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<p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>1</p><p>SUMÁRIO</p><p>1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS AO DIREITO PROCESSUAL PENAL 11</p><p>1.1. JUS PUNIENDI 11</p><p>1.2. PERSECUÇÃO PENAL 13</p><p>1.3. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO 13</p><p>1.4. LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO 17</p><p>1.5. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 21</p><p>1.6. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 25</p><p>1.6.1. FONTE MATERIAL 25</p><p>1.6.2. FONTE FORMAL 26</p><p>1.7. NORMAS PROCESSUAIS MATERIAIS, MISTAS OU HÍBRIDAS 29</p><p>1.7.1. CITAÇÃO POR EDITAL 30</p><p>1.7.2. LEI 9.099/95 31</p><p>1.7.2.1. COMPOSIÇÃO CIVIL DOS DANOS 31</p><p>1.7.2.2. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO 32</p><p>1.7.2.3. PASSOU A EXIGIR REPRESENTAÇÃO NOS CRIMES DE LESÃO CORPORAL</p><p>LEVE E CULPOSA 32</p><p>1.7.3. PRISÃO PREVENTIVA 32</p><p>1.7.4. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 33</p><p>1.8. NORMAS HETEROTÓPICAS 34</p><p>1.9. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS: INQUISITÓRIO; ACUSATÓRIO E MISTO 35</p><p>1.9.1. SISTEMA INQUISITÓRIO 35</p><p>1.9.2. SISTEMA ACUSATÓRIO 37</p><p>1.9.3. SISTEMA MISTO 38</p><p>1.10. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? 42</p><p>2. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS E CONSTITUCIONAIS 49</p><p>2.1. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL 50</p><p>2.2. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL 51</p><p>2.3. VEDAÇÃO À UTILIZAÇÃO DE PROVAS ILÍCITAS 51 Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>2</p><p>2.4. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DE NÃO CULPABILIDADE OU</p><p>ESTADO DE INOCÊNCIA 52</p><p>2.4.1. CONCEITO E FUNDAMENTO LEGAL 52</p><p>2.4.2. INCONSTITUCIONALIDADE DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA 52</p><p>2.4.3. REGRA DE TRATAMENTO. REGRA PROBATÓRIA. REGRA DE GARANTIA 55</p><p>2.4.4. CONSEQUÊNCIAS DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 56</p><p>2.5. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DE MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS</p><p>58</p><p>2.6. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 58</p><p>2.7. PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ 60</p><p>2.8. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO 60</p><p>2.8.1. CONCEITO 60</p><p>2.8.2. DIREITO À INFORMAÇÃO E DIREITO DE PARTICIPAÇÃO (REAÇÃO) 61</p><p>2.8.3. CONTRADITÓRIO REAL E CONTRADITÓRIO DIFERIDO 61</p><p>2.8.4. PARIDADE DE ARMAS 63</p><p>2.9. PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA 63</p><p>2.9.1. CONCEITO 63</p><p>2.9.2. DEFESA. AMPLA DEFESA. PLENITUDE DE DEFESA. DEFESA POSITIVA E DEFESA</p><p>NEGATIVA. DEFESA TÉCNICA E AUTODEFESA 64</p><p>2.9.3. AUTODEFESA 66</p><p>2.9.3.1. CONCEITO 66</p><p>2.9.3.2. DIREITO DE PRESENÇA. DIREITO DE AUDIÊNCIA. DIREITO DE PETIÇÃO 66</p><p>2.9.3.3. DEFESA DOS ORGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA 69</p><p>2.10. PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 71</p><p>2.11. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL 72</p><p>2.12. PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL 76</p><p>2.13. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE 78</p><p>2.14. PRINCÍPIO DA PARIDADE DE ARMAS 78</p><p>2.15 JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? 79</p><p>3. JUIZ DAS GARANTIAS 89</p><p>3.1. ESTRUTURA ACUSATÓRIA DO PROCESSO PENAL 90</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>3</p><p>3.2. CONCEITO E FINALIDADE DO JUIZ DAS GARANTIAS 91</p><p>3.3. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O JUIZ DAS GARANTIAS 95</p><p>3.4. PROCEDIMENTOS SUJEITOS AO JUIZ DE GARANTIAS 97</p><p>3.5. ATRIBUIÇÕES DO JUIZ DE GARANTIAS 98</p><p>3.6. IMPEDIMENTO PARA FUNCIONAR NO PROCESSO 102</p><p>3.7. DIGNIDADE DO PRESO 103</p><p>3.8. CANDIDATO, QUAIS OS MOTIVOS CONTRIBUÍRAM PARA QUE O STF</p><p>SUSPENDESSE O INSTITUTO DO JUIZ DE GARANTIAS? 103</p><p>3.9. ANÁLISE PONTUAL DOS DISPOSITIVOS LEGAIS 104</p><p>4. PERSECUÇÃO CRIMINAL 108</p><p>4.1. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 108</p><p>4.2. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA (TCO) 109</p><p>4.3. INQUÉRITO POLICIAL 112</p><p>4.3.1. CONCEITO 112</p><p>4.3.2. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL 116</p><p>4.3.3. FUNÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 118</p><p>4.3.4. FINALIDADE 120</p><p>4.3.5. ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO E PROVAS 120</p><p>4.3.6. ATRIBUIÇÃO DA POLÍCIA JUDICIÁRIA 122</p><p>4.3.7. FUNÇÕES EXERCIDAS PELA POLÍCIA 123</p><p>4.3.8. VALOR PROBATÓRIO E VÍCIOS NA FASE DO INQUÉRITO POLICIAL 125</p><p>4.3.9. NATUREZA DO CRIME E ATRIBUIÇÃO PARA AS INVESTIGAÇÕES 127</p><p>4.3.10. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL 130</p><p>4.3.11. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 145</p><p>4.3.12. PEÇAS DE INAUGURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 148</p><p>4.3.13. NOTITIA CRIMINIS E DELATIO CRIMINIS 148</p><p>4.3.14. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS 154</p><p>4.3.15. RECONSTITUIÇÃO 155</p><p>4.3.16. PRAZOS PARA A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 156</p><p>4.3.16.1. CPP – REGRA GERAL 156</p><p>4.3.16.2. JUSTIÇA FEDERAL 156</p><p>4.3.16.3. CPM 156 Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>4</p><p>4.3.16.4. LEI DOS CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR 157</p><p>4.3.16.5. LEI DOS CRIMES HEDIONDOS E PRISÃO TEMPORÁRIA 157</p><p>4.3.16.6. LEI DE DROGAS 157</p><p>4.3.18. EXCESSO DE PRAZO 158</p><p>4.3.18. RELATÓRIO 161</p><p>4.3.19. INDICIAMENTO 161</p><p>4.3.20. CONCLUSÃO DAS INVESTIGAÇÕES 165</p><p>4.3.21. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL 166</p><p>4.3.22. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 168</p><p>4.3.23. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL 171</p><p>4.4. DE OLHO NAS SÚMULAS 172</p><p>4.5. INFORMATIVOS 173</p><p>4.6. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? 182</p><p>5. AÇÃO PENAL 191</p><p>5.1. CONCEITO 191</p><p>5.2. TEORIA DA ASSERÇÃO (IN STATUS ASSERTIONIS) OU DA PROSPETTAZIONE</p><p>191</p><p>5.3. CONDIÇÕES GENÉRICAS DA AÇÃO 191</p><p>5.3.1. LEGITIMIDADE 191</p><p>5.3.2. INTERESSE 192</p><p>5.3.3. JUSTA CAUSA 193</p><p>5.4. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO PENAL (PROCEDIBILIDADE) 194</p><p>5.5. RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO 196</p><p>5.6. RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO NA LEI MARIA DA PENHA 197</p><p>5.7. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL 199</p><p>5.8. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 199</p><p>5.9. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 201</p><p>5.10. LEGITIMIDADE 202</p><p>5.11. PRINCÍPIOS EXCLUSIVOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 202</p><p>5.12. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 203</p><p>5.12. DECADÊNCIA 206</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>5</p><p>5.13. RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO 206</p><p>5.13.1. REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA 207</p><p>5.14. AÇÃO PENAL PRIVADA 208</p><p>5.14.1. AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA 209</p><p>5.14.2. AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA 210</p><p>5.14.3. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA 210</p><p>5.14.4. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA 213</p><p>5.14.4.1. DECADÊNCIA IMPRÓPRIA 214</p><p>5.14.5. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NA AÇÃO PENAL PRIVADA 214</p><p>5.15. PERDÃO DO OFENDIDO 215</p><p>5.16. PEREMPÇÃO 216</p><p>5.17. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA 217</p><p>5.18. AÇÃO PENAL NOS CRIMES DE LESÃO CORPORAL LEVE 218</p><p>5.19. INFORMATIVOS 219</p><p>5.20. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? 224</p><p>6. COMPETÊNCIA 234</p><p>6.1. CONCEITO DE COMPETÊNCIA 234</p><p>6.2. CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA 236</p><p>6.2.1. PRERROGATIVA DE FUNÇÃO (INCISO VII – ART. 69, CPP) 236</p><p>6.2.2. NATUREZA DA INFRAÇÃO (INCISO III – ART. 69, CPP) 240</p><p>6.2.2.1. JUSTIÇA ELEITORAL 241</p><p>6.2.2.2. JUSTIÇA MILITAR 241</p><p>6.2.2.3. JUSTIÇA COMUM FEDERAL - ART. 109, CF/88 245</p><p>6.2.2.4. JUSTIÇA COMUM ESTADUAL 252</p><p>6.2.3. LUGAR DA INFRAÇÃO E DOMICÍLIO/ RESIDÊNCIA DO RÉU (INCISO I E II – ART.</p><p>69, CPP) 252</p><p>6.2.3.1. LUGAR DA INFRAÇÃO 252</p><p>6.2.3.2. DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU 259</p><p>6.2.4. PREVENÇÃO E DISTRIBUIÇÃO (INCISOS VI E IV – ART. 69, CPP) 260</p><p>6.2.5. CONEXÃO / CONTINÊNCIA (INCISO V– ART. 69, CPP) 261</p><p>6.2.5.1. CONEXÃO 261</p><p>6.2.5.2. CONTINÊNCIA 262</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>6</p><p>6.3. INFORMATIVOS 266</p><p>6.4. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? 285</p><p>7. QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES 299</p><p>7.1. INTRODUÇÃO E CONCEITO 299</p><p>7.2. DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS 300</p><p>7.2.1. ELEMENTOS ESSENCIAIS DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS 300</p><p>7.2.2. CLASSIFICAÇÃO 300</p><p>7.2.3.1. DEVOLUTIVAS OBRIGATÓRIAS X DEVOLUTIVAS FACULTATIVAS 301</p><p>7.3. DOS PROCESSOS INCIDENTES 303</p><p>7.3.1. DAS EXCEÇÕES PROCESSUAIS 303</p><p>7.3.1.1. EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO 303</p><p>7.3.1.2. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA 305</p><p>7.3.1.3. EXCEÇÃO DE LITISPENDÊNCIA 306</p><p>7.3.1.4. EXCEÇÃO DE ILEGITIMIDADE DA PARTE 307</p><p>7.3.1.5. EXCEÇÃO DE COISA JULGADA 307</p><p>7.4. CONFLITO DE COMPETÊNCIA 308</p><p>8. TEORIA GERAL DA PROVA 310</p><p>8.1. PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AS PROVAS 310</p><p>8.1.1. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (NÃO CULPABILIDADE) 310</p><p>8.1.2. BUSCA DA VERDADE 312</p><p>8.1.3. NEMO TENETUR SE DETEGERE 313</p><p>8.1.3.1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 313</p><p>8.1.3.2. TITULAR DO DIREITO DE NÃO PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO 313</p><p>8.1.3.3. DESDOBRAMENTOS DO “NEMO TENETUR SE DETEGERE” 314</p><p>8.1.3.4. POLICIAMENTO OSTENSIVO E CARACTERIZAÇÃO DO CRIME DE</p><p>DESOBEDIÊNCIA. NÃO INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE</p><p>DETEGERE 316</p><p>8.2. CADEIA</p><p>que tratam da competência da Justiça Federal (art. 109</p><p>da CF), essa competência possui caráter processual, mas está em um diploma essencialmente material.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>35</p><p>1.9. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS: INQUISITÓRIO; ACUSATÓRIO E</p><p>MISTO</p><p>No tocante aos sistemas processuais, podemos apontar a existência de três deles, a saber: o</p><p>sistema inquisitorial, sistema acusatório e o sistema misto ou francês.</p><p>1.9.1. SISTEMA INQUISITÓRIO</p><p>No SISTEMA INQUISITÓRIO, cabe a um só órgão acusar, defender e julgar, essas atividades</p><p>serão exercidas pelo chamado “juiz inquisidor”. Nesse sistema, o próprio juiz inicia a ação penal, pode</p><p>produzir as provas que achar necessário e o mesmo juiz inquisidor decide sobre a causa. O juiz assume</p><p>função de acusador e julgador, o que acaba ocasionando um sério comprometimento a sua</p><p>imparcialidade. Existe uma concentração de função em uma única pessoa. Nesse sistema não existe a</p><p>observância do contraditório (inexistência do contraditório) e a ampla defesa assume um papel</p><p>meramente decorativo, posto que o mesmo órgão acusador será responsável por também realizar a</p><p>defesa.</p><p>Corroborando ao exposto, preleciona o prof. Norberto Avena10, típico dos sistemas ditatoriais,</p><p>contempla um processo judicial em que podem estar reunidas na pessoa do juiz as funções de acusar,</p><p>defender e julgar. No sistema inquisitivo, não existe a obrigatoriedade de que haja uma acusação</p><p>realizada por órgão público ou pelo ofendido, sendo lícito ao juiz desencadear o processo criminal ex</p><p>officio. Nesta mesma linha, faculta-se ao magistrado substituir-se às partes e, no lugar destas,</p><p>determinar, também por sua conta, a produção das provas que reputar necessárias para elucidar o fato.</p><p>O acusado, praticamente, não possui garantias no decorrer do processo criminal (ampla defesa,</p><p>contraditório, devido processo legal etc.), o que dá margem a excessos processuais. Exatamente por</p><p>10 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:</p><p>MÉTODO,</p><p>2018.</p><p>Sistema Inquisitório</p><p>Sistema Acusatório</p><p>Sistema Misto</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>36</p><p>isso, em regra, o processo não é público, sendo caráter sigiloso atribuído pelo juiz por meio de ato</p><p>discricionário seu e à margem de fundamentação adequada.</p><p>Diante disto, contemplamos que no sistema inquisitório existe uma concentração de poderes na</p><p>mão do juiz. Todas as funções encontram-se concentrada nas mãos de uma única pessoa, in casu, é</p><p>a “pessoa” do juiz. O lado maléfico do sistema inquisitório é o eventual abuso de poder (crítica), além</p><p>da prejudicialidade da imparcialidade do magistrado, o qual, simultaneamente exerce todas as funções</p><p>(acusa, defende e julga). É característica também do sistema inquisitório a inexistência de contraditório.</p><p>A gestão da prova será feita pelo juiz, podendo fazê-lo tanto na fase inquisitorial quanto na fase do</p><p>processo.</p><p>Em síntese, podemos apontar como características do sistema inquisidor:</p><p>• A função de acusar, defender e julgar encontram-se concentrados em uma única pessoa,</p><p>que assume assim as vestes de um juiz acusador (concentração de poderes);</p><p>• Juiz inquisidor parcial;</p><p>• Não observância do contraditório e da ampla defesa;</p><p>• Sigiloso (inexistência de publicidade dos atos processuais);</p><p>• O julgador é dotado de ampla iniciativa probatória;</p><p>• O acusado era considerado mero objeto da demanda processual;</p><p>• A confissão é considerada a rainha das provas (sistema tarifado das provas).</p><p>O Código de Processo Penal já foi objeto de várias reformas pontuais, de modo que diversas dos</p><p>dispositivos nele constante possuem ainda resquícios de um sistema inquisitorial. Com o advento do</p><p>Pacote Anticrime, o qual passou a adotar de forma expressa o sistema acusatório, parte da doutrina já</p><p>começa a argumentar no sentido uma possível revogação tácita desses artigos com caráter inquisitorial.</p><p>Exemplos de dispositivos presente no CPP com resquícios do sistema inquisitorial: art. 127 do</p><p>CPP; art. 156 do CPP; art. 196 do CPP; art. 209 do CPP; art. 242 do CPP; art. 385 do CPP. Referem-se</p><p>a diligências de ofício por parte do magistrado que vai de encontro às características do sistema</p><p>acusatório.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>37</p><p>1.9.2. SISTEMA ACUSATÓRIO</p><p>O SISTEMA ACUSATÓRIO, conforme explica o prof. Norberto Avena11, próprio dos regimes</p><p>democráticos, o sistema acusatório caracteriza-se pela distinção absoluta entre as funções de acusar,</p><p>defender e julgar, que deverão ficar a cargo de pessoas distintas.</p><p>Nesse sistema existe uma clara separação entre os órgãos de acusação e julgamento. O juiz é</p><p>um terceiro imparcial e a produção de provas está na mão das partes. O juiz é absolutamente inerte e</p><p>imparcial, com contraditório e ampla defesa assegurados e com publicidade dos atos.</p><p>No sistema acusatório, as funções serão exercidas por partes distintas. As funções de acusar,</p><p>defender e julgar são atribuídas a pessoas diversas. No referido sistema haverá respeito ao</p><p>contraditório. O acusado deixa de ser considerado mero objeto e passa a configurar como sujeito de</p><p>direitos. A gestão da prova, em um sistema acusatório puro, o juiz não poderia produzir prova de ofício.</p><p>Por outro lado, a outra parte da doutrina aduz que o juiz pode produzir prova de ofício na fase processual.</p><p>Assim, na fase investigatória não é dada ao juiz produzir prova de ofício, porém, na fase processual lhe</p><p>é permitido, desde que atue de forma residual.</p><p>Por oportuno, cumpre destacarmos que o art. 3-A do CPP acrescido pela Lei 133.964/2019, ora</p><p>suspenso, deixou expresso a adoção do sistema acusatório.12</p><p>Em síntese, podemos apontar como características do sistema acusatório:</p><p>● A função de acusar, defender e julgar são atribuídas a pessoas distintas;</p><p>● Juiz equidistante das partes e imparcial;</p><p>● Observância do contraditório e da ampla defesa;</p><p>● O processo é público;</p><p>● Oralidade nos procedimentos;</p><p>● O julgador possui iniciativa probatória residual (a atuação do juiz é de natureza supletiva);</p><p>● O acusado é sujeito de direitos e possui garantais constitucionais</p><p>Corroborando ao exposto, Rogério Sanches e Ronaldo Batista13:</p><p>11 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:</p><p>MÉTODO,</p><p>2018.</p><p>12 Rogério Sanches e Ronaldo Batista (2020): A nossa Bíblia Política de 1988 adota esse sistema. A Lei 13.964/19, obediente</p><p>à Carta Maior, foi clara: o processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e</p><p>a substituição da atuação probatória do órgão de acusação (art. 3º-A do CPP). A suspensão deste artigo pelo STF não</p><p>permite concluir que nosso ordenamento, sob o comando da Constituição Federal, adota sistema diverso do acusatório.</p><p>13 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E LEI DE EXECUÇÃO PENAL COMENTADOS POR ARTIGOS (2020). 4ª edição revista,</p><p>atualizada e ampliada, Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>38</p><p>No sistema acusatório, cada sujeito processual tem uma função bem definida no processo. A um</p><p>caberá́ acusar (como regra, o Ministério Público), a outro defender (o advogado ou defensor</p><p>público) e, a um terceiro, julgar (o juiz). A lição de José Frederico Marques merece ser lembrada</p><p>(Estudos de Direito Processual, Rio de Janeiro: Forense, 19, p. 23). O citado autor identifica as</p><p>principais características do sistema acusatório, a saber: a) separação entre os órgãos da</p><p>acusação, defesa e julgamento, de forma a se instaurar um processo de partes; b) liberdade de</p><p>defesa e igualdade de posição das partes; c) vigência do contraditório; d) livre apresentação</p><p>das provas pelas partes; e) regra do impulso processual autônomo, ou ativação inicial da causa</p><p>pelos interessados</p><p>(ne procedat judex ex officio). Diríamos, em acréscimo: o processo é público,</p><p>salvo algumas situações previstas em lei.</p><p>1.9.3. SISTEMA MISTO</p><p>O mestre e prof. Norberto Avena14 define o SISTEMA PROCESSUAL MISTO como um</p><p>modelo processual intermediário entre o sistema acusatório e o sistema inquisitivo. Isso porque, ao</p><p>mesmo tempo em que há a observância de garantias constitucionais, como a presunção de inocência, a</p><p>ampla defesa e o contraditório, mantém ele alguns resquícios do sistema inquisitivo, a exemplo da</p><p>faculdade que assiste ao juiz quanto à produção probatória ex officio e das restrições à publicidade do</p><p>processo que podem ser impostas em determinadas hipóteses. No sistema misto, há duas fases distintas</p><p>– uma primeira fase inquisitorial, destinada a investigação preliminar, e em seguida, teria uma segunda</p><p>fase, essa última de viés mais de sistema acusatório. Possui uma primeira fase inquisitorial, com</p><p>investigação preliminar e instrução conduzidas por um juiz, seguida de uma fase acusatória que consiste</p><p>na separação entre acusação, defesa e juiz.</p><p>NÃO POSSO IR PARA A PROVA SEM SABER QUE:</p><p>No sistema inquisitório não se tem a observância do princípio do contraditório e ampla defesa,</p><p>o juiz centraliza todas as funções (acusar, defender e julgar), o acusado não é sujeito de direitos, mas</p><p>sim objeto do processo.</p><p>No sistema acusatório a iniciativa é primordialmente das partes, o juiz atua apenas como gestor</p><p>das provas, além disso o processo é um ato de três pessoas (juiz, acusação, réu ou defesa), todos com</p><p>atribuições distintas, tendo a presença marcante do princípio do contraditório e ampla defesa, tendo em</p><p>vista que o acusado é sujeito de direitos processuais.</p><p>14 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:</p><p>MÉTODO,</p><p>2018.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>39</p><p>Por fim, no sistema misto ou francês, mescla os dois sistemas anteriores, é bifásico, com “uma</p><p>fase inicial inquisitiva, na qual se procede a uma investigação preliminar e a uma instrução preparatória,</p><p>e uma fase final, em que se procede ao julgamento com todas as garantias do processo acusatório.</p><p>Em RESUMO:</p><p>INQUISITÓRIO ACUSATÓRIO MISTO/FRANCÊS</p><p>• Juiz inquisidor: concentra as</p><p>funções de julgar, acusar e</p><p>defender.</p><p>• Ausência de contraditório;</p><p>• Processo sigiloso;</p><p>• Processo instaurado pelo juiz e</p><p>provas produzidas por ele;</p><p>• Não é adotado no Brasil;</p><p>• O sujeito é considerado objeto.</p><p>• Não respeita princípios e</p><p>garantias fundamentais.</p><p>• Juiz equidistante das partes</p><p>(igualdade de tratamento entre</p><p>as partes).</p><p>• Juiz, defensor e acusador — 3</p><p>personagens</p><p>• Contraditório e ampla defesa</p><p>• Processo público</p><p>• Provas produzidas pelas</p><p>partes e não pelo juiz;</p><p>• O sujeito é considerado</p><p>detentor de direitos e garantias</p><p>fundamentais.</p><p>• Adotado no Brasil — CF, Art.</p><p>129, I e CPP, Art. 3º-A (PAC –</p><p>13.964/19). O processo penal</p><p>terá estrutura acusatória,</p><p>vedadas a iniciativa do juiz na</p><p>fase de investigação e a</p><p>substituição da atuação</p><p>probatória do órgão de</p><p>acusação.</p><p>1ª fase inquisitorial</p><p>2ª fase acusatória</p><p>• Não é adotado no Brasil,</p><p>tendo em vista que essa fase</p><p>inquisitorial e a fase</p><p>acusatória seria dentro da</p><p>ação penal.</p><p>Candidato, qual foi o sistema adotado no Ordenamento Jurídico Brasileiro? O sistema</p><p>acusatório é o adotado pela Constituição Federal. Vejamos: Art. 129. São funções institucionais do</p><p>Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei. A função de</p><p>acusar nas ações penais públicas é do Ministério Público, sendo assim o sistema acusatório, não é a outra</p><p>a conclusão que poderíamos ter, haja vista que a CF outorgou a titularidade da persecução penal ao</p><p>referido órgão, por excelência. Por fim, conforme destacamos acima, a adoção do sistema acusatório</p><p>no OJ Brasileiro foi reafirmada com o advento do art. 3-A do CPP, oriunda do Pacote Anticrime</p><p>(Lei n. 13.964/2019).</p><p>Corroborando ao exposto, Rogério Sanches e Ronaldo Batista:</p><p>A Lei 13.964/19, obediente à Carta Maior, foi clara: o processo penal terá́ estrutura</p><p>acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação</p><p>probatória do órgão de acusação (art. 3-A do CPP). A suspensão deste artigo pelo STF não</p><p>permite concluir que nosso ordenamento, sob o comando da Constituição Federal, adota sistema</p><p>diverso do acusatório.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>40</p><p>Lembre-se! O PAC – pacote anticrime reforçou a adoção do sistema acusatório, mas não</p><p>tornou o sistema Brasileiro como acusatório puro, tendo em vista que ainda temos dispositivos que</p><p>permitem a atuação do juiz, como, por exemplo, o Art. 212 do CPP.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2021. Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: Delegado de Polícia.</p><p>Em relação às características do sistema acusatório, analise as afirmativas:</p><p>I. Gestão da prova na mão das partes e não do juiz, clara distinção entre as atividades de acusar e julgar,</p><p>juiz como terceiro imparcial e publicidade dos atos processuais.</p><p>II. Ausência de uma tarifa probatória, igualdade de oportunidades às partes no processo e procedimento</p><p>é, em regra, oral.</p><p>III. O processo é um fim em si mesmo e o acusado é tratado como mero objeto, imparcialidade do juiz</p><p>e prevalência da confissão do réu como meio de prova.</p><p>IV. Celeridade do processo e busca da verdade real, o que faculta ao juiz de- terminar de ofício a</p><p>produção de prova.</p><p>São VERDADEIRAS apenas as afirmativas:</p><p>A. II e III.</p><p>B. I, III e IV.</p><p>C. I e II.</p><p>D. I e IV.</p><p>Gab. A.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2019 Banca: Instituto Acesso Órgão: PC-ES Prova: Delegado de Polícia – Anulado.</p><p>A referida classificação do sistema brasileiro como um sistema acusatório, desvinculador dos papéis dos</p><p>agentes processuais e das funções no processo judicial, mostra-se contraditória quando confrontada com</p><p>uma série de elementos existentes no processo. ” (FERREIRA. Marco Aurélio Gonçalves. A Presunção</p><p>da Inocência e a Construção da Verdade: Contrastes e Confrontos em perspectiva comparada (Brasil e</p><p>Canadá). EDITORA LUMEN JURIS, Rio de Janeiro, 2013). Leia o caso hipotético descrito a seguir:</p><p>O Ministro OMJ, do Supremo Tribunal Federal, rejeitou o pedido da Procuradoria-Geral da República</p><p>(PGR), de arquivamento do inquérito aberto para apurar ofensas a integrantes do STF e da suspensão</p><p>dos atos praticados no âmbito dessa investigação, como buscas e apreensões e a censura a sites. Assinale</p><p>a alternativa INCORRETA quanto a noção de sistema acusatório.</p><p>A. Inquérito administrativo instaurado no âmbito da administração pública.</p><p>B. A determinação de ofício de instauração de inquérito policial pelo juiz.</p><p>C. A Instauração de inquérito policial pelo Delegado de Polícia.</p><p>D. A requisição de instauração de inquérito policial pelo Ministério Público.</p><p>E. Inquérito instaurado por comissões parlamentares.</p><p>Gab. B.</p><p>No sistema acusatório, o juiz deve buscar se manter equidistante das partes para não comprometer a sua</p><p>imparcialidade. Desse modo, a atuação de ofício é contrária a essa tese.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>41</p><p>Ano: 2014. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia.</p><p>No Direito pátrio, o sistema que vige no processo penal é o</p><p>a) inquisitivo formal.</p><p>b) acusatório formal.</p><p>c) inquisitivo.</p><p>d) inquisitivo unificador.</p><p>e) acusatório.</p><p>Gab. E.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2018. Banca: FCC. Órgão: DPE-AP. Prova: Defensor Público.</p><p>O sistema acusatório:</p><p>A. se caracteriza por separar as funções de acusar e julgar e por deixar a iniciativa probatória com as</p><p>partes.</p><p>B. se verifica quando a Constituição prevê garantias ao acusado.</p><p>C.</p><p>tem sua raiz na motivação das decisões judiciais.</p><p>D. vigora em sua plenitude no direito brasileiro.</p><p>E. privilegia a acusação, sedo próprio dos regimes autoritários.</p><p>Gab. A.</p><p>Vamos REFORÇAR?</p><p>SISTEMAS</p><p>PROCESSUAIS</p><p>INQUISITIVO ACUSATÓRIO</p><p>Funções</p><p>Reunidas nas mãos do Juiz</p><p>(acusar, defender e julgar)</p><p>Há separação de funções</p><p>(acusar, defender e julgar)</p><p>Réu Objeto da investigação Sujeito de direitos</p><p>Atos Sigilosos Públicos, salvo exceções legais</p><p>Gestão da Prova</p><p>Juiz é gestor da prova, podendo atuar</p><p>de ofício, seja na investigação, seja no</p><p>processo criminal.</p><p>Partes são gestoras da prova. O juiz</p><p>só atua quando provocado e</p><p>excepcionalmente de ofício nos casos</p><p>previstos em lei.</p><p>Sistema da Prova</p><p>Sistema da Prova Tarifada</p><p>(confissão como rainha das provas)</p><p>Sistema do Livre</p><p>Convencimento Motivado ou da</p><p>Persuasão Racional</p><p>Presunção</p><p>De Culpabilidade, podendo utilizar-se</p><p>de tortura e meios cruéis para obter a</p><p>confissão.</p><p>Da Não Culpabilidade ou Inocência</p><p>Julgador Parcial Imparcial e Equidistante</p><p>Garantias</p><p>Processuais</p><p>Não há contraditório, ampla defesa ou</p><p>devido processo legal.</p><p>Todas as garantias constitucionais</p><p>inerentes</p><p>ao julgamento.</p><p>Fonte: Tabela extraída do material do Legislação Bizurada @deltacaveira.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>42</p><p>1.10. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR?</p><p>1. (Ano: 2023 Banca: CEBRASPE Órgão: MPE-PA Prova: Promotor de Justiça Substituto). No</p><p>que se refere à norma processual penal e sua aplicação, assinale a opção correta.</p><p>A. Os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior precisam ser renovados.</p><p>B. A lei processual penal admite tanto a aplicação analógica quanto a interpretação extensiva.</p><p>C. A lei processual penal, quanto à sua eficácia temporal, não terá aplicação imediata, salvo em</p><p>benefício do réu.</p><p>D. O princípio da nacionalidade, como regra geral, é utilizado para a aplicação da lei processual penal</p><p>no espaço.</p><p>E. A revogação total de uma lei processual penal é chamada de derrogação.</p><p>2. (Ano: 2022 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: MPE-MS Prova: Promotor de Justiça). Sobre</p><p>sistemas processuais e competência, assinale a alternativa INCORRETA.</p><p>A. No sistema acusatório, o princípio do contraditório guarda especial relevância, o que não o impede</p><p>de ser postergado em determinadas circunstâncias.</p><p>B. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso</p><p>de tentativa, pelo lugar em que foi praticado o último ato de execução.</p><p>C. A competência será determinada pela prevenção se, no mesmo caso, houverem sido praticadas</p><p>infrações para facilitar ou ocultar outras infrações, ou para conseguir impunidade ou vantagem em</p><p>relação a qualquer delas.</p><p>D. A competência será determinada pela conexão se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido</p><p>praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora</p><p>diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras.</p><p>E. Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de</p><p>outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal</p><p>caso, terá sua competência prorrogada.</p><p>3. (Ano: 2022 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-GO Prova: Agente de Polícia). Assinale a</p><p>alternativa que reproduz o enunciado de súmula vinculante de matéria processual penal.</p><p>A. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é</p><p>anterior à cessação da continuidade ou da permanência.</p><p>B. A extinção do mandato do prefeito não impede a instauração de processo pela prática dos crimes</p><p>previstos no art. 1º do Dl. 201/67.</p><p>C. Não se admite anulação de Júri Popular para se alegar a continuidade delitiva nos crimes contra a</p><p>vida.</p><p>D. No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada.</p><p>E. A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função</p><p>estabelecido exclusivamente pela constituição estadual.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>43</p><p>4. (Ano: 2022 Banca: PGR Órgão: PGR Prova: Procurador da República). Assinale a alternativa</p><p>correta:</p><p>A. De acordo com o CPP, suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20</p><p>de dezembro e 20 de janeiro, ficando vedada a realização de audiências e de sessões de julgamento,</p><p>salvo nos casos de réus presos, nos processos vinculados a essas prisões e nos procedimentos regidos</p><p>pela Lei Maria da Penha.</p><p>B. De acordo com o CPP, na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-</p><p>se-ão somente os dias úteis. E os prazos para a Defensoria Pública recorrer contam-se em dobro.</p><p>C. De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, há necessidade de intimação pessoal do réu preso ou</p><p>solto da sentença condenatória, não bastando a intimação do seu advogado constituído, visto que no</p><p>processo penal também o acusado tem capacidade postulatória, podendo interpor recursos e impetrar</p><p>habeas corpus, pessoalmente.</p><p>D. De acordo com a jurisprudência do STF (ADIs 3360 e 4109), os pressupostos e requisitos da prisão</p><p>temporária são exatamente os mesmos da prisão preventiva, embora a temporária só possa ser decretada,</p><p>a princípio, por 5 dias, prazo prorrogável por 10 dias, salvo nos crimes hediondos e equiparados a</p><p>hediondos.</p><p>5. (Ano: 2022 Banca: PGR Órgão: PGR Prova: Procurador da República). Assinale a alternativa</p><p>correta:</p><p>A. De acordo com o art. 2° do CPP, a lei processual penal não retroagirá, salvo para bene ciar o réu,</p><p>sendo válidos os atos praticados na vigência da lei anterior/revogada.</p><p>B. De acordo com o Enunciado n° 98 da 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, é cabível o</p><p>oferecimento acordo de não persecução penal no curso da ação penal, isto é, antes do trânsito em julgado</p><p>da sentença, quando se tratar de inquéritos ou processos que estavam em andamento quando da</p><p>introdução da Lei nº 13.964/2.019 (pacote anticrime).</p><p>C. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a exigência de representação no</p><p>crime de estelionato introduzida pela Lei n° 13.964/2.019 (art. 171, §5°) é aplicável aos inquéritos e</p><p>processos em andamento quando da sua entrada em vigor enquanto não houver o trânsito em julgado da</p><p>sentença.</p><p>D. De acordo com o art. 2° do CPP, a lei processual penal posterior, que de qualquer modo favorecer</p><p>o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em</p><p>julgado.</p><p>6. (Ano: 2022 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-GO Prova: Delegado de Polícia). Antônio,</p><p>mediante emprego de arma de fogo, abordou a vítima no Município XY e subtraiu diversos objetos que</p><p>se encontravam na posse dela – dentre eles, dois celulares e um boné. Após a subtração, Antônio</p><p>empreendeu fuga em uma motocicleta, conseguindo chegar a uma cidade vizinha – Município Z –</p><p>quando foi surpreendido pela polícia que o prendeu em flagrante. A prisão ocorreu aproximadamente 20</p><p>minutos após a prática criminosa, tendo sido os objetos todos recuperados pelos policiais militares. Com</p><p>base no caso descrito, assinale a alternativa correta.</p><p>A. No caso narrado, a prisão em flagrante é indevida.</p><p>B. O foro competente para a ação penal, no caso narrado, é o Município XY, local onde o crime se</p><p>consumou.</p><p>C. No presente caso, a natureza da infração delimitará a competência territorial. Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>44</p><p>D. Tratando-se de infração continuada, a competência, no presente caso, deverá firmar-se pelo critério</p><p>do domicílio ou residência do réu.</p><p>E. Reconhecida a incompetência do juízo, não se anularão os atos decisórios já praticados.</p><p>7. (Ano: 2022 Banca: IBFC Órgão: PC-BA Prova: Delegado de Polícia). No que diz respeito à Lei</p><p>Processual Penal no espaço, assinale a alternativa incorreta.</p><p>A. Adotado o critério territorial, real ou por extensão, com determinadas exceções e particularidades,</p><p>como manifestação da soberania nacional, aplica-se o Código de Processo Penal em todo o território</p><p>brasileiro, o que envolve o espaço aéreo, as águas interiores, o mar territorial e a plataforma continental</p><p>B. Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa</p><p>do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão</p><p>equivalentes às leis complementares</p><p>C. Na realização de atos de cooperação internacional relacionados com processos oriundos de Estados</p><p>estrangeiros, entre os quais, destacadamente, inserem-se a extradição, a homologação de sentença</p><p>estrangeira e o cumprimento de cartas rogatórias, são aplicáveis as regras nacionais, locais</p><p>D. A Constituição Federal determina que são aplicáveis aos Deputados Estaduais as regras</p><p>constitucionais sobre imunidades, e nessa linha de orientação as Constituições Estaduais outorgam</p><p>identidade de tratamento em relação a eles no que tange à imunidade parlamentar</p><p>E. Insere-se na competência dos juízes federais processar e julgar os crimes de ingresso ou</p><p>permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença</p><p>estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à</p><p>naturalização</p><p>8. (Ano: 2022 Banca: IBFC Órgão: PC-BA Prova: Delegado de Polícia). No que concerne às fontes</p><p>e à interpretação do Direito Processual Penal, assinale a alternativa incorreta.</p><p>A. A “Convenção Americana dos Direitos Humanos criou pelo menos três regras de processo penal: o</p><p>direito ao julgamento por um juiz ou tribunal imparcial, o direito ao duplo grau de jurisdição e a vedação</p><p>ao duplo processo pelo mesmo fato</p><p>B. É firme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que se aplica o princípio da</p><p>insignificância aos delitos relacionados a entorpecentes</p><p>C. As fontes formais imediatas ou diretas do Direito Processual Penal são as espécies normativas: lei</p><p>ordinária; lei complementar e emenda à Constituição. Aqui também se inserem os tratados e as</p><p>convenções de que o Brasil é signatário</p><p>D. Compete à União celebrar tratados e convenções internacionais, fontes criadoras de normas</p><p>processuais penais</p><p>E. Na interpretação analógica, que é método interpretativo, hermenêutico, a lei indica uma fórmula</p><p>casuística seguida de expressões genéricas</p><p>9. (Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: TJ-SC Prova: Juiz Substituto). Quanto à atividade propulsora do</p><p>juiz no processo penal, segundo a doutrina e a jurisprudência dominantes, poderá o juiz:</p><p>A. decretar a prisão temporária de ofício, sem requerimento do Ministério Público ou representação da</p><p>autoridade policial;</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>45</p><p>B. decretar a infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, mediante representação da</p><p>autoridade policial, sem a oitiva prévia do Ministério Público;</p><p>C. de ofício voltar a decretar medida cautelar revogada, a qual contou com anterior requerimento do</p><p>Ministério Público, se sobrevierem razões que a justifiquem;</p><p>D. decidir acerca do requerimento de restituição de coisas apreendidas sem a oitiva prévia do Ministério</p><p>Público;</p><p>E. de ofício determinar o desarquivamento de peças de informação arquivadas e requisitar a</p><p>instauração de inquérito policial.</p><p>10. (Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: Delegado de Polícia). No que concerne à</p><p>interpretação e aplicação da Lei Processual Penal, é correto afirmar que o Código de Processo Penal</p><p>A. admite apenas a aplicação da interpretação extensiva.</p><p>B. admite a aplicação analógica.</p><p>C. admite apenas a aplicação da interpretação analógica.</p><p>D. não admite a aplicação da analogia e dos princípios gerais de direito.</p><p>E. admite expressamente a interpretação autêntica.</p><p>11. (Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: Delegado de Polícia). Na evolução do direito</p><p>processual penal, percebe-se a influência de outros ramos do direito. O_____________deu uma atenção</p><p>ao aspecto subjetivo do crime, combateu a vingança privada, humanizou as penas, reprimiu o uso de</p><p>ordálias e introduziu as penas privativas de liberdade em substituição às patrimoniais.</p><p>É correto afirmar que o ramo do direito que corretamente completa o enunciado é:</p><p>A. Direito Americano</p><p>B. Direito Romano</p><p>C. Direito Germânico</p><p>D. Direito Francês</p><p>E. Direito Canônico</p><p>12. (Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: Delegado de Polícia). É correto afirmar que</p><p>o Direito Processual Penal possui como uma de suas fontes formais mediatas</p><p>A. a lei.</p><p>B. a Constituição Federal.</p><p>C. os costumes.</p><p>D. a analogia.</p><p>E. a interpretação extensiva.</p><p>13. (Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: TJ-MA Prova: Juiz Substituto de Entrância Inicial).</p><p>Em relação aos sistemas processuais penais e aos seus princípios reitores, assinale a opção correta.</p><p>A. A efetividade da repressão criminal do sistema acusatório cabe especialmente ao órgão julgador,</p><p>responsável pela aplicação da pena no caso concreto.</p><p>B. No sistema acusatório, o legislador admite que a imparcialidade judicial esteja comprometida com</p><p>um objetivo considerado mais importante.</p><p>C. O modelo ideal de sistema acusatório é previsto em instrumento normativo internacional, a partir</p><p>de critérios uniformes definidos pela doutrina processual. Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>46</p><p>D. A crítica ao sistema inquisitivo está relacionada à sua falta de rigor quanto à certeza de repressão</p><p>dos fatos contrários à ordem social.</p><p>E. A decisão sobre o sistema que deverá ser implantado em determinado país pressupõe uma de nição</p><p>prévia, por parte do legislador, de alguns critérios de política criminal, entre os quais está o grau de e</p><p>ciência da repressão.</p><p>14. (Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PG-DF Prova: Procurador do Distrito Federal). Julgue</p><p>o item a seguir, no que se refere à aplicação da lei processual penal no tempo e no espaço.</p><p>Os representantes dos governos estrangeiros não estão submetidos à jurisdição criminal brasileira, sendo</p><p>tal imunidade estendida aos agentes diplomáticos, ao pessoal técnico das representações, bem como aos</p><p>funcionários dos organismos internacionais.</p><p>( ) Certo</p><p>( ) Errado</p><p>15. (Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PG-DF Prova: Procurador do Distrito Federal). Julgue</p><p>o item a seguir, no que se refere à aplicação da lei processual penal no tempo e no espaço.</p><p>A nova lei processual penal, ainda que seja prejudicial à situação do agente, aplica-se aos fatos praticados</p><p>anteriormente à sua vigência, salvo se já recebida a denúncia ou a queixa.</p><p>( ) Certo</p><p>( ) Errado</p><p>16. (Ano: 2021 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: Delegado de Polícia). Em relação às</p><p>características do sistema acusatório, analise as afirmativas:</p><p>I. Gestão da prova na mão das partes e não do juiz, clara distinção entre as atividades de acusar e</p><p>julgar, juiz como terceiro imparcial e publicidade dos atos processuais.</p><p>II. Ausência de uma tarifa probatória, igualdade de oportunidades às partes no processo e procedimento</p><p>é, em regra, oral.</p><p>III. O processo é um fim em si mesmo e o acusado é tratado como mero ob- jeto, imparcialidade do juiz</p><p>e prevalência da confissão do réu como meio de prova.</p><p>IV. Celeridade do processo e busca da verdade real, o que faculta ao juiz de- terminar de ofício a</p><p>produção de prova.</p><p>São VERDADEIRAS apenas as afirmativas:</p><p>A. II e III.</p><p>B. I, III e IV.</p><p>C. I e II.</p><p>D. I e IV.</p><p>17. (Ano: 2021 Banca: FAPEC Órgão: PC-MS Prova: Delegado de Polícia). Em relação aos</p><p>sistemas processuais penais e o processo penal na dimensão dos direitos fundamentais, assinale a</p><p>alternativa correta.</p><p>A. Entende-se por garantismo negativo a proibição de proteção insuficiente.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>47</p><p>B. Segundo entendimento</p><p>pacífico em sede doutrinária, o sistema acusatório foi adotado pelo Código</p><p>de Processo Penal (Decreto-Lei nº 3.689/41) desde o seu nascedouro.</p><p>C. O princípio acusatório ou da separação entre juiz e acusação está entre os axiomas de Luigi Ferrajoli.</p><p>D. Segundo entendimento jurisprudencial dominante, o magistrado pode requisitar ao Delegado de</p><p>Polícia o indiciamento de investigados, inexistindo, para tanto, violação ao sistema acusatório.</p><p>E. Atualmente, é possível que o juiz, de ofício, converta a prisão em flagrante em prisão preventiva,</p><p>não se podendo falar em ultraje ao sistema acusatório, porquanto, no processo penal, os magistrados</p><p>gozam de poderes instrutórios.</p><p>18. (Ano: 2021 Banca: FAPEC Órgão: PC-MS Prova: Delegado de Polícia). O Direito Processual</p><p>Penal possui regramento específico para resolver questões sobre qual lei será aplicada no tempo e/ou no</p><p>espaço.</p><p>Sobre o tema, marque a assertiva correta.</p><p>A. Imagine que o réu Alexander foi condenado a uma pena de 5 (cinco) anos de reclusão, no regime</p><p>inicial fechado, como incurso no crime de roubo majorado (art. 157, § 2º, do Código Penal). Alexander</p><p>foi intimado da sentença e, com isso, tem o prazo de 5 (cinco) dias para interpor recurso de apelação.</p><p>Se, nesse ínterim, nova lei entrar em vigor, alterando esse prazo para 2 (dois) dias, deve ser considerado</p><p>este prazo, ainda que menor, porque, no Direito Processual Penal, vige regra diversa daquela aplicável</p><p>ao Direito Penal em tema de retroatividade de leis.</p><p>B. As normas híbridas ou mistas devem retroagir para bene ciar o réu, constituindo exceção à regra</p><p>prevista no art. 2º, caput, do Código de Processo Penal.</p><p>C. Diversamente do Direito Penal, no processo penal vige apenas o princípio da territorialidade,</p><p>inexistindo doutrinariamente hipóteses de extraterritorialidade. Isso porque a atividade jurisdicional é</p><p>um dos aspectos da soberania nacional, logo, não pode ser exercida além das fronteiras do respectivo</p><p>Estado.</p><p>D. Imagine que o Presidente da República esteja sendo processado por suposta prática de crime de</p><p>responsabilidade. Como regra, em tal processo, deve ser observado e aplicado o Código de Processo</p><p>Penal, porque é o diploma legal que incide em casos havidos no território nacional.</p><p>E. Imagine que um Ministro de Estado esteja sendo processado por suposta prática de crime de</p><p>responsabilidade. Como regra, em tal processo, deve ser observado e aplicado o Código de Processo</p><p>Penal, porque é o diploma legal que incide em casos havidos no território nacional.</p><p>19. (Ano: 2021 Banca: FAPEC Órgão: PC-MS Prova: Delegado de Polícia). Sobre conceito,</p><p>finalidade e fontes do processo penal, assinale a alternativa correta.</p><p>A. A competência para legislar sobre direito processual penal é concorrente entre a União, os Estados</p><p>e o Distrito Federal.</p><p>B. Direito processual penal é o ramo do direito público que compreende princípios e normas de</p><p>definidoras de condutas criminosas com previsão de determinada sanção.</p><p>C. É possível que os Estados legislem sobre questões específicas de direito processual penal, desde que</p><p>autorizados por lei complementar editada pela União.</p><p>D. Os tratados e convenções internacionais são considerados fontes materiais do direito processual</p><p>penal.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>48</p><p>E. O direito processual penal é sub-ramo do Direito Penal. Por isso que é chamado de “Direito Penal</p><p>adjetivo”. Logo, não possui autonomia científica.</p><p>20. (Ano: 2018. Banca: FUNDATEC. Órgão: PC-RS. Prova: Delegado de Polícia). Considerando a</p><p>disciplina da aplicação de lei processual penal e os tratados e convenções internacionais, assinale a</p><p>alternativa correta.</p><p>A. A lei processual penal aplica-se desde logo, conformando um complexo de princípios e regras</p><p>processuais penais próprios, vedada a suplementação pelos princípios gerais de direito.</p><p>B. A superveniência de lei processual penal que modifique determinado procedimento determina a</p><p>renovação dos atos já praticados.</p><p>C. A lei processual penal não admite interpretação extensiva, ainda que admita aplicação analógica.</p><p>D. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra</p><p>autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um prazo</p><p>razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo.</p><p>E. Em caso de superveniência de leis processuais penais híbridas, prevalece o aspecto instrumental da</p><p>norma.</p><p>GABARITO</p><p>1: B; 2: C; 3: E; 4: A; 5: B; 6: B; 7: B; 8: B; 9: C; 10: B; 11: E; 12: C; 13: E; 14: C; 15: E; 16: C; 17:C;</p><p>18:B; 19:A; 20:D;</p><p>Ver art. 1º CPP.</p><p>Ver art. 2º CPP.</p><p>Ver art. 3º CPP.</p><p>Ver art. 7º, item 5 da Convenção Americana de Direitos Humanos.</p><p>Ver CF, Art. 5, LXII</p><p>Ver CF, Art. 22, I.</p><p>Ver CF, Art. 84 XII.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>49</p><p>DIREITO PROCESSUAL PENAL I</p><p>2. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS E CONSTITUCIONAIS</p><p>Princípio é um mandamento, uma premissa, um dogma, um postulado – expresso ou não em lei</p><p>– que integra o sistema jurídico e fornece um valor ao aplicador do Direito, orientando-o quanto à forma</p><p>de aplicação e interpretação da norma no caso concreto. Assim, os princípios jurídicos são as ideias</p><p>fundamentais que constituem o arcabouço do ordenamento jurídico; são os valores básicos da sociedade</p><p>(Grandinetti, 2014).</p><p>Nas lições de Tourinho Filho, “o Processo Penal é regido por uma série de princípios e regras</p><p>que outra coisa não representa senão postulados fundamentais da política processual penal de um</p><p>Estado” (Manual, 2008, p. 16).</p><p>Noutra banda, para Walber de Moura Agra, os princípios “representam um norte para o intérprete</p><p>que busca o sentido e o alcance das normas e formam o núcleo basilar do ordenamento jurídico (...). Eles</p><p>possuem um teor de abstração mais intenso. Assim, podem ser utilizados em maior diversidade de casos</p><p>(...). Como são mais abstratos, podem ter seu conteúdo diminuído ou aumentado, por um processo</p><p>interpretativo restrito ou extensivo, facilitando sua adequação às modificações sociais” (Curso, 2018, p.</p><p>137-138).</p><p>No âmbito do processo penal, existem três tipos/natureza de princípios:</p><p>Os princípios constitucionais expressos ou implícitos: aqueles princípios previstos da CF/88.</p><p>Os princípios supralegais ou convencionais: aqueles que decorrem de convenções, tratados e</p><p>documentos internacionais, assinados pelo Brasil. RE 466.343, quando se decidiu sobre a</p><p>impossibilidade de prisão do depositário infiel, ficando claro que os princípios supralegais ou</p><p>convencionais estariam acima da Lei, mas abaixo da Constituição.</p><p>Os princípios legais: previstos em lei, Código de Processo Penal e Código Penal, por exemplo.</p><p>Princípios</p><p>constitucionais</p><p>expressos e</p><p>implícitos</p><p>Princípios</p><p>supralegais ou</p><p>convencionais</p><p>Princípios</p><p>legais</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>50</p><p>Canotilho afirma que as normas são divididas em regras e princípios, onde o primeiro obedece a</p><p>uma sistemática de “tudo ou nada”, ou seja, ou aquela regra é aplicada ou não, na qual o legislador tenta</p><p>se antecipar e prever uma conduta humana para estabelecer uma consequência. Enquanto os princípios</p><p>convivem harmonicamente no nosso ordenamento, trazendo valores precípuos para o processo penal,</p><p>não prevendo nenhuma consequência direta para alguma conduta.