Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 1/54
Pré-modernismo na literatura brasileira
Prof. Rodrigo Jorge Ribeiro Neves
Descrição
Você vai aprender sobre o pré-modernismo na literatura brasileira a
partir de autores representativos, como Júlia Lopes de Almeida, Euclides
da Cunha, João do Rio e Lima Barreto.
Propósito
Analisar obras de autores de diversos estilos e tendências que
anteciparam aspectos do modernismo e a atuação como profissional de
literatura brasileira.
Preparação
Tenha em mãos um dicionário de literatura para compreender o
vocabulário específico da área. Na internet, você acessa gratuitamente o
E-Dicionário de Termos Literários, de Carlos Ceia, e o Dicionário de
Cultura Básica, de Salvatore D’Onofrio.
Objetivos
Módulo 1
Júlia Lopes de Almeida
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 2/54
Reconhecer a literatura de Júlia Lopes de Almeida no contexto do pré-
modernismo.
Módulo 2
Euclides da Cunha
Reconhecer a literatura de Euclides da Cunha no contexto do pré-
modernismo.
Módulo 3
João do Rio
Reconhecer a literatura de João do Rio no contexto do pré-
modernismo.
Módulo 4
Lima Barreto
Reconhecer a literatura de Lima Barreto no contexto do pré-
modernismo.
Introdução
O pré-modernismo é um conceito cunhado pelo crítico literário
Tristão de Ataíde, o Alceu Amoroso Lima, com o propósito de
identificar e analisar as características dessa fase da literatura
que antecedeu os modernistas.
Alguns críticos enxergam nessa categoria uma busca por
centralização do movimento modernista na história literária e

17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 3/54
cultural brasileira. No entanto, também podemos pensar no
conceito de pré-modernismo como maneira de dar conta de
aspectos gerais de um dos períodos mais complexos em termos
estéticos, percebendo de que modo eles se vinculam à série de
mudanças e impasses pelos quais o país passava. Afinal,
nenhum escritor é indiferente ao seu tempo.
Neste conteúdo, você vai conhecer alguns dos principais nomes
do pré-modernismo na literatura brasileira, na virada do século
XIX para o XX, fase conhecida como Belle Époque. Como o Rio de
Janeiro era a capital do Brasil na época, os quatro nasceram na
cidade ou no Estado e têm, nela, seu principal cenário.
Primeiro iremos estudar Júlia Lopes de Almeida, uma das
escritoras mais lidas em seu tempo e autora do romance A
falência. Depois, acompanharemos Euclides da Cunha em Os
sertões, um marco da literatura regionalista e das relações entre
ciência e arte. Em seguida, passearemos com João do Rio em
suas crônicas-retratos, desaguando em A alma encantadora das
ruas. Por fim, escutaremos a voz de Lima Barreto contra o
racismo, a marginalização e os nacionalismos exacerbados, de
Recordações do escrivão Isaías Caminha até o Triste fim de
Policarpo Quaresma.
Material para download
Clique no botão abaixo para fazer o download do
conteúdo completo em formato PDF.
Download material
javascript:CriaPDF()
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 4/54
1 - Júlia Lopes de Almeida
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a literatura de Júlia
Lopes de Almeida no contexto do pré-modernismo.
Uma mulher de letras
Já imaginou alguém chamar Machado de Assis de “salafrário”?
Simplesmente Machado de Assis, nosso maior escritor! O autor de tal
impropério é ninguém menos do que Jorge Amado, um dos nossos
grandes romancistas. Mas qual a razão dessa ofensa e que relação ela
tem com nosso conteúdo?
Jorge Amado.
Em seu livro de memórias Navegação de cabotagem (1977), o escritor
baiano comenta sobre uma sessão na Academia Brasileira de Letras em
que foi votada a permissão para que mulheres se candidatassem a uma
de suas cadeiras. Um feito histórico, pois, desde a sua fundação, a ABL
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 5/54
não aceitava mulheres em seu quadro. Sim, você leu certo. Como seguia
o modelo da Academia Francesa, só homens eram permitidos entre os
ocupantes das 40 cadeiras, tornando-se “imortais”.
Ora, mas e Machado de Assis, Jorge Amado e Júlia Lopes de Almeida
nessa história?
Segundo o autor de Capitães da areia, Machado foi um dos que apoiou o
veto à entrada de mulheres como integrantes da Academia, sendo que,
entre as pessoas que a fundaram, estava... Júlia Lopes de Almeida. Veja
só! Uma das idealizadoras da entidade não poderia fazer parte dela por
ser mulher. No lugar de Júlia, Machado propôs que entrasse o marido
dela, o jornalista e escritor Filinto de Almeida.
A primeira mulher a entrar na ABL foi Rachel de Queiroz, na década de
1970. Amado, ao celebrar a conquista, não deixa de jogar luz sobre o
passado para trazer à tona esse intervalo tão longo de tempo, revelador
de uma sociedade ainda profundamente marcada pelo domínio
masculino. Júlia Lopes de Almeida entendia bem a questão do
machismo e soube, como poucas, expressá-lo por meio de sua
literatura.
Rachel de Queiroz.
Filha de um casal de portugueses, Valentim José da Silveira Lopes e
Adelina Pereira Lopes, Júlia nasceu em 24 de setembro de 1862 em um
casarão na rua do Lavradio, Centro do Rio de Janeiro. Estreou cedo nas
letras. Aos 19 anos, já era colaboradora de um importante jornal de
Campinas, para onde se mudara com a família na infância.
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 6/54
Júlia Lopes de Almeida.
Poucos anos depois, com cerca de 21 anos, começou a publicar em um
dos mais importantes periódicos da época, O País, atuando nesse jornal
por mais de 30 anos. Estamos falando de uma época em que as
diferenças de oportunidade entre homens e mulheres eram imensas.
Para uma menina tão jovem se destacar assim em um veículo de grande
prestígio nacional, e dominado por homens, ela realmente tinha que ser
o máximo. E era.
Comentário
Você pode imaginar o quanto a experiência como jornalista exerceu
influência na forma de escrever e pensar de Júlia Lopes por meio da
literatura. Dizemos “pensar” por que, como toda grande escritora, Júlia
Lopes fez da ficção uma maneira de refletir também sobre a realidade
social. Afinal de contas, a literatura é uma forma de interpretação da
sociedade e de seus principais aspectos, como nos ensina Antonio
Candido (2006), um dos nossos maiores críticos literários.
Atenta às transformações pelas quais o país atravessava na virada do
século XIX para o XX, período também conhecido como Belle Époque
carioca, Júlia buscou entender os mecanismos que mantinham (e ainda
mantêm) o nosso atraso, que exclui as mulheres, a população negra e
os menos favorecidos. Tudo isso acontecendo em um período de
grande turbulência política, com o país mudando de regime, da
Monarquia para a República.
Entre 1888 e 1889, publicou seu primeiro romance, Memórias de Marta,
por meio de folhetins em O País, logo após uma temporada como
residente em Portugal, para onde voltaria anos mais tarde. Sua primeira
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 7/54
experiência como autora de livros foi em 1886, quando saiu Contos
infantis, escrito com a irmã Adelia Lopes Vieira.
Júlia Lopes em seu escritório.
No ano seguinte, conheceu Filinto de Almeida, que se tornou seu
companheiro de vida, além de grande colaborador literário. Filinto era
diretor de uma importante revista chamada A Semana Ilustrada, que
contou com intensa colaboraçãode Júlia.
Júlia Lopes e Filinto de Almeida, em Paris.
Ela era incansável! Publicou de tudo: romances, contos, peças de teatro,
ensaios, além de ter participado ativamente de diversas associações
femininas e ter dado conferências, no Brasil e no exterior, sobre a
condição da mulher na sociedade. Júlia era sucesso de crítica e de
público. Foi uma das nossas primeiras best-sellers! Perdeu a ABL? Sim,
perdeu. Por outro lado, ganhamos todos nós por termos Júlia Lopes de
Almeida como uma das mais importantes escritoras da nossa literatura.
O papel de Júlia Lopes na
literatura brasileira

