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Bem-vindo, caro aluno (a), nas próximas páginas vamos mergulhar no período 
medieval e discutir questões importantes que influenciaram as sociedades do mundo 
moderno e contemporâneo. Através de documentos, imagens e outras fontes 
históricas faremos uma reflexão sobre esses mil anos de História e o legado deixado 
para o homem. 
Antes de iniciar a nossa discussão vamos levantar algumas questões: Muitos 
conhecem a Idade Média como a Idade das Trevas. Mas será que realmente esse 
período foi uma época das trevas, de escuridão, onde não houve produção de 
conhecimento? Outra questão importante, qual era o papel da figura do rei nesse 
período? Será que esse rei foi tão absoluto como vimos nos filmes de Hollywood? Por 
último, quando nos lembramos da Idade Média, sempre associamos a Igreja e o 
cristianismo como os maiores influenciadores desse período, porém o poder estava 
apenas na mão dessa instituição? 
Visando responder essas dúvidas, dividimos o nosso material em quatro 
partes. 
Na unidade I vamos definir o que foi o termo idade Média e o principal modo 
de produção desse período, o feudalismo. Na unidade II você irá saber mais sobre o 
Islamismo e os Impérios Bizantino e Otomano, que marcaram esse período seja com 
sua forma de expressão, domínio, arte ou religião. Na unidade III focamos na questão 
da produção do conhecimento e na consolidação do saber, falando sobre movimentos 
como a “escolástica” e a “patrísticas” e grandes pensadores como Santo Agostinho e 
São Tomaz de Aquino, por último encerramos as nossas discussões, conhecendo 
sobre a arte na medieval, desde a românica até a gótica, passando por práticas 
culturais como as tapeçarias, iluminuras medievais, pinturas e romances. 
Dessa forma, pretendemos mostrar uma nova vertente da Idade Média e 
esperamos que esse conhecimento contribua na formação de cada novo historiador. 
Tenham bons estudos e muito obrigado! 
 
 
 
 
 
Quem inventou o nome Idade Média? Esse termo, assim como outras 
denominações históricas, foi criado depois que ela ocorreu. Imagina que você está 
com seus amigos, discutindo a vida e vocês começam a pensar que o momento que 
vocês estão vivendo é muito mais bacana que o momento em que seus pais viveram. 
Então você pode dizer que você é um cara moderno e que quem veio antes de você 
é um mediano, um tempo das trevas. 
 
 
 
 
E assim, por muito tempo a Idade Média foi classificada como a idade das 
trevas! Mas será que esse período foi sempre escuro? Não havia luz? Isso que vamos 
descobrir nessa unidade. 
Os humanistas da Renascença observam a Idade Média apoiados em um 
fator de medo, gerado pela peste, fome e constantes guerras entre os mouros 
e cristãos. Eles partem desse princípio para homogeneizar a Idade Média em 
um período obscurecido pelas mazelas produzidas pelas instituições. Tem-
se, nesse aspecto, uma clara amostragem do dispositivo. Os renascentistas 
escrevem a história a partir de seus preceitos morais, condenando ou 
elogiando os acontecimentos. (BARBOSA e SILVA, 2018, p,5) 
O termo idade das trevas é discriminatório e preconceituoso, essa visão 
deturpada deve-se justamente por conta dos homens que viveram posteriormente a 
Idade Média, principalmente os renascentistas que criticavam a Idade Média como 
uma época de muita superstição, crença apenas na Igreja e ignorância por parte da 
sociedade. Qualificações como “Período em que a humanidade não tomou banho” 
(BESSELAAR, 1970 p. 89-95), “Idade das Trevas” (FRANCO JÚNIOR, 1988, p. 17-
19), “Civilização da Barbárie” (INÁCIO & LUCA, 1988, p.7), foram utilizadas por 
adeptos do renascimento na tentativa de difamar a Idade Média. 
Esses intelectuais, acreditavam que o período mais fascinante na história, 
teria sido a Antiguidade, com sua filosofia, artes plásticas, ciência e também a maneira 
de produzir História e preservar a memória. 
Media aetas, medium aevum, em latim, e as expressões equivalentes nas 
línguas europeias significam a idade do meio, um intervalo que não poderia 
ser nomeado positivamente, um longo parêntese entre uma Antiguidade 
prestigiosa e uma época nova, enfim, moderna. (BASCHET, 2006, p. 25 - 
grifos no original). 
A Reforma protestante, o surgimento da filosofia Iluminista e a Revolução 
Francesa são os eventos históricos que caracterizam a modernidade e que fizeram 
com o que o sentido dos acontecimentos fosse encontrado nas ações humanas e não 
no divino. É o sujeito que produz a História, foi dito desde então que esse fazer 
histórico era resultante das ações humanas, da razão, da consciência dos homens, 
era um fazer-se ao longo do tempo, um processo evolutivo. 
Por isso, a História tinha que ser governada pela razão, uma razão na qual se 
acreditava que todos os aspectos da vida caminhavam em direção à perfeição futura. 
Essa seria obtida por meio da acumulação de conhecimentos sobre o mundo. Os 
passos para esse modo de compreender as ações humanas e a explicação histórica 
para esses atos são encontrados no Renascimento, na qual compreende o movimento 
de renovação cultural ocorrido na Europa entre os séculos XIV e XVI. 
Os historiadores desse período passaram a discutir o sentido da História e a 
buscar as razões do ser no mundo, não mais com implicações teológicas, mas em 
prol do alcance da perfeição moral no mundo profano. Para isso, havia que se 
encontrar outra lógica explicativa para as ações humanas, diferentes das adotadas 
durante a Idade Média, constituída em um conhecimento que se defendia 
antiecológico, ou estabelecida pela razão. 
A base para esse pensamento foi formulada pelos filósofos Iluministas. 
Podemos dizer que o pensamento Iluminista se sustenta em três pilares comuns à 
maioria de seus pensadores, são eles: 
1) a fé na razão; 
2) a permanência da natureza humana ao longo do tempo; 
3) a capacidade racional do homem de realizar na História as metas universais 
do inexorável progresso (BERLIN, 1997, p. 47). Segundo essas bases, a tradição e a 
igreja não mais respondiam aos seus anseios de entender e explicar o mundo, 
havendo que encontrar respostas fundadas na experiência e na observação. 
 
 
 
Para compreendermos a forma como os renascentistas analisavam o período 
medieval, precisamos pontuar conceito de história e historicidade, desde a 
antiguidade até o período moderno, uma vez que as suas transformações foram 
responsáveis pela forma como o historiador examinou os fatos do passado e como 
eles criaram o conceito de Idade Média. 
Um elemento básico do conhecimento histórico é a historicidade, ou seja, o 
olhar crítico lançado para a História é passado por diversas transformações e 
retificações de tempos em tempos, o que acarreta uma ampliação do conhecimento 
teórico metodológico da disciplina. Dessa forma tanto na História como na 
historiografia existe uma historicidade, o que demonstra que ela ao decorrer dos anos 
ela se transforma expressando peculiaridades na maneira de conceber o 
conhecimento do passado. E nesse sentido percebemos que as formas de escritas 
históricas apresentam características distintas, desde a antiguidade até o 
renascimento, é o que veremos adiante. 
Uma característica básica do conhecimento histórico é a sua própria 
historicidade. A historiografia é compreendida como o conjunto de estudos históricos; 
o conjunto das variadas formas de escrever e pensar a História. Assim como a 
História, a historiografia tem uma historicidade. Isso denota que ela muda de tempos 
em tempos, expressando as diferentes formas de conceber o conhecimento do 
passado. 
Quando se olha para os textos históricos produzidos na Antiguidade, constata-
se que entre os gregos e os romanos, por exemplo, havia muita semelhança entre a 
literatura e a História. O que diferenciava ambas (e continua a diferenciar) era a 
preocupação com a verdade. Para os historiadores desse período, fazer História 
implicava no trabalho do escritor em usar de seu talento paraelaborar uma oratória 
que explicasse o passado. O orador era o homem mais capacitado para essa função 
e cabia a ele esclarecer e dar ‘exemplos’ de vida aos homens públicos e instruir o 
homem particular (HARTOG, 1998, p. 197). 
A função do historiador era a de explanar o que ocorria entre os mortais; cabia 
a ele explicar, traduzir para o outro o ocorrido. A divulgação dos grandes exemplos 
históricos era considerada um modo de incentivar a imitação e a repetição das ações. 
A missão do historiador era a de preservar aquilo que deve sua existência aos 
homens, para que o tempo não o oblitere, e prestar aos extraordinários e gloriosos 
feitos de gregos e bárbaros, louvor suficiente para assegurar-lhes evocação pela 
posteridade, fazendo assim sua glória brilhar através dos séculos (ARENDT, 1988, p. 
70). 
Por volta do século XII a.C. A escrita foi baseada nas tradições orais, 
transmitidas de geração em geração e nela se vê a exaltação das virtudes como a 
honra, o patriotismo, o heroísmo, o amor, a amizade, a fidelidade e a hospitalidade 
(DOSSE, 2003). Heródoto de Halicarnasso (485 a.C. e 430 a.c) considerado o ‘pai da 
História’’ procurou fazer uma escrita sobre o passado com o menor recurso possível 
aos conteúdos mitológicos presentes, por exemplo, em Ilíada e na Odisseia. Sua 
narrativa era repleta de oráculos, adivinhações e da interferência de mitos na 
explicação do acontecimento (REIS, 2006, p. 18). 
Para os gregos, a vida se movia sempre em repetições, pois tinham um 
entendimento cíclico do universo. Isso fazia da História um conhecimento necessário, 
através do qual se retiravam ensinamentos. Eles concebiam a História como uma 
forma de imortalizar os feitos humanos. A narrativa histórica devia convencer os 
leitores pela beleza, forma, estruturação e ordenação dos argumentos (FUNARI, 
2005). 
Conhecer os preceitos retóricos e ser dotado de grande erudição eram 
condições fundamentais para o historiador, o que fazia da historiografia antiga, uma 
escrita fundamentada na arte da demonstração, por isso o apreço por parte dos 
Renascentistas e a crítica ao período medieval. A História ensinava como aprender 
com a desgraça e como ser moderado na prosperidade (REIS, 2006, p. 17). 
O trabalho dos historiadores nesse período implicava em usar seu talento para 
elaborar uma oratória que explicasse o passado. E o orador era o homem mais 
capacitado e incumbido de esclarecer e “dar exemplos” de via vida dos homens 
públicos e instruir o homem particular (HARTOG, 1998, p. 197, apud ZANIRATO, 2011, 
p. 31). 
De acordo com Zanirato (2011), o tempo nesse período era visto de forma 
circular, sujeito a se repetir de tempos em tempos, e o papel da História, era de 
elaborar uma narrativa que buscava a explicação dos acontecimentos em um dado 
período nesse tempo. A História se encarregou de produzir uma narrativa sobre os 
feitos oriundos da ação do homem, e registar acontecimentos que não eram sujeitos 
a imortalidade, mas que deveriam ser recordados para ficarem na eternidade. E nesse 
cenário o historiador era incumbido de explanar o que ocorreria entre os mortais, e 
assim o historiador, explicava e traduzia para o outro o ocorrido e com essa divulgação 
dos grandes feitos históricos era visto como uma forma de incentivar a imitação e 
repetição das ações. 
Segundo Dosse (2003, p.17, apud Zanirato, 2011, p.36), com a dissolução do 
mundo romano, a Igreja Católica ganhou força e se tornou a instituição mais poderosa 
entre os séculos IV e XIV (Idade Média), e ela detinha o controle absoluto do saber. A 
História nesse cenário torna-se um gênero inferior, a serviço da teologia, que era vista 
como o verdadeiro saber. Zanirato (2011), discorre que a escrita histórica no mundo 
medieval passou a ser orientada por normas definidas pela Igreja, e a História humana 
era vista como sendo resultante da intervenção divina, de forma que todos os fatos 
acontecidos eram efeitos da relação de Deus com o mundo. Na Idade Média, o tempo 
e a História eram vistos como uma sucessão iniciada com a Criação e predestinada a 
terminar com o Juízo Final, o que fez o tempo ser visto como linear e progressivo, seu 
movimento era direcionado para o fim. 
Nesse período a História passou a expressar um caráter pessimista, 
providencialista e apocalíptico. Deus estava no centro de todas as ações humanas, e 
a providência guiava as ações humanas e o mundo caminhava para o fim, uma vez 
que os homens iam para o céu ou inferno, dependendo do que faziam na Terra. O 
estudo da História servia ao cristianismo com uma confirmação da fé (ZANIRATO, 
2011). E a tarefa principal do historiador era de decifrar profecias e guiar os diversos 
relatos históricos ( FONTANA, 1998, p.29, apud ZANIRATO 2011). 
Ou seja, na Idade Média, com a dissolução do mundo romano, a Igreja 
Católica adquiriu força que a tornou a mais poderosa instituição entre os séculos IV e 
XIV. Coube a ela o controle absoluto do saber, aí incluído as diferentes escritas, que 
passaram a ser controladas pelo poder eclesial constituído. A História, nesse contexto, 
tornou-se apenas um gênero menor, a serviço da teologia, considerada o grande e 
verdadeiro saber (DOSSE, 2003, p. 217). 
Com isso, a escrita histórica passou a ser orientada pelas normas definidas 
pela Igreja, sempre afirmando que a História humana era resultante da intervenção 
divina; de forma que os fatos ocorridos eram efeitos das relações de Deus com o 
mundo. O estudo da História servia ao cristianismo como confirmação da fé. Por um 
lado, era uma forma de confirmar as profecias anunciadas na Bíblia, ou de explicar 
porque não se cumpriram os enunciados; por outro, era uma forma de incluir toda a 
História não cristã, ‘nas pautas marcadas pelo esquema bíblico’. A tarefa do bom 
historiador era a de ‘decifrar as profecias e coordenar os diversos relatos históricos’ 
(FONTANA, 1998, p. 29). 
Santo Agostinho (354 – 430), por exemplo, compreendia o sentido da História 
que essa não originava dos atos particulares dos homens, mas sim das intenções 
divinas. Para ele, havia duas ordens históricas: uma História sagrada, que narra os 
eventos reveladores da presença de Deus e uma História secular, produto da vida dos 
homens, das ações causadas pelos homens. A História sagrada era obra dos profetas 
diretamente inspirados por Deus e a História secular era aquela que registrava os atos 
destinados a conduzir os homens ao paraíso, ou ao inferno, às ações que mostravam 
a submissão ou a desobediência dos homens às determinações bíblicas (BIGNOTO, 
1992, p. 180-182). 
Mas essa forma de pensar a História mudou. Zanirato (2011), relata que no 
período que compreende os séculos XIII e XVI, ou seja, no final da Idade Média e 
início da Idade Moderna, a Europa ocidental viveu a chamada Revolução Cultural, 
com o surgimento da burguesia constitui-se uma nova ordem política e econômica. 
Essa mudança acarretou a valorização da riqueza material, dos prazeres terrenos, a 
defesa do lucro e a possibilidade de salvação. Com a descoberta da América, vieram 
questionamentos às formas de explicar o mundo, e a religião já não estava dando 
conta de dar sentidos a todas as esferas do mundo. Nesse período os historiadores 
passaram a discutir o real sentido da História, e buscar as razões do ser no mundo, 
sem as implicações teológicas. 
No Renascimento temos uma mudança na forma de compreender a História. 
Com isso o homem passa a buscar respostas para suas perguntas, e a entender seu 
papel no mundo sem a intervenção Divina. E para encontrar as respostas, os homens 
precisavam de um conhecimento pautado no estabelecimento da razão, diferente da 
Idade Média, na qual a Igreja determinava essa produção de saber. A escrita da 
História nesse período, feita por filósofos, buscava abandonar as explicações 
centradas nos deuses, em mitos e superstições. 
Essa crítica se estende até o século XIX, quando a partir de 1850,um grupo 
de pesquisadores ligados ao movimento do Romantismo irão se atentar a elementos, 
símbolos e signos até então ignorados por historiadores renascentistas. 
Reconhecendo as belezas do mundo medieval através das suas práticas artísticas e 
da arquitetura gótica, como veremos nas unidades a seguir. 
Os historiadores que se dedicaram aos estudos sobre a Idade Média, 
pontuavam que não houve apenas uma Idade Média, mas sim variáveis, distintas, de 
múltiplas interpretações e diversas ocorrências. Ele era flutuante, um período 
movimentado, marcado pelo poder da Igreja, pelas graves epidemias como a Peste 
Negra na qual assolou grande parte da população e de inúmeras batalhas que 
cruzaram a Europa. Porém este período nos apresentou além da arquitetura gótica já 
citada, o surgimento das universidades e do desenvolvimento da agricultura em 
grande escala. 
Assim, a Idade Média deve ser pesquisada no seu conjunto, ou cerca no arco 
de quase mil anos, atentando para suas singularidades, Le Goff, destaca que a Idade 
Média é “de longa duração na história, mas um período de elaboração, de construção 
do mundo moderno [...]. A Idade Média é a nossa juventude; talvez a nossa infância” 
(LE GOFF, 2008, p. 33), além disso o pesquisador pontua que: 
Eu diria que a Idade Média não é o período dourado que certos românticos 
quiseram imaginar, mas também não é, apesar das fraquezas e aspectos dos 
quais não gostamos, uma época obscurantista e triste, imagem que os 
humanistas e os iluministas queriam propagar. É preciso considerá-la no seu 
conjunto.” (LE GOFF, 2007, p.18) 
Antes de adentramos na discussão sobre a Idade Média, cumpre destacar 
alguns pesquisadores que com seus estudos contribuíram para o entendimento 
histórico desse período e posteriormente foram objetos de pesquisa de historiadores, 
como por exemplo: Gregório de Tours (538-594) que escreveu sobre a sociedade 
cristã franca, em suas obras o autor relata a trajetória desses povos. As narrativas 
abordaram ações dos reis e dos santos. Outro historiador foi Flodoardo de Reims 
(894-966) a qual a reconstituição foi feita nos arquivos eclesiásticos pelos Bispos 
Reims. O objetivo de sua pesquisa era compreender a instituição da Igreja no início 
da Idade Média. (DOSSE, 2003, p.221). 
Jacques Bossuet (1627-1704), afirmava que a escrita era a fonte divina e 
ninguém tinha o direito de banalizá-la, pois toda a explicação histórica ali se 
encontrava. Compete ao historiador demonstrar, em sua escrita, o desígnio 
providencial. Por último, lembramos de Giambattista Vico (1668-1744), preocupado 
em restituir a particularidade da sociedade humana e, ao mesmo tempo, inseri-la no 
quadro da providência. Seus estudos cruzavam as etapas primitivas do homem à 
época da ciência e da filosofia, de modo a mostrar que houve uma evolução e essa 
se explicava pela vontade divina, que ensinará os bárbaros pagãos de épocas 
primitivas, a fazer uso da razão e compreender assim os ensinamentos de Deus 
(DOSSE, 2003, p.228). 
A Idade Média teve início no ano de 476 e se estendeu até o ano de 1453. E 
por que ela começou justamente nesse ano? A data marca a invasão da parte 
ocidental de Roma, até então principal centro da Europa, e o fim do Império Romano 
do Ocidente. O término desse período é marcado pela tomada de Constantinopla 
pelos turcos otomanos. Essas duas balizas temporais não são unanimidades entre os 
pesquisadores. De acordo com Marcelo Candido da Silva: 
Os historiadores nunca entraram em consenso sobre os marcos precisos do 
início e do fim da Idade Média: para uns, seria a queda de Roma, em 476, e 
a queda de Constantinopla, em 1453; para outros, o Edito de Milão, em 313, 
e a chegada dos espanhóis à América, em 1492. No entanto, esse período é 
mais do que uma convenção cronológica. Desde o surgimento do termo, no 
final do século XIV, não apenas eruditos e historiadores, como também 
historiadores da arte, filósofos e sociólogos, buscaram identificar as 
características que diferenciariam “os tempos médios” da Idade Antiga e da 
Idade Moderna. As divergências nesse ponto são ainda maiores do que na 
escolha das datas que marcariam o início e o fim do período. (CÂNDIDO, 
2019, p .8) 
Além disso, Le Goff reforça que: 
Da Antiguidade ao século XVIII desenvolveu-se, ao redor do conceito de 
decadência, uma visão pessimista da história, que voltou a apresentar-se em 
algumas ideologias da história no século XX. Já com o Iluminismo afirmou-se 
uma visão otimista da história a partir da ideia de progresso, que agora 
conhece, na segunda metade do século XX, uma crise. (LE GOFF, 1990, p. 
8) 
De fato, o importante é compreender as transformações que ocorreram na 
Idade Média, os historiadores que pesquisam esse período, costumam relacioná-lo 
como a transição entre a Antiguidade para a Idade Moderna. 
O autor continua: 
Existe, é verdade, uma Idade Média “má”: os senhores oprimiam os 
camponeses, a Igreja era intolerante e submetia os espíritos independentes 
(que eram chamados de hereges) à Inquisição, que praticava a tortura e 
matava os revoltosos nas fogueiras... Havia muita fome e muitos pobres (...). 
No entanto, existe também a “bela” Idade Média, presente, principalmente, 
na admiração das crianças: diante dos cavaleiros, dos castelos fortificados, 
das catedrais, da arte românica e da arte gótica, das cores (dos vitrais, por 
exemplo) e da festa. Também esquecemos quase sempre que, na Idade 
Média, embora as mulheres ainda tivessem um lugar inferior aos dos homens, 
adquiriram ou conquistaram uma posição mais justa, mais igual, de mais 
prestígio na sociedade – posição que nunca tinham tido antes, nem mesmo 
em Atenas, na Antiguidade. (LE GOFF, 2007, p.18-19) 
Nesses quase mil anos de História, a Europa foi palco de profundas mudanças 
em toda sua esfera política, econômica, social, cultural e religiosa, como destaca 
Durkheim na obra “A evolução pedagógica” lançada em 1995. 
 
