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<p>História Antiga</p><p>Apresentação</p><p>Você já deve ter visto que a História Antiga é o período histórico compreendido entre os anos de 4</p><p>mil a.C. a 476 d.C, marcos que corresponderiam, respectivamente, à invenção da escrita e à queda</p><p>do Império Romano do Ocidente. Mas você sabe quem criou essa cronologia e essa denominação?</p><p>E com base em quais critérios? É possível utilizar esses mesmos critérios para pensar as sociedades</p><p>africanas e americanas?</p><p>Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá o que é a História Antiga, como a expressão</p><p>surge e se consolida dentro da historiografia e ao que faz referência. Estudará, também, algumas</p><p>das fontes e metodologias utilizadas para a escrita da história desse período. E, por fim, conhecerá</p><p>alguns autores brasileiros e estrangeiros pesquisadores do período, bem como alguns temas da</p><p>História Antiga.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Reconhecer as origens e as periodizações da História Antiga.•</p><p>Identificar os diferentes tipos de fontes investigativas em História Antiga.•</p><p>Relacionar os principais temas estudados em História Antiga.•</p><p>Desafio</p><p>Leia o trecho a seguir, escrito pelo historiador José Bonifácio Alves da Silva:</p><p>"A tradicional seleção quadripartite da história, somada a uma temporalidade linear, nos leva a crer</p><p>que a origem de quase todos os processos históricos está no ocidente branco e cristão. É essa</p><p>noção particular de temporalidade pautada na ideia de linearidade com direção preestabelecida que</p><p>ocupa o lugar do universal, permitindo a fixação hegemônica de um sentido de processo histórico</p><p>(GABRIEL, 2015, p. 40), o qual, supostamente, deveria nos guiar no desenvolvimento da sociedade.</p><p>Porém, outras articulações entre passado, presente e futuro são possíveis. Diferentes contatos</p><p>culturais na história provocaram misturas, mas também alterações nas formas de conceber o tempo</p><p>e os processos históricos que nos orientam."</p><p>Você é professor do primeiro ano do Ensino Médio com a temática de História Antiga.</p><p>a) Quais atividades você poderia desenvolver para promover uma história mais diversa e inclusiva?</p><p>b) De que forma você trabalharia, em sala de aula, uma narrativa histórica que não partisse da</p><p>história europeia, mas da África ou da América?</p><p>Infográfico</p><p>A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que orienta a reformulação dos</p><p>currículos da Educação Básica. Objetivando o rompimento com uma concepção quadripartite e</p><p>linear da história, a BNCC propõe algumas formas de pensar a organização dos currículos para o</p><p>trabalho com temáticas da História Antiga no sexto ano do Ensino Fundamental.</p><p>Veja neste Infográfico algumas dessas orientações, as habilidades a serem desenvolvidas e alguns</p><p>comentários sobre a História Antiga.</p><p>Aponte a câmera para o</p><p>código e acesse o link do</p><p>conteúdo ou clique no</p><p>código para acessar.</p><p>https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/ba2a8127-b252-4c32-9168-863d7be4a703/fa1d0965-1160-4bfd-a4e6-d3a4133c87aa.jpg</p><p>Conteúdo do livro</p><p>Referências sobre as sociedades egípcia, grega e romana fazem parte de nosso contexto cultural:</p><p>filmes, jogos eletrônicos e livros são formas que nos colocam em contato com aqueles povos.</p><p>Contudo, a História Antiga é bem mais do que apenas um estudo sobre essas civilizações. Aliás,</p><p>você sabia que o uso dessa expressão tem sido problematizado?</p><p>Na obra História Antiga, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, leia o capítulo História</p><p>Antiga, no qual você irá conhecer um pouco mais sobre os debates teóricos e historiográficos que</p><p>englobam a denominação História Antiga. Aprenderá quais fontes podem ser utilizadas para o</p><p>estudo do período e, também, quais os principais temas pesquisados e alguns historiadores que se</p><p>dedicam à temática.</p><p>HISTÓRIA</p><p>ANTIGA</p><p>Caroline Silveira Bauer</p><p>História Antiga</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Reconhecer as origens e periodizações da História Antiga.</p><p> Identificar os diferentes tipos de fontes investigativas em História Antiga.</p><p> Relacionar os principais temas estudados em História Antiga.</p><p>Introdução</p><p>Muitas produções artísticas e culturais são responsáveis pelas imagens</p><p>que as pessoas costumam ter em mente ao pensar na História Antiga.</p><p>Essas representações estão constantemente interpelando a produção</p><p>historiográfica e, por sua vez, a historiografia problematiza as formas</p><p>de uso desse passado. Mas, para além da interação entre uma história</p><p>acadêmica e uma “história pública”, que outros questionamentos são</p><p>possíveis a respeito da História Antiga? Será que todos os povos, de todo</p><p>o mundo, se encontraram, ao mesmo tempo, em um momento histórico</p><p>chamado “História Antiga”? Quem criou essa nomenclatura e com quais</p><p>interesses? Como enfrentar o debate sobre o ensino da História Antiga</p><p>e do eurocentrismo?</p><p>Neste capítulo, você vai estudar a História Antiga. Você vai ver como</p><p>ela surgiu e se consolidou dentro da historiografia. Você também vai</p><p>conhecer algumas fontes utilizadas para a escrita da história desse pe-</p><p>ríodo. Por fim, vai conhecer alguns autores, brasileiros e estrangeiros,</p><p>pesquisadores do período, bem como alguns temas da História Antiga.