</p><p>2.1. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL</p><p>Segundo Norberto Avena15, o princípio da verdade real, também conhecido princípio da verdade</p><p>material ou da verdade substancial (terminologia empregada no art. 566 do CPP), significa que, no</p><p>processo penal, devem ser realizadas as diligências necessárias e adotadas todas as providências cabíveis</p><p>para tentar descobrir como os fatos realmente se passaram, de forma que o jus puniendi seja exercido</p><p>com efetividade em relação àquele que praticou</p><p>ou concorreu para a infração penal.</p><p>Antes se falava tradicionalmente em busca da verdade real (ou verdade material), ao se tratar</p><p>de direito processual penal, enquanto o princípio da busca da verdade formal (o juiz se atém apenas</p><p>ao que está nos autos) para o processo civil, tendo em vista que era um direito disponível.</p><p>Para a filosofia jurídica essa dicotomia de verdade formal e material é uma utopia, tendo em vista</p><p>que a busca da verdade, jamais conduz a verdade efetiva. Muitas das vezes as testemunhas não</p><p>conseguem lembrar de todos os detalhes, as vezes nem o próprio réu lembra com exata precisão, etc.</p><p>Atualmente, portanto, a teoria geral do processo fala que não se pode mais diferenciar de forma</p><p>estática a verdade formal da verdade material. A expressão mais utilizada hoje é a que NUCCI conceitua</p><p>como a: “busca da verdade materialmente possível”, significando dizer que o juiz deve buscar atingir</p><p>a verdade real ou material, mas essa nem sempre será atingida, no entanto deve-se achar a verdade</p><p>materialmente possível, aquela que para os fins do processo seja possível. No âmbito dos juizados</p><p>especiais existem os institutos da transação penal e da suspensão condicional do processo, em que o réu</p><p>15 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:</p><p>MÉTODO,</p><p>2018.</p><p>Constitucionais</p><p>Convencionais</p><p>Legais</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>51</p><p>abre mão de trazer a verdade para que seja dada uma solução alternativa ao processo, seria uma verdade</p><p>consensual.</p><p>2.2. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL</p><p>O devido processo legal é um superprincípio do Direito Processual Penal porque toda a</p><p>persecução penal, seja na fase investigatória ou na fase da ação penal, deve seguir os procedimentos e</p><p>determinações previstos em lei.</p><p>O devido processo legal nada mais é do que o respeito às garantias individuais do cidadão,</p><p>daquela pessoa que está sendo investigada, aquela pessoa que está respondendo por uma ação penal.</p><p>Todos os demais princípios do Direto Processual Penal decorrem do devido processo legal.</p><p>Constituição Federal Art. 5º LIV – Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o</p><p>devido processo legal.</p><p>Corroborando ao exposto, Norberto Avena (2020):</p><p>O devido processo legal, originado da cláusula do due process of law do direito anglo-americano,</p><p>está consagrado na Constituição Federal no art. 5.°, LIV e LV, estabelecendo que ninguém será</p><p>privado da liberdade ou de seus bens sem que haja um processo prévio, no qual</p><p>assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.</p><p>A. Devido processo legal procedimental: quando uma pessoa é acusada de um crime, é necessário</p><p>para que o Estado aplique a pena, que previamente se preveja um rito e que este rito seja</p><p>obedecido. Este procedimento, este rito, não pode ser alterado. Esta é uma garantia</p><p>Constitucional. Em resumo, o dever de obediência às regras e ritos.</p><p>B. Devido processo legal substancial: nesse aspecto não é suficiente apenas seguir o rito, é</p><p>necessário que essa observância do rito venha a construir uma decisão ética e justa, pois o</p><p>processo é o instrumento do direito material. Em resumo, busca a observância da Justiça.</p><p>2.3. VEDAÇÃO À UTILIZAÇÃO DE PROVAS ILÍCITAS</p><p>Conforme prevê o art. 157 do Código de Processo Penal, são inadmissíveis, devendo ser</p><p>desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas</p><p>constitucionais ou legais.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>52</p><p>Diante disso, questiona-se qual a definição de provas ilícitas? Segundo Norberto Avena, provas</p><p>obtidas por meios ilícitos, como tal consideradas aquelas que afrontam direta ou indiretamente</p><p>garantias tuteladas pela Constituição Federal, não poderão, em regra, ser utilizadas no processo</p><p>criminal como fator de convicção do juiz. Constituem uma limitação de natureza constitucional (art. 5.,</p><p>LVI) ao sistema do livre convencimento estabelecido no art. 155 do CPP, segundo o qual o juiz formará</p><p>sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial.</p><p>Sobre a teoria das provas ilícitas, iremos estudar com mais detalhe no capítulo direcionado as</p><p>provas.</p><p>2.4. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DE NÃO</p><p>CULPABILIDADE OU ESTADO DE INOCÊNCIA</p><p>2.4.1. CONCEITO E FUNDAMENTO LEGAL</p><p>Também denominado de princípio do estado de inocência ou da não culpabilidade, significa</p><p>que todo acusado é presumido inocente, até que seja declarado culpado por sentença condenatória, com</p><p>trânsito em julgado.</p><p>O princípio da presunção de inocência encontra amparo na Constituição Federal, na Declaração</p><p>Universal dos Direitos Humanos e na Convenção Americana de Direitos Humanos. Vejamos:</p><p>Constituição Federal (CF) Art. 5º LVII – Ninguém será considerado culpado até o trânsito</p><p>em julgado de sentença penal condenatória.</p><p>Declaração Universal dos Direitos Humanos Art. 11 § 1º Toda pessoa acusada de um ato</p><p>delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido</p><p>provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas</p><p>as garantias necessárias à sua defesa.</p><p>Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH) Art. 8º § 2º Toda pessoa acusada de</p><p>um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente</p><p>comprovada a sua culpa.</p><p>2.4.2. INCONSTITUCIONALIDADE DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA</p><p>Em decorrência da alteração de entendimento recente pelo Supremo Tribunal Federal que decidiu</p><p>sobre a impossibilidade de execução provisória da pena, retomando assim ao seu posicionamento de</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>53</p><p>antes, o princípio da presunção de inocência ganha ainda mais relevância, devendo ser conferida total</p><p>atenção ao seu estudo.</p><p>Um dos fundamentos para a alteração do entendimento sobre o tema, é no sentido de que, a</p><p>presunção de inocência só cessa com o trânsito em julgado da condenação. Enquanto couber algum</p><p>recurso, ele se presume inocente. Logo, incabível a execução provisória da pena.</p><p>1ª Turma do STF aplica entendimento do Plenário no sentido da impossibilidade de</p><p>execução provisória da pena.</p><p>Ao julgar as ações declaratórias de constitucionalidade 43, 44 e 54, em 7/11/2019, o Plenário do</p><p>STF firmou o entendimento de que não cabe a execução provisória da pena.</p><p>A 1ª Turma do STF aplicou esse entendimento em um caso concreto no qual o réu estava preso</p><p>unicamente pelo fato de o Tribunal de Justiça ter confirmado a sua condenação em 1ª instância,</p><p>não tendo havido, contudo, ainda, o trânsito em julgado. Logo, o STF, afastando a possibilidade</p><p>de execução provisória da pena, concedeu a liberdade ao condenado até que haja o esgotamento</p><p>de todos os recursos.</p><p>STF. 1ª Turma. HC 169727/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/11/2019 (Info 961).16</p><p>O cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos.</p><p>O art. 283 do CPP, que exige o trânsito em julgado da condenação para que se inicie o</p><p>cumprimento da pena, é constitucional, sendo compatível com o princípio da presunção de</p><p>inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF/88. Assim, é proibida a chamada “execução</p><p>provisória da pena”. Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em</p><p>julgado (antes do esgotamento de todos os recursos), no entanto, para isso, é necessário que seja</p><p>proferida uma decisão judicial individualmente fundamentada, na qual o magistrado demonstre</p><p>que estão presentes os requisitos para a prisão preventiva previstos no art. 312 do CPP. Dessa</p><p>forma, o réu até pode ficar preso antes do trânsito em julgado, mas cautelarmente</p><p>(preventivamente), e não como execução provisória da pena. STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC</p><p>44/DF e ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em</p><p>7/11/2019 (Info 958).17</p><p>Mas afinal, o que defende o princípio da presunção de inocência? Inicialmente, cumpre</p><p>destacarmos que o referido princípio é também denominado de princípio do estado de inocência e de</p><p>princípio da não culpabilidade, conforme ensina Norberto Avena18 trata-se de um desdobramento do</p><p>princípio do devido processo legal, consagrando-se como um dos mais importantes alicerces do Estado</p><p>de Direito. Visando, primordialmente, à tutela da liberdade pessoal, decorre da regra inscrita no art. 5,</p><p>LVII, da Constituição Federal, preconizando que ninguém será considerado culpado até o trânsito</p><p>em julgado da sentença penal condenatória.</p><p>Desse modo, contemplamos que a presunção de inocência consiste no direito de não ser</p><p>declarado culpado, senão após o trânsito em julgado de sentença condenatória, quando o acusado já</p><p>16 www.dizerodireito.com.br</p><p>17 www.dizerodireito.com.br</p><p>18 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:</p><p>MÉTODO,</p><p>2018.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>54</p><p>tenha se utilizado de todos os meios de provas pertinentes para sua defesa (ampla defesa) e para a</p><p>destruição da credibilidade das provas apresentadas pela acusação (contraditório). No tocante ao seu</p><p>fundamento, o referido princípio tem fundamento na Constituição Federal, bem como, na Convenção</p><p>Americana de Direitos Humanos.</p><p>Na Declaração Universal de Direitos Humanos está expresso que: “Toda pessoa acusada de</p><p>delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não se prova sua culpabilidade, de</p><p>acordo com a lei e em processo público no qual se assegurem todas as garantias necessárias para</p><p>sua defesa”.</p><p>Enquanto na Constituição Federal está previsto que: “ninguém será considerado culpado até o</p><p>trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Art. 5º, LVII.</p><p>Observe que na DUDH traz o ideal de inocência, bem como delimita o marco final como a</p><p>comprovação da culpa. Na constituição não se fala em presunção de inocência, mas sim presunção de</p><p>não culpabilidade, e o marco final seria o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.</p><p>Assim, temos que a diferença primordial será no momento do marco final: o marco final dessa</p><p>presunção de inocência nesses tratados internacionais é com a sentença condenatória em 2ª instância,</p><p>quando há a confirmação por parte de um órgão colegiado daquela condenação imposta a uma pessoa.</p><p>No princípio da não culpabilidade adotado na CF, o marco final será o trânsito em julgado da</p><p>sentença condenatória.</p><p>No Ordenamento Jurídico Brasileiro, o indivíduo só é considerado culpado a partir da sentença</p><p>condenatória transitada em julgado, quando a sentença condenatória não pode mais ser recorrida. Se a</p><p>banca examinadora for mais criteriosa, ela pode afirmar que a CF adotou o princípio da não culpabilidade</p><p>e que as convenções internacionais sobre Direitos Humanos adotaram o princípio da presunção de</p><p>inocência. Contudo, temos que em 99,9% das questões de prova, o princípio da presunção da inocência</p><p>será tratado como SINÔNIMO do princípio da não culpabilidade.</p><p>Conforme destacamos acima, a Constituição Federal considera que o agente só pode ser</p><p>considerado culpado a partir do momento em que há o trânsito em julgado da sentença condenatória. Ao</p><p>longo dos últimos anos, houve diversos entendimentos jurisprudenciais, inclusive dentro do Supremo</p><p>Tribunal Federal (STF), antecedidos por embates de ideias a respeito da possibilidade ou não da</p><p>execução provisória da pena.</p><p>Os Tribunais têm discutindo bastante os detalhes acerca desse princípio, vejamos em resumo as</p><p>mudanças do STF:</p><p>● Até fevereiro de 2009 – É possível a execução provisória da pena – (STF. Plenário. HC</p><p>68726, Rel. Min. Néri. Da Silveira, julgado em 28/06/1991). Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>55</p><p>● De fevereiro de 2009 até fevereiro de 2016 – Não é possível a execução provisória da</p><p>pena, precisa aguardar o trânsito em julgado (não caberá a prisão pena, mas caberá a</p><p>prisão processual se necessário, a prisão preventiva). – (HC 84078. Rel. Min. Eros Grau).</p><p>● De fevereiro de 2016 a novembro de 2019 – É possível a execução provisória da pena,</p><p>com a comprovação da culpa pode-se começar a execução provisória – (HC 126292. Rel.</p><p>Min. Teori Zavascki).</p><p>● Novembro de 2019 até agora – Não é possível a execução provisória da pena – ADCs 43,</p><p>44 e 54 (Rel. Min. Marco Aurélio).</p><p>Em 2019, mais especificamente em novembro de 2019, o STF confirmou que a execução da</p><p>pena só pode ocorrer após o trânsito em julgado, quando não for mais cabível qualquer recurso é</p><p>que será possível a execução da pena.</p><p>Atualmente, no Ordenamento Jurídico Brasileiro, NÃO É ADMITIDA A EXECUÇÃO</p><p>PROVISÓRIA DA PENA. Essa discussão toda aconteceu em face do disposto no art., 283 do Código</p><p>de Processo Penal (CPP):</p><p>Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e</p><p>fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em</p><p>virtude de condenação criminal transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de</p><p>2019).</p><p>A nova redação do art. 283 do CPP deixa de forma ainda mais categórica que ninguém será preso</p><p>senão em flagrante delito ou em decorrência de prisão cautelar (preventiva/temporária) ou ainda em</p><p>virtude de sentença transitada em julgado (prisão pena).</p><p>2.4.3. REGRA DE TRATAMENTO. REGRA PROBATÓRIA. REGRA DE GARANTIA</p><p>O princípio da presunção de inocência está positivado nos artigos 5º, inciso LVII, da CF/881 e</p><p>283 do CPP2. Classicamente, este princípio se manifesta sob três dimensões: como norma de</p><p>tratamento; como regra probatória; e como regra de garantia. A essa manifestação, dá-se o nome</p><p>de axiologia tridimensional da presunção de inocência.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>56</p><p>Como REGRA DE TRATAMENTO, a presunção de inocência diz respeito a uma garantia do</p><p>cidadão e uma imposição ao Estado e aos particulares, de que o indivíduo submetido à investigação</p><p>criminal ou a um processo-crime deva ser tratado como se inocente fosse até que haja a certeza jurídica,</p><p>construída durante o processo, de que tenha praticado uma conduta típica, ilícita e culpável. Essa</p><p>dimensão possui como DESTINATÁRIOS o legislador, o operador do direito e a sociedade.</p><p>Como REGRA PROBATÓRIA, a presunção de inocência se vê projetada sobre o ÔNUS do</p><p>Estado-parte provar todos os fatos que compõe a acusação que conduz ao critério do in dubio pro reo.</p><p>Excepcionalmente é possível que haja inversão do ônus da prova, como nos casos de excludente de</p><p>ilicitude, álibi ou da chamada "prova diabólica".</p><p>Já como REGRA DE GARANTIA, tem-se que o agente só poderá ser preso em FLAGRANTE</p><p>DELITO ou por ORDEM JUDICIAL, em decorrência de PRISÃO CAUTELAR devidamente</p><p>fundamentada e atendidos os requisitos, ou em virtude de CONDENAÇÃO CRIMINAL</p><p>TRANSITADA EM JULGADO. Importante salientar que, após algumas idas e vindas, o STF firmou</p><p>entendimento de que é vedada a execução provisória da pena.</p><p>REGRA DE TRATAMENTO REGRA PROBATÓRIA REGRA DE GARANTIA</p><p>Garantias em face do poder</p><p>punitivo Estatal: O réu não é</p><p>objeto do processo, mas sim um</p><p>sujeito de direitos.</p><p>Como regra probatória, o ônus</p><p>de provar a prática do crime é</p><p>da acusação. Enquanto de</p><p>julgamento existem o favor rei</p><p>e o in dubio pro reo, na dúvida</p><p>ao final do processo deve-se</p><p>absolver o acusado.</p><p>Limitação das medidas</p><p>restritivas de direitos: A prisão</p><p>cautelar deve ser entendida como</p><p>última medida, só poderá ser</p><p>decretada antes do trânsito em</p><p>julgado se ela for essencial para</p><p>o processo. A prisão cautelar é</p><p>medida excepcional.</p><p>2.4.4. CONSEQUÊNCIAS DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA</p><p>ESTADO DE INOCÊNCIA. O estado de inocência nada mais é do que o reconhecimento de</p><p>que alguém que ainda não sofreu uma sentença condenatória transitada</p><p>em julgado é inocente, tem uma</p><p>Regras</p><p>Regra de</p><p>Tratamento</p><p>Regra</p><p>Probatória</p><p>Regra de</p><p>Garantia</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>57</p><p>inocência presumida. O estado de inocência é aquele estado em que se encontra o indiciado, ou</p><p>investigado, ou acusado, o réu que ainda não sofreu uma sentença condenatória transitada em julgado.</p><p>IMPOSSIBILIDADE DE PRISÃO CONDENATÓRIA (execução provisória da pena)</p><p>ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA. A prisão</p><p>cautelar, por sua vez, é medida excepcional, a ultima ratio.</p><p>A ACUSAÇÃO (MP) É QUEM TEM O ÔNUS DE DEMONSTRAR A MATERIALIDADE</p><p>E AUTORIA DO FATO. Não é o acusado quem deve provar sua inocência.</p><p>O ônus de provar que foi praticado em um crime não cabe à defesa. Quem deve provar que houve</p><p>a prática de um crime é a acusação, o MP – este ônus da prova caber ao MP é exatamente uma</p><p>decorrência do princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade. Para haver um crime, é</p><p>necessário, na teoria tripartida, que haja um fato típico, a ilicitude e a culpabilidade.</p><p>Candidato, o MP tem o ônus da prova, de demonstrar que houve o fato típico? O MP tem</p><p>o ônus da prova de demonstrar, de provar que esse fato típico é ilícito? O MP deve provar que o</p><p>agente é culpável? Qual é a extensão desse ônus da prova do MP dentro das provas quanto aos</p><p>elementos do crime? Há uma pequena divergência, mas prepondera o entendimento que deve ser levado</p><p>para as provas, que o MP tem o ônus de provar SOMENTE o fato típico – ele tem de demonstrar que</p><p>houve a conduta, que essa conduta gerou um resultado, que há nexo de causalidade entre essa conduta e</p><p>o resultado e que há tipicidade nessa conduta praticada.</p><p>A ilicitude será presumida diante da tipicidade, – quem tem de provar que agiu acobertado por</p><p>uma excludente de ilicitude (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal,</p><p>exercício regular do direito) não é o MP, não cabe ao MP provar que esse fato típico é ilícito porque se</p><p>o MP provou que houve fato típico, este fato típico, presumidamente, será ilícito. Ao provar o fato típico,</p><p>o MP já provou a ilicitude.</p><p>Quem igualmente deverá demonstrar que não é um agente culpável é o réu.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: Juiz Substituto.</p><p>São princípios constitucionais processuais penais explícitos e implícitos, respectivamente:</p><p>A. intranscendência das penas e motivação das decisões; e intervenção mínima (ou ultima ratio) e duplo</p><p>grau de jurisdição.</p><p>B. contraditório e impulso oficial; e adequação social e favor rei (ou in dubio pro reo).</p><p>C. dignidade da pessoa humana e juiz natural; e insignificância e identidade física do juiz.</p><p>D. não culpabilidade (ou presunção de inocência) e duração razoável do processo; e não autoacusação</p><p>(ou nemo tenetur se detegere) e paridade de armas.</p><p>Gab. D.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>58</p><p>O princípio da não culpabilidade ou presunção de inocência decorre expressamente do art. 5º,</p><p>LVII, CF, assim como o princípio da duração razoável do processo, previsto no art. 5º, LVIII, CF. Veja</p><p>que, após o ponto e vírgula, a alternativa previa os princípios implícitos. O direito à e não autoacusação</p><p>ou nemo tenetur se detegere não está expressamente previsto na CF, mas decorre do direito ao silêncio.</p><p>O princípio da paridade de armas, por outro lado, decorre do princípio do contraditório.</p><p>2.5. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DE MOTIVAÇÃO DAS</p><p>DECISÕES JUDICIAIS</p><p>Conforme leciona Norberto Avena (2020), a exigência de motivação das decisões judiciais,</p><p>inscrita no art. 93, IX, da Constituição Federal e no art. 381 do Código de Processo Penal, é atributo</p><p>constitucional-processual que possibilita às partes a impugnação das decisões tomadas no âmbito do</p><p>Poder Judiciário, conferindo, ainda, à sociedade a garantia de que essas deliberações não resultam de</p><p>posturas arbitrárias, mas sim de um julgamento imparcial, realizado de acordo com a lei.</p><p>2.6. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE</p><p>Constituição Federal (CF) de 1988</p><p>Art. 93. [...] IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e</p><p>fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em</p><p>determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais</p><p>a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público</p><p>à informação;</p><p>Art. 5º [...] LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a</p><p>defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;</p><p>A própria Constituição Federal, ao prever o princípio da publicidade, prevê também algumas</p><p>exceções a esse princípio. É importante frisar, no entanto, que a regra é o princípio da publicidade.</p><p>O princípio da publicidade trata-se de uma decorrência da democracia e do sistema acusatório,</p><p>encontra guarida no art. 5º, inciso LX, da Constituição Federal, que declara: “a lei só poderá restringir</p><p>a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”.</p><p>Desse modo, contemplamos que o processo é público, sendo essa publicidade uma decorrência</p><p>da democracia e também instrumento de segurança das partes (exceto aqueles que tramitarem em</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>59</p><p>segredo de justiça). A publicidade é estipulada com o escopo de garantir a transparência da justiça, a</p><p>imparcialidade e a responsabilidade do juiz. A possibilidade de qualquer indivíduo verificar os autos de</p><p>um processo e de estar presente em audiência, revela-se como um instrumento de fiscalização dos</p><p>trabalhos dos operadores do Direito.</p><p>Diante do exposto, contemplamos que a publicidade dos atos processuais é a regra em nosso</p><p>Ordenamento Jurídico Brasileiro. E o que significa essa publicidade? O prof. Nestor Távora explica que</p><p>a publicidade é a permissibilidade de acesso aos autos processuais conferida a todos os interessados.</p><p>Conforme exposto acima, a publicidade é a regra. Contudo, essa regra comporta exceções.</p><p>Sobre o assunto, preleciona Norberto Avena:</p><p>O princípio da publicidade, previsto expressamente no art. 93, IX, 1.a parte, da Constituição</p><p>Federal, e no art. 792, caput, do Código de Processo Penal, representa o dever que assiste ao</p><p>Estado de atribuir transparência a seus atos, reforçando, com isso, as garantias da independência,</p><p>imparcialidade e responsabilidade do juiz.</p><p>O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses da</p><p>justiça, determina o art. 8º, § 5º, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. A regra, tamanha a</p><p>sua importância, é reafirmada no art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, conforme o qual “todos os</p><p>julgamentos do Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas todas as decisões, sob pena de</p><p>nulidade (...)”. Vejamos:</p><p>CF/88. Art. 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e</p><p>fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em</p><p>determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais</p><p>a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público</p><p>à informação;</p><p>CF/88. Art. 5º, LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa</p><p>da intimidade ou o interesse social o exigirem;</p><p>A Constituição já limita em um primeiro momento a regra da publicidade, no que tange a defesa</p><p>da intimidade e o interesse social.</p><p>CPP. Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se</p><p>realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial</p><p>de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados</p><p>Da mesma forma o CPP restringe</p><p>o princípio da publicidade. Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>60</p><p>Temos, portanto, como regra, a publicidade ampla, sendo aquela que é dada a todos. No entanto</p><p>a publicidade ficará restrita em;</p><p>● Segredo de justiça: Hipóteses legais, decorrerá de lei e atenderá a finalidade de preservação da</p><p>intimidade das partes ou o interesse social. Exemplo. Exploração sexual de uma menor de 14</p><p>anos, as partes presentes na audiência serão o MP, o réu, a testemunha e a defesa, para preservar</p><p>a intimidade da vítima.</p><p>● Sigilo: Esse tipo de restrição é determinado por decisão judicial, sendo decretado para interesse</p><p>do processo. Exemplo. Tráfico de entorpecentes em um caso de interceptação telefônica, o juiz</p><p>irá decretar o sigilo para que o colhimento da prova seja realizado de forma integra, sem</p><p>interferência.</p><p>2.7. PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ</p><p>O princípio do juiz natural encontra fundamento em dois dispositivos constitucionais. Vejamos:</p><p>Art. 5º. XXXVII. Não haverá juízo ou tribunal de exceção.</p><p>Art. 5º. LIII. Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.</p><p>Para o professor Norberto Avena, o princípio da imparcialidade do juiz propõe que o magistrado,</p><p>situando-se no vértice da relação processual triangulada entre ele, a acusação e a defesa, deve possuir</p><p>capacidade objetiva e subjetiva para solucionar a demanda, vale dizer, julgar de forma absolutamente</p><p>neutra, vinculando-se apenas às regras legais e ao resultado da análise das provas do processo.</p><p>2.8. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO</p><p>2.8.1. CONCEITO</p><p>O princípio do contraditório trata-se do direito assegurado às partes de serem cientificadas de</p><p>todos os atos e fatos havidos no curso do processo, podendo manifestar-se e produzir as provas</p><p>necessárias antes de ser proferida a decisão jurisdicional.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-PA Prova: Promotor de Justiça Substituto.</p><p>Assinale a opção que apresenta o princípio norteador do processo penal abordado, precipuamente, pelo</p><p>brocardo audiatur et altera pars. Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>61</p><p>A. princípio do contraditório</p><p>B. princípio da oralidade</p><p>C. princípio da publicidade</p><p>D. princípio da não autoincriminação</p><p>E. princípio da presunção da inocência</p><p>Gab. A.</p><p>Nesse sentido, a CF/ 88 em seu art. 5º afirma que: “aos litigantes, em processo judicial ou</p><p>administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios</p><p>e recursos a ela inerentes”. Observe que a Constituição silencia quanto aos procedimentos que não sejam</p><p>processo judicial e administrativo, não abrangendo, portanto, o inquérito.</p><p>O contraditório compreende o direito à informação e a participação, ou seja, o réu precisa ser</p><p>informado de tudo que acontece e é produzido contra ele, bem como terá o direito de participar com</p><p>paridade de armas, igualdade entre acusação e defesa.</p><p>2.8.2. DIREITO À INFORMAÇÃO E DIREITO DE PARTICIPAÇÃO (REAÇÃO)</p><p>DIREITO À INFORMAÇÃO: o réu tem o direito de ser informado acerca do que está</p><p>sendo acusado. Deve ser citado, intimado, notificado das decisões judiciais: esse é o direito à</p><p>informação porque é por meio dessa informação que ele poderá contraditar daquilo que está sendo</p><p>acusado.</p><p>DIREITO DE PARTICIPAÇÃO (REAÇÃO): é a possibilidade de reagir àquilo que foi</p><p>imputado a ele. As provas, na fase da Ação Penal, devem ser públicas, devem ser do conhecimento do</p><p>réu para que ele possa contraditar, para que ele possa se defender daquilo que está sendo acusado. Esses</p><p>direitos à informação e ao contraditório não impedem que algumas atividades investigatórias sejam</p><p>realizadas sem o conhecimento do réu, como, por exemplo, uma interceptação telefônica, um mandado</p><p>de busca e apreensão. Avisar o réu ou o indiciado poderia comprometer a diligência investigatória: se o</p><p>advogado soubesse que o celular do seu cliente está sendo “grampeado”, obviamente avisaria o seu</p><p>cliente para parar de falar ao telefone e a prova não conseguiria ser produzida.</p><p>2.8.3. CONTRADITÓRIO REAL E CONTRADITÓRIO DIFERIDO</p><p>O contraditório poderá ser para a prova/ real ou sobre a prova, exercido de forma deferida.</p><p>● Contraditório para a prova ou real: (REGRA). Aquele que é efetivado no exato momento em</p><p>que a prova está sendo colhida. Exemplo. O indivíduo é réu em determinado processo e o juiz</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>62</p><p>vai ouvir uma testemunha essencial, o réu, portanto tem o direito de estar presente e formular</p><p>perguntas contraditando a testemunha.</p><p>● Contraditório sobre a prova ou diferida: (EXCEPCIONALMENTE, quando houver risco de</p><p>perecimento de direito). Esse contraditório é realizado após a produção da prova. Isso porque</p><p>existem situações em que se for feito o contraditório real, a prova corre o risco de não ser</p><p>produzida. Exemplo. Interceptação telefônica, se o acusado for informado que está sendo</p><p>interceptado, a prova será totalmente interferida e não produzida. Não violando o art. 5º tendo</p><p>em vista que este exige apenas o contraditório, não informando espécie ou modalidade.</p><p>Vejamos o precedente do STF:</p><p>O acusado, embora preso, tem o direito de comparecer, de assistir e de presenciar, sob pena de</p><p>nulidade absoluta, os atos processuais, notadamente aqueles que se produzem na fase de</p><p>instrução do processo penal, que se realiza, sempre, sob a égide do contraditório. São</p><p>irrelevantes, para esse efeito, as alegações do Poder Público concernentes à dificuldade ou</p><p>inconveniência de proceder à remoção de acusados presos a outros pontos do Estado ou do País,</p><p>eis que razões de mera conveniência administrativa não têm - nem podem ter - precedência sobre</p><p>as inafastáveis exigências de cumprimento e respeito ao que determina a Constituição. Doutrina.</p><p>Jurisprudência. - O direito de audiência, de um lado, e o direito de presença do réu, de outro,</p><p>esteja ele preso ou não, traduzem prerrogativas jurídicas essenciais que derivam da garantia HC</p><p>86.634 / RJ 2 constitucional do “due process of law” e que asseguram, por isso mesmo, ao</p><p>acusado, o direito de comparecer aos atos processuais a serem realizados perante o juízo</p><p>processante, ainda que situado este em local diverso daquele em que esteja custodiado o réu. (HC</p><p>86634, Rel. Min. Celso de Melo, Segunda Turma, julgado em 18/12/2006. Dj 23/02/2007.)</p><p>Candidato, o contraditório também é obrigatório na fase de investigação (inquérito</p><p>policial)? Prevalece o entendimento que não, tendo em vista que o art. 5º LV, da CF, faz menção ao</p><p>contraditório em “processo judicial ou administrativo”, e o inquérito é procedimento administrativo</p><p>voltado à colheita de elementos de informação quanto à existência do crime e de sua autoria.</p><p>Candidato, o princípio do contraditório tem aplicação no inquérito policial? Não. Isso</p><p>ocorre porque o inquérito policial não é processo. Trata-se de um procedimento administrativo.</p><p>O inquérito policial produz elementos de informação, esses elementos de informação se tornam</p><p>provas no âmbito da Ação Penal quando forem contraditados. O inquérito policial propriamente dito,</p><p>durante a fase inquisitorial, não admite o contraditório, mas haverá um contraditório diferido em relação</p><p>àquelas provas, àqueles elementos de informação que vierem a ser produzidos durante a fase</p><p>inquisitorial.</p><p>A doutrina majoritária considera que o inquérito policial não aceita o contraditório. Há uma</p><p>doutrina que tem crescido em relevância, que considera que o inquérito policial deve ter contraditório.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>63</p><p>O próprio Pacote Anticrime traz alguns dispositivos dando a ideia da necessidade de contraditório em</p><p>algumas situações específicas dentro do inquérito policial.</p><p>Lembrando que o inquérito policial não impõe sanções a ninguém, o inquérito policial nada mais</p><p>é do que</p><p>um procedimento administrativo que vai juntar elementos de informação que serão</p><p>encaminhados ao MP para que este decida se deve ou não oferecer a denúncia. A denúncia sendo</p><p>oferecida e recebida, na fase da Ação Penal, haverá a possibilidade desse contraditório.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: AL-SP Prova: Procurador</p><p>Constitui corolário do princípio do contraditório e da ampla defesa:</p><p>a) a indisponibilidade do processo;</p><p>b) a imediatidade;</p><p>c) a isonomia processual;</p><p>d) a indeclinabilidade da jurisdição penal;</p><p>e) o duplo grau de jurisdição.</p><p>Gab. C.</p><p>Não há como garantir o contraditório e a ampla defesa às partes sem que se garanta a paridade de armas,</p><p>a isonomia processual.</p><p>2.8.4. PARIDADE DE ARMAS</p><p>A paridade de armas é uma igualdade de tratamento. No sistema acusatório, há o juiz, a acusação</p><p>e a defesa: a acusação e a defesa estão em igualdade de condições, devem ter “paridade de armas”. O</p><p>Ministério Público não pode ter uma proximidade com o juiz enquanto a defesa fica excluída dessa</p><p>relação. Os instrumentos, as provas que eventualmente podem ser requeridas pelo MP também podem</p><p>ser requeridas pela defesa.</p><p>2.9. PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA</p><p>2.9.1. CONCEITO</p><p>Consagrado ao teor do art. 5.°, LV, da Constituição Federal, a ampla defesa consiste no direito</p><p>de que o sujeito que esteja respondendo a processo judicial ou administrativo de se utilizar de todos os</p><p>meios de defesa possível, desde que consista em meios lícitos/legais. Nesse sentido, o texto</p><p>constitucional:</p><p>Constituição Federal (CF) Art. 5º LV – Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e</p><p>aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos</p><p>a ela inerentes.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>64</p><p>2.9.2. DEFESA. AMPLA DEFESA. PLENITUDE DE DEFESA. DEFESA POSITIVA E DEFESA</p><p>NEGATIVA. DEFESA TÉCNICA E AUTODEFESA</p><p>Ao estudarmos o princípio da ampla defesa, é válido e necessário distinguirmos os tipos de</p><p>defesa:</p><p>● Defesa: Uma perspectiva de faculdade, opção, se defende caso queira.</p><p>● Ampla defesa: No processo penal a ampla defesa é obrigatória. Se citado e o réu confessa e diz</p><p>não querer defesa, ainda assim o juiz irá remeter os autos para um órgão de assistência judiciária,</p><p>porque a defesa no processo é obrigatória.</p><p>Existe ainda dentro do aspecto da ampla defesa o direito de escolha do defensor. O juiz não pode</p><p>determinar que aquele réu seja defendido por intermédio de um defensor, ou por um advogado particular,</p><p>evidenciando que este ou aquele seja melhor naquelas circunstâncias, ainda que em benefício do réu.</p><p>● Plenitude de defesa: Essa é a defesa que ocorre no júri, para os jurados. Ou seja, provas</p><p>extrajurídicas, fora do direito podem ser levadas em consideração pelos jurados. Exemplo. Carta</p><p>da vítima do homicídio, psicografada por Chico Xavier, em que a vítima perdoa o réu, e os</p><p>jurados provavelmente levaram isso em consideração para sua absolvição.</p><p>● Defesa positiva e defesa negativa: A defesa positiva importa em agir, produzir determinada</p><p>prova, dar sua versão sobre os fatos, etc. Enquanto na defesa negativa pode ser utilizada uma</p><p>estratégia de não agir, se manter em silêncio, não fazer perguntas, etc.</p><p>Dessa forma, temos que muitas vezes a defesa vai produzir provas (defesa positiva), a defesa</p><p>vai requerer a produção de uma prova, chama uma testemunha para que esta seja ouvida, vai sugerir que</p><p>se faça uma reprodução simulada dos fatos, vai requerer uma prova pericial, todas hipóteses positivas</p><p>de defesa no sentido de provar o seu ponto de defesa do réu, do acusado. Entretanto, essa defesa pode</p><p>ser negativa. Caso clássico: interrogatório. No interrogatório, o réu, o acusado, pode usar como meio</p><p>de defesa o direito de ficar em silêncio. Esse direito de ficar em silêncio pode ser uma tática da defesa,</p><p>e essa defesa negativa, de nada fazer, de omissão, será um meio de defesa também, um meio de ampla</p><p>defesa.</p><p>Antigamente não havia esse direito ao silêncio e o sujeito, o acusado, o réu e o indiciado eram</p><p>torturados até falar o que sabiam. Nos dias atuais, em respeito aos direitos e garantias fundamentais, em</p><p>respeito ao direito de não produzir provas contra si mesmo, pode o réu, o acusado, o indiciado,</p><p>permanecer em silêncio.</p><p>Com o advento da Constituição Federal de 1988, o disposto no seu art. 5º, LXIII, da CF/88 se</p><p>assemelha ao axioma do Miranda Warning (Aviso de Miranda) do direito norte-americano, em que o</p><p>policial, no momento da prisão, deve informar ao preso os seguintes direitos, sob pena de não ter validade</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>65</p><p>o que por ele foi dito: (i) de permanecer calado; (ii) de ser alertado de que tudo o que disser poderá ser</p><p>usado contra si; e (iii) à assistência de um advogado ou, na impossibilidade, um Defensor Público</p><p>custeado pelo Estado.</p><p>A CF/88 determina que as autoridades estatais informem os presos que eles</p><p>possuem o direito de permanecer em silêncio (art. 5º, LXIII).</p><p>Esse alerta sobre o direito ao silêncio deve ser feito não apenas pelo Delegado, durante</p><p>o interrogatório formal, mas também pelos policiais responsáveis pela voz de prisão em</p><p>flagrante. Isso porque a todos os órgãos estatais impõe-se o dever de zelar pelos direitos</p><p>fundamentais. A falta da advertência quanto ao direito ao silêncio torna ilícita a prova</p><p>obtida a partir dessa confissão. STF. 2ª Turma. RHC 170843 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar</p><p>Mendes, julgado em 4/5/2021 (Info 1016).</p><p>● Defesa técnica e autodefesa: A defesa técnica é aquela exercida por profissional habilitado,</p><p>advogado ou defensor, enquanto a autodefesa é aquela exercida pelo próprio réu, sendo inclusive</p><p>renunciável (direito de ficar em silêncio). Lembre-se que se o réu for advogado, este poderá</p><p>exercer tanto a defesa técnica quanto à autodefesa.</p><p>Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem</p><p>defensor.</p><p>Súmula 708 STF. É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia</p><p>do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.</p><p>Súmula 523 STF. No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua</p><p>deficiência só o anulará se houver prejuízo para o réu.</p><p>Quando há uma colidência de defesas (quando existem por exemplo dois réus acusados da</p><p>prática de um crime, mas apenas um advogado para os dois), se na defesa de um destes, imputar crime</p><p>ao outro, essa defesa estará colidente, desta forma não poderá ser feita pelo mesmo advogado sob pena</p><p>de nulidade.</p><p>Lembrando que o advogado e o estagiário com OAB suspensa, não tem capacidade postulatória</p><p>para realizar a defesa do réu, os profissionais devem estar regularmente inscritos.</p><p>Observação. Lembre-se que nos Juizados Especiais Cíveis não se tem obrigatoriamente da</p><p>presença de advogado, no entanto nos Juizados Especiais Criminais também é obrigatória a defesa</p><p>técnica.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>66</p><p>2.9.3. AUTODEFESA</p><p>2.9.3.1. CONCEITO</p><p>No que tange à AUTODEFESA, esta possui alguns desdobramentos:</p><p>A autodefesa é aquela realizada pelo próprio acusado, contrapondo a versão trazida pelo órgão</p><p>acusatório com seus próprios argumentos, abrangendo o direito de audiência (direito de apresentar sua</p><p>defesa pessoalmente ao juiz da causa), o direito de presença aquele que dá ao acusado o direito de estar</p><p>presente e acompanhar ao lado de seu defensor os atos da instrução, no entanto, se o acusado não quiser</p><p>comparecer na audiência, ele não poderá ser conduzido coercitivamente para ser interrogado, até porque</p><p>ele pode manifestar seu direito constitucional de permanecer em silêncio. Por fim, a autodefesa</p><p>desdobra-se também no direito de petição, por exemplo, interposição de habeas corpus.</p><p>2.9.3.2. DIREITO DE PRESENÇA. DIREITO DE AUDIÊNCIA.</p><p>DE CUSTÓDIA 317</p><p>8.2.1. CONCEITO 317</p><p>8.2.2. ETAPAS DA CADEIA DE CUSTÓDIA 317</p><p>8.2.3. QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA 318</p><p>8.3. TERMINOLOGIA DA PROVA 318 Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>7</p><p>8.4. CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS 321</p><p>8.5. OBJETO DE PROVA 323</p><p>8.6. PROVAS CAUTELARES, IRREPETÍVEIS E ANTECIPADAS 325</p><p>8.7. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DE PROVA 326</p><p>8.8. PROVA EMPRESTADA 329</p><p>8.9. ÔNUS DA PROVA 330</p><p>8.10. INDÍCIOS 331</p><p>8.11. DIREITO À PRODUÇÃO DA PROVA 332</p><p>8.12. PROVAS ILÍCITAS 332</p><p>8.12.1. DISTINÇÃO DE PROVAS ILÍCITAS E ILEGÍTIMAS 333</p><p>8.12.2. PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO 334</p><p>8.12.3. CONSEQUÊNCIA DA ILICITUDE DAS PROVAS 337</p><p>8.12.4. INADMISSIBILIDADE DE PROVA EMPRESTADA ILÍCITA 338</p><p>8.13. BUSCA E APREENSÃO 338</p><p>8.14. SERENDIPIDADE 343</p><p>8.15. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? 346</p><p>9. PROVAS EM ESPÉCIE 357</p><p>9.1. PROVA PERICIAL 357</p><p>9.1.1. EXAME DE CORPO DE DELITO 357</p><p>9.1.2. DA INDISPENSABILIDADE NOS CRIMES NÃO TRANSEUNTES (DEIXAM</p><p>VESTÍGIOS) 359</p><p>9.1.3. PRIORIDADE NA REALIZAÇÃO DO EXAME DE CORPO DE DELITO 360</p><p>9.1.4. PERITOS 360</p><p>9.1.5. SISTEMAS DE APRECIAÇÃO DOS LAUDOS PERICIAIS 362</p><p>9.1.6. ASSISTENTE TÉCNICO 363</p><p>9.1.7. PERÍCIA COMPLEXA 363</p><p>9.1.7.1. LAUDO 363</p><p>9.1.7.2. NOVA PERÍCIA 364</p><p>9.1.8. ESCLARECIMENTO DOS PERITOS 364</p><p>9.2. DECLARAÇÕES DO OFENDIDO 365</p><p>9.2.1. NÃO COMPARECIMENTO DO OFENDIDO 365 Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>8</p><p>9.2.2. COMUNICAÇÃO DOS ATOS IMPORTANTES AO OFENDIDO 365</p><p>9.2.3. ESPAÇO SEPARADO 366</p><p>9.2.4. ENCAMINHAMENTO A ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR 366</p><p>9.2.5. PRESERVAÇÃO DA INTIMIDADE 366</p><p>9.2.6. DEPOIMENTO ESPECIAL (SEM DANO) 366</p><p>9.2.7. DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA 367</p><p>9.2.8. RETIRADA DO ACUSADO 368</p><p>9.2.9. VALOR PROBATÓRIO 368</p><p>9.3. PROVA TESTEMUNHAL 368</p><p>9.3.1. CAPACIDADE DE SER TESTEMUNHA 368</p><p>9.3.2. NÚMERO DE TESTEMUNHAS 368</p><p>9.3.3. MOMENTO PROCESSUAL 369</p><p>9.3.4. TESTEMUNHAS DO JUÍZO 369</p><p>9.3.5. ORALIDADE 369</p><p>9.3.6. COMPROMISSO DE DIZER A VERDADE 370</p><p>9.3.7. NÃO COMPARECIMENTO DA TESTEMUNHA 370</p><p>9.3.8. DESISTÊNCIA DA TESTEMUNHA 371</p><p>9.3.9. INCOMUNICABILIDADE 371</p><p>9.3.10. SISTEMA DO EXAME DIRETO E CRUZADO 371</p><p>9.3.11.TESTEMUNHAS FORA DA TERRA 372</p><p>9.3.12.TESTEMUNHAS OUVIDAS POR CARTA PRECATÓRIA 372</p><p>9.4. ACAREAÇÃO 373</p><p>9.5. RECONHECIMENTO 374</p><p>9.6. RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO 375</p><p>9.7. PROVA DOCUMENTAL 376</p><p>9.8. INTERROGATÓRIO 377</p><p>9.9. MOMENTO 378</p><p>9.10. NOVO INTERROGATÓRIO 378</p><p>9.11. LOCAL DO INTERROGATÓRIO 378</p><p>9.12. ENTREVISTA RESERVADA COM O DEFENSOR 379</p><p>9.13. NATUREZA JURÍDICA 379</p><p>9.14. ATO BIFÁSICO 379</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>9</p><p>9.15. DIREITO AO SILÊNCIO NO INTERROGATÓRIO 380</p><p>9.16. CONFISSÃO 380</p><p>9.16.1. CARACTERÍSTICAS 381</p><p>9.16.2. NATUREZA JURÍDICA 381</p><p>9.16.3. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 381</p><p>9.16.4. VALOR PROBATÓRIO 382</p><p>9.17. INFORMATIVOS 382</p><p>9.18. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? 413</p><p>10. SUJEITOS NO PROCESSO PENAL 426</p><p>10.1. JUIZ 427</p><p>10.1.1. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL 427</p><p>10.1.2. IMPARCIALIDADE DO JUIZ 427</p><p>10.1.2.1. IMPEDIMENTO 428</p><p>10.1.2.2. SUSPEIÇÃO 429</p><p>10.1.3.PODERES DO JUIZ 430</p><p>10.1.3.1. ADMINISTRATIVOS 430</p><p>10.1.3.2. JURISDICIONAIS 431</p><p>10.2. PARTES NA AÇÃO PENAL 431</p><p>10.2.1.POLO ATIVO 431</p><p>10.2.1.1. AÇÃO PENAL PÚBLICA 431</p><p>10.2.1.2. AÇÃO PENAL PRIVADA 434</p><p>10.2.2. POLO PASSIVO 435</p><p>10.2.2.1. AÇÃO PENAL PÚBLICA 435</p><p>10.3. ESPÉCIES DE DEFENSOR 436</p><p>10.4. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? 438</p><p>11. MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS 447</p><p>11.1. ESPÉCIES DE MEDIDAS CAUTELARES 448</p><p>11.1.1. MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS 449</p><p>11.1.2. MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA NA LEI MARIA DA PENHA E NATUREZA</p><p>JURÍDICA 454</p><p>11.2. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? 461</p><p>12. DA PRISÃO E DA LIBERDADE PROVISÓRIA 470</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>10</p><p>12.1 PRISÕES 470</p><p>12.1.1. PRISÃO EM FLAGRANTE 471</p><p>12.1.1.1. PREVISÃO NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 472</p><p>12.1.1.2. NÃO CABIMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE. 472</p><p>12.1.1.3. ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE 474</p><p>12.1.1.4. ARTIGOS IMPORTANTES SOBRE PRISÃO EM FLAGRANTE 476</p><p>12.1.1.5. CONTROLE JURISDICIONAL DA PRISÃO EM FLAGRANTE 478</p><p>12.1.2. PRISÃO PREVENTIVA 482</p><p>12.1.3. PRISÃO DOMICILIAR 497</p><p>12.1.3.1. CABIMENTO 497</p><p>12.1.3.2.PRISÃO DOMICILIAR NO CPP E PRISÃO DOMICILIAR NA LEP 498</p><p>12.1.3.3. LEI N. 13.769/2018 499</p><p>12.1.3.4. RECOLHIMENTO NOTURNO E PRISÃO DOMICILIAR 502</p><p>12.1.4. PRISÃO ESPECIAL 504</p><p>12.1.5. PRISÃO TEMPORÁRIA (LEI 7.960/89) 504</p><p>12.2. LIBERDADE PROVISÓRIA 514</p><p>12.2.1. ESPÉCIES DE LIBERDADE PROVISÓRIA 516</p><p>12.2.1.2. LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA 516</p><p>12.2.1.3. LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA 519</p><p>12.2.1.4. LIBERDADE PROVISÓRIA OBRIGATÓRIA 520</p><p>12.2.1.5. LIBERDADE PROVISÓRIA PROIBIDA 521</p><p>12.2.1.6.LIBERDADE PROVISÓRIA COM VINCULAÇÃO 521</p><p>12.2.1.7. LIBERDADE PROVISÓRIA SEM VINCULAÇÃO 522</p><p>12.3. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? 522</p><p>12.4. INFORMATIVOS 534</p><p>13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 555</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>11</p><p>DIREITO PROCESSUAL PENAL I</p><p>1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS AO DIREITO PROCESSUAL PENAL</p><p>1.1. JUS PUNIENDI</p><p>O Direito Penal, traz a previsão de sanções penais para quem pratica infrações penais, entretanto,</p><p>para que o Estado exerça o seu jus puniendi (o direito do Estado de punir em face do pacto social</p><p>existente), ele precisa seguir uma série de ritos e procedimentos. Esse é o Direito Processual Penal, o</p><p>caminho e rito a ser seguido pelo Estado para fins de exercer o seu jus puniendi. Os procedimentos</p><p>previstos a serem observados no âmbito do processo penal constitui-se também em uma GARANTIA</p><p>ao cidadão de que os seus direitos e garantias fundamentais serão respeitados: o cidadão já sabe que o</p><p>Estado irá puni-lo em face da sua conduta, contudo, deverá ser observado determinados procedimentos</p><p>e ritos.</p><p>Em suma, o Direito Penal prevê condutas que são capituladas como tipos penais e essas condutas</p><p>geram sanções penais. No entanto para que tais sanções penais venham a ser aplicadas, é preciso se valer</p><p>do Direito Processual Penal, muitas vezes chamado de Direito Instrumental – porque são</p><p>exatamente os instrumentos que o Estado vai utilizar para aplicar as sanções penais àquelas pessoas que</p><p>praticaram condutas definidas como infrações penais.</p><p>Por exemplo, Fernando praticou uma conduta definida como crime, art. 121 do Código Penal</p><p>(crime de homicídio) que prevê pena de reclusão de 6 a 20 anos. A partir do momento da prática do</p><p>crime surge para o Estado o seu jus puniendi, o direito do Estado de punir Fernando pela conduta</p><p>praticada – no entanto, o Estado tem que seguir o processo penal para que então possa efetuar a sua</p><p>prisão, para condená-lo por essa conduta.</p><p>Conforme ensina Nucci, uma vez cometida a infração penal (que fica a cargo do direito penal</p><p>a tipificação das condutas delitivas), nasce para o Estado o poder-dever de punir (pretensão</p><p>punitiva). Assim, enquanto o direito penal prevê e faz a capitulação das condutas consideradas</p><p>crimes, o direito processual penal fica responsável por instrumentalizar e materializar a</p><p>punição ao sujeito que incidiu no tipo penal.</p><p>Candidato, em que consiste a pretensão punitiva? Podemos definir como sendo o direito do</p><p>Estado de impor ao sujeito que incidiu em algum tipo penal que este se submeta a sanção penal. Salienta-</p><p>se que isso só será possível após o processo criminal em que seja observado todas os direitos e garantias</p><p>individuais do sujeito, vivemos em um Estado Democrático de Direito. Nessa senda, esse direito de punir</p><p>do Estado manifesta-se através da ação penal (Direito Subjetivo Autônomo). Nasce da infração penal,</p><p>entretanto, não é autoexecutável, em virtude do princípio do contraditório, ou seja, a garantia de</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>12</p><p>plenitude do direito de defesa do réu. A execução da sentença condenatória, por sua vez, é monopólio</p><p>do Estado.