 
Nada mais inexato, porém, do que essa concepção da Idade Média e, portanto, 
nada mais impróprio do que a palavra com a qual essa época é designada. Muito 
longe de ter sido um simples período de transição, sem originalidade, entre duas 
civilizações originais e brilhantes, é, ao contrário, o momento em que se elaboraram 
os germes fecundos de uma civilização inteiramente nova. E isso nos é mostrado 
notadamente pela história do ensino e da pedagogia. A Escola, tal como a 
encontramos no início da Idade Média, constitui com efeito uma grande e importante 
novidade; distingue-se por traços cortados de tudo quanto os antigos chamavam 
com o mesmo nome. É claro, já o dissemos, que ela retira da civilização pagã a 
matéria do ensino; mas essa matéria foi elaborada de uma maneira totalmente nova, 
e dessa elaboração nasceu algo inteiramente novo. É o que acabo de mostrar. Mas 
pode ser dito que nesse momento é que apareceu a Escola, no sentido próprio do 
termo. Pois uma escola não é apenas um local onde o professor ensina; é um ser 
moral, um meio moral, impregnado de certas ideias [sic], de certos sentimentos, um 
meio que envolve tanto o professor quanto os alunos. Ora, a Antiguidade [sic] não 
conheceu nada semelhante. Teve professores, mas não teve Escolas de verdade. 
Na pedagogia, pois, a Idade Média foi inovadora. 
 
DURKHEIM, Émile. A Evolução Pedagógica. 2ª. reimp. Porto Alegre: Artes 
Médicas. 1995, p. 37 
 
 
 
 
 
 
 
A Idade Média também pode ser dividida em duas partes, os primeiros 500 
anos são conhecidos como Alta Idade Média, na qual as sociedades passaram 
lentamente a viver um novo modo de vida, uma nova organização social (o feudalismo) 
e o apogeu da Igreja, a sua grande influência em boa parte da Europa. Já a segunda 
parte, conhecida como Baixa Idade Média, é marcada pela crise do feudalismo, as 
cruzadas, a expansão comercial, e o surgimento das cidades e núcleos urbanos. 
A Alta Idade Média, período que se estende desde a queda do Império 
Romano,no século V, até aproximadamente o século X, foi marcada por um processo 
contínuo de declínio urbano e de ruralização do Ocidente europeu. Durante esse 
período o campo gradativamente se fortaleceu, organizando-se na forma de feudos, 
que se espalharam por grande parte da Europa. Podemos caracterizar o feudalismo 
como um modo de produção, na qual o principal polo aglutinador seria o feudo, e 
desses procedem relações senhores e camponeses e suseranos e vassalos. 
O pesquisador Pierre Bonnassie destaca como “época arcaica” do feudo o 
período entre os últimos decênios do século IX e os primeiros do século XI, e o situa 
na Europa meridional – Languedoc e Catalunha (1999, p. 96). Como veremos a seguir, 
no regime feudal, o senhor era o detentor de uma grande extensão territorial, onde ele 
exercia o poder sobre seus servos e escravos. Um senhor feudal poderia ser vassalo 
de outro; porém, nos limites de suas terras ele tinha poder absoluto: era o senhor, 
protetor, juiz, chefe de polícia e administrador. 
Essa primeira fase da Idade Média, marcada pelo processo de ruralização, 
sofreu alterações significativas a partir do século XI, através do ressurgimento e 
fortalecimento das cidades. Os novos espaços urbanos que se constituíram desde o 
início desse século se apresentaram extremamente diferenciados das antigas 
aglomerações urbanas, sobretudo no seu aspecto econômico. 
Houve um processo de acentuada migração dos homens do campo para as 
cidades. A superfície urbana aumentou significativamente, as construções cresceram 
de forma irregular e a aglomeração passou a exigir, cada vez mais, uma melhor 
organização e uma forte fiscalização das atividades exercidas em seus domínios. 
Ao longo dos séculos XI e XII houve um aumento significativo do número de 
cidades e, consequentemente, da população urbana no Ocidente medieval. Nesta 
unidade iremos abordar mais as questões conceituais, as características que definem 
esse período chamado de Alta Idade Média. 
Se se pode identificar na crise do mundo romano do século 3º o ponto de 
partida que dará origem ao Ocidente medieval, parece legítimo considerar as 
invasões bárbaras do século 5º como o acontecimento que precipitou as 
transformações, dando-lhes um aspecto catastrófico e modificando-lhe 
profundamente o aspecto. [...] As invasões deixaram chagas mal cicatrizadas 
– campos destruídos, cidades arruinadas -, precipitou a evolução econômica 
– declínio da agricultura, recuo urbano -, a retração demográfica e as 
transformações sociais. Os camponeses viram-se obrigados a se colocar sob 
dependência cada vez maior dos grandes proprietários, estes passaram 
também a ser chefes de grupos armados, e a situação do colono tornava-se 
cada vez mais próxima da do escravo. (LE GOFF, 2005, p. 21-22) 
Nos nossos estudos as discussões permeiam a Alta Idade Média entre o 
século V ao X com forte presença do feudalismo e a Baixa Idade Média do século X 
até o XV, período marcado pela crise desse sistema. 
Quando pensamos no sistema político vigente durante a Alta Idade Média, 
denotamos como um conjunto fragmentado e descentralizado, fruto do declínio do 
Império Romano do ocidente. Paulatinamente deixa de existir a figura de uma 
entidade reconhecida legitimamente e legalmente como a autoridade de poder, 
centralizado, ou seja, como uma autoridade dotada de um monopólio do uso da força 
capaz de se impor sobre autoridades inferiores. 
Esse tempo marca a ascensão e fortalecimento das autoridades locais, dos 
chamados poderes locais. Dentro do feudalismo ainda vai existir a figura do rei, mas 
este enfraquecido. Temos a ausência de uma centralização política devido a uma 
insuficiência do uso da força militar por parte do rei. Nesse caso, os poderes regionais 
são muitas vezes mais relevantes do que o poder central, o servo não é considerado 
um escravo, porém não é um trabalhador livre e vive sob a tutela do senhor. 
Para Le Goff, o feudalismo se caracteriza como: 
Um sistema de organização econômica, social e política baseada nos 
vínculos de homem a homem, no qual uma classe de guerreiros 
especializados – os senhores – subordinados uns aos outros por uma 
hierarquia de vínculos de dependência, domina uma massa campesinata que 
explora a terra e lhes fornece com que viver. (LE GOFF, 1980, p. 82). 
Esse sistema tinha como consequência a ausência do monopólio do uso da 
força. Como era durante o Império Romano, o poder estava fragmentado e 
descentralizado, na mão dos suseranos. Isso não significava que o rei não exercia em 
momento algum o seu poder de autoridade máxima. Em momentos de crise, de 
invasão de outros povos, era função do rei comandar os exércitos na defesa dos seus 
territórios. 
No início do século VI, verificam-se fenômenos políticos significativos. De um 
lado, alguns reinos romano-bárbaros já se implantavam firmemente em 
territórios do Império do Ocidente, onde a única autoridade política 
autenticamente romana é a Igreja e especialmente o papado; de outro lado, 
o Império do Oriente conserva ainda a sua unidade e a sua força, o que lhe 
permitirá tentar a reconquista do Ocidente. Estes três centros de poder, tão 
diferentes entre si, se enfrentarão numa complexa luta ideológica e militar. 
(MANACORDA, 2006, p. 111). 
Portanto a sua autoridade não era uma constante, ela era flutuante. 
Lembrando que por legitimidade entendemos de forma bem genérica a aceitação de 
um poder. Nesse âmbito, a nobreza, muitas vezes durante as guerras, emanava uma 
liderança mais harmonizada e equilibrada. Era comum algum nobre ser mais poderoso 
e com um exército maior, enfrentar o rei em questão e se colocar contra essa figura, 
como diversas vezes aconteceu ao longo do feudalismo, como veremos nos outros 
capítulos. 
Por isso é importante saber diferenciar e não confundir o rei medieval com o 
rei absolutista. O rei absoluto é uma outra categoria de monarca com outros atributos 
de poder que levam este a exercer um poder centralizado e não fragmentado. Já o 
monarca feudal é diferente daquele exibido nos filmes de Hollywood, em que é 
representado como uma figura muito poderosa, uma vez que os filmes tendem a 
transportar o poder do Rei absolutista dos séculos XV e XVIII para a realidade política 
do rei feudal do século V ao XX. “Seus recursos econômicos provinham quase 
exclusivamente de seus domínios pessoais enquanto senhor, enquanto de seus 
vassalos pedia contribuições militares (ANDERSON, 1991, p. 147). 
Outro fator importante para compreender o contexto histórico da Alta Idade 
Média, trata-se da produção material e econômica na Europa. Primeiro ponto: a 
principal atividade era agricultura de subsistência, o feudo era a unidade produtiva do 
feudalismo. 
E você, aluno (a) se recorda como era esse feudo? Trata-se de um latifúndio, 
uma grande propriedade rural e que visava ser autossuficiente. Ele tem como seu 
objetivo primeiro produzir para o seu próprio sustento, tornando-se uma agricultura de 
subsistência. Mais do que isso, seria um: 
Modo de produção no qual as relações sociais de produção estão baseadas 
na servidão; a propriedade dos meios de produção está dividida entre a 
classe dominante, a nobreza feudal, e a classe dominada, os servos, cujo 
objetivo fundamental da produção é o valor de uso. (MONTEIRO, 1987, p. 5) 
A propriedade territorial era concedida aos indivíduos por um poderoso senhor 
(membro da alta nobreza) em troca de fidelidade e ajuda militar. 
O direito feudal é aquele conjunto de costumes (e mais tarde, mas 
secundariamente, de algumas leis imperiais, sentenças de cúrias feudais, 
teorizações doutrinais) que pouco a pouco se acumularam durante todo o 
período medieval e que disciplinam aquele universo de relações entre 
senhores e vassalos, entre superiores e inferiores, que é a ordem feudal: 
relações pessoais que consistem em homenagem e fidelidade por parte do 
vassalo e em proteção por parte do senhor. Um universo jurídico exclusivo, 
quedesenvolveu suas próprias regras e que tem seus próprios tribunais para 
aplicá-las; Grossi (2014, p. 275) 
Esse modo de produção esteve presente principalmente em estados do antigo 
do Império Carolíngio: França, Bélgica, Suíça, Alemanha, na região da Gália entre os 
riachos Loire e Reno, como podemos observar no mapa a seguir. 
Figura 1: Atlas by William R. Shepherd (Shepherd, William. Historical Atlas. New York: Henry Holt and Company, 
1911) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Franco#/media/Ficheiro:Frankish_Empire_481_to_814-pt.svg 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Franco#/media/Ficheiro:Frankish_Empire_481_to_814-pt.svg
Pierre Anderson, destaca que as bases para o feudalismo foram fundadas na 
região da Gália e posteriormente difundidas entre os outros centros europeus. 
Foi entre o Loire e o Reno que apareceu pela primeira vez a servidão, onde 
se desenvolveu um sistema senhorial, onde a justiça foi mais profunda e, por 
fim, a subenfeudação foi mais acentuada. Nessa região, as vilas conviviam 
com numerosas aldeias camponesas, reduto de mão-de-obra em potencial. 
Entre os séculos VII e IX observa-se a tendência à ampliação da vila através 
do desbravamento de novas áreas para a exploração agrícola como também 
a incorporação do vicus, suas terras e seus habitantes. (ANDERSON, 1991, 
p. 153). 
Cumpre lembrar que nenhum feudo se originou do nada, mas foram 
consequências das invasões tardias que culminaram na descentralização do poder do 
rei e da ascensão da nobreza e do seu arsenal militar, dessa forma o Feudalismo pode 
ser entendido também como uma forma de sociedade que surge em consequência do 
colapso do governo central (FRANCO JUNIOR, 1988, p. 87). 
O feudo era constituído por três espaços: o primeiro tratava-se do Manso 
Senhorial: que era o local onde ficavam as terras do senhor feudal e os mecanismos 
de produção como o moinho, além de abrigar o castelo, residência do senhor feudal. 
Havia outras modalidades de mansos, como a destinada aos servos, Manso Servil, 
que era o espaço na qual eram produzidos a agricultura de subsistência dos 
camponeses (servos). 
E por último, havia as propriedades denominadas de Mansos Comunais: 
espaço em que os camponeses poderiam coletar matéria prima para a produção de 
casa, armazém. Esse local ficava próximo aos rios e eram conhecidos como áreas 
comuns. A estrutura social era composta por três categorias, ou classes: o clero, os 
nobres e servos, sendo que organização era imutável. Devido a influência e poder da 
Igreja, o clero desfrutava de posição privilegiada durante o feudalismo, uma vez que 
a Instituição pregava que o homem já nasce predestinado a viver em uma classe 
definida por Deus, sendo ela a representação da figura divina na terra. 
A Igreja possuía uma grande quantidade de terras e ao mesmo tempo que 
esse número crescia, o seu poder militar aumentava a sua supremacia política e 
cultural. Outra questão importante, em um primeiro momento, no seu surgimento, os 
feudos eram de ordem pública, como afirma o historiador Pierre Bonnassie: 
Bem público, concedido a um agente da autoridade pública, em troca de 
serviços públicos a serem prestados. Consistia quase sempre em uma terra 
sobre a qual incidiam direitos fiscais. O outorgante era geralmente um duque 
ou um conde, e o beneficiário, um alcaide, que deveria, como contrapartida, 
administrar e defender o território concedido (BONNASSIE, 1999, p. 96). 
No entanto, ao passar a ser de propriedade da aristocracia, o feudo mudou a 
sua natureza e deixou de ser um bem público para um bem privado. Assim, podemos 
definir os feudos como uma propriedade voltada para a autossuficiência na qual 
emergem autoridades locais como duques e condes que exercem um poder sobre as 
cidades próximas. Além dessas figuras, temos também a autoridade da Igreja, tema 
da nossa terceira unidade. 
Na figura 2 podemos observamos como era a estrutura de um feudo durante 
a Alta idade Média: 
Figura 2: O Feudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: 
http://www.apoioescolar24horas.com.br/cf/salaaula/estudos/historia/610_feudo/images/estudo/indice.
png 
A principal mão de obra no feudo era a servidão, como podemos defini-la? 
Quem seria o servo? Como surgiu essa relação? 
O servo não teria direito à terra no modo de produção feudal, ou seja, o direito 
de propriedade, pois o servo está inserido em uma condição de submissão em uma 
sociedade que é essencialmente agrícola. O apogeu das relações servo e vassalo têm 
suas origens relacionadas ao crescimento agrícola, que ocasionou em um número alto 
de terras e títulos para os nobres, aumentando ainda mais as suas riquezas. 
http://www.apoioescolar24horas.com.br/cf/salaaula/estudos/historia/610_feudo/images/estudo/indice.png
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Nesse modo de produção, o servo teria as suas obrigações como o trabalho 
na terra e o senhor feudal, por outro lado, tinha por obrigação garantir a eles proteção 
militar. Além do trabalho no campo, os camponeses eram obrigados a cuidarem dos 
animais, pomares, piscicultura e até a confecção de vinhos para os seus senhores. 
Ao receber a terra do senhor feudal, o servo deveria pagar uma quantidade 
razoável de tributações, na qual denominamos de “obrigações”, que seriam variáveis 
formas de impostos. Os tributos variavam conforme a necessidade do senhor feudal, 
como por exemplo a corveia, a talha e a banalidade. 
Exemplificando: a corveia, um dos mais famosos tributos da Idade Média, 
consistia em uma série de serviços prestados na propriedade agrícola do senhor 
feudal. Em um número determinado de dias, o servo era obrigado a desempenhar 
funções como a limpeza do castelo, a construção de muros além de trabalhar nas 
lavouras durante o período do plantio e da colheita. Observem abaixo um exemplo 
das obrigações que eram impostas aos camponeses. 
Walafredus, um colono e sua mulher, uma colona, [...] homens de Saint 
Germain, têm dois filhos, [...]. Ele detém dois mansos livres com sete bunuaria 
(um quarto de acre) de terra arável, seis acres de vinha e quatro de prados. 
Devem por cada manso uma vaca por ano, um porco no ano seguinte, quatro 
denários pelo direito de utilizar a madeira, dois módios (18 a 26 litros) de vinho 
pelo direito de usar as pastagens, mais uma ovelha e um cordeiro. Deve ainda 
lavrar quatro varas para um cereal de inverno e duas varas para um cereal 
de primavera. Devem corvéias, carretos, trabalho manual, cortes de árvores 
quando para isso receber ordens. (GUÉNARD e MONTEIRO, 1987, p. 47) 
Outro imposto conhecido desta época, era a talha, na qual o servo era 
obrigado a repassar para o senhor feudal, 50% de sua produção, considerando todo 
o lucro bruto. Havia também as banalidades, impostos em que o servo era forçado a 
pagar ao senhor feudal caso ele utilizasse de alguns dos serviços ou instalações do 
castelo. 
Enfim, tudo que o servo produzia era passivo de tributação. E essa é a grande 
questão, quando falamos sobre a relação de Servo e senhor feudal, pois o servo ao 
receber a terra, já começava devendo inúmeras obrigações, que ele dificilmente 
conseguiria pagar essa dívida. 
 
 
 
 
Figura 3: Ilustração medieval de homens colhendo trigo com ganchos, em uma página do calendário. 
 
Fonte : Queen Mary’s Psalter (Ms. Royal 2. B. VII) 
Nesse caso, qual a relação do servo com a escravidão? Ele era escravo? 
Existiu escravidão durante o feudalismo? A resposta é que de certa forma existiu. Há 
vários historiadores que mencionam a existência da escravidão em pequeno número 
nas sociedades feudais. Pois historicamente não houve a abolição da escravidão na 
Europa durante esse período. 
Quando o Império Romano tem a sua derrocada no Ocidente, a escravidão 
não foi proibida. De modo que ela poderia continuar existindo, no entanto, esse 
sistema não era mais viável, nocaso rentável. Então gradativamente aquele processo 
do colonato romano foi substituindo a mão de obra escrava pela mão de obra servil, 
que foi trabalhar nos feudos durante a Alta Idade Média. 
Essa é uma pergunta muito importante. Pois devido aos altos impostos, o 
servo acabava vivenciando uma relação de escravidão, no entanto ele não era uma 
propriedade do Senhor feudal. Este, não poderia vendê-lo, servir como moeda de 
troca, pois o camponês não era o seu escravo, embora viva uma relação escravista. 
Para Karl Marx, o feudalismo como “modo de produção” difere do sistema 
escravista pois nele “o produtor direto se encontra na posse de seus próprios meios 
de produção, as condições de trabalho objetivas necessárias à realização de seu 
trabalho e à geração de seus meios de subsistência; ele exerce de modo autônomo 
sua agricultura, bem como a indústria rural caseira ligada a ela” (1985, p. 251), ao 
passo que no regime escravista “o escravo trabalha com as condições de produção 
alheias e não de forma autônoma” (1985, p. 251). 
Cumpre ressaltar que existem estudos que divergem da narrativa em que o 
feudo era um espaço onde o senhor impregnava as suas vontades aos seus vassalos, 
Marc Bloch destaca, que há registros em quem o vassalo concedia ao senhor a sua 
terra em troca de proteção militar. 
Muitos proprietários de alódios1 entregavam a sua propriedade a um senhor 
de condição mais elevada. Esses nobres, depois de terem prestado 
homenagem ao novo senhor, recebiam seu antigo patrimônio na qualidade 
de honroso feudo vassálico (BLOCH, 1987, p. 185). 
Para o historiador Jaime Estevão dos Reis “servidão implica, portanto, que a 
relação de propriedade deve estabelecer-se como uma relação entre senhores e 
servos, de forma que o produtor direto não seja livre”. Trata-se de uma ausência de 
liberdade “que pode variar desde a servidão com trabalho pessoal até a mera 
obrigação tributária” (MARX, 1985, p. 251). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após essa explanação, pontuamos nesta unidade alguns conceitos e 
características importantes para compreender o que foi a Idade Média. A primeira de 
que diferentemente do que ela já foi limitada, não se trata da “idade das trevas”, dos 
tempos da escuridão. Houve sim um período controlado por ações da Igreja que 
buscavam sedimentar e ampliar os seus poderes políticos, no entanto nesses quase 
mil anos de História, assistimos o nascimento e o despertar da arquitetura gótica, das 
relações comerciais nas cidades, do surgimento das primeiras universidades. 
O feudalismo trata-se de um tema inesgotável de investigações e 
possibilidades, a seguir indicaremos uma série de livros e produções cinematográficas 
que podem instigar novas pesquisas ao campo da história. 
 
 
 
 
 
A influência da Idade Média em nossos dias: cultura, representações e 
festividades. 
O período medieval apesar de representar a gestação do mundo moderno, nas 
identidades sociais, políticas, religiosas e culturais, foi por muito tempo negligenciado 
e erroneamente chamado de Idade das Trevas. 
 
