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SÉRIE ELETROELETRÔNICA FUNDAMENTOS DA ELETRICIDADE VOLUME 2 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor Geral Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações Regina Maria de Fátima Torres Diretora Associada de Educação Profissional SÉRIE ELETROELETRÔNICA FUNDAMENTOS DA ELETRICIDADE VOLUME 2 SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Sede Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br © 2013. SENAI – Departamento Nacional © 2013. SENAI – Departamento Regional de São Paulo A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI. Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI-São Paulo, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional de São Paulo Gerência de Educação – Núcleo de Educação a Distância FICHA CATALOGRÁFICA S491g Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. Fundamentos da Eletricidade, volume 2 / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de São Paulo. Brasília: SENAI/DN, 2013. 380 p. il. (Série Eletroeletrônica). ISBN 978-85-7519-674-8 1. Eletricidade 2. Eletroeletrônica I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de São Paulo II. Título III. Série CDU: 005.95 Lista de figuras, quadros e tabelas Figura 1 - Estrutura curricular da qualificação profissional do curso de Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica .................................................................22 Figura 2 - Descarga elétrica de um relâmpago .....................................................................................................26 Figura 3 - Exemplo de energia potencial .................................................................................................................28 Figura 4 - Exemplo de energia cinética ....................................................................................................................28 Figura 5 - Exemplo de energia mecânica ................................................................................................................29 Figura 6 - Exemplo de energia térmica ....................................................................................................................29 Figura 7 - Exemplo de energia química ...................................................................................................................30 Figura 8 - Molécula de água .........................................................................................................................................45 Figura 9 - Átomo de oxigênio ......................................................................................................................................45 Figura 10 - Nuvem eletrônica do átomo de hidrogênio ....................................................................................46 Figura 11 - Maneiras de representar os níveis de eletrônicos de energia ...................................................47 Figura 12 - Representação esquemática do comportamento do elétron livre .........................................48 Figura 13 - Efeito de atração e efeito de repulsão de corpos eletrizados ....................................................52 Figura 14 - Eletrização por atrito ................................................................................................................................53 Figura 15 - Filete de água sendo atraído pelo pente eletrizado .....................................................................56 Figura 16 - Interior de uma pilha comum ...............................................................................................................58 Figura 17 - Interior da pilha, identificando os seus polos ..................................................................................58 Figura 18 - Mostrador de voltímetro analógico ....................................................................................................61 Figura 19 - Composição de multímetro digital .....................................................................................................62 Figura 20 - Multímetro digital ......................................................................................................................................62 Figura 21 - Pontas de prova inseridas nos bornes................................................................................................63 Figura 22 - Posição dos cabos durante a medição ...............................................................................................64 Figura 23 - Efeito da temperatura sobre o par termoelétrico ..........................................................................65 Figura 24 - Termopar e termômetro digital ............................................................................................................65 Figura 25 - Esquema de uma célula fotovoltaica ..................................................................................................66 Figura 26 - Cristais piezoelétricos gerando tensão elétrica ..............................................................................66 Figura 27 - Representação do funcionamento de um gerador .......................................................................67 Figura 28 - Usina hidrelétrica ......................................................................................................................................68 Figura 29 - Usina termoelétrica ...................................................................................................................................69 Figura 30 - Usina nuclear ...............................................................................................................................................70 Figura 31 - Captação de energia eólica para geração de energia elétrica .................................................71 Figura 32 - Representação de elétrons dentro do metal do condutor em um circuito aberto ...........76 Figura 33 - Comportamento dos elétrons dentro do condutor sob ação do campo elétrico (interruptor fechado) .................................................................................................77 Figura 34 - Relâmpago: ocorrência natural de corrente elétrica ....................................................................78 Figura 35 - Amperímetro analógico .........................................................................................................................82 Figura 36 - Multímetro na escala de ampère ........................................................................................................83 Figura 37 - Multímetro digital com os cabos conectados .................................................................................83 Figura 38 - Medição .........................................................................................................................................................84 Figura39 - Lanterna em corte .....................................................................................................................................85 Figura 40 - Componentes do circuito elétrico .......................................................................................................86 Figura 41 - Circuitos elétricos com interruptor aberto e fechado ..................................................................87 Figura 42 - Esquema (ou diagrama) elétrico com símbolos ............................................................................90 Figura 43 - Circuito em série ........................................................................................................................................91 Figura 44 - Circuito paralelo .........................................................................................................................................92 Figura 45 - Circuito misto ..............................................................................................................................................93 Figura 46 - Representação da corrente elétrica fluindo .....................................................................................98 Figura 47 - Elétrons em materiais que apresentam resistência à passagem da corrente ......................98 Figura 48 - Ohmímetro digital ................................................................................................................................. 100 Figura 49 - Multímetro usado como ohmímetro .............................................................................................. 101 Figura 50 - Aparelho preparado para medição ................................................................................................. 102 Figura 51 - Medição com multímetro ................................................................................................................... 102 Figura 52 - A influência do comprimento na resistência elétrica do condutor ...................................... 104 Figura 53 - Influência da seção transversal na resistência elétrica do condutor .................................... 104 Figura 54 - Influência do material na resistência elétrica do condutor .................................................... 105 Figura 55 - Associação em série de resistores ..................................................................................................... 112 Figura 56 - Associação em paralelo de resistores .............................................................................................. 112 Figura 57 - Associação mista de resistores ........................................................................................................... 113 Figura 58 - Associação em série de resistores .................................................................................................... 114 Figura 59 - Resistência equivalente do circuito ................................................................................................ 115 Figura 60 - Associação de resistores em paralelo ............................................................................................. 116 Figura 61 - Associação de dois resistores ............................................................................................................ 121 Figura 62 - Associação mista de resistores .......................................................................................................... 122 Figura 63 - Resistências associadas em paralelo ............................................................................................... 122 Figura 64 - Resistência equivalente da associação em paralelo ................................................................. 123 Figura 65 - Circuitos ficam equivalentes com a troca do resistor ............................................................... 123 Figura 66 - Resistência equivalente ....................................................................................................................... 124 Figura 67 - Primeiro circuito ..................................................................................................................................... 132 Figura 68 - Segundo circuito .................................................................................................................................... 132 Figura 69 - Terceiro circuito ..................................................................................................................................... 132 Figura 70 - Triângulo tensão versus resistência versus corrente .................................................................. 134 Figura 71 - Circuito do exemplo 1 ........................................................................................................................... 135 Figura 72 - Circuito do exemplo 2 .......................................................................................................................... 136 Figura 73 - Circuito do exemplo 3 .......................................................................................................................... 136 Figura 74 - Distribuição da corrente em um circuito em paralelo .............................................................. 137 Figura 75 - Características do circuito com resistores ligados em paralelo ............................................ 138 Figura 76 - Circuito em paralelo com amperímetros e voltímetros ........................................................... 139 Figura 77 - Circuito em paralelo com amperímetros e voltímetros ............................................................ 140 Figura 78 - Circuito em paralelo com nós identificados ................................................................................ 141 Figura 79 - Circuito com todos os valores ........................................................................................................... 142 Figura 80 - Circuito em paralelo com valores calculados ............................................................................... 143 Figura 81 - Circuito com resistores em série ....................................................................................................... 144 Figura 82 - Corrente no circuito em série ............................................................................................................. 145 Figura 83 - Tensões no circuito em série .............................................................................................................. 146 Figura 84 - Circuito misto ........................................................................................................................................... 148 Figura 85 - Circuito misto atualizado com o valor de Req1 ........................................................................... 149 Figura 86 - Circuito equivalente final .................................................................................................................... 150 Figura 87 - Circuito parcial ........................................................................................................................................ 151 Figura 88 - Circuito com valores de corrente e tensão ................................................................................... 152 Figura 89 - Circuito com três resistores ................................................................................................................ 153 Figura 90 - Circuito misto com os valores calculados ...................................................................................... 154 Figura 91 - Quem está realizando mais trabalho? ............................................................................................ 158 Figura 92 - Lâmpadas produzem quantidades diferentes de luz ................................................................159 Figura 93 - Triângulo com potência versus tensão versus corrente ............................................................ 162 Figura 94 - Triângulos para determinar equação da potência por efeito joule ...................................... 163 Figura 95 - Lâmpadas com a mesma potência e tensões de funcionamento diferentes. .................. 167 Figura 96 - Circuito para cálculo de potência dissipada ................................................................................ 168 Figura 97 - Bateria elementar ................................................................................................................................... 170 Figura 98 - Representação do interior de uma bateria elétrica ................................................................... 170 Figura 99 - Representação esquemática da resistência interna de uma bateria .................................. 171 Figura 100 - Circuito com a força eletromotriz (E) gerada e a resistência interna (RI). ........................ 171 Figura 101 - Circulação da corrente pelo circuito ............................................................................................. 172 Figura 102 - Magnetita ................................................................................................................................................ 180 Figura 103 - Ímã artificial ........................................................................................................................................... 181 Figura 104 - Polos dos ímãs ....................................................................................................................................... 181 Figura 105 - Linha neutra ........................................................................................................................................... 182 Figura 106 - Diferença de organização dos ímãs moleculares ..................................................................... 183 Figura 107 - Inseparabilidade dos polos .............................................................................................................. 183 Figura 108 - Representação da interação entre os ímãs ................................................................................. 184 Figura 109 - Trem japonês cujo movimento é baseado no princípio da força de repulsão dos ímãs (linha de teste de Yamanashi) ..................................................................... 184 Figura 110 - Linhas de indução magnética ......................................................................................................... 185 Figura 111 - Trajetória das linhas de indução magnética .............................................................................. 186 Figura 112 - Representação esquemática da densidade do fluxo ............................................................. 187 Figura 113 - Comportamento do material paramagnético em relação ao campo magnético ........ 189 Figura 114 - Representação de material diamagnético .................................................................................. 189 Figura 115 - Material ferromagnético .................................................................................................................... 190 Figura 116 - Campo magnético B em condutor sendo percorrido por corrente elétrica .................. 191 Figura 117 - Linhas de força do campo magnético ......................................................................................... 191 Figura 118 - Regra da mão direita ........................................................................................................................... 192 Figura 119 - Regra do saca-rolhas .......................................................................................................................... 193 Figura 120 - Direção de movimento das linhas de indução ......................................................................... 194 Figura 121 - Identificando o polo sul .................................................................................................................... 194 Figura 122 - Identificando o polo norte ............................................................................................................... 195 Figura 123 - Símbolos de bobinas ......................................................................................................................... 195 Figura 124 - Representação do efeito da soma dos efeitos magnéticos em uma bobina ................. 196 Figura 125 - Concentração de linhas de indução magnética ....................................................................... 196 Figura 126 - Símbolo de indutor ............................................................................................................................. 197 Figura 127 - Primeira experiência de Faraday: circuito com condutor sem fonte de alimentação ................................................................................................................ 198 Figura 128 - Circuito que reproduz a segunda experiência de Faraday ................................................... 198 Figura 129 - Circuito que representa o sentido da corrente pela Lei de Lenz ........................................ 200 Figura 130 - Efeito do campo elétrico e do campo magnético sobre uma carga elétrica ................. 201 Figura 131 - Direção das forças magnéticas ....................................................................................................... 202 Figura 132 - Regra da mão esquerda .................................................................................................................... 202 Figura 133 - Representação esquemática de um circuito magnético ...................................................... 203 Figura 134 - Campo magnético de um eletroímã ............................................................................................ 203 Figura 135 - Alto-falante ............................................................................................................................................ 205 Figura 136 - Circuito elétrico de corrente contínua ......................................................................................... 238 Figura 137 - Mudança de polaridade na bateria do circuito elétrico ......................................................... 238 Figura 138 - Bobina com medidor de tensão acoplado às extremidades ................................................ 239 Figura 139 - Polo norte do ímã próximo da bobina = tensão positiva ...................................................... 239 Figura 140 - Polo sul do ímã próximo da bobina = tensão negativa .......................................................... 239 Figura 141 - Geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no Brasil ..................................... 241 Figura 142 - Representação esquemática de um gerador elementar ....................................................... 242 Figura 143 - Posição 0°: plano da espira perpendicular ao campo magnético ...................................... 242 Figura 144 - Posição 90o: gerador atinge a geração máxima de fem ............................................................ 243 Figura 145 - Posição 180o: formação do primeiro semiciclo (positivo) ...................................................... 244 Figura 146 - Posição 270o: geração máxima de fem com sentido oposto ao ângulo de 90º ................ 244 Figura 147 - Posição 360o: o segundo semiciclo (negativo) se forma ........................................................ 245 Figura 148 - Tensão de pico ...................................................................................................................................... 248 Figura 149 - Tensão de pico positivo e tensão de pico negativo................................................................. 248 Figura 150 - Medidas de pico a pico aplicam-se à corrente alternada senoidal ................................... 249 Figura 151 - Dissipação de potência em circuito alimentado por tensão contínua ............................ 250 Figura 152 - Dissipação de potência em circuito alimentado por tensão alternada ........................... 250 Figura 153 - Soma dos valores instantâneos ....................................................................................................... 252 Figura 154 - Representação do valor médio da corrente alternada senoidal ........................................ 253 Figura 155 - Circuito elétrico de corrente contínua .......................................................................................... 254 Figura 156 - Defasagem em circuito elétrico de CA com cargas resistivas .............................................. 255 Figura 157 - Com cargas indutivas, a corrente se atrasa 90º em relação à tensão ................................ 255 Figura 158 - Com cargas capacitivas, a corrente se adianta 90o em relação à tensão .......................... 256 Figura 159 - Circuito elétrico indutivo para cálculo de potência ................................................................. 258 Figura 160 - Triângulo das potências .................................................................................................................... 260 Figura 161 - Vetores das potências ........................................................................................................................ 263 Figura 162 - Potência em circuito elétrico indutivo ......................................................................................... 264 Figura 163 - Potência em circuito elétrico capacitivo ...................................................................................... 265 Figura 164 - Potência em circuito elétrico indutivo-capacitivo ................................................................... 265 Figura 165 - Circuito interno do wattímetro ....................................................................................................... 266 Figura 166 - Diagrama do interior de um cossifímetro ................................................................................... 267 Figura 167 - Representação esquemática de um capacitor ......................................................................... 272 Figura 168 - Símbolos para capacitor não polarizado e capacitor polarizado ........................................ 273 Figura 169 - Circuito com capacitor e sem tensão elétrica ........................................................................... 274 Figura 170 - Circuito com chave fechada ............................................................................................................ 275 Figura 171 - Processo de carga do capacitor ..................................................................................................... 275 Figura 172 - Capacitor carregado ........................................................................................................................... 276 Figura 173 - Descarga do capacitor ....................................................................................................................... 277 Figura 174 - Associação de capacitores em paralelo ....................................................................................... 281 Figura 175 - Ligação em paralelo de capacitores polarizados ...................................................................... 284 Figura 176 - Associação em série de capacitores ............................................................................................. 284 Figura 177 - Circuito com dois capacitores em série ....................................................................................... 286 Figura 178 - Exemplo de divisão de tensão com capacitores em série .................................................... 287 Figura 179 - Divisão de tensão em um circuito real com capacitores em série ..................................... 287 Figura 180 - Circuito com capacitores polarizados ligados em série ......................................................... 288 Figura 181 - Alimentação do capacitor despolarizado em circuito de CA ............................................... 288 Figura 182 - Movimentação dos elétrons a cada semiciclo ........................................................................... 289 Figura 183 - Aumento da reatância capacitiva .................................................................................................. 290 Figura 184 - A reatância capacitiva (Xc) diminui com o aumento da capacitância ............................... 290 Figura 185 - Capacitor conectado em CA ............................................................................................................ 291 Figura 186 - Gráfico A: tensão versus corrente no instante zero .................................................................. 292 Figura 187 - Gráfico B: tensão versus corrente no instante 90° .................................................................... 293 Figura 188 - Gráfico C: tensão versus corrente no instante 180° .................................................................. 293 Figura 189 - Gráfico de tensão versus corrente no instante 270° ................................................................. 293 Figura 190 - Circuito com capacitor cujo valor da capacitância é desconhecido ................................. 294 Figura 191 - Indutor de saída de fonte ................................................................................................................. 300 Figura 192 - Indutor de proteção de circuitos elétricos ................................................................................. 300 Figura 193 - Indutor monofásico para proteção de circuitos elétricos ..................................................... 301 Figura 194 - Símbolos de indutores ...................................................................................................................... 301 Figura 195 - Representação das polaridades em indutores ......................................................................... 302 Figura 196 - Indutor junto à carga ......................................................................................................................... 302 Figura 197 - Dois indutores para aumentar a indutância ............................................................................... 302 Figura 198 - Tensão induzida no interior de um campo magnético .......................................................... 303 Figura 199 - Circuito com resistor .......................................................................................................................... 304 Figura 200 - Comportamento da corrente .......................................................................................................... 304 Figura 201 - Circuito com indutor .......................................................................................................................... 304 Figura 202 - Comportamento da corrente .......................................................................................................... 304 Figura 203 - Circuito com indutor e chave desligada ..................................................................................... 304 Figura 204 - Circulação da corrente na bobina .................................................................................................. 305 Figura 205 - Expansão do campo magnético ..................................................................................................... 305 Figura 206 - Tensão aplicada à bobina .................................................................................................................306 Figura 207 - Geração de fcem .................................................................................................................................. 306 Figura 208 - Representação da fcem como uma “bateria” no circuito ...................................................... 307 Figura 209 - Gráfico de variação do campo magnético no indutor (chave fechada) .......................... 307 Figura 210 - Gráfico de variação de tensão no indutor (chave aberta) ..................................................... 308 Figura 211 - Exemplo de ligação de uma lâmpada fluorescente convencional ..................................... 308 Figura 212 - Posição A: não há passagem da corrente .................................................................................... 310 Figura 213 - Campo magnético na posição B .................................................................................................... 311 Figura 214 - Não há campo magnético ................................................................................................................ 311 Figura 215 - Polaridade do campo magnético é invertida ............................................................................ 312 Figura 216 - Não há campo magnético ................................................................................................................. 312 Figura 217 - Associação em série de indutores ................................................................................................. 314 Figura 218 - Associação em paralelo de indutores .......................................................................................... 316 Figura 219 - Circuito CA com indutor ................................................................................................................... 318 Figura 220 - Circuito de CA com indutor ............................................................................................................. 320 Figura 221 - Componentes de um sistema de aterramento.......................................................................... 326 Figura 222 - Símbolo do aterramento, segundo ABNT .................................................................................. 327 Figura 223 - Exemplo de aterramento em RDA.................................................................................................. 328 Figura 224 - Caixas e equipamentos aterrados segundo normas técnicas de segurança .................. 329 Figura 225 - Hastes de aterramentos para cercas rurais ................................................................................. 329 Figura 226 - Tipos de para-raios e símbolo para projetos ............................................................................. 