</p><p>História Antiga: um campo historiográfico</p><p>Antes de verifi car o que é a História Antiga ou Antiguidade (também chamada</p><p>de Antiguidade Clássica e Oriental — as denominações são muitas), você</p><p>deve refl etir sobre a periodização na história. Os períodos históricos são</p><p>determinadas épocas cujo recorte pode ser estabelecido por fatos culturais, eco-</p><p>nômicos, ideológicos, nacionais, políticos, religiosos e sociais, estabelecendo</p><p>rupturas em relação a uma época anterior. Essas divisões são artifi ciais, e o</p><p>seu emprego pode ocultar a pluralidade de concepções de história e de tempo,</p><p>como ocorre com a divisão quadripartite da história em antiga, medieval,</p><p>moderna e contemporânea. A Revolução Francesa (1789), nessa proposição,</p><p>é considerada o marco para o início da História Contemporânea. Mas será</p><p>que essa periodização serve para compreender o que acontecia na África ou</p><p>no Brasil naquele momento? O ano de 1789 é um marco para esses outros</p><p>dois continentes, faz sentido apenas para a realidade europeia, ou será que é</p><p>somente uma data francesa?</p><p>E como adaptar as formas de contagem do tempo das sociedades antigas às</p><p>formas ocidentais de datação? Os gregos contavam os anos a partir da realização</p><p>da primeira olimpíada; os romanos, a partir da fundação de Roma; os súditos</p><p>dos reinos do Oriente Próximo orientavam-se pelos anos dos reinados de seus</p><p>soberanos; e outras tantas sociedades utilizavam fenômenos naturais como</p><p>formas de medir o tempo. Como conciliar essa multiplicidade de experiências</p><p>com o calendário cristão?</p><p>Os historiadores atribuem o surgimento da ideia de uma história antiga ao</p><p>Renascimento, período em que se recuperam algumas concepções do “mundo</p><p>clássico” greco-romano. A citação a seguir é longa, mas é bastante importante</p><p>para você compreender essa “construção” do mundo antigo:</p><p>O que hoje denominamos de História Antiga foi, no princípio, um movimento</p><p>cultural e literário de produção de memória a partir de textos e objetos. Após</p><p>a dissolução do Império Romano ocidental, a lembrança de um passado pré-</p><p>-cristão foi aos poucos se dissolvendo. [...] A partir do século XII, esses textos</p><p>passaram a ser cada vez mais procurados e difundiu-se, a partir da Itália, a</p><p>ideia de que eles representavam algo diferente da cultura contemporânea: eram</p><p>a herança escrita dos antigos. Muitos pensadores, poetas, artistas e curiosos</p><p>da natureza começaram a debruçar-se sobre esses textos, extraindo os livros</p><p>originais das grandes compilações manuscritas. A ideia de que tinha havido</p><p>um mundo “antigo”, anterior ao cristianismo, com uma cultura rica e singular,</p><p>difundiu-se, aos poucos, pelas cortes europeias e pelos literatos. Essa cultura</p><p>laica, livre do domínio da Igreja, parecia muito adequada aos novos tempos.</p><p>Fornecia novos padrões estéticos, novas formas de pensar as relações entre</p><p>sociedade e Estado, de valorizar a riqueza e o comércio, de projetar novos</p><p>futuros. [...] A queda de Constantinopla para os turcos, no século XV, acentuou</p><p>a redescoberta de textos gregos, ao mesmo tempo em que colocou, de forma</p><p>dramática, a oposição entre a Europa cristã e clássica e o mundo islâmico. As</p><p>antigas ruínas, às quais não se prestava atenção, passaram a ser consideradas</p><p>testemunhos desse mundo “antigo”. Edifícios foram descritos ou desenhados,</p><p>estátuas e pinturas foram resgatadas, inscrições foram copiadas, moedas foram</p><p>História Antiga2</p><p>colecionadas e formaram-se as primeiras coleções de objetos “antigos”. O</p><p>impacto na cultura erudita, dos sábios e das cortes europeias, foi imenso. É</p><p>a esse processo que se dá o nome equivocado de Renascimento. Não foi um</p><p>renascer passivo, mas uma reconstrução profunda da memória, com objetivos</p><p>bem presentes: rejeitar uma parte do passado mais recente, definindo-o como</p><p>“Idade Média” ou “Idade das Trevas”, para construir uma nova identidade,</p><p>voltada para o presente e para o futuro (GUARINELLO, 2014, p. 173–176).</p><p>Posteriormente, a nomenclatura “História Antiga” vai se afirmando como</p><p>um “período histórico”, na medida em que a história adquire contornos de</p><p>cientificidade. Ao longo do século XIX, torna-se hegemônica junto às ideias</p><p>de civilização, nação e progresso para compreender a história universal em</p><p>uma lógica linear, em que cada etapa deve “[...] supostamente desenvolver</p><p>forças que estariam contidas, em gestação, nas etapas anteriores. Assim é</p><p>que o Renascimento sucede à Idade Média e inaugura os Tempos Modernos”</p><p>(GRUZINSKI, 2001, p. 58).</p><p>Você deve notar ainda que: “a ideia de um tempo linear acompanha-se em</p><p>geral da convicção de que existiria uma ordem das coisas. Custamos a nos livrar</p><p>da ideia de que todo sistema possuiria uma espécie de estabilidade original a</p><p>que ele tenderia inexoravelmente” (GRUZINSKI, 2001, p. 58).