Fonte: VAZ, Angela Omati Aguiar. A influência da Idade Média em nossos dias: cultura, 
representações e festividades. REVISTA DON DOMÊNICO. 8ª edição. 2016. 
 
 
LIVRO 
 
Título: A Idade Média e o Dinheiro – ensaio de 
antropologia histórica. 
Autor: Jacques Le Goff 
Editora: Civilização Brasileira, 2014. 
Sinopse: Nesta obra, Le Goff revela uma das grandes 
particularidades da Idade Média, a lida com o dinheiro, as 
moedas, em uma sociedade dominada pela religião, o 
cristianismo ensinou aos cristãos a atitude que deveriam 
adotar ante o dinheiro e quais as consequências para 
essas atitudes. 
 
FILME/VÍDEO 
 
Título: Rei Arthur: A lenda da Espada. 
Ano: 2017 
Sinopse: Essa história já recebeu diversas adaptações do 
cinema, porém em “Rei Arthur - A Lenda da Espada”, Arthur 
vivido pelo ator Charlie Hunnam é um jovem das ruas que 
controla os becos de Londinium e desconhece sua 
predestinação até o momento em que entra em contato 
pela primeira vez com a lendária espada a Excalibur. 
Desafiado pela espada, ele precisa tomar difíceis decisões, 
durante a Idade Média. 
 
 
 
 
O Cerco Medieval 
Através dessa reportagem da revista Super Interessante você será transportado para 
o mundo medieval e a forma como os feudos arquitetaram os seus castelos na 
incumbência de se proteger de ataques dos povos invasores. 
MARTON, Fabio. Cerco Medieval. Super Interessante. 10 abril de 2020. 
Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/cerco-medieval/. Acesso em 17 de agosto de 2020 
 
 
 
 
Nessa unidade convido você caro aluno(a) a mergulhar no mundo Medieval, 
um mundo não apenas marcado pelo domínio da igreja Católica, mas também com 
fortes influências do Oriente. Seja ele através do islamismo, da ascensão do Império 
Otomano, a conquista de Constantinopla e o grande conflito de quase oito séculos 
entre Mouros e Cristãos que marcaram a reconquista da Península Ibérica. 
 
 
 
 
 
Ao estudar o islamismo existe uma diferença fundamental que muitas pessoas 
confundem entre o que é ser árabe e o que é ser praticante da religião islâmica. Os 
árabes trata-se de etnia da antiguidade que habitava inicialmente o que podemos 
chamar de Península Arábica no Oriente Médio. 
O Islamismo é atualmente uma religião de mais de 1,4 bilhão de seres 
humanos, “caracterizada por monoteísmo estrito e síntese entre fé e organização 
sociopolítica” (HOUAISS, 2001, p.1655), aparentada com o monoteísmo judaico, 
religião também parente do cristianismo, a partir do século VII. 
Quais as propostas dessa religião tão importante? Por que nós falamos tanto 
hoje de muçulmanos e de islamismo? O que pensavam os islâmicos no primeiro 
século da sua existência. Quem foi o profeta que recebeu uma revelação de Deus 
Allah e transformou em uma série de preceitos e ensinamentos? Podemos afirmar, 
que o islamismo, trata-se uma das religiões mais importantes e mais fundamentais do 
mundo contemporâneo, surgida durante a Idade Média. Islã é o aportuguesamento da 
palavra em árabe islam. Essa palavra, nesse idioma, significa submissão, assim, “o 
verdadeiro ‘muçulmano’ é aquele que se declara perfeitamente ‘submisso’ a Deus” 
(PIAZZA, 1991, p. 384). 
No século V da Alta Idade Média, na Península Arábica onde hoje há vários 
países como a Arábia Saudita, os árabes eram politeístas, ou seja, acreditavam em 
vários Deuses. Os islâmicos chamam a esse período anterior a revelação do Profeta 
de “era da ignorância”. Quase todos eram comerciantes, nômades ou seminômades, 
a Península Arábica não era politicamente importante, não era religiosamente 
unificada, e os árabes estavam um pouco a parte desse mundo que os cercavam, 
como o Império Bizantino, o Império Persa e outras unidades contemporâneas deste 
século VII. Ou seja, não havia ainda nesse período uma unidade religiosa e política 
no território. 
Em 570, em um ramo pobre de uma família de Meca, teria nascido aquele que 
mudaria toda essa história, Maomé Mohamed, profeta que de acordo com o Alcorão, 
teria receberia no futuro a revelação de Deus, para transformar toda a Península 
Arábica, para unificar a religião, para ensinar um novo conceito, o verdadeiro conceito 
de Deus, uma entidade única, que deveria ser espalhado, ser empregado e expandido 
para todas as pessoas. 
O futuro profeta trabalhava como líder de caravanas, um mercador que 
realizava viagens. Durante todo o seu exercício de comércio à longa distância, ele 
estudava a religião dos judeus o monoteísmo, posteriormente, conhecendo o 
cristianismo, foi conhecendo monoteísmos que tornavam a judeus e a cristãos tão 
diferentes dos árabes politeístas. Refletia muito sobre isso, na sua inteligência 
privilegiada e na sua ética que era conhecida no local. 
Aos 21 anos, passou a trabalhar para uma viúva rica chamada Khadija e aos 
25 anos se casou com ela, com quem teve vários filhos, dosquais somente Fátima 
sobreviveu (MATOS, 2009, p. 455). Aos 40 anos, retirado em uma caverna no Monte-
Hira, isolado e refletindo sobre os conhecimentos e preceitos religiosos, teria recebido 
a visita do arcanjo, Gabriel, o mesmo que na tradição cristã teria anunciado a vinda 
de Jesus na terra para Maria. 
Então o Arcanjo dá a ele a obrigação de recitar e de aprender decorar as 
revelações sobre Deus que seriam agora a posse de uma nova verdade. Esse 
acontecimento ficou conhecido como Noite do Destino e deu início às revelações de 
Allah para Muhammad. Essas palavras serviram como base estrutural para as 
características do islamismo. 
De acordo com Piazza (1991, p. 384), 
O islamismo apresenta-se como uma religião • “sem dogmas, a não ser o seu 
absoluto monoteísmo, que faz de Alá um deus inteiramente transcendente e 
solitário...”; • “sem sacramentos, pois o islamismo não reconhece a separação 
entre Sagrado e Profano...”; • “sem sacerdotes, pois não admite 
intermediários entre Deus e os homens...”; • “sem liturgia, sem sacrifícios, 
sem imagens...”; • “sem estrutura eclesial (estrutura hierárquica); no entanto, 
tem os seus teólogos (ulema: conhecer), os seus pregadores (khatib), os seus 
mestres de oração (irmã), os seus pregoeiros de oração () (PIAZZA, 1991, p. 
384). 
Retornando a casa, ele teria confessado a seu círculo íntimo o que teria 
ocorrido, temendo estar louco, o aconselharam a ter paciência e a receber com 
tranquilidade essa revelação. A partir desse momento o profeta teria sido iluminado, 
recebendo diretamente do Arcanjo Gabriel, os ideais divinos, o principal era de que só 
existe um Deus, Alá, aquele que distribuiu misericórdia, aquele que é clemente e 
misericordioso. Esse Deus não admitiria nenhuma imagem, não permitiria que fosse 
feita nenhuma representação dele, esse código de conduta, buscava reforçar a 
submissão do homem a Deus, por isso ser devoto do Islã é ser aquele que se submete 
apenas a Deus, diferente do cristianismo. 
Nessa região não era comum a figura de um rei oponente, não havia uma 
tradição monárquica majestosa como o Império Bizantino ou Persa, portanto, os 
islâmicos não tinham o costume de se ajoelharem, a partir das revelações a Maomé, 
foram instruídos a colocar seu rosto no chão cinco vezes ao dia, voltados inicialmente 
para Jerusalém e depois em um segundo momento voltados para a cidade de Meca, 
onde o profeta vai continuar sua pregação. 
Para Regina Teresa e Silva (201), em suas peregrinações não havia a 
presença de imagens e isso foi desagradando alguns comerciantes da região que 
viviam comércio, principalmente dos mercadores de Meca, onde havia uma grande 
pedra composta por diversas representações de Deuses, inclusive uma representação 
de Nossa Senhora. 
Essa escultura era muito conhecida na região e para lá afluíam caravanas 
religiosas. No entanto para Maomé, essa veneração tratava-se de um pecado mortal, 
sendo uma de suas missões extinguir a idolatria e a veneração desses retratos feitos 
pelos homens. 
Outro mandamento advindo do Alcorão seria a abstenção de álcool, além de 
guardar o jejum em um mês especial chamado Ramadan. O islâmico deveria orar 
cinco vezes, como já mencionado anteriormente, voltado em direção à Jerusalém, 
posteriormente a Meca. E doar uma parte daquilo que ganhasse como uma esmola 
obrigatória, pois a pobreza deveria ser amparada e se puder, uma vez na vida, o 
islâmico deveria peregrinar a Meca. 
Essas seriam as obrigações básicas de um islâmico e Maomé começou a 
difundir essas ideias primeiramente na sua família na cidade de Meca, o movimento 
passou a ganhar força e naturalmente foi recebendo oposição de grandes 
comerciantes que temiam essa nova ideia, um ideário de monoteísmo, que afastava 
as imagens, consequentemente enfraquecia o comércio dessas. As peregrinações de 
Maomé, também criticavam os altos lucros que Meca obtinha devido aos fiéis que por 
ali chegavam e isso começou a incomodar ainda mais as autoridades locais. 
De acordo com Jacques Jomier (2002) em 622 a perseguição a Maomé e aos 
seus seguidores fizeram com que esses, peregrinassem para a cidade de Medina, 
localizada no oeste da Arábia Saudita, denominada de Hégira, evento que inaugurou 
o calendário islâmico. Essa jornada, posteriormente ficou conhecida como “Grande 
Fuga” e teria sido acompanhada por cerca de duzentos islâmicos. Nesse espaço foi 
construída a primeira mesquita, o primeiro local de adoração de Allah. 
A influência do profeta também o transformou em um grande líder militar, uma 
das conquistas mais marcantes realizadas por seus seguidores foi a “Batalha de 
Badr”, em 624 d.C na região ocidental da Arábia, contra os seus opositores, 
conhecidos como coraixitas. 
Em 630 a cidade de Meca é conquistada pelos mulçumanos, Maomé e seus 
dez mil seguidores, decidem por purificar o local, retirando todas as imagens, 
cobrindo-a com pano verde, que mais tarde seria um símbolo do Islã. Dois anos após 
a conquista de Meca, o grande líder do islamismo acaba falecendo, porém, seus 
seguidores deram continuidade às suas ideias, formando posteriormente um dos 
maiores impérios da Idade Média, o Império Otomano, é também após a sua morte 
que o Alcorão começa ser escrito, através de fragmentos deixados por ele. 
 
 
 
Em linhas gerais, podemos afirmar que o Império Otomano, ou Império Turco-
Otomano, foi um dos mais longos da história, “incluía a maior parte dos territórios do 
Império Romano Oriental e controlava faixas do Norte dos Bálcãs e da costa norte do 
mar Negro, regiões que Bizâncio jamais dominara” (QUATAERT, 2008, p.13). 
Oficialmente o período em atividade vai de 1299, data da sua criação pelo Osman de 
Segut (1280-1326), também conhecido como Osman I até 1923, após a I Guerra 
Mundial, na qual os otomanos foram obrigados a assinar o Armistício de Mudros, 
tratado que concedia aos vencedores da Guerra, direitos políticos e econômicos 
locais. 
Segundo Donald Quataert (2008), originário da tribo nômade de Oriundos da 
tribo de Ghuzz, hoje localizado no Cazaquistão, os otomanos, termo em que os 
adeptos desse império foram chamados, efetuaram um massivo processo de 
expansão territorial não somente na Europa, mas também em outros continente como 
a África e parte da Ásia, como podemos observar no mapa abaixo: 
 Figura 3: O Império Otomano 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Osman de Segut, uma das principais figuras desse império, pertencia a um 
grupo de nômades convertidos pelo Islã, ou seja, podemos afirmar que a fundação 
desse reino foi fruto da expansão árabe, que discutimos no primeiro tópico dessa 
unidade. 
Aproveitando da desfragmentação territorial presente na Idade Média, a 
queda da dinastia Seljúcida e a divisão da Anatólia em distintos territórios, no século 
XVIII. Ottoman I foi paulatinamente conquistando estados importantes no Ocidente e 
Oriente. Os primeiros na região da Ásia Menor, até o seu apogeu com a conquista de 
a queda de Constantinopla em 1453, baliza temporal que muitos historiadores 
apontam como o final da Idade Média. 
Após sua morte em 1326, o exército otomano passou a ser liderado pelo seu 
filho Orkhan, dando início a uma nova era de conquistas, dessa vez englobando as 
regiões Nicéia (parte da Grécia e Turquia), a Bursa, também conhecida como Prusa e 
em “1354 a ocupação otomana de uma cidade (Type) situada no lado europeu dos 
Dardanelos, uma das três vias marítimas que dividem a Europa e a Ásia” (QUATAERT, 
2008, p. 28). 
Além de líder militar, Orkhan também possuía habilidades administrativas que 
o alçaram à figura de grande Imperador. 
O êxito obtido pelos Otomanos na formação de um Estado deveu-se sem 
dúvida à sua excepcional flexibilidade, à rapidez e a uma pragmática 
capacidade de adaptação a condições variáveis. Na dinastia fundada, de 
ascendência turca, a descendência fazia-se pela linha masculina; ela nasceu 
numa zona profundamente heterogêneahabitada por cristãos e muçulmanos 
e por povos que falavam grego e turco. (QUATAERT, 2008, p. 27). 
Pautados pelo Alcorão, os Otamanos foram responsáveis pela criação de um 
exército conhecido como “janízaros”, esses eram frutos das conquistas feitas pelo 
grupo de Orkhan, que passava a doutriná-los e educá-los conforme os mandamentos 
ditados por Maomé. Muitos desses, eram compostos por crianças e jovens, que ao 
serem capturados, tornavam-se propriedades do Império Otomano. 
Os líderes do Império Otomano, foram em sua maioria sultões, quando esses 
chegavam ao poder, era necessário que afirmassem a sua liderança, era preciso 
demonstrar a sua aptidão e designo de estar no comando e uma dessas formas, era 
através da conquista de territórios, de povos e da conversão desses em islâmicos. 
Nesse âmbito, o principal feito dos Otomanos foi a conquista de 
Constantinopla, em 29 de maio de 1453, até então centro do Império Bizantino. Assim, 
quando Mehmed, o Conquistador, ou Maomé II, chegou ao poder em 1541, detinha 
de um forte alicerce militar e ideológico em se espelhar. “Passados apenas dois anos, 
em 1453, concretizou o maior sonho otomano e muçulmano de sempre: a conquista 
da milenar Constantinopla, a cidade dos césares” (QUATAERT, 2008, p. 27). 
O domínio sobre Constantinopla foi veloz e intenso. Em um rápido período, 
Mehmed, o Conquistador tratou de transformar a igreja de Santa Sofia em Mesquita. 
Posteriormente, o imperador dos otomanos adotou uma série de medidas como forma 
de expandir ainda mais a influência social, religiosa e cultural. 
 
 
Mehmed encarregou-se de imediato de devolver à cidade as antigas glórias; em 
1478, o número de habitantes duplicou, passando dos 30.000 que povoavam as 
aldeias dispersas cercadas por sólidas fortificações para 70.000. Um século mais 
tarde, esta grande capital vangloriar-se dos seus 400.000 habitantes. As conquistas 
deste sultão prosseguiram; entre 1459 e 1461 os derradeiros fragmentos bizantinos 
na Moreia (Grécia Meridional) e em Trebizonda, no Mar Negro, ficaram sob 
dominação otomana; Mehmed também anexou o Sul da Crimeia e estabeleceu 
laços duradouros com os khans da Crimeia, sucessores dos Mongóis que outrora 
se haviam apossado da região. 
 
