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DIREITO DAS SUCESSÕES 
Última atualização: 17/11/2021 
 
Sucessão – Transferência da herança ou do legado em virtude da morte. 
Conceito de Direito das Sucessões: Conjunto de Normas que disciplinam a transferência 
do patrimônio de alguém, para depois de sua morte, ao herdeiro, em virtude de lei ou 
de testamento. 
• Sentido objetivo: Conjunto de normas 
• Sentido subjetivo: Direito de suceder 
Objeto: Sucessão decorrente da morte. 
 
História do Direito das Sucessões 
Diversidade de sexos 
Primogenitura 
Origem histórica: 
Direito Romano 
Direito Germânico 
Direito Canônico 
Fundamento do Direito Sucessório: Propriedade e Família (CF, art. 5.º, incisos XXX e 
XXII). 
CF, art. 5˚ 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXX - é garantido o direito de herança; 
 
Conteúdo do Direito das Sucessões: Livro V do Código Civil – arts. 1.784 a 2.027. 
a) Sucessão em geral – arts. 1.784 a 1.828; 
b) Sucessão legítima – arts. 1.829 a 1.856; 
c) Sucessão testamentária – arts. 1.857 a 1.990; 
d) Inventário e partilha – arts. 1.991 a 2.027. 
- Decreto-Lei n.º 4.657 de 1942 – LINDB 
- Código de Processo Civil 
Algumas leis específicas 
 
2 Sucessão em Geral 
• Sentido amplo – inter vivos 
• Sentido estrito – mortis causa 
Espécies de sucessão: art. 1.786 CC. 
CC, art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade. 
 
a) Legítima – arts 1.788 e 1.829 CC (reservatária). 
Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos 
herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem 
compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o 
testamento caducar, ou for julgado nulo. 
 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso 
Extraordinário nº 646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694) 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se 
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da 
separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime 
 2 
da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens 
particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
 
b) Testamentária – art. 1.857 CC 
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos 
seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. 
§ 1 o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no 
testamento. 
§ 2 o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, 
ainda que o testador somente a elas se tenha limitado. 
q Sucessão Mista 
Liberdade de testar: arts. 1.789, 1.845 e 1.846 do Código Civil. 
- Diferença entre legítima e sucessão legítima. 
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da 
metade da herança. 
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o 
cônjuge. 
Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos 
bens da herança, constituindo a legítima. 
 
Dos Pactos Sucessórios – art. 426 do CC 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
 
Exceções: 
a) Pacto antenupcial (restrição doutrinária) 
b) Ato inter vivos – art. 2.018 CC 
Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de 
última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros 
necessários. 
 
Momento da transmissão da herança 
• Art. 1.784 CC 
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos 
herdeiros legítimos e testamentários. 
 
Deduções importantes: 
a) Legitimação para suceder – momento da abertura da sucessão – art.1.787 CC; 
b) Valor dos bens inventariados; 
c) Premoriência; 
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao 
tempo da abertura daquela. 
 
Transmissão da Posse: Princípio da Saisine – art. 1.784 CC 
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos 
herdeiros legítimos e testamentários. 
 
• Droit de Saisine 
• Le mort saisit le vif 
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• Morte - antecedente lógico (pressuposto e causa) 
• Transmissão – consequência (efeito da morte) 
• Posse indireta do patrimônio 
Comoriência (art. 8.º CC): Importância para o direito sucessório 
Art. 8 o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se 
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-
se-ão simultaneamente mortos. 
 
Sucessões irregulares ou anômalas: 
- Decreto-Lei n.º 3.438/41 (art. 18, § 2.º) – Veda a sucessão de cônjuge em terreno de 
marinha; 
Art. 18. À pessoa estrangeira, física ou jurídica, não serão aforados os 
terrenos de que se trata, exceto: (...) 
§ 2º É proibida a sucessão de cônjuge estrangeiro nos bens de que se trata. 
 
- Decreto-Lei n.º 2.063/40 (art. 12) – Transferência de ações de companhias de seguro 
(não havendo cônjuge, herdeiros ou legatários brasileiros, as ações devem ser vendidas 
na bolsa de valores); 
Art. 12 Será nula de pleno direito a subscrição, cessão, ou transferência de 
ações efetuada com inobservância do art. 9º, como tambem nulos de pleno 
direito serão quaisquer compromissos ou declarações que importem em 
direito sobre ações, por parte de pessoas proibidas de adquiri-las. 
Parágrafo único. Nos casos de transmissão causa mortis, não havendo 
conjuge, herdeiros, ou legatários brasileiros a quem se faça a transferência, 
ou si os estatutos não assegurarem por outra forma a transferência a pessoas 
capazes, serão as ações vendidas em bolsa. 
 
- Decreto-Lei n.º 9.760/46 (art. 205) – Sucessão em terras fronteiriças – Necessidade de 
pronunciamento do Conselho Nacional de Segurança; 
Art. 205. A pessoa estrangeira, física ou jurídica, não serão alienadas, 
concedidos ou transferidos imóveis da União situados nas zonas de que trata 
a letra a do art. 100, exceto se houver autorização do Presidente da 
República. 
§ 1º Fica dispensada a autorização quando se tratar de unidade autônoma de 
condomínios, regulados pela Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, desde 
que o imóvel esteja situado em zona urbana, e as frações ideais pretendidas, 
em seu conjunto, não ultrapassem 1/3 (um terço) de sua área total. 
§ 2o A competência prevista neste artigo poderá ser delegada ao Ministro de 
Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, permitida a subdelegação ao 
Secretário do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, 
Orçamento e Gestão. 
§ 3o Exclusivamente para pessoas físicas, fica dispensada a autorização 
quando se tratar de transferência de titularidade de terrenos de até mil 
metros quadrados, situados dentro da faixa de cem metros ao longo da costa 
marítima. 
§ 4o A dispensa de que trata o § 3o deste artigo aplica-se, também, aos 
processos de transferência protocolados na Secretaria do Patrimônio da 
União (SPU) até 22 de dezembro de 2016. 
 