</p><p>Deste modo, o Direito Processual penal hoje é um ramo do Direito Público, constituído</p><p>DIREITO DE PETIÇÃO</p><p>a) Direito de presença: constitui-se no direito que o réu tem de estar fisicamente</p><p>presente nos autos processuais, no entanto, este não é um direito absoluto, por</p><p>exemplo, caso a testemunha não se sinta confortável para depor na frente do réu esse</p><p>direito é afastado para que não seja prejudicado a produção da prova. Trata-se de</p><p>norma prevista ao teor do art. 217 do CPP.</p><p>Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério</p><p>constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do</p><p>depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma,</p><p>determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor.</p><p>Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo deverá</p><p>constar do termo, assim como os motivos que a determinaram.</p><p>AUTODEFESA</p><p>Direito de</p><p>Presença</p><p>Direito de</p><p>Audiência</p><p>Direito de</p><p>Petição</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>67</p><p>Diante do exposto, contemplamos que o referido direito possui natureza relativa, posto que é</p><p>admitido a sua mitigação em determinadas situações, por exemplo, quando a presença do acusado na</p><p>sala de audiência causar temor a vítima. Nesse mesmo sentido, a Jurisprudência. Vejamos:</p><p>EMENTA: HABEAS CORPUS. PECULATO E CONCUSSÃO. DIREITO</p><p>PROCESSUAL PENAL. DEFICIÊNCIA NA DEFESA TÉCNICA. RÉU RETIRADO</p><p>DA SALA DE AUDIÊNCIA. CONSTRANGIMENTO ÀS VÍTIMAS. NULIDADE.</p><p>INOCORRÊNCIA. 1. "No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta,</p><p>mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu." (Súmula do</p><p>STF, Enunciado nº 523). 2. A não concessão de entrevista pessoal do paciente com o</p><p>defensor ad hoc não enseja a nulidade do ato processual, ainda mais tendo o acusado</p><p>advogado constituído, que se fez ausente apenas naquela oportunidade. 3. Não há falar</p><p>em prejuízo à defesa técnica do paciente, tendo seu defensor constituído apresentado</p><p>impugnação à denúncia antes de seu recebimento; defesa prévia, com rol de</p><p>testemunhas; substanciosa peça de alegações finais, em que requereu, preliminarmente,</p><p>a realização de exame de sanidade mental e, no mérito, a absolvição por ausência de</p><p>provas; e, ainda, recurso de apelação. 4. O direito de presença do acusado na sala de</p><p>audiência não é absoluto e a lei, ela mesma, confere ao Juiz, em obséquio primariamente</p><p>do conhecimento da verdade real, o poder-dever de fazer retirar o réu sempre que pela</p><p>sua atitude possa influir no ânimo da testemunha (Código de Processo Penal, artigo</p><p>217). 5. Titulariza, pois, o Juiz o poder-dever legal de proteger a produção da prova oral,</p><p>assegurando, em obséquio da verdade real, a liberdade subjetiva das testemunhas e</p><p>vítimas. 6. Ordem denegada. (STJ, Processo HC 41233/SP; HABEAS CORPUS</p><p>2005/0011116-4 Relator(a) Ministro HAMILTON CARVALHIDO (1112) Órgão</p><p>Julgador T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento 30/06/2005 Data da</p><p>Publicação/Fonte DJ 06.02.2006 p. 346).</p><p>Por fim, complementa o prof. Rogério Sanches e Ronaldo Batista19 (2020, pág. 699) “não é raro</p><p>que a presença do réu, em sala de audiência, incomode vítima ou testemunha, inibindo a espontaneidade</p><p>de seus depoimentos. Imagine-se uma vítima de estupro, obrigada a depor face a face com seu algoz. Ou</p><p>mesmo aquele que suportou um sequestro, compelido a ser ouvido diante da quadrilha responsável pelo</p><p>crime. Nessas hipóteses identificadas pelo juiz, em que o ânimo da testemunha ou vítima é afetado,</p><p>ele poderá realizar a inquirição por videoconferência ou, na impossibilidade de emprego desse</p><p>meio, determinar a retirada do réu, mantida, por óbvio, a presença de seu defensor (art. 217 do</p><p>CPP). O ato que determina a retirada do acusado, no entanto, deve ser motivado, pois, no plexo de</p><p>direitos que cercam o acusado, se inclui, indubitavelmente, o de estar presente à audiência, a fim de</p><p>exercer sua autodefesa que, aliada à defesa técnica, aperfeiçoam o contraditório e a ampla defesa, tão</p><p>caros à Constituição da República. Presente à audiência, poderá o acusado municiar seu defensor de</p><p>dados importantes, que eventualmente venham a influir no rumo da prova e induzir mesmo à sua</p><p>absolvição”.</p><p>19 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E LEI DE EXECUÇÃO PENAL COMENTADOS ARTIGO POR ARTIGO (2020). Doutrina,</p><p>jurisprudência, Destaques para aspectos circunstanciais | 4ª edição revista, atualizada e ampliada. Autores: Rogério</p><p>Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto. Editora JusPodivm.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>68</p><p>b) Direito de audiência: É o direito (renunciável) de ser ouvido, e conceder sua versão</p><p>dos fatos par ao juiz que irá julgar. Neste caso existe ainda a exceção do direito ao</p><p>silêncio, sendo, portanto, uma opção concedida ao réu, se pronunciar ou não. O direito</p><p>de ser ouvido materializa-se, por exemplo, no interrogatório do processo.</p><p>c) Direito de petição: Na autodefesa também existe o direito de auto petição, quando o</p><p>próprio réu faz a petição para o juiz, mesmo que não tenha capacidade técnica para</p><p>tal. Exemplo: interposição de Habeas Corpus.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2022 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: DPE-PR Prova: Defensor Público.</p><p>Acerca dos direitos e das garantias fundamentais aplicáveis ao processo penal, assinale a alternativa</p><p>correta.</p><p>A. O Supremo Tribunal Federal admite a execução provisória da decisão penal condenatória, enquanto</p><p>pendente de julgamento os recursos extraordinários, porquanto estes não possuem efeito suspensivo.</p><p>B. Segundo entendimento dos Tribunais Superiores, no processo penal, a deficiência da defesa técnica</p><p>constitui nulidade absoluta.</p><p>C. A autodefesa engloba o direito de presença, de audiência e o direito de postular pessoalmente em</p><p>determinados atos do processo penal.</p><p>D. Não viola a ampla defesa a publicação de acórdão condenatório sem o voto vencido.</p><p>E. É indispensável a intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto contra</p><p>a decisão que rejeitou a denúncia, exceto se oferecida pelo Defensor Público natural.</p><p>Gab. C.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2006 Banca: CEBRASPE Órgão: DPE-DF Prova: Procurador.</p><p>Além do princípio constitucional da ampla defesa, o CPP estabelece que a deficiência de defesa é causa</p><p>obrigatória de nulidade absoluta, sendo presumido o prejuízo. Nesse sentido, tal é o entendimento</p><p>delineado pelo STF.</p><p>Gab. Errado.</p><p>De acordo com a Súmula 523 do STF no Processo Penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta,</p><p>mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2010 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DPU Prova: Defensor Público Federal.</p><p>Segundo entendimento sumulado do STF, o advogado de defesa não pode pedir, em alegações finais,</p><p>a qualquer título, a condenação do acusado, sob pena de nulidade absoluta, por violação ao princípio da</p><p>ampla defesa. Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>69</p><p>Gab. Errado.</p><p>O advogado pode pedir a condenação do acusado, se for a estratégia que considere melhor, como no</p><p>caso do réu confesso. Aplicação da súmula n. 523 do STF, pois, no caso, não há ausência de defesa.</p><p>Confira, ainda:</p><p>PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. LATROCÍNIO. DEFENSOR QUE</p><p>PEDE, EM ALEGAÇÕES FINAIS, A CONDENAÇÃO DO RÉU. NULIDADE NÃO</p><p>CARACTERIZADA. SENTENÇA REFORMADA. PREJUDICADO. I - Inexiste</p><p>ausência de defesa quando o defensor, reconhecendo fatos livremente confessados pelo</p><p>réu, pede a sua condenação por crime de menor gravidade do que aquele pelo qual foi</p><p>denunciado. II - Com a superveniência de acórdão de apelação, que reforma a sentença</p><p>prolatada em primeiro grau de jurisdição e impõe nova modalidade de cumprimento de</p><p>pena, resta prejudicada a pretensão do paciente de ver aplicado o regime prisional outrora</p><p>instituído pelo édito condenatório. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nessa</p><p>extensão, denegado. (STJ, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento:</p><p>03/04/2003, T5 - QUINTA TURMA).</p><p>2.9.3.3. DEFESA DOS ORGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA</p><p>Assistência jurídica em favor de servidores vinculados aos órgãos de segurança pública (CF,</p><p>art. 144) diante da instauração de inquérito para fins de investigação de fatos relacionados ao uso</p><p>da força legal praticados no exercício funcional</p><p>A Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) acrescentou o art. 14-A ao CPP e passou a assegurar aos</p><p>servidores vinculado às instituições dispostas nos arts. 142 e 144 da CF que figurarem como investigados</p><p>em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto</p><p>for a investigação de fatos relacionados ao uso da força leal praticados no exercício profissional ou</p><p>missões para Garantia da Lei e da Ordem, o direito de constituir defensor para acompanhamento e</p><p>realização de todos os ato relacionados à sua defesa administrativa.</p><p>É importante destacarmos que o legislador delimitou a prerrogativa em comento aos fatos</p><p>relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional – consumados ou tentados,</p><p>incluindo as hipóteses de excludentes de ilicitude (art. 23, CP).</p><p>Assim, o art. 14-A se aplica aos órgãos de segurança pública referidos no Art. 144 da CF,</p><p>inclusive às policiais penais (EC nº 104/19). No caso de Policial Militar, o dispositivo será aplicado</p><p>apenas se o indivíduo estiver no exercício da função (se aplicam aos servidores militares vinculados às</p><p>instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam</p><p>respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem).</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>70</p><p>Vale destacar que, o texto do PL 6341/2019 previa originalmente a defesa por Defensor Público,</p><p>ou por outro profissional onde a Defensoria Pública não estiver instalada, aos agentes de segurança</p><p>pública elencados no art. 144 da Constituição Federal de 1988 investigados por fatos envolvendo uso da</p><p>força letal, consumada ou tentada, no exercício profissional. O Presidente da República havia vetado os</p><p>dispositivos dizendo que essa previsão “viola o disposto no art. 5º, inciso LXXIV, combinado com o art. 134,</p><p>bem como os arts. 131 e 132, todos da Constituição da República, que confere à Advocacia-Geral da União e às</p><p>Procuradorias dos Estados e do Distrito Federal, também Função Essencial à Justiça, a representação judicial</p><p>das respectivas unidades federadas, e destas competências constitucionais deriva a competência de representar</p><p>judicialmente seus agentes públicos, em consonância com a jurisprudência do Supremo Tribunal (v.g. ADI 3.022,</p><p>rel. min. Joaquim Barbosa, j. 2-8-2004, P, DJ de 4-3-2005).” .</p><p>Ocorre que, o Senado Federal, em abril de 2021, a derrubou parcialmente o veto presidencial,</p><p>que havia afastado alguns dispositivos do Pacote Anticrime. Com a derrubada destes vetos, os seguintes</p><p>parágrafos serão incluídos nos arts. 14-A do CPP:</p><p>§ 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2º deste artigo, a</p><p>defesa caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais em que ela não</p><p>estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente à respectiva</p><p>competência territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional</p><p>para acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à defesa</p><p>administrativa do investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)</p><p>§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá ser precedida</p><p>de manifestação de que não existe defensor público lotado na área territorial onde</p><p>tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar, hipótese em que poderá ser</p><p>indicado profissional que não integre os quadros próprios da Administração. (Incluído</p><p>pela Lei nº 13.964, de 2019)</p><p>§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio dos</p><p>interesses dos investigados nos procedimentos de que trata este artigo correrão por</p><p>conta do orçamento próprio da instituição a que este esteja vinculado à época da</p><p>ocorrência dos fatos investigados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)</p><p>Dessa forma, com a rejeição deste veto, foi estabelecida a defesa por Defensor Público, ou por</p><p>outro profissional onde a Defensoria Pública não estiver instalada, aos agentes de segurança pública</p><p>elencados no art. 144 da Constituição Federal de 1988 investigados por fatos envolvendo uso da força</p><p>letal, consumada ou tentada, no exercício profissional.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>71</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: Delegado de Polícia.</p><p>No que concerne aos investigados em inquérito policial que investiga uso da força letal, é correto afirmar</p><p>que a Lei n° 13.964/2019 (Pacote Anticrime):</p><p>A. a indicação do profissional para o exercício da defesa do servidor deverá ser precedida de</p><p>manifestação de que não existe defensor público lotado na área territorial onde tramita o inquérito e com</p><p>atribuição para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado Bacharel em Direito, como defensor ad</p><p>hoc, mesmo sem inscrição na OAB.</p><p>B. havendo necessidade de indicação de defensor, a defesa caberá exclusivamente à Defensoria Pública,</p><p>e, nos locais em que ela não estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente à</p><p>respectiva competência territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional para</p><p>acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à defesa administrativa do investigado.</p><p>C. na hipótese de não atuação da Procuradoria do Estado, os custos com o patrocínio dos interesses dos</p><p>investigados nos procedimentos de que trata esse artigo correrão por conta do orçamento próprio da</p><p>instituição a que este esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos investigados.</p><p>D. havendo necessidade de indicação de defensor, a defesa caberá preferencialmente à Defensoria</p><p>Pública, e, nos locais em que ela não estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação</p><p>correspondente à respectiva competência territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar</p><p>profissional para acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à defesa administrativa do</p><p>investigado.</p><p>E. não contemplou qualquer dispositivo nesse sentido.</p><p>Gab. D.</p><p>2.10. PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO</p><p>Direito no qual o réu possui de ver todo o seu caso apreciado novamente, tanto em relação aos</p><p>fatos, quanto ao direito. Desta forma o primeiro julgamento está sujeito a recurso, que está fundado tanto</p><p>na possibilidade de falha humana, em que se acredita que o juiz pode errar, bem como no inconformismo</p><p>da parte, ainda que não tenha havido erro, a parte tem direito de tentar reverter tal decisão.</p><p>O duplo grau de jurisdição, no âmbito da recorribilidade ordinária, não consubstancia garantia</p><p>constitucional (Al 209.954-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, Segunda Turma, Dj. 4/12/1998). E</p><p>que “ não é possível, sob as sucessivas Constituições da República, erigir o duplo grau de em</p><p>princípio e garantia constitucional, tantas são as previsões, na própria Lei Fundamental, do</p><p>julgamento de única instância ordinária, já na área civil, já, particularmente, na área penal”. (STF.</p><p>RHC 79.785. Rel. Min. Sépulveda Pertence, Tribunal Pleno, DJ de 22/11/2002).</p><p>A ideia do STF é referir-se ao foro de prerrogativa, nestes casos não se terá a possibilidade de</p><p>ver o caso julgado novamente, e não está errado, tendo em vista que a Constituição não traz o princípio</p><p>do duplo grau de jurisdição, tendo em vista ser um princípio Convencional (princípio supralegal), este</p><p>decorre da DUDH.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>72</p><p>Em regra geral, quem não tem</p><p>o foro por prerrogativa de função terá o duplo grau de jurisdição,</p><p>ou seja, poderá recorrer para que sua matéria seja toda reapreciada, fática e juridicamente por uma outra</p><p>instância.</p><p>Observação. Juizados Especiais Criminais tem duplo grau de jurisdição. Não é necessário que a</p><p>outra instância, seja hierarquicamente superior, logo nos juizados especiais, as turmas recursais, são</p><p>formadas por juízes de direito, mesma hierarquia, e mesmo assim trata-se da aplicação do duplo grau de</p><p>jurisdição.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: TJ-PA Prova: Juiz de Direito Substituto.</p><p>Em matéria processual penal, o duplo grau de jurisdição:</p><p>a) não é previsto expressamente pela Convenção Americana de Direitos Humanos, mas é pela CR/88.</p><p>b) não é previsto expressamente pela CR/88, mas é pela Convenção Americana de Direitos Humanos.</p><p>c) não é previsto expressamente nem pela CR/88 nem pela Convenção Americana de Direitos Humanos.</p><p>d) é direito fundamental previsto expressamente tanto pela CR/88 quanto pela Convenção Americana de</p><p>Direitos Humanos.</p><p>e) é garantia fundamental prevista expressamente tanto pela CR/88 quanto pela Convenção Americana</p><p>de Direitos Humanos.</p><p>Gab. B.</p><p>O princípio do duplo grau de jurisdição, embora parte da doutrina sustente que está implicitamente</p><p>previsto na CF, não tem previsão expressa em nossa Magna Carta. No entanto, tem expressa previsão na</p><p>Convenção Americana de Direitos Humanos.</p><p>2.11. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL</p><p>O princípio do juiz natural preleciona a utilização de regras objetivas de competência</p><p>jurisdicional para garantir independência e a imparcialidade do órgão julgador. Ao praticar um crime o</p><p>réu já deverá saber quem é o juízo que irá lhe julgar. Desta forma, é preciso que o Juízo ou Tribunal</p><p>tenha sido estabelecido antes da data do fato. Diferente do Tribunal de Exceção, aquele Tribunal ou</p><p>Juízo criado após a prática do fato (ilegal).</p><p>Corroborando ao exposto, Nestor Távora e Fábio Roque20 explica “o princípio do juiz natural</p><p>possui dois desdobramentos: em primeiro lugar, consagra a ideia de que o cidadão tem o direito de</p><p>ser processado perante a autoridade competente (art. 5°, LIII), isto é, magistrado devidamente</p><p>20 Távora, Nestor. Código de Processo Penal comentado/ Nestor Távora, Fábio Roque Araújo – 11. Ed. rev. ampl. e atual –</p><p>Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>73</p><p>investido na Jurisdição. Em seguindo lugar, referido princípio obsta a criação de juízes ou tribunais</p><p>de exceção (Art. 5°, XXXVII). Em outras palavras, tal princípio impede a criação de órgãos</p><p>jurisdicionais pós-fato, como ocorreu com Tribunais internacionais, como os de Nuremberg, de Ruanda</p><p>e da ex-Iusgoslávia”.</p><p>Nessa esteira, vejamos os fundamentos constitucionais:</p><p>CF/88. XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;</p><p>CF/88 Art. 5°, LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade</p><p>competente;</p><p>O princípio do juiz natural está estritamente ligado a competência, observe que este envolve o</p><p>processo e julgamento, todo o procedimento. Lembre-se que será válido por analogia para o Promotor</p><p>de justiça, vejamos:</p><p>Consoante o postulado do promotor natural, a definição do membro do Ministério Público</p><p>competente para oficiar em um caso deve observar as regras previamente estabelecidas pela</p><p>instituição para distribuição de atribuições em um determinado foro de atuação, obstando-se a</p><p>interferência hierárquica indevida da chefia do órgão por meio de eventuais designações</p><p>especiais. HC 137637, Relator Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 06/03/2018,</p><p>publicado 25/04/2018.</p><p>A verificação dos crimes no mesmo contexto fático configura mera</p><p>descoberta fortuita e não implica, necessariamente, conexão probatória ou</p><p>teleológica entre eles.</p><p>A descoberta fortuita de crimes, no bojo de operações investigatórias complexas,</p><p>não pode ter como desdobramento a criação de juízo universal, definido de forma</p><p>anômala, em violação ao princípio do juiz natural.</p><p>No âmbito da Operação Alcatraz, o juízo da 1ª Vara Federal de Florianópolis</p><p>autorizou diligências que, fortuitamente, revelaram indícios de outros crimes</p><p>apurados em outra operação (Operação Hemorragia). O fato de a descoberta</p><p>fortuita ter ocorrido a partir das decisões da 1ª Vara Federal de Florianópolis não</p><p>faz com que ele seja obrigatoriamente competente para julgar os demais fatos</p><p>descobertos.</p><p>A verificação dos crimes no mesmo contexto fático configura mera descoberta</p><p>fortuita e não implica, necessariamente, conexão probatória ou teleológica entre</p><p>eles. STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg no RHC 161096-SC, Rel. Min. Joel Ilan</p><p>Paciornik, julgado em 4/10/2022 (Info 761).</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>74</p><p>Observação: Se cair em prova, de acordo com o STF, existe o postulado do promotor natural,</p><p>devendo-se obstar designações especiais, todavia, não impede a criação de força tarefa (lava jato).</p><p>NÃO POSSO IR PARA A PROVA SEM SABER QUE:</p><p>O princípio do juiz natural está previsto no art. 5º, LIII da Carta Magna de 1988, e a sua</p><p>observância constitui-se em uma espécie de garantia de um julgamento por um juiz competente, segundo</p><p>regras objetivas (de competência) previamente estabelecidas no ordenamento jurídico, bem como, a</p><p>proibição de criação de tribunais de exceção, constituídos à posteriori a infração penal e especificamente</p><p>para julgá-la. Lembrando também que existem causas de impedimento e suspeição;</p><p>Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:</p><p>I - Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral</p><p>até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público,</p><p>autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;</p><p>II - Ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;</p><p>III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre</p><p>a questão;</p><p>IV - Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até</p><p>o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.</p><p>Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre</p><p>si parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive.</p><p>Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das</p><p>partes:</p><p>I - Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;</p><p>II - Se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato</p><p>análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;</p><p>III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive,</p><p>sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;</p><p>IV - Se tiver aconselhado qualquer das partes;</p><p>V - Se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;</p><p>VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2016 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: Promotor Substituto.</p><p>Assinale a alternativa incorreta:</p><p>A. O juiz de uma causa deve ser imparcial, legalmente investido e competente, o que se harmoniza com</p><p>a previsão de órgão colegiado em primeiro grau de jurisdição para o processo e julgamento dos crimes</p><p>praticados por organizações criminosas;</p><p>B. A redistribuição de processos pela instalação de novas varas ofende os princípios do devido processo</p><p>legal, do juiz natural e da perpetuatio jurisdictionis;</p><p>C. Não viola o princípio do juiz natural a convocação de juízes de primeiro grau para compor órgão</p><p>julgador do respectivo Tribunal, na apreciação de recursos em segundo grau de jurisdição, ainda que</p><p>observadas as diretrizes legais</p><p>federais ou estaduais; Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>75</p><p>D. A atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de</p><p>um dos denunciados não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal;</p><p>E. Viola o princípio do juiz natural o desaforamento da sessão de julgamento pelo júri, quando não</p><p>verificada a ocorrência de interesse de ordem pública, dúvida sobre a imparcialidade dos jurados,</p><p>segurança pessoal do acusado ou comprovado excesso de serviço impeditivo da realização do</p><p>julgamento no prazo de seis meses.</p><p>Gab. B.</p><p>A alternativa errada é a letra B, conforme decidido pelo STF no HC 108.749/DF:</p><p>EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL.</p><p>INSTALAÇÃO DE NOVAS VARAS POR PROVIMENTO DE TRIBUNAL</p><p>REGIONAL FEDERAL. REDISTRIBUIÇÃO DE PROCESSOS. NÃO</p><p>CONFIGURAÇÃO DE NULIDADE. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA. 1. A al.</p><p>a do inc. I do art. 96 da Constituição Federal autoriza alteração da competência dos órgãos</p><p>do Poder Judiciário por deliberação dos tribunais. Precedentes. 2. Redistribuição de</p><p>processos, constitucionalmente admitida, visando a melhor prestação da tutela</p><p>jurisdicional, decorrente da instalação de novas varas em Seção Judiciária do Tribunal</p><p>Regional Federal da 3ª Região, não ofende os princípios constitucionais do devido</p><p>processo legal, do juiz natural e da perpetuatio jurisdictionis. 3. Ordem denegada. (STF,</p><p>2ª Turma, Relatora a Ministra Carmen Lúcia, DJe 23.04.2013).</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: Juiz Substituto.</p><p>Relativamente aos sistemas e princípios fundamentais do processo penal, assinale a opção correta.</p><p>A. A proibição de revisão pro societate foi expressamente integrada ao ordenamento jurídico brasileiro</p><p>pela CF, sendo fruto da necessidade de segurança jurídica a vedação que impede que alguém possa ser</p><p>julgado mais de uma vez por fato do qual já tenha sido absolvido por decisão passada em julgado, exceto</p><p>se por juiz absolutamente incompetente.</p><p>B. O direito ao silêncio ou garantia contra a autoincriminação derrubou um dos pilares do processo penal</p><p>tradicional: o dogma da verdade real, permitindo que o acusado permaneça em silêncio durante a</p><p>investigação ou em juízo, bem como impedindo de forma absoluta que ele seja compelido a produzir ou</p><p>contribuir com a formação da prova ou identificação pessoal contrária ao seu interesse, revogando as</p><p>previsões legais nesse sentido.</p><p>C. A elaboração tradicional do princípio da contraditório, garantia à paridade de armas como forma de</p><p>igualdade processual. A doutrina moderna propõe a reforma do instituto, priorizando a participação do</p><p>acusado no processo como meio de permitir a contribuição das partes para a formação do convencimento</p><p>do juiz, sendo requisito de eficácia do processo.</p><p>D. O princípio do juiz natural tem origem no direito anglo-saxão, construído inicialmente com base na</p><p>ideia da vedação do tribunal de exceção. Posteriormente, por obra do direito norte-americano,</p><p>acrescentou-se a exigência da regra de competência previamente estabelecida ao fato, fruto,</p><p>provavelmente, do federalismo adotado por aquele país. O direito brasileiro adota tal princípio nessas</p><p>duas vertentes fundamentais.</p><p>E. A defesa técnica é o corolário do princípio da ampla defesa, exigindo a participação de um advogado</p><p>em todos os atos da persecução penal. Segundo o STF, atende integralmente a esse princípio o pedido</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>76</p><p>de condenação ao mínimo legal, ainda que seja a única manifestação jurídica da defesa, patrocinada por</p><p>DP ou dativo.</p><p>Gab. D.</p><p>A alternativa certa é a letra D. Nesse sentido, Eugênio Pacelli:</p><p>O princípio do juiz natural tem origem no Direito anglo-saxão, construído inicialmente</p><p>com base na ideia da vedação do tribunal de exceção, isto é, a proibição de se instituir ou</p><p>de se constituir um órgão do Judiciário exclusiva ou casuisticamente para o processo e</p><p>julgamento de determinada infração penal. Posteriormente, por obra do Direito norte-</p><p>americano, acrescentou-se, na elaboração do princípio, a exigência da regra de</p><p>competência previamente estabelecida ao fato, fruto, provavelmente, do federalismo</p><p>adotado desde a formação política daquele Estado. O Direito brasileiro, adotando o juiz</p><p>natural em suas duas vertentes fundamentais, a da vedação do tribunal de exceção e a do</p><p>juiz cuja competência seja definida anteriormente à prática do fato, reconhece como juiz</p><p>natural o órgão do Poder Judiciário cuja competência, previamente estabelecida, derive</p><p>de fontes constitucionais. (OLIVEIRA, 2009, p. 32, 33).</p><p>2.12. PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL</p><p>Candidato, tendo em vista que existe o princípio do juiz natural, existe também o princípio</p><p>do promotor natural? Embora haja controvérsias, em que parte da doutrina afirma ser um</p><p>desdobramento do princípio do juiz natural, outros entendem que é um princípio explícito e encontra</p><p>respaldo na própria constituição, no entanto ambos afirmam que existe o princípio do promotor natural:</p><p>CF, art. 5º, LIII – “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”</p><p>CF, art. 127, § 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a</p><p>indivisibilidade e a independência funcional.</p><p>Vejamos a jurisprudência que pacificou o entendimento:</p><p>STF: “Ação direta de inconstitucionalidade. Provimento 6/2000 da Corregedoria Geral de Justiça</p><p>do Estado de Santa Catarina. 2. Faculdade de nomeação, pelo juiz da comarca, de bacharel em</p><p>direito alheio aos quadros do Ministério Público, para funcionar como órgão acusatório penal.</p><p>Impossibilidade. 3. Ofende o princípio do promotor natural e a exclusividade da promoção da</p><p>ação penal pública pelo Ministério Público a designação de particular como promotor ad hoc.</p><p>Precedentes. 4. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente, confirmando os termos</p><p>da medida cautelar anteriormente deferida pelo Plenário” (ADI 2958/SC, Rel. Min. Gilmar</p><p>Mendes, Pleno, j. 27/09/2019, v.u.).</p><p>STJ: É consolidado nos Tribunais Superiores o entendimento de que a atuação de promotores</p><p>auxiliares ou de grupos especializados, como o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>77</p><p>Organizado (GAECO), não ofende o princípio do promotor natural, uma vez que, nessa hipótese,</p><p>amplia-se a capacidade de investigação, de modo a otimizar os procedimentos necessários à</p><p>formação da opinio delicti do Parquet (RHC 109031 / SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª T., j.</p><p>05/03/2020).</p><p>Não configura violação ao princípio do promotor natural a atuação do</p><p>Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO)</p><p>quando precedida de solicitação do Promotor de Justiça a quem a</p><p>investigação foi atribuída.</p><p>A jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de que a atuação do GAECO</p><p>não viola o princípio do promotor natural.</p><p>A atuação de promotores auxiliares ou de grupos especializados não ofende o</p><p>princípio do promotor natural, uma vez que, nessa hipótese, se amplia a</p><p>capacidade de investigação, de modo a otimizar os procedimentos necessários à</p><p>formação da opinio delicti do Parquet.</p><p>Vale ressaltar, contudo, que, para que não haja ofensa ao princípio do promotor</p><p>natural, o promotor a quem distribuído livremente o feito deverá solicitar ou</p><p>anuir com a participação ou ingresso do GAECO nas investigações.</p><p>Na hipótese em exame, não há que se falar em violação do princípio do promotor</p><p>natural, uma vez que não houve designação casuística ou arbitrária do grupo</p><p>especializado para sua atuação nos autos da investigação. O Promotor de Justiça</p><p>a quem a investigação foi atribuída solicitou a atuação do GAECO.</p><p>STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 147951/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha,</p><p>julgado em 27/09/2022 (Info 751).</p><p>O promotor</p><p>natural é aquele previamente designado conforme critérios</p><p>legais, não se admitindo, portanto, designação seletiva ou casuística de</p><p>acusador de exceção.</p><p>Na hipótese, a designação do PGJ para apurar a prática de infração penal por</p><p>membro do MP, consta expressamente do art. 41, parágrafo único, da LONMP,</p><p>não havendo se falar, dessa forma, em designação casuística.</p><p>De igual sorte, é prerrogativa do membro do MP, nos termos do art. 40, IV, da</p><p>Lei n. 8.625/1993, ser processado e julgado originariamente pelo TJ de seu</p><p>Estado, e é atribuição do PGJ ajuizar ação penal de competência originária dos</p><p>Tribunais, nela oficiando, conforme art. 29, V, da LONMP.</p><p>Não há se falar em ofensa ao princípio do promotor natural em virtude de a</p><p>função de investigar e a de acusar terem sido acumuladas pelo mesmo membro</p><p>do parquet, porquanto se trata de expressa disposição legal. Relevante destacar,</p><p>outrossim, que o STF, ao julgar o RE 593.727/MG, assentou de forma expressa</p><p>a possibilidade de o MP investigar, sem que isso lhe retire a possibilidade de</p><p>ajuizar a ação penal.</p><p>É consolidado nos Tribunais Superiores o entendimento no sentido de que a</p><p>atuação de promotores auxiliares não ofende o princípio do promotor natural,</p><p>porquanto se amplia a capacidade de investigação, de modo a otimizar os</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>78</p><p>procedimentos necessários à formação da opinio delicti, em verdadeira</p><p>expressão dos poderes implícitos.</p><p>STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 727.709/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da</p><p>Fonseca, julgado em 16/08/2022.</p><p>Corroborando ao exposto, Nestor Távora e Fábio Roque21 explica “há divergência em</p><p>relação à existência deste princípio. O entendimento majoritário em doutrina, contudo, é no sentido</p><p>de que existe o princípio do promotor natural e ele se caracteriza pela proibição de designação</p><p>arbitrária de membros do MP. Com efeito, a própria independência funcional dos membros do Ministério</p><p>Público obsta que se permita a designação aleatória de promotores para caso específico”.</p><p>2.13. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE</p><p>O princípio da proporcionalidade tem o objetivo de coibir excessos desarrazoados, por meio da</p><p>aferição da compatibilidade entre os meios e os fins da atuação administrativa, para evitar restrições</p><p>desnecessárias ou abusivas. O direito penal será ultima ratio, sendo aplicado em último caso.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso?</p><p>Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: PC-RN Prova: Delegado de Polícia Civil Substituto.</p><p>O direito processual penal é regido por diversos princípios, dentre os quais o do nemo tenetur se</p><p>detegere, pelo qual ninguém será obrigado a produzir prova contra si mesmo. Com base no princípio em</p><p>questão e na jurisprudência dos Tribunais Superiores:</p><p>A. A atribuição de falsa identidade pelo suspeito ou investigado, ainda que em situação de autodefesa,</p><p>configura fato típico;</p><p>B. A recusa do investigado em prestar informações quando intimado em sede policial poderá justificar,</p><p>por si só, o seu indiciamento pela autoridade policial;</p><p>C. As provas que exijam comportamento passivo do investigado não poderão ser produzidas sem sua</p><p>concordância;</p><p>D. A alteração de cena do crime pelo agente não configura fraude processual;</p><p>E. Apenas o preso poderá valer-se do direito ao silêncio, não se estendendo tal proteção aos investigados.</p><p>Gab: A</p><p>2.14. PRINCÍPIO DA PARIDADE DE ARMAS</p><p>21 Távora, Nestor. Código de Processo Penal comentado/ Nestor Távora, Fábio Roque Araújo – 11. Ed. rev. ampl. e atual –</p><p>Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>79</p><p>Conforme ensina Leonardo Barreto (pág. 82)22, “trata-se de princípio que decorre do</p><p>mandamento de que todos são iguais perante a lei encontrando no art. 5°, caput, da Constituição Federal,</p><p>devidamente adaptado ao Processo Penal. Desse modo, por força do princípio em comento, as partes</p><p>devem ter em juízo, as mesmas oportunidades de fazer valer suas razões e ser tratadas</p><p>igualitariamente, na medida de suas igualdades, e desigualmente, na proporção de suas desigualdades”.</p><p>2.15 JÁ CAIU. VAMOS TREINAR?</p><p>1. (Ano: 2023 Banca: CEBRASPE Órgão: MPE-PA Prova: Promotor de Justiça Substituto).</p><p>Assinale a opção que apresenta o princípio norteador do processo penal abordado, precipuamente, pelo</p><p>brocardo audiatur et altera pars.</p><p>A. princípio do contraditório</p><p>B. princípio da oralidade</p><p>C. princípio da publicidade</p><p>D. princípio da não autoincriminação</p><p>E. princípio da presunção da inocência</p><p>2. (Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-RO Prova: Delegado de Polícia). Assinale a opção</p><p>correta acerca do processo penal, segundo o STJ e a doutrina majoritária.</p><p>A. Incidem as novas regras do Código de Processo Civil referentes à contagem dos prazos em dias</p><p>úteis nas ações relativas a matéria penal.</p><p>B. No sistema processual penal, vigoram os princípios da lealdade e da boa-fé objetiva, não sendo lícito</p><p>à parte arguir vício com o qual tenha concorrido, sob pena de se violar o princípio do nemo auditur</p><p>propriam turpitudinem allegans.</p><p>C. Conforme prescreve o princípio da convalidação, o recebimento da denúncia por juízo</p><p>territorialmente incompetente não tem o condão de interromper o prazo prescricional.</p><p>D. No processo penal brasileiro, é vedado ao juiz determinar de ofício a produção de prova, ainda que</p><p>de forma suplementar.</p><p>E. Ato de magistrado singular que atribui aos fatos descritos na peça acusatória definição jurídica</p><p>diversa daquela proposta pelo Ministério Público ofende o princípio da correlação entre a denúncia e a</p><p>sentença condenatória.</p><p>3. (Ano: 2022 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: DPE-PR Prova: Defensor Público). Acerca dos</p><p>direitos e das garantias fundamentais aplicáveis ao processo penal, assinale a alternativa correta.</p><p>A. O Supremo Tribunal Federal admite a execução provisória da decisão penal condenatória, enquanto</p><p>pendente de julgamento os recursos extraordinários, porquanto estes não possuem efeito suspensivo.</p><p>B. Segundo entendimento dos Tribunais Superiores, no processo penal, a de ciência da defesa técnica</p><p>constitui nulidade absoluta.</p><p>22 Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora</p><p>JusPodivm,2021.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>80</p><p>C. A autodefesa engloba o direito de presença, de audiência e o direito de postular pessoalmente em</p><p>determinados atos do processo penal.</p><p>D. Não viola a ampla defesa a publicação de acórdão condenatório sem o voto vencido.</p><p>E. É indispensável a intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto contra</p><p>a decisão que rejeitou a denúncia, exceto se oferecida pelo Defensor Público natural.</p><p>4. (Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-RJ Prova: Delegado de Polícia). Após o advento</p><p>do neoconstitucionalismo e como seu consequente reflexo, os princípios adquiriram força normativa no</p><p>ordenamento jurídico brasileiro, e a eficácia objetiva dos direitos fundamentais deu novos contornos ao</p><p>direito processual penal. A respeito desse assunto, assinale a opção correta à luz do Código de Processo</p><p>Penal.</p><p>A. No Código de Processo Penal, admite-se, dado o princípio do tempus regit actum, a aplicação da</p><p>interpretação extensiva, mas não a da interpretação analógica.</p><p>B. No que diz respeito à interpretação extensiva, admitida no Código de Processo Penal, existe uma</p><p>norma que regula o caso concreto, porém sua eficácia é limitada a outra hipótese, razão por que é</p><p>necessário ampliar seu alcance, e sua aplicação não viola o princípio constitucional do devido processo</p><p>legal.</p><p>C. A analogia, assim como a interpretação analógica, não é admitida no Código de Processo Penal em</p><p>razão do princípio da vedação à surpresa e para não violar o princípio constitucional do devido processo</p><p>legal.</p><p>D. Ante os princípios da proteção e da territorialidade temperada, não se admite a aplicação</p><p>de normas</p><p>de tratados e regras de direito internacional aos crimes cometidos em território brasileiro.</p><p>E. No Código de Processo Penal, o princípio da proporcionalidade é expressamente consagrado, tanto</p><p>no que se refere ao aspecto da proibição do excesso quanto ao aspecto da proibição da proteção</p><p>ineficiente.</p><p>5. (Ano: 2021 Banca: FAPEC Órgão: PC-MS Prova: Delegado de Polícia). Em relação aos</p><p>princípios do direito processual penal abordados pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,</p><p>marque a alternativa correta.</p><p>A. Viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por</p><p>continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos</p><p>denunciados.</p><p>B. No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua de ciência só o anulará</p><p>se houver prova de prejuízo para o réu.</p><p>C. A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, impede o</p><p>conhecimento da apelação por este interposta.</p><p>D. No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em processo</p><p>penal, é dispensável a citação do réu como litisconsorte passivo.</p><p>E. Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso</p><p>interposto da rejeição da denúncia, salvo se houver nomeação de defensor dativo.</p><p>6. (Ano: 2021 Banca: CEBRASPE Órgão: MPE-SC Prova: Promotor de Justiça Substituto). Não</p><p>viola o princípio da ampla defesa o indeferimento do rol de testemunhas de defesa apresentado fora do Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>81</p><p>prazo legal estipulado inicialmente, todavia nada impede que elas sejam ouvidas como testemunhas do</p><p>juízo, caso estejam presentes os requisitos para tanto.</p><p>( ) Certo</p><p>( ) Errado</p><p>7. (Ano: 2021 Banca: CEBRASPE Órgão: MPE-SC Prova: Promotor de Justiça Substituto). De</p><p>acordo com o princípio da vedação da autoincriminação, previsto expressamente no Pacto de São José</p><p>da Costa Rica, se, no curso da instrução processual, o acusado se retratar de confissão anteriormente</p><p>oferecida, inclusive já no curso do processo, essa confissão não poderá ser considerada pelo juiz para</p><p>fundamentar eventual sentença condenatória.</p><p>( ) Certo</p><p>( ) Errado</p><p>8. (Ano: 2021 Banca: CEBRASPE Órgão: MPE-SC Prova: Promotor de Justiça Substituto).</p><p>Embora, dado o princípio do ne bis in idem, seja proibida a dupla punição pelo mesmo fato, no</p><p>entendimento dos tribunais superiores, tal princípio não veda que, na dosimetria da pena, o mesmo crime</p><p>antecedente seja considerado circunstância judicial e pressuposto fático para o reconhecimento da</p><p>reincidência.</p><p>( ) Certo</p><p>( ) Errado</p><p>9. (Ano: 2021 Banca: CEBRASPE Órgão: MPE-SC Prova: Promotor de Justiça Substituto). De</p><p>acordo com o princípio da fragmentariedade, todo o ilícito penal deverá constituir ilícito também em ao</p><p>menos uma das demais esferas do direito, notadamente nas esferas cível e administrativa; o contrário,</p><p>entretanto, não é verdadeiro: nem todo ilícito civil ou administrativo constitui crime.</p><p>( ) Certo</p><p>( ) Errado</p><p>10. (Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: PC-RN Prova: Delegado de Polícia Civil Substituto). O direito</p><p>processual penal é regido por diversos princípios, dentre os quais o do nemo tenetur se detegere, pelo</p><p>qual ninguém será obrigado a produzir prova contra si mesmo. Com base no princípio em questão e na</p><p>jurisprudência dos Tribunais Superiores:</p><p>A. a atribuição de falsa identidade pelo suspeito ou investigado, ainda que em situação de autodefesa,</p><p>configura fato típico;</p><p>B. a recusa do investigado em prestar informações quando intimado em sede policial poderá justificar,</p><p>por si só, o seu indiciamento pela autoridade policial;</p><p>C. as provas que exijam comportamento passivo do investigado não poderão ser produzidas sem sua</p><p>concordância;</p><p>D. a alteração de cena do crime pelo agente não configura fraude processual;</p><p>E. apenas o preso poderá valer-se do direito ao silêncio, não se estendendo tal proteção aos</p><p>investigados.</p><p>11. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). Tício está sendo</p><p>processado pela prática de crime de roubo. Durante o trâmite do inquérito policial, entra em vigor Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>82</p><p>determinada lei, reduzindo o número de testemunhas possíveis de serem arroladas pelas partes no</p><p>procedimento ordinário. A respeito do caso descrito, é correto que:</p><p>A. não se aplica a lei nova ao processo de Tício em razão do princípio da anterioridade.</p><p>B. a lei que irá reger o processo é a lei do momento em que foi praticado o crime, à vista do princípio</p><p>tempus regit actum.</p><p>C. em razão do sistema da unidade processual, pelo qual uma única lei deve reger todo o processo, a lei</p><p>velha continua ultra-ativa e, por isso, não se aplica a nova lei, mormente por ser esta prejudicial em</p><p>relação aos interesses do acusado.</p><p>D. não se aplica a lei revogada ao processo de Tício em razão do princípio da reserva legal.</p><p>E. não se aplica a lei revogada porque a instrução ainda não se iniciara quando da entrada em vigor da</p><p>nova lei.</p><p>12. (Ano: 2018. Banca: FUNDATEC. Órgão: PC-RS. Prova: Delegado de Polícia). Considerando a</p><p>disciplina da aplicação de lei processual penal e os tratados e convenções internacionais, assinale a</p><p>alternativa correta.</p><p>A. A lei processual penal aplica-se desde logo, conformando um complexo de princípios e regras</p><p>processuais penais próprios, vedada a suplementação pelos princípios gerais de direito.</p><p>B. A superveniência de lei processual penal que modifique determinado procedimento determina a</p><p>renovação dos atos já praticados.</p><p>C. A lei processual penal não admite interpretação extensiva, ainda que admita aplicação analógica.</p><p>D. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra</p><p>autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um prazo</p><p>razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo.</p><p>E. Em caso de superveniência de leis processuais penais híbridas, prevalece o aspecto instrumental da</p><p>norma.</p><p>13. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: PC-BA. Prova: Delegado de Polícia). Aplicar-se-á a lei</p><p>processual penal, nos estritos termos dos arts. 1º , 2º e 3º do CPP,</p><p>A. aos processos de competência da Justiça Militar.</p><p>B. ultrativamente, mas apenas quando favorecer o acusado.</p><p>C. retroativamente, mas apenas quando favorecer o acusado.</p><p>D. desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.</p><p>E. com o suplemento dos princípios gerais de direito sem admitir, contudo, interpretação extensiva e</p><p>aplicação analógica.</p><p>14. (Ano: 2018. Banca: CESPE. Órgão: PC-MA. Prova: Delegado de Polícia Civil). O MP de</p><p>determinado estado ofereceu denúncia contra um indivíduo, imputando-lhe a prática de roubo</p><p>qualificado, mas a defesa do acusado negou a autoria. Ao proferir a sentença, o juízo do feito constatou</p><p>a insuficiência de provas capazes de justificar a condenação do acusado. Nessa situação hipotética, para</p><p>fundamentar a decisão absolutória, o juízo deveria aplicar o princípio do</p><p>A. estado de inocência.</p><p>B. contraditório.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>83</p><p>C. promotor natural.</p><p>D. ne eat judex ultra petita partium.</p><p>E. favor rei.</p><p>15. (Ano: 2018. Banca: CESPE. Órgão: PC-MA. Prova: Delegado de Polícia Civil). No que se</p><p>refere às provas no processo penal, julgue os itens a seguir.</p><p>I. Em atendimento ao princípio da legalidade, no processo penal brasileiro são inadmissíveis provas não</p><p>previstas expressamente no CPP.</p><p>II. Caso a infração tenha deixado vestígio, a confissão do acusado não acarretará a dispensa da prova</p><p>pericial.</p><p>III. Havendo evidências da participação do indiciado em organização criminosa, a autoridade policial</p><p>poderá determinar a quebra</p><p>do sigilo da sua comunicação telefônica como forma de instruir investigação</p><p>criminal.</p><p>IV. A prova obtida por meios ilícitos não constitui suporte jurídico capaz de ensejar sentença</p><p>condenatória, ainda que corroborada pela confissão do acusado.</p><p>Estão certos apenas os itens:</p><p>A. I e II.</p><p>B. l e III.</p><p>C. II e IV.</p><p>D. I, III e IV.</p><p>E. II, III e IV.</p><p>16. (Ano: 2017. Banca: CESPE. Órgão: PJC-MT. Prova: Delegado de Polícia Substituto). O</p><p>princípio da paridade de armas (par condicio):</p><p>A. não é aplicável ao processo penal brasileiro em face do sistema acusatório.</p><p>B. se aplica ao processo penal de forma absoluta.</p><p>C. é também denominado princípio do contraditório.</p><p>D. é exercido sem restrições no âmbito do inquérito policial.</p><p>E. é mitigado na ação penal pública pelo princípio da oficialidade.</p><p>17. (Ano: 2017. Banca: FAPEMS. Órgão: PC-MS. Prova: Delegado de Polícia). Com relação às</p><p>regras da lei processual no espaço e no tempo, o Código de Processo Penal vigente adota,</p><p>respectivamente, os princípios da lex fori e da aplicação imediata. Com base nessa informação, é correto</p><p>afirmar que:</p><p>A. As normas do Código de Processo Penal vigente são inaplicáveis, ainda que subsidiariamente, no</p><p>âmbito da Justiça Militar e aos processos da competência do tribunal especial.</p><p>B. Delegado de polícia estadual, que é informado , sobre a prática de crime cometido por promotor de</p><p>justiça estadual, está autorizado expressamente por lei, a instaurar inquérito policial para a apuração dos</p><p>fatos.</p><p>C. É possível a prisão em flagrante de magistrado estadual por delegado de polícia estadual, quando se</p><p>tratar de crime inafiançável, sendo obrigatória apenas a comunicação ao presidente do tribunal de justiça</p><p>a que estiver vinculado para evitar vício do ato.