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<p>Profª Mª Luiza Fruet</p><p>TEORIA GERAL DO</p><p>PROCESSO</p><p>TEORIAS DO PROCESSO</p><p>O processo se trata de um contrato entre os litigantes, que ganha força com o</p><p>comparecimento das partes em juízo a fim de resolver um conflito. Trata-se de</p><p>uma teoria inspirada nas lições contratualistas de Rousseau (séc. XVIII), ou seja,</p><p>quando se entendia que as vontades individuais eram a única fonte de direito e</p><p>dever, de modo que ao Estado cabia apenas aceitar e atender os pactos</p><p>formulados entre os particulares. Ou seja, um processo era instaurado pelas</p><p>partes para que o juiz funcionasse como um árbitro facultativo, eis que apenas</p><p>lhe cabia acatar a decisão das partes para providenciar a execução do acordo.</p><p>Contudo, ainda no séc. XVIII essa teoria se tornou obsoleta, pois deixou de ser</p><p>necessário o consenso das partes para que o Juiz tornasse eficaz uma sentença.</p><p>1. TEORIA DO PROCESSO COMO CONTRATO:</p><p>Teoria defendida por Savigny, que insistia em manter o processo única e</p><p>exclusivamente na esfera privada, de modo que entende que, se não se tratava</p><p>de um contrato, era um quase contrato, já que no momento em que ingressa no</p><p>judiciário consentia que aceitaria a decisão proferida pelo juízo, sendo ela</p><p>favorável ou desfavorável para si. Contudo, essa também não foi suficiente para</p><p>explicar a abordagem jurídica de um processo, de modo que não perdurou.</p><p>2. TEORIA DO PROCESSO COMO QUASE CONTRATO:</p><p>3. TEORIA DO PROCESSO COMO RELAÇÃO JURÍDICA</p><p>Teoria desenvolvida por Bülow, trata-se do marco da autonomia do processo</p><p>enquanto direito material, pois desenvolve-se levando em consideração a</p><p>relação juiz-autor-réu, bem como requisitos de validade para a formação</p><p>desta relação para uma eficácia processual. Essa se trata da teoria que</p><p>predomina até os dias de hoje, tendo sido aprimorada por doutrinadores</p><p>como Chiovenda, Carnelutti, Calamandrei, entre outros.</p><p>Foi desta teoria, inclusive, que surgiu a divisão entre processo (conjunto de</p><p>relações jurídicas entre os sujeitos processuais) e procedimento (ato estruturado</p><p>no contraditório).</p><p>Bülow</p><p>Chiovenda Carnelutti Calamandrei</p><p>4. TEORIA DO PROCESSO COMO SITUAÇÃO JURÍDICA</p><p>Nesta teoria, Goldschmidt, entendia que o processo se trata de um</p><p>instrumento, onde as partes lançam suas alegações para livre apreciação do</p><p>julgador, de modo que o processo é uma ciência para esclarecimentos legais.</p><p>5. TEORIA DO PROCESSO COMO INSTITUIÇÃO:</p><p>Sua origem tem heranças em um período pós Segunda Guerra Mundial, onde todos</p><p>os direitos e deveres passaram por uma “institucionalização”, ou seja, o processo</p><p>ganhou vestes de direito fundamental constitucionalizado, eis que a lei passou a</p><p>implantar as instituições.</p><p>6. TEORIA DO PROCESSO COMO PROCEDIMENTO EM</p><p>CONTRADITÓRIO:</p><p>Teoria iniciada por Elio Fazzalari, tratou de rebater o fato de que o processo de</p><p>tratava de mero ato sequencial praticado pelas partes e pelo juiz, mas sim pelo</p><p>exercício do contraditório entre as partes, de modo a estruturar o processo de</p><p>uma forma técnica dentro da norma processual. Assim, a sentença não será mero</p><p>ato solitário do juiz, mas uma consequência dos atos realizados em procedimento</p><p>de atos contraditórios entre as partes.</p><p>7. TEORIA CONSTITUCIONALISTA DO PROCESSO</p><p>Trata-se de uma espécie de evolução da teoria do contraditório e da teoria do</p><p>processo como instituição. Igualmente herança de um pós Segunda Guerra</p><p>Mundial, firma-se na ideia de um devido processo legal permeado pela ampla</p><p>defesa, isonomia e contraditório, de modo a colocar a busca pelo direito como o</p><p>centro de uma garantia fundamental.</p><p>PRINCÍPIOS PROCESSUAIS</p><p>Princípio é uma espécie normativa que estabelece um fim</p><p>a ser atingido. Conforme definição de Humberto Ávila:</p><p>“os princípios instituem o dever de adotar comportamentos</p><p>necessários à realização de um estado de coisas ou,</p><p>inversamente, instituem o dever de efetivação de um estado</p><p>de coisas pela adoção de comportamentos a ele</p><p>necessários”.</p><p>- QUANDO a eficácia é DIRETA, é porque a sua atuação se dá sem intermediação ou</p><p>interposição de outro princípio ou outra regra. Exemplo: quando se cria um</p><p>procedimento sem previsão legal, neste caso, a parte contrária terá garantido o</p><p>princípio do devido processo legal para garantia de sua defesa. Nestes casos os</p><p>princípios não dependem de intermediação de outras regras jurídicas. A boa-fé</p><p>processual, por exemplo, torna os comportamentos do processo leal e cooperativo.</p><p>- QUANDO a eficácia é INDIRETA, é porque os princípios servem como uma forma de</p><p>intermédio/ponte entre o princípio e a regra, neste caso, são conhecidos como</p><p>subprincípios, servem, então, para delimitar com maior precisão o comando normativo.</p><p>O próprio princípio da boa-fé pode ser encarado como um subprincípio do devido</p><p>processo legal.</p><p>1. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL</p><p>Previsto no art. 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, sua aplicação se trata de</p><p>uma garantia processual ao tratamento paritário entre as partes, proibição de</p><p>provas ilícitas, garantia de processo público, juiz natural, decisões motivadas,</p><p>acesso à justiça, dentre outras tantas garantias que originam deste princípio.</p><p>Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de</p><p>qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos</p><p>estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à</p><p>vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,</p><p>nos termos seguintes:</p><p>LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens</p><p>sem o devido processo legal;</p><p>2. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA</p><p>Previsto no art. 8º do Código de Processo Civil, impõem que o órgão julgador</p><p>resguarde a dignidade da pessoa humana, aplicando corretamente a norma</p><p>jurídica sem violar as dignidades. Exemplo de sua aplicação é respeitar a</p><p>prioridade de tramitação processual, assegurar intérprete de libras,</p><p>impenhorabilidade de certos bens, direito ao silêncio, dentre outros.</p><p>Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos</p><p>fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e</p><p>promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a</p><p>proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a</p><p>publicidade e a eficiência.</p><p>3. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE</p><p>Igualmente previsto no art. 8º do Código de Processo Civil, determina que o</p><p>juiz observe as normas processuais, ou seja, as formalidades, de modo que os</p><p>atos e decisões sejam proferidos em conformidade com o direito.</p><p>4. PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO</p><p>Trata-se de um princípio previsto na Convenção de Direitos Humanos, com a</p><p>finalidade de haver tramitações processuais sem dilações indevidas.</p><p>ARTIGO 8 - Garantias Judiciais</p><p>1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente,</p><p>independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que</p><p>se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.</p><p>2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o</p><p>processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:</p><p>a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não compreender ou não falar o idioma do juízo ou</p><p>tribunal;</p><p>b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;</p><p>c) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua defesa;</p><p>d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e</p><p>em particular, com seu defensor;</p><p>e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se</p><p>o acusado não se defender ele próprio nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;</p><p>f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de</p><p>outras pessoas que possam lançar luz</p><p>e dependerá de autorização do</p><p>respectivo chefe do Poder Executivo municipal, com</p><p>indicação específica do direito ou da obrigação a ser</p><p>objeto das medidas judiciais.</p><p>Importante destacar que:</p><p>Com relação à capacidade processual das pessoas jurídicas, estabelece o art. 75 que tais entes</p><p>serão “representados” em juízo. O caso, no entanto, não é de representação, mas de</p><p>“presentação”. Com efeito, os atos dos órgãos e agentes da pessoa jurídica são atos da própria</p><p>pessoa jurídica. Não há, como na representação, uma pessoa agindo em nome de outra. O órgão é</p><p>a própria pessoa jurídica, instrumento que a faz presente. É incorreta, portanto, a afirmação de</p><p>que as pessoas jurídicas são processualmente incapazes.</p><p>Constatado defeito no que se refere à capacidade processual ou irregularidade de representação,</p><p>o órgão jurisdicional deve suspender o processo, concedendo prazo razoável para que seja</p><p>reparado o vício. Permanecendo o defeito, se a providência couber ao autor, o juiz decretará</p><p>extinção do processo.</p><p>Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a</p><p>irregularidade da representação da parte, o juiz</p><p>suspenderá o processo e designará prazo razoável para</p><p>que seja sanado o vício.</p><p>§ 1º Descumprida a determinação, caso o processo</p><p>esteja na instância originária:</p><p>I - o processo será extinto, se a providência couber ao</p><p>autor;</p><p>II - o réu será considerado revel, se a providência lhe</p><p>couber;</p><p>III - o terceiro será considerado revel ou excluído do</p><p>processo, dependendo do polo em que se encontre.</p><p>§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal</p><p>perante tribunal de justiça, tribunal regional federal ou</p><p>tribunal superior, o relator:</p><p>I - não conhecerá do recurso, se a providência couber</p><p>ao recorrente;</p><p>II - determinará o desentranhamento das</p><p>contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.</p><p>Todavia, se nem as partes nem o juiz se atentarem para o vício de incapacidade, e a sentença transitar em julgado,</p><p>admite-se a propositura de ação rescisória para desconstituição da decisão definitiva de mérito, por violação</p><p>manifesta à norma jurídica.</p><p>CAPACIDADE POSTULATÓRIA:</p><p>É a aptidão para intervir no processo, praticando atos postulatórios, seja na condição de</p><p>autor ou réu. Como vimos, a capacidade processual permite que a parte figure sozinha em</p><p>juízo, sem necessidade de assistência ou representação. No entanto, para a prática de alguns</p><p>atos processuais (os postulatórios), a lei exige aptidão técnica especial do sujeito, sem a</p><p>qual o ato é inválido. Essa aptidão técnica é a capacidade postulatória. Deve-se frisar que</p><p>apenas para a prática de atos postulatórios (de pedir ou responder) exige-se capacidade</p><p>postulatória. Há, portanto, atos processuais que podem ser praticados pela própria parte,</p><p>como o de indicar bens à penhora e testemunhar.</p><p>Os advogados regularmente inscritos na OAB (advogados privados e aos vinculados a</p><p>entidades públicas, como os integrantes da Advocacia-Geral da União, das Defensorias</p><p>Públicas e das Procuradorias Estaduais e Municipais) e os integrantes do Ministério Público</p><p>são os que gozam de capacidade postulatória.</p><p>Art. 103, CPC. A parte será representada em juízo por</p><p>advogado regularmente inscrito na Ordem dos</p><p>Advogados do Brasil.</p><p>Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa</p><p>própria quando tiver habilitação legal.</p><p>Em alguns casos, no entanto, a lei confere capacidade postulatória a pessoas que não são</p><p>advogadas e nem integram o Ministério Público. É o caso do art. 27 c/c o art. 19 da Lei no</p><p>11.340/2006 (Lei Maria da Penha), que permite que a mulher vítima de violência doméstica</p><p>formule diretamente medidas protetivas de urgência contra o ofensor, e do art. 9º da Lei no</p><p>9.099/1995, que dispensa a representação por advogado nas causas de até 20 salários</p><p>mínimos perante os Juizados Especiais.</p><p>A capacidade para postular em nome de outrem é comprovada pelo advogado mediante a</p><p>apresentação de procuração, instrumento que comprova a existência de mandato, contrato</p><p>pelo qual o agente capaz outorga ao advogado poderes para representá-lo em juízo,</p><p>praticando os atos postulatórios.</p><p>Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo</p><p>para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado</p><p>urgente.</p><p>§ 1º Nas hipóteses previstas no caput , o advogado deverá, independentemente de</p><p>caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual</p><p>período por despacho do juiz.</p><p>§ 2º O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo</p><p>nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e</p><p>danos.</p><p>Art. 105, CPC. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular assinado pela parte,</p><p>habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a</p><p>procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação,</p><p>firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica.</p><p>§ 1º A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei.</p><p>§ 2º A procuração deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e</p><p>endereço completo.</p><p>§ 3º Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração também deverá conter o nome dessa, seu número</p><p>de registro na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo.</p><p>§ 4º Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento, a procuração outorgada na</p><p>fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, inclusive para o cumprimento de sentença.</p><p>Art. 107, CPC. O advogado tem direito a:</p><p>I - examinar, em cartório de fórum e secretaria de tribunal, mesmo sem procuração, autos de qualquer processo,</p><p>independentemente da fase de tramitação, assegurados a obtenção de cópias e o registro de anotações, salvo na</p><p>hipótese de segredo de justiça, nas quais apenas o advogado constituído terá acesso aos autos;</p><p>II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo, pelo prazo de 5 (cinco) dias;</p><p>III - retirar os autos do cartório ou da secretaria, pelo prazo legal, sempre que neles lhe couber falar por</p><p>determinação do juiz, nos casos previstos em lei</p><p>§ 1º Ao receber os autos, o advogado assinará carga em livro ou documento próprio.</p><p>§ 2º Sendo o prazo comum às partes, os procuradores poderão retirar os autos somente em conjunto ou mediante</p><p>prévio ajuste, por petição nos autos.</p><p>§ 3º Na hipótese do § 2º, é lícito ao procurador retirar os autos para obtenção de cópias, pelo prazo de 2 (duas) a 6</p><p>(seis) horas, independentemente de ajuste e sem prejuízo da continuidade do prazo.</p><p>§ 4º O procurador perderá no mesmo processo o direito a que se refere o § 3º se não devolver os autos</p><p>tempestivamente, salvo se o prazo for prorrogado pelo juiz.</p><p>§ 5º O disposto no inciso I do caput deste artigo aplica-se integralmente a processos eletrônicos.</p><p>De acordo com o Código de Processo Civil, Lei nº 13.105/2015, assinale a alternativa</p><p>INCORRETA. (FUNDATEC - 2024 - Câmara de Piracicaba - SP - Procurador Legislativo)</p><p>A ( ) Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar</p><p>em juízo.</p><p>B ( ) O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre</p><p>direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.</p><p>C ( ) Será representado em juízo, ativa e passivamente, o Município, por seu prefeito,</p><p>procurador ou Associação de Representação de Municípios, quando expressamente</p><p>autorizada.</p><p>D ( ) A representação judicial do Município pela Associação de Representação de Municípios</p><p>somente poderá ocorrer em questões de interesse comum dos Municípios associados e</p><p>independerá de autorização do respectivo chefe do Poder Executivo municipal, com</p><p>indicação específica do direito ou da obrigação a ser objeto das medidas judiciais.