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<p>24092</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>Contemporânea</p><p>Contemporary Journal</p><p>3(11): 24092-24113, 2023</p><p>ISSN: 2447-0961</p><p>Artigo</p><p>DEPENDÊNCIA EMOCIONAL EM RELACIONAMENTOS</p><p>AMOROSOS E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO:</p><p>ABORDAGENS PSICOLÓGICAS</p><p>EMOTIONAL DEPENDENCY IN ROMANTIC</p><p>RELATIONSHIPS AND COPING STRATEGIES:</p><p>PSYCHOLOGICAL APPROACHES</p><p>DOI: 10.56083/RCV3N11-200</p><p>Recebimento do original: 27/10/2023</p><p>Aceitação para publicação: 28/11/2023</p><p>Caroline de Castro Matos</p><p>Graduanda em Psicologia</p><p>Instituição: Faculdade Carajás</p><p>Endereço: Av. Vp Oito Quadra Especial Lote 2A, Folha 32, Nova Marabá, Marabá - PA,</p><p>CEP: 68508-150</p><p>E-mail: carol@rbaguiar.com.br</p><p>Silvia Rodrigues de Oliveira</p><p>Graduanda em Psicologia</p><p>Instituição: Faculdade Carajás</p><p>Endereço: Av. Vp Oito Quadra Especial Lote 2A, Folha 32, Nova Marabá, Marabá - PA,</p><p>CEP: 68508-150</p><p>E-mail: silviarodriguesoliversro@gmail.com</p><p>Larissa Cristina Kremer dos Santos Paquiela</p><p>Especialista em Logoterapia, Avaliação Psicológica e Docência do Ensino Superior</p><p>Instituição: Faculdade Carajás</p><p>Endereço: Av. Vp Oito Quadra Especial Lote 2A, Folha 32, Nova Marabá, Marabá - PA,</p><p>CEP: 68508-150</p><p>E-mail: larykremers@gmail.com</p><p>RESUMO: A dependência emocional nas relações amorosas é um tema de</p><p>grande interesse e complexidade, amplamente explorado nas áreas da</p><p>psicologia, psiquiatria e sociologia. Ela representa um fenômeno de profundo</p><p>impacto na vida das pessoas, influenciando diretamente sua saúde mental e</p><p>24093</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>o desenrolar de suas relações interpessoais. Como um problema de saúde</p><p>mental, a dependência emocional é passiva de acarretar sofrimento psíquico.</p><p>Nesse sentido, buscou-se, através deste trabalho, explorar algumas das</p><p>diversas abordagens dentro da psicologia que estuda este fenômeno e</p><p>estabelece estratégias eficazes para seu enfrentamento e superação. A</p><p>metodologia adotada compreende a compilação e revisão bibliográfica de</p><p>artigos científicos, livros e trabalhos de especialistas renomados na área. A</p><p>revisão da literatura desempenha um papel crucial, fornecendo uma base</p><p>sólida para a discussão das estratégias de enfrentamento da dependência</p><p>emocional. Conclui-se que uma abordagem holística, integrando aspectos</p><p>emocionais, cognitivos e comportamentais, é crucial para enfrentar a</p><p>dependência emocional e melhorar a qualidade de vida emocional e</p><p>relacional.</p><p>PALAVRAS-CHAVE: Dependência Emocional, Estratégias de</p><p>Enfrentamento, Relações Amorosas.</p><p>ABSTRACT: Emotional dependence in romantic relationships is a topic of</p><p>great interest and complexity, widely explored in the areas of psychology,</p><p>psychiatry and sociology. It represents a phenomenon that has a profound</p><p>impact on people's lives, directly influencing their mental health and the</p><p>development of their interpersonal relationships. As a mental health</p><p>problem, emotional dependence is likely to cause psychological suffering. In</p><p>this sense, we sought, through this work, to explore some of the different</p><p>approaches within psychology that seek to understand this phenomenon and</p><p>propose effective strategies for confronting and overcoming it. It is concluded</p><p>that a holistic approach, integrating emotional, cognitive and behavioral</p><p>aspects, is crucial to confront emotional dependence and improve emotional</p><p>and relational quality of life.</p><p>KEYWORDS: Emotional Dependency, Coping Strategies, Romantic</p><p>Relationships.</p><p>24094</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>1. Introdução</p><p>A dependência emocional é um padrão de comportamento no qual um</p><p>indivíduo passa a depender excessivamente do outro para sua satisfação</p><p>emocional. É um fenômeno multifacetado, o qual pode se manifestar de</p><p>diferentes maneiras e ter origens variadas, tornando-o um desafio complexo</p><p>de compreender e tratar. Diversos fatores podem causar e contribuir para o</p><p>desenvolvimento da dependência emocional, incluindo experiências</p><p>traumáticas na infância, problemas de autoestima, transtornos de</p><p>personalidade e condições psicológicas como ansiedade e depressão.</p><p>Ao passo em que a dependência emocional apresenta uma diversidade</p><p>de causas e consequências, a psicologia, em suas abordagens, pode</p><p>contribuir com diferentes estratégias de enfrentamento.