17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 8/54
Neste vídeo, apresentamos a biografia de Júlia Lopes, destacando sua
importância na sociedade e na produção literária brasileiras.
Cânone e (in)visibilidade
Você deve ter se perguntado: “Afinal, o que escreveu essa autora? Como
pode ter ficado tanto tempo no esquecimento?”
São questões pertinentes, sem dúvida, pois uma escritora tão
extraordinária assim, e que tratou de temas tão importantes, não pode
ficar de fora de nossa lista de leituras, certo? Mas antes de
comentarmos um pouco mais sobre a obra de Júlia Lopes de Almeida e
o contexto de sua recepção, vamos discutir alguns aspectos que a
mantiveram invisibilizada na historiografia literária, ou seja, na
concepção da história da literatura brasileira.
Por que uma escritora do nível de Júlia Lopes de
Almeida, lida por tanta gente em seu tempo, pode ter
ficado de fora do que chamamos de “cânone literário”?
E de que modo autoras como Júlia Lopes são
resgatadas desse esquecimento?
Eurídice Figueiredo, professora e pesquisadora das literaturas de autoria
feminina, aponta para alguns elementos estruturais que influenciam
essa invisibilidade, ou seja, que estão presentes na engrenagem que
forma e movimenta as relações sociais. Veja!
O cânone ocidental se constitui,
fundamentalmente, de obras de
homens brancos, europeus e norte-
americanos. São os monumentos
da cultura que foram fixados e
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 9/54
consagrados por uma comissão
divina e a-histórica.
(FIGUEIREDO, 2020, p. 85)
A estudiosa ressalta ainda alguns argumentos em torno do
nacionalismo como um dos fatores de exclusão das mulheres no
cânone; no entanto, ela defende que a situação socioeconômica foi
mais preponderante para que algumas mulheres se destacassem.
O caso de Júlia Lopes de Almeida é realmente espantoso, se
considerarmos tudo o que vimos sobre ela. Colaboradora assídua em
diversos periódicos importantes, escritora dedicada a diversos gêneros
literários, lida por bastante gente, reconhecida pelos seus pares e uma
das participantes da criação da principal entidade dedicada às letras no
Brasil. Como é possível que uma autora assim tenha sido esquecida? O
fato de ser mulher, sem dúvida, é fator decisivo para isso.
Se pararmos para pensar, são poucas as escritoras que
costumamos citar em relação às obras clássicas da
literatura. Júlia Lopes não perdia em nada para os
grandes de seu tempo, como José de Alencar, Aluísio
Azevedo e até mesmo Machado de Assis.
Veja que não estamos tratando aqui de competição. De forma nenhuma!
Estamos falando do lugar que Júlia Lopes de Almeida merece ocupar
tanto quanto qualquer um desses autores. Não se trata de substituir,
ampliar ou excluir ninguém, mas de compreender o contexto histórico
dessas produções e porque a existência de um cânone precisa ser
revista (FIGUEIREDO, 2020).
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 10/54
Júlia Lopes.
Júlia Lopes surge em um momento da história do país de intensas
transformações sociais, econômicas e políticas. A virada do século XIX
para o XX não representou apenas uma mudança de regimes políticos,
mas de formas de visão sobre a sociedade brasileira.
Em todo movimento como esse é natural que ocorram reações, ou seja,
apareçam grupos que resistam a essas transformações. É como a
famosa terceira Lei de Newton: para toda força de ação que atua sobre
um corpo, há uma de reação em um corpo diferente. Mas, no caso das
mudanças sociais e políticas, nem sempre a intensidade e a direção da
reação são as mesmas. Depende de quem detém o poder, seja político
ou econômico. Ou os dois.
Por isso, apenas recentemente, essa invisibilidade vem sendo
combatida. Além das pesquisas nas universidades, o trabalho em
arquivos vem sendo fundamental nesse sentido.
Dica
O trabalho da professora e pesquisadora Anna Faedrich é notável, em
especial seu livro Escritoras silenciadas: Narcisa Amália, Júlia Lopes de
Almeida e Albertina Bertha e as adversidades da escrita literária de
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 11/54
mulheres, resultante de pesquisa realizada no acervo da Biblioteca
Nacional.
A disponibilização na internet, por meio de plataformas digitais, de
manuscritos, edições de jornais antigos e primeiras edições de livros
raros vem sendo um instrumento de grande importância no resgate
dessas autoras e na democratização do acesso à literatura, um direito
humano fundamental, como defendia Antonio Candido (2006).
Também vale a pena citar o surgimento de editoras e selos editoriais
especializados em literatura de autoria feminina, como a precursora
editora Mulheres, que, apesar de extinta, deixou seus frutos, cujas
sementes não param de brotar!
Mulher e escritora
Neste vídeo, abordamos a condição feminina de uma escritora no Brasil
da virada do século XIX para o XX, destacando sua posição na literatura
canônica e sua (in)visibilidade.
A falência de uma
modernidade
Agora, mãos à obra! Sim, a de Júlia Lopes de Almeida, claro.
Imaginamos a sua curiosidade para saber mais sobre a literatura dessa
grande escritora e a razão de a inserirmos dentro do que chamamos de
“pré-modernismo”.
Júlia não foi apenas uma autora de livros e artigos de jornal, mas uma
intelectual que pensou a realidade social do Brasil por meio de seus
escritos. Ao mesmo tempo em que estava atenta às mudanças no país,
como exímia cronista que era, ela não deixava de fazer suas críticas.
Não que ela fosse contrária ao novo. Não! Mas ela defendia um modelo
de sociedade que integrasse todas e todos, não apenas uma pequena
camada de privilegiados. Atual? Você achou? E é mesmo!

17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 12/54
Júlia Lopes.
O romance que mencionamos, Memórias de Marta, é pioneiro ao tratar
da precarização das moradias dos menos favorecidos na então capital
federal, os cortiços. Lembrou de alguém? Isso mesmo! Aluísio Azevedo,
em O cortiço, se consagrou ao desenvolver a temática em seu clássico
romance de 1890, sendo que a narrativa de Júlia Lopes saiu um
pouquinho antes, entre 1888 e 1889. Em livro, somente em 1899.
Além desse romance, ela também publicou A família Medeiros
(romance, 1892); O livro das noivas (ensaio, 1896); Ânsia eterna (conto,
1903); Correio da roça (romance epistolar, 1913); e A isca (novela, 1922).
E isso porque não citamos suas peças de teatro e outras obras que vêm
sendo resgatadas.
Mas vamos falar aqui sobre um de seus principais livros: o romance A
falência, publicado em 1901, e considerado uma obra-prima da literatura
da Belle Époque brasileira. Quais são as características desse livro? Por
que ele é tão importante? Do que ele trata?
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 13/54
A falência, de Júlia Lopes de Almeida.
É um romance composto por 25 capítulos e narradoem terceira pessoa
por um narrador onisciente. Ele conta a história de Camila e as
consequências a serem enfrentadas após o suicídio do marido, o
português e comerciante de café Francisco Teodoro, conservador e
contrário à instauração da República.
Ambientado, principalmente, no Rio de Janeiro, no final do século XIX, o
romance de Júlia Lopes não é apenas uma narrativa sobre a ruína
econômica de uma família mantida pelos lucros altíssimos do cultivo e
exportação do café, mas um retrato da formação da burguesia urbana e
de uma sociedade que, apesar de desenvolvida em alguns aspectos, se
mantém presa a estruturas de exploração, aprofundando as
desigualdades sociais.
Para Anna Faedrich, o título do romance é polissêmico, ou seja, se abre
para uma gama maior de significados. Confira!
Para além do malogro da fortuna do
chefe da família, podemos pensar
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 14/54
na decadência do modelo patriarcal
de família, na ruína do casamento –
visto como um contrato social, um
jogo de interesses, passível de
traições e desafetos –, na crise de
um período da economia brasileira –
declínio do ciclo do café, fim da mão
de obra escrava e da monarquia –,
ou, ainda, na desilusão amorosa de
Camila.
(FAEDRICH, 2022, p. 249)
No romance, Júlia Lopes de Almeida, com sofisticada ironia, denuncia
os vestígios da escravidão e ressalta o protagonismo feminino em
situações de crise, como a enfrentada por Camila com seus filhos após
o suicídio de Teodoro. Embora apresente traços naturalistas e se vincule
ao romance realista, Júlia antecipa em alguns aspectos a narrativa
modernista da década de 1930, com atenção à temática social, à
descrição das dinâmicas da vida urbana e aos meandros complexos da
psicologia das personagens.
Como pode uma escritora assim ter ficado de fora da ABL? Acredito que
você tenha feito a mesma pergunta ao se inteirar mais sobre essa
autora. Júlia Lopes de Almeida, no entanto, vem ocupando cada vez
mais espaço nas estantes de livros de diversos leitores hoje em dia. E
não há lugar mais prestigiado que uma escritora ou escritor possa
querer. Espero que ela também ocupe a sua!
Curiosidade
Dizem que o livro A falência fez tanto sucesso que Júlia Lopes
conseguiu comprar um casarão só com o dinheiro das vendas. Não é
pouca coisa! Se hoje ainda é difícil viver de literatura, imagine só como
era naquele período. E não era por menos. A inovação da forma, o
domínio da narrativa e a atualidade dos temas chamaram a atenção dos
leitores e críticos da época.
A obra de Júlia Lopes
Neste vídeo, veremos as obras de Júlia Lopes de Almeida, destacando o
título, a estrutura e as características do romance A falência.