332 Figura 227 - Para-raios de redes de distribuição, da classe de 3 kV a 25 kV ............................................. 333 Figura 228 - Cabo de interligação para ligação de para-raios instalado em redes de distribuição de energia elétrica .................................................................................... 334 Figura 229 - Instalação de para-raios em poste do tipo circular de concreto ......................................... 335 Figura 230 - Para-raios interligados entre si e a carcaça do transformador ............................................. 335 Figura 231 - Exemplo de gerador de corrente contínua (dínamo) e símbolo para projeto .............. 340 Figura 232 - Exemplo de gerador de corrente alternada e símbolo para projeto ................................. 341 Figura 233 - Modelos de geradores a óleo diesel .............................................................................................342 Figura 234 - Gerador acoplado em turbina elétrica, utilizado em hidrelétricas ..................................... 343 Figura 235 - Exemplo de transformador e símbolo para projeto ............................................................... 346 Figura 236 - Campo magnético variável ao redor da bobina do transformador ................................... 346 Figura 237 - Primário e secundário do transformador .................................................................................... 347 Figura 238 - Núcleo do transformador .................................................................................................................. 347 Figura 239 - Efeito do núcleo no transformador................................................................................................ 348 Figura 240 - Tipos de ligação do transformador no poste ............................................................................ 349 Figura 241 - Transformador de alta-tensão ......................................................................................................... 350 Figura 242 - Diagrama da estrutura básica de um transformador .............................................................. 350 Figura 243 - Transformador de baixa tensão ....................................................................................................... 351 Figura 244 - Relação de espiras com tensão do transformador ................................................................... 352 Figura 245 - Tipos de transformadores ................................................................................................................. 353 Figura 246 - Exemplo de transformador rebaixador ........................................................................................ 353 Figura 247 - Transformador com primário a quatro fios ................................................................................. 354 Figura 248 - Camadas do transformador trifásico ............................................................................................. 356 Figura 249 - Detalhes técnicos do transformador (trafo) trifásico ............................................................... 357 Figura 250 - Foto de um transformador trifásico ............................................................................................... 359 Figura 251 - Transformador instalado em subestação .................................................................................... 360 Figura 252 - Partes internas de um motor monofásico .................................................................................. 365 Figura 253 - Tipos de rotores dos motores trifásicos ....................................................................................... 366 Figura 254 - Placa de identificação de um motor de indução trifásico ..................................................... 367 Figura 255 - Ferro móvel ............................................................................................................................................. 373 Figura 256 - Bobina móvel ......................................................................................................................................... 373 Figura 257 - Instrumento eletrodinâmico ............................................................................................................ 374 Figura 258 - Instrumento ressonante .................................................................................................................... 375 Figura 259 - Escala medidora homogênea para bobina móvel .................................................................. 376 Figura 260 - Escala medidora heterogênea para ferro móvel ...................................................................... 376 Figura 261 - Escala heterogênea para instrumento eletrodinâmico ......................................................... 377 Figura 262 - Indicação de tensão de isolação do instrumento .................................................................... 380 Figura 263 - Exemplos de leituras ...........................................................................................................................380 Figura 264 - Diagrama interno de um instrumento digital ........................................................................... 381 Figura 265 - Categoria de multímetros: níveis de aplicação ........................................................................ 385 Figura 266 - Medidores de fornecimento de energia elétrica ..................................................................... 388 Figura 267 - Conta de fornecimento de energia elétrica ................................................................................ 389 Figura 268 - Rotação do disco por dois campos magnéticos ...................................................................... 390 Figura 269 - Medidor de corrente monofásico e representação esquemática de suas partes ......... 390 Figura 270 - Medidor eletrônico de fornecimento de energia e o diagrama do circuito digital com seus módulos componentes .............................................................. 391 Figura 271 - Voltímetro analógico ........................................................................................................................... 392 Figura 272 - Voltímetro digital .................................................................................................................................. 393 Figura 273 - Amperímetro analógico ..................................................................................................................... 394 Figura 274 - Amperímetro digital ............................................................................................................................ 394 Figura 275 - Voltímetro e amperímetro instalados em um circuito de CA ............................................... 395 Figura 276 - Ohmímetro digital ............................................................................................................................... 395 Figura 277 - Ohmímetro medindo resistência elétrica .................................................................................... 396 Figura 278 - Wattímetro ............................................................................................................................................. 397 Figura 279 - Representação da parte interna de um wattímetro ................................................................ 397 Figura 280 - Wattímetro medindo a potência elétrica de uma lâmpada .................................................. 398 Quadro 1 - Efeitos da energia elétrica em diversos tipos de consumidores...............................................31 Quadro 2 - Eventos históricos relacionados à energia elétrica ........................................................................36 Quadro 3 - Conceito de átomo: evolução histórica .............................................................................................43 Quadro 4 - Elementos e seus elétrons de valência ..............................................................................................49 Quadro 5 - Material A, com carga elétrica positiva ..............................................................................................54 Quadro 6 - Material A, com carga elétrica negativa ............................................................................................54 Quadro 7 - Representação de polarização, aterramento e desaterramento ..............................................55 Quadro 8 - Componentes do circuito e seus símbolos e letras correspondentes ....................................89 Quadro 9 - Características e aplicações de materiais ....................................................................................... 111 Quadro 10 - Regras para arredondamento de números ................................................................................ 120 Quadro 11 - Símbolos e letras usados em circuitos elétricos ........................................................................ 131 Quadro 12 - Fórmulas da Lei de Ohm e para cálculo de potência .............................................................. 165 Quadro 13 - Características dos capacitores e sua utilização........................................................................ 273 Quadro 14 - Fatores que influem na indutância ................................................................................................ 309 Quadro 15 - Representação dos fenômenos elétricos do transformador ............................................... 351 Quadro 16 - Transformador (Trafo) trifásico – 60 Hz – 15 kV ......................................................................... 358 Quadro 17 - Dados da placa de um motor .......................................................................................................... 368 Quadro 18 - Posições de funcionamento dos instrumentos de medição ................................................ 379 Quadro 19 - Diferenças entre o multímetro analógico e o digital ............................................................. 383 Quadro 20 - Vantagens e desvantagens do uso de multímetros analógicos e digitais ....................... 384 Quadro 21 - Dados comparativos do medidor eletromecânico em relação ao eletrônico ................ 392 Tabela 1 - Prefixos, símbolos e fatores multiplicadores SI .................................................................................33 Tabela 2 - Informação nutricional de embalagem de suco ..............................................................................34 Tabela 3 - Unidade de medida de tensão e seus fatores multiplicadores ...................................................59 Tabela 4 - Unidade de medida de corrente e seus fatores multiplicadores ...............................................80 Tabela 5 - Unidade de medida de resistência e seus fatores multiplicadores ...........................................99 Tabela 6 - Resistividade de materiais a 20 ºC ...................................................................................................... 106 Tabela 7 - Coeficiente de temperatura de materiais ........................................................................................ 109 Tabela 8 - Valores obtidos .......................................................................................................................................... 133 Tabela 9 - Proporcionalidade entre resistência e corrente ............................................................................. 133 Tabela 10 - Unidade de medida de potência e seus fatores multiplicadores ......................................... 160 Tabela 11 - Unidade de medida de frequência e fatores multiplicadores ................................................ 246 Tabela 12 - Unidade de medida de capacitância e seus submúltiplos ...................................................... 278 Tabela 13 - Unidade de medida de indutância e seus submúltiplos.......................................................... 313 Sumário 1 Introdução ........................................................................................................................................................................21 2 Histórias da eletricidade ..............................................................................................................................................25 2.1 A eletricidade está no ar? .........................................................................................................................26 2.2 O que é energia? .........................................................................................................................................27 2.2.1 Formas de energia ...................................................................................................................27 2.3 Unidades de medida de energia ...........................................................................................................332.4 Como o homem conheceu a energia elétrica ..................................................................................35 3 Fundamentos da eletricidade ...................................................................................................................................41 3.1 Composição da matéria ............................................................................................................................42 3.2 A molécula e o átomo ...............................................................................................................................44 3.3 Materiais condutores e materiais isolantes .......................................................................................48 3.4 O que é eletricidade? .................................................................................................................................51 3.5 Eletrostática ..................................................................................................................................................52 3.5.1 Tensão elétrica............................................................................................................................57 3.5.2 Como criar o desequilíbrio elétrico ....................................................................................57 3.5.3 Unidade de medida de tensão elétrica .............................................................................59 3.5.4 Conversão da unidade de medida de tensão .................................................................60 3.5.5 Instrumento de medição de tensão elétrica ..................................................................61 3.6 Geração de energia elétrica ....................................................................................................................64 3.6.1 Usinas geradoras de eletricidade ........................................................................................67 4 Corrente elétrica .............................................................................................................................................................75 4.1 Corrente elétrica ..........................................................................................................................................76 4.1.1 Sentido da corrente elétrica ..................................................................................................77 4.1.2 Intensidade da corrente ........................................................................................................78 4.1.3 Corrente contínua .....................................................................................................................80 4.1.4 Unidade de medida de corrente .........................................................................................80 4.1.5 Instrumento de medição de intensidade da corrente .................................................82 4.2 O circuito elétrico ........................................................................................................................................85 4.2.1 Simbologia dos componentes do circuito elétrico .......................................................89 4.2.2 Tipos de circuitos elétricos ....................................................................................................91 V O LU M E 1 5 Resistência elétrica ........................................................................................................................................................97 5.1 Conceito de resistência elétrica .............................................................................................................98 5.1.1 Unidade de medida de resistência elétrica .....................................................................99 5.1.2 Instrumento de medida de resistência .......................................................................... 100 5.1.3 Segunda lei de Ohm ............................................................................................................. 103 5.1.4 Resistividade elétrica ............................................................................................................ 105 5.1.5 Influência da temperatura sobre a resistência ............................................................ 108 5.2 Associação de resistências .................................................................................................................... 111 5.2.1 Resistência equivalente ....................................................................................................... 113 6 Leis de Ohm e leis de Kirchhoff.............................................................................................................................. 129 6.1 Primeira Lei de Ohm ............................................................................................................................... 131 6.1.1 Determinação experimental da primeira Lei de Ohm .............................................. 131 6.1.2 Aplicação da Primeira Lei de Ohm ................................................................................... 134 6.2 Leis de Kirchhoff ....................................................................................................................................... 137 6.2.1 Primeira Lei de Kirchhoff ..................................................................................................... 137 6.2.2 Comprovação da Primeira Lei de Kirchhoff .................................................................. 143 6.3 Segunda Lei de Kirchhoff ...................................................................................................................... 144 6.3.1 Aplicação da Segunda Lei de Kirchhoff ......................................................................... 148 6.4 As Leis de Kirchhoff e as Leis de Ohm em circuitos mistos ...................................................... 148 7 Potência elétrica em CC ............................................................................................................................................ 157 7.1 Trabalho elétrico ...................................................................................................................................... 158 7.2 Potência elétrica ....................................................................................................................................... 159 7.2.1 Unidade de medida de potência elétrica ..................................................................... 160 7.3 Determinação da potência de um consumidor em CC .............................................................. 162 7.4 Potência nominal .................................................................................................................................... 167 7.4.1 Limite de dissipação de potência .................................................................................... 168 7.5 Fontes de alimentação de CC .............................................................................................................. 169 7.5.1 Influência da resistência interna na tensão de saída do gerador ........................ 171 7.5.2 Rendimento do gerador ...................................................................................................... 173 7.5.3 Máxima transferência de potência do gerador ........................................................... 174 8 Magnetismo e eletromagnetismo ........................................................................................................................ 179 8.1 Conceito de magnetismo ...................................................................................................................... 180 8.1.1 Ímãs ............................................................................................................................................ 180 8.1.2 Polos magnéticosde um ímã ........................................................................................... 181 8.2 Origem do magnetismo ........................................................................................................................ 183 8.3 Propriedades características dos ímãs ............................................................................................. 183 8.4 Campo magnético – linhas de força ................................................................................................. 185 8.5 Densidade de fluxo da indução magnética .................................................................................... 186 8.6 Imantação ou magnetização ............................................................................................................... 189 8.7 Eletromagnetismo ................................................................................................................................... 190 8.7.1 Campo magnético em um condutor ............................................................................. 191 8.7.2 Campo magnético em uma espira circular ................................................................... 193 V O LU M E 1 8.8 Campo magnético em uma bobina (ou solenoide) ................................................................... 195 8.9 Principais leis do eletromagnetismo ................................................................................................. 197 8.9.1 Lei de Faraday .......................................................................................................................... 197 8.9.2 Lei de Lenz ................................................................................................................................ 200 8.9.3 Lei da Força de Lorentz ....................................................................................................... 201 8.10 Circuitos magnéticos ............................................................................................................................ 202 8.11 Interação entre o magnetismo e o eletromagnetismo ............................................................ 205 Referências ........................................................................................................................................................................ 209 Minicurrículo dos autores ........................................................................................................................................... 211 Índice .................................................................................................................................................................................. 213 9 Corrente alternada ..................................................................................................................................................... 237 9.1 Corrente e tensão alternadas monofásicas .................................................................................... 238 9.2 Geração de corrente alternada ........................................................................................................... 240 9.2.1 Frequência de uma corrente (ou tensão) alternada .................................................. 245 9.3 Valor de pico e valor de pico a pico da tensão alternada senoidal ....................................... 248 9.4 Tensão e correntes eficazes ................................................................................................................. 249 9.5 Valor médio da corrente e da tensão alternada senoidal (IDC e VDC) ................................. 252 9.6 Potência elétrica em CA ......................................................................................................................... 254 9.6.1 Energia e potência em CA ................................................................................................... 254 9.6.2 Triângulo das potências ...................................................................................................... 260 9.6.3 Fator de potência (FP) ......................................................................................................... 262 9.6.4 Correção do fator de potência ......................................................................................... 264 9.6.5 Medidor de potência ........................................................................................................... 266 9.6.6 Medidor de fator de potência (cossifímetro) ............................................................... 266 10 Capacitores ................................................................................................................................................................. 271 10.1 Conceito de capacitor .......................................................................................................................... 272 10.2 Características de carga e descarga do capacitor ...................................................................... 274 10.3 Capacitância ............................................................................................................................................ 278 10.3.1 Unidade de medida da capacitância ........................................................................... 278 10.4 Tensão de trabalho ................................................................................................................................ 279 10.5 Associação de capacitores ................................................................................................................. 281 10.5.1 Associação em paralelo ..................................................................................................... 281 10.5.2 Associação em série ............................................................................................................ 284 10.6 Reatância capacitiva ............................................................................................................................. 288 10.6.1 Funcionamento em CA ...................................................................................................... 288 10.6.2 Fatores que influenciam na reatância capacitiva ..................................................... 289 10.6.3 Relação entre tensão CA, corrente CA e reatância capacitiva ............................. 290 10.6.4 Determinação experimental da capacitância de um capacitor .......................... 294 V O LU M E 1 V O LU M E 2 11 Indutores ..................................................................................................................................................................... 299 11.1 O que é um indutor? ............................................................................................................................ 300 11.1.1 Polaridade magnética do indutor ................................................................................. 301 11.2 Conceito de indução ............................................................................................................................ 302 11.3 Comportamento do indutor em corrente contínua – autoindução ................................... 303 11.4 Conceito de indutância ....................................................................................................................... 307 11.4.1 Efeito da indutância em um circuito de CA................................................................ 310 11.4.2 Unidade de medida de indutância ............................................................................... 312 11.5 Associação de indutores: em série e em paralelo ...................................................................... 314 11.5.1 Associação em série de indutores ................................................................................. 314 11.5.2 Associação em paralelo de indutores ..........................................................................316 11.6 Reatância indutiva ................................................................................................................................. 317 11.7 Fator de qualidade Q ............................................................................................................................ 319 11.8 Determinação experimental da indutância em um indutor .................................................. 320 12 Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) e sistema de aterramento .............. 325 12.1 Aterramentos elétricos ........................................................................................................................ 326 12.1.1 O que aterrar? ....................................................................................................................... 327 12.1.2 Interligação do sistema de aterramento ..................................................................... 330 12.2 Descargas atmosféricas e suas interferências em redes de distribuição .......................... 331 12.3 Para-raios .................................................................................................................................................. 332 12.3.1 Varistores e óxidos metálicos (ZNO) ............................................................................. 333 12.3.2 Aplicação dos para-raios .................................................................................................. 334 13 Gerador elétrico ........................................................................................................................................................ 339 13.1 Caracteristicas dos geradores ........................................................................................................... 340 13.2 Funcionamento dos geradores ........................................................................................................ 340 14 Transformador ........................................................................................................................................................... 345 14.1 Características dos transformadores .............................................................................................. 346 14.2 Funcionamento ...................................................................................................................................... 346 14.3 Tipos de ligação de transformadores ............................................................................................. 348 14.4 Relação de transformação .................................................................................................................. 349 14.5 Transformador (trafo) trifásico .......................................................................................................... 355 15 Motores ........................................................................................................................................................................ 363 15.1 Motores elétricos ................................................................................................................................... 364 15.2 Motores monofásicos........................................................................................................................... 365 15.3 Motores trifásicos .................................................................................................................................. 365 15.4 Ligação dos motores trifásicos ......................................................................................................... 366 15.5 Identificação dos motores ................................................................................................................. 367 V O LU M E 2 16 Instrumentos e ferramentas de medidas elétricas ....................................................................................... 371 16.1 Instrumentos de medição .................................................................................................................. 372 16.1.1 Instrumentos analógicos: princípio de funcionamento ....................................... 372 16.1.2 Instrumento digital: princípio de funcionamento ................................................... 381 16.2 Multímetro .............................................................................................................................................. 