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<p>RESUMO - PROJETO INTEGRADOR</p><p>IMPACTO DAS POLÍTICAS ECONÔMICAS NA ESTABILIDADE E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA</p><p>Vinícius Francisco de Souza[footnoteRef:0] [0: ]</p><p>Professor[footnoteRef:1] [1:</p><p>]</p><p>RESUMO</p><p>Este artigo analisa a importância das políticas econômicas para a estabilidade econômica e a distribuição de renda. Exploram-se conceitos de políticas fiscais, monetárias e sociais, e a evolução histórica dessas abordagens. Casos como o Plano Real no Brasil e o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) na União Europeia ilustram o impacto das políticas na economia e na justiça social. O estudo destaca a necessidade de políticas adaptáveis e resilientes diante de desafios globais como a pandemia de COVID-19, enfatizando a integração de estabilidade econômica com equidade social.</p><p>Palavras-chave: máximo 5 palavras. Separadas por ponto e vírgula.</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>As políticas econômicas desempenham um papel central na promoção da estabilidade macroeconômica e na distribuição de renda. A desigualdade econômica é um dos principais desafios enfrentados por nações em todo o mundo, sendo agravada por fatores como a globalização, mudanças tecnológicas e volatilidades no mercado financeiro. Nesse contexto, a formulação e implementação de políticas fiscais, monetárias e sociais se mostram fundamentais para a construção de um ambiente econômico mais justo e estável.</p><p>A política fiscal, por meio da tributação e dos gastos públicos, pode ser utilizada como instrumento de redistribuição de renda, reduzindo as disparidades socioeconômicas. Paralelamente, a política monetária, ao regular a oferta de dinheiro e as taxas de juros, influencia diretamente a inflação e o poder de compra da população, impactando a estabilidade econômica. Além disso, políticas sociais, como programas de transferência de renda, também contribuem para o combate à pobreza e à exclusão social.</p><p>Sobre essa questão, Piketty (2014) afirma que “a história da distribuição da riqueza sempre foi profundamente política, e não pode ser compreendida sem uma análise das políticas econômicas que moldam o desenvolvimento de cada sociedade”. Essa visão ressalta a importância das decisões políticas na construção de um ambiente econômico que privilegie a equidade e a estabilidade.</p><p>Diante da complexidade inerente à economia global, este estudo busca analisar a importância das políticas econômicas na promoção da estabilidade e na distribuição de renda, explorando as diferentes abordagens e seus impactos nas economias nacionais e no bem-estar da população.</p><p>2. OBJETIVOS</p><p>2.1 Objetivo Geral</p><p>Este estudo tem como objetivo principal analisar o papel das políticas econômicas na promoção da estabilidade macroeconômica e na melhoria da distribuição de renda. A investigação buscará compreender como diferentes abordagens de políticas fiscais, monetárias e sociais influenciam a equidade econômica e a estabilidade financeira, e identificar quais estratégias têm se mostrado mais eficazes na redução das desigualdades e no fortalecimento da economia.</p><p>2.2 Objetivos Específicos</p><p>· Refletir sobre a eficácia das políticas fiscais na redistribuição de renda, investigando como a tributação e os gastos públicos podem contribuir para a redução das disparidades econômicas e promover maior equidade social.</p><p>· Pesquisar o impacto da política monetária na estabilidade econômica, avaliando como a regulação das taxas de juros e da oferta de dinheiro influencia a inflação e o poder de compra, e como essas variáveis afetam a estabilidade financeira.</p><p>· Ponderar a contribuição das políticas sociais para a redução da pobreza e da exclusão social, destacando a importância dos programas de transferência de renda e outras iniciativas sociais na promoção de uma sociedade mais inclusiva.</p><p>· Comparar diferentes abordagens políticas adotadas por países em desenvolvimento e desenvolvidos, analisando práticas bem-sucedidas e desafios enfrentados, para identificar modelos eficazes e adaptáveis a diferentes contextos econômicos.</p><p>· Refletir sobre os efeitos das políticas econômicas sobre a desigualdade econômica ao longo do tempo, utilizando dados históricos e recentes para avaliar como as mudanças nas políticas influenciam a distribuição de renda e quais são as tendências emergentes.