionado à eutrofização.</p><p>Fósforo</p><p>Este parâmetro é primordial para a síntese da matéria orgânica, sendo geral-</p><p>mente o parâmetro limitante para o crescimento das algas. Porém, em excesso,</p><p>causa a eutrofização das águas. O fósforo pode ser de origem orgânica ou</p><p>7Características dos efluentes</p><p>inorgânica. O fósforo associado a nitrogênio em excesso nas águas favorece a</p><p>proliferação de algas, resultando na eutrofização. Esse fenômeno pode acarretar</p><p>a alteração da cor e do gosto na água, bem como outros impactos nos seus usos.</p><p>Surfactantes</p><p>Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012) comentam que o principal componente</p><p>de um detergente são os tensoativos ou surfactantes, que têm uma estrutura</p><p>molecular constituída por uma região hidrofóbica (aversão à água) e outra</p><p>hidrofílica (forte afinidade por água). Essas estruturas tensoativas reduzem</p><p>a tensão superficial da água ou influenciam na superfície de contato entre</p><p>dois líquidos.</p><p>Parâmetros biológicos</p><p>Os parâmetros biológicos estão relacionados à presença de microrganismos,</p><p>podendo servir como indicadores da qualidade das águas, em especial de</p><p>doenças de veiculação hídrica. Os principais parâmetros biológicos são: co-</p><p>liformes totais e fecais, algas, cianofíceas e ovos de helmintos.</p><p>� Grupo coliformes: representa um grupo de bactérias típicas do trato</p><p>digestivo de mamíferos e sua presença é indicativa da contaminação do</p><p>meio por dejetos, em especial esgoto doméstico. Esse grupo divide-se</p><p>em coliformes termotolerantes e Escherichia coli. De acordo com a</p><p>FUNASA (FUNDAÇÃO..., 2013), os seguintes fatores fazem com que</p><p>esse grupo de bactérias seja utilizado como bioindicador de contamina-</p><p>ção da água: a) são encontrados nas fezes de animais de sague quente,</p><p>incluindo o homem; b) são facilmente detectados e quantificados; c) a</p><p>concentração das bactérias está relacionada com o grau de contaminação</p><p>fecal; d) tem maior tempo de sobrevivência na água que as bactérias</p><p>patogênica intestinais; e e) são mais resistentes aos agentes tensoativos</p><p>e mais desinfectantes que as bactérias patogênicas.</p><p>� Ovos de helmintos: segundo Jordão e Pessôa (2011), a presença de ovos</p><p>parasitários pode ser detectada no esgoto e no lodo, merecendo destaque</p><p>as espécies de nematoides (Ascaris lumbricoides e Trichuris trichuria).</p><p>A presença de ovos de helmintos é um indicativo das condições de saúde</p><p>e sanitárias nas quais a população está exposta.</p><p>Características dos efluentes8</p><p>Aspectos quantitativos</p><p>Os aspectos quantitativos das águas residuárias se referem aos parâmetros</p><p>de: vazão, carga orgânica e população equivalente.</p><p>A vazão de efluentes é um parâmetro variável que é determinado com base</p><p>nos usos das águas. A vazão de esgotos domésticos variará de acordo com o</p><p>uso da água de abastecimento, já a vazão de esgotos industriais varia com base</p><p>no tipo de indústria, porte e processos utilizados. Segundo Metcalf e Eddy</p><p>(2016), a determinação da vazão dos esgotos é de fundamental importância para</p><p>a definição de projetos e a melhoria de sistemas de tratamento implantados.</p><p>Além dessas condicionantes, deverá ser observada a legislação vigente.</p><p>Cita-se a NBR 9.649 (ASSOCIAÇÃO..., 1986), que “[...] fixa as condições</p><p>exigíveis na elaboração de projeto hidráulico-sanitário de redes coletoras de</p><p>esgoto sanitário”. Essa norma cita ainda o coeficiente de retorno, que se refere</p><p>à “relação média entre os volumes de esgoto produzido e de água efetivamente</p><p>consumida”, sendo este especificado em 0,8.</p><p>A vazão é calculada considerando a água de abastecimento independente</p><p>da fonte. É geralmente definida pela letra Q e tem sua grandeza expressa</p><p>em L (litros) ou m3 (metros cúbicos) divididos por uma unidade de tempo: s</p><p>(segundos), min (minutos), h (hora) ou d (dia).</p><p>Conforme Metcalf e Eddy (2016), é importante a definição da carga orgâ-</p><p>nica a que um sistema estará sujeito, visto que a carga orgânica é usada para</p><p>definir também a capacidade, as características operacionais e os equipamentos</p><p>necessários para o tratamento. Segundo Von Sperling (2005), esse parâmetro</p><p>interfere proporcionalmente de forma linear ao acréscimo da DBO, ou seja, da</p><p>quantidade de oxigênio requerida para estabilizar a matéria orgânica contida</p><p>no efluente.</p><p>A carga orgânica é calculada pelo produto da DBO pela vazão média do</p><p>efluente. Sua grandeza é expressa, comumente, em massa — t (toneladas), kg</p><p>(quilograma), g (grama) e mg (miligrama) — por DBO/dia.</p><p>A população equivalente, ou equivalente populacional (EP), trata-se de</p><p>um caracterizador da emissão de efluentes industriais. Esse parâmetro define</p><p>a equivalência entre o potencial poluidor de uma indústria, quando comparada</p><p>com uma população que produz esse mesmo quantitativo de carga poluidora</p><p>(VON SPERLING, 2005). Esse parâmetro, expresso em número de habitantes,</p><p>é calculado considerando a carga de DBO de uma dada indústria dividida pela</p><p>contribuição per capita de DBO da população.</p><p>9Características dos efluentes</p><p>Indicadores de qualidade de efluentes</p><p>Os indicadores de qualidade das águas e dos efluentes foram desenvolvidos</p><p>com a premissa de avaliar os aspectos qualitativos destes. Desta forma, o uso de</p><p>índices de qualidade tem o objetivo de informar a população sobre a qualidade</p><p>das águas, bem como orientar ações de planejamento e gestão. Conforme a</p><p>Agência Nacional de Águas — ANA (2018), os principais índices de qualidade</p><p>das águas utilizados são: Índice de Qualidade das Águas (IQA), Índice de</p><p>Qualidade da Água Bruta para fins de Abastecimento Público (IAP), Índice</p><p>de Estado Trófico (IET), Índice de Toxicidade (IT), Índice de Balneabilidade</p><p>(IB) e Índice de Qualidade de Água para a Proteção da Vida Aquática (IVA).</p><p>O principal indicador qualitativo utilizado no Brasil é o IQA, que foi adotado</p><p>pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e relaciona</p><p>nove parâmetros considerados relevantes para a avaliação da qualidade das</p><p>águas, sendo eles: temperatura, pH, oxigênio dissolvido, DBO, coliformes</p><p>fecais, nitrogênio total, fósforo total, resíduo total e turbidez. Essa metodologia</p><p>foi criada em 1970 pela National Sanitation Foundation dos Estados Unidos</p><p>(ROCHA; ROSA; CARDOSO, 2009). Conforme a ANA (AGÊNCIA..., 2018),</p><p>esse índice foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água para o abas-</p><p>tecimento público, após realizado o tratamento convencional. Desse modo,</p><p>é possível determinar a qualidade das águas, a qual é indicada por meio de</p><p>uma escala de 0 a 100. Em cada Estado brasileiro, as faixas de IQA variam.</p><p>Assim, para os Estados de Alagoas, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Rio</p><p>de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, é utilizada a seguinte</p><p>escala de qualidade (AGÊNCIA..., 2018): a) ótima – 91 a 100; b) boa – 71 a 90;</p><p>c) razoável – 51 a 70; d) ruim – 26 a 50; e e) péssima – 0 a 25. Já para Bahia,</p><p>Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco e</p><p>São Paulo, as faixas utilizadas são: a) ótima – 80 a 100; b) boa – 52 a 79; c)</p><p>razoável – 37 a 51; d) ruim – 20 a 36; e e) péssima – 0 a 19.</p><p>Como podemos ver, o IQA desenvolvido pela CETESB é o indicador mais utilizado</p><p>para a determinação da qualidade das águas. No site da ANA, você pode verificar</p><p>o histórico do monitoramento do IQA em diferentes estados do Brasil, acessando o</p><p>mapa interativo disponível.</p><p>https://goo.gl/PBhPiv</p><p>Características dos efluentes10</p><p>O Índice de Toxicidade (IT) foi proposto por Brown et al. no ano de 1970,</p><p>tendo uma escala de 0 a 1, sendo que quando o IT assumir o valor 0, os valores</p><p>tóxicos estão acima do limite, já com valor de IT igual a 1, o índice indica que</p><p>os parâmetros estão abaixo do limite (FINOTTI et al., 2009). Nesse índice</p><p>são considerados sete metais: cádmio, chumbo, cobre, mercúrio, cromo total,</p><p>níquel e zinco. Os limites aceitáveis estão definidos nas legislações federais,</p><p>estaduais e municipais em vigor.</p><p>Já o IVA, também utilizado pela CETESB, é um índice que tem como</p><p>objetivo avaliar a relação qualitativa das águas, buscando a proteção da vida</p><p>aquática. Conforme a ANA (AGÊNCIA..., 2018), o índice relaciona ainda dois</p><p>subíndices, sendo eles: Índice de Parâmetros Mínimos para a Preservação da</p><p>Vida Aquática (IPMCA) e Índice do Estado Trófico (IET).</p><p>11Características dos efluentes</p><p>12</p><p>AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Portal da qualidade das águas. 2018. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 13 jun. 2018.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9649. Estudo de concepção</p><p>de sistemas de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1986.</p><p>CONAMA. Resolução n̊ 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos</p><p>corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como esta-</p><p>belece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.</p><p>Brasília, DF, 2005. Disponível em: . Acesso em: 13 jun. 2018.</p><p>FINOTTI, A.R. et al. Monitoramento de recursos hídricos em áreas urbanas. Caxias do</p><p>Sul: EDUCS, 2009.</p><p>FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Manual prático de análise de água. 4. ed. Brasília,</p><p>DF: Funasa, 2013.</p><p>JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 6. ed. Rio de Janeiro:</p><p>ABES, 2011.</p><p>LIBÂNIO, M. et al. Avaliação da relevância do carbono orgânico total como parâmetro</p><p>de caracterização de águas de abastecimento. Revista Brasileira de Recursos Humanos,</p><p>v. 5, n. 4, 2000.</p><p>MACÊDO, J.A.B. Introdução à química ambiental. 2. ed. Juiz de Fora: CRQ-MG, 2006.</p><p>MENDONÇA, S. R.; MENDONÇA, L. C. Sistemas sustentáveis de esgotos. 2. ed. São Paulo:</p><p>Blucher, 2017.</p><p>METCALF, L.; EDDY, H. P. Tratamento de efluentes e recuperação de recursos. 5. ed. Porto</p><p>Alegre: AMGH, 2016.</p><p>NUVOLARI, A. Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reuso agrícola. 2. ed.</p><p>São Paulo: Blucher, 2011.</p><p>ROCHA, J. C; ROSA, A. H; CARDOSO, A. A. Introdução a química ambiental. 2. ed; São</p><p>Paulo: Bookmam, 2009.</p><p>ROSA, A.H.; FRACETO, L.F.; MOSCHINI-CARLOS, V.(Org.). Meio Ambiente e Sustentabilidade.</p><p>Porto Alegre: Bookman, 2012.</p><p>VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 3. ed.</p><p>Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005.</p><p>Leitura recomendada</p><p>CONAMA. Resolução n̊ 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões</p><p>de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de</p><p>março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. Brasília, DF, 2011.</p><p>Disponível em: .</p><p>Acesso em: 13 jun. 2018.</p><p>Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para</p><p>esta Unidade</p><p>de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual</p><p>da Instituição, você encontra a obra na íntegra.</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>O vídeo a seguir apresenta uma breve apresentação desta Unidade de Aprendizagem, assim</p><p>como indicadores físico-químicos dos efluentes e classificação das águas conforme o Conselho</p><p>Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357/05.</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>1) Qual é o conceito de efluente?</p><p>A) Efluentes são os resíduos provenientes das indústrias, dos esgotos e das redes pluviais na</p><p>forma de líquidos.</p><p>B) Efluentes são os resíduos provenientes das indústrias, dos esgotos e das redes pluviais que</p><p>são lançados no meio ambiente na forma de líquidos ou de gases.</p><p>C) Efluentes são os resíduos provenientes das indústrias, dos esgotos e das redes pluviais que</p><p>são lançados no meio ambiente na forma de gases.</p><p>D) Efluentes são os resíduos provenientes dos esgotos e das redes pluviais que são lançados</p><p>no meio ambiente na forma de gases.</p><p>E) Efluentes são os resíduos provenientes das indústrias e das redes pluviais que são lançados</p><p>no meio ambiente na forma de líquidos ou de gases.</p><p>2) As características físicas, químicas e biológicas das águas naturais decorrem de uma</p><p>série de processos que ocorrem no corpo hídrico. Quais são os principais indicadores</p><p>de qualidade física da água?</p><p>A) Cor, temperatura, turbidez, sabor e odor.</p><p>B) Cor, temperatura, turbidez, sabor, pH e odor.</p><p>C) Cor, temperatura, sabor e odor.</p><p>D) Cor, temperatura, turbidez e odor.</p><p>E) Temperatura, turbidez, sabor e odor.</p><p>3) O que pode causar alteração no sabor e no odor das águas naturais?</p><p>A) A existência de substâncias em solução, como ferro, manganês, corantes, matéria orgânica</p><p>e algas.</p><p>B) A existência de substâncias em solução, como ferro, manganês, corantes, matéria orgânica,</p><p>assim como a presença de sólidos suspensos.</p><p>C) A presença de diversas substâncias químicas provenientes de efluentes industriais, gases</p><p>dissolvidos e microrganismos, estes principalmente algas e cianobactérias.</p><p>D) A presença substâncias químicas provenientes de esgotos domésticos.</p><p>E) A presença de diversas substâncias químicas, provenientes de esgotos domésticos e</p><p>efluentes industriais, gases dissolvidos e microrganismos, estes principalmente algas e</p><p>cianobactérias.</p><p>4) Cite os parâmetros que são avaliados para indicar qualidade química da água?</p><p>pH, alcalinidade, acidez, dureza, ferro e manganês, cloretos, fluoretos, oxigênio dissolvido A)</p><p>(OD), demanda química de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de oxigênio (DBO),</p><p>carbono orgânico total (COT), nitrogênio, fósforo e elementos potencialmente tóxicos.</p><p>B) pH, alcalinidade, acidez, dureza, ferro e manganês, cloretos, fluoretos, OD, DQO, DBO,</p><p>nitrogênio, fósforo e elementos potencialmente tóxicos.</p><p>C) pH, alcalinidade, acidez, dureza, ferro e manganês, cloretos, fluoretos, COT, nitrogênio,</p><p>fósforo e elementos potencialmente tóxicos.</p><p>D) pH, alcalinidade, acidez, dureza, ferro e manganês, cloretos, fluoretos, OD, DQO, DBO.</p><p>E) pH, alcalinidade, acidez, ferro e manganês, cloretos, fluoretos, OD, DQO, DBO, COT,</p><p>nitrogênio, fósforo e elementos potencialmente tóxicos.</p><p>5) Segundo a resolução CONAMA no 357 (2005), as águas doces (águas com salinidade</p><p>igual ou inferior a 0,5%) do Território Nacional são classificadas, segundo a</p><p>qualidade requerida para os seus usos preponderantes, em cinco classes. A que uso se</p><p>destinam as águas classificadas em Classe 2?</p><p>A) Abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; à proteção das</p><p>comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático</p><p>e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274 (2000); à irrigação de hortaliças,</p><p>plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os</p><p>quais o público possa vir a ter contato direto; à aquicultura e à atividade de</p><p>pesca.</p><p>B) Ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; à</p><p>irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; à pesca amadora; à recreação de</p><p>contato secundário; à dessedentação de animais.</p><p>Ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção; à preservação do equilíbrio</p><p>natural das comunidades aquáticas; e à preservação dos ambientes aquáticos em unidades</p><p>C)</p><p>de conservação de proteção integral.</p><p>D) À navegação; à harmonia paisagística.</p><p>E) Ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado; à proteção das</p><p>comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático</p><p>e mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274 (2000); à irrigação de hortaliças que</p><p>são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas</p><p>cruas sem remoção de película; à proteção das comunidades aquáticas em terras indígenas.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Imagine-se como gestor ambiental em uma grande indústria química e responsável pelo</p><p>gerenciamento da estação de tratamento de efluente (ETE).</p><p>Neste sentido, você precisa executar e avaliar o plano de monitoramento do efluente gerado, ou</p><p>seja, detectar se este monitoramento possui uma periodicidade mensal programada e analisar</p><p>parâmetros indicados pelo órgão licenciador, de acordo com a atividade, além das caraterísticas</p><p>do efluente gerado. Além de acompanhar essas análises, é preciso:</p><p>Por fim, a cada semestre, deverá enviar ao órgão licenciador, de forma atender uma</p><p>condicionante de licença, um gráfico contendo o histórico do período, um parecer quanto ao</p><p>atendimento da legislação aplicável e demais ações operacionais realizadas para manutenção da</p><p>ETE.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do</p><p>professor:</p><p>Resolução CONAMA nº 274 de 29 de novembro de 2000</p><p>Veja no link a seguir a Resolução CONAMA nº 274 na íntegra.</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>Resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005</p><p>Veja no link a seguir a Resolução CONAMA nº 357 na íntegra.</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>Processos gerais e estações de tratamento</p><p>de esgoto</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Nesta Unidade de Aprendizagem, serão abordados os conceitos e o processo de tratamento de</p><p>esgoto. O tratamento, basicamente, reproduz um processo natural, porém de maneira mais</p><p>rápida e eficaz, considerando a capacidade de suporte e os resultados alcançados.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Definir tratamento de esgoto.•</p><p>Descrever quais são os processos usualmente utilizados.•</p><p>Indicar as funções de cada nível dentro do processo de tratamento.•</p><p>DESAFIO</p><p>Imagine-se atuando como gestor ambiental em uma estação de tratamento de esgoto de um</p><p>município no Norte do Estado. O processo contemplado no tratamento é o de lodo ativado e</p><p>você foi solicitado pelo prefeito para apresentar um relatório a respeito das vantagens e das</p><p>desvantagens da aplicação desse método de tratamento.</p><p>INFOGRÁFICO</p><p>O infográfico a seguir demonstra os principais níveis dos processos de tratamento de esgoto</p><p>apresentados nesta Unidade de Aprendizagem.</p><p>CONTEÚDO DO LIVRO</p><p>O capítulo indicado para leitura,  Processos gerais e estações de tratamento de esgoto da obra</p><p>Saneamento, proporcionará um enriquecimento técnico sobre o assunto, colaborando para</p><p>formação e garantindo melhor atuação como gestor ambiental.</p><p>SANEAMENTO</p><p>Eliane Conterato</p><p>Processos gerais e estações</p><p>de tratamento de esgoto</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>� Definir tratamento de esgoto.</p><p>� Descrever quais são os processos usualmente utilizados.</p><p>� Indicar as funções de cada nível dentro do processo de tratamento.</p><p>Introdução</p><p>Todos os dias, milhões de litros de esgoto são gerados no Brasil, e grande</p><p>parte desse esgoto ainda é jogado na natureza sem tratamento. O esgoto</p><p>não tratado tem uma grande quantidade de sólidos e organismos como</p><p>vermes,</p><p>bactérias, vírus e protozoários, que contaminam os recursos</p><p>hídricos e prejudicam o desenvolvimento da vida aquática e da vida no</p><p>seu entorno, inclusive transmitindo inúmeras doenças. As impurezas</p><p>presentes no esgoto podem e devem ser removidas em grande parte</p><p>pelos processos de tratamento, antes do efluente ser lançado na natureza,</p><p>em córregos e rios.</p><p>Neste capítulo, você estudará os principais métodos utilizados no</p><p>tratamento de esgoto, que são capazes de tornar o efluente adequado</p><p>para posterior lançamento na natureza.</p><p>O tratamento de esgoto e sua importância</p><p>Esgoto nada mais é do que a água transportando sólidos que são despejados</p><p>de residências e indústrias todos os dias. Esses sólidos presentes no esgoto</p><p>são responsáveis pela deterioração da qualidade de um corpo d’água quando</p><p>lançados nele sem um tratamento adequado.</p><p>Quando o esgoto é lançado sem tratamento, acaba consumindo grande</p><p>parte do oxigênio dissolvido na água nos processos de degradação da matéria</p><p>orgânica. Conforme Von Sperling (2005), o consumo se deve aos processos de</p><p>estabilização da matéria orgânica realizados pelas bactérias decompositoras,</p><p>que utilizam o oxigênio disponível no meio líquido para sua respiração. Essa</p><p>redução de oxigênio dissolvido tem diversas implicações do ponto de vista</p><p>ambiental, sendo um dos principais problemas de poluição das águas.</p><p>Conforme menciona o autor, a autodepuração é a capacidade de um curso</p><p>d’água se recuperar por meio de mecanismos puramente naturais. O tempo</p><p>necessário para a autodepuração depende do corpo receptor: em um rio ou</p><p>mar, o fenômeno pode durar menos que em lagos, pois a agitação favorece a</p><p>aeração do escoamento, acelerando o processo. Um fator importante a con-</p><p>siderar na autodepuração é a capacidade de assimilação do corpo d’água. O</p><p>autor coloca que, sob uma visão prática, a capacidade de um corpo d’água</p><p>de assimilar despejos é um recurso a ser explorado, desde que não apresente</p><p>problemas do ponto de vista ambiental. Esse lançamento de cargas poluidoras</p><p>não pode ser admitido acima do limite aceitável, ou seja, acima da capacidade</p><p>de assimilação do corpo d’água.</p><p>Durante o processo de autodepuração, pode-se distinguir duas etapas</p><p>principais: decomposição e recuperação do oxigênio dissolvido (OD).</p><p>Durante a decomposição, existe uma demanda por oxigênio. Conforme</p><p>Braga et al. (2005), essa quantidade de oxigênio dissolvido na água, necessária</p><p>para a decomposição da matéria orgânica, é chamada de demanda bioquímica</p><p>de oxigênio (DBO); ela é a quantidade de oxigênio que vai ser respirado pelos</p><p>decompositores aeróbios para a decomposição completa da matéria orgânica</p><p>lançada na água. A DBO varia conforme o tipo de despejo e serve como pa-</p><p>râmetro indicador do potencial poluidor de certas substâncias biodegradáveis</p><p>em relação ao consumo de OD.</p><p>A segunda etapa, recuperação do OD, representa o período em que o</p><p>consumo de oxigênio torna-se menor que a reposição, então, o oxigênio volta</p><p>a aumentar no corpo hídrico. Essa reposição, segundo Braga et al. (2005),</p><p>acontece pelas trocas atmosféricas, devido à turbulência no curso de água, e pela</p><p>fotossíntese. Durante o processo de decomposição, o consumo normalmente</p><p>é maior que a reposição por ambas as fontes, e, apenas quando o processo de</p><p>decomposição cessa, a quantidade de oxigênio volta a aumentar.</p><p>O processo de autodepuração é apresentado na Figura 1. É possível ob-</p><p>servar as zonas características desse processo: zona de águas limpas, zona</p><p>de degradação, zona de decomposição ativa, zona de recuperação e zona de</p><p>águas limpas novamente.</p><p>Processos gerais e estações de tratamento de esgoto2</p><p>Figura 1. Regiões características do processo de autodepuração.</p><p>Fonte: Adaptada de Braga et al. (2005, p. 90).</p><p>O2</p><p>Vida aquática</p><p>superior</p><p>Zona de</p><p>águas limpas</p><p>Descarga de calor ou despejo</p><p>T</p><p>ip</p><p>o</p><p>s</p><p>d</p><p>e</p><p>o</p><p>rg</p><p>a</p><p>n</p><p>is</p><p>m</p><p>o</p><p>s</p><p>C</p><p>o</p><p>n</p><p>ce</p><p>n</p><p>tr</p><p>a</p><p>çã</p><p>o</p><p>Tempo ou distância</p><p>Zona de</p><p>águas limpas</p><p>Zona de</p><p>degradação</p><p>Zona de decom-</p><p>posição ativa</p><p>Zona de</p><p>recuperação</p><p>Vida aquática</p><p>superior</p><p>Organismos</p><p>mais resistentes</p><p>Organismos</p><p>mais resistentes</p><p>Bactérias e fungos</p><p>(anaeróbicos)</p><p>DBO</p><p>Direção ou fluxo</p><p>Na Figura 1 também se pode observar que o oxigênio dissolvido (repre-</p><p>sentado pela linha tracejada), encontra-se em uma concentração mais elevada</p><p>antes do lançamento do efluente, passando a diminuir na zona de degradação</p><p>e atingindo o menor valor na zona de decomposição ativa. Na zona de recu-</p><p>peração, volta a aumentar até atingir uma concentração satisfatória. Braga et</p><p>al. (2005) enfatiza que o nível de oxigênio reestabelecido não significa que a</p><p>zona esteja livre de organismos patogênicos. Em relação à DBO, ela é baixa</p><p>antes do lançamento do efluente, passando para valores máximos no momento</p><p>do lançamento e decaindo até atingir o nível satisfatório. Sem dúvida, esse</p><p>processo natural de tratamento de um esgoto lançado gera consequências ao</p><p>meio ambiente.</p><p>Quando existe a sobrecarga de nutrientes na água, ocorre um fenômeno</p><p>conhecido como eutrofização, no qual há uma grande proliferação de algas e</p><p>cianobactérias, que impedem a penetração da luz solar no ambiente aquático.</p><p>Sem luz, muitos organismos que dependem de fotossíntese acabam morrendo.</p><p>A quantificação de DBO e OD durante o processo de autodepuração pode</p><p>ser realizada através de modelos de qualidade de água. Segundo Von Sperling</p><p>(2005), um dos primeiros modelos foi desenvolvido por Streeter e Phelps, em</p><p>1925, e representou um marco na história de Engenharia Sanitária e Ambiental.</p><p>Posteriormente, vários outros modelos foram desenvolvidos, aumentando o</p><p>número de variáveis e a complexidade, como o modelo de Camp (1954) e o</p><p>3Processos gerais e estações de tratamento de esgoto</p><p>modelo QUAL2E, desenvolvido pela Agência de Proteção Ambiental dos</p><p>Estados Unidos.</p><p>Para que o afeito do lançamento in natura de esgotos seja minimizado, o</p><p>esgoto deve passar por estações de tratamento de esgoto (ETE), onde ocorre</p><p>o mesmo processo que naturalmente aconteceria em um corpo d’água, porém</p><p>em condições controladas, que garantem qualidade na remoção de poluição.</p><p>No tratamento de esgoto, são utilizadas como agentes bactérias aeróbias ou</p><p>anaeróbias que, quando encontram condições favoráveis, reproduzem-se</p><p>em grande quantidade, degradando a matéria orgânica presente no meio.</p><p>Para que as condições ideais sejam reproduzidas, deve ser feito um correto</p><p>dimensionamento do sistema, considerando as características do esgoto que</p><p>chega à ETE (afluente) e as características do corpo receptor que receberá o</p><p>esgoto depois de tratado (efluente).</p><p>O efluente da ETE deve ser adequado ao corpo receptor, ou seja, não pode</p><p>interferir na qualidade da água a ponto de prejudicar os usos que dela são feitos.</p><p>No Brasil, a Resolução nº. 430, de 13 de maio de 2011, do Conselho Nacional</p><p>do Meio Ambiente dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes</p><p>para a gestão do lançamento de efluentes em corpos de água receptores.</p><p>Conforme a resolução, para o lançamento direto de efluentes oriundos de</p><p>sistemas de tratamento de esgotos sanitários, devem ser obedecidas condições</p><p>como:</p><p>� pH entre 5 e 9;</p><p>� temperatura inferior a 40° C, e que a variação de temperatura não</p><p>exceda 3° C na zona de mistura;</p><p>� presença de no máximo 1 ml/litro de materiais sedimentáveis, sendo</p><p>que, para o lançamento em lagos e lagoas, esses materiais deverão ser</p><p>virtualmente ausentes;</p><p>� máximo de 120 mg/litro de DBO, sendo que esse limite somente poderá</p><p>ser ultrapassado no caso de ser efluente de sistema de tratamento com</p><p>eficiência mínima de 60% na remoção de DBO ou mediante estudo de</p><p>autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às metas</p><p>do enquadramento do corpo receptor;</p><p>� presença de óleos e graxas no limite máximo de 100 mg/litro;</p><p>� ausência de materiais flutuantes.</p><p>Processos gerais e estações de tratamento de esgoto4</p><p>Pelo link a seguir, você pode acessar o texto completo da Resolução nº. 430/2011 e</p><p>ler mais sobre as condições e padrões</p><p>de R$ 4 em saúde. Existem estatísticas que mostram</p><p>também que doenças vinculadas com a falta de saneamento geram prejuízos por</p><p>afastamentos das atividades diárias de trabalhadores no mercado de trabalho.</p><p>Outro índice importante que cabe apresentar é a mortalidade infantil. O gráfico</p><p>da Figura 2 mostra uma relação entre a população com acesso ao esgotamento</p><p>sanitário e a taxa de mortalidade infantil (dados da UNICEF e OMS).</p><p>A educação é outra área afetada diretamente pela falta de saneamento.</p><p>Conforme o Instituto Trata Brasil (2017), moradores de áreas sem acesso</p><p>à rede de distribuição de água e de coleta de esgotos têm um aumento do</p><p>atraso escolar Uma menor escolaridade implica em perda de produtividade e</p><p>de remuneração das gerações futuras. Somente o custo desse atraso escolar</p><p>devido à falta de saneamento alcançou R$ 16,6 bilhões em 2015.</p><p>Saneamento ambiental e sua importância socioambiental4</p><p>Figura 2. Relação entre saneamento e mortalidade infantil (dados de 2015).</p><p>Fonte: Instituto Trata Brasil (2017).</p><p>180</p><p>150</p><p>120</p><p>90</p><p>60</p><p>30</p><p>0</p><p>0 20 40 60 80 100</p><p>População com acesso ao esgotamento sanitário (%)</p><p>Ta</p><p>xa</p><p>d</p><p>e</p><p>m</p><p>o</p><p>rt</p><p>al</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>in</p><p>fa</p><p>n</p><p>ti</p><p>l *</p><p>(</p><p>%</p><p>)</p><p>Brasil</p><p>Outro dado importante disponibilizado é a falta de saneamento básico</p><p>nas escolas: na zona rural, 14,7% das escolas de ensino fundamental não têm</p><p>esgoto sanitário e 11,3% não têm abastecimento de água. Na zona urbana,</p><p>esses percentuais são 0,3% e 0,2%, respectivamente. Esse dado é preocupante</p><p>considerando-se que a escola deveria ser exemplo para o aluno, o que, mais</p><p>uma vez, demostra a importância do saneamento.</p><p>Em relação à cidadania e à informação da população, os dados são preo-</p><p>cupantes no Brasil. Pesquisas mostram que parcela significativa da população</p><p>desconhece o que é saneamento e não sabe o destino do esgoto que produz; 75%</p><p>das pessoas entrevistadas disseram nunca ter cobrado do órgão responsável</p><p>uma providência em relação à falta de saneamento.</p><p>5Saneamento ambiental e sua importância socioambiental</p><p>Pelo link e código a seguir, você pode acessar o site do</p><p>Instituto Trata Brasil e conhecer mais sobre as principais</p><p>áreas afetadas pela falta de saneamento e as estatísticas</p><p>sobre elas.</p><p>https://goo.gl/EpMq9k</p><p>Ações voltadas para o saneamento</p><p>Para falarmos de ações voltadas para o saneamento, é necessário primeiro</p><p>entendermos como são avaliadas as condições do município pelo gestor mu-</p><p>nicipal para verificar quais ações devem ser realizadas. Para uma correta</p><p>análise dessa situação, o gestor precisa ter indicadores reais. O estudo que</p><p>embasou a proposta do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB),</p><p>cuja elaboração é prevista na Lei do Saneamento Básico (Lei nº. 11.445, de 5</p><p>de janeiro de 2007), considera, além da infraestrutura implantada, aspectos</p><p>socioeconômicos e culturais e a qualidade dos serviços prestados.</p><p>A população que conta com oferta de serviço coletivo nem sempre recebe</p><p>esse serviço em condições adequadas. Por exemplo, a oferta de água tratada</p><p>deve ser feita dentro dos padrões e de forma ininterrupta; contudo, existem</p><p>casos de cidades que passam por frequentes interrupções, seja por problemas</p><p>no sistema ou por racionamento. Nessa parcela da população, ainda existe</p><p>quem não utiliza o serviço público, mesmo o tendo disponível, como no caso</p><p>de faltas de ligações prediais na rede coletora de esgoto.