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<p>Camilla de Oliveira Vieira</p><p>Lorena Malta Bisinotto</p><p>Direito digital</p><p>Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube</p><p>Vieira, Camilla de Oliveira.</p><p>V676d Direito digital / Camilla de Oliveira Vieira, Lorena Malta Bisinotto. – Uberaba:</p><p>Universidade de Uberaba, 2020.</p><p>166 p. : il.</p><p>Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba.</p><p>Inclui bibliografia.</p><p>ISBN</p><p>1. Direito civil. 2. Direitos autorais. 3. Contratos eletrônicos. 4. Inteligência artificial. I.</p><p>Bisinotto, Lorena Malta. II. Universidade de Uberaba. Programa de Educação a Distância.</p><p>III. Título.</p><p>© 2020 by Universidade de Uberaba</p><p>Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser</p><p>reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico</p><p>ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de</p><p>armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito,</p><p>da Universidade de Uberaba.</p><p>Universidade de Uberaba</p><p>Reitor</p><p>Marcelo Palmério</p><p>Pró-Reitor de Educação a Distância</p><p>Fernando César Marra e Silva</p><p>Coordenação de Graduação a Distância</p><p>Sílvia Denise dos Santos Bisinotto</p><p>Editoração e Arte</p><p>Produção de Materiais Didáticos-Uniube</p><p>Editoração</p><p>Stela Maria Queiroz Dias</p><p>Revisão textual</p><p>Érika Fabiana Mendes Salvador</p><p>Diagramação</p><p>Jessica de Paula</p><p>Ilustrações</p><p>Rodrigo de Melo Rodovalho</p><p>Projeto da capa</p><p>Agência Experimental Portfólio</p><p>Edição</p><p>Universidade de Uberaba</p><p>Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário</p><p>Camilla de Oliveira Vieira</p><p>Doutora e mestre em Educação pela Universidade de Uberaba (Uniube).</p><p>Especialista em Direito Processual pela Universidade de Uberaba</p><p>(Uniube). Graduada em Direito pela Universidade de Uberaba (Uniube).</p><p>Licenciada em Letras Português-Espanhol pela Universidade de Uberaba</p><p>(Uniube). Gestora dos cursos de Administração, Gestão Financeira,</p><p>Gestão da Qualidade, Comércio Exterior, Gestão Pública, Processos</p><p>Gerenciais, Gestão em Logística, Serviços Jurídicos e Notariais e</p><p>Ciências Contábeis na modalidade EaD, da Universidade de Uberaba</p><p>(Uniube). Docente responsável por produção de materiais didáticos e</p><p>professora-tutora em diversas disciplinas na EaD Uniube. Desenvolve</p><p>pesquisa nos campos da Educação, Ensino Jurídico, Direito, EaD,</p><p>Cidadania e Democracia com ênfase na área de Direito Econômico e</p><p>Empresarial.</p><p>Lorena Malta Bisinotto</p><p>Especialista em Direito Penal e Processual Penal pela Faculdade</p><p>Damásio Educacional. Graduada em Direito pela Universidade de</p><p>Uberaba (Uniube). Professora dos cursos de Administração, Gestão</p><p>Financeira, Gestão Pública, Processos Gerenciais e Ciências Contábeis</p><p>na modalidade EaD na Universidade de Uberaba (Uniube). Advogada</p><p>atuante nas áreas de Direito Civil, Trabalhista, Previdenciária e</p><p>Criminalista.</p><p>Sobre as autoras</p><p>Sumário</p><p>Apresentação .............................................................................................................VII</p><p>Capítulo 1 A sociedade digital ................................................................ 1</p><p>1.1 Aspectos históricos das revoluções “não apenas” industriais ................................. 4</p><p>1.1.1 Primeira Revolução ........................................................................................ 6</p><p>1.1.2 Segunda Revolução ....................................................................................... 7</p><p>1.1.3 Terceira Revolução......................................................................................... 8</p><p>1.1.4 Quarta Revolução .......................................................................................... 9</p><p>1.2 A era da informação e o poder da internet ............................................................ 11</p><p>1.3 Conclusão .............................................................................................................. 18</p><p>Capítulo 2 O Direito aplicado à sociedade digital ............................... 21</p><p>2.1 Alguns conceitos importantes para compreender o Direito Digital ....................... 22</p><p>2.2 Quais os principais desafios do Direito Digital? .................................................... 27</p><p>2.3 Marco Civil da Internet ........................................................................................... 31</p><p>2.3.1 Princípios fundamentais do Marco Civil da Internet ....................................32</p><p>2.3.2 Direitos e garantias dos usuários ................................................................. 34</p><p>2.4 Conclusão .............................................................................................................. 35</p><p>Capítulo 3 Crimes digitais ....................................................................39</p><p>3.1 O que é crime digital ou cibercrime e qual seu impacto na sociedade? ............... 42</p><p>3.2 Lei nº 12.737, de 30 de novembro de 2012 .......................................................... 49</p><p>3.2.1 Invasão de Dispositivo Informático .............................................................. 50</p><p>3.3 Conclusão .............................................................................................................. 53</p><p>Capítulo 4 O direito autoral na perspectiva digital ............................... 57</p><p>4.1 O que são direitos autorais e quais são os direitos relacionados? ....................... 59</p><p>4.1.1 Direito moral e Direito patrimonial ................................................................ 61</p><p>4.2 Legislação própria dos direitos autorais ................................................................ 66</p><p>4.2.1 Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 ..................................................... 68</p><p>4.3 Violação ao direito autoral no ambiente digital ...................................................... 71</p><p>4.4 Conclusão .............................................................................................................. 73</p><p>Capítulo 5 Negócios digitais ................................................................77</p><p>5.1 E-business: diversas oportunidades para um mundo de possibilidades ............. 78</p><p>5.2 Transformação, otimização, integração e humanização dos negócios ............... 81</p><p>5.3 Desafios e vantagens dos negócios eletrônicos ................................................. 85</p><p>5.3.1 Vantagens dos negócios eletrônicos ........................................................... 86</p><p>5.3.2 Desafios dos negócios eletrônicos .............................................................. 89</p><p>5.4 Conclusão .............................................................................................................. 90</p><p>Capítulo 6 Contrato digital ...................................................................93</p><p>6.1 Conceito, formação e formas de contratação e-commerce .................................. 94</p><p>6.1.1 Conceitos e vantagens ...........................................................................95</p><p>6.1.2 Pressupostos e requisitos de validade ........................................................98</p><p>6.1.3 Formas de contratação ..............................................................................100</p><p>6.2 Ferramentas de segurança eletrônica ............................................................... 101</p><p>6.3 Pagamentos eletrônicos ...................................................................................... 106</p><p>6.4 Conclusão ............................................................................................................ 108</p><p>Capítulo 7 Dúvidas frequentes sobre os contratos eletrônicos ......... 113</p><p>7.1 Legislação, órgãos reguladores e jurisdição ....................................................... 115</p><p>7.1.1 Invasão de Dispositivo Informático ............................................................ 115</p><p>7.1.2 Quais órgãos reguladores são responsáveis pela regulamentação</p><p>de tarifas e encargos de comércio</p><p>pessoais que tiver</p><p>fornecido a determinada aplicação de internet, a seu</p><p>requerimento, ao término da relação entre as partes,</p><p>ressalvadas as hipóteses de guarda obrigatória de</p><p>registros previstas nesta Lei;</p><p>XI - publicidade e clareza de eventuais políticas de uso</p><p>dos provedores de conexão à internet e de aplicações</p><p>de internet;</p><p>XII - acessibilidade, consideradas as características</p><p>físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e</p><p>mentais do usuário, nos termos da lei; e</p><p>XIII - aplicação das normas de proteção e defesa do</p><p>consumidor nas relações de consumo realizadas na</p><p>internet.</p><p>Conclusão2.4</p><p>Conforme previsto na Lei n.º 12.965/14, que acabamos de analisar, o</p><p>direito à proteção de dados pessoais surge como um corolário do direito à</p><p>privacidade. Na sociedade digital, com o desenvolvimento da Tecnologia</p><p>da Comunicação da Informação, dominada pelas comunicações</p><p>eletrônicas, de fato, o direito à proteção de dados, entendido como a</p><p>proteção de informações pessoais, representa uma garantia fundamental</p><p>de liberdade.</p><p>Resumo</p><p>Fornecer um sistema adequado para a proteção de dados pessoais não é</p><p>fácil, pois se, por um lado, limitar a circulação reduziria o risco de hackers</p><p>e, portanto, alterações, difusões ilícitas etc., por outro, implicaria uma</p><p>compressão da liberdade de manifestação de seu próprio pensamento,</p><p>36 UNIUBE</p><p>pesquisa, atividade científica e estatística, que necessariamente</p><p>envolvem o processamento de informações pessoais.</p><p>À luz dessas premissas, portanto, torna-se oportuno discutir a legislação</p><p>de proteção de dados, que deve ser capaz de equilibrar corretamente</p><p>os interesses em jogo, concedendo às partes interessadas uma série de</p><p>instrumentos jurídicos a fim de garantir a eles um papel ativo nos casos</p><p>de processamento de seus dados.</p><p>A rede tem sido e é, sem dúvida, uma ferramenta extraordinária para</p><p>promover a cultura, a informação, o pluralismo, a liberdade de expressão,</p><p>até mesmo os laços sociais que hoje parecem cada vez mais frágeis e</p><p>evanescentes na vida off-line. E, no entanto, diante desses méritos, a</p><p>web também desenvolveu um “lado sombrio”.</p><p>A capacidade de proteger dados pessoais deve representar não apenas</p><p>uma obrigação legal para as empresas, mas um requisito preferencial,</p><p>um ativo competitivo. Essa perspectiva, hoje já favorecida pela crescente</p><p>demanda social de cidadãos cada vez mais conscientes do valor de seus</p><p>dados, será ainda mais decisiva pela capacidade de desempenho Marco</p><p>Civil Regulatório.</p><p>O regulamento nasceu com o objetivo declarado de desenvolver um</p><p>espaço de liberdade, segurança e justiça, mas também de criar um</p><p>“clima de confiança para o desenvolvimento da economia digital em</p><p>todo o mercado interno”, promovendo “segurança jurídica e operacional”</p><p>para pessoas singulares, bem como para operadores econômicos e</p><p>autoridades públicas “. Essa estreita relação é, além disso, um reflexo da</p><p>centralidade da proteção de dados na economia digital e na sociedade,</p><p>na qual novos desafios à segurança de dados se abriram, tanto para</p><p>empresas quanto para administrações públicas.</p><p>UNIUBE 37</p><p>Todo o quadro regulatório brasileiro baseia-se no objetivo de adaptação</p><p>à evolução tecnológica. Pense nos recursos do big data, na Internet</p><p>das coisas e na inteligência artificial, que enfraquecem a eficácia das</p><p>ferramentas tradicionais - como o consentimento informado - sobre</p><p>as quais a legislação até agora girou. Portanto, é essencial, conforme</p><p>exigido pelo regulamento, que o limiar de proteção seja avançado para a</p><p>fase de projeto do sistema (de acordo com os critérios de privacidade por</p><p>design e a privacidade por padrão), em conformidade com os princípios</p><p>de precaução e prevenção.</p><p>O novo quadro jurídico sobre proteção de dados é, portanto, um grande</p><p>passo em direção a um Estado equilibrado de inovações tecnológicas</p><p>que mudaram profundamente nossa sociedade. Mas o que, mais do que</p><p>qualquer outra medida, garantirá a eficácia dos direitos sancionados será</p><p>a difusão dessa “cultura de privacidade” necessária para promover, ao</p><p>mesmo tempo, o desenvolvimento econômico e a liberdade, a eficiência</p><p>administrativa e a dignidade da pessoa.</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.</p><p>Acesso em: nov. 2019.</p><p>BRASIL. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regulamento. Regula o acesso</p><p>a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no</p><p>§ 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro</p><p>de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº</p><p>8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em: http://www.</p><p>planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/ l12527.htm. Acesso em: nov. 2019.</p><p>BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Regulamento. Estabelece princípios,</p><p>garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm.</p><p>Acesso em: nov. 2019.</p><p>GARRIDO, Patrícia Peck. Direito digital. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.</p><p>Introdução</p><p>Crimes digitaisCapítulo</p><p>3</p><p>O progresso contínuo de novas tecnologias, a vasta difusão</p><p>de equipamentos digitais e a rede de mídia social cada vez</p><p>mais ampla e popular possibilitaram que o número de usuários</p><p>acessando a internet crescesse exponencialmente nos últimos</p><p>anos. Frente à grande existência de empresas introduzidas no</p><p>mundo digital que gerenciam a maior parte de nossas vidas e</p><p>de nossos relacionamentos, informalmente, surge com urgência</p><p>a necessidade de profi ssionais qualifi cados, especializados e</p><p>próximos à segurança digital.</p><p>Paralelamente a fenômenos históricos, como</p><p>a pornografi a infantil on-line , que tende</p><p>a se esconder cada vez mais no mundo</p><p>submerso da web, mesmo por meio de</p><p>sistemas complexos de anonimização da</p><p>navegação, novas atividades predatórias</p><p>são manifestadas por organizações criminosas</p><p>transnacionais agressivas que visam ao</p><p>comércio eletrônico e serviços domésticos,</p><p>ataques planejados a bancos de dados ou</p><p>ataques sofi sticados contra infraestruturas</p><p>institucionais.</p><p>Comércio digital</p><p>ou comércio</p><p>eletrônico</p><p>É defi nido como a</p><p>ação de compra,</p><p>venda de bens ou</p><p>serviços por meio</p><p>da internet ou por</p><p>meios eletrônicos.</p><p>O uso de cartões</p><p>de crédito, sites</p><p>de vendas e</p><p>leilões, transações</p><p>eletrônicas de</p><p>compra e venda tem</p><p>muitas vantagens,</p><p>mas também</p><p>apresenta riscos.</p><p>40 UNIUBE</p><p>Nesse sentido, percebemos que o rol de crimes evoluiu com os</p><p>avanços da internet e das mídias sociais de modo que o paralelo</p><p>entre a tecnologia e os tipos de crimes cometidos no ambiente</p><p>digital é surpreendente. À medida que a tecnologia se tornou mais</p><p>facilmente disponível para as massas, os tipos de crimes cometidos</p><p>mudaram ao longo do tempo.</p><p>Computadores e smartphones nos oferecem possibilidades há</p><p>anos impensáveis: conversar com pessoas do outro lado do mundo,</p><p>ver vídeos diretos do espaço ou calcular dados. A revolução foi tão</p><p>radical que criou um espaço bastante incerto quando se trata de</p><p>contrariar a lei: o que são crimes cibernéticos e como eles podem</p><p>ser combatidos?</p><p>Com esses questionamentos, iniciamos a abordagem sobre os</p><p>crimes digitais.</p><p>O presente capítulo, longe de esgotar as discussões sobre os</p><p>crimes cibernéticos (também conhecidos como crimes virtuais),</p><p>objetiva analisar, de</p><p>forma concisa, os principais aspectos</p><p>envolvidos na prática de tais crimes, muito comuns na sociedade</p><p>atual, em que o dinamismo e as relações virtuais estão, de forma</p><p>acentuada, dominando as relações interpessoais e comerciais.</p><p>Objetivos</p><p>3.1 O que é crime digital ou cibercrime e qual seu impacto na</p><p>sociedade?</p><p>3.2 Lei nº 12.737, de 30 de novembro de 2012</p><p>3.2.1 Invasão de Dispositivo Informático</p><p>3.3 Conclusão</p><p>Esquema</p><p>UNIUBE 41</p><p>“O crime informático e on-line é diferente do crime</p><p>do ´mundo real´. Ele não é tangível ou visível para a</p><p>maioria das pessoas e é de difícil solução”.</p><p>Anne Collier, Editora da NetFamilyNews.org e</p><p>co-presidente do Grupo de Trabalho de Segurança e</p><p>Tecnologia On-line.</p><p>Leia as reportagens a seguir:</p><p>Fonte: https://veja.abril.com.br/economia.</p><p>Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/tec/2019/02.</p><p>Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/tec/2019/02.</p><p>42 UNIUBE</p><p>O que revelam essas manchetes?</p><p>3.1 O que é crime digital ou cibercrime e qual seu impacto</p><p>na sociedade?</p><p>Como pode ser observado, o crime digital ou</p><p>cibercrime é definido como um delito em que</p><p>um computador é o objeto do crime ou é usado</p><p>como uma ferramenta para cometer um crime.</p><p>Um ‘cibercriminoso’ pode usar um dispositivo para</p><p>acessar informações pessoais de um usuário,</p><p>informações comerciais confidenciais, informações</p><p>governamentais ou desativar um dispositivo.</p><p>Nesse sentido, na maioria das vezes, a internet é</p><p>apenas um instrumento de ação dos cibercriminosos</p><p>e a doutrina jurídica preocupou-se em melhor</p><p>caracterizá-los. Por isso, Reginaldo César Pinheiro</p><p>(2001, p. 18-9, apud VANCIN; GONÇALVES, 2011, p.38) classifica os</p><p>crimes informáticos ou cibernéticos em três categorias: virtuais puros,</p><p>mistos ou comuns, como se observa na Figura 1:</p><p>Crime informático,</p><p>crime cibernético,</p><p>e-crime,</p><p>cibercrime (em</p><p>inglês, cybercrime),</p><p>crime eletrônico ou</p><p>crime digital.</p><p>São termos</p><p>aplicáveis a toda</p><p>atividade criminosa</p><p>em que se utiliza</p><p>um computador</p><p>ou uma rede de</p><p>computadores como</p><p>instrumento ou base</p><p>de realização de um</p><p>crime.</p><p>UNIUBE 43</p><p>Crimes puros Crimes mistos Crimes comuns</p><p>Toda e qualquer</p><p>conduta ilícita que</p><p>tenha por objetivo</p><p>exclusivo o sistema</p><p>de computador,</p><p>seja pelo atentado</p><p>físico ou técnico do</p><p>equipamento e seus</p><p>componentes, inclusive</p><p>dados e sistemas.</p><p>Neste ponto é que</p><p>verifica-se a ação</p><p>dos crackers, que</p><p>são pessoas</p><p>com profundos</p><p>conhecimentos</p><p>informáticos e</p><p>que se utilizam</p><p>desse know-how para</p><p>obtenção de algum</p><p>benefício ilícito</p><p>ou simplesmente</p><p>por vandalismo.</p><p>Aqueles em que o</p><p>uso da internet é</p><p>condição sine qua</p><p>non para a efetivação</p><p>da conduta, embora</p><p>o bem jurídico</p><p>visado seja diverso</p><p>ao informático.</p><p>Ocorre, por exemplo,</p><p>nas transferências</p><p>ilícitas de valores em</p><p>uma home banking em</p><p>que o cracker retira</p><p>de diversas contas</p><p>correntes, diariamente,</p><p>pequenas quantias</p><p>que correspondem a</p><p>centavos e transferem</p><p>para uma única conta.</p><p>Aqueles que utilizam</p><p>a internet apenas</p><p>como instrumento</p><p>para a realização de</p><p>um delito já tipificado</p><p>pela lei penal pátria.</p><p>A Rede Mundial</p><p>de Computadores</p><p>acaba por ser apenas</p><p>mais um meio para</p><p>a realização de uma</p><p>conduta delituosa. Se</p><p>antes, por exemplo,</p><p>a pornografia infantil</p><p>era instrumentalizada</p><p>por meio de vídeos</p><p>e fotografias, hoje se</p><p>dá por meio de home</p><p>pages. Mudou-se</p><p>a forma, mas a</p><p>essência do crime</p><p>permanece a mesma.</p><p>O desenvolvimento de tecnologias telemáticas e de TI cada vez mais</p><p>sofisticadas e eficientes favoreceu o surgimento de novas formas de</p><p>disseminação ilícita em nossa sociedade por meio do uso de ferramentas</p><p>comumente usadas, como computadores, PCs, tablets e telefones</p><p>celulares. Comportamentos ilegais, dos quais os principais aspectos e</p><p>críticas serão examinados aqui, são geralmente referidos como crimes</p><p>digitais.</p><p>Podemos dividir os crimes digitais regulamentados pelo nosso sistema</p><p>em quatro macrocategorias, como se vê na Figura 2:</p><p>Fonte: Adaptado de Vancin; Gonçalves (2011, p. 38).</p><p>Figura 1: Categorias dos crimes informáticos.</p><p>44 UNIUBE</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>Figura 2: Macrocategorias dos crimes digitais.</p><p>Fraude</p><p>informática</p><p>Acesso não</p><p>autorizado a um</p><p>computador ou</p><p>sistema eletrônico</p><p>Posse e distribuição</p><p>não autorizadas</p><p>de códigos de</p><p>acesso a sistemas</p><p>de computadores</p><p>e eletrônicos</p><p>Disseminação de</p><p>equipamentos,</p><p>dispositivos ou</p><p>programas de</p><p>computador</p><p>destinados a danificar</p><p>ou interromper um</p><p>sistema eletrônico</p><p>ou de TI</p><p>Dessas categorias, segue, no Quadro 1, uma lista de alguns exemplos de</p><p>diversas situações criminosas que podem ser verificadas no meio digital.</p><p>Denominação Descrição da conduta</p><p>• Pornografia infantil Fazer ou distribuir pornografia infantil.</p><p>• Violação de direitos autorais</p><p>Roubar ou usar o material protegido</p><p>por direitos autorais de outra pessoa</p><p>sem permissão.</p><p>• Crackeamento Decifrar códigos que estão sendo</p><p>usados para proteger os dados.</p><p>• Ciberterrorismo Ameaças e chantagens contra uma</p><p>empresa ou pessoa.</p><p>• Cyberbullying ou Cyberstalking Assediar ou perseguir outras</p><p>pessoas on-line.</p><p>Quadro 1: Situações criminosas no meio digital</p><p>UNIUBE 45</p><p>Denominação Descrição da conduta</p><p>• Fraude financeira</p><p>Manipular dados, alterar registros</p><p>bancários para transferir dinheiro</p><p>para uma conta ou participar de</p><p>fraudes com cartão de crédito.</p><p>• Roubo de identidade Fingir ser alguém que não se é.</p><p>• Vendas ilegais</p><p>Compra ou venda de produtos</p><p>ilícitos on-line, incluindo drogas,</p><p>armas e substâncias psicotrópicas.</p><p>• Pirataria de software</p><p>Copiar, distribuir ou usar software</p><p>com direitos autorais que não se</p><p>comprou.</p><p>• Acesso não autorizado Obter acesso a sistemas aos quais</p><p>não se tem permissão para acessar.</p><p>• Escutas telefônicas</p><p>Conectando um dispositivo a uma</p><p>linha telefônica sem permissão legal</p><p>para ouvir conversas.</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>Diariamente, são registrados pelo menos</p><p>366 crimes cibernéticos em todo o País. O</p><p>levantamento mais recente, feito em 2018 pela</p><p>Associação SaferNet Brasil, em parceria com o</p><p>Ministério Público Federal (MPF), contabilizou</p><p>133.732 queixas de delitos virtuais, como</p><p>pornografia infantil, conteúdos de apologia e</p><p>incitação à violência, a crimes contra a vida, à</p><p>violência contra mulheres ou misoginia e outros.</p><p>Em comparação ao ano anterior, a quantidade de</p><p>ocorrências deu um salto de quase 110% – em</p><p>2017, a Associação registrou 63.698 denúncias.</p><p>Um fator que contribui para a ação criminosa, na</p><p>visão de especialistas, é o descuido da população</p><p>Misoginia</p><p>(do grego μισέω,</p><p>transl. miseó,</p><p>“ódio”; e γυνὴ,</p><p>gyné, “mulher”) é</p><p>o ódio, desprezo</p><p>ou preconceito</p><p>contra mulheres</p><p>ou meninas. A</p><p>misoginia pode se</p><p>manifestar de várias</p><p>maneiras, incluindo</p><p>a exclusão social,</p><p>a discriminação</p><p>sexual, a hostilidade,</p><p>o androcentrismo,</p><p>o patriarcado, as</p><p>ideias de privilégio</p><p>masculino, a</p><p>depreciação das</p><p>mulheres, a violência</p><p>contra as mulheres</p><p>e a objetificação</p><p>sexual. (WIKIPEDIA,</p><p>2019)</p><p>46 UNIUBE</p><p>quanto ao uso de ferramentas que protejam os aparelhos celulares das</p><p>invasões de hackers.</p><p>Dito isso, parece útil ressaltar que chamamos de cibercriminosa a pessoa</p><p>que implementa uma conduta que é expressa por meio da violação</p><p>de redes telemáticas e sistemas de computador e é frequentemente</p><p>acompanhada de objetivos meramente lúdicos que podem mudar com</p><p>o tempo, transformando-se em comportamentos postos em prática pela</p><p>exploração dos dados obtidos ou a entrada de programas maliciosos no</p><p>sistema.</p><p>O cibercrime criou uma grande ameaça para quem usa a internet, com</p><p>milhões de informações de usuários roubadas nos últimos anos. Também</p><p>causou um grande estrago nas economias de muitas nações.</p><p>Parece que, na era moderna da tecnologia, criminosos estão dominando</p><p>nossos sistemas e ninguém está seguro. O tempo médio de permanência</p><p>ou o tempo que uma empresa leva para detectar uma violação cibernética</p><p>é de mais de 200 dias. A maioria dos usuários da internet não pensa no</p><p>fato de que eles</p><p>podem ser invadidos e muitos raramente alteram suas</p><p>credenciais ou atualizam senhas. Isso deixa muitas pessoas suscetíveis</p><p>ao cibercrime e é importante se informar. Eduque-se e eduque outras</p><p>pessoas sobre as medidas preventivas que você e elas podem tomar</p><p>para se proteger como indivíduo ou empresa.</p><p>A evolução contínua da tecnologia da informação combinada com a</p><p>disseminação de crimes relacionados a ela exige uma reflexão sobre o</p><p>assunto.</p><p>Com o passar do tempo, as descobertas tecnológicas, resultado de</p><p>estudos aprofundados e pesquisas de ponta, estão aumentando dia a</p><p>dia, proporcionando a cada indivíduo melhorias de todos os tipos, que</p><p>se tornam parte do cotidiano e da vida social, cultural, econômica e</p><p>administrativa de países.</p><p>UNIUBE 47</p><p>A centralidade do papel adquirido pela informatização trouxe</p><p>indiscutivelmente benefícios à nossa sociedade, mas ao mesmo tempo nos</p><p>tornou mais vulneráveis. A privacidade de cada um de nós é constantemente</p><p>posta à prova. Empresas e administrações públicas em todo o mundo</p><p>investem fundos enormes para tentar em vão conter um dos maiores e</p><p>mais difundidos problemas dos últimos tempos.</p><p>PARADA PARA REFLEXÃO</p><p>Apesar de tudo, estamos testemunhando a proliferação de crimes</p><p>perpetrados por meio de dispositivos de tecnologia da informação e na</p><p>web por sujeitos sem inibições e que às vezes são culpados de alguns</p><p>dos piores crimes existentes, como no caso de pornografia infantil, roubo</p><p>de identidade ou fraude computador. Sem mencionar dados confidenciais</p><p>roubados de suas fontes de origem.</p><p>Às vezes, eles se manifestam como novos crimes, intimamente ligados</p><p>ao uso de sistemas ou como crimes tradicionais que encontram mais</p><p>perspectivas de ação em tecnologias inovadoras.</p><p>E é precisamente em relação a essas críticas que a atualização</p><p>tecnológica exige uma produção regulatória imensa que acompanha</p><p>a mutabilidade deste vasto mundo para poder conter os crimes de</p><p>computador cada vez mais numerosos e imprevisíveis.</p><p>Do ponto de vista puramente técnico, isso certamente não parece fácil.</p><p>No entanto, nos últimos anos, tem sido dada atenção à política de</p><p>informação para segurança - com consequente uso e gasto de energia,</p><p>também de considerável natureza econômica - para tentar preencher as</p><p>lacunas produzidas pelo longo e complicado processo de emanação dos</p><p>regulamentos legais em vigor no sistema jurídico.</p><p>O progresso e os resultados obtidos são relevantes, mas ainda há muito</p><p>a ser feito, tanto pelas lacunas na ordem quanto pela constante incerteza</p><p>48 UNIUBE</p><p>interpretativa que caracteriza a parte da jurisprudência que governa os</p><p>crimes cibernéticos. Além disso, está o desconhecimento dos usuários</p><p>do sistema de TI.</p><p>Bem, as sofisticadas formas criminosas diante das quais certamente nos</p><p>colocamos não facilitam a tarefa amarga a que o Estado é chamado a</p><p>desempenhar: respeitar a linha tênue entre a proteção da informação e</p><p>a liberdade pessoal.</p><p>De fato, estamos na presença de áreas particularmente delicadas</p><p>que exigem a adoção de medidas que não impliquem uma violação</p><p>dos direitos fundamentais e que sejam simultaneamente eficazes em</p><p>termos de proteção do sistema. Saldos que não são fáceis de criar e</p><p>quase impossíveis de manter em uma sociedade que se move em alta</p><p>velocidade.</p><p>A respeito da classificação de crimes digitais, surgem diversas</p><p>abordagens de diferentes autores. De acordo com Sieber (1998, apud</p><p>FAORO; JESUS; ABREU, 2015), um dos maiores estudiosos do tema,</p><p>os ilícitos são classificados da forma esquematizada na Figura 3:</p><p>a) Violações à privacidade</p><p>b) Crimes econômicos</p><p>(hacking, espionagem,</p><p>piratarias em geral</p><p>(cópias não autorizadas),</p><p>sabotagem e</p><p>extorsão, fraude).</p><p>c) Conteúdos ilegais</p><p>e nocivos.</p><p>d) Outros ilícitos (contra</p><p>a vida, crime organizado</p><p>e guerra eletrônica).</p><p>Fonte: Adaptado de Faoro; Jesus; Abreu (2015, p.8).</p><p>Figura 3: Classificação dos ilícitos.</p><p>UNIUBE 49</p><p>Lei nº 12.737, de 30 de novembro de 20123.2</p><p>A adequação da legislação pátria à linguagem que diferencia os crimes</p><p>virtuais dos crimes presenciais configura-se um dos grandes desafios</p><p>vividos pelos profissionais da área, tendo em vista as peculiaridades</p><p>referentes à autoria, à materialidade e à tipificação de seus institutos.</p><p>Até o ano de 2012, a ausência de uma lei própria para tratar os crimes</p><p>virtuais contribuía para dificultar a apuração desses delitos, uma vez que</p><p>a legislação, até então vigente, tratava apenas dos crimes de forma geral,</p><p>independentemente do meio utilizado para a sua prática. Nesse sentido,</p><p>podemos citar, entre outros, os expostos na Figura 4:</p><p>Código Penal (CP)</p><p>Estatuto da Criança</p><p>e do Adolescente</p><p>(Lei n. 8.069/90)</p><p>Lei dos crimes de</p><p>software (ou Lei</p><p>antipirataria, Lei</p><p>n. 9.609/98)</p><p>Lei de Segurança</p><p>Nacional (Lei</p><p>nº 7.170/83)</p><p>Fonte: Esquema criado pelas autoras.</p><p>Figura 4: Agentes da legislação vigentes até 2012.</p><p>Frente ao caráter generalista da legislação, era muito difícil a identificação</p><p>dos sujeitos e a obtenção de provas para a condenação criminal quanto</p><p>aos crimes virtuais.</p><p>50 UNIUBE</p><p>Vamos analisar essa lei e conhecer cada tipo penal por ela</p><p>abordado?</p><p>3.2.1 Invasão de Dispositivo Informático</p><p>O Art. 154-A tipifica como crime:</p><p>Invadir dispositivo informático alheio, conectado</p><p>ou não à rede de computadores, mediante violação</p><p>indevida de mecanismo de segurança e com o fim de</p><p>obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem</p><p>autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo</p><p>ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.</p><p>(BRASIL, 2012)</p><p>A pena prevista para o crime verificado na forma simples é de detenção</p><p>de 3 meses a um ano e multa, havendo, entretanto, a previsão das formas</p><p>qualificadas e causas de aumento de pena.</p><p>No que se refere à consumação e tentativa, esse</p><p>crime é formal, pois sua consumação se dá com a</p><p>simples invasão ou instalação de vulnerabilidade,</p><p>não sendo necessário para se consumar a</p><p>obtenção ou não da vantagem ilícita pelo agente.</p><p>Detenção</p><p>Consiste em uma</p><p>pena imposta</p><p>em sentença</p><p>condenatória. Trata-se</p><p>de uma condenação</p><p>em que o condenado</p><p>poderá iniciar o seu</p><p>cumprimento apenas</p><p>em regime semiaberto</p><p>ou aberto, ao</p><p>contrário da reclusão,</p><p>que prevê também</p><p>o regime fechado.</p><p>As regras para os</p><p>regimes semiaberto e</p><p>aberto estão previstas</p><p>no Artigo 33, do</p><p>Código Penal.</p><p>Dessa forma, objetivando adequar o Direito às transformações que</p><p>envolvem o mundo tecnológico e modificam continuamente a vida em</p><p>sociedade, foi editada a Lei nº 12.737/2012, nomeada de Lei Carolina</p><p>Dieckmann, que dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos;</p><p>altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;</p><p>introduzindo os arts. 154-A, 154-B e alterando os arts. 266 e 298, todos</p><p>do Código Penal, com o objetivo de preencher a lacuna legislativa que</p><p>até então existia.</p><p>UNIUBE 51</p><p>Podemos sintetizar esse crime por meio da Figura 5 abaixo:</p><p>Invasão de Dispositivo Informático</p><p>Bem jurídico</p><p>tutelado</p><p>Crime comum</p><p>Tipo objetivo</p><p>misto</p><p>alternativo</p><p>Culpabilidade</p><p>A liberdade</p><p>individual, a</p><p>privacidade e</p><p>a intimidade</p><p>das pessoas</p><p>como um todo.