382 16.2.1 Graus de proteção do multímetro ................................................................................. 384 16.2.2 Categorias de multímetros .............................................................................................. 385 16.3 Medidores de fornecimento de energia elétrica........................................................................ 388 16.3.1 Medidor eletromecânico de fornecimento de energia elétrica.......................... 389 16.3.2 Medidor eletrônico de fornecimento de energia elétrica .................................... 391 16.4 voltímetro ................................................................................................................................................. 392 16.4.1 Voltímetro analógico ......................................................................................................... 392 16.4.2 Voltímetro digital ................................................................................................................ 393 16.5 Amperímetro .......................................................................................................................................... 393 16.6 Ohmímetro ............................................................................................................................................. 395 16.7 Wattímetro .............................................................................................................................................. 396 Referências ........................................................................................................................................................................ 401 Minicurrículo dos autores ........................................................................................................................................... 403 Índice .................................................................................................................................................................................. 405 V O LU M E 2 9 Corrente alternada Você estudou tensão, corrente e circuito elétrico em capítulos anteriores e agora é o mo- mento de conhecer o conceito de resistência elétrica. Você já aprendeu como a tensão faz a corrente circular pelo circuito e também a maneira como as cargas estão dispostas – em série, em paralelo ou mistas (em série e em paralelo) – e como isso infl uencia na quantidade de ener- gia que cada componente do circuito recebe para fazê-lo funcionar. Mas isso tudo foi estudado em circuitos simples alimentados por corrente contínua (CC). Por isso, neste capítulo, estudaremos um assunto de fundamental importância para todos os eletri- cistas de redes de distribuição elétrica, particularmente àqueles que se dedicarão à manuten- ção de circuitos em Redes de Distribuição Aérea (RDAs). Conheceremos um parâmetro muito importante para dimensionar circuitos para o funcionamento dos mais variados equipamentos elétricos: a potência elétrica em corrente alternada (CA). Ao fi nal deste capítulo, você saberá: a) o que são corrente e tensão alternadas monofásicas; b) o que é curva senoidal e como a corrente alternada é gerada; c) o que são valores de pico e valores de pico a pico da tensão alternada senoidal; d) o que é tensão efi caz; e) o que é corrente efi caz; f ) calcular tensão e corrente efi cazes; g) calcular IDC e VDC (valor médio da corrente e da tensão alternada senoidal); h) aplicar o conceito de potênciae seu comportamento em circuitos de corrente alternada; i) determinar os valores de potência aparente, potência ativa e potência reativa em um circuito de CA; j) calcular o fator de potência; k) fazer a correção do fator de potência. Esse conteúdo é muito importante para interpretar o funcionamento de circuitos elétricos e sua similaridade nas RDAs. Fundamentos da eletricidade238 9.1 CORRENTE E TENSÃO ALTERNADAS MONOFÁSICAS Até agora, todos os circuitos que estudamos tinham como fonte de tensão uma bateria que gerava corrente contínua, que circula como mostra a figura a seguir. G + - I I I I A B R Figura 136 - Circuito elétrico de corrente contínua Fonte: SENAI-SP (2013) Nessa disposição, a corrente elétrica segue do ponto A até o ponto B. Se a posição da bateria for mudada de modo que o polo negativo fique no lugar do polo positivo e o polo positivo fique no lugar do polo negativo, veja o que acontece. G + - I I I I A B R Figura 137 - Mudança de polaridade na bateria do circuito elétrico Fonte: SENAI-SP (2013) Nesse caso, a corrente elétrica muda de sentido, seguindo do ponto B até o ponto A. A mudança de polaridade é a principal característica da tensão alternada, pro- vocando nos circuitos um fluxo de corrente ora em um sentido, ora em outro. Observe o que ocorre se um medidor de tensão for colocado nas extremidades de uma bobina. 9 Corrente alternada 239 Tensão = 0 V V +- Figura 138 - Bobina com medidor de tensão acoplado às extremidades Fonte: SENAI-SP (2013) Se um medidor de tensão for colocado nas extremidades da bobina, a medi- ção mostra tensão de 0 V, pois não há diferença de potencial (ddp) e a bobina está em equilíbrio. Veja, agora, a mesma bobina quando um ímã é aproximado dela. Tensão = POSITIVA V +- S N Figura 139 - Polo norte do ímã próximo da bobina = tensão positiva Fonte: SENAI-SP (2013) Quando o polo norte do ímã estiver se aproximando da bobina, os elétrons livres do condutor são atraídos pelo ímã. Nesse momento, cria-se uma diferença de potencial e a leitura do instrumento de medição indica uma diferença de po- tencial com valor positivo. Observe o que acontece se a polaridade do ímã for invertida. Tensão = NEGATIVA V +- N S Figura 140 - Polo sul do ímã próximo da bobina = tensão negativa Fonte: SENAI-SP (2013) Fundamentos da eletricidade240 Com a mudança da polaridade, há a repulsão dos elétrons, fazendo com que a diferença de potencial (ddp) seja oposta à da situação anterior. Nesse caso, o instrumento de medição indica uma tensão negativa. A constante mudança de polaridade é o princípio de geração da corrente alternada. Porém, se, para obter tensão alternada, tivéssemos que inverter cons- tantemente os polos de uma bateria, isso não seria nada prático. Felizmente, gerar corrente alternada é bem menos complicado. Veja no tópico a seguir. 9.2 GERAÇÃO DE CORRENTE ALTERNADA Acender uma lâmpada, ligar a televisão ou o micro-ondas, usar o ferro elétrico, ligar o ventilador são gestos aos quais não prestamos a mínima atenção nem nos preocupamos em saber direito o que os faz funcionar. Quem é bastante curioso, pode até já ter olhado a parte traseira ou inferior de algum de seus aparelhos eletrodomésticos e ter encontrado uma etiqueta com dados como estes: TORRADEIRA ELÉTRICA TENSÃO 127 V ~ 60 Hz Potência 750 W Tais dados querem dizer que essa torradeira só funciona com tensão de 127 V e corrente com frequência de 60 Hz, e que vai aquecer o pão com potência de 750 W. Essas informações significam, também, que a energia elétrica que faz o equipamento funcionar chega à tomada em forma de tensão/corrente alterna- da fornecida para nossas casas por uma empresa concessionária de distribuição de energia elétrica. Essa empresa geralmente compra a energia elétrica de outra, aquela que produziu a energia em uma usina geradora, que, no Brasil, na maioria dos casos, é uma usina hidrelétrica. Antigamente, o grande problema da utilização de energia elétrica era exata- mente a distribuição, ou seja, como fazer chegar energia elétrica de forma eco- nômica ao maior número de consumidores e na maior distância possível. Com o uso da corrente contínua, gerada por meio de dínamos, esse objetivo era impos- sível de ser alcançado. O problema foi resolvido apenas após a construção da pri- meira hidrelétrica em 1895, que fornecia energia elétrica em corrente alternada e permitia que a eletricidade chegasse a até 300 km de distância. 9 Corrente alternada 241 Tecnicamente, existem as duas razões seguintes para que se prefira a corrente alternada. a) A CA pode fazer quase tudo o que a CC faz. b) A transmissão elétrica em CA é muito mais fácil e econômica, porque, com a ajuda de transformadores, a corrente pode ser aumentada ou reduzida praticamente sem perdas. É dessa forma que ela chega às nossas casas. Veja o caminho percorrido pela energia elétrica em corrente alternada até che- gar aos consumidores. A GERAÇÃO B TRANSMISSÃO E CONSUMIDORES COMERCIAIS E INDUSTRIAIS D DISPOSITIVOS DE AUTOMAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO C DISTRIBUIÇÃO F CONSUMIDORES RESIDENCIAIS Subestação Distribuídora Usina Hidroelétrica Subestação Transmissora Transformador Figura 141 - Geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no Brasil Fonte: SENAI-SP (2013) Vamos aprender como a corrente alternada é gerada. Para isso, é necessário saber como funciona um gerador. A figura 142 é uma representação esquemática de um gerador elementar, que consiste de uma espira disposta de tal modo que pode ser girada em um cam- po magnético estacionário. Dessa forma, o condutor da espira corta as linhas do campo eletromagnético, produzindo a força eletromotriz (fem). Fundamentos da eletricidade242 tensão de CA sul norte Figura 142 - Representação esquemática de um gerador elementar Fonte: SENAI-SP (2013) Para fornecer a tensão em CA, um gerador é composto dos polos do ímã, do condutor e do sistema de transferência de energia. Na figura 142, os condutores estão próximos do ímã, fazendo com que haja a máxima tensão. Acompanhe a explicação do funcionamento desse gerador. a) A posição 0º é a posição inicial em que o plano da espira está perpendi- cular ao campo magnético e seus condutores se deslocam paralelamente ao campo. Nesse caso, os condutores não cortam as linhas de força e, portanto, a fem não é gerada. No instante em que a bobina é movimentada, os condutores cortam as linhas de força do campo magnético e a geração de fem é iniciada. Nas figuras de 143 a 147, vamos acompanhar o condutor vermelho para a interpretação ficar mais fácil. Campo Magnético 360o270o180o90o0o + - Efem (V) Ângulos de Rotação (o) N S 0o Efem + - Carga Figura 143 - Posição 0°: plano da espira perpendicular ao campo magnético Fonte: SENAI-SP (2013) 9 Corrente alternada 243 b) Na posição 90º, à medida que a espira se desloca, aumenta seu ângulo em relação às linhas de força do campo. Ao atingir o ângulo de 90º, o gerador atinge a geração máxima da força eletromotriz, pois os condutores cor- tam as linhas de força perpendicularmente. Nesse momento, o condutor vermelho está próximo ao polo sul do ímã (S), gerando a máxima corrente na carga. Veja a posição da corrente na figura. 360o270o180o90o0o + - Efem (V) Ângulos de Rotação (o) Efem Campo Magnético N S 90o Efem + - I Figura 144 - Posição 90o: gerador atinge a geração máxima de fem Fonte: SENAI-SP (2013) c) Quando a espira atinge a posição 180º do ponto inicial, seus condutores não cortam mais as linhas de força e, portanto, não há indução de fem e a corrente volta a zerar. Formou-se assim o primeiro semiciclo (positivo). Quando a espira ultrapassa a posição 180º, o sentido de movimento dos condutores em relação ao campo se inverte. Agora, o condutor vermelho se move para cima e o condutor preto, para baixo. Como resultado, a pola- ridade da fem e o sentido da corrente também são invertidos. Fundamentos da eletricidade244 CampoMagnético 360o270o180o90o0o + - Efem (V) Ângulos de Rotação (o) N S 180o Efem + - Efem Figura 145 - Posição 180o: formação do primeiro semiciclo (positivo) Fonte: SENAI-SP (2013) d) A posição 270º corresponde à geração máxima de fem, mas com o sentido oposto em relação ao ângulo de 90º. O condutor vermelho está próximo ao polo norte (N) do ímã e também está fornecendo a máxima corrente, porém no sentido oposto. 360o270o180o90o0o + - Efem (V) Ângulos de Rotação (o) Efem Campo Magnético N S 270o Efem + - I Figura 146 - Posição 270o: geração máxima de fem com sentido oposto ao ângulo de 90º Fonte: SENAI-SP (2013) 1 CURVA SENOIDAL OU SENOIDE Curva que representa a forma de onda da corrente de saída do gerador e que corresponde à rotação completa da espira. 9 Corrente alternada 245 e) Na posição 360º, quando o segundo semiciclo (negativo) se forma e a volta da espira se completa (ou ciclo de 360º), observa-se a total ausência de força eletromotriz porque os condutores não cortam mais as linhas de força do campo magnético. Campo Magnético 360o270o180o90o0o + - Efem (V) Ângulos de Rotação (o) N S 360o Efem + - Efem Ciclo Figura 147 - Posição 360o: o segundo semiciclo (negativo) se forma Fonte: SENAI-SP (2013) Nesse momento, o gráfico resulta em uma curva senoidal (ou senoide1). 9.2.1 Frequência de uma corrente (ou tensão) alternada No tópico anterior, apareceram algumas palavras novas: ciclo, onda, senoide, período. Vamos ver o que elas significam. Um ciclo corresponde a todos os valores produzidos pelo movimento dos condutores da espira quando cortam o campo magnético nos dois sentidos, de maneira a formar uma senoide. O ciclo também pode ser chamado de onda ou onda completa. Meio ciclo, meia onda ou alternância são os nomes dados à metade dos va- lores produzidos. Matematicamente, dizemos que uma alternância sobre o eixo de referência é positiva e a outra é negativa. Se o condutor continuar girando no campo magnético com velocidade uni- forme, outros ciclos serão produzidos. O número de ciclos produzidos na unidade de tempo é chamado de frequência (f). Fundamentos da eletricidade246 Período (T) de uma tensão ou corrente alternada é o tempo necessário para completar um ciclo. Ele é o inverso da frequência e a sua unidade é o segundo (s). A fórmula para o cálculo do período é: Em que: • T é o período em segundos (s); • f é a frequência em Hertz (Hz). unidade de medida de frequência A frequência é expressa em uma unidade chamada Hertz (Hz), que correspon- de a um ciclo por segundo (c/s). Como toda unidade de medida, o Hertz apresenta fatores multiplicadores (múltiplos e submúltiplos). Aqueles que são normalmente mais utilizados estão apresentados na tabela a seguir. Tabela 11 – Unidade de medida de frequência e fatores multiplicadores DENOMINAÇÃO SíMBOLO VALOR EM HERTZ (HZ) Múltiplos (ou fatores multiplicadores) megahertz MHz 106 Hz ou 1.000.000 Hz quilohertz kHz 103 Hz ou 1.000 Hz Unidade hertz Hz - Submúltiplos milihertz mHz 10-3 Hz ou 0,001 Hz Em Eletricidade, utilizamos frequentemente a unidade (Hz) e seus múltiplos (megahertz e quilohertz), bem como o submúltiplo (milihertz). Faz-se a conversão de valores de forma semelhante às outras unidades de me- dida. Os passos são os mesmos da conversão de valores do volt, que já vimos no capítulo 3. Usamos, também, o mesmo tipo de gabarito. MHz kHz Hz mHz Por exemplo, digamos que você precise converter megahertz (MHz) em qui- lohertz (kHz), e a medida que você tem é 63,7 MHz. Para usar o gabarito, procede- -se da maneira seguinte. 9 Corrente alternada 247 a) Coloque o número no gabarito na posição da unidade de medida, que, nes- se caso, é o megahertz. Lembre-se de que a vírgula deve estar na linha após o megahertz. Observe que cada coluna identificada está subdividida em três casas na próxima linha. MHz kHz 6 3 7 ↑ posição da vírgula b) Mude a posição da vírgula para a direita. O novo valor gerado aparece quan- do a primeira casa abaixo da coluna do quilohertz estiver preenchida. MHz kHz 6 3 7 0 0 ↑ nova posição da vírgula c) Após preencher o gabarito, o valor convertido é: 63,7 MHz = 63.700 kHz. VOCÊ SABIA? O nome Hertz dado à unidade de medida de frequên- cia é uma homenagem ao físico alemão Heinrich Hertz. O nome substituiu a sigla CPS (ciclos por segundo) na década de 1970, embora já tivesse sido estabelecido como designação da unidade pela International Electro- technical Commission (IEC) em 1930 e adotado em 1960 durante a Conférence Générale des Poids et Mesures (Conferência Geral de Pesos e Medidas). SAIBA MAIS Pesquise em um site de busca a biografia de Heinrich Hertz. É sempre inspirador ler sobre a vida dos cientistas, pois gra- ças a eles nosso dia a dia é cada vez mais confortável. instrumentos de medição de frequência O frequencímetro e o osciloscópio são instrumentos de medição de frequência. O frequencímetro faz a leitura direta de modo idêntico ao voltímetro, já o osci- loscópio permite que a forma de onda seja visualizada em uma tela, sendo neces- sário efetuar contagem para conhecer o valor da frequência. Fundamentos da eletricidade248 9.3 VALOR DE PICO E VALOR DE PICO A PICO DA TENSÃO ALTERNADA SENOIDAL Tensão de pico é o valor máximo que a tensão atinge em cada semiciclo. A tensão de pico é representada pela notação Vp. 0 + Vp - Vp tensão de pico positivo tensão de pico negativo Figura 148 - Tensão de pico Fonte: SENAI-SP (2013) Observe que no gráfico aparecem tensão de pico positivo e tensão de pico negativo. O valor de pico negativo é numericamente igual ao valor de pico posi- tivo. Assim, podemos determinar o valor de tensão de pico em qualquer um dos semiciclos. 0 + Vp - Vp 180 V -180 V Vpp Vp = - Vp= 180 V Vpp= 360 V t V Figura 149 - Tensão de pico positivo e tensão de pico negativo Fonte: SENAI-SP (2013) Conhecer a tensão de pico é importante para dimensionar componentes de qualquer circuito elétrico. 9 Corrente alternada 249 A tensão de pico a pico da CA senoidal é o valor medido entre os picos posi- tivo e negativo de um ciclo. A tensão de pico a pico é representada pela notação Vpp. Considerando que os dois semiciclos da CA são iguais, podemos afirmar que: Vpp = 2 . Vp Da mesma forma que as medidas de pico e de pico a pico se aplicam à tensão alternada senoidal, aplicam-se também à corrente alternada senoidal. Ip t1 -5 A Ipp Ip = 5 A Ipp = 10 A+5 A +I Figura 150 - Medidas de pico a pico aplicam-se à corrente alternada senoidal Fonte: SENAI-SP (2013) 9.4 TENSÃO E CORRENTES EFICAZES Quando se aplica uma tensão contínua sobre um resistor, a corrente que cir- cula por ele possui um valor constante. Isso quer dizer que a dissipação de po- tência no resistor (que é dada pela fórmula P = V . I) apresenta um desprendimen- to constante de calor. Fundamentos da eletricidade250 12 Ω + - 12 V A V R I + - + - V +12V grá�co da tensão aplicada no resistor t × = I 1 A grá�co da corrente circulante no resistor t 12 W P t calor desprendido Figura 151 - Dissipação de potência em circuito alimentado por tensão contínua Fonte: SENAI-SP (2013) Se, em vez de tensão contínua, for aplicada tensão alternada sobre o resistor, teremos uma corrente alternada senoidal. t + Vp Ip - Vp t t R I V I grá�co da tensão aplicada no resistor p -Ip Pp Pp 0 0 0 × = grá�co da corrente circulante no resistor potência e�caz (Pef ) Figura 152 - Dissipação de potência em circuito alimentado por tensão alternada Fonte: SENAI-SP (2013) 9 Corrente alternada 251 Como a tensão e a corrente são variáveis, a quantidade de calor produzido no resistor varia a cada instante. Assim, no semiciclo positivo, temos: • tensão zero: não há corrente e também não há produção de calor (P = 0); • valor máximo de Vp: a corrente atingeo valor máximo (Ip) e a potência dissipada é o produto da tensão máxima pela corrente máxima (Pp = Vp . Ip). Da mesma forma, no semiciclo negativo, temos: • tensão zero: não há corrente e também não há produção de calor (P = 0); • valor máximo de Vp: a corrente atinge o valor máximo (-Ip) e a potência dis- sipada é o produto da tensão máxima pela corrente máxima (Pp = -Vp . –Ip). Como o trabalho (calor) em CA é variável, então, por exemplo, se ligamos um resistor de valor R a uma tensão contínua de 10 V, esse mesmo resistor produz a mesma quantidade de trabalho (calor) ao ser ligado a uma tensão alternada de valor de pico de 14,14 V, ou seja, 10 V de tensão eficaz. Logo, quanto à produção de trabalho, a tensão eficaz de uma CA senoidal é um valor que indica a tensão (ou corrente) contínua correspondente a essa mesma CA. Quando usamos instrumentos de medição como o voltímetro e o amperíme- tro, as leituras que obtemos são respectivamente a tensão e a corrente eficazes, que alimentam o circuito de CA. Existe uma relação constante entre o valor eficaz ou valor RMS (do inglês Root Mean Square, que quer dizer “valor quadrático médio”) de uma CA senoidal e seu valor de pico. Essa relação auxilia no cálculo da tensão e da corrente eficazes. Ela é expressa como mostrado a seguir. Tensão eficaz: p ef ef p V V ou V 0,707 . V 2 = = Corrente eficaz: p ef ef p I I ou I 0,707 . I 2 = = Veja um exemplo de cálculo com aplicação dessas fórmulas. Para um valor de pico de 180 V, a tensão eficaz é: ef 180 180 V 127,28 V 1, 412 = = = Ou pode ser: ef pV 0,707 . V = Logo, temos: efV 0,707 .1 80 127,28 V= = Assim, para um valor de pico de 180 V, temos uma tensão eficaz de 127,28 V. Fundamentos da eletricidade252 VOCÊ SABIA? Quando medimos sinais alternados (senoidais) com um multímetro, este deve ser aferido em 60 Hz, que é a fre- quência das redes das concessionárias de energia elé- trica no Brasil. Assim, os valores eficazes medidos com multímetro são válidos apenas para essa frequência. O cálculo de valores de corrente eficaz é feito quando precisamos montar dis- positivos de proteção de máquinas elétricas, como motores, por exemplo. 9.5 VALOR MÉDIO DA CORRENTE E DA TENSÃO ALTERNADA SENOIDAL (IDC E VDC) Quando nos referimos a um ciclo completo, o valor médio de uma grandeza senoidal é nulo. Isso acontece porque a soma dos valores instantâneos relativa ao semiciclo positivo é igual à soma do semiciclo negativo e sua resultante é cons- tantemente nula. Veja gráfico a seguir. Vi(mV) t (ms) + 0 - t S2 S1 Figura 153 - Soma dos valores instantâneos Fonte: SENAI-SP (2013) Observe que a área S1 da senoide (semiciclo) é igual à área S2 (semiciclo), mas S1 está do lado positivo e S2, do lado negativo. Portanto, Stotal = S1 + (- S2) = 0. O valor médio de uma grandeza alternada senoidal deve ser considerado como a média aritmética dos valores instantâneos no intervalo de meio período (ou meio ciclo). Esse valor médio é representado pela altura do retângulo que tem, como área, a mesma superfície coberta pelo semiciclo considerado e, como base, a mesma base do semiciclo. Isso está apresentado no gráfico senoidal a seguir. 9 Corrente alternada 253 _ _ Ip - Ip 0 360o270o180o90o π 2 π 2π3π 2 I médiaI max. Figura 154 - Representação do valor médio da corrente alternada senoidal Fonte: SENAI-SP (2013) A fórmula para o cálculo do valor médio da corrente alternada senoidal é: p med 2 . I IDC I = = π Em que: • Imed é a corrente média em ampères (A); • Ip é a corrente de pico em ampères (A); • π é o valor de pi, ou seja, 3,14. A fórmula para calcular o valor médio da tensão alternada senoidal é: p med 2 . V VDC V = = π Em que: • Vmed é a tensão média em volts (V); • Vp é a tensão de pico em volts (V); • π é o valor de pi, ou seja, 3,14, como já citamos. exemplo de cálculo Em uma grandeza senoidal, a tensão máxima é de 380 V. Qual é a tensão média? p med 2 V 2 380 760 V 242,04 V 3,14 ⋅ ⋅ = = = = π π Fundamentos da eletricidade254 9.6 POTÊNCIA ELÉTRICA EM CA Além da tensão e da corrente, a potência é também um parâmetro muito im- portante para o dimensionamento de diversos equipamentos elétricos. O princi- pal motivo disso é o fato de que a potência elétrica está relacionada à capacidade que cada componente do circuito tem de produzir trabalho. Em tempos de grande preocupação com o ambiente e com os impactos do efeito estufa que a geração de energia elétrica causa, a eficácia dos equipamentos elétricos é uma grande arma para diminuir esses problemas. Afinal, quanto me- nos energia se gasta para realizar a maior quantidade possível de trabalho, menor é a necessidade de consumo. 9.6.1 energia e potência em ca Embora a energia seja uma só, ela pode ser obtida de formas diferentes. Por exemplo, se uma resistência for ligada a uma rede elétrica, a corrente elétrica re- sultante aquece a resistência. Isso significa que a resistência absorve energia e a transforma em calor, que também é uma forma de energia. A intensidade dessa energia é a potência elétrica de que necessitamos. Como você já estudou anteriormente, a capacidade de um consumidor em produzir trabalho em um determinado tempo, a partir da energia elétrica, é cha- mada de potência elétrica. Você aprendeu, também, que a potência elétrica, em circuitos de corrente contínua, pode ser obtida através da relação entre tensão (V), corrente (I) e resis- tência (R) presentes no circuito. Observe o circuito de corrente contínua a seguir. R 10 ΩG I 100 V + - Figura 155 - Circuito elétrico de corrente contínua Fonte: SENAI-SP (2013) Esse circuito tem dois valores fixos: tensão (100 V) e resistência (10 Ω). Para calcular a potência, precisamos primeiro conhecer o valor da corrente (I). 9 Corrente alternada 255 Assim, temos: V 100 I 1 0 A R 10 = = = Agora, para encontrar a potência, usamos a fórmula: P V I 1 00 10 1 000 W= ⋅ = ⋅ = Esse cálculo é válido não só para CC, mas também para CA quando os circuitos são puramente resistivos, ou seja, quando só têm resistores, como em um chu- veiro elétrico. Todavia, em circuitos de CA com cargas indutivas e/ou capacitivas, ocorre uma defasagem entre tensão e corrente. As figuras a seguir ajudam a en- tender como ocorre a defasagem entre corrente e tensão. Observe. a) Carga ativa (resistência ôhmica) U, I, P φ = 0 co s φ = 1+ - P I U Figura 156 - Defasagem em circuito elétrico de CA com cargas resistivas Fonte: SENAI-SP (2013) Em cargas puramente resistivas, como no circuito da figura 156, podemos notar que as formas de onda da tensão e da corrente têm o mesmo ciclo, mas a amplitude muda. b) Carga aparente indutiva (bobina sem resistência) U, I, P φ = 90o co s φ = 0 + - P = 0I U Figura 157 - Com cargas indutivas, a corrente se atrasa 90º em relação à tensão Fonte: SENAI-SP (2013) Fundamentos da eletricidade256 Em cargas puramente indutivas (como os motores), representadas na figura 157, as formas de onda não coincidem. A corrente começa a se deslocar posi- tivamente 90º depois de a tensão ter se deslocado positivamente. Nesse caso, dizemos que a corrente está atrasada 90º em relação à tensão. c) Carga aparente capacitiva (capacitor sem resistência) U, I, P φ = 90o co s φ = 0 + - P = 0 I U Figura 158 - Com cargas capacitivas, a corrente se adianta 90o em relação à tensão Fonte: SENAI-SP (2013) Em cargas puramente capacitivas, representadas na figura 158, as formas de onda também não coincidem. A corrente já está deslocada positivamente 90º quando a tensão começa a se deslocar positivamente. Nesse caso, dizemos que a corrente está adiantada 90º em relação à tensão. Como consequência dessa defasagem, é preciso considerar três tipos de po- tência: • potência aparente (S); • potência ativa (P); • potência reativa (Q). potência aparente (s) Se, em um circuito resistivo, trocarmos a resistência por uma bobinaou por um capacitor e mantivermos o mesmo valor de tensão, o cálculo da potência con- tinuará sendo feito pelo produto da tensão pela corrente. Por exemplo, se, em tensão contínua, a tensão for de 100 V e tivermos corrente de 10 A, o produto será de 1.000 W. Todavia, para esse mesmo valor de potência dissipada, agora com tensão al- ternada, o produto da tensão e corrente é mais elevado do que o medido ante- riormente. Ao contrário do cálculo em CC, o produto V . I em CA, com base nos valores de corrente e de tensão medidos, não é o real valor da potência ativa no consumidor. 2 cos φ (lê-se “cosseno fi”) Ângulo φ que determina a defasagem entre tensão e corrente. 9 Corrente alternada 257 Por isso, o valor V . I em CA é chamado de potência aparente (S), e sua unida- de é o volt-ampère (VA), e não o Watt. Portanto, a fórmula da potência aparente é S = V . I, expressa em VA. potência ativa (p) A potência ativa, também chamada de potência real, é representada pela notação P, e é a potência verdadeira do circuito, ou seja, aquela que realmente produz trabalho. Ela é convertida em calor por efeito Joule e pode ser medida diretamente através de um wattímetro. O cálculo é realizado através da fórmula2 P = V . I . cos φ, e sua unidade de medida é o Watt (W). É importante lembrar-se de que, em circuitos resistivos, a corrente está em fase com a tensão; em circuitos indutivos, a corrente está atrasada em relação à ten- são; e em circuitos capacitivos, a corrente está adiantada em relação à tensão. potência reativa (q) A potência reativa é a porção da potência aparente que é fornecida ao circuito com a função de constituir o circuito magnético nas bobinas e um campo elétrico nos capacitores. Como os campos aumentam e diminuem acompanhando a frequência da CA, a potência reativa varia duas vezes por período entre a fonte de corrente e o consumidor. Essa potência aumenta a carga dos geradores, dos condutores e dos transfor- madores, originando perdas de potência nesses elementos do circuito. A potên- cia reativa é representada pela letra Q, e sua unidade de medida é o volt-ampère reativo (VAr). A fórmula é Q = V . I . sen φ. Agora, observe que temos V . I em comum nas três fórmulas apresentadas: • potência aparente (S) = V . I; • potência ativa (P) = V . I . cos φ; • potência reativa (Q) = V . I . sen φ. Isso significa que podemos, então, substituir V . I por S e alterar as fórmulas de P e Q para: • P = S . cos φ; • Q = S . sen φ. Fundamentos da eletricidade258 Portanto, a potência ativa e a potência reativa são uma parcela da potência total, que é a potência aparente. Veja um exemplo de cálculo. No circuito a seguir, determine as potências apa- rente, ativa e reativa, sabendo que: a) a tensão da rede é V = 100 V; b) a tensão no indutor é VL = 100 V (é a mesma da rede); c) a corrente do circuito é I = 5 A; d) a defasagem entre a corrente e tensão é φ = 60º. L A 5 A V100 Vca100 V Figura 159 - Circuito elétrico indutivo para cálculo de potência Fonte: SENAI-SP (2013) 1) Cálculo da potência aparente: S = V . I S = 100 . 5 S = 500 VA A fonte está fornecendo 500 VA de potência aparente total ao circuito. 2) Cálculo da potência reativa: Q = S . sen φ Q = 500 . sen 60º (valor de tabela) Q = 500 . 0,87 Q = 433 VAr O circuito consome 433 VAr de potência reativa para manter o campo magné- tico no indutor. 9 Corrente alternada 259 3) Cálculo da potência ativa: P = S . cos φ P = 500 . cos 60º (valor de tabela) P = 500 . 0,5 P = 250 W O circuito fornece 250 W de potência ativa, aquela que realmente está sendo utilizada para fazer o trabalho. VOCÊ SABIA? Quando falamos em seno e cosseno, estamos tratando de Trigonometria, que vem do grego trigōnon (“triângu- lo”) e metron (“medida”). Essa parte da Matemática estu- da as relações entre os comprimentos de dois lados de um triângulo retângulo. Para facilitar os cálculos, utilize o anexo no final deste livro, em que há uma tabela de seno e cosseno. CASOS E RELATOS Miguel tinha acabado de se divorciar e montou um típico apartamento de solteiro com mobília, fogão, geladeira e micro-ondas, doados por parentes ou comprados de segunda mão. A ex-esposa exigiu pensão, o que o deixava em má situação com seu orçamento. Mas de uma coisa Miguel não abria mão: uma faxineira para pôr ordem na bagunça ao menos uma vez por semana. Ela, por incrível que pareça, foi a salvação de Miguel! Em um dia normal de faxina, a prestativa auxiliar puxou o refrigerador para fazer uma limpeza caprichada e se esqueceu de recolocar o plugue na tomada. Como a lâmpada interna do refrigerador estava queimada, Miguel só percebeu o esquecimento cerca de dois ou três dias depois, quando foi colocar a cerveja no freezer e percebeu que tudo estava descongelado. Além de perder a linguiça e a picanha que levaria para o churrasco do fim de semana na casa do Pedro, seu melhor amigo, foi obrigado a ouvir as brincadeiras dos colegas de trabalho. Fundamentos da eletricidade260 Com dó de seu amigo, Pedro lhe deu um ótimo conselho e sugeriu que Miguel aproveitasse a oportunidade para trocar aquela “lata velha” por um refrigerador novo. Afinal, vergonha maior do que não perceber o des- ligamento da geladeira era ser eletricista e insistir em usar um eletrodo- méstico tão “gastão”. A verdade é que o motor daquela geladeira velha tinha muita potência reativa, que era usada apenas para fazer o motor girar, e não para realizar o trabalho de produzir frio. Por isso, o sacrifício de comprar um refrigera- dor novo em dez prestações foi compensado no mês seguinte, quando a conta de energia elétrica chegou e ele percebeu que o consumo de energia tinha diminuído em 30%. 9.6.2 triângulo das potências O triângulo das potências é a representação geométrica da relação entre as potências aparente, ativa e reativa. A figura 160 mostra os vetores de potência organizados geometricamente em um triângulo retângulo. Esse é o triângulo das potências. Q S potência ativa P φ po tê nc ia re at iv a Figura 160 - Triângulo das potências Fonte: SENAI-SP (2013) Observe que o triângulo das potências é um triângulo retângulo, o qual, como sabemos, permite a utilização do Teorema de Pitágoras (“A soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa”) para encontrar valores desco- nhecidos de qualquer um de seus lados. 