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<p>DESCRIÇÃO</p><p>Conceitos gerais de distúrbios pigmentares endógenos e exógenos e seus aspectos</p><p>patológicos; Conceitos de calcificação e aspectos clínicos.</p><p>PROPÓSITO</p><p>Compreender os processos que levam aos diferentes distúrbios de pigmentação endógena e</p><p>exógena nos seres humanos, seus principais aspectos histopatológicos e clínicos. Apresentar</p><p>os princípios gerais da calcificação, suas características, formas mais importantes e como ela</p><p>impacta no organismo.</p><p>OBJETIVOS</p><p>MÓDULO 1</p><p>Identificar as propriedades gerais dos pigmentos endógenos e patologias relacionadas</p><p>MÓDULO 2</p><p>Reconhecer as principais características dos distúrbios de pigmentação exógena</p><p>MÓDULO 3</p><p>Descrever o conceito de calcificação patológica, seus aspectos gerais e clínicos</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Pigmento (do latim pigmentum ) é o nome dado às substâncias químicas que possuem uma</p><p>coloração própria. Essas substâncias são encontradas facilmente na natureza, como a clorofila,</p><p>que dá a coloração esverdeada às plantas, a hemoglobina, presente nos eritrócitos circulantes</p><p>no sangue, e a melanina, presente na pele.</p><p>No nosso organismo, os pigmentos apresentam-se no formato de grânulos e podem ter origem</p><p>endógena ou exógena. O acúmulo normal ou patológico dessas substâncias de forma local ou</p><p>disseminada é chamado de pigmentação, e pode indicar a causa ou efeito de uma alteração</p><p>fisiológica.</p><p>Além dos pigmentos, podemos também acumular nos tecidos moles (artérias, cartilagens,</p><p>válvulas cardíacas etc.) sais de cálcio, tornando-os mais rígidos, em um processo conhecido</p><p>como calcificação patológica.</p><p>Dessa forma, ao longo deste conteúdo, exploraremos os principais distúrbios de pigmentação,</p><p>suas origens, características gerais e alterações que essas substâncias causam no nosso</p><p>organismo. Também entenderemos como as calcificações são formadas, os tipos e os</p><p>principais locais de sua ocorrência.</p><p>Por fim, discutiremos as características dos cálculos, um caso à parte da calcificação, e</p><p>compreenderemos os possíveis efeitos secundários no organismo.</p><p>ENDÓGENA</p><p>Produzidos pelo próprio organismo.</p><p>EXÓGENA</p><p>De origem externa e introduzidos por diferentes vias de administração.</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>MÓDULO 1</p><p> Identificar as propriedades gerais dos pigmentos endógenos e patologias</p><p>relacionadas</p><p>PIGMENTOS ENDÓGENOS</p><p>Os pigmentos endógenos são aqueles produzidos pelo nosso organismo. Nesse contexto,</p><p>destacam-se a hemoglobina e a melanina, substâncias que apresentam uma enorme</p><p>importância fisiológica. Qualquer alteração na produção (hipo ou hiperprodução) ou na</p><p>distribuição dessas substâncias leva a um acúmulo nos tecidos.</p><p>Os pigmentos endógenos são divididos em pigmentos hemoglobinógenos ou hemáticos e</p><p>pigmentos melânicos. Indicam a existência de algum dano ou patologia. Além desses</p><p>pigmentos, os pigmentos derivados de lipídios representam um importante marcador de lesão</p><p>por radicais livres.</p><p>PIGMENTOS RELACIONADOS À MELANINA</p><p>A melanina, principal pigmento biológico, é responsável pela pigmentação cutânea e</p><p>diferenças na coloração da pele. Ela apresenta uma coloração que varia do marrom ao preto e</p><p>é produzida pelos melanócitos.</p><p>Tem como principal função a proteção da pele contra a radiação ultravioleta (UV). As</p><p>propriedades de fotoproteção da melanina ocorrem pela absorção e dispersão da luz UV</p><p>e visível.</p><p>MELANÓCITOS</p><p>Células presentes na epiderme e na matriz dos folículos pilosos.</p><p>A síntese de melanina ocorre no interior dos melanossomos, organelas elípticas, altamente</p><p>especializadas, a partir do aminoácido essencial tirosina, pela ação do complexo enzimático</p><p>tirosidase. Na presença de oxigênio molecular, a tirosina é oxidada a dopamina</p><p>(dioxifenilalanina) e, em seguida, em dopaquinona.</p><p>A partir desse momento, a presença ou ausência de cisteína (glutationa) determina o rumo da</p><p>síntese em eumelanina ou feomelanina . Na presença de cisteína, a feomelanina é</p><p>produzida, e consiste em um pigmento alcalino, solúvel e amarelado com função antioxidante.</p><p>A eumelanina , produzida na ausência de glutationa, apresenta cor marrom a preta, com ação</p><p>antioxidante e fotoprotetora. Além disso, primeiro é formada a feomelanina e, por último, a</p><p>eumelanina . A melanina total da pele resulta de uma mistura desses dois pigmentos.</p><p>javascript:void(0)</p><p> Lâmina basal da epiderme e matriz de um pelo com melanócitos ricos em grânulos de</p><p>melanina (em marrom).</p><p>Ao final do processo, os melanossomos repletos de pigmentos são transferidos para os</p><p>queratinócitos (células presentes na epiderme com função de produção de queratina, que age</p><p>como uma barreira protetora da pele) e se distribuem no citoplasma acima do núcleo da célula,</p><p>protegendo o núcleo dos efeitos nocivos dos raios ultravioletas.</p><p> Produção de melanina por melanócitos, na pele com e sem exposição aos raios</p><p>ultravioletas.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Indivíduos com uma maior concentração de eumelanina são mais pigmentados, e indivíduos</p><p>com mais feomelanina são menos pigmentados e mais suscetíveis aos efeitos dos raios UV.</p><p>Além disso, a diferença fenotípica fundamental entre as raças não reside na produção de</p><p>melanina ou no número de melanócitos, mas, principalmente, na qualidade de seus</p><p>melanossomas.</p><p>Os distúrbios pigmentares relacionados à melanina podem acontecer devido ao seu aumento</p><p>ou diminuição, de maneira localizada ou generalizada.</p><p>DISTÚRBIOS DE AUMENTO DE MELANINA</p><p>DE FORMA LOCALIZADA</p><p> Nevo melanócito congênito.</p><p>Nevos melanocíticos</p><p>Nevos melanocíticos são neoplasias de natureza benigna que se apresentam como</p><p>pequenas lesões (normalmente menores que 6 mm) bem delineadas, de coloração mais</p><p>javascript:void(0)</p><p>escura que o restante da pele, e podem ser ásperas, planas, achatadas ou na forma de</p><p>pápulas elevadas.</p><p>A maioria surge em decorrência de alterações genéticas e da exposição solar, mas podem ser</p><p>congênitos, ou seja, presentes desde o nascimento ou que se desenvolvem durante a infância</p><p>a partir de células névicas preexistentes. É importante destacar que congênito não quer dizer</p><p>hereditário.</p><p>NEVOS</p><p>É o termo médico que descreve uma lesão na pele popularmente conhecida como mancha,</p><p>pinta ou sinal.</p><p>Falamos em neoplasias, você sabe o que é?</p><p> RESPOSTA</p><p>Neoplasia é uma massa de tecido anormal originado pela multiplicação excessiva e</p><p>descontrolada de células, que persiste mesmo depois da retirada do estímulo que originou</p><p>essas alterações.</p><p>As neoplasias podem ser:</p><p>BENIGNAS</p><p>MALIGNAS</p><p>BENIGNAS</p><p>Massa de células bem diferenciadas parecidas com o tecido de origem, coesa, bem delimitada,</p><p>com crescimento progressivo e que não apresenta capacidade invasiva e infiltrativa.</p><p>MALIGNAS</p><p>São chamadas de cânceres. Massa de células com contornos irregulares, invasiva e infiltrativa.</p><p>De crescimento rápido, são células normalmente indiferenciadas e com possibilidade de</p><p>metástases para outros órgãos.</p><p>ETAPA 03</p><p>txt</p><p>METÁSTASES</p><p>Metástase é o nome do processo no qual células de um tumor primário migram pela circulação</p><p>sanguínea ou linfática, gerando uma nova lesão tumoral.</p><p> Lipoma, tipo de neoplasia benigna formada por adipócitos.</p><p>Os nevos melanocíticos são classificados histopatologicamente em relação às células névicas,</p><p>o epitélio de superfície e o tecido conjuntivo subjacente. Há diversos subtipos de nevos e a</p><p>classificação depende da localização das células névicas. Um exemplo são os nevos</p><p>intradérmicos, que são formados por células névicas que se diferenciam em tamanho e podem</p><p>javascript:void(0)</p><p>conter ou não grande quantidade de melanina. Essas células se agrupam em ninhos ao longo</p><p>da parte superior da derme.</p><p> Nevo intradérmico sem e com hiperpigmentação.</p><p>Quando o nevo se inicia na junção entre a derme e a epiderme são chamados de nevos</p><p>juncionais. As células dos nevos juncionais costumam exibir pouca ou nenhuma atividade</p><p>mitótica.