</p><p>E ( ) Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o</p><p>juiz suspenderá o processo e</p><p>designará prazo razoável para que seja sanado o vício.</p><p>De acordo com o Código de Processo Civil, Lei nº 13.105/2015, assinale a alternativa</p><p>INCORRETA. (FUNDATEC - 2024 - Câmara de Piracicaba - SP - Procurador Legislativo)</p><p>A ( ) Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar</p><p>em juízo.</p><p>B ( ) O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre</p><p>direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.</p><p>C ( ) Será representado em juízo, ativa e passivamente, o Município, por seu prefeito,</p><p>procurador ou Associação de Representação de Municípios, quando expressamente</p><p>autorizada.</p><p>D ( x) A representação judicial do Município pela Associação de Representação de Municípios</p><p>somente poderá ocorrer em questões de interesse comum dos Municípios associados e</p><p>independerá de autorização do respectivo chefe do Poder Executivo municipal, com</p><p>indicação específica do direito ou da obrigação a ser objeto das medidas judiciais.</p><p>art. 75, §5º, CPC</p><p>E ( ) Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o</p><p>juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.</p><p>De acordo com o Código de Processo Civil, a capacidade processual do cônjuge pode variar em</p><p>função do regime de bens adotado no casamento e da natureza da ação judicial. Com base no</p><p>exposto, assinale a alternativa correta: (Art. 73 do CPC) (CONTEMAX - 2024 - Prefeitura de Barra</p><p>de São Miguel - PB - Auditor de Tributos)</p><p>A ( ) Em qualquer regime de bens, o cônjuge pode propor qualquer ação judicial em nome do</p><p>outro, sem necessidade de consentimento.</p><p>B ( ) O cônjuge possui plena capacidade processual para agir independentemente em qualquer</p><p>ação judicial, sem necessidade de consentimento ou ciência do outro cônjuge.</p><p>C ( ) No regime de separação absoluta de bens, os cônjuges possuem capacidade processual</p><p>plena e independente, podendo propor qualquer ação judicial sem a necessidade de anuência do</p><p>outro.</p><p>D ( ) No regime de comunhão universal de bens, o cônjuge pode propor ações judiciais</p><p>relacionadas a bens imóveis do casal sem a necessidade de anuência do outro cônjuge, exceto</p><p>em casos que envolvam alienação de bens imóveis.</p><p>E ( ) No regime de comunhão parcial de bens, o cônjuge pode propor ações judiciais relacionadas</p><p>a direitos reais imobiliários, sem necessidade de autorização expressa do outro cônjuge.</p><p>De acordo com o Código de Processo Civil, a capacidade processual do cônjuge pode variar em</p><p>função do regime de bens adotado no casamento e da natureza da ação judicial. Com base no</p><p>exposto, assinale a alternativa correta: (Art. 73 do CPC) (CONTEMAX - 2024 - Prefeitura de Barra</p><p>de São Miguel - PB - Auditor de Tributos)</p><p>A ( ) Em qualquer regime de bens, o cônjuge pode propor qualquer ação judicial em nome do</p><p>outro, sem necessidade de consentimento.</p><p>B ( ) O cônjuge possui plena capacidade processual para agir independentemente em qualquer</p><p>ação judicial, sem necessidade de consentimento ou ciência do outro cônjuge.</p><p>C (X) No regime de separação absoluta de bens, os cônjuges possuem capacidade processual</p><p>plena e independente, podendo propor qualquer ação judicial sem a necessidade de anuência do</p><p>outro. Art. 73, §1º, I, CPC.</p><p>D ( ) No regime de comunhão universal de bens, o cônjuge pode propor ações judiciais</p><p>relacionadas a bens imóveis do casal sem a necessidade de anuência do outro cônjuge, exceto</p><p>em casos que envolvam alienação de bens imóveis.</p><p>E ( ) No regime de comunhão parcial de bens, o cônjuge pode propor ações judiciais relacionadas</p><p>a direitos reais imobiliários, sem necessidade de autorização expressa do outro cônjuge.</p><p>Em relação ao advogado, assinale a alternativa correta. (Instituto Access - 2024 - Prefeitura de</p><p>Cataguases - MG - Analista Jurídico)</p><p>A ( ) O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar</p><p>contestação, reconvenção ou exceções processuais, ou para praticar ato considerado urgente.</p><p>B ( ) O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar</p><p>exceção, objeção ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.</p><p>C ( ) O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar</p><p>preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.</p><p>D ( ) O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar</p><p>formação, extinção ou suspensão do processo, ou para praticar ato considerado urgente.</p><p>Em relação ao advogado, assinale a alternativa correta. (Instituto Access - 2024 - Prefeitura de</p><p>Cataguases - MG - Analista Jurídico)</p><p>A ( ) O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar</p><p>contestação, reconvenção ou exceções processuais, ou para praticar ato considerado urgente.</p><p>B ( ) O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar</p><p>exceção, objeção ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.</p><p>C (X) O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar</p><p>preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. Art. 104, CPC.</p><p>D ( ) O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar</p><p>formação, extinção ou suspensão do processo, ou para praticar ato considerado urgente.</p><p>J está correndo risco de vida, mas a sua internação em hospital foi negada pelo plano de saúde,</p><p>sob o fundamento de que a doença que o acomete não possui cobertura. Desesperado, ele</p><p>procura advogado para o ajuizamento da ação competente.</p><p>Segundo o Código de Processo Civil, o advogado (CESGRANRIO - 2024 - UNEMAT – Advogado)</p><p>A ( ) poderá ajuizar a ação, sem a qual a inicial não poderá ser distribuída, desde que tenha</p><p>obtido previamente a procuração assinada por J, outorgando-lhe poderes.</p><p>B ( ) poderá ajuizar a ação sem procuração do seu cliente, devendo exibi-la em juízo no prazo</p><p>improrrogável de 15 dias.</p><p>C ( ) deve solicitar a J a prévia assinatura de procuração antes do ajuizamento da ação, cuja</p><p>dispensa só é admitida para evitar preclusão, decadência ou prescrição.</p><p>D ( ) poderá ajuizar a ação cabível, sem a procuração de J, devendo o advogado exibi-la em juízo</p><p>no prazo de 15 dias, prorrogável por igual período, por despacho do juiz.</p><p>E ( ) poderá ajuizar a ação cabível sem procuração assinada, cuja posterior apresentação em</p><p>juízo é desnecessária, considerando-se a indisponibilidade do direito à saúde defendido no</p><p>processo.</p><p>J está correndo risco de vida, mas a sua internação em hospital foi negada pelo plano de saúde,</p><p>sob o fundamento de que a doença que o acomete não possui cobertura. Desesperado, ele</p><p>procura advogado para o ajuizamento da ação competente.</p><p>Segundo o Código de Processo Civil, o advogado (CESGRANRIO - 2024 - UNEMAT – Advogado)</p><p>A ( ) poderá ajuizar a ação, sem a qual a inicial não poderá ser distribuída, desde que tenha</p><p>obtido previamente a procuração assinada por J, outorgando-lhe poderes.</p><p>B ( ) poderá ajuizar a ação sem procuração do seu cliente, devendo exibi-la em juízo no prazo</p><p>improrrogável de 15 dias.</p><p>C ( ) deve solicitar a J a prévia assinatura de procuração antes do ajuizamento da ação, cuja</p><p>dispensa só é admitida para evitar preclusão, decadência ou prescrição.</p><p>D ( x ) poderá ajuizar a ação cabível, sem a procuração de J, devendo o advogado exibi-la em</p><p>juízo no prazo de 15 dias, prorrogável por igual período, por despacho do juiz. Art. 104, §1º, CPC.</p><p>E ( ) poderá ajuizar a ação cabível sem procuração assinada, cuja posterior apresentação em</p><p>juízo é desnecessária, considerando-se a indisponibilidade do direito à saúde defendido no</p><p>processo.</p><p>Requisitos processuais subjetivos de validade:</p><p>a) Competência do órgão jurisdicional: A apresentação de uma petição inicial a órgão investido de</p><p>jurisdição por agente capaz de ser parte dá existência ao processo. Existente o processo, cumpre</p><p>discorrer acerca dos requisitos que lhe darão</p><p>validade. O primeiro deles é a competência do juízo,</p><p>isto é, a atribuição legal para julgar a causa. Por questão organizacional, o constituinte originário e</p><p>o legislador ordinário optaram por distribuir a função jurisdicional entre vários órgãos, levando em</p><p>conta diversos critérios (valor da causa, matéria e pessoas envolvidas no processo, critérios de</p><p>funcionalidade e territorialidade). Ou seja, a Constituição previu que ao STF caberá o julgamento da</p><p>ADI em face de lei federal e o CPC prevê que, em regra, a ação que verse sobre direito pessoal deve</p><p>ser proposta no domicílio do réu (art. 46) e a ação de direito real, sobre imóveis, no foro da situação</p><p>da coisa (art. 47). A essa limitação da atuação de cada órgão jurisdicional, foro, vara, tribunal, dá-</p><p>se o nome de competência. Competência é a demarcação dos limites em que cada juízo pode</p><p>atuar; é a medida da jurisdição.</p><p>b) Imparcialidade do juízo: A imparcialidade figura como uma das características da função</p><p>jurisdicional e também como requisito de validade do processo. Além da competência para julgar a</p><p>causa, é necessário que alguns agentes que integram o juízo (juiz, promotor, escrivão, perito...)</p><p>sejam imparciais. A principal exceção refere-se aos advogados, parciais por excelência. Tal qual a</p><p>competência, a imparcialidade do juízo deriva da garantia constitucional ao juízo natural. A</p><p>exigência de que o juízo seja imparcial visa assegurar não apenas a probidade da atividade</p><p>jurisdicional, mas notadamente a segurança dos provimentos que resultarão do processo.</p><p>Art. 145. Há suspeição do juiz:</p><p>I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;</p><p>II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o</p><p>processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para</p><p>atender às despesas do litígio;</p><p>III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de</p><p>parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;</p><p>IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.</p><p>§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.</p><p>§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:</p><p>I - houver sido provocada por quem a alega;</p><p>II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido.</p><p>Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida</p><p>ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de</p><p>testemunhas.</p><p>§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso</p><p>contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e</p><p>de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal.</p><p>§ 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido:</p><p>I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;</p><p>II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente.</p><p>§ 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será</p><p>requerida ao substituto legal.</p><p>§ 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á.</p><p>§ 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu</p><p>substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão.</p><p>§ 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado.</p><p>§ 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição.</p><p>Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais juízes forem</p><p>parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou</p><p>colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro que</p><p>conhecer do processo impede que o outro nele atue,</p><p>caso em que o segundo se escusará, remetendo os</p><p>autos ao seu substituto legal.</p><p>Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição:</p><p>I - ao membro do Ministério Público;</p><p>II - aos auxiliares da justiça;</p><p>III - aos demais sujeitos imparciais do processo.</p><p>§ 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição</p><p>fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar</p><p>nos autos.</p><p>§ 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, ouvindo</p><p>o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando necessária.</p><p>§ 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será disciplinada pelo regimento interno.</p><p>§ 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à arguição de impedimento ou de suspeição de</p><p>testemunha.</p><p>c) Capacidade processual: Como já vimos, a capacidade de ser parte constitui requisito de</p><p>existência da relação processual. A capacidade processual, a seu turno, é requisito processual de</p><p>validade que se relaciona com a capacidade de estar em juízo, quer dizer, com a aptidão para</p><p>praticar atos processuais independentemente de assistência ou representação (que vimos na aula</p><p>passada, no art. 71, CPC).</p><p>d) Capacidade postulatória: O último dos pressupostos processuais (lato sensu) referente às partes</p><p>é a capacidade postulatória, ou seja, a aptidão para intervir no processo, praticando atos</p><p>postulatórios, seja na condição de autor ou réu. Porém, como já visto, a maioria dos atos</p><p>processuais necessitam de capacidade técnica que só pode ser desempenhada por advogados</p><p>devidamente inscritos na OAB.</p><p>Requisitos processuais objetivos positivos (ou intrínsecos):</p><p>Diz respeito ao formalismo processual. Embora os atos processuais não sejam solenes, a validade</p><p>deles pressupõe observância de uma série de requisitos formais. Esse conjunto de formas e ritos é</p><p>que compõe o que se denomina de formalismo processual, requisito objetivo intrínseco de validade</p><p>do processo. A demanda, pressuposto processual de existência do processo, se exterioriza via</p><p>petição inicial. Para que o processo que passou a existir com a demanda seja válido, é mister</p><p>preencha a petição inicial os requisitos previstos nos arts. 319 e 320. Diz-se apta a petição inicial</p><p>regular, capaz de possibilitar o válido desenvolvimento do processo. Por outro lado, reputa-se</p><p>inepta – ou seja, inapta para provocar a atividade jurisdicional – a petição inicial quando lhe faltar</p><p>pedido ou causa de pedir; quando o pedido for indeterminado (ressalvadas as hipóteses em que a</p><p>lei permite o pedido genérico); da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;</p><p>contiver pedidos incompatíveis entre si (art. 330, § 1º). A petição inepta impede o desenvolvimento</p><p>válido e regular do processo, ensejando a extinção do feito sem resolução do mérito.</p><p>Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a citação do réu. A citação é o meio</p><p>pelo qual o réu é integrado ao processo e cientificado da demanda que contra si é movida. Com a citação</p><p>válida a relação processual se completa, o que é essencial para o desenvolvimento válido e regular do</p><p>processo. Constitui, portanto, outra das exigências formais de validade. Destaque-se que o</p><p>comparecimento espontâneo do réu supre a necessidade de citação, nos termos do § 1º do art. 239.</p><p>A ausência de citação ou a citação inválida é tratada como vício transrescisório, uma vez que, à falta de</p><p>citação, o processo não existe em relação ao réu, o que pode ser reconhecido independentemente ou</p><p>mesmo após o prazo da ação rescisória, via impugnação de sentença, embargos à execução, ou em ação</p><p>declaratória autônoma de nulidade absoluta (querela</p><p>nullitatis).</p><p>Além da citação válida e da petição apta, também constitui requisito de validade do processo a adequação</p><p>do procedimento “o atendimento de exigências legalmente previstas, de forma genérica ou específica,</p><p>para a validade do processo”. Entre essas exigências encontra-se o recolhimento das despesas</p><p>processuais (art. 82), a observância ao contraditório e à ampla defesa, a intimação das partes e a</p><p>intervenção do Ministério Público quando a lei o exigir (art. 178). O desrespeito a tais exigências acarreta a</p><p>invalidade de todo o feito.