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Prévia do material em texto

PRÁTICAS CORPORAIS 
ALTERNATIVAS
PROFESSORA
Esp. Érica Fernanda Lopes 
Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo 
Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. 
O download do aplicativo está disponível nas plataformas:
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
Google Play App Store
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/823
2 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação 
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; 
LOPES, Érica Fernanda.
Práticas Corporais Alternativas. Érica Fernanda Lopes. 
Maringá - PR.:Unicesumar, 2019. Reimpresso em 2024. 
132 p.
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1. Educação Física. 2. Yoga. 3. Tai Chi Chuan. 4. Meditação. 
5. Biodança. EaD. I. Título.
CDD - 22ª Ed. 613.7
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-85-459-1925-4
Impresso por: 
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor 
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio 
Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Minco�, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia 
Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção 
de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, 
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência 
de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas, 
Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo.
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração 
Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Ana Claudia Salvadego, Revisão Textual Ariane Andrade 
Fabreti, Fotos Shutterstock.
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não 
somente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão 
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional 
e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de 
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil 
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro 
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa 
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, 
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. 
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais 
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos 
pelo MEC como uma instituição de excelência, com 
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 
maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educadores 
soluções inteligentes para as necessidades de todos. 
Para continuar relevante, a instituição de educação 
precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, 
coragem e compromisso com a qualidade. Por 
isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, 
metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor 
do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
boas-vindas
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à 
Comunidade do Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar 
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores 
e pela nossa sociedade. Porém, é importante 
destacar aqui que não estamos falando mais daquele 
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas 
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, 
atemporal, global, democratizado, transformado pelas 
tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, 
informações, da educação por meio da conectividade 
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares 
e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram 
a informação e a produção do conhecimento, que não 
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em 
segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer 
transformou-se hoje em um dos principais fatores de 
agregação de valor, de superação das desigualdades, 
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada 
vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a 
tecnologia que temos e que está disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg 
modificou toda uma cultura e forma de conhecer, 
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, 
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa 
cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o 
conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes 
cativantes, ricos em informações e interatividade. É 
um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá 
as portas para melhores oportunidades. Como já disse 
Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. 
É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. 
Willian V. K. de Matos Silva
Pró-Reitor da Unicesumar EaD
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes 
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível 
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem 
dialógica e encontram-se integrados à proposta 
pedagógica, contribuindo no processo educacional, 
complementando sua formação profissional, 
desenvolvendo competências e habilidades, e 
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, 
de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, 
estes materiais têm como principal objetivo “provocar 
uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta 
forma possibilita o desenvolvimento da autonomia 
em busca dos conhecimentos necessários para a sua 
formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento 
e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos 
fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe 
uma equipe de professores e tutores que se encontra 
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
boas-vindas
Débora do Nascimento Leite
Diretoria de Design Educacional
Janes Fidélis Tomelin
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Kátia Solange Coelho
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Leonardo Spaine
Diretoria de Permanência
autora
Esp. Érica Fernanda Lopes 
Pós-graduada em Naturopatia pela Faculdade de Tecnologia em Saúde e Centro 
Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem (Cieph) em Florianópolise Pós-gra-
duada em Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura pela Escola Brasileira de 
Medicina Chinesa (Ebramec) de São Paulo. Graduada em Educação Física pela 
Universidade Estadual de Maringá (UEM). Atualmente, é Terapeuta Naturalista 
com experiência nas seguintes áreas: sociedade e construção social, lazer e 
recreação, brinquedo e brincar, educação física, holismo, integração holística 
entre o desenvolvimento físico, intelectual, espiritual e artístico na Educação 
Física escolar. 
http://lattes.cnpq.br/4259272002321663
apresentação do material
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS
Érica Fernanda Lopes 
Querido(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) às Práticas Corporais Alternativa e Com-
plementares (PACs)! Preparamos este material com o intuito de tecer um diálogo 
sobre o contexto das PACs no atual cenário da Educação Física e as contribuição 
delas para o desenvolvimento das potencialidades dos interagentes. 
A Educação Física oferece uma gama de experiências que enriquecem a capa-
cidade de criação, de expressão e de conhecimento do próprio corpo, o influencia 
a interação com o meio onde vivemos. Abordaremos as PACs como recurso es-
sencial nesse diálogo e nesse objetivo, contemplando a integralidade entre mente, 
espírito e materialidade. 
Aqui, ao ampliar os seus olhares para a concepção diferenciada do corpo, pro-
pomos diferentes possibilidades de trabalho que podem ser desenvolvidas nessa 
área, para que, diante das necessidades da atual sociedade, possamos construir 
sujeitos com melhor domínio da inteligência emocional na inter-relação entre si.
Dividimos o livro em cinco unidades e, em cada uma, estabeleceremos um 
diálogo sobre a configuração atual das práticas selecionadas: Yoga, Tai Chi Chuan, 
Meditação e Biodança. Você encontrará um leque de possibilidades de criação, 
pois dialogamos com a concepção de corpo sob a visão oriental, trazendo novos 
elementos para o nosso trabalho.
As práticas citadas são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por 
meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPICs), 
possibilitando ampliar o nosso campo de atuação. 
Convidamos você a expandir a sua visão para além das práticas convencionais, 
a angariar valiosos conhecimentos sobre a corporeidade e a cultura corporal, além 
de conhecer outras formas de trabalho e enriquecer a sua intervenção. Vamos 
construir, juntos, uma Educação Física que vise o desenvolvimento do ser como um 
todo. Contamos com você! Faça bons estudos e tenha um ótimo curso, aproveite!
sumário
UNIDADE I
AS PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS NA EDUCAÇÃO 
FÍSICA
14 As Práticas Corporais Alternativas e a sua 
Configuração no Atual Cenário da Educação 
Física
18 As Práticas Corporais Convencionais e as 
Práticas Alternativas: Diálogo e Integração
22 O Corpo na Visão Oriental: Ampliando 
Conceitos
26 O Entrelaçamento entre a Cultura Oriental 
e Ocidental
28 Considerações Finais
34 Referências
34 Gabarito
UNIDADE II
YOGA
40 Os Princípios do Yoga
46 Yoga: Filosofia ou Ginástica?
50 O Yoga na Educação Física
57 Considerações Finais
62 Referências
64 Gabarito
UNIDADE III
TAI CHI CHUAN - A ARTE MILENAR 
70 Tai Chi Chuan: História e Filosofia
74 Tai Chi Chuan: Arte Marcial, Meditação e Saúde
78 A Prática do Tai Chi Chuan 
83 Considerações Finais
88 Referências
88 Gabarito
UNIDADE IV
A MEDITAÇÃO
94 A Meditação: os Caminhos para uma Prática 
Integral no Campo da Educação Física
100 O Corpo e a Mente: o Desafio da Integralidade
102 Como Meditar? O Desafio da Prática
104 Considerações Finais
109 Referências
109 Gabarito
UNIDADE V
BIODANÇA
114 Biodança: Origem e História
118 Definição e Prática da Biodança
122 Biodança e Educação Física: Aproximações e 
Complementaridades
124 Considerações Finais
130 Referências
131 Gabarito
132 CONCLUSÃO GERAL
Professora Esp. Érica Fernanda Lopes 
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• As Práticas Corporais Alternativas e a sua configuração no 
atual cenário da Educação Física
• As Práticas Corporais Alternativas e as Práticas 
Convencionais: diálogo e integração
• O corpo na visão oriental: ampliando conceitos
• O entrelaçamento entre as culturas oriental e ocidental
Objetivos de Aprendizagem
• Definir o conceito das Práticas Corporais Alternativas na 
Educação Física e dialogar sobre as abordagens atuais.
• Identificar as diferenças entre as PACs e as práticas 
convencionais.
• Dialogar sobre as diferenças entre as visões oriental 
e ocidental na construção do conceito de corpo e de 
movimento, bem como o reflexo desse conceito na 
construção do sujeito social mediante os seus aspectos 
culturais. 
• Discutir sobre a popularização das Práticas Corporais 
Alternativas no Brasil e a sua expansão no campo da 
Educação Física.
AS PRÁTICAS CORPORAIS 
ALTERNATIVAS NA 
EDUCAÇÃO FÍSICA
unidade 
I
INTRODUÇÃO
Olá! Seja bem-vindo(a), aluno(a)! 
Nesta unidade, falaremos sobre o conceito das Práticas Corporais 
Alternativas (PACs) e a sua configuração na Educação Física, tendo em 
vista que essa disciplina encontra as suas origens na concepção higienista 
médica, a qual visava a educação do corpo, o que promoveu uma visão 
dualista do sujeito, dividindo-o entre corpo e mente.
Vivemos, porém, em tempos em que essa visão já não mais se susten-
ta, ela necessita ser ampliada para moldes que acompanhem a evolução 
social, que contribuam com a vivência além dos moldes tradicionais e 
potencializem as capacidades inatas humanas em todos os seus aspectos. 
Para tanto, qual o papel da Educação Física nesse contexto? Como nós, 
profissionais da área, podemos contribuir nesta tão importante forma-
ção? Estando ela intimamente associada aos conceitos de corpo e movi-
mento, tornam-se essenciais determinados questionamentos, tais como: 
Qual a concepção de corpo? Como se dá a sua caracterização diante do 
meio onde vivemos? Sendo esse corpo físico dotado de sentimentos e 
emoções, seria possível uma prática que desvincule tais conceitos? 
As Práticas Corporais Alternativas buscam embasamentos nas filoso-
fias orientais, as quais possuem um aparato milenar e profundo que nos 
ajuda a elucidar esses questionamentos de forma diferenciada. Assim, 
buscamos vivências que evidenciem a capacidade de criação, de autodo-
mínio, de autopercepção, de compreensão das suas sensações corpóreas e 
o diálogo destas com as suas emoções e os seus sentimentos, expandindo 
tais aspectos para o convívio social. 
Além do que, o entrelaçar de culturas tão distintas, a oriental e a oci-
dental, pode apontar diferentes paradigmas na autoconstrução e na for-
mação de nossos alunos, de modo a enriquecer a sua cultura corporal. 
Por que não ousar, transformar a sua aula e enriquecer a vivência dos 
alunos e praticantes? Por que não buscar novas soluções para antigos pro-
blemas que abarcam a Educação Física e a sociedade em geral? Vamos 
dialogar sobre o assunto?
14 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Olá, querido(a) aluno(a)! 
Iniciaremos este tópico examinando como as 
Práticas Corporais Alternativas se inserem no con-
texto da Educação Física. Tendo em vista que esse 
termo é utilizado por várias áreas do conhecimento, 
como a Antropologia, a Sociologia e a Saúde, isto 
volta os nossos olhares para a complexidade dele, 
também pela possibilidade de diálogo que ele ense-
ja, uma vez que a Educação Física se insere tanto no 
campo da educação quanto no da saúde, o que nos 
dá a possibilidade de amplo e complexo diálogo. De 
acordo com Lazzarotti Filho et al. (2010, p. 6): 
No campo da Educação Física, o termo “prá-
ticas corporais” vem sendo valorizado pelos 
pesquisadores que estabelecem relação com 
as ciências humanas e sociais, pois aqueles 
que dialogam com as ciências biológicas e 
exatas, operam com o conceito de atividade 
física. 
A Educação Física, por ter o corpo humano como 
objeto de estudo, apropria-se desses conteúdos 
como complemento que enriquece as práticas con-
vencionais, tais elementosbuscam levar as aulas e 
vivências para além de sua utilidade pragmática, 
As Práticas Corporais Alternativas 
e a sua Configuração no Atual 
Cenário da Educação Física
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 15
integralizando e agrupando as suas dimensões bá-
sicas (pensamento, sentimento, emoção, movimen-
to), que são parte da completude do ser, atribuindo 
sentido para o cotidiano dos praticantes, levando-os 
à reflexão sobre o seu modo de vida e os desdobra-
mentos dele em próprio corpo. 
Diante dessa possibilidade, abrimos o campo 
para a construção da sensibilidade do corpo como 
um todo, que interprete o sujeito na sua completu-
de, dotado de emoções, sentimentos e sensações. 
Ao aguçar os sentidos, estabelecemos uma relação 
mais humanizada e proporcionamos experiências 
mais ampliadas de autopercepção e de conexão 
com o meio. 
A experiência que prima por esses aspectos 
visa quebrar os paradigmas sociais dos relacio-
namentos humanos, do indivíduo com si e com o 
próximo de modo que o autoconhecimento leva à 
construção de um novo padrão mental de aceita-
ção, autorrespeito e amor próprio. Tais virtudes se 
estendem à convivência em sociedade, de modo 
que os sujeitos com maior potencial de autodomí-
nio têm mais empatia e tolerância com o próximo, 
interferindo na construção de ambientes mais sau-
dáveis ao seu redor. 
Nesse contexto, Freire (2003, p. 35) aponta-nos que 
o “desenvolvimento dos aspectos puramente intelec-
tuais é muito pouco para uma sociedade que, além 
de raciocínios lógicos, deveria se alimentar de soli-
dariedade, de cooperação e de amor”. 
É importante verificarmos que tais práticas não 
se contrapõem àquelas convencionais, mas pro-
põem diferentes objetivos, como o relaxamento, o 
autoconhecimento, a sensibilização, o contato con-
sigo e a sua natureza individual. Para isso, tivemos, 
no século XX, o Movimento da Contracultura, que 
serviu de parâmetro para questionarmos o modo de 
vida mecanicista desenvolvido pelo Ocidente com o 
alavanque tecnológico.
A esse respeito, Coldebella (apud IMPOLCETTO 
et al., 2013, p. 271) “indica que o movimento da con-
tracultura reivindica a liberdade e autonomia dos 
indivíduos, defendendo a espontaneidade, o resgate 
do habitat rústico, a vida em comunidade e a recon-
ciliação com o corpo”. 
O termo alternativo leva-nos a refletir sobre uma 
prática fora dos moldes preestabelecidos e nos faz 
observar aspectos mais complexos da nossa existên-
cia e do nosso papel na sociedade e nos coloca dian-
te de novas possibilidades de experiências e diálogos 
com culturas diferentes. Estamos convidados a sair 
do pensamento linear e a explorar novos campos.
De acordo com os Parâmetros Curriculares 
Nacionais (BRASIL, 2000, p. 1) “para viver de-
mocraticamente em uma sociedade plural é pre-
ciso respeitar os diferentes grupos e culturas que 
a constituem”, fato que possibilita a ampliação e 
a construção de novos conhecimentos e, assim, 
transformar as experiências com a prática da Edu-
cação Física, no decorrer da história, de acordo 
com a necessidade de cada tempo.
Como podemos trabalhar o desenvolvimento 
da autopercepção e do autoconhecimento 
para auxiliar no nosso crescimento e na nossa 
atuação consciente no mundo?
REFLITA
16 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Reflita comigo, querido(a) aluno(a): 
Se tais teorias indicam que há a necessidade de resgate da autonomia 
do corpo/indivíduo, é porque, em algum momento, ela foi sobrepujada. 
Desse modo, a Educação Física, em suas diferentes competências de 
atuação sobre o corpo, se configura como elemento de grande relevân-
cia na formação social dos indivíduos. Portanto, tais questionamentos 
se tornam fundamentais nesse meio.
Sendo a Educação Física a área de estudo responsá-
vel por tratar do movimento e da Cultura Corporal 
nos seus diferentes campos de atuação, considera-
mos que: 
[...] a área de Educação Física hoje contempla 
múltiplos conhecimentos produzidos e usufruí-
dos pela sociedade a respeito do corpo e do mo-
vimento. Entre eles, se consideram fundamen-
tais as atividades culturais de movimento com 
finalidades de lazer, expressão de sentimentos, 
afetos e emoções, e com possibilidades de pro-
moção, recuperação e manutenção da saúde 
(BRASIL, 1997, p. 23).
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 17
Diante disso, temos em nossas mãos grandes possibilidades de traba-
lho em um vasto campo de atuação, não é mesmo?
18 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Neste tópico, convidamos você à seguinte reflexão: 
Diante do escopo teórico/prático nas diferentes áre-
as de atuação que a Educação Física propõe-nos, de 
acordo com as bases nas quais ela foi fundada, como 
conciliaremos uma proposta nova e tão abrangente 
com um conhecimento há tanto tempo difundido, 
mas que necessita de reformulação condizente com 
o nosso contexto sociocultural? 
Primeiramente, consideramos que a Educação 
Física, dentre as suas atuações, tem a possibilida-
de explorar as diferentes manifestações da Cultura 
Corporal, sendo o termo cultura “entendido como 
produto da sociedade, da coletividade à qual os in-
divíduos pertencem, antecedendo-os e transcenden-
do-os” (BRASIL, 1997, p. 23). 
Isso implica no fato de que a cultura está em 
constante transformação e construção no fazer diá-
rio da sociedade, na manutenção da vida e dos hábi-
tos por ela desenvolvidos, o que nos leva a crer que 
a prática educacional que prima pela seleção de con-
As Práticas Corporais Convencionais 
e as Práticas Alternativas: 
Diálogo e Integração
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 19
teúdos relevantes e coerentes deve estar em conso-
nância com o dinamismo desse processo. De acordo 
com Soares et al. (1992, p. 33):
Educação Física é uma prática pedagógica que, 
no âmbito escolar, tematiza formas de ativida-
des expressivas corporais como: jogo, esporte, 
dança, ginástica, formas estas que configuram 
uma área de conhecimento que podemos cha-
mar de cultura corporal. 
Desse modo, podemos, então, admitir que o corpo é 
um meio de manifestação e expressão da nossa cul-
tura, ao passo que adquire também, na sua indivi-
dualidade, aspectos peculiares que interagem com a 
cultura de modo geral. 
Podemos, também, defini-la por sua interven-
ção nas práticas relacionadas à manutenção da saú-
de e à melhora da qualidade de vida, bem como nas 
atividades vinculadas ao lazer, ao tempo livre e à 
ludicidade. No que compete à saúde, o profissional 
da Educação Física tem a possibilidade de dialogar 
com demais áreas afins trabalhando na complemen-
taridade que abrange o conceito de saúde, dado pela 
OMS como “o estado de completo bem-estar físico, 
mental e social, e não apenas a ausência de doença” 
(BRASIL, 1993, p. 65).
Segundo esse conceito de saúde, podemos refle-
tir sobre a gama de atuação da Educação Física nesse 
contexto, tendo em vista que o profissional da área 
pode levar tais conhecimentos para diversas áreas, 
desde a formação educacional de base até a manu-
tenção e a promoção da saúde, do lazer e da qualida-
de de vida, sendo um importante interventor nesse 
processo. 
Cada vez mais nos deparamos com espaços de 
lazer e práticas de atividades voltadas para a manu-
tenção e a promoção da saúde, diante disso, o pro-
fessor e profissional da Educação Física destaca-se 
ao se deparar com maiores campos de atuação devi-
do à busca crescente por hábitos mais saudáveis, que 
incluem a prática de esportes, as ginásticas, as dan-
ças e uma gama de novas possibilidades que surgem 
em espaços privados ou públicos. 
Nesse contexto, pelo aprimoramento e pela bus-
ca por atividades diferenciadas, as PACs encontram 
forte campo de atuação, tendo em vista o crescente 
número de adeptos de atividades até pouco tempo 
desconhecidas. Diante do avanço da comunicação 
do mundo globalizado, é de fundamental importân-
cia considerar que as diferentes culturas dos dife-
rentes povos do globo estão em constante interação, 
que este fazer social e cultural ultrapassou as barrei-
ras geográficas e estabeleceu um constante e valioso 
diálogo entre as diferentescivilizações.
Tal diálogo estabelecido trouxe nova visão do 
corpo e do modo de se expressar e interagir com 
o mundo, oportunizando o avanço em conteúdos 
além dos convencionais, avanço esse necessário para 
a evolução do ensino e para a construção de uma 
nova realidade educacional, de uma nova forma de 
se relacionar com o corpo e os seus meandros, e de 
práticas que abranjam aspectos além daqueles pura-
mente biológicos e que atendam às necessidades do 
momento atual. 
Soares et al. (1992) apontam que os exercícios 
físicos na forma cultural de jogos, ginástica, dança 
e equitação surgem na Europa, no final do século 
XVIII e início do século XIX. Este é o tempo e o es-
paço de formação dos sistemas nacionais de ensino, 
marcando a consolidação da Educação Física como 
disciplina obrigatória, seguindo os moldes sociais 
da época e as características da sociedade burguesa 
daquele período. Deve-se ter em vista que, de início, 
a Educação Física se fazia nos moldes higienistas: 
20 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
utilizada como ferramenta para a obtenção de um 
corpo saudável e forte para o trabalho no momento 
da Revolução Industrial. 
Com isso, observamos que, desde o princípio, 
essa disciplina surge pela necessidade social vigen-
te no momento histórico em que ela está inserida, a 
“construção” de um novo indivíduo para nova socie-
dade que surgia, com novas necessidades e deman-
das sociais, econômicas e morais. 
Querido(a) aluno(a), desde então, muito se pas-
sou, grandes transformações ocorreram em nossa 
sociedade. A Educação Física vem se transformando 
sob a influência de áreas do conhecimento, como a 
Antropologia, a Sociologia e a Psicologia, ampliando 
as suas possibilidades de atuação numa visão mais 
integralizada do ser, na tentativa de romper com a 
dicotomia corpo-mente até então estabelecida. 
Desde então, os novos rumos que a Educação 
Física tem buscado perpassam o âmbito da Cultu-
ra Corporal para, assim, encontrar uma definição 
que amplia a visão do corpo para além do desen-
volvimento exclusivo das habilidades físicas. Busca 
a visão integral do ser no âmbito psicológico-men-
tal, social, moral e também biológico, mas não so-
mente. 
Partimos do princípio de que o aprendizado é 
um fator inerente a cada indivíduo, assim como di-
fere para cada um as vivências corpóreo-sensoriais, 
o tempo de se apropriar do conhecimento e de de-
senvolver as potencialidades. 
Estamos de acordo que, de modo geral, o nosso 
corpo possui desenvolvimento semelhante na cone-
xão entre neurônios e formação de sinapses, porém, 
no trato de suas relações, o indivíduo se coloca à 
prova diante de suas emoções, e isso influencia di-
retamente a sua forma de aprender, de valorar, de se 
apropriar dos conteúdos adquiridos, de se expressar 
no mundo e de se relacionar com a sua saúde e o 
seu bem-estar, características estas que nos diferem 
e nos tornam únicos. 
Com isso, termos como cooperação, autoper-
cepção, autoconhecimento, autonomia física e 
mental, valorização das diferenças, liberdade, cria-
tividade, aceitação, holismo, visão global de saúde 
e bem-estar, serão comuns na literatura que abran-
ge essa nova prática, que tira a ênfase antes dada 
à competitividade, ao enaltecimento da técnica, 
ao higienismo, à racionalização e à instrumentali-
zação do movimento, uma vez que, quando pen-
samos no corpo, pensamos, simultaneamente, no 
indivíduo em si.
De certo modo, as PACs provocam a descons-
trução de um movimento pré-moldado, racionali-
zado, em que não existem ideais de perfeição nas 
performances, em que o fazer se encerra por si 
mesmo no sentido de não haver comparativos de 
resultados. O movimento torna-se a consequência 
da expressão da individualidade de cada corpo, 
dentro de suas proporções e possibilidades, de seus 
sentimentos e emoções, segundo os seus costumes, 
crenças e objetivos, na busca pelo prazer na execu-
ção, no relaxamento e na integralização do corpo e 
da mente.
A exemplo disso, temos práticas como a Yoga e 
o Tai Chi Chuan, que produzem movimentos com 
lentidão, leveza e introspecção, em que não há es-
tímulos competitivos ou comparativos, mas sim, 
expressões de si mesmo, do corpo e da mente fundi-
dos, formando o contexto único de cada praticante 
cujo grande desafio dá-se consigo mesmo. 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 21
Nessas técnicas, temos a observação contínua de si 
mesmo, em que se mesclam os aspectos puramente 
físicos e emocionais, partindo do princípio de que 
o pensamento é a origem de tudo que nos acontece, 
assim, tais práticas direcionam-se para o controle da 
mente. De acordo com esses princípios, a mente si-
lenciosa é capaz de ouvir, perceber, captar a realida-
de de maneira mais eficiente e de nos ajudar a sentir 
de maneira mais precisa e a interagir com o meio 
de maneira mais equânime. A esse respeito, Marin 
(2010, p. 210) aponta que: 
Quando acalmamos nossa mente, liberamos 
mais energia para nossa vida emocional. Por 
mente entendo a mente racional, que resol-
ve problemas, justifica e julga, em oposição à 
mente como um todo, que abrange não somen-
te pensamentos, mas também sentimentos, in-
tuição, praticidade e sonhos. 
Assim, a visão do corpo estende-se para outras di-
mensões, a prática física ganha finalidades diferen-
ciadas e peculiares. A performance torna-se a resul-
tante, e não a causa primária da atividade, e a união 
entre esses dois aspectos pode resultar no maior 
aproveitamento do trabalho realizado, na autossatis-
fação e na realização pessoal.
22 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Para compreender a visão da cultura oriental so-
bre o corpo, é necessário compreender que este 
conhecimento e toda a sua filosofia derivam do 
modo de vida desenvolvido por essa cultura de 
acordo com a necessidade de cada geração. Nos 
primórdios das civilizações, segundo a visão 
oriental, a filosofia, a religião e a ciência provi-
nham da mesma fonte, não existindo separação 
entre elas de maneira holística. 
Era hábito dos antepassados orientais a cons-
tante observação da natureza, de maneira que as 
suas teorias provêm da interação com ela. É muito 
comum, principalmente na cultura chinesa, que os 
processos fisiológicos sejam comparados e equipa-
rados a fenômenos naturais. 
De acordo com as suas tradições, há uma ener-
gia que é fonte primária de todos os elementos e 
criações, tudo no universo está permeado de uma 
substância vital denominada Qi ou Prana, ou como 
é chamado no Ocidente, de Energia Vital. Segundo 
as tradições, essa substância é a causa primária de 
toda a vida. Sionneau (2014, p. 201) diz que
O Corpo na Visão Oriental: 
Ampliando Conceitos
Fonte: Thomas Barrat / Shutterstock
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 23
na China Antiga, o Qi é o sopro da vida, o dina-
mismo fundamental que dirige todas as mani-
festações do universo, incluindo os seres vivos. 