</p><p>O sujeito</p><p>ativo do crime</p><p>cibernético pode</p><p>ser qualquer</p><p>pessoa (física</p><p>ou jurídica, de</p><p>direito público</p><p>ou de direito</p><p>privado),</p><p>Sendo um</p><p>crime de ação</p><p>múltipla ou</p><p>conteúdo variado,</p><p>apresenta os</p><p>núcleos “invadir”</p><p>e “instalar”,</p><p>podendo o agente</p><p>praticar ambas</p><p>as condutas e</p><p>responder por</p><p>crime único,</p><p>desde que num</p><p>mesmo contexto.</p><p>A conduta</p><p>criminosa</p><p>do crime</p><p>cibernético</p><p>caracteriza-</p><p>se somente</p><p>pelo dolo, não</p><p>havendo a</p><p>previsão legal</p><p>da conduta na</p><p>forma culposa.</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>Conforme o § 1º do artigo analisado, na mesma pena incorre quem produz,</p><p>oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de computador</p><p>com o intuito de permitir a prática da conduta definida no artigo 154-A.</p><p>IMPORTANTE!</p><p>Outra majorante da pena aplicada a essa conduta ocorre quando da</p><p>invasão resultar prejuízo</p><p>econômico. Nesse caso, aumenta-se a pena de</p><p>um sexto a um terço conforme disposto no § 2º do Artigo 154-A.</p><p>Figura 5: Crime de invasão.</p><p>52 UNIUBE</p><p>Se dessa invasão resultar a obtenção de conteúdo</p><p>de comunicações eletrônicas privadas, segredos</p><p>comerciais ou industriais, informações sigilosas,</p><p>assim definidas em lei, ou o controle remoto não</p><p>autorizado do dispositivo invadido, a pena será</p><p>de reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,</p><p>e multa, se a conduta não constituir crime mais</p><p>grave.</p><p>Caso, dessa invasão, resultar a obtenção de</p><p>conteúdo de comunicações eletrônicas privadas,</p><p>segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas</p><p>em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido e,</p><p>ainda, houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a</p><p>qualquer título, dos dados ou informações obtidas, aumenta-se a pena</p><p>de um a dois terços.</p><p>Por fim, ainda há uma possibilidade de aumento da pena de um terço à</p><p>metade se o crime for praticado contra os seguintes agentes:</p><p>• Presidente da República, governadores e prefeitos.</p><p>• Presidente do Supremo Tribunal Federal.</p><p>• Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de</p><p>Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito</p><p>Federal ou de Câmara Municipal ou</p><p>• dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual,</p><p>municipal ou do Distrito Federal.</p><p>Para os crimes definidos no Art. 154-A, somente se procede investigação</p><p>mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a</p><p>administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da</p><p>União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas</p><p>concessionárias de serviços públicos.</p><p>A pena de reclusão</p><p>É aplicada a</p><p>condenações mais</p><p>severas, o regime</p><p>de cumprimento</p><p>pode ser fechado,</p><p>semiaberto</p><p>ou aberto e,</p><p>normalmente,</p><p>é cumprida em</p><p>estabelecimentos</p><p>de segurança</p><p>máxima ou média.</p><p>UNIUBE 53</p><p>Isso quer dizer que a representação é a manifestação de vontade do</p><p>ofendido ou de seu representante legal, no sentido de ser instaurada uma</p><p>ação penal. Trata-se de uma autorização para que o órgão ministerial</p><p>possa propor referida ação penal. Nos casos em que a vítima for a</p><p>Administração Pública, não é necessário representação, pois o próprio</p><p>poder público instaura a ação penal.</p><p>Conclusão3.3</p><p>As sociedades contemporâneas dependem cada vez mais de redes</p><p>eletrônicas e sistemas de informação. A evolução da tecnologia da</p><p>comunicação da informação também desencadeou o desenvolvimento</p><p>de atividades criminosas que ameaçam cidadãos, empresas, governos</p><p>e infraestruturas críticas: o crime cibernético.</p><p>São atos criminosos cometidos on-line usando redes de comunicações</p><p>eletrônicas e sistemas de informação gerando um problema sem</p><p>fronteiras, que pode ser evitado mediante a implementação de uma</p><p>legislação séria e legítima.</p><p>Resumo</p><p>O cibercrime geralmente pode ser definido como uma atividade criminosa</p><p>que envolve a estrutura da tecnologia da informação, incluindo acesso</p><p>ilegal (acesso não autorizado), interceptação (por meios técnicos</p><p>de transmissão de dados), interferência de dados (dano, exclusão,</p><p>deterioração, alteração ou supressão de dados de computador), sistemas</p><p>de interferência (interferência no funcionamento de um sistema de TI</p><p>por meio da entrada, transmissão, dano, cancelamento, deterioração,</p><p>alteração ou supressão de dados do computador), uso indevido de</p><p>dispositivos, falsificação , roubo de identidade, fraude no computador e</p><p>eletrônicos. As pessoas que cometem esses crimes, se capturadas, são</p><p>condenadas por diferentes tipos de penas.</p><p>54 UNIUBE</p><p>Os tipos de crimes na internet podem ser de vários tipos: desde a</p><p>mensagem ofensiva enviada por e-mail, até a difusão de imagens</p><p>difamatórias ou de pornografia infantil, ou o download de recursos</p><p>protegidos por direitos autorais. A identificação do autor de um crime</p><p>on-line é problemática por vários fatores: em um sistema, como a internet</p><p>- não controlado por nenhuma autoridade supranacional, que permite o</p><p>anonimato absoluto dos usuários, em que os dados se espalham muito</p><p>rapidamente além das fronteiras nacionais e em que a exclusão dos traços</p><p>é relativamente simples,- identificar a pessoa responsável por um crime é</p><p>uma operação realmente complexa e difícil de executar com êxito.</p><p>Por isso a necessidade de aprofundarmos nesse assunto e criar</p><p>estratégias para evitar os crimes digitais e suas consequências no mundo</p><p>econômico, social e político.</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Lei nº 12.737, de 30 de novembro de 2012. Dispõe sobre a tipificação</p><p>criminal de delitos informáticos; altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de</p><p>1940 - Código Penal; e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.</p><p>gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/ 2012/lei/l12737.htm. Acesso em: dez. 2019.</p><p>FAORO, Roberta Rodrigues; JESUS, Betina Ribeiro de; ABREU, Marcelo Faoro de.</p><p>Um estudo sobre crimes digitais: detecção e prevenção. Anais do IV SINGEP –</p><p>São Paulo – SP – Brasil – 08, 09 e 10/11/2015. Disponível em:</p><p>https://singep.org.br›resultado. Acesso em: dez. 2019.</p><p>MARTINS, Aline. Propriedade de informações e dados postados em ambiente</p><p>virtual, limites e extensões. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina,</p><p>ano 21, n. 4582, 17 jan. 2016. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/33385.</p><p>Acesso em: 15 jan. 2020.</p><p>VANCIM, Adriano Roberto; GONÇALVES, José Eduardo Junqueira. Os cybercrimes</p><p>e o cyberbullying - apontamentos jurídicos ao direito da intimidade e da privacidade.</p><p>Jurisp. Mineira, Belo Horizonte, a. 62, n° 199, p. 21-55, out./dez. 2011.</p><p>Disponível em: https://bd.tjmg. jus.br/jspui/bitstream/tjmg/395/1/D4v1992011.pdf.</p><p>Acesso em: nov. 2019.</p><p>UNIUBE 55</p><p>WIKIPEDIA. Misoginia. Página editada pela última vez às 12h51min de 9 de</p><p>novembro de 2019. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Misoginia.</p><p>Acesso em: dez. 2019.</p><p>Introdução</p><p>O direito autoral na</p><p>perspectiva digital</p><p>Capítulo</p><p>4</p><p>Os direitos autorais que visam à proteção dos direitos morais e</p><p>econômicos dos criadores de obras literárias, científi cas e artísticas</p><p>são reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos</p><p>(Artigo 27.2), assim como os direitos à informação e à cultura.</p><p>Esses direitos intelectuais equivalem à detenção de um monopólio</p><p>de direitos que os autores possuem frente às suas obras, objeto da</p><p>legislação nacional e de convenções internacionais projetadas para</p><p>garantir sua harmonização mundial.</p><p>Desde a invenção da impressão, os direitos autorais foram adaptados</p><p>às várias tecnologias para disseminar e comunicar trabalhos da</p><p>mente que foram desenvolvidos posteriormente.</p><p>[...] a associação e o hábito com a palavra impressa</p><p>modifi caram nosso modo de pensar sobre a arte</p><p>literária e respectivos estilos, fez nascer ideias a</p><p>respeito da originalidade e propriedade literária,</p><p>praticamente inexistentes na</p><p>era do manuscrito,</p><p>e modifi cou o processo psicológico [...]. Na época</p><p>do manuscrito, podia ser considerado como ação</p><p>meritória copiar o livro de um homem e fazê-lo</p><p>circular; na era da palavra impressa, tal ação</p><p>resulta em processos e prejuízos. (McLUHAN,</p><p>1969, p.129)</p><p>Como o respeito aos direitos autorais é um requisito fundamental para</p><p>o pleno desenvolvimento do trabalho criativo pelo qual ele fornece</p><p>58 UNIUBE</p><p>remuneração, hoje, os direitos autorais enfrentam a dificuldade</p><p>de manter o delicado equilíbrio entre os interesses legítimos dos</p><p>autores, sucessores no título e o público em geral no ambiente</p><p>digital.</p><p>Segundo Pierre Lévy (1999), no livro “Cibercultura”, esta</p><p>infraestrutura engloba um modelo que proporciona um maior grau</p><p>de interatividade e compartilhamento, em que os usuários adquirem</p><p>um papel significativo no envio e no recebimento de informações.</p><p>Assim, os indivíduos ganham mais liberdade para interagir com o</p><p>conteúdo, aumentando as possibilidades de compartilhamento e de</p><p>colaboração.</p><p>Nos últimos anos, a internet se tornou uma infraestrutura poderosa</p><p>para o movimento global de dados de todos os tipos. Com o</p><p>crescimento contínuo a um ritmo exponencial, a internet passou de</p><p>um meio silencioso de comunicação entre os círculos de pesquisa</p><p>acadêmica e científica para a onipresença, tanto na arena comercial</p><p>quanto nas relações particulares. A internet agora é um importante</p><p>canal de dados global por meio do qual grandes quantidades de</p><p>propriedade intelectual são movidas.</p><p>Este capítulo tem como objetivo geral abordar o direito autoral na</p><p>perspectiva digital. Para tanto, pretende-se:</p><p>• definir o direito digital e suas classificações: moral e</p><p>patrimonial;</p><p>• levantar as principais legislações internacionais e a brasileira</p><p>sobre a temática estudada,</p><p>• analisar a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, e suas</p><p>aplicações no cenário brasileiro,</p><p>• compreender o reflexo da violação ao direito autoral no</p><p>ambiente digital.</p><p>Objetivos</p><p>UNIUBE 59</p><p>4.1 O que são direitos autorais e quais são os direitos relacionados?</p><p>4.1.1 Direito moral e Direito patrimonial</p><p>4.2 Legislação própria dos direitos autorais</p><p>4.2.1 Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998</p><p>4.3 Violação ao direito autoral no ambiente digital</p><p>4.4 Conclusão</p><p>Esquema</p><p>4.1 O que são direitos autorais e quais são os direitos</p><p>relacionados?</p><p>Os direitos autorais são uma forma de proteção à propriedade intelectual</p><p>fornecida pela legislação brasileira. Essa proteção está disponível</p><p>para obras de autoria originais que são produzidas de forma tangível,</p><p>publicadas ou não publicadas. As categorias de obras que podem</p><p>ser protegidas pelas leis de direitos autorais incluem textos, pinturas,</p><p>obras literárias, performances ao vivo, fotografias, filmes e softwares. A</p><p>importância dessa proteção se justifica, uma vez que:</p><p>[...] a informação é um bem cultural e social, um valor</p><p>de progresso e cultura e, bem como o conhecimento,</p><p>enriquece-se mediante intercâmbio. O direito que a</p><p>regulamenta não deve refletir somente os interesses</p><p>comerciais e de curto prazo, nem a assimilar de maneira</p><p>simplista, como bem de consumo, a que reduz a simples</p><p>objeto comercializável. O direito à informação busca o</p><p>sutil equilíbrio entre os titulares dos direitos (o benefício</p><p>da criação e/ou do investimento econômico) e os</p><p>possíveis usuários da informação. (GAMA, 2008, p.34)</p><p>Nessa perspectiva, você encontrará neste espaço uma breve visão geral</p><p>do que são os direitos autorais, os direitos do proprietário dos direitos</p><p>autorais, bem como a repercussão desse direito nos ambientes digitais.</p><p>Podemos definir direitos autorais como o direito exclusivo de uma pessoa</p><p>de reproduzir, publicar ou vender sua obra original de autoria (como uma</p><p>obra literária, musical, dramática, artística ou arquitetônica).</p><p>60 UNIUBE</p><p>É importante entender que a lei de direitos autorais cobre a forma de</p><p>expressão material, não os conceitos, as ideias, as técnicas ou os fatos</p><p>reais de um trabalho específi co. Essa é a razão por que uma obra</p><p>deve ser produzida de forma tangível para receber proteção de direitos</p><p>autorais. O objetivo principal da Lei de Direitos Autorais é proteger o</p><p>tempo, o esforço e a criatividade do criador da obra. Como tal, a Lei</p><p>de Direitos Autorais concede ao proprietário de direitos autorais certos</p><p>direitos exclusivos, incluindo o direito de:</p><p>reprodução do trabalho,</p><p>preparação de trabalhos derivados (outros trabalhos baseados no</p><p>trabalho original),</p><p>distribuição de cópias da obra por venda, arrendamento ou outra</p><p>transferência de propriedade,</p><p>realização do trabalho publicamente,</p><p>exibição do trabalho publicamente,</p><p>O proprietário dos direitos autorais também tem o direito de autorizar</p><p>outras pessoas a fazerem qualquer um dos direitos mencionados acima.</p><p>Ou seja, ele tem a opção e a capacidade de transferir seus direitos</p><p>exclusivos - ou qualquer subdivisão desses direitos - para outros também.</p><p>Se um autor ou artista cria uma obra para uma empresa ou durante</p><p>o emprego, o criador geralmente não é o proprietário dos direitos</p><p>autorais. Essa situação é conhecida como “trabalho feito para locação"</p><p>e confere propriedade de direitos autorais ao empregador ou à pessoa</p><p>UNIUBE 61</p><p>que encomendou o trabalho. Um trabalho feito para uma situação de</p><p>contratação pode ocorrer quando a pessoa, de forma independente, é</p><p>contratada para criar um trabalho específico ou se o trabalho é criado</p><p>por um funcionário enquanto ele está trabalhando. Por exemplo, se um</p><p>funcionário escreve artigos para uma empresa, esta é a proprietária dos</p><p>direitos autorais, e não o autor real.</p><p>Devido ao crescimento acelerado e à popularidade da internet,</p><p>especialmente as plataformas de mídia social on-line que tornam o</p><p>compartilhamento de conteúdos simples e fácil, a tarefa de proteger</p><p>propriedades intelectuais se tornou muito difícil de implementar. As leis</p><p>e os regulamentos criados por vários órgãos legislativos do governo não</p><p>conseguem acompanhar o rápido aumento de novas tecnologias para</p><p>proteger obras e materiais protegidos por direitos autorais.</p><p>A proteção de direitos autorais é importante porque, sem ela, aqueles</p><p>que passam inúmeras horas criando suas obras intelectuais podem ser</p><p>explorados por qualquer pessoa e suas obras podem ser usadas por</p><p>essas pessoas para seu próprio ganho comercial, o que é injusto para</p><p>quem a criou. Proteger essas obras é vital para incentivar o fluxo de</p><p>novas ideias e criar uma economia movimentada para os pensadores e</p><p>artistas da nova geração.</p><p>4.1.1 Direito moral e Direito patrimonial</p><p>Os Direitos Autorais atribuem direitos de uso econômico, direitos morais</p><p>e direitos de compensação a autores de obras criativas (como obras</p><p>literárias, dramáticas, educacionais e religiosas), bem como musicais,</p><p>teatrais, coreografados, filmes, fotografias, obras de arquitetura,</p><p>programas de computador e bancos de dados.</p><p>Além dos Direitos Autorais, existem direitos “conectados” (ou “intimamente</p><p>relacionados”), destinados a recompensar e/ou incentivar o esforço</p><p>62 UNIUBE</p><p>criativo e o investimento daqueles que tornam essas obras acessíveis</p><p>e utilizáveis pelo público: artistas de obras musicais ou audiovisuais,</p><p>produtores de discos, emissoras de rádio e televisão, etc.</p><p>Os Direitos Autorais recompensam o trabalho dos criadores com a</p><p>atribuição de direitos exclusivos (ou seja, o direito de autorizar ou</p><p>não o uso de obras protegidas) e os direitos à compensação. Estes</p><p>garantem certo ganho para quem participou do processo criativo,</p><p>independentemente da transferência dos direitos exclusivos originalmente</p><p>atribuídos a outros sujeitos.</p><p>Por exemplo, além do direito exclusivo de autorizar a reprodução, distribuição</p><p>e comunicação ao público de suas interpretações e gravações musicais, os</p><p>artistas e produtores de discos têm o direito de receber uma taxa separada</p><p>pelo uso de suas obras reproduzidas por emissões de rádio e televisão,</p><p>filmes e para qualquer tipo de uso.</p><p>EXEMPLIFICANDO!</p><p>Os Direitos</p><p>Autorais também concedem prerrogativas morais, autônomas</p><p>dos direitos de propriedade, que permitem ao autor ser reconhecido como</p><p>o autor de suas próprias obras criativas (ou o direito à autoria da obra)</p><p>e autorizar (ou se opor a) qualquer modificação, alteração, tradução ou</p><p>transposição do trabalho que possa prejudicar a honra e a reputação de</p><p>alguém (direito à integridade do trabalho).</p><p>Os Direitos Morais, típicos dos sistemas jurídicos europeu e brasileiro,</p><p>mostram como os direitos autorais são justificados antes de tudo pelo</p><p>fato de proteger a personalidade dos autores e, de maneira mais geral,</p><p>daqueles que contribuem para a criação de trabalhos criativos.</p><p>Por fim, deve-se lembrar que a lei de Direitos Autorais é regida pelo</p><p>princípio da territorialidade, segundo o qual cada país possui</p><p>UNIUBE 63</p><p>um sistema distinto de regras sobre esse direito; regras que foram</p><p>progressivamente harmonizadas por convenções internacionais desde</p><p>o final do século XIX e por um grande número de diretivas desde o início</p><p>dos anos 90.</p><p>Nesse sentido, o Direito Autoral pode ser entendido em duas dimensões</p><p>(Figura 1):</p><p>= +Direito</p><p>autoral</p><p>Direito</p><p>patrimonial</p><p>Direito</p><p>moral</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>Figura 1: Dimensões do Direito Autoral.</p><p>Trata-se de dimensões que, embora sejam independentes,</p><p>complementam o conceito. O Direito Moral refere-se às características</p><p>relacionadas à personalidade do autor e tem natureza inalienável,</p><p>irrenunciável e imprescritível.</p><p>Como no Direito Autoral brasileiro há uma centralização sobre a figura</p><p>do autor da obra, a dimensão do Direito Moral se destaca, razão pela</p><p>qual merece ser analisada em todos os seus aspectos. O Art. 24 da</p><p>Lei 9610/98 elenca os Direitos Morais (Fig. 2) e indica suas principais</p><p>características (BRASIL, 1998):</p><p>• Direito à paternidade:</p><p>direito de ser atribuído</p><p>como autor da obra e,</p><p>por conseguinte, de ser</p><p>citado sempre como</p><p>fonte de criação.</p><p>• Direito à integridade</p><p>da obra: a obra será</p><p>preservada e não poderá</p><p>ser alterada, sem a</p><p>autorização do autor.</p><p>Figura 2: Direitos morais.</p><p>64 UNIUBE</p><p>• Direito de inédito: abarca a</p><p>decisão de publicação ou não</p><p>da obra, pelo autor, ou seja,</p><p>ao autor cabe a prerrogativa</p><p>de conferir publicidade a</p><p>sua obra, ou de mantê-la</p><p>sob o manto do ineditismo.</p><p>Direito de retirar a obra</p><p>de circulação: o autor</p><p>tem o direito de retirar</p><p>a obra de circulação</p><p>(mediante ressarcimento</p><p>dos prejuízos).</p><p>• Direito de modificar a</p><p>obra: antes ou depois</p><p>de finalizada.</p><p>• Direito de ter acesso</p><p>a exemplar único</p><p>e raro da obra.</p><p>No que se refere aos direitos patrimoniais, estes se referem à</p><p>contraprestação econômica decorrente dos diversos usos e das diversas</p><p>modalidades econômicas de explorações das obras intelectuais que o</p><p>autor tem como consequência do direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor</p><p>da obra literária, artística ou científica.</p><p>O Art. 28 da Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, e seguintes</p><p>(BRASIL,1998) discriminam quais seriam os direitos patrimoniais e suas</p><p>principais características além de esclarecer que, ao autor, cabe o direito</p><p>exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica.</p><p>Importante se faz esclarecer que, para cada modalidade de exploração</p><p>econômica, será necessária uma autorização específica, conforme</p><p>pode-se depreender por meio do Art. 29 da lei específica e seus diversos</p><p>usos de obras intelectuais (BRASIL,1998):</p><p>I - a reprodução parcial ou integral;</p><p>II - a edição;</p><p>III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras</p><p>transformações;</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>UNIUBE 65</p><p>IV - a tradução para qualquer idioma;</p><p>V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual;</p><p>VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato</p><p>firmado pelo autor com terceiros para uso ou</p><p>exploração da obra;</p><p>VII - a distribuição para oferta de obras ou produções</p><p>mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou</p><p>qualquer outro sistema que permita ao usuário</p><p>realizar a seleção da obra ou produção para</p><p>percebê-la em um tempo e lugar previamente</p><p>determinados por quem formula a demanda, e nos</p><p>casos em que o acesso às obras ou produções</p><p>se faça por qualquer sistema que importe em</p><p>pagamento pelo usuário;</p><p>VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária,</p><p>artística ou científica, mediante:</p><p>a) representação, recitação ou declamação;</p><p>b) execução musical;</p><p>c) emprego de alto-falante ou de sistemas</p><p>análogos;</p><p>d) radiodifusão sonora ou televisiva;</p><p>e) captação de transmissão de radiodifusão em</p><p>locais de frequência coletiva;</p><p>f) sonorização ambiental;</p><p>g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por</p><p>processo assemelhado;</p><p>h) emprego de satélites artificiais;</p><p>i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos</p><p>ou não, cabos de qualquer tipo e meios de</p><p>comunicação similares que venham a ser</p><p>adotados;</p><p>j) exposição de obras de artes plásticas e</p><p>figurativas;</p><p>IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em</p><p>computador, a microfilmagem e as demais formas</p><p>de arquivamento do gênero;</p><p>X - quaisquer outras modalidades de utilização</p><p>existentes ou que venham a ser inventadas.</p><p>66 UNIUBE</p><p>Resumindo: os direitos patrimoniais são os direitos exclusivos do autor</p><p>de usar sua obra economicamente de qualquer forma e maneira, original</p><p>ou derivada e de receber uma taxa por cada tipo de uso deles.</p><p>Logo, os direitos patrimoniais são independentes entre si: o exercício de</p><p>um deles não exclui o exercício exclusivo de cada um dos outros direitos.</p><p>São, portanto, exercíveis separadamente ou em conjunto e podem ter</p><p>como objetivo o trabalho em sua totalidade ou em cada uma de suas</p><p>partes.</p><p>Por fim, diferentemente dos direitos morais, os direitos patrimoniais</p><p>podem ser renunciados e transferidos para terceiros. Faremos, a seguir,</p><p>uma análise da legislação que respalda os direitos autorais.</p><p>Legislação própria dos direitos autorais4.2</p><p>No Brasil, a Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 5º, inciso</p><p>XXVII, dispõe que, aos autores, pertence o direito exclusivo de utilização,</p><p>publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo</p><p>tempo que a lei fixar. Desse modo, é valido citar a seguinte interpretação</p><p>do inciso:</p><p>O artigo 5º, XXVII, que assegura o direito autoral,</p><p>contém duas normas bem distintas. A primeira e</p><p>principal confere aos autores o direito exclusivo</p><p>de utilizar, publicar e reproduzir suas obras, sem</p><p>especificar, como faziam as constituições anteriores,</p><p>mas, compreendido em conexão com o inciso IX do</p><p>mesmo artigo, conclui-se que são obras literárias,</p><p>artísticas, científicas e de comunicação. Enfim, aí se</p><p>asseguram os direitos do autor de obra intelectual e</p><p>cultural, reconhecendo-lhe, vitaliciamente, o chamado</p><p>direito de propriedade intelectual, que compreende</p><p>direitos morais e patrimoniais. A segunda norma declara</p><p>que esse direito é transmissível aos herdeiros pelo</p><p>tempo que a lei fixar. (SILVA, 2014, p. 278).</p><p>Portanto, além da Constituição Brasileira proteger os direitos do autor,</p><p>também garante aos herdeiros que lhes sejam transmitidos esses</p><p>UNIUBE 67</p><p>direitos, evidenciando a intenção do legislador de resguardar o domínio</p><p>sobre as criações artísticas, científi cas e literárias que sejam produzidas.</p><p>No âmbito penal, colaboram Pamplona Filho e Gagliano (2012, p. 307):</p><p>O Código Penal Brasileiro, por exemplo, traz tipos</p><p>próprios para os ilícitos praticados contra a propriedade</p><p>imaterial (bens incorpóreos), como a violação de direito</p><p>autoral (artigo 184), além de haver expressa disciplina</p><p>de outros crimes contra a propriedade (patentes,</p><p>desenhos industriais, marcas, etc.), na Lei nº 9.279/96,</p><p>que regula direitos e obrigações relativos à propriedade</p><p>industrial.</p><p>Como pode ser observado, a propagação cada vez maior das obras</p><p>intelectuais por intermédio dos meios de comunicação implicou a</p><p>necessidade de proteger o direito autoral não só no âmbito nacional como</p><p>também mundo afora. Dessa forma, tornou-se necessária a existência de</p><p>contratos</p><p>internacionais nos quais se procura dar, aos autores e editores</p><p>dos países assinantes, a mesma proteção legal que têm em seu próprio</p><p>país. O Brasil assinou os seguintes tratados (Figura 3):</p><p>1. Convenção de Berna (09.09.1886)</p><p>2. Convenção Universal (24.07.1971)</p><p>3. Convenção de Roma (26.10.1961)</p><p>4. Convenção de Genebra (29.10.1971) (fonogramas)</p><p>5. Acordo sobre aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual</p><p>Relacionados ao Comércio</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>Figura 3: Tratados internacionais em que o Brasil é signatário.</p><p>68 UNIUBE</p><p>Atrelada a essa realidade internacional, situa-se também a atual</p><p>legislação brasileira de direitos autorais, sintetizada na Lei 9.610/98,</p><p>como uma das mais restritivas em relação às demais legislações ao redor</p><p>do mundo. No que diz respeito à formulação de medidas protecionistas</p><p>em favor dos direitos autorais no Brasil, esta ocorreu, num primeiro</p><p>momento, com a vigência da Lei 5.988, de 14 de dezembro de 1993,</p><p>que regulamentava o direito autoral em território pátrio. Porém, a partir</p><p>de 19 de junho de 1998, entra em vigor a atual Lei Brasileira de Direitos</p><p>Autorais (LDA), realizando alterações na legislação sobre os direitos de</p><p>autor, as quais veremos a seguir.</p><p>4.2.1 Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998</p><p>Acesse a legislação na íntegra pelo link:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm</p><p>PESQUISANDO NA WEB</p><p>Essa lei regula os direitos autorais, entendendo-se em relação a esta</p><p>denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos. Conforme</p><p>dispõe o Art. 2º, “Os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da</p><p>proteção assegurada nos acordos, convenções e tratados em vigor no</p><p>Brasil. ” (BRASIL, 1998)</p><p>O direito autoral é a propriedade do autor sobre sua obra, e o autor é a</p><p>pessoa física criadora da obra literária, artística ou científica. Quanto à</p><p>titularidade, Abrão (2002, p.18 ) ensina que:</p><p>Autor é o criador da obra protegida e titular de direitos.</p><p>A criação cria um vínculo indissolúvel entre autor e</p><p>obra, mas a titularidade pode ser adquirida por terceiros</p><p>em virtude de contrato (inter-vivos) ou em função de</p><p>sucessão (mortis-causa). Titular originário é apenas a</p><p>pessoa física, ou, na hipótese singular da obra coletiva,</p><p>o organizador, seja ele pessoa física ou jurídica. Titular</p><p>derivado é autor por transmissão, é aquele ou aqueles</p><p>que adquiriram o exercício de alguns direitos sem</p><p>participação no processo criativo originário.</p><p>UNIUBE 69</p><p>Segundo o Art. 7º dessa lei, são obras intelectuais protegidas as criações</p><p>do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte,</p><p>tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como:</p><p>I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;</p><p>II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras</p><p>da mesma natureza;</p><p>III - as obras dramáticas e dramático-musicais;</p><p>IV- as obras coreográficas e pantomímicas, cuja</p><p>execução cênica se fixe por escrito ou por outra</p><p>qualquer forma;</p><p>V - as composições musicais, tenham ou não letra;</p><p>VI- as obras audiovisuais, sonorizadas ou não,</p><p>inclusive as cinematográficas;</p><p>VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer</p><p>processo análogo ao da fotografia;</p><p>VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura,</p><p>litografia e arte cinética;</p><p>IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da</p><p>mesma natureza;</p><p>X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes</p><p>à geografia, engenharia, topografia, arquitetura,</p><p>paisagismo, cenografia e ciência;</p><p>XI - as adaptações, traduções e outras transformações</p><p>de obras originais, apresentadas como criação</p><p>intelectual nova;</p><p>XII - os programas de computador;</p><p>XIII - as coletâneas ou compilações, antologias,</p><p>enciclopédias, dicionários, bases de dados e</p><p>outras obras, que, por sua seleção, organização</p><p>ou disposição de seu conteúdo, constituam uma</p><p>criação intelectual.</p><p>§ 1º Os programas de computador são objeto de</p><p>legislação específica, observadas as disposições</p><p>desta Lei que lhes sejam aplicáveis.</p><p>§ 2º A proteção concedida no inciso XIII não abarca os</p><p>dados ou materiais em si mesmos e se entende</p><p>sem prejuízo de quaisquer direitos autorais que</p><p>subsistam a respeito dos dados ou materiais</p><p>contidos nas obras.</p><p>70 UNIUBE</p><p>§ 3º No domínio das ciências, a proteção recairá sobre</p><p>a forma literária ou artística, não abrangendo o</p><p>seu conteúdo científi co ou técnico, sem prejuízo</p><p>dos direitos que protegem os demais campos da</p><p>propriedade imaterial. (BRASIL, 1998)</p><p>Em sequência, não são objeto de proteção da Lei de Direitos Autorais</p><p>(Figura 4).</p><p>ideias,</p><p>procedimentos</p><p>normativos,</p><p>sistemas, métodos,</p><p>projetos ou conceitos</p><p>matemáticos;</p><p>esquemas, planos</p><p>ou regras para</p><p>realizar atos mentais,</p><p>jogos ou negócios;</p><p>formulários em branco</p><p>para serem preenchidos</p><p>por qualquer tipo de</p><p>informação, científi ca ou</p><p>não, e suas instruções;</p><p>aproveitamento</p><p>industrial ou</p><p>comercial das ideias</p><p>contidas nas obras.</p><p>textos de tratados</p><p>ou convenções,</p><p>leis, decretos,</p><p>regulamentos, decisões</p><p>judiciais e atos ofi ciais;</p><p>informações de</p><p>uso comum,</p><p>como calendários,</p><p>agendas, cadastros</p><p>ou legendas;</p><p>nomes e títulos</p><p>isolados;</p><p>Fonte: Brasil (1998).</p><p>Figura 4: Objetos não alcançados pela Lei de Direitos Autorais.</p><p>A proteção dos direitos patrimoniais do autor prevista em lei para as obras</p><p>artísticas é de 70 anos, e a proteção para o programa de computador é de</p><p>50 anos, contados de 1º (primeiro) de janeiro do ano subsequente ao de</p><p>sua divulgação.</p><p>IMPORTANTE!</p><p>UNIUBE 71</p><p>Com relação ao tema, Abrão (2002, p.20) diz que:</p><p>O prazo de duração dos direitos conexos é harmônico</p><p>em relação ao dos autores: setenta anos contados a</p><p>partir de 1o. de janeiro (dies a quo), variando, de titular</p><p>para titular, o termo final (dies ad quem); no caso dos</p><p>artistas, o termo inicial conta-se a partir da execução ou</p><p>da representação públicas, no caso das empresas de</p><p>radiodifusão no dia da primeira emissão do programa,</p><p>e no dos fonogramas a partir da data de sua fixação</p><p>(artigo 96). As obras audiovisuais transmitidas pelas</p><p>TVs podem ter data de divulgação anterior quando se</p><p>tratarem de obras autorais independentes. Neste caso,</p><p>o prazo se conta da data da primeira publicação, isto é,</p><p>da primeira exibição pública, e não da transmissão.</p><p>Violação ao direito autoral no ambiente digital4.3</p><p>Os direitos autorais são violados quando um trabalho protegido é usado</p><p>sem a devida autorização do proprietário dos direitos e a atividade em</p><p>questão não se enquadra em uma exceção ou limitação ao direito autoral.</p><p>Com as exceções ao direito autoral, a legislação atual identifica</p><p>casos e situações em que o uso gratuito pode equilibrar a proteção</p><p>do direito autoral com a proteção de objetivos e valores que, muitas</p><p>vezes, contrastam com ele (por exemplo, liberdade de expressão e</p><p>comunicação, proteção da privacidade do usuário, progresso artístico e</p><p>científico etc.).