</p><p>A parcela de população sem oferta de serviço, ou ainda que não usa o</p><p>serviço público disponível, em parte tem solução individual. Esse tipo de</p><p>solução conta, por exemplo, com coleta de água em poços (dentro dos padrões</p><p>de potabilidade) e descarte de esgoto após tratamento em sistema individual</p><p>adequado, como fossa e filtro.</p><p>A pior das situações é a que não utiliza situação sanitária alguma, ou seja,</p><p>que não tem garantia de qualidade da água que ingere, não possui descarte</p><p>adequado dos resíduos e, muitas vezes convive com a própria poluição.</p><p>Saneamento ambiental e sua importância socioambiental6</p><p>Conhecer a parcela da população que se encontra em cada um dos casos</p><p>citados acima é o primeiro passo para propor ações visando a regulação dos</p><p>serviços de saneamento. A Lei nº. 11.445/2007 coloca o município como</p><p>competente por legislar sob o amparo da Constituição Federal. A lei define</p><p>quatro funções básicas para a gestão (BRASIL, 2007):</p><p>� planejamento;</p><p>� prestação de serviços;</p><p>� regulação;</p><p>� fiscalização.</p><p>A função planejamento é de responsabilidade do município. Ele que formu-</p><p>lará a política municipal de saneamento básico e elaborará o plano municipal</p><p>de saneamento básico, fundamental para contratar ou conceder os serviços.</p><p>As demais funções de regulação, fiscalização e prestação de serviços são de</p><p>responsabilidade do titular do serviço de saneamento, com o município atuando</p><p>de forma direta (concessão ou permissão) ou indireta (cooperação e contrato).</p><p>A Figura 3 mostra os principais princípios da Lei do Saneamento Básico,</p><p>que devem ser abordados na política municipal.</p><p>Figura 3. Principais princípios da Lei do Saneamento Básico.</p><p>Universalização</p><p>Integralidade</p><p>Equidade</p><p>Participação e</p><p>controle social</p><p>Titularidade</p><p>municipal</p><p>Intersetorialidade</p><p>Gestão pública</p><p>7Saneamento ambiental e sua importância socioambiental</p><p>Perceba que a universalização pressupõe que toda a população tenha acesso</p><p>de forma igual aos serviços de saneamento. A integralidade requer interseto-</p><p>rialidade, ou seja, diferentes setores dentro do município atuando em conjunto.</p><p>A equidade possibilita igualdade e justiça, alcançadas com a prestação de</p><p>serviços. A participação e o controle social devem estar presentes em todo o</p><p>processo, a fim de democratizá-lo. A titularidade municipal estabelece que o</p><p>município tem autonomia e competência para organizar, regular, controlar e</p><p>promover a realização dos serviços dentro de seu território. A intersetorialidade</p><p>permite compatibilizar e racionalizar diversas ações, aumentando a eficácia.</p><p>Em relação à gestão pública, entende-se que os serviços de saneamento são</p><p>essenciais para a elevação da qualidade de vida e da salubridade ambiental,</p><p>por isso as ações e serviços de saúde pública são considerados de obrigação</p><p>do estado.</p><p>Veja o texto completo da Lei do Saneamento Básico, Lei nº.</p><p>11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o</p><p>saneamento básico acessando o link ou o código a seguir.</p><p>https://goo.gl/Bt55F</p><p>O plano municipal, que é elaborado pelo município, deve englobar os 4</p><p>eixos descritos a seguir:</p><p>� abastecimento de água;</p><p>� esgotamento sanitário;</p><p>� drenagem urbana;</p><p>� limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos.</p><p>O planejamento deve ser integrado com todas as políticas e planos do</p><p>município, e deve ser feito para um período de 20 anos, considerando revisão a</p><p>cada 4 anos. O plano municipal deve assegurar a correta aplicação dos recursos</p><p>e usar indicadores de saneamento para a elaboração e o acompanhamento do</p><p>processo de implantação.</p><p>Saneamento ambiental e sua importância socioambiental8</p><p>Um plano municipal de saneamento básico deve conter pelo menos o</p><p>diagnóstico da situação do município, os objetivos e metas, os programas, as</p><p>projeções e ações para o alcance dos objetivos e o mecanismo para avaliação</p><p>sistemática e eficácia das ações.</p><p>A situação do saneamento no Brasil ainda é preocupante, mas existem municípios</p><p>que vêm se destacando como exemplos positivos. Um deles é o município de Jundiaí,</p><p>no interior de São Paulo. Conforme indicadores do Instituto Trata Brasil, o município</p><p>vem mostrando, ano a ano, evolução nos índices de coleta e tratamento de esgotos.</p><p>Atualmente, a cidade é referência no tratamento de esgotos, com 100% do esgoto</p><p>coletado tratado e com abastecimento de mais de 97% da população com água</p><p>tratada. Veja a seguir os índices apresentados pela cidade no período de 2008 a 2015.</p><p>Indicador de</p><p>atendimento</p><p>total de água (%)</p><p>Indicador de</p><p>atendimento total</p><p>de esgoto (%)</p><p>Indicador de esgoto</p><p>de lançamento de efluentes, em diferentes</p><p>condições.</p><p>https://goo.gl/E3zLSj</p><p>Para adequar o efluente ao corpo receptor, o grau de tratamento em uma</p><p>ETE pode variar, podendo existir diversas configurações e processos que</p><p>alcancem a eficiência necessária. Conforme Braga et al. (2005), o nível de</p><p>tratamento pode ser classificado, segundo o grau de eficiência, em:</p><p>� tratamento preliminar;</p><p>� tratamento primário;</p><p>� tratamento secundário;</p><p>� tratamento terciário.</p><p>Veja a seguir detalhadamente cada um desses tratamentos.</p><p>Processos de tratamento de esgoto</p><p>No Brasil, a NBR 12.2009/1989 fixa as condições exigíveis para a elaboração</p><p>de projeto hidráulico-sanitário de estações de tratamento de esgoto sanitário</p><p>(ETE). Veja a seguir quais são os principais processos de tratamento dentro</p><p>de cada nível.</p><p>Tratamento preliminar</p><p>Nesse primeiro nível, são retirados do esgoto os sólidos grosseiros, como lixo</p><p>jogado indevidamente na tubulação de esgoto, folhas secas, restos de vegetais e</p><p>tudo mais que pode ficar retido em sistema de gradeamento e sedimentado em</p><p>caixa de areia. Esse procedimento preliminar permite melhorar a eficiência dos</p><p>processos seguintes, evitando a danificação de equipamentos, como abrasão</p><p>de bombas e tubulações, entupimento de tubulações ou desgaste da estrutura.</p><p>5Processos gerais e estações de tratamento de esgoto</p><p>Entretanto, a matéria orgânica não é retida nesse primeiro processo. Veja um</p><p>esquema do tratamento preliminar na Figura 2.</p><p>Figura 2. Processo preliminar de tratamento do esgoto.</p><p>Gradeamento</p><p>Caixa de areia Medidor de vazão</p><p>Tratamento primário</p><p>Após passar pelo processo primário, o esgoto ainda contém sólidos em sus-</p><p>pensão. Conforme Nuvolari (2011), a função dessa etapa é clarificar o esgoto,</p><p>removendo os sólidos que podem sedimentar pelo seu próprio peso. Esse</p><p>primeiro lodo formado é chamado de lodo primário bruto. O processo de</p><p>decomposição de parte desse lodo ocorre de forma anaeróbia no fundo do</p><p>decantador. Posteriormente, esse lodo é removido com bombas, raspadores</p><p>ou tubulações e tratado adequadamente, já que nem todo o volume retirado se</p><p>encontra estabilizado (segundo a NBR 12.209/1989, o lodo estabilizado é um</p><p>lodo que não está sujeito à putrefação). Nesse processo, também podem ser</p><p>removidos sólidos flutuantes (óleos e graxas). Veja um esquema do tratamento</p><p>primário na Figura 3.</p><p>Figura 3. Processo primário de tratamento de esgoto.</p><p>Esgoto</p><p>afluente</p><p>Esgoto</p><p>efluente</p><p>(já decantado)</p><p>Lodo primário</p><p>Partícula em suspensão</p><p>Processos gerais e estações de tratamento de esgoto6</p><p>Tratamento secundário</p><p>O tratamento secundário remove a matéria orgânica e os sólidos em suspensão</p><p>por meio de processos biológicos. Esses processos utilizam reações bioquími-</p><p>cas, realizadas por microrganismos, que podem ser bactérias aeróbias, aeróbias</p><p>facultativas, protozoários e fungos. A participação dos microrganismos é</p><p>fundamental nesse processo.</p><p>Os principais poluentes removidos são a matéria orgânica em suspensão,</p><p>os sólidos não sedimentáveis, os nutrientes e patógenos — esses dois últimos,</p><p>parcialmente. Existem diferentes processos que são considerados tratamento</p><p>secundário. A escolha do mais adequado depende, basicamente, das caracte-</p><p>rísticas do esgoto, das características climáticas do local, da disponibilidade</p><p>de energia, da disponibilidade de espaço, entre outros fatores. Estas são as</p><p>características de alguns dos processos mais utilizados.</p><p>Lodos ativados: segundo Jordão e Pessoa (2014), lodo ativado é o floco</p><p>produzido em um esgoto bruto ou decantado pelo crescimento de bactérias</p><p>ou outros organismos, na presença de oxigênio dissolvido, e acumulado</p><p>em concentração suficiente devido ao retorno de outros flocos previamente</p><p>formados. Basicamente, o lodo recircula logo após ser separado do es-</p><p>goto por sedimentação. O excesso de lodo é descartado (após tratamento</p><p>adequado) e a maior parte retorna para o sistema, entrando em contato</p><p>novamente com o esgoto bruto. O esgoto tratado é coletado por canaletas</p><p>na superfície, onde passa para a próxima etapa. Visualize esse processo</p><p>na Figura 4.</p><p>Filtros biológicos: conforme Jordão e Pessoa (2014), o contato do esgoto</p><p>afluente com a massa biológica contida nos filtros biológicos realiza uma</p><p>oxidação bioquímica. O mecanismo do processo é caracterizado pela</p><p>percolação contínua do esgoto através do meio suporte. A Figura 5 mostra</p><p>um esquema de filtro biológico, no qual se pode observar o sistema de</p><p>aspersão e o meio filtrante. A coleta é realizada por tubulações localizadas</p><p>no fundo do filtro.</p><p>7Processos gerais e estações de tratamento de esgoto</p><p>Figura 4. Esquema do tratamento de esgotos por lodo ativado convencional.</p><p>Fonte: Nuvolari (2011).</p><p>Figura 5. Representação esquemática de filtro biológico.</p><p>Fonte: Von Sperling (2005).</p><p>Biofilme</p><p>Meio</p><p>suporte</p><p>Esgoto</p><p>percolando</p><p>Processos gerais e estações de tratamento de esgoto8</p><p>Reatores anaeróbios: essas estruturas são dimensionadas para que o trata-</p><p>mento do esgoto seja realizado por microrganismos presentes em um manto de</p><p>lodo formado no interior dos reatores anaeróbios. Conforme Jordão e Pessoa</p><p>(2014), essas estruturas têm, basicamente, as seguintes partes:</p><p>� câmara de digestão: onde se localiza o manto de lodo e onde se processa</p><p>a digestão anaeróbia;</p><p>� separador de fases: dispositivo que separa as fases líquida e gasosa da</p><p>fase sólida (é, na verdade, um defletor de gases);</p><p>� zona de transição: se encontra entre a zona de digestão e a zona de</p><p>sedimentação superior;</p><p>� zona de sedimentação: o esgoto, com uma velocidade ascensional, verte</p><p>pelas aberturas superiores, permitindo que os sólidos ainda presentes</p><p>sedimentem e retornem para as zonas de transição e digestão;</p><p>� zona de acumulação de gás: zona onde o gás se acumula para ser co-</p><p>letado posteriormente.</p><p>Conforme os autores, um bom projeto de reator costuma obter um efluente</p><p>com eficiência da ordem de 70% de remoção de DBO. No caso de esgotos</p><p>domésticos, geralmente, pode-se obter um efluente com concentração má-</p><p>xima de DBO inferior a 120 mg/litro e de sólidos suspensos inferior a 80 mg/</p><p>litro. Esses valores são influenciados pelo tempo de detenção hidráulico que,</p><p>tipicamente, está entre 6 a 10 horas.</p><p>O tempo de detenção hidráulico é o tempo que o efluente é retido no reator.</p><p>A Figura 6 mostra um reator anaeróbio de fluxo ascendente (RAFA),</p><p>conhecido também por sua sigla em inglês, UASB (Upflow Anaerobic Sludge</p><p>Blanket).</p><p>9Processos gerais e estações de tratamento de esgoto</p><p>Figura 6. Representação esquemática de um reator tipo RAFA ou UASB.</p><p>Fonte: Adaptada de Jordão e Pessoa (2014, p. 832).</p><p>Saída de biogás</p><p>Separador</p><p>trifásico</p><p>Defletor</p><p>de gases</p><p>Bolhas</p><p>de gás</p><p>Partículas</p><p>de lodo</p><p>Compartimento</p><p>de digestão</p><p>Compartimento</p><p>de decantação</p><p>Abertura para</p><p>o decantador</p><p>Manta</p><p>de lodo</p><p>Leito</p><p>de lodo</p><p>Afluente</p><p>Coleta do efluente</p><p>Lagoas de estabilização: conforme Jordão e Pessoa (2014), lagoas de estabili-</p><p>zação são sistemas de tratamento biológico em que a estabilização da matéria</p><p>orgânica é realizada pela oxidação bacteriológica e/ou redução fotossintética</p><p>das águas. De acordo com a forma predominante pela qual se dá a estabilização</p><p>da matéria orgânica, as lagoas podem ser classificadas em:</p><p>� lagoas anaeróbias: nelas predominam processos de fermentação anaeró-</p><p>bia; imediatamente abaixo da superfície, não existe oxigênio dissolvido;</p><p>� lagoas facultativas: nelas ocorrem simultaneamente processos de fer-</p><p>mentação anaeróbia, oxidação aeróbia e redução fotossintética;</p><p>� lagoas de maturação: elas têm como objetivo principal a remoção de</p><p>organismos patogênicos — bactérias, vírus, protozoários e ovos de</p><p>helmintos. A redução de sólidos em suspensão e de DBO é praticamente</p><p>nula, sendo esse tipo de lagoa utilizado no tratamento terciário.</p><p>Processos gerais e estações de tratamento de esgoto10</p><p>A lagoa é basicamente um sistema onde o esgoto entra em uma extremidade</p><p>e é coletado na extremidade oposta. Esse processo demora vários dias, e o tempo</p><p>de permanência</p><p>(tempo de detenção) depende do tipo de lagoa. A Tabela 1</p><p>resume algumas características das principais lagoas utilizadas atualmente:</p><p>Fonte: Adaptada de Von Sperling (1995).</p><p>lagoas</p><p>facultativas</p><p>lagoas</p><p>anaeróbias</p><p>lagoas de</p><p>maturação</p><p>tempo de</p><p>detenção (dias)</p><p>15 a 45 3 a 6 *</p><p>profundidade (m) 1,5 a 2 3 a 5 0,8 a 12</p><p>relação comprimento/</p><p>largura</p><p>2 a 4 1 a 3 **</p><p>relação comprimento/</p><p>largura</p><p>2 a 4 1 a 3 **</p><p>* depende do formato da lagoa e da eficiência requerida;</p><p>** em lagoas de maturação chicaneadas em célula única >10 e em série de mais de 3 lagoas, varia de 1 a 3.</p><p>Tabela 1. Resumo das características das principais lagoas utilizadas</p><p>As lagoas, apesar de demandarem uma área grande em relação a outros</p><p>processos, apresentam boa eficiência, principalmente em regiões com clima</p><p>quente. A Figura 7 mostra um esquema de funcionamento de uma lagoa fa-</p><p>cultativa e de um sistema australiano, que é a utilização em conjunto de lagoa</p><p>anaeróbia e lagoa facultativa. Esse sistema é bastante utilizado, pois, com a</p><p>remoção de DBO na faixa de 50 a 70% na lagoa anaeróbia, o efluente entra</p><p>em uma lagoa facultativa requerendo uma área menor. De acordo com Von</p><p>Sperling (1995), esse sistema requer cerca de 45 a 70% da área em comparação</p><p>a uma única lagoa facultativa.</p><p>11Processos gerais e estações de tratamento de esgoto</p><p>Figura 7. Esquema mostrando o funcionamento de (a) lagoa facultativa e (b) lagoa anaeróbia</p><p>seguida de facultativa (sistema australiano).</p><p>Fonte: Adaptada de Von Sperling (1995, p. 19 e 62).</p><p>Grade</p><p>Caixa</p><p>de areia</p><p>Fase sólida</p><p>Medidor</p><p>de vazão</p><p>Lagoa facultativa</p><p>Lagoa facultativa</p><p>Lagoa anaeróbica - lagoa facultativa</p><p>Corpo</p><p>receptor</p><p>Grade</p><p>Caixa</p><p>de areia</p><p>Fase sólida</p><p>Medidor</p><p>de vazão Lagoa facultativaLagoa anaeróbica</p><p>Corpo</p><p>receptor</p><p>a)</p><p>b)</p><p>Além dos processos citados, existem alternativas para o tratamento se-</p><p>cundário, que são utilizadas em tratamentos de volumes menores. Uma das</p><p>experiências em maior escala no Brasil é a estação de tratamento ecológica</p><p>de Juturnaíba, que faz parte do sistema de coleta e tratamento de esgoto dos</p><p>municípios de Araruama, Saquarema e Silva Jardim, no Rio de Janeiro. Essa</p><p>estação utiliza plantas para a absorção de nutrientes, principalmente nitrogê-</p><p>nio e fósforo, como última etapa do tratamento. A Figura 8 mostra o sistema</p><p>utilizado na estação de Juturnaíba.</p><p>Processos gerais e estações de tratamento de esgoto12</p><p>Figura 8. Plantas usadas no lugar de produtos químicos na ETE ecológica de Juturnaíba (RJ).</p><p>Fonte: Como será (2015).</p><p>No link a seguir, você encontra um artigo sobre a utilização de plantas no tratamento</p><p>de esgoto, “Componentes do sistema de tratamento de esgoto com plantas”.</p><p>https://goo.gl/7na43W</p><p>Tratamento terciário</p><p>Este tratamento é utilizado quando se deseja obter um tratamento de qualidade</p><p>superior para os esgotos. Nele são removidos poluentes específicos (micro-</p><p>nutrientes e patógenos), além de outros poluentes não retidos no tratamento</p><p>primário e secundário. No tratamento terciário, removem-se compostos como</p><p>nitrogênio e fósforo, além da remoção completa da matéria orgânica.</p><p>13Processos gerais e estações de tratamento de esgoto</p><p>Entre os principais métodos de tratamento terciário estão as lagoas de</p><p>maturação e os processos de desinfecção por cloração, raios ultravioleta ou</p><p>ozonização. A lagoa de maturação é uma alternativa mais barata a outros</p><p>métodos, pois a desinfecção é possibilizada basicamente pela penetração da</p><p>luz solar, elevado pH (devido à atividade fotossintética) e elevada presença</p><p>de oxigênio dissolvido.</p><p>Tratamento do lodo</p><p>O lodo proveniente de estações de tratamento deve ser corretamente descar-</p><p>tado. Conforme o Brasil (2008), as etapas de tratamento de lodo de ETEs</p><p>são quatro: adensamento, estabilização, desidratação e higienização. Mas</p><p>nem todo resíduo gerado durante o tratamento necessita passar por todas</p><p>essas etapas.</p><p>O adensamento consiste em concentrar os sólidos presentes no lodo para</p><p>reduzir sua umidade. Pode ser realizado por gravidade ou por flotação, que</p><p>consiste na adição de um polímero que facilita o arraste e o acúmulo do lodo</p><p>na superfície do tanque. A estabilização pode ser realizada por digestão</p><p>anaeróbia, aeróbia, tratamento térmico ou ainda estabilização química. A</p><p>desidratação pode ser realizada por processos naturais ou mecânicos (leito</p><p>de secagem, como exemplo de desidratação natural, e prensa desaguadora,</p><p>como exemplo de desidratação mecânica). Existem diferentes métodos para</p><p>a higienização; entre os mais usados estão a adição de cal e a composta-</p><p>gem. A necessidade de higienização depende da destinação final, já que a</p><p>incineração ou a disposição em aterro sanitário requerem uma higienização</p><p>menos rigorosa.</p><p>Veja na Figura 9 um esquema mostrando o método utilizado pela Sabesp</p><p>(Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) até o destino</p><p>final do lodo gerado nas ETEs da companhia.</p><p>Processos gerais e estações de tratamento de esgoto14</p><p>Figura 9. Processo de secagem e destinação final do logo gerado em ETEs da Sabesp.</p><p>Fonte: São Paulo ([201-?]).</p><p>Tratamentos em locais sem coleta pública de esgoto</p><p>Existem locais onde não há coleta pública, então, deve ser dado um tratamento</p><p>individual adequado ao esgoto gerado. Esses casos se aplicam principalmente</p><p>15Processos gerais e estações de tratamento de esgoto</p><p>em áreas rurais. Um dos tratamentos mais utilizados em residências é a fossa</p><p>séptica.</p><p>De acordo com Jordão e Pessoa (2014), a fossa séptica consiste em uma</p><p>câmara construída especialmente para reter os esgotos por determinado tempo,</p><p>de modo a permitir a sedimentação dos sólidos e a retenção de materiais graxos,</p><p>transformando-os em compostos mais simples e estáveis. Esse processo pode</p><p>obter uma eficiência entre 30 e 65% na remoção de DBO.</p><p>A retenção do esgoto na fossa pode variar de 24 a 12 horas, dependendo</p><p>das condições do esgoto. Nesse período de retenção ocorre a sedimentação</p><p>e a decomposição anaeróbia do lodo. O autor ainda cita os processos mais</p><p>eficientes e econômicos de disposição do efluente da fossa séptica: diluição,</p><p>sumidouro, vala de infiltração, vala de filtração e filtro de areia.</p><p>A diluição deve satisfazer as exigências, tanto para o efluente quanto</p><p>para o corpo receptor. O sumidouro é um poço absorvente onde o efluente se</p><p>infiltra no solo. A vala de infiltração consiste em uma vala preparada para</p><p>receber e infiltrar o efluente sobre o solo. A vala de filtração consiste em</p><p>uma vala preparada com tubulações de coleta, onde o efluente é despejado na</p><p>superfície e coletado pelas tubulações (pode ser usado como um tratamento</p><p>complementar, podendo chegar a uma eficiência de 95% na remoção de DBO).</p><p>Antes da destinação final, o efluente da fossa pode receber tratamento</p><p>complementar; nesse caso, geralmente são utilizados filtros anaeróbios de</p><p>fluxo ascendente, que consistem em uma câmara com camadas de material</p><p>filtrante. A utilização de fossa e filtro em conjunto chegam a uma eficiência</p><p>de 70 a 85% na remoção de DBO.</p><p>A estação de tratamento de esgoto de Barueri é uma das maiores da Sabesp. Localizada</p><p>no município de Barueri, ela serve a maior parte da cidade de São Paulo. Também</p><p>atende aos municípios de Jandira, Itapevi, Barueri, Carapicuíba, Osasco, Taboão da</p><p>Serra, Santana do Parnaíba e partes de Cotia, Embu e Itapecerica da Serra. Veja algumas</p><p>características dessa ETE.</p><p>� data de início da operação: 11 de maio de 1988;</p><p>� pessoas beneficiadas: 5,76 milhões de habitantes;</p><p>� vazão média de projeto: 12 mil litros por segundo;</p><p>� vazão atual: 9.906 litros/segundo (média de 2016).</p><p>O processo de tratamento empregado é o de lodo ativado convencional e em nível</p><p>secundário, com grau de eficiência de cerca de 90% de remoção de carga orgânica.</p><p>Processos gerais e estações de tratamento de esgoto16</p><p>Os esgotos são transportados para a estação através de um sistema de esgotamento</p><p>constituído por coletores-tronco, emissários, interceptores e linha de recalque, totali-</p><p>zando aproximadamente</p><p>251 quilômetros de extensão.</p><p>Figura 10. Imagem da estação e tratamento de esgoto de Barueri (SP).</p><p>Fonte: São Paulo ([201-?]).</p><p>1. Quais são os níveis de</p><p>tratamento para o esgoto?</p><p>a) Preliminar, primário,</p><p>secundário, secundário</p><p>complementar e terciário.</p><p>b) Preliminar, primário,</p><p>secundário e terciário.</p><p>c) Primário, secundário e terciário.</p><p>d) Preliminar, secundário e terciário.</p><p>e) Secundário, preliminar,</p><p>terciário e preliminar.</p><p>2. Quais são os efeitos positivos</p><p>do saneamento básico?</p><p>a) Melhoria da saúde da população</p><p>e redução dos recursos aplicados</p><p>no tratamento de doenças.</p><p>b) Melhoria do potencial produtivo</p><p>das pessoas; dinamização</p><p>da economia e geração de</p><p>empregos; eliminação da</p><p>poluição estético-visual e</p><p>desenvolvimento do turismo.</p><p>c) Eliminação de barreiras não</p><p>tarifárias para os produtos</p><p>exportáveis das empresas locais;</p><p>conservação ambiental; melhoria</p><p>da imagem institucional;</p><p>reconhecimento dos eleitores.</p><p>d) Diminuição dos custos de</p><p>tratamento da água.</p><p>e) Todas as alternativas</p><p>estão corretas</p><p>3. Os investimentos em esgoto</p><p>sanitário têm um forte impacto</p><p>positivo sobre a economia dos</p><p>municípios, com valorização dos</p><p>imóveis residenciais e comerciais.</p><p>Além desse impacto, podem-se citar:</p><p>a) a viabilização da instalação</p><p>de novos negócios e o</p><p>crescimento dos já instalados.</p><p>b) o crescimento da atividade</p><p>de construção civil para</p><p>atender o aumento da procura</p><p>17Processos gerais e estações de tratamento de esgoto</p><p>de imóveis; a criação de</p><p>novos empregos a partir da</p><p>dinamização da construção</p><p>civil, da abertura de novos</p><p>negócios ou do crescimento</p><p>daqueles já existentes; o</p><p>aumento da arrecadação</p><p>municipal de tributos.</p><p>c) a viabilização da instalação de</p><p>novos negócios e o crescimento</p><p>dos já instalados; o crescimento</p><p>da atividade de construção civil</p><p>para atender o aumento da</p><p>procura de imóveis; a criação</p><p>de novos empregos a partir</p><p>da dinamização da construção</p><p>civil, da abertura de novos</p><p>negócios ou do crescimento</p><p>daqueles já existentes; o</p><p>aumento da arrecadação</p><p>municipal de tributos.</p><p>d) a criação de novos</p><p>empregos a partir da</p><p>dinamização da construção</p><p>civil, da abertura de novos</p><p>negócios ou do crescimento</p><p>daqueles já existentes.</p><p>e) a abertura de novos</p><p>negócios ou do crescimento</p><p>daqueles já existentes.</p><p>4. As características dos esgotos, de</p><p>uma forma geral, são determinadas</p><p>pelas impurezas incorporadas à</p><p>água em decorrência do uso para o</p><p>qual ela foi destinada. Considerando</p><p>o esgoto doméstico, quais</p><p>parâmetros devem ser analisados?</p><p>a) Sólidos, indicadores de matéria</p><p>orgânica, nutrientes e indicadores</p><p>de contaminação fecal.</p><p>b) Indicadores de matéria</p><p>orgânica e indicadores de</p><p>contaminação fecal.</p><p>c) Indicadores de matéria orgânica,</p><p>nutrientes e indicadores</p><p>de contaminação fecal.</p><p>d) Sólidos, indicadores de</p><p>matéria orgânica e indicadores</p><p>de contaminação fecal.</p><p>e) Nutrientes e indicadores</p><p>de contaminação fecal.</p><p>5. Quais são os principais impactos</p><p>gerados pelo lançamento de</p><p>poluentes nos cursos d’água?</p><p>a) A contaminação pelos</p><p>organismos patogênicos</p><p>e a eutrofização.</p><p>b) A redução da concentração</p><p>de oxigênio dissolvido</p><p>e a eutrofização.</p><p>c) A redução da concentração</p><p>de oxigênio dissolvido e a</p><p>contaminação pelos organismos</p><p>patogênicos e a eutrofização.</p><p>d) A redução da concentração</p><p>de oxigênio dissolvido</p><p>e a contaminação pelos</p><p>organismos patogênicos.</p><p>e) Nenhuma alternativa anterior.</p><p>Processos gerais e estações de tratamento de esgoto18</p><p>BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice</p><p>Hall, 2005.</p><p>BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (Org.).</p><p>Transversal: lodo gerado durante o tratamento de água e esgoto: guia do profissional</p><p>em treinamento: nível 2. Brasília, DF: Ministério das Cidades, 2008.</p><p>BRASIL. Resolução nº. 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e pa-</p><p>drões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº. 357, de 17</p><p>de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. DOU, Brasília,</p><p>DF, n. 92, p. 89, 16 maio 2011.</p><p>COMO SERÁ. Estação de tratamento usa plantas no lugar de produtos químicos. 2015.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 20</p><p>jun. 2018.</p><p>JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 7. ed. Rio de Janeiro:</p><p>ABES, 2014.</p><p>NUVOLARI, A. (Coord.). Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reúso agrícola.</p><p>2. ed. São Paulo: Blucher, 2011.</p><p>SÃO PAULO. Companhia de Saneamento Básico do Estado. Estação Barueri. [201?].</p><p>Disponível em: .</p><p>Acesso em: 20 jun. 2018.</p><p>VON SPERLING, M. V. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos.</p><p>3. ed. Belo Horizonte: UMFG, 2005. (Princípios do tratamento biológico de águas</p><p>residuárias, 1).</p><p>VON SPERLING, M. V. Lagoas de estabilização. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 1995.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>BARROS, R. Energia de biogás da digestão anaeróbia de resíduos sólidos orgânicos e</p><p>de aterros sanitários. Revista O Futuro da Energia, v. 1, n. 1, p. 1-9, 2016.</p><p>VON SPERLING, M. Lodos ativados. Belo Horizonte: UFMG/ABES, 1997. (Princípios do</p><p>tratamento biológico de águas residuárias, 4).</p><p>19Processos gerais e estações de tratamento de esgoto</p><p>Conteúdo:</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>O vídeo a seguir apresenta uma breve apresentação do conceito e da abordagem legal sobre o</p><p>assunto de tratamento de esgotos, conforme LEI Nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007.</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>1) Quais são os níveis de tratamento para o esgoto?</p><p>A) Preliminar, primário, secundário, secundário complementar e terciário.</p><p>B) Preliminar, primário, secundário e terciário.</p><p>C) Primário, secundário e terciário.</p><p>D) Preliminar, secundário e terciário.</p><p>E) Secundário, preliminar, terciário e preliminar.</p><p>2) Quais são os efeitos positivos do saneamento básico?</p><p>A) Melhoria da saúde da população e redução dos recursos aplicados no tratamento de</p><p>doenças.</p><p>B) Melhoria do potencial produtivo das pessoas; dinamização da economia e geração de</p><p>empregos; eliminação da poluição estético-visual e desenvolvimento do turismo.</p><p>Eliminação de barreiras não tarifárias para os produtos exportáveis das empresas locais; C)</p><p>conservação ambiental; melhoria da imagem institucional; reconhecimento dos eleitores.</p><p>D) Diminuição dos custos de tratamento da água.</p><p>E) Todas as alternativas estão corretas .</p><p>3) Os investimentos em esgoto sanitário têm um forte impacto positivo sobre a economia</p><p>dos municípios com valorização dos imóveis residenciais e comerciais. Além desse</p><p>impacto, podem-se citar:</p><p>A) viabilização à instalação de novos negócios e o crescimento dos já instalados.</p><p>B) crescimento da atividade de construção civil para atender o aumento da procura de</p><p>imóveis; criação de novos empregos a partir da dinamização da construção civil, da</p><p>abertura de novos negócios ou do crescimento daqueles já existentes; aumento da</p><p>arrecadação municipal de tributos.</p><p>C) viabilização à instalação de novos negócios e o crescimento dos já instalados; crescimento</p><p>da atividade de construção civil para atender o aumento da procura de imóveis; criação de</p><p>novos empregos a partir da dinamização da construção civil, da abertura de novos</p><p>negócios ou do crescimento daqueles já existentes; aumento da arrecadação municipal de</p><p>tributos.</p><p>D) criação de novos empregos a partir da dinamização da construção civil, da abertura de</p><p>novos negócios ou do crescimento daqueles já existentes.</p><p>E) abertura de novos negócios ou do crescimento daqueles já existentes.</p><p>4) As características dos esgotos, de uma forma geral, são determinadas pelas</p><p>impurezas incorporadas à água em decorrência do uso para o qual ela foi destinada.</p><p>Considerando esgoto</p><p>doméstico, quais parâmetros devem ser analisados?</p><p>A) Sólidos, indicadores de matéria orgânica, nutrientes e indicadores de contaminação fecal.</p><p>B) Indicadores de matéria orgânica e indicadores de contaminação fecal.</p><p>C) Indicadores de matéria orgânica, nutrientes e indicadores de contaminação fecal.</p><p>D) Sólidos, indicadores de matéria orgânica e indicadores de contaminação fecal.</p><p>E) Nutrientes e indicadores de contaminação fecal.</p><p>5) Quais são os principais impactos gerados pelo lançamento de poluentes nos cursos</p><p>d'água?</p><p>A) A contaminação pelos organismos patogênicos e a eutrofização.</p><p>B) A redução da concentração de oxigênio dissolvido e a eutrofização.</p><p>C) A redução da concentração de oxigênio dissolvido e a contaminação pelos organismos</p><p>patogênicos e a eutrofização.</p><p>D) A redução da concentração de oxigênio dissolvido e a contaminação pelos organismos</p><p>patogênicos.</p><p>E) Nenhuma alternativa anterior.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Imagine-se como secretário de meio ambiente, determinado a sanar uma questão básica e</p><p>fundamental: o saneamento básico.</p><p>Para iniciar, decide sanear a população de uma localidade irregular que despeja boa parte do seu</p><p>esgoto em um importante córrego da região. Você realiza uma reunião com o departamento de</p><p>águas e esgotos para iniciar o planejamento do processo e determina o que deverá ser feito.