</p><p>D. A lei processual penal tem aplicação aos processos em trâmite no território brasileiro, contudo, uma</p><p>hipótese de exclusão da jurisdição pátria é a imunidade dos agentes diplomáticos e seus familiares que</p><p>com eles vivam.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>84</p><p>E. A lei processual penal atende a regra do tempus reígit actum, porém a repetição de atos processuais</p><p>anteriores é exigida por lei em observância da interpretação constitucional, além disso, não é possível</p><p>alcançar os processos que apuram condutas delitivas consumadas antes da sua vigência.</p><p>18. (Ano: 2017. Banca: FAPEMS. Órgão: PC-MS. Prova: Delegado de Polícia). A Constituição</p><p>Federal de 1988, no artigo 5°, inciso LVI, prevê expressamente a inadmissibilidade da utilização no</p><p>processo de provas obtidas por meios ilícitos. De acordo com as teorias adotadas pelo legislador</p><p>brasileiro e recente entendimento jurisprudencial, descarta-se a ilicitude da prova na seguinte situação.</p><p>A. Juca está sendo acusado de crime, porém alega que é inocente e tudo não passa de um plano vingativo</p><p>elaborado por seu desafeto político. No intuito de provar sua inocência, Juca contrata investigador</p><p>particular, o qual instala sistema de captação de imagem e som clandestinamente no escritório do seu</p><p>desafeto. Por meio das imagens e som gravados, Juca consegue extrair conversa que prova</p><p>indubitavelmente não ser ele autor do crime denunciado e faz a juntada nos autos do processo judicial.</p><p>B. Um grupo de policiais civis estava executando operação contra o tráfico na cidade de Campo Grande-</p><p>MS, quando suspeitou que Arnolgildo estaria filmando toda ação policial. Por esse motivo, Arnolgildo</p><p>foi então abordado pelos policiais civis, os quais, sem a existência de mandado judicial, efetuaram uma</p><p>busca na sua residência e localizaram 9 gramas de crack e 0,4 gramas de cocaína. Arnolgildo foi preso</p><p>em flagrante pela acusação de tráfico de drogas.</p><p>C. Autorizada interceptação telefônica em face de Diná Sabino de acordo com os ditames legais, ao</p><p>término, é extraída prova da prática de delito por esta. No entanto, as conversas de cunho probatório são</p><p>aquelas que haviam sido realizadas entre Diná Sabino e seu advogado, quando a primeira confessa a</p><p>prática de crimes e requer orientação de como proceder para ser inocentada.</p><p>D. Ao cumprir mandado de busca e apreensão em investigação de crime de homicídio, os policiais</p><p>acessam os computadores da residência do investigado e levantam diversos dados que demonstram a</p><p>coautoria do vizinho. Dessa forma, os policiais estendem informalmente o mandado judicial e cumprem</p><p>a diligência, também, na residência do vizinho, em observância ao princípio da celeridade processual.</p><p>E. Chegou ao conhecimento da autoridade policial que determinado caminhão estava transportando alta</p><p>quantidade de drogas. Em cumprimento de mandado judicial, foram realizadas busca e apreensão do</p><p>veículo, confirmando-se o fato. No decorrer do processo judicial, constatou-se que o crime havia sido</p><p>descoberto no 16° dia do início de interceptação telefônica, deferida judicialmente pelo prazo inicial de</p><p>30 dias. Verificou-se, ainda, que houve pedido de prorrogação após um dia do término do prazo inicial.</p><p>19. (Ano: 2017. Banca: FAPEMS. Órgão: PC-MS. Prova: Delegado de Polícia). No que tange aos</p><p>princípios processuais penais constitucionais, assinale a alternativa correta.</p><p>A. O princípio da ampla defesa se desdobra na defesa técnica e na autodefesa. A primeira indisponível,</p><p>ainda que acusado seja ausente ou foragido; e a segunda quando realizada de forma negativa implica no</p><p>silêncio do acusado ou omissão, sendo irrenunciável, pois do contrário poderia acarretar prejuízo ao réu.</p><p>B. Nos casos de prisão em flagrante, é obrigatória a comunicação de advogado indicado pelo preso e a</p><p>presença desse profissional no interrogatório do indiciado, em observância ao princípio do contraditório</p><p>e sob pena de nulidade absoluta de eventual processo judicial.</p><p>C. O princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade está previsto na Constituição Federal</p><p>e impõe o dever de tratamento do réu como inocente apenas na dimensão interna do processo, ou seja,</p><p>atribui ao acusador demonstrar a culpabilidade do acusado e não este sua inocência.</p><p>D. O princípio do juiz natural não é violado com a previsão de órgão colegiado em primeiro grau de</p><p>jurisdição para o processo e julgamento dos crimes praticados por organizações criminosas, nem com a</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>85</p><p>convocação de juízes de primeiro grau para compor órgão julgador do respectivo Tribunal, na apreciação</p><p>de recursos em segundo grau de jurisdição.</p><p>E. O princípio da motivação das decisões judiciais é corolário do sistema acusatório e deve ser observado</p><p>em todas as fases processuais, por isso é firme o entendimento dos Tribunais que rechaça a motivação</p><p>per relationem na decretação da prisão preventiva.</p><p>20. (Ano: 2017. Banca: IBADE. Órgão: PC-AC. Prova: Delegado de Polícia Civil). Sobre princípio</p><p>de processo penal, assinale a alternativa correta.</p><p>A. Não se inclui na garantia da ampla defesa, como consectário desta o direito à inviolabilidade da</p><p>pessoa, dos documentos e do local de trabalho do defensor técnico.</p><p>B. O contraditório é a organização dialética do processo através de tese e antítese legitimadoras da</p><p>síntese, é a afirmação e negação. Ou seja, os atos processuais se desenvolvem de forma unilateral, o que</p><p>se chama unilateralidade dos atos processuais.</p><p>C. No processo penal brasileiro, apesar de inúmeros princípios que lhe emprestam um caráter</p><p>democrático, não vigora o princípio da identidade física do juiz.</p><p>D. A teoria dos cinco componentes, ao proteger a integridade física e espiritual do homem, bem como a</p><p>Fórmula Objeto de Dürig, ao dizer que a dignidade humana é violada sempre que o homem for</p><p>coisificado, são importantes contribuições teóricas para a compreensão das dimensões da dignidade e</p><p>sua repercussão sobre o processo penal, notadamente no que diz respeito às provas.</p><p>E. Para a teoria do não prazo, a duração razoável do processo deve ser definida pelo legislador,</p><p>inclusive</p><p>em atenção ao princípio da legalidade. Esta inclusive é a orientação do Tribunal Europeu de Direitos</p><p>Humanos e da Corte Interamericana de Direitos Humanos.</p><p>21. (Ano: 2017. Banca: CESPE. Órgão: PC-GO. Prova: Delegado de Polícia Substituto).</p><p>Relativamente à aplicação da lei processual penal no tempo e no espaço e aos princípios processuais</p><p>penais constitucionais, assinale a opção correta.</p><p>A. O Código de Processo Penal normatiza o processamento das relações processuais penais em curso</p><p>perante todos os juízos e tribunais brasileiros, aplicando-se, em caráter subsidiário, as normas</p><p>procedimentais que versem sobre matérias especiais.</p><p>B. Segundo entendimento expendido pelo STF, a atração por continência ou conexão do processo do</p><p>corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados constitui violação das garantias do juiz</p><p>natural e da ampla defesa.</p><p>C. A gravação ambiental por meio de fita magnética, de conversa entre presentes, feita por um dos</p><p>interlocutores sem o conhecimento do outro é considerada prova ilícita, pois viola preceito</p><p>constitucional.</p><p>D. O princípio da extraterritorialidade adotado pelo direito processual penal brasileiro não ofende a</p><p>soberania de outros Estados, já que os ordenamentos jurídicos de todas as nações convergem para o</p><p>combate às condutas delitivas.</p><p>E. A lei processual penal tem aplicação imediata e é aplicável tanto nos processos que se iniciarem após</p><p>a sua vigência, quanto nos processos que já estiverem em curso no ato da sua vigência, e até mesmo nos</p><p>processos que apurarem condutas delitivas ocorridas antes da sua vigência.</p><p>22. (Ano: 2016. Banca: FUNCAB. Órgão: PC-PA. Prova: Delegado de Polícia Civil). No que</p><p>respeita aos princípios da presunção de inocência e da não autoincriminação, é correto afirmar que: Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>86</p><p>A. o direito ao silêncio pode ser utilizado em desfavor do réu.</p><p>B. segundo a atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a sentença condenatória tem eficácia</p><p>tão logo confirmada em segundo grau de jurisdição, não importando em violação ao princípio da</p><p>presunção de inocência.</p><p>C. a exigência do recolhimento do réu à prisão para apelar não ofende os princípios da não culpabilidade</p><p>e da proporcionalidade.</p><p>D. é possível a invocação de investigações e ações penais em andamento como maus antecedentes na</p><p>fase da aplicação da pena.</p><p>E. o princípio constitucional da não culpabilidade não é óbice ao lançamento do nome do réu no rol dos</p><p>culpados antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.</p><p>23. (Ano: 2016. Banca: FUNCAB. Órgão: PC-PA. Prova: Delegado de Polícia Civil). Leia as frases</p><p>a seguir e a partir dos respectivos conteúdos responda.</p><p>1. “Esse princípio fundamental de civilidade representa o fruto de uma opção garantista a favor da tutela</p><p>da imunidade dos inocentes” (Luigi Ferrajoli).</p><p>2. “Basta ao corpo social que os culpados sejam geralmente punidos, pois é seu maior interesse que</p><p>todos os inocentes sem exceção sejam protegidos" (Lauzé di Peret).</p><p>3. “A metafísica do direito penal propriamente dita é destinada a proteger os culpados dos excessos da</p><p>autoridade social; a metafísica do direito processual tem por missão proteger dos abusos e dos erros da</p><p>autoridade todos os cidadãos inocentes e honestos" (Francesco Carrara).</p><p>Qual princípio a seguir melhor sintetiza o conteúdo, as ideias e as preocupações acima expostas?</p><p>A. Princípio da verdade real</p><p>B. Devido processo penal</p><p>C. Ampla defesa contraditório</p><p>D. Nemo tenetur se detegere</p><p>E. Presunção de inocência</p><p>24. (Ano: 2016. Banca: FUNCAB. Órgão: PC-PA. Prova: Delegado de Polícia Civil). Considerando</p><p>os princípios constitucionais que regem o processo penal, assinale a alternativa correta.</p><p>A. Sobre a duração razoável do processo, duas teorias buscam reger sua aplicação, a saber: a teoria do</p><p>não prazo e a teoria do prazo fixo.</p><p>B. O princípio da dignidade da pessoa humana é um conceito vago e indeterminado e ideias kantianas</p><p>de autonomia não contribuem para sua determinação.</p><p>C. A duração razoável do processo é uma norma programática e por isso não possui qualquer eficácia</p><p>imediata, dependendo totalmente de norma regulamentadora.</p><p>D. O princípio Nemo tenetur se detegere tal qual expresso na jurisprudência do STF traduz-se,</p><p>exclusivamente, no direito ao silêncio.</p><p>E. Para o STF, o princípio da presunção de inocência não possui eficácia irradiante.</p><p>25. (Ano: 2014. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). São princípios</p><p>constitucionais explícitos do processo penal:</p><p>a) Ampla defesa e intervenção mínima.</p><p>b) Presunção de inocência e lesividade.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>87</p><p>c) Intervenção mínima e duplo grau de jurisdição.</p><p>d) Presunção de inocência e ampla defesa.</p><p>e) Lesividade e intervenção mínima.</p><p>26. (VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia). De acordo com a</p><p>jurisprudência sumulada do Supremo Tribunal Federal:</p><p>A. a imunidade parlamentar estende-se ao corréu sem essa prerrogativa (Súmula 245).</p><p>B. para requerer revisão criminal, o condenado deve recolher-se à prisão (Súmula 393).</p><p>C. só é licito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou perigo à</p><p>integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou terceiros, sem, contudo, necessidade de a</p><p>autoridade policial justificar a utilização por escrito (Súmula Vinculante 11).</p><p>D. é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já</p><p>documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia</p><p>judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa (Súmula Vinculante 14).</p><p>E. a homologação da transação penal prevista no art. 76 da Lei no 9.099/95 faz coisa julgada material</p><p>e, descumpridas suas cláusulas, retorna-se à situação anterior, possibilitando ao Ministério Público a</p><p>continuidade da persecução penal (Súmula Vinculante 35).</p><p>27. (FUNDATEC - PC-RS - FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Delegado de Polícia). Considerando a</p><p>disciplina da aplicação de lei processual penal e os tratados e convenções internacionais, assinale a</p><p>alternativa correta;</p><p>A. A lei processual penal aplica-se desde logo, conformando um complexo de princípios e regras</p><p>processuais penais próprios, vedada a suplementação pelos princípios gerais de direito.</p><p>B. A superveniência de lei processual penal que modifique determinado procedimento determina a</p><p>renovação dos atos já praticados.</p><p>C. A lei processual penal não admite interpretação extensiva, ainda que admita aplicação analógica.</p><p>D. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra</p><p>autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um prazo</p><p>razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo.</p><p>E. Em caso de superveniência de leis processuais penais híbridas, prevalece o aspecto instrumental da</p><p>norma.</p><p>28. (CESPE / CEBRASPE - TJ-CE - CESPE - 2018 - TJ-CE - Juiz Substituto). Acerca dos</p><p>princípios penais constitucionais e dos direitos fundamentais do cidadão à luz da CF, julgue os itens a</p><p>seguir.</p><p>I São princípios processuais penais expressos na CF a presunção de não culpabilidade, o devido processo</p><p>legal e o direito do suspeito ou indiciado ao silêncio.</p><p>II O direito processual penal compreende o conjunto de normas jurídicas destinadas a regular o modo,</p><p>os meios e os órgãos do Estado encarregados do exercício do jus puniendi.</p><p>III A CF determina que o Brasil se submeta à jurisdição do Tribunal Penal Internacional, porém veda</p><p>absolutamente a entrega de brasileiro naturalizado a jurisdição estrangeira.</p><p>IV De acordo com o princípio da irretroatividade da lei processual penal, a regra nova não pode retroagir,</p><p>mesmo quando eventualmente beneficiar o réu.</p><p>Licenciado para: Alexandre</p><p>- CPF: 933.174.849-34</p><p>88</p><p>Estão certos apenas os itens;</p><p>A. I e II.</p><p>B. I e IV.</p><p>C. II e III.</p><p>D. I, III e IV.</p><p>E. II, III e IV.</p><p>GABARITOS</p><p>1 – A; 2 – B; 3 – C; 4 – B; 5 – B; 6 – C; 7 – E; 8 – C; 9 – C; 10 – A; 11 – E; 12 – D; 13 – D; 14 – E;</p><p>15 – C; 16 – E; 17 – D; 18 – A; 19 – D; 20 – D; 21 – E; 22 – B; 23 – E; 24 – A; 25 – D; 26 –D; 27 – D;</p><p>28 – A;</p><p>Ver art. 1º CPP.</p><p>Ver art. 2º CPP.</p><p>Ver art. 3º CPP.</p><p>Ver art. 157 CPP.</p><p>Ver art. 158 CPP.</p><p>Ver Art. 5°, XII CF.</p><p>Ver Art. 5º, LV CF.</p><p>Ver Art. 5º, LVII CF.</p><p>Ver art. 7º item 5 da Convenção Americana de Direitos Humanos.</p><p>Ver súmula 704 STF.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>89</p><p>DIREITO PROCESSUAL PENAL I</p><p>3. JUIZ DAS GARANTIAS</p><p>O Pacote Anticrime promoveu uma série de alterações no Código de Processo Penal, entre as</p><p>alterações promovidas podemos mencionar a inserção da figura do JUIZ DAS GARANTIAS.</p><p>Contudo, é importante salientarmos que os artigos que foram acrescidos pelo Pacote Anticrime</p><p>passando a incorporar em nosso Ordenamento Jurídico Brasileiro a figura do juiz das garantias</p><p>encontram-se com a sua eficácia suspensa.</p><p>Dessa forma, temos que na presente data (março de 2022) as considerações a seguir apresentadas</p><p>ainda não estão valendo, haja vista a existência de decisão proferida pelo Ministro Luiz Fux em</p><p>22/01/2020, na qual esse suspendeu a eficácia dos dispositivos a serem analisados 23.</p><p>Vejamos:</p><p>O Min. Luiz Fux, no exercício da presidência do STF, nas ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305,</p><p>suspendeu, liminarmente, a implantação do juiz das garantias por prazo indeterminado.</p><p>Em apertada síntese, ponderou o Ministro, não sem razão, que a criação do juiz das garantias não</p><p>apenas reforma, mas refunda o processo penal brasileiro e altera direta e estruturalmente o</p><p>funcionamento de qualquer unidade judiciária criminal do país, ensejando completa</p><p>reorganização da justiça criminal. Por isso mesmo, o projeto aprovado funciona como uma</p><p>reforma do Poder Judiciário. Deveria, então, ter vindo de proposta do Judiciário, como determina</p><p>o art. 93, “d”, da CF/88.</p><p>Conforme leciona Rogério Sanches e Ronaldo Batista (2020)24, ponderou o Ministro, não sem</p><p>razão, que a criação do juiz das garantias não apenas reforma, mas refunda o processo penal brasileiro</p><p>e altera direta e estruturalmente o funcionamento de qualquer unidade judiciária criminal do país,</p><p>ensejando completa reorganização da justiça criminal. Por isso mesmo, o projeto aprovado funciona</p><p>como uma reforma do Poder Judiciário. Deveria, então, ter vindo de proposta do Judiciário, como</p><p>determina o art. 93, “d”, da CF/88. A sua decisão deverá ser (re) ratificada pelo Pleno, razão pela qual</p><p>entendemos importante comentar os vários artigos do presente capítulo, ainda que de forma resumida.</p><p>Cumpre destacarmos ainda que, o legislador já havia tentado incluir o instituto do Juiz das</p><p>Garantias quando tivemos a micro reforma do CPP em 2008, mas isso não foi possível pois foi vetado</p><p>23 http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI6298.pdf</p><p>24 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E LEI DE EXECUÇÃO PENAL COMENTADOS POR ARTIGOS (2020). 4ª edição revista,</p><p>atualizada e ampliada, Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>90</p><p>pelo Presidente da República da época. Diferentemente do que aconteceu em 2008, em 2019 tivemos</p><p>com a aprovação do PAC a inclusão da figura do juiz das garantias.</p><p>Superada a observação, passaremos a análise do conteúdo.</p><p>3.1. ESTRUTURA ACUSATÓRIA DO PROCESSO PENAL</p><p>Embora o art. 3°-A tenha sido incluído dentro do capítulo pertinente a figura do juiz das</p><p>garantias, ele trabalha com a indicação do sistema processual adotado no Ordenamento Jurídico (qual</p><p>seja, o sistema acusatório) mencionando que o processo penal terá estrutura acusatória e que fica vedada</p><p>a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.</p><p>Denota-se, portanto, que, não possui relação direta com o juiz das garantias. Inobstante as considerações,</p><p>ou seja, não tratar o presente artigo sobre o juiz das garantias e sim da adoção expressa do sistema</p><p>acusatório, o referido dispositivo legal também se encontra com a sua eficácia suspensa.</p><p>Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de</p><p>investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. (Incluído pela Lei nº</p><p>13.964, de 2019).</p><p>Sobre o conteúdo material do art. 3°-A, o artigo cita inicialmente a estrutura acusatória do</p><p>processo penal, isso porém não é uma novidade, esse sistema já é adotado desde a Constituição</p><p>Federal, no entanto o que o Pacote Anticrime faz é reforçar essa adoção, ou seja, ele dá ainda mais</p><p>força e robustez a esse sistema no Brasil e ao final afirma categoricamente que é vedada iniciativa do</p><p>juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação, deixando bem</p><p>claro que o juiz das garantias não tem nenhum poder probatório e não deve ter nenhum tipo de iniciativa</p><p>nessa fase de investigação.</p><p>O que o Pacote Anticrime fez em relação ao tema foi passar a prever expressamente a adoção</p><p>desse sistema, o que não significa que antes do advento do PAC não o adotássemos. Com o PAC essa</p><p>adoção apenas passou a ser expressa.</p><p>Corroborando ao exposto, explicam Fábio Roque e Nestor Távora (2020):25</p><p>O art. 3°-A, acrescentado ao CPP pela Lei Anticrime, inova em nosso sistema ao prever</p><p>expressamente a adoção do sistema processual acusatório. Com efeito, muito embora o</p><p>25 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL PARA CONCURSOS. 11a. edição. Fábio Roque Araújo Nestor Távora. ATUALIZAÇÃO, 2020.</p><p>Editora Juspodivm.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>91</p><p>entendimento majoritário em nossa doutrina já́ fosse no sentido de que tínhamos aderido à</p><p>estrutura acusatória de processo penal, a legislação não era expressa nesse sentido.</p><p>(..)</p><p>A redação do art. 3°-A, acrescentado ao CPP pela Lei Anticrime não apenas faz previsão</p><p>expressão da adesão do nosso sistema processual à estrutura acusatória, mas também veda a</p><p>iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de</p><p>acusação. Por outras palavras, quem deve produzir a prova é Ministério Público, e não o julgador.</p><p>Nessa mesma linha, preceitua Rogério Sanches e Ronaldo Batista (2020)26:</p><p>A nossa Bíblia Política de 1988 adota esse sistema. A Lei 13.964/19, obediente à Carta Maior,</p><p>foi clara: o processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de</p><p>investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação (art. 3o-A do CPP). A</p><p>suspensão deste artigo pelo STF não permite concluir que nosso ordenamento, sob o comando</p><p>da Constituição Federal, adota sistema diverso do acusatório.</p><p>No tocante ao sistema acusatório e suas principais características, discorre Rogério Sanches e</p><p>Ronaldo Batista (2020)27:</p><p>No sistema acusatório, cada sujeito processual tem uma função bem definida no processo. A um</p><p>caberá acusar (como regra, o Ministério Público), a outro defender (o advogado ou defensor</p><p>público) e, a um terceiro, julgar (o juiz). A lição de José Frederico Marques merece ser lembrada</p><p>(Estudos de Direito Processual, Rio de Janeiro: Forense, 19, p. 23). O citado autor identifica as</p><p>principais características do sistema acusatório, a saber: a) separação entre os órgãos da</p><p>acusação, defesa e julgamento, de forma a se instaurar um processo de partes; b) liberdade</p><p>de defesa e igualdade de posição das partes; c) vigência do contraditório; d) livre</p><p>apresentação das provas pelas partes; e) regra do impulso processual autônomo, ou</p><p>ativação inicial da causa pelos interessados (ne procedat judex ex officio). Diríamos, em</p><p>acréscimo: o processo é público, salvo algumas situações previstas</p><p>em lei</p><p>3.2. CONCEITO E FINALIDADE DO JUIZ DAS GARANTIAS</p><p>26 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E LEI DE EXECUÇÃO PENAL COMENTADOS POR ARTIGOS (2020). 4ª edição revista,</p><p>atualizada e ampliada, Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto.</p><p>27 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E LEI DE EXECUÇÃO PENAL COMENTADOS POR ARTIGOS (2020). 4ª edição revista,</p><p>atualizada e ampliada, Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>92</p><p>De acordo com o art. 3º-B do CPP – inserido pela lei 13.964/19 – juiz das garantias é:</p><p>Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da</p><p>investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha</p><p>sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente:</p><p>O Art. 3º- B traz o papel do juiz das garantias, concedendo basicamente duas atribuições:</p><p>primeiro o controle da legalidade, a atuação do juiz das garantias terá um controle ainda mais amplo,</p><p>seja observando os atos da Autoridade Policial ou até mesmo os atos do Promotor de Justiça. Noutra</p><p>banda, tem a função de salvaguardar os direitos individuais. Observe que o legislador poderia ter</p><p>colocado “salvaguarda dos direitos do réu”, mas não fez, porque aparentemente traz o garantismo</p><p>integral, os direitos não devem se relacionar apenas ao acusado, mas também aos direitos individuais da</p><p>vítima.</p><p>Sobre as atividades de atribuição do Juiz das Garantias, preleciona Fábio Roque e Nestor Távora</p><p>(2020):28</p><p>Conforme se pode perceber, a partir da enumeração de atividades do juiz das garantias trazida</p><p>nos incisos deste artigo, competirá a este magistrado a adoção de todas as medidas que</p><p>incumbe ao Judiciário no momento da investigação criminal. Isto compreende desde as</p><p>medidas mais drásticas, como decretação de prisões e aferição da legalidade de flagrantes, até́</p><p>medidas mais simples, como ser informado da instauração da investigação criminal.</p><p>No tocante a sua definição, o prof. Nestor Távora29 entende por juiz das garantias, o magistrado</p><p>que, por lei, é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos</p><p>direitos individuais. O seu conceito se relaciona intimamente com a sua competência e com a</p><p>28 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL PARA CONCURSOS. 11a. edição. Fábio Roque Araújo Nestor Távora. ATUALIZAÇÃO, 2020.</p><p>Editora Juspodivm.</p><p>29 Távora e Alencar. Novo curso de direito processual penal. Editora Juspodivm, 2020.</p><p>JUIZ DAS GARANTIAS</p><p>Responsável pelo</p><p>controle de legalidade</p><p>da investigação</p><p>criminal</p><p>Responsável pela</p><p>salvaguarda dos</p><p>direitos individuais</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>93</p><p>necessidade de se assegurar a imparcialidade do juiz responsável pelo julgamento de mérito</p><p>condenatório.</p><p>Corroborando ainda, ensinam Leonardo Barreto; Fábio Roque e Karol Arruda30 (2020):</p><p>Comum em países como Itália, EUA e México, o juiz das garantias deve ser</p><p>definido como aquele magistrado que atuará exclusivamente na fase de</p><p>investigação criminal (existindo outro magistrado que atuará apenas na fase da</p><p>ação penal), determinando as medidas protegidas pela cláusula de reserva</p><p>de jurisdição (a exemplo de prisões cautelares, busca e apreensão domiciliar,</p><p>interceptação telefônica etc.), com o objetivo de tutelar os direitos</p><p>fundamentais do indivíduo.</p><p>Sobre a finalidade desta nova figura, Leonardo Barreto31 explica “o juiz das garantias, dentre</p><p>outros objetivos, pretende manter o distanciamento do juiz do processo, responsável pela decisão de</p><p>mérito, em relação aos elementos de convicção produzidos e dirigidos ao órgão de acusação”.</p><p>Nessa mesma linha, Fábio Roque e Nestor Távora “a finalidade do instituto é reforçar a</p><p>imparcialidade do julgador, mantendo-o distante dos fatos em um momento que antecede o processo</p><p>judicial”.</p><p>No que tange as atribuições do juiz das garantias, Rogério Sanches e Ronaldo Batista 32explica:</p><p>Os incisos e alíneas do art. 3-B anunciam, de forma não exaustiva, as competências (funções)</p><p>reservadas ao juiz das garantias, que deverão ser desempenhadas sem perder de vista as</p><p>premissas anunciadas no art. 3-A, isto é, o processo penal terá́ estrutura acusatória, vedadas a</p><p>iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de</p><p>acusação. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal</p><p>e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização</p><p>previa do Poder Judiciário. Novamente nos socorrendo das lições de Fabiano Augusto Martins</p><p>Silveira, o juiz das garantias “não age de ofício. Não requisita a abertura do inquérito policial,</p><p>como também não solicita diligências investigativas. Ele é, antes, o responsável pelo controle</p><p>da legalidade da investigação, nunca o gerente das tarefas policiais. Daí́ que os autos do</p><p>inquérito não chegam a suas mãos, salvo nas hipóteses em que os direitos fundamentais do</p><p>investigado devam sofrer restrições. Caso contrário, o que se tem é a simples comunicação da</p><p>abertura do inquérito à instância judicial, já́ que a tramitação unirá polícia e Ministério Público</p><p>30 PACOTE ANTICRIME COMENTADO. Análise da Lei 13.964/2019 artigo por artigo. Editora Juspodivm, 2020.</p><p>31 Leonardo Barreto Moreira Alves. Processo Penal – Parte Geral. Sinopse para Concursos. 9 Ed. Editora Juspodivm, 2020.</p><p>32 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E LEI DE EXECUÇÃO PENAL COMENTADOS POR ARTIGOS (2020). 4ª edição revista,</p><p>atualizada e ampliada, Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>94</p><p>por uma via de mão dupla” (O Código, as cautelares e o juiz das garantias, Revista de Informação</p><p>legislativa n. 183, jul. /set. 2009, p. 90).</p><p>Ainda sobre as atribuições do juiz das garantias, preleciona Nestor Távora e Rosmar Rodrigues</p><p>(2020):</p><p>O rol de competências do juiz das garantias é aberto, exemplificativo, numerus apertus. Não</p><p>obstante, temos vinte e oito incisos que descrevem casos específicos atribuídos a sua cognição.</p><p>Toda regra de competência do juiz das garantias deve ter esteio na sua dúplice responsabilidade,</p><p>capitulada no art. 3o-B, caput, do nosso Código. Decerto o juiz das garantias é o responsável:</p><p>(1) pelo controle da legalidade da investigação criminal; e</p><p>(2) pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à</p><p>autorização prévia do Poder Judiciário.</p><p>Por fim, vejamos as considerações propostas por Nestor Távora e Rosmar Rodrigues (2020, pág.</p><p>245) sobre o fundamento constitucional da criação do juiz das garantias.</p><p>O sistema acusatório é o alicerce constitucional para a existência do juiz das</p><p>garantias.</p><p>A divisão de funções é um dos pilares mais robustos dessa estrutura de processo</p><p>penal. Aquele que tem competência para julgar o mérito condenatório não pode</p><p>exercer tarefas próprias do órgão acusador. O juiz das garantias antecipa essa</p><p>cautela. Como todo juiz, ele não deve exercer poderes a cargo do promotor da</p><p>ação penal.</p><p>Compreende-se que sua atuação como garante de direitos na fase investigativa é</p><p>capaz de contaminar o juízo cognitivo que poderia ter, ao cabo, se fosse também</p><p>julgar o mérito do processo penal.</p><p>Não sem motivo, o art. 3º-A, do CPP, inserido pela Lei no 13.964/2019,</p><p>vedou ao magistrado, a partir da constatação de que o processo penal terá</p><p>estrutura acusatória:</p><p>(1) a iniciativa do juiz na fase de investigação; e</p><p>(2) a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.</p><p>A teoria da dissonância cognitiva permite perceber uma tensão entre o</p><p>conhecimento de um indivíduo e a sua opinião. Eis uma das questões centrais</p><p>que nos ajudam a entender quando a imparcialidade do juiz ficou comprometida,</p><p>diante do conflito de interesses que surgem na fase investigativa.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>pelo</p><p>conjunto de princípios e regras que disciplinam a persecução penal. Está previsto na Constituição</p><p>Federal, no Código de Processo Penal e em Leis Especiais, por exemplo, a Lei de Drogas, Lei Maria da</p><p>Penha, etc.</p><p>Corroborando ao exposto, define NUCCI (2020):</p><p>O direito processual penal é o corpo de normas jurídicas com a finalidade de</p><p>regular o modo, os meios e os órgãos encarregados de punir do Estado,</p><p>realizando-se por intermédio do Poder Judiciário, constitucionalmente</p><p>incumbido de aplicar a lei ao caso concreto. É o ramo das ciências criminais cuja</p><p>meta é permitir a aplicação de vários dos princípios constitucionais,</p><p>consagradores de garantias humanas fundamentais, servindo de anteparo entre a</p><p>pretensão punitiva estatal, advinda do direito penal, e a liberdade do acusado,</p><p>direito individual.</p><p>Nesse mesmo sentido, leciona Norberto Avena (2020):</p><p>Se uma pessoa realizar determinada conduta descrita em um tipo penal</p><p>incriminador, a consequência desta prática será o surgimento para o Estado do</p><p>poder-dever de aplicar-lhe a sanção correspondente. Essa aplicação não poderá</p><p>ocorrer à revelia dos direitos e garantias fundamentais do indivíduo, sendo</p><p>necessária a existência de um instrumento que, voltado à busca da verdade</p><p>real, possibilite ao imputado contrapor-se à pretensão estatal.</p><p>De acordo com Capez o jus puniendi do Estado é uma expressão latina que pode ser traduzida</p><p>como direito de punir do Estado, referindo-se ao poder de sancionador do Estado, que é o “direito de</p><p>castigar”, e uma expressão usada sempre em referência ao Estado frente aos cidadãos. Nesse sentido,</p><p>importante frisarmos que o Estado é o titular do jus puniendi, contudo, não poderá exercê-lo de forma</p><p>arbitrária, ou seja, sem observar limites. Nessa senda, o direito processual penal apresenta-se como</p><p>instrumento a disposição de materialização do regramento do exercício do jus puniendi do Estado.</p><p>Em RESUMO:</p><p>O direito processual institui o processo criminal como instrumento por meio do qual o</p><p>Estado exerce JUS PUNIENDI</p><p>O exercício do JUS PUNIENDI pelo Estado é limitado pelo direito processual</p><p>O Estado é o titular do JUS PUNIENDI</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>13</p><p>1.2. PERSECUÇÃO PENAL</p><p>Podemos definir a persecução penal como sendo o caminho percorrido pelo Estado para que seja</p><p>aplicada a sanção penal (pena ou medida de segurança) aquele que cometeu uma infração penal,</p><p>consubstanciando-se na fase da investigação preliminar e da ação penal.</p><p>Desse modo, temos que A PERSECUÇÃO PENAL é tudo aquilo que está compreendido a</p><p>partir do momento em que alguém pratica um fato definido como crime até o momento em que há o</p><p>trânsito em julgado da sentença penal condenatória.</p><p>O Direito Processual Penal será utilizado a partir do momento em que alguém pratica um crime,</p><p>até o momento em que esse alguém é condenado em uma sentença irrecorrível, uma sentença sobre a</p><p>qual não cabe mais recurso. Após a sentença condenatória transitada em julgado o Estado executará a</p><p>pena – o réu inicia o cumprimento da sua pena e entra em cena um novo Direito, o da Lei de Execução</p><p>Penal (Lei n. 7.210).</p><p>Essa persecução penal será composta da fase da investigação preliminar e a fase do processo</p><p>(ação penal).</p><p>1.3. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO</p><p>O processo penal é aplicado no espaço do território brasileiro, essa é a regra geral, trata-se de</p><p>incidência do princípio da territorialidade.</p><p>Na aplicação da lei processual penal no espaço não há incidência da extraterritorialidade</p><p>(incondicionada e condicionada), como acontece no âmbito do direito penal.</p><p>Nesse sentido, preceitua o art. 1º do CPP:</p><p>PERSECUÇÃO</p><p>PENAL</p><p>Investigação</p><p>Criminal</p><p>Preliminar</p><p>Fase do Inquérito</p><p>Policial</p><p>Fase processual</p><p>ou Judicial</p><p>Fase da Ação</p><p>Penal</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>14</p><p>Art. 1º. O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código,</p><p>ressalvados:</p><p>Isso significa que, em regra, os crimes que forem praticados em território nacional, observarão</p><p>as normas processuais brasileiras, com exceção das ressalvas (situações em que o processo terá seu</p><p>trâmite no território brasileiro, mas, ainda assim, não será aplicado o Código de Processo Penal).</p><p>Nesse sentido, leciona Norberto Avena1 “a leitura desse artigo (os dispositivos constitucionais</p><p>nele citados referem-se à Constituição Federal de 1937) deixa claro que, no direito brasileiro, como</p><p>regra, a lei processual penal (leia-se: Código de Processo Penal) será aplicada a todas as infrações</p><p>penais perpetradas em território nacional. Trata-se do princípio lex fori ou locus regit actum, que se</p><p>justifica não apenas na soberania nacional, mas também na circunstância de que não haveria sentido em</p><p>aplicar aos fatos criminosos cometidos em território brasileiro legislação alienígena, significativa da</p><p>vontade de outro povo, motivada em razões históricas diferentes e inspirada em costumes distintos</p><p>daqueles aqui experimentados”.</p><p>Corroborando ainda, ensina Walfredo Cunha (2019):2</p><p>É o princípio da lex fori ou locus regit actum: as leis processuais têm eficácia nos limites do</p><p>território nacional, não se aplicando nossas leis a outros países, nem as leis estrangeiras no</p><p>Brasil, em razão da soberania nacional. Em se tratando de relações jurisdicionais com</p><p>autoridades estrangeiras que devam ser praticados no Brasil, como a expedição de cartas</p><p>rogatórias (art. 783/786 do CPP), homologação de sentenças estrangeiras (art. 787/790 do CPP)</p><p>e extradição (Lei 13.445/2017 – Lei de Migração), aplica-se a lei processual brasileira e não</p><p>estrangeira. Há, todavia, exceções ao princípio da territorialidade.</p><p>Da aplicação do princípio da territorialidade, decorrem algumas consequências:</p><p>• A lei processual penal brasileira é aplicada a todos os processos criminais em curso no</p><p>território nacional;</p><p>• A atividade jurisdicional penal brasileira somente é exercida nos limites do território</p><p>nacional;</p><p>• Há a exclusão da lei processual estrangeira no território nacional;</p><p>1 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:</p><p>MÉTODO, 2018.</p><p>2 Campos. Walfredo Cunha. Curso completo de processo penal. 2° Edicao revista, ampliada e atualizada. Editora JusPodivm,</p><p>2019.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>15</p><p>Diante do exposto, temos que na hipótese de incidência da jurisdição penal brasileira aplica-se a</p><p>lei processual penal brasileira, não podendo incidir a norma estrangeira.</p><p>Inobstante a regra, o próprio art. 1° do CPP nos traz algumas ressalvas. As ressalvas a seguir</p><p>apresentadas correspondem à não incidência do Código de Processo Penal, o que não significa</p><p>extraterritorialidade. Vejamos as ressalvas:</p><p>I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;</p><p>Um exemplo dessa ressalva é a convenção de Viena sobre as relações diplomáticas, onde os</p><p>agentes diplomáticos têm por função primordial representar o Estado acreditante, tendo imunidade de</p><p>jurisdição penal no Estado acreditado, onde exercem suas funções, respondendo perante o Estado</p><p>acreditante que é seu Estado de origem. Bem como a convenção de Viena sobre relações consulares, o</p><p>cônsul tem por função a proteção dos interesses dos indivíduos e empresas do Estado acreditante, embora</p><p>a imunidade dos agentes consulares está mais restrita que a dos diplomatas, tendo em vista que está</p><p>limitada aos atos praticados no exercício das funções consulares.</p><p>Outro exemplo dessa ressalva seria o Tribunal Penal Internacional, na qual a Constituição Federal</p><p>aduz:</p><p>Art. 5º § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha</p><p>manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).</p><p>O TPI tem competência para os crimes de genocídio, crimes contra a humanidade,</p><p>95</p><p>3.3. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O JUIZ DAS GARANTIAS</p><p>A Lei 13.694/19 intitulada de Lei do Pacote Anticrime – PAC trouxe o instituto do juiz de</p><p>garantias, que, no entanto, conforme mencionamos no início de nosso estudo sobre o tema, está com a</p><p>eficácia suspensa, ou seja, suspensa a produção de seus efeitos até uma análise posterior do plenário</p><p>do STF.</p><p>Até o advento da Lei 13.964/2019 apenas um único juiz atuava/atua durante toda a persecução</p><p>penal em 1º instância, desde a fase da investigação até a prolação da sentença. Após a referida Lei, há</p><p>atuação de dois juízes, tendo em vista que foi criada a figura do juiz de garantias, que é responsável</p><p>pelo controle da legalidade da investigação e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia</p><p>tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário (art. 3º B, caput). E o juiz da instrução,</p><p>que é o responsável pela condução do processo, velando pela observância dos princípios constitucionais</p><p>(inclusive contraditório e ampla defesa) e pelo julgamento.</p><p>Candidato, por qual motivo a criação do juiz de garantias? O principal fundamento para a</p><p>criação do juiz das garantias foi buscar maior imparcialidade do juiz que irá proferir o julgamento.</p><p>Presume-se que o juiz que participou da investigação por determinar diversas medidas constritivas de</p><p>direitos do réu (busca e apreensão, interceptação telefônica, quebra de sigilo fiscal, prisão preventiva,</p><p>receber denúncia, etc.), em tese ficaria propenso a condenar o réu, tendo em vista que buscaria ainda que</p><p>de forma inconsciente legitimar todas as atitudes tomadas no começo do processo. Portanto a ideia de</p><p>fazer essa cisão é para que não haja a contaminação do juiz.</p><p>Corroborando ao exposto, explicam Fábio Roque e Nestor Távora (2020):33</p><p>33 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL PARA CONCURSOS. 11a. edição. Fábio Roque Araújo Nestor Távora. ATUALIZAÇÃO, 2020.</p><p>Editora Juspodivm.</p><p>Juiz das</p><p>Garantias</p><p>Juiz da Instrução</p><p>e Julgamento</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>96</p><p>Com o juiz das garantias, teremos um magistrado atuando nesta fase de</p><p>investigação criminal, e que ficará proibido de atuar na fase processual relativa</p><p>àquela investigação. De modo mais simples, podemos dizer que o juiz que atuou</p><p>na fase de investigação não poderá atuar na fase de processo.</p><p>A finalidade do instituto é reforçar a imparcialidade do julgador, mantendo-</p><p>o distante dos fatos em um momento que antecede o processo judicial.</p><p>(...)</p><p>Com o juiz das garantias, este julgador que atuar na fase de investigação,</p><p>decidindo questões a ela relacionadas não poderá atuar na fase processual.</p><p>Consequentemente, o julgador que for atuar na fase de processo não terá</p><p>conhecimento prévio da matéria, ou seja, já a conhecerá sob os auspícios do</p><p>contraditório e da ampla defesa, reforçando o seu distanciamento da causa em</p><p>momento anterior ao início da instrução.</p><p>Nesse ponto, interessante e contributiva as colocações feitas pelo Prof. Nestor Távora e Rosmar</p><p>Alencar:</p><p>O juiz das garantias é uma forma de delimitar não apenas a competência de</p><p>magistrados, segundo o objeto do juízo cognitivo outorgado pela legislação, mas</p><p>também para assegurar que o princípio do juiz natural não conflite com a sua</p><p>necessária imparcialidade. Ele é uma divisão da competência, segundo a</p><p>estrutura funcional da persecução penal. Mas também ele é limite porque se</p><p>opõe a julgamentos sobre os quais recaia dúvida sobre a suspeição do</p><p>julgador.</p><p>Teoria da dissonância cognitiva</p><p>Uma das bases para concluir que o juiz ficaria contaminado é uma teoria da psicologia chamada</p><p>TEORIA DA DISSONÂNCIA COGNITIVA, na qual preconiza que os seres humanos tendem a</p><p>permanecer em uma zona de estabilidade cognitiva, uma zona de conforto cognitivo, e então tendem à;</p><p>a) Desvalorização de elementos cognitivos dissonantes</p><p>b) Busca involuntária de informações consoantes com a cognição pré-existente</p><p>c) Evitação ativa do aumento de elementos cognitivos dissonantes.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>97</p><p>Em resumo, essa teoria afirma que quando alguém adquire certo conhecimento sobre algo, essa</p><p>pessoa tende a buscar uma zona de conforto, um viés de confirmação de que aquilo que achava era</p><p>verdade. Então o juiz acaba ficando contaminado com todas as informações iniciais do processo, estando</p><p>mais propenso a condenar o réu.</p><p>Atente para o fato de que juiz de garantias não é um juiz investigador, apenas é responsável pelo</p><p>controle da investigação:</p><p>Lei 13.964/2019 Art. 3º-A - O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do</p><p>juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.</p><p>3.4. PROCEDIMENTOS SUJEITOS AO JUIZ DE GARANTIAS</p><p>Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de</p><p>menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art.</p><p>399 deste Código.</p><p>Abrange todas as infrações penais, exceto as de menor potencial ofensivo (pena máxima não</p><p>superior a 2 anos, cumulada ou não com multa, ressalvadas as hipóteses de violência doméstica contra</p><p>mulher). E cessará a competência com o recebimento da denúncia ou queixa. Atente aqui para um ponto</p><p>incontroverso, segundo parte da doutrina houve uma impropriedade técnica, e, portanto, a expressão</p><p>“recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399”, deve-se ler art. 396 do CPP.</p><p>Observação. Antes do Min. Luiz Fux suspender por prazo indeterminado o juiz de garantias,</p><p>uma semana antes o Min. Dias Toffoli em decisão liminar proferida nas ADIs 6.298, 6.299 e 6.300 em</p><p>15/01/2020, havia suspendido por 180 dias e concedeu interpretação conforme para estabelecer casos</p><p>nos quais não se aplica o referido instituto, que seriam:</p><p>a) Processos de competência originária dos tribunais, os quais são regidos pela Lei nº</p><p>8.038/1990.</p><p>Os processos de competência originária dos tribunais superiores e dos tribunais de justiça dos</p><p>Estados e do Distrito Federal, e dos Tribunais Regionais Federais são regidos pela Lei nº 8.038/1990.</p><p>Essa norma não foi alterada pela Lei nº 13.964/2019. Além disso, conforme já decidiu o Supremo</p><p>Tribunal Federal (ADI 4.414/AL), a colegialidade, por si só, é fator e reforço da independência e da</p><p>imparcialidade judicial.</p><p>b) Processos de competência do Tribunal do Júri Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>98</p><p>Nesses casos, o veredicto fica a cargo de um órgão coletivo, o Conselho de Sentença. Opera-se</p><p>uma lógica semelhante à dos Tribunais: o julgamento coletivo, por si só, é fator de reforço da</p><p>imparcialidade.</p><p>c) Casos de violência doméstica e familiar</p><p>Os casos de violência doméstica e familiar exigem disciplina processual penal específica, que</p><p>traduza um procedimento mais dinâmico, apto a promover o pronto e efetivo amparo e proteção da</p><p>vítima de violência doméstica.</p><p>d) Processos criminais de competência da Justiça Eleitoral</p><p>Trata-se de ramo da Justiça com organização específica, cuja dinâmica procedimental é também</p><p>bastante peculiar</p><p>3.5. ATRIBUIÇÕES DO JUIZ DE GARANTIAS</p><p>No tocante as atribuições do juiz das garantias, explicam Fábio Roque e Nestor Távora (2020):34</p><p>O art. 3°-B, acrescentado ao Código de Processo Penal pela Lei Anticrime (Lei n. 13.964/19)</p><p>estabelece as medidas que podem e devem ser adotada pelo juiz das garantias. O dispositivo</p><p>deixa claro que a atuação do juiz das garantias não é a de um investigador, mas sim de um</p><p>julgador que atua no controle de legalidade das medidas e na preservação dos direitos</p><p>individuais, adotando medidas que se encontram acobertadas pela cláusula de reserva</p><p>jurisdicional.</p><p>Conforme se pode perceber, a partir da enumeração de atividades do juiz das garantias trazida</p><p>nos incisos deste artigo, competirá a este magistrado a adoção de todas as medidas que incumbe</p><p>ao Judiciário no momento da investigação</p><p>criminal. Isto compreende desde as medidas mais</p><p>drásticas, como decretação de prisões e aferição da legalidade de flagrantes, até́ medidas mais</p><p>simples, como ser informado da instauração da investigação criminal.</p><p>Essas atribuições estão previstas ao teor do Art. 3º- B do CPP, que traz um rol exemplificativo.</p><p>Vejamos:</p><p>I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da</p><p>Constituição Federal;</p><p>34 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL PARA CONCURSOS. 11a. edição. Fábio Roque Araújo Nestor Távora. ATUALIZAÇÃO, 2020.</p><p>Editora Juspodivm.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>99</p><p>Nos moldes do inciso LXII, do art. 5°, da Constituição, a prisão de qualquer pessoa e o local</p><p>onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa</p><p>por ele indicada.</p><p>II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o</p><p>disposto no art. 310 deste Código;</p><p>III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à</p><p>sua presença, a qualquer tempo;</p><p>Termos que seriam abrangidos atualmente pelas audiências de custódia, que no caso serão</p><p>realizadas pelo juiz de garantias caso tenha eficácia tal instituto. No entanto não necessariamente será</p><p>presidida pelo juiz de garantias, isso correrá por exemplo no caso de plantão judicial.</p><p>IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal;</p><p>V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o</p><p>disposto no § 1º deste artigo;</p><p>VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-</p><p>las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na</p><p>forma do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente;</p><p>VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e</p><p>não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral;</p><p>As provas antecipadas são aquelas produzidas em momento anterior ao que seria adequado em</p><p>razão de sua urgência e relevância. Exemplo: “CPP Art. 225. Se qualquer testemunha houver de</p><p>ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal</p><p>já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe</p><p>antecipadamente o depoimento. ”</p><p>VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões</p><p>apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo;</p><p>IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável</p><p>para sua instauração ou prosseguimento;</p><p>X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da</p><p>investigação;</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>100</p><p>XI - decidir sobre os requerimentos de:</p><p>a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática</p><p>ou de outras formas de comunicação;</p><p>b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico;</p><p>c) busca e apreensão domiciliar;</p><p>d) acesso a informações sigilosas;</p><p>e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado;</p><p>XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia;</p><p>Atente para o fato de que se tratar de um procedimento investigatório criminal conduzido pelo</p><p>MP ou por ele requisitado não é o juiz de garantias que vai poder julgar o HC, tendo em vista que se for</p><p>um HC dirigido contra ato do Promotor de Justiça deverá ser endereçado ao TJ em âmbito estadual e</p><p>âmbito federal TRF.