17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 15/54
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Júlia Lopes de Almeida, uma das principais escritoras da Belle
Époque, começou a escrever cedo em jornais e revistas de grande
prestígio nacional. Assinale a alternativa que indique um importante
periódico da época em que a autora colaborou.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O jornal O País foi um dos principais periódicos do Brasil da virada
do século XIX para o XX. Ele contou com a colaboração de
importantes escritores, dentre eles, Júlia Lopes de Almeida. A
atuação da autora durou muitos anos, chegando, inclusive, a
publicar capítulos de livros em edições do jornal.
A Careta
B Fon-Fon
C Jornal do Brasil
D O País
E O Globo
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 16/54
Questão 2
A produção de Júlia Lopes de Almeida se destaca no contexto do
chamado pré-modernismo. Assinale a alternativa que contenha o
título de três obras da autora:
Parabéns! A alternativa A está correta.
Júlia Lopes de Almeida foi uma autora prolífica. Publicou livros de
diversos gêneros literários, como os romances A família Medeiros e
A falência, bem como os contos de Ânsia eterna.
A A família Medeiros, Ânsia eterna e A falência.
B A falência, Ânsia eterna e Os sertões.
C
A alma encantadora das ruas, A falência e Vidas
secas.
D Macunaíma, A família Medeiros e A falência.
E A isca, Correio da roça e Os sertões.
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 17/54
2 - Euclides da Cunha
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a literatura de
Euclides da Cunha no contexto do pré-modernismo.
O engenheiro da história
Coloque-se na seguinte situação. Você foi um militar de carreira,
formado em engenharia, leitor atento, adora escrever e é contratado por
um dos principais jornais do país para cobrir uma guerra em uma região
distante e de difícil comunicação.
Como a maioria das pessoas da capital, você soube que os
responsáveis pelo conflito fazem parte de um grupo de radicais que
quer o fim da República e o retorno da Monarquia. Esse grupo é liderado
por um fanático religioso que quer acabar com o direito das pessoas de
terem uma religião que não seja a pregada por ele.
Você iria se interessar, claro, não só pelo prestígio do jornal, mas porque
se sentiria no dever de ajudar a denunciar as ações desse grupo terrível.
Chegando ao local, preparado com todo material necessário, você tem
um baque. A realidade não era nada parecida com o que contaram a
você. E agora?
Esta foi a situação vivida por Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha,
nascido em Cantagalo, no interior do Rio de Janeiro, em 1866. Formou-
se como engenheiro e primeiro-tenente na Escola Militar da Praia
Vermelha (uma das antecessoras da Academia Militar das Agulhas
Negras, a Aman), trabalhando na construção de ferrovias.
Euclides da Cunha.
A causa dos oprimidos sempre recebeu sua atenção. Durante o regime
de Floriano Peixoto, nos primeiros raios da República, ficou do lado de
presos políticos, sendo, por isso, exilado. Depois, abandonou a carreira
militar.
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 18/54
Em 1897, o jornal O Estado de S. Paulo o envia como correspondente de
guerra para cobrir um conflito em Canudos, interior do sertão baiano. A
notícia era de que se tratava de um grupo de monarquistas que queria
derrubar a República e o poder da igreja. Euclides também acreditava
nisso e viajou esperando ver um quadro, mas encontrou outro
completamente distinto.
Na verdade, camponeses queriam um pedaço de terra para viver e se
alimentar, liderados por Antônio Conselheiro, um religioso nascido no
interior cearense que peregrinava por diversas regiões ajudando aos
mais necessitados. Sua fama de homem santo e de enviado de Deus
surgiu já na época da Grande Seca que acometeu o Nordeste em 1877.
Cena retratando Antônio Conselheiro liderando um grupo de camponeses.
O religioso acolhia esses grupos e organizava saques em fazendas e
pequenas propriedades com o intuito de matar a fome dos flagelados
pela seca. Após o fim da escravidão, em 1888, sendo a população negra
jogada à própria sorte, muitos foram em busca de Antônio Conselheiro
na esperança de conseguirem meios de sobreviver.
Em Canudos, Euclides encontrou esses camponeses liderados por
Antônio Conselheiro resistindo ao Exército Brasileiro, que, em quatro
expedições, massacrou quase a totalidade daquele povo. Foram
dezenas de milhares.
Ele anotou a maior parte do conflito em seu Caderno de campo, não
chegando a presenciar o massacre final, pois acabou indo embora
quatro dias antes. Além de Euclides, havia também a presença de Flávio
de Barros, fotógrafo expedicionário que passou a registrar o conflito a
convite do Exército, depois da mortedo fotógrafo espanhol Juan
Gutierrez, ferido em consequência das disputas. Pouco se sabe sobre a
vida de Flávio, mas as dezenas de fotos que tirou se tornaram
referência, sendo, inclusive, considerado um dos precursores do
fotojornalismo brasileiro.
Em 1902, Euclides da Cunha publicou Os sertões: campanha de
Canudos, livro que o consagrou. Graças a ele, o autor se tornou membro
da Academia Brasileira de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 19/54
Brasileiro, duas das mais importantes entidades culturais e científicas
do país.
Os sertões: campanha da Canudos, de Euclides da Cunha.
Embora seja mais aclamado por esse livro (com justiça, claro), esse não
foi o único trabalho de Euclides. Vale a pena citar ainda o relatório O rio
Purus, de 1906, sobre sua viagem pela Amazônia, Peru versus Bolívia, de
1907, em torno de questões de fronteira, e a publicação póstuma À
margem da história, livro em que denuncia a exploração de seringueiros.
Como você deve ter notado, Euclides da Cunha não era nada indiferente
aos problemas do país, em especial aos que atingem os menos
prestigiados. Em vez de ferrovias, estradas ou edificações, preferiu
construir histórias e, com elas, transformar, de alguma maneira, a
realidade social do país.
Vida e obra de Euclides da
Cunha

