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MÓDULO 
3
EDUCAÇÃO 
POLÍTICA PARA 
CIDADANIA
Poder Legislativo: conhecendo 
a Câmara Municipal
JOSÉ RAULINO CHAVES PESSOA JÚNIOR
SUMÁRIO
1. Introdução ........................................................................ 35
2. Entre o individual e o coletivo: 
a construção da esfera pública ............................................ 36
3. Representação política: autorização 
e a dimensão descritiva e simbólica ..................................... 38
4. Poder Legislativo no âmbito municipal e a atuação 
dos vereadores e das vereadoras ......................................... 42
5. Câmara Municipal e o trabalho legislativo ............................ 45
 Referências ....................................................................... 47
34 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 35
1
INTRODUÇÃO
A política pode ser compreen-
dida como a possibilidade de 
mediação de conflitos sem 
que haja a destruição dos 
conflitantes, especialmente quando 
falamos de política democrática. Seria, 
portanto, um mecanismo de negocia-
ção de interesses a fim de encontrar 
respostas para decisões que precisam 
ser tomadas coletivamente. Quando 
desenvolvemos formas de controle e 
fiscalização, e as decisões políticas são 
monitoradas e aprimoradas, alcança-
mos uma melhor eficiência. Ao aper-
feiçoar constantemente as normas, a 
burocracia pode reduzir o desperdício 
de tempo. Por fim, quando as questões 
políticas são acompanhadas com mais 
interesse, o debate político torna-se 
público e podemos entender melhor 
e participar das negociações e acordos 
que envolvem as decisões coletivas.
No cenário posto, percebemos que, 
para funcionar de maneira honesta, efi-
ciente, ágil, transparente e inclusiva, a po-
lítica necessita de monitoramento e par-
ticipação dos(as) cidadãos(ãs). Política 
não deve ser relegada aos(às) profissio-
nais que operam seu sistema político-ad-
ministrativo (políticos(as) profissionais e 
burocratas) ou aos(às) especialistas que 
acompanham seu processo (técnicos(as), 
jornalistas e acadêmicos(as)). Para que a 
política seja verdadeiramente democrá-
tica, não se restringindo aos desejos de 
uma única pessoa ou de um pequeno 
grupo, é necessário participação dos(as) 
cidadãos(as). Precisa existir a atuação 
do “demos”, palavra grega que significa 
“povo” e que forma o termo “democra-
cia” ou governo do povo. 
Pensando nessa efetividade da políti-
ca democrática, o presente curso busca 
qualificar-nos para que possamos en-
tender e participar dos processos políti-
cos. Neste fascículo, refletiremos o Poder 
Legislativo no âmbito municipal, apre-
sentando as características principais 
desse Poder político e abordando sua 
instituição principal, a Câmara Munici-
pal. Considerando o conteúdo proposto, 
esperamos que, ao final da leitura, você 
possa: a) entender a relevância do Poder 
Legislativo como espaço de debate de 
soluções para problemas coletivos; b) 
identificar quais as atribuições dos vere-
adores e vereadoras, compreendendo o 
processo de eleição e atuação no cargo; 
c) conhecer como ocorrem as atividades 
legislativas na Câmara Municipal. Vamos 
iniciar nossa jornada!
36 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
2
ENTRE O INDIVIDUAL E O COLETIVO: 
A CONSTRUÇÃO DA ESFERA PÚBLICA
A política não é apenas “eu acho 
que...”. Isso conforma uma opi-
nião ou crença pessoal sobre uma 
questão ou problema da cidade 
ou do país. Isso é importante, mas nem só de 
opiniões pessoais vive a política. A opinião é 
o material bruto que precisa ser polido e la-
pidado, trabalhado e refinado pela ação po-
lítica democrática. E como isso ocorre? Atra-
vés da construção de espaços públicos de 
debate e discussão das questões coletivas.
Primeiro vamos abordar o conceito de 
“público” e sua oposição ao domínio pri-
vado. Podemos definir o espaço da vida 
privada como o território físico ou virtual 
marcado pela existência particular dos su-
jeitos, sendo de domínio restrito e particu-
lar de pessoas ou grupos, como as relações 
familiares que acontecem em nossa casa, a 
conta particular de e-mail, nosso perfil nas 
redes sociais ou a conta corrente que temos 
no banco. Já o espaço da vida pública é o 
lugar da existência coletiva em que somos 
socializados(as) e interagimos com pesso-
as que não se limitam ao nosso universo 
íntimo ou círculo familiar básico, sendo 
de domínio comunitário, geral e coletivo, 
como as relações que desenvolvemos em 
instituições, como a escola e a igreja, ou os 
espaços em que encontramos nossos(as) 
amigos(as), como praças públicas ou em-
presas, como cinemas e shopping centers. 