</p><p>Requisitos processuais objetivos negativos (ou extrínsecos):</p><p>Os requisitos processuais negativos ou extrínsecos referem-se a fatos ou situações que não podem</p><p>ocorrer para que o processo se instaure validamente. Apesar de serem circunstâncias externas ou</p><p>extrínsecas, têm a aptidão de tornar inválido processo que, em um primeiro momento, era válido e</p><p>eficaz.</p><p>Em princípio, a presença de um desses fatos constitui vício insanável, que enseja a extinção do</p><p>processo sem resolução do mérito. Tal circunstância justifica o tratamento especial dispensado</p><p>aos requisitos processuais negativos, que são tratados em incisos específicos do art. 485 (incs. V e</p><p>VII).</p><p>Os requisitos negativos são a litispendência, a perempção, a coisa julgada e a convenção de</p><p>arbitragem.</p><p>A litispendência e coisa julgada ocorrem, em regra, quando se repete demanda idêntica à anteriormente proposta, isto é,</p><p>ações com as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido. Diz-se em regra, porquanto, não obstante a</p><p>disposição legal, pela teoria da unidade da relação jurídica deve-se reconhecer a ocorrência de coisa julgada quando</p><p>coincidirem as partes e a causa de pedir. No caso da litispendência, há repetição de ação já em curso; na coisa julgada,</p><p>repete-se demanda que já foi decidida por sentença transitada em julgado. Ambas as circunstâncias têm influência direta</p><p>sobre a vida do processo instaurado, pondo fim a ele sem apreciação do mérito.</p><p>Ocorre a perempção quando o autor, por três vezes, dá causa à extinção do processo pelo fundamento previsto no inc. III do</p><p>art. 485. Caracterizada, portanto, a inércia do autor, estará ele impossibilitado de intentar idêntica ação pela quarta vez. E se</p><p>intentar, o processo será extinto sem julgamento do mérito. Sem embargo da previsão legal, creio que a proibição de ajuizar</p><p>demanda afronta o princípio da ação, do acesso à Justiça e da inafastabilidade da jurisdição. De qualquer forma, fica</p><p>ressalvada a possibilidade de a parte desidiosa alegar em defesa o seu direito (art. 486, § 3º).</p><p>A convenção de arbitragem, por sua vez, é justamente o negócio jurídico pelo qual se convenciona a adoção da arbitragem</p><p>como forma de solução dos conflitos oriundos de uma determinada relação de direito material. Lembre-se que, ao contrário</p><p>dos demais pressupostos processuais (lato sensu), a existência de convenção de arbitragem não poderá ser reconhecida de</p><p>ofício pelo julgador, devendo ser alegada pela parte a quem aproveita, em preliminar da contestação (art. 337, X). Caso o juiz</p><p>acolha a alegação de convenção de arbitragem, deverá extinguir o feito, sem resolução do mérito (art. 485, VII). A</p><p>inexistência de alegação em momento oportuno e na forma prevista em lei implicará aceitação da jurisdição estatal e</p><p>renúncia ao juízo arbitral (art. 337, § 6º).</p><p>Requisitos processuais necessários à admissibilidade do processo</p><p>a) Interesse processual ou interesse de agir: Relaciona-se com a necessidade ou utilidade da providência</p><p>jurisdicional solicitada e com a adequação do meio utilizado para obtenção da tutela. Em outras palavras,</p><p>a prestação jurisdicional solicitada em cada caso concreto deverá ser necessária e adequada. Exemplos: o</p><p>filho que pleiteia reconhecimento de paternidade contra quem já figura no assento de nascimento não tem</p><p>interesse do provimento jurisdicional. Já o segurado tem interesse em ajuizar ação de cobrança em face da</p><p>seguradora que se nega a pagar o prêmio pactuado.</p><p>Ou seja, entende-se que terá interesse de agir quem demonstrar a necessidade da tutela jurisdicional</p><p>formulada e a adequabilidade do procedimento instaurado para a obtenção do resultado pretendido.</p><p>b) Legitimidade para a causa (legitimatio ad causam): Em princípio, decorre da pertinência subjetiva com o</p><p>direito material controvertido. Serão partes legítimas, portanto, os titulares da relação jurídica deduzida</p><p>(res in iudicium deducta). Diz-se “em princípio” porque o Código, em casos excepcionais, autoriza pessoa</p><p>estranha à relação jurídica pleitear, em nome próprio, direito alheio. Trata-se da denominada legitimidade</p><p>extraordinária (ou substituição processual).</p><p>Distinção entre legitimidade para a causa, legitimidade para o processo e capacidade de ser parte:</p><p>A legitimidade para a causa (legitimatio ad causam) não se confunde com a legitimidade para o processo</p><p>(legitimatio ad processum = capacidade processual = capacidade para estar em juízo), tampouco com a</p><p>capacidade de ser parte.</p><p>Esses três conceitos (capacidade de ser parte, legitimidade processual e legitimidade para a causa)</p><p>devem estar bem definidos, para evitar falsos juízos. A capacidade de ser parte relaciona-se com a</p><p>aptidão para figurar no processo e ser beneficiado ou ter que suportar os ônus decorrentes da decisão</p><p>judicial (personalidade judiciária). Todas as pessoas naturais e jurídicas detêm capacidade de ser parte.</p><p>Além dessas pessoas, reconhece-se a capacidade de ser parte a entes despersonalizados, como o espólio,</p><p>a massa falida e a herança jacente. A legitimidade ad causam, como vimos, é um dos requisitos para a</p><p>concretização da tutela de mérito, ao passo que a legitimidade ad processum é requisito (ou pressuposto)</p><p>processual de validade que se relaciona com a capacidade para estar em juízo, quer dizer, de praticar atos</p><p>processuais independentemente de assistência ou representação. Assim, o menor de 16 anos, por exemplo,</p><p>goza de capacidade de ser parte e de legitimidade ad causam para propor ação de alimentos contra seu</p><p>pai, mas não tem legitimidade ad processum, devendo ser representado (art. 71).</p><p>CITAÇÃO</p><p>Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o</p><p>réu, o executado ou o interessado para integrar a</p><p>relação processual.</p><p>Parágrafo único. A citação será efetivada em até 45</p><p>(quarenta e cinco) dias a partir da propositura da</p><p>ação.</p><p>Art. 239. Para a validade do processo é</p><p>indispensável a citação do réu ou do executado,</p><p>ressalvadas as hipóteses de indeferimento da</p><p>petição inicial ou de improcedência liminar do</p><p>pedido.</p><p>§ 1º O comparecimento espontâneo do réu ou do</p><p>executado supre a falta ou a nulidade da citação,</p><p>fluindo a partir desta data o prazo para</p><p>apresentação de contestação ou de embargos à</p><p>execução.</p><p>§ 2º Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se</p><p>de processo de:</p><p>I - conhecimento, o réu será considerado revel;</p><p>II - execução, o feito terá seguimento.</p><p>Citação é, assim, o início da relação</p><p>processual entre as partes. Uma vez</p><p>que se trata do momento processual</p><p>em que o réu toma conhecimento do</p><p>processo.</p><p>SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL</p><p>Feita a citação, estabilizam-se os elementos da demanda (partes, pedido e causa de pedir).</p><p>Após esse ato e até a fase de saneamento, o autor só pode modificar o pedido ou a causa de pedir com o consentimento do réu,</p><p>mantendo-se as mesmas partes. A regra é, então, a seguinte: “no curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária</p><p>das partes nos casos expressos em lei” (art. 108, CPC).</p><p>O Código, no entanto, contempla duas hipóteses de sucessão processual:</p><p>A) A primeira hipótese, facultativa, ocorre quando o bem litigioso é alienado a título particular, por ato entre vivos (por meio de</p><p>contrato, por exemplo). Nesse caso, o adquirente pode suceder o alienante ou cedente (parte originária na demanda), desde</p><p>que haja consentimento da outra parte (art. 109, § 1º, CPC).</p><p>Independentemente do consentimento da outra parte, tem o adquirente direito de intervir no processo como assistente do</p><p>alienante ou do cedente (§ 2º). De qualquer forma, havendo ou</p><p>não sucessão processual, a sentença estende seus efeitos ao</p><p>adquirente ou ao cessionário (§ 3º). O réu de ação reivindicatória aliena o bem litigioso; o adquirente, mesmo não ingressando</p><p>na lide, fica sujeito a perder o bem, caso a ação seja julgada procedente.</p><p>Art. 108. No curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária das partes nos casos expressos</p><p>em lei.</p><p>Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não altera a</p><p>legitimidade das partes.</p><p>§ 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem</p><p>que o consinta a parte contrária.</p><p>§ 2º O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial do alienante</p><p>ou cedente.</p><p>§ 3º Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou</p><p>cessionário.</p><p>B) A segunda hipótese é obrigatória. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio ou</p><p>pelos seus sucessores, observada a suspensão do processo até a habilitação dos substitutos (arts. 110, 313 e 687 do</p><p>CPC/2015). Exceto quando estivermos falando de processo penal, pois neste caso não há substituição processual do réu,</p><p>sendo extinto o processo e declarada a extinção da punibilidade.</p><p>Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes,</p><p>dar-se-á a sucessão pelo seu espólio ou pelos seus</p><p>sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1º e</p><p>2º .</p><p>Art. 313. Suspende-se o processo:</p><p>I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu</p><p>procurador;</p><p>§ 1º Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos termos do art. 689 .</p><p>§ 2º Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da morte, o juiz determinará a suspensão do processo e</p><p>observará o seguinte:</p><p>I - falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que promova a citação do respectivo espólio, de quem for o sucessor</p><p>ou, se for o caso, dos herdeiros, no prazo que designar, de no mínimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) meses;</p><p>II - falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, determinará a intimação de seu espólio, de quem for o</p><p>sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar mais adequados, para que manifestem</p><p>interesse na sucessão processual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado, sob pena de extinção do</p><p>processo sem resolução de mérito.</p><p>Art. 687. A habilitação ocorre quando, por</p><p>falecimento de qualquer das partes, os</p><p>interessados houverem de suceder-lhe no</p><p>processo.</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art689</p><p>Já a sucessão dos procuradores pode ocorrer em razão da renúncia ou da revogação do mandato</p><p>Art. 111. A parte que revogar o mandato outorgado a seu advogado constituirá, no mesmo ato,</p><p>outro que assuma o patrocínio da causa.</p><p>Parágrafo único. Não sendo constituído novo procurador no prazo de 15 (quinze) dias, observar-</p><p>se-á o disposto no art. 76 .</p><p>Art. 112. O advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer tempo, provando, na forma</p><p>prevista neste Código, que comunicou a renúncia ao mandante, a fim de que este nomeie</p><p>sucessor.</p><p>§ 1º Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde</p><p>que necessário para lhe evitar prejuízo</p><p>§ 2º Dispensa-se a comunicação referida no caput quando a procuração tiver sido outorgada a</p><p>vários advogados e a parte continuar representada por outro, apesar da renúncia.</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art76</p><p>INTERVENÇÃO DE TERCEIROS</p><p>- O processo se desenvolve pelos atos dos sujeitos que o integram. Os sujeitos do processo são divididos em sujeitos</p><p>parciais (partes e terceiros intervenientes) e imparciais (juiz e seus auxiliares), além dos advogados, Ministério Público e</p><p>Defensoria Pública quando da sua atuação.</p><p>- Partes processuais são aquelas que requerem e aquelas contra quem se requer determinada providência jurisdicional,</p><p>isto é, autor e réu. Em uma conclusão lógica, aquele que não é parte do processo é terceiro. Os terceiros que interessam ao</p><p>processo são aqueles que, de alguma forma, podem ou devem intervir no processo em que não são partes, em razão de</p><p>sofrerem os efeitos da decisão daquele determinado processo.</p><p>- O CPC prevê cinco institutos nominados “intervenção de terceiros”:</p><p>A)ASSISTÊNCIA: Com regramento nos arts. 119 a 124 do Código de Processo Civil, a assistência é a modalidade de</p><p>intervenção de terceiro em que um terceiro que tem interesse jurídico (a decisão do processo influenciará sua esfera</p><p>jurídica) intervém no processo a favor de uma das partes. Sua intervenção tem por objetivo fazer com que a parte que ele</p><p>está assistindo (“ajudando”) vença a demanda, pois a decisão favorável a essa parte assistida lhe atingirá direta ou</p><p>indiretamente.</p><p>A assistência é admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo</p><p>no estado em que se encontra. O pedido de assistência deve ser motivado pelo interesse jurídico, isto é, deve o terceiro que</p><p>está intervindo no processo demonstrar a existência do seu interesse jurídico.</p><p>Realizado o pedido de assistência, salvo se for caso de rejeição liminar, se a parte contrária não impugnar no prazo de 15</p><p>(quinze) dias, a intervenção será deferida, entretanto, se qualquer parte alegar que falta ao requerente (terceiro</p><p>interveniente) interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo. A lei processual</p><p>divide a assistência em duas modalidades:</p><p>A.1) Assistência simples: A assistência será simples quando a posição de direito material do terceiro é diferente do direito</p><p>material discutido em juízo pelas partes, entretanto, há uma relação entre elas, sendo essa relação a justificativa da</p><p>intervenção, ou seja, o “interesse jurídico” que autoriza a assistência simples.</p><p>- Exemplo prático de assistência simples é o caso do sublocatário em relação ao pedido de despejo em ação judicial que o</p><p>locador move em face do locatário. Suponha que João (locador) e Maria (locatária) celebraram contrato de locação. Maria, a</p><p>locatária, subloca o imóvel para Francisco. Ocorre que João não recebe mais aluguel e, em razão da falta de pagamento, move</p><p>ação de despejo em face de Maria, pois, esta é a locatária e a relação locatícia autoriza que a ação judicial seja movida contra</p><p>ela. Nesse caso, não interessa para João se o imóvel está sublocado para Francisco ou qualquer outra pessoa; pela falta de</p><p>pagamento, busca João a desocupação do imóvel. Na ação de despejo é parte João (autor) e Maria (ré), entretanto, eventual</p><p>sentença de procedência fará com que o imóvel seja desocupado por Francisco, que nele está em decorrência da sublocação.</p><p>Tendo Francisco interesse que Maria vença a ação, intervém no processo como assistente simples, já que desfeito o contrato de</p><p>locação (contrato principal), automaticamente será desfeito o contrato de sublocação (contrato acessório), ficando evidentes,</p><p>portanto, os efeitos da decisão de forma indireta e reflexa a Francisco (assistente simples na ação judicial).</p><p>A.2) Assistência litisconsorcial: Diferente da assistência simples, nesta modalidade existe uma relação direta entre o terceiro</p><p>que tem interesse no processo e a parte que ele quer assistir. Nesse caso de assistência, há apenas uma relação jurídica de</p><p>direito material, e o direito do assistente está sendo discutido em juízo de forma direta. Para ficar claro o termo litisconsorcial</p><p>dessa modalidade de assistência, é importante esclarecer que o assistente litisconsorcial tem relação direta com as duas</p><p>partes do processo, tanto que poderia ter sido incluído no polo passivo da ação, mas não o foi em razão da facultatividade do</p><p>litisconsórcio. Assim, por poder figurar no processo como litisconsorte, sua assistência será litisconsorcial, e o litisconsórcio</p><p>entre assistente e assistido é unitário.