- Decreto-Lei n.º 227/67 – Transmissão de pesquisa mineral somente aos herdeiros 
necessários; (revogado pela Lei n˚ 9.314/1996) 
Art 22. A autorização será conferida nas seguintes condições, além das 
demais constantes dêste Código: 
 4 
I - O título será pessoal e sòmente transmissível no caso de herdeiros 
necessários ou cônjuge sobrevivente, bem como no de sucessão comercial, 
desde que o sucessor satisfaça os requisitos dos números I, IV e V, do Art. 16. 
 
- Decreto-Lei n.º 5.384/43 – Seguro de vida (ausência de beneficiários descritos na 
apólice – metade ao cônjuge e metade aos herdeiros); 
Art. 1º Na falta de beneficiário nomeado, o seguro de vida será pago metade 
à mulher e metade aos herdeiros do segurado. 
Parágrafo único. Na falta das pessoas acima indicadas, serão beneficiários os 
que dentro de seis meses reclamarem o pagamento do seguro o provarem 
que a morte do segurado os privou de meios para proverem sua subsistência. 
Fora desses casos, será beneficiária a União. 
 
- Lei n.º 6.858/80 – FGTS, PIS OU PASEP (valores pagos, em quotas iguais, aos 
dependentes habilitados perante a PrevidênciaSocial ou na forma da legislação 
específica dos servidores civis e militares e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei 
civil, indicados em alvará judicial, independentemente de inventário ou arrolamento); 
Art. 1º - Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os 
montantes das contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço 
e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos 
respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos dependentes 
habilitados perante a Previdência Social ou na forma da legislação específica 
dos servidores civis e militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei 
civil, indicados em alvará judicial, independentemente de inventário ou 
arrolamento. 
§ 1º - As quotas atribuídas a menores ficarão depositadas em caderneta de 
poupança, rendendo juros e correção monetária, e só serão disponíveis após 
o menor completar 18 (dezoito) anos, salvo autorização do juiz para aquisição 
de imóvel destinado à residência do menor e de sua família ou para dispêndio 
necessário à subsistência e educação do menor. 
§ 2º - Inexistindo dependentes ou sucessores, os valores de que trata este 
artigo reverterão em favor, respectivamente, do Fundo de Previdência e 
Assistência Social, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou do Fundo 
de Participação PIS-PASEP, conforme se tratar de quantias devidas pelo 
empregador ou de contas de FGTS e do Fundo PIS PASEP. 
Art. 2º O disposto nesta Lei se aplica às restituições relativas ao imposto de 
renda e outros tributos, recolhidos por pessoa física, e, não existindo outros 
bens sujeitos a inventário, aos saldos bancários e de contas de cadernetas de 
poupança e fundos de investimento de valor até 500 (quinhentas) Obrigações 
Reajustáveis do Tesouro Nacional. 
Parágrafo único. Na hipótese de inexistirem dependentes ou sucessores do 
titular, os valores referidos neste artigo reverterão em favor do Fundo de 
Previdência e Assistência Social. 
 
- Art. 520 do CC – Direito de Preferência (Não passa aos herdeiros). 
Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros. 
 
3. Espécies de Sucessores 
Sujeitos passivos da sucessão: 
 
 
 
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- Legatários 
- Herdeiro universal 
 
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o 
cônjuge. 
Art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o 
testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar. 
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos 
seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. 
§ 1 o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no 
testamento. 
§ 2 o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, 
ainda que o testador somente a elas se tenha limitado. 
 
Modalidades sucessórias: 
a) Sucessão singular 
b) Sucessão universal – art. 1.791 CC. 
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários 
sejam os herdeiros. 
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à 
propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas 
relativas ao condomínio. 
 
v Município – Herdeiro obrigatório ou destinatário final da herança? 
 
Legitimidade para participar da sucessão 
- Capacidade – art. 1.798 CC 
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no 
momento da abertura da sucessão. 
 
Princípios a serem observados: 
a) São capazes de receber por testamento àqueles que a lei não retira a capacidade (art. 
1.801 CC); 
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: 
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou 
companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; 
II - as testemunhas do testamento; 
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver 
separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; 
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem 
se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. 
 
b) Podem suceder as pessoas naturais ou jurídicas; 
c) Como condição, exige-se que o beneficiário sobreviva ao autor da herança. 
Herdeiros
Legítimos
Necessários 
(art. 1.845, CC)
Facultativos 
(art. 1.850, CC)
Testamentários 
(art. 1.857, CC)
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Incapacidade absoluta – art. 1.798 CC 
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no 
momento da abertura da sucessão. 
 
Exceção: art. 1.799, I CC (Prole eventual) 
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: 
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde 
que vivas estas ao abrir-se a sucessão; 
 
Art. 1.800 CC 
Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança 
serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz. 
§ 1 o Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa 
cujo filho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas 
indicadas no art. 1.775. 
§ 2 o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, 
regem-se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que 
couber. 
§ 3 o Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, 
com os frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador. 
§ 4 o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido 
o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do 
testador, caberão aos herdeiros legítimos. 
 
Incapacidade relativa – art. 1.801 CC 
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: 
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou 
companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; 
II - as testemunhas do testamento; 
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver 
separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; 
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem 
se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. 
 
Hipóteses 
- Nulidade/Simulação de contrato oneroso ou interposição de pessoa – art. 1.802 CC 
Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não 
legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato 
oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa. 
 
- Presunção de interposição de pessoa – art.1.802, P. único, CC 
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os 
descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a 
suceder. 
 
- Filho do testador – art. 1.803 CC 
Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do 
testador. 
 
Lugar da abertura da sucessão (Inventário) 
Art. 10, § 2.º da LINDB – domicílio do herdeiro 
 7 
LINDB, art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país 
em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a 
natureza e a situação dos bens. 
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela 
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os 
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. 
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para 
suceder. 
 
Art. 1.785 do Código Civil 
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. 
 
Conflitos Interespaciais: 
- Art. 71, do CC 
CC, Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, 
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. 
 
- Arts. 48 e 49, do CPC 
CPC, Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o 
competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de 
disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha 
extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito 
tenha ocorrido no estrangeiro. 
Parágrafo único.Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é 
competente: 
I - o foro de situação dos bens imóveis; 
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; 
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do 
espólio. 
 