</p><p>E o que isso significou para a narrativa histórica? “A civilização grega (e a</p><p>tradição cristã) e sua história foram redefinidas para serem menos orientais e</p><p>africanas, mais europeias. Foram, assim, apropriadas como herança exclusiva da</p><p>Europa Ocidental” (SOVIK, 2009, p. 57). Veja o que afirma Silva (2018, p. 76):</p><p>A tradicional seleção quadripartite da história, somada a uma temporalidade</p><p>linear, nos leva a crer que a origem de quase todos os processos históricos está</p><p>no ocidente branco e cristão. [...] Porém, outras articulações entre passado,</p><p>presente e futuro são possíveis. Diferentes contatos culturais na história pro-</p><p>vocaram misturas, mas também alterações nas formas de conceber o tempo</p><p>e os processos históricos que nos orientam. [...] Também é muito destacada</p><p>a cultura greco-romana como matriz da cultura ocidental e de uma cultura</p><p>erudita, embora se possa estudar também a história antiga através dos contatos</p><p>entre diferentes culturas constituintes do oriente e do ocidente.</p><p>A História Antiga foi concebida como o período que vai do surgimento da escrita</p><p>(aproximadamente 4000 a.C.) à queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.).</p><p>3História Antiga</p><p>Como você deve imaginar, há críticas à História Antiga enquanto dis-</p><p>ciplina. Muitas vezes, ela é encarada como uma disciplina imperialista,</p><p>já que disseminou uma narrativa focada em processos europeus como</p><p>influenciadores de fenômenos globais. Porém, grande parte das críticas</p><p>é embasada por um contexto de desconhecimento a respeito da refor-</p><p>mulação da disciplina, que traz propostas cada vez menos imperialistas</p><p>(FRANCISCO, 2017).</p><p>Considere, por exemplo, que a História Antiga tradicional tem se reor-</p><p>ganizado; muitas vezes, é denominada “História do Mediterrâneo Antigo”.</p><p>Assim, ela deixa de ser tanto uma história generalista/universal como uma</p><p>história clássica. Isso faz com que as partes do mundo que não participaram</p><p>efetivamente da História Antiga deixem de ser necessariamente periféricas</p><p>e se tornem espectadoras de uma experiência alheia, o que não deixa de</p><p>ser, como pontua Francisco (2017), um exercício de alteridade. Considere</p><p>ainda que:</p><p>Essa situação parece ter especial importância por dois motivos. O primeiro é</p><p>a base da crítica à História Antiga. Em termos panfletários, pode-se dizer que</p><p>ela não nos serve, que ela é necessariamente imperialista, que ela contribuiu</p><p>para a organização de uma identidade periférica na maior parte do planeta,</p><p>inclusive no Brasil. Muitos desses argumentos são bastante válidos, mas</p><p>sua validade é parcial. A História Antiga vem mudando e essas mudanças</p><p>apresentam um forte componente autocrítico. Por exemplo, a perspectiva</p><p>racista dos Estudos Clássicos ao longo do século XIX e XX, apresentada</p><p>por Martin Bernal (1990), ainda é tema de debate e promoveu uma ampla</p><p>reflexão sobre alguns critérios narrativos da História Antiga. O que quero</p><p>dizer é que a crítica estabelecida à História Antiga (se ela é importante ou</p><p>não para nós) deveria partir de um conhecimento mais profundo do campo.</p><p>Sem isso, restam apenas impressões um tanto desatualizadas sobre ela, o</p><p>que afeta sensivelmente a qualidade do argumento crítico (FRANCISCO,</p><p>2017, p. 55–56).</p><p>Além disso, como afirma Francisco (2017), hoje se desenvolve uma cons-</p><p>ciência crítica em relação à História Antiga. Atualmente, é mais aceita a</p><p>ideia de que não é possível elaborar narrativas em termos exclusivos de uma</p><p>herança cultural. Isto é: sabe-se que não existe uma linha direta entre o mundo</p><p>contemporâneo e o antigo. O fato de existirem elementos “antigos” presentes</p><p>no cotidiano atual não significa que a contemporaneidade seja herdeira dos</p><p>gregos e dos romanos; talvez signifique, contudo, que tenha herdado um</p><p>projeto moderno europeu que estabeleceu uma trajetória civilizatória a partir</p><p>História Antiga4</p><p>da História Antiga. Nesse sentido, você deve considerar que o afastamento</p><p>desse processo funciona como uma nova tomada de posição: a própria noção</p><p>de periferia pode ser reavaliada (FRANCISCO, 2017).</p><p>Assim, um dos desafios para a historiografia do século XXI é romper</p><p>com a concepção de História Antiga como parte de uma história universal</p><p>e como ponto de partida para o estudo da civilização ocidental. Será neces-</p><p>sário refletir de forma mais global os processos de integração realizados no</p><p>Oriente Médio e no Mediterrâneo entre os séculos X a.C. e V d.C, interli-</p><p>gando África, Ásia e Europa. É preciso repensar a perspectiva eurocêntrica</p><p>e linear da História Antiga, bem como a sua leitura a partir de conceitos</p><p>como civilização, nação e progresso.</p><p>Fontes para pesquisa</p><p>Uma fonte histórica é determinado documento (escrito, material, oral, visual)</p><p>que possibilita ao historiador elaborar suas narrativas históricas, fornecendo</p><p>evidências, indícios e rastros sobre determinado passado. Algumas sociedades</p><p>deixaram inúmeros materiais que podem ser convertidos em fontes históricas.</p><p>Em outras, esses registros podem ter sido destruídos com a passagem do</p><p>tempo ou deliberadamente, pela ação do homem. Há ainda aquelas em que,</p><p>culturalmente, as transmissões geracionais são feitas de forma oral, e muitas</p><p>informações acabam se perdendo.