QUATAERT, Donald. The Ottoman Empire, 1700-1922: new approaches to 
European history. Cambridge: Cambridge University Press. 2008, p. 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na primeira unidade do nosso livro, destacamos o marco temporal para o 
início da Idade Média, muitos historiadores definem como o fim do Império Romano 
do Ocidente o começo do período medieval. No ano 476, quando esse império tem 
sua ruína, uma nova ordem ganhou destaque, dividido em duas partes, o lado oriental 
do Império Romano se tornou uma das supremacias do mundo. 
Mas por que o Império Romano do Oriente sobreviveu e o do Ocidente não? 
A resposta para essa pergunta deve-se a forma como essa sociedade estava 
organizada politicamente, socialmente e principalmente economicamente, uma vez 
que as despesas e necessidades desse grupo eram diferentes. 
O Império Romano do Oriente recebeu o nome de Império Bizantino durante 
a Idade Média, pelo fato de sua capital ser a cidade de Bizâncio, que posteriormente 
teve o nome alterado para Constantinopla, aquela mesma que falamos no primeiro 
capítulo e que também foi tema dessa unidade ao retratar o Império Otomano. A 
mudança de nome deveu-se também a uma forma de homenagear seu patrono, 
Constantino. 
A região foi fundada pelo Imperador romano Constantino, ainda no ano de 330 
depois de Cristo, “Constantino tratou também de acautelar a segurança da nova 
cidade, ao edificar uma primeira muralha que cobria uma área de cerca de 750 
hectares” (MONTEIRO, 1987, p.17). No ano de 395, depois de Cristo, o Imperador 
Romano Teodósio dividiu o império entre ocidente e oriente, como forma de aliviar as 
tensões políticas locais e salvaguarda dos territórios da região. 
E por que estudar o Império Bizantino é tão importante? Por quase mil anos, 
esse governo foi o eixo de ligação entre a Europa e Ásia, através do Estreito de 
Bósforo. Exemplificando, você já ouviu falar que na Turquia, existe a parte asiática e 
a parte europeia? Ela é considerada geograficamente um país transcontinental. 
Localizada no Estreito de Bósforo, trata-se de um ponto estratégico, um ponto 
de passagem entre Europa e Ásia, na qual nos próximos séculos foram palcos de 
sociedades diferentes, principalmente no âmbito religioso, com o apogeu do 
Cristianismo e posteriormente do Islamismo. 
Construída numa encruzilhada de importantes rotas marítimas e terrestres 
(via marítima entre o mar Negro e o mar Mediterrâneo, vias terrestres da 
Europa Continental ao Índico e do vale do Danúbio ao do Eufrates), estava 
fadada a tornar-se simultaneamente um centro político e econômico de 
primeira grandeza. Em virtude de sua situação geográfica, Constantinopla 
seria ao mesmo tempo potência marítima e continental. (GIORDANI, 1968, p. 
38). 
Em relação a parte ocidental, a localização privilegiada da parte oriental 
ajudou no combate contra as invasões de outros povos durante a Idade Média, no 
mapa abaixo podemos observar a extensão territorial do Império Bizantino durante o 
seu apogeu, no século XI 
Figura 2: extensão do Império Bizantino no ano 1025 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Cplakidas / Wikimedia Commons / CC-BY 3.0 
A sua etnia era composta por povos gregos, egípcios e por moradores do leste 
europeu. Por conta disso, o idioma desse império foi o grego e os países dessa região 
foram fortemente influenciados pela cultura grega. E como funcionava a política 
durante o Império Bizantino? Ela era centralizada nas mãos do Imperador, que 
governava através do Cesaropapismo. Ou seja, ele detinha influência política e 
religiosa. O imperador recebia o título de basileu, 
Ao contato do Oriente, ele se tornou o auto crator, e, a partir do início do 
século VII, o basileus, isto é, o imperador por excelência, o senhor que dispõe 
de autoridade absoluta. Enfim, o cristianismo fez dele o eleito de Deus, o 
ungido do Senhor, o representante de Deus sobre a terra, seu lugar-tenente 
à frente dos exércitos, e, como se diziam em Bizâncio, o príncipe igual aos 
apóstolos. (DIEHL, 1961, p. 82) 
Os historiadores apontam que o mais influente desse governo foi Justiniano, 
que governou entre os anos de 527 e 565. Ele foi responsável por criar um código de 
leis, chamado “código Justiniano”, que até os dias de hoje influencia o direito atual. 
Trata-se de um código de leis, inspirado no código Romano, aquele que definia o que 
era público e o que era privado, além da lei das doze tábuas, O trabalho foi dirigido 
por Triboniano, um funcionário da corte de Justiniano. Sobre o processo de criação do 
código, Lyvia Vasconcelos Baptista (2019) destaca: 
Logo nos primeiros anos de governo, Justiniano, que havia assumido o trono 
depois da morte do seu tio, Justino, em 527, iniciou a elaboração do material 
jurídico, ressaltando a importância da composição frente à situação caótica 
em que se encontravam as leis, jurisconsultos e constituições imperiais 
emitidas até aquele momento. Intenta-se, desta forma, produzir uma obra 
compreensiva e sistematizada, baseada na herança legal do período 
clássico, que, certamente, conseguiu se transformar numa autorizada fonte 
de informação do Direito Romano (BAPTISTA, 2019, p. 90). 
O código Justiniano foi dividido em quatro partes essenciais, a primeira 
denominada de Codex, que determinava o que pertencia ao estado, leis imperiais, que 
visavam substituir o Código Teodosiano, até então em vigor. A segunda parte, 
chamada de Digesto, seria as ramificações desta lei. Como por exemplo, hoje temos 
leis para a saúde, para a educação, para a cultura. Então o “digesto” seria a 
fragmentação desta lei, composta por mais de 1500 livros escritos por jurisconsultos 
da época clássica. 
A terceira parte, conhecemos como Institutasno qual professores de direito 
dentro do Império Bizantino vão reescrever as leis de forma didática para população 
ter acesso. E por fim e não menos importante, temos as Novelas que seriam a 
possibilidade de se criar novas leis de acordo com a necessidade política, econômica 
e social do império. 
No entanto, quanto mais centralizado é o poder, maior a chance de 
insatisfação da população, uma vez que não existia uma democracia neste império, o 
poder emanava apenas das mãos do imperador. No ano de 532 vai ocorrer uma 
grande manifestação contrária ao governo, a “Revolta de Nika”. Se no Império 
Romano, ainda no período da Antiguidade, os eventos foram realizados no Coliseu, 
no Império Bizantino, a grande diversão eram as corridas de cavalos, no hipódromo 
da cidade. Existia uma grande rivalidade entre dois grupos a “verde” e a “äzul”, sobre 
esses grupos, 
Na tentativa de explicar a separação entre os Verdes e Azuis no Império 
Bizantino muitos historiadores criaram teorias de diferenciação destas duas 
facções. Manojlović aponta para a separação entre duas classes sociais: 
sendo os aristocratas a cor azul, e o povo verde45. Manojlović também 
aponta para uma separação de cunho religioso, vinculado à própria questão 
social. Assim, propõe que os Azuis seriam aristocratas, de Constantinopla, de 
províncias europeias, da elite intelectual de províncias da Ásia ou do Egito, 
sendo ortodoxos, enquanto os Verdes seriam o povo de classe mais baixa, 
dos fellahin do Egito, dos estrangeiros da Síria ou Antioquia, sendo 
monofisitas (NETE, 2012, p. 82). 
Havia muita violência entre esses dois grupos, e na tentativa de reduzir essa 
rixa, Justiniano decidiu punir os líderes de ambas, condenando-os à morte. A decisão 
do então imperador desagradou os dois grupos e durante uma das corridas, eles se 
uniram e levantaram um motim contra Justiniano. Esse conflito foi apenas o estopim 
da insatisfação dos moradores da região contra o imperador. O levante durou cerca 
de três dias, aconselhado por sua esposa a Imperatriz Teodora, Justiniano resistiu aos 
ataques. Resultando no total de 30 mil mortos dentro do hipódromo. 
E quais as consequências da “Revolta de Nika”? Justiniano tornou-se ainda 
mais forte e as pessoas passaram a temê-lo, além disso o Império Bizantino começou 
a se expandir, aumentando as suas fronteiras para áreas da Ásia e Europa. Esse 
crescimento teve uma queda com a morte de Justiniano em 14 de novembro de 565 
aos 83 anos. 
Sobre a economia do Império Bizantino, ela era pautada no comércio do Mar 
Mediterrâneo, era uma economia baseada na produção de tecidos, na agricultura 
realizada pelos camponeses e pelo domínio das rotas comerciais do mar já citado. 
Existia uma gama de manufaturas, compostas por servos que trabalhavam nesse 
império e nessas rotas comerciais, eram negociados produtos como trigo, o ouro e 
alguns condimentos e temperos. 
A existência milenar do Império Bizantino em boa parte foi resultado de uma 
economia estável, que lhe dava os recursos necessários para enfrentar os 
inúmeros inimigos externos e para sustentar os imensos gastos exigidos pela 
corte e pela Igreja. Quando as vigas mestras de sua economia foram 
enfraquecidas, todo o império oscilou: a decadência econômica preparou o 
desaparecimento político de Bizâncio (JUNIOR, 1977, p. 23). 
De acordo com Giordani (1998), a religião do Império Bizantino era 
predominante cristã, no entanto devido às distintas diferenças culturais e sociais, 
existiam vertentes que pensavam o cristianismo de maneiras diferentes. Como por 
exemplo o “movimento iconoclasta” que eram aqueles que não aceitavam a adoração 
de imagens sagradas. Eles tinham o costume de invadir igrejas, templos religiosos e 
quebrar imagens, pois acreditavam que aquilo não representava a verdadeira fé. 
Afirmavam que você não poderia orar por aquela imagem e sim somente ter uma 
ligação direta com Deus. Os imperadores tentavam reprimir esse movimento, porém 
era muito difícil, pois agiam sempre às escondidas, na madrugada. 
Outro movimento de grande influência no Império Bizantino, eram os 
“monofisistas”, que acreditavam que Jesus não era formado pelo corpo e alma, ou 
seja, pelo divino e humano mas sim apenas pela parte sacra, nesta visão, Jesus teria 
apenas uma natureza e não duas como defendido pelo cristianismo. Sobre essa 
ordem, Maria Regina da Cunha Rodrigues (1963) destaca que: 
O Monofisismo, heresia cristológica do V século provocada pelo 
arquimandrita Eutíquio, ao ensinar que em Cristo havia uma só natureza, foi 
condenado no Concílio Ecumênico de Calcedônia em 451. As decisões 
dogmáticas deste Concílio — dualidade das naturezas divina e humana 
unidas pelo mistério da união hipostática na pessoa de Jesus Cristo, Filho de 
Deus feito homem, — foram pacificamente recebidas no Ocidente Cristão; 
recusadas, desvirtuadas, criticadas, entretanto o foram no Oriente, com a 
cumplicidade dos Patriarcas do Egito e Constantinopla. ( RODRIGUES, 1963, 
p. 1). 
E haviam os opositores a esse grupo, os chamados “arianos” que negavam a 
existência da consubstancialidade entre Jesus e Deus, ou seja, eram contra o dogma 
da Santíssima Trindade (Deus seria ao mesmo tempo o pai, filho e o espírito santo). 
O “arianismo” foi um movimento presente desde os primórdios da Igreja Católica, 
ainda no ano de 319, defendido por Ário, em Alexandria e acreditavam que a única 
natureza de Jesus era corporal. 
Então existiam diversas correntes do cristianismo na Europa oriental, e a 
Igreja Católica de Roma sempre procurou reprimir esses movimentos, ela julgava que 
todos aqueles que seguiam essas vertentes eram infiéis, hereges. 
Assim, as disputas de caráter teológicos e eclesiásticas culminaram nos 
desgastes entre as duas igrejas e na separação de poderes religiosos da capital do 
berço do cristianismo no ocidente (Roma) e do Império Romano do Oriente 
(Constantinopla). Ao longo dos séculos, os conflitos de ordem política entre as duas 
aumentaram, e a Igreja de Constantinopla deixou de ser subordinada a Roma, em 
867. 
No início do século XI, a crítica dos romanos centrava-se no “Cesaropapismo” 
e em outros usos de objetos e símbolos durante as celebrações, como o pão não 
fermentado. Sobre a crítica da figura patriarcal na Igreja, Maria Leonor Ferreira (2019) 
ressalta que: 
Em Bizâncio exercia-se ainda o cesaropapismo, um “sistema político em que 
se encontram fundidos o poder civil e o religioso” (Moderna Enciclopédia 
Universal, 1985), ou seja, o soberano político, o imperador, tinha poder sobre 
a Igreja, escolhendo os patriarcas e demais cargos eclesiásticos dentro dos 
seus favoritos, dentro da sua livre vontade, tendo também o poder de depor 
quem havia sido eleito por si. Em Roma a situação não era idêntica. No 
Ocidente, o Papa ganha maiores poderes e lutava por uma cada vez maior 
teocracia Papal, ou seja, um sistema em que o Papa estava acima dos reis, 
podendo destituí-los, coroá-los imperadores ou excomunga-los. Assim, a 
diferenciação entre o exercer do poder era ainda considerável, na medida em 
que, a Oriente o Patriarca se havia tornado num peão do imperador, e a 
Ocidente o Papa podia tornar os imperadores seus peões. (FERREIRA, 2019, 
p. 4) 
Portanto, a relação cada vez mais irregular culminou no rompimento entre as 
duas instituições, chegando ao ponto do Papa Leão IX e o Patriarca Miguel I Cerulário 
se excomungarem mutuamente. Esse evento, ficou conhecido como o Cisma do 
Oriente, ou Grande Cisma e tornou-se um marco importante nos estudos das Histórias 
das Religiões pois data o rompimento e a divisão da Igreja Católica, entre a Igreja 
comandada pelo pontífice de Roma, e a Igreja chefiada pelo patriarca, em 
Constantinopla no ano de 1054. 
Essa ruptura, originou a Igreja Católica Ortodoxa, assim, o cristianismo 
passou a se constituir em dois centros, os Ortodoxos e a Igreja Católica Apostólica 
Romana, com sede em Roma. Existem diferenças substanciaisentre as duas Igrejas, 
a de rito ortodoxo acredita que a salvação é resultado apenas da fé, já a de Roma 
além da fé, o fiel necessita realizar obras em prol da instituição. Outro aspecto que 
distingue as duas Igrejas, é a crença no purgatório, uma vez que este foi instituído por 
Roma no “Segundo Concílio de Lyon” no ano 1274, quando Constantinopla não 
reconhecia a supremacia papal. 
Além disso, podemos considerar que no que tange a natureza dos seus ritos 
litúrgicos, a Igreja Ortodoxa é estática, diferente da Igreja Católica de Roma, onde 
houve uma série de reuniões entre o papa e os bispos da Europa, concílios que 
transformaram as cerimônias religiosas, na instituição de Constantinopla os ritos 
sofreram poucas mudanças. Outra diferença entre as duas igrejas é o idioma oficial, 
enquanto em Roma temos o latim, em Constantinopla temos o grego, reforçando mais 
uma vez a influência dessa cultura no Império Bizantino. É nesse período que temos 
a construção da basílica de Santa Sofia, a mesma que foi invadida pelo exército 
Otamano em 1453 e transformada em mesquita. 
Ao estudar esses fatos históricos, notamos como a História e os 
acontecimentos estão conectados, sendo grande parte a sucessão de eventos que 
ocasionaram mudanças substanciais na forma de viver e se organizar socialmente. 
Além do surgimento da igreja Ortodoxa, outras vertentes cristãs, todas de origem 
católica, emergiram nesse período, como por exemplo a Igreja Cristã Ucraniana, que 
passou a ser administrada pelo patriarcado de Constantinopla. 
Se no começo desse tópico destacamos a posição geográfica privilegiada do 
Império Bizantino, podemos considerar que ela também acarretou sua ruína, em 1453. 
A localização próxima ao continente da Ásia, possibilitava o ataque de diversos grupos 
rivais, entre eles os próprios romanos, através das Cruzadas e o islamismo, ataques 
oriundos do mundo Árabe. 
Em 1204, através do processo de cruzadas, os cristãos romanos promovem 
uma série de saques para amedrontar a população, eles não chegam a dominar 
politicamente a região, mas enfraquecem Constantinopla, tornando-a cada vez 
fragmentada, até a sua ruptura em 1453. 
A conquista de Constantinopla, mais do que um feito do Império Otomano, foi 
também consequência dessa descentralização de poder de um Império que vigorou 
por mais de mil anos e influência até os dias de hoje a sociedade, seja ela através da 
sua língua, dos seus dogmas cristãos ou de sua arte e expressão cultural. 
 
 
 
 
 
Pouquíssimas histórias são tão arrepiantes e inspiradas no puro heroísmo 
como foi o lento processo de retomada cristã dos territórios que haviam sido 
conquistados pelos mouros na Península Ibérica. Foram quase oito séculos de forte 
presença islâmica nos territórios que hoje correspondem a Portugal e a Espanha (711 
a 1492). 
Como já dito anteriormente, a História é resultado de processos contínuos 
interligados, Eric Wolf (1999) destaca que é dever do historiador, compreender que a 
sociedade possui um total de processos múltiplos que são interconectados, e se forem 
compreendidos isoladamente empobrecem o entendimento histórico. Por muitos 
anos, permaneceu a ideia de que a História ocidental era o centro, e de que esta 
poderia ser compreendida por si só, no entanto, ela só é compreendida de uma 
maneira ampla se percebermos as conexões existentes entre as culturas. 
O tema desse tópico e resultado desses processos, é decorrência da 
rivalidade entre cristãos e mulçumanos que levaram a conquista de Constantinopla na 
parte oriental e a forte influência da Igreja Católica na parte ocidental. É durante esse 
contexto que acontece o processo de “Reconquista da Península Ibérica” ou também 
denominada a “Retomada Cristã”. 
A Península Ibérica está localizada no continente europeu, e está dividida por 
dois territórios, a Espanha e Portugal, além disso, há também outras regiões como o 
principado de Andorra e a Gibraltar, pertencente à ordem britânica. 
O conflito opôs cristãos e mulçumanos em uma disputa que perdurou por 
séculos e modificou parte da estrutura política, econômica e social dessa região. Mas 
por que esse território foi alvo de disputas entre esses dois povos? O que havia de tão 
importante na Península Ibérica? Para responder essas perguntas, precisamos 
realizar uma breve reflexão sobre a origem dessa região. Estudiosos afirmam que a 
Península Ibérica chegou a ser povoada até 10 mil anos atrás, os nômades que viviam 
nesse espaço compartilhavam da agricultura de subsistência, além da domesticação 
de animais. No entanto, é a partir do século III a.c, que o poderoso Império Romano 
invade a região e domina os povos celtas e iberos presentes. De acordo com Nilsa 
Areán García (2006). 
No ano de 210 a. C., iniciou-se a colonização da Península Ibérica como 
empreendimento da expansão do Império Romano, que inicialmente, se 
deteve no litoral mediterrâneo principalmente visando a estabelecer o 
domínio de cidades de colonização grega e fenícia. Posteriormente, de 197 a 
133 a. C., durante o Império de Augusto, houve uma grande investida em 
direção ao interior da Península com sua quase total incorporação ao Império, 
ficando apenas o extremo norte povoado pelos bascos e cántabros, e 
extremo noroeste, povoado pelos galaicos à margem imperial. Segundo 
Bassetto (2001, p. 102), somente em 19 d.C. os povos do norte e noroeste 
foram romanizados, ainda que Estrabão, em sua Geografia (29 a. C.), afirme 
que estes povos caracterizavam-se pela “brutalidade e selvageria”. (GARCÍA, 
2009, p. 26). 
Os romanos controlaram as fronteiras da Península Ibérica por quase sete 
séculos e as práticas fundidas nesse território influenciaram grande parte da economia 
do mundo Medieval e Moderno, como por exemplo a rota marítima e o comércio local, 
a construção de estradas, vias e alamedas que ligavam os territórios, além da fusão 
do latim nas regiões da Espanha e Portugal. 
Como já discutido no primeiro tópico dessa unidade, a partir do século VIII, os 
mulçumanos estavam empenhados cada vez mais em expandir os seus domínios 
políticos e econômicos na Europa. Após a morte de Maomé, os Árabes focaram seus 
esforços no norte da África, continente próximo a Península Ibérica, em 711 o líder do 
Império Islâmico Tarik ibn-Zyiad, junto com o seu exército marchou até o estreito de 
Gibraltar e invadiu a Península. O exército cristão, que naquele período era formado 
por povos germânicos convertidos, foi derrotado e a partir desse momento, por longos 
oito séculos, uma série de conflitos e guerras de ordem religiosa e política 
aconteceram. 
No entanto a resposta dos Visigodos (os povos germânicos que viviam no 
local) foi de certa forma rápida, sete anos após a derrota dos cristãos, Pelágio, chefe 
dos Visigodos, reuniu parte do exército que se encontrava isolados nas montanhas, 
dando início a uma nova empreitada em busca da conquista de parte das terras que 
foram conquistadas pelos mouros. Essa disputa ficou conhecida como “Batalha de 
Covadonga” e quase vinte anos após o conflito, o território próximo ao rio Douro, voltou 
a pertencer mais uma vez aos cristãos. Para compreender melhor o quadro desses 
conflitos, listamos um quadro com os acontecimentos mais marcantes desse processo 
de reconquista da Península Ibérica: 
Quadro 1: Linha temporal da Reconquista Ibérica 
Ano Acontecimento Histórico 
711 Os mulçumanos invadem a Península Ibérica. 
718 
 
Pelágio, chefe dos Visigodos, avança sobre o exército dos Mouros dando início ao 
processo de reconquista da Península 
750 Afonso I lidera o ataque à região da Galiza, antes pertencente aos Árabes. 
791 Acontece a “Batalha de Burbia”, onde os mouros conquistaram parte da região da 
Galiza. O conflito foi liderado por Emir Hixam I. 
930-950 Mais um conflito, dessa vez, vitória dos povos cristãos. A “Batalha de Simancas”, é 
marcada pela presença do imperador Ramiro II, que vence o líder árabe Abdal- 
Rahman III 
981 O filho do Imperador Ramiro II, é derrotado pelos mouros na “Batalha de Rueda” e 
o reino é obrigado a pagar tributos ao Califado de Córdova, localizado no norte da 
África. 
1118 Afonso I do reino de Aragão, conquista o território de Saragoça, atualmente um 
município da Espanha. 
1147 Com apoio da Segunda Cruzada, o rei D. Afonso Henrique reconquista a cidade de 
Lisboa no episódio chamado “Cerco de Lisboa”. 
1212 Acontece a “Batalha de Navas de Tolosa”, conflito que reuniu líderes da igreja 
católica e os reinos de Portugal, Leão e Espanha derrotando o Califado Almóada. 
1252 A cidade de Sevilha, até então uma das poucas províncias ainda sob domínio dos 
Mouros é reconquistada pelos espanhóis sob a liderança de Fernando III de 
Castela. 
1340 Após um longo período de conflitos, portugueses e espanhóis voltam a controlar 
parte do reino de Granada. A disputa ficou conhecida como “Batalha do Salado”. 
1469 Início da criação do estado moderno da Espanha, com o casamento de Isabel, de 
Castela, e o príncipe Fernando, de Aragão. 
1482-1492 Conquista total do reino de Granada. 
1493 Inicia-se o período das Grandes navegações e descobertas marítimas por parte de 
Portugal e Espanha. 
Fonte: adaptado pelo autor. 
Podemos observar, que o processo de reconquista da Península Ibérica foi 
motivado por dois pontos centrais: o primeiro de cunho religioso e o segundo político. 
Quanto mais terras, mais riquezas, mais poder e maior a influência religiosa. Outro 
fato que merece destaque, após a “Reconquista Cristã” os povos de outras religiões, 
tiveram duas opções: ou aceitavam a fé católica ou eram expulsos da região. 
 
 
 
 
 
 
Como dito na introdução desta unidade, discutimos uma série de aspectos da 
Idade Média que estão conectados historicamente. É preciso compreender que cada 
território, por mais que apresentasse a sua própria cultura, ao entrar em contato com 
outros povos também absorveu essas características desses. Temos como exemplo 
a expansão do islamismo, que ao passar do tempo foi agregando cada vez mais fiéis 
e as cidades que por ora foram de domínios dos cristãos e depois dos mouros. 
 
 
 
 
 
AS GRANDES RELIGIÕES DO MUNDO. 
Nesse livro os autores contextualizam historicamente as varias religiões do mundo, 
como o cristianismo e o islamismo pelo viés de categorias de diferentes disciplinas( 
sociologia, antropologia, literatura) . Compreendendo esses fenômenos religiosos 
através da luz de alguns conceitos desenvolvidos por cientistas da religião. 
 
Fonte: MARCHON, B.; KIEFFER, J.-F.As grandes religiões do mundo.São Paulo: 
Paulinas, 1995. 
Disponível em: 
http://ensinoreligiosonreapucarana.pbworks.com/w/file/fetch/82875070/E.R%20As%
20grandes%20religi%C3%B5es%20do%20mundo.pdf 
 
 
LIVRO 
 
Título: História Do Império Bizantino 
Autor: Mario Curtis Giordani 
Editora: Vozes, 2001 
Sinopse: Nessa obra de grande importância para os 
estudos da história Medieval, Mario Curtis Giordani, o 
autor apresenta as principais características do Império 
Bizantino e a influência que ele exerce até os dias de hoje, 
principalmente aos povos do leste europeu. Destaque para 
a análise do Código Justiniano e do processo de conquista 
da cidade de Constantinopla. 
 
FILME/VÍDEO 
 
Título: Cruzada 
Ano: 2005 
Sinopse: O épico protagonizado por Orlando Bloom narra 
as aventuras do ferreiro Balian e seu pai Baron Godfrey, 
na primeira cruzada organizada pela Igreja Católica, entre 
os séculos XI e XII. A conquista da cidade de Jerusalém é 
retratada nesse conflito que conta com elenco de peso, 
como os atores Eva Green, Liam Neeson, Jeremy Irons e 
David Thewlis. 
 
 
 
 
O que você precisa saber sobre o Império otomano. 
Nessa reportagem da revista Galileu do grupo Globo, o Império Otomano é 
apresentado desde a sua origem no século XIII e suas conquistas territoriais, até a 
sua derrocada no pós Primeira Guerra Mundial. 
Fonte: PETERSEM Tomas. O que você precisa saber sobre o Império Otomano. Revista Galileu. 
Novembro de 2019. 
Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2019/11/o-que-voce-
precisa- -saber-sobre-o-imperio-otomano.html Acesso em: 25 de agosto de 2020. 
 