CPC, Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu 
último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a 
partilha e o cumprimento de disposições testamentária. 
 
- Art. 23, do CPC 
CPC, Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de 
qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de 
testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, 
ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha 
domicílio fora do território nacional; 
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder 
à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade 
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. 
 
Art. 5.º, XXXI, da CF “a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada 
pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes 
seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus"; 
 
Aceitação da herança 
- Delação – oferecimento da herança aos herdeiros. Ocorre no momento da morte. 
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- Aceitação/Adição da herança – ato pelo qual a pessoa declara que deseja ser herdeira. 
Art. 1.804 CC 
Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao 
herdeiro, desde a abertura da sucessão. 
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro 
renuncia à herança. 
 
Formas: art. 1.805 CC 
- Expressa 
- Tácita 
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração 
escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da 
qualidade de herdeiro. 
 
Atos oficiosos – § 1.º 
§ 1 o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral 
do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda 
provisória. 
 
Cessão - § 2.º 
§ 2 o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da 
herança, aos demais co-herdeiros. 
 
Aceitação presumida – art. 1.807 CC 
Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a 
herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo 
razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob 
pena de se haver a herança por aceita. 
 
Aceitação pelo herdeiro – art. 1.809 CC 
Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o 
poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação 
adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada. 
Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da 
aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão 
aceitar ou renunciar a primeira. 
 
Renúncia da herança 
- Forma: Expressa - art. 1.806 CC 
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de 
instrumento público ou termo judicial. 
 
• Demissão da qualidade de herdeiro. É ato unilateral 
• Ato puro e simples 
• Renúncia in favorem – 2% + 2% 
(Valor do ITCMD - Amazonas – 2% - Lei Complementar n.º 66/2008 – Art. 119). 
- Liberdade de renunciar. Restrições: 
a) Pessoa casada 
b) Renúncia lesiva a credores – art. 1.813 CC. 
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à 
herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do 
renunciante. 
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§ 1 o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao 
conhecimento do fato. 
§ 2 o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao 
remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros. 
 
- Aceitação e renúncia parcial, condicional ou a termo – art. 1.808 CC 
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob 
condição ou a termo. 
§ 1 o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando 
a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los. Herdeiro legítimo e legatário. 
§ 2 o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão 
hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar 
quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia. Herdeiro legítimo e 
testamentário (quinhão hereditário). 
 
v Exceções: 
• Herdeiro que recebe por dois títulos diversos – art. 1.808, § 1.º CC 
• Herdeiro que recebe quinhões diversos – art. 1.808, § 2.º CC 
- Irrevogabilidade – art. 1.812 CC 
Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança. 
 
- Responsabilidade dos herdeiros pelas dívidas da herança – art. 1.792 CC 
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da 
herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário 
que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados. 
 
ü Aceitação com benefício de inventário (in favorem) 
 
4. DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO 
Exclusão por indignidade 
- Conceito e fundamento 
- Causas de exclusão – art. 1.814 CC 
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: 
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, 
ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, 
companheiro, ascendente ou descendente; 
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou 
incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; 
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor 
da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. 
 
- Reconhecimento jurídico da indignidade e legitimidade – art. 1.815, caput e *§ 
2.º, CC 
Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de 
indignidade, será declarada por sentença. 
§ 1 o O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se 
em 4 anos, contados da abertura da sucessão. 
§ 2 o Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem 
legitimidade para demandar a exclusão do herdeiro ou legatário. 
 
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• Enunciado n.º 116 CEJ (Conselho da Justiça Federal): “O MP, por força do artigo 
1.815 do CC, tem legitimidade para propor ação visando a declaração de 
ilegitimidade de herdeiro ou legatário.” 
* Alteração dada pela Lei n.º 13.532/2017 
 
- Prazo – art. 1.815, § 1.º, CC 
§ 1 o O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se 
em 4 anos, contados da abertura da sucessão. 
 
- Reabilitação do indigno - art. 1.818 CC 
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da 
herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente 
reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico. 
 
- Perdão do indigno – art. 1.818, parágrafo único CC 
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado 
em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa 
da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária. 
 
Reabilitação tácita. Só no limite do testamento, mas continua excluído da legítima. 
 
- Eleitos do reconhecimento da indignidade: 
a) Caráter pessoal – art. 1.816 CC; 
Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro 
excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão. 
 
b) Ausência de usufruto e administração – art. 1.816, parágrafo único do CC; 
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à 
administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à 
sucessão eventual desses bens. 
 
c) Validade das alienações e dos atos administrativos – art. 1.817 CC. 
Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros 
de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, 
antes da sentença de exclusão;mas aos herdeiros subsiste, quando 
prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos. 
 
d) Restituição dos frutos, mas tem direito a indenização – art. 1.817, p. único CC 
Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e 
rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a 
ser indenizado das despesas com a conservação deles. 
 
Exclusão por deserdação 
- Conceito 
- Causas de deserdação: arts. 1.814, 1.962 e 1.963 CC. 
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: 
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, 
ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, 
companheiro, ascendente ou descendente; 
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou 
incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; 
 11 
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor 
da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. 
 
Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a 
deserdação dos descendentes por seus ascendentes: 
I - ofensa física; 
II - injúria grave; 
III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; 
IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. 
 
O cônjuge pode ser deserdado? Sim. Somente nas hipóteses por indignidade do art. 1.814. 
 
Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a 
deserdação dos ascendentes pelos descendentes: 
I - ofensa física; 
II - injúria grave; 
III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou 
com o marido ou companheiro da filha ou o da neta; 
IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave 
enfermidade. 
 