</p><p>Exemplo: A assistência litisconsorcial pode ser facilmente exemplificada em caso</p><p>de dívida com devedores solidários. O credor</p><p>pode demandar contra os dois devedores ou apenas um, assim, aquele devedor que não foi demandado (não é parte no</p><p>processo, ou seja, não é réu) pode, querendo intervir no processo, ingressar como assistente litisconsorcial daquele devedor réu.</p><p>·O pedido de assistência é realizado mediante simples petição incidental no processo, devendo o assistente, seja na modalidade</p><p>simples ou litisconsorcial, demonstrar o interesse jurídico no processo.</p><p>B) DENUNCIAÇÃO DA LIDE: A denunciação da lide é modalidade de intervenção de terceiros por meio da qual autor ou réu</p><p>formulam pedido de intervenção de terceiro (denunciado) ao processo. Esse terceiro trata-se do garantidor, ou seja, aquele que</p><p>em ação regressiva tiver a obrigação de restituir à parte os valores a que esta foi condenada na ação judicial. A parte que realiza</p><p>a denunciação da lide (denunciante) ou tem o direito que deve ser garantido pelo denunciado, ou é titular de ação regressiva</p><p>contra o denunciado. Os casos de admissão da denunciação da lide estão previstos no art. 125 do CPC.</p><p>- Quando realizada pelo autor, a denunciação será realizada na petição inicial e, se pelo réu, na contestação, ocasião em que a</p><p>citação do denunciado será realizada no prazo de trinta dias ou dois meses quando o denunciado residir em outra comarca,</p><p>seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto. Sendo a denunciação indeferida ou não permitida (por exemplo, art. 88 do</p><p>CDC), poderá o denunciante utilizar-se da ação autônoma (art. 125, § 1, do CPC).</p><p>- Quando a denunciação for realizada pelo autor na petição inicial, da forma como prevê o art. 127 do CPC, o denunciado</p><p>“poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se</p><p>em seguida à citação do réu”. Por sua vez, realizada a denunciação na contestação pelo réu, hipóteses variadas podem ocorrer,</p><p>quais sejam:</p><p>1) Quando o denunciado contesta o pedido formulado pelo autor: O processo seguirá normalmente tendo, na ação principal, em</p><p>litisconsórcio, denunciante e denunciado.</p><p>2) Quando o denunciado for revel: O denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e</p><p>abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva.</p><p>3) Quando o denunciado confessa os fatos alegados pelo autor na ação principal: O denunciante poderá prosseguir com sua</p><p>defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.</p><p>* O pedido de denunciação da lide é realizado na petição inicial ou na contestação, portanto, não há uma peça processual</p><p>específica para tal pedido. A elaboração do pedido é realizada dentro de um tópico da petição inicial ou da contestação.</p><p>C) CHAMAMENTO AO PROCESSO: O chamamento ao processo é uma modalidade de intervenção de terceiros que somente o réu</p><p>pode utilizar na contestação, sob pena de preclusão. Além disso, de acordo com o art. 130 do Código de Processo Civil, o</p><p>chamamento ao processo só é admissível nos casos de fiança e de solidariedade passiva.</p><p>- Realizado o pedido de chamamento ao processo pelo réu na contestação, o terceiro intervirá no processo e figurará como</p><p>litisconsórcio passivo, devendo sua citação ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o</p><p>chamamento. Se o chamado (terceiro) residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo</p><p>será de 2 (dois) meses, conforme disposição do parágrafo único do art. 131 do CPC.</p><p>- Se a ação em que houver o chamamento ao processo for julgada procedente, nos termos do que dispõe o art. 132 do CPC, “a</p><p>sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por</p><p>inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar”, o autor poderá</p><p>cumprir a sentença em face de qualquer um dos réus (o originário e/ou os chamados) ou de todos.</p><p>* Não há uma peça processual específica para tal pedido. O chamamento ao processo é realizado dentro de um tópico da</p><p>contestação.</p><p>D) INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DE PERSONALIDADE JURÍDICA: O incidente de desconsideração da personalidade jurídica</p><p>tem por função criar condições para que durante o trâmite do processo, daí o nome incidente, sejam as pessoas naturais</p><p>responsabilizadas pelos atos praticados pelas pessoas jurídicas. Também, pode a pessoa jurídica ser responsabilizada pelos</p><p>atos praticados pelas pessoas naturais que a controlam ou comandam (desconsideração inversa da personalidade jurídica). A</p><p>desconsideração da personalidade jurídica somente é possível se preenchidos os pressupostos legais previstos no direito</p><p>material. Para o processo civil, importa destacar os dispositivos legais de direito material do Código Civil (art. 50) e Código de</p><p>Defesa do Consumidor (art. 28), que tratam especificamente do tema.</p><p>- Presentes os pressupostos específicos constantes no direito material, a parte ou o Ministério Público, quando lhe couber</p><p>intervir no processo, podem requerer a desconsideração da personalidade jurídica, via incidente que suspenderá o processo,</p><p>entretanto, caso a desconsideração da personalidade jurídica seja realizada na petição inicial, não há necessidade do incidente</p><p>e não haverá a suspensão do processo.</p><p>- O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na</p><p>execução fundada em título executivo extrajudicial, inclusive nos juizados especiais (art. 1.062 do CPC). Instaurado o incidente,</p><p>o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias,</p><p>justificando-se a citação pelo fato de que o sócio ou a pessoa jurídica é terceiro em relação ao processo, já que não era parte</p><p>(autor e réu). Após a manifestação dos terceiros, sócio ou pessoa jurídica e produzidas eventuais provas, o juiz decidirá pela</p><p>desconsideração da personalidade jurídica ou não, podendo esta decisão ser combatida por agravo de instrumento (art. 1.015,</p><p>IV, do CPC).</p><p>* Salvo pedido realizado na petição inicial, o pedido de desconsideração da personalidade jurídica ao longo do processo deverá</p><p>ser realizado por meio de incidente, peça processual específica.</p><p>E) AMICUS CURIAE: É uma modalidade de intervenção de terceiros que ocorre por iniciativa própria do interveniente,</p><p>requerimento de uma das partes e, também, de ofício pelo juiz, com a finalidade de fornecer elementos ao julgador para que</p><p>possa proferir uma decisão que leve em consideração os interesses da sociedade. O amicus curiae é nominado como “amigo da</p><p>corte”, já que sua função é poder auxiliar o julgador na busca de uma decisão justa.</p><p>-Os requisitos de admissibilidade do amicus curiae estão previstos no art. 138 do CPC, sendo eles os seguintes: (a) relevância da</p><p>matéria, (b) especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia. A decisão que admite a</p><p>intervenção do amicus curiae é irrecorrível.</p><p>- O amicus curiae pode ser pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada e,</p><p>por se tratar de terceiro que procura auxiliar o julgador na busca de uma decisão de qualidade, dispõe o § 2o do CPC que os</p><p>limites de participação do amicus curiae serão definidos pelo juiz ou relator (intervenção nas instâncias superiores).</p><p>- A limitação da participação do amicus curiae no processo é também verificada no próprio Código Processo Civil, já que a</p><p>intervenção não autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a decisão que julgar</p><p>o incidente de resolução de demandas repetitivas (§§ 1o e 3o do art. 138 do CPC).</p><p>!!! ATENÇÃO !!!</p><p>- Não se admite intervenção de terceiros no JEC, exceto o incidente de desconsideração de personalidade</p><p>jurídica:</p><p>Art. 10, Lei 9.099/95: Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro</p><p>nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio.</p><p>Art. 1.062, CPC: O incidente de desconsideração da</p><p>personalidade jurídica aplica-se ao processo</p><p>de competência dos juizados especiais.</p><p>AUXILIARES DA JUSTIÇA:</p><p>Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições</p><p>sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o</p><p>escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o</p><p>depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o</p><p>conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o</p><p>regulador de avarias.</p><p>Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria:</p><p>I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas precatórias e os demais atos que pertençam ao seu</p><p>ofício;</p><p>II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações, bem como praticar todos os demais atos que lhe</p><p>forem atribuídos pelas normas de organização judiciária;</p><p>III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, designar servidor para substituí-lo;</p><p>IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não permitindo que saiam do cartório, exceto:</p><p>a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;</p><p>b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública;</p><p>c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao partidor;</p><p>d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da modificação da competência;</p><p>V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo, independentemente de despacho, observadas as</p><p>disposições referentes ao segredo de justiça;</p><p>VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.</p><p>§ 1º O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a atribuição prevista no inciso VI.</p><p>§ 2º No impedimento do escrivão ou chefe de secretaria, o juiz convocará substituto e, não o havendo, nomeará</p><p>pessoa idônea para o ato.</p><p>Art. 154. Incumbe ao oficial de justiça:</p><p>I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e demais diligências próprias do seu ofício,</p><p>sempre que possível na presença de 2 (duas) testemunhas, certificando no mandado o ocorrido, com</p><p>menção ao lugar, ao dia e à hora;</p><p>II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;</p><p>III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento;</p><p>IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem;</p><p>V - efetuar avaliações, quando for o caso;</p><p>VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada por qualquer das partes, na ocasião</p><p>de realização de ato de comunicação que lhe couber.</p><p>Parágrafo único. Certificada a proposta de autocomposição prevista no inciso VI, o juiz ordenará a intimação</p><p>da parte contrária para manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do andamento regular do</p><p>processo, entendendo-se o silêncio como recusa.</p><p>Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico.</p><p>§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos</p><p>devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.</p><p>§ 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de divulgação na rede mundial</p><p>de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de classe,</p><p>ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de</p><p>órgãos técnicos interessados.</p><p>§ 3º Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para manutenção do cadastro, considerando a</p><p>formação profissional, a atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados.</p><p>§ 4º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos termos dos arts. 148 e 467 , o órgão técnico</p><p>ou científico nomeado para realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação dos</p><p>profissionais que participarão da atividade.</p><p>§ 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre</p><p>escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do</p><p>conhecimento necessário à realização da perícia.</p><p>sobre os fatos.</p><p>g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada; e</p><p>h) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.</p><p>3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma natureza.</p><p>4. O acusado absolvido por sentença passada em julgado não poderá se submetido a novo processo pelos mesmos fatos.</p><p>5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses da justiça.</p><p>5. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO</p><p>Previsto no art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal, se trata do próprio exercício</p><p>do poder democrático, pois garante a participação de ambas as partes na</p><p>possibilidade de influência na tomada de decisão.</p><p>Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,</p><p>garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a</p><p>inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à</p><p>propriedade, nos termos seguintes:</p><p>LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados</p><p>em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e</p><p>recursos a ela inerentes;</p><p>6. PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA</p><p>Trata-se de uma complementação do princípio do contraditório, de modo que o</p><p>que os difere é que enquanto o princípio do contraditório garante a possibilidade</p><p>de defesa, o princípio da ampla defesa garante os meios de formular essa defesa.</p><p>7. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE</p><p>O processo, assim como seus atos, são – via de regra – públicos. Os processos que</p><p>tramitam sob segredo de justiça, por sua vez, assim o são como uma forma de</p><p>resguardar a dignidade da pessoa humana. A publicidade também se trata de</p><p>uma forma de controle das decisões. Destaca-se que o processo eletrônico, em</p><p>um primeiro momento dificultou o acesso ao público, uma vez que havia</p><p>necessidade de cadastro prévio. Todavia, movimentos promovidos pela OAB</p><p>Nacional facilitaram e retiraram a necessidade de tal cadastramento para</p><p>visualização por advogados, restando pendente de análise, apenas a questão de</p><p>acesso à pessoa física (Resolução 143/2011).</p><p>8. PRINCÍPIO DA IGUALDADE (PARIDADE DE ARMAS)</p><p>Traduz uma necessidade de equidistância do juiz para com as partes, de modo que</p><p>o acesso se dê de forma igual e sem discriminações. Sua aplicação se dá, por</p><p>exemplo, com a nomeação de curador especial para incapazes, uniformização de</p><p>jurisprudências, prazo em dobro para os entes públicos, dentre outros.</p><p>PROCESSO X PROCEDIMENTO</p><p>Processo pode ser compreendido como: um método de criação de normas jurídicas</p><p>(quando analisado com enfoque na Teoria da Norma Jurídica, ex: processo</p><p>legislativo: processo de criação de leis; processo administrativo: processo de</p><p>produção de normas gerais); como um ato jurídico complexo (procedimento); e</p><p>como uma relação jurídica.</p><p>Todavia o que nos interessa é que:</p><p>PROCESSO É UM MÉTODO DE EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO. Em outras palavras,</p><p>PROCESSO É O PROCEDIMENTO ESTRUTURADO EM CONTRADITÓRIO. Processo é o</p><p>conjunto de relações jurídicas que se estabelecem entre os diversos sujeitos</p><p>processuais (partes, juiz, auxiliares da justiça, etc).</p><p>A Teoria Geral do Processo é a disciplina que articula os conceitos jurídicos</p><p>fundamentais processuais, ou seja, todos aqueles indispensáveis à</p><p>compreensão jurídica do fenômeno processual, quais sejam: processo,</p><p>competência, decisão, cognição, admissibilidade, norma processual,</p><p>demanda, legitimidade, pretensão processual, capacidade de ser parte,</p><p>capacidade processual, capacidade postulatória, prova, presunção e tutela</p><p>jurisdicional.</p><p>O Direito Processual Civil, Penal, Trabalhista, Constitucional, dentre outras</p><p>áreas, por sua vez, é o conjunto das normas que disciplinam o processo</p><p>jurisdicional. Compõe as normas que determinam o modo como o processo</p><p>deve estruturar-se e as situações jurídicas que decorrem dos fatos jurídicos.</p><p>O que se entende por</p><p>prova?