</p><p>Como os indivíduos podem enfrentar e superar a dependência</p><p>emocional, promovendo, assim, relacionamentos mais saudáveis e</p><p>equilibrados? Esse questionamento é de suma importância, uma vez que a</p><p>dependência emocional pode resultar em relacionamentos disfuncionais nos</p><p>quais um dos parceiros busca incessantemente a aprovação e a validação do</p><p>outro, muitas vezes em detrimento de suas próprias necessidades e</p><p>identidade.</p><p>Quais estratégias de enfrentamento que podem auxiliar os indivíduos</p><p>na superação da dependência emocional e na promoção de relacionamentos</p><p>mais saudáveis e autônomos? A fim de atingir esse objetivo, buscou-se</p><p>identificar os fatores que contribuem para a dependência emocional nas</p><p>relações amorosas; analisar estratégias psicológicas que visam o</p><p>enfrentamento da dependência emocional e explorar abordagens</p><p>terapêuticas que podem auxiliar na promoção de relacionamentos saudáveis</p><p>e autônomos.</p><p>24095</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>A metodologia adotada compreende a compilação e revisão</p><p>bibliográfica de artigos científicos, livros e trabalhos de especialistas</p><p>renomados na área. A revisão da literatura desempenha um papel crucial,</p><p>fornecendo uma base sólida para a discussão das estratégias de</p><p>enfrentamento da dependência emocional. Ao examinar minuciosamente as</p><p>abordagens existentes sobre o tema pode-se consolidar um conhecimento</p><p>aprofundado e embasado, que contribuirá para a compreensão e o</p><p>tratamento desse fenômeno.</p><p>2. Compreendendo a Dependência Emocional: Características e</p><p>Sintomas</p><p>2.1 Ambientes Relacionais e a Construção da Afetividade</p><p>Os seres humanos possuem características e habilidades distintas, que</p><p>variam entre os mais diversos indivíduos, sendo seres essencialmente</p><p>relacionais e que dependem do contato com outros para garantir sua</p><p>sobrevivência. Desde o nascimento, o ser humano depende do outro para ter</p><p>suas necessidades básicas atendidas, as quais não se resumem apenas</p><p>aquelas de cunho físico (alimentação, asseio, descanso, proteção, entre</p><p>outros), mas, também, as de cunho socioemocionais. Ao crescer, este ser</p><p>humano tende a continuar inserido em grupos diversos, a fim de garantir</p><p>ainda a própria sobrevivência e bem-estar (LANE, 2006).</p><p>Além disso, percebe-se que o relacionamento interpessoal</p><p>desempenha um papel crucial na formação da personalidade e da afetividade</p><p>de cada pessoa. Assim, todos os indivíduos têm a capacidade de estabelecer</p><p>relações conscientes e voluntárias com outros, formando laços de acordo</p><p>com critérios pessoais que atendem às suas necessidades emocionais</p><p>(PINTO, 2014). Pinto (2014) também menciona que a atividade social, ou</p><p>24096</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>seja, os relacionamentos, molda a personalidade, sendo influenciada por</p><p>diversos fatores complexos, incluindo características psicológicas individuais,</p><p>inserção nos ciclos sociais e histórico de vida.</p><p>Durante o desenvolvimento do ser humano, diversos relacionamentos</p><p>são responsáveis por exercer diferentes influências nessa construção, sendo,</p><p>em geral, o familiar (relacionamento parental) e o de amizade os primeiros</p><p>em que essas interações ocorrem. Na família o ser humano é introduzido ao</p><p>afeto e estabelece suas primeiras conexões emocionais. De acordo com</p><p>Adolpho (2017), a afetividade é construída a partir das primeiras</p><p>experiências de vida, sendo internalizada por meio de linguagens não verbais</p><p>(ações) e verbais (linguagem). Os padrões familiares</p><p>estabelecidos na</p><p>infância têm impacto na vida adulta e nas relações futuras. Portanto, é</p><p>fundamental criar um ambiente familiar seguro que promova a comunicação</p><p>e a expressão de sentimentos, permitindo que o indivíduo desenvolva</p><p>confiança e autenticidade nos vínculos futuros (ADOLPHO, 2017).</p><p>Nesse sentido, há também o núcleo de relacionamento baseado na</p><p>amizade, a qual pode ser definida como um vínculo entre pessoas não</p><p>familiares, não relacionadas por laços de parentesco ou parceiros românticos</p><p>(SOUZA & HUTZ, 2008). Esta, é uma experiência introduzida na infância,</p><p>inicialmente com colegas de escola e vizinhos, e que se expande à medida</p><p>que o sujeito entra na adolescência. Diversas pesquisas, como destacado por</p><p>DeSouza (2012), se dedicam a investigar o impacto das amizades no</p><p>desenvolvimento humano ao longo de todas as fases da vida. Esses estudos</p><p>evidenciam a contribuição das amizades para o desenvolvimento de</p><p>habilidades sociais, saúde, qualidade de vida e longevidade das pessoas.