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<p>LeRoy Edwin Froom</p><p>A vinda d O</p><p>CONSOLADOR</p><p>Nossa Mais Urgente Necessidade</p><p>A v in d a d O</p><p>CONSOLADOR</p><p>Nossa Mais Urgente Necessidade</p><p>LeRoy Edwin Froom</p><p>Tradução de</p><p>Edith Teixeira</p><p>CASA PUBLICADORA BRASILEIRA</p><p>Tatuí — São Paulo</p><p>Direitos de tradução e publicação</p><p>em Língua Portuguesa reservados para a</p><p>Casa Publicadora Brasileira</p><p>Rodovia SP 127 — km 106</p><p>Caixa Postal 34</p><p>18270 - Tatuí, SP</p><p>Segunda edição</p><p>Três mil exemplares</p><p>10? milheiro</p><p>1991</p><p>Editores: Rubens S. Lessa e Ivacy F. Oliveira</p><p>Capa: Juarez Carvalho</p><p>Programação visual: Manoel A. Silva</p><p>IMPRESSO NO BRASIL</p><p>Printed in Brazil</p><p>Título do original em Inglês:</p><p>THE COMING OF THE COMFORTER</p><p>9107-8</p><p>Dedicatória</p><p>o Ministério Evangélico do Movimento Ad-</p><p>JT m . ventista, o qual, pelo poder habilitante do</p><p>Espírito Santo na chuva serôdia, está destinado</p><p>a ser o instrumento para a finalização da tarefa</p><p>mundial que nos foi confiada, é dedicado, com ora­</p><p>ção, este volume.</p><p>0 Autor</p><p>LeRoy Edwin Froom foi escritor, editor e pro­</p><p>fessor. Nascido em Illinois, em 1890, fez seus</p><p>principais estudos no Washington Training Cen-</p><p>te r (atual Columbia Union College), no Pacific</p><p>Union College e Walla Walla College. Seu minis­</p><p>tério começou com o pastorado, passando para a</p><p>redação da Pacific Press Publishing Association.</p><p>Em seguida, foi editor da Signs o f the Times, na</p><p>China.</p><p>Em seu retorno aos Estados Unidos, o Pastor</p><p>Froom tornou-se editor da revista Watchman.</p><p>Chamado para a Associação Geral, liderou durante</p><p>24 anos o Departamento Ministerial. Nesse perío­</p><p>do fundou a revista M inistry, sendo seu editor du­</p><p>rante 22 anos. Tendo se especializado em pesqui­</p><p>sa histórica, o Pastor Froom atuou como profes­</p><p>sor na Andrews University e foi autor de vasta</p><p>obra, destacando-se The Prophetic Faith of Our</p><p>Fathers, em quatro volumes, e The Condiciona-</p><p>list Faith o f Our Fathers, em dois volumes.</p><p>LeRoy E. Froom faleceu em 1974. É considera­</p><p>do um dos maiores escritores da Igreja Adventista.</p><p>índice</p><p>Primeira Parte: A Promessa do Espírito</p><p>Base Escriturística......................... 19</p><p>1. A Promessa do E spírito ..................................... 23</p><p>2. A Personalidade do Espírito ............................... 37</p><p>3. A Missão do Espírito .......................................... 58</p><p>4. A Obra do Espírito em Favor dos</p><p>Impenitentes ........................................................ 69</p><p>Segunda Parte: A Vinda do Espírito</p><p>Base Escriturística......................... 77</p><p>5. A Vinda do Espírito .......................................... 81</p><p>6. A Tremenda Operação do Pentecoste............... 96</p><p>7. Pregadores de Cristo Transformados............... 116</p><p>8. A Igreja Remanescente é Investida</p><p>de Poder .........................................•.................... 127</p><p>Terceira Parte: A Unção Plena do</p><p>Espírito</p><p>Base Escriturística......................... 136</p><p>9. A Unção Plena do Espírito ................................. 138</p><p>10. A Ordem e a Provisão Divinas........................... 147</p><p>11. Após o Novo Nascimento Vem a</p><p>Unção Plena ........................................................ 167</p><p>12. Frutos da Unção P len a ....................................... 179</p><p>13. O Desafio ao Remanescente.............................. 195</p><p>Quarta Parte: Símbolos do Espírito ......................... 203</p><p>14. O Sopro do Todo-Poderoso . ................................204</p><p>15. Rios de Água V iva .............................................. 238</p><p>16. O Batismo Com Fogo ......................................... 264</p><p>17. O Óleo Essencial ................................................ 287</p><p>O Chamado Divino à Oração............................... 313</p><p>Introdução</p><p>Os estudos sobre o Espírito Santo, compreen­</p><p>didos neste volume, foram apresentados pe­</p><p>la primeira vez aos delegados e obreiros presen­</p><p>tes às assembléias ministeriais quadrienais reali­</p><p>zadas juntamente com as quadrienais da União du­</p><p>rante a Primavera de 1928. E com especial grati­</p><p>dão e reverente reconhecimento ao nosso Pai eter­</p><p>no que recordamos a generosa presença do Espí­</p><p>rito Santo naquelas reuniões e apresentações.</p><p>Atendendo ao pedido urgente de centenas de</p><p>pastores que ouviram a exposição oral deste as­</p><p>sunto, aqui o apresentamos em forma permanen­</p><p>te e mais acessível a todos.</p><p>Também a pedido, as observações introdutó­</p><p>rias que precedem as apresentações estão repro­</p><p>duzidas com tan ta exatidão quanto a memória o</p><p>permite, para que toda a exposição da matéria seja</p><p>tão idêntica quanto possível.</p><p>Sinto pesar sobre mim um soleníssimo senso</p><p>de responsabilidade ao contemplar as horas que</p><p>juntos haveremos de passar em estudo diligente</p><p>e minucioso. Uma grave consciência de responsa­</p><p>bilidade perante Deus vem ofuscar todas as outras</p><p>considerações. Francamente, não escolhi esta li­</p><p>nha de estudo. Durante meses dominou-me gran­</p><p>de opressão — uma convicção que eu não podia ex­</p><p>pulsar da mente, acompanhou toda a pesquisa. Es­</p><p>tou profundamente convencido de que Deus me</p><p>fez sentir a minha própria necessidade, e a neces­</p><p>sidade de meus colegas de ministério. Isto tem pro­</p><p>duzido em minha própria alma um forte clamor</p><p>por uma adequada provisão para as nossas necessi­</p><p>dades comuns. Rogo a Deus que estes estudos se­</p><p>jam realmente grande bênção e auxílio, ainda que</p><p>falhos quanto à apresentação.</p><p>Não nos temos reunido para ouvir um ao ou­</p><p>tro pregar, por mais certo que isto seja. Nem nos</p><p>encontramos aqui para entreter-nos com hábeis</p><p>e originais surtos do pensamento, nem para nos</p><p>entregarmos a teorias especulativas. Pelo contrá­</p><p>rio, reunimo-nos para proceder a um estudo sério</p><p>e profundo, e para pesquisar fervorosa e intensa­</p><p>mente grandes verdades, poderosos princípios, e</p><p>provisões adequadas consistentes com o momen­</p><p>to em que vivemos.</p><p>De início, é fundamentalmente necessário com­</p><p>preender certos fatores. Vivemos em um mundo</p><p>sujeito a rápidas mutações — um mundo desen­</p><p>freado com novas forças. Paixões selvagens, oriun­</p><p>das do abismo, têm produzido situação nova du­</p><p>rante a última década. A humanidade não enten­</p><p>de ãs forças malignas que, pela indiferença, afron­</p><p>ta e rebelião, estão desviando a raça dos caminhos</p><p>de Deus. E a cada ano que passa, a situação se in­</p><p>tensifica e complica mais e mais.</p><p>Novos e graves problemas, resultantes de no­</p><p>va e sinistra atitude da mente e do coração para</p><p>com Deus, nos confrontam e desafiam. Estamos</p><p>atravessando um período de transição do pensa­</p><p>mento sóbrio, sério e reverente, para o divertimen­</p><p>to frívolo, leviano e profano. Estou convicto de que</p><p>agora é mais difícil alcançar homens e mulheres</p><p>com a mensagem do evangelho que redime, do que</p><p>o foi há poucos anos.</p><p>As enormes cidades do mundo, de grande cres­</p><p>cimento anual, nos confrontam com uma trem en­</p><p>da tarefa. Dentro de um raio de duzentos quiló­</p><p>metros de Springfíeld, Massachusetts, onde se rea­</p><p>lizou a assembléia ministerial da União do Atlân­</p><p>tico,[isto foi escrito em 1930 aproximadamente],</p><p>reside uma população de mais de 13 milhões de</p><p>habitantes; e num raio de 160 quilómetros, desde</p><p>o Palácio Municipal da cidade de Nova Iorque, vi­</p><p>vem mais de 20 milhões de almas.</p><p>Totais semelhantes a estes podem-se encontrar</p><p>em toda parte. E ainda estamos apenas tocando</p><p>com as pontas dos dedos as cidadelas de homens,</p><p>mulheres e crianças, que precisam ouvir a men­</p><p>sagem de Deus para os seres humanos.</p><p>A batalha com as forças do mal torna-se Cada</p><p>vez mais feroz, mais sinistra. Estou persuadido de</p><p>que existe uma única solução para o problema que</p><p>enfrentamos, individual e denominacionalmente;</p><p>apenas uma provisão para nossa necessidade: e es-</p><p>'ta é o poder do Espírito Santo, o derramamento</p><p>da chuva serôdia em nossa vida e serviço. Esta</p><p>prometida provisão, derramada sobre os arautos</p><p>da última mensagem do Céu para a Terra, é a nos­</p><p>sa suprema necessidade. Somente isto nos capa­</p><p>citará para enfrentar esta estupenda situação e</p><p>term inar a obra que nos foi entregue. Nisto tenho</p><p>crido durante anos, mas nunca me afligiu tanto</p><p>quanto agora. Rogo a Deus que esta compulsão</p><p>divina</p><p>consis­</p><p>te em te r Cristo vivendo Sua vida em nós. Temos</p><p>de ser dominados pelo senso de Sua presença, e</p><p>então Ele Se torna a grande, gloriosa e viva rea-</p><p>lidade que enche totalmente o horizonte.</p><p>O Filho do homem veio ao mundo para unir a</p><p>própria vida de Deus com a vida do homem. Quan­</p><p>do, mediante Sua obediência, morte e ressurrei­</p><p>62</p><p>A Missão do Espírito</p><p>ção, Ele completou o Seu ministério, foi exaltado</p><p>ao Seu trono para que o Espírito Santo que habi­</p><p>tara nEle pudesse vir como essa todo-eficiente pre­</p><p>sença soberana, e os discípulos pudessem tornar-</p><p>se participantes da própria vida dEle. Assim a vi­</p><p>da do Criador penetra na vida das Criaturas. En­</p><p>tão vemos o que o Espírito Santo realiza em nós.</p><p>Notemos o seguinte:</p><p>“A transformação do caráter é o testemunho</p><p>para o mundo de que Cristo habita no ser. O Espí­</p><p>rito de Deus produz nova vida na alma, levando os</p><p>pensamentos e os desejos à obediência à vontade</p><p>de Cristo; e o homem interior é renovado segundo</p><p>a imagem de Deus.” — Profetas e Reis , pág. 225.</p><p>Guia-nos a Toda a Verdade</p><p>Ele também faz isto para nós — Guiar-nos-á</p><p>“a toda verdade” , porque Ele mesmo é o “Espí­</p><p>rito da verdade” (S. João 16:13). E cabe a Ele</p><p>ensinar-nos “todas as coisas” (S. João 14:26). Não</p><p>há uma verdade que precisamos conhecer, na qual</p><p>o Espírito Santo não esteja preparado para guiar-</p><p>nos. E nunca alcançamos além daquilo que real­</p><p>mente necessitamos.</p><p>Havia um guia nos desertos da Arábia do qual</p><p>se dizia nunca haver perdido o caminho. Ele car­</p><p>regava no seio um pombo doméstico, no qual amar­</p><p>rara em uma das pernas uma bela cordinha. Quan­</p><p>do em dúvida quanto ao caminho a seguir, ele lan­</p><p>çava o pombo no ar, e este rapidamente esticava</p><p>a corda ao ten tar voar em direção de casa. Assim</p><p>63</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>ele guiava o seu dono exatamente para casa. Aque­</p><p>le homem era por isso chamado “o homem do pom­</p><p>bo” . Semelhantemente, o Espírito Santo é apom-</p><p>ba celestial, capaz e desejoso de guiar-nos se tão-</p><p>somente Lho permitirmos.</p><p>O Espírito Santo é a vida da verdade no ínti­</p><p>mo, a grande essência da verdade, o Mestre vivo,</p><p>pessoal. Sobre isto, lemos:</p><p>“O Consolador é chamado ‘o Espírito da ver­</p><p>dade’. Sua obra é definir e m anter a verdade. Ele</p><p>primeiro habita o coração como o Espírito de ver­</p><p>dade, e torna-se assim o Consolador. Há conforto</p><p>e paz na verdade, mas nenhuma paz ou conforto</p><p>real se pode achar na falsidade.” — 0 Desejado</p><p>de Todas as Nações, ed. popular, pág. 646.</p><p>“O Espírito Santo vem ao mundo como repre­</p><p>sentante de Cristo. Ele não somente diz a verdade,</p><p>mas é a verdade — A Testemunha fiel e verdadei­</p><p>ra. É o grande Esquadrinhador de corações,</p><p>achando-Se relacionado com o caráter de todos.” —</p><p>Conselhos aos Professores, Pais (‘ Estudantes, pág. 61</p><p>Sem o Espírito da verdade, não hrt verdade sal­</p><p>vadora para nós hoje. Cristo é Ele próprio a ver­</p><p>dade (S. João 14:6), e ninguém a nfto ser o Espíri­</p><p>to da verdade pode levar-nos a compreender o ca­</p><p>ráter, e a obra, o sofrimento e a morte de Cristo.</p><p>Quando o Espírito da verdade enche e ilumina o</p><p>coração, a Bíblia se torna um livro novo.</p><p>“Só nos é possível chegar a compreender a Pa­</p><p>lavra de Deus mediante a iluminação do Espírito</p><p>pelo qual ela foi dada.” — Caminha para Cristo,</p><p>pág. 109.</p><p>64</p><p>A Missão do Espírito</p><p>Em relação a isto, é muito significativo que a</p><p>profecia de Joel sobre as prometidas chuvas têm­</p><p>pora e serôdia seja acompanhada desta no tinha,</p><p>à margem, para “chuva temporã” (Joel 2:23): “Ele</p><p>enviará um “mestre de justiça.” Que graciosa pro­</p><p>visão! Já nos tempos do Antigo Testamento escre­</p><p>veu o profeta: “E lhes concedeste o Teu bom Es­</p><p>pírito, para os ensinar.” Neemias 9:20.</p><p>O Verdadeiro Vigário de Cristo</p><p>O alicerce da divina autoridade na Terra é o</p><p>Espírito Santo. O Cardeal Newman uniu-se à Igre­</p><p>ja Católica Romana porque buscava a autoridade</p><p>suprema, e ele pôde por assim dizer descansar na</p><p>pretensa autoridade dessa Igreja. Esqueceu-se, po­</p><p>rém, de que o único e permanente centro de auto­</p><p>ridade em matéria de fé, doutrina e administra­</p><p>ção é o Espírito Santo. “Jesus é o Senhor” , eis</p><p>o centro supremo de toda a doutrina cristã. Tudo</p><p>mais disso deriva, porque “ninguém pode dizer:</p><p>Senhor Jesus! senão pelo Espírito Santo” . I Co-</p><p>ríntios 12:3. Esta soberania de Cristo é a base de</p><p>toda a nossa doutrina.</p><p>“Cristo, Seu caráter e obra, é o centro e cir­</p><p>cunferência de toda a verdade. É a corrente na qual</p><p>jóias doutrinárias se acham interligadas. NEle se</p><p>encontra completo sistema da verdade.” — E. G.</p><p>White, Review andHerald, 15 de agosto de 1893.</p><p>“Foi precisamente para esse fim que Cristo</p><p>morreu e ressurgiu; para ser Senhor, tanto de</p><p>mortos como de vivos.” Romanos 14:9.</p><p>65</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>O aspecto distintivo do papado, sem o qual es­</p><p>te não existiria, é a pretensão de que o papa é o</p><p>vigário ou sucessor de Cristo. O traço que distin­</p><p>gue o protestantismo — sem o qual este não exis­</p><p>tiria — é a alegação de que o Espírito Santo é o</p><p>verdadeiro vigário ou sucessor de Cristo na Ter­</p><p>ra. Depender de organização, líderes ou sabedoria</p><p>humana, é colocar o humano no lugar do divino,</p><p>e, portanto, adotar um princípio católico romano.</p><p>Completa-se a Reforma Internacional</p><p>Surgiram três grandes movimentos contrários</p><p>ao papado: a Reforma do século XVI, liderada por</p><p>Lutero; o reavivamento evangélico dirigido por</p><p>Wesley e seus associados; e o movimento e men­</p><p>sagem dos últimos dias.</p><p>A Reforma de Lutero foi necessária porque nos</p><p>primeiros séculos de nossa era o Espírito Santo</p><p>foi destronado e Constantino foi feito o patrono</p><p>da Igreja. Por causa dos acontecimentos materia­</p><p>listas, os homens perderam de vista a justificação</p><p>pela fé, por terem abandonado sua lealdade ao Es­</p><p>pírito Santo. Portanto, perderam a aplicação da</p><p>morte de Cristo pelo Espírito Santo, em resposta</p><p>a uma fé pessoal.</p><p>O reavivamento evangélico foi necessário por­</p><p>que a Igreja da Reforma perdera sua visão de san­</p><p>tificação, e Wesley foi chamado para promover s</p><p>santidade. Essa visão achava-se toldada porque a |</p><p>Igreja deixara de atender ao Espírito Santo. Es- i</p><p>te é assim chamado, não por ie r mais santo do que</p><p>66</p><p>A Missão do Espírito</p><p>as outras Pessoas da Divindade, mas porque uma</p><p>de Suas funções especiais é cultivar a santidade</p><p>no homem. Os clérigos caçadores de raposas, tão</p><p>comuns no século XVIII, pouco se incomodavam</p><p>com Deus ou com a salvação de almas. Mas Wes-</p><p>ley e o Holy Club de Oxford restauraram a verda­</p><p>de da santificação de vidas humanas para servi­</p><p>rem a Deus.</p><p>A Reforma do século XX, ou o Movimento do</p><p>Advento, surgiu segundo o propósito de Deus, pa­</p><p>ra completar aquelas inconclusas reformas do pas­</p><p>sado. Requer, não só o pleno repúdio de todas as</p><p>perversões introduzidas pelo papado, como tam ­</p><p>bém completa restauração do Espírito Santo a Seu</p><p>devido e soberano lugar na fé, na vida e no servi­</p><p>ço do cristão.</p><p>E a plena aceitação deste fato que ocasiona o</p><p>derramamento da chuva serôdia em nosso tempo,</p><p>desde 1888, cujo poder, no entanto, ainda espera</p><p>por nós. A inevitável lógica aqui é indiscutível.</p><p>Como precisamos estar despertos e ativos pa­</p><p>ra enfrentar essa situação! Faz alguns anos, um</p><p>vapor descia, à noite, um rio norte-americano. O</p><p>piloto de repente deu um brusco sinal para dimi­</p><p>nuir a marcha. A Lua fulgurava esplendorosamen­</p><p>te, e não havia nenhum obstáculo à frente. “Por­</p><p>que o senhor deu o sinal para diminuir a marcha?” ,</p><p>perguntou o maquinista, ao subir ao convés para</p><p>ver o que estava acontecendo. “A neblina está</p><p>adensando. A noite está ficando escura, e eu... não</p><p>posso... ver... o... caminho....” O maquinista olhou</p><p>no semblante do piloto e viu que estava morrendo.</p><p>67</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Ah! quantos pilotos espirituais estão m orren­</p><p>do espiritualmente e não podem ver para conti­</p><p>nuar guiando as almas na direção certa. Nestes</p><p>dias traiçoeiros, conceda-nos Deus nova vida, que</p><p>vem da fonte de vida.</p><p>6 8</p><p>4 A Obra do</p><p>Espírito em Favor</p><p>dos Impenitentes</p><p>J á consideramos o suficiente a obra do Espí­</p><p>rito Santo em favor</p><p>dos crentes. Volvemo-</p><p>nos agora à Sua atuação em favor do mundo im­</p><p>penitente. S. João 14 tra ta primariamente da pre­</p><p>paração e vida pessoal do discípulo. Mas o capítu­</p><p>lo 16 aponta Sua obra relacionada com o testemu­</p><p>nho e ministério público do obreiro. No primeiro</p><p>destes dois capítulos, Ele está no crente; e medi­</p><p>ante essa habitação interior, resulta a união com</p><p>Cristo.</p><p>Mas o Espírito Santo também luta com os</p><p>mundanos como Espírito que convence. “Quan­</p><p>do Ele vier convencerá o mundo do pecado, da</p><p>justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem</p><p>em Mim; da justiça, porque vou para o Pai,</p><p>e não Me vereis mais; do juízo, porque o prín­</p><p>cipe deste mundo já está julgado.” S. João</p><p>16:8-11.</p><p>69</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Traz Noyo Senso do Pecado</p><p>A vinda do Espírito Santo traz à alma novo sen­</p><p>so do pecado. Volvamos o pensamento ao cená­</p><p>culo: enquanto os discípulos estavam para parti­</p><p>cipar dos emblemas do corpo a ser quebrado e do</p><p>sangue a ser derramado, discutiam sobre qual de­</p><p>les ocuparia posição mais elevada. Isso jamais te ­</p><p>ria acontecido se eles tivessem o verdadeiro sen­</p><p>so do pecado.</p><p>Frequentemente acontecem, na vida de cris­</p><p>tãos, coisas incríveis, que só podem ser explica­</p><p>das na base de uma falta de compreensão real</p><p>do pecado envolvido. Luta por supremacia, inve­</p><p>ja, malícia, maus pensamentos, atos impuros, ódio</p><p>— tudo existe principalmente por causa de uma</p><p>espantosa falta de senso do pecado. Leiam-se as</p><p>epístolas de Pedro e as declarações de João depois</p><p>do Pentecostes. A vinda do Espírito Santo lhes tor­</p><p>nara real a santidade de Deus e produzira total</p><p>repugnância ao pecado.</p><p>A perspectiva do pecador ó pecado, justiça, juí­</p><p>zo — abrangendo o passado, o presente e o futu­</p><p>ro, inseparavelmente relacionados. O Espírito San­</p><p>to coloca esses três fatos essenciais sob sua ver­</p><p>dadeira luz. Três pessoas acham-se envolvidas —</p><p>o homem, Cristo e Satanás. E aqui está o âmago</p><p>do grande conflito e do problema do pecado.</p><p>A convicção da justiça divina sempre precede a</p><p>experiência da justificação. E, fio apresentarmos a</p><p>verdade acerca do santuário o a primeira mensa­</p><p>gem angélica, é indispensável a convicção do juízo</p><p>70</p><p>A Obra do Espírito em Favor dos...</p><p>para que as pessoas fiquem sem desculpa, tendo me­</p><p>nosprezado o testemunho de Deus contra elas.</p><p>Ficamos perplexos, confusos e frustrados dian­</p><p>te de nossa completa incapacidade de convencer</p><p>alguém do pecado, da justiça e do juízo. Não po­</p><p>demos fazê-lo, porque isto é obra do Espírito San­</p><p>to. Note-se:</p><p>“Sem a operação divina, o homem não poderia</p><p>fazer coisa boa. Deus chama todo homem ao arre­</p><p>pendimento, portanto o homem nem mesmo se po­</p><p>de arrepender sem que o Espírito Santo trabalhe</p><p>em seu coração.” — Testimonies, vol. 8, pág. 64.</p><p>A mudança é operada pelo Espírito Santo.</p><p>“Ninguém é tão vil, ninguém tão decaído, que</p><p>esteja além da operação desse poder. Em todos</p><p>quantos se querem submeter ao Espírito Santo,</p><p>deve ser implantado um novo princípio de vida:</p><p>a perdida imagem de Deus deve ser restaurada na</p><p>humanidade” .</p><p>“Mas o homem não se pode transform ar pelo</p><p>exercício de sua vontade. Não possui faculdade por</p><p>cujo meio esta mudança possa ser efetuada. O fer­</p><p>mento — algo totalm ente externo — precisa ser</p><p>introduzido na farinha, antes de a alteração dese­</p><p>jada efetuar-se. Assim a graça de Deus precisa ser</p><p>recebida pelo pecador antes de ele ser tornado apto</p><p>para o reino da glória. Toda cultura e educação</p><p>que o mundo pode oferecer, fracassarão em fazer</p><p>de um degradado filho do pecado, um filho do Céu.</p><p>A energia renovadora precisa vir de Deus. A mu­</p><p>dança só pode ser efetuada pelo Espírito Santo. To­</p><p>dos que quiserem ser salvos, nobres ou humildes,</p><p>71</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>ricos ou pobres, precisam submeter-se à atuação</p><p>deste poder.” — Parábolas de Jesus, págs. 96 e 97.</p><p>Traz Convicção de Esperança</p><p>Notemos: Quando Ele vier a vós, Ele conven­</p><p>cerá o mundo. Quando cheios do Espírito Santo,</p><p>vamos ao mundo nesta hora do juízo, para pleitear</p><p>com as pessoas, o Espírito irá conosco, conven­</p><p>cendo do pecado, e revelando que somente em</p><p>Cristo há justiça.</p><p>Ele convence, não da descrença mas do peca­</p><p>do resultante da descrença. Ele revoluciona as</p><p>idéias humanas quanto ao pecado — os pecados</p><p>do homem e do juízo de Deus, e o meio de escape</p><p>mediante o sangue purificador de Cristo e a habi­</p><p>tação do Espírito Santo no íntimo.</p><p>Ele revela a redenção provida, trazendo assim</p><p>conforto juntam ente com a convicção. Ele apon­</p><p>ta o padrão da lei, que envolve a transgressão do</p><p>sábado e todas as outras transgressões. Assim a</p><p>tríplice função de Cristo como profeta, sacerdote</p><p>e rei é aplicada ao pecador por essa tríplice con­</p><p>vicção do Espírito.</p><p>A consciência traz a convicção de desespero,</p><p>ao passo que o Espírito Santo traz a convicção de</p><p>esperança. O mesmo vento que agita o Atlântico</p><p>em irrequietas vagas, placidamente sopra sobre</p><p>ele transformando-o numa enseada bonançosa. O</p><p>que o mundo necessita não é apenas de consciên­</p><p>cia, mas que esta seja iluminada pelo Espirito San­</p><p>to e a Palavra de Deus.</p><p>72</p><p>A Obra do Espírito em Favor dos...</p><p>Somente depois de Cristo assentar-Se à des­</p><p>tra do Pai é que se tornou perfeita a Sua justiça</p><p>em nosso favor. Ele “foi entregue por causa das</p><p>nossas transgressões, e ressuscitou por causa da</p><p>nossa justificação” (Romanos 4:25), e foi entroni­</p><p>zado para nossa segurança. Essa missão do Espí­</p><p>rito não tem sido obra de um dia. Ao homem po­</p><p>de parecer lenta, mas Deus está edificando para</p><p>a eternidade: e “ tudo que Deus faz, permanecerá</p><p>para sempre” .</p><p>A obra do Espírito é convencer o homem do</p><p>terrível pecado de rejeitar a Cristo — “do peca­</p><p>do, porque não crêem em Mim” (S. João 16:9).</p><p>(Veja-se também S. João 3:18.) E sta é a questão</p><p>que envolve tudo o mais. A suprema responsabi­</p><p>lidade do pecador é a de rejeitar pessoalmente a</p><p>vida e morte de Jesus, totalmente satisfatórias pa­</p><p>ra a salvação eterna, que Deus fez depender da</p><p>fé em Cristo. Essa incredulidade é a mãe de to­</p><p>dos os pecados.</p><p>Justiça — Ponto de Salvação</p><p>O problema de todo destino humano consiste</p><p>em alcançar a justiça de Deus, porque sem esta</p><p>ninguém pode subsistir na presença divina. (He­</p><p>breus 12:10 e 14.) Cristo foi feito “pecado por</p><p>nós” , “para que nEle fôssemos feitos justiça de</p><p>Deus” . II Coríntios 5:21. Este é um importante</p><p>ponto de salvação, e não mera questão de nossa</p><p>vida moral exterior. Este deve ser o centro de nos­</p><p>sa mensagem, ao erguermos bem alto o padrão,</p><p>73</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>nesta geração rebelde, e vindicarmos a pisoteada</p><p>lei de Deus.</p><p>Como necessitamos de poder do Espírito San­</p><p>to para imprimir autoridade à apresentação das</p><p>tremendas verdades sobre o juízo final, o inevitá­</p><p>vel e iminente dia da ira divina, o triunfo da justi­</p><p>ça, e para dar poder à mensagem da igreja rema­</p><p>nescente! Os homens procuram “estabelecer sua</p><p>própria justiça” , em vez de colocar-se sob a impu­</p><p>tada justiça de Cristo. O poder divino é necessário.</p><p>Nenhum poder ou argumento humano é sufi­</p><p>ciente para esclarecer a alma entenebrecida quan­</p><p>to aos passos necessários para en trar na senda da</p><p>vida. Esta obra é designada ao todo-suficiente Es­</p><p>pírito Santo:</p><p>“Mas, se ainda o nosso evangelho está enco­</p><p>berto, para os que se perdem está encoberto. Nos</p><p>quais o deus deste século cegou o entendimento</p><p>dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a</p><p>luz do evangelho da glória de Cristo, que é a ima­</p><p>gem de Deus.” II Coríntios 4:3 e 4.</p><p>O Supremo Dom de Cristo Para Nós</p><p>Graças a Deus pelo Espírito Santo, que veio co­</p><p>mo divino substituto, a divina presença, o divino</p><p>instrutor, o divino mentor, o divino testificador,</p><p>o divino persuasor, o divino consolador — o outro</p><p>“ego” de Cristo.</p><p>Você já imaginou o que seria a Terra se o E s­</p><p>pírito Santo não tivesse vindo? Sem a Sua conso­</p><p>lação, Sua habitação interior, a Palavra de Deus</p><p>74</p><p>A Obra do Espírito em Favor dos.. .</p><p>de nada valeria; não haveria arrependimento, nem</p><p>fé no Senhor Jesus, nem perdão dos pecados; nem</p><p>bálsamo para a consciência turbada,</p><p>nem liberta­</p><p>ção do poder do pecado; não teríamos Mestre nem</p><p>Guia — seríamos tão-somente órfãos, sem lar, va­</p><p>gueando a esmo num mundo hostil! 0 ponto críti­</p><p>co entre as trevas e a luz, nesta dispensação, achou-</p><p>se justam ente quando o Consolador veio.</p><p>Ticiano, o grande pintor, encontrou certa fei­</p><p>ta um jovem soldado que parecia te r um dom es­</p><p>pecial para pintura. Aconselhou-o, então, a desis­</p><p>tir da vida militar e dedicar seus talentos a essa</p><p>arte. 0 jovem aceitou o conselho e dedicou-se to­</p><p>talmente e por muito tempo a um grande e ambi­</p><p>cioso projeto. No entanto, chegou a um ponto em</p><p>que sentiu faltar-lhe o talento. Desesperado, ati­</p><p>rou o pincel no chão. Encontrando-o ali, em lágri­</p><p>mas de desespero, o artista-m estre não indagou</p><p>o motivo. Ao contemplar o quadro, compreendeu</p><p>que o rapaz havia atingido o seu limite. Tomou o</p><p>pincel e ali trabalhou até que o quadro ficou pronto.</p><p>No dia seguinte o jovem veio ao estúdio, deci­</p><p>dido a dizer ao mestre que nunca mais tentaria</p><p>aquela arte. Mas ao entrar, deparou no cavalete</p><p>a obra terminada. Os pontos em que ele falhara,</p><p>a mão do mestre havia suprido com perfeição. Ins-</p><p>tintivamente compreendeu que o mestre havia</p><p>completado o quadro.</p><p>Com lágrimas de reconhecimento, disse para</p><p>si mesmo: “Não posso abandonar a minha arte.</p><p>Devo continuar por amor a Ticiano. Ele tem feito</p><p>tanto por mim, que devo esquecer-me de mim mes­</p><p>75</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>mo e viver para ele; porque agora sua fama é mi­</p><p>nha fama. Ele tem feito o melhor por mim, e eu</p><p>farei o melhor por ele.” Hoje os quadros desse ra­</p><p>paz se exibem ao lado das obras de Ticiano, nas</p><p>galerias do mundo.</p><p>Mas oh! Jesus fez muito mais do que isso em</p><p>nosso favor! Mediante o Espírito Santo Ele tem</p><p>feito o máximo por nós, por isso devemos fazer</p><p>o máximo para Ele. Então pelos séculos eternos</p><p>a nossa vida permanecerá junto a Sua vida, nas</p><p>eternas galerias do paraíso de Deus.</p><p>76</p><p>Segunda</p><p>Parte A Vinda</p><p>do Espirito</p><p>BASE ESCRITURÍSTICA</p><p>^ ^ ntão lhes abriu o entendimento para</p><p>M J compreenderem as Escrituras, e lhes</p><p>disse: Assim está escrito que o Cristo havia de pa­</p><p>decer, e ressuscitar dentre os mortos no terceiro</p><p>dia, e que em Seu nome se pregasse arrependimen­</p><p>to para remissão de pecados, a todas as nações,</p><p>começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas</p><p>destas coisas. Eis que envio sobre vós a promes­</p><p>sa de Meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até</p><p>que do alto sejais revestidos de poder. Então os</p><p>levou para Betânia e, erguendo as mãos os aben­</p><p>çoou. Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-</p><p>Se retirando deles, sendo elevado para o Céu. En­</p><p>tão eles, adorando-O, voltaram para Jerusalém,</p><p>tomados de grande júbilo; e estavam sempre no</p><p>templo, louvando a Deus.” S. Lucas 24:45-53.</p><p>“Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando</p><p>todas as coisas que Jesus começou a fazer e ensi-</p><p>77</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>nar, até ao dia em que, depois de haver dado man­</p><p>damentos por intermédio do Espírito Santo aos</p><p>apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas. A</p><p>estes também, depois de ter padecido, Se apresen­</p><p>tou vivo, com muitas provas incontestáveis, apare­</p><p>cendo-lhes durante quarenta dias e falando das coi­</p><p>sas concernentes ao reino de Deus. E, comendo</p><p>com eles, determinou-lhes que não se ausentassem</p><p>de Jerusalém, mas esperassem a promessa do Pai,</p><p>a qual, disse Ele, de Mim ouvistes. Porque João,</p><p>na verdade, batizou com água, mas vós sereis ba­</p><p>tizados com o Espírito Santo, não muito depois</p><p>destes dias. Então os que estavam reunidos Lhe</p><p>perguntavam: Senhor, será este o tempo em que</p><p>restaures o reino de Israel? Respondeu-lhes: Não</p><p>vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai</p><p>reservou para Sua exclusiva autoridade; mas re­</p><p>cebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito San­</p><p>to, e sereis Minhas testemunhas tanto em Jeru­</p><p>salém, como em toda a Judéia e Samaria, e até</p><p>aos confins da Terra.” Atos 1:1-8.</p><p>“Ao cumprir-se o dia de Pentecoste, estavam</p><p>todos reunidos no mesmo lugar; de repente veio</p><p>do céu um som, como de um vento impetuoso, e</p><p>encheu toda a casa onde estavam assentados. E</p><p>apareceram, distribuídas entre eles, línguas como</p><p>de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. To­</p><p>dos ficaram cheios do Espírito Santo, e passaram</p><p>a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes</p><p>concedia que falassem. Ora, estavam habitando em</p><p>Jerusalém judeus, homens piedosos, de todas as</p><p>nações debaixo do céu. Quando, pois, se fez ouvir</p><p>78</p><p>A Vinda do Espírito</p><p>aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de</p><p>perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar</p><p>na sua própria língua. Estavam, pois, atónitos, e</p><p>se admiravam, dizendo: Vede! Não são. porven­</p><p>tura, galileus todos esses que aí estão talando?”</p><p>Atos 2:1-7.</p><p>“ ...Como os ouvimos falar em nossas próprias</p><p>línguas as grandezas de Deus? Todos, atónitos e</p><p>perplexos, interpelavam uns aos outros: Que quer</p><p>isto dizer? Outros, porém, zombando, diziam: Es­</p><p>tão embriagados! Então se levantou Pedro, com</p><p>os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes ter­</p><p>mos: Varões judeus e todos os habitantes de Je­</p><p>rusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas</p><p>minhas palavras. Estes homens não estão embria­</p><p>gados, como vindes pensando, sendo esta a ter­</p><p>ceira hora do dia. Mas o que ocorre é o que foi di­</p><p>to por intermédio do profeta Joel: E acontecerá</p><p>nos últimos dias, diz o Senhor, que derram arei do</p><p>Meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e</p><p>vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão vi­</p><p>sões, e sonharão vossos velhos; até sobre os Meus</p><p>servos e sobre Minhas as servas derramarei do</p><p>Meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.” Ver­</p><p>sos 11-18. “E acontecerá que todo aquele que in­</p><p>vocar o nome do Senhor será salvo.” Verso 21.</p><p>“A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos</p><p>nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à destra</p><p>de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Es­</p><p>pírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.”</p><p>Versos 32 e 33.</p><p>“Esteja absolutamente certa, pois, toda a ca­</p><p>79</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>sa de Israel de que a este Jesus que vós crucifi­</p><p>castes, Deus O fez Senhor e Cristo. Ouvindo eles</p><p>estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e per­</p><p>guntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que fa­</p><p>remos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: Arrepen-</p><p>dei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome</p><p>de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados,</p><p>e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para</p><p>vós outros é a promessa, para vossos filhos, e pa­</p><p>ra todos os que ainda estão longe, isto é, para quan­</p><p>tos o Senhor nosso Deus chamar.” Versos 36-39.</p><p>80</p><p>Vinda</p><p>Espírito</p><p>B B uando Jesus escolheu os dozes homens me-</p><p>diante os quais Ele fundaria a Igreja Cris­</p><p>tã, não os buscou nas conceituadas escolas dos ra­</p><p>bis, nem mesmo no exclusivo círculo do Sinédrio.</p><p>Não mandou buscá-los na Grécia, o centro da filo­</p><p>sofia e cultura; e nem tão pouco em Roma, berço</p><p>dos gênios da administração e das proezas milita­</p><p>res. Não. Ele andou pelas ensolaradas praias da</p><p>Galiléia e escolheu homens humildes, cujo coração</p><p>era suficientemente grande para acolher o Senhor</p><p>da glória; homens que afinal estariam desejosos</p><p>de nada ser, para que Cristo pudesse ser tudo; ho­</p><p>mens mediante os quais o Espírito Santo pudesse</p><p>operar, desembaraçados dos sofismas, egoísmo ou</p><p>superioridade humanos.</p><p>Totalmente Desqualificados Para a Tarefa</p><p>Designada</p><p>81</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Todavia, levá-los a essa essencial condição de</p><p>coração e mente foi uma longa e difícil tarefa, que</p><p>não foi concluída durante a permanência física e</p><p>pessoal de Cristo na Terra. Durante três anos e</p><p>meio eles escutaram Alguém maior que Salomão.</p><p>E de Seus próprios lábios ouviram as verdades do</p><p>evangelho. Foram testemunhas oculares de Seus</p><p>milagres. Foi-lhes explicado o significado mais in­</p><p>trínseco de Suas parábolas. Se tudo o que eles ne­</p><p>cessitavam fosse apenas um Mestre, e lições de</p><p>sabedoria, então os discípulos, entre todos os ho­</p><p>mens, teriam sido os mais bem qualificados para</p><p>desincumbir-se da grande comissão de evangeli­</p><p>zar todas as nações, imediatamente após</p><p>a ascen­</p><p>são de Cristo.</p><p>Contudo, com todos os seus inapreciáveis pri­</p><p>vilégios, achavam-se eles completamente desqua­</p><p>lificados, como tão claramente o indica a sua ati­</p><p>tude na contenda pela supremacia, no abandono do</p><p>Mestre e o descoroçoamento ao vê-Lo nas mãos dos</p><p>malfeitores. Eles se achavam totalmente despre-</p><p>parados para sua designada missão até o dia em</p><p>que receberam o prometido equipamento. Quando</p><p>esteve com eles, Jesus deu-lhes vida, mas não po­</p><p>der; a verdade, mas não a eficácia da verdade.</p><p>Por um pouco sua esperança foi apagada pela</p><p>cruz. Eles haviam seguido Aquele a quem ama­</p><p>vam. Então viram os detestados romanos dilacera-</p><p>rem-Lhe as costas e Lhe cravarem as santas mãos</p><p>e pés. Ficaram sobremaneira desolados ao verem-</p><p>nO expirar na .cruz. Quão sincero foi o triste de­</p><p>sabafo deles:* “Nós esperávamos que fosse Ele</p><p>82</p><p>A Yinda do Espírito</p><p>quem havia de redimir a Israel” . S. Lucas 24:21.</p><p>Não percebiam que Sua morte significava vida</p><p>para eles. Não compreendiam que aquela aparen­</p><p>te derrota era o caminho para a vitória, e que aque­</p><p>la escuridão era o preço da luz. Mesmo depois</p><p>da ressurreição, eles indagaram: “Senhor, será es­</p><p>te o tempo em que restaures o reino a Israel?”</p><p>Atos 1:6.</p><p>Não haviam feito nenhum progresso. Achavam-</p><p>se ainda presos ao materialismo e entravados por</p><p>preconceitos nacionais. Não entendiam a missão</p><p>do Mestre. Sonhavam com a restauração do anti­</p><p>go, ao passo que Ele veio para inaugurar o novo.</p><p>Profundos e fortes eram o amor e a confiança que</p><p>Lhe dedicavam. Haviam abandonado tudo para se-</p><p>gui-Lo. Sabiam que a ressurreição era um fato glo­</p><p>rioso. Contudo, achavam-se totalmente incapaci­</p><p>tados para a missão que lhes foi designada.</p><p>Sem o Espírito, Estavam Destinados</p><p>ao Fracasso</p><p>Quando Jesus, ao terminar Sua missão na Ter­</p><p>ra e achar-Se pronto para assumir o Seu lugar no</p><p>Céu, deu aos apóstolos a grande comissão, três coi­</p><p>sas foram salientadas:</p><p>“Jesus, aproximando-Se, falou-lhes, dizendo:</p><p>Toda a autoridade Me foi dada no Céu e na Ter­</p><p>ra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as na­</p><p>ções, batizando-os em nome do Pai e do Filho e</p><p>do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas</p><p>as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou</p><p>83</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>convosco todos os dias até à consumação do sécu­</p><p>lo.” S. Mateus 28:18-20.</p><p>1. O poder que eles necessitavam achava-se em</p><p>Cristo.</p><p>2. Portanto, eles deviam ir, ensinar todas as</p><p>nações, batizando não somente em nome do Pai</p><p>e do Filho, mas também em nome do Espírito San­</p><p>to, mediante quem seria o poder aplicado, e —</p><p>3. Eles deviam ensinar a observância de todas</p><p>as coisas ordenadas por Cristo. Mas isso só pode­</p><p>ria ser feito pelo ministério do divino Mestre,</p><p>Aquele que faz lembrar os ensinos de Cristo, e o</p><p>Guia preditos em S. João 14:26 e 16:13.</p><p>Todavia, quando Cristo ascendeu ao Céu, Ele</p><p>deixou os discípulos absolutamente impotentes em</p><p>meio à implacável inimizade do mundo. O que lhes</p><p>faltava era o poder do alto, o poder do prometido</p><p>Espírito Santo. E a única coisa que lhes foi orde­</p><p>nado fazer foi esperar a vinda do Espírito. Quão</p><p>tragicam ente desesperador teria sido tudo sem o</p><p>prometido poder! Leiamos a última ordem de Cris­</p><p>to: “Eis que envio sobre vós a promessa de Meu</p><p>Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto</p><p>sejais revestidos de poder.” S. Lucas 24:49.</p><p>“Permanecei, até que sejais revestidos” , não</p><p>importa por quanto tempo. Essas palavras foram</p><p>pronunciadas pelo mesmo Senhor que acabara de</p><p>dizer: “Ide” . Certamente essa ordem deve ter cau­</p><p>sado a maior surpresa, reflexão e expectativa. E</p><p>Ele estava falando aos pregadores, professores,</p><p>pastores e evangelistas, aos quais chamara e co­</p><p>missionara. “Que — permanecei ainda, quando há</p><p>84</p><p>um grande mundo perecendo, a ser advertido; uma</p><p>trem enda obra a realizar, e uma grande igreja a</p><p>ser estabelecida? Não temos tempo a perder. Já</p><p>estamos atrasados.” Eles, porém, estariam fada­</p><p>dos ao fracasso se não esperassem.</p><p>Ninguém está capacitado para a obra evange-</p><p>lística até ser revestido desse poder do Céu. Co­</p><p>nhecimento e atividade não são suficientes. Deve-</p><p>se te r o poder do Espírito Santo. Nem mesmo a</p><p>autoridade para expulsar demónios foi o bastante.</p><p>Permanecer Antes de Ir</p><p>Com crescente seriedade a Igreja está atenden­</p><p>do à divina injunção — Ide. Não tem ainda, porém,</p><p>o senso da solene necessidade da segunda ordem</p><p>— Permanecei — seu inseparável corolário. E sta­</p><p>mos mais desejosos de ten tar a primeira do que</p><p>obedecer à segunda. Mas foi o mesmo Senhor que</p><p>proferiu ambas. Note-se isto:</p><p>“O que necessitamos é do batismo do Espírito</p><p>Santo. Sem isto, não estamos mais capacitados a</p><p>ir ao mundo do que estiveram os discípulos após</p><p>a crucifixão de seu Senhor. Jesus conhecia sua po­</p><p>breza espiritual, e mandou que permanecessem em</p><p>Jerusalém até que fossem revestidos com o poder</p><p>do alto.” — E. G. White, Review and Herald, 18</p><p>de fevereiro de 1890.</p><p>“A pregação da Palavra não será de nenhum</p><p>proveito sem a contínua presença e ajuda do Es­</p><p>pírito Santo. Este é o único Mestre eficaz da ver­</p><p>dade divina. Unicamente quando a verdade che­</p><p>_____________ A Vinda do Espírito_____________</p><p>85</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>ga ao coração acompanhada pelo Espírito, vivifica­</p><p>rá a consciência e transformará a vida.” — 0 Dese­</p><p>jado de Todas as Nações, ed. popular, pág. 647.</p><p>Especialmente penetrante é esta afirmação:</p><p>“Se o divino poder não é combinado com o es­</p><p>forço humano, Eu não daria uma palha pelo má­</p><p>ximo que o homem possa fazer. Falta o Espírito</p><p>Santo em nossa obra.” — E. G. White, Review and</p><p>Herald, 18 de fevereiro de 1890. O Senhor não está</p><p>apressado, embora os homens estejam. Deus man­</p><p>dou Moisés ao deserto, para ali ficar durante qua­</p><p>renta anos, a fim de prepará-lo para a sua missão,</p><p>quando ele já tinha quarenta anos de idade e os</p><p>filhos de Israel estavam sofrendo horrivelmente</p><p>sob o açoite do exator, e aguardando o livramen­</p><p>to. Como aconteceu no êxodo de Israel, assim se­</p><p>rá no Movimento do Advento. Deus capacitará</p><p>Seus líderes e pastores, antes de libertar Seu po­</p><p>vo do Egito espiritual. Depois de te r uma visão</p><p>do seu Senhor, Paulo foi por Ele mandado para</p><p>a Arábia, onde ficou três anos, a fim de ser capa­</p><p>citado para o primeiro movimento mundial das</p><p>missões; e o velho mundo estava esperando nas</p><p>trevas. Exige-se menos agora do último movimen­</p><p>to das missões em todo o mundo?</p><p>Jesus passou trin ta anos preparando-Se para</p><p>a Sua obra de três anos e meio. Se nosso imacula­</p><p>do Senhor não iniciou Seu ministério público an­</p><p>tes de ser ungido especificamente pelo Espírito</p><p>Santo, como homens pecaminosos e falíveis ousam</p><p>procurar ganhar almas sem te r a unção do Espí­</p><p>rito? Como nos atrevemos a realizar afoitamente</p><p>86</p><p>a obra na qual Jesus, os apóstolos e os profetas</p><p>temeram pisar?</p><p>0 mesmo escritor inspirado, Lucas, continua</p><p>a narrativa de seu evangelho em Atos 1:4 e 5:</p><p>“E, comendo com eles, determinou-lhes que</p><p>não se ausentassem de Jerusalém, mas esperas­</p><p>sem a promessa do Pai, a qual, disse Ele, de Mim</p><p>ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com</p><p>água, mas vós sereis batizados com o Espírito San­</p><p>to, não muito depois destes dias.”</p><p>A rtur T. Pierson com muita propriedade su­</p><p>geriu que o livro “Atos dos Apóstolos” deveria ser</p><p>realmente chamado “Atos do Espírito Santo” . Na</p><p>passagem acima, os discípulos são .novamente</p><p>exortados a “esperar” a “promessa” . A Palavra</p><p>de Deus contém muitas promessas. Mas apenas</p><p>uma foi designada por Jesus como “a” promessa,</p><p>e esta se salienta consideravelmente dentre todas</p><p>as “grandíssimas e preciosas promessas” de nos­</p><p>so Deus. E essa promessa relaciona a missão do</p><p>Espírito Santo com a evangelização do mundo.</p><p>A Vaga Apostólica Preenchida Prematuramente</p><p>Como é difícil esperar! Exemplo disso encon­</p><p>tramos no preenchimento da vaga ocasionada pe­</p><p>la traição de Judas. Os discípulos não tiveram par­</p><p>ticipação na escolha dos doze. Jesus os escolhera</p><p>a cada um, pessoalmente, sem consultar os demais.</p><p>Mas agora Jesus estava ausente. Ele recomenda­</p><p>ra aos discípulos que não tomassem nenhuma ini­</p><p>ciativa até que “a promessa” fosse cumprida. Eles</p><p>_____________ A Vinda do Espírito_____________</p><p>87</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>deviam esperar, ficar em Jerusalém até que o E s­</p><p>pírito Santo viesse.</p><p>No entanto, eles escolheram alguns nomes, lan­</p><p>çaram sorte sobre eles perante o Senhor, e Ma-</p><p>tias foi o escolhido. Deus não nos abandona, mes­</p><p>mo quando somos desobedientes, porque Ele é lon-</p><p>gânimo. Mas evidentemente, Matias nunca foi o</p><p>escolhido pelo Espírito Santo. Jesus partira, o di­</p><p>vino Administrador ainda não viera, portanto uma</p><p>eleição válida seria impossível. Os discípulos de­</p><p>viam te r esperado; mas fizeram eles mesmos a</p><p>eleição.</p><p>Dois anos mais tarde, Saulo de Tarso foi o es­</p><p>colhido por Deus. “Paulo, apóstolo, não da parte</p><p>de homens, nem por intermédio de homem algum,</p><p>mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que O res-</p><p>sucitou dentre os mortos.” Gálatas 1:1. Nos fun­</p><p>damentos da Nova Jerusalém, nos quais estão gra­</p><p>vados os nomes dos doze apóstolos, indubitavel­</p><p>mente o nome de Paulo aparecerá no décimo se­</p><p>gundo lugar.</p><p>Não temos maior possibilidade de correta­</p><p>mente eleger um oficial de igreja do que pregar</p><p>um sermão, salvo pela inspiração do Espírito de</p><p>Deus. Freqiientemente há uma demonstração</p><p>de mãos erguidas em vez de uma espera, em ora­</p><p>ção, pela direção do Espírito Santo; a voz hu­</p><p>mana é ouvida em lugar da voz do Espírito. Mas</p><p>as mãos erguidas em votação pouco valor têm a</p><p>não ser que estejam estendidas para Aquele</p><p>que “conserva na mão direita as sete estrelas”</p><p>(Apoc. 2:1).</p><p>8 8</p><p>A Vinda do Espírito</p><p>0 Paracleto Deve Eleger e Usar</p><p>Um pastor não é um acreditado mensageiro de</p><p>Deus, a menos que seja chamado e ungido pelo Es­</p><p>pírito Santo. Lemos a seguir:</p><p>“Apenas aqueles que são assim ensinados por</p><p>Deus, os que possuem a operação interior do Es­</p><p>pírito, e em cuja vida se manisfesta a vida de Cris­</p><p>to, podem apresentar-se como verdadeiros repre­</p><p>sentantes do Salvador.” — Obreiros Evangélicos,</p><p>pág._ 285.</p><p>E obra do Espírito designar para o serviço, bem</p><p>como dar poder no serviço. No tempo dos apósto­</p><p>los os pastores eram escolhidos pelo Espírito San­</p><p>to, e não somente pelo sufrágio do povo. Os irmãos</p><p>simplesmente se reuniam e reconheciam o chama­</p><p>do do Espírito.</p><p>“Atendei por vós a por todo o rebanho sobre</p><p>o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, pa­</p><p>ra pastoreardes a igreja de Deus, a qual Ele com­</p><p>prou com Seu precioso sangue.” Atos 20:28.</p><p>“E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse</p><p>o Espírito Santo: Separai-Me agora a Barnabé e</p><p>a Saulo para o obra a que os tenho chamado. E n­</p><p>tão, jejuando e orando, e impondo sobre eles as</p><p>mãos, os despediram. Enviados, pois, pelo Espí­</p><p>rito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram</p><p>para Chipre.” Atos 13:2-4.</p><p>Há uma divina designação de cargos bem co­</p><p>mo de pessoas para preenchê-los.</p><p>“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, ou­</p><p>tros para profetas, outros para evangelistas, e ou­</p><p>89</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>tros para pastores e m estres” . Efésios 4:11.</p><p>A menos que o Paracleto escolha, use e aben­</p><p>çoe, tudo será em vão. Se houvesse menos diplo­</p><p>macia e mais oração, menos manobra e mais su­</p><p>plica, o Espírito Santo teria maior oportunidade</p><p>de indicar a Sua vontade. Quando uma igreja ou</p><p>comissão se põe a preencher cargos de acordo com</p><p>sua própria preferência ou vontade, ela faz nada</p><p>menos que uma afronta ao Espírito Santo. O con­</p><p>cílio de Jerusalém foi um tipo de todos os verda­</p><p>deiros concílios; e quanto às decisões tomadas,</p><p>lemos:</p><p>“Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós</p><p>não vos impor maior encargo além destas coisas</p><p>essenciais.” Atos 15:28.</p><p>Deve-se observar aqui que a escolha do Espí­</p><p>rito Santo vem em primeiro lugar.</p><p>O Pentecoste — O Dia de Emposse do Espírito</p><p>0 Pentecoste foi o dia de emposse do Espírito</p><p>Santo como divino administrador da Igreja. Ele</p><p>é o verdadeiro e único vigário de Cristo na Terra.</p><p>E toda a administração da Igreja está entregue</p><p>a Ele até que Cristo volte na glória do segundo</p><p>advento. Desde o dia de Pentecoste Ele tem ocu­</p><p>pado uma posição totalm ente nova. No entanto,</p><p>Ele só pode operar plenamente através de homens</p><p>que Lhe fizeram entrega total da vida, e sobre os</p><p>quais Ele possa exercer controle absoluto.</p><p>Isso aconteceu realmente na época apostólica,</p><p>pois lemos em Atos dos Apóstolos que Ele esco­</p><p>90</p><p>lheu(13:2), enviou (13:4), deu poder (13:9), suste­</p><p>ve (13:52), resolveu questões (15:28), e proibiu</p><p>(16:6 e 7). Em I Coríntios 12 é reiteradas vezes</p><p>expressa a idéia de que a diversidade de dons na</p><p>Igreja é designada pelo “único e mesmo Espíri­</p><p>to” . (Ver os versos 4-13.) Esta é Sua bendita prer­</p><p>rogativa.</p><p>“As complicadas rodas que ao profeta pareciam</p><p>estar em meio de tan ta confusão, achavam-se so­</p><p>bre a direção de u’a mão infinita. O Espírito de</p><p>Deus, a ele revelado como estando movimentan­</p><p>do e dirigindo aquelas rodas, trazia harmonia da</p><p>confusão; assim o mundo inteiro estava sob o Seu</p><p>controle.” — Testimonies, vol. 5, pág. 752.</p><p>“Esperem!” — Foi a ordem antes do Pentecos-</p><p>te. Quão difícil é esperar em Deus! É fácil pensar</p><p>que estamos perdendo tempo quando aguardamos</p><p>o poder do Espírito Santo. Por isso, demasiado fre-</p><p>qúentemente saímos a trabalhar para Deus sem</p><p>primeiro receber a unção de Deus. De nada vale,</p><p>porém, precipitar-nos antes de ser enviados, de na­</p><p>da vale trabalhar sem a unção. Muitos são apres­</p><p>sados demais para aguardarem pelo supremamen­</p><p>te necessário preparo do coração. Vivemos em dias</p><p>de excessivo trabalho e, visando apenas à quanti­</p><p>dade,^ esquecemos a qualidade do mesmo.</p><p>“E nosso privilégio pegar a Deus em Sua pa­</p><p>lavra. Quando Jesus estava para deixar os discí­</p><p>pulos e ascender aos Céus, comissionou-os para</p><p>pregar o evangelho a todas as nações, línguas e</p><p>povos. Determinou-lhes que ficassem em Jerusa­</p><p>lém até que fossem revestidos do poder do alto.</p><p>_____________ A Vinda do Espírito</p><p>91</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Isto era essencial para o seu sucesso. A santa un­</p><p>ção deve vir sobre os servos de Deus. ...</p><p>“Todos que têm parte na tarefa de proclamar</p><p>a vinda do Senhor nas nuvens do céu devem se­</p><p>guir esse mesmo processo, porque o povo deve es­</p><p>ta r preparado para resistir no grande dia de Deus.</p><p>Embora Cristo tivesse feito aos discípulos a pro­</p><p>messa de que eles receberiam o Espírito Santo,</p><p>isso não removeu a necessidade de oração. Eles</p><p>oraram com todo o fervor, e continuaram, em co­</p><p>mum acordo, orando. Aqueles que agora se acham</p><p>empenhados na solene obra de preparar um povo</p><p>para a vinda do Senhor, devem também perseve­</p><p>ra r em oração. Os discípulos estavam unânimes.</p><p>Não apresentaram nenhuma especulação, ou es­</p><p>tranha teoria quanto à maneira em que viria a pro­</p><p>metida bênção. Eram um, na fé e no espírito. To­</p><p>dos estavam de acordo.” — Gospel Workers, págs.</p><p>370 e 371 (edição de 1893).</p><p>Ininterrupta Atividade, Nosso Perigo</p><p>Somos tentados a manter-nos em ininterrupta</p><p>atividade, a não dedicarmos tempo à oração, ao es­</p><p>tudo, à meditação espiritual. Alegamos estar atra­</p><p>sados em nossa tarefa. Homens estão perecendo,</p><p>e a crise final nos confronta; assim prosseguimos</p><p>trabalhando freneticamente, como os laboriosos dis­</p><p>cípulos que se esforçaram a noite inteira e nada con­</p><p>seguiram. Mas do crepúsculo matinal, alguns mo­</p><p>mentos na presença do Mestre e sob Sua ordem es­</p><p>pecífica, fizeram romper as redes havia pouco vazias.</p><p>92</p><p>A Vinda do Espírito</p><p>Alguém pode forçosamente concluir que para</p><p>milhares este princípio fundamental, uma ordem</p><p>direta, é grandemente ignorado. Pouquíssimos são</p><p>os que têm aguardado o preparo celestial para o</p><p>serviço cristão. Estou convencido de que este é o</p><p>nosso tremendo erro. Confesso que tem sido o</p><p>meu. Não devemos “ir” até que recebamos o po­</p><p>der. Deus pode fazer muito mais por nosso inter­</p><p>médio em cinco minutos, quando somos por Ele</p><p>capacitados, do que podemos fazer sozinhos du­</p><p>rante uma semana. Embora o verdadeiro amor co­</p><p>mece na cruz, todo verdadeiro serviço se inicia em</p><p>nosso Pentecoste pessoal.