</p><p>Os problemas que podem ser enfrentados pela violação de direitos</p><p>autorais dependem, acima de tudo, da gravidade da infração e da</p><p>aplicação de medidas e sanções que podem ser solicitadas e obtidas</p><p>pelos detentores dos direitos (também on-line, em caso de violação)</p><p>imposto diretamente pela autoridade administrativa ou judicial.</p><p>Na era digital, os direitos autorais tornaram-se mais vulneráveis, quando</p><p>estão sujeitos a violações, mesmo em grandes proporções; basta pensar</p><p>no compartilhamento não autorizado de grandes quantidades de dados e</p><p>72 UNIUBE</p><p>materiais protegidos por direitos autorais por meio de programas e sites</p><p>semelhantes e de compartilhamento de arquivos, como redes sociais.</p><p>É bom lembrar que a falta de consciência da natureza ilícita de um certo</p><p>uso de obras protegidas por direitos autorais pode tornar esse uso do</p><p>ponto de vista criminal menos sério ou punível, no entanto pode ser</p><p>completamente irrelevante nos casos em que a autoridade administrativa</p><p>é obrigada a impor sanções monetárias ou a autoridade judicial deve</p><p>decidir sobre pedidos de indenização</p><p>pelos detentores de direitos contra</p><p>o usuário.</p><p>O uso de plataformas digitais, que permitem publicar conteúdo, ou</p><p>redes sociais, que permitem o compartilhamento, vincula-se ao respeito</p><p>aos termos e às condições de uso da própria plataforma. O uso de</p><p>plataformas implica um compromisso de publicar e disponibilizar obras</p><p>e outros materiais dos quais se detêm os direitos ou para os quais se</p><p>possui uma autorização apropriada dos respectivos proprietários.</p><p>Se você publicar materiais protegidos sem autorização, criando um link de</p><p>hipertexto (link) para esses materiais e/ou incorporando-os em uma página</p><p>pessoal da web ou disponibilizando-os para seus contatos (também podem</p><p>ser milhares de pessoas), você é diretamente responsável pela publicação</p><p>e é muito provável que essa atividade viole os direitos autorais.</p><p>REGISTRANDO</p><p>A responsabilidade legal pode ser evitada se as inserções e publicações</p><p>de obras protegidas por direitos autorais já estiverem disponíveis em</p><p>outras partes da internet (por exemplo, no YouTube) com o consentimento</p><p>do titular do direito.</p><p>UNIUBE 73</p><p>Essa conclusão decorre de uma interpretação das regras de direitos</p><p>autorais do Tribunal de Justiça, cuja implementação em nível nacional</p><p>exige uma análise mais aprofundada.</p><p>Sempre que se usa uma plataforma digital que permita publicar conteúdo,</p><p>aceitam-se os termos e as condições de seu uso. Como regra, as</p><p>condições contratuais que regem a aquisição e o uso de conteúdo criado</p><p>pelo usuário em plataformas ou redes sociais não proporcionam uma</p><p>transferência real da propriedade intelectual das obras.</p><p>O proprietário da plataforma (por exemplo, Facebook ou Instagram) indica</p><p>nas «condições de uso» as atividades e os métodos permitidos. É uma boa</p><p>prática ler atentamente os termos e as condições de cada plataforma ou</p><p>rede social antes de decidir a usá-los, como usá-los e para que tipos de</p><p>trabalhos. Enfim, para proteger o usuário como autor, existem disposições</p><p>regulamentares que podem ser úteis se o proprietário da plataforma</p><p>reivindicar a propriedade intelectual das obras nela carregadas.</p><p>EXEMPLIFICANDO!</p><p>Conclusão4.4</p><p>Diante do exposto, conclui-se que é, de fato, esperado que o exercício de</p><p>direitos exclusivos deva ser exercido independentemente o que significa</p><p>que cada tipo de exploração do trabalho (dependendo dos meios técnicos</p><p>e das plataformas ou canais escolhidos) requer acordos separados e</p><p>específicos.</p><p>Resumo</p><p>Uma obra protegida por direitos autorais pode ser disponibilizada na web</p><p>na medida em que o proprietário dos direitos autorais tenha dado sua</p><p>autorização para um determinado uso digital de sua obra. A existência</p><p>74 UNIUBE</p><p>de uma autorização pode ser verificada observando se o modelo de</p><p>distribuição digital escolhido pelo proprietário dos direitos é sem fins</p><p>lucrativos ou, pelo contrário, comercial.</p><p>Por exemplo, hoje em dia, existem muitos trabalhos protegidos por</p><p>direitos autorais oferecidos na rede gratuitamente como resultado de</p><p>licenças, cuja divulgação também facilita a pesquisa nos mecanismos</p><p>de pesquisa. Essas licenças acompanham os trabalhos e, também, por</p><p>meio do uso de metadados incorporados no site ou documento que</p><p>os contém, informar o usuário do desejo do proprietário de autorizar</p><p>com antecedência o acesso, a cópia, a distribuição e, se necessário,</p><p>modificação ou desenvolvimento do trabalho.</p><p>Normalmente, licenças desse tipo contêm uma referência precisa ao</p><p>detentor dos direitos, o que permite ao usuário entrar em contato com</p><p>ele e verificar diretamente a autenticidade da licença.</p><p>No entanto, com relação à distribuição comercial de conteúdo na rede,</p><p>a cópia legítima é normalmente aquela pela qual a compensação foi</p><p>paga e/ou o usuário teve acesso ao aceitar os termos e as condições</p><p>de um serviço on-line, no qual detentores de direitos autorais de</p><p>contexto são identificados corretamente. É improvável que uma cópia</p><p>encontrada em um determinado site ou plataforma ou em uma rede de</p><p>“compartilhamento de arquivos” seja permitida sem que esse contrato</p><p>comercial ou o escolhido seja devidamente divulgado.</p><p>De fato, cabe aos próprios autores notificar o desejo de disponibilizar</p><p>o trabalho gratuitamente. Os fornecedores comerciais de conteúdo</p><p>autorizado adquirem regularmente os direitos necessários e, portanto,</p><p>oferecem cópias autorizadas das obras protegidas para promoverem</p><p>adequadamente seus serviços e torná-los atraentes sem incorrer em</p><p>violações maciças de direitos autorais.</p><p>UNIUBE 75</p><p>Referências</p><p>ABRÃO, Eliane Yachouh. Direitos de autor e direitos conexos. São Paulo:</p><p>Ed. do Brasil, 2002.</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituicaocompilado.htm.</p><p>Acesso em: 25 out. 2019.</p><p>BRASIL. Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida</p><p>a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Disponível</p><p>em: www.planalto.gov.br›ccivil_ 03›leis. Acesso em: 25 maio 2017.</p><p>GAMA, Janete Gonçalves de Oliveira. Direito à informação e direitos autorais:</p><p>desafios e soluções para os serviços de informação em bibliotecas universitárias.</p><p>Campinas, PUC, 2008.</p><p>LÉVI, PIERRE. Cibercultura. 1.ed. (1. Reimpressão). Tradução de Carlos Irineu</p><p>da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999.</p><p>McLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem.</p><p>São Paulo: Cultrix, 1969.</p><p>PAMPLONA FILHO, Rodolfo; GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito</p><p>civil. São Paulo: Saraiva, 2012. V. 1.</p><p>SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo:</p><p>Malheiros, 2014.</p><p>Introdução</p><p>Negócios digitaisCapítulo</p><p>5</p><p>Os negócios on-line existem praticamente desde o advento</p><p>da Internet. Afi nal, onde mais você teria um espaço para os</p><p>empreendedores se estabelecerem de uma maneira conveniente</p><p>e acessível?</p><p>Embora os negócios on-line ainda estejam fl orescendo, o cenário</p><p>mudou. À medida que a Internet ganha mais recursos e se torna</p><p>mais complexa, aumentam as oportunidades para a criação de uma</p><p>organização on-line.</p><p>No capítulo 5, falamos sobre os negócios digitais. Além dos</p><p>conceitos e das características, abordamos seu histórico, suas</p><p>variantes, seus elementos e suas aplicações. Por meio deste</p><p>capítulo, além de você compreender como funcionam os negócios</p><p>eletrônicos, seus benefícios e riscos, terá a oportunidade de</p><p>correlacionar as situações de negócios com os cenários comerciais</p><p>das organizações e poder interpretar os resultados de negócios</p><p>eletrônicos visando à melhoria da gestão organizacional.</p><p>Objetivos</p><p>78 UNIUBE</p><p>5.1 E-business: diversas oportunidades para um mundo de</p><p>possibilidades</p><p>5.2 Transformação, otimização, integração e humanização dos</p><p>negócios</p><p>5.3 Desafios e vantagens dos negócios eletrônicos</p><p>5.3.1 Vantagens dos negócios eletrônicos</p><p>5.3.2 Desafios dos negócios eletrônicos</p><p>5.4 Conclusão</p><p>Esquema</p><p>E-business: diversas oportunidades para um mundo de</p><p>possibilidades</p><p>5.1</p><p>Os negócios digitais, como o termo sugere, é</p><p>um tipo de negócio que envolve a negociação</p><p>pela Internet. Conhecido mundialmente como</p><p>e-business, pode ser caracterizado como</p><p>transações comerciais conduzidas por meio</p><p>de redes públicas ou privadas,</p><p>incluindo:</p><p>transferências financeiras, bolsas de ofertas</p><p>on-line, leilões, distribuição de produtos e</p><p>serviços, atividades de cadeias de suprimento e</p><p>redes integradas de empresas (CUNNINGHAM,</p><p>2001).</p><p>Esta modalidade permite que os clientes</p><p>troquem eletronicamente bens e serviços</p><p>praticamente sem barreiras,fortalendo o que</p><p>denominamos economia digital.</p><p>Economia digital</p><p>Foi um termo</p><p>cunhado por Nicholas</p><p>Negroponte em</p><p>1995 e que depois</p><p>apareceu na sua obra</p><p>Being Digital, usando</p><p>uma metáfora da</p><p>passagem do modelo</p><p>dos átomos (matéria,</p><p>massa, transporte)</p><p>para o modelo de bits</p><p>de processamento</p><p>(imponderabilidade,</p><p>virtualidade,</p><p>instantâneo e</p><p>global). Nesta nova</p><p>economia, as redes</p><p>e infraestruturas de</p><p>comunicação digital</p><p>devem fornecer uma</p><p>plataforma global na</p><p>qual as pessoas e</p><p>organizações definem</p><p>estratégias, interagem,</p><p>comunicam,</p><p>colaboram e procuram</p><p>informações para</p><p>atuações coletivas ou</p><p>conjuntas.</p><p>UNIUBE 79</p><p>Como pode ser observado ao nosso redor, o comércio eletrônico</p><p>expandiu muitas vertentes nos últimos anos e, com o ritmo acelerado,</p><p>espera-se expandir ainda mais, fortalecendo o empreendedorismo virtual.</p><p>Para Gomes (2003, p. 15), o empreendedor virtual deve ser um indivíduo que</p><p>possua todos os requisitos necessários para ser</p><p>um empreendedor, com algumas qualidades mais</p><p>evidentes, como gerenciamento de inovação,</p><p>identificador de tendências, descobridor de nichos e</p><p>principalmente deve conhecer muito bem o ramo em</p><p>que atua.</p><p>O empreendedor virtual está envolvido no e-business, que,</p><p>segundoTurban e King (2004), pode ser caracterizado como uma</p><p>definição mais ampla do comércio eletrônico, já que não inclui somente</p><p>a compra e venda de produtos e serviços, mas também a prestação de</p><p>serviços, cooperação de parceiros comerciais e realização de negócios</p><p>eletrônicos dentro de uma organização.</p><p>No entanto existem várias questões legais relacionadas à formação e</p><p>validade de transações eletrônicas, como contratos on-line e questões</p><p>de aplicação, que serão tratadas nos próximos dois capítulos.</p><p>O crescimento da indústria do comércio eletrônico não é apenas</p><p>indicativo da crescente abertura do público, mas também trouxe à frente</p><p>os problemas que o sistema jurídico tem enfrentado em nível mundial.</p><p>No Brasil, por exemplo, além de atender às premissas do Código de</p><p>Defesa do Consumidor, os lojistas virtuais também precisam responder à</p><p>Lei 7.962, de 2013, específica para o comércio eletrônico. Portanto uma</p><p>compreensão abrangente do regime jurídico e os possíveis problemas que</p><p>uma empresa de comércio eletrônico enfrentaria juntamente com planos</p><p>eficazes de gerenciamento de riscos têm sido a necessidade atual para</p><p>que as empresas de negócio eletrônico tenham sucesso nesse setor.</p><p>80 UNIUBE</p><p>O negócio eletrônico consiste essencialmente no fornecimento de</p><p>produtos e serviços em sistemas eletrônicos, como Internet, redes de</p><p>computadores, e-mail ou telefones móveis, e pode ser aplicado a várias</p><p>funções comerciais como exemplifi camos na Figura 1 abaixo:</p><p>Marketing</p><p>A Internet oferece a muitas empresas o ato de promover seus</p><p>produtos. As empresas podem desenvolver um site para criar</p><p>sua marca, exibir um inventário completo de produtos, fornecer</p><p>literatura de produtos ou até enviar comunicados de imprensa</p><p>on-line. As empresas também podem anunciar on-line e</p><p>direcionar compradores interessados a um revendedor</p><p>autorizado ou vender o produto.</p><p>Vendas</p><p>Como as lojas on-line não são limitadas pelo espaço físico,</p><p>elas podem oferecer uma variedade maior de produtos do</p><p>que uma loja física. Isso também beneficia os compradores,</p><p>já que agora eles têm um estoque maior de produtos para</p><p>escolher.</p><p>Transações</p><p>financeiras</p><p>Os caixas eletrônicos são um excelente exemplo de aplicativo</p><p>de comércio eletrônico antecipado, no qual os clientes podem</p><p>depositar, sacar ou transferir seus fundos. Outros aplicativos</p><p>de comércio eletrônico que afetam a maioria das empresas</p><p>incluem transferência eletrônica de fundos e processamento de</p><p>pagamento com cartão de crédito.</p><p>Distribuição</p><p>Os editores de livros, software, músicas, filmes e fotos podem</p><p>distribuir seus produtos eletronicamente, em vez de fabricar,</p><p>armazenar e enviar um produto físico. Mesmo para produtos</p><p>que precisam ser enviados, o comércio eletrônico oferece</p><p>soluções de gerenciamento da cadeia de suprimentos, sistemas</p><p>automatizados de gerenciamento de inventário e rastreamento</p><p>on-line dos produtos enviados.</p><p>Serviços</p><p>e suporte</p><p>As empresas também podem fornecer serviço e suporte ao</p><p>produto on-line. Em nível básico, as empresas podem</p><p>publicar edições eletrônicas dos manuais de seus produtos</p><p>no site da empresa. Elas também podem arquivar problemas</p><p>e soluções comuns de suporte em seu site, além de fornecer</p><p>um fórum para seus usuários resolverem problemas.</p><p>Algumas empresas ainda fornecem um aplicativo de</p><p>bate-papo on-line gratuito para os clientes entrarem em</p><p>contato com o pessoal de vendas ou suporte.</p><p>Figura 1: Funções comerciais.</p><p>Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.</p><p>UNIUBE 81</p><p>5.2 Transformação, otimização, integração e humanização</p><p>dos negócios</p><p>As tecnologias digitais mudaram profundamente a maneira como fazemos</p><p>negócios, compramos, trabalhamos e vivemos. Eles até alteraram a</p><p>sociedade e continuam impactando praticamente todas as funções e</p><p>indústrias de negócios. Em parte, trata-se de negócios digitais.</p><p>Hoje, os negócios digitais são usados principalmente em um contexto</p><p>de transformação digital, otimização holística dos negócios, interrupção</p><p>e integração/convergência. No entanto, é muito mais do que isso. É</p><p>também sobre transformação do marketing digital, negócios sociais</p><p>e - como nunca podemos esquecer o elemento humano que corre o</p><p>risco de ser ignorado em meio à avalanche de novas tecnologias e ao</p><p>fascínio digital - humanização. Uma parte essencial de tudo isso é a</p><p>informação colocada em prática, que requer uma abordagem ampla de</p><p>gerenciamento e a conexão de valor para criar mais valor em todo o</p><p>ecossistema produtivo.</p><p>Fornecer o conteúdo certo no momento certo pelos canais certos e</p><p>possibilitar experiências relevantes desempenha um papel fundamental</p><p>em todas as evoluções voltadas para o cliente. Por isso tantas outras</p><p>especialidades e ramificações surgiram com estas inovações:</p><p>negócios</p><p>sociais</p><p>marketing de</p><p>mídia social</p><p>marketing de</p><p>conteúdo</p><p>marketing</p><p>integrado</p><p>automação</p><p>de marketing</p><p>marketing de</p><p>circuito fechado</p><p>Figura 2: Negócios digitais.</p><p>Fonte: Esquema montado pelas autoras.</p><p>82 UNIUBE</p><p>Como as tecnologias digitais oferecem novas maneiras de conectar,</p><p>colaborar, conduzir negócios e criar conexões entre as pessoas, elas</p><p>refletem em todas as funções de negócios e até na maneira como as</p><p>organizações são gerenciadas.</p><p>O termo ‘negócios digitais’ ganhou mais atenção quando Nigel Fenwick,</p><p>da Forrester, publicou na internet o artigo “2013: O Ano dos Negócios</p><p>Digitais”. Ele analisou as evoluções dos negócios sociais - afirmando que</p><p>eles certamente continuariam a evoluir - mas afirmou, com razão, que as</p><p>ferramentas sociais não removeram a complexidade ou diminuíram o volume</p><p>de informações que devemos processar.</p><p>Enquanto Nigel queria enfatizar a necessidade de repensar os processos de</p><p>negócios, levando em consideração esse novo paradigma de comunicação,</p><p>outros, como o Gartner se, dedicaram-se a analisar o elemento disruptivo</p><p>na definição dos negócios digitais.</p><p>Nigel também mencionou o que, segundo nós, é o mais importante: a</p><p>experiência do cliente (no sentido mais amplo possível) e também a</p><p>dimensão da convergência. Dito de forma simples: todas as coisas se juntam</p><p>e ficam intimamente conectadas e integradas por essa razão.</p><p>CURIOSIDADE</p><p>As tecnologias digitais também desafiaram os modelos de negócios</p><p>existentes e continuam a fazê-lo. Uma das principais forças motrizes é</p><p>a capacidade de inovação e a consumerização de TI, que, do ponto de</p><p>vista tecnológico, vai além da famosa terceira plataforma e das evoluções</p><p>que</p><p>estamos testemunhando hoje: computação em nuvem, Internet das</p><p>coisas, dispositivos móveis, big data etc.</p><p>UNIUBE 83</p><p>Internet das coisas</p><p>Refere-se a uma revolução tecnológica que tem como objetivo</p><p>conectar os itens usados do dia a dia à rede mundial de</p><p>computadores. Cada vez mais surgem eletrodomésticos, meios</p><p>de transporte e até mesmo tênis, roupas e maçanetas</p><p>conectadas à internet e a outros dispositivos, como</p><p>computadores e smartphones</p><p>Big Data</p><p>Esse termo se refere aos dados estruturados e não</p><p>estruturados que são gerados diariamente - na verdade, a cada</p><p>segundo - pelas empresas. É uma ferramenta inserida no</p><p>contexto da Era da Informação, que permite aos negócios</p><p>maior capacidade de tomar decisões acertadas e definir o</p><p>melhor caminho a seguir.</p><p>Computação em nuvem</p><p>Do inglês cloud computing é um conceito que faz referência a</p><p>uma tecnologia que permite o acesso a programas, arquivos</p><p>e serviços por meio da Internet, sem a necessidade de</p><p>instalação de programas ou armazenamento de dados - daí</p><p>vem a alusão à “nuvem”.</p><p>Fonte: Gettyimages. Acervo-Uniube.</p><p>Figura 3: Plataformas digitais.</p><p>Tendo em vista esses conceitos, a razão de ser de uma organização,</p><p>como a de qualquer organismo, é ajudar as partes que se relacionam</p><p>a serem capazes de lidar com as mudanças no ambiente. Isso significa</p><p>que eles estão tentando antecipar o futuro de uma maneira ou de outra.</p><p>Cada sistema está tentando antecipar mudanças no ambiente.</p><p>É realmente um ecossistema muito amplo de processos, tecnologias,</p><p>funções de negócios, infraestrutura etc., movendo-se para estágios mais</p><p>altos nos modelos de maturidade.</p><p>À medida que dispositivos móveis, sociais, nuvem e big data se reúnem,</p><p>vemos o surgimento da estratégia de negócios digitais: a capacidade</p><p>84 UNIUBE</p><p>de aproveitar as tecnologias digitais para transformar a equação do</p><p>valor do cliente e gerar vantagem competitiva. E é aí que estamos</p><p>nos aproximando da definição de negócios digitais da Gartner e vemos</p><p>essa convergência entre negócios e TI.</p><p>Os negócios digitais prometem inaugurar uma convergência sem</p><p>precedentes de pessoas, negócios e coisas que perturbam os modelos</p><p>de negócios existentes. Mas a perspectiva das pessoas precisa ser mais</p><p>do que isso: conectar tecnologias, pessoas, informações e processos</p><p>com o objetivo de permitir melhores experiências ao cliente.</p><p>Fonte: Gettyimages. Acervo-Uniube.</p><p>Figura 4: Negócios digitais.</p><p>UNIUBE 85</p><p>Para responder a essa pergunta vamos elencar alguns riscos e</p><p>vantagens dos negócios eletrônicos. Nossa intenção não é colocá-los</p><p>em um tribunal do júri para absolvê-los ou condená-los, afinal, eles já são</p><p>uma realidade no mundo atual. Buscaremos elementos para uma análise</p><p>crítica sobre as competências e habilidades que devemos desenvolver</p><p>enquanto gestores de ambientes em que a tecnologia impera e determina</p><p>comportamentos organizacionais.</p><p>“A realidade é que negócios digitais</p><p>demandam habilidades, práticas de</p><p>trabalho, modelos organizacionais e até</p><p>culturas diferentes”, diz Marcus Blosch,</p><p>Vice-Presidente de Pesquisa do Gartner.</p><p>Para ele, é difícil mudar uma organização</p><p>que é designada para um tipo de estrutura,</p><p>orientada em processos mundiais</p><p>para uma companhia voltada para</p><p>ecossistemas, colaboração, aprendizado e</p><p>experimentação. “Algumas empresas vão</p><p>navegar pelas mudanças e outras que não</p><p>conseguirem vão ficar desatualizadas e</p><p>serão substituídas”. TIinside (2018)</p><p>“Algumas empresas</p><p>vão navegar pelas</p><p>mudanças e outras que</p><p>não conseguirem vão ficar</p><p>desatualizadas e serão</p><p>substituídas”, diz Marcus</p><p>Blosch, Vice-Presidente</p><p>de Pesquisa do Gartner.</p><p>Embora a maioria das evoluções digitais seja vista de uma perspectiva</p><p>centrada na tecnologia e na empresa, muitas vezes levando a estratégias</p><p>de negócios desconectadas, é importante cortar os chavões do dia a dia,</p><p>colocá-las em contexto e focar as questões reais: como melhorar sua</p><p>eficiência, negócios e a vida das pessoas no ecossistema em que você</p><p>opera?</p><p>PARADA PARA REFLEXÃO</p><p>Desafios e vantagens dos negócios eletrônicos 5.3</p><p>Você não precisa ser um especialista em negócios para saber que o</p><p>negócio eletrônico reformulou o mercado moderno nos últimos anos.</p><p>Embora seja um modelo dominante, a venda de bens ou serviços on-line,</p><p>por exemplo, traz seu próprio conjunto de vantagens e desvantagens</p><p>86 UNIUBE</p><p>5.3.1 Vantagens dos negócios eletrônicos</p><p>A internet pode ser definida como uma das facetas mais importantes da</p><p>sociedade moderna. Ela desempenha um papel fundamental em tudo,</p><p>desde a repercussão de um discurso político, como no Ensino Superior,</p><p>até na maneira como conduzimos nossos negócios e nós mesmos. Não</p><p>em comparação com os negócios tradicionais realizados em ambientes</p><p>construídos com tijolo e argamassa.</p><p>Cada vez mais pessoas confiam na internet para negociar on-line.</p><p>Muitos comerciantes decidem operar um site de comércio eletrônico</p><p>ao lado de sua loja física, enquanto outros preferem confiar apenas no</p><p>canal da web para oferecer seus produtos e serviços ao mundo inteiro.</p><p>Esse fenômeno agora envolve clientes de todas as nacionalidades, que</p><p>encomendam seus itens remotamente, independentemente do horário</p><p>de funcionamento e de fechamento.</p><p>Portanto as organizações precisam olhar além do convencional e</p><p>desenvolver suas próprias perspectivas sobre o valor do negócio</p><p>eletrônico. Como isso agrega valor ao negócio e por que os consumidores</p><p>optam por fazer compras on-line?</p><p>Nesse sentido, é importante explorar as duas perspectivas, porque</p><p>as vantagens para os consumidores podem acabar se tornando uma</p><p>desvantagem para as empresas que realizam negócios eletrônicos e</p><p>vice-versa.</p><p>Se uma organização deseja negociar on-line, certamente é uma</p><p>oportunidade a ser aproveitada e pode ter várias vantagens, mas,</p><p>ao mesmo tempo, oculta alguns aspectos negativos que devem ser</p><p>considerados. Vamos ver quais são os prós e os contras de um negócio</p><p>realizado no ambiente on-line.</p><p>UNIUBE 87</p><p>é de admirar, portanto, que a mudança para um modelo de negócios</p><p>eletrônicos tenha vantagens significativas.</p><p>Uma primeira vantagem se dá pelo fato de o negócio eletrônico eliminar</p><p>a necessidade de lojas físicas e permitir que as empresas expandam</p><p>sua base de clientes. Além de eliminar a possibilidade de longas filas,</p><p>o ambiente on-line oferece uma enorme vantagem para compradores e</p><p>lojas que não estão localizadas nas principais áreas urbanas. Mesmo se</p><p>uma organização estiver localizada em uma cidade grande, o comércio</p><p>eletrônico abre novos mercados, permitindo que ela desenvolva um novo</p><p>modelo de negócios voltado para uma base crescente de consumidores.</p><p>Neste mesmo sentido, a empresa também pode economizar dinheiro</p><p>com aluguel, serviços públicos, manutenção e outros custos associados</p><p>a lojas físicas. Uma loja de comércio eletrônico pode permanecer</p><p>essencialmente aberta 24 horas por dia, sete dias por semana, sem</p><p>a contratação de funcionários para garantir a segurança do negócio.</p><p>Como este negócio não está confinado a uma quantidade definida de</p><p>espaço na prateleira, não há limite para o número de itens que podem</p><p>ser vendidos on-line, e o estoque pode expandir-se exponencialmente.</p><p>Os produtos físicos ainda precisarão ser armazenados em algum lugar,</p><p>mas os espaços de armazenamento geralmente são mais baratos que os</p><p>de varejo, e a gestão não precisa se preocupar com fatores como tráfego</p><p>de pedestres e estacionamento.</p><p>Os produtos digitais podem ser vendidos on-line com pouco ou nenhum</p><p>custo adicional. Graças ao comércio eletrônico, os consumidores podem</p><p>comprar músicas, vídeos ou livros instantaneamente. Agora as lojas</p><p>podem vender cópias ilimitadas desses itens digitais, sem ter que se</p><p>preocupar com o local onde armazenarão o inventário.</p><p>O comércio eletrônico também permite que uma organização seja</p><p>expandida mais facilmente do que os varejistas físicos. Quando uma</p><p>88 UNIUBE</p><p>organização física cresce, é preciso considerar como atenderá mais</p><p>clientes no mesmo espaço. Obviamente,</p><p>eletrônico, proteção de dados e</p><p>acesso à Internet?......................................................................................116</p><p>7.1.3 Quais critérios são aplicados pelos tribunais para determinar a jurisdição</p><p>quando há divergência de localidade entre os contratantes pela</p><p>Internet?.......................................................................................................117</p><p>7.1.4 Existem leis diferentes para contratos celebrados entre fornecedor x</p><p>consumidor e fornecedor x fornecedor ?...................................................118</p><p>7.1.5 Quais os principais direitos remetidos ao consumidor que opta por</p><p>compras on-line? .......................................................................................120</p><p>7.2 Publicidade on-line ............................................................................................... 122</p><p>7.2.1 Como a publicidade on-line é definida? ................................................... 122</p><p>7.2.2 Há regras específicas para publicidade na internet? ............................... 123</p><p>7.2.3 Existem regras contra a publicidade ilegal on-line? ................................. 124</p><p>7.2.4 Existem produtos ou serviços que não podem ser anunciados</p><p>na Internet? ............................................................................................... 125</p><p>7.2.5 Há regras específicas para a publicidade ou venda de produtos e serviços</p><p>financeiros a consumidores ou empresas via Internet? .......................... 125</p><p>7.2.6 O que são SPAMs e como evitá-los? ....................................................... 126</p><p>7.3 Conclusão ............................................................................................................ 129</p><p>Capítulo 8 Contrato digital .................................................................133</p><p>8.1 Aspectos históricos e conceitos fundamentais....................................................135</p><p>8.2 Por que a Inteligência Artificial é importante?.......................................................139</p><p>8.2.1 Amplamente utilizado em sistemas bancários e financeiros......................139</p><p>8.2.2 Uma forte aliada da ciência médica............................................................139</p><p>8.2.3 Gerenciamento de negócios........................................................................140</p><p>8.2.4 Uso eficiente no transporte aéreo................................................................141</p><p>8.2.5 Outra forma de entretenimento....................................................................141</p><p>8.2.6 Os benefícios para o agronegócio...............................................................141</p><p>8.3 Regulamentação...................................................................................................143</p><p>8.3.1 Perspectiva internacional............................................................................143</p><p>8.3.2 O que diz a OCDE - Organização para a Cooperação e</p><p>Desenvolvimento Econômico sobre a Inteligência Artificial?.....................146</p><p>8.3.3 A realidade brasileira até 2020....................................................................149</p><p>8.4 Conclusão..............................................................................................................151</p><p>Prezado(a) aluno(a), é um prazer tê-lo(a) conosco.</p><p>O Direito Digital pode ser entendido como a ciência que estuda nossos</p><p>direitos civis comuns expressos e traduzidos no domínio da esfera digital.</p><p>Uma vez que os direitos civis são universais, devem ser garantidos</p><p>também no ambiente virtual.</p><p>O direito de compartilhar informações, o direito de proteger a privacidade,</p><p>a liberdade de expressão, o direito de aprender, o direito de acessar</p><p>o conhecimento, o direito de reunião ou direitos do consumidor estão</p><p>entre os direitos comuns que se aplicam no mundo digital, por isso serão</p><p>abordados neste livro.</p><p>Vários desses direitos ganham nova importância devido ao ambiente</p><p>digital em que são colocados. O direito de acessar o conhecimento</p><p>é fortalecido à medida que as possibilidades de acesso a ele são</p><p>ampliadas devido aos avanços tecnológicos. Esse fato confere uma nova</p><p>importância a esses direitos.</p><p>Embora estes sejam direitos que podemos ter como garantidos, o fato</p><p>é que o mundo digital é um novo ambiente, e esses direitos precisam</p><p>ser discutidos, aprendidos e reconfigurados para se adequarem às</p><p>necessidades contemporâneas.</p><p>Este livro foi dividido em 8 capítulos, que estão apresentados da seguinte</p><p>forma.</p><p>Apresentação</p><p>No capítulo 1, abordamos A SOCIEDADE DIGITAL com foco nos</p><p>aspectos históricos das revoluções “não apenas” industriais: Primeira</p><p>Revolução, Segunda Revolução, Terceira Revolução e Quarta Revolução.</p><p>Por meio desses conteúdos, é possível perceber a relação existente entre</p><p>a era da informação e o poder da internet no contexto atual.</p><p>Após compreender como a sociedade digital foi se construindo ao</p><p>longo do tempo, no capítulo 2, abordamos O DIREITO APLICADO À</p><p>SOCIEDADE DIGITAL. Nesse capítulo, tratamos sobre alguns conceitos</p><p>importantes para compreender o Direito Digital, mencionando os</p><p>principais desafios dessa área frente ao Marco Civil da internet. Refletir</p><p>sobre os princípios fundamentais do Marco Civil da internet é fundamental</p><p>para compreender os direitos e as garantias dos usuários.</p><p>No capítulo 3, tratamos sobre os CRIMES DIGITAIS. Esses crimes se</p><p>tornaram uma questão internacional significativa como resultado dos</p><p>enormes danos que causam aos negócios e até aos usuários comuns</p><p>de tecnologia. O principal objetivo do capítulo é esclarecer os crimes</p><p>digitais e fornecem uma visão geral sobre o que uma pessoa relacionada</p><p>à gestão organizacional deve saber sobre o assunto. Iniciamos com os</p><p>conceitos relacionados ao crime digital e qual seu impacto na sociedade;</p><p>analisamos a Lei nº 12.737, de 30 de novembro de 2012, e abordamos</p><p>a possibilidade de invasão de dispositivo informático.</p><p>Em sequência, no capítulo 4, abordamos o DIREITO AUTORAL NA</p><p>PESPECTIVA DIGITAL, uma vez que os direitos autorais evoluíram em</p><p>resposta a invenções tecnológicas posteriores. O desafio mais recente</p><p>até o momento são as tecnologias digitais, que permitem a reprodução</p><p>em massa e a distribuição de informações digitalizadas. As possibilidades</p><p>de digitalização de músicas, filmes, textos e desenhos em 3D e sua</p><p>subsequente distribuição pela internet com hardware disponível para</p><p>milhões de pessoas em todo o mundo criam questões fundamentais e</p><p>muito interessantes sobre direitos autorais.