</p><p>Enfim, são múltiplas as razões pelas quais atualmente existe mais ou</p><p>menos acesso às culturas escrita, material, oral e visual de uma sociedade.</p><p>Além disso, cada uma dessas fontes pressupõe conceitos, metodologias e</p><p>teorias específicas, como a arqueologia, a etnografia, a paleografia, etc.</p><p>Considerando as sociedades egípcia, grega, mesopotâmica e romana, que</p><p>fontes podem ser utilizadas para a escrita da história? A seguir, você vai</p><p>ver alguns exemplos.</p><p>Arqueologia: trabalhando com a cultura material</p><p>A arqueologia é considerada uma ciência que trata particularmente da</p><p>cultura material das sociedades, de tudo o que se refere à vida humana, no</p><p>passado e no presente. Existem muitas subáreas, resultantes da especiali-</p><p>zação em alguns períodos, em alguns métodos ou até mesmo em locais a</p><p>serem pesquisados.</p><p>5História Antiga</p><p>No link a seguir, assista à websérie Conhecendo a Arqueologia e aprenda mais sobre o</p><p>trabalho de um arqueólogo.</p><p>https://qrgo.page.link/zDRWf</p><p>Você sabe o que é cultura material? Veja o que afirma Meneses (1983, p. 112):</p><p>Por cultura material poderíamos entender aquele segmento do meio físico</p><p>que é socialmente apropriado pelo homem. Por apropriação social convém</p><p>pressupor que o homem intervém, modela, dá forma a elementos do meio</p><p>físico, segundo propósitos e normas culturais. Essa ação, portanto, não é</p><p>aleatória, casual, individual, mas se alinha conforme padrões, entre os quais</p><p>se incluem os objetivos e projetos. Assim, o conceito pode tanto abranger</p><p>artefatos, estruturas, modificações da paisagem, como coisas animadas (uma</p><p>sebe, um animal doméstico), e também o próprio corpo, na medida em que ele é</p><p>passível desse tipo de manipulação (deformações, mutilações, sinalizações), ou</p><p>ainda os seus arranjos espaciais (um desfile militar, uma cerimônia litúrgica).</p><p>Assim, podem ser considerados cultura material: objetos de uso pessoal,</p><p>roupas, artefatos, cerâmicas, ferramentas feitas em madeira, pedra e metal,</p><p>moedas, joias, construções arquitetônicas, monumentos, maquinários, habita-</p><p>ções, etc. Como as fontes escritas não são abundantes para o caso da História</p><p>Antiga, é necessário seguir as recomendações de Febvre (1985, p. 249):</p><p>A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando eles exis-</p><p>tem. Mas ela pode fazer-se, ela deve fazer-se sem documentos escritos, se</p><p>os não houver. [...] Numa palavra, com tudo aquilo que pertence ao homem,</p><p>depende do homem, serve o homem, exprime o homem, significa a presença,</p><p>a atividade, os gostos e as maneiras de ser do homem.</p><p>Ao estudar esses artefatos, o arqueólogo ou o historiador extrapola a questão</p><p>utilitária do objeto e pensa nas relações de sua produção, seu comércio e sua</p><p>circulação, bem como nos significados que as sociedades lhe atribuem. Desse</p><p>modo, é possível estudar formas de convivência, de comércio, de relações</p><p>sociais; tudo isso a partir de um único objeto.</p><p>História Antiga6</p><p>Paleografia: transcrevendo outros mundos</p><p>A paleografi a é uma prática para o estudo da escrita antiga e a transcrição de</p><p>sua caligrafi a ou de seus símbolos. Essa técnica está presente desde os primeiros</p><p>“tradutores” dos hieróglifos e da escrita cuneiforme e foi se especializando</p><p>ao longo do tempo.</p><p>Você já ouviu falar sobre a Pedra de Roseta? Ela é um documento his-</p><p>tórico muito importante para o estudo da sociedade egípcia, pois, além de</p><p>permitir a decifração dos hieróglifos, ofereceu aos historiadores vestígios</p><p>sobre o funcionamento dos sistemas cultural, econômico e político do Egito</p><p>na época ptolomaica (III a II a.C.). Esse bloco de granito (Figura 1) foi</p><p>encontrado em 1799, durante as escavações de uma comitiva francesa na</p><p>cidade de Roseta, e uma primeira tradução foi feita por Champollion, que</p><p>utilizou algumas práticas já empregadas para tentar interpretar os antigos</p><p>hieróglifos (SALES, 2007).</p><p>Figura 1. Pedra de Roseta.</p><p>Fonte: Curiosidades... (2019).</p><p>7História Antiga</p><p>Filosofia, literatura, teatro e religião</p><p>Os escritos fi losófi cos, literários e teatrais, bem como as práticas religiosas,</p><p>são fontes inestimáveis para o estudo das sociedades antigas. Para os gregos,</p><p>por exemplo, o teatro era uma forma muito importante de relação social. São</p><p>diversas as formas de os homens se relacionarem com a natureza e entre si</p><p>mesmos, o que gerou diferentes mitos e cosmogonias. Além disso, o pensamento</p><p>fi losófi co deixou um legado para a humanidade.</p><p>Considere dois exemplos que são obras de referência para o estudo da</p><p>história grega: a Ilíada e a Odisseia. Ambos os textos são poemas épicos</p><p>cuja autoria é atribuída a Homero e que permitem conhecer alguns costumes</p><p>e algumas tradições da Grécia antiga. A Ilíada narra alguns episódios entre</p><p>o 9º e o 10º ano da Guerra de Troia. Já a Odisseia narra o retorno de Ulisses</p><p>após a Guerra de Troia para a sua cidade natal, Ítaca.