</p><p>“Uma religião legal não corresponderá</p><p>às ne­</p><p>cessidades desta época. Em nosso serviço pode­</p><p>mos executar todos os atos exteriores e ainda as­</p><p>sim estar tão destituídos da influência vivificado-</p><p>ra do Espírito Santo como estavam os montes de</p><p>Gilboa desprovidos de chuva.” — Testimonies. vol.</p><p>6, págs. 417 e 418.</p><p>Note-se que os discípulos deviam esperar em</p><p>Jerusalém, com sua babel de vozes e ruas apinha­</p><p>das — a própria cidade que, poucas semanas an­</p><p>tes, havia crucificado o seu Senhor. Seu ódio im­</p><p>placável perdurava ainda. A mesma cidade que re­</p><p>jeitara e desprezara os profetas, e sobre a qual</p><p>Cristo lamentara: “Jerusalém, Jerusalém! que ma­</p><p>tas os profetas e apedrejas os que te foram envia­</p><p>dos! Quantas vezes quis Eu reunir teus filhos co­</p><p>mo a galinha ajunta os do seu próprio ninho de­</p><p>baixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a</p><p>vossa casa vos ficará deserta.” S. Lucas 13:34 e 35.</p><p>93</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Este era o último lugar do mundo no qual eles</p><p>pensariam. Isso prova que Deus pode abençoar as</p><p>pessoas onde quer que seja. Se os discípulos tives­</p><p>sem buscado a quietude do campo, as montanhas</p><p>da Judéia ou as praias da Galiléia, bem longe das</p><p>gritantes necessidades humanas, teriam sido ten­</p><p>tados a permanecer egoisticamente ali, como Pe­</p><p>dro sugeriu na transfiguração, esquecido das de-</p><p>sesperadoras necessidades do mundo.</p><p>O Poder Executivo da Divindade</p><p>Leiamos agora as maravilhosas palavras de</p><p>Atos 1:8: “Mas recebereis poder, ao descer sobre</p><p>vós o Espírito Santo, e sereis Minhas testemunhas</p><p>tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Sa-</p><p>maria, e até aos confins da Terra.”</p><p>Estas palavras foram proferidas justamente</p><p>antes da ascensão, e logo a seguir os discípulos vol­</p><p>taram a Jerusalém e dirigiram-se ao cenáculo, on­</p><p>de esperaram.</p><p>Jesus dera nova direção ao pensamento deles,</p><p>partindo de Si mesmo como o centro, com o novo</p><p>conceito do Espírito Santo como o administrador,</p><p>ou divino executivo, e da Divindade numa nova dis-</p><p>pensação. Suas mentes foram desviadas do terreno</p><p>e material, para o espiritual. Uma visão mundial</p><p>foi-lhes apresentada pelo Mestre, como base úni­</p><p>ca para a concessão do poder pentecostal. Seus co­</p><p>rações foram dilatados para abarcar o mundo.</p><p>E sta foi a razão por que o poder do Espírito</p><p>Santo desceu sobre a Igreja Apostólica na chuva</p><p>94</p><p>temporã; e descerá sobre a igreja remanescente,</p><p>com a mesma visão mundial. Durante os anos in­</p><p>termediários, quando a visão foi ofuscada, o E s­</p><p>pírito Santo nunca foi visto em Sua plenitude.</p><p>Em 29 de março de 1848, por algum tempo ne­</p><p>nhuma água correu sobre as enormes Cataratas</p><p>do Niágara, porque uma grande e muito espessa</p><p>camada de gelo se formara no lago Erie. Ao ser,</p><p>porém, quebrada pelo vento, grandes blocos de ge­</p><p>lo formaram um resistente dique à entrada do rio</p><p>Niágara. Mas sob os cálidos raios solares a gigan­</p><p>tesca barra de gelo cedeu, e a trem enda força do</p><p>Niágara jorrou novamente.</p><p>Graças a Deus pelo retorno do poder da chuva</p><p>serôdia.</p><p>_____________ A Vinda do Espírito_____________</p><p>95</p><p>6 A Tremenda</p><p>Operação do</p><p>Pentecostes</p><p>J nquestionavelmente, poder é a palavra-chave</p><p>do texto. Vindo do termo grego dunamis —</p><p>da qual derivam as palavras dinâmico, dinamite,</p><p>dínamo — essa palavra é vital e muito sugestiva.</p><p>Somente através deste dunamis podem ser dina­</p><p>mitadas as resistentes muralhas de indiferença,</p><p>pecado, formalismo e egoísmo. Somente pelo im­</p><p>pulso desse dunamis pode-se gerar a força que agi--</p><p>lizará as rodas desta máquina divinamente desig­</p><p>nada, o Movimento do Advento. Somente esse du­</p><p>namis pode vivificar os cabos humanos, destina­</p><p>dos a transportar a energia celestial, só assim po­</p><p>deremos te r a luz, o calor e o poder necessários</p><p>para encher a Terra com a glória de Deus.</p><p>Consideremos agora estes três aspectos: o po­</p><p>der necessário, a natureza do poder disponível, e</p><p>o propósito para o qual ele é concedido.</p><p>Certa vez um homem de negócios disse a um</p><p>96</p><p>A Tremenda Operação do Pentecostes</p><p>obreiro cristão, ao conduzi-lo às Quedas do Niá-</p><p>gara: “Vou mostrar-lhe a maior força desperdi­</p><p>çada da América. Ei-la!” E apontou para a tre ­</p><p>menda torrente.</p><p>“Não” , respondeu o cristão, “o maior poder</p><p>não usado no mundo é o Espírito Santo do Deus</p><p>vivo.”</p><p>É verdade! Necessitamos desse poder — poder</p><p>celestial, não humano, natural ou terreno. Poder</p><p>que vem de cima e de fora de nós, para realizar</p><p>o que não pudermos conseguir por nós mesmos.</p><p>Um Quádruplo Poder é Imperativo</p><p>Os apóstolos necessitavam de um quádruplo po­</p><p>der: Primeiro, poder espiritual para viverem uma</p><p>vida santa a despeito das propensões carnais que</p><p>ainda residiam neles. Poder para viver vitoriosa­</p><p>mente, servir de maneira aceitável e ganhar al­</p><p>mas. Segundo, precisavam do poder de vontade e</p><p>afeições renovadas. Terríveis forças os ameaça­</p><p>vam. Aguardava-os a perseguição. No momento</p><p>de prova haviam abandonado a Cristo e fugido.</p><p>Terceiro, necessitavam de poder intelectual, de­</p><p>vido a sua ignorância e incapacidade de compreen­</p><p>der a missão de Cristo e a tarefa que lhes foi de­</p><p>signada. E em quarto lugar, eles necessitavam de</p><p>poder no serviço, para atingir os resultados que</p><p>se deviam propor.</p><p>A idéia básica do cristianismo é que os homens</p><p>e mulheres levem avante a obra de Deus no po­</p><p>der do Espírito Santo, que os capacita para o ser-</p><p>97</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>viço. Trata-se de poder indispensável, poder ge­</p><p>nuíno e incomparável, poder acessível, pessoal e</p><p>eficaz. Tal poder é medido pelo Espírito Santo,</p><p>sendo Ele verdadeiramente a personificação des­</p><p>se poder. Cristo jamais Se referiu ao Espírito San­</p><p>to como uma influência ou atributo, semelhante</p><p>ao amor, à misericórdia. 0 Espírito Santo é uma</p><p>Pessoa que deseja morar em nós, tornando-nos</p><p>acessível o poder que nEle reside, e que é dado</p><p>a Ele e não a nós. Ao recebê-Lo, somos capacita­</p><p>dos tanto para querer como para efetuar. Não po­</p><p>demos, porém, te r esse poder sem te r em nós o</p><p>próprio Espírito Santo. Ele é o dispensador e o</p><p>agente. Ele vem, não para ser usado por mim, mas</p><p>como uma Pessoa onipotente que deseja usar-me.</p><p>A escolha final é minha, se vou ou não limitar o</p><p>poder do “ Santo de Israel” . (Salmo 78:41)</p><p>No princípio, Deus concedeu poder ao homem,</p><p>mas este o perdeu devido à Queda no Éden. Deus</p><p>não pode concedê-lo a nós agora, mas deu “todo o</p><p>poder” a Cristo, que mediante o Espírito Santo o</p><p>dispensa e dele nos reveste. Tampouco obtemos po­</p><p>der apenas pedindo. Há condições a serem preen­</p><p>chidas. Temos algo a fazer antes de achar-nos pre­</p><p>parados para recebê-lo. Este ponto consideraremos</p><p>posteriormente. Mas as leis relativas ao poder são leis</p><p>fixas. No reino espiritual, como no físico, quando se</p><p>obedece à lei do poder, é garantida a sua atuação.</p><p>\Não se Trata de Intelecto, Oratória ou Psicologia</p><p>Consideremos agora a natureza do poder dis-</p><p>98</p><p>A Tremenda Operação do Pentecostes</p><p>ponível. Não é uma força intelectual, manifesta em</p><p>poderosa eloquência. Entre os ouvintes no Pen-</p><p>tecoste havia maiores oradores e homens mais cul­</p><p>tos do que Pedro. Uma pessoa pode comover seus</p><p>ouvintes mediante a eloquência e a persuasão; es­</p><p>te, porém, não é o poder indicado por Deus. Pode</p><p>ser acrescentado aos dons da eloquência, ou do co­</p><p>nhecimento como aconteceu com Paulo, mas tam ­</p><p>bém pode ser concedido aos iletrados como no ca­</p><p>so de Pedro e João.</p><p>O hábil ator e o orador mais brilhante podem</p><p>sacudir poderosamente o auditório, produzindo</p><p>profundos efeitos emocionais e tremendo entusias­</p><p>mo. Todos lhes admiram e invejam a capacidade</p><p>e o talento. Mas isso não é o poder do Espírito San­</p><p>to. O ardente fogo da intelectualidade pode domi­</p><p>nar a tal ponto que os efeitos pareçam sobrenatu­</p><p>rais, mas não se deve confundir intelecto com o</p><p>Espírito Santo.</p><p>Um mais elevado alcance do gênio humano não</p><p>atinge o mais baixo grau desse poder divino. Ele-</p><p>trizar ouvintes é uma coisa; levá-los realmente ar­</p><p>rependidos aos pés de Jesus, é algo totalmente di­</p><p>ferente. A primeira consiste nas palavras somen­</p><p>te; a outra acha-se no poder do Espírito Santo.</p><p>Freqúentemente se vê em reuniões</p><p>religiosas</p><p>um efeito psicológico que pode assemelhar-se à</p><p>obra do Espírito, mas acham-se tão distantes um</p><p>do outro como os pólos. Música especial e hábil de­</p><p>sempenho podem produzir poderosos efeitos emo­</p><p>cionais; mas isto é apenas um apelo psicológico às</p><p>emoções. Não haja confusão nisso. As lágrimas</p><p>99</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>num culto na igreja não são inerentemente mais</p><p>sagradas de que as lágrimas provocadas por um</p><p>programa cómico.</p><p>Mesmo as frases cintilantes de um orador sa­</p><p>cro, e a apresentação lógica de temas espirituais,</p><p>que trazem deleite aos ouvintes e causam profun­</p><p>da impressão, podem estar totalmente destituídas</p><p>do poder do Espírito Santo. 0 que produz resul­</p><p>tados espirituais não é meramente a verdade abs­</p><p>tra ta , mas o poder do Espírito dando testemunho</p><p>da verdade.</p><p>Expedientes Impeditivos da Carne</p><p>Muitas vezes esses expedientes da carne em­</p><p>baraçam a obra eficaz do Espírito Santo. O ganha­</p><p>dor de almas cheio do Espírito é frequentemente</p><p>suplantado pelo orador religioso, que surge para</p><p>encher a todos com o seu próprio eu. Isto se re­</p><p>flete repetidamente em nossos impressos. So­</p><p>mente quando se deixa de usar uma linguagem</p><p>sedutora, pode Deus empregar as coisas loucas do</p><p>mundo para confundir os sábios. Com frequência,</p><p>a linguagem mais simples dos mais humildes ins­</p><p>trumentos é a mais eficaz.</p><p>Os retóricos jamais poderão ensinar-nos o se­</p><p>gredo do poder do Espírito Santo. 0 único, ver­</p><p>dadeiro meio de alcançar o poder espiritual é apro­</p><p>fundar-nos na Palavra de Deus, entregar-nos in-</p><p>teiramente a Ele, sujeitar-nos totalmente a Sua</p><p>vontade e à direção de Seu Espírito. Paulo apren­</p><p>deu essa lição. Em seu magistral discurso em Ate­</p><p>100</p><p>A Tremenda Operação do Pentecostes</p><p>nas ele enfrentou lógica com lógica, e filosofia com</p><p>filosofia. No entanto, nenhuma igreja deixou ele</p><p>ali, e não há nenhuma epístola dirigida aos atenien­</p><p>ses, ao passo que há duas endereçadas aos con­</p><p>versos coríntios.</p><p>Chegando a Corinto, Paulo fez uma declaração</p><p>muito significativa: “Porque decidi nada saber en­</p><p>tre vós, senão a Jesus Cristo, e Este crucificado.”</p><p>I Coríntios 2:2. Vejamos outra declaração do Es­</p><p>pírito de Profecia quanto a nossos esforços para</p><p>“dirigir” :</p><p>“Na salvação de almas é Deus quem faz toda</p><p>a obra, fazendo do homem o Seu instrumento. 0</p><p>homem não pode dirigir, à sua maneira, a obra de</p><p>Deus, pois de nada valem as obras exteriores a me­</p><p>nos que Deus atue com elas. O poder divino deve</p><p>perm ear o esforço humano; do contrário, não po­</p><p>demos ser colaboradores de Deus.” — E. G. Whi-</p><p>te, Review and Herald, 06 de março de 1890.</p><p>O poder do Espírito Santo não consiste na for­</p><p>ça da organização, de números ou bens materiais.</p><p>Muito do poder visível da Igreja hoje é o resultado</p><p>de forças organizadas. Muitos pregadores de “êxi­</p><p>to” devem seu aparente sucesso aos aperfeiçoados</p><p>métodos de organização e negócios que o mundo</p><p>usa. Sua influência e prestígio resultam de uma</p><p>aperfeiçoada maquinaria, que não dispõe de poder</p><p>espiritual, embora não inconsistente com ele, pois</p><p>o Espírito Santo opera mediante condutos de or­</p><p>dem e métodos. Pode, no entanto, consistir mera­</p><p>mente em maquinaria eclesiástica — uma empre­</p><p>sa religiosa comercial, forjada pelo pregador.</p><p>101</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Quando o êxito se deve à ambição humana,</p><p>acontece precisamente como se alguém estabele­</p><p>cesse e desenvolvesse uma empresa financeira</p><p>mundana. Nesse caso, a Igreja assemelha-se a um</p><p>barco fúnebre, singrando o oceano, e dirigido por</p><p>formas sem vida. Homens mortos no cordame, um</p><p>morto como timoneiro, mortos nos camarotes, to­</p><p>dos mortos, arrastados silenciosamente pelo sinis­</p><p>tro mar de morte. Comparativamente à vida vi­</p><p>brante do Espírito Santo, existem muitas igrejas</p><p>formais, com um morto no púlpito e almas mor­</p><p>tas no auditório. E então escreve o dedo do Céu:</p><p>“ tens nome de que vives, e estás morto” . É certo</p><p>que nada há mais inconveniente, como diz um es­</p><p>critor, do que um pregador morto ocupando o púl­</p><p>pito e pregando a mortos no auditório.</p><p>Convence do Pecado e Converte a Alma a Cristo</p><p>Qual, então, é a natureza desse poder, e como</p><p>opera? O poder do Espírito Santo convence do pe­</p><p>cado. Ele faz que os ouvintes se vejam como Deus</p><p>os vê. Faz que eles voltem para casa não admiran­</p><p>do o pregador, mas agitados, perturbados e mui­</p><p>tas vezes decididos a nunca mais ouvi-lo. Reconhe­</p><p>cem todavia, em seu íntimo, que ele está certo e</p><p>que eles estão errados. E esse poder que conven­</p><p>ce, que diz ao coração: “Tu és o homem” . Tais pre­</p><p>gadores nem sempre são populares,,mas são po­</p><p>derosos. Cuidado com a lisonja! 0 poder pessoal</p><p>de Deus acusa o pecador perante o tribunal de jus­</p><p>tiça; erros são endireitados e confissões são feitas;</p><p>102</p><p>A Tremenda Operação do Pentecostes</p><p>Então o poder do Espírito Santo eleva Cristo</p><p>e O torna real para os ouvintes. Alguns sermões</p><p>deixam uma vívida impressão da verdade. Outros,</p><p>ao apresentar Cristo não como idéia mas como</p><p>Pessoa, causam uma inextinguível percepção do</p><p>Salvador. E nisto consiste a verdadeira pregação</p><p>espiritual.</p><p>O poder do Espírito Santo induz à decisão. Não</p><p>somente ficam as pessoas conhecendo algo que</p><p>desconheciam antes; nem apenas levam consigo</p><p>idéias e conceitos novos para meditar e experimen­</p><p>tar; mas o poder do Espírito Santo pressiona-as</p><p>para uma ação decisiva. Este é o teste de poder.</p><p>Concede Poder Para Testemunhar</p><p>Consideremos agora o propósito para o qual o</p><p>poder é concedido. É para testemunhar. Nossa</p><p>função é agir como testemunhas, e não argumen­</p><p>ta r como advogados. Nada é tão eficaz como o sim­</p><p>ples testemunho de uma testemunha honesta.</p><p>Diante dele fenece a erudita eloquência do advo­</p><p>gado. Contudo, nada é mais simples. Apenas di­</p><p>zer o que vimos, ouvimos ou experimentamos. Je­</p><p>sus disse: “dizemos o que sabemos e testificamos</p><p>o que temos visto” .</p><p>Sim, uma testem unha deve saber algo. O mais</p><p>humilde camponês pode comparecer perante o tri­</p><p>bunal e afirmar: “Eu testemunhei o fato, e testi­</p><p>fico do que vi e ouvi” . As palavras de uma teste­</p><p>munha são registradas por escrito, e será culpa­</p><p>da de juramento falso se disser qualquer outra coi­</p><p>103</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>sa que não seja “a verdade, toda a verdade e na­</p><p>da além da verdade” . Uma testemunha não ocul­</p><p>ta parte do que sabe; preocupa-se com os fatos e</p><p>declara-os fielmente.</p><p>Para testemunhar o cristão precisa ter uma ex­</p><p>periência pessoal nas profundas coisas de Deus,</p><p>incluindo o que ele sabe através da divina revela­</p><p>ção das Escrituras Sagradas. É imperativo que ha­</p><p>ja experiência pessoal da salvação e a prática da­</p><p>quilo que ele prega. Ninguém tem o direito de re­</p><p>comendar aos outros o que ele mesmo não expe­</p><p>rimentou. Alguns necessitam de te r mais o que</p><p>contar do que a capacidade para contar. Com de­</p><p>masiada frequência pregamos sobre assuntos nos</p><p>quais não temos nenhuma experiência pessoal.</p><p>Com toda a seriedade pergunto: Que tem você pa­</p><p>ra dizer, que o torna tão ansioso de receber de</p><p>Deus o poder para dizer”?</p><p>Quando Pedro disse ao povo: “arrependei-vos”,</p><p>ele mesmo havia se arrependido de te r menti­</p><p>do e negado a Cristo, e de sua atitude profana,</p><p>na hora em que devia te r dado o seu testem u­</p><p>nho. Foi assim que ele testemunhou tanto da ne­</p><p>cessidade do arrependimento como do poder de</p><p>Deus para transform ar o coração arrependido.</p><p>Declarou ele: “Nós somos testemunhas destes</p><p>fatos” . Atos 5:32. Somos nós, você e eu? Real­</p><p>mente, a experiência é a base de todo testem u­</p><p>nho verdadeiro.</p><p>Não nos esqueçamos de que devemos ser tes­</p><p>temunhas de Cristo — a respeito dEle. É aqui que</p><p>muitos falham. Em S. Lucas 24:46-48 lemos: “As­</p><p>104</p><p>sim está escrito que o Cristo havia de padecer, e</p><p>de ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia,</p><p>e que em Seu nome se pregasse arrependimento</p><p>para remissão de pecados, a todas as nações, co­</p><p>meçando de Jerusalém. Vós sois testemunhas des­</p><p>tas coisas.”</p><p>O testemunho do Novo Testamento é a respei­</p><p>to de Cristo. “ Se admitimos o testemunho dos</p><p>homens, o testemunho de Deus é maior; ora, es­</p><p>te é o testemunho</p><p>de Deus, que Ele dá acerca</p><p>de Seu Filho.” I S. João 5:9. Se aceitamos o tes­</p><p>temunho de Deus concernente a Cristo, temos</p><p>o testemunho pessoal de salvação: “Aquele que crê</p><p>no Filho de Deus tem em si o testemunho. Aque­</p><p>le que não dá crédito a Deus, O faz mentiroso,</p><p>porque não crê no testemunho que Deus dá acer­</p><p>ca do Seu Filho. E o testemunho é este, que Deus</p><p>nos deu a vida eterna; e esta vida está no Seu Fi­</p><p>lho.” Versos 10 e 11. É, portanto, nosso privi­</p><p>légio e dever testem unhar aos outros, contan-</p><p>do-lhes o que sabemos ser a verdade. Este é</p><p>o maior privilégio concedido a pecadores salvos</p><p>pela graça.</p><p>É a Outra Testemunha</p><p>É impossível testemunhar, a não ser com a aju­</p><p>da da Testemunha Suprema. A lei judaica exigia</p><p>o pronunciamento de duas testemunhas. E quan­</p><p>do Pedro pregou, o Espírito Santo foi a segunda</p><p>e principal testemunha . Como Jesus veio dar tes­</p><p>temunho da verdade, assim o Espírito Santo tes­</p><p>_____ A Tremenda Operação do Pentecostes_____</p><p>105</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>tifica somente da verdade, e jamais da mentira,</p><p>distorção ou perversão.</p><p>Assim, no plano de Deus, o Espírito Santo é uma</p><p>testemunha conosco. Nossos testemunhos devem es­</p><p>ta r de acordo. “Ora, nós somos testemunhas des­</p><p>tes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus</p><p>outorgou aos que Lhe obedecem.” Atos 5:32. Na</p><p>verdade, não somos verdadeiras testemunhas até</p><p>que recebamos o poder do Espírito Santo.</p><p>E muitíssimo importante que o termo grego pa­</p><p>ra testemunha é martus, do qual deriva a palavra</p><p>mártir. Ora, mártir é alguém plenamente convicto</p><p>da verdade e a demonstra na vida e na morte. Os</p><p>fogos da perseguição não produzem mártires, sim­</p><p>plesmente os revelam. Aquele que já não é um</p><p>mártir, jamais deporá a vida em favor da verda­</p><p>de. Os m ártires morrem, não para tornar-se m ár­</p><p>tires, mas porque já eram mártires.</p><p>0 Mestre jamais pretendeu que Seus discípu­</p><p>los fossem preparados especialmente para argu­</p><p>m entar e refutar objeções, ou que dependessem</p><p>de listas de textos bíblicos comprovantes, e de mé­</p><p>todos de trabalho pessoal, por mais indicados que</p><p>sejam; mas para dar testemunho das reais alegrias</p><p>da salvação em sua própria alma. Se fomos sal­</p><p>vos da morte pela eficiência de algum médico, não</p><p>necessitamos de preparo especial a fim de capaci­</p><p>tar-nos para persuadir outros a que o procurem.</p><p>Necessitamos retornar mais e mais à prática de</p><p>testem unhar com alegria e simplicidade. Este é</p><p>o objetivo principal da concessão do poder do E s­</p><p>pírito Santo.</p><p>106</p><p>A Tremenda Operação do Pentecostes</p><p>Dias de Espera Produzem Harmonia</p><p>Após a ascensão, diz o Registro inspirado: “En­</p><p>tão voltaram para Jerusalém, do monte chamado</p><p>Olival, que dista daquela cidade tanto como a jor­</p><p>nada de um sábado. Quando ali entraram, subiram</p><p>para o cenáculo onde se reuniam Pedro, João, Tia­</p><p>go e André; Filipe, Tomé, Bartolomeu e Mateus;</p><p>Tiago, filho de Alfeu, Simão o zelote, e Judas, fi­</p><p>lho de Tiago. Todos estes perseveravam unânimes</p><p>em oração, com as mulheres, estando entre elas</p><p>Maria, mãe de Jesus e com os irmãos dEle.” Atos</p><p>1:12-14. “Ao cumprir-se o dia de Pentecoste, es­</p><p>tavam todos reunidos no mesmo lugar.’Atos 2:1.</p><p>O Pentecoste era uma das três grandes festas</p><p>judaicas. Constituía o centro entre a Páscoa e a</p><p>Festa dos Tabernáculos. Dependia da Páscoa, pois</p><p>era marcada para cerca de cinquenta dias depois.</p><p>Se não houvesse Páscoa, não teria havido Pente­</p><p>coste. Semelhantemente, se não houvesse o Cal­</p><p>vário, o Espírito Santo não teria vindo.</p><p>Imagine, se puder, aqueles dez dias de espera</p><p>entre a ascensão e o Pentecoste. As palavras dos</p><p>anjos ainda soavam aos ouvidos dos discípulos. Seu</p><p>Mestre devia vir visível e corporalmente. Mas até</p><p>que Ele viesse, o Espírito Santo devia tomar-Lhe</p><p>o lugar. E a ordem de Jesus para ficar em Jeru­</p><p>salém, estava bem vívida e fresca na mente de­</p><p>les. “Eles” eram os apóstolos, algumas mulheres</p><p>e alguns dos irmãos — cento e vinte ao todo.</p><p>No entanto, mais de quinhentos irmãos viram</p><p>107</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>o Senhor após a ressurreição e antes do Pentecos-</p><p>te. (I Coríntios 15:6.) Sendo assim, apenas um em</p><p>quatro ficaram, como lhes foi ordenado. Nisto en­</p><p>contramos estímulo, considerando as condições e</p><p>tendências atuais. Se estamos esperando que a</p><p>igreja inteira receba a chuva serôdia, jamais esse</p><p>dia virá. Veio para uma congregação insignificante</p><p>e humilde — alguns iletrados pescadores, publica-</p><p>nos e outros de baixo nível social, e algumas hu­</p><p>mildes mas consagradas mulheres.</p><p>Durante os dez dias uma só coisa enchia-lhes</p><p>o coração, dando-lhes coragem para o futuro. “To­</p><p>dos” , no texto, inclui apóstolos, discípulos e os ou­</p><p>tros seguidores ali reunidos. “No mesmo lugar”</p><p>era a fase transitória; mas “unânimes” é a eter­</p><p>na condição. 0 lugar nada significa hoje, mas es­</p><p>ta r “unânimes” — em unidade — significa tudo.</p><p>E eles “perseveraram unânimes em oração” .</p><p>O Espírito Santo veio numa reunião de oração. Co­</p><p>rações unidos, preces entretecidas. E todas as oca­</p><p>siões de recebimento do Espírito Santo, registra­</p><p>das no Novo Testamento, foram precedidas de fer­</p><p>vorosa oração. Temo que estejamos falhando jus­</p><p>tam ente neste ponto.</p><p>Quão ansiosamente desejavam eles esse dom!</p><p>Quão profundamente arrependidos se achavam de</p><p>sua anterior incredulidade! Como eram sinceras</p><p>e abrangentes suas confissões mútuas! Quão gran­</p><p>de era o seu reconhecimento da própria incapaci­</p><p>dade e nulidade! A cada dia eles indagavam se não</p><p>era aquele o dia da vinda do Espírito Santo. Inin­</p><p>terrupta atividade pode constituir maior perda de</p><p>108</p><p>tempo do que a consagrada espera. Como neces­</p><p>sitavam eles do Espírito Santo! Multidões estavam</p><p>perecendo.</p><p>Como o Rugir da Tempestade</p><p>O primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto e</p><p>o quinto dias passaram. Por que Ele não veio? E</p><p>se foram também o sexto, o sétimo e o oitavo. En­</p><p>quanto se escoavam os dias, quão fácil teria sido</p><p>criticar! Não admira que Ele não viesse, com To­</p><p>mé entre eles, sempre inclinado a duvidar. E Si-</p><p>mão Pedro com suas juras e maldições! Quem po­</p><p>deria confiar nele? E lá estavam os dois filhos de</p><p>Zebedeu, que tinham realmente pedido os dois pri­</p><p>meiros lugares. Eles eram egoístas e instigadores,</p><p>verdadeiros “filhos do trovão” . E que dizer de Ma­</p><p>ria Madalena, com o seu passado? Como podia o</p><p>Senhor derram ar Sua bênção?</p><p>Oh, como é fácil focalizar outros em vez do pró­</p><p>prio eu — ao redor de si, em vez do seu íntimo. Quão</p><p>prontos somos em culpar outros por nossa própria</p><p>falta de poder. 0 Pentecoste, porém, prova que se</p><p>nosso arrependimento é profundo e sincero, não per­</p><p>dermos a bênção por causa dos pecados passados.</p><p>Graças a Deus por isso! Juntos, aproximemo-nos</p><p>mais e mais dEle, e então o Espírito virá.</p><p>O nono dia passou sem novidades. Provavel­</p><p>mente os discípulos se interrogavam se o Pai não</p><p>podia cumprir a promessa no Pentecoste, pois es­</p><p>se devia ser o Seu plano. Sem dúvida, passaram</p><p>a última noite em vigília, louvor e súplicas. Afi­</p><p>A Tremenda Operação do Pentecostes_____</p><p>109</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>nal, raiou o dia maior. Momentoso dia, tanto pa­</p><p>ra os suplicantes discípulos e a multidão que se</p><p>aglomerara fora, quanto para os milhões que ain­</p><p>da haveriam de nascer — incluindo nós hoje.</p><p>Eis o registro sagrado: “De repente veio do</p><p>Céu um som, como de um vento impetuoso, e en­</p><p>cheu toda a casa onde estavam assentados. E apa­</p><p>receram, distribuídas entre eles, línguas como de</p><p>fogo, e pousou uma sobre cada um deles.” Atos</p><p>2:2 e 3. Subitamente ouviu-se um som como o ru ­</p><p>gido de uma tempestade. Não se assemelhava ao</p><p>vento comum. Não vinha do Norte, Sul, Leste ou</p><p>Oeste, mas do Céu. Não era vento, mas tinha o</p><p>ruído do vento. Não era o ar em movimento, mas</p><p>era som. Não havia ventilação sequer para despen­</p><p>tear alguém ou abanar-lhe o rosto.</p><p>Repito: aquele som parecia vento, mas não era</p><p>vento. Foi ouvido pelas multidões na cidade, de</p><p>manhã cedo, como se fora um furacão. (V. 6.) E</p><p>então fixou-se num lugar, enchendo a casa onde</p><p>os discípulos se achavam reunidos. Lembrava o</p><p>que dissera Jesus</p><p>a Nicodemos: “O vento sopra</p><p>onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde</p><p>vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nas­</p><p>cido do Espírito.” S. João 3:8.</p><p>O Fato Essencial do Pentecoste</p><p>E apareceram “línguas como de fogo” . Eram</p><p>ramificadas, divididas, luminosas, tendo cor e apa­</p><p>rência de fogo. Não eram fogo, apenas pareciam</p><p>de fogo. Fixando-se uma em cada pessoa, podiam</p><p>110</p><p>ser vistas pelos outros que se achavam perto, me­</p><p>nos por ela própria.</p><p>Esses dois símbolos — o vento impetuoso e as</p><p>línguas como de fogo — apelando aos sentidos da</p><p>vista e do ouvido, não passavam de manifestações</p><p>temporárias para chamar a atenção para a desci­</p><p>da do invisível e inaudível Espírito Santo. Eram</p><p>sinais que apontavam o poder presente ali, mas</p><p>não eram o poder. Simplesmente os olhos uniram-</p><p>se aos ouvidos, a fim de testificar de sua presença.</p><p>Tratava-se de meros efeitos secundários, valen­</p><p>do apenas como sinais para aquele momento, mar­</p><p>cando oficialmente a solenidade inaugural da atua­</p><p>ção do Espírito Santo como Consolador nesta dis-</p><p>pensação. Nenhum desses símbolos constituiu o fa­</p><p>to essencial do Pentecoste, mas sim a vinda do Es­</p><p>pírito Santo que, eu gostaria de frisar bem, foi in­</p><p>visível e inaudível. E o mais importante de tudo</p><p>é que os discípulos foram cheios do Espírito — pro­</p><p>visão que deveria permanecer na Igreja.</p><p>Quando Nansen partiu em sua expedição para o</p><p>Ártico, levou consigo um pombo-correio. Passado al­</p><p>gum tempo, escreveu uma pequena mensagem, pren­</p><p>deu-a no pássaro e lançou-o no ar. 0 pombo fez três</p><p>círculos e então, direto como uma flecha, voou mi­</p><p>lhares e milhares de milhas, sobre o gelo e sobre a</p><p>água, e afinal entrou no estábulo, em casa do explo­</p><p>rador. Sua esposa ficou ciente de que ele estava bem.</p><p>Sinal do Céu na Terra</p><p>Algo semelhante a isso aconteceu com a vinda</p><p>111</p><p>_____ A Tremenda Operação do Pentecostes_____</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>do Espírito Santo. Foi o sinal do Céu na Terra de</p><p>que o sacrifício de Jesus fora aceito pelo Pai, e que</p><p>Ele tomara Seu lugar à destra de Deus, com Suas</p><p>plenas prerrogativas de Sumo Sacerdote. Assim,</p><p>toda a obra especial do Espírito em favor deste</p><p>mundo teve seu ponto de partida e cumprimento</p><p>no Pentecoste.</p><p>Raiara um novo dia para a humanidade, e se</p><p>iniciara uma nova etapa na economia divina, uma</p><p>nova era no relacionamento entre Deus e o homem.</p><p>No Pentecoste inaugurou-se uma nova ordem de</p><p>coisas, novo relacionamento apenas delineado pe­</p><p>los tipos e sombras do Velho Testamento. Asseme­</p><p>lhavam-se aos primeiros raios de luz ou a cânticos</p><p>de esperança durante a noite — visões de glorio­</p><p>sas coisas futuras ora manifestas na realidade.</p><p>“Ao transpor as portas celestiais, foi Jesus en­</p><p>tronizado em meio a adoração dos anjos. Tão lo­</p><p>go foi esta cerimónia concluída, o Espírito Santo</p><p>desceu em ricas torrentes sobre os discípulos, e</p><p>Cristo foi de fato glorificado com aquela glória que</p><p>tinha com o Pai desde toda a eternidade. O der­</p><p>ramamento pentecostal foi uma comunicação do</p><p>Céu de que a confirmação do Redentor havia sido</p><p>feita. De conformidade com Sua promessa, Jesus</p><p>enviara ao Céu o Espírito Santo sobre Seus segui­</p><p>dores, em sinal de que Ele, como Sacerdote e Rei,</p><p>recebera todo o poder no Céu e na Terra, tornan-</p><p>do-Se o Ungido sobre Seu povo.” — Atos dos Após­</p><p>tolos, págs. 38 e 39.</p><p>Foram liberadas as forças do mundo invisível,</p><p>as quais inundaram a vida dos discípulos ali no ce­</p><p>112</p><p>A Tremenda Operação do Pentecostes</p><p>náculo. Surgiram nova vida e novo poder no mun­</p><p>do. O Espírito Santo viera, não como um visitan­</p><p>te transitório, sobre um solitário e fiel vigilante,</p><p>mas como permanente majestade, a fim de habi­</p><p>ta r na vida dos que se rendessem a Cristo. Como</p><p>Jesus fixou residência na Terra, durante trin ta e</p><p>três anos, assim tem feito o Espírito Santo desde</p><p>o Pentecostes. Foi assim inaugurada Sua obra es­</p><p>pecial, que continuará até que Jesus retorne em</p><p>glória, no Seu segundo advento. Portanto, não te­</p><p>mos que esperar pela vinda do Espírito.</p><p>Tornam-se Eficazes as Provisões da Cruz</p><p>O Espírito Santo veio para conferir a vida e o</p><p>poder do Cristo ressurreto, e aplicar às almas con­</p><p>fiantes o valor real da cruz, operando em nós os</p><p>resultados de Sua obra redentora, no que se refe­</p><p>re ao poder e à culpa do pecado.</p><p>Assim a vinda do Espírito, tornando eficaz a</p><p>provisão da cruz, foi o alvorecer do mais radioso</p><p>dia desde a Queda. A glória desse dia será supera­</p><p>da apenas pelo dia da coroação, quando Jesus, cor­</p><p>poral e visivelmente, voltar para reclamar o Seu</p><p>povo aperfeiçoado, aguardando a trasladação, e</p><p>também aqueles que Ele erguerá do pó da terra.</p><p>A vinda do Espírito possibilitou a realidade da vi­</p><p>da e poder divinos no íntimo do ser humano, rea­</p><p>lidade focalizada pelo plano de Deus na dispensa-</p><p>ção anterior.</p><p>De várias maneiras Deus fala sobre esta tre ­</p><p>menda operação..Ele dá o Espírito (S. Lucas 11:13;</p><p>113</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>S. João 14:16); Ele envia (S. João 15:26; 16:07);</p><p>Ele concede (Gaiatas 3:5); Ele derrama (Atos 2:33;</p><p>Joel 2:28); Ele põe dentro (Ezequiel 36:27). Ele pro­</p><p>cedeu (S. João 15:26), Ele caiu (Atos 10:44), Ele</p><p>desceu (S. João 1:32 e 33). Tudo isto revela divina</p><p>autoridade, graça, soberania e solicitude divinas.</p><p>Como a manjedoura de Belém foi o berço de</p><p>Cristo, assim o cenáculo em Jerusalém foi o lugar</p><p>do advento do Espírito Santo. O Pentecoste foi o</p><p>Seu dia de emposse assim como consideramos</p><p>aquela noite em Belém a ocasião do nascimento</p><p>de Cristo, embora Ele existisse antes. Num sen­</p><p>tido muito maravilhoso, isto é verdade, pois na­</p><p>quele dia o Espírito Santo, sob novas condições</p><p>e novas manifestações, até então impossíveis, deu</p><p>início oficialmente a Sua carreira de Advogado na</p><p>Terra, de nosso glorificado Senhor Jesus Cristo</p><p>no Céu.</p><p>A partir daí, houve uma diferença em Sua mis­</p><p>são. Veio agora como o Espírito de Cristo, para tra­</p><p>zer à alma Sua presença pessoal. Ele compreende</p><p>nossas necessidades. E plenamente capaz de nos so­</p><p>correr. É tocado pelo sentimento de nossas enfer­</p><p>midades. Roga por nós com gemidos inexprimíveis.</p><p>A Transformação Operada</p><p>O que fora prometido nos Evangelhos, foi ex­</p><p>perimentado nos Atos. A promessa do Mestre se</p><p>cumpriu ao pé da letra. Os discípulos foram en­</p><p>tão completamente transformados, e assim revo­</p><p>lucionaram o mundo. Antes do Pentecoste, os dis­</p><p>114</p><p>cípulos amavam o seu Senhor, mas não eram ca­</p><p>pazes de testemunhar eficazmente, no sentido de­</p><p>signado por Jesus. Eram devotos, porém venci­</p><p>dos. No entanto, depois do Pentecostes, os covar­</p><p>des tornaram-se corajosos, os corações antes in­</p><p>flados de rivalidade e suspeita, foram cheios de hu­</p><p>mildade e amor.</p><p>Antes do Pentecoste, Tiago e João eram mes­</p><p>quinhos e intolerantes. Quando alguns tímidos sa-</p><p>maritanos recusaram-se a receber o Mestre, es­</p><p>ses zelotes quiseram destruí-los com fogo. Domi­</p><p>nados por uma estreita e medíocre ambição, pe­</p><p>diram os primeiros assentos no reino. Após o Pen­</p><p>tecoste, a vil ambição e a intolerância desapare­</p><p>ceram. Tiago tornou-se poderoso homem de ora­</p><p>ção, e João se converteu naquele homem humilde</p><p>e espiritual, capaz de captar os mais ternos sus­</p><p>surros do amor divino.</p><p>E que dizer do tímido filho de Jonas, agachado</p><p>como uma ovelha ante a importuna interrogação</p><p>de uma criada? Depois, porém, ele transformou-se</p><p>num leão, e lançou sobre os sacerdotes e rabis a</p><p>culpa de haverem matado o Filho de Deus; então</p><p>a multidão tornou-se uma congregação reverente,</p><p>e milhares clamaram pela misericórdia divina.</p><p>Nem mesmo conselhos constituídos de homens</p><p>argutos conseguiram deter os discípulos. Estes</p><p>eram os mesmos, todavia diferentes. Cada um de­</p><p>les conservava suas próprias características, mas</p><p>com uma enorme diferença. 0 que efetuara a mu­</p><p>dança? Há apenas uma explicação — foram “cheios</p><p>do Espírito” ; receberam o “poder do alto” .</p><p>_____ A Tremenda Operação do Pentecostes_____</p><p>115</p><p>r71 Pregadores</p><p>I cfe Cristo</p><p>I Transformados</p><p>ue significa e envolve toda essa operação do</p><p>Pentecostes? Durante os três anos de rela­</p><p>cionamento com</p><p>os discípulos, o Senhor não pou­</p><p>pou esforços para ensiná-los e treiná-los. Instruiu,</p><p>advertiu e apelou. Repreendeu e exortou. Mas, na</p><p>maioria dos casos, os discípulos permaneceram co­</p><p>mo eram. Por quê? Porque recebiam apenas os en­</p><p>sinos exteriores, de um Cristo externo. E isto não</p><p>era o bastante para redimi-los do poder do peca­</p><p>do inerente.</p><p>Quando encarnado, Cristo trabalhou intensa­</p><p>mente sobre eles, mediante palavras e influência</p><p>exteriores. “Tenho ainda muito que vos dizer, mas</p><p>vós não o podeis suportar agora; quando vier, po­</p><p>rém, o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda</p><p>a verdade; porque não falará por Si mesmo, mas</p><p>dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as</p><p>coisas que hão de v ir.” S. João 16:12 e 13.</p><p>116</p><p>A Presença de Cristo no íntimo</p><p>Mediante a vinda do Espírito Santo no Pente­</p><p>costes, Cristo fez Sua habitação nos discípulos co­</p><p>mo uma presença interior. Encheu-lhes os mais re­</p><p>cônditos recessos do ser, tornando-Se a própria</p><p>vida deles. Assim, a estupenda transformação, an­</p><p>tes não efetuada, realizou-se pela habitação de</p><p>Cristo neles, ao descer o Espírito Santo. Atenção</p><p>para estes maravilhosos pensamentos:</p><p>“É por meio do Espírito que Cristo habita em</p><p>nós; e o Espírito de Deus, recebido no coração pela</p><p>fé, é o princípio da vida eterna.” — 0 Desejado de</p><p>Todas as Nações, ed. popular, pág. 370.</p><p>... no dia de Pentecoste, desceu o Consolador</p><p>prometido, e foi dado o poder do alto, e as almas</p><p>dos crentes estremeceram com a presença sensí­</p><p>vel do Senhor que ascenderá ao C éu ...” — O Gran­</p><p>de Conflito, pág. 350</p><p>“Os inexauríveis depósitos celestes acham-se</p><p>à sua disposição. Cristo lhes concede o fôlego de</p><p>Seu próprio Espírito, a vida de Sua própria vida.”</p><p>— Obreiros Evangélicos, pág. 112.</p><p>“Ó meus irmãos, entristecereis o Espírito San­</p><p>to e fá-lo-eis retirar-Se? Deixareis de fora o ben­</p><p>dito Salvador, porque não estais preparados para</p><p>a Sua presença?” — E. G. White, Review and He-</p><p>rald, 22 de março de 1887.</p><p>O mesmo Espírito que tornou possível a encar­</p><p>nação em Belém, habita agora em homens peca­</p><p>dores. E sta é a única explicação plausível do Pen­</p><p>tecoste. A estada terrena de Jesus foi com os ho-</p><p>_____ Pregadores de Cristo Transformados_____</p><p>117</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>mens, mas externa, fora deles. Agora temos Sua</p><p>vida em nós, mediante o Espírito Santo. (S. João</p><p>14:16-18, 20.) A mudança operada no covarde Pe­</p><p>dro se deu porque o corajoso vencedor, o próprio</p><p>Jesus, agora habitava nele. Em virtude da união</p><p>de Pedro com Jesus, a virtude dEste foi comuni­</p><p>cada à alma do discípulo. Quando Ele veio habi­</p><p>ta r em João, o amor, a humildade, o altruísmo do</p><p>humilde Jesus entraram no seu coração e lhe de­</p><p>ram novo vigor.</p><p>Os Mesmos Pregadores Com Novo Poder</p><p>A transformação operada no íntimo dos discí­</p><p>pulos capacitou-os para o serviço verdadeiro e efi­</p><p>caz. A visão que agora tinham não vinha do exte­</p><p>rior simplesmente, mas era um real reflexo da vi­</p><p>da de Cristo neles. Antes da cruz eles se haviam</p><p>associado com o Cristo externo e eram reveren­</p><p>tes. Agora, porém, eram Seus companheiros me­</p><p>diante a habitação dEle em seus corações. E isto</p><p>mudou-lhes a perspectiva da vida e a própria con­</p><p>duta. Foram assim habilitados para sua tarefa,</p><p>aparentem ente impossível.</p><p>E sta é, também, a única maneira certa, genuí­</p><p>na, de termos uma vida vitoriosa, e realmente ven­</p><p>cermos o poder do pecado em nossa vida diária.</p><p>Tantos têm os olhos fixos no Cristo externo, his­</p><p>tórico, de quase dois mil anos atrás, e assim não</p><p>compreendem que o Pentecoste tornou possível</p><p>que Ele habite e opere em nós. É assim que Ele</p><p>Se torna para nós “ santificação” , justam ente co­</p><p>118</p><p>mo Sua morte expiatória, precedida de Sua vida</p><p>imaculada, provê a nossa “justificação” .</p><p>Nosso Senhor glorificado, assunto ao Céu, que</p><p>viveu na carne entre os homens, agora habita nos</p><p>homens através do Espírito Santo, transmitindo-</p><p>lhes a obediência e características de Sua própria</p><p>vida. Nesta dispensação acha-Se o'Espírito San­</p><p>to mais próximo do que meramente com os ho­</p><p>mens; Ele habita no íntimo deles, e é isto que faz</p><p>a diferença. Assim, a vida submissa é colocada sob</p><p>o controle do Espírito Santo, que opera no íntimo</p><p>como uma Presença permanente. Pode então con-</p><p>cretizar-se o novo mandamento. O espírito e o</p><p>amor de Jesus enchem a vida, porque Ele próprio</p><p>nela habita. “Para que, segundo a riqueza da Sua</p><p>glória, vos conceda que sejais fortalecidos com po­</p><p>der, mediante o Seu Espírito no homem interior;</p><p>e assim habite Cristo nos vossos corações, pela fé,</p><p>estando vós arraigados e alicerçados em amor, a</p><p>fim de poderdes compreender, com todos os san­</p><p>tos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura,</p><p>e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que</p><p>excede todo entendimento, para que sejais toma­</p><p>dos de toda plenitude de Deus. ” Efésios 3:16-19.</p><p>Observe-se, porém, claramente, que isto cons­</p><p>titui a antítese direta e antídoto de qualquer filo­</p><p>sofia panteísta, ou doutrina racionalista da “ ima­</p><p>nência divina” .</p><p>Trabalhar para Deus é uma coisa; mas Deus</p><p>operar por nosso intermédio é bem diferente. Uma</p><p>coisa é abandonar o mundo para seguir a Cristo;</p><p>e outra coisa é ser alguém em quem o Espírito San­</p><p>-</p><p>possa angustiar também a cada obreiro</p><p>evangelista do Movimento Adventista.</p><p>No preparo destes estudos, após um acurado</p><p>exame de todos os textos bíblicos referentes ao Es­</p><p>pírito Santo, li todas as referências nos vinte e três</p><p>volumes do Espírito de Profecia, bem como mui-'</p><p>tos artigos da pena de E. G. White, publicados no</p><p>passado em nossos periódicos denominacionais, e</p><p>muitos testemunhos ainda em manuscritos. Des­</p><p>se abarcante acervo foram selecionados os mais</p><p>importantes princípios e declarações que entre­</p><p>meiam os estudos. Estes foram considerados co­</p><p>mo guia e norma para o estudo adicional de cerca</p><p>de cinquenta volumes sobre o Espírito Santo, os</p><p>quais representaram o que havia de melhor sobre</p><p>o assunto nos tempos modernos, e também o exa­</p><p>me atento de muitos mais como leitura paralela.</p><p>Antes de iniciar os estudos, nos capítulos se­</p><p>guintes, o leitor é convidado a ponderar cuidado­</p><p>samente e com oração sobre os seguintes trechos</p><p>da pena inspirada:</p><p>“A promessa do Espírito é assunto em que pou­</p><p>co se pensa; e o resultado é o que é de esperar —</p><p>aridez, trevas, decadência e morte espirituais. As-</p><p>suntos de menor importância ocupam a atenção,</p><p>e o poder divino que é necessário ao desenvolvi­</p><p>mento e prosperidade da igreja e que traria após</p><p>si todas as outras bênçãos, esse falta, conquanto</p><p>oferecido em sua infinita plenitude.” — Testemu­</p><p>nhos Seletos, vol. 3, págs. 211 e 212.</p><p>“Justam ente antes de deixar os discípulos e</p><p>partir para as cortes celestiais, Jesus os animou</p><p>com a promessa do Espírito Santo. Essa promes­</p><p>sa tanto nos pertence a nós como pertenceu a eles;</p><p>no entanto quão raramente é apresentada ao po­</p><p>vo, e com que raridade se fa la na igreja a respeito</p><p>de Sua recepção. Em consequência desse silêncio</p><p>sobre este tema da maior importância, a respeito</p><p>de que promessa menos conhecemos em seu cum­</p><p>primento prático do que dessa rica promessa do</p><p>dom do Espírito Santo, pelo qual deve ser conce­</p><p>dida eficiência a todo nosso trabalho espiritual? A</p><p>promessa do Espírito Santo é ocasionalmente</p><p>apresentada em nossas palestras, incidentalmente</p><p>nelas se toca, e isso é tudo. Temos demorado so­</p><p>bre as profecias, doutrinas têm sido expostas; mas</p><p>o que é essencial à Igreja a fim de que possa cres­</p><p>cer em força e eficiência espirituais, para que a</p><p>pregação possa levar consigo convicção, e almas</p><p>serem convertidas a Deus, tem sido grandemente</p><p>deixado fora do esforço ministerial.</p><p>Esse assunto tem sido posto de lado como se</p><p>algum tempo no futuro fosse dedicado à sua con­</p><p>sideração. Outras bênçãos e privilégios têm sido</p><p>apresentados ao povo até se despertar na igreja</p><p>o desejo de alcançar a prometida bênção de Deus;</p><p>mas a impressão quanto ao Espirito Santo tem si­</p><p>do a de que esse dom não é para a igreja agora,</p><p>mas que em algum tempo no fu turo será necessá­</p><p>rio à igreja recebê-lo.</p><p>“Essa bênção prometida, se reclamada pela fé,</p><p>traria todas as outras bênçãos em sua esteira, e</p><p>deve ser dada liberalmente ao povo de Deus. Pe­</p><p>las astutas ciladas do inimigo parece a mente do</p><p>povo de Deus ser incapaz de compreender e apro­</p><p>priar-se das promessas de Deus. Parecem pensar</p><p>que apenas escassos chuviscos da graça devem cair</p><p>sobre a alma sedenta. Tem-se o povo de Deus acos­</p><p>tumado a pensar que devem confiar em seus pró­</p><p>prios esforços, que pouco auxílio deve ser recebi­</p><p>do do Céu; e o resultado é que pouca luz têm eles</p><p>a comunicar a outras almas que estão perecendo</p><p>no erro e nas trevas. A igreja por muito tempo</p><p>se tem contentado com um pouco das bênçãos de</p><p>Deus. Não tem sentido a necessidade de alcançar</p><p>os exaltados privilégios para eles comprados a um</p><p>custo infinito. Sua força espiritual tem sido fra­</p><p>ca, sua experiência de caráter definhada e defei­</p><p>tuosa, é estão desqualificados para a obra que o Se­</p><p>nhor gostaria que fizessem. Não estão habilitados</p><p>a apresentar as grandes e gloriosas verdades da san­</p><p>ta Palavra de Deus, que convenceriam e converte­</p><p>riam almas por intermédio do Espírito Santo. O po­</p><p>der de Deus espera seu pedido e recepção. Uma co­</p><p>lheita de alegrias será feita pelos que semeiam a san­</p><p>ta semente da verdade.” — E. G. White, Testemu­</p><p>nhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, págs.</p><p>174 e 175 (grifos acrescentados).</p><p>E agora uma palavra preliminar quanto ao sig­</p><p>nificado dos últimos quatro capítulos referentes</p><p>aos símbolos do Espírito.</p><p>A incomparável provisão do ministério do Es­</p><p>pírito Santo para suprir a necessidade humana é</p><p>o último elo na cadeia do divino amor, com a qual</p><p>nosso Deus no Céu Se prende ao homem na Ter­</p><p>ra. O Espírito não é apenas o instrumento na cria­</p><p>ção original do mundo e do gênero humano; foi</p><p>através do Espírito eterno que o precioso Reden­</p><p>tor encarnou-Se em corpo humano e ofereceu-Se</p><p>para efetuar a completa reconciliação do homem</p><p>com Deus e sua plena salvação. E é mediante es­</p><p>se mesmo Espírito de Deus que, através de todas</p><p>as eras, tem-se efetuado o milagre da regenera­</p><p>ção de corações humanos, e tem-se tornado uma</p><p>bendita possibilidade a habitação de Cristo no tem­</p><p>plo de nosso corpo. Fica, portanto, claro que o Es­</p><p>pírito Santo é o elo divinamente apontado para</p><p>unir o Céu e a Terra.</p><p>Bem podemos fazer uma pausa para ponderar</p><p>sobre essa verdade tão profunda, sobre essa pro­</p><p>visão. A majestade da Sua Pessoa, a capacidade</p><p>de Seu poder, e a amplitude de Sua obra — jamais</p><p>poderão ser plenamente compreendidas ou ade­</p><p>quadamente apresentadas. Mas à medida que a luz</p><p>da Palavra, em reverente contemplação, é de no­</p><p>vo focalizada nos novos aspectos da operação do</p><p>Espírito, captamos reflexos adicionais da glorio­</p><p>sa provisão de Deus, e nosso coração freme em</p><p>responsiva adoração. Louvado seja nosso Pai por</p><p>Seu infindo amor e ilimitado provimento pará to­</p><p>das as nossas necessidades!</p><p>O tem a relativo à função e ao serviço do Espí­</p><p>rito oferece um campo de estudo inesgotável, por­</p><p>que tra ta de uma Personalidade que transcende</p><p>ao tempo e ao espaço: a terceira Pessoa da Divin­</p><p>dade. Embora não se possam medir, Seus majes­</p><p>tosos passos podem ser nitidamente reconhecidos;</p><p>não podem ser explicados, mas podem e devem ser</p><p>pessoalmente aceitos e experimentados. Mais pre­</p><p>ciosas do que as fabulosas jóias terrenas, essas ge­</p><p>mas simbólicas do depósito celestial — apresen­</p><p>tadas sob as figuras de vento, água, fogo e óleo</p><p>— cujo profundo significado podemos contemplar,</p><p>descerram um encanto e beleza raramente discer­</p><p>nidos numa fraseologia comum.</p><p>Que o inigualável Espírito da verdade, a quem</p><p>se dedicam esses tributos, guie o nosso pensamen­</p><p>to neste estudo, ilumine nossa mente em medita­</p><p>ção, e se aproprie de nossa alma para a ação, de</p><p>maneira tão completa e exclusiva que Sua sagra­</p><p>da obra, re tra tada por esses símbolos escolhidos</p><p>por Ele mesmo, seja inteiramente executada em</p><p>nossa vida. Vem, pois, bendito Espírito, suprir a</p><p>profunda necessidade de nossa alma; vem</p><p>satisfazer-nos os anseios do coração; capacita-nos</p><p>para o serviço sagrado, e então usa-nos, para a gló­</p><p>ria do Pai e do Filho, na finalização da tarefa que</p><p>nos fpi confiada.</p><p>L. E. F.</p><p>Primeira</p><p>Parte A Promessa</p><p>do Espírito</p><p>BASE ESCRITURÍSTICA</p><p>F ilhinhos, ainda por um pouco estou con­</p><p>vosco; buscar-Me-eis, e o que Eu disse</p><p>aos judeus, também agora vos digo a vós outros:</p><p>Para onde Eu vou, vós não podeis i r . ... Perguntou-</p><p>Lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Res­</p><p>pondeu Jesus: Para onde vou, não Me podes se­</p><p>guir agora; mais tarde, porém, Me seguirás.”</p><p>S. João 13:33-36.</p><p>“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus,</p><p>crede também em Mim. Na casa de Meu Pai há</p><p>muitas moradas. Se assim não fora, Eu vo-lo te ­</p><p>ria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E quando</p><p>Eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos rece­</p><p>berei para Mim mesmo, para que onde Eu estou,</p><p>estejais vós também. E vós sabeis o caminho pa­</p><p>ra onde Eu vou.” S. João 14:1-4.</p><p>“Replicou-Lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o</p><p>Pai, e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há</p><p>19</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>tanto tempo estou convosco, e não Me tens conhe­</p><p>cido? Quem Me vê a Mim, vê</p><p>de Pedro foi pleno de Cristo.</p><p>O Espírito Santo, semelhante a um poderoso te­</p><p>lescópio, trouxe Cristo mais próximo. E assim fa­</p><p>rá todo sermão pentecostal hoje, não importa qual</p><p>aspecto da verdade seja apresentado.</p><p>_____Pregadores de Cristo Transformados_____</p><p>121</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Naturalmente, ergueu-se o clamor: “fanatis­</p><p>mo!” Uma igreja, ou um pregador, cheio do Espí­</p><p>rito, apresentará ao mundo um espetáculo de fe­</p><p>nômenos sobrenaturais, que produzirão espanto,</p><p>perplexidade e censura.</p><p>Pedro expôs inflamantes convicções. Em seu</p><p>discurso não havia probabilidades, ou suposições;</p><p>nem teorias ou comprometimentos. Foi vigoroso</p><p>e destemido. Apresentou a realidade de Jesus, Sua</p><p>vida perfeita e morte vicária; Sua ressurreição e</p><p>exaltação, e o derramamento “disto que vedes e</p><p>ouvis” . E sta palavra de cinco letras — D I S T O</p><p>— é a chave do sermão.</p><p>A multidão indagava: “Que quer isto dizer?”</p><p>Atos 2:12. Em resposta, Pedro afirmou: “0 que</p><p>ocorre é o que foi dito pelo profeta Joel.” V. 16;</p><p>e seguindo o fio em seu discurso, atingimos o clí­</p><p>max no verso 33: “Exaltado, pois, à destra de</p><p>Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espí­</p><p>rito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.” “Is­</p><p>to” — incluía tudo que eles tinham visto e ouvido</p><p>e que os deixara perplexos. Relacionando com as</p><p>profecias, Pedro levou-os diretamente ao minis­</p><p>tério de Cristo.</p><p>Poder Que Convence e Converte</p><p>Então os corações se compungiram e “quase</p><p>três mil pessoas” foram acrescentadas ao Senhor.</p><p>Não era o fluxo de energia humana, zelo, argumen­</p><p>to lógico, sabedoria ou eloquência. Nem de pro­</p><p>paganda, nem de capacidade de organização, ava­</p><p>122</p><p>Pregadores de Cristo Transformados</p><p>liada por suas multidões e resultados. E ra o po­</p><p>der do Espírito Santo, capaz de convencer e con­</p><p>verter. E ra a declaração de autoridade de Jesus,</p><p>no poder do Espírito, apoiada pelo testemunho</p><p>pessoal da realidade.</p><p>Os resultados foram convicção e indagação, ins­</p><p>trução e exortação, obediência e acréscimo à Igre­</p><p>ja. Isso exigia a presença do Espírito Santo, ora</p><p>derramado sobre “toda a carne” , abrangendo to­</p><p>da a raça humana, e não podendo ser limitado a</p><p>um âmbito menor. Na verdade, estamos incluídos</p><p>entre “todos os que ainda estão longe” (verso 39).</p><p>“Pois para vós outros é a promessa, para vossos</p><p>filhos, e para todos os que ainda estão longe, isto</p><p>é, para quantos o Senhor nosso Deus chamar.”</p><p>Como resultado do Pentecoste, houve primei­</p><p>ro o testemunho, e daí a oposição; logo desenca­</p><p>deou-se a perseguição e, mais tarde, muitos tive­</p><p>ram de enfrentar o martírio. A perseguição fez</p><p>com que eles se espalhassem, evitando assim a cen­</p><p>tralização. O mesmo sobrevirá a nós. O Pentecos­</p><p>te trouxe novo constrangimento e nova convicção.