PL n.º 3.145/2015 – acrescenta um inciso nos arts. 1.962 e 1.963, CC (considera o 
abandono afetivo e moral como causa para deserdação). No dia 30/10/2019 foi 
remetido ao Senado Federal. 
Autor: Vicentinho Júnior do PSB/TO / Remessa ao Senado 
 
- Requisitos: 
a) Testamento válido – art. 1.964 CC; 
Art. 1.964. Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação 
ser ordenada em testamento. 
 
b) Causa expressa em lei – arts. 1.814, 1.962 e 1.963 CC; 
 
c) Herdeiros necessários – arts. 1.961 e 1.845 CC; 
Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou 
deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão. 
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o 
cônjuge. 
 
d) Comprovação do motivo indicado – art. 1.965 CC; 
Art. 1.965. Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação, 
incumbe provar a veracidade da causa alegada pelo testador. 
 
- Prazo: art. 1.965, parágrafo único CC 
Parágrafo único. O direito de provar a causa da deserdação extingue-se no 
prazo de 4 anos, a contar da data da abertura do testamento. 
- Efeitos da deserdação: 
a) Perda da herança; 
b) Caráter pessoal da pena; 
c) Necessidade de preservação do acervo (durante a ação); 
d) Validade do testamento em caso de não confirmação da deserdação. 
 
 12 
Semelhança entre os institutos: mesma finalidade. 
 
Diferenças entre os institutos: 
- Prazo; 
- Vontade: lei / testador; 
- Sucessão legítima / testamentária; 
- Herdeiros atingidos. 
 
Diferenças entre a exclusão por indignidade e deserdação: 
- Mesmo objetivo: afastar da herança/sucessão o herdeiro que se comportou de forma indigna para 
com o autor da herança ou seus parentes próximos. 
- Prazo: 4 anos. Contagem a partir da abertura da sucessão/abertura ou publicidade do testamento. 
- Vontade: EI reside na vontade da própria lei/ deserdação (a causa tem que estar na lei), mas 
depende da vontade do testador. 
-Aplicabilidade: EI pode excluir qualquer tipo de herdeiro (legítimos, legatários ou necessários) / 
Deserdação decorre da sucessão testamentária (só os herdeiros necessários). 
 
Lembre-se que a indignidade, instituto com natureza punitiva, implica exclusão da 
sucessão do herdeiro ou legatário, por razões de ordem ética. Penaliza-se o herdeiro 
que se conduziu de forma injusta contra o autor da herança de modo a merecer 
reprimenda, tanto do ponto de vista moral como legal. 
(...) Como se sabe, o rol das hipóteses que ensejam a exclusão da sucessão por 
indignidade não é taxativo. Adota-se o entendimento doutrinário segundo o qual os 
casos de indignidade consagram uma tipicidade delimitativa, a comportar analogia 
limitada, de modo que se mostra necessário verificar os valores que se pretendeu 
defender na tipicidade legal, permitindo que, para situações nas quais esses mesmos 
valores estejam em jogo, possa ser aplicada idêntica solução legal, sob pena de absurda 
incoerência (cf., Mauro Antonini, Código Civil Comentado, Cezar Peluso, Manole, 1o ed., 
p. 1.971, Ilustra o mesmo autor: “alguns exemplos servem para demonstrar a 
necessidade dessa analogia. O inc. I faz menção exclusiva a homicídio doloso. Em 
termos técnico-jurídicos, não se confunde homicídio doloso com induzimento e 
instigação ao suicídio, com latrocínio ou com extorsão mediante seqüestro qualificada 
pela morte. Nestes três outros crimes, porém, o mesmo valor que a norma visa 
preservar foi atingido (...) Seria de absurda incoerência não estender a esses exemplos 
a mesma sanção civil” (idem, p.1972). 
No caso, a reprimenda civil se justifica. 
Conquanto a morte não tenha sido provocada dolosamente, a lesão corporal e a 
ocultação de cadáver o foram. E tais crimes praticados pelo réu contra a autora da 
herança são de altíssima gravidade. 
Ora, se uma singela ofensa verbal (crime contra a honra) pode levar à indignidade, o que 
dirá de graves ofensas físicas causadoras de morte e, ainda, a ocultação de cadáver. 
(TJSP. Apelação no 9215521-04.2007.8.26.0000. Rel. Amaral Salles. Julgado em: 
15.08.2013). 
 
5. Herança Jacente e Herança Vacante 
- Conceito e natureza jurídica da herança jacente. 
- Casos de jacência: art. 1.819 CC 
Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo 
notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão 
 13 
sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor 
devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância. 
 
a) Sem testamento; 
b) Com testamento. 
Hipóteses: inexistência de herdeiros conhecidos ou renúncia. 
v Filho concebido 
Prole eventual – art. 1.799, I CC 
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: 
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde 
que vivas estas ao abrir-se a sucessão; 
 
 
- Arrecadação da herança: Art. 1.819 CC e arts. 738 a 740 do CPC 
Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo 
notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão 
sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor 
devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância. 
 
CPC, Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em 
cuja comarca tiver domicílio o falecido procederá imediatamente à 
arrecadação dos respectivos bens. 
 
CPC, Art. 739. A herança jacente ficará sob a guarda, a conservação e a 
administração de um curador até a respectiva entrega ao sucessor 
legalmente habilitado ou até a declaração de vacância. 
§ 1º Incumbe ao curador: 
I - representar a herança em juízo ou fora dele, com intervenção do Ministério 
Público; 
II - ter em boa guarda e conservação os bens arrecadados e promover a 
arrecadação de outros porventura existentes; 
III - executar as medidas conservatórias dos direitos da herança; 
IV - apresentar mensalmente ao juiz balancete da receita e da despesa; 
V - prestar contas ao final de sua gestão. 
§ 2º Aplica-se ao curador o disposto nos arts. 159 a 161 . 
 
