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<p>Psicopatologia especial</p><p>1. CAPS (Centro de Atenção Psicossocial)</p><p>Os CAPS são unidades de saúde destinadas ao tratamento de pessoas com transtornos mentais severos e persistentes, incluindo uso de substâncias. Eles substituem o modelo hospitalocêntrico, promovendo atendimento comunitário e integrado à vida social. Existem três tipos principais de CAPS: CAPS I (adultos), CAPS II (adolescentes) e CAPS III (internação breve).</p><p>2. Psicopatologia Descritiva vs. Psicopatologia Psicanalítica</p><p>· Psicopatologia Descritiva: Focada em observar e descrever os sintomas dos transtornos mentais sem buscar suas causas profundas. Utiliza classificações objetivas e é a base dos manuais diagnósticos como o DSM-5.</p><p>· Psicopatologia Psicanalítica: Baseia-se na teoria psicanalítica de Freud, buscando as causas inconscientes dos sintomas. Explora conflitos internos e dinâmicas entre o id, ego e superego, além de traumas e repressões.</p><p>3. Personalidade e suas Alterações</p><p>· Temperamento: Aspectos biológicos da personalidade, como o humor e reações emocionais.</p><p>· Caráter: Componentes adquiridos da personalidade, influenciados por experiências de vida e cultura.</p><p>· Tipologias Humanas: Diferentes classificações de personalidade, como introversão/extroversão (Jung) ou os tipos de personalidade de Kretschmer (pícnico, leptossômico e atlético).</p><p>· Transtornos de Personalidade: Incluem perturbações persistentes nos padrões de pensamento, comportamento e relações sociais. São eles:</p><p>1. Transtorno de Personalidade Paranoide: Caracteriza-se por desconfiança excessiva e injustificada em relação aos outros. As pessoas com esse transtorno tendem a acreditar que os outros estão sempre tentando prejudicá-las, mesmo sem evidências. São constantemente vigilantes e podem interpretar eventos neutros ou triviais como hostis ou ameaçadores. Características principais: Suspeita sem fundamento de que os outros estão enganando ou conspirando contra elas, relutância em confiar nos outros, percepção de ataques a seu caráter que não são evidentes para os outros.</p><p>2. Transtorno de Personalidade Esquizoide: Pessoas com esse transtorno são emocionalmente distantes, preferem atividades solitárias e têm pouca necessidade ou interesse em formar relacionamentos próximos, incluindo com familiares. Eles parecem indiferentes à crítica ou elogios dos outros. Características principais: Falta de desejo ou prazer em relacionamentos íntimos, inclinação para atividades solitárias, pouca ou nenhuma expressão de emoções positivas ou negativas.</p><p>3. Transtorno de Personalidade Esquizotípica: Envolve padrões de comportamento excêntrico, pensamento mágico ou distorções cognitivas, e desconforto com relacionamentos íntimos. Embora não apresentem sintomas psicóticos como delírios ou alucinações, suas ideias e comportamentos são vistos como estranhos ou incomuns. Características principais: Crenças estranhas ou pensamento mágico (por exemplo, acreditar que tem poderes especiais), comportamento ou aparência excêntrica, ansiedade social intensa que não diminui com a familiaridade.</p><p>4. Transtorno de Personalidade Antissocial: Associado à indiferença pelos direitos dos outros e violação repetida das normas sociais. Indivíduos com esse transtorno são propensos à manipulação, ao uso de mentiras e a comportamentos impulsivos e irresponsáveis. Muitas vezes, eles não demonstram remorso pelas suas ações. Características principais: Desrespeito pelos direitos dos outros, comportamento enganador, impulsividade, irresponsabilidade, ausência de remorso, tendência a atos criminosos ou agressivos.</p><p>5. Transtorno de Personalidade Borderline (Transtorno de Personalidade Limítrofe): Caracterizado por instabilidade emocional intensa, relacionamentos tumultuados e uma autoimagem distorcida. Indivíduos com esse transtorno têm dificuldade em regular suas emoções, o que resulta em mudanças bruscas de humor, comportamento impulsivo e um medo profundo de abandono. Características principais: Esforços frenéticos para evitar o abandono, relações intensas e instáveis, autoimagem instável, comportamento impulsivo (gastos excessivos, sexo de risco), sentimentos crônicos de vazio, raiva intensa.</p><p>6. Transtorno de Personalidade Histriônica: Pessoas com esse transtorno têm uma necessidade excessiva de atenção, exibindo comportamentos dramáticos ou sedutores. Elas buscam constantemente a aprovação dos outros e podem exibir emoções exageradas, mas frequentemente suas emoções são superficiais. Características principais: Desejo constante de ser o centro das atenções, exibição de emoções exageradas, comportamento sedutor inadequado, fala teatral, foco na aparência física para atrair atenção.