</p><p>Aclarou concepções erróneas. Produziu uma gran­</p><p>de onda de evangelismo pessoal que, partindo de</p><p>Jerusalém, se espalhou em todas as direções. Os</p><p>discípulos iam a toda parte, pregando a Palavra.</p><p>A perseguição transformou-os em missionários.</p><p>Recursos materiais fluíam para a tesouraria. E s­</p><p>tou convicto de que o mesmo se repetirá conosco.</p><p>“Vendendo suas casas ou suas terras, eles le­</p><p>vavam o dinheiro: e o depositavam aos pés dos</p><p>apóstolos. ‘E repartia-se por cada um, segundo a</p><p>123</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>necessidade que cada um tinha.’ E sta liberdade</p><p>da parte dos crentes foi resultado do derramamen­</p><p>to do Espírito.” — Atos dos Apóstolos, pág. 70.</p><p>Assim estão descritos os resultados da chuva</p><p>temporã.</p><p>A Chuva Serôdia Deve Superar o Pentecoste</p><p>Ao derramar-se a chuva serôdia, esses acon­</p><p>tecimentos serão superados. Coisas tremendas su­</p><p>cederão rapidamente. O poder sempre se manifes­</p><p>ta em ação. É a lei do poder. Que Deus execute</p><p>bem depressa esse ato santo, a fim de abreviar e</p><p>term inar a obra em justiça.</p><p>Quando esteve na Terra, Cristo falou aos mor­</p><p>tos e chamou-os à vida. Estou certo, porém, de que</p><p>maior milagre ainda é persuadir com êxito a von­</p><p>tade obstinada de alguém que se posiciona contra</p><p>Deus. Maior milagre é chamar à vida um morto</p><p>espiritual, que odeia a Deus, do que ressuscitar os</p><p>fisicamente mortos. Indubitavelmente foi isso que</p><p>Jesus quis dizer ao declarar aos estupefatos discí­</p><p>pulos: “Em verdade, em verdade vos digo que</p><p>aquele que crê em Mim, fará também as obras que</p><p>Eu faço, e outras maiores fará .” S. João 14:12.</p><p>Eis o milagre do Pentecoste: Quase três mil al­</p><p>mas, cheias de preconceito, malícia, desespero, e</p><p>com as mãos ainda manchadas com o sangue de</p><p>Jesus, vieram a arrepender-se e coroá-Lo Senhor</p><p>e Cristo.</p><p>“Estas cenas devem repetir-se, e com maior</p><p>poder. O derramamento do Espírito Santo no dia</p><p>124</p><p>de Pentecoste foi a chuva temporã; porém a chu­</p><p>va serôdia será mais copiosa. O Espírito aguarda</p><p>nosso pedido e recepção. Cristo deve ser revela­</p><p>do novamente em Sua plenitude pelo poder do Es­</p><p>pírito Santo.” — Parábolas de Jesus, pág. 121.</p><p>“A nós atualmente tão verdadeiramente como</p><p>aos primeiros discípulos pertence a promessa do</p><p>Espírito. Deus quer hoje em dia revestir homens</p><p>e mulheres com poder do alto como no dia de Pen­</p><p>tecoste revestira aqueles que ouviram a palavra</p><p>da salvação. Nesta mesma hora Seu Espírito e Sua</p><p>graça estão reservados para aqueles que se acham</p><p>em necessidade e tomam a Deus segundo Sua pa­</p><p>lavra.” — Testimonies, vol. 8, pág. 20.</p><p>Milhares de vozes darão a advertência final:</p><p>“A grande obra do evangelho não deverá</p><p>encerrar-se com menor manifestação do poder de</p><p>Deus do que a que assinalou o seu início. As pro­</p><p>fecias que se cumpriram no derramamento da chu­</p><p>va temporã no inicio do evangelho, devem nova­</p><p>mente cumprir-se na chuva serôdia, no final do</p><p>mesmo. Eis aí ‘os tempos do refrigério’ que o após­</p><p>tolo S. Pedro esperava quando disse: ‘Arrependei-</p><p>vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apaga­</p><p>dos os vossos pecados, e venham assim os tempos</p><p>do refrigério pela presença do Senhor, e envie Ele</p><p>a Jesus Cristo.’ Atos 3:19 e 20.</p><p>“Servos de Deus, com o rosto iluminado e a res­</p><p>plandecer de santa consagração, apressar-se-ão de</p><p>um lugar para outro para proclamar a mensagem</p><p>do Céu. Por milhares de vozes em toda a exten­</p><p>são da Terra, será dada a advertência. Operar-se-</p><p>_____ Pregadores de Cristo Transformados_____</p><p>125</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>ão prodígios, os doentes serão curados, e sinais e</p><p>maravilhas seguirão aos crentes. Satanás também</p><p>opera com prodígios de mentira, fazendo mesmo</p><p>descer fogo do céu, à vista dos homens. (Apoca­</p><p>lipse 13:13.) Assim os habitantes da Terra serão</p><p>levados a decidir-se.”</p><p>Tudo isso sob a convicção do Espírito:</p><p>“ A mensagem há de ser levada não tanto por</p><p>argumentos como pela convicção profunda do Es­</p><p>pírito de Deus. Os argumentos foram apresenta­</p><p>dos. A semente foi semeada e agora brotará e fru­</p><p>tificará.” — O Grande Conflito, pág. 617.</p><p>oh qjj ,ofí‘,>ivrgi>riííoo jjJubã oí) 'iooobníáq</p><p>. iogj,;íHOífí n 'tnírmhKnu r , 0*1:110 jrm q is g u í n u 1</p><p>- i ! ■ . . ( / • . 0 i i h o j r n o a o ; o h m o T . 0 / ) o i ></p><p>• ■>)( ) .iu o n ó j'í0 7 t!í: j"> ri • i-HOS ,KT::oT ;;b ■</p><p>126</p><p>8 A Igreja</p><p>Remanescente é</p><p>Investida de Poder</p><p>t I urante a era apostólica os triunfos da cruz</p><p>JL f continuaram, “cooperando com eles o Se­</p><p>nhor, e confirmando a palavra por meio de sinais,</p><p>que se seguiam” . S. Marcos 16:20. Esmagava-se</p><p>a idolatria, templos pagãos se esvaziavam, e con­</p><p>versos se multiplicavam aos milhares. Sem dinhei­</p><p>ro, os crentes derrotavam o poderio das riquezas</p><p>ao seu redor; sem escolas, eles confundiam os le­</p><p>trados rabis; sem poder político ou social, mostra-</p><p>ram-se mais fortes que o Sinédrio; não tendo um</p><p>sacerdócio, desafiavam os sacerdotes e o templo;</p><p>sem um soldado sequer, eram mais poderosos que</p><p>as legiões romanas. E foi assim que eles fincaram</p><p>a cruz acima da águia romana.</p><p>A Hierarquia Suplanta o Espírito Santo</p><p>Novos privilégios, porém, trazem consigo no-</p><p>127</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>vas responsabilidades, e novas responsabilidades</p><p>geram novos perigos. A Igreja primitiva se esque­</p><p>ceu gradualmente da escada secreta que condu­</p><p>zia ao cenáculo.</p><p>Já no quarto século a Igreja cris­</p><p>tã havia transferido sua dependência do poder di­</p><p>vino para os sorrisos da realeza e proteção de um</p><p>trono terrestre . Passou desde então a depender</p><p>de homens, métodos e dinheiro. Os ditames e a au­</p><p>toridade do Espírito foram ignorados, e a Igreja</p><p>imergiu na meia-noite da Idade Escura. Em meio</p><p>à grande apostasia desenvolveu-se na Igreja um</p><p>sistema hierárquico, e ergueu-se a cabeça que usur­</p><p>pou o lugar do Espírito Santo como vigário de</p><p>Cristo, e tornou-se aquele que “se opõe e se levanta</p><p>contra tudo que se chama Deus, ou objeto de cul­</p><p>to, a ponto de assentar-se no santuário de Deus,</p><p>ostentando-se como se fosse o próprio Deus” . II</p><p>Tessalonicenses 2:4.</p><p>A Igreja, ainda sob funesto eclipse da Idade Es­</p><p>cura, foi despertada pela trom beta de Martinho</p><p>Lutero. Lentamente, durante os três últimos sé­</p><p>culos, deu-se ao Espírito Santo o Seu devido lu­</p><p>gar, até alcançarmos hoje o tempo da reforma</p><p>completa e final, e da chuva serôdia. Sem qualquer</p><p>controvérsia, a maior necessidade no mundo ho­</p><p>je, é a de um ministério nascido do Espírito, cha­</p><p>mado por Ele, cheio do Espírito e por Ele dirigi­</p><p>do, a fim de guiar o Movimento Adventista para</p><p>terminar sua designada missão. E mediante a gra­</p><p>ça de Deus, o que deve ser feito pode ser feito; e</p><p>o que se pode realizar, deve ser realizado. Não era,</p><p>porém, necessário haver a apostasia da Idade Es­</p><p>128</p><p>A Igreja Remanescente é Investida...</p><p>cura, e tampouco a perda do Espírito Santo.</p><p>Note-se esta declaração:</p><p>“Vi que, se a Igreja tivesse sempre conserva­</p><p>do seu caráter peculiar e santo, o poder do Espí­</p><p>rito Santo que fora comunicado aos discípulos ain­</p><p>da estaria com ela. Os doentes seriam curados, os</p><p>demónios seriam repreendidos e expulsos, e ela</p><p>seria poderosa e um terror para os seus inimigos.”</p><p>— Primeiros Escritos, pág. 227.</p><p>O Espírito Voltará na Plenitude de Seu Poder</p><p>0 Pentecoste não exauriu a profecia de Joel,</p><p>pois esta será muito mais plenamente cumprida</p><p>nestes últimos dias da dispensação do Espírito.</p><p>Nossa necessidade atual é de uma nítida percep-</p><p>ção da pessoa e obra do Espírito Santo, e de total</p><p>submissão a Seu controle. O Espírito da verdade,</p><p>magoado e banido pela apostasia, perversão e re­</p><p>jeição, voltará na plenitude de Seu poder para a</p><p>Igreja remanescente, que está procurando conhe­</p><p>cer e obedecer a toda a verdade.</p><p>A geração apostólica (31-64 A.D.), na qual o</p><p>evangelho foi pregado a todo o mundo de então,</p><p>é um tipo desta última geração da era evangéli­</p><p>ca, na qual, sob a chuva serôdia, o “evangelho eter­</p><p>no’^ levado ao mundo inteiro, em sua consuma­</p><p>ção. Que tempo solene, e também glorioso, este</p><p>em que vivemos!</p><p>“Vi que esta mensagem se encerrará com po­</p><p>der e força muito maiores do que o clamor da meia-</p><p>noite. Servos de Deus, dotados de poder do alto,</p><p>129</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>com rosto iluminado e resplandecendo com santa</p><p>consagração, saíram para proclamar a mensagem</p><p>provinda do Céu. Almas que estavam espalhadas</p><p>por todas as corporações religiosas responderam</p><p>à chamada, e os que preciosos eram retiraram-se</p><p>apressadamente das igrejas condenadas, assim co­</p><p>mo precipitadamente fora Ló retirado de Sodoma</p><p>antes de sua destruição. O povo de Deus foi for­</p><p>talecido pela excelente glória que sobre ele repou­</p><p>sava em grande abundância e o preparou para su­</p><p>portar a hora da tentação.” — Primeiros Escri­</p><p>tos, págs. 278 e 279.</p><p>A obra da Igreja inteira é proclamar o evan­</p><p>gelho todo ao mundo inteiro nesta geração. Não</p><p>lhe cabe nenhuma outra tarefa legítima. Este é</p><p>o foco em cuja direção tem-se desdobrado toda a</p><p>História, e o objetivo aguardado pelo Universo in­</p><p>teiro. Sob o Pentecoste os discípulos partiram para</p><p>encher o mundo inteiro com o evangelho. Não. po­</p><p>deríamos receber a chuva serôdia sem assumir</p><p>uma tarefa correspondente à deles. O relato do</p><p>Pentecoste enche-nos tanto de esperança como de</p><p>vergonha. Temos de te r absolutamente o poder</p><p>pentecostal para term inar nossa tarefa. E sta é a</p><p>maior de todas as necessidades. E mais do que is­</p><p>to, é a única esperança do Movimento Adventis-</p><p>ta. A Igreja deve volver ao Pentecoste antes de</p><p>o Pentecoste voltar para a Igreja.</p><p>A Maior Falta da Igreja Remanescente</p><p>O Espírito Santo é o todo-suficiente equipa­</p><p>130</p><p>A Igreja Remanescente é Investida...</p><p>mento da Igreja. Tão completo Ele que, havendo</p><p>apenas cento e vinte membros apostólicos cheios</p><p>do Espírito, atingiu-se uma extensão maior do que</p><p>qualquer outra já alcânçada desde então, em igual</p><p>período de tempo, não obstante todas as facilida­</p><p>des de que dispomos. Somos assim forçados a con­</p><p>cluir que a maior falta da Igreja remanescente, do</p><p>que ela necessita acima de tudo, é o poder do Es­</p><p>pírito Santo prometido a fim de prepará-la para</p><p>a sua obra final.</p><p>Homens, dons, métodos, legislação, tudo isso</p><p>é maquinaria morta, a menos que seja vitalizada</p><p>e tornada eficaz pelo Espírito do Pentecoste. 0</p><p>profeta pode pregar aos ossos no vale, mas é o so­</p><p>pro do Céu que os fará viver. Nossa grande falta</p><p>não consiste em mais fervor, mais oportunidade,</p><p>mais força, mais atividade; é a nossa atitude de</p><p>indiferença para com o Espírito Santo.</p><p>Estamos procurando prestar serviço aceitável</p><p>enquanto negligenciamos o único poder pelo qual</p><p>podemos realizá-lo. Na igreja, como no mundo, tu­</p><p>do é pressa, velocidade, pressão. Somos tão ocu­</p><p>pados que não temos tempo para o que é mais ne­</p><p>cessário. Nossas mãos estão cheias, mas o cora­</p><p>ção quase sempre vazio. “O movimento missioná­</p><p>rio vai muito além do espírito missionário.” — His-</p><p>torical Sketches, pág. 294. Se deploramos as limi­</p><p>tações de nossas atividades, não deveríamos</p><p>preocupar-nos muito mais com a nossa mais pro­</p><p>funda necessidade?</p><p>A Igreja acha-se atualizada. Dispõe de excelen­</p><p>te organização e maravilhosa maquinaria. Suas ro­</p><p>131</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>das estão magnificamente ajustadas. Mas falta-lhe</p><p>poder. A despeito de todas as nossas utilidades,</p><p>não temos o poder de conversão que deveria m ar­</p><p>car a Igreja remanescente. Recuamos no conflito</p><p>com o mundanismo, a descrença, a injustiça. E n­</p><p>quanto a Igreja está evangelizando o mundo, o</p><p>mundo está secularizando a Igreja, e assim os es­</p><p>forços desta são neutralizados. A fim de atra ir e</p><p>interessar as pessoas, os pastores recorrem a mé­</p><p>todos mundanos, míseros expedientes em lugar do</p><p>poder do alto. É humilhante pensar em alguns des­</p><p>ses expedientes do mundo que são usados, e são</p><p>tão desnecessários.</p><p>O mundo hoje acha-se coberto de nossas ativi­</p><p>dades missionárias. Existe, porém, na maioria dos</p><p>setores, uma penosa desproporção entre nossas</p><p>atividades e dons, e os resultados líquidos. Cada</p><p>ano que passa aumenta o custo de cada alma ga­</p><p>nha, enquanto diminui o número de almas ganhas</p><p>por cada obreiro. Isso deve assustar-nos, sim, alar­</p><p>mar-nos.</p><p>Por que tão pouco se consegue com tão gran­</p><p>de exército? Ah, nosso relacionamento com o E s­</p><p>pírito Santo é demasiadamente ignorado — e isto</p><p>tem Sua própria dispensação. Onde estão os ho­</p><p>mens cheios do Espírito Santo como aqueles dos</p><p>dias apostólicos? Corremos gravíssimo perigo de</p><p>depender de homens, métodos e dinheiro, em vez</p><p>de confiar nAquele que, exclusivamente, pode sus­</p><p>citar homens, dirigi-los e vitalizá-los, equipá-los</p><p>com os métodos corretos, e prover e abençoar o</p><p>dinheiro necessário.</p><p>132</p><p>O Pentecoste Pessoal — Nosso Direito Inato</p><p>Como havia uma Belém histórica quando o Ver­</p><p>bo Se fez carne, assim há uma Belém pessoal quan­</p><p>do Cristo, mediante o Espírito Santo, Se forma</p><p>dentro do coração. Semelhantemente, como hou­</p><p>ve um Pentecoste histórico quando o Espírito San­</p><p>to foi derramado sobre a Igreja, existe também</p><p>o Pentecoste pessoal, quando Ele enche o crente,</p><p>individualmente. Esse Pentecoste pessoal é o di­</p><p>reito inato de cada filho de Deus. Mas ai! muitos</p><p>em sua experiência cristã estão vivendo do outro</p><p>lado do Pentecoste. Não nos enganemos, porém,</p><p>aguardando a chuva serôdia para o amadurecimen­</p><p>to dos frutos, sem que a chuva temporã tenha pri­</p><p>meiro regado nossa alma, individualmente.</p><p>Leiamos</p><p>com reflexão e oração as seguintes de­</p><p>clarações do Espírito de Profecia.</p><p>“A chuva serôdia, amadurecendo a seara da</p><p>Terra, representa a graça espiritual que prepara</p><p>a Igreja para a vinda do Filho do homem. Mas a</p><p>menos que a chuva temporã haja caído, não have­</p><p>rá vida; a ramagem verde não brotará. Se a chu­</p><p>va temporã não fizer seu trabalho, a serôdia não</p><p>desenvolverá a semente até à perfeição...</p><p>“Muitos têm em grande medida deixado de re­</p><p>ceber a chuva temporã. Não têm obtido todos os</p><p>benefícios que Deus assim para eles tem provido.</p><p>Esperam que as falhas sejam supridas pela chuva</p><p>serôdia. Quando a maior abundância da graça es­</p><p>tiver para ser outorgada, esperam poder abrir o</p><p>coração para recebê-la. Estão cometendo um er­</p><p>_____ A Igreja Remanescente é Investida..._____</p><p>133</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>ro terrível. O trabalho que Deus começou no co­</p><p>ração humano mediante Sua luz e conhecimento,</p><p>deve estar continuamente avançando.... Mas não</p><p>se deve negligenciar a graça representada pela</p><p>chuva temporã. Só os que estiverem vivendo de</p><p>acordo com a luz que têm recebido poderão rece­</p><p>ber maior luz. A não ser que nos estejamos desen­</p><p>volvendo diariamente na exemplificação das ati­</p><p>vas virtudes cristãs, não reconheceremos as ma­</p><p>nifestações do Espírito Santo na chuva serôdia.</p><p>Pode ser que ela esteja sendo derramada nos co­</p><p>rações ao nosso redor, mas nós não a discernire­</p><p>mos nem a receberemos.</p><p>“ ... As bênçãos recebidas sob a chuva tempo­</p><p>rã, são-nos necessárias até ao fim. No entanto só</p><p>isso não nos basta. Embora acariciemos as bênçãos</p><p>da primeira chuva, não devemos, do outro lado, per­</p><p>der de vista o fato de que sem a chuva serôdia, pa­</p><p>ra encher a espiga e amadurecer o grão, a colheita</p><p>não estará pronta para a ceifa, e o trabalho do se­</p><p>meador terá sido em vão. Necessita-se da graça di­</p><p>vina no começo, da graça divina em cada passo de</p><p>avanço; só a graça divina pode completar a obra.</p><p>Não há lugar para nós descansarmos em descuida­</p><p>da atitude. Nunca devemos esquecer as advertên­</p><p>cias de Cristo: ‘Vigiai em oração’. ‘Vigiai pois em</p><p>todo o tempo, orando.’ ... Se não progredirmos, se</p><p>não nos colocarmos na atitude em que tanto possa­</p><p>mos receber a chuva temporã como a serôdia, per­</p><p>deremos nossa alma e a responsabilidade jazerá à</p><p>nossa porta.” — Testemunhos Para Ministros e</p><p>Obreiros Evangélicos, págs. 506 e 508.</p><p>134</p><p>Como o Espírito Santo veio no Pentecoste, de­</p><p>pois de ter sido Cristo entronizado no Céu, assim</p><p>o Pentecoste pessoal virá somente quando Cristo</p><p>for entronizado como Rei no coração, individual­</p><p>mente. Eis a nossa maior necessidade individual;</p><p>portanto, também coletiva.</p><p>_____ A Igreja Remanescente é Investida..._____</p><p>135</p><p>Terceira</p><p>Parte A Unção Plena</p><p>do Espírito</p><p>BASE ESCRITURÍSTICA</p><p>6 Í'N\esse meio tempo chegou a Éfeso um ju­</p><p>deu, natural de Alexandria, chamado</p><p>Apoio, homem eloquente e poderoso nas Escritu­</p><p>ras. E ra Ele instruído no caminho do Senhor; e,</p><p>sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com</p><p>precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas</p><p>o batismo de João. Ele, pois, começou a falar ou­</p><p>sadamente na sinagoga. Ouvindo-o, porém, Pris­</p><p>cila e Áquila, tomaram-no consigo e, com mais exa­</p><p>tidão, lhe expuseram o caminho de Deus. Queren­</p><p>do ele percorrer a Acaia, animaram-no os irmãos,</p><p>e escreveram aos discípulos para o receberem.</p><p>Tendo chegado, auxiliou muito aqueles que me­</p><p>diante a graça haviam crido; porque com grande</p><p>poder convencia publicamente os judeus, provan­</p><p>do por meio das Escrituras que o Cristo é Jesus.</p><p>“Aconteceu que, estando Apoio em Corinto,</p><p>Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, che-</p><p>136</p><p>A Unção Plena do Espírito</p><p>gou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, per­</p><p>guntou-lhes: Recebestes, porventura, o Espírito</p><p>Santo quando crestes? Ao que lhe responderam:</p><p>Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o</p><p>Espírito Santo. Então Paulo perguntou: Em que,</p><p>pois, fostes batizados? Responderam: No batismo</p><p>de João. Disse-lhes Paulo: João realizou batismo</p><p>de arrependimento, dizendo ao povo que cressem</p><p>nAquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus.</p><p>Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o no­</p><p>me do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as</p><p>mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto fa­</p><p>lavam em línguas como profetizavam. Eram ao to­</p><p>do uns doze homens. Durante três meses Paulo</p><p>frequentou a sinagoga onde falava ousadamente,</p><p>dissertando e persuadindo, com respeito ao reino</p><p>de Deus.” Atos 18:24-28; 19:1-8.</p><p>“Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes,</p><p>levanta-te de entre os mortos, e Cristo te ilumi­</p><p>nará. Portanto, vede prudentemente como andais,</p><p>não como néscios, e, sim, como sábios, remindo</p><p>o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão</p><p>não vos torneis insensatos, mas procurai com­</p><p>preender qual a vontade do Senhor. E não vos em­</p><p>briagueis com vinho, no qual há dissolução, mas</p><p>enchei-vos do Espírito, falando entre vós com Sal­</p><p>mos, entoando e louvando de coração ao Senhor,</p><p>com hinos e cânticos espirituais, dando sempre</p><p>graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de</p><p>nosso Senhor Jesus Cristo.” Efésios 5:14-20.</p><p>137</p><p>9 A Unção</p><p>Plena</p><p>do Espírito</p><p>m-j1 feso era uma cidade da Lídia, situada na cos-</p><p>M J ta ocidental da Ásia Menor, no entronca­</p><p>mento de vias naturais de comércio, a mais ou me­</p><p>nos um quilómetro e meio do mar ícaro. E ra o pon­</p><p>to de encontro de grandes estradas. Embora seu</p><p>porto fosse parcialmente coberto de lodo, estava</p><p>sempre apinhado de navios de todas as partes do</p><p>mundo civilizado. Seus mares e rios eram exube­</p><p>rantem ente piscosos, e sua posição comercial não</p><p>tinha par. Grande era a população, e os fervilhan­</p><p>tes mercados constituíam a Feira da Vaidade da</p><p>Ásia.</p><p>Os habitantes de Éfeso eram ardorosos devo­</p><p>tos do prazer. Havia um enorme teatro com cer­</p><p>ca de 160 metros de diâmetro, um palco de sete</p><p>metros de largura, uma orquestra com 110 músi­</p><p>cos, 66 fileiras de assentos, e capacidade para aco­</p><p>modar 24.500 pessoas. Além disso, ali estava o</p><p>138</p><p>A Unção Plena do Espírito</p><p>muitíssimo famoso templo da deusa Diana, no qual</p><p>os interesses comerciais e religiosos se misturavam.</p><p>O Fraco Ministério de Apoio</p><p>A essa importante metrópole veio Apoio, ju­</p><p>deu alexandrino que se tornara cristão. Alexan­</p><p>dria era um centro de cultura e ciência gregas.</p><p>Consequentemente, a influência do raciocínio gre­</p><p>go penetrara o método hebraico de estudar suas</p><p>próprias Escrituras. É-nos útil te r isso em men­</p><p>te, ao analisarmos agora a figura de Apoio.</p><p>Ele era um homem culto e eloquente, podero­</p><p>so nas Escrituras. Sabia como apresentá-las de</p><p>maneira convincente e prudente. Possuía o dom</p><p>da oratória e era intrépido em seus discursos. E ra</p><p>fervoroso de espírito e zeloso, tendo talvez absor­</p><p>vido de João Batista estas características. “Ensi­</p><p>nava com precisão a respeito de Jesus.” Atos</p><p>18:25. No entanto, suas palestras eram simples­</p><p>mente teóricas. Assim ele era capaz de conduzir</p><p>o povo somente até onde ele próprio chegara —</p><p>nem um metro adiante, nem um decímetro acima.</p><p>Havia ali dois humildes leigos — Áquila e Priscila</p><p>— que conheciam Jesus melhor do que ele, pois</p><p>0 conheciam experimentalmente. Estes o instruí­</p><p>ram mais acuradamente.</p><p>Pode-se até pensar que Apoio, com sua elo­</p><p>quência, devia te r revolucionado Éfeso, mas ape­</p><p>sar do entusiasmo dessa alma sincera, muito pou­</p><p>co foi registrado sobre o seu ministério. Tendo</p><p>conseguido muito pouco de seu vigoroso labor, foi</p><p>139</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>para Corinto. Paulo, chegando mais tarde a Éfe-</p><p>so, procurou a igreja e encontrou apenas doze fra­</p><p>cos discípulos. Sem dúvida, eles se reuniam nal­</p><p>guma obscura sala, pouca influência exercendo na­</p><p>quela enorme e idólatra cidade, da qual a graça</p><p>de Deus os havia tirado.</p><p>A Penetrante Pergunta de Paulo</p><p>Paulo viu imediatamente que lhes faltava algo</p><p>na vida e no testemunho. Estava convencido de</p><p>que havia uma razão pela qual eles não tinham po­</p><p>der maior. Como profundo observador, ele procu­</p><p>rou a causa para aquele efeito. Via-se lamentavel­</p><p>mente a precária condição deles. A pobreza</p><p>de sua</p><p>experiência cristã na vida diária, a ausência de es­</p><p>pontânea atividade e a impotência de seu teste­</p><p>munho não podiam ocultar-se.</p><p>Os doze homens representavam o produto de</p><p>seu eloquente líder, Apoio. Se um pregador come­</p><p>ça com mera eloquência, geralmente termina com</p><p>mera instrução. Na maioria das vezes faltará a di­</p><p>nâmica divina; porque alguém só pode erguer ou­</p><p>tros ao mesmo nível em que ele mesmo vive.</p><p>“A pregação da Palavra não será de nenhum</p><p>proveito sem a contínua presença e ajuda do E s­</p><p>pírito Santo. Este é o único Mestre eficaz da ver­</p><p>dade divina. Unicamente quando a verdade che­</p><p>ga ao coração acompanhada pelo Espírito, vivifi­</p><p>cará a consciência e transformará a vida. Uma pes­</p><p>soa pode ser capaz de apresentar a letra da Pala­</p><p>vra de Deus, pode estar familiarizada com todos</p><p>140</p><p>A Unção Plena do Espírito</p><p>os seus mandamentos e promessas; mas a menos</p><p>que o Espírito Santo impressione o coração com</p><p>a verdade, alma alguma cairá sobre a Rocha e se</p><p>despedaçará. A mais esmerada educação, as maio­</p><p>res vantagens, não podem tornar uma pessoa um</p><p>veículo de luz sem a cooperação do Espírito de</p><p>Deus. A semeadura da semente evangélica não terá</p><p>êxito algum a menos que essa semente seja vivifi­</p><p>cada pelo orvalho do Céu. Antes de ser escrito um</p><p>livro do Novo Testamento, antes de ser pregado</p><p>qualquer sermão depois da ascensão de Cristo, o</p><p>Espírito Santo desceu sobre os apóstolos em ora­</p><p>ção. Então seus inimigos deram testemunho: ‘En­</p><p>chestes Jerusalém desta vossa doutrina’.” — O De­</p><p>sejado de Todas as Nações, ed. popular, pág. 647.</p><p>Sem qualquer preâmbulo, Paulo foi diretamen­</p><p>te ao ponto crucial: “Recebestes, porventura, o Es­</p><p>pírito Santo quando crestes?” perguntou ele. “Ao</p><p>que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo</p><p>ouvimos que existe o Espírito Santo.” Atos 19:2.</p><p>Isto aconteceu em Éfeso, vinte anos depois do Pen-</p><p>tecoste.</p><p>Paulo não inquiriu a respeito dos dons especiais</p><p>do Espírito, mas sobre o Dom supremo — o pró­</p><p>prio Espírito Santo. E a resposta deles indica que</p><p>assim o haviam compreendido. Ele queria saber</p><p>se eles haviam recebido a unção do Espírito San­</p><p>to — o distintivo central e permanente do Pente-</p><p>coste. Pois há uma experiência além e acima do</p><p>primeiro passo, pela qual o Espírito Santo primeiro</p><p>revela o pecado; então dá origem a uma nova vi­</p><p>da na alma, o que constitui a unção do Espírito.</p><p>141</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Sem isto, nosso testemunho é fraco e nossa vida</p><p>espiritual é falha.</p><p>Uma coisa é saber algo sobre as operações do</p><p>Espírito Santo, e outra coisa muito diferente é re-</p><p>cebê-Lo como hóspede pessoal em nosso íntimo.</p><p>Aqueles discípulos efésios ainda não tinham ex­</p><p>perimentado esta grande realidade e provisão. As­</p><p>sim Paulo imediatamente colocou-os a par do evan­</p><p>gelho do Senhor ressuscitado e assunto ao Céu,</p><p>o Qual foi glorificado e, tendo recebido do Pai a</p><p>promessa da unção do Espírito, enviou-0 ao mun­</p><p>do para todo aquele que crê. Então eles recebe­</p><p>ram o Espírito Santo de acordo com a provisão</p><p>do Céu.</p><p>Nada Supre a Falta do Espírito</p><p>Oh, muitos hoje têm avançado até ao batismo</p><p>de arrependimento, mas daí não passam. São ho­</p><p>nestos, sinceros e obedientes na medida de seu co­</p><p>nhecimento; mas ignoram a vida mais plena, mais</p><p>brilhante e mais ampla. O conhecimento que pos­</p><p>suem do Espírito Santo é vago, indefinido e ina­</p><p>dequado. Não compreendem nada a respeito de</p><p>Sua personalidade, poder e presença. Ignoram</p><p>grandemente Suas atividades e provisões, e se</p><p>acham tristem ente desprovidos de Seus frutos.</p><p>É fácil olhar retrospectivamente para a cruz</p><p>como base de nossa fé, ou olhar além, para o tro ­</p><p>no que esperançosamente antecipamos. Vivemos,</p><p>porém, no tremendo presente com seus gravíssi­</p><p>mos problemas. Todavia milhares ainda não alcan­</p><p>142</p><p>-■â</p><p>çaram uma avaliação pessoal e apropriação do su­</p><p>premo fato e realidade do Espírito Santo. Somos</p><p>espiritualmente fracos porque a maior das provi­</p><p>sões de Deus para esta dispensação é coberta de</p><p>irrealidade. Compreendemos outras verdades, po­</p><p>rém não nos temos firmado nesta: que a realida­</p><p>de, a força e a necessidade supremas no mundo hoje</p><p>é o Espírito Santo. E não apenas no mundo ou na</p><p>igreja em geral, mas na vida de cada indivíduo.</p><p>Enquanto os pastores julgarem ser necessário</p><p>simplesmente mais entusiasmo, insistência, habi­</p><p>lidade ou veemência, para que consigam ser tudo</p><p>aquilo que devem ser, então sua pregação será de</p><p>pouco valor porque estarão apenas perpetuando</p><p>sua fraqueza espiritual.</p><p>Ao lançarmos um olhar retrospectivo através</p><p>dos séculos e considerarmos o episódio de Éfeso,</p><p>veremos que a indagação de Paulo sugere a razão</p><p>por que tantas vidas fracassam espiritualmente e</p><p>porque a Igreja é tão destituída de poder. Nada</p><p>pode suprir a falta do Espírito Santo. O que o va­</p><p>por ou o gás é para a máquina, o que a eletricida­</p><p>de é para o motor, isto e muito mais é o Espírito</p><p>Santo na luta da alma com o pecado, e também</p><p>no serviço bem-sucedido.</p><p>Como o Fogo Difere da Água</p><p>A pergunta de Paulo determina a linha divisó­</p><p>ria entre duas classes na Igreja Cristã — aqueles</p><p>que. conhecem Jesus apenas como Salvador, que</p><p>lhes perdoa os pecados e dá esperança de alcan­</p><p>__________ A Unção Plena do Espírito__________</p><p>143</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>çarem o Céu; e aqueles que 0 conhecem como o</p><p>Senhor sobre o poder do pecado, e que habita na</p><p>alma do obreiro como presença viva e realidade</p><p>pessoal, preparando-o assim para o serviço mais</p><p>amplo e completo.</p><p>Alguns apresentam um ministério de arrepen­</p><p>dimento, batizando com água para uma limpeza</p><p>exterior e reform a moral. Virtualmente tornam</p><p>a obra da Igreja moral em vez de espiritual, preo-</p><p>cupando-se antes com a conduta do que com a na­</p><p>tureza, visando à reforma em vez da transform a­</p><p>ção interior. Mas João falou dAquele que batiza­</p><p>ria “com o Espírito Santo e com fogo” . Sua obra</p><p>é tão diferente do simples batismo de arrependi­</p><p>mento, como o fogo difere da água. Possui um po­</p><p>der interno, consumidor, pleno.</p><p>É isto que completa o preliminar batismo de</p><p>arrependimento. Receber isto é “a maior e mais</p><p>urgente de todas as nossas necessidades” .</p><p>Após três anos de companheirismo com os dis­</p><p>cípulos, Jesus lhes disse que era conveniente que</p><p>Ele fosse para que eles pudessem receber o Espí­</p><p>rito Santo. E lhes declarou que a presença do Es­</p><p>pírito seria de mais valor para eles do que a Sua</p><p>própria e contínua presença física.</p><p>Resultado — Pregação Sem Poder</p><p>A quem compete fazer semelhante pergunta:</p><p>“Recebestes o Espírito Santo quando crestes?”</p><p>Não é ao pastor? Paulo a fez, prontamente, no mo­</p><p>mento exato. Sua pergunta deu a entender que a</p><p>144</p><p>instrução recebida fora apenas parcial. A falta que</p><p>eles tinham era por culpa do pregador. A apresen­</p><p>tação do evangelho não é completa nem adequa­</p><p>da quando não salienta a gloriosa provisão do Es­</p><p>pírito Santo. A pessoa parcialmente instruída no</p><p>evangelho pode te r apenas uma experiência par­</p><p>cial. Mas em demasiados casos um assentimento</p><p>intelectual à verdade evangélica tem substituído</p><p>essa divina provisão.</p><p>Existem muitos pregadores com dons maravi­</p><p>lhosos, cheios de zelo, poderosos nas Escrituras,</p><p>eloquentes, mas que deixam após si conversos fra­</p><p>cos e defeituosos porque eles mesmos não vivem</p><p>experimentalmente o seu Pentecoste pessoal. Nin­</p><p>guém pode dar uma clara expressão se não tiver,</p><p>ele próprio, uma clara impressão. A tendência é</p><p>sempre para o formal, material e utilitário.</p><p>E muito fácil empanar-se a visão espiritual. E</p><p>é a ausência do Espírito que anula a pregação de</p><p>um homem poderoso. Sem a presença do Espírito,</p><p>de nada valem a cultura, o talento, a eloquência. Se</p><p>a alma de Paulo ardia ao dirigir ele aquela pergun­</p><p>ta vital aos doze homens, que diria se pudesse ver</p><p>a Igreja hoje, no tempo da chuva serôdia? Obser­</p><p>vemos estas perscrutadoras declarações:</p><p>“E a ausência do Espírito que torna o minis­</p><p>tério evangélico tão destituído de poder. Pode-se</p><p>ter cultura, talento, eloquência, todo dom natural</p><p>ou adquirido; mas, sem a presença do Espírito de</p><p>Deus, nenhum coração</p><p>será tocado, nenhum pe­</p><p>cador ganho para Cristo. Por outro lado, se os pas­</p><p>tores estão unidos a Cristo e possuem os dons do</p><p>__________ A Unção Plena do Espírito__________</p><p>145</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Espírito, o mais simples e o mais iletrado dos discí­</p><p>pulos terá um poder que atingirá os corações. Deus</p><p>os toma condutos da mais elevada influência no Uni­</p><p>verso.” — Testimonies, vol. 8, págs. 21 e 22.</p><p>“Sem o Espírito de Deus, de nada vale o conhe­</p><p>cimento da Palavra. A teoria da verdade, não acom­</p><p>panhada do Espírito Santo, não pode vivificar a al­</p><p>ma, nem santificar o coração. Pode estar-se fami­</p><p>liarizado com os mandamentos e promessas da Bí­</p><p>blia, mas se o Espírito de Deus não introduzir a</p><p>verdade no íntimo, o caráter não será transforma­</p><p>do. Sem a iluminação do Espírito, os homens não</p><p>estarão aptos para distinguir a verdade do erro,</p><p>e serão presa das tentações sutis de Satanás.” —</p><p>Parábolas de Jesus, págs. 408 e 411.</p><p>“A Espada do Espírito, que é a Palavra de Deus,</p><p>penetra o coração do pecador, cortando-o em peda­</p><p>ços. Quando a teoria da verdade é repetida sem que</p><p>sua sagrada influência seja sentida na alma do que</p><p>fala, não tem nenhuma força sobre os ouvintes, mas</p><p>é rejeitada como erro, tomando-se ele responsável pe­</p><p>la perda de almas.” — Obreiros Evangélicos, pág. 253.</p><p>“Não devemos tornar menos salientes as verda­</p><p>des especiais que nos separaram do mundo, e nos</p><p>têm tornado o que somos; pois acham-se pejadas de</p><p>interesses eternos. Deus nos concedeu luz relativa­</p><p>mente às coisas que estão tendo lugar atualmente,</p><p>e, pela pena e de viva voz, temos de proclamar a</p><p>mensagem ao mundo. Mas é a vida de Cristo na al­</p><p>ma, é o ativo princípio do amor comunicado pelo Es­</p><p>pírito Santo, unicamente, que tornarão nossas pa­</p><p>lavras frutíferas.” — Obreiros Evangélicos, pág. 288.</p><p>146</p><p>A Ordem</p><p>e a Provisão</p><p>Divinas</p><p>Cerca de dez anos depois dos eventos referi­</p><p>dos no capítulo anterior, Paulo, escreven­</p><p>do à maior igreja nessa mesma cidade de Efeso,</p><p>acrescenta à sua primeira pergunta esta solene in-</p><p>junção: “E não vos embriagueis com vinho, no qual</p><p>liá dissolução, mas enchei-vos do Espírito.” Efé-</p><p>sios 5:18. Aqui há um apelo para que se receba al­</p><p>go. Alguns não estavam cheios, por isso sua con­</p><p>dição produziu esta dupla injunção, em parte po­</p><p>sitiva e em parte negativa.</p><p>E sta imposição é mais que desejável; é indis­</p><p>pensável. Não se tra ta de algo simplesmente per-</p><p>missível, mas perceptivo. Não temos direito maior</p><p>para desobedecer à segunda parte do que à pri­</p><p>meira, porque uma é tão obrigatória quanto a ou­</p><p>tra. É mais do que mero conselho; é uma explíci­</p><p>ta ordem de aplicação universal, tão peremptória</p><p>quanto a que proíbe a embriaguez. Pois para o</p><p>147</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>crente o fato de não estar “ cheio” implica tanto</p><p>desobediência, quanto o é para o pecador impeni­</p><p>tente não render-se em “arrependimento” à von­</p><p>tade de Deus.</p><p>E star cheio do Espírito é mais que um privilé­</p><p>gio; é um evidente dever e um direito inato do cris­</p><p>tão. Crer na verdade não o substitui. Tampouco</p><p>estudar a Bíblia. Intensa atividade e a guarda do</p><p>sábado não substituem esse dever. Por nosso pró­</p><p>prio risco desobedecemos a esta positiva ordem</p><p>que nos é prescrita.</p><p>Não Por Medida, Mas em Plenitude</p><p>Por um momento pensemos detidamente nes­</p><p>tas palavras: “enchei-vos” . Não se tra ta de algo</p><p>para o qual somos instados a olhar retrospectiva-</p><p>mente; é uma ordem atual. Sim, “enchei-vos” . Po­</p><p>demos ser cheios — de manhã, ao meio-dia, à noi­</p><p>te, a cada momento.</p><p>“Manhã após manhã, ao se ajoelharem os arau­</p><p>tos do evangelho perante o Senhor, renovando-Lhe</p><p>seus votos de consagração, Ele lhes concederá a</p><p>presença de Seu Espírito, com Seu poder vivifican­</p><p>te e santificador. Ao saírem para seus deveres diá­</p><p>rios, têm eles a certeza de que a invisível atuação</p><p>do Espírito Santo os habilita a serem ‘cooperado-</p><p>res de Deus’.” — Atos dos Apóstolos, pág. 56.</p><p>A descrença não deve dizer: Tal experiência é</p><p>elevada demais. Sendo, porém, uma ordem de</p><p>Deus, é tão obrigatória quanto qualquer outra. Vis­</p><p>to que todos os imperativos de Deus são também</p><p>148</p><p>A Ordem e a Provisão Divinas</p><p>habilitações, cada um deles equivale a uma pro­</p><p>messa. Tomamos para nós as outras doutrinas,</p><p>exortações e ensinamentos da epístola aos Éfesios;</p><p>por que minimizamos ou omitimos esta?</p><p>Todos os filhos de Deus nasceram do Espírito;</p><p>mas ser cheio do Espírito é outra coisa. Ter o Es­</p><p>pírito numa medida, ou por medida, é uma coisa;</p><p>mas algo bem diverso é possuir-nos Ele plenamen­</p><p>te. 0 que Ele quer é en trar e encher cada parte</p><p>de nosso ser. Se temos fé que Jesus Cristo pode</p><p>salvar uma pessoa da culpa do pecado, não deve­</p><p>mos crer que Ele cumprirá a promessa de con-</p><p>ceder-nos o Espírito Santo? Uma coisa é tão sa­</p><p>grada como a outra; e nenhuma é mais impos­</p><p>sível que a outra. E todo aquele que foi salvo de­</p><p>ve ser cheio do Espírito, pois o poder de Cristo</p><p>é tão disponível como o Seu perdão. Resumin­</p><p>do, devemos crer e ser salvos, e crer e ser cheios</p><p>do Espírito.</p><p>Não pensemos que a dotação foi apenas para</p><p>os dias apostólicos. E também “para todos que ain­</p><p>da estão longe” . (Atos 2:39.) É tanto para nós que</p><p>vivemos nas aurifulgentes glórias das últimas ho­</p><p>ras do tempo, quanto para aqueles que viveram</p><p>no argênteo alvorecer da dispensação do Espírito.</p><p>A Comunicação de Vida à Alma</p><p>“Cheio do Espírito” é contrastado com a exci­</p><p>tante influência dos estimulantes alcoólicos. No</p><p>Pentecoste os discípulos foram acusados de estar</p><p>embriagados; mas aqui se apresenta o contraste</p><p>149</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>entre a ação do Espírito e o anormal estado alcoó­</p><p>lico do beberrão. Pois quando o Espírito habita ple­</p><p>namente no homem, a vida rendida a Ele fica sob</p><p>a direção e controle de um Agente sobrenatural</p><p>e divino.</p><p>0 homem alcoolizado exibe atitudes frívolas e</p><p>profanas, uma conduta desenfreada, tudo inspi­</p><p>rado pelo espírito do mal. Mas a alma cheia do Es­</p><p>pírito é protegida, cercada e animada por Ele. 0</p><p>batismo do Espírito Santo é a comunicação da vi­</p><p>da de Deus à natureza humana. É a entrada de</p><p>Deus mediante o Espírito, para habitar na alma.</p><p>Não é sinónimo de manifestação dos dons do E s­</p><p>pírito. É radicalmente diferente da m era aparên­</p><p>cia espiritual. É aquela presença que expurga, lim­</p><p>pa, consome e produz energia como se fosse fogo.</p><p>“Enchei-vos” está no modo imperativo. A ne­</p><p>cessidade é urgente porque o tempo é escasso. Is­</p><p>so é obrigatório, e estamos muito atrasados nes­</p><p>te sentido. Apelamos aos pecadores que aceitem</p><p>a Cristo — o Portador dos Pecados — tendo em</p><p>vista a brevidade da vida, a certeza e iminência</p><p>do juízo final, e a bem-aventurança da salvação</p><p>presente e futura.</p><p>De modo semelhante, por estas mesmas razões</p><p>e outras ainda mais importantes, Cristo espera que</p><p>sejamos cheios do Espírito. Deus anseia hoje por</p><p>pessoas que, olvidando o próprio eu, desejem so­</p><p>mente ser receptores e transmissores do poder do</p><p>Espírito Santo. Não necessitamos compreender</p><p>Sua natureza, nem o processo da unção. Tudo que</p><p>precisamos saber é que o Seu poder é real, ber.</p><p>150</p><p>A Ordem e a Provisão Divinas</p><p>como a lei que rege Sua operação; e daí submeter-</p><p>nos às condições.</p><p>Nada menos que isso nos capacitará a viver</p><p>uma vida vitoriosa e plena de bons frutos. Assim</p><p>desfrutaremos realmente, em nossa experiência</p><p>pessoal, o completo gozo da redenção. Nestes efé­</p><p>meros dias do fim, Deus encherá homens com o Seu</p><p>Espírito como o fez por ocasião da chuva tempo-</p><p>rã. Tanto João Batista quanto Elias — protótipos</p><p>do povo do Advento — foram cheios do Espírito.</p><p>Lembremos:</p><p>“O Pai deu ao Filho Seu Espírito sem medida,</p><p>e também nós podemos participar de Sua pleni­</p><p>tude.” — O Grande Conflito, pág. 478.</p><p>Recebido Mediante um Ato Pessoal de Fé</p><p>“ Sede cheios” está na voz passiva. Não somos</p><p>exortados a encher-nos, mas a “ ser cheios” , pelo</p><p>Espírito e com Ele. Deve haver Alguém que en­</p><p>cha. Temos de depender dEle, pois a responsabi­</p><p>lidade é dEle. A unção é certa porque está basea­</p><p>da na imutável palavra do Deus vivo. Preenchen­</p><p>do as condições, seremos cheios. Todavia, o dom</p><p>oferecido é uma coisa, e a apropriação pessoal des-</p><p>; se dom é algo totalmente diferente.</p><p>A voz passiva indica que a vontade se subme­</p><p>te, o corpo se sujeita e o coração é esvaziado. Es­</p><p>tes são os grandes pré-requisitos. Nós O recebe­</p><p>mos quando a Ele nos sujeitamos, num definido,</p><p>deliberado, consciente e pessoal ato de fé. Deve</p><p>l^iver mais do que mera aquiescência, mais do que</p><p>151</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>passiva aceitação de Sua entrada. Temos de apro­</p><p>priar-nos dEle de maneira ativa e real. Neste sen­</p><p>tido a ordem é ativa e positiva.</p><p>Uma pergunta, agora, antes de prosseguirmos:</p><p>Como podemos saber se estamos cheios do E sp íri­</p><p>to? Há o perigo de esperarmos uma grande exci­</p><p>tação emocional, uma especial revelação de gló­</p><p>ria, uma percepção abarcante da majestosa pre­</p><p>sença. No entanto, usualmente isso não aconte­</p><p>ce. E verdade que foi assim no Pentecoste, quan­</p><p>do Ele veio pela primeira vez. Mas não precisa ser</p><p>necessariamente ou geralmente assim. Depois não</p><p>eram comuns as experiências dramáticas. Em al­</p><p>guns casos Sua chegada tem sido vulcânica, revo­</p><p>lucionando violentamente a vida. Temos de fazer</p><p>uma distinção entre a essência e os efeitos secun­</p><p>dários.</p><p>A experiência do recebimento do Espírito não</p><p>é idêntica em dois casos, pois muito influi o tem ­</p><p>peramento de cada um. “Ser cheio” é justam en­</p><p>te colocar todo o ser sob a direção e domínio do</p><p>Espírito Santo. É o próprio Deus, na presença e</p><p>pessoa do Espírito Santo, que assume o trono ín­</p><p>timo do crente e ali governa com todo o poder, tra ­</p><p>zendo perfeição à vida e ao serviço. Ser cheio do</p><p>Espírito não é necessariamente te r emoções ma­</p><p>ravilhosas, mas te r Cristo glorificado no coração.</p><p>Diferença Entre Modo e Realidade</p><p>Talvez uma ilustração seja útil. Um rio pode</p><p>ser cheio de duas maneiras: por chuvas torrenciais,</p><p>152</p><p>A Ordem e a Provisão Divinas</p><p>cm meio a grande rumor, tumulto e comoção, pro­</p><p>duzindo inundação e violência; ou pela neve que se</p><p>derrete, e calma e constantemente vai enchê-lo até</p><p>a sua plenitude, sem qualquer barulho, distúrbio ou</p><p>comoção. Assim o rio é gradualmente cheio. Os mé­</p><p>todos diferem, mas em ambos os casos ele é cheio.</p><p>Semelhantemente, o vento silencioso é conhe­</p><p>cido, não por percepção visual, mas por seus efei­</p><p>tos. Tanto no hebraico como no grego, a palavra</p><p>que designa espírito é a mesma que significa ven­</p><p>to, e inclui tanto suavidade quanto força. Pode ser</p><p>como a suave brisa vespertina, ou como a furiosa</p><p>força da tempestade. Todavia, ambos são vento.</p><p>Assim acontece com a unção do Espírito. Po­</p><p>de ser repentina, ou pode vir gradualmente à al­</p><p>ma. É verdade que algumas vezes, nos tempos</p><p>apostólicos, a unção veio acompanhada de fenô­</p><p>menos miraculosos — terremoto, vento ou fogo.</p><p>No entanto, muitas vezes, nada disso ocorria. De­</p><p>vimos sempre distinguir entre o modo da opera­</p><p>ção e a própria coisa em si.</p><p>"Quando o Espírito Santo atua no agente hu­</p><p>mano, não nos pergunta como operará. Frequen­</p><p>temente move-Se de maneira inesperada.</p><p>“O Espírito Santo não lisonjeia o homem, tam ­</p><p>pouco opera segundo as idéias de qualquer homem.</p><p>Não devem os homens finitos e pecaminosos ma­</p><p>nejar o Espírito Santo. Quando Este vier como um</p><p>reprovador por meio de qualquer instrumento hu­</p><p>mano que Deus escolher, é o dever do homem ou­</p><p>vir e obedecer-Lhe a voz.” — Testemunhos para</p><p>Ministros e Obreiros Evangélicos, págs. 64 e 65.</p><p>153</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Fé, Realidade, Sentimento</p><p>Não devemos de maneira arbitrária designar</p><p>antecipadamente o conduto certo. É muito fácil</p><p>form ar preconceitos que não têm apoio na Bíblia.</p><p>Muitos estão em busca de emoções tais como ex­</p><p>plosões de júbilo e maravilhosas comoções espiri­</p><p>tuais; e se não as experimentarem, ficam desalen­</p><p>tados. Na realidade, a unção do Espírito não tem</p><p>que te r aparência extraordinária. E uma herança</p><p>provida para os cristãos, como uma experiência</p><p>normal que diariamente nos capacita a viver pia­</p><p>mente, a prestar serviço eficaz, bem como enfren­</p><p>ta r crises mediante dotações especiais do Espíri­</p><p>to. Não nos é possível nem mesmo determinar</p><p>quando O recebemos, como acontece com algumas</p><p>conversões, que se efetuam em sagrado silêncio.</p><p>Não é necessário nenhum êxtase. 1</p><p>Realidade, fé, sentimento, eis a ordem de Deus.</p><p>A unção pode ser única, mas provavelmente será</p><p>comum. Barnabé jamais teve a experiência de Pau­</p><p>lo, no entanto, ambos foram cheios do Espírito.</p><p>As realidades fundamentais eram idênticas. Não</p><p>importa o método; o que é essencial é a realidade</p><p>básica. Sendo assim, a unção baseia-se não em sen­</p><p>timento, mas na realidade. Vem como resultad ;</p><p>de uma fé silenciosa. Lemos: “Para que a bênção</p><p>de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cris­</p><p>to, a fim de que recebêssemos pela fé o Espírito pro­</p><p>m etido.” Gálatas 3:14.</p><p>Justamente como o oferecimento de perdão dos</p><p>pecados em I S. João 1:9 é, por um lado, uma sim</p><p>154</p><p>A Ordem e a Provisão Divinas</p><p>pies oferta, e por outro, uma simples aceitação da</p><p>condição, assim de maneira semelhante há em Apo­</p><p>calipse 3:20 um evidentemente simples oferecimento</p><p>de entrada e habitação se alguém ouvir e abrir a</p><p>porta do coração. A natureza humana é possuída</p><p>pelo divino Espírito, e disto resulta a bendita cons­</p><p>ciência da presença de Cristo. Passamos a conhecê-</p><p>Lo como nunca dantes, tornando-se seu domínio</p><p>uma realidade consciente e prática. Ficamos silen­</p><p>ciosamente imbuídos da consciência dessa Presen­</p><p>ça que penetra as realidades invisíveis.</p><p>Há um senso da soberana propriedade de Deus,</p><p>uma visão de inabalável propósito, uma íntima</p><p>consciência de companheirismo com Cristo, uma</p><p>profunda aversão ao pecado, e uma alegre cama­</p><p>radagem com o Espírito. Como resultado, vê-se</p><p>uma diferença na vida e no trabalho. No caso de</p><p>Elias, a evidência do poder do Espírito não esta­</p><p>va em sentimentos estáticos ou manifestações es­</p><p>peciais. Quando, porém, ele feriu as águas, elas</p><p>se dividiram. A evidência achava-se no serviço.</p><p>Dois Métodos Satânicos de Impedimento</p><p>Quando se tra ta de verdades importantes, o</p><p>njiabo emprega dois métodos especiais: Primeiro,</p><p>,ele procura ocultar a visão tanto quanto lhe é pos­</p><p>sível. Segundo, quando não pode mais ocultá-la,</p><p>ele aplica o princípio de promoção com distorção.</p><p>Quando pode, desfigura a verdade até torná-la um</p><p>erro fatal. Consideremos, como exemplo, a ver­</p><p>dade da justificação pela fé. Durante os longos e</p><p>155</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>exaustivos séculos da Idade Média, ele a conser­</p><p>vou oculta até que Lutero conseguiu trazê-la à luz.</p><p>Logo o diabo adotou-a indiretamente, fez altera­</p><p>ções e aplicações erradas até produzir o antino-</p><p>mianismo (a rejeição da Lei de Deus), recebido pe­</p><p>las multidões com danosos resultados.</p><p>O mesmo se deu com a verdade sobre o Espí­</p><p>rito Santo. Obscurecida durante séculos, surgiu</p><p>afinal, numa geração, um reavivamento de pro­</p><p>fundo interesse e investigação desse assunto. Nos</p><p>últimos cinquenta anos têm-se escrito mais livros,</p><p>folhetos e artigos sobre este tema do que durante</p><p>o tempo decorrido desde a invenção da imprensa.</p><p>Isto não pode ser contido, pois é determinação do</p><p>diabo lançar sombras sobre todo este assunto,</p><p>desacreditando-o mediante os extremismos dos</p><p>pentecostais, o fanatismo e as crenças irracionais</p><p>de várias seitas extremistas, os quais depreciam</p><p>o aspecto histórico e subestimam a dependência</p><p>da Palavra.</p><p>No entanto, não devemos permitir que o diabo</p><p>nos roube a verdade divina e retire de nós a bên­</p><p>ção que o Senhor nos proveu. Não devemos ser en­</p><p>ganados por seus engenhosos planos e nos levar</p><p>a desprezar a bênção do Céu. Nossa maior, mais</p><p>profunda e mais urgente necessidade hoje é o E s­</p><p>pírito Santo com Seu poder e provisão. E essa pro­</p><p>visão, focalizada em nosso estudo, acha-se em tre ­</p><p>mendo contraste com todas as perversões e con­</p><p>trafações modernas. É muito improvável que o po­</p><p>vo adventista, dotado de julgamento sério e racio­</p><p>nal, possa ser seduzido a participar das selvagens</p><p>156</p><p>A Ordem e a Provisão Divinas</p><p>excentricidades desses cultos.</p><p>O perigo que nos</p><p>ameaça é de sermos enleados pela diabólica cons­</p><p>piração do silêncio, deixando de investigar a ver­</p><p>dade, ou enfastiando-nos dela por causa dos ex­</p><p>tremos da contrafação. Notemos isto:</p><p>“Tem-se lançado grande opróbrio sobre a obra</p><p>do Espírito Santo, pelos erros de uma classe que,</p><p>alegando te r recebido Sua luz, declaram não ter</p><p>mais necessidade da direção da Palavra de Deus.</p><p>São governados pelas impressões que eles julgam</p><p>ser a voz de Deus na alma. Mas o espírito que os</p><p>controla não é o Espírito de Deus. Seguir impres­</p><p>sões enquanto se olvidam as Escrituras pode so­</p><p>mente conduzir à confusão, ao engano, à ruína.</p><p>Serve apenas para promover os desígnios do ma­</p><p>ligno.” — E. G. White, AustralianSigns ofthe Ti­</p><p>mes, 24 de julho de 1911.</p><p>“Visto que o ministério do Espírito Santo é de</p><p>vital importância para a Igreja de Cristo, é um dos</p><p>enganos de Satanás, mediante os erros de extre­</p><p>mistas e fanáticos, lançar descrédito sobre a obra</p><p>do Espírito, e levar o povo de Deus a negligenciar</p><p>esta fonte de poder que o nosso Senhor mesmo</p><p>proveu.” — Ibidem.</p><p>Sob o Controle do Espírito</p><p>O Espírito Santo, cuja plenitude devemos ter,</p><p>não é uma vaga influência nem força mística. E</p><p>uma Pessoa divina que deve ser recebida com pro­</p><p>funda humildade, veneração e obediência. Não se</p><p>trata, pois, de nós possuirmos mais dEle, mas que</p><p>157</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Ele possua mais de nós — que nos possua total­</p><p>mente. Buscamos, portanto, não um poder impes­</p><p>soal, mas o pleno conhecimento de uma Pessoa,</p><p>maior submissão a uma Pessoa, mais forte amor</p><p>por uma Pessoa, e o absoluto controle dessa Pes­</p><p>soa em nossa vida — a Pessoa do Espírito Santo</p><p>de Deus.</p><p>O Espírito Santo vem para administrar em nós</p><p>o governo de Cristo. Antes de experimentarmos</p><p>o Seu poder, temos de permitir que Ele nos pos­</p><p>sua totalmente. Nós, porém, nunca executamos es­</p><p>te poder; é o Espírito Santo quem sempre o faz.</p><p>Assim não somos cheios de uma simples influên­</p><p>cia, ou uma sensação, ou um conjunto de idéias,</p><p>ou m era bênção, mas de uma bendita Pessoa.</p><p>Não devemos fazer coisa alguma que desagra­</p><p>de ou afaste este Ser celestial. Devemos tratá-Lo</p><p>como hóspede bem-vindo, porque Ele é muito sen­</p><p>sível à recepção que Lhe damos; sem nunca intro-</p><p>meter-Se, entra alegremente pela porta aberta, e</p><p>aceita todos os convites. Ele, porém, não entra e</p><p>nem permanece em nós sem nosso pleno consen­</p><p>timento.</p><p>Nas eras passadas o Espírito, consoante Sua</p><p>soberana vontade, operava nos objetos de Sua gra­</p><p>ça e, de acordo com o Seu beneplácito, visitava os</p><p>corações solitários. Mas nesta dispensação Deus</p><p>instituiu certas leis universais sobre a Sua opera­</p><p>ção e nossa cooperação. E Ele próprio, de modo</p><p>meticuloso, reconhece Suas próprias leis. Ele res­</p><p>peita a liberdade da vontade humana, jamais for­</p><p>çando a inestimável bênção de Sua presença nos</p><p>158</p><p>-</p><p>Jesus fez e ensinou, até ao dia</p><p>em que, depois de haver dado mandamentos por</p><p>intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que</p><p>acolhera, foi elevado às alturas.” Atos 1:1 e 2.