</p><p>MITÓTICA</p><p>Atividade mitótica se refere à capacidade da célula de se dividir gerando duas células-filhas</p><p>idênticas.</p><p>Conforme os nevos juncionais crescem, eles podem se infiltrar cada vez mais na derme e</p><p>passam a se chamar nevos compostos, já que exibem características de nevos intradérmicos e</p><p>juncionais. Clinicamente, é difícil distinguir se o nevo é intradérmico ou composto, já que</p><p>ambos são lesões elevadas, diferentemente dos nevos juncionais, que se apresentam como</p><p>lesões planas hiperpigmentadas.</p><p>javascript:void(0)</p><p>Corte histológico da pele e a pele, mostrando um nevo juncional.</p><p>Corte histológico da pele e pele com presença de nevos compostos.</p><p>Esta imagem indica a localização dos nevos juncionais, compostos e intradérmicos na pele.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Além dessas classificações, temos também o nevo intramucoso, tipo mais comum na boca,</p><p>com acúmulo de células névicas no tecido conjuntivo, e o nevo azul, que apresenta as células</p><p>com um formato fusiforme, localizado no tecido conjuntivo, de coloração azul.</p><p>MELANOMAS</p><p>Os melanomas são neoplasias malignas que afetam a mucosa oral, esôfago, meninges, olhos,</p><p>e especialmente a pele. Quando detectado em seus estágios iniciais, o melanoma pode ser</p><p>tratado e curado cirurgicamente.</p><p>A exposição excessiva à radiação UV é o principal fator de risco para o desenvolvimento do</p><p>melanoma por seu potencial de causar danos ao DNA. Dessa maneira, indivíduos de pele clara</p><p>têm maior suscetibilidade à doença, já que possuem menor quantidade de melanina</p><p>protegendo a pele dos raios UV.</p><p>Alterações gênicas que interferem no ciclo celular também estão relacionadas ao</p><p>desenvolvimento dos melanomas:</p><p>O gene CDKN2A ‒ inibidor de quinase dependente de ciclina ‒ codifica proteínas que agem</p><p>como supressores tumorais, ou seja, proteínas que regulam o ciclo celular e induzem a</p><p>apoptose, impedindo a proliferação excessiva da célula. Assim, mutações nesses genes estão</p><p>associadas à proliferação descontrolada dos melanócitos.</p><p>Mutações que ativam os genes BRAF e NRAS, que são importantes na progressão do tumor,</p><p>pois aumentam a sinalização de vias relacionadas ao crescimento e sobrevida celular.</p><p>Mutação no gene TERT, que ativa a telomerase, enzima que preserva os telômeros e</p><p>interrompe o envelhecimento das células. Esse gene está mutado em 70% dos melanomas.</p><p>QUINASE</p><p>Quinases são enzimas que realizam a fosforilação (transferência de grupos fosfato) de</p><p>proteínas-alvo ativando ou inibindo-as. Na presença de ciclinas (proteínas reguladoras do ciclo</p><p>celular), as quinases dependentes de ciclina são ativadas e passam a exercer papel funcional</p><p>dentro da célula.</p><p>Você sabe o que é telômero e qual sua relação com o envelhecimento?</p><p>RESPOSTA</p><p>Os telômeros são sequências repetidas de DNA, localizadas na extremidade dos</p><p>cromossomos, que têm como função auxiliar:</p><p>A replicação dos cromossomos;</p><p>Contribuir na organização funcional cromossômica no interior do núcleo;</p><p>Participar na regulação da expressão genética;</p><p>Controlar a capacidade replicativa de células humanas e a entrada destas em</p><p>senescência celular.</p><p>No entanto, durante a replicação celular, ocorre perda progressiva dos telômeros pelo</p><p>encurtamento, o que diminui a capacidade replicativa e leva ao envelhecimento celular.</p><p>É importante destacar que a telomerase é uma enzima que estende os telômeros dos</p><p>cromossomos, revertendo seu encurtamento. Essa enzima é ativa nas células germinativas e</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>em várias células cancerígenas.</p><p> Lesão característica de melanoma.</p><p>O melanoma é mais frequente em homens, surgindo principalmente no dorso (cabeça e</p><p>pescoço), enquanto, nas mulheres, costuma estar localizado predominantemente nas pernas,</p><p>sendo menos invasivo.</p><p>Durante o crescimento radial, o melanoma é chamado de melanoma in situ , e aparece</p><p>clinicamente como lesões assimétricas, com borda irregular, coloração variável (ao contrário</p><p>dos nevos, que possuem pigmentação igual por toda a lesão), diâmetro maior do que 6</p><p>milímetros e evolução com mudança no tamanho, formato e cor da lesão.</p><p>CRESCIMENTO RADIAL</p><p>Crescimento horizontal da lesão na epiderme e na derme.</p><p>Esses fatores constituem os sinais de alerta ABCDE do melanoma:</p><p>javascript:void(0)</p><p> Sinais de alerta do melanoma.</p><p>Com a progressão, o melanoma passa para a fase de crescimento vertical, com infiltração das</p><p>camadas mais profundas da derme, sendo chamado de melanoma infiltrativo. Nessa fase,</p><p>pode-se observar a presença de nódulos, e o tumor passa a ter capacidade de gerar</p><p>metástase.</p><p>As células do melanoma, quando vistas ao microscópio, são maiores do que os melanócitos</p><p>normais e apresentam núcleo com contorno irregular.</p><p> Biópsia de pele normal (esquerda) e com melanoma (direita).</p><p>A partir da biópsia, principal método de diagnóstico do melanoma, são analisadas algumas</p><p>características celulares e teciduais, como a profundidade de infiltração do tumor, taxa de</p><p>mitose, infiltrado de linfócitos e ulceração, sendo esses os principais indicadores de</p><p>prognóstico do melanoma. Também é a partir desses indicadores que o melanoma é</p><p>classificado em estágios de gravidade.</p><p>Os estágios do melanoma vão de 0 (melanoma in situ ) até 4, que é o grau mais grave,</p><p>também chamado de melanoma metastático.</p><p>ESTÁGIO 0</p><p>ESTÁGIO 1</p><p>ESTÁGIO 2</p><p>ESTÁGIO 3 E 4</p><p>ACANTOSE NIGRICANS</p><p>Na acantose nigricans , manchas hiperpigmentadas de textura aveludada são visíveis na</p><p>pele, principalmente nas regiões das axilas, dobras do pescoço e virilha. Pode ser benigna ou</p><p>maligna.</p><p> Acantose nigricans nas dobras do pescoço.</p><p>A forma benigna se desenvolve em geral na infância ou puberdade, associadas à obesidade e</p><p>doenças endócrinas como a diabetes. A forma maligna ocorre em especial em indivíduos com</p><p>mais de 50 anos, estimulada pela presença de fatores de crescimento associados a neoplasias</p><p>malignas, principalmente neoplasias gastrointestinais.</p><p>Cerca de 80% dos casos de acantose nigricans são de natureza benigna. Histologicamente,</p><p>tanto na forma benigna quanto na maligna são observadas ondulações da epiderme, com</p><p>aumento no número de células, pigmentos e queratina na camada mais superficial da</p><p>epiderme.</p><p>OCRONOSE</p><p>é uma doença genética metabólica rara, causada por mutações no gene, que codifica a enzima</p><p>que degrada o ácido homogentísico, um pigmento castanho-avermelhado ou amarelo no</p><p>formato de grânulos.</p><p>Com isso, o pigmento se acumula no plasma sanguíneo, na pele, tecido conjuntivo, cartilagens</p><p>e na urina, que passa por oxidação quando exposta ao ar e forma polímeros parecidos com o</p><p>pigmento de melanina, o que torna a urina escurecida.</p><p>O escurecimento da urina é chamado de alcaptonúria, e é o principal sinal clínico precoce</p><p>dessa doença. O acúmulo do pigmento nas cartilagens faz com que seja possível vermos uma</p><p>javascript:void(0)</p><p>coloração preto-azulada.</p><p> Ocronose.</p><p>ÁCIDO HOMOGENTÍSICO</p><p>Um intermediário do metabolismo de tirosina, produto precursor de melanina.</p><p>DISTÚRBIOS DE AUMENTO DE MELANINA</p><p>DE FORMA GENERALIZADA</p><p>Os principais distúrbios são as melanodermias secundárias, caracterizadas pelo aumento do</p><p>pigmento de melanina na pele devido ao aumento na atividade dos melanócitos, resultado de</p><p>uma condição preexistente, como é o caso da gravidez, do hipoadrenalismo e por efeito das</p><p>radiações.</p><p>HIPOADRENALISMO</p><p>javascript:void(0)</p><p>Redução na função da glândula adrenal (presente na parte superior dos rins), resultando na</p><p>diminuição dos hormônios produzidos por ela.</p><p>Histologicamente, é possível verificar um aumento na presença de melanina nos queratinócitos</p><p>por toda a epiderme e aumento no número de melanossomas. Essas alterações levam à</p><p>formação de manchas agrupadas ou dispersas, com coloração castanho-clara a escura, e</p><p>bordas irregulares.