Nessa definição inicial, o espaço privado é 
marcado por questões pessoais, de foro ín-
timo, e as relações que estabelecemos em 
nossas casas. Em oposição a esse cenário, 
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 37
o espaço público pode ser definido como 
as relações que extrapolam nossas existên-
cias individuais e nosso lar.
Pois bem, vamos complexificar um pou-
co mais. Pensemos agora na diferença entre 
um problema de cunho individual ou pri-
vado e uma questão de caráter coletivo ou 
público. O limite muitas vezes é tênue, mas 
vamos avaliar considerando uma situação 
hipotética, como a que se segue.
Os pais de João estão preocupados 
porque ele concluiu o ensino médio e não 
encontra emprego. João anda desanimado 
e, nos últimos dias, têm bebido bastante, o 
que tem preocupado muito seus pais. Esse 
caso do João é um problema que sua fa-
mília está enfrentando de maneira privada, 
individual. Os pais de João já estão deses-
perados e, nessa angústia, eles passaram 
a conversar com seus vizinhos sobre o 
problema do seu filho. Porém, nessas con-
versas perceberam que outros jovens do 
mesmo bairro estão passando pela mes-
ma situação que João. Eles não encontram 
emprego e não conseguem ter acesso à 
continuidade dos estudos, como um cur-
so superior ou profissionalizante. Em tal 
circunstância dramática, esses jovens de-
siludidos e sem esperança de dias melho-
res acabam envolvidos em situações que 
os deixam ainda mais vulneráveis, como o 
uso de drogas lícitas ou ilícitas. Na leitura 
desse cenário trágico, os pais de João e 
seus vizinhos percebem que o problema 
não é individual e exclusivo de João, mas 
de muitos jovens do bairro e, possivelmen-
te, da cidade. 
Pelo exemplo acima, percebemos que o 
“problema de João” não é individual, mas 
uma questão coletiva ou pública. A solução 
pública para o problema citado não seria, 
portanto, um emprego apenas para João, 
mas uma política pública ampla para as ju-
ventudes. Como problema público, deman-
da uma solução coletiva. A resolução dessa 
questão coletiva é política e depende da 
criação de programas políticos específicos 
para as juventudes, geração de emprego e 
renda, capacitação profissional e educação.
O Legislativo é o poder que recebe e aco-
lhe as demandas sociais que foram elabora-
das e aperfeiçoadas pela esfera pública. É o 
elo entre o(a) cidadão(ã) e o governo, atuan-
do como espaço de debate sobre os proble-
mas políticos, propondo criativamente reso-
lução para as questões coletivas. Representa 
os interesses da população e busca resolu-
ções para as demandas sociais. Esse Poder 
deve ser o mais diverso e inclusivo possível 
para dar conta das demandas coletivas de 
uma sociedade plural e polifônica, integrada 
por distintas vozes.
Quando pensamos na vida coletiva, a 
diversidade de opiniões é natural. Quando 
temos um ambiente marcado por ausência 
de discordância e formado por um único 
pensamento, experimentamos uma situ-
ação artificial criada por algum poder au-
toritário. Pensemos na cidade de Fortaleza, 
capital do estado do Ceará, com uma popu-
lação de 2 milhões, 428 mil e 678 pessoas, 
segundo o Censo do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE), em 2022. É 
natural que haja discordância entre as pes-
soas, divergência de vontades e uma plu-
ralidade de visões de mundo. Esse cenáriodeve ser valorizado e potencializado. Como 
isso é possível? Através de uma representa-
ção política plural. Mas o que é representa-
ção política?
38 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
3
REPRESENTAÇÃO POLÍTICA: 
AUTORIZAÇÃO E A DIMENSÃO 
DESCRITIVA E SIMBÓLICA
Quando pensamos em represen-
tação, precisamos ter em mente 
que os modernos sistemas polí-
ticos são democracias represen-
tativas. Isso significa que os(as) cidadãos(ãs) 
comuns não exercem diretamente a gerência 
da vida coletiva. Em vez disso, nós elege-
mos pessoas, políticos(as) profissionais, que 
exercem esses cargos. A defesa em torno da 
representação enfatiza que em sociedades 
populosas seria impossível promover assem-
bleias que reunissem todo o povo da cidade 
para deliberar sobre as políticas públicas. 