</p><p>A Própria Vida de Cristo Foi Cheia do Espírito</p><p>Durante Sua infância e juventude, Cristo foi</p><p>continuamente submisso aos ensinos e à influên­</p><p>cia modeladora do Espírito divino. No Seu batis­</p><p>mo Ele entrou numa nova fase, num relacionamen­</p><p>to mais pleno. Foi o Seu Pentecoste pessoal. Foi</p><p>dotado e ungido sem medida. (S. João 3:34.) Foi</p><p>162</p><p>A Ordem e a Provisão Divinas</p><p>cheio do Espírito Santo. Tinha consciência de que</p><p>o Espírito Santo viera sobre Ele, ungindo-0 para</p><p>pregar. Suas palavras e atos eram inspirados pe­</p><p>lo Espírito. Mediante o Espírito eterno Ele Se ofe­</p><p>receu na cruz, e depois da Sua ressurreição pelo</p><p>Espírito Santo (I Pedro 3:18), Ele “foi poderosa­</p><p>mente demonstrado Filho de Deus” (Rom. 1:4).</p><p>Todas as virtudes do caráter de Cristo são di­</p><p>retamente atribuídas ao Espírito Santo. A univer­</p><p>salidade e indispensabilidade da obra do Espírito</p><p>em favor do homem são indicadas pelos seguin­</p><p>tes nomes, a Ele atribuídos: Ele é o “Espírito da</p><p>vida” (Rom.8:2), “o Espírito de adoção” (Rom.</p><p>8:15), “o Espírito de verdade” (S. João 14:17), “o</p><p>Espírito de sabedoria” (Efés. 1:17), “Espírito de</p><p>poder e de amor” (II Tim. 1:7), “Espírito de fé”</p><p>(II Cor. 4:13), “Espírito da graça” (Heb. 10:29),</p><p>“Espírito da glória” (I Ped. 4:14). E a caracterís-</p><p>tica constantemente enfatizada é Santo — Espí­</p><p>rito Santo.</p><p>Jesus foi “ cheio” do Espírito. E o mesmo Es­</p><p>pírito que morou no corpo de Jesus, que chorou</p><p>através de Suas lágrimas, e amou em Seus sacri­</p><p>fícios, deseja habitar em nós como a própria pre­</p><p>sença de nosso querido Redentor.</p><p>Ocasional Nos Tempos do Velho Testamento</p><p>Pelo pecado o homem se distanciou de Deus.</p><p>O pecado é algo anormal, que tem envenenado ca­</p><p>da geração que passa. A obra de Jesus foi liber­</p><p>tar do pecado, e tornar o desnaturai novamente</p><p>163</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>em espiritual. Nos tempos do Velho Testamento</p><p>o ministério do Espírito em favor do homem era</p><p>parcial, e somente ocasionalmente atingia a sua</p><p>plenitude. Homens especiais foram cheios do Es­</p><p>pírito para realizarem uma obra especial, como</p><p>aconteceu com José, Gideão e outros.</p><p>Ao aproximar-se a encarnação de Cristo, João,</p><p>Seu precursor, foi cheio do Espírito Santo desde</p><p>o nascimento (S. Luc. 1:15); Isabel foi cheia do Es­</p><p>pírito para proferir a sua saudação (S. Luc. 1:41);</p><p>e Zacarias foi cheio do Espírito para pronunciar</p><p>sua profecia (S. Luc. 1:67-69).</p><p>“Desde o princípio tem Deus operado por Seu</p><p>Espírito Santo, mediante instrumentalidades huma­</p><p>nas, para a realização de Seu propósito em benefí­</p><p>cio da raça caída. Isto se manifestou na vida dos</p><p>patriarcas. À Igreja no deserto, no tempo de Moi­</p><p>sés, também deu Deus Seu “bom Espírito, para os</p><p>ensinar” . Nee. 9:20. E nos dias dos apóstolos Ele</p><p>atuou poderosamente por Sua Igreja mediante a ins-</p><p>trumentalidade do Espírito Santo. O mesmo poder</p><p>que susteve os patriarcas, que a Calebe e Josué deu</p><p>fé e coragem, e eficiência à obra da igreja apostóli­</p><p>ca, tem sustido os fiéis filhos de Deus nos séculos</p><p>sucessivos. Foi mediante o poder do Espírito San­</p><p>to que na idade escura os cristãos valdenses ajuda­</p><p>ram a preparar o caminho para a Reforma. Foi o</p><p>mesmo poder que deu êxito aos esforços de nobres</p><p>homens e mulheres que abriram o caminho para o</p><p>estabelecimento das modernas missões, e para a tra­</p><p>dução da Bíblia para as línguas e dialetos de todas</p><p>as nações e povos.” — Atos dos Apóstolos, pág. 53.</p><p>164</p><p>A Ordem e a Provisão Divinas</p><p>Não Somente Para Uns Poucos Privilegiados</p><p>Ser cheios do Espírito é estar sob a Sua dire­</p><p>ção, domínio, poder e controle. Mas há uma níti­</p><p>da linha demarcatória entre a antiga e a nova dis-</p><p>pensação. Ser “cheio do Espírito” não mais se des­</p><p>tina a alguns poucos privilegiados. Este privilé­</p><p>gio acha-se agora ao alcance de todos, segundo o</p><p>que declarou Pedro em seu sermão pentecostal.</p><p>(Atos 2: 17 e 18.)</p><p>No Pentecoste todos os cento e vinte apóstolos</p><p>e discípulos, homens e mulheres, foram “cheios”</p><p>do Espírito Santo. (Atos 2:4.) E em Atos 4:31 le­</p><p>mos: “Tendo eles orado, trem eu o lugar onde es­</p><p>tavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito</p><p>Santo, e, com intrepidez, anunciavam a Palavra</p><p>de Deus.” Novos conversos também ficaram</p><p>cheios. Pedro ficou novamente cheio (Atos 4:8);</p><p>Estêvão e outros seis diáconos foram cheios (Atos</p><p>6: 3-5; 7:55); Barnabé foi cheio (Atos 11:22-24);</p><p>Paulo foi cheio (Atos 13:9 e 10).</p><p>A palavra cheio ocorre repetidamente no livro</p><p>de Atos. Os cristãos eram cheios conforme a ne­</p><p>cessidade. E ra sua condição normal, especialmente</p><p>quando maior era a necessidade. Os crentes eram</p><p>ensinados a esperar isso. No tempo dos apóstolos,</p><p>não ser cheio do Espírito era exceção e não regra;</p><p>daí a pergunta de Paulo em Éfeso.</p><p>Nenhum Monopólio do Espírito Santo</p><p>Deve-se observar que não há nenhuma conclu-</p><p>165</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>são formal para o livro de Atos. Deus desejava que</p><p>ele se prolongasse através dos séculos desta dis-</p><p>pensação do Espírito. Não se destina apenas aos</p><p>fracos e santos na aparência. A experiência apos­</p><p>tólica foi dada como exemplo e figura. Deus dese­</p><p>ja que nós sejamos cheios do Espírito, e indaga:</p><p>Você deseja isso?</p><p>Nosso texto em Efésios 5:18 pressupõe que to­</p><p>dos os crentes podem ser cheios do Espírito. Pa­</p><p>rece que algumas pessoas acreditam que somen­</p><p>te alguns poucos têm o monopólio do Espírito San­</p><p>to. Mas a verdade é justam ente o contrário: o E s­</p><p>pírito Santo tem o monopólio de apenas algumas</p><p>pessoas. O Espírito Santo é prometido, e Deus O</p><p>concederá em resposta à oração. “Ora, se vós, que</p><p>sois maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos,</p><p>quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo</p><p>àqueles que Lho pedirem?” S. Lucas 11:13. Até</p><p>o dia em que Cristo fez esta admoestação e pro­</p><p>messa, a idéia de pedir o Espírito Santo era mui­</p><p>to estranha naquele tempo.</p><p>166</p><p>UApós o Novo</p><p>Nascimento Vem</p><p>a Unção Plena</p><p>A diferença entre a operação do Espírito em</p><p>nossa regeneração e sermos cheios do Espí­</p><p>rito, deve ser claramente definida e compreendi­</p><p>da. Mediante a regeneração operada pelo Espíri­</p><p>to, (S. João 3:5 e 8), homens mortos no pecado res­</p><p>surgem para nova vida. Libertinos imersos na sen­</p><p>sualidade, blasfemadores que falavam contra</p><p>Deus, infiéis que mostravam publicamente sua de­</p><p>gradação, têm nascido de novo mediante o Espí­</p><p>rito Santo. Em cada um dos que assim renascem</p><p>o Espírito Santo entra, e lhes comunica vida es­</p><p>piritual. “E se alguém não tem o Espírito de Cris­</p><p>to, esse tal não é dEle.” Rom. 8:9.</p><p>Este é um grande passo na experiência de um</p><p>ser humano. No entanto, não é necessariamente</p><p>o mesmo que ser cheio do Espírito. Uma coisa é</p><p>receber o Espírito, e outra coisa, bem diferente,</p><p>é receber Seu poder e plenitude. Há enorme dife-</p><p>167</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>rença entre -possuir o Espírito Santo e ser cheio do</p><p>Espírito Santo. Estas duas experiências poderiam</p><p>e deveriam ocorrer juntas, mas frequentemente is­</p><p>to não acontece. A diferença consiste na intensida­</p><p>de. 0 Egito possui o rio Nilo o ano inteiro, mas a</p><p>capacidade deste de fertilizar e fazer a terra pro­</p><p>duzir frutos fica praticamente adormecida até que</p><p>vêm as cheias e ele transborda, enriquecendo as ter­</p><p>ras ribeirinhas. Cada palmo de terra atingido por</p><p>suas águas é generosamente abençoado.</p><p>O Salvador Torna-Se o Senhor</p><p>Se você é uma pessoa nascida de novo, o Espí­</p><p>rito Santo habita em você; mas está você cheio do</p><p>Espírito? Pergunta crucial, esta. Muitos crêem em</p><p>Jesus, mas nunca foram além disso. Deve haver,</p><p>porém, uma experiência real além do novo nasci­</p><p>mento. E essa experiência consiste em ser cheio</p><p>do Espírito, pelo Espírito. Mediante o novo nas­</p><p>cimento passamos da morte para a vida; ao ser­</p><p>mos cheios do Espírito, tornamo-nos participan­</p><p>tes de uma vida mais abundante.</p><p>Trata-se de um relacionamento no qual pode­</p><p>mos entrar ou não, embora em Efésios 5 sejamos</p><p>exortados, aliás, divinamente ordenados</p><p>a fazê-lo,</p><p>para que o Espírito habite em nós no tempo em</p><p>que não houver mais intercessão de nosso Sumo</p><p>Sacerdote, nem misericórdia, nem perdão de pe­</p><p>cados. (Sof. 2:3.) A menos que sejamos cheios, es­</p><p>se Dom de todos os dons, esse Hóspede celestial,</p><p>esse Ser santo o poderoso, fica relegado a algum</p><p>168</p><p>obscuro recanto do coração, e é excluído das ou­</p><p>tras partes da vida.</p><p>Oh! Tornemo-Lo nosso bem-vindo Hóspede,</p><p>abrindo-Lhe amplamente todas as entradas de nos­</p><p>so ser. Que o Espírito Santo possua cada can­</p><p>tinho de Seu adquirido templo. Com tal relacio­</p><p>namento, a vida se torna o maior privilégio do</p><p>cristão.</p><p>Vemos assim que a soberania de Jesus, como</p><p>Senhor de nossa vida, difere de Sua posição co­</p><p>mo nosso Salvador. No Pentecoste o Espírito San­</p><p>to não somente desceu sobre os discípulos, mas</p><p>entrou-lhes no coração. (S. João 14:16 e 17.) Fez</p><p>Sua morada em cada um deles, individualmente,</p><p>tornando-os Sua própria possessão. Fez deles</p><p>Sua “ santa sé” , o lugar de Sua morada perma­</p><p>nente.</p><p>Assim como nos tempos coloniais, os explora­</p><p>dores reclamavam para si as terras que conquis­</p><p>tavam, o Espírito Santo reclamou para Si o cora­</p><p>ção dos discípulos. Ele entrou no território da vi­</p><p>da deles, que de outra forma jamais possuiria por­</p><p>que o diabo havia usurpado o direito de Deus so­</p><p>bre o homem. Mas então o Espírito Santo tomou</p><p>posse e passou a habitar no homem. Através de</p><p>todas as épocas Ele tem lutado com os homens;</p><p>na antiga dispensação Ele geralmente descia so­</p><p>bre os homens, capacitando-os para uma obra es­</p><p>pecial; agora Ele deseja habitar nos homens. Na</p><p>antiga dispensação Ele habitava nos profetas (I</p><p>Pedro 1:11); agora Ele deseja habitar em todos os</p><p>crentes (II Cor. 6:16).</p><p>_______ Após o Novo Nascimento Vem..._______</p><p>169</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Cheios Segundo a Capacidade</p><p>Este foi o grande objetivo de Jesus. Depois de</p><p>te r treinado e educado os discípulos por três anos,</p><p>Ele simplesmente os levou ao ponto de aguardar</p><p>a promessa do Pai. O que Ele prometeu nós pode­</p><p>mos obter. Foi o escopo do sermão de Pedro no</p><p>Pentecoste. Depois de terem os ouvintes o cora­</p><p>ção compungido, Pedro disse: “Arrependei-vos, e</p><p>cada um de vós seja batizado em nome de Jesus</p><p>Cristo para remissão dos vossos pecados, e rece­</p><p>bereis o dom do Espírito Santo. ” Atos 2:38. Foi</p><p>este o propósito de Paulo ao interrogar e adver­</p><p>tir os efésios. (Atos 19:2; Efés. 5:18.)</p><p>Não há adoração genuína, vitória pessoal, ou</p><p>serviço eficiente a não ser mediante a habitação</p><p>e crescente operação do Espírito Santo em nós.</p><p>Embora fossem cheios no Pentecoste, sem dúvi­</p><p>da os discípulos receberiam mais ainda, cada um,</p><p>porém, foi cheio na medida de sua capacidade. Vo­</p><p>cê pode ficar de pé no convés de um navio em alto</p><p>mar, e contemplar o magnífico sol refletido nas</p><p>profundezas do oceano; ou você pode ver o mes­</p><p>mo sol num pequenino tanque no quintal, ou nu­</p><p>ma gota de orvalho matutino. O sol é capaz de</p><p>acomodar-se em seus refletores. Assim Deus é ca­</p><p>paz de encher com Seu Espírito qualquer pessoa,</p><p>contanto que esta o consinta.</p><p>Se o sol pode encher uma flor com sua luz re ­</p><p>vertida em tantas cores e nuances; se a nuvem po­</p><p>de absorver seus replendentes raios até que estes</p><p>a exibam gloriosamente colorida, é certo que o Es-</p><p>170</p><p>Após o Novo Nascimento Vem...</p><p>pírito Santo pode fazer refulgir a luz da santidade</p><p>em vidas humanas. E este senso da presença e ha­</p><p>bitação do Espírito Santo no homem, é o que pode</p><p>haver de mais maravilhoso em sua experiência.</p><p>Não queiramos, porém, ser cheios pela meta­</p><p>de, ou por dois terços de nossa capacidade. Nosso</p><p>testemunho é proporcional à plenitude do Espíri­</p><p>to em nós. Apresentemos nossa vida inteira, pa­</p><p>ra que Deus a encha. Devemos ser cheios do mes­</p><p>mo modo em que nossos pulmões são cheios de ar,</p><p>e nossas veias e artérias são cheias de sangue. O</p><p>termo grego geralmente traduzido como “encher”</p><p>é “pleroein”, que significa encher plenamente, tan­</p><p>to que não fique nenhum espaço vazio.</p><p>A expressão “cheio” sugere a idéia de um va­</p><p>so com a capacidade para receber e conter. Deus</p><p>é o oleiro; o homem é o vaso. Davi fala do cálice,</p><p>e Paulo, do vaso de barro. Sim, o homem é um vaso</p><p>destinado a receber o Espírito de Deus — um va­</p><p>so cujas proporções aumentam à medida em que</p><p>recebe mais e mais.</p><p>Esvaziado Antes de Ser Cheio</p><p>A Bíblia não ensina que somos cheios do Espí­</p><p>rito uma vez por todas. Há necessidades atuais e</p><p>suprimento que somente Deus pode conceder; ca­</p><p>da concessão adicional vem do alto. O Pentecoste</p><p>foi o começo, mas os discípulos eram sempre cheios</p><p>de novo. Pedro precisava de novos suprimentos.</p><p>Conquanto a unção inicial seja um momento su­</p><p>premo, tem que haver novas e atuais comunica-</p><p>171</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>ções do Espírito. Sempre que uma nova emergên­</p><p>cia surgia, os discípulos buscavam nova dotação</p><p>do Espírito Santo.</p><p>Havia, na verdade, uma plenitude habitual, mas</p><p>ocasionalmente havia experiências mais plenas pa­</p><p>ra fins especiais. Eles podiam até estar cheios, sem</p><p>implicar, porém, a plenitude que aquelas ocasiões</p><p>requeriam. Tito fala da “renovação do Espírito</p><p>Santo” (Tito 3:5 — Almeida antiga); e Pedro</p><p>refere-se a “ tempos de refrigério” (Atos 3:20). O</p><p>problema consiste em que muitos estão procuran­</p><p>do fazer a obra de Deus com o poder que recebe­</p><p>ram dez anos atrás. Somos todos vasos mal veda­</p><p>dos. Temos que ficar permanentemente sob a fonte</p><p>a fim de permanecermos cheios.</p><p>Para sermos cheios temos de, em primeiro lu­</p><p>gar, ser esvaziados. O eu e o pecado têm de ser</p><p>desalojados. É a lei da exclusão. Num copo há lu­</p><p>gar para várias coisas. Mas se está cheio d’água,</p><p>não há mais lugar para o ar que o ocupava. Duas</p><p>coisas diferentes não podem, ao mesmo tempo,</p><p>ocupar o mesmo lugar no espaço. O eu e o Espíri­</p><p>to Santo não podem ocupar o mesmo trono do co­</p><p>ração. Eu não posso continuar sendo algo, se Deus</p><p>não for tudo. O eu não pode jam ais expulsar o eu.</p><p>Não procure fazer espaço. Simplesmente submeta-</p><p>se, e “de repente virá ao Seu templo o Senhor”</p><p>(Mal. 3:1). Em cada coração há uma cruz e um tro­</p><p>no. Se Jesus está no trono, o eu está na cruz.</p><p>“Ao esvaziardes o coração do próprio eu, de­</p><p>veis aceitar a justiça de Cristo. ... Se abrirdes a</p><p>porta do coração, Jesus preencherá o vazio com</p><p>172</p><p>Após o Novo Nascimento Vem...</p><p>o dom de Seu Espírito.” — E. G. White, Review</p><p>and Herald, 24 de fevereiro de 1892.</p><p>Devemos ser esvaziados. O vento sempre so­</p><p>pra na direção do vácuo. No cenáculo, antes do</p><p>Pentecoste, os discípulos se esvaziaram, e fez-se</p><p>um vácuo. 0 filho do trovão foi esvaziado de seu</p><p>temperamento de trovão, para que pudesse ser</p><p>cheio de amor. 0 duvidoso Tomé foi esvaziado de</p><p>suas dúvidas, para que pudesse ser cheio de fé. O</p><p>presunçoso Pedro foi esvaziado de sua presunção</p><p>e inconstância, para poder ser cheio de firmeza e</p><p>do poder de Deus. Então veio o som como de im­</p><p>petuoso vento anunciando a vinda do Espírito para</p><p>enchê-los plenamente.</p><p>Quanta bondade de nosso Deus em conceder</p><p>ao homem esse dom supremo! Havia um rei que</p><p>desejava expressar sua afeição por um soldado ra­</p><p>so. Deu-lhe, pois, de presente, o seu próprio copo</p><p>engastado de pedras preciosas. “Isto é valioso de­</p><p>mais para eu receber” , disse o soldado. “Mas não</p><p>é demais para eu dar” , respondeu o generoso rei.</p><p>O mesmo podemos dizer quanto ao dom do Espí­</p><p>rito Santo.</p><p>Indispensável Para Completar Nossa Tarefa</p><p>Tendo avançado tanto neste estudo, certamen­</p><p>te uma indagação paira em nossa mente: Consti­</p><p>tui o 'prometido Espírito um imperativo para nós?</p><p>E Ele indispensável à conclusão de nossa dupla</p><p>tarefa — preparar um povo para a vinda do Se­</p><p>nhor, e term inar a última obra de advertência ao</p><p>173</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>mundo? Em resposta, eis a inevitável pergunta:</p><p>De que outra maneira poderia isto ser feito? Te­</p><p>mos muito mais lutas a enfrentar do que o teve</p><p>a igreja primitiva. Há hoje milhares de coisas que</p><p>nos afastam de Deus.</p><p>O mundo é amistoso para com a igreja, sendo,</p><p>portanto, suas tentações mais sutis e perigosas.</p><p>Seu sorriso é mais terno e</p><p>fascinante. A separa­</p><p>ção entre os dois é cada vez menor. O racionalis-</p><p>mo nas igrejas populares tem roubado ao mundo</p><p>aquela singela fé em Deus, e assim temos de en­</p><p>frentar a corrente do modernismo. Esse atual es­</p><p>pírito de secularidade tem fermentado nossas pró­</p><p>prias fileiras e muitos estão, perceptível ou imper-</p><p>ceptivelmente, se perdendo. Lemos:</p><p>“O Espírito de Deus Se está apartando de mui­</p><p>tos de Seu povo. Muitos têm penetrado em cami­</p><p>nhos escuros e secretos, e alguns nunca retorna­</p><p>rão. Continuarão a tropeçar para sua ruína.” —</p><p>Testemunhos para M inistros e Obreiros Evangé­</p><p>licos, pág. 90.</p><p>O aumento de meios e esforços não mudará a</p><p>situação. O poder interior, invisível, do pecado só</p><p>poderá ser enfrentado com o poder interior, invi­</p><p>sível de Cristo através do Espírito Santo. Quan­</p><p>do Ele ocupa totalmente o coração, as nossas ten­</p><p>tações são por Ele extintas como o são as faíscas</p><p>de fogo ao caírem no oceano. Necessitamos de Sua</p><p>vida a fim de podermos viver nossa vida. (Gál.</p><p>2:20.) Necessitamos dEle para desenvolver o ca­</p><p>rá te r cristão com amor, gozo, paz, longanimida­</p><p>de, benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio</p><p>174</p><p>Após o Novo Nascimento Vem...</p><p>próprio; pois estas virtudes são Suas, e não nossas.</p><p>Para o desenvolvimento desses frutos é neces­</p><p>sário que a seiva divina flua nos ramos. “O amor</p><p>de Deus é derramado em nossos corações pelo Es­</p><p>pírito Santo que nos foi outorgado.” Rom. 5:5.</p><p>Necessitamos dEle para sermos iluminados espi­</p><p>ritualmente. “E vós possuís unção que vem do</p><p>Santo, e todos tendes conhecimento.” I S. João</p><p>2:20. Necessitamos dEle como o secreto penhor</p><p>de nossa filiação.“O próprio Espírito testifica com</p><p>o nosso espírito que somos filhos de Deus.” Rom.</p><p>8:16. “Nisto conhecemos que permanecemos nE-</p><p>le, e Ele em nós, em que nos deu do Seu Espí­</p><p>rito .” I S. João 4:13.</p><p>A Poderosa Corrente Oculta do Espírito</p><p>Necessitamos dEle para ficarmos firmes nes­</p><p>ta época de tan ta confusão, quando as torm entas</p><p>e correntes contrárias varrem a superfície. Não</p><p>devemos ser semelhantes ao canal que vi em Mem-</p><p>ramcook, New Brunswick. Da janela do pequeno</p><p>hotel francês, eu observava diariamente o fenô­</p><p>meno de uma corrente que fluía em duas direções.</p><p>Normalmente, era em direção da baía; mas quan­</p><p>do a maré, vinda da baía de Fundy, subia assus­</p><p>tadoramente, isto mudava totalmente o rumo das</p><p>águas, que então corriam em direção oposta. É isto</p><p>que acontece com as multidões hoje, levadas pela</p><p>corrente. Não é necessário, porém, que seja assim.</p><p>Acontece muitas vezes que um iceberg dirigin­</p><p>do-se para o Sul, no Atlântico, encontra a corren-</p><p>175</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>te do golfo, que flui para o Norte. Como, porém,</p><p>a parte maior do iceberg acha-se sob a superfície</p><p>do oceano, ela alcança outra corrente maior, a de</p><p>retorno, e assim continua firme rumo ao Sul.</p><p>Semelhantemente, a alma pode estar tão com­</p><p>pletamente imersa na corrente oculta do Espíri­</p><p>to Santo que, a despeito das correntes superficiais,</p><p>veremos que a grande e profunda corrente de Sua</p><p>vida em nós é poderosa para conservar-nos em di­</p><p>reção a Deus. Embora seja o “sangue de Jesus que</p><p>nos purifica de todo pecado” , é o Espírito Santo</p><p>de Deus que nos dá poder contra o pecado e nos</p><p>capacita para o serviço.</p><p>Sim, precisamos realmente do poder do Espí­</p><p>rito no serviço, para que este seja realizado de ma­</p><p>neira aceitável. Sua plenitude nunca vem simples­</p><p>mente para fazer-nos felizes ou santos. Vem para</p><p>benefício do serviço e não do próprio eu. O poder</p><p>vem juntamente com o desejo de testemunhar. Ne­</p><p>cessitamos de Sua convincente cooperação a fim</p><p>de que a Palavra, como “fogo” , possa inflamar as</p><p>almas; como “m artelo” possa esmiuçar os cora­</p><p>ções empedernidos pelo pecado, e como “espada”</p><p>possa penetrar através do pecado e da descrença.</p><p>Nascemos de novo primariamente para suprir</p><p>nossas próprias necessidades, mas somos cheios do</p><p>Espírito para servir. Assim que Jesus foi batizado</p><p>“com o Espírito Santo e com fogo” , Ele saiu fa­</p><p>zendo o bem. Assim que os discípulos foram cheios</p><p>do Espírito, “começaram a falar” , e teve início a</p><p>época dos esforços missionários. O vaso é cheio, não</p><p>para si mesmo, mas para o uso do Mestre.</p><p>176</p><p>Propósitos e Resultados da Unção Plena</p><p>Notemos os propósitos para os quais homens</p><p>foram cheios do Espírito nos dias apostólicos: pa­</p><p>ra testemunhar (Atos 2:4); para refutar objeções</p><p>(Atos 4:8); para falar ousadamente a Palavra de</p><p>Deus (Atos 4:31); para suportar perseguição e mar­</p><p>tírio (Atos 7:55); para expor o erro (Atos 13:9 e</p><p>10); para louvar e dar graças a Deus (Efés. 5:18-20).</p><p>É certo que essas várias operações do Espírito fo­</p><p>ram todas sobremaneira práticas. Notemos:</p><p>“Como um povo, não estamos fazendo a quin­</p><p>quagésima parte do que poderíamos fazer como</p><p>missionários ativos. Se tão-somente fôssemos vi­</p><p>talizados pelo Espírito Santo, haveria uma cente­</p><p>na de missionários onde agora há um.” — Conse­</p><p>lhos sobre Saúde, pág. 507.</p><p>“O número de obreiros no ministério não de­</p><p>ve ser diminuído, mas grandemente aumentado.</p><p>No lugar onde agora há um ministro, vinte devem</p><p>ser acrescentados; e se os reger o Espírito de</p><p>Deus, esses vinte hão de apresentar a mensagem</p><p>de tal maneira, que acrescerão outros vinte.” —</p><p>Obreiros Evangélicos, págs. 65 e 66.</p><p>Observemos agora como Paulo descreve os re­</p><p>sultados de ser cheio do Espírito. O restante da</p><p>epístola aos Efésios, depois da advertência: “En­</p><p>chei-vos” no capítulo 5:8, pode bem ser cataloga­</p><p>do assim:</p><p>1. (Verso 19) Cânticos espirituais no coração</p><p>— a expressão de santa alegria.</p><p>2. (Verso 20) Espírito de gratidão — reconhe-</p><p>_______ Após o Novo Nascimento Vem..._______</p><p>177</p><p>L</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>cimento de que Deus dirige tudo, todas as condi­</p><p>ções adversas são escolhidas ou permitidas por</p><p>Ele, e todas as coisas contribuem para o bem da­</p><p>queles que são chamados segundo o Seu propósito.</p><p>3. (Verso 21) Sujeição do próprio eu — nada</p><p>a não ser o Espírito Santo pode realizar isto.</p><p>4. (Verso 22-33; 6:1-5) Aplicação na vida diária:</p><p>a. Esposas (v. 22)</p><p>b. Esposos (v. 22)</p><p>c. Filhos (6:1)</p><p>d. Pais (6:4)</p><p>e. Servos (6:5)</p><p>5. (Verso 10) Finalmente, força e poder.</p><p>a. A arm adura completa (vs 11-17)</p><p>b. Oração e intercessão (v. 18)</p><p>c. Ousadia para falar (v.19)</p><p>178</p><p>Frutos</p><p>Unção Plena</p><p>/ 1 plenitude do Espírito Santo em nós produz</p><p>Jl j L três resultados notáveis: A presença de Cris­</p><p>to; semelhança com Cristo; e o poder de Cristo.</p><p>Estudemos brevemente estes conceitos:</p><p>Primeiro, a unção do Espírito produz um a no­</p><p>va e vivida consciência da presença de Jesus. An­</p><p>tes de sermos cheios do Espírito, Jesus é para nós</p><p>uma figura indistinta, com raros lampejos de Seu</p><p>semblante nos fortuitos momentos de verdadeira</p><p>comunhão com Ele. Nos dias de Sua peregrina­</p><p>ção neste mundo a presença de Jesus significava</p><p>tudo. Ele dirimia todas as dificuldades e supria to­</p><p>das as necessidades. Numa tempestade, Ele aquie­</p><p>tava as águas. Se as multidões estavam famintas,</p><p>Ele as alimentava. Tudo isso, porém, dependia de</p><p>achar-Se Ele fisicamente com eles. E ra a Sua pre­</p><p>sença que lhes trazia auxílio. Igualmente agora,</p><p>tudo depende de Sua presença em nós.</p><p>179</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Concede Força e Confiança</p><p>E a consciência da presença do Espírito e de</p><p>Sua provisão que nos dá força e confiança. Median­</p><p>te o Espírito Santo, Jesus faz Sua morada em nós.</p><p>É disto que necessitamos, e só é possível median­</p><p>te a plena unção do Espírito. “Para que, segundo</p><p>a riqueza da Sua glória, vos conceda que sejais for­</p><p>talecidos com poder, mediante o Seu Espírito no</p><p>homem interior; e assim habite Cristo nos vossos</p><p>corações pela fé, estando vós arraigados e alicer­</p><p>çados em amor.” Efés. 3:16 e 17. Nos tempos mo- 1</p><p>dernos assim se expressa isto:</p><p>“No plano de restaurar no homem a imagem</p><p>divina, fez-se providência para que o Espírito San­</p><p>to operasse na mente humana, e fosse, como a pre­</p><p>sença de Cristo, um agente modelador do caráter.”</p><p>— Review and Hercdd, 12 de fevereiro de 1895,</p><p>pág. 97.</p><p>“A comunicação do Espírito foi a comunicação</p><p>da própria</p><p>o Pai; como dizes tu:</p><p>Mostra-nos o Pai? Não crês que Eu estou no Pai</p><p>e que o Pai está em Mim? As palavras que vos di­</p><p>go não as digo por Mim mesmo; mas o Pai que per­</p><p>manece em Mim, faz as Suas obras. Crede-Me que</p><p>estou no Pai, e o Pai em Mim; crede ao menos por</p><p>causa das mesmas obras. Em verdade, em verda­</p><p>de vos digo que aquele que crê em Mim, fará tam ­</p><p>bém as obras que Eu faço, e outras maiores fará,</p><p>porque Eu vou para junto do Pai.” Versos 8-12.</p><p>“E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro</p><p>Consolador, a fim de que esteja para sempre con­</p><p>vosco, o Espírito da verdade, que o mundo não po­</p><p>de receber, porque não O vê, nem 0 conhece; vós</p><p>O conheceis, porque Ele habita convosco e estará</p><p>em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós</p><p>outros. Ainda por um pouco e o mundo não Me</p><p>verá mais; vós, porém, Me vereis; porque Eu vi­</p><p>vo, vós também vivereis. Naquele dia vós conhe­</p><p>cereis que Eu estou em Meu Pai e vós em Mim e</p><p>Eu em vós.” Versos 16-20.</p><p>“Respondeu Jesus: Se alguém Me ama, 'guar­</p><p>dará a Minha palavra; e Meu Pai o amará, e vire­</p><p>mos para ele e faremos nele morada. Quem não</p><p>Me ama, não guarda as Minhas palavras; e a pa­</p><p>lavra que estais ouvindo não é Minha, mas do Pai</p><p>que Me enviou. Isto vos tenho dito, estando ainda</p><p>convosco.” Versos 23-25.</p><p>“Mas E u vos digo a verdade: Convém-vos que</p><p>Eu vá, porque se Eu não for, o Consolador não</p><p>virá para vós outros; se, porém, Eu for, Eu vo-Lo</p><p>20</p><p>enviarei. Quando Ele vier, convencerá o mundo do</p><p>pecado, da justiça e do juízo: Do pecado, porque</p><p>não crêem em Mim; da justiça, porque vou para o</p><p>Pai, e não Me vereis mais; do juízo, porque o prín­</p><p>cipe deste mundo já está julgado. Tenho ainda mui­</p><p>to que vos dizer, mas vós o não podeis suportar ago­</p><p>ra; quando vier, porém, o Espírito da verdade, Ele</p><p>vos guiará a toda a verdade: porque não falará por</p><p>Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos</p><p>anunciará as coisas que hão de vir. Ele Me glorifi­</p><p>cará porque há de receber do que é Meu, e vo-lo</p><p>há de anunciar. Tudo que o Pai tem é Meu; por is­</p><p>so é que vos disse que há de receber do que é Meu</p><p>e vo-lo há de anunciar.” S. João 16:7-15.</p><p>___________ A Promessa do Espírito___________</p><p>21</p><p>IA Promessa</p><p>do Espírito</p><p>MJ1 ra noite em Jerusalém — a noite mais tris-</p><p>M J te desde que o homem se separou de Deus.</p><p>A cidade estava apinhada de adoradores. O peque­</p><p>nino grupo de homens que seguira seu Senhor du­</p><p>rante os anos de Seu ministério público, reunira-</p><p>se com Ele em volta da mesa pascoal no cená­</p><p>culo. Aquela era uma hora muito especial. O tipo</p><p>estava tocando o antítipo. O Filho de Deus, cin-</p><p>gindo-Se com uma toalha como um servo, ajoelha-</p><p>ra-Se diante de homens pecadores e lhes lavara</p><p>os pés.</p><p>Eles haviam comido o pão espedaçado e bebi­</p><p>do o vinho despejado no cálice — os símbolos da</p><p>iminente paixão. Somente alguns minutos havia</p><p>entre as cenas do cenáculo e as da agonia no ja r­</p><p>dim; comparativamente, apenas alguns momen­</p><p>tos restavam entre o sangue na fronte e o sangue</p><p>na ombreira da porta. Por um pouco o Pastor es-</p><p>23</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>tivera com as ovelhas, mas logo o Pastor seria</p><p>morto e as ovelhas fugiriam.</p><p>Judas deixara o grupo, e os outros discípulos</p><p>estavam dominados pela tristeza. Não é necessá­</p><p>ria uma análise de seu pesar. Entranhado nele ha­</p><p>via muito egoísmo. Mas baixou sobre eles a som­</p><p>bra da separação, cada vez mais próxima. E ra na</p><p>verdade uma hora suprema. Como escutavam eles</p><p>cada palavra pronunciada por Cristo! Sua decla­</p><p>ração de que eles não poderiam segui-Lo então,</p><p>encheu-os de tristeza e dor. Eles não haviam an­</p><p>tes compreendido a realidade da iminente sepa­</p><p>ração.</p><p>O Mestre continua a confortar-lhes o coração.</p><p>Fala-lhes das mansões que vai preparar para eles.</p><p>Isso, porém, não compensa. Mansões não podem</p><p>substituir a presença pessoal de seu Senhor vivo.</p><p>Que haveriam eles de fazer quando Ele Se fosse?</p><p>Para quem haveriam de se voltar?</p><p>Como disse alguém: Pinte um céu sem estre­</p><p>las. Cinja as montanhas com escuridão. Cubra com</p><p>negras cortinas cada praia. Escureça o passado</p><p>e torne o futuro ainda mais desolador. Complete</p><p>o quadro com homens de semblante profundamen­</p><p>te triste. Tal era a situação dos discípulos ao en­</p><p>carar a partida de seu Senhor.</p><p>Jesus Apresenta Seu Sucessor</p><p>Então continuou Ele a desdobrar-lhes a sur­</p><p>preendente provisão de “outro consolador” . E s­</p><p>ta expressão pressupõe que Jesus era o primeiro</p><p>24</p><p>A Promessa do Espírito</p><p>Consolador. Um confortador é um “auxílio em</p><p>tempo de necessidade” . Se alguém é órfão preci­</p><p>sa de um progenitor; se está doente, precisa de</p><p>um médico; se confuso, carece de um advogado;</p><p>se pretende construir, precisa de um arquiteto; se</p><p>em dificuladade, necessita de um amigo.</p><p>Tudo isso, e infinitamente mais, é o nosso Con­</p><p>solador celestial. Os discípulos não seriam deixa­</p><p>dos órfãos, sem um progenitor divino para cuidar</p><p>deles, protegê-los e ajudá-los. No momento mais</p><p>crítico da vida deles, Jesus falou-lhes sobre a vin­</p><p>da do Espírito Santo como o clímax e a continua­</p><p>ção de Sua obra na Terra em favor deles.</p><p>Receber o Espírito Santo foi o seu supremo pri­</p><p>vilégio, como também deve ser a prerrogativa má­</p><p>xima de todos os discípulos desse mesmo Senhor,</p><p>enquanto aguardam Seu retorno corporal e visível</p><p>a fim de recebê-los nas mansões celestes. Notem:</p><p>“Nos ensinos de Cristo, a doutrina do Espírito</p><p>Santo torna-se preeminente. Quão vasto assunto</p><p>é este, para consideração e encorajamento. Que</p><p>tesouros da verdade Ele acrescentou ao conheci­</p><p>mento de Seus discípulos, ao instruí-los a respei­</p><p>to do Espírito Santo, o Consolador! Ele Se dete­</p><p>ve nesse tema a fim de animar os discípulos na</p><p>grande prova que logo haveriam de suportar, pa­</p><p>ra que pudessem ser encorajados no seu grande</p><p>desapontamento. ...O Redentor do mundo pro­</p><p>curou trazer ao coração dos entristecidos discípu­</p><p>los o maior consolo. Dentre muitíssimos assuntos,</p><p>Ele escolheu o do Espírito Santo para que os ins­</p><p>pirasse e confortasse. Aindá assim, embora Cris­</p><p>25</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>to desse tan ta importância a esse tema referente</p><p>ao Espírito Santo, quão pouco é ele considerado</p><p>nas igrejas!” — E. G. White, BibleEcho, 13 de no­</p><p>vembro de 1893.</p><p>Antes de deixar Sua própria função terrestre</p><p>de professor, Jesus, em Seu discurso de despedi­</p><p>da, apresentou o Seu Sucessor.</p><p>“Limitado com a humanidade, Cristo não</p><p>poderia estar em toda parte em pessoa. Era, por­</p><p>tanto, do interesse deles que fosse para o Pai, e</p><p>enviasse o Espírito como Seu sucessor na Terra.”</p><p>— O Desejado de Todas as Nações, ed. popular,</p><p>pág. 644.</p><p>Revelou assim a tremenda realidade da dispen-</p><p>sação do Espírito, e essa atitude dispensativa não</p><p>pode ser superestimada. Com base na obra terres­</p><p>tre de Cristo, essa dispensação só viria quando o</p><p>Senhor terminasse a Sua missão e voltasse para</p><p>o Céu. Nos capítulos 14 e 16 do evangelho de João,</p><p>Jesus apresentou aos discípulos as três grandio­</p><p>sas verdades referentes: 1) à prometida vinda do</p><p>Espírito Santo; 2) ao caráter e a personalidade do</p><p>Espírito Santo; 3) à missão, ou obra, do Espírito</p><p>Santo.</p><p>A Dispensação do Espírito</p><p>Seguindo essa ordem, observe-se em primeiro</p><p>lugar a explícita declaração da vinda do Espírito</p><p>Santo. Podemos ficar impressionados com o fato</p><p>de que tão vérdadeiramente quanto os profetas</p><p>anunciaram o advento de Jesus, assim Ele anun­</p><p>26</p><p>A Promessa do Espírito</p><p>cia a vinda de outro, semelhante a Ele, e Seu Su­</p><p>cessor. Assim que um subiu, o outro desceu. E o</p><p>mesmo reconhecimento de autoridade e deferên­</p><p>cia prestado pelos discípulos ao seu Senhor, de­</p><p>via ser dado ao Espírito Santo como vigário de</p><p>Cristo na Terra.</p><p>Como Cristo teve um tempo definido para Sua</p><p>missão, também a missão do Espírito teve o seu</p><p>tempo definido, Sua dispensação especial do Pen-</p><p>tecoste à Segunda Vinda. Ele é uma Pessoa da Di­</p><p>vindade que veio à Terra de modo determinado,</p><p>em tempo específico e para uma obra definida, e</p><p>aqui tem estado desde então, de maneira tão real</p><p>como Jesus aqui esteve durante trin ta e três anos</p><p>em Sua missão especial.</p><p>vida de Cristo." — Idem, 13 de junho</p><p>de 1899, pág. 369.</p><p>“Antes disto o Espírito havia estado no mun­</p><p>do; desde o próprio início da obra de redenção Ele</p><p>estivera atuando no coração dos homens. Mas en­</p><p>quanto Cristo estava na Terra, os discípulos não</p><p>tinham desejado nenhum outro auxiliador. Não se­</p><p>ria senão depois que fossem privados de Sua pre­</p><p>sença, que experimentariam a necessidade do Es­</p><p>pírito, e então Ele havia de vir.</p><p>“O Espírito Santo é o representante de Cris­</p><p>to, mas despojado da personalidade humana, e dela</p><p>180</p><p>Frutos da Unção Plena</p><p>independente.” — 0 Desejado de Todas as Nações,</p><p>pág. 644.</p><p>“0 Espírito Santo é a vital presença de Deus. ”</p><p>— Signs of the Times, 7 de agosto de 1901, pág. 2.</p><p>“A obra do Espírito Santo é imensuravelmen-</p><p>te grande. É esta fonte que supre o obreiro de Deus</p><p>com poder e eficiência; o Espírito Santo é o Con­</p><p>solador, a presença pessoal de Cristo na alma.</p><p>Aquele que olha para Cristo com fé simples e in­</p><p>fantil, torna-se participante da natureza divina me­</p><p>diante a operação do Espírito Santo.” — E. G. Whi-</p><p>te, Review and Herald, 29 de novembro de 1892.</p><p>É o companheirismo pessoal com Cristo que faz</p><p>a diferença entre a nova vida e a velha. Somos con­</p><p>vidados a entregar-nos a uma vida de ininterrup­</p><p>ta comunhão com Jesus. Que nosso coração ace­</p><p>da plenamente. A união entre nós e Cristo não é</p><p>uma união carnal, mas sim do espírito com o E s­</p><p>pírito. “Ora o Senhor é o Espírito” (II Cor. 3:17);</p><p>e “aquele que se une ao Senhor é um espírito com</p><p>Ele” (I Cor. 6:17).</p><p>O Cristo de quem necessitamos hoje é o Cristo</p><p>vivo, reinante, presente, operante. Seu Espírito</p><p>deve testem unhar com nosso espírito, dele apos-</p><p>sar-Se e nele reinar; deve revelar Sua vida, poder</p><p>e obediência em nossa vida, transformar-nos em</p><p>cristãos verdadeiros, sem interferir em nossa in­</p><p>dividualidade nem destruir nossa personalidade.</p><p>Ouçamos:</p><p>“E se consentirmos, Ele por tal forma Se iden­</p><p>tificará com os nossos pensamentos e ideais, diri­</p><p>girá nosso coração e espírito em tan ta conformi-</p><p>181</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>dade com o Seu querer, que, obedecendo-Lhe, não</p><p>estaremos senão seguindo nossos próprios impul­</p><p>sos.” — 0 Desejado de Todas asNações, ed. popu­</p><p>lar, pág. 642.</p><p>Produz Semelhança Com Jesus</p><p>Em segundo lugar, a unção plena do Espírito</p><p>produz a semelhança com Jesus. Quando sentimos</p><p>Sua presença, são-nos revelados tantos pecados</p><p>e egoísmo, concupiscência e erros que ficamos as­</p><p>sombrados. Os discípulos desfrutavam da presença</p><p>exterior de Jesus, mas não exibiam Sua semelhan­</p><p>ça porque esta vem somente mediante Sua habi­</p><p>tação em nós. Ele era humilde; eles eram orgu­</p><p>lhosos. Ele era altruísta; eles eram egoístas. Quan­</p><p>do, porém, foram cheios do Espírito Santo, Este</p><p>os dotou das características, disposição e a pró­</p><p>pria semelhança com Jesus. Isto é reprodução, não</p><p>imitação. O vazio de nossa vida deve ser preen­</p><p>chido com a Sua plenitude, assim como a preamar</p><p>enche as cavidades na praia. Leiamos:</p><p>“Qual foi o resultado do derramamento do E s­</p><p>pírito no dia de Pentecoste? — As alegres novas</p><p>de um Salvador ressurreto foram levadas aos mais</p><p>remotos confins do mundo habitado. O coração dos</p><p>discípulos transbordava de tão plena, profunda e</p><p>abarcante benevolência, que os impelia a ir aos</p><p>confins da Terra, testificando: ‘longe esteja de</p><p>mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor</p><p>Jesus Cristo’ (Gál. 6:14).</p><p>“Ao proclamarem a verdade como ela é em Je-</p><p>182</p><p>sus, os corações rendiam-se ao poder da mensa­</p><p>gem. A Igreja via conversos vindos de todas as</p><p>direções, agregando-se a ela. Apostatados se con­</p><p>vertiam de novo. Pecadores uniam-se a cristãos</p><p>em busca da pérola de grande preço. Os que ha­</p><p>viam sido acérrimos oponentes do evangelho tor­</p><p>naram-se seus campeões. Cumpria-se a profecia:</p><p>O fraco será como Davi, e a casa de Davi como</p><p>o anjo do Senhor. Cada cristão via em seu irmão</p><p>a divina semelhança de amor e benevolência. Um</p><p>único interesse prevalecia. Um só motivo de emu­</p><p>lação absorvia todos os demais. A única ambição</p><p>dos crentes era revelar a semelhança do caráter</p><p>de Cristo e labutar para a expansão do Seu rei­</p><p>no.” — Testimonies, vol. 8, págs. 19 e 20.</p><p>Dá o Poder de Jesus</p><p>Em terceiro lugar, a unção plena do Espírito dá</p><p>o poder de Jesus. Todos nós queremos poder, e te­</p><p>mos tão pouco. É a nossa suprema necessidade. Es­</p><p>se truísmo nos é tão familiar que chega a ser uma</p><p>frase batida, mas é tão importante que tem de ser</p><p>repetido até que a igreja seja despertada. O poder</p><p>pertence a Deus mas Ele no-lo deu em Cristo me­</p><p>diante o Espírito Santo. Deus não me dá o Espíri­</p><p>to para que seja meu, mas quando O recebo plena­</p><p>mente Ele exerce Seu poder em mim. (Col. 1:29.)</p><p>“Necessitamos da energia pentecostal. E sta vi­</p><p>rá; pois o Senhor tem prometido enviar Seu Es­</p><p>pírito como o poder que tudo vence.” — Obreiros</p><p>Evangélicos, pág. 308.</p><p>_ _ _ ________Frutos da Unção Plena____________</p><p>183</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>À luz destas poderosas verdades, poderá ha­</p><p>ver alguma dúvida de que a unção plena do Espí­</p><p>rito é hoje nossa maior necessidade individual e</p><p>coletiva?</p><p>“Deus pode ensinar-vos mais em um momento</p><p>pelo Seu Santo Espírito, do que poderíeis aprender</p><p>com os grandes homens da Terra.” — Testemunhos</p><p>Para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 119.</p><p>A presença do Espírito com os obreiros de Deus</p><p>dará à proclamação da verdade um poder que nem</p><p>toda a honra ou glória do mundo dariam.” — Atos</p><p>dos Apóstolos, pág. 51.</p><p>Conceda-nos Deus essa maravilhosa provisão!</p><p>Requisitos — Entrega Total e Permanência</p><p>Quais são, pois, as condições para recebermos</p><p>essa tão necessária unção do Espírito? É provida</p><p>e oferecida a todos, embora comparativamente</p><p>poucos a recebem. Muitos oram por ela, todavia</p><p>sem resultado. Por quê? Ah, porque não desejam</p><p>pagar o preço. E qual é o preço? Preencher os re­</p><p>quisitos dos quais dependem o recebimento e a ope­</p><p>ração desse poder. Não temos porque não satis­</p><p>fazemos as condições.</p><p>“Na grande e incomensurável dádiva do Espí­</p><p>rito Santo estão contidos todos os recursos celes­</p><p>tes. Não é por qualquer restrição da parte de Deus</p><p>que as riquezas de Sua graça não afluem para os</p><p>homens neste mundo. Se todos recebessem de bom</p><p>grado, todos seriam cheios de Seu Espírito.” —</p><p>Parábolas de Jesus, pág. 419.</p><p>184</p><p>Frutos da Unção Plena</p><p>É-nos dito ainda:</p><p>“Cristo prometeu o dom do Espírito Santo a</p><p>Sua igreja, e a promessa nos pertence a nós, da</p><p>mesma maneira que aos primeiros, discípulos. Mas,</p><p>como todas as outras promessas, é dada sob con­</p><p>dições. Muitos há que crêem e professam reclamar</p><p>a promessa do Senhor; falam acerca de Cristo e</p><p>acerca do Espírito Santo, e todavia não recebem</p><p>benefício. Não entregam a alma para ser guiada</p><p>e regida pelas forças divinas. Não podemos usar</p><p>o Espírito Santo. Éle é que deve servir-Se de nós.</p><p>Mediante o Espírito opera Deus em Seu povo ‘tan­</p><p>to o querer como o efetuar, segundo a Sua boa von­</p><p>tade’. (Filip. 2:13.) Mas muitos não se submete­</p><p>rão a isto. Querem-se dirigir a si mesmos. É por</p><p>isso que não recebem o celeste dom. Unicamente</p><p>aos que esperam humildemente em Deus, que es­</p><p>tão atentos à Sua guia e graça, é concedido o E s­</p><p>pírito. 0 poder de Deus aguarda que o peçam e</p><p>o recebam. Esta prometida bênção, reclamada pela</p><p>fé, traz após si todas as outras bênçãos. É conce­</p><p>dida segundo as riquezas da graça de Cristo, e Ele</p><p>está pronto a suprir toda alma segundo sua capa­</p><p>cidade para receber.” — O Desejado de Todas as</p><p>Nações, ed. popular, págs. 647 e 648.</p><p>Em termos gerais, essas condições são: entre­</p><p>ga total e permanência — a condição inicial e a per­</p><p>manente. Devem ser puros os motivos, a rendi­</p><p>ção total e alegre, patente e implícita a confian­</p><p>ça. Devemos reconhecer e confessar nossas faltas.</p><p>O primeiro requisito para o tratam ento e cura de</p><p>uma enfermidade é reconhecer o paciente que ele</p><p>185</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>está enfermo. Devemos compreender que a unção</p><p>plena do Espírito destina-se tanto à última gera­</p><p>ção como ofoi à geração apostólica. Devemos che­</p><p>gar ao ponto de sentir a</p><p>necessidade de alcançá-</p><p>la a qualquer preço, de entregar todas as nossas</p><p>faculdades, todos os nossos momentos a fim de se­</p><p>rem cheios com o Espírito, sem mais controle de</p><p>nossa parte — um vaso esvaziado para ser plena­</p><p>mente cheio.</p><p>Se não sentirmos sede, não seremos saciados.</p><p>“Porque derramarei água sobre o sedento ... der­</p><p>ramarei Meu Espírito sobre a tua posteridade.”</p><p>Isaías 44:3. Sem obediência, não seremos revesti­</p><p>dos do poder que “Deus outorgou aos que Lhe obe­</p><p>decem”. (Atos 5:32.) Sem oração, não receberemos</p><p>o Espírito Santo. “Tendo eles orado, tremeu o lu­</p><p>gar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do</p><p>Espírito Santo.” Atos 4:31. Os primeiros discípulos</p><p>receberam o Espírito Santo ajoelhados. Prostremo-</p><p>nos diante de Deus, e não tenhamos pressa de er-</p><p>guer-nos. Também sem fé, não recebemos o Espí­</p><p>rito de Deus. “ ... a fim de que recebêssemos pela</p><p>fé o Espírito prometido.” Galátas 3:14. Peçamos,</p><p>pois, com fé, sem duvidar. “Pedi ao Senhor chuva</p><p>no tempo das chuvas serôdias, ao Senhor, que faz</p><p>as nuvens de chuva, dá aos homens aguaceiro, e a</p><p>cada um erva no campo.” Zac. 10:1.</p><p>Para Que Desejamos o Espírito?</p><p>Avancemos um pouco mais no assunto. Em pri­</p><p>meiro lugar, há um desejo intenso, desinteressado.</p><p>186</p><p>Frutos da Unção Plena</p><p>Para que desejo eu o Espírito Santo? Eis uma pe­</p><p>netrante interrogação. Desejo recebê-Lo somente</p><p>para glorificar a Jesus? Tiago e João só foram cheios</p><p>do Espírito após terem respondido a esta pergun­</p><p>ta. Paulo recebeu-0 em Sua plenitude porque para</p><p>ele o viver era Cristo. (Filip. 1:21.) Pedro só 0 re­</p><p>cebeu quando estava pronto a dizer: “Por que fi­</p><p>tais os olhos em nós como se pelo nosso próprio po­</p><p>der ou piedade o tivéssemos feito andar?” Atos 3:12.</p><p>Deus sonda os corações e pesa os motivos. A ple­</p><p>nitude do Espírito Santo jamais será concedida pa­</p><p>ra satisfazer a ambição, ou tornar-nos famosos por</p><p>nossa santidade ou serviço. Isso seria fazer mau uso</p><p>de algo legítimo. Se buscamos o Espírito para vai­</p><p>dade ou engrandecimento próprio, jamais O rece­</p><p>beremos. Não obteremos dEle mais do que Simão</p><p>o Mago, quando quis comprá-Lo.</p><p>Para o eu ou para Cristo? Desejo o Espírito</p><p>Santo pela mesma razão pela qual Ele me quer?</p><p>Pois devemos receber o próprio Espírito quando</p><p>recebemos o Seu poder; são inseparáveis. Nada</p><p>mais, nada menos que a vontade de Deus deve-se</p><p>cumprir.</p><p>Em segundo lugar, deve haver esvaziamento —</p><p>uma definida, consciente submissão para que Ele</p><p>ocupe em mim o lugar que Lhe é devido. Há de ser</p><p>uma entrega positiva, indiscutida, de todo o cora­</p><p>ção, e uma consagração definitiva, irrevogável. Deve</p><p>haver uma doação plena, sem reservas, de toda a</p><p>vida, para salvação, santificação e serviço. Deus só</p><p>pode ocupar o nosso coração na medida em que Lho</p><p>entregamos.</p><p>187</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Este é o único meio de receber e conservar a</p><p>unção do Espírito. Como nos é dito em II Reis 3:16</p><p>e-17, devemos fazer “neste vale covas e covas” pa­</p><p>ra serem cheias. Em vez de suplicar a Deus algo</p><p>mais, nós é que Lhe devemos dar algo mais. A ques­</p><p>tão é: Estou eu disposto a ser pequeno e fraco na</p><p>medida em que Cristo possa ser tudo em todos? É</p><p>isto que, mais do que qualquer outra coisa, nos se­</p><p>parará do mundo, e automaticamente solucionará</p><p>muitos problemas.</p><p>Devemos Submeter-Lhe Todos os Empecilhos</p><p>Deus não nos atenderá enquanto nossa vida pes­</p><p>soal estiver errada. Não seremos cheios do Espírito</p><p>enquanto não estivermos em harmonia com Deus e</p><p>com nosso semelhante. 0 espírito de rivalidade, ódio,</p><p>descontentamento ou inimizade certamente impede</p><p>que recebamos a plenitude do Espírito; e antídoto</p><p>absoluto para tais reações consiste em orar constan­</p><p>temente pela pessoa envolvida. Eis alguns dos im­</p><p>pedimentos frequentemente fatais: ter inveja, falar</p><p>mal dos outros, criticar ou espalhar comentários ne­</p><p>gativos, exagerar os pequenos deslizes, atribuir fal­</p><p>sos motivos, ser juízes de perversos pensamentos.</p><p>“Quando pusermos nosso coração em união</p><p>com Cristo, e nossa vida em harmonia com a Sua</p><p>obra, o Espírito que caiu sobre os discípulos no dia</p><p>de Pentecoste, cairá também sobre nós.” — Tes-</p><p>timonies, vol. 8, pág. 246.</p><p>Em terceiro lugar vem a obediência. A promes­</p><p>sa repousa sobre a simples obediência. E só o re­</p><p>188</p><p>Frutos da Unção Plena</p><p>manescente obediente tem o direito de pedir</p><p>e aguardar a provisão do Espirito. Foi após trin­</p><p>ta anos de implícita obediência que Jesus foi ba­</p><p>tizado, e disse: “assim nos convém cumprir to­</p><p>da a justiça” . (S. Mat. 3:15.) Então Ele foi ba­</p><p>tizado com o Espírito. E assim continuou obe­</p><p>diente até atingir, no Calvário, o limite da fi­</p><p>delidade, sendo “obediente até à morte, e mor­</p><p>te de cruz” . (Filip. 2:8.) Foi essa obediência</p><p>que nos assegurou a melhor bênção que o Céu po­</p><p>de conceder e que traz após si todas as outras</p><p>bênçãos.</p><p>Quando construíram o tabernáculo para que o</p><p>Deus Santo habitasse entre eles, Moisés e o povo</p><p>fizeram cada coisa exatamente “como o Senhor</p><p>ordenou” . Esta expressão ocorre dezoito vezes nos</p><p>últimos dois capítulos de Êxodo. Então o taber­</p><p>náculo foi cheio da glória de Deus (Êxo. 40:34),</p><p>porque foi construído de acordo com a Sua expres­</p><p>sa vontade. E desde então o serviço ali era dirigi­</p><p>do pela divina Presença. O mesmo se deu com o</p><p>templo de Salomão. (II Crôn. 5:13 e 14.) Assim</p><p>Deus habitará hoje no coração do homem que al­</p><p>meja ver cumprida a vontade divina.</p><p>“De dia a nuvem do Senhor repousava sobre</p><p>o tabernáculo, e de noite havia fogo nele, à vista</p><p>de toda a casa de Israel, em todas as suas jorna­</p><p>das.” Êxo. 40:38. Em Números 9:15-23 vemos co­</p><p>mo Israel foi divinamente guiado. Eles nunca sa­</p><p>biam de antemão para onde ou quando partir, mas</p><p>estavam sob o controle direto daquela Presença</p><p>na nuvem.</p><p>189</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Devemos Apropriar-nos do Dom Pela Fé</p><p>A quarta e última condição é fé para crer que</p><p>Deus aceita minha entrega e me concede Sua bên­</p><p>ção. Isto implica aceitar pela fé a promessa. Fé</p><p>envolve a convicção de que a Palavra de Deus é</p><p>verdadeira, e que Suas promessas são fiéis. 0 es­</p><p>vaziamento é muito negativo, ao passo que a fé</p><p>é positiva. Consiste simplesmente em apropriar-</p><p>nos do que Deus nos oferece quando as condições</p><p>são cumpridas. É o reconhecimento de que Deus</p><p>fez a Sua parte. Não é esperar por alguma sensa­</p><p>ção, mas atrever-se a crer em Deus antes de tu ­</p><p>do. Então Deus torna a experiência cada vez mais</p><p>real. O recebimento nada mais é do que fé em ação.</p><p>Há grande diferença entre apropriar-nos da</p><p>bênção e experimentá-la. Muitos desanimam por­</p><p>que não experimentam logo a esperada sensação</p><p>de gozo. Ao buscar o perdão dos pecados, muitos</p><p>querem primeiro sentir e depois confiar. Mas é jus­</p><p>tam ente o contrário. Não devemos esperar para</p><p>ver resultados especiais antes de crer. Receber</p><p>Cristo como Senhor mediante o Espírito Santo é</p><p>tão simples como recebê-Lo como nosso Salvador.</p><p>Não é necessário sentir emoções. Pode haver emo­</p><p>ção, mas não necessariamente.</p><p>Quando, em resposta ao oferecimento de Cris­</p><p>to, abandonamos tudo considerando perda, para</p><p>recebermos a plenitude do Espírito Santo, então,</p><p>desde o momento em que cremos realmente, Ele</p><p>aceita a nossa entrega e nos concede o precioso</p><p>dom. Quando preenchemos as condições, podemos</p><p>190</p><p>Frutos da Unção Plena</p><p>ter tan ta certeza de recebê-Lo plenamente como</p><p>se tivéssemos visto a resposta escrita no Céu.</p><p>Recebamos, pois, o Espírito com o coração</p><p>aberto, submisso, faminto e sedento, crente, re-</p><p>eeptivo, capaz de absorver o máximo, como a areia</p><p>seca recebe a chuva, a esponja absorve a umida-</p><p>de, ou o vácuo acolhe o ar. Quando nos colocamos</p><p>a Sua disposição e com fé recebemos o dom, o E s­</p><p>pírito toma posse de nós; o vaso vazio é cheio. Pri­</p><p>meiro, porém, tem de ser esvaziado.</p><p>Estas são as condições.</p><p>A Experiência Dos Discípulos</p><p>Consideremos por um instante a experiência</p><p>dos discípulos. Deus não deu Seu Espírito àque­</p><p>les que não estavam preparados. Notemos os se­</p><p>guintes passos:</p><p>Primeiro, eles abandonaram tudo para seguir</p><p>a Jesus. Deixaram para trás</p><p>o mundo, as posses,</p><p>as opiniões dos homens, as redes de pescar, o lu­</p><p>gar na coletoria. A menos que abandonemos tu ­</p><p>do, não podemos tornar-nos Seus discípulos. Tu­</p><p>do tem de ser sacrificado e subordinado. Cuide­</p><p>mos, porém, que não haja uma secreta convicção</p><p>de que realmente não abandonamos tudo. É ne­</p><p>cessário, portanto, que haja certa relação moral</p><p>com Cristo.