 
 
 
 
Caro aluno e aluna, neste capítulo veremos que as grandes universidades 
surgiram na Europa durante a Idade Média. Discutiremos um dos aspectos mais 
importantes da Idade Média, que derruba por terra o mito de que esse período foi uma 
“Idade das trevas. 
 
 
 
 
As universidades na Idade Média foram em parte, uma marca da Igreja e foi 
à base do conhecimento e do ensino que temos até o dia de hoje. A Idade Média foi à 
época das grandes construções, das catedrais e das cruzadas. As Catedrais eram 
construídas para o louvor a Deus, as cruzadas para o combate em favor de Deus e a 
universidade era a busca do saber e ensinamentos de Cristo. 
Em meio uma agitação intelectual, no seio da Igreja Católica, por volta do 
século XII, nasceu uma das primeiras universidades do mundo, 
As instituições que a Idade Média nos legou são de um valor maior e mais 
imperecível do que suas catedrais. E a universidade é nitidamente uma 
instituição medieval – tanto quanto a monarquia constitucional, ou os 
parlamentos, ou o julgamento por meio do júri. As universidades e os produtos 
imediatos das suas atividades podem ser afirmados, constituem a grande 
realização da Idade Média na esfera intelectual. Sua organização, suas 
tradições, seus estudos e seus exercícios influenciaram o progresso e o 
desenvolvimento intelectual da Europa mais poderosamente, ou (talvez 
devesse ser dito) mais exclusivamente, do que qualquer escola, com toda a 
probabilidade, jamais fará novamente. (RASHDALL, 1952, p.3) 
De acordo com Le Goff (1977) elas nasceram próximas das catedrais e dos 
mosteiros. Em cada um desses tinha ao lado um colégio, e esses com o passar dos 
anos foram se transformando em pequenos centros de estudos, recebendo o apoio 
de autoridades locais. A exemplo, a Universidade de Montpellier na França que fica 
ao lado da fachada da Catedral. 
A primeira universidade foi a de Bolonha, fundada em 1158 na Itália, que teve 
a sua origem da fusão da escola episcopal com a escola monacal camaldulense de 
São Félix, onde estudavam profundamente o direito. No mesmo ano também foi 
fundada a Universidade de Sorbonne em Paris. 
No século XIII o número de estudantes matriculados na universidade italiana 
já passava de dez mil e reunia grupos étnicos distintos, como além dos italianos, os 
mouros e espanhóis. “Em Bolonha, o sistema de organização e de ensino dos Estudos 
Gerais segue outros moldes para atender anseios municipais, carente de juristas e de 
administradores” (BOHER, 2012, p.3). 
Já na universidade francesa formaram grandes pesquisadores, como Tomás 
de Aquino, responsável pela “escolástica” no qual veremos a seguir. 
No século XII, as escolas em Paris já alcançavam um extraordinário 
desenvolvimento. As Escolas de Artes Liberais e as de Teologia se agruparam 
às Escolas de Direito e de Medicina na região da Île de la Cité, nascendo 
assim a Universidade de Paris na França (1150), com seus renomados 
mestres (Guillaume de Champeaux, Abélard, Gilbert de la Porrée, Petrus 
Lombardus e muitos outros), que atraíam estudantes de todas as partes do 
país e das regiões próximas. Nesse mesmo século, surgiu, ainda, a 
universidade de Modena (1175) na Itália. (SIMÕES. 2013, p. 136). 
Na Inglaterra, a conceituada Universidade de Oxford teve sua gênese sob os 
olhos do Papa Inocêncio IV, ainda no século XII. Os alunos ingleses frequentavam a 
Universidade de Paris, contrário dessa ideia, o rei Henrique II da Inglaterra os proibiu. 
O núcleo de pesquisa de Oxford rapidamente se expandiu e em 1167 estava 
estabelecida como um grande centro de conhecimento. 
O primeiro sentimento que se experimenta quando se visita Oxford é um 
respeito involuntário pela antiguidade que fundou estabelecimentostão 
imensos a fim de facilitar o desenvolvimento do espírito humano, e pelas 
instituições políticas do povo que as preservou intactas através dos tempos. 
(...) As faculdades, cujo conjunto constitui a Universidade de Oxford, foram 
fundadas originalmente para que nelas se pudesse adquirir toda a instrução 
que comportavam os séculos que as viram nascer. Foram ricamente dotadas 
no objetivo de nelas fixar os melhores mestres e oferecer gratuitamente a 
melhor educação possível. Tal é, evidentemente, o objetivo e o espírito 
dessas funções, várias das quais remontam aos séculos XIII e XIV. Segundo 
o costume dessa época, que tinha poucos conhecimentos e prezava apenas 
a riqueza territorial, uma imensa extensão de terreno foi concedida às 
faculdades como propriedade inalienável (TOCQUEVILE, 2000, p. 51). 
Posteriormente inicia-se um processo de expansão dessas universidades 
para o leste europeu, onde são criadas as universidades de: Lérida (1300) na 
Espanha, a de Roma (1303) na Itália, a de Avignon (1303) e a de Orléans (1305) na 
França, a de Perugia (1308) em Portugal, a de Cambridge (1318) na Inglaterra, a de 
Florença (1321) na Itália, a de Grenoble na França (1339), a de Pisa (1343) na Itália, 
a de Praga (1348) na República Tcheca, a de Pávia (1361) na Itália, a de Jagiellonian 
(1364) na Cracóvia na Polônia, a de Viena (1365) na Áustria, a de Heidelberg (1367) 
na Alemanha, a de Ferrara (1391) na Itália (SIMÕES, 2013, p 137). 
Thomas Ransom Giles destaca que: 
É nas universidades que o acervo dos conhecimentos se organiza, se 
conserva e se transmite. A universidade é o verdadeiro centro da atividade 
intelectual onde o processo educativo progride mais do que em qualquer 
outra instituição. A função da universidade como casa de liberdade intelectual, 
numa época altamente desconfiada de qualquer suspeita de heresia, é de 
máxima importância. É o único lugar onde assuntos proibidos ou suspeitos 
podem ser discutidos com certa impunidade. (GILES, 1987, p.63). 
No século seguinte, o desenvolvimento universitário continuou com a criação 
das universidades alemãs nas cidades de Wurzburg (1402) de Leipzig (1409) e 
Rostock (1419), ainda na Itália, criando a universidade de Turim e na Escócia o centro 
de estudos de St. Andrews e de Glasgow. 
Desde a Idade Média, as universidades eram tidas como locais de grandes 
prestígios, “a universidade era uma escola de fundação pontifícia cujos membros, 
organizados em corporações ou não, gozavam de certos privilégios eclesiásticos” 
(ROSSATO, 2005, p.19). 
Giles (1987) ressalta que para ingressar ao campo universitário o aluno 
deveria passar por um processo rigoroso e atender algumas necessidades, como por 
exemplo, ser maior de 21 anos, ter no mínimo seis anos dedicados a estudos e por 
último ser aprovado em um debate que julgaria se o aluno estava apto para cursar 
bacharelado e ou licenciatura. 
Com o passar dos anos as universidades vão lentamente se afastando dos 
muros teológicos da Igreja. Esse foi um processo lento, findado apenas na Idade 
Moderna. A França foi umas das primeiras a dar indícios dessas mudanças. Quando 
a colação de grau passa a funcionar como uma licença para lecionar, a universidade 
passa a ter maior autonomia, visto que isso anteriormente só era cedido pela Igreja. 
Quanto à forma como o ensino era transmitido, no princípio era através da fala 
e reprodução, os livros eram lidos pelos professores e os alunos os reproduziam, uma 
vez que o custo desses eram muito altos. 
A educação universitária, a princípio, era totalmente livresca, feita por uma 
seleção muito limitada de livros em cada campo, livros que eram aceitos 
como se suas palavras fossem a absoluta e última verdade. Era dirigida muito 
mais para o domínio do poder dos discursos formais, especialmente 
argumentação, do que para a aquisição de conhecimento ou para a busca da 
verdade no sentido mais amplo, ou mesmo para familiarizar o estudante com 
aquelas fontes literárias do saber que, embora ao seu alcance, estavam fora 
da aprovação eclesiástica ortodoxa (MONROE, 1939, p. 133). 
Nas aulas do curso de direito, havia espaço para debate. Professor e aluno 
se organizavam e apresentavam posicionamentos ideológicos de natureza jurídica, 
na qual era fundamental dominar a arte da retórica. “O importante nesse processo de 
materialização de suas ideias é que elas foram tão reais e corresponderam, 
significativamente, aos interesses dos homens e que muitas prevalecem ainda hoje” 
(OLIVEIRA, 2007, 118). 
Outro fator que merece atenção no que tange às universidades na Idade 
Média foram os conflitos de ordem política entre realeza e papado que vão interferir 
diretamente nos campos universitários. No século XIII, na Baixa Idade Média, essas 
instituições enxergavam as universidades como centros essenciais de apoio político 
e cultural, como já dito anteriormente, existiam uma fermentação artística e científica 
que acabava se disseminando por grande parte da sociedade. 
Assim, eram publicadas leis e bulas papais na finalidade de deliberar sobre o 
funcionamento e organização das mesmas. Temos como exemplo a Authentica 
Habita, de Frederico Barba Roxa, de 1158, e a bula de Gregório IX intitulada Parens 
scientiarum universitas, de 1231. “Ambas foram promulgadas para proteger a vida e 
os interesses dos estudantes e mestres e para organizar a vida acadêmica” 
(OLIVEIRA, 2007, 118). 
Enquanto as universidades estiveram atreladas aos pensamentos católicos, 
surgiu nesses centros de pesquisa uma corrente filosófica responsável por um método 
de pensamento crítico. A “escolástica”. Tanto a ciência moderna, quanto os postulados 
filosóficos que hoje permeiam a sociedade são heranças que nós temos da Idade 
Média e do pensamento dos escolásticos. 
O que foi a Escolástica? Em linhas gerais, chamava-se de Escolástica todo 
método de pensamento crítico e os trabalhos feitos nas universidades medievais da 
Europa fundadas pela Igreja, em que eram conjunto do pensamento e do saber dos 
intelectuais da época. Acima de tudo o uso da razão como ferramenta indispensável 
no que tange tanto a teologia como a filosofia. 
A escolástica foi um método de pensamento e de ensino que surgiu e se 
formou nas escolas medievais e se plasmou de modo inexcedível nas 
universidades do século XIII, máxime através do magistério e das obras de 
Santo Tomás de Aquino. O termo escolástica, porém, significa ainda o 
conjunto das doutrinas literárias, filosóficas, jurídicas, médicas e teológicas, 
e mais outras científicas, que se elaboraram e corporificam no ensino das 
escolas universitárias do século XII ao século XV, pois não nos cabe 
considerar a Segunda Escolástica que floresceu na época do Renascimento 
(NUNES, 1979, p. 244). 
Pode-se dizer que a Escolástica foi basicamente o movimento nas 
universidades europeias medievais que buscavam racionalizar a fé. Para 
entendermos bem essa questão, temos que mergulhar na História e entender que 
desde a era da “Patrística”, ou seja, os pais da igreja que fundamentaram toda a 
teologia cristã nos primeiros séculos, e que teve como maior expoente Santo 
Agostinho, sempre houve no ambiente católico uma divergência muito grande entre 
questões teológicas e os debates sobre como fundamentar a doutrina cristã. 
De acordo com Dario Antiseri (2003) o principal objetivo que estabeleceu a 
“Escolástica” nas universidades de toda a Europa era justamente provar a existência 
de Deus e os dogmas da Igreja através da síntese, ou seja, a união entre a Filosofia 
ou razão e a Teologia ou o estudo da fé. 
Neste cenário de disputas intelectuais se insere também Santo Anselmo da 
Cantuária, um monge Agostiniano que é considerado o primeiro grande pensador 
escolástico no final do século XI, com a sua tentativa de provar Deus através do 
argumento ontológico, que diz que a mera possibilidade de conseguirmos conceber 
um ser tão perfeito, quanto Deus isso por si só já é a prova de que ele existana 
realidade. 
Posteriormente, no século XII, a Europa começa a vivenciar um impacto 
cultural muito grande com a introdução das obras de Aristóteles traduzidas por árabes 
instalados na Península Ibérica, como já discutido no capítulo dois. Assim que a 
filosofia platônica aliada aos escritos de Agostinho deixa de ser a centralidade de todo 
o pensamento cristão a filosofia aristotélica passa a ser a nova fonte de 
fundamentação diante da teologia católica. 
Essa união da fé e da razão (a fé a serviço da razão e a razão a serviço da fé) 
e nesse caso centrada nas obras de Aristóteles, foi o que deu início ao que nós 
podemos chamar de o auge da tradição “Escolástica” no século XIII, principalmente 
com São Tomás de Aquino, que sem dúvidas foi o maior expoente de toda essa 
metodologia. 
Uma dupla condição domina o desenvolvimento da filosofia tomista: a 
distinção entre razão e fé, e a necessidade de sua concordância. Todo o 
domínio da filosofia pertence exclusivamente à razão; isso significa que a 
filosofia deve admitir apenas o que é acessível à luz natural e demonstrável 
apenas por seus recursos. A teologia baseia-se, ao contrário, na revelação, 
isto é, afinal de contas, na autoridade de Deus (GILSON, 1995, p. 655). 
Sua influência é tamanha, que dividimos os escolásticos em pré e pós-tomista. 
São Tomás é considerado o maior pensador escolástico, pois interpretou as noções 
aristotélicas que haviam acabado de chegar à Europa e com isso criou uma 
metodologia a serviço da fé cristã. 
Para Aquino, basta olharmos a criação para vermos que Deus existe e que o 
mundo e o homem são imagens de Deus. Porque, ao observarmos o mundo, 
vemos todos os tipos de efeitos para os quais devemos supor que haja uma 
causa. E essa causa supõe, necessariamente, uma “causa primeira”, começo 
e fim de todo o movimento. É um universo finito, limitado e ordenado pela 
“causa primeira”, pois sua ausência levaria a uma proliferação infinita de 
causas, à desordem, ao caos. (ALMEIDA, 2005, p. 25). 
A grande contribuição de São Tomás de Aquino foi justamente ter conseguido 
se utilizar a refinada filosofia grega em Aristóteles para fazer da doutrina católica uma 
doutrina racional, uma doutrina fundamentada não somente na fé, mas também na 
razão, para aquele período. 
A Igreja precisava de alguém que compreendesse a filosofia de Aristóteles e 
mostrasse que ela não estava em desacordo com a fé cristã, com a doutrina católica, 
mas sim que o aristotelismo era um importante instrumento para que as pessoas 
pudessem entender ainda mais a fé e com isso se tornarem um instrumento para que 
pudessem compreender a revelação de Deus que está no evangelho, nas sagradas 
escrituras. 
A Suma teológica de Tomás de Aquino, texto de fins pedagógicos, um manual 
para as novas universidades, marca profundamente até hoje a concepção de 
conhecimento, e a pedagogia curricular de nossas universidades, 
principalmente o campo da educação, herdeira direta e persistente da 
educação cristã. A Suma é perfeito exemplo do pensamento e da dialética 
escolásticos: não admite contradição, é um sistema de argumentação que 
parte de verdades indemonstráveis, princípios, e por intermédio de perguntas 
e respostas divide os argumentos por meio da distinção de oposições, e, 
como conclusão, afirma uma unidade, uma resposta única e inequívoca. 
(ALMEIDA, 2005, p.25) 
Através da “Suma teológica”, obra escrita entre 1265 e 1273 em que Aquino 
dialoga com questões referentes a Deus, natureza, filosofia e o ser humano os escritos 
de Tomás de Aquino “são indiciários tanto de um rompimento de uma tradição 
agostiniana na Idade Média central quanto de uma aproximação com os escritos de 
Aristóteles” (FONTOURA, 2016, p.72). 
Em sua dissertação de mestrado, Lucia Sant’Anna elucida a importância 
desse conjunto de obras com a necessidade de uma nova formação acadêmica. 
Sto. Tomás percebe a necessidade de escrever uma Suma de Teologia 
quando, em Orvieto, ocupa a função de leitor conventual. O leitor conventual 
era responsável pela formação dos frades que não haviam tido oportunidade 
de estudar na universidade. Essa formação tinha como objetivo preparar 
melhor os frades para as suas duas principais tarefas: pregar e ouvir 
confissões. Os leitores conventuais usavam para a instrução dos frades uma 
série de manuais de pastoral do Santo. (SANT’ANNA, 2008, p. 20). 
Aquino se torna não apenas o grande nome da “Escolástica”, mas também 
uma referência da filosofia e teologia na Idade Média. Pautada em parâmetros criados 
para o agir, para o pensar e como compreender a sociedade naquele tempo em forma 
de diálogos. 
E como que se dá a relação entre fé e razão, entre filosofia e teologia no 
pensamento de São Tomás de Aquino? O teólogo, ao valorizar a razão, equilibra a 
filosofia junto com a teologia. Assim, para entender o homem e o mundo, é necessário 
se ater a Deus. O ser divino seja na filosofia ou na teologia deve ser o principal de 
observação, na qual o homem encontraria as respostas na sagrada escritura. A razão 
nesse pensamento funcionaria como um mecanismo para preparar as pessoas, para 
sim elas terem fé e crer em Deus. 
Nesse âmbito, filosofia e teologia têm as suas diferenças, pois, enquanto a 
primeira vai nos conceder um conhecimento imperfeito sobre as coisas, a segunda 
será responsável por revelar, esclarecer esse conhecimento. 
Para São Tomás de Aquino, a fé qualifica a razão, essa poderia até possuir 
conhecimento sobre as coisas sobre o homem, mas é uma noção imperfeita na qual 
é aperfeiçoada pela fé, pelo dom divino, através da graça. Assim, a natureza racional 
do homem agiria de certa forma mais equilibrada se a fé conduzisse a sua vida. Aquino 
defendia que o ponto de partida para esse diálogo entre fé e razão, seria por meio das 
“verdades racionais” uma vez que seria ele o elo que ligaria os cristãos e os pagãos 
que deveriam ser convertidos, a razão seria o ponto comum entre esses dois grupos. 
Figura 1: São Thomaz de Aquino, retratado por Gentile da Fabriano 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gentile_da_Fabriano_052.jpg 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gentile_da_Fabriano_052.jpg
Outros grandes pensadores do movimento escolásticos foram Alberto Magno, 
professor de São Tomás de Aquino, Roger Bacon um dos maiores cientistas de todos 
os tempos, São Boaventura, Pedro Abelardo, Duns Escoto, grande parte destes que 
viveram no século XIII, que com suas obras revolucionaram a filosofia e a teologia no 
mundo ocidental, de uma forma nunca vista até então. 
Quanto ao método utilizado pelos “escolásticos” como era sua forma de 
produção de conhecimento? O que os diferenciava? 
Na Idade Média se seguia um padrão “dialético” a fim de se obter 
conhecimento, era então colocada uma questão a ser tratada e o autor, ou aquela 
pessoa que iria debater, criava uma consideração, um argumento que deveria ser 
confrontado, por último o professor escolástico fazia uma síntese do que analisava 
como verdadeiro, como correto, ao contrastar argumentos contrários debatidos. 
O que traz uma verdadeira unidade à Escolástica é o seu método: o mestre 
escolástico deve extrair do texto canônico – que traz a Escolástica o princípio 
de Autoridade – a matéria para um problema, e a partir daí desenvolvê-lo em 
relação a um interlocutor imaginário pronto a lhe opor objeções. A base do 
método é o desejo de explicitar tudo, esgotando sistematicamente todas as 
possibilidades. O método escolástico desenvolve-se em torno de alguns 
pontos essenciais, entre eles a ‘precisão vocabular’ e a ‘Dialética’ – conjunto 
de operações que fazem do objeto de saber um problema que será exposto 
e sustentado contra o interlocutor real ou imaginário (BARROS, 2012, p. 233). 
Esse era o método escolástico de aprendizagem, na qual as conclusões eram 
retiradas sempre através do debate de ideias, que nas escolas medievais eram 
sempre regidas pelo bomuso da lógica formal através de um mestre que ministrava 
os debates dos seus alunos. 
A Escolástica fundamenta-se, neste aspecto em particular, no ‘princípio de 
autoridade’: será uma ciência do comentário, e, por mais magistrais e 
criativas que sejam as elaborações produzidas por seus mestres, existirá 
sempre uma série de textos canônicos dos quais os mestres escolásticos 
deverão extrair toda a exposição de seus pensamentos (BARROS, 2012, p. 
233) 
Valemos lembrar que há quase mil anos atrás nós não tínhamos os mesmos 
recursos de ensino que nós temos hoje, então temos que levar em conta a dificuldade 
de cada época, nesse período, o estudo era voltado para a oratória, da dialética, e da 
retórica. 
A diferenciação que geralmente se faz entre a filosofia patrística, ou seja, dos 
padres dos primeiros séculos do cristianismo que veremos a seguir, pela tradição 
Escolástica, que começou pelo século X está marcada, principalmente, na forma como 
os dois lidaram com a filosofia grega. 
Os “Patrísticos” e os primeiros escolásticos anteriores a São Tomás de Aquino 
cujo pensamento pertence a uma divisão majoritariamente platônica, especialmente 
se consideramos a figura de Agostinho o maior expoente da patrística, não admitiam 
que sob nenhuma hipótese a ciência fosse separada da teologia, pois na visão deles, 
razão e fé estavam sempre atreladas a outra, em alguns casos, os “Patrísticos”, 
preferiam dar valor somente à fé em detrimento da razão. 
Já com a introdução das obras de Aristóteles nas universidades europeias no 
final do século XII os escolásticos começaram a adotar a concepção de teologia 
independente da filosofia, embora eles concebessem que a filosofia estivesse a 
serviço da teologia, os escolásticos afirmavam que a fé e a razão possuíam papéis 
distintos, porém complementares, uma vez que levam a um só objetivo: compreender 
a Deus e a realidade por ele criada. 
São Tomás de Aquino entende que o papel da razão, nesse caso é justamente 
de demonstrar e explicar os mistérios revelados pela fé, e esse debate acerca da 
autonomia ou não da fé sobre a razão se dá até o século XIV, quando o teólogo 
Guilherme de Ockham, também do pensamento escolástico é considerado o precursor 
do racionalismo, do cartesianismo e do empirismo moderno concebe a separação 
entre razão e fé, adjunto com as novas descobertas da Ciência Moderna. 
Guilherme de Ockham (1290-1349) – franciscano que inicia seus estudos em 
Oxford – representará a segunda força do pensamento escolástico no século 
XIV. Na verdade, tal como observa Chaunu, ele “só penetra no interior do 
aristotelismo para melhor o desmantelar” (CHAUNU, 1993, p.103). O 
nominalismo que será introduzido por Ockham no pensamento escolástico, 
na verdade destruindo-o ou desmantelando-o, traduz de certo modo a 
consciência de um fracasso do antigo pensamento escolástico diante de um 
novo mundo para o qual já não fornece as respostas. (BARROS, 2012, p. 
238). 
De acordo com Le Goff (1977), entre os séculos XIV e XV, a “Escolástica” 
começou a perder espaço e consequentemente seguidores, pois esse período marcou 
as renovações culturais na Europa, principalmente com advento do Renascentismo e 
o fim da Idade Média. 
 