9 Corrente alternada 261 Assim, se duas das três potências são conhecidas, a terceira pode ser determi- nada por meio do Teorema de Pitágoras, seja por cálculo, seja graficamente. Portanto, temos: hipotenusa2 = (cateto adjacente)2 + (cateto oposto)2 Isso corresponde a: S2 = P2 + Q2, que nada mais é do que a fórmula para cálculo da potência aparente. O triângulo retângulo também permite uma relação trigonométrica, na qual: a) o seno de um ângulo é a relação entre o lado oposto e a hipotenusa: cateto oposto sen hipotenusa ϕ = Q sen S ϕ = b) o cosseno de um ângulo é a relação entre o lado adjacente e a hipotenusa: cateto adjacente cos hipotenusa ϕ = P cos S ϕ = O cos φ também é conhecido como fator de potência (FP) e é a relação entre a potência ativa e a potência aparente, apontando o quanto estamos usando de potência reativa. Quanto maior é essa relação, maior é o aproveitamento da ener- gia elétrica. VOCÊ SABIA? A concessionária de energia elétrica especifica o valor mínimo do fator de potência, dado pelo medidor de energia, em 0,92. Esse valor deve ser o mais alto possí- vel, ou seja, próximo da unidade cos φ = 1. Assim, com a mesma corrente e a mesma tensão, consegue-se maior potência ativa, que produz trabalho no circuito. FIQUE ALERTA Reutilizar motores antigos afeta o meio ambiente, pois o consumo de energia elétrica é maior que o dos moto- res novos. Por terem baixo fator de potência, os motores antigos podem consumir cerca de 40% a mais de ener- gia elétrica. Fundamentos da eletricidade262 Veja um exemplo a seguir. Determinar as potênciasaparente, ativa e reativa de um motor monofásico alimentado por uma tensão de 220 V, com uma corrente circulante de 3,5 A e um fator de potência 0,8. Potência aparente (S) S V I S 220 3,5 S 770 VA = ⋅ = ⋅ = Potência ativa (P) P V I cos P 220 3,5 0,8 P 616 W = ⋅ ⋅ ϕ = ⋅ ⋅ = Potência reativa (Q) 2 2 2S = P + Q Logo, temos: 2 2 2 2 2 2 2 Q S P Q S P Q 770 616 Q 462 VAr = − = − = − = 9.6.3 Fator de potência (Fp) A relação entre a potência ativa (ou potência real) e a potência aparente é de- nominada fator de potência (FP), cuja expressão é: P FP cos S = ϕ = A maioria das instalações industriais e residenciais possuem circuitos induti- vos, por causa do uso de equipamentos indutivos, tais como motores e reatores de lâmpadas. O fator de potência – comumente chamado de cosseno fi – indica o quanto o circuito está mais indutivo ou menos indutivo. Em circuitos formados por resisto- res e/ou indutores, três situações são possíveis: a) FP = 1: se a carga é puramente resistiva, não há potência reativa e, portanto, S = P. Nesse caso, a carga aproveita toda a energia fornecida pelo gerador; 9 Corrente alternada 263 b) FP = 0: se a carga é puramente indutiva (ou reativa), não há potência ativa e, portanto, S = Q. Nesse caso, a carga não aproveita nenhuma energia for- necida pelo gerador, ou seja, não dissipa potência, mas apenas troca ener- gia com o gerador; c) 0 < FP < 1: se a carga é indutiva (impedância reativa indutiva) e resistiva, há potência ativa e reativa e, portanto, S2 = P2 + Q2. Nesse caso, a carga aproveita somente uma parte da energia fornecida pelo gerador, ou seja, somente a parte resistiva da carga dissipa potência por efeito Joule. Observe o exemplo. P = VR • I Q = VL• I S = V • I Figura 161 - Vetores das potências Fonte: SENAI-SP (2013) Uma rede de 220 VCA que está alimentando um motor que consome 2.000 W teve sua corrente medida e o instrumento marcou 10 A. Qual é a potência reativa e o fator de potência desse motor? Para calcular a potência aparente, temos: S = V . I S = 220 . 10 S = 2200 VA Para calcular o FP (fator de potência), temos: P FP cos S 2000 FP 0,91 2200 = = ϕ = = Na tabela anexa a este livro, na coluna de cosseno, encontramos o ângulo de 25º, cujo valor é aproximadamente 0,91. Assim, para calcular a potência reativa, temos: Q = V . I . sen Q = 2200 . sen 25º Q = 2200 . 0,4 Q = 880 VAr Fundamentos da eletricidade264 9.6.4 correção do Fator de potência Como você viu, o fator de potência é a relação entre a potência ativa e potên- cia reativa, que se dá por meio da fórmula: P cos FP S ϕ = = . Conforme legislação vigente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), através da resolução 456/2000, determina que o valor do fator de potência deve ser de no mínimo 0,92. Essa determinação faz sentido, porque diminuir o fator de potência faz reduzir a potência ativa (real), aumentando a potência reativa, o que implica um aumento de corrente e, portanto, elevação das perdas. Na maioria dos casos, a instalação elétrica é formada por cargas indutivas, como motores elétricos e lâmpadas fluorescentes, e o comportamento delas exi- ge que analisemos o fator de potência. Para aumentar esse fator e, assim, diminuir as perdas, devem ser instalados capacitores no circuito. Quando o circuito elétrico é indutivo, a corrente está defasada em relação à tensão. Logo, a tensão está adiantada, fazendo com que o triângulo das potên- cias apresente a configuração à direita na figura a seguir. V L a) Circuito elétrico indutivo Q S potência ativa po tê nc ia re at iv a P φ b) Triângulo das potências para circuito elétrico indutivo Figura 162 - Potência em circuito elétrico indutivo Fonte: SENAI-SP (2013) Em um circuito elétrico capacitivo, a corrente está adiantada e a tensão, atrasa- da. O triângulo das potências correspondente a esse circuito é mostrado a seguir, na figura 163, item b. 9 Corrente alternada 265 V C a) Circuito elétrico capacitivo Q S potência ativa po tê nc ia re at iv a P φ b) Triângulo das potências para circuito elétrico capacitivo Figura 163 - Potência em circuito elétrico capacitivo Fonte: SENAI-SP (2013) Se unirmos os dois circuitos, ocorrerá a diminuição dessa defasagem, pois a potência aparente ficará mais próxima da potência ativa, diminuindo a potência reativa, como mostra a figura 164, item b. V L C a) Circuito elétrico indutivo-capacitivo potência ativa po tê nc ia re at iv a P φ b) Triângulo das potências para circuito elétrico indutivo-capacitivo Figura 164 - Potência em circuito elétrico indutivo-capacitivo Fonte: SENAI-SP (2013) A presença do capacitor no circuito corrige o fator de potência e faz com que ocorra a diminuição da potência reativa. Assim, o valor da potência fica mais pró- ximo do valor da potência ativa, havendo menor consumo de energia para que a mesma quantidade de trabalho seja realizada. Fundamentos da eletricidade266 SAIBA MAIS A correção de fator de potência é obrigatória na indústria. Nas residências, a correção de fator de potência não é obri- gatória, embora existam equipamentos para isso, específicos de uso residencial. Para saber o valor estabelecido do fator de potência, acesse o site da ANEEL (www.aneel.gov.br). 9.6.5 medidor de potência O wattímetro é o instrumento usado para medir potência. Ele pode ser uti- lizado tanto em circuitos de CC como nos de CA, sendo que nestes o wattímetro mede a potência ativa P dissipada por um dispositivo ou circuito. A leitura é feita através do deslocamento da bobina móvel, que é ligada ao ponteiro, e é proporcional ao produto da tensão pela corrente em fase com ela, ou seja, é proporcional à potência ativa P. Internamente, o wattímetro é composto por: a) duas bobinas fixas (bobinas de corrente), cujos terminais externos devem ser ligados em série com o dispositivo; b) uma bobina móvel (bobina de tensão), cujos terminais externos devem ser ligados em paralelo com o dispositivo. Wattímetro Li1 Li2 LV i(t) v(t) + - i Figura 165 - Circuito interno do wattímetro Fonte: MARKUS, Otávio. Circuitos elétricos corrente de contínua e corrente alternada: teoria e exercícios. 8. ed. São Paulo: Érica, 2008. p. 176. 9.6.6 medidor de Fator de potência (cossiFímetro) O cossifímetro é um instrumento que tem como finalidade medir o fator de potência dos circuitos elétricos. 9 Corrente alternada 267 Como o FP é uma função direta da defasagem entre tensão e corrente, o cos- sifímetro deve possuir pelo menos uma bobina de corrente e uma bobina de tensão, de modo que o torque sobre as bobinas seja diretamente proporcional à intensidade de campo nas bobinas e à defasagem entre as duas grandezas. Esse instrumento possui, junto com a bobina de tensão, um circuito defasado com- posto de um resistor e um indutor, conforme o esquema mostrado na figura a seguir. C Indutância A 0,9 0 8 ind. 90,80, kap . 1 φcos Figura 166 - Diagrama do interior de um cossifímetro Fonte: SENAI-SP (2013) A corrente que circula pelas bobinas de tensão é previamente definida por um projeto e a corrente de carga pode ser variável, desde que não seja inferior a 30% da corrente do instrumento. As oscilações que podem ocorrer no ponteiro são amortecidas por correntes parasitas. VOCÊ SABIA? Por volta de 1855, o cientista francês Jean Bernard Leon Foucault observou que, para fazer girar um disco de co- bre colocado entre os polos de um ímã, era necessário haver mais força do que quando não havia o ímã. Isso acontecia porque surgia uma corrente (parasita) no co- bre, produzida pela variação do fluxo do ímã no interior do metal. Essa variação de fluxo magnético induz uma fem (força eletromotriz) no disco, que, por sua vez, determina o aparecimento de uma corrente elétrica em sua massa. Essa corrente induzida, chamada de corrente de Fou- cault (ou corrente parasita), gera um novo campo mag- nético que se opõe aocampo magnético do indutor, como nos ensina a lei de Lenz. Fundamentos da eletricidade268 RECAPITULANDO Neste capítulo, você aprendeu que: • corrente alternada é uma corrente elétrica cujo sentido varia com o tempo; • ciclo é o valor produzido pelo movimento do condutor nos dois sen- tidos. Ele forma a senoide e também tem o nome de onda ou onda completa; • a metade da senoide tem o nome de meio ciclo, meia onda ou al- ternância; • frequência (f ) é o número de ciclos produzidos na unidade de tempo; • período (T) é o tempo necessário para completar um ciclo. Ele é o inverso da frequência e a sua unidade é o segundo (s); • tensão de pico é o valor máximo que a tensão atinge em cada semici- clo. A tensão de pico é representada pela notação Vp; • tensão de pico a pico da CA senoidal é o valor medido entre os picos positivo e negativo de um ciclo. A tensão de pico a pico é represen- tada pela notação Vpp; • tensão eficaz de uma CA senoidal é um valor que indica a tensão (ou corrente) contínua correspondente a essa CA quanto à produção de trabalho; • potência reativa não realiza trabalho, mas é necessária para o funcionamento dos motores, reatores e transformadores. A sua unidade de medida é VAr; • potência ativa é aquela que efetivamente realiza os trabalhos req- ueridos, por exemplo, o esforço de torção na ponta do eixo de um mo- tor. A sua unidade de medida é W (Watt); • potência aparente é a soma das potências reativa e ativa. Sua uni- dade é VA; • em um circuito capacitivo, a tensão do capacitor está atrasada 90º em relação à corrente; 9 Corrente alternada 269 • em um circuito indutivo, a tensão do indutor está adiantada 90º em relação à corrente; • fator de potência (FP) mede o ângulo entre a potência ativa e a potência aparente e determina o quão reativo é o circuito. A sua fór- mula, determinada pelo ângulo φ, é ; • wattímetro é o instrumento de medição de potência ativa, cuja uni- dade de medida é o Watt; • cossifímetro mede o fator de potência do circuito, representado pelo ângulo entre a potência ativa e potência aparente. Esses conhecimentos são importantes para desempenhar suas funções como eletricista de redes de distribuição, quando precisar dimensionar redes através do cálculo de potência. 10 Capacitores Até este momento, estudamos dispositivos considerados resistivos, ou seja, aqueles que opõem resistência à passagem de corrente elétrica, mantendo o seu valor ôhmico constante tanto para a corrente contínua como para a corrente alternada. Neste capítulo, estudaremos um componente reativo chamado capacitor. Um componente reativo é aquele que reage às variações de corrente e seu valor ôhmico muda conforme a ve- locidade da variação da corrente nele aplicada. Os capacitores são componentes largamente empregados nos circuitos eletrônicos. Eles podem cumprir funções tais como o armazenamento de cargas elétricas ou a seleção de fre- quências em fi ltros para caixas acústicas. Estudaremos a constituição, os tipos e as características dos capacitores, bem como a capa- citância, que é a característica mais importante desse componente. Ao fi m do estudo deste capítulo, você poderá: a) identifi car o componente e seu símbolo, assim como suas características de carga e des- carga; b) conhecer as características das associações em paralelo e em série dos capacitores; c) conhecer o conceito de capacitância; d) calcular a capacitância da associação em paralelo; e) conhecer a tensão de trabalho do capacitor na associação em paralelo; f ) calcular a capacitância total na associação em série de capacitores; g) conhecer a tensão de trabalho do capacitor na associação em série; h) conhecer o conceito de reatância capacitiva e o seu funcionamento em CA; e i) conhecer a relação entre a tensão e a corrente CA e a reatância capacitiva. Esses conhecimentos são importantes para que você compreenda o funcionamento de cir- cuitos elétricos. Bom estudo! Fundamentos da eletricidade272 10.1 CONCEITO DE CAPACITOR O capacitor é um componente que tem como finalidade armazenar cargas elétricas. Ele compõe-se basicamente de duas placas condutoras, denominadas de ar- maduras, que são feitas por um material condutor que é eletricamente neutro. Em cada uma das armaduras, o número total de prótons e elétrons é igual. Isso significa que as placas não têm potencial elétrico e que, entre elas, não há diferença de potencial. Essas placas são isoladas eletricamente entre si por um material isolante cha- mado dielétrico. São exemplos de materiais dielétricos a cerâmica, o poliéster, o tântalo, a mica, o óleo mineral e as soluções eletrolíticas. VOCÊ SABIA? Ainda existem capacitores antigos, instalados e funcio- nando cujo dielétrico é o óleo ascarel. O uso do ascarel1 está proibido pela portaria Interministerial no 19, de 29 de janeiro de 1981, por ser um produto cancerígeno. Ligados a essas placas condutoras estão os terminais para conexão com outros componentes. A figura a seguir mostra a representação esquemática das características cons- trutivas de um capacitor. terminal terminal armadura armadura dielétrico Figura 167 - Representação esquemática de um capacitor Fonte: SENAI-SP (2012) A utilização dos capacitores está relacionada ao material com o qual o dielétri- co é fabricado. Veja-os no quadro 13. 1 ASCAREL Ascarel é um dos nomes comerciais de um fluído dielétrico organoclorado altamente tóxico que era usado para a refrigeração de transformadores e de capacitores dielétricos. 10 CapaCitores 273 Quadro 13 - Características dos capacitores e sua utilização MATERIAL DO DIELéTRICO CARACTERíSTICAS UTILIZAÇÃO Cerâmica Pequeno e barato. Apresenta capacitância variável, de- pendendo da tensão aplicada. Usado em circuitos eletrônicos de alta frequência. Poliéster Não é indicado para sinais de alta frequência. Muito usado em circuitos CA de baixa frequência. Tântalo Mais caro que os capacitores eletrolíti- cos; tem tamanho reduzido, ótima es- tabilidade, alta capacitância e tensão máxima de isolação de 50 V. Podem ser polarizados ou não polarizados. Aplicações que exijam grande precisão e baixa capacitância. Mica Muito estável, porém, caro. Aplicações que exijam precisão em circuitos eletrônicos de alta frequência. Óleo Suporta alta corrente e elevados picos de tensão. Aplicações industriais em baixas frequências. Óxido de alumínio em soluções eletrolíticas Usado em capacitores polarizados de alto valor de capacitância. Barato, mas o uso é limitado a baixas frequências. Fontes de alimentação. Fonte: <http://www.eletronicadidatica.com.br/componentes/capacitor/capacitor.htm> O capacitor é amplamente utilizado em circuitos eletrônicos para: a) armazenar carga para utilização rápida; b) bloquear a passagem de corrente contínua e permitir a passagem de cor- rente alternada; c) filtrar as interferências; d) suavizar a saída de fontes de alimentação; e e) eliminar as ondulações na condução de corrente contínua. Em circuitos de corrente alternada, esta passa sem problemas pelo capacitor, que, como todo componente de circuitos, é representado por símbolos normalizados. Veja seus símbolos na figura a seguir. + + + Capacitor não polarizado Capacitor polarizado Figura 168 - Símbolos para capacitor não polarizado e capacitor polarizado Fonte: SENAI-SP (2012) Fundamentos da eletricidade274 As diferenças entre os capacitores não polarizados e os polarizados são con- sequência do material usado em seu dielétrico, que determina sua utilização nos circuitos. Veja a seguir. a) Capacitores não polarizados são componentes cujo dielétrico pode ser de cerâmica ou poliéster, que são materiais que permitem a mudança de polaridade. Por isso, são usados em circuitos de CA, como os de ventilado- res, de refrigeradores e de aparelhos de ar condicionado que usam motores monofásicos com capacitores. Os valores para esses capacitores são muito baixos, pertencendo à ordem micro, nano e picofarads.b) Capacitores polarizados possuem o dielétrico composto por uma fina camada de óxido de alumínio ou tântalo para aumentar sua capacitância. São usados em circuitos alimentados por corrente contínua e também em temporizadores e em filtros de fonte CC. SAIBA MAIS Dentro de uma residência, temos capacitores em circuitos eletrônicos. Mas temos, também, capacitores em circuitos não eletrônicos. Faça uma pesquisa e veja em quais equipa- mentos podemos encontrar o capacitor e qual o motivo de sua presença no circuito. Dica: procure entre os eletrodo- mésticos. 10.2 CARACTERíSTICAS DE CARGA E DESCARGA DO CAPACITOR O capacitor é um componente do circuito utilizado por causa de uma caracte- rística muito importante: a capacidade de se carregar e de se descarregar. a) Carga do capacitor Pelas características do capacitor descritas na seção anterior, podemos dizer que quando o capacitor está em um circuito com uma fonte de energia desliga- da, não existe tensão elétrica em suas armaduras, como você pode observar no circuito representado a seguir. dielétrico Figura 169 - Circuito com capacitor e sem tensão elétrica Fonte: SENAI-SP (2012) 10 CapaCitores 275 Fechando a chave, o capacitor fica sujeito à diferença de potencial dos polos da fonte, como mostra a figura a seguir. dielétrico placa positiva placa negativa campo elétrico el ét ro ns el ét ro ns campo elétrico Figura 170 - Circuito com chave fechada Fonte: SENAI-SP (2012) O potencial da bateria aplicado a cada uma das armaduras faz surgir entre elas uma força chamada campo elétrico, que nada mais é do que uma força de atração, entre as cargas elétricas de sinal diferente, ou repulsão, entre cargas de mesmo sinal. O polo positivo da fonte absorve elétrons da armadura à qual está conecta- do, enquanto o polo negativo fornece elétrons à outra armadura. A armadura que fornece elétrons à fonte, fica com íons positivos, adquirindo um potencial positivo. Já que recebe elétrons da fonte, fica com íons negativos, adquirindo potencial negativo. dielétrico placa positiva placa negativa campo elétrico el ét ro ns el ét ro ns campo elétrico moléculas polarizadas - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + Figura 171 - Processo de carga do capacitor Fonte: SENAI-SP (2012) Fundamentos da eletricidade276 Como entre as placas existe um material isolante, conforme você pode ver na figura 171, o fluxo de elétrons não a atravessa, fazendo com que as cargas fiquem armazenadas dentro delas. Ocorre então a polarização das moléculas do isolante cujos elétrons movimentam-se em direção à placa carregada positivamente. Eles também são empurrados pela polarização negativa. As moléculas, então, criam um campo elétrico interno que anula parcialmente o campo criado pelas placas. Quando a carga armazenada atinge o seu valor máximo, a diferença de po- tencial entre as placas se iguala à tensão da fonte, cessando o fluxo de elétrons. Essa análise foi feita considerando o sentido convencional (movimento de elétrons) da corrente elétrica. Isso significa que, ao conectar o capacitor a uma fonte CC, surge uma diferença de potencial entre as armaduras e a tensão pre- sente nas armaduras do capacitor. Essa tensão terá um valor bem próximo ao da tensão da fonte que, para efeitos práticos, elas podem ser consideradas iguais. Quando o capacitor assume a mesma tensão da fonte de alimentação, diz-se que o capacitor está carregado. Se, após ter sido carregado, o capacitor for desconectado da fonte de CC, suas armaduras permanecem com os potenciais adquiridos: capacitor carregado. Veja figura a seguir. dielétrico placa positiva placa negativa campo elétrico campo elétrico moléculas polarizadas - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + Figura 172 - Capacitor carregado Fonte: SENAI-SP (2012) Isso significa que, mesmo após ter sido desconectado da fonte de CC, ainda existe tensão entre as placas do capacitor. Assim, essa energia armazenada pode ser reaproveitada. 10 CapaCitores 277 b) Descarga do capacitor Quando se tem um capacitor carregado e seus terminais são conectados a uma carga – conforme mostra a figura a seguir – haverá uma circulação de corren- te, pois o capacitor atua como fonte de tensão. dielétrico placa positiva placa negativa campo elétrico campo elétrico moléculas polarizadas - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + el ét ro ns el ét ro ns R Figura 173 - Descarga do capacitor Fonte: SENAI-SP (2012) Isso acontece porque através do circuito fechado inicia-se o estabelecimento do equilíbrio elétrico entre as armaduras. Os elétrons em excesso em uma das armaduras se movimentam para a outra, em que há falta de elétrons, até que se restabeleça o equilíbrio de potencial entre elas. Durante o tempo em que o capacitor se descarrega, a tensão entre suas arma- duras diminui, porque o número de íons restantes em cada armadura é cada vez menor. Ao fim de algum tempo, a tensão entre as armaduras é tão pequena que pode ser considerada zero. Essa característica do capacitor é aproveitada na minuteria, um componente que desliga automaticamente um circuito de iluminação depois de certo tempo correspondente à descarga do capacitor. Fundamentos da eletricidade278 10.3 CAPACITâNCIA A capacidade de armazenamento de cargas de um capacitor é chamada de capacitância e é simbolizada pela letra C. Portanto, a capacitância é a quantidade da carga elétrica Q que o capacitor pode armazenar por unidade de tensão V. A representação matemática dessa relação é: Sendo que: • Q é a quantidade de cargas elétricas em coulomb (C); • V é a tensão entre terminais em volts (V); e • C é a capacitância em farad (F). Fisicamente, a capacitância depende da: a) área das armaduras – quanto maior for a área das armaduras, maior será a capacidade de armazenamento de um capacitor; b) espessura do dielétrico – quanto mais fino for o dielétrico, mais próximas estarão as armaduras, por isso o campo elétrico formado entre as armadu- ras é maior e a capacidade de armazenamento também; c) natureza do dielétrico – quanto maior for a capacidade de isolação do dielétrico, maior será a capacidade de armazenamento do capacitor. 10.3.1 unidade de medida da capacitância A unidade de medida da capacitância é o farad, representado pela letra F. Em capacitância, não usamos fatores multiplicadores, apenas seus submúltiplos. Veja na tabela a seguir os que são normalmente utilizados. Tabela 12 – Unidade de medida de capacitância e seus submúltiplos DENOMINAÇÃO SíMBOLO VALOR EM FARAD (F) Unidade Farad F - Submúltiplos milifarad mF 10-3 F ou 0,001 F microfarad μF 10-6 F ou 0,000.001 F nanofarad nF 10-9 F ou 0,000.000.001 F picofarad pF 10-12 F ou 0,000.000.000.001 F 10 CapaCitores 279 Faz-se a conversão de valores de forma semelhante às outras unidades de me- dida que você já estudou neste material. Os passos são os mesmos da conversão de valores do volt apresentada no capítulo 3. Usaremos, também, o mesmo tipo de gabarito: F mF μF nF pF Digamos que você precise converter nanofarad (nF) em picofarad (pF) e a me- dida que você tem é 4,7 nF. Para usar o gabarito, procede-se da seguinte maneira: a) Coloque o número no gabarito na posição da unidade de medida, que nes- te caso é o nanofarad. Lembre-se de que a vírgula deverá estar na linha após o nanofarad. Observe que cada coluna identificada está subdividida em três casas na próxima linha. nF pF 4 7 ↑ posição da vírgula b) Posicione vírgula à direita. O novo valor gerado aparecerá quando a primei- ra casa abaixo da coluna do picofarad estiver preenchida. nFpF 4 7 0 0 nova posição da vírgula ↑ Após preencher o gabarito, o valor convertido será: 4,7 nF = 4700 pF Instrumento de medição de capacitância O instrumento de medição da capacitância é o capacímetro. 10.4 TENSÃO DE TRABALhO Além da capacitância, os capacitores têm outra característica elétrica impor- tante: a tensão de trabalho, ou seja, a tensão máxima que o capacitor pode suportar entre as armaduras. Fundamentos da eletricidade280 FIQUE ALERTA Aplicar no capacitor uma tensão superior à sua tensão máxima de trabalho provoca o rompimento do dielétrico e faz o capacitor entrar em curto. Na maioria dos capacito- res, isso danifica permanentemente o componente. CASOS E RELATOS A rua Santa Efigênia, localizada no centro de São Paulo, é um paraíso para os profissionais (e curiosos) da área eletroeletrônica. Quando se trata de comprar componentes, ninguém, mesmo quem venha de outra locali- dade, escapa de passar por lá a fim de comprar o que procuram gastando pouco. Os vendedores entendem do assunto e podem ajudar na compra. Mas é necessário estar atento às suas informações e às do vendedor, pois elas podem levar você a comprar o componente errado. Foi o que quase aconteceu com um eletricista morador da cidade de San- tos, localizada no litoral do estado de São Paulo, que precisava comprar materiais elétricos para uso em sua própria casa. Um dos materiais era um capacitor de 3 μF/400 V para ser utilizado em um ventilador de teto. Na loja, o vendedor informou a disponibilidade do capacitor de 3 μF/300 V em seu estoque, e que era de ótima qualidade. Informou, ainda, que os eletricistas que o utilizam, nunca reclamaram. Porém, a tensão fornecida à residência do eletricista era de 220 V. Portan- to, o capacitor não atendia à sua necessidade. O vendedor ainda insistia dizendo que esse fator era problema, pois a tensão de pico do capacitor era de 300 V. Acontece que em São Paulo a tensão residencial fornecida pela conces- sionária local é de 127/220 V. Com os 220 V de tensão eficaz, a tensão de pico é 311,1 V, e ele sabia que esse valor queimaria um capacitor de 3 μF/300 V, pois a tensão de pico fornecida em 220 V é maior do que a especificação técnica do componente. Nessa hora, a experiência do eletricista foi fundamental e ele comprou o capacitor 3 μF/400 V que atendia com segurança à sua necessidade! 10 CapaCitores 281 10.5 ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES Os capacitores, assim como os resistores, podem ser conectados entre si, formando uma associação, que também pode ser paralela, em série ou mista. As associações em paralelo e em série são as mais encontradas na prática, enquanto as associações mistas raramente são utilizadas. Inicialmente, vamos estudar as ca- racterísticas das associações em paralelo. 10.5.1 associação em paralelo Na associação em paralelo, os capacitores estão ligados de forma que a carga total seja subdivida entre eles, como é ilustrado no circuito a seguir. C1 C2 C3 C4 Figura 174 - Associação de capacitores em paralelo Fonte: SENAI-SP (2012) O objetivo da associação em paralelo é obter maiores valores de capacitância. Ela tem características especiais quanto à capacitância total e à tensão de tra- balho. Veja quais são: capacitância total da associação em paralelo de capacitores A capacitância total (Ct) da associação em paralelo é a soma das capacitân- cias individuais, que pode ser representada matematicamente da seguinte forma: Para executar essa soma, todos os valores devem ser convertidos para a mes- ma unidade. É importante observar que, se todos os capacitores forem do mesmo valor, a fórmula poderá ser alterada para: Fundamentos da eletricidade282 Sendo que: • n é a quantidade de capacitores; e • C é o valor em capacitância. Veja exemplos de cálculo de capacitância total. a) Qual é a capacitância total do circuito da figura 174, se: C1 = 10 μF C2 = 4,7 μF C3 = 2,2 μF C4 = 15 nF Sabemos que podemos achar o resultado pela fórmula: Ct = C1+ C2 + C3+ C4. Mas o capacitor C4 não tem a mesma unidade de medida dos demais, que é μF, mas sim nF. Então, é necessário fazer a conversão para colocar todas as unidades em μF. Portanto, temos: 15 nF = 0,015 μF Depois, inserindo os valores na fórmula Ct = C1+ C2 + C3+ C4, teremos: 10µF+ 4,7µF+ 2,2µF+ 0,015µF=16,915µF Ct =16,915µF b) E qual seria a capacitância total do circuito se os valores fossem os seguintes? C1 = 3,3 μF C2 = 47 μF C3 = 1 nF C4 = 15 pF Já sabemos que Ct = C1 = C2 + C3 + C4. Mas como as unidades de medida de capacitância são diferentes, primeiramente é necessário converter as unidades dos capacitores C3 e C4 para μF. Assim, para C3, teremos: 1 nF = 0,001 μF E para C4: 15 pF = 0,000015 μF 10 CapaCitores 283 Agora, vamos inserir os valores na fórmula: Ct = 3,3 μF + 47 μF + 0,001 μF + 0,000015 μF Ct = 50, 301015 μF ou Ct = 50,3 μF Portanto, a capacitância total do circuito anterior é de 50,3 μF. tensão de trabalho da associação em paralelo de capacitores A tensão de trabalho de todos os capacitores associados em paralelo cor- responde à mesma tensão aplicada ao conjunto. Assim, a máxima tensão que pode ser aplicada a uma associação paralela é a do capacitor, que tem menor tensão de trabalho. Vamos ao exemplo: Se em um circuito os valores de capacitância e de tensão de trabalho dos capa- citores forem respectivamente: C1 = 10 μF/15 V C2 = 4,7 μF/35 V C3 = 2,2 μF/40 V C4 = 15 nF/30 V Então, a máxima tensão que a fonte G poderá fornecer será de 15 V, pois o capa- citor C1 é o limitador para este circuito. Todavia, mesmo sendo esse o valor correto, deve-se evitar que o componente atinja tal tensão, pois pode haver oscilações no fornecimento da tensão e se o valor for ultrapassado, o capacitor se queimará. FIQUE ALERTA Capacitores polarizados não devem ser alimentados com fontes de tensão alternada, pois quando ocorrer a inversão de tensão, esta danificará o capacitor. Ao associar capacitores polarizados em paralelo, todos os terminais positivos dos capacitores devem ficar do mesmo lado. Dessa forma, todos os terminais negativos estarão também ligados corretamente no lado oposto. Observe a po- sição dos polos positivos e negativos no circuito a seguir. Fundamentos da eletricidade284 C1 C2 C3 C4 ++++ G + - Figura 175 - Ligação em paralelo de capacitores polarizados Fonte: SENAI-SP (2012) Capacitores não polarizados devem ser usados com cuidado em circuitos ali- mentados por tensão alternada. Neste caso, a tensão máxima é a tensão de pico. Acompanhe o exemplo: Sendo a tensão fornecida a uma residência igual a 127 VCA, qual é a tensão mínima que se pode fornecer a um capacitor de um ventilador de teto para que ele não seja danificado? A tensão de 127 VCA é a tensão eficaz. A tensão de pico é dada pela fórmula: Vp Vef 2 127 2 127 1, 414 Vp 179,6 VCA = ⋅ = ⋅ = ⋅ = Portanto, a tensão de pico é aproximadamente 180 VCA. O valor de tensão para o capacitor deverá ter uma tolerância de +10%. Neste caso, para evitar que o componente seja danificado, a tensão de pico deverá ser de, no mínimo, 200 VCA. Nos próximos parágrafos, estudaremos as características das associações em série de capacitores. 10.5.2 associação em série A associação em série de capacitores, esquematizada na figura a seguir, tem por objetivo obter capacitâncias menores ou tensões de trabalho maiores. C1 C2 C3 Figura 176 - Associação em série de capacitores Fonte: SENAI-SP (2012) 10 CapaCitores 285 capacitância total na associação em série Quando se associam capacitores em série, a capacitância total é menor que o valor do menor capacitor associado. Isso pode ser representado matematicamen- te da seguinte maneira: Por meio dessa fórmula, podemos isolar o Ct, chegando à fórmula final: Dessa expressão podem ser derivadas duas outras, que serão utilizadas nas seguintes situações: a) Na associação em série de dois capacitores: b) Na associação em série de “n” capacitores em que todos tenham o mesmo valor:Observe que usamos o mesmo raciocínio empregado para encontrar a RT de resistores em paralelo. Observe também que, para usar essas equações, todos os valores de capacitância devem ser convertidos para a mesma unidade. Veja os exemplos de cálculos de capacitância total: a) Calcule a capacitância total do circuito da figura 176, cujos capacitores têm os seguintes valores: C1 = 1 μF C2 = 2 μF C3 = 5 μF Fundamentos da eletricidade286 Arredondando, chegamos à capacitância total, que é de 0,59 μF. b) Calcule a capacitância total do circuito a seguir, cujos valores dos capacitores são: C1 = 0,1 μF C2 = 0,5 μF. C1 C2 Figura 177 - Circuito com dois capacitores em série Fonte: SENAI-SP (2012) Portanto, a capacitância total é de 0,083 μF. 10 CapaCitores 287 tensão de trabalho da associação em série Quando se aplica tensão a uma associação em série de capacitores, ela se divi- de entre os capacitores, como demonstra a figura a seguir. C1 C2 G + - V2 V1 Figura 178 - Exemplo de divisão de tensão com capacitores em série Fonte: SENAI-SP (2012) A distribuição da tensão nos capacitores ocorre de forma inversamente proporcional à capacitância, ou seja, quanto maior a capacitância, menor a ten- são e quanto menor a capacitância, maior a tensão. Se no circuito anterior, C1 = C2, teremos V1 = V2. Esse valor de tensão não po- derá ser maior que o indicado no corpo do capacitor. Para simplificar o processo de dimensionamento dos componentes do circui- to, pode-se adotar um procedimento simples, que evita a aplicação de tensões excessivas em uma associação em série de capacitores. Para isso, associam-se em série capacitores de mesma capacitância e mesma tensão de trabalho. G 440 V + - 10 nF 250 V 10 nF 250 V C1 C2 V1 V2 220 V 220 V Figura 179 - Divisão de tensão em um circuito real com capacitores em série Fonte: SENAI-SP (2012) Dessa forma, a tensão aplicada distribui-se igualmente sobre todos os capacitores. Fundamentos da eletricidade288 associação série de capacitores polarizados Ao associar capacitores polarizados em série, o terminal positivo de um capa- citor é conectado ao terminal negativo do outro. G + - C1 C2 + + Figura 180 - Circuito com capacitores polarizados ligados em série Fonte: SENAI-SP (2012) É importante lembrar que capacitores polarizados só devem ser ligados em CC. 10.6 REATâNCIA CAPACITIVA Em corrente contínua, um capacitor atua como um armazenador de energia elétrica. Já em corrente alternada, o comportamento do capacitor é completa- mente diferente devido à troca de polaridade da fonte. FIQUE ALERTA Lembre-se de que devemos evitar o uso de capacitores polarizados em corrente alternada, pois eles serão dani- ficados. 