</p><p>Em contrapartida, Souza e Hutz (2008) afirmam que as relações de</p><p>amizade também podem envolver aspectos negativos, levando a</p><p>sentimentos de interdependência, desaprovação, desafios frequentes e</p><p>questionamentos regulares. Além disso, podem surgir emoções como ciúmes</p><p>24097</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>e até mesmo uma perda da identidade pessoal. De acordo com pesquisas</p><p>mencionadas por Martins (2016), os relacionamentos contemporâneos,</p><p>sobretudo os vínculos de amizade, são frequentemente efêmeros,</p><p>caracterizados pelo distanciamento dos outros, pela carência de afeto e pelo</p><p>excesso de autoabsorção. Essas conexões são estabelecidas por indivíduos</p><p>que buscam satisfação imediata e rapidez. Além disso, ele também salienta</p><p>que a maioria das amizades atualmente se baseia em interações virtuais, o</p><p>que, segundo o autor, representa uma ameaça ao que se postula como real</p><p>conexão entre as pessoas.</p><p>Por fim, há o âmbito dos relacionamentos amorosos. O interesse</p><p>romântico tende a ocorrer geralmente na fase da adolescência, que está</p><p>compreendida entre os 10 e os 19 anos de idade, de acordo com a</p><p>Organização Mundial de Saúde (OMS), e vem acompanhada de</p><p>transformações profundas, costumeiramente conflitantes, nos aspectos</p><p>orgânicos, psicológicos, sociais e econômicos. Sendo, portanto, uma parte</p><p>crucial da vida humana, a matéria dos relacionamentos amorosos é</p><p>amplamente discutida nos mais diversos nichos de conhecimento.</p><p>Nesse contexto, ao longo dos anos o relacionamento amoroso tem sido</p><p>interpretado de diversas maneiras, desde uma forma de assegurar a</p><p>continuidade da espécie, até uma estratégia para fortalecer alianças políticas</p><p>e/ou romantismo, conforme observado por Rüdiger (2012). Atualmente, com</p><p>o declínio da concepção de classes no ocidente, pode-se verificar a</p><p>predominância de relações amorosas baseadas, em especial, no sentimento</p><p>romântico. Lima e Almeida (2016) defendem que um relacionamento</p><p>amoroso pode ser descrito como uma ligação entre duas pessoas de</p><p>diferentes famílias, caracterizada por sentimentos de amor, podendo assumir</p><p>diferentes formas, como namorados, cônjuges, companheiros, amantes ou</p><p>“ficantes”. Além do amor, espera-se que esses relacionamentos envolvam</p><p>aspectos, também, de confiança, respeito, cumplicidade e reciprocidade.</p><p>24098</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>Segundo Adolpho (2017), numa relação amorosa, as pessoas vivenciam</p><p>intensas experiências, praticam a convivência e a interação com o outro,</p><p>exploram uma variedade de sentimentos e emoções, o que pode contribuir</p><p>para o desenvolvimento de suas habilidades interpessoais.</p><p>Quando é observado esse convívio dentro da relação amorosa, têm-se,</p><p>então, uma relação saudável (ADOLPHO, 2017). No entanto, essa dinâmica</p><p>nem sempre prevalece. Existem comportamentos que passam a dominar a</p><p>vida do indivíduo, transformando o amor em algo passional e prejudicial,</p><p>causando sofrimento e angústia. É importante destacar que a atenção ao</p><p>outro é uma expectativa natural em qualquer relacionamento amoroso.</p><p>Contudo, quando há falta de limites e moderação, quando a liberdade é</p><p>cerceada e um dos parceiros estrutura toda sua vida em torno do outro,</p><p>surge um problema conhecido como amor patológico. Esse padrão pode levar</p><p>a situações doentias e graves (SOPHIA, 2008).</p><p>Assim, o amor patológico é descrito como uma condição disfuncional,</p><p>onde o medo substitui o amor como emoção dominante. Esse medo está</p><p>relacionado ao receio de perder o parceiro, de ficar sozinho e de não ser</p><p>valorizado (SOPHIA, 2008). De acordo com Boscardin e Kristensen (2011),</p><p>o amor patológico compartilha semelhanças com os comportamentos</p><p>observados em dependência química e vício em jogos. Os comportamentos</p><p>observados incluem desinteresse por atividades pessoais, distanciamento</p><p>familiar, isolamento social, sintomas de abstinência física e psicológica (na</p><p>ausência do parceiro), bem como atitudes prejudiciais tanto para si quanto</p><p>para as pessoas ao redor (SOPHIA, 2008).</p><p>Logo, percebe-se que o amor patológico pode afetar de maneira</p><p>terrível o psicológico dos envolvidos no relacionamento em questão, e pode,</p><p>também, abrir portas para a constituição de dependência emocional, tema</p><p>que será abordado no tópico a seguir.