</p><p>Segundo, experimentaram uma total descon­</p><p>fiança de si mesmos. Temos de negar nosso pró­</p><p>prio eu, e isto é tremendam ente difícil. No cená­</p><p>culo, os discípulos estavam cheios de auto-confian­</p><p>191</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>ça. Veio então o Getsêmani, quando adormeceram;</p><p>a prisão e o julgamento, quando fugiram; e de lon­</p><p>ge testemunharam a suprema tragédia dos sécu­</p><p>los. Sentiam-se tão envergonhados que não podiam</p><p>encarar-se mutuamente. Nunca imaginaram que</p><p>eram tão descrentes e desleais.</p><p>0 sábado do sepulcro foi um dia de morte e</p><p>inexprimível angústia. Destruiu toda a confian­</p><p>ça no próprio eu e nas coisas terrenas. No auge</p><p>da desconfiança de si mesmos, voltaram-se para</p><p>Cristo. Daí, no dia da ressurreição, Jesus soprou</p><p>sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo.”</p><p>Terceiro, eles aceitaram pela fé a promessa do</p><p>Espírito. Durante os dez dias de espera e oração</p><p>o diabo sem dúvida os tentou, mostrando-lhes a</p><p>sua indignidade. Compreendiam muito pouco das</p><p>profecias do Velho Testamento. Criam porque Je­</p><p>sus prometera. E isto é fé — fazer justam ente o</p><p>que Cristo diz. Eles estavam preparados, por is­</p><p>so foram cheios.</p><p>Uma palavra deve ser acrescentada quanto à</p><p>maneira de conservar o Espírito Santo em nós.</p><p>Não se pode m anter o fogo aceso sem renovado</p><p>combustível. Assim também a plenitude do Espí­</p><p>rito exige que sejam mantidas as condições de Seu</p><p>recebimento inicial — constante e implícita obe­</p><p>diência, persistente separação para cumprir o pro­</p><p>pósito divino, perseverante estudo da Palavra,</p><p>tempo para comunhão íntima e diária, evitar to­</p><p>da a impureza (Judas 19), evitar a indolência (II</p><p>Tim. 1:6 e 7), e prontidão para levar uma vida de</p><p>serviço.</p><p>192</p><p>Frutos da Unção Plena</p><p>Naufragados Por Causa do Eu</p><p>Ao recebermos a plenitude do Espírito não</p><p>atingimos um estado do qual não possamos cair,</p><p>ou no qual não sejamos mais tentados. Oh, quan­</p><p>tos naufrágios de pessoas que uma vez foram po­</p><p>derosamente usadas! Quantas chamas esplenden-</p><p>tes têm-se apagado devido a um excessivo desejo</p><p>de brilhar. Novos privilégios trazem novas respon­</p><p>sabilidades, e novas responsabilidades geram no­</p><p>vos perigos. Pode Deus confiar em nós? Não, a me­</p><p>nos que nossos motivos sejam puros.</p><p>Neste sentido, há três expressões fundamen­</p><p>tais dignas de nota: Resistir (Atos 7:57), parece</p><p>que tem que ver com o obra regeneradora do Es­</p><p>pírito; entristecer (Efés. 4:30), refere-se inques­</p><p>tionavelmente à habitação interior do Espírito, ou</p><p>à unção plena; e apagar (I Tess. 5:19), refere-se</p><p>à Sua habilitação para o serviço. Este último te r­</p><p>mo pressupõe a presença de fogo, o que faz lem­</p><p>brar o fogo do Pentecoste e o movimento inaugu­</p><p>rado então.</p><p>Um garoto tinha uma pomba tão mansinha que</p><p>pousava no ombro dele e comia na sua mão. Um</p><p>dia o menino ofereceu-lhe um petisco tentador.</p><p>Mas quando o pássaro se aproximou para comer,</p><p>o garoto fechou a mão. Desapontada, a pomba foi</p><p>embora. Novamente o menino abriu a mão. Pela</p><p>segunda vez o pássaro veio, mais tímido. Mais uma</p><p>vez a mão se fechou. Desanimado, ele voou a uma</p><p>curta distância. Outra vez a mão foi estendida. O</p><p>pássaro hesitou e então se aproximou devagari-</p><p>193</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>nho. Quando ele estava para apanhar o alimento,</p><p>a mão fechou-se pela terceira vez. Então a pom-</p><p>ba, batendo as asas, foi embora para nunca mais</p><p>ser vista pelo seu dono. Tal será o destino daque­</p><p>les que rejeitarem finalmente o Espírito Santo, a</p><p>pomba celestial.</p><p>“Depois de te r Deus mostrado aos indivíduos</p><p>os seus pecados e lhes te r dado graça para ven­</p><p>cer, e ter Seu Espírito por muito tempo lutado com</p><p>eles, então o Senhor não operará um milagre pa­</p><p>ra evitar os seguros resultados de se rejeitar o Es­</p><p>pírito e persistir numa conduta errada. Há um li­</p><p>mite para Sua graça e misericórdia; e quando es­</p><p>se limite é ultrapassado, a ajuda do Seu Espírito,</p><p>tão vilmente recusado e insultado, é afinal re tira­</p><p>da, e a alma é entregue ao pior dos tiranos — o</p><p>poder de uma vontade pervertida. Se estamos in-</p><p>timamente relacionados com coisas sagradas e to- |</p><p>davia não nos damos conta de sua importância, o |</p><p>coração ficará tão empedernido que os mais fer- j</p><p>ventes apelos não conseguirão levá-lo à contrição.” J</p><p>— E. G. White, em Bible Echo, junho de 1888.</p><p>194</p><p>130 Desafio ao</p><p>Remanescente</p><p>Ê I iz-nos o Espírito de Profecia que, na conclu-</p><p>J L J são deste movimento, haverá poucos gran­</p><p>des homens. Deus deseja que desviemos dos ho­</p><p>mens os olhos e dependamos totalmente do Espí­</p><p>rito Santo para a terminação de nossa obra.</p><p>Atentemos para isto:</p><p>“Deus realizará em nossos dias uma obra que</p><p>apenas poucos podem prever. Ele suscitará e exal­</p><p>tará entre nós aqueles que são ensinados pelo Seu</p><p>Espírito e não pelo preparo exterior de institui­</p><p>ções científicas. Estas não devem ser desprezadas</p><p>ou condenadas; são ordenadas por Deus, mas po­</p><p>dem oferecer apenas qualificações exteriores.</p><p>Deus manifestará que Ele não depende de seres</p><p>mortais muito cultos e cheios de suficiência pró­</p><p>pria.” — Testimonies, vol. 5, pág. 82.</p><p>Oh, que mudança radical, que reavivamento,</p><p>que transformação haverá quando a remanescente</p><p>195</p><p>A Yinda do Consolador</p><p>igreja de Deus receber a plenitude do Espírito San­</p><p>to! Fraqueza e temor darão lugar a coragem e po­</p><p>der. E óbvio que a causa de nos faltarem tais atri­</p><p>butos deve ser procurada em nós mesmos e não</p><p>em Deus. Há uma crescente convicção de nossa</p><p>necessidade; isto é um feliz presságio. Queira Deus</p><p>apressar o dia em que recebamos a unção plena</p><p>do Espírito Santo!</p><p>O Poder da Chuva Serôdia — Nossa Necessidade</p><p>É impossível pregar realmente o evangelho da</p><p>chuva serôdia sem o poder da chuva serôdia. 0 que</p><p>nos faz sucumbir não é o trabalho árduo, mas sim</p><p>a fadiga de trabalhar sem o poder requerido. Quan­</p><p>to necessitamos desse poder! Como devemos orar</p><p>por ele!</p><p>“Devemos orar pelo outorgamento do Espíri­</p><p>to, como remédio para as almas doentes de peca­</p><p>do. A igreja precisa estar convertida. E por que</p><p>nos não prostramos diante do trono da graça, co­</p><p>mo representantes da igreja e, com coração 'sub­</p><p>misso e espírito contrito, suplicamos fervorosa­</p><p>mente que o Espírito Santo seja derramado do Al­</p><p>to sobre nós?” — Testemunhos Para Ministros e</p><p>Obreiros Evangélicos, pág. 64.</p><p>“Meus irmãos e irmãs, orai pedindo o Espíri­</p><p>to Santo. Deus sustenta cada promessa que fez.</p><p>Com a Bíblia na mão, dizei: Fiz como disseste. Re­</p><p>clamo agora Tua promessa: ‘Pedi, e dar-se-vos-á;</p><p>buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á’.” — Tes-</p><p>timonies, vol. 8, pág. 23.</p><p>196</p><p>O Desafio ao Remanescente</p><p>Consideremos estes tão ferventes apelos:</p><p>“Oh, como necessitamos da presença divina!</p><p>Para o batismo do Espírito Santo cada obreiro de­</p><p>ve estar murmurando sua oração a Deus.” — Tes­</p><p>temunhos para M inistros e Obreiros Evangélicos,</p><p>pág. 170.</p><p>“Uma vez que este é o meio pelo qual havemos</p><p>de receber poder, por que não sentimos fome e se­</p><p>de pelo dom do Espírito? Por que não falamos so­</p><p>bre ele, não oramos por ele e não pregamos a seu</p><p>respeito? O Senhor está mais disposto a dar do Es­</p><p>pírito Santo àqueles que O servem do que os pais</p><p>a dar boas dádivas a seus filhos. Cada obreiro de­</p><p>via fazer sua petição a Dehs pelo batismo diário</p><p>do Espírito.” — Atos dos Apóstolos, pág. 50.</p><p>Eis um conselho de que necessitamos:</p><p>“Grupos de obreiros cristãos se devem reunir</p><p>para suplicar auxílio especial, sabedoria celestial,</p><p>para que saibam como planejar e executar sabia-</p><p>mente. Especialmente devem eles orar para que</p><p>Deus batize Seus embaixadores escolhidos nos</p><p>campos missionários, com uma rica medida do Seu</p><p>Espírito. A presença do Espírito com os obreiros</p><p>de Deus dará à proclamação da verdade um po­</p><p>der que nem</p><p>toda a honra ou glória do mundo da­</p><p>riam.” — Atos dos Apóstolos, págs. 50 e 51.</p><p>Quando queremos que homens ocupem cargos</p><p>mais importantes, buscamos aqueles que são</p><p>“cheios do Espírito Santo e de Sabedoria”? Não</p><p>deve ser este o fator decisivo? Aqui jaz a nossa fal­</p><p>ta, a nossa fraqueza. Estou convencido de que a</p><p>todo candidato ao ministério deve ser feita a in-</p><p>197</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>^ g a ç ã o de Paulo aos efésios: “Recebestes, por-</p><p>vgjitura, o Espírito Santo quando crestes?” Deve-</p><p>ge então esperar uma resposta consciente e sábia.</p><p>Como podemos agir como crianças brincando</p><p>n0b praia, com seus baldes e pazinhas, fazendo mon-</p><p>^pbos de areia a que chamam montanhas, e pe-</p><p>Qlleninas poças dágua que denominam oceanos,</p><p>A^ndo um gigantesco Himalaia do poder de Deus</p><p>g 0$ insondáveis oceanos da provisão divina aguar-</p><p>^ i n as explorações da fé?</p><p>q Importante Não São os Números</p><p>A hora está avançada. Não devemos nos de­</p><p>corar. Israel levou quarenta anos vagueando,</p><p>^ n d o poderia te r ido diretamente à Terra Pro­</p><p>metida em apenas onze dias. Nossa obra já devia</p><p>há muito terminado. Quando o poder de Deus</p><p>dispensado mediante a igreja remanescente,</p><p>egte velho mundo será revolucionado.</p><p>0 importante não são os números. Roma tre-</p><p>nlgU diante de um único monge de W ittenberg. A</p><p>r;1jiiha Maria da Escócia tinha menos medo do</p><p>eJ(ército nacional do que do impávido Knox, que</p><p>yefberou contra a fortaleza da tirania intrusa e</p><p>^emoliu. Garibaldi e mil homens foram suficien-</p><p>ĝS para mudar a história da Itália. Gideão e tre-</p><p>eijtos homens venceram as tropas de Midiã. Dis-</p><p>g6 Wesley que, se lhe fossem dados cem homens</p><p>QlJe nada mais temessem além do pecado, ele aba-</p><p>J^fia o mundo. Que Deus nos dê tais homens. En-</p><p>^o, súditos das trevas, cuidado!</p><p>198</p><p>0 Desafio ao Remanescente</p><p>“Nada há que Satanás tema tanto quanto a que</p><p>o povo de Deus limpe o caminho, removendo todo</p><p>empecilho a fim de que o Senhor possa derram ar</p><p>o Seu Santo Espírito sobre uma igreja delibitada</p><p>e uma congregação impenitente. ... Quando o ca­</p><p>minho for preparado para o Espírito de Deus, a</p><p>bênção virá.” — E. G. White, Review ancLHerald,</p><p>22, de março de 1887.</p><p>Numa ocasião em que Moody pregou em Chi­</p><p>cago, duas senhoras se aproximaram dele e dis­</p><p>seram: “Estamos orando pelo senhor.”</p><p>“Orando por mim?” inquiriu ele, muito surpre­</p><p>so. “Não estou pregando o evangelho? Orem pe­</p><p>los meus ouvintes.”</p><p>Disseram-lhe que ele estava realmente pregan­</p><p>do o evangelho, mas sem poder. A flecha foi dire­</p><p>to ao alvo. Com humildade o pregador pediu àque­</p><p>las senhoras que continuassem orando por ele. 0</p><p>mundo inteiro sabe da transformação operada na­</p><p>quela vida: “Um homem de Deus, no lugar de</p><p>Deus, fazendo o obra de Deus, da maneira indica­</p><p>da por Deus.”</p><p>J. Wilbur Chapman era um bem-sucedido pas­</p><p>tor de uma igreja popular. Pregava a uma gran­</p><p>de congregação com notável eloquência. Moody foi</p><p>ouvi-lo, mas não ficou impressionado. Pôs a mão</p><p>no ombro de Chapman, dizendo: “Você sabe que</p><p>está fracassando aqui? Você está cometendo um</p><p>erro em seu ministério. Assim não vai ganhar al­</p><p>mas. Isto lhe digo com todo amor fraternal.”</p><p>Tal reprimenda feriu-o profundamente. Duran­</p><p>te semanas Chapman sofreu por isso. Afinal, no</p><p>199</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>dia 16 de outubro de 1892, ele clamou: “Ó Deus,</p><p>estou disposto a que me prepares para aceitar qual­</p><p>quer coisa.” E o mundo sabe o resultado.</p><p>A Única Esperança do Remanescente</p><p>Oh, quem poderá deter-nos em nossa conduta</p><p>de complacência própria? Precisamos ser agarra­</p><p>dos, presos e fortemente assustados. Não evite­</p><p>mos isto procurando trabalhar mais arduamente.</p><p>A questão não é falta de intensidade ou de exten­</p><p>são da obra. Nunca houve tanto trabalho como ho­</p><p>je. Não basta impelir as pessoas a trabalharem pa­</p><p>ra Deus. Devemos ganhar almas. Devemos con­</p><p>cluir a nossa dupla tarefa. Carecemos do fogo de</p><p>Deus em nossa alma. Onde está nossa agonia pe­</p><p>las almas alienadas de Deus? Onde está o nosso</p><p>poder para ganhá-las em número pentecostal?</p><p>Deus ainda espera pelo remanescente pugilo</p><p>de homens que se renderão totalmente a Ele. Tais</p><p>homens encontram-se neste movimento atual.</p><p>“Não há limites para a utilidade de alguém que,</p><p>pondo de lado o próprio eu, permite que o Espíri­</p><p>to Santo opere em seu coração, e vive uma vida</p><p>inteiramente consagrada a Deus.” — Testimonies,</p><p>vol. 8, pág. 19.</p><p>Trinta anos após a crucifixão de Cristo, o mun­</p><p>do inteiro daquela época havia sido influenciado</p><p>por um punhado de homens. Hoje há mais de um</p><p>bilhão de pagãos e muitos milhões de cristãos no­</p><p>minais em Babilónia, tendo a forma de piedade</p><p>mas não tendo poder. E quantos de nós se eneon-</p><p>200</p><p>0 Desafio ao Remanescente</p><p>tram na superfície da mais rica mina no Universo</p><p>de Deus, como aquele velho proprietário de trezen­</p><p>tos acres de terra, contudo perecendo na miséria!</p><p>Um dia vieram alguns homens, examinaram a ter­</p><p>ra, pediram o preço e pagaram 1 dólar por acre.</p><p>No entanto daquela terra têm sido auferidos mi­</p><p>lhões e milhões de dólares e muitos outros milhões</p><p>ainda serão ganhos. Parece que sua riqueza é ili­</p><p>mitada. É uma das mais ricas minas do mundo.</p><p>Que tragédia constitui a nossa pobreza, quan­</p><p>do inesgotáveis tesouros, não reclamados, nos</p><p>aguardam! Diz-se que os banqueiros da Escócia</p><p>têm em depósito 40.000.000 de libras não reivin­</p><p>dicados. As riquezas do Céu, centralizadas no Es­</p><p>pírito Santo, esperam que as reclamemos e rece­</p><p>bamos. Não precisamos esperar que outros peçam.</p><p>Vamos a Deus individualmente. Vamos a Deus, co­</p><p>mo igreja.</p><p>Em Edimburgo encontra-se a histórica igreja</p><p>de Greyfriar, rodeada por um antigo e musgoso</p><p>cemitério. Foi ali que, algumas gerações atrás, um</p><p>grupo de homens sérios e resolutos assinou o pacto</p><p>nacional, tendo como líder o Conde de Sutherland.</p><p>Ali estes cortaram a veia do pulso e assinaram o</p><p>pacto com seu próprio sangue.</p><p>Como proclamadores da vinda de nosso Se­</p><p>nhor, abramos os compartimentos reais de nosso</p><p>coração e convidemo-Lo a entrar para que, por</p><p>nosso intermédio, seja terminada a Sua obra no</p><p>mundo. Nesta hora, é imperioso o chamado. A ne­</p><p>cessidade será suprida ao apresentarmo-nos pa­</p><p>ra o serviço.</p><p>201</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Faz muitos anos, havia na cidade de Charles-</p><p>ton um negro chamado Gadsen que tocava tão ma­</p><p>ravilhosamente o carrilhão de sinos da igreja, co­</p><p>mo só era possível a alguém que fazia disso uma</p><p>parte real do culto. Ao ser a cidade violentamen­</p><p>te sacudida por um terremoto, te rro r e desespe­</p><p>ro dominaram todas as pessoas. Muitos escaparam</p><p>para salvar a vida. O estrondo dos edifícios des­</p><p>moronando e gritos de feridos enchiam o ar. Gad­</p><p>sen precipitou-se para seu posto e dali, rasgando</p><p>as trevas, emitiu a melodia do hino “Rocha E ter­</p><p>na” , para silenciar e acalmar os corações em pâ­</p><p>nico. Isso foi realmente uma poderosa força que</p><p>atingiu o seu objetivo.</p><p>No tempo presente, quando os fundamentos da</p><p>fé estão sendo abalados, as esperanças humanas</p><p>perecem, e trevas, presságios e dúvidas dominam</p><p>as almas, e multidões clamam por algum som de</p><p>esperança e conforto, Deus conclama Seus fiéis si­</p><p>neiros a emitir para a igreja e o mundo a melo­</p><p>dia: “ Santo Espírito, Luz Divinal.” Que todos a</p><p>façamos ecoar:</p><p>Ó Santo Espírito, luz divinal,</p><p>Refulge sempre no meu coração.</p><p>Espanca as trevas da medonha noite,</p><p>Transforma em dia minha escuridão.</p><p>202</p><p>Quarta</p><p>Parte Símbolos</p><p>do Espírito</p><p>203</p><p>MO Sopro do</p><p>Todo-Poderoso</p><p>■ _ # uãomaravilhosos são os caminhos de Deus,</p><p>e incomparáveis Suas provisões para os fi­</p><p>lhos do Seu amor! Mediante preceitos e promes­</p><p>sas, fatos e figuras, Ele pacientemente descerra</p><p>os planos e provisões de Sua graça — o Infinito</p><p>vindo ao encontro das limitações de nosso finito</p><p>entendimento. Com infalível sabedoria, Ele usa</p><p>símbolos e tipos para revelar à mente espiritual</p><p>as coisas profundas que não passam de inescrutá­</p><p>veis mistérios para a mente natural. Quanto mais</p><p>importante é para nós a verdade ou a promessa,</p><p>maior é a variedade de meios empregados para</p><p>aclarar a nossa compreensão, apelar</p><p>a nossa mente</p><p>e desafiar a nossa consciência.</p><p>A respeito de Seus métodos, Deus diz: “Pelo</p><p>ministério dos profetas, propus símiles.” Oséias</p><p>12:10. Os símbolos possibilitam comparações que</p><p>tornam as verdades representadas vívidas e reais</p><p>204</p><p>0 Sopro do Todo-Poderoso</p><p>para nós. De fato, a Bíblia é um livro constituído</p><p>em grande parte de diferentes metáforas, símiles,</p><p>tipos, símbolos, parábolas, alegorias e emblemas.</p><p>Palavras desprovidas de simbolismo são frequen­</p><p>temente fracos transmissores da verdade; com pa­</p><p>lavras, porém, revestidas de símbolos — essas fi­</p><p>guras de linguagem humana e imaginação terre­</p><p>na — a verdade se torna impressionante e real.</p><p>Bem assim são as magníficas operações do Es­</p><p>pírito Santo, surpreendentemente representadas</p><p>pelos gloriosos símbolos do fogo, água, óleo, e ven­</p><p>to, cada qual com sua devida ênfase e lições espe­</p><p>cíficas. Dizer que o Espírito Santo é semelhante</p><p>ao vento em suas operações e efeitos expressa mui­</p><p>to mais do que o faria um capítulo inteiro de uma</p><p>linguagem despida de símbolos. É certo que o te r­</p><p>mo hebraico ruach e o grego pneuma são traduzi­</p><p>dos não somente como espírito, mas também ven­</p><p>to, ar e sopro. O contexto deve determ inar a ver­</p><p>são. Esta curiosidade da linguagem humana é que</p><p>provavelmente deu origem a um simbolismo pro­</p><p>fundamente impressivo; pois o vento nada mais</p><p>é que o ar em movimento, e sopro é simplesmen­</p><p>te sinónimo de vida insuflada.</p><p>Este emblema do vento, ou sopro, significan­</p><p>do os movimentos do Espírito Santo, foi ilustra­</p><p>do tipicamente em conexão com o sopro do fôle­</p><p>go da vida nas narinas do primeiro homem, Adão,</p><p>segundo lemos em Génesis 2:7; profeticamente, na</p><p>visão do vale de ossos secos e o vivificante vento,</p><p>relatada em Ezequiel 37:1-10; e doutrinariamen-</p><p>te, na notável declaração de Cristo a Nicodemos,</p><p>205</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>sobre as operações do Espírito para produzir o no­</p><p>vo nascimento. S. João 3:3-8. Estudaremos isto</p><p>a seguir. Existem muitas possíveis deduções</p><p>aguardando reconhecimento; pesquisaremos, po­</p><p>rém, as lições que mais se destacam, pois, como</p><p>o Espírito, o ar nunca está ocioso.</p><p>É Essencial Para a Vida</p><p>Em primeiro lugar, o ar é essencial para a vi­</p><p>da. Circundando o globo, há um potentíssimo ocea­</p><p>no de ar, ou atmosfera, sem o qual não podería­</p><p>mos viver. Não fosse ele, tudo seria desolação e</p><p>morte. O ar é absolutamente necessário à vida ani­</p><p>mal e vegetal. As ondas deste poderoso oceano que</p><p>nos envolve às vezes desabam sobre nós na fúria</p><p>da tempestade; outras vezes seu suave murmúrio</p><p>nos embala tranquilamente. Mas ali ele está, em­</p><p>bora invisível.</p><p>O ar que respiramos é um dos mais necessá­</p><p>rios elementos da Natureza. Podemos passar a vi­</p><p>da inteira sem ver, ouvir ou falar; podemos pas­</p><p>sar semanas sem comer, ou dias sem água, mas</p><p>apenas alguns minutos sem ar. Ele se acha tão</p><p>identificado com a vida que quando cessa a respi­</p><p>ração, cessa a vida. Quando alguém se afoga, os</p><p>primeiros socorros visam restaurar-lhe a respira­</p><p>ção. Tanto o aviador solitário em seus vôos de al­</p><p>titude como o mergulhador nas maiores profun­</p><p>didades, ambos precisam te r seu suprimento de</p><p>oxigénio. Ao moribundo também é freqúentemen-</p><p>te ministrado o precioso oxigénio como última es­</p><p>206</p><p>Ai</p><p>perança. Até o fogo se recusa a continuar aceso</p><p>sem ar.</p><p>Essa atmosfera que nos envolve é indispensá­</p><p>vel à radiação da luz e do calor solares, forman­</p><p>do, ao mesmo tempo, uma cortina de defesa. As­</p><p>sim também o bendito Espírito Santo, simboliza­</p><p>do pelas várias expressões, vento, ar ou sopro, traz</p><p>à alma o fôlego de vida. Cria a atmosfera na qual</p><p>os cristãos vivem e se movem, e pela qual vêem</p><p>e ouvem as coisas de Deus e são assim capacita­</p><p>dos a habitar na cálida resplendência de Seu amor.</p><p>Voltando-nos agora para o paralelo espiritual,</p><p>direto, deste primeiro símile (o ar), notemos os se­</p><p>guintes textos bíblicos: “O Espírito de Deus me</p><p>fez; e o sopro do Todo-poderoso me dá vida.” Jó</p><p>33:4. “Envias o Teu Espírito, eles são criados”</p><p>(Salmo 104:30). “Os Céus por Sua palavra se fi­</p><p>zeram, e pelo sopro de Sua boca o exército deles.”</p><p>Sal. 33:6. “Enquanto em mim estiver a minha vi­</p><p>da, e o sopro de Deus nos meus narizes.” Jó 27:3.</p><p>Referindo-se aos mesmos fatos e condições, os te r­</p><p>mos espírito e sopro são usados de acordo com o</p><p>sentido literal ou simbólico da linguagem. E te­</p><p>nhamos em mente que na criação foi o Espírito</p><p>Santo o agente doador de vida.</p><p>E sta alusão ao Espírito como o agente criador</p><p>pertencente à Divindade, faz-nos voltar lógica e</p><p>inevitavelmente aos dias da criação. Notemos pri­</p><p>meiro a nítida diferença entre a criação dos ani­</p><p>mais e a do homem. Os animais inferiores vieram</p><p>instantaneamente à existência, em resposta à pa­</p><p>lavra criadora. Mas o homem, a obra-prima de</p><p>__________O Sopro do Todo-Poderoso__________</p><p>207</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Deus, foi primeiro formado do pó da terra. Sim,</p><p>nada mais somos que barro comum; não fomos fei­</p><p>tos de ouro em pó, ou pérolas ou diamantes em pó.</p><p>A estrutura do homem ficou inerte até que Deus</p><p>lhe tocou os lábios com Seu cálido sopro de vida</p><p>e a vida foi transmitida àquela forma de argila.</p><p>Eis o inspirado (que significa soprado por Deus)</p><p>registro: “Então formou o Senhor Deus ao homem</p><p>do pó da terra , e lhe soprou nas narinas o fôlego</p><p>de vida, e o homem passou a ser alma vivente.”</p><p>Gên. 2:7. E sta é, no início da Escritura Sagrada,</p><p>a segunda referência à obra do Espírito Santo; a</p><p>primeira encontra-se no segundo verso do primeiro</p><p>capítulo — o primeiro momento possível: “A Ter­</p><p>ra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas so­</p><p>bre a face do abismo, e o Espírito de Deus paira­</p><p>va por sobre as águas.” 0 Espírito é sempre e pa­</p><p>ra sempre o instrumento da criação. Este fato, se</p><p>conservado em mente, explicará Sua relação cen­</p><p>tral com o Universo, e desvendará milhares de mis­</p><p>térios.</p><p>De acordo com Jó 3:4, a vida foi transm itida</p><p>a Adão não por um impulso animal, mas pelo “so­</p><p>pro do Todo-poderoso” ; e isto, em toda a Escri­</p><p>tura, é claramente atribuído ao Espírito Santo. O</p><p>ato de formação material foi seguido por insufla­</p><p>ção divina, movimento, atividade. Aprendamos,</p><p>pois, a lição de que a fonte de vida não foi m ate­</p><p>rial, mas espiritual, e que a obra mais importante</p><p>do Espírito Santo é comunicar vida*nova, sobre­</p><p>natural, quer na criação quer na recriação.</p><p>Tendo isto em vista, devemos conscientizar-nos</p><p>208</p><p>da santidade do corpo humano, e do valor e im­</p><p>portância da vida, que é o resultado direto da ope­</p><p>ração do Espírito Santo. Consequentemente, o as­</p><p>sassínio e o suicídio são atentados contra a vida</p><p>concedida por Deus, e por isso constituem uma</p><p>ofensa capital. A vida deve ser considerada como</p><p>dom sagrado, e nossos talentos e dotações — seja</p><p>o gênio de um Milton, a arte de um Rafael ou a</p><p>música de um Mozart — todos devem ser aprecia­</p><p>dos como um sagrado depósito.</p><p>Imprescindível Para Nossa Regeneração</p><p>Mas ai! O pecado tem feito devastadoras incur­</p><p>sões na vida humana. Tem trazido poluição, sepa­</p><p>ração e morte. Por isso a obra do Espírito Santo</p><p>se torna necessária para a restauração. 0 provi­</p><p>mento para nossa recriação ou regeneração apre­</p><p>sentado por João o apóstolo, é tão semelhante a</p><p>este quadro original do Génesis que um parece, co­</p><p>mo aliás é, simplesmente o complemento do outro.</p><p>Na verdade, regeneração é divinamente definida</p><p>como “nova criação” . Consideremos estas expres­</p><p>sões: “E assim, se alguém está em Cristo, é uma</p><p>nova criação”. II Cor. 5:17, A.R.V. margem. “Pois</p><p>somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus.” Efés.</p><p>2:10. Paulo também fala claramente sobre essa re­</p><p>novação mediante o Espírito Santo. (Tito 3:5.)</p><p>O novo nascimento, como é chamado, foi de ma­</p><p>neira muito impressiva revelado pelo Mestre a Ni-</p><p>codemos, em S. João 3:5-8: “Respondeu-lhe Jesus:</p><p>Em verdade, em verdade te digo: Quem não nas­</p><p>__________ 0 Sopro do Todo-Poderoso__________</p><p>209</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>cer da água e do Espírito, não pode entrar no rei­</p><p>no de Deus. 0 que é nascido da carne, é carne; o</p><p>que é nascido do</p><p>Espírito, é espírito. ... O vento</p><p>sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes</p><p>donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que</p><p>é nascido do Espírito.” Somente uma regenera­</p><p>ção tal pode restaurar no homem sua perdida vi­</p><p>da espiritual, que é sobrenatural e de origem di­</p><p>vina. A respeito dessa silenciosa, imperceptível</p><p>mas poderosa obra, lemos:</p><p>“Como o vento, que é invisível e cujos efei­</p><p>tos não obstante se vêem plenamente e se sentem,</p><p>é o Espírito de Deus em Sua obra no coração</p><p>humano. Esse poder regenerador, que nenhum</p><p>olho humano pode ver, gera nova vida na alma;</p><p>cria um novo ser à imagem de Deus. Conquanto</p><p>a obra do Espírito seja silenciosa e imperceptível,</p><p>seus efeitos são manifestos.” — Serviço Cristão,</p><p>pág. 57.</p><p>Foi na solidão do jardim, enquanto a suave bri­</p><p>sa noturna, plena da fragrância dos campos dis­</p><p>tantes, lhes bafejava as faces, sim, foi ali que Je­</p><p>sus em conversa com Nicodemos captou este tão</p><p>conhecido símbolo do vento para transm itir uma</p><p>poderosa verdade. Como já vimos, as palavras es­</p><p>pírito, sopro e vento têm significado semelhante,</p><p>tanto no idioma hebraico empregado por Jesus em</p><p>Sua conversa com Nicodemos, como no grego usa­</p><p>do por João ao registrá-la. É essa semelhança que</p><p>dá origem às analogias do texto. Mas se Jesus que­</p><p>ria usar aqui um símbolo para o Espírito, por que</p><p>não o declarou? Foi, porém, precisamente o que</p><p>210</p><p>0 Sopro do Todo-Poderoso</p><p>Ele fez. No original, o texto reza: “nascido da água</p><p>e de vento”, um par de símbolos.</p><p>Este significado comum de vento é confirma­</p><p>do pela forma verbal que o acompanha, “ sopra” ,</p><p>e pela expressão elucidativa, “voz” . Mas por con­</p><p>senso universal o termo vento ou pneuma (de res­</p><p>p irar ou soprar, que ocorre 370 vezes no Novo</p><p>Testamento) aqui se traduz por Espírito.No ver­</p><p>so 8 podemos ver outra tradução possível: “O Es­</p><p>pírito sopra onde quer” (Versão Americana Re­</p><p>visada, margem); também ocorre o mesmo nas ver­</p><p>sões de Rotherham e Douay. Em nossas versões</p><p>comuns figura o termo “vento” . Portanto, a ope­</p><p>ração do Espírito é o fator transcendente na re­</p><p>generação, indispensável a cada alma que haja de</p><p>ver o reino do Céu. É o Espírito que gera e sus­</p><p>tenta a nova vida. Ele é, inegavelmente, o agen­</p><p>te divino que traz vida.</p><p>O outro símbolo, “água” , é de imediato uma</p><p>referência ao batismo na água, e ao purificador</p><p>e renovador poder da “palavra” , que é o outro ins­</p><p>trumento de regeneração. Assim lemos: “pois fos­</p><p>tes regenerados... mediante a Palavra de Deus”</p><p>(I Ped. 1:23). “Pois, segundo o Seu querer, Ele nos</p><p>gerou pela palavra da verdade” (S. Tiago 1:18).</p><p>Frequentemente nas Escrituras água e sua ação</p><p>purificadora, são usadas como símbolo da palavra:</p><p>“Para que a santificasse, tendo-a purificado por</p><p>meio da lavagem de água pela palavra” (Efés.</p><p>5:26); “Vós já estais limpos pela palavra que vos</p><p>tenho falado” (S. João 15:3).</p><p>Assim Deus opera mediante o Espírito Santo,</p><p>211</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>e o Espírito Santo age mediante a Palavra. (“Disse</p><p>Deus” , Gên. 1:3, 6, 9, etc.); É a mesma operação</p><p>combinada da Palavra e o Espírito (“ Se movia” ,</p><p>Gên. 1:2) na criação original, que opera o novo</p><p>nascimento.</p><p>Pré-Requisito Para Todo Serviço</p><p>Outra notável analogia do registro de Génesis en­</p><p>contramos em S. João 20:21-23: “Disse-lhes, pois,</p><p>Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como</p><p>o Pai Me enviou, Eu também vos envio. E, haven­</p><p>do dito isto, soprou sobre eles, e disse-lhes: Rece­</p><p>bei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os</p><p>pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes,</p><p>são retidos.” Jesus estava para investi-los de sua</p><p>sagrada comissão, dotá-los do indispensável poder</p><p>e revelar-lhes as solenes realidades da obra que</p><p>lhes confiava.</p><p>Quando lhes apareceu pela primeira vez, após</p><p>a ressurreição, disse: “Paz seja convosco!” (Ver­</p><p>so 19.) Aquela primeira doação de paz destinava-</p><p>se a restaurar neles a confiança. E sta segunda,</p><p>no verso 21, é uma preparação para a obra que</p><p>tinham a realizar. Solenemente o Senhor pronun­</p><p>cia a ordem, tornando-os Seus embaixadores. Sua</p><p>autoridade aqui se m ostra igual à do Pai.</p><p>Os discípulos não foram chamados para um no­</p><p>vo trabalho. Como o Mestre era a luz do mundo,</p><p>eles também deviam ser; como viera para buscar</p><p>e salvar os perdidos, para isso deviam eles tam ­</p><p>bém sair; como Sua comida era fazer a vontade</p><p>212</p><p>O Sopro do Todo-Poderoso</p><p>do Pai, assim devia ser a deles; e como Ele foi cheio</p><p>do Espírito, e falou e operou somente mediante o</p><p>Espírito, assim deviam eles falar e agir. Somente</p><p>assim poderiam eles desincumbir-se de tão pesado</p><p>encargo. Nenhum homem é qualificado para exer­</p><p>cer o ministério, a despeito de suas credenciais ter­</p><p>renas, a menos que seja ungido pelo Espírito San­</p><p>to. Muito do chamado esforço cristão redunda em</p><p>nada porque é justamente isso o que falta.</p><p>Observe-se de passagem que essa dotação do</p><p>Espírito não desmereceu a posterior unção do Es­</p><p>pírito no dia do Pentecostes; pelo contrário, foi</p><p>uma antecipação.</p><p>Com a mesma autoridade pela qual comissio­</p><p>nou os discípulos, Jesus agora lhes legava o Espí­</p><p>rito Santo. O ato era simbólico, à maneira dos pro­</p><p>fetas antigos, e relembra instintivamente o regis­</p><p>tro da criação. “Soprou” é o mesmo termo usado</p><p>em Génesis 2:7. Certamente, foi o mesmo Jesus</p><p>que soprou nas narinas de Adão. Em ambas as si­</p><p>tuações Ele soprou Seu próprio espírito, que lhes</p><p>foi assim comunicado. “Espírito de Deus” (Gên.</p><p>1:2), “Espírito de Cristo” (Rom. 8:9), e “Espírito</p><p>de Jesus” (Atos 16:7), são apenas nomes alterna­</p><p>tivos para o Espírito Santo. São sinónimos e usa­</p><p>dos intercaladamente nas Escrituras. Assim Cristo</p><p>estabelece uma inseparável relação entre Si mes­</p><p>mo e o Espírito Santo.</p><p>Por isso mesmo somos ensinados a nunca pro­</p><p>curar obter o Espírito separadamente de Je­</p><p>sus, mas através da comunhão com Ele. Que es­</p><p>ta verdade básica fique para sempre gravada em</p><p>213</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>nossa consciência! Diz-nos o Espírito de Profecia:</p><p>“Nosso povo necessita receber esse sopro de</p><p>vida, para que possa erguer-se para uma ação es­</p><p>piritual. Muitos perderam sua energia vital; são</p><p>tão lerdos que parecem mortos. Que aqueles que</p><p>têm recebido a graça de Cristo ajudem essas al­</p><p>mas a despertar para a ação. Conservemos a cor­</p><p>rente de vida que vem de Cristo, para podermos</p><p>irradiar vida em outras almas.” — E. G. White,</p><p>Review and Herald, 28 de abril de 1904.</p><p>Pode-se observar também aqui a mesma pala­</p><p>vra — “sopro” ou “vento” — usada por Jesus em</p><p>Sua conversa com Nicodemos. (S. João 3:8.) “O</p><p>vento sopra onde quer” , ou “o Espírito sopra on­</p><p>de quer” (Versão Revisada e Atualizada, margem).</p><p>Tal identidade na linguagem identifica mais ain­</p><p>da a obra do Espírito.</p><p>Outro ponto a ser observado neste texto é que</p><p>a palavra “recebei” é também traduzida por “ to­</p><p>mai” o Santo Dom. Os discípulos não deviam fi­</p><p>car totalmente passivos. Através dessa dotação</p><p>eles seriam qualificados para a obra que deviam</p><p>realizar. Jamais são os homens preparados ou au­</p><p>torizados para representar a Cristo sem primeiro</p><p>receberem o vivificante Espírito de Jesus.</p><p>A vinda do Espírito pode ser suave como a bri­</p><p>sa vespertina, como aconteceu na primeira expe­</p><p>riência dos discípulos; ou pode ser poderosa como</p><p>a força da tempestade, como ocorreu em Sua ple­</p><p>nitude no Pentecostes. Pode assemelhar-se ao sus­</p><p>surro de uma voz mansa e suave, ou como o rugir</p><p>de um furacão. Os efeitos secundários não têm im­</p><p>214</p><p>0 Sopro do Todo-Poderoso</p><p>portância; o que vale é a realidade. Imaginemos</p><p>uma harpa eólia, com suas cordas dispostas nu­</p><p>ma harmonia musical. Ao passar o vento entre</p><p>elas, parece que são tocadas por dedos invisíveis,</p><p>e sons quase divinos flutuam no ar. Parece que um</p><p>coro de anjos toca aquelas cordas. Oh, conserve­</p><p>mos as cordas do coração suscetíveis ao quase im-</p><p>perceptível toque do Espírito para que nós, tam ­</p><p>bém, possamos emitir música celestial.</p><p>Cabe aqui este comentário do Espírito de Pro­</p><p>fecia, sobre S. João 20:22:</p><p>“O Espírito Santo não Se m anifestara ainda</p><p>plenamente; pois Cristo ainda</p><p>não fora glorifica­</p><p>do. A mais abundante comunicação do Espírito não</p><p>se verificou senão depois da ascensão de Cristo.</p><p>Enquanto não houvesse sido recebido, os discípu­</p><p>los não podiam cumprir a missão de pregar o evan­</p><p>gelho ao mundo. Mas o Espírito foi agora dado pa­</p><p>ra um fim especial. Antes de os discípulos pode­</p><p>rem cumprir seus deveres oficiais em relação com</p><p>a igreja, Cristo soprou sobre eles Seu Espírito.</p><p>Estava-lhes confiando um santíssimo legado, e de­</p><p>sejava impressioná-los com o fato de que, sem o</p><p>Espírito Santo, não se podia realizar esta obra.</p><p>“O Espírito Santo é o sopro da vida espiritual</p><p>na alma. A comunicação do Espírito é a transmis­</p><p>são da vida de Cristo. Reveste o que O recebe com</p><p>os atributos de Cristo. Unicamente os que são as­</p><p>sim ensinados por Deus, os que possuem a opera­</p><p>ção interior do Espírito, e em cuja vida se mani­</p><p>festa a vida de Cristo, devem-se colocar como ho­</p><p>mens representativos, para servir em favor da igre-</p><p>215</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>ja .” — O Desejado de Todas as Nações, ed. popu­</p><p>lar, pág. 769.</p><p>Jamais devemos esquecer que foi este o requi­</p><p>sito exigido antes de poderem os discípulos desem­</p><p>penhar seus deveres oficiais. Hoje, somente aque­</p><p>les que foram revestidos do Espírito Santo estão</p><p>preparados e qualificados para servir na igreja, en­</p><p>quanto aguardamos a tremenda plenitude do E s­</p><p>pírito no alto clamor do Pentecoste dos últimos</p><p>dias, já bem próximo.</p><p>Invisível em Sua Essência</p><p>Uma segunda lição tirada do vento, é que ele</p><p>é essencialmente invisível, o que, no entanto, não</p><p>anula a sua realidade. O silencioso e invisível vento</p><p>é conhecido não por uma percepção visível, mas</p><p>por seus poderosos efeitos. Ele move moinhos. Im­</p><p>pele navios. Em S. João 3:8 temos uma compara­</p><p>ção entre a presença invisível do vento e a invisí­</p><p>vel operação do Espírito Santo na regeneração.</p><p>0 “som” que se ouve é a única evidência além de</p><p>seus efeitos perceptíveis. Quanto à pessoa do E s­</p><p>pírito e Suas visitações, estende-se um impenetrá­</p><p>vel véu de mistério. Suas operações são sempre</p><p>ocultas; no entanto, os resultados manifestam a</p><p>Sua presença. E graças rendamos a Deus porque</p><p>podemos receber Sua vida, amor, pureza, paz, po­</p><p>der e gozo.</p><p>Mais do que isso, embora Suas idas e vindas</p><p>sejam ocultas, podemos ouvir o som de Sua “voz” .</p><p>Isto ocorre no âmbito de nossa própria experiên­</p><p>216</p><p>0 Sopro do Todo-Poderoso</p><p>cia consciente. Quantas vezes tem Ele falado, di­</p><p>rigindo o pensamento e a consciência para a pala­</p><p>vra e o conselho de Deus. Temos nós atendido? Se</p><p>persistimos em ignorar ou desmerecer Sua voz,</p><p>então finalmente, depois do som virá o silêncio.</p><p>O Mestre afirma isso claramente, falando a res­</p><p>peito do “Espírito da verdade, que o mundo não</p><p>pode receber, porque não O vê nem 0 conhece; vós</p><p>O conheceis, porque Ele habita convosco e estará</p><p>em vós.” S. João 14:17. Quando Ele é recebido,</p><p>é percebido. E conhecê-Lo significa ser controla­</p><p>do por Sua vontade, inspirado por Seu amor, guar­</p><p>dado por Sua graça, dirigido por Sua mão, susten­</p><p>tado por Seu poder, e usado em Seu serviço. Que</p><p>abençoada provisão do Espírito de Deus!</p><p>Misterioso em Sua Operação</p><p>A terceira lição que aprendemos é que o vento</p><p>opera de maneira misteriosa. Seus movimentos ul­</p><p>trapassam nossa direção e controle. Em sua in­</p><p>comparável majestade, ele escolhe o seu próprio</p><p>rumo. Ninguém pode prever com certeza o seu ro­</p><p>teiro. Em purra as nuvens do céu de um lado para</p><p>outro, e converte em montanhas as ondas do ocea­</p><p>no. Ele embala a ave em seu ninho, e enverga a</p><p>floresta sob as impetuosas rodas de seu turbilhão.</p><p>Varre o deserto com as incandescentes rajadas de</p><p>uma fornalha, e com o seu sopro cortante açoita</p><p>os habitantes do Pólo Norte, em seus agasalhos</p><p>de peles, até arrancar-lhes um grito de agonia.</p><p>Constantemente também se usa o vento como</p><p>217</p><p>A Yinda do Consolador</p><p>símbolo de liberdade. “Livre como o vento” — é !</p><p>uma expressão comum. No reino da Natureza não</p><p>há nenhuma outra força menos detida do que o ar</p><p>em movimento.</p><p>O apóstolo S. João diz que “ele sopra onde i</p><p>quer” . O termo “quer” , no original bíblico, vem</p><p>do grego theleo, significando “quer” ou “escolhe” .</p><p>É a mesma palavra usada em I Cor. 4:19: “ se o</p><p>Senhor quiser”; e em Filip. 2:13: “ tanto o querer</p><p>como o realizar” . O Espírito Santo, simbolizado</p><p>pelo vento, atua na soberania de Sua graça. Em ­</p><p>bora possamos saber muito a Seu respeito, não po­</p><p>demos antecipar ou regular Suas operações. Pelo '</p><p>contrário, Ele distribui “como Lhe apraz, a cada</p><p>um, individualmente” . I Cor. 12:11. Cabe-nos sub­</p><p>meter-nos ao Seu poder e colocar-nos em harmo­</p><p>nia com Suas operações.</p><p>Sim, o Espírito opera de maneira misteriosa.</p><p>Não é limitado pelas leis e expectativas humanas, j</p><p>O Espírito Se apossa de um monge agostiniano e f</p><p>sacode toda a Europa. Toca um funileiro na pri­</p><p>são de Bedford, e surge “O Peregrino” . Põe a mão</p><p>num sapateiro em Hackleton e então aparecem as</p><p>missões modernas. Realmente, misterioso é Ele</p><p>em Sua obra.</p><p>Não podemos fugir da presença do Espírito do</p><p>Todo-poderoso. “Para onde me ausentarei do Teu</p><p>Espírito? Para onde fugirei da Tua face? Se subo</p><p>aos Céus, lá estás; se faço a minha cama no mais</p><p>profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas</p><p>da alvorada e me detenho nos confins dos mares,</p><p>ainda lá me haverá de guiar a Tua mão e a Tua</p><p>218</p><p>destra me susterá.” Sal. 139:7-10. Embora seja</p><p>terrível para o pecador, quão confortante é esta</p><p>afirmação para aqueles que estão procurando fa­</p><p>zer a vontade de Deus!</p><p>Como não pode ser explicado o mistério do nas­</p><p>cimento natural, tampouco o pode ser o do nas­</p><p>cimento espiritual. Neste sentido, notemos esta</p><p>referência aos inescrutáveis caminhos do ven­</p><p>to: “Assim como tu não sabes qual o caminho</p><p>do vento, nem como se formam os ossos no ven­</p><p>tre da mulher grávida, assim também não sa­</p><p>bes as obras de Deus, que faz todas as coisas.”</p><p>Ecles. 11:5.</p><p>Pensemos no Pentecoste. A obra do Espíri­</p><p>to, simbolizada pelo “vento” , não foi um fenô­</p><p>meno natural, mas sobrenatural. Não esqueça­</p><p>mos que “veio do Céu” (Atos 2:2). Foram usados</p><p>dois símbolos: apelando um para o ouvido e o ou­</p><p>tro para a vista, embora o próprio Espírito não</p><p>fosse visto nem ouvido. O vento inevitavelmen­</p><p>te os lembraria do bem conhecido ensino de Je­</p><p>sus a Nicodemos, concernente à operação do Es­</p><p>pírito.</p><p>Também os faria lembrar a passagem do Ve­</p><p>lho Testamento, na qual a presença de Deus é</p><p>garantida a Davi através de “um estrondo de</p><p>marcha pelas copas das amoreiras” (II Sam. 5:24);</p><p>e a expressão do salmista: “faz dos ventos os</p><p>Seus mensageiros” (Sal. 104:4 Almeida anti­</p><p>ga). Sim, os discípulos imediatamente reconhe­</p><p>ceram esse símbolo, e regozijaram-se com a rea­</p><p>lidade.</p><p>__________ O Sopro do Todo-Poderoso__________</p><p>219</p><p>L</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Tremendo em Seu Poder</p><p>Quão tremendo é o poder contido nos ventos</p><p>do Céu! Nenhuma outra figura mais vigorosa po­</p><p>deria ser usada para representar a irresistível</p><p>energia do Espírito Todo-poderoso. Há “diversi­</p><p>dade nas realizações” , mas o Espírito é o mesmo.</p><p>(I Cor. 12:6.) Algumas vezes manifestam-se sua­</p><p>vemente; mas de outras, com grande poder. As­</p><p>sim foi no Pentecoste. Semelhante ao rugido de</p><p>uma trem enda tempestade avançando para eles,</p><p>aproximando-se cada vez mais até explodir no ce­</p><p>náculo. E ra o antigo simbolismo em vívida atua­</p><p>ção, contida na própria palavra espírito. E foi as­</p><p>sim que homens pobres, ignorantes, inexperien­</p><p>tes, ciumentos e desconfiados foram transform a­</p><p>dos em verdadeiros gigantes para Deus.</p><p>0 Pentecoste foi o oposto de Babel. Então to­</p><p>dos estavam possuídos do mesmo ânimo. Faz-nos</p><p>lembrar II Crôn. 5:13: “E quando em uníssono,</p><p>a um tempo, tocaram as trombetas e cantaram pa­</p><p>ra se fazerem ouvir, para louvar ao Senhor e ren-</p><p>der-Lhe graças; e quando levantaram eles a voz</p><p>com trom betas, címbalos e outros instrumentos</p><p>musicais para louvar ao Senhor, porque Ele é bom,</p><p>porque a Sua misericórdia dura para sempre, en­</p><p>tão sucedeu que a casa, a saber, a casa do Senhor</p><p>se encheu de uma nuvem.”</p><p>Sim, o que nós care­</p><p>cemos é do Espírito pentecostal, pois somente Ele</p><p>produzirá resultados pentecostais.</p><p>0 sopro de Deus converteu uma organização</p><p>mecânica num organismo vivo, uma congregação</p><p>220</p><p>numa igreja. Transformou aquele grupo de discí­</p><p>pulos, minados pela inveja e ciúme, num exército</p><p>espiritual irreprimível: pois o Espírito dota as pes­</p><p>soas de um poder que as torna irresistíveis na vi­</p><p>da e no serviço. Notemos:</p><p>“Há uma grande obra a ser feita; e o Espírito</p><p>do Deus vivo deve en trar no mensageiro vivo pa­</p><p>ra que a verdade possa ser propagada com poder.”</p><p>— E. G. White, Review ancLHerald, 03 de dezem­</p><p>bro de 1908.</p><p>Eles foram “cheios” do Espírito Santo. Mas,</p><p>antes de ser cheio, é preciso esvaziar-se. O ar en­</p><p>che imediatamente o vácuo. Somos cheios quan­</p><p>do, pela renúncia do próprio eu, provemos um vá­</p><p>cuo. A inspiração depende da prévia expiração.</p><p>Meditemos nestas impressivas palavras:</p><p>“Não é suficiente esvaziar o coração; devemos</p><p>ter o vácuo cheio com o amor de Deus. A alma deve</p><p>ser adornada com as graças do Espírito de Deus.</p><p>Podemos abandonar os maus hábitos, e ainda não</p><p>estar realmente santificados por não mantermos</p><p>comunhão com Deus. Devemos estar unidos a Cris­</p><p>to. Há um depósito de poder à nossa disposição,</p><p>e não devemos permanecer na caverna escura,</p><p>fria, sem sol, da incredulidade; ou jamais capta­</p><p>remos os brilhantes raios do Sol da Justiça.” —</p><p>Idem, 24 de janeiro de 1893.</p><p>Aprendamos também este precioso segredo: a</p><p>bênção pentecostal é sempre precedida da oração</p><p>pentecostal. Sempre que as condições foram</p><p>preenchidas, a história da humanidade, a partir</p><p>do Pentecoste, tem sido um prolongado e glorio­</p><p>__________ 0 Sopro do Todo-Poderoso__________</p><p>221</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>so comentário sobre o registro de Atos 2. O pode­</p><p>roso, enternecedor, vivificante e purificador sopro</p><p>de Deus tem atuado como o cálido vento Sul so­</p><p>bre uma geleira na primavera, derretendo o es­</p><p>pesso gelo e despertando as fragrantes flores ainda</p><p>que adormecidas sob suas próprias sombras.</p><p>De Efeitos Variados</p><p>Em quarto lugar, os efeitos do vento são mui­</p><p>to variados. Reanima o desfalecido, e restaura o</p><p>tísico. Por um lado, cura e aumenta as forças físi­</p><p>cas; por outro, faz definhar, secar e traz destrui­</p><p>ção. Harmonizaremos essas estranhas anomalias,</p><p>ao estudarmos as suas características. Seriam ne­</p><p>cessários 800 milhões de cavalos, trabalhando noi­</p><p>te e dia, para transportar a água que o vento, so­</p><p>zinho, traz do m ar para o Estado da Pensilvânia</p><p>— e tudo isso sem o gemido de uma engrenagem</p><p>ou uma volta de manivela. Assim ministra o E s­</p><p>pírito Santo tanto aos bons quanto aos maus. Que</p><p>bênção esta para santos e pecadores! Tratando-</p><p>se do símbolo, porém, muito depende do relacio­</p><p>namento do homem com o vento.</p><p>Nas Bahamas os ventos alísios sopram invaria­</p><p>velmente na mesma direção durante meses. De</p><p>maneira semelhante, há os “ventos alísios” do</p><p>sempre atuante sopro do Espírito Santo. Ó alma,</p><p>expõe-te aos “ventos alísios” do amor de Deus.</p><p>Permite que eles te regenerem ou reavivem, con­</p><p>forme a tua necessidade. Busca a salvação, busca</p><p>poder, busca forças de cima. Tudo que necessitas</p><p>222</p><p>O Sopro do Todo-Poderoso</p><p>já foi provido. Em seu soberano curso, o vento faz</p><p>os seus circuitos: “O vento vai para o sul, e faz</p><p>o seu giro para o norte; volve-se e revolve-se, na</p><p>sua carreira e retorna aos seus circuitos.” Ecles.</p><p>1:6. Também em Suas operações o Espírito San­</p><p>to faz Seus circuitos especiais, que inundam em</p><p>Seu amor, envolvem em Sua presença e alcançam</p><p>com o Seu poder todos aqueles que a Ele se sub­</p><p>metem. Como nos temos relacionado com essas</p><p>correntes? A pergunta é muito oportuna e de vi­</p><p>tal importância.</p><p>Um barco rum a para o leste,</p><p>e segue outro para oeste,</p><p>tangidos pelos mesmos ventos.</p><p>No entanto, são as velas,</p><p>e não as ventanias</p><p>que mostram o rumo a seguir.</p><p>Limpa e Cura</p><p>O vento também limpa. Em Jó 37:21 lemos:</p><p>“Eis que o homem não pode olhar para o céu, uma</p><p>vez passado o vento que o deixa limpo.” Sim, o</p><p>Espírito Santo purifica. E quanto necessitamos</p><p>disso! 0 vento sopra e separa a palha do trigo, o</p><p>falso do verdadeiro. Essa obra perscrutadora e pa-</p><p>ralisadora do Espírito Santo é-nos apresentada em</p><p>Isaías 40:6 e 7: “Uma voz diz: Clama; e alguém</p><p>pergunta: Que hei de clamar?” Vem então a res­</p><p>posta: “Toda a carne é erva, e toda sua glória co­</p><p>mo a flor da erva; seca-se a erva, e caem as flo­</p><p>223</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>res, soprando nelas o hálito do Senhor. Na verda­</p><p>de o povo é erva.” Ele abate e humilha.</p><p>Foi devido à operação do Espírito Santo que</p><p>Jó disse: “Sou indigno” (Jó 40:4); Davi exclamou:</p><p>“mas eu sou verm e” (Sal. 22:6); Isaías protestou:</p><p>“ sou homem de lábios impuros” (Isa. 6:5); Paulo</p><p>disse: “eu, todavia; sou carnal” (Rom. 7:14); e Pe­</p><p>dro confessou: “ sou pecador” (S. Luc. 5:8). Ele,</p><p>porém, abate e humilha somente para abençoar</p><p>e enobrecer, para exaltar e elevar.</p><p>Sim, o mesmo bendito Espírito traz cura e saú­</p><p>de. Você já se sentiu alguma vez sufocado num am­</p><p>biente fechado? E então abriu a janela e aspirou</p><p>o ar fresco? Precisamos desse tratam ento de ar</p><p>livre para os asfixiados, doentes e fracos. Vinde,</p><p>enfermos do pecado, para os espaços abertos! Sim,</p><p>e ainda mais: Já vos colocastes alguma vez no to­</p><p>po de uma montanha junto a uma grande cidade,</p><p>lá em baixo no vale? E contemplastes a paisagem</p><p>obscurecida pela esfumaçada neblina, com sua a t­</p><p>mosfera poluída, gases venenosos e odores noci­</p><p>vos? E então vos deliciastes com a abundância, o</p><p>frescor e revigoramento do ar da montanha?</p><p>Oh, a magnificência das montanhas! Deixai as</p><p>sombrias planícies e subi até onde podereis sor­</p><p>ver profundamente, a largos sorvos, o vitalizante</p><p>ar, que faz correr o vivificante sangue por todo</p><p>o sistema circulatório! E tudo isto nos serve de pa­</p><p>rábola, porque o ar é um dos escolhidos emblemas</p><p>do Espírito. Como cristãos, necessitamos de pra­</p><p>ticar o exercício respiratório profundo, nas alti­</p><p>tudes de Deus. Necessitamos do Espírito Santo.</p><p>224</p><p>I</p><p>“Devemos elevar-nos acima da gelada atmos-</p><p>| fera em que até agora temos vivido, e na qual Sa­</p><p>tanás haveria de envolver nossa alma, respirar na</p><p>santificada atmosfera do Céu.” — Idem, 06 de</p><p>maio de 1890.</p><p>Devemos abarcar a realidade sugerida por es­</p><p>se vento simbólico. Contemplemos um lindo barco</p><p>com as velas içadas e a âncora erguida. No entan­</p><p>to, não há nenhuma ondulação da água junto a ele,</p><p>nenhuma espuma em sua proa, nenhum progres­</p><p>so. Por quê? Não há nenhum vento! Ou talvez se</p><p>trate de um veleiro paralisado, preso no imenso re­</p><p>gaço do oceano. Junto ao Oceano Atlântico fica o</p><p>Mar de Sargaço, sempre sujeito a longas calmarias</p><p>e coberto de sargaços, isto é, uma erva daninha es­</p><p>pessa e embaraçosa. Nada perturba mais os mari­</p><p>nheiros do que o terror de ficar preso naquela re­</p><p>gião. Seria pior do que uma tempestade.</p><p>Incapazes de prosseguir a viagem, sem água, sem</p><p>alimento, esvaindo-se a esperança, e a morte amea­</p><p>çando a tripulação — como almejam e oram para que</p><p>o vento apareça! Com que alegria os marinheiros se</p><p>acalmam ao ver o ondear das águas à distância, e</p><p>contemplar seu pendente veleiro reagir ao sopro da</p><p>brisa! Oh, sentimos nós a nossa necessidade e aco­</p><p>lhemos com tanta ansiedade o Espírito, ao aproxi-</p><p>mar-Se Ele de nós? Esta intensa sede do Espírito</p><p>é uma das supremas necessidades da Igreja hoje.</p><p>Opera de Maneiras Diferentes</p><p>O vento é muito variável quanto a sua direção</p><p>| 0 Sopro do Todo-Poderoso__________</p><p>225</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>e atuação. Após te r o pecado penetrado no Éden,</p><p>nossos primeiros pais logo ouviram a solícita voz</p><p>de Deus transmitida pela brisa vespertina: “Onde</p><p>estás?” E ra uma voz de misericórdia, de súplica,</p><p>de amor. O mesmo ocorre neste nosso paraíso per­</p><p>dido; nas asas do “vento” chegam até nós as amo-</p><p>ráveis propostas de Deus. E nos é tão impossível</p><p>ocultar-nos dEle agora como o foi para Adão e Eva.</p><p>Temos ouvido Sua voz agora, mediante o Seu Santo</p><p>Espírito? Então atendamos imediatamente.