</p><p>7. Transtorno de Personalidade Narcisista: Envolve uma sensação grandiosa de importância, uma necessidade intensa de admiração e falta de empatia pelos outros. Essas pessoas frequentemente exageram suas conquistas e esperam ser tratadas de maneira especial. Características principais: Sentimento grandioso de auto importância, fantasias de sucesso ilimitado ou beleza, necessidade de admiração constante, exploração dos outros para alcançar seus próprios fins, falta de empatia.</p><p>8. Transtorno de Personalidade Esquiva (ou Evitativa): Caracterizado por inibição social, sentimentos de inadequação e sensibilidade extrema à crítica. As pessoas evitam interações sociais por medo de rejeição ou humilhação, mesmo que desejem intimidade. Características principais: Evitação de atividades que envolvem contato interpessoal, devido ao medo de rejeição, sentimentos de inadequação, hipersensibilidade a críticas.</p><p>9. Transtorno de Personalidade Dependente: Pessoas com esse transtorno têm uma necessidade excessiva de que os outros cuidem delas. Elas temem a separação e muitas vezes se tornam subservientes ou dependentes de outra pessoa para tomar decisões importantes na vida. Características principais: Dificuldade em tomar decisões sem orientação ou reafirmação de outros, necessidade de que os outros assumam a responsabilidade em áreas principais da vida, medo excessivo de abandono, submissão excessiva.</p><p>10. Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva: Não deve ser confundido com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), embora compartilhe algumas características. Pessoas com esse transtorno são excessivamente preocupadas com ordem, controle, perfeccionismo e regras. Elas podem ser rígidas e inflexíveis, dificultando a adaptação a novas situações. Características principais: Preocupação com detalhes, regras e organização a ponto de comprometer a flexibilidade e eficiência, perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas, rigidez moral e ética.</p><p>4. Síndromes Psicóticas</p><p>· Esquizofrenia: Transtorno grave caracterizado por perda de contato com a realidade, delírios, alucinações, pensamento desorganizado e comportamento catatônico.</p><p>· Transtornos Psicóticos Agudos, Breves e Transitórios: Episódios psicóticos que duram de um dia a um mês, com recuperação total após a crise.</p><p>· Transtorno Delirante: Delírios persistentes e sistematizados, sem outros sinais de psicose como alucinações marcantes.</p><p>· Esquizofrenia Tardia: Aparece após os 40 anos e pode estar associada a declínios cognitivos ou demências.</p><p>5. Neurose Atual</p><p>Freud diferenciou neuroses originadas em conflitos internos (como as fobias e obsessões) das neuroses atuais, que estariam relacionadas a fatores externos e imediatos, como a ansiedade provocada por uma carga emocional não descarregada sexualmente.</p><p>6. Neurose de Angústia</p><p>Uma neurose caracterizada por um estado crônico de ansiedade sem um objeto específico, associada a repressões ou traumas internos e conflituosos.</p><p>7. Fobias</p><p>São respostas de medo desproporcionais a estímulos específicos. Freud acreditava que as fobias estavam ligadas a ansiedades deslocadas para objetos externos, sendo resultado de conflitos inconscientes.</p><p>8. Tipos de Obsessão para Freud</p><p>Freud foi pioneiro na compreensão das obsessões e compulsões como parte da neurose obsessivo-compulsiva (ou neurose de obsessão), um tipo de neurose na qual o indivíduo é assediado por pensamentos</p><p>intrusivos e comportamentos repetitivos. Ele sugeriu que essas obsessões e compulsões eram o resultado de conflitos inconscientes, geralmente ligados a desejos reprimidos, que se manifestam de forma simbólica.</p><p>9. Hospício de Pedro II</p><p>O Hospício de Pedro II, inaugurado em 1852 no Rio de Janeiro, foi o primeiro hospital psiquiátrico do Brasil, representando o início da institucionalização do tratamento psiquiátrico no país. Nomeado em homenagem ao imperador D. Pedro II, o hospício seguia os modelos europeus de tratamento da época, especialmente influenciado pelo movimento francês de Philippe Pinel, que propôs a “moral treatment” (tratamento moral), mais humanizado em relação aos métodos mais violentos de contenção.</p><p>No entanto, mesmo com essa intenção de oferecer um ambiente de tratamento adequado, na prática, o hospício funcionava principalmente como um espaço de isolamento para indivíduos considerados perigosos, indesejados ou incapazes de conviver socialmente. Os tratamentos incluíam internações longas e o uso de medidas coercitivas, como contenções físicas e farmacológicas. O modelo era mais voltado para a segregação do que para a cura ou reintegração dos pacientes.</p><p>Com o tempo, o hospício se tornou um símbolo das falhas do modelo asilar, onde a ênfase era mais no controle social do que no tratamento efetivo. O colapso desse modelo ocorreu em meados do século XX, com o movimento da Reforma Psiquiátrica, que buscou a desinstitucionalização e a criação de serviços como os CAPS, mais voltados para o atendimento comunitário e menos centrados no isolamento.</p><p>image1.jpeg</p><p>image2.jpeg</p>