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<p>Choque anafiatico</p><p>Definição e Sinais:</p><p>· Reação multissistêmica grave de início agudo e potencialmente fatal.</p><p>· Sintomas: urticária, angioedema, comprometimento respiratório, gastrintestinal e/ou hipotensão arterial.</p><p>· Diagnóstico alertado por dois ou mais sintomas imediatamente após exposição ao alérgeno.</p><p>· A ausência de critérios mais abrangentes leva à sua subnotificação, subdiagnóstico e possíveis erros ou retardo na instituição da terapêutica adequada.</p><p>· O termo ANAFILAXIA deve ser utilizado na descrição tanto de casos mais graves acompanhados de choque (colapso cardiovascular), quanto dos casos mais leves.</p><p>Incidência e Fatores Desencadeantes:</p><p>· Incidência verdadeira desconhecida, mas relatos de aumento em países como Austrália, Reino Unido e EUA.</p><p>· Principais desencadeantes: medicamentos (antibióticos, AINH), alimentos, látex.</p><p>· Fatores culturais e socioeconômicos influenciam exposição a alimentos.</p><p>· Látex: aumento da anafilaxia, atenção especial a grupos de risco e reações cruzadas com frutas.</p><p>· Medicamentos perioperatórios: relaxantes musculares, antibióticos, AINH, coloides, opiáceos.</p><p>· Radiocontrastes iônicos: cerca de 2% de reações adversas, menos frequentes com contrastes não-iônicos.</p><p>· Exercício físico isolado ou associado a alimentos pode desencadear anafilaxia.</p><p>· No Brasil, principais agentes causais: medicamentos (AINH, antibióticos), alimentos (leite, clara de ovo, crustáceos), picadas de insetos. Cerca de 10% idiopática.</p><p>Como fazer o diagnóstico?</p><p>Recentemente a World Allergy Organization (WAO) definiu novos critérios clínicos relacionados à alta probabilidade diagnóstica de anafilaxia em pacientes adultos e pediátricos conforme descrito no Quadro 1.</p><p>· O espectro das manifestações clínicas compreende desde reações leves até graves e fatais. O início geralmente é súbito, podendo atingir vários órgãos.</p><p>· Os sintomas iniciais ocorrem em segundos/minutos até horas após a exposição ao agente causal.</p><p>· É importante ressaltar que reações bifásicas podem ocorrer de 8 a 12 horas em até 10% dos casos.</p><p>Diagnóstico de Anafilaxia: Aspectos Importantes:</p><p>Eminência Clínica:</p><p>· Diagnóstico primariamente clínico.</p><p>· Anamnese detalhada: agente suspeito, via de administração, dose, sequência de sintomas, tempo de início, tratamentos prévios, fatores associados (exercício, medicamentos).</p><p>Exames Complementares:</p><p>· Dosagem de triptase plasmática (pode auxiliar na confirmação).</p><p>· Dosagem de IgE sérica específica para confirmação da etiologia (podendo ser negativa na emergência, realizada posteriormente).</p><p>Diagnóstico Diferencial:</p><p>· Reação vasovagal: sudorese, náusea, hipotensão, bradicardia (diferente da taquicardia na anafilaxia), ausência de sintomas cutâneos.</p><p>· Doenças menos frequentes: mastocitose sistêmica, angioedema hereditário, feocromocitoma, síndrome carcinoide, disfunção de cordas vocais, escromboidismo.</p><p>Por que ocorre a anafilaxia?</p><p>Anafilaxia: Mecanismos e Antígenos:</p><p>Mecanismos Imunológicos:</p><p>· Predominantemente IgE-Mediado:</p><p>· Desencadeado por antígenos como alimentos, medicamentos, veneno de insetos.</p><p>· Liberação imediata de histamina e mediadores por mastócitos e basófilos.</p><p>Outros Mecanismos Imunológicos:</p><p>· Reações por imunocomplexos circulantes.</p><p>· Ativação direta de mastócitos.