</p><p>24099</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>2.2 Dependência Emocional</p><p>A dependência emocional, segundo Estévez et al. (2018), pode ser</p><p>definida como uma necessidade emocional extrema que uma pessoa sente</p><p>pelo seu parceiro e que se relaciona a um déficit de controle de impulsos e a</p><p>um estilo de apego preocupante. Para Bution e Wechsler (2016), a</p><p>dependência emocional é um fenômeno complexo que se manifesta através</p><p>da busca excessiva por aprovação, atenção e afeto de outras pessoas, muitas</p><p>vezes resultando em um desequilíbrio nas relações interpessoais e no bem-</p><p>estar psicológico do indivíduo.</p><p>Bution e Wechsler (2016) ainda explicam:</p><p>De modo geral, as pessoas que têm dependência emocional são</p><p>descritas como submissas, com dificuldades de tomar decisões em</p><p>seus relacionamentos, sentindo-se responsáveis por todos os</p><p>acontecimentos e centrando-se completamente em sua relação.</p><p>Assim, tendem a prestar cuidados excessivos ao outro e resolver os</p><p>seus problemas, mesmo que isso implique em se auto negligenciar</p><p>(Bution; Wechsler, 2016, p. 86).</p><p>A dependência emocional em relações amorosas pode ser prejudicial</p><p>tanto para a pessoa que a experimenta quanto para o relacionamento em si</p><p>e tem intrínseca relação com o medo da solidão, baixa autoestima,</p><p>necessidade constante de validação, ciúmes e possessividade, negligência de</p><p>interesses pessoais e tolerância a comportamentos prejudiciais ou abusivos</p><p>(PHARO, 2015). Assim sendo, o fim de um relacionamento amoroso pode ser</p><p>extremamente difícil para alguém com dependência emocional, podendo</p><p>levar com que se sintam incapazes de seguir em frente, mesmo quando o</p><p>relacionamento é tóxico ou não satisfatório (BASTOS, ROCHA e ALMEIDA,</p><p>2019).</p><p>Esse fenômeno pode ser causado por uma série de fatores, podendo</p><p>incluir a história de abuso ou negligência na infância, problemas de</p><p>24100</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>autoestima, transtornos de personalidade, condições psicológicas dentre</p><p>outros (BOWLBY, 1990). Segundo os autores (MOSQUERA & STOBÄUS,</p><p>2006; BANDEIRA & HUTZ, 2010), a verdade é que a própria Psicologia</p><p>desconsiderou por muito tempo as reais causas da dependência emocional.</p><p>Walter Riso (2014) discorre sobre o assunto:</p><p>Em termos psicológicos, sabemos muito mais da depressão do que</p><p>da mania. Ou, dito de outra forma, a ausência de amor nos preocupou</p><p>muito mais do que o excesso afetivo. Por razões culturais e históricas,</p><p>o vício afetivo, à exceção de algumas tentativas orientais, mais</p><p>espirituais do que científicas, passou despercebido. Não nos impacta</p><p>tanto o amor desmedido quanto o desamor. Superestimamos as</p><p>vantagens do amor e minimizamos as desvantagens. Vivemos com a</p><p>dependência afetiva à nossa volta, a aceitamos, a permitimos e a</p><p>patrocinamos. Do ponto de vista psicossocial, vivemos em uma</p><p>sociedade cúmplice dos desmandos do amor (Riso, 2014, p. 7).</p><p>É possível, a partir daí, identificar alguns sintomas da dependência</p><p>emocional, os quais podem variar de pessoa para pessoa. Não obstante, eles</p><p>geralmente incluem a preocupação excessiva com o parceiro a aversão à</p><p>ideia de separação, a falta de autocontrole, a dificuldade em tomar decisões</p><p>e a baixa autoestima (BOWLBY, 1990).</p><p>A respeito do valor da autoestima, Walter Riso (2012) destaca:</p><p>Ativar toda a autoestima disponível ou amar o essencial de si mesmo</p><p>é o primeiro passo para qualquer tipo de crescimento psicológico e</p><p>melhora pessoal. E não me refiro ao lado obscuro da autoestima, ao</p><p>narcisismo e à fascinação do ego, ao fato de se sentir único, especial</p><p>e superior aos outros; não falo de “paixão” cega e desenfreada pelo</p><p>“eu” (egolatria), mas da capacidade genuína de reconhecer, sem</p><p>medo nem vergonha, as forças e virtudes que possuímos, de integrá-</p><p>las ao desenvolvimento de nossa vida e usá-las com os outros de</p><p>maneira efetiva e compassiva. Amar a si mesmo desprezando ou</p><p>ignorando os outros é pura presunção; amar os outros desprezando</p><p>a si mesmo é falta de amor próprio (Riso, 2012, p. 6).</p><p>Desse modo, as dependências de relacionamentos ou dependências</p><p>emocionais são caracterizadas pela dependência de amor, interdependência,</p><p>dependência afetiva etc. Também podem ter motivos secundários, como</p><p>24101</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>vícios caracterizados pela codependência e bidependência (SIRVENT, 2000).</p><p>O autor explica que quando um indivíduo sem vícios patológicos se envolve</p><p>com uma pessoa com vícios a relação é chamada de codependência e caso</p><p>for um indivíduo adicto se relacionando com outras pessoas é chamado de</p><p>bidependência.