</p><p>Logo após o dilúvio Deus fez soprar</p><p>um forte</p><p>vento sobre as águas, e estas voltaram aos seus lei­</p><p>tos marítimos, estabelecendo-se de novo os antigos</p><p>limites. O vento rasgou o nebuloso véu das monta­</p><p>nhas e secou a terra, preparando-a para ser de no­</p><p>vo habitada. Como foi nos dias de Noé, bem assim</p><p>será antes da vinda do Filho do homem: manifestar-</p><p>se-á o grandioso poder do Espírito Santo, preparan­</p><p>do o templo de nosso corpo para Sua habitação. Co­</p><p>mo necessitamos de compreender e experimentar</p><p>Sua obra no “alto clamor” desta mensagem. Isso</p><p>é absolutamente indispensável a fim de capacitar-</p><p>nos para usufruir as moradas eternas.</p><p>Também quando Moisés conduziu as hostes de</p><p>Israel para fora do Egito, Deus soprou sobre o mar</p><p>(Êxo. 15:8 e 10), e abriu um caminho para a liber­</p><p>tação do Seu povo. Assim, pela obra do Espírito</p><p>seremos libertados deste mundo de pecado. Nos­</p><p>sa única esperança encontra-se em Sua miraculo­</p><p>sa operação, e não em nossos talentos ou esfor­</p><p>ços. Quão trágico é que sempre nos esquecemos</p><p>disto.</p><p>226</p><p>0 Sopro do Todo-Poderoso</p><p>0 Espírito Santo opera de várias maneiras. Na</p><p>Palestina às vezes sopra um vento oriental, deno­</p><p>minado “ siroco” , ou seja, vento envenenado, que</p><p>traz consigo muita calamidade. Faz secar a gar­</p><p>ganta, produz perturbações brônquicas e também</p><p>depressão. Foi esse vento que crestou as espigas</p><p>de milho no sonho de Faraó (Gên. 41:6, 23 e 27);</p><p>trouxe gafanhotos sobre o Egito (Êxo. 10:13), e</p><p>destruiu as naus de Társis (Sal. 48:7).</p><p>Às vezes o Espírito Santo vem como o vento</p><p>oriental, trazendo quebrantamento e aflição.</p><p>— O senhor quer orar por mim? — perguntou</p><p>urna senhora.</p><p>— Sim, mas para quê? — respondeu o seu</p><p>pastor.</p><p>— Para que eu tenha paciência.</p><p>— O Senhor, envia para esta irmã muitas pro­</p><p>vas e perseguições...</p><p>— Pare — ela gritou — Eu não quero tribu­</p><p>lações.</p><p>No entanto, a tribulação produz paciência.</p><p>Também há o vento ocidental do livramento,</p><p>o qual baniu os gafanhotos do Egito. (Êxo. 10:19.)</p><p>Assim, noutras ocasiões o Espírito Santo propor­</p><p>ciona alívio, graça e restauração em nossas fadi­</p><p>gas. Seu nome é o Consolador.</p><p>Há o vento norte, que limpa a atmosfera (Prov.</p><p>25:23), e traz bom tempo (Jó 37:22). Depois das</p><p>nuvens e tormentas, o Espírito Santo produz a bo­</p><p>nança e o límpido céu da santa comunhão.</p><p>O último dos quatro ventos é o vento sul da</p><p>amenidade, que acalma as águas (Jó 37:17), que</p><p>227</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>derram a os seus aromas (Cantares 4:16). 0 vento</p><p>que sopra em Jope entre nove e dez horas da ma­</p><p>nhã, e alcança Jerusalém entre as duas e três da</p><p>tarde, ao pôr-do-sol se aquieta, mas durante toda</p><p>a noite volta a soprar, banhando e refrescando a</p><p>face da Natureza.</p><p>O que distingue esse vento é a sua fragrância.</p><p>Sim, o Espírito Santo libera suaves e amenizan-</p><p>tes aromas — a m irra de uma vida consagrada,</p><p>o nardo da devoção plena de amor, o incenso de</p><p>grata adoração, a fragrância da oração reveren­</p><p>te, e o aroma de um caráter santificado. Estes são</p><p>apenas exemplos de Suas operações.</p><p>Irresistível em Seus Movimentos</p><p>Em quinto lugar, o vento é irresistível em seus</p><p>movimentos. Consideremos sua incomparável for­</p><p>ça. Quem é capaz de detê-la? Observemo-lo agi­</p><p>tando e açoitando o poderoso oceano em violen­</p><p>ta fúria, até que suas encrespadas ondas se ele­</p><p>vam como montanhas. Contemplemo-lo espe-</p><p>daçando os poderosos gigantes da floresta como</p><p>se fossem tenras plantas de nosso jardim. Vejamo-</p><p>lo destruindo os mais soberbos monumentos do</p><p>homem, transformando em ruínas uma grande ci­</p><p>dade, fragmentando seus edifícios como se fos­</p><p>sem frágeis brinquedos. O vento é irresistível.</p><p>Exércitos podem procurar detê-lo, mas em vão.</p><p>Legisladores e juristas podem emitir sentenças</p><p>contra ele. Contudo, as nações perecem, morrem</p><p>os legisladores e seus decretos logo são esquecidos,</p><p>228</p><p>mas o majestoso vento continua a sua carreira!</p><p>Embora invisível, o vento é tão real quanto o</p><p>chão em que pisamos. Pode ser comprimido, trans­</p><p>formado em líquido até tornar-se mais poderoso</p><p>que a dinamite. No Oriente ainda é costume cha­</p><p>mar os ventos de “mensageiros de Deus” .</p><p>Um viajor e seu guia árabe estavam atraves­</p><p>sando em seu camelo um deserto sem caminhos,</p><p>e então o guia ordenou ao companheiro que des­</p><p>montasse para enfrentar os “mensageiros de</p><p>Deus” . Voltando-se, o viajante ocidental viu uma</p><p>sufocante nuvem de poeira erguida pelos ventos</p><p>quentes que sopravam na velocidade de um fura­</p><p>cão. Mal tiveram tempo de apear, prostrar-se na</p><p>terra e cobrir a cabeça; a nuvem de poeira os atin­</p><p>giu, penetrando suas roupas e até arrancando ge­</p><p>midos dos camelos por causa da sufocação.</p><p>Às vezes as manifestações da presença e do po­</p><p>der do Espírito Santo são tremendas e muito im­</p><p>pressionantes. Ele é soberano em Suas atuações.</p><p>Ninguém pode impedi-Lo. Santos são enternecidos,</p><p>pecadores são esmagados; consciências são desper­</p><p>tadas e estremecidas santas emoções; mágoas são</p><p>expulsas, erros endireitados e feitas restituições.</p><p>Sob o impacto de Seu humilhante poder, pecados</p><p>secretos são confessados e abandonadas as ambi­</p><p>ções profanas, a impureza, a negligência da ora­</p><p>ção e do estudo da Bíblia. Ele não nos sacode em</p><p>vão, mas opera gloriosos e inteligentes resultados.</p><p>Ao passo que o furacão espalha devastação e</p><p>morte, as operações do Espírito Santo trazem</p><p>libertação e vida, se correspondermos devidamen­</p><p>__________ 0 Sopro do Todo-Poderoso__________</p><p>229</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>te. O Pentecoste testemunhou “um vento vee­</p><p>mente e impetuoso” (Almeida antiga). Cada pa­</p><p>lavra tem o seu significado. Vento provém do</p><p>grego pnoé, de que procedem os termos respi­</p><p>ração, hálito e sopro. Assim vemos uma clara re­</p><p>ferência à ação de uma Pessoa viva, a mesma</p><p>que na criação soprou naquela forma silente e</p><p>transformou-a numa alma vivente; a mesma que,</p><p>antes de Sua ascensão, soprou sobre os discí­</p><p>pulos ao comissioná-los como Seus representan­</p><p>tes no mundo.</p><p>Veemente (ou poderoso) denota atividade vital,</p><p>tremenda e comovente em majestade. E impetuoso</p><p>sugere arrebatadora velocidade, como um navio é</p><p>impulsionado ante uma tempestade. Assim tem o Es­</p><p>pírito poder para alentar, comover, conduzir. Como</p><p>resultado de Sua vinda no Pentecoste, os discípulos</p><p>foram dotados de capacidade de expressão — “to­</p><p>dos ... começaram a falar”. E seus testemunhos pro­</p><p>duziram profunda convicção — os ouvintes “com-</p><p>pungiram-se em seu coração”.</p><p>Inspirados pelo mesmo Espírito, homens da an­</p><p>tiguidade falaram as palavras de Deus ao serem ar­</p><p>rebatados pelo vigoroso impulso de Seu poder. (II</p><p>Ped. 1:21.) Curvemo-nos em profunda reverência na</p><p>presença dAquele que é onipotente. Nada há difícil</p><p>demais para Ele. Que a humilde submissão a Ele não</p><p>nos seja demais pesada.</p><p>Uma Visão do Poder do Espírito</p><p>Ao encerrarmos este estudo sobre os tesouros do</p><p>230</p><p>O Sopro do Todo-Poderoso</p><p>vento, consideremos agora talvez a mais notável re­</p><p>presentação do poder vivificante do Espírito, numa</p><p>situação de absoluta desesperança revelada na Pa­</p><p>lavra. Trata-se da visão do vale de ossos secos, da­</p><p>da a Ezequiel. Leiamos primeiro o registro inspirado:</p><p>“Veio sobre mim a mão do Senhor; Ele me le­</p><p>vou pelo Espírito e me deixou no meio de um vale</p><p>que estava cheio de ossos, e me fez andar ao redor</p><p>deles; eram mui numerosos na superfície do vale, e</p><p>estavam sequíssimos. Então me perguntou: Filho do</p><p>homem, acaso poderão reviver estes ossos? Respondi:</p><p>Senhor Deus, Tu o sabes.</p><p>“Disse-me Ele: profetiza a estes ossos, e dize-lhes:</p><p>Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Assim diz o</p><p>Senhor Deus a estes ossos: Eis que farei entrar o</p><p>espírito em vós, e vivereis. Porei tendões sobre vós,</p><p>farei crescer carne sobre vós, sobre vós estenderei</p><p>pele, e porei em vós o espírito, e vivereis. E sabe­</p><p>reis que Eu sou o Senhor.</p><p>“Então profetizei segundo me fora ordenado; en­</p><p>quanto eu profetizava, houve um ruído, um barulho</p><p>“Então Ele me disse: Profetiza ao Espírito, pro­</p><p>fetiza, ó Filho do homem e dize-lhe: Assim diz o Se­</p><p>nhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e as­</p><p>sopra sobre estes mortos, para que vivam. Profeti­</p><p>zei como Ele me ordenara, e o espírito entrou neles</p><p>e viveram e se puseram em pé, um exército sobre­</p><p>modo numeroso.” Ezeq. 37:1-10.</p><p>231</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>A cena se desenrola num antigo vale aberto, co­</p><p>berto de ossos humanos espalhados — esqueletos de</p><p>um exército abatido. A atenção de Ezequiel é absor­</p><p>vida por dois fatos: o número e a condição daqueles</p><p>ossos. “Eram mui numerosos” e “estavam sequís­</p><p>simos”. Expostos ao vento e à chuva, descorados e</p><p>embranquecidos, haviam perdido todo vestígio de vi­</p><p>da. Não havia medula por dentro nem carne por fo­</p><p>ra. Que quadro desolador! Nenhuma esperança de</p><p>recuperação, pois, nos limites dos recursos humanos,</p><p>esta era impossível, restando apenas o desespero. No</p><p>entanto, o profeta não se deixou abater por sua pró­</p><p>pria impotência, pois “tudo é possível para Deus”.</p><p>“Filho do homem, acaso poderão reviver estes</p><p>ossos?” foi a pergunta dirigida ao profeta. Talvez em</p><p>sua juventude ele poderia ter respondido precipita­</p><p>damente: “Claro que não!” Mas ele aprendera a co­</p><p>nhecer o poder de Deus. Por isso sua sábia resposta</p><p>foi: “Senhor Deus, Tu o sabes.” Homem nenhum po­</p><p>deria fazer tal milagre, mas Deus podia. Então Eze­</p><p>quiel foi ordenado a profetizar àqueles ossos. Foi-lhe</p><p>revelado o agente pelo qual Deus realizaria o Seu</p><p>propósito. Ele recebeu não somente uma resposta,</p><p>mas também uma mensagem.</p><p>Profetizar é predizer o que vai acontecer, decla­</p><p>rar a vontade de Deus. Ezequiel devia pregar a Pa­</p><p>lavra de Deus -aos ossos secos. Más como poderiam</p><p>eles ouvir? Ah, não teria de ser pregada a palavra</p><p>do homem, mas a palavra de Deus. São-lhes assim</p><p>transmitidas as divinas promessas. A palavra divi­</p><p>na penetra os ouvidos dos mortos. Observemos, ao</p><p>continuarmos, como esta visão segue a ordem exa­</p><p>232</p><p>0 Sopro do Todo-Poderoso</p><p>ta da criação original — em primeiro lugar, a for­</p><p>mação do corpo, e a seguir a inspiração do sopro de</p><p>vida. Notemos também a inseparável união da pala­</p><p>vra e Espírito, como se deu no ato original da criação.</p><p>Estava Ezequiel ainda falando, e já percebeu o</p><p>efeito de suas palavras. Houve uma comoção entre</p><p>os ossos. Um movimento suplantou a mórbida imo­</p><p>bilidade. Houve um barulho de ossos batendo con­</p><p>tra ossos, até que um completo esqueleto foi forma­</p><p>do. Apareceram os nervos e uniram os ossos. As car­</p><p>nes ocuparam o seu lugar, e os músculos também,</p><p>prontos para a ação. Lá estavam todos os órgãos,</p><p>mas faltava a vida. Tinham a forma humana, mas</p><p>jaziam ali prostrados — uma hoste de cadáveres! E</p><p>assim termina a primeira fase desse processo de res­</p><p>tauração.</p><p>Aqui encontramos uma lição: Ao Ezequiel pro­</p><p>fetizar diretamente aos ossos, houve certa recons­</p><p>trução física e movimento, mas apenas isto. Os en­</p><p>sinos de homem para homem produzem algumas mu­</p><p>danças exteriores, reformas e melhoras; mas o ho­</p><p>mem não pode produzir vida. Tal seria o efeito da</p><p>palavra desprovida do Espírito, devessem ser eles</p><p>separados. E aqui temos a explicação para o insu­</p><p>cesso de um esforço evangelístico.</p><p>Na segunda fase da visão o profeta recebe a or­</p><p>dem de dirigir-se ao vento, ou “Espírito” (Versão</p><p>revisada, margem). Segue-se então sua grande in­</p><p>vocação, uma suplicante ordem, e, ao sopro vivifi­</p><p>cante do Espírito, surge um quadro assombroso. Ob­</p><p>servemos o tremor daquelas formas inertes ao re­</p><p>ceberem o sopro de vida, colocando-se então de pé.</p><p>233</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Aqui é retratado o vivificante ministério do Espíri­</p><p>to. Não se trata de uma simples reforma, mas de</p><p>transformação e vitalização. E uma impressionante</p><p>manifestação da divina presença e operação do Es­</p><p>pírito. A expressão “quatro ventos” pressupõe, na­</p><p>turalmente, Sua onipresença no mundo.</p><p>Aplicação Pessoal</p><p>A visão é simbólica, mas o fato é real. Embora</p><p>primariamente aplicada a Israel, aplica-se também,</p><p>de maneira mais abarcante, aos seres humanos mor­</p><p>tos em suas ofensas e pecados. Muito pior do que</p><p>a morte de uma nação como tal, é a morte de uma</p><p>alma. E Deus nos considera a todos como mortos,</p><p>separados dEle, até que sejamos reavivados por Seu</p><p>Espírito. 0 símbolo é perfeito. Somos muito nume­</p><p>rosos e sequíssimos. Do ponto de vista humano, não</p><p>há esperança. Mas, louvado seja o Senhor, mesmo</p><p>os mortos ouvem as palavras de Deus. O agente hu­</p><p>mano também é considerado essencial. No entanto,</p><p>devem ser reconhecidas suas limitações. O sopro do</p><p>Todo-poderoso é a nossa esperança.</p><p>Deparamos aqui os mesmos dois agentes. Em pri­</p><p>meiro lugar vem a Palavra de Deus como divino ins­</p><p>trumento na conversão de almas. Mas a Palavra so­</p><p>zinha não instila o sopro de vida na alma. O grande</p><p>agente da transformação e transfiguração da mor­</p><p>te no pecado para a vida de justiça é o Espírito Santo.</p><p>O mais elevado encargo do Espírito Santo é comu­</p><p>nicar nova vida aos mortos. Bendito poder! Pode-se</p><p>submeter um cadáver a uma corrente galvânica e</p><p>234</p><p>produzir movimentos musculares. Pode então haver</p><p>vida simulada mediante tais movimentos, mas esse</p><p>corpo realmente não tem vida. Falta a chama vital.</p><p>File deve obter a vida — derivada e concedida — da</p><p>fonte de vida; do contrário, permanecerá cadáver e</p><p>sofrerá a inevitável desintegração.</p><p>E essencial que recordemos isto ao nos empe­</p><p>nharmos nas atividades necessárias. Não há obra de</p><p>restauração demasiado difícil para Deus. Que bom</p><p>que é assim! Visto como temos um Deus capaz de</p><p>ressuscitar os mortos, necessitamos também de uma</p><p>fé ressuscitadora. Necessitamos, falta-nos, devemos</p><p>ter vida — o Espírito, o sopro do Todo-poderoso.</p><p>Leiamos estas penetrantes palavras do Espírito de</p><p>Profecia:</p><p>“O Espírito de Deus, com Seu poder vivificante,</p><p>deve encontrar-Se em cada instrumento humano, pa­</p><p>ra que sejam postos em ação cada nervo e músculo</p><p>espirituais. Sem o Espírito Santo, sem o alento de</p><p>I )eus, fica entorpecida a consciência e há perda de</p><p>vida espiritual. Muitos que não possuem vida espiri­</p><p>tual têm os nomes nos registros da igreja, mas não</p><p>estão inscritos no livro da vida do Cordeiro. Podem</p><p>estar filiados a uma igreja, mas não se acham uni­</p><p>dos ao Senhor. Podem ser ativos no desempenho de</p><p>certas funções e ser considerados pessoas que vivem;</p><p>porém muitos entre estes têm nome de que vivem</p><p>mas estão mortos. A menos que a alma esteja ge­</p><p>nuinamente convertida a Deus; a menos que o vital</p><p>sopro de Deus ative a alma para a vida espiritual;</p><p>a menos que os que professam a verdade sejam mo­</p><p>tivados por princípios celestiais, não terão nascido</p><p>__________ O Sopro do Todo-Poderoso___________</p><p>235</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>da semente incorruptível que vive e permanece pa­</p><p>ra sempre. A menos que confiem na justiça de Cris­</p><p>to como sua única segurança; que copiem Seu cará­</p><p>ter e trabalhem com Seu espírito, eles se acham nus,</p><p>não tendo as vestes de Sua justiça. Muitas vezes os</p><p>mortos passam por vivos; pois aqueles que procuram</p><p>alcançar o que chamam de salvação por suas pró­</p><p>prias idéias, não têm Deus operando neles tanto o</p><p>querer como o efetuar segundo a Sua boa vontade.</p><p>Esta classe está bem representada pelo vale de os­</p><p>sos secos que Ezequiel viu na visão. Aqueles a quem</p><p>foram confiados os tesouros da verdade e contudo</p><p>se encontram mortos em ofensas e pecados, neces­</p><p>sitam ser recriados em Cristo Jesus.” — E. G. Whi-</p><p>te, Review and Herald, 17 de janeiro de 1893.</p><p>Vamos a uma igreja. Talvez seja lindamente equi­</p><p>pada, tenha um belo coral, um excelente pregador</p><p>e os serviços sejam muito bem organizados — mas</p><p>tudo não passa de formalidade; falta o espírito, a vi­</p><p>da. Uma igreja pode exibir uma organização perfei­</p><p>ta, contudo achar-se perfeitamente morta. Os me­</p><p>ses passam. Voltamos àquela mesma igreja e per­</p><p>cebemos nova vibração nos cânticos, novo poder na</p><p>pregação. Por quê? Ela foi insuflada pelo sopro de</p><p>Deus.</p><p>Tais milagres ocorrem realmente. E mais fre-</p><p>qúentemente ainda com indivíduos. Que, mediante</p><p>os tesouros do</p><p>“A dispensação em que vivemos deve ser, pa­</p><p>ra os que pedem, a dispensação do Espírito San­</p><p>to.” — Testemunhos para M inistros e Obreiros</p><p>Evangélicos, pág. 511.</p><p>Estamos sob a guia direta e pessoal da terceira</p><p>Pessoa da Divindade tão realmente como os discí­</p><p>pulos estiveram sob a liderança da segunda Pessoa.</p><p>O Pentecoste foi, por assim dizer, o ato inau­</p><p>gural da obra singular do Espírito Santo, embora</p><p>Este já existisse e operasse desde épocas imemo­</p><p>riais. Muitos biógrafos de Cristo começam em Be­</p><p>lém e terminam no Monte das Oliveiras, a despei­</p><p>to do fato de que Ele era desde os dias da eter­</p><p>nidade.</p><p>O Espírito Santo é mencionado oitenta e oito</p><p>vezes, em vinte e dois dos trin ta e nove livros do</p><p>Velho Testamento.</p><p>27</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Através dos séculos, desde o começo do mun­</p><p>do, podem-se traçar as pegadas da terceira Pes­</p><p>soa da Divindade.</p><p>Manifestações do Espírito no Velho Testamento</p><p>Na criação, o Espírito Santo achava-Se presen­</p><p>te e “pairava sobre as águas” , sendo o agente pro­</p><p>dutor do cosmos. Também Ele é mencionado em</p><p>definida relação com o homem. Antes, porém, do</p><p>Pentecoste, Ele vinha mais como um visitante</p><p>transitório, com o propósito de capacitar certas</p><p>pessoas para Sua obra especial. A ação do Espíri­</p><p>to era mais interm itente do que constante. Vinha</p><p>sobre indivíduos, operando através deles ou reves­</p><p>tindo-os de grande poder para executarem obras</p><p>especiais. Ele contendeu com homens (Gên. 6:3);</p><p>deu habilidade a Bezaleel (Êxo. 31:3-5); deu for­</p><p>ças a Sansão (Juí. 14:6). Assim o Espírito Santo</p><p>fez de homens os Seus instrumentos, para reali­</p><p>zar um trabalho ou liberar mensagens, como se</p><p>deu com Josué (Núm. 27:18); Gideão (Juí. 6:34),</p><p>Saul (I Sam. 10:10) e Davi (I Sam. 16:13). Lemos:</p><p>“Durante a era patriarcal a influência do E s­</p><p>pírito Santo tinha sido muitas vezes revelada de</p><p>maneira muito notável, mas nunca em Sua pleni­</p><p>tude. Agora, em obediência à palavra do Salva­</p><p>dor, os discípulos faziam suas súplicas por esse</p><p>dom, e no Céu Cristo acrescentou Sua interces­</p><p>são. Ele reclamou o dom do Espírito para que pu­</p><p>desse derramá-lo sobre seu povo.” — Atos dos</p><p>Apóstolos, pág. 37.</p><p>28</p><p>A Promessa do Espírito</p><p>É fato significativo que no Velho Testamento</p><p>o Espírito nunca é chamado de Consolador, ou</p><p>“Espírito de Jesus” (Filip. 1:19), ou “Espírito de</p><p>Seu Filho” (de Deus) (Gál. 4:6), e por outras ex­</p><p>pressões semelhantes, mas como Deus o Pai. Por</p><p>que se encontram todos esses novos títulos em o</p><p>Novo Testamento? Ah, algo aconteceu! Algo que</p><p>veio mudar as coisas.</p><p>Jesus nasceu e morreu por nós, ressurgiu da</p><p>tumba e ascendeu aos Céus. E quando Jesus com­</p><p>pletou Sua obra na Terra e ascendeu com Sua hu­</p><p>manidade glorificada, tomando Seu lugar nos pa­</p><p>ços celestiais, então as condições foram cumpri­</p><p>das e o Espírito Santo desceu como representan­</p><p>te oficial e sucessor de Cristo a fim de tornar in­</p><p>dividualmente eficaz aquela obra redentora. As­</p><p>sim vem Ele transcendentalm ente como o Espí­</p><p>rito de Jesus.</p><p>A Provisão em o Novo Testamento</p><p>Pode ser interessante notar que o Espírito San­</p><p>to é mencionado duzentas e sessenta e duas ve­</p><p>zes em o Novo Testamento — um verdadeiro ba­</p><p>talhão de textos. Por trás de tudo acham-se a obra</p><p>completa e a pessoa glorificada de nosso adorá­</p><p>vel Senhor. Um raciocínio retroativo, a partir de</p><p>Jesus glorificado, faz-nos ver que foi por causa de</p><p>Sua obediência até à morte, a fim de conduzir-nos</p><p>a Deus, mediante a vicária substituição de Sua pró­</p><p>pria vida sem pecado e morte expiatória, cumprin­</p><p>do assim as exigências da retidão e justiça, bem</p><p>29</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>como da santidade. Assim o Espírito Santo veio</p><p>como sinal de que o Pai aceitara a obra do Filho,</p><p>e para assegurar ao homem a eficácia dessa obra</p><p>realizada em seu favor. “Porque com uma única</p><p>oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sen­</p><p>do santificados. E disto nos dá testemunho tam ­</p><p>bém o Espírito Santo.” Heb. 10:14 e 15.</p><p>Consideremos a dupla obra do Espírito Santo.</p><p>No Velho Testamento Ele operou no homem, de</p><p>fora para dentro, mas não habitou perm anente­</p><p>mente no homem. Ele lhes aparecia e os revestia</p><p>de poder, mas nem sempre fixava Sua morada ne­</p><p>les. A partir do Pentecoste, porém, foi efetuada</p><p>uma grande mudança. Sua obra agora é muito es­</p><p>pecial, bem diferente daquela realizada em épo­</p><p>cas passadas. Fez-se provisão para que Ele entras­</p><p>se e habitasse em todos os crentes cristãos, e ne­</p><p>les operasse de dentro para fora.</p><p>A presença do Espírito divino po íntimo do ser</p><p>humano é a glória distintiva da dispensação cris­</p><p>tã. Tudo no passado constitui um preparo para is­</p><p>so. A provisão no Velho Testamento era promes­</p><p>sa e preparação; em o Novo, era cumprimento e</p><p>posse. A diferença está simplesmente entre ope­</p><p>rar e habitar no íntimo do ser humano. Sendo uma</p><p>herança permanente, Ele deve habitar conosco pa­</p><p>ra sempre.</p><p>Dom do Pai Através do Filho</p><p>A vinda do Espírito Santo foi o dom do Pai me­</p><p>diante o Filho (S. João 14:16). No termo grego, a</p><p>30</p><p>A Promessa do Espírito</p><p>súplica de Cristo ao Pai é um pedido de alguém num</p><p>perfeito nível de igualdade com Ele. Todavia, Ele</p><p>não rogou pelo Espírito Santo na transcendente ora­</p><p>ção registrada a seguir, no capítulo 17. Por quê?</p><p>Porque Sua paixão não se havia cumprido ainda.</p><p>O Espírito veio para vindicar o caráter do mi­</p><p>nistério de Cristo e Sua concluída missão sacrifi­</p><p>cal. (S. João 14:23-26.) Baseava-se na obra term i­</p><p>nada do Calvário. Foi o Cristo glorificado que pe­</p><p>diu, recebeu e enviou o Espírito Santo para os ex-</p><p>pectantes discípulos.</p><p>O Espírito Santo constituiu, Ele próprio, um</p><p>dom de Deus ao homem. Não pode ser comprado,</p><p>adquirido, descoberto ou desenvolvido. O homem</p><p>não pode exigir de Deus esse dom. O Espírito San­</p><p>to não foi derramado em resposta à m era oração</p><p>humana, ou devido a algum mérito humano. Foi</p><p>em virtude da obra realizada por Jesus e da satis­</p><p>fação então advinda, que o justo Deus enviou o Es­</p><p>pírito Santo para dar início a um novo movimen­</p><p>to entre os homens, e a uma nova dispensação.</p><p>O dom do próprio Espírito deve ser distingui­</p><p>do dos dons que o Espírito Santo concede. Assim</p><p>como os imperadores romanos, em sua entrada</p><p>l.riunfal em Roma, atiravam às multidões as moe­</p><p>das dos reinos conquistados, assim Cristo, após sua</p><p>entrada triunfal no Céu, concedeu esse Dom su­</p><p>premo aos homens. Naturalmente, o clímax por</p><p>excelência de todos os dons que o Espírito Santo</p><p>outorga à igreja remanescente tem sido a restau­</p><p>ração do dom do Espírito de Profecia. Isto, porém,</p><p>é outro assunto.</p><p>31</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>A Relação Entre o Calvário e o Pentecostes</p><p>Declarou João Batista que o batismo do Espí­</p><p>rito Santo era o propósito essencial e vital do mi­</p><p>nistério de Jesus Cristo. “Eu vos batizo com água,</p><p>para arrependimento; mas Aquele que vem depois</p><p>de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandá­</p><p>lias não sou digno de levar. Ele vos batizará com</p><p>o Espírito Santo e com fogo.” Mat. 3:11 (Ver tam ­</p><p>bém João 1:33.)</p><p>A mensagem de João referente a Cristo era du­</p><p>pla — o sangue do Cordeiro tirando o pecado, e</p><p>o batismo do Espírito para preservar do pecado,</p><p>ou seja o Calvário e o Pentecostes. O clímax do</p><p>Calvário para esta dispensação acha-se no dom do</p><p>Espírito Santo, outorgado por Jesus Cristo. São</p><p>duas verdades inseparáveis. Sem o Calvário não</p><p>poderia haver o Pentecoste; e sem o Pentecoste</p><p>o Calvário seria de pouco valor. Atentemos para</p><p>esta declaração:</p><p>“0 Espírito Santo era o mais alto dos dons que</p><p>Ele podia solicitar do Pai para exaltação de Seu</p><p>povo. Ia ser dado como agente de regeneração,</p><p>sem o qual o sacrifício de Cristo de nenhum pro­</p><p>veito teria sido. O poder do mal se estivera forta­</p><p>lecendo por séculos, e pasmosa era a submissão</p><p>dos homens a esse cativeiro satânico. Ao pecado</p><p>só se poderia resistir e vencer por meio da pode­</p><p>rosa operação da terceira Pessoa da Trindade, a</p><p>qual viria, não com energia modificada, mas na ple­</p><p>nitude do divino poder. É o Espírito que torna efi­</p><p>caz o què foi realizado pelo Redentor do mundo.</p><p>32</p><p>A Promessa do Espírito</p><p>É</p><p>vento, Deus nos mostre quão indis­</p><p>pensável é o Espírito Santo para a vida, o serviço</p><p>e a vitória. Ele é a nossa única esperança de triun­</p><p>fo. No império da morte, devemos ter Sua vida, que</p><p>nos ressuscita. E essa bendita obra está em plena</p><p>236</p><p>marcha. A Palavra de Deus não voltará para Ele va­</p><p>zia; e Sua gloriosa provisão jamais falhará.</p><p>Vem, hálito de vida e amor divinos, sopra em nos­</p><p>so pobre e árido coração. Não almejamos apenas um</p><p>bafejo, mas “um vento veemente e impetuoso” —</p><p>Tua vigorante ação. Concede-nos isto, Senhor Jesus.</p><p>___________0 Sopro do Todo-Poderoso___________</p><p>237</p><p>Rios de</p><p>Agua Viva</p><p>Í 6'iV</p><p>incandescentes rajadas, secando e crestan­</p><p>do nossa vida interior? Estão as areias do fracas­</p><p>so e tentativas vãs, qual oceano de fogo, envolven­</p><p>do-nos totalmente? Não haverá qualquer meio de</p><p>alívio e de escape? Clamam por água os próprios</p><p>poros da alma por causa da sede insana? Surge en­</p><p>tão o Homem da Galiléia dizendo: “Vinde a Mim</p><p>e bebei.” Iremos a Ele, hoje mesmo?</p><p>Vamos a Ele Para Receber</p><p>Notemos, porém, a quem devemos ir — não à</p><p>cerimónia de tirar água, nem a alguma doutrina</p><p>sobre a água, nem a uma filosofia concernente à</p><p>água, nem a uma ortodoxa compreensão da água.</p><p>Tudo isto é certo, apropriado e necessário em seu</p><p>devido lugar, mas não substitui nossa aproxima­</p><p>ção de Cristo. Temos de ir a Ele como a fonte da</p><p>qual havemos de beber; não meramente ao pre­</p><p>gador, nem tão pouco ao tanque batismal ou à igre­</p><p>_____________ Rios de Água Viva______________</p><p>243</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>ja, mas temos de ir a Jesus. “Porque quantas são</p><p>as promessas de Deus tantas têm Ele o sim; por­</p><p>quanto também por Ele é o Amém.” II Cor. 1:20.</p><p>Que significa ir a Jesus? É crer e recebê-Lo pelo</p><p>que Ele mesmo Se propõe ser neste verso — uma</p><p>perene fonte de vida, satisfação e amor divinos,</p><p>sendo o Espírito Santo quem conduz essas torren­</p><p>tes de amor.</p><p>Observemos agora que “beber” é crer nEle,</p><p>pois “aquele que crê em Mim, jamais te rá sede” .</p><p>S. João 6:35. Assim sendo, o recebimento e flu­</p><p>xos do Espírito Santo acham-se inseparavelmen­</p><p>te ligados a um novo e pleno reconhecimento de</p><p>Jesus, e à fé nEle, como uma pessoa.</p><p>Se assim vamos a Ele, Ele satisfaz a nossa se­</p><p>de abrasadora. Dará alívio à mente sobrecarrega­</p><p>da; tornará leve o coração pesado; agraciará com</p><p>esperança os descoroçoados; dará ânimo ao espí­</p><p>rito abatido, e descanso ao exausto peregrino; que­</p><p>brará as agrilhoantes algemas; libertar-nos-á do</p><p>domínio e do poder do pecado; solverá os proble­</p><p>mas que nos enfrentam; capacitar-nos-á para o ser­</p><p>viço, e colocará dentro em nós o Espírito Santo.</p><p>E debaixo do céu outro meio não há, pelo qual</p><p>estas coisas podem ser realizadas.</p><p>Neste último dia da festa, neste tempo final em</p><p>que vivemos, pergunto: Tem sido o vosso coração</p><p>satisfeito? ou ainda há nele uma sede não sacia­</p><p>da? um fardo ainda não retirado? Acha-se o vosso</p><p>coração como o cântaro vazio que o sacerdote er­</p><p>guia em silente apelo aos altos Céus, um testem u­</p><p>nho de vossos anseios espirituais insatisfeitos? Em</p><p>244</p><p>nome do Mestre clamo: Se alguém tem sede, ve­</p><p>nha a Ele e beba. E aquele que nEle crer, como</p><p>diz a Escritura, deles sairão rios de água viva. Su­</p><p>plico a Deus que vos fale ao coração ao meditar­</p><p>mos profundamente sobre a água da vida.</p><p>Água Viva</p><p>Ao tocar neste tema, nossos pensamentos</p><p>volvem-se inevitavelmente para a entrevista de</p><p>Cristo com a mulher samaritana, relatada em</p><p>S. João 4:10-14:</p><p>“Replicou-lhe Jesus: Se conheceras o dom de</p><p>Deus e quem é o que te pede: Dá-me de beber, tu</p><p>Lhe pedirias, e Ele te daria água viva. Respondeu-</p><p>Lhe ela: Senhor, Tu não tens com que a tirar, e</p><p>o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?</p><p>“Es Tu, porventura, maior do que o nosso pai</p><p>Jacó, que nos deu o poço, do qual ele mesmo be­</p><p>beu e, bem assim, seus filhos e seu gado?</p><p>“Afirmou-lhe Jesus: Quem beber desta água</p><p>tornará a te r sede; aquele, porém, que beber da</p><p>água que Eu lhe der, nunca mais te rá sede, para</p><p>sempre; pelo contrário, a água que Eu lhe der se­</p><p>rá nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.”</p><p>Afirma-se aqui a realidade da provisão da água</p><p>da vida, enquanto no capítulo 7 essa afirmação</p><p>transforma-se numa proclamação e convite de am­</p><p>plitude mundial. No capítulo 4 do evangelho de</p><p>João esse dom concedido por Cristo constitui a</p><p>idéia predominante; no capítulo 7, Ele próprio é</p><p>o dom, a fonte da vida eterna. É a antiga procla-</p><p>______________Rios de Água Viva______________</p><p>245</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>mação de Jeová ressoando em carne humana: “Ah!</p><p>todos vós os que tendes sede, vinde às águas.”</p><p>Isa. 55:1.</p><p>Em S. Marcos 4:22-24, a água viva é relacio­</p><p>nada com o Espírito Santo. Há três grupos de ado­</p><p>radores: Primeiro, os cegos e ignorantes como a</p><p>samaritana; segundo, os inteligentes, bem infor­</p><p>mados como os judeus, mas formalistas e legalis­</p><p>tas; terceiro, os adoradores espirituais e não me­</p><p>ram ente intelectuais, ortodoxos e possuídos de</p><p>conformidade exterior. São estes últimos os que</p><p>o Pai procura para que O adorem. Ele os procura</p><p>hoje. Estamos prontos a atender?</p><p>Consideremos, porém, a água viva menciona­</p><p>da no verso 14. Desde a antiguidade sempre hou­</p><p>ve os que buscam a água da vida. Mas a única real</p><p>e genuína é aqui apresentada. Todas as outras são</p><p>ilusórias contrafações. Aquele que bebe desta água</p><p>possui uma “fonte” , um poço artesiano, jorran­</p><p>do, ou, como está no hebraico, saltando, da qual</p><p>fluem transbordantes correntes; tal fonte é mais</p><p>acessível do que as terrenas, e jamais falhará ou</p><p>se poluirá. Aquele que beber dessa água “jamais</p><p>te rá sede” . Que maravilha!</p><p>Faz muito tempo, enfrentei a falta de água nu­</p><p>ma cidadezinha do oeste dos Estados Unidos. O</p><p>suprimento provinha de um reservatório nas mon­</p><p>tanhas; mas, como não havia nevado no inverno</p><p>anterior, a corrente que alimentava o reservató­</p><p>rio havia se convertido num insignificante fio dá-</p><p>gua. 0 nível do reservatório havia baixado consi­</p><p>deravelmente. Em resultado da falta dágua, a saú-</p><p>246</p><p>Rios de Água Viva</p><p>de e o bem-estar da comunidade achavam-se amea­</p><p>çados.</p><p>Impôs-se a mais severa economia para preser­</p><p>var o precioso líquido. Às vezes, ao abrir-se uma</p><p>torneira à tardinha, caíam apenas algumas gotas.</p><p>Já não havia mais pressão. De outras vezes, ouvia-</p><p>se apenas o torturante ruído e uma gotinha pin­</p><p>gava da torneira. Que ilustração das vidas desti­</p><p>tuídas do Espírito! Em meio às labutas diárias,</p><p>com seus muitos problemas e perplexidades, quan­</p><p>do se necessita supremamente da água da vida,</p><p>descobre-se que resta somente um insuficiente fi­</p><p>lete dágua. A causa disto não está no baixo nível</p><p>do reservatório, mas nos canais obstruídos pelo</p><p>mundanismo. Que tragédia!</p><p>Estive, porém, noutra cidade onde o suprimen­</p><p>to da água provém de poços artesianos que nun­</p><p>ca falharam. Os moradores ali nunca padeciam se­</p><p>de pois se valiam constantemente da abundante</p><p>água suprida pelos inesgotáveis poços.</p><p>Embora todos reconheçam a imperativa neces­</p><p>sidade de um constante suprimento de água para</p><p>o corpo, muitos são lerdos em compreender que</p><p>o espírito depende igualmente de uma viva cone­</p><p>xão com a Fonte de vida espiritual. P ara alguns,</p><p>o abastecimento interior do Espírito tem-se redu­</p><p>zido a um filete que mal dá para refrigerar a al­</p><p>ma angustiada. Esses jamais souberam o que sig­</p><p>nifica água em abundância, pois não a buscam da</p><p>Fonte. Jesus fez provisão para que tenhamos vi­</p><p>da abundante conforme lemos em S. João 10:10:</p><p>“Eu vim para que tenham vida e a tenham em</p><p>247</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>abundância”. Deus nos ajude a avaliar devidamente</p><p>o rio de água viva que Ele nos tem dado em Cristo</p><p>Jesus, e dele possamos saciar-nos constantemente.</p><p>No capítulo 7 encontramos a promessa: daquele</p><p>que crer “fluirão rios de água viva” . E a Escritu­</p><p>ra revela também a Fonte — o Espírito Santo ha­</p><p>bitando no crente. A Rocha que seguiu, ou foi com</p><p>Israel (I Cor. 10:4) deve estar conosco mediante</p><p>o Espírito. A ação direta e pessoal do Espírito San­</p><p>to primeiro abre as comportas de água viva para</p><p>o crente, e então, habitando nele, renova perpe-</p><p>tuamente a provisão até formar-se uma constan­</p><p>te corrente, sim até mesmo rios.</p><p>Garantido um Ilimitado Fluxo de Água</p><p>Consideremos a palavra rios. Implica enormi­</p><p>dade, vastidão; não apenas um insignificante re­</p><p>gato, modesta corrente, nem mesmo um único rio,</p><p>mas rios, plural. Isto indica constância, abundân­</p><p>cia e amplitude; rios que crescem, se alargam e</p><p>se aprofundam. Significa multiplicidade, fluindo</p><p>e transbordando em muitas direções.</p><p>Devemos ser semelhantes ao poderoso rio do</p><p>Éden, que se dividia em quatro braços. O primei­</p><p>ro era Pisom, que significa estendido ou espalha­</p><p>do; o segundo, Giom, cujo significado é impetuo­</p><p>so ou transbordante; o terceiro, Hidekel, signifi­</p><p>ca rápida corrente; e o quarto, Eufrates, que quer</p><p>dizer frutífero. Ao considerar o que Deus tem de­</p><p>signado que eu seja e então contemplar minha pró­</p><p>pria vida ressecada e encolhida, tendo que humi­</p><p>248</p><p>lhar-me totalmente no pó. Isto subjuga toda a gló­</p><p>ria do próprio eu e o depõe aos pés do Mestre.</p><p>Sim, e tem que ser água viva, ou, conforme o</p><p>termo hebraico, água corrente. Em movimento.</p><p>Assim deve a vida ser cheia de ricos fluxos de água</p><p>viva, corrente, que abençoa e refrigera outros, pro­</p><p>duzindo vida, satisfação e alegria no império da</p><p>morte, insatisfação e tristeza. Podem outros sen­</p><p>tir uma vivificadora, produtiva e amenizadora in­</p><p>fluência emanada de sua vida, fluindo em torren­</p><p>tes? Na providência divina, elas podem e devem.</p><p>Que Deus nos sonde e nos revele nossa necessi­</p><p>dade ou falta, e nos guie à infalível Fonte.</p><p>Lembremos, também, que a promessa é uni­</p><p>versal. Abrange o mais fraco e o mais obscuro. É</p><p>para você e para mim. Então pergunto: Tem Deus</p><p>cumprido Sua promessa para nós? Se não, por que</p><p>não? Tem de haver uma causa.</p><p>Eis outra pergunta: Há ainda algo além de ser</p><p>cheio do Espírito? Pode alguma coisa que já está</p><p>cheia ficar mais cheia ainda? Sim, tão cheia que</p><p>transborda. Temos assim uma bênção dupla: pri­</p><p>meiro, na satisfação pessoal de nossas próprias ne­</p><p>cessidades; segundo, em tornar-nos maiores e mais</p><p>gloriosos condutos de bênçãos. Esses rios de água</p><p>viva destinam-se a saciar vidas sedentas, e a trans­</p><p>bordar em generosa beneficência. Eis aqui a dife­</p><p>rença entre cheio e transbordante — tão cheio que</p><p>transborda em fluxos de bênçãos.</p><p>Enfatizamos novamente: “do seu interior f lu i­</p><p>rão” — correntes reais, visíveis. Talvez não pos­</p><p>samos conter muito, mas aqui encontramos uma</p><p>______________Rios de Água Viva____________ _</p><p>249</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>palavra de estímulo e conforto: podemos transbor­</p><p>dar muito. O copo colocado debaixo de uma to r­</p><p>neira aberta pode ficar tão cheio que extravase tão</p><p>realmente como um balde ou uma banheira.</p><p>Tem Que Haver um Escoadouro</p><p>Todo rio tem que te r o seu escoadouro. Do con­</p><p>trário, deixa de ser rio. O volume de água que en­</p><p>tra depende do que sai e é medido por este último.</p><p>Creio genuinamente que toda pessoa redimida tor-</p><p>na-se um conduto através do qual o Espírito San­</p><p>to alcança outras vidas; de outra forma, torna-se</p><p>uma barreira que impede a operação do Espírito</p><p>Santo. Que Deus tenha misericórdia de nós se, por</p><p>causa de algum pecado, temos sido barreiras.</p><p>A provisão divina destina-se a tornar-nos rios</p><p>transbordantes, e de fato seremos, a menos que isto</p><p>seja impedido pela obstrução do pecado. Outra vez</p><p>indago: Percebem outros em nosso serviço uma at­</p><p>mosfera amenizante e livre, uma espontânea vida</p><p>de amor? Em S. João 7 não se apresenta a opera­</p><p>ção de uma bomba premente, ou árduo labor, mas</p><p>um exuberante e irresistível serviço. Não se ofe­</p><p>rece o quadro de uma bomba velha e rangente, que</p><p>tem de ser excitada com grande esforço. O fluxo</p><p>dágua de que tratamos não depende de instigações</p><p>e impulsos externos. Não cresce mediante artifí­</p><p>cios, equipamentos e acessórios. Não se desenvol­</p><p>ve por causa de rogos, solicitações e persuasão.</p><p>Esse curso dágua não se alcança por obras e</p><p>propaganda. Não. Mas trata-se de uma corrente</p><p>250</p><p>Rios de Água Viva</p><p>artesiana, espontânea e irresistível porque o Es­</p><p>pírito Santo é a fonte da vida. E visto que essa cor­</p><p>rente busca uma saída, um escoadouro, ela tem de</p><p>transbordar. O leitor pode tornar-se um conduto</p><p>pelo qual ela fluirá. 0 serviço realizado sobre qual­</p><p>quer outra base não passa de miserável expedien­</p><p>te, um substituto artificial.</p><p>Servindo-se da expressão “fluirão rios de água</p><p>viva”, Jesus referiu-Se ao “espírito que haviam de</p><p>receber os que nEle cressem” . Fico contente por</p><p>ver que Jesus deixou isso tão claro. As metáforas</p><p>e figuras às vezes dificultam a explanação do as­</p><p>sunto. Frequentemente indivíduos diferentes inter­</p><p>pretam de maneira diferente. Mas aqui o Espírito</p><p>Santo interpreta a passagem, como sendo o rio de</p><p>Sua própria vida que flui através de nossa vida.</p><p>Nossa maior necessidade é do Espírito Santo.</p><p>O segredo de nosso definhamento espiritual es­</p><p>tá justamente na falta do Espírito. Por outro lado,</p><p>o Seu suprimento é o segredo de todo vigoroso ca­</p><p>ráter cristão que, desde o Pentecoste, tem molda­</p><p>do a vida espiritual da Igreja. E é isto que prepara­</p><p>rá a Igreja remanescente para o regresso do Senhor.</p><p>As Características da Água</p><p>Por que Jesus compara o Espírito Santo à</p><p>água? Porque entre ambos há processos e carac­</p><p>terísticas surpreendentemente análogos.</p><p>Primeiro, a água purifica. “Então aspergirei</p><p>água pura sobre vós, e ficareis purificados.” Ezeq.</p><p>36:25. E sta é simplesmente uma surpreendente</p><p>251</p><p>A Yinda do Consolador</p><p>maneira de apresentar o processo usado pelo E s­</p><p>pírito para purificar do pecado, do orgulho, da cor­</p><p>rupção. Quando suplicamos a água viva, estamos</p><p>antes de tudo buscando aquela purificação que so­</p><p>mente Deus pode operar em nossa alma. Oh, que</p><p>Ele possa realizar esta obra em nós!</p><p>Segundo, a água satisfaz. “Como suspira a cor­</p><p>ça pelas correntes das águas, assim, por Ti, ó Deus,</p><p>suspira a minha alma.” Sal. 42:1. 0 que a água</p><p>é para o corpo sedento, é o Espírito para a alma</p><p>sequiosa. Somente Ele traz satisfação eterna. As­</p><p>sim como nada pode substituir a espumante água,</p><p>nada pode ocupar o lugar do Espírito Santo. Co­</p><p>ração ansioso, o que você precisa é da água viva</p><p>que o Senhor lhe oferece.</p><p>Terceiro, a água reanima. Restaura os desfa­</p><p>lecidos e exaustos. “Porque há esperança para a</p><p>árvore, pois mesmo cortada, ainda se renovará,</p><p>e não cessarão os seus rebentos. Se envelhecer na</p><p>te rra a sua raiz, e no chão m orrer o seu tronco,</p><p>ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como</p><p>a planta nova.” Jó 14:7-9.</p><p>Quando alguém desfalece, damos-lhe água. Quan­</p><p>do uma planta murcha, nós a regamos com água.</p><p>Somos nós árvores ressequidas, com os ramos amor­</p><p>tecidos? Temos sido derrubados por alguma tempes­</p><p>tade da vida? Tem o machado do fracasso cortado</p><p>o próprio tronco de nossa existência? São as nossas</p><p>perspectivas descoroçoadoras ou até mesmo imer­</p><p>sas em desespero? Há esperança! Mediante a água</p><p>da vida podemos brotar, produzir ramos e flores no­</p><p>vamente. É-nos prometida total restauração.</p><p>252</p><p>Rios de Água Viva</p><p>Quarto, a água fa z crescer. Consideremos es­</p><p>tas duas passagens: “Porque derramarei água so­</p><p>bre o sedento, e torrentes sobre a te rra seca; der­</p><p>ramarei Meu Espírito sobre a tua posteridade, e</p><p>a Minha bênção sobre os teus descendentes; e bro­</p><p>tarão como a erva, como salgueiros junto às cor­</p><p>rentes das águas.” Isa. 44:3 e 4.</p><p>“As águas o fizeram crescer, as fontes das pro­</p><p>fundezas da te rra o exalçaram e fizeram cor­</p><p>rer as torrentes no lugar em que estava plan­</p><p>tado, enviando ribeiros para todas as árvores</p><p>do campo. Por isso se elevou a sua estatura so­</p><p>bre todas as árvores do campo, e se multiplica­</p><p>ram os seus ramos, e se alongaram as suas va­</p><p>ras, por causa das muitas águas durante o seu cres­</p><p>cimento. Todas as aves do céu se aninhavam nos</p><p>seus ramos, todos os animais do campo geravam</p><p>debaixo de sua fronde, e todos os grandes povos</p><p>se assentavam à sua sombra. Assim era ele for­</p><p>moso na sua grandeza e na extensão dos seus ra­</p><p>mos, porque a sua raiz estava junto às muitas</p><p>águas.” Ezeq. 31:4-7.</p><p>E nós cristãos, queremos crescer? Devemos</p><p>então mergulhar as raízes de nossa vida nas águas</p><p>vivas. João Batista foi um exemplo dos que cres­</p><p>ceram e se tornaram grandes à vista de Deus.</p><p>A seu respeito lemos em S. Lucas 1:15: “Pois</p><p>ele será grande diante do Senhor ... será cheio</p><p>do Espírito Santo.” Foi este o segredo de sua</p><p>grandeza — foi cheio do Espírito Santo. E esta</p><p>é ainda a condição para se atingir a verdadeira</p><p>grandeza.</p><p>253</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Os Atributos dos Rios</p><p>Tratando-se especificamente dos rios, diz-se</p><p>que eles fazem que as plantas produzam frutos.</p><p>“Ele é como</p><p>árvore plantada junto à corrente de</p><p>águas, que, no devido tempo, dá seu fruto, e cuja</p><p>folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será</p><p>bem-sucedido.” Sal. 1:3. Você se queixa da este­</p><p>rilidade de sua vida? É ela simplesmente uma ár­</p><p>vore sem vitalidade? Tais árvores não podem pro­</p><p>duzir bom fruto. A água é necessária. É preciso</p><p>algo mais que cultivar, regar, adubar ou podar pa­</p><p>ra se obter fruto. Devemos te r esta água viva, pois</p><p>o segredo de uma boa produção de frutos na vida</p><p>é estarmos radicados no Espírito.</p><p>Além disso, os rios pacificam. “Então seria a</p><p>tua paz como um rio.” Isa. 48:18. Você já obser­</p><p>vou a angústia de uma alma sob a convicção do</p><p>Espírito Santo? O mesmo Espírito que primeiro</p><p>convence do pecado a alma culpada, traz a infini­</p><p>ta paz de Deus quando, por Sua graça, os peca­</p><p>dos foram apagados. É dessa paz que carecemos!</p><p>Os rios alegram. “Há um rio, cujas correntes</p><p>alegram a cidade de Deus.” Sal. 46:4. Oh, quan­</p><p>tos corações partidos se encontram ao nosso re­</p><p>dor! As vezes, ao conversar com pessoas e saber</p><p>dos problemas e cuidados que as deixam perple­</p><p>xas e angustiadas, e revelam as marcas do peca­</p><p>do, posso sentir cm mínima proporção o grande</p><p>fardo que oprimia nosso Salvador ao ler os pen­</p><p>samentos dos homens e penetrar em seus corações</p><p>plenos da angústia resultante da maldição do pe­</p><p>254</p><p>Rios de Água Viva</p><p>cado. No entanto, essas santas correntes alegram</p><p>o espírito e trazem à alma deprimida o conforto</p><p>e socorro que ela tanto necessita.</p><p>Os rios também contêm e fornecem poder. Na</p><p>distante Suíça existe uma famosa geleira dos Al­</p><p>pes, cuja parte inferior consiste numa íngreme pa­</p><p>rede perpendicular. Mas os ventos quentes e o sol</p><p>do.verão produziram uma grande caverna em um</p><p>dos resistentes lados dessa geleira. Pode-se pene­</p><p>tra r ali e ficar de pé nessa fantástica cavidade. No</p><p>entanto, a pessoa ficará hirta de frio, porque o gelo</p><p>domina em todas as direções — embaixo, em ci­</p><p>ma, ao redor, uma infinda massa de gelo.</p><p>Todavia uma corrente cristalina emana do co­</p><p>ração daquela geleira gigante e põe-se a correr va­</p><p>le abaixo, até tornar-se um crescente rio no qual</p><p>os passarinhos mergulham o bico, os rebanhos se</p><p>refrigeram e as árvores aprofundam suas raízes;</p><p>e pela sua força movem-se moinhos e fábricas fun­</p><p>cionam. Ele penetra num lago e por algum tem ­</p><p>po parece perder-se, mas depois emerge, atravessa</p><p>a França e volta-se em direção do sul. Sua foz apre­</p><p>senta largura e profundidade suficientes para pes­</p><p>caria, e até mesmo grandes navios podem cruzar</p><p>sua superfície.</p><p>Quão frio somos! Tão frios quanto aquela ge­</p><p>leira! Quão gelada é nossa falta de amor e de fer­</p><p>vor, quão presunçosa nossa complacência laodicea-</p><p>na e satisfação própria! Espanto-me diante de mi­</p><p>nha própria frieza diante de um mundo a perecer.</p><p>Que Deus comova nosso gélido coração para que,</p><p>por nosso intermédio, possam fluir rios de amor,</p><p>255</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>paz e poder para o mundo, como fluem as corren­</p><p>tes do frígido coração da geleira dos Alpes.</p><p>A Fonte de Infinito Suprimento</p><p>A condição única é crer nEle. “Isto Ele disse</p><p>com respeito ao Espírito que haviam de receber os</p><p>que nEle cressem.” S. João 7:39. Não pegaremos</p><p>Deus em Sua palavra? Não o faremos hoje? Mui­</p><p>tos anos atrás um veleiro, ao dirigir-se a um porto</p><p>do Atlântico, na América do Sul, ficou detido no</p><p>mar. A água acabou e a tripulação estava a pere­</p><p>cer de sede. Avistaram então outro barco, e envia­</p><p>ram o sinal: “Mandem-nos água.” A resposta foi:</p><p>“Mergulhem os baldes e apanhem água.” Os tri­</p><p>pulantes sedentos responderam: “Não queremos</p><p>esta água salgada que vai piorar nossa sede.”</p><p>De novo veio a mensagem: “Mergulhem os bal­</p><p>des e tirem água.” Com lábios ressequidos e gar­</p><p>ganta em brasa, lançaram um desesperado ape­</p><p>lo: “Pelo amor de Deus, mande-nos água, pois es­</p><p>tamos morrendo.” E pela terceira vez veio a res­</p><p>posta: “Mergulhem os baldes e apanhem água; vo­</p><p>cês se encontram na foz do rio Amazonas!” Sim,</p><p>a desembocadura deste rio é suficientemente lar­</p><p>ga para não perm itir que de um navio ali se avis­</p><p>te terra, e a água doce é lançada a longa distân­</p><p>cia no oceano.</p><p>Quanto à água da vida, eu não posso lhes dar.</p><p>Cada um por si mesmo deve tirá-la, pedindo-a a</p><p>Jesus. É preciso crer e receber sua oferta. Quan­</p><p>tos estão clamando, perecendo de sede, enquanto</p><p>256</p><p>Rios de Água Viva</p><p>ao seu redor há água fresca, potável. Estão jus­</p><p>tamente no Amazonas do infinito amor e graça de</p><p>Deus. Quantos estão perecendo com profundo an­</p><p>seio pelo rio de água viva, que está entre eles! Te­</p><p>mos apenas que crer e preencher as condições. É</p><p>preciso mergulhar os baldes e apanhar a água.</p><p>“Aquele que tem sede, venha.”</p><p>Temos então de te r em nós rios transbordan-</p><p>tes. Que é que tem obstruído o conduto, impedin­</p><p>do o fluxo do Espírito? Desejo te r o canal comple­</p><p>tamente limpo; e vocês? Anseio ser um humilde</p><p>transmissor de vida para outros. É minha paixão</p><p>ardente ser um simples instrumento usado pelo</p><p>Mestre para, mediante a música sacra, comover</p><p>corações e conduzi-los a Ele.</p><p>Cento e vinte e cinco anos atrás, um pobre men­</p><p>digo ficava numa extremidade da Ponte de Lon­</p><p>dres, arranhando um velho violino, numa fútil ten­</p><p>tativa de conseguir esmolas dos transeuntes. Mas</p><p>ninguém parava, nem ouvia, e o coitado ficava tre ­</p><p>mendamente desanimado. Um estranho, bem ves­</p><p>tido, passou por ali e de repente parou. Voltou-se</p><p>então e escutou o velhinho, cujo olhar fatigado e</p><p>anelante buscou na face do estranho um vestígio</p><p>de caridade. Mas em vez de dar a esperada moe­</p><p>da, o homem pediu o violino, com o intuito de aju­</p><p>dar tocando.</p><p>De boa vontade, os dedos rígidos e dormentes</p><p>passaram o velho instrumento. As novas mãos o</p><p>afinaram e começaram a tocar uma suave e me­</p><p>lancólica melodia. Os pedestres paravam para es­</p><p>cutar. Pela rude face de um homem rolou uma lá-</p><p>257</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>grima, e ele depositou uma moeda no roto chapéu.</p><p>Assim, um a um foi parando naquele local até</p><p>formar-se grande multidão, que fez parar o trân ­</p><p>sito enquanto moedas de prata e de cobre acumu­</p><p>lavam aos pés do mendigo. Do antigo violino fo­</p><p>ram arrancadas melodias cada vez mais lindas e</p><p>comoventes, até assemelhar-se à música dos an­</p><p>jos. E de boca em boca se ouvia o murmúrio: “É</p><p>a mão do mestre! É Paganini que está tocando o</p><p>velho violino do esmoleiro.”</p><p>Oh, eu quero imitar aquele velho violino nas</p><p>mãos do mestre, quero transmitir a música do Céu</p><p>aos corações humanos.</p><p>Convites do Espírito</p><p>Em muitas páginas do Volume Sagrado podem-</p><p>se encontrar os apelos de Deus, pois o Livro está</p><p>pleno deles. Começam no Génesis e terminam no</p><p>Apocalipse. Mas é no último capítulo do último li­</p><p>vro da Bíblia que lemos o apelo final de Deus e Sua</p><p>culminante súplica ao homem. Ouçamos: “O Es­</p><p>pírito e a noiva dizem: Vem. Aquele que tem se­</p><p>de, venha, e quem quiser receba de graça a água</p><p>da vida.” Apoc. 22:17.</p><p>O Espírito diz: “Vem.” Temos nós um desejo</p><p>de ser melhores, um anseio de ser santos, um pro­</p><p>pósito de nos assemelharmos a Deus, uma resolu­</p><p>ção de ser puros? Se é assim, isso provém do ma­</p><p>ravilhoso toque do divino Espírito. Graças a Deus</p><p>pelo Seu Espírito. Você pode zombar da igreja, de­</p><p>safiar a Deus, e crucificar de novo o Salvador. Mas</p><p>258</p><p>advirto-o a não brincar com o Espírito de graça.</p><p>É perigoso feri-Lo e mandá-Lo embora, pois as­</p><p>sim fazendo estamos cortando o único elo de liga­</p><p>ção entre o Céu e a alma. Tenho visto pessoas re­</p><p>jeitarem e apagarem o Espírito até poder-se ou­</p><p>vir o rangido das portas de misericórdia ao fecha­</p><p>rem-se para sempre à alma que afrontou o Espí­</p><p>rito de graça.</p><p>Se você tem um íntimo anelo por algo melhor,</p><p>nutra-o, desenvolva-o, defenda-o e ore a Deus pa­</p><p>ra transform ar a centelha numa chama viva, a r­</p><p>dendo sempre até que a eternidade suplante o tem­</p><p>po e a noite seja substituída pelo dia eterno. Eis</p><p>a mensagem do Espírito: “Venham e bebam; ve­</p><p>nham hoje.”