É ele que está na origem de todas as coisas, de 
todos os seres. É a força primordial que anima 
a criação.
O Qi é dinâmico e se transforma para dar forma 
aos diferentes estados da matéria. Sionneau (2014, 
p. 202) aponta que “ao se concentrar, ele se consti-
tui em matéria e gera a multiplicidade dos homens 
e das coisas”.
em que vive, o corpo influencia e sofre influência 
desse meio a todo momento, a interação com a na-
tureza, com os demais e consigo mesmo mesclam-se 
em um único ser.
Por isso, temos uma gama de atividades nessa 
área que primam pela auto-observação e pelo auto-
conhecimento, que buscam mais a superação de si 
mesmo do que a competição. A ideia é a de que se 
somos capazes de vencer os nossos próprios desa-
fios, podemos lidar melhor com os aspectos exterio-
res que nos cercam.
As suas práticas corporais utilizam a respiração 
como forma de concentração e tomada de consciên-
cia, fazem o uso correto da postura, do foco e da au-
topercepção, partindo do interior para o exterior. Os 
movimentos são mais lentos e ritmados, com foco 
na consciência de si mesmo, traçando, desse modo, 
a interação com o meio.
Aqui, caro(a) aluno(a),temos uma visão holista 
do corpo, que nos traz grandes reflexões sobre o tra-
balho de revalorizar conceitos e de reelaborar a vi-
são fragmentária que ainda nos marca. Para Ribeiro 
(apud CREMA; BRANDÃO, 1991, p. 137):
A ideia holística é aquela da integração harmo-
niosa parte-todo-parte. Quando se sai da ideia 
para a prática, da prática para a ideia, a educa-
ção acontece, porque parte e todo, todo e parte 
se integram e convergem dialeticamente na sín-
tese, na totalidade existencial.
Esse conceito holístico traz ao indivíduo uma visão 
mais harmoniosa do próprio corpo, levando em 
consideração a sua individualidade ao trabalhar a 
despadronização imposta pela mídia e pelo merca-
do, trazendo à luz da reflexão esse conceito de corpo 
materializado e objetificado em performances e for-
mas perfeitas. 
Temos, pois, nesses moldes, que o nosso corpo é 
formado e composto por Qi, em uma das diferen-
tes manifestações de sua forma, o que ultrapassa o 
conceito apenas médico do corpo, sendo também 
filosófico, sociológico e espiritual. 
Dentro da cultura oriental, o corpo humano é 
visto como parte integrante e atuante com o meio 
24 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Ao contrário disso, a prática das PACs, dentro dessa 
visão, propõe vivências que ampliam a criatividade 
e a expressividade de sentimentos e emoções, res-
significando o conceito de saúde ao abranger o ser 
como o todo que o compõe, tirando o foco do cará-
ter puramente estético e competitivo. 
Devemos ter como objetivo, aqui, trabalhar a 
ideia de que o nosso corpo é a “casa” onde habita-
mos, casa esta que alimentamos, cuidados, intera-
gimos, porém essa habitação repleta de potenciali-
dades também tem limitações dentro das diferentes 
particularidades que abrangem cada indivíduo, e 
estas, por sua vez, devem ser tratadas naturalmente, 
como parte da nossa humanidade, superando as ne-
gações e rejeições.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 25
26 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
O Entrelaçamento Entre a 
Cultura Oriental e Ocidental
Fonte: atiger/Shutterstock
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 27
Por outro lado, temos a sociedade ocidental, com 
método científico desenvolvido e pautado no prin-
cípio racionalista, em que o pensamento cartesia-
no teve grande influência ao dividir mente e corpo, 
atribuindo valores diferentes ao trabalho mental e 
ao trabalho manual, após a Idade Média. 
Em essência, a sociedade ocidental e a oriental 
são construções socioculturais de regiões diferentes 
do globo, porém isso não impede o diálogo e a inte-
ração entre elas, ao contrário, abre campo para a in-
tegração de conceitos e ideias, enriquecendo ambos 
os lados. As diferenças entre elas se encerram em as-
pectos religiosos, filosóficos e científicos, os quais de-
terminam as suas características sociais e vice-versa. 
Nesse sentido, nós o(a) convidamos a trazer o 
termo construção cultural para um movimento di-
nâmico entre o “fazer-se” e o “construir-se”, coletiva 
e individualmente, elaborado por suas experiências 
pessoais e/ou compartilhadas. “Afinal de contas, cul-
tura é - ou era - um valor considerado recomendável 
para todos os seres humanos, e ser culto significa 
exatamente ser cultivado” (SOUZA, 1998, p. 227). 
Pensamentos diferentes, porém ambos dentro das 
necessidades sociais do seu contexto e que, quando 
se inserem, hoje, em nossa realidade social, nos dão 
a possibilidade de utilizarmos ambos os conheci-
mentos para engendrar experiências significativas 
para o seu campo de atuação, caro(a) aluno(a).
Diante de tantas proposições diferentes, podemos 
nos perguntar: Como trazemos para a minha re-
alidade atividades tão diferenciadas em grau de 
complexidade e execução, bem como em princípios 
culturais?
Devemos ter em mente que nenhuma prática, 
seja ela educacional seja social, deve se contrapor. 
Ela faz parte do escopo de nossa construção cultural 
como um todo. Dessa forma, propomos, aqui, ca-
ro(a) aluno(a), a leitura atenta dessa proposta: captar 
os princípios e os direcionar para a nossa realidade. 
De um lado, temos a sociedade oriental e, aqui, 
neste material, enfatizamos o extremo Oriente, uma 
das mais antigas civilizações do globo, que possui 
medicina milenar. Os seus estudos foram, basica-
mente, postulados pelo método intuitivo, ligado às 
tradições da época e que perduram até os dias de 
hoje, por meio da observação da relação do indi-
víduo com o meio e a sua influência mútua. Nesse 
contexto, o corpo e a mente são indivisíveis no pen-
samento holístico. 
Qi é um termo bastante utilizado na expres-
são das práticas orientais, ele é a base de 
toda contextualização feita em Medicina 
Oriental. Porém o seu real conceito diverge: 
alguns textos antigos dizem que a definição 
do conceito do que é o Qi ainda está longe 
do nosso entendimento, que ele não pode 
ser definido, mas apenas sentido, em sua 
expressão mais pura, nas interações e cria-
ções da vida. Curioso, não? Como o termo 
mais utilizado pode não ter uma descrição 
devidamente definida? Vamos procurar sa-
ber mais sobre esse tal de Qi? 
Fonte: a autora. 
SAIBA MAIS
28 
considerações finais
Nesta unidade, tivemos o breve relato sobre as PACs, o seu conceito no âmbito 
da Educação Física, a diferença entre os seus objetivos e os das práticas conven-
cionais, bem como a visão oriental sobre corpo e movimento mediante os seus 
aspectos culturais, correlacionando-os com os aspectos ocidentais. 
Diante de tal discussão, lembre-se de que não estamos conferindo menor im-
portância aos conteúdos e às práticas convencionais, que são parte do currículo 
da Educação Física e das intervenções em saúde e lazer e têm extrema relevância. 
O que elas propõem é a ampliação das possibilidades das vivências do corpo e do 
movimento, sob outra perspectiva, devidamente correlacionada e adequada ao 
meio de atuação, segundo determinadas necessidades e especificidades.
Não podemos nos esquecer da miscigenação que compõe a nossa sociedade e 
a nossa capacidade de criação e adaptação. Vivemos num país com grande diver-
sidade, fruto da combinação de várias etnias, isto nos dá grandes possibilidades 
de ampliar o nosso campo investigativo, enriquecendo, assim, nossas vivências. 
Lembre-se sempre dessa diversidade e da potencialidade que ela pode pro-
mover. Quantos alunos diferentes podem se apresentar em uma mesma turma, 
com capacidades físicas e personalidades diferenciadas? Assim como pessoas 
com vivências e origens diferentes, com dimensões e potencialidades peculiares, 
enfim, cada um se torna um universo, com construções próprias.
Objetivamos, nesta unidade, apresentar uma proposta de trabalho diferen-
ciada, que incite a busca de novos conhecimentos e vivências que enriqueçam 
as práticas, que permitam o desenvolvimento de cada um dentro do seu tempo, 
de modo que todos encontrem o prazer e o autoconhecimento em atividades 
enriquecedoras. Buscamos apresentar um breve relato sobre a possibilidade de 
buscar saúde física e mental em uma única atividade, que vise a desenvolver o 
bem-estar de modo geral, sem fragmentações, levando em conta a ludicidade, a 
auto-observação e o autocontrole físico e emocional.
 29
atividades de estudo
1. De acordo com a discussão apresentada nesta 
unidade, vimos que a Educação Física possui 
um direcionamento para a sua prática. Direcio-
namento esse que a norteia, a caracteriza e a 
configura tal como ela se apresenta hoje. Dessa 
maneira, qual dos temas a seguir você identifica 
como o objeto central de estudo da Educação 
Física? 
a) Cultura Corporal.
b) Corpo humano.
c) Corpo humano e movimento.
d) Cultura corporal e corpo humano. 
e) Corpo e mente. 
2. De acordo com a proposta das PACs, leia as afir-
mativas a seguir: 
I - As PACs contrapõem-se às práticas con-
vencionais à medida em que estabelecem 
objetivos diferentes de trabalho. 
II - Dentre os objetivos que as PACs propõem, 
destacam-se relaxamento, autopercep-
ção, autoconhecimento, competitividade, 
liberdade e criação.
III - As PACs não devemse misturar às práti-
cas convencionais, tendo em vista que a 
concepção de corpo entre ambas são di-
ferentes.
IV - As PACs provocam a desconstrução de 
um corpo pré-moldado, em que não exis-
tem ideais de perfeição nas performan-
ces, em que o fazer encerra por si mesmo, 
no sentido de não haver comparativos de 
resultados. 
É correto o que se afirma em:
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e III.
c) Apenas IV.
d) Apenas II, III e IV.
e) I, II, III e IV.
3. Em relação à cultura oriental e à sua concepção 
sobre o corpo e a mente, assinale verdadeiro (V) 
ou falso (F):
( ) Era de hábito dos antepassados orientais 
a constante observação da natureza, de modo 
que as suas teorias provêm da interação com 
ela. É muito comum, principalmente na cultu-
ra chinesa, que os processos fisiológicos se-
jam comparados e equiparados a fenômenos 
naturais. 
( ) De acordo com as tradições orientais, há 
uma energia que é fonte primária de todos os 
elementos e todas as criações, tudo no uni-
verso está permeado de uma substância vital 
denominada Qi, Prana, ou como é chamada 
no Ocidente, Energia Vital.
( ) Os movimentos, nas atividades propostas 
pela cultura oriental, são mais lentos e ritma-
dos, com foco na consciência de si mesmo, tra-
çando, desse modo, a interação com o meio.
A sequência correta é:
a) V; V; F.
b) F; F; V.
c) V; F; V.
d) F; F; F.
e) V; V; V.
30 
atividades de estudo
4. Sobre o pensamento holístico que compõe as 
PACs, assinale verdadeiro (V) ou falso (F): 
( ) Essa visão holística pode trazer ao indiví-
duo uma visão mais harmoniosa do próprio 
corpo, levando em consideração a sua indivi-
dualidade ao trabalhar a despadronização do 
corpo cuja padronização é imposta pela mídia 
e pelo mercado. 
( ) Essa visão traz uma análise concreta, que 
difere os indivíduos em suas habilidades e po-
tencializa o pensamento em detrimento do 
corpo. 
( ) O holismo propõe uma visão unilateral, 
que prima pelo desenvolvimento do corpo em 
detrimento das habilidades mentais, emocio-
nais e comportamentais. 
( ) Essa visão traz um conceito mais harmo-
nioso do próprio corpo, levando em consi-
deração a sua individualidade ao trabalhar a 
despadronização do corpo cuja padronização 
é imposta pela mídia e pelo mercado e, con-
sequentemente, coloca o foco nas performan-
ces perfeitas. 
A sequência correta é: 
a) V; V; F; F. 
b) F; V; V; V.
c) V; F; F; F.
d) V; F; F; V. 
e) F; V; F; V. 
5. Reflita sobre tudo o que estudamos nesta uni-
dade e faça um breve relato sobre como você, 
professor(a) de Educação Física, poderia utilizar 
os princípios das PACs em sua aula, utilizando, 
como base, uma atividade convencional, alteran-
do-a de acordo com tais princípios.
 31
LEITURA
COMPLEMENTAR
O pensamento oriental parte do princípio básico da uni-
dade entre o homem, natureza e divindade, sendo um, 
expresso no comportamento do outro. Por meio de uma 
filosofia milenar, tomamos como base as tradições chinesas 
que retratam esses princípios dentro de uma lógica própria. 
Segundo os chineses o homem vive entre o céu e a terra, 
mas o que isso quer dizer? De acordo com suas teorias, o 
céu significa aquilo que ainda não foi manifestado, tudo 
o que está em harmonia, é o Yang absoluto, enquanto 
que a terra é o Yin absoluto, ambos são puros e estão em 
equilíbrio dinâmico e interação constante.
Entre essas trocas e modificações incessantes surge o 
homem, fruto das transformações entre o céu e a terra 
surgindo, assim, a tríade que compõe a vida que conhe-
cemos. Para Sionneau (2014, p. 19): “Céu, Terra e Homem 
constituem um conjunto chamado “as três potências”.
Nesse contexto, temos talvez a expressão chinesa mais 
conhecida no ocidente e mais propagada pelo mundo, a 
teoria do Yin e do Yang, que desenvolveu e embasou toda 
a Medicina e Filosofia daquele povo. Baseada na interação 
das forças contrárias que geram forças resultantes como 
a alternância entre o Sol e a Lua gerando a luz e a escu-
ridão, o ciclo das estações e sua ação sobre o ambiente, 
o alto e baixo, o grande e o pequeno e assim por diante. 
Temos o Yin representando a força mais densa, escura, 
condensada, que age em movimento de introversão, de 
natureza feminina, a resultante dessas forças geram a 
noite, a chuva, a escuridão, a lua, os sentimentos e emo-
ções mais introspectivos e internalizados. Em oposição 
temos o Yang que é uma força de movimento, centrífuga, 
dilatada, de natureza masculina, que resulta no dia, no 
sol e claridade, potencializando as emoções mais explo-
sivas e expansivas. 
Dentro da tradição Chinesa, entender a teoria do Yin e 
do Yang é compreender toda a manifestação da vida, 
seus ciclos de transformação e interdependência em que 
a manifestação de uma dessas forças é potência para a 
geração da outra, incluindo o homem. Enquanto uma 
condensa a outra expande, uma acelera a outra lentifi-
ca e, assim, todas as forças da natureza se colocam em 
equilíbrio. 
Para os Chineses, no nosso corpo, o Yin e Yang mani-
festam-se em menor escala, na expressão de nossas 
emoções e nossos sentimentos, no desenvolver de nos-
sa personalidade e, também, nos processos fisiológicos 
como o ciclo circadiano, a entrada e saída de ar nos pul-
mões, o movimento de sístole e diástole dos batimentos 
cardíacos, que representam a contrariedade das forças 
agindo entre si, respectivamente, no estado de repouso 
e alerta, entrada e saída, contração e relaxamento. 
Dentro desta cosmogonia, os chineses conseguem classi-
ficar todos fenômenos conhecidos no universo, por meio 
da ação contrária das forças que têm como resultante a 
manifestação da vida. Toda essa filosofia vem da cons-
tante observação da natureza e de seus movimentos, 
para Sionneau (2014, p. 61) o chinês “observa o universo, 
tira suas conclusões e tenta se adaptar da melhor forma.”
Essa observação constante das forças inerentes à natureza 
inclui também a observação de si mesmo, como parte inte-
grante que se inter relaciona com o meio já que o homem 
é fruto da interação das forças entre o céu e a terra. Daí 
surgem as atividades de meditação e das artes marciais, 
que visam à busca do equilíbrio em si mesmo, da saúde 
orgânica e mental como um todo indissociável, observan-
do, compreendendo e se adaptando ao contexto que está 
inserido ao passo que também o modifica e constrói. 
Fonte: Sionneau (2014).
32 
material complementar
A Educação Física cuida do corpo e… “Mente” 
João Paulo S. Medina
Editora: Papirus
Sinopse: nesta obra, o autor procura refletir sobre as questões que envolvem o 
corpo, os interesses das pessoas acerca do corpo e a crise social brasileira, ao 
passo que aponta para novas possibilidades de compreender o corpo e as suas 
práticas numa perspectiva ampla, denominada, por esse autor, de conscientiza-
ção (pedagogia revolucionária), cujo referencial fora extraído do pensamento re-
volucionário de Paulo Freire. 
Comentário: esta obra de Medina gerou grande impacto e fervilhou discussões 
acerca da Educação Física, mas ela é importante para todos nós, profissionais da 
área, no sentido de ampliar os nossos horizontes no que tange a levá-la para ou-
tros ambientes da prática social.
Indicação para Ler
Tao Te Ching: o livro que revela Deus
Lao-Tsé
Editora: Martin Claret
Sinopse: o Tao Te Ching, de Lao Tsé, é um clássico da literatura Taoísta da China 
antiga, foi escrito por volta do século VI a. C. e é composto por 81 poemas ou 
capítulos que transcrevem a essência da filosofia oriental. Inspirou vários líderes 
políticos e religiosos ao longo dos séculos, assim como diversas correntes filosó-
ficas e religiosas.
Comentário: mergulhar na leitura do Tao Te Ching é iniciar uma imersão em si 
mesmo, é olhar com mais profundidade para o exercício de nossa existência.
Indicação para Ler
 33
material complementar
“O Mistério do Chi” é um episódio da série Healing and the Mind, organizada pelo 
jornalista premiado Bill Moyers, que explora diversasquestões no campo da 
medicina alternativa. A série é dividida em sete partes, que explica o Qi, ou Chi, 
o nome chinês para a “força vital” que afeta e anima todos os seres. O episódio 
também explica as práticas corporais desenvolvidas pelos chineses mediante as 
suas teorias. 
Web: https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=FQwVyKl7F7w
Indicação para Acessar
Esta é uma entrevista com a Dra. Denise Benucci de Santana, doutora em His-
tória pela Universidade de Paris, autora do livro História da Beleza no Brasil. Ela 
relata a temática de sua obra, contextualizando os diferentes padrões de beleza 
adotados ao longo do tempo e as suas influências sociais e culturais. 
Web: https://www.youtube.com/watch?v=-r5BoCXPHuM
Indicação para Acessar
Artigo publicado na revista da FAEEBA, que nos traz reflexões sobre como a fi-
losofia ocidental vem desenvolvendo o conceito do autocuidado ao longo da 
nossa história. 
Web: http://www.uneb.br/revistadafaeeba/files/2011/05/numero10.pdf 
Indicação para Acessar
34 
referências
gabarito
BRANDÃO, D.; CREMA, R. Visão Holística em Psi-
cologia e Educação. Brasília: Summus, 1991. 
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâme-
tros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC; SEF, 1993. 
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Pa-
râmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. 
Brasília: MEC; SEF, 1997. 
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: apre-
sentação dos temas transversais e ética. Rio de Janei-
ro: DO&A, 2000. 
LAZZAROTTI FILHO, A. et al. O termo práticas 
corporais na literatura científica brasileira e sua re-
percussão no campo da Educação Física. Movimen-
to, Porto Alegre, v. 16, n. 1, p. 11-29, jan./mar. 2010. 
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ral. São Paulo: Scipione, 2003. 
IMPOLCETTO, F. et al. As práticas corporais alter-
nativas como conteúdo da Educação Física escolar. 
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MARIN, G. Os cinco elementos e as seis condi-
ções: uma abordagem Taoísta à cura emocional, à 
psicologia e à alquimia interna. São Paulo: Cultrix, 
2010. 
SIONNEAU, P. A Essência da Medicina Chinesa: 
retorno às origens. São Paulo: Editora Brasileira de 
Medicina Chinesa, 2014. Livro I. 
SOARES, C. L. et al. Metodologia do Ensino da Edu-
cação Física. São Paulo: Cortez, 1992. 
SOUZA, J. C de. “Cuidado de si” e as virtudes: o pa-
radigma “terapêutico” da Filosofia. Revista da FAE-
EBA, Salvador, n. 10, jul./dez.1998.
1. B.
2. C.
3. E.
4. C. 
5. Procure absorver em seu relato a ideia central da proposição das PACs, que 
é o foco na autopercepção, no autoconhecimento e na criação de novas pos-
sibilidades, respeitando sempre a individualidade de cada praticante, sem 
comparações de resultados e/ou foco na competitividade.
UNIDADE II
Professora Esp. Érica Fernanda Lopes
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• Os princípios do Yoga
• Yoga: Filosofia ou Ginástica?
• O Yoga na Educação Física
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar os princípios fundadores do Yoga.
• Conceitualizar os aspectos filosóficos e práticos do Yoga, 
discutir o entrelaçamento dos conceitos.
• Discutir os métodos da prática do Yoga na Educação Física.
YOGA 
unidade 
II
INTRODUÇÃO
Olá, querido(a) aluno(a)! Nesta unidade, dialogaremos um pouco sobre 
uma prática da cultura oriental bastante difundida no Ocidente, o Yoga. 
Essa prática, que surgiu na Índia, inseriu-se na cultura ocidental e se in-
corporou ao seu modo de vida. Ela traz consigo aspectos religiosos, filo-
sóficos e corporais, solidificando o princípio das terapias holísticas, que 
partem da ideia de que nós somos o fruto da interação do todo, ou seja, 
o corpo, o pensamento e as ideias do indivíduo são o próprio indivíduo, 
e ele está em contato com a natureza a todo o momento, interagindo e 
atuando sobre ela, ao passo que ela interage e atua sobre ele. 
Na prática do Yoga, verificamos a possibilidade de domínio sobre a 
mente e de contato com a divindade, segundo as teorias, por meio de mo-
vimentos pré-determinados, os Ásanas, que são posturas próprias de cada 
estilo. Em conjunto com os Ásanas, são executados diferentes tipos de res-
piração que: ou acompanham o movimento ou são executados separada-
mente, e também os mantras, que são cantos pronunciados no idioma raiz 
do Yoga, o sânscrito, além de práticas de aprimoramento da conduta moral. 
A vinda do Yoga para o Ocidente trouxe-nos possibilidades de co-
nhecer uma nova visão sobre nós mesmos. Os seus praticantes dizem 
que ele se torna um estilo de vida, que engloba desde a alimentação até a 
maneira de observar os fatos ao nosso redor. 
A resposta positiva manifesta-se no número crescente de praticantes 
a cada ano, no Brasil, de acordo com a Revista Exame (BAGDADI, 2011). 
Temos em torno de 500 mil praticantes dessa modalidade, que buscam, 
principalmente, o alívio do estresse, a melhora na qualidade de vida e a 
conexão entre o corpo e a mente. 
Nesse contexto, como nós poderemos inserir o Yoga em nossas ati-
vidades? Quais os benefícios que ela nos traz? Convido você a refletir 
conosco sobre isso e a pensar em possibilidades de ampliar e enriquecer 
a prática do dia a dia na Educação Física.
40 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Olá, querido(a) aluno(a)! Vamos iniciar os nos-
sos estudos sobre o Yoga? Esta é uma prática que 
surgiu na Índia antiga a cerca de 5 mil anos e se 
desenvolveu ao longo dos séculos, criando uma 
tradição extensa e complexa, sendo um ramo das 
vertentes espirituais do Hinduísmo. O seu sur-
gimento deu-se junto com a cultura dos povos 
Védicos, que possuem as escrituras sagradas mais 
antigas já descobertas, os Vedas. 
Inicialmente, a prática surge como técnica de 
controle mental e de respiração, incluindo o canto 
dos mantras com o objetivo de adoração e contato 
com as suas divindades. Com o passar dos tem-
pos, surgiram os Ásanas, que compõem a prática 
corporal do Yoga. Segundo os seus princípios, a 
união desses elementos promove a elevação espi-
ritual do ser, colocando-o em contato com as di-
vindades por meio da disciplina da prática. 
Os Princípios 
do Yoga
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 41
Existem vários estilos diferentes de Yoga de-
pendendo da cultura espiritual em que ele se inse-
re, sendo dividido, segundo Feuerstein (2005), em 
três grandes formas: o Yoga Hindú, o Yoga Budista 
e o Yoga Jaina, e dentro de cada uma dessas culturas 
espirituais, a prática assumiu sete principais estilos, 
definidos por sua finalidade: 
1. Raja-Yoga Também chamado de Pâtanjala-
-Yoga ou Yoga Clássico (Yoga Real).
2. Hatha-Yoga (Yoga da força).
3. Karma-Yoga (Yoga da ação).
4. Jnâna-Yoga (Yoga da sabedoria).
5. Bhakti-Yoga (Yoga da devoção).
6. Mantra-Yoga (Yoga dos sons poderosos).
7. Tantra-Yoga (Yoga da continuidade) que in-
clui o Kundalinî-Yoga (Yoga do poder da ser-
pente) e o Laya-Yoga (Yoga da dissolução).
No transcorrer dos séculos, contudo, o Yoga foi se de-
senvolvendo em teoria e prática, seguindo a evolução 
de seus mestres. Segundo Barros et al. (2014), Patan-
jali, um dos principais mestres yogues, sistematizou, 
no século II a. C., os oitos passos seguidos até hoje: 
1. Yama, as abstinências (não violência, vera-
cidade, honestidade, não perversão do sexo, 
desapego).
2. Niyama, as regras de vida (pureza, harmonia, 
serenidade, alegria, estudo).
3. Ásanas, as posições do corpo.
4. Pranayama, o controle da respiração.
5. Pratyahara, o controle das percepções senso-
riais orgânicas.
6. Dharana, a concentração.
7. Dhyana, a meditação. 
8. Samadhi, a identificação. 
42 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
do Yoga é recente se comparado aos seus 5 mil anos 
de história documentada. 