CPC, Art. 740. O juiz ordenará que o oficial de justiça, acompanhado do 
escrivão ou do chefe de secretaria e do curador, arrole os bens e descreva-os 
em autocircunstanciado. 
§ 1º Não podendo comparecer ao local, o juiz requisitará à autoridade policial 
que proceda à arrecadação e ao arrolamento dos bens, com 2 (duas) 
testemunhas, que assistirão às diligências. 
§ 2º Não estando ainda nomeado o curador, o juiz designará depositário e lhe 
entregará os bens, mediante simples termo nos autos, depois de 
compromissado. 
§ 3º Durante a arrecadação, o juiz ou a autoridade policial inquirirá os 
moradores da casa e da vizinhança sobre a qualificação do falecido, o 
paradeiro de seus sucessores e a existência de outros bens, lavrando-se de 
tudo auto de inquirição e informação. 
§ 4º O juiz examinará reservadamente os papéis, as cartas missivas e os livros 
domésticos e, verificando que não apresentam interesse, mandará 
empacotá-los e lacrá-los para serem assim entregues aos sucessores do 
falecido ou queimados quando os bens forem declarados vacantes. 
§ 5º Se constar ao juiz a existência de bens em outra comarca, mandará 
expedir carta precatória a fim de serem arrecadados. 
 14 
§ 6º Não se fará a arrecadação, ou essa será suspensa, quando, iniciada, 
apresentarem-se para reclamar os bens o cônjuge ou companheiro, o 
herdeiro ou o testamenteiro notoriamente reconhecido e não houver 
oposição motivada do curador, de qualquer interessado, do Ministério 
Público ou do representante da Fazenda Pública. 
 
- Investigação, comparecimento e habilitação do herdeiro para receber a deixa: 
artigos 1.820 do CC e 741 do CPC 
Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, 
serão expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido 1 ano de sua 
primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, 
será a herança declarada vacante. 
 
Art. 741. Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será 
publicado na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que 
estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de 
Justiça, onde permanecerá por 3 (três) meses, ou, não havendo sítio, no órgão 
oficial e na imprensa da comarca, por 3 (três) vezes com intervalos de 1 (um) 
mês, para que os sucessores do falecido venham a habilitar-se no prazo de 6 
(seis) meses contado da primeira publicação. 
§ 1º Verificada a existência de sucessor ou de testamenteiro em lugar certo, 
far-se-á a sua citação, sem prejuízo do edital. 
§ 2º Quando o falecido for estrangeiro, será também comunicado o fato à 
autoridade consular. 
§ 3º Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do 
testamenteiro ou provada a identidade do cônjuge ou companheiro, a 
arrecadação converter-se-á em inventário. 
§ 4º Os credores da herança poderão habilitar-se como nos inventários ou 
propor a ação de cobrança. 
 
• Obrigações do curador: art. 739, § 1.º, CPC 
§ 1º Incumbe ao curador: 
I - representar a herança em juízo ou fora dele, com intervenção do Ministério 
Público; 
II - ter em boa guarda e conservação os bens arrecadados e promover a 
arrecadação de outros porventura existentes; 
III - executar as medidas conservatórias dos direitos da herança; 
IV - apresentar mensalmente ao juiz balancete da receita e da despesa; 
V - prestar contas ao final de sua gestão. 
 
- Habilitação – reconhecimento do herdeiro – arts. 687 a 692 do CPC 
CPC, art. 687. A habilitação ocorre quando, por falecimento de qualquer das 
partes, os interessados houverem de suceder-lhe no processo. 
 Art. 688. A habilitação pode ser requerida: 
I - pela parte, em relação aos sucessores do falecido; 
II - pelos sucessores do falecido, em relação à parte. 
 Art. 689. Proceder-se-á à habilitação nos autos do processo principal, na 
instância em que estiver, suspendendo-se, a partir de então, o processo. 
 Art. 690. Recebida a petição, o juiz ordenará a citação dos requeridos para 
se pronunciarem no prazo de 5 (cinco) dias. 
Parágrafo único. A citação será pessoal, se a parte não tiver procurador 
constituído nos autos. 
 Art. 691. O juiz decidirá o pedido de habilitação imediatamente, salvo se este 
for impugnado e houver necessidade de dilação probatória diversa da 
 15 
documental, caso em que determinará que o pedido seja autuado em 
apartado e disporá sobre a instrução. 
 Art. 692. Transitada em julgado a sentença de habilitação, o processo 
principal retomará o seu curso, e cópia da sentença será juntada aos autos 
respectivos. 
 
- Prazo para habilitação: art. 741, CPC 
 * art. 743, CPC 
Art. 741. Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será 
publicado na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que 
estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de 
Justiça, onde permanecerá por 3 (três) meses, ou, não havendo sítio, no órgão 
oficial e na imprensa da comarca, por 3 (três) vezes com intervalos de 1 (um) 
mês, para que os sucessores do falecido venham a habilitar-se no prazo de 6 
(seis) meses contado da primeira publicação. 
§ 1º Verificada a existência de sucessor ou de testamenteiro em lugar certo, 
far-se-á a sua citação, sem prejuízo do edital. 
§ 2º Quando o falecido for estrangeiro, será também comunicado o fato à 
autoridade consular. 
§ 3º Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do 
testamenteiro ou provada a identidade do cônjuge ou companheiro, a 
arrecadação converter-se-á em inventário. 
§ 4º Os credores da herança poderão habilitar-se como nos inventários ou 
propor a ação de cobrança. 
 
Art. 743. Passado 1 (um) ano da primeira publicação do edital e não havendo 
herdeiro habilitado nem habilitação pendente, será a herança declarada 
vacante. 
§ 1º Pendendo habilitação, a vacância será declarada pela mesma sentença 
que a julgar improcedente, aguardando-se, no caso de serem diversas as 
habilitações, o julgamento da última. 
§ 2º Transitada em julgado a sentença que declarou a vacância, o cônjuge, o 
companheiro, os herdeiros e os credores só poderão reclamar o seu direito 
por ação direta. 
 
- Declaração de vacância: art. 1.820 e 1.823 CC 
Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, 
serão expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido 1 ano de sua 
primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, 
será a herança declarada vacante. 
Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será 
esta desde logo declarada vacante. 
 