</p><p>Essas manchas podem ser chamadas também de cloasmas ou melasmas, e são mais</p><p>comuns em áreas da pele com maior exposição solar e em mulheres, por ação de fatores</p><p>hormonais, principalmente na gravidez, que apresenta uma maior alteração nos níveis de</p><p>hormônios.</p><p> Pele com melasmas.</p><p> VOCÊ SABIA</p><p>As manchas são chamadas de cloasmas gravídicos quando acometem mulheres durante ou</p><p>logo após o fim da gestação. As manchas presentes somente na face são chamadas de</p><p>melasmas. E,</p><p>quando acometem outra região que não a face, são chamadas de</p><p>melanodermias.</p><p>Você já deve ter ouvido falar em vitiligo e albinismo. Essas condições, diferentes das que já</p><p>estudamos até aqui, são distúrbios de pigmentação causadas pela diminuição ou</p><p>ausência de melanina.</p><p>VITILIGO</p><p> Pele com vitiligo.</p><p>O vitiligo é um dos quadros de acromia adquirida mais conhecidos. Embora a patogênese</p><p>dessa condição não seja muito bem compreendida, sabe-se que ela acontece pela diminuição</p><p>progressiva ou ausência dos melanócitos no local, sendo essa a principal característica</p><p>histológica. Com isso, a produção de melanina fica comprometida.</p><p>Na pele de um indivíduo com vitiligo, podemos observar a presença de manchas simétricas,</p><p>irregulares, de cor branca (pela falta de melanina), com hipercromia ao redor das áreas</p><p>afetadas.</p><p>O vitiligo é classificado como uma condição multifatorial, e algumas teorias para a ausência dos</p><p>melanócitos são a destruição das células por estresse oxidativo, autoimunidade e</p><p>autodestruição dos melanócitos. O vitiligo de origem genética (familiar) representa cerca de</p><p>20% dos casos.</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>ACROMIA</p><p>Termo dado à ausência de formação do pigmento melanina na epiderme.</p><p>HIPERCROMIA</p><p>Pigmentação excessiva causada pela produção exagerada de melanina.</p><p>ALBINISMO</p><p>O albinismo é uma doença genética que afeta 1 a cada 20 mil pessoas. O indivíduo com</p><p>albinismo pode ter um quadro de acromia parcial, quando envolve ausência de pigmentação</p><p>somente na retina, condição conhecida como albinismo ocular (AO), ou acromia generalizada,</p><p>quando afeta a pele, cabelos e olhos no albinismo oculocutâneo (AOC).</p><p>O AOC é uma condição de caráter autossômico recessivo que envolve mutações em genes</p><p>relacionados à tirosinase, que resulta na coloração branca da pele e nos cabelos devido à</p><p>ausência de pigmentação. Os indivíduos que sofrem de albinismo devem evitar ao máximo a</p><p>exposição solar, pois são deficientes na principal forma orgânica de proteção contra os raios</p><p>UV, que é feita pela melanina.</p><p>javascript:void(0)</p><p> Criança com albinismo oculocutâneo.</p><p>AUTOSSÔMICO RECESSIVO</p><p>Ao herdar genes de dois alelos anormais dos pais.</p><p>A acromia cicatricial acontece após um processo inflamatório local. Os mediadores gerados</p><p>durante a inflamação são capazes de estimular os melanócitos a aumentarem a produção de</p><p>melanina.</p><p>Ao fim do processo inflamatório, em alguns casos, os melanócitos ficam em estado de</p><p>esgotamento pelo estímulo e atividade exagerada. Sendo assim, eles perdem sua função,</p><p>gerando a acromia no local da cicatrização.</p><p> VOCÊ SABIA</p><p>Acromotriquia é o nome dado ao processo de perda de pigmentação dos cabelos resultante</p><p>do envelhecimento. Com o passar dos anos, os melanócitos vão perdendo sua funcionalidade</p><p>e diminuindo sua atividade. Esse processo tem como consequência a redução na quantidade</p><p>de pigmentos de melanina produzidos, o que faz com que os cabelos apresentem uma cor</p><p>branca pela ausência de pigmentos.</p><p>PIGMENTOS RELACIONADOS À</p><p>LIPOFUSCINA (LIPOCROMO OU PIGMENTO</p><p>DE DESGASTE)</p><p>A lipofuscina é um pigmento endógeno insolúvel derivado da peroxidação de lipídios, que atua</p><p>como um sinalizador da degradação de lipídios de membranas celulares. As moléculas geradas</p><p>se agrupam formando moléculas maiores num processo chamado polimerização, o que as</p><p>torna insolúveis e dificulta sua metabolização.</p><p>Esse pigmento é formado basicamente por polímeros de lipídios e fosfolipídios, e é encontrado</p><p>na forma de grânulos castanho-amarelados ou marrons no citoplasma das células.</p><p>A presença de lipofuscina está relacionada principalmente às lesões celulares causadas no</p><p>processo de estresse oxidativo quando há aumento de radicais livres, e durante o processo de</p><p>autofagia, para eliminação de organelas danificadas, acumulando-se nos lisossomos,</p><p>originando os corpos residuais.</p><p>O acúmulo da lipofuscina acontece de maneira gradual, especialmente em células pós-</p><p>mitóticas, e é comum no tecido muscular cardíaco e esquelético, no fígado, na retina e em</p><p>neurônios de indivíduos mais velhos, ou em pacientes com desnutrição grave. No entanto,</p><p>esse pigmento não é nocivo à célula.</p><p>PEROXIDAÇÃO</p><p>Peroxidação lipídica é o processo de degradação de lipídios no qual radicais livres “roubam”</p><p>elétrons dos lipídios presentes nas membranas celulares.</p><p>AUTOFAGIA</p><p>javascript:void(0)</p><p>javascript:void(0)</p><p>Nome dado ao mecanismo de degradação de componentes e organelas celulares realizado</p><p>pela própria célula pelos lisossomas.</p><p>Presença de grânulos de pigmento lipofuscina (em marrom) em neurônios.</p><p>Presença de grânulos de pigmento lipofuscina em cardiomiócitos.</p><p>Em células com alta taxa de divisão como as células-tronco, as organelas e macromoléculas</p><p>danificadas são divididas entre as células-filhas, evitando, assim, o acúmulo de lipofuscina</p><p>após o processo de autofagia.</p><p>O acúmulo de lipofuscina causa um processo chamado de atrofia parda, que é caracterizado</p><p>pela redução de volume e peso do órgão, com presença de uma coloração parda. No coração,</p><p>o acúmulo de lipofuscina parece não afetar tanto a capacidade funcional do órgão.</p><p>Já nos neurônios, a lipofuscina em excesso pode ser gerada por um grupo de doenças</p><p>neurodegenerativas genéticas raras chamadas de Lipofuscinose ceroide neuronal, que</p><p>levam à deterioração psicomotora, cegueira e convulsões.</p><p>Vale acrescentar que, na retina, o acúmulo do pigmento lipofuscina é associado à degeneração</p><p>da mácula (parte central da retina), e essa degeneração é a principal causa de alteração da</p><p>visão e cegueira em idosos.</p><p>PIGMENTOS RELACIONADAS À</p><p>HEMOGLOBINA</p><p>A hemoglobina é uma proteína presente nas hemácias composta por 4 subunidades (2 alfas (α)</p><p>e 2 betas (β)) de uma fração proteica, chamada globina, e uma fração não proteica, chamada</p><p>de heme, que é a responsável pela coloração vermelha das hemácias. A fração heme da</p><p>hemoglobina possui íons ferro no centro e é o sítio de ligação para o oxigênio que será</p><p>distribuído no organismo.</p><p> Estrutura da hemácia, da molécula de hemoglobina (a) e do heme (B).</p><p>Os pigmentos endógenos derivados da degradação da hemoglobina são as hemossiderinas,</p><p>hematinas, bilirrubinas, porfirinas, entre outros. Tais pigmentos podem ser ferruginosos, quando</p><p>há a presença de íon ferro na molécula, ou não ferruginosos.</p><p>METABOLISMO DA HEMOGLOBINA E A</p><p>FORMAÇÃO DOS PIGMENTOS</p><p>Neste vídeo, abordamos o metabolismo da hemoglobina e como são formados os seus</p><p>primeiros derivados.</p><p>PRINCIPAIS DISTÚRBIOS RELACIONADOS A</p><p>PIGMENTOS DERIVADOS DA HEMOGLOBINA</p><p> Hemorragia pulmonar com presença de hemossiderose local.</p><p>A hemossiderose é o quadro de aumento de hemossiderina, um produto da degradação da</p><p>hemoglobina capaz de formar agregados, normalmente presente nos hepatócitos e em</p><p>macrófagos do fígado, pulmão, linfonodos, baço e medula óssea. Ele é um pigmento de cor</p><p>amarelo-ouro a marrom e representa a principal forma de armazenamento do ferro,</p><p>principalmente quando este está em excesso e há saturação da ferritina.</p><p>A hemossiderose local acontece geralmente como resultado de hemorragias teciduais, em que</p><p>as hemácias extravasadas são fagocitadas por macrófagos por cerca de 24 – 48 horas depois</p><p>do início do sangramento.</p><p>Histologicamente, é possível observar a presença de hemossiderina como grânulos</p><p>amarelados a amarronzados nos tecidos. O processo de hemossiderose local pode ser</p><p>observado na pele pela presença de coloração amarelada nas áreas das lesões.</p><p>Os casos de aumento sistêmico de ferro acontecem devido a defeitos na absorção intestinal de</p><p>ferro, anemias hemolíticas e transfusão de sangue.