</p><p>Qual recurso cabe contra</p><p>determinada decisão?</p><p>O que é uma decisão</p><p>judicial?</p><p>O que torna uma norma</p><p>processual?</p><p>Determinada questão pode ser alegada a</p><p>qualquer tempo no processo?</p><p>O juiz pode determinar provas</p><p>sem requerimento das partes?</p><p>PRINCIPAIS DIFERENÇAS</p><p>O que é o processo? Qual o prazo para</p><p>apresentação da defesa?</p><p>TEORIA GERAL DO PROCESSO X DIREITO PROCESSUAL</p><p>Voltando ao conceito de que “processo é um método de exercício da jurisdição”,</p><p>cabe definir que jurisdição é aquilo que tutela as situações jurídicas concretamente</p><p>afirmadas em um processo. Não há processo oco. Todo processo traz a afirmação de</p><p>ao menos uma situação jurídica, que pode ser chamada de direito material.</p><p>O processo deve ser estudado e estruturado tendo em vista a situação jurídica</p><p>material para a qual servirá de tutela. Isso se chama INSTRUMENTALISMO, que nada</p><p>mais é do que a ponte entre o direito processual e o direito material.</p><p>Fundamental, assim, compreender os institutos processuais: (a) causa de pedir; (b)</p><p>conteúdo da sentença e coisa julgada; (c) intervenções de terceiro; (d) as defesas</p><p>do demandado; (e) os princípios da adequação do processo; (f) direito probatório;</p><p>(g)as peculiaridades do processo coletivo, etc.</p><p>Para que possamos discutir as fontes e</p><p>interpretações do Direito Processual, quero que</p><p>aproveitem o feriado, façam uma pipoquinha e</p><p>assistam ao filme "O Senhor das Moscas", baseado no</p><p>livro de William Golding.</p><p>A obra literária foi vencedora do prêmio Nobel e</p><p>trata sobre a natureza do mal e a tênue linha que</p><p>separa a civilidade da barbárie.</p><p>Link no AVA.</p><p>PARA PRÓXIMA AULA:</p><p>FONTES DO DIREITO PROCESSUAL</p><p>Direito processual existe para que o judiciário seja retirado da inércia, ou seja, provocado a agir</p><p>em prol do direito de alguém.</p><p>Direito processual é o ramo do direito que goza de plena autonomia</p><p>nos dias atuais, tem por finalidade disciplinar a forma em que o</p><p>estado presta a atividade ‘jurisdicional’, por intermédio de um</p><p>instrumento chamado ‘processo’, após ter sido provocado pelo</p><p>interessado por meio do exercício do direito de ação. (Rodolfo</p><p>Hartmann)</p><p>Direito processual não vive sem o direito material.</p><p>Exemplos: Direito Processual Civil e Direito Civil, Direito Processual Penal e Direito Penal, Direito</p><p>Processual do Trabalho e Direito do Trabalho (dentro destes ramos há, inclusive, pontos em</p><p>comum, como a citação, a sentença, a instrução, o recurso, etc). Dessa forma, quando se estuda</p><p>TGP é comum que se estude principalmente o Processo Civil, já que ele se trata da legislação</p><p>processual que será aplicada de forma subsidiária, em caso de lacuna, em qualquer uma das</p><p>áreas.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS:</p><p>A) NORMAS MATERIAIS (SUBSTANCIAIS): normas que disciplinam os direitos e as obrigações ou</p><p>possíveis aplicações de sanções. Ou seja, regulam e organizam funções socialmente úteis, como</p><p>por exemplo, o Código Civil e o Código Penal</p><p>B) NORMAS PROCESSUAIS (INSTRUMENTAIS): são as normas que vão disciplinar o estado-juiz e a</p><p>atuação das partes no processo</p><p>* HETEROTÓPICAS: são normas processuais que são tratadas dentro do direito material.</p><p>Exemplo: Art. 240, §1º, CPC: a interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a</p><p>citação, ainda, que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.</p><p>Art. 202, I, CC: A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:</p><p>I – por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover</p><p>no prazo e na forma da lei processual.</p><p>Tendo o processo por escopo garantir a atuação do direito objetivo, questiona-se se</p><p>seria possível uma hierarquização das normas jurídicas. Assim, o Código Civil regula a</p><p>obrigação de indenizar e o Código de Processo Civil disciplina a ação de indenização,</p><p>sendo a garantia da satisfação da primeira uma decorrência da segunda.</p><p>A tendência de subalternizar as normas processuais tem-se revelado muito frequente</p><p>no campo doutrinário, mas a denominação norma adjetiva só pode ser aceita enquanto</p><p>expressa um contraste frente ao direito material ou substancial, mas, de forma alguma,</p><p>para significar que o direito processual</p><p>seja de categoria jurídica inferior.</p><p>FONTES:</p><p>FONTES PRIMÁRIAS - Leis.</p><p>FONTES SECUNDÁRIAS - art. 4º LINDB: quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de</p><p>acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.</p><p>Ainda, há a divisão criada pelo doutrinador Miguel Fenech, e adotada por alguns</p><p>doutrinadores, que dividem as fontes da seguinte forma:</p><p>Fonte direta – a lei;</p><p>Fonte supletiva indireta: os costumes – regras não escritas, decorrentes de práticas</p><p>reiteradas - a jurisprudência e os princípios gerais do direito;</p><p>Fontes supletivas secundárias: o direito histórico - produto da história do direito e da sua</p><p>evolução -, o direito estrangeiro e a doutrina - também conhecido como direito científico,</p><p>que consiste nos estudos desenvolvidos pelos juristas.</p><p>INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROCESSUAL:</p><p>- Importante destacar que saber se uma norma está de acordo com a constituição não é realizar</p><p>a interpretação da norma processual. Isso é realizar controle de constitucionalidade.</p><p>- Interpretar e entender uma norma é verificar o real sentido e alcance desta norma.</p><p>* MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO:</p><p>A) Literal: significa a letra fria da lei. Exemplo, são os prazos recursais.</p><p>B) Autêntico: quando o próprio legislador aponta o que ele quer dizer naquela norma. Exemplo, a</p><p>citação (art. 238, CPC)</p><p>C) Lógico-sistêmico: significa que uma norma não pode ser interpretada de forma isolada, ou</p><p>seja, devemos levar em consideração todo o sistema jurídico.</p><p>D) Histórico: Analisar o momento em que vivemos para a criação de uma norma (exemplo, as</p><p>normativas que foram editadas para os tempos de pandemia)</p><p>E) Teleológico: significa dar fins sociais, ou seja, atender o fim social daquela norma (exemplo,</p><p>a impenhorabilidade do bem de família - não quer dizer que solteiros não poderão ser abrangidos</p><p>por essa garantia, diante do seu fim social). Ou seja, busca compreender o espírito da lei, a</p><p>intenção que o legislador teve quando a editou.</p><p>- Não há uma hierarquização entre os métodos.</p><p>APLICAÇÃO DA NORMA QUANTO AO ASPECTO TEMPORAL:</p><p>De acordo com o art. 1º da LINDB a norma processual será aplicada imediatamente, mas</p><p>como o processo se desenvolve com a prática de vários atos</p><p>As leis processuais civis e penais estão sujeitas às normas relativas à eficácia temporal</p><p>das leis civis, constantes da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, e da Lei</p><p>de Introdução ao Código de Processo Penal, respectivamente. Sendo o processo uma</p><p>série de atos que se desenvolvem no tempo, torna-se delicada a solução do conflito</p><p>temporal de leis processuais. A lei nova não incide sobre processos findos, por razões</p><p>óbvias; da mesma forma que os processos a serem iniciados serão regulados pela lei</p><p>nova. A questão que se coloca é em relação aos processos em curso, quando advenha</p><p>lei nova, a exemplo do que ocorreu no Brasil com o novo Código de Processo Civil (Lei no</p><p>3.105/15), com a sua entrada em vigor no dia 18 de março de 2016 (art. 1.045).</p><p>As disposições finais e transitórias do novo Código de Processo Civil são substanciosas,</p><p>estando algumas dispostas nesses termos: Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código,</p><p>suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a</p><p>Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.</p><p>A doutrina aponta três sistemas para a solução do conflito temporal das leis:</p><p>A) UNIDADE PROCESSUAL: há uma necessidade de enxergar o processo como um todo, como algo único. Ou</p><p>seja, a norma que estiver vigente no momento da distribuição daquele processo é aquela que vai</p><p>regulamentar ele até o fim. Foi o que aconteceu, por exemplo, quando entrou em vigor o CPC de 2015, mesmo</p><p>ele tendo revogado na íntegra o CPC de 73. Isso serve para dar uma segurança jurídica.</p><p>B) FASES PROCESSUAIS: Contudo, essa forma de aplicação de forma unificada gerou diversas críticas,</p><p>abrindo-se uma outra corrente que entende que as fases processuais é que devem reger a lei que será</p><p>aplicada. (Fase postulatória/saneamento/produção de prova/sentença/execução). O problema é que as</p><p>vezes temos fases ocorrendo de forma concomitante, o que dificultaria a identificação da efetiva fase</p><p>processual em que se encontra.</p><p>C) ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS: Por essa razão, criou-se essa terceira forma de aplicação da norma</p><p>dos atos processuais. Essa forma, inclusive é a que o CPC atual prioriza. Dentro de cada fase processual atos</p><p>serão praticados, de modo que pegaremos esse ato praticado de forma isolada e no momento de sua prática</p><p>identificar qual a norma está vigente.</p><p>A promulgação do novo Código de Processo Civil provoca uma verdadeira revolução nesse sistema</p><p>processual, com reflexos nos demais (penal, trabalhista, eleitoral etc.), pelo que cuidou o seu art. 15 de</p><p>determinar que: “Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos,</p><p>as disposições deste Código lhes serão aplicáveis supletiva e subsidiariamente.”</p><p>APLICAÇÃO DA NORMA QUANTO AO ASPECTO ESPACIAL:</p><p>A) NO BRASIL - é a regra o CPC;</p><p>A eficácia espacial das normas processuais é regulada pelo princípio da</p><p>territorialidade, também conhecido como lei do foro; e nem poderia ser de outra forma,</p><p>considerando que se trata da disciplina de uma atividade jurisdicional do Estado que,</p><p>em princípio, não admite atividade estatal regulada por lei estrangeira, salvo se a</p><p>norma vier prevista em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil</p><p>faça parte (CPC, art. 13, parte final). O princípio da territorialidade vem agasalhado</p><p>pelos arts. 16 do Código de Processo Civil e 1o do Código de Processo Penal.</p><p>B) EXCEÇÃO: quando o Brasil participa de algum acordo ou tratado internacional e</p><p>neste caso priorize-se a aplicação de norma diferente</p><p>REQUISITOS DA JURISDIÇÃO</p><p>Trata-se de algo indispensável para validade dos atos praticados pelo Juiz,</p><p>eis que adentram nas questões da competência do magistrado para dirigir os</p><p>procedimentos e julgar os pedidos conforme a lei.</p><p>A) REQUISITO DA INVESTIDURA: impõe que o praticante da atividade jurisdicional esteja</p><p>investido no cargo de juiz do Poder Judiciário, adquirindo, assim, a condição de magistrado,</p><p>eis que selecionado e aprovado por via de concurso público, em que demonstrará ser</p><p>diplomado por faculdade de direito regular, bem como, ter conhecimento técnico-científico</p><p>para o exercício das funções.</p><p>Como se trata de pública a função do juiz, eis que sua investidura se dá com a posse em</p><p>cargo estatal, pode parecer estranho esperar sua imparcialidade para julgar casos em que</p><p>uma das partes é o próprio Estado e/ou União. Diante disso, há de se refletir que deve</p><p>haver uma separação do monopólio jurisdicional do Estado e pressupor o profissionalismo</p><p>no exercício do magistrado, que deverá levar em consideração o cargo que está investido e</p><p>distanciar-se do fato de ser um servidor público nestes momentos.</p><p>B) REQUISITO DA INÉRCIA: No campo dos direitos disponíveis, em que prevalece a liberdade</p><p>das pessoas de movimentar ou não a jurisdição para exercê-los, não poderá o juiz substituir a</p><p>parte para provocar a incidência da atividade jurisdicional.</p><p>Importante destacar que o requisito da inércia não veda o necessário impulso que, após</p><p>instaurado o procedimento pela parte, o juiz deve conferir ao andamento dos autos. Não</p><p>pode, entretanto, o juiz, na tramitação processual, direcionar a causa para rumos de seu</p><p>arbítrio, sem atentar para o princípio da reserva legal, decidindo as questões com</p><p>ampliação do objeto do pedido formulado pela parte (ultra petita) ou de modo diverso da</p><p>pretensão das partes (extra petita) ou aquém da pretensão das partes (citra petita).</p><p>Também, o impulso processual, a que o juiz está obrigado, não permite que o juiz conceda</p><p>direitos que foram precariamente alegados pelas partes ou que sequer foram</p><p>fundamentados pelas partes, porque, no direito processual brasileiro, no que tange aos</p><p>direitos disponíveis, não predomina o adágio latino do iura novit curia (ao juiz cabe dizer o</p><p>direito e à parte, os fatos), porquanto, como frisamos, o direito processual</p><p>brasileiro é</p><p>formalístico, prescindindo, à formação do processo, de acatamento de pressupostos</p><p>legais com rigorosa fundamentação e sistematização de condutas.</p><p>C) REQUISITO DA ADERÊNCIA TERRITORIAL: a atividade jurisdicional é exercida em perímetros</p><p>territoriais indicados pela Constituição e pelas Leis de divisão e organização judiciária. No</p><p>Brasil, só o Judiciário tem a função de julgar com efeito vinculativo pleno. O Estado brasileiro</p><p>(República Federativa do Brasil) delega ao Poder Judiciário o dever funcional de solução de</p><p>litígios ou acertamento de direitos através dos juízos de direito exaradores de provimentos</p><p>que assumem as características de sentença, porque revestida de atributos de definitividade,</p><p>imutabilidade, indiscutibilidade, nos termos que a lei dispuser.</p><p>Cabe lembrar que isso não resume o seu poder ao de decisão, eis que as esferas</p><p>administrativas também detêm esses poderes. Ocorre que, ao judiciário cabe o poder da</p><p>decisão final, incluindo o de revisar aquelas que foram realizadas na esfera</p><p>administrativa.</p><p>D) REQUISITO DA INAFASTABILIDADE, INEVITABILIDADE E INDELEGABILIDADE: esses três requisitos</p><p>são entrelaçados e decorrem da peculiaridade jurídica dos serviços públicos. Vejamos:</p><p>O controle jurisdicional para assegurar a lesões ou danos ao ordenamento jurídico é função</p><p>inafastável do Estado que, através do Judiciário, há de resolver, em definitivo ameaça a</p><p>direitos.</p><p>A inevitabilidade da jurisdição confirma a característica pública da atividade que, uma vez</p><p>provocada, há de ser prestante, útil e eficiente. É por isso que, quando o juiz, a qualquer</p><p>pretexto, retarda a prestação jurisdicional, tornando morosa a resposta do Estado aos pleitos</p><p>das partes, deveria ser alvo de representação indeclinável do Ministério Público.</p><p>Quanto ao requisito da indelegabilidade, é este corolário dos atributos especificados na</p><p>Constituição ou na lei de que, por si mesmo, não pode eximir-se o juiz no exercício da função</p><p>jurisdicional. É-lhe vedado, a seu alvitre ou conveniência, delegar (transferir, repassar) suas</p><p>funções a outrem, embora, por dispositivos de leis estaduais e federais, o juiz seja substituível</p><p>por imperiosa necessidade do serviço judiciário ou por justa causa, enfermidades, força</p><p>maior, estando, assim, mitigado o princípio ortodoxo que exigia irreversível identidade do juiz</p><p>com a causa, isto é, o juiz da instrução deveria ser forçosamente o juiz da decisão.</p><p>E) REQUISITO DO JUÍZO NATURAL: Fala-se no requisito do juízo natural para garantia de direitos</p><p>fundamentais de liberdade, dignidade e ampla defesa, a coexistência do Estado Democrático de</p><p>Direito e de seus órgãos jurisdicionais, com competências predefinidas, ante os atos ou fatos a</p><p>serem julgados. Não se trata de dizer que esse requisito assegura julgamento por juiz imparcial,</p><p>porque a imparcialidade aqui não é qualidade intrínseca dos juízes, mas dever estatal</p><p>constitucionalizado.