</p><p>3. METODOLOGIA</p><p>A metodologia adotada para este estudo segue a abordagem de revisão bibliográfica descrita por Lakatos e Marconi (2017) em Metodologia Científica. O processo de revisão bibliográfica será conduzido de maneira sistemática, utilizando uma variedade de bancos de dados acadêmicos, incluindo Google Scholar, JSTOR, Scopus e Web of Science. A busca será direcionada para encontrar artigos acadêmicos, livros e outros materiais relevantes que abordam a temática das políticas econômicas e seus efeitos sobre a estabilidade econômica e a distribuição de renda. A seleção dos materiais será guiada por critérios rigorosos: serão incluídos apenas aqueles que se mostram diretamente pertinentes aos objetivos do estudo, apresentando qualidade metodológica robusta e relevância para o tema central.</p><p>A revisão começará com a triagem dos resultados encontrados, excluindo documentos que não atendam aos critérios estabelecidos, como aqueles que não se enquadram no escopo do estudo, que estão disponíveis apenas em idiomas distintos do português ou inglês, ou que apresentam metodologias questionáveis e baixa relevância científica. Em seguida, será realizada uma análise crítica dos textos selecionados, com foco na identificação de padrões, abordagens teóricas e resultados que contribuam para a compreensão da relação entre políticas econômicas e seus impactos na estabilidade e na redistribuição de renda.</p><p>Os materiais serão classificados e analisados de maneira a destacar os principais achados e insights, permitindo uma integração dos resultados que forneça uma visão abrangente e detalhada sobre o impacto das políticas econômicas. Essa abordagem permitirá uma avaliação crítica das diferentes estratégias e práticas adotadas em diversos contextos, ajudando a elucidar como as políticas fiscais, monetárias e sociais podem influenciar a equidade econômica e a estabilidade financeira.</p><p>4. DESENVOLVIMENTO</p><p>4.1 Conceitos e historicidade</p><p>As políticas econômicas são um conjunto de estratégias e intervenções implementadas por governos para influenciar a economia e alcançar objetivos macroeconômicos. Essas políticas se dividem em fiscais, monetárias e sociais. As políticas fiscais envolvem a gestão das receitas e despesas públicas, buscando influenciar a economia através de impostos e gastos governamentais. Segundo Mankiw (2014), a política fiscal pode ser usada para estimular a economia em períodos de recessão, aumentando os gastos públicos ou reduzindo impostos, e para esfriar uma economia em expansão através de medidas contrárias.</p><p>A política monetária, por sua vez, refere-se ao controle da oferta de dinheiro e das taxas de juros, com o objetivo de garantir a estabilidade econômica. De acordo com Blanchard e Johnson (2013), a política monetária é crucial para controlar a inflação e influenciar o nível de atividade econômica. Bancos centrais, como o Federal Reserve nos Estados Unidos e o Banco Central Europeu, utilizam essas políticas para manter a estabilidade econômica e promover o crescimento sustentável.</p><p>A estabilidade econômica é um estado desejado onde a economia opera sem grandes flutuações em indicadores como inflação, desemprego e crescimento econômico. Este conceito é central para criar um ambiente econômico previsível e favorável aos investimentos. Mankiw (2014) observa que a estabilidade é crucial para o crescimento econômico sustentável e a confiança dos investidores, e que grandes flutuações podem levar a crises econômicas e insegurança financeira.</p><p>A distribuição de renda é um conceito que trata de como a renda é repartida entre os diversos segmentos da população. Uma distribuição equitativa é importante para promover justiça social e reduzir desigualdades. Segundo Atkinson (2015), desigualdades na distribuição de renda podem impactar</p><p>negativamente a coesão social e o crescimento econômico. A avaliação da desigualdade é frequentemente realizada através de índices como o coeficiente de Gini, que mede a disparidade na distribuição de renda dentro de uma sociedade.</p><p>Historicamente, as políticas econômicas têm evoluído com as necessidades e contextos econômicos dos diferentes períodos. No século XX, após a Grande Depressão de 1929, houve uma ênfase crescente na intervenção estatal na economia, com o surgimento da teoria keynesiana, que enfatizava a importância do papel do governo na estabilização econômica e no estímulo ao crescimento. Keynes (1936) argumentou que o governo deve atuar para suavizar as flutuações econômicas e promover o pleno emprego.