</p><p>No capítulo 5, tratamos sobre os NEGÓCIOS DIGITAIS. Além dos</p><p>conceitos e características, abordamos seu histórico, suas variantes,</p><p>elementos e aplicações. Por meio desse capítulo, além de você</p><p>compreender como funcionam os negócios eletrônicos, seus benefícios,</p><p>riscos e componentes, vai ter a oportunidade de correlacionar as</p><p>situações de negócio com os cenários comerciais das organizações e</p><p>poder interpretar os resultados e cenários das operações de negócios</p><p>eletrônicos visando a melhoria da gestão organizacional.</p><p>Posteriormente, no capítulo 6, você vai encontrar uma abordagem sobre</p><p>o CONTRATO ELETRÔNICO. Iniciamos listando e explicando as formas</p><p>de contratação, especificaremos os pressupostos, requisitos e validade,</p><p>bem como trataremos das modalidades de adimplemento. Ainda nesse</p><p>capítulo, você estudará sobre a eficácia probatória do documento</p><p>eletrônico com os respectivos mecanismos de segurança incluindo</p><p>assinatura eletrônica, assinatura digital, criptografia e autenticação e</p><p>certificação digital.</p><p>No capítulo 7, abordamos a temática sobre o Direito Digital relacionado</p><p>à proteção do Direito do Consumidor. Assim, trataremos da proteção</p><p>de dados pessoais na internet; da exigência do consentimento e</p><p>suas exceções; da boa-fé objetiva, das expectativas legítimas do</p><p>consumidor e os riscos do tratamento de dados pessoais; bem como,</p><p>dos procedimentos para a garantia do direito básico do consumidor à</p><p>a logística sempre fica mais</p><p>difícil à medida que a complexidade aumenta, não importando como</p><p>a empresa opere. Com a escolha certa de um fornecedor que realize</p><p>a logística, no entanto, as empresas de comércio eletrônico podem</p><p>gerenciar esse crescimento sem se preocupar com os aspectos da loja</p><p>física.</p><p>Manter contato com os clientes costuma ser mais fácil para as empresas</p><p>que adotam os negócios digitais. Como essas organizações capturam</p><p>as informações de contato na forma de e-mail, o envio de e-mails</p><p>personalizados e automatizados é simples. Informar os clientes sobre</p><p>uma venda, promover um novo produto ou apenas entrar em contato</p><p>com eles para um contato pessoal são tarefas realizadas com o mínimo</p><p>de esforço. Além disso, ferramentas da web, como cookies, permitem</p><p>uma personalização superior da loja e uma análise do comportamento</p><p>do consumidor.</p><p>Os benefícios que os consumidores desfrutam são compartilhados</p><p>pelas empresas de comércio eletrônico quando se trata da cadeia de</p><p>suprimentos. Outro motivo que fundamenta os consumidores optarem</p><p>por negócios on-line se dá devido ao fato de não se precisar lidar com</p><p>dinheiro, se preocupar com agendas ou esperar longas filas. Esses</p><p>benefícios também se aplicam a cadeias de suprimentos inteiras</p><p>interligadas a sistemas de comércio eletrônico entre empresas. As</p><p>compras ficam mais rápidas, transparentes e não há necessidade de</p><p>lidar com notas ou dinheiro. Os resultados são transações mais baratas</p><p>e fáceis, com menos oportunidades de erros contábeis.</p><p>Por fim, o comércio eletrônico permite que sua empresa rastreie a</p><p>logística, essencial para uma organização bem-sucedida. A estratégia</p><p>de varejo convencional concentra-se no estoque de mercadorias em</p><p>UNIUBE 89</p><p>movimento rápido, mas a economia do comércio eletrônico permite a</p><p>inclusão de produtos em movimento lento e até obsoletos no catálogo. O</p><p>armazenamento é mais barato e a exibição do produto é tão fácil quanto</p><p>adicionar outra página de item ao seu site.</p><p>5.3.2 Desafios dos negócios eletrônicos</p><p>Embora inicialmente pareça que o negócio eletrônico resolva todos os</p><p>seus problemas de negócios, há desafios ao se optar por ambientes</p><p>on-line.</p><p>Muitos consumidores ainda preferem o toque pessoal e os</p><p>relacionamentos formados em um ambiente físico. Isso pode ser</p><p>especialmente valioso para os clientes que compram produtos</p><p>especializados, pois podem querer consultar um especialista sobre o</p><p>melhor produto para suas necessidades. Uma linha direta de atendimento</p><p>ao cliente mesmo que sólida costuma não substituir a interação cara a</p><p>cara com um representante de vendas especializado. Além disso, muitos</p><p>clientes desejam experimentar o produto antes da compra.</p><p>A fraude no pagamento também é um enorme desafio ao se lidar</p><p>com negócios on-line. Os consumidores correm o risco de engano de</p><p>identidade e riscos semelhantes toda vez que inserem suas informações</p><p>em um site. Se um determinado site não convencer os compradores de</p><p>que o processo de check-out é seguro, eles podem ficar com medo de</p><p>negociar.</p><p>No mesmo sentido, as organizações correm o risco de ataques</p><p>cibernéticos. Se um funcionário, por exemplo, abrir um link malicioso, isso</p><p>poderá comprometer a funcionalidade do site, as informações financeiras</p><p>ou, o pior de tudo, as informações dos próprios clientes.</p><p>Se fazer compras é visto por alguns clientes como gratificação</p><p>instantânea, os consumidores tradicionais se sentem de mãos vazias.</p><p>90 UNIUBE</p><p>Conclusão5.4</p><p>Estamos vivendo o momento certo para as corporações estabelecidas se</p><p>transformarem. As regras dos negócios mudaram e para permanecerem</p><p>competitivas e prosperarem na era digital as organizações precisam se</p><p>reajustar.</p><p>Mas tornar-se um negócio digital não é apenas adotar as mais recentes</p><p>tecnologias. Tornar-se digital requer a implementação de tecnologias</p><p>Geralmente, eles precisam pagar mais pelo envio acelerado ou esperar</p><p>vários dias até que o produto chegue. A espera pode afastar os clientes.</p><p>Para as empresas, o envio se torna mais complicado quando um cliente</p><p>deseja um reembolso. Os crescentes negócios de comércio eletrônico</p><p>devem buscar expandir suas funções de logística reversa, significando</p><p>o envio de mercadorias e o reembolso de custos.</p><p>Por falar em custos, há uma multiplicidade de regulamentações e</p><p>impostos que acompanham a abertura e os oferecimentos de negócios</p><p>on-line sobre os quais estudaremos no próximo capítulo.</p><p>A comparação de preços é uma grande vantagem para os compradores</p><p>on-line, que podem restringir as empresas. Os consumidores podem</p><p>comparar preços com um simples clique em vez de atravessar a cidade</p><p>para verificar outra loja. Muitos compradores procurarão o preço mais</p><p>baixo e aquela que não puder oferecê-lo, provavelmente, perderá a</p><p>venda.</p><p>Mesmo que uma organização possa oferecer preços mais baixos, as</p><p>empresas que competem nestas guerras de preços verão seus lucros</p><p>declinarem. Embora não haja nada intrínseco no comércio eletrônico</p><p>vinculado a descontos, a maneira como os negócios on-line evoluíram</p><p>levou a preços mais baixos. Trata-se de uma peculiaridade excelente</p><p>para os consumidores, mas nem tanto para os fornecedores.</p><p>UNIUBE 91</p><p>Resumo</p><p>Com o lançamento de tecnologias de ponta emergentes, praticamente</p><p>todos os aspectos da nossa sociedade estão sofrendo transformações.</p><p>As novas tecnologias terão um enorme impacto na maneira como os</p><p>negócios on-line serão realizados nos próximos anos.</p><p>Sistemas tecnológicos modernos são altamente capazes de aumentar a</p><p>produtividade e reduzir custos ao automatizar funções. Da mesma forma,</p><p>e mudanças estruturais, bem como uma mudança na cultura de uma</p><p>empresa.</p><p>Com a atual concorrência no mercado, existem dois cenários possíveis:</p><p>• as empresas reconhecem a nova realidade e lideram a corrida pela</p><p>transformação digital em seu setor</p><p>ou</p><p>• admitem que novas empresas iniciantes tornam-se líderes em</p><p>inovação e que seus dias de glória estão no passado.</p><p>Além de oferecer novas maneiras de interagir com clientes, parceiros ou</p><p>colegas de trabalho, a transformação digital traz novas possibilidades</p><p>para um serviço existente, a fim de projetar e proporcionar uma melhor</p><p>experiência para seus clientes. Também reinventa a maneira como</p><p>trabalhamos, constrói nosso relacionamento entre colegas de trabalho</p><p>e clientes, gerencia organizações, seja um negócio, uma startup ou até</p><p>um país.</p><p>Por fim, a transformação digital é igualmente aplicável a todos os setores.</p><p>Não importa se uma organização é grande ou pequena, há algumas</p><p>lições importantes a aprender.</p><p>92 UNIUBE</p><p>Referências</p><p>CUNNINGHAM, M. B2B – business-to-business: como implementar estratégias</p><p>de e-commerce entre empresas. Rio de Janeiro: Campus, 2001.</p><p>GOMES, R. C. O. Empreendedor X E-Empreendedor. Revista Eletrônica de</p><p>Ciência Administrativa (RECADM), Faculdade Cenecista de Campo Largo,</p><p>v. 2, n. 1, p.1-17, maio 2003.</p><p>TIinside. Seis barreiras para os negócios digitais, segundo o Gartner. Por</p><p>Redação -11 de setembro de 2018. Disponível em: https://tiinside.com.br/11/09/2018/</p><p>seis-barreiras-para-os-negocios-digitais-segundo-o-gartner/. Acesso em: mar.2020.</p><p>TURBAN, E.; KING, D. Comércio eletrônico: estratégia e gestão. São Paulo:</p><p>Prentice Hall, 2004.</p><p>os investimentos e as pesquisas atuais em computação quântica têm um</p><p>profundo potencial de impacto disruptivo no mundo dos negócios.</p><p>A segurança cibernética também está sendo um ponto focal na</p><p>contemporaneidade, pois as empresas precisam intensificar seus</p><p>esforços para garantir investimentos em software e outros aparelhos.</p><p>As organizações, portanto, estão investindo menos em soluções de</p><p>terminais e mais em serviços gerenciados para proteger sua infraestrutura</p><p>existente.</p><p>O modelo atual de negócios on-line não é totalmente livre de atritos e</p><p>aborrecimentos. E muitas vezes cria inconvenientes para os clientes.</p><p>Basta dizer que, no presente, a impressão digital de um indivíduo já ajuda</p><p>as empresas a saber quem são e quais são suas necessidades, seus</p><p>gostos ou suas aversões. Certamente vamos construindo experiências de</p><p>compra aprimoradas e mais transparentes. Esse é apenas um exemplo</p><p>que reflete o imenso potencial da tecnologia para os negócios eletrônicos.</p><p>Introdução</p><p>Contrato digitalCapítulo</p><p>6</p><p>No capítulo anterior estudamos sobre os negócios eletrônicos e suas</p><p>peculiaridades. A partir de agora você será capaz de notar a diferença</p><p>entre os conceitos de e-commerce e e-business, pois o primeiro</p><p>inclui os processos que envolvem consumidores, fornecedores</p><p>e parceiros de negócios, como vendas, marketing, recepção de</p><p>pedidos, entregas e programas de fi delidade, enquanto o segundo</p><p>engloba o e-commerce e outros processos organizacionais, como</p><p>produção, administração de estoques, recursos humanos, fi nanças,</p><p>estratégias, entre outros. Percebe-se então que o e-business</p><p>abrange toda a cadeia de valor dos processos de negócio no meio</p><p>virtual, enquanto o e-commerce limita-se às transações comerciais</p><p>de compra e venda (LIMEIRA, 2007).</p><p>Neste capítulo vamos nos dedicar a uma abordagem sobre o</p><p>contrato eletrônico. Iniciamos listando e explicando as formas</p><p>de contratação, especifi caremos os pressupostos, requisitos e</p><p>validade, bem como trataremos das modalidades de adimplemento.</p><p>Ainda neste capítulo você estudará sobre a efi cácia probatória</p><p>do documento eletrônico com os respectivos mecanismos de</p><p>Objetivos</p><p>94 UNIUBE</p><p>segurança incluindo assinatura eletrônica, assinatura digital,</p><p>criptografi a e autenticação e certifi cação digital.</p><p>6.1 Conceito, formação e formas de contratação e-commerce</p><p>6.1.1 Conceitos e vantagens</p><p>6.1.2 Pressupostos e requisitos de validade</p><p>6.1.3 Formas de contratação</p><p>6.2 Ferramentas de segurança eletrônica</p><p>6.3 Pagamentos eletrônicos</p><p>6.4 Conclusão</p><p>Esquema</p><p>Conceito, formação e formas de contratação e-commerce6.1</p><p>Você já assinou um contrato eletrônico?</p><p>Caso tenha respondido que não, pense um pouco se já experimentou</p><p>alguma destas ações:</p><p>Com certeza você já celebrou milhares desses contratos e talvez não tenha</p><p>consciência do que sejam e quais seus efeitos.</p><p>Vamos entender melhor no que consistem.</p><p>PARADA PARA REFLEXÃO</p><p>Criou um</p><p>e-mail?</p><p>Baixou um</p><p>aplicativo de</p><p>música pelo</p><p>celular?</p><p>Adquiriu um</p><p>produto em</p><p>um site de</p><p>compras?</p><p>Clicou no item:</p><p>Li e aceito os</p><p>termos de uso?</p><p>UNIUBE 95</p><p>6.1.1 Conceitos e vantagens</p><p>À medida que as organizações se dispõem a vivenciar experiências</p><p>referentes ao comércio eletrônico, observamos a necessidade de</p><p>um conjunto de transformações digitais começando por adoção de</p><p>processos sem papel. Comparando os negócios digitais aos tradicionais,</p><p>percebemos que a criação, a impressão e o envio de documentos em</p><p>papel para clientes ou parceiros de negócios têm diminuído enquanto</p><p>o e-commerce se fortalece. Nesse sentido, as organizações estão</p><p>recorrendo a contratos digitais e assinaturas eletrônicas como uma</p><p>alternativa mais inteligente.</p><p>Os contratos eletrônicos possuem características que lhes são</p><p>próprias e que, portanto, diferenciam-nos dos demais contratos. Antes</p><p>de explorarmos alguns benefícios dos contratos eletrônicos e como</p><p>eles podem aumentar o fluxo de negócios nas organizações, vamos</p><p>compreender o que se entende por contrato eletrônico.</p><p>Há diversas divergências entre doutrinadores em relação à nomenclatura</p><p>a se atribuir ao contrato eletrônico. Alguns defendem o uso do contrato</p><p>virtual já que ele se concretiza no ambiente virtual, outros preferem a</p><p>denominação contrato eletrônico já que este é firmado no âmbito do</p><p>comércio eletrônico.</p><p>Um conceito amplamente adotado no meio jurídico foi o trazido por</p><p>Glanz (1998, p.72), pelo qual “contrato eletrônico é aquele celebrado</p><p>por meio de programas de computador ou aparelhos com tais programas.</p><p>Dispensam assinatura ou exigem assinatura codificada ou senhas”.</p><p>Rodrigues (2001, p. 87) o define como sendo “aquele que se realiza</p><p>tendo como meio de aproximação das partes a internet e estando as</p><p>partes on-line no momento da contratação”.</p><p>96 UNIUBE</p><p>Neste capítulo adotamos a nomenclatura contrato eletrônico, seguindo</p><p>o entendimento da autora Leal (2009, p.79), para a qual “eletrônico é o</p><p>meio utilizado pelas partes para formalizar o contrato. Assim, pode-se</p><p>entender por contrato eletrônico aquele em que o computador é utilizado</p><p>como meio de manifestação e de instrumentalização da vontade das</p><p>partes. ”</p><p>Há muitas vantagens neste tipo de contrato. Uma delas é que as partes</p><p>podem fornecer informações mais rapidamente. Os contratantes podem</p><p>assinar documentos de qualquer local em qualquer dispositivo sem</p><p>esperar que cópias impressas cheguem pelo correio. Como o software</p><p>eletrônico oferece um recurso de preenchimento automático, as partes</p><p>podem assinar ou inicializar um documento uma vez, e ele preenche</p><p>automaticamente o restante do documento com as mesmas assinaturas</p><p>a partir de um telefone, computador, tablet ou outro dispositivo por meio</p><p>eletrônico.</p><p>Além disso, por meio do contrato eletrônico é mais fácil monitorar,</p><p>rastrear e encontrar dados. Você já se viu folheando páginas e páginas</p><p>de um contrato em papel apenas para encontrar uma palavra, frase, data</p><p>ou mesmo erro de digitação? Se você tiver várias versões do mesmo</p><p>contrato, poderá passar horas analisando várias páginas de vários</p><p>arquivos apenas para encontrar o menor erro ou parte do conteúdo que</p><p>precisa alterar.</p><p>Anunciação (2015) enumera 5 vantagens desse tipo de contrato,</p><p>organizadas na Figura 1 a seguir:</p><p>UNIUBE 97</p><p>1 -</p><p>Conforto na</p><p>contratação:</p><p>a contratação eletrônica não tem hora nem momento nem</p><p>lugar certo para ser celebrada, podendo ser feita de casa, ou</p><p>no metrô, enfim, em qualquer lugar, desde que conectado à</p><p>internet.</p><p>2 -</p><p>Confiabilidade:</p><p>as operações feitas via internet sempre deixam rastros,</p><p>portanto a confiabilidade é ainda maior, já que por meio de</p><p>senhas e conferências de dados codificados fica a cada dia</p><p>mais exigente, além da existência cada dia mais presente</p><p>dos certificados digitais, as assinaturas eletrônicas que</p><p>garantem a integridade dos documentos assinados.</p><p>3-</p><p>Praticidade:</p><p>a praticidade e a velocidade com que uma contratação</p><p>eletrônica é efetivada superam e muito a forma convencional,</p><p>dando agilidade e eficiência, o que culmina em um resultado</p><p>muito mais rápido.</p><p>4 -</p><p>Facilidade de</p><p>armazenamento:</p><p>fator essencial nos contratos eletrônicos é a sua facilidade de</p><p>armazenamento, sem a necessidade de arquivos físicos,</p><p>sendo possível até mesmo o armazenamento por meio de</p><p>servidores remotos (Arquivamento na Nuvem), otimizando o</p><p>espaço e reduzindo drasticamente o uso do papel.</p><p>5 -</p><p>Aumento da</p><p>competitividade:</p><p>as novas formas de contratação rompem com as barreiras</p><p>físicas e, assim, o mercado se vê em constante necessidade</p><p>de modernização e implantação de estruturas competitivas,</p><p>o que ao mesmo tempo é altamente positivo, pois cria</p><p>versatilidade e amplia concorrência, mas também pode</p><p>implicar riscos para o mercado interno, que se vê forçado a</p><p>competir com grandes empresas de outros países, não</p><p>apenas em grandes projetos, mas até nas relações de</p><p>consumo diretas com o consumidor final.</p><p>Apesar das inúmeras vantagens existentes na contratação eletrônica,</p><p>algumas precauções devem ser tomadas a fi m de se evitar consequências</p><p>judiciais no momento de sua celebração.</p><p>Figura 1: Vantagens do contrato eletrônico.</p><p>Fonte: Anunciação (2015).</p><p>98 UNIUBE</p><p>1- Partes capazes, você já sabe o que são: são pessoas maiores de 18 anos</p><p>ou emancipadas com discernimento suficiente para os atos da vida civil.</p><p>Por isso vamos conhecer como se dá a formação de um contrato</p><p>eletrônico, seus pressupostos e requisitos de validade, tempo e espaço</p><p>da conclusão do feito.</p><p>6.1.2 Pressupostos e</p><p>requisitos de validade</p><p>Para analisar a validade de todo negócio jurídico, seja eletrônico ou não,</p><p>é necessário atentar ao objeto, à forma e às suas partes. Neste sentido</p><p>temos a Figura 2:</p><p>1- Partes</p><p>capazes e</p><p>legitimadas</p><p>2- Objeto lícito,</p><p>possível e</p><p>determinado</p><p>3- Forma</p><p>prescrita ou</p><p>não defesa</p><p>em lei</p><p>Figura 2: Validade do negócio jurídico.</p><p>Fonte: Esquema elaborado pelas autoras.</p><p>UNIUBE 99</p><p>Relatividade</p><p>Função</p><p>social dos</p><p>contratos</p><p>Boa-fé</p><p>objetiva</p><p>Obrigatoriedade</p><p>dos contratos</p><p>Intangibilidade Autonomia</p><p>privada</p><p>2- O objeto não pode ser proibido por lei, além do que deve ser possível e</p><p>determinado. Por objeto possível, entende-se aquele que possibilita uma</p><p>negociação aceitável. Por fim determinado ou determinável, entendemos</p><p>a exigência de que se deve especificar devidamente o produto no que</p><p>corresponda à quantidade, a tipo, à cor, a características etc.</p><p>3- Quanto à forma, esta é a maneira pela qual a vontade se exterioriza.</p><p>Existem certos contratos que devem obedecer à forma que a lei exige</p><p>ou não proíba.</p><p>Depois de verificar se os requisitos do contrato foram cumpridos, há</p><p>também que se observar a presença dos princípios que norteiam as</p><p>relações jurídicas contratuais conforme apresentado na Figura 3.</p><p>Aqui estão:</p><p>Em se tratando dos contratos eletrônicos a situação não é diferente;</p><p>assim como em qualquer outro negócio jurídico, também deve-se</p><p>respeitar estes requisitos para que gozem de validade e eficácia. Todavia</p><p>algumas particularidades do contrato eletrônico deverão ser consideradas</p><p>principalmente quando tratamos de assinatura eletrônica.</p><p>Figura 3: Princípios das relações jurídicas.</p><p>Fonte: Esquema elaborado pelas autoras.</p><p>100 UNIUBE</p><p>6.1.3 Formas de contratação</p><p>Observa-se que as aplicações do e-commerce podem acontecer de nove</p><p>maneiras:</p><p>TIPO ESPECIFICAÇÃO CONCEITO EXEMPLOS</p><p>G2G</p><p>GOVERNMENT</p><p>TO</p><p>GOVERNMENT</p><p>TRANSAÇÕES</p><p>ENTRE GOVERNO</p><p>E GOVERNO</p><p>Coordenação entre</p><p>políticas e programas</p><p>e entre os diversos</p><p>níveis de governo.</p><p>G2C/C2G</p><p>GOVERNMENT</p><p>TO</p><p>CONSUMER</p><p>--------------------</p><p>CONSUMER</p><p>TO</p><p>GOVERNMENT</p><p>TRANSAÇÕES</p><p>ENVOLVENDO</p><p>GOVERNO E</p><p>CONSUMIDORES</p><p>FINAIS E VICE-</p><p>VERSA</p><p>Pagamento de</p><p>impostos, serviços</p><p>de comunicação,</p><p>como solicitação de</p><p>serviços públicos ou</p><p>reclamações.</p><p>C2C</p><p>CONSUMER</p><p>TO</p><p>CONSUMER</p><p>TRANSAÇÕES</p><p>ENTRE</p><p>CONSUMIDORES</p><p>FINAIS</p><p>Sites de leilões,</p><p>classificados on-line.</p><p>B2G/G2B</p><p>BUSINESS</p><p>TO</p><p>GOVERNMENT</p><p>--------------------</p><p>GOVERNMENT</p><p>TO</p><p>BUSINESS</p><p>TRANSAÇÕES</p><p>ENVOLVENDO</p><p>EMPRESAS E</p><p>GOVERNO E VICE-</p><p>VERSA</p><p>Venda de produtos e</p><p>serviços para órgãos</p><p>do governo em</p><p>licitações públicas.</p><p>B2C/C2B</p><p>BUSINESS</p><p>TO</p><p>CONSUMER</p><p>--------------------</p><p>CONSUMER</p><p>TO</p><p>BUSINESS</p><p>TRANSAÇÕES</p><p>ENTRE</p><p>EMPRESAS E</p><p>CONSUMIDORES</p><p>E VICE-VERSA</p><p>Lojas e shoppings</p><p>virtuais, ou</p><p>atendimento ao</p><p>cliente on-line.</p><p>B2B</p><p>BUSINESS</p><p>TO</p><p>BUSINESS</p><p>TRANSAÇÕES</p><p>ENTRE</p><p>EMPRESAS</p><p>Venda de produtos</p><p>agrícolas ou</p><p>fornecimento de</p><p>matérias-primas para</p><p>indústrias.</p><p>Quadro 1: Aplicações do e-commerce</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>UNIUBE 101</p><p>6.2 Ferramentas de segurança eletrônica</p><p>Embora não exista uma lei que regule especificamente os contratos</p><p>eletrônicos, não há risco de impedir a execução desses contratos, sejam</p><p>eles interpessoais ou interativos. Como regra, e se os requisitos para</p><p>a execução de um contrato forem atendidos (como agente habilitado,</p><p>finalidade legal e formulário), os contratos eletrônicos são tão executórios</p><p>como se tivessem uma assinatura manuscrita.</p><p>Se a validade de um contrato eletrônico for questionada, o ônus de</p><p>demonstrar falta de consentimento geralmente recairá sobre a parte</p><p>questionadora. Há várias opções que podem ser usadas para ajudar a</p><p>proteger as evidências necessárias, como assinatura eletrônica.</p><p>As assinaturas eletrônicas utilizadas com o ICP-Brasil têm autenticidade,</p><p>integridade, confiabilidade e não podem ser repudiadas: o autor de uma</p><p>assinatura eletrônica não pode, por meios tecnológicos e legais, negar</p><p>sua responsabilidade. A assinatura eletrônica permanece vinculada</p><p>ao documento eletrônico assinado. Se o documento for alterado, a</p><p>assinatura eletrônica se tornará inválida.</p><p>Acesse o site https://www.iti.gov.br/icp-brasil do Instituto Nacional de</p><p>Tecnologia da Informação. Trata-se uma autarquia federal, vinculada à Casa</p><p>Civil da Presidência da República, que tem por missão manter e executar</p><p>as políticas da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil.</p><p>Ao ITI compete ainda ser a primeira autoridade da cadeia de certificação</p><p>digital – AC Raiz.</p><p>PESQUISANDO NA WEB</p><p>O Brasil possui um modelo legal em camadas, o que significa que quase</p><p>todas as assinaturas eletrônicas são consideradas legalmente válidas,</p><p>a menos que seja explicitamente indicado o contrário. De acordo com a</p><p>102 UNIUBE</p><p>legislação brasileira, as assinaturas eletrônicas são consideradas válidas</p><p>em contratos e documentos eletrônicos.</p><p>No entanto, para certas transações eletrônicas, uma ou ambas as partes</p><p>podem ser obrigadas a fornecer evidências adicionais para provar que um</p><p>contrato é válido. De acordo com o Código de Processo Civil brasileiro, os</p><p>registros eletrônicos podem ser usados para ajudar a apoiar a validade</p><p>de um contrato.</p><p>Quando as assinaturas eletrônicas são apropriadas no Brasil?</p><p>Existem três tipos diferentes de assinaturas eletrônicas aceitáveis como</p><p>podemos ver na Figura 4:</p><p>Assinaturas eletrônicas</p><p>padrão (SES):</p><p>Assinaturas eletrônicas</p><p>avançadas (AES):</p><p>Assinaturas eletrônicas</p><p>qualificadas (QES):</p><p>um SES é uma assinatura que você desenha ou</p><p>digita em qualquer dispositivo.</p><p>um AES é uma assinatura que possui algum tipo</p><p>de qualidade exclusiva do assinante.</p><p>é uma assinatura criada em um dispositivo de</p><p>criação apropriado e fornecida com um certificado</p><p>de assinatura qualificado.</p><p>Um SES é o tipo mais básico de assinatura eletrônica e não vem com</p><p>nenhuma verifi cação. Um QES é considerado o equivalente a uma</p><p>assinatura manuscrita porque vem com um certifi cado de assinatura</p><p>qualifi cado. Para a maioria dos contratos comerciais em geral, um SES é</p><p>considerado apropriado. No entanto existem certos tipos de documentos</p><p>que exigirão um QES.</p><p>Figura 4: Tipos de assinaturas eletrônicas.</p><p>Fonte: Esquema montado pelas autoras.</p><p>UNIUBE 103</p><p>Um SES é apropriado nas seguintes situações:</p><p>Documentos</p><p>gerais de RH</p><p>Acordos</p><p>de não</p><p>divulgação</p><p>(NDAs)</p><p>Acordos</p><p>comerciais</p><p>Acordos</p><p>de vendas</p><p>Contratos</p><p>de licença</p><p>de software</p><p>Quando é necessário um QES?</p><p>No Brasil, é necessário um QES em todos os Contratos de Moeda</p><p>Estrangeira. E uma assinatura manuscrita será necessária para qualquer</p><p>documento que precise ser autenticado.</p><p>O Código de Processo Civil brasileiro reconhece a validade dos</p><p>documentos eletrônicos como prova. Exceções podem ser aplicadas,</p><p>por exemplo, para a aquisição de imóveis, que depende da execução de</p><p>uma escritura pública de um imóvel.</p><p>É importante mencionar que os contratos físicos assinados entre as</p><p>partes e duas testemunhas podem estar sujeitos a um procedimento de</p><p>execução rápida, que em princípio não é aplicável a contratos eletrônicos</p><p>sem a assinatura das testemunhas.</p><p>As regras gerais da lei contratual de oferta e aceitação se aplicam</p><p>igualmente à formação eletrônica de contratos. Os termos oferecidos</p><p>eletronicamente em geral vinculam o proponente e o contrato é formado</p><p>quando a oferta é aceita.</p><p>Os contratos eletrônicos podem ser executados por vários meios:</p><p>• marcando uma caixa de seleção;</p><p>• clicando em um botão de aceitação;</p><p>104 UNIUBE</p><p>• respondendo a um e-mail;</p><p>• incluindo uma assinatura eletrônica, entre outros.</p><p>Os contratos clickwrap podem ser caracterizados como contratos de</p><p>adesão e, como tal, devem ser redigidos com clareza e com facilidade</p><p>na leitura. Quando celebrados com os consumidores, os contratos devem</p><p>ser escritos com um tamanho de fonte não inferior a 12 pontos e as</p><p>cláusulas que limitam os direitos do consumidor devem ser exibidas com</p><p>destaque.</p><p>Um contrato de clickwrap é um tipo de contrato</p><p>amplamente usado com</p><p>licenças de software e transações on-line, nas quais o usuário deve</p><p>concordar com os termos e as condições antes de usar o produto ou serviço.</p><p>A maioria dos contratos de clickwrap exige o consentimento dos usuários</p><p>finais, clicando no botão “OK”, “Aceito” ou “Concordo” em uma janela pop-up</p><p>ou em uma caixa de diálogo. O usuário pode rejeitar o contrato clicando no</p><p>botão cancelar ou fechando a janela. Uma vez rejeitado, o usuário não pode</p><p>usar o serviço ou produto.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Atualmente, a criptografia é um dos métodos mais populares e eficazes</p><p>de segurança de dados usados pelas organizações. Mas do que se trata?</p><p>A criptografia de dados converte os dados em outro formato ou</p><p>código para que somente pessoas com acesso a uma chave secreta</p><p>(formalmente chamada de chave de descriptografia) ou senha possam</p><p>acessá-los. Dados criptografados são comumente referidos como textos</p><p>cifrados, enquanto dados não criptografados são chamados de textos</p><p>sem formatação. Existem dois tipos principais de criptografia de dados -</p><p>criptografia assimétrica, também conhecida como criptografia de chave</p><p>pública, e criptografia simétrica.</p><p>UNIUBE 105</p><p>Criptografia simétrica</p><p>A criptografia simétrica usa a mesma chave para criptografar e</p><p>descriptografar dados. Os algoritmos simétricos mais utilizados são</p><p>o AES e o TDES. O primeiro foi criado para proteger as informações</p><p>classificadas do governo e o segundo é usado nos setores de</p><p>bancos e pagamentos financeiros. A criptografia simétrica é muito</p><p>mais rápida que a criptografia assimétrica, mas o remetente deve</p><p>trocar a chave usada para criptografar os dados com o destinatário</p><p>antes da descriptografia - (isto é, as partes que se comunicam</p><p>devem ter a mesma chave antes de conseguir uma comunicação</p><p>segura). Para distribuir e gerenciar com segurança um grande</p><p>número de chaves, a maioria dos processos criptográficos usa um</p><p>algoritmo simétrico para criptografar dados com eficiência, mas usa</p><p>um algoritmo assimétrico para trocar a chave secreta.</p><p>Criptografia assimétrica</p><p>A criptografia assimétrica, também conhecida como criptografia de</p><p>chave pública, usa duas chaves diferentes, mas matematicamente</p><p>vinculadas, uma pública e uma privada. A chave pública pode ser</p><p>publicada para qualquer pessoa usar e criptografar mensagens,</p><p>enquanto a chave privada deve ser mantida em segredo (ou</p><p>seja, apenas a parte receptora deve ter acesso à chave de</p><p>descriptografia que permite que as mensagens sejam lidas). O RSA</p><p>é o algoritmo assimétrico mais utilizado, em parte porque as chaves</p><p>pública e privada podem criptografar uma mensagem. A chave</p><p>oposta à usada para criptografar uma mensagem é usada para</p><p>descriptografá-la. Esse atributo fornece um método para garantir</p><p>não apenas a confidencialidade, mas também a integridade,</p><p>autenticidade e não reputação das comunicações e dados</p><p>eletrônicos em repouso por meio do uso de assinaturas digitais.</p><p>106 UNIUBE</p><p>Como pode ser observado, a criptografia desempenha um papel</p><p>importante na proteção de muitos tipos diferentes de ativos de tecnologia</p><p>da informação (TI). Ele fornece a confidencialidade, pois codifica o</p><p>conteúdo da mensagem; a autenticação, pois verifica a origem de uma</p><p>mensagem; a integridade, pois prova que o conteúdo de uma mensagem</p><p>não foi alterado desde que foi enviado, e a não rejeição, pois impede que</p><p>os remetentes neguem o envio da mensagem criptografada.</p><p>Além da segurança, a adoção da criptografia geralmente é motivada</p><p>pela necessidade de cumprir os regulamentos de conformidade. Várias</p><p>organizações e organismos de padrões recomendam ou exigem que</p><p>dados confidenciais sejam criptografados para impedir que terceiros não</p><p>autorizados ou agentes de ameaças acessem os dados.</p><p>Pagamentos eletrônicos6.3</p><p>A seguir seguem alguns questionamentos importantes sobre os</p><p>pagamentos eletrônicos em nível brasileiro.</p><p>Existem regras, restrições ou outras considerações relevantes</p><p>sobre o uso de sistemas de pagamento eletrônico em sua</p><p>jurisdição?</p><p>Sim. No Brasil, é possível executar pagamentos por diversos métodos,</p><p>incluindo transferência eletrônica e uso de instrumentos de pagamento</p><p>eletrônico (débito, crédito e valor armazenado ou cartões pré-pagos).</p><p>O setor de pagamentos eletrônicos tem um papel importante na</p><p>economia brasileira, pois a aceitação de instrumentos de pagamento</p><p>eletrônico aumentou significativamente na última década. Dessa forma,</p><p>o governo federal promulgou a Lei nº 12.685 / 2013 para regulamentar</p><p>os atores e as transações operadas no setor de pagamentos local (Lei</p><p>de Pagamentos Eletrônicos).</p><p>UNIUBE 107</p><p>A Lei de Pagamentos Eletrônicos fornece a estrutura legal e regulamentar</p><p>para ‘acordos de pagamento’ (ou seja, o conjunto de regras que regem</p><p>um esquema de pagamento, como transações com cartão de crédito ou</p><p>débito) e ‘agentes de pagamento’ (ou seja, qualquer agente que emita</p><p>um instrumento de pagamento ou adquirente de um comerciante para</p><p>aceitação do pagamento).