No Ocidente, ele surge em 1983, com a chegada 
do Swami Vivekananda aos Estados Unidos, quando 
ele proclamou os méritos do Yoga no Parlamento do 
Mundo das Religiões, em Chicago, Illinois. Desde 
então, grandes nomes do Yoga começaram a chegar 
e a se destacar nesse país, trazendo assuas técnicas 
e os seus ensinamentos. Também podemos citar Pa-
ramhansa Yogananda, em Boston, nos anos 20, e a 
“primeira dama do Yoga” das Américas, Indra Devi, 
na Califórnia, em 1947 (SIEGEL; BARROS, 2013). 
No Brasil, a chegada do Yoga deu-se oficialmen-
te em 1936, com a vinda do francês Swami Asuri Ka-
pila a Porto Alegre. Desde então, a prática caminha 
a passos largos, se adequando e se refazendo na cul-
tura ocidental. A formação de um yogue, na Índia, 
dá-se por meio de um mestre, com anos de estudos/
prática, transmitindo os ensinamentos para o seu 
discípulo, que também, após anos de formação, está 
apto a se tornar mestre. 
Figura 1 - Swami Asuri Kapila
Fonte: Escuela Internacional de Yoga ([2019], on-line)2.
Todas essas vertentes têm como princípio a discipli-
na da prática e o conceito de que o indivíduo pos-
sui mais do que um corpo, mas também tem uma 
consciência infinita capaz de realizar grandes ações, 
desde que ela seja submetida à disciplina do autoco-
nhecimento. As práticas são as ferramentas para que 
esta transcendência ocorra. 
Atualmente, o Hatha-Yoga é o estilo mais difun-
dido no Ocidente e abrange a prática dos Ásanas, 
que é a parte física do Yoga. A grande crítica dos 
yogues tradicionais em torno deste fato é a de que 
o Yoga passa a ser puramente um método de ginás-
tica, não adentrando a sua dimensão espiritual, que 
abrange o ser como um todo. A esse respeito Feuers-
tein (2005, p. 19), ainda nos aponta que: 
O mais importante é que as posturas são so-
mente a “pele” do Yoga. Por trás dela se ocultam 
a “carne e o sangue” do controle da respiração 
e das técnicas mentais, que são ainda mais difí-
ceis de se aprender, além de práticas morais que 
exigem toda uma vida de perseverante aplica-
ção e correspondem ao esqueleto do corpo. As 
práticas superiores da concentração da medita-
ção e do êxtase unitivo (Samâdhi) são análogas 
ao sistema circulatório e nervoso. 
Dentro desse contexto, podemos compreender o 
Yoga como um sistema complexo que perpassa, em 
sua proposta, as condições físicas para um estilo de 
vida, integralizando o conceito holístico que tanto 
citamos nesta obra. Porém devemos compreender 
que vivemos em uma sociedade com hábitos cultu-
rais diferentes, os quais não dão, em maior parte, as 
condições de dedicar uma vida ao Yoga, como fazem 
os mestres hindus. 
Por essa razão citada anteriormente, podemos 
adequar os benefícios dessa prática ao nosso cotidia-
no, até porque, em nossa civilização, o surgimento 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 43
Aqui no Brasil, e no Ocidente como um todo, esse 
processo foi acelerado com o surgimento das escolas 
de Yoga que ministram cursos para a formação de 
professores ou instrutores. Hoje existem federações 
e associações que regulamentam e norteiam a práti-
ca pelo país. Na literatura, temos como pioneiros o 
professor José Hermógenes de Andrade Filho e o ge-
neral Caio Miranda, ambos de vertente militar, que 
iniciaram a produção literária no país. 
Desde então, o número de adeptos cresce cada vez 
mais. Diante desse crescimento expressivo, podemos 
nos questionar: O que as pessoas têm buscado com a 
prática do Yoga? A provável resposta a essa pergunta 
pode estar nos hábitos de vida desenvolvidos com 
a modernidade que, apesar de nos proporcionarem 
maior conforto, trazem consigo problemas, como: o 
aumento do índice de estresse e de ansiedade, de-
vido ao ritmo de vida mais intenso e ao excesso de 
ocupações que nos são impostas. 
Nesse sentido, deparamos-nos, no Yoga, com 
uma filosofia avessa a essa vivida por nós. A filoso-
fia yogue prega a mudança de hábitos insalubres e 
de estilo de vida, desde a alimentação até condutas 
morais. De acordo com o livro sagrado Bhagavad 
Gita (2009, p. 47), “aquilo que se chama renúncia é 
o mesmo que yoga, ou união com o Supremo, pois 
somente pode tornar-se um yogi quem renuncia ao 
desejo do gozo dos sentidos”.
Aqui, vemos que, dentre os seus princípios, 
o domínio da mente é o agente principal, pois, 
aprendendo a controlá-la, dominamos as nossas 
paixões e conquistamos o equilíbrio em nossa 
existência. De acordo com o mestre yogue Pra-
bhupada (2012, p. 35), “Enquanto a pessoa não 
puder controlar a mente, fica afastada qualquer 
hipótese de elevação. O corpo é como uma carru-
agem, a mente é o cocheiro”. 
Assim, o sistema yogue destina-se ao controle 
dos sentidos: se a mente está acima deles, ela está 
controlada, e todo o restante também estará. O ver-
dadeiro yogue controla as suas atividades sensuais e 
as coloca a seu favor, de modo a potencializar as suas 
atividades essenciais, pois consegue limpar a mente 
das distrações. 
Figura 2 - José Hermógenes de Andrade Filho
Fonte: Alimento e você (2015, on-line)3.
Figura 3 - General Caio Miranda 
Fonte: Skoob ([2019], on-line)4.
44 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
O domínio da mente, segundo os princípios da filo-
sofia yogue, liberta-nos do controle das necessida-
des físicas, em que somos dominados pelos nossos 
ímpetos, pelas vontades e emoções desregradas, 
como a raiva e a euforia, que nos tornam reféns de 
nossos próprios impulsos, afastando-nos do nosso 
verdadeiro propósito de evolução. 
O mestre Prabhupada (2012, p. 107) ainda nos 
aponta que “a pessoa sóbria que pode tolerar a von-
tade de falar, as exigências da mente, as ações da ira 
e as exigências da língua, do estômago e dos órgãos 
genitais está qualificada para fazer discípulos no 
mundo inteiro”.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 45
Dessa maneira, estamos diante de uma tradição mi-
lenar que se espraia para as dimensões físicas, no 
sentido de manutenção e desenvolvimento do cor-
po, a dimensão mental, no sentido de dominar a 
mente e as paixões que nos desviam do verdadeiro 
propósito de vida, e a dimensão espiritual, que nos 
conecta com a divindade, ao passo que ganhamos 
autonomia do materialismo que nos prende. 
O Yoga torna-se uma ferramenta importante 
dentro das PACs, pois ele traz arraigado, em sua fi-
losofia, os conceitos mencionados na unidade ante-
rior: o holismo na visão do meio e do ser como um 
todo integrado.
46 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Yoga: 
Filosofia 
ou Ginástica?
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 47
Atualmente, no Ocidente, deparamos-nos com a 
crescente procura pela prática do Yoga, assim como 
o considerável aumento no número de escolas de 
formação de professores e/ou instrutores e também 
o intercâmbio entre os dois hemisférios. 
Quando trazido ao Ocidente, inicialmente, nos 
Estados Unidos, o sistema yogue teve que passar por 
transformações para se adequar à realidade cultu-
ral aqui existente. A sua complexidade em relação à 
prática física foi bem assimilada, porém, no tocante 
às questões espirituais, há algumas diferenças con-
sideráveis. 
Definir o que é o Yoga pode ser uma tarefa difícil 
para nós, ocidentais, em razão da diferença cultural, 
tendo em vista que a Índia antiga tem o misticismo 
espiritual como princípio norteador de suas condu-
tas morais desde os primórdios da formação de sua 
civilização. 
A palavra Yoga, que se origina do sânscrito an-
tigo, significa “união”, referindo-se à união entre a 
consciência individual e a suprema. Dessa forma, 
a prática, na visão hinduísta, é o caminho para que 
essa união se concretize. Todos aqueles que desejam 
buscar a união com o supremo devem integrar-se à 
prática, vivenciando todos os seus aspectos. É im-
portante, nesse sentido, considerar a complexidade 
religiosa que aquela região possui. 
Em sua origem, o Yoga torna-se uma filosofia de 
vida, em que o praticante se reconhece como par-
te integrante de um Ser (energia) supremo, com o 
objetivo da satisfação do todo completo. De acordo 
com os seus escritos, estamos separados de nossa 
origem divina, pois a nossa mente está ocupada de-
mais nos afazeres, como a aquisição de conforto e 
bens materiais. Seria, então, necessário nos libertar 
das falsas necessidades que possuímos e nos alinhar 
com a verdadeira potencialidade do ser, revelada pe-
las escrituras sagradas. 
Em suaorigem, o Yoga tornou-se um caminho 
para esse encontro transcendental para libertar a 
mente de todo o obscurecimento na busca da reali-
zação de si mesmo, por meio da união com o todo 
(espiritualidade). Os seus caminhos denotam a forte 
conotação espiritual, filosófica e terapêutica, pois o 
equilíbrio da mente manifesta-se também no corpo 
físico, equilibrando-o igualmente. 
No Ocidente, porém, encontramos fins diferen-
ciados para a prática. A sua finalidade principal está 
atrelada à melhora na qualidade de vida, promo-
vendo a união da filosofia com a saúde, relacionada 
tanto a fatores físicos como psíquicos. Estes aspectos 
são amparados por inúmeras pesquisas na área da 
saúde em que se comprovam a melhora de doenças 
por meio da prática. 
48 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Um estudo realizado por Siegel e Barros (2013) revelou-nos os diversos 
benefícios que a prática regular do Yoga pode trazer, benefícios esses 
que perpassam os aspectos bio-psico-sociais, a saber:
Contribuições sociais: 
associadas à constru-
ção de uma nova so-
ciabilidade.
Contribuições filosóficas: o desenvolvi-
mento da capacidade contemplativa e 
a expansão da percepção da totalidade, 
que constituem a base do movimento 
holístico, assim como a noção do cuida-
do integral (dimensões biológica, psico-
lógica, sociológica e espiritual). 
Contribuições físicas: o enco-
rajamento a dietas mais sau-
dáveis e o estímulo à consci-
ência corporal, especialmente 
em relação ao envelhecimento 
e às doenças crônicas. 
Reeducação de hábitos associa-
dos aos vícios legais (medicação, 
alimento, álcool, tabaco, traba-
lho, sexo etc.) e ilegais (drogas 
ilícitas, jogo etc.). 
Desenvolvimento de cultu-
ra de paz (prática da não 
violência) e de estilos de 
vida e valores que promo-
vem a maior tolerância en-
tre grupos étnicos, gêneros 
e classes sociais. 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 49
Assim, a prática dos Ásanas, no Hatha Yoga, o estilo 
mais difundido no Ocidente, ganha especial desta-
que no meio terapêutico em função dos inúmeros 
benefícios que ela traz. Além de seus fundamentos 
morais que, por sua vez, norteiam, filosoficamente, a 
vida do praticante. 
Estamos diante de um sistema milenar que se ade-
quou às necessidades sociais de cada época e que é 
de grande valia nos dias atuais, assim como foi nos 
seus primórdios. Os seus ensinamentos atravessa-
ram o tempo, oportunizando a harmonia entre o 
corpo e a mente. Ele serve tanto para aqueles que o 
praticam como método ginástico quanto para aque-
les que buscam a influência espiritual mais profunda 
em diferentes tempos da história e em diferentes lo-
cais do globo.
50 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Caro(a) aluno(a), diante dos aspectos já discutidos 
sobre a Educação Física em seu cenário atual, refle-
tiremos um pouco sobre como podemos entrelaçar 
aos seus conteúdos um sistema milenar com carac-
terísticas e princípios próprios, os quais antecedem, 
em termos de história, a nossa disciplina em pauta. 
Iniciaremos pelas semelhanças entre ambas. O 
sistema Yogue, como dito anteriormente, propõe, 
em sua essência primária, a busca pela transcendên-
cia da consciência puramente material, unindo-nos 
ao divino que há em nós e nos levando ao encontro 
da divindade suprema, tendo os componentes espi-
ritual e filosófico fortemente presentes. 
O caminho para essa transcendência, contudo, 
tem como veículo principal o corpo e, consequen-
temente, as suas manifestações. Inserido na cultura 
ocidental, este caráter religioso do Yoga perde um 
pouco a sua força, tendo em vista o modus operandi 
de nossa sociedade. Aqui, o Yoga modifica-se na sua 
forma de se apresentar diante de novas necessidades, 
porém, a sua essência espiritual deve ser mantida 
para não haver descaracterização. 
O corpo, aqui, é a ferramenta para essa busca, o 
“instrumento” pelo qual o indivíduo dá abrigo à sua 
consciência que, por sua vez, alberga a nossa mente, 
e ela, por sua vez, se manifesta segundo cada indivi-
O Yoga na 
Educação Física
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 51
dualidade. A mente em questão tem uma ação direta 
sobre o nosso corpo, que responde a seus estímulos, 
executando as emoções manifestadas por ela. Para 
Dethlefsen e Dahlke (2007, p. 17, grifos dos autores): 
A doença é um estado do ser humano que indi-
ca que, na sua consciência, ela não está mais em 
ordem, ou seja, na consciência, registra que não 
há harmonia. Essa perda de equilíbrio interior 
se manifesta no corpo como um sintoma. Sen-
do assim, o sintoma é um sinal e um transmis-
sor de informação, pois, com seu aparecimento, 
ele interrompe o fluxo de nossa vida e nos obri-
ga a prestar-lhe atenção. 
Dentro dessa perspectiva, o corpo é a ferramenta 
pela qual nos manifestamos e interagimos com o 
mundo material. Dessa forma, corpo e mente estão 
contidos um no outro, sob mútua influência, o cor-
po somatiza em si os desequilíbrios da mente, e esta 
responde às necessidades biológicas do corpo, e toda 
essa teia complexa de relações formam o indivíduo.
Esse indivíduo, por mais que possua característi-
cas semelhantes oriundas de hábitos e aspectos bio-
lógicos, faz-se também um ser único e diferenciado 
no que tange às questões íntimas de sua personalida-
de e de sua mente. Os seus desejos, emoções, anseios 
e reações diante de determinadas circunstâncias, os 
seus apegos e relações com os demais são próprios 
do desenvolvimento de cada um. 
Esse desenvolvimento tem origens em questões 
sociais, familiares, hereditárias e educacionais, assim 
como na sua personalidade. É desse aspecto pessoal 
e íntimo que o Yoga e as demais práticas alternativas 
tratam, desse aspecto único de cada um e que não 
pode ser ignorado na formação dos indivíduos. 
Na formação de valores individuais e coletivos, 
no desenvolver da relação do indivíduo consigo mes-
mo por meio do autoconhecimento, na relação com 
meio no qual ele está inserido e na sua manifestação 
com esse meio, bem como o encontro da satisfação 
pessoal, fazem parte dessa busca que essas práticas 
tanto preconizam. Na harmonia interna e no equilí-
brio de suas paixões é que encontramos a verdadeira 
paz manifesta, de acordo com tal filosofia. 
Assim, a Educação Física, que também tem o 
corpo como objeto de estudo, possui a possibilida-
de de espraiar a sua atuação. Ao longo dos últimos 
anos, ampliou-se a discussão, dentro desse campo, 
sobre as limitações de tratar um corpo puramente 
orgânico. É crescente a busca pela ampliação desse 
conceito, considerando todos os aspectos que per-
meiam o indivíduo ao tratar de seu corpo. 
A visão holística tem ganhado espaço dentro da 
Educação Física, ao passo que verificamos a força 
desse movimento na área da saúde. Hoje, o conceito 
de ampliar os olhares sobre o indivíduo é forte nesse 
campo, pois percebemos a necessidade de integrali-
zar os aspectos mentais, sociais e biológicos na bus-
ca da desfragmentação e da construção de uma nova 
visão sobre o todo que permeia a vida do indivíduo. 
Atualmente, o Yoga é aceito pela Organização 
Mundial de Saúde (OMS) e está incluso na Política 
Nacional de Práticas Alternativas e Complementa-
res (PNPIC). Este fato tem popularizado cada vez 
52 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
mais a prática e levado os seus benefícios para uma 
vasta gama de pessoas em toda a sociedade. 
No Brasil, temos políticas públicas que adotam 
a prática no Sistema Único de Saúde (SUS), obtendo 
satisfatórios resultados na prevenção de doenças e 
na melhora da qualidade de vida, por meio da redu-
ção do estresse e da ansiedade em seus pacientes. No 
âmbito educacional, tem sido comum, nas escolas, 
a adoção da prática da Yoga como estratégia de atu-
ação, principalmente no trato de questões compor-
tamentais. A esse respeito, Moraes e Balga (2007, p. 
60) apontam que: 
A Yoga, nesse sentido, não vem resolver todo 
o problema da indisciplina e relacionamento 
interpessoal, e sim, buscar a integração corpo-
-mente como forma de harmonizar seus senti-
mentos, buscando uma transformaçãoem seu 
comportamento, a fim de ser menos agressivo, 
ansioso, mais consciente de si, de sua impor-
tância no mundo, aumentando sua auto-estima 
e tornando o indivíduo um ser mais sereno e 
estruturado.
vida agitada e à carência de afetividade em meio aos 
problemas sociais em todas as classes, aspectos esses 
que nos colocam em derrocada. 
O Yoga, nesse caso, não deve ser pontuado como 
uma visão salvacionista para tais questões, mas sim, 
como um recurso de forte influência, que tem al-
cançando resultados cada vez mais satisfatórios ao 
promover a melhora no controle emocional e no co-
nhecimento de si mesmo, e que também promove 
transformações internas nos indivíduos, fato que se 
reflete, consequentemente, na vida em conjunto. 
COMO INSERIR O YOGA NA PRÁTICA 
DIÁRIA? 
Desse modo, vemos que a integralização entre as 
questões psíquicas e físicas é uma boa ferramenta 
para alcançarmos os nossos objetivos de vida. Depa-
ramos-nos cada vez mais com problemas relaciona-
dos à conduta emocional, ao estresse do dia a dia, à 
Neste momento, você deve estar se perguntando: 
Como inserir toda essa gama de conteúdos e con-
ceitos na minha prática diária? Primeiramente, 
devemos pensar que, no ambiente de intervenção 
onde estamos, seja ele na escola, no clube, nos even-
tos, nas academias, nas praias, nos parques, dentre 
outros, independentemente de qual seja o local, os 
conteúdos devem ser selecionados de acordo com o 
nível de maturidade e de preparação do público-alvo 
para que, dessa forma, os seus benefícios sejam me-
lhor aproveitados. 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 53
Nesse contexto, que tal iniciar com uma boa con-
versa, explorando o conhecimento que eles já pos-
suem sobre o tema, ao passo que expõe aquilo que 
eles verão de novo? As curiosidades e particularida-
des da prática? Obviamente, nos aprofundaremos no 
assunto de acordo com o interesse e o grau de com-
preensão do grupo. 
Podemos iniciar com a realização de posturas 
básicas, com Ásanas de fácil execução. A seguir, ci-
tamos alguns exemplos dentre tantas possibilidades 
que podemos encontrar, de acordo com cada estilo e 
com o objetivo pretendido com a prática. 
1. Tadasana ou Postura da Montanha: o praticante se 
coloca em pé, ajustando a sua postura, distribuindo 
o peso igualmente sobre ambos os membros, sem for-
çar, buscando a naturalidade da disposição do corpo, 
ao passo que inicia a respiração fluída e suave, com 
entrada e saída de ar pelas narinas. Os braços ficam 
paralelos ao corpo, a coluna alongada, os ombros rela-
xados, e pode-se fechar os olhos. É uma ótima postura 
para trabalhar o equilíbrio físico e mental e observar o 
fluir da energia pelo corpo. 
2. Ardha Uttanasana ou Postura de Meia Flexão para a 
Frente: nesta posição, recomenda-se manter o abdome 
em contração para proteger a coluna lombar, flexionar 
o tronco para frente, levando ambas as mãos em dire-
ção ao solo, recuando os ombros para trás e mantendo 
a tração na musculatura das pernas, o olhar se volta 
para o chão e leva o foco para a respiração. Aqui se bus-
ca a resignação por meio da flexibilidade para se curvar 
diante da vida. 
54 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
5. Virâsana ou Postura do Herói: nesta postura, o pratican-
te senta-se sobre os calcanhares, mantendo a extensão 
das pernas na parte anterior, e o tronco ereto, apoiando 
o dorso dos pés no chão, as mãos são sobrepostas aos jo-
elhos, mantendo os ombros relaxados. Ela alonga a parte 
frontal das pernas, fortalece o abdome inferior e trabalha 
a tranquilidade e o equilíbrio. 
3. Adho Mukha Svanasana ou Postura do Cachorro de Ca-
beça para Baixo: esta é uma postura bem tradicional na 
prática do Yoga, considerada uma postura de transição, é 
executada várias vezes durante a prática do modo Vinya-
sa. Neste Ásana, o peso do corpo deve ficar bem distribu-
ído ao longo das mãos e do pé, com os dedos afastados, 
os calcanhares podem, ou não, tocar o solo. O pescoço 
deve estar relaxado, e o olhar direcionado para a região 
do umbigo. Esta postura permite concentrar maior flu-
xo de energia (Qi ou Prana) para a cabeça, acalmando e 
trazendo serenidade, além de fortalecer e alongar toda a 
musculatura da região posterior do corpo. 
4. Ardha Bhujangasana ou Meia Postura da Cobra: esta 
posição deve ser executada em decúbito ventral, com 
os braços flexionados, os antebraços apoiados no chão e 
paralelos ao corpo. Eleva-se o tórax do chão, promoven-
do a flexão posterior do tronco, enquanto os glúteos se 
mantêm contraídos, e as pernas, ligeiramente afastadas, 
mantendo os pés em flexão plantar. Esta postura abre a 
região da garganta, abrindo a comunicação e liberando o 
fluxo de energia da região, ao passo que alonga o peitoral 
e fortalece a região lombar. 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 55
Para a execução da prática, o uso de tapete de Yoga 
ou de colchonetes e almofadas adequadas também é 
recomendado. Porém cada professor/instrutor deve-
rá adequar a sua prática de acordo com o espaço e o 
material que possui, pois o elemento mais importan-
te para a prática é o próprio praticante. 
Na prática do Yoga, observamos que cada 
Ásana trabalha aspectos físicos, emocionais 
e mentais ao mesmo tempo. Existem gru-
pos de Ásanas que, quando praticados em 
conjunto, formam sequências com nomes e 
funções específicas, por exemplo, a Saudação 
ao Sol ou Surya Namaskara, que se refere ao 
simbolismo entre o sol e a alma, celebrando 
o nascer de cada dia. 
Fonte: a autora.
SAIBA MAIS
Muitos associam as posturas do Yoga a movimen-
tos de animais, como o alongamento do cachorro, 
o andar do crocodilo, a respiração do gato e assim 
por diante, tudo o que a imaginação possibilitar. O 
ambiente também deve ser pensado, de preferência, 
um local limpo, tranquilo e bem ventilado e, além 
disso, os alunos devem estar à vontade, com roupas 
confortáveis para não inibirem o movimento e com 
os pés descalços. 
Deste modo, outro aspecto a ser considerado é 
que, ao abordar, principalmente crianças ou adoles-
centes, o elemento lúdico deve se fazer presente a 
todo momento, principalmente na primeira infân-
cia. Ele torna a aula mais atrativa e divertida, pois, 
por meio dele, expressamos os valores contidos em 
nosso modo de vida. Para Laville e Dionne (1999, p. 
94), as atividades lúdicas “são representações men-
tais, representações do que é bom, desejável, ideal, 
de como as coisas deveriam ser ou procurar ser, são 
preferências, inclinações, disposições, para um esta-
do considerado desejável”. 
Não se deve cobrar a perfeição na execução dos mo-
vimentos, o praticante deve estar à vontade dentro 
do Ásana, respeitando os seus limites físicos e men-
tais. A complexidade deve ser inserida ao longo da 
prática segundo as limitações de cada um. 
Os exercícios respiratórios ou Pranayamas são 
de grande importância, já que o contato com a res-
piração acalma, desacelera a pulsação cardíaca e 
melhora a concentração, reconectando-nos conos-
co. Técnicas meditativas de visualização também são 
bastante utilizadas, esse meio explora a capacidade 
imaginativa e de criação, além de facilitar a condu-
ção da mente para o relaxamento mais profundo. 
56 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Existem diferentes maneiras de abordar o Yoga e 
manter a fidelidade ao método é de grande impor-
tância para que a sua essência não se perca, porém 
cabe a cada profissional orientar de acordo com a 
realidade apresentada e direcionar a prática para a 
finalidade útil aos participantes, lembrando sempre 
que o Yoga é uma importante ferramenta de autoco-
nhecimento e de descobertas das novas potenciali-
dades. Utilize-a com sabedoria! 
Para Marin (2010, p. 88): “Nossa respiração 
é a ponte interna que conecta todos os ní-
veis da consciência em nosso interior.” Isto 
nos estimula a refletir sobre a importância 
da respiração na prática do Yoga e de outras 
modalidades. 
Fonte: a autora.
SAIBA MAIS
 57
considerações finais
Nesta unidade, discutimos brevemente sobre o Yoga, tendo em vista que este é 
um assuntoextenso, com um apanhado bibliográfico amplo. A sua história de 5 
mil anos permite-nos uma gama de literatura, porém os textos clássicos ainda são 
a base que devem nortear os estudos de um yogue. 
Aqui, trouxemos uma breve descrição desse sistema milenar, oriundo de 
uma cultura que possui forte ligação com as suas insígnias religiosas, e o fato 
é que não conseguimos distinguir o Yoga da espiritualidade presente no meio 
onde ele nasceu. 
Os Estados Unidos adquiriram, com o passar do tempo, características dife-
renciadas do Yoga tradicional ensinado na Índia, pois os ensinamentos, aqui no 
Ocidente, começaram a acontecer por meio das escolas, e não mais entre mestres 
e discípulos diretamente. Aqui, ele ganhou uma roupagem de acordo com as ne-
cessidades da sociedade moderna ocidental onde está inserido. 