 
 
Até o presente momento, procuramos refletir sobre como o conhecimento e a 
produção do saber se desenvolveu durante a Idade Média. Na primeira unidade 
focamos nos séculos XI até o século XV, período que compreende a Baixa Idade 
Média, nessa época como já exposto, a principal metodologia e produção de ensino 
foi influenciada pela “Escolástica”. 
 No entanto antes dela, havia outras ramificações dentro da Igreja que 
afirmavam a importância da fé para compreensão do mundo. Nesse período temos o 
surgimento dos “patrícios”, movimento filosófico empreendido pelos padres, que 
tinham a finalidade de evangelizar os pagãos e converter aqueles que a Igreja 
considerava infiéis para a fé cristã. 
 Mas o que foi a “Patrística”? No que esses padres se fundamentavam? 
A “patrística” foi um movimento de transição da Antiguidade Clássica para a 
Idade Média e não é marcada por característica nem pertencente do período antigo, 
nem do medievo, ao menos da Alta Idade Média. 
A Patrística, gênese da literatura cristã, representa a expressão da fé dos 
denominados Santos Padres da Igreja, teólogos de excepcional saber e de 
reconhecida santidade. Construtores da teologia católica e mestres da 
doutrina cristã floresceram entre os séculos 11 e VIII. Melchior Cano (2) assim 
os caracteriza: 1. Ortodoxia doutrinária; 2. Santidade de vida; 3. 
Reconhecimento, ao menos indireto, por parte da Igreja; 4. Antiguidade. 
(SOUZA e FILHO, 1988, p.202). 
Os adeptos a “patrística” tinham como finalidade dar continuidade as palavras 
de Cristo presente na bíblia, ou seja, levar a palavra de Deus aos homens e nessa 
empreitada eles utilizavam as escrituras sagradas como um instrumento muito 
poderoso, principalmente as epístolas de Paulo e o evangelho de João. 
Quando o cristianismo passou a ser a religião oficial do Império Romano ainda 
no século IV com o decreto do Imperador Teodósio I, os cristãos ainda eram alvos de 
perseguições e como era uma prática que estava crescendo, não havia seguidores 
em alguns territórios europeus. 
Vencido o paganismo (Edito de Constantino, 313) a Igreja concentra a sua 
atividade nas próprias doutrinas. As heresias surgidas então, como o 
arianismo, o maniqueísmo, o pelagianismo, o donatismo, o nestorianismo e 
outras, ensejaram o despontar dos apologistas da fé no campo filosófico 
quanto no teológico. Conquanto a filosofia patrística não tenha alcançado um 
corpo e uno, desenvolveu-se amplamente no que concerne ao dogma, às 
questões morais, ao fim do homem, às virtudes, à existência, à natureza e 
atributos de Deus, sua relação com o mundo, à graça, à natureza da alma e 
suas faculdades. (SOUZA e FILHO, 1988, p. 203). 
A principal dificuldade encontrada entre os patrísticos foi difundir a fé católica 
entre os povos que já estavam acostumados com a filosofia e a cultura grega. Estes 
já possuíam uma visão de mundo pautada na racionalidade. Então os padres 
equacionaram, ou seja, delimitaram a relação entre fé e razão, para assim poder 
converter essas sociedades. 
Eles inseriram o evangelho, as escrituras bíblicas nesses grupos que para 
eles eram totalmente novos, desconhecidas e por muitos visto como absurdas. Entre 
os princípios introduzidos pelos patrísticos está à criação do mundo, o pecado original, 
o juízo final, a santíssima Trindade e a ressureição de Jesus. 
Todas essas passagens tinham como principal fio condutor a figura de Deus, 
elas eram explicadas através da fé, afastando-se da racionalidade e isso para os 
gregos principalmente, era algo inaceitável. Havia então uma incompatibilidade de 
ideias, de visões de mundo, da maneira como esses grupos enxergavam o papel do 
homem na sociedade. 
De acordo com Claudio Moreschini (2008) a primeira fase da “Patrística” foi 
formada por padres apologistas, ou seja, aqueles que eram pagãos e se converteram 
ao cristianismo e escreviam apologias, ou seja, defendia a fé de Cristo através de 
elogios e exaltação. Nessa fase, a obra de Justino, mártir, vai ser de grande 
importância a esses padres, uma vez que ele narrava sua trajetória de vida e afirmava 
que a busca pela verdade só seria alcançada após a sua conversão. 
S. Justino (166), nascido em Naplusa na Galiléia, mártir. Escritor leigo, autor 
de duas Apologias e do Diálogo com o judeu Trifão, é o mais destacado 
apologista do século li. ‘“‘ “O cristianismo para ele não é, antes de tudo, uma 
doutrina, porém, uma pessoa: o Verbo encarnado e crucificado em Jesus” 
(SOUZA e FILHO, 1988, p. 205). 
A segunda corrente afirmava que fé e razão eram conciliáveis e que cada uma 
teria o seu campo de atuação. Por último, a terceira corrente afirmava que a fé traz as 
verdades e a razão auxilia o seu entendimento. Importante destacarque os embates 
entre fé e razão nunca cessaram durante a Idade Média, houve conflitos entre os dois, 
por isso os patrísticos vão se apoiar na filosofia de Platão para desvelar a relação 
entre religião e racionalidade. 
Os patrísticos mergulharam nas filosofias do “Neoplatonismo”, escola fundada 
no século III em Alexandria que no seu cerne era composto por argumentos 
metafísicos e epistemológicos. Essa teoria era fundamentada nos escritos de Platão. 
Os principais pensadores desse período foram Plotino e seu discípulo Porfírio, ambos 
no século III. 
Eles também exploraram a figura da Virgem Maria, para os seus devotos, ela 
era a protetora, a mãe bondosa, a justiceira e defensora das minorias. Apesar de 
existirem poucas passagens de sua vida na Bíblia, Maria, ao longo do tempo tornou-
se um personagem extremamente familiar e habituado na Igreja Católica. 
(RODRIGUES, 2012, p. 12). 
O documento biográfico de santos “Legenda Áurea”, escrito no século XIII 
pelo frade Jacopo de Varazze (2003), revela que Maria foi gerada da união de 
Joaquim, fazendeiro e criador de ovelhas, natural de Nazaré, e Ana, filha de Nathan, 
um sacerdote que vivia em Belém e tinha outras duas irmãs. Casaram-se 
prematuramente, o documento menciona que constituíam um casal “justo” e seguidor 
dos mandamentos do Senhor, no entanto, não conseguiam dar à luz a nenhum filho. 
Após 20 anos de amargura e pedidos, Ana engravidou e deu à luz a uma filha, 
que recebeu o nome de Maria. Ao completar três anos, a menina foi levada ao templo, 
onde, de acordo com a promessa dos pais, viveria a serviço do divino. A Virgem foi ali 
educada e só retornou à casa dos pais aos 14 anos para se casar com José. 
Segundo a historiadora Edilece Souza Couto (2004), até esse período são 
pouquíssimos os registros sobre a vida de Maria. Sua biografia torna-se mais 
completa após o nascimento de Jesus Cristo, nas passagens bíblicas. O historiador 
Oscar Calavia Saez (2008) ressalta a existência de diversos fatores que contribuíram 
para transformar a figura de Nossa Senhora de uma vaga referência evangélica a um 
personagem eximiamente familiar e divino de modo equivalente ao seu filho como, 
por exemplo, o dogma da Maternidade Divina, proclamado pela Igreja Católica no 
Concílio de Éfeso em 431 considerando Maria a “Mãe de Deus”. 
Os cristãos acreditam que Maria era pura quando concebeu Jesus, mas 
apenas a Igreja Católica e os ortodoxos creem que ela ficou eternamente virgem. 
Alguns setores do catolicismo ligam a ideia da sua pureza na tese do nascimento de 
Cristo pela profecia de Isaías, presente no capítulo 7 da Bíblia Sagrada “Pois saibam 
que Javé lhes dará um sinal: A jovem concebeu e dará à luz um filho, e o chamará 
pelo nome de Emanuel”. O terceiro dogma refere-se à Imaculada Conceição, em 8 de 
dezembro de 1854, publicada pelo Papa Pio IX 
Que a doutrina que defende que a beatíssima Virgem Maria foi preservada 
de toda a mancha do pecado original desde o primeiro instante da sua 
concepção, por singular graça de privilégio de Deus omnipotente e em 
atenção aos merecimentos de Jesus Cristo salvador do gênero humano, foi 
revelada por Deus e que, por isso deve ser admitida com fé firme e constante 
por todos os fiéis “1. 
Por meio dessas bulas dogmáticas, Maria paulatinamente passa da condição 
de Serva do Senhor conforme é mencionada em Lucas, capítulo 1 versículo 38-48, 
para Mãe de Deus e Mãe da Igreja. 
Assim, consideramos que por quase sete séculos, os patrísticos foram 
responsáveis por firmar a fé católica, fortalecer os ritos cristãos e difundir os dogmas 
do cristianismo pela Europa. É nesse contexto, que vamos ter o desenvolvimento do 
maior expoente da patrística, Santo Agostinho. 
Agostinho de Hipona, nascido em Tagaste, no norte da África no ano de 354 
é considerado o maior dos patrísticos e responsável por refletir sobre a história do 
homem e a sua relação com a Igreja. 
Le Goff (1977) aponta que Agostinho era um homem inquieto e estava sempre 
em busca de um conforto para a alma, de uma verdade que ele pudesse abraçar e 
que pudesse mostrar o caminho certo para um caminho de uma vida tranquila. E 
através dessa jornada, nesse caminho que ele percorre, encontra Cristo. 
Agostinho iniciou seus estudos na própria Tagaste e, posteriormente, foi a 
Madauro cursar gramática, com a intenção de formar-se em retórica, estudo 
que poderia garantir a profissão de advogado ou seguir carreira burocrática, 
mas devido à falta de dinheiro retornou à sua casa. Somente iria concluir sua 
formação em Cartago, com a ajuda financeira de um amigo da família, 
Romaniano. Sua formação cultural se deu pelos autores latinos, estudando 
 
1 Disponível em: 
http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=documentos&subsecao=decretos&artigo=20060220&
lang=bra. Acesso no dia 27/08/2020. 
principalmente Virgílio e Cícero, assim como os demais clássicos. (PIRATELI, 
2003, p. 329) 
Por longos anos, Agostinho se dedicou a estudar outras doutrinas, só que o 
seu espírito inquieto teria feito com que ele questionasse todas esses dogmas, até a 
sua conversão. Para isso, inicialmente nós temos os esforços da sua mãe da Mônica 
ao tentar converter o Agostinho ao cristianismo, Mônica era uma pessoa humilde, não 
era letrada, simplesmente uma dona de casa trabalhadora que não tinha instrução, 
mas que tinha a fé fervorosa de uma verdadeira serva de Deus. 
Isso não foi suficiente para converter Agostinho à fé cristã, pois o mesmo não 
simpatizava com cristianismo. A princípio, começou a flertar com a filosofia quando 
descobriu as obras do Cícero, principalmente o “Hortênsio” mostrou uma filosofia 
como uma arte de viver típica do período Helenístico. 
Após ter lido Hortênsio, de Cícero, - livro escrito em forma de diálogos, no 
qual o pensador latino respondeu às dificuldades de Hortênsio com a filosofia 
- o estudante Agostinho considerou ter passado por sua primeira “conversão”: 
à Filosofia, despertando em sua alma, segundo seu próprio testemunho, o 
“amor da sabedoria”. (PIRATELI, 2003, p. 329). 
Posteriormente Santo Agostinho, foi se dedicando aos estudos do 
maniqueísmo, que era uma doutrina em que afirmava que o bem e o mal são as únicas 
coisas existem nesse mundo e que não apenas existem, elas constitui o nosso mundo, 
são princípios ontológicos, estão no fundamento de todas as coisas. 
O amadurecimento do próprio pensamento do autor, tanto em nível intelectual 
como espiritual, através de sua maior compreensão do cristianismo, mostra 
como em seu pensamento a ontologia e a ética se relacionam 
profundamente. A compreensão do “ser” tanto da natureza humana como da 
realidade do mundo fazem parte de uma mesma interrogação do pensar que 
redundam diretamente na forma como o homem se comporta frente a seu 
mundo. A interrogação ontológica e a interrogação ética em Agostinho estão 
absolutamente implicadas, logo, a fundamentação do agir não pode ser 
reduzida a um aspecto da realidade humana, precisa partir da relação do ser 
humano com a totalidade desta realidade (VAHL, 2016, p.15). 
Assim, na concepção Agostiniana, o pecado não seria fruto de um erro da 
vontade humana, mas sim fruto do mal que é constitutivo desse nosso próprio mundo. 
Se o mal assim como o bem, constitui o mundo e está presente em toda a nossa 
essência, então o pecado faz parte do homem, ele estaria intrínseco na sociedade. 
De acordo com Agostinho: 
A defectibilidade da alma vem de seus atos e da pena que padece pelas 
dificuldades - consequência dessa defectibilidade. Todo o mal se reduz a isso. 
Ora, o agir ou o padecer não são substâncias. Portanto, a substância não é 
um mal. [...] Por exemplo, [...] se alguém, repentinamente, fixasse de frente o 
sol de meio-dia, seus olhos feridos pelos raios se ofuscariam. Serão por 
acaso maus, por isso, o sol ou os olhos? De modo algum, porque eles são 
substâncias. O mal está em mirar imprudentemente e no incômodo que se 
segue. Esse desaparecerá,porém, depois de os olhos terem descansado e 
se dirigido a uma luz conveniente (AGOSTINHO, 1992: 70-71). 
Posteriormente, Agostinho encontra o Bispo Ambrósio, que naquele período 
era um grande orador, e ao presenciar um dos sermões, durante a vigília da Páscoa, 
na cidade de Milão, se converte à fé cristã no ano de 387. 
Agostinho narra esse episódio na obra “Confissões”: 
Chegando a Milão, fui visitar o bispo Ambrósio, conhecido pelas suas 
qualidades em toda a terra e vosso piedoso servidor, cuja eloquência 
zelosamente servia ao vosso povo “a fina flor do vosso trigo, a alegria do 
azeite de oliveira e a sóbria embriaguez do vinho” (AGOSTINHO, 1999, p. 
140). 
Esse cristianismo é reverenciado nas epístolas de Paulo, quando Agostinho 
percebe que a conversão não é sim um ato íntimo, mas sim um olhar para dentro de 
si, uma forma de encontrar Jesus Cristo e as suas verdades. 
Milão foi o ponto decisivo da conversão do futuro bispo de Hipona, o local 
que, segundo o filósofo-teólogo, o “levou” a Deus. Sua conversão se deu a 
partir de três situações: o encontro com o bispo Ambrósio; a adoção da 
filosofia neoplatônica e a preferência pela leitura das cartas de São Paulo. 
(PIRATELI, 2003, p. 330). 
Assim como outros patrísticos Santo Agostinho foi influenciado pelo 
Neoplatonismo, pela forma que as ideias platônicas coincidem com as do Evangelho, 
da cristandade. Quando este começa a harmonizar as ideias filosóficas com as 
verdades da Bíblia dá-se início ao que podemos denominar de filosofar na fé. É nesse 
momento, que apesar dos esforços dos primeiros padres do movimento patrísticos a 
Igreja Católica apresenta uma filosofia Cristã. Uma vez que para ele a fé é uma 
substância de vida e de pensamento, ela não seria apenas um apetrecho que a 
pessoa deveria usar quando convém, mas sim a fé seria a substância da vida do 
homem. 
Santo Agostinho afirmava que era necessário crer para entender e entender 
para crer. Assim a razão e fé são sim conciliáveis e dessa forma era possível vivenciar 
o mundo e Deus. Nesse quadro, a razão continuava submissa à fé, ela seria um 
instrumento, que vai servir para entender as verdades que foram reveladas no 
Evangelho. 
Em sua vida, Agostinho publicou mais de cem obras, que versavam sobre as 
heresias dos arianos (aqueles mencionados no capítulo II), dos maniqueístas e dos 
povos pagãos. Uma de suas produções mais conhecidas, se chama “Confissões” na 
qual ele narrou os primeiros anos de vida, quando ainda era pagão, até o momento 
em que é convertido. É considerada uma autobiografia, mesmo que conte apenas uma 
parte dos acontecimentos vividos por Agostinho. 
Outra obra de grande relevância foi “Cidade de Deus”, na qual o autor 
descreveu o mundo em duas partes: a dos homens e a dos céus, ou o mundo terreno 
e o mundo espiritual. No ano de 391, foi ordenado padre na cidade de Hipona, 
posteriormente Bispo da mesma em 397, onde permaneceu até 430 quando faleceu. 
Quase um milênio depois, foi proclamado Santo pelo papa Bonifácio VIII em 1298. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nessa unidade realizamos uma reflexão sobre a forma que a produção do 
saber e o conhecimento foram praticados durante a Idade Média. No final da 
Antiguidade observamos o surgimento dos “Patrísticos”, liderados pelos padres da 
Igreja, esse movimento perdurou por sete séculos e teve como principal pensador 
Santo Agostinho, posteriormente, outra organização metodológica ganhou força: os 
“escolásticos” que apresentaram ao mundo a filosofia medieval, pautada na 
racionalização da fé, tendo como maior expoente São Thomaz de Aquino. 
 
 
 
 
 
As virtudes no pensamento de Santo Tomás de Aquino. 
Nesse artigo, o autor discute sobre o tratado das virtudes de Tomás de Aquino, tendo 
como base a ética de Aristóteles como objetivo esclarecer qual a finalidade do homem 
em suas ações. No tratado das virtudes, Tomás faz uma distinção entre virtudes 
morais e virtudes intelectuais. 
 
Disponível em: 
http://www.uel.br/eventos/sepech/sumarios/temas/as_virtudes_no_pensamento_de_s
anto_tomas_de_aquino.pdf 
 
http://www.uel.br/eventos/sepech/sumarios/temas/as_virtudes_no_pensamento_de_santo_tomas_de_aquino.pdf
http://www.uel.br/eventos/sepech/sumarios/temas/as_virtudes_no_pensamento_de_santo_tomas_de_aquino.pdf
 
LIVRO 
 
Título: Confissões 
Autor: Santo Agostinho 
Editora: Vozes, 2001 
Sinopse: Penguin; 1ª Edição (12 abril 2017) A obra que 
narra a vida de Santo Agostinho, desde os primeiros anos 
de vida no norte da África, até o processo de conversão 
ao cristianismo em 387 na cidade de Milão. 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
Título: O Nome da Rosa 
Ano: 1986 
Sinopse: O longa narra a história de William de 
Baskerville, monge franciscano interpretado pelo autor 
Sean Connery, que ao chegar a um mosteiro na Itália em 
1327 presencia uma série de assassinatos. Seus pares 
vão afirmar que se tratava de obra do Diabo, porém o 
Monge questiona a natureza dos crimes e passa a 
investigá-los. 
 
