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<p>Questões</p><p>1. A doutrina, em geral, indica três dimensões ou gerações de direitos fundamentais. Quais seriam essas gerações e quais suas características?</p><p>Conforme a classificação proposta por Karel Vasak em 1979 os direitos fundamentais são classificados em 3 (três) dimensões, são elas:</p><p>0. 1ª dimensão – Direitos atrelados à liberdade, são as liberdades negativas impostas ao estado, constituídos dos direitos civis e políticos, por meio dos quais se exige do Estado que se abstenha de invadir a esfera de liberdade dos indivíduos. São exemplos de 1ª dimensão os direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à liberdade de expressão, à liberdade de religião, à participação política.</p><p>0. 2ª dimensão - Direitos atrelados à ideia de igualdade, são as liberdades positivas impostas ao Estado, obrigação de fazer, constituídos dos direitos sociais, econômicos e culturais, são direitos de titularidade, é necessário que o Estado garanta oportunidades e condições para que os indivíduos possuam uma vida digna. São exemplos de 2ª dimensão os direitos à saúde, educação, trabalho, habitação, previdência social, assistência social.</p><p>0. 3ª dimensão - Direitos atrelados à ideia de fraternidade ou solidariedade. São direitos difusos, a efetivação destes direitos não ocorre por omissão ou ação do Estado, como ocorre nas duas primeiras gerações. São considerados transindividuais porque ultrapassam o indivíduo, e só podem ser reconhecidos quando identificada a existência de grupo – determinado ou não – que seja titular. São exemplos de 3ª dimensão os direitos ao desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, de comunicação, de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e direito à paz.</p><p>2. Em que consistem as características de inalienabilidade e indisponibilidade dos direitos fundamentais?</p><p>A inalienabilidade refere-se ao fato de que os direitos fundamentais não podem ser transferidos, ignorados, desfeitos, negociados, vendidos, doados ou emprestados, sendo assim, como regra, os direitos fundamentais, por não possuírem conteúdo econômico-patrimonial, são inalienáveis, intransferíveis e inegociáveis, mas comportam exceção quando se tratam de direitos que dão margem à exploração econômica, como o direito de imagem e direito autoral.</p><p>A indisponibilidade refere-se ao fato de que os direitos fundamentais não podem ser dispostos, ou seja, não podem ser disponibilizados, trata-se de um limite regulatório imposto ao poder do Estado e ao próprio Direito, que no seu conteúdo, por razão alguma, deve deixar de consagrar e proteger os direitos fundamentais.</p><p>3. Qual a diferença geralmente apontada entre direitos fundamentais e direitos humanos?</p><p>Ambos prezam pela promoção da dignidade da pessoa humanas, possuem distinções quanto a forma que são positivados.</p><p>Os Direitos Humanos transcendem a norma interna dos Estados, pois estão positivamos no plano internacional, em Tratados e Convenções, originam-se em ideais de nações civilizadas, são universais, básicos e absolutos inerentes a todo ser humano. São protegidos pelas Nações Unidas.</p><p>Os Direitos Fundamentais estão consagrados em um plano interno, ou seja, positivados na Constituição da República, originam-se em ideias de uma sociedade democrática, são direitos básicos inerentes a todos os cidadãos de um país. São protegidos pelas leis e pelos sistemas judiciais.</p><p>4. Como os direitos humanos se inter-relacionam com o sistema de direitos fundamentais no constitucionalismo brasileiro?</p><p>Historicamente constata-se que o constitucionalismo brasileiro por tradição prevê na Constituição capítulo exclusivo para a consagração dos direitos e garantias constitucionais, a noção dos direitos fundamentais é mais antiga que o surgimento da ideia de constitucionalismo. O constitucionalismo brasileiro consagrou a necessidade de positivar um rol mínimo de direitos que expressassem a vontade soberana do povo, na Constituição Federal, assim passando a ser direitos fundamentais além de serem direitos humanos, sendo estes direitos dotados de proteção estatal contra o ius imperium estatal.</p><p>Não há hierarquia entre os direitos fundamentais positivados na Constituição, todos devem ser respeitados da mesma forma.</p><p>5. De que forma os direitos fundamentais vinculam os poderes públicos?</p><p>Os direitos fundamentais vinculam os poderes públicos para garantir a sua observância, a sua proteção e promoção, visando a realização da dignidade da pessoa humana e dos valores democráticos.