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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFAVIP WYDEN – JORNALISMO BRENDA BARATA SILVA A entrevista é um meio de ouvir outras vozes, não apenas a dos poderosos, ricos e famosos, mas também a dos excluídos, das pessoas comuns e das personalidades emergentes. Um dos principais objetivos de uma entrevista jornalística é a coleta de declarações e dados para matérias jornalísticas. Pingue-pongue ou Entrevista de fôlego, é um estilo de entrevista onde o entrevistador faz uma pergunta e o entrevistado responde, de forma alternada, semelhante ao jogo de tênis de mesa, aonde a bola vai e volta. A entrevista, portanto, deve ser uma conversa em que se fala e escuta, ou seja, deve ser dialógica. → Off the record É um termo usado para se referir a uma fonte sem registro, uma informação dada ao repórter. Uma relação cordial entre repórter e entrevistado é essencial para se criar um vínculo de confiança, favorecendo a entrevista com possíveis confissões ou mesmo com a boa vontade por parte da fonte para responder às perguntas do repórter. Todas as informações que têm permissão do entrevistado para serem registradas e a ele associadas. → Interesse público: Informação relevante para a vida dos cidadãos. → Interesse do público: Informação que chama a atenção, tem audiência, mas não terá consequências na vida de ninguém. entrevista A entrevista pode se dar de forma individual ou coletiva. → Entrevista individual Ocorre quando o entrevistado concede a entrevista a apenas um repórter. É a mais comum no trabalho de apuração cotidiana de matérias. Há, ainda, a exclusiva, assim considerada pelo fato de o entrevistado, uma personalidade ou uma fonte de informação importante, a conceder a apenas um veículo, representado por um ou mais jornalistas. → Entrevista coletiva Ocorre quando o entrevistado fala a um grupo de jornalistas de diferentes veículos. Em geral, é utilizada na comunicação de autoridades ou de representantes de grandes eventos com a imprensa. Rito: Refere-se ao ato de realizar uma entrevista em momentos especiais, como após um jogo de futebol ou uma premiação. → Este tipo de entrevista é frequente na televisão; Anedótica: A entrevista anedótica é superficial, focada em declarações picantes e fofocas, mas pode oferecer um retrato cultural ou social. → Pode retratar costumes e épocas; → Entrevistas leves e rápidas; Entrevista-diálogo: Se trata de um encontro entre entrevistador e entrevistado, focado em fornecer informações importantes sobre um fato ou a personalidade do entrevistado, buscando uma comunicação fluida e consistente. → Diálogo profundo e colaborativo; → Destaque em diversos meios de comunicação; Neoconfissão: Permite que o entrevistado explore reflexões mais profundas, com o entrevistador guiando a conversa de maneira discreta. → Entrevistas longas e intimistas; → Ambiente amistoso; 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFAVIP WYDEN – JORNALISMO BRENDA BARATA SILVA → Entrevista exclusiva As exclusivas ocorrem quando o entrevistado, uma personalidade ou uma fonte de uma informação importante, concede a entrevista a apenas um veículo. Nilson Lage não considera exclusiva quando a iniciativa da entrevista apenas parte do veículo de informação, apesar de reconhecer que as entrevistas individuais têm sempre um caráter exclusivo. Para ele, classificar essas entrevistas como exclusivas é, antes de tudo, uma jogada de marketing para valorizar o ineditismo da informação. Quatro tipos de entrevistas propostas por Nilson Lage: → Entrevista ritual O interesse maior é ouvir o entrevistado no momento do acontecimento em pauta, como uma visita ilustre ou uma partida de futebol. As declarações são meras formalidades, geralmente breves, irrelevantes e esperadas. → Entrevista temática Aborda um tema, sobre o qual se supõe que o entrevistado tenha condições e autoridade para discorrer. Geralmente consiste na exposição de versões ou interpretações de acontecimentos. → Entrevista testemunhal Busca-se o relato de uma situação da qual o entrevistado tenha participado ou testemunhado. → Entrevista em profundidade Tem como objetivo expor, conhecer, explorar etc. a figura do entrevistado. O segundo grupo, no qual as circunstâncias das entrevistas estão em foco, também é formado por quatro tipos: → Entrevista ocasional Essa entrevista não é combinada previamente, ou mesmo imprevista. São exemplos a abordagem de pessoas na rua, de políticos no saguão do Congresso Nacional, de empresários na portaria de um prédio em que haverá uma importante reunião, de artistas na entrada de uma festa ou mesmo com a abordagem surpresa de uma ligação telefônica. → Entrevista de confronto É um tipo de entrevista em que o jornalista faz perguntas difíceis e desafiadoras, muitas vezes pressionando o entrevistado com acusações ou pontos polêmicos. O objetivo é obter respostas claras e revelar informações controversas. → Entrevista coletiva: Quando um entrevistado ou mais se submetem às perguntas de vários jornalistas, representando diversos veículos de comunicação. A entrevista coletiva tem como principal limitação o bloqueio do diálogo, isto é, da pergunta construída sobre a resposta, já que as perguntas dos repórteres são feitas ao mesmo tempo e, normalmente, preparadas com antecedência. Por outro lado, as coletivas são democráticas, por dar a todos a igualdade de acesso à informação. → Entrevista dialogal É a entrevista por excelência. O modelo clássico em que o repórter e o entrevistador se preparam previamente e se encontram em ambiente controlado. Entrevistador e entrevistado constroem o tom de sua conversa, que evolui a partir de questões propostas pelo entrevistador, mas não se limitam a esses tópicos: permite-se o aprofundamento e o detalhamento dos pontos abordados. Os dois grupos listados por Nilson Lage se