17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 20/54
Neste vídeo, abordamos a vida e a obra de Euclides da Cunha,
destacando o contexto do conflito de Canudos, na Bahia.
Entre a Ciência e a Arte
A relação entre ciência e arte não é nova. Se voltarmos ao período do
Renascimento, no século XVI, por exemplo, vamos encontrar uma figura
bastante representativa desse diálogo, o pintor Leonardo da Vinci. Você
certamente já viu diversas de suas obras, ou, no mínimo, o seu quadro
mais famoso, a Mona Lisa.
Leonardo não era apenas um artista genial, mas um grande cientista.
Não por acaso, inovou em diversas áreas das artes e das ciências.
Michelangelo, embora não tivesse a mesma relação que seu
contemporâneo com o campo científico, dominou como poucos a
anatomia do corpo humano por meio de seus desenhos.
Mona Lisa, de Leonardo da Vinci.
E na literatura? Não faltam exemplos de autores, clássicos ou não, que
se dedicaram às letras e ao conhecimento científico, como Johann
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 21/54
Wolfgang von Goethe, autor de Fausto, ou Lewis Carroll, autor de Alice no
país das maravilhas.
Na literatura brasileira, são vários os médicos, matemáticos, químicos e
biólogos que se dedicaram à poesia, ao romance, ao teatro e outras
formas de expressão literária. Cada um se dedicou a seu modo aos dois
campos.
Sabemos que Euclides da Cunha era um engenheiro formado em uma
instituição militar, ou seja, um homem instruído em uma área científica,
que utiliza metodologias próprias para construir alguma coisa. Além
disso, era também jornalista, que, apesar de se aproximar mais da
literatura em alguns aspectos, em outros se avizinha à ciência pela
exigência de objetividade para o registro dos eventos.
Como situar uma obra como Os sertões? É
ciência ou arte?
Antes de chegar em Os sertões, é importante entendermos de que
modo, no contexto histórico em que a obra foi concebida, a relação
entre ciência e arte se desenhava. E não me refiro aqui apenas à
profissão de engenheiro do escritor.
No final do século XIX, havia no Brasil a circulação de diversas correntes
filosóficas e científicas que moldaram o pensamento e a sensibilidade
de quem tinha alguma formação intelectual. Então, de que maneira sua
atividade e essas correntes exerceram influência em Euclides?
Em relação aos seus estudos de engenharia na Escola Militar, Walnice
Nogueira Galvão destaca essa fase como de grande relevância para que
o autor tenha mobilizado distintas áreas do conhecimento científico na
construção de Os sertões. Dentre os estudos que realizou durante seu
curso, havia química orgânica, mineralogia, botânica, astronomia,
balística, mecânica racional, construção de estradas, tática e estratégia,
geodésia etc.
Como matérias de
currículo, não teriam
sido obrigatoriamente
estudadas a fundo,
conforme se percebe
no livro, mas é com as
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 22/54
vistas a�nadas por
esses saberes que
Euclides avalia
Canudos e a guerra.
(GALVÃO, 1994, p. 615)
É preciso, porém, citar uma influência anterior ao seu ingresso na Escola
Militar: o professor, político e militar Benjamin Constant.
Quando era aluno no colégio, Euclides teve Constant como docente, que
lhe apresentou o positivismo, corrente filosófica, sociológica e política
que via no conhecimento científico a única maneira de alcançar a
verdade e o progresso humano. Um de seus principais idealizadores foi
Auguste Comte.
Benjamin Constant.
Também teve importância em sua formação o evolucionismo de Charles
Darwin, baseado na seleção natural dos seres vivos de acordo com sua
adaptação às mudanças do ambiente. Vale ressaltar também o
determinismo, formulado por Hippolyte Taine, para quem há três fatores
para a compreensão do homem:
Raça
Meio
Momento histórico
De certo modo, essas ideias se ajustam umas às outras, dando base
para formar uma visão da sociedade e dos indivíduos que a constituem.
A própria estrutura do livro de Euclides da Cunha segue a tríade
determinista de Taine, demonstrando a grande influência dessa corrente
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 23/54
na concepção da obra. Mas, como toda grande literatura, ela não se
limita a isso.
A linguagem literária, por mais que obedeça a pressupostos da ciência,
não se deixa amarrar completamente, mas dialoga, não sem tensões,
com eles. Afinal, se fazer ciência, às vezes, é uma arte, fazer arte seria
também uma ciência?
Os sertões: arte ou ciência?
Neste vídeo, analisamos a obra Os sertões e a dificuldade de classificá-
la entre a arte e a ciência.
Epopeia sertaneja
A epopeia é um dos mais antigos gêneros literários. Na Poética,
Aristóteles a define como um texto narrativo longo, composto em
versos, sobre feitos heroicos. A expressão “épico”, de maneira geral, nos
remete a algum acontecimento grandioso e digno de ser lembrado. Você
certamente já viveu momentos “épicos” ou talvez tenha ouvido o vizinho
do amigo do primo contar histórias de “porres homéricos”. Ainda que o
resultado tenha sido uma dor de cabeça daquelas, a expressão
acompanha a recordação de uma experiência boa.
Os sertões, em sua forma literária, não cumpre os requisitos
aristotélicos do gênero, mas possui a dimensão de “uma epopeia
negativa, uma denúncia, um panfleto gigantesco e impiedoso”, além de
ser também um “documento histórico” (STEGAGNO-PICCHIO, 2004, p.
400).
Sua grandiosidade não está na celebração de nenhum feito bom, ao
contrário. Ela está na força da expressão literária para dar conta do
entendimento do horror que estrutura as desigualdades sociais. O livro é
dividido em três partes, conforme o determinismo de Taine.

17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 24/54

A terra

O homem

A luta
Talvez o estilo possa afastá-lo, em princípio, de sua leitura. Mas, é
preciso compreender o que torna essa obra tão original e por que ela é
escrita dessa maneira.
Sim, sabemos que a agilidade dos tempos atuais (exigentes, inclusive,
de uma aula mais dinâmica como esta por razões pedagógicas) pode
acabar noscausando algum incômodo inicial em acompanhar as
construções de Euclides. No entanto, vale a pena vencer essa
dificuldade e adentrar em um mundo totalmente criado por palavras.
A literatura é transgressora porque nos coloca diante
de outras relações com o tempo, outros ritmos. E como
o tempo é o tecido da nossa vida, a literatura também
nos traz outras experiências com a realidade.
Um dos pontos que faz de Os sertões uma obra literária de grande
impacto é o seu domínio do tempo. Perceba como cada uma das partes
são enquadramentos feitos por Euclides, como se estivesse filmando
com uma câmera na mão, o que dá à obra uma grande modernidade.
Em A terra, uma das partes da obra, Euclides nos apresenta um estudo
da geografia do lugar com o uso de uma panorâmica lenta e meticulosa,
não deixando escapar nada:
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 25/54
O parágrafo que abre essa primeira parte dá o tom que será empregado.
A lente da câmera passa por tudo, do clima e relevo até chegar à fauna e
flora. Tente destacar esse movimento em outras partes do livro e
visualize suas imagens. Depois, procure registros na internet desses
locais. Nessa parte, o escritor busca responder à pergunta “Onde é?”
Do alto, a câmera épica de Euclides vai se aproximando e chega em O
homem, descrevendo, por meio de um estudo etnológico, o sertanejo,
suas relações sociais, seus costumes e sua composição étnico-racial.
Aqui conhecemos os grupos, a figura de Antonio Conselheiro e como se
organizaram ali. Euclides quer a resposta de “Quem é?”
Por fim, o escritor dá um zoom nos acontecimentos do lugar que
envolvem esses indivíduos que acabou de descrever. É a descrição da
guerra por meio de um estudo historiográfico. Você vai notar que, nessa
parte, a relação com o tempo muda e os eventos se sucedem em ritmo
bem distinto das anteriores.
Euclides da Cunha em Canudos, obra de Edmundo Migliaccio.
É praticamente um filme de ação, pois ele descreve os conflitos entre os
sertanejos e o Exército Brasileiro. Foram cerca de 20 mil habitantes
mortos pelos militares em quatro expedições. A pergunta, nesse caso, é
formulada no passado, como quem pesquisa na história a origem
daquela catástrofe: “O que foi?”
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 26/54
Canudos não se rendeu. Exemplo
único em toda a história, resistiu até
ao esgotamento completo.
Expugnado palmo a palmo, na
precisão integral do termo, caiu no
dia 5, ao entardecer, quando caíram
os seus últimos defensores, que
todos morreram. Eram quatro
apenas: um velho, dois homens
feitos e uma criança, na frente dos
quais rugiam raivosamente 5 mil
soldados.
(CUNHA, 2009, v. 2, p. 484)
A cena no penúltimo capítulo é trágica. Somos impactados pelos
contrastes entre as forças que estão em campo, reforçados por meio da
câmera estilística e narrativa de Euclides, que nos lança diante da
epopeia de uma luta que parece não ter fim.
Os sertões em três atos
Neste vídeo, abordamos a estrutura de Os sertões, destacando as
temáticas e características de suas três partes: A terra, O homem e A
luta.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 27/54
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Para a concepção de Os sertões, Euclides da Cunha foi influenciado
pelas principais correntes filosóficas e científicas que circulavam na
época, bem como muitos escritores de sua geração. Assinale a
alternativa que indique essas correntes:
Parabéns! A alternativa E está correta.
Euclides da Cunha teve formação positivista, especialmente pela
influência de Benjamin Constant e de sua carreira militar. Outras
tendências do período, como o determinismo de Taine e o
evolucionismo de Darwin foram igualmente decisivos na concepção
de sua principal obra.
Questão 2
Assinale a alternativa que indique cada parte do romance Os
sertões, de Euclides da Cunha, e o campo de estudo em que elas se
estruturam, respectivamente:
A Positivismo, socialismo e idealismo.
B Idealismo, determinismo e monismo.
C Socialismo, romantismo e determinismo.
D Determinismo, darwinismo social e marxismo.
E Positivismo, determinismo e evolucionismo.
A
A terra (biologia); A seca (etnologia); A luta
(história).
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 28/54
Parabéns! A alternativa C está correta.
Baseado no determinismo de Taine, Euclides divide a obra em três
partes, a fim de apresentar a campanha de Canudos a partir da
influência exercida pelo meio ambiente, pela raça e pelo momento
histórico. Assim, A terra é pautada em estudo geográfico; O homem,
em estudo etnológico; e A luta, em estudo historiográfico.
3 - João do Rio
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a literatura de João
do Rio no contexto do pré-modernismo.
B A terra (antropologia); O indivíduo (etnologia); A luta
(historiografia).
C
A terra (geografia); O homem (etnologia); A luta
(historiografia).
D
O planalto (geografia); As mulheres (psicologia); A
luta (história).
E
A origem (arqueologia); O homem (literatura); A luta
(historiografia).
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 29/54
Um dândi carioca
Você é daquelas pessoas que conhecem o seu lado certo na hora de
tirar uma foto? Vira o rosto, mexe o cabelo, abaixa um pouco a cabeça
e... pronto! Uma selfie com amigos ou uma composição bem-feita em
um lugar onde você foi fazer turismo. Afinal, quem não quer,
literalmente, sair bem na foto?
Há aqueles que não, de fato. Nem todo mundo gosta de tirar fotografia
de si mesmo. Alguns preferem tirar dos outros ou apenas das
paisagens. No mundo atual, as fotografias estão em toda parte. Há até
uma rede social específica para elas. Não há como escapar: se você não
é a pessoa que posta fotos sempre em suas redes sociais, seja de si
mesmo ou dos lugares por onde anda, certamente você conhece
alguém assim.
Outro que possivelmente adotaria esse hábito seria João Paulo Emílio
Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, o João do Rio. Jornalista, contista,
dramaturgo e cronista, ele nasceu em 1881, no Rio de Janeiro. Seus
estudos elementares e de humanidades foram dados pelo pai, que era
professor.
João do Rio.
O pai, adepto do positivismo, tentou influenciar o filho para que seguisse
a mesma doutrina. Chegou até a batizá-lo na igreja positivista, de
natureza agnóstica e não transcendental, mas Paulo Barreto não quis
nada com a religião inspirada na doutrina de Comte. Nem com essa,
nem com nenhuma outra.
Entretanto, a educação dada pelo pai foi suficiente para que ele
ganhasse ótima formação literária, ajudando-o a mostrar, muito cedo,
seu talento com as palavras. Com apenas 16 anos publicou uma crítica
teatral da peça Casa de bonecas, de Henrik Ibsen, encenada no então
teatro Santana, que hoje se chama Teatro Carlos Gomes, próximo à
praça Tiradentes, no Centro do Rio.
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 30/54
Nessa época, ainda assinava como Paulo Barreto, mas também utilizou
vários pseudônimos em seus artigos na imprensa, em jornais como O
País, Correio Mercantil e O Tagarela. Quer saber alguns deles? Aí vão:
Claude, Caran d’Ache, Joe, José Antônio José etc. Mas foi na Gazeta de
Notícias que nasceu o pseudônimo que o consagraria definitivamente.
Em 26 de novembro de 1903, pela primeira vez, João
do Rio aparece como autor de um artigo. Tratava-se de
uma enquete sobre os hábitos de leitura do carioca,
intitulada O Brasil que lê. A partirde agora, sai Paulo
Barreto e entra João do Rio, ganhando fama por suas
reportagens e entrevistas.
João do Rio fez de seu trabalho na imprensa uma atividade profissional,
não mais uma ocupação complementar, como era até então. Por isso,
ele é considerado precursor do jornalismo moderno. As formas de
escrever e publicar uma matéria nunca mais foram as mesmas!
Dentre os seus trabalhos pioneiros como repórter, não há como deixar
de mencionar a série As religiões no Rio e as entrevistas de O momento
literário, depois reunidos em livro. Na época, foram muito celebrados,
pois não havia nada parecido até então no Brasil.
Era tido como o maior jornalista de seu tempo! Para você ter uma ideia,
em praticamente todos os jornais por onde passou, atuando como
redator, diretor, fundador ou colaborador, era uma figura de grande
popularidade, pois conseguia aliar, como poucos, um extraordinário
talento para reportagem com um estilo inconfundível de homem das
letras.
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 31/54
João do Rio.
Admirador de Oscar Wilde, João do Rio incorporava a figura do dândi,
comportando-se e vestindo-se sempre com elegância e refinamento
quase teatrais. Também teve papel importante nas relações entre Brasil
e Portugal. Junto com o poeta e jornalista português João de Barros,
criou e dirigiu a revista Atlântida: mensário artístico, literário e social
para Portugal e Brasil, entre 1915 e 1920.
Foi um projeto audacioso, pois o país vivia uma intensa rejeição a tudo
relacionado aos portugueses e um aumento do nacionalismo. A revista
buscava tratar de diversos temas em comum, que uniam as duas
culturas em suas várias formas de expressão. As cartas trocadas entre
os dois jornalistas revelam não apenas dedicação ao resgate dos laços
entre os países, mas também a presença de uma sincera amizade.
Talvez João não fosse apenas do Rio, mas também do Brasil e do
mundo.
A trajetória de João do Rio