Outro ponto é que as questões políticas 
são complexas e suas soluções dependem 
de conhecimento técnico e especializado, 
o que dificulta o entendimento por parte 
do(a) cidadão(ã). Pensemos, por exemplo, 
nas discussões sobre a reforma tributária. As 
votações no Congresso sobre essa pauta en-
volvem questionamentos, como: as grandes 
fortunas devem ser taxadas? O imposto deve 
ser cobrado na produção ou no consumo 
das mercadorias? Qual o teto mínimo para 
que um(a) cidadão(ã), enquanto pessoa 
física, não pague imposto de renda? Qual 
deve ser a taxação de produtos importados? 
As respostas a essas questões não são sim-
ples, existindo uma variedade de opiniões 
e de soluções técnicas. Esse é um forte ar-
gumento em defesa da representação, pois 
a arena política precisa de operadores(as) 
capacitados(as) com expertise suficiente 
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 39
para tomar decisões de forma racional e efi-
ciente.
Assim, nas democracias representati-
vas, temos dois corpos distintos: os repre-
sentados, que compõem o conjunto de 
cidadãos(ãs) eleitores(as) que participam 
politicamente a partir do processo eleitoral, 
elegendo pessoas que irão ocupar os cargos 
eletivos; e os(as) representantes , que ocu-
pam cargos institucionais legitimados pelo 
processo eleitoral e irão gerenciar o Estado.
Vamos analisar as dimensões da repre-
sentação política. Nossa reflexão é inspirada 
na obra da cientista política Hannah Pitkin. 
A primeira dimensão está ligada à ideia de 
autorização, como possibilidade de uma 
pessoa autorizar outra a agir em seu nome. 
Através de uma procuração, uma pessoa re-
presenta outra, sendo licenciada e autoriza-
da para agir em seu nome.
Pensemos no seguinte exemplo: soli-
citamos um novo RG e precisamos retirar 
o documento, porém não podemos ir pes-
soalmente ao local. O que faríamos? Nós 
podemos permitir que outra pessoa realize 
essa ação. Isso é possível através de um Ter-
mo de Autorização que precisamos lavrar 
em Cartório. Com esse mecanismo, autori-
zamos uma pessoa a nos representar em de-
terminada situação, podendo receber nosso 
novo RG.
Em termos da política democrática, essa 
representação por autorização acontece 
quando votamos em algum(a) candidato(a) 
e autorizamos que este(a) nos represente 
politicamente. O voto funciona como o Ter-
mo de Autorização, citado no exemplo an-
terior. As eleições permitem a concessão de 
autoridade aos(às) eleitos(as). Outra dimen-
são importante da representação refere-se 
à ideia de espelho, de representação como 
reflexo de alguma coisa ou alguém. (Re)
presentar é tornar presente algo ou alguma 
coisa que está ausente. Significa espelhar de 
alguma forma o que está inexistente. Esse es-
pelhamento pode se dar de duas formas dis-
tintas: a) podemos buscar um reflexo preciso 
e acurado do que está ausente, traduzindo 
uma representação descritiva; ou, ao contrá-
rio, b) o espelhamento pode ser caracteriza-
do por um retrato abstrato ou arbitrário do 
que se busca refletir, compondo uma repre-
sentação simbólica.
Na representação descritiva busca-se 
uma correspondência das características 
socioeconômicas entre os(as) representan-
tes e representados(as). Para se legitimarem 
os(as) representantes precisam espelhar a 
comunidade, a opinião pública ou os varia-
dos interesses que integram a sociedade. 
Na democracia é importante que grupos mi-
noritários tenham acesso à representação. 
Esses grupos compõem grande relevância 
em termos numéricos, mas por algum mar-
cador, como gênero, raça/etnia, sexualidade 
ou classe social são excluídos e marginali-
zados na sociedade e no processo político, 
sendo consideradas “minorias” políticas. 
Para refletirPara refletir
Levantamento do Censo Demográfico do 
IBGE, em 2022, indicou que a população brasi-
leira é composta por 203 milhões de habitan-
tes, sendo 48,2% homens e 51,8% mulheres. 