- Conceito de herança vacante 
- Efeitos da declaração de vacância: 
a) Encerrar a herança jacente (art. 1.820 CC); 
b) Transferir a administração para o Poder Público – art. 1.822 e 1.844 CC; 
Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros 
que legalmente se habilitarem; mas, decorridos 5 anos da abertura da 
sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do 
Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-
se ao domínio da União quando situados em território federal. 
Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os 
colaterais ficarão excluídos da sucessão. 
 16 
Só poderão se habilitar os herdeiros legítimos necessários. 
 
c) Afastar os colaterais – art. 1.822, p. único CC; 
- Prazo para o domínio dos bens passar ao Poder Público. 
- Destino dos bens – Decreto-Lei n.º 8.207/1845. 
Art. 3º Adquirindo o domínio dos bens arrecadados, a União, o Estado a 
aplicá-los em fundações destinadas ou o Distrito Federal ficam obrigados ao 
desenvolvimento do ensino universitário, e o Ministério Público respectivo 
velará or essa aplicação. 
 
6. Petição de herança 
- Conceito – art. 1.824 CC 
Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o 
reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da 
herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo 
sem título, a possua. 
Duplo objeto: 
1) Reconhecimento do direito sucessório; 
2) Devolução dos bens hereditários. 
 
Prazo de 10 anos. 
 
Depois da partilha– ação autônoma. 
- Objeto da petição de herança: 
1) Reconhecimento do direito sucessório; 
2) Devolução dos bens hereditários. 
v Forma de proteção à qualidade de sucessor 
- O autor deve: comprovar sua qualidade de herdeiro e que os bens que 
pertencem a herança estão em poder do réu. 
- Direito exercido por apenas um dos herdeiros – art. 1.825 CC 
Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos 
herdeiros, poderá compreender todos os bens hereditários. 
Por quê? Ela se transmite como um todo unitário, em razão da indivisibilidade e da universalidade 
da herança. 
 
- Admite-se que antes da partilha o herdeiro demande sua admissão nos autos da 
ação de inventário, não sendo necessária ação autônoma. Caso o inventário 
esteja encerrado deve o herdeiro ingressar com a ação de petição de herança - 
art. 628 do CPC. 
Art. 628. Aquele que se julgar preterido poderá demandar sua admissão no 
inventário, requerendo-a antes da partilha. 
§ 1º Ouvidas as partes no prazo de 15 (quinze) dias, o juiz decidirá. 
§ 2º Se para solução da questão for necessária a produção de provas que não 
a documental, o juiz remeterá o requerente às vias ordinárias, mandando 
reservar, em poder do inventariante, o quinhão do herdeiro excluído até que 
se decida o litígio. 
 
- Restituição por parte do possuidor e responsabilidade – art. 1.826 CC. 
Art. 1.826. O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do 
acervo, fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado o 
disposto nos arts. 1.214 a 1.222. 
 17 
Parágrafo único. A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de 
aferir pelas regras concernentes à posse de má-fé e à mora. 
 
- Direito de demandar contra terceiros – art. 1.827 CC. 
Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder 
de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo 
valor dos bens alienados. 
Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo 
herdeiro aparente a terceiro de boa-fé. 
 
- Pagamento de legado – art. 1.828 CC 
Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não 
está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a 
este o direito de proceder contra quem o recebeu. 
 
- Prescrição – Súmula 149 do STF (arts. 205 e 198, I do CC). 
- SÚMULA 149 -É IMPRESCRITÍVEL A AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE, MAS NÃO O É A 
DE PETIÇÃO DE HERANÇA. 
- Art. 205 do CC – 10 anos da abertura da sucessão. 
- 
- Enquanto não nasce a ação, não ocorre a prescrição. 
CC, art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado 
prazo menor. 
 
Art. 198. Também não corre a prescrição: 
I - contra os incapazes de que trata o art. 3 o ; 
 
- Cumulação com outras ações. 
 
7. ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 
Sucessão legítima – art. 1.829 CC 
- Chamamento das classes: falta da precedente e exclusão dos mais remotos 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, 
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no 
da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no 
regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens 
particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente (e companheiros); 
IV - aos colaterais. 
 
Sucessão em linha reta: descendentes e ascendentes 
- Descendentes – art. 1.829, I e arts. 1.833 a 1.835 CC 
Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais 
remotos, salvo o direito de representação. 
Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros 
descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no 
mesmo grau. 
 
- Ascendentes – art. 1.829, II e art. 1.836 CC 
 18 
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os 
ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente. 
§ 1 o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, 
sem distinção de linhas. 
Na linha reta, não há limitação de grau. 
Na linha ascendente não existe o direito de representação. 
 
Diversidade em linhas - § 2.º do art. 1.836 CC 
§ 2 o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da 
linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna. 
 
 
 
 
 
Sucessão do Cônjuge – art. 1.829, III CC 
• Reconhecimento do direito sucessório – art. 1.830 CC 
 19 
* Casados em qualquer regime, mas separados de fato há mais de dois anos, não tem 
direito à herança do outro cônjuge (Fonte: STJ). 
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge 
sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados 
judicialmente, nem separados de fato há mais de 2 anos, salvo prova, neste 
caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do 
sobrevivente. 
Bens adquiridos durante o casamento, herança é do cônjuge. Bens adquiridos durante a convivência, 
a herança é do companheiro, independentemente do regime de bens. 
Qualquer atribuição de culpa deve ser iniciada durante a vida do cônjuge. 
Atenção!!! O divórcio rompe o vínculo conjugal. 
Art. 1.723, §1˚. 
 
* Existência de União Estável – art. 1.723, § 1.º, CC 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o 
homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura 
e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
§ 1 o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 
1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada 
se achar separada de fato ou judicialmente. 
Art. 1.521. Não podem casar: 
VI - as pessoas casadas; 
 
* A discussão acerca da “culpa” deve, para que se enquadre na exceção imposta, 
necessariamente, ter sido iniciada antes da abertura da sucessão, ou seja, ser anterior 
ao falecimento do ex-cônjuge. Caso contrário estar-se-ia possibilitando uma discussão 
post mortem totalmente descabida. 
• Direito real de habitação – art. 1.831 CC 
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será 
assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito 
real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, 
desde que seja o único daquela natureza a inventariar. 
• Direito real de habitação não é herança. 
 
Teoria da Concorrência 
Concorrência com os descendentes – art. 1.829, I, segunda parte, e art. 1.832 CC. 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, 
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no 
da separação obrigatória de bens (art. 1.641, parágrafo único); ou se, no 
regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens 
particulares; 
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá 
ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a 
sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos 
herdeiros com que concorrer. 
 