 
 
 
Santo Tomás de Aquino - Razão a serviço da fé. 
Matéria produzida pelo portal de educação do UOL, na qual apresenta a influência do 
filósofo Aristóteles na obra de São Tomás de Aquino. 
Fonte: SALATIEL, José Renato. Santo Tomás de Aquino - Razão a serviço da fé. UOL Educação. 28 
de novembro de 2012. 
Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/santo-tomas-de-aquino-razao-a 
servico-da-fe.htm Acesso em 29 de agosto de 2020V 
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/santo-tomas-de-aquino-razao-a
 
 
 
 
Até o momento discutimos vários aspectos da Idade Média, sua organização 
política, econômica, social e religiosa. Nesta última unidade vamos refletir um pouco 
sobre o legado cultural desse período. Na primeira parte, uma discussão sobre a arte 
Românica e arte Gótica, as duas mais expoentes do período medieval. Em seguida, 
uma síntese sobre algumas práticas e costumes culturais desses povos, como as 
pinturas, iluminuras e tapeçarias e por último uma discussão literária, sobre as 
“Novelas” ou Romances Medievais. 
 
 
 
 
Antes de iniciar as nossas observações sobre a História da Arte na Idade 
Média, é importante salientar, que podemos considerar o termo Arte como um reflexo 
social. Nesse período dominado pelas instituições religiosas, por boa parte, as 
construções, símbolos e signos estiveram ligados e sob domínio da Igreja Católica. 
Podemos considerar que grande parte da arte na Idade Média foi expressa 
principalmente por meio da arquitetura. Foi nessa época que os arquitetos avançaram 
nos padrões de construção, tornando possível construir edifícios mais altos, mais 
pesados e mais fortes. O progresso dessas construções deveu-se ao contexto de 
grande abundância agrícola trazida pelo regime feudal, como vimos na primeira 
unidade. 
A arte da Idade Média transmite-nos um conceito alargado do homem e da 
sua relação com o mundo e constitui a própria essência desta época. Dá-nos 
a justa medida das misérias e grandezas do seu espírito. Mostra-o em todas 
as etapas e vicissitudes da sua vida. Deus está no centro do Universo mas, 
através do seu filho encarnado, Jesus Cristo, dá ao homem e å humanidade 
uma dimensão divina.( MARQUES, 2007, p. 3). 
Para Marcelo Cândido da Silva (2019), nesse meio duas correntes firmaram-
se. A partir do século X tivemos o desenvolvimento da arte românica, seus princípios 
arquitetônicos dominaram as novas construções até o século XII. Foi neste ponto que 
a arte gótica gradualmente tomou o lugar. No entanto, essa substituição não foi feita 
da noite para o dia: esses dois gêneros estiveram em contato por um breve período 
transitório. 
Podemos definir a arte românica como um estilo arquitetônico, pictórico e 
decorativo ao mesmo tempo. As decorações (pinturas, esculturas) da arte românica 
estão diretamente ligadas à arquitetura, uma vez que nela estão integradas. As 
influências da arte românica são numerosas: este movimentofoi influenciado pelas 
ideias do Renascimento Carolíngio, da Antiguidade, do Império Bizantino, dos 
Orientais e dos Celtas. 
De acordo Marisa Marques (2007), originária do norte da Itália a arte românica 
surgiu em meados do século X, período em que foram construídas as primeiras igrejas 
românicas. Elas eram caracterizadas por abóbadas, variavam entre dois tipos: as de 
berço e as de arestas. Esta forma também inspirou o nome de nave, designando a 
parte principal da igreja. 
Gradualmente, o estilo românico se espalhou pela Europa. Naquela época, 
várias igrejas haviam sido destruídas durante as invasões bárbaras ou por incêndios. 
É por esta razão que se realizou uma vasta obra de reconstrução e os arquitetos 
aproveitaram para melhorar os métodos construtivos e materiais. 
As construções de pedra foram substituindo gradativamente as de madeira, 
mais suscetíveis a incêndios. Grandes edifícios religiosos como abadias, mosteiros e 
igrejas foram praticamente as únicas construções que exibiam a arquitetura românica. 
A arte esteve então ao serviço da religião e da fé, principalmente pelo que a 
maioria dos edifícios românicos se caracterizam pelo rigor e pela austeridade 
arquitetônica. 
A forma exterior era maciça, construída com grandes abóbadas de pedra. No 
geral, a altura dos edifícios também era limitada. Todas as aberturas nas paredes 
possuíam uma forma arredondada, as torres geralmente quadradas (ou poligonais) e 
não muito pontiagudas. As paredes decoradas com inúmeras esculturas e pinturas. 
Se na arquitetura romana a ordem a que pertenciam os capitéis era a 
definição primordial. já no Românico esses capitéis serão um dos fatores de 
inovação da arte cristã e é neles que a escultura românica mais se afirma. “É 
no período Românico que se reinventa o uso da escultura, colocando-a ao 
serviço da arquitetura, da ilustração religiosa e da devoção “ Não obstante o 
significado dessas figuras poder ser múltiplo, as iconografias remetem-nos 
para tempos ancestrais em que esses seres imaginários passaram da 
tradição oral às imagens dos manuscritos e finalmente å pedra. (MARQUES, 
2007, p. 36). 
Na arquitetura românica, geralmente, a porta da igreja era colocada sob três 
arcos e estes arcos acima, por uma abertura circular. Entre a porta e os arcos 
encontrava-se o lintel, geralmente ornamentado ou gravado, e o tímpano que era o 
espaço semicircular entre o arco e o lintel. A abóbada também era desenhada com o 
mesmo espírito do semicírculo, visto que geralmente formava-se um semicilindro. 
Por diversas vezes, a igreja possuía duas naves, uma principal e outra 
transversal. É esta nave transversal que dá a forma de cruz a várias igrejas românicas. 
As igrejas românicas também tinham criptas acessíveis a todos. As criptas eram 
pequenas cavidades recuadas que continham relíquias de um santo. 
Todas essas novas características puderam se desenvolver graças às 
inovações técnicas na construção. Embora os trabalhadores não usassem muitos 
equipamentos de elevação, eles ainda conseguiram erguer essas igrejas de tamanho 
impressionante e sofisticação técnica. Além disso, a pedra passou a ser extraída 
diretamente das pedreiras, o que aumentou sua qualidade. Os pisos dos edifícios 
eram geralmente de terra batida. No entanto, em alguns lugares, o chão era coberto 
por um enorme mosaico colorido ou calçada de pedra. 
Figura 1: Basílica de Saint-Sernin em Toulouse. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_de_SaintSernin_de_Toulouse#/media/Ficheiro:Ba
silique_Saint-Sernin_de_Toulouse_-_exposition_ouest-1-.jpg 
 
Os escultores do período românico eram muito criativos, e fizeram várias 
esculturas de um mundo imaginário ou onírico, muitas vezes inspirado em mitos e 
folclore. É por isso que muitas dessas esculturas representavam bestas imaginárias 
(dragões, grifos). As esculturas eram integradas, adornam paredes e colunas, 
decoram criptas, claustros e igrejas. Na verdade, cada espaço livre costumava ser 
ocupado por uma escultura. 
Os monstros nos capitéis fizeram parte dos programas escatológicos, 
delimitando as possibilidades do homem face ao desconhecido, tanto no 
plano terreno como no plano místico. Para o homem da Idade Média não 
existe fronteira entre o visível e o invisível, entre o real e o sobrenatural, entre 
este mundo e o outro. Essas estranhas criaturas simbolizam uma reflexão 
sobre o mundo físico e seus limites perante o mundo espiritual, atestando 
assim os objetivos didáticos dos programas iconográficos (MARQUES, 2007 
p. 38). 
Além de decorar as instalações, as esculturas também desempenharam um 
papel de transmissão de conhecimento. Os escultores frequentemente ilustravam 
assuntos bíblicos, incluindo conexões entre o Antigo e o Novo Testamentos. Os 
episódios cristãos representados por essas esculturas permitiriam, assim, aumentar a 
fé cristã. Esculturas representavam cenas de vários personagens, sejam da vida 
cotidiana ou bíblicas. Outras esculturas apresentavam bestas fantásticas, plantas 
imaginárias ou padrões geométricos. 
A tinta também foi usada como ornamento em edifícios religiosos. Várias 
igrejas foram decoradas com grandes afrescos. Geralmente, estas eram realizadas 
com a argamassa da parede ainda molhada. Essa prática também favoreceu a 
conservação desses afrescos. 
Os artistas embelezaram suas pinturas com muitos detalhes e deram um 
estilo realista às suas obras. Os temas das pinturas foram retirados de manuscritos 
populares, referências diárias ou folclóricas ou mesmo temas sagrados importantes. 
Quase todas as superfícies disponíveis foram pintadas ou cobertas com mosaicos. 
Por outro lado, o uso do mosaico para fins decorativos diminuiu durante o período 
românico, uma vez que esta técnica era bastante cara. Os pintores usaram cores 
vivas, como amarelo, vermelho, verde, branco e preto. 
Outras artes praticadas durante o período românico incluíam esmaltação 
(prática ornamental) e iluminação (manuscritos de imagem) capitulares (adornando as 
primeiras letras de um manuscrito), vitrais (várias aberturas foram decoradas com 
vitrais coloridos, embora estes não fossem tão grandes ou tão numerosos como os 
vitrais do período gótico). “Se na igreja românica a luz contrasta com a substância 
pesada e sombria das paredes, na igreja gótica a luz é filtrada através dos vitrais. 
absorvendo e transfigurando essas mesmas paredes” (MARQUES, 2007 p.38). 
Posterior a arte românica, tivemos no século XII o surgimento de uma nova 
vertente na história das Artes. O gótico nasceu na região de Paris, e dissipou-se 
depois pela Europa. A arte gótica foi um fenómeno europeu de características muito 
complexas e variadas, que influenciou todos os setores da produção artística, 
conduzindo a grandes desenvolvimentos também nas chamadas artes menores: 
como a ourivesaria, miniatura, talha em marfim, vitral e tecidos. 
Em meados do século XII, o prestígio dos grandes mosteiros era 
incontestável. Os religiosos e intelectuais mais influentes eram monges, como 
o abade beneditino Surger e o organizador da Ordem Cisterciense, São 
Bernardo de Clairvaux. Os empreendimentos artísticos eram totalmente 
dominados e controlados pelos principais hierarcas monásticos, e era nos 
mosteiros que se encontravam as melhores oportunidades de trabalho. 
(WILLIAMSON, 1998, introdução). 
O nascimento oficial do estilo é identificado na arquitetura, com a construção 
do coro da Abadia de Saint-Denis em Paris, consagrado em 1144. Da França a notícia 
se espalhou de diferentes maneiras e tempos na Inglaterra, Alemanha, Espanha, 
Itália, Áustria, Boêmia, Hungria, Escandinávia, Polônia, Transilvânia, Moldávia, 
diversificando-se e adaptando-se a muitos clientes e finalidades diferentes. 
Por exemplo, na Espanha e na Inglaterra, o gótico marca o nascimento de 
monarquias nacionais, enquanto em outras áreas foi uma expressão de poderes 
feudais, ou de comunas livres dominadaspela nova rica burguesia urbana. No período 
gótico existia uma estreita relação entre arte e fé cristã, mas foi também o período em 
que renasceu a arte secular e profana. Se em algumas áreas buscavam-se 
expressivos efeitos antinaturalíssimos, em outras (como na escultura renascentista) 
assistimos ao resgate do estudo do corpo humano e de outros elementos do cotidiano. 
Devido à sua origem francesa, a arquitetura gótica foi chamada de “opus 
francigenum” na Idade Média. Em Veneza, porém, era conhecida como uma forma de 
construção “ao estilo alemão”. O termo “gótico”, propriamente “dos godos”, um antigo 
povo germânico, foi usado pela primeira vez para indicar este estilo artístico e 
arquitetônico por Giorgio Vasari no século XVI como sinônimo de nórdico, bárbaro, 
caprichoso, oposto ao renascimento da linguagem clássica Renascença. 
Era o aparecimento do estilo gótico. [...] Era principalmente uma invenção 
técnica; contudo, em seus efeitos, tornou-se muito mais do que isso, foi 
descoberta de que o método de abobadar uma igreja por meio de arcos 
transversais podia ser desenvolvido de maneira [...] sistemática e com 
objetivos mais ambiciosos do que arquitetos normandos sequer chegaram a 
imaginar. [...] era possível erigir uma espécie de estrutura de pedra para 
manter o edifício coeso. Bastava empregar pilares leves e costelas estreitas 
nas arestas da abóbada. [...] Não havia necessidade alguma de pesadas 
paredes de pedra, pelo contrário, nas paredes podiam ser abertas grandes 
janelas. Essa era a ideia dominante das catedrais góticas desenvolvidas no 
norte da França [...]. O princípio de cruzamento de “nervuras” não era 
bastante, por si só, para esse estilo revolucionário de construção gótica foi 
necessário um número de outras invenções técnicas para tornar possível o 
milagre. (GOMBRICH, 1993, p. 137). 
A perda da conotação negativa do termo remonta à segunda metade do século 
XVIII quando, primeiro na Inglaterra e na Alemanha, houve uma reavaliação desse 
período da história da arte, que resultou também em um verdadeiro renascimento, o 
Neo-Gótico, que gradualmente se enraizou também na França, Itália e parte dos 
países anglo-saxões. 
A originalidade da arquitetura gótica deu-se pelo desaparecimento das 
grossas paredes típicas do românico. O peso da estrutura não era mais absorvido 
pelas paredes, mas distribuído em pilares e uma série de estruturas secundárias 
colocadas fora dos edifícios. Assim nasceram as paredes de luz, cobertas por janelas, 
que correspondiam ao exterior, uma complexa rede de elementos para a liberação 
das forças. Os arcobotantes, os pináculos, os arcos de descarga eram todos 
elementos estruturais, que continham e dirigiam os impulsos laterais da cobertura ao 
solo, enquanto as paredes de enchimento perderam importância, substituídas pelas 
janelas. 
Além disso, a arquitetura gótica não se esgotava na estrutura estática: os 
edifícios, libertados do limite das paredes de alvenaria, desenvolveram-se com 
impulso vertical. Na Inglaterra houve um novo desenvolvimento da abóbada cruzada 
com uma abóbada de seis segmentos e depois uma abóbada radial ou em forma de 
leque: essas foram soluções que permitiram uma distribuição de peso ainda melhor. 
A catedral gótica foi concebida como uma metáfora do Paraíso, por isso o Juízo Final, 
passagem da bíblia, costumava ser esculpido em sua entrada. 
Nos séculos XIV e XV, o gótico desenvolveu-se em novas direções em 
comparação com as formas dos dois séculos anteriores. A construção dos séculos XIV 
e XV caracterizou-se por uma nave central de altura considerável e duas naves muito 
mais baixas. Isso significava que a luz se concentrava sobretudo no nível do 
clerestório (parte superior da nave, transeptos e coro de uma igreja, com uma série 
de janelas ou vitrôs, acima dos telhados das naves laterais e que formavam a fonte 
principal de luz para a parte central do prédio). 
Dentro da conjuntura filosófico-teológica do século XII, na qual se enquadra 
o nascimento da arte gótica, encontram-se três vertentes fundamentais – as 
ideias do abade Suger de Saint-Denis, principal responsável pela 
recuperação dos escritos do Pseudo Dionísio é habitualmente considerado o 
“criador” de uma “arquitetura de luz”; o pensamento escolástico derivado das 
escolas de Paris e arredores; e, por fim, o ideário cisterciense de 
despojamento e ascetismo preconizada por São Bernardo de Claraval 
(VILLAMARIZ, 2012, p. 18). 
Já no gótico tardio, o arranjo interno mais comum seguiu o modelo da igreja 
salão, ou seja, com corredores laterais de igual altura em relação ao central. Isso 
significava que a luz não vinha mais de cima, mas sim das paredes laterais, iluminando 
todo o ambiente de forma homogênea. A direcionalidade tradicional também foi 
modificada, perdendo a conotação forte para os eixos anteriores, em favor de uma 
espacialidade policêntrica. Essa nova visão do espaço também estava relacionada à 
religiosidade mais terrena e mundana do século XV. A arte gótica e românica 
influenciou todo um contexto de artistas da Idade Média, não foram apenas Igrejas e 
monumentos construídos, mas também pinturas, objetos, que refletiam a importância 
dessas duas vertentes. 
 
 
 
 
A arte medieval cobre um período de aproximadamente 1000 anos, em um 
contexto espacial extremamente vasto e variado. Estudar as cores usadas pelos 
pintores da Idade Média é entender como eram usadas e percebidas naquele período. 
Os requisitos mais importantes eram dois: brilho e intensidade. As cores, portanto, 
foram aplicadas com forte saturação, sem matizes e meios-tons, para sublinhar a força 
expressiva, necessária para trazer à tona o significado simbólico. 
Tratando principalmente de temas religiosos, observou-se uma tendência à 
procura de luz, ouro e pedras preciosas, as próprias metáforas de valor artístico. Era 
a “metafísica da luz” que via o mundo como uma emanação de Deus - luz suprema - 
atribuindo à luz um valor não apenas místico e espiritual, mas também estético. Nessa 
época, as cores também passaram a ter um significado simbólico. Ainda hoje, a Igreja, 
por exemplo, prescreve cores litúrgicas para as vestes do altar e as vestes do 
celebrante, peculiares a cada época do ano e às várias ocasiões rituais. 
No espaço divino, a cor revelava a presença de Deus, as cores são, de fato, 
fruto da interação entre a luz e as trevas. Na Idade Média, acreditava-se até que a luz 
que filtrava pelos vitrais das igrejas tinha propriedades curativas, nesse segmento, a 
arte bizantina, manteve forte influência na Itália, pelo menos até o período mais 
significativo da iconoclastia (730-843). Ravenna, que herdou de Milão o que restou da 
ideia imperial no século V, foi (principalmente com seus mosaicos) um dos mais 
importantes centros de difusão dessa arte, que permaneceu um modelo de requinte e 
equilíbrio técnico. 
A pintura do período gótico desenvolveu-se posteriormente a outras técnicas 
de pintura na Europa. Somente na segunda metade do século XIII, a pintura veio a se 
renovar plenamente, graças à obra de Giotto. 
Artesãos de imagens trabalhavam em pequenos ateliês, com um único 
aprendiz. As regulamentações incluíam [...] regras para o aprendizado dos 
iniciantes na profissão, (por exemplo, que devia durar no mínimo sete anos) 
e davam conselhos sobre o procedimento corretos para se esculpirem 
imagens e crucifixos: ninguém pode e nem deve trabalhar em dia santo [...] 
nem à noite [...] nem deve fazer imagens ou crucifixo [...] se não com material 
apropriado [...] se para outra pessoa que não seja um clérigo, ou homem da 
igreja ou cavaleiro, ou nobre para seu uso. [...] imagem que não seja 
esculpida numa única peça[...]. Nenhum pintor de imagens pode ou deve 
vender um trabalho no qual o ouro [...] tenha sido aplicado ao estanho [...]o 
trabalho lhe é imperfeito (WILLIAMSON, 1998, p. 18). 
As razões deste atraso estiveram provavelmente relacionadas com os 
diferentesmodelos que a pintura e a escultura possuíam: no período românico a 
escultura já tinha sido renovada, em alguns casos redescobrindo as obras clássicas 
ainda existentes, enquanto para a pintura o principal modelo de referência era em todo 
o caso a Escola Bizantina. Com a conquista de Constantinopla durante a quarta 
cruzada (1204) e com a formação dos Reinos Latinos do Oriente, o fluxo de pinturas 
e mosaicos bizantinos se tornou ainda mais denso. 
Na segunda metade do século XIII, na época de Nicola Pisano, a desconexão 
entre vivacidade narrativa naturalista e força expressiva entre escultura e pintura 
atingiu seu auge, com os pintores diante das extraordinárias inovações introduzidas 
pelos escultores. Em duas gerações, porém, os pintores foram capazes de avançar, 
renovando modelos e linguagens, até nas artes pictóricas para recuperar o espaço, a 
vivacidade narrativa, as figuras credíveis e as configurações arquitetônicas e 
paisagísticas plausíveis. A pintura também foi beneficiada na renovação por ter uma 
clientela maior, devido aos custos mais baratos. 
Do românico, a pintura, sobretudo na Itália central, herdou a difusão das 
mesas pintadas, amparada pelas encomendas mendicantes pela sua portabilidade 
prática. Os assuntos principais versavam sobre: crucifixos em forma, muitas vezes 
pendurados nas extremidades dos corredores da igreja para despertar a emoção dos 
fiéis. 
Virgem Maria com o seu filho, símbolos da Eclésia e de uma relação mãe / 
filho que humanizava a religião e também representações de santos, entre as quais 
se destacam as novas iconografias ligadas à figura de São Francisco de Assis. Entre 
os mestres italianos do século XIII destacamos Berlinghiero Berlinghieri e Margaritone 
d’Arezzo, ambos ainda totalmente bizantinos, mas começando a mostrar alguns 
personagens tipicamente ocidentais. Além da escola de Giotto (Taddeo Gaddi, 
Giottino, o Mestre de Santa Cecília, Maso di Banco, etc.), a escola de Siena também 
teve grande importância depois com mestres como Duccio di Buoninsegna, Pietro e 
Ambrogio Lorenzetti e Simone Martini. 
 