</p><p>3. Estratégias de Enfrentamento</p><p>Diante de um quadro de dependência emocional é possível que as</p><p>pessoas adotem estratégias de enfrentamento para lidar com situações</p><p>estressantes. Segundo Bution e Wechsler (2016), torna-se essencial explorar</p><p>estratégias de enfrentamento que visem mitigar os padrões disfuncionais</p><p>associados à dependência emocional e promover relacionamentos mais</p><p>saudáveis e indivíduos autônomos.</p><p>As formas que trazem mais benefícios são aquelas que ajudam o</p><p>indivíduo a desenvolver a sua autonomia e a sua autoestima, as quais podem</p><p>incluir a realização de atividades de lazer e o fortalecimento de</p><p>relacionamentos com a família e amigos (RISO, 2012). Ademais, é</p><p>importante que o indivíduo se esforce para aprender a recusar demandas do</p><p>seu parceiro, ainda que isso tenha a possibilidade de gerar conflitos. Em</p><p>qualquer hipótese, a busca pela ajuda profissional não pode ser</p><p>desconsiderada</p><p>Um primeiro passo fundamental no enfrentamento da dependência</p><p>emocional é o reconhecimento e a aceitação da própria condição. Isso</p><p>acarreta a necessidade do desenvolvimento da consciência sobre os padrões</p><p>de comportamento e pensamentos que caracterizam a dependência (RISO,</p><p>2014).</p><p>Conforme os ensinamentos de Judith Beck (2022), a terapia cognitivo-</p><p>comportamental (TCC) é uma abordagem que pode ser empregada nesse</p><p>24102</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>contexto, de modo a utilizar técnicas como o registro de pensamentos</p><p>automáticos e a reestruturação cognitiva para desafiar crenças disfuncionais</p><p>sobre a necessidade de aprovação constante.</p><p>A Terapia Cognitivo-Comportamental foca nos problemas que o</p><p>paciente apresenta durante o tratamento, e seu objetivo é nos ajudar a</p><p>aprender novas técnicas para trabalhar no ambiente para promover as</p><p>mudanças necessárias. A abordagem terapêutica utilizada em colaboração é</p><p>entre o terapeuta e o paciente para que as estratégias de superação de</p><p>problemas concretos sejam montadas (WRIGHt, 2008). Na Terapia</p><p>Cognitivo-Comportamental, deseja-se articular claramente os objetivos,</p><p>esclarecê-los de acordo com os problemas e problemas levantados pelo</p><p>paciente. O início do tratamento é a fonte do sofrimento do cliente, ou seja,</p><p>da distorção que ocorre na forma como o entrevistado examina a si mesmo</p><p>e ao mundo.</p><p>A base do teste de experiência é chamada de “esquemas”. As</p><p>estruturas mentais são organizadas em níveis onde os esquemas são</p><p>essencialmente. Durante o tratamento, tentamos testar cada um desses</p><p>níveis de organização, começando pelos pensamentos padrão e chegando ao</p><p>sistema de crenças do tópico. As crenças são então testadas com base nos</p><p>pontos e sugestões de exercícios que o paciente irá realizar durante o</p><p>tratamento e em outras situações (BECK, 2013). Um dos objetivos da TCC é</p><p>corrigir as distorções psicológicas que causam problemas em uma pessoa e</p><p>capacitá-la a desenvolver estratégias eficazes de enfrentamento. Nesse caso,</p><p>são utilizadas técnicas cognitivas que buscam identificar pensamentos</p><p>espontâneos, testar esses pressupostos e restaurar distorções. Estratégias</p><p>comportamentais utilizadas para reverter comportamentos negativos</p><p>relacionados à doença mental em questão.</p><p>A Terapia Cognitivo-Comportamental surgiu da questão de modelos</p><p>comportamentais fortes, motivação e resposta, mente, estratégias e modelo</p><p>24103</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>psicanalítico. A crescente atenção nas áreas de desenvolvimento cognitivo e</p><p>humano foi fundamental para o desenvolvimento da TCC, assim como a</p><p>identificação de muitos terapeutas propensos a percepções psiquiátricas,</p><p>como a Terapia Racional-Emotiva de Albert Ellis e Aaron T. Beck's Terapia</p><p>Cognitiva a partir de contextos psicanalíticos e Mahoney, Goldfried a partir</p><p>de um contexto ético (BECK, 2013).</p><p>Além disso, a prática da atenção plena (mindfulness) pode auxiliar os</p><p>indivíduos a observar seus sentimentos e pensamentos de maneira não</p><p>julgadora, promovendo a autorreflexão e a autocompaixão (BECK, 2022).</p><p>Tais estratégias de enfrentamento deverão acontecer, portanto no</p><p>sentido de minimizar a pressão física, emocional e psicológica relacionada a</p><p>acontecimentos desencadeantes de estresse, resultando no ajustamento</p><p>psicossocial do indivíduo e consequentemente na melhoria da qualidade de</p><p>vida e do equilíbrio mental. Sendo assim, apenas esforços conscientes e</p><p>intencionais são considerados estratégias de enfrentamento (PEREIRA,</p><p>2016).