</p><p>Temáticas de pesquisa</p><p>Desde a constituição da história enquanto disciplina, no século XIX, houve</p><p>interesse na pesquisa e no estudo da Antiguidade. Contudo, o desenvolvimento</p><p>dessas investigações foi distinto de acordo com o período histórico e com o</p><p>local de produção. Naquela conjuntura, por exemplo, a história do mundo antigo</p><p>estava ligada a um pensamento nacional, e houve uma instrumentalização da</p><p>Antiguidade para forjar histórias e identidades nacionais. A ideia era buscar as</p><p>origens em um passado longínquo glorifi cado, procurando legitimar práticas</p><p>do presente.</p><p>Porém, conforme a história da historiografia foi debatendo seus métodos</p><p>e suas teorias, bem como a relação que as sociedades desenvolvem com a</p><p>história, houve mudanças na forma de pesquisar e estudar a Antiguidade.</p><p>Veja o que afirma Silva (2010, p. 99):</p><p>Ainda no domínio dos avanços epistemológicos, a História da Antiguidade</p><p>Clássica, e do mundo antigo de maneira geral, tem sido acompanhada, ao</p><p>longo dos últimos anos, principalmente a partir do início da década de 1990, de</p><p>grandes mudanças ocorridas nos domínios da História. A consciência de que</p><p>o historiador produz, com seu ofício, espaços, tempos, indivíduos e práticas,</p><p>ao passo em que ele próprio se encontra inserido em contextos e conjunturas</p><p>específicas, aportou, desde algumas décadas, significativas mudanças para</p><p>a epistemologia da História Antiga. A convicção por parte de muitos histo-</p><p>riadores da cultura, mas não só, de que os objetos são criados, constituídos</p><p>História Antiga8</p><p>e de que o historiador é também uma espécie de narrador tem conferido um</p><p>deslocamento da acentuação de grandes paradigmas explicativos do mundo</p><p>antigo (que estabeleciam conhecimentos definitivos e sínteses totalizadoras</p><p>a respeito da cidadania, da escravidão, das relações sociais, das instituições)</p><p>para uma História Antiga que se quer mais plural, mais diversa.</p><p>Assim, você pode considerar que a possibilidade de estudos em História Antiga</p><p>é bastante variada, dependendo da disponibilidade de fontes e das problemáticas</p><p>elaboradas pelos pesquisadores. Existem estudos que se dedicam a analisar a</p><p>história de determinadas sociedades (egípcios, sumérios, babilônicos, hebreus,</p><p>gregos, romanos, berberes, dálmatas, trácios, núbios), suas relações sociais, suas</p><p>estruturas políticas e sua cultura. É possível ainda estabelecer recortes mais</p><p>delimitados, trabalhando com os escravizados ou as mulheres, por exemplo.</p><p>Além disso, existem estudos que se dedicam às regiões, chamando a aten-</p><p>ção para a especificidade geográfica e para a relação do homem com o meio.</p><p>Também há pesquisas que problematizam o que é ser ocidental ou oriental.</p><p>Ainda, existem os estudos que se dedicam às produções culturais e também</p><p>à historiografia produzida sobre a História Antiga desde o Renascimento,</p><p>passando pelo século XIX e chegando aos dias de hoje.</p><p>Entre as mais diversas temáticas e entre os incontáveis profissionais que se dedicam</p><p>ao estudo da História Antiga, dois deles seguem como referência para as pesquisas</p><p>na área. O primeiro deles, Moses Finley, historiador inglês, elaborou suas análises</p><p>realizando críticas a uma historiografia da Antiguidade de viés marxista, relatando os</p><p>problemas de utilizar o conceito de classe social na Antiguidade Clássica e sugerindo,</p><p>em seu lugar, as ideias de ordem ou status para se referir a determinados grupos</p><p>sociais. Outro grande pesquisador na área é o francês Jean-Pierre Vernant, que, por</p><p>meio de um trabalho interdisciplinar, congregando a antropologia, a sociologia, a</p><p>psicologia e a história, estudou os símbolos e a dimensão do simbólico, bem como a</p><p>sua importância para o homem grego.</p><p>Embora os temas de pesquisa em História Antiga tenham sido muito am-</p><p>pliados desde os anos 1990, a dificuldade de construir uma visão plausível de</p><p>qualquer aspecto da sociedade para além dos mais altos estratos de riqueza,</p><p>poder ou status social continuou sendo uma característica marcante da disci-</p><p>plina, em contraste com os desenvolvimentos</p><p>ocorridos nas ciências sociais</p><p>9História Antiga</p><p>e em outros campos da história. Nos últimos anos, porém, a reflexão mais</p><p>aprofundada sobre o lugar da História Antiga no mundo atual têm levado os</p><p>classicistas e historiadores da Antiguidade a colocar questões de um modo</p><p>diverso e mais dinâmico. Afinal, hoje a tradição clássica deixou de ser domi-</p><p>nante e há a emergência de centros periféricos de pesquisa em países como</p><p>o Brasil, com suas experiências de exclusão, violência e desigualdade social.</p><p>Assim, temáticas como gênero, sexualidade, relações escravistas e ainda o</p><p>cotidiano passaram a ser exploradas pelos historiadores.</p><p>A pesquisa sobre História Antiga no Brasil</p><p>Nos últimos anos, houve uma expansão do campo de pesquisas sobre a História</p><p>Antiga no Brasil. Isso ocorreu devido a novas problemáticas advindas de</p><p>refl exões conceituais, teóricas e metodológicas, bem como por um acesso mais</p><p>facilitado às fontes primárias, por meio de recursos digitais (BELLEBONI-</p><p>-RODRIGUES; SILVA, 2012). Essas alterações foram fundamentais para que</p><p>se repensasse o que era compreendido como Antiguidade e para que houvesse</p><p>mudanças nos métodos, nos objetos e na abordagem das pesquisas.