Temos visto o Yoga como uma crescente ferramenta de promoção da saúde 
psicofísica e, no Brasil, vemos o sistema inserido nos programas de saúde pú-
blica, com resultados satisfatórios na prevenção e no auxílio no tratamento de 
doenças diferenciadas. 
A prática vem se tornando cada vez mais comum entre os brasileiros, nos 
clubes, nos estúdios e nas academias que abarcam praticantes na busca de melho-
ra da sua qualidade de vida. Assim, a Educação Física tem papel preponderante 
nessa difusão, visto que o sistema yogue cabe dentro de seu escopo, tendo em 
vista que o principal objeto de estudo da área são o corpo e as suas manifestações. 
O autoconhecimento pode despertar no praticante potencialidades até então 
inibidas pelos processos mentais equivocados e insalubres que desenvolvemos, 
devido ao nosso modo de vida moderno. 
Sendo assim, esperamos ter apresentado o Yoga de maneira coerente, mesmo 
que de forma reduzida, se comparada à grandiosidade de conhecimento contido 
no sistema yogue. Desejamos que esse método enriqueça o seu trabalho, e que 
a busca pelo conhecimento apresentado não se limite a esta breve apresentação.
58 
atividades de estudo
1. O Yoga divide-se em diferentes estilos segundo 
as suas origens e as tradições do grupo onde ele 
está engendrado, e sabemos que existem três 
grandes métodos de prática de Yoga desenvolvi-
dos ao longo dos séculos. De acordo com o que 
foi apontado nesta unidade, assinale a alternati-
va que indica quais são esses três estilos. 
a) Tantra-Yoga, Yoga Budista e Yoga Hindu.
b) Yoga Hindu, Yoga Jaina e Hatha-Yoga.
c) Janâna-Yoga, Yoga Budista e Hatha-Yoga.
d) Yoga Hindu, Yoga Budista e Yoga Jaina. 
e) Yoga Jaina, Mantra-Yoga e Hatha-Yoga. 
2. No século II a. C., o mestre Patanjali sistemati-
zou o Yoga em oito passos que são seguidos até 
hoje. Sobre esses oito passos, leia as afirmativas 
a seguir:
I - Yama é a prática física do Yoga, está re-
lacionada com as posturas chamadas 
Ásanas.
II - Niyama são as regras de vida que in-
cluem pureza, harmonia, seriedade, ale-
gria e estudo.
III - Pranayama está relacionado ao controle 
da respiração.
IV - Pratyahara relaciona-se ao controle das 
percepções sensoriais orgânicas e da con-
centração.
É correto o que se afirma em:
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e III.
c) Apenas I.
d) Apenas II, III e IV.
e) I, II, III e IV.
3. Sobre a prática do Yoga no Ocidente, assinale 
verdadeiro (V) ou falso (F):
( ) O estilo de Yoga mais praticado no Oci-
dente é o Hatha-Yoga.
( ) No Ocidente, a prática do Yoga segue exa-
tamente os preceitos trazidos da Índia antiga.
( ) No Ocidente, a formação em Yoga dá-se 
pela passagem dos ensinamentos de mestre 
para discípulo, após muitos anos de ensino.
É correto o que se afirma em:
a) V; V; F.
b) V; F; F.
c) F; V; V.
d) F; V; F.
e) V; V; V.
4. O Yoga é um sistema complexo que envolve prá-
ticas físicas e mentais. Sobre esse assunto, anali-
se as alternativas a seguir: 
I - O sistema yogue destina-se ao controle 
dos sentidos, e a mente está acima deles. 
II - No sistema yogue, a prática dos Ásanas 
e a realização perfeita deles denota mais 
conhecimento e transformação moral do 
praticante. 
III - O domínio da mente, seguindo os princí-
pios da filosofia yogue, liberta-nos do con-
trole das necessidades físicas.
IV - O verdadeiro yogue controla as suas ativi-
dades sensuais, e as coloca em seu favor, 
de modo a potencializar as suas ativida-
des essenciais, pois ele consegue limpar a 
mente das distrações.
É correto o que se afirma em:
a) Apenas I. 
b) Apenas II, III e IV.
c) Apenas I, III e IV. 
d) Apenas I, II e IV.
e) I, II, III e IV.
5. Sobre os princípios do Yoga, faça um texto sobre 
como você os abrangeria em sua aula. 
 59
LEITURA
COMPLEMENTAR
Yoga e a cultura da paz
Ao buscarmos o significado do termo paz nos dicionários 
tradicionais, deparamos-nos com definições abrangen-
tes, como: quietação do ânimo, sossego, tranquilidade, 
ausência de guerras e dissensões, boa harmonia, con-
córdia e reconciliação. Mas o que tem o Yoga com isso? 
Há 5 mil anos, na sua origem, o principal objetivo do 
Yogue era se reconectar com a divindade interior como 
ponte para a divindade superior e, assim, transcender a 
materialidade e encontrar o verdadeiro caminho do apri-
moramento moral e espiritual, a chamada libertação e 
transcendência da matéria. 
A vida moral firme e sadia é preponderante na sua prá-
tica. Dentro de seus preceitos, a conduta moral é regida 
pelo princípio do Dhama, que significa moralidade, lei, 
ordem ou virtude. De acordo com Feuerstein (2005), esse 
princípio incorpora ações como a não violência, a vera-
cidade, o não furto, a castidade, a compaixão e a benig-
nidade. Segundo esse autor (2005, p. 31), “sem a firme 
observância desses princípios morais, o Yoga não pode 
conduzir-nos à meta final da libertação”.
Hoje, criou-se o estereótipo de que o praticante de Yoga 
é alguém “zen”, tranquilo e livre de estresse. Esta rotula-
gem afasta da prática as pessoas que acreditam não se 
encaixar nesse perfil, pois elas creem que, para iniciar 
as aulas, devemos ter tais características. Porém é justa-
mente o contrário.
Segundo as teorias yogues, tais habilidades de nossa 
conduta moral devem ser desenvolvidas e potencializa-
das pela prática no treino diário. Por essa razão, muitos 
mestres dizem que a prática do Yoga vai muito além da 
execução dos Ásanas. Quando os seus preceitos morais 
são vinculados à prática física, ele se torna uma valiosa 
medida de higiene mental e moral. 
Dessa forma, os preceitos do Dhama são como um cami-
nho a ser trilhado para alcançar um fim, e este se vincula 
ao benefício próprio e comum. Considerando a ligação 
dos yogues com as deidades, na sua visão espiritual, o 
professor Hermógenes Filho, na clássica obra Yoga para 
Nervosos (1996), descreve que: 
A moral yogui começa com vivência e sabe-
doria filosófica, com o conhecimento do Uni-
verso, e do indivíduo em suas relações com o 
Universo, consigo e com Deus. O fundamental 
não é a noção do bem e do mal. As ações que 
o yoguin evita, são as que o afastam de seu sâ-
dhana, isto é, de seu caminhar para a Meta ou 
Realização Espiritual. Sua natureza essencial 
de ser humano e chispa divina o predestina ao 
Encontro redentor (Yoga). Quando ele vive em 
harmonia com as leis próprias de sua nature-
za, isto é, quando cumpre seu dharma, goza o 
bem, a saúde e a felicidade. Ao contrário, todos 
seus desvios (adharma) representam o mal, 
o sofrimento, a servidão e a doença (FILHO, 
1996, p. 98). 
60 
LEITURA
COMPLEMENTAR
Assim, a ideia preconizada de que o autoajuste e o au-
toconhecimento precedem a prática física, torna-se um 
incentivo aos praticantes para transformarem a sua con-
duta moral, pois, na essência yogue, teoria e prática são 
unidades indissociáveis. De acordo com os seus princí-
pios, toda reforma interna é projetada para o meio exter-
no, perante a transformação pessoal, o meio é também 
influenciado pelo bom comportamento dos indivíduos 
que o compõem. 
É essa a ideia de paz que o Yoga preconiza, o conceito de 
que, ao nos transformarmosinternamente, conseguire-
mos estabelecer melhores relações com os demais, por 
meio da exemplificação das atitudes benéficas, desen-
volvendo virtudes como a compreensão, a tolerância e 
a paciência, tornando o convívio mais pacífico e harmo-
nioso. 
A cultura de paz depende, essencialmente, de muitos fa-
tores para ser construído, contudo essa pode ser uma 
ferramenta para pequenas transformações em nosso 
dia a dia, o que pode levar a mudanças maiores, quan-
do potencializadas. Vamos pensar no assunto e refletir 
sobre o mundo que queremos, qual a sociedade que al-
mejamos para um futuro próximo, tendo em vista que a 
sociedade é feita por cada um de nós.
Fonte: a autora.
 61
material complementar
Autobiografia de um Yogue
Paramahansa Yogananda
Editora: Sextante
Sinopse: em Autobiografia de um Yogue, Yogananda descreve a trajetória de seu 
caminho espiritual, desde a sua infância na Índia, na busca por um mestre, até o 
seu trabalho de propagação do Yoga nos Estados Unidos. Ele se tornou uma das 
mais proeminentes personalidades do cenário espiritual do século XX, o seu livro 
foi traduzido para 18 idiomas e está entre as 100 obras espirituais mais importan-
tes do século passado. 
Comentário: para aqueles que desejam se aprofundar mais na filosofia yogue, 
esta obra é de fundamental importância. Ela possui grande riqueza de detalhes 
sobre a cultura indiana, além de ser uma narrativa prazerosa e de fácil compreen-
são. Boa leitura!
Indicação para Ler
On Yoga: Arquitetura da Paz
Ano: 2017
Sinopse: Heitor Dhalia registra a busca de uma década do fotógrafo Michael O’Neill 
para conhecer melhor os principais gurus e mestres de Yoga em atividade, incluin-
do encontros com pensadores, médicos e yogues, além de passagens pelo Festival 
Internacional de Yoga, em Rishikesh, e o Mela Festival Kumbha, em Haridwar.
Indicação para Assistir
O projeto Yoga dos Bichos ensina, de forma lúdica e divertida, a prática dos Ása-
nas para crianças, com referência ao movimento de animais. O repertório surgiu 
a partir de movimentos de animais já ensinados pelo Hatha Yoga tradicional. 
Web: http://yogadosbichos.art.br.
Indicação para Acessar
http://yogadosbichos.art.br
http://yogadosbichos.art.br
http://yogadosbichos.art.br
http://yogadosbichos.art.br
http://yogadosbichos.art.br
http://yogadosbichos.art.br
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62 
referências
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abr. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/
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em: 22 maio 2019. 
DETHLEFSEN, T.; DAHLKE, R. A doença como ca-
minho. Cultrix: São Paulo, 2007. 
FEUERSTEIN, G. Uma visão profunda do Yoga: Te-
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FILHO, J. H. de A. Yoga para nervosos: Aprenda a 
administrar seu estresse. Rio de Janeiro: Nova Era, 
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uma abordagem Taoísta à cura emocional, à psicolo-
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MORAES, F. O. de.; BALGA, R. S. M. Yoga no am-
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Brasil, 2009. 
PRABHUPADA, S. O caminho da perfeição: Yoga 
para a era moderna. São Paulo: The Bhaktivedanta 
Book Trust, 2012. 
SIEGEL, P.; BARROS, N. F. de. Yoga, Saúde e Reli-
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 63
referências
Referências on-line:
1 Em: https://exame.abril.com.br/brasil/ioga-ganha-
-cada-vez-mais-praticantes-no-brasil/. Acesso em: 
22 maio 2019. 
2 Em: http://www.escuelainternacionaldeyoga.biz/
fundador.html. Acesso em: 22 maio 2019. 
3 Em: http://www.alimentoevoce.com.br/2015/03/
deus-me-livre-de-ser-normal.html. Acesso em: 22 
maio 2019.
4 Em: https://www.skoob.com.br/autor/9635-caio-
-miranda. Acesso em: 22 maio 2019.
http://www.escuelainternacionaldeyoga.biz/fundador.html
http://www.escuelainternacionaldeyoga.biz/fundador.html
http://www.alimentoevoce.com.br/2015/03/deus-me-livre-de-ser-normal.html
http://www.alimentoevoce.com.br/2015/03/deus-me-livre-de-ser-normal.html
https://www.skoob.com.br/autor/9635-caio-miranda
https://www.skoob.com.br/autor/9635-caio-miranda
64 
gabarito
1. D.
2. B.
3. B.
4. D. 
5. Com base no que foi exposto, explanar de maneira objetiva e clara como 
você utilizaria os princípios do Yoga na sua prática de intervenção, em que 
ele contribuiria para a sua prática? Como você irá abordá-lo de acordo com 
o seu contexto? Reflita e disserte sobre.
UNIDADEIII
Professora Esp. Érica Fernanda Lopes
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• Tai Chi Chuan: história e filosofia 
• Tai Chi Chuan: arte marcial, meditação e saúde
• A prática do Tai Chi Chuan
Objetivos de Aprendizagem
• Descrever os aspectos históricos e filosóficos do Tai Chi 
Chuan.
• Apresentar as possibilidades que a prática do Tai Chi 
Chuan pode trazer para a melhora da saúde física e 
mental.
• Discutir as possibilidades de prática do Tai Chi Chuan no 
campo da Educação Física.
TAI CHI CHUAN - A ARTE MILENAR 
unidade 
III
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! Nesta unidade, discutiremos os aspectos que en-
globam a prática do Tai Chi Chuan, uma arte marcial chinesa que desen-
volve, nos praticantes, atributos físicos e mentais, por meio da leveza, da 
lentidão e da harmonia dos movimentos. 
Iniciaremos a discussão sobre os seus princípios filosóficos, tendo em 
vista que eles fazem parte da cosmogonia do Yoga e o representam genui-
namente. A sua teoria traz consigo a essência do pensamento da civiliza-
ção chinesa, tanto filosófico como científico. 
O pensamento chinês apresenta-nos uma das filosofias mais antigas 
de nossa história e nos traz grandes conhecimentos, fato comprovado 
pelo uso de sua Medicina até os dias de hoje, como a Acupuntura, ciência 
que cresce a cada dia no Ocidente por seus resultados comprovados. 
Veremos também que, para os chineses, a prática do Tai Chi Chuan é 
uma ferramenta para a harmonia da saúde física e o equilíbrio da mente. Por 
meio dele se movimentam as energias do corpo, proporcionando mais saúde. 
Essa técnica, embutida na cultura oriental até hoje, ganhou notoriedade 
no Ocidente. Os praticantes relatam melhora da sua qualidade de vida, a 
prática é de simples execução e indicada para todas as idades. 
Assim, temos, no Tai Chi Chuan, uma ferramenta de grande valia 
dentro das PráticasAlternativas e Complementares (PACs). Ele, ao se in-
serir nesse contexto, nos proporciona novas possibilidades de ação nos 
diferentes campos de atuação da Educação Física. 
É comum vermos grupos de pessoas das mais variadas idades dedi-
cando-se à prática em parques, praças e clubes de muitas cidades. No 
Brasil, o Tai Chi Chuan faz parte das terapias incluídas no Sistema Único 
de Saúde (SUS), por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e 
Complementares (PNPICs), auxiliando na prevenção e no combate das 
mais diversas enfermidades. 
Vamos mergulhar nos conteúdos dessa prática e vivenciá-la em nosso 
cotidiano? Traremos, aqui, alguns apontamentos que introduzirão o as-
sunto a fim de enriquecer seus conteúdos.
70 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Iniciaremos os nossos estudos sobre o Tai Chi Chuan 
fazendo um breve relato da sua história, suas origens 
e bases, bem como de sua filosofia, o que ele abran-
ge e em que contexto está inserido. Discutiremos a 
sua importância na cultura do povo oriental, afinal, 
a prática ainda é muito comum na China, sendo cada 
vez mais propagada pelo mundo.
Tai Chi Chuan: 
História e Filosofia
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 71
A tão difundida Medicina Tradicional Chinesa 
(MTC) possui bases filosóficas e científicas de acor-
do com tradições e costumes milenares. Os seus 
primeiros registros datam de pouco menos de 3 mil 
anos entre 770 e 476 a. C. Também conhecida como 
medicina “Yi”, foi a primeira a se afastar das corren-
tes espiritualistas e xamânicas por ganhar um cará-
ter mais científico e se tornou, oficialmente, a medi-
cina dos imperadores e do Estado. 
Para falarmos de determinada prática, devemos 
compreender o contexto em que ela se insere, as 
suas raízes e as tradições da sociedade onde ela se 
desenvolve. Assim, tomamos mais intimidade com o 
seu contexto, lembrando que devemos também con-
siderar o contexto onde ela será aplicada, mas sem a 
perda de seus princípios. Vamos explorar mais esse 
universo do conhecimento que as Práticas Alterna-
tivas e Complementares englobam?
As origens do Tai Chi Chuan são, diretamente, 
relacionadas com a filosofia Taoísta, que é a base fi-
losófico-religiosa da cultura chinesa e está transcrita 
no I Ching, o livro das mutações, uma das obras de 
referência do pensamento chinês, a qual transmite 
o conhecimento por meio de 64 ideogramas. Estes 
explicam, segundo os seus preceitos, a relação dos 
opostos que compõem o universo. A saber, na tra-
dução, Tai quer dizer supremo, infinito, Chi corres-
ponde à energia, e Chuan, punho em movimento.
Dentro desse contexto, o pensamento chinês é 
desenvolvido em dois aspectos essenciais: um vol-
tado para os valores morais e governamentais, que 
são muito bem desenvolvidos em suas civilizações, e 
para as relações sociais e humanas, o outro aspecto 
é voltado ao lado místico, por meio da busca pela 
transcendência da vida cotidiana materializada, 
transcendência essa que faz o indivíduo alcançar ní-
veis maiores de consciência no plano da sabedoria 
filosófico/religiosa. 
A linguagem enigmática do Tai Chi Chuan, 
transcrita nos símbolos do mandarim, língua oficial, 
foi, por muito tempo, uma barreira para os estran-
geiros que tinham o interesse em explorar os seus 
conhecimentos. Na sua escrita, não há letras, mas 
ideogramas que transmitem, cada um, significados 
próprios, os quais, por sua vez, expressam ideias, e 
não palavras específicas, como em nosso alfabeto. 
Na sua origem, existem inúmeros dialetos com 
a mesma escrita, com ideogramas iguais que variam 
de significado de acordo com a entonação fonética 
que recebem. Para facilitar o acesso ao idioma, em 
1958, o governo aprovou a lei de romanização dos 
caracteres por meio de um sistema de transcrição 
fonética chamado Piniyn, que auxilia na pronúncia 
e escrita, mas não substitui os caracteres originais.
Sobre a importância do idioma, o sinólogo francês 
Philippe Sionneau (2014, p. 3), aponta que “Em chi-
nês, a palavra é uma porta que se abre para um mun-
do de significados ou descreve um universo inteiro, 
enquanto que, nas línguas ocidentais, as palavras são 
caixas nas quais pretendemos um significado”.
Figura 1 - Escrita tradicional chinesa 
Fonte: Ivan Pigozzo ([2019]).
72 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
O marco da Medicina moderna chinesa Nei Jing 
(Clássico da Medicina Interna) só foi finalizado e re-
visado sob a Dinastia Han (206 a. C. a 220 d. C.). 
“[...] o Sistema Médico Chinês perfeitamente orga-
nizado e ‘finalizado’ não tem mais de 2.000 anos de 
existência” (SIONNEAU, 2014, p. 9). 
No decorrer de todos esses anos, com a moder-
nização e a chegada ao Ocidente, ocorreram diver-
sas transformações e influências na Medicina Tradi-
cional Chinesa, porém toda a sua teoria se manteve 
em constante reestruturação e movimento, aprimo-
rando-se ao longo da história, unindo a tradição à 
modernidade, garantindo o seu espaço em meio a 
tecnologia que se desenvolveu a passos largos no 
país, nos últimos tempos. 
Em sua essência, a filosofia e a ciência chinesa 
entendem a doença e a cura como processos natu-
rais do corpo, de equilíbrio e desequilíbrio decor-
rentes das constantes transformações que sofremos 
a todo momento. De acordo com elas, se conhecer-
mos as energias que nos configuram, podemos in-
terferir nesse processo a fim de equilibrar a própria 
saúde, utilizando as energias do próprio corpo e do 
ambiente que nos cerca.
Assim como a Medicina Tradicional Chinesa, 
o Tai Chi Chuan (que também é uma parte dela), 
tem por base a tão difundida teoria do Yin e do 
Yang, a teoria dos opostos complementares que se 
inter-relacionam na formação de todas as energias 
do universo, chamadas alegoricamente, de As 10 
mil Coisas, e também a Teoria dos Cinco Elemen-
tos. Segundo Marin (2010, p. 97), “As 10 mil Coi-
sas são as infinitas possibilidades de todas as ma-
nifestações da vida colocadas na perspectivas das 
oito tendências formadas pelos cinco Elementos 
da vida”. 
Segundo os costumes da época, os conhecimentos 
eram transmitidos, oralmente, entre as famílias e os 
clãs, ao longo das dinastias e, por isso, há pouco ma-
terial escrito sobre o assunto. Dessa forma, surgiram 
os diferentes estilos de Tai Chi Chuan, levando a as-
sinatura de seus predecessores. 
Figura 2 - Yin e Yang
Tai Chi: é o símbolo que representa a Teoria 
do Yin e do Yang. Os opostos são mostrados 
pelas cores branco e preto, porém, há a ideia 
de complementariedade, a qual é representa-
da pelo ponto preto no branco e pelo ponto 
branco no preto, a fim de demonstrar que, 
apesar de contrários, um está contido no ou-
tro. O círculo é a representação da fluência 
da vida, onde nada tem fim, apenas transfor-
mações. O círculo é a força que os mantêm 
juntos, repare que onde um termina, o outro 
começa, dando a ideia dessa transformação, 
de transição, de complementariedade e de 
fluência da energia que rege o universo. 
Fonte: a autora. 
SAIBA MAIS
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 73
Sobre os registros históricos, o documento mais 
antigo a usar o nome Tai Chi Chuan é um texto 
clássico chamado de “Método para se Alcançar o 
Esclarecimento através da Observação da Escritura” 
(Guan Jing Wu Hui Fa), escrito por Cheng Lang Xi, 
que viveu durante o período da dinastia Liang (907 
d. C. a 932 d. C.) (KIT, 1996, p. 33). 
A história mais comum sobre o seu surgimento, 
relatada pelas tradições chinesas, é a de que o monge 
Chang San Feng, em torno de 700 a 800 anos atrás, 
observou uma garça e uma serpente em luta, interpre-
tou cada movimento, ora abrupto, ora suave, lento ou 
rápido, flexível ou rígido, de espera e de ataque, além 
dos olhos que seguiam os movimentos do adversário, 
como em uma dança na busca pela sobrevivência. 
Nessa luta entre os animais, Feng observou a minu-
ciosidade de cada movimento, e como as suas tradições 
tinham, como costume, a observação da natureza, ele 
uniu tal experiência ao conhecimento Taoísta e criou 
uma sequência baseada na flexibilidade, na simplicida-
de,na agilidade e perspicácia, desenvolvendo uma téc-
nica de autodefesa que exige concentração para manter 
a precisão e a harmonia dos movimentos. Para Capra 
(2011, p. 114, grifo do autor), o sábio chinês: 
Unifica em si mesmo os dois opostos comple-
mentares da natureza humana - a sabedoria in-
tuitiva e o conhecimento prático, a contempla-
ção e a ação social - que os chineses associaram 
às imagens do sábio e do rei. Seres humanos 
plenamente realizados, nas palavras de Chuang 
Tsé “tornam-se sábios por sua tranquilidade, 
reais por seus movimentos”. 
Nessa prática, que une movimentos simples, minucio-
sos, ritmados e belos, há vários benefícios físicos, como 
o fortalecimento do corpo, o estímulo da circulação 
sanguínea, a prevenção de doenças osteomusculares, 
o combate ao estresse e a melhora da pressão arterial, 
reforçando o cuidado com a saúde interna do corpo, 
trazendo benefícios também para mente e o espírito.
É sempre indicado ao praticante do Tai Chi 
Chuan a realização de estudos sobre a sua filosofia, 
ampliando as dimensões de atuação, visando a com-
preensão do todo que a atividade abrange. A prática 
e o conhecimento teórico caminham juntos na bus-
ca de um nível de saúde mais satisfatório. 
Durante a execução dos movimentos, a mente 
deve estar em harmonia com o corpo, acompanhan-
do a respiração, inspirando e expirando, controlan-
do o Chi e a maneira como ele se propaga, tal qual 
uma meditação em movimento, em que o praticante 
coloca-se inteiramente na observação de si mesmo, 
sob a fluência dos movimentos que requerem a força 
física e mental em conjunto. 
Dessa forma, quem busca a prática do Tai Chi 
Chuan vai se deparar com a possibilidade de expan-
dir a sua visão de saúde, ampliando o conceito de 
bem-estar até então restrito ao biológico e partindo 
para uma concepção que abranja as dimensões emo-
cionais, psicológicas e mentais, as quais também nos 
compõem. Tudo isso por meio da auto-observação, 
do foco em si mesmo, da equalização e quietude da 
mente, o que estimula a mudança do nosso olhar e, 
consequentemente, da nossa postura diante de de-
terminadas circunstâncias.
Fonte: cowardlion
74 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
O Tai Chi Chuan inicia-se como uma luta de auto-
defesa e de ataque que buscava, por meio de mo-
vimentos elaborados, ora mais rápidos, ora mais 
lentos, vencer os adversários nas antigas guerras. 
Nesse tempo, os chineses eram invencíveis nas lu-
tas corporais e dominavam com precisão as suas 
artes marciais. 
As artes marciais, na China, ocupam um espaço 
de grande relevância cultural, pois é a partir delas 
que os códigos morais e sociais daquela civilização 
são propagados, tanto que, com o passar do tempo, 
tal prática foi inserida nos mosteiros, fazendo parte 
das atividades diárias dos monges, como os conhe-
cidos monges dos templos Shaolin.
Tai Chi Chuan: 
Arte Marcial, Meditação e Saúde
Fonte: Fotokon
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 75
Um aspecto interessante e inerente às artes mar-
ciais chinesas é que, hoje, elas se configuram como 
técnicas profiláticas, ou seja, previnem a violência 
em vez de propagá-las. Tal prevenção inicia-se pelo 
próprio praticante que, durante o aprendizado, deve 
procurar o autoequilíbrio e a autocorreção moral, por 
meio da disciplina que as artes marciais implicam. 