10.6.1 Funcionamento em ca Como já vimos, os capacitores despolarizados são indicados para a utilização em corrente alternada. Isso acontece porque cada uma de suas armaduras pode receber tanto potencial positivo como negativo. Veja circuitos a seguir. + + CC VcaVca + + Figura 181 - Alimentação do capacitor despolarizado em circuito de CA Fonte: SENAI-SP (2012) 10 CapaCitores 289 Quando um capacitor é conectado a uma fonte de corrente alternada, a troca sucessiva de polaridade da tensão é aplicada às armaduras do capacitor. A cada semiciclo, a armadura que recebe potencial positivo entrega elétrons à fonte, enquanto a armadura que está ligada ao potencial negativo recebe elétrons. Com a troca sucessiva de polaridade, durante um semiciclo a mesma armadura recebe elétrons da fonte e no outro devolve elétrons para a fonte. + + + + CC VcaVca elétrons elétrons elétrons elétrons Figura 182 - Movimentação dos elétrons a cada semiciclo Fonte: SENAI-SP (2012) Existe, portanto, um movimento de elétrons ora entrando, ora saindo da arma- dura. Isso significa que há uma corrente alternada circulando no circuito, embora as cargas elétricas não passem de uma armadura do capacitor para a outra porque entre elas há o dielétrico, que é um isolante. Os processos de carga e descarga sucessivas de um capacitor ligado em CA dão origem a uma resistência para que ocorra a passagem da corrente CA no cir- cuito. Essa resistência é denominada de reatância capacitiva. Ela é representada pela notação Xc e é expressa em ohms (Ω) por meio da expressão: Xc = 1 2 x π x f x C Sendo que: • Xc é a reatância capacitiva em ohms (Ω); • f é a frequência da corrente alternada em hertz (Hz); • C é a capacitância do capacitor em farads (F); e • 2π é a constante matemática cujo valor é 6,28. Observe que a tensão não aparece nessa equação! 10.6.2 Fatores que inFluenciam na reatância capacitiva A reatância capacitiva de um capacitor depende da sua capacitância e da fre- quência da rede CA. A figura a seguir ilustra o comportamento da reatância ca- pacitiva, com o aumento da frequência. Fundamentos da eletricidade290 0 1- max min Xc capacitância fixa frequencia Xc = 2πfC Figura 183 - Aumento da reatância capacitiva Fonte: SENAI-SP (2012) No gráfico da figura 183, você pode perceber que, com o aumento da fre- quência da CA, a reatância capacitiva (Xc) diminui. frequencia fixa capacitância max min 0 X c _ Xc = 2πfC 1 Figura 184 - A reatância capacitiva (Xc) diminui com o aumento da capacitância Fonte: SENAI-SP (2012) Na seção anterior, você viu que na equação da reatância não aparece o valor de tensão. Isso significa que a reatância capacitiva é independente do valor de tensão de CA aplicada ao capacitor. E esta influencia apenas na intensidade de corrente CA circulante no circuito. 10.6.3 relação entre tensão ca, corrente ca e reatância capacitiva Quando um capacitor é conectado a uma fonte de CA, é estabelecido um cir- cuito elétrico no qual estão envolvidos três valores: a) tensão aplicada; b) reatância capacitiva; e c) corrente circulante. 10 CapaCitores 291 Veja no circuito a seguir. VCA Vc f I C Figura 185 - Capacitor conectado em CA Fonte: SENAI-SP (2012) Assim como ocorre nos circuitos de CC, esses três valores estão relacionados entre si, nos circuitos de CA por meio da Lei de Ohm. Portanto: Sendo que: • Vc é a tensão do capacitor em V (volts); • I é a corrente eficaz no circuito em A (ampères); e • Xc é a reatância capacitiva em Ω (ohms). Veja a seguir um exemplo de cálculo de tensão do capacitor em V. Um capacitor de 4,7 μF é conectado a uma rede de CA de 127 V, 60 Hz. Qual é a corrente circulante no circuito? Primeiramente, vamos calcular a reatância capacitiva do capacitor pela ali- mentação da rede: 1 Xc 2 f C 1 Xc 2 60 4,7 1 Xc 6,28 60 0,0000047 1 Xc 0,00177096 Xc 564,7 = ⋅π⋅ ⋅ = ⋅π⋅ ⋅ µ = ⋅ ⋅ = = Ω Portanto, a reatância capacitiva é de 564,7 Ω. Fundamentos da eletricidade292 Em seguida, usando a Lei de Ohm, vamos calcular a corrente do circuito: Vc I Xc 127 I 564,7 I 0,2249 A = = = Assim, temos que a corrente circulante do circuito é de 224,9 mA. É importante lembrar que os valores de V e I são eficazes, ou seja, são valores que serão indicados por um voltímetro e um miliamperímetro de CA conecta- dos ao circuito. Vejamos graficamente o que acontece no circuito com capacitor da figura 185. Gráfico A: fonte com tensão crescente positiva. O capacitor encontra-se em carga positiva, portanto teremos corrente positiva e gradualmente decrescente, pois esta é a característica da corrente de carga do capacitor. Portanto, no capa- citor, teremos a máxima corrente, ou seja, a máxima movimentação de elétrons. Aumentando a tensão – isto é, carregando o capacitor –, a tensão de carga co- meça a aumentar, aumentando também a oposição ao fluxo da corrente forneci- da pelo gerador, o que diminui a corrente, chegando ao valor mínimo de corrente na máxima tensão (90o). máximo positivo zero máximo negativo tempo tensão corrente (A) 360o270o180o90o0o Figura 186 - Gráfico A: tensão versus corrente no instante zero Fonte: SENAI-SP (2012) Gráfico B: fonte com tensão decrescente positiva. O capacitor encontra-se carregado positivamente e inicia um processo de descarga, resultando em uma corrente negativa (corrente do capacitor para fonte). Esta corrente é crescente, à medida em que a tensão da fonte decresce. 10 CapaCitores 293 tensão corrente (B) 360o270o180o90o0o máximo positivo zero máximo negativo tempo Figura 187 - Gráfico B: tensão versus corrente no instante 90° Fonte: SENAI-SP (2012) Gráfico C: fonte com tensão crescente negativa. O capacitor encontra-se em carga negativa, portanto teremos corrente negativa e gradualmente decrescente, pois esta é a característica da corrente de carga do capacitor. tensão (C) 360o270o180o90o0o corrente máximo positivo zero máximo negativo tempo Figura 188 - Gráfico C: tensão versus corrente no instante 180° Fonte: SENAI-SP (2012) Gráfico D: fonte com tensão decrescente negativa. O capacitor encontra- se carregado negativamente e inicia um processo de descarga, resultando em uma corrente positiva (corrente do capacitor para fonte). Esta corrente é crescente, à medida em que a tensão da fonte decresce. tensão (D) 360o270o180o90o0o corrente máximo positivo zero máximo negativo tempo Figura 189 - Gráfico de tensão versus corrente no instante 270° Fonte: SENAI-SP (2012) Fundamentos da eletricidade294 Nesses gráficos, é possível notar que existe uma diferença entre o comporta- mento da corrente e o da tensão. Essa diferença é chamada de defasagem e nela a corrente está adiantada 90º em relação à tensão, pois enquanto a tensão está começando a formar a senoide, a corrente já está no seu valor máximo. 10.6.4 determinação experimental da capacitância de um capacitor Quando a capacitância de um capacitor despolarizado é desconhecida, é pos- sível determiná-la por um processo experimental. Para fazer isso, aplicamos o ca- pacitor a uma fonte de CA com tensão (Vc) e frequência (f ) conhecidas e medimos a corrente com um amperímetro de CA (Ic). A C (desconhecido) (conhecido) (conhecido)f Vc Figura 190 - Circuito com capacitor cujo valor da capacitância é desconhecido Fonte: SENAI-SP (2012) Fazemos isso observando as seguintes etapas. a) Aplicamos uma tensão conhecida ao capacitor, sendo que a tensão de pico deverá ser menor que a tensão de trabalho do capacitor. b) Medimos a corrente do circuito com o amperímetro. c) Empregamos a Lei de Ohm para que conheçamos a reatância capacitiva: d) Já que tanto Vc ou Ic são valores conhecidos, e como já conhecemos a rea- tância, colocamos este valor na fórmula: 10 CapaCitores 295 e) Como queremos encontrar a capacitância, basta isolá-la na fórmula: Assim como ocorre na tensão, a frequência de trabalho é a da rede. Então f = 60 Hz. Veja o exemplo de cálculo a seguir. Encontrar o valor de um capacitor de 300 V sabendo que: a) a tensão de alimentação da rede é 127 V; b) a frequência da rede é 60 Hz; e c) a corrente encontrada na medição com o miliamperímetro é de 1,3 μA. Com esses dados, vamos aplicar a Lei de Ohm e encontrar a reatância capacitiva: Vc Xc Ic 127 127 Xc 1,3 0,0000013 Xc 97.692.307,69 = = = µ = Ω Sabendo que a reatância capacitiva é calculada pela fórmula: Isolamos C chegando a: 1 C 2 f Xc 1 C 2 60 97.692.307,69 1 C 38.829.132.339 C 27,15 pF = ⋅π⋅ ⋅ = ⋅π⋅ ⋅ = = Portanto, o valor aproximado do capacitor é de 27,15 pF. Fundamentos da eletricidade296 RECAPITULANDO Neste capítulo, você estudou que: a) os dispositivos reativos são aqueles que reagem com as variações de corrente e cujo valor ôhmico muda conforme a velocidade da variação da corrente nele aplicada; b) o capacitor é um componente que tem como finalidade armazenar cargas elétricas; c) a capacitância é a capacidade de armazenamento de cargas de um capacitor e é simbolizada pela letra C; d) a capacitância é a medida da carga elétrica Q que o capacitor pode armazenar por unidade de tensão V; e e) a unidade de medida da capacitância é o Farad, representado pela letra F, e o instrumento para medi-la é o capacímetro; f ) a tensão de trabalho de um capacitor é a máxima tensão que pode ser aplicada a ele sem danificá-lo; g) na associação em paralelo, que tem como objetivo alcançar maiores valores de capacitância, os capacitores estão ligados de forma que a carga total seja subdivida entre eles; h) a capacitância total (Ct) da associação paralela é a soma das capac- itâncias individuais; i) na associação de capacitores em paralelo, a máxima tensão que pode ser aplicada é a do capacitor que tem menor tensão de trabalho; j) a associação em série de capacitores tem por objetivo alcançar ca- pacitâncias menores ou tensões de trabalho maiores; k) na associação em série, a capacitância total é menor que o valor do menor capacitor associado; l) quando se aplica tensão a uma associação em série de capacitores, a tensão aplicada se divide entre eles; 10 CapaCitores 297 m) a distribuição da tensão nos capacitores ocorre de forma inversa- mente proporcional à capacitância, ou seja, quanto maior a capac- itância, menor a tensão e quanto menor a capacitância, maior a tensão; n) os processos de carga e descarga sucessivas de um capacitor ligado em CA dão origem a uma resistência à passagem da corrente CA no circuito que é denominada de reatância capacitiva. Ela é represen- tada pela notação Xc e é expressa em ohms (Ω). Esses conteúdos ajudarão você a interpretar o funcionamento de circui- tos elétricos. 11 Indutores Neste material, você já estudou circuitos resistivos, que são aqueles que só têm resistores. Estudou, também, os circuitos capacitivos, que só têm capacitores. Neste capítulo, você verá um componente chamado indutor. Ele é amplamente utilizado em fi ltros para caixas acústicas, em circuitos industriais, passan- do pela transmissão de sinais de rádio e televisão. Como você também já estudou o magnetismo, o eletromagnetismo, os circuitos de corren- te contínua e os de corrente alternada, por isso não será difícil entender os fenômenos ligados ao magnetismo que acontecem nos indutores e o comportamento deles em CA e em CC. Depois de estudar o conteúdo deste capítulo, você saberá: a) o que é um indutor, qual o seu símbolo e o seu comportamento em circuitos de CC; b) quais os conceitos de indução e indutância; c) como são os circuitos com indutores em série e em paralelo; d) qual a infl uência da indutância em circuitos de CA; e) como calcular a reatância indutiva em um circuito de CA; e f ) como determinar a indutância de um indutor cujo valor de indutância é desconhecido. Esses conhecimentos são importantes para que você compreenda o funcionamento de cir- cuitos elétricos. Bom estudo! Fundamentos da eletricidade300 11.1 O QUE É UM INDUTOR? Quando estudamos o magnetismo e o eletromagnetismo e vimos o que é um circuito magnético, falamos em bobinas, que nada mais são do que condutores enrolados em torno de um núcleo, que, quando percorridos por uma corrente, geram um campo magnético. A bobina também pode ser chamada de indutor. A diferença entre uma e ou- tra é dada, principalmente, por causa de onde e de como o componente é usado. Os indutores têm esse nome porque sempre apresentam indutância, que é a capacidade que esse componente tem de se opor às variações de corrente. Eles são dispositivos formados por um fio esmaltado enrolado em torno de um núcleo e podem ter as mais diversas formas, podendo ser parecidos com um transformador. Veja alguns tipos de indutores nas figuras a seguir. Figura 191 - Indutor de saída de fonte Fonte: SENAI-SP (2012) Figura 192 - Indutor de proteção de circuitos elétricos Fonte: SENAI-SP (2012) 11 Indutores 301 Figura 193 - Indutor monofásico para proteção de circuitos elétricos Fonte: SENAI-SP (2012) Nos circuitos em que são usados, os indutores têm a função de se opor às va- riações da corrente alternada que passa por ele. Como todo componente eletroeletrônico, o indutor é representado por um símbolo normalizado, o qual depende do material usado como núcleo, conformemostra a figura a seguir. ar ferro ferrite Figura 194 - Símbolos de indutores Fonte: SENAI-SP (2012) 11.1.1 polaridade magnética do indutor Dois indutores têm a mesma polaridade quando seus fluxos magnéticos coin- cidem. Suas polaridades são contrárias quando os seus fluxos magnéticos têm sentidos diferentes. No símbolo do indutor, essa polaridade é representada por um ponto em uma das suas extremidades, como mostra a figura a seguir. Fundamentos da eletricidade302 i N S i N S i i N NS S Mesma Polaridade Representação Representação Polaridades Contrárias Figura 195 - Representação das polaridades em indutores Fonte: SENAI-SP (2012) É importante, então, conhecer a aplicação, ou seja, a utilização e a localização dos indutores em um circuito para evitar que a influência do campo magnético en- tre eles prejudique seu funcionamento. Veja a seguir alguns exemplos de aplicação. Para diminuir a variação brusca da carga, costumamos colocar um indutor em série com a carga, conforme figura a seguir. CARGA Figura 196 - Indutor junto à carga Fonte: SENAI-SP (2012) Se, por outro lado, for necessário aumentar a indutância, pode-se colocar outro indutor em série com o indutor que já está no circuito. Mas é importante observar a polaridade, pois se ela estiver invertida, em vez de termos a soma de indutância, teremos a subtração, o que eliminaria o efeito desejado. CARGA Figura 197 - Dois indutores para aumentar a indutância Fonte: SENAI-SP (2012) 11.2 CONCEITO DE INDUÇÃO Toda a vez que um condutor se movimenta no interior de um campo magnéti- co, uma diferença de potencial é gerada, ou seja, induzida nesse condutor. Esse é o princípio da geração da energia elétrica. 11 Indutores 303 polo norte voltímetro indicando tensão induzida condutor dentro do campo ímã polo sul V + - 0 Figura 198 - Tensão induzida no interior de um campo magnético Fonte: SENAI-SP (2012) Essa tensão gerada no interior de um campo magnético é chamada de ten- são induzida. Como já vimos no capítulo sobre magnetismo e eletromagnetismo, Michael Faraday determinou as condições necessárias para que uma tensão seja induzida em um condutor. Suas observações podem ser resumidas em duas con- clusões, que compõem as leis da autoindução. a) Quando um condutor elétrico é submetido a um campo magnético variá- vel, surge uma tensão induzida nesse condutor. E, para que isso aconteça no condutor, duas coisas podem ocorrer: a) mantém-se o campo magnético estacionário e movimenta-se o condu- tor perpendicularmente ao campo; ou b) mantém-se o condutor estacionário e movimenta-se o campo magnético. b) A magnitude da tensão induzida é diretamente proporcional à intensidade do fluxo magnético e à velocidade de sua variação. Isso significa que, quan- to mais intenso for o campo e quanto mais rápida for a sua variação, maior será a tensão induzida. A base do funcionamento dos geradores para produzir energia elétrica está nos princípios que acabamos de explicar. 11.3 COMPORTAMENTO DO INDUTOR EM CORRENTE CONTíNUA – AUTOINDUÇÃO O fenômeno da indução faz com que o comportamento dos indutores seja di- ferente do comportamento dos resistores em um circuito de CC. Vamos observar o comportamento da corrente no gráfico da figura 200 que se refere ao circuito resistivo da figura 199. Fundamentos da eletricidade304 R S1 + G1 - Figura 199 - Circuito com resistor Fonte: SENAI-SP (2012) I chave desligada chave ligada = V RI = 0 I Figura 200 - Comportamento da corrente Fonte: SENAI-SP (2012) Veja que, em um circuito resistivo formado por uma fonte de CC, por um re- sistor e por uma chave, a corrente atinge o seu valor máximo instantaneamente no momento em que o interruptor é ligado. Essa corrente é sempre instantânea, independentemente dos valores dos resistores ou de tensão. Agora, vejamos o que acontece quando a resistência é trocada por um indutor. L S1 G1 + - Figura 201 - Circuito com indutor Fonte: SENAI-SP (2012) I I = 0 chave desligada chave ligada I = V R t Figura 202 - Comportamento da corrente Fonte: SENAI-SP (2012) Por meio do gráfico da figura 202, pode-se verificar que a corrente não atin- ge o valor máximo instantaneamente, mas sim algum tempo após a chave ter sido ligada. Esse atraso para atingir a corrente máxima se deve à indução. Pode-se enten- der melhor esse fenômeno imaginando o comportamento passo a passo de um circuito composto por um indutor, uma fonte de CC e uma chave. indutor pilha circuito aberto não há corrente circulante chave aberta Figura 203 - Circuito com indutor e chave desligada Fonte: SENAI-SP (2012) 11 Indutores 305 Enquanto a chave está desligada (figura 203), não há campo magnético ao redor das espiras, pois não há corrente circulante. No momento em que a chave é fechada, inicia-se a circulação de corrente no indutor. a corrente chegou até aqui corrente induzida corrente da bobina o campo se expande Figura 204 - Circulação da corrente na bobina Fonte: SENAI-SP (2012) Com a circulação da corrente, surge o campo magnético ao redor de suas espiras. À medida que a corrente cresce em direção ao valor máximo, o campo magné- tico nas espiras se expande. Ao se expandir, o campo magnético variável gerado em uma das espiras, corta a espira colocada ao lado, como mostra a figura a seguir. o campo magnético é igual em todas as espiras S N Figura 205 - Expansão do campo magnético Fonte: SENAI-SP (2012) Fundamentos da eletricidade306 Conforme Faraday comprovou experimentalmente, o que acontece é que uma determinada tensão é induzida nesta espira cortada pelo campo magnético em va- riação. E cada espira do indutor induz uma tensão elétrica nas espiras vizinhas. Desse modo, a aplicação de tensão em um indutor provoca o aparecimento de um campo magnético em variação, que gera no próprio indutor uma tensão induzida. Esse fenômeno é denominado de autoindução. A tensão gerada por autoindução tem polaridade oposta à da tensão que é aplicada aos seus terminais. Por isso, essa tensão é denominada de força contra- eletromotriz (fcem). Portanto, quando a chave do circuito é ligada, uma tensão com uma determi- nada polaridade é aplicada ao indutor. polaridade da fonte L + S1 G1 V + - Figura 206 - Tensão aplicada à bobina Fonte: SENAI-SP (2012) A autoindução gera, no indutor, uma tensão induzida (fcem) de polaridade oposta à da tensão aplicada. tensão aplicada L S1 G1 + - fcem + - + - Figura 207 - Geração de fcem Fonte: SENAI-SP (2012) Se imaginarmos a fcem como uma “bateria” existente no interior do pró- prio indutor e ela for representada no circuito, este ficará conforme mostra a figura a seguir. 11 Indutores 307 L S1 + - + - + - I bobina = CFV Figura 208 - Representação da fcem como uma “bateria” no circuito Fonte: SENAI-SP (2012) Como a fcem atua contra a tensão da fonte, a tensão aplicada à bobina é, na realidade: Vresultante = Vfonte - fcem 11.4 CONCEITO DE INDUTâNCIA Na seção anterior, já vimos que a fcem existe apenas durante a variação do campo magnético gerado no indutor. Quando este atinge o valor máximo, a fcem deixa de existir e a corrente atinge o seu valor máximo. O gráfico a seguir ilustra isso detalhadamente. é o tempo necessário para eliminar a FCEM a corrente não atinge o valor máximo enquanto a FCEM existir máxima corrente, a FCEM foi eliminada I 0 ∆t t i Figura 209 - Gráfico de variação do campo magnético no indutor (chave fechada) Fonte: SENAI-SP (2012) O mesmo fenômeno ocorre quando a chave é desligada. A contração do cam- po induz uma fcem no indutor, retardando o decréscimo da corrente. Essa ca- pacidade de se opor às variações da corrente é denominada de indutância e é representada pela letra L. Fundamentos da eletricidade308 A curva do gráfico a seguir reflete a demora para a diminuição da tensão de- vido à fcem. ao abrir o circuito com auto indução (bomba) antes de abrir o circuito ao abrir o circuito sem autoindução (s/bobina) i tΔt I Figura 210 - Gráfico de variação de tensão no indutor (chave aberta) Fonte: SENAI-SP (2012) Um exemplo de aplicação dessa variação é um reator convencional de lâmpa- da fluorescente cujo esquema você pode observar na figura a seguir. reator lâmpada S Figura 211 - Exemplo de ligação de uma lâmpada fluorescente convencional Fonte: SENAI-SP (2012) Nesse exemplo, o reator é o indutor. Quando o start1 está com o contato fe- chado, há corrente no circuito. Nesse momento, temos um pequeno retardo de corrente, pois será produzida uma fcem. Quando a corrente já estiver passando no circuito, aquecerá o start e o contato abrirá. A tensão gerada é alta e, por isso, ioniza o gás no interior da lâmpada, fechando o circuito elétrico através deste gás, gerando luz. FIQUE ALERTA Não faça a ligação nos reatores das lâmpadas se eles estiverem energizados. A fcem no momento da abertura do circuito é alta. Para alguns tipos, poderá chegar a 1000 V de tensão! 1 StaRt Start é um componente usado para dar partida em lâmpada fluorescente com partida convencional. 11 Indutores 309 A indutância de um indutor depende de diversos fatores. Veja o quadro a seguir. Quadro 14 – Fatores que influem na indutância FATORES RESULTADOS Tipo de material do núcleo – aumentando-se a permeabilidade, isto é, usando materiais ferromagnéticos, aumenta-se a indutância. Portanto, um núcleo de ferro gerará maior indutância. Fe (A) núcleo oco (B) núcleo de ferro Fo nt e: S EN A I-S P (2 01 2) Número de espiras – quanto maior for o número de espiras, maior será a indutância. (A) (B) Fo nt e: S EN A I-S P (2 01 2) Espaçamentos entre espiras – quanto menor for o espaço entre as espiras, maior será a indutância. 2L (A) voltas bem espaçadas L (B) voltas pouco espaçadas Fo nt e: S EN A I-S P (2 01 2) Fundamentos da eletricidade310 Seção transversal – quanto maior for a seção transversal do núcleo, maior será a indutância. O aumento desse fator tem influência diretamente propor- cional ao aumento da indutância. 2D 2D (B)(A) 2D D 2D D Fo nt e: S EN A I-S P (2 01 2) VOCÊ SABIA? Bobinas e indutores pequenos são largamente usados nos transmissores de circuito de alta frequência, como o rádio. SAIBA MAIS Para saber mais sobre sensores indutivos2, entre em um site de busca, escreva “sensores indutivos” e veja como atua a indutância em um sensor. 11.4.1 eFeito da indutância em um circuito de ca Nos circuitos CA, como a corrente varia continuamente de intensidade e dire- ção, os efeitos de indutância são de grande importância. Como resultado, a indu- tância tem um efeito muito maior que a resistência da bobina. Vamos ver o que acontece quando uma corrente CA passa por um indutor de considerável indutância. Acompanhe a sequência! a) Posição A – não existe tensão gerada. Nesse instante, o amperímetro não indica passagem de corrente. amperímetro de C.A. A Figura 212 - Posição A: não há passagem da corrente Fonte: SENAI-SP (2012) 2 SENSOR INDUTIVO Sensor é um dispositivo elétrico, eletrônico ou mecânico capaz de perceber, localizar ou responder a estímulos de natureza física (pressão, umidade, material ferroso etc.). Pode ser usado, também, para controle e monitoramento. Sensor indutivo é um dispositivo eletrônico que percebe a presença de materiais, tais como ferro ou alumínio. 11 Indutores 311 b) Posição B – tão logo a tensão do gerador começa a aparecer, é produzida uma passagem de corrente através da bobina com a correspondente fcem. Conforme o que você já estudou, a fcem tende a se opor à corrente produ- zida pela tensão do gerador. Como a tensão aplicada pelo gerador é sem- pre maior que a tensão da fcem, ela vence a resistência e estabelece um campo magnético com a polaridade indicada na posição B. Nesse instante, a tensão do gerador é máxima e a intensidade do campo magnético é tam- bém máxima. interruptor B S N Figura 213 - Campo magnético na posição B Fonte: SENAI-SP (2012) c) Posição C – a tensão do gerador começa a diminuir e a corrente tende a diminuir. Mas, desta vez, a fcem tende a se opor à diminuição de corrente. Isso faz a energia do campo magnético, que havia sido criado, retornar ao circuito em forma de tensão induzida. Quando a tensão do gerador baixa a zero, a fcem também desaparece e, nesse instante, não existe campo mag- nético. Isso quer dizer que a fcem não impede que a corrente desapareça, mas faz com que o seu desaparecimento seja mais lento. C Figura 214 - Não há campo magnético Fonte: SENAI-SP (2012) d) Posição D – a tensão do gerador começa a aumentar, porém com polarida- de oposta, fazendo com que a direção da corrente da bobina seja inversa e que o campo magnético que se inicia seja também de polaridade inversa ao anterior. Nesse caso, a tensão do gerador tem de vencer a fcem, que se Fundamentos da eletricidade312 desenvolve devido à variação da intensidade do campo. Por fim, a tensão do gerador vence a fcem e o campo magnético alcança de novo uma inten- sidade máxima com polaridade inversa ao anterior. D N S Figura 215 - Polaridade do campo magnético é invertida Fonte: SENAI-SP (2012) e) Posição E – essa condição só prevalece por um instante, porque a tensão do gerador começa de novo a diminuir, dando lugar à fcem, que tende a se opor à diminuição da corrente. O mesmo efeito da posição C começa a ser provocado. Quando o ciclo se encerra, as posições repetem-se enquanto durar o forneci- mento da tensão elétrica. E Figura 216 - Não há campo magnético Fonte: SENAI-SP (2012) 11.4.2 unidade de medida de indutância A unidade de medida da indutância é o henry, representada pela letra H. Em indutância não se usa os valores multiplicadores, mas essa unidade de medida tem submúltiplos muito usados em eletricidade e eletrônica. Veja tabela na seguir. 11 Indutores 313 Tabela 13 – Unidade de medida de indutância e seus submúltiplos DENOMINAÇÃO SíMBOLO VALOR EM HENRY (H) Unidade Henry H - Submúltiplos milihenry mH 10-3 H ou 0,001 H microhenry μH 10-6 H ou 0,000.001 H Faz-se a conversão de valores de forma semelhante às outras unidades de medida. H mH μH Digamos que você precise converter milihenry (mH) em microhenry (μH) e a medida que você tem é 3,3 mH. Para usar o gabarito, procede-se da seguinte maneira: a) Coloque o número no gabarito na posição da unidade de medida, que, neste caso, é o milihenry. Lembre-se de que a vírgula deverá estar na linha após o milihenry. Observe que cada coluna identificada está subdividida em três casas na próxima linha. mH μH 3 3 ↑ posição da vírgula b) Mude a posição da vírgula para a direita. O novo valor gerado aparecerá quando a primeira casa abaixo da coluna do microhenry estiver preenchida. mH μH 3 3 0 0 nova posição da vírgula ↑ Após preencher o gabarito, o valor convertido será: 3,3 mH = 3300 μH O instrumento de medição da indutância é o indutímetro. As medições vão de 2 mH a 20 H. Fundamentos da eletricidade314 11.5 ASSOCIAÇÃO DE INDUTORES: EM SÉRIE E EM PARALELO Os indutores podem ser associados em série, em paralelo e de forma mista, embora esta não seja muito utilizada. Os conceitos de associações para indutores são os mesmos apresentados para resistores. 11.5.1 associação em série de indutores Na associação em série, os indutores são ligados de forma que a corrente seja a mesma em todos eles. L1 L3 L2 Figura 217 - Associação em série de indutores Fonte: SENAI-SP (2012) Quando indutores são associados em série, a indutância total é maior que o valor do maior indutor associado. Isso pode ser representado matematicamente da seguinte maneira: Lt = L1+ L2 + L3+ Ln. Se todos os indutores tiverem o mesmo valor, a fórmula poderá ser alterada por: Lt = n x L Sendo que: • Lt é a indutância total em henry (H); • n é a quantidade de indutores com mesmo valor; e • L é o valor da indutância em henry (H). Para a utilizaçãodas equações, todos os valores de indutância devem ser con- vertidos para a mesma unidade. Veja um exemplo a seguir. 11 Indutores 315 Determine a indutância total do circuito da figura 217 sabendo que os induto- res têm os seguintes valores: L1 = 10 mH L2 = 43 mH L3 = 5 H Pelos valores, o L3 não está na mesma unidade dos demais. Por isso, é neces- sário fazer a conversão de henry para milihenry. L3 = 5 H = 5000 mH Usando a fórmula, vamos calcular a indutância total: Lt = L1 + L2 + L3 Lt = 10 mH + 43 mH + 5000 mH A indutância total em henry, portanto, será: Lt = 5053 mH CASOS E RELATOS Em grandes indústrias, os motores de corrente alternada são alimentados por meio de uma distribuição chamada centro de controle de motores (CCM). Alguns desses CCMs têm indutores (ou reatores) na entrada da distribuição, cuja finalidade é amortecer a corrente de partida. Isso é feito porque, por exemplo, um motor que consome 150 A para fun- cionar, ao dar partida, poderá fazer a corrente aumentar oito vezes o seu valor, ou seja, atingir 1200 A, já que na partida a corrente é alta para que possa tirar a inércia do motor e fazê-lo girar. Com o reator, a corrente vai até 900 A e, portanto, serão 300 A de amorte- cimento. Uma empresa fez um projeto para a instalação de um novo eq- uipamento cuja alimentação saía de um CCM. O projetista fez um sistema colocando mais motores, mas para evitar problemas na partida, instalou também um novo conjunto de indutores (ou reatores). Fundamentos da eletricidade316 Ao efetuar o teste inicial após a montagem, ele notou que os motores tinham dificuldade em partir. Após um estudo, os indutores (ou reatores) foram retirados e os motores partiam sem problemas. Percebeu-se, então, que o problema era a presença dos indutores extras, que, somados aos existentes, aumentavam a indutância e, consequentemente, diminuíam a corrente de partida dos motores. 11.5.2 associação em paralelo de indutores A associação em paralelo de indutores pode ser usada como forma de obter indutâncias menores ou como forma de dividir uma corrente entre diversos indu- tores, mantendo o mesmo nível de tensão. L1 L2 L3 Figura 218 - Associação em paralelo de indutores Fonte: SENAI-SP (2012) Quando se associam indutores em paralelo, a indutância total é menor que o valor do menor indutor associado. Isso pode ser representado matematicamente da seguinte maneira: 1 Lt = 1 L1 + 1 L2 + 1 L3 + 1 Ln Por meio da fórmula anterior, podemos isolar o Lt e a fórmula final ficará: Lt = 1 1 L1 + 1 L2 + 1 L3 + 1 Ln Se tivermos dois indutores, o raciocínio será o mesmo feito para a resistência equivalente em paralelo para dois resistores e a fórmula será: Lt = L1x L2 L1+ L2 11 Indutores 317 Se todos os indutores forem do mesmo valor, a fórmula poderá ser alterada por: Lt = L n Sendo que: • Lt é a indutância total em henry (H); • n é a quantidade de indutores; e • L é o valor em indutância em henry (H). Assim como acontece na ligação em série, todos os valores de indutância de- vem ser convertidos para a mesma unidade. Acompanhe o exemplo de cálculo a seguir! Calcule a indutância total para o circuito da figura 218, no qual o valor de to- dos os indutores é de 60 mH. Podemos usar a seguinte fórmula: Lt = L n Lt = 60 mH 3 Lt = 20 mH Portanto, a indutância total é de 20 mH. 11.6 REATâNCIA INDUTIVA Para entender o conceito de reatância indutiva, vamos estudar o comporta- mento dos indutores em circuitos de CA. Veremos que o efeito da indutância nes- sas condições se manifesta de forma permanente. Como já vimos, quando se aplica um indutor em um circuito de CC, sua indu- tância se manifesta apenas nos momentos em que existe uma variação de corren- te, ou seja, no momento em que se liga e desliga o circuito. Em CA, como os valores de tensão e corrente estão em constante modifica- ção, o efeito da indutância se manifesta permanentemente. Esse fenômeno de oposição permanente à circulação de uma corrente variável é denominado de reatância indutiva, representada pela notação XL. Ela é expressa em ohms e re- presentada matematicamente pela seguinte expressão: XL = 2 x π x f x L Fundamentos da eletricidade318 Sendo que: • XL é a reatância indutiva em ohms (Ω); • 2π é uma constante (6,28); • f é a frequência da corrente alternada em hertz (Hz); e • L é a indutância do indutor em henrys (H). Veja um exemplo de cálculo de reatância indutiva. No circuito a seguir, qual é a reatância de um indutor de 600 mH aplicado a uma rede de CA de 220 V e 60Hz? A VL600 mH 220 V 60 Hz Figura 219 - Circuito CA com indutor Fonte: SENAI-SP (2012) XL = 2x π x f x L XL = 6,28 x 60 x 600 mH XL = 6,28 x 60 x 600 m = 226080 mΩ = 226,08Ω XL = 226080 mΩ Fazendo a conversão de valores, temos: XL = 226,08Ω Deve-se observar que, da mesma forma como na reatância capacitiva, a rea- tância indutiva de um indutor não depende da tensão aplicada aos seus termi- nais. A corrente que circula em um indutor aplicado à CA (IL) pode ser calculada com base na Lei de Ohm, substituindo-se R por XL, ou seja: IL = VL XL Sendo que: • IL é a corrente eficaz no indutor em ampères (A); • VL é a tensão eficaz sobre o indutor, expressa em volts (V); e • XL é a reatância indutiva em ohms (Ω). 