</p><p>Solicita, então, um diagnóstico, o levantamento de dados a respeito da quantificação da</p><p>população que será atendida e também sobre o meio ambiente local. Em reunião posterior, e em</p><p>posse desses dados, você e os demais técnicos discutem a respeito do processo tratamento de</p><p>esgoto indicado para esse local e tomam a decisão para continuidade e implantação do projeto.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do</p><p>professor:</p><p>Trata Brasil - Saneamento é saúde</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>SCHWANKE., and Cibele. Ambiente - Conhecimentos e Práticas [Série Tekne]. Bookman,</p><p>2013. VitalBook file. Capítulo 5.</p><p>Técnicas de tratamento para fins</p><p>domésticos e industriais</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>A ocupação urbana e a instalação de indústrias sem planejamento adequado têm ocasionado</p><p>poluição dos recursos hídricos, como consequência da geração de efluentes, que, na maioria dos</p><p>casos, não são tratados. Nesta Unidade de Aprendizagem, serão abordadas alternativas para</p><p>tratamentos domésticos e industriais.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Diferenciar técnicas de tratamento doméstico e industrial;•</p><p>Selecionar técnicas para tratamento doméstico;•</p><p>Indicar importância para o tratamento de esgoto.•</p><p>DESAFIO</p><p>Você, como gestor ambiental e responsável pela estação de tratamento de uma unidade</p><p>industrial, deve apresentar um relatório contendo uma atualização do plano de monitoramento</p><p>da qualidade do efluente tratado ao órgão licenciador. Para isso, estruture um modelo de</p><p>relatório, indicando os capítulos que deve apresentar.</p><p>INFOGRÁFICO</p><p>No infográfico a seguir, há uma síntese que apresenta os conceitos centrais desta Unidade de</p><p>Aprendizagem.</p><p>CONTEÚDO DO LIVRO</p><p>A poluição é decorrente principalmente da ação do homem sobre o meio, resultando na</p><p>degradação deste, ou seja, na alteração das características físicas, químicas e biológicas dos</p><p>componentes do ambiente. No caso das águas, pode-se verificar o aumento dos índices de</p><p>poluição devido ao crescimento populacional e ao lançamento de despejos sanitários e</p><p>industriais. Tais situações acabam acarretando múltiplos efeitos, como: contaminação dos</p><p>recursos hídricos com diferentes poluentes, desequilíbrio dos ecossistemas aquáticos, alteração</p><p>dos padrões de qualidade de vida, problemas de saúde, entre outros impactos negativos.</p><p>Boa leitura.</p><p>SISTEMA DE</p><p>TRATAMENTO E</p><p>ABASTECIMENTO</p><p>Raquel Finkler</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>> Diferenciar técnicas de tratamento doméstico e industrial.</p><p>> Selecionar técnicas para tratamento doméstico.</p><p>> Indicar importância para o tratamento de esgoto.</p><p>Introdução</p><p>A poluição é decorrente principalmente da ação do homem sobre o meio,</p><p>resultando na degradação deste, ou seja, na alteração das características</p><p>físicas, químicas e biológicas dos componentes do ambiente. No caso das</p><p>águas, pode-se verificar o aumento dos índices de poluição devido ao cres-</p><p>cimento populacional e ao lançamento de despejos sanitários e industriais.</p><p>Tais situações acabam acarretando múltiplos efeitos, como: contaminação dos</p><p>recursos hídricos com diferentes poluentes, desequilíbrio dos ecossistemas</p><p>aquáticos, alteração dos padrões de qualidade de vida, problemas de saúde,</p><p>entre outros impactos negativos.</p><p>O contexto descrito deve ser bem compreendido para que sejam propostas</p><p>medidas que permitam a atenuação da poluição antrópica. O uso da tecnologia</p><p>é imprescindível para a remoção de poluentes das águas residuárias, e muitos</p><p>Técnicas de</p><p>tratamento para</p><p>fins domésticos</p><p>e industriais</p><p>Raquel Finkler</p><p>são os métodos disponíveis para esse fim, abrangendo desde sistemas clássicos</p><p>até avançados.</p><p>Neste capítulo, você vai estudar as características que diferenciam os</p><p>esgotos domésticos (sanitários) dos industriais, assim como os elementos</p><p>fundamentais de diferentes técnicas de tratamento de esgoto. Ainda, você</p><p>vai compreender a importância da aplicação de sistemas de tratamento de</p><p>efluentes para a melhoria da qualidade de vida e ambiental.</p><p>Diferenças entre o tratamento de</p><p>efluentes domésticos e industriais</p><p>A geração de efluentes líquidos é basicamente dividida em dois tipos quanto</p><p>à sua gênese: efluentes domésticos e efluentes industriais. Segundo Jordão</p><p>e Pessôa (2011), a palavra esgoto é utilizada para caracterizar os despejos</p><p>advindos de diferentes modalidades de uso e origem das águas. Segundo os</p><p>autores, os esgotos sanitários englobam essencialmente os efluentes domés-</p><p>ticos, uma parcela de águas pluviais, águas de infiltração e casualmente uma</p><p>parcela não significativa de efluentes industriais. Essa categoria de esgotos</p><p>é proveniente de residências, hotéis, clubes, comércios, centros comerciais e</p><p>de serviços. A composição primordial dos esgotos domésticos é fezes, urina,</p><p>restos de alimentos, sabões e detergentes de águas de lavagem.</p><p>Jordão e Pessôa (2011) definem os esgotos industriais como aqueles prove-</p><p>nientes da utilização de água para fins industriais, possuindo características</p><p>que variam qualitativamente e quantitativamente em função do processo</p><p>industrial empregado. Os principais poluentes de origem in¬dustrial são os</p><p>compostos orgânicos e inorgânicos, merecendo destaque os metais pesados.</p><p>Conceitos que também merecem destaque são os de águas cinzas</p><p>e águas negras. Segundo Sousa (2017), as águas cinzas são aquelas</p><p>provenientes de chuveiros, lavatórios de banheiro, tanques e máquinas de</p><p>lavar roupa. Referem-se a águas que não apresentam um elevado grau de su-</p><p>jidade, permitindo que técnicas de tratamento menos complexas possam ser</p><p>empregadas para a remoção de contaminantes e que seja realizado o reúso na</p><p>própria edificação geradora. Já as águas negras são águas com altos níveis de</p><p>contaminação, em especial advindas do vaso sanitário, das pias de cozinha e</p><p>de mictórios (SOUSA, 2017). Segundo o mesmo autor, as águas negras devem ser</p><p>encaminhadas diretamente para as redes coletoras de esgotos e encaminhadas</p><p>para tratamento.</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais2</p><p>Ainda, pode-se afirmar que a composição de efluentes pode variar de</p><p>acordo com diversos fatores, como a região atendida, as atividades desen-</p><p>volvidas, os hábitos de higiene, o nível socioeconômico da região, além de</p><p>causas comportamentais (FUGITA, 2018). Braga et al. (2005) incluem ainda</p><p>como fatores relacionados à variação na geração de esgotos:</p><p>� existência de ligações clandestinas de águas pluviais na rede de esgoto;</p><p>� clima;</p><p>� custo e medição da água;</p><p>� pressão e qualidade da rede de água;</p><p>� estado de conservação</p><p>dos aparelhos sanitários.</p><p>De qualquer forma, os quantitativos de vazões de geração de efluentes</p><p>em um centro urbano são considerados elevados.</p><p>Efluentes domésticos</p><p>Conforme descrito anteriormente, os efluentes domésticos são aqueles gera-</p><p>dos em residências e serviços e, que devido às suas características, precisam</p><p>ser adequadamente tratados. Mas quais são as suas características? Mendonça</p><p>e Mendonça (2017) comentam que os efluentes domésticos são constituídos</p><p>aproximadamente de 99,93% de água e 0,07% de sólidos suspensos, coloidais</p><p>e dissolvidos (em peso). Tchobanoglous et al. (2016) afirmam que os sólidos</p><p>presentes no esgoto são divididos em:</p><p>� orgânicos, constituídos por proteínas, carboidratos e lipídios; e</p><p>� inorgânicos, dos quais fazem parte os detritos minerais pesados,</p><p>os sais e os metais.</p><p>De acordo com Mota (2008), os principais componentes considerados na</p><p>avaliação da poluição da água por esgotos domésticos são: material sólido,</p><p>matéria orgânica, microrganismos patogênicos e nutrientes (nitrogênio e</p><p>fósforo). Alguns indicadores usuais na avaliação dos efluentes domésticos</p><p>são descritos na sequência.</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais 3</p><p>Demanda bioquímica de oxigênio (DBO): corresponde à quantidade de oxigênio</p><p>necessária para a biodegradação. A concentração de matéria orgânica bio-</p><p>degradável é indicada indiretamente. Segundo Dezotti (2008), a DBO consiste</p><p>no parâmetro mais importante para determinar a concentração de matéria</p><p>orgânica biologicamente degradável presente em um efluente. Braga et al.</p><p>(2005) afirmam que o valor de DBO varia conforme o tipo de esgoto. Os auto-</p><p>res seguem comentando que, para esgoto doméstico, a DBO é em torno de</p><p>300 mg/L, sendo esse valor muitas vezes maior do que a concentração de</p><p>oxigênio saturado da água, que é de cerca de 9 mg/L (água pura a 20°C).</p><p>Braga et al. (2005) indicam ainda que outros tipos de despejo têm concen-</p><p>trações maiores do que as de esgoto doméstico, como: indústria alimentícia,</p><p>fábricas de papel e celulose, curtumes, entre outros.</p><p>Demanda química de oxigênio (DQO): refere-se a uma medida indireta da</p><p>quantidade de matéria orgânica presente em uma amostra. Por meio da</p><p>determinação da quantidade de oxigênio consumido (proveniente do K2Cr2O7</p><p>— dicromato de potássio utilizado no método) em meio ácido (na metodo-</p><p>logia, ocorre a adição de ácido sulfúrico), tem-se uma medida indireta da</p><p>concentração de matéria orgânica. Segundo Braga et al. (2005), pelo fato de</p><p>oxidar ainda os compostos orgânicos biodegradáveis e, em alguns casos,</p><p>os compostos inorgânicos, o valor de DQO sempre será superior ao valor de</p><p>DBO. Os mesmos autores afirmam que o teste de DQO é mais rápido do que</p><p>o de DBO, levando apenas cerca de 3 horas para a obtenção do resultado.</p><p>A relação DQO/DBO é importante para o estudo dos possíveis tratamentos,</p><p>visto que essa relação indica o grau de biodegradabilidade de um efluente</p><p>(NUNES, 2012). Nesse sentido, conforme Tchobanoglous et al. (2016), essa</p><p>relação é aplicada para a verificação da biodegradabilidade das águas resi-</p><p>duárias. Os mesmos autores apresentam valores na faixa de 0,3 a 0,8 para</p><p>esgoto doméstico bruto.</p><p>Nitrogênio: pode ser encontrado de diferentes formas no meio, dentre elas:</p><p>nitrogênio orgânico na forma dissolvida, nitrogênio molecular, nitrogênio</p><p>amoniacal, nitrito e nitrato (BRAGA et al., 2005). Segundo Tchobanoglous</p><p>et al. (2016), o nitrito é um indicador de poluição prévia ao processo de estabi-</p><p>lização, e sua concentração raramente excede 1 mg/L em esgotos. Os mesmos</p><p>autores também afirmam que, para nitrato, as concentrações variam entre</p><p>0 e 20 mg/L. Para Jordão e Pessôa (2011), o valor médio da concentração de</p><p>nitrogênio amoniacal em esgotos é entre 10 e 50 mg/L.</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais4</p><p>Sólidos: Jordão e Pessôa (2011) comentam que os sólidos podem ser clas-</p><p>sificados segundo inúmeros fatores, sendo esses: dimensão das partículas</p><p>(suspensão, coloidais e dissolvidos); sedimentabilidade (sedimentáveis, flu-</p><p>tuantes e não sedimentáveis); secagem (fixos e voláteis); secagem (totais,</p><p>suspensão e dissolvidos). Os autores ainda afirmam que o teor de matéria</p><p>sólida é importante para o dimensionamento e o controle de operações das</p><p>unidades de tratamento.</p><p>Coliformes: este é considerado um bioindicador da poluição por fezes huma-</p><p>nas e animais. Jordão e Pessôa (2011) comentam que o grupo de coliformes</p><p>apresenta variação de espécies. Assim, foram desenvolvidos testes específicos</p><p>para a identificação de espécies desse grupo de bactérias.</p><p>No Quadro 1, é apresentada a variação da concentração de alguns parâ-</p><p>metros em esgotos domésticos.</p><p>Quadro 1. Parâmetros do esgoto doméstico</p><p>Parâmetro</p><p>Valores típicos</p><p>Forte Médio Diluído</p><p>Sólidos totais (mg/L) 1.230 720 390</p><p>Sólidos sedimentáveis (mL/L) 20 10 5</p><p>DBO (mg/L) 350 190 110</p><p>DQO (mg/L) 800 430 250</p><p>Nitrogênio total (mg/L) 70 40 20</p><p>Nitrogênio amoniacal (mg/L) 45 25 12</p><p>Coliformes totais (nº/100 mL) 107 a 109 107 a 108 106 a 107</p><p>Fonte: Adaptado de Mendonça e Mendonça (2017).</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais 5</p><p>Efluentes industriais</p><p>Conforme Telles (2013), a utilização da água nas indústrias está associada a</p><p>diferentes aplicações, como:</p><p>� matéria-prima incorporada ao produto;</p><p>� reagente;</p><p>� solvente;</p><p>� lavagem de gases e sólidos;</p><p>� veículo de suspensão;</p><p>� operações de transmissão de calor;</p><p>� fonte de energia e transporte.</p><p>Ainda segundo Telles (2013), o setor industrial consome cerca de 22%</p><p>da água do planeta, reduzindo a disponibilidade hídrica. Vale ressaltar que</p><p>as características dos despejos e as suas vazões, que são muito variáveis,</p><p>também impactam a disponibilidade hídrica.</p><p>Os processos industriais resultam em uma variedade de efluentes, com</p><p>características e níveis de substâncias presentes variando de acordo com</p><p>o setor industrial (DAVIS e MASTEN, 2016). Segundo Telles (2013), os efluen-</p><p>tes industriais podem ser classificados conforme a natureza: orgânica ou</p><p>inorgânica. Conforme o mesmo autor, os poluentes orgânicos, constituídos</p><p>por matéria biodegradável em maior quantidade, são aqueles gerados em</p><p>indústrias alimentícias, matadouros, entre outras atividades. Já os efluentes</p><p>industriais predominantemente inorgânicos podem conter metais tóxicos</p><p>que prejudicam a qualidade da água e seus posteriores usos (TELLES, 2013).</p><p>Mota (2008) indica os componentes que podem ser considerados na com-</p><p>posição do esgoto dependendo da sua origem: sólidos, matéria orgânica, orga-</p><p>nismos patogênicos, cor e turbidez, temperatura, óleos e graxas, surfactantes,</p><p>nitrogênio, fósforo, enxofre, metais pesados, poluentes orgânicos e outras</p><p>substâncias poluentes. No Quadro 2, a seguir, é apresentada a composição</p><p>típica do esgoto bruto em diferentes atividades econômicas.</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais6</p><p>Quadro 2. Composição típica do esgoto bruto em diferentes atividades</p><p>econômicas</p><p>Atividade DBO (mg/L) SS (mg/L) DQO (mg/L)</p><p>Alimentícia</p><p>(conservas)</p><p>500 — 600-7.500</p><p>Bebidas</p><p>(cervejaria)</p><p>150-350 1.400 3.500</p><p>Têxtil (algodão) 2.000 70 200-1.500</p><p>Curtume 1.000-3.500 220-300 1.000-4.000</p><p>Indústria química</p><p>(sabão)</p><p>1.000 — 250-2.000</p><p>Fabricação de</p><p>polpa e papel</p><p>1.000-10.000 400-1.000 300-10.000</p><p>Siderúrgica</p><p>(fundição)</p><p>12-30 — 100-300</p><p>Legenda: DBO (demanda bioquímica de oxigênio); DQO (demanda química de oxigênio) e</p><p>SS (sólidos suspensos).</p><p>Fonte: Adaptado de Von Sperling (1996).</p><p>Segundo Coelho (2020), o tratamento de efluentes industriais, assim como</p><p>o tratamento de efluentes domésticos, envolve as etapas de tratamento pre-</p><p>liminar, tratamento primário, tratamento secundário e tratamento terciário,</p><p>de acordo com o nível de poluentes presentes no efluente. Diversos sistemas</p><p>de tratamento podem ser aplicados para alcançar os níveis de tratamento</p><p>requeridos, sendo descritos aqui como tratamentos físico, químico e biológico.</p><p>� Tratamento físico: nesta etapa, são removidos os sólidos</p><p>grossei-</p><p>ros e outros componentes de menores dimensões por meio do uso</p><p>de gradeamento, peneiramento, desarenadores e caixas de gordura</p><p>(COELHO, 2020). Coelho (2020) também ressalta que o uso de peneiras</p><p>é imprescindível nas indústrias têxteis, alimentícias e de bebidas e em</p><p>curtumes. Ainda, segundo Jordão e Pessôa (2011), outras técnicas de</p><p>tratamento físico podem ser empregadas, como: remoção da umidade</p><p>do lodo, filtração dos esgotos, incineração de lodo, diluição de esgotos</p><p>e homogeneização dos esgotos ou do lodo.</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais 7</p><p>� Tratamento químico: este tratamento objetiva a clarificação do efluente</p><p>por meio de coagulação, floculação, neutralização de pH, oxidação e</p><p>redução (COELHO, 2020). Pode-se citar alguns exemplos de técnicas de</p><p>tratamento químico de efluentes industriais, como: eletrocoagulação,</p><p>desinfecção, redução de cromo hexavalente, dentre outras.</p><p>� Tratamento biológico: conforme Tchobanoglous et al. (2016), o trata-</p><p>mento biológico visa à remoção de compostos orgânicos biodegradáveis</p><p>e sólidos suspensos por meio da atividade biológica. Ainda, segundo os</p><p>mesmos autores, o tratamento biológico busca a remoção de nutrientes,</p><p>como nitrogênio e fósforo. Esse tipo de processo pode ser dividido em:</p><p>■ tratamentos biológicos aeróbios, que se referem aos processos que</p><p>utilizam oxigênio dissolvido nas rotas metabólicas (lodos ativados,</p><p>lagoas de estabilização, entre outros); e</p><p>■ tratamentos biológicos anaeróbios, que empregam microrganismos</p><p>que assimilam a matéria orgânica em ambientes com ausência de</p><p>oxigênio (lagoas anaeróbias, filtros anaeróbios, entre outros).</p><p>É importante pontuar que diferentes sistemas de tratamento são utili-</p><p>zados para a remoção da carga poluidora em esgotos sanitários e efluentes</p><p>industriais. Assim, de forma geral, para tratamento de esgotos domésticos,</p><p>são adotadas unidades operacionais para remoção de sólidos grosseiros</p><p>(tratamento físico) e de matéria orgânica (sistemas biológicos). Além disso,</p><p>é recomendada a adoção de sistemas que permitam a remoção de contami-</p><p>nantes biológicos, como sistemas de filtração e cloração.</p><p>Por sua vez, as estações de tratamento de efluentes industriais podem</p><p>apresentar uma grande variação de configurações, sendo estas relacionadas</p><p>às características da água residuária. Assim, indústrias com efluentes com-</p><p>postos por metais, por exemplo, tendem a empregar tecnologias químicas</p><p>para a remoção da carga poluidora. Empresas que geram efluentes com</p><p>elevada carga orgânica necessitam de sistemas biológicos para remoção</p><p>dos poluentes.</p><p>Outra questão a ser considerada no tratamento de efluentes industriais</p><p>é a adoção de técnicas avançadas que permitam remover a carga poluidora,</p><p>resultando em um efluente tratado com características que permitam o seu</p><p>reúso em outras atividades da empresa, como irrigação de jardins, uso em</p><p>sanitários, fins paisagísticos, entre outros. De forma geral, pode-se afirmar</p><p>que os sistemas de tratamento a serem implementados em indústrias são</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais8</p><p>mais complexos, em termos de unidades operacionais para a remoção de carga</p><p>poluidora, do que os esgotos domésticos. Porém, para ambos os tratamentos,</p><p>sanitários e industriais, deve-se monitorar a eficiência dos sistemas, para</p><p>atendimento à legislação e melhoria da qualidade ambiental.</p><p>Tratamento de efluentes domésticos</p><p>Conforme Dezotti (2008), os esgotos domésticos possuem concentrações</p><p>de matéria orgânica menores do que os efluentes industriais. Entretanto,</p><p>devido aos grandes volumes gerados, à descentralização da sua geração e</p><p>aos inúmeros sistemas de tratamento ineficientes, esses efluentes podem</p><p>causar impactos negativos quando não tratados.</p><p>Diferentes sistemas de tratamento podem ser aplicados para alcançar</p><p>os níveis ideais para lançamento do efluente tratado em um dado corpo</p><p>receptor. Para tanto, na escolha, é importante ser considerada a eficiência</p><p>esperada. Sendo assim devem ser avaliados os padrões de emissão determi-</p><p>nados na legislação ou em uma licença de operação. Além da eficiência, as</p><p>características do efluente e as condições ambientais devem ser avaliadas na</p><p>definição dos níveis de tratamento. A seguir, serão descritos os tratamentos</p><p>preliminar, primário, secundário e terciário, conforme apresenta a Figura 1.</p><p>Figura 1. Sistemas de tratamento de efluentes domésticos.</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais 9</p><p>Tratamento preliminar</p><p>O tratamento preliminar tem como objetivo principal a remoção de materiais</p><p>grosseiros, sólidos em suspensão e matérias flutuantes (DEZOTTI, 2008).</p><p>Jordão e Pessôa (2011) incluem ainda a remoção de areia como um objetivo</p><p>do tratamento primário. A seguir, são apresentados alguns dos dispositivos</p><p>que fazem parte desse tratamento.</p><p>� Gradeamento: geralmente, esse é o primeiro processo em estações de</p><p>tratamento de efluentes. Segundo Tchobanoglous et al. (2016), esse</p><p>processo se refere a uma grade com aberturas de dimensões uniformes</p><p>que é utilizada para reter sólidos grandes contidos no efluente, de</p><p>dimensões maiores do que as grades. Assim, a abertura das grades</p><p>varia de acordo com o objetivo de remoção desses sólidos. Desse modo,</p><p>a função principal do gradeamento é realizar a remoção de materiais</p><p>grosseiros que podem vir a obstruir os equipamentos (bombas e tu-</p><p>bulações) do tratamento subsequente (TCHOBANOGLOUS et al., 2016).</p><p>� Caixas de areia: esses dispositivos são destinados a reter areia e outros</p><p>detritos inertes e pesados que possuem a característica de rápida</p><p>deposição (DEZOTTI, 2008). Da mesma forma que o gradeamento, esse</p><p>sistema tem como objetivo a retenção de materiais para a proteção de</p><p>bombas, válvulas, canalizações, sifões, dentre outros. O seu princípio</p><p>de funcionamento, segundo Dezotti (2008), é favorecer a deposição por</p><p>decantação das partículas sólidas mediante a calmaria do fluxo de água.</p><p>� Caixas de gordura: as caixas de gordura consistem em tanques de</p><p>retenção de gorduras, óleos e graxas, além de diversas substâncias de</p><p>densidade menor do que a água. Dezotti (2008) afirma que o mecanismo</p><p>de funcionamento desse dispositivo está baseado na imiscibilidade</p><p>em água e na baixa massa específica desses materiais, que flutuam</p><p>sobre as águas e, assim, são removidos. Segundo o mesmo autor,</p><p>o dimensionamento de uma caixa de gordura deve estar relacionado</p><p>às características do efluente, à sua capacidade de acumulação de</p><p>gordura entre cada limpeza, à localização dos pontos de entrada e</p><p>saída e às condições de vedação da mesma. A retirada desses materiais</p><p>do efluente se torna imprescindível a fim de evitar obstruções nos</p><p>coletores, acúmulo nas unidades sequentes e formação de espumas</p><p>no recurso hídrico receptor.</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais10</p><p>Tratamento primário</p><p>O tratamento primário tem como objetivo a remoção de parte dos sólidos em</p><p>suspensão e sedimentáveis e parte da matéria orgânica (PHILIPPI JÚNIOR, 2005).</p><p>Segundo Jordão e Pessôa (2011), os tratamentos primários são: sedimentação,</p><p>flotação, sistemas anaeróbios, além de digestão e secagem de lodo. A seguir,</p><p>são descritas algumas dessas tecnologias.</p><p>� Sedimentação: essa etapa tem a finalidade de realizar a remoção de</p><p>sólidos em suspensão não retirados nos dispositivos anteriores a</p><p>esse processo. Conforme Dezotti (2008), a sedimentação se baseia na</p><p>separação sólido-líquido devido à diferença de densidade entre as</p><p>fases. A sedimentação é realizada em decantadores com operação re-</p><p>lativamente simples. O processo ocorre a partir da entrada do efluente</p><p>por aberturas, com o fluxo dirigido para baixo, sendo escoado com</p><p>velocidade lenta, o que favorece a decantação; a saída é direcionada</p><p>aos vertedores na extremidade oposta.</p><p>� Flotação: a flotação objetiva a remoção de partículas em suspensão</p><p>e/ou flutuantes de um meio líquido, nos casos em que a densidade da</p><p>fase dispersa é menor do que a fase contínua (DEZOTTI,</p><p>2008). Dezotti</p><p>(2008) também afirma que a flotação abrange as etapas de geração de</p><p>bolhas, ligação das bolhas ao material a ser flotado, separação sólido/</p><p>líquido ou líquido/líquido e retirada do sobrenadante.</p><p>� Fossa séptica: segundo Philipi Júnior (2005), esse sistema utiliza um</p><p>tanque de sedimentação adequadamente projetado para a remoção</p><p>de sólidos sedimentáveis. Tais sólidos retidos se mantêm no fundo do</p><p>tanque e, devido às condições anaeróbias, acabam se estabilizando.</p><p>Tratamento secundário</p><p>Segundo Cutolo (2009), o tratamento secundário objetiva a remoção biológica</p><p>de sólidos e a transformação da matéria orgânica presente nos efluentes em</p><p>nutrientes. Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012) afirmam que os componentes</p><p>orgânicos biodegradáveis presentes nos efluentes podem ser removidos por</p><p>processos biológicos, por meio do emprego de bactérias e outros microrganis-</p><p>mos que se alimentam da matéria orgânica presente. Esses processos podem</p><p>ser classificados quanto à presença de oxigênio no meio, sendo definidos</p><p>como aeróbios, quando ocorrem na presença de oxigênio, ou anaeróbios,</p><p>quando ocorrem na ausência de oxigênio.</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais 11</p><p>Nos processos aeróbios, é utilizado o oxigênio molecular na degradação</p><p>da matéria orgânica, gerando principalmente CO2 (dióxido de carbono) e H2O</p><p>(água). Já nos processos anaeróbios, como não há a presença de oxigênio</p><p>molecular, são utilizadas algumas espécies de carbono, enxofre e nitrogênio</p><p>para a degradação do material orgânico (ROSA, FRACETO e MOSCHINI-CARLOS,</p><p>2012). Alguns sistemas são apresentados a seguir.</p><p>� Lodos ativados: trata-se da remoção de poluentes por meio da formação</p><p>e sedimentação de flocos biológicos (lodo ativado), que são formados</p><p>por bactérias, protozoários, rotíferos e outros microrganismos. Por meio</p><p>da respiração e do descarte do lodo, ocorre a remoção de matéria or-</p><p>gânica (PHILIPPI JR., 2005). Tchobanoglous et al. (2016) descrevem que o</p><p>processo de lodos ativados é constituído pelos seguintes componentes:</p><p>a) areator, onde os microrganismos são mantidos em suspensão e</p><p>aerados;</p><p>b) unidade de separação sólido-líquido — em geral, um tanque de</p><p>sedimentação; e</p><p>c) sistema de recirculação de sólidos separados no sedimentador.</p><p>Os autores informam ainda que são várias as configurações de sistemas</p><p>a partir das unidades básicas. Jordão e Pessôa (2011) indicam como</p><p>principais vantagens a maior eficiência de tratamento e flexibilidade</p><p>de operação e a menor área ocupada quando comparada com filtros</p><p>biológicos. Os mesmos autores apontam como desvantagens a operação</p><p>mais delicada, a necessidade de controle laboratorial e um custo de</p><p>operação maior quando comparado à filtração biológica.</p><p>� Lagoas de estabilização: Mendonça e Mendonça (2017) citam que essa</p><p>tecnologia tem como objetivo a remoção de matéria orgânica, a eli-</p><p>minação de microrganismos e a utilização de efluentes para reúso.</p><p>Jordão e Pessôa (2011) classificam os sistemas por lagoas considerando</p><p>o critério de estabilização da matéria orgânica:</p><p>a) lagoas anaeróbias, onde ocorre a remoção por meio da fermentação</p><p>anaeróbia;</p><p>b) lagoas anaeróbias, onde a fermentação anaeróbia, a oxidação ae-</p><p>róbia e a redução fotossintética ocorrem de forma simultânea;</p><p>c) lagoas estritamente aeróbias, que atingem o equilíbrio da oxidação</p><p>e da fotossíntese de forma a garantir condições aeróbias;</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais12</p><p>d) lagoas de maturação, onde ocorre a remoção de organismos</p><p>patogênicos;</p><p>e) lagoas de polimento, que objetivam o refinamento da remoção de</p><p>outro processo biológico;</p><p>f) lagoas aeradas, onde há a introdução de oxigênio por meio meca-</p><p>nizado; e</p><p>g) lagoas com macrófitas, que visam à redução de nutrientes, sólidos</p><p>em suspensão e a DBO remanescente.</p><p>Tratamento terciário</p><p>Conforme Cutolo (2009), o tratamento terciário tem a finalidade de realizar a</p><p>remoção de poluentes específicos e de pequenas dimensões remanescentes</p><p>das etapas de tratamento anteriores. Segundo Tortora, Funke e Case (2017),</p><p>os tratamentos primário e secundário não removem a matéria orgânica biolo-</p><p>gicamente biodegradável na sua totalidade. Portanto, sistemas complemen-</p><p>tares são necessários para a remoção da carga poluidora excedente. Jordão e</p><p>Pessôa (2011) apontam que os tratamentos terciários englobam os processos</p><p>de remoção de organismos patogênicos e nutrientes, bem como tratamentos</p><p>avançados como filtração final, absorção por carvão e membranas. Alguns</p><p>processos são descritos a seguir.</p><p>� Uso de lâmpadas ultravioleta (UV): o tratamento por meio de radiação</p><p>UV é um processo totalmente físico, em que a energia UV é adsorvida</p><p>pelos microrganismos, causando alterações estruturais no DNA dos</p><p>mesmos e, assim, impedindo a sua reprodução (LEME, 2010). Leme</p><p>(2010) ainda afirma que esse processo é de grande eficiência e sim-</p><p>plicidade, não sendo necessária a adição de substâncias químicas ou</p><p>aditivos. Ainda segundo Leme (2010), as lâmpadas utilizadas nesse tipo</p><p>de tratamento são lâmpadas tubulares de comprimento de 0,75 a 1,50</p><p>m e diâmetro de 1,5 a 2,0 cm, com vapor de mercúrio de baixa pressão.</p><p>A emissão de UV é resultante da passagem de um arco elétrico pelo</p><p>arco de mercúrio. Como principais vantagens do uso dessa tecnologia,</p><p>pode-se citar: facilidade de operação e segurança, não utilização de</p><p>reagentes e produtos químicos e eliminação da formação de organo-</p><p>clorados (LEME, 2010).</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais 13</p><p>� Carvão ativado: conforme Tchobanoglous et al. (2016), a adsorção</p><p>objetiva a remoção de substâncias que estão em solução devido a seu</p><p>acúmulo em uma fase sólida. Ainda, é possível definir a adsorção como</p><p>uma operação de transferência de massa, visto que um componente é</p><p>transferido da fase líquida para uma fase sólida (Tchobanoglous et al.,</p><p>2016). Leme (2010) afirma que a remoção de surfactantes, detergentes,</p><p>fenóis e agrotóxicos de elevada DQO, pode ser realizada pelo processo</p><p>de adsorção de carvão. O carvão pode ser encontrado comercialmente</p><p>na forma de carvão ativado em pó ou granular. O uso do carvão em</p><p>pó busca possibilitar maior flexibilidade operacional na fase líquida,</p><p>devido à sua pequena taxa de difusão. Já o carvão ativado granular é</p><p>utilizado como meio filtrante para remover contaminantes, na forma</p><p>de colunas (filtros), devido aos pequenos poros e à grande superfície</p><p>interna. Como principais vantagens do uso de carvão ativado, podemos</p><p>citar: reduzidos custos, alta eficiência (LEME, 2010).</p><p>� Membranas: segundo Tchobanoglous et al. (2016), esse processo en-</p><p>volve a separação/remoção de partículas, coloides, moléculas orgânicas</p><p>e íons dissolvidos. Esse processo se baseia em uma barreira seletiva</p><p>que permite a passagem de determinados constituintes do efluente</p><p>e a retenção de outros (Tchobanoglous et al. , 2016). Os mesmos auto-</p><p>res afirmam que os processos de separação por meio de membranas</p><p>incluem a microfiltração, a ultrafiltração, a nanofiltração, a osmose</p><p>reversa e a eletrodiálise. As membranas comerciais são produzidas na</p><p>forma tubular, de fibra oca ou de placas planas, geralmente do tipo</p><p>simétricas, assimétricas ou de filme fino composto (Tchobanoglous</p><p>et al., 2016).