</p><p>Tanto os acordos de pagamento quanto os agentes de pagamento</p><p>tornaram-se parte do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB, que</p><p>inclui todas as entidades, os sistemas e os procedimentos para o</p><p>processamento e a liquidação de transações envolvendo transferência</p><p>de fundos, moedas estrangeiras, ativos ou valores mobiliários) e sujeitos</p><p>à supervisão da Central Banco, responsável por implementar as políticas</p><p>adotadas pelo Conselho Monetário (CMN) e emitir regulamentos de</p><p>acordo com essas políticas. O Banco Central é responsável por, entre</p><p>outras coisas, autorizar as operações e supervisionar as atividades das</p><p>instituições financeiras no Brasil. Como resultado, todo o mercado de</p><p>cartões de crédito, dívida e pré-pago ficou sujeito ao regulamento e</p><p>à supervisão do CMN e do Banco Central. Até então, esse mercado</p><p>não estava sujeito a nenhuma regulamentação específica. Agentes de</p><p>pagamento, no entanto, após a promulgação da Lei de Pagamentos</p><p>Eletrônicos, o CMN e o Banco Central, adotaram um conjunto de regras</p><p>sobre acordos e agentes de pagamento, que entrou em vigor em maio</p><p>de 2014 e que abrange, entre outras coisas:</p><p>• a definição de ‘contas de pagamento’ (que são divididas em contas</p><p>pré-pagas e pós-pagas), os tipos de agente de pagamento e a</p><p>definição de acordos excluídos do SPB;</p><p>• os procedimentos de incorporação, organização, autorização e</p><p>operação de agentes de pagamento, bem como de transferência</p><p>de controle, sujeitos à aprovação prévia do Banco Central; e</p><p>• regras de proteção ao consumidor, conformidade contra a lavagem</p><p>de dinheiro e prevenção de perdas que devem ser seguidas por</p><p>108 UNIUBE</p><p>agentes e organizadores de pagamentos sujeitos à supervisão do</p><p>Banco Central.</p><p>Após discussões com agentes do mercado e representantes do setor,</p><p>o Banco Central vem ajustando e melhorando os regulamentos ao</p><p>longo do tempo, principalmente para incluir ferramentas operacionais</p><p>e não discriminatórias para promover a concorrência no mercado de</p><p>pagamentos. O regulamento foi atualizado mais recentemente no início</p><p>de 2019.</p><p>Existem regras ou restrições no uso de moedas digitais?</p><p>Não. No Brasil, moedas virtuais ou criptomoedas, como Bitcoin, são</p><p>consideradas ativos, e não moedas, portanto não são regulamentadas</p><p>pelo Banco Central. As transações realizadas em criptomoedas estão</p><p>sujeitas às disposições gerais do Código Civil Brasileiro. Por exemplo:</p><p>• a aquisição de criptomoedas usando reais será considerada uma</p><p>aquisição de ativos e sujeita a todas as disposições aplicáveis à</p><p>compra e venda de ativos móveis; e</p><p>• o uso de criptomoedas para a ‘aquisição’ de outros ativos será</p><p>considerado uma troca de ativos e estará sujeito a todas as</p><p>disposições aplicáveis à troca de ativos móveis.</p><p>O mesmo não se aplica a nenhum desses ativos classificados como um</p><p>título de acordo com a Lei de Valores Mobiliários (que é semelhante à</p><p>definição dos EUA).</p><p>Conclusão6.4</p><p>O comércio eletrônico é baseado em velocidade, conveniência e</p><p>eficiência. Esses elementos levam as comunidades de negócios e</p><p>tecnologia a atualizar e desenvolver constantemente a arte do comércio</p><p>com inovações de ponta.</p><p>UNIUBE 109</p><p>O problema com os modelos de negócios que evoluem em ritmo</p><p>acelerado é que eles geralmente superam os regimes regulatórios</p><p>aos quais estão vinculados. O resultado são custos de transação</p><p>desnecessários ou comércio sem certeza, enquanto os governos ficam</p><p>para trás. Isso é bastante esclarecido pelos debates em andamento sobre</p><p>a remoção de papel e caneta da equação do contrato.</p><p>Os requisitos contratuais de escrita e assinatura são encontrados na</p><p>maioria das jurisdições legais. Essas regras foram desenvolvidas antes</p><p>da contemplação do comércio eletrônico e, de muitas maneiras, não o</p><p>facilitam.</p><p>O Brasil é particularmente cauteloso em relação à harmonização das leis</p><p>relacionadas ao comércio eletrônico, porque muitos consideram a área</p><p>tão nova que ainda existem dúvidas ao normatizar.</p><p>Por fim, o crescimento econômico e o aumento da interdependência</p><p>dos estados criarão um núcleo comum de soluções jurídicas, mesmo</p><p>que por diferentes meios, para que as vantagens competitivas não se</p><p>tornem permanentes. Uma vez que exista um padrão mínimo comum em</p><p>documentos e assinaturas eletrônicas, haverá ainda mais espaço para</p><p>harmonização por meio da regulamentação liderada pela indústria dos</p><p>requisitos técnicos de confiabilidade em um determinado país. Até este</p><p>momento, no entanto, essas medidas de autorregulação permanecem</p><p>especulativas.</p><p>Resumo</p><p>Um contrato eletrônico é um documento legal criado e assinado on-line.</p><p>É essencialmente uma versão digital de um contrato em papel tradicional.</p><p>Assim como nos contratos em papel contratos eletrônicos são acordos</p><p>assinados por duas partes. Por isso, são documentos executórios e</p><p>110 UNIUBE</p><p>juridicamente vinculativos que geralmente são usados em relação a</p><p>emprego, a vendas, a serviços ou à locação.</p><p>Normalmente, esses contratos existem quando as duas partes não</p><p>se encontram cara a cara regularmente. Muitas pessoas e empresas</p><p>adotaram contratos e comunicações digitais simplesmente por causa</p><p>de seu baixo custo, tempo de resposta rápido, natureza ecológica e</p><p>segurança aprimorada.</p><p>No passado, muitas empresas contavam com advogados contratados</p><p>para redigir todos os contratos constituindo um processo caro. Hoje, com</p><p>modelos pré-aprovados e serviços de software de gerenciamento para</p><p>lidar com a criação de contratos, é simplesmente mais econômico.</p><p>Como um contrato eletrônico pode ser enviado por e-mail, leva apenas</p><p>alguns minutos para a outra parte recebê-lo. Eles podem assinar</p><p>rapidamente e começar o projeto sem esperar uma cópia em papel</p><p>chegar pelo correio.</p><p>Embora os contratos em papel ainda sejam o método mais popular, os</p><p>eletrônicos estão ganhando popularidade. Ao entender a criação do</p><p>contrato digital e a legalidade por trás dele, você está se preparando</p><p>para o presente e o futuro.</p><p>Referências</p><p>ANUNCIAÇÃO. Flavio Eduardo. Principais vantagens e cuidados na contratação</p><p>eletrônica. Jurisway. 2015. Disponível em: https://www.jurisway.org.</p><p>br/v2/dhall.asp?id_dh=14458. Acesso em: 2 de fev. 2020.</p><p>BRASIL. Instituto Nacional de Tecnologia da Informação. Casa Civil da Presidência da</p><p>República. Disponível em: https://www.iti.gov.br/icp-brasil. Acesso em: 23 mar. 2020.</p><p>UNIUBE 111</p><p>GLANS, Semy. Internet e Contrato Eletrônico. (Revista dos Tribunais, Nº 757,</p><p>pág. 72, Nov. 1998.)</p><p>LEAL, Sheila do Rocio Cercal Santos. Contratos Eletrônicos: Validade Jurídica</p><p>dos Contratos via Internet. 1ª Ed. São Paulo: Atlas, 2009.</p><p>LIMEIRA, Tania M. Vidigal. E-Marketing: O Marketing na Internet com Casos</p><p>Brasileiros. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.</p><p>RODRIGUES, Carlos Alexandre. Da desnecessidade de assinatura para a</p><p>validade do contrato efetivado via internet. Revista dos Tribunais, São Paulo:</p><p>Ed. RT, v. 784, p. 83-95, fev. 2001.</p><p>Introdução</p><p>Dúvidas frequentes sobre os</p><p>contratos eletrônicosCapítulo</p><p>7</p><p>Nos últimos anos, o governo brasileiro emitiu inúmeras leis que</p><p>envolvem negócios realizados pela Internet. As regras atuais</p><p>tentam criar uma estrutura reguladora que estabeleça claramente</p><p>as diferentes responsabilidades de todos os atores, e existe uma</p><p>preocupação material em garantir os direitos constitucionais dos</p><p>usuários, como liberdade de expressão e privacidade.</p><p>A internet fi cou praticamente desregulada no Brasil até 2014,</p><p>quando foi promulgada a Lei nº 12.965 (Lei da Internet, também</p><p>conhecida como Estrutura dos Direitos Civis da Internet). O</p><p>objetivo da lei era duplo:</p><p>• transformar em lei certas políticas públicas relacionadas à</p><p>Internet (denominada estrutura) possibilitando consistência</p><p>às decisões dos tribunais.</p><p>• tornar o acesso à Internet essencial para o exercício da</p><p>cidadania estabelecendo princípios básicos, garantias,</p><p>direitos e obrigações para o uso da Internet.</p><p>Desde 2014, o governo promulgou várias leis e decretos que</p><p>regulamentam assuntos específi cos da Internet, como direito de</p><p>resposta ou correção nas mídias sociais, exceções de neutralidade</p><p>114 UNIUBE</p><p>da rede e padrões de segurança para processamento de dados</p><p>e, finalmente, em 2018, uma lei geral de proteção de dados e</p><p>um decreto que a regula. Alguns desses regulamentos já foram</p><p>estudados por você ao longo desta disciplina.</p><p>No capítulo anterior falamos acerca dos contratos eletrônicos</p><p>e algumas peculiaridades. A partir de agora você será capaz de</p><p>compreender melhor a normatização desses contratos por meio de</p><p>perguntas e respostas que envolvem conteúdos que você estudou</p><p>desde o início da disciplina.</p><p>Por meio do estudo deste capítulo, espera-se que o leitor seja capaz de:</p><p>• analisar a legislação que rege os negócios realizados por</p><p>meio da internet;</p><p>• conhecer os órgãos responsáveis pela regulamentação de</p><p>tarifas e encargos de comércio eletrônico, proteção de dados</p><p>e acesso à internet;</p><p>• compreender os critérios aplicados pelos tribunais para</p><p>determinar a jurisdição quando há divergência de localidade</p><p>entre os contratantes pela internet;</p><p>• identificar as diferenças dos contratos celebrados entre</p><p>fornecedor x consumidor e fornecedor x fornecedor;</p><p>• entender o conceito e os critérios da publicidade on-line, bem</p><p>como a incidência de SPAMs e sua repercussão.</p><p>Objetivos</p><p>7.1 Legislação, órgãos reguladores e jurisdição</p><p>7.1.1 Quais legislações regem os negócios na Internet?</p><p>7.1.2 Quais órgãos reguladores são responsáveis pela</p><p>Esquema</p><p>UNIUBE 115</p><p>regulamentação de tarifas e encargos de comércio</p><p>eletrônico, proteção de dados e acesso à Internet?</p><p>7.1.3 Quais critérios são aplicados pelos tribunais para</p><p>determinar a jurisdição quando há divergência de</p><p>localidade entre os contratantes pela internet?</p><p>7.1.4 Existem leis diferentes para contratos celebrados entre</p><p>fornecedor x consumidor e fornecedor x fornecedor?</p><p>7.1.5 Quais os principais direitos remetidos ao consumidor que</p><p>opta por compras on-line?</p><p>7.2 Publicidade on-line</p><p>7.2.1 Como a publicidade on-line é defi nida?</p><p>7.2.2 Há regras específi cas para publicidade na internet?</p><p>7.2.3 Existem regras contra a publicidade ilegal on-line?</p><p>7.2.4 Existem produtos ou serviços que não podem ser</p><p>anunciados na internet?</p><p>7.2.5 Há regras específi cas para a publicidade ou venda de</p><p>produtos e serviços fi nanceiros a consumidores ou</p><p>empresas via Internet?</p><p>7.2.6 O que são SPAMs e como evitá-los?</p><p>7.3 Conclusão</p><p>Legislação, órgãos reguladores e jurisdição7.1</p><p>7.1.1 Quais legislações regem os negócios na Internet?</p><p>Os negócios na Internet são regidos principalmente pelas Leis</p><p>Lei da Internet,</p><p>Decreto nº 8.771/</p><p>2016 (que regula a</p><p>Lei da Internet)</p><p>Lei nº 8.078/1990</p><p>(Código de Proteção</p><p>ao Consumidor)</p><p>Lei nº 13.709/2018</p><p>(Lei</p><p>Geral de Proteção</p><p>de Dados ) (GDPL)</p><p>116 UNIUBE</p><p>Mas várias outras leis e decretos tratam de assuntos correlatos</p><p>relacionados à Internet, como:</p><p>• Lei Federal nº 12.737/2012</p><p>• Decreto nº 7.962/2013</p><p>• Lei Federal nº 9.279/1996</p><p>• Lei Federal nº 9.609/1998</p><p>• Medida Provisória nº 2200-2/2001</p><p>• Constituição Federal</p><p>• Código Civil</p><p>• Código Penal</p><p>7.1.2 Quais órgãos reguladores são responsáveis pela</p><p>regulamentação de tarifas e encargos de comércio eletrônico,</p><p>proteção de dados e acesso à Internet?</p><p>Não existe um órgão regulador responsável pela regulamentação</p><p>do comércio eletrônico, mas as relações com os consumidores são</p><p>supervisionadas pelos escritórios de proteção ao consumidor.</p><p>A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) é responsável pela</p><p>supervisão de assuntos relacionados à proteção de dados, bem como</p><p>pela aplicação da LGPD, (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais),</p><p>podendo decidir sobre a interpretação da lei, investigar e solicitar</p><p>informações aos controladores e processadores e aplicar penalidades. A</p><p>ANPD também foi criada com um papel educacional, sendo responsável</p><p>por disseminar conhecimento sobre as leis e medidas de segurança,</p><p>estimulando padrões de serviços e produtos que facilitam o controle</p><p>dos titulares de dados e elaborando estudos sobre práticas nacionais e</p><p>internacionais de proteção de dados pessoais e privacidade, entre outros.</p><p>A provisão de acesso à Internet (conectividade de banda larga) é</p><p>considerada um serviço de telecomunicações e é regulamentada pela</p><p>UNIUBE 117</p><p>Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A Anatel também é</p><p>responsável pela supervisão de acordos comerciais entre operadoras</p><p>e provedores de aplicativos de Internet e violações de neutralidade da</p><p>rede. Embora não controle tarifas e encargos na Internet (gratuitos sob</p><p>o regulamento da Anatel), ela tem autoridade para lidar com abusos e</p><p>definir diretrizes. O regulamento da Anatel estabelece, por exemplo, a</p><p>proibição de ajustes de preços em períodos inferiores a 12 meses e a</p><p>obrigação de fornecer aos consumidores uma notificação prévia das</p><p>alterações de preços.</p><p>A coordenação e a integração dos serviços de internet no Brasil são</p><p>realizadas pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). O CGI</p><p>não é um órgão regulador, mas uma organização criada por decreto</p><p>presidencial, composta por membros do governo, do setor corporativo,</p><p>do terceiro setor e da comunidade acadêmica. Embora o CGI não tenha</p><p>autoridade para emitir regulamentos vinculativos, foi incumbido de propor</p><p>políticas e procedimentos, recomendar padrões técnicos, estabelecer</p><p>diretrizes estratégicas e promover estudos.</p><p>7.1.3 Quais critérios são aplicados pelos tribunais para determinar</p><p>a jurisdição quando há divergência de localidade entre os</p><p>contratantes pela internet?</p><p>Embora não exista uma disposição legal para transações internacionais</p><p>na Internet, a Lei da Internet fornece duas regras específicas para</p><p>situações específicas:</p><p>• quaisquer disposições contidas em contratos de adesão (aquelas</p><p>cujos termos foram determinados unilateralmente) que não prevejam</p><p>um tribunal brasileiro como uma opção para resolver disputas</p><p>decorrentes de serviços prestados no Brasil serão consideradas</p><p>nulas; e</p><p>• quando a coleta, o armazenamento ou o processamento de dados</p><p>ou comunicações pessoais ocorrer no Brasil, a lei brasileira será</p><p>118 UNIUBE</p><p>aplicada a empresas estrangeiras desde que os serviços sejam</p><p>oferecidos a brasileiros ou pelo menos uma entidade do mesmo</p><p>grupo econômico esteja no Brasil.</p><p>A LGPD alcança indivíduos ou entidades, independentemente do país em</p><p>que estão sediados ou onde os dados estão hospedados, e será aplicada</p><p>desde que os dados pessoais sejam:</p><p>• processados no Brasil;</p><p>• coletados de titulares de dados localizados no Brasil no momento</p><p>da coleta; ou</p><p>• processados com o objetivo de oferecer produtos ou serviços aos</p><p>clientes brasileiros.</p><p>Além das regras acima, as autoridades de consumidores tendem a</p><p>determinar que uma parte estrangeira está sujeita às leis e tribunais</p><p>brasileiros sempre que realiza esforços ativos de venda ou promoção</p><p>para consumidores brasileiros.</p><p>O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu que, nos casos envolvendo</p><p>acordos internacionais com partes nos quais o consumidor esteja domiciliado</p><p>no Brasil (por exemplo, contratos firmados on-line), o Código de Defesa do</p><p>Consumidor poderá ser aplicado e os tribunais brasileiros terão jurisdição</p><p>para decidir sobre caso. Qualquer entidade local pertencente ao mesmo</p><p>grupo econômico pode ser considerada em conjunto responsável.</p><p>SINTETIZANDO...</p><p>7.1.4 Existem leis diferentes para contratos celebrados entre</p><p>fornecedor x consumidor e fornecedor x fornecedor?</p><p>As regras gerais da relação contratual e diversas leis podem ser</p><p>aplicadas a contratos on-line como vimos anteriormente. Os contratos</p><p>entre empresas e consumidores são regidos principalmente por regras</p><p>UNIUBE 119</p><p>de proteção ao consumidor, que, em termos gerais, reconhecem os</p><p>consumidores como partes vulneráveis e evitam ações abusivas dos</p><p>fornecedores.</p><p>Esses contratos não vincularão os consumidores se eles não tiverem</p><p>a oportunidade de conhecer antecipadamente os termos ou se</p><p>forem redigidos de maneira a dificultar o entendimento. As cláusulas</p><p>contratuais devem ser interpretadas favoravelmente aos consumidores</p><p>e todos os fornecedores que participam da cadeia de suprimentos são</p><p>responsabilizados em conjunto.</p><p>Segundo o artigo 51 do Código de Defesa do consumidor ( BRASIL,</p><p>1990), nos contratos entre fornecedores e consumidores, as provisões</p><p>são mantidas nulas quando:</p><p>I. impossibilitem, exonerem ou atenuem a</p><p>responsabilidade do fornecedor por vícios de</p><p>qualquer natureza dos produtos e serviços ou</p><p>impliquem renúncia ou disposição de direitos.</p><p>Nas relações de consumo entre o fornecedor</p><p>e o consumidor pessoa jurídica, a indenização</p><p>poderá ser limitada, em situações justificáveis;</p><p>II. subtraiam ao consumidor a opção de reembolso</p><p>da quantia já paga, nos casos previstos neste</p><p>código;</p><p>III. transfiram responsabilidades a terceiros;</p><p>IV. estabeleçam obrigações consideradas iníquas,</p><p>abusivas, que coloquem o consumidor em</p><p>desvantagem exagerada, ou seja, incompatíveis</p><p>com a boa-fé ou a equidade;</p><p>VI. estabeleçam inversão do ônus da prova em</p><p>prejuízo do consumidor;</p><p>VII. determinem a utilização compulsória de</p><p>arbitragem;</p><p>VIII. imponham representante para concluir ou realizar</p><p>outro negócio jurídico pelo consumidor;</p><p>IX. deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não</p><p>o contrato, embora obrigando o consumidor;</p><p>120 UNIUBE</p><p>X. permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente,</p><p>variação do preço de maneira unilateral;</p><p>XI. autorizem o fornecedor a cancelar o contrato</p><p>unilateralmente, sem que igual direito seja</p><p>conferido ao consumidor;</p><p>XII. obriguem o consumidor a ressarcir os custos de</p><p>cobrança de sua obrigação, sem que igual direito</p><p>lhe seja conferido contra o fornecedor;</p><p>XIII. autorizem o fornecedor a modificar</p><p>unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do</p><p>contrato, após sua celebração;</p><p>XIV. infrinjam ou possibilitem a violação de normas</p><p>ambientais;</p><p>XV. estejam em desacordo com o sistema de</p><p>proteção ao consumidor;</p><p>XVI. possibilitem a renúncia do direito de indenização</p><p>por benfeitorias necessárias.</p><p>Já nos contratos entre dois ou mais fornecedores este desequilíbrio não</p><p>está presente, portanto não são regulamentados para proteger uma das</p><p>partes. Como regra geral, as limitações de responsabilidades são aceitas</p><p>nos contratos entre fornecedores regulamentadas pelo Código Civil.</p><p>Além das regras gerais de proteção ao consumidor acima, o comércio</p><p>eletrônico é ainda regulamentado pelo Decreto sobre Comércio</p><p>Eletrônico, que estabelece certas regras sobre como contratar contratos</p><p>on-line, principalmente em relação à divulgação de informações aos</p><p>consumidores.</p><p>7.1.5 Quais os principais direitos remetidos ao consumidor que opta</p><p>por compras on-line?</p><p>Os sites de comércio on-line e outros</p><p>meios eletrônicos relacionados a</p><p>esta atividade devem se ajustar às novas leis e fornecer informações</p><p>claras sobre produtos, serviços e fornecedores; assistência mais fácil aos</p><p>clientes e respeito pelo direito de arrepender da compra.</p><p>UNIUBE 121</p><p>Para oferecer e concluir contratos de vendas ou serviços, os meios</p><p>eletrônicos, como sites, devem destacar e garantir uma visualização</p><p>mais fácil das seguintes informações em suas páginas da internet:</p><p>• nome da empresa e CNPJ, respectivamente do fornecedor e da</p><p>empresa;</p><p>• endereço eletrônico e outras informações necessárias relacionadas</p><p>à localização e ao contato;</p><p>• características essenciais dos produtos ou serviços oferecidos,</p><p>incluindo os riscos para a saúde ou a segurança dos consumidores;</p><p>• qualquer tipo de despesa adicional no preço, como taxas ou seguros</p><p>de entrega;</p><p>• termos completos e condições de pagamento;</p><p>• prazo do serviço, ou entrega e disponibilidade do produto;</p><p>• informações claras sobre qualquer tipo de restrição ao uso da oferta;</p><p>• quantidade mínima de consumidores para a realização do contrato,</p><p>no caso de sites de compras coletivas;</p><p>• data de vencimento da oferta;</p><p>• identidade do fornecedor responsável pela mídia eletrônica e do</p><p>fornecedor do produto ou serviço oferecido;</p><p>• acesso ao atendimento ao cliente no comércio eletrônico.</p><p>Para garantir uma assistência mais fácil ao consumidor no comércio</p><p>eletrônico, o fornecedor deve:</p><p>• apresentar um resumo do contrato antes da compra;</p><p>• fornecer ferramentas eficazes para o consumidor identificar e corrigir</p><p>imediatamente quaisquer erros ocorridos durante a compra;</p><p>• confirmar imediatamente o recebimento da compra;</p><p>• disponibilizar o contrato ao consumidor;</p><p>• fornecer um serviço adequado e eficaz ao cliente, permitindo ao</p><p>consumidor o acesso a informações, a perguntas, a reclamações, à</p><p>suspensão ou ao cancelamento do contrato;</p><p>122 UNIUBE</p><p>• confirmar imediatamente o recebimento da solicitação ou demandas</p><p>do consumidor;</p><p>• usar mecanismos de segurança para pagamento e tratamento de</p><p>dados do consumidor.</p><p>Além dessas informações, o comércio eletrônico deve respeitar o direito</p><p>de arrependimento segundo o artigo 49, “caput”, do CDC (BRASIL, 1990):</p><p>Art. 49 - O consumidor pode desistir do contrato,</p><p>no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do</p><p>ato de recebimento do produto ou serviço, sempre</p><p>que a contratação de fornecimento de produtos e</p><p>serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial,</p><p>especialmente por telefone ou a domicílio.</p><p>O fornecedor deve informar claramente os meios efetivos que permitem</p><p>ao consumidor reivindicar o direito de arrependimento. O exercício deste</p><p>direito implica o cancelamento do contrato sem qualquer tipo de perda</p><p>para o consumidor. Isso deve ser feito por meio de:</p><p>• a mesma ferramenta usada pelo consumidor para fazer a compra</p><p>também pode ser usada pelo consumidor para exercer seu direito</p><p>de arrependimento;</p><p>• o exercício do direito de arrependimento deve ser comunicado</p><p>imediatamente pelo fornecedor à instituição financeira ou ao</p><p>administrador do cartão de crédito, a fim de evitar a liberação da</p><p>transação na fatura do consumidor ou para fornecer o reembolso</p><p>da despesa, se já tiver sido liberada na fatura;</p><p>• o fornecedor deve enviar imediatamente uma confirmação ao</p><p>consumidor informando que a manifestação de arrependimento foi</p><p>recebida.</p><p>Publicidade on-line7.2</p><p>7.2.1 Como a publicidade on-line é definida?</p><p>Não existe uma disposição legal que defina a publicidade on-line e</p><p>esta está sujeita aos mesmos regulamentos aplicáveis à publicidade</p><p>UNIUBE 123</p><p>tradicional. A publicidade em geral é definida como qualquer mensagem</p><p>destinada a promover a venda de um produto ou serviço ou a imagem</p><p>de uma empresa ou marca comercial.</p><p>Todos os anúncios devem ser facilmente identificáveis como tal, pois o</p><p>anúncio oculto é ilegal. Isso é especialmente importante quando se trata</p><p>de propaganda em blogs ou mídias sociais, por exemplo, que, se não</p><p>forem claramente identificadas, podem ser confundidas com opiniões</p><p>autênticas. Os editoriais pagos na forma de artigos, notas ou notícias</p><p>também devem ser claramente identificados como conteúdo patrocinado</p><p>para não enganar os consumidores.</p><p>7.2.2 Há regras específicas para publicidade na internet?</p><p>Geralmente, a publicidade na internet está sujeita às mesmas regras</p><p>aplicáveis àquela fornecida por outros meios. O Conselho Nacional de</p><p>Publicidade Autorregulatória (CONAR) regula a publicidade. Trata-se de</p><p>uma organização não governamental de atores do setor de publicidade e</p><p>que tem autoridade para julgar reclamações sobre campanhas veiculadas</p><p>em todas as mídias.</p><p>O CONAR pode solicitar alterações na campanha denunciada ou sua</p><p>suspensão. Nenhuma indenização pode ser obtida do CONAR e, em</p><p>vez disso, deve ser reivindicada em tribunal. As regras de proteção ao</p><p>consumidor também se aplicam a qualquer veículo de comunicação.</p><p>De acordo com essas regras, a publicidade sempre permitirá que os</p><p>consumidores a identifiquem prontamente como tal e seu conteúdo vincula</p><p>o anunciante. Anúncios enganosos e abusivos são ilegais e representam</p><p>um crime. Veja na íntegra a Lei Delegada nº. 13 (BRASIL, 1992).</p><p>124 UNIUBE</p><p>7.2.3 Existem regras contra a publicidade ilegal on-line?</p><p>As mesmas regras aplicadas à publicidade em meio físico também são</p><p>alocadas para a publicidade on-line. Segundo o art. 37 do Código de</p><p>Defesa do Consumidor, é proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.</p><p>O mesmo dispositivo esclarece que</p><p>§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação</p><p>ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou</p><p>parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo,</p><p>mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o</p><p>consumidor a respeito da natureza, características,</p><p>qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e</p><p>quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.</p><p>§ 2° É abusiva, dentre outras, a publicidade</p><p>discriminatória de qualquer natureza, a que incite à</p><p>violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite</p><p>da deficiência de julgamento e experiência da criança,</p><p>desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz</p><p>de induzir o consumidor a se comportar de forma</p><p>prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.</p><p>§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é</p><p>enganosa por omissão quando deixar de informar sobre</p><p>dado essencial do produto ou serviço. (BRASIL, 1990).</p><p>De acordo com o Código de Proteção ao Consumidor, o fornecedor de</p><p>um produto deve reter dados factuais, técnicos e científicos nos quais</p><p>a publicidade se baseia. Várias práticas relacionadas à publicidade são</p><p>consideradas infrações criminais, como falha na coleta dos dados usados</p><p>como base da publicidade, omissão de informações sobre a natureza</p><p>prejudicial ou perigosa dos produtos, declarações falsas ou enganosas</p><p>ou omissão de certas informações relevantes e outras.</p><p>O CONAR também estabelece regras e princípios éticos para a</p><p>publicidade de produtos, como honestidade, veracidade, concorrência</p><p>leal, responsabilidade social do anunciante, dignidade humana,</p><p>privacidade e direitos autorais.</p><p>UNIUBE 125</p><p>7.2.4 Existem produtos ou serviços que não podem ser anunciados</p><p>na internet?</p><p>Produtos ou conteúdos ilegais não podem ser anunciados em nenhum</p><p>canal. A publicidade de determinados produtos é proibida ou limitada na</p><p>Internet (e às vezes por outros meios também). Como exemplo temos</p><p>que a publicidade de subprodutos do tabaco por qualquer meio eletrônico</p><p>é proibida e as limitações se aplicam a medicamentos, que só podem</p><p>ser anunciados na Internet se forem vendidos no balcão e se o anúncio</p><p>atender a determinados critérios.</p><p>Outro ponto importante é que não é permitido operar um negócio de jogos</p><p>on-line, nem pela Internet nem por outro meio, sujeito à responsabilidade</p><p>criminal. As sanções incluem prisão e multas.</p><p>7.2.5 Há regras específicas para a publicidade ou venda de produtos</p><p>e serviços financeiros a consumidores ou empresas via Internet?</p><p>Não há regulamentação específica relativa</p><p>à publicidade ou venda de</p><p>produtos financeiros pela Internet. As mesmas regras aplicáveis aos</p><p>anúncios e às vendas tradicionais serão aplicadas nesses casos.</p><p>Os produtos financeiros são geralmente regulamentados pelo Banco</p><p>Central, que estabelece que estas informações devem ser precisas e</p><p>claras. Além dos regulamentos do Banco Central, os produtos financeiros</p><p>classificados como títulos também estão sujeitos a regras específicas</p><p>emitidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).</p><p>A CVM fornece critérios de divulgação, adequação e requisitos de</p><p>precisão e clareza dessas informações. As ofertas e o marketing de</p><p>valores mobiliários estão sujeitos a restrições regulatórias. A CVM deve</p><p>revisar e consentir qualquer material de marketing usado no contexto de</p><p>uma oferta pública.</p><p>126 UNIUBE</p><p>7.2.6 O que são SPAMs e como evitá-los?</p><p>De acordo com as regras da Anatel (2014) (artigo 3 XVIII da Resolução</p><p>632/2014), os clientes de telecomunicações precisam autorizar a</p><p>operadora a enviar mensagens publicitárias em seus telefones celulares.</p><p>Além das regras de aceitação, a Portaria Anatel nº 36/2010 determina</p><p>que as operadoras devem oferecer aos usuários a capacidade de parar</p><p>de receber mensagens de marketing a qualquer momento e a critério</p><p>exclusivo dos usuários, enviando uma mensagem de exclusão para um</p><p>link rápido.</p><p>As mensagens enviadas por e-mail para fins publicitários devem conter</p><p>informações claras e detalhadas sobre o produto ou serviço referido,</p><p>bem como sobre o fornecedor que patrocina o anúncio. As informações</p><p>do anunciante devem incluir seu nome corporativo, número de inscrição</p><p>fiscal, endereço físico e eletrônico.</p><p>Atualmente, não há restrições específicas sob a lei federal que regula</p><p>o marketing direto que não sejam os direitos gerais de privacidade dos</p><p>clientes (garantidos pela Constituição Federal).</p><p>Existe uma linha muito tênue entre SPAM e E-MAIL MARKETING.Isso</p><p>ocorre porque os dois tipos de mensagens têm uma finalidade comercial.</p><p>No entanto, a mesma mensagem pode ser considerada spam por uma</p><p>pessoa que não solicitou o recebimento e um e-mail comum por outra</p><p>pessoa que tenha solicitado. Spam é qualquer tipo de comunicação</p><p>digital indesejada e não solicitada enviada em massa.</p><p>Quando um usuário recebe um e-mail não solicitado de uma empresa,</p><p>ele pode marcar a mensagem como spam. Quando isso acontece, as</p><p>chances de o servidor da empresa estar na lista indesejada aumentam.</p><p>UNIUBE 127</p><p>Sempre que um e-mail deste servidor é enviado, ele é imediatamente</p><p>marcado como spam, pois as listas geralmente são compartilhadas entre</p><p>os provedores de e-mail. Portanto, é sempre importante enviar e-mail</p><p>marketing apenas para aqueles que realmente o solicitaram.</p><p>Além de inconveniente para o usuário receber mensagens indesejadas,</p><p>existem alguns problemas causados pelo spam que devem ser levados</p><p>em consideração para evitar esta prática (Figura 1) :</p><p>1. Perda de tempo Sempre que um usuário recebe uma mensagem não</p><p>solicitada, passa parte do tempo excluindo spam.</p><p>2. Diminuição da</p><p>produtividade</p><p>As pessoas que usam o e-mail como uma ferramenta de</p><p>trabalho gastam mais tempo para acessar mensagens</p><p>importantes devido ao número de e-mails inadequados.</p><p>3. Não receber e-mails</p><p>importantes ou arquivos</p><p>anexados</p><p>Se a caixa de correio estiver cheia de spam, é possível</p><p>que o usuário não receba alguns e-mails, especialmente</p><p>aqueles que são maiores e precisam de espaço para</p><p>serem recebidos.</p><p>4. Fraudes financeiras</p><p>Algumas mensagens têm links que instalam programas</p><p>de computador que cometem fraudes ou induzem as</p><p>pessoas a preencher dados em sites clonados de</p><p>instituições financeiras.</p><p>5. Perda de mensagens</p><p>Devido ao grande número de spam, você pode excluir as</p><p>mensagens importantes, esquecendo-se de ler alguns</p><p>e-mails, demorando mais para responder.</p><p>6. Receba conteúdo</p><p>inapropriado</p><p>Existem várias mensagens inapropriadas ou ofensivas</p><p>enviadas para listas de e-mail aleatórias. Portanto é</p><p>possível que você receba conteúdo que não corresponda</p><p>às suas crenças e aos seus valores.</p><p>Figura 1: Inconvenientes do spam.</p><p>Fonte: Esquema montado pelas autoras.</p><p>128 UNIUBE</p><p>Às vezes, pode parecer impossível evitar o recebimento de SPAMs.</p><p>Felizmente, existem algumas precauções que podem ajudá-lo a se</p><p>proteger desse tipo de conteúdo:</p><p>• Manter sempre o software antivírus atualizado</p><p>É importante ter um antivírus que possa bloquear possíveis</p><p>ataques aos dados pessoais. No entanto, as informações não são</p><p>protegidas apenas com a instalação dessa ferramenta. Portanto,</p><p>atualize o software de segurança sempre que necessário. Além</p><p>disso, use o antivírus periodicamente e crie um hábito não apenas</p><p>no seu computador corporativo, mas também no seu computador</p><p>particular. É importante instalar também o software antivírus no</p><p>seu celular. Afinal, é comum usar telefones celulares para acessar</p><p>a Internet.