</p><p>O reconhecimento das estratégias de enfrentamento, nesta</p><p>perspectiva, pode auxiliar o desenvolvimento de intervenções específicas</p><p>para a promoção do bem-estar, qualidade de vida e minimizar o</p><p>adoecimento. Sendo está uma importante área de intervenção para</p><p>profissionais de saúde (RIBEIRO, 2015).</p><p>Outra estratégia crucial na superação da dependência emocional é o</p><p>fortalecimento da autoestima e da autonomia. A primeira está</p><p>intrinsecamente ligada à maneira como um indivíduo se percebe e se</p><p>valoriza, enquanto a segunda se refere à capacidade de agir de acordo com</p><p>suas próprias escolhas e decisões, independentemente da influência externa</p><p>(RISO, 2012). A abordagem centrada na pessoa, proposta por Carl Rogers</p><p>na década de 1980, enfatiza a importância do desenvolvimento da</p><p>autoestima. Segundo essa teoria, a autoestima é promovida quando o</p><p>24104</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>indivíduo é aceito incondicionalmente e valorizado pelo seu terapeuta,</p><p>proporcionando um ambiente seguro para a expressão de sentimentos e</p><p>pensamentos autênticos (ROGERS, 1992).</p><p>A autoestima é circunscrita pela literatura como a avaliação que o</p><p>indivíduo faz de si mesmo, atribuindo um valor de si, sendo considerado um</p><p>importante indicador de</p><p>saúde mental (ASSIS & AVANCI, 2004). De acordo</p><p>com Bandeira (2005), a autoestima está diretamente conectada ao</p><p>desempenho na interação social, o que se confirma também com outros</p><p>autores (MOSQUERA et al, 2006; BANDEIRA & HUTZ, 2010).</p><p>Esse tipo de abordagem ajuda a promover a autenticidade e a</p><p>valorização do self, as quais podem ser capazes de encorajar os indivíduos a</p><p>explorarem suas próprias necessidades, interesses e valores. O</p><p>desenvolvimento de hobbies, interesses individuais e objetivos pessoais pode</p><p>contribuir para a construção de uma identidade independente e</p><p>autoconfiante (RISO, 2012).</p><p>Por outro lado, a capacidade de estabelecer limites saudáveis e de se</p><p>comunicar de maneira assertiva desempenha um papel crucial na superação</p><p>da dependência emocional (BUTION; WECHSLER, 2016). Técnicas de</p><p>treinamento em habilidades sociais podem ser úteis para ensinar os</p><p>indivíduos a expressar seus sentimentos, desejos e limites de maneira clara</p><p>e respeitosa (BECK, 2022).</p><p>A comunicação é, em última instância, uma interpretação criativa dos</p><p>estímulos. O propósito do treinamento de comunicação é melhorar a</p><p>concordância entre o entendimento que o ouvinte atribui aos estímulos</p><p>recebidos e a intenção da pessoa que está falando. De acordo com Dauraes,</p><p>2023, p.57:</p><p>São propostas três características essenciais da comunicação eficaz:</p><p>consciência da intenção - compreender a repercussão desejada da</p><p>comunicação (seja por gestos ou palavras); abertura ao feedback -</p><p>estar disposto a aceitar correções na interpretação; qualidade, seja</p><p>24105</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>positiva ou negativa, da comunicação - facilitando a responsabilização</p><p>do emissor pela intenção e aceitando potenciais correções na</p><p>interpretação, por exemplo, ao formular pedidos de mudança de</p><p>maneira construtiva, o que torna o falante mais inclinado a assumir</p><p>a responsabilidade por seus pedidos.</p><p>Geralmente, os problemas e as diferenças só ganham relevância</p><p>quando começam a causar desgaste nas relações. Portanto, estratégias são</p><p>desenvolvidas para melhorar a comunicação do casal, com o objetivo de</p><p>compartilhar experiências gratificantes e contribuir para a manutenção de</p><p>um relacionamento carinhoso e dedicado (FIGUEIREDO, 2023).</p><p>Segundo John Bowlby (1990), é comum que os padrões de</p><p>dependência tenham raízes em experiências precoces de apego e</p><p>relacionamentos familiares. É importante que haja um espaço seguro para</p><p>investigar essas origens, de maneira a viabilizar uma compreensão mais</p><p>profunda das dinâmicas inconscientes que sustentam a dependência. Por</p><p>meio desse processo, o indivíduo pode ganhar insights valiosos sobre como</p><p>seus padrões de relacionamento foram moldados e encontrar maneiras de</p><p>configurá-los de uma forma mais saudável (BOWLBY, 1990).