</p><p>Libardi Júnior (2020) aponta que os processos de tratamento se resumem</p><p>a princípios físicos, químicos e biológicos, que devem atender às caracterís-</p><p>ticas do efluente a ser tratado. O conhecimento dos processos de tratamento</p><p>permite a identificação dos fenômenos envolvidos e das falhas no sistema</p><p>que podem causar baixas eficiências. O autor pontua ainda a necessidade</p><p>de correlacionar os conhecimentos sobre as características dos esgotos</p><p>sanitários, os processos de tratamento e os limites impostos pela legislação.</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais14</p><p>Importância do tratamento de efluentes</p><p>O tratamento de efluentes, seja de procedência doméstica ou industrial, é de</p><p>extrema importância para a conservação do</p><p>meio, em especial para o controle</p><p>da poluição das águas e dos solos, para o desenvolvimento sustentável das</p><p>atividades econômicas, bem como para garantir a saúde do homem. A seguir,</p><p>esses tópicos serão analisados e comentados, demonstrando a necessidade</p><p>da ampliação dos sistemas de esgoto e de seu controle.</p><p>Ao longo da história, o homem percebeu a necessidade de instalação</p><p>de infraestrutura adequada para atender à sua necessidade de consumo</p><p>de água, bem como para o seu distanciamento com relação aos efluentes</p><p>gerados. Dessa forma, desde os primórdios da civilização, compreendeu-se</p><p>a importância da construção de sistemas de coleta e tratamento de esgoto.</p><p>Cavinatto (2003) comenta que os romanos tiveram destaque na construção</p><p>de redes de esgoto e de canalizações para escoamento das águas pluviais</p><p>urbanas. A autora comenta também que egípcios e japoneses utilizavam</p><p>sistemas para a remoção de impurezas da água. Os métodos utilizados pelos</p><p>egípcios foram descobertos por meio de inscrições e gravuras em túmulos</p><p>e se baseava no armazenamento da água em potes de barro. Já chineses e</p><p>japoneses utilizavam processos de capilaridade, ou seja, a água passava de</p><p>uma vasilha para outra por meio de tiras de tecido (CAVINATTO, 2003).</p><p>No século XVII, a situação de higiene nas cidades era preocupante devido</p><p>ao desenvolvimento industrial e ao acúmulo de detritos (CAVINATTO, 2003).</p><p>A reforma sanitária, de acordo com Cavinatto (2003), iniciou na Inglaterra, com</p><p>a instalação de descargas para o transporte de detritos em canalizações de</p><p>águas pluviais. A autora explica que a situação não representou uma solução</p><p>para o problema, entretanto, com a evolução da ciência e da tecnologia, foi</p><p>possível ampliar e melhorar os sistemas para coleta e tratamento de esgoto.</p><p>As condições de saneamento, em especial as relacionadas a esgotos</p><p>sanitários e industriais, evoluíram nas últimas décadas. Entretanto, ainda</p><p>representam um desafio, em especial para os países em desenvolvimento,</p><p>que apresentam uma deficiência na infraestrutura principalmente nas áreas</p><p>mais carentes das cidades.</p><p>O Brasil é um dos países que ainda tem muito a evoluir quanto ao trata-</p><p>mento de esgoto. Uma pesquisa realizada pelo Ministério do Desenvolvimento</p><p>Regional, por meio do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento</p><p>(BRASIL, 2019), aponta que o índice médio de tratamento de esgoto é de</p><p>46,3%. Os índices de tratamento de esgoto considerando as regiões do país</p><p>são (BRASIL, 2019):</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais 15</p><p>� Norte – 21,7%;</p><p>� Nordeste – 36,2%;</p><p>� Sudeste – 50,1%;</p><p>� Sul – 45,4%; e</p><p>� Centro-Oeste – 53,9%.</p><p>Os dados deixam clara a necessidade de investimento em sistemas de</p><p>tratamento de esgotos domésticos, em especial na região Norte do Bra-</p><p>sil, a qual apresenta déficits consideráveis em relação às demais regiões.</p><p>As consequências da carência de infraestrutura são o aumento na poluição</p><p>das águas e do solo e o impacto negativo nas condições de vida do homem.</p><p>Um sério problema decorrente do lançamento de esgotos é a contaminação</p><p>das águas, que pode atingir os recursos hídricos superficiais e subterrâneos.</p><p>Em virtude das características de cada um desses efluentes, podem ocorrer</p><p>diversos efeitos no ambiente. Entre os efeitos que merecem destaque, pode-se</p><p>citar a eutrofização dos recursos, decorrente do aumento na concentração</p><p>de nitrogênio e fósforo nas águas. Em virtude do lançamento de nutrientes,</p><p>ocorre a proliferação de algas, que causam detrimento da qualidade das águas.</p><p>A eutrofização, segundo Macêdo (2006), está relacionada à cadeia alimentar</p><p>e à disponibilidade de nutrientes. Com o aumento na concentração de nu-</p><p>trientes, que geralmente é baixa, a água se torna turva, devido ao desenvolvi-</p><p>mento excessivo de algas e vegetais com raízes. Como consequência, pode-se</p><p>visualizar uma coloração que varia de verde a marrom-escuro, o que impede</p><p>a penetração de luz e, consequentemente, a fotossíntese (MACÊDO, 2006).</p><p>O lançamento de despejos industriais contaminados com substâncias</p><p>tóxicas e metais pesados não só causa impactos negativos no meio, mas pode</p><p>resultar em sérios problemas de saúde pública. Vale pontuar que o despejo</p><p>de esgotos domésticos causa também sérios problemas de saúde coletiva.</p><p>Um exemplo de acidente ambiental decorrente do lançamento</p><p>de efluentes industriais é o da Baía de Minamata, no Japão, que</p><p>acarretou o envenenamento de centenas de pessoas por mercúrio. No local,</p><p>houve o lançamento de efluentes contendo mercúrio gerados em uma planta de</p><p>produção de alumínio. De acordo com Macêdo (2006), as algas metabolizaram</p><p>o mercúrio, resultando na formação de dimetilmercúrio, que é uma substância</p><p>carcinogênica. O referido composto passou para a cadeia alimentar, atingindo</p><p>inclusive o homem. A contaminação do homem pelo dimetilmercúrio causa</p><p>disfunções no sistema nervoso (MACÊDO, 2006).</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais16</p><p>O Ministério da Saúde (BRASIL, 2018) afirma que as intoxicações por subs-</p><p>tâncias químicas podem ser agudas ou crônicas, podendo se manifestar de</p><p>forma leve, moderada ou grave. O grau de intoxicação depende da quantidade</p><p>de substâncias absorvidas, do tempo de exposição e da relação desta com</p><p>o tempo de atendimento médico, além da toxicidade e da suscetibilidade</p><p>do organismo. O ideal para evitar a contaminação do homem é a adoção de</p><p>sistemas de tratamento que sejam eficientes na remoção dos poluentes,</p><p>em especial aqueles que apresentam toxicidade ambiental ou humana.</p><p>A adoção de sistemas de tratamento de esgotos permite também a redu-</p><p>ção da contaminação do solo. Mota (2011) afirma que os esgotos domésticos</p><p>lançados no solo podem ser fontes de contaminação direta do homem por</p><p>organismos patógenos, tornando comum a transmissão de doenças originá-</p><p>rias de ovos de parasitas. O autor complementa comentando que os esgotos</p><p>podem se infiltrar no terreno, resultando na poluição de águas superficiais</p><p>e subterrâneas.</p><p>De acordo com Braga et al. (2005), os efluentes sanitários e, eventualmente,</p><p>os industrias às vezes são lançados sobre terrenos, vias públicas, sarjetas,</p><p>entre outros, resultando em graves problemas. Estes não se resumem à po-</p><p>luição que agride olfato e visão, pois podem gerar episódios de saúde pública</p><p>endêmicos ou epidêmicos, devido à contaminação do solo por substâncias</p><p>patogênicas e tóxicas. A Fundação Nacional de Saúde (BRASIL, 2014) aponta</p><p>que a presença de microrganismos patogênicos na água é um indicativo da</p><p>contaminação do solo por lançamentos intencionais de esgoto ou liberação</p><p>de matéria orgânica de animais em decomposição.</p><p>Em decorrência da falta de sistemas de coleta e tratamento de esgotos,</p><p>é esperado um aumento na incidência de doenças de veiculação hídrica. Essa</p><p>situação, somada à falta de abastecimento de água, acaba causando sérios</p><p>problemas ao homem e ao sistema de saúde. Os esgotos podem conter bac-</p><p>térias (que causam gastroenterites, leptospirose, febre tifoide, cólera, entre</p><p>outras), protozoários (que causam amebíase, giardíase, etc.), helmintos (que</p><p>causam ascaridíase, teníase, enterobiose, etc.) e vírus (que causam gastro-</p><p>enterites, hepatite, entre outras doenças), que podem contaminar a água</p><p>e transmitir diversas doenças às pessoas (MOTA, 2008). As doenças podem</p><p>ser agudas ou crônicas e podem se manifestar de forma leve, moderada e</p><p>grave, dependendo do tipo de agente etiológico, da virulência, da quantidade</p><p>ingerida, da suscetibilidade do organismos e do tempo decorrido entre os</p><p>primeiros sintomas e o atendimento em serviços de saúde (BRASIL, 2018).</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais 17</p><p>O Ministério da Saúde (BRASIL, 2018) aponta que o principal quadro clínico</p><p>associado à contaminação biológica é a síndrome diarreica aguda. Porém,</p><p>outros sintomas podem ocorrer, como manifestações respiratórias, neurológi-</p><p>cas, alterações de pele, assim como hepáticas, oculares e do sistema linfático.</p><p>As doenças de veiculação hídrica</p><p>se propagam de forma acentuada</p><p>nas comunidades com carência de sistemas de tratamento de água e,</p><p>em especial, de esgoto. Um panorama sobre a realidade foi traçado pelo Instituto</p><p>Trata Brasil, que é uma organização que reúne empresas, com o interesse de</p><p>alcançar avanços nas áreas de saneamento e proteção do meio ambiente. Para</p><p>saber mais sobre os dados de doenças relacionadas ao saneamento ambiental</p><p>inadequado, acesse o site do Trata Brasil.</p><p>Tratamento de efluentes e legislação</p><p>O tratamento de esgoto deve atender aos preceitos da legislação em vigor.</p><p>Nesse sentido, a análise da legislação deve iniciar pelos objetivos da Política</p><p>Nacional de Meio Ambiente (BRASIL, 1981), instituída pela Lei nº 6.938, de</p><p>31 de agosto de 1981. Essa Política visa a preservar, melhorar e recuperar a</p><p>qualidade ambiental de forma a assegurar as condições para o desenvolvi-</p><p>mento socioeconômico, os interesses de segurança nacional e a proteção da</p><p>dignidade da vida humana. Assim, a referida Política tem entre seus princípios</p><p>a racionalização do uso da água (além de solo, subsolo e ar), o acompanha-</p><p>mento do estado da qualidade ambiental, entre outros.</p><p>A racionalização do uso da água engloba também o tratamento de efluen-</p><p>tes, que, sob condições adequadas, podem ser reutilizados na própria fonte</p><p>geradora em usos menos nobres (limpeza de pisos, jardinagem, uso em</p><p>sanitários, entre outros). Fica clara a necessidade de implantação de tecno-</p><p>logias de tratamento de efluentes para atingir essa meta da Política. No que</p><p>tange ao controle da qualidade ambiental, fica evidente que os sistemas de</p><p>tratamento devem ser eficientes para que não resultem na contaminação</p><p>dos recursos hídricos.</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais18</p><p>Outra legislação de extrema importância e que pode ser associada à</p><p>necessidade de implantação de sistemas de tratamento de efluentes é a Lei</p><p>nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a chamada Política Nacional de</p><p>Recursos Hídricos (BRASIL, 1997). Os objetivos dessa Lei são:</p><p>� assegurar à atual e às futuras gerações a disponibilidade da água em</p><p>padrões adequados;</p><p>� promover a utilização racional dos recursos;</p><p>� assegurar a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos; e</p><p>� promover o aproveitamento das águas pluviais.</p><p>Além disso, nessa Política, estão descritos os instrumentos de gestão dos</p><p>recursos hídricos, sendo eles (BRASIL, 1997):</p><p>� planos de recursos hídricos;</p><p>� enquadramento dos corpos de água em classes;</p><p>� outorga do uso de recursos hídricos;</p><p>� cobrança pelo uso dos recursos;</p><p>� compensação a municípios; e</p><p>� sistema de informações sobre recursos hídricos.</p><p>Todos os instrumentos são de grande importância, mas aqui será eviden-</p><p>ciado o enquadramento dos corpos de água, que tem como objetivo definir</p><p>os níveis de qualidade a serem mantidos ou alcançados. Para tanto, deve-se</p><p>analisar e considerar o definido nas Resoluções do Conselho Nacional de Meio</p><p>Ambiente nº 357 (BRASIL, 2005) e nº 430 (BRASIL, 2011). A primeira resolução</p><p>apresenta os padrões de qualidade para cada classe de água (doce, salobra</p><p>ou salgada), e a segunda apresenta os padrões de emissão de efluentes.</p><p>Portanto, por meio da implementação do enquadramento dos recursos</p><p>hídricos, os usuários da água devem manter ou melhorar os padrões de</p><p>qualidade de água. Um dos caminhos para se alcançar esse objetivo é por</p><p>meio da adoção de sistemas de tratamento de efluentes, que removem a</p><p>carga poluidora e evitam a contaminação das águas. Mendonça e Mendonça</p><p>(2017) afirmam que as políticas de gestão de recursos hídricos de diferentes</p><p>países também focam na coleta e no tratamento de efluentes, com o obje-</p><p>tivo de proteger o meio aquático e a saúde pública. Além disso, os autores</p><p>indicam que o reúso de esgoto é uma opção inovadora para a gestão das</p><p>águas residuárias.</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais 19</p><p>Em síntese, são várias as tecnologias disponíveis para a remoção da carga</p><p>poluidora dos esgotos. A escolha destas depende, entre outros fatores, das</p><p>características do próprio efluente, da área disponível, da mão de obra</p><p>para operação, da eficiência de remoção de poluentes e dos investimentos</p><p>disponíveis. Com a implementação e a operacionalização de sistemas de</p><p>tratamento, é possível remover a carga poluidora, contribuir para a redução</p><p>da poluição da água e do solo e garantir a melhoria da qualidade de vida do</p><p>homem e do ambiente.</p><p>Referências</p><p>BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice</p><p>Hall, 2005.</p><p>BRASIL. Lei Federal nº 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do</p><p>Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providên-</p><p>cias. Brasília, DF: Presidência da República, 1981. Disponível em: https://www2.camara.</p><p>leg.br/legin/fed/lei/1980-1987/lei-6938-31-agosto-1981-366135-publicacaooriginal-1-pl.</p><p>html. Acesso em: 09 out. 2020.</p><p>BRASIL. Lei Federal nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de</p><p>Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos [...].</p><p>Brasília, DF: Presidência da República, 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.</p><p>br/ccivil_03/leis/l9433.htm. Acesso em: 09 out. 2020.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Manual de Controle</p><p>da Qualidade da Água para Técnicos que Trabalham em ETAS. Brasília, DF: FUNASA,</p><p>2014. Disponível em: http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/manual-</p><p>cont_quali_agua_tecnicos_trab_emetas.pdf. Acesso em: 22 set. 2020.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de</p><p>Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Diretrizes para a atuação em</p><p>situações de surtos de doenças e agravos de veiculação hídrica. Brasília, DF: Ministério</p><p>da Saúde, 2018. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretri-</p><p>zes_agravos_veiculacao_hidrica.pdf. Acesso em: 22 set. 2020.</p><p>BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de Saneamento –</p><p>SNS. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento: 24º Diagnóstico dos Serviços</p><p>de Água e Esgotos – 2018. Brasília: SNS/MDR, 2019. Disponível em: http://www.snis.gov.</p><p>br/downloads/diagnosticos/ae/2018/Diagnostico_AE2018.pdf. Acesso em: 18 set. 2020.</p><p>BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).</p><p>Resolução CONAMA n. 430 de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos</p><p>corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece</p><p>as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Brasília</p><p>(DF): CONAMA, 2005. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/stories/</p><p>legislacao/Resolucao/2005/res_conama_357_2005_classificacao_corpos_agua_rtfcda_</p><p>altrd_res_393_2007_397_2008_410_2009_430_2011.pdf. Acesso em: 09 out. 2020.</p><p>BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).</p><p>Resolução CONAMA n. 430 de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais20</p><p>de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março</p><p>de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. Brasília (DF): CONAMA, 2011.</p><p>Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646.</p><p>Acesso em: 09 out. 2020.</p><p>CAVINATTO, V. M. Saneamento básico: fonte de saúde e bem-estar. 2. ed. São Paulo:</p><p>Moderna, 2003.</p><p>COELHO, L. Gestão de efluentes e emissões. São Paulo: Editora SENAC, 2020.</p><p>CUTOLO, S. A. Reuso de águas residuárias e saúde pública. São Paulo: Annablume/</p><p>Fapesp, 2009.</p><p>DAVIS, M.L.; MASTEN, S.J. Princípios de Engenharia Ambiental. 3. ed. Porto Alegre: AMGH</p><p>Editora: 2016.</p><p>DEZOTTI, M. (org). Processos e técnicas para o controle ambiental de efluentes líquidos.</p><p>Rio de Janeiro: E-papers, 2008.</p><p>FUGITA, S. R. Fundamentos do Controle de Poluição das Águas. São Paulo: CETESB, 2018.</p><p>E-book. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/posgraduacao/wp-content/uploads/</p><p>sites/33/2018/07/Apostila-Fundamentos-do-Controle-de-Polui%C3%A7%C3%A3o-das-</p><p>-%C3%81guas.pdf. Acesso em: 21 set. 2020.</p><p>JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 6. ed. Rio de Janeiro:</p><p>ABES, 2011.</p><p>LEME, E. J. A. Manual prático de tratamento de águas residuárias. São Carlos: EdUFSCar,</p><p>2010.</p><p>LIBARDI JÚNIOR, N. Sistemas de tratamento para águas e efluentes. Curitiba: Contentus,</p><p>2020.</p><p>MACÊDO, J. Introdução à química ambiental. 2. ed. Belo Horizonte: CRQ-MG, 2006.</p><p>MENDONÇA, S.R.; MENDONÇA, L. C. Sistemas sustentáveis de esgotos: orientações</p><p>técnicas para projeto e dimensionamento de redes coletoras, emissários, canais,</p><p>estações elevatórias, tratamento e reuso na agricultura. São Paulo: Blucher, 2017.</p><p>MOTA, S. Gestão Ambiental de recursos hídricos. 3. ed. Rio de Janeiro: ABES, 2008.</p><p>MOTA, S. Urbanização e meio ambiente. 4. ed. Rio de Janeiro: ABES, 2011.</p><p>NUNES, J. A. Tratamento biológico de águas residuárias. 3. ed. Aracaju: J. Andrade, 2012.</p><p>PHILIPPI JÚNIOR, A. Saneamento, saúde e ambiente. Barueri: Manole, 2005.</p><p>ROSA, A.H.; FRACETO, L.F.; MOSCHINI-CARLOS, V. (org.). Meio ambiente e sustentabilidade.</p><p>Porto Alegre: Bookman, 2012.</p><p>SOUSA, F. J. Tópicos de Saneamento Básico - Abastecimento e Esgotos. [S.l]: Edição do</p><p>autor, 2017. E-book.</p><p>TCHOBANOGLOUS, G. et al. Tratamento de efluentes e recuperação de recursos. 5. ed.</p><p>Porto Alegre: AMGH, 2016.</p><p>TELLES, D.D. Ciclo ambiental da água: da chuva à gestão. São Paulo: Blucher, 2013.</p><p>TORTORA, G. J.; FURKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Porto Alegre: Artmed, 2017.</p><p>VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos.</p><p>2. ed. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1996.</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais 21</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos</p><p>testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da</p><p>publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas</p><p>páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os edito-</p><p>res declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou</p><p>integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Técnicas de tratamento para fins domésticos e industriais22</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>No vídeo a seguir, apresentam-se pontos importantes a respeito do esgoto doméstico e do esgoto</p><p>industrial.</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>1) Uma das técnicas de tratamento para fins domésticos é a fossa séptica ou o esgoto</p><p>sanitário. Esse é um método simples e barato para disposição dos esgotos domésticos.</p><p>Para qual situação este método de tratamento é indicado?</p><p>A) a) Para locais onde não existe rede pública de coleta de esgoto.</p><p>B) b) Para zonas urbanas consolidadas.</p><p>C) c) Para zonas rurais com rede coletora pública.</p><p>D) d) Para novos condomínios residenciais.</p><p>E) e) Em zona industrial com redes coletoras públicas.</p><p>2) Qual é a diferença básica entre esgoto e esgoto sanitário?</p><p>A) a) O esgoto é o lançamento de água resultante de qualquer uso, e o esgoto sanitário é</p><p>específico de esgotos domésticos lançados na rede pública.</p><p>B) b) O esgoto é o lançamento de água resultante de qualquer uso, e o esgoto sanitário é</p><p>específico de esgotos domésticos e industriais lançados na rede pública.</p><p>C) c) O esgoto é o lançamento de água resultante de qualquer uso, e o esgoto sanitário é</p><p>específico de esgotos industriais lançados na rede pública.</p><p>D) d) O esgoto é o lançamento de água resultante do uso domésticos, e o esgoto sanitário é</p><p>específico de esgotos industriais.</p><p>E) e) O esgoto é o lançamento de água resultante apenas do uso industrial, e o esgoto</p><p>sanitário também engloba os esgotos domésticos lançados na rede pública.</p><p>3) Considerando que existem diferenças entre esgoto doméstico e industrial, marque a</p><p>alternativa que responde claramente o que caracteriza o esgoto industrial.</p><p>A) a) Esgoto gerado nos banheiros da unidade industrial.</p><p>B) b) É o esgoto doméstico da indústria.</p><p>C) c) É o esgoto gerado nas águas residuais da unidade.</p><p>D) d) O esgoto gerado na cozinha e nos banheiros de uma unidade industrial.</p><p>E) e) O esgoto gerado no processo industrial.</p><p>4) O tratamento de efluente industrial recebe uma fase bem complexa de tratamento</p><p>biológico. Garantindo ainda mais a eficiência deste tratamento, existe uma fase fase</p><p>preliminar com três etapas. Quais são estas etapas preliminares ao tratamento</p><p>biológico?</p><p>A) a) O gradeamento e o desarenador.</p><p>B) b) O gradeamento e a calha Parshall.</p><p>C) c) O desarenador e a calha Parshall.</p><p>D) d) As grades simples e as calhas mecanizadas.</p><p>E) e) O gradeamento e o tanque de equalização.</p><p>5) O que significa dizer que um efluente é caracterizado como efluente industrial?</p><p>A) a) É quando resulta do processo de resfriamento dos equipamentos.</p><p>B) b) É quando ele entra em contato direto com o processo produtivo.</p><p>C) c) É resultante do processo de limpeza da indústria.</p><p>D) d) É quando resulta dos banheiros da unidade.</p><p>E) e) É resultante do processo de águas pluviais.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Imagine-se gestor ambiental de uma Central de Resíduos Classe I (perigoso). Existe a</p><p>possibilidade de contaminação por meio das águas pluviais, do lençol freático. Você, então,</p><p>define os parâmetros para mensuração da qualidade das águas subterrâneas, que deverá ser</p><p>realizada quinzenalmente e abranger os seguintes parâmetros:</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do</p><p>professor:</p><p>Lei no 11.445, de 5 de janeiro de 2007:</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>Resolução no 430, de 13 de maio de 2011:</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>Redes coletoras</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Nesta Unidade de Aprendizagem, serão abordados os conceito de redes coletoras, interceptores</p><p>e emissário, unidades básicas de um sistema de esgotos sanitários. Será estudado o modo de</p><p>funcionamento de cada uma dessas unidades (tubulações), auxiliando o desenvolvimento das</p><p>atribuições adequadas ao gestor ambiental.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Definir rede coletora, interceptores e emissário.•</p><p>Reconhecer as unidades básicas de um sistema de esgotos sanitários.•</p><p>Explicar funcionamento de um sistema de esgoto sanitário.•</p><p>DESAFIO</p><p>Você, como gestor ambiental, foi convocado para participar de uma equipe que preparará um</p><p>projeto para um sistema de esgoto de um município em Minas Gerais, o qual precisará prever</p><p>canalização para conduzir os efluentes da estação de tratamento de esgotos até o corpo receptor,</p><p>neste caso, um rio.</p><p>INFOGRÁFICO</p><p>No infográfico a seguir, há uma síntese do sistema de esgotamento com as redes coletoras,</p><p>tratamento e lançamento do efluente tratado.</p><p>CONTEÚDO DO LIVRO</p><p>Leia o capítulo a seguir, que aborda o tratamento de água e de efluentes líquidos, além dos</p><p>padrões de qualidade e de classificação das águas.</p><p>SANEAMENTO</p><p>Eliane Conterato</p><p>Redes coletoras</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>� Definir rede coletora, interceptor e emissário.</p><p>� Reconhecer as unidades básicas de um sistema de esgotos sanitários.</p><p>� Explicar o funcionamento de um sistema de esgoto sanitário.</p><p>Introdução</p><p>Desde que o ser humano passou a viver de forma fixa em uma área,</p><p>ele começou a se preocupar com o afastamento dos resíduos gerados</p><p>para manter o ambiente limpo e saudável. Contudo, essa remoção deve</p><p>ser realizada de forma correta, e um destino ambientalmente correto</p><p>deve ser dado ao material. Um sistema de coleta de esgoto é composto</p><p>por diferentes estruturas e serviços que garantem a coleta, transporte</p><p>e destinação final adequada do esgoto gerado em nossas residências.</p><p>Neste capítulo, serão abordados os conceitos de redes coletoras,</p><p>interceptor e emissário — unidades básicas de um sistema de esgotos</p><p>sanitários. Será estudado o modo de funcionamento de cada uma dessas</p><p>unidades</p><p>tratado por água</p><p>consumida (%)</p><p>2008 95 91 95</p><p>2009 97 98 91</p><p>2010 100 100 88,94</p><p>2011 98,28 98,30 91,38</p><p>2012 98 97,71 97,71</p><p>2013 98,28 98,30 98,28</p><p>2014 97,80 97,80 91,94</p><p>2015 97,80 97,80 100</p><p>A boa classificação de Jundiaí é resultado de investimentos realizados ao longo dos</p><p>anos. É um exemplo de cidades de aderiram a um planejamento para o desenvolvi-</p><p>mento de saneamento e assim melhoraram o abastecimento de água, a coleta e o</p><p>tratamento dos esgotos e, principalmente, a qualidade de vida da população.</p><p>9Saneamento ambiental e sua importância socioambiental</p><p>1. Sobre saneamento ambiental,</p><p>assinale a alternativa correta.</p><p>a) É um conjunto de ações</p><p>realizadas individualmente,</p><p>apenas pelo poder público.</p><p>b) É um conjunto de ações</p><p>realizadas de forma coletiva, pelo</p><p>poder público e por técnicos.</p><p>c) É um conjunto de ações</p><p>realizadas de forma coletiva, pelo</p><p>poder público, com participação</p><p>popular e de técnicos.</p><p>d) É um conjunto de ações</p><p>realizadas de forma coletiva,</p><p>pelo poder público e com</p><p>participação popular.</p><p>e) É um conjunto de ações realizadas</p><p>individualmente, apenas por</p><p>técnicos especializados.</p><p>2. Marque a alternativa INCORRETA</p><p>quanto às causas da degradação</p><p>ambiental das águas superficiais,</p><p>imprescindível para o adequado</p><p>saneamento básico.</p><p>a) O crescimento populacional</p><p>e o aumento da pobreza.</p><p>b) O uso de fertilizantes</p><p>na agricultura.</p><p>c) Lançamento de</p><p>efluentes industriais.</p><p>d) A retirada da mata ciliar.</p><p>e) Lançamento de resíduos sólidos.</p><p>3. Marque a alternativa INCORRETA</p><p>quanto à destinação de resíduos:</p><p>a) O lixão é a técnica adequada</p><p>de disposição de resíduos</p><p>sólidos urbanos.</p><p>b) A queima de resíduos a</p><p>céu aberto é proibida.</p><p>c) Uma das principais ações de</p><p>saneamento ambiental é a</p><p>limpeza urbana e o manejo</p><p>adequado de resíduos sólidos.</p><p>d) Uma das principais dificuldades</p><p>para a construção de uma</p><p>política de saneamento</p><p>ambiental sustentável é</p><p>a baixa conscientização</p><p>ambiental da população.</p><p>e) O despejo irregular de efluentes</p><p>industriais provoca a poluição e</p><p>a contaminação das águas e é</p><p>considerado crime ambiental.</p><p>4. São exemplos de obras com</p><p>a finalidade de melhorar o</p><p>saneamento básico:</p><p>a) sistema de gestão ambiental,</p><p>sistema de abastecimento de</p><p>água e sistema de esgoto.</p><p>b) recomposição da mata</p><p>ciliar e aterros sanitários.</p><p>c) sistema de esgoto, sanitários</p><p>públicos e lixão.</p><p>d) pavimentação pública e</p><p>sanitários públicos.</p><p>e) sistema de esgoto, sanitários</p><p>públicos e aterros sanitários.</p><p>5. A eutrofização é um processo</p><p>acelerado pela poluição hídrica. A</p><p>esse respeito, qual das alternativas</p><p>a seguir é consequência desse</p><p>processo e contribui para a</p><p>diminuição da qualidade da água</p><p>disponível para consumo?</p><p>a) O despejo de efluentes industriais.</p><p>b) A proliferação de zooplâncton.</p><p>c) A proliferação de algas</p><p>unicelulares e cianobactérias.</p><p>d) O despejo de efluentes</p><p>domésticos.</p><p>e) O despejo de fertilizantes</p><p>oriundos da agricultura.</p><p>Saneamento ambiental e sua importância socioambiental10</p><p>ATAIDE, G. V. de T. L.; BORJA, P. C. Justiça social e ambiental em saneamento básico:</p><p>um olhar sobre experiências de planejamento municipais. Ambiente & Sociedade, v.</p><p>20, n. 3, p. 61-78, set. 2017. Disponível em . Acesso em: 21 maio 2018.</p><p>BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o</p><p>saneamento básico. Lex: Legislação federal, Brasília, DF, p. 1-2, 5 jan. 2007.</p><p>JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 7. ed. Rio de Janeiro:</p><p>ABES, 2014.</p><p>INSTITUTO TRATA BRASIL. Casos de sucesso: Jundiaí é referência no tratamento de</p><p>esgotos. 2017. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2018.</p><p>INSTITUTO TRATA BRASIL; REINFRA CONSULTORIA. Ociosidade das redes de esgotamento</p><p>sanitário no Brasil. 2015. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2018.</p><p>ROSEN, G. Uma história da saúde pública. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>BORJA, P. C. Procedimentos metodológicos para elaboração de planos municipais</p><p>de saneamento básico. In: BRASIL. Ministério das Cidades. Peças técnicas relativas a</p><p>planos municipais de saneamento básico. Brasília, DF: Ministério das Cidades, 2011. p.</p><p>53-85. Disponível em:. Acesso em: 10 jun. 2018.</p><p>NUVOLARI, A. (Coord.). Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reúso agrícola.</p><p>2. ed. São Paulo: Blucher, 2011.</p><p>PROJETO Acertar Manual de Melhores Práticas de Gestão da Informação sobre Sa-</p><p>neamento. Brasília, DF: Ministério das Cidades, 2017. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2018.</p><p>UNITED NATIONS CHILDREN’S FUND; WORLD HEALTH ORGANIZATION. 25 years: Pro-</p><p>gresso n Sanitation and Drinkig Water. Geneva, Suíça, 2015. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2018.</p><p>11Saneamento ambiental e sua importância socioambiental</p><p>Conteúdo:</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>O vídeo a seguir apresenta uma contextualização relacionada ao saneamento ambiental e a</p><p>sua importância socioambiental.</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>1) Sobre saneamento ambiental, assinale a alternativa correta.</p><p>A) É um conjunto de ações realizadas individualmente, apenas pelo poder público.</p><p>B) É um conjunto de ações realizadas de forma coletiva, pelo poder público e por técnicos.</p><p>C) É um conjunto de ações realizadas de forma coletiva, pelo poder público, com participação</p><p>popular e de técnicos.</p><p>D) É um conjunto de ações realizadas de forma coletiva, pelo poder público e com</p><p>participação popular.</p><p>E) É um conjunto de ações realizadas individualmente, apenas por técnicos especializados.</p><p>2) Marque a alternativa INCORRETA quanto às causas da degradação ambiental das</p><p>águas superficiais, imprescindível para o adequado saneamento básico.