Os movimentos lentos do Tai Chi Chuan se-
guem as teorias que embasam o pensamento filo-
sófico chinês, principalmente aqueles da famosa 
teoria do Yin e do Yang, em que todos os elementos 
estão unidos e em constante interação entre si, cujo 
movimento de determinado fenômeno dá origem a 
outro. É a inter-relação de todas as coisas no uni-
verso, na qual o indivíduo não se encontra à mar-
gem, mas sim, como parte integrante e interativa de 
tudo que o cerca.
Os movimentos fluidos e circulares do Tai Chi 
Chuan são executados sem interrupção, de modo 
que é impossível distinguir o início e o término de 
cada um, obedecendo a um ritmo único e caden-
ciado, seguindo as alternâncias entre o Yin e Yang, 
em que a mente é parte atuante por estar presente 
em cada gesto realizado, mantendo a disciplina e o 
foco na execução. A respiração é também ritmada e 
entra em consonância com a fluência do exercício, 
desse modo, “os movimentos se executam como 
se desenrola um fio de seda de um casulo” (DES-
PEUX, 1981, p. 53). 
Essa conexão entre movimento, respiração e 
pensamento amplia capacidades físicas e psíquicas 
dos praticantes, uma vez que eles alcançam um esta-
do meditativo profundo e intenso ao longo do tem-
po de prática. Segundo os Taoístas, conectar esses 
elementos ao mesmo tempo faz com que consiga-
mos renovar as energias do nosso corpo e angariar 
mais qualidade de vida.
Com o foco da atenção na execução dos movi-
mentos e na confluência com a respiração, busca-se 
um estado de maior calma e organização interna, 
como se naquele momento, o praticante se desli-
gasse de todo o estresse e tensões do dia, reorgani-
zando o corpo e a mente no fortalecimento de suas 
energias. 
A respiração e a sincronicidade dos movimen-
tos são algumas das características essenciais 
da prática do Tai Chi Chuan. A simplicidade 
das sequências permite que ele seja praticado 
por todas as idades, no mesmo ritmo e na 
mesma sequência gestual. 
REFLITA
Os benefícios da prática têm sido comprovados 
por meio de estudos que apontam melhora nas va-
riáveis físicas, como força muscular, potência ae-
róbica, controle do corpo e do equilíbrio, além de 
melhora dos padrões psíquicos, na memória e na 
concentração. 
A prática do Tai Chi Chuan vem ganhando es-
paço entre os mais idosos, pois os seus movimentos 
lentos e de baixo impacto facilitam a adesão a essa 
modalidade. Blair et al. (1996 apud OLIVEIRA et 
al., 2001, p. 16) apontam que 
existem, no mínimo, três componentes da ap-
tidão física que são importantes para a preser-
vação das funções em indivíduos idosos: força 
muscular, potência aeróbica e equilíbrio, sendo 
estas algumas das variáveis que o treinamento 
de Tai Chi Chuan desenvolve.
76 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Apesar da forte adesão pela população de idosos, 
o Tai Chi Chuan pode ser praticado por todas as 
idades, por todos aqueles que buscam os bene-
fícios que ele pode trazer. Mas você pode ques-
tionar: Como exercícios executados de maneira 
tão lenta e gradual podem promover tamanhos 
benefícios? 
A explicação da teoria Taoísta para tais benefí-
cios dá-se pelo fato de que os movimentos alonga-
dos e conscientes, acompanhados pela respiração 
ritmada, promovem o desbloqueio dos canais no 
nosso corpo por onde a energia ou o Qi percorre: os 
Meridianos, liberando o livre fluxo, ou seja, melhora 
o fluxo de Chi. 
Sobre a sensação de bem-estar que o Tai Chi 
Chuan nos promove, Oliveira (2009, p. 37) relata 
que, durante a prática, a sensação é: 
[...] Como se fechassem todas as comportas 
mentais, só existindo uma janela para um 
pensamento, um foco: a realização de cada 
movimento. Nesse nível de relaxamento, os 
meridianos são alongados, os bloqueios ener-
géticos vão lentamente se dissipando. Entra-
-se, literalmente, num estágio de meditação, 
porque meditamos exclusivamente no mo-
vimento, na construção de cada forma, cada 
gestual, tão intimamente abstraídos no silên-
cio que os ruídos externos quase passam des-
percebidos. 
Esse relato mais parece um convite à prática, o que 
você acha? A fluência do movimento, da respiração 
e do pensamento seguem em uma única direção, le-
vando ao estado profundo de concentração e medi-
tação. Vale a pena experimentar, não acha?
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 77
78 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Como vimos anteriormente, o Tai Chi Chuan pode 
ser praticado por pessoas de todas as idades, ele é 
elaborado por sequências de movimentos lentos e 
de fácil execução, que exigem concentração e acom-
panhamento da respiração durante o processo. A 
sua prática não possui grandes exigências, ela pode 
acontecer ao ar livre ou em espaços fechados, pra-
ças, parques ou salas,desde que comporte todos os 
praticantes, já que pode ser praticado em grupos ou 
sozinho. As roupas devem ser leves e flexíveis, pode-
-se ter acompanhamento de música suave, ou não, a 
gosto dos praticantes. 
Pode-se iniciar com a centralização do corpo, 
já que o equilíbrio é uma habilidade bastante re-
quisitada, distribuindo o peso sobre ambas as per-
nas, equitativamente. Em seguida, deve-se buscar o 
foco na respiração, puxando o ar para os pulmões 
e soltando, gradativamente, e, nesse momento, a 
mente deve se voltar para todo esse processo, ini-
ciando a concentração. 
A Prática do 
Tai Chi Chuan 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 79
A essa simples sequência já se atribuem grandes 
benefícios, por exemplo, a atenção para cada parte 
do nosso corpo, o equilíbrio dos batimentos cardía-
cos, os exercícios mentais de concentração, o relaxa-
mento do corpo e da mente. 
Existem treze movimentos básicos utilizados 
nos diferentes estilos, são eles: Desviar, Rolar para 
trás, Pressionar, Empurrar, Puxar para baixo, Ra-
char, Golpe de ombro, Golpe de cotovelo, Avançar, 
Recuar, Olhar à esquerda, Olhar à direita e Equilí-
brio central. 
Dentro desses movimentos, são explorados os 
diferentes planos e dimensões do corpo, no alto, no 
baixo, lateralizado ou central, dando a possibilidade 
de desenvolvimento da consciência corporal e es-
pacial. A fluência dos movimentos segue de acordo 
com cada estilo. Destes, existem cinco mais conhe-
cidos, são eles: 
1. Estilo Chen: movimentos rápidos e len-
tos, combinados com pulos e movimentos 
bruscos.
2. Estilo Yang: os movimentos são lentos, contí-
nuos, suaves, grandes e abertos.
3. Estilo Wu/Hao: o primeiro estilo, o Wu, veio 
dos estilos Yang e Chen, é lento, plano e pe-
queno, e as posturas são altas.
4. Estilo Wu: aqui, os movimentos de inclina-
ção são os mais explorados.
5. Estilo Sun: neste caso, os seus movimentos 
combinam três estilos: Tai Chi Chuan Wu/
Hao, Hsing I Chuan e Bagua Chuan. 
Existem também os estilos com armas, que são a 
Espada e o Sabre, caracterizados como armas cur-
tas, e a lança, que hoje foi substituída pelo bastão, 
considerado arma longa, e a mais recente forma, o 
leque, que, aparentemente, não é uma arma, mas, 
na cultura antiga, era confeccionado com lâminas 
de metal e chegava a pesar mais de três quilos. Ele 
era utilizado para distrair os adversários como uma 
arma de corte. 
Hoje, as apresentações com as armas possuem sen-
tido mais estético e também têm características te-
rapêuticas no manuseio delas, ao trabalhar habili-
dades, como coordenação motora e concentração. 
Todos estes estilos foram passados de geração a 
geração entre as famílias, razão pela qual cada um 
deles possuem as suas peculiaridades, segundo as 
tradições e os locais onde tais clãs viviam.
80 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Independentemente de qual estilo se adote, exis-
tem dez princípios fundamentais que são a base 
para a prática de qualquer um dos estilos do Tai 
Chi Chuan, são eles:
1. Suspender a cabeça pelo topo com leveza e 
sensibilidade.
2. Esvaziar o peito e alongar as costas.
3. Relaxar a cintura.
4. Distinguir entre o cheio e o vazio.
5. Relaxar os ombros e soltar os cotovelos.
6. Usar a mente, e não a força muscular.
7. Interligar os movimentos da parte superior 
e inferior do corpo.
8. Unir o interior e exterior.
9. Mover-se com continuidade, sem rupturas.
10. Buscar a quietude dentro do movimento.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 81
Dessa forma, vemos que os seus princípios não dife-
rem, em essência, do que concerne à leveza e à tran-
quilidade na execução dos movimentos, à respiração 
ativa, à fluência, ao relaxamento, ao controle do cor-
po e à harmonia dos pensamentos. 
A prática do Tai Chi Chuan movimenta-se em 
direção à busca do desenvolvimento pleno do ser, 
ao fazer com que ele atinja o máximo de suas po-
tencialidades, por meio da suavidade e da sincronia 
entre o indivíduo e o movimento universal que o 
origina, e também por meio dessa fluência ener-
gética que é capaz de nos harmonizar em todas as 
suas dimensões.
Os benefícios das vivências do Tai Chi Chuan são 
inúmeros e podem contribuir com todo o tipo de 
público. Dessa forma, que tal nos desafiarmos nessa 
atividade? 
Para os mais idosos, podemos buscar o fortale-
cimento do seu corpo, a melhora da flexibilidade e 
do alongamento, além do aumento na capacidade 
respiratória. Para os mais jovens, podemos pensar 
na melhora da concentração, do foco e da atenção, 
bem como a diminuição do estresse, e para ambos, a 
melhora na qualidade de vida. 
Essa prática milenar nos traz grandes ensina-
mentos, e nos ater a eles pode nos auxiliar em vários 
setores de nossa vida. Há um velho provérbio chinês 
que diz: “não se pode ensinar uma habilidade, só se 
pode ensinar o caminho”. Desse modo, a prática tor-
na-se imprescindível para o aperfeiçoamento da téc-
nica e, com isso, para a aquisição de seus benefícios. Fonte: Katoosha
82 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Vídeo dos Movimentos do 
Thai Chi. Para acessar, use 
o seu leitor de QR Code.
TAI CHI CHUAN NA PRÁTICA 
Caro(a) aluno(a), vimos que o Tai Chi Chuan é de 
fácil execução e pode ser realizado por qualquer 
pessoa de qualquer idade, porém existem diferen-
tes estilos que adotam centenas de movimentos 
diferentes com propósitos e objetivos distintos. 
Citaremos, aqui, alguns exemplos de movimen-
tos básicos que contemplam a base inicial de uma 
prática, porém não nos ateremos a um estilo em si, 
mas em movimentos que auxiliem na experiência 
básica para que você tenha o primeiro contato com 
a modalidade. 
Para uma prática básica de Tai Chi Chuan, po-
demos realizar os seguintes movimentos: 
1. Posição inicial e respiração
Com os pés afastados na largura dos ombros, deixe 
as mãos e os braços posicionados ao lado do corpo, 
com os ombros relaxados e a cabeça centralizada, 
com o olhar voltado à sua frente. Inspire, expire le-
vemente pelo nariz, inflando o abdômen, e perceba 
o movimento de entrada e saída do ar por alguns 
minutos. 
2. Movimento e respiração: 
a. Afaste um pouco mais as pernas e, à medi-
da que inspira, eleve os braços, lentamente, 
com os cotovelos semiflexionados, manten-
do punhos e dedos relaxados à frente do 
corpo até a altura dos ombros e, à medida 
que você expira, desça os braços até a posi-
ção inicial. Repita o movimento duas vezes.
b. Em seguida, inspire, vire as palmas das mãos 
para frente e inicie a subida dos braços na la-
teral do corpo, estendidos até as palmas se to-
carem no alto da cabeça. À medida que você 
expira, os braços voltam à posição inicial 
com as palmas das mãos agora voltadas para 
baixo. Ao completar o movimento, repita a 
subida e, ao descer, traga os braços na parte 
anterior do corpo, na altura do peito, com as 
palmas voltadas para si. 
c. Com as mãos na frente do peito, inspire e, ao 
expirar, vire as mãos para fora e estenda len-
tamente os braços à frente, como se estivesse 
empurrando algo. Ao final da exalação, inale 
e traga os braços de volta ao peito. Repita isso 
duas vezes. Na segunda vez, abaixe os braços, 
lentamente, ao longo do corpo, como na po-
sição inicial. 
3. Feche os olhos e apenas observe o fluxo de ener-
gia percorrendo o corpo
Com esses simples movimentos, você perceberá a 
agradável sensação de bem-estar, os seus ombros es-
tarão mais relaxados, a sua postura estará melhor e 
você sentirá a sua mente mais focada, com sensação 
de leveza. Vamos experimentar? A seguir, veja o QR-
Code para saber como fazer os movimentos.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/868
 83
considerações finais
Nesta unidade, discutimos alguns conceitos sobre o Tai Chi Chuan, abordamos 
um pouco de sua história e de suas origens bem como o seu desenrolar ao longo 
dos tempos. Deparamo-nos com a sua concretização em meio às emblemáticas 
tradições desenvolvidas pela cultura chinesa. Dentre elas, destaca-se o idioma 
que, por tempos, foi um obstáculo para a aproximação de outros povos, porém 
com a modernização do mundo, esseidioma foi romanizado, transcrito de ma-
neira a facilitar a pronúncia e a compreensão dos ideogramas, porém, sem perder 
a essência. 
Vimos que, em sua origem, o Tai Chi Chuan recebe maior influência do Tao-
ísmo, e os seus movimentos baseiam-se no modelo de interação entre o Yin e o 
Yang cujas forças contrárias que nos regem se interpõem na fluência dos movi-
mentos, de modo que não é possível distinguir onde começa um e onde termina 
o outro. 
Discutimos, também, o quanto essa prática é meditativa, à medida em que ela 
promove a interação entre os movimentos do corpo, a respiração e a coordenação 
dos pensamentos, trabalhando o foco e a concentração em cada passagem, a qual 
é executada na alternância de mãos e pernas. 
É uma prática milenar que pode ser desenvolvida por todas as idades e que 
encontra maior adesão entre indivíduos idosos, uma vez que a leveza e a lentidão 
na execução dos movimentos a tornam acessível, os benefícios são inúmeros e se 
estendem dos aspectos mentais aos físicos, fato que tem popularizado a prática 
no Ocidente como combate ao estresse e à ansiedade. 
Em sua história, vários estilos foram desenvolvidos, porém a essência de to-
dos eles se faz numa mesma base, na busca pelo equilíbrio e pela harmonia do 
corpo e da mente, de acordo com o princípio Taoísta no qual o Tai Chi Chuan 
foi fundado. 
Temos nas mãos uma grande ferramenta de trabalho, que pode ser aplicada a 
diferentes públicos de diferentes idades. Desde que o esforço no aprimoramento 
e na busca do autocontrole seja mantido por meio da disciplina na prática diária, 
os seus benefícios podem ser adquiridos por qualquer indivíduo. 
84 
atividades de estudo
1. Na sua tradução aproximada, como podemos 
transcrever o termo Tai Chi Chuan? Assinale a al-
ternativa correta.
a) Tai - Supremo, Chi - Energia e Chuan - Cor-
po em movimento.
b) Tai - Energia, Chi - Universo e Chuan – 
Saúde.
c) Tai - Supremo, Chi - Energia e Chuan - Saú-
de em movimento. 
d) Tai - Corpo, Chi - Energia e Chuan - Punho 
em movimento. 
e) Tai - Supremo, Chi - Energia e Chuan - Pu-
nho em movimento. 
2. Sobre a história e a filosofia do pensamento chi-
nês, analise as afirmações a seguir: 
I - O pensamento chinês é desenvolvido 
dentro de um único aspecto essencial, 
voltado para o lado místico, por meio da 
busca pela ampliação da consciência com 
o objetivo de desenvolvimento da sabedo-
ria filosófico/religiosa. 
II - Em 1958, o governo chinês aprovou a 
lei de romanização dos caracteres do 
Mandarim antigo para facilitar o acesso 
ao idioma, por meio de um sistema de 
transcrição fonética chamado Piniyn cuja 
consequência foi a mudança radical na 
língua oficial. 
III - A filosofia e a ciência chinesas entendem a 
doença e a cura como processos naturais 
do corpo, de equilíbrio e desequilíbrio de-
corrente, das constantes transformações 
que sofremos a todo momento. 
IV - O Tai Chi Chuan tem por base a teoria do 
Yin e do Yang e a teoria dos opostos, que 
se divergem e se confrontam na formação 
de todas as energias do universo, chama-
das, alegoricamente, de as 10 Mil Coisas. 
É correto o que se afirma em:
a) Apenas I.
b) Apenas II e IV.
c) Apenas III.
d) Apenas III e IV.
e) I, II, III e IV.
3. O Tai Chi Chuan, além de ser uma arte marcial, 
faz parte do grupo de práticas de reequilíbrio 
da saúde que compõem a Medicina Tradicional 
Chinesa. Sobre os registros históricos de ambos, 
assinale verdadeiro (V) ou falso (F):
( ) A Medicina Tradicional Chinesa, possui os 
seus primeiros registros datados de pouco 
menos de 3 mil anos de idade, entre 770 a 476 
a. C., a chamada medicina Yi, tornando-se, ofi-
cialmente, a medicina dos Imperadores e do 
Estado.
( ) O marco da Medicina moderna chinesa 
Nei Jing (Clássico da Medicina Interna) só foi 
finalizado e revisado sob a Dinastia Han, entre 
os anos de 206 a. C. a 220 d. C.
( ) O registro histórico mais antigo a usar o 
nome Tai Chi Chuan é um texto clássico cha-
mado “Método para se Alcançar o Esclareci-
mento através da Observação da Escritura,” 
datado de 907 d. C. a 932 d. C. 
( ) A história mais comum relatada pelas tra-
dições chinesas sobre o seu surgimento diz 
que o monge Chang San Feng, 700 a 800 anos 
atrás, observou uma garça e uma serpente 
em luta.
A sequência correta para a resposta da questão é:
a) V; F; F; V.
b) F; V; F; V.
c) V; V; V; F.
d) F; F; F; F.
e) V; V; V; V.
 85
atividades de estudo
4. As artes marciais, na China, apresentam-se 
como um elemento de grande relevância no 
contexto sociocultural do país, e o Tai Chi Chuan 
é uma delas, pois traz características de autode-
fesa que buscam o autocontrole e a harmonia 
do corpo. De acordo com representatividade 
das artes marciais para esse país, analise as afir-
mativas a seguir: 
I - A partir das artes marciais, os códigos 
morais e sociais da civilização chinesa são 
propagados pelas diferentes gerações. 
II - As técnicas das artes marciais chinesas 
são técnicas de luta objetivando apenas 
o ataque e a defesa nos conflitos com os 
adversários. 
III - O Tai Chi Chuan possui movimentos cir-
culares executados sem interrupção, 
possuem também início e término bem 
demarcados, obedecendo a um ritmo úni-
co e cadenciado, seguindo as alternâncias 
entre a Teoria do Cinco elementos. 
IV - Na prática do Tai Chi Chuan, é imprescin-
dível a conexão entre movimento, respira-
ção e pensamento, o que leva a um esta-
do meditativo profundo e intenso. 
É correto o que se afirma em:
a) Apenas I e III.
b) Apenas II e IV.
c) Apenas III. 
d) Apenas I e IV.
e) Apenas II. 
5. Sobre os dez princípios que a prática do Tai Chi 
Chuan propõe, disserte sobre como podemos 
desenvolvê-los em nosso ambiente de trabalho, 
analisando os benefícios que ele propõe dentro 
do nosso contexto ocidental.
86 
LEITURA
COMPLEMENTAR
O Tai Chi Chuan e o Sistema de Meridianos 
A fisiologia energética do nosso corpo configura-se de maneira diferente daquela que 
conhecemos atualmente. Quando os chineses, há quase 3 mil anos, começaram a estu-
dar o corpo e a elaborar as suas teorias médicas, a visão geral do organismo abrangia 
outros aspectos. Dentro de seus conhecimentos da época, os chineses elaboraram teo-
rias de tamanha complexidade e eficiência que são utilizadas até o presente momento, 
em sua Medicina Tradicional. Para eles, o Chi, a energia vital que permeia todos os se-
res do universo, percorre o nosso corpo por meio de canais chamados de Meridianos, 
espalhados em todas as suas dimensões. 
De acordo com tais teorias, a saúde e a doença variam de acordo com o livre fluxo de 
energia que percorrem esses canais e irrigam nossos órgãos e vísceras, nutrindo-os 
com o Chi necessário para o funcionamento. A obstrução do fluxo do Chi pelos Meridia-
nos caracteriza a doença, quanto mais livre o fluxo, melhor a condição de saúde. 
Para garantir o livre fluxo de Chi pelos Meridianos, dentro do sistema da Medicina chi-
nesa, foram desenvolvidas várias técnicas, como Acupuntura, Do-In, Shiatsu, Ventosas, 
o Tai Chi Chuan, dentre outras, que restabelecem esse fluxo ora interrompido por fato-
res externos, como os climáticos, ou internos, como os emocionais. 
Nesse contexto, caro(a) aluno(a), o Tai Chi Chuan, por meio de seus movimentos su-
aves e lentos, atua no desbloqueio dos canais. Acompanhado pela respiração e pelo 
controle mental, a prática auxilia no equilíbrio interrompido. Cada posicionamento 
do corpo funciona como um comando, liberando esse fluxo como as águas de um rio. 
O controle da mente, juntamente com a respiração e a alternância dos movimentos, 
ora alongados, ora mais retraídos, nas diferentes direções, fazem a movimentação 
do Chi por esses canais, levando a vitalidade que o corpo necessita. A prática diária 
aprimora a técnica, quanto maior a concentração, mais energia é direcionada para 
esses canais, equilibrando, fortalecendo e regenerando o corpo de acordo com as 
suas necessidades. 
Para as teorias chinesas, o movimento é vida: tãoimportante quanto comer e dormir, é 
se movimentar de maneira equilibrada e harmoniosa. Os movimentos do Tai Chi Chuan 
colocam o corpo em interação com a natureza e trazem a natureza para dentro dele.
 87
material complementar
I Ching - O Livro das Mutações
Richard Wilhelm
Editora: Pensamento
Sinopse: o I Ching é uma das mais antigas obras da filosofia chinesa, ele é trans-
crito num sistema de símbolos arquetípicos denominados hexagramas que con-
tinuamente se transformam um no outro, representando as transmutações da 
natureza e do universo. O princípio organizador dos ideogramas é a interação 
entre Yin e Yang, entre linhas retas e duplas que se interpelam, formando, no total, 
64 hexagramas. Existem várias traduções para a obra, esta é a do sinólogo Richard 
Wilhelm, que transcreveu diretamente do mandarim para o alemão. 
Comentário: para quem deseja compreender o pensamento chinês, o I Ching se 
torna a obra básica, é um livro enigmático, ora filosófico, ora tido como oráculo, 
porém, carregado de grandes ensinamentos.
Indicação para Ler
Healing and the Mind 
Ano: 1993
Sinopse: “Healing and the Mind” é uma série do premiado jornalista Bill Moyers, 
que aborda e explora várias questões no campo das Medicinas Alternativas. 
Dentro da série, há um episódio chamado “Os mistérios do Chi”, que explica, 
segundo a visão chinesa, o fluxo do Chi no nosso organismo.
Indicação para Assistir
88 
referências
gabarito
CAPRA, F. O Tao da Física: uma análise dos parale-
los entre a Física Moderna e o Misticismo Oriental. 
São Paulo: Cultrix, 2011. 
DESPEUX, C. Tai Chi Chuan: arte marcial, técnica 
da longa vida. São Paulo: Pensamento, 1981. 
KIT, W. K. O livro completo do Tai Chi Chuan: um 
manual pormenorizado de seus princípios e práticas. 
São Paulo: Pensamento, 1996. 
MARIN, G. Os Cinco Elementos e as Seis Condi-
ções. São Paulo: Cultrix, 2010. 
OLIVEIRA, J. M. de. Tai Chi: Saúde do ser. [S. n.]: 
Brasília, 2009. 
OLIVEIRA, R. F. de et al. Efeitos do treinamento de 
Tai Chi Chuan na aptidão física de mulheres adultas 
e sedentárias. Revista Brasileira de Ciência e Movi-
mento, Brasília, v. 9, n. 3, jul. 2001. 
SIONNEAU, P. A Essência da Medicina Chinesa: 
retorno às origens. São Paulo: EBMC, 2014. Livro 1.
1. E.
2. D.
3. E.
4. D. 
5. Faça uma breve análise sobre os dez princípios que o Tai Chi Chuan 
propõe e interprete quais os benefícios que essa prática pode trazer para 
os praticantes no cenário atual de nossa qualidade de vida. 
UNIDADEIV
Professora Esp. Érica Fernanda Lopes
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• A meditação: os caminhos para uma prática integral no 
campo da Educação Física
• O corpo e a mente: o desafio da integralidade
• Como meditar? O desafio da prática
Objetivos de Aprendizagem
• Descrever o conceito de meditação bem como oferecer a 
sua visão geral nas diferentes culturas, as suas concepções 
atuais e no campo da Educação Física. 
• Apontar quais os benefícios da meditação e a sua 
influência na melhora da potencialização das faculdades 
mentais e da saúde como um todo.
• Discutir as possibilidades de adequação da prática às 
atividades cotidianas.
A MEDITAÇÃO
unidade 
IV
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! Discutiremos, nesta unidade, acerca de uma práti-
ca pouco mencionada nos conteúdos convencionais da Educação Física, 
a Meditação. Você pode se perguntar: Qual a relação dela com os conte-
údos de nossa área? Talvez você se surpreenda com essa relação, pois, ao 
partirmos dos princípios até então relatados, estamos a construir uma 
visão diferenciada do corpo e da saúde no campo da Educação Física. É 
este o trabalho que as PACs propõem-se a realizar.