</p><p>F) IMPARCIALIDADE DO JUIZ: Como bem observam Cintra, Grinover e Dinamarco, “o caráter de</p><p>imparcialidade é inseparável do órgão da jurisdição”.</p><p>Por isso é que, não sendo a imparcialidade do juiz princípio de direito processual, mas dever</p><p>constitucional do Estado-juiz, como direito-garantia das partes, as leis processuais cuidam da</p><p>suspeição e impedimento dos juízes como vícios insuperáveis e causadores da nulidade dos atos</p><p>jurisdicionais. Daí se fala no requisito do juízo natural que estabelece, para garantia de direitos</p><p>fundamentais de liberdade, dignidade e ampla defesa, a coexistência do Estado Democrático de</p><p>Direito e de seus órgãos jurisdicionais, com competências predefinidas, ante os atos ou fatos a</p><p>serem julgados. Não se trata de dizer que esse requisito assegura julgamento por juiz imparcial,</p><p>porque a imparcialidade aqui não é qualidade intrínseca dos juízes, mas dever estatal</p><p>constitucionalizado.</p><p>G) REQUISITOS DA PERSUASÃO RACIONAL DO JUIZ, REQUISITO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES</p><p>JUDICIAIS E REQUISITO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: A persuasão do juiz, no Estado</p><p>Democrático de Direito, é construída pelos critérios que a lei estabelece para seu</p><p>autoconvencimento ante os fatos e atos examinados. O julgador não pode decidir, assumindo o</p><p>papel paternalista ou do magister em juízos de desvinculada subjetividade. O juiz não pode,</p><p>portanto, decidir em face de uma lei vazia à qual possa emprestar conteúdos de pessoal</p><p>sabedoria, clarividência ou magnanimidade.</p><p>Após as constituições democráticas, aboliram-se os sistemas inquisitório e de livre</p><p>convencimento, porque historicamente assentados em bases autocráticas e carismáticas de</p><p>juízos de arbítrio, discricionariedade, conveniência e equidade, sem qualquer suporte no princípio</p><p>da anterioridade e exterioridade normativas. A reserva legal, como referente lógico-jurídico da</p><p>legitimidade jurisdicional, erigiu-se em princípio constitucional de racionalidade na prolatação</p><p>das decisões judiciais, o que torna imprescindível a fundamentação do ato jurisdicional em leis</p><p>que lhe sejam precedentes.</p><p>Entrelaça-se aos requisitos analisados o do duplo grau de jurisdição (competência!) que se</p><p>desponta como dever estatal de permitir a revisibilidade das decisões judiciais e,</p><p>consequentemente, o reexame da motivação legal que sustentou o convencimento do juiz para</p><p>exaração do provimento recorrido. A racionalidade jurisdicional motivada na lei e suscetível de</p><p>recriação por novos juízos de reapreciação retira a autocracia inquisitorial que governou o</p><p>exercício da jurisdição nas épocas obscuras da humanidade, deixando sequelas de agressão a</p><p>direitos, que persistem em nossa época.</p><p>LIQUIDEZ E CERTEZA NA PROCESSUALIDADE:</p><p>1. O PROCESSO COMO INSTITUINTE DO MELHOR ARGUMENTO: para que haja lesão ou ameaça, o pressuposto</p><p>é o da preexistência de direitos fundamentais já acertados por uma liquidez e certeza processualmente</p><p>decididos nas bases constituintes a legitimarem executividade incondicionada. Ou seja, fala-se de uma</p><p>construção hermenêutica de argumentos. Estranha-se, portanto, que direitos já acertados por uma liquidez</p><p>e certeza processualmente pré-decididas em bases procedimentais constituintes sejam ainda submetidos</p><p>a uma judicância. Nenhuma garantia, na concepção democrática, é assegurada na significância</p><p>pragmático-linguística do decididor solitário e asséptico.</p><p>2. LIQUIDEZ E CERTEZA NA PROCESSUALIDADE: Suplica-se, por isso, distinguir, em direito democrático, o que</p><p>sejam normas de aplicação imediata, porque produzidas no plano da processualidade constituinte e</p><p>entregues a uma fiscalidade processual ampla (controle irrestrito de constitucionalidade) e asseguradora</p><p>dos direitos instituídos, daquelas que, mesmo tendo origem e critérios idênticos de produção, reclamam</p><p>acertamentos cognitivos no plano in fieri (operacional) da exigibilidade do ordenamento jurídico.</p><p>A liquidez dos direitos fundamentais, no plano constituinte-democrático, expurga um non-liquet (anomia)</p><p>que pudesse exigir uma decisão declaratória-constitutiva acessória, porque a formação da vontade</p><p>instituinte desses direitos constitucionalizados, em tendo sido demarcada pelos princípios da isonomia,</p><p>contraditório e ampla defesa, se habilita à criação de fundamentos (autoprivação de liberdades</p><p>diferenciadas) pelos quais, por liberdades simétricas processualmente exercidas de modo ilocucionário</p><p>(igualdade de momentos de fala), é constituído o direito a essa liberdade igual que, a seu turno, se</p><p>radicará na corporalização teórica de igual direito à vida com liberdade, afastando a individualidade</p><p>biológica para cuja sobrevivência não se exigiria um mundo juridificado e feitor de dignidade advinda de</p><p>liberdade processual de autoincludência sistêmica e de fruição com simultânea fiscalidade dos direitos</p><p>fundamentais.</p><p>3. A QUALIDADE EXECUTIVO-CONSTITUCIONAL DE DIREITOS: Os direitos postos por uma vontade</p><p>processualmente demarcada, ao se enunciarem constitucionalmente fundamentais, pertencem a um</p><p>bloco de direitos líquidos (autoexecutivos) e certos (infungíveis) de cumprimento insuscetível de</p><p>novas reconfigurações provimentais</p><p>e, por conseguinte, só passíveis de lesões ou ameaças após</p><p>efetivamente concretizados ex officio pela Administração Governativa ou por via das ações</p><p>constitucionais (devido processo legal) a serem manejados por todos indistintamente ao exercício da</p><p>autoinclusão auferidora dos direitos fundamentais criados e garantidos no nível constituinte da</p><p>normatividade indeclinável.</p><p>4. A AUTOEXECUTIVIDADE DOS ATRIBUTOS DE CERTEZA E LIQUIDEZ: A decisão judicial determinante</p><p>(mandamental) ou protetora desses direitos é autoexecutiva de certeza e liquidez advindas do título</p><p>constituído pelo legislador constituinte. A menção de direitos líquidos e certos, ensejadores de tutelas</p><p>de urgência na democracia, não é reconhecida, como preconiza Nelson Nery Júnior, em nome de</p><p>“interesse superior de justiça” ou da eficácia da “atividade jurisdicional”, mas porque já pré-decididos</p><p>no plano constituinte como direitos fundamentais que, uma vez pleiteados em bases pré-cógnitas e</p><p>inequívocas da estrutura de admissibilidade das ações constitucionais, exigem execução judicial nos</p><p>Estados Democráticos de Direito.</p><p>Utiliza-se o processo como instrumento mórbido de uma jurisdição judicial de resolução de conflitos</p><p>emersos da constitucionalidade não cumprida a serviço de uma paz sistêmica metajurídica</p><p>sentencialmente provimentada em critérios jurisprudenciados por valores de uma eticidade estranha</p><p>aos destinatários normativos a quem se nega o acesso processual à execução dos direitos</p><p>fundamentais já acertados em cognição constituinte.</p><p>AÇÃO E DIREITO DE AÇÃO:</p><p>Ação será sempre o mesmo que procedimento e o direito de ação</p><p>será instituto de direito constitucionalizado que enseja o exercício</p><p>do direito de movimentar a jurisdição, seja de modo juridicamente</p><p>adequado ou não, não se misturando ao direito de agir que, para nós</p><p>e perante várias legislações processuais, inclusive a brasileira,</p><p>significa o direito de estar no procedimento apurável após a</p><p>instauração do procedimento pela existência e observância de</p><p>pressupostos e condições que a lei estabelecer para a formação</p><p>técnico-jurídica do procedimento o que a lei brasileira denomina</p><p>impropriamente formação do processo (art. 312 a 332 do CPC).</p><p>ELEMENTOS CONFIGURATIVOS E ESTRTURAIS DO PROCEDIMENTO (AÇÃO): Os processualistas</p><p>classificam os elementos configurativos do procedimento (ação) em subjetivos, aqui se</p><p>incluindo as partes, o juiz, representante do Ministério Público, quando a lei assim o exige, os</p><p>auxiliares internos e externos do juízo (sujeito do processo), e objetivos os concernentes à</p><p>causa de pedir e pedido.</p><p>A causa de pedir (causa petendi) desdobra-se em próxima e remota. A causa próxima</p><p>expressa-se pelos fundamentos jurídicos existentes na lei positiva que dão suporte à pretensão</p><p>manifestada, enquanto a causa remota se define pelas alegações de situação fática de licitude</p><p>do pretendente ao reconhecimento de direitos em face de outrem que se lhe contrapõe em</p><p>situação de ilicitude.</p><p>O pedido (petitum) apresenta, como elementos conclusivos da pretensão, dois objetos:</p><p>imediato e mediato, sendo que o imediato é solicitação de sentença (provimento) para</p><p>reconhecer um direito relacionado a um bem da vida jurídica que tem a denominação de res in</p><p>judicium deducta (situação jurídica criada em norma legal e deduzida em juízo). É por isso que</p><p>o objeto mediato do pedido sedia o meritum causae (mérito causal), sendo que o mérito,</p><p>quando núcleo de direito (isto é: direito alegado na órbita enunciativa do mérito), abrange,</p><p>portanto, questões que não estão ligadas à matéria de processo e à matéria de ação de que</p><p>cuidaremos no ponto seguinte sob título de Elementos estruturais da ação. Em direito</p><p>processual, atualmente, o que se anuncia é uma pretensão de direito merital e não mais a</p><p>envelhecida concepção de “direito material”. Pode-se ter alegação de direito merital como</p><p>suscetível ou insuscetível de um reconhecimento provimental terminativo-definitivo, no</p><p>procedimento, de existência, eficácia ou aplicação pelo devido processo.</p><p>Entende-se, assim, que a petição é a peça (gráfico-cartular) que instrumenta o texto da</p><p>pretensão em sua inteireza. O pedido é o trecho conclusivo do texto pretensional contenedor</p><p>dos dois objetos a que nos aludimos. O pedido tem que ser claro, completo, inteligível, técnico-</p><p>jurídico, porque, se assim não o for, é considerado inexistente por não apresentar os elementos</p><p>de sua definição, tornando-se imprestável para caracterizar ato jurídico procedimental válido e</p><p>apto para provocar decisão.</p><p>Outro aspecto útil do estudo dos elementos configurativos da ação é o que se relaciona com a</p><p>identificação da ação, porque, através dos elementos individuantes dos procedimentos, pelo</p><p>princípio da tríplice identidade (eadem partes, eadem causa pretendi, eadem res – mesmas</p><p>partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido), pode-se verificar a existência de figuras</p><p>jurídico-processuais (institutos) da litispendência (repetição de ação em curso com identidade</p><p>de partes, causa de pedir e pedido), exceção de coisa julgada (repetição de ação já decidida</p><p>por sentença de mérito transitada em julgado), conexão (quando comuns uma das causas de</p><p>pedir ou o objeto) e a continência (identidade entre partes e causa de pedir e o objeto de uma</p><p>ação abrange o da outra).</p><p>Ressalte-se que, nos procedimentos de natureza contenciosa, não pode haver parte (litigante)</p><p>sem adversário (ex adverso), regendo-se tal circunstância pelo princípio da dualidade de</p><p>partes, porque, não tendo o autor ou o réu, por morte ou incapacidade absoluta de um deles,</p><p>com quem demandar, evidente que, se já instaurado o procedimento, não havendo também</p><p>sucessores legitimados, ocorreria confusão de partes em que o autor ou o réu enfrentaria a</p><p>absurda hipótese de demandar contra si mesmo. As leis processuais determinam a extinção do</p><p>procedimento, quando surge esse fato.</p><p>ELEMENTOS ESTRUTURAIS: Por isso se fala em elementos estruturais da ação que, por certo,</p><p>não são todos os elementos do procedimento (ação), mas aqueles (elementos</p><p>fundacionais) que alicerçam o procedimento a ser construído pelas partes ao longo do</p><p>tempo jurídico até o provimento (sentença). Esses elementos fundacionais ou formativos do</p><p>procedimento consistem na matéria de processo e matéria de ação, como se depreende</p><p>também da leitura do Código de Processo Civil brasileiro. A matéria de processo equivale</p><p>aos pressupostos de constituição do procedimento, classificados como subjetivos</p><p>(competência do juiz e verificação de ausência de impedimento ou suspeição do juiz, do</p><p>representante do MP ou dos auxiliares internos e externos do juízo, isto é: escrivães, oficiais,</p><p>avaliadores, funcionários judiciários em geral e peritos não funcionários vinculados ao</p><p>procedimento; legitimatio ad processum (legitimidade processual): personalidade civil,</p><p>capacidade jurídica das partes, capacidade de ser parte em juízo, capacidade de estar em</p><p>juízo, capacidade postulatória) e objetivos que são os pressupostos de desenvolvimento</p><p>válido e regular do processo e que se manifestam pelos seguintes aspectos: petição apta,</p><p>verificação de inexistência de coisa julgada, litispendência, perempção, confusão de</p><p>partes, conexão, continência, prescrição, decadência, verificação de citação válida,</p><p>presença de advogado habilitado, presença de curador (se legalmente necessária),</p><p>presença do MP (se legalmente necessária), pagamento de custas, prestação de caução,</p><p>bem como verificação de inexistência de vícios cominados e não cominados de</p><p>anulabilidade dos atos procedimentais e verificação de existência de litisconsórcio</p><p>necessário, quando a lei o exigir. Os pressupostos ligados à matéria de processo são</p><p>chamados pressupostos subjetivos e objetivos de admissibilidade.</p><p>A possibilidade jurídica do pedido desponta-se pela existência, no ordenamento jurídico, de</p><p>texto legal assegurador do direito pleiteado, embora Ernane Fidélis dos Santos observe que “o</p><p>pedido é sempre processualmente possível” e o que se afiguraria legalmente impossível seria</p><p>uma sentença reconhecedora de direito</p><p>material inexistente. A legitimidade ad causam é</p><p>requisito que surge pela prova prefacial, inequívoca e indispensável da titularidade do direito</p><p>alegado. Interesse processual é a relação de necessidade entre o pedido e a atuação</p><p>jurisdicional.</p><p>A matéria de mérito que se constitui do equivocadamente chamado direito material (direito</p><p>alegado e examinável no espaço-tempo do mérito) passa a ser reconhecida judicialmente</p><p>através do processo que especifica a lide, nos limites do petitum, a que se referia Carnelutti,</p><p>por indicar o ponto crítico (culminante-meridium) da litigiosidade entre as partes sobre um</p><p>bem da vida jurídica – a res in judicium deducta, como já salientamos. Não havendo lide, claro</p><p>fica também que o procedimento instaurado se torna inócuo, quando se pretenda, em juízo,</p><p>solução de um conflito não demonstrado. Assim, a lide é condição do exame do mérito, embora</p><p>a lide possa ser julgada antes do tempo merital. Situa-se, portanto, o mérito no espaço</p><p>procedimental do objeto mediato do pedido. Estranhamente, a lei brasileira (CPC, art. 332, IV,</p><p>§1º) qualifica de sentença de mérito a que acolhe prescrição ou decadência, que é uma</p><p>sentença não proferida no espaço-tempo estrutural do mérito, e é por isso que a denominada</p><p>tutela antecipada não se aplica, a rigor, por uma sentença de mérito.</p><p>Uma sentença pode ser merital, sem ser de mérito (lavrada no espaço-tempo do mérito). De</p><p>conseguinte, as liminares se expressam em decisões meritais e não de mérito na esfera</p><p>definitiva do objeto mediato do petitum.</p><p>CONVALIDAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS: O certo é que, quando o juiz aprecia o</p><p>mérito, porque presentes os elementos formativos ou fundacionais do procedimento, fala-se</p><p>que a sentença que julgou o pedido é de procedência ou improcedência (sentença de mérito) e,</p><p>se transitada em julgado, é sentença definitiva, enquanto a sentença transitada que só julgou</p><p>matéria de processo e (ou) matéria de ação é sentença terminativa – extingue o processo ou</p><p>profere a carência da ação e extingue o processo.