</p><p>A) O crescimento populacional e o aumento da pobreza.</p><p>B) O uso de fertilizantes na agricultura.</p><p>C) Lançamento de efluentes industriais.</p><p>D) A retirada da mata ciliar.</p><p>E) Lançamento de resíduos sólidos.</p><p>3) Marque a alternativa INCORRETA quanto à destinação de resíduos:</p><p>A) O lixão é a técnica adequada de disposição de resíduos sólidos urbanos.</p><p>B) A queima de resíduos a céu aberto é proibida.</p><p>C) Uma das principais ações de saneamento ambiental é a limpeza urbana e o manejo</p><p>adequado de resíduos sólidos.</p><p>D) Uma das principais dificuldades para construção de uma política de saneamento ambiental</p><p>sustentável é a baixa conscientização ambiental da população.</p><p>E) O despejo irregular de efluentes industriais provoca a poluição e a contaminação das águas</p><p>e é considerado crime ambiental.</p><p>4) São exemplos de obras com a finalidade de melhorar o saneamento básico:</p><p>A) sistema de gestão ambiental, sistema de abastecimento de água e sistema de esgoto.</p><p>B) recomposição da mata ciliar e aterros sanitários.</p><p>C) sistema de esgoto, sanitários públicos e lixão.</p><p>D) pavimentação pública e sanitários públicos.</p><p>E) sistema de esgoto, sanitários públicos e aterros sanitários.</p><p>5) A eutrofização é um processo acelerado pela poluição hídrica. A esse respeito, qual</p><p>das alternativas a seguir é consequência desse processo e contribui para a diminuição</p><p>da qualidade da água disponível para consumo?</p><p>A) O despejo de efluentes industriais.</p><p>B) A proliferação de zooplâncton.</p><p>C) A proliferação de algas unicelulares e cianobactérias.</p><p>D) O despejo de efluentes domésticos.</p><p>E) O despejo de fertilizantes oriundos da agricultura.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Locais sem saneamento básico transformam a população dos arredores em</p><p>(tubulações), auxiliando o desenvolvimento das atribuições</p><p>adequadas ao gestor ambiental.</p><p>Definições básicas e órgãos acessórios</p><p>O sistema de coleta e transporte de esgoto sanitário é projetado, em sua</p><p>grande parte, por gravidade, ou seja, adaptando-se à topografia da região para</p><p>escoar naturalmente. Durante o transporte, dependendo das condições físicas,</p><p>é necessária a construção de estações elevatórias ou trechos que funcionam</p><p>sob pressão para transpor obstáculos topográficos.</p><p>O sistema, portanto, é composto não apenas por tubulações, mas também por</p><p>órgãos acessórios (unidades) que permitem a interligação e o funcionamento do</p><p>sistema como um todo. Para entender o funcionamento do sistema de coleta e</p><p>transporte de esgoto, é necessário definir os principais componentes. A seguir,</p><p>serão apresentadas as definições que serão importantes para o entendimento</p><p>do restante do capítulo.</p><p>Rede coletora</p><p>Segundo Nuvolari (2011), a rede coletora é constituída por ligações prediais,</p><p>coletores de esgoto, coletores tronco e seus órgãos acessórios.</p><p>A ligação predial interliga o sistema de esgoto do imóvel (propriedade</p><p>particular) ao sistema de coleta público. A construção dessa parte do sistema</p><p>é de responsabilidade do usuário e deve seguir instruções técnicas do órgão</p><p>responsável local. A delimitação entre o coletor predial e a parte pública do</p><p>sistema é feita através da caixa de inspeção, instalada geralmente do limite</p><p>do terreno. A caixa de inspeção é interligada ao coletor público de esgoto</p><p>por ligação domiciliar. A Figura 1 mostra um esquema de ligação predial ao</p><p>coletor público de esgoto.</p><p>Figura 1. Corte esquemático de uma ligação domiciliar ao coletor público de esgoto sanitário.</p><p>Fonte: Nuvolari (2011, p. 44).</p><p>Alinhamento predial</p><p>Passeio</p><p>Rua</p><p>Ligação</p><p>domiciliar</p><p>Caixa de</p><p>inspeção</p><p>Coletor predial</p><p>(manilha DN 100)</p><p>Coletor público de esgoto</p><p>Segundo Azevedo Netto et al. (1998), o coletor público de esgoto é a</p><p>canalização que recebe efluentes de coletores prediais em qualquer ponto de</p><p>sua extensão. Os de maior extensão são chamados de coletores principais. O</p><p>autor ainda define coletor tronco como canalização de maior diâmetro que</p><p>recebe apenas contribuições de coletores de esgoto, despejando o efluente</p><p>Redes coletoras2</p><p>em um interceptor ou emissário. O esgoto escoa por gravidade nos coletores,</p><p>portanto, em uma mesma cidade, o traçado dos coletores é realizado por bacia</p><p>de contribuição. O efluente de cada bacia pode ser conduzido para outra bacia,</p><p>por meio de recalque ou despejo na tubulação principal que leva ao destino final.</p><p>Os coletores podem ser construídos em diversos materiais. Conforme Bevi-</p><p>lacqua (2006), nas redes coletoras, vem sendo utilizado o PVC, principalmente</p><p>devido à sua praticidade na instalação, manuseio e redução de manutenção.</p><p>Interceptor e emissário</p><p>Os coletores tronco despejam o efluente em uma grande tubulação, chamada</p><p>de interceptor; por sua vez, o interceptor segue para o destino final recebendo</p><p>contribuições em pontos específicos. O interceptor não recebe contribuições de</p><p>ligações domiciliares ao longo de seu trecho. A Figura 2 mostra um esquema</p><p>de coletores e interceptor. O esgoto escoa por gravidade em um interceptor.</p><p>Figura 2. Esquema mostrando coletor de esgoto, coletor tronco e interceptor.</p><p>coletor de esgoto</p><p>ligação domiciliares</p><p>coletor de esgoto</p><p>co</p><p>le</p><p>to</p><p>r</p><p>tr</p><p>o</p><p>n</p><p>co</p><p>interceptor</p><p>vai para estação</p><p>de tratamento</p><p>de esgoto</p><p>O emissário de esgoto é o conduto final do sistema, que leva o efluente</p><p>para o destino final (tratamento). Essa tubulação recebe contribuição apenas à</p><p>montante, ou seja, não recebe nenhuma contribuição ao longo de sua extensão.</p><p>Portanto, o último trecho de um interceptor pode ser considerado um emissário.</p><p>O esgoto pode escoar por gravidade ou ser bombeado nesse tipo de tubulação.</p><p>Em relação aos materiais dessas tubulações, Bevilacqua (2006), coloca que,</p><p>em coletores e interceptores, a fibra de vidro, o PEAD e o concreto de alta</p><p>resistência para a cravação estão sendo empregados; nas linhas de recalque</p><p>3Redes coletoras</p><p>(emissários), há uma predominância de ferro fundido dúctil. O autor salienta</p><p>que a escolha do tipo de material das tubulações de esgoto deve ser feita com</p><p>estudos técnicos e econômicos que relacionem custos do material, hidráulica</p><p>das tubulações, custos de construção, interferências existentes, facilidade no</p><p>transporte, manuseio, estocagem, tipo de solo, profundidade do assentamento,</p><p>disponibilidade e periodicidade de manutenção.</p><p>A Figura 3 mostra um dos maiores emissários já instalados no Paraná</p><p>para transportar esgoto doméstico. A tubulação, construída pela Sanepar na</p><p>cidade de Cascavel, tem 13,3 quilômetros de extensão em trechos aéreos e</p><p>subterrâneos (em túnel), enterrados em diversos níveis de profundidade. A</p><p>rede possui diâmetros que variam de 400 a 700 milímetros.</p><p>Figura 3. Interceptor de esgoto construído em Cascavel, PR.</p><p>Fonte: Paraná (2011).</p><p>Redes coletoras4</p><p>Para o funcionamento do sistema, é preciso projetar unidades específicas</p><p>para possibilitar interligação, transposição de obstáculos, inspeção, ou limpeza</p><p>da rede. A seguir, serão apresentadas definições de algumas dessas unidades.</p><p>Unidades do sistema</p><p>Órgãos acessórios são utilizados ao longo do sistema de coleta e transporte de</p><p>esgoto para permitir interligações, transpor obstáculos ou facilitar a inspeção</p><p>e limpeza da rede em geral. A norma brasileira NBR 9649, de 30 de novembro</p><p>de 1986, que fixa as condições exigíveis na elaboração de projeto hidráulico-</p><p>-sanitário de redes coletoras de esgoto sanitário, descreve os seguintes órgão</p><p>acessórios (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1986):</p><p>� poço de visita (PV);</p><p>� tubo de inspeção e limpeza (TIL);</p><p>� terminal de limpeza (TL);</p><p>� caixa de passagem (CP);</p><p>� sifão invertido;</p><p>� passagem forçada.</p><p>O poço de visita (PV) é uma câmara que permite a visitação para limpeza</p><p>ou manutenção. Ele pode ser construído em qualquer singularidade ou na</p><p>reunião de coletores. Em alguns casos, ele pode ser substituído por TIL ou</p><p>TL. A Figura 4 apresenta uma seção transversal (corte) de um PV, que mostra</p><p>a chaminé utilizada para a descida e um balão, que possibilita a entrada para</p><p>inspeção.</p><p>5Redes coletoras</p><p>Figura 4. Seção transversal esquemática de um PV (sem escala).</p><p>Fonte: Nuvolari (2011, p. 44).</p><p>Balão com diâmetro</p><p>interno Φi = 1,00m</p><p>Tampão de</p><p>ferro fundido</p><p>Nível do</p><p>pavimento</p><p>Chaminé com</p><p>altura variável</p><p>Balão com</p><p>altura máxima</p><p>de 2,00 m</p><p>A utilização de PV é obrigatória na reunião de 3 ou mais entradas (união</p><p>de coletores); quando a interligação de um coletor em outro provoca um des-</p><p>nível de mais de 50 cm; nas extremidades de sifões invertidos ou passagens</p><p>forçadas; e na união em profundidades maiores que 3 m.</p><p>Redes coletoras6</p><p>O terminal de inspeção e limpeza (TIL) não permite a visitação, mas</p><p>permite a inspeção e introdução de equipamentos de limpeza na rede. A</p><p>Figura 5 mostra uma seção transversal de um TIL — veja que não existe o</p><p>balão, como no PV.</p><p>Figura 5. Seção transversal esquemática de um TIL (sem escala).</p><p>Fonte: Nuvolari (2011, p. 46).</p><p>Tampão de ferro fundido Nível do pavimento</p><p>TIL - com profundidade</p><p>máxima de 3,00 m</p><p>O terminal de limpeza (TL) permite apenas a introdução de equipamentos</p><p>para limpeza. É o mais simples entre os acessórios de interligação, por isso</p><p>é instalado no início de coletores (cabeceira), já que esses pontos são menos</p><p>suscetíveis a danos que necessitem de inspeção. A Figura 6 mostra uma seção</p><p>transversal de um TL.</p><p>7Redes coletoras</p><p>Figura 6. Seção transversal esquemática de um TL (sem escala).</p><p>Fonte: Nuvolari (2011, p. 45).</p><p>Tampão especial Nível do pavimento</p><p>Coluna</p><p>Rede</p><p>Curva</p><p>O sifão invertido é um trecho projetado para funcionar sob pressão, ou</p><p>seja, trabalhando com a tubulação totalmente cheia. É utilizado para transpor</p><p>obstáculos como travessias em avenidas, córregos, etc., onde não é possível</p><p>escavar ou instalar um trecho de rede com esgoto escoando</p><p>por gravidade.</p><p>O esquema da Figura 7 mostra uma seção transversal de um sifão invertido</p><p>que serve como travessia da rede por baixo de um rio, que não seria possível</p><p>por rede normal. Na figura percebem-se duas câmaras, que são dois PVs que</p><p>interligam o sifão à rede de chegada e saída.</p><p>Figura 7. Seção transversal esquemática de uma travessia por sifão invertido.</p><p>Fonte: Adaptado de Nuvolari (2011, p. 69).</p><p>Tubulação</p><p>N.A. do rio</p><p>Câmara</p><p>de</p><p>jusante</p><p>Coletor</p><p>Câmara</p><p>de</p><p>montanteColetor</p><p>Redes coletoras8</p><p>A caixa de passagem é uma singularidade simples, utilizada em alguns</p><p>pontos por necessidade construtiva, mas sem acesso. É utilizada, por exemplo,</p><p>em mudança de direção sem a necessidade de acesso para inspeção ou limpeza.</p><p>As passagens forçadas são trechos da rede que escoam sob pressão, sem</p><p>rebaixamento proposital, como no caso do sifão invertido. Podem existir</p><p>alguns trechos especiais atuando nessas condições quando outras soluções</p><p>não forem possíveis.</p><p>Além dos acessórios acima, cabe citar também as estações elevatórias de</p><p>esgotos, que são estruturas contendo conjuntos motor-bomba responsáveis por</p><p>bombear o esgoto quando não é possível escoar por gravidade. Elas podem</p><p>ser necessárias ao longo da rede, por exemplo quando ocorre aprofundamento</p><p>excessivo e é preciso bombear o esgoto para a superfície para continuar esco-</p><p>ando por gravidade. Podem ser necessárias também para bombear o esgoto</p><p>coletado de várias bacias para o destino final.</p><p>Noções de dimensionamento e manutenção de</p><p>um sistema de esgotamento sanitário</p><p>O dimensionamento e a manutenção adequados de um sistema de esgotamento</p><p>sanitário são fundamentais para evitar a contaminação da população ou do</p><p>meio ambiente. O sistema deverá ter capacidade para escoar o efluente dentro</p><p>das condições exigidas por norma até o final do seu horizonte de projeto.</p><p>Considerações sobre projeto</p><p>Segundo a NBR 9649/1986, são necessários os seguintes requisitos para o</p><p>projeto de um sistema de esgotamento sanitário (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA</p><p>DE NORMAS TÉCNICAS, 1986):</p><p>� estudo de concepção (relatório) que deve conter definições importantes</p><p>para a continuidade do projeto, como estudo populacional, abrangência</p><p>espacial e temporal do projeto;</p><p>� levantamento planialtimétrico da área de projeto e das zonas de expan-</p><p>são, para proceder com estudo de traçado de rede;</p><p>� planta contendo as bacias de esgotamento da área de projeto, para definir</p><p>os pontos que receberão o maior volume de efluente e, se necessário,</p><p>a transposição entre as bacias;</p><p>9Redes coletoras</p><p>� levantamento de interferências (obstáculos) que possam interferir no</p><p>traçado e execução e rede;</p><p>� levantamento da rede de esgoto existente (área de abrangência e con-</p><p>dições de funcionamento da rede);</p><p>� estudo para reconhecimento da natureza do terreno e do nível do lençol</p><p>freático, já que os métodos construtivos dependem dessas condições.</p><p>Ainda segunda a norma, o relatório de apresentação do projeto deve conter,</p><p>no mínimo:</p><p>� comparação em relação às diretrizes da concepção básica (estudo que</p><p>antecede projeto final, denominado executivo);</p><p>� cálculo hidráulico das redes e seus componentes;</p><p>� aspectos construtivos;</p><p>� definição de materiais e quantidades;</p><p>� especificações de serviços;</p><p>� orçamentos;</p><p>� aspectos de operação e manutenção;</p><p>� desenhos com detalhamentos.</p><p>Contribuições de esgoto</p><p>O cálculo do volume gerado de esgoto é uma etapa importante do início do</p><p>projeto. Para quantificar o esgoto sanitário gerado em uma região, é necessário</p><p>considerar:</p><p>� o esgoto doméstico, que é o esgoto gerado pela população nas suas</p><p>tarefas diárias em residências;</p><p>� o esgoto industrial, que é o despejo gerado por industrias, desde que</p><p>respeitados os padrões de lançamento na rede;</p><p>� as águas de infiltração que acabam penetrando nas canalizações.</p><p>Redes coletoras10</p><p>O conhecimento populacional e a correta projeção para estimar seu cresci-</p><p>mento ao longo dos anos é fundamental para quantificar o volume de esgoto</p><p>doméstico gerado, que está relacionado ao consumo per capita de água, cor-</p><p>rigido por um coeficiente de retorno. A geração de esgoto per capita pode</p><p>variar de acordo com as condições socioeconômicas, culturais, climatológicas</p><p>e geográficas.</p><p>O esgoto industrial poderá ser lançado na rede pública desde que garanta</p><p>a integridade da mesma e dos processos de tratamento do esgoto.</p><p>Para saber mais sobre esgoto industrial, leia a norma que estabelece critérios para o</p><p>lançamento de efluentes líquidos industriais no sistema coletor público do esgoto</p><p>sanitário, NBR 9800, de 30 de abril de 1987.</p><p>Além do volume de esgoto gerado pela população e indústrias, deve ser</p><p>considerada também uma taxa de infiltração no dimensionamento de redes.</p><p>Essa taxa é referente a um volume que se infiltra na tubulação e depende de</p><p>condições com nível do lençol freático, natureza do solo, material e qualidade</p><p>da execução da rede.</p><p>Utilização e manutenção de rede de esgoto</p><p>Segundo o Instituto Trata Brasil, mesmo tendo redes coletoras disponíveis,</p><p>mais de 3,5 milhões de brasileiros das 100 maiores cidades do Brasil despejam</p><p>esgoto irregularmente em fossas ou diretamente em córregos (INSTITUTO</p><p>TRATA BRASIL; REINFRA CONSULTORIA, 2015). A falta de informação</p><p>e a conscientização é um aliado para o descaso com a infraestrutura de esgoto,</p><p>além de ser um risco para a saúde da população.</p><p>11Redes coletoras</p><p>Você pode ler o relatório completo feito pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a</p><p>OAB sobre ociosidade de redes de esgoto acessando o link a seguir.</p><p>https://goo.gl/MpB2cM</p><p>A manutenção da rede coletora é importante para evitar infiltrações exces-</p><p>sivas na tubulação e também para evitar a contaminação do solo por vazamento</p><p>do esgoto transportado. Em várias regiões, as companhias responsáveis pelo</p><p>sistema de esgotamento relatam casos de lançamento de objetos, de óleo de</p><p>cozinha e de água da chuva na rede de coleta de esgoto, causando obstrução</p><p>e transbordamento da rede. A água da chuva nunca deve ser lançada na rede</p><p>de coleta de esgoto, pois causa sobrecarga e até rompimento das tubulações.</p><p>A capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, foi contemplada com o Programa Integrado</p><p>Socioambiental (Pisa), o maior conjunto de obras de saneamento da história dessa</p><p>cidade. O programa conta com obras de coleta, transporte e tratamento de esgoto e foi</p><p>inaugurado em 2014, ampliando de 18% para 66% o tratamento de efluentes na cidade.</p><p>Para a coleta e transporte de esgoto, foram construídas redes de coleta (nos bairros</p><p>Cavalhada e Restinga) estações de bombeamento, interceptores e emissários que levam</p><p>o esgoto para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Serraria. O efluente tratado é</p><p>lançado no lago Guaíba por meio de emissário subaquático.</p><p>A Figura 8 mostra um mapa com o traçado dessas tubulações. Observe que os</p><p>trechos pontilhados são trechos subaquáticos.</p><p>Redes coletoras12</p><p>Figura 8. Traçado das obras de esgoto do Projeto Integrado Socioambiental (Pisa), desde o</p><p>Centro Histórico de Porto Alegre, com a implantação das redes coletoras de esgoto cloacal</p><p>e emissários terrestre e subaquático, até a futura ETE Serraria, na zona sul.</p><p>Fonte: Porto Alegre ([201-?]).</p><p>13Redes coletoras</p><p>A Figura 9 apresenta uma obra do Pisa na cidade de Porto Alegre.</p><p>Figura 9. Obra do PISA em Porto Alegre</p><p>Fonte: Matos (2016).</p><p>1. Imagine-se como o gestor ambiental</p><p>de uma indústria que libera seus</p><p>efluentes na rede coletora de</p><p>esgoto. Para que esse procedimento</p><p>continue sendo realizado, você</p><p>decide realizar uma avaliação</p><p>do efluente, a fim de identificar</p><p>possíveis conflitos que impeçam a</p><p>continuidade dessa prática. Indique</p><p>qual das opções a seguir deverão</p><p>compreender critérios presentes</p><p>no seu processo de avaliação.</p><p>a) O efluente não pode oferecer</p><p>riscos à segurança na</p><p>operação da rede coletora.</p><p>b) O efluente não pode interferir</p><p>no sistema de tratamento.</p><p>c) O efluente não pode promover</p><p>a obstrução de tubulações.</p><p>d) O efluente não pode</p><p>conter</p><p>elementos que afetem a</p><p>resistência ou a durabilidade</p><p>da rede coletora.</p><p>e) O efluente tem que poder ser</p><p>utilizado depois de tratado.</p><p>2. A ausência de rede coletora</p><p>pode trazer impactos no meio</p><p>socioeconômico ao comprometer</p><p>a qualidade de vida das pessoas</p><p>que vivem em um município</p><p>abastecido com água captada em</p><p>poços tubulares profundos. Ao se</p><p>considerar essa afirmação, pode-se</p><p>concluir que a causa associada e</p><p>Redes coletoras14</p><p>esse impacto está presente em</p><p>qual das alternativas a seguir?</p><p>a) Contaminação das</p><p>águas subterrâneas.</p><p>b) Contaminação das</p><p>águas superficiais.</p><p>c) Contaminação do solo.</p><p>d) Redução de volume de</p><p>água disponível.</p><p>e) Alteração da vazão do</p><p>corpo receptor.</p><p>3. Imagine-se como um gestor</p><p>ambiental atuante em processos de</p><p>elaboração de Planos Municipais</p><p>de Saneamento. Obviamente, será</p><p>necessário compreender uma série</p><p>de conceitos relacionados a essa</p><p>temática. Escolha, entre as opções</p><p>a seguir, uma que represente</p><p>o conceito de rede coletora.</p><p>a) Conjunto de ligações coletoras e</p><p>de órgãos acessórios destinados</p><p>a receber e a conduzir o esgoto</p><p>até uma estação de tratamento.</p><p>b) Conjunto constituído por</p><p>ligações coletoras, coletores</p><p>de esgotos e órgãos acessórios</p><p>destinados ao recebimento</p><p>e tratamento do esgoto.</p><p>c) Conjunto constituído por</p><p>ligações coletoras capazes</p><p>de lançar o efluente em</p><p>um corpo receptor.</p><p>d) Conjunto constituído por</p><p>estruturas capazes de coletar</p><p>e de armazenar o efluente.</p><p>e) Ligações coletoras destinadas</p><p>à depuração dos esgotos</p><p>e seu tratamento.</p><p>4. Como futuro gestor ambiental,</p><p>haverá a possibilidade de você</p><p>atuar em uma empresa de</p><p>saneamento. Nesse cenário, você</p><p>poderá ser responsável pelo</p><p>monitoramento de possíveis</p><p>impactos ambientais provocados</p><p>pela rede coletora. Indique qual</p><p>dos impactos a seguir poderia</p><p>ocorrer no momento que houver</p><p>algum problema na rede coletora.</p><p>a) Contaminação do lençol freático.</p><p>b) Desgaste do material que</p><p>compõe a rede coletora.</p><p>c) Liberação de efluente</p><p>tratado fora dos parâmetros</p><p>especificados.</p><p>d) Aumento na rigidez do solo.</p><p>e) Entupimento da rede coletora.</p><p>5. Ao definir as especificações</p><p>técnicas de uma rede coletora,</p><p>deve-se atentar para algumas</p><p>características socioambientais</p><p>presentes no local da sua instalação.</p><p>Essas características subsidiarão</p><p>a elaboração de um projeto de</p><p>engenharia assertivo, minimizando</p><p>a chance de ocorrer algum</p><p>problema capaz de promover</p><p>um impacto ambiental. Como</p><p>gestor ambiental, você poderá</p><p>se deparar com o desafio desta</p><p>caracterização ambiental. Indique</p><p>qual das opções a seguir NÃO</p><p>compreende um tópico relacionado</p><p>à caracterização ambiental do local</p><p>de instalação de uma rede coletora.</p><p>a) Topografia do terreno no qual</p><p>a rede coletora será instalada.</p><p>b) Número de famílias atendidas</p><p>pela rede coletora.</p><p>c) Métodos construtivos adotados</p><p>na instalação da rede coletora.</p><p>d) Acidez do solo no qual a rede</p><p>coletora será instalada.</p><p>e) Estabilidade do solo no qual a</p><p>rede coletora será instalada.</p><p>15Redes coletoras</p><p>AZEVEDO NETTO, J. M. et al. Manual de hidráulica. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1998.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9649: projeto de redes coletoras</p><p>de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1986.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9800: critérios para lançamento</p><p>de efluentes líquidos industriais no sistema coletor público de esgoto sanitário:</p><p>procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1987.</p><p>BEVILACQUA, N. Materiais de tubulações utilizadas em sistemas de coleta e transporte de</p><p>esgotos sanitários: estudo de caso da área norte de São Paulo. 191 fls. 2006. Dissertação</p><p>(Mestrado em Engenharia)- Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.</p><p>INSTITUTO TRATA BRASIL; REINFRA CONSULTORIA. Ociosidade das redes de esgotamento</p><p>sanitário no Brasil. 2015. Disponível em: . Acesso em: 06 jun. 2018.</p><p>MATOS, E. Porto Alegre tratou 76 bilhões de litros de esgoto desde inauguração do</p><p>Pisa. 2016. Disponível em: . Acesso em: 06 jun. 2018.</p><p>NUVOLARI, A. (Coord.). Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reúso agrícola.</p><p>2. ed. São Paulo: Blucher, 2011.</p><p>PARANÁ. Sanepar constrói em Cascavel um dos maiores emissários de esgoto do Pa-</p><p>raná. 2011. Disponível em: . Acesso em: 06 jun. 2018.</p><p>PORTO ALEGRE. Projeto Integrado Socioambiental. Mapas. [201-?]. Disponível em:</p><p>. Acesso em:</p><p>06 jun. 2018.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>TSUTIYA, M. T.; SOBRINHO, P. A. Coleta e transporte de esgoto sanitário. 3. ed. São Paulo:</p><p>Editora ABES, 2014.</p><p>ALEM SOBRINHO, P.; TSUTIYA, M. T. Coleta e transporte de esgoto. São Paulo: USP, 2004.</p><p>Redes coletoras16</p><p>Conteúdo:</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>No vídeo a seguir, são abordados alguns tópicos para um melhor entendimento em relação às</p><p>redes coletoras, vindo ao encontro dos objetivos propostos.</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>1) Imagine-se como o gestor ambiental de uma indústria que libera seus efluentes na</p><p>rede coletora de esgoto. Para que este procedimento continue sendo realizado, você</p><p>decide realizar uma avaliação do efluente, a fim de identificar possíveis conflitos que</p><p>impeçam a continuidade desta prática. Indique qual das opções a seguir deverão</p><p>compreender critérios presentes no seu processo de avaliação.</p><p>A) O efluente não pode oferecer riscos à segurança na operação da rede coletora.</p><p>B) O efluente não pode interferir no sistema de tratamento.</p><p>C) O efluente não pode promover a obstrução de tubulações.</p><p>D) O efluente não pode conter elementos que afetem a resistência ou a durabilidade da rede</p><p>coletora.</p><p>E) Possibilidade do uso do efluente tratado.</p><p>2) A ausência de rede coletora pode trazer impactos no meio socioeconômico ao</p><p>comprometer a qualidade de vida das pessoas que vivem em um município abastecido</p><p>com água captada em poços tubulares profundos. Ao considerar esta afirmação,</p><p>pode-se concluir que a causa associada e este impacto está presente em qual das</p><p>alternativas a seguir?</p><p>A) Contaminação das águas subterrâneas.</p><p>B) Contaminação das água superficiais.</p><p>C) Contaminação do solo.</p><p>D) Redução de volume de água disponível.</p><p>E) Alteração da vazão do corpo receptor.</p><p>3) Imagine-se como um gestor ambiental atuante em processos de elaboração de Planos</p><p>Municipais de Saneamento. Obviamente, será necessário compreender uma série de</p><p>conceitos relacionados a esta temática. Escolha, dentre as opções a seguir, uma que</p><p>represente o conceito de rede coletora.</p><p>A) Conjunto de ligações coletoras e de órgãos acessórios destinados a receber e a conduzir o</p><p>esgoto até uma estação de tratamento.</p><p>B) Conjunto constituído por ligações coletoras, coletores de esgotos e órgãos acessórios</p><p>destinados ao recebimento e tratamento do esgoto.</p><p>C) Conjunto constituído por ligações coletoras capazes de lançar o efluente em um corpo</p><p>receptor.</p><p>D) Conjunto constituído por estruturas capazes de coletar e de armazenar o efluente.</p><p>E) Ligações coletoras destinadas à depuração dos esgotos e seu tratamento.</p><p>Como futuro gestor ambiental, haverá a possibilidade de você atuar em uma empresa</p><p>de saneamento. Neste cenário, você poderá ser responsável pelo monitoramento de</p><p>4)</p><p>possíveis impactos ambientais provocados pela rede coletora. Indique qual dos</p><p>impactos a seguir poderia ocorrer no momento quando houver algum problema na</p><p>rede coletora.</p><p>A) Contaminação do lençol freático.</p><p>B) Desgaste do material que compõe a rede coletora.</p><p>C) Liberação de efluente tratado fora dos parâmetros</p><p>especificados.</p><p>D) Aumento na rigidez do solo.</p><p>E) Entupimento da rede coletora.</p><p>5) Ao definir as especificações técnicas de uma rede coletora, deve-se atentar para</p><p>algumas características socioambientais presentes no local da sua instalação. Estas</p><p>características subsidiarão a elaboração de um projeto de engenharia assertivo,</p><p>minimizando a chance de ocorrer algum problema capaz de promover um impacto</p><p>ambiental. Como gestor ambiental, você poderá se deparar com o desafio desta</p><p>caracterização ambiental. Indique qual das opções a seguir NÃO compreende um</p><p>tópico relacionado à caracterização ambiental do local de instalação de uma rede</p><p>coletora.</p><p>A) Topografia do terreno no qual a rede coletora será instalada.</p><p>B) Número de famílias atendidas pela rede coletora.</p><p>C) Métodos construtivos adotados na instalação da rede coletora.</p><p>D) Acidez do solo no qual a rede coletora será instalada.</p><p>E) Estabilidade do solo no qual a rede coletora será instalada.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Você, sendo um dos técnicos licenciador de um município com aproximadamente 100.000</p><p>habitantes, e tendo a gestão ambiental como um conjunto de procedimentos para a conciliação</p><p>entre desenvolvimento e qualidade ambiental, terá de promover uma fiscalização dirigida,</p><p>conforme denúncia anônima, em uma empresa que está lançando efluentes diretamente no solo,</p><p>poluindo o solo e as águas superficiais e subterrâneas e constituindo-se em perigosos focos de</p><p>disseminação de doenças.</p><p>Você verifica que a denúncia procede e emite uma notificação para que o empreendedor</p><p>regularize a situação. Para isso, deverão ser instaladas tubulações da empresa geradora até a</p><p>estação de tratamento. Somente após esse tratamento, o efluente será lançamento em um corpo</p><p>receptor. Essas tubulações devem contar com poços de visitas, possibilitando inspeção e</p><p>introdução de equipamentos de limpeza.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do</p><p>professor:</p><p>Resolução CONAMA nº 377/2006:</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007:</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>Autodepuração de recursos hídricos</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>A capacidade natural de recuperação de um recurso hídrico que recebe lançamentos de efluente</p><p>é denominada autodepuração. Este processo é importante, por exemplo, para auxiliar na</p><p>caracterização da realidade da bacia hidrográfica.</p><p>O perfeito entendimento sobre autodepuração dos recursos hídricos é um elemento necessário</p><p>para a estabelecimento de ações. Nesta Unidade de Aprendizagem, serão apresentados conceitos</p><p>e efeitos da autodepuração dos recursos hídricos.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Definir autodepuração.•</p><p>Explicar o processo de autodepuração dos recursos hídricos.•</p><p>Identificar os benefícios da autodepuração para a melhoria da qualidade dos recursos</p><p>hídricos.</p><p>•</p><p>DESAFIO</p><p>Atualmente, você atua como gestor ambiental em uma indústria que libera seus efluentes não</p><p>tratados em um rio. Esse efluente, ao cair nesse rio, passa por um processo de autodepuração.</p><p>Nesse processo, os poluentes de origem orgânica são neutralizados por meio de processos</p><p>naturais. Como gestor ambiental, você sabe que esse processo de autodepuração possibilita a</p><p>delimitação de zonas aquáticas com diferentes categorias:</p><p>- Zona de águas limpas</p><p>- Zona de degradação</p><p>- Zona de decomposição ativa</p><p>- Zona de recuperação</p><p>Seu desafio é montar um mapa a partir de uma imagem do Google Earth ou do Google Maps.</p><p>Nesse mapa, deverão ser indicadas a localização de uma fábrica e, ao longo do rio, as diferentes</p><p>zonas, que são formadas devido ao lançamento de efluentes. Lembre-se de indicar a direção do</p><p>rio no seu mapa. Para deixar o desafio ainda mais interessante, você pode escolher uma fábrica</p><p>localizada no município em que você mora.</p><p>Dica: para indicar a localização da fábrica e as zonas de autodepuração, você poderá usar as</p><p>ferramentas do Google Earth ou baixar a imagem no seu computado e utilizar algum software</p><p>para a edição.</p><p>INFOGRÁFICO</p><p>No infográfico a seguir, ilustram-se, de forma objetiva, a sequência do processo e onde se pode</p><p>aplicar o fenômeno de autodepuração dos recursos hídricos.