</p><p>· Envolvimento de componentes do sistema complemento, leucotrienos, prostaglandinas, cininas, fatores da coagulação e fibrinólise.</p><p>Mecanismos Não Imunológicos:</p><p>· Ativação direta de mastócitos.</p><p>· Possível envolvimento de diversos componentes como sistema complemento, leucotrienos, prostaglandinas, cininas, fatores de coagulação e fibrinólise.</p><p>Anafilaxia Idiopática:</p><p>· Casos em que o fator etiológico é desconhecido.</p><p>· Similaridade no quadro clínico e mediadores químicos, mesmo sem causa identificada.</p><p>INDICAÇÃO INTERNAÇÃO</p><p>· Pacientes assintomáticos após adrenalina: observar por 4 a 6 horas</p><p>· Pacientes com sintomas refratários a primeira dose de adrenalina: internar por pelo menos 24 horas</p><p>ALOCAÇÃO Critérios para internação em UTI</p><p>· Comprometimento respiratório</p><p>· Necessidade de suporte ventilatório de modo invasivo ou através de intubação orotraqueal</p><p>· Choque anafilático refratário a adrenalina</p><p>Como é o tratamento adequado da anafilaxia?</p><p>Reconhecimento Rápido:</p><p>· Essencial para preservar a permeabilidade das vias respiratórias, manter a pressão sanguínea e a oxigenação.</p><p>Principais Medidas:</p><p>Administração Rápida de Adrenalina:</p><p>· Efeito α-adrenérgico para reverter vasodilatação, diminuir edema e obstrução das vias aéreas, reduzindo hipotensão e sintomas de urticária/angioedema.</p><p>· Propriedades β-adrenérgicas aumentam contratilidade cardíaca, débito cardíaco, fluxo coronariano e causam broncodilatação.</p><p>· Adrenalina é a droga de primeira linha.</p><p>Decúbito Dorsal com Membros Inferiores Elevados:</p><p>· Auxilia na circulação sanguínea.</p><p>Suplementação de O2 se SatO2 ≤95%:</p><p>· Garante adequada oxigenação.</p><p>Manutenção Adequada da Volemia:</p><p>· Importante para preservar a pressão arterial.</p><p>Eficácia da Adrenalina:</p><p>· Reversão rápida do quadro.</p><p>· Ação abrangente sobre os mecanismos fisiopatológicos da anafilaxia.</p><p>Prescrição Precoce:</p><p>· Essencial para salvar a vida do paciente.</p><p>são descritos os principais agentes utilizados no tratamento agudo da anafilaxia:</p><p>Esquema de tratamento :</p><p>Tratamento inicial de escolha</p><p>· ADRENALINA VIA INTRAMUSCULAR (vasto lateral da coxa)</p><p>1. Dose: 0,01mg/kg (1:1000); máximo 0,3mg em crianças e 0,5mg em adultos.</p><p>2. Repetir 2 a 3 vezes se necessário, com intervalos de 5 a 15 minutos.</p><p>· Adrenalina via endovenosa: reservada para pacientes com hipotensão persistente.</p><p>1. Dose: 0,01mg/kg (solução 1 :10.000); máximo 0,3mg em crianças e 0,5mg em adultos.a infusão intravenosa contínua é maisrecomendada que o bolus</p><p>· Oxigênio em alto fluxo: máscara com reservatório ou intubação orotraqueal (IOT) se necessário</p><p>· Monitorização cardíaca</p><p>· Acesso venoso para infusão de soro fisiológico 20ml/kg em bolus se sinais de choque distributivo</p><p>· Decúbito dorsal horizontal (exceção para pacientes com episódio de vômito ou broncoespasmo) com os membrosinferiores elevados</p><p>Medicações de segunda linha :</p><p>· Antihistamínicos H1: ação sintomática principalmente nos sintomas cutâneos, diminuindo o prurido, urticária e angioedema. Seu uso não previne a progressão para obstrução de via aérea, hipotensão e choque</p><p>· Corticosteróides: possível benefício na prevenção da reação bifásica (pico de ação em 4 a 6 horas)</p><p>· Broncodilatadores (salbutamol - preferência pelo dispositivo dosimetrado com espaçador): para pacientes com broncoespasmo</p><p>· Glucagon: para pacientes beta−bloqueados que mantém sintomas após o uso da adrenalina</p><p>Considerações importantes em relação ao acompanhamento da anafilaxia</p><p>· Observação clínica: casos leves - mínimo de 6 a 8hs; casos graves, 24 a 48 hs.