</p><p>Para facilitar o estudo da matéria de processo e matéria de ação, indicaremos alguns</p><p>elementos dessas matérias, que sejam ou não recuperáveis, assim resumindo:</p><p>– Matéria convalidável (convalescível) – verificação de ausência de advogado; incompetência</p><p>relativa do juiz; impedimento ou suspeição dos sujeitos do procedimento; insuficiência de</p><p>representação; falta de representação ou assistência da parte; falta de outorga marital ou</p><p>uxória; defeitos de assistência, representação, consentimento, prestação de caução,</p><p>pagamento de custas processuais e vícios não cominados.</p><p>– Matéria inconvalidável (inconvalescível) – incompetência absoluta do juiz, incapacidade</p><p>absoluta, coisa julgada, litispendência, perempção, prescrição, decadência, confusão de</p><p>partes, inépcia da inicial, falta de interesse processual, impossibilidade jurídica do pedido,</p><p>ilegitimidade ad causam e vícios cominados em lei.</p><p>CONCEITO DE JURISDIÇÃO:</p><p>O Estado moderno, para melhor atingir seu objetivo, que é o bem comum, dividiu seu poder</p><p>soberano em três: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário. A cada Poder</p><p>corresponde uma função estatal. Assim, ao Legislativo compete a estruturação da ordem</p><p>jurídica; ao Executivo, a administração; e ao Judiciário, a composição dos litígios nos casos</p><p>concretos.</p><p>À função de compor os litígios, de declarar e realizar o Direito, dá-se o nome de jurisdição</p><p>(do latim juris dictio, que significa dizer o Direito). Partindo-se de uma visão clássica, a</p><p>jurisdição pode ser visualizada sob três enfoques distintos:</p><p>a) como poder, porquanto emana da soberania do Estado, que assumiu o monopólio de</p><p>dirimir os conflitos;</p><p>b) como função, porque constitui dever do Estado prestar a tutela jurisdicional quando</p><p>chamado;</p><p>c) finalmente, como atividade , uma vez que a jurisdição atua por meio de uma sequência</p><p>de atos processuais.</p><p>Jurisdição, portanto, é o poder, a função e a atividade exercidos e desenvolvidos,</p><p>respectivamente, por órgãos estatais previstos em lei, com a finalidade de tutelar direitos</p><p>individuais ou coletivos.</p><p>CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO:</p><p>a) Unidade: trata-se de função exclusiva do poder judiciário, exercida por intermédio dos juízes.</p><p>Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as</p><p>disposições deste Código.</p><p>A jurisdição, dessa forma, não é um ato solitário dos juízes. A jurisdição é prestada por um órgão</p><p>que, do ponto de vista subjetivo, é composto por agentes públicos, que recebem vencimentos (juiz,</p><p>escrivão, promotor público, defensor público e outros), e agentes privados, que recebem</p><p>honorários (v.g., advogado e perito). Todos esses agentes exercem munus público e estão sujeitos</p><p>a impedimento e suspeição. A exceção fica por conta dos advogados, sujeitos parciais por</p><p>excelência.</p><p>Também os Poderes Executivo e Legislativo desempenham atividades jurisdicionais em</p><p>determinados casos, devidamente autorizados desde a Constituição Federal. É o que a doutrina</p><p>costuma chamar de funções típicas e atípicas do Estado.</p><p>Exemplos: (a) processo de impeachment, onde o poder legislativo é quem exerce o papel de</p><p>jurisdição; (b) arbitragem, onde um terceiro, escolhido pelas partes é que decidirá o conflito de</p><p>interesses e regulará o caso concreto; e, (c) Justiça Desportiva, que se trata de um órgão</p><p>administrativo com atribuições para julgar questões relacionadas à disciplina e competições</p><p>desportivas.</p><p>b) Secundaridade: A jurisdição é o derradeiro recurso (ultima ratio), a última trincheira na busca</p><p>da solução dos conflitos. O normal e esperado é que o Direito seja realizado independentemente da</p><p>atuação da jurisdição, sobretudo em se tratando de direitos patrimoniais. Em geral, o patrão paga</p><p>os salários sem que seja acionado para tanto; o locatário paga o aluguel sem que o locador tenha</p><p>que recorrer à Justiça para fazer valer seu direito; o pai, uma vez separado de sua mulher, paga</p><p>alimentos ao filho, independentemente de qualquer ação de alimentos. Prevalece, portanto, a</p><p>observância ao dever decorrente da lei, o convencionado pelas partes, o ato jurídico perfeito.</p><p>c) Substitutividade: De um modo geral, as relações jurídicas são formadas, geram seus efeitos e</p><p>extinguem-se sem dar origem a litígios. Quando surge o litígio, as partes podem compô-lo de</p><p>diversas formas, sem recorrer ou aguardar o pronunciamento do Estado-juízo. A transação (art.</p><p>840 do CC), a conciliação, a mediação e o juízo arbitral são instrumentos extrajudiciais adequados</p><p>para a composição dos litígios. Apenas quando frustradas as tentativas extrajudiciais de solução</p><p>dos conflitos é que o Estado deveria ser chamado a atuar. Como o Estado é um terceiro estranho ao</p><p>conflito, ao exercer a jurisdição, estará ele substituindo, com atividade sua, a vontade daqueles</p><p>diretamente envolvidos na relação de direito material, os quais obrigatoriamente se sujeitarão ao</p><p>que restar decidido pelo Estado-juízo. É nesse sentido que se fala em substitutividade da</p><p>jurisdição. Em outras palavras, as partes poderiam, cada uma, cumprir o seu dever, evitando o</p><p>conflito. Surgido o conflito, poderiam, per si, buscar uma forma de resolvê-lo. Em não agindo</p><p>assim, a última possibilidade consiste em bater às portas do Judiciário em busca de uma tutela</p><p>jurisdicional. Uma vez provocada a jurisdição, instaurado e desenvolvido o processo, o Estado-juiz</p><p>editará a sentença, uma verdadeira lei regedora do caso concreto, a qual uma vez imutabilizada</p><p>pela coisa julgada, substituirá completamente a vontade das partes.</p><p>d) Criatividade: Agindo em substituição à vontade dos conflitantes, o Estado, ao final do processo,</p><p>criará uma norma individual que passará a regular o caso concreto, inovando a ordem jurídica. A</p><p>essa norma dá-se o nome de sentença (quando a decisão é prolatada por juiz singular) ou acórdão</p><p>(quando a decisão emana de órgão colegiado). Não é tecnicamente preciso, conquanto usual,</p><p>afirmar que o juiz declara o Direito, que o juiz simplesmente subsume as normas aos fatos. A tutela</p><p>jurisdicional vai além, inovando o mundo jurídico, criando e não apenas reconhecendo algo já</p><p>existente.</p><p>e) Definitividade: Traço marcante e distintivo da jurisdição em relação às demais funções estatais</p><p>(administrativa e executiva) e meios de pacificação social é a aptidão para a definitividade, quer</p><p>dizer, a suscetibilidade para se tornar imutável. A essa característica de definitividade da</p><p>jurisdição dá-se o nome de coisa julgada, instituto que será estudado mais adiante.</p><p>JURISDIÇÃO CONTENCIOSA X JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA</p><p>Por jurisdição contenciosa entende-se a função estatal exercida com o objetivo de compor litígios. Por</p><p>sua vez, a jurisdição voluntária cuida da integração e fiscalização de negócios jurídicos particulares.</p><p>Particularmente no que tange à jurisdição voluntária, ainda reina acirrada controvérsia na doutrina a</p><p>respeito da sua natureza jurídica.</p><p>A corrente dita clássica (ou administrativista) é capitaneada por Guido</p><p>Zanobini e por Giuseppe Chiovenda. Para eles, a chamada jurisdição</p><p>voluntária não constitui, na verdade, jurisdição, tratando-se de atividade</p><p>eminentemente administrativa. No Brasil, o maior defensor dessa orientação</p><p>foi Frederico Marques, para quem a jurisdição voluntária é materialmente</p><p>administrativa e subjetivamente judiciária. Em síntese, para tal corrente, a</p><p>jurisdição voluntária não é jurisdição porque, na medida em que o Estado-</p><p>juízo se limita a integrar ou fiscalizar a manifestação de vontade dos</p><p>particulares, age como administrador público de interesses privados. Não há</p><p>composição de lide. E se não há lide, não há por que falar em jurisdição nem</p><p>em partes, mas em interessados. Sustentam também que falta à jurisdição</p><p>voluntária a característica da substitutividade, haja vista que o Poder</p><p>Judiciário não substitui a vontade das partes, mas se junta aos interessados</p><p>para integrar, dar eficácia a certo negócio jurídico.</p><p>Há, por outro lado, uma corrente que atribui à jurisdição voluntária a natureza de</p><p>atividade jurisdicional. Essa orientação moderna conta com a adesão de Calmon</p><p>de Passos, Ovídio Baptista e Leonardo Greco. Segundo essa corrente –</p><p>denominada jurisdicionalista –, não se afigura correta a afirmação de que não há</p><p>lide na jurisdição voluntária. Com efeito, o fato de, em um primeiro momento,</p><p>inexistir conflito de interesses não retira dos procedimentos de jurisdição</p><p>voluntária a potencialidade de se criarem litígios no curso da demanda. Em outras</p><p>palavras, a lide não é pressuposta, não vem narrada desde logo na inicial, mas</p><p>nada impede que as partes se controvertam. Isso pode ocorrer no bojo de uma</p><p>ação de alienação judicial de coisa comum, por exemplo, em que os interessados</p><p>podem dissentir a respeito do preço da coisa ou do quinhão atribuído a cada um.</p><p>Reforçando a tese de que a jurisdição voluntária tem natureza de função</p><p>jurisdicional, Leonardo Greco esclarece que ela não se resume a solucionar</p><p>litígios, mas também a tutelar interesses dos particulares, ainda que não haja</p><p>litígio, desde que tal tarefa seja exercida por órgãos investidos das garantias</p><p>necessárias para exercer referida tutela com impessoalidade e independência.</p><p>Nesse ponto, com razão o eminente jurista. É que a função jurisdicional é, por</p><p>definição, a função de dizer o direito por terceiro imparcial, o que abrange a tutela</p><p>de interesses particulares sem qualquer carga de litigiosidade.</p><p>PRINCIPAIS TUTELAS JURISDICIONAIS</p><p>A cada direito violado ou ameaçado de lesão,</p><p>portanto, deve corresponder “uma forma de tutela</p><p>jurisdicional capaz de segurá-lo”. A tutela</p><p>jurisdicional só será prestada adequadamente quando</p><p>apta a proteger o direito subjetivo lesado. Entre as</p><p>espécies de tutelas jurisdicionais, a classificação de</p><p>maior abrangência é aquela que considera a</p><p>pretensão submetida à apreciação do Judiciário, que</p><p>pode ser de cunho cognitivo, executivo ou cautelar.</p><p>A) TUTELA COGNITIVA (DE CONHECIMENTO):</p><p>Entende-se como aquela que acerta o direito, ou seja, que contém a afirmação acerca da</p><p>existência ou não do direito postulado em juízo. Conforme o direito que se vise acertar em</p><p>juízo, a tutela cognitiva pode ser meramente declaratória, constitutiva ou condenatória.</p><p>A.1) A tutela meramente declaratória corresponde àquela que tem por objeto unicamente a declaração da</p><p>existência ou inexistência de uma relação jurídica. Diante de uma crise jurídica de certeza, a ordem processual</p><p>assegura uma espécie de tutela com o objetivo de afirmar ou negar a existência de determinada relação</p><p>jurídica e, por conseguinte, dos direitos e obrigações dela resultantes.</p><p>A.2) A tutela constitutiva, afora a declaração do direito, tem por finalidade criar, modificar ou extinguir um</p><p>estado ou relação jurídica (exemplo: ação de divórcio). Percebe-se, pois, que tal espécie de tutela de</p><p>conhecimento tem lugar diante de uma crise de situação jurídica, em razão da qual a lei substancial confere ao</p><p>autor o direito de alterar a situação preexistente.</p><p>A.3) Por fim, a tutela condenatória, além da declaração de certeza do direito, objetiva a condenação do réu a</p><p>prestar uma obrigação (exemplo: ação de reparação de danos). Essa espécie de tutela, a toda evidência, busca</p><p>solucionar uma crise jurídica de adimplemento; para tanto, porém, fica a depender do cumprimento</p><p>espontâneo da obrigação pelo devedor ou da execução forçada, que se dá pela tutela executiva.</p><p>B) TUTELA EXECUTIVA:</p><p>Usualmente definida como a que engloba a satisfação ou realização de um direito já</p><p>acertado.</p><p>C) TUTELA CAUTELAR:</p><p>Atualmente, a tutela cautelar se encontra prevista como subespécie da tutela de urgência,</p><p>que por sua vez constitui uma espécie de tutela provisória. A tutela cautelar, cuja sede é a</p><p>Parte Geral do Código, mais precisamente o Livro V, decorre do poder geral de cautela do</p><p>juiz e pode ser concedida no bojo de qualquer um dos procedimentos inerentes ao processo</p><p>de conhecimento ou de execução, sendo dispensável – a rigor, nem é possível – a</p><p>instauração de processo autônomo para tanto. A tutela cautelar pode ser concedida em</p><p>caráter antecedente ou incidental, bastando que estejam presentes os elementos que</p><p>evidenciem a probabilidade do direito e o perigo na demora da prestação jurisdicional.</p><p>TUTELA JURISDICIONAL SOB A PERSPECTIVA DO RÉU:</p><p>Quando se fala em tutela jurisdicional, a primeira ideia que vem à mente é a da proteção de um</p><p>direito do autor, pois, afinal de contas, é ele quem provoca a atividade jurisdicional, dando</p><p>ensejo à formação da relação processual. No entanto, como bem lembrado por José Roberto dos</p><p>Santos Bedaque, “a tutela jurisdicional está reservada apenas para aqueles que efetivamente</p><p>sejam amparados no plano do direito material”, pouco importando, portanto, se autor ou réu.</p><p>Obviamente, os contornos da lide são delimitados, em regra, pela pretensão do autor. Tanto é</p><p>assim que, pelo princípio da congruência, “o juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas</p><p>partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige</p><p>iniciativa da parte” (art. 141).</p><p>Porém, mesmo quando a prestação jurisdicional ocorre com fundamento unicamente na</p><p>pretensão deduzida pela parte autora na petição inicial, poderá haver tutela em favor do réu,</p><p>haja vista que o provimento cognitivo no sentido de julgar improcedente aquela pretensão</p><p>extirpa a possibilidade de rediscussão a respeito do direito material invocado pelo autor.</p><p>Assim, deve-se considerar que o réu também tem “pretensões” no âmbito de suas defesas, cujo</p><p>acolhimento consiste numa tutela declaratória de inexistência do direito alegado pela parte</p><p>autora.</p><p>Contudo, não só no âmbito da defesa pode o réu obter uma tutela que lhe é favorável. Isso</p><p>porque o ordenamento jurídico permite ao réu formular autênticas pretensões por meio de</p><p>reconvenção, desde que haja conexão com a ação principal ou com o fundamento da defesa</p><p>(art. 343). Nos Juizados Especiais é possível formular pedido contraposto (art. 17, parágrafo</p><p>único, c/c o art. 31 da Lei no 9.099/1995). A diferença entre reconvenção e pedido contraposto</p><p>é apenas de extensão. A reconvenção</p><p>tem amplitude maior, porquanto pode ter pedido idêntico</p><p>ao formulado na inicial ou a mesma causa de pedir desta, bem como pode ter como causa um</p><p>fundamento da defesa. Já o pedido contraposto deve estar sempre lastreado no mesmo</p><p>fundamento fático da inicial. Principalmente porque no Código atual houve uma simplificação</p><p>das formas, passando a reconvenção, tal como o pedido contraposto, a constituir tópico da</p><p>contestação, não há mais diferença essencial entre esses dois institutos. Pode-se dizer que o</p><p>pedido contraposto é uma reconvenção limitada.</p><p>Já no âmbito da execução, as coisas ocorrem de modo diverso. O processo executivo tem</p><p>destinação unilateral, ou seja, visa tão somente a satisfação do direito material previamente</p><p>definido em título judicial ou extrajudicial em benefício do credor (exequente). Inexiste, pois,</p><p>atividade cognitiva ou de acertamento na execução, o que inviabiliza uma defesa do réu</p><p>tendente a declarar a inexistência do direito material do exequente. Igualmente, por se</p><p>fundamentar a execução em título constituído em favor do credor-exequente, jamais poderá o</p><p>devedor obter a satisfação de um direito pelo processo executivo.