</p><p>CONTEÚDO DO LIVRO</p><p>No livro Meio ambiente e sustentabilidade, no capítulo 2, há mais detalhes sobre o processo de</p><p>autodepuração. Inicie a leitura no item "O ambiente aquático - autodepuração e eutrofização" e</p><p>finalize-a no item das "Considerações finais".</p><p>Boa leitura!</p><p>M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] /</p><p>Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes</p><p>Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. –</p><p>Porto Alegre : Bookman, 2012.</p><p>Editado também como livro impresso em 2012.</p><p>ISBN 978-85-407-0197-7</p><p>1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André</p><p>Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini-</p><p>Carlos, Viviane.</p><p>CDU 502-022.316</p><p>Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150</p><p>Meio ambiente e sustentabilidade 53</p><p>água, a ampliação na oferta de energia elé-</p><p>trica de uma instalação subutilizada gerará</p><p>recurso financeiro que abaterá parte do in-</p><p>vestimento da ampliação da rede coletora e</p><p>das novas e necessárias estações de trata-</p><p>mento de esgoto e de descarte de lodo.</p><p>O ambiente aquático –</p><p>autodepuração e eutrofização</p><p>O emprego das massas de água como dilui-</p><p>doras de águas residuárias doméstica e in-</p><p>dustrial, isto é, o deliberado descarte de es-</p><p>QUADRO 2.1</p><p>Estação de tratamento de água (ETA) para abastecimento integrado na Região</p><p>Metropolitana de São Paulo (RMSP), produção de água tratada e população atendida</p><p>POPULAÇÃO</p><p>PRODUÇÃO ATENDIDA LOCAIS</p><p>ETA (M3/S) (MILHÕES) ATENDIDOS</p><p>Alto Cotia 1 0,40 Cotia, Embu, Itapecerica da Serra,</p><p>Embu-Guaçu e Vargem Grande</p><p>Baixo Cotia 0,9 0,46 zona Oeste da RMSP (Barueri, Jandira</p><p>e Itapevi)</p><p>Alto Tietê 10 3,10 zona leste da capital e Arujá,</p><p>Itaquaquecetuba, Poá, Ferraz de Vasconcelos</p><p>e Suzano. Mauá, Santo André (parte), Mogi</p><p>das Cruzes e Guarulhos (bairro dos</p><p>Pimentas e Bonsucesso) abastecem suas</p><p>regiões e compram água do Sistema</p><p>Alto Tietê</p><p>Cantareira 33 8,10 zonas Norte, Central e parte das zonas</p><p>Leste e Oeste da capital e os municípios de</p><p>Franco da Rocha, Francisco Morato,</p><p>Caieiras, Guarulhos (parte), Osasco,</p><p>Carapicuíba, e parte de Barueri, Taboão da</p><p>Serra, Santo André e São Caetano do Sul</p><p>Guarapiranga 14 3,80 zona sul e sudoeste da Capital</p><p>Ribeirão da Estiva 0,1 0,04 Rio Grande da Serra</p><p>Rio Claro 4 1,20 Sapopemba (parte), na Capital e parte de</p><p>Ribeirão Pires, Mauá e Santo André</p><p>Rio Grande 4,8 1,60 Diadema, São Bernardo do Campo e</p><p>parte de Santo André</p><p>Total 67,8 18,7(**)</p><p>* No site da Sabesp, há também outros números, de 65 mil litros de água por segundo e</p><p>** 18,6 milhões de habitantes atendidos.</p><p>Fonte: www.sabesp.com.br, acessado em fevereiro de 2009.</p><p>54 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)</p><p>goto bruto nos rios, é procedimento clássi-</p><p>co e amplamente utilizado em diversas</p><p>partes do mundo. De fato, o ambiente aquá-</p><p>tico demonstra ter condições de receber e</p><p>de decompor a matéria orgânica, mas car-</p><p>gas orgânicas acima de determinado nível</p><p>causam alterações no ecossistema local e</p><p>circunvizinho (Campos, 2000). Dependen-</p><p>do da carga orgânica lançada, o processo de</p><p>autodepuração (o fenômeno da aparente</p><p>capacidade de recuperação das condições</p><p>anteriores à poluição – Schafer, 1984) é pre-</p><p>judicado, consequentemente, as condições</p><p>ambientais não serão adequadas à reprodu-</p><p>ção e ao crescimento de organismos que de-</p><p>compõem a matéria orgânica (Campos,</p><p>2000). Com isso, pode haver a degradação</p><p>do ambiente. O lançamento de elevada</p><p>carga de esgoto em um corpo de água, indi-</p><p>retamente consome oxigênio dissolvido,</p><p>devido aos processos de estabilização da</p><p>matéria orgânica realizados pelas bactérias</p><p>decompositoras, que empregam o oxigênio</p><p>disponível no meio líquido para a sua respi-</p><p>ração (von Sperling, 2005). Assim, após o</p><p>ponto de lançamento do esgoto, há drástica</p><p>redução do teor de oxigênio dissolvido. O</p><p>decréscimo da concentração de oxigênio</p><p>dissolvido tem diversas implicações do</p><p>ponto de vista ambiental, constituindo-se,</p><p>em um dos principais problemas de polui-</p><p>ção das águas em nosso meio. A degradação</p><p>de material biodegradável é acompanhada</p><p>pela rápida evolução do número de bacté-</p><p>rias, fungos, etc., no meio, provocando, em</p><p>muitos casos, a morte de peixes, por exem-</p><p>plo, pela queda da concentração de oxigê-</p><p>nio até níveis muito baixos, geralmente in-</p><p>feriores a 2 mg/l (Campos, 2000). A favor da</p><p>elevação da concentração de oxigênio em</p><p>função da fotossíntese, têm-se a ação das</p><p>algas, liberando oxigênio, e também a pró-</p><p>pria turbulência na superfície da água ace-</p><p>lerando a troca de oxigênio com a atmosfe-</p><p>ra. Como discutido em Campos (2000),</p><p>após determinado percurso (ou tempo), as</p><p>águas do rio recuperam melhores níveis de</p><p>oxigênio, decorrente da predominância das</p><p>ações favoráveis (algas e turbulência) sobre</p><p>as desfavoráveis (degradação biológica),</p><p>QUADRO 2.2</p><p>Estações de tratamento de esgoto (fase líquida e sólida) (ETE) da</p><p>Região Metropolitana de São Paulo, vazão média de projeto (VMP),</p><p>vazão atual (VA), população equivalente e corpo de água receptor.</p><p>POPULAÇÃO CORPO</p><p>VMP VA EQUIVALENTE DE ÁGUA</p><p>ETE (m3/s) (m3/s) (MILHÕES) RECEPTOR</p><p>ABC 3 1,3 1,4 Córrego dos Meninos</p><p>Barueri 9,5 7 4,4 Rio Tietê</p><p>Parque Novo Mundo 2,5 1,2 1,2 Rio Tietê</p><p>São Miguel 1,5 0,5 0,72 Rio Tietê</p><p>Suzano 1,5 1,0 0,72 Rio Tietê</p><p>Total 18 11 8,44</p><p>Fonte: www.sabesp.com.br, acessado em fevereiro de 2009.</p><p>Meio ambiente e sustentabilidade 55</p><p>quando já ocorreu a mineralização de gran-</p><p>de parte da matéria orgânica. Assim, com</p><p>base no perfil da concentração de oxigênio</p><p>dissolvido, pode-se dividir um rio em zonas</p><p>de autodepuração (Branco, 1984): a) zona</p><p>de degradação: locais de despejos orgâni-</p><p>cos, a DBO atinge concentração máxima</p><p>devido ao processo de decomposição; b)</p><p>zona de decomposição ativa: locais com</p><p>águas escuras devido à atividade aeróbica e</p><p>anaeróbica intensa realizada por organis-</p><p>mos bentônicos; c) zona de recuperação: a</p><p>DBO ainda é baixa, mas a maior parte do</p><p>material biodegradável foi consumido; as</p><p>águas estão mais transparentes e ocorre um</p><p>aumento gradual da oxigenação; d) zonas</p><p>de águas limpas: a água foi totalmente recu-</p><p>perada e suas condições são semelhantes</p><p>àquelas anteriores à poluição. Na prática, o</p><p>trecho de rio necessário para ocorrer essa</p><p>recuperação pode ser de algumas dezenas</p><p>ou centenas de quilômetros que, somados</p><p>aos inúmeros despejos de efluentes ao</p><p>longo do trajeto das águas, potencializa os</p><p>problemas decorrentes do excesso de maté-</p><p>ria orgânica. Além da presença de compos-</p><p>tos orgânicos biodegradáveis, há a possibili-</p><p>dade de contaminantes, como organismos</p><p>patogênicos, metais pesados, agrotóxicos e</p><p>compostos radioativos, por exemplo, com-</p><p>prometendo mais ainda a qualidade da</p><p>água e seus usos potenciais. O simples fato</p><p>de elevar a carga orgânica da massa de água,</p><p>mediante o despejo de esgotos, também</p><p>acarreta o aumento dos teores de nutrien-</p><p>tes, em especial do nitrogênio e do fósforo,</p><p>provocando os efeitos nocivos do aporte ex-</p><p>cessivo de nutrientes, o processo de eutrofi-</p><p>zação.</p><p>O processo de eutrofização é um dos</p><p>mais graves problemas associado à redução</p><p>da qualidade das águas superficiais. A falta</p><p>de ações e medidas concretas em curto</p><p>prazo visando conter e reduzir a eutrofiza-</p><p>ção contribuirá para o agravamento da de-</p><p>terioração da qualidade das águas, particu-</p><p>larmente em regiões metropolitanas das</p><p>grandes cidades (Pompêo et al., 2005), es-</p><p>tendido para os grandes centros da América</p><p>Latina. A eutrofização não se resume ao en-</p><p>riquecimento por nitrogênio e fósforo. Par-</p><p>tindo-se de uma situação de baixa trofia</p><p>(ultraoligotrófico) a elevados níveis de nu-</p><p>trientes (hipereutrófico), podem ocorrer</p><p>inúmeras mudanças no corpo de água: au-</p><p>mento da biomassa dos produtores primá-</p><p>rios; diminuição na concentração de oxigê-</p><p>nio no hipolímnio; aumento da concentra-</p><p>ção de nutrientes; produção de odores;</p><p>progressão de uma população de diatomá-</p><p>ceas para cianobactérias e clorofíceas; dimi-</p><p>nuição da penetração de luz; liberação de</p><p>toxinas por cianobactérias; mudanças na</p><p>produtividade, biomassa e composição de</p><p>espécie; perda dos aspectos estéticos da</p><p>água como cor e odor; problemas para os</p><p>sistemas de tratamento da água como a fil-</p><p>tração; danos à saúde; alterações no pH e</p><p>redução na concentração de CO2; aumento</p><p>da mortandade e na composição de peixes</p><p>no ecossistema (Henderson-Sellers e Mark-</p><p>land, 1987; Vezjak et al., 1998; Smith et al.,</p><p>1999 citado em Pompêo et al.).</p><p>Não só os rios, mas também os reserva-</p><p>tórios, por estarem associados aos usos pelo</p><p>homem, como depositários dos eventos pre-</p><p>sentes e passados de sua bacia de drenagem,</p><p>e com sua dinâmica, estrutura, funciona-</p><p>mento e caracterização, em parte, sob a in-</p><p>fluência externa (Calijuri e Oliveira, 2000;</p><p>Henry, 1990), sofrem as influências perversas</p><p>do processo de eutrofização, como observa-</p><p>do nos reservatórios Billings e Guarapiranga</p><p>na RMSP (Brasil).</p><p>Não só os nutrientes e organismos pa-</p><p>togênicos são prejudiciais à saúde. Os con-</p><p>taminantes químicos da água potável, mui-</p><p>tas vezes considerados menos prioritários,</p><p>pois seus efeitos adversos na saúde se asso-</p><p>ciam geralmente com exposições de longo</p><p>prazo, quando comparados com os efeitos</p><p>mais imediatos de contaminantes micro-</p><p>biais, podem causar problemas de saúde</p><p>muito sérios (Thompson et al., 2007).</p><p>56 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)</p><p>Na RMSP, os estratégicos reservató-</p><p>rios Billings e Guarapiranga, abastecem</p><p>cerca de 5,4 milhões de pessoas. No presen-</p><p>te momento, a SABESP (Companhia de Sa-</p><p>neamento Básico do Estado de São Paulo)</p><p>considera que o reservatório Paiva Castro</p><p>(Sistema Cantareira), que abastece cerca de</p><p>8,1 milhões de habitantes, apresenta ótima</p><p>qualidade da água. Porém, caso não seja al-</p><p>terado o processo de uso e ocupação de suas</p><p>áreas de captação, inevitavelmente o Siste-</p><p>ma Cantareira passará pelo mesmo proces-</p><p>so de degradação vivenciado pelos reserva-</p><p>tórios Guarapiranga e Billings. A aplicação</p><p>de sulfato de cobre, como procedimento de</p><p>controle do indesejável crescimento de</p><p>algas potencialmente tóxicas, as cianobac-</p><p>térias, que já ocorre no reservatório Paiva</p><p>Castro nos meses mais quentes do ano, de-</p><p>monstra o agravamento do processo de eu-</p><p>trofização no sistema Cantareira. A contí-</p><p>nua deterioração da qualidade da água</p><p>desse importante manancial, a possibilida-</p><p>de de redução dos usos e o aumento no</p><p>custo do tratamento da água bruta, causa-</p><p>ram incontáveis transtornos a todo proces-</p><p>so produtivo, à qualidade de vida da popu-</p><p>lação em geral e da população ribeirinha</p><p>em particular, que tem nesse corpo de água</p><p>importante fonte de emprego e renda. A</p><p>responsabilidade pela manutenção do uso</p><p>com qualidade desses mananciais e de seu</p><p>entorno é do poder público constituído. No</p><p>entanto, a sociedade, o cidadão consciente,</p><p>a escola participativa, as associações de</p><p>bairro e profissionais, entre outros grupos</p><p>organizados, não podem permitir que o</p><p>poder público aplique unicamente seus in-</p><p>teresses no controle dos usos desses manan-</p><p>ciais. Segundo a Constituição Federal do</p><p>Brasil (CF, 1988, Art. 225), todos têm direi-</p><p>to ao meio ambiente ecologicamente equili-</p><p>brado, bem de uso comum do povo e essen-</p><p>cial à sadia qualidade de vida, impondo-se</p><p>ao poder público e à coletividade o dever de</p><p>defendê-lo e preservá-lo para as gerações</p><p>presentes e as futuras. Assim, também é</p><p>dever do cidadão, e não cabe unicamente à</p><p>SABESP, à Empresa Metropolitana de Águas</p><p>e Energia S.A. (EMAE), à Companhia de</p><p>Tecnologia de Saneamento Ambiental (CE-</p><p>TESB) e às secretarias estaduais e munici-</p><p>pais de meio ambiente e de saneamento, no</p><p>caso da RMSP, a responsabilidade</p><p>pelo ge-</p><p>renciamento, monitoramento, fiscalização e</p><p>manejo das massas de água. A participação</p><p>ativa da sociedade, fiscalizando, sugerindo,</p><p>monitorando e cobrando transparência nas</p><p>ações do poder público é fundamental para</p><p>garantir usos mais nobres dos espaços e</p><p>seus produtos, em particular dos ambientes</p><p>aquáticos, garantindo água em quantidade</p><p>e de melhor qualidade.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>O sistema de gerenciamento de serviços pú-</p><p>blicos de saneamento é formado pelo con-</p><p>junto de agentes institucionais, governa-</p><p>mentais e entidades privadas, que têm o ob-</p><p>jetivo de executar a política de saneamento,</p><p>tendo como principal instrumento o plano</p><p>de saneamento (Moraes, 1997 citado em</p><p>Brasil, 2004). Para esse autor, a gestão dos</p><p>serviços de saneamento deve estar respalda-</p><p>da em uma política de saneamento, na qual</p><p>estejam explicitadas a diretriz geral, o mo-</p><p>delo de gerenciamento, a organização legal e</p><p>institucional e o sistema de gerenciamento</p><p>que reúna os instrumentos para o planeja-</p><p>mento, a execução, a operação e a avaliação</p><p>das obras e serviços de saneamento, segun-</p><p>do princípios de uma política pública de sa-</p><p>neamento. Considera também que as ações</p><p>governamentais estão refletidas em leis, de-</p><p>cretos, normas e regulamentos vigentes.</p><p>Moraes (2004) ressalta a importância</p><p>de se manter a população como usuária dos</p><p>recursos hídricos e não consumidora de</p><p>uma mercadoria. Comenta que na iniciati-</p><p>va privada o objetivo é a lucratividade, o</p><p>que não garante o abastecimento igualitário</p><p>para a população de baixa renda.</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>Por meio do vídeo a seguir, será possível obter informações gerais sobre autodepuração, assim</p><p>como importância relacionada com a tomada de decisão.</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>1) A autodepuração ocorre por processos físicos (diluição, sedimentação), químicos</p><p>(oxidação) e biológicos. Quanto aos processos biológicos, assinale a alternativa</p><p>correta.</p><p>A) a) Compreendem a decomposição da matéria orgânica.</p><p>B) b) Constituem o último estágio da autodepuração.</p><p>C) c) Estão associados ao nível de capacidade de suporte do local.</p><p>D) d) Devem ocorrer quando os processos físico e químico não alcançam resultado.</p><p>E) e) Compreendem o resultado do processo de autodepuração.</p><p>2) Qual é o nome dado ao processo no qual os microrganismos decompõem matéria</p><p>orgânica na presença de oxigênio?</p><p>A) a) Processo anaeróbio.</p><p>B) b) Processo aeróbio.</p><p>C) c) Processo químico.</p><p>D) d) Processo abiótico.</p><p>E) e) Processo de autodepuração,</p><p>3) Quando uma indústria lança efluentes em um rio, formam-se diferentes zonas no</p><p>corpo hídrico receptor. Uma destas zonas chama-se zona de autodepuração. Qual das</p><p>opções a seguir apresenta um conceito que caracteriza esta zona da melhor maneira?</p><p>A) a) É a zona pós-lançamento da carga poluidora, onde não se encontram indícios de</p><p>poluição.</p><p>B) b) É exatamente a zona onde ocorre o despejo da carga poluidora.</p><p>C) c) É o ponto anterior ao lançamento da carga poluidora.</p><p>D) d) É onde ocorre o equilíbrio por processo artificial.</p><p>E) e) É onde ocorre o equilíbrio da água por processo natural.</p><p>4) Imaginando agora a dispersão do efluente sem tratamento no corpo hídrico, o</p><p>processo de autodepuração possui os seguintes estágios:</p><p>A) a) Degradação, depuração ativa, recuperação e águas limpas.</p><p>B) b) Degradação, depuração ativa, reconfiguração e águas limpas.</p><p>C) c) Degradação e águas limpas.</p><p>D) d) Degradação, depuração ativa e águas limpas.</p><p>E) e) Depuração ativa e águas limpas.</p><p>5) O processo de autodepuração cria zonas na água. Como é denominado o local onde</p><p>ocorre o despejo do poluente?</p><p>A) a) Zona de águas limpas</p><p>B) b) Zona de degradação.</p><p>C) c) Zona alfa</p><p>D) d) Zona de decomposição ativa</p><p>E) e) Zona de recuperação</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Imagine-se como gestor ambiental atuando na Secretaria de Meio Ambiente do seu Estado. Uma</p><p>das suas atribuições compreende a definição de parâmetros e de níveis para lançamento de</p><p>efluentes em rios de diferentes portes. Você já está envolvido nessa pesquisa há algum tempo e</p><p>precisa terminar o relatório com essa definição.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do</p><p>professor:</p><p>Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997:</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>ANDRADE, Larice Nogueira de. A autodepuração de corpos d'água. Revista da Biologia,</p><p>vol. 5 –dez. 2010:</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>A importância dos reservatórios</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Os reservatórios de água são alternativas importantes para reserva de água potável, recreação,</p><p>irrigação, entre outas funções, as quais serão apresentadas ao longo desta Unidade de</p><p>Aprendizagem.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Definir reservatório, diferenciando e identificando potencialidades.•</p><p>Reconhecer a importância dos reservatórios de água, tanto para meio ambiente quanto para</p><p>os seres humanos.</p><p>•</p><p>Identificar possibilidades, dentro de outras atividades, para se formar reservatórios de</p><p>água.</p><p>•</p><p>INFOGRÁFICO</p><p>O infográfico a seguir mostra uma das diversas possibilidades de integração de uso de um</p><p>reservatório.</p><p>CONTEÚDO DO LIVRO</p><p>Esta Unidade de Aprendizagem tem como base teórica a obra A adaptação edificações e</p><p>cidades às mudanças climáticas. No Capítulo 6, "Vai chover muito?" há uma visão mais</p><p>ampliada sobre a questão da escassez da água. Inicie sua leitura no item "O recalque</p><p>diferencial" e vá até o final do item "De quem é o problema da água?".</p><p>Boa leitura!</p><p>Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/Prov-021/08</p><p>R628a Roaf, Sue.</p><p>A adaptação de edificações e cidades às mudanças climáticas</p><p>[recurso eletrônico] / Sue Roaf, David Crichton, Fergus Nicol ;</p><p>tradução Alexandre Salvaterra. – Dados eletrônicos. – Porto</p><p>Alegre : Bookman, 2009.</p><p>Editado também como livro impresso em 2009.</p><p>ISBN 978-85-7780-490-0</p><p>1. Arquitetura – Mudanças climáticas. 2. Influência do meio-</p><p>ambiente sobre o clima. I. Crichton, David. II. Nicol, Fergus. III.</p><p>Título.</p><p>CDU 72:551.588</p><p>Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/Prov-021/08</p><p>Vai Chover Muito? 179</p><p>quentes e secos do que o verão de 2001, tanto nos cenários de Emissões Altas como</p><p>nos cenários de Emissões Baixas.</p><p>É necessário tomar algumas medidas básicas de precaução para proteger as</p><p>edificações das ondas de chuva ou estiagens muito intensas. Para os períodos de</p><p>tempestades com chuva forte devem ser providenciadas calhas, e as paredes e</p><p>especialmente suas bases, devem ser protegidas das chuvas muito fortes ou dos</p><p>respingos de água. Elementos de retenção da água da chuva devem ser previstos,</p><p>como coberturas verdes e superfícies de chão absorventes, bem como recursos no</p><p>armazenamento de água para os edifícios ou localidades.</p><p>É difícil imaginar a Grã-Bretanha sofrendo os problemas da “seca”, mas ima-</p><p>gens de reservatórios quase vazios encheram os jornais do Reino Unido no inverno</p><p>de 2003 e estão se tornando lugar comum. Um dos reflexos da crescente escassez</p><p>de água no sistema do Reino Unido é o aumento dos preços, pois os impostos so-</p><p>bre a água e o sistema de esgoto aumentarão, em média, mais de 40% até o fim da</p><p>década. Os desmoronamentos são outro problema.</p><p>O RECALQUE DIFERENCIAL</p><p>Embora a atitude dos projetistas ao permitir empreendimentos em planícies alu-</p><p>viais seja preocupante, talvez uma preocupação ainda maior seja a probabilidade</p><p>de exposição a futuros recalques diferenciais. Atualmente na Grã-Bretanha, os pe-</p><p>didos de pagamentos por recalques custam às seguradoras, em média, 2 milhões</p><p>de dólares por dia, e isto parece aumentar. Os projetistas, pelo menos, consultam</p><p>freqüentemente a Environment Agency [Agência Ambiental do Reino Unido]</p><p>sobre os riscos de recalque diferencial, mas eles não são obrigados a consultar a</p><p>British Geological Survey [BGS] sobre os riscos de recalque. Não existe apenas a</p><p>questão</p><p>do aumento das secas devido às mudanças climáticas que causam des-</p><p>moronamentos em solos argilosos que retraem, mas também há problemas de</p><p>construção em solos impróprios. Existem políticas de planejamento para solos</p><p>instáveis (PPG14) e solos contaminados (PPG23A), mas com freqüência as con-</p><p>dições do solo se baseiam em levantamentos muito antigos onde somente o BGS,</p><p>com seu enorme arquivo de 640 mil amostras de furos de sondagem, estão cientes</p><p>dos problemas. As Normas de Construção de 1991, subordinadas à Building Act</p><p>[Lei da Edificação] de 1984, se focam na estrutura e não no terreno, e as únicas</p><p>normas relacionadas ao terreno são as relacionadas ao radônio (BR211).</p><p>O governo disse que, para não utilizar grande parte das terras dedicadas à</p><p>agricultura, 60% dos 3,8 milhões de novas casas projetadas terão de ser cons-</p><p>truídas em “terrenos contaminados” (brownfields). Muitos desses terrenos po-</p><p>derão ser antigos aterros, aterros sanitários, ou conter restos de minas desati-</p><p>vadas e estar contaminados. Ainda que o governo tenha acenado com alguma</p><p>assistência disponível para recuperar alguns terrenos para moradia, muitas</p><p>180 A Adaptação de Edificações e Cidades às Mudanças Climáticas</p><p>prefeituras são muito pequenas para dispor de recursos técnicos ou financei-</p><p>ros para obter informações pertinentes sobre o local. Se os planejadores não</p><p>conhecem os problemas e não se informam sobre eles, então não poderá ser</p><p>providenciada a solução correta e as diretrizes de planejamento não serão apli-</p><p>cadas. A questão dos crescentes riscos de recalque causados pelas secas in-</p><p>duzidas pelas mudanças climáticas já foi delineada neste estudo; o risco seria</p><p>muito maior se houvesse muito mais casas construídas em locais impróprios.</p><p>Isto poderia criar grandes problemas para as seguradoras, e existe o perigo</p><p>muito real de prefeituras irresponsáveis que talvez ganhem uma má reputação</p><p>por isto, já que todas as novas edificações nessa área talvez se tornem um risco</p><p>alto e inaceitável para obter a cobertura por recalque.</p><p>A escala potencial deste problema foi descrita em outubro de 2003, quando a</p><p>cidade de Xangai anunciou que o solo da cidade estava cedendo à taxa de 2,5 cm</p><p>ao ano por causa da construção de novas torres e pela drenagem das reservas de</p><p>água subterrânea para abastecer com água potável à explosiva população de mais</p><p>de 20 milhões de pessoas. Estes problemas talvez aumentem de forma significati-</p><p>va com as mudanças nos padrões das precipitações.</p><p>4</p><p>No Reino Unido, um indício do problema crescente foi visto no longo e quente</p><p>verão de 2003, quando a empresa Direct Line Insurance declarou que, devido aos</p><p>seis meses secos experimentados no sul e leste do país, eles notaram um aumento</p><p>nos pedidos de pagamentos de sinistros devidos a recalques, de 38% em junho e</p><p>15% em julho em relação ao mesmo período de 2002.</p><p>5</p><p>Estes são alguns dos problemas enfrentados pelo Reino Unido. Mas é muito</p><p>pior para aqueles países onde já existe uma falta crônica de água, que resulta em</p><p>tumultos civis e na iminência de guerra!</p><p>OS TUMULTOS CIVIS</p><p>Os tumultos civis por falta de água são um problema crescente em muitos países,</p><p>como confirmam os seguintes exemplos.</p><p>Na Espanha tem havido um número de demonstrações violentas por causa</p><p>do desvio de nada menos do que 30% das águas do rio Ebro no nordeste do país</p><p>através de um novo canal que vai até as secas províncias de Múrcia, Valência</p><p>e Andaluzia, no sudeste, onde está situado o maior centro de turismo da Cos-</p><p>ta del Sol. Seis diques inundaram os habitats de vida selvagem única no norte</p><p>do país, e os habitats das planícies do delta do Ebro estão desaparecendo em</p><p>uma velocidade alarmante. Mais de 80% do orçamento total da Espanha para</p><p>projetos ambientais tem sido direcionado para o canal, que foi projetado para</p><p>tirar água das províncias tidas como as mais pobres para encher as piscinas</p><p>dos ricos do sul.</p><p>6</p><p>Um dos principais problemas do projeto, de acordo com seus</p><p>opositores, é que os cálculos do fluxo do rio foram feitos com base no histórico</p><p>Vai Chover Muito? 181</p><p>climático da metade do século passado, enquanto as condições do século XXI</p><p>serão muito diferentes, levando a conseqüências potencialmente catastróficas</p><p>para o futuro de todo o leste da Espanha.</p><p>O fato de que a escassez de água pode levar a ondas de crimes ambientais lo-</p><p>cais foi ressaltado pelo estranho caso do roubo de água na Austrália durante a seca</p><p>de 2003. Os ladrões utilizaram vários equipamentos, incluindo máquinas para es-</p><p>cavação do solo, para roubar água em mais de 146 casos registrados, geralmente</p><p>de barragens e de pequenos lagos próximos. Uma das vantagens de roubar água</p><p>dos vizinhos é que dessa forma se evita as leis australianas, que são muito severas</p><p>em relação a furos de sondagens e à extração de água dos rios, mas que às vezes,</p><p>como mostra este caso, acabam encorajando os crimes ambientais. Na Austrália,</p><p>as estatísticas sugerem que cerca de 40 mil empregos já foram perdidos por causa</p><p>da estiagem de 2003, e o custo para o país foi estimado em mais de 2,5 bilhões de</p><p>dólares somente naquele ano.</p><p>AS GUERRAS PELA ÁGUA</p><p>Quando os incidentes ocorrem dentro das fronteiras nacionais, eles são resolvi-</p><p>dos judicialmente. Quando os incidentes envolvem dois países, então, pode se de-</p><p>sencadear uma guerra. As Guerras Globais por Água já foram previstas há muito</p><p>tempo e existe um número de focos de conflito ao redor do mundo, desde o rio</p><p>Mekong até o rio Ródano.</p><p>Uma região com perfil claro de escassez de água, combinado com instabilida-</p><p>de política, é a região ao redor do rio Jordão. Apesar de um programa inteligente</p><p>para unir os hidrólogos da Jordânia, Palestina e Israel para melhorar a qualidade</p><p>da água do rio e gerenciar a demanda e o suprimento de água na região, a dispo-</p><p>nibilidade de água inevitavelmente levará a conflitos, particularmente na medida</p><p>em que as populações nas regiões continuam a crescer rapidamente e as chuvas</p><p>se tornam praticamente inexistentes durante os períodos de estiagem dos verões</p><p>secos devido às mudanças climáticas. Uma das esperanças reside no desenvolvi-</p><p>mento de tecnologias de dessalinização, como a que atualmente fornece a maior</p><p>parte da água para a cidade de Eilat, em Israel, com uma população de 56 mil habi-</p><p>tantes, e 80% da água necessária para os kibbutzim do deserto de Negev7, adjacen-</p><p>te ao Mar Morto que já baixou impressionantes 17 metros desde 1975, de acordo</p><p>com o Times Atlas of the World.</p><p>Em uma escala ainda maior, o Mar de Aral já foi descrito como o pior desastre</p><p>ambiental do mundo, e se prevê que dentro de 10 anos ele será a causa de um confli-</p><p>to armado. O Mar de Aral é um mar interno na Ásia, dividido entre as ex-Repúblicas</p><p>Soviéticas do Cazaquistão e Uzbequistão, que vem secando progressivamente há</p><p>25 anos, desde que a ex-União Soviética começou um amplo esquema de irrigação</p><p>drenando a água de seus dois rios principais, para plantar arroz e algodão no deser-</p><p>182 A Adaptação de Edificações e Cidades às Mudanças Climáticas</p><p>to. A área irrigada se estendeu dos 6 milhões de hectares na década de 1960 para</p><p>8 milhões de hectares, e o mar começou a encolher. Hoje o mar está dividido em</p><p>três partes e continua evaporando. O litoral recuou em média 250 quilômetros, e a</p><p>salinidade tem aumentado dramaticamente, transformando a água em um líquido</p><p>salobro e viscoso em muitas partes e contendo pesticidas e minerais. Altos níveis de</p><p>câncer de fígado e rim ao redor do mar se tornaram comuns. Apesar da introdução</p><p>de um plano de ação na região, parece haver pouco entendimento entre os cinco</p><p>países que compartilham o lago no que diz respeito à forma de proceder, e a propos-</p><p>ta de construção de um dique no norte do mar, a ser construído pelo Cazaquistão,</p><p>talvez seja a gota final que leve a uma inevitável guerra por água na região.8</p><p>Inúmeros outros exemplos podem ser dados, como a luta constante entre a Tur-</p><p>quia, a Síria e o Iraque pelas águas dos rios Tigre e Eufrates. A Índia planeja</p><p>desviar</p><p>grandes quantidades de água de grandes rios, incluindo o Ganges e o Brahmaputra,</p><p>ameaçando a subsistência de mais de 100 milhões de pessoas rio abaixo, em Ban-</p><p>gladesh. Os ambiciosos planos de ligar os principais rios que descem do Himalaia e</p><p>desviá-los para o sul através de áreas propensas a secas ainda estão no papel, mas</p><p>a preocupação de Bangladesh é tanta que eles estão pensando em apelar às Nações</p><p>Unidas para uma nova redação das leis internacionais sobre divisão de águas. O</p><p>projeto é enorme, seu custo estimado é de 90 a 250 bilhões de dólares e ele demorará</p><p>pelo menos 14 anos para ser concluído. Se o projeto for adiante, Bangladesh talvez</p><p>Figura 6.5</p><p>As secas estão ameaçando cada vez mais não apenas a agricultura, mas também a disponibi-</p><p>lidade de água das fontes subterrâneas e superficiais. Os assentamentos entre o deserto e as</p><p>grandes cidades serão os primeiros locais a ficar sem água, além dos lugares onde o bombea-</p><p>mento de água do solo tem causado a repentina diminuição dos lençóis freáticos, como nas</p><p>vilas do deserto persa central. (Fonte: Sue Roaf)</p><p>Vai Chover Muito? 183</p><p>tenha que construir uma enorme rede de canais para irrigar as terras agrícolas que</p><p>hoje são irrigadas pelo Brahmaputra, mas eles afirmam que o projeto todo poderia</p><p>ter efeitos catastróficos no país. Estará se formando outra guerra pela água?9</p><p>A ÁGUA DE POÇOS ARTESIANOS</p><p>Um dos problemas dos poços artesianos é que eles levam a uma redução dos re-</p><p>cursos. As águas subterrâneas são o principal fornecimento para mais de 2 bilhões</p><p>de pessoas ao redor do mundo e elas estão diminuindo em quase todo lugar. De-</p><p>baixo da Cidade do México, o lençol freático já diminuiu dois metros em média,</p><p>e no Meio-Oeste norte-americano sua redução é de três metros em uma década</p><p>e 30 metros em alguns lugares. Tem-se bombeado tanta água subterrânea na Fló-</p><p>rida que os aqüíferos correm o risco de serem inundados pela água do mar. Doze</p><p>cidades com mais de 10 milhões de habitantes dependem das reservas de águas</p><p>subterrâneas, incluindo Xangai, Bangkok, Londres e Calcutá. A água é utilizada</p><p>para o uso doméstico da população mundial, que cresce rapidamente, além dos</p><p>fins industriais e agrícolas. São necessárias mil toneladas de água para se cultivar</p><p>uma tonelada de trigo e 2 mil toneladas de água para uma tonelada de arroz, e</p><p>os pequenos agricultores serão os primeiros a sofrer as conseqüências quando os</p><p>aqüíferos secarem. A população estimada que depende das águas subterrâneas</p><p>nas diferentes regiões inclui: 75% da Europa, 32% da Ásia da região do Pacífico,</p><p>29% da América Central e do Sul e, em média, 32% do mundo.10</p><p>QUEM É O DONO DA ÁGUA?