</p><p>XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental;</p><p>XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código;</p><p>XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao</p><p>seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da</p><p>investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento;</p><p>XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia;</p><p>XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração</p><p>premiada, quando formalizados durante a investigação;</p><p>XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo.</p><p>O Senado Federal, em abril de 2021, a derrubou parcialmente o veto 56/2019, que havia afastado</p><p>alguns dispositivos da Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime). Isso significa que 16 dispositivos vetados</p><p>foram incluídos na referida Lei, modificando a legislação penal e processual penal. Um dos dispositivos</p><p>incluídos pelo Pacote Anticrime, no Código de Processo Penal, é o Art. 3º-B, § 1º, CPP.</p><p>Art. 3º-B, § 1º O preso em flagrante ou por força de mandado de prisão provisória será</p><p>encaminhado à presença do juiz de garantias no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,</p><p>momento em que se realizará audiência com a presença do Ministério Público e da</p><p>Defensoria Pública ou de advogado constituído, vedado o emprego de videoconferência.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>101</p><p>O Presidente da República havia vetado o dispositivo, ressaltando a necessidade das audiências</p><p>de custódia por videoconferência:</p><p>“A propositura legislativa, ao suprimir a possibilidade da realização da audiência por</p><p>videoconferência, gera insegurança jurídica ao ser incongruente com outros</p><p>dispositivos do mesmo código, a exemplo do art. 185 e 222 do Código de Processo</p><p>Penal, os quais permitem a adoção do sistema de videoconferência em atos processuais</p><p>de procedimentos e ações penais, além de dificultar a celeridade dos atos processuais</p><p>e do regular funcionamento da justiça, em ofensa à garantia da razoável duração do</p><p>processo, nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (RHC</p><p>77580/RN, Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 10/02/2017).</p><p>Ademais, o dispositivo pode acarretar em aumento de despesa, notadamente nos casos</p><p>de juiz em vara única, com apenas um magistrado, seja pela necessidade de pagamento</p><p>de diárias e passagens a outros magistrados para a realização de uma única audiência,</p><p>seja pela necessidade premente de realização de concurso para a contratação de novos</p><p>magistrados, violando as regras do art. 113 do ADCT, bem como dos arts. 16 e 17 LRF</p><p>e ainda do art. 114 da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2019 (Lei nº 13.707, de</p><p>2018). ”</p><p>Dessa forma, com a rejeição deste veto, foram proibidas audiências de custódia por</p><p>videoconferência, devendo ser realizadas presencialmente e pelo juiz das garantias. Porém, tal regra foi</p><p>flexibilizada pela jurisprudência, vejamos:</p><p>ENUNCIADO 30 DA I JORNADA DE DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL CJF/STJ:</p><p>excepcionalmente e de forma fundamentada, nos casos em que se faça inviável a realização</p><p>presencial do ato, é possível a realização de audiência de custódia por sistema de</p><p>videoconferência.</p><p>No dia 28/6/2021, o Min. Nunes Marques concedeu parcialmente liminar na</p><p>ADI 6841 (liminar essa que foi referendada por maioria do STF, no dia</p><p>1/7/2021), suspendendo os efeitos da expressão "vedado o emprego de</p><p>videoconferência", prevista no art. 3-B, § 1º, do CPP, inserido pelo Pacote</p><p>Anticrime (Lei 13.964/2019 de modo a permitir a realização das audiências de</p><p>custódia por videoconferência, enquanto perdurar a pandemia de Covid-19,</p><p>conforme art. 19, da Resolução n. 329/2020, CNJ, na redação que lhe foi dada</p><p>pela Resolução n. 357/2020, CNJ, na forma do art. 10, § 3°, Lei n. 9.868/99, bem</p><p>como no art. 21, V, do RISTF.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>102</p><p>Com</p><p>relação aos documentos que acompanham a inicial trata o Art. 3º - C, § 3º da Lei</p><p>13.964/2019:</p><p>Art. 3º-C, § 3º - Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das</p><p>garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, ressalvados os documentos</p><p>relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de</p><p>provas</p><p>Candidato, o que pode acompanhar a inicial acusatória? O tema possui duas correntes, a</p><p>primeira, uma posição restritiva em que as matérias que estão fora dos incisos do art. 3º-B podem</p><p>acompanhar a inicial acusatória. Acompanham a inicial, por exemplo: inquérito policial (oitivas de</p><p>vítima e testemunhas, interrogatório etc.), procedimento de inquérito civil, procedimento na esfera da</p><p>infância e da juventude etc. (Rogério Sanches Cunha). Enquanto a segunda uma posição sistemática,</p><p>afirmando que somente os documentos relativos a provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas</p><p>ou de antecipação de provas. Os demais elementos de informação colhidos durante a investigação não</p><p>acompanham (ex.: oitiva de vítima e testemunhas, interrogatório do réu) não. A intenção da lei é reforçar</p><p>o sistema acusatório e não contaminar o juiz da instrução, essa última posição é defendida pelo promotor</p><p>Renato Brasileiro.</p><p>3.6. IMPEDIMENTO PARA FUNCIONAR NO PROCESSO</p><p>Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas</p><p>competências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no processo.</p><p>O legislador menciona os arts. 4º e 5º, no entanto estes tratam da polícia e não guardam nenhuma</p><p>relação com o tema, entende-se, portanto, que houve um equívoco e o art. faz referência ao art. 3º B, que</p><p>traz as atribuições do juiz de garantias. Então se o juiz não praticasse nenhuma das condutas do art. 3º B</p><p>poderia prosseguir como sendo juiz da instrução, mas a doutrina já tem entendimento que o juiz de</p><p>garantias nunca poderá ser o juiz da instrução.</p><p>Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão</p><p>um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo.</p><p>Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização</p><p>judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a</p><p>serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>103</p><p>3.7. DIGNIDADE DO PRESO</p><p>Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o</p><p>tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos</p><p>da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de</p><p>responsabilidade civil, administrativa e penal.</p><p>Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180</p><p>dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do</p><p>preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa aludida no</p><p>caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução</p><p>penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão.</p><p>3.8. CANDIDATO, QUAIS OS MOTIVOS CONTRIBUÍRAM PARA QUE O</p><p>STF SUSPENDESSE O INSTITUTO DO JUIZ DE GARANTIAS?</p><p>A suspensão por prazo indeterminado feita por decisão do Min. Luiz Fux do STF teve</p><p>basicamente três argumentos:</p><p>I - A regra fere a autonomia organizacional do Poder Judiciário, pois altera a divisão e a</p><p>organização de serviços judiciários de forma substancial e exige “completa reorganização da</p><p>Justiça criminal do país, preponderantemente em normas de organização judiciária, sobre as quais</p><p>o Poder Judiciário tem iniciativa legislativa própria” (art. 96 da CF);</p><p>CF, art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:</p><p>I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e</p><p>do trabalho;</p><p>Sendo, portanto, uma inconstitucionalidade formal, dado o vício de iniciativa.</p><p>II - Ofensa à autonomia financeira do Judiciário. No entendimento do Ministro, a medida</p><p>causará impacto financeiro relevante, com a necessidade de reestruturação e redistribuição de</p><p>recursos humanos e materiais e de adaptação de sistemas tecnológicos sem prévia estimativa</p><p>nem dotação orçamentária, como exige a Constituição. Ele salientou a ausência de previsão</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>104</p><p>orçamentária inclusive para o Ministério Público, cuja atuação também será afetada pelas</p><p>alterações legais.</p><p>Sendo, portanto, uma inconstitucionalidade material, o problema estaria no conteúdo.</p><p>III - É cediço em abalizados estudos comportamentais que, mercê de os seres humanos</p><p>desenvolverem vieses em seus processos decisórios, isso por si só não autoriza a aplicação</p><p>automática dessa premissa ao sistema de justiça criminal brasileiro, criando-se uma presunção</p><p>generalizada de que qualquer juiz criminal do país tem tendências que favoreçam a</p><p>acusação, nem permite inferir, a partir dessa ideia geral, que a estratégia institucional mais</p><p>eficiente para minimizar eventuais vieses cognitivos de juízes criminais seja repartir as</p><p>funções entre o juiz das garantias e o juiz da instrução.</p><p>Neste aspecto o Ministro rebate a teoria da dissonância cognitiva.</p><p>Obs.: Medida cautelar concedida, para suspensão da eficácia dos artigos 3º-A a 3º-F do Código de Processo Penal</p><p>(Inconstitucionalidades formal e material). Medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade 6.298 DF,</p><p>Rel. Min. Luiz Fux, j. 22/01/2020.</p><p>3.9. ANÁLISE PONTUAL DOS DISPOSITIVOS LEGAIS</p><p>REDAÇÃO ANTERIOR NOVA REDAÇÃO – PACOTE ANTICRIME</p><p>SEM DISPOSITIVO</p><p>CORRESPONDENTE</p><p>NO CPP.</p><p>Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do</p><p>juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de</p><p>acusação.</p><p>Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da</p><p>investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia</p><p>tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe</p><p>especialmente:</p><p>I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do</p><p>caput do art. 5º da Constituição Federal;</p><p>II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da</p><p>prisão, observado o disposto no art. 310 deste Código;</p><p>III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este</p><p>seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo;</p><p>IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal;</p><p>V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida</p><p>cautelar, observado o disposto no § 1º deste artigo;</p><p>VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como</p><p>substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do</p><p>contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto neste Código</p><p>ou em legislação especial pertinente;</p><p>VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas</p><p>consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla</p><p>defesa em audiência pública e oral;</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>105</p><p>SEM DISPOSITIVO</p><p>CORRESPONDENTE</p><p>NO CPP.</p><p>VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso,</p><p>em vista das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o</p><p>disposto no § 2º deste artigo;</p><p>IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver</p><p>fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento;</p><p>X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre</p><p>o andamento da investigação;</p><p>XI - decidir sobre os requerimentos de:</p><p>a) interceptação</p><p>telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de</p><p>informática e telemática ou de outras formas de comunicação;</p><p>b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico;</p><p>c) busca e apreensão domiciliar;</p><p>d) acesso a informações sigilosas</p><p>e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do</p><p>investigado;</p><p>XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia;</p><p>XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental;</p><p>XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art.</p><p>399 deste Código;</p><p>XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado</p><p>ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos</p><p>e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que</p><p>concerne, estritamente, às diligências em andamento;</p><p>XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a</p><p>produção da perícia;</p><p>XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os</p><p>de colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação;</p><p>XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste</p><p>artigo.</p><p>§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante</p><p>representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar,</p><p>uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se</p><p>ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente</p><p>relaxada.</p><p>Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações</p><p>penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da</p><p>denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código.</p><p>§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas</p><p>pelo juiz da instrução e julgamento.</p><p>§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da</p><p>instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa,</p><p>deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo</p><p>máximo de 10 (dez) dias.</p><p>§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias</p><p>ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério</p><p>Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do processo enviados ao</p><p>juiz da instrução e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas</p><p>irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que</p><p>deverão ser remetidos para apensamento em apartado.</p><p>§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na</p><p>secretaria do juízo das garantias.</p><p>Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído</p><p>nas competências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>106</p><p>no processo.</p><p>Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os</p><p>tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às</p><p>disposições deste Capítulo.’</p><p>Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de</p><p>organização judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal,</p><p>observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo</p><p>respectivo tribunal.</p><p>Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras</p><p>para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer</p><p>autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa</p><p>submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal.</p><p>Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão</p><p>disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações</p><p>sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo</p><p>padronizado e respeitada a programação normativa aludida no caput deste</p><p>artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução</p><p>penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2021 Banca: FAPEC Órgão: PC-MS Prova: Delegado de Polícia</p><p>Sobre as disposições preliminares previstas no Código de Processo Penal, assinale a alternativa correta.</p><p>A. A lei processual penal não admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, em observância ao</p><p>princípio da reserva legal.</p><p>B. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, admitindo-se, como regra, a sua retroatividade em</p><p>benefício do réu.</p><p>C. O processo penal terá estrutura mista, sendo inquisitivo na fase de inquérito policial e acusatório na</p><p>etapa seguinte, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória</p><p>do órgão de acusação.</p><p>D. Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade</p><p>policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15</p><p>(quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente</p><p>relaxada.</p><p>E. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, inclusive as de menor potencial</p><p>ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código.</p><p>Gab. D.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2021 Banca: IDECAN Órgão: PC-CE Prova: Inspetor de Polícia Civil.</p><p>A Lei 13.964/19, o chamado “Pacote Anticrime”, incluiu na legislação processual a figura do Juiz das</p><p>Garantias, que será responsável pelo controle e legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda</p><p>dos direitos individuais durante o inquérito policial, separando, finalmente, a fase de investigação da</p><p>fase de julgamento, a fim de que o magistrado que atue no julgamento não seja contaminado pelo que</p><p>foi produzido na fase anterior. Acerca do que foi determinado na Lei 13.964/19 sobre o tema, assinale a</p><p>afirmativa INCORRETA.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>107</p><p>A. Competirá ao Juiz das Garantias o julgamento de habeas corpus impetrado antes do oferecimento da</p><p>denúncia.</p><p>B. A competência do Juiz das Garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor potencial</p><p>ofensivo.</p><p>C. O Juiz das Garantias será informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal.</p><p>D. Se o investigado estiver preso, o Juiz das Garantias poderá, mediante representação da autoridade</p><p>policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15</p><p>(quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente</p><p>relaxada.</p><p>E. Obedecendo à estrutura acusatória, o Juiz das Garantias funcionará na fase investigativa, enquanto o</p><p>Juiz de Julgamento funcionará do oferecimento da denúncia em diante.</p><p>Gab. E.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>108</p><p>DIREITO PROCESSUAL PENAL I</p><p>4. PERSECUÇÃO CRIMINAL</p><p>Segundo Távora e Alencar (2016), a persecução criminal para a apuração das infrações penais</p><p>e sua respectiva autoria comporta duas fases bem delineadas. A primeira, preliminar, inquisitiva, e</p><p>objeto do presente capítulo, é o inquérito policial. A segunda, submissa ao contraditório e à ampla</p><p>defesa, é denominada de fase processual. Assim, materializado o dever de punir do Estado com a</p><p>ocorrência de um suposto fato delituoso, cabe a ele, Estado, como regra, iniciar a persecutio criminis</p><p>para apurar, processar e enfim fazer valer o direito de punir, solucionando as lides e aplicando a lei ao</p><p>caso concreto.</p><p>Em RESUMO:</p><p>4.1. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL</p><p>A investigação preliminar criminal é o conjunto de diligências preliminares devidamente</p><p>formalizadas que, nos limites da lei, se destinam a apurar a existência, materialidade, circunstâncias e</p><p>autoria de uma infração penal, coletando provas e elementos de informações que poderão ser utilizadas</p><p>na persecução penal. Desta feita é o gênero</p><p>do qual fazem parte a investigação feita pelo Ministério</p><p>Público, comissões parlamentares de inquérito, termo circunstanciado de ocorrência (TCO), dentre</p><p>outros instrumentos investigatórios, mas o inquérito policial é sem dúvidas a principal espécie desse</p><p>gênero. Contudo, reforçamos, o inquérito policial é uma das espécies de investigações criminais (e não</p><p>a única).</p><p>Cumpre ainda fazermos uma distinção entre a persecução criminal e a investigação criminal.</p><p>Nesse sentido, a persecução criminal pode ser compreendida como atividade do Estado, desde a</p><p>investigação até o momento de aplicação ou não do sanção penal. Ou seja, quando surge um ilícito</p><p>criminal, surge para o estado o poder/dever em razão do monopólio por ele assumido, de aplicar a</p><p>Persecução</p><p>Penal</p><p>Fase</p><p>Investigatória</p><p>Investigação</p><p>Criminal</p><p>Fase Processual</p><p>ou Judicial</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>109</p><p>jurisdição e investigar aquela conduta delitiva, e a partir da colheita de elementos de informação,</p><p>eventualmente provocar o aparato jurisdicional por intermédio da propositura de uma ação penal, para</p><p>que obedecido devidamente o processo legal, verificar se, na situação concreta, deverá ser aplicada a</p><p>sanção penal.</p><p>Em RESUMO:</p><p>4.2. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA (TCO)</p><p>O termo circunstanciado de ocorrência trata-se de um procedimento simplificado, que não segue</p><p>o mesmo rigor do inquérito policial, substituindo este, nas investigações das infrações penais de menor</p><p>potencial ofensivo (IMPO). A competência para julgar IMPO é dos Juizados Especiais Criminais, nesse</p><p>sentido, a fase preliminar ao procedimento judicial é também disciplinada na Lei 9.099/95, cujo art. 69</p><p>dispõe sobre a lavratura do termo circunstanciado e seu encaminhamento imediato ao Juizado,</p><p>permitindo que a investigação policial seja concluída de forma mais célere.</p><p>Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo</p><p>circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,</p><p>providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.</p><p>Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente</p><p>encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão</p><p>em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar,</p><p>como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.</p><p>Dessa forma, enquanto o IP está para a investigação dos crimes comuns, o TCO está para a</p><p>investigação das infrações de menor potencial ofensivo. Portanto, pode-se dizer que o TCO tem função</p><p>de registrar os fatos que, em tese, configuram-se como IMPO. Nele será qualificado o ofendido, o autor</p><p>do fato criminoso, descrito o local e as condições em que ocorreu a infração penal e mencionará as</p><p>provas existentes, indicando desde já as testemunhas.</p><p>Persecução Penal</p><p>Fase investigatória</p><p>(Investigação</p><p>preliminar – inquérito</p><p>policial)</p><p>Fase</p><p>Judicial/Processual</p><p>(Ação Penal)</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>110</p><p>Vale destacar, que nem sempre será utilizado o TCO para a investigação das infrações de menor</p><p>potencial ofensivo, conforme esquematizado abaixo:</p><p>AUTORIA IGNORADA</p><p>Inquérito será instaurado mediante portaria, pois não é possível que</p><p>o autor desconhecido compareça ao JECRIM.</p><p>COMPLEXIDADE NA</p><p>INVESTIGAÇÃO</p><p>Inquérito será instaurado, já que não é possível observar os</p><p>princípios que regem o procedimento sumaríssimo, quais sejam:</p><p>simplicidade, celeridade e informalidade.</p><p>RECUSA DE</p><p>COMPARECER AO</p><p>JECRIM</p><p>Na hipótese de o indivíduo se recusar a comparecer no Jecrim, será</p><p>lavrado APF, e não TCO.</p><p>#Atenção: no crime de porte de drogas para uso pessoal (art. 28, Lei 11.</p><p>343/06) → ainda que o autor se recuse a comparecer no Jecrim, será</p><p>lavrado TCO, uma vez que não é possível impor um título prisional àquele</p><p>que pratica o crime.</p><p>AUTOR NÃO PRESTA</p><p>SOCORRO IMEDIATO</p><p>NOS CRIMES DO CTB</p><p>O IP será lavrado mediante APF, considerando uma interpretação a</p><p>contrário senso do art. 301.</p><p>Art. 301 . Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte</p><p>vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar</p><p>pronto e integral socorro àquela.</p><p>O art. 69 da Lei nº 9.099/95 fala que o termo circunstanciado é lavrado pela “autoridade</p><p>policial”. Quem é considerado “autoridade policial”?</p><p>De acordo com o STF, o termo circunstanciado é o instrumento legal que se limita a constatar a</p><p>ocorrência de crimes de menor potencial ofensivo, motivo pelo qual não configura atividade</p><p>investigativa e, por via de consequência, NÃO se revela como função privativa de polícia judiciária</p><p>Assim, o art. 69 da Lei nº 9.099/95 não se refere exclusivamente à polícia judiciária, englobando também</p><p>as demais autoridades legalmente reconhecidas.</p><p>Dessa forma, o STF julgou constitucional norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura</p><p>de termos circunstanciados pela polícia militar e pelo corpo de bombeiros militar. Além disso, do</p><p>ponto de vista formal, de acordo com o art. 24, incisos X e XI, da CF/8835, o Estado possui competência</p><p>para legislar sobre o tema, pois trata-se de assunto cuja competência é concorrente. [STF. Plenário. ADI</p><p>5637/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11/3/2022 (Info 1046)].</p><p>Ademais, em recente decisão (24/02/2023), o plenário do Supremo Tribunal Federal, por</p><p>unanimidade, validou o decreto da Presidência da República que deu competência à Polícia Rodoviária</p><p>Federal (PRF) para lavrar termo circunstanciado de ocorrência (TCO) de crime federal de menor</p><p>potencial ofensivo. A questão foi objeto de duas ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs 6245 e</p><p>35 CF/88, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar CONCORRENTEMENTE sobre: (...) X - criação,</p><p>funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matéria processual;</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>111</p><p>6264) julgadas na sessão virtual encerrada em 17/2. As duas ações questionavam o artigo 6º do Decreto</p><p>10.073/2019, que autorizava a lavratura do termo.</p><p>O STF, em uma ação que discutia a inconstitucionalidade dos parágrafos 2º e 3º do art.</p><p>48 da Lei 11.343/06, firmou entendimento de que cabe ao magistrado lavrar o TCO no crime de porte</p><p>ou posse de droga para uso pessoal, tipificado no art. 28 da Lei 11.343/06 e, somente na sua ausência,</p><p>poderá fazê-lo o delegado. O STF entendeu que a lavratura de termo circunstanciado e a requisição de</p><p>exames e perícias não são atividades de investigação. [STF. Plenário. ADI 3807, Rel. Cármen Lúcia,</p><p>julgado em 29/06/2020 (Info 986 – clipping)]</p><p>ESQUEMATIZANDO:</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-RO Prova: Delegado de Polícia.</p><p>Considerando a doutrina e o entendimento do STF, o termo circunstanciado de ocorrência</p><p>A. refere-se a instrumento legal limitado a constatar a ocorrência de crimes de menor potencial ofensivo</p><p>e constitui atividade investigativa.</p><p>B. constitui instrumento cuja lavratura é função privativa da polícia judiciária.</p><p>C. deve ser lavrado em caso de crime que envolva violência doméstica ou familiar contra a mulher com</p><p>pena máxima inferior a dois anos.</p><p>D. deve ser lavrado em caso de crime de lesão corporal culposa cometido na direção de veículo</p><p>automotor em que o agente estava sob a influência de álcool.</p><p>E. pode ser lavrado pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros Militar se houver norma estadual</p><p>prevendo tal possibilidade.</p><p>Gab. E.</p><p>AUTORIDADES</p><p>COMPETENTES PARA</p><p>LAVRAR TCO</p><p>DELEGADO DE</p><p>POLÍCIA</p><p>POLÍCIA</p><p>MILITAR</p><p>BOMBEIROS</p><p>MILITARES</p><p>POLÍCIA</p><p>RODOVIÁRIA</p><p>FEDERAL</p><p>POLÍCIA</p><p>RODOVIÁRIA</p><p>ESTADUAL</p><p>MAGISTRADO</p><p>(ART. 28, LEI</p><p>11.343)</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>112</p><p>4.3. INQUÉRITO POLICIAL</p><p>O prof. Leonardo de Barreto Moreira Alves (2021, pág.89) 36 ressalta a importância do inquérito</p><p>policial explicando que “em um Estado Democrático de Direito, no qual vige o princípio da presunção</p><p>da inocência e o processo é tido sob uma visão garantista, somente sendo possível a aplicação da pena</p><p>se há́ elementos de prova para tanto, surge o inquérito policial como a principal forma de investigação</p><p>estatal, tendo como função primordial sustentar e viabilizar o oferecimento da ação penal, garantindo</p><p>assim a sua justa causa, no sentido de exigência de um suporte probatório mínimo (indícios suficientes</p><p>de autoria e prova da materialidade do delito)”.</p><p>4.3.1. CONCEITO</p><p>O inquérito policial pode ser conceituado como um procedimento administrativo de natureza</p><p>inquisitorial, presidido por autoridade policial, que ostenta como finalidade viabilizar a identificação de</p><p>elementos de informação relacionados a autoria e materialidade delitiva, proporcionando ao titular da</p><p>ação penal a análise sobre a propositura ou não da ação penal.</p><p>Corroborando ao exposto, Távora e Alencar (2020), o inquérito policial deve ser compreendido</p><p>como sendo “procedimento administrativo, preliminar, presidido pelo delegado de polícia, no intuito</p><p>de identificar o autor do ilícito e os elementos que atestem a sua materialidade (existência),</p><p>contribuindo para a formação da opinião delitiva do titular da ação penal, ou seja, fornecendo</p><p>elementos para convencer o titular da ação penal se o processo deve ou não ser deflagrado”. Agregue-</p><p>se ainda a definição proposta, a característica de que o inquérito policial é um procedimento de cunho</p><p>inquisitorial.</p><p>Complementando, preceitua Pedro Coelho37 “o inquérito policial pode ser definido como</p><p>procedimento administrativo de caráter preparatório e inquisitorial, presidido exclusivamente pela</p><p>autoridade policial, com a finalidade precípua de coletar elementos de informação acerca da autoria</p><p>e materialidade de uma infração penal”.</p><p>- PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO: o que significa que o inquérito policial não é</p><p>PROCESSO, mas sim PROCEDIMENTO. Em não se tratando de processo, mas procedimento, na fase</p><p>do inquérito policial não há necessidade de observância do contraditório ou da ampla defesa. Nesse</p><p>36 Sinopse para Concursos. Processo Penal Parte Geral, Leonardo Barreto Moreira Alves, 2021, Editora Juspodivm.</p><p>37 Dialógos sobre o Processo Penal/ Pedro Coelho – Salvador: Editora JusPodivm, 2020.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>113</p><p>sentido, explica Leonardo de Barreto Moreira Alves (2021, pág.89)38 “inquérito policial não é um</p><p>processo. Por conta disso, não há que se falar, em regra, na existência de contraditório nesta etapa,</p><p>vigendo, pois, um sistema inquisitivo, não existindo participação do agente do delito na produção de</p><p>provas”.</p><p>Os vícios oriundos da fase do inquérito policial não são hábeis a anular posterior processo, salvo</p><p>as chamadas provas ilícitas. Assim, em regra, não há que se falar em contaminação e declaração de</p><p>nulidade que macule o processo.</p><p>PRETENSÃO PUNITIVA</p><p>Investigação Preliminar Fase Judicial</p><p>Vícios no Inquérito Policial →</p><p>NÃO CONTAMINAM o processo penal</p><p>subsequente.</p><p>Exceção: provas ilícitas.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2018 - Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Agente de Polícia Federal.</p><p>Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo</p><p>municiado, sem autorização e em desacordo com determinação legal. O comportamento suspeito de José</p><p>levou-o a ser abordado em operação policial de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José</p><p>foi conduzido à delegacia, onde foi instaurado inquérito policial.</p><p>Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte.</p><p>O inquérito instaurado contra José é procedimento de natureza administrativa, cuja finalidade é obter</p><p>informações a respeito da autoria e da materialidade do delito.</p><p>Gab. CERTO.</p><p>Justificativa: O inquérito policial é procedimento administrativo, e não processo. Além disso, possui a finalidade</p><p>de colher elementos informativos de autoria e materialidade do delito.</p><p>- PROCEDIMENTO PRELIMINAR (preparatório da ação penal): nos termos do art. 12 do</p><p>CPP, inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.</p><p>Assim, temos que ele é preparatório da ação penal, na hipótese que servir de base para o ajuizamento</p><p>desta. Contudo, cumpre destacarmos que o inquérito policial possui a característica de ser um</p><p>procedimento dispensável, o que significa dizer que a ação penal poderá ser proposta sem o IP se já</p><p>houverem outros elementos comprobatórios da autoria e materialidade do delito.</p><p>Nesse sentido, preceitua Norberto Avena “o inquérito policial não é imprescindível ao</p><p>ajuizamento da ação penal. Na medida em que seu conteúdo é meramente informativo, se já dispuserem</p><p>o Ministério Público (na ação penal pública) ou o ofendido (na ação penal privada) dos elementos</p><p>necessários ao oferecimento da denúncia ou queixa-crime (indícios de autoria e prova da materialidade</p><p>38 Sinopse para Concursos. Processo Penal Parte Geral, Leonardo Barreto Moreira Alves, 2021, Editora Juspodivm.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>114</p><p>do fato), poderá ser dispensado o procedimento policial sem que isto importe qualquer irregularidade</p><p>(arts. 39, § 5, e 46, § 1º, do CPP).</p><p>- INQUISITORIAL: não há que se falar em contraditório ou ampla defesa na fase do inquérito</p><p>policial.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2018 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: Delegado de Polícia.</p><p>Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às garantias</p><p>constitucionais.</p><p>No âmbito do inquérito policial, cuja natureza é inquisitiva, não se faz necessária a aplicação plena do</p><p>princípio do contraditório, conforme a jurisprudência dominante.</p><p>Gab. CERTO.</p><p>- PRESIDIDO EXCLUSIVAMENTE PELO DELEGADO DE POLÍCIA: embora a</p><p>investigação preliminar não seja exclusiva da autoridade policial, podendo outros órgãos proceder a</p><p>investigação, por exemplo, o Ministério Público através do PIC, a presidência do inquérito policial é</p><p>atribuição exclusiva do Delegado de Polícia. Somente o Delegado de Polícia tem atribuição para</p><p>presidir o inquérito policial. Nesse sentido, explica Norberto Avena “a previsão legal de que incumbe</p><p>ao delegado a condução do inquérito policial não implica a proibição de que outros órgãos realizem</p><p>investigações criminais, como é o caso do Ministério Público. Destarte, deve a lei ser interpretada no</p><p>sentido de que a presidência do inquérito policial é incumbência do delegado, e não que a atividade</p><p>investigatória, em qualquer caso, seja exclusividade absoluta da polícia”.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2009 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF Prova: Delegado de Polícia. Nos termos da Constituição</p><p>Federal, ressalvada a competência da União, incumbem às polícias civis, dirigidas por delegados de</p><p>polícia de carreira, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.</p><p>Portanto, com as ressalvas constitucionais, cabe à polícia civil conduzir as investigações necessárias,</p><p>colhendo provas pré-constituídas e formar o inquérito, que servirá de base de sustentação a uma futura</p><p>ação penal. Acerca do tema inquérito policial, e com fundamento na orientação jurisprudencial do</p><p>Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa incorreta.</p><p>A. Arquivado o inquérito policial por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode</p><p>a ação penal ser iniciada, sem novas provas.</p><p>B. Pode o Ministério Público, como titular da ação penal pública, proceder a investigações e presidir o</p><p>inquérito policial.</p><p>C. Constitui direito do investigado e do respectivo defensor</p><p>o acesso aos elementos coligidos no</p><p>inquérito policial, ainda que este tramite sob segredo de justiça.</p><p>D. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.</p><p>E. O inquérito policial é dispensável, já que o Ministério Público pode embasar seu pedido em peças de</p><p>informação que concretizem justa causa para a denúncia.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>115</p><p>Gab. B.</p><p>Justificativa: Atenção, a questão pediu a alternativa incorreta. De fato, o MP pode investigar, contudo</p><p>a presidência do inquérito policial é exclusiva do Delegado de Polícia, o que torna a assertiva incorreta.</p><p>ATRIBUIÇÃO DO DELEGADO DE POLÍCIA: presidência do Inquérito Policial.</p><p>Lei nº. 12.830/2013</p><p>Art. 2º. As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo</p><p>Delegado de Polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.</p><p>§1º. Ao delegado de polícia, cabe a condução da investigação criminal por meio de</p><p>inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo, a</p><p>apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.</p><p>Embora a atribuição da presidência do inquérito policial seja exclusiva da polícia, existem outros</p><p>meios de investigação que poderão ser feitos por outro órgão, que não a Polícia Judiciária. (Ex.</p><p>Ministério Público realiza PIC - Procedimento Investigatório Criminal).</p><p>§2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de</p><p>perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos.</p><p>(Desde que respeitada a Cláusula de Reserva de Jurisdição: por expressa previsão</p><p>constitucional, compete exclusivamente aos órgãos do Poder Judiciário, com total</p><p>exclusão de qualquer outro órgão estatal, a prática de determinadas restrições a</p><p>direitos e garantias individuais).</p><p>(...)</p><p>§4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente</p><p>poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho</p><p>fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos</p><p>procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia das</p><p>investigações.</p><p>- IDENTIFICAR ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO (autor do ilícito e elementos de</p><p>materialidade do delito): o inquérito policial tem a finalidade de colher elementos informativos.</p><p>No tocante aos elementos informativos, temos que eles são colhidos na fase do inquérito policial.</p><p>Diferentemente das provas, que são colhidas na fase do processo. Nesse momento, não há necessidade</p><p>de observância do contraditório e da ampla defesa. Tem por função corroborar na opinio delicti e serem</p><p>úteis para a eventual decretação de medidas cautelares.</p><p>Candidato, o juiz pode fundamentar sua decisão com base apenas nos elementos</p><p>informativos? Nos termos do art. 155 do CPP, não pode ser se for exclusivamente. O JUIZ NÃO PODE</p><p>CONDENAR COM BASE APENAS com o que consta no IP, pode utilizá-lo de maneira a complementá-</p><p>lo.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>116</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2016 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-GO Prova: Agente de Polícia Substituto.</p><p>A respeito do IP e da instrução criminal, assinale a opção correta.</p><p>A. O juiz é livre para apreciar as provas e, de acordo com sua convicção íntima, poderá basear a</p><p>condenação do réu exclusivamente nos elementos informativos colhidos no IP.</p><p>Gab. ERRADO.</p><p>Nos termos do art. 155 do Código de Processo Penal, embora o juiz possua liberdade para</p><p>apreciar as provas, é necessária a motivação, e não poderá proferir condenação com base</p><p>exclusivamente nos chamados “elementos informativos”. Vejamos a legislação:</p><p>Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em</p><p>contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos</p><p>elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não</p><p>repetíveis e antecipadas.</p><p>4.3.2. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL</p><p>Candidato, qual a natureza jurídica do Inquérito Policial? A natureza jurídica do inquérito</p><p>policial é ser PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO e não processo, desta forma uma eventual</p><p>irregularidade não contamina os atos subsequentes, conforme preceitua o STF:</p><p>2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal estabelece que a suspeição de autoridade</p><p>policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera peça informativa, de</p><p>que se serve o Ministério Público para o início da ação penal. Precedentes. 3. É inviável</p><p>anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito, pois, segundo</p><p>jurisprudência firmada neste Supremo Tribunal, as nulidades processuais concernem tão</p><p>somente aos defeitos de ordem jurídica pelos quais afetados os atos praticados ao longo da ação</p><p>penal condenatória. Precedentes. (RHC 131450, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda</p><p>Turma, julgado em 03/05/2016).</p><p>Nesse sentido, explica Leonardo Barreto [2021, pág. 252]39:</p><p>39 Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora</p><p>JusPodivm,2021.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>117</p><p>Diante disso, assevera-se que eventuais vícios existentes no inquérito policial não têm o</p><p>condão de contaminar a futura ação penal ajuizada com base nele. Ou seja, diligências</p><p>investigatórias que sejam colhidas descumprindo a forma prevista no ordenamento jurídico não</p><p>repercutem na futura ação penal, não têm como consequência a nulidade do processo.</p><p>O inquérito policial é um procedimento administrativo, não se trata de processo judicial, bem</p><p>como, de processo administrativo. Em sendo procedimento administrativo, dele não resulta a</p><p>imposição direta de uma sanção penal. Conforme apontado acima, uma das consequências da natureza</p><p>do Inquérito Policial como sendo procedimento administrativo, é de que os vícios constantes do mesmo</p><p>não contaminam o processo penal que der origem, SALVO na hipótese das chamadas provas ilícitas.</p><p>Exemplo de irregularidades que não tem o condão de macular a futura ação penal: crimes de</p><p>competência da justiça estadual sendo investigado pela Polícia Federal. Nesse caso, haverá mera</p><p>irregularidade.</p><p>STF:</p><p>Não há nulidade na ação penal instaurada a partir de elementos informativos colhidos em</p><p>inquérito policial que não deveria ter sido conduzido pela Polícia Federal considerando que</p><p>a situação não se enquadrava no art. 1º da Lei</p><p>Caso concreto: a Polícia Federal, sob a supervisão do Ministério Público estadual e do Juízo de</p><p>Direito, conduziu inquérito policial destinado a apurar crimes de competência da Justiça</p><p>Estadual. Entendeu-se que a Polícia Federal não tinha atribuição para apurar tais delitos</p><p>considerando que não se enquadravam nas hipóteses do art. 144, § 1º da CF/88 e do art. 1º da</p><p>Lei nº 10.446/2002.</p><p>A despeito disso, o STF entendeu que não havia nulidade na ação penal instaurada com base nos</p><p>elementos informativos colhidos.</p><p>O fato de os crimes de competência da Justiça Estadual terem sido investigados pela Polícia</p><p>Federal não geram nulidade. Isso porque esse procedimento investigatório, presidido por</p><p>autoridade de Polícia Federal, foi supervisionado pelo Juízo estadual (juízo competente) e por</p><p>membro do Ministério Público estadual (que tinha a atribuição para a causa).</p><p>O inquérito policial constitui procedimento administrativo, de caráter meramente informativo e</p><p>não obrigatório à regular instauração do processo-crime, cuja finalidade consiste em subsidiar</p><p>eventual denúncia a ser apresentada pelo Ministério Público, razão pela qual irregularidades</p><p>ocorridas não implicam, de regra, nulidade de processo-crime.</p><p>O art. 5º, LIII, da Constituição Federal, afirma que “ninguém será processado nem sentenciado</p><p>senão pela autoridade competente”. Esse dispositivo contempla o chamado “princípio</p><p>do juiz</p><p>natural”, princípio esse que não se estende para autoridades policiais, considerando que estas não</p><p>possuem competência para julgar.</p><p>Logo, não é possível anular provas ou processos em tramitação com base no argumento de que</p><p>a Polícia Federal não teria atribuição para investigar os crimes apurados.</p><p>A desconformidade da atuação da Polícia Federal com as disposições da Lei nº 10.446/2002 e</p><p>eventuais abusos cometidos por autoridade policial, embora possam implicar responsabilidade</p><p>no âmbito administrativo ou criminal dos agentes, não podem gerar a nulidade do inquérito ou</p><p>do processo penal.</p><p>STF. 1ª Turma. HC 169348/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2019 (Info 964).</p><p>Ainda sobre a não contaminação dos vícios do inquérito policial na ação penal subsequente: Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>118</p><p>É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada em</p><p>inquérito policial</p><p>A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera</p><p>peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início da ação penal.</p><p>Assim, é inviável a anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito,</p><p>pois, segundo jurisprudência firmada no STF, as nulidades processuais estão relacionadas apenas</p><p>a defeitos de ordem jurídica pelos quais são afetados os atos praticados ao longo da ação penal</p><p>condenatória.</p><p>STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824).</p><p>Por outro lado, podemos apontar como irregularidade na fase do inquérito policial que irá</p><p>macular o futuro processo, a confissão do agente na Delegacia obtida mediante tortura dos agentes</p><p>públicos. Nesse caso, estamos diante de uma prova ilícita por patente violação a norma de direito</p><p>material. Não cabe falarmos em mera irregularidade neste segundo caso.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2018 Banca: CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia Federal.</p><p>Julgue o seguinte item, a respeito de suspeição e impedimento no âmbito do processo penal.</p><p>O fato de não ser cabível a oposição de exceção de suspeição à autoridade policial na presidência do IP</p><p>faz, por consequência, que não sejam cabíveis as hipóteses de suspeição em investigação criminal.</p><p>Gab. ERRADO.</p><p>Inicialmente, cumpre reafirmarmos que de fato, não é cabível a exceção de suspeição em face da</p><p>autoridade policial, nos termos do art. 107 do CPP. Contudo, isso não significa que não seja possível a</p><p>alegação de suspeição, inclusive, o CPP declina que esta deverá ser levantada pelo próprio delegado de</p><p>polícia, quando ocorrer motivo legal. Nesse sentido, o texto normativo “não se poderá opor suspeição</p><p>às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer</p><p>motivo legal”.</p><p>4.3.3. FUNÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL</p><p>A função preparatória do inquérito policial, que é a função mais conhecida entre os estudiosos,</p><p>revela o lastro probatório mínimo necessário para o ajuizamento da ação penal.</p><p>FUNÇÃO PREPARATÓRIA FUNÇÃO PRESERVADORA</p><p>O inquérito policial serve para fornecer elementos</p><p>de informação para que o titular da ação penal</p><p>forme sua opinio delicti.</p><p>O inquérito policial inibe ações penais</p><p>temerárias, evitando imputações criminais</p><p>infundadas.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>119</p><p>Dessa forma, temos que a finalidade do inquérito policial é colher elementos de informação a</p><p>respeito da autoria, materialidade e circunstâncias do crime para subsidiar a opinio delicti. A</p><p>opinio delicti é a convicção do titular da ação penal de que houve um crime e que um crime foi praticado</p><p>por determinada pessoa.</p><p>Em concurso de Delegado de Polícia Civil da Bahia (2022), foi apontada como CORRETA a seguinte</p><p>afirmação: “O inquérito policial é um procedimento preliminar, extrajudicial e preparatório para a ação</p><p>penal, sendo por isso considerado como a primeira fase da persecutio criminis; é instaurado pela polícia</p><p>judiciária e tem como finalidade a apuração de infração penal e de sua respectiva autoria”.</p><p>Vale destacar que o inquérito policial além de ser instrumento unidirecional com função</p><p>preparatória (para eventual ação penal), possui uma função preservadora da dignidade da pessoa</p><p>humana e do status de inocência (binômio de função preparatória-preservadora).</p><p>Conforme ensina o prof. Norberto Avena, a função preservadora do inquérito policial está</p><p>relacionada ao intuito de evitar imputações infundadas ou levianas. Tal linha de pensamento, ao fim e</p><p>ao cabo, importa em afastar a clássica função unidirecional da investigação criminal, voltada</p><p>exclusivamente para a acusação.</p><p>O inquérito policial também possui uma função preservadora. Fala-se em função preservadora</p><p>pelo fato de que o inquérito serve como instrumento de inibir a instauração de um processo</p><p>destituído de elementos de autoria e materialidade, ou seja, um processo temerário.</p><p>Nesse sentido, explica Leonardo Barreto [2021, pág, 234]40:</p><p>Função preservadora: é a função que assegura que o inquérito servira como filtro contra</p><p>processos penais temerários, levianos, arbitrários, o que violaria direitos fundamentais</p><p>colocados em jogo, notadamente a presunção de inocência, o status dignitatis e a dignidade da</p><p>pessoa humana. Entende-se que o simples ajuizamento da ação penal contra alguém provoca um</p><p>fardo à pessoa [...], não podendo, pois, ser ato leviano, desprovido de provas e sem um exame</p><p>pré-constituído da legalidade. Esse mecanismo auxilia a Justiça Criminal a preservar inocentes</p><p>de acusações injustas e temerárias, garantindo um juízo inaugural de delibação, inclusive para</p><p>verificar se se trata de fato definido como crime? O inquérito constitui-se assim em um meio de</p><p>afastar dúvidas e corrigir o prumo da investigação, evitando-se o indesejável erro judiciário [...].</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>40 Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora</p><p>JusPodivm,2021.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>120</p><p>Em concurso de Delegado de Polícia Civil do Pará (2016), foi apontada como CORRETA a seguinte</p><p>afirmação: “O inquérito ostenta a função preservadora, consistente em preservar a inocência contra</p><p>acusações infundadas e o organismo judiciário contra o custo e a inutilidade em que estas redundariam,</p><p>propiciando sólida base e elementos para a propositura e exercício da ação penal”.</p><p>4.3.4. FINALIDADE</p><p>O inquérito policial possui a finalidade de apurar os elementos de informação quanto a</p><p>autoria e materialidade de uma infração penal. É cediço que após a prática delitiva, surge para o</p><p>Estado o poder-dever de punir o autor do delito, esse poder-dever constituir-se no chamado jus puniendi.</p><p>Nesse contexto, o inquérito policial apresenta-se como instrumento disponibilizado ao Estado</p><p>destinado à colheita de elementos de informação quanto à autoria e à materialidade do delito,</p><p>viabilizando posterior propositura da ação penal pelo seu titular (seja o Ministério Público ou a</p><p>vítima/ofendido). O propósito dos elementos de informação colhidos no inquérito policial é fornecer</p><p>ao titular da ação penal subsídios para o oferecimento da peça acusatória (denúncia ou queixa-</p><p>crime).