</p><p>A Igreja Diz: “Vem”</p><p>E a noiva diz: “Vem.” A noiva é a Igreja. Quei­</p><p>ra Der ; que ela esteja sempre preparada, com suas</p><p>alvas vestes, fiel ao</p><p>Esposo. Ele foi a um país dis­</p><p>tante, preparar lugar para a noiva, e logo voltará</p><p>para levá-la ao lar celestial. Certa vez, li a respei­</p><p>to de um jovem, que vivia no Leste dos EUA, ele</p><p>cortejou e conquistou uma linda moça. Após o ca­</p><p>samento ele foi para o Oeste a fim de adquirir um</p><p>terreno e construir uma casinha. Logo depois que</p><p>ele partiu, ela começou a namorar seus ex-admira-</p><p>dores e a associar-se com os inimigos de seu ma­</p><p>rido. Que diremos de tal conduta? Uma vergonhosa</p><p>infidelidade a seu sagrado voto matrimonial!</p><p>Mas, em certo sentido, não é esta uma descri­</p><p>______________Rios de Água Viva______________</p><p>259</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>ção da igreja, a noiva do Cordeiro? Não muito de­</p><p>pois que Ele foi preparar para ela um lar celes­</p><p>tial, ela começou a namorar o mundo, a carne e</p><p>o diabo, associando-se intimamente com os inimi­</p><p>gos do Esposo. Já não é tempo para uma comple­</p><p>ta mudança de vida e de conduta? Não é tempo</p><p>de ordenar seus passos e conservar as afeições so­</p><p>mente para Ele?</p><p>Há três coisas que sei a respeito da Igreja. Pri­</p><p>meiro, tem cometido erros. Não creio ser correto</p><p>diminuir a gravidade de sua faltas, desculpar seus</p><p>erros, encobrir suas indiscrições ou apresentar des­</p><p>culpas para seus equívocos. Mas mesmo assim, fra­</p><p>ca e defeituosa, é na Terra o supremo objeto do</p><p>amor de Deus. Também sei que em suas fileiras</p><p>se encontram os melhores homens e mulheres do</p><p>mundo.</p><p>Outra coisa eu sei a respeito da Igreja. Ela ain­</p><p>da ama a Deus e ama aos pecadores. Não impor­</p><p>ta o que tenhamos dito ou feito para a Igreja, ela</p><p>ainda nos ama. Se o mais vil pecador ou o mais</p><p>convencido dos santos (e estes são os mais difíceis</p><p>de se alcançar) fosse à frente, até ao púlpito, e se</p><p>entregasse a Deus, a igreja exclamaria: “Louva­</p><p>do seja o Senhor, mais um pecador voltou-se para</p><p>a vida!” E um magnífico coro de anjos captaria</p><p>esta exclamação, e o eco da casa de Deus ressoa­</p><p>ria nos Céus. A mensagem da Igreja é: “Venha</p><p>e beba; venha hoje.”</p><p>O que ouve diga: “Vem.” E sta ilustração pro­</p><p>vém do que ocorria no deserto, a uma caravana</p><p>desprovida de água e os homens consumidos pela</p><p>260</p><p>Rios de Água Viva</p><p>sede, enfrentando a morte. Eles formam-se em fi­</p><p>la, um após o outro, numa distância que lhes per­</p><p>mita ouvir a voz do companheiro próximo. Afinal,</p><p>o chefe avista na distância um grupo de árvores,</p><p>então sabe que ali há água. Ele se volta e grita</p><p>para o primeiro da fila: “Água, venha!” e avança</p><p>apressadamente. O companheiro seguinte ouve o</p><p>grito e repete: “Água, venha!” e corre para miti­</p><p>gar sua sede e preservar a vida.</p><p>Desde os portais do Céu até à entrada do in­</p><p>ferno Deus tem estendido uma linha humana e com</p><p>Seus próprios lábios emitido o brado: “Água!</p><p>Água! Venha!” E aquele que ouve diga: “Venha.”</p><p>Já ouvimos? Então passemos adiante essa boa no­</p><p>va, e nos apressemos também. Se ouvimos o con­</p><p>vite, “Venha” , passemo-lo adiante.</p><p>Àquele que tem sede, venha. Se a fila foi in­</p><p>terrompida, se você não pode ouvir o chamado da</p><p>igreja; se já o ouviu ou não, Deus lhe diz: Se sua</p><p>alma está sedenta, seu coração deseja, sua mente</p><p>anseia e todo o seu ser está anelante, então é pa­</p><p>ra você o divino convite: “Venha e beba, venha</p><p>hoje.”</p><p>A Habilitante Ação de Deus</p><p>Deus, porém, dirige Seu supremo apelo à von­</p><p>tade humana. Aqui Ele coloca a principal ênfase.</p><p>Ele não brinca com nossos sentimentos e emoções.</p><p>Não Se dirige a nossas esperanças e temores. Ele</p><p>apela ao nosso bom senso, à nossa razão e inteli­</p><p>gência. Dirige-se a nossas faculdades, à mente. Pe­</p><p>261</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>de-nos que escolhamos. Aquele que é capaz de criar</p><p>mundos, não desrespeitará a vontade das criaturas.</p><p>E é por isso que muitos permanecem sedentos e se</p><p>perdem. Porque não querem vir e beber. Uma das</p><p>mais pesarosas exclamações provindas dos lábios do</p><p>Filho de Deus é esta: “Não quereis vir a Mim para</p><p>terdes vida.” Oh, quanta mágoa contida nestas pa­</p><p>lavras! Ninguém precisa perder-se. Jesus provou a</p><p>morte por todos nós. Não deseja que nenhum pe­</p><p>reça. A provisão foi feita para todos. Ele Se põe à</p><p>porta de nossa vontade e bate, dizendo: “Se alguém</p><p>abrir a porta, entrarei.” 0 pior, porém, é que mui­</p><p>tos não abrirão. Disso depende o nosso destino. É</p><p>o ponto decisivo da batalha.</p><p>Amigo, não brinque com o destino, não jogue</p><p>com a eternidade. Se você perecer de sede, pere­</p><p>cerá porque não quer vir. Mas você diz: “Eu não</p><p>posso.” Não passe por alto a expressão curta, po­</p><p>rém, plena de significado: “Venha.” Não se tra ta</p><p>de permissão mas sim de uma ordem. No primei­</p><p>ro capítulo da Bíblia, Deus diz: “Haja luz” , e a luz</p><p>apareceu. “Haja firmamento” , e apareceu o fir­</p><p>mamento. “Apareça a porção seca” , e esta emer­</p><p>giu das águas. “Haja luzeiros” , e eles brilharam</p><p>no céu. A Palavra de Deus não perdeu o seu po­</p><p>der com o passar dos anos. No último livro da Bí­</p><p>blia Ele encerra Seu convite final com esta glo­</p><p>riosa e onipotente expressão: “Aquele que tem se­</p><p>de venha, e quem quiser, receba de graça a água</p><p>da vida.”</p><p>Entrega total mediante uma escolha voluntá­</p><p>ria é a única coisa que se interpõe entre você e sua</p><p>262</p><p>Rios de Água Viva</p><p>ida a Deus. Ele contempla as almas sequiosas da</p><p>água viva, a única capaz de estancar a sede da al­</p><p>ma, e ordena a todas as potestades da Terra e do</p><p>inferno: “Deixai vir esta alma.” E então ele abre</p><p>o caminho. Quando a alma toma a decisão de ir</p><p>a Deus, no Universo nenhum poder existe capaz</p><p>de detê-la. Todo o Céu sustenta a Sua promessa.</p><p>Graças a Deus, os sedentos podem dessedentar-</p><p>se. Existe água agora e eternamente para aquele</p><p>que vai a Cristo, e para isto lhe é provido o neces­</p><p>sário poder. 0 termo venha implica uma ação ca-</p><p>pacitante. E o poder é permanente. Não significa</p><p>beber uma vez por todas, mas um contínuo e ili­</p><p>mitado acesso a Cristo. Não precisamos viver pa­</p><p>ra sempre sedentos tendo à nossa disposição esse</p><p>infindável suprimento. Vamos a Ele, hoje.</p><p>263</p><p>0 Batismo</p><p>Com Fogo</p><p>m—M á três passagens bíblicas que formam a ba-</p><p>JLJL se deste estudo. A primeira é uma profe­</p><p>cia, enunciada por João Batista: “Eu batizo com</p><p>água, para arrependimento; mas Aquele que vem</p><p>depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas</p><p>sandálias não sou digno de levar. Ele vos batiza­</p><p>rá com o Espírito Santo e com fogo.” S. Mat. 3:11.</p><p>0 segundo texto bíblico é um reconhecimento</p><p>ou confirmação da profecia de João. Cristo diz de</p><p>Si mesmo: “Eu vim para lançar fogo sobre a Ter­</p><p>ra .” S. Lucas 12:49.</p><p>A terceira passagem refere-se ao cumprimen­</p><p>to inicial desta promessa no Pentecoste, e é a ga­</p><p>rantia de um maior cumprimento a realizar-se no</p><p>segundo advento: “E apareceram, distribuídas en­</p><p>tre eles, línguas de fogo, e pousou uma sobre ca­</p><p>da um deles. Todos ficaram cheios do Espírito San­</p><p>to .” Atos 2: 3 e 4.</p><p>264</p><p>0 Batismo Com Fogo</p><p>Por muito tempo a expressão “Ele batizará</p><p>com o Espírito Santo e com fogo” vem ardendo</p><p>em minha mente. Não consigo escapar dessa fra­</p><p>se: “com fogo” . Desde os tempos primordiais o po­</p><p>vo de Deus considera o fogo divino como símbolo</p><p>de Sua glória, presença e poder transcendentes.</p><p>Que figuras flamejantes lampejam em nossa</p><p>imaginação e cruzam os corredores de nossa me­</p><p>mória à simples menção desta palavra! Desde a</p><p>entrada do Eden com sua espada inflamada, se­</p><p>gue nosso pensamento até a lâmpada acesa de</p><p>Abraão, à sarça ardente em Horebe, ao fogo con­</p><p>sumidor que envolveu o Sinai ao ser proclamada</p><p>a lei, à vívida coluna de fogo no deserto, ao santo</p><p>Shekinah que pairava sobre o tabernáculo com seu</p><p>serviço perpétuo, aos relâmpagos em resposta à</p><p>oração de Elias, às brasas da visão de Isaías, aos</p><p>refulgentes símbolos de Ezequiel, à chama pente-</p><p>costal sobre os discípulos, e finalmente à lingua­</p><p>gem figurativa do Apocalipse.</p><p>Todos sabemos o que é o batismo com água,</p><p>pois já o temos visto ou recebido. Mas que é esse</p><p>batismo com fogo? Não é algo contrário ao batis­</p><p>mo do Espírito Santo. Não se tra ta de uma alter­</p><p>nativa — se alguém não foi batizado com o Espí­</p><p>rito Santo então terá de ser batizado com o fogo</p><p>fatal. Mas</p><p>a Escritura não diz: “ou com fogo” , mas</p><p>diz: “com o Espírito Santo e com fogo” .</p><p>Trata-se aqui de uma frase explicativa, com­</p><p>pletando a idéia. É a m aneira escriturística de re­</p><p>petir para salientar e reforçar um só pensamen­</p><p>to. Devemos ser batizados com o fogo divino ago-</p><p>265</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>ra para escaparmos da destruição do fogo consu­</p><p>midor mais tarde.</p><p>Esta é a correta interpretação deste texto, con­</p><p>firmada pelas seguintes afirmações de O Deseja­</p><p>do de Todas as Nações, págs. 93 e 94:</p><p>“O profeta Isaías declara que o Senhor purifi­</p><p>caria o Seu povo de suas iniquidades ‘com o espí­</p><p>rito de justiça, e com o espírito de ardor’. As pa­</p><p>lavras do Senhor a Israel eram: ‘E porei contra</p><p>ti a Minha mão, e purificarei inteiramente as tuas</p><p>escórias; e tirar-te-ei toda a impureza.’ Para o pe­</p><p>cado, onde quer que se encontre, ‘nosso Deus é</p><p>um fogo consumidor’. O Espírito de Deus consu­</p><p>mirá o pecado em todos quantos se submeterem</p><p>a Seu poder. Se os homens, porém, se apegarem</p><p>ao pecado, ficarão com ele identificados. Então a</p><p>glória de Deus, que destrói o pecado, tem que</p><p>destruí-los. Depois de sua noite de luta com o an­</p><p>jo, Jacó exclamou: ‘Tenho visto a Deus faceia fa­</p><p>ce e a minha alma foi salva.’ Jacó fora culpado de</p><p>um grande pecado de sua conduta para com Esaú;</p><p>mas arrependera-se. Sua transgressão fora per­</p><p>doada, e seu pecado purificado; podia, portanto,</p><p>suportar a revelação da presença de Deus. Mas</p><p>sempre que os homens chegaram à presença dE-</p><p>le, enquanto voluntariamente nutrindo o mal, fo­</p><p>ram destruídos. Por ocasião do segundo advento</p><p>de Cristo, os ímpios hão de ser consumidos ‘pelo</p><p>assopro da Sua boca’, e aniquilados ‘pelo resplen­</p><p>dor de Sua vinda’. A luz da glória de Deus, que</p><p>comunica a vida aos justos,-m atará os ímpios.”</p><p>O significado é claro se consideramos, à luz do</p><p>266</p><p>que ocorreu no Pentecoste, o que a Escritura afir­</p><p>ma a respeito do que o fogo faz. Refere-se inques­</p><p>tionavelmente às características da obra do Espí­</p><p>rito, semelhantes às do fogo, e ao Seu poder puri­</p><p>ficador na alma — sonda, penetra, consome, pu­</p><p>rifica, dá energia à vida. Ao apossar-se Ele da al­</p><p>ma, produz-se o efeito semelhante ao do fogo no</p><p>mundo natural, porque o “nosso Deus é fogo con­</p><p>sumidor” (Heb. 12:29), o Seu Espírito é o “Espí­</p><p>rito purificador” . A expressão “nosso Deus é fo­</p><p>go consumidor” não é uma ameaça plena de ira</p><p>é, antes, uma revelação de Sua natureza, Sua gra­</p><p>ça e poder que santificam. Lembremos sempre que</p><p>Ele é “nosso Deus” .</p><p>Vejamos agora rapidamente o que o fogo po­</p><p>de fazer.</p><p>Antes de Tudo, o Fogo Revela</p><p>“Manifesta se tornará a obra de cada um; pois</p><p>o dia a demonstrará, porque está sendo revelada</p><p>pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio</p><p>fogo o provará.” I Cor. 3:13.</p><p>Não estudaremos a exegese deste texto e seu</p><p>primeiro cumprimento, mas procuraremos sim­</p><p>plesmente captar um único pensamento — o fogo</p><p>revela. O batismo com fogo revela o que um ho­</p><p>mem realmente é. Ele lança os raios de luz divina</p><p>aos mais secretos recessos da alma, e mostra-nos</p><p>a nós mesmos como Deus nos vê.</p><p>Quando alguém é batizado por Jesus com o Es­</p><p>pírito Santo e com fogo, é então revelado tão gran-</p><p>____________ 0 Batismo Com Fogo____________</p><p>267</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>de acervo de orgulho, egoísmo, suspeita, amor</p><p>a posição, irritabilidade e evidente ignomínia</p><p>que ele ficará espantado. Quando Deus batiza mi­</p><p>nha alma com fogo, passo a aborrecer a mim mes­</p><p>mo cada vez mais. Passo a perceber que em mim</p><p>nada há de bom. Tudo que tenho ou sou, se tem</p><p>algum valor, foi-me imputado ou concedido pe­</p><p>lo meu Senhor e Salvador Jesus Cristo. Isso me</p><p>coloca de joelhos diante de Deus, em contrita con­</p><p>fissão.</p><p>E mais ainda, leva-me perante alguns de meus</p><p>irmãos para contar-lhes o sofrimento causado</p><p>por algumas coisas em minha vida que não es­</p><p>tão de acordo com o espírito de Cristo — lín­</p><p>gua precipitada, natureza suspeitosa e centenas</p><p>de outras coisas. 0 batismo com fogo produzirá</p><p>um espírito de confissão que nunca dantes co­</p><p>nhecemos.</p><p>Relembremos o pronunciamento do Espírito de</p><p>Profecia, descrevendo a reunião no auditório do</p><p>Tabernáculo, numa sessão da Associação Geral em</p><p>Battle Creek:</p><p>“Fez-se uma oração, entoou-se um hino e foi</p><p>feita outra oração. A mais fervorosa suplica foi di­</p><p>rigida a Deus. A reunião foi marcada pela presença</p><p>do Espírito Santo. A obra foi profunda, e alguns</p><p>dos presentes choravam alto. Alguém ergueu-se</p><p>e disse que no passado esteve em desarmonia com</p><p>algumas pessoas, que não sentira amor por elas,</p><p>mas agora se via como realmente era. [0 fogo re­</p><p>vela!] Com muita solenidade ele repetiu a mensa­</p><p>gem dirigida à igreja de Laodicéia. ...</p><p>268</p><p>0 Batismo Com Fogo</p><p>“0 orador voltou-se para aqueles que estive­</p><p>ram em oração e disse: ‘Temos algo a fazer. De­</p><p>vemos confessar nossos pecados e humilhar o co­</p><p>ração perante Deus.’ Ele fez dolorosas confissões</p><p>e então, dirigindo-se a alguns irmãos, estendeu-</p><p>lhes a mão, um após o outro, e lhes pediu perdão.</p><p>Estes puseram-se de pé e também fizeram confis­</p><p>sões e suplicaram perdão, abraçando-se uns aos</p><p>outros e chorando. 0 espírito de confissão domi­</p><p>nou a congregação inteira. Foi uma cena seme­</p><p>lhante à do Pentecoste. Louvores eram entoados</p><p>a Deus, e até muito tarde da noite, quase ao ama­</p><p>nhecer, o trabalho continuava. Ninguém parecia</p><p>demasiado orgulhoso para fazer uma sincera con­</p><p>fissão. E os dirigentes eram aqueles que tinham</p><p>influência, mas antes não tinham tido coragem de</p><p>confessar seus pecados.”</p><p>Segue-se então este trágico parágrafo final:</p><p>“ ‘Isso poderia ter havido. Tudo isso o Senhor</p><p>esperava fazer por Seu povo. Todo o Céu esperava</p><p>para ser benigno.’ Pensei em onde poderíamos ter</p><p>estado caso se tivesse feito uma obra perfeita na úl­</p><p>tima Assembléia Geral; e me sobreveio a agonia do</p><p>desapontamento ao reconhecer que o que testemu­</p><p>nhara não era uma realidade.” — Testimonies, vol.</p><p>8, págs. 105 e 106.</p><p>Não oremos pelo batismo com fogo, o qual nos</p><p>revelará tais quais somos? Estamos sempre prontos</p><p>a julgar pela aparência e conduta exteriores, mas</p><p>Deus olha para o coração. Devemos ter aquele fogo</p><p>que atinge nossa vida interior até que todo pecado</p><p>seja revelado e extirpado.</p><p>269</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>O Fogo Consome a Escória</p><p>Consideremos a impressionante parábola de Eze-</p><p>quiel, sobre a panela fervendo, símbolo de Jerusalém.</p><p>“Então porás a panela vazia sobre as brasas, para</p><p>que ela aqueça, o seu cobre se tome candente, funda-</p><p>se a sua imundícia dentro dela e se consuma a sua</p><p>ferrugem.” Ezeq. 24:11.</p><p>Isto é outra coisa que o fogo faz — consome a</p><p>espuma, a escória. Observemos, porém, este triste</p><p>comentário a respeito da antiga Jerusalém:</p><p>“Trabalho inútil! Não sai dela a sua muita ferru­</p><p>gem, nem pelo fogo.” Yerso 12.</p><p>Não havia separação entre sua impureza e seu</p><p>ouro. Notemos bem o tremendo juízo que a aguarda:</p><p>“Não serás purificada de tua imundícia, até que</p><p>Eu tenha satisfeito Meu furor contra ti.” Verso 13.</p><p>Podemos escolher permitir que o fogo purifica­</p><p>dor, o batismo do Espírito Santo, consuma a escó­</p><p>ria agora, ou sermos consumidos pelas terríveis cha­</p><p>mas do último dia, quando “queimará a palha com</p><p>fogo inextinguível” (S. Mat. 3:12).</p><p>Atentemos também para esta passagem:</p><p>“Porque Ele é como o fogo do ourives e como</p><p>a potassa dos lavandeiros [sabão por fora, e fogo por</p><p>dentro]. Assentar-Se-á, como derretedor e purifica­</p><p>dor de prata; purificará os filhos de Levi, e os refi­</p><p>nará como ouro e como prata; eles trarão ao Senhor</p><p>justas ofertas.” Mal. 3:2 e 3.</p><p>Ele Se assenta para purificar. Não é apressado</p><p>nem impaciente. Deixará que o fogo atinja o neces­</p><p>sário grau de calor, e então continuará até completar-</p><p>270</p><p>-C s</p><p>se o processo. Sim, nosso Deus é como fogo de um</p><p>refinador. Que ao buscarmos a justiça de Deus,</p><p>supliquemo-Lhe o Espírito Santo; primeiro, para re­</p><p>velar, e então consumir, para que seja incinerada e</p><p>retirada de nossa vida toda a escória do pecado.</p><p>O Fogo Purifica Inteiramente</p><p>A água purifica, mas não como ó fogo. Este é</p><p>preementemente</p><p>um elemento purificador. Depu­</p><p>ra interna e intrinsecamente, enchendo cada fi­</p><p>bra e partícula da matéria com seu próprio elemen­</p><p>to. A água pode remover a sujeira externa do ou­</p><p>ro, mas a interna, [intrínseca], só pode ser remo­</p><p>vida pelo fogo. Um homem achava-se laboriosamen­</p><p>te empenhado em limpar uma janela. Esfregava,</p><p>esfregava e lavava a vidraça, mas não conseguia</p><p>limpá-la completamente. Um amigo, ao passar, per­</p><p>cebeu a situação e disse: “A sujeira está por den­</p><p>tro!” Este é o nosso problema. Temos impureza por</p><p>dentro, no coração.</p><p>O fogo penetra profundamente, ao passo que a</p><p>água de nossa purificação atinge apenas a superfí­</p><p>cie. O minério precisa ser lançado na fornalha, e po­</p><p>derosas chamas devem atuar sobre ele. Enquanto</p><p>o vento atiça as chamas, línguas de fogo envolvem</p><p>a massa que é derretida sob o intenso calor. Assim</p><p>é separado o precioso metal, o ouro removido da es­</p><p>cória. Tendo habitado juntos durante séculos, uni­</p><p>dos num aderente abraço, agora se repelem mutua-</p><p>mente. Assim o Refinador é capaz de vazar o ouro</p><p>derretido em moldes de acordo com Seu próprio de-</p><p>____________ O Batismo Com Fogo_____________</p><p>271</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>sígnio. Oremos para que Deus faça isto em nós. Pre­</p><p>cisamos ser refinados.</p><p>E o fogo do Espírito Santo que separa o precio­</p><p>so do vil. Não podemos re tirar o pecado do cora­</p><p>ção com o martelo e o cinzel do esforço próprio.</p><p>Tão-somente o fogo de Deus pode fazê-lo. Ao ar­</p><p>der em nós, esse fogo sagrado consumirá a escó­</p><p>ria de nosso orgulho e vaidade; os trapos de nos­</p><p>sa justiça própria serão consumidos, como também</p><p>as folhas de nossa profissão oca; o restolho de nos­</p><p>sas dúvidas e a farsa de nosso improdutivo labor</p><p>desaparecerão; as raízes de amargura, a palha da</p><p>presunçosa imaginação e o lixo das vãs conversa­</p><p>ções — serão devorados.</p><p>Todas essas coisas desagradáveis serão consu­</p><p>midas pelo Espírito de Deus, até que o grancte Re-</p><p>finador possa ver a Sua imagem refletida em nós,</p><p>como o refinador terreno vê sua própria face es­</p><p>pelhada no refulgente metal. Devemos passar pelo</p><p>fogo agora ou quando Ele vier como “fogo con­</p><p>sumidor” .</p><p>“Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a</p><p>purificarei como se purifica a prata, e a provarei,</p><p>como se prova o ouro; ela invocará o Meu nome,</p><p>e Eu a ouvirei; direi: É Meu povo, e ela dirá: O</p><p>Senhor é meu Deus.” Zac. 13:9.</p><p>O fogo purifica consumindo. Notemos as se­</p><p>guintes palavras:</p><p>“Então disse eu: Ai de mim! Estou perdido!</p><p>porque sou homem de lábios impuros, habito no</p><p>meio de um povo de impuros lábios, e os meus</p><p>olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!</p><p>272</p><p>O Batismo Com Fogo</p><p>“Então um dos serafins voou para mim trazen­</p><p>do na mão uma brasa viva que tirara do altar com</p><p>uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca, e dis­</p><p>se: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade</p><p>foi tirada, e perdoado o teu pecado.” Isa. 6:5-7.</p><p>0 pecado do qual Isaías estava consciente era</p><p>o pecado dos lábios. E este é muito frequentemen­</p><p>te o meu pecado e o pecado de meu povo. Nota­</p><p>mos que na referência feita aos trasladados, em</p><p>Apoc. 14:5, aqueles que seguirão de perto o Cor­</p><p>deiro por toda a eternidade, a ênfase é colocada</p><p>na “boca” : “e não se achou mentira na sua boca” .</p><p>Que o Senhor nos limpe e purifique do pecado dos</p><p>lábios. Pois nenhum de nossos membros é tão</p><p>pronto a pecar como a língua.</p><p>Existem as línguas imprudentes que falam pre­</p><p>cipitadamente. Há as línguas orgulhosas, arrogan­</p><p>tes; aquelas que falam mal dos outros e exageram</p><p>dolosamente; e as impuras, que fazem alusões imo­</p><p>rais; as maldosas, que pronunciam julgamentos in­</p><p>justos; e as maliciosas, cheias de preconceito e pai­</p><p>xão. Podemos ver em toda parte os efeitos dos pe­</p><p>cados dos lábios. Precisamos tê-los cauterizados,</p><p>como o foram os de Isaías.</p><p>Em Números 31:23 lemos: “Tudo o que pode</p><p>suportar o fogo fareis passar pelo fogo, para que</p><p>fique limpo” . Este é o meio pelo qual somos puri­</p><p>ficados — pelo penetrante, consumidor e purifi­</p><p>cador batismo do “Espírito Santo e com fogo” .</p><p>E necessário que essa purificação pelo fogo atue</p><p>sobre nós e dentro de nós — para atingir cada fi­</p><p>bra de nosso ser, cada cantinho de nossa alma. Foi</p><p>273</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>isso que aconteceu no Pentecoste. Lembramos que</p><p>antes os discípulos estavam cheios do espírito de</p><p>disputa, de luta pela supremacia, pela mais eleva­</p><p>da posição, pela exaltação do eu. Mas depois do</p><p>Pentecoste o eu foi subjugado e somente a Cristo</p><p>foi dado o primeiro lugar no pensamento, na ação,</p><p>na vida. Amor, harmonia e o poder da unidade po­</p><p>diam então ser vistos. Verdadeiramente eles se</p><p>tornaram novas criaturas.</p><p>0 batismo com fogo realmente faz algo novo</p><p>debaixo do Sol — uma impressionante transfor­</p><p>mação. Quando se coloca minério de ferro no fo­</p><p>go, obtém-se lingote de ferro. E esse mesmo lin­</p><p>gote, submetido à ação do fogo, transforma-se em</p><p>aço da melhor qualidade. Queremos que Deus nos</p><p>transforme! Queremos ser lançados no fogo a fim</p><p>de tornar-nos novos homens e mulheres confor­</p><p>me o Seu desígnio.</p><p>O Fogo Liberta das Cordas do Pecado</p><p>Outra coisa o fogo faz: ele nos liberta, resga­</p><p>ta, rompe as cordas que nos prendem. Referindo-</p><p>se a Sansão, diz a Escritura em Juízes 16:9: “Que­</p><p>brou ele os tendões como se quebra o fio da esto­</p><p>pa chamuscada.”</p><p>Existem almas muito mais amarradas pelo pe­</p><p>cado do que foi Sansão com as cordas dos filisteus;</p><p>mas o fogo do Espírito Santo rompe as am arras</p><p>do pecado. Também quebra os cordames do temor</p><p>— o obsedante tem or das pessoas, o medo do fra­</p><p>casso, das zombarias do mundo, o temor de ser</p><p>274</p><p>O Batismo Com Fogo</p><p>ridicularizado pelos amigos, da perda de posição</p><p>e prestígio, em resultado de atender ao chamado</p><p>de Deus. Pensemos na covardia de Pedro antes</p><p>do Pentecoste, e em sua santa ousadia depois, ao</p><p>lançar sobre os sacerdotes e líderes a culpa de te­</p><p>rem matado o Filho de Deus. (Atos 4:8-13.)</p><p>O fogo de Deus não somente destrói o temor</p><p>do homem mas também implanta o temor de Deus,</p><p>preparando-nos para a hora do juízo, anunciada</p><p>na primeira mensagem angélica; esse fogo sepa-</p><p>rar-nos-á dos pecados e da apostasia da caída Ba­</p><p>bilónia, conforme a segunda mensagem, e nos</p><p>prenderá aos mandamentos, como se declara na</p><p>terceira mensagem. É ele que vitaliza totalmente</p><p>a tríplice mensagem angélica.</p><p>O Fogo Abranda e Funde</p><p>Lemos em Salmo 68:2: “como se derrete a ce­</p><p>ra ante o fogo” , e Isaías fala (64:1-3) das monta­</p><p>nhas se escoando pelo fogo consumidor. Oh, quan­</p><p>to carecemos dessa suavizante e fundível influên­</p><p>cia do Espírito Santo para subjugar nossa natu­</p><p>reza dura, áspera e fria, e fundir-nos em um só</p><p>sentimento com nossos irmãos! Essa chama que</p><p>nos funde une-nos em um só espírito, assim como</p><p>a lava vulcânica que desce pelos flancos da mon­</p><p>tanha funde numa só corrente tudo que encontra</p><p>em seu percurso.</p><p>Existem montes de egoísmo que devem ser der­</p><p>retidos agora, do contrário estaremos afinal com</p><p>aqueles que clamarão às montanhas materiais que</p><p>275</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>os escondam da face do Rei vindouro. Que o Se­</p><p>nhor, mediante o batismo com o “Espírito San­</p><p>to” e com fogo, amoleça o nosso coração, abran­</p><p>de nossa vontade, una os nossos sentimentos e sub­</p><p>jugue toda inimizade.</p><p>O Fogo Aquece e Afugenta o Frio</p><p>Diz Isaías: “Ora, já me aquentei, já vi o fogo.”</p><p>Isaías 44:16 (Almeida Antiga). Lembramos que,</p><p>na manhã seguinte à ressurreição, Jesus estava</p><p>na praia do mar de Tiberíades quando os discípu­</p><p>los cansados, com frio e com fome, voltaram à te r­</p><p>ra após uma noite de infrutífero labor. Sabendo</p><p>que eles estavam famintos e com frio, Ele lhes pre­</p><p>parou um fogo para banir o frio, e alimento para</p><p>saciar-lhes a fome. Em toda parte, em nosso re­</p><p>dor, há multidões passando frio e fome, às quais</p><p>precisam ser alimentadas com a Palavra e aque­</p><p>cidas com o fogo do Espírito Santo. E sta é a com­</p><p>binação necessária.</p><p>Há uma trágica diferença entre o fogo que</p><p>aquece e reanima, e a devorante labareda que con­</p><p>some; entre o raio que destrói e a energia trans­</p><p>portada pelos cabos elétricos e que faz</p><p>funcionar</p><p>as fábricas, ilumina os lares e as ruas, ou trans­</p><p>mite mensagens aéreas ou telegráficas. Tão vas­</p><p>ta assim é a diferença entre o fogo do Espírito San­</p><p>to e as chamas do fanatismo — “fogo estranho”</p><p>aceso pelo diabo.</p><p>O fogo verdadeiro vem de cima, de Deus; o fal­</p><p>so é terreno, produzido por emoções humanas. É</p><p>276</p><p>atiçado pelo esforço humano e estimulado pelas</p><p>forças do mal a fim de falsificar o fogo genuíno</p><p>e desacreditá-lo. 0 verdadeiro é alimentado pelo</p><p>combustível da Palavra de Deus; o fogo estranho</p><p>é mantido pelo raciocínio humano e as revelações</p><p>da própria imaginação dos homens. O fogo ver­</p><p>dadeiro purifica e santifica; o fogo estranho mani­</p><p>festa-se em iníquas formas de indulgência peca­</p><p>minosa e inconvenientes excessos. O verdadeiro</p><p>opera através de condutos racionais; o falso assu­</p><p>me formas excêntricas, anormais, extravagantes.</p><p>A presença do fogo espúrio no mundo deve im-</p><p>pelir-nos a buscar com mais fervor o genuíno fo­</p><p>go de Deus. Pela contrafação o diabo está pro­</p><p>curando infamar a verdade; nós, porém, desejamos</p><p>ter o fogo de Deus para eliminar toda a escória.</p><p>Carecemos de um ministério e de um povo que</p><p>peguem fogo pela causa de Deus, assim como ou­</p><p>tros o fazem pelo sucesso, dinheiro e posição. “O</p><p>zelo de Tua casa me consome” , disse Jesus. Oh,</p><p>tivéssemos milhares de Wesleys, Whitefields, Fin-</p><p>neys e Moodys que incendiaram o mundo com a</p><p>glória da última fase deste movimento de Deus en­</p><p>tre os homens. Para que a igreja pegue fogo é ne­</p><p>cessário que o ministério arda primeiro. Que o vi­</p><p>vo fogo do Espírito Santo nos envolva como en­</p><p>volveu a Elias e Paulo. Ele abalará o mundo de</p><p>uma a outra extremidade, e term inará a obra.</p><p>O Fogo Ilumina a Noite</p><p>____________ O Batismo Com Fogo_____________</p><p>Em Salmo 78:14 lemos que durante a noite Is-</p><p>277</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>rael era guiado com um “clarão de fogo” . Certa</p><p>noite, enquanto passava de trem pela cidade de</p><p>Pittsburg, vi aquelas enormes fornalhas de fun­</p><p>dição cujas chamas se elevavam na escuridão e ilu­</p><p>minavam o céu. Meditando então neste assunto,</p><p>meu coração exclamou: Ó Senhor, dá-nos cristãos</p><p>luminosos, que brilhem por Ti, marcando as ho­</p><p>ras da noite como luzentes relógios. Carecemos da</p><p>luz de resplandecente semblante, um coração abra­</p><p>sado, uma radiante esperança, um zelo ardente e</p><p>uma fulgurante mensagem. E tudo isto virá com</p><p>o batismo com fogo.</p><p>Deus nos livre do fogo simulado porém fal­</p><p>so. Necessitamos do fogo real, genuíno, resplen­</p><p>dente. É o fogo do Espírito Santo que fará lu­</p><p>zir a última mensagem de Deus aos homens, do-</p><p>tando-a de um resplendor jamais alcançado por</p><p>outros meios. É isto que ilumina a Terra com a</p><p>glória de Deus, a última glória a ser vista neste</p><p>entenebrecido mundo até que o Senhor da glória</p><p>apareça como fogo consumidor para destruir os</p><p>ímpios.</p><p>O Fogo Torna Permanente</p><p>Há outra coisa a respeito do fogo: Ele torna</p><p>algo permanente, endurecido e durável. Notemos</p><p>esta significativa passagem:</p><p>“Quem dentre nós habitará com o fogo devo­</p><p>rador?” , ou com “chamas eternas”?</p><p>Eis a resposta: Aqueles que recebem agora o</p><p>batismo com fogo, que eliminará a escória. Eles</p><p>278</p><p>estarão preparados para morar eternamente com</p><p>nosso Deus, que é um “fogo devorador” .</p><p>0 fogo endurece. Embora seja certo que o fo­</p><p>go queima certas coisas, também é certo que ele</p><p>endurece outras coisas. Tomemos por exemplo um</p><p>vaso de porcelana lindamente decorado com co­</p><p>res refulgentes e fímbrias douradas; sua forma é</p><p>peculiar e revela a habilidade do artista. 0 menor</p><p>toque, porém, pode destruir o desenho, arruinan­</p><p>do-lhe a beleza. O vaso deve ser “queimado” , ou</p><p>posto no fogo, para que as cores fiquem firmes,</p><p>permanentes, a aparência seja duradoura, e o no­</p><p>me do artista apareça nele gravado para sempre.</p><p>Submetidas ao processo pelo fogo do Espírito</p><p>Santo as lindas cores de uma vida santificada fi­</p><p>carão imunes aos ataques do diabo. Na experiên­</p><p>cia cristã de Paulo, nada o afetava. Os ataques de</p><p>Satanás, os conflitos com os irmãos, a persegui­</p><p>ção do mundo, a apostasia na igreja, nada disso</p><p>o demoveu jamais dos princípios básicos do evan­</p><p>gelho. Nunca se afastou da grande plataforma da</p><p>salvação unicamente em Cristo, e seu inseparável</p><p>resultado — a guarda dos mandamentos de Deus.</p><p>Jamais desobedeceu à visão cêlestial.</p><p>Também nós devemos ser vasos endurecidos pelo</p><p>fogo, permanentes. Não somente deve ser queima­</p><p>da e removida a escória, como também o grande</p><p>sinal, o selo, de nosso Fabricante e Seu nome de­</p><p>vem ser gravados em nossa vida para sempre. Neste</p><p>tempo do fim o selo de Deus, o sábado, e o Espírito</p><p>Santo são inseparáveis. Aqueles que negam esta</p><p>afirmação devem ser arautos de um fogo falso.</p><p>____________ O Batismo Com Fogo____________</p><p>279</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>O Fogo Produz Energia e Induz à Ação</p><p>0 fogo gera força e movimento. As tremendas</p><p>energias do vapor e da eletricidade são meras for­</p><p>mas do fogo. Lemos em Salmo 104:4: “Fazes a</p><p>Teus anjos ventos, e a Teus ministros, labaredas</p><p>de fogo.” Cabe aqui a pergunta: É você uma la­</p><p>bareda de fogo para Deus? Visitei certa feita uma</p><p>grande fábrica de locomotivas, onde me foi mos­</p><p>trado como se fazem as várias partes — rodas, ei­</p><p>xos, pistões, válvulas, tudo enfim.</p><p>Vi então a montagem de uma locomotiva nos</p><p>diversos estágios de construção — uma parte é</p><p>acrescentada a outra parte, até surgir a máquina</p><p>completa, pesando muitas toneladas e pronta pa­</p><p>ra correr. A seguir o guia me levou ao assento do</p><p>maquinista e sugeriu que eu me assentasse. “Vo­</p><p>cê pode acionar esta alavanca, se quiser” , disse</p><p>ele. Então o fiz, mas nenhuma roda se moveu. Por</p><p>quê? Não havia fogo! Cada parte da máquina ali</p><p>estava, mas sem fogo não havia vapor na caldei­</p><p>ra e, consequentemente, não houve movimento.</p><p>Graças a Deus pelo poder, o dinamismo, o im­</p><p>pulso desta mensagem, especialmente nas terras de</p><p>além-mar. Estamos, porém, satisfeitos? Necessita­</p><p>mos do derramamento da chuva serôdia para que</p><p>a mensagem receba maior ímpeto ainda. Carecemos</p><p>do fogo do Espírito Santo para energizar-nos ple­</p><p>namente. Necessitamos do prometido fogo celestial</p><p>a fim de acelerar essa máquina divinamente deli­</p><p>neada para o pleno cumprimento da obra de Deus</p><p>e o encerramento de Sua mensagem na Terra.</p><p>280</p><p>O Batismo Com Fogo</p><p>Tal é o poder de que carecemos. É muitíssimo</p><p>maior do que o poder da eloquência ou de uma or­</p><p>ganização comercial, por mais importantes que es­</p><p>tas sejam. Foi o fogo do Pentecoste que alcançou</p><p>11.000 almas com um único sermão. Unicamente</p><p>isto moverá os corações humanos e a igreja de</p><p>Deus hoje. Jeremias fala de fogo ardendo nos os­</p><p>sos: “Isso me foi no coração como fogo ardente,</p><p>encerrado nos meus ossos.” Jer. 20:9.</p><p>No entanto, nem todo calor é o calor do Espí­</p><p>rito. Algumas vezes é o calor do atrito, a chama</p><p>do temperamento, o fogo da paixão. Nisto Deus</p><p>não está presente. Oh, que tenhamos a Palavra ilu­</p><p>minada pelo Espírito como fogo retido em nossos</p><p>ossos! E sta é a divina energia que todo o Céu es­</p><p>pera conceder.</p><p>O Fogo se Propaga Com Rapidez</p><p>Sim, o fogo se expande, às vezes para o mal,</p><p>como aconteceu em Chicago, em 1871. Um tre ­</p><p>mendo incêndio em poucas horas destruiu mais de</p><p>17.000 casas, deixando sem lar cerca de 100.000</p><p>pessoas. Outras vezes o fogo se propaga para o</p><p>bem, como no caso de peste ou outras doenças con­</p><p>tagiosas ou infecciosas, quando o fogo é usado para</p><p>sanear os lugares afetados e que não poderiam ser</p><p>saneados de outra forma.</p><p>Como já vimos, em S. Mateus 3:10-12 o fogo</p><p>aparece como símbolo do poder purificador e re-</p><p>finador do Espírito Santo; neste sentido, podemos</p><p>ser gratos que ele realmente se expande. Estou</p><p>281</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>certo de que esta é a base para expressão: “Não</p><p>apagueis o Espírito.” A palavra apagar pressu­</p><p>põe a presença de fogo, e reporta-nos aos dias apos­</p><p>tólicos:</p><p>“E apareceram, distribuídas entre eles, línguas</p><p>como de fogo, e pousou uma sobre cada um de­</p><p>les.” Atos 2:3.</p><p>Isto foi o cumprimento de Atos 1:8:</p><p>“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós</p><p>o</p><p>Espírito Santo, e sereis Minhas testemunhas tanto</p><p>em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria,</p><p>e até aos confins da Terra.”</p><p>O poder do fogo do Espírito Santo destina-se</p><p>ao serviço e ao testemunho; purifica e limpa nossa</p><p>vida, preparando-nos assim para tornar-nos con­</p><p>dutos através dos quais o Espírito Santo possa fluir</p><p>em serviço para outros. De nada adianta orar pelo</p><p>poder do Espírito Santo para nós mesmos, mera­</p><p>mente para nosso proveito próprio. Oh, não! Ele</p><p>é concedido para o serviço. Este é o supremo pro­</p><p>pósito do fogo celestial. E quando esse fogo do Es­</p><p>pírito vem até nós e não encontra expressão no ser­</p><p>viço, então apagamos o Espírito Santo. De todo o</p><p>coração creio no serviço. Mas creio no serviço aque­</p><p>cido pelo fogo do Céu, e não pelo fogo comum.</p><p>Os apóstolos necessitavam do batismo do Es­</p><p>pírito Santo, e o receberam. É certo que é algo</p><p>desejável, necessário e imperativo para nós tam ­</p><p>bém, na atualidade. Mas como podemos recebê-</p><p>lo? Justam ente como os apóstolos o receberam —</p><p>reconhecendo nossa necessidade, crendo que ele</p><p>nos é destinado assim como eles creram que o era</p><p>282</p><p>O Batismo Com Fogo</p><p>para eles; ansiando por ele e orando firme e con-</p><p>tinuamente por ele; rendendo-nos totalmente à</p><p>vontade de Deus, mantendo-nos em união uns com</p><p>os outros, e aguardando esse batismo.</p><p>Recebe-se o batismo com fogo de maneira mui­</p><p>to semelhante à do batismo na água. Para ser ba­</p><p>tizada na água, a pessoa precisa, em primeiro lu­</p><p>gar, desejar isso. A seguir, ela se submete a al­</p><p>guém credenciado para realizar o batismo,</p><p>colocando-se em suas mãos para ser batizada. O</p><p>mesmo devemos fazer quanto ao batismo com fo­</p><p>go. E só existe uma Pessoa qualificada para</p><p>batizar-nos com fogo — o próprio Jesus. E sta é</p><p>Sua prerrogativa exclusiva, a qual Ele jamais</p><p>transferiu a outro. Ele está esperando para</p><p>batizar-nos com fogo. Iremos nós a Ele?</p><p>Feitos à Prova de Fogo Para o Dia de Deus</p><p>É-nos dito que, faz muitos anos, na antiga Dal-</p><p>mácia, as casas eram feitas de pedra calcárea be­</p><p>tuminosa, que é macia e pode ser facilmente corta­</p><p>da e moldada. Desse material se fazia a casa intei­</p><p>ra — as paredes, o telhado, o teto, o soalho — tudo</p><p>por fora e por dentro. Quando, terminada, porém,</p><p>a casa era inabitável porque exalava um forte odor</p><p>de betume. Completava-se então a estrutura, subme-</p><p>tendo-a à ação do fogo. Enquanto era queimada, co­</p><p>mo carvão, o fogo extraía o betume dos poros da</p><p>pedra saturada, até que todo o combustível se des­</p><p>prendia em gás e fumaça, e o fogo ia diminuindo</p><p>até apagar-se por falta de abastecimento.</p><p>283</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Então a casa estava terminada, com a aparên­</p><p>cia de alvo mármore, atraente, limpa e habitável.</p><p>Se mais tarde fosse atingida por um grande incên­</p><p>dio, a casa não se queimaria porque nela não fica­</p><p>ra nada inflamável. Achava-se à prova de fogo.</p><p>Também nós, por natureza e por condescen­</p><p>dência, somos saturados com o combustível e mal­</p><p>cheiroso betume do pecado. No vindouro fogo do</p><p>último dia todos esses elementos serão consumi­</p><p>dos por eterna destruição. O único meio de esca­</p><p>pe é sermos queimados agora pelo batismo de fo­</p><p>go, e ser assim tornados à prova de fogo naquele</p><p>grande dia que arderá como uma fornalha. E as­</p><p>sim podemos tornar-nos lindos templos para a</p><p>eterna habitação de nosso Deus.</p><p>Nos dias dos pioneiros, nos Estados Unidos, en­</p><p>quanto se achavam acampados nas vastas campi­</p><p>nas, podiam observar às vezes o fogo que atingia</p><p>a planície, destruindo tudo em sua fúria irresistí­</p><p>vel. Sabiam que dentro de cerca de uma hora, eles</p><p>seriam envolvidos pelas chamas. Acendiam então</p><p>fogo onde estavam e faziam com que este fosse</p><p>na direção do incêndio que se aproximava. Final­</p><p>mente, os dois fogos se encontravam e as chamas</p><p>atingiam o céu, numa última explosão de fúria, e</p><p>então se extinguiam por falta de combustível. As­</p><p>sim, pelo fogo eles eram salvos do incêndio que</p><p>os ameaçava.</p><p>É justam ente isto que eu desejo. E você? Que­</p><p>ro ser purificado do pecado, limpo da escória exis­</p><p>tente em minha vida. Quero ser iluminado pela ple­</p><p>na verdade de Deus, e ser um cristão que brilhe</p><p>284</p><p>X '</p><p>O Batismo Com Fogo</p><p>para Ele. Desejo te r o coração aquecido, incendia­</p><p>do pelo Espírito Santo. Preciso do vitalizante po­</p><p>der de Deus em minha vida para que, aonde quer</p><p>que eu vá, outras pessoas sejam inflamadas tam ­</p><p>bém, e a chama celestial avance mais e mais.</p><p>Que esta seja a nossa oração: Bendito Senhor,</p><p>realiza Tua maravilhosa obra na minha vida en­</p><p>tregue a Ti. Queima o pecado latente que ainda</p><p>permanece em mim. Purifica-me de todo o domí­</p><p>nio e poluição do eu. Enche-me e capacita-me com</p><p>Tua própria gloriosa presença, e envia-me uma la­</p><p>bareda de fogo para iluminar e aquecer a vida de</p><p>homens e mulheres, gelada pelo pecado.</p><p>285</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>S. Mateus 25:1-13</p><p>Então o reino dos Céus será semelhante a dez</p><p>virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram</p><p>a encontrar-se com o noivo.</p><p>Cinco dentre elas eram néscias, e cinco prudentes.</p><p>A s néscias, ao tomarem as suas lâmpadas, não</p><p>levaram azeite consigo; no entanto, as prudentes,</p><p>além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas.</p><p>E, tardando o noivo, foram todas tomadas de</p><p>sono, e adormeceram. Mas, à meia-noite, ouviu-</p><p>se um grito: E is o noivo! S a í ao seu encontro. E n ­</p><p>tão se levantaram todas aquelas virgens e prepa­</p><p>raram as suas lâmpadas. E as néscias disseram</p><p>às prudentes: Dai-nos de vosso azeite, porque as</p><p>nossas lâmpadas estão se apagando.</p><p>Mas as prudentes responderam: Não! para que</p><p>não nos fa lte a nós e a vós outras; ide antes aos</p><p>que o vendem, e comprai-o.</p><p>E, saindo elas para comprar, chegou o noivo,</p><p>e as que estavam apercebidas entraram com ele pa­</p><p>ra as bodas; e fechou-se a porta.</p><p>Mais tarde, chegaram as virgens néscias, cla­</p><p>mando: Senhor, senhor, abre-nos a porta!</p><p>Mas ele respondeu: E m verdade vos digo que não</p><p>vos conheço.</p><p>Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a</p><p>hora.</p><p>286</p><p>0 Óleo</p><p>Essencial</p><p>Achava-Se Jesus ainda sentado com Seus dis­</p><p>cípulos no Monte das Oliveiras. Ele acaba­</p><p>ra de proferir a maravilhosa profecia do vigésimo</p><p>quarto capítulo de S. Mateus, a qual ocupa um lu­</p><p>gar muito especial nas afeições, crenças e ensinos</p><p>dos Adventistas do Sétimo Dia. A seguir, Ele apre­</p><p>senta a parábola das virgens néscias e prudentes,</p><p>no capítulo 25. Cumpre-nos lembrar que o capítu­</p><p>lo 24 é parte do mesmo discurso do capítulo 25,</p><p>embora nem sempre pensemos nisto, e assim dei­</p><p>xamos de relacionar um com o outro.</p><p>O evidente propósito desta parábola é reforçar a</p><p>lição espiritual, prática, do precedente trecho profé­</p><p>tico do discurso, pois Cristo não enunciou aquelas im­</p><p>pressionantes profecias meramente para que fôsse­</p><p>mos intelectualmente informados. Portanto, uma com­</p><p>preensão espiritual da parábola das dez virgens é da</p><p>mais vital importância para a igreja remanescente.</p><p>287</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Imaginemos aquela memorável cena: Em bai­</p><p>xo, de um lado, ficava a cidade santa. Aos pés de</p><p>Jesus achavam-se o Monte das Oliveiras e o Ja r­</p><p>dim do Getsêmani. Em frente a Ele, estavam os</p><p>desertos morros da Judéia, e além deles a nebulo­</p><p>sa linha das montanhas de Moabe, ornando a praia</p><p>oriental do Mar Morto.</p><p>Uma Procissão Oriental de Archotes</p><p>O sol poente se escondera por trás dos morros</p><p>do oeste, e sobre a paisagem estendia-se uma pur­</p><p>púrea m anta de luz crepuscular. Em cima, doura­</p><p>das lâmpadas pendiam da abóbada azul do céu; em­</p><p>baixo, a Terra era rebuçada pelas sombras da noi­</p><p>te. Do vantajoso ponto em que se achava, o pe­</p><p>quenino grupo via à distância uma casa ilumina­</p><p>da, onde se realizava uma festa de casamento, à</p><p>moda oriental, com sua procissão de archotes. Se­</p><p>gundo o costume oriental, os casamentos se rea­</p><p>lizavam à noite; e como não havia lâmpadas nas</p><p>ruas, cada pessoa tinha de prover-se de sua pró­</p><p>pria luz.</p><p>0 costume entre os judeus exigia que o noivo</p><p>saísse de sua casa e fosse buscar a noiva na casa</p><p>do pai dela, talvez numa outra cidadezinha, e vol­</p><p>tasse com elà para o seu próprio lar e ali se fazia</p><p>a festa. Acompanhado de um selecionado grupo</p><p>de rapazes, ele partia depois do pôr-do-sol para es­</p><p>sa memorável viagem, prosseguindo na escuridão</p><p>da noite.</p><p>Aguardando a aproximação do noivo à casa da</p><p>288</p><p>■ Níi</p><p>0 Óleo Essencial</p><p>noiva, havia um grupo de damas de honra, geral­</p><p>mente dez, com lâmpadas acesas ou archotes, pa­</p><p>ra encontrá-lo. Essa procissão noturna, com suas</p><p>festivas lâmpadas acesas, constituía sempre uma</p><p>expectativa de muito regozijo. O noivo então era</p><p>acompanhado à casa da noiva, onde uma grande</p><p>festa já estava preparada.</p><p>Uma procissão como essa se realizava naque­</p><p>la importante noite em que o Mestre proferiu Seu</p><p>discurso no Monte das Oliveiras. Enquanto Jesus</p><p>e os discípulos observavam, algumas lâmpadas tre­</p><p>meluziram e se apagaram. Jesus captou nesta ce­</p><p>na impressiva e familiar a base de uma solene li­</p><p>ção espiritual para a igreja remanescente. As ex-</p><p>pectantes damas de honra não sabiam a hora exata</p><p>da chegada do noivo, mas sabiam que ele viria</p><p>aquela noite. Enquanto aguardavam, deitaram-se</p><p>porque estavam cansadas e com sono.</p><p>De repente, perto da meia-noite, viu-se que o</p><p>noivo estava chegando, para alegria das que es­</p><p>tavam preparadas, mas para consternação das que</p><p>não estavam. Jesus usou este incidente para ilus­</p><p>trar o que significará a Sua vinda para aqueles que</p><p>professam estar aguardando o Seu aparecimen­</p><p>to. Consequentemente, é a verdade atual que de­</p><p>ve compelir a igreja remanescente.</p><p>A parábola é breve — apenas treze versículos.</p><p>Mas é tremenda em sua amplitude. Inicia-se com</p><p>o advérbio de tempo: Então, para chamar a aten­</p><p>ção. E sta é a palavra-chave para a aplicação da</p><p>parábola, pois aponta para a consumação final de</p><p>todas as coisas. Cristo estivera justamente ad-</p><p>289</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>moestando os discípulos a que vigiassem e se pre­</p><p>parassem “porque, à hora em que não cuidais, o</p><p>Filho do homem virá” . S. Mat. 24:44. Ele falara</p><p>de duas classes de servos: “o fie} e prudente” e</p><p>o “mau” servo. Para esta classe Ele voltará de</p><p>maneira repentina, inesperada e desastrosa. Apli-</p><p>ca-se portanto ao tempo justam ente antes do Se­</p><p>gundo Advento. Indiscutivelmente, este é o perío­</p><p>do considerado na parábola. Para confirmação,</p><p>apresento aqui uma clara afirmação dos escritos</p><p>de Ellen White:</p><p>“Frequentemente tenho a atenção voltada para</p><p>a parábola das dez virgens, cinco das quais eram</p><p>prudentes e cinco eram néscias. Esta parábola tem</p><p>sido e será cumprida ao pé da letra, devido à sua</p><p>aplicação especial a este tempo, e, como a mensa­</p><p>gem do terceiro anjo, tem sido cumprida e conti­</p><p>nuará a ser a verdade presente até o final do tem ­</p><p>po. Na parábola, as dez virgens tinham lâmpadas,</p><p>mas somente cinco tinham azeite de reserva para</p><p>manter as lâmpadas acesas. Isto representa a con­</p><p>dição da igreja. Os prudentes e os néscios têm as</p><p>suas Bíblias e são providos com todos os meios da</p><p>graça; mas muitos não percebem o fato de que de­</p><p>vem ter a unção celestial.... A expressão “virgens</p><p>néscias” representa o caráter daqueles que não</p><p>têm experimentado no coração a obra genuína do</p><p>Espírito de Deus. A vinda de Cristo não transfor­</p><p>ma as virgens néscias em prudentes. ... O estado</p><p>da igreja representado pelas virgens néscias é tam­</p><p>bém chamado de estado laodiceano.” — Review</p><p>and Herald, 19 de agosto de 1890.</p><p>290</p><p>0 Óleo Essencial</p><p>O Azeite — o Teste Supremo</p><p>É fato solene e reconhecido que existem no</p><p>mundo apenas duas classes: cristãos e mundanos,</p><p>o verdadeiro e o falso, as ovelhas e os cabritos,</p><p>o trigo e o joio, os salvos e os perdidos. E sta pa­</p><p>rábola, porém, faz ainda outra divisão, desta vez</p><p>entre os cristãos professos. Ela os divide entre pru­</p><p>dentes e néscios, preparados e despreparados, vi­</p><p>gilantes e negligentes, reais e aparentes, genuí­</p><p>nos e falsos. E chegamos à inevitável conclusão</p><p>de que estamos e estaremos numa ou noutra clas­</p><p>se. Cristo reconhece somente estes dois grupos.</p><p>Não existe um terceiro. E Ele não mudou desde</p><p>que proferiu esta parábola.</p><p>Ambos os grupos professam estar aguardan­</p><p>do o retorno de seu Senhor. Assim são todos ad-</p><p>ventistas, no mais amplo sentido do termo. Exte­</p><p>riormente, são muito semelhantes. Ambos são vir­</p><p>gens — chamados para a pureza, e professam uma</p><p>fé pura. Ambos têm lâmpadas, luz e vasilhas. Am­</p><p>bos ouviram o chamado, e todos estão aguardan­</p><p>do a volta do seu Senhor. Todos estão aparente­</p><p>mente “esperando” na noite da última hora da</p><p>Terra. Por algum tempo nenhuma diferença é vis­</p><p>ta por olhos humanos.</p><p>A “lâmpada” é, evidentemente, a Palavra, pois</p><p>“ lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra, e luz</p><p>para os meus caminhos.” Sal. 119:105. Ambos</p><p>os grupos participam desta bênção. Ambos têm</p><p>também o pavio da profissão. Todos são mem­</p><p>bros da verdadeira igreja, com um esclarecedor</p><p>291</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>conhecimento das Escrituras. E como necessita­</p><p>mos da luz!</p><p>Conta-se a seguinte história de um homem que !</p><p>vivia em Carnarvonshire, no País de Gales. An- I</p><p>dando na montanha, em tempestuosa noite, ele</p><p>sentiu tanto frio que colocou a lanterna por baixo</p><p>da capa a fim de aquecer-se um pouco. Havia um</p><p>pálido luar, de modo que ele achou que poderia se­</p><p>guir o seu caminho sem a lanterna. De repente</p><p>uma rajada de vento abriu a capa, e a luz revelou</p><p>que ele se achava justam ente à beira de um bar­</p><p>ranco. Mais um minuto, e ele teria caído no preci­</p><p>pício. Recuou alguns passos, e é claro que não mais</p><p>escondeu a sua lanterna. Graças a Deus pela cla­</p><p>ra luz de Sua Palavra. Que resplandeça cada vez</p><p>mais, por mais escura que seja a noite e mais pe­</p><p>rigoso o caminho.</p><p>Todas as dez virgens têm ouvido e aceitado a</p><p>mensagem da vinda do Senhor, e possuem a dou­</p><p>trina essencialmente correta. Não se distinguem</p><p>entre si os dois grupos por serem bons e maus,</p><p>mas “prudentes” e “néscios” . E Cristo diz que a</p><p>nescidade dos néscios consiste em não terem óleo</p><p>suficiente, embora tivessem as lâmpadas e os pa­</p><p>vios. Tinham o nome, mas faltava-lhes a qualifi­</p><p>cação essencial para o encontro com o noivo. Por</p><p>outro lado, a sabedoria das prudentes consistia em</p><p>te r óleo suficiente.</p><p>As solenes lições que se nos apresentarão ao</p><p>estudarmos os pontos importantes desta parábo­</p><p>la não podem ser consideradas superficialmente</p><p>pela Igreja neste tempo. As néscias acham que as</p><p>292</p><p>_-</p><p>.</p><p>O Óleo Essencial</p><p>prudentes se preocupam demais com a questão do</p><p>azeite. Não estão as suas lâmpadas brilhando bas­</p><p>tante? De qualquer forma, raciocinam elas, o noi­</p><p>vo logo virá, e o azeite será suficiente. Ainda que</p><p>venha a faltar, poderão conseguir mais. Este é,</p><p>porém, um raciocínio ardiloso. Repito: As virgens</p><p>néscias possuem tudo menos azeite. E somente a</p><p>posse dele torna as prudentes preparadas, ao passo</p><p>que, por falta dele, as néscias não estarão prontas.</p><p>O Simbolismo do Azeite</p><p>O azeite representa o Espírito Santo. Sem o</p><p>Espírito de Deus, de nada vale o conhecimento da</p><p>Palavra, por mais ortodoxa que seja a nossa com­</p><p>preensão da mesma. Podemos estar bem familia­</p><p>rizados com todos os seus mandamentos, precei­</p><p>tos, promessas e profecias; mas a menos que o Es­</p><p>pírito Santo os torne uma realidade em nossa vi­</p><p>da, o caráter não é transformado. A teoria ape­</p><p>nas de nada vale.</p><p>Não devemos desprezar ou depreciar as exte­</p><p>rioridades, exceto quando as usamos como subs­</p><p>titutos das realidades internas. As virgens néscias</p><p>olhavam às aparências e assim foram enganadas.</p><p>Lembremos que para Deus nada significam as ati­</p><p>tudes exteriores se não condizem com o que real­</p><p>mente somos em nosso íntimo. Aqui jaz o perigo.</p><p>Não é bastante estar esperando com a igreja, ou</p><p>mesmo dentro da igreja. Mera profissão nada mais</p><p>é que disfarçada aparência que conduzirá à perdi­</p><p>ção. É semelhante às plumas e ornamentos dos an-</p><p>293</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>tigos carros funerários que conduziam os mortos</p><p>para as sepulturas. Assim o teste decisivo consis­</p><p>te não em estarem as néscias desprovidas de lâm­</p><p>padas ou pavios, mas em não terem azeite sufi­</p><p>ciente. Aí está a sua tolice. Possuíam o equipamen­</p><p>to exterior mas negligenciaram o mais</p><p>por meio do Espírito que o coração é purifica­</p><p>do. Por Ele torna-se o crente participante da na­</p><p>tureza divina. Cristo deu Seu Espírito como um</p><p>poder divino para vencer toda a tendência here­</p><p>ditária e cultivada para o mal, e gravar o Seu pró­</p><p>prio caráter em Sua igreja.” — O Desejado de To­</p><p>das as Nações, ed. popular, pág. 646.