3 ADIMENSIONAL A palavra adimensional caracteriza qualquer coisa que não tem dimensão, ou seja, um tamanho que se possa medir. 11 Indutores 319 Acompanhe o exemplo de cálculo a seguir: No circuito da figura 219, o indutor é de 600 mH, a tensão da rede é de 220 V e a frequência é de 60 Hz. Qual é o valor da corrente que circula no indutor? Inicialmente, calcula-se a reatância: XL = 2 x π x f x L = 6,28 X 60 x 600 m XL = 6,28 x 60 x 600 m XL = 226080 mΩ Fazendo a conversão da unidade de medida, chegamos ao seguinte valor: XL = 226,08Ω Substituindo os valores na expressão: IL = VL XL IL = 220 226,08 IL = 0,97 A 11.7 FATOR DE QUALIDADE Q Todo indutor apresenta, além da reatância indutiva, uma resistência ôhmica que se deve ao material com o qual é fabricado. Ele é calculado pela seguinte fórmula: Q = XL R Sendo que: • Q é o fator de qualidade adimensional3; • XL é a reatância indutiva (Ω); e • R é a resistência ôhmica da bobina (Ω). Um indutor ideal deveria apresentar resistência ôhmica zero. Isso determi- naria um fator de qualidade infinitamente grande. No entanto, esse indutor não existe na prática, porque o condutor, de acordo com a Segunda Lei de Ohm, sem- pre apresenta resistência ôhmica. Fundamentos da eletricidade320 Vamos ao exemplo de cálculo do fator de qualidade! O fator de qualidade de um indutor com reatância indutiva de 3768 Ω (indutor de 10H em 60 Hz) e com resistência ôhmica de 80 Ω é: Q = XL R Q = 3768 80 Q = 47,1 Portanto, o fator de qualidade deste indutor é 47,1 11.8 DETERMINAÇÃO ExPERIMENTAL DA INDUTâNCIA EM UM INDUTOR Quando se deseja utilizar um indutor e sua indutância é desconhecida, é pos- sível determinar aproximadamente o seu valor por meio de um processo experi- mental. O valor encontrado não será exato porque é necessário considerar que o indutor é puro (R = 0 Ω). O fator de qualidade Q é uma relação entre a reatância indutiva e a resistência ôhmica de um indutor, ou seja, aplica-se ao indutor uma corrente alternada com frequência e tensão conhecidas e determina-se a corrente do circuito com um amperímetro de corrente alternada. A VLL Vca f Figura 220 - Circuito de CA com indutor Fonte: SENAI-SP (2012) Conhecidos os valores de tensão e corrente do circuito, determina-se a reatân- cia indutiva do indutor por meio da fórmula a seguir: XL = VL IL Sendo que: • VL é a tensão sobre o indutor; • IL é a corrente do indutor. 11 Indutores 321 Aplicando o valor encontrado na equação da reatância indutiva e determinan- do a indutância, temos: XL = 2 x π x f x L E isolando L, temos: L = XL 2 x π x f A imprecisão do valor encontrado não é significativa naprática, pois os valores de resistência ôhmica da bobina são pequenos quando comparados com a rea- tância indutiva (alto Q). Veja a seguir o exemplo de cálculo de indutância. Qual é o valor de um indutor a ser encontrado experimentalmente, sabendo- se que a tensão de alimentação da rede é de 127 V, a frequência da rede é de 60 Hz e a corrente encontrada na medição com o miliamperímetro é de 35 mA? Com os dados, vamos aplicar a Lei de Ohm e encontrar a reatância indutiva: XL = VL IL XL = 127 35mA XL = 3,63kΩ Conhecendo o valor de XL, temos: L = XL 2 x π x f L = 3,63k 2 x π x 60 L = 3,63k 376,8 L = 9,63H Fundamentos da eletricidade322 RECApiTuLAndO Neste capítulo, você estudou que: a) o indutor é um dispositivo formado por um fio esmaltado enrolado em torno de um núcleo e que tem a função de se opor às variações da corrente alternada que passa por ele; b) dois indutores têm a mesma polaridade quando seus fluxos magné- ticos coincidem e suas polaridades são contrárias quando seus fluxos magnéticos têm sentidos diferentes; c) a tensão gerada pelo movimento do condutor no interior de um cam- po magnético é chamada de tensão induzida; d) a tensão gerada na bobina por autoindução tem polaridade oposta à da tensão que é aplicada aos seus terminais, por isso é denominada de força contraeletromotriz (fcem); e) a capacidade de se opor às variações da corrente é denominada de indutância (L) e sua unidade de medida é o henry, representada pela letra H. f ) na associação em série, os indutores são ligados de forma que a cor- rente seja a mesma em todos eles, obtendo indutâncias maiores e ten- sões maiores; g) na associação em paralelo, a indutância total é menor que o valor do menor indutor associado; h) quando se aplica um indutor em um circuito de CC, sua indutância se manifesta apenas nos momentos em que existe uma variação de cor- rente, quando se liga e desliga o circuito; e i) em CA, como os valores de tensão e de corrente estão em constante modificação, o efeito da indutância manifesta-se permanentemente na forma de reatância indutiva. Estes conhecimentos são muito importantes para que você consiga inter- pretar o funcionamento de circuitos elétricos. 11 Indutores 323 Anotações: Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) e sistema de aterramento 12 Neste capítulo, você estudará os Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), bem como o sistema de aterramento, utilizados em Redes de Distribuição Aérea (RDAs), e as funções e aplicações de tais sistemas. Esses conhecimentos são de fundamental importância para o eletricista de redes, tanto para a construção quanto para a manutenção de RDAs de energia elétrica. Por isso, devem ser estu- dados com bastante cuidado. Ao término deste capítulo, esperamos que você identifi que: • o conjunto de captores (cabos primários e para-raios); • os tipos de condutores de descidas e seus componentes instalados; • os aterramentos e suas conexões. Vamos iniciar os estudos pelo aterramento, pois ele faz parte do SPDA. Acompanhe! FUNDAMENTOS DA ELETRICIDADE326 12.1 ATERRAMEnTOS ELÉTRiCOS Um dos pontos mais importantes de um serviço em eletricidade em baixa, mé- dia ou alta-tensão é sua ligação à terra. Esse procedimento é denominado aterra- mento elétrico. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aterrar signifi ca colocar instalações e equipamentos no mesmo potencial de modo que a dife- rença de potencial entre a terra e o equipamento seja zero. Isso é feito para que, ao operar máquinas e equipamentos elétricos, o operador não receba descargas elétricas do equipamento que está manuseando. Assim, o aterramento tem duas fi nalidades básicas: proteger o funcionamento das redes elétricas e garantir a se- gurança do operador e do equipamento. Quando dizemos “sistema de aterramento”, também conhecido como malha de aterramento, estamos nos referindo a um conjunto de componentes: hastes de cobre ou tubos galvanizados, conectores e cabos condutores1, que permitem o contato com a terra. Ou seja, o sistema de aterramento tem a função de propi- ciar bom contato elétrico entre a terra e o equipamento a ser aterrado. Veja um sistema de aterramento na ilustração a seguir. parafuso braçadeira condutor de terra haste Figura 221 - Componentes de um sistema de aterramento Fonte: SENAI-SP (2013) 1 CONDUTOR DE ATERRAMENTO É o condutor que interliga as hastes, cravadas no solo, ao equipamento que se deseja aterrar. 2 RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO É a resistência oferecida à passagem de corrente elétrica quando aplicamos uma tensão ao sistema. O valor dessa resistência pode ser obtido através de medições feitas com aparelhos apropriados. 12 SiStema de Proteção contra deScargaS atmoSféricaS (SPda) e SiStema de aterramento 327 O sistema de aterramento serve para escoamento da corrente de fuga (ou de falta) para a terra, visto que ela é o nosso ponto de referência como ponto neutro. Para tanto, um bom aterramento deve atender a alguns quesitos: a) proporcionar baixa resistência de aterramento, facilitando a passagem de corrente elétrica; b) manter valores de tensões entre terra e carcaça de equipamentos, estrutu- ras metálicas e o próprio sistema em níveis compatíveis com a segurança do pessoal, caso haja energização acidental; c) possuir uma alta capacidade de condução de corrente elétrica, que é feita através de condutores bem dimensionados para escoamento total da cor- rente elétrica; d) garantir ao sistema valores determinados de tensões fase-terra, fixando a tensão de isolação; e) manter uma resistência2 ôhmica de aterramento praticamente invariável, durante um longo período, após a instalação; f ) possuir materiais resistentes à corrosão e aos desgastes naturais. A figura a seguir mostra o símbolo usado para representar o aterramento, se- gundo a ABNT. Figura 222 - Símbolo do aterramento, segundo ABNT Fonte: SENAI-SP (2013) 12.1.1 O que aterrar? Em princípio, todo equipamento deve ser aterrado, inclusive as tomadas de uso geral para equipamentos portáteis. Outros equipamentos que devem ser aterrados são: máquinas fixas; compu- tadores e outros equipamentos eletrônicos; grades metálicas de proteção de equipamentos de alta-tensão; estruturas que sustentam ou servem de base para equipamentos elétricos e eletrodutos rígidos ou flexíveis. Nas Redes de Distribuição Aérea (RDAs), é comum encontrarmos sistemas de aterramento nos pontos apresentados a seguir. FUNDAMENTOS DA ELETRICIDADE328 a) Postes equipados com: para-raios; estações transformadoras, inclusive as de iluminação pública; banco de capacitores; reguladores de tensão; religa- dores automáticos. b) Postes adjacentes à estação transformadora e banco de capacitores. c) Postes com pontos fi nais de circuitos secundários, com exceção de localida- des cuja distribuição secundária é feita sem neutro (220 V - 3 fases). d) Trecho a cada 300 m para extensões de circuitos primários e cabos telefôni- cos da sociedade ou conforme projeto. Veja na fi gura a seguir um exemplo de aterramento em RDA, com as hastes de aterramento obedecendo às distâncias, de acordo com as normas de uma con- cessionária. conector haste x cabo cabo de cobre haste de aço/cobre 5/8” ≥ 2,4m ≥ 2,4m ≥ 2,4m ≥ 2,4m ≥ 1m ≥ 2,4m Figura 223 - Exemplo de aterramento em RDA Fonte: SENAI-SP (2013) Na prática, todo material condutor (invólucro) que possua um elemento eletri- zado deve estar em contato com a terra. Assim, as bobinas de um motor, gerador ou transformador, caixas metálicas, carcaças de equipamentos, incluindo os ele- trodomésticos, podem ser elementos eletrizados, ou seja, devem ser aterrados. Na fi gura a seguir, apresentamos um exemplo que pode ser facilmente encon- trado em residências. Observe que a caixa de medição e o quadro de distribuição, assim como a tomada e o chuveiro, estão aterrados, atendendo às normas técni- cas de segurança (NR 10 e NBR 5410).12 SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA) E SISTEMA DE ATERRAMENTO 329 Figura 224 - Caixas e equipamentos aterrados segundo normas técnicas de segurança Fonte: SENAI-SP (2013) Nas zonas rurais, as cercas metálicas também devem ser aterradas, pois são ótimas condutoras de energia elétrica quando atingidas direta ou indiretamente por descargas atmosféricas. Para essas situações, as concessionárias de energia elétrica adotam procedimentos que são amplamente divulgados nas suas áreas de concessão. Observe na fi gura 225 o esquema de uma concessionária para prevenção des- se tipo de descarga. arame de aço seccionador para cerca arame farpado ou liso mourão de madeira ou concreto trecho aterrado e seccionado haste de aterramento Figura 225 - Hastes de aterramentos para cercas rurais Fonte: SENAI-SP (2013) Fundamentos da eletricidade330 CASOS E RELATOS João Marques, um fazendeiro muito conhecido na região sul do estado de Minas Gerais, encontrou, junto à cerca que delimita sua propriedade, algumas cabeças do seu gado sem vida. Os animais não apresentavam mutilações ou escoriações provenientes de possíveis ataques de outros animais; tinham somente queimaduras na pele ou nas patas. Tentando entender o que havia ocorrido, João buscou informações com as autoridades de sua cidade. Técnicos da concessionária de energia elétrica e especialistas de centros acadêmicos foram até o local, onde observaram que a cerca da proprie- dade era metálica e não estava aterrada. Também verificaram que naque- la localidade havia alto índice de descargas atmosféricas. Em fazendas, é muito comum que o gado encoste-se em cercas para se coçar. Cercas sem aterramento estão vulneráveis a serem energizadas di- reta ou indiretamente por uma fonte geradora, a qual pode ser um raio. O gado que encosta em uma cerca energizada, inevitavelmente, morre. João acatou as recomendações do pessoal técnico e providenciou o ater- ramento da cerca. Depois disso, felizmente não encontrou mais nenhum animal vitimado por esse tipo de acidente em sua propriedade. 12.1.2 InterlIgaçãO dO sIstema de aterramentO O sistema de aterramento deve ser interligado a hastes cravadas no solo. A quantidade de hastes a serem cravadas deve ser tantas quanto necessário: uma, duas, três... O objetivo dessa interligação é obter um valor de resistência de solo que aten- da à padronização, à especificação técnica ou ainda ao valor ôhmico apresentado em projeto, conforme exigências da concessionária local. É importante ressaltar que a quantidade máxima de hastes a serem instaladas por ponto de aterramento depende do bom senso do eletricista de redes e pode variar de caso para caso. 3 SURTOS Eventos transitórios que provocam sobretensões que podem danificar os sistemas elétricos. 4 SOBRETENSõES Tensões cujos valores ultrapassam as tensões preestabelecidas em um sistema elétrico. 12 SiStema de Proteção contra deScargaS atmoSféricaS (SPda) e SiStema de aterramento 331 VOCÊ SABIA? As ligações à terra, bem como a definição do número de hastes a serem cravadas no solo, devem ser feitas con- forme critérios da concessionária. Para saber os critérios adotados na sua região, consulte os manuais de instala- ção da concessionária local. Assim, você pode atender às normas vigentes sobre a construção e a manutenção nas redes de distribuição de energia elétrica. Para melhor compreensão, vamos supor que temos um sistema de aterramen- to com três hastes instaladas e que, após medições, verificamos um valor ôhmico próximo ao exigido pela concessionária. Para alcançar o valor ôhmico desejado, podemos instalar mais hastes. Porém, há casos em que a instalação de novas has- tes não atende à necessidade, então é preciso construir outra linha de terra no equipamento mais próximo. Se, mesmo assim, não for alcançado o valor ôhmico estipulado pela concessionária, estudos devem ser realizados para definir outras providências, como, por exemplo: a) instalar uma haste mais longa ou mais profunda; b) providenciar tratamento químico do solo; c) instalar condutor de aterramento horizontal. 12.2 dESCARGAS ATMOSFÉRiCAS E SuAS inTERFERÊnCiAS EM REdES dE diSTRiBuiÇÃO É muito comum ocorrer queda de raios nas redes de distribuição de energia elétrica. Esse fenômeno causa uma sobretensão transitória, ou seja, por alguns instantes ocorre o aumento da tensão na rede devido a surtos atmosféricos (raios). As sobretensões também podem ser provocadas por outras fontes, tais como curtos-circuitos e tensões induzidas ou indiretas. Porém, nessas situações, elas possuem valores inferiores, que causam menores danos ao isolamento dos equi- pamentos, desde que estes possuam proteções elétricas dimensionadas às devi- das tensões da rede de distribuição. Nas ocorrências de sobretensão em RDAs, é comum observarmos que não é necessária a queda de um raio diretamente sobre a rede, basta que ele aconteça nas proximidades para que tenhamos surtos induzidos. O surto3 de origem atmosférica, seja ele induzido, seja ele direto, provoca na rede a propagação de uma onda de sobretensão que pode danificar o isolamento dos equipamentos e, consequentemente, provocar a sua queima. Para evitar esse tipo de prejuízo, são instalados para-raios nas redes de distribuição, exatamente para proteger contra os surtos de sobretensões4 em redes, subestações e linhas de transmissões. Fundamentos da eletricidade332 12.3 pARA-RAiOS Os para-raios instalados em redes de distribuição são dispositivos que têm como função específica proteger os equipamentos e as redes contra sobreten- sões, preservando as características físicas dielétricas dos componentes a serem protegidos. A maioria dos para-raios instalados no sistema de distribuição é basicamente constituída de varistores ou centelhadores, em invólucros de porcelana e, em al- guns casos, com desligador automático. Atualmente, são empregados para-raios de óxidos metálicos recobertos com material polimérico, que internamente possuem dispositivo com desligador automático. Na figura a seguir, você pode observar os tipos de para-raios (poli- méricos e de porcelana) e o respectivo símbolo. porcelana polimérico Figura 226 - Tipos de para-raios e símbolo para projetos Fonte: SENAI-SP (2013) SAIBA MAIS Existem vários modelos e tipos de para-raios disponíveis para instalação em redes de distribuição. Para instalar e uti- lizar qualquer um deles, você deve consultar os manuais de construção e manutenção, bem como os projetos aprovados pela concessionária local. 12 SiStema de Proteção contra deScargaS atmoSféricaS (SPda) e SiStema de aterramento 333 Veja agora as partes que compõem um para-raios. ligação à rede primária braço de instalação isolador polimérico desligador automático Figura 227 - Para-raios de redes de distribuição, da classe de 3 kV a 25 kV Fonte: SENAI-SP (2013) 12.3.1 VarIstOres e óxIdOs metálIcOs (ZnO) Os blocos varistores são considerados o coração de um para-raios e têm como função básica permitir o escoamento da corrente de surto para a terra. Esses blo- cos apresentam as seguintes características: a) baixa resistência frente a surtos atmosféricos; b) alta resistência às correntes de frequência industrial. A última geração de para-raios utiliza blocos formados por grãos de óxido de zinco sintetizados e dopados com outros óxidos semicondutores, tais como: óxido de manganês, de cobalto, de cromo e de níquel. Os blocos varistores são fabricados por meio de processos produtivos alta- mente controlados, que podem resultar em varistores com características prede- terminadas, com as seguintes propriedades: a) alta característica não ôhmica; b) alta capacidade de absorção de energia; c) baixa tensão residual; d) baixa corrente de fuga; e) rápida resposta frente à transiente de tensão. Essa tecnologia permite a construção de para-raios sem centelhadores de série, devido à característica altamente não linear dos blocos varistores.Fundamentos da eletricidade334 12.3.2 aplIcaçãO dOs para-raIOs Os para-raios devem ser aplicados: a) em religadores automáticos, reguladores de tensão e seccionalizadores; b) nas chaves de abertura sob carga monofásica ou trifásica, automatizadas ou não; c) no banco de capacitores e nas entradas primárias; d) em estações transformadoras; e) em todos os pontos de fim de linha nas redes de distribuição, nos quais haja equipamentos instalados; f ) nas saídas de circuitos de estação transformadora de distribuição (subes- tações); g) nas mudanças do sistema aéreo para subterrâneo e vice-versa; h) nos postes anterior e posterior ao cruzamento de linha de transmissão e nas estruturas de travessias, quando ocorrer mudança de bitola de cabos. VOCÊ SABIA? Para cada fase do circuito de distribuição, deve ser ins- talado um para-raios. Caso a rede seja composta das três fases, devem ser instalados três ou mais para-raios, dependendo das especificações do projeto. Observe, na figura 228, o cabo de interligação dos para-raios instalado na rede de distribuição de energia elétrica. Neste modelo, estão instalados três para-raios em cruzeta de madeira. O cabo de interligação deve atender às recomendações técnicas da concessionária local, pois deve suportar o escoamento total da corrente elétrica. Figura 228 - Cabo de interligação para ligação de para-raios instalado em redes de distribuição de energia elétrica Fonte: SENAI-SP (2013) 12 SiStema de Proteção contra deScargaS atmoSféricaS (SPda) e SiStema de aterramento 335 Perceba que, no conjunto apresentado na figura 228, os para-raios são inter- ligados entre si, agrupando-se em um único ponto, conhecido como prumada. Observe agora, na figura 229, que as interligações dos para-raios na parte supe- rior são conectadas às fases primárias (fase B) e na parte inferior estão aterradas. Nessa imagem, é fácil constatar o conector interligado ao condutor de aterramen- to (que normalmente está embutido no poste) e finalmente conectado às hastes de aterramento cravadas no solo. Figura 229 - Instalação de para-raios em poste do tipo circular de concreto Fonte: SENAI-SP (2013) Para simplificar a instalação do para-raios, os transformadores podem vir, de fábrica, equipados com suporte para a fixação na carcaça ou no próprio corpo do transformador. Veja a forma correta para essa instalação na figura 230. Figura 230 - Para-raios interligados entre si e a carcaça do transformador Fonte: SENAI-SP (2013) Fundamentos da eletricidade336 RECApiTuLAndO Neste capítulo, você viu que: • aterrar, significa colocar instalações e equipamentos no mesmo po- tencial, de modo que a diferença de potencial entre a terra e o equi- pamento seja zero; • o principal objetivo do sistema de aterramento é aumentar a seguran- ça do operador e do equipamento, bem como garantir a continuidade e a qualidade do fornecimento de energia elétrica; • todo equipamento deve ser aterrado, inclusive as tomadas de uso ge- ral para equipamentos portáteis; • nas RDAs, é comum encontrarmos sistemas de aterramento nos pos- tes equipados com para-raios; com estações transformadoras; com banco de capacitores; com reguladores de tensão; com religadores automáticos; e com terminais de muflas de cabos subterrâneos; • nas redes de distribuição de energia elétrica, é muito comum a queda de raios; esse fenômeno causa uma sobretensão transitória; • o surto de origem atmosférica, seja ele induzido, seja ele direto, provo- ca na rede de distribuição a propagação de uma onda de sobretensão, que pode danificar o isolamento dos equipamentos e, consequente- mente, provocar sua queima; • os para-raios são dispositivos que têm como função específica prote- ger os equipamentos e as redes de distribuição contra sobretensões; • conhecer as características da instalação de para-raios nas redes de distribuição é fundamental para garantir a segurança do sistema. Esses conhecimentos são muito importantes para os eletricistas, já que estão relacionados à segurança de pessoas e animais, assim como de equipamentos. 12 SiStema de Proteção contra deScargaS atmoSféricaS (SPda) e SiStema de aterramento 337 Anotações: Gerador elétrico 13 Neste capítulo, você conhecerá modelos de geradores elétricos utilizados em geração e dis- tribuição de energia elétrica, suas particularidades de funcionamento, bem como as interliga- ções na rede elétrica. Depois de estudar este capítulo, esperamos que você saiba: a) identifi car os tipos de geradores elétricos existentes; b) onde e como utilizar os geradores em redes de distribuição; c) quais são os níveis das tensões fornecidas para as linhas de distribuição. Você aplicará esses conhecimentos na construção e manutenção de redes de distribuição aérea de energia elétrica. Bons estudos! Fundamentos da eletricidade340 13.1 CARACTERiSTiCAS dOS GERAdORES Os geradores são máquinas elétricas que transformam energia mecânica em energia elétrica. Podem ser de pequeno ou de grande porte, dependendo de sua aplicação, e de corrente contínua (CC) ou de corrente alternada (CA). Como exemplo de gerador de corrente contínua, podemos citar um dos mo- delos mais comuns: o dínamo. Esse tipo de gerador fornece tensão e corrente contínuas. Você já deve ter visto um dínamo instalado em bicicletas, com a finali- dade de, por exemplo, alimentar um farolete com uma lâmpada. 13.2 FunCiOnAMEnTO dOS GERAdORES O princípio básico de funcionamento do dínamo é a conversão de energia mecânica, produzida no eixo da roda, em energia elétrica, por meio da indução eletromagnética. Com o uso de lâmpadas LEDs, o rendimento desse modelo de gerador atende perfeitamente às necessidades dos ciclistas. Figura 231 - Exemplo de gerador de corrente contínua (dínamo) e símbolo para projeto Fonte: 123RF e SENAI-SP (2013) Os geradores que trabalham com corrente contínua são muito adequados para pequenas cargas. No entanto, quando as cargas começam a aumentar, a fon- te geradora deve ser substituída. Imagine, por exemplo, a proporção de um ge- rador para abastecer uma indústria, um bairro ou uma cidade? Logicamente, ele deve ser bem maior do que um gerador para pequenas cargas e deve trabalhar com corrente alternada. 13 Gerador elétrico 341 Como exemplo de gerador de corrente alternada, também conhecidos como alternadores, podemos citar aqueles usados nas usinas hidrelétricas. Esse tipo de gerador fornece tensão e corrente alternadas e pode ser monofásico (uma fase), bifásico (duas fases) ou trifásico (três fases). Veja na figura a seguir um modelo de gerador de corrente alternada e seu sím- bolo segundo a ABNT. Figura 232 - Exemplo de gerador de corrente alternada e símbolo para projeto Fonte: 123RF e SENAI-SP (2013) Os geradores necessitam de uma força mecânica no eixo para a transformação em energia elétrica, a qual pode ser uma turbina eólica (força dos ventos), hidráu- lica (força da água) ou mesmo um motor movido pela queima de carvão, óleo mineral, gasolina e outros combustíveis. Pela riqueza de água em nosso país, grande parte da energia elétrica é gerada nas usinas hidrelétricas. Os geradores dessas usinas possuem turbinas hidráulicas, que utilizam energia mecânica para girarem os eixos, induzindo uma tensão nos terminais dos enrolamentos que, ao serem conectados a cargas, levam à circula- ção de correntes elétricas. Geradores movidos pela queima de combustíveis são facilmente encontrados. Muitas vezes são de fácil transporte (portáteis) e podem ser adquiridos por com- pra ou locação. São classificados por potência elétrica, com alimentação trifásica. Veja na figura a seguir geradores de diferentes potências, movidos a óleo diesel. Fundamentos da eletricidade342 Gerador monofásico ou trifásico de 3 kVA Gerador de 6 kVA Figura 233 - Modelos de geradores a óleo diesel Fonte: 123RF (2013) VOCÊ SABIA? No Brasil, a energia elétrica é gerada em corrente alter- nada no sistema trifásico, na frequência de 60 Hz.13 Gerador elétrico 343 CASOS E RELATOS Uma equipe de eletricistas foi deslocada à cidade de Santo André, em São Paulo, para atender a uma ocorrência na Rede de Distribuição Aérea (RDA). A Ordem de Serviço informava que o fornecimento de energia elé- trica tinha sido interrompido. Logo ao chegar ao local, os eletricistas identificaram o defeito e deram prosseguimento aos serviços de reparo, quando perceberam que, em uma das residências da rua, o fornecimento de energia elétrica não havia sido interrompido, pois aquela unidade consumidora possuía um gera- dor instalado. Os profissionais concluíram os serviços em aproximadamente 30 min. Perceberam, de imediato, o conforto que um gerador pode proporcionar, pois naquela residência a energia não fora interrompida. Comentaram entre si a economia que um gerador instalado pode trazer em uma in- dústria, por exemplo, pois com ele a produção não é interrompida, caso o fornecimento de energia tenha sido cortado por algum motivo. Os geradores de grande potência, utilizados em usinas hidrelétricas, são má- quinas bem maiores em tamanho do que os geradores de uso residencial. Esses geradores de grande porte têm a potência elétrica geralmente medida em kVA. Veja na figura a seguir um exemplo de gerador elétrico de usinas hidrelétricas. Figura 234 - Gerador acoplado em turbina elétrica, utilizado em hidrelétricas Fonte: Wikimedia Commons (2013) Fundamentos da eletricidade344 SAIBA MAIS Os geradores de energia elétrica são classificados de acordo com a potência elétrica, que geralmente é expressa em kVA. O tamanho de um gerador é proporcional à potência elétri- ca, ou seja, quanto maior a potência, maior será o gerador. Existem vários modelos de geradores disponíveis. Para co- nhecer modelos nacionais ou importados, faça uma pesquisa em catálogos e sites de fabricantes e distribuidores. RECApiTuLAndO Neste capítulo, você estudou que: • os geradores são máquinas estáticas que transformam energia mecâ- nica em energia elétrica; • os geradores das usinas hidrelétricas fornecem corrente alternada e utilizam turbinas hidráulicas; • os geradores necessitam de uma força mecânica no eixo para a trans- formação em energia elétrica, a qual pode ser uma turbina eólica, hi- dráulica ou mesmo um motor movido pela queima de carvão, óleo mineral, gasolina e outros combustíveis; • os geradores trifásicos são máquinas de grande porte, e suas dimen- sões físicas estão diretamente relacionadas com a sua potência elétrica. Esses conhecimentos são importantes para o eletricista de redes de dis- tribuição de energia elétrica, pois os geradores garantem sua segurança e de toda a equipe envolvida nas atividades diárias. Transformador 14 Neste capítulo, você vai conhecer modelos de transformadores, também conhecidos como trafos, e suas particularidades de funcionamento. Os transformadores são utilizados na trans- missão e distribuição de energia elétrica e os modelos mais comuns são os monofásicos e tri- fásicos. Assim, após estudar este capítulo, esperamos que você possa identifi car: a) os tipos de transformadores existentes; b) onde e como eles são utilizados nas redes de distribuição; c) quais os níveis das tensões fornecidas para as redes de distribuição. Esses conhecimentos serão importantes para construção e manutenção de Redes de Distri- buição Aérea (RDAs) de energia elétrica. Bons estudos! Fundamentos da eletricidade346 14.1 CARACTERíSTICAS DOS TRANSFORMADORES O transformador é um dispositivo que permite elevar ou rebaixar os valores de tensão em um circuito de CA. Os aparelhos eletrônicos são alimentados pela rede elétrica. Todavia, a grande maioria deles usa tensões muito baixas para alimentar seus circuitos: 6 V, 12 V e 24 V. Um dos dispositivos utilizados para fornecer baixas tensões a partir das redes de 110/220 V é o transformador, como este que você vê a seguir. primário secundário primário secundário Transformador Símbolo do transformador (segundo ABNT) Figura 235 - Exemplo de transformador e símbolo para projeto Fonte: SENAI-SP (2013) 14.2 FUNCIONAMENTO Ao conectar a bobina a uma fonte de CA, um campo magnético variável surge ao redor dessa bobina. Se outra bobina for aproximada da primeira, o campo mag- nético variável gerado na primeira bobina corta as espiras da segunda bobina. tensão aplicada tensão induzida V Figura 236 - Campo magnético variável ao redor da bobina do transformador Fonte: SENAI-SP (2013) 14 Transformador 347 Em consequência da variação do campo magnético sobre as espiras, surge uma tensão induzida na segunda bobina. A bobina do transformador na qual se aplica a tensão de CA é denominada primário do transformador. A bobina na qual surge a tensão induzida é denomi- nada secundário do transformador. tensão aplicada tensão induzida Vprimário secundário Figura 237 - Primário e secundário do transformador Fonte: SENAI-SP (2013) VOCÊ SABIA? As bobinas primária e secundária do transformador são eletricamente isoladas entre si. A transferência de ener- gia de uma para a outra se dá exclusivamente através das linhas de forças magnéticas. A tensão induzida no secundário é proporcional ao número de linhas mag- néticas que cortam a bobina secundária e ao número de suas espiras. Por isso, o primário e o secundário são montados sobre um núcleo de material ferromag- nético. Veja na representação a seguir a localização do núcleo de barras de ferro. bobina primário entrada primário saída secundário bobina secundário núcleo de placas de ferro Figura 238 - Núcleo do transformador Fonte: SENAI-SP (2013) Fundamentos da eletricidade348 O núcleo do transformador tem a função de diminuir a dispersão do campo magnético, fazendo com que o secundário seja cortado pelo maior número pos- sível de linhas magnéticas. Como consequência, obtemos uma transferência me- lhor de energia entre o primário e o secundário. Veja a seguir o efeito causado pela colocação do núcleo no transformador. VOLT VOLT CA 20V CA 20V tensões iguais primário mesmas bobinas núcleo secundário pequena tensão induzida maior tensão induzida BA BA Figura 239 - Efeito do núcleo no transformador Fonte: SENAI-SP (2013) Com a inclusão do núcleo, embora o aproveitamento do fluxo magnético ge- rado seja melhor, o ferro maciço sofre perdas por aquecimento causadas por dois fatores: a histerese magnética1 e as correntes parasitas2. Para diminuir o aquecimento, os núcleos são construídos com chapas de ferro isoladas entre si. O uso de lâminas não elimina o aquecimento, mas o reduz bas- tante em relação ao núcleo de ferro maciço. 