</p><p>Especificamente, impõe ao Poder Legislativo o dever de respeitar e promover os direitos e garantias constitucionais, evitando normas que os contrariem ou os restrinjam indevidamente; exigem do Poder Executivo que a administração pública atue conforme a legalidade, a moralidade, a impessoalidade, a publicidade e a eficiência, respeitando os direitos e deveres dos administrados; e conferem ao Poder Judiciário, o dever de garantir a tutela jurisdicional efetiva dos direitos e interesses dos cidadãos, sempre que houver lesão ou ameaça de lesão a direitos; controlar a constitucionalidade dos atos dos demais poderes públicos, verificando se estão em harmonia com os direitos fundamentais; interpretar e aplicar as normas jurídicas conforme os princípios e valores constitucionais, buscando a máxima efetividade dos direitos fundamentais.</p><p>6. Existe diferença na titularidade dos direitos fundamentais entre brasileiros natos e naturalizados? Explique.</p><p>Conforme disposto no art. 5º da CF, pelo princípio da igualdade e da dignidade da pessoa humana, são titulares de direitos fundamentais os brasileiros e estrangeiros quando residentes no Brasil, assim a maioria dos direitos fundamentais é garantida a todos, com exceção aos direitos dispostos no artigo 12, § 2º da CF/88 que dispões sobre as distinções que a Constituição estabelece entre brasileiros natos e naturalizados, mais especificamente no que se refere aos direitos políticos, à segurança jurídica e à participação em certos órgãos e funções públicas. Tais distinções visam preservar a soberania nacional, a segurança do Estado e a representatividade popular.</p><p>7. Qual o conteúdo do direito à vida no direito constitucional brasileiro e de que forma este direito se relaciona com outros direitos fundamentais</p><p>O direito à vida é um direito fundamental, inviolável, inalienável, indisponível e irrenunciável, pode-se dizer que a vida é a condição básica para a existência e usufruto dos demais direitos fundamentais, ainda assim, não há hierarquia entre os direitos fundamentais.</p><p>O direito à vida não é absoluto, podendo sofrer limitações em situações excepcionais como os previstos nas excludentes de ilicitude e estado de guerra e outras exceções previstas em lei.</p><p>O conteúdo do direito à vida abrange tanto o direito de nascer, quanto o direito de permanecer vivo, ter uma vida digna com qualidade e bem-estar. O conteúdo negativo do direito à vida refere-se ao direito de não ter a vida ceifada, de não sofrer atentado à vida, o que requer a proteção do bem jurídico pelo órgão estatal. E o conteúdo positivo do direito à vida que se refere a ter uma vida com condições básicas para uma existência saudável sem tratamento degradantes, sendo responsabilidade do Estado promover condições de saúde, assistência social, educação, emprego e renda.</p><p>8. A propriedade é um direito fundamental limitável? Explique, fundamentando sua resposta em dispositivos da Constituição.</p><p>O direito à propriedade é um direito fundamental limitável, pois não é absoluto nem ilimitado.</p><p>A Constituição Federal de 1988, art. 5º, XXIII dispõe que a propriedade atenderá a sua função social, este artigo limita o uso do proprietário mediante seu patrimônio visto eu este deve atender a sua função social. Ainda art. 5º, XXV, se estabelece que em caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano, assim compreende-se que o direito da propriedade é limitado.</p><p>9. Qual o significado da cláusula do devido processo</p><p>legal?</p><p>O devido processo legal está previsto no art. 5º, LIV, e dispõe que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal, a previsão deste princípio dentro do rol de direitos fundamentais lhe assegura o cumprimento do fundamento da dignidade da pessoa humana, tem o objetivo de impedir arbitrariedades, garantindo o respeito aos direitos e deveres das partes de um processo, bem como a imparcialidade e a competência dos órgãos julgadores.</p><p>Este princípio pode ser entendido no aspecto formal quando se refere ao cumprimento dos procedimentos e formalidades previstos no rito do processo, limitando-se a forma. E pode ser compreendido sob o aspecto substancial que se refere a observância dos valores e princípios constitucionais, como a igualdade, a dignidade, a proporcionalidade, a razoabilidade.</p><p>10. Indique ao menos três garantias fundamentais previstas na CF/1988 que podem ser reconduzidas à cláusula do devido processo legal.</p><p>As garantias previstas no art. 5º, no inciso LV da CF, que versa sobre o contraditório e ampla defesa; no inciso LXXVIII, que assegura a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação; podendo ser considerando ainda o que dispõe no inciso XXXV que versa sobre o princípio da inafastabilidade da jurisdição; e no inciso LIII que versa sobre a obrigatoriedade da atividade do juiz natural; no inciso LVI a vedação do uso de provas obtidas por meios ilícitos no processo. Estas garantias são imprescindíveis para ocorrer o devido processo legal e a garantia dos preceitos constitucionais na atividade jurisdicional.</p>