 Figura 2: Tríptico (interior), por Taddeo Gaddi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%ADptico#/media/Ficheiro:Jan_van_dornicke_6.jpg 
Podemos definir como iluminuras medievais, os manuscritos decorados com 
ouro ou prata, mas tanto no uso comum quanto na terminologia adotada por 
estudiosos modernos, o termo é usado para se referir a qualquer manuscrito ilustre 
do comércio. Os primeiros manuscritos iluminados datam do período 400-600, 
produzidos inicialmente na Itália e no Império Romano do Oriente. 
Artefatos semelhantes do Extremo Oriente são sempre descritos como 
pinturas, assim como as obras da América Central. Os manuscritos islâmicos podem 
ser referidos como comentados, ilustrados ou pintados, embora sejam essencialmente 
feitos com as técnicas das obras ocidentais. 
No centro da concepção medieval do mundo e do homem: ela remete não 
somente aos objetos figurados (retábulos, esculturas, vitrais, miniaturas, 
etc.), mas também às “imagens” da linguagem, metáforas, alegorias, 
similitudes, das obras literárias ou da pregação. Ela se refere também , às 
“imagens mentais” da meditação e da memória, dos sonhos e das visões 
(SCHMITT, 2006, p. 593) 
A maioria desses manuscritos eram de natureza religiosa. No entanto, 
especialmente a partir do século XIII em diante, um número cada vez maior de textos 
seculares foi ilustrado. A maioria das iluminuras foram criadas como códices, que 
substituíram os rolos de pergaminho. Poucos fragmentos de manuscritos iluminados 
em papiro chegaram até nós, pois este suporte não possuía a força de pergaminho. A 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%ADptico#/media/Ficheiro:Jan_van_dornicke_6.jpg
maioria dos manuscritos medievais, ilustrados ou não, foram escritos em pergaminho 
(mais comumente pele de bezerro, ovelha ou cabra), já as mais importantes eram 
escritas em um tecido chamado de “velino. “ 
A partir do final da Idade Média, os manuscritos começaram a ser produzidos 
no papel. Os primeiros livros impressos às vezes eram produzidos com espaços livres 
deixados em branco para permitir a inserção de miniaturas, ou tinham capitulares 
iluminados ou decorações marginais, mas a introdução da impressão rapidamente 
levou ao declínio da ilustração. As iluminuras continuaram a ser produzidas até o início 
do século XVI, mas em pequenas quantidades, especialmente para os mais ricos. Elas 
podem ser consideradas como fontes importantes para compreender a cultura 
medieval, uma vez que muitas dessas foram conservadas. 
Os historiadores das artes as classificam de acordo com os períodos 
históricos em que foram criados (mas não se limitando a isso): Antiguidade Tardia, 
Insular, Iluminuras Carolíngios, Iluminuras Otomanas, Manuscritos Românicos e 
Manuscritos Góticos, embora existam alguns exemplos de períodos posteriores. 
No período de expansão do cristianismo, elas estavam presentes no 
evangelho. O período românico viu a criação de muitas Bíblias, amplamente ilustradas 
tanto neste período quanto no gótico. Folhas soltas ou pôsteres de pergaminho, couro 
ou papel circulavam com histórias ou lendas sobre a vida de santos, cavaleiros ou 
outras figuras mitológicas, assim como narrativas de eventos sociais ou milagrosos, 
eventos populares 
Não há imagem na Idade Média que seja uma pura representação. Na 
maioria das vezes trata-se de um objeto, dando lugar a usos, manipulações, 
ritos; um objeto que se esconde ou se desvela; que se veste ou se despe, 
que se beija ou se come (BASCHET, 1996, p. 9). 
O “Livro das Horas”, também conhecido como livro devocional pessoal de um 
leigo rico, era frequentemente ilustrado no período gótico. Outros livros, litúrgicos e 
não litúrgicos, continuaram a ser ilustrados em toda época medieval. O mundo 
bizantino continuou a produzir Iluminuras em seu próprio estilo, versões dos quais se 
espalharam para outras áreas ortodoxas e cristãs orientais. A reutilização de 
pergaminhos, raspando a superfície escrita e pintada, era uma prática comum, e 
muitas vezes os traços deixados pelo texto original eram conhecidos como 
palimpsestos. 
O mundo muçulmano e em particular a Península Ibérica, com as suas 
tradições literárias, não interrompidas pela Idade Média, foram fundamentais na 
transmissão das obras clássicas antigas aos círculos intelectuais e universidades da 
Europa Ocidental ao longo do século XII, durante o qual surgiram livros de papel pela 
primeira vez na Europa e, com eles, abrangentes tratados de ciências, especialmente 
astrologia e medicina, nos quais havia a presença de ilustrações para apoiar o texto. 
O período gótico assistiu a um aumento na produção desses artefatos, o que 
também levou à proliferação de obras seculares, como notícias e literatura. A nobreza 
passou a criar bibliotecas pessoais; Filipe, o Ousado, provavelmente teve uma das 
maiores coleções. Em seu acervo, mais de 600 Iluminuras foram catalogadas. 
Joachin Gaehde (2002) revela que até o século XII, a maioria das Iluminuras 
eram produzidas em mosteiros, para serem colocados na biblioteca ou serviam de 
encomendas. Os grandes mosteiros costumavam ter áreas separadas para monges 
que se especializaram na produção de manuscritos, chamadas “scriptorium”. Dentro 
das paredes de um “scriptorium” havia áreas individuais onde um monge poderia 
sentar-se e trabalhar em um manuscrito sem ser incomodado por seus irmãos. A 
separação desses monges do resto do claustro indicava o quanto eles eram 
importantes na comunidade. 
No século XIV, o claustro dos monges que escreviam no “scriptorium” tornou-
se um lugar comercial urbano, especialmente em Paris, Roma e Holanda. Embora o 
processo de criação de uma Iluminuras não tenha se alterado muito, a mudança dos 
mosteiros para ambientes comerciais foi uma etapa radical. A demanda por 
manuscritoshavia crescido a tal ponto que as bibliotecas monásticas não eram mais 
capazes de satisfazê-la, tanto que começaram a fazer experiências com o pessoas 
que não eram monges. 
Esses indivíduos muitas vezes viviam perto do mosteiro e, em alguns casos, 
disfarçavam-se de monges sempre que entravam no mosteiro, do qual poderiam sair 
no final do dia. Na verdade, os ilustradores eram frequentemente muito conhecidos e 
aclamados e muitos deles são bem conhecidos até hoje. Nesse processo, o artista 
era enviado ao rubricador, que acrescentava os títulos (em vermelho ou não), as 
tampas dos capítulos, as notas e assim por diante, e então era enviado ao ilustrador, 
esse utilizava uma vasta paleta de cores, como podemos observar: 
Um pigmento muito usado era o verde, que podia ser obtido a partir das 
pétalas de plantas como salsa, erva-moura, arruda e madressilva. A planta 
era esmagada e misturada a um gante, um tipo de cola, que, em geral, era a 
clara de ovo. Essa mistura definia o tom de verde que seria obtido, quanto 
mais planta, mais saturado, fazendo a cor ficar mais forte e o líquido mais 
denso. (VISALLI, 2016, p.139). 
Outra prática cultural importante no período medieval foram os tapetes. 
Pendurados nas paredes de pedra dos castelos, em grandes salas e difíceis de 
aquecer, combinavam a função decorativa com a de isolamento térmico durante o 
inverno. O grande sucesso das tapeçarias ao longo dos séculos deve-se 
provavelmente à sua portabilidade. Reis e nobres poderiam enrolá-los e levá-los 
consigo ao viajar entre uma residência e outra, além de auxiliá-los em caso de 
incêndio ou saque. 
De acordo com Jack Tresidder (2003) na obra “Os símbolos e os significados”, 
os tapetes foram produzidos desde a antiguidade, ainda que a dificuldade de 
preservação dos materiais que os compõem, fibras têxteis naturais como a lã, o 
algodão ou o linho, tenha influenciado fortemente a quantidade e a qualidade. As 
tapeçarias mais antigas que chegaram até nós, datam do antigo Egito e da Grécia 
helênica tardia, mas estavam espalhadas por todo o mundo, do Japão à América pré-
colombiana. 
Para Florido Vasconcellos, as tapeçarias coptas, vindas do Egito nos primeiros 
séculos da era cristã, já apresentavam grande habilidade técnica aliada a desenhos 
muito complexos. Em um vaso descoberto em Chiusi do século 4 aC. Penélope e seu 
tear eram representados; a diferença com o tear de hoje usado para a produção de 
tapeçarias, o tear de meia altura, é o método de tensionar a urdidura (conjunto de fios 
de mesmo comprimento reunidos paralelamente no tear por entre os quais se faz a 
trama) e a posição em que o tecido era confeccionado, batido e enrolado para cima. 
No tear de Penélope, os fios da urdidura eram mantidos esticados por pesos de tear; 
nos teares modernos, a tensão era mantida por uma viga parada por uma 
engrenagem. 
O desenvolvimento da tapeçaria na Europa remonta ao início do século XIV, 
primeiro na Alemanha e na Suíça, depois na França e na Holanda. O pico de produção 
foi alcançado no Renascimento, em particular nos Flandres e na França, em Arras, 
Paris, Aubusson, Tournai, Bruxelas, Audenarde, Grammont, Enghien, Beauvais. A 
Royal Gobelins Manufactory, fundada em Paris em 1662, continua a produzir até hoje. 
Também importantes são as tapeçarias flamengas do primeiro quartel do 
século XVI, preservadas na Galeria de Arte Cívica de Forlì: Crucificação com figuras 
e Crucificação com cenas da Paixão, para a qual foi apoiada a atribuição à manufatura 
por Pieter van Aelst. O ciclo do período barroco preservado no Museu Nacional do 
Palazzo Mansi em Lucca também é notável. 
Os maiores artistas da tapeçaria foram Raphael, Pieter Paul Rubens, Simon 
Vouet, Charles Le Brun, François Boucher, Francisco Goya, William Morris, até Pablo 
Picasso, Joan Miró. 
De acordo com Jacques Le Goff em “O Homem Medieval”, o Papa Leão X 
teria encomendado a Rafael um ciclo sobre os “Atos dos Apóstolos”, feito na Flandres 
e repetido várias vezes: trata-se de duas séries completas, uma no Vaticano, outra em 
Mântua no Palácio Ducal, e uma série incompleta, em Urbino. Atualmente, essas artes 
estão no Museu de Victoria e Albert Museum, em Londres. 
Outro famoso ciclo de tapeçarias do século XVI é aquele encomendado pelo 
grão- -duque Cosimo de ‘Medici a Pontormo e Bronzino, um dos maiores mestres do 
maneirismo florentino. O ciclo é dedicado às histórias do patriarca Giuseppe, mas tem 
como subtexto alegórico o bom governo de Cosimo e a indissociabilidade do destino 
de Florença dos da família Médici. 
Figura 4: A dama e o unicórnio. Museu de Cluny, Paris 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Dama_e_o_Unic%C3%B3rnio#/media/Ficheiro:(Toulouse)_Mon_
seul_d%C3%A9sir_(La_Dame_%C3%A0_la_licorne)__Mus%C3%A9e_de_Cluny_Paris.jpg 
Para sua realização, o governo Médici estabeleceu uma fábrica específica, 
inicialmente confiada a mestres fabricantes de tapeçaria dos Alpes. O ciclo, 
constituído por vinte tapeçarias, foi restaurado e está alojado entre Florença, no 
Palazzo Vecchio, sua localização original, onde são guardadas dez tapeçarias, e 
Roma, no palácio do Quirinal, onde as outras dez chegaram em 1882. 
A partir do final do século XVIII, com a transição para a produção industrial e 
o aumento do custo do trabalho (os tempos de processamento muito longos 
determinam custos proibitivos), a moda das tapeçarias começou a declinar como 
manifestação externa do prestígio da aristocracia e foi afetada por fortes mudanças 
sociais do momento: durante a Revolução Francesa, a multidão os queimou não só 
para recuperar os fios de ouro tecidos nas tapeçarias, mas também para destruir as 
bandeiras da classe derrotada. 
 
 
 
 
A arte medieval corresponde a um gênero que englobou distintas categorias, 
na literatura, a mais famosa foram os “Romances” ou “Novelas” de Cavalaria. 
Originárias de poemas épicos, narravam as aventuras de cavaleiros e reinos escritas 
em formas de prosa. 
De acordo com Le Goff em “O homem medieval”, o cavaleiro da Idade Média 
nasceu como um simples guerreiro, um homem armado que ia para a batalha a cavalo, 
lutando com lança e espada. Mas, à medida que a literatura de romance medieval 
começou a florescer no século XII, uma cultura sofisticada de comportamento cortês 
nas relações entre homens e mulheres começou a mudar a imagem idealizada do 
cavaleiro. 
O longo poema de Wace, Brut (por volta de 1155), apresentou a nobreza de 
língua francesa ao lendário Rei Arthur, cuja corte era a maior de todas. Nos reinados 
do rei Henrique II (1154-89) e de Ricardo Coração de Leão (1189-99), guerreiros que 
tinham cortes suntuosas foram celebrados. 
Cada cavaleiro deveria estar pronto para lutar pelo amor de sua amada, com 
suas vitórias ele ganharia seu amor e defenderia sua honra. Nessas linhas, os 
cavaleiros eram absolutamente leais a ela e cumpriam todas as ordens, seja enviá-lo 
em uma missão impossível, expulsá-lo de sua companhia ou acusá-lo de algum crime 
terrível, em um pedido desesperado de ajuda. 
Nesse caso, temos a imersão de um elemento importante, a tragédia. O amor 
de Lancelot por Guinevere nunca terá um final feliz, porque ela é a esposa do Rei 
Arthur. Isso representava o modelo do amor cortês: uma dedicação que une os 
amantes até a morte, mas que nunca resultará em uma união feliz. A devoção de 
Lancelot por Guinevere é perigosa e acabará por destruir a corte: fofocas e calúnias 
revelarão sua relação com o rei e Arthur será forçado a usar suas armas contra seu 
melhor cavaleiro. 
De acordo com José D’Assunção Barros na obra “A arenas dos trovadores – 
as representações das tensões sociais no cancioneiro medieval ibérico (séculos XIII-
XIV)”o amor trágico e idealizado de Lancelot e Guinevere não poderia culminar em 
casamento; pelo contrário, termina com a morte. A tragédia dos amantes é um modelo 
criado na Idade Média e repetido ao longo do tempo. Tristãoe Isolda, Lancelot e 
Guinevere, Romeu e Julieta: cada casal está ligado por um amor impossível, os 
amantes estão condenados pelas circunstâncias. 
Por que o amor está tão intimamente relacionado à morte na literatura? A 
resposta para esses literários é simples. Todos os amores acabam, porque os 
amantes se separam e porque morrem. Portanto, o amor para ser perfeito - contanto 
que seja perfeito e não termine em frieza ou termine em traição - então deve terminar 
em morte. 
Para Xosé Ramón Pena em “Literatura Galega Medieval”, a literatura 
medieval não ilustrou o amor apenas em sua forma trágica, as convenções do amor 
cortês não visavam, encorajar os amantes a abraçar a morte; em vez disso, 
prescreviam regras de conduta para os homens e mulheres da aristocracia, por meio 
da qual o namoro poderia levar ao casamento. Para a nobreza, quase todos os 
casamentos eram arranjados pelas famílias dos casais, muitas vezes quando a 
esposa e o marido eram pouco mais que filhos. 
Mas a Igreja insistia em que o sacramento do matrimônio só fosse válido na 
presença do consentimento pleno e voluntário do casal. Assim, podemos perceber 
outro propósito dessa literatura, cheia de amor à primeira vista, amor pretendido como 
reconhecimento da beleza e status sempre combinado com virtudes e lealdade. Essa 
literatura mostra ao seu público uma versão estética da realidade econômica, 
tornando lindas as transações de casamentos aristocráticos arranjados. 
Assim, podemos perceber outro propósito dessa literatura, cheia de amor à 
primeira vista, amor pretendido como reconhecimento da beleza e status sempre 
combinado com virtudes e lealdade. Esta literatura mostra ao seu público uma versão 
estética da realidade econômica, narrando histórias de casamentos aristocráticos 
arranjados. 
Nessas poesias, dois amantes são nobres, belos, corteses e virtuosos: ele é 
um grande cavalheiro e ela uma dama perfeita. Este é o ideal de amor medieval que 
culmina no casamento. Mas o interessante sobre esse romance com final feliz é que 
não se trata de desejo individual. O ideal é feito para ser adaptável, maleável; pode 
caber qualquer pessoa apropriada. Quando o herói se reúne com sua amante perdida, 
ele não consegue reconhecê-la, observando que “Todas as mulheres parecem iguais”. 
O amor cortês é um ideal de devoção à senhora mais bela e cortês. Em cada história 
de amor haverá um novo cavalheiro que é o maior de todos e que amará e será amado 
por uma nova dama que também é a mais bela. 
 
 
 
 
 
 
 
Nesta unidade buscamos mergulhar nos aspectos culturais da Idade Média, 
reforçando o que foi exposto desde a primeira unidade, esse período não deve ser 
contextualizado como a idade das trevas, mas sim do florescimento das práticas 
culturais, mesmo que muitas dessas estavam sob domínio da igreja, como 
observamos nas edificações góticas e românicas. 
 
 
 
 
 
Título: O patrimônio artístico e as representações discursivas e estéticas do 
sagrado e do fantástico em obras sacras. 
Esse artigo investiga os sentidos do patrimônio e da arte sacra no Brasil e busca 
compreender os efeitos das construções discursivas apoiadas na “negação” das 
identidades culturais e religiosas, distintas das ocidentais, pautando como alguns 
exemplos de representações do fantástico nas artes visuais na Europa e na América 
espanhola e portuguesa. 
 
PELEGRINI. Sandra. O patrimônio artístico e as representações discursivas e estéticas do sagrado e 
do fantástico em obras sacras. Revista Brasileira de História das Religiões – Ano I, no. 1 – Dossiê 
Identidades Religiosas e História. 2007 
Disponível em: 
Disponível em : http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/02%20Sandra%20Pelegrini.pdf 
http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/02%20Sandra%20Pelegrini.pdf
 
LIVRO 
 
Título: O tempo das Catedrais a arte e a sociedade 980 – 
1420 
Autor: Georges Duby 
Editora: Estampa, 1798 
Sinopse: Essa obra de Georges Duby retrata o apogeu 
das construções religiosas durante o período medieval. 
Com uma vasta bibliografia e imagens, o leitor é 
convidado a conhecer um pouco da história desses 
grandes prédios arquitetônicos que marcaram a história 
da humanidade. 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
Título: O sétimo selo 
Ano: 1956 
Sinopse: O drama sueco dirigido por Ingmar Bergman foi 
baseado em uma peça de teatro do mesmo autor. No 
filme, um cavaleiro medieval é desafiado em uma partida 
de xadrez, o seu adversário é a morte. A história se passa 
por meio de uma Europa em crise com a peste negra e 
forte influência e domínio da Igreja católica. O tema 
principal é o medo da morte. 
 
 
 
 
O que são as gárgulas? 
Nessa reportagem, é retratada a história e como um dos objetos da arquitetura gótica 
se tornou presente nas igrejas e fortalezas. As gárgulas eram uma espécie de 
pássaros monstruosos que tinham a finalidade de teatralizar ainda mais as grandes 
edificações. 
Fonte: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-sao-as-gargulas/ 
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-sao-as-gargulas/
 
 
 
Nesta unidade buscamos mergulhar nos aspectos culturais da Idade Média, 
reforçando o que foi exposto desde a primeira unidade, esse período não deve ser 
contextualizado como a idade das trevas, mas sim do florescimento das práticas 
culturais, mesmo que muitas dessas estavam sob domínio da igreja, como 
observamos nas edificações góticas e românicas. 
Na apresentação desse material, foram feitos alguns questionamentos. 
Apresentado todo conteúdo, vamos a eles! 
A Idade Média foi mesmo o período das Trevas? A resposta é não! Esse termo 
foi citado pelos pensadores renascentistas em uma tentativa de denegrir o período 
medieval. Porém durante a Idade Média muitas coisas no que tange ao conhecimento, 
as questões de fé e domínio político sucederam. É fato que por muitos séculos o 
conhecimento esteve atrelado a Igreja, mas isso não significa que esse período foi 
estático. A Idade Média foi uma era dinâmica, do surgimento de novas culturas. 
Outra questão levantada na nossa apresentação foi sobre a figura do rei. Será 
mesmo que o rei medieval foi aquele apresentado em filmes, com poder sob domínio 
e centralizador? A resposta também é não, nesse período o rei perdeu parte do seu 
poder, as invasões bárbaras e tantas outras invasões resultaram na descentralização 
dos domínios dos reis e o surgimento de um novo modo de produção, o feudalismo, 
como vimos na primeira unidade. 
Por último retomamos a questão do conhecimento e das universidades. Elas 
estiveram atreladas apenas a Igreja? Esse é outro mito que derrubamos nessas 
unidades, pois apesar de muitas universidades nasceram ao lado das Igrejas, dos 
mosteiros. O conhecimento não se ateve apenas a Igreja Católica, temos como 
exemplo grandes pensadores da filosofia como os mouro Avicena, Averróis, Alfarabi e 
Algazáli. 
Por meio dessas questões levantadas e dos temas trabalhados nas quatro 
unidades, espero ter propiciado a você aluno um momento de reflexão e análise do 
que foi a Idade Média e como essa foi tratada por muito tempo de forma inconsistente 
por parte de historiadores e outros pesquisadores. Há ainda muitas outras questões a 
serem debatidas e que merecem nossa atenção, afinal a História é uma ciência que 
nunca se esgota, o seu campo de pesquisa é cheio de possibilidades e isso faz com 
que nós profissionais se dediquemos cada vez mais! 
 
 
 
 
 
 
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