Estamos desconstruindo conceitos e visões que foram cristalizados 
na história, ao longo de anos, e ampliando os nossos olhares para outra 
abrangência, sempre lembrando que os conteúdos convencionais são tão 
importantes quanto qualquer outro conteúdo apresentado. 
A Meditação, aqui, foge à regra, pois o objeto de observação, neste 
momento, não é o corpo e as suas habilidades motoras somente, mas a 
mente. As condições psicológicas determinam muitos de nossos aspectos 
físicos, visto que já se sabe que as condições emocionais podem influen-
ciar diretamente o corpo. 
A Educação Física, atuante no campo da educação e da promoção 
da saúde, tem grande influência no bem-estar do praticante, o qual está 
presente em diversos locais de atuação e, ao ampliar o seu olhar para a in-
tegralidade do indivíduo, a Educação Física pode ampliar tais benefícios. 
Meditar torna-se parte fundamental da prática, pois potencializamos 
a efetividade das atividades aplicadas. O controle da mente pode pro-
duzir efeitos benéficos, atuando na saúde física, no foco e no alcance de 
nossos objetivos, otimizando as nossas capacidades. 
A medicina ocidental, por meio da Neurofisiologia, já constata, atu-
almente, grandes resultados com a prática da meditação, auxiliando no 
tratamento de doenças, como a depressão e a ansiedade, que invalidam a 
obtenção de uma vida satisfatória e produtiva. Vamos debater este tema 
e descobrir, juntos, como os seus benefícios podem se estender ao campo 
da Educação Física? 
94 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Olá, caro(a) aluno(a)! Ao iniciar o nosso breve apa-
nhado sobre a Meditação, estabeleceremos alguns 
conceitos sobre as suas origens e a sua prática nas 
principais tradições, a sua visão geral nas diferentes 
culturas e como a atividade é, nos últimos anos, alvo 
de pesquisas no Ocidente, visto que, no Oriente, ela 
faz parte das diferentes tradições religiosas, pois, em 
muitos lugares, a Meditação é arraigada à cultura, e 
também veremos como ela pode se integrar às ativi-
dades no campo da Educação Física. 
A prática da Meditação remonta a tempos anti-
gos, ela se origina nas manifestações religiosas e es-
pirituais que buscavam a conexão com as divinda-
des que cada crença seguia. O seu desenvolvimento 
mais notório deu-se no Oriente, principalmente 
em meio ao budismo e às tradições yogues, contu-
do. Também a encontramos em meio ao Taoísmo, 
ao Islamismo e ao Xamanismo, assim como no pró-
prio Cristianismo. 
A Meditação: 
os Caminhos para uma 
Prática Integral no Campo da 
Educação Física
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 95
Dentro desse conceito religioso, a Meditação é 
utilizada como meio para entrar em uma espécie de 
transe, em que se desloca a consciência do mundo 
externo para o interno na busca dessa conexão espi-
ritual. Nas antigas tradições orientais, como prática 
espiritual, ela nos levava a conhecer o nosso mundo 
interior, conectava-se com um nível de consciência 
mais elevado a fim de evoluir nessa direção, trans-
cendendo as sensações puramente materiais ligadas 
aos nossos sentidos.
Nessas experiências, as percepções sensoriais dão 
lugar à expansão de si mesmo ao estabelecer a cone-
xão com a divindade, o nosso verdadeiro “eu”, como 
dito em algumas tradições. Dessa forma, os descon-
fortos materiais são sobrepujados, e a relação com o 
meio externo é modificada, uma vez que o material se 
torna secundário diante da possibilidade de algo su-
premo e superior que delimita a nossa condição aqui. 
Para algumas dessas tradições, somos compostos 
por uma dimensão físico/material que conseguimos 
captar pelos nossos sentidos, e uma outra, mental, 
condicionada por nossos sentimentos e emoções, 
entretanto, diante da materialidade onde estamos 
embutidos, não conseguimos reconhecê-la ou domi-
ná-la, sendo assim, enfatizamos uma em detrimento 
da outra. Há, também, outra dimensão espiritual: ela 
transcende as outras duas e nos eleva à condição di-
vina, que seria o caminho da nossa evolução. 
Para os sábios antigos, conhecer a si mesmo é 
a chave para eliminar o sofrimento dentro de nós, 
identificar os nossos condicionamentos, é saber so-
bre nós mesmos, examinar a própria natureza e cor-
rigir as imperfeições que nos afligem. Desse modo, a 
Meditação e as suas diversas técnicas são apontadascomo o caminho para explorar a realidade interna e 
vencer os nossos próprios desafios íntimos, a origem 
de nossas limitações, segundo esses sábios. 
A esse respeito, Hart (1987, p. 35, grifo do autor) 
afirma que “Conhece-te a ti mesmo, todos os sábios 
já aconselharam. Precisamos começar por conhecer 
a nossa natureza; caso contrário, nunca seremos ca-
pazes de resolver nem os nossos próprios problemas 
nem os problemas do mundo”. 
Vemos que a Meditação, no Oriente, está arrai-
gada a seus costumes e às suas tradições religiosas 
na busca pelo aprimoramento espiritual e moral, po-
rém ela é, tão somente, uma prática religiosa? Esse 
método tão antigo, a partir da década de 60, vem 
chamando a atenção dos cientistas ocidentais e, des-
de então, diferentes técnicas meditativas surgiram. 
O conceito de Meditação, no Ocidente, difere no 
sentido de se delimitar como uma prática alternativa 
autorregulatória entre corpo e mente, é o controle 
das constantes flutuação e oscilação mentais que ad-
quirimos pelo excesso de informações e tarefas ao 
qual somos expostos. A Meditação serve como fer-
ramenta para treinar a mente a estar no momento 
presente, a focar a atenção na necessidade desse ins-
tante e, assim, organizar os pensamentos. 
96 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Os resultados desse processo são vários, dentre 
eles, podemos citar benefícios, como: diminuição 
dos pensamentos repetitivos e, por conseguinte, 
diminuição das pré-ocupações do espaço mental, 
aumento do foco e da capacidade de concentração, 
redução da ansiedade e do autocontrole diante de 
situações de estresse, aumento do potencial de me-
morização e da clareza mental. 
Em estudo realizado por Menezes e Dell’Aglio 
(2009b), elas afirmam que, de acordo com a litera-
tura, existem dois tipos de meditação: a Concentra-
tiva, que consiste em focalizar a atenção em algum 
ponto de referência, como a respiração, retornando 
a atenção a esse ponto a cada momento de distra-
ção, e a Mindfulness cujo foco é a consciência no 
momento presente, sem traçar julgamentos sobre os 
pensamentos, numa atitude de observação e acei-
tação dos estímulos que possam surgir, sendo estes 
internos ou externos. 
Caro(a) aluno(a), embora existam diferentes ti-
pos de técnicas meditativas, devemos observar que 
todas elas convergem para um objetivo, que é man-
ter o foco de atenção e controlar os pensamentos, 
fortalecer a conexão entre o corpo e a mente, agu-
çando as percepções internas e externas, num trei-
namento de força mental para estarmos atentos ao 
momento. 
O fato de nos mantermos atentos ao que está 
acontecendo no presente permite-nos captar mais 
informações e tirar mais proveito das situações que 
nos rodeiam, absorvendo, assim, mais conhecimen-
to e, pelo fato de a mente se manter focada, conse-
guimos, desse modo, fixar tais conhecimentos de 
maneira mais efetiva, livre das distrações que temos 
por ora. 
Nesse sentido, podemos encarar a Meditação como 
uma “ginástica” para a mente, na busca de aumentar 
o nosso poder cognitivo e autoperceptivo. A partir 
de então, se acentua o domínio sobre nós mesmos e 
sobre as impulsividades de nossas emoções que nos 
levam a tomar decisões equivocadas, nos mantendo 
atentos e autodisciplinados. 
Quando meditamos, entramos em contato 
com uma parte da nossa mente que, até en-
tão, não estamos habituados a entrar. Se-
gundo as filosofias religiosas, podemos, por 
meio da Meditação, entrar em contato com 
o divino, com o supremo da criação. 
Fonte: a autora. 
SAIBA MAIS
Atualmente, as pesquisas na área da saúde já re-
velaram tais benefícios, ampliando cada vez mais 
o campo de exploração. O conceito de Meditação, 
neste meio, pode ser definido como “a utilização 
de alguma técnica específica e claramente definida, 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 97
com a qual se alcança algum relaxamento muscu-
lar e mental durante o processo, sendo um estado 
exclusivamente auto-induzido através da utilização 
de um foco (âncora)” (MENEZES; DELL’AGLIO, 
2009a, p. 279). 
A melhor utilização do foco estreita a relação en-
tre a cognição e o campo emocional, pois, a partir do 
momento em que se consegue controlar a atenção, é 
possível, também, controlar a intensidade e a quali-
dade dos pensamentos. A observação do que se pen-
sa leva à conclusão sobre o tipo de pensamento que 
reiteramos em nossa mente, fato que torna possível o 
reforço de pensamentos positivos em detrimento dos 
negativos, o que aumenta as nossas potencialidades. 
A partir desse ponto, podemos compreender 
como a prática da Meditação tem atuado nos tra-
tamentos para depressão e ansiedade, partindo do 
princípio de que o controle dos pensamentos esten-
de os seus benefícios ao corpo. A proposta, aqui, não 
se delimita a mudar o contexto, mas sim, a mudar as 
crenças e limitações que se criam em torno dele, mo-
dificando a forma de olhar e interpretar a realidade 
ao redor, com o objetivo de aprender a lidar com as 
situações que causam aflição e, por isso, se diz que a 
Meditação provoca a mudança de dentro para fora. 
No âmbito da Educação Física, temos o predomí-
nio dos aspectos motores nas práticas, porém com-
preendemos que o corpo vai além das suas valências 
físicas. Entendemos que a influência dessa área de 
estudo entende-se ao campo da qualidade de vida 
dos sujeitos, uma vez que a Educação Física abrange 
desde o cultivo da saúde até o campo educacional. 
As práticas que a Educação Física propõe se es-
tender ao cuidado de si mesmo, como os exercícios 
para a manutenção da saúde e a aquisição dos co-
nhecimentos da cultura corporal no âmbito educa-
cional. É uma área de grande integralidade e abran-
gência com efeito direto na melhora da qualidade de 
vida das pessoas. 
Dentro de tal abrangência, temos, nas mãos, 
uma prática que pode, de forma satisfatória, atender 
à complexidade que abrange a natureza humana, a 
qual envolve questões físicas, emocionais, mentais e 
espirituais. As práticas alternativas fazem-se dentro 
desse campo quando buscam a integração dessas di-
mensões, integralizando cada vez mais o ser huma-
no em todos os aspectos. Sobre esse assunto, Ober-
teuffer e Ulrich (1977, p. 4) tecem um conceito que 
atende tal perspectiva sobre a atuação da Educação 
Física. Vale a pena refletirmos sobre ele: 
A educação do “físico” isolado não é possível; e 
o termo Educação Física significa educação por 
meio de experiências que envolvem não apenas 
atividades e movimentos, mas também compo-
nentes emocionais, comportamentais e intelec-
tuais. E a Educação Física moderna é uma parte 
do processo de educação e deve ser julgado por 
seu impacto no homem inteiro e não somente 
em algumas de suas partes. 
Dentro desse contexto, o que você pensa a respeito 
do assunto? Reflita sobre a sua resposta enquanto 
prosseguimos com a temática. 
Ao analisarmos o fato de que o indivíduo é for-
mado por diversas dimensões, vemos que algumas 
delas são mais desenvolvidas do que outras, as di-
mensões físicas e intelectuais se sobressaem diante 
das necessidades da nossa sociedade, em que se fir-
mou a visão mecanicista do corpo. Tais práticas nos 
trazem a possibilidade de reformular essa visão e de 
ampliar as nossas potencialidades. 
98 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Essa nova visão pode ser construída a partir da refle-
xão sobre a intenção do trabalho corporal que esta-
mos realizando: em que ela está pautada? No movi-
mento por si mesmo? Ou pensando no ser humano 
que executa esse movimento? Qual a sua concepção 
sobre isso? 
Tal reflexão não é assim tão fácil de ser realiza-
da, tendo em vista o pensamento cristalizado so-
bre o assunto, porém, as Práticas Complementares 
e Alternativas, nesse caso, a Meditação, nos trazem 
a possibilidade de mergulharmos em novas dimen-
sões até então não exploradas por nós, professores e 
profissionais da Educação Física. 
Tratamos, aqui, da possibilidade de conscienti-
zação do indivíduo sobre a sua existência por meio 
do corpo em movimento, ou pelo simples ato de ob-servação dele por meio da Meditação, pela explora-
ção das suas sensações e percepções para além do fí-
sico, aumentando a capacidade de autopercepção e, 
consequentemente, o autoconhecimento, o que pos-
sibilita um olhar mais abrangente acerca de si mes-
mo e do meio o qual esse indivíduo está inserido, 
possibilitando a reflexão sobre o seu estilo de vida, 
bem como a mudança de valores e atitudes pessoais. 
Tal prática pode ser incorporada dentro das 
práticas convencionais, o que amplia a efetividade 
delas. Podemos, com isso, repensar a nossa atuação 
enquanto profissionais do campo da saúde e da edu-
cação. Nesse sentido, qual a visão que nós, profis-
sionais, possuímos sobre o ser humano que recebe a 
nossa influência? Qual olhar direcionamos ao corpo 
que possuímos? Qual é a nossa visão perante as dife-
rentes dimensões que compõem a complexidade do 
corpo e da vida? 
São tantas perguntas, não é mesmo? Pois bem, 
reflitamos sobre elas, busquemos respostas no arse-
nal literário que possuímos, mas também as busca-
remos em nós mesmos, no sentido de repensarmos 
os rumos que damos, atualmente, à nossa prática 
profissional, tendo em vista que atuamos diretamen-
te sobre seres humanos e suas vidas.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 99
100 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Como citado anteriormente, temos, no campo da 
Educação Física, forte influência da visão mecani-
cista do corpo, da reprodução mecânica dos movi-
mentos, a chamada dicotomia entre ambos, corpo 
e movimento, o que não cabe a uma prática que 
visa o bem-estar dos seus praticantes, esteja ela em 
qualquer campo de atuação dessa ampla área do 
conhecimento. 
Essa visão mecanicista já não se sustenta nos 
dias de hoje, visto que a visão holística, tanto no 
campo educacional como na área da saúde, ganha 
cada vez mais espaço diante da necessidade imposta 
pelo estilo de vida moderno, pautado cada vez mais 
por tarefas intelectuais, ou que exigem pouca movi-
mentação do corpo, mas intensa atividade mental. 
Ademais as pesquisas no campo da Neurociência 
mostram a interligação entre a mente e os compo-
nentes biológicos, nos revelando o quanto todos os 
nossos aspectos são interligados.
Se partirmos do princípio de que o indivíduo 
é formado pelo todo de suas diferentes dimensões, 
veremos que o corpo que se exercita é o mesmo que 
pensa, sente e interage com o meio, não existem dois 
seres em um só, o nosso corpo e a nossa mente com-
O Corpo e a Mente: 
O Desafio da Integralidade
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 101
põem um único ser, e as atividades de um estão di-
retamente relacionadas às do outro. Todo e qualquer 
estímulo que chega até nós, seja ele físico, mental 
seja emocional, atinge-nos como um todo.
Essa premissa parte da concepção holística que 
visualiza o ser integralmente. Castro et al. (2006, p. 
41) informam que 
A concepção holística foi reforçada com uma 
base fisiológica a partir do conceito de home-
ostase, desenvolvido, em 1929, por Cannon, o 
qual afirmava que qualquer estímulo, inclusi-
ve o psicossocial, que perturba o organismo, o 
perturba em sua totalidade. 
Na atualidade, vemos o crescente número de doen-
ças físicas e emocionais associadas ao estresse que o 
nosso estilo de vida, muitas vezes, nos impõe. Po-
demos considerar como estresse tudo aquilo que 
agride o organismo de forma intensa, gerando so-
brecarga e perturbações, sendo assim, tanto as ques-
tões externas quanto as internas podem nos causar 
desajustes psicológicos e orgânicos. 
Diante disso, como podemos considerar que 
o corpo e a mente são entidades separadas? Na 
visão da Psicossomática, “todos os conteúdos 
psicológicos têm suas contrapartidas corporais 
e vice-versa” (DETHLEFSEN; DAHLKE, 
2007, p. 78). Dessa forma, vemos que estamos 
presente, integralmente, em todas atividades que 
desempenhamos em nossa vida. 
Diante da pesquisa e do desenvolvimento cres-
centes da ciência, essa base dualista pela qual nos 
pautávamos vem perdendo força. Cada vez mais as 
ligações entre os campos mental, emocional e físico 
se estabelecem, abrindo espaço para novas possibili-
dades de atuação. Diante de novos estudos, surgem 
novos conceitos, por exemplo, o citado por Castro et 
al. (2006, p. 41), que nos fala da doença sociossomá-
tica, ou seja, “a visão da doença como uma conjuga-
ção de fatores originados do corpo, da mente, da sua 
interação e da interação também com o ambiente e 
o meio social.”
Se a doença pode ser considerada uma somatória 
de fatores advindos desse sistema global onde estamos 
imersos, a saúde também é. Nós, professores e profis-
sionais da Educação Física, que atuamos sobre a saúde 
e a conscientização da cultura corporal, devemos tam-
bém nos ater a esse contexto, no sentido de nos intei-
rarmos sobre esse novo olhar em direção ao corpo.
Devemos considerar, contudo, que a Educação 
Física por si só não conseguirá abarcar todos os pro-
blemas que envolvem a complexidade do ser huma-
no, porém, dentro do seu campo de ação, quanto 
mais amplo for o seu olhar, mais completa e signi-
ficativa essa prática torna-se na vida das pessoas. 
A integralidade da prática diz respeito a ampliar os 
olhares outrora seccionados.
102 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Caro(a) aluno(a), diante dos diferentes estilos de 
meditação que encontramos, como poderemos ini-
ciar uma prática meditativa que seja coerente com a 
rotina diária e que traga benefícios condizentes com 
as necessidades no nosso ambiente de trabalho?
Quando falamos em meditar, a primeira imagem 
que nos vem à cabeça é a de alguém sério e sisudo, 
com as sobrancelhas cerradas, as pernas cruzadas, 
os braços caídos sobre elas ou com as mãos unidas 
ao peito, a respiração compassada e forte, emitindo 
o som de um mantra, certo? Pode parecer, a princí-
pio, algo monótono e sem vida, ficar parado pode 
ser o grande desafio de muitos iniciantes. Manter a 
atenção focada, então? Outra grande barreira.
Nesse sentido, devemos considerar que, diante 
dos diferentes estilos, cabe a cada um buscar aquele 
que mais agrade. Temos aqueles da cultura oriental, 
mais pautados nas questões filosóficas/religiosas, 
que buscam o autoconhecimento, a evolução moral 
e espiritual ou os estilos ocidentalizados, que visam 
a melhora das capacidades mentais e cognitivas. 
Em ambos os estilos e seus subtipos, encontrare-
mos os seus benefícios, pois não devemos esquecer 
que o princípio é o mesmo para todos eles, manter 
o foco no momento presente, expandir capacidades 
e potencialidades. Independentemente do objetivo 
individual de cada praticante, o efeitos da Medita-
ção estendem-se aos aspectos físicos, emocionais e 
mentais e podem ser sentidos por pessoas de todas 
as idades. 
Cada técnica possui as suas especificidades e di-
retrizes que, por sua vez, desenvolverão diferentes 
tipos de habilidades de acordo com a proposta do 
profissional e com os objetivos de quem está bus-
cando. Dentro do mesmo estilo, podemos encontrar 
diferentes resultados, visto que estes estão de acordo 
com as necessidades do praticante.
As diversas formas de praticar a Meditação va-
riam da posição sentada, ao som de música calma, 
ou em silêncio, em pé, executando movimentos rá-
pidos ou lentos, ou em posição parada, com foco 
na respiração, ou com o olhar em algum ponto fixo, 
Como Meditar? 
O Desafio da Prática
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 103
com a atenção voltada para si ou para a expansão da 
consciência em direção a alguma divindade. Todas 
elas nos dão as possibilidades do aprimoramento 
pessoal por meio do autoconhecimento. 
O ideal é que a prática se repita, diariamente, 
por um tempo predeterminado, para que seja criado 
o hábito da meditação. Esse tempo varia de acordo 
com as possibilidades dos praticantes e deve aumen-
tar conforme a capacidade de concentração de cada 
um. Se a prática é em grupo, o tempo deve ser de-
finido, coletivamente. Quanto mais regular for essa 
prática, mais benefícios serão alcançados. 
Em todas as formas de Meditação menciona-
das, é possível alcançar o relaxamentodo corpo 
e da mente, aliviando o estresse e desenvolvendo, 
assim, as nossas potencialidades mentais. O maior 
desafio é, talvez, a resistência inicial em incorpo-
rar a prática nas atividades já definidas. Contudo 
temos exemplos de professores que utilizam a Me-
ditação na escola e obtêm consideráveis benefícios 
na aprendizagem das crianças e na redução de con-
flitos entre elas.
do essa organização, é possível estabelecer um am-
biente mais saudável na escola, estendendo-o para o 
círculo de convívio do praticante. 
Segundo dados da Mente Viva, no ano de 2008, 
foi desenvolvido um projeto chamado “Meditação 
da Compaixão”, realizado, diariamente, durante oito 
semanas, com alunos do quinto ano do Ensino Fun-
damental, em Gramado-RS. Tal projeto trouxe os 
seguintes resultados: a redução da impulsividade, 
a melhora da memória de trabalho e o aumento da 
empatia. 
Em nosso cotidiano, a Meditação pode ser uti-
lizada em momentos estratégicos, por exemplo, na 
ginástica laboral, o que melhoraria o foco e a aten-
ção no retorno ao trabalho e auxiliaria a acalmar os 
alunos da escola ou das aulas de ginástica, ao abaixar 
o ritmo e a frequência cardíaca, ao passo que po-
demos trabalhar a percepção dos sentidos do corpo 
após uma atividade física. Outros momentos impor-
tantes em que a Meditação pode ser utilizada são o 
pré e o pós-treino, em que podemos desenvolver um 
trabalho direcionado à redução da ansiedade e do 
nervosismo nas competições.
Se pensarmos que, para realizar a prática me-
ditativa, não necessitamos de muito tempo, nem 
de muitos materiais ou de amplo espaço, mas que 
precisamos apenas do direcionamento focado no 
objetivo da prática, teremos, em nossas mãos, uma 
ferramenta a mais de atuação, a qual pode, em nossa 
intervenção, render grandes resultados.
Em relação a como realizar a Meditação, isto de-
penderá do conhecimento e do entendimento que o 
profissional adquirirá bem como do direcionamento 
que ele imporá à prática, ao se questionar sobre o 
objetivo do trabalho por ele aplicado e como a Medi-
tação, diante de todos os benefícios apontados, pode 
melhorar o contexto de seu ambiente de atuação.
A prática meditativa pode ser utilizada em 
vários momentos de nossa intervenção, nas 
aulas de ginástica ou na escola, na ginástica 
laboral ou nos treinos. Vamos refletir onde 
mais podemos intervir com ela?
REFLITA
Como exemplo, temos a ONG Mente Viva, que atua 
junto a crianças e adolescentes em idade escolar, uti-
lizando a meditação como ferramenta para a criação 
do que a ONG denomina de “cultura de paz”. Segun-
104 
considerações finais
P
ois bem, caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade sobre 
as Práticas Alternativas Complementares (PACs). Aqui, abordamos o 
tema Meditação. Vimos como a Educação Física pode se apropriar dela 
e, assim, enriquecer a prática diária, trazendo mais benefícios para as 
pessoas que recebem a nossa interferência profissional.
Vimos, também, que as origens da Meditação remontam a tempos antigos, 
no interior das tradições religiosas do Oriente, contudo, a Meditação não se res-
tringe somente a uma prática espiritual. A partir da década de 60, o interesse por 
pesquisas na área crescerau, consideravelmente, revelando-nos grandes benefí-
cios da prática meditativa para a saúde como um todo.
Discutimos a dicotomia entre o corpo e a mente, assim como a mecanização 
do movimento. Avançamos em relação às discussões, no sentido de buscarmos 
soluções para a integralização do indivíduo, numa visão holística que busca a 
totalidade, na qual o físico e a mente são parte do mesmo ser que pensa, sente e 
interage. 
Vimos que somos um ser integral, influenciados por nossos sentimentos, 
emoções e pensamentos bem como pelo meio onde vivemos. Somos complexos 
de tal modo que esta complexidade não pode ser dividida e abordada como par-
tes isoladas, mas como um todo que se inter-relaciona. 
A Meditação, nesse sentido, oferece-nos condições para avançarmos em re-
lação a essa busca pela integralidade do ser, por meio do autoconhecimento que 
a prática proporciona e dos benefícios orgânicos que ela traz, pois a Meditação 
atua na melhora da condição mental, refletindo, diretamente, em nossa condição 
orgânica como um todo. 
Este foi um breve apanhado sobre o assunto, ainda há muito a se explorar. 
Desejamos que os conteúdos aqui apresentados tenham aguçado em você a von-
tade de ampliar as suas possibilidades de trabalho com a Educação Física e a 
explorar essa área dentro da abrangência que ela possibilita.
 105
atividades de estudo
1. A prática da Meditação tem como berço as tra-
dições orientais vinculadas às manifestações re-
ligiosas, contudo ela vem ganhando espaço na 
cultura ocidental. Neste sentido, podemos afir-
mar que: 
a) As práticas meditativas são, unicamente, 
vinculadas às tradições religiosas orientais.
b) As práticas meditativas foram esquecidas 
ao longo dos tempos.
c) A Meditação está inserida também nas reli-
giões ocidentais, de forma que ficou restri-
ta apenas a elas.
d) A Meditação, na cultura ocidental, é cada 
vez mais explorada pela ciência, que com-
prova os seus benefícios para o corpo 
como um todo. 
e) Nenhuma das afirmativas anteriores está 
correta.