</p><p>A hemossiderose não costuma causar sintomas. Porém, indivíduos com quadros avançados</p><p>podem desenvolver anemia e fibrose pulmonar.</p><p>A hemocromatose é uma doença hereditária rara, que acomete mais facilmente os homens,</p><p>causada por mutações em genes relacionados à absorção de ferro. As mutações favorecem o</p><p>aumento da absorção intestinal de ferro proveniente da dieta, e com isso aumenta-se também</p><p>a deposição de hemossiderina</p><p>nos macrófagos e no parênquima de órgãos como fígado, pele,</p><p>pâncreas, coração e em algumas glândulas.</p><p>A hemocromatose costuma causar hipotrofia e fibrose do parênquima tecidual, e em alguns</p><p>casos leva à cirrose hepática, diabetes e insuficiência cardíaca. Com o avanço do quadro, a</p><p>coloração natural dos órgãos é alterada para um tom amarronzado.</p><p> Fígado de indivíduo com hemocromatose. Depósitos de hemossiderina em marrom.</p><p> VOCÊ SABIA</p><p>Indivíduos que passaram por transfusão sanguínea, com quadros de talassemia e síndromes</p><p>mielodisplásicas, podem desenvolver a hemocromatose secundária (ou adquirida) pelo</p><p>aumento na quantidade de hemácias degradadas e de ferro livre.</p><p>As hematinoses são alterações de pigmentação que acontecem quando a degradação da</p><p>hemoglobina gera hematinas, pigmentos ferruginosos no formato de grânulos com cor preta e</p><p>preto-azulada, derivados da oxidação do heme.</p><p>Essa alteração ocorre:</p><p>Em meios ácidos, por exemplo, por ação do ácido clorídrico em tecidos com úlceras.</p><p>Durante a malária, após a degradação da hemoglobina pelo parasita.</p><p>Na esquistossomose, quando ocorre a degradação da hemoglobina presente no sangue</p><p>do hospedeiro no intestino do parasita.</p><p>Durante a fixação de tecidos de biopsia com formol ácido durante a realização do exame.</p><p> Estrutura química das porfirinas.</p><p>As porfirias são distúrbios causados por alterações no processo de síntese do heme, de</p><p>etiologia não totalmente esclarecida, que levam ao aumento de porfirinas. As porfirinas são</p><p>moléculas precursoras do heme, geradas pelo sistema eritropoético e pelo fígado, e são o sítio</p><p>de ligação para o íon ferro na hemoglobina.</p><p>As porfirias podem ser classificadas de acordo com sua origem (em congênita ou adquirida),</p><p>propriedades bioquímicas e pelo local em que se encontram. A porfiria eritropoética congênita e</p><p>a protoporfiria eritropoética, como os nomes sugerem, são causadas por alterações durante a</p><p>síntese do heme na medula óssea.</p><p>A porfiria cutânea tardia, porfiria intermitente aguda e a eritro-hepática são causadas por</p><p>alterações no fígado.</p><p>O principal sinal clínico dessas doenças é o aparecimento de lesões bolhosas na pele, que</p><p>regridem e deixam manchas com alteração de pigmentação e sensibilidade à luz solar, pela</p><p>capacidade de absorção de luz visível e UV pelas porfirinas.</p><p> Reação de hipersensibilidade à luz em indivíduo com protoporfiria eritropoética.</p><p>As alterações de pigmentação ligadas à hematoidina acontecem geralmente poucas semanas</p><p>após uma hemorragia, ou nos coágulos sanguíneos, pela degradação das hemácias pelos</p><p>macrófagos presentes no local do sangramento.</p><p>As hematoidinas são pigmentos formados pela mistura de lipídios em conjunto com um</p><p>pigmento parecido com a bilirrubina, sem a presença de ferro. A estrutura da hematoidina no</p><p>tecido é caracterizada por cristais de coloração, que pode variar do amarelo-ouro até o</p><p>marrom-dourado.</p><p> Pele amarelada de indivíduo com icterícia em comparação à pele de indivíduo sem</p><p>icterícia.</p><p>A icterícia é uma condição clínica gerada pelo aumento plasmático de um pigmento biliar</p><p>chamado de bilirrubina. A bilirrubina é um produto da degradação da fração heme da</p><p>hemoglobina. Esse pigmento é visto como grânulos castanho-esverdeados a negros, e se</p><p>encontra principalmente nos hepatócitos e nos canais biliares.</p><p>O aumento plasmático de bilirrubina faz com que ela se acumule na pele, mucosas, tecidos e</p><p>órgãos, em especial no fígado e rins, resultando em uma coloração amarelada.</p><p>Abaixo, descrevemos como ocorre o processo de degradação do heme e formação da</p><p>bilirrubina:</p><p></p><p>1.</p><p>A hemoglobina é degradada em globina, que é transformada em aminoácidos para reutilização</p><p>no organismo, e nos grupos heme, que são fagocitados principalmente no fígado, baço e</p><p>medula óssea. A degradação do grupo heme ocorre com a abertura do anel e liberação de</p><p>Fe2+, monóxido de carbono e biliverdina, um pigmento verde.</p><p>2.</p><p>A biliverdina sofre ação da bilirrubina redutase e é convertida em bilirrubina, que é liberada</p><p>gradativamente ao plasma e liga-se à albumina, formando a bilirrubina indireta (BI), que é</p><p>carregada ao fígado.</p><p></p><p></p><p>3.</p><p>Nos hepatócitos, essa molécula conjuga-se ao ácido glicurônico no retículo endoplasmático</p><p>liso, formando uma molécula polar e solúvel no plasma (bilirrubina direta – BD ou conjugada).</p><p>4</p><p>A bilirrubina direta, por sua vez, sai dos hepatócitos para os canalículos biliares para formar a</p><p>bile ou é metabolizado pela microbiota intestinal em vários compostos, mas principalmente no</p><p>urobilinogênio.</p><p></p><p></p><p>5</p><p>Este pode entrar na circulação sanguínea, e ser reconvertido no fígado à bilirrubina conjugada,</p><p>para ser excretado de novo na bile (ciclo enterro-hepático). Pode ser encaminhado para o rim,</p><p>onde é convertido à urobilina, um pigmento amarelo que dá cor à urina, ou ser degradado pela</p><p>flora fecal no intestino, sendo oxidada a estercobilina, um pigmento castanho-avermelhado que</p><p>dá cor às fezes.</p><p> Degradação do heme e formação da bilirrubina.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>A bilirrubina não conjugada é insolúvel e, sendo assim, não é eliminada na urina, o que</p><p>favorece seu acúmulo nos tecidos. Já a bilirrubina conjugada torna-se solúvel em água e tem</p><p>pouca afinidade de ligação à albumina (principal proteína transportadora do plasma</p><p>sanguíneo), o que facilita sua excreção na urina.</p><p>As causas de icterícia podem ser pré-hepáticas, intra-hepáticas e pós-hepáticas. Na icterícia</p><p>pré-hepática, como nos quadros de anemia hemolítica (com uma enorme degradação de</p><p>hemoglobina devido à hemólise dos eritrócitos), há alta concentração de bilirrubina indireta</p><p>(não conjugada) no plasma sanguíneo.</p><p>Na icterícia hepática, o aumento da bilirrubina está associado à diminuição da capacidade</p><p>funcional dos hepatócitos, causados por intoxicações, infecções e neoplasias. Nesse caso, há</p><p>aumento da bilirrubina indireta e direta pela diminuição da capacidade de metabolização do</p><p>fígado.</p><p>Em recém-natos, o aumento da bilirrubina pode acontecer por defeitos no metabolismo</p><p>hepático pela falta de amadurecimento dos mecanismos de conjugação da bilirrubina,</p><p>causando a icterícia neonatal ou fisiológica, um quadro de icterícia temporária.</p><p> Bebê com hiperbilirrubinemia neonatal.</p><p>As causas pós-hepáticas de hiperbilirrubinemia estão associadas à obstrução de canais biliares</p><p>(icterícia obstrutiva ou colestática associada à presença de cálculos, tumores etc.), que não</p><p>permitem a excreção de urobilinogênio e bilirrubina na urina, levando ao predomínio de</p><p>bilirrubina direta no plasma e sua possível excreção urinária.</p><p>Podemos encontrar também alguns pigmentos resultantes de infecções parasitárias.</p><p> EXEMPLO</p><p>Na esquistossomose, doença parasitária causada pelo Schistosoma mansoni , o verme adulto</p><p>presente nas veias mesentéricas se alimenta de sangue.</p><p>No tubo digestivo do parasita, uma proteína (cisteína proteinase) quebra a hemoglobina em</p><p>hematina ou meta-heme livre, ou seja, em globina (degradada e utilizada pelo parasita) e no</p><p>heme.</p><p>O grupamento heme, por sua vez, é regurgitado pelo verme adulto na circulação sanguínea do</p><p>hospedeiro, originando o pigmento esquistossomótico. Esse pigmento apresenta cor castanho-</p><p>escura e acumula-se nas células de Kupffer.</p><p>Podemos citar também o pigmento malárico, que é resultado da digestão enzimática da</p><p>hemoglobina pelo Plasmodium spp., que, após a ruptura das hemácias, libera esses grânulos</p><p>castanho-escuros no interstício.