cruzam, criando possibilidades novas e compostas de classificação. Podemos pensar em entrevistas que sejam, ao mesmo tempo, rituais e ocasionais, testemunhais e dialogais, em profundidade e dialogais, temáticas e coletivas, testemunhais e de 3 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFAVIP WYDEN – JORNALISMO BRENDA BARATA SILVA confronto, para citar algumas das possíveis composições. Jornalística → Título; → Introdução: Contém o perfil do entrevistado, condições e local da entrevista; → Corpo da entrevista: A entrevista pode ser apresentada no discurso direto (pergunta – resposta) ou no discurso indireto (o redator entrega no texto as respostas do entrevistado); → Conclusão: Despedida, síntese daquilo que foi dito e os agradecimentos; → O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros foi aprovado em 1987, pelo Congresso Nacional dos Jornalistas, e promovido pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) para pensar sobre os limites dados aos profissionais na sua relação com a informação, a fonte e o público. → Os códigos de ética do Jornalismo tratam dos deveres morais do profissional, os quais envolvem mais de um sujeito. O jornalista tem compromisso não apenas com a informação, mas também com suas fontes e seu público. → Uma das cláusulas do Código de Ética dos Jornalistas diz respeito à manipulação de imagens, em 2007 o código sofreu algumas alterações onde o jornalista passa a ser obrigado a deixar claro para seu público que as imagens foram manipuladas. → Foi aprovada também a cláusula de consciência, a qual dá ao profissional o direito de se recusar a cumprir uma pauta que agrida a sua ética profissional ou suas convicções. Mas isso não lhe dá direito de deixar de ouvir fontes com posições contrárias às suas. → O código é todo baseado na ideia da informação como direito fundamental do cidadão e em seu direito a informar, ser informado e ter acesso à informação. → O Código Internacional de Ética Jornalística foi aprovado, em Paris, no dia 20 de novembro de 1983, durante a realização da quarta reunião consultiva deorganizações internacionais e regionais de jornalistas, coordenada pela UNESCO. O código proclama os princípios internacionais da ética no Jornalismo e assegura que o dever supremo do jornalista é servir ao direito humano de acesso à informação verídica. Esse princípio deve reger os códigos de ética de cada país. Em momento de proliferação de fake news, esse dever se torna ainda mais necessário à sociedade. → Ethos jornalístico: palavra grega; (...) conjunto dos costumes e hábitos fundamentais no âmbito do comportamento (instituições, afazeres etc.) e da cultura (valores, ideias ou crenças), característicos de uma determinada coletividade, época ou região. → É direito do jornalista manter sua fonte em sigilo, como garante a Constituição Federal (artigo 5º, XIV): é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. Mas quando informações, declarações e acusações são publicadas em off, sem identificar o autor, o veículo jornalístico pode ser condenado judicialmente por crimes contra a honra (e outros). → Entrevistas históricas Uma entrevista bem executada e editada, com fonte e pauta acertadas, pode deixar o domínio do efêmero, marca do Jornalismo, para se transformar em um documento histórico, retratando uma época, um grupo, uma pessoa, um determinado acontecimento, uma obra de arte, uma descoberta da Ciência, entre outras possibilidades. Cinco etapas-chaves da confecção/elaboração da reportagem: → Pauta; - A pauta é o início de toda reportagem 4 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFAVIP WYDEN – JORNALISMO BRENDA BARATA SILVA → Consolidação da pauta; → Apuração: Consiste em confirmar, de diversas formas, as informações repassadas na reunião de pauta para transformar o fato em um produto jornalístico; → Produção: É a organização da matéria propriamente dita. Nesta etapa, o repórter escolhe os principais elementos de ilustração de sua reportagem, (fotografias e ilustrações com infográficos ou boxes, no caso do impresso, e divisão das locuções, músicas e efeitos sonoros, no caso das matérias de rádio); → Redação: Parte na qual o fato é transformado em texto. A redação tem o papel de interligar todos os elementos acessórios em uma linguagem apropriada para o público-alvo e para o veículo no qual a matéria será reproduzida; → Edição: A edição é a penúltima etapa antes da publicação ou veiculação da matéria jornalística. Consiste em encaixar, de forma harmônica e atrativa, 0 texto e OS demais recursos visuais ou de áudio para a finalização da reportagem; → Revisão: Após todo o material estar pronto, ele precisa ser revisado para que não contenha erros em sua publicação ou veiculação, seja de ortografia, de concordância, ou até a presença de um ruído técnico ou uma mancha na área de impressão; → Quando a fonte presencia e vive um fato a fonte é primária; → Quando a fonte transmite um relato que conta ter ouvido de outra pessoa a fonte é secundária; Classificação das fontes segundo o Manual da Redação da Folha de S. Paulo: → Fonte tipo zero: Escrita e com tradição de exatidão, ou gravada sem deixar margem a dúvida: enciclopédias renomadas, documentos emitidos por instituição com credibilidade, videoteipes. Em geral, a fonte de tipo zero prescinde de cruzamento. → Fonte tipo um: É a mais confiável nos casos em que a fonte é uma pessoa. A fonte de tipo um tem histórico de confiabilidade, as informações que passam sempre se mostram corretas. Fala com conhecimento de causa, está muito próxima do fato que relata e não tem interesses imediatos na sua divulgação. → Fonte tipo dois: Tem todos os atributos da fonte tipo um, menos o histórico de confiabilidade. → Fonte tipo três: É bem-informada, mas tem interesses (políticos, econômicos etc.) que tornam suas informações nitidamente menos confiáveis.