14.3 TIPOS DE LIGAÇÃO DE TRANSFORMADORES Nas distribuições em baixa tensão, a ligação de transformadores é feita atra- vés da instalação desses equipamentos em postes, com o objetivo de rebaixar as tensões para 110/220 V. Os valores de tensão podem variar de cidade para cidade, dependendo da concessionária local. Cada um desses valores requer um tipo de transformador apropriado. 1 HISTERESE MAGNÉTICA Perdas de ferro causadas pela oposição que ele oferece à passagem do fluxo magnético. Essas perdas são diminuídas com o emprego de ferro doce na fabricação do núcleo. 2 CORRENTE PARASITA (OU CORRENTES DE FOUCAULT) Perdas de ferro pelo seu aquecimento, porque a massa metálica sob variação de fluxo gera, dentro de si mesma, uma força eletromotriz (fem), a qual provoca a circulação de corrente parasita. 14 Transformador 349 As ligações internas dos transformadores, ou seja, de suas bobinas, podem ser feitas de duas maneiras: a) ligação em estrela (Y); b) ligação em triângulo ou delta (Δ). As ligações em estrela e em triângulo são executadas tanto no primário quan- to no secundário do transformador. Nos diagramas da figura 240, as letras H e X representam, respectivamente, o primário e o secundário e as extremidades dos enrolamentos são identificadas por números. 5 2 2 5 1 4 4 1 1 1 4 4 7 10 11 3 3 6 6 9 12 25 5 3 2 3 6 6 3 estrela triângulo bobina primária bobina secundária enrolamento H enrolamento X Figura 240 - Tipos de ligação do transformador no poste Fonte: SENAI-SP (2013) As ligações do primário e do secundário podem ser combinadas de várias formas: a) em estrela, no primário, e em estrela, no secundário; b) em triângulo, no primário, e em triângulo, no secundário; c) em estrela, no primário, e em triângulo, no secundário e vice-versa. 14.4 RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO Como já vimos, a aplicação de uma tensão de CA ao primário de um transfor- mador causa o aparecimento de uma tensão induzida em seu secundário. Elevan- do-se a tensão aplicada ao primário, a tensão induzida no secundário aumenta na mesma proporção. Essa relação entre as tensões depende fundamentalmente da relação entre o número de espiras no primário e no secundário. Você já deve ter observado transformadores como este da figura 241, que po- demos ver em alguns postes. Fundamentos da eletricidade350 Figura 241 - Transformador de alta-tensão Fonte: SENAI-SP (2013) No transformador de alta-tensão, temos, de um lado, a alimentação de ener- gia, denominada enrolamento primário (entrada), e, do lado oposto, a mesma configuração da bobina primária, porém com enrolamento secundário (saída), o qual pode ser composto de condutores de bitolas e número de espiras diferentes, como você pode observar no diagrama a seguir. V1 V2 carga I1 I2 N1 N2 FLUXO Φ núcleo de ferro enrolamento secundário bobina B enrolamento primário bobina A Figura 242 - Diagrama da estrutura básica de um transformador Fonte: SENAI-SP (2013) 14 Transformador 351 No quadro a seguir, temos a representação dos fenômenos elétricos do trans- formador, ou seja, as relações entre as grandezas elétricas nos enrolamentos pri- mário e secundário do transformador. Quadro 15 - Representação dos fenômenos elétricos do transformador COMPONENTE NÚMERO DE ESPIRAS GRANDEZAS ELéTRICAS CORRENTE TENSÃO Enrolamento primário N1 I1 V1 Enrolamento secundário N2 I2 V2 Suponhamos que você tenha comprado um aparelho de DVD que deve ser alimentado em 110 V (no quadro corresponde a V2), porém em sua residência o fornecimento de energia é em 220 V (no quadro corresponde a V1). O que você faria para colocar o aparelho em funcionamento? Nesse caso, você teria que utilizar um transformador abaixador de tensão com entrada 220 V e saída 110 V, ou seja, a alimentação no primário com 220 V e a saída no secundário com 110 V. Na figura 243, podemos ver um modelo convencional de transformador, que poderia ser utilizado para atender a essa necessidade. Figura 243 - Transformador de baixa tensão Fonte: SENAI-SP (2013) Outra forma de referenciar o transformador é através do número de espiras. Por exemplo, em um transformador com primário de 100 espiras e secundário de 200 espiras, a tensão do secundário será o dobro da tensão do primário. Fundamentos da eletricidade352 10 V 20 V100 espiras 200 espiras o dobro de espiras no secundário, o dobro da tensão no secundário V Figura 244 - Relação de espiras com tensão do transformador Fonte: SENAI-SP (2013) Se chamarmos o número de espiras do primário de NP e do secundário de NS, podemos descrever: VS NS VP NP 200 espiras20 V 2 10 V 100 espiras = = = Lê-se: saem 2 para cada 1 que entra (2 : 1), ou seja, para os 10 V que estão en- trando, saem 20 V. Esse transformador é classificado como elevador. O resultado da relação VS VP e NS NP é chamado de relação de transformação e expressa a relação entre a tensão aplicada ao primário e a tensão induzida no se- cundário. Um transformador pode ser construído de forma a ter qualquer relação de transformação que seja necessária. Os transformadores também podem ser classificados quanto à relação de transformação. Nesse caso, eles são de três tipos: a) transformador rebaixador: é aquele cuja relação de transformação é me- nor que 1, ou seja, NS < NP. Portanto, VS < VP. Esse tipo de transformador é o mais utilizado em equipamentos eletroeletrônicos. Sua função é rebaixar a tensão das redes elétricas domiciliares (110/220 V) para tensões de 6 V, 12 V e 15 V, necessárias ao funcionamento desses equipamentos; b) transformador elevador: é aquele cuja relação de transformação é maior que 1, ou seja, NS > NP. Por causa disso, a tensão do secundário é maior do que a tensão do primário, isto é, VS > VP; c) transformador isolador: é aquele cuja relação de transformação é de 1 para 1, ou seja, NS = NP. Como consequência, VS = VP. O transformador isolador é usado em laboratórios de eletrônica para isolamento elétrico da 14 Transformador 353 rede contra a tensão presente nas bancadas. Esse tipo de isolação é chama- do de isolação galvânica. Veja a seguir a apresentação esquemática desses três tipos de transformadores. 100 espiras primário 100 espiras 20 espiras primário 600 espiras150 espiras secundário 1. elevador 2. rebaixador 3. isolador 600 espiras secundáriosecundário Figura 245 - Tipos de transformadores Fonte: SENAI-SP (2013) Quando uma bobina recebe uma tensão induzida, ela terá sua corrente dire- tamente proporcional ao campo magnético ao qual está exposta e ao número de espiras que a compõe. Essa relação pode ser expressa matematicamente pela relação de transformação (RT): VP NP IS VS NS IP = = Em que: • VP é a tensão no primário; • VS é a tensão no secundário; • NP é o número de espiras da bobina do primário; • NS é o número de espiras da bobina do secundário; • IP é a corrente no primário; • IS é a corrente no secundário. Essa expressão permite determinar um dos valores do transformador, se os outros três forem conhecidos. Veja um exemplo com base na figura 246, que apre- senta um transformador rebaixador de 110 V para 6 V, o qual alimenta no secun- dário uma carga que absorve uma corrente de 4,5 A. 110 V 6 V carga 4,5 A Figura 246 - Exemplo de transformador rebaixador Fonte: SENAI-SP (2013) Fundamentos da eletricidade354 Na situação da figura 246, qual é a corrente no primário? Pela relação de trans- formação, temos a seguinte fórmula: VP IS VS IP 110 V 4,5 A 6 V IP 4,5 A IP 6 V. 110 V IP 0,245 A = = = = Então, a corrente no primário é de 0,245 A. Os transformadores podem ter várias bobinas no primário e no secundário, porém o campo magnético continua concentrado no mesmo núcleo, como você pode observar na figura 247. verde marrom preto azul Figura 247 - Transformador com primário a quatro fios Fonte: SENAI-SP (2013) CASOS E RELATOS Moradores da rua Miquelina foram surpreendidos com uma explosão promovida pela queima de um transformador de distribuição instalado em um dos postes da rua. A explosão foi seguida pela interrupção do fornecimento de energia elétrica, que perdurou por dez horas, tempo em que os técnicos da concessionária local repararam o defeito e normalizar- am o fornecimento. 14 Transformador 355 No local, os técnicos encontraram uma poça de óleo no chão, a qual indi- cava um vazamento. Além disso, um dos moradores informou que havia notado o vazamento do óleo do transformador há algumas semanas, mas infelizmente ele não teve a ideia de informar a concessionária com ante- cedência. Após análise do ocorrido, a concessionária elaborou um relatório, con- cluindo que a queima do transformador se deu devido ao baixo nível do óleo isolante no tanque do equipamento. A queima do transformador constituiu um grande prejuízo para a conces- sionária, pois é um equipamento de alto custo. As concessionárias adotam medidas de proteção para evitar esse tipo de prejuízo, mas, em alguns casos, vazamentos como esse são imprevisíveis. Se o morador tivesse avisado a concessionária, os serviços de reparo po- deriam ser programados e os impactos do vazamento seriam minimiza- dos, sem a perda do equipamento devido à explosão. 14.5 TRANSFORMADOR (TRAFO) TRIFÁSICO Os transformadores de maior potência podem ser de três tipos: monofásicos, bifásicosou trifásicos, dependendo do número de bobinas que possuam no pri- mário e no secundário. Para cada tipo de aplicação, pode ser utilizado um modelo específico. A maioria dos transformadores instalados em linhas de alta-tensão (AT) é trifá- sica. Então, é fundamental que nos aprofundemos no estudo desse tipo de equi- pamento. VOCÊ SABIA? Os trafos podem ser seco ou óleo. Isto significa dizer que de acordo com suas características técnicas cons- trutivas poderão ou não ter óleo mineral em contado com as bobinas. Estes são usados, por exemplo, em ca- bines primárias em construções ocupadas por pessoas ou animais. Os a óleo tem como vantagens: menor custo na implantação e tamanho. Já os a seco não oferecem risco de explosão; são ecologicamente mais indicados; e têm menor custo de manutenção. Fundamentos da eletricidade356 O transformador trifásico é composto de três bobinas primárias e três bobi- nas secundárias. Cada bobina do primário é enrolada com sua respectiva bobina do secundário no mesmo núcleo. No esquema a seguir, você pode entender como são montados os componen- tes na carcaça de um transformador trifásico. Figura 248 - Camadas do transformador trifásico Fonte: SENAI-SP (2013) 14 Transformador 357 SAIBA MAIS As distribuidoras de energia elétrica podem usar tipos di- ferentes de transformadores. Para obter dados mais deta- lhados sobre ligações e transformadores utilizados na sua região, acesse o site da distribuidora local e procure por expressões como: “padrões de ligações de transformadores em Redes de Distribuição Aérea”, “classe de tensão”, “tabela do fabricante”. Agora, vamos ver alguns detalhes técnicos do transformador (trafo) trifásico, utilizado em RDAs. Observe a figura 249 com as representações das vistas lateral e superior. 1 2 3 4 9 7 5 12 6 8 A X0 X2 X3X1 C L H1 H2 H3 11 10 Vista lateral Vista superior Figura 249 - Detalhes técnicos do transformador (trafo) trifásico Fonte: SENAI-SP (2013) Veja, na legenda seguinte, quais são os componentes do transformador re- presentado na figura 249. 1) Bucha de AT – H1, H2, H3 2) Bucha de BT – X0, X1, X2, X3 3) Dispositivo de aterramento 4) Abertura para inspeção 5) Placa de identificação 6) Suporte para fixação ao poste 7) Suportes do tipo olhal de suspensão 8) Base de apoio inferior 9) Grampo de fixação da tampa 10) Radiador de tubo elíptico 11) Placa da logomarca do fabricante 12) Placa de identificação Fundamentos da eletricidade358 VOCÊ SABIA? As buchas são normalmente feitas de material isolante (porcelana, vidro etc.), para proporcionar o isolamento adequado da carcaça com as conexões das tensões pri- márias e secundárias das bobinas. As buchas são tam- bém diferenciadas por letras, por exemplo: bucha de AT – H1, H2, H3 (15 kV, 25 kV); bucha de BT – X0, X1, X2, X3 (220 V, 110 V). As características técnicas dos transformadores trifásicos são padronizadas e seguem a norma técnica NBR 5440. Observe, no exemplo ilustrado no quadro a seguir, alguns parâmetros. Quadro 16 – Transformador (Trafo) trifásico – 60 Hz – 15 kV POTêNCIA (kVA) ALTURA (mm) (A) COMPRI- MENTO (mm) (C) LARGURA (mm) (L) PESO DO óLEO (kg) MASSA TOTAL (kg) 30 870 990 600 46 217 45 870 1040 620 55 268 70 950 1290 750 68 370 112,5 990 1260 760 95 520 150 1010 1280 740 105 601 225 1290 1590 950 247 970 300 1370 1590 950 266 1104 Fonte: TRANSFORMAN TRANSFORMADORES. Características técnicas padronizadas conforme NBR 5440/1999. Disponível em: <http://www.transforman.com.br/home/det_tecnicos.asp>. Acesso em: 2 jun. 2013. VOCÊ SABIA? Para indicarmos a potência do trafo, em vez de utilizar- mos a unidade Watt, adotamos a unidade VA. Na rede de distribuição de energia elétrica, geralmente usamos a unidade kVA. Na figura 250, é possível ver uma fotografia da vista superior do transformador trifásico. Observe e compare com os desenhos técnicos da figura 248 e identifique as partes do transformador. 14 TRAnSFORMAdOR 359 Figura 250 - Foto de um transformador trifásico Fonte: SENAI-SP (2013) Nas buchas primárias, são ligados os cabos primários da rede de alta-tensão. Nas buchas secundárias, são ligados os cabos de saídas da rede secundária em baixa tensão. A parte externa, que tem forma de sanfona, são as aletas (tubos laterais para ciclo de resfriamento do óleo). Os trafos de potências maiores apresentam grande aquecimento em suas bobinas e, para seu resfriamento, utilizamos óleo isolante. A lateral esquerda do transformador é aberta, funcionando como um radiador, no qual temos ar circu- lando ao redor das aletas (tubos). Existem outros modelos de transformadores utilizados em subestações e na geração de energia elétrica, tendo em vista a alta capacidade para transformar energia. A potência desses trafos é referenciada na unidade MVA. Tais equipamen- tos têm suas particularidades de potência, tensão e corrente elétrica de acordo com a fi nalidade. Para que você tenha ideia da proporção de um modelo usado para atender a alimentação de uma cidade, observe, na fi gura 251, um exemplo de transformador utilizado em subestação. Fundamentos da eletricidade360 Figura 251 - Transformador instalado em subestação Fonte: 123RF (2013) 14 Transformador 361 RECAPITULANDO Neste capítulo, você estudou que: • o transformador é um dispositivo que permite elevar ou rebaixar os valores de tensão; • o princípio de funcionamento do transformador está diretamente relacionado à criação de um campo magnético variável em uma bo- bina, para gerar uma tensão induzida em uma segunda bobina; • as bobinas primária e secundária do transformador são eletricamente isoladas entre si. A transferência de energia de uma para a outra se dá exclusivamente através das linhas de forças magnéticas; • o núcleo do transformador melhora o aproveitamento do fluxo ma- gnético, porém surgem perdas por aquecimento, causadas por dois fatores: a histerese magnética e as correntes parasitas. Para diminuir o aquecimento, os núcleos são construídos com chapas de ferro lamina- das e isoladas entre si; • as ligações internas entre as três fases do transformador trifásico po- dem ser feitas de duas maneiras, em estrela (Y) ou em triângulo/delta (Δ); • os transformadores podem ser: rebaixador, elevador e isolador; • o transformador trifásico é composto de três bobinas primárias e três bobinas secundárias; • as características técnicas dos transformadores trifásicos são padroni- zadas e seguem a norma técnica NBR 5440. Esses conhecimentos são importantes para a construção e a manuten- ção de Redes de Distribuição Aérea (RDAs) de energia elétrica. Esperamos que você tenha compreendido muito bem todos eles. 15 Motores Neste capítulo, serão apresentados modelos de motores elétricos utilizados nas redes de energia elétrica e alimentados em tensão e corrente alternadas, além de suas particularidades de funcionamento. Para atuar como eletricista de redes de distribuição de energia, você deve conhecer e iden- tifi car esses equipamentos. Além disso, é importante estudar motores elétricos e o uso pelos consumidores ligados à rede elétrica. Depois de estudar este capítulo, esperamos que você possa identifi car: a) os tipos de motores elétricos existentes; b) onde e como eles são utilizados nas redes de distribuição; c) quais são as tensões fornecidas para cada fi nalidade. Bons estudos! Fundamentos da eletricidade364 15.1 MOTORES ELÉTRICOS O motor elétrico é um equipamento fisicamente similar ao gerador. A diferen- ça está exatamente na transformação da energia, pois enquanto o gerador trans- forma a energia mecânica em elétrica, o motor transforma a energia elétrica em mecânica. O motor é constituído de um rotor, que é a parte girante, e um estator, forma- do por bobinas fixas. Os motores são classificados de acordo com fornecimento de trabalho, com potência normalmente expressa em Watt (W), horse power1 (HP) ou cavalo-vapor (CV). São alimentados por tensões elétricasvariadas. Na baixa tensão (BT), por exemplo, encontramos motores alimentados com tensões que vão de 110 V até 440 V. VOCÊ SABIA? Cavalo-vapor (CV) é uma unidade de medida de po- tência, porém não é reconhecida pelo Sistema Interna- cional de Unidades (SI) como padrão. Essa unidade de medida nasceu no mundo anglofônico, quando James Watt precisou expressar a potência da máquina a vapor. Naquela época, Watt, usando cavalos como referência, estimou que um cavalo podia levantar 33.000 libras de água a uma altura de um pé em um minuto. Os motores elétricos são projetados para uso pelos consumidores ligados à RDA. Em relação à tensão elétrica, podem ser classificados como: a) monofásicos: uma fase, 110 ou 220 V; b) trifásicos: três fases, de 220 a 440 V. Veremos a seguir as características de cada um deles. 1 HP Sigla de horse power (do inglês, significa “cavalos de potência”). É uma unidade de medida de potência de motores equivalente, porém não igual, ao CV (cavalo-vapor). O HP é 1,38% maior que o CV, ou seja: 1 HP = 1,0138 CV = 746 W; 1 CV = 0,9863 HP = 736 W. 15 MOTORES 365 15.2 MOTORES MONOFÁSICOS O motor monofásico é muito comum em utensílios domésticos, tais como li- quidificadores, batedeiras, barbeadores, bombas d’água, ventiladores, e são ali- mentados com tensão 110/220 V. Veja a seguir um exemplo de motor monofásico. Figura 252 - Partes internas de um motor monofásico Fonte: 123RF (2013) 15.3 MOTORES TRIFÁSICOS Os motores trifásicos são próprios para serem ligados aos sistemas elétricos de três fases, muito utilizados na indústria e no comércio. Oferecem melhores condi- ções de trabalho se comparados aos motores monofásicos, pois não necessitam de auxílio na partida, possuem rendimento mais elevado e são encontrados em potências maiores, em CV ou HP. No estator do motor trifásico, encontramos três enrolamentos referentes às três fases. Esses enrolamentos estão montados no estator com uma defasagem de 120º cada, e deles saem os condutores para ligação do motor à rede elétrica, os quais podem ser em número de 3, 6, 9 ou 12 pontas. Os motores trifásicos podem ter dois tipos de rotores: a) rotor do tipo gaiola de esquilo ou em curto-circuito, do mesmo tipo usa- do nos motores monofásicos; b) rotor bobinado, que não é fechado em curto-circuito internamente e tem suas bobinas ligadas ao coletor, no qual é possível ligar um reostato, o que permite a regulagem da corrente que circula no rotor. Isso proporciona uma partida suave e diminui o pico da corrente comum nas partidas dos motores. Fundamentos da eletricidade366 rotor do tipo gaiola de esquilo rotor bobinado Figura 253 - Tipos de rotores dos motores trifásicos Fonte: 123RF (2013) 15.4 LIGAÇÃO DOS MOTORES TRIFÁSICOS O motor trifásico tem as bobinas distribuídas no estator e ligadas de modo a formar três circuitos simétricos distintos, chamados de fases de enrolamento. Essas fases são interligadas, formando ligações para o acoplamento a uma rede trifásica, as quais podem ser realizadas em estrela (Y), na tensão 380 V, ou em triângulo (∆), na tensão 220 V. Para definir o tipo de ligação, atente ao fato de que é preciso levar em conta a tensão em que o motor irá operar. VOCÊ SABIA? Para a inversão do sentido de rotação de um motor tri- fásico, basta inverter duas das três fases da alimentação. Por exemplo, podemos inverter a fase 1 com a fase 2 ou, ainda, a fase 3 com a fase 1. Os motores trifásicos com seis terminais só podem ser ligados em duas ten- sões: 220/380 V ou 440/760 V. Esses motores são ligados em triângulo na menor tensão e em estrela na maior tensão. FIQUE ALERTA Nos motores de seis terminais, é comum encontrarmos as marcações com letras (U, V, W, X, Y e Z) ou com núme- ros (1, 2, 3, 4, 5 e 6). 15 MOTORES 367 15.5 IDENTIFICAÇÃO DOS MOTORES Os motores elétricos possuem uma placa de identificação, colocada pelo fabri- cante, geralmente na sua carcaça. Nas atividades em Redes de Distribuição Aérea de energia elétrica, muitas ve- zes você terá que realizar a substituição ou a instalação do ramal de entrada nas unidades consumidoras. Para executar essa atividade com segurança, você pre- cisa identificar a sequência de fases do circuito elétrico e verificar se o sentido de rotação nos motores está correto, pois uma inversão pode acarretar a queima de equipamentos instalados pelos consumidores. Como vimos anteriormente, a inversão de fases na alimentação provoca inversões no sentido de rotação dos motores trifásicos. Por isso, é importante que você saiba interpretar as informações contidas na identificação. Veja, a seguir, um exemplo de placa de um motor de indução trifá- sico. MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO Mod. 571 A4 B761 N 1050o Isol. BCV 1/2 IP 54 Ip/In 5,0Regime S1 Hz V 220 Δ 380 Y Cat. NRpm 50 A F.S. 60 1700 A 1,90 1,10 F.S. 1,0 tensão menor tensão maior Δ YZ X Y U V W R S T Z X Y U V W R S T esquema de ligação do tipo estrela esquema de ligação do tipo triângulo Figura 254 - Placa de identificação de um motor de indução trifásico Fonte: SENAI-SP (2013) Fundamentos da eletricidade368 O quadro a seguir apresenta os dados que geralmente são disponibilizados nas placas de identificação dos motores. Quadro 17 – Dados da placa de um motor TíTULO NOME DO FABRICANTE P - potência do motor (em HP ou CV) V - tensão alimentadora (220 V, 380 V, 440 V ou 760 V) Hz – frequência (50 Hz ou 60 Hz) In - corrente nominal que o motor consumirá Ip - corrente de partida do motor rpm - rotação por minuto, por exemplo, 3.600 rpm Esquema que apresenta como os terminais devem ser ligados entre si e com a rede de alimentação. SAIBA MAIS Para efetuar as ligações de um motor trifásico em triângulo (∆) ou em estrela (Y), devem ser consultadas as tabelas e os manuais do fabricante, bem como a placa de identificação do motor. CASOS E RELATOS Um posto de gasolina estava reformando suas instalações elétricas. Na reforma, estava prevista uma nova entrada de energia elétrica. Um eletricista da concessionária de energia elétrica local foi encamin- hado para efetuar a ligação definitiva. Porém, ao fazê-la, o profissional inverteu a sequência das fases do circuito elétrico. Imagine o que aconteceu nos motores dos tanques de combustíveis. Como você já estudou sobre motores trifásicos, sabe que, com isso, a ro- tação dos motores foi invertida. Quando acionados, os motores acopla- dos às bombas, em vez de bombearem o fluido, sugaram o ar, porque as bombas não trabalham em vazio. Por sorte, essa ligação errada não teve maiores consequências, pois o eletricista observou a tempo a inversão e a corrigiu. 15 MOTORES 369 RECAPITULANDO Neste capítulo, você estudou os seguintes aspectos referentes aos mo- tores: • os motores são fisicamente similares ao geradores, porém com fun- ções diferentes; • os motores podem ser monofásicos ou trifásicos;. • os motores trifásicos são muito utilizados nas indústrias; • os motores trifásicos podem ter dois tipos de rotores: do tipo gaiola de esquilo ou bobinado; • como se faz a identificação e a ligação de motores. É muito importante estudar sobre os motores elétricos e suas interli- gações na rede elétrica, porque isso ajudará você nas operações em quaisquer tensões fornecidas para cada finalidade. 16 Instrumentos e ferramentas de medidas elétricas Este é o último capítulo da unidade curricular Eletricidade, do Módulo Básico. Estudando os capítulos anteriores deste material você adquiriu competências essenciais para continuar seus estudos. Esperamos ter dado o suporte necessário para você desenvolver o seu conhecimento em tudo o que é necessário saber para, por exemplo: interpretar corretamente as principais unidades de medidas elétricas, utilizar instrumentos de medição e executar corretamente as medições necessárias para avaliar o funcionamento de circuitos elétricos. Neste capítulo, você vai completar seus estudosaprendendo sobre os princípios de funcio- namento de instrumentos de medição. Esses conteúdos complementam as informações ne- cessárias para que você possa continuar seus estudos após fi nalizar o módulo básico. Depois de estudar este capítulo, você terá subsídios para: a) identifi car princípios de funcionamento dos equipamentos; b) identifi car as ferramentas, equipamentos e instrumentos de medição adequados para as medidas e testes; c) identifi car os instrumentos de medição; d) identifi car e utilizar procedimentos específi cos para efetuar a medição de grandezas elétricas; e) identifi car e utilizar procedimentos específi cos para testar o funcionamento de equipa- mentos instalados nas redes elétricas. Esses conhecimentos são importantes para compreender as tarefas que envolvem o dia a dia do eletricista de redes de distribuição de energia elétrica. Bom estudo! FUNDAMENTOS DA ElETriciDADE372 16.1 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO Você já estudou os conceitos de tensão, corrente, resistência, potência, capaci- tância, indutância, entre outros. Aprendeu que os componentes têm seu funcio- namento determinado pela maneira como estão dispostos dentro do circuito: se em série, em paralelo ou misto. Para saber o circuito está funcionando corretamente, é necessário executar medições, que indicam se todos os componentes estão recebendo a quantidade certa de energia. Isso é indicado pelas grandezas elétricas. O voltímetro, o amperímetro, o ohmímetro são exemplos de instrumentos de medição de grandezas elétricas. Eles são utilizados para realizar, respectiva- mente, medições de tensão, de corrente e de resistência. Eles avaliam a grandeza elétrica de duas maneiras: a) Baseando a avaliação em efeitos físicos causados pela grandeza. São exem- plos de efeitos físicos as forças eletromagnéticas dos campos elétricos; as forças eletrodinâmicas geradas pela variação das cargas elétricas; e as for- ças dinâmicas geradas pelo movimento de um corpo. Os instrumentos que funcionam a partir desses efeitos são chamados de analógicos. b) Convertendo a tensão elétrica em sinais digitais por meio de um circuito denominado conversor analógico-digital. Os instrumentos que funcionam segundo esse princípio são chamados de digitais. 16.1.1 instrumentos analógicos: princípio de Funcionamento Para indicar o valor medido, os instrumentos analógicos partem dos efeitos físicos causados pela grandeza a ser medida. Assim, quanto ao princípio de fun- cionamento, esses instrumentos podem ser: a) eletromagnéticos, como o ferro móvel; b) eletrodinâmicos, como a bobina móvel; e c) dinâmicos, como o instrumento ressonante. Veja a seguir o funcionamento e a utilização de instrumentos analógicos. Acompanhe! 16 Instrumentos e ferramentas de medIdas elétrIcas 373 a) Ferro móvel escala corrente ponteiro palheta móvel e ponteiro fixado palhetas de ferro doce se repelem mutuamente mola e eixo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Figura 255 - Ferro móvel Fonte: SENAI-SP (2012) Funcionamento: Duas barras de ferro doce, chamadas de palhetas, são montadas lado a lado e envolvidas por uma bobina. Uma das palhetas é fixa e a outra é móvel, mas presa a um eixo que contém um ponteiro, o qual gira livremente. Quando uma corrente passa pela bobina, isso cria um campo magnético que induz um outro de mesma polaridade nas palhetas, ocorrendo a repulsão entre elas. Com isso, o ponteiro se movimenta por uma distância proporcional à corrente que está passando pela bobina. Aplicação: Como a repulsão das palhetas sempre ocorrerá com a corrente em qualquer sentido, este instrumento pode ser utilizado em medições de corrente contínua ou alternada. b) Bobina móvel S N 0 1 2 3 4 65 7 8 910 Figura 256 - Bobina móvel Fonte: SENAI-SP (2012) FUNDAMENTOS DA ElETriciDADE374 Funcionamento: Uma bobina com um ponteiro preso a um eixo, que está inserido entre os polos de um ímã e movimenta-se quando existir um cam- po magnético gerado pela corrente que está passando pelo seu interior. A polaridade da bobina, repelida pelo campo do ímã faz a bobina girar com um deslocamento proporcional ao valor da corrente. Invertendo-se o sentido da corrente, o ponteiro se movimentará no sentido contrário. Aplicação: Este instrumento é utilizado para medição em corrente contí- nua, tensão contínua e resistência. c) Instrumento eletrodinâmico bobina móvel espiral bobina fixa Figura 257 - Instrumento eletrodinâmico Fonte: SENAI-SP (2012) Funcionamento: Este instrumento tem duas bobinas, sendo que uma de- las é móvel (aquela que contém um ponteiro) e a outra, fixa. Quando ocorre a passagem de corrente pelas bobinas, estas apresentam a mesma polari- dade e movimentam o ponteiro por meio do efeito da repulsão. Invertendo o sentido da corrente, teremos a inversão nas duas bobinas, mantendo o sentido de deflexão do ponteiro. Aplicação: Este instrumento pode ser utilizado em corrente alternada ou corrente contínua. Como são duas bobinas, a fixa é dimensionada para cor- rente e a móvel, para tensão. Este princípio é utilizado no wattímetro. 16 Instrumentos e ferramentas de medIdas elétrIcas 375 d) Instrumento ressonante bobina lâminas vibratórias Figura 258 - Instrumento ressonante Fonte: SENAI-SP (2012) Funcionamento: É constituído por um conjunto de lâminas dispostas lado a lado. Nele, cada lâmina vibra com maior amplitude para uma determina- da frequência. Essas lâminas ficam livres em uma das extremidades e na outra são fixadas a uma bobina. Ligando o instrumento à rede, surge uma corrente na bobina que produz um campo eletromagnético alternado, que faz vibrar o núcleo da bobina e este, as lâminas. Aplicação: O instrumento ressonante é utilizado para medir a frequência. Nele, a lâmina de maior amplitude de vibração é aquela que está em resso- nância com a rede. características básicas dos instrumentos analógicos de medição Normalmente, as medições realizadas com instrumentos estão sujeitas a erros, que afetam o resultado da medição. Eles estão geralmente relacionados à utiliza- ção do instrumento e dependem do conhecimento de determinadas caracterís- ticas tanto deste como da medição que podem afetar a leitura. Vamos conhecer algumas dessas características a seguir. escala e precisão Cada tipo de instrumento apresenta uma série de marcações impressas em uma superfície plana, sobre a qual o ponteiro se move. Essas marcações são a escala do instrumento. A escala e o princípio de funcionamento dos instrumentos que determinam a precisão da leitura, que é definida pelo limite de erro existente em relação ao fundo de escala do instrumento. FUNDAMENTOS DA ElETriciDADE376 As escalas podem ser de dois tipos: a) homogênea: quando suas divisões são uniformes, mantendo a graduação (distância entre divisão) uniforme do início ao fim. O medidor de bobina móvel é um exemplo de utilização da escala homogênea. 3 4 5 2 1 0 A Figura 259 - Escala medidora homogênea para bobina móvel Fonte: SENAI-SP (2012) Na escala homogênea de bobina móvel, o deslocamento do ponteiro é linear- mente proporcional ao aumento da corrente, por isso ele é bastante sensível às variações de corrente. Assim, qualquer alteração no valor da corrente será pronta- mente registrada pelo ponteiro. Esse instrumento é usado na medição de grande- zas elétricas que requerem precisão. b) heterogênea: quando suas divisões são mais concentradas no início e mais afastadas no centro. O medidor de ferro móvel e o eletrodinâmico têm es- calas heterogêneas. A 0 3 4 5 2 1 Figura 260 - Escala medidora heterogênea para ferro móvel Fonte: SENAI-SP (2012) A leitura da escala do sistema ferro móvel é influenciada pela característica do ferro doce, com o qual as palhetas do instrumento são fabricadas. Esse material se magnetiza em presença de um campo magnético, porém, na ausência do campo, a desmagnetização não é instantânea. Esse fenômeno característico de substân- cias ferromagnéticas é chamado de histerese1. Por causa da histerese,a variação do campo magnético no ferro móvel será menor no início da medição e vai aumentando conforme o aumento da corrente. Por isso, a leitura deverá ser feita no centro da escala. 1 HISTERESE Palavra de origem grega que quer dizer atraso. Ela é produzida quando, na mudança de um campo magnético, há um gasto de energia do material para que ocorra a inversão dos seus dipolos2. O ferro doce é um exemplo desse tipo de material. 2 DIPOLO Força de atração que ocorre entre duas moléculas polares, ligando-as pelos seus respectivos polos, ou seja, o polo positivo de uma molécula se liga ao polo negativo da outra molécula. 