</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>MÓDULO 2</p><p> Reconhecer as principais características dos distúrbios de pigmentação exógena</p><p>PIGMENTOS EXÓGENOS</p><p>Os pigmentos exógenos são moléculas originadas no ambiente que penetram o organismo por</p><p>diferentes vias de administração, como a inalação, ingestão ou inoculação.</p><p>Esses pigmentos, quando acumulados nos tecidos, na maioria das vezes, funcionam como</p><p>corpos estranhos, sendo fagocitados pelos macrófagos residentes, iniciando uma resposta</p><p>imune inata (processo inflamatório agudo), na tentativa de eliminar o agente etiológico. O</p><p>processo inflamatório</p><p>pode evoluir para cronicidade ou resolução, com a fibrose no tecido</p><p>acometido.</p><p>Diferentemente dos pigmentos endógenos que indicam dano ou uma patologia, os pigmentos</p><p>exógenos são, na sua maioria, os responsáveis pelo desenvolvimento das doenças. Várias</p><p>dessas doenças são resultados da exposição ocupacional, como ocorre com os mineradores,</p><p>trabalhadores de indústrias e joalheiros.</p><p>Como uma exceção à regra, temos a tatuagem, um exemplo de pigmento exógeno. Ao serem</p><p>inoculadas na nossa pele, as partículas de tinta são fagocitadas por macrófagos, mas sem</p><p>causar uma doença.</p><p>PIGMENTAÇÕES PATOLÓGICAS</p><p>EXÓGENAS: VIA INOCULAÇÃO –</p><p>TATUAGEM</p><p>A tatuagem é a forma de pigmentação exógena mais comum de encontrarmos nos seres</p><p>humanos. Ela é realizada pela inoculação de pigmentos insolúveis (como os sais de enxofre,</p><p>carvão, nanquim, mercúrio, ferro, entre outros corantes) na pele, utilizando-se agulhas para</p><p>meios estéticos e de identificação de animais.</p><p>Em geral, as tatuagens são permanentes devido à introdução do pigmento na derme. Caso ele</p><p>seja introduzido em camadas mais superficiais da pele, como o estrato córneo da epiderme, a</p><p>tatuagem se torna temporária.</p><p> Processo de inoculação dos pigmentos de tatuagem na derme e a fagocitose dos</p><p>pigmentos por macrófagos.</p><p>Após a inoculação, os pigmentos são fagocitados principalmente por macrófagos presentes na</p><p>derme, permanecendo ali pelo resto da vida. Esses pigmentos podem ser levados em menor</p><p>quantidade para os linfonodos regionais.</p><p>Quando observado histologicamente, a pigmentação presente no local da tatuagem é vista</p><p>como grânulos de tamanho pequeno no interior de macrófagos ou pigmentos retidos no tecido</p><p>conjuntivo fibroso.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Os pigmentos geralmente não despertam nenhuma resposta inflamatória.</p><p>PIGMENTAÇÕES PATOLÓGICAS</p><p>EXÓGENAS: INGESTÃO ORAL</p><p>Argirismo</p><p>É uma patologia causada pela intoxicação por sais de prata e pela deposição dessas partículas</p><p>nos tecidos.</p><p>As principais formas de intoxicação são pela utilização de medicamentos (soluções e colírios)</p><p>que contêm na sua formulação nitrato de prata, muito utilizados no passado, a partir de</p><p>suplementos alimentares e da penetração mecânica de partículas muito pequenas por meio</p><p>das glândulas sudoríparas e inalação pelos joalheiros e trabalhadores de minas de prata.</p><p> Cristais de nitrato de prata usados pela indústria farmacêutica.</p><p>Prata utilizada em joalherias.</p><p>Pó de minério de prata na mão de um minerador.</p><p> Pele de indivíduo com argirismo.</p><p>A principal alteração patológica gerada pelo acúmulo de prata é a visível alteração de</p><p>pigmentação dos tecidos, principalmente nas áreas da pele expostas ao sol e nas unhas, mas</p><p>pode aparecer nos macrófagos dos linfonodos, na membrana basal dos glomérulos renais e no</p><p>globo ocular. Clinicamente, a pele do indivíduo afetado exibe coloração cinza-azulada de forma</p><p>irreversível. Essa condição pode ocasionar depressão, afastamento social e problemas de</p><p>integração com a sociedade.</p><p>Histologicamente, a presença de grânulos de prata é vista em maior quantidade na borda</p><p>externa da membrana basal e na porção glandular das glândulas sudoríparas. Essa</p><p>distribuição pode sugerir que as partículas de prata são levadas para as glândulas sudoríparas</p><p>pelo líquido intersticial e assim se acumulam na membrana basal.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Quando a intoxicação se dá por ingestão crônica de compostos de prata solúveis, como o</p><p>nitrato de prata, ela pode afetar o indivíduo de maneira disseminada, sendo chamada de argiria</p><p>sistêmica. Vale ressaltar que quando afeta os olhos essa condição é chamada de argirose.</p><p>Plumbismo ou saturnismo</p><p>Outra forma de intoxicação causada por pigmentos exógenos é o plumbismo ou saturnismo,</p><p>que ocorre pela ingestão do chumbo. Além da via gastrointestinal, o chumbo pode entrar no</p><p>organismo por via inalatória.</p><p>Os indivíduos mais suscetíveis à contaminação com o chumbo são trabalhadores das áreas de</p><p>mineração e indústria, que pela sua ocupação apresentam contato periódico com esse metal.</p><p>Embora esse quadro acometa também crianças especialmente pelo contato com brinquedos</p><p>que contenham tintas à base de chumbo.</p><p>O chumbo não apresenta nenhuma função fisiológica e tem efeito nocivo em quase todos os</p><p>órgãos e sistemas.</p><p>E COMO O CHUMBO AFETA O INDIVÍDUO?</p><p>Assim que o chumbo atinge a circulação sanguínea, ele se deposita no sangue, nos tecidos</p><p>moles e os ossos, mas o sítio primário de armazenamento são os ossos.</p><p>Essa molécula forma complexos estáveis com enxofre, fósforo, nitrogênio, oxigênio</p><p>(grupamentos -SH, -H2PO3, -NH2, -OH) e conseguem imitar ou inibir o cálcio e interagir com</p><p>aminas e aminoácidos livres, alterando o funcionamento de membranas plasmáticas, de</p><p>enzimas e proteínas.</p><p>javascript:void(0)</p><p>A toxicidade está normalmente relacionada ao sistema hematopoiético e nervoso, sendo o</p><p>Sistema Nervoso Central (SNC) o mais sensível.</p><p>No sistema hematopoiético, a presença de chumbo costuma alterar a síntese de hemoglobina,</p><p>a membrana do eritrócito e diminuir o tempo de vida da hemácia, causando anemia e</p><p>estimulando a eritropoiese (síntese de novos eritrócitos).</p><p>No sangue periférico de indivíduos intoxicados, os eritrócitos apresentam inclusões de ferro</p><p>(siderócitos), sendo revelados em lâminas de distensão sanguínea como pigmentações</p><p>basofílicas, ou seja, pontos azuis dentro das hemácias. No entanto, a anemia não aparece de</p><p>forma precoce, ela ocorre após exposição prolongada e com altas concentrações de chumbo.</p><p> Distensão sanguínea de indivíduo intoxicado por partículas de chumbo (setas).</p><p>No SNC, o chumbo deposita-se nos astrócitos, células que mantêm a integridade da barreira</p><p>hematoencefálica e, assim, protegem o SNC. Além disso, há a alteração do metabolismo de</p><p>carboidratos, com diminuição da glicose circulante no cérebro e aumento da síntese de</p><p>neurotransmissores como dopamina, acetilcolina e do ácido aminobutírico (GABA), o que pode</p><p>ocasionar um quadro de defeitos cognitivos.</p><p>O plumbismo pode afetar também o intestino, onde causa enrijecimento da parede abdominal,</p><p>além de nefropatia tubular nos rins e reações na pele como dermatite e úlceras.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>Os metais também podem se acumular na parede do vaso causando aterosclerose (acúmulo</p><p>de gordura ou outras moléculas na parede do vaso dificultando a passagem sanguínea).</p><p>A intoxicação por chumbo pode ser aguda, também chamada de encefalopatia plúmbica</p><p>aguda, que acomete principalmente crianças, com edema, dilatação dos pequenos vasos,</p><p>hemorragias petéquias na substância branca cerebral e inchaço no endotélio. Podemos</p><p>observar também sintomas como náuseas, irritabilidade, convulsões e dores de cabeça devido</p><p>ao aumento da pressão intracraniana.</p><p>Nos indivíduos que sofrem de plumbismo crônico, a presença de chumbo lesiona fibras</p><p>mielínicas, o que leva ao desenvolvimento de neuropatia periférica, e gera atrofia em diversas</p><p>áreas do cérebro.</p><p>Fraqueza muscular, convulsões e dificuldades de enxergar também são sintomas frequentes. O</p><p>mais comum é encontrarmos evidências da deposição de chumbo nos ossos e na mucosa oral</p><p>e gengiva, onde observa-se uma linha escurecida característica dessa condição.</p><p> Radiografia de osso com presença de linha de chumbo indicada pela seta.