Porém, quando observamos a porcentagem de 
mulheres nos cargos públicos, visualizamos que 
essa proporção não se traduz na esfera política. 
Essa sub-representação feminina se aprofunda 
quando observamos um recorte racial.
Nas eleições de 2022 para a Câmara Federal 
foram eleitas 91 mulheres como deputadas, nú-
mero que representa somente 17,7% do total de 
513 assentos disponíveis. Esse valor, ainda que 
pequeno, foi maior do que o total de mulheres 
eleitas em 2018, quando apenas 77 alcançaram 
representação. Esse crescimento compreende o 
aumento do número de mulheres negras e in-
dígenas. O que é de fundamental importância, 
considerando que a presença das mulheres em 
sua diversidade pode promover políticas públi-
cas mais inclusivas e representativas.
Para ver mais detalhes sobre a sub-repre-
sentação feminina nas eleições de 2002 veja 
a matéria publicada pelo Portal da Câmara 
dos(as) Deputados(as): 
Link: 
https://www.camara.leg.br/noticias/911406-
-bancada-feminina-aumenta-18-e-tem-2-repre-
sentantes-trans/
40 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
A representação simbólica, por outro 
lado, parte da premissa de que o símbolo 
não reflete uma realidade concreta, sendo 
uma abstração ou convenção. O(a) repre-
sentante, legitimado(a) pelo processo elei-
toral, seria um símbolo que representa a to-
talidade dos(as) cidadãos(ãs). Pensemos no 
caso dos símbolos ou signos que represen-
tam o Brasil como nação. Temos a bandeira, 
o hino nacional ou as cores verde e amarelo. 
Nenhum desses símbolos tem a intenção 
de ser uma cópia exata do país. Eles ope-
ram como elementos que remetem à ideia 
da nação brasileira. Um símbolo representa 
uma ideia, ou um signo que tem determina-
do significado, porque essa representação 
foi convencionada e reafirmada ao longo da 
história. Isso significa que a representação 
simbólica só existe e se perpetua porque as 
pessoas acreditam.
Nas manifestações de junho de 2013, 
você deve ter visto cartazes com a frase “não 
me representa”. Essa ideia denunciava a au-
sência de conexão entre representantes e 
representados. Significava dizer que o corpo 
dos representantes, os(as) políticos(as) que 
elegemos a partir do voto, não estavam re-
presentando os ideais e(ou) anseios dos(as) 
cidadãos(ãs). Esses sentimentos de não-
-representação merecem atenção, pois, caso 
não sejam respondidos, podem redundar 
em perda de crença e confiança nas institui-
ções políticas, no jogo democrático, nas elei-
ções, no Congresso e nos partidos políticos.
Quando pensamos em representa-
ção, em inclusão e incorporação dos(as) 
cidadãos(ãs), temos um Poder político que 
espelha essa ideia, trata-se do Poder Legis-
lativo. O Legislativo é o coração da demo-
cracia, o espaço por excelência da diversi-
dade de opiniões e interesses da sociedade. 
Você já deve ter escutado a expressão “casa 
do povo” em relação ao local em que se re-
únem os(as) parlamentares que integram 
o Poder Legislativo. Essa ideia parte da 
compreensão de que Congresso, Assem-
bleias ou Câmaras Municipais vocalizam o 
interesse da população de forma ampla. A 
seguir, iremos abordar o Poder Legislativo 
no âmbito municipal.
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 41
42 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
4
PODER LEGISLATIVO NO ÂMBITO 
MUNICIPALE A ATUAÇÃO DOS 
VEREADORES E DAS VEREADORAS
O Poder Legislativo nos municípios 
é ocupado por vereadores(as). 
Nessa seção, veremos quais as 
funções desse(a) representante 
político(a) e as possibilidades de atuação 
na Câmara Municipal .
Compete ao Município a oferta da edu-
cação básica, como creches, educação in-
fantil e o ensino fundamental; os serviços de 
atenção básica à saúde nos postos de saúde 
e hospitais; o transporte público local; o pla-
nejamento e manutenção das vias urbanas 
ao cuidado da iluminação, calçadas, limpe-
za pública e saneamento básico; a gestão 
de parques e praças da cidade; a promoção 
de eventos culturais e atrações turísticas; a 
oferta de habitação popular, como conjun-
tos habitacionais; programas de assistência 
social; e o controle de zoonoses e bem-estar 
de cães e gatos.