</p><p>Corroborando ao exposto, preceitua Fábio Roque e Klaus Negri (2020): 41</p><p>O objetivo do inquérito policial é apurar a existência da infração penal (materialidade) e quem a</p><p>cometeu (autoria), consoante o art. 4°, CPP. De modo prático, não visa a fornecer os elementos</p><p>necessários para que o titular da ação penal mova uma ação penal; visa, na verdade, a munir o</p><p>acusador de elementos para formar o seu convencimento, isto é, a formar a sua opinio</p><p>delicti, de modo que disso pode ensejar – ou não – uma ação penal.</p><p>4.3.5. ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO E</p><p>PROVAS</p><p>Candidato, muito se destaca sobre a finalidade do inquérito policial ser a de colher</p><p>elementos de informação, mas o que são esses elementos de informação? São provas?</p><p>Muita atenção nesse ponto, prezado candidato. É de extrema relevância a distinção entre os</p><p>chamados elementos de informação e as provas. Desse modo, já podemos afirmar a indagação no</p><p>sentido de que não, elementos de informação não é sinônimo de provas e devemos vislumbrar de forma</p><p>pontual a distinção entre eles.</p><p>Vejamos, inicialmente, o que prevê o Código de Processo Penal:</p><p>Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida</p><p>em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente</p><p>41 Costa, Klaus Negri. Processo penal didático/ Klaus Negri Costa, Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodbm, 3 Ed.</p><p>rev. Ampl. e atual 2020.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>121</p><p>nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas</p><p>cautelares, não repetíveis e antecipadas.</p><p>Ao analisarmos o teor do art. 155 do CPP, já podemos extrair uma conclusão: enquanto a prova</p><p>é produzida em contraditório judicial, os elementos informativos (elementos de informação) são</p><p>colhidos na fase de investigação.</p><p>Em RESUMO:</p><p>ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO PROVAS</p><p>São colhidos na fase investigatória. São produzidas na fase judicial. SALVO, as</p><p>provas cautelares, irrepetíveis e antecipadas.</p><p>É desnecessário a observância do contraditório e</p><p>da ampla defesa.</p><p>Torna-se imprescindível a observância dos</p><p>princípios do contraditório e da ampla defesa.</p><p>Atuação excepcional do juiz (cláusula de reserva de</p><p>jurisdição). Para confecção dos elementos de</p><p>informação como regra, não será necessária a</p><p>participação do juiz, salvo nos casos em que durante</p><p>a investigação se precise vulnerar um direito de</p><p>intimidade, por exemplo, decretação da</p><p>interceptação telefônica.</p><p>Atuação de ofício: Não é cabível atuação de ofício</p><p>do juiz nessa fase (reforçada pela Lei 13.964/19).</p><p>O juiz é dotado de iniciativa probatória</p><p>(subsidiária).</p><p>Buscam a formação da opinio delicti do titular da</p><p>ação penal. Além disso, colabora na junção de</p><p>elementos necessários para a decretação de medidas</p><p>cautelares (ex. elementos para a fundamentação da</p><p>decretação da prisão preventiva).</p><p>Buscam convencer o juiz para posterior sentença.</p><p>Assim, contemplamos que as provas corroboram</p><p>para o convencimento do juiz.</p><p>Nesse sentido, explica Leonardo Barreto [2021, pág, 235]42:</p><p>Elementos de informação: são produzidos na investigação criminal, no intuito</p><p>de se promover um juizo de probabilidade, não havendo o respeito ao</p><p>contraditório e à ampla defesa, muito menos à publicidade e à imediatidade, não</p><p>podendo ser utilizados, via de regra, para a formação do convencimento do juiz</p><p>e consequente prolação de sentença penal condenatoria.</p><p>Provas: são produzidas no processo penal, diante de um juiz, com respeito ao</p><p>contraditório, ampla detesa, publicidade e imediatidade, e pretendem formar o</p><p>convencimento do juiz, permitindo que este venha a utilizá-la para fins de</p><p>condenação do réu.</p><p>42 Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora</p><p>JusPodivm,2021.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>122</p><p>Candidato, é possível o magistrado utilizar os elementos informativos para fundamentar</p><p>sua sentença? Nos termos do art. 155 do CPP, não pode ser se for exclusivamente com base neles, ou</p><p>seja, não poderá condenar com base apenas nos elementos informativos.</p><p>O JUIZ NÃO PODE CONDENAR COM BASE APENAS com o que consta no inquérito</p><p>policial, contudo, pode utilizá-lo de maneira a complementá-lo. Desse modo, contemplamos que o</p><p>juiz pode se valer dos elementos de informação para fundamentar a sentença condenatória desde que</p><p>não baseadas exclusivamente nos elementos de informação, conforme preceitua o art. 155 do CP. Nesse</p><p>sentido, a Jurisprudência:</p><p>I. Habeas corpus: falta de justa causa: inteligência. 1. A previsão legal de</p><p>cabimento de habeas corpus quando não houver "justa causa" para a coação</p><p>alcança tanto a instauração de processo penal, quanto, com maior razão, a</p><p>condenação, sob pena de contrariar a Constituição. 2. Padece de falta de justa</p><p>causa a condenação que se funde EXCLUSIVAMENTE em elementos</p><p>informativos do inquérito policial. II. Garantia do contraditório: inteligência.</p><p>Ofende a garantia constitucional do contraditório fundar-se a condenação</p><p>exclusivamente em testemunhos prestados no inquérito policial, sob o pretexto</p><p>de não se haver provado, em juízo, que tivessem sido obtidos mediante coação.</p><p>(RE 287658, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma,</p><p>julgado em 16/09/2003).</p><p>4.3.6. ATRIBUIÇÃO DA POLÍCIA JUDICIÁRIA</p><p>Existem várias formas de investigação criminal, o PIC de atribuição do Ministério Público, por</p><p>exemplo. Contudo, outras autoridades que não seja a autoridade policial não pode instaurar e presidir</p><p>o inquérito, essa atribuição é única e exclusiva do Delegado. Nesse sentido, o art. Art. 2° § 1° da Lei</p><p>n. 12.830/2013. Vejamos:</p><p>Lei 12.830/2013, Art. 2° § 1° Ao DELEGADO DE POLÍCIA, na qualidade de</p><p>autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito</p><p>policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das</p><p>circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.</p><p>§ 2° Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de</p><p>perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos. (...)</p><p>§ 4° O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá</p><p>ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho</p><p>fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>123</p><p>dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia</p><p>da investigação.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2019 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: Promotor Substituto.</p><p>Sobre o inquérito policial, controle externo da atividade policial e poder investigatório do Ministério</p><p>Público, analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa incorreta:</p><p>A. O inquérito policial pode ser instaurado de ofício, por requisição do Ministério Público e a</p><p>requerimento do ofendido em casos de crime de ação penal pública incondicionada.</p><p>B. O membro do “Parquet”, com atuação na área de investigação criminal, pode avocar a presidência do</p><p>inquérito policial, em sede de controle difuso da atividade policial.</p><p>C. No exercício do controle externo da atividade policial, o membro do “Parquet”, pode requisitar</p><p>informações, a serem prestadas pela autoridade, acerca de inquérito policial não concluído no prazo</p><p>legal, bem assim requisitar sua imediata remessa ao Ministério Público ou Poder Judiciário, no estado</p><p>em que se encontre.</p><p>D. O membro do Ministério Público pode encaminhar peças de informação em seu poder diretamente</p><p>ao Juizado Especial Criminal, caso a infração seja de menor potencial ofensivo.</p><p>E. No inquérito policial, a autoridade policial assegurará o sigilo necessário à elucidação do fato ou</p><p>exigido pelo interesse da sociedade e, no procedimento investigatório criminal, os atos e peças, em regra,</p><p>são públicos.</p><p>Gab. B.</p><p>Justificativa: No controle externo da atividade policial que incumbe ao MP, nos termos do art. 129, VII,</p><p>da CF, não há a possibilidade de avocar inquérito policial, cuja atribuição para presidência é da</p><p>autoridade policial. Lembre-se, a presidência do inquérito policial é de atribuição exclusiva da</p><p>autoridade policial.</p><p>4.3.7. FUNÇÕES EXERCIDAS PELA POLÍCIA</p><p>Polícia</p><p>Administrativa</p><p>Polícia</p><p>Judiciária</p><p>Polícia</p><p>Investigativa</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>124</p><p>a) Polícia Administrativa, Preventiva ou Ostensiva: é a atividade policial de natureza preventiva,</p><p>encontra-se atrelada a segurança pública, cujo propósito é de impedir a prática de infrações</p><p>penais. Denota-se, pois, o seu caráter preventivo. Exemplo: ronda ostensiva realizada pela Polícia</p><p>Militar. A polícia administrativa previne crimes.</p><p>b) Polícia Judiciária: é a atividade policial de natureza repressiva, cuja atuação acontece depois</p><p>que ocorre a prática de uma infração penal. É essa polícia que tem a missão de colher os</p><p>chamados elementos de informação para subsidiar a futura ação penal. Exemplo: Polícia Civil.</p><p>A polícia judiciária investiga crimes. Em suma, “é aquela voltada para a investigação criminal,</p><p>tendo, portanto, caráter repressivo, já que atua após a prática da infração penal, apurando a</p><p>sua autoria e materialidade” [ALVES, 2021, pág. 236]43.</p><p>c) Polícia Investigativa: Para parte da doutrina a função de polícia investigativa não é a mesma</p><p>coisa da função de polícia judiciária, e a primeira não é exclusiva da polícia civil e federal. Temos</p><p>algumas disposições normativas que asseveram acerca da diferença entre funções investigativas</p><p>e judiciárias:</p><p>CF/88 Art. 144, § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e</p><p>mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:</p><p>I - APURAR INFRAÇÕES PENAIS contra a ordem política e social ou em detrimento de bens,</p><p>serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como</p><p>outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão</p><p>uniforme, segundo se dispuser em lei;</p><p>IV - exercer, com exclusividade, as funções de POLÍCIA JUDICIÁRIA da União.</p><p>Observe que nesse aspecto a polícia judiciária é diferente da polícia investigava, tendo em vista</p><p>que não teria sentido o legislador fazer tal distinção como vemos no artigo supracitado. Vejamos também</p><p>o texto da Lei 12.830/2013:</p><p>Art. 2º As funções de POLÍCIA JUDICIÁRIA e a APURAÇÃO DE INFRAÇÕES PENAIS</p><p>exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.</p><p>Súmula Vinculante 14 do STF: Súmula Vinculante 14 STF - É direito do defensor, no interesse</p><p>do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em</p><p>procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,</p><p>digam respeito ao exercício do direito de defesa.</p><p>43 Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora</p><p>JusPodivm,2021.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>125</p><p>No tocante ao teor da súmula vinculante n. 14, ao analisarmos pontualmente seu texto,</p><p>vislumbrarmos um primeiro erro – expressão elementos de prova “não há o que se falar elementos de</p><p>prova, em âmbito de investigação temos os chamados elementos de informação”, enquanto no âmbito</p><p>processual temos a prova propriamente (elementos de prova tecnicamente não existe). Posteriormente</p><p>cumpre destacar a expressão “competência” (deveria ser atribuição ou função) de polícia judiciária,</p><p>também é um termo que tecnicamente equivocado, competência é atrelado a função jurisdicional. De</p><p>qualquer forma, apesar dos erros, a súmula traz uma ideia de não diferenciação de polícia investigativa</p><p>e judiciária. Desta feita, podemos concluir acerca deste tema, que com relação a função de polícia</p><p>investigativa e judiciária é possível que sejam tratadas de forma divergente, bem como, de forma</p><p>sinônima.</p><p>4.3.8. VALOR PROBATÓRIO E VÍCIOS NA FASE DO INQUÉRITO POLICIAL</p><p>Candidato, qual o valor probatório do Inquérito Policial? O inquérito policial TEM VALOR</p><p>PROBATÓRIO RELATIVO, o que significa dizer que os elementos informativos colhidos nessa fase,</p><p>não são hábeis a fundamentar uma sentença condenatória, por si só, isso porque esses elementos</p><p>informativos não foram submetidos ao contraditório e a ampla defesa.</p><p>O valor probatório do inquérito policial é relativo, no sentido de que ele, por si só, não pode ser</p><p>utilizado para a formação do convencimento do juiz e consequente prolação de sentença penal</p><p>condenatória. E que os elementos informativos da investigação são produzidos sem a</p><p>observância do contraditório e da ampla defesa, ou seja, de forma unilateral, a partir de</p><p>determinações emanadas do delegado de polícia, sem envolvimento direto e efetivo do</p><p>investigado e do Ministério Público44.</p><p>Dessa forma, temos que o valor probatório do inquérito policial é relativo. Os elementos</p><p>produzidos na fase inquisitorial não estão sujeitos ao contraditório e à ampla defesa.</p><p>Quando se fala de inquérito policial, é preciso lembrar que o inquérito policial por si só não</p><p>produz provas. Prova é um elemento que demonstra determinado fato, mas que está sujeito ao</p><p>contraditório e à ampla defesa. Ou seja, é quando o titular da ação penal produz um elemento mostrando</p><p>que um fato ocorreu e que foi praticado por determinada pessoa, mas aquele que é imputado pode</p><p>contraditar, pode se defender daquilo que está sendo demonstrado.</p><p>44 Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora</p><p>JusPodivm,2021.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>126</p><p>No inquérito policial, em regra, não há provas, há elementos de informação. Quando o</p><p>delegado de polícia descobre algum fato no âmbito do inquérito policial, ele está descobrindo um</p><p>elemento de informação.</p><p>CPP, Art. 155. “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em</p><p>contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos</p><p>informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e</p><p>antecipadas.”</p><p>É possível, durante o inquérito policial, a produção de provas. Mas no caso dessas provas</p><p>não há que se falar em contraditório real, mas apenas em contraditório diferido.</p><p>a) Provas cautelares: produzidas no momento anterior à ação penal, e que precisam ser produzidas</p><p>naquele momento, pois serão utilizadas posteriormente na ação penal, e se não for produzida não</p><p>terá como dar prosseguimento as investigações, pois há um risco de perecimento. Exemplo:</p><p>Interceptação telefônica.</p><p>b) Provas não repetíveis: eventualmente podem vir a se perder se não forem produzidas em um</p><p>momento específico. Exemplo: exame de corpo de delito em vítima do crime de lesão corporal.</p><p>No caso as marcas corporais podem vir a se perder se não forem registradas</p><p>c) Provas antecipadas: produzidas antes mesmo da ação penal. São aquelas produzidas perante o</p><p>juiz, antes do momento adequad, ou seja, em momento processual distinto do previsto. Exemplo:</p><p>Testemunha com 89 anos de idade com COVID-19, a chance dessa testemunha vir a falecer é</p><p>alta, então o juiz determina a colheita do depoimento antecipadamente [art. 225 do CPP].</p><p>Em RESUMO:</p><p>PROVAS CAUTELARES PROVAS IRREPETÍVEIS PROVAS ANTECIPADAS</p><p>São aquelas que sofrem risco</p><p>de perecimento;</p><p>São aquelas que uma vez</p><p>realizadas não poderão ser</p><p>refeitas;</p><p>São aquelas produzidas</p><p>perante o juiz, antes do</p><p>momento adequado;</p><p>Ex.: Interceptação telefônica;</p><p>Ex.: Exame de corpo de</p><p>delito em vítima de agressão.</p><p>Ex.: Interrogatório de</p><p>testemunha em estado</p><p>terminal.</p><p>Dependem de autorização</p><p>judicial;</p><p>Não dependem de</p><p>autorização judicial;</p><p>Dependem de autorização</p><p>judicial;</p><p>Possuem contraditório</p><p>postergado ou diferido.</p><p>Possuem contraditório</p><p>postergado ou diferido.</p><p>Possuem contraditório real.</p><p>CPP Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas</p><p>respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.</p><p>Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades</p><p>administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. Licenciado para:</p><p>crimes de</p><p>guerra e crimes de agressão. Esse Tribunal integra a própria jurisdição Brasileira, embora em âmbito</p><p>internacional. É possível a entrega (não se confunde com extradição) ao TPI de um indivíduo, mesmo</p><p>que tenha praticado crime no Brasil.</p><p>II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos</p><p>crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal</p><p>Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100);</p><p>O inciso II trata da chamada jurisdição política, crimes de natureza político-administrativa. A</p><p>própria CF em seu art. 52, I e II afirma que compete ao Senado Federal processar e julgar Presidente e</p><p>Vice-Presidente nos crimes de responsabilidade, bem como ministros de Estado e comandantes da</p><p>Marinha, Exército e Aeronáutica, bem como Ministros do STF, membros do CNJ e do CNMP, o PGR e</p><p>o Advogado geral da União nos crimes de responsabilidade (previstos na Lei 1.079/1950).</p><p>III - os processos da competência da Justiça Militar;</p><p>Esses processos seguem o Código de Processo Penal Militar (Decreto-Lei 1002/69). Os crimes</p><p>eleitorais também fazem parte dessa ressalva do Art. 1º, embora não citado nos incisos deste parágrafo,</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>16</p><p>os crimes eleitorais são regidos pelo Código Eleitoral Lei 4737/1965 (o CPP foi regido a luz da CF de</p><p>1937, por esse motivo os crimes eleitorais não se fazem presentes no referido artigo).</p><p>IV - os processos da competência do tribunal especial. (Constituição, art. 122, no 17);</p><p>Essa referência é a Constituição de 1937, no qual esse tribunal especial julgava delitos políticos</p><p>ou contra a economia popular, mas hoje não existe mais. Recentemente, a Lei nº 14.197/2021</p><p>acrescentou o Título XII ao Código Penal, criando crimes contra o Estado democrático de Direito. Os</p><p>"crimes políticos", assim nomeados pela doutrina e pela Constituição, retornam ao Código Penal. Desde</p><p>então, existem posições jurídicas diversas acerca da natureza jurídica e competência para julgamento</p><p>desses crimes. Quando o debate for resolvido pelos tribunais, nos conflitos positivos ou negativos de</p><p>competência, e se ficar definido que ainda se tratem de crimes políticos, estes têm competência originária</p><p>à Justiça Federal</p><p>V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130)</p><p>A Lei 5.250/1967 foi considerada não recepcionada pela CF 88 na ADPF 130-7.</p><p>Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V,</p><p>quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.</p><p>Tendo em vista que o parágrafo faz menção aos incisos que não são aplicados, se aproveita</p><p>apenas o final no que tange que será aplicado ao Código de Processo Penal quando as Leis especiais não</p><p>dispuserem de modo diverso, ou seja o CPP também é aplicado subsidiariamente, por exemplo, na Lei</p><p>de Drogas 11.343/06, na Lei Maria da Penha 11.340/06, no Estatuto do Idoso Lei 10.741/03, art. 94, nas</p><p>infrações de menor potencial ofensivo Lei 9.099/95, etc.</p><p>Observação: No Código Penal temos a chamada extraterritorialidade:</p><p>Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 1984).</p><p>I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).</p><p>a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984).</p><p>b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de</p><p>Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída</p><p>pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984).</p><p>c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de</p><p>1984).</p><p>d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº</p><p>7.209, de 1984).</p><p>II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).</p><p>a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de</p><p>1984).</p><p>b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984).</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>17</p><p>c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,</p><p>quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984).</p><p>Contudo, a LEI PROCESSUAL PENAL NÃO POSSUI EXTRATERRITORIALIDADE,</p><p>isso é uma consequência da própria soberania de cada país, para não ocorrer que um juiz americano</p><p>aplique a Lei processual penal Brasileira, por exemplo. Contudo, a doutrina aponta três exceções, em</p><p>que seria possível a aplicação da lei processual penal de um Estado ser aplicada fora dos seus limites</p><p>territoriais, são elas:</p><p>a) Aplicação da lei processual penal Brasileira em território nullius (território de ninguém);</p><p>b) Existência de autorização de um determinado país para que o ato processual seja praticado em</p><p>seu território de acordo com a lei processual penal Brasileira, ou seja, quando houver</p><p>autorização do Estado onde deve ser praticado o ato processual;</p><p>c) Na situação de guerra, em território ocupado.</p><p>1.4. LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO</p><p>Em matéria penal, a regra da lei penal no tempo é a do uso da lei vigente à época do fato.</p><p>Possuindo a exceção da extratividade, que seria a retroatividade (aplicação da lei a momento anterior de</p><p>sua vigência) e a ultratividade (aplicação da Lei já revogada em momento posterior ao término de sua</p><p>vigência), quando em benefício do réu, conforme afirma a CF: Art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá,</p><p>salvo para beneficiar o réu.</p><p>Contudo, no âmbito do processo penal a regra é diferente, conforme determina o Art. 2º do</p><p>CPP. Vejamos:</p><p>Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos</p><p>realizados sob a vigência da lei anterior.</p><p>Observe que este artigo 2° do CPP traz inicialmente o PRINCÍPIO DA APLICAÇÃO</p><p>IMEDIATA DA LEI PROCESSUAL PENAL. Dessa forma, se no curso do processo sobrevier nova</p><p>norma processual penal, os atos que foram realizados sob a vigência da lei anterior permanecem válidos,</p><p>aos atos processuais posteriores, contudo, aplicar-se-á de imediato a nova lei processual penal.</p><p>Lembre-se que no Direito Penal existe a irretroatividade da lei penal mais gravosa, quando o</p><p>indivíduo comete um crime ele deverá cumprir a pena imposta na época em que praticou a conduta,</p><p>independente se posteriormente foi aumentada a pena com nova Lei, esta não poderá retroagir para</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>18</p><p>prejudicar o réu. Enquanto o Direito Processual Penal, irá trabalhar apenas com regras de procedimentos,</p><p>desta feita a aplicação será imediata.</p><p>Nesse sentido, preceitua Fábio Roque e Klaus Negri (2020) 3</p><p>Vige, portanto, em nossa legislação, o princípio do tempus regit actum, ou seja, o tempo rege o</p><p>ato. É a regra. A lei, uma vez publicada, produzirá efeitos para o futuro (ex nunc). Os atos</p><p>anteriormente praticados, desde que válidos (de acordo com as normas vigentes), estarão</p><p>preservados.</p><p>Nessa mesma linha, propõe Norberto Avena4</p><p>Incide, enfim, o princípio tempus regit actum, também chamado de princípio do efeito imediato</p><p>ou da aplicação imediata da lei processual, significando que o tempo rege a forma como deve</p><p>revestir-se o ato processual e os efeitos que dele podem decorrer. Logo, se no curso de um</p><p>processo criminal sobrevier nova lei processual, os atos já realizados sob a égide da lei</p><p>anterior manterão sua validade normal. Contudo, os atos posteriores serão praticados</p><p>segundo os termos da nova normatização.</p><p>Em seguida o artigo trata acerca da manutenção dos atos realizados sob a vigência da lei anterior,</p><p>no qual temos alguns sistemas de aplicação:</p><p>SISTEMA DA UNIDADE PROCESSUAL: a partir do momento que um processo se inicia sob</p><p>a vigência de</p><p>Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>127</p><p>Polícia judiciária: Polícias Civis e Polícia Federal. É a polícia que auxilia o Poder Judiciário</p><p>para as futuras ações penais e para a persecução penal. São instituições comandadas por um delegado de</p><p>polícia.</p><p>Obs.: o mero fato de um delegado de polícia de determinada localidade investigar um crime praticado</p><p>em outra localidade não gera irregularidade. Todas as provas produzidas, desde que lícitas, serão válidas</p><p>e ensejarão provas no âmbito da ação penal.</p><p>Candidato, caso um delegado de Polícia Civil investigue um crime de competência da</p><p>Justiça Federal que, em tese, deveria ser investigado pela Polícia Federal, haverá algum vício?</p><p>Pode-se falar que há uma irregularidade, mas essa mera irregularidade não gerará qualquer sanção</p><p>processual. Os elementos e as provas colhidas por esse delegado de Polícia Civil serão válidas e não</p><p>vão macular a ação penal, ainda que essa ação penal seja de competência da Justiça Federal.</p><p>Sobre o tema, vejamos o informativo do STJ:</p><p>A ausência de afirmação da autoridade policial de sua própria suspeição não eiva</p><p>de nulidade o processo judicial, por si só, sendo necessária a demonstração do</p><p>prejuízo suportado pelo réu.</p><p>Caso concreto: após a condenação, a defesa do réu descobriu que um dos Delegados</p><p>que participou das investigações – conduzidas pelo Ministério Público – seria suspeito</p><p>já que seu pai também teria envolvimento com a organização criminosa. Logo, o</p><p>Delegado deveria ter se declarado suspeito, nos termos do art. 107 do CPP: “Não se</p><p>poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas</p><p>declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. ” Para o STJ, contudo, o</p><p>descumprimento do art. 107 do CPP - quando a autoridade policial deixa de afirmar sua</p><p>própria suspeição - não gera, por si só, a nulidade do processo judicial, sendo necessária</p><p>a demonstração do prejuízo suportado pelo réu. O inquérito é uma peça de informação,</p><p>destinada a auxiliar a construção da opinio delicti do MP. Vale ressaltar, inclusive, que</p><p>o inquérito é uma peça facultativa. Logo, possíveis irregularidades ocorridas no</p><p>inquérito policial não afetam a ação penal. No caso concreto, dentre as provas que</p><p>fundamentaram a condenação do réu, apenas a interceptação telefônica foi realizada</p><p>com a participação do Delegado suspeito. A defesa, contudo, não se insurgiu contra o</p><p>conteúdo material das conversas gravadas nem indicou que seriam falsas. Assim, como</p><p>não foi demonstrado qualquer prejuízo causado pela suspeição, é inviável decretação de</p><p>nulidade da condenação. STJ. 5ª Turma. REsp 1942942-RO, Rel. Min. Ribeiro Dantas,</p><p>julgado em 10/08/2021 (Info 704).</p><p>4.3.9. NATUREZA DO CRIME E ATRIBUIÇÃO PARA AS INVESTIGAÇÕES</p><p>Nos crimes militares de competência da Justiça Militar da União, a atribuição para presidir a</p><p>investigação será de um oficial denominado “encarregado”, que será pertencente a mesma força armada</p><p>e via de regra terá uma patente maior que a do investigado.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>128</p><p>Da mesma forma, nos crimes militares de competência da Justiça Militar do Estado, a</p><p>atribuição para presidir a investigação será de um oficial denominado “encarregado”, que será</p><p>pertencente a mesma força armada e via de regra terá uma patente maior que a do investigado.</p><p>Nos crimes eleitorais via de regra a atribuição para investigação será da Polícia Federal,</p><p>considerando o interesse direto da União. No entanto existe uma exceção pacificada no TSE, nos locais</p><p>em que não houver sede da polícia federal, os crimes serão investigados pela polícia civil. Dessa forma,</p><p>contemplamos que a atribuição da PF não excluirá a atribuição subsidiária da polícia civil estadual, na</p><p>hipótese de município em que não haja órgão da Polícia Federal.</p><p>Habeas corpus. Oferecimento. Denúncia. Ausência. Pronunciamento. Autoridade Judiciária.</p><p>TRE. Crime eleitoral. Possibilidade. Investigá-lo. Polícia estadual. Ausência. Órgão da Polícia</p><p>Federal. Art. 290 do Código Eleitoral. Na investigação de crime eleitoral, não há óbice para a</p><p>atuação da polícia estadual quando no local do crime não existir órgão da Polícia Federal.</p><p>Ausência de constrangimento ilegal do paciente, em razão de oferecimento da denúncia, quando</p><p>presentes a tipicidade da conduta e indícios de autoria. O processo de habeas corpus não admite</p><p>o exame aprofundado das provas. Nesse entendimento, o Tribunal indeferiu o habeas corpus.</p><p>Unânime. Habeas Corpus n 439/SP, rel. Min. Carlos Velloso, em 15.5.2003.</p><p>Nos crimes de competência da justiça estadual, as investigações serão atribuição da polícia</p><p>civil. Contudo, cumpre destacarmos que nesse caso, é possível ainda a atuação da polícia federal (art.</p><p>144, par. 1º, I da CF/88).</p><p>Nos crimes de competência da justiça federal (art. 144, par. 1º, I da CF/88) há uma exceção.</p><p>A atribuição de investigação da polícia federal é maior que a competência dos crimes da justiça</p><p>federal, de forma que existem situações de crimes de competência da justiça estadual, mas que são</p><p>investigados pela polícia federal, desde que presentes dois requisitos cumulativos:</p><p>(i) Repercussão Interestadual ou Internacional e</p><p>(ii) Exigir Repressão Uniforme, conforme dispuser lei específica. (Lei 10.446/2002).</p><p>Trata-se de um rol exemplificativo prioritário (deve se tomar cuidado na hora de se ampliar o</p><p>rol). Desta forma se estiver presente crime do rol do art. 1º da Lei 10.446/2002 e estiver presente a</p><p>repercussão interestadual ou internacional e exigir repressão uniforme, a polícia federal sem qualquer</p><p>outra condicionante pode instaurar a investigação.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-ES Prova: Delegado de Polícia.</p><p>Em relação ao inquérito policial, assinale a opção correta.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>129</p><p>A. Havendo repercussão interestadual que exija repressão uniforme, o delegado da Polícia Federal</p><p>poderá apurar crimes cuja apuração seja de competência da justiça estadual, não havendo mácula apta a</p><p>invalidar a produção de provas.</p><p>B. O delegado de polícia não pode presidir nem instaurar inquérito policial para apurar crime ocorrido</p><p>fora de sua circunscrição territorial, pois o lugar de consumação do delito é o que define a atribuição da</p><p>polícia investigativa, em nome do princípio do delegado natural.</p><p>C. Se, no curso de investigações policiais presididas por delegado de polícia civil estadual, sobrevier a</p><p>federalização do crime, deverá ser mantida a atribuição da polícia civil estadual, uma vez que esta não</p><p>está subordinada à Polícia Federal e não há, no ordenamento jurídico brasileiro, a possibilidade de</p><p>instauração do incidente de deslocamento de competência no curso do inquérito.</p><p>D. O prazo para o delegado de polícia civil concluir o inquérito policial é de trinta dias, se o indiciado</p><p>estiver solto, configurando constrangimento ilegal a superação desse prazo sem autorização judicial, por</p><p>se tratar de prazo próprio.</p><p>E. Ainda que haja motivo de interesse público, o chefe de polícia civil não pode avocar nem redistribuir</p><p>o inquérito policial, uma vez que a regra dos atos administrativos não se aplica no âmbito da investigação</p><p>policial.</p><p>Gab. A.</p><p>Cumpre ressaltarmos que o parágrafo único deste artigo traz que se for outro crime que não</p><p>previsto no rol exemplificativo e presentes os dois requisitos cumulativos podem ensejar a atuação</p><p>investigativa da polícia federal, desde que autorizadas pelo ministro da justiça.</p><p>Art. 1º Na forma do inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição, quando houver repercussão</p><p>interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia</p><p>Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança</p><p>pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis</p><p>dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais:</p><p>I – sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro (arts. 148 e 159 do Código Penal),</p><p>se o agente foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública</p><p>exercida pela vítima;</p><p>II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro</p><p>de 1990);</p><p>III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se</p><p>comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte;</p><p>IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação</p><p>interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em</p><p>mais de um Estado da Federação. (Antiga quadrilha ou bando, agora associação criminosa).</p><p>V - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou</p><p>medicinais e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado,</p><p>corrompido, adulterado ou alterado (art. 273 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940</p><p>- Código Penal). (Incluído pela Lei nº 12.894, de 2013).</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>130</p><p>VI - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências bancárias ou</p><p>caixas eletrônicos, quando houver indícios da atuação de associação criminosa em mais de</p><p>um Estado da Federação. (Incluído pela Lei nº 13.124, de 2015).</p><p>VII – quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores que difundam</p><p>conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres.</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.642, de 2018).</p><p>Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o Departamento de Polícia Federal</p><p>procederá à apuração de outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou</p><p>determinada pelo Ministro de Estado da Justiça.</p><p>Em RESUMO:</p><p>CRIMES MILITARES Polícia Judiciária Militar. Encarregado.</p><p>CRIMES ELEITORAIS Polícia Federal. Subsidiariamente, a polícia civil Estadual.</p><p>CRIMES ESTADUAIS Polícia Civil. Excepcionalmente, Polícia Federal.</p><p>CRIMES FEDERAIS Polícia Federal.</p><p>4.3.10. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL</p><p>A. Procedimento Escrito: nos moldes do art. 9° do CPP, as peças do inquérito serão reduzidas</p><p>a escrito. Desse modo, temos que a forma escrita é que será adotada e prevalecerá na elaboração</p><p>do inquérito policial, leia-se, na formalização das investigações. E os atos praticados de forma</p><p>oral? Entende-se que esses deverão ser reduzidos a termo e, neste caso, rubricadas pela</p><p>CARACTERÍSTICAS</p><p>DO INQUÉRITO</p><p>POLICIAL</p><p>Escrito</p><p>Dispensável</p><p>Sigiloso</p><p>Inquisitorial</p><p>Discricionário</p><p>e Indisponível</p><p>Temporário</p><p>Oficiosidade</p><p>e</p><p>Oficialidade</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>131</p><p>autoridade policial. Corroborando ao exposto Norberto Avena45 “todos os atos realizados no</p><p>curso das investigações policiais serão formalizados de forma escrita e rubricados pela</p><p>autoridade, incluindo-se, nesta regra, depoimentos, testemunhos, reconhecimentos, acareações</p><p>e todo gênero de diligências que sejam realizadas”.</p><p>Vejamos o dispositivo legal:</p><p>Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a</p><p>escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.</p><p>B. Dispensabilidade: na eventual hipótese de o titular da ação penal já contar com elementos de</p><p>informação suficientes para subsidiar a futura ação penal, o inquérito policial poderá ser</p><p>dispensado. Nesse sentido, vejamos o texto normativo:</p><p>Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir</p><p>de base a uma ou outra.</p><p>Interpretando o teor do art. 12 do CPP em sentido contrário, podemos concluir que se não servir</p><p>de base para denúncia ou queixa, será dispensado. Contudo, se servir de base, deverá acompanhar a</p><p>peça (denúncia ou queixa-crime). Nessa mesma linha, dispõe o art. Art. 39 § 5° do CPP:</p><p>Art. 39, § 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a</p><p>representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e,</p><p>neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Em concurso de Delegado de Polícia Civil da Bahia (2022), foi apontada como CORRETA a seguinte</p><p>afirmação quanto a dispensabilidade do inquérito policial: “A instauração de inquérito policial não é</p><p>imprescindível à propositura da ação penal pública, podendo o Ministério Público valer-se de outros</p><p>elementos de prova para formar sua convicção”.</p><p>Obs.: Existe uma doutrina minoritária, uma corrente doutrinária, que entende que o</p><p>inquérito policial é indispensável. Como a maior parte das ações penais são precedidas de inquérito</p><p>policial, essa corrente defende que a regra é a prévia realização de um inquérito policial e apenas</p><p>excepcionalmente não haveria um inquérito policial prévio e, portanto, o inquérito policial seria</p><p>indispensável.</p><p>Nesse sentido, explica Leonardo Barreto (2021, pág. 255):</p><p>45 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:</p><p>MÉTODO,</p><p>2018.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>132</p><p>Há posição (minoritária) na doutrina sustentando que o inquérito policial seria indispensável.</p><p>Sem dúvida alguma, Henrique Hoffmann é o maior defensor desta ideia. Para este brilhante</p><p>autor, dentre outros argumentos relevantes, observa-se que “nos crimes de ação penal publica</p><p>incondicionada (que são a maioria), a regra é a obrigatoriedade de instauração do inquérito</p><p>policial, e esse procedimento deve acompanhar a peça acusatória sempre que servir de suporte à</p><p>acusação, daí porque a regra é a indispensabilidade, sendo a dispensabilidade uma exceção que</p><p>por isso não pode ser erigida à característica do instituto”.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2017 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: Promotor de Justiça Substituto.</p><p>Assinale a alternativa correta.</p><p>A. O inquérito policial, por ser peça informativa, é dispensável para a propositura da ação penal, mas</p><p>sempre acompanhará a inicial acusatória quando servir de base para a denúncia ou a queixa.</p><p>B. A autoridade policial poderá, a seu critério e em qualquer hipótese, nos termos do artigo 7º do Código</p><p>de Processo Penal, determinar a reprodução simulada dos fatos com as participações obrigatórias do</p><p>indiciado e do ofendido.</p><p>C. Os elementos informativos do inquérito policial servem de base para o oferecimento da denúncia,</p><p>mas não podem ser considerados para o reconhecimento da procedência ou não da ação penal.</p><p>D. O arquivamento do inquérito policial se dá por decisão judicial e impede que a autoridade policial,</p><p>de ofício, proceda a novas investigações.</p><p>E. Nos crimes que dependem de representação, a autoridade policial só poderá instaurar inquérito</p><p>policial em razão de iniciativa formal do ofendido, seu representante legal ou de procurador com poderes</p><p>especiais.</p><p>Gab. A.</p><p>Justificativa: A alternativa foi elaborada de acordo com o art. 12 do CPP, que prevê que o inquérito</p><p>policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. A “contrario</p><p>sensu”, quando não servir de base, será dispensável, não precisando acompanhar.</p><p>C. Procedimento Sigiloso: A regra geral é a de que o inquérito policial seja sigiloso, tendo em vista</p><p>a possibilidade da coleta de mais elementos de informação e garantia da eficácia das diligências</p><p>empreendidas no inquérito policial, vejamos o texto normativo:</p><p>Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação</p><p>do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.</p><p>Dessa forma, ao contrário do que ocorre em relação ao processo criminal, que se rege pelo</p><p>princípio da publicidade (salvo exceções legais),</p><p>no inquérito policial é possível resguardar sigilo</p><p>durante a sua realização.</p><p>O sigilo na fase do inquérito policial mostra-se necessário para garantia da própria eficácia das</p><p>investigações, posto que a sua publicação acabaria por prejudicar a própria medida, basta pensarmos,</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>133</p><p>por exemplo, que o investigado tivesse conhecimento que em face dele teria sido decretada a</p><p>interceptação telefônica, com toda certeza, não seriam colhidas as conversas necessárias.</p><p>Cumpre ressaltarmos, esse sigilo não é oposto em face de todos os envolvidos na relação</p><p>processual penal. Conforme explica o prof. Norberto Avena, “o sigilo não alcança o juiz e o Ministério</p><p>Público. Não alcança, também, o advogado que, por força do art. 7, XIV, Estatuto da OAB, tem o</p><p>direito de examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem</p><p>procuração (salvo nas hipóteses de sigilo formalmente decretado, caso em que o instrumento</p><p>procuratório é necessário, nos termos do art. 7, § 10, do EOAB), autos de flagrante e de investigações</p><p>de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças</p><p>e tomar apontamentos em meio físico ou digital, estabelecendo, ainda, a Súmula Vinculante 14 do STF”.</p><p>Nessa esteira, vejamos o teor da Súmula:</p><p>Súmula Vinculante nº 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos</p><p>elementos de prova que, JÁ DOCUMENTADOS em procedimento investigatório realizado por órgão</p><p>com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.</p><p>O acesso está restrito as diligências JÁ DOCUMENTADAS, e não aquelas ainda em</p><p>andamento.</p><p>Cumpre ressaltarmos que essa súmula não instituiu o contraditório e/ou ampla defesa no âmbito</p><p>do inquérito policial, simplesmente criou, leia-se, reafirmou o direito de acesso da defesa aos</p><p>documentos que já foram documentados.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-RJ Prova: Delegado de Polícia.</p><p>Assinale a opção correta, acerca de inquérito policial.</p><p>A. A autoridade policial que preside o inquérito policial para apurar crime de ação penal pública pode,</p><p>fundamentadamente, decidir sobre a conveniência e(ou) oportunidade de diligências requisitadas pelo</p><p>Ministério Público.</p><p>B. O inquérito policial, consoante o princípio da oficialidade, poderá ser instaurado apenas de ofício</p><p>pela autoridade policial ou mediante requisição do Ministério Público.</p><p>C. Com base em denúncia anônima de fato criminoso, a autoridade policial pode, independentemente</p><p>de apuração prévia, instaurar inquérito policial com fundamento exclusivo naquela informação</p><p>anônima.</p><p>D. Não se permite ao indiciado qualquer tipo de intervenção probatória durante o inquérito policial.</p><p>E. O investigado deve ter acesso a todos os elementos já documentados nos autos do inquérito policial,</p><p>ressalvadas as diligências em andamento cuja eficácia dependa do sigilo.</p><p>Gab. E.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>134</p><p>Nos termos da Súmula Vinculante 14, restringe-se aos elementos de prova já documentados, e</p><p>não a todos e quaisquer documentos, ante a premente possibilidade de atrapalhar as próprias</p><p>investigações. Nesse sentido, vejamos o teor da súmula: Súmula Vinculante 14. É direito do defensor,</p><p>no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em</p><p>procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito</p><p>ao exercício do direito de defesa.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Em concurso de Delegado de Polícia Civil da Bahia (2022), foi apontada como CORRETA a seguinte</p><p>afirmação: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova</p><p>que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia</p><p>judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2013 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: Promotor de Justiça.</p><p>Sobre o inquérito policial, assinale a alternativa correta:</p><p>A. ainda existe, em casos excepcionais e previstos em lei, a figura do curador para indiciados menores</p><p>de vinte e um anos.</p><p>B. o sigilo possui dupla função: garantista no sentido de preservar o investigado e utilitarista de assegurar</p><p>a eficácia da investigação.</p><p>C. nos crimes relacionados ao tráfico de drogas (Lei n. 11.343/06), fixou-se o prazo de conclusão do</p><p>inquérito em 30 dias para o réu preso e 60 dias para réus soltos, podendo haver duplicação pelo juiz</p><p>mediante pedido justificado.</p><p>D. a polícia civil não exerce funções de polícia administrativa.</p><p>Gab. B.</p><p>Justificativa: É o que decorre do CPP: Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário</p><p>à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.</p><p>Acesso dos autos do Inquérito Policial pelo Advogado</p><p>Candidato, para que o advogado/defensor tenha acesso aos autos do inquérito policial é necessária</p><p>procuração? Em regra, não. Qualquer advogado/defensor tem direito a ter acesso a autos de inquérito</p><p>policial. A exceção fica por conta de inquéritos policiais que corram em segredo de justiça ou atos</p><p>investigatórios que contenham informações sigilosas.</p><p>Vejamos:</p><p>Estatuto da OAB, Art. 7º – São direitos do advogado:</p><p>XIV – examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, MESMO SEM</p><p>PROCURAÇÃO, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em</p><p>andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em</p><p>meio físico ou digital. Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>135</p><p>§10º. NOS AUTOS SUJEITOS A SIGILO, deve o advogado apresentar procuração para o</p><p>exercício dos direitos que trata o inciso XIV.</p><p>Candidato, diante de depoimento colhido de uma testemunha, deve a autoridade policial</p><p>promover a juntada imediata do documento? Ou poderia promover a juntada posterior deste</p><p>depoimento, com a finalidade de assegurar seu sigilo? A regra é a juntada imediata. Entretanto,</p><p>conforme o art. 20 do CPP, cabe à autoridade policial assegurar “no inquérito o sigilo necessário à</p><p>elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. ” Assim, excepcionalmente, poderá o</p><p>delegado promover a juntada posterior do depoimento sem incorrer em qualquer ilegalidade, observado</p><p>o princípio da proporcionalidade.</p><p>Autorização Judicial prévia – acesso aos autos do IP</p><p>Candidato, para que o advogado tenha acesso aos autos do IP, é necessária autorização</p><p>judicial prévia? Em regra, não há necessidade de autorização judicial prévia para que o advogado tenha</p><p>acesso dos autos do IP. Contudo, existe uma exceção prevista ao teor do art. 23, da Lei nº 12.850/2013</p><p>(Lei das Organizações Criminosa):</p><p>Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para</p><p>garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor,</p><p>no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao</p><p>exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os</p><p>referentes às diligências em andamento.</p><p>Em RESUMO:</p><p>Investigação SEM sigilo Investigação COM sigilo</p><p>Investigação que apura</p><p>ORCRIM com SIGILO</p><p>decretado</p><p>QUALQUER advogado pode</p><p>acessar os autos;</p><p>apenas advogado com</p><p>PROCURAÇÃO pode acessar os</p><p>autos;</p><p>o defensor terá acesso aos autos</p><p>apenas com AUTORIZAÇÃO</p><p>JUDICIAL.</p><p>D. Procedimento Inquisitorial: nesta fase não há necessidade de observância do contraditório e da</p><p>ampla defesa. Não existe contraditório ou ampla defesa no curso do inquérito policial. Além</p><p>disso, eventuais irregularidades não contaminam eventual processo futuro.</p><p>Nas lições de Norberto</p><p>Avena (2020, pág. 164), “salvo na hipótese de inquérito instaurado pela</p><p>polícia federal visando à expulsão do estrangeiro, não são inerentes à sindicância policial as garantias</p><p>do contraditório e da ampla defesa”. Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>136</p><p>Trata-se o inquérito, assim, de um procedimento inquisitivo, voltado, precipuamente, à obtenção</p><p>de elementos que sirvam de suporte ao oferecimento de denúncia ou de queixa-crime (função</p><p>preparatória do inquérito).</p><p>Observação: Existe uma exceção à ausência de contraditório: o inquérito policial que tem como</p><p>objetivo a expulsão de estrangeiro. Neste, há uma série de procedimentos a serem adotados, bem como</p><p>prazo para apresentação de defesa pelo expulsando e seu defensor.</p><p>Entretanto, a nova lei de migração (Lei n. 13.445/2017) denomina este inquérito de</p><p>PROCESSO DE EXPULSÃO e explicita: “Art. 58. No processo de expulsão serão garantidos o</p><p>contraditório e a ampla defesa.”</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: Delegado de Polícia.</p><p>Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às garantias</p><p>constitucionais.</p><p>No âmbito do inquérito policial, cuja natureza é inquisitiva, não se faz necessária a aplicação plena do</p><p>princípio do contraditório, conforme a jurisprudência dominante.</p><p>Gab. CERTO.</p><p>O entendimento do STJ é de que é inaplicável o princípio do contraditório tendo em vista que o</p><p>inquérito possui apenas natureza administrativa:</p><p>HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DO RECURSO PRÓPRIO. NÃO</p><p>RECONHECIMENTO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. INQUÉRITO</p><p>POLICIAL. INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. FASE PRÉ-</p><p>PROCESSUAL. NATUREZA MERAMENTE INFORMATIVA. EXUMAÇÃO DE</p><p>CADÁVER. AUSÊNCIA DE PRAZO HÁBIL PARA REQUERER NOMEAÇÃO DE</p><p>ASSISTENTE TÉCNICO. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. AUSÊNCIA DE PATENTE</p><p>ILEGALIDADE. Precedentes. III – inaplicável o princípio do contraditório na fase</p><p>inquisitorial, porquanto essa possui natureza administrativa, destinando-se a prover</p><p>elementos informativos ao responsável pela Acusação, que lhe permitam oferecer a</p><p>denúncia. Precedentes. IV- Impossibilidade desta Corte aprofundar o exame do conjunto fático-</p><p>probatório, sobretudo na via estreita do writ. (STJ HC 212494 SC 2011/01573769,</p><p>Relator: Ministra Regina Helena da Costa, Data de julgamento: 08/05/2014, T5 – quinta turma,</p><p>Data de Publicação DJe 14/05/2014.)</p><p>E. Procedimento Discricionário: por se tratar de procedimento administrativo (e não processo), o</p><p>inquérito policial não tem o rigor procedimental da persecução em juízo.