 
 
 
 
 
 20 
Regimes em que há concorrência. 
Concorre Não concorre 
Separação convencional de bens. Comunhão universal 
Comunhão parcial, se o cônjuge deixou 
bens particulares. 
Regime da separação obrigatória* (I - das 
pessoas que o contraírem com 
inobservância das causas suspensivas da 
celebração do casamento; II – da pessoa 
maior de 70 (setenta) anos; III - de todos 
os que dependerem, para casar, de 
suprimento judicial.) 
Participação final nos aquestos. Comunhão parcial, se o cônjuge não 
deixou bens particulares. 
 
Toda vez que o cônjuge for meeiro, não será herdeiro, quando se tratar da concorrência com os 
descendentes. 
 
 
*Súmula n˚ 377 STF: No regime de separação legal de bens (separação obrigatória), 
comunicam-se os adquiridos (a título oneroso ou gratuito)na constância do casamento. 
Portanto, o cônjuge pode ter direito à meação em relação aos bens adquiridos durante a constância do 
casamento durante o regime de separação obrigatória, mas herdeiro ele não será. 
 
Separação de bens: Art. 1.832, 1˚ parte. 
 21 
 
 
Comunhão parcial, se o cônjuge deixou bens particulares: 
- Nos bens comuns não há herança, pois o cônjuge sobrevivente é meeiro. 
- Nos bens particulares, tendo em vista que o cônjuge não é meeiro, ele concorre com 
os descendentes e tem direito a quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, art. 
1.832, 1˚ parte. 
 
 
Regime da participação final nos aquestos: 
 
CC, art. 1.672. No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge 
possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, 
à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens 
adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento. 
CC, art. 1.685. Na dissolução da sociedade conjugal por morte, verificar-se-á 
a meação do cônjuge sobrevivente de conformidade com os artigos 
antecedentes, deferindo-se a herança aos herdeiros na forma estabelecida 
neste Código. 
 22 
 
 
Enunciado 270 do CJF: “O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito 
de concorrência com os descendentes do autor da herança quando casados no regime 
da separação convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou 
participação final nos aqüestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que 
a concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser 
partilhados exclusivamente entre os descendentes.” 
 
Atenção!!! Nos bens em que o cônjuge é meeiro ele não concorre com os descendentes. 
 
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. DIREITO DAS SUCESSÕES. CÔNJUGE SOBREVIVENTE. REGIME 
DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS. HERDEIRO NECESSÁRIO. EXISTÊNCIA DE 
DESCENDENTES DO CÔNJUGE FALECIDO. CONCORRÊNCIA. ACERVO HEREDITÁRIO. 
EXISTÊNCIA DE BENS PARTICULARES DO DE CUJUS. INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.829, I, 
DO CÓDIGO CIVIL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. 1. Não se constata 
violação ao art. 535 do Código de Processo Civil quando a Corte de origem dirime, 
fundamentadamente, todas as questões que lhe foram submetidas. Havendo 
manifestação expressa acerca dos temas necessários à integral solução da lide, ainda 
que em sentido contrário à pretensão da parte, fica afastada qualquer omissão, 
contradição ou obscuridade. 2. Nos termos do art. 1.829, I, do Código Civil de 2002, o 
cônjuge sobrevivente, casado no regime de comunhão parcial de bens, concorrerá com 
os descendentes do cônjuge falecido somente quando este tiver deixado bens 
particulares. 3. A referida concorrência dar-se-á exclusivamente quanto aos bens 
particulares constantes do acervo hereditário do de cujus. 4. Recurso especial provido. 
RECURSO ESPECIAL Nº 1.368.123 - SP (2012/0103103-3) 
 
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
DIREITO DE FAMÍLIA. CASAMENTO. SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS (ARTS. 258, II, 
DO CC/1916 E 1.641, II, DO CC/2002). PARTILHA. PATRIMÔNIO. ESFORÇO COMUM. 
PROVA. INDISPENSABILIDADE. SÚMULA No 377/STF. INTERPRETAÇÃO. ART. 1.829, I, DO 
CÓDIGO CIVIL. HERANÇA. CÔNJUGE. DESCENDENTES. CONCORRÊNCIA. 
 23 
IMPOSSIBILIDADE. LEGISLAÇÃO. APLICABILIDADE. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA. 
REVOLVIMENTO PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA No 7/STJ. 1. Recurso 
especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 
1973 (Enunciados Administrativos nos 2 e 3/STJ). 2. A jurisprudência desta Corte 
encontra-se consolidada no sentido de que, no regime de separação obrigatória de 
bens, comunicam-se aqueles adquiridos na constância do casamento desde que 
comprovado o esforço comum para sua aquisição, consoante interpretação conferida à 
Súmula no 377/STF. 3. O regime da separação convencional de bens, escolhido 
livremente pelos nubentes, à luz do princípio da autonomia de vontade (por meio do 
pacto antenupcial), não se confunde com o regime da separação legal ou obrigatória de 
bens, que é imposto de forma cogente pela legislação (arts. 1.641 do Código Civil de 
2002 e 258 do Código Civil de 1916) e no qual efetivamente não há concorrência do 
cônjuge com o descendente. 
4. Eventual direito à divisão de bens objeto de esforço comum depende de prova, o que 
não pode ser avaliado nesta fase processual por ensejar usurpação de competência e 
pelo óbice da Súmula no 7/STJ. 5. Agravo interno não provido. AgInt no AgRg no 
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL N° 233788 - MG (2012/0183267-5) 
 
ATENÇÃO!!! AVISO IMPORTANTE!!! 
 
Enunciado 527 da V JDC: “Na concorrência entre o cônjuge e os herdeiros do de cujus, 
não será reservada a quarta parte da herança para o sobrevivente no caso de filiação 
híbrida.” 
 
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá 
ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a 
sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos 
herdeiros com que concorrer. 
 