</p><p>Nas décadas seguintes, muitos países adotaram políticas de bem-estar social e redistribuição de renda para enfrentar as desigualdades e promover a estabilidade econômica. A implementação dessas políticas variou, com países desenvolvidos frequentemente adotando modelos mais abrangentes e os países em desenvolvimento ajustando suas abordagens conforme suas necessidades econômicas específicas. A partir da década de 1980, houve uma tendência global em direção à liberalização econômica e redução do papel do Estado, o que trouxe novos desafios para a estabilidade e a distribuição de renda, como observado por Harvey (2005).</p><p>No século XXI, as políticas econômicas enfrentam desafios globais como a globalização e as crises financeiras. A adoção de políticas fiscais expansionistas e monetárias não convencionais, como a flexibilização quantitativa, tornou-se comum em resposta a crises econômicas e baixas taxas de crescimento. Esses ajustes refletem a necessidade contínua de adaptar as políticas econômicas para enfrentar um ambiente econômico em constante mudança, conforme discutido por Stiglitz (2012).</p><p>4.2 Políticas Econômicas e sua Aplicação Prática</p><p>Para entender a aplicação prática das políticas econômicas, é essencial explorar como diferentes países implementam essas estratégias e quais são os resultados observados. As políticas fiscais, por exemplo, variam amplamente entre países, dependendo de suas prioridades e capacidades econômicas. Países com economias desenvolvidas frequentemente adotam políticas fiscais que visam não apenas estabilizar a economia, mas também promover a redistribuição de renda e financiar programas de bem-estar social. Em contraste, países em desenvolvimento podem enfrentar desafios maiores para implementar políticas fiscais eficazes devido a limitações orçamentárias e à necessidade de incentivar o crescimento econômico enquanto lidam com desigualdades significativas. Por exemplo, o caso do Plano Real no Brasil e o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) na União Europeia.</p><p>4.2.1 O Caso do Plano Real: Um Exemplo de Política Econômica no Brasil</p><p>Um exemplo marcante de política econômica no Brasil é o Plano Real, implementado em 1994, que visou estabilizar a economia e controlar a hiperinflação que assolava o país na década de 1990. O Plano Real é frequentemente citado como um caso bem-sucedido de intervenção econômica que trouxe estabilidade e teve um impacto significativo na distribuição de renda.</p><p>O Plano Real surgiu em um contexto de crise econômica, caracterizado por inflação galopante, instabilidade monetária e perda de poder aquisitivo da população. O plano foi desenvolvido sob a liderança do então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e teve como pilares a criação de uma nova moeda, o real, e a implementação de uma série de reformas econômicas e fiscais. Segundo Bresser-Pereira (2003), a introdução do real foi acompanhada por uma política de âncora cambial, onde o valor do real foi inicialmente atrelado ao dólar americano para garantir a estabilidade dos preços.</p><p>O Plano Real foi eficaz em controlar a hiperinflação e trazer uma relativa estabilidade econômica ao Brasil. Conforme documentado por Bresser-Pereira (2003), a inflação foi reduzida drasticamente, passando de mais de 2.000% ao ano em 1993 para níveis muito mais baixos em 1994 e nos anos seguintes. Essa estabilização ajudou a restaurar a confiança na economia e a promover o crescimento econômico sustentado.</p><p>O impacto do Plano Real na distribuição de renda também foi significativo. A estabilização da economia resultou em um aumento real do poder de compra para a maioria da população, o que ajudou a reduzir a pobreza e a desigualdade em um curto espaço de tempo. Bresser-Pereira ainda (2003), o plano contribuiu para uma melhora nos indicadores sociais, como a redução da pobreza e a ampliação do acesso a bens e serviços para os segmentos mais pobres da sociedade.</p><p>No entanto, o Plano Real também enfrentou desafios e limitações. A estabilidade econômica alcançada não foi suficiente para resolver todos os problemas estruturais da economia brasileira. A concentração de renda e as desigualdades regionais persistiram, e a necessidade de reformas adicionais em áreas como previdência social e mercado de trabalho continuou a ser um tema de debate. Além disso, a política de âncora cambial expôs o Brasil a vulnerabilidades externas, como evidenciado pela crise cambial de 1999.</p><p>4.2.2 O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC): Política Econômica Europeia</p><p>O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) é uma política econômica adotada pela União Europeia em 1997 com o objetivo de promover a disciplina fiscal entre os países da zona do euro. Sua implementação foi fundamental para garantir a estabilidade do euro, evitando que desequilíbrios fiscais em um país-membro pudessem comprometer a estabilidade econômica da união monetária como um todo.