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>137</p><p>Desse modo, o delegado de polícia conduz as investigações da forma que melhor se</p><p>apresenta e mostra-se necessária. Nessa esteira, existe um rol não taxativo nos art. 6º e 7º do CPP de</p><p>diligências previstas para serem cumpridas. Destaca-se, porém, que essas diligências não são</p><p>vinculantes, obrigatórias, e o delegado pode verificar quais serão necessárias, bem como, poderá também</p><p>realizar alguma que não esteja prevista. Inobstante a regra da não obrigatoriedade de diligências pré-</p><p>estipuladas, o Ordenamento Jurídico comporta uma exceção, qual seja, a realização do exame de corpo</p><p>de delito nos crimes que deixam vestígios.</p><p>Por todo o exposto, contemplamos que dizer que o inquérito policial goza da característica da</p><p>discricionariedade significa que a autoridade policial possui liberdade de atuação dentro dos parâmetros</p><p>legais que lhe são conferidos. Não há que se falar em procedimento rígido de observância obrigatória.</p><p>Sobre o tema, discorre Norberto Avena46, “a persecução, no inquérito policial, concentra-se na</p><p>figura do delegado de polícia, que, por isso mesmo, pode determinar ou postular, com</p><p>discricionariedade, todas as diligências que julgar necessárias ao esclarecimento dos fatos. Enfim, uma</p><p>vez instaurado o inquérito, possui a autoridade policial liberdade para decidir acerca das providências</p><p>pertinentes ao êxito da investigação. Isso quer dizer que, no início da investigação e no seu curso, cabe</p><p>ao delegado proceder ao que tem sido chamado pela doutrina de juízo de prognose, a partir do qual</p><p>decidirá quais providências são necessárias para elucidar a infração penal investigada”.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Em concurso de Delegado de Polícia Civil de Goiás (2022), foi apontada como CORRETA a seguinte</p><p>afirmação: “No que diz respeito ao inquérito policial, o ofendido, ou seu representante legal, e o</p><p>indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade”.</p><p>NÃO POSSO IR PARA A PROVA SEM LEMBRAR DA EXCECÃO:</p><p>A discricionariedade como característica do inquérito policial não é de natureza absoluta, leia-</p><p>se, o Ordenamento Jurídico Brasileiro contempla exceções, ou seja, situação na qual a realização de</p><p>determinadas diligências será de realização obrigatória. Exemplo: realização do exame de corpo</p><p>de delito nos crimes que deixam vestígios.</p><p>Diante do exposto, contemplamos que não caberá a Autoridade Policial o indeferimento das</p><p>diligências de natureza relevante, como é o caso do exame de corpo de delito nos crimes que deixam</p><p>vestígios. Contudo, aqueles requerimentos que se tratar meramente de diligências impertinentes e</p><p>protelatórias, poderão ser indeferidos.</p><p>46 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:</p><p>MÉTODO,</p><p>2018.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>138</p><p>No que tange a realização do exame de corpo de delito, preceitua o art. 158 do CPP “quando a</p><p>infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo</p><p>supri-lo a confissão do acusado”.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2017 Banca: FAPEMS Órgão: PC-MS Prova: Delegado de Polícia.</p><p>Sobre as diligências que podem ser realizadas pelo Delegado de Polícia, é correto afirmar que</p><p>A. caso o ofendido ou seu representante legal apresente requerimento para instauração de inquérito</p><p>policial, a autoridade policial deve atender ao pedido, em observância do princípio da obrigatoriedade.</p><p>B. deparando-se com uma notícia na imprensa que relate um fato delituoso, a autoridade policial deve</p><p>instaurar inquérito policial de ofício, elaborando, conforme determina o Código de Processo Penal</p><p>vigente, um relatório sobre a forma como tomou conhecimento do crime.</p><p>C. conforme disposição expressa no Código de Processo Penal vigente, o Delegado de Polícia não é</p><p>obrigado a determinar a realização de perícia requerida pelo investigado, ofendido ou seu representante</p><p>legal, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade, ainda que se trate de exame de corpo de</p><p>delito, pois a investigação é conduzida de forma discricionária.</p><p>D. o inquérito policial é um procedimento discricionário, portanto, cabe ao Delegado de Polícia conduzir</p><p>as diligências de acordo com as especificidades do caso concreto, não estando obrigado a seguir uma</p><p>sequência predeterminada de atos.</p><p>E. poderá a autoridade policial determinar em todas as espécies de crimes, atendidos os requisitos legais</p><p>e suas peculiaridades, a reconstituição do fato delituoso, desde que não contrarie a moralidade ou a</p><p>ordem pública, com a participação obrigatória do investigado.</p><p>Gab. D.</p><p>F. Procedimento Indisponível: Uma vez iniciado o inquérito a autoridade policial não poderá</p><p>arquivar. Nessa esteira, dispõe Távora e Alencar (2016): a persecução criminal é de ordem</p><p>pública, e uma vez iniciado o inquérito, não pode o delegado de polícia dele dispor.</p><p>Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de</p><p>inquérito.</p><p>Delegado NÃO pode arquivar autos do inquérito policial.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Em concurso de Delegado de Polícia Civil da Bahia (2022), foi</p><p>apontada como INCORRETA a</p><p>seguinte afirmação: “O inquérito policial é indisponível para a autoridade policial. Instaurado, deverá</p><p>ser conduzido até que se esgotem as diligências legalmente possíveis, com vista à completa apuração do</p><p>fato apontado como ilícito penal. Contudo, ausentes os elementos do crime, a autoridade policial poderá</p><p>mandar arquivar os autos de inquérito”.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>139</p><p>Nos moldes do art. 17, a autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.</p><p>O delegado de polícia não pode arquivar nem requisitar arquivamento de um inquérito policial, pois ele</p><p>não é o titular da ação penal. O titular da ação penal é o Ministério Público.</p><p>➔ O inquérito policial pode ser arquivado? Sim.</p><p>➢ Quem tem competência para arquivar o inquérito policial?</p><p>Somente o juiz, mediante requerimento do Ministério Público.</p><p>Obs.: Essa é a antiga redação do art. 28 do CPP.</p><p>➢ O juiz pode discordar do requerimento de arquivamento do inquérito policial?</p><p>Sim, art. 28, CPP.</p><p>Obs.: Essa é a antiga redação do art. 28 do CPP</p><p>O ministro Luiz Fux, em janeiro de 2020, suspendeu a eficácia prática de alguns artigos alterados</p><p>pelo pacote anticrime, Lei n. 13.964/2019. Ele suspendeu a nova redação do art. 28 do Código de</p><p>Processo Penal. Então, por enquanto, a sistemática antiga está válida. Portanto, conforme veremos em</p><p>um tópico específico, é necessário estudar a redação antiga, que é como está sendo realizado na</p><p>prática, e também é necessário estudar a redação atualizada trazida pelo pacote anticrime</p><p>(atualmente suspensa), porque também pode ser cobrada em provas.</p><p>➔ Candidato, uma vez arquivado o IP, é possível desarquivá-lo?</p><p>CPP, art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade</p><p>judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a</p><p>novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.</p><p>Súmula n. 524-STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do</p><p>Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.</p><p>A regra é que o inquérito policial arquivado pode ser desarquivado. Entretanto, a depender da</p><p>fundamentação do arquivamento, entende a jurisprudência que ele não poderia ser desarquivado.</p><p>Para melhor compreensão do tema, vejamos:</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>140</p><p>MOTIVO DO ARQUIVAMENTO DO</p><p>INQUÉRITO POLICIAL</p><p>É POSSÍVEL DESARQUIVAR O</p><p>INQUÉRITO POLICIAL?</p><p>Insuficiência de provas Sim.</p><p>Ausência de justa causa</p><p>(materialidade ou indícios de autoria)</p><p>Sim.</p><p>Atipicidade do fato Não.</p><p>Causa extintiva da punibilidade</p><p>Não.</p><p>Exceção: certidão de óbito falsa,</p><p>neste caso é possível desarquivar.</p><p>Causa extintiva da culpabilidade</p><p>Não.</p><p>Exceção: inimputabilidade.</p><p>Causa excludente da ilicitude</p><p>STJ: Não.</p><p>STF: Sim.</p><p>Nas hipóteses em que não pode ocorrer o desarquivamento do inquérito policial, o fundamento</p><p>da jurisprudência é de que a decisão judicial que arquivou o inquérito policial fez coisa julgada formal</p><p>e material. Ou seja, houve uma decisão de mérito sobre o assunto.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-PB Prova: Delegado de Polícia Civil.</p><p>Em regra, é possível desarquivar o inquérito policial quando fundamentado na:</p><p>A. atipicidade do fato.</p><p>B. falta de justa causa para a ação penal.</p><p>C. decadência do direito de representação do ofendido.</p><p>D. comprovação de coação moral irresistível.</p><p>E. menoridade do autor do fato.</p><p>Gabarito B.</p><p>Na nova sistemática, o juiz não decide a respeito do arquivamento do inquérito policial, é</p><p>uma determinação do Ministério Público e da instância de revisão ministerial. Então agora essa</p><p>decisão do Ministério Público não gerará uma coisa julgada material. Portanto, há questionamentos</p><p>acerca da validade dessa tabela de possibilidades de desarquivamento do inquérito policial, mas</p><p>tem prevalecido o entendimento de que as regras permanecem válidas.</p><p>● Arquivamento Implícito</p><p>Ministério Público deixa de oferecer a denúncia acerca de determinado indiciado</p><p>(subjetivo) ou fato (objetivo), sem, contudo, determinar o arquivamento. Arquivamento implícito</p><p>não é admitido pela jurisprudência pátria.</p><p>● Arquivamento Indireto</p><p>Ministério Público deixa de oferecer a denúncia perante determinado juízo por</p><p>considerá-lo incompetente para a ação penal. Neste caso, procede-se na forma do art. 28 do CPP,</p><p>para que a instância de revisão ministerial decida sobre o assunto.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>141</p><p>G. Procedimento Temporário: é a conclusão que podemos extrair da análise do art. 10 do CPP o</p><p>qual prevê um prazo determinado para o encerramento do inquérito policial. Logo, verifica-</p><p>se que o procedimento administrativo em estudo é de natureza temporária. Dessa forma, temos</p><p>que o IP é transitório, leia-se, temporário.</p><p>Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso</p><p>em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir</p><p>do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver</p><p>solto, mediante fiança ou sem ela.</p><p>Art. 10 c/c o Art. 3-B §2º, do CPP</p><p>INDICIADO PRESO INDICIADO SOLTO</p><p>10 dias + 15* 47 30 dias</p><p>NÃO POSSO IR PARA A PROVA SEM RECORDAR DA SITUAÇÃO EXCEPCIONAL:</p><p>Conforme visto acima, contemplamos que o inquérito policial é temporário, ou seja, possui</p><p>prazo determinado para a sua conclusão.</p><p>Nos moldes previstos no art. 10 do CPP esse prazo é de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso</p><p>em flagrante ou estiver preso preventivamente, ou de 30 dias, no caso em que estiver solto.</p><p>Questiona-se, esse prazo é próprio ou impróprio? Quais as consequências jurídicas da</p><p>inobservância do prazo? A doutrina entende e defende que o prazo para encerramento do IP é</p><p>impróprio para o caso de indiciado solto. Contudo, deve-se ficar atento a observância do princípio da</p><p>razoável duração por analogia ao previsto no art. 5°, LXXVIII da Constituição Federal, sob pena de</p><p>configuração de constrangimento ilegal.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2022 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-GO Prova: Delegado de Polícia Substituto.</p><p>A respeito do regime jurídico do inquérito policial e das demais investigações preliminares, assinale a</p><p>alternativa INCORRETA.</p><p>A. O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo</p><p>razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a</p><p>qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus</p><p>agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de</p><p>47 Com a vigência do Pacote Anticrime, o art. 3-B §2º, do CPP, é expresso ao afirmar que a duração do inquérito de</p><p>investigado preso poderá ser prorrogada uma única vez, por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação</p><p>não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>142</p><p>que se acham investidos, em nosso País, os Advogados, sem prejuízo do permanente controle</p><p>jurisdicional dos atos documentados produzidos pela instituição.</p><p>B. Ante o princípio constitucional da não culpabilidade, inquéritos e processos criminais em curso são</p><p>neutros na definição dos antecedentes criminais.</p><p>C. Sendo o ato de indiciamento de atribuição exclusiva da autoridade policial, não existe fundamento</p><p>jurídico que autorize o magistrado, após receber a denúncia, requisitar ao delegado de polícia o</p><p>indiciamento de determinada pessoa.</p><p>D. O prazo de que trata o Código de Processo Penal para término do inquérito é próprio, não prevendo</p><p>a lei qualquer consequência processual, máxime a preclusão, se a conclusão do inquérito ocorrer</p><p>após</p><p>trinta dias de sua instauração, estando solto o réu.</p><p>E. Descabe cogitar de implemento de inquérito pelo Ministério Público quando este, ante elementos que</p><p>lhe chegaram, provoca a instauração pela autoridade policial.</p><p>Gab. D.</p><p>Pacote Anticrime e Possiblidade de Prorrogação</p><p>Corroborando ao exposto, explicam Fábio Roque e Nestor Távora (2020):48</p><p>Outro ponto de extrema relevância no novel dispositivo diz respeito à possibilidade de o juiz das</p><p>garantias prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito policial por até́ 15 (quinze) dias.</p><p>Após a conclusão do referido prazo, se a investigação não for concluída, haverá o relaxamento</p><p>da prisão. Esta nova sistemática legislativa altera a regra do CPP, que não previa a possibilidade</p><p>de prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito policial, quando o investigado se</p><p>encontrar preso.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2019 Banca: CEBRASPE Órgão: MPE-PI Prova: Promotor de Justiça Substituto.</p><p>Considerando-se o entendimento dos tribunais superiores a respeito de inquérito policial, é correto</p><p>afirmar que</p><p>A. o fato de a autoridade policial encontrar provas que justifiquem o flagrante delito convalida a irregular</p><p>entrada em residência sem autorização judicial e sem permissão do morador.</p><p>B. é possível constatar constrangimento ilegal em razão da excessiva e desarrazoada duração da</p><p>investigação, ainda que o prazo de conclusão do inquérito policial seja impróprio.</p><p>C. nulidade ocorrida em inquérito policial, em regra, contamina todo o processo penal decorrente.</p><p>D. o arquivamento fundamentado em excludente de ilicitude resulta em coisa julgada material, não</p><p>podendo mais ocorrer posterior desarquivamento do feito.</p><p>E. o Ministério Público, em razão de seu poder investigatório, pode instaurar procedimento</p><p>investigatório, realizar diligências e, ainda, presidir inquérito policial.</p><p>Gab. B.</p><p>Veja o seguinte precedente do STJ:</p><p>48 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL PARA CONCURSOS. 11a. edição. Fábio Roque Araújo Nestor Távora. ATUALIZAÇÃO, 2020.</p><p>Editora Juspodivm.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>143</p><p>Há excesso de prazo para conclusão de inquérito policial, quando, a despeito do</p><p>investigado se encontrar solto e de não sofrer efeitos de qualquer medida restritiva,</p><p>a investigação perdura por longo período e não resta demonstrada a complexidade</p><p>apta a afastar o constrangimento ilegal.</p><p>O prazo para a conclusão do inquérito policial, em caso de investigado solto é impróprio.</p><p>Assim, pode ser prorrogado a depender da complexidade das investigações. Contudo,</p><p>consoante precedentes desta Corte Superior, é possível que se realize, por meio de</p><p>habeas corpus, o controle acerca da razoabilidade da duração da investigação, sendo</p><p>cabível, até mesmo, o trancamento do inquérito policial, caso demonstrada a excessiva</p><p>demora para a sua conclusão. STJ. 6ª Turma. HC 653299-SC, Rel. Min. Laurita Vaz,</p><p>Rel. Acd. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/08/2022 (Info 747).</p><p>Vamos REFORÇAR os prazos?</p><p>PRAZOS PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL</p><p>Previsão Legal Preso Solto</p><p>CPP (Regra Geral)</p><p>10 dias, prorrogáveis por até</p><p>15 #PACOTEANTICRIME</p><p>Obs.: Suspenso pelo STF</p><p>30 dias, prorrogáveis</p><p>Polícia Federal 15 dias + (15) 30 dias</p><p>Crimes contra a Economia</p><p>Popular</p><p>10 dias 10 dias</p><p>Lei de Drogas 30 dias + (30) 90 dias + (90)</p><p>Inquérito Militar 20 dias 40 dias + (20)</p><p>Fonte: Tabela extraída do material do Legislação Bizurada @deltacaveira.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2018 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: Delegado de Polícia Civil.</p><p>De acordo com as legislações especiais pertinentes, o inquérito policial deve ser concluído no</p><p>A. prazo comum de quinze dias, estando o indiciado solto ou preso, nos casos de crimes de tortura.</p><p>B. mesmo prazo estipulado para a apreciação das medidas protetivas, nos casos de crimes previstos na</p><p>lei Maria da Penha.</p><p>C. prazo comum de dez dias, estando o indiciado solto ou preso, nos casos de crimes contra a economia</p><p>popular.</p><p>D. prazo de trinta dias, se o indiciado estiver solto, e de quinze dias, se ele estiver preso, de acordo com</p><p>a Lei de Drogas.</p><p>E. prazo de quinze dias, se o crime for de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, conforme o Estatuto</p><p>do Desarmamento.</p><p>Gab. C</p><p>Justificativa: O prazo será de 10 dias nos crimes contra a economia popular, esteja o acusado preso ou</p><p>solto, o prazo é comum aos dois.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>144</p><p>H. Procedimento Oficial: o inquérito policial é realizado por uma autoridade oficial, no caso o</p><p>delegado de polícia, devidamente habilitado. Nesse sentido, explica Norberto Avena, trata-se de</p><p>investigação que deve ser realizada por autoridades e agentes integrantes dos quadros públicos,</p><p>sendo vedada a delegação da atividade investigatória a particulares, inclusive por força da</p><p>própria Constituição Federal. A propósito, dispõe o art. 144, § 4°, dessa Carta que “às polícias</p><p>civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da</p><p>União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-RJ Prova: Delegado de Polícia.</p><p>O inquérito policial é atividade investigatória realizada por órgãos oficiais, não podendo ficar a cargo</p><p>do particular, ainda que a titularidade do exercício da ação penal pelo crime investigado seja atribuída</p><p>ao ofendido.</p><p>Considerando-se as características do inquérito policial, é correto afirmar que o texto anterior discorre</p><p>sobre</p><p>A. o procedimento escrito do inquérito policial.</p><p>B. a indisponibilidade do inquérito policial.</p><p>C. a oficiosidade do inquérito policial.</p><p>D. a oficialidade do inquérito policial.</p><p>E. a dispensabilidade do inquérito policial.</p><p>Gab. D.</p><p>PROCEDIMENTO OFICIAL PROCEDIMENTO OFICIOSO</p><p>Atuação por AUTORIDADE OFICIAL Atuação de OFÍCIO</p><p>I. Procedimento Oficioso: a instauração do inquérito policial por parte do Delegado de Polícia</p><p>ocorre, em regra, de ofício, salvo nos casos de ação privada e pública condicionada, em que o</p><p>início dependerá do requerimento ou representação. Dessa forma, contemplamos que nos crimes</p><p>de ação penal pública incondicionada, o Delegado de Polícia tem o dever de proceder a apuração</p><p>do fato delituoso de ofício.</p><p>J. Incomunicabilidade: Esta característica não foi recepcionada pela Constituição, tendo em</p><p>vista que na vigência do estado de defesa é vedada a incomunicabilidade do preso. CF/88 Art.</p><p>136, § 3º.</p><p>Obs.: inobstante a não recepção da incomunicabilidade, algumas provas já cobraram a</p><p>literalidade do dispositivo legal. Desse modo, segue abaixo:</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>145</p><p>Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos</p><p>autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da</p><p>investigação o exigir.</p><p>Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada</p><p>por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão</p><p>do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso</p><p>III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de</p><p>1963).</p><p>4.3.11. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL</p><p>O tema abaixo (formas de instauração do inquérito policial) é de suma importância para os</p><p>candidatos que buscam se preparar para os concursos de Delegado de Polícia.</p><p>As formas de instauração do inquérito policial estão previstas ao teor do Art. 5º, I, II e § 3º,</p><p>CPP. No tocante as formas de instauração do inquérito, é imprescindível o conhecimento da espécie de</p><p>ação penal a que aquele delito está sujeito, pois, a depender da espécie de ação penal, a instauração</p><p>dependerá ou não</p><p>do requerimento ou representação da vítima.</p><p>➔ Crimes de ação penal pública incondicionada:</p><p>○ Instauração de ofício (art. 5º, CPP);</p><p>○ Instauração mediante requisição do juiz ou do Ministério Público (art. 5º, CPP);</p><p>○ Instauração mediante requerimento do ofendido (art. 5º, CPP);</p><p>➔ Crimes de ação penal pública condicionada:</p><p>○ Requisição do Ministro da Justiça (art. 24, CPP);</p><p>○ Representação da vítima (art. 5º, §4º, CPP);</p><p>➔ Crimes de ação penal de iniciativa privada:</p><p>○ Instauração mediante requerimento da vítima (art. 5º, §5º, CPP).</p><p>Vejamos:</p><p>Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:</p><p>I - de ofício; (no caso de ação penal pública incondicionada).</p><p>II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento</p><p>do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.</p><p>§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>146</p><p>a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;</p><p>b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de</p><p>presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;</p><p>c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.</p><p>§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o</p><p>chefe de Polícia.</p><p>§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que</p><p>caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta,</p><p>verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. (denominada de delatio</p><p>criminis).</p><p>§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem</p><p>ela ser iniciado. *49</p><p>§ 5o. Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a</p><p>requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. *50</p><p>1) De ofício pela autoridade policial (inciso I): na hipótese do crime ser de ação penal</p><p>pública incondicionada.</p><p>2) Por requerimento do ofendido ou seu representante (inciso II): nos casos de ação</p><p>penal privada ou de ação penal pública condicionada, a instauração do inquérito</p><p>policial dependerá do requerimento do ofendido e no caso da ação pública</p><p>condicionada, dependerá de representação.</p><p>O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela</p><p>ser iniciado. Noutra banda, nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder</p><p>a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.</p><p>Em RESUMO:</p><p>Crime de ação penal pública condicionada Crime de ação penal privada</p><p>Depende de REPRESENTAÇÃO Depende de REQUERIMENTO</p><p>Obs.: esse requerimento não exige maiores formalismos.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Em concurso de Delegado de Polícia Civil de Goiás (2022), foi apontada como CORRETA a seguinte</p><p>afirmação: “Quando se tratar de delitos processáveis por ação penal privada, a autoridade policial</p><p>somente poderá iniciar investigação preliminar após requerimento de quem tenha legitimidade para</p><p>oferecer queixa-crime”.</p><p>49 Dispositivo já cobrado inúmeras vezes em prova de Delegado.</p><p>50 Dispositivo já cobrado inúmeras vezes em prova de Delegado.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>147</p><p>Em concurso de Delegado de Polícia Civil de Goiás (2022), foi apontada como INCORRETA a</p><p>seguinte afirmação: “A investigação preliminar de natureza policial, nos crimes em que a ação penal</p><p>pública depender de representação do ofendido, poderá sem ela ser iniciada”.</p><p>O § 2º do Art. 5º ainda traz a possibilidade de recurso para o despacho que indeferir o</p><p>requerimento de abertura do inquérito. Exemplo. Se o requerimento foi feito para o delegado e este</p><p>indeferir, caberá o recurso para o chefe de polícia.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Em concurso de Delegado de Polícia Civil de Goiás (2022), foi apontada como INCORRETA a</p><p>seguinte afirmação: “É irrecorrível o despacho que indeferir requerimento de abertura de inquérito</p><p>policial, tendo em vista a prescindibilidade do procedimento investigativo preliminar”.</p><p>3) Delatio Criminis</p><p>CPP, Art. 5º § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração</p><p>penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade</p><p>policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.</p><p>● Simples: Uma terceira pessoa leva ao conhecimento do Delegado o fato da infração penal.</p><p>● Inqualificada: Denúncia anônima (Art. 5º, IV, CF / info 580 STF). A constituição veda o</p><p>anonimato, por outro lado não se pode vendar os olhos para um crime que aconteceu. O STF</p><p>afirma que a denúncia anônima é válida de base para as investigações, mas não será suficiente</p><p>por si só para instaurar o inquérito.</p><p>● Postulatória: (Art. 5º § 4º) O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de</p><p>representação, não poderá sem ela ser iniciado.</p><p>4) Requisição da autoridade competente (inciso III).</p><p>Neste aspecto existe uma pequena polêmica no que tange a requisição, afinal candidato, quais</p><p>seriam as autoridades competentes para requisitar a instauração do inquérito?</p><p>As autoridades seriam o MP e o Juiz, no entanto a doutrina critica a possibilidade deste último</p><p>fazer essa requisição, tendo em vista a violação do sistema acusatório, que concede ao titular da ação</p><p>penal o pleno domínio e início da ação, não podendo desta forma o juiz requisitar. Da mesma forma a</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>148</p><p>doutrina também critica a requisição realizada pelo MP tendo em vista que não existe hierarquia entre</p><p>Promotor e Delegado.</p><p>5) Auto de prisão em flagrante</p><p>Com a própria prisão em flagrante, o delegado de polícia já poderá instaurar o inquérito policial.</p><p>4.3.12. PEÇAS DE INAUGURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL</p><p>a. portaria do delegado de polícia, em casos de instauração do inquérito de ofício;</p><p>b. requerimento do ofendido ou seu representante legal;</p><p>c. representação do ofendido ou seu representante legal;</p><p>d. requisição do Ministro da Justiça;</p><p>e. requisição do Ministério Público ou do magistrado;</p><p>f. auto de prisão em flagrante.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2018 Banca: CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: Papiloscopista.</p><p>Na tentativa de entrar em território brasileiro com drogas ilícitas a bordo de um veículo, um traficante</p><p>disparou um tiro contra agente policial federal que estava em missão em unidade fronteiriça. Após troca</p><p>de tiros, outros agentes prenderam o traficante em flagrante, conduziram-no à autoridade policial local</p><p>e levaram o colega ferido ao hospital da região.</p><p>Nessa situação hipotética, ao tomar conhecimento do homicídio, cuja ação penal é pública</p><p>incondicionada, a autoridade policial terá de instaurar o inquérito de ofício, o qual terá como peça</p><p>inaugural uma portaria que conterá o objeto de investigação, as circunstâncias conhecidas e as</p><p>diligências iniciais que serão cumpridas.</p><p>Gab. CERTO.</p><p>Justificativa: Nos crimes de ação penal pública incondicionada a instauração do inquérito policial será</p><p>de ofício e a peça inaugural é a PORTARIA.</p><p>4.3.13. NOTITIA CRIMINIS E DELATIO CRIMINIS</p><p>A delatio criminis é uma espécie de notitia criminis. No entanto, neste último caso é o</p><p>conhecimento, pela própria autoridade policial, de um fato delituoso subdividindo-se em:</p><p>a) Notitia criminis de cognição imediata (espontânea): Quando o delegado por meio de atividades</p><p>rotineiras toma conhecimento do crime. Segundo Norberto Avena, “a autoridade policial toma</p><p>conhecimento da ocorrência de um crime de forma direta por meio de suas atividades funcionais Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>149</p><p>rotineiras,</p><p>podendo ser por meio de investigações por ela mesma realizadas, por notícia veiculada</p><p>na imprensa, por meio de serviços de Disque-Denúncia (denúncias anônimas ou não) etc.”.</p><p>b) Notitia criminis de cognição mediata ou provocada: Quando o delegado recebe um expediente</p><p>escrito informando do crime. Conforme leciona Norberto Avena, “a autoridade policial toma</p><p>conhecimento da ocorrência do crime por meio de algum ato jurídico de comunicação formal do</p><p>delito dentre os previstos na legislação processual. Este ato pode ser o requerimento da vítima</p><p>ou de qualquer pessoa do povo, a requisição do juiz ou do Ministério Público, a requisição do</p><p>Ministro da Justiça e a representação do ofendido”.</p><p>c) Notitia criminis de cognição coercitiva: Quando o delegado toma conhecimento do fato</p><p>criminoso ao realizar uma prisão em flagrante. Explica Norberto Avena “ocorre na hipótese de</p><p>prisão em flagrante delito, em que a autoridade policial lavra o respectivo auto. Veja-se que o</p><p>auto de prisão em flagrante é forma de início do inquérito policial, independentemente da</p><p>natureza da ação penal. Entretanto, nos crimes de ação penal pública condicionada e de ação</p><p>penal privada sua lavratura apenas poderá ocorrer se for acompanhado, respectivamente, da</p><p>representação ou do requerimento do ofendido (art. 5., §§ 4. e 5, do CPP)”.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2019 Banca: Instituto Consulplan Órgão: MPE-SC Prova: Promotor de Justiça.</p><p>A notitia criminis de cognição imediata ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato</p><p>delituoso através da apresentação do indivíduo preso em flagrante-delito, enquanto a denúncia anônima</p><p>é considerada notitia criminis inqualificada.</p><p>Gab. ERRADO.</p><p>Justificativa: Quando a autoridade policial toma conhecimento da infração por meio da prisão em</p><p>flagrante, ou seja, da apresentação do indivíduo preso em flagrante, tem-se a “notitia criminis de</p><p>cognição coercitiva”. Já na “notitia criminis de cognição imediata”, a autoridade policial toma</p><p>conhecimento da ocorrência de um crime de forma direta, por meio de suas atividades funcionais</p><p>rotineiras.</p><p>Em RESUMO:</p><p>NOTITIA CRIMINIS DE</p><p>COGNIÇÃO IMEDIATA</p><p>(DIRETA OU ESPONTÂNEA):</p><p>NOTITIA CRIMINIS DE</p><p>COGNIÇÃO MEDIATA</p><p>(INDIRETA OU</p><p>PROVOCADA):</p><p>NOTITIA CRIMINIS DE</p><p>COGNIÇÃO</p><p>COERCITIVA:</p><p>ocorre quando o delegado de</p><p>polícia toma conhecimento do fato</p><p>delituoso por meio de suas</p><p>atividades rotineiras. Ex. Delegado</p><p>assistindo o jornal, toma</p><p>conhecimento de um fato</p><p>criminoso que ocorreu na sua área.</p><p>ocorre quando o delegado de</p><p>polícia toma conhecimento do</p><p>fato delituoso por meio de um</p><p>expediente escrito (requisição</p><p>do MP, requisição de juiz,</p><p>representação da vítima).</p><p>ocorre quando o delegado de</p><p>polícia toma conhecimento do</p><p>fato delituoso por meio de uma</p><p>situação flagrancial. Ex.</p><p>Alguém que foi conduzido</p><p>coercitivamente a presença do</p><p>delegado como autor do delito.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>150</p><p>Denúncia Anônima</p><p>Notitia criminis inqualificada: ocorre quando o delegado de polícia toma conhecimento do fato delituoso</p><p>por meio de denúncia anônima.</p><p>ATENÇÃO! O delegado de polícia, em razão de uma denúncia anônima, não pode instaurar um inquérito</p><p>policial imediatamente. Antes de instaurar um inquérito policial, o delegado deverá fazer a verificação</p><p>da procedência das informações – VPI;</p><p>1º - Recebimento da notitia criminis inqualificada;</p><p>2º - Verificação de procedência das informações (VPI) – análise da verossimilhança dos fatos</p><p>denunciados – art. 5º, § 3º, CPP;</p><p>3º - Instauração de Inquérito Policial;</p><p>4º - Representação por medidas cautelares.</p><p>STF. HC 95244/PE, Rel. Min. Dias Toffoli, 23/03/2010.</p><p>STF. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, 29/3/2016 (Info 819)</p><p>Diante do exposto, temos que a denúncia anônima pode oportunizar a instauração de inquérito</p><p>policial, desde que haja a verificação de procedência das informações.</p><p>Conforme explica Márcio André51, a denúncia anônima ocorre quando alguém, sem se identificar,</p><p>relata para as autoridades (ex: Delegado de Polícia, MP etc.) que determinada pessoa praticou um</p><p>crime. É o caso, por exemplo, dos serviços conhecidos como "disk-denúncia" ou, então, dos aplicativos</p><p>de celular por meio dos quais se "denuncia" a ocorrência de delitos. O termo "denúncia anônima" não</p><p>é tecnicamente correto porque em processo penal denúncia é o nome dado para a peça inaugural da</p><p>ação penal proposta pelo Ministério Público. Assim, a doutrina prefere falar em "delação apócrifa",</p><p>"notícia anônima" ou "notitia criminis inqualificada".</p><p>Candidato, é possível instaurar investigação criminal (inquérito policial, investigação pelo</p><p>MP etc.) com base em “denúncia anônima”? SIM, mas a jurisprudência afirma que, antes, a autoridade</p><p>deverá realizar uma investigação prévia para confirmar se a "denúncia anônima" possui um mínimo de</p><p>plausibilidade. Assim, contemplamos que não será possível instaurar já de plano, devendo a autoridade</p><p>policial realizar diligências a fim de comprovar sua plausividade.</p><p>Vejamos:</p><p>51 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Denúncia anônimaa. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3a824154b16ed7dab899bf000b80eeee>. Acesso</p><p>em: 14/09/2020.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>151</p><p>(...) As autoridades públicas não podem iniciar qualquer medida de</p><p>persecução (penal ou disciplinar), apoiando-se, unicamente, para tal fim, em</p><p>peças apócrifas ou em escritos anônimos. É por essa razão que o escrito</p><p>anônimo não autoriza, desde que isoladamente considerado, a imediata</p><p>instauração de “persecutio criminis”.</p><p>– Nada impede que o Poder Público, provocado por delação anônima (“disque-</p><p>denúncia”, p. ex.), adote medidas informais destinadas a apurar, previamente,</p><p>em averiguação sumária, “com prudência e discrição”, a possível ocorrência de</p><p>eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com o objetivo de conferir</p><p>a verossimilhança dos fatos nela denunciados, em ordem a promover, então, em</p><p>caso positivo, a formal instauração da “persecutio criminis”, mantendo-se,</p><p>assim, completa desvinculação desse procedimento estatal em relação às peças</p><p>apócrifas.</p><p>– Diligências prévias, promovidas por agentes policiais, reveladoras da</p><p>preocupação da Polícia Judiciária em observar, com cautela e discrição,</p><p>notadamente em matéria de produção probatória, as diretrizes jurisprudenciais</p><p>estabelecidas, em tema de delação anônima, pelo STF e pelo STJ. (...)</p><p>(STF. 2ª Turma. RHC 117988, Relator p/ Acórdão Min. Celso de Mello, julgado</p><p>em 16/12/2014).</p><p>Diante de uma denúncia anônima, deve a autoridade policial, antes de instaurar o inquérito</p><p>policial, verificar a procedência e veracidade das informações por ela veiculadas.</p><p>A denúncia anônima, por si só, não serve para fundamentar a instauração de inquérito policial,</p><p>mas, a partir dela, pode a polícia realizar diligências preliminares para apurar a veracidade das</p><p>informações obtidas anonimamente e, então, instaurar o procedimento investigatório propriamente dito.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-ES Prova: Delegado de Polícia.</p><p>Acerca dos atos do delegado de polícia durante o inquérito policial, assinale a opção correta.</p><p>A. O delegado de polícia poderá instaurar inquérito policial para apurar delitos específicos e complexos</p><p>que chegarem ao seu conhecimento, sendo-lhe autorizada, ainda, a realização de fishing expedition, por</p><p>ser um procedimento investigatório especial em razão da artimanha do modus operandi.</p><p>B. Em caso de crime que deixar vestígios, se houver a confissão do indiciado, a autoridade policial</p><p>poderá dispensar o encaminhamento da vítima para a realização do exame de corpo de delito.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>152</p><p>C. Diante de notitia</p><p>criminis inqualificada, antes de determinar a abertura do inquérito policial, o</p><p>delegado de polícia deve promover a diligência de verificação de procedência das informações, a fim de</p><p>evitar delação inescrupulosa.</p><p>D. O delegado de polícia poderá interrogar pessoa inimputável presa em flagrante, não sendo possível a</p><p>nomeação de curador para acompanhar o ato.</p><p>E. O delegado de polícia poderá realizar o interrogatório, sem a participação de advogado, ainda que o</p><p>indiciado informe que deseja a presença de seu advogado no ato.</p><p>Gab. C.</p><p>Candidato, é possível decretar medida de busca e apreensão com base unicamente em</p><p>“denúncia anônima”? NÃO. A medida de busca e apreensão representa uma restrição ao direito à</p><p>intimidade. Logo, para ser decretada, é necessário que haja indícios mais robustos que uma simples</p><p>notícia anônima.</p><p>Candidato, é possível decretar interceptação telefônica com base unicamente em “denúncia</p><p>anônima”? NÃO. A Lei n.º 9.296/96 (Lei de Interceptação Telefônica) estabelece: Art. 2º Não será</p><p>admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:</p><p>II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis. Desse modo, a doutrina defende que a</p><p>interceptação telefônica deverá ser considerada a ultima ratio, ou seja, trata-se de prova subsidiária.</p><p>Tendo como fundamento esse dispositivo legal, a jurisprudência pacífica do STF e do STJ entende que</p><p>é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base em “denúncia anônima”.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2018 Banca: CEBRASPE Órgão: MPU Prova: Analista do MPU.</p><p>Denúncia anônima sobre fato grave de necessária repressão imediata é suficiente para embasar, por si</p><p>só, a instauração de inquérito policial para rápida formulação de pedido de quebra de sigilo e de</p><p>interceptação telefônica.</p><p>Gab. ERRADO</p><p>Conforme o entendimento da Jurisprudência as denúncias anônimas não podem embasar, por si sós,</p><p>medidas invasivas como interceptações telefônicas, buscas e apreensões, e devem ser complementadas</p><p>por diligências investigativas posteriores.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2018 Banca: CEBRASPE Órgão: EBSERH Prova: Advogado.</p><p>A denúncia anônima de fatos graves, por si só, impõe a imediata instauração de inquérito policial, no</p><p>âmbito do qual a autoridade policial deverá verificar se a notícia é materialmente verdadeira.</p><p>Gab. ERRADO.</p><p>JÁ CAIU CESPE: A interceptação telefônica é medida subsidiária e excepcional, só podendo</p><p>ser determinada quando não houver outro meio para se apurar os fatos tidos por criminosos, sendo ilegal</p><p>quando for determinada apenas com base em notícia anônima, sem investigação preliminar. CERTO!</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>153</p><p>A interceptação telefônica é subsidiária e excepcional, só podendo ser determinada quando não houver</p><p>outro meio para se apurar os fatos tidos por criminosos, nos termos do art. 2°, inc. II, da Lei nº</p><p>9.296/1996. Desse modo, é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base em</p><p>“denúncia anônima”. STF. Segunda Turma. HC 108147/PR, rei. Min. Cármen Lúcia, 11/12/2012.</p><p>Para ser decretada a medida de busca e apreensão, é necessário que haja</p><p>indícios mais robustos que uma simples notícia anônima</p><p>Denúncias anônimas não podem embasar, por si sós, medidas invasivas como</p><p>interceptações telefônicas, buscas e apreensões, e devem ser complementadas</p><p>por diligências investigativas posteriores. Se há notícia anônima de comércio de</p><p>drogas ilícitas numa determinada casa, a polícia deve, antes de representar pela</p><p>expedição de mandado de busca e apreensão, proceder a diligências veladas no</p><p>intuito de reunir e documentar outras evidências que confirmem,</p><p>indiciariamente, a notícia. Se confirmadas, com base nesses novos elementos de</p><p>informação o juiz deferirá o pedido. Se não confirmadas, não será possível violar</p><p>o domicílio, sendo a expedição do mandado desautorizada pela ausência de justa</p><p>causa. O mandado de busca e apreensão expedido exclusivamente com apoio em</p><p>denúncia anônima é abusivo. STF. 2ª Turma. HC 180709/SP, Rel. Min. Gilmar</p><p>Mendes, julgado em 5/5/2020 (Info 976).</p><p>Não é permitido o ingresso na residência do indivíduo pelo simples fato de</p><p>haver denúncias anônimas e ele ter fugido da polícia</p><p>A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga</p><p>do acusado ao avistar a polícia, por si sós, não configuram fundadas razões a</p><p>autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento</p><p>ou sem determinação judicial. STJ. 5ª Turma. RHC 89853-SP, Rel. Min. Ribeiro</p><p>Dantas, julgado em 18/02/2020 (Info 666). STJ. 6ª Turma. RHC 83501-SP, Rel.</p><p>Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018 (Info 623).</p><p>É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com base</p><p>unicamente em denúncia anônima</p><p>É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com base unicamente</p><p>em denúncia anônima. Caso concreto: a diretora da unidade prisional recebeu</p><p>uma ligação anônima dizendo que Rafaela, que iria visitar seu marido João,</p><p>tentaria entrar no presídio com droga. Diante disso, a diretora ordenou que a</p><p>agente penitenciária fizesse uma revista minuciosa em Rafaela. Na revista íntima</p><p>efetuada, a agente penitenciária encontrou droga escondida na vagina da</p><p>visitante. Rafaela confessou que estava levando a droga para seu marido. A</p><p>prova colhida é ilícita. STJ. 6ª Turma. REsp 1695349-RS, Rel. Min. Rogerio</p><p>Schietti Cruz, julgado em 08/10/2019 (Info 659).</p><p>Se após a denúncia anônima houve investigação preliminar, poderá ser</p><p>decretada a interceptação telefônica</p><p>Após receber diversas denúncias de fraudes em licitações realizadas no</p><p>Município, o Ministério Público Estadual promoveu diligências preliminares e</p><p>instaurou Procedimento Investigativo. Segundo a jurisprudência do STJ e do</p><p>STF, não há ilegalidade em iniciar investigações preliminares com base em</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>154</p><p>"denúncia anônima" a fim de se verificar a plausibilidade das alegações contidas</p><p>no documento apócrifo. Após confirmar a plausibilidade das "denúncias", o MP</p><p>requereu ao juízo a decretação da interceptação telefônica dos investigados</p><p>alegando que não havia outro meio senão a utilização de tal medida, como forma</p><p>de investigação dos supostos crimes. O juiz acolheu o pedido. O STJ e o STF</p><p>entenderam que a decisão do magistrado foi correta considerando que a</p><p>decretação da interceptação telefônica não foi feita com base unicamente na</p><p>"denúncia anônima" e sim após a realização de diligências investigativas por</p><p>parte do Ministério Público e a constatação de que a interceptação era</p><p>indispensável neste caso. STJ. 6ª Turma. RHC 38566/ES, Rel. Min. Ericson</p><p>Maranho (Des. Conv. do TJ/SP), julgado em 19/11/2015. STF. 2ª Turma. HC</p><p>133148/ES, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 21/2/2017 (Info 855).</p><p>Fonte: www.dizerodireito.com.br</p><p>4.3.14. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS</p><p>Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial</p><p>DEVERÁ:</p><p>I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas,</p><p>até a chegada dos peritos criminais;</p><p>II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;</p><p>III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;</p><p>IV - ouvir o ofendido;</p><p>V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do</p><p>Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe</p><p>tenham ouvido a leitura;</p><p>VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;</p><p>VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras</p><p>perícias;</p><p>VIII - ordenar a identificação do indiciado</p><p>pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar</p><p>aos autos sua folha de antecedentes;</p><p>IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social,</p><p>sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e</p><p>quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.</p><p>X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma</p><p>deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela</p><p>pessoa presa.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: PC-AM Prova: Delegado de Polícia.</p><p>Ao chegar a um ”local de fato”, ainda não sabendo que se trata de um local de crime, de acordo com o</p><p>Art. 6º do CPP, a primeira providência da Autoridade Policial deve ser a de:</p><p>A. apreender objetos que tiverem relação com o fato, evitando a perda de objetos potencialmente</p><p>importantes.</p><p>B. ouvir o indiciado, a fim de decidir sobre a necessidade de sua detenção imediata.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>155</p><p>C. prender o suspeito, a fim de evitar sua fuga.</p><p>D. preservar o local.</p><p>E. ouvir o ofendido, para que se defina a área a ser isolada.</p><p>Gab. D.</p><p>4.3.15. RECONSTITUIÇÃO</p><p>CPP Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de</p><p>determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução</p><p>simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem</p><p>pública.</p><p>A reprodução simulada é vedada quando importar em ofensa à moralidade, como, por exemplo,</p><p>a reconstituição de crime contra a dignidade sexual, ou em ofensa à moralidade ou a ordem pública</p><p>Exemplo: Reconstituir um crime de estupro, não tem sentido pedir para que haja novamente o</p><p>ato apenas para verificar como aconteceu.</p><p>Nesse sentido, NUCCI explica “não se fará reconstituição de um crime sexual violento, usando</p><p>vítima e réu, por exemplo, o que contraria a moralidade, nem tampouco a reconstituição de uma chacina,</p><p>num lugar onde a população ainda está profundamente revoltada com o crime, podendo até buscar o</p><p>linchamento do réu”.</p><p>Cumpre destacarmos que o acusado não será obrigado a participar (em decorrência do princípio</p><p>do nemo tenetur se detegere), bem como, o Delegado pode achar que não seja fundamental a</p><p>reconstituição e não realizá-la.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2004 Banca: CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: Agente Federal da Polícia Federal.</p><p>Com relação ao inquérito policial, julgue os seguintes itens.</p><p>A reprodução simulada dos fatos ou reconstituição do crime pode ser determinada durante o inquérito</p><p>policial, caso em que o indiciado é obrigado a comparecer e participar da reconstituição, em prol do</p><p>princípio da verdade real.</p><p>Gab. ERRADO.</p><p>Conforme ensina Nestor Távora e Fábio Roque, “a participação do indiciado é facultativa, afinal não</p><p>está obrigado a se autoincriminar (princípio do nemo tenetur se detegere). Todavia, tem-se admitido a</p><p>sua condução coercitiva ao local da reconstituição, mesmo que apenas para presenciar o acontecimento”.</p><p>Diante do exposto, contemplamos que o gabarito é ERRADO, posto que em decorrência do princípio da</p><p>não autoincriminação, o acusado não é obrigado a participar.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>156</p><p>4.3.16. PRAZOS PARA A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL</p><p>4.3.16.1. CPP – REGRA GERAL</p><p>Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em</p><p>flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em</p><p>que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança</p><p>ou sem ela.</p><p>Assim:</p><p>Preso 10 dias + 15*52</p><p>Solto 30 dias (prorrogável).</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2023 Banca: CEBRASPE Órgão: DPE-RO Prova: Defensor Público Substituto.</p><p>Se uma pessoa for presa em flagrante pelo crime de estupro e, em audiência de custódia, o magistrado</p><p>converter sua prisão em flagrante em prisão preventiva, para concluir o inquérito, a autoridade policial</p><p>terá o prazo máximo de</p><p>A. 5 dias, improrrogáveis.</p><p>B. 10 dias, improrrogáveis.</p><p>C. 30 dias, prorrogáveis.</p><p>D. 15 dias, prorrogável uma única vez.</p><p>E. 30 dias, improrrogáveis.</p><p>Gab. B.</p><p>4.3.16.2. JUSTIÇA FEDERAL</p><p>Art. 66. O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado</p><p>estiver preso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente</p><p>fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do</p><p>processo.</p><p>Parágrafo único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão do inquérito, a autoridade</p><p>policial deverá apresentar o preso ao Juiz.</p><p>Assim:</p><p>Preso 15 dias (prorrogável + 15 dias).</p><p>Solto 30 dias</p><p>4.3.16.3. CPM</p><p>Art. 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver preso, contado</p><p>esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de quarenta dias,</p><p>quando o indiciado estiver solto, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito.</p><p>52 Com a vigência do Pacote Anticrime, o art. 3-B §2º, do CPP, é expresso ao afirmar que a duração do inquérito de</p><p>investigado preso poderá ser prorrogada uma única vez, por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação</p><p>não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>157</p><p>Prorrogação de prazo:</p><p>§ 1º Este último prazo (indiciado estiver solto) poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela</p><p>autoridade militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados,</p><p>ou haja necessidade de diligência, indispensáveis à elucidação do fato. O pedido de prorrogação</p><p>deve ser feito em tempo oportuno, de modo a ser atendido antes do término do prazo.</p><p>Assim:</p><p>Preso 20 dias</p><p>Solto 40 dias (prorrogável por + 20 dias).</p><p>4.3.16.4. LEI DOS CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR</p><p>Art. 10. (...) §1º Os atos policiais (inquérito ou processo iniciado por portaria) deverão terminar</p><p>no prazo de dez dias (seja preso ou solto).</p><p>4.3.16.5. LEI DOS CRIMES HEDIONDOS E PRISÃO TEMPORÁRIA</p><p>Terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada</p><p>necessidade.</p><p>4.3.16.6. LEI DE DROGAS</p><p>Lei nº 11.343/2006. Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias,</p><p>se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.</p><p>Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o</p><p>Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.</p><p>Assim:</p><p>Preso 30 dias (podendo ser duplicado).</p><p>Solto 90 dias (podendo ser duplicado).</p><p>Em RESUMO:</p><p>PRAZO Preso Solto</p><p>J. Estadual 10 + 1553 30</p><p>J. Federal 15+15 30</p><p>Lei de Drogas 30 (x2) 90 (x2)</p><p>J. Militar 20 40 (+20)</p><p>Economia P. 10 10</p><p>Crimes Hediondos e prisão temporária 30+30</p><p>53 Com a vigência do Pacote Anticrime, o art. 3-B §2º, do CPP, é expresso ao afirmar que a duração do inquérito de</p><p>investigado preso poderá ser prorrogada uma única vez, por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação</p><p>não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>158</p><p>O eventual trancamento de inquérito policial por excesso de prazo não impede,</p><p>sempre e de forma automática, o oferecimento da denúncia. STF. 2ª Turma. HC</p><p>194023 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/09/2021.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2019 Banca: CEBRASPE Órgão: TJ-BA Prova: Juiz de Direito Substituto.</p><p>Aldo, delegado de polícia, recebeu em sua unidade policial denúncia anônima que imputava a Mauro a</p><p>prática do crime de tráfico</p><p>determinada lei, é necessário que esta lei seja observada até o final deste processo, ainda</p><p>que sobrevenha norma alterando. Segundo esse sistema, quando surge lei nova no meio do processo, ela</p><p>não será aplicada neste, mas sim a partir dos novos processos e não aos que já estão em andamento.</p><p>SISTEMA DAS FASES PROCESSUAIS: O processo penal é divido em fases: petitória,</p><p>instrutória e decisória. Por esse sistema, se uma determinada fase do processo iniciar regendo-se por lei</p><p>X, deverá concluir aquela fase aplicando-se a mesma legislação, ainda que sobrevenha alteração</p><p>legislativa. Suponhamos que a Lei nova chega na fase instrutória do processo, a partir da próxima fase</p><p>já será possível a sua aplicação, antes disso, contudo, deverá ser observado a lei que estava em vigência</p><p>no início da fase.</p><p>SISTEMA DO ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS: O Brasil adotou esse sistema,</p><p>que considera cada um dos atos processuais (denúncia, recebimento da denúncia, citação...) isolando-os</p><p>e aplicando a Lei Processual Nova no ato subsequente ao que a Lei entrou em vigor. No momento que</p><p>3 Costa, Klaus Negri. Processo penal didático/ Klaus Negri Costa, Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3 Ed.</p><p>rev. Ampl. e atual 2020.</p><p>4 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:</p><p>MÉTODO, 2018.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>19</p><p>sobrevém nova norma processual penal, aplica-se desde logo, não havendo necessidade de se aguardar</p><p>o término do processo que já estava em andamento (sistema da unidade processual), ou ainda, aguardar</p><p>o término da fase processual (sistema das fases processuais), para que aquela norma seja aplicada ao ato</p><p>processual.</p><p>Em RESUMO5:</p><p>SISTEMA DA UNIDADE</p><p>PROCESSUAL</p><p>SISTEMA DAS FASES</p><p>PROCESSUAIS</p><p>SISTEMA DO</p><p>ISOLAMENTO DOS ATOS</p><p>PROCESSUAIS</p><p>É o sistema que parte do</p><p>pressuposto de que o processo</p><p>constitui uma unidade (ainda</p><p>que se desdobre em uma</p><p>sequência de atos distintos),</p><p>logo ele deve ser regido por uma</p><p>única lei, que seria a lei anterior,</p><p>existente à época em que o feito</p><p>foi iniciado, considerando que a</p><p>lei nova, se aplicável, teria</p><p>efeitos retroativos. Do exposto,</p><p>este sistema apregoa que a lei</p><p>anterior tem caráter ultrativo;</p><p>É o sistema oposto ao anterior,</p><p>pois desconsidera a unidade do</p><p>processo e leva em conta a</p><p>existência das fases processuais</p><p>que existem ao longo do feito</p><p>(fases postulatória, ordinatória,</p><p>instrutória, decisória e recursal),</p><p>daí porque seria recomendável</p><p>que cada uma dessas fases fosse</p><p>regida por uma lei distinta. Com</p><p>isso, valeria para cada etapa a lei</p><p>vigente a época da sua prática;</p><p>É o sistema que considera que a</p><p>lei nova não deve atingir os atos</p><p>processuais praticados sob a</p><p>vigência da lei anterior, mas</p><p>deve incidir para os atos</p><p>processuais que ainda não toram</p><p>praticados, independente da fase</p><p>processual em que se</p><p>encontram. É o sistema</p><p>adotado, como regra geral, no</p><p>Brasil.</p><p>Lembre-se, da adoção desse sistema decorrem duas consequências:</p><p>a) os atos que foram praticados sob a vigência da lei anterior são considerados validos;</p><p>b) as normas processuais têm aplicação imediata.</p><p>Em resumo, vejamos o ESQUEMA6 abaixo:</p><p>5 Quadro Esquematizado construído a partir das explicações propostas na Obra [Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual</p><p>de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora JusPodivm,2021].</p><p>6 Esquema extraído a partir das explicações propostas na obra do prof. Norberto Avena <Avena, Norberto. Processo penal</p><p>/ Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018>.</p><p>Consequências do</p><p>tempus regit actum</p><p>Os atos processuais praticados no período de</p><p>vigência da lei revogada não estarão invalidados</p><p>em virtude do advento de lei nova, ainda que</p><p>importe esta em benefício do acusado.</p><p>A nova norma processual terá aplicação</p><p>imediata, desimportando, absolutamente, se</p><p>o fato objeto do processo criminal foi</p><p>praticado antes ou depois de sua vigência.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>20</p><p>Em relação as normas processuais mistas ou híbridas (normas que tem conteúdo tanto penal</p><p>quanto processual penal), a exemplo do art. 366 do CPP, temos regra específica.</p><p>Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão</p><p>suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção</p><p>antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos</p><p>termos do disposto no art. 312.</p><p>As normas processuais mistas ou hibridas são aquelas que possuem em seu corpo conteúdo</p><p>de caráter processual penal e conteúdo de caráter penal. Temos uma duplicidade de conteúdo em uma</p><p>única norma. É exemplo de norma processual híbrida aquelas que tratam sobre prisão, por exemplo.</p><p>Nesse sentido, explica Avena (2020) “normas mistas ou híbridas são aquelas que apresentam</p><p>duplicidade de conteúdo, vale dizer, incorporam tanto um conteúdo processual quanto um conteúdo</p><p>material”.</p><p>Candidato, no caso das chamadas normas processuais mistas ou híbridas, deverá ser</p><p>observado o princípio da aplicação imediata? Não, a regra prevista ao teor do art. 2° do CPP aplicar-</p><p>se-á as normas de caráter eminentemente processuais. Na hipótese das chamadas normas processuais</p><p>mistas ou híbridas, aplica-se a regra de direito penal material. Nesse caso, conforme entendimento do</p><p>STF, deve prevalecer o aspecto penal da norma, aplicando-se a regra do CP da irretroatividade</p><p>maléfica ou retroatividade benéfica.</p><p>Em resumo, no CPP temos a incidência da aplicabilidade imediata, ou seja, a Lei nova é</p><p>aplicada imediatamente ao restante do processo, os atos processuais praticados sob a vigência da</p><p>lei anterior são válidos e adota-se o sistema do isolamento dos atos processuais (cada ato processual</p><p>leva em conta o momento em que foi praticado). Exemplo: Imagine que foi praticado um fato em 2007,</p><p>não havia previsão da citação por hora certa no CPP, réu ainda não foi citado e entra em vigor a Lei</p><p>11.719/2008, que cria a citação por hora certa, e, portanto, o réu foi citado por hora certa, essa citação</p><p>será válida!</p><p>Observação:</p><p>Existe uma exceção ao princípio da imediatidade, a Lei de introdução ao Código de Processo</p><p>Penal (Decreto-Lei 3.931/41) afirma em seu Art. 3º que o prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para</p><p>a interposição de recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não prescrever prazo menor do que o</p><p>fixado no Código de Processo Penal. Ou seja, se o prazo já foi iniciado e a lei nova reduz o prazo aplica-</p><p>se a lei anterior, se alei nova aumenta o prazo aplica-se a lei nova. Exemplo, o prazo para recorrer é 10</p><p>dias. No 9º dia, entra em vigor nova lei, fixando o prazo em 15 dias, a lei nova aumentou o prazo, ou Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>21</p><p>seja, aplicará a de maior prazo. Exemplo. O prazo para recorrer é de 10 dias. No 9º dia, entra em vigor</p><p>nova lei, fixando o prazo em 5 dias. Será aplicada obviamente a lei antiga.</p><p>Vamos REFORÇAR?</p><p>LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO</p><p>REGRA: LEI ESTRITAMENTE</p><p>PROCESSUAL</p><p>EXCEÇÃO: LEI</p><p>MISTA/HÍBRIDA/MATERIAL</p><p>Noção</p><p>É a lei que contém apenas preceitos de</p><p>direito processual.</p><p>É a lei que traz preceitos de direito</p><p>processual e de direito penal.</p><p>Como se aplica</p><p>Aplicação imediata com preservação dos</p><p>atos anteriores.</p><p>Princípio do efeito imediato ou da</p><p>aplicação imediata.</p><p>Não pode haver cisão.</p><p>Prevalece o aspecto penal: se este for</p><p>benéfico, a lei retroage por completo, se</p><p>for maléfico, a lei não retroage.</p><p>Fonte: Tabela extraída do material do Legislação Bizurada @deltacaveira.</p><p>1.5. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL</p><p>Por interpretação devemos compreender como a atividade mental realizada com o objetivo de</p><p>extrair da norma legal o</p><p>de drogas em um bairro da cidade. A denúncia veio acompanhada de imagens</p><p>em que Mauro aparece entregando a terceira pessoa pacotes em plástico transparente com considerável</p><p>quantidade de substância esbranquiçada e recebendo dessa pessoa quantia em dinheiro. Em diligências</p><p>realizadas, Aldo confirmou a qualificação de Mauro e, a partir das informações obtidas, instaurou IP</p><p>para apurar o crime descrito no art. 33, caput, da Lei n.º 11.343/2006 — Lei Antidrogas —, sem</p><p>indiciamento. Na sequência, ele representou à autoridade judiciária pelo deferimento de medida de busca</p><p>e apreensão na residência de Mauro, inclusive do telefone celular do investigado. Acerca dessa situação</p><p>hipotética, assinale a opção correta.</p><p>A. A instauração do IP constituiu medida ilegal, pois se fundou em denúncia anônima.</p><p>B. Recebido o IP, verificados a completa qualificação de Mauro e os indícios suficientes de autoria,</p><p>o juiz poderá determinar o indiciamento do investigado à autoridade policial.</p><p>C. Em razão do caráter sigiloso dos autos do IP, nem Mauro nem seu defensor constituído terão o direito</p><p>de acessá-los.</p><p>D. Como não houve prisão, o prazo para a conclusão do IP será de noventa dias.</p><p>E. Deferida a busca e apreensão, a realização de exame pericial em dados de telefone celular que</p><p>eventualmente seja apreendido dependerá de nova decisão judicial.</p><p>Gab. D.</p><p>Justificativa: Conforme estudamos acima, a regra geral para a conclusão das investigações encontra-se</p><p>previsto ao teor do art. 10 do CPP, contudo, existem várias regras específicas, entre elas, a prevista para</p><p>os crimes na lei de drogas. Nos termos da Lei n. 11.343/2006: Art. 51. O inquérito policial será concluído</p><p>no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.</p><p>4.3.18. EXCESSO DE PRAZO</p><p>O que acontece se os prazos para a conclusão do inquérito policial não forem observados pelo</p><p>delegado?</p><p>Se o investigado estiver solto, não haverá problemas, pois entende-se que o prazo é impróprio.</p><p>Entretanto, apesar de ser impróprio, não poderá haver abusos e, conforme precedentes do STJ, é possível</p><p>que se realize, por meio de habeas corpus, o controle acerca da razoabilidade da duração da investigação,</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>159</p><p>sendo cabível, até mesmo, o trancamento do inquérito policial, caso demonstrada a excessiva demora</p><p>para a sua conclusão.</p><p>Se o investigado estiver preso e o atraso não for expressivo, não há que se falar em ilegalidade,</p><p>uma vez que o processo penal posterior pode “compensar” essa demora, sendo mais célere, por exemplo</p><p>(Brasileiro, 2017). Porém, da mesma forma, não pode haver abusos, respeitando-se a razoabilidade (STF,</p><p>HC 107.382/SP), sob pena de constrangimento ilegal (STJ, HC 343.951/MG). Analogicamente, no</p><p>âmbito do Direito Administrativo, há a súmula 592 do STJ, que afirmar que “o excesso de prazo para a</p><p>conclusão do processo administrativo disciplinar só causa nulidade se houver demonstração de prejuízo</p><p>à defesa”.</p><p>Cumpre ressaltar que o art. 3º-B, § 2º, do CPP, introduzido pelo Pacote Anticrime (Lei 13.964/19)</p><p>– cuja aplicação está suspensa por decisão do STF -, que prevê que se o investigado estiver preso das</p><p>garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público,</p><p>prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a</p><p>investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.</p><p>#MOMENTODIZERODIREITO #MARCINHOEXPLICA</p><p>Há excesso de prazo para conclusão de IP, quando, a despeito do investigado se encontrar solto, a</p><p>investigação perdura por longo período sem que haja complexidade que justifique</p><p>Imagine a seguinte situação adaptada:</p><p>Em abril de 2013, foi instaurado inquérito policial em desfavor de João a fim de apurar a veracidade de</p><p>notícia de que ele, na qualidade de advogado de uma pessoa idosa, teria ficado com dinheiro que seria</p><p>devido ao seu cliente.</p><p>Não foi decretada a prisão cautelar do investigado nem impostas outras medidas cautelares diversas.</p><p>Em março de 2021, a defesa impetrou habeas corpus perante o STJ, no qual alegou que até o momento</p><p>não foi oferecida denúncia nem pedido o arquivamento do inquérito policial. Argumentou, portanto, que</p><p>é patente o excesso de prazo para a conclusão da investigação.</p><p>O STJ concordou com o pedido da defesa? SIM.</p><p>O inquérito policial tem prazo para ser concluído?</p><p>SIM. No Brasil, o inquérito policial é temporário, ou seja, possui um prazo para ser concluído.</p><p>O art. 10 do CPP traz a regra geral sobre o tempo de duração do IP, mas existem outras leis que</p><p>disciplinam o tema para crimes específicos, como o art. 66 da Lei nº 5.010/66 ou o art. 51, parágrafo</p><p>único, da Lei nº 11.343/2006.</p><p>Salvo previsão de lei especial em sentido contrário, o inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias (se</p><p>o indiciado estiver preso) ou em 30 dias (se estiver solto). Quando o fato for de difícil elucidação, e o</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>160</p><p>indiciado estiver solto, o Delegado de Polícia poderá requerer a prorrogação do prazo (art. 10, caput e §</p><p>3º do CPP).</p><p>Prazo do inquérito é impróprio, se o investigado estiver solto</p><p>O prazo para a conclusão do inquérito policial, em caso de investigado solto é impróprio.</p><p>Assim, em regra, o prazo pode ser prorrogado a depender da complexidade das investigações.</p><p>Excepcionalmente, é possível o exame da razoabilidade da duração do IP</p><p>Conforme precedentes do STJ, é possível que se realize, por meio de habeas corpus, o controle acerca</p><p>da razoabilidade da duração da investigação, sendo cabível, até mesmo, o trancamento do inquérito</p><p>policial, caso demonstrada a excessiva demora para a sua conclusão.</p><p>Caso concreto</p><p>Constata-se, no caso, o alegado constrangimento ilegal decorrente do excesso de prazo para a conclusão</p><p>do inquérito policial. Isso porque a investigação foi iniciada em 2013, ou seja, há mais de 9 anos.</p><p>As nuances do caso concreto não indicam que a investigação é demasiadamente complexa: apura-se o</p><p>alegado desvio de valores supostamente recebidos pelo paciente, na qualidade de advogado da vítima</p><p>(pessoa idosa, analfabeta e economicamente hipossuficiente); há apenas um investigado; foi ouvida</p><p>somente uma testemunha e determinada a quebra do sigilo bancário de duas pessoas; e com diligências</p><p>já cumpridas. Além disso, a investigação ficou paralisada por cerca de 4 anos e a autoridade policial,</p><p>posteriormente, apresentou relatório que concluiu pela inexistência de prova da materialidade e de</p><p>indícios suficientes de autoria. No entanto, a pedido do Ministério Público, a investigação prosseguiu.</p><p>Mostra-se inadmissível que, no panorama atual, em que o ordenamento jurídico pátrio é norteado pela</p><p>razoável duração do processo (no âmbito judicial e administrativo) - cláusula pétrea instituída</p><p>expressamente na Constituição Federal pela Emenda Constitucional n. 45/2004 -, um cidadão seja</p><p>indefinidamente investigado, transmutando a investigação do fato para a investigação da pessoa.</p><p>O fato de o paciente não ter sido indiciado ou sofrer os efeitos de qualquer medida restritiva, por si só,</p><p>não indica ausência de constrangimento, considerando que a simples existência da investigação, que no</p><p>caso está relacionada ao exercício profissional do paciente, já é uma estigmatização. O constrangimento</p><p>é patente.</p><p>Em suma:</p><p>Há excesso de prazo para conclusão de inquérito policial, quando, a despeito do investigado se encontrar</p><p>solto e de não sofrer efeitos de qualquer medida restritiva, a investigação perdura por longo período e</p><p>não resta demonstrada a complexidade apta a afastar o constrangimento ilegal.</p><p>STJ. 6ª Turma. HC 653.299-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado</p><p>em 16/08/2022 (Info 747).</p><p>Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Há excesso de prazo para conclusão de IP, quando, a despeito</p><p>seu conteúdo, estabelecendo-se seu âmbito de incidência e exato sentido. O</p><p>código de processo penal ao teor de seu art. 3° admite de forma expressa a chamada interpretação</p><p>extensiva. Nesse sentido, vejamos:</p><p>CPP, art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem</p><p>como o suplemento dos princípios gerais de direito.</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-PA Prova: Promotor de Justiça Substituto.</p><p>No que se refere à norma processual penal e sua aplicação, assinale a opção correta.</p><p>A. Os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior precisam ser renovados.</p><p>B. A lei processual penal admite tanto a aplicação analógica quanto a interpretação extensiva.</p><p>C. A lei processual penal, quanto à sua eficácia temporal, não terá aplicação imediata, salvo em</p><p>benefício do réu.</p><p>D. O princípio da nacionalidade, como regra geral, é utilizado para a aplicação da lei processual penal</p><p>no espaço.</p><p>E. A revogação total de uma lei processual penal é chamada de derrogação.</p><p>Gab. B.</p><p>Quando se fala em interpretação extensiva, estamos tratando de uma das classificações da</p><p>interpretação quanto ao seu resultado, e em relação ao resultado, uma interpretação pode ser:</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>22</p><p>- DECLARATIVA: quando foi verificado que o legislador utilizou de forma adequada e correta</p><p>todas as palavras contidas na lei, ocorrendo exata equivalência entre os sentidos e a vontade presente na</p><p>lei;</p><p>- RESTRITIVA: quando a lei possui palavras que ampliam a vontade da lei, e acabe à</p><p>interpretação reduzir esse alcance,</p><p>- EXTENSIVA: quando a lei carece de amplitude, ou seja, diz menos do que deveria dizer,</p><p>devendo o intérprete verificar qual os reais limites da norma. A interpretação extensiva será realizada</p><p>nos casos em que o texto da lei ficou aquém do que desejava. Necessita- se assim ampliar o seu alcance,</p><p>para que assim possamos atingir o seu significado.</p><p>Temos como exemplo o Art. 581 e o art. 254 do CPP:</p><p>Art. 581 Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:</p><p>I - que não receber a denúncia ou a queixa;</p><p>Podemos fazer a interpretação extensiva para a abranger também a decisão que não receber o</p><p>aditamento da denúncia ou queixa.</p><p>Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das</p><p>partes:</p><p>Embora o artigo só mencione o juiz, o uso da interpretação extensiva serve para abranger também</p><p>os jurados.</p><p>Corroborando ao exposto, Norberto Avena7 explica, “a interpretação extensiva ocorre quando</p><p>o intérprete detecta que a letra escrita da lei encontra-se aquém da mens legis, ou seja, o legislador</p><p>não disse tudo o que pretendia dizer, sendo preciso estender o alcance da norma para que se possa</p><p>chegar ao seu verdadeiro significado. No processo penal brasileiro, a possibilidade de interpretação</p><p>extensiva está prevista, expressamente, no art. 3° do CPP. Exemplo: o art. 581 do CPP elenca os casos</p><p>de cabimento do recurso em sentido estrito. Independentemente de se compreender como taxativo este</p><p>rol, tem-se admitido a interpretação extensiva das situações nele previstas para permitir o manejo</p><p>daquele recurso contra decisões que, apesar de não expressamente arroladas, sejam muito próximas ou,</p><p>então, produzam uma consequência processual (sucumbência) semelhante à outra hipótese na qual esteja</p><p>previsto seu cabimento”.</p><p>7 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:</p><p>MÉTODO, 2018.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>23</p><p>- PROGRESSIVA, ADAPTATIVA OU EVOLUTIVA: é a que busca moldar a lei à realidade</p><p>atual. Evita a constante reforma legislativa e se destina a acompanhar as mudanças da sociedade.</p><p>O Art. 582 refere-se a uma interpretação adaptativa;</p><p>Art. 582 - Os recursos serão sempre para o Tribunal de Apelação (...)</p><p>O Tribunal de Apelação se refere aos Tribunais de Justiça no Âmbito estadual e os Tribunais</p><p>Regionais Federais em Âmbito federal.</p><p>- ANALÓGICA OU INTRA LEGEM: nessa interpretação o próprio legislador apresenta uma</p><p>fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica, permitindo que o intérprete abranja outras situações</p><p>semelhantes a que o legislador trouxe, ou seja um exemplo que abre possibilidade para inclusão de outras</p><p>hipóteses.</p><p>Art. 185, § 2°. Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento</p><p>das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou</p><p>outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real (...)</p><p>A expressão “vídeo conferência” seria a fórmula casuística, seguido da forma genérica “ou outro</p><p>recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens”.</p><p>Cuidado. Interpretação analógica se difere de analogia, esta última é um processo de integração</p><p>da norma cuja finalidade é suprir lacunas. Consiste na aplicação de um caso concreto não disciplinado</p><p>por norma alguma, de uma lei que disciplina fato semelhante. Exemplo: art. 31 do CPP.</p><p>Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito</p><p>de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.</p><p>Veja que não menciona o companheiro, então a doutrina aponta que se deve fazer a analogia para</p><p>abranger também o companheiro.</p><p>Nesse sentido é a lição da doutrina:</p><p>“3. Cônjuge: a lei processual penal admite analogia (art. 3º, CPP), razão pela</p><p>qual entendemos ser possível estender a legitimidade ativa para a companheira</p><p>(ou companheiro), quando comprovada a união estável ou desde que esta não</p><p>seja questionada pelo querelado. A proteção dos interesses da família pode</p><p>justificar essa iniciativa da pessoa que viva com a outra há muitos anos. Não</p><p>teria sentido, em se tratando de mera legitimação ativa, excluir a companheira Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>24</p><p>(ou companheiro).” (NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal</p><p>Comentado. 12ª ed. São Paulo: RT, 2013, p. 155.)</p><p>Parte da doutrina admite a analogia em processo penal indistintamente, mas alguns entendem</p><p>que se a norma for processual material ou mista, se tiver conteúdo processual, mas também penal, não</p><p>se admite a analogia, assim como não se admite no direito penal. Exemplo seria o mesmo Art. 31, tendo</p><p>em vista que ele interfere no direito de punir, então para alguns não seria possível abranger o</p><p>companheiro.</p><p>Sobre o tema, vejamos o entendimento do STJ:</p><p>Apesar de o § 1º do art. 24 do CPP falar apenas em “cônjuge”, a companheira (hetero ou</p><p>homoafetiva) também possui legitimidade para ajuizar ação penal privada</p><p>A companheira, em união estável homoafetiva reconhecida, goza do mesmo status de cônjuge</p><p>para o processo penal, possuindo legitimidade para ajuizar a ação penal privada. STJ. Corte</p><p>Especial. APn 912-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/08/2019 (Info 654).</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>(Ano: 2013. Banca: UEG. Órgão: PC-GO. Prova: Delegado de Polícia). As normas genuinamente</p><p>processuais:</p><p>a) admitirão interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais</p><p>do direito</p><p>b) não admitem aplicação analógica, mas admitirão interpretação extensiva.</p><p>c) não admitem interpretação extensiva, mas admitirão aplicação analógica.</p><p>d) serão aplicadas desde logo, mas tornam inválidos os atos praticados sob a égide da lei anterior se</p><p>desfavoráveis ao imputado.</p><p>Gab. A.</p><p>Fundamento legal – Art. 3, CPP: A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação</p><p>analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais do direito.</p><p>Vamos REFORÇAR?</p><p>A lei processual penal</p><p>admitirá</p><p>• INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA;</p><p>• ANALOGIA;</p><p>• PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO.</p><p>🗹 Aplicação subsidiária do CPC:</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>25</p><p>CPC, art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou</p><p>administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.</p><p>Embora não tenha menção ao Código de Processo Penal, entende-se que houve omissão do</p><p>legislador, o CPC pode ser aplicado subsidiariamente, desde que matéria não esteja disciplinada no CPP</p><p>e seja compatível com o processo penal que cuida de direitos indisponíveis.</p><p>🗹 Aplicação da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB):</p><p>Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias</p><p>depois de oficialmente publicada.</p><p>Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou</p><p>revogue.</p><p>1.6. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL</p><p>A fonte é de onde provém determinada coisa, determinado objeto. As fontes do direito</p><p>processual penal podem ser classificadas em fontes materiais ou de produção ou em fontes formais,</p><p>também denominada de fontes de cognição. Esta última classificação poderá ainda ser imediata/ direita</p><p>ou mediata/indireta. Uma vez compreendida essa divisão, precisamos compreender quais são essas</p><p>fontes propriamente.</p><p>A fonte material trata-se do ente federativo responsável pela elaboração da norma. Já a fonte</p><p>formal, refere-se ao meio por qual a norma manifesta-se.</p><p>1.6.1. FONTE MATERIAL</p><p>FONTES</p><p>Fontes materiais</p><p>ou de produção</p><p>Fontes formais ou</p><p>de cognição</p><p>Imediata ou direta</p><p>Mediata ou</p><p>indireta</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>26</p><p>A fonte material, também denominada de fonte de produção ou de criação diz respeito a quem</p><p>produz. As fontes materiais ou de produção é a fonte que elabora, ou seja, que cria o Direito, refere-</p><p>se, pois, a competência para legislar sobre direito processual penal, a qual nos termos da Constituição</p><p>Federal, é competência privativa da União. Contudo, cumpre ressaltarmos que os Estados, mediante</p><p>autorização feita por intermédio de Lei Complementar, poderão legislar sobre questões específicas de</p><p>interesse local.</p><p>O Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019), por exemplo, teve a iniciativa do Ministro da Justiça,</p><p>mas foi votado nas duas Casas, no Senado e na Câmara dos Deputados. A seguir foi encaminhado para</p><p>o Presidente da República para sancionar, alguns dispositivos foram vetados e outros foram sancionados.</p><p>Tudo isso acontece no âmbito da União, valendo-se do Poder Legislativo e do Poder Executivo para</p><p>sancionar, promulgar e publicar a lei.</p><p>Quem vai criar, quem vai produzir as leis processuais penais é a União.</p><p>Constituição Federal (CF)</p><p>Art. 22. I – Compete privativamente à União legislar sobre: direito civil, comercial, penal,</p><p>processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...)</p><p>Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões</p><p>específicas das matérias relacionadas neste artigo.</p><p>A fonte material do Direito Processual Penal é a União. Entretanto, por meio de Lei</p><p>Complementar, os Estados e o Distrito Federal (DF) podem legislar sobre Direito Processual Penal</p><p>sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo (questões relacionadas aos estados</p><p>e DF).</p><p>1.6.2. FONTE FORMAL</p><p>As fontes formais ou de cognição, são aquelas que expressam, materializam o direito.</p><p>O Direito Processual Penal tem de se valer da lei.</p><p>Dentro das fontes formais, há uma subdivisão:</p><p>a) Imediatas ou diretas: Lei, tratados internacionais e a CF.</p><p>b) Mediatas, indiretas ou supletivas: por analogia, costumes e princípios gerais de direito. As</p><p>fontes formais mediatas, indiretas ou supletivas auxiliam a aplicação da lei. Sozinhas elas não têm vida</p><p>própria, não têm aplicação própria.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>27</p><p>Alguns consideram que a analogia é uma forma de integração da norma e que não seria uma</p><p>fonte do Direito Processual Penal.</p><p>Obs.: doutrina e jurisprudência são formas de interpretação da lei processual penal, não são</p><p>consideradas fontes. Todavia, as súmulas vinculantes e decisões vinculantes (controle de</p><p>constitucionalidade) são, para alguns autores, fontes formais imediatas ou diretas.</p><p>Para melhor compreensão do tema, vejamos a explicação aprofundada proposta pelo professor</p><p>Norberto Avena:</p><p>Fontes materiais, também chamadas de fontes substanciais ou fontes de</p><p>produção, correspondem às entidades ou sujeitos aos quais incumbe a geração</p><p>de normas jurídicas sobre determinadas matérias. Trata-se de quem tem</p><p>competência para produzir a norma.</p><p>No âmbito do direito processual penal, fonte material por excelência é a União,</p><p>já que o art. 22, I, da CF estabelece a ela competir, privativamente, a disciplina</p><p>dessa ordem de matéria. A referência à União, aqui, abrange tanto a competência</p><p>do Legislativo quanto do Executivo, pois, embora, como regra, seja do</p><p>Congresso Nacional a atribuição para editar leis que versem sobre processo</p><p>penal, não se pode esquecer que o Poder Executivo possui atribuição para</p><p>celebrar tratados, convenções e atos internacionais, os quais, depois de</p><p>referendados pelo mesmo Congresso, terão força de lei (art. 84, VIII, da CF).</p><p>Além disso, também os Estados, excepcionalmente, poderão criar leis que</p><p>tratem de questões específicas de processo penal, desde que haja autorização da</p><p>União por meio de Lei Complementar, conforme dispõe o art. 22, parágrafo</p><p>único, da CF. Isto ocorre porque a competência privativa, ao contrário da</p><p>competência exclusiva, pode ser delegada.</p><p>Fontes formais, rotuladas, ainda, de fontes de revelação, de cognição ou de</p><p>conhecimento, traduzem as formas pelas quais o direito se exterioriza.</p><p>Classificam-se em fontes formais imediatas ou diretas e fontes formais</p><p>mediatas ou indiretas.</p><p>Como fontes formais imediatas ou diretas compreendem-se as leis, assim</p><p>compreendido todo e qualquer dispositivo editado pelo poder público, entre os</p><p>quais:</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>28</p><p>● Constituição Federal;</p><p>● Legislação Infraconstitucional;</p><p>● Os tratados, convenções e regras de direito internacional.</p><p>Por outro lado, como fontes formais mediatas ou indiretas compreendem-se</p><p>os princípios gerais de direito, a analogia, os costumes, a doutrina, o direito</p><p>comparado e a jurisprudência. Assim:</p><p>● Doutrina;</p><p>● Princípios gerais do direito;</p><p>● Direito comparado;</p><p>● Analogia;</p><p>● Costumes;</p><p>● Jurisprudência.</p><p>Vejamos de forma ESQUEMATIZADA8:</p><p>FONTES MATERIAIS OU</p><p>DE PRODUÇÃO</p><p>FONTES FORMAIS OU DE</p><p>REVELAÇÃO, DE COGNIÇÃO OU DE</p><p>CONHECIMENTO</p><p>É o sujeito de direito que cria o processo penal. Este</p><p>sujeito é a União, uma vez que compete a ela,</p><p>privativamente, legislar sobre direito processual</p><p>(art. 22, I, da CF).</p><p>Os Estados, excepcionalmente, poderão criar leis</p><p>que tratem de questões específicas processuais,</p><p>como autoriza o § único do art. 22 da CF.</p><p>Os Estados e o DF podem legislar,</p><p>concorrentemente, sobre direito penitenciário (art.</p><p>24, I, da CF), isto é, sobre a organização e</p><p>funcionamento de unidades de cumprimento de</p><p>penas e medidas de segurança, além de lhes ser</p><p>autorizada a regulamentação de leis federais que</p><p>tratem das execuções penais, quando estas</p><p>permitirem tal complementação.</p><p>São as formas através das quais o direito</p><p>processual se revela, se exterioriza, dividindo-</p><p>se em fontes formais imediatas ou diretas e</p><p>fontes formais mediatas ou indiretas.</p><p>Fontes formais imediatas ou diretas – aquelas</p><p>que têm sua origem no próprio ordenamento</p><p>jurídico, diretamente, sem intermediações.</p><p>Fontes formais mediatas ou indiretas – aquelas</p><p>que têm sua origem na interpretação do</p><p>ordenamento jurídico, indiretamente</p><p>Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?</p><p>Ano: 2021 Banca: FAPEC Órgão: PC-MS</p><p>Prova: Delegado de Polícia</p><p>Sobre conceito, finalidade e fontes do processo penal, assinale a alternativa correta.</p><p>A. A competência para legislar sobre direito processual penal é concorrente entre a União, os Estados e</p><p>o Distrito Federal.</p><p>8 Quadro Esquematizado construído a partir das explicações propostas na Obra CURSO COMPLETO DE PROCESSO PENAL •</p><p>Walfredo Cunha Campos, 2020. Editora JusPodivm.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>29</p><p>B. Direito processual penal é o ramo do direito público que compreende princípios e normas</p><p>definidoras de condutas criminosas com previsão de determinada sanção.</p><p>C. É possível que os Estados legislem sobre questões específicas de direito processual penal, desde que</p><p>autorizados por lei complementar editada pela União.</p><p>D. Os tratados e convenções internacionais são considerados fontes materiais do direito processual</p><p>penal.</p><p>E. O direito processual penal é sub-ramo do Direito Penal. Por isso que é chamado de “Direito Penal</p><p>adjetivo”. Logo, não possui autonomia científica.</p><p>Gab. C.</p><p>1.7. NORMAS PROCESSUAIS MATERIAIS, MISTAS OU HÍBRIDAS</p><p>Para melhor compreendermos o que são as chamadas normas processuais materiais, mistas ou</p><p>hibridas, torna-se imperioso reconhecer a classificação das normas processuais em dois grupos, as</p><p>chamadas normas processuais puras e as normas processuais materiais ou mistas.</p><p>As NORMAS PROCESSUAIS PURAS são aquelas que cuidam de procedimentos, atos do</p><p>processo ou técnicas processuais. Conforme explica Leonardo Barreto (2021, pág. 158), são aquelas que</p><p>envolvem, formal e materialmente, disciplina apenas de Processo Penal, sem qualquer interferência em</p><p>temas de Direito Penal. Cuidam, portanto, de procedimentos, atos processuais, técnicas do processo.</p><p>Nesse sentido, leciona Norberto Avena, as normas processuais são aquelas que regulamentam</p><p>aspectos relacionados ao procedimento ou à forma dos atos processuais. Regem-se, como vimos, pelo</p><p>princípio do tempus regit actum, possuindo aplicação imediata. Como exemplo, a disposição que</p><p>introduziu no ordenamento processual penal a citação por hora certa, adequada à situação do réu que</p><p>se oculta para não ser citado (art. 362 do CPP).</p><p>Por outro lado, as NORMAS PROCESSUAIS MISTAS9 “são aquelas que, apesar de estarem</p><p>no contexto do processo penal, regendo atos praticados pelas partes durante à Investigação policial ou</p><p>durante o trâmite processual, têm forte conteúdo de Direito Penal. São normas, portanto, que envolvem</p><p>temas comuns ao Processo Penal e ao Direito Penal, abarcando institutos mistos, previstos muitas vezes</p><p>tanto no Código de Processo Penal como no Código Penal, a exemplo do perdão do ofendido, da</p><p>perempção, renúncia, decadência etc., que promovem a extinção da punibilidade do agente, nos termos</p><p>do art. 107, incisos 1V e v, do Código Penal”.</p><p>9 Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora</p><p>JusPodivm, 2021.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>30</p><p>Normas processuais materiais, mistas ou híbridas, além de envolverem aspectos processuais,</p><p>trazem reflexos na pretensão punitiva, atingem o direito de liberdade do réu (ex. modificam causas de</p><p>extinção da punibilidade, prescrição, decadência, renúncia, perempção, modificam regras sobre prisão</p><p>do réu, etc.).</p><p>A regra utilizada é a da irretroatividade, salvo se benéfica, conforme a CF, art. 5º, XL, a lei penal</p><p>não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.</p><p>PAULO QUEIROZ e ANTONIO VIERA afirmam que sempre que a lei processual dispuser de</p><p>modo mais favorável ao réu – v.g., passa a admitir a fiança, reduz o prazo de duração de prisão</p><p>provisória, amplia a participação do advogado, aumenta os prazos de defesa, prevê novos recursos etc.</p><p>– terá aplicação efetivamente retroativa. E aqui se diz retroativa advertindo-se que, nestes casos, não</p><p>deverá haver tão somente a sua aplicação imediata, respeitando-se os atos validamente praticados, mas</p><p>até mesmo a renovação de determinados atos processuais, a depender da fase em que o processo se achar.</p><p>Quando estivermos diante de normas meramente procedimentais, que não impliquem</p><p>aumento ou diminuição de garantias, como sói ocorrer com regras que alteram tão só o processamento</p><p>dos recursos, a forma de expedição ou cumprimento de cartas rogatórias etc. –, terão aplicação imediata</p><p>(CPP, art. 2°), incidindo a regra geral, porquanto deverão alcançar o processo no estado em que</p><p>se encontra e respeitar os atos validamente praticados. Exemplos:</p><p>1.7.1. CITAÇÃO POR EDITAL</p><p>Art. 366 (redação anterior) – “O processo seguirá à revelia do acusado que, citado inicialmente</p><p>ou intimado para qualquer ato do processo, deixar de comparecer sem motivo justificado”.</p><p>Antes o réu citado por edital poderia ser condenado à revelia.</p><p>Art. 366 (redação dada pela Lei 9.271/1996) - “Se o acusado, citado por edital, não</p><p>comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo</p><p>prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas</p><p>urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312”.</p><p>De acordo com a nova Lei, o réu não será condenado à revelia, serão suspensos o processo</p><p>(normal processual) e a prescrição (normal material), estamos diante de uma norma de conteúdo misto.</p><p>No exemplo supracitado o STF e STJ entenderam que essa Lei nova é mais grave, tendo em vista que</p><p>determina a suspensão da prescrição que não havia antes, sendo assim não pode retroagir</p><p>STF: “(...) Citação por edital e revelia: L. 9.271/96: aplicação no tempo. Firme, na jurisprudência</p><p>do Tribunal, que a suspensão do processo e a suspensão do curso da prescrição são incindíveis</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>31</p><p>no contexto do novo art. 366 CPP (cf. L. 9.271/96), de tal modo que a impossibilidade de aplicar-</p><p>se retroativamente a relativa à prescrição, por seu caráter penal, impede a aplicação imediata da</p><p>outra, malgrado o seu caráter processual, aos feitos em curso quando do advento da lei nova.</p><p>Precedentes. (...)”. (STF, 1ª Turma, HC 83.864/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 20/04/2004,</p><p>DJ 21/05/2004).</p><p>1.7.2. LEI 9.099/95</p><p>Lei 9.099/95. Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos processos penais cuja</p><p>instrução já estiver iniciada.</p><p>Pela letra da Lei, só valeria daquele momento em diante. No entanto o STF se pronunciou e</p><p>afirmou que os institutos que tiverem conteúdo material (conteúdo de direito penal) irão retroagir para</p><p>benefício do réu:</p><p>STF: “O art. 90 da lei 9.099/1995 determina que as disposições da lei dos Juizados Especiais</p><p>não são aplicáveis aos processos penais nos quais a fase de instrução já tenha sido iniciada. Em</p><p>se tratando de normas de natureza processual, a exceção estabelecida por lei à regra geral contida</p><p>no art. 2º do CPP não padece de vício de inconstitucionalidade. Contudo, as normas de direito</p><p>penal que tenham conteúdo mais benéfico aos réus devem retroagir para beneficiá-los, à</p><p>luz do que determina o art. 5º, XL da Constituição federal. Interpretação conforme ao art. 90</p><p>da Lei 9.099/1995 para excluir de sua abrangência as normas de direito penal mais favoráveis</p><p>aos réus contidas nessa lei” (ADI 1719/DF, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Pleno, j. 18/06/2007,</p><p>v.u.).</p><p>A Lei n° 9.099/95 introduz no Ordenamento Jurídico Brasileiro institutos despenalizadores</p><p>benéficos ao agente, tais como, composição civil dos danos, transação penal, necessidade de</p><p>representação nos crimes de lesão corporal leve e culposa e a suspensão condicional do processo. Dessa</p><p>forma, à luz da Jurisprudência do STF, por serem as normas mencionadas de caráter penal e sendo</p><p>benéficas, devem retroagir.</p><p>1.7.2.1. COMPOSIÇÃO CIVIL DOS DANOS</p><p>Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante</p><p>sentença irrecorrível, terá eficácia de título</p><p>a ser executado no juízo civil competente.</p><p>Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública</p><p>condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou</p><p>representação.</p><p>Norma híbrida que deve retroagir, para atingir os processos que estavam em andamento.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>32</p><p>1.7.2.2. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO</p><p>Art. 89 - Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas</p><p>ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do</p><p>processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha</p><p>sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão</p><p>condicional da pena” (culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do agente,</p><p>motivos e circunstâncias autorizam a concessão do benefício).</p><p>§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.</p><p>1.7.2.3. PASSOU A EXIGIR REPRESENTAÇÃO NOS CRIMES DE LESÃO CORPORAL LEVE E CULPOSA</p><p>Art. 88 - Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de</p><p>representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.</p><p>Antes da Lei 9.099/95 os crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa eram de ação</p><p>penal pública incondicionada, após a referida Lei, a lesão culposa e a lesão leve passaram a ser</p><p>condicionada a representação.</p><p>Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a propositura da ação penal</p><p>pública, o ofendido ou seu representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de trinta</p><p>dias, sob pena de decadência</p><p>1.7.3. PRISÃO PREVENTIVA</p><p>A antiga redação do art. 313 trazia:</p><p>Art. 313. Em qualquer das circunstâncias, previstas no artigo anterior, será admitida a decretação</p><p>da prisão preventiva nos crimes dolosos;</p><p>I – punidos com reclusão;</p><p>II – punidos com detenção, quando se apurar que o indiciado é vadio ou, havendo dúvida sobre</p><p>a sua identidade, não fornecer ou não indicar elementos para esclarecê-la;</p><p>III – se o réu tiver sido condenado por outro crime doloso em sentença transitada em julgado,</p><p>ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 46 do código penal.</p><p>IV – se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei</p><p>especifica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.</p><p>Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão</p><p>preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).</p><p>I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro)</p><p>anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>33</p><p>A lei tornou mais benéfica, o agente que estava preso por crime com pena máxima não superior</p><p>a 4 anos precisa ser solto se não se enquadrar nos outros requisitos da prisão preventiva.</p><p>II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado,</p><p>ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro</p><p>de 1940 - Código Penal: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).</p><p>III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente,</p><p>idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de</p><p>urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).</p><p>IV - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).</p><p>1.7.4. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL</p><p>Introduzido pelo PAC Lei 13.964/19:</p><p>Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e</p><p>circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena</p><p>mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução</p><p>penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as</p><p>seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:</p><p>I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;</p><p>II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como</p><p>instrumentos, produto ou proveito do crime;</p><p>III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena</p><p>mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da</p><p>execução, na forma do art. 46 do Código Penal;</p><p>IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848,</p><p>de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser</p><p>indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens</p><p>jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou</p><p>V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que</p><p>proporcional e compatível com a infração penal imputada</p><p>§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a</p><p>extinção de punibilidade.</p><p>Tratando-se também de uma norma hibrida tendo em vista que trata disposição de natureza</p><p>processual e material.</p><p>Licenciado para: Alexandre - CPF: 933.174.849-34</p><p>34</p><p>1.8. NORMAS HETEROTÓPICAS</p><p>Candidato, o que se entente por normas processuais heterotópicas? Excelência, são aquelas</p><p>que tem conteúdo material, mas estão previstos no código processual, ou aquelas que tem conteúdo</p><p>processual e estão no código penal. Elas estão topograficamente deslocadas, pouco importando onde</p><p>estão, mas sim seu conteúdo. Então se uma norma de direito material está deslocada no CPP, iremos</p><p>aplicar o princípio da irretroatividade da lei penal, por outro lado se uma norma puramente processual</p><p>está prevista no código penal se aplica o princípio da imediatidade.</p><p>Nesse sentido, corroborando ao exposto, conceitua o Professor Norberto Avena:</p><p>Há determinadas regras que, não obstante previstas em diplomas processuais penais, possuem</p><p>conteúdo material, devendo, pois, retroagir para beneficiar o acusado. Outras, no entanto,</p><p>inseridas em leis materiais, são dotadas de conteúdo processual, a elas sendo aplicável o critério</p><p>da aplicação imediata (tempus regit actum). É aí que surge o fenômeno denominado de</p><p>heterotopia, ou seja, situação em que, apesar de o conteúdo da norma conferir-lhe uma</p><p>determinada natureza, encontra- se ela prevista em diploma de natureza distinta.</p><p>Tais normas não se confundem com as normas processuais materiais. Enquanto a heterotópica</p><p>possui uma determinada natureza (material ou processual), em que pese estar incorporada a</p><p>diploma de caráter distinto, a norma processual mista ou híbrida apresenta dupla natureza, vale</p><p>dizer, material em uma determinada parte e processual em outra. Como exemplos de disposições</p><p>heterotópicas, pode ser citado o direito ao silêncio assegurado ao acusado em seu interrogatório,</p><p>o qual, apesar de previsto no CPP (art. 186), possui caráter nitidamente assecuratório de direitos</p><p>(material), assim como as normas gerais que trataram da competência da Justiça Federal, que,</p><p>conquanto previstas no art. 109 da Carta Magna, que é um diploma material, são dotadas de</p><p>natureza evidentemente processual.</p><p>Exemplo:</p><p>CP, art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem</p><p>se julga ofendido pode pedir explicações em juízo.</p><p>Esse pedido de explicações é relativo a uma norma processual, tem um caráter preparatório de</p><p>uma eventual ação penal, mas está no código penal.</p><p>O Direito ao silêncio assegurado ao acusado em seu interrogatório (art. 186 do CPP), embora</p><p>prevista no CPP, tem um caráter assecuratório, de conteúdo material.</p><p>Podemos citar também as normas gerais</p>

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