</p><p>• Não compartilhar dados pessoais</p><p>As informações de e-mail e conta bancária são altamente</p><p>confidenciais. Portanto, você não deve compartilhá-las em</p><p>páginas suspeitas. Os códigos de malware enviados ao seu</p><p>e-mail podem transformar seu sistema em um servidor para enviar</p><p>spam. Geralmente, não é fácil ver que seu computador está</p><p>infectado. A maioria das pessoas só descobre quando o dispositivo</p><p>fica muito lento ou se houver problemas de conexão.</p><p>• Evitar compartilhar mensagens em cadeia</p><p>Não compartilhe mensagens questionáveis. Geralmente, elas são</p><p>usadas para capturar endereços de e-mail e usá-los para enviar</p><p>spam sem o consentimento do usuário. Além disso, várias histórias</p><p>compartilhadas em cadeias são falsas. Por isso você precisa</p><p>verificar a veracidade das informações para não compartilhar</p><p>conteúdo ruim.</p><p>• Usar ferramentas anti-spam</p><p>A ferramenta anti-spam é essencial porque direciona</p><p>mensagens suspeitas para uma pasta spam fora da sua caixa</p><p>de entrada. Portanto, mesmo se você não tiver essa ferramenta</p><p>instalada no seu computador, tente usar os recursos oferecidos</p><p>pelos provedores de acesso.</p><p>UNIUBE 129</p><p>• Separar e-mails em categorias</p><p>Se possível, tente ter mais de um e-mail e separe-os por</p><p>categoria. Você pode, por exemplo, ter uma conta apenas para</p><p>assinar listas e receber promoções. Portanto você pode impedir</p><p>que determinados e-mails de SPAM cheguem aos seus e-mails</p><p>pessoais ou comerciais.</p><p>• Não acreditar em todas as ofertas especiais</p><p>Evite clicar em pop-ups e botões que levam a brindes</p><p>extraordinários. É sempre importante verificar primeiro se</p><p>os presentes são mesmo reais e se o site que os ofereceu</p><p>é confiável. Várias instituições já possuem em suas páginas</p><p>informações que confirmam ou não o envio de brindes, promoções</p><p>e descontos. Portanto, lembre-se de analisar todas as mensagens</p><p>recebidas antes de clicar em tudo o que aparece na Internet.</p><p>Conclusão7.3</p><p>O Brasil, como a sétima maior economia do mundo e a quinta maior</p><p>nação em termos de massa terrestre, continua apresentando grandes</p><p>oportunidades de mercado para investidores. Os fornecedores de</p><p>produtos ou serviços on-line podem obter grandes retornos sobre seus</p><p>investimentos, mas precisam entender as principais diferenças entre</p><p>realizar negócios físicos e em ambientes virtuais.</p><p>Quando se trata da divulgação de serviços e produtos, o CPC, Código</p><p>de Defesa do Consumidor, abrange proibições contra publicidade</p><p>falsa e omissão de informações relevantes do consumidor, além de</p><p>regular a maneira como os fornecedores transmitem informações aos</p><p>consumidores. Para tanto, impõe penalidades significativas por não</p><p>conformidade proibindo campanhas com publicidade abusivas.</p><p>Especificamente, um anúncio que explora o medo ou a superstição, que</p><p>desrespeita os valores ambientais ou que pode levar um consumidor a</p><p>130 UNIUBE</p><p>se machucar é considerado um anúncio abusivo. A penalidade por não</p><p>conformidade com restrições de publicidade nos termos do CPC inclui</p><p>sentença de prisão e multa.</p><p>Como pode ser percebido, o marketing no Brasil não é apenas entender</p><p>a população para a qual</p><p>um produto específico é atraente, mas também</p><p>garantir que a estratégia de marketing de uma empresa cumpra as</p><p>restrições impostas pela legislação.</p><p>Resumo</p><p>No Brasil, o comércio eletrônico tornou-se uma maneira usual de comprar</p><p>produtos e serviços e, como em qualquer tipo de atividade econômica,</p><p>deve ser regulamentado.</p><p>Em 2013, o governo brasileiro aprovou o Decreto nº 7962, que</p><p>regulamenta a compra de bens e serviços por meio eletrônico. A partir</p><p>daí, além do Código de Defesa do Consumidor, conhecido como CDC, as</p><p>regras que garantem a proteção do consumidor no comércio eletrônico</p><p>também são delimitadas por este novo decreto.</p><p>Os consumidores que comprarem por meio eletrônico terão informações</p><p>seguras e claras sobre o produto, serviço e fornecedor do qual estão</p><p>comprando e também sobre o cumprimento do prazo de entrega, a</p><p>disponibilidade e a eficácia do serviço pós-venda.</p><p>Uma das vantagens observadas nessas legislações foi oferecer ao</p><p>consumidor um canal de informações (SAC) e respeitar o direito ao</p><p>arrependimento, que compreende o direito do consumidor de se</p><p>arrepender de ter efetuado a compra.</p><p>UNIUBE 131</p><p>Referências</p><p>ANATEL. Agência Nacional de Telecomunicações. Resolução nº 632, de 7 de março de</p><p>2014. Aprova o Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de</p><p>Telecomunicações – RGC. Disponível em: https://www.anatel.gov.br/legislacao/resolucoes/</p><p>2014/750-resolucao-632. Acesso em: mar.2020.</p><p>BRASIL. LEI. 8.078 de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor</p><p>e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm.</p><p>Acesso em: 20 dez. 2019.</p><p>BRASIL. Lei Delegada nº 13, de 27 de agosto de 1992. Institui gratificações de</p><p>atividade para os servidores civis do poder executivo, revê vantagens e dá outras</p><p>providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ldl/ ldl13.htm.</p><p>Acesso em: mar.2020.</p><p>BRASIL. DECRETO nº 7.962 de 15 de marco de 2013. Disponível em: http://www.planalto.</p><p>gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D7962.htm. Acesso em: 20 dez. 2019.</p><p>Introdução</p><p>Inteligência Artifi cialCapítulo</p><p>8</p><p>As infl uências cotidianas da Inteligência Artifi cial estão alterando</p><p>a aparência e a forma de nossas vidas. Se alguém da década</p><p>de 1950 viajasse no tempo e chegasse no século XXI, fi caria</p><p>espantado com a maneira como usamos nossos smartphones</p><p>para navegar pela cidade; como os assistentes digitais virtuais,</p><p>como Alexa e Cortana, respondem às nossas perguntas e perplexo</p><p>com a constante participação das pessoas em redes sociais</p><p>e canais de mídia como Facebook, Instagram e Twitter. O que</p><p>agora é normal para nós e alimentado pela IA, seria totalmente</p><p>estranho para nosso amigo do passado. Não há dúvida de que</p><p>a inteligência artifi cial é parte integrante de nossas vidas diárias.</p><p>O alcance da IA é amplo.Nossas instituições fi nanceiras, jurídicas,</p><p>empresas de mídia e demais organizações estão descobrindo</p><p>maneiras de usar a Inteligência Artifi cial a seu favor desde a</p><p>detecção de fraudes até a redação de textos e processamento</p><p>de linguagens.</p><p>Somos uma geração privilegiada por viver nesta era cheia de</p><p>avanços tecnológicos. Longe vão os dias em que quase tudo</p><p>foi feito manualmente, e agora vivemos no tempo em que muito</p><p>trabalho é ocupado por máquinas, software e vários processos</p><p>134 UNIUBE</p><p>Objetivos</p><p>Esquema</p><p>automáticos. Nesse sentido, a Inteligência Artificial tem um lugar</p><p>especial em todos os avanços feitos hoje. Inteligência Artificial</p><p>ou IA não é senão a ciência de computadores e máquinas que</p><p>desenvolvem inteligência como seres humanos. Nesta tecnologia,</p><p>as máquinas são capazes de fazer algumas das coisas simples e</p><p>complexas que os humanos precisam fazer regularmente. Como</p><p>os sistemas de IA são usados diariamente em nossa vida diária,</p><p>não podemos deixar de compreender no que consiste referida</p><p>tecnologia e quais suas implicações no mundo moderno.</p><p>Por meio do estudo deste capítulo, espera-se que o leitor seja</p><p>capaz de:</p><p>• conhecer os aspectos históricos e conceitos fundamentais</p><p>da Inteligência Artificial.</p><p>• compreender por que a Inteligência Artificial é importante e</p><p>seus desdobramentos no cotidiano da humanidade;</p><p>• analisar a regulamentação mundial com vistas a perceber a</p><p>ausência de uma legislação específica no Brasil</p><p>8.1 Aspectos históricos e conceitos fundamentais</p><p>8.2 Por que a Inteligência Artificial é importante?</p><p>8.2.1 Amplamente utilizado em sistemas bancários e</p><p>financeiros</p><p>8.2.2 Uma forte aliada da ciência médica</p><p>8.2.3 Gerenciamento de negócios</p><p>8.2.4 Uso eficiente no transporte aéreo</p><p>8.2.5 Outra forma de entretenimento</p><p>8.2.6 Os benefícios para o agronegócio</p><p>UNIUBE 135</p><p>8.3 Regulamentação</p><p>8.3.1 Perspectiva internacional</p><p>8.3.2 O que diz a OCDE - Organização para a Cooperação</p><p>e Desenvolvimento Econômico sobre a Inteligência</p><p>Artificial?</p><p>8.3.3 A realidade brasileira até 2020</p><p>8.4 Conclusão</p><p>Aspectos históricos e conceitos fundamentais8.1</p><p>O termo Inteligência Artificial foi cunhado pela primeira vez em 1956, mas</p><p>se tornou mais popular nos dias de hoje, graças ao aumento dos volumes</p><p>de dados, algoritmos avançados e melhorias no poder e armazenamento</p><p>da computação.</p><p>As primeiras pesquisas da IA nos anos 50 exploraram tópicos como</p><p>solução de problemas e métodos simbólicos. Na década de 1960, o</p><p>Departamento de Defesa dos EUA se interessou por esse tipo de trabalho</p><p>e começou a treinar computadores para imitar o raciocínio humano</p><p>básico. Por exemplo, a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de</p><p>Defesa (DARPA) concluiu projetos de mapeamento de ruas na década de</p><p>1970 e produziu assistentes pessoais inteligentes em 2003, muito antes</p><p>de Siri, Alexa ou Cortana serem nomes familiares.</p><p>Esse trabalho inicial pavimentou o caminho para a automação e o</p><p>raciocínio formal que vemos hoje em computadores, incluindo sistemas</p><p>de suporte a decisões e sistemas inteligentes de pesquisa que podem</p><p>ser projetados para complementar e aumentar as habilidades humanas.</p><p>Enquanto os filmes de Hollywood e os romances de ficção científica</p><p>descrevem a IA como robôs humanos que dominam o mundo, a atual</p><p>evolução das tecnologias de IA não é tão assustadora - ou tão inteligente.</p><p>Em vez disso, a IA evoluiu para fornecer muitos benefícios específicos</p><p>em todos os setores.</p><p>136 UNIUBE</p><p>Nesta perspectiva, a Inteligência Artificial é um ramo abrangente da</p><p>ciência da computação, preocupado com a construção de máquinas</p><p>inteligentes capazes de executar tarefas que normalmente exigem</p><p>inteligência humana. Neste sentido, a IA é uma ciência interdisciplinar</p><p>com múltiplas abordagens e os avanços no desenvolvimento de</p><p>máquinas estão criando uma mudança de paradigma em praticamente</p><p>todos os setores da indústria de tecnologia.</p><p>Segundo McCarthy (1955), trata-se da teoria e do desenvolvimento de</p><p>sistemas de computador capazes de realizar tarefas que normalmente</p><p>requereriam inteligência humana, como percepção visual, reconhecimento</p><p>de fala, tomada de decisões e tradução entre línguas. Outra definição, de</p><p>Russell e Norvig (2016), traz Inteligência Artificial como sendo “o estudo</p><p>e concepção de agentes inteligentes, onde um agente inteligente é um</p><p>sistema que percebe seu ambiente e realiza ações que maximizam</p><p>suas chances de sucesso”. Na mesma linha, Kurzweil (1990) trata IA</p><p>como</p><p>sendo “A arte de criar máquinas que desempenhem funções que</p><p>requeiram inteligência quando realizadas por pessoas”.</p><p>Talvez, contudo, a definição mais conhecida</p><p>sobre Inteligência Artificial venha de Alan</p><p>Turing, matemático e criptoanalista britânico</p><p>muito influente no desenvolvimento da ciência</p><p>da computação na primeira metade do século</p><p>XX. Turing trabalhou na quebra das cifras</p><p>alemãs durante a Segunda Guerra Mundial</p><p>e, graças a essa experiência projetando e</p><p>construindo máquinas de quebra de código,</p><p>além de sua experiência em matemática, lançou</p><p>as bases para os primeiros computadores</p><p>serem construídos. Ainda mais surpreendente,</p><p>ele construiu uma estrutura para questionar a capacidade de uma máquina</p><p>ser “inteligente”, mesmo quando essa tecnologia ainda era rudimentar.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Figura 1: Alan Turing.</p><p>Fonte: Wikipedia, 1927.</p><p>UNIUBE 137</p><p>138 UNIUBE</p><p>Fonte: CLINKS (s/d).</p><p>UNIUBE 139</p><p>Por que a Inteligência Artificial é importante?8.2</p><p>Os sistemas de IA são eficientes o suficiente para reduzir os esforços</p><p>humanos em várias áreas. Os aplicativos ajudam a realizar o trabalho</p><p>mais rapidamente e com resultados precisos.</p><p>Que papel importante a Inteligência Artificial desempenha nos dias de hoje?</p><p>CURIOSIDADE</p><p>8.2.1 Amplamente utilizado em sistemas bancários e</p><p>financeiros</p><p>É fato que os bancos realizam inúmeras atividades diárias que precisam</p><p>ser realizadas com precisão. A maioria das atividades exige muito tempo</p><p>e esforço dos funcionários e, às vezes, também há uma chance de</p><p>encontrarmos um erro humano nessas atividades.</p><p>Com o uso do sistema de IA nesse processo, as instituições são</p><p>capazes de obter resultados eficientes em um tempo de resposta</p><p>rápido. A implementação estratégica da inteligência artificial em agências</p><p>financeiras os ajuda a se concentrar em cada cliente e a fornecer</p><p>uma solução rápida pela quantidade de informações que o sistema</p><p>proporciona.</p><p>Inclusive o número de agências bancárias tem diminuído em razão da</p><p>quantidade de aplicativos existentes que possibilitam transações por</p><p>smartphones e computadores.</p><p>8.2.2 Uma forte aliada da ciência médica</p><p>A Inteligência Artificial mudou completamente a forma como a ciência</p><p>médica era percebida há alguns anos. Existem inúmeras áreas na</p><p>medicina em que a IA é usada para alcançar um resultado incrível.</p><p>140 UNIUBE</p><p>Com a ajuda da IA, a ciência médica conseguiu criar um sistema virtual</p><p>de assistência médica pessoal utilizada para fins de pesquisa e análise.</p><p>Também existem muitos aplicativos de saúde eficientes introduzidos no</p><p>campo médico para fornecer suporte constante à saúde dos pacientes,</p><p>pois são eficazes para responder às perguntas frequentes e também para</p><p>agendar consultas em rápida sucessão.</p><p>As 5 principais formas de aplicar esse recurso na área da saúde são:</p><p>• Tratamento de doenças</p><p>• Precisão no resultado de exames</p><p>• Associação de sintomas</p><p>• Recuperação de dados</p><p>• Alerta sobre o quadro do paciente</p><p>8.2.3 Gerenciamento de negócios</p><p>Outra maneira pela qual a Inteligência Artificial está desempenhando um</p><p>papel nos negócios, além de atuar diretamente nas relações de consumo,</p><p>está nos bastidores. Isso significa que a IA pode ser implementada para</p><p>controlar e gerenciar funções regulares dos negócios.</p><p>Usar Inteligência Artificial em informações comerciais pode ser um</p><p>grande benefício. Os algoritmos de IA já estão ajudando mais empresas</p><p>a gerenciar seus dados por meio de análises aprofundadas e muitos</p><p>setores específicos já estão se beneficiando da IA em suas operações.</p><p>Quanto à logística, por exemplo, o uso de processos de IA ajuda a</p><p>determinar padrões de viagem eficientes com base na capacidade de</p><p>obter informações de vários lugares, incluindo clima, consumo médio de</p><p>combustível, tráfego e outros elementos. Os departamentos de recursos</p><p>humanos estão usando tecnologias de IA para ajudá-los a encontrar o</p><p>melhor talento nos envios de currículos. A IA pode combinar os melhores</p><p>candidatos com os cargos com base na funcionalidade das palavras-</p><p>UNIUBE 141</p><p>chave e na capacidade da IA de coletar e analisar informações de várias</p><p>fontes simultaneamente.</p><p>8.2.4 Uso eficiente no transporte aéreo</p><p>O transporte aéreo é um dos sistemas de transporte mais complexos e</p><p>não é exagero afirmar que este ramo não pode sobreviver sem o uso</p><p>de Inteligência Artificial. Existem inúmeras funções nas máquinas e nos</p><p>processos de gerenciamento que são controlados pela IA. Existem muitos</p><p>recursos, desde reservar os bilhetes até a decolagem e operação dos</p><p>voos que a AI gerencia e controla. Os aplicativos de IA tornam o transporte</p><p>aéreo eficiente, rápido e seguro e proporcionam uma comodidade aos</p><p>sujeitos envolvidos no processo.</p><p>8.2.5 Outra forma de entretenimento</p><p>Atualmente, podemos usufruir de jogos e programas digitais em um nível</p><p>totalmente novo; tudo graças à aplicação de Inteligência Artificial. Muitos</p><p>de nós lembramos da época em que o “Super Mario” era considerado</p><p>o melhor e mais moderno jogo dos poucos videogames disponíveis no</p><p>mercado. Agora, existem várias possibilidades em que a máquina joga</p><p>com você desafiando-lhe ao melhor resultado. A realidade virtual é um</p><p>exemplo de inteligência artificial que melhor exemplifica o valor agregado</p><p>pela tecnologia ao mercado de entretenimentos.</p><p>8.2.6 Os benefícios para o agronegócio</p><p>As ferramentas de IA podem aumentar as capacidades humanas para</p><p>melhorar a produtividade agrícola, incluindo monitoramento de safras,</p><p>robótica e análise de previsão. No futuro, podemos comer alimentos</p><p>que foram plantados, regados, monitorados, colhidos, classificados e</p><p>entregues sem intervenção humana.</p><p>142 UNIUBE</p><p>A tecnologia pode reconhecer doenças de culturas e danos causados</p><p>por pragas. Torna cada vez mais importante ter ferramentas que possam</p><p>detectar rapidamente doenças para conter o problema.</p><p>Veículos autônomos não se limitam às ruas. Já existem tratores</p><p>autônomos que podem navegar automaticamente em uma fazenda em</p><p>terrenos particulares, sem a necessidade de fabricantes de equipamentos</p><p>considerarem regras complexas de trânsito e regulamentares. Um</p><p>motorista humano pode ensinar o layout da fazenda ao sistema do trator</p><p>e depois tirar as mãos do volante. Os veículos autônomos possuem</p><p>dispositivos de coleta de dados para capturar rotas de navegação junto</p><p>com os dados do sensor relacionados aos componentes internos e ao</p><p>ambiente externo.</p><p>Os drones agrícolas coletam imagens e outras estatísticas que uma</p><p>ferramenta de IA combina com dados de imagens, clima, solo e patologia</p><p>de plantas especializada para fornecer um painel visual da fazenda com</p><p>sobreposições analíticas. Os dados de diferentes sistemas podem ser</p><p>carregados nos servidores para gerenciamento de frota e serviços de</p><p>agricultura de precisão.</p><p>As ferramentas de IA podem gerar previsões de agricultura e impulsionar</p><p>a tomada de decisões operacionais. Por exemplo, um produto de</p><p>IA previu com precisão os rendimentos de milho e soja processando</p><p>imagens de satélite e plantas usando uma combinação de aprendizado</p><p>de máquina, dados meteorológicos e agrícolas relatados. O teste inicial</p><p>do sistema foi realizado com base em anos de dados históricos. Os</p><p>dados de previsão do “mundo real” mostram as estimativas mudando ao</p><p>longo do tempo, o que destaca a importância de coletar constantemente</p><p>novos dados e refinar os algoritmos.</p><p>UNIUBE 143</p><p>Nestas perspectivas vamos analisar algumas legislações existentes e</p><p>outras em construção sobre a Inteligência Artificial.</p><p>Embora existam inúmeros benefícios, como toda grande inovação, há</p><p>também um certo risco que corremos. Um dos maiores perigos poderia ser</p><p>o uso dessa tecnologia para destruição ou outras atividades irracionais. Se</p><p>isso acontecer, a própria tecnologia que criamos pode nos matar em um</p><p>futuro próximo. Para cuidar desse aspecto crucial, muitas organizações e</p><p>cientistas estão pressionando pela supervisão regulatória dos aplicativos e</p><p>sistemas de IA. A supervisão precisa estar em nível nacional e internacional,</p><p>fiscalização, aplicação de sanções e reparação de danos.</p><p>Por fim, no capítulo 8, finalizamos os estudos sobre Direito Digital</p><p>tratando sobre a INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, quanto à sua definição,</p><p>ao histórico e às responsabilidades geradas por sua criação. Esse tema</p><p>se justifica uma vez que a inteligência artificial (IA) é um ramo abrangente</p><p>da ciência da computação, preocupado com a construção de máquinas</p><p>inteligentes capazes de executar tarefas que normalmente exigem</p><p>XII UNIUBE</p><p>inteligência humana. Neste sentido, a IA é uma ciência interdisciplinar</p><p>com múltiplas abordagens, que provocou uma mudança de paradigma</p><p>em praticamente todos os setores da vida em sociedade.</p><p>Bons estudos!</p><p>Introdução</p><p>A sociedade digitalCapítulo</p><p>1</p><p>Com a notoriedade da internet e o consequente aumento do uso</p><p>de redes sociais, aplicativos, e demais recursos que envolvem</p><p>o comércio digital, cresce a importância de estudos na área que</p><p>possibilitam maior preparo profi ssional para lidar com demandas</p><p>que envolvem direitos autorais, privacidade, uso de voz e imagem</p><p>e demais desafi os possibilitados pela globalização digital.</p><p>O Direito Digital é um assunto novo, que vem crescendo no ramo</p><p>jurídico e se estruturando frente à grande necessidade de se</p><p>encontrar soluções para os problemas complexos que envolvem</p><p>a revolução tecnológica.</p><p>Diante da interdisciplinaridade do Direito Digital, você irá perceber</p><p>que se trata de um ramo do Direito que dialoga frequentemente</p><p>com outras áreas da ciência, por isso profi ssionais que pretendem</p><p>se especializar e construir uma carreira na área devem considerar</p><p>a aquisição de uma visão holística das ciências sociais e</p><p>possibilitar o intercâmbio de ideias frente às especifi cidades do</p><p>ordenamento jurídico.</p><p>O profi ssional almejado pelo mercado atual deve demonstrar</p><p>um perfi l dinâmico, com grande capacidade de interpretação e</p><p>2 UNIUBE</p><p>raciocínio jurídico, agindo com criatividade, conhecimento e inovação</p><p>para oferecer boas soluções às organizações como um todo.</p><p>Para tanto, este primeiro capítulo tem como princípio disponibilizar</p><p>informações para que o tema seja considerado em seu contexto</p><p>histórico e compreendido nos limites de suas especificidades sociais,</p><p>considerando principalmente as controvérsias existentes.</p><p>Por que falaríamos em controvérsias ao estudar o Direito</p><p>Digital?</p><p>Podemos afirmar que as controvérsias são inerentes à condição</p><p>humana e existem em praticamente todos os níveis de conhecimento</p><p>capazes de promover o progresso, fornecendo desafios e</p><p>questionamentos ao status quo dominante. Entendemos controvérsias</p><p>como discussões de questões em que opiniões conflitam, podendo</p><p>criar atmosferas em que conflitos florescerão num contexto</p><p>aparentemente pacífico e estático.</p><p>Em foco, todo esforço é feito para garantir que os conhecimentos</p><p>aqui construídos não se tornem rapidamente desatualizados e</p><p>que, portanto, sirvam para a formação de um profissional seguro,</p><p>consistente e preparado para o mercado de trabalho. Esperamos que</p><p>você perceba a existência de muitas respostas viáveis para problemas</p><p>complexos aqui trabalhados.</p><p>• Você quer entender como as tecnologias digitais estão mudando</p><p>o mundo?</p><p>• Você está preparado para desenvolver conhecimentos e</p><p>habilidades para garantir que as tecnologias digitais tragam bons</p><p>resultados para diferentes grupos sociais?</p><p>• Você está aberto a várias perspectivas disciplinares e está</p><p>disposto a aprender como combiná-las?</p><p>Então, esta disciplina é para você.</p><p>UNIUBE 3</p><p>O presente capítulo tem como objetivo principal conhecer o que</p><p>se tem denominado Sociedade Digital. Por isso, seus objetivos</p><p>específicos são:</p><p>• conhecer historicamente no que consistem as revoluções</p><p>industriais e seus impactos nos meios de produção;</p><p>• bem como investigar de que forma a revolução da informação</p><p>impactou a contemporaneidade.</p><p>1.1 Aspectos históricos das revoluções “não apenas” industriais</p><p>1.1.1 Primeira Revolução</p><p>1.1.2 Segunda Revolução</p><p>1.1.3 Terceira Revolução</p><p>1.1.4 Quarta Revolução</p><p>1.2 A era da informação e o poder da internet</p><p>1.3 Conclusão</p><p>Objetivos</p><p>Esquema</p><p>O que a revolução tecnológica introduz em nossas</p><p>sociedades não é tanto uma quantidade inusitada de</p><p>novas máquinas, mas, sim, um novo modo de relação</p><p>entre os processos simbólicos – que constituem o cultural</p><p>– e as formas de produção e distribuição dos bens e</p><p>serviços: um novo modo de produzir, confusamente</p><p>associado a um novo modo de comunicar, transforma</p><p>o conhecimento numa força produtiva direta</p><p>(MARTIN BARBERO, 2006, p. 54).</p><p>4 UNIUBE</p><p>1.1 Aspectos históricos das revoluções “não apenas”</p><p>industriais</p><p>Tente imaginar como seria sua vida sem que nenhuma máquina</p><p>trabalhasse para você. Faça uma lista dos equipamentos eletrônicos</p><p>que existem em sua casa...</p><p>Você vai se surpreender!</p><p>Agora imagine a infância das gerações anteriores. Do que eles</p><p>brincavam? Como eles se transportavam de um lugar para outro? Como</p><p>se comunicavam?</p><p>Você já ouviu de parentes mais velhos sobre os tempos antigos e</p><p>como as coisas eram diferentes? Com certeza você pode perceber o</p><p>quanto o mundo mudou nos últimos 50 anos. O próprio fato de cursar o</p><p>Ensino Superior na modalidade a distância com acesso a vídeos, chats,</p><p>ambientes virtuais e outras coisas mais seria impensável quando seus</p><p>pais, e muito menos seus avós, eram crianças.</p><p>Mas imagine se você fosse parte de uma geração que viu o mundo</p><p>mudar de formas que não eram vistas há centenas de anos? Foi o que</p><p>aconteceu com as pessoas que viveram o início das revoluções de que</p><p>trataremos neste capítulo.</p><p>Ainda que 99% dos manuais de História e Sociologia tratem os</p><p>períodos que estudaremos a seguir como revoluções industriais, ao</p><p>final deste capítulo esperamos que você compreenda nossa intenção</p><p>de ter denominado o item 1.1 como Aspectos históricos das revoluções</p><p>“não apenas” industriais. Esperamos que você perceba que, embora</p><p>o pontapé inicial para transformações tão importantes tenha sido o</p><p>modo de produção, as transformações sobre as quais falaremos aqui</p><p>UNIUBE 5</p><p>extrapolam o universo econômico e permeiam os aspectos culturais,</p><p>sociais e humanos dos grupos sociais em geral.</p><p>Outra reflexão relevante para a compreensão deste capítulo é provocada</p><p>pelo fato de apesar de o termo revolução remeter à sensação de</p><p>rompimento em que uma dada situação deixa de existir para inaugurar</p><p>um novo cenário, as revoluções chamadas industriais (I, II, III e IV) devem</p><p>ser entendidas como processos históricos dialéticos. Logo, não podem</p><p>ser datadas a partir de um fato pontual, e, sim, como uma sequência</p><p>de acontecimentos que engendraram transformações constantes como</p><p>resumido na Figura 1 a seguir:</p><p>Figura 1: As revoluções industriais.</p><p>Fonte: Nascimento; Bertolotto; Ramalhoso (2017).</p><p>Vamos entender historicamente no que consistem as revoluções industriais</p><p>e seus impactos nos meios de produção?</p><p>IMPORTANTE!</p><p>6 UNIUBE</p><p>1.1.1 Primeira Revolução</p><p>Até 1774, o comércio era movimentado por produtos manufaturados em</p><p>casa de modo artesanal. O mercado têxtil era o mais representativo e,</p><p>para ganho de escala, a energia a vapor foi incorporada mecanizando o</p><p>processo e proporcionando o surgimento da indústria que deu origem à</p><p>Primeira Revolução Industrial.</p><p>Neste sentido, o final do século XVIII ficou conhecido como um marco</p><p>na história, devido ao predomínio da força mecânica sobre as pessoas</p><p>e animais, por conta da introdução de energia a vapor na dinâmica de</p><p>trabalho.</p><p>Landes (apud MOTOYAMA, 1995) determina três principais transformações</p><p>no processo de produção ocorridas durante o período supracitado,</p><p>conforme se vê na Figura 2.</p><p>a) substituição da</p><p>habilidade e esforço</p><p>humanos pelas</p><p>máquinas</p><p>b) introdução das máquinas</p><p>que convertem calor em</p><p>trabalho, proporcionando</p><p>um novo suprimento de</p><p>energia.</p><p>c) utilização de novas</p><p>matérias-primas e mais</p><p>abundantes.</p><p>Figura 2: Transformações básicas da Primeira Revolução Industrial.</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>para que todos os países possam estar em equilíbrio para vivenciar</p><p>crescimento em seus respectivos locais. No entanto, existem várias leis,</p><p>diretrizes regulatórias e procedimentos que monitoram o uso da inteligência</p><p>artificial no tempo de hoje, portanto a segurança de nós humanos é sempre</p><p>a principal preocupação aqui.</p><p>PARADA PARA REFLEXÃO</p><p>Regulamentação8.3</p><p>8.3.1 Perspectiva internacional</p><p>Tecnologias avançadas, como Inteligência Artificial (IA), e suas</p><p>implicações sociais e políticas estão na vanguarda dos debates públicos</p><p>atuais.</p><p>Esse assunto também está na agenda de organizações internacionais</p><p>e, em setembro de 2018, o Secretário-Geral das Nações Unidas lançou</p><p>uma ‘Estratégia sobre Novas Tecnologias’, descrevendo como o sistema</p><p>das Nações Unidas apoiará o uso dessas tecnologias para acelerar a</p><p>conquista da Agenda de Desenvolvimento Sustentável para 2030 e</p><p>para facilitar seu alinhamento com os valores consagrados na Carta das</p><p>Nações Unidas, na Declaração Universal dos Direitos Humanos e nas</p><p>normas e padrões do direito internacional.</p><p>144 UNIUBE</p><p>Para saber mais acesse o site da ONU:</p><p>https://nacoesunidas.org/onu-lanca-nova-estrategia-para-jovens-liderarem-</p><p>conquista-da-agenda-2030/</p><p>PESQUISANDO NA WEB</p><p>Novas tecnologias oferecem oportunidades sem precedentes para</p><p>promover mudanças positivas globais, mas também trazem desafios</p><p>críticos para a governança.</p><p>Neste espaço vamos explorar aspectos da perspectiva do direito</p><p>discutindo o papel que as normas e instituições jurídicas internacionais</p><p>podem desempenhar para enfrentar os desafios regulatórios colocados</p><p>pela IA e outras tecnologias.</p><p>Para alcançar os benefícios potenciais das novas tecnologias descritas</p><p>até o momento nesta disciplina, é importante enfrentar os desafios</p><p>críticos que elas apresentam em relação à transparência, privacidade,</p><p>igualdade e responsabilidade.</p><p>A transparência é uma das questões cruciais da IA. Devido ao seu</p><p>trabalho interno complexo e aos recursos autônomos, os algoritmos de</p><p>aprendizado de máquina podem alcançar resultados que os humanos</p><p>não conseguem explicar. Os especialistas concordam que é essencial</p><p>enfrentar a questão da inteligibilidade do processo de raciocínio dos</p><p>algoritmos. A obscuridade das novas tecnologias também se relaciona</p><p>ao fato de que muitas delas são desenvolvidas por empresas comerciais</p><p>com base em dados de propriedade privada.</p><p>Outro desafio das novas tecnologias diz respeito à privacidade, a</p><p>não discriminação e respeito aos valores fundamentais e aos direitos</p><p>humanos. As importantes implicações de privacidade das tecnologias</p><p>orientadas a dados são bem conhecidas e iniciativas como o</p><p>UNIUBE 145</p><p>Regulamento Geral de Proteção de Dados da UE (GDPR) tentam resolvê-</p><p>las. A questão do viés na tomada de decisão algorítmica (que decorre</p><p>do viés em humanos e em conjuntos de dados) foi mais recentemente</p><p>identifi cada como um desafi o premente a ser abordado para desenvolver</p><p>uma IA globalmente benéfi ca.</p><p>Outra questão central das novas tecnologias é a responsabilidade. As</p><p>tecnologias capazes de tomar decisões e agir autonomamente são</p><p>perturbadoras dos conceitos de responsabilidade e permanece incerto</p><p>como alocar a responsabilidade pelos danos causados pela tecnologia</p><p>que opera com envolvimento humano limitado.</p><p>O direito internacional e as instituições internacionais podem ajudar a</p><p>enfrentar esses desafi os de várias maneiras (Figura 1):</p><p>coordenando o</p><p>desenvolvimento</p><p>de padrões</p><p>privados</p><p>adaptando normas</p><p>e conceitos</p><p>existentes e</p><p>preenchendo</p><p>lacunas</p><p>regulatórias, e</p><p>fornecendo</p><p>estruturas e</p><p>responsabilidade.</p><p>O atual cenário regulatório da IA é caracterizado por uma proliferação</p><p>de padrões e diretrizes particulares desenvolvidas pelo setor (por</p><p>exemplo, Google e Microsoft). A regulamentação privada é um passo</p><p>útil, mas permanece de natureza voluntária e não vinculativa. Além</p><p>disso, os padrões privados não são harmonizados e são conduzidos</p><p>por vários interesses e valores. Nesse contexto, o papel do direito e das</p><p>instituições internacionais pode ser o de coordenar o desenvolvimento</p><p>da regulamentação privada, possivelmente trabalhando para o</p><p>desenvolvimento de diretrizes acordadas internacionalmente que também</p><p>assegurem que valores fundamentais sejam integrados no design e</p><p>desenvolvimento da IA.