</p><p>O PEC foi projetado para complementar a união monetária do euro, estabelecendo critérios para manter a estabilidade fiscal dos países da zona do euro. Segundo Paul De Grauwe (2016) em seu livro Economics of Monetary Union, o pacto determinava que os países deveriam manter um déficit público abaixo de 3% do PIB e uma dívida pública inferior a 60% do PIB. Essas medidas visavam evitar que políticas fiscais insustentáveis em um país pudessem gerar riscos para toda a união monetária.</p><p>A implementação da PEC ajudou a fortalecer a credibilidade da zona do euro no início dos anos 2000. Entretanto, as crises subsequentes, especialmente a crise financeira global de 2008 e a crise da dívida soberana europeia, evidenciaram as limitações do pacto. Como aponta Stiglitz (2016) em The Euro: How a Common Currency Threatens the Future of Europe, a insistência nas metas de austeridade fiscal, em conformidade com o PEC, levou muitos países a adotarem medidas de austeridade que contribuíram para a recessão e aumentaram as desigualdades sociais, em vez de promover o crescimento econômico.</p><p>Os impactos do PEC na distribuição de renda foram especialmente controversos. Em países como Grécia, Espanha e Portugal, as medidas de austeridade impostas pelo pacto resultaram em cortes nos gastos públicos e aumento da carga tributária, afetando de forma desproporcional as classes mais baixas e aprofundando as desigualdades. Segundo De Grauwe (2016), as políticas de austeridade agravam a recessão nesses países, reduzindo as oportunidades de emprego e os investimentos em áreas-chave como saúde e educação.</p><p>Devido às críticas e desafios enfrentados durante as crises, o PEC passou por revisões, como a introdução do "Six-Pack" em 2011 e o "Two-Pack" em 2013, para fortalecer a supervisão e a coordenação fiscal na zona do euro (De Grauwe, 2016). Essas reformas foram direcionadas para permitir uma maior flexibilidade em casos de recessões profundas, mas ainda mantiveram o foco na disciplina fiscal.</p><p>4.3 Desafios e Tendências Atuais</p><p>O cenário econômico global contemporâneo é marcado por desafios que influenciam diretamente a implementação e a eficácia das políticas econômicas. A globalização, por exemplo, tem sido um fenômeno de duplo impacto. Como argumenta Anthony Giddens (1999) em Runaway World: How Globalisation is Reshaping our Lives, a globalização ampliou os mercados e oportunidades de crescimento, facilitando o fluxo</p><p>de capitais, mercadorias e tecnologias. No entanto, ela também intensificou desigualdades, levando a um cenário onde políticas nacionais precisam lidar com influências e pressões globais.</p><p>Nesse contexto, políticas econômicas devem ser cada vez mais adaptáveis e resilientes. A crise financeira global de 2008 é um exemplo emblemático desse desafio. Economistas como Joseph Stiglitz (2010), em Freefall: America, Free Markets, and the Sinking of the World Economy, apontam que a desregulamentação dos mercados financeiros e a falta de mecanismos de controle contribuíram para a crise, revelando fragilidades nos sistemas econômicos globais. A partir desse evento, a necessidade de uma regulação financeira mais rigorosa e de políticas fiscais contracíclicas tornou-se um ponto central do debate econômico.</p><p>Além da crise de 2008, a pandemia de COVID-19 trouxe à tona a necessidade de políticas econômicas que consigam responder rapidamente a choques inesperados. Como destaca MAITAL E BARZANI (2020) em suas análises, a pandemia exigiu um retorno ao papel ativo do Estado na economia, com a implementação de pacotes de estímulo fiscal e monetário para evitar colapsos econômicos. Nesse sentido, governos ao redor do mundo tiveram que equilibrar a estabilização econômica e a distribuição de renda, muitas vezes recorrendo a políticas sociais para mitigar os impactos da crise em populações vulneráveis.</p><p>Os exemplos recentes demonstram que a busca por estabilidade econômica não pode ser dissociada das preocupações com a distribuição de renda. No cenário atual, políticas econômicas eficazes precisam incorporar mecanismos que promovam a equidade social, garantindo que os benefícios do crescimento econômico sejam distribuídos de forma mais justa. Como argumenta Amartya Sen (1999) em Development as Freedom, o desenvolvimento econômico deve ser avaliado não apenas pelo aumento da renda, mas também pela expansão das liberdades e oportunidades para as pessoas. Portanto, políticas econômicas modernas enfrentam o desafio de conciliar estabilidade com justiça social.