</p><p> DICA</p><p>A intoxicação por chumbo pode ser tratada com terapia quelante. Essa terapia consiste na</p><p>administração de medicamentos capazes de se ligar ao chumbo e favorecer a eliminação dos</p><p>metais pela urina.</p><p>TERAPIAS QUELANTES USADAS NO</p><p>TRATAMENTO DE INTOXICAÇÕES</p><p>Neste vídeo, abordamos as terapias quelantes utilizadas para eliminação dos metais pesados.</p><p>Pigmentação bismútica</p><p>Rara de ser encontrada, a pigmentação bismútica acontece pela intoxicação com sais de</p><p>bismuto. O bismuto costumava ser muito usado no passado para o tratamento de sífilis. A</p><p>pigmentação bismútica leva ao aparecimento de linhas gengivais de coloração azul ou preto-</p><p>azulada. Sua capacidade de intoxicação é baixa quando comparada a outros metais pesados,</p><p>como o chumbo.</p><p>Carotenose</p><p>O caroteno</p><p>é um pigmento vegetal, ou seja, não sintetizado pelo organismo, no formato de</p><p>cristais encapsulados de coloração amarelada. É facilmente identificado devido à coloração</p><p>dos alimentos vegetais ricos em caroteno, como laranja, cenoura, abóbora, entre outros). O</p><p>caroteno é a molécula precursora da vitamina A, importante para a visão, diferenciação celular</p><p>e regulação do metabolismo de lipídios.</p><p> Alimentos ricos em caroteno.</p><p>A conversão do caroteno em vitamina A acontece no intestino, e o organismo realiza a</p><p>excreção via cólon e epiderme, principalmente pelas glândulas sudoríparas.</p><p>Assim, quando a ingestão acontece de forma exagerada, a excreção dessa substância pode</p><p>não acontecer de maneira suficiente, o que faz com que o estrato córneo da epiderme</p><p>reabsorva o excesso não eliminado, que por sua vez se acumula no local e se torna visível na</p><p>pele, causando a condição chamada de carotenodermia, comum em crianças e que não</p><p>causa nenhum problema além da alteração de coloração da pele. A pele amarelada é a</p><p>principal característica clínica da carotenose.</p><p>Níveis reduzidos de lipoproteínas responsáveis pelo transporte dos carotenos, de ácidos</p><p>biliares e lipases pancreáticas que auxiliam na sua absorção, além de alterações intestinais,</p><p>são fatores que podem favorecer o acúmulo dos carotenos.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Por levar ao amarelamento da pele é importante que seja feito o diagnóstico diferencial com a</p><p>icterícia.</p><p>PIGMENTAÇÕES PATOLÓGICAS</p><p>EXÓGENAS: VIA INALAÇÃO</p><p>As pneumoconioses são pneumonias causadas pela inalação de partículas inorgânicas que</p><p>afetam o interstício pulmonar. Costumam ser causadas pela inalação de partículas de dióxido</p><p>de silício, carvão ou amianto.</p><p>Assim como as formas de pigmentação patológica descritas anteriormente, as</p><p>pneumoconioses são desenvolvidas na maioria das vezes pela exposição ocupacional, e são</p><p>comuns em indivíduos que trabalham em minas de carvão, resultantes da inalação prolongada</p><p>de partículas carvão e de sílica partícula presentes na poeira do carvão.</p><p> Pulmão com pigmentação escura e fibrose em um minerador de carvão.</p><p>Os fatores que favorecem o desenvolvimento das pneumoconioses são:</p><p>ESTRUTURA FÍSICO-QUÍMICA E SOLUBILIDADE DA</p><p>PARTÍCULA INALADA:</p><p>Partículas menos densas e com alta solubilidade tendem a provocar efeitos de maneira aguda,</p><p>enquanto as mais densas e com menor solubilidade podem se instalar no parênquima</p><p>pulmonar por anos.</p><p>TAMANHO E FORMA</p><p>Quanto menor a partícula (1 – 5 µm de diâmetro), mais facilidade ela tem de alcançar os</p><p>bronquíolos, ductos alveolares e os alvéolos, e por consequência são mais perigosas.</p><p>QUANTIDADE</p><p>Varia de acordo com o tempo de exposição, quantidade de partículas presentes no ar e</p><p>capacidade do organismo de eliminar as partículas inaladas.</p><p>FATORES SECUNDÁRIOS</p><p>O tabagismo, por exemplo, facilita a deposição de partículas no pulmão por lesionar o aparelho</p><p>mucociliar.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>O tabagismo facilita o desenvolvimento de infecções pulmonares pelo impacto que causa na</p><p>atividade dos macrófagos alveolares. Ainda, o calor provocado pela fumaça do cigarro é</p><p>deletério para a mucosa pulmonar.</p><p>Associada a isso, a ação de outros produtos presentes na fumaça, como a nicotina, que tem</p><p>capacidade de inibir os movimentos ciliares, aumenta a produção de muco, que acaba ficando</p><p>retido no pulmão pela inibição do sistema mucociliar.</p><p>Pneumoconiose de mineradores de carvão</p><p>A chamada pneumoconiose de mineradores de carvão é causada pela inalação prolongada</p><p>de partículas de carvão e é caracterizada pela presença de máculas de carvão e nódulos com</p><p>fibras de colágeno, principalmente, nos bronquíolos.</p><p>Essa condição pode evoluir para o enfisema centrolobular quando há dilatação dos alvéolos</p><p>próximos. Quando esse quadro evolui de forma mais agressiva, causa a fibrose maciça</p><p>progressiva, com fibrose intensa e grande acometimento funcional do pulmão.</p><p>A fibrose maciça progressiva é descrita pela formação de múltiplas lesões entre 1 e 10 cm de</p><p>diâmetro, constituídas de pigmento, colágeno e necrose no centro da lesão em alguns casos.</p><p> Histologia de pulmão com pneumoconiose de mineradores de carvão (pigmentos em preto).</p><p> Fibrose pulmonar.</p><p>Antracose</p><p>A antracose, tipo de pneumoconiose, também é chamada de doença pulmonar de partículas</p><p>adquiridas domesticamente, e é resultado da inalação de poeira de carvão. Normalmente</p><p>acomete indivíduos das grandes cidades, fumantes crônicos e pessoas que se intoxicam pela</p><p>inalação de partículas presentes na queima de lenha e esterco durante a preparação de</p><p>alimentos em casa.</p><p>Assim que são inalados, os pigmentos encontram macrófagos alveolares que os fagocitam,</p><p>sendo possível observar os pigmentos no citoplasma das células e nos linfonodos regionais.</p><p>Normalmente, o pulmão apresenta coloração rosada, porém, com a inalação do carvão, o</p><p>órgão se torna acinzentado, sendo possível identificar histologicamente a presença de</p><p>manchas pretas irregulares no parênquima pulmonar. A antracose inicialmente não é prejudicial</p><p>à saúde, mas o agravamento do quadro pode levar à fibrose, dificultando a respiração, e</p><p>lesionar a parede alveolar.</p><p> Depósito de cálcio no interior do citoplasma (partículas pretas) dos macrófagos.</p><p>Silicose</p><p>A silicose ocorre pela inalação de cristais de dióxido de silício (ou sílica), e não é considerada</p><p>um distúrbio de pigmentação. No entanto, é uma pneumoconiose que se desenvolve após</p><p>exposição longa à sílica, uma partícula altamente irritante, que ativa o sistema imunológico</p><p>inato, desencadeando uma resposta inflamatória relevante e predispõe a outras infecções</p><p>pulmonares.</p><p>Essa doença é a doença ocupacional crônica mais prevalente.</p><p> Areia de sílica.</p><p>Na silicose ocorre a liberação acentuada de mediadores inflamatórios resultante da ativação de</p><p>inflamassomas nos macrófagos que fagocitam as partículas.</p><p>Os mediadores inflamatórios, em conjunto com a migração de mais células fagocíticas, ativam</p><p>o processo inflamatório agudo que culmina na regeneração tecidual pela fibrose, ou seja, o</p><p>parênquima tecidual lesado é substituído pelo tecido conjuntivo.</p><p>No início do quadro, são observados nódulos pequenos nas partes superiores do pulmão e nos</p><p>linfonodos hilares, que podem ser brancos ou escurecidos, a depender da presença</p><p>concomitante de partículas de carvão.</p><p>INFLAMASSOMAS</p><p>Complexo multiproteico que induz a produção da citocina interleucina-1, um importante</p><p>mediador inflamatório responsável por recrutar mais fagócitos da circulação sanguínea ao local</p><p>da lesão.</p><p>Com a evolução do quadro, podem se formar áreas de fibrose nodular coalescente (junção dos</p><p>nódulos), com rígidas cicatrizes colagenosas e fibrose maciça progressiva. É importante dizer</p><p>que a doença pode progredir mesmo com o fim da inalação de novas partículas.</p><p>Histologicamente, nas lesões, observam-se fibras de colágeno em espiral cercadas por</p><p>macrófagos com as partículas inaladas. Como nas fases iniciais a doença é assintomática, o</p><p>javascript:void(0)</p><p>diagnóstico é feito pelo histórico do paciente junto com exames de imagem para a visualização</p><p>dos nódulos nas zonas superiores do pulmão, bem como a coalescência dos nódulos e a</p><p>presença de enfisema.