17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 32/54
Neste vídeo, apresentamos a trajetória de João do Rio, com destaque
para seu trabalho na imprensa, suas realizações artísticas e seu estilo
de vida.
A crônica como retrato
Quer saber de mais uma inovação de João do Rio? Ele foi o principal
escritor a elevar a crônica de jornal à categoria de gênero literário, em
uma relação entre literatura e jornalismo que não se via até então. Isso
não quer dizer, claro, que não havia cronistas antes dele, mas a ideia de
literatura estava ainda muito amarrada ao conceito de invenção,
persistia alguma desconfiança com o valor estético dessa modalidade
de registro dos eventos.
Machado de Assis, Olavo Bilac e Júlia Lopes de Almeida, por exemplo,
escreveram crônicas incríveis, tanto pela qualidade de sua escrita
quanto pela riqueza de referências sobre a realidade de sua época. Mas
foi João do Rio que deu o salto decisivo.
O crítico literário Brito Broca (2005), em estudo sobre a história cultural
da virada do século XIX para o XX, destaca João do Rio como “cronista
por excelência” daquele tempo. E essa qualidade estaria justamente na
inovação em aproximar literatura e jornalismo, ou seja, fazendo da
crônica uma reportagem e conferindo a ela aspectos líricos e poéticos.
Não que autores como Machado não fossem capazes de empregar essa
dimensão em seus textos na imprensa, mas havia uma diferença
fundamental. Broca sustenta o seguinte:
Capazes de formular as
considerações mais inteligentes e
irônicas sobre um crime passional
que abalara a cidade, jamais lhe
passaria pela cabeça ir à cadeia ver
de perto o criminoso e conversar
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 33/54
com ele. Foi essa experiência nova
que João do Rio trouxe para a
crônica, a do repórter, do homem
que, frequentando os salões,
varejava também as baiucas e
tavernas, os antros do crime e do
vício. [...] A crônica deixava de se
fazer entre as quatro paredes de um
gabinete tranquilo, para buscar
diretamente na rua, na vida agitada
da cidade, o seu interesse literário,
jornalístico e humano.
(BROCA, 2005, p. 321)
A crônica de João do Rio era como um retrato. Para tirar a foto de algum
evento, você precisa estar no lugar onde as coisas acontecem, não é?
Você pode pintar, escrever e até mesmo falar a respeito do que nunca
viu, baseado apenas nas descrições que lhe deram. Mas não há como
tirar um retrato do que não se vê.
É preciso estar diante do objeto, ainda que com relativa
distância, para que ele possa ser retratado. Nenhuma
imagem é inteiramente fiel à realidade, sem dúvida.
Não é disso que estamos tratando.
Independentemente da perspectiva da foto, o que
importa é que o fotógrafo precisou estar lá, onde ela
foi tirada.
A presença diante da vida acontecendo muda inteiramente nossa
relação com a própria experiência humana. Não é por acaso que as
crônicas de João do Rio nos pareçam tão vivas e palpáveis, como se
fôssemos testemunhas daqueles registros.
E por serem retratos sociais, ou seja, descreverem  hábitos e costumes
da sociedade, com todos seus contrastes e relações, as crônicas de
João do Rio conseguem captar também suas transformações. Os
efeitos da urbanização e do surgimento das novas tecnologias
aparecem como índices da modernização que o Rio de Janeiro da Belle
Époque atravessava.
Como sabemos, a arte é expressão humana e, portanto, reflete as
questões de seu tempo, cada uma à sua maneira. Por isso, nos textos
desse dândi carioca também acompanhamos diversos cenários em
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 34/54
movimento, com personagens tão reais, ainda que nos pareçam
também distantes em termos culturais.
Moda e costumes da sociedade durante a Belle Époque.
Afinal, quanta coisa mudou de lá para cá?
Além disso, as mudanças também influenciam na estruturação do
gênero literário. O que isso quer dizer? Ora, se a sociedade muda, as
formas de expressão também mudam. Então, surgem maneiras que
passam a dar conta da nova configuração da realidade.
Flora Süssekind, em seu belo ensaio Cinematógrafo de letras: literatura,
técnica e modernização no Brasil (1990), aponta para essa tendência, no
período anterior ao modernismo, em que as novas tecnologias surgem
não apenas como tema, mas também como influência na forma de
construção do texto. Por isso, a crônica se desenvolveu bastante nessa
fase, pois era preciso um gênero que desse conta das aceleradas
transformações da vida urbana. E João do Rio, atento a tudo isso, era
seu fotógrafo ideal.
Crônica, um gênero literário
Neste vídeo, abordamos a crônica enquanto gênero literário, destacando
as principais características das escritas por João do Rio.