2. De acordo com as tradições orientais, o indivíduo 
é composto por diferentes dimensões que se 
inter-relacionam e o compõem como ser com-
plexo, em constante evolução. Em relação a este 
assunto, leia as afirmativas a seguir: 
I - Para essas tradições, somos compostos 
por três dimensões: uma física, uma men-
tal e outra espiritual.
II - Somos compostos por duas dimensões, 
uma espiritual e outra mental.
III - Possuímos, também, uma dimensão espi-
ritual, que transcende as outras três e nos 
eleva à condição divina. 
IV - Segundo tais tradições, a dimensão física 
é a que conseguimos captar pelos nossos 
órgãos do sentido, sendo mais restrita a 
dimensão mental, composta por nossos 
sentimentos e emoções. 
É correto o que se afirma em:
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e IV.
c) Apenas III.
d) Apenas I e IV.
e) I, II, III e IV.
3. Sobre o conceito de Meditação no Ocidente, as-
sinale verdadeiro (V) ou falso (F):
( ) A Meditação é vista como uma ferramenta 
de elevação espiritual.
( ) Ela se delimita como prática alternativa 
autorregulatória entre corpo e mente.
( ) A Meditação auxilia no controle das cons-
tantes flutuação e oscilação mentais.
( ) Ela serve como ferramenta para manter 
o foco e a atenção nas necessidades do mo-
mento presente, potencializando as nossas 
capacidades cognitivas e mentais. 
A sequência correta para a resposta da questão é:
a) F; F; V; V.
b) F; V; V; V.
c) V; V; F; V.
d) V; V; V; V.
e) F; F; F; F.
4. Como discutido nesta unidade, nós somos se-
res integrais e indissociáveis. Os nossos proces-
sos mentais e emocionais podem desencadear 
problemas de ordem física e vice-versa. Cabe 
à Educação Física, na sua prática, expandir os 
olhares sobre as novas concepções que nos 
cercam. Sobre estes aspectos, analise as afir-
mações a seguir: 
106 
atividades de estudo
I - O nosso estado de saúde ou de doença 
pode ser considerado a somatória de fa-
tores do sistema global onde estamos 
imersos. 
II - Integralizar a prática da Educação Física diz 
respeito a ampliar os nossos olhares sobre 
os sujeitos que sofrem a intervenção pro-
fissional, expandindo esse olhar para além 
dos aspectos puramente biológicos. 
III - Para integralizar novos conceitos à sua 
prática, cabe à Educação Física romper 
com os padrões tradicionais e desconsi-
derar os seus conteúdos. 
IV - As práticas alternativas podem ser incor-
poradas às convencionais, ampliando a 
efetividade delas, levando os profissionais 
a refletirem sobre a própria atuação tanto 
no campo do bacharelado como no da li-
cenciatura. 
É correto o que se afirma em:
a) Apenas I e IV.
b) Apenas II, III e IV.
c) Apenas I, II e IV. 
d) I, II, III e IV.
e) Apenas II e III. 
5. Disserte sobre o conceito de Meditação no Oci-
dentee o inter-relacione com os conhecimentos 
da Educação Física.
 107
LEITURA
COMPLEMENTAR
A Educação Física e o corpo: tecendo novos olhares
Diante da discussão sobre as Práticas Alternativas e 
Complementares na Educação Física (PACs), deparamos-
-nos com novos conceitos, alguns deles se inter-relacio-
nam com os tradicionais desenvolvidos até então, outros 
encerram novas discussões e possibilidades de constru-
ção de novos conteúdos e experiências. 
Como quebrar os paradigmas seguidos até então? Fa-
lamos, aqui, de uma nova visão sobre o corpo, a visão 
holística, que se estende não apenas à Educação Física, 
especificamente, mas à área da saúde como um todo. 
Em que consiste essa visão holística do corpo? Em am-
pliar os olhares não apenas para os aspectos orgânicos 
do ser, mas defini-lo em sua totalidade. No decorrer dos 
séculos, a ciência e a filosofia trazem essa discussão, e as 
diferentes conclusões sobre ela nos afetam na maneira 
como seremos vistos e abordados dentro da educação, 
da medicina e das demais áreas do conhecimento. 
O nosso modo de ver e pensar em relação ao nosso cor-
po condiciona o nosso modo de sermos e sentirmos, 
pois elaboramos contextos em torno de nós mesmos, 
baseados em tais preceitos. Na antiga Grécia, Platão con-
siderava o indivíduo como detentor de uma alma pree-
xistente a ele e que sobrevivia após a morte. Em seguida, 
deparamos-nos com os concepções de Aristóteles, que 
limitava o corpo unicamente à forma e à matéria. 
Essas diferentes formas de pensar condicionam a filo-
sofia e a ciência de modo geral e, consequentemente, o 
modo como a sociedade se autodetermina. Esse corpo, 
ao longo da história, ora visto como criação divina, ora 
como matéria puramente orgânica, traz consigo os estig-
mas dessas discussões. 
Na Era Moderna, temos a total cisão entre corpo e men-
te por causa dos crescentes interesse e desenvolvimento 
das ciências naturais. Descartes atribui os estudos dos 
aspectos mentais do ser humano à filosofia e à religião, e 
os do corpo, à medicina. A partir de então, todas as ciên-
cias relacionadas à saúde tratam de um corpo orgânico 
dotado de funções e partes seccionadas para melhor se-
rem estudadas. 
A Educação Física surge nesse contexto, apropriando-se 
das valências físicas/motoras do indivíduo e, nesse sen-
tido, temos, a princípio, a visão de um corpo puramente 
motor. Mas como todos os conteúdos dentro de todas 
as áreas do conhecimento encontram-se inacabados e 
devem estar intimamente relacionados às nossas neces-
sidades, esse conceito vem sofrendo transformações. 
Somos seres inacabados em constante transformação e 
evolução, diante das novas necessidades que criamos, 
é preciso pensar adiante para que a nossa prática vali-
de-se de acordo com tais necessidades. Dialogar com as 
demais áreas do conhecimento, por exemplo, é de fun-
damental importância, em nossa atuação, para a cons-
trução do saber científico. 
Os conhecimentos trazidos pelas culturas orientais pos-
sibilitam, dentro das PACs, a abertura para novos con-
ceitos e a construção de nova visão científica/filosófica. 
Mas, para tanto, se faz necessário que nós, professores e 
profissionais, adentremos tais discussões e busquemos 
nos apropriar dessa necessidade de expansão, tendo em 
vista a importância dela na construção de uma prática 
que seja relevante para a sociedade de modo geral, se-
gundo as suas necessidades reais. 
108 
material complementar
Meditação Taoísta 
Wu Juh Cherng 
Editora: Mauad 
Sinopse: esta é uma autêntica obra Taoísta, que porta um trabalho minucioso 
de fidelidade aos textos clássicos, pois é traduzida diretamente do chinês para o 
português. Nesta obra, o mestre Cherng apresenta, segundo as suas origens, as 
diretrizes e as posturas físicas e mentais para a prática da meditação Taoísta, o 
que facilita a compreensão do pensamento oriental. 
Comentário: é uma ótima obra para quem deseja compreender o pensamento 
oriental e também uma das culturas que principiaram a prática da Meditação.
Indicação para Ler
Samsara 
Ano: 2011
Sinopse: “Samsara” é um enigmático documentário que sucede “Baraka” (1992). 
Produzido ao longo de cinco anos e passando por 25 países, este filme mostra 
imagens intrigantes que abordam desde as nossas atitudes mais mundanas até 
as mais divinas. Ele é considerado uma “meditação guiada não-verbal” pela sua 
capacidade de prender a atenção apenas pelas imagens e pela sonoridade, sem 
dizer uma única palavra. 
Comentário: assistir a esse documentário é uma experiência meditativa sem 
igual, alguns dizem que ele deve ser visto com os olhos bem abertos e os ouvi-
dos bem limpos.
Indicação para Assistir
Este é o site oficial da ONG Mente Viva, dedicada ao trabalho de atenção à infân-
cia e à adolescência, possibilitando um desenvolvimento pessoal com mais afeto 
e dignidade, estimulando a paz nas escolas por meio da Meditação. 
Web: https://www.menteviva.org. 
Indicação para Acessar
https://www.menteviva.org
https://www.menteviva.org
https://www.menteviva.org
https://www.menteviva.org
https://www.menteviva.org
https://www.menteviva.org
https://www.menteviva.org
 109
referências
gabarito
CASTRO, M. da G. et al. Conceito mente e corpo 
através da história. Psicologia em Estudo, Maringá, 
v. 11, n. 1, p. 39-43, jan./abr. 2006. Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/pe/v11n1/v11n1a05.pdf. 
Acesso em: 29 maio 2019. 
DETHLEFSEN, T.; DAHLKE, R. A doença como ca-
minho. São Paulo: Cultrix, 2007. 
HART, W. Meditação Vipassana: a arte de viver segun-
do S. N. Goenka. Rio de Janeiro: Dhama Livros, 1987. 
MENEZES, C. B.; DELL’AGLIO, D. D. Os Efeitos 
da Meditação à Luz da Investigação Científica em 
Psicologia: Revisão de Literatura. Psicologia Ci-
ência e Profissão, v. 29, n. 2, p. 276-289, 2009a. 
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/
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MENEZES, C. B.; DELL’AGLIO, D. D. Por que medi-
tar? A experiência subjetiva da prática de meditação. 
Psicologia em Estudo, Maringá, v. 14, n. 3, p. 565-
573, jul./set. 2009b. 
OBERTEUFFER, D.; ULRICH, C. Princípios de 
Educação Física. São Paulo: Edusp, 1977. 
1. D.
2. D.
3. B. 
4. C.
5. Diante das descobertas científicas realizadas em torno da Meditação, ela 
tem ganhado espaço como uma prática alternativa autorregulatória entre o 
corpo e a mente, sendo uma importante ferramenta no equilíbrio de nossas 
emoções. Temos, hoje, o crescente aumento no número de pessoas com 
diagnósticos de doenças de origem emocional, e uma das principais reco-
mendações médicas para esses problemas é a atividade física. Dessa forma, 
aliar a Educação Física à prática meditativa pode potencializar os benefícios 
da atividade corporal. Além do mais, nas atividades de alto rendimento, em 
que são necessários altos níveis de concentração e foco, a Meditação se faz 
de grande valia por causa de todos os seus efeitos sobre o cérebro. Em rela-
ção ao relaxamento, ela pode trazer grandes resultados também, ajudando 
a acalmar os alunos nas atividades escolares, na academia e nos desportos 
diversos. Por ser de fácil aplicação e direcionamento, pois não precisa do 
uso de materiais ou de grandes espaços, a prática meditativa pode ser apli-
cada em toda e qualquer modalidade que se desejar, e a encontramos na 
Educação Física a fim de integralizar o desenvolvimento do corpo como um 
todo, nas suas particularidades físicas, mentais e emocionais. 
http://www.scielo.br/pdf/pe/v11n1/v11n1a05.pdf
http://www.scielo.br/pdf/pe/v11n1/v11n1a05.pdf
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http://www.scielo.br/pdf/pcp/v29n2/v29n2a06.pdf
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Professora Esp. Érica Fernanda Lopes 
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• Biodança: origem e história 
• Definição e prática da Biodança 
• Biodança e Educação Física: aproximações e 
complementaridades
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar a origem e a história da Biodança. 
• Discutir a sua prática e os seus benefícios para a saúde de 
modo geral. 
• Apresentar a prática da Biodança e o seu entrelaçamento 
com a Educação Física.
BIODANÇA
unidade 
V
INTRODUÇÃO
Olá, querido(a) aluno(a)! Nesta unidade, fugimos um pouquinho do 
Oriente e viemos para as Américas com o objetivo de lhe apresentar a 
Biodança. Teremos uma breve exposição sobre o seu conceito histórico e 
as suas origens filosóficas e científicas. 
Neste breve estudo, você perceberá que a Biodança vem exatamente 
ao encontro do modelo de trabalho proposto pelas PACs (Práticas Alter-
nativas e Complementares) e que também faz parte do escopo das teorias 
oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pois ela tem, em sua base, 
a teoria holística da totalidade do indivíduo entre corpo, mente e espírito. 
A escolha do tema partiu do interesse deste estudo de buscar práticas 
corporais que visam ao ser humano na totalidade de sua existência, teoria 
essa que, filosoficamente, tem as mesmas bases das concepções orientais 
discutidas nesta obra.
A Biodança faz uso de duas das práticas culturais mais antigas da 
civilização humana, a dança e a música, para criar uma intervenção que 
busque a sensibilização dos sentidos, a exploração das sensações e a ex-
ternalização dos sentimentos, possibilitando o contato consigo de manei-
ra integral e espontânea. 
Aqui, a liberdade do movimento é direcionada para um fim, ritmado 
pela música e atrelado a uma intenção, incentivando a expressão de si 
mesmo, como que materializando sentimentos e emoções até então apri-
sionados dentro de cada um. 
Essa prática, aliada aos conhecimentos que a Educação Física anga-
riou sobre o corpo e o movimento ao longo de sua história, pode trazer 
grandes benefícios para os praticantes. Convidamos você a conhecer um 
pouco dessa ferramenta de desenvolvimento e de crescimento, a qual nos 
envolve e nos convida ao movimento pela dança. Vamos lá?
114 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, traremos os conhe-
cimentos até então discutidos quanto-o Oriente para 
a reflexão sobre um conteúdo desenvolvido aqui per-
tinho, na América do Sul, mas cuja fundação ocor-
re nos mesmos princípios É com grande prazer que 
iniciamos esta unidade sobre a Biodança. Você já 
deve ter se perguntado em que consiste essa modali-
dade, mas, se ainda não a conhece, convidamos você 
a enriquecer ainda mais os seus conteúdos sobre o 
tema. Se já a conhece, fazemos o mesmo convite.
O nome Biodança remete-nos, automaticamen-
te, ao movimento ritmado e musicalizado da dança, 
porém, qual o significado do radical “bio”, que an-
tecede o termo e ajuda a compô-lo? Em seu sentido 
etimológico, ao dividirmos a palavra, veremos que 
“bio” provém do grego e remete à palavra “vida” e, 
assim, esse radical compõe palavras que dizem res-
peito ao ser vivo. Portanto, podemos concluir que a 
Biodança é a dança da vida? Se esta também é a sua 
pergunta, a resposta é: sim! 
Biodança: 
Origem e História
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 115
A Biodança é a dança da autodescoberta. Ela 
possibilita romper as couraças que nos envolvem 
em emoções e sentimentos reprimidos em nós, e 
limitam ou até impedem a expressão de nossas ca-
pacidades e potencialidades. Ela se utiliza do movi-
mento integrado e integrativo na prática coletiva ou 
individual da dança. O termo “couraça”, por sua vez, 
refere-se à teoria Reichiana, a qual define esse termo 
como “a capacidade de se fechar contra o desprazer 
e evitar a angústia mediante o enrijecimento da pe-
riferia” (REICH, 1987, p. 321).
A origem da Biodança parte da Psicologia e da 
Antropologia e foi criada por Rolando Toro Arane-
da, psicólogo, professor e antropólogo chileno. No 
ano de 1964, enquanto atuava no Hospital Psiquiátri-
co da Universidade Católica do Chile, Toro, na busca 
por humanizar os atendimentos médicos destinados 
aos pacientes com transtornos mentais, inicia o seu 
trabalho em conjunto com a equipe médica do local. 
lacionados a alucinações e a delírios, piorando os 
sintomas de determinados perfis de internos e, em 
outra situação, músicas mais agitadas e alegres leva-
va-os à euforia e à agitação, o que diminuiu os sinto-
mas anteriormente apresentados. 
De forma empírica, Toro iniciou o seu trabalho 
com o que, inicialmente, ele denominou Psicodança 
e, desde então, adequou os diferentes estilos às di-
ferentes necessidades de cada caso. Freitas (2009, p. 
31), baseado em seus estudos na Escola de Biodança 
de Belo Horizonte, afirma que: 
Com o avanço da pesquisa em outros grupos 
sociais, Rolando Toro percebeu que a combi-
nação apropriada de tais exercícios se mostra-
va eficiente para modificar comportamentos 
e intuiu que tinha efeitos terapêuticos sobre a 
condição generalizada de pessoas aprisionadas 
em egos encapsulados, incapazes de transcen-
der a própria pele e que sofrem continuamente 
ali dentro, sentindo excesso de ânsia, culpa e 
medo, em identidades fragmentadas, enfra-
quecidas e confusas. Constatou também que 
o enfoque no potencial saudável da pessoa, ao 
invés da ênfase nos distúrbios, parecia produzir 
efeitos reparadores mais consistentes. 
As suas constatações ganharam corpo e, em pou-
co tempo, a influência dos efeitos da Biodança era 
visível nos internos do hospital. Por meio da inte-
ração com a música e de movimentos espontâneos 
com o corpo, Toro desenvolveu um método em que 
as pessoas conseguem, por meio da expressão cor-
poral, entrar em contato com os seus sentimentos 
e emoções aprisionados, revelando e externalizando 
sensações até então incrustadas no inconsciente.
Partindo do princípio de que o bloqueio do de-
senvolvimento de nossas potencialidades provém 
daquilo que não acessamos em nossas mentes, Reich 
(1987, p. 42) nos questiona: 
Figura 1 - Rolando Mario Toro Araneda
Fonte: Alma d’Alma ([2019], on-line)1. 
Ele elabora uma série de experiências com seus pa-
cientes, em que utiliza a música em diferentes rit-
mos e intensidades, observando as reações que elas 
provocavam. Ele observou que músicas mais lentas 
emelodiosas causavam, nos pacientes, sintomas re-
116 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Você pensa que determina livremente suas pró-
prias ações? Longe disso: sua ação conscien-
te é apenas uma gota na superfície de um mar 
de processos inconscientes, do qual você nada 
pode saber - e sobre o qual, na verdade, tem 
medo de saber algo.
Esse medo de ir a fundo naquilo que somos, de 
nos conhecermos, verdadeiramente, faz com que 
criemos resistência às expressões de nossa própria 
natureza e, consequentemente, o impacto de tais 
bloqueios se manifesta no corpo, provocando dores 
e dificuldade de nos expressarmos. Desse modo, a 
Biodança nos propõe o caminho inverso, ou seja, 
por meio do movimento corporal, da dança, nos li-
bertar das nossas amarras mentais. 
A Biodança é uma prática recente e, mesmo 
que os trabalhos tenham sido iniciados em meados 
da década de 60, a sua estruturação completa deu-
-se apenas no início da década de 80. Embora tão 
jovem, a Biodança utiliza elementos presentes na 
cultura humana desde os seus primórdios, como a 
dança e a música, fato que facilita a adesão a ela, 
pois tais práticas estão incutidas em nosso DNA 
ancestral e cultural. 
Desde então, outras pesquisas foram desenvolvidas 
na área, e o trabalho de Rolando Toro, na formação 
de facilitadores em Biodança, ganha campo, a cada 
dia espalhando-se pelo mundo. Hoje, ela está pre-
sente em diversos países, como Brasil, Argentina, 
Peru, Colômbia, Venezuela, Chile, Itália, Canadá, 
Suíça e Espanha. No Brasil, a sua difusão cresceu 
desde que a técnica foi incorporada ao SUS (Siste-
ma Único de Saúde) pela Política Nacional de Prá-
ticas Integrativas e Complementares (PNPICs) no 
ano de 2017, assim como em diversas escolas na 
Educação Básica. 
A Biodança foi agregada como Prática Com-
plementar a tratamentos de transtornos mentais e 
emocionais uma vez que a música, o toque, a dança 
e os movimentos leves e soltos estimulam a esponta-
neidade, a livre expressão, a consciência corporal e a 
integração social, melhorando os níveis de estresse, 
o que influi, diretamente, no comportamento dos 
praticantes. 
Na cidade de Joinville-SC, encontramos rela-
tos de trabalhos com a Biodança cujos resultados 
mostraram-se muito impactantes no tratamento. 
A enfermeira Célia Diefenbach (2017), da Unidade 
Básica de Saúde e especialista em Saúde da Família, 
relata que 
o vínculo afetivo entre os participantes é um 
componente importante para o processo do 
Cuidado, de humanização e qualidade de 
vida. “Essas relações são fortalecidas pela for-
mação do grupo, tornando a biodança uma 
terapia com resultados transformadores e 
valorizados pela comunidade”, [...] (BRASIL, 
2017, on-line)2.
Figura 2 - Obra La Danse, de Henri Matisse (1909-1910) 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 117
Com base em muitos relatos como esse, a prática 
tem ganhado cada vez mais espaço e importância 
na manutenção da saúde e na promoção da quali-
dade de vida, especialmente por sua simplicidade na 
aplicação e pelos excelentes resultados. Esse foi um 
breve relato sobre a história da Biodança, mas você, 
querido(a) aluno(a), curioso(a) e comprometido(a) 
com a aprendizagem, pode buscar outras informa-
ções a respeito. Ao longo da unidade, traremos ou-
tros elementos que contribuirão para o despertar de 
sua curiosidade. Vamos continuar? 
118 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
A Biodança parte do Princípio Biocêntrico, que colo-
ca a vida como o centro de todas as manifestações do 
universo, pois, na criação dela, movimenta-se a todo o 
momento, portanto, segundo essa teoria, a vida deve 
ser o foco das ciências humanas. O Princípio Biocên-
trico aponta que as manifestações orgânicas instintivas 
do ser humano têm papel fundamental em seu de-
senvolvimento e que não devemos reprimir as nossas 
emoções ancestrais, mas sim, manifestá-las e refiná-las. 
Definição e Prática da 
Biodança
Para tanto, o eixo central do estudo pauta-se 
na afetividade, na construção e evolução dos sen-
timentos humanos, e destes partem todo o nosso 
potencial de criação, porque a afetividade está pre-
sente em todos os processos do desenvolvimento 
humano e envolve tudo aquilo que criamos nas di-
ferentes fases de nossa vida. Vecchia (2013, p. 48) 
explica-nos que 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 119
A complexidade teórico-epistemológica da Biodan-
ça faz-se dentro dos campos da Psicologia, da Antro-
pologia e da Biologia, integrando, respectivamente, 
os aspectos orgânicos do desenvolvimento humano 
(como vitalidade e sexualidade) e os aspectos psi-
cossociais (comportamentos inerentes) às relações 
O Princípio Biocêntrico diz que a afetividade 
permeia o indivíduo em todas as suas rela-
ções. Sendo assim, um bom desenvolvimento 
afetivo/emocional pode potencializar o desen-
volvimento de novas habilidades? 
REFLITA
A afetividade é a força viva geradora de todas as 
dimensões, inclusive do padrão de organização 
das relações humanas. Ela se configura no có-
digo genético. Essa cognição em rede permeia 
os sentidos do olfato, da visão, da audição, do 
paladar, da sensibilidade da pele; permeia as 
emoções, a vivência do contato e do vínculo; 
permeia os sentimentos e a razão. Quando o ser 
humano age, sente e pensa de forma integrada 
pela afetividade, em todos esses elementos ele 
está agindo, sentindo, vivendo e pensando por 
uma inteligência afetiva, a mesma que permeia 
e rege todo o cosmo. 
O Princípio Biocêntrico defende o desenvolvimento 
do ser criativo por meio da conexão com a vida, na 
expressão de nossos potenciais genéticos (instintos 
e vivências), na liberdade de expressão e na criação 
para o bem individual, mas, principalmente, para o 
bem coletivo, pautado no conhecimento, na intera-
ção com o meio ambiente e as pessoas à nossa volta, 
contribuindo com o processo de transformação e 
evolução humanas. 
antropológicas da vida em comunidade, formando 
as bases para a construção da vida humana. Segun-
do Toro (2002, p. 33), “a Biodanza é um sistema de 
integração humana, de renovação orgânica, de re-
educação afetiva e de reaprendizagem das funções 
originais da vida”. 
Para atingir tais objetivos, a Biodança utiliza, em 
sua metodologia, a dança e a música, práticas an-
cestrais que nos acompanham desde os primórdios 
de nossa existência. A integração desses elementos, 
conduzidos para tais finalidades permite que o corpo 
se expresse totalmente, deixando fluir as suas expres-
sões, manifestando tudo aquilo que, por inúmeros 
fatores, aprisionamos em nossa mente inconsciente. 
O conceito de dança adotado por Toro refere-se 
àquele relacionado com a dança ancestral dos rituais 
primitivos Xamânicos e africanos, em que há a li-
berdade e a livre expressão do corpo no movimento, 
sem marcações e delineamentos, fugindo do estilo 
tradicional europeu. Aqui, todos os sentimentos são 
transmitidos por meio do corpo, sem padrões de 
movimentos predeterminados. 
Todo esse trabalho é realizado em grupo, partin-
do do princípio da interação por meio da vivência, 
da livre movimentação, do toque, da troca de olha-
res, da observação, do sentir, do ouvir e do conviver 
com as próprias manifestações e com as dos demais. 
Esta é a base da prática da Biodança, a vivência e as 
experiências que nos permitem explorar os nossos 
potenciais e observar a nós mesmos nesse processo, 
aprimorando a nossa capacidade de autoconheci-
mento e criação. 
Você pode se perguntar, nesse momento: Se o 
objetivo é o autoaprimoramento, porque as ativi-
dades são realizadas em grupo? A resposta para a 
pergunta baseia-se na ideia de que as nossas relações 
afetivas construídas coletivamente, à medida que in-
120 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Sendo assim, podemos observar que os efeitos da 
Biodança interagem com as sensações físicas e as 
respostas neuroquímicas e comportamentais daque-
les que a praticam. Tais efeitos são captados pelos 
sentidos e decodificados pelo cérebro, alterando 
padrões de comportamentos traumáticos e nega-
tivos, caracterizando o princípio da interaçãoque, 
segundo Freitas (2009, p. 34), é “a capacidade de se 
vincular integralmente em suas dimensões pessoal, 
social e espiritual, no sentido de ser inteiro consigo 
mesmo, com o outro semelhante e com o mundo, 
sentindo-se pertencente ao devir”. 
Os termos “se vincular integralmente” e “ser in-
teiro consigo mesmo” são comprovados por essa in-
teração do próprio indivíduo tão acentuada na técni-
ca. Interação que vai do comportamental ao orgânico 
e alcança as relações externas com o meio que nos 
cerca e, dentro dessa integralidade, nos é permitida a 
autorregulação física, emocional e social. 