</p><p>Figura 1: Funções do direito internacional e das instituições internacionais.</p><p>Fonte: Esquema montado pelas autoras.</p><p>146 UNIUBE</p><p>Novas tecnologias não exigem necessariamente novas regras, e</p><p>normas e conceitos existentes são certamente úteis e aplicáveis. As</p><p>noções legais são flexíveis e abstratas o suficiente para se adaptar a</p><p>novos cenários. No entanto, alguns desenvolvimentos tecnológicos</p><p>relacionados à autonomia são tão perturbadores que os operadores</p><p>jurídicos existentes têm dificuldade em compreendê-los. Onde for</p><p>identificada a necessidade de desenvolver novas regras, será importante</p><p>adotar abordagens multilaterais e com várias partes interessadas que</p><p>envolvam todos os atores públicos e privados relevantes.</p><p>Finalmente, o direito internacional poderia ajudar na formulação de</p><p>estruturas para alocar a responsabilidade entre uma multiplicidade de</p><p>atores, cada um envolvido em diferentes graus no design ou no uso de</p><p>tecnologias. A responsabilidade pode - alternativa ou cumulativamente</p><p>- ser atribuída a atores individuais ou coletivos, naturais ou ficcionais,</p><p>privados ou públicos (operadores, desenvolvedores, decisores,</p><p>corporações, estados etc.).</p><p>8.3.2 O que diz a OCDE - Organização para a Cooperação</p><p>e Desenvolvimento Econômico sobre a Inteligência</p><p>Artificial?</p><p>No ano de 2019, quarenta e dois países assinaram e adotaram os novos</p><p>princípios da OCDE, a Organização Internacional de Cooperação e</p><p>Desenvolvimento Econômico, sobre Inteligência Artificial. Dessa forma,</p><p>eles adotaram formalmente o primeiro conjunto de diretrizes de políticas</p><p>intergovernamentais sobre Inteligência Artificial, concordando em manter</p><p>padrões internacionais que visam garantir que os sistemas de IA sejam</p><p>projetados e construídos para serem robustos, seguros, justos e confiáveis.</p><p>Desenvolvidos sob a orientação de um grupo de especialistas composto</p><p>por mais de 50 membros de governos, universidades, empresas,</p><p>sociedade civil, organismos internacionais, comunidades tecnológicas e</p><p>sindicatos, os ‘Princípios’ incluem cinco regras baseadas em valor para</p><p>UNIUBE 147</p><p>o desenvolvimento responsável da IA confi ável e cinco recomendações</p><p>para políticas públicas e cooperação internacional.</p><p>O maior objetivo da organização é promover uma</p><p>Inteligência Artifi cial inovadora e confi ável que respeita</p><p>os direitos humanos e os valores democráticos.</p><p>Aqui em detalhes e em resumo, o que os 5 princípios defi nidos pela OCDE</p><p>indicam para o que é a Inteligência Artifi cial benéfi ca, segura e confi ável</p><p>(Figura 2):</p><p>1. A Inteligência Artifi cial deve benefi ciar as pessoas e o planeta,</p><p>estimulando o crescimento inclusivo, o desenvolvimento sustentável e</p><p>o bem-estar.</p><p>2. Os sistemas de IA devem ser projetados de maneira a respeitar o estado de</p><p>direito, os direitos humanos, os valores democráticos e a diversidade. E eles</p><p>devem incluir salvaguardas apropriadas para garantir uma sociedade justa e</p><p>equitativa, por exemplo, permitindo a intervenção humana, se necessário.</p><p>3. Deve haver transparência e divulgação responsável em torno dos sistemas de</p><p>Inteligência Artifi cial para garantir que as pessoas entendam tudo relacionado</p><p>ao seu uso e que possam aproveitar ao máximo seus resultados.</p><p>4. Os sistemas de IA devem funcionar de forma sólida e segura durante toda</p><p>a vida útil de seus aplicativos, e os riscos potenciais devem ser avaliados e</p><p>gerenciados continuamente.</p><p>5. As organizações e indivíduos que desenvolvem, usam ou gerenciam sistemas</p><p>de IA devem ser responsabilizados pelo seu bom funcionamento, de acordo</p><p>com esses princípios e diretrizes.</p><p>Fonte: OECD (s/d)</p><p>Figura 2: Princípios da OCDE para a IA</p><p>148 UNIUBE</p><p>Embora não sejam juridicamente</p><p>vinculativos, os princípios da OCDE</p><p>já existentes em outras áreas provaram ser infl uentes na defi nição de</p><p>padrões internacionais e no auxílio aos governos no desenvolvimento</p><p>da legislação nacional.</p><p>As Diretrizes de Privacidade da OCDE, que estabelecem limites para a</p><p>coleta e o uso de dados pessoais, sustentam muitas leis de privacidade e</p><p>estruturas regulatórias nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia.</p><p>Os princípios de governança corporativa da OCDE, aprovados pelo G20,</p><p>tornaram-se um ponto de referência internacional para políticos, investidores,</p><p>empresas e outras realidades que trabalham em estruturas institucionais e</p><p>regulamentares sobre governança corporativa.</p><p>EXEMPLIFICANDO!</p><p>Consistente com esses princípios, com base em valores compartilhados,</p><p>a OCDE também oferece cinco recomendações aos governos dos vários</p><p>países (OECD, s.d):</p><p>1. Facilitar o</p><p>investimento público e</p><p>privado em pesquisa e</p><p>desenvolvimento para</p><p>estimular a inovação</p><p>em IA confi ável.</p><p>2. Promover</p><p>ecossistemas acessíveis</p><p>de inteligência artifi cial,</p><p>com infraestruturas</p><p>e tecnologias digitais</p><p>e mecanismos para</p><p>compartilhamento de</p><p>dados e conhecimento.</p><p>3. Criar um ambiente</p><p>político que abre</p><p>caminho para a</p><p>implantação de</p><p>sistemas de IA</p><p>confi áveis.</p><p>4. Equipar as pessoas</p><p>com habilidades</p><p>de IA e apoiar os</p><p>trabalhadores a</p><p>garantir uma transição</p><p>justa de conhecimento.</p><p>5. Colaborar internacional</p><p>e intersetorialmente</p><p>para compartilhar</p><p>informações, desenvolver</p><p>padrões e trabalhar</p><p>para o gerenciamento</p><p>responsável da</p><p>inteligência artifi cial.</p><p>Figura 3: Recomendações da OCDE</p><p>Fonte: Esquema montado pelas autoras.</p><p>UNIUBE 149</p><p>Até o momento, essas são as diretrizes e regras que todos, desde</p><p>governos nacionais a desenvolvedores de sistemas de alta tecnologia,</p><p>devem a partir de agora aderir quando se tratar de problemas e</p><p>ferramentas relacionados à IA. Os próximos passos da OCDE e de</p><p>seus representantes consistirão em atividades para monitorar e medir a</p><p>pesquisa, o desenvolvimento e a disseminação de inteligência artificial e</p><p>coletar informações básicas para avaliar o progresso alcançado em sua</p><p>implementação.</p><p>8.3.3 A realidade brasileira até 2020</p><p>Em 2020 o governo brasileiro deu mais um passo em direção à criação</p><p>de políticas públicas em torno da Inteligência Artificial (IA).</p><p>Uma estratégia nacional de IA foi prometida como uma resposta à corrida</p><p>mundial pela liderança no campo e a necessidade de discutir o futuro do</p><p>trabalho, educação, impostos, pesquisa e desenvolvimento, bem como</p><p>a ética, à medida que a aplicação de tecnologias relacionadas se tornar</p><p>mais difundida.</p><p>Uma consulta pública foi lançada para reunir informações sobre como</p><p>a IA pode resolver os principais problemas do país, identificar áreas</p><p>prioritárias de foco para o desenvolvimento e uso das tecnologias, bem</p><p>como limites para isso.</p><p>Neste contexto, o governo entende que a IA pode trazer melhorias para</p><p>a competitividade e a produtividade do país, bem como para a prestação</p><p>de serviços públicos, qualidade de vida e redução de riscos sociais e da</p><p>desigualdade na maior economia do hemisfério sul.</p><p>O Brasil adere aos Princípios de IA centrados no ser humano propostos pela</p><p>Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que</p><p>fornecem recomendações em áreas como transparência e explicabilidade.</p><p>150 UNIUBE</p><p>À luz dessas diretrizes, o debate em torno da estratégia brasileira de IA</p><p>se propõe a discutir inicialmente seis temas verticais (BRASIL. MCTIC,</p><p>s.d.) (Figura 4):</p><p>qualifi cações para</p><p>um futuro digital; trabalhadores;</p><p>pesquisa,</p><p>desenvolvimento,</p><p>inovação e</p><p>empreendedorismo;</p><p>aplicação</p><p>governamental</p><p>de IA;</p><p>aplicação nos</p><p>setores produtivos e segurança pública.</p><p>Como pode se ver, o Brasil ainda não conta com uma legislação</p><p>própria para tratar sobre a Inteligência Artifi cial. O problema é que os</p><p>regulamentos projetados para dar vida formal à IA poderiam, de fato,</p><p>fazer o oposto se não forem abordados com cuidado e devida diligência.</p><p>A conformidade regulamentar é importante em todo o espectro dos</p><p>negócios, do varejo ao bancário, mas também é complexa, especialmente</p><p>com as novas tecnologias sendo implementadas nos modelos de</p><p>negócios constantemente.</p><p>Devido à constante necessidade de atualizações e revisões, a capacidade</p><p>dos órgãos reguladores de aplicar essas regras está se tornando cada</p><p>vez mais difícil. A tecnologia está em constante evolução, portanto esses</p><p>regulamentos estão rapidamente se tornando obsoletos. Isso signifi ca que</p><p>a IA nunca será totalmente regulamentada, a menos que sejam tomadas</p><p>medidas para garantir que qualquer iteração passe primeiramente pela</p><p>regulamentação.</p><p>Figura 4: Estratégia brasileira.</p><p>Fonte: Esquema elaborado pelas autoras.</p><p>UNIUBE 151</p><p>Conclusão8.4</p><p>A IA continuará proporcionando melhorias e avanços em muitos setores,</p><p>que exercem um profundo impacto na sociedade.</p><p>O uso da IA na área de saúde, por exemplo, fará com que as pesquisas</p><p>médicas e os experimentos sejam mais eficazes e eficientes. O transporte</p><p>deve mudar com veículos autônomos e estradas automatizadas que</p><p>contribuirão para a criação de cidades inteligentes. A IA pode ajudar</p><p>a prever desastres naturais, enquanto dados em tempo real ajudam a</p><p>agricultura a melhorar sua produtividade para fornecer alimentos em um</p><p>ritmo mais acelerado. Enfim, temos a perspectiva de nos beneficiarmos</p><p>economicamente à medida que o uso da IA nas empresas evolui, assim</p><p>como o campo do trabalho.</p><p>No extremo oposto desse cenário há um viés negativo quanto à</p><p>Inteligência Artificial. É por isso que grandes desafios aguardam</p><p>instituições governamentais e organizações jurídicas, à medida que lidam</p><p>com questões maiores que podem surgir do uso indevido da tecnologia.</p><p>Com a IA prevista para ser benéfica em um amplo espectro de aplicativos</p><p>diferentes, faria mais sentido que os aplicativos fossem regulamentados.</p><p>Os requisitos de aplicação da IA na área da saúde são diferentes</p><p>dos serviços bancários, por exemplo - as questões éticas, legais e</p><p>econômicas em torno da emissão de medicamentos para os pacientes</p><p>são muito diferentes da transação de dinheiro.</p><p>Nesse sentido, espera-se que a regulamentação da IA como um todo</p><p>significará que seu uso será mais limitado em determinados setores do</p><p>que em outros, possibilitando uma sinergia entre o desenvolvimento</p><p>econômico e social e a tecnologia.</p><p>152 UNIUBE</p><p>Resumo</p><p>A Inteligência Artificial (IA) tornou-se uma das palavras-chave da década,</p><p>como uma parte potencialmente importante da resposta aos maiores</p><p>desafios da humanidade, desde abordar as mudanças climáticas até</p><p>combater o câncer e interromper o processo de envelhecimento.</p><p>Trata-se do processo amplamente visto como o desenvolvimento</p><p>tecnológico mais importante desde o uso em massa de eletricidade.</p><p>Para que a Inteligência Artificial prospere de forma viável, é necessário</p><p>que o poder público trabalhe em estreita colaboração com os órgãos</p><p>profissionais de cada setor, que podem aconselhar os tomadores de</p><p>decisão sobre políticas e regulamentações acerca das melhores práticas</p><p>em relação ao que a tecnologia é capaz.</p><p>À medida que avançamos no século XXI, a única maneira de ver de</p><p>forma realista a IA e a automação tomarem o mundo dos negócios é se</p><p>ela for regulamentada de maneira inteligente.</p><p>Isso começa com o incentivo a novos avanços e inovações na tecnologia,</p><p>o que significa regular aplicativos em vez da própria tecnologia. Embora</p><p>exista muito preconceito em torno da IA e as possíveis consequências</p><p>que isso possa ter para a força de trabalho das empresas, devemos estar</p><p>otimistas sobre um futuro em que a IA é ética e útil, em um mundo em</p><p>que os trabalhadores deslocados pela automação foram realocados para</p><p>outras funções mais importantes na cultura organizacional.</p><p>Referências</p><p>BITTENCOURT, Guilherme: Inteligência Artificial – Ferramentas e Teorias. Editora</p><p>da UFSC. 2ª. Edição. Florianópolis,</p><p>2001. 362p</p><p>UNIUBE 153</p><p>CLINKS. A incrível história da inteligência artificial. Disponível em: https://clinks.</p><p>com.br/blog/inteligencia-artificial/a-incrivel-historia-da-inteligencia-artificial-2. Acesso</p><p>em: mar.2020.</p><p>KURZWEIL, Ray. A inteligência das máquinas. MIT Press, 1990.</p><p>MCCARTHY e P.J. HAYES. Some philosophical problems from the standpoint of</p><p>artificial intelligence. In D. Michie and B. Meltzer, editors, Machine Intelligence</p><p>4, pages 463-502. Edinburgh University Press, Edinburgh, GB, 1969.</p><p>NAÇÕES UNIDAS BRASIL. ONU lança nova estratégia para jovens liderarem</p><p>conquista da Agenda 2030. Disponível em: https://nacoesunidas.</p><p>-estrategia-para-jovens-liderarem-conquista-daagenda-2030/.</p><p>Acesso em: 27 mai. 2020.</p><p>RICH, Elaine; KNIGHT, Kevin: Inteligência Artificial. Makron Books. 2ª. Edição.</p><p>São Paulo, 1994. 722p.</p><p>RUSSEL, Stuart; NORVIG, Peter: Inteligência Artificial. Campus, São Paulo, 2004.</p><p>1040p 40</p><p>TURING, Alan Mathison. Wikipedia.org. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/</p><p>Alan_Turing#/media/Ficheiro:Alan_Turing_Aged_16 (cropped).jpg. Acesso em: 27</p><p>mai. 2020.</p><p>BRASIL. MCTIC- Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.</p><p>Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial. Disponível em: http://www.</p><p>mctic.gov.br/mctic/opencms/inovacao/paginas/politicasDigitais/Inteligencia/</p><p>Artificial.html?searchRef=estrat%C3%A9gias%20de%20intelig%C3%AAncia%20</p><p>artificial&tipoBusca=qualquerTermo. Acesso em: mar.2020.</p><p>Para Conceição (2012, p.91), “esses aperfeiçoamentos, que constituíram</p><p>a Revolução Industrial, geraram o aumento sem precedente da</p><p>produtividade e, consequentemente, um aumento da renda per capita”.</p><p>UNIUBE 7</p><p>Andrade (2017, p.19), em seu artigo, esclarece que</p><p>Para Drucker (2000), a estrada de ferro, originada</p><p>em 1829, foi o elemento mais revolucionário que esta</p><p>Revolução Industrial proporcionou, transformando</p><p>efetivamente a economia, sociedade e política.</p><p>Tal fato justifica-se, pois as ferrovias não apenas</p><p>produziram uma nova dimensão econômica, mas</p><p>também transformaram rapidamente a noção de</p><p>espaço geográfico. Drucker (2000, p. 2) afirma que:</p><p>“Pela primeira vez na história, as pessoas tinham</p><p>mobilidade real. O horizonte das pessoas comuns se</p><p>ampliou, também pela primeira vez. Elas se deram</p><p>conta imediatamente de que estava ocorrendo uma</p><p>transformação fundamental na mentalidade”.</p><p>1.1.2 Segunda Revolução</p><p>Em 1870, teve início a Segunda Revolução Industrial, destacando-se</p><p>a utilização da energia elétrica para acionar linhas de produção. Essa</p><p>revolução foi marcada pela expansão da produção em série, conceito</p><p>utilizado na linha de montagem de Henry Ford (1863-1947).</p><p>Segundo Andrade (2017, p.20),</p><p>Almeida (2005) afirma que durante a Segunda</p><p>Revolução Industrial o foco das transformações</p><p>observadas na economia mundial recai sobre a</p><p>eletricidade e a química. Segundo o autor, tais</p><p>elementos proporcionaram o surgimento de novos tipos</p><p>de motores (elétricos e à explosão), de novos materiais</p><p>e processos de fabricação, de grandes empresas, e</p><p>do telégrafo sem fio e rádio, responsáveis por difundir</p><p>instantaneamente a informação [...]</p><p>Moraes e Fadel (2008, p.2) destacam o surgimento de</p><p>“[...] uma radical modificação na divisão do trabalho, o</p><p>que coincidiu justamente com a descoberta de novos</p><p>materiais, como o aço e o petróleo, a energia elétrica,</p><p>o motor à combustão, o telégrafo, o telefone, entre</p><p>outros”.</p><p>Dessa maneira, o período passa por um aprofundamento</p><p>das descobertas técnicas e científicas, sendo que as</p><p>inovações nos campos da telemática, biotecnologia,</p><p>informática e novos materiais impulsionaram a</p><p>8 UNIUBE</p><p>transformação do padrão organizacional produtivo e</p><p>trabalhista (MORAES; FADEL, 2008).</p><p>No âmbito das relações de trabalho, Ribeiro e Cunha (2005, apud</p><p>ANDRADE, 2017, p. 21, 22) afi rmam que os princípios do taylorismo</p><p>estão baseados nas seguintes premissas conforme Figura 3:</p><p>Figura 3: Premissas do taylorismo.</p><p>Fonte: Elaborado pelas autoras.</p><p>Produção em</p><p>massa</p><p>Repartição de</p><p>tarefas</p><p>Separação entre</p><p>os trabalhos de</p><p>concepção e</p><p>execução</p><p>O trabalho</p><p>individualizado</p><p>No fi nal da década de 1960, o controlador lógico programável e a</p><p>eletrônica foram integrados ao controle das máquinas, tornando-as mais</p><p>fl exíveis, avançando com a utilização de robôs, o que caracterizou a</p><p>Terceira Revolução.</p><p>1.1.3 Terceira Revolução</p><p>Ainda que muitos acreditem que a Terceira Revolução Industrial teve</p><p>sua origem nos anos de 1990 quando as pessoas tiveram acesso aos</p><p>primeiros computadores domésticos e a internet se popularizou no</p><p>cenário mundial, seu surgimento, na verdade, passou a ser observado</p><p>por volta de 1950 quando expandiu o acesso à informatização e à</p><p>robótica, que passaram a ser integradas aos meios de produção.</p><p>A Terceira Revolução Industrial fi cou conhecida também como Revolução</p><p>Informacional devido à intensa presença digital. Milhares de produtos com</p><p>tecnologia avançada foram criados a partir da década de 1950 e estão</p><p>sendo melhorados até os dias atuais, como: computadores, celulares,</p><p>satélites, internet, programas de computador, foguetes etc.</p><p>UNIUBE 9</p><p>Andrade (2017, p.23) traz-nos a visão de outros estudiosos sobre essa fase:</p><p>Neste sentido, Almeida (2005) ressalta que a Terceira</p><p>Revolução Industrial impulsionou o desenvolvimento</p><p>de circuitos eletrônicos e, em seguida, os circuitos</p><p>integrados, também conhecidos como microchips. Tais</p><p>elementos transformaram abruptamente os meios de</p><p>informação e comunicação, com a explosão da internet</p><p>e do e-commerce.</p><p>Moraes e Fadel (2008) destacam o surgimento do</p><p>computador como principal ferramenta de alteração</p><p>profunda nos meios de comunicação, capaz de alterar</p><p>drasticamente os modelos de produção e de trabalho.</p><p>Segundo as autoras, O aparecimento e desenvolvimento</p><p>do computador e a sua mais recente associação</p><p>junto aos meios de comunicação já existentes, como</p><p>a televisão e o telefone, confirmam a passagem para</p><p>um estágio superior na produção de informações e</p><p>comunicações (MORAES; FADEL, 2008, p.2).</p><p>Para Conceição (2012), a combinação de componentes</p><p>específicos em um único circuito integrado possibilitou</p><p>uma redução drástica nos custos (produção,</p><p>armazenamento, processamento e transmissão de</p><p>informações), além de uma melhora no desempenho</p><p>de objetos e processos produtivos. De acordo Silva,</p><p>Silva e Gomes (2002), a Terceira Revolução Industrial</p><p>incorpora os avanços referentes à microeletrônica e</p><p>à informática aos processos produtivos objetivando</p><p>desenvolver produtos com qualidades melhores e mais</p><p>competitividade no mercado.</p><p>1.1.4 A Quarta Revolução</p><p>A Quarta Revolução Industrial, conhecida como Indústria 4.0, começou</p><p>a ser observada a partir de 2010 devido à demanda de produtos</p><p>personalizados e o fácil acesso às tecnologias. Este momento representa</p><p>uma mudança fundamental na maneira como os sujeitos trabalham,</p><p>vivem e relacionam-se uns com os outros. Trata-se de um novo capítulo</p><p>na história do desenvolvimento humano, possibilitado por extraordinários</p><p>avanços tecnológicos proporcionais aos da primeira, segunda e terceira</p><p>revoluções industriais.</p><p>10 UNIUBE</p><p>Ocorre que referidos avanços possibilitam a congruência dos mundos</p><p>físico, digital e biológico de maneiras que criam grandes possibilidades</p><p>tanto de avanços quanto retrocessos. A velocidade, a amplitude e a</p><p>profundidade dessa revolução nos provocam um novo olhar para o</p><p>desenvolvimento dos países, para o valor gerado pelas organizações</p><p>bem como para o papel do ser humano nesse engendramento.</p><p>Neste sentido, a Quarta Revolução Industrial é mais do que apenas</p><p>uma mudança impulsionada pela tecnologia; é uma oportunidade para</p><p>repaginar a vida em coletividade, formular novas políticas, ir em busca</p><p>da conquista de novos direitos e sobretudo (re)significar as tecnologias</p><p>convergentes para criar um contexto inclusivo e democrático.</p><p>Como podemos perceber a Quarta Revolução Industrial representa</p><p>as mudanças exponenciais na maneira como lidamos com o mundo</p><p>devido à adoção de sistemas ciberfísicos. À medida que implementamos</p><p>tecnologias inteligentes em nossas vidas, as máquinas conectadas</p><p>interagem, visualizam toda a cadeia de produção e tomam decisões de</p><p>forma autônoma por nós.</p><p>Em seu livro “A Quarta Revolução Industrial”, o professor Klaus Schwab,</p><p>fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, descreve</p><p>o enorme potencial para as tecnologias da Quarta Revolução Industrial,</p><p>bem como os possíveis riscos. Segundo ele:</p><p>As mudanças são tão profundas que, do ponto de vista</p><p>da história humana, nunca houve uma época de maiores</p><p>promessas ou riscos potenciais. Minha preocupação,</p><p>no entanto, é que os tomadores de decisão são muito</p><p>frequentemente capturados em tradições tradicionais</p><p>e não disruptivos ao pensar ou ser muito absorvido por</p><p>preocupações imediatas para pensar estrategicamente</p><p>sobre as forças de ruptura e inovação que moldam</p><p>nosso futuro. (SCHWAB, 2016, p. 32)</p><p>UNIUBE 11</p><p>Por isso, a disciplina Direito Digital busca oportunizar um olhar para além</p><p>da tecnologia na expectativa de encontrar maneiras de possibilitar ao</p><p>maior número de pessoas a capacidade de impactar positivamente suas</p><p>organizações e comunidades.</p><p>A Internet é um conjunto de padrões tecnológicos</p><p>que permite a interconexão de uma série de redes de</p><p>hardwares distintos que, em conjunto com softwares</p><p>variados, habilita a interconexão de um sem-número</p><p>de outros tipos de redes – sociais, econômicas,</p><p>políticas – espalhadas pelos quatro cantos do planeta.</p><p>Por isso, a Internet é muito capilarizada, robusta e</p><p>resiliente, e parece tarefa hercúlea inviabilizar toda esta</p><p>infraestrutura de uma vez só, bem como bloquear todos</p><p>os caminhos alternativos pelos quais os fluxos de dados</p><p>e informações circulam de maneira geograficamente</p><p>distribuída através de distintas linhas de comunicação.</p><p>(CEPIK; CANABARRO; BORNE, 2014, p.179)</p><p>O surgimento do computador pessoal na década de 1970, a interface</p><p>gráfica do usuário na década de 1980, a World Wide Web na década</p><p>de 1990 e hoje a ‘Internet das Coisas’ lançaram nossa sociedade global</p><p>na chamada ‘era da informação’. Para um pequeno grupo de pessoas,</p><p>faz parte do seu trabalho diário pensar conscientemente sobre o que</p><p>isso realmente significa: estudiosos, hackers, artistas, blogueiros ativos</p><p>e alguns políticos examinaram, por exemplo, como a democracia, o</p><p>capitalismo, a solidariedade, a intimidade ou o senso de presença física</p><p>podem ser conquistados no ambiente digital.</p><p>No entanto, para a grande maioria das pessoas, as mudanças digitais</p><p>acontecem fora de sua percepção consciente. Eles são apenas</p><p>confrontados com demandas e exigências em constante mudança</p><p>para sua vida social: precisam de digitais para se comunicarem com</p><p>instituições governamentais; sentem a necessidade de possuir um</p><p>smartphone e criar uma página no Facebook para manter contato com</p><p>A era da informação e o poder da internet1.2</p><p>12 UNIUBE</p><p>a família ou sentem a pressão constante para atualizar o software e o</p><p>hardware do computador para não deixar de usar.</p><p>Ao mesmo tempo, as tecnologias e os processos que estão por trás</p><p>dessas mudanças se tornaram cada vez menores, mais complexos</p><p>e mais ocultos em nosso ambiente físico diário. É difícil, em suma,</p><p>encontrar uma linguagem única sobre como nossas vidas pessoais</p><p>e relações de poder social estão realmente mudando em relação às</p><p>tecnologias digitais.</p><p>A internet é a tecnologia decisiva da Era da Informação e, com a explosão</p><p>de comunicação sem fio no início do século XXI, podemos dizer que</p><p>a humanidade é agora quase inteiramente conectada, embora com</p><p>grandes níveis de desigualdade de acesso às redes móveis.</p><p>Computadores, internet e outras tecnologias da informação são</p><p>extraordinariamente ferramentas poderosas. Como tal, têm um grande</p><p>potencial para beneficiar e prejudicar as sociedades que as transformam</p><p>em hábito e produto de consumo.</p><p>Por exemplo, a mesma Internet que tem sido usada para tornar as</p><p>empresas mais eficientes, democratizar a educação e conectar pessoas</p><p>separadas por grandes distâncias também produziu um novo caminho</p><p>para a fraude, o roubo, a invasão de privacidade e a disseminação de</p><p>discursos de ódio. Esta defesa é observada nas palavras de Cepik et.</p><p>al. (2014, p. 161):</p><p>O crescimento do ciberespaço e o aumento do número</p><p>de usuários da Internet, a partir da comercialização</p><p>do acesso à rede em 1995, fizeram com que ela</p><p>alcançasse o status de serviço público global</p><p>(BLUMENTHAL e CLARK, 2009, p. 207) e passasse</p><p>a ser considerada a “espinha dorsal” do mundo</p><p>globalizado (KURBALIJA e GELBSTEIN, 2005,</p><p>p. 7; ZUKANG, 2007, p. 6). Contudo, à medida que</p><p>cresce a dependência da sociedade em relação a</p><p>UNIUBE 13</p><p>sistemas informáticos e computacionais, bem como</p><p>se diversificam as possibilidades de aplicação destas</p><p>tecnologias para fins lícitos e ilícitos, intensifica-</p><p>se o debate em torno dos desafios que a era digital</p><p>apresenta à segurança nacional e internacional.</p><p>Como observado, um dos objetivos desta disciplina é explorar algumas</p><p>controvérsias sociais, políticas e econômicas que dominam o cenário</p><p>globalizado da informação a fim de compreendermos a relevância do</p><p>Direito Digital ainda que não seja um ponto pacífico no campo jurídico e</p><p>tecnológico.</p><p>Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 no World Trade Center</p><p>e no Pentágono são exemplos do poder da Internet como uma ferramenta</p><p>para o bem e para o mal e a necessidade de aprofundar neste assunto por</p><p>impactar inclusive a segurança nacional.</p><p>Antes mesmo dos ataques ao Pentágono e ao World</p><p>Trade Center, em 2001, o governo norte-americano</p><p>considerava a possibilidade de que organizações</p><p>terroristas fizessem uso da Internet para infligir</p><p>algum tipo de dano às instituições e à infraestrutura</p><p>do país (WEIMANN, 2004b, apud CEPIK, et al,</p><p>2014, p. 170).</p><p>Segundo Cepik et. al, (2014, p. 161), “o 11 de Setembro revelou que, antes</p><p>de ser um alvo preferencial da ação de grupos terroristas, a rede pode ser</p><p>considerada uma ferramenta polivalente de suporte a suas atividades”...</p><p>“Após os atentados, a ameaça terrorista ganhou proporções descomunais na</p><p>agenda de segurança dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o crescimento</p><p>da importância do ciberespaço para as atividades humanas implicou sua</p><p>inclusão nos debates sobre segurança nacional” (idem, p.170).</p><p>EXPLICANDO MELHOR</p><p>14 UNIUBE</p><p>A partir destas considerações, podemos concluir que o anonimato</p><p>da internet faz com que ela seja uma rede de comunicação atraente</p><p>para criminosos e, por outro lado, a tecnologia da informação também</p><p>desempenhou um papel no 11 de Setembro, ajudando a nação a se unir</p><p>em um momento de crise.</p><p>A internet é a tecnologia decisiva da Era da Informação, da mesma</p><p>forma que o motor elétrico foi o vetor de transformação tecnológica da</p><p>Era Industrial. Essa rede global de computadores, hoje amplamente</p><p>baseada em plataformas de comunicação sem fio, fornece capacidade</p><p>onipresente de comunicação interativa multimodal no tempo escolhido,</p><p>transcendendo o espaço.</p><p>A internet não é realmente uma nova tecnologia: seu ancestral, o</p><p>Arpanet, foi implantado pela primeira vez em 1969. Mas foi na década</p><p>de 90, quando foi privatizada e liberada do controle do Departamento</p><p>de Comércio dos EUA, que difundiu pelo mundo com uma velocidade</p><p>extraordinária: em 1996, a primeira pesquisa com usuários da internet</p><p>contava com cerca de 40 milhões; em 2013, são mais de 2,5 bilhões,</p><p>com a China, respondendo pelo maior número de usuários da internet.</p><p>Thiago Lavado, no G1 de 28.08.2019, em seu artigo - Uso da internet no</p><p>Brasil cresce e 70% da população está conectada -, afirma que</p><p>No Brasil, o número de brasileiros que usam a internet</p><p>continua crescendo: subiu de 67% para 70% da</p><p>população, o que equivale a 126,9 milhões de pessoas.</p><p>Esse dado é parte da nova edição da pesquisa</p><p>TIC Domicílios, divulgada no segundo semestre de</p><p>2019, que afere dados sobre conexão à internet nas</p><p>residências do país. A pesquisa, feita anualmente pelo</p><p>Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da</p><p>Sociedade da Informação (Cetic), é uma das principais</p><p>no país.</p><p>UNIUBE 15</p><p>Figura 4: O Brasil na internet.</p><p>Fonte: Adaptado de Lavado (2019).</p><p>Veja outros destaques da pesquisa na Figura 4.</p><p>16 UNIUBE</p><p>Lavado (2019) ainda informa que</p><p>Segundo Winston Oyadomari, coordenador de</p><p>pesquisas no Cetic, o Brasil tem um crescimento</p><p>importante nesses indicadores. “Países desenvolvidos</p><p>na América do Norte e Europa têm uso da internet de</p><p>80% para mais. Países em desenvolvimento, do leste</p><p>europeu e árabes, ficam em torno de 50% a 60%. Isso</p><p>coloca o Brasil numa posição intermediária”.</p><p>Esses dados nos mostram que, embora, por algum tempo, a</p><p>disseminação da internet tenha sido limitada pela dificuldade de</p><p>estabelecer uma infraestrutura de telecomunicações terrestres nos</p><p>países emergentes, isso mudou com a explosão da comunicação sem fio</p><p>no início do século XXI. De fato, em 1991, havia cerca de 16 milhões de</p><p>assinantes de dispositivos sem fio no mundo, em 2013 eles são próximos</p><p>a 7 bilhões (em um planeta de 7,7 bilhões de seres humanos), contando</p><p>com os usos familiares e aldeias de telefones celulares e levando em</p><p>consideração o uso limitado desses dispositivos entre as crianças com</p><p>menos de cinco anos de idade. (JEGUES, 2019)</p><p>No coração dessas redes de comunicação, a</p><p>Internet garante a produção, distribuição e uso de</p><p>informações digitalizadas em todos os formatos.</p><p>De</p><p>acordo com o estudo publicado por Martin Hilbert na</p><p>Science (HILBERT e LÓPEZ 2011), 95% de todas as</p><p>informações existentes no planeta são digitalizadas e a</p><p>maioria delas é acessível na Internet e em outras redes</p><p>de computadores.(JEGUES, 2019).</p><p>Para entender melhor os efeitos da internet na sociedade, devemos</p><p>lembrar que a tecnologia é uma cultura material. É produzida por meio de</p><p>um processo social em um determinado ambiente institucional com base</p><p>nas ideias, nos valores, interesses e conhecimentos de seus produtores,</p><p>tanto os primeiros como os subsequentes.</p><p>Nesse processo, devemos incluir os usuários da tecnologia, que se</p><p>apropriam da tecnologia e adaptam-na em vez de adotá-la, e, ao fazê-lo,</p><p>eles modificam-na e produzem um processo interminável de interação</p><p>entre produção tecnológica e uso social.</p><p>UNIUBE 17</p><p>Portanto, para avaliar a relevância da internet na sociedade, devemos</p><p>lembrar as características específicas da internet como tecnologia. Então</p><p>devemos colocá-lo no contexto da transformação da estrutura social</p><p>geral, bem como em relação à cultura característica dessa estrutura</p><p>social. De fato, vivemos em uma nova estrutura social, a sociedade em</p><p>rede global, caracterizada pelo surgimento de uma nova cultura, a cultura</p><p>da autonomia.</p><p>Nossa sociedade é uma sociedade em rede, isto é, uma sociedade</p><p>construída em torno de redes pessoais e organizacionais alimentadas por</p><p>redes digitais e comunicadas pela Internet. E como as redes são globais</p><p>e não conhecem fronteiras, a sociedade em rede é uma sociedade em</p><p>rede global. Essa estrutura social historicamente específica resultou</p><p>da interação entre o paradigma tecnológico emergente baseado na</p><p>revolução digital e algumas das principais mudanças socioculturais.