17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 35/54
As ruas de João
Como sabemos, não se tiram fotos de uma sociedade estando no
gabinete. A crônica social de João do Rio inovou justamente por não
fazer do texto apenas um espaço em que a imaginação saltaria
livremente. Era necessário ter contato com as pessoas, os lugares e os
movimentos em que estão todos atravessados.
Carlos Drummond de Andrade, que, além de poeta, é um dos nossos
grandes cronistas, disse no poema Mãos dadas: “O tempo é a minha
matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente”
(ANDRADE, 2004, p. 158). Embora o mineiro de Itabira estivesse
tratando do processo de criação poética, podemos pensar também
nesses versos em relação à crônica de João do Rio.
Carlos Drummond de Andrade na Biblioteca Euclides da Cunha.
Não por acaso, a palavra “crônica” vem do grego khrónos, que quer dizer“tempo”. Antigamente, crônica era usada para designar narrativas
históricas. Não que ela tenha perdido essa tarefa. No entanto, a crônica
social moderna de João do Rio não tem contas a prestar com a história
como ciência, mas com as histórias enquanto narrativas da vida. Por
isso, as ruas foram o laboratório ideal para que João desenvolvesse seu
trabalho.
Um dos livros mais importantes de sua cronística (e da história do
gênero no Brasil) é A alma encantadora das ruas, com textos publicados
na imprensa entre 1904 e 1907. A edição do livro saiu em 1908 pela H.
Garnier. São 37 crônicas que nos levam a um passeio pelas ruas do Rio
de Janeiro da Belle Époque e a encontros com diversos de seus
personagens.
Para João, as ruas não são apenas “um alinhado de fachadas por onde
se anda”, como dizem os dicionários e enciclopédias: “a rua é mais do
que isso, a rua é um fator da vida das cidades, a rua tem alma!” (RIO,
2008, p. 29).
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 36/54
A alma encantadora das ruas, de João do Rio.
Note que, ao mesmo tempo em que o cronista admite recorrer a obras
de referência, ou seja, como um bom repórter, ele estuda e pesquisa o
tema sobre o qual vai escrever, ele não se restringe a isso. As ruas de
João ganham vida porque nascem da vida das pessoas. Uma rua vazia é
uma rua sem vida, sem história, e pode, inclusive, morrer.
Na mesma crônica que abre o livro, o autor explica a razão desse vínculo
tão estreito entre a rua e as pessoas. Veja!
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 37/54
O tom poético e lírico conta, de certa maneira, um fato. As ruas surgem
da atividade humana e nela se confundem, pois não basta
simplesmente construí-la. É essencial ocupá-la, para que ela assuma o
sentido pelo qual foi concebida.
No entanto, em A alma encantadora das ruas, João do Rio não é
condescendente e ingênuo. Não mesmo! Há críticas bastante incisivas,
embora tratadas com muito humor pelo cronista. Nelas, você encontra
de tudo: violência, pobreza, conflitos, festa, amor e alegria. Tudo que a
modernização das cidades apresenta.
Nesse sentido, João do Rio é como a figura do flâneur, que tem no poeta
francês Charles Baudelaire o seu principal símbolo.
O flâneur circula, observa e se confunde com as dinâmicas da cidade
em transformação, que parece não ter mais fim. Os foliões no carnaval,
os presos, os músicos ambulantes, os estivadores, as prostitutas, os
mendigos, os apaixonados, os criminosos, todos são capturados pela
lente do cronista do Rio, de um Rio do passado, mas que nos parece
hoje, às vezes, tão familiar.
Charles Baudelaire.
Um �âneur carioca

17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 38/54
Neste vídeo, falamos sobre a temática das ruas nas crônicas de João do
Rio, destacando a relação entre ele e a figura do flâneur.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Paulo Barreto, desde jovem, se dedicou à imprensa com notável
talento, assinando diversas matérias com o nome próprio ou
pseudônimos. Entretanto, ficou famoso como João do Rio. Assinale
a alternativa que indique a matéria e o respectivo jornal em que
João do Rio apareceu pela primeira vez:
Parabéns! A alternativa A está correta.
Foi em 26 de novembro de 1903, na Gazeta de Notícias, que Paulo
Barreto assinou pela primeira vez como João do Rio. A matéria O
A O Brasil que lê, Gazeta de Notícias.
B O Brasil que lê, O País.
C As ruas do Rio, Gazeta de Notícias.
D Casa de bonecas, Jornal do Commercio.
E A República, O Globo.
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 39/54
Brasil que lê é uma enquete com informações sobre o hábito de
leitura dos cariocas, gênero, aliás, que ele irá desenvolver.
Questão 2
A crônica moderna no Brasil nunca mais foi a mesma depois de
João do Rio. Qual foi sua principal inovação?
Parabéns! A alternativa E está correta.
Ao aproximar o escritor e o repórter, João do Rio levou a crônica a
outro patamar entre os gêneros literários. Para escrever sobre os
eventos, ele ia até o local, conhecia seus personagens e vivenciava
muitas das experiências relatadas em seus textos, tarefa que só
mesmo um repórter iria realizar.
A Afastar o jornalista do escritor.
B Reunir o escritor e o cientista.
C Escrever sem se preocupar com os fatos.
D Escrever apenas sobre o que leu.
E Aproximar o escritor e o repórter.
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 40/54
4 - Lima Barreto
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a literatura de Lima
Barreto no contexto do pré-modernismo.
A voz que vem das margens
Vamos começar pelo fim. Veja!
’Afonso morreu?’ A pergunta
dolorosa irrompeu das névoas da
loucura que o envolvia, como se
retomasse a razão por um minuto.
Há anos João sofria de distúrbios
mentais. Funcionário público de um
manicômio, em determinado
momento da vida é tomado pela
loucura, que o faz esbravejar contra
inimigos imaginários e, às vezes,
cair numa mudez absoluta. A grave
condição em que se encontrava o
obrigou a se aposentar. Seus filhos
cuidavam dele, em especial Afonso
e Evangelina. Afonso também
acabou parando em um hospital
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 41/54
psiquiátrico, consequência do
alcoolismo e da depressão. Foram
anos sendo devastado pelo álcool,
pelo preconceito e pelas lutas
contra as mazelas sociais de um
país injusto, violento e desigual. A
doença de João se agravou e era
questão de horas que partisse, mas
Afonso, que não estava tão bem,
morreu antes, de forma inesperada.
Amigos, admiradores e outras
tantas pessoas foram até à casa
prestar suas homenagens. No dia
seguinte ao enterro do filho, próximo
ao seu fim, João pareceu despertar
de um sono profundo e questionou
a filha: ‘Que foi que aconteceu?
Afonso morreu?’ O último instante
de lucidez de sua vida em décadas.
Dois dias depois, morreu e foi
enterrado junto ao filho.
(BARBOSA, 2017)
Esse foi o triste fim de Afonso Henriques de Lima Barreto, ocorrido
justamente no ano do centenário da Independência e da Semana de Arte
Moderna, em 1922. De certa forma, muitos dos elementos que o
acompanharam em vida e aparecem em sua obra estão nesse relato de
sua morte, descrita por Francisco de Assis Barbosa (2017) em célebre
biografia sobre o escritor.
Nascido em 1881 no Rio de Janeiro, Lima Barreto foi jornalista,
romancista, contista, dramaturgo e crítico. Seus pais eram
descendentes de negros escravizados, por isso, as questões em torno
do racismo e outras consequências da escravidão foram enfrentadas
por ele como poucos o fizeram em seu tempo. Isso rendeu-lhe a
admiração de muitos, mas também a rejeição de tantos outros,
especialmente da elite intelectual, como, por exemplo, os imortais da
ABL.
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 42/54
Lima Barreto.
Lima estudou no Colégio Pedro II e depois ingressou na Escola
Politécnica, para cursar engenharia, mas acabou não completando a
formação. Como praticamente todos os escritores da época, atuou
intensamente na imprensa. Com cerca de 26 anos, teve sua estreia em
uma das principais publicações da Belle Époque, a revista Fon-Fon.
Embora não tenha ficado muito tempo, a experiência foi importante para
que ele, poucos meses depois, criasse sua própria revista e continuasse
a colaborar com outros periódicos, como a prestigiada Careta e o Jornaldo Commercio. Foi nessa publicação, aliás, que ele lançou sua obra-
prima, Triste fim de Policarpo Quaresma, que só ganharia edição em livro
em 1915, depois de sua primeira internação no manicômio.
Em suas crônicas, contos e romances, Lima se
destacou por críticas ao processo de modernização do
Rio de Janeiro, que, como consequência, deixava de
lado os que mais necessitavam, a população pobre dos
subúrbios e cortiços, a maioria negra, à margem do
desenvolvimento da cidade.
Na crônica A biblioteca, por exemplo, Lima ironiza a construção da
Biblioteca Nacional:
Como é que o Estado quer que os
malvestidos, os tristes, os que não
têm livros caros, os maltrapilhos
‘fazedores de diamantes’ avancem
por escadarias suntuosas, para
consultar uma obra rara, com cujo
manuseio, num dizer aí das ruas,
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 43/54
têm a sensação de estar pregando à
mulher do seu amor?
(BARRETO, 2004, v. 1, p. 149)
Como? Um escritor contra a construção de bibliotecas? Não é bem
assim. Ao contrário, Lima Barreto era amante dos livros e via na
literatura uma missão. Sua crítica, na verdade, era dirigida às prioridades
de uma cidade com tanta gente passando dificuldades e tendo que
sobreviver com tão pouco. Até mesmo o Theatro Municipal foi alvo de
suas críticas pelo mesmo motivo.
Morador do subúrbio carioca, Lima Barreto era grande conhecedor não
só de seus problemas, mas também de sua diversidade cultural. Não
atuava como João do Rio, feito repórter, mas como mais um dos
suburbanos de suas histórias. Ao lançar mão de um “dizer aí das ruas”,
Lima demonstra estar bem atento e familiarizado com a linguagem
popular das ruas dos subúrbios, fundamental para sua vida e, também,
para sua obra.
Biogra�a de Lima Barreto
Neste vídeo, apresentamos uma breve biografia de Lima Barreto, com
destaque para o contexto de suas obras.
Negro drama na Belle Époque
Os versos da canção Negro drama, um clássico dos Racionais MCs,
ecoam os conflitos vividos por Lima Barreto e transformados por ele em
literatura.
“Negro drama/ Cabelo crespo e a pele escura/ A ferida, a chaga, à
procura da cura// Nego drama/ Tenta ver e não vê nada/ A não ser uma
estrela/ Longe, meio ofuscada”.