</p><p>· Reações bifásicas podem ocorrer entre 8 e 12 horas após o episódio agudo, em 10% dos casos.</p><p>· Os corticosteroides, quer por via oral ou parenteral são tradicionalmente administrados, porém têm pouca ou nenhuma ação no tratamento agudo da anafilaxia.</p><p>· Do mesmo modo, os antihistamínicos devem ser considerados agentes de segunda linha – Indivíduos com asma mal controlada têm maior risco de reações fatais.</p><p>1. Quanto mais a hipotensão se agrava na evolução da reação, menor será a resposta ao tratamento com adrenalina.</p><p>2. Mesmo com a administração rápida de adrenalina, até 10% das reações podem não ser revertidas.</p><p>3. Paciente em uso de beta-bloqueador pode necessitar de doses maiores de adrenalina para o mesmo efeito. Nestes casos, o ideal é utilizar glucagon: 5-15 µg/minuto IV (infusão contínua).</p><p>4. Em geral os agentes causais, tanto alimentos, como medicamentos ou outras substâncias, são aqueles aos quais o paciente já teve exposições anteriores (sejam elas evidentes ou ocultas (ex: presença de derivados do leite em alimentos industrializados sem rotulagem adequada)</p><p>Orientações após a alta hospitalar</p><p>Pós-Tratamento de Anafilaxia em Pediatria:</p><p>Atendimento por Pediatra:</p><p>· Reações anafiláticas geralmente tratadas por pediatras em emergências hospitalares.</p><p>Orientação na Alta:</p><p>· Paciente e</p><p>familiares recebem orientações e prescrições para tratamento contínuo.</p><p>Prevenção de Recorrência:</p><p>· Alerta sobre possível recorrência até 12 horas após o episódio.</p><p>· Especial atenção em casos idiopáticos, absorção contínua do alérgeno, asma mal controlada ou histórico de reação bifásica.</p><p>Medicamentos Prescritos:</p><p>· Corticosteroides por via oral (prednisona ou prednisolona 1-2 mg/Kg/dia, dose única) por 5-7 dias.</p><p>· Antihistamínicos H1 de 2ª geração (fexofenadina, cetirizina, deslotaradina) em doses habituais por pelo menos 7 dias.</p><p>Como prevenir?</p><p>Pós-Anafilaxia: Medidas Preventivas e Encaminhamento:</p><p>Encaminhamento Especializado:</p><p>· Todos os pacientes com reações anafiláticas devem ser encaminhados ao especialista em alergia.</p><p>Medidas Preventivas / Educativas:</p><p>· Orientação para reconhecimento de sinais precoces de anafilaxia.</p><p>· Plano de ação para exacerbações com informações claras e detalhadas.</p><p>· Identificação pessoal contendo diagnóstico, contato e plano de ação.</p><p>· Notificação à escola sobre riscos, fatores a serem evitados e procedimentos de emergência.</p><p>Orientações Específicas:</p><p>· Adquirir dispositivo de autoinjeção de adrenalina.</p><p>· Dispositivos disponíveis em doses fixas para diferentes faixas etárias.</p><p>· Suspensão de medicamentos de risco.</p><p>· Evitar contato e inalação de látex.</p><p>· Procedimentos odontológicos/cirúrgicos em ambiente látex-free.</p><p>· Imunoterapia específica para anafilaxia a venenos de himenópteros.</p><p>· Dessensibilização/indução de tolerância para alimentos/medicamentos quando indicado.</p><p>· Pré-tratamento para reações a radiocontrastes, se necessário.</p><p>image6.png</p><p>image1.png</p><p>image2.png</p><p>image3.png</p><p>image4.png</p><p>image5.png</p>