</p><p>O impacto dessas transformações na produção brasileira pode ser atestado</p><p>qualitativa e quantitativamente pelo número de trabalhos inscritos nos sim-</p><p>pósios temáticos dos encontros regionais e nacional da Associação Nacional</p><p>de História (ANPUH), pelo aumento do número de eventos específicos e pelo</p><p>surgimento de grupos e laboratórios de pesquisas. De acordo com Funari,</p><p>Silva e Martins (2009 apud SILVA, 2010, p. 103):</p><p>Houve uma ampliação de objetos de pesquisa, de paradigmas interpretativos,</p><p>mas, o que não é menos importante, houve uma significativa ampliação do</p><p>universo social dos historiadores do mundo antigo. O caráter aristocrático</p><p>da História, e da História Antiga, em particular, foi superado pela inclusão</p><p>de estudiosos não oriundos das elites, cuja formação intelectual e acadêmica</p><p>não era de berço, mas aprendida, tanto no Brasil como, de maneira crescen-</p><p>te, também no estrangeiro. Os paradigmas interpretativos tradicionais, que</p><p>enfatizam a homogeneidade social e o respeito às normas foram, de forma</p><p>crescente, contrapostos às visões multifacetadas e atentas ao conflito.</p><p>Silva (2010) afirma que houve, no Brasil, um progressivo abandono de</p><p>abordagens aristocráticas e elitistas da história, baseadas em histórias nacionais.</p><p>Além disso, passou-se a desenvolver uma História Antiga mais problematizada,</p><p>com reflexões sobre os discursos, menos linear e menos presentista:</p><p>História Antiga10</p><p>Desprovida de vínculos com uma tradição de estudos clássicos estabelecida</p><p>e com vínculos que a ligam a uma fictícia história nacional (Roma antiga/</p><p>Roma moderna, Gália/França, Germânia/Alemanha, Bretanha/Inglaterra,</p><p>e.g.), a História Antiga desenvolvida no Brasil, e em outros países vistos</p><p>como periféricos no cenário historiográfico mundial da disciplina, beneficia-</p><p>-se de um não comprometimento ou de um comprometimento menor com</p><p>questões identitárias nacionais, que comumente afetaram a produção de</p><p>conhecimento nesse campo. [...] O grande número de temas e subtemas de</p><p>livros, de autoria individual ou coletiva, de colóquios entre especialistas e</p><p>de atas publicadas desses mesmos colóquios apontam para um novo rumo</p><p>nas pesquisas sobre a Antiguidade no Brasil. Nesses, palavras como identi-</p><p>dades, diversidade, fronteiras, margens, imagens, símbolos, representações,</p><p>percepções, encontros, conflitos, presença, usos do passado etc., indicativas</p><p>de inovadoras preocupações epistemológicas, apontam para uma Antiguidade</p><p>cujas leituras têm sido menos normativas e mais problematizadas (SILVA,</p><p>2010, p. 104–105).</p><p>No Brasil, um marco significativo no desenvolvimento de pesquisas sobre</p><p>a História Antiga foi a organização em torno de sociedades e grupos de</p><p>trabalho e pesquisa, que, além dos historiadores, congregaram pesquisadores</p><p>de outras áreas, como a arqueologia, a filosofia e as letras. A organização</p><p>da pesquisa nesses grupos deu origem à Sociedade Brasileira de Estudos</p><p>Clássicos, fundada em 1985 (SILVA, 2010). Como exemplos de grupos</p><p>de trabalho e pesquisa que, além de congregar pesquisadores, organizam</p><p>eventos nacionais e internacionais e publicam revistas, você pode conside-</p><p>rar: Laboratório de Estudos do Império Romano (LEIR–USP), Laboratório</p><p>de História Antiga (LHIA–UFRJ) e Núcleo de Estudos da Antiguidade</p><p>(NEA–UERJ), entre muitos outros.</p><p>Destacam-se pelo pioneirismo os trabalhos de Pedro Paulo Funari, de Ciro Flamarion</p><p>Cardoso, bem como de uma geração de pesquisadores que defenderam suas teses de</p><p>doutorado relacionadas à temática da História Antiga nos anos 2000. Entre eles: Nathália</p><p>Monseff Junqueira, que analisa os usos do passado egípcio na França oitocentista e</p><p>a questão da identidade; Glaydson José da Silva, que trata das questões de gênero</p><p>em documentação literária; e Luciane de Munhoz Omena, que aborda os setores</p><p>subalternos romanos como atores políticos à luz da obra de Sêneca (BELLEBONI-</p><p>-RODRIGUES; SILVA, 2012).</p><p>11História Antiga</p><p>BELLEBONI-RODRIGUES, R. C.; SILVA, S. C. Os desafios e a importância da história antiga</p><p>na formação do professor de história. In: BATISTA, E. L.; SILVA, S. C.; SOUZA, T. N. (org.).</p><p>Desafios e perspectivas das ciências humanas na atuação e na formação docente. Jundiaí:</p><p>Paco Editorial, 2012, v. 5.</p><p>CURIOSIDADES sobre a Pedra de Roseta. In: SEBO Itinerante. [S. l.: s. n.], 2016. Disponível</p><p>em: https://seboitineranteblog.wordpress.com/2016/05/29/curiosidades-sobre-a-</p><p>-pedra-de-roseta/. Acesso em: 23 jun. 2019.</p><p>FEBVRE, L. Combates pela história. Lisboa: Presença, 1985.</p><p>FRANCISCO, G. da S. O lugar da história antiga no Brasil. Mare Nostrum, v. 8, n. 8, 2017.</p><p>Disponível em: http://www.revistas.usp.br/marenostrum/article/view/138860. Acesso</p><p>em: 20 jun. 2019.</p><p>GRUZINSKI, S. O pensamento mestiço. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.</p><p>GUARINELLO, N. L. Ensaios sobre história antiga. Tese (Doutorado) - Universidade de</p><p>São Paulo, São Paulo, 2014.</p><p>MENESES, U. T. B. A cultura material no estudo das sociedades antigas. Revista de</p><p>História, n. 115, 1983. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/</p><p>view/61796/0. Acesso em: 20 jun. 2019.