</p><p>A teoria do apego, desenvolvida pelo psicanalista John Bowlby na</p><p>década de 1950, fornece um arcabouço teórico interessante para</p><p>compreender como as primeiras experiências de vínculo podem moldar as</p><p>tendências emocionais e comportamentais ao longo da vida. Bowlby (1990)</p><p>teorizou que a compreensão de que o vínculo estabelecido entre uma pessoa</p><p>e seus cuidadores durante os primeiros anos de vida tem a tendência de</p><p>impactar a maneira como essa mesma pessoa irá se envolver em</p><p>relacionamentos na fase adulta.</p><p>Dessa forma, a exploração das origens da dependência emocional é</p><p>um componente essencial do processo de enfrentamento e superação de</p><p>padrões disfuncionais. Ao compreender como as experiências passadas</p><p>moldaram as crenças, comportamentos e escolhas relacionais atuais, os</p><p>24106</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>indivíduos podem ganhar insights valiosos sobre si mesmos e iniciar um</p><p>processo de transformação (BOWLBY, 1990). A terapia psicodinâmica, com</p><p>sua abordagem de exploração profunda e análise das dinâmicas</p><p>inconscientes, é capaz de oferecer um meio eficaz de desvendar as raízes da</p><p>dependência emocional. No entanto, é importante lembrar que esse processo</p><p>pode ser desafiador e emocionalmente intenso.</p><p>Já a promoção de relacionamentos saudáveis é um pilar essencial no</p><p>processo de superação da dependência emocional (RISO, 2014). Os padrões</p><p>dependentes muitas vezes resultam em dinâmicas disfuncionais, nas quais</p><p>um indivíduo busca incessantemente a validação e a aprovação do parceiro,</p><p>sacrificando suas próprias necessidades e identidade (BUTION; WECHSLER,</p><p>2016). Nesse contexto, construir relacionamentos saudáveis visa capacitar</p><p>os indivíduos a desenvolverem conexões interpessoais mais equilibradas e</p><p>gratificantes (RISO, 2014).</p><p>A terapia de casal e de grupo desempenham um papel vital nesse</p><p>processo. A primeira proporciona um espaço seguro para que ambos os</p><p>parceiros expressem suas necessidades, preocupações e desejos, enquanto</p><p>aprendem a ouvir e compreender o outro de maneira empática. Isso auxilia</p><p>na construção de uma comunicação mais aberta e na resolução construtiva</p><p>de conflitos, reduzindo os padrões de dependência e permitindo a construção</p><p>de relacionamentos mais colaborativos (RISO, 2014). Por sua vez, com a</p><p>terapia de grupo, os indivíduos podem praticar as habilidades sociais</p><p>necessárias para estabelecer e manter relacionamentos saudáveis. A</p><p>interação com outros membros do grupo oferece uma oportunidade valiosa</p><p>para praticar a assertividade, a escuta ativa e a expressão autêntica de</p><p>sentimentos. À medida que os indivíduos compartilham suas experiências e</p><p>aprendem um com o outro, eles podem internalizar novos modelos de</p><p>relacionamentos mais equitativos e menos dependentes (NONATO;</p><p>ESPÍRITO SANTO; SILVA, 2022).</p><p>24107</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>Além disso, a promoção de relacionamentos saudáveis envolve a</p><p>construção de vínculos baseados na confiança mútua, respeito e</p><p>reciprocidade (HOLDEN, 2014). É essencial aprender a estabelecer limites</p><p>saudáveis, nos quais os indivíduos comuniquem suas necessidades e</p><p>preferências de maneira direta e assertiva. A capacidade de dizer "não"</p><p>quando for necessário e de definir limites claros ajuda a criar</p><p>relacionamentos nos quais ambos os parceiros se sentem valorizados e</p><p>respeitados (KISHIMI; KOGA, 2018).</p><p>Promover relacionamentos saudáveis é essencial para romper com os</p><p>padrões de dependência emocional. Por meio de terapias de casal e de grupo,</p><p>da aquisição de habilidades sociais e da criação de vínculos baseados no</p><p>respeito mútuo, os indivíduos podem adquirir a capacidade de transformar</p><p>suas dinâmicas relacionais, alcançando uma maior autonomia emocional e</p><p>desfrutando de relacionamentos mais enriquecedores e satisfatórios.</p><p>Por sua vez, a abordagem holística apresenta-se como um enfoque que</p><p>considera um sistema ou um fenômeno como um todo de forma integrada –</p><p>o foco não se dá apenas em partes isoladas ou em aspectos específicos.</p><p>Segundo Abraham Maslow (1970), na psicologia e na saúde mental, a</p><p>abordagem holística reconhece que os seres humanos são sistemas</p><p>complexos, onde elementos físicos, emocionais, mentais e espirituais estão</p><p>interconectados e influenciam uns aos outros. Portanto, ao adotar uma</p><p>abordagem holística, considera-se a pessoa como um todo, levando em conta</p><p>todos os aspectos de sua vida e experiências (MASLOW, 1970). Nesse</p><p>mesmo sentido, Thomas Trobe (2016) afirma que a dependência emocional</p><p>é causada por uma combinação de fatores, incluindo experiências de</p><p>infância, apego inseguro e baixa autoestima.