No âmbito municipal, o Poder Executivo 
é exercido pelo cargo de Prefeito(a) e Vice-
-prefeito(a) em colaboração com o secreta-
riado escolhido e nomeado por estes(as). 
Já o Poder Legislativo é assumido pelos(as) 
vereadores(as) que atuam na Câmara Mu-
nicipal. Sabemos que o Poder Legislativo é 
responsável por formular e revisar os pro-
jetos e políticas públicas executados pelo 
Poder Executivo, além de fiscalizar e esta-
belecer limites para esse Poder. Assim, o 
Poder Legislativo municipal é responsável 
por fiscalizar, acompanhar, monitorar as 
políticas públicas que ocorrem na cidade, 
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 43
como a disponibilidade de medicamen-
tos nos postos de saúde, a contratação de 
funcionários(as) para os hospitais, a meren-
da em escolas e as vagas nas creches.
A atividade legislativa dos(as) 
vereadores(as) não se restringe a criar leis 
municipais que regulamentam a vida pú-
blica na cidade. Esse poder debate, discu-
te, analisa e propõe soluções para os pro-
blemas políticos do município. Para que o 
Executivo municipal possa criar e executar 
projetos e políticas públicas é necessá-
ria a aprovação pela Câmara Municipal. 
Vereadores(as) discutem os projetos e dese-
nhos das políticas públicas encaminhadas 
pelo(a) prefeito(a), sugerindo alterações 
nos projetos com o intuito de aperfeiçoá-lo, 
criando novos elementos ou alterando seu 
desenho. O executivo municipal pode vetar 
as decisões da Câmara Municipal sobre al-
gum projeto, mas o Legislativo tem o poder 
de decisão final, podendo assim derrubar o 
veto do(a) prefeito(a). Percebemos, assim, 
que o(a) vereador(a) não é funcionário(a) 
do(a) prefeito(a).
A Câmara Municipal também fiscaliza e 
monitora as políticas públicas do governo 
municipal, investigando a qualidade des-
tas e sua execução financeira. Caso os(as) 
vereadores(as) entendam que o Poder Exe-
cutivo cometeu alguma irregularidade ou 
crime, como o desvio de recursos públicos 
para propósitos pessoais e privados, a Câ-
mara pode iniciar um processo de impea-
chment (impedimento) e caçar o mandato 
44 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
do(a) prefeito(a), retirando-o(a) do poder.
Desenhado assim, pode parecer que o 
Legislativo municipal tem total autonomia 
para resolver todos os problemas políticos 
da cidade. Porém, esse Poder tem um limi-
te importante: a prerrogativa de gestão do 
orçamento público é do Executivo. Quem 
cria a política pública municipal e também 
a executa é o(a) prefeito(a), podendo os(as) 
vereadores(as) monitorar sua execução e 
propor melhorias e alterações. 
A atividade legislativa dos(as) 
vereadores(as) é guiada por dois documen-
tos públicos. O primeiro é a Lei Orgânica do 
Município, espécie de Constituição da Cida-
de, que estabelece como o município é or-
ganizado em termos político-administrativo, 
como ocorre o sistema tributário da cidade e 
quais são as competências do(a) prefeito(a), 
vereadores(as) e demais agentes públicos. É 
um instrumento valioso para o planejamento 
político e social, uma vez que define as linhas 
mestras das políticas públicas da cidade, 
como os serviços públicos de saneamento, 
saúde, educação etc. A Lei Orgânica pode ser 
aperfeiçoada e modificada a qualquer mo-
mento pela Câmara Municipal.
O segundo é o Regimento Interno da Câ-
mara . Esse documento é direcionado à ati-
vidade legislativa dos(as) vereadores(as), de-
limitando as diretrizes e funcionamento do 
Legislativo municipal. O Regimento tem por 
objetivo a transparência e eficiência dos traba-
lhos na Câmara, determinar sua composição, 
divisão e regras de funcionamento. Veremos 
isso com mais detalhes no último subtópico.