</p><p>SALES, J. das C. Estudos de egiptologia: temáticas e problemáticas. Lisboa: Livros Ho-</p><p>rizonte, 2007.</p><p>SILVA, G. J. da. Os avanços da História Antiga no Brasil. In: VENTURINI, R. L. B. (org.).</p><p>História antiga 1: fontes e métodos. Maringá: Eduem, 2010.</p><p>SILVA, J. B. A. Implicação da força do eurocentrismo no currículo de um curso de</p><p>licenciatura em história: que espaço é reservado à história negra e indígena? Revista</p><p>Pedagógica, v. 20, n. 45, p. 73 –89, set./dez. 2018. Disponível em: https://bell.unochapeco.</p><p>edu.br/revistas/index.php/pedagogica/article/view/4504. Acesso em: 20 jun. 2019.</p><p>SOVIK, L. Aqui ninguém é branco. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2009.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>CONHECENDO a arqueologia: escavação. [S. l.: s. n.], 2018. 1 vídeo (3 min). Publi-</p><p>cado pelo canal Espaço Arqueologia. Disponível em: https://www.youtube.com/</p><p>watch?v=Kr9sgFn4VXw&t=3s. Acesso em: 20 jun. 2019.</p><p>FAVERSANI, F. A história antiga nos cursos de graduação em história no Brasil. Hélade, v.</p><p>2, p. 44 –50, 2001. Disponível em: http://www.helade.uff.br/Helade_2001_volume2_nu-</p><p>mero2_NE.pdf. Acesso em: 20 jun. 2019.</p><p>FINLEY, M. O mundo de Ulisses. Lisboa: Presença, 1988.</p><p>História Antiga12</p><p>GUARINELLO, N. L. História antiga. São Paulo: Contexto, 2013.</p><p>HARTOG, F. Memória de Ulisses: narrativas sobre a fronteira na Grécia antiga. Belo Ho-</p><p>rizonte: UFMG, 2004.</p><p>HARTOG, F. Os antigos, o passado e o presente. Brasília: UnB, 2003.</p><p>POZZER, K. M. P. Escritas e escribas: o cuneiforme no Antigo Oriente Próximo. Classica</p><p>Revista Brasileira de Estudos Clássicos, v. 11, n. 11/12, 1999. Disponível em: https://revista.</p><p>classica.org.br/classica/article/view/449. Acesso em: 20 jun. 2019.</p><p>SAID, E. W. Orientalismo: o oriente como invenção do Ocidente.</p><p>São Paulo: Companhia</p><p>das Letras, 2001.</p><p>VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Difel, 2003.</p><p>VIDAL-NAQUET, P. O mundo de Homero. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.</p><p>13História Antiga</p><p>Dica do professor</p><p>As sociedades estabelecem relações com seus passados de formas muito diferentes, algumas,</p><p>inclusive, utilizando-os para justificar ou legitimar certas ações políticas no presente. Existe um</p><p>campo dentro da historiografia chamado usos do passado, que estuda essas apropriações do</p><p>passado, as formas como são realizadas e suas consequências.</p><p>Na Dica do Professor, você conhecerá um exemplo de uso do passado da história antiga para</p><p>justificar uma ação política no presente. Trata-se da forma como o governo de Vichy, na França</p><p>ocupada durante a Segunda Guerra Mundial, justificou a dominação alemã naquele país, elaborando</p><p>uma versão negacionista da ocupação romana.</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/f1c1b32ba1c8cde604cfd504135ee013</p><p>Exercícios</p><p>1) A periodização na História é estabelecida a partir de recortes temporais ou temáticos, que</p><p>levam em consideração fatores culturais, econômicos e políticos. Em relação à divisão</p><p>quadripartite da História, estabelecida na Europa no século XIX, a partir de versões prévias</p><p>existentes desde o Renascimento, são feitas as seguintes afirmações:</p><p>I) A periodização quadripartite da História é uma divisão universal, que pode ser utilizada</p><p>para qualquer sociedade no planeta.</p><p>II) A periodização quadripartite da História foi desenvolvida em um contexto europeu, e os</p><p>marcos que dividem os períodos históricos são eventos ocorridos naquele continente.</p><p>III) A periodização quadripartite da História já era utilizada pelos povos grego, romano e</p><p>egípcio, o que facilitava as trocas culturais e comerciais entre essas sociedades.</p><p>Qual(is) está(ão) correta(s)?</p><p>A) Apenas I.</p><p>B) Apenas II.</p><p>C) Apenas III.</p><p>D) Apenas I e II.</p><p>E) Apenas I e III.</p><p>2) A ideia de História Antiga surge em um contexto cultural específico, de recuperação da</p><p>cultura greco-romana e de contraposição à hegemonia cultural cristã. Esse período da</p><p>história europeia, em que se forjou a ideia de antigo ficou conhecido como:</p><p>A) História Antiga, na qual surgiu a primeira ideia de História e da prática historiográfica.</p><p>B) Calvinismo, com a separação do Estado da religião, permitindo um relato histórico mais</p><p>secular.</p><p>C) Iluminismo, em que as reflexões sobre a história nacional adquiriam importância no contexto</p><p>europeu.</p><p>D) História Contemporânea, quando a eclosão da Revolução Francesa obrigou uma redefinição</p><p>dos períodos da História universal.</p><p>E) Renascimento, em contraposição às práticas culturais da chamada Idade Média.</p><p>3) A periodização quadripartite da História tem recebido muitas críticas nas últimas décadas, a</p><p>partir do questionamento de sua matriz europeia e universalizante que ignoraria as</p><p>especificidades de outras regiões do planeta que fosse não a Europa. Sobre essas críticas e a</p><p>História Antiga são feitas as seguintes afirmações:</p><p>I) A História Antiga era vista como uma disciplina eurocêntrica e imperialista, mas</p><p>transformações no campo tem permitido o abandono de concepções generalistas e</p><p>universalistas, bem como as noções de clássico e de civilização.