</p><p>No contexto da superação dos padrões de dependência emocional, uma</p><p>abordagem holística envolve não apenas abordar os sintomas visíveis ou</p><p>comportamentos específicos, mas também compreender as origens</p><p>24108</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>emocionais, cognitivas e relacionais desses padrões (BUTION; WECHSLER,</p><p>2016). Isso significa que não se trata apenas de aplicar</p><p>uma única técnica</p><p>ou intervenção, mas de combinar várias abordagens complementares para</p><p>abordar os diferentes aspectos do problema. Dessa forma, a abordagem</p><p>holística reconhece que a dependência emocional é influenciada por uma</p><p>variedade de fatores e, portanto, requer uma intervenção abrangente e</p><p>integrada.</p><p>Ao analisarem o estado da arte sobre o tema, Denise Catricala Bution</p><p>e Amanda Muglia Wechsler (2016) explicam:</p><p>Para o tratamento da Dependência Emocional, a psicoterapia</p><p>individual é a mais indicada por todos os autores, que divergem com</p><p>relação à sua abordagem. Sussman (2010) não menciona um marco</p><p>teórico específico, mas cita a entrevista motivacional e o</p><p>autogerenciamento como meios eficientes para lidar com a</p><p>dependência emocional. Outros autores recomendam a realização de</p><p>terapia da realidade (Hoogstad, 2008) e terapia comportamental ou</p><p>de aceitação e compromisso (Izquierdo Martínez & Gomes-Acosta,</p><p>2013). Outros tratamentos citados são a participação em grupos de</p><p>apoio, especialmente aqueles com o rograma dos doze passos, livros</p><p>de autoajuda e terapia grupal (Sussman, 2010) (Bution; Wechsler,</p><p>2016, p. 85).</p><p>Verifica-se, assim, que o enfrentamento da dependência emocional é</p><p>um processo desafiador que demanda tempo, esforço e comprometimento.</p><p>A combinação de diferentes abordagens pode oferecer uma abordagem</p><p>holística para superar os padrões de dependência. Ao desenvolver a</p><p>autoestima, a autonomia, a capacidade de estabelecer limites saudáveis e a</p><p>comunicação assertiva, os indivíduos podem transformar seus padrões de</p><p>relacionamento e promover uma maior qualidade de vida emocional.</p><p>4. Considerações Finais</p><p>O presente estudo explorou a complexa interseção entre a dependência</p><p>emocional e as estratégias de enfrentamento nas relações amorosas, com o</p><p>24109</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>objetivo de compreender e oferecer insights relevantes para a promoção de</p><p>relacionamentos mais saudáveis e autônomos. Ao longo deste trabalho,</p><p>abordamos alguns fatores subjacentes à dependência emocional, possíveis</p><p>estratégias psicológicas e terapêuticas empregadas para enfrentar essa</p><p>dependência e a importância do desenvolvimento da autoestima, da</p><p>autonomia e do estabelecimento de limites como elementos cruciais para a</p><p>superação de padrões disfuncionais.</p><p>Uma conclusão que emerge da análise aqui feita é a natureza</p><p>multifacetada e interligada da dependência emocional. A dependência</p><p>emocional é influenciada por uma interação complexa de fatores, incluindo</p><p>experiências de apego na infância, problemas de autoestima, transtornos de</p><p>personalidade e condições psicológicas, essa compreensão desafia</p><p>abordagens simplistas e enfatiza a necessidade de uma abordagem holística</p><p>para o enfrentamento eficaz.</p><p>As estratégias de enfrentamento examinadas ao longo desta pesquisa</p><p>demonstraram a eficácia de abordagens psicoterapêuticas como a terapia</p><p>cognitivo-comportamental e a terapia centrada na pessoa, bem como a</p><p>relevância da exploração das origens emocionais através da terapia</p><p>psicodinâmica. A promoção de relacionamentos saudáveis, caracterizada</p><p>pelo estabelecimento de limites e de uma comunicação assertiva, também</p><p>emergiu como um elemento crucial no processo de superação da</p><p>dependência emocional.</p><p>No entanto, é essencial enfatizar que a superação da dependência</p><p>emocional não é um processo linear nem imediato. A busca por autonomia</p><p>emocional requer um comprometimento contínuo, tanto do indivíduo quanto</p><p>dos profissionais de saúde mental que os acompanham. A combinação de</p><p>estratégias específicas e personalizadas, adaptadas às necessidades únicas</p><p>de cada indivíduo, constitui uma abordagem integral para a superação dessa</p><p>complexa dinâmica.</p><p>24110</p><p>Revista Contemporânea, v. 3, n. 11, 2023. ISSN 2447-0961</p><p>Referências</p><p>ASSIS, S. & AVANCI, J. Labirinto de espelhos: formação da auto-estima na</p><p>infância e na adolescência. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004.</p><p>BASTOS, V.; ROCHA, J.C.; ALMEIDA, T. 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