</p><p> Pequeno nódulo característico de silicose, com a presença de partículas inaladas (grânulos</p><p>pretos) dentro de macrófagos.</p><p> VOCÊ SABIA</p><p>Pacientes com silicose têm mais chances de desenvolver câncer de pulmão, e são mais</p><p>suscetíveis à tuberculose, pela redução na capacidade dos macrófagos pulmonares em</p><p>eliminar o Mycobacterium tuberculosis .</p><p> Telhas de amianto eram muito usadas na construção civil.</p><p>Asbestose</p><p>É o nome da doença causada pela inalação de partículas de asbesto ou amianto. Devido às</p><p>suas propriedades, como baixo custo, resistência ao calor e maleabilidade, esse material foi</p><p>muito utilizado na construção civil.</p><p>A principal forma de exposição ao amianto também ocorre de forma ocupacional em</p><p>trabalhadores de mineração, indústrias, instalação e ensacamento de produtos de cimento-</p><p>amianto, entre outras áreas. O</p><p>produto está proibido em muitos países do mundo,</p><p>inclusive no Brasil desde 2017.</p><p>O amianto, além de ser um potente indutor e promotor tumoral, também é um potente indutor</p><p>de fibrose pulmonar. As fibras de amianto possuem diferentes características de aerodinâmica,</p><p>solubilidade e flexibilidade.</p><p>As fibras mais solúveis são eliminadas aos poucos dos tecidos, enquanto as menos solúveis e</p><p>mais rígidas são mais perigosas, pois, a partir da corrente sanguínea, podem penetrar nas</p><p>células endoteliais e atingir partes mais profundas do pulmão. No entanto, ambas causam a</p><p>fibrose pulmonar.</p><p> Fibras de asbestos podem acumular-se nos pulmões.</p><p>Assim como na silicose, ocorre a liberação de mediadores inflamatórios e fibrogênicos por</p><p>ativação do inflamassoma. Observa-se inflamação pulmonar intersticial generalizada e fibrose.</p><p>A asbestose é marcada pela presença de corpos de asbesto (ou amianto) que surgem após a</p><p>fagocitose das fibras. Estas, por sua vez, ficam cobertas por hemossiderina, derivada da</p><p>ferritina das células fagocíticas.</p><p>Os corpos de amianto, histologicamente, apresentam formato de bastão com coloração</p><p>castanho-dourada, translúcidos no centro, cobertos por gotículas. A única diferença para a</p><p>fibrose intersticial normal é a presença dos corpos de asbesto.</p><p> Pulmão com asbestose, com presença de fibrose intersticial e corpos de asbesto</p><p>(estruturas em marrom).</p><p>Alguns pacientes desenvolvem hipertensão pulmonar pelo estreitamento das artérias. Um</p><p>achado da asbestose é a presença de placas bem definidas formadas por colágeno denso,</p><p>geralmente calcificadas, com ausência de corpos de asbesto ao longo da pleura. Além disso, o</p><p>tecido fibroso cria espaços dilatados e essas regiões apresentam um padrão de favo de mel.</p><p>O diagnóstico se dá pelo histórico do paciente em conjunto com exames de imagem em que é</p><p>possível visualizar a presença das estruturas em forma de favo de mel, densidades irregulares</p><p>no pulmão, além de testes de função pulmonar.</p><p> ATENÇÃO</p><p>Na pneumoconiose e silicose, a fibrose inicia na região superior do pulmão; já a asbestose tem</p><p>origem na região inferior, e evolui para a parte superior do pulmão conforme a fibrose avança.</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>MÓDULO 3</p><p> Descrever o conceito de calcificação patológica, seus aspectos gerais e clínicos</p><p>TECIDO ÓSSEO E REMODELAMENTO</p><p>ÓSSEO</p><p>Antes de explorarmos as calcificações patológicas, precisamos lembrar de alguns conceitos</p><p>importantes sobre o tecido ósseo.</p><p>O corpo humano adulto é formado por um esqueleto com 206 ossos, responsáveis por dar</p><p>sustentação ao corpo, proteção aos órgãos vitais, como o SNC, alojar e proteger a medula</p><p>óssea (local de produção das células do sangue), sustentar os músculos esqueléticos e</p><p>funcionar como armazenamento de alguns sais minerais, como o cálcio.</p><p>O osso apresenta como componente estrutural o tecido ósseo, um tecido conjuntivo</p><p>especializado, composto por células e uma matriz extracelular rígida. A matriz é composta de</p><p>uma parte orgânica (matriz osteoide), formada principalmente por fibras de colágeno e pela</p><p>substância fundamental (formadas por proteínas não colagenosas como proteoglicanos e</p><p>glicoproteínas) e uma inorgânica mineralizada extremamente rígida de íons de cálcio e fosfato,</p><p>que formam os cristais de hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2).</p><p> Esquema ilustrando a organização do tecido ósseo.</p><p>Na matriz óssea, há lacunas contendo células ósseas chamadas de osteócitos; conectadas por</p><p>uma rede contínua de canalículos e lacunas por toda a massa de tecido mineralizado. Além</p><p>dos osteócitos, esse tecido é formado por células osteoprogenitoras, células derivadas das</p><p>células-tronco mesenquimais que originam os osteoblastos, responsáveis pela secreção da</p><p>matriz extracelular.</p><p>Osteoclastos são células de reabsorção óssea presentes nas superfícies ósseas onde o osso</p><p>está sendo removido ou remodelado (reorganizado) ou onde o osso foi lesionado. Os</p><p>osteócitos representam os osteoblastos recobertos de matriz extracelular.</p><p> Corte transversal de um osso analisado por microscopia mostrando sua estrutura.</p><p>O tecido ósseo é classificado como tecido ósseo compacto (denso) e tecido ósseo esponjoso</p><p>(trabecular). O tecido ósseo compacto é a parte rígida, mais externa e presente em maior</p><p>quantidade na parte central do comprimento dos ossos. Já o tecido ósseo esponjoso está</p><p>presente em maior quantidade nas extremidades dos ossos, possui redes de espaços</p><p>intercomunicantes, além de abrigar a medula óssea.</p><p>O tecido ósseo se encontra sempre em remodelamento, pois constantemente precisa modificar</p><p>sua forma ou estrutura, em diversas situações, por exemplo, para um osso primário (primeiro</p><p>tecido ósseo formado) tornar-se maduro, para manter sua forma ou se adaptar a novas</p><p>situações fisiológicas ou patológicas.</p><p> Esquema mostrando o processo de remodelamento ósseo e as células envolvidas.</p><p>O processo de remodelação ocorre pela reabsorção e deposição da matriz óssea, comandadas</p><p>pelos osteoclastos e osteoblastos. O primeiro evento é a ativação e formação dos osteoclastos</p><p>(células grandes, multinucleadas e derivadas da fusão de monócitos). Para isso, os</p><p>osteoblastos produzem colagenase, removendo a camada de osteoide, expondo a matriz</p><p>mineralizada aos osteoclastos.</p><p>Uma vez ativadas, essas células liberam uma série de enzimas proteolíticas, que agem</p><p>removendo o cálcio e o fosfato do tecido ósseo, além de colágeno, desmineralização e</p><p>degradação da matriz óssea (reabsorção óssea).</p><p>Em contrapartida, a formação do osso envolve a proliferação e migração das células</p><p>osteoprogenitoras e a diferenciação dos osteoblastos, que darão origem à matriz extracelular,</p><p>com depósito de fosfato e cálcio.</p><p>Além disso, é fundamental para a manutenção dos níveis de cálcio normal no organismo.</p><p>O osso serve como um reservatório de íons cálcio. A manutenção dos níveis de cálcio normais</p><p>no organismo é de suma importância para a manutenção da vida. Quando os níveis de cálcio</p><p>sanguíneo diminuem, o cálcio pode ser mobilizado da matriz óssea, e quando os níveis</p><p>aumentam, ele pode ser removido do sangue e depositado nos ossos.</p><p>Os osteócitos controlam os níveis de cálcio e fosfato no ambiente da matriz e se encontram</p><p>interligados nos canalículos do interior do osso, facilitando a movimentação das moléculas.</p><p>O cálcio circula pelo corpo principalmente na sua forma inativa e sua absorção acontece no</p><p>intestino, mais especificamente no duodeno. Além de fatores hormonais, a deficiência de</p><p>vitamina D interfere na absorção de cálcio.</p><p>A vitamina D, de qualquer fonte (fotossintetizada ou ingerida na alimentação), é encaminhada</p><p>para o fígado, onde é convertida em outra molécula, a 25-hidroxicolecalciferol (25-OH-D). Por</p><p>fim, a 25-OH-D é convertida nos rins na forma mais ativa da vitamina D, a 1,25-di-</p><p>hidroxivitamina D (1,25-OH-2D).</p><p> Etapas do mecanismo de absorção da vitamina D.</p><p>Qual a relação da vitamina D com os ossos?</p><p>A vitamina D ativada regula o metabolismo do cálcio, mantendo a concentração plasmática nos</p><p>níveis desejáveis para o bom funcionamento do organismo. Ela atua estimulando o aumento da</p><p>absorção intestinal e reabsorção desses íons pelo rim, mantendo os níveis de cálcio e fósforo</p><p>no plasma.