Como casa política, a Câmara Municipal 
é marcada pelo diálogo, debate e nego-
ciação, podendo, nessa interação, ocorrer 
situações que polarizam opiniões e criam 
conflitos mais exaltados. Esse embate deve 
ser entendido como algo constituinte da po-
lítica. O único problema no comportamento 
parlamentar exaltado ou tom de voz eleva-
do em um debate político é que isso desá-
gue em desrespeito, agressão, violência ou 
intolerância. Essa situação não deve ser to-
lerada em um cenário democrático! O Regi-
mento Interno é o documento que norteia 
o comportamento dos(as) vereadores(as) 
na Câmara e, quando existe um consenso, 
por exemplo, que determinado parlamentar 
atravessou o limite do que é considerado 
democrático ele(a) pode ser acusado(a) de 
quebra de decoro parlamentar, podendo in-
clusive perder o cargo.
Entendemos quais as funções desempe-
nhadas pelos(as) vereadores(as), vamos ago-
ra conhecer melhor a Câmara Municipal? 
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 45
5
CÂMARA MUNICIPAL E O 
TRABALHO LEGISLATIVO
Quantos(as) vereadores(as) for-
mam a Câmara? A quantidade 
de assentos no legislativo mu-
nicipal é estabelecida consi-
derando o número de habitantes de cada 
cidade. O limite de cadeiras na Câmara 
segue a ordem de proporcionalidade, 
podendo variar entre 9 e 55 lugares. Sua 
organização pode variar, mas podemos 
destacar os espaços principais em que a 
atividade legislativa ocorre.
O Parlamento é o local da fala e do de-
bate. Essa atribuição fundamental do Poder 
Legislativo acontece no Plenário, local da 
atividade legislativa necessária para anali-
sar, discutir, modificar, votar, definir, aprovar 
ou rejeitar projetos. Qualquer deliberação 
ou decisão tomada pelos(as) vereadores(as) 
é realizada nesse espaço, para que sejam 
legalmente válidas. No Plenário, ocorrem 
as Sessões da Câmara ou Sessões Ordiná-
rias, destinadas às deliberações e trabalhos 
de rotina parlamentar. O Regimento Inter-
no, que citamos anteriormente, estabele-
ce todas as regras para o funcionamento 
da Câmara, como o tempo de fala de cada 
vereador(a) na tribuna e o dia e hora das 
sessões.
 A Tribuna é o espaço reservado para 
que cada parlamentar possa discursar e dar 
sua opinião sobre a pauta que está sendo 
discutida. Normalmente, a tribuna fica lo-
46 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
calizada na frente da sala e é elevada, para 
que os membros possam ser vistos(as) por 
todos os(as) presentes. A tribuna represen-
ta a liberdade de expressão democrática, 
pois os(as) parlamentares podem falar li-
vremente sem sofrer constrangimento ou 
represália. A Câmara Municipal tem um 
espaço para a população assistir e acom-
panhar as reuniões do Plenário, trata-se da 
Plateia ou Galeria.
Quem organiza as pautas do que será 
discutido no Plenário? Por que um assunto 
(y) é debatido e outro (x) é ignorado? Quem 
determina a urgência das votações, os pro-
jetos debatidos e os problemas discutidos é 
a Mesa Diretora, sobretudo a partir do car-
go de Presidente(a) da Câmara. De manei-
ra geral, a Mesa Diretora é ocupada pelos 
cargos de presidente(a), vice-presidente(a) 
e secretário(a) que assumem a direção, 
administração e execução das delibera-
ções aprovadas em Plenário. Os membros 
da Mesa Diretora são eleitos(as) pelos(as) 
vereadores(as) na primeira sessão legislati-
va, no ano seguinte às eleições. 
Outro espaço importante para a ativida-
de legislativa é assumido pelas Comissões 
Parlamentares . As comissões realizam es-
tudose investigações sobre os projetos e 
questões levadas à Plenário para discussão 
e deliberação. Importante ressaltar que as 
Comissões não legislam, deliberam ou jul-
gam as questões propostas, elas qualificam 
o debate legislativo ao apresentarem estu-
dos conclusivos na forma de pareceres ou 
relatórios especializados, que podem ser 
aprovados ou reprovados nas votações do 
Plenário. Os(as) vereadores(as) integrantes 
das comissões são indicados pelos(as) líde-
res dos partidos ou blocos parlamentares. 
Temos variados tipos de comissões. 