</p><p>A integração de políticas fiscais, monetárias e sociais é fundamental para lidar com crises e assegurar um desenvolvimento sustentável e inclusivo. No contexto da pandemia, por exemplo, muitos países adotaram medidas de transferência direta de renda e subsídios para pequenas empresas, buscando manter um nível mínimo de estabilidade econômica e proteger a população mais vulnerável.</p><p>5. RESULTADOS E DISCUSSÃO</p><p>O exame das políticas econômicas e suas implicações revela insights importantes sobre como essas estratégias moldam a estabilidade econômica e a distribuição de renda. A análise dos casos do Plano Real no Brasil e do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) na União Europeia oferece uma perspectiva prática sobre a eficácia e as limitações das políticas econômicas em diferentes contextos.</p><p>O Plano Real, implementado em 1994, é amplamente considerado um exemplo bem-sucedido de intervenção econômica que estabilizou a hiperinflação no Brasil e trouxe avanços significativos na distribuição de renda. A criação de uma nova moeda, a implementação de reformas fiscais e a política de âncora cambial foram cruciais para a redução da inflação e a recuperação da confiança econômica. Segundo Bresser-Pereira (2003), o plano não apenas controlou a inflação, mas também proporcionou um aumento real do poder de compra, contribuindo para a redução da pobreza e desigualdade no curto prazo. No entanto, apesar dos ganhos alcançados, o Plano Real não resolveu todos os problemas estruturais da economia brasileira. A persistência da concentração de renda e as desigualdades regionais indicam que a estabilidade econômica obtida foi apenas um passo em direção a uma transformação econômica mais profunda. Bresser-Pereira (2003) aponta que, embora o plano tenha proporcionado estabilidade, a necessidade de reformas adicionais em áreas como previdência social e mercado de trabalho continua sendo um desafio.</p><p>O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), instituído para assegurar a disciplina fiscal entre os países da zona do euro, visava evitar que desequilíbrios fiscais comprometessem a estabilidade da moeda única. O pacto estabeleceu critérios rígidos para déficits e dívidas públicas, com o intuito de manter a credibilidade da união monetária. De acordo com Paul De Grauwe (2016), essas medidas inicialmente fortaleceram a confiança na zona do euro, contribuindo para a estabilidade econômica na década de 2000. No entanto, a crise financeira global de 2008 e a crise da dívida soberana europeia expuseram as limitações do PEC. As exigências de austeridade fiscal, conforme discutido por Stiglitz (2016), resultaram em recessão e aumento das desigualdades sociais em diversos países europeus. As medidas de austeridade aplicadas, especialmente em países como Grécia, Espanha e Portugal, exacerbaram as disparidades socioeconômicas e comprometeram o crescimento econômico. De Grauwe (2016) observa que, embora o PEC tenha sido revisado para incorporar mais flexibilidade, os impactos negativos das políticas de austeridade foram profundos e duradouros.</p><p>Os desafios contemporâneos, como a globalização e crises econômicas recentes, destacam a necessidade de políticas econômicas adaptativas e resilientes. Giddens (1999) ressalta que a globalização ampliou oportunidades, mas também intensificou desigualdades, exigindo que as políticas econômicas nacionais se ajustem a um ambiente global interconectado. A crise financeira de 2008 e a pandemia de COVID-19 demonstram a importância de políticas fiscais e monetárias robustas. Stiglitz (2010) e Maital e Barzani (2020) argumentam que essas crises ressaltaram a necessidade de regulação financeira e de políticas econômicas que não apenas estabilizem a economia, mas também protejam os segmentos mais vulneráveis da população. As medidas de estímulo fiscal e monetário adotadas globalmente refletem a crescente compreensão de que a estabilidade econômica deve ser acompanhada por esforços para mitigar desigualdades e promover justiça social.</p><p>O trabalho de Amartya Sen (1999) enfatiza que o desenvolvimento econômico deve ser avaliado pela expansão das oportunidades e liberdades, além do crescimento econômico em si. A necessidade de políticas que integrem a estabilidade econômica com a justiça social é evidente em um cenário onde as crises e desigualdades revelam a importância de um enfoque equilibrado. Em suma, os casos analisados e os desafios contemporâneos sublinham a complexidade das políticas econômicas. A eficácia dessas políticas depende não apenas de sua capacidade de estabilizar a economia, mas também de sua capacidade de promover uma distribuição equitativa de recursos e oportunidades. A experiência com o Plano Real e o PEC, bem como as lições aprendidas durante crises recentes, oferecem direções valiosas para a formulação de políticas econômicas mais eficazes e inclusivas no futuro.