</p><p>Temos aqui o problema de quem é o dono da água do solo, uma questão parecida</p><p>com: quem é o dono do ar? Uma coisa é certa – ela não pertence à Coca-Cola. Em</p><p>Kochi, na Índia, o “Davi”, na forma de um grupo de aldeões, levou “Golias”, uma gran-</p><p>de indústria de refrigerantes, a Hindustan Coca-Cola Beverages, à Suprema Corte de</p><p>Kerala, para interromper a drenagem das águas subterrâneas que eram utilizadas</p><p>na engarrafadora de Plachimedu, no distrito de Palakaad. Davi ganhou, e a Corte</p><p>ordenou ao município e ao governo do Estado que se assegurassem de que a indús-</p><p>tria parasse de extrair a água subterrânea após um período determinado. A Corte</p><p>entendeu que a água subterrânea não pertence ao dono do terreno. Normalmente,</p><p>cada proprietário pode extrair uma quantidade “razoável” de água subterrânea para</p><p>suprir as necessidades domésticas e agrícolas. Mas aqui eram extraídos 510 m3 de</p><p>água por dia, transformados em produtos e transportados para fora do Estado, que-</p><p>brando assim o “ciclo natural da água”, e causando o ressecamento dos campos da</p><p>vila a quilômetros de distância da fábrica. A Corte declarou que a extração de água</p><p>subterrânea era ilegal, mesmo nos limites admitidos pela companhia. A empresa</p><p>não tinha direitos legais para extrair toda essa riqueza natural e a Panchayat e o go-</p><p>verno eram obrigados a impedi-la. A Corte decidiu que a água subterrânea pertence</p><p>184 A Adaptação de Edificações e Cidades às Mudanças Climáticas</p><p>ao público em geral e a empresa não tem o direito de reclamar para si uma enorme</p><p>parte dela. O governo também não tem o direito de permitir que uma empresa pri-</p><p>vada extraia tamanha quantidade de água subterrânea, o que poderia resultar na</p><p>exaustão dos lençóis freáticos. Ou seja, no futuro, o mercado deverá atentar para a</p><p>instalação de indústrias que consomem muita água.</p><p>11</p><p>O caso da Coca-Cola é uma questão de super exploração da capacidade do</p><p>meio ambiente de fornecer água suficiente para sustentar tanto a produção de</p><p>refrigerantes nos níveis necessários, como apoiar as expectativas da comunidade</p><p>local tradicional. Este cálculo básico de capacidade deveria ter sido feito e revisa-</p><p>do no estágio de planejamento da instalação da indústria.</p><p>DE QUEM É O PROBLEMA DA ÁGUA?</p><p>Há duas questões aqui:</p><p>A primeira é o desenvolvimento não sustentável – o projeto excede a capaci- •</p><p>dade do meio ambiente da área para sustentá-lo. Esta análise deveria ser feita,</p><p>de acordo com o que vimos no caso da Coca-Cola citado anteriormente, usan-</p><p>do cálculos dos recursos da água corrente, para cenários de climas futuros,</p><p>para avaliar a capacidade de redução do meio ambiente para sustentar uma</p><p>demanda exacerbada. Os cálculos de capacidade deveriam ser feitos no está-</p><p>gio de planejamento, como parte da análise de impacto ambiental do projeto,</p><p>e as decisões de rejeitar indústrias como a de Kochi, devem ser tomadas antes</p><p>que se incorra em grandes perdas.</p><p>A segunda questão diz respeito às leis claras que deveriam existir para a distri- •</p><p>buição proporcional da água disponível, garantindo que os direitos básicos do</p><p>homem à água limpa sejam mantidos pelo máximo tempo possível.</p><p>12</p><p>Mas estas questões são pertinentes inclusive na Grã-Bretanha, onde deveriam ser</p><p>feitas ao governo perguntas do tipo:</p><p>A escassez crônica de água no sudeste, atual e futura, foi levada em conside- •</p><p>ração quando se concedeu permissão para a construção do empreendimento</p><p>Thames Gateway, no leste de Londres, com 200 mil novas moradias?</p><p>Quais são os custos extras de infra-estrutura para instalar essas novas mora- •</p><p>dias no sudeste, onde novos diques e estações de tratamento de água devem</p><p>ser construídos para atender o aumento da demanda, ao contrário do noro-</p><p>este, onde haverá mais água durante o verão, e os custos de longo prazo serão</p><p>menores para os proprietários comuns? Quem pagará por isso?</p><p>O morador comum concorda em pagar uma conta de água mais cara para que •</p><p>essas 200 mil pessoas a mais vivam na região do Thames Gateway?</p><p>De que forma o sério problema do aumento do número de lares, que agrava as •</p><p>estiagens do verão no sudeste, tem sido tratado no processo de planejamento?</p><p>Vai Chover Muito? 185</p><p>Os agricultores, que a cada dia que passa dispõem de menos água e que já •</p><p>sofrem a pressão das secas nos cultivos, tendo que reservar a água para os</p><p>vegetais de maior valor e para as hortas,13 terão como exigir indenização dos</p><p>políticos que, de forma imprudente, aprovaram os projetos que excederam a</p><p>capacidade do meio ambiente regional?</p><p>AS ENCHENTES NA GRÃ-BRETANHA</p><p>As enchentes são um problema crônico crescente no mundo. No Reino Unido se</p><p>prevê um aumento significativo, devido a:</p><p>Intensificação das chuvas durante o inverno. •</p><p>Níveis mais altos dos mares, junto com ondas maiores e ciclones mais fortes. •</p><p>Tempestades de inverno mais intensas e mais freqüentes. É difícil prever a in- •</p><p>cidência de tempestades e, ainda que os modelos do Hadley Centre prevejam</p><p>um aumento, muitos outros modelos não o fazem. Porém, podemos dizer com</p><p>segurança que as tempestades serão mais violentas.</p><p>No Reino Unido estima-se que 1,7 milhão de casas estão situadas em planícies alu-</p><p>viais, e 200 mil delas correm o risco de 1 em 75 de sofrer com as enchentes (risco</p><p>de uma vez na vida). O setor das seguradoras tem concordado em continuar co-</p><p>brindo as casas com algo</p><p>melhor do que o risco de 1 em 75 e até 2007 as casas de-</p><p>verão ter defesas contra enchentes. Os proprietários nos vales do Tâmisa e Severn</p><p>e de outras partes do sudeste da Inglaterra talvez vejam seus prêmios subirem, em</p><p>certos casos chegando a algo entre 2 e 10 mil dólares por ano, e inclusive talvez</p><p>lhes neguem cobertura. Será mais difícil vender essas casas, particularmente se os</p><p>bancos que financiam a compra de imóveis exigirem seguro. No ano 2000, 10 mil</p><p>moradias foram inundadas, e as chuvas, com as perspectivas de mudanças climá-</p><p>ticas,14 começam a aumentar de forma considerável.</p><p>A pele das edificações propensas a enchentes é também causa de preocu-</p><p>pação, na medida em que os construtores procuram uma utilização mais ampla</p><p>das estruturas de madeira nas edificações. Nas áreas onde há grandes conjuntos</p><p>habitacionais, como os propostos para a expansão da área do Thames Gateway,</p><p>existe o risco de futuras enchentes, e deveria ser regulada a utilização de materiais</p><p>impróprios que absorvem a água, que talvez sucumbam a infestações de mofo e</p><p>apodrecimento quando secarem.15</p><p>Buscando reduzir os impactos das enchentes nos cidadãos, os investidores</p><p>imobiliários enfrentaram um baque multimilionário de “taxa de enchente” para</p><p>conter os crescentes custos das mudanças climáticas. O relatório do Departamen-</p><p>to de Questões Ambientais, Alimentares e Rurais (DEFRA) de janeiro de 2003 re-</p><p>comendou que os investidores que constroem nas planícies aluviais deveriam ser</p><p>obrigados a pagar uma taxa única para arrecadar mais de 40 milhões de dólares</p><p>para construir sistemas de defesa no litoral e nos rios. Os gastos com proteção</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>O vídeo a seguir aborda a importância dos reservatórios.</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>1) Como é o funcionamento de uma usina hidrelétrica?</p><p>A) a) As usinas hidrelétricas funcionam por meio da pressão da água represada, que gira uma</p><p>turbina.</p><p>B) b) As usinas hidrelétricas funcionam por meio da pressão da água represada, distribuindo</p><p>energia em baixa tensão.</p><p>C) c) As usinas hidrelétricas funcionam por meio da vazão do rio.</p><p>D) d) As usinas hidrelétricas funcionam pela velocidade da água que chega no barramento.</p><p>E) e) As usinas hidrelétricas funcionam por meio do volume de água represada, que gira uma</p><p>turbina.</p><p>2) A água de reservatório representa um estoque de água para ser utilizado na melhoria</p><p>das condições sanitárias. Das alternativas a seguir, qual NÃO está associada a ações</p><p>para que este processo fique completo?</p><p>A) a) Programas de educação sobre saúde e higiene nas escolas.</p><p>B) b) Mudanças de comportamento.</p><p>C) c) Integração do uso adequado dos serviços na rotina diária.</p><p>D) d) Acompanhamento das medidas de integração e das rotinas estabelecidas.</p><p>E) e) Restrições de uso por comunidade beneficiada.</p><p>3) Qual atividade, dentre as listadas a seguir, está associada somente aos reservatórios</p><p>de água?</p><p>A) a) Recreação</p><p>B) b) Usina hidrelétrica</p><p>C) c) Irrigação</p><p>D) d) Consumo humano</p><p>E) e) Dessedentação de animais</p><p>4) Qual é o nome do sistema que regula a entrada e a saída de água entre a montante e a</p><p>jusante da barragem?</p><p>A) a) Escada</p><p>B) b) Eclusas</p><p>C) c) Fundação</p><p>D) d) Coroamento</p><p>E) e) Encontros</p><p>5) Para que os estudos hidroenergéticos são necessários em uma usina hidrelétrica?</p><p>A) a) Definem a potência instalada.</p><p>B) b) Medir a área de contribuição de rio .</p><p>C) c) Medir a força exercida por e sobre líquido em repouso.</p><p>D) d) Avaliar o volume de água que passa por um determinado local.</p><p>E) e) Definir a vida útil de uma barragem.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Imagine você, como gestor ambiental de uma mineradora, participando do planejamento</p><p>do uso futuro da unidade, pós-mineração. Neste momento, você deverá considerar o</p><p>contexto local de onde está inserida esta unidade. Se a região apresenta baixos índices de</p><p>pluviometria, com períodos grandes de seca, ou se o local é deficiente em recursos hídricos,</p><p>você poderá sugerir:</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do</p><p>professor:</p><p>Lei Federal no 12334/2010</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>Lei Federal no 12651/ 2012</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>uma população</p><p>condenada à contaminação de todo e qualquer tipo. Observe o ciclo básico que ocorre nesses</p><p>lugares.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do</p><p>professor:</p><p>LEONETI, A. B.; PRADO, E. L.; OLIVEIRA, S. V. W.B. Saneamento Básico no Brasil:</p><p>Considerações sobre investimentos e sustentabilidade para o século XXI. Revista de</p><p>Administração Pública, Rio de Janeiro, 45(2): 331-348, 2011:</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>Relações entre saneamento, saúde pública e meio ambiente: elementos para formulação de</p><p>um modelo de planejamento em saneamento:</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>Prevenção e ações da vigilância sanitária</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Nesta Unidade de Aprendizagem, serão abordados o conceito de vigilância em saúde ambiental,</p><p>as formas de prevenção e as ações referentes aos controles e fatores de riscos ambientais</p><p>associados a doenças e a outros agravos à saúde que se relacionam com a vigilância em saúde</p><p>ambiental.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Definir vigilância em saúde ambiental.•</p><p>Identificar as formas de prevenção em vigilância em saúde ambiental.•</p><p>Reconhecer as ações associadas a controles e fatores de riscos ambientais relacionados</p><p>com a vigilância em saúde ambiental.</p><p>•</p><p>DESAFIO</p><p>Seu município foi atingido por uma forte enchente, e o supermercado de um bairro foi reaberto</p><p>logo após o nível da água ter baixado. Na mesma semana, foram feitas várias ocorrências de</p><p>intoxicação alimentar por diversos moradores do bairro em que o supermercado atingido pela</p><p>enchente está situado. A vigilância sanitária do município foi acionada por meio de denúncia</p><p>anônima. Você é o fiscal que deverá ir ao supermercado realizar a fiscalização.</p><p>Como fiscal, você deverá observar quais questões? O que o gestor do supermercado deveria ter</p><p>providenciado antes de o estabelecimento ser reaberto?</p><p>INFOGRÁFICO</p><p>Vigilância ambiental em saúde, ações que visam ao controle de impactos ambientais negativos</p><p>que afetam a saúde da população e formas de prevenção a fatores de risco são os tópicos centrais</p><p>abordados nesta Unidade de Aprendizagem e estão sintetizados no infográfico a seguir.</p><p>CONTEÚDO DO LIVRO</p><p>O trecho selecionado a seguir integra o livro Meio ambiente e sustentabilidade, e faz parte do</p><p>Capítulo 7, "Saúde e meio ambiente". Inicie sua leitura a partir do tópico "Evolução da</p><p>percepção da problemática ambiental" e leia até o final do tópico "Mudança de paradigma na</p><p>área de saúde e meio ambiente".</p><p>Boa leitura!</p><p>M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] /</p><p>Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes</p><p>Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. –</p><p>Porto Alegre : Bookman, 2012.</p><p>Editado também como livro impresso em 2012.</p><p>ISBN 978-85-407-0197-7</p><p>1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André</p><p>Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini-</p><p>Carlos, Viviane.</p><p>CDU 502-022.316</p><p>Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150</p><p>160 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)</p><p>EVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO</p><p>DA PROBLEMÁTICA</p><p>AMBIENTAL</p><p>Alguns eventos internacionais geraram do-</p><p>cumentos norteadores que podem ser</p><p>apontados como marcos políticos. A partir</p><p>desses eventos, a sociedade iniciou uma</p><p>mudança de paradigmas, apontando para a</p><p>necessidade de desregulamentar a ação dos</p><p>agentes econômicos sobre o meio ambiente.</p><p>Durante muitos anos, o desenvolvimento</p><p>econômico decorrente da Revolução Indus-</p><p>trial impediu que os problemas ambientais</p><p>fossem considerados com a devida impor-</p><p>tância. Embora a poluição e os impactos</p><p>ambientais do desenvolvimento desordena-</p><p>do fossem visíveis, os benefícios proporcio-</p><p>nados pelo progresso sempre foram usados</p><p>como justificativa para manutenção desse</p><p>modelo em detrimento da atenção às ques-</p><p>tões ambientais. O relatório do Clube de</p><p>Roma, “Limites ao crescimento”, já aponta-</p><p>va para restrições à forma de crescimento</p><p>decorrente do esgotamento de certos recur-</p><p>sos naturais e da contaminação ambiental</p><p>associada aos processos produtivos e forma</p><p>de ocupação do ambiente.</p><p>A Conferência das Nações Unidas</p><p>sobre o Meio Ambiente Humano em 1972</p><p>(Estocolmo – Suécia) já reforçava a necessi-</p><p>dade de medidas que coibissem a acelerada</p><p>degradação do meio ambiente e suas possí-</p><p>veis consequências sobre a saúde humana.</p><p>Foi prevista a intensificação e ampliação</p><p>das ações do Estado na conservação e prote-</p><p>ção do meio ambiente, e esse é visto não só</p><p>em relação às questões associadas à gestão</p><p>da vida selvagem, conservação do solo e am-</p><p>biente aquático, mas contemplando tam bém</p><p>as questões relativas à inserção social e inse-</p><p>rindo as questões ambientais na agenda da</p><p>política nacional e internacional. Fica explí-</p><p>cita a íntima relação entre as questões am-</p><p>bientais e a pobreza, que coloca os menos</p><p>favorecidos economicamente e a saúde des-</p><p>tes como principais vítimas das consequên-</p><p>cias do desequilíbrio ambiental. Os riscos</p><p>associados aos processos de produção e de</p><p>consumo da sociedade e a consequente de-</p><p>gradação ambiental e agravos à saúde são</p><p>distribuídos espacial e socialmente de for-</p><p>ma desigual.</p><p>Em 1987, a publicação do documento</p><p>“Nosso Futuro Comum”, Relatório da reu-</p><p>nião da Comissão das Nações Unidas para o</p><p>Desenvolvimento Sustentável, ocorrida em</p><p>Oslo, na Noruega, apontou para o modelo</p><p>de Desenvolvimento que contemplasse o</p><p>princípio de solidariedade entre as gera-</p><p>ções, visando ao compromisso com esta e as</p><p>futuras gerações, ou seja, um desenvolvi-</p><p>mento solidário e sustentável.</p><p>Os documentos gerados na Conferên-</p><p>cia das Nações Unidas para o Meio Am-</p><p>biente e o Desenvolvimento (Rio-92), pre-</p><p>conizam o direito a um ambiente sadio, que</p><p>proteja a saúde, o bem-estar e os valores</p><p>culturais. A Agenda 21, programa de ações</p><p>para o século XXI, em seu Capítulo 6 –</p><p>seção I – já reconhecia a saúde ambiental</p><p>como prioridade social para a promoção da</p><p>saúde.</p><p>O CONCEITO DE SAÚDE</p><p>AMBIENTAL E SUA INSERÇÂO</p><p>NAS POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>A Organização Mundial da Saúde (OMS),</p><p>em 1946, definiu saúde como um completo</p><p>estado de bem-estar físico, mental e social e</p><p>não meramente a ausência de doença, pas-</p><p>sando oficialmente do modelo biológico de</p><p>ser humano para o modelo biopsicossocial.</p><p>Esse conceito vem sofrendo inúmeras críti-</p><p>cas e evoluindo continuamente.</p><p>A interferência dos aspectos ambien-</p><p>tais nos padrões de saúde das populações</p><p>deixa evidente a percepção dessa relação já</p><p>Meio ambiente e sustentabilidade 161</p><p>em trabalhos muito antigos, como os de Hi-</p><p>pócrates, considerado o pai da Medicina.</p><p>Mesmo não contando com o repertório</p><p>científico atual, esses trabalhos delinearam</p><p>a compreensão de epidemias e endemias, a</p><p>partir da compreensão das características</p><p>do ambiente e da valorização de aspectos</p><p>geográficos e sua influência na distribuição</p><p>das doenças. Essa influência grega somada à</p><p>contribuição romana na área da engenharia</p><p>e da administração propiciaram à popula-</p><p>ção obras de saneamento, como sistemas de</p><p>esgoto, sanitários públicos, aquedutos, dre-</p><p>nagem de pântanos para controle de vetores</p><p>de malária e disposição organizada de lixo.</p><p>Posteriormente, a influência espiritualista e</p><p>sobrenatural se impôs na compreensão dos</p><p>processos infecciosos e, favorecida pela de-</p><p>sintegração do império greco-romano, pro-</p><p>vocou um retrocesso do ponto de vista da</p><p>higiene e da saúde pública.</p><p>Muito tempo depois, a partir de mea-</p><p>dos do século XIX, com os trabalhos de</p><p>Louis Pasteur, Robert Koch e outros, o esta-</p><p>belecimento da Teoria Microbiana das Do-</p><p>enças Infecciosas pode auxiliar na compre-</p><p>ensão gradativa da origem, ocorrência e</p><p>evolução dessas doenças. Essa contribuição</p><p>permitiu a elaboração de medidas sanitá-</p><p>rias de controle mais específicas e menos</p><p>empíricas.</p><p>A compreensão dos processos infec-</p><p>ciosos somados ao avanço da tecnologia,</p><p>tanto da área sanitária</p><p>como da área de</p><p>diagnóstico e terapêutica, contribuiu enor-</p><p>memente para redução dos níveis de inú-</p><p>meras doenças e, de certa forma, provocou</p><p>um distanciamento do entendimento des-</p><p>ses processos como resultado das alterações</p><p>do meio ambiente e das condições sociais e</p><p>econômicas das populações.</p><p>No entanto, à medida que se verificou</p><p>a consolidação da polarização da divisão</p><p>geopolítica, em países ricos e países pobres,</p><p>consolida-se também um cenário de distri-</p><p>buição de doenças distinto. Os países menos</p><p>privilegiados economicamente, carentes de</p><p>recursos sanitários e de planejamento de</p><p>ocupação de território, em sua maioria,</p><p>ainda apresentam altos níveis de morbi-</p><p>mortalidade relacionados a causas infeccio-</p><p>sas. Estima-se que 4% de todas as mortes e</p><p>5,7% das doenças que ocorrem no mundo</p><p>estejam associadas a condições precárias ou</p><p>inexistentes de saneamento.</p><p>Os registros de morbimortalidade</p><p>em países que usufruem de recursos tec-</p><p>nológicos mostram que a detenção do</p><p>poder econômico não isenta a população</p><p>dos agravos de saúde por influência dos fa-</p><p>tores ambientais. A saúde da população</p><p>desses países, economicamente privilegia-</p><p>dos, também sucumbe aos efeitos do seu</p><p>padrão de vida, cada vez mais urbano, con-</p><p>sumista, exposto a um contexto de elevado</p><p>adensamento populacional, confinado em</p><p>ambientes com alta concentração de po-</p><p>luentes atmosféricos e consumindo alimen-</p><p>tos provenientes de cadeias cada vez mais</p><p>complexas e artificiais.</p><p>Nesse contexto, emergem padrões ele-</p><p>vados de doenças cardiovasculares e degene-</p><p>rativas. Portanto, mesmo que apontando</p><p>para prioridades e medidas distintas para o</p><p>enfrentamento das questões relativas à saúde</p><p>da população local, a importância dos fato-</p><p>res ambientais fica cada vez mais evidente.</p><p>Esse fato reforça a necessidade de valorização</p><p>da Saúde Ambiental como norteadora de</p><p>políticas públicas de promoção de saúde da</p><p>população.</p><p>No Brasil, o conceito de vigilância em</p><p>saúde vem se consolidando nas últimas dé-</p><p>cadas. Essa vigilância tem caráter sistêmico,</p><p>buscando ser um elo que reoriente o plane-</p><p>jamento e a gestão das diversas vigilâncias</p><p>que vem sendo implementada no Sistema</p><p>Único de Saúde, como a vigilância epide-</p><p>miológica, a sanitária, a de saúde do traba-</p><p>lhador e mais recentemente a ambiental.</p><p>Esta última pode ser considerada o braço</p><p>operacional da Política Nacional de Saúde</p><p>162 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)</p><p>Ambiental, pois consiste em um conjunto</p><p>de ações que proporcionam o conhecimen-</p><p>to e a detecção de mudanças nos fatores de-</p><p>terminantes e condicionantes do meio am-</p><p>biente que interferem na saúde humana,</p><p>com a finalidade de identificar as medidas</p><p>de prevenção e controle de fatores de risco</p><p>ambientais relacionados às doenças e a ou-</p><p>tros agravos à saúde. Essa estrutura privile-</p><p>gia o conceito de geração da informação</p><p>para a ação, viabilizando essas ações no sen-</p><p>tido de promover a saúde, superando a esfe-</p><p>ra da mera intervenção sobre a doença para</p><p>se voltar à esfera da prevenção desses agra-</p><p>vos. Nesse sentido, as principais tarefas da</p><p>Vigilância em Saúde Ambiental se referem</p><p>aos processos de produção, integração, pro-</p><p>cessamento e interpretação de informações</p><p>visando ao conhecimento dos problemas de</p><p>saúde relacionados aos fatores ambientais,</p><p>além da execução de ações relativas às ativi-</p><p>dades de promoção da saúde, prevenção e</p><p>controle de doenças. A Figura 7.4 mostra a</p><p>ocorrência da meningite durante o período</p><p>de 2004 a 2008 no estado de São Paulo co mo</p><p>forma de ajudar a promover a execução de</p><p>ações de promoção à saúde.</p><p>A Epidemiologia é uma das ciências</p><p>fundamentais para a construção e condu-</p><p>ção desses estudos e cada vez mais exige a</p><p>participação de uma rede multiprofissional</p><p>bem formada, integrada, para a abordagem</p><p>de um cenário no qual lidera a multifatoria-</p><p>lidade.</p><p>No que tange aos aspectos preventi-</p><p>vos, a epidemiologia avalia riscos, validan-</p><p>do estatisticamente a relação de eventos</p><p>ocorridos em grupos populacionais expos-</p><p>tos e não expostos ou então entre doentes e</p><p>não doentes.</p><p>A Epidemiologia também contribui</p><p>para o monitoramento da situação de saúde</p><p>Figura 7.4</p><p>Distribuição espacial dos registros de meningites por município no estado de São Paulo no</p><p>período de 2004 a 2008 (Lourenço e Vedovato, 2010).</p><p>53º W</p><p>20º S</p><p>25º S</p><p>44º W</p><p>0</p><p>1 – 30</p><p>31 – 60</p><p>61 – 90</p><p>91 – 104</p><p>172</p><p>Meio ambiente e sustentabilidade 163</p><p>de determinadas populações, na realização</p><p>de avaliações do impacto de mudanças am-</p><p>bientais produzidas por projetos econômi-</p><p>cos e sociais, no próprio ecossistema local e</p><p>na saúde das populações humanas para a</p><p>tomada de decisão sobre o desenvolvimen-</p><p>to de projetos. Essas avaliações têm como fi-</p><p>nalidade oferecer informações sobre os pro-</p><p>váveis impactos e as possíveis medidas para</p><p>reduzir e ou prevenir essas situações de</p><p>risco.</p><p>MUDANÇA DE PARADIGMA</p><p>NA ÁREA DE SAÚDE E</p><p>MEIO AMBIENTE</p><p>As últimas décadas registraram vários even-</p><p>tos na área tanto de meio ambiente como</p><p>da saúde, documentando a mudança de</p><p>uma série de paradigmas nessas áreas. A</p><p>mudança de valores se reflete na atualização</p><p>do conceito de saúde que reconhece que,</p><p>para enfatizar o viés profilático, deve ser re-</p><p>conhecida a relevância da interferência di-</p><p>reta ou indireta dos fatores ambientais na</p><p>prevenção de doenças e agravos à saúde hu-</p><p>mana.</p><p>A Declaração da Conferência sobre</p><p>cuidados Primários de Saúde da OMS-</p><p>-UNICEF, que ocorreu em 1978 em Alma-</p><p>-Ata, no Cazaquistão, enfatiza a saúde como</p><p>um direito humano fundamental. Permitiu</p><p>que a saúde, como um bem público, se in-</p><p>corporasse à legislação nacional e interna-</p><p>cional como instrumento de ações que ob-</p><p>jetivassem a redução das desigualdades do</p><p>estado de saúde dos povos, principalmente</p><p>entre os de países desenvolvidos e em de-</p><p>senvolvimento.</p><p>Portanto, a saúde não mais se explica</p><p>exclusivamente pela ausência de doença,</p><p>apoiada principalmente em intervenções</p><p>clínico-cirúrgicas ou em medidas preventi-</p><p>vas tradicionais, mas sim como resultado de</p><p>ações de caráter intersetorial, que a conside-</p><p>rem um produto e, ao mesmo tempo, um</p><p>insumo do desenvolvimento. Em 1986,</p><p>ocorreu no Canadá a Primeira Conferência</p><p>Internacional sobre a Promoção da Saúde,</p><p>na qual foi promulgada, pela Organização</p><p>Mundial da Saúde, a “Carta de Ottawa para</p><p>promoção da Saúde” atendendo à demanda</p><p>de uma nova concepção de saúde pública.</p><p>Nesse contexto, delineou-se um cenário no</p><p>qual a importância da qualidade do meio</p><p>ambiente era redimensionada para um espa-</p><p>ço ecossocial. Definiram-se linhas de ação</p><p>no sentido de se criarem ambientes favorá-</p><p>veis à saúde, os chamados ambientes saudá-</p><p>veis. Inúmeras conferências internacionais</p><p>sobre o tema se sucederam e vêm influen-</p><p>ciando políticas de saúde coletiva dos mais</p><p>diversos países.</p><p>O texto da Constituição Federal Brasi-</p><p>leira, promulgada em 1988, já reflete essa</p><p>concepção de relação intrínseca entre meio</p><p>ambiente e saúde. Em seu Artigo 196, a</p><p>saúde é definida como direito de todos e</p><p>dever do Estado, garantido mediante políti-</p><p>cas sociais e econômicas que visem à redu-</p><p>ção do risco de doença e de outros agravos e</p><p>ao acesso universal e igualitário às ações e</p><p>serviços para sua promoção, proteção e re-</p><p>cuperação.</p><p>Já em seu Art. 225, prevê que todos</p><p>têm direito ao meio ambiente ecologica-</p><p>mente equilibrado, bem de uso comum do</p><p>povo e essencial à sadia qualidade de vida,</p><p>impondo-se ao Poder Público e à coletivi-</p><p>dade o dever de defendê-lo, preservá-lo</p><p>para as presentes e futuras gerações.</p><p>Em 1990 a Organização Mundial da</p><p>Saúde cria uma Comissão de Saúde e Meio</p><p>Ambiente. Durante essa mesma década, o</p><p>Brasil deu início à elaboração da Política</p><p>Nacional de Saúde Ambiental, possibilitan-</p><p>do posteriormente a implantação do Siste-</p><p>ma de Vigilância em Saúde Ambiental com</p><p>o objetivo de compreender as relações entre</p><p>os elementos ambientais e de saúde sobre os</p><p>quais cabe à saúde pública intervir.</p><p>164 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)</p><p>De acordo com</p><p>o documento “Subsí-</p><p>dios para construção da Política Nacional de</p><p>Saúde Ambiental”, divulgado em 2007 pelo</p><p>Ministério da Saúde, o campo da Saúde Am-</p><p>biental compreende a área da saúde pública</p><p>afeita ao conhecimento científico e à for-</p><p>mulação de políticas públicas e as corres-</p><p>pondentes intervenções (ação) relacionadas</p><p>à interação entre a saúde humana e os fato-</p><p>res do meio ambiente natural e antrópico</p><p>que a determinam, condicionam e influen-</p><p>ciam, com vistas a melhorar a qualidade de</p><p>vida do ser humano sob o ponto de vista da</p><p>sustentabilidade.</p><p>Nesse sentido, a articulação e a visão</p><p>de indissociabilidade entre as áreas de meio</p><p>ambiente e saúde aponta para a necessidade</p><p>de ações preventivas, tanto relacionadas à</p><p>proteção do meio ambiente como à promo-</p><p>ção de saúde. No caso particular da vigilân-</p><p>cia em saúde, a Fundação Nacional de</p><p>Saúde (FUNASA) estruturou o Sistema Na-</p><p>cional de Vigilância Ambiental em Saúde</p><p>(SINVAS). Sua regulamentação através da</p><p>Instrução Normativa No 1 do Ministério da</p><p>Saúde, de 25 de setembro de 2001, definiu</p><p>competências no âmbito federal dos Esta-</p><p>dos, do Distrito Federal e dos Municípios e,</p><p>para esses fins, apontou também como</p><p>prioridades para intervenção os fatores bio-</p><p>lógicos representados pelos vetores, hospe-</p><p>deiros, reservatórios e animais peçonhen-</p><p>tos; e os fatores não biológicos, que incluem</p><p>a qualidade da água para consumo huma-</p><p>no, ar, solo, contaminantes ambientais, de-</p><p>sastres naturais e acidentes com produtos</p><p>perigosos.</p><p>A Vigilância Ambiental em Saúde é</p><p>definida pela Fundação Nacional da Saúde</p><p>como um conjunto de ações que proporciona</p><p>o conhecimento e a detecção de qualquer mu-</p><p>dança nos fatores determinantes e condicio-</p><p>nantes do meio ambiente que interferem na</p><p>saúde humana, com a finalidade de identifi-</p><p>car as medidas de prevenção e controle dos fa-</p><p>tores de risco ambientais relacionados às do-</p><p>enças ou outros agravos à saúde. Compete ao</p><p>sistema produzir, integrar, processar e in-</p><p>terpretar informações que sirvam de ins-</p><p>trumentos para que o Sistema Unificado de</p><p>Saúde possa planejar e executar ações relati-</p><p>vas à promoção de saúde e de prevenção e</p><p>controle de doenças relacionadas ao am-</p><p>biente.</p><p>A Vigilância em Saúde Ambiental foi</p><p>estruturada por meio do Subsistema Nacio-</p><p>nal de Vigilância em Saúde Ambiental, re-</p><p>gulamentado pela Instrução Normativa</p><p>MS/SVS Nº 1, de 7 de março de 2005. O</p><p>Subsistema Nacional de Vigilância em</p><p>Saúde Ambiental – SINVSA compreende o</p><p>conjunto de ações e serviços prestados por</p><p>órgãos e entidades públicas e privadas, rela-</p><p>tivos à vigilância em saúde ambiental, vi-</p><p>sando ao conhecimento e à detecção ou pre-</p><p>venção de qualquer mudança nos fatores</p><p>determinantes e condicionantes do meio</p><p>ambiente que interferem na saúde humana,</p><p>com a finalidade de recomendar e adotar</p><p>medidas de promoção da saúde ambiental,</p><p>prevenção e controle dos fatores de risco re-</p><p>lacionados às doenças e outros agravos à</p><p>saúde, em especial:</p><p>I. água para consumo humano;</p><p>II. ar;</p><p>III. solo;</p><p>IV. contaminantes ambientais e substân-</p><p>cias químicas;</p><p>V. desastres naturais;</p><p>VI. acidentes com produtos perigosos;</p><p>VII. fatores físicos; e</p><p>VIII. ambiente de trabalho.