</p><p>Além disso, a vitamina D estimula os osteoblastos a produzir a proteína osteocalcina ,</p><p>estimulando a síntese de matriz e o depósito no tecido ósseo de cálcio e fosforo.</p><p> SAIBA MAIS</p><p>A vitamina D pode ser absorvida pelos alimentos, como atum e salmão, por via intestinal ou</p><p>sintetizada endogenamente mediante exposição à radiação UV. A síntese endógena de</p><p>vitamina D corresponde à 90% da quantidade necessária para o organismo. Quando há</p><p>exposição aos raios UV, a molécula precursora 7-desidrocolesterol, presente na epiderme, é</p><p>convertida em vitamina D (também chamada de colecalciferol).</p><p>Alguns hormônios também estão diretamente relacionados com a homeostase dos níveis de</p><p>cálcio circulantes. Nos quadros de hipercalcemia, a glândula tireoide é estimulada a produzir</p><p>um hormônio chamado de calcitonina,</p><p>renal.</p><p>Geralmente, as pedras são pequenas e possuem formato pontiagudo e irregular. Existem três</p><p>mecanismos associados à geração dos cálculos renais:</p><p>O primeiro é pela formação e adesão dos cálculos na papila renal;</p><p>O segundo é quando os cálculos são formados aderidos às saídas dos ductos coletores;</p><p>O terceiro se dá quando os cálculos são gerados livres na urina.</p><p>Os principais sintomas dos cálculos renais são dores severas, hematúria e o favorecimento de</p><p>infecções.</p><p> Pedras ou cálculos renais.</p><p>VERIFICANDO O APRENDIZADO</p><p>CONCLUSÃO</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Ao longo deste tema, vimos que os pigmentos presentes no nosso corpo podem ser de origem</p><p>endógena (como a melanina e a hemoglobina) ou de formas exógenas, originários do meio</p><p>ambiente.</p><p>Aprendemos também que a pigmentação pode ocorrer de forma normal ou patológica, sendo</p><p>os pigmentos endógenos, normalmente, indicativos de danos e de patologias, e os exógenos</p><p>as causas das doenças, pois, na sua maioria, destravam um processo inflamatório. Assim,</p><p>vimos os principais pigmentos relacionados a condições patológicas e as características das</p><p>patologias relacionadas.</p><p>Vimos que, além de pigmentos, o organismo é capaz de acumular sais de cálcio nos processos</p><p>de calcificação patológica, e que esse acúmulo pode ocorrer em tecidos que sofreram algum</p><p>dano, como a necrose, independentemente da concentração plasmática de cálcio (calcificação</p><p>distrófica), ou em situações de hipercalcemia, ocorrendo em qualquer tecido normal do</p><p>organismo (calcificação metastática). No entanto, as alterações micro e macroscópica desse</p><p>tipo de calcificação são iguais.</p><p>Por fim, conhecemos os diferentes tipos de cálculos, massas solidificadas formadas em órgãos</p><p>ocos, predominantemente nos rins e na vesícula biliar, e que apresentam diferentes</p><p>composições e têm origem endógena.</p><p>Todos esses conceitos abordados nesta jornada são fundamentais para auxiliar no</p><p>entendimento da fisiopatologia de alguns distúrbios e doenças, suas causas e consequências</p><p>no organismo.</p><p> PODCAST</p><p>Neste podcast, a professora Isabella Tavares faz um breve resumo do tema por meio de</p><p>perguntas que permeiam os principais tópicos abordados.</p><p>AVALIAÇÃO DO TEMA:</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AZULAY, R. D. et al . Dermatologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. INCA. Câncer de pele melanoma. 2021.</p><p>BRASIL, Ministério da Saúde. INCA. Tabagismo. 2021.</p><p>BRASILEIRO FILHO, B. Patologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Gen, Guanabara Koogan, 2016.</p><p>KUMAR, V. et al . Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro:</p><p>Guanabara Koogan. 2016.</p><p>EXPLORE+</p><p>Para saber mais sobre os assuntos tratados nesta aula, assista:</p><p>Ao vídeo “Os melanócitos e as manchas na pele”, no YouTube, indicado para revisar</p><p>como funcionam os melanócitos e as principais manchas na pele.</p><p>Ao vídeo sobre Hemoglobina, no canal Khan Academy Brasil, que revisa a estrutura e</p><p>como a hemoglobina age na oxigenação.</p><p>Veja a cartilha sobre Pneumoconioses, elaborada pelo Ministério da Saúde para obter</p><p>mais detalhes sobre elas.</p><p>Para conhecer melhor os padrões radiográficos das calcificações, o artigo “Calcificação</p><p>de partes moles: ensaio iconográfico”, de FARIA et al ., 2020.</p><p>Para relembrar o tecido ósseo e a ação da vitamina D, o artigo “Tecido ósseo: aspectos</p><p>morfológicos e histofisiológicos”, dos autores ANDIA, CERRI, SPOLIDORIO, 2006, e a</p><p>revisão “O sistema endocrinológico vitamina D”, de CASTRO, 2011.</p><p>No site do Grupo Brasileiro de Melanoma estão destacados aspectos importantes sobre o</p><p>melanoma.</p><p>CONTEUDISTA</p><p>Isabella Forasteiro Tavares</p><p> CURRÍCULO LATTES</p><p>javascript:void(0);</p>renal. Geralmente, as pedras são pequenas e possuem formato pontiagudo e irregular. Existem três mecanismos associados à geração dos cálculos renais: O primeiro é pela formação e adesão dos cálculos na papila renal; O segundo é quando os cálculos são formados aderidos às saídas dos ductos coletores; O terceiro se dá quando os cálculos são gerados livres na urina. Os principais sintomas dos cálculos renais são dores severas, hematúria e o favorecimento de infecções. Pedras ou cálculos renais. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste tema, vimos que os pigmentos presentes no nosso corpo podem ser de origem endógena (como a melanina e a hemoglobina) ou de formas exógenas, originários do meio ambiente. Aprendemos também que a pigmentação pode ocorrer de forma normal ou patológica, sendo os pigmentos endógenos, normalmente, indicativos de danos e de patologias, e os exógenos as causas das doenças, pois, na sua maioria, destravam um processo inflamatório. Assim, vimos os principais pigmentos relacionados a condições patológicas e as características das patologias relacionadas. Vimos que, além de pigmentos, o organismo é capaz de acumular sais de cálcio nos processos de calcificação patológica, e que esse acúmulo pode ocorrer em tecidos que sofreram algum dano, como a necrose, independentemente da concentração plasmática de cálcio (calcificação distrófica), ou em situações de hipercalcemia, ocorrendo em qualquer tecido normal do organismo (calcificação metastática). No entanto, as alterações micro e macroscópica desse tipo de calcificação são iguais. Por fim, conhecemos os diferentes tipos de cálculos, massas solidificadas formadas em órgãos ocos, predominantemente nos rins e na vesícula biliar, e que apresentam diferentes composições e têm origem endógena. Todos esses conceitos abordados nesta jornada são fundamentais para auxiliar no entendimento da fisiopatologia de alguns distúrbios e doenças, suas causas e consequências no organismo. PODCAST Neste podcast, a professora Isabella Tavares faz um breve resumo do tema por meio de perguntas que permeiam os principais tópicos abordados. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AZULAY, R. D. et al . Dermatologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. INCA. Câncer de pele melanoma. 2021. BRASIL, Ministério da Saúde. INCA. Tabagismo. 2021. BRASILEIRO FILHO, B. Patologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Gen, Guanabara Koogan, 2016. KUMAR, V. et al . Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2016. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos tratados nesta aula, assista: Ao vídeo “Os melanócitos e as manchas na pele”, no YouTube, indicado para revisar como funcionam os melanócitos e as principais manchas na pele. Ao vídeo sobre Hemoglobina, no canal Khan Academy Brasil, que revisa a estrutura e como a hemoglobina age na oxigenação. Veja a cartilha sobre Pneumoconioses, elaborada pelo Ministério da Saúde para obter mais detalhes sobre elas. Para conhecer melhor os padrões radiográficos das calcificações, o artigo “Calcificação de partes moles: ensaio iconográfico”, de FARIA et al ., 2020. Para relembrar o tecido ósseo e a ação da vitamina D, o artigo “Tecido ósseo: aspectos morfológicos e histofisiológicos”, dos autores ANDIA, CERRI, SPOLIDORIO, 2006, e a revisão “O sistema endocrinológico vitamina D”, de CASTRO, 2011. No site do Grupo Brasileiro de Melanoma estão destacados aspectos importantes sobre o melanoma. CONTEUDISTA Isabella Forasteiro Tavares CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);