</p><p>6. CONCLUSÃO</p><p>A análise das políticas econômicas e suas implicações para a estabilidade econômica e a distribuição de renda revela a complexidade e a importância dessas estratégias na administração econômica. O estudo dos casos do Plano Real no Brasil e do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) na União Europeia demonstra como as políticas econômicas podem influenciar significativamente a trajetória econômica e o bem-estar social de diferentes países.</p><p>O Plano Real, com sua abordagem para enfrentar a hiperinflação e estabilizar a economia brasileira, destacou a importância de intervenções executadas para alcançar estabilidade econômica e melhorias na distribuição de renda. No entanto, também evidenciou que, mesmo com sucesso inicial, são necessárias reformas contínuas e ajustes para resolver desafios estruturais persistentes e garantir que os ganhos sejam sustentáveis e inclusivos.</p><p>Por outro lado, o PEC, ao estabelecer regras rígidas para a disciplina fiscal dentro da zona do euro, buscou garantir a estabilidade da moeda única e evitar crises fiscais. No entanto, as críticas ao pacto, especialmente</p><p>durante a crise financeira global e a crise da dívida soberana, mostram que uma abordagem excessivamente rígida pode exacerbar desigualdades e prejudicar o crescimento econômico. A experiência com o PEC ressalta a necessidade de uma abordagem equilibrada que concilie disciplina fiscal com flexibilidade para enfrentar situações econômicas adversas.</p><p>Além disso, o contexto global contemporâneo, marcado pela globalização e por crises econômicas recorrentes, exige que as políticas econômicas sejam cada vez mais adaptáveis e resilientes. A pandemia de COVID-19 e a crise financeira de 2008 evidenciam a importância de políticas que não apenas estabilizem a economia, mas também abordem as desigualdades sociais e promovam uma distribuição justa dos benefícios econômicos.</p><p>Em conclusão, a eficácia das políticas econômicas não deve ser avaliada apenas pela sua capacidade de estabilizar a economia, mas também pelo seu impacto na equidade social e na melhoria das condições de vida da população. A integração de políticas fiscais, monetárias e sociais é fundamental para alcançar um desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo. As lições aprendidas com o Plano Real e o PEC, bem como as exigências impostas por crises globais recentes, fornecem uma base sólida para a formulação de políticas econômicas que busquem não apenas estabilidade, mas também justiça social e equidade.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>PIKETTY, Thomas. O capital no século XXI. Editora Intrínseca, 2014.</p><p>ATKINSON, Anthony B. Inequality: What can be done?. 2015.</p><p>MARCONI, M. de A.; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2004.</p><p>MAITAL, Shlomo; BARZANI, Ella. The global economic impact of COVID-19: A summary of research. Samuel Neaman Institute for National Policy Research, v. 2020, n. 2020, p. 1-12, 2020.</p><p>SEN, A. Development as Freedom. Oxford University Press. 1990</p><p>STIGLITZ, Joseph E. Freefall: America, free markets, and the sinking of the world economy. WW Norton & Company, 2010.</p><p>SICHONE, Owen. Runaway World: How Globalisation is Reshaping Our Lives. 2002.</p><p>STIGLITZ, Joseph E. The euro: How a common currency threatens the future of Europe. WW Norton & Company, 2016.</p><p>GIAVAZZI, Francesco; PAGANO, Marco. Can severe fiscal contractions be expansionary? Tales of two small European countries. NBER macroeconomics annual, v. 5, p. 75-111, 1990.</p><p>DE GRAUWE, P. Economics of Monetary Union: Oxford University Press. 2018.</p><p>BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. A crise financeira global e depois: um novo capitalismo?. Novos estudos CEBRAP, p. 51-72, 2010.</p><p>PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Desenvolvimento e crise no Brasil: história, economia e política de Getúlio Vargas a Lula. Editora 34, 2003.</p><p>BLANCHARD, O. JOHNSON, DR. Macroeconomics. Pearson, 2013.</p><p>HARVEY, David. A brief history of neoliberalism. Oxford University Press, USA, 2007.</p><p>MANKIW, N. G. Principles Of Economics . Cengage Learning. Boston, MA, USA, 2020.</p><p>STIGLITZ, Joseph E. The price of inequality: How today’s divided society endangers our future. WW Norton & Company, 2012.</p>