As Comissões Permanentes são as mais 
importantes e, de modo geral, as Câma-
ras possuem três: Comissão de Justiça e 
Redação, que verifica se os projetos não 
contrariam as leis federais e estaduais, ou 
seja, sua constitucionalidade e legalida-
de, e revisa a redação dos textos; Comis-
são de Finanças e Orçamento, que avalia 
os aspectos orçamentários dos projetos e 
sua viabilidade financeira; e Comissão de 
Obras, Serviços Públicos, que acompanha 
as obras públicas e os projetos relativos à 
urbanização municipal, como iluminação 
pública, política habitacional, limpeza pú-
blica, transporte coletivo etc. As Comissões 
Temporárias são criadas para analisar al-
gum tema específico e são extintas quando 
a análise é encerrada. Existem as comis-
sões Especiais de Inquérito ou Comissão 
Parlamentar de Inquérito (CPI) que inves-
tigam irregularidades da administração 
pública municipal, analisando denúncia de 
improbidade administrativa ou corrupção 
do Poder Executivo.
Temos também os Gabinetes dos(as) 
Vereadores(as), os escritórios dos(as) par-
lamentares. Nesse espaço, o(a) vereador(a) 
planeja seu mandato e se reúne com 
seus(suas) assessores(as). Cidadãos(ãs) 
podem procurá-los(as) nestes espaços 
para terem informação sobre sua legisla-
tura, seus projetos e políticas prioritárias. 
Outro espaço importante para recepção 
do(a) cidadão(ã) que procura a Câmara Mu-
nicipal é a Ouvidoria . Esse órgão é o canal 
de comunicação entre cidadão(ã) e Câma-
ra, sendo incumbido por acolher suas de-
mandas, analisando e direcionando para 
os setores responsáveis pela resolução dos 
casos. Podemos procurar a Ouvidoria para 
sugerir ideias de aprimoramento dos servi-
ços públicos, requerer providências do po-
der público sobre alguma medida específi-
ca ou denunciar algum ato ilícito do poder 
público municipal.
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 47
REFERÊNCIAS
CADERNOS ADENAUER XI (2010), nº 3. 
Educação política: reflexões e práticas 
democráticas. Rio de Janeiro: Fundação 
Konrad Adenauer, 2010.
DANTAS, Humberto; SILVA, Bruno Souza 
da. Poder Legislativo Municipal. Enten-
der de política começa por aqui. Rio de Ja-
neiro: Konrad-Adenauer-Stiftung, 2018.
PITKIN, Hanna. “Representação: Pala-
vras, instituições e ideias”. In: Revista Lua 
Nova. São Paulo: nº 67, 2006. Disponível em: 
<https://www.scielo.br/j/ln/a/pSDrmVSqRq
ggw7GXhxBjCgG/?format=pdf&lang=pt>.
A importância do(a) vereador(a) no mu-
nicípio é significativa. Muitas vezes esse 
poder não é valorizado ou é pouco com-
preendido pela população que não está 
suficientemente informada sobre a função 
da casa legislativa e dos(as) representantes. 
Esse fascículo buscou fornecer elementos 
para que você possa entender e acompa-
nhar a atividade legislativa na sua cidade.
Vimos como o legislativo municipal é res-
ponsável por criar as leis que regulamentam 
a vida pública nas cidades e por fiscalizar as 
políticas e projetos que são executadas pelo 
governo municipal. Abordamos como a Câ-
mara Municipal é organizada. Ressaltamos 
que o(a) cidadão(ã) pode e deve acompanhar 
as sessões no Plenário para entender e parti-
cipar dos debates sobre as questões públicas 
da sua cidade. Além disso, existe a possibili-
dade de acessar o gabinete do(a) vereador(a) 
em quem votou, obtendo mais informações 
sobre algum problema político do município. 
Outro canal de comunicação com a Câmara é 
a Ouvidoria, espaço de acolhimento das de-
mandas e questões do(a) cidadão(ã). 
Finalizado nosso debate, esperamos que 
as ideias discutidas e os conceitos apresen-
tados sirvam de estímulo para ampliar sua 
participação no debate público da cidade.
AUTOR:
José Raulino Pessoa Chaves Júnior
Pós-doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos 
(UFSCar). Professor vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Políticas Pú-
blicas da Universidade Estadual do Ceará (PPGPP/UECE). Doutor em Ciência Po-
lítica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mestre em Sociologia 
e bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Atua 
principalmente nas seguintes áreas de pesquisa: partidos e sistemas partidários, 
eleições e representação política, elites políticas, política subnacional e poder 
local, políticas públicas, cidadania e institucionalização democrática.
Apoio: Parceria: Realização:
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