Assim, vemos que a Biodança utiliza as diferen-
tes frequências musicais para atingir os seus obje-
tivos. Nas músicas suaves, temos a diminuição do 
ritmo cardíaco e a indução a estados de introspec-
ção e reflexão, já aquelas mais agitadas têm o efeito 
contrário, pois aumentam os batimentos cardíacos e 
levam a estados de euforia. 
Nas suas experiências, Rolando Toro buscava 
nos pacientes uma espécie de ressonância com os 
ritmos musicais, com o objetivo de atingir o equi-
líbrio das sensações e das emoções de acordo com 
o tipo de música executada e segundo a finalidade 
de cada prática. No decorrer da execução dos mo-
vimentos, conforme ocorrem a harmonia e a sin-
tonia deles com a música, há a alteração do estado 
de consciência, o chamado transe musical, em que 
as alterações biológicas e psicológicas começam a 
acontecer.
teragimos com os demais seres humanos e com o 
meio ambiente à nossa volta. 
Em nosso habitat, formamos uma teia de rela-
ções que nos permite exprimir aquilo que possuí-
mos, ao passo que reagimos aos estímulos externos 
circundantes, os quais nos chegam a todo momento. 
Para isso, o nosso corpo é dotado de cinco senti-
dos, que são o canal básico de comunicação com o 
mundo exterior, em que vemos, sentimos e ouvimos 
para, então, interagirmos. Esta cadeia de sensações 
é decodificada e transformada em sentimentos e 
emoções que sentimos e expressamos com mais ou 
menos intensidade, compondo a complexidade da 
nossa mente consciente e inconsciente. 
A Biodança parte do princípio da interação di-
nâmica entre o indivíduo e o meio. Portanto, biolo-
gicamente, para Toro (2002), a partir do momento 
que interagimos dessa forma, estimulamos uma ca-
deia de reações químicas no nosso corpo por meio 
de respostas neurovegetativas que atuam diretamen-
te sobre o sistema límbico, a estrutura do nosso cé-
rebro responsável pela decodificação de emoções e 
comportamentos sociais. 
Os efeitos orgânicos das vivências com a Bio-
dança são, perfeitamente, descritos no trabalho de 
Freitas (2009, p. 32), ao apontar que Toro 
Percebeu que a mobilização do sistema neu-
rovegetativo, primeiro com a ativação do sis-
tema simpático – através de descargas do neu-
rotransmissor Noradrenalina induzidas por 
música euforizante –, seguida da ativação do 
sistema parassimpático – através de descargas 
do neurotransmissor Acetilcolina induzidas 
por música regressiva, mediadas por músicas e 
exercícios que estimulam uma pulsação suave 
entre as duas polaridades, funciona como um 
padrão sinérgico capaz de promover integra-
ção, renovação e reaprendizagem instintiva.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 121
riamente, com seres integrais que sentem, pensam, 
interagem e se emocionam, que vivenciam experiên-
cias pela doação de si e pela absorção do meio. So-
mos completos e inteiros, de modo que fragmentar 
o indivíduo é limitar as suas potencialidades inatas. 
A Biodança, na prática, acontece em grupos, ge-
ralmente, em círculos. Inicia-se com a explanação 
do método e a observação do padrão do grupo. Os 
exercícios são propostos de acordo com a necessi-
dade dos participantes, em que cada movimento e 
posição, cada ritmo musical e intensidade respirató-
ria são estimulados com finalidades específicas, de 
acordo com os Princípios Biocêntricos discutidos 
anteriormente, e tais princípios são canalizados para 
o grupo.
No decorrer do processo, pode-se enfatizar o 
trabalho de cada parte do corpo em especial, com 
direções, sentidos, níveis e intensidades diferentes. 
Os movimentos podem ser feitos, individualmente, 
em pares ou em grupos, onde se trabalha a troca de 
olhares, os toques nas mãos e os abraços, por exem-
plo. Os temas de cada vivência são estipulados, as-
sim como as músicas que serão trabalhadas. 
Ao final, pode haver a partilha da experiência 
entre os praticantes. A entrega à prática acontece 
aos poucos, no decorrer de cada aula. Quanto mais 
se pratica, maior é o envolvimento com a técnica 
e maior é a capacidade de imersão e envolvimento 
com ela, com o grupo e consigo. 
Praticar a Biodança é abrir um canal de comu-
nicação com a sua própria mente, aguçar as percep-
ções do espaço e do meio que nos envolvem. É um 
passo no sentido da liberdade do corpo e da mente, 
ritmadas pela música e expressas pelo movimento 
livre de padrões. 
O estado de transe que envolve os praticantes 
da Biodança durante a prática assemelha-se a 
um estado meditativo, em que há a descone-
xão parcial com o ambiente externo e a forte 
conexão do indivíduo consigo, com as suas 
percepções, os seus sentimentos e emoções. 
Curioso(a)? Experimente!
Fonte: a autora. 
SAIBA MAIS
No transe musical, ocorrem alterações cinestésicas e 
neurovegetativas, em que predomina a diminuição 
do estado de vigília por meio da ativação do sistema 
parassimpático, levando à alteração momentânea de 
consciência. É como se o movimento fosse induzi-
do pelas emoções que se manifestam de acordo com 
cada praticante. 
Tais alterações, em nível cerebral, criam uma ca-
deia de reações psicofísicas, de sensações e percep-
ções reais que outrora não podiam ser alcançados, 
pois estavam alojadas em nosso inconsciente e que, 
por esta razão, determinam padrões de comporta-
mento até então incompreendidos. 
Tais experiências provocam reações químicas 
no corpo pela secreção de hormônios vinculados ao 
prazer e ao bem-estar, por meio da integração entre 
a manifestação da mente e as emoções produzidas 
no movimento. Esta prática aponta a ideia que de-
fendemos nas práticas complementares, a de inte-
gralidade do ser em todas as suas dimensões. 
O método de Toro comprova-nos que somos 
seres integrais e codependentes, pois, quando atua-
mos sobre o corpo humano, atuamos, concomitan-
temente, no ser humano, abordamos e lidamos, dia-
122 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Biodança e Educação Física: 
Aproximações e Complementaridades
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 123
No início desta obra, enfatizamos que o papel da 
Educação Física, em todos os seus espaços de inter-
venção, vai muito além da movimentação do corpo, 
do preparo e da manutenção da forma física para 
finalidades competitivas, desportivas ou estéticas. 
Aproximamos os nossos olhares em direção à inte-
gralização da visão do ser que desenvolve a atividade. 
Buscamos uma prática que explore a Cultura 
Corporal em todos os seus meandros e que, por fim, 
vise ao ser integral que a desenvolve. Observamos 
que, independentemente da finalidade a qual a prá-
tica se aplica, o Ser que a realiza não é fragmentado, 
mas sim dotado de bagagens físicas, mentais e emo-
cionais indissociáveis entre si. 
Ao propormos uma atividade dentro dessa área, 
faz-se necessária a visão dessa integralidade e tota-
lidade, a fim de humanizar o trato e a própria vi-
vência em si, para que não tornemos mecânicas as 
relações que, enfim, são humanas. Toda a forma de 
intervenção deixa agregado, naquele que a recebe, 
algum conhecimento desencadeador de sensações e 
significâncias. 
O professor e profissional da Educação Física 
tem como instrumento de trabalho o movimento, o 
corpo e toda a gama de complexidade que envolve 
esse último, de modo que a sua intervenção sempre 
terá algum significado positivo (ou não) em qual-
quer âmbito de atuação. Geremia e Borella (2016, p. 
7) explicam-nos que 
Sabemos que a Educação Física desenvolvida 
de forma consciente respeita as diferenças, ou 
seja, as individualidadesde cada um e não divi-
de o ser humano, não separando o corpo físico 
do mental, entendendo que ambos funcionam 
de modo integral.
Desse modo, temos em mãos uma prática que vai 
ao encontro do nosso objetivo primordial, o desen-
volvimento humano dentro de todo seu potencial 
de crescimento. Esta é uma forma diferenciada de 
atuação que nos proporciona a possibilidade de nos 
superarmos por meio do autoconhecimento e das 
novas descobertas sobre nós mesmos e sobre o meio 
onde estamos inseridos. 
Temos em vista que, segundo os Princípios Bio-
cêntricos, a afetividade permeia tudo aquilo que 
desenvolvemos na nossa existência. Desse modo, 
uma atividade proporcionadora de novas desco-
bertas e do desenvolvimento delas pode aperfeiço-
ar tudo aquilo que nos propomos a fazer. Ser me-
diador desse processo é algo diferenciado e pode 
trazer muito mais significado, efetividade, apro-
veitamento e eficiência para o seu trabalho como 
professor da Educação Física, em qualquer âmbito 
de atuação. 
Quando nos propomos a intervir, de qualquer 
forma, no espaço mais íntimo de alguém, ou seja, no 
seu corpo, assumimos uma grande responsabilida-
de. Sendo assim, é a nossa obrigação tornar essa in-
tervenção o mais humanizada possível. Diante disso, 
caro(a) aluno(a), propomos que você reflita sobre o 
tema e faça a diferença na vida daquele que se bene-
ficia do seu trabalho. 
Caro(a) aluno(a), esperamos ter elucidado as 
suas dúvidas e aguçado a sua curiosidade em torno 
da Biodança. Até breve! 
124 
considerações finais
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, procuramos enriquecer ainda mais os seus co-
nhecimentos sobre as PACs, propondo uma atividade de grande potencialidade 
de trabalho em todo e qualquer espaço de atuação que você, profissional da Edu-
cação Física, esteja. 
Observamos que a prática da Biodança, embora não seja originária do Orien-
te, tem as suas bases pautadas nos mesmos princípios e vai ao encontro do que as 
práticas complementares propõem, que é a visão do indivíduo como um todo por 
meio da exploração de suas capacidades físicas, mentais e emocionais, proporcio-
nando o autoconhecimento e o autodesenvolvimento, assim como a potenciali-
zação de suas capacidades, valorizando-nos como o todo indivisível que somos. 
Vimos que Rolando Toro, ao propor a Biodança, observou o quanto os nossos 
estados mentais e emocionais influenciam nos aspectos gerais, e a dança pode ser 
uma ponte para a exteriorização de sentimentos aprisionados em nosso incons-
ciente, fato que desencadeia, em nós, atitudes até então incompreendidas. 
A Biodança possui efeitos físicos, químicos e neurológicos em nosso corpo. 
De acordo com estudos apresentados, a sua prática estimula a produção de deter-
minados hormônios que desencadeiam uma série de reações sensoriais em nível 
cerebral, o que corrobora com a teoria de que as experiências físicas afetam dire-
tamente o nosso estado emocional e vice-versa. Os efeitos de todo o processo são 
observados na melhora dos pacientes com desordens mentais, na ressocialização, 
no processo de autoconhecimento, na redução do estresse, da ansiedade e até da 
depressão. Os efeitos do movimento, do toque e da música são, profundamente, 
experimentados pelos praticantes. 
Para o(a) professor e profissional da Educação Física, que tem o corpo e o 
movimento como ferramentas de atuação, a Biodança torna-se uma prática de 
grande valia em direção à construção da intervenção que vise ao ser humano por 
completo, que não fragmente as suas potencialidades, tratando o ser como o todo 
que ele é, o todo que somos.
 125
atividades de estudo
1. Sobre o Princípio Biocêntrico, assinale a alterna-
tiva correta:
a) A Biodança origina o Princípio Biocêntrico.
b) Esse princípio concebe o indivíduo apenas 
sob o foco das ciências humanas.
c) Esse princípio tem a vida como o foco das 
ciências humanas.
d) O Princípio Biocêntrico fragmenta o indiví-
duo nas suas diferentes potencialidades.
e) Esse princípio trata o indivíduo apenas nas 
suas particularidades emocionais. 
2. Sobre a criação, a definição e a função da Biodan-
ça, analise as afirmações a seguir: 
I - A Biodança é a dança da autodescoberta 
e possibilita o rompimento das couraças 
que nos envolvem em emoções e senti-
mentos reprimidos.
II - A sua origem parte da Psicologia e da An-
tropologia. A Biodança foi criada por Ro-
lando Toro Araneda, psicólogo, professor 
e antropólogo chileno.
III - Ela utiliza o movimento integrado e inte-
grativo, na prática coletiva ou individual da 
dança.
IV - Ela rompe com as couraças que limitam 
ou impedem a expressão de nossas capa-
cidades e potencialidades.
É correto o que se afirma em:
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e III.
c) Apenas I.
d) Apenas II, III e IV.
e) I, II, III e IV.
3. No eixo central de atuação da Biodança, pode-
mos destacar a afetividade e as manifestações 
instintivas. De acordo com o Princípio Biocêntri-
co, analise as afirmações a seguir e assinale ver-
dadeiro (V) ou falso (F):
( ) As manifestações orgânicas instintivas do 
ser humano têm papel fundamental no de-
senvolvimento dele e não devemos reprimir 
as nossas emoções mais ancestrais, e sim, 
manifestá-las e refiná-las. 
( ) As nossas manifestações ancestrais são tra-
ços da nosso animalidade, portanto, devemos 
suprimi-las e desenvolver novas habilidades.
( ) A afetividade está presente em todos os 
processos do desenvolvimento humano, e en-
volve tudo aquilo que criamos nas diferentes 
fases de nossas vidas. 
A sequência correta para a resposta da questão é: 
a) V; F; V.
b) F; F; V. 
c) V; V; F. 
d) F; V; F. 
e) F; V; V.
4. No decorrer da execução dos movimentos, con-
forme a harmonia e a sintonia deles com a músi-
ca, há a alteração do estado de consciência, em 
que as alterações biológicas e psicológicas come-
çam a acontecer. Ocorrem alterações cinestési-
cas e neurovegetativas e a ativação do sistema 
parassimpático, que leva à alteração momentâ-
nea de consciência. Também são percebidas al-
terações a nível cerebral, que criam uma cadeia 
de reações psicofísicas de sensações e percep-
ções reais antes inalcançáveis, pois elas estavam 
alojadas em nosso inconsciente. 
126 
atividades de estudo
Com base nas afirmações descritas, a qual processo 
da Biodança todas elas se referem? Assinale a alter-
nativa correta. 
a) Ativação do sistema límbico. 
b) Manifestação da mente inconsciente.
c) Ativação do sistema parassimpático.
d) Transe musical.
e) Êxtase musical. 
5. “O Princípio Biocêntrico defende o desenvolvi-
mento do ser criativo por meio da conexão com 
a vida, na expressão de nossos potenciais gené-
ticos (instintos e vivências), na liberdade de ex-
pressão e na criação para o bem individual, mas, 
principalmente, para o bem coletivo, pautado no 
conhecimento, na interação com o meio ambien-
te e as pessoas à nossa volta, contribuindo com 
o processo de transformação e evolução huma-
nas.” De acordo com essa afirmação, descreva 
como seria, por meio da Biodança, a sua inter-
venção em seu meio de atuação. 
 127
LEITURA
COMPLEMENTAR
As vivências, na Biodança, que empregam a afetividade 
têm como objetivo integrar, reforçar e desenvolver o nú-
cleo afetivo. Como resultado aumenta a intensidade de 
energia amorosa e a capacidade de expressá-la, verbal e 
corporalmente, com total sinceridade. Segundo Ribeiro 
et al. (2005), o conceito de afetividade é amplo e pode 
ser abordado por diferentes perspectivas, entre elas a 
psíquica, a pedagógica e a filosófica. 
Existe uma pluralidade de vocábulos para definir a afe-
tividade, tais como: ternura, inter-relação, empatia, sen-
timentos, emoções, atitudes e valores, amor, carinho, 
compreensão, respeito, afeto, atenção, companheirismo, 
comportamento moral e ético, entre outros. De modo 
geral, “a afetividade é impulsionada pela expressão dos 
sentimentos e das emoções e pode desenvolver-se por 
meio da formação” (RIBEIRO et al., 2005, p. 32). 
A Biodança atua, principalmente, sobre as perspec-tivas psíquicas e pedagógicas da afetividade. “É por 
meio do contato com o próprio sentimento, da des-
coberta das próprias emoções, que cada um pode 
chegar mais próximo daquilo que realmente é, abrir o 
coração, preparar-se para os vínculos com as pessoas” 
(VIOTTI, 1997, p. 64). 
Por isto, damos grande ênfase à afetividade, visto que to-
das as relações humanas são atravessadas pela mesma, 
em todos os tempos e espaços. Segundo Santos (1996), a 
linha da afetividade propõe-se a despertar e desenvolver 
o amor, a ternura e a solidariedade. 
Na linha da afetividade, utiliza-se, principalmente, a fun-
ção terapêutica do toque e das carícias para obter estes 
e outros resultados. Toro s.d., mostra que a função do 
contato e da carícia, como via terapêutica, possui uma 
origem histórico-antropológica, clínica e experimental. 
Na clínica psicológica, Winnicotti, Piaget, Melaine Klein, 
Carl Rogers, Erick Fromm e Freud, entre outros, demons-
tram a importância do contato e dos laços afetivos na 
vida do ser humano e em seu desenvolvimento. Na clíni-
ca médica, várias investigações nos transtornos derma-
tológicos (eczema, psoríase, rosácea, vitiligo, erisipela, 
entre outros) associam essas doenças a conteúdos emo-
cionais e afetivos. 
Experimentalmente, alguns autores, entre eles, Spitz 
(1983) e Montagu (1988) realizaram minuciosas pesqui-
sas científicas a respeito dos efeitos do toque humano e 
demonstraram a necessidade deste para o desenvolvi-
mento do ser. Os resultados destes experimentos mos-
tram que o toque afetivo é responsável pela adaptação 
do ser humano ao ambiente que o cerca, o desenvolvi-
mento psíquico da criança, o desenvolvimento motor, 
cognitivo e afetivo, da linguagem, de comportamentos 
saudáveis e de uma boa socialização. 
Além destes estudiosos, Toro (2002) mostra-nos os efei-
tos reguladores das carícias e dos contatos afetivos, 
explicitando porque essas são tão importantes para o 
ser humano. As carícias dão-nos a dimensão de quem 
somos. Harmonizam a balança do nosso sistema sim-
pático-parassimpático e do sistema cardio-respiratório, 
ativam nossas funções sexuais, dissolvem nossas ten-
sões motoras crônicas de defesa e elevam nosso humor 
(TORO, 2002). 
Tudo isto são exemplos dos benefícios que podemos 
receber nas sessões de Biodança. Segundo Montagu 
(1988), nossa pele serve para conter nossos órgãos e 
nos dar o limite corporal, porém suas funções vão mui-
128 
LEITURA
COMPLEMENTAR
to além. Pela pele, estabelecemos diferentes níveis de 
permeabilidade com o meio e também com as pesso-
as. Ao mesmo tempo, nossa pele tem a função de nos 
separar e de nos unir aos outros. A pele possui várias 
funções integradoras, entre elas, fisiológicas, sensoriais, 
expressivas, eróticas e psíquicas. É responsável pela nos-
sa termoregulação, equilíbrio hídrico, tato, sensibilidade, 
temperatura, pressão e dor. Além disto, as emoções se 
expressam através da pele e nos dá nosso referencial de 
identidade, por exemplo, ficamos “vermelhos” quando 
sentimos vergonha.
Entre as diversas formas de carícias e toque, utilizamos 
na Biodança vários exercícios de abraços. O abraço é um 
dos toques mais universais e contribui fundamentalmen-
te para a cura e a saúde. É uma das vivências da linha 
da afetividade amplamente utilizada nas sessões de Bio-
dança, é um ato recíproco de dar e receber afeto, de sus-
tentar o outro em toda sua humanidade. 
Ao abraçar encontro comigo e com o outro simultanea-
mente. Kathleen Keating (1997), criadora da “terapia do 
abraço”, nos diz que o abraço além de confortar, torna 
mais saudável quem já é saudável, mais feliz, quem já é 
feliz, mais segura quem já é segura. 
O simples ato de abraçar diminui a pressão sanguínea, o 
batimento cardíaco e o nível de hormônios ligados ao es-
tresse. Por isso, abraço significa saúde e pode aumentar 
a longevidade. Os níveis de cortisol e de norepinefrina, 
hormônios do estresse, são reduzidos após um abraço, 
enquanto a oxitocina, um importante hormônio ligado à 
fidelidade, aumenta (GREWEN, 2005). 
Quando praticamos a Biodança ampliamos, inconscien-
temente, nossa abertura para o abraço e passamos a 
abraçar com mais facilidade. Consequentemente inten-
sificamos a qualidade e a quantidade de nossos abraços 
e ampliamos nossa capacidade de fazer vínculos. 
A Biodança propõe por meio de seu modelo teórico e do 
princípio biocêntrico, não só alertar as pessoas quanto 
ao mundo vivido em sociedade, mas também fazer com 
que elas sintam e vivam o seu valor como humanos. A 
linha da afetividade em muito contribui neste processo, 
pois é através dela que acreditamos ser possível resgatar 
no ser humano o instinto gregário. Em suma, os exercí-
cios da linha da afetividade facilitam os encontros, a en-
trega e a formação de vínculos afetivos promovendo a 
comunicação afetiva entre as pessoas. 
Como efeito, geram amor, solidariedade, confiança em 
si mesmo e segurança. Todas estas características re-
forçam a identidade e autoestima, além de aumentar a 
livre expressão do afeto e a expressão autêntica do ser. 
Portanto, as carícias são importantes para o ser humano, 
elas nos dão a dimensão de quem somos. 
Fonte: Noronha (s. d.).
 129
material complementar
Biodanza
Rolando Toro
Editora: Olavobrás 
Sinopse: a obra relata o trabalho de Toro com a Biodança, a sua teoria e a sua for-
ma de execução bem como os seus benefícios. Uma obra básica sobre a criação, 
desenvolvimento e repercussão da técnica. 
Indicação para Ler
130 
referências
FREITAS, F. Consciência e Biodanza: Epistemologia 
e consciência para o ser universal. Belo Horizonte: 
Escola de Biodanza do Sistema Rolando Toro, 2009. 
GEREMIA, N. N. M.; BORELLA, D. R. Práticas 
Corporais na Educação Física Escolar: A Biodança 
nas aulas de ensino Fundamental. In: HASPER, R.; 
BARROS, G. C.; MULLER, C. C. org. Os desafios da 
escola pública paranaense na perspectiva do profes-
sor PDE. Curitiba: Governo do Estado do Paraná; 
Secretaria de Estado da Educação, 2016. (Programa 
de Desenvolvimento Educacional). 
NORONHA, S. Linha da afetividade. [S. l.]: [s. d.]. 
Disponível em: http://www.biodanzabh.com/arqui-
vos/linhadaafetividade.pdf. Acesso em: 29 maio 2019.
REICH, W. A função do orgasmo. São Paulo: Brasi-
liense, 1987. 
TORO, R. Biodanza. São Paulo: Olavobrás, 2002.
VECCHIA, A. M. D. Uma Abordagem da Inteligên-
cia Afetiva: Supostos Epistemológicos da Pesquisa 
Científica e da Educação Biocêntrica. Revista Pen-
samento Biocêntrico, Pelotas, n. 20, p. 1-134, jul./
dez. 2013. 
Referências on-line:
1 Em: https://almadalma.com.br/rolando-mario-toro. Acesso em: 29 maio 2019. 
2 Em: http://aps.saude.gov.br/noticia/2397. Acesso em: 29 maio 2019.
http://www.biodanzabh.com/arquivos/linhadaafetividade.pdf
http://www.biodanzabh.com/arquivos/linhadaafetividade.pdf
https://almadalma.com.br/rolando-mario-toro
 131
gabarito
1. C.
2. E.
3. A.
4. D.
5. Pense em quais valores você incluiria como foco central do seu trabalho 
de acordo com o público específico, pense quais as necessidades que esse 
grupo possuiria e direcione uma vivência de Biodança para atendê-las. 
Por exemplo, em uma sala de aula com alunos muito tímidos, a Biodança 
poderia ajudá-los com a desenvoltura e, consequentemente, auxiliaria a 
vencer a timidez.
conclusão geral
Estimado(a) aluno(a), chegamos ao final de nossas 
discussões sobre as Práticas Alternativas e Comple-
mentares (PACs). Desejamos que você tenha encon-
trado subsídios para o enriquecimento de sua for-
mação profissional, os quais possam ter contribuído 
para ampliar o seu cabedal de conhecimentos.
Na primeira unidade, falamos sobre as PACs e o 
seu conceito na Educação Física, dialogamos sobre 
as suas abordagens atuais, identificamos as princi-
pais diferenças entre elas e as práticas convencionais, 
dialogamos a respeito das diferenças entre as visões 
oriental e ocidental na construção do conceito de cor-
po, assim como oconceito de movimento na constru-
ção do sujeito social em seus aspectos culturais. 
Em seguida, na Unidade 2, entramos em contato 
com o universo do Yoga, conceitualizamos os seus 
aspectos filosóficos e práticos, entrelaçando os seus 
conceitos com a nossa prática e, por fim, discutimos 
o método da prática no contexto da Educação Física. 
Seguimos para o Tai Chi Chuan, em que descre-
vemos os seus aspectos históricos e filosóficos, apre-
sentando como as possibilidades dessa prática tra-
zem benefícios à saúde como um todo, inclusive, a 
prática em nossa área de atuação.
Abordamos, também, a prática da Meditação, 
que difere por trabalhar a mente, não somente o cor-
po. Descrevemos os seus conceitos, os benefícios e as 
possibilidades de atuação nas aulas dos mais diversos 
campos de intervenção. 
Finalizamos os nossos estudos com a prática da 
Biodança que, embora não venha do Oriente como 
as demais práticas, traz consigo princípios que se as-
semelham e que vêm ao encontro da proposta das 
PACs no campo da Educação Física. 
Esperamos, com esta obra, esclarecer um pouco 
os conhecimentos que as PACs nos trazem, lembran-
do que esta é apenas uma introdução ao assunto, ain-
da há muito o que buscar. Cabe a nós a tarefa de am-
pliar as nossas possibilidades de atuação. Continue se 
aperfeiçoando para ser o(a) melhor, lembrando que 
uma profissão exercida com conhecimento e amor 
terá sempre sucesso. Foi um prazer estar com você! 
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