</p><p>Não fora a atmosfera que circunda a Terra, o</p><p>Sol, embora como bola de fogo, resplandeceria so­</p><p>bre nós friamente como uma estrela cintilante. A</p><p>atmosfera que envolve a Terra recebe os raios do</p><p>Sol e os transforma em cor, luz e calor. Semelhan­</p><p>temente, não fora o Espírito Santo, Cristo assen­</p><p>tado à direita do Pai poderia ser adorado simples­</p><p>mente como o Senhor ressurreto e assunto. O Es­</p><p>pírito Santo, porém, revela-0 ao nosso coração co­</p><p>mo luz, vida e verdade.</p><p>Assim como, quando olhamos através de um te­</p><p>lescópio, não vemos as lentes mas sim o objeto que</p><p>elas nos trazem mais perto, assim através do Es­</p><p>pírito Santo não O vemos a Ele, e sim a Jesus so­</p><p>mente. A cruz é muito mais facilmente compreen­</p><p>dida porque o derramamento de sangue é visível</p><p>e externo, para todos; no entanto, o dom do Espí­</p><p>rito Santo é invisível e interno, para o discípulo obe­</p><p>diente que ama o seu Mestre. Sua habitação no ín­</p><p>timo, sendo espiritual, não é prontamente reconhe­</p><p>cida nem considerada uma realidade prática.</p><p>O sangue do Calvário purifica o templo da al­</p><p>ma, mas a provisão divina é mais ampla. Então</p><p>nada menos que a habitação do Espírito Santo em</p><p>nós satisfará jamais a Deus ou ao homem.</p><p>33</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>A Presença Pessoal de Cristo Localizada</p><p>0 batismo do Espírito Santo não se efetuou du­</p><p>rante os três anos do ministério de Cristo na Ter­</p><p>ra. E ra isso impossível devido à localização e li­</p><p>mitação de Sua humanidade, e porque “o Espíri­</p><p>to até esse momento não fora dado, porque Jesus</p><p>não havia ainda sido glorificado.” João 7:39. As­</p><p>sim, durante Sua missão terrestre , Jesus nunca</p><p>batizou com o Espírito Santo.</p><p>Em Suas últimas palavras aos discípulos Jesus</p><p>ordenou-lhes que aguardassem o prometido batis­</p><p>mo após sua partida. “E comendo com eles, deter-</p><p>minou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém,</p><p>mas esperassem a promessa do Pai, a qual, disse</p><p>Ele, de Mim ouvistes. Porque João, na verdade,</p><p>batizou com água, mas vós sereis batizados com</p><p>o Espírito Santo, não muito depois destes dias.”</p><p>Atos 1:4 e 5.</p><p>Aquele que batizaria Seus seguidores com o Es­</p><p>pírito Santo, era o exemplo de tudo que Ele dese­</p><p>ja colocar em nossa vida. Foi gerado pelo Espíri­</p><p>to Santo. Cresceu sob o poder e tutela do Espíri­</p><p>to. No limiar de Seu ministério, foi especialmen­</p><p>te ungido pelo Espírito para realizar o Seu servi­</p><p>ço. No poder do Espírito, viveu, operou milagres</p><p>e ensinou os princípios do Seu reino. Pelo poder</p><p>do Espírito levantou-Se dentre os mortos. Da man­</p><p>jedoura ao sepulcro foi Ele habilitado pelo Espí­</p><p>rito Santo.</p><p>“A humanidade de Cristo estava unida à divin­</p><p>dade; estava habilitado para o conflito, mediante</p><p>34</p><p>A Promessa do Espírito</p><p>a presença interior do Espírito Santo. E veio pa­</p><p>ra nos tornar participantes da natureza divina.”</p><p>0 Desejado de Todas as Nações, pág. 109.</p><p>Tenhamos em mente que a encarnação de Cris­</p><p>to, a vida sem pecado, a morte redentora, a res­</p><p>surreição, a ascensão e o início de Sua obra me­</p><p>diadora no Céu foram absolutamente indispensá­</p><p>veis e, ao mesmo tempo, constituíram os passos</p><p>preliminares para este único fim: “Cristo nos res­</p><p>gatou na maldição da lei, fazendo-Se Ele próprio</p><p>maldição em nosso lugar, porque está escrito: Mal­</p><p>dito todo aquele que for pendurado em madeiro.</p><p>Para que a bênção de Abraão chegasse aos gen­</p><p>tios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos</p><p>pela fé o Espírito prometido.” Gál. 3:13 e 14.</p><p>O Alvo da Redenção Presente</p><p>Este alvo da redenção presente era impossível</p><p>antes da glorificação de Jesus. (João 7:39.) Diz o</p><p>apóstolo Pedro: “Exaltado, pois, à destra de Deus,</p><p>tendo recebido do Pai a promessa do Espírito San­</p><p>to, derramou isto que vedes e ouvis.” Atos 2:33.</p><p>A rocha em Horebe era uma figura. O ferir a</p><p>penha fez fluir água. Assim o derramamento do</p><p>Espírito Santo foi a resposta à morte expiatória</p><p>de Cristo, e essa morte removeu toda barreira en­</p><p>tre Deus e o pecador. (II Cor. 5:19.) Que o Pai acei­</p><p>tasse o sacrifício do Filho, eis a condição indispen­</p><p>sável para nossa justificação.</p><p>Mas somente a vinda do Espírito Santo podia</p><p>aplicar os resultados desse sacrifício, tornando efi­</p><p>35</p><p>A Yinda do Consolador</p><p>caz em nós o que Jesus fez por nós. Tendo aper­</p><p>feiçoado Sua natureza humana, Jesus podia ago­</p><p>ra comunicar-nos o que antes era impossível. E</p><p>a obra do Espírito Santo nesta dispensação é apli­</p><p>car e comunicar a obra redentora de Cristo, indi­</p><p>vidualmente, no coração humano, regenerando,</p><p>justificando, santificando, e comunicando a pró­</p><p>pria vida de nosso Senhor ressurreto, enquanto</p><p>aguardamos Sua segunda vinda corporal.</p><p>2 A Personalidade</p><p>do Espirito</p><p>Consideremos agora o caráter do Espírito</p><p>Santo. Ele é “outro Consolador” . Isto iden­</p><p>tifica o prometido Espírito com o Senhor que 0</p><p>prometeu — em natureza, caráter, propósito e ati­</p><p>vidade. É por assim dizer, o outro eu de Cristo,</p><p>idêntico em natureza e caráter. Se nos permitem</p><p>uma tosca comparação, diremos que Eles se as­</p><p>semelham a dois lados de um triângulo — seme­</p><p>lhantes e relacionados, mas diferentes. Notemos</p><p>a seguinte citação:</p><p>“0 Espírito Santo não Se m anifestara ainda</p><p>plenamente; pois Cristo ainda não fora glorifica­</p><p>do. A mais abundante comunicação do Espírito não</p><p>se verificou senão depois da ascensão de Cristo.</p><p>Enquanto não houvesse sido recebido, os discípu­</p><p>los não podiam cumprir a missão de pregar o evan­</p><p>gelho ao mundo. Mas o Espírito foi agora dado pa­</p><p>ra um fim especial. Antes de os discípulos pode-</p><p>37</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>rem cumprir seus deveres oficiais em relação com</p><p>a Igreja, Cristo soprou sobre eles Seu Espírito. Es-</p><p>tava-lhes confiando um santíssimo legado, e de­</p><p>sejava impressioná-los com o fato de que, sem o</p><p>Espírito Santo, não se podia realizar esta obra.</p><p>“O Espírito Santo é o sopro da vida espiritual</p><p>na alma. A comunicação do Espírito é a transmis­</p><p>são da vida de Cristo. Reveste o que 0 recebe com</p><p>os atributos de Cristo.” — 0 Desejado de Todas</p><p>as Nações, ed. popular, pág. 769.</p><p>Jesus disse de Si mesmo: “O Espírito do Se­</p><p>nhor está sobre Mim, pelo que Me ungiu para evan­</p><p>gelizar aos pobres; enviou-Me a curar os quebran­</p><p>tados de coração; para proclamar libertação aos</p><p>cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr</p><p>em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano acei­</p><p>tável do Senhor.” Lucas 4:18 e 19. Ninguém po­</p><p>de curar os quebrantados de coração sem o Con- j</p><p>solador, Aquele que está ao seu lado para ajudar.</p><p>Os discípulos teriam que ficar sem Ele, o primei­</p><p>ro Consolador, para que Ele pudesse enviar ou­</p><p>tro. Enquanto Cristo viver, perdurará essa garantia.</p><p>O Ministério do Parakletos</p><p>Consolador, todavia, é uma tradução inadequa­</p><p>da do termo grego Parakletos, a nova designa­</p><p>ção do novo ministério que o Espírito estava para</p><p>iniciar. Segundo a maioria dos eruditos, a melhor</p><p>tradução de Parakletos é advogado, que significa</p><p>também representante, intercessor, suplicante e</p><p>consolador. É realmente um termo intraduzível,</p><p>38</p><p>A Personalidade do Espírito</p><p>o mesmo usado com respeito a Cristo sobre Sua</p><p>obra perante o Pai: “Filhinhos Meus, estas coisas</p><p>vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, al­</p><p>guém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus</p><p>Cristo, o justo.” I João 2:1.</p><p>Na Grécia e em Roma, na época do Novo Tes­</p><p>tamento, o advogado ajudava seus clientes de Ruas</p><p>maneiras: às vezes representava-o perante õ tri­</p><p>bunal, pleiteando sua causa; outras vezes, mera­</p><p>mente preparava o discurso para que o cliente</p><p>mesmo falasse. Semelhantemente, Cristo é nos­</p><p>so Advogado perante o Pai, e o Espírito Santo é</p><p>o Advogado de Cristo conosco.</p><p>Como Cristo pleiteia por nós, assim o faz o Es­</p><p>pírito por Cristo em nosso coração. Havemos, nós,</p><p>que honramos os representantes dos governos ter­</p><p>restres,</p><p>importan­</p><p>te de tudo. Contentaram-se com as coisas super­</p><p>ficiais. Cumpriram mecanicamente os requisitos,</p><p>faltando-lhes, porém, a dinâmica espiritual. E is­</p><p>so, de alguma forma, é mais trágico do que não</p><p>fazer nenhuma profissão.</p><p>As virgens néscias não eram hipócritas. Eram</p><p>sinceras e fervorosas a seu modo. Não eram pro­</p><p>fanas nem incrédulas. Inquestionavelmente, ti­</p><p>nham uma sincera consideração pela verdade pa­</p><p>ra a qual foram atraídas, mas não se preocuparam</p><p>em conservar essa coisa tão essencial — o azeite.</p><p>Que pensamento solene! Pode haver elevada</p><p>profissão e uma crença ortodoxa. Podemos ser ba­</p><p>tizados, participar regularmente da Ceia do Se­</p><p>nhor, pertencer à diretória da Sociedade dos Jo­</p><p>vens, da Escola Sabatina ou ser um dirigente de</p><p>igreja; sim, podemos ser um pastor ordenado, ocu­</p><p>pando alta posição, sem todavia possuir o Espíri­</p><p>to Santo, e assim estar entre aqueles que o Senhor</p><p>qualifica de “néscios” , porque não nos achamos</p><p>preparados, e afinal podemos estar perdidos. A</p><p>idéia de que é possível que eu esteja neste grupo</p><p>me faz tremer.</p><p>Coisa terrível é te r cristianismo suficiente ape­</p><p>nas para enganar o coração, para embalar em fic­</p><p>tícia segurança, para apoiar-se em falsa confian­</p><p>294</p><p>0 Óleo Essencial</p><p>ça, cristianismo apenas para a perdição da alma.</p><p>Mas foi isto que aconteceu com as virgens néscias,</p><p>às quais faltou o azeite. Tenhamos em mente que:</p><p>intenso estudo da Bíblia não substitui o Espírito</p><p>Santo; frenética atividade jamais compensará a</p><p>falta do Espírito; sacrifícios exagerados não são</p><p>satisfatórios. Devemos ter o óleo celestial, do con­</p><p>trário, tudo será em vão. Este é o solene veredic-</p><p>to de Cristo, não meu. As virgens néscias tinham</p><p>uma boa aparência, mas por lhes faltar o azeite,</p><p>ficaram afinal do lado de fora.</p><p>A “lâmpada” usada naquelas antigas procis­</p><p>sões nupciais era fixada à extremidade superior</p><p>de um suporte de madeira, e consistia de vaso ou</p><p>recipiente redondo para o azeite, no qual era in­</p><p>troduzido o pavio; a luz era mantida pelo azeite.</p><p>Suponhamos que você perguntasse a uma lâmpa­</p><p>da: “Como você consegue emitir uma luz tão boa?”</p><p>Se ela pudesse falar, certamente responderia:</p><p>“Ora, eu não estou emitindo nada. Durante todo</p><p>o tempo eu absorvo o azeite através de meu se­</p><p>dento pavio. E o azeite que produz a luz.”</p><p>E assim é. Permitamos que o pavio seco de nos­</p><p>sa profissão religiosa seja imerso no óleo do Es­</p><p>pírito, e não poderemos deixar de brilhar. E</p><p>somente assim poderemos iluminar o mundo no</p><p>tempo do alto clamor. Deus deseja que ilumine­</p><p>mos a noite para dar as boas-vindas ao Noivo.</p><p>Quão verdadeiras e oportunas são as palavras do</p><p>sábio: “A sabedoria é mais proveitosa que a es­</p><p>tultícia, quanto a luz traz mais proveito do que as</p><p>trevas.” Ecles. 2:13.</p><p>295</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>O Azeite Ilumina</p><p>Quão adequado é o emblema do “azeite” para</p><p>simbolizar o Espírito Santo. Primeiro, o azeite ilu­</p><p>mina. Em onze passagens bíblicas o óleo aparece</p><p>relacionado com a luz; em Êxodo 25:6, por exem­</p><p>plo, lemos: “azeite para a luz” . Lembra o impres­</p><p>sionante simbolismo de Zacarias 4: um candela­</p><p>bro de ouro, com um vaso de azeite em cima, e as</p><p>sete lâmpadas, e os sete tubos continuamente con­</p><p>duzindo o azeite das oliveiras vivas para a luz das</p><p>lâmpadas. Fluía o óleo constantemente e era inin­</p><p>terruptam ente distribuído. A intenção neste sím­</p><p>bolo aparece claramente no verso 6: “Não por for­</p><p>ça nem por poder, mas pelo Meu Espírito, diz o</p><p>Senhor dos Exércitos.” Não há nenhum engano</p><p>aqui. O Espírito Santo é a fonte de luz, é o azeite</p><p>que precisamos adquirir.</p><p>O suprimento de azeite deve ser constante, do</p><p>contrário as trevas prevalecerão. Seu fluxo deve</p><p>ser contínuo, sem qualquer impedimento. É o pe­</p><p>cado que obstrui o conduto. Irmão, irmã, está o</p><p>vosso candelabro ligado às oliveiras, para que não</p><p>falte o suprimento de azeite? Não é desígnio de</p><p>Deus que nossa luz seja intermitente, ou fraqui-</p><p>nha, quase se apagando; deve ser brilhante, ple­</p><p>na e contínua. Lembremos a solene advertência</p><p>feita à Igreja: “e se não, venho a ti, e moverei do</p><p>seu lugar o teu candeeiro” . Apoc. 2:5. Isso signi­</p><p>fica uma ruptura inevitável e fatal no tubo que con­</p><p>duz o azeite, de' modo que este cessa de fluir e a</p><p>luz espiritual se extingue.</p><p>296</p><p>O Óleo Essencial</p><p>Não permita Deus que tal catástrofe nos sobre­</p><p>venha. E desejo Seu que Seu povo remanescente</p><p>não só tenha luz para si mesmo, como também seja</p><p>uma constante fonte de luz para outros. Acerca</p><p>do antigo Israel, justamente antes do êxodo, acha-</p><p>se escrito: “Porém os filhos de Israel todos tinham</p><p>luz nas suas habitações.” Êxo. 10:23. E isto acon­</p><p>teceu em meio às trevas que cobriram a te rra do</p><p>Egito, típicas das trevas espirituais da atualida­</p><p>de. E é de luz que carecemos — a luz da santida­</p><p>de, do amor, da mansidão, da justiça e da fideli­</p><p>dade do Espírito Santo. Sim, necessitamos da</p><p>“provisão do Espírito de Jesus Cristo” . Filip. 1:19.</p><p>Símbolo de Consagração</p><p>O azeite é também apresentado como símbolo</p><p>de consagração. Nas Escrituras Sagradas são fei­</p><p>tas duzentas referências ao óleo da unção. Tudo</p><p>que fosse assim ungido era separado para uma sa­</p><p>grada convocação ou uso sagrado. O ritual mosaico</p><p>(ira repleto de instruções neste sentido.</p><p>O azeite da unção para os sacerdotes e o taber­</p><p>náculo reaparece no próprio nome de Cristo, que sig­</p><p>nifica “o Ungido”, e também em Sua declaração: “O</p><p>Espírito do Senhor está sobre Mim, pelo que Me un­</p><p>giu para evangelizar...” S. Luc. 4:18. Paulo nos in­</p><p>forma quanto à natureza da unção do Espírito San­</p><p>to: “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito</p><p>Santo e poder, o qual andou por toda parte fazendo</p><p>o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, por­</p><p>que Deus era com Ele.” Atos 10:38. Isso era o azeite.</p><p>297</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Ser-nos-á proveitoso ler um breve relato con­</p><p>cernente à aplicação do simbólico óleo da unção</p><p>nos tempos antigos:</p><p>"Com ele ungirás a tenda da congregação, e a</p><p>arca do testemunho, e a mesa com todos os seus</p><p>utensílios, e o candelabro com os seus utensílios,</p><p>e o altar de incenso, e o altar do holocausto com</p><p>todos os seus utensílios, e a bacia com o seu suporte.</p><p>“Assim consagrarás estas coisas, para que se­</p><p>jam santíssimas; tudo o que tocar nelas será san­</p><p>to. Também ungirás a Arão e a seus filhos, e os</p><p>consagrarás para que me oficiem como sacerdo­</p><p>tes.” Exo. 30:26-30.</p><p>O tabernáculo e todos os seus utensílios eram</p><p>consagrados, como também o eram os sacerdotes</p><p>e os reis. Lemos em I Sam. 16:13:</p><p>“Tomou Samuel o chifre do azeite, e o ungiu</p><p>no meio de seus irmãos; e daquele dia em diante</p><p>o Espírito do Senhor Se apossou de Davi.”</p><p>Notemos como isso está inseparavelmente re­</p><p>lacionado com a unção do Espírito Santo. E os</p><p>crentes em Cristo devem, igualmente, ser sacer­</p><p>dotes e reis. (Apoc. 1:6; 5:10.) Nós, também, de­</p><p>vemos ser ungidos com o azeite sagrado. Oh, já</p><p>recebemos tal unção? “Enchei-vos do Espírito” ,</p><p>é a ordem divina. “Recebestes já o Espírito?” —</p><p>é a divina indagação. E não ignoremos o fato de</p><p>que o objetivo dessa unção era santificá-los. Le­</p><p>mos em Levítico 8:10-12:</p><p>“Então Moisés tomou o óleo da unção, e un­</p><p>giu o tabernáculo e tudo o que havia nele, e o con­</p><p>sagrou; e dele espargiu sete vezes sobre o altar,</p><p>298</p><p>O Óleo Essencial</p><p>e ungiu o altar e todos os seus utensílios, como</p><p>também a bacia e o seu suporte, para os consa­</p><p>grar. Depois derramou do óleo da unção sobre a</p><p>cabeça de Arão, ungiu-o para consagrá-lo.”</p><p>No ritual antigo, a cabeça, as mãos e os pés do</p><p>leproso purificado, como também do sacerdote</p><p>consagrado, eram tocados com o óleo da unção,</p><p>como símbolo de dedicação a Deus. Leiamos Lev.</p><p>14:17 e 18:</p><p>“Do restante do azeite que está na mão, o sa­</p><p>cerdote porá sobre a ponta da orelha direita daquele</p><p>que tem de purificar-se, e sobre o polegar de sua</p><p>mão direita, e sobre o polegar de seu pé direito, em</p><p>cima do sangue da oferta pela culpa; o restante do</p><p>azeite que está na mão do sacerdote, pô-lo-á sobre</p><p>a cabeça daquele que tem de purificar-se.”</p><p>Notemos, porém, cuidadosamente</p><p>de ser culpados de desrespeito e indife­</p><p>rença para com o Advogado do Rei do Céu, o re­</p><p>presentante de Cristo perante a Igreja e o mundo?</p><p>O Espírito — Pessoa Divina</p><p>Ao estudarmos o caráter do Espírito Santo, so­</p><p>mos levados diretam ente à consideração de Sua</p><p>personalidade. E fácil imaginar o Pai e Jesus co­</p><p>mo Pessoas. É como se pudéssemos até visualizá-</p><p>Los. Mas o Espírito é considerado tão misterioso,</p><p>invisível, secreto, e Seus atos tão fora do alcance</p><p>de nossa percepção, que Sua personalidade é ques­</p><p>tionada ao contrastar-se com as outras Pessoas da</p><p>Divindade.</p><p>Ele tem, naturalmente, aparecido de modo vi­</p><p>39</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>sível aos sentidos humanos; em certa ocasião, em</p><p>forma de pomba (Lucas 3:22). Daí muito se dizer</p><p>sobre Sua influência, graças, poder e dons. Somos</p><p>assim inclinados a considerá-Lo simplesmente co­</p><p>mo influência, poder, energia — consideração re­</p><p>forçada pelos símbolos de fogo, vento, óleo e água.</p><p>Além disso, muito contribui para esse concei­</p><p>to popular o fato de que o termo Espírito, em gre­</p><p>go, é neutro; e seguindo as estritas normas gra­</p><p>maticais em inglês, usa-se em Romanos 8:16 e 26,</p><p>o pronome neutro itself na Authorized Version</p><p>(Versão Autorizada). — “O próprio (itself) Espíri­</p><p>to testifica com o nosso espírito que somos filhos</p><p>de Deus.” “Também o Espírito, semelhantemen­</p><p>te, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sa­</p><p>bemos orar como convém, mas o mesmo (itself) Es­</p><p>pírito intercede por nós sobremaneira com gemi­</p><p>dos inexprimíveis.” Isto, porém, foi corrigido na</p><p>Revised Version (Versão Revisada), para harmo­</p><p>nizar com a Sua personalidade.</p><p>Questão de Suma Importância</p><p>Não se tra ta de m era questão técnica, acadê­</p><p>mica ou simplesmente teórica. É de suprema im­</p><p>portância e do mais elevado valor prático. Se Ele</p><p>é uma Pessoa divina e O consideramos como in­</p><p>fluência impessoal, então estamos roubando des­</p><p>sa Pessoa divina a deferência, honra e amor que</p><p>Lhe são devidos. E mais: Se o Espírito é mera in­</p><p>fluência ou poder, podemos então procurar apro­</p><p>priar-nos dEle e usá-Lo.</p><p>40</p><p>Se julgamos possuir o Espírito Santo podemos</p><p>inclinar-nos para a presunção e ostentação própria;</p><p>mas se mantemos o outro conceito, o verdadeiro,</p><p>então seremos inclinados à renúncia, abnegação</p><p>e humilhação de nosso próprio eu. Nada há, além</p><p>disso, para lançar por te rra a glória do homem.</p><p>A este respeito vejamos outra citação do Espírito</p><p>de Profecia:</p><p>“Nós não podemos servir-nos do Espírito San­</p><p>to; Ele é que nos há de usar a nós. Mediante o Es­</p><p>pírito, Deus opera em Seu povo ‘tanto o querer</p><p>como o efetuar, segundo a Sua boa vontade’. Filip.</p><p>2:13. Mas muitos não se querem submeter a ser</p><p>guiados. Querem dirigir-se a si mesmos. Eis por</p><p>que não recebem o dom celestial. Apenas àqueles</p><p>que esperam humildemente em Deus, que estão</p><p>atentos a Sua guia e graça, é o Espírito concedi­</p><p>do. Esta prometida bênção, reclamada pela fé, traz</p><p>consigo todas as demais bênçãos. Ela é concedi­</p><p>da segundo as riquezas da graça de Cristo, e Ele</p><p>está pronto a suprir cada alma, de acordo com sua</p><p>capacidade de receber.” — Obreiros Evangélicos,</p><p>pág. 285.</p><p>Não, o Espírito Santo não é uma tênue, nebu­</p><p>losa influência emanente do Pai. Não é algo im-</p><p>oessoal, vagamente reconhecido, apenas um invi­</p><p>sível princípio de vida. Na mente de multidões, o</p><p>Espírito Santo tem sido despojado de personali­</p><p>dade e tornado irreal, inacessível, oculto por den­</p><p>sa neblina e envolto pela irrealidade. No entanto,</p><p>a maior realidade invisível no mundo hoje é o Es­</p><p>pírito Santo. Ele é uma santa personalidade.</p><p>_________ A Personalidade do Espírito_________</p><p>41</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Jesus foi a personalidade mais influente e m ar­</p><p>cante neste velho mundo, e o Espírito Santo foi</p><p>designado para preencher a Sua vaga. Nada a não</p><p>ser uma Pessoa poderia substituir aquela maravi­</p><p>lhosa Pessoa. Nenhuma simples influência seria su­</p><p>ficiente.</p><p>A Natureza da Personalidade</p><p>Há o perigo de limitarmos nossa idéia de per­</p><p>sonalidade a manifestações físicas. Parece difícil</p><p>concebermos a idéia de personalidade separada de</p><p>uma tangível forma humana corporal, uma exis­</p><p>tência assim limitada. Mas personalidade e tal cor-1</p><p>poralidade devem ser nitidamente distintas, em­</p><p>bora freqúentemente se confudam. A personali­</p><p>dade não exige as limitações da humanidade.</p><p>Quanto a isso, fala-nos novamente o Espírito de</p><p>Profecia:</p><p>“0 Espírito Santo é o representante de Cris­</p><p>to, mas despojado da personalidade humana, e de­</p><p>la independente. Limitado com a humanidade,</p><p>Cristo não poderia estar em toda parte em pes­</p><p>soa. Era, portanto, do interesse deles que fosse</p><p>para o Pai, e enviasse o Espírito como Seu suces­</p><p>sor na Terra. Ninguém poderia te r então vanta­</p><p>gem devido a sua situação ou seu contato pessoal</p><p>com Cristo. Pelo Espírito, o Salvador seria aces­</p><p>sível a todos. Nesse sentido, estaria mais perto de­</p><p>les do que se não subisse ao alto.” — O Desejado</p><p>de Todas as Nações, ed. popular, pãg. 644.</p><p>Deus o Espírito não deve ser medido por pa­</p><p>42</p><p>' ' à</p><p>drões humanos. Não podemos expressar o infinito</p><p>em termos finitos. Não se pode definir de maneira</p><p>concisa e cabal o Espírito Santo. Não nos é neces­</p><p>sário resolver o mistério de Sua natureza, e con­</p><p>tra isso somos especificamente advertidos:</p><p>“Não é essencial que sejamos capazes de defi­</p><p>nir exatamente o que seja o Espírito Santo. Cris­</p><p>to nos diz que o Espírito é o Consolador, o ‘Espíri­</p><p>to de verdade, que procede do Pai’. Declara-se po­</p><p>sitivamente, a respeito do Espírito Santo, que, em</p><p>Sua obra de guiar os homens em toda a verdade,</p><p>‘não falará de Si mesmo’. S. João 15:26; 16:13.</p><p>“A natureza do Espírito Santo é um mistério.</p><p>Os homens não a podem explicar, porque o Senhor</p><p>não lho revelou. Com fantasiosos pontos de vista,</p><p>podem-se reunir passagens da Escritura e dar-lhes</p><p>um significado humano; mas a aceitação desses</p><p>pontos de vista não fortalecerá a igreja. Com re­</p><p>lação a tais mistérios — demasiado profundos pa­</p><p>ra o entendimento humano — o silêncio é ouro.”</p><p>— Atos dos Apóstolos, págs. 51 e 52.</p><p>Eis outro importante conselho:</p><p>“íntima ligação com Deus deve ser mantida por</p><p>todos os nossos professores. Se Deus enviasse Seu</p><p>Santo Espírito a nossas escolas para moldar co­</p><p>rações , elevar o intelecto, e dar aos estudantes</p><p>sabedoria divina, pessoas há que, em seu estado</p><p>atual, se interporiam entre Deus e os que neces­</p><p>sitam de luz. Não compreenderiam a obra do Es­</p><p>pírito Santo; jamais a compreenderam; ela lhes foi,</p><p>no passado, um tão grande mistério como eram</p><p>as lições de Cristo para os judeus. A operação do</p><p>_________ A Personalidade do Espírito_________</p><p>43</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Santo Espírito de Deus não é criar curiosidade.</p><p>Não compete aos homens decidir se porão as mãos</p><p>nas manifestações do Espírito de Deus. Devemos</p><p>deixar o Senhor operar.” — Conselhos aos Profes­</p><p>sores, Pais e Estudantes, pág. 336.</p><p>A Terceira Pessoa da Divindade</p><p>A mesma instrução inspirada estabelece uma</p><p>vez por todas a verdade quanto a Sua personali­</p><p>dade. Ele é a “Terceira Pessoa da Divindade.”</p><p>“O mal se vinha acumulando por séculos e só</p><p>poderia ser restringido e resistido pelo eficaz po­</p><p>der do Espírito Santo, a terceira Pessoa da Divin­</p><p>dade, que viria com não modificada energia, mas</p><p>na plenitude do poder divino.” — Testemunhos pa­</p><p>ra M inistros e Obreiros Evangélicos, pág. 392.</p><p>Há “três pessoas viventes” no trio celestial:</p><p>“O Pai é toda a plenitude da Divindade corpo­</p><p>ralmente, e invisível aos olhos mortais.</p><p>“0 Filho é toda a plenitude da Divindade ma­</p><p>nifestada. A Palavra de Deus declara que Ele é</p><p>a ‘expressa imagem de Sua pessoa’. ‘Deus amou</p><p>o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigé­</p><p>nito, para que todo aquele que nEle crê não pere­</p><p>ça, mas tenha a vida eterna.’ Aí se manifesta a</p><p>personalidade do Pai.</p><p>“0 Consolador que Cristo prometeu enviar de­</p><p>pois de ascender ao Céu, é o Espírito em toda a</p><p>plenitude da Divindade, tornando manifesto o po­</p><p>der da graça divina a todos quantos recebem e</p><p>crêem em Cristo como um Salvador pessoal. Há</p><p>44</p><p>três pessoas vivas</p><p>pertencentes à trindade celes­</p><p>te; em nome destes três grandes poderes — o Pai,</p><p>o Filho e o Espírito Santo — os que recebem a Cris­</p><p>to por fé viva são batizados, e esses poderes coo­</p><p>perarão com os súditos obedientes do Céu em seus</p><p>esforços para viver a nova vida em Cristo.” —</p><p>Evangelismo, págs. 614 e 615.</p><p>Quatro Predicados da Personalidade</p><p>Deus não é um homem magnificado ou subli­</p><p>mado. Somente Deus tem perfeita personalidade,</p><p>existente desde os dias da eternidade, muito an­</p><p>tes que um único ser humano, com suas limitações,</p><p>viesse a existir. Há quatro predicados que carac-</p><p>terizam a personalidade: 1) vontade, 2) inteligên­</p><p>cia, 3) poder, 4) capacidade de amar. A personali­</p><p>dade, portanto, envolve a consciência de si mes­</p><p>mo, o conhecimento próprio, a vontade própria e</p><p>a auto-determinação.</p><p>Uma pessoa é um ser acessível, no qual se po­</p><p>de confiar ou não, e que pode ser amado ou odia­</p><p>do, adorado ou insultado. Tais características es­</p><p>senciais da personalidade são limitadas e imper­</p><p>feitas no homem, más ilimitadas e perfeitas em</p><p>Deus. Não se pode, portanto, confinar a persona­</p><p>lidade do Espírito Santo a comparações com a per­</p><p>sonalidade humana.</p><p>Far-nos-á bem ouvir o que Jesus diz sobre es­</p><p>te assunto nos capítulos 14 e 16 de S. João. Ne­</p><p>nhuma de Suas palavras indica que o Espírito San­</p><p>to seja simplesmente uma influência. Cristo Se di­</p><p>A Personalidade do Espírito</p><p>45</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>rige a Ele e 0 tra ta como pessoa. Chama-0 Para-</p><p>cleto, título cabível somente a uma pessoa.</p><p>A idéia de personalidade domina a construção</p><p>gramatical das sentenças de Cristo. Nos capítu­</p><p>los 14,15 e 16 de S. João, cerca de vinte e quatro</p><p>vezes, aparecem pronomes pessoais aplicados ao</p><p>Espírito Santo. (Note-se, por exemplo, S. João</p><p>15:26 e 16:13.) Não que as Pessoas da Divindade</p><p>sejam masculinas e não femininas, mas sim pes­</p><p>soais e não impessoais. Em certos textos mantém-</p><p>se subordinada a personalidade do Espírito a fim</p><p>de que sejam postas em evidência outras de Suas</p><p>características. Cristo apresenta o Espírito como</p><p>alguém que ensina, fala, dá testemunho, guia, es­</p><p>cuta e declara. Isto implica inteligência, discrimi­</p><p>nação e, portanto, personalidade.</p><p>Referências Pessoais São Designadas</p><p>Façamos agora um rápido esboço do testem u­</p><p>nho bíblico quanto à personalidade do Espírito</p><p>Santo. Qualidades, ações e referências pessoais</p><p>Lhe são atribuídas. Não são mãos e pés que cons­</p><p>tituem as marcas da personalidade, mas sim co­</p><p>nhecimento, sentimento, vontade e amor.</p><p>1. CONHECIMENTO — “Porque, qual dos ho­</p><p>mens sabe as coisas do homem, senão o seu pró­</p><p>prio espírito que nele está? Assim também as coi­</p><p>sas de Deus ninguém as conhece senão o Espírito</p><p>de Deus.” I Cor. 2:11. 0 Espírito Santo é a Pes­</p><p>soa qualificada para lidar com seres pessoais de</p><p>modo consciente e inteligente, fazendo-os conhe­</p><p>46</p><p>A Personalidade do Espírito</p><p>cer o que há no coração de Deus para eles, e tam ­</p><p>bém o que há em seus próprios corações. E absur­</p><p>do atribuir a uma energia, influência ou força tal</p><p>entendimento.</p><p>2. VONTADE — “Mas um só e o mesmo Espí­</p><p>rito opera todas estas coisas, repartindo particu­</p><p>larmente a cada um como quer.” I Coríntios 12:11</p><p>(Almeida antiga). Eis aqui a maior prova de per­</p><p>sonalidade. A vontade é o elemento que mais dis­</p><p>tingue uma personalidade.</p><p>3. MENTE — “E Aquele que sonda os cora­</p><p>ções sabe qual é a mente do Espírito, porque se­</p><p>gundo a vontade de Deus é que Ele intercede pe­</p><p>los santos.” Romanos 8:27. Em grego isto impli­</p><p>ca pensamento e propósito. Atos 15:28 esclarece:</p><p>“Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não</p><p>vos impor maior encargo além destas coisas es­</p><p>senciais.” Lemos:</p><p>“Mediante o poder do Espírito Santo, toda obra</p><p>designada por Deus deve ser elevada e enobreci­</p><p>da e levada a testificar em favor do Senhor. Deve</p><p>o homem colocar-se sob o controle da Mente infi­</p><p>nita, cujos ditames lhe cumpre obedecer em todo</p><p>particular.” — Conselhos Sobre Saúde, pág. 524.</p><p>4. AMOR — “Rogo-vos, pois, irmãos, por nos­</p><p>so Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Es­</p><p>pírito, que luteis juntam ente comigo nas orações</p><p>a Deus a meu favor.” Romanos 15:30. O Espírito</p><p>Santo não é uma força cega, mas uma Pessoa que</p><p>ama com a mais_terna afeição.</p><p>5. COMUNHÃO — “A graça do Senhor Jesus</p><p>Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espí­</p><p>47</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>rito Santo sejam com todos vós.” II Coríntios</p><p>13:13. Ele é aqui ligado às supremas personalida­</p><p>des, o Pai e o Filho, na bênção apostólica. E só</p><p>se pode conceber a comunhão com o Espírito Santo</p><p>numa base de personalidade, que implica parce­</p><p>ria e reciprocidade.</p><p>6. TRISTEZA — “E não entristeçais o Espíri­</p><p>to de Deus, no qual fostes selados para o dia da</p><p>redenção.” Efésios 4:30. Como a compreensão des­</p><p>te pensamento, referindo-se a essa santíssima Pes­</p><p>soa, moldará a vida inteira!</p><p>7. PODE-SE INSULTÁ-LO, TENTÁ-LO E</p><p>MENTIR-LHE — Notem-se estes textos: “De</p><p>quanto mais severo castigo julgais vós será con­</p><p>siderado digno aquele que calcou aos pés o Filho</p><p>de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual</p><p>foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?”</p><p>Hebreus 10:29. Tornou-lhe Pedro: “Por que en­</p><p>trastes em acordo para ten tar o Espírito do Se­</p><p>nhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o</p><p>teu marido, e eles também te levarão.” Atos 5:9.</p><p>“Então disse Pedro: Ananias, por que encheu Sa­</p><p>tanás teu coração, para que mentisses ao Espíri­</p><p>to Santo, reservando parte do valor do campo? ...</p><p>Não mentiste aos homens, mas a Deus.” Atos 5:3</p><p>e 4. Vemos assim que Ele é suscetível a ofensa</p><p>pessoal.</p><p>Obras e Atributos Divinos</p><p>A mais solene advertência de Cristo ouvida pe­</p><p>los homens, registrada nos quatro evangelhos, de­</p><p>48</p><p>clara que aquele que rejeitar o Senhor ou as Suas</p><p>palavras será perdoado; mas se ofender o Espíri­</p><p>to Santo, pecando contra Ele e finalmente recu­</p><p>sando Seus ensinos, não será perdoado. É incon­</p><p>cebível que alguém peque contra uma influência,</p><p>força ou energia e assim incorra no perigo do pe­</p><p>cado imperdoável.</p><p>Repassemos a seguir alguns feitos atribuídos</p><p>a Ele, os quais somente uma pessoa poderia rea­</p><p>lizar. Ele inspirou as Escrituras Sagradas, ditou</p><p>ordens e proibições, designou pastores, fez inter­</p><p>cessões e orações, deu ensinos e testemunhos, lu­</p><p>tou e convenceu pessoas. Há declaradas cerca de</p><p>vinte atuações, entre os mais relevantes atos de</p><p>uma personalidade inteligente, e que jamais po­</p><p>deriam ser realizadas por uma influência.</p><p>• O Espírito Santo, porém, é mais do que uma</p><p>simples personalidade. Ele é uma pessoa divina.</p><p>É chamado Deus (Atos 5: 3 e 4), a “ terceira Pes­</p><p>soa da Divindade” , Possui atributos divinos: oni-</p><p>potência (S. Lucas 1:35); onipresença (Salmo</p><p>139:7-10); vida eterna (Hebreus 9:14). Estes atri­</p><p>butos que pertencem somente a Deus, são também</p><p>atributos do Espírito. Ele é maior do que os anjos</p><p>porque, como representantes de Cristo, dirige to­</p><p>dos os anjos na Terra, na luta contra as legiões</p><p>das trevas.</p><p>“Todos os espíritos celestes se acham nesse exér­</p><p>cito. E mais que anjos estão nas fileiras. O Espírito</p><p>Santo, o representante do Capitão do exército do</p><p>Senhor, desce para dirigir a batalha.” — O Deseja­</p><p>do de Todas as Nações, ed. popular, pág. 334.</p><p>_________ A Personalidade do Espírito_________</p><p>49</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Além disso, são-lhe atribuídas obras divinas:</p><p>a criação (Jó 33:4), a regeneração (S. João 3:5-8),</p><p>a ressurreição (I Pedro 3:18), a autoria das profe­</p><p>cias (II Pedro 1:21). Tais obras só poderiam ser</p><p>realizadas por Deus. Portanto, o Espírito Santo</p><p>não é simplesmente pessoa, mas uma Pessoa di­</p><p>vina. No plano de Deus o ministério do Espírito</p><p>inclui criação, inspiração, convicção, regeneração,</p><p>santificação e preparo para o serviço eficiente.</p><p>Sua Relação Com a Divindade</p><p>Isto nos induz a um breve exame da relação do</p><p>Espírito Santo com as outras Pessoas da Divin­</p><p>dade. Em nossa concepção da Trindade, tendemos</p><p>a pensar em três deuses em vez de um. Nosso Deus</p><p>é somente um (Deuteronômio 6:4); mas há três</p><p>Pessoas em uma única Divindade. A nossa dificul­</p><p>dade consiste em procurar conceber seres espiri­</p><p>tuais em term os de ordem física. Talvez aqui seja</p><p>interessante uma ilustração muito simples. O</p><p>triângulo é uma figura, mas com três lados. As­</p><p>sim a Divindade, sendo uma, manifesta-Se como</p><p>Pai, Filho e Espírito Santo. Jesus disse: “Eu e o</p><p>Pai somos um ” . S. João 10:30.</p><p>Eis uma citação bem ao ponto: “ ‘Se vós Me</p><p>conhecêsseis a Mim’, disse Cristo, ‘também conhe­</p><p>ceríeis a Meu Pai; e já desde agora O conheceis</p><p>e O tendes visto.’ Mas nem então os discípulos</p><p>compreenderam. ‘Senhor, mostra-nos o Pai’, ex­</p><p>clamou Filipe,‘o que nos basta.’</p><p>“Admirado de sua falta de compreensão, Cristo</p><p>50</p><p>perguntou com dolorosa surpresa: ‘Estou há tan­</p><p>to tempo convosco e não Me tendes conhecido, Fi­</p><p>lipe?’ Será possível que não vejas o Pai nas obras</p><p>que Ele faz por Meu intermédio? Nãó crês que vim</p><p>testificar do Pai? ‘Como dizes tu: Mostra-nos o Pai?</p><p>Quem Me vê a Mim vê o Pai.’ Cristo não deixara</p><p>de ser Deus ao tornar-Se homem. Conquanto Se</p><p>houvesse humilhado até à humanidade, pertencia-</p><p>Lhe ainda a divindade.” — O Desejado de Todas</p><p>as Nações, ed. popular, págs. 639 e 640.</p><p>E mais uma vez, ao falar sobre a vinda do Espí­</p><p>rito Santo, Cristo disse: “E Eu rogarei ao Pai, e Ele</p><p>vos dará outro Consolador. ... O Espírito da verda­</p><p>de. ... Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós ou­</p><p>tros.” S. João 14:16-18. “Meu Pai o amará, e vire­</p><p>mos para ele e faremos nele morada.” Verso 23.</p><p>Assim a presença do Espírito Santo envolve a</p><p>presença de Jesus e do Pai. Em outras palavras,</p><p>é mediante o Espírito Santo que a plenitude da Di­</p><p>vindade, nesta dispensação, está presente e opera</p><p>no mundo. O Espírito Santo é, por assim dizer, o</p><p>outro eu de Jesus. E é assim que Jesus faz Sua mo­</p><p>rada permanente e universal em todo o Seu povo.</p><p>“Os que vêem a Cristo em Seu verdadeiro ca­</p><p>ráter, e O recebem no coração, têm vida eterna.</p><p>É por meio do Espírito que Cristo habita em nós;</p><p>e o Espírito de Deus, recebido no coração pela fé,</p><p>é o princípio da vida eterna.” — Idem, pág. 370.</p><p>Três Dispensações Consecutivas</p><p>Antes de Cristo vir como homem, o Pai era a</p><p>_________ A Personalidade do Espírito_________</p><p>51</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>Pessoa mais notável no horizonte da Divindade;</p><p>quando Jesus veio, a segunda Pessoa ocupou o ho­</p><p>rizonte; e nesta dispensação do Espírito, a tercei­</p><p>ra Pessoa é quem o ocupa, culminando assim as</p><p>progressivas provisões de Deus.</p><p>Na dispensação do Pai, destacava-se o padrão</p><p>da lei; na dispensação do Filho, adiciona-se a re­</p><p>conciliação; na dispensação do Espírito, acrescen­</p><p>ta-se pòder santificante e habilitador. Essas dis-</p><p>pensações são, portanto, cumulativas, cada uma</p><p>reforçando e suplementando a outra.</p><p>Em cada dispensação a espiritualidade da Igre­</p><p>ja tem sido condicionada a sua adesão à princi­</p><p>pal verdade revelada para o seu tempo. 0 padrão</p><p>de justiça foi erguido, foram manifestos os meios</p><p>de reconciliação e expiação, e por último, o agen­</p><p>te que aplica esses benefícios ao homem salienta-</p><p>se agora de maneira notável.</p><p>Os três grandes testes históricos da fé em re­</p><p>lação com a divindade são: Primeiro, no perío­</p><p>do anterior à encarnação, o teste de “um Deus”</p><p>ver sus politeísmo, e o direito de Deus de gover­</p><p>nar tendo a lei como padrão e o sábado como si­</p><p>nal; segundo, se, no primeiro advento de Cristo,</p><p>aqueles que passaram no primeiro teste aceita­</p><p>riam Jesus como Filho de Deus e Redentor; ter­</p><p>ceiro, tendo passado nos dois primeiros testes,</p><p>submeter-nos-íamos plenamente ao Espírito Santo</p><p>para que torne eficaz em nós tudo o que foi feito</p><p>por nós.</p><p>Estes fundamentos são amplos e abarcam tu ­</p><p>do que é vital ao divino plano da salvação.</p><p>52</p><p>A Personalidade do Espírito</p><p>A Divindade — Uma Trindade</p><p>Encontra-se em Génesis 1:26 a primeira indi­</p><p>cação. da pluralidade da Divindade. Deus disse:</p><p>“Façamos o homem à nossa imagem” . 0 Pai é a</p><p>fonte, o Filho é o intermediário, e o Espírito San­</p><p>to é o meio pelo qual a criação veio à existência.</p><p>A trindade da Divindade é várias vezes inferi­</p><p>da no Velho Testamento. Em Números 6:24-27 le­</p><p>mos: “Assim porão o Meu nome sobre os filhos de</p><p>Israel” (v. 27). Antes a expressão “0 Senhor... o</p><p>Senhor... 0 Senhor...” aparece três vezes, não qua­</p><p>tro nem duas. “0 Senhor te abençoe e te guarde;</p><p>o Senhor faça resplandecer o Seu rosto sobre ti,</p><p>e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti le­</p><p>vante o Seu rosto, e te dê a paz.”</p><p>E sta tríplice repetição assemelha-se precisa­</p><p>mente à bênção apostólica do Novo Testamento</p><p>em II Coríntios 13:13: “A graça do Senhor Jesus</p><p>Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espí­</p><p>rito Santo sejam com todos vós.” Em Números</p><p>o nome do Espírito é associado com o Pai e o Fi­</p><p>lho no único nome de Deus.</p><p>Além disso, lemos em Isaías 6:1-3:</p><p>“No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor</p><p>assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas</p><p>de Suas vestes enchiam o templo. Serafins esta­</p><p>vam por cima dEle; cada um tinha seis asas: com</p><p>duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés</p><p>e com duas voava. E clamavam uns para os ou­</p><p>tros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos</p><p>53</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>exércitos; toda a Terra está cheia da Sua glória.”</p><p>Encontramos assim outra tríplice atribuição de</p><p>louvor a uma só Pessoa. E novamente em Isaías</p><p>48:16:</p><p>“Chegai-vos a Mim, ouvi isto: Não falei em se­</p><p>gredo desde o princípio; desde o tempo em que is­</p><p>so vem acontecendo tenho estado lá. Agora o Se­</p><p>nhor Deus Me enviou a Mim e o Seu Espírito.”</p><p>Aqui encontramos o “Senhor” , e o “Espírito” ,</p><p>e “Me” — Aquele que viria. Tão logo Jesus an­</p><p>dou na Terra, como um indivíduo entre os homens,</p><p>tornou-se inevitável que as distinções na Divindade</p><p>fossem nitidamente reconhecidas. Não há razão</p><p>bíblica para aceitar a deidade e personalidade do</p><p>Pai e do Filho, que não estabeleça igualmente es­</p><p>sas mesmas características do Espírito Santo.</p><p>Quando Jesus foi batizado (S. Mateus 3:16 e</p><p>17), a voz do Pai anunciou o Seu prazer no Filho,</p><p>e este foi então ungido pelo Espírito Santo. Aqui</p><p>vemos uma nítida distinção entre os três na mes­</p><p>ma ocasião. Também na grande comissão evan­</p><p>gélica (S. Marcos 28:19) a fórmula batismal con­</p><p>tém o nome do Espírito no mesmo nível de igual­</p><p>dade com o do Pai e o Filho. Em seu sermão pen-</p><p>tecostal, Pedro declarou:</p><p>“Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo rece­</p><p>bido do Pai a promessa do Espírito Santo, derra­</p><p>mou isto que vedes e ouvis.”</p><p>Lemos ainda nos capítulos em consideração:</p><p>“E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro</p><p>Consolador, a fim de que esteja para sempre con­</p><p>vosco.” “Mas o Consolador, o Espírito Santo, a</p><p>54</p><p>quem o Pai enviará em Meu nome, Este vos ensi­</p><p>nará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo</p><p>o que vos tenho dito.” S. João 14:16 e 26.</p><p>“Quando, porém, vier o Consolador, que Eu vos</p><p>enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade,</p><p>que dEle procede, Esse dará testemunho de Mim.”</p><p>S. João 15:26.</p><p>“Quando vier, porém, o Espírito da verdade,</p><p>Ele vos guiará a toda a verdade; porque não fala­</p><p>rá por Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvi­</p><p>do, e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele</p><p>Me glorificará porque há de receber do que é Meu,</p><p>e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é</p><p>Meu; por isso é que vos disse que há de receber</p><p>do que é Meu e vo-lo há de anunciar.” S. João</p><p>16:13-15.</p><p>A isto deve-se acrescentar a afirmação de S.</p><p>Paulo: “Porque por Ele, ambos temos acesso ao</p><p>Pai em um Espírito.” Efésios 2:18. E em Hebreus</p><p>10:9-15 vemos que a vontade é do Pai, o Filho exe­</p><p>cuta e o Espírito testifica.</p><p>Concernente a esse insondável mistério não te­</p><p>mos absolutamente nenhuma teoria a apresentar.</p><p>Nenhuma tentativa fazemos para definir ou ana­</p><p>lisar a natureza da Trindade. Trata-se simplesmen­</p><p>te de uma verdade revelada e declarada.</p><p>Breve Relato Histórico de Perversão</p><p>Apenas uma palavra ainda, antes de encerrar</p><p>as considerações sobre o caráter do Espírito San­</p><p>to. Um sucinto relato da perversão desta verda­</p><p>_________ A Personalidade do Espírito_________</p><p>55</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>de pode ser útil. No terceiro</p><p>século, época do flo­</p><p>rescimento das apostasias, Paulo de Samotrácia</p><p>apresentou uma teoria que negava a personalida­</p><p>de do Espírito Santo e O considerava simplesmen­</p><p>te uma influência, uma expressão de energia e po­</p><p>der divinos, uma influência emanada de Deus e</p><p>exercida no homem. Quando veio a Reforma Pro­</p><p>testante, dois homens, Laelus Socinus e seu so­</p><p>brinho Fausto Socinus, reacenderam essa teoria</p><p>e muitos a aceitaram.</p><p>Essa influência, que faz baixar a tem peratura</p><p>espiritual, foi sentida em todas as igrejas protes­</p><p>tantes. Na Versão Autorizada de 1611 (em inglês)</p><p>o pronome pessoal aplicado por Cristo ao Espíri­</p><p>to Santo, em Romanos 8:16 e 26, é traduzido pa­</p><p>ra o neutro it ou itself, o que indica a atitude de</p><p>pessoas cristãs naquele tempo, referindo-se ao Es­</p><p>pírito como coisa (it).</p><p>É significativo que as declarações do Espí­</p><p>rito de Profecia eram categoricamente contrá­</p><p>rias às idéias prevalecentes de alguns pionei­</p><p>ros adventistas, inclinados que eram a esse con­</p><p>ceito impessoal de uma influência, desprezan­</p><p>do assim a doutrina da Trindade. Na verdade, a</p><p>fonte desses escritos inspirados é o Céu e não a</p><p>Terra.</p><p>Não somente foi a personalidade do Espírito</p><p>Santo atacada naqueles tempos, mas também Sua</p><p>divindade foi posta em dúvida no quarto século por</p><p>Ário, presbítero de Alexandria. Ensinava ele que</p><p>Deus era uma Pessoa eterna, infinitamente supe­</p><p>rior aos anjos, e que Seu unigénito Filho exerceu</p><p>56</p><p>poder sobrenatural na criação da terceira Pessoa,</p><p>o Espírito Santo.</p><p>A diferença entre essas duas heresias, o socinia-</p><p>sismo e o arianismo, consiste em que esta última</p><p>reconhece a personalidade do Espírito Santo ao pas­</p><p>so que nega Sua própria divindade. De acordo com</p><p>Ário, o Espírito Santo é uma pessoa criada. Se é</p><p>criada, então não é a divindade. Quanto à persona­</p><p>lidade do Espírito, abordamos o suficiente.</p><p>_________ A Personalidade do Espírito_________</p><p>57</p><p>A Missão</p><p>do Espirito</p><p>M J 1 ntram os agora na terceira fase deste estu-</p><p>M J do: a missão do Espírito Santo. Sua função</p><p>é quíntupla:</p><p>1. Em primeiro lugar, Ele revela Cristo como</p><p>uma presença que habita em nós.</p><p>2. Ele revela a verdade de Deus, tornando-a</p><p>uma realidade em nosso íntimo.</p><p>3. Foi-Lhe confiada a tarefa de santificar o</p><p>homem.</p><p>4. Ele testifica de Cristo.</p><p>5. Ele glorifica a Cristo.</p><p>Mas de todas as declarações de Cristo, nenhu­</p><p>ma deixou os discípulos mais perplexos do que</p><p>esta:</p><p>“Mas Eu vos digo a verdade: Convém-vos que</p><p>Eu vá, porque se Eu não for, o Consolador não</p><p>virá para vós outros; se, porém, Eu for, Eu vo-Lo</p><p>enviarei.” S. João lb:7.</p><p>58</p><p>A Missão do Espírito</p><p>Como devem te r ficado surpresos! Por três</p><p>anos Jesus entrara e saíra entre eles. Haviam ou­</p><p>vido a sinfonia de Suas palavras. Haviam contem­</p><p>plado com assombro os Seus feitos. NEle se cen­</p><p>tralizavam as mais acariciadas esperanças dos dis­</p><p>cípulos. No entanto, Ele afirma que Sua partida</p><p>será para o bem deles. Por quê? Porque na carne</p><p>podia comunicar-Se com eles somente pelo toque</p><p>externo através de mensagens expressas na im­</p><p>perfeita linguagem humana. Sua presença e co­</p><p>munhão eram externas.</p><p>A Presença Pessoal de Cristo Localizada</p><p>Além disso, Sua presença era localizada, limi­</p><p>tada e individualizada. Se estivesse na Judéia, não</p><p>poderia estar no Egito. Se em Jerusalém, não po­</p><p>deria estar em Cafarnaum. Depois de te r ensina­</p><p>do os Seus princípios, ordenado os discípulos pa­</p><p>ra sua missão e oferecido a Si mesmo definitiva­</p><p>mente, Sua missão na carne foi cumprida. Sua vol­</p><p>ta para o Céu era necessária para que o Espírito</p><p>viesse, e essa vinda era lucro.</p><p>Melhor do que Sua presença corpórea duran­</p><p>te a era cristã seria Sua permanência com Seus</p><p>seguidores, mediante o Espírito Santo. Através</p><p>do Espírito Ele tem comunhão e companheirismo</p><p>com inumeráveis corações em todo o mundo. Ago­</p><p>ra, sem nenhuma limitação geográfica, Ele está</p><p>presente em toda parte. Quando Cristo esteve na</p><p>Terra, achava-Se fora do homem, dele separado</p><p>por uma distância material. Mediante a provisão</p><p>59</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>do Espírito Santo essa distância desapareceu. Ele</p><p>está infinitamente mais perto agora do que quan­</p><p>do lavou os pés dos discípulos. Note-se:</p><p>“E o Pentecoste lhes trouxe a presença do Con­</p><p>solador, do qual Cristo dissera: ‘estará em vós’.</p><p>E dissera mais: ‘Digo-vos a verdade, que vos con­</p><p>vém que Eu vá; porque, se Eu não for, o Consola­</p><p>dor não virá a vós; mas, se Eu for, enviar-vo-Lo-</p><p>ei.’ Daí por diante, por meio do Espírito, Cristo</p><p>habitaria continuamente no coração de Seus filhos.</p><p>Sua união com Ele era mais íntima do que quan­</p><p>do estava pessoalmente com eles. A luz, o amor</p><p>e poder do Cristo que neles habitava se refletiam</p><p>em sua vida, de maneira que os homens, vendo-</p><p>os, se maravilhavam; ‘e tinham conhecimento que</p><p>eles haviam estado com Jesus’.” — Caminho Pa­</p><p>ra Cristo, págs. 74 e 75.</p><p>A Morada Interior do Espírito</p><p>A importância desta tremenda verdade jamais</p><p>poderá ser salientada demais. Leiamos outra vez</p><p>S. João 14:16, 17, 21-23:</p><p>“E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro</p><p>Consolador, a fim de que esteja para sempre con­</p><p>vosco, o Espírito da verdade, que o mundo não po­</p><p>de receber, porque não O vê, nem O conhece; vós</p><p>O conheceis, porque Ele habita convosco e estará</p><p>em vós.” “Aquele que tem os Meus mandamen­</p><p>tos e os guarda, esse é o que Me ama; e aquele que</p><p>Me ama será amado por Meu Pai, § Eu também</p><p>o amarei e Me manifestarei a ele. ... Respondeu</p><p>60</p><p>A Missão do Espírito</p><p>Jesus: Se alguém Me ama, guardará a Minha pa­</p><p>lavra; e Meu Pai o amará, e viremos para ele e fa­</p><p>remos nele morada.”</p><p>Através das eras antigas o Espírito Santo es­</p><p>tivera com os homens, mas era propósito de Deus</p><p>que, do Pentecoste em diante, Ele estivesse “em</p><p>vós” . E sta deve ser uma sagrada realidade. 0</p><p>mundo não O recebe porque não 0 vê. A devoção</p><p>do mundo é para coisas visíveis, materiais. O cris­</p><p>tão, porém, deve compreender que Deus o Espí­</p><p>rito ocupa pessoalmente o seu coração, habitan­</p><p>do nele.</p><p>A primeira e a segunda Pessoas da Divindade</p><p>asseguram Sua morada na Terra mediante a te r­</p><p>ceira Pessoa, que é o Seu representante perm a­</p><p>nente. A presença de um envolve a presença dos</p><p>outros, e assim somos conscientizados da presen­</p><p>ça de Cristo. Para conhecer o Pai devemos conhe­</p><p>cer o Filho (S. Mateus 11:27), e para conhecer o</p><p>Filho devemos conhecer o Espírito. Assim o Fi­</p><p>lho revela o Pai, e o Espírito revela o Filho.</p><p>Assim já não somos mais órfãos. Não há mais</p><p>isolamento nem solidão. A humanidade anseia pela</p><p>presença pessoal de Cristo. Então, ao nos render­</p><p>mos ao Espírito Santo, temos'em nós essa trans­</p><p>formadora presença. Leiamos:</p><p>“A obra do Espírito Santo é imensuravelmen-</p><p>te grande. Dessa fonte é que provém poder e efi­</p><p>ciência para o obreiro de Deus; e o Espírito San­</p><p>to é o Consolador, como a presença pessoal de Cris­</p><p>to para a alma.” — E.G. White, Review andHe-</p><p>rald , 29 de novembro de 1892.</p><p>61</p><p>A Vinda do Consolador</p><p>O Espírito Une a Vida de Deus e a do Homem</p><p>0 Espírito Santo vem como Deus para tomar</p><p>posse da vida do homem. Tem-se então consciên­</p><p>cia do vivo e glorificado Senhor. E Ele Se dá a cada</p><p>alma tão completamente como se ela fosse na Ter­</p><p>ra a única em quem Deus habita. Tal relaciona­</p><p>mento pode ser permanente. Conquanto o Cristo</p><p>histórico seja absolutamente necessário, Ele não</p><p>salva do poder do pecado. Devemos te r um Salva­</p><p>dor vivo, presente, o Cristo da História feito o Cris­</p><p>to da experiência. Lemos ainda:</p><p>“O Espírito Santo procura habitar em cada al­</p><p>ma. Caso seja Ele bem-vindo como hóspede hon­</p><p>rado, os que O receberem se tornarão completos</p><p>em Cristo. A boa obra começada será terminada;</p><p>os pensamentos santos, as celestiais afeições e os</p><p>atos semelhantes aos de Cristo tomarão o lugar</p><p>dos pensamentos impuros, dos sentimentos per­</p><p>versos e dos atos obstinados.” — Conselhos Sobre</p><p>Saúde, pág. 561.</p><p>“E estarei em vós!” Para isto foi o homem cria­</p><p>do. Para isto Jesus viveu e morreu. Faltando is­</p><p>to, a vida do discípulo é minada pelos fracassos,</p><p>ao passo que a vida do verdadeiro cristão</p>

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