17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 44/54
(MANO BROWN. Negro drama. In: Racionais MCs. Nada como um dia
após o outro dia, Vol. 1 & 2. Cosa Nostra, 2002)
Racionais MCs.
Como Mano Brown e outros integrantes do grupo, Lima viveu nas
frestas ainda mais profundas da sociedade brasileira, não apenas por
sua condição econômica, mas, principalmente, por sua cor. Suburbano e
negro, Lima Barreto sentiu na pele a dor do preconceito e das privações
de alguém de sua origem. Apesar disso, não se calou.
Uma das obras em que expressou o drama do racismo no contexto pós-
abolição foi Recordações do escrivão Isaías Caminha, primeiro romance
do escritor. O livro saiu no ano de 1909 pela Livraria Clássica de Lisboa,
e conta a história de Isaías Caminha, jovem negro do interior, que se
muda para o Rio de Janeiro a fim de se distinguir socialmente, mas
encontra uma série de empecilhos devido à cor de sua pele.
Ele chega com uma carta de recomendação para iniciar seus estudos na
cidade e se tornar “doutor”. Não consegue estudo nem emprego, sendo
forçado a viver nas ruas. Tudo muda quando um homem que ele
conheceu o leva para trabalhar num grande jornal. Na redação, ele passa
a enfrentar uma série de conflitos.
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 45/54
Recordações do escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto.
Em Recordações do escrivão Isaías Caminha, Lima Barreto demonstrou
uma audácia e tanto para um iniciante no gênero. Não apenas por
colocar em discussão a temática racial em um país recém-saído da
escravidão, mas também por expor a mediocridade, os jogos de
interesses e a hipocrisia do meio jornalístico, o que acabou lhe custando
desafetos e dificultando suas chances de emprego na área.
E por quê? Lima faz uso de uma forma narrativa conhecida como roman
à clef, expressão francesa que, numa tradução literal, significa “romance
com chave”. Nesse tipo de narrativa, pessoas reais são representadas
por personagens fictícios, de maneira que a referência consiga ser
identificada. Apesar das críticas negativas à obra, Lima contou com
ótima recepção de Monteiro Lobato, que elogiou bastante sua escrita.
Outro romance em que o tema do racismo aparece de forma
contundente é Clara dos anjos, terminado em 1922, mas publicado
apenas postumamente, em 1948, pela editora Escala. Ambientado no
subúrbio do Rio de Janeiro, o livro conta a história de Clara, uma jovem
negra e pobre, filha única de Joaquim dos Anjos e dona Engrácia, que
sempre a educaram com amor e dedicação.
Em seu aniversário, é apresentada a Cassi Jones, rapaz branco e de
classe social mais privilegiada. Ele é um indivíduo sem escrúpulos,
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 46/54
perigoso e com fama de sedutor. A menina, ao contrário, é ingênua e
romântica, e acaba caindo nas garras dele. Clara engravida, mas o rapaz
foge para não a assumir. Arrasada, Clara pensa em abortar, mas segue o
conselho de sua mãe e vai até à casa de Cassi.
Chegando lá, é humilhada pela mãe dele, que, além de soltar ofensas
racistas, culpa a jovem pelo que lhe ocorrera. Clara sai de lá arrasada e
com a dolorosa consciência de sua condição de mulher, negra e pobre
em uma sociedade como esta. “Não somos nada nesta vida”, admite a
personagem, como se fosse uma sentença, imposta por um sistema
que não se rompeu com a Abolição.
Clara dos anjos, de Lima Barreto.
A forma como Lima Barreto constrói a narrativa nos ajuda a pensar nas
dinâmicas sociais do Rio de Janeiro que, por um lado, avançava, mas,
por outro, estava amarrado a estruturas de exploração ainda tão
arcaicas que remontam ao período colonial no Brasil. A descrição dos
subúrbios, sua paisagem e arquiteturas merece destaque, bem como as
culturas populares que deles emergem.

17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 47/54
Negro e escritor
Neste vídeo, abordamos a condição social de Lima Barreto, destacando
o tema do racismo.
Sobre loucos, saúvas e heróis
"De gênio e louco todo mundo tem um pouco.” Quantas vezes você já
escutou esse ditado? Claro que uns têm mais do que outros. Há casos
em que genialidade e loucura são quase indistinguíveis. Onde começa
um e termina o outro? Difícil saber. Mas, independentemente da dose
que você leve de gênio ou de louco, é fato que vivemos em uma
sociedade que parece, muitas vezes, viver no limite da razão, ou da
desrazão.
O filósofo francês Michel Foucault (2019), em sua História da loucura,
buscou pensar a relação entre essas duas dimensões e discutir o papel
da psiquiatria como instrumento de poder e controle social, na medida
em que a loucura começou a ser associada a todo tipo de conduta
considerada “anormal”, ou seja, fora das normas sociais.
Michel Foucault.
Falamos sobre o caso do pai de Lima Barreto, que sofreu durante anos,
até sua morte, de distúrbios mentais. O próprio escritor passou por mais
de uma internação no manicômio, experiência que relatou no romance
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 48/54
inacabado Cemitério dos vivos, narrativa dolorosa e impactante sobre as
condições desumanas em que viviam os internos.
O livro foi escrito entre 1919 e 1921, quando Lima esteve internado. É
dividido em duas partes.Veja quais são!

Composta pelo Diário do hospício, com recordações do escritor sobre
sua passagem no hospital psiquiátrico.