</p><p>II) Não existem motivos para o ensino da História Antiga europeia no Brasil, já que sua</p><p>realidade é muito distante da realidade brasileira.</p><p>III) A sociedade ocidental é herdeira direta do legado das sociedades greco-romanas, o que</p><p>torna seu estudo obrigatório para compreendermos nossas origens.</p><p>Qual(is) está(ão) correta(s)?</p><p>A) Apenas I.</p><p>B) Apenas II.</p><p>C) Apenas I e II.</p><p>D) Apenas II e III.</p><p>E) Apenas I e III.</p><p>4) Uma fonte histórica é um documento (escrito, material, oral ou visual) que possibilita ao</p><p>historiador elaborar suas narrativas históricas, fornecendo evidências, indícios, rastros sobre</p><p>um determinado passado. Por meio dela, temos evidências, indícios e rastros de sociedades</p><p>distantes cronológica e culturalmente. Assinale a alternativa correta sobre as fontes e a</p><p>História Antiga.</p><p>A) A História Antiga somente pode ser pesquisada a partir da Arqueologia, já que estamos</p><p>separados por séculos daquelas sociedades e não podemos utilizar a história oral.</p><p>B) As fontes filosóficas e literárias nos fornecem indícios da cultura, da religiosidade e das</p><p>relações sociais das sociedades antigas.</p><p>C) Ao escrever a história das sociedades antigas, se a principal fonte do historiador for a cultura</p><p>material, ele não poderá utilizar qualquer outro material ou evidência histórica.</p><p>D) As fontes escritas daquele período não puderam ser transcritas para o latim ou para o grego</p><p>moderno, porque nenhuma pessoa tinha conhecimento do latim ou do grego antigo,</p><p>permanecendo um mistério.</p><p>E) As fontes que temos disponíveis para o estudo da História Antiga não permitem que</p><p>possamos pesquisar as relações de gênero nas sociedades antigas.</p><p>5) Existem muitas possibilidades de pesquisa em História Antiga, e certas mudanças culturais e</p><p>no campo da historiografia têm possibilitado aos historiadores repensarem antigos temas e</p><p>proporem novas abordagens. Assim, é possível incorporar àquele período recortes de</p><p>gênero, história de sensibilidades, etc. Assinale a alternativa que apresenta corretamente</p><p>algumas dessas mudanças.</p><p>A) Extinção de antigas associações que limitavam o período de estudos da História Antiga.</p><p>B) Diminuição do número de historiadores e maior concentração de recursos.</p><p>C) Mudança de nome de História Antiga para História da Europa.</p><p>D) Avanços tecnológicos e mudanças conceituais, teórico e metodológicas.</p><p>E) Proibição de estudos arqueológicos em grandes centros urbanos.</p><p>Na prática</p><p>Existem muitas influências culturais da antiguidade em nosso cotidiano. Talvez sejam mais</p><p>facilmente reconhecíveis essas heranças materiais e imateriais da história antiga clássica (Grécia e</p><p>Roma), mas temos muitos hábitos e muitas práticas oriundas de outras sociedades, localizadas em</p><p>outros espaços geográficos. Que tal explorar esses legados culturais junto aos alunos?</p><p>Você verá, Na Prática, como Gabriela organizou uma atividade para realizar um levantamento das</p><p>heranças materiais e imateriais provenientes da antiguidade europeia e não europeia e</p><p>problematizou com os alunos os resultados encontrados.</p><p>Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!</p><p>Saiba +</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:</p><p>História Antiga do Brasil</p><p>Assista à entrevista com Eduardo Goés Neves, coordenador do Laboratório de Arqueologia dos</p><p>Trópicos do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, sobre a ocupação</p><p>humana do que é hoje o território brasileiro.</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>Ensaios sobre História Antiga</p><p>Leia a tese de livre docência de Norberto Luiz Guarinello, professor da Universidade de São Paulo,</p><p>que reúne uma série de ensaios sobre sua produção na área da Antiguidade Clássica.</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>O ensino de história antiga no brasil e o debate da BNCC</p><p>“A primeira versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), anunciada em setembro de 2015 e</p><p>publicada em 2016, objetivava padronizar o ensino no Brasil, apontando temas que deveriam</p><p>corresponder a 60% da carga horária do Ensino Fundamental e Médio. Na área de História, as</p><p>intepretações apresentadas geraram grande polêmica, uma vez que duas categorias importantes</p><p>para o trabalho do historiador, tempo e espaço, foram insuficientemente abordadas. O texto inicial</p><p>da BNCC praticamente excluiu, dentre outras áreas, a História Antiga do currículo sugerido,</p><p>provocando respostas imediatas. No âmbito de tal debate, professores (as) de História Antiga</p><p>manifestaram-se, sobretudo a partir de artigos</p><p>científicos, redes sociais e mídia, respondendo, de</p><p>certa maneira, a pergunta: História Antiga para quê? Este artigo analisa tais intervenções de modo a</p><p>https://www.youtube.com/embed/v3Tg-z6q97Q</p><p>http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/221759495/12b-GUARINELLO-HegemoniasEnsaiossobreHistriaAntiga.pdf?v=38561232</p><p>tentar compreender quais justificativas foram apresentadas naquela ocasião para a permanência de</p><p>História Antiga em um currículo nacional.”</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>https://outrostempos.uema.br/index.php/outros_tempos_uema/article/view/703</p>