</p><p>Parágrafo Único – Os procedimentos de vi-</p><p>gilância epidemiológica das doenças e agra-</p><p>vos à saúde humana associados a contami-</p><p>nantes ambientais, especialmente os rela-</p><p>cionados com a exposição a agrotóxicos,</p><p>amianto, mercúrio, benzeno e chumbo serão</p><p>de responsabilidade da Coordenação Geral de</p><p>Vigilância Ambiental em Saúde – CGVAM.</p><p>O conceito ampliado de exposição,</p><p>tratado não como um atributo da pessoa,</p><p>Meio ambiente e sustentabilidade 165</p><p>mas como conjunto de relações complexas</p><p>entre a sociedade e o ambiente, é central</p><p>para a definição de indicadores e para a</p><p>orientação da prática de vigilância ambien-</p><p>tal. Entre as dificuldades encontradas para</p><p>sua efetivação no Sistema Único de Saúde</p><p>no Brasil, estão a necessidade de reestrutu-</p><p>ração das ações de vigilância em saúde e a</p><p>formação de equipes multidisciplinares,</p><p>com capacidade de diálogo com outros se-</p><p>tores, além da construção de sistemas de in-</p><p>formação capazes de auxiliar a análise de si-</p><p>tuações de saúde e a tomada de decisões.</p><p>Por exemplo, a Figura 7.5 mostra o poten-</p><p>Figura 7.5</p><p>Mapa da distribuição espacial do Risco Relativo da incidência de tuberculose em Rio Claro,</p><p>São Paulo, Brasil.</p><p>166 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)</p><p>cial do uso de indicadores de risco para ges-</p><p>tão e planejamento em vigilância ambiental</p><p>que, muitas vezes, não são incorporados aos</p><p>métodos de análise.</p><p>Como tentativa de articular as</p><p>esferas governamentais e demais atores</p><p>envolvidos nesse processo e consolidar a</p><p>Política Na-cional de Saúde Ambiental, o</p><p>Ministério de Meio Ambiente programou</p><p>para dezembro de 2009, em Brasília, a I</p><p>Conferência Nacio-nal de Saúde</p><p>Ambiental.</p><p>Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para</p><p>esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual</p><p>da Instituição, você encontra a obra na íntegra.</p><p>DICA DO PROFESSOR</p><p>O vídeo a seguir contém uma contextualização relacionada com as prevenções e com as ações</p><p>de vigilância ambiental.</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>1) O que compreende o Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental</p><p>(SINVSA)?</p><p>A) Compreende a programação pactuada integrada da área de vigilância em saúde.</p><p>B) É o estado de bem-estar físico, mental e social,e não meramente a ausência de doença,</p><p>passando do modelo biológico de ser humano para o modelo biopsicossocial.</p><p>C) Conjunto de ações e serviços prestados por órgãos e por entidades públicas e privadas</p><p>referentes à vigilância em saúde ambiental.</p><p>D) Processos infecciosos somados ao avanço da tecnologia, tanto da área sanitária como da</p><p>área de diagnóstico e terapêutica.</p><p>E) Ciência para a construção e condução de estudos com participação de uma rede</p><p>multiprofissional bem formada e integrada.</p><p>2) Segundo a regulamentação da Instrução Normativa MS/SVS No 1, de 7 de março de</p><p>2005, a vigilância em saúde ambiental tem a finalidade de recomendar e de adotar</p><p>medidas de promoção da saúde ambiental, de prevenção e controle dos fatores de</p><p>risco relacionados com as doenças e outros agravos à saúde, em especial, os itens das</p><p>alternativas a seguir, EXCETO:</p><p>A) Água para consumo humano, ar.</p><p>B) Solo e contaminantes ambientais, substâncias químicas.</p><p>C) Desastres naturais e acidentes com produtos perigosos.</p><p>D) Fatores biológicos e patogênicos.</p><p>E) Fatores físicos e ambiente de trabalho.</p><p>3) Que palavra definiria vigilância em saúde ambiental?</p><p>A) Esgoto.</p><p>B) Saúde.</p><p>C) Sustentabilidade.</p><p>D) Legislação.</p><p>E) Resíduos.</p><p>4) No Brasil, o conceito de vigilância em saúde tem um elo que reorienta o planejamento</p><p>e a gestão das diversas vigilâncias. Onde estas vêm sendo implementadas?</p><p>A) No Sistema Único de Saúde (SUS).</p><p>B) Na vigilância epidemiológica.</p><p>C) Na vigilância do trabalhador.</p><p>D) Na vigilância sanitária.</p><p>E) Conforme Norma ISO 14.001.</p><p>5) Qual imagem resume, conforme o estudado, as ações e a prevenção da vigilância em</p><p>saúde ambiental?</p><p>A)</p><p>B)</p><p>C)</p><p>D)</p><p>E)</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Imagine que você deverá realizar um plano de saneamento básico em seu munícipio,</p><p>englobando também as questões de vigilância em saúde ambiental. São feitas várias reuniões</p><p>para discussão do assunto, e verifica-se cada tópico a ser englobado no plano.</p><p>Nesse sentido, resolve-se inserir um cronograma para as obras que serão incorporadas ao plano</p><p>de saneamento do município, indicando os locais que são foco de contaminação como</p><p>prioritários para o início do projeto. Além disso, você sugere, e é apoiado por todos, a realização</p><p>de programas de prevenção junto a esses locais focos de contaminação e que abrigam, na grande</p><p>maioria, comunidades de baixa renda.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do</p><p>professor:</p><p>Meio Ambiente e Sustentabilidade</p><p>ROSA, André Henrique;</p><p>FRACETO, Leonardo Fernandes; CARLOS, Viviane Moschini. Meio</p><p>Ambiente e Sustentabilidade. Editora: Bookman. Capítulo 7, páginas 155 a 176.</p><p>Vigilância ambiental em saúde e sua implantação no Sistema Único de Saúde</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>Gestão da vigilância à saúde</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>Fontes de água: características físicas,</p><p>químicas e biológicas</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>A água sempre foi essencial desde o começo da história da Terra e em todo seu processo de</p><p>desenvolvimento e evolução. O motivo pelo qual esse recurso natural é tão importante para a</p><p>manutenção da vida no planeta reside em suas características.</p><p>Nesta Unidade de Aprendizagem, serão estudadas as principais fontes de água e suas</p><p>características físicas, químicas e biológicas.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Identificar as principais características físicas, químicas e biológicas da água.•</p><p>Reconhecer as variáveis que determinam as condições de qualidade da água.•</p><p>Relacionar as características dessa substância com a sua potabilidade.•</p><p>DESAFIO</p><p>As algas são uma designação abrangente de plantas simples, as quais obtêm a sua fonte de</p><p>energia primária por meio do processo de fotossíntese. Em algumas situações, pode-se perceber</p><p>a reprodução excessiva dessas algas, promovendo um processo conhecido como eutrofização.</p><p>Esse processo pode ter causas naturais e antrópicas.</p><p>A partir dessa contextualização inicial, você deverá pesquisar e analisar um caso real em que a</p><p>ocorrência de algas interferiu de alguma forma na rotina da cidade e, em seguida, elaborar um</p><p>texto com as seguintes informações:</p><p>- Resumo do caso com as principais informações.</p><p>- Identificação da alga.</p><p>- Se a ocorrência interferiu na qualidade e na potabilidade da água.</p><p>- Qual foi o posicionamento da empresa (autoridades do governo) de abastecimento e tratamento</p><p>de água da localidade diante da população a respeito da ocorrência da alga e qual foi a sua</p><p>interferência no consumo de água. Na sua opinião, a postura foi adequada?</p><p>INFOGRÁFICO</p><p>Para que se possa avaliar a qualidade da água para o consumo, é fundamental saber identificar e</p><p>conceituar as características da natureza da água. No infográfico a seguir, há um esquema que</p><p>apresenta essa relação.</p><p>CONTEÚDO DO LIVRO</p><p>Para melhor compreensão dos temas abordados nesta Unidade de Aprendizagem, acompanhe</p><p>um trecho do livro Elementos da natureza e propriedades dos solos.</p><p>Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150</p><p>B812e Brady, Nyle C.</p><p>Elementos da natureza e propriedades dos solos [recurso</p><p>eletrônico ] / Nyle C. Brady, Ray R. Weil ; tradução técnica:</p><p>Igo Fernando Lepsch. – 3. ed. – Dados eletrônicos. – Porto</p><p>Alegre : Bookman, 2013.</p><p>Editado também como livro impresso em 2013.</p><p>ISBN 978-85-65837-79-8</p><p>1. Ciência do solo. 2. Pedologia. I. Weil, Ray R.</p><p>II. Título.</p><p>CDU 613.4</p><p>Quando a terra conseguirá...</p><p>absorver a água da chuva com</p><p>a mesma rapidez com que ela cai?</p><p>— H. D. T, THE JOURNAL L</p><p>e</p><p>va</p><p>n</p><p>d</p><p>o</p><p>á</p><p>g</p><p>u</p><p>a</p><p>p</p><p>a</p><p>ra</p><p>o</p><p>s</p><p>so</p><p>lo</p><p>s</p><p>d</p><p>e</p><p>v</p><p>a</p><p>le</p><p>s</p><p>á</p><p>ri</p><p>d</p><p>o</p><p>s</p><p>(R</p><p>.</p><p>W</p><p>e</p><p>il)</p><p>5</p><p>A Água do Solo:</p><p>Características e</p><p>Comportamento</p><p>A água, um dos mais simples compostos químicos da natureza, é um componente vital de to-</p><p>das as células vivas. Suas propriedades exclusivas propiciam uma grande variedade de proces-</p><p>sos físicos, químicos e biológicos. Esses processos têm grande influência sobre quase todos os</p><p>aspectos da formação e do comportamento do solo, da intemperização de minerais à decom-</p><p>posição da matéria orgânica, do crescimento das plantas à poluição das águas subterrâneas.</p><p>Todos nós estamos acostumados com a água. Dela bebemos, com ela nos lavamos e nela</p><p>nadamos. Mas a água no solo é muito diferente daquela contida em um copo. No solo, a</p><p>associação íntima entre a água e as suas partículas altera o comportamento de ambos. A água</p><p>faz com que as partículas do solo se expandam e se contraiam para unirem-se umas às outras</p><p>e formarem os agregados estruturais. Além disso, ela participa de inúmeras reações químicas</p><p>que liberam ou imobilizam nutrientes, geram acidez e desgastam os minerais, de modo que</p><p>os elementos que os constituem possam, enfim, contribuir para a salinidade dos</p><p>oceanos.</p><p>Certos fenômenos que ocorrem com a água do solo parecem contradizer o</p><p>nosso entendimento sobre como a água deve se comportar. Parte da circu-</p><p>lação livre das moléculas de água é restringida pelas superfícies sólidas</p><p>que as atraem, fazendo com que se comportem de uma forma menos</p><p>líquida e mais sólida. No solo, a água pode fluir tanto para cima como</p><p>para baixo. As plantas podem murchar e morrer em um solo cujo perfil</p><p>contém um milhão de quilos de água por hectare. Uma camada de areia</p><p>ou cascalho em um perfil de solo pode, de fato, inibir a drenagem, ao invés</p><p>de melhorá-la.</p><p>As interações solo-água determinam suas taxas de perda por lixiviação,</p><p>escoamento superficial e evapotranspiração, bem como o equilíbrio entre o ar</p><p>e a água nos poros do solo, a taxa de mudança na temperatura do solo, a taxa</p><p>(e tipo de metabolismo) dos organismos do solo, além de capacitar os solos a</p><p>armazenarem (e fornecerem) água para o crescimento das plantas.</p><p>As características e o comportamento da água no solo abrangem um assun-</p><p>to que inter-relaciona quase todos os capítulos deste livro. Os princípios desen-</p><p>volvidos neste capítulo irão nos ajudar a entender por que os deslizamentos de</p><p>Capítulo 5 A Água do Solo: Características e Comportamento 147</p><p>terra ocorrem em solos saturados com água (Capítulo 4); por que as minhocas podem melho-</p><p>rar a qualidade do solo (Capítulo 10), por que as terras úmidas contribuem para a destruição</p><p>da camada global de ozônio (Capítulo 12) e por que a fome persegue a humanidade em certas</p><p>regiões do mundo. Compreender os princípios apresentados neste capítulo é fundamental</p><p>para se trabalhar com o sistema solo.</p><p>5.1 ESTRUTURA E PROPRIEDADES ASSOCIADAS À ÁGUA1</p><p>A capacidade da água de influenciar tantos processos do sistema solo é determinada</p><p>de forma fundamental pelo tipo de estrutura da molécula de água. Essa estrutura</p><p>também é responsável pelo fato de a água estar presente na Terra mais na forma líqui-</p><p>da, não na de um gás. Com exceção do mercúrio, a água é o único líquido inorgânico</p><p>(sem ser à base de carbono) encontrado na Terra em condições normais de temperatura e</p><p>pressão. A água é um composto simples: suas moléculas individuais contêm um átomo de oxi-</p><p>gênio e dois átomos, muito menores, de hidrogênio. Esses dois elementos estão ligados por co-</p><p>valência, ou seja, cada átomo de hidrogênio compartilha seu único elétron com o de oxigênio.</p><p>Polaridade</p><p>Os átomos de hidrogênio, em vez de se alinharem simetricamente em cada lado do átomo de</p><p>oxigênio (H-O-H), estão ligados ao oxigênio em um arranjo em forma de V, com um ângulo</p><p>de apenas 105°. Por isso, a água é uma molécula assimétrica, com seus elétrons orbitando</p><p>mais tempo quando estão mais próximos do oxigênio do que do hidrogênio. Consequente-</p><p>mente, as moléculas de água apresentam polaridade, isto é, suas cargas não estão distribuídas</p><p>uniformemente; pelo contrário, o lado em que os átomos de hidrogênio se situam tende a ser</p><p>eletropositivo, e o lado oposto, eletronegativo.</p><p>A polaridade explica por que as moléculas de água são atraídas tanto por íons eletrostati-</p><p>camente carregados como por superfícies coloidais. Cátions, como H+, Na+, K+ e Ca2+, se hi-</p><p>dratam por meio de sua atração pelo lado (negativo) onde se situa o oxigênio das moléculas de</p><p>água. Da mesma forma, as superfícies de argila carregadas negativamente atraem água, desta</p><p>vez através do lado (positivo) do hidrogênio da molécula. A polaridade das moléculas de água</p><p>também provoca a dissolução dos sais na água, já que os seus componentes iônicos têm uma</p><p>maior atração pelas moléculas de água do que uns pelos outros.</p><p>Ligações de hidrogênio</p><p>Por</p><p>meio de um fenômeno chamado de ligação de hidrogênio (ou “ponte de hidrogênio”),</p><p>um dos átomos de hidrogênio de uma molécula de água é atraído pelo oxigênio de uma molé-</p><p>cula de água vizinha, formando assim uma ligação de baixa energia entre essas duas moléculas.</p><p>Esse tipo de ligação é responsável pela polimerização da água.</p><p>Coesão, adesão e tensão superficial</p><p>O fenômeno da ligação de hidrogênio explica as duas forças básicas responsáveis pela retenção</p><p>e movimento da água nos solos: a atração das moléculas de água umas pelas outras (coesão) e</p><p>a atração das moléculas de água por superfícies sólidas (adesão). Algumas moléculas de água</p><p>são retidas rigidamente nas superfícies dos sólidos do solo por adesão (também chamada de</p><p>adsorção). Por sua vez, essas moléculas de água fortemente ligadas se unem, por coesão, a ou-</p><p>tras moléculas de água mais distantes das superfícies sólidas (Figura 5.1). As forças de adesão e</p><p>de coesão tornam possível para os sólidos do solo reter água e controlar o seu uso e movimen-</p><p>1 Para informações mais detalhadas sobre as interações água-solo, consulte Hillel (1998) e Warrick (2001).</p><p>Propriedades da água:</p><p>www.biologylessons.sdsu.</p><p>edu/classes/lab1/semnet/</p><p>water.htm</p><p>148 Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos</p><p>to. A adesão e a coesão também tornam possível a plasticidade, que é uma das características</p><p>das argilas (Seção 4.9).</p><p>A tensão superficial é outra propriedade importante da água que influencia significati-</p><p>vamente seu comportamento no solo. Nas interfaces líquido-ar, a tensão superficial decorre</p><p>do fato de as moléculas de água terem uma maior atração entre si (coesão) do que pelo ar. O</p><p>efeito disso é uma força dirigida da superfície da água para o seu interior, o que faz com que</p><p>ela se comporte como se a superfície fosse coberta com uma membrana elástica esticada (Fi-</p><p>gura 5.2). Devido à elevada atração relativa das moléculas de água umas pelas outras, a água</p><p>passa a ter uma elevada tensão superficial (72,8 N/mm a 20°C), se comparada à maioria dos</p><p>outros líquidos (por exemplo, 22,4 N/mm para o etanol, que é outro composto de baixo peso</p><p>molecular). Como veremos, a tensão superficial é um fator importante para o fenômeno da</p><p>capilaridade, que determina como a água é retida no solo.</p><p>Figura 5.1 Ilustração das forças de coesão (entre as</p><p>moléculas de água) e adesão (entre a água e uma su-</p><p>perfície sólida) em um sistema solo-água. Essas forças</p><p>são em grande parte resultado das ligações de hi-</p><p>drogênio, mostradas na forma de linhas tracejadas. A</p><p>força de adesão, ou adsorção, decresce rapidamente</p><p>com a diminuição da distância em relação à superfície</p><p>sólida. A coesão de uma molécula de água com outra</p><p>forma aglomerados temporários que estão em cons-</p><p>tante mudança no tamanho e na forma, à medida que</p><p>as moléculas individuais se libertam ou se juntam com</p><p>outras. A coesão entre as moléculas de água também</p><p>faz com que os sólidos limitem a liberdade dessas</p><p>moléculas até a interface sólido-líquido.</p><p>H</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>H</p><p>OH</p><p>H</p><p>H</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>H</p><p>O</p><p>O H</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>H</p><p>H</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>H</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>O</p><p>H</p><p>H</p><p>H</p><p>O</p><p>Superfície</p><p>da</p><p>partícula</p><p>de solo</p><p>AdesãoCoesão</p><p>Ligações de</p><p>hidrogênio</p><p>Figura 5.2 Evidências da tensão superficial da água em nosso dia a dia. À esquerda: insetos pousando na água sem</p><p>se afundarem. À direita: exemplo de forças de coesão e adesão fazendo com que uma gota d’água seja mantida entre</p><p>os dedos que se separam. (Fotos: cortesia de R. Weil)</p><p>Capítulo 5 A Água do Solo: Características e Comportamento 149</p><p>5.2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CAPILARIDADE E ÁGUA</p><p>DO SOLO</p><p>O movimento da água subindo em um pavio é um bom exemplo do fenômeno da</p><p>capilaridade. Duas são as forças responsáveis pela capilaridade: (1) a atração da água</p><p>em direção a um sólido (adesão ou adsorção) e (2) a tensão superficial da água, que</p><p>em grande parte se deve à atração das moléculas de água entre si (coesão).</p><p>Mecanismos da capilaridade</p><p>A capilaridade pode ser demonstrada colocando-se a extremidade de um tubo fino de</p><p>vidro dentro d’água. A água se eleva no interior do tubo e, quanto menor o seu raio</p><p>interno, mais a água subirá. As moléculas de água são atraídas para os lados do tubo (adesão)</p><p>e começam a se espalhar ao longo do vidro, em resposta a essa atração. Ao mesmo tempo, as</p><p>forças coesivas unem as moléculas de água entre si, criando tensão superficial e provocando</p><p>a formação de uma superfície curva (chamada de menisco) na interface entre a água e o ar do</p><p>tubo. A pressão menor sob o menisco no tubo de vidro permite que a maior pressão sobre o</p><p>líquido, que não está em contato direto com as paredes laterais, empurre a água para cima. O</p><p>processo continua até que a água tenha atingido altura suficiente no tubo para que seu peso</p><p>equilibre a pressão diferencial na largura do menisco.</p><p>A altura de elevação em um tubo capilar é inversamente proporcional ao raio interno do</p><p>tubo r. A ascensão capilar é também inversamente proporcional à densidade do líquido e di-</p><p>retamente proporcional à sua tensão superficial, bem como ao grau de sua atração adesiva ao</p><p>tubo (ou superfície do solo). Se limitarmos nossa consideração para a água a uma dada tempe-</p><p>ratura (por exemplo, 20°C), então esses fatores podem ser combinados em uma única constan-</p><p>te, e podemos usar uma equação simples da capilaridade para calcular a altura da ascensão h:</p><p>(5.1)</p><p>onde h e r são expressos em centímetros. Esta equação nos diz que, quanto mais fino for o</p><p>tubo, maior será a força capilar e maior a ascensão da água no tubo (Figura 5.3a).</p><p>Altura da ascensão nos solos</p><p>As forças capilares atuam em todos os solos úmidos. No entanto, a altura da ascensão e a taxa</p><p>do movimento capilar são menores do que o previsível, se com base apenas no tamanho dos</p><p>poros do solo. Uma das razões é que esses poros não são aberturas retilíneas e uniformes como</p><p>os tubos de vidro. Além do mais, alguns poros do solo estão cheios de ar, o que pode estar</p><p>dificultando, ou mesmo impedindo, o movimento da água por capilaridade (Figura 5.3b).</p><p>Sendo o movimento capilar condicionado pelo tamanho dos poros, é a distribuição desses</p><p>poros, conforme abordado no Capítulo 4, que determina em grande parte a magnitude e a</p><p>velocidade do movimento da água capilar no solo. Em solos arenosos, a abundância de poros</p><p>capilares de tamanho médio a grande permite um rápido aumento inicial da ascensão capilar,</p><p>mas limita a sua altura final2 (Figura 5.3c). As argilas têm uma elevada proporção de poros</p><p>capilares muito finos; contudo, as forças de atrito diminuem a taxa com que a água se move</p><p>através deles. Consequentemente, nos solos argilosos a ascensão capilar é lenta, mas, com o</p><p>tempo, geralmente excede a de solos arenosos. Os solos de textura franca apresentam proprie-</p><p>dades capilares intermediárias entre os arenosos e os argilosos.</p><p>2 Note que, se a água sobe por capilaridade a uma altura de 37 cm acima da superfície livre da água, em um solo de</p><p>textura arenosa (como mostrado no exemplo da Figura 5.3c), então será possível estimar (reorganizando a equação</p><p>capilar para r � 0,15/h) que os menores poros contínuos devem ter um raio de cerca de 0,004 cm (0,15/37 �</p><p>0,004). Esse cálculo dá uma ideia aproximada do raio efetivo mínimo dos poros capilares em um solo.</p><p>Mude o raio capilar</p><p>(Kappilarradius) para ver a</p><p>subida da água. Universität</p><p>Heidelberg:</p><p>http://www.ito.ethz.</p><p>ch:16080/filep/inhalt/</p><p>seiten/exp1200/</p><p>animation_1200.htm</p><p>150 Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos</p><p>A capilaridade é tradicionalmente ilustrada como uma acomodação para cima. Mas o mo-</p><p>vimento ocorre em todas as direções, já que as atrações entre os poros do solo e a água são</p><p>igualmente eficazes na formação de um menisco de água, tanto nos poros horizontais como nos</p><p>verticais (Figura 5.4). A importância da capilaridade no controle do movimento da água em po-</p><p>ros pequenos ficará mais evidente quando abordarmos os conceitos de energia da água do solo.</p><p>Movimento da água por capilaridade</p><p>(c)</p><p>(a)</p><p>(b)</p><p>Areia</p><p>grossa</p><p>Raio do tubo</p><p>h</p><p>h</p><p>h</p><p>Areia</p><p>finah (cm) =</p><p>0,15 (cm2)</p><p>r (cm)</p><p>Textura fra</p><p>nco-arenosa</p><p>Textura fra</p><p>nco-argilosa</p><p>Textura</p><p>areia</p><p>10 2 3</p><p>80</p><p>100</p><p>60</p><p>40</p><p>20</p><p>0</p><p>Tempo (dias)</p><p>A</p><p>sc</p><p>e</p><p>n</p><p>sã</p><p>o</p><p>c</p><p>a</p><p>p</p><p>ila</p><p>r</p><p>(c</p><p>m</p><p>)</p><p>4 5 6</p><p>Figura 5.3 Movimento capilar ascendente da água através de tubos com raios internos diferentes e em solos com dife-</p><p>rentes tamanhos de poros. (a) A equação capilar pode ser representada graficamente para mostrar que a altura de ascen-</p><p>são h dobra quando o raio interno do tubo é reduzido pela metade. Essa relação pode ser demonstrada usando-se tubos</p><p>de vidro de diferentes raios. (b) O mesmo princípio também correlaciona tamanhos de poros em um solo com a altura</p><p>da ascensão capilar, mas a elevação da água no solo é bastante desordenada e irregular por causa da forma tortuosa e</p><p>variável do tamanho dos poros do solo (bem como a ocorrência de bolsões de ar aprisionado). (c) Quanto mais fina for a</p><p>textura do solo, maior será a proporção de poros de pequeno porte e, portanto, maior será também a elevação total da</p><p>água acima de um lençol freático livre. No entanto, por causa das forças de atrito muito maiores nos poros menores, a as-</p><p>censão capilar é muito mais lenta nos solos de textura mais fina do que nos de textura arenosa. (Diagramas: cortesia de R. Weil)</p><p>Figura 5.4 Neste campo irrigado no Estado do Arizona (EUA), a água subiu por capilaridade, distanciando-se do sul-</p><p>co de irrigação em direção ao topo do camalhão (foto à esquerda), bem como horizontalmente para ambos os lados</p><p>(foto à direita). (Fotos: cortesia de N. C. Brady)</p><p>Capítulo 5 A Água do Solo: Características e Comportamento 151</p><p>5.3 CONCEITOS DE ENERGIA DA ÁGUA DO SOLO</p><p>Todos os dias podemos perceber que as coisas tendem para um estado de energia</p><p>mais baixo (e que é preciso fornecer energia e trabalho para impedir que isso acon-</p><p>teça). Ao usar um telefone celular, a bateria irá descarregar, passando de um estado</p><p>de carga total e de energia potencial elevada para um estado descarregado, de baixa</p><p>energia. Se você largar esse telefone, ele cairá de seu estado de energia potencial, rela-</p><p>tivamente alta, em sua mão, para um estado de menor energia potencial, no chão (onde estará</p><p>mais perto da fonte de força gravitacional). A diferença nos níveis de energia (a altura acima</p><p>do chão na qual você está segurando o telefone) determina quão fortemente a transição irá</p><p>ocorrer. A água do solo não é diferente – ela tende a passar de um estado de alta energia para</p><p>um de baixa energia. Assim como no caso do celular, a diferença nos níveis de energia da água</p><p>nos pontos afastados no perfil do solo é o que faz com que ela se movimente.</p><p>Forças que afetam a energia potencial</p><p>Na seção anterior, a discussão sobre a estrutura e as propriedades da água mostrou a existência</p><p>de três forças importantes que afetam o nível de energia da água do solo. A primeira, a adesão,</p><p>ou atração da água para os sólidos do solo (matriz), fornece uma força matricial (responsável</p><p>pela adsortividade e capilaridade) que produz uma acentuada redução no estado de energia da</p><p>água perto da superfície das partículas. A segunda, a atração de íons e outros solutos pela água,</p><p>resulta em forças osmóticas, as quais exercem a tendência para reduzir o estado energético da</p><p>água na solução do solo. A movimentação osmótica da água pura, através de uma membrana</p><p>semipermeável para o interior de uma solução, é uma prova do estado de energia livre mais re-</p><p>duzido da solução. A terceira grande força em ação na água do solo é a gravidade, que sempre</p><p>tende a puxar o líquido para baixo. O nível de energia da água no solo em uma determinada</p><p>altura no perfil é, portanto, maior que o da água a uma altura mais baixa. É essa diferença no</p><p>nível de energia que faz com que o fluxo de água se direcione para baixo.</p><p>Potencial da água do solo</p><p>A diferença no nível de energia da água de uma posição ou de uma condição para outra (p. ex.,</p><p>entre um solo saturado com água e um solo seco) determina a direção e a velocidade do movi-</p><p>mento da água nos solos e nas plantas. Em um solo saturado com água, a maior parte dela é re-</p><p>tida em poros grandes na forma de espessas películas em torno de partículas; portanto, a maioria</p><p>das moléculas de água em um solo nessas condições não está muito próxima de uma superfície</p><p>de partícula e, por isso, não são retidas com muita força pelos sólidos (ou matriz) do solo. Dessa</p><p>forma, as moléculas de água têm uma considerável liberdade de movimento, sendo que seu nível</p><p>de energia permanece próximo ao das moléculas de água pura, como em uma poça d’água sobre</p><p>o solo. No entanto, em um solo mais seco, a água residual está localizada em pequenos poros</p><p>dentro dos quais ela está na forma de delgadas películas – permanecendo, assim, firmemente</p><p>retida pelos sólidos do solo. Por isso, as moléculas de água em um solo não saturado têm pouca</p><p>liberdade de movimento, e seu nível de energia é muito menor do que o das moléculas de água</p><p>no solo saturado. Se as amostras de solo saturado e seco são postas em contato umas com as ou-</p><p>tras, a água vai passar do solo saturado (estado de alta energia) para o solo seco (baixa energia).</p><p>Para avaliar o estado da energia da água do solo em uma determinada posição do seu per-</p><p>fil, seu nível de energia é comparado com o da água pura em temperatura e pressão normais,</p><p>não afetada pelo solo e localizada a certa altura de referência. A diferença de níveis de energia</p><p>entre esta água livre, no estado de referência, e o da água do solo é denominado potencial</p><p>da água do solo (Figura 5.5). Os termos potencial e pressão implicam em uma diferença no</p><p>estado de energia. A água irá passar de uma zona do solo com alto potencial para outra com</p><p>Energia da água do solo e</p><p>sua dinâmica:</p><p>http://faculty.washington.</p><p>edu/slb/esc210/soils15.pdf</p><p>152 Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos</p><p>um menor potencial de água do solo. Esse fato deve ser sempre considerado quando estamos</p><p>cogitando sobre o comportamento da água nos solos.</p><p>Diversas forças estão envolvidas no potencial da água do solo, sendo cada uma delas um</p><p>componente do potencial total da água do solo, �t. Esses componentes decorrem de dife-</p><p>renças nos níveis de energia, os quais são o resultado das forças gravitacional, matricial, hi-</p><p>drostática submersa e osmótica – chamados, respectivamente, de potencial gravitacional, �g,</p><p>potencial matricial, �m, potencial hidrostático, �h, e potencial osmótico, �o. Todos esses</p><p>componentes atuam simultaneamente, influenciando o comportamento da água nos solos.</p><p>A relação geral do potencial da água do solo com os níveis de energia potencial é ilustrada na</p><p>Figura 5.5 e pode ser expressa como:</p><p>�t � �g + �m + �o + �h + ... (5.2)</p><p>onde as reticências (...) indicam a possível contribuição de potenciais adicionais ainda não</p><p>mencionados.</p><p>Potencial gravitacional A força da gravidade atrai a água do solo em direção ao cen-</p><p>tro da Terra. O potencial gravitacional, �g, da água do solo é o produto da aceleração</p><p>decorrente da gravidade e da altura da água no solo acima de um plano de referência.</p><p>A altura do plano de referência é geralmente escolhida dentro do perfil do solo, ou no</p><p>seu limite inferior, para garantir que o potencial gravitacional da água do solo acima</p><p>do plano de referência seja sempre positivo.</p><p>Potencial gravitacional:</p><p>http://zonalandeducation.</p><p>com/mstm/physics/</p><p>mechanics/energy/</p><p>gravitational</p><p>PotentialEnergy/</p><p>gravitationalPotential</p><p>Energy.html</p><p>0</p><p>+</p><p>–</p><p>–</p><p>Energia potencial da água do</p><p>solo em uma altura maior que a</p><p>do estado de referência padrão</p><p>O nível de energia potencial</p><p>da água livre em estado</p><p>de referência padrão é</p><p>dado como zero</p><p>Potencial</p><p>gravitacional</p><p>Nível da energia potencial</p><p>da água contendo sais</p><p>e outros solutos</p><p>O</p><p>n</p><p>ív</p><p>e</p><p>l</p><p>d</p><p>e</p><p>e</p><p>n</p><p>e</p><p>rg</p><p>ia</p><p>é</p><p>m</p><p>a</p><p>io</p><p>r</p><p>d</p><p>o</p><p>q</p><p>u</p><p>e</p><p>n</p><p>o</p><p>p</p><p>la</p><p>n</p><p>o</p><p>d</p><p>e</p><p>re</p><p>fe</p><p>rê</p><p>n</p><p>ci</p><p>a</p><p>p</p><p>a</p><p>d</p><p>rã</p><p>o</p><p>P</p><p>o</p><p>si</p><p>ti</p><p>vo</p><p>O</p><p>n</p><p>ív</p><p>e</p><p>l</p><p>d</p><p>e</p><p>e</p><p>n</p><p>e</p><p>rg</p><p>ia</p><p>é</p><p>m</p><p>e</p><p>n</p><p>o</p><p>r</p><p>d</p><p>o</p><p>q</p><p>u</p><p>e</p><p>a</p><p>á</p><p>g</p><p>u</p><p>a</p><p>p</p><p>u</p><p>ra</p><p>e</p><p>l</p><p>iv</p><p>re</p><p>n</p><p>o</p><p>p</p><p>la</p><p>n</p><p>o</p><p>d</p><p>e</p><p>r</p><p>e</p><p>fe</p>

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