Composta por uma narrativa ficcional inacabada, contendo elementos
autobiográficos.
O protagonista, Vicente Mascarenhas, é como um alter ego de Lima
Barreto. Ficção e realidade se misturam, contribuindo para lançar luz
sobre aspectos mais amplos, como a marginalização e a precariedade
para manutenção do poder e do controle social, a fim de garantir o
desenvolvimento econômico do país. Uma crítica contundente aos
projetos de modernização do Brasil.
A loucura também aparece de forma crítica em seu romance mais
célebre, Triste fim de Policarpo Quaresma, de 1915, uma das
interpretações mais originais do Brasil e de sua formação. O major
Quaresma, personagem título, é inspirado no pai de Lima Barreto, João
Henriques. Ao acompanharmos as peripécias desse anti-herói ingênuo e
entusiasmado pela causa nacional, não há como não lembrar de outro
personagem da literatura ocidental: Dom Quixote, do livro homônimo de
Miguel de Cervantes.
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 49/54
Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.
No entanto, o mundo de Policarpo e de Quixote são bem distintos, pois o
primeiro é, aparentemente, integrado à realidade cotidiana: trabalha
numa repartição pública, conhece o presidente, compra um sítio, dedica-
se à agricultura etc. Nada que uma pessoa dita “normal” não fizesse.
Porém, seu nacionalismo exacerbado, sua recusa ao que é estrangeiro e
sua disposição inconsequente de querer mudar o Brasil acabam
colocando-o diante de situações que se tornam risíveis, principalmente
para a elite política e intelectual.
Ele tenta de tudo: alista-se no exército para ir à guerra, defende o tupi
como língua oficial, usa apenas roupas nacionais e passa a cultivar o
solo de sua nova propriedade, baseado na crença de que, no Brasil, em
se plantando, tudo dá. Mas nada foi como ele esperava. As saúvas e
ervas daninhas que invadem sua plantação são uma das metáforas das
séries de insucessos que o levam ao triste fim. As personagens
femininas de Lima, como Olga, são um contraponto a esse idealismo.
O crítico literário Silviano Santiago, em ensaio sobre o romance, aponta
para uma das principais forças da ficção de Lima Barreto: a
desmetaforização dos discursos sobre o Brasil.
O que signi�ca desmetaforizar os discursos?
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 50/54
Ao interpretar literalmente a linguagem nacionalista e religiosa em torno
do Brasil, ou seja, não mais como metáfora, Lima provoca uma nova
percepção sobre ela, ressaltando que essa forma de enxergar o país é
alienante. Assim, “a escrita ficcional ao mesmo tempo compartilha dos
valores sociopolíticos e econômicos que vinham sendo veiculados por
aquele discurso, e marca a necessidade de uma reviravolta – a nível de
discurso – para que melhor se coloquem e se estudem os verdadeiros
problemas nacionais” (SANTIAGO, 1982, p. 175).
O fim de Policarpo, esse visionário, é triste porque evidencia o fracasso
dos que buscam um país melhor e tentam sobreviver nas margens
desses discursos.
A loucura como temática
Neste vídeo, falamos sobre a obra Triste fim de Policarpo Quaresma,
destacando suas características e o tema da loucura.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Qual romance de Lima Barreto tematiza, além da questão racial, as
disputas, os interesses e a hipocrisia do ambiente jornalístico de
sua época?

A Recordações do escrivão Isaías Caminha.
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 51/54
Parabéns! A alternativa A está correta.
Publicado em 1909, pela Livraria Clássica de Lisboa, Recordações
do escrivão Isaías Caminha foi o primeiro romance de Lima Barreto.
Nele, o escritor discute questões como o racismo, a marginalização
da juventude negra e periférica, os jogos de poder da imprensa e os
contrastes entre a província e a cidade.
Questão 2
Autor de diversas obras fundamentais da nossa literatura, Lima
Barreto se destacou, especialmente, pelo romance Triste fim de
Policarpo Quaresma. Assinale a alternativa que indique uma das
características do protagonista:
B Triste fim de Policarpo Quaresma.
C Numa e a ninfa.
D Os sertões.
E A falência.
A Racionalidade
B Ufanismo
C Arrogância
D Incerteza
E Criminoso
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 52/54
Parabéns! A alternativa B está correta.
O ufanismo é a expressão do sentimento nacionalista de maneira
excessiva, assim como acontece com o personagem Major
Quaresma, do romance de Lima Barreto. Essa postura o coloca
diante de vários conflitos e confere comicidade ao personagem na
narrativa.
Considerações �nais
A literatura brasileira, na virada do século XIX para o XX, tem uma série
de escritoras e escritores que souberam pensar a realidade social do
Brasil com o vigor que o tempo exigia. Foi uma fase de intensas
mudanças sociais, políticas e econômicas, resultando em autoras,
autores e obras tão diversos que é quase impossível classificá-los em
uma só categoria.
O conceito de pré-modernismo é um esforço de buscar identificar
alguns dos elementos que, posteriormente, serão decisivos para a
consolidação dos principais aspectos do programa modernista, que
tem, na Semana de Arte Moderna, de 1922, um de seus maiores marcos.
Entretanto, eles também apontam para relações estruturais que
persistem até os dias de hoje.
Júlia Lopes de Almeida, Euclides da Cunha, João do Rio e Lima Barreto
são escritores bastante distintos não só em termos de estilo, mas de
projetos literários para analisar e discutir os rumos deste país por meio
da ficção. No entanto, em todos podemos perceber uma disposição
igualmente crítica de desvelar os mecanismos que mantêm o nosso
atraso, a contrapelo dos processos daquilo que chamamos de
modernização.
Explore +
Consulte a Biblioteca Digital de Literatura de Países Lusófonos e
encontre dados bibliográficos e obras digitalizadas de diversos autores
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 53/54
de literatura em língua portuguesa. 
Leia o livro de Luiz Antonio Simas, O corpo encantado das ruas,
influenciado pelo clássico de João do Rio. É um mergulho atual na
cultura popular dos subúrbios cariocas. 
Confira as edições Cadernos de Literatura Brasileira - Euclides da
Cunha e Cadernos de Fotografia Brasileira - Canudos, do Instituto
Moreira Salles. A instituição mantém em seu arquivo documentos e
imagens do autor de Os sertões. 
Procure vídeos e imagens do Rio de Janeiro no período da Belle Époque,
em especial depois da Reforma de Pereira Passos. 
O Teatro Oficina, grupo teatral dirigido por José Celso Martinez Correa,
realizou uma montagem de Os sertões. Vale a pena procurar trechos da
peça no YouTube.
Referências
ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 2004. 
BARBOSA, F. A. A vida de Lima Barreto. Belo Horizonte: Autêntica, 2017. 
BARRETO, L. Toda crônica. Rio de Janeiro: Agir, 2004. 
BROCA, B. A vida literária no Brasil – 1900. Rio de Janeiro: José
Olympio: ABL, 2005. 
CANDIDO, A. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul,
2006. 
CUNHA, E. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2009. 
FAEDRICH, A. Escritoras silenciadas: Narcisa Amália, Júlia Lopes de
Almeida e Albertina Bertha e as adversidades da escrita literária de
mulheres. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional: Macabéa,
2022. 
FIGUEIREDO, E. Por uma crítica feminista: leiturastransversais de
escritoras brasileiras. Porto Alegre: Zouk, 2020. 
FOUCAULT, M. História da loucura. 11. ed. São Paulo: Perspectiva, 2019. 
GALVÃO, W. N. Euclides da Cunha. In: PIZARRO, Ana (org.). América
Latina: Palavra, literatura e cultura. São Paulo/Campinas:
Memorial/Unicamp, 1994, v.2, p. 615-633. 
RIO, J. A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia das Letras,
2008. 
17/04/2024, 11:10 Pré-modernismo na literatura brasileira
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/05633/index.html?brand=estacio# 54/54
SANTIAGO, S. Uma ferroada no peito do pé (Dupla leitura de Triste fim de
Policarpo Quaresma). In: Vale quanto pesa: ensaios sobre questões
político-culturais. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982, p. 163-182. 
STEGAGNO-PICCHIO, L. História da literatura brasileira. 2. ed. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 2004, p. 400. 
SÜSSEKIND, F. Cinematógrafo de letras: literatura, técnica e
modernização no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
Material para download
Clique no botão abaixo para fazer o download do
conteúdo completo em formato PDF.
Download material
O que você achou do conteúdo?
Relatar problema
javascript:CriaPDF()

Mais conteúdos dessa disciplina