</p><p>ÓRGÃOS DA TUTELA JURISDICIONAL</p><p>Art. 92 (CF/88). São órgãos do Poder Judiciário:</p><p>I - o Supremo Tribunal Federal;</p><p>I-A o Conselho Nacional de Justiça;</p><p>II - o Superior Tribunal de Justiça;</p><p>II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;</p><p>III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;</p><p>IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;</p><p>V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;</p><p>VI - os Tribunais e Juízes Militares;</p><p>VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.</p><p>§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores</p><p>têm sede na Capital Federal.</p><p>§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o</p><p>território nacional.</p><p>As justiças do Trabalho, Eleitoral e Militar integram o que se convencionou denominar de justiça especial ou especializada.</p><p>São especiais porque lhes é cometido o julgamento de causas “cujo fundamento jurídico-substancial vem especialmente</p><p>indicado na Constituição (e nos casos que ela permite, na lei ordinária)”. 36 Assim, especificamente à Justiça do Trabalho</p><p>compete julgar as demandas elencadas no art. 114 da CF/88 (v.g., ações oriundas da relação de trabalho e ações que</p><p>envolvam exercício de direito de greve).</p><p>À Justiça Eleitoral cabe o julgamento de causas cíveis e criminais que envolvam matéria eleitoral, tais como ação de</p><p>impugnação de candidatura e ação de impugnação de mandato eletivo, além de outras previstas em lei complementar (art.</p><p>121 da CF/1988); e à Justiça Militar, os crimes militares (arts. 124 e 125, § 4o, da CF/1988). As Justiças Federal e Estadual</p><p>compõem a chamada justiça comum. Diz-se comum porque nada menciona a Constituição acerca do fundamento jurídico-</p><p>substancial das causas que lhes competem, ou seja, a competência é residual (vala comum).</p><p>Entretanto, também na justiça comum há relação de especialidade. À Justiça Federal caberá julgar as causas elencadas no</p><p>art. 109 e à Justiça Estadual, as demais (competência residual). No topo de cada justiça especializada encontra-se um</p><p>tribunal superior (Tribunal Superior do Trabalho, o Tribunal Superior Eleitoral e o Superior Tribunal Militar), todos com sede no</p><p>Distrito Federal e com competência em todo o território nacional para apreciar, em última instância, as questões</p><p>infraconstitucionais relacionadas com as respectivas áreas de atuação. Da decisão de tais tribunais cabe recurso apenas ao</p><p>STF, se estiver em discussão violação à Constituição.</p><p>A organização da justiça comum é diferente. Cada Estado da Federação, bem como o Distrito Federal, tem seu Tribunal de</p><p>Justiça, 37 e, na justiça federal, há tantos tribunais regionais quantas forem as regiões em que dividido o país (atualmente,</p><p>cinco). Sobre a justiça estadual e federal, paira o Superior Tribunal de Justiça, competindo-lhe o julgamento, em última</p><p>instância, das matérias infraconstitucionais atinentes à justiça comum, com recurso apenas ao STF no caso de violação à</p><p>Constituição.</p><p>O STF não integra qualquer segmento da Justiça. É, na verdade, órgão de convergência (a ele convergem as matérias</p><p>constitucionais decididas por todos os tribunais) e de superposição (se sobrepõe aos demais órgãos jurisdicionais). O STF é o</p><p>órgão de máxima hierarquia, a quem caberá dar a última palavra sobre os conflitos trazidos ao Judiciário.</p><p>CONDIÇÕES DA AÇÃO:</p><p>De forma suscinta, trata-se do “mínimo” que alo precisa ter para ser levado em juízo.</p><p>Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.</p><p>Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado</p><p>pelo ordenamento jurídico.</p><p>Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como</p><p>assistente litisconsorcial.</p><p>Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:</p><p>I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;</p><p>II - da autenticidade ou da falsidade de documento.</p><p>A ausência de condições da ação (interesse e legitimidade) se tratam de uma das</p><p>causas de extinção do processo sem resolução do mérito, ou seja, sem análise efetiva do</p><p>pedido, conforme prevê o Código de Processo Civil:</p><p>Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:</p><p>VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;</p><p>As ações são identificadas pelos seus elementos subjetivos e objetivos. Os elementos</p><p>subjetivos são as partes; e os objetivos, o pedido e a causa de pedir.</p><p>A falta de indicação de um dos elementos da ação poderá acarretar o indeferimento da</p><p>inicial, por inépcia, com a consequente extinção do feito sem resolução do mérito.</p><p>Vejamos, separadamente, cada um dos elementos da ação:</p><p>PARTES:</p><p>É quem participa da relação jurídico processual, integrando o contraditório. Fala-se em</p><p>partes principais, que são aquelas que formulam ou têm contra si pedido formulado (autor e</p><p>réu nas ações de cognição, exequente e executado nas execuções; requerente e requerido</p><p>nas ações cautelares), e partes auxiliares (coadjuvantes), como o assistente simples. É</p><p>possível que em determinada relação processual haja pluralidade de sujeitos em um dos</p><p>polos, ativo ou passivo. São os casos de litisconsórcio, que podem se formar desde o início</p><p>(litisconsórcio inicial), ou ao longo do processo (litisconsórcio ulterior).</p><p>As partes da relação material, ou seja, do litígio, nem sempre serão as mesmas partes do</p><p>processo. Em certas hipóteses, a lei admite que alguém defenda, em nome próprio, direito</p><p>alheio. São os casos de legitimação extraordinária (ou substituição processual.) É possível</p><p>a substituição da titularidade do direito material controvertido, o que não descaracteriza a</p><p>identidade de parte, uma vez que o sucessor passa a ocupar a mesma posição jurídica da</p><p>parte sucedida. É o caso da alienação do bem litigioso, seja por ato inter vivos ou causa</p><p>mortis.</p><p>CAUSA DE PEDIR:</p><p>São os fatos e fundamentos jurídicos do pedido. O autor, na inicial, deverá indicar todo o quadro</p><p>fático necessário à obtenção do efeito jurídico pretendido, bem como demonstrar de que</p><p>maneira esses fatos autorizam a concessão desse efeito.</p><p>O CPC dispensa que o autor indique a norma jurídica (o artigo de lei, o precedente ou o princípio)</p><p>que supostamente atribui o efeito ao fato narrado. Aliás, o erro na qualificação jurídica do fato</p><p>não tem qualquer relevância no julgamento da lide. O que se exige do autor é a indicação do</p><p>fato jurídico e as consequências jurídicas dele decorrentes, ou seja, fundamentação jurídica, e</p><p>não fundamentação legal. Na petição inicial, sob pena de indeferimento por inépcia, há que</p><p>descrever o fato e indicar a sua valoração pela norma, porquanto é dessa atividade que</p><p>exsurgirá o direito. Aliás, todo e qualquer fenômeno jurídico deve ser analisado à luz desses três</p><p>elementos: fato, valor e norma. Trata-se da teoria</p><p>tridimensional do direito, criação de Miguel</p><p>Reale.</p><p>PEDIDO:</p><p>É a conclusão da exposição dos fatos e fundamentos jurídicos constantes na petição inicial; é</p><p>o resultado da valoração do fato pela norma jurídica –, a qual constitui a pretensão material</p><p>formulada ao Estado-juízo. O pedido exerce importante função no processo. Além de ser</p><p>elemento identificador da demanda e servir de parâmetro para a fixação do valor da causa</p><p>(art. 291), limita a atuação do magistrado, que não poderá decidir aquém (citra), além</p><p>(ultra) ou fora (extra) do pedido. Deve ressalvar, ainda, que o pedido aparece sempre com a</p><p>causa de pedir. Assim, seja para fins de verificar os limites da atuação do juiz, bem como os</p><p>limites objetivos da coisa julgada, devemos levar em o pedido com a sua respectiva causa de</p><p>pedir.</p><p>PARTES E PROCURADORES:</p><p>Para que o processo exista, é necessária a prévia existência de alguém capaz de pedir o</p><p>provimento jurisdicional, ou seja, alguém dotado de capacidade de ser parte. A capacidade de</p><p>ser parte nada mais é do que a personalidade judiciária, ou seja, a aptidão conferida por lei</p><p>para adquirir direitos e contrair obrigações.</p><p>A capacidade de ser parte é uma noção absoluta: ou se é ou não se é capaz. Não se cogita em</p><p>incapacidade relativa de ser parte.</p><p>Ainda, alguns entes despersonalizados são contemplados com personalidade judiciária: o</p><p>espólio (massa de direitos e obrigações do acervo hereditário, que se inicia com a abertura do</p><p>inventário e se encerra com a homologação da partilha), o condomínio, a massa falida e a</p><p>herança jacente. Essas entidades não são pessoas (porque não são previstas em lei como tal),</p><p>mas, não obstante, por meio de uma ficção legal, lhes foi atribuída a capacidade de ser parte</p><p>no processo. A jurisprudência também reconhece personalidade jurídica às Câmaras</p><p>Municipais, órgãos despersonalizados, cuja capacidade processual é limitada para demandar</p><p>em juízo, com o intuito único de defender direitos institucionais próprios e vinculados à sua</p><p>independência e funcionamento.</p><p>.</p><p>Também ao nascituro se reconhece capacidade de ser parte, ou personalidade judiciária, em</p><p>razão da publicação da Lei nº 11.804/2008, que conferiu aos nascituros direito ao que se</p><p>denominou “alimentos gravídicos”. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos</p><p>serão convertidos em pensão alimentícia em favor do menor (art. 6º, parágrafo único). Como</p><p>se vê, conquanto não seja pessoa, o nascituro é reconhecido como sujeito de direito, logo,</p><p>agente capaz de ser parte.</p><p>Em regra, a personalidade judiciária há de ser perquirida tanto com relação ao autor como ao</p><p>réu. Da mesma forma que não se pode conceber processo instaurado por “Santo Antônio”, não</p><p>se pode imaginar processo movido contra Buda. Destaque-se que a simples propositura da</p><p>demanda já dá azo à prática de vários atos processuais (recebimento da inicial, deferimento</p><p>de medidas de urgência, citação, entre outros). O processo, portanto, existirá antes de o réu</p><p>integrar a relação processual pela citação, mas não sem a presença (ou indicação) de uma</p><p>pessoa ou ente despersonalizado detentor de personalidade judiciária contra a qual é</p><p>formulado o pedido.</p><p>Em algumas hipóteses, no entanto, a só presença de um postulante (autor) diante de um</p><p>órgão jurisdicional já configurará o elemento subjetivo do processo. Mesmo sem a indicação</p><p>de um réu, portanto, é possível que exista processo. O exemplo é o processo objetivo de</p><p>controle de constitucionalidade (ADI, ADC e ADPF), que, no âmbito federal, se desenvolverá</p><p>entre um dos legitimados previstos no art. 103 da CF/1988 e no STF. Em tais ações, como se</p><p>sabe, há autor (quem pede), mas não réu (contra quem se pede).</p><p>CAPACIDADE DE SER PARTE:</p><p>Trata-se de requisito de existência da relação processual. A capacidade processual, a seu</p><p>turno, é requisito processual de validade que se relaciona com a capacidade de estar em</p><p>juízo, quer dizer, com a aptidão para praticar atos processuais independentemente de</p><p>assistência ou representação.</p><p>Art. 70, CPC. Toda pessoa que se encontre no exercício de</p><p>seus direitos tem capacidade para estar em juízo.</p><p>A capacidade processual pressupõe a capacidade de ser parte (personalidade judiciária),</p><p>mas a recíproca não é verdadeira. Nem todos aqueles que detêm personalidade judiciária</p><p>gozarão de capacidade processual.</p><p>O exemplo clássico é o das pessoas absolutamente incapazes (art. 3º do CC), detentoras de</p><p>capacidade de ser parte, mas que, em juízo (e em todos os atos da vida civil), devem estar</p><p>representadas por seus pais, tutores ou curadores, vide o CPC:</p><p>Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus</p><p>pais, por tutor ou por curador, na forma da lei.</p><p>Destaca-se que: Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:</p><p>I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os</p><p>interesses deste colidirem com os daquele, enquanto</p><p>durar a incapacidade;</p><p>II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por</p><p>edital ou com hora certa, enquanto não for constituído</p><p>advogado.</p><p>Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela</p><p>Defensoria Pública, nos termos da lei.</p><p>As pessoas casadas têm capacidade de ser parte e, em regra, capacidade processual plena.</p><p>No entanto, em algumas hipóteses, a lei processual civil mitiga esta capacidade</p><p>processual.</p><p>Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do</p><p>outro para propor ação que verse sobre direito real</p><p>imobiliário, salvo quando casados sob o regime de</p><p>separação absoluta de bens.</p><p>§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente</p><p>citados para a ação:</p><p>I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo</p><p>quando casados sob o regime de separação</p><p>absoluta de bens;</p><p>II - resultante de fato que diga respeito a ambos os</p><p>cônjuges ou de ato praticado por eles;</p><p>III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges</p><p>a bem da família;</p><p>IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a</p><p>constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um</p><p>ou de ambos os cônjuges.</p><p>§ 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge</p><p>do autor ou do réu somente é indispensável nas</p><p>hipóteses de composse ou de ato por ambos</p><p>praticado.</p><p>§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à união estável</p><p>comprovada nos autos.</p><p>Com relação à capacidade processual, o CPC ainda estabelece que:</p><p>Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e</p><p>passivamente:</p><p>I - a União, pela Advocacia-Geral da União,</p><p>diretamente ou mediante órgão vinculado;</p><p>II - o Estado e o Distrito Federal, por seus</p><p>procuradores;</p><p>III - o Município, por seu prefeito, procurador ou</p><p>Associação de Representação de Municípios,</p><p>quando expressamente autorizada;</p><p>IV - a autarquia e a fundação de direito público, por</p><p>quem a lei do ente federado designar;</p><p>V - a massa falida, pelo administrador judicial;</p><p>VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;</p><p>VII - o espólio, pelo inventariante;</p><p>VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos</p><p>constitutivos designarem ou, não havendo essa</p><p>designação, por seus diretores;</p><p>IX - a sociedade e a associação irregulares e outros</p><p>entes organizados sem personalidade jurídica, pela</p><p>pessoa a quem couber a administração de seus</p><p>bens;</p><p>X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente,</p><p>representante ou administrador de sua filial,</p><p>agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil;</p><p>XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.</p><p>§ 1º Quando o inventariante for dativo, os sucessores</p><p>do falecido serão intimados no processo no qual o</p><p>espólio seja parte.</p><p>§ 2º A sociedade ou associação sem personalidade</p><p>jurídica não poderá opor a irregularidade de sua</p><p>constituição quando demandada.</p><p>§ 3º O gerente de filial ou agência presume-se</p><p>autorizado pela pessoa jurídica estrangeira a receber</p><p>citação para qualquer processo.</p><p>§ 4º Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar</p><p>compromisso recíproco para prática de ato processual</p><p>por seus procuradores em favor de outro ente</p><p>federado, mediante convênio firmado pelas</p><p>respectivas procuradorias.</p><p>§ 5º A representação judicial do Município pela</p><p>Associação de Representação de Municípios somente</p><p>poderá ocorrer em questões de interesse comum dos</p><p>Municípios associados</p>

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