</p><p>A internet, como todas as tecnologias, não produz efeitos por si só. No</p><p>entanto, há efeitos específicos na alteração da capacidade do sistema de</p><p>comunicação de se organizar em torno de fluxos interativos, multimodais,</p><p>assíncronos ou síncronos, globais ou locais.</p><p>No entanto, a sociedade em rede global é a nossa sociedade, e o</p><p>entendimento de sua lógica com base na interação entre cultura,</p><p>organização e tecnologia na formação e desenvolvimento de redes</p><p>sociais e tecnológicas é um campo-chave de pesquisa no vigésimo</p><p>primeiro século.</p><p>Como essas características afetam sistemas específicos de relações</p><p>sociais, estudaremos no próximo capítulo o Direito Digital, que representa</p><p>um espaço para normatizações e reflexões acerca dos limites entre o eu</p><p>e o outro neste complexo mundo digital.</p><p>18 UNIUBE</p><p>A vida mudou consideravelmente nas últimas décadas. A Inteligência</p><p>Artificial (IA) substituiu campos de trabalho. Sistemas técnicos podem</p><p>reunir bibliotecas inteiras de informações em um único dispositivo portátil.</p><p>Existem espaços virtuais em que pessoas de todo o mundo podem</p><p>compartilhar, conectar e conversar instantaneamente. Pela primeira vez,</p><p>na história, as tecnologias digitais podem rastrear, documentar e analisar</p><p>de maneira abrangente a vida humana.</p><p>Nesse sentido, as inovações digitais estão remodelando nossa sociedade,</p><p>economia, cultura e estilo de vida. Sua capacidade de impactar - e</p><p>potencialmente avançar - todos os aspectos de nossa sociedade não</p><p>pode ser negligenciada, resultando em uma necessidade de pesquisa</p><p>interdisciplinar vigorosa, desde a aplicação de inovações digitais para</p><p>beneficiar nosso cotidiano até uma compreensão aperfeiçoada da relação</p><p>entre avanço digital e sociedade.</p><p>Na era digital, privacidade, confiança e segurança são algumas das</p><p>principais preocupações dos consumidores de plataformas on-line.</p><p>Por isso, destacamos a importância de compreender o Direito Digital</p><p>como o resultado da relação entre a ciência do Direito e a Ciência da</p><p>Computação.</p><p>Logo, precisamos de líderes com as habilidades necessárias para</p><p>gerenciar organizações por meio dessas transformações drásticas.</p><p>Como profissionais, precisamos abraçar a mudança e perceber que</p><p>nossa realidade pode ser bem diferente em um futuro não muito distante.</p><p>Nossos sistemas precisam se adaptar para preparar melhor as pessoas</p><p>para a flexibilidade e as habilidades de pensamento crítico necessárias</p><p>no futuro mercado de trabalho.</p><p>Conclusão1.3</p><p>UNIUBE 19</p><p>Embora a Primeira Revolução Industrial tenha ocorrido aproximadamente</p><p>200 anos atrás, ela foi um período que deixou um profundo impacto</p><p>na maneira como as pessoas viviam e na maneira como as empresas</p><p>operavam. Indiscutivelmente, os sistemas fabris desenvolvidos durante</p><p>a Revolução Industrial são responsáveis pela criação do capitalismo e</p><p>das cidades modernas de hoje.</p><p>A Revolução Industrial transformou economias fundamentadas na</p><p>agricultura e artesanato em economias baseadas na indústria em larga</p><p>escala, na fabricação mecanizada e no sistema fabril. Novas máquinas,</p><p>novas fontes de energia e novas formas de organizar o trabalho tornaram</p><p>as indústrias existentes mais produtivas e eficientes.</p><p>Neste século, estamos inseridos na Quarta Revolução Industrial, ou</p><p>Indústria 4.0. Trata-se de um contexto bem diferente das três revoluções</p><p>industriais que a precederam - energia a vapor e água, linhas de</p><p>eletricidade e montagem e informatização - porque desafia nossas ideias</p><p>sobre o que significa ser humano.</p><p>Por fim, a Quarta Revolução Industrial descreve as mudanças</p><p>exponenciais na maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos</p><p>devido à adoção de sistemas ciberfísicos, da Internet das Coisas e</p><p>da internet de sistemas. À medida que implementamos tecnologias</p><p>inteligentes em nossas fábricas e locais de trabalho, as máquinas</p><p>conectadas irão interagir, visualizar toda a cadeia de produção e tomar</p><p>decisões autonomamente. Espera-se que esta revolução tenha impacto</p><p>em todas as esferas e economias.</p><p>Resumo</p><p>20 UNIUBE</p><p>Referências</p><p>ANDRADE, Pedro Simões Antunes de Moura. A quarta revolução industrial</p><p>e sua relação com a produtividade atual: uma revisão da literatura.</p><p>Universidade de Brasília. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade.</p><p>Departamento de Administração. Brasília, DF, 2017. Disponível em: http://bdm.unb.</p><p>br/bitstream/10483/17633/1/2017_PedroSimoesAntunesde MouraAndrade_tcc.pdf.</p><p>Acesso em: nov.2019.</p><p>CEPIK, Marco; CANABARRO, Diego Rafael; BORNE, Thiago. A securitização do</p><p>ciberespaço e o terrorismo: uma abordagem crítica. In: SOUZA, André de Mello;</p><p>NASSER, Reginaldo Mattar; MORAES, Rodrigo Fracalossi de (orgs). Do 11 de</p><p>Setembro de 2001 à guerra ao terror: reflexões sobre o terrorismo no século XXI.</p><p>Brasília: Ipea, 2014, p. 161-186.</p><p>CONCEIÇÃO, C. S. Da revolução industrial à revolução da informação: uma</p><p>análise evolucionária da industrialização da América Latina. 2012.</p><p>LAVADO, Thiago. Uso da internet no Brasil cresce e 70% da população está</p><p>conectada. G1 Economia. 28 ago. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/</p><p>economia/tecnologia/noticia/ 2019/08/ 28/uso-da-internet-no-brasil-cresce-e-</p><p>70percent-da-populacao-esta-conectada.ghtml. Acesso em: dez.2019.</p><p>JEGUES. A internet é a tecnologia. 12 jul. 2019. Disponível em: https://</p><p>jeguesblog.com.br/ 2019/ 12/07/a-internet-e-a-tecnologia/. Acesso em: dez.2019.</p><p>MARTÍN-BARBERO, Jesus. Tecnicidades, identidades, alteridades: mudanças e</p><p>opacidades da comunicação no novo século. In: MORAES, D. (org.). Sociedade</p><p>midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006.</p><p>MOTOYAMA, Shozo (org). História Vivida. São Paulo: Editora da Universidade</p><p>Estadual Paulista: CEETEPS, 1995.</p><p>NASCIMENTO, Mirella; BERTOLOTTO, Rodrigo; RAMALHOSO, Wellington. Match</p><p>na nova indústria. Como a cultura das startups pode apresentar o Brasil à quarta</p><p>revolução industrial. Reportagem publicada em 09 out. 2017. Disponível em: https://</p><p>tab.uol.com.br/edicao/nova-industria/#imagem-6. Acesso em: nov.2019.</p><p>SCHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial. São Paulo: Edipro, 2016.</p><p>Introdução</p><p>O Direito aplicado à</p><p>sociedade digital</p><p>Capítulo</p><p>2</p><p>As regras referentes à comunicação digital formam um campo cuja</p><p>prática incorpora muitas áreas diferentes</p><p>e requer uma variedade</p><p>de conhecimentos e experiências interdisciplinares. O amplo</p><p>entendimento sobre as legislações é fundamental para assessorar</p><p>as organizações nesta área desafi adora e extremamente importante</p><p>do mercado.</p><p>Frente aos progressos tecnológicos e ao aumento do acesso à</p><p>internet, percebemos que muitas atividades, antes exercidas na</p><p>presencialidade, migraram para o meio eletrônico. Nesse sentido, a</p><p>necessidade de fomentar a ciência jurídica para a construção de um</p><p>Direito Digital se torna cada vez mais evidente.</p><p>O presente capítulo tem como objetivo principal oferecer ao leitor o</p><p>conhecimento básico para enfrentar os desafi os heterogêneos que o</p><p>advento das novas tecnologias produz na vida cotidiana e, portanto,</p><p>na lei, na sociedade e no mercado como um todo.</p><p>Visa, portanto, aumentar a conscientização sobre os princípios que</p><p>regem o Direito Digital e sobre como isso tem repercussões nas</p><p>Objetivos</p><p>22 UNIUBE</p><p>atividades jurídicas da contemporaneidade. Os tópicos abordados</p><p>apresentam as principais inovações legislativas e uma visão geral</p><p>das aplicações na prática organizacional.</p><p>2.1 Alguns conceitos importantes para compreender o Direito Digital</p><p>2.2 Quais os principais desafios do Direito Digital?</p><p>2.3 Marco Civil da internet</p><p>2.3.1 Princípios fundamentais do Marco Civil da internet</p><p>2.3.2 Dos direitos e garantias dos usuários</p><p>2.4 Conclusão</p><p>Esquema</p><p>2.1 Alguns conceitos importantes para compreender o</p><p>Direito Digital</p><p>O Direito Digital consiste na evolução do próprio</p><p>Direito, abrangendo todos os princípios fundamentais e</p><p>institutos que estão vigentes e são aplicados até hoje,</p><p>assim como introduzindo novos institutos e elementos</p><p>para o pensamento jurídico, em todas as suas áreas</p><p>(Direito Civil, Direito Autoral, Direito Comercial, Direito</p><p>Contratual, Direito Econômico, Direito Financeiro,</p><p>Direito Tributário, Direito Penal, Direito Internacional,</p><p>etc. (GARRIDO, 2007)</p><p>A sociedade está evoluindo tão rápido que é quase difícil acompanhá-</p><p>la. Entre as inovações mais importantes das últimas décadas, a internet</p><p>deve certamente ser mencionada, sem a qual hoje seria difícil imaginar</p><p>nossas vidas. A tecnologia teve um enorme impacto não apenas nos</p><p>equipamentos que hoje representam seu produto mais imediato</p><p>(telefones celulares, televisores, computadores etc.), mas também nas</p><p>antigas instituições jurídicas.</p><p>UNIUBE 23</p><p>Pense no contrato: era um tempo em que esse documento tinha que</p><p>ser assinado e levado ao cartório para a certificação. Hoje, um clique do</p><p>mouse é suficiente. Ou imagine como a maneira de trocar comunicações</p><p>formais mudou graças ao e-mail, que substituiu a carta registrada</p><p>tradicional. As mudanças não pouparam o setor comercial e, para o que</p><p>interessa aqui, os sinais distintivos são todos esses elementos (símbolos,</p><p>siglas, nomes etc.) que tornam um assunto ou produto reconhecível e o</p><p>distinguem de outro.</p><p>O Direito Digital é uma ramificação do Direito que analisa conjecturas</p><p>jurídicas relacionadas ao uso da tecnologia da informação e</p><p>relacionamentos entre usuários, agentes e provedores. Com a chegada</p><p>do Marco Civil da Internet, a Lei nº 12.965 de 2014, com o Regulamento</p><p>Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia, nº 679 de 2016,</p><p>e com o advento de uma nova legislação nº 13.709 de 2018, também</p><p>em proteção de dados, cabe a nós gestores conhecer as diretrizes que</p><p>circundam o tema para nos orientar na tomada de decisões.</p><p>O desenvolvimento de Tecnologia da Informação</p><p>e Comunicação Digital, telecomunicações e</p><p>seus recursos associados, estabelecendo</p><p>e garantindo a completa neutralidade das</p><p>redes, é de interesse público. Logo, todos os</p><p>cidadãos têm o direito e a liberdade de usar</p><p>qualquer tipo de tecnologia digital de maneira</p><p>adequada e razoável. Para tanto, devemos</p><p>tomar precauções para garantir a segurança que</p><p>pode afetar o usuário principalmente frente ao</p><p>aumento do comércio digital.</p><p>Nesse contexto digital, a preservação e a</p><p>proteção de nossos dados são cada vez mais</p><p>relevantes. Embora, antes desta era digital, as</p><p>informações pessoais tivessem mais proteção</p><p>Comunicação</p><p>digital</p><p>Refere-se à troca</p><p>de informações por</p><p>meios eletrônicos,</p><p>podendo ocorrer de</p><p>forma assíncrona</p><p>ou síncrona. A</p><p>comunicação</p><p>assíncrona</p><p>é aquela que</p><p>não ocorre</p><p>simultaneamente,</p><p>como e-mail,</p><p>comentários</p><p>em um blog ou</p><p>publicação no</p><p>Facebook, enquanto</p><p>a comunicação</p><p>síncrona é oferecida</p><p>em tempo real,</p><p>como bate-papo,</p><p>videoconferência ou</p><p>videochamada.</p><p>24 UNIUBE</p><p>local, hoje enfrentamos um trânsito de dados que vai além das fronteiras</p><p>territoriais.</p><p>A proteção de dados nasce como uma iniciativa que busca conscientizar</p><p>sobre seu uso e gerenciamento; sobre a importância e o escopo da</p><p>coleta, armazenamento, circulação e, de alguma forma, comercialização</p><p>de informações.</p><p>Além de garantir o cumprimento dos postulados constitucionais do direito</p><p>à privacidade, é necessário defi nir parâmetros e conhecer conceitos para</p><p>o gerenciamento, a conservação e o uso das informações digitais.</p><p>A Lei 12.965/2014 (BRASIL, 2014), conhecida como Marco Civil da</p><p>Internet, previu importantes conceitos que ajudam o profi ssional dessa</p><p>área do conhecimento a delimitar seu espaço. São eles:</p><p>Internet</p><p>Sistema constituído do conjunto de protocolos lógicos,</p><p>estruturado em escala mundial para uso público e irrestrito,</p><p>com a finalidade de possibilitar a comunicação de dados</p><p>entre terminais por meio de diferentes redes.</p><p>Terminal Computador ou qualquer dispositivo que se conecte à</p><p>internet.</p><p>Endereço de</p><p>protocolo de</p><p>internet</p><p>(endereço IP)</p><p>Código atribuído a um terminal de uma rede para permitir</p><p>sua identificação, definido segundo parâmetros</p><p>internacionais.</p><p>Administrador</p><p>de sistema</p><p>autônomo</p><p>Pessoa física ou jurídica que administra blocos de endereço IP</p><p>específicos e o respectivo sistema autônomo de roteamento,</p><p>devidamente cadastrada no ente nacional responsável pelo</p><p>registro e distribuição de endereços IP geograficamente referentes</p><p>ao País.</p><p>Conexão</p><p>à internet</p><p>Habilitação de um terminal para envio e recebimento de</p><p>pacotes de dados pela internet, mediante a atribuição ou</p><p>autenticação de um endereço IP.</p><p>Registro de</p><p>conexão</p><p>Conjunto de informações referentes à data e hora de início</p><p>e término de uma conexão à internet, sua duração e o</p><p>endereço IP utilizado pelo terminal para o envio e</p><p>recebimento de pacotes de dados.</p><p>Aplicações</p><p>de internet</p><p>Conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas por</p><p>meio de um terminal conectado à internet.</p><p>Registros de</p><p>acesso a</p><p>aplicações de</p><p>internet</p><p>Conjunto de informações referentes à data e hora de uso</p><p>de uma determinada aplicação de internet a partir de um</p><p>determinado endereço IP.</p><p>UNIUBE 25</p><p>Internet</p><p>Sistema constituído do conjunto de protocolos lógicos,</p><p>estruturado em escala mundial para uso público e irrestrito,</p><p>com a finalidade de possibilitar a comunicação de dados</p><p>entre terminais por meio de diferentes redes.</p><p>Terminal Computador ou qualquer dispositivo que se conecte à</p><p>internet.</p><p>Endereço de</p><p>protocolo de</p><p>internet</p><p>(endereço IP)</p><p>Código atribuído a um terminal de uma rede para permitir</p><p>sua identificação, definido segundo parâmetros</p><p>internacionais.</p><p>Administrador</p><p>de sistema</p><p>autônomo</p><p>Pessoa física ou jurídica que administra blocos de endereço IP</p><p>específicos e o respectivo sistema autônomo de roteamento,</p><p>devidamente cadastrada no ente nacional responsável pelo</p><p>registro e distribuição de endereços IP geograficamente referentes</p><p>ao País.</p><p>Conexão</p><p>à internet</p><p>Habilitação de um terminal para envio e recebimento de</p><p>pacotes de dados pela internet, mediante a atribuição ou</p><p>autenticação de um endereço IP.</p><p>Registro de</p><p>conexão</p><p>Conjunto de informações referentes à data e hora de início</p><p>e término de uma conexão à internet, sua duração e o</p><p>endereço IP utilizado pelo terminal para o envio e</p><p>recebimento de pacotes de dados.</p><p>Aplicações</p><p>de internet</p><p>Conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas por</p><p>meio de um terminal conectado à</p><p>internet.</p><p>Registros de</p><p>acesso a</p><p>aplicações de</p><p>internet</p><p>Conjunto de informações referentes à data e hora de uso</p><p>de uma determinada aplicação de internet a partir de um</p><p>determinado endereço IP.</p><p>Outra legislação que trouxe defi nições úteis para esse tema é a Lei nº</p><p>12.527, de 18 de novembro de 2011 (BRASIL, 2011).</p><p>Essa lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União,</p><p>Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fi m de garantir o acesso</p><p>a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º , no inciso II do § 3º</p><p>do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal (BRASIL, 1988)</p><p>Para os efeitos dessa lei, considera-se:</p><p>Informação</p><p>Dados, processados ou não, que podem ser utilizados para</p><p>produção e transmissão de conhecimento, contidos em</p><p>qualquer meio, suporte ou formato.</p><p>Documento Unidade de registro de informações, qualquer que seja o</p><p>suporte ou formato.</p><p>Informação</p><p>sigilosa</p><p>Aquela submetida temporariamente à restrição de acesso</p><p>público em razão de sua imprescindibilidade para a</p><p>segurança da sociedade e do Estado.</p><p>Informação</p><p>pessoal</p><p>Aquela relacionada à pessoa natural identificada ou</p><p>identificável.</p><p>Tratamento</p><p>da</p><p>informação</p><p>Conjunto de ações referentes à produção, recepção, classifi-</p><p>cação, utilização, acesso, reprodução, transporte, transmissão,</p><p>distribuição, arquivamento, armazenamento, eliminação,</p><p>avaliação, destinação ou controle da informação.</p><p>Disponibilidade</p><p>Qualidade da informação que pode ser conhecida e</p><p>utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas</p><p>autorizados.</p><p>Autenticidade</p><p>Qualidade da informação que tenha sido produzida, expe-</p><p>dida, recebida ou modificada por determinado indivíduo,</p><p>equipamento ou sistema.</p><p>Integridade Qualidade da informação não modificada, inclusive quanto</p><p>à origem, ao trânsito e ao destino.</p><p>Primariedade Qualidade da informação coletada na fonte, com o máximo</p><p>de detalhamento possível, sem modificações.</p><p>26 UNIUBE</p><p>Informação</p><p>Dados, processados ou não, que podem ser utilizados para</p><p>produção e transmissão de conhecimento, contidos em</p><p>qualquer meio, suporte ou formato.</p><p>Documento Unidade de registro de informações, qualquer que seja o</p><p>suporte ou formato.</p><p>Informação</p><p>sigilosa</p><p>Aquela submetida temporariamente à restrição de acesso</p><p>público em razão de sua imprescindibilidade para a</p><p>segurança da sociedade e do Estado.</p><p>Informação</p><p>pessoal</p><p>Aquela relacionada à pessoa natural identificada ou</p><p>identificável.</p><p>Tratamento</p><p>da</p><p>informação</p><p>Conjunto de ações referentes à produção, recepção, classifi-</p><p>cação, utilização, acesso, reprodução, transporte, transmissão,</p><p>distribuição, arquivamento, armazenamento, eliminação,</p><p>avaliação, destinação ou controle da informação.</p><p>Disponibilidade</p><p>Qualidade da informação que pode ser conhecida e</p><p>utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas</p><p>autorizados.</p><p>Autenticidade</p><p>Qualidade da informação que tenha sido produzida, expe-</p><p>dida, recebida ou modificada por determinado indivíduo,</p><p>equipamento ou sistema.</p><p>Integridade Qualidade da informação não modificada, inclusive quanto</p><p>à origem, ao trânsito e ao destino.</p><p>Primariedade Qualidade da informação coletada na fonte, com o máximo</p><p>de detalhamento possível, sem modificações.</p><p>UNIUBE 27</p><p>Quais os principais desafios do Direito Digital?2.2</p><p>Iniciamos este tópico com uma pergunta justamente para incentivar</p><p>uma reflexão sobre esse ramo extremamente necessário ao momento</p><p>histórico em que vivemos.</p><p>De fato, o Direito Digital não é amplamente conhecido pela comunidade.</p><p>Principalmente quando se trata de organizações, é comum visualizar a</p><p>atenção voltada para outras questões jurídicas, dando pouca atenção à</p><p>regulamentação dos comportamentos no ambiente virtual.</p><p>Os direitos e as obrigações legais estabelecidos para nortear o uso da</p><p>tecnologia digital mudam regularmente e podem causar confusões. No</p><p>mundo de hoje, a maioria das pessoas simplesmente não conseguem</p><p>acompanhar as leis e os regulamentos em constante mudança.</p><p>Muita gente infringe as normas voltadas para a tecnologia porque não</p><p>entende qual é o uso apropriado da tecnologia, enquanto outros, com</p><p>más intenções, sabem exatamente o que estão fazendo e se aproveitam</p><p>para causar danos.</p><p>Embora o Estado brasileiro tenha trabalhado diligentemente para elaborar</p><p>regras e regulamentos a fim de controlar como a tecnologia é usada e</p><p>impedir atividades criminosas, os avanços tecnológicos e seus possíveis</p><p>impactos ainda estão sendo construídos pelo Direito Digital.</p><p>Isso faz com que os profissionais atuantes na área de gestão jurídica</p><p>estejam diante de um desafio a ser enfrentado. Em contrapartida, este</p><p>ramo surge como uma área promissora para aqueles que pretendem</p><p>trabalhar a tecnologia na perspectiva do Direito.</p><p>A tecnologia está avançando tão rápido que a formação de padrões pode</p><p>ficar muito atrás dos próprios avanços. Para combater essa preocupação,</p><p>28 UNIUBE</p><p>é típico que as organizações atualizem seus padrões continuamente em</p><p>resposta aos riscos e às tecnologias em evolução. Do mesmo modo, a lei</p><p>deve estar à frente quando se trata de responder aos problemas atuais</p><p>e emergentes que podem precisar de regulamentação.</p><p>Ao falar sobre legislação, precisamos considerar a aplicação dos padrões</p><p>exigidos em larga escala, enquanto visualizamos o controle de segurança</p><p>cibernética em nível internacional.</p><p>A ausência de acordos ou legislação sobre detalhes específicos</p><p>de algumas questões podem prejudicar diretamente as parcerias</p><p>internacionais, mesmo dentro da mesma região. Os setores público e</p><p>privado enfrentam problemas quando se trata de acessar informações</p><p>com implicações para segurança, interesses comerciais e direito à</p><p>privacidade.</p><p>Situações como essa nos mostram a necessidade de consentimento</p><p>local e internacional para colaborar e evitar um conflito de interesses</p><p>potencialmente perigoso.</p><p>Uma situação real significativa desse conflito é o famoso caso entre a Apple</p><p>e o FBI em que um juiz dos EUA solicitou que a Apple cooperasse com</p><p>o FBI desbloqueando o iPhone pertencente a um terrorista que estava</p><p>envolvido em um ataque. Diante da negativa da empresa de telefonia, a</p><p>polícia americana quebrou, sem a referida ajuda, a criptografia do celular</p><p>do terrorista Syed Farook, um dos responsáveis pelo massacre de San</p><p>Bernardino, no dia 2 de dezembro de 2015, que deixou 14 mortos. O embate</p><p>foi longo e ganhou atenção da mídia com a divulgação da carta aberta do</p><p>presidente da Apple, Tim Cook, e de opiniões favoráveis ao FBI, como a de</p><p>Bill Gates.</p><p>EXEMPLIFICANDO!</p><p>UNIUBE 29</p><p>Diferentes países empregam métodos variados ao aderir a</p><p>convenções regionais ou internacionais. Esses métodos diferentes</p><p>levam a iniciativas diversas, mas muito específicas, definidas para</p><p>a formulação de suas leis.</p><p>Parece razoável, certo?</p><p>Aqui está o problema. As disparidades técnicas e legais tornam difícil</p><p>investigar, responder e tomar decisões sobre incidentes internacionais de</p><p>cibersegurança.</p><p>PARADA PARA REFLEXÃO</p><p>Outra situação que merece destaque ocorre com</p><p>a disponibilidade de nossos dados na internet.</p><p>Você já observou que, ao entrar num site por mais</p><p>de uma vez, alguns dos seus dados permanecem</p><p>gravados? Você possivelmente já recebeu</p><p>pelo menos um comunicado sobre os cookies</p><p>enquanto navegava num site da internet.</p><p>Qualquer site que use cookies deve obter seu</p><p>consentimento antes de instalá-los no seu</p><p>computador ou dispositivo móvel. Um site pode</p><p>não apenas informar que usa cookies, deve</p><p>também explicar como desativá-los.</p><p>Os sites devem explicar como as informações</p><p>coletadas com cookies são usadas. Você</p><p>também deve ter a possibilidade de retirar seu</p><p>consentimento. Se você deseja revogá-lo, o site deve garantir um serviço</p><p>mínimo, por exemplo, fornecendo acesso a uma parte do site.</p><p>Cookies</p><p>São pequenos</p><p>arquivos de texto</p><p>que um site solicita</p><p>ao seu navegador</p><p>para armazenar no</p><p>seu computador</p><p>ou dispositivo</p><p>móvel. Eles são</p><p>amplamente usados</p><p>para tornar os sites</p><p>mais eficientes,</p><p>salvando suas</p><p>preferências.</p><p>Eles</p><p>também são</p><p>usados para seguir</p><p>seus movimentos</p><p>na internet e</p><p>definir seu perfil</p><p>de usuário, para</p><p>que você possa</p><p>receber anúncios</p><p>direcionados com</p><p>base em suas</p><p>preferências.</p><p>30 UNIUBE</p><p>Gigantes da internet, como Google, Facebook ou Twitter, coletam milhões</p><p>de dados que podem ser usados para fins comerciais, enquanto nós, os</p><p>usuários, não temos consciência dessa velocidade.</p><p>As informações são vendidas para empresas interessadas em usá-las</p><p>para oferecer produtos voltados para os usuários. O Facebook coleta</p><p>sistematicamente informações por meio de um serviço que permite aos</p><p>membros sincronizar suas agendas e cadernos, citando o local de trabalho,</p><p>como exemplo. O Twitter possui uma ferramenta de localização que permite</p><p>aos usuários seguir passo a passo. Uma pessoa que está na frente de uma</p><p>loja de roupas pode receber automaticamente um SMS de publicidade.</p><p>EXEMPLIFICANDO!</p><p>Grandes possibilidades de transmissão de publicidade direcionada</p><p>também são oferecidas pelos smartphones por meio de seu programa</p><p>de navegação. O uso dos dados de milhões de usuários é um benefício</p><p>real para os gigantes da rede eletrônica.</p><p>Eles conhecem as preferências e os interesses de seus clientes, sabem</p><p>onde estão e com quem estão em contato. Graças a programas de</p><p>análise extremamente eficazes, eles são capazes de produzir algoritmos,</p><p>que permitem estabelecer perfis quase perfeitos das personalidades dos</p><p>usuários e seus hábitos de consumo.</p><p>Estamos diante de uma rede global extensa e não transparente que</p><p>oferece um enorme potencial para algumas grandes empresas rastrearem</p><p>milhões de perfis pessoais. Em vez disso, muitas vezes os usuários não</p><p>têm chance de controlar como seus dados são usados. Os riscos para</p><p>os usuários também incluem manipulação ou uso inadequado de seus</p><p>dados. Se as informações forem usadas fora do contexto em que foram</p><p>UNIUBE 31</p><p>coletadas, elas podem ser mal interpretadas e levar a consequências</p><p>desagradáveis.</p><p>Marco Civil da Internet2.3</p><p>Com o advento da Internet, os dados pessoais são coletados mais</p><p>rapidamente e com custos cada vez menores, gerando um potencial</p><p>quase infinito de informações.</p><p>Todos os dias, milhões de usuários acessam a rede e fornecem seus</p><p>dados para receber serviços (pense no uso de mecanismos de pesquisa,</p><p>redes sociais, comércio eletrônico, aplicativos para smartphones) sem</p><p>refletir no fato de que eles consentem em ser monitorados em todas as</p><p>atividades, a ponto de se tornarem “previsíveis” e facilmente influenciados</p><p>pelos operadores de rede.</p><p>Portanto, é evidente ser necessário estabelecer limites para proteger as</p><p>informações tanto da empresa, cujas estruturas burocráticas gerenciam</p><p>uma infinidade de dados todos os dias, quanto de indivíduos, bancos,</p><p>operadoras de telefonia e empresas multinacionais que oferecem</p><p>serviços.</p><p>O Marco Civil da Internet (MCI), decretado em abril de 2014 por meio</p><p>da Lei nº 12.965 (BRASIL, 2014), também chamado de Constituição</p><p>da Internet Brasileira, contém normas, garantias, princípios, direitos e</p><p>deveres para a utilização da internet no país por usuários, empresas e</p><p>provedores de internet.</p><p>Entre os vários assuntos tratados nessa lei, vamos nos dedicar ao estudo</p><p>de alguns artigos específicos que auxiliarão a compreensão dos próximos</p><p>capítulos.</p><p>32 UNIUBE</p><p>2.3.1 Princípios fundamentais do Marco Civil da Internet</p><p>Art. 2º A disciplina do uso da internet no Brasil tem como fundamento o</p><p>respeito à liberdade de expressão, bem como (BRASIL, 2014):</p><p>I - o reconhecimento da</p><p>escala mundial da rede;</p><p>II - os direitos humanos,</p><p>o desenvolvimento</p><p>da personalidade e o</p><p>exercício da cidadania</p><p>em meios digitais;</p><p>III - a pluralidade</p><p>e a diversidade;</p><p>IV - a abertura e</p><p>a colaboração;</p><p>V - a livre iniciativa,</p><p>a livre concorrência</p><p>e a defesa do</p><p>consumidor;</p><p>VI - a finalidade</p><p>social da rede.</p><p>O reconhecimento da escala mundial da rede consiste em considerar a</p><p>magnitude global da internet como um conjunto de meios de transmissão,</p><p>transferência, roteamento e comunicação, estruturados em escala</p><p>mundial, cujos serviços podem ser utilizados por meio de ferramentas</p><p>(tablets, smartphones, computadores e eletrônicos em geral) de qualquer</p><p>lugar do mundo.</p><p>Toda veiculação por meio da internet deve fazer valer a legislação</p><p>constitucional, que garante a legitimidade dos direitos humanos, bem</p><p>como o exercício da cidadania, respeitando os direitos fundamentais</p><p>resguardados pelo Estado Democrático de Direito.</p><p>No mesmo sentido, em prol da defesa da pluralidade e da diversidade, o</p><p>acesso à internet deve ser oportunizado a todos que dele careçam, sem</p><p>qualquer discriminação quanto às diferenças culturais, sociais, e, ainda,</p><p>quanto às capacidades físicas ou perceptivas dos usuários.</p><p>As garantias e os princípios estipulados no Marco Civil da Internet estão</p><p>descritos no Art. 3º da Lei (BRASIL, 2014) e não excluem outros previstos</p><p>UNIUBE 33</p><p>no ordenamento jurídico pátrio relacionados à matéria ou nos tratados</p><p>internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. São eles:</p><p>I - garantia da liberdade de</p><p>expressão, comunicação e</p><p>manifestação de pensamento, nos</p><p>termos da Constituição Federal;</p><p>II - proteção da privacidade;</p><p>III - proteção dos dados</p><p>pessoais, na forma da lei;</p><p>IV - preservação e garantia</p><p>da neutralidade de rede;</p><p>V - preservação da estabilidade,</p><p>segurança e funcionalidade da</p><p>rede, por meio de medidas técnicas</p><p>compatíveis com os padrões</p><p>internacionais e pelo estímulo</p><p>ao uso de boas práticas;</p><p>VI - responsabilização dos</p><p>agentes de acordo com suas</p><p>atividades, nos termos da lei;</p><p>VII - preservação da natureza</p><p>participativa da rede;</p><p>VIII - liberdade dos modelos</p><p>de negócios promovidos na</p><p>internet, desde que não conflitem</p><p>com os demais princípios</p><p>estabelecidos nesta lei.</p><p>34 UNIUBE</p><p>Como pode ser observado, a proteção à privacidade, estabelecida no</p><p>inciso II do Artigo 3.º da Lei n.º 12.965/14, tem como norte a garantia</p><p>constitucional prevista no Artigo 5.º, inciso X da Constituição Federal,</p><p>segundo o qual: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e</p><p>a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano</p><p>material ou moral decorrente de sua violação”.</p><p>2.3.2 Dos direitos e garantias dos usuários</p><p>O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania e ao usuário</p><p>são assegurados os seguintes direitos (BRASIL, 2014):</p><p>I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua</p><p>proteção e indenização pelo dano material ou moral</p><p>decorrente de sua violação;</p><p>II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas</p><p>comunicações pela internet, salvo por ordem judicial, na</p><p>forma da lei;</p><p>III - inviolabilidade e sigilo de suas comunicações</p><p>privadas armazenadas, salvo por ordem judicial;</p><p>IV - não suspensão da conexão à internet, salvo por</p><p>débito diretamente decorrente de sua utilização;</p><p>V - manutenção da qualidade contratada da conexão à</p><p>internet;</p><p>VI - informações claras e completas constantes dos</p><p>contratos de prestação de serviços, com detalhamento</p><p>sobre o regime de proteção aos registros de conexão e</p><p>aos registros de acesso a aplicações de internet, bem</p><p>como sobre práticas de gerenciamento da rede que</p><p>possam afetar sua qualidade;</p><p>VII - não fornecimento a terceiros de seus dados</p><p>pessoais, inclusive registros de conexão, e de acesso</p><p>a aplicações de internet, salvo mediante consentimento</p><p>livre, expresso e informado ou nas hipóteses previstas</p><p>em lei;</p><p>VIII - informações claras e completas sobre coleta, uso,</p><p>armazenamento, tratamento e proteção de seus dados</p><p>pessoais, que somente poderão ser utilizados para</p><p>finalidades que:</p><p>UNIUBE 35</p><p>a) justifiquem sua coleta;</p><p>b) não sejam vedadas pela legislação; e</p><p>c) estejam especificadas nos contratos de prestação de</p><p>serviços ou em termos de uso de aplicações de internet;</p><p>IX - consentimento expresso sobre coleta, uso,</p><p>armazenamento e tratamento de dados pessoais,</p><p>que deverá ocorrer de forma destacada das demais</p><p>cláusulas contratuais;</p><p>X - exclusão definitiva dos dados</p>

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