16 Instrumentos e ferramentas de medIdas elétrIcas 377 Por causa dessa característica, esse instrumento é utilizado apenas para medi- ções de grandezas elétricas que não requerem grande precisão e cujos valores se situem em pontos intermediários da escala graduada. 90 10 0 12 0 13 0 14 0 60 50 40 30 20 100 80 11 0 70 Figura 261 - Escala heterogênea para instrumento eletrodinâmico Fonte: SENAI-SP (2012) Nos instrumentos do tipo eletrodinâmico, a heterogeneidade ocorre devido à interação das duas bobinas – uma fixa e outra móvel. A repulsão, no início da passagem da corrente, é mais fraca, e aumenta de intensidade até que a bobina móvel atinja o centro, que é quando acontece o maior fluxo magnético da bobina fixa. A partir desse ponto, a repulsão volta a enfraquecer. Esse tipo de instrumento apresenta precisão aceitável nas medições de valo- res situados nos pontos intermediários de sua escala graduada. sensibilidade A sensibilidade dos instrumentos de medição de grandezas elétricas é deter- minada pela sua capacidade de medi-las obtendo respostas próximas ao valor verdadeiro do que está sendo medido. O instrumento é considerado de boa sensibilidade quando, ao ser inserido no circuito, não altera significativamente as características deste. A sensibilidade é caracterizada pelo inverso da corrente, ou seja: Mas, como a sensibilidade é igual a É comum expressar a sensibilidade como: (ohms/volts). FUNDAMENTOS DA ElETriciDADE378 Em um voltímetro, a sensibilidade deverá ter uma resistência interna alta, pois, quando o instrumento for ligado em paralelo, esse tipo de ligação não de- verá interferir no resultado final. Já no amperímetro, a resistência interna deverá ser baixa, pois ao ser ligado em série, esse tipo de ligação não poderá interferir no circuito. Acompanhe um exemplo! Se no voltímetro de ferro móvel há uma corrente de fim de escala de 1 μA e se no voltímetro de bobina móvel a corrente de fim de escala for de 0,05 μA, qual dos dois instrumentos tem menor influência no circuito? Ferro móvel: Bobina móvel: Nesse exemplo, o medidor de bobina móvel acrescenta menor carga ao cir- cuito, isto é, exerce menor carga para funcionar. Portanto, o voltímetro de bobina móvel é o de maior sensibilidade. posição Os instrumentos analógicos de medições elétricas são construídos para fun- cionar em três posições: vertical, horizontal e inclinada. As medições definem a posição em que o instrumento deverá ser montado no painel da máquina cujo funcionamento e desempenho os instrumentos monitorarão. Isso é necessário porque as peças do instrumento são montadas e funcionam acompanhando a gravidade. Se a posição de montagem não for respeitada, ha- verá erro na leitura. As posições de funcionamento são indicadas por meio de símbolos no mostra- dor do instrumento. Veja-as no quadro a seguir. Quadro 18 – Posições de funcionamento dos instrumentos de medição 16 Instrumentos e ferramentas de medIdas elétrIcas 379 POSIÇÃO SíMBOLO VISOR Vertical indica ângulo de montagem = 90º V 150 25 10050 75 125 0 Horizontal Indica ângulo de montagem = 0º V 150 25 10050 75 125 0 Inclinada indica ângulo de montagem < 90º W 6000 400200 60o indica ângulo de montagem = 60º W 60o 6000 400200 Fonte: SENAI-SP (2012) Note que na posição inclinada o símbolo assinala também os graus da in- clinação. Há também instrumentos que não trazem o símbolo característico da posição de funcionamento. Isso significa que eles podem funcionar em qualquer posição. FUNDAMENTOS DA ElETriciDADE380 tensão de isolação Tensão de isolação é o valor máximo de tensão dentro do qual um instrumen- to pode operar sem pôr em risco o próprio instrumento. Esse valor é simbolicamente representado nos instrumentos pelos números 1, 2 ou 3, que estão no interior de uma estrela, como mostra a figura a seguir. 400 W 800 1000 1200 200 600 0 1 500 V 2 KV 1 KV 3 KV2 1 3 Figura 262 - Indicação de tensão de isolação do instrumento Fonte: SENAI-SP (2012) erro por efeito paralaxe O erro por paralaxe ocorre quando qualquer instrumento de medida analógi- co é lido de ângulo desfavorável, isto é, quando o olho humano não está direta- mente sobre o ponteiro do instrumento, mas com uma visão oblíqua. Para diminuir o erro, a maioria dos instrumentos analógicos possui um espe- lho no mostrador. Ao observar o ponteiro, devemos posicionar o olho de modo a fazer com que o ponteiro e seu reflexo no espelho coincidam. 300 150 200100 250 0 50 V 300 150 200100 250 0 50 V Leitura com erro de paralaxe Leitura sem erro Figura 263 - Exemplos de leituras Fonte: SENAI-SP (2012) 16 Instrumentos e ferramentas de medIdas elétrIcas 381 16.1.2 instrumento digital: princípio de Funcionamento O instrumento digital funciona convertendo a tensão elétrica em sinais digitais por meio de circuitos denominados de conversores analógico-digitais. Esse circui- to transforma um nível analógico de tensão em um código digital que, depois de tratado, envia o resultado a um display em forma de números. Várias escalas de tipos de medição, como a tensão, a corrente e a resistência, podem ser medidas com um instrumento digital. A figura a seguir ilustra um esquema do circuito de um instrumento digital de medição. entrada para medida chave seletora de medidas R R R R R Amplificador de Entrada e Conversor AC-DC Display de Cristal Líquido (LCD) Conversor Analógico Digital (ADC) Figura 264 - Diagrama interno de um instrumento digital Fonte: SENAI-SP (2012) O instrumento digital tem um sistema de chave mecânica ou eletrônica que divide o sinal de entrada de maneira a adequar a escala e o tipo de medição. Ele tem também um bloco amplificador, que ajusta o nível de tensão a ser medido, além de transformar a medição alternada em contínua. Esse instrumento tem como padrão a medição de tensão (voltímetro), de cor- rente (amperímetro) e de resistência (ohmímetro) e como opcionais, algumas ou- tras medições, como de capacitância (capacímetro), de frequência (frequencíme- tro), de temperatura (termômetro), entre outros. FUNDAMENTOS DA ElETriciDADE382 VOCÊ SABIA? Os instrumentos digitais têm ampla utilização pois são os mais usados na pesquisa de defeitos. Isso se deve à sua simplicidade de uso e à sua portabilidade. 16.2 MULTíMETRO O multímetro é um instrumento capaz de medir diferentes grandezas elétricas, tais como a corrente, a tensão e a resistência. Por causa dessa característica, precisamos ter cuidados especiais quanto ao seu uso. Para isso devemos: a) realizar a mudança de escala com o instrumento ou com o circuito desli- gado; b) verificar se a posição da conexão dos cabos, a grandeza e a escala escolhi- das são adequadas à medição que será executada; c) selecionar a escala mais alta para iniciar a medição se a grandeza for de valor desconhecido, porém, estimável; d) afastar o instrumento de campos magnéticos fortes; e e) executar as medições de resistência somente em pontos ou componentes não energizados de alta tensão com extremo cuidado e com pontas de pro- va especiais. O multímetro pode ser analógico ou digital. Veja a seguir o quadro de diferen- ças entre esses tipos do instrumento. 16 Instrumentos e ferramentas de medIdas elétrIcas 383 Quadro 19 – Diferenças entre o multímetro analógico e o digitalMULTíMETRO ANALóGICO O multímetro analógico normalmente é com- posto pelas escalas graduadas de leitura, pelo ponteiro, pelo parafuso de ajuste do ponteiro, pela chave seletora de função, pelos bornes de conexões, pelas escalas das funções e pelo botão de ajuste de zero ohm. Trata-se de um conjunto eletromecânico e necessita de inter- pretação dos valores medidos. Fonte: SENAI-SP (2012) MULTíMETRO DIGITAL No multímetro digital, os valores medidos aparecem no visor digital, sem a necessidade de interpretação de valores, como ocorre com os instrumentos analógicos. Antes de efetuar qualquer medição, deve-se ajustar o seletor de funções na função correta (na grandeza a ser medida: tensão, corrente ou resistência) e a escala no valor superior ao ponto previsto a ser medido. Fonte: SENAI-SP (2012) Para os profissionais da área elétrica, o multímetro analógico era o principal instrumento de bancada. Mas, por causa do seu preço mais baixo e da praticidade do uso, os equipamentos digitais vêm ganhando espaço em relação ao instru- mento analógico. Veja no quadro a seguir as vantagens e desvantagens dos dois tipos de instrumentos. FUNDAMENTOS DA ElETriciDADE384 Quadro 20 – Vantagens e desvantagens do uso de multímetros analógicos e digitais MULTíMETRO ANALóGICO MULTíMETRO DIGITAL Vantagens Desvantagens Vantagens Desvantagens Permite avaliar mais rapidamente a gran- deza a ser medida quando os sinais oscilam muito. Há falta de precisão na leitura se esta não ocorrer no centro do instrumento. A leitura mais precisa. Devido ao processo de conversão dos valores lidos, há atraso na leitura. – Devido às caracterís- ticas construtivas do aparelho, este interfere no circuito, principal- mente se os valores forem baixos. A interferência no circuito é quase nula. É quase impossível fazer leituras em cir- cuitos com grandezas que variam continu- amente. – Se a primeira leitura for feita com a escala er- rada, o ponteiro se en- tortará, prejudicando as leituras posteriores. Para atender às normas vigentes, o grau de proteção do instrumento digital é maior. – SAIBA MAIS Para saber mais sobre esse instrumento de medição, entre em um site de busca, escreva a palavra multímetro e veja o que aparece. Prefira os sítios dos fabricantes, pois estes ge- ralmente fornecem catálogos técnicos gratuitamente. 16.2.1 graus de proteção do multímetro Os profissionais de manutenção elétrica estão sujeitos à exposição a tensões perigosas quando estão analisando circuitos energizados de alta tensão e alta corrente. Um simples ato de medir uma tensão na tomada poderá pôr em risco tanto o profissional como o instrumento se este não for adequado. Por esse mo- tivo, os instrumentos de medição têm um padrão construtivo determinado pela International Electrotechnical Commission (IEC) cujo nome é IEC 10101. Vamos entender o perigo: As linhas de transmissão de energia elétrica estão sujeitas a diversos tipos de problemas que podem afetar a segurança de quem analisa a tensão da linha com um multímetro. 3 TRANSIENTE Transiente é o pico de tensão elétrica que ocorre em um intervalo muito pequeno de tempo e que pode causar a queima de equipamentos eletroeletrônicos. 16 Instrumentos e ferramentas de medIdas elétrIcas 385 Transientes3 e altas tensões podem atingir intensidades elevadas, capazes de provocar arcos nos circuitos dos multímetros. E são os transientes os responsáveis pela necessidade de adotar medidas especiais na segurança com multímetros. FIQUE ALERTA Se um profissional estiver efetuando uma medição e um raio cair perto da linha de transmissão no mesmo mo- mento, o transiente poderá provocar uma sobretensão e, consequentemente, um curto-circuito no instrumen- to, o que pode provocar um grave acidente. Assim, os equipamentos de teste devem ter recursos de proteção para as pes- soas que trabalham no ambiente de alta tensão e de alta corrente presentes nos sis- temas de distribuição de energia ou alimentados diretamente pela rede de energia. 16.2.2 categorias de multímetros O IEC 10101 especifica categorias de sobretensões baseadas na distância em que se encontra a fonte de energia, bem como o amortecimento natural da ener- gia de um transiente que ocorra no sistema. Quanto mais alta for a categoria, mais perto da fonte de energia ela se encontra e, por isso, maior deverá ser o grau de proteção do instrumento usado nesse ponto do circuito. Isso pode ser observado na figura a seguir. entrada de serviço medidor entrada de serviço entrada de serviço medidor medidor transformador prédio externo prédio externo serviço subterrâneo serviço subterrâneo Cat I Cat II Cat III Cat IV Figura 265 - Categoria de multímetros: níveis de aplicação Fonte: SENAI-SP (2012) FUNDAMENTOS DA ElETriciDADE386 Veja, a seguir, quais são as categorias de multímetros: a) Categoria IV É indicado em instalações primárias de alimentação para trabalhar em: a) medidores de eletricidade, equipamentos primários de proteção contra sobrecorrente; b) exterior e entrada de serviço; c) ramal de ligação do poste ao prédio; d) conexão entre o medidor e o painel; e) linha aérea que vai a um edifício isolado; e f ) linha subterrânea que vai a uma bomba de poço. b) Categoria III Deve ser usado na distribuição de energia para trabalhar com a tensão das to- madas ou dos circuitos domésticos ou comerciais sujeitos a maiores transientes. É utilizado em equipamentos que ficam em instalações fixas, tais como: a) aparelhagem de comutação e motores trifásicos; b) barramento e alimentador em plantas industriais; c) alimentadores e circuitos ramificados curtos; d) dispositivos de painel de distribuição; e) saídas de aparelhos de grande porte com conexões curtas à entrada de serviço; e f ) sistemas grandes de iluminação. c) Categoria II São os multímetros indicados para aplicações locais, como: a) tomadas que alimentam eletrodomésticos; b) equipamentos eletrônicos de baixo ou médio consumo; c) análise de circuitos de equipamentos portáteis; d) saídas e circuitos ramificados longos; e) saídas a mais de 10 m da fonte de CAT III (nível de distribuição); e f ) saídas a mais de 20 m da fonte de CAT IV (distribuição). d) Categoria I São equipamentos de menor grau de proteção indicados para uso em: a) equipamentos eletrônicos; 16 Instrumentos e ferramentas de medIdas elétrIcas 387 b) equipamentos de baixa energia com proteção que limita os efeitos dos transientes; e c) qualquer fonte de alta tensão e baixa energia derivada de um transfor- mador de resistência de alto enrolamento. CASOS E RELATOS Uma das principais características da globalização é o intenso comércio entre todos os países do mundo. Nos portos, a movimentação das cargas acondicionadas em contêineres é feita com a ajuda de guindastes. Uma das manobras que essas máquinas fazem é manter a carga suspensa e parada. Para isso, o guindaste precisa ter um conjunto de freio chamado de freio eletromagnético. Certo dia, durante uma emergência em um importante porto brasileiro, foi necessário verificar porque o freio de um dos guindastes não estava funcionando. Para realizar o diagnóstico, foi chamado o eletricista de plantão, que tinha consigo apenas um multímetro comum de categoria II. Ao iniciar os testes, ele pediu ao operador que acionasse o freio para que a tensão fosse medida. O visor do instrumento indicou 70 Vcc, valor normal para aquele tipo de freio. Então, foi pedido ao operador que desligasse o freio. No mesmo instante, o aparelho que estava sendo usado explodiu por causa de um transiente e o eletricista, que usava todos os equipa- mentos de proteção individual (EPIs) necessários, feriu-se levemente. Ao tentar descobrir a causa, o eletricista percebeu que havia se esquecido de dois conceitos importantes: a) quando uma bobina CC é desligada, isso gera o efeito de autoindução, que aumenta a tensão no desligamento;b) o instrumento usado (com proteção de categoria II) não era adequado para a medição de comutação de máquinas. O correto seria usar um instrumento de categoria III. Percebendo os erros e usando equipamentos especiais, o eletricista veri- ficou que a tensão de indução no momento do desligamento da bobina era de 2500 Vcc. Por isso, o equipamento usado anteriormente explodira. A propósito, o guindaste não tinha defeito algum, o operador apenas havia se esquecido de ligar o freio na primeira vez! FUNDAMENTOS DA ElETriciDADE388 16.3 MEDIDORES DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA Neste capítulo, já tratamos de instrumentos de medição que os profissionais da área de elétrica usam como ferramenta de trabalho em seu dia a dia. Agora, trata- remos dos medidores que todos os consumidores, ou usuários de energia elétrica, inclusive você, têm em suas casas: os medidores de fornecimento. Medidor eletromecânico Medidor digital Figura 266 - Medidores de fornecimento de energia elétrica Fonte: SENAI-SP (2012) Além desses, temos o medidor bidirecional, pois registram tanto consumo como geração efetuada em cada período do dia. Em outras palavras os consumi- dores também podem gerar energia, este medidor faz as duas funções efetuando as leituras de consumo da rede ou retorno de energia para a rede. VOCÊ SABIA? Em 1872, o americano Samuel Gardiner inventou e pa- tenteou o primeiro medidor de consumo de energia elé- trica. O aparelho media o período durante o qual uma lâmpada elétrica, ligada em corrente contínua, ficava acesa. Os medidores, instalados pelas empresas concessionárias de fornecimento de energia, medem o consumo doméstico ou industrial para que as “contas de luz”, como são comumente chamadas, possam ser emitidas. 4 CORRENTES DE FOUCAULT Também chamadas correntes parasitas, é o nome dado às correntes induzidas em um material condutor, relativamente grande, quando sujeito a um fluxo magnético variável. 16 Instrumentos e ferramentas de medIdas elétrIcas 389 Vencimento Valor até o vencimento Conta de Energia Elétrica R$ 180,75 15/08/201 kWh Figura 267 - Conta de fornecimento de energia elétrica Fonte: SENAI-SP (2012) Para emitir a conta, os valores de consumo são obtidos em função da tensão, da corrente e do tempo decorrido desde a última leitura. Por isso, a cada mês uma pessoa vai às nossas casas para anotar esses dados, que estão nos mostradores dos aparelhos, sejam eles analógicos ou digitais. A medida usada para a indicação do consumo é o quilowatt-hora (kWh). Para conhecer os dois tipos de medidores – o eletromecânico (analógico) e o eletrônico (digital) –, vamos explicar seus princípios de funcionamento. 16.3.1 medidor eletromecânico de Fornecimento de energia elétrica O medidor eletromecânico é o mais utilizado pelas empresas fornecedoras de energia elétrica para a medição do consumo doméstico. Trata-se de um aparelho barato, robusto e confiável, por isso é instalado na grande maioria das residências. A faixa de erro de medição desse tipo de aparelho é de no máximo 2%, o que é considerado aceitável tanto para o fornecedor como para o consumidor diante dos custos mais elevados de medidores com um grau maior de precisão. O mecanismo do medidor é composto basicamente por um disco de alumínio montado entre duas bobinas: uma que conduz a corrente de linha e outra, cha- mada de bobina de tensão, que mede a tensão. Essas bobinas criam dois circuitos magnéticos. Sob a ação dos campos mag- néticos alternados próximos que são gerados pelas bobinas, aparecem correntes parasitas no disco (conhecidas como correntes de Foucault4). Os efeitos magnéti- cos delas influem entre si e fazem o disco girar. Veja a representação dessa confi- guração básica na figura 268. FUNDAMENTOS DA ElETriciDADE390 bobina de corrente disco bobina de tensão Figura 268 - Rotação do disco por dois campos magnéticos Fonte: SENAI-SP (2012) Para indicar os dados da medição, o mecanismo registrador é acionado com a ajuda de uma engrenagem, que está ligada ao eixo do induzido. Por meio das correntes parasitas, um ímã permanente cria uma força oposta à rotação do disco. Para compensar as forças de atrito e facilitar o giro do disco, desenvolve-se uma força suplementar, que é obtida por meio de uma blindagem parcial do campo da bobina de tensão ou por meio de um pequeno parafuso de ferro, colocado lateralmente em relação ao campo magnético. O resultado é uma distribuição irregular do campo magnético e, com isto, uma força resultante que possibilita a rotação. Para evitar a rotação sem carga, há uma lâmina de frenagem. sistema de registro lâmina disco enrolamento de curto-circuito circuito magnético paralelo A C Figura 269 - Medidor de corrente monofásico e representação esquemática de suas partes Fonte: SENAI-SP (2012) 16 Instrumentos e ferramentas de medIdas elétrIcas 391 O consumo da residência é indicado pelo número de rotações do disco, que é proporcional à energia consumida pela carga durante o intervalo de tempo de- corrido entre uma leitura e outra. 16.3.2 medidor eletrônico de Fornecimento de energia elétrica O medidor eletrônico de fornecimento de energia elétrica é mais preciso que o medidor eletromecânico, mantendo sua faixa de erro de medição em mais ou menos 1%, pois o circuito eletrônico emprega sensores e não tem as limitações do conjunto eletromecânico. O processo de medição baseia-se no seguinte princípio: uma amostra da ten- são e da corrente que é fornecida à carga é transferida a um sistema microproces- sado, que calcula digitalmente a potência e a energia consumida pela carga. sensor hall de corrente sensor hall de tensão microcontrolador sistema microprocessado display LCD carga Figura 270 - Medidor eletrônico de fornecimento de energia e o diagrama do circuito digital com seus módulos componentes Fonte: SENAI-SP (2012) No quadro 21, é possível comparar o desempenho de medidores eletromecâ- nicos e digitais. FUNDAMENTOS DA ElETriciDADE392 Quadro 21 – Dados comparativos do medidor eletromecânico em relação ao eletrônico CARACTERíSTICA ELETROMECâNICO ELETRôNICO RESULTADO COMPARATIVO DO MEDIDOR DIGITAL Classe/precisão 2% 1% / 2% Maior precisão Consumo interno > 1,1 W < 0,5 W Menor consumo Corrente de partida 50 a 120 mA 5 mA Alta sensibilidade Curva Não linear Linear plana Elimina subcarga Mecanismos de cali- bração Ajustes deslizantes Rede resistiva Estabilidade do erro, pois não possui partes móveis. Influência da posição Posição única indi- cada na escala Qualquer posição Elimina alinhamento do instrumento 16.4 VOLTíMETRO Você já estudou, no capítulo 3, que o voltímetro, assim como o multímetro, serve para medir a tensão elétrica. O voltímetro pode ser analógico ou digital. Vamos conhecer esses modelos a seguir. 16.4.1 voltímetro analógico Nesse instrumento, o ponteiro efetua uma varredura, ou seja, um deslocamen- to dentro de uma faixa graduada preestabelecida, sempre que é aplicada uma tensão elétrica em seus terminais positivo e negativo. A faixa graduada chama- -se escala graduada. Na figura 271, temos um fundo de escala com início em 0 e término em 40. 20 10 0 30 40 20 10 0 30 400 4 DC VOLTSVOLTS CLASS 2.5 Figura 271 - Voltímetro analógico Fonte: SENAI-SP (2013) 16 Instrumentos e ferramentas de medIdas elétrIcas 393 Para fazer a leitura de um instrumento analógico, você precisa observar a esca- la graduada. Ela possui números inteiros e, entre estes, traços menores. Como sa- ber o valor de cada traço menor? Considere, por exemplo, que entre os números 0 e 10, existem cinco traços. Então, cada um, vale 2 V. 16.4.2 voltímetro digital Nesse instrumento, a leitura numérica é realizada diretamente em um visor. Você pode recordar o manuseio desse equipamento consultando o capítulo 3 deste livro. Reveja o voltímetro digital na figura 272. Figura 272 - Voltímetro digital Fonte: SENAI-SP (2013) 16.5 AMPERíMETRO Como você viu no capítulo 4,o amperímetro, assim como o multímetro, serve para medir a intensidade de corrente elétrica. Ele também pode ser analógico ou digital. Na figura 273, é possível identificar um amperímetro analógico. FUNDAMENTOS DA ElETriciDADE394 20 10 0 30 40 20 10 0 30 400 4 DC AMPERESAMPERES CLASS 2.5 Figura 273 - Amperímetro analógico Fonte: SENAI-SP (2013) A leitura é feita como no voltímetro analógico, isto é, com o fundo de escala graduada, porém com a diferença de que você lê o valor na unidade de medida, em Ampères (A). Embora o amperímetro e o voltímetro sejam os instrumentos específicos para medir corrente elétrica, normalmente, o aparelho usado para esse fim é o multí- metro digital. Nele, a leitura numérica é realizada diretamente no visor. É possível recordar o manuseio desse equipamento consultando o capítulo 4 deste livro. Na figura 274, você revê um amperímetro digital. VoltAlert AUTO-V LoZ OFF V Hz Volt Alert V mV A HzA Ω HOLD RANGEMIN MAX AUTO-V LoZ OF A HzA Volt Alert A 10 A FUSED COM V A Figura 274 - Amperímetro digital Fonte: SENAI-SP (2013) Para realizarmos a medição da corrente elétrica em um circuito elétrico com cargas ligadas em paralelo, podemos utilizar o amperímetro digital. Porém, temos que atentar ao detalhe de que é necessária sua instalação em série. 16 inSTRuMEnTOS E FERRAMEnTAS dE MEdidAS ELÉTRiCAS 395 Observe que, na fi gura 275, temos um circuito de CA constituído de uma to- mada que alimenta uma lâmpada. Veja que o voltímetro está ligado em paralelo com a rede e o amperímetro, em série. VoltAlert AUTO-V LoZ OFF V Hz Volt Alert V mV A HzA Ω HOLD RANGEMIN MAX mV AUTO-V LoZ OFF V Hz Volt Alert V mV A HzA Ω HOLD RANGEMIN MAX 10 A FUSED COM V A VoltAlert AUTO-V LoZ OFF V Hz Volt Alert V mV A HzA Ω HOLD RANGEMIN MAXHOLD RANGEMIN MAX mV AUTO-V LoZ OFF V Hz Volt Alert V mV A HzA Ω 10 A FUSED COM V A Figura 275 - Voltímetro e amperímetro instalados em um circuito de CA Fonte: SENAI-SP (2013) 16.6 OhMíMETRO No capítulo 5, você estudou que o ohmímetro serve para medir a resistência elétrica. Também vimos que essas medições podem ser feitas com um multíme- tro. O ohmímetro pode ser analógico ou digital. Figura 276 - Ohmímetro digital Fonte: SENAI-SP (2013) FUNDAMENTOS DA ELETRICIDADE396 Veja na fi gura 277 a representação do ohmímetro realizando a medição de resistência elétrica. VoltAlert AUTO-V LoZ OFF V Hz Volt Alert V mV A HzA Ω HOLD RANGEMIN MAX AUTO-V LoZ OFF Volt Alert A V mV Ω 10 A FUSED COM V A Figura 277 - Ohmímetro medindo resistência elétrica Fonte: SENAI-SP (2013) 16.7 WATTíMETRO Se você recorda, todos os equipamentos elétricos nos fornecem trabalho, atra- vés da transformação de energia elétrica. Com a utilização de um wattímetro, é possível medir numericamente o trabalho realizado (potência elétrica consumi- da), quantifi cado pela unidade de medida Watt. É importante recordar que a potência elétrica é o produto da tensão pela cor- rente ou, matematicamente, P = V x I. 16 Instrumentos e ferramentas de medIdas elétrIcas 397 Figura 278 - Wattímetro Fonte: SENAI-SP (2013) O wattímetro é constituído basicamente de um voltímetro e um amperímetro no mesmo instrumento. Na figura 279, é possível identificar a bobina de corrente do amperímetro e a bobina de tensão do voltímetro. Veja a disposição interna dessas bobinas no aparelho. bobina de corrente ligada em série bobina de tensão Figura 279 - Representação da parte interna de um wattímetro Fonte: SENAI-SP (2013) VOCÊ SABIA? O medidor de fornecimento de energia elétrica instala- do na entrada de energia da sua casa funciona como um wattímetro. O medidor faz a leitura da tensão que vem da rua, em 110 V ou 220 V, e da corrente elétrica que seus aparelhos consomem. Depois converte esses valo- res em kWh (quilowatt-hora). FUNDAMENTOS DA ELETRICIDADE398 No esquema elétrico apresentado na fi gura 280, é possível identifi car a forma de instalação de um wattímetro para leitura da potência elétrica consumida por uma lâmpada ligada em uma tomada. Figura 280 - Wattímetro medindo a potência elétrica de uma lâmpada Fonte: SENAI-SP (2013) FIQUE ALERTA Nunca mude de escala ou função quando o instrumen- to de medição estiver conectado a um circuito ligado, porque isso pode queimar o instrumento e provocar um grave acidente. Para mudar a escala, desligue antes a alimentação do circuito. Para mudar a função, desligue a alimentação do circuito e as pontas de prova. 16 Instrumentos e ferramentas de medIdas elétrIcas 399 RECAPITULANDO Neste capítulo, você aprendeu que: • existem instrumentos de medição analógicos, que fundamentam seu funcionamento na avaliação dos efeitos físicos causados pela gran- deza que está sendo medida; • também existem instrumentos de medição digitais, que convertem a corrente elétrica em sinais digitais por meio de um conversor analógi- co digital; • os instrumentos analógicos são de três tipos: eletromagnéticos (como o ferro móvel); eletrodinâmicos (como a bobina móvel); e dinâmicos, como o instrumento ressonante; • as características básicas dos instrumentos analógicos de medição são: escala; precisão; sensibilidade; posição; tensão de isolação; • o multímetro é um instrumento de medição que permite medir difer- entes grandezas elétricas. Ele pode ser analógico ou digital; • por questão de segurança, tanto do instrumento quanto do profis- sional que o utiliza, o multímetro tem normas padronizadas de con- strução (IEC 10101), prevendo recursos de proteção, classificados em quatro categorias (I, II, III e IV) com base na distância que se encontra da fonte de energia e na proteção contra os transientes que venham a ocorrer no sistema; • os medidores de fornecimento de energia elétrica também podem ser analógicos (eletromecânicos, mais baratos e menos precisos) ou digi- tais (eletrônicos, mais precisos); • o wattímetro é um instrumento de medição da potência elétrica con- sumida por um equipamento. Ele é constituído basicamente de um voltímetro e um amperímetro no mesmo instrumento. Nossos estudos sobre os Fundamentos de Eletricidade terminam aqui. Mas lembre-se de que há um caminho a ser percorrido e, com empenho, você alcançará seus objetivos profissionais. REFERÊNCIAS AES ELETROPAULO. Manual de construção e manutenção de redes de distribuição aérea. São Paulo: AES Eletropaulo, 2011. ALBUQUERQUE, R. O. Circuitos em corrente alternada. São Paulo: Érica, 1997. (Coleção Estude e Use, Série Eletricidade). ANEEL. Usinas hidrelétricas no Brasil. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/arquivos/gif/brasil.jpg>. Acesso em: 6 dez. 2011. ANZENHOFER, K. et al. Eletrotécnica para escolas profissionais. 3. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1980. BRIAN, M. Como funciona a eletricidade. Disponível em:<http://ciencia.hsw.uol.com.br/eletricidade.htm>. Acesso em: 7 fev. 2012. BRYSON, B. Em casa: uma breve história da vida doméstica. Tradução de Isa Maria Lando. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. CELPA. Manual de construção e manutenção de redes de distribuição aérea. Belém: CELPA, 2009. CPFL. Manual de construção e manutenção de redes de distribuição aérea. São Paulo: CPFL, 2011. CIPELLI, M.; MARKUS, O. Ensino modular: eletricidade: circuitos em corrente contínua. 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Atua desde 1994 como instrutor do SENAI-SP em treinamentos sobre Redes de Distribuição Aérea (RDAs) de energia elétrica em circuitos energizados da classe 15 kV e em circuitos desenergizados. Tais treinamentos foram direcionados à capacitação de profissionais de empresas prestadoras de serviços e das concessionárias de energia elétrica de São Paulo: AES Eletropaulo, Bandeirante Energia, CPFL, EDP. Em 2002, participou do projeto Energia Brasil, do SENAI-DN, que teve foco na eficiência energética e no empreendedorismo. É membro do Comitê de Energia e Eficiência Ener- gética do Setor Elétrico do SENAI-SP e do Comitê de Desenvolvimento do Curso de Aprendiza- gem Industrial (CAI) – Eletricistas de Redes de Energia do Sindicato das Concessionárias de Ener- gia Elétrica do Estado de São Paulo, representado pelo SINDI Energia. Atualmente, é conteudista do curso de qualificação profissional de Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica do Programa Nacional de Oferta de Educação Profissional a Distância (PN-EAD) do SENAI-DN. Edson Kazuo Ino é Técnico em Eletrônica e atuou na USIMINAS como supervisor de inspeção elétrica. Foi responsável pela modernização e automação de equipamentos eletroeletrônicos, uti- lizando CLP’s, conversores e inversores. Coautor da apresentação do processo de automação no seminário ABM (Associação Brasileira de Metais), em 2007. Na área de ensino, foi autor e coautor no treinamento de inversor de frequência na escola Antonio Souza Noschese – SENAI de Santos. Atualmente, ministra treinamentos de NR10, comandos elétricos, instalações elétricas, inversores de frequência e elabora material e kits didáticos para o curso Técnico de Eletroeletrônica a distân- cia do Programa Nacional de Oferta de Educação Profissional do SENAI – PN-EAD. ÍNDICE A Adimensional 318 Arredondamento 118 Ascarel 272 C Condutor de aterramento 326 Corrente alternada 66 Corrente contínua 66 Corrente parasita 348 Correntes de Foucault 388 cos φ 256 Coulomb 78 Curva senoidal 244 D Dipolo 376 Display 62 F Fissão 68 Força eletromotriz 170 H Histerese 376 Histerese magnética 348 Horse power 364 HP 364 I instrumento analógico 60 L Lúmen 158 N Nanotecnologia 60 P Polarizar 148 R Resistência de aterramento 326 S Senoide 244 Sensor indutivo 310 Sistema Centímetro-Grama-Segundo 186 Sobretensões 330 Soma algébrica 52 Start 308 Surtos 330 T Transiente 384 V Valência 46 SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLóGICA – UNIEP Rolando Vargas Vallejos Gerente Executivo Felipe Esteves Morgado Gerente Executivo Adjunto Diana Neri Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SÃO PAULO Walter Vicioni Gonçalves Diretor Regional Ricardo Figueiredo terra Diretor Técnico João Ricardo Santa Rosa Gerente de Educação airton almeida de Moraes Supervisão de Educação a Distância Cláudia Benages alcântara Henrique tavares de Oliveira Filho Márcia Sarraf Mercadante Coordenação do Desenvolvimento dos Livros adilson Santo Crivellaro (capítulos 1 e de 12 a 15) Edson Kazuo Ino (capítulos de 2 a 11 e 16) Elaboração Henrique tavares de Oliveira Filho Paulo Roberto Mack Revisão Técnica Maria Isabel Porazza Mendes (capítulos 1 e de 12 a 15) Regina Célia Roland Novaes (capítulos de 2 a 11 e 16) Design Educacional alexandre Suga Bentes Juliana Rumi Fujishima Leury Giacomeli Ilustrações e Tratamento de Imagens Delinea tecnologia Educacional Editoração andréa Borges Minsky Barbara Vieira Daniela Piantola Fabrícia Eugênia de Souza Humberto Pires Junior tiago Costa Pereira Revisão Ortográfica e Gramatical Karina Silveira Laura Martins Rodrigues Diagramação i-Comunicação Projeto Gráfico