Obs.: Se o cônjuge sobrevivente for ascendente (pai, mãe, avô, avó etc) dos herdeiros 
com quem concorrer, sua cota parte deve ser, no mínimo, de ¼ da herança. Isso não se 
aplica aos casos de filiação híbrida, ou seja, o de cujus tem filiação de outro casamento 
ou união estável. 
 
 
 24 
 
 
 
 
 
Exercício 1: 
 
 
 
 25 
 
R.: 
Regime de bens: Comunhão parcial de bens 
Afonso tinha bens particulares: R$ 180.000,00 
Bens que adquiriu na constância do casamento (comuns): R$ 50.000,00 + R$500.000,00 
= R$ 550.000,00 
Quantidade de filhos: 4 + 1(filiação híbrida) 
 
Fundamentação: CC, art. 1.829, I, c/c 1.832, 1˚ parte. 
 
E se os filhos fossem comuns? 
 
Fundamentação: CC, art. 1.829, I, c/c 1.832, 2˚ parte. 
 
 
 26 
Exercício 2: 
 
 
R.: 
Regime de bens: Separação convencional de bens. 
Bens que adquiriu na constância do casamento: R$ 380.000,00 + R$ 340.000,00= R$ 
720.000,00 
Quantidade de filhos: 4 
 
Cota parte de Maria Carolina: R$ 720.000,00/4 = R$ 180.000,00 
Cota parte de cada filho = (R$ 720.000,00 - R$ 180.000,00)/4 = R$ 135.000,00 
(Fundamentação: CC, art. 1.829, I, c/c 1.832, 2˚ parte). 
 
 
1) Sílvio era casado com Vânia pelo regime da comunhão parcial de bens. Durante o 
casamento Sílvio adquiriu um apartamento no valor de R$600.000,00 e um carro no 
valor de R$60.000,00. Antes de casar Sílvio tinha um terreno no valor de R$570.000,00. 
O casal teve quatro filhos, Eliana, Vanessa, Elba e Cristiano. O falecido possuía, ainda, 
um filho do seu primeiro casamento de nome Pedro. Sílvio faleceu no dia 20 de janeiro 
do ano em curso, sem deixar testamento. Diante da situação hipotética descrita, 
explique como se dará a divisão da herança a ser atribuída aos herdeiros em razão do 
falecimento de Sílvio, levando em consideração para a sua resposta apenas a divisão dos 
bens em valores, sem precisar fracioná-los. 
R.: 
- Regime da comunhão parcial de bens 
- Bens que adquiriu na constância do casamento: R$600.000,00 + R$60.000,00 = R$ 
660.000,00. 
- Bens adquiridos antes do casamento (particulares): R$ 570.000,00. 
 27 
Quantidade de filhos: 4 bilaterais +1 unilateral. 
 
- Bens que adquiriu na constância do casamento: 
• Para cada filho: R$ 330.000,00/5= R$ 66.000,00 
 
- Bens adquiridos antes do casamento (particulares): 
• CS: R$ 570.000,00/6 = R$ 95.000,00 
• Cada filho = R$ 95.000,00 
 
2) Sílvio era casado com Vânia pelo regime da separação de bens convencional. Durante 
o casamento Sílvio adquiriu um apartamento no valor de R$600.000,00 e um carro no 
valor de R$60.000,00. Antes de casar Sílvio tinha um terreno no valor de R$520.000,00. 
Vânia adquiriu durante o casamento uma casa no valor de R$700.000,00. O casal teve 
quatro filhos, Eliana, Vanessa, Elba e Cristiano. Sílvio faleceu no dia 20 de janeiro do ano 
em curso, sem deixar testamento. Diante da situação hipotética descrita, explique como 
se dará a divisão da herança a ser atribuída aos herdeiros em razão dofalecimento de 
Sílvio, levando em consideração para a sua resposta apenas a divisão dos bens em 
valores, sem precisar fracioná-los. 
R.: 
- Regime da separação de bens convencional. 
- Bens particulares = R$600.000,00 + R$60.000,00 + R$520.000,00 = R$ 1.180.000,00. 
- 4 filhos bilaterais. (reserva de ¼ para o CS) 
• CS = R$ 1.180.000,00/4 = R$ 295.000,00 
• Cada filho: (R$ 1.180.000,00 - R$ 295.000,00)/4 = R$ 221.250,00. 
 
3) Sílvio era casado com Vânia pelo regime da participação final nos aquestos. Durante 
o casamento Sílvio adquiriu um apartamento no valor de R$400.000,00 e um carro no 
valor de R$80.000,00. Antes de casar Sílvio tinha um terreno no valor de R$570.000,00. 
Vânia adquiriu antes de casar uma casa no valor de R$500.000,00. O casal teve quatro 
filhos, Eliana, Vanessa, Elba e Cristiano. O falecido possuía, ainda, um filho do seu 
primeiro casamento de nome Pedro. Sílvio faleceu no dia 20 de janeiro do ano em curso, 
sem deixar testamento. Diante da situação hipotética descrita, explique como se dará a 
divisão da herança a ser atribuída aos herdeiros em razão do falecimento de Sílvio, 
levando em consideração para a sua resposta apenas a divisão dos bens em valores, sem 
precisar fracioná-los. 
R.: 
- Regime da participação final nos aquestos. 
- Bens adquiridos no casamento = R$400.000,00 + R$80.000,00 = R$ 480.000,00 (CS tem 
direito à meação) 
- Bens adquiridos antes do casamento = R$570.000,00 (particular) 
- Filhos = 4 bilaterais + 1 unilateral = 5 filhos (divisão igual) 
• CS: 
o Direito à meação em relação aos bens adquiridos a título oneroso 
durante o casamento: R$ 240.000 
o Em relação aos bens particulares: R$ 570.000/6= 95.000,00. 
• Para cada filhos: 
o Bens adquiridos durante o casamento: R$240.000,00/5= R$48.000,00. 
 28 
o Bens particulares: R$ 570.000/6= 95.000,00. 
 
4) André, casado com Vânia pelo regime da separação total convencional, faleceu no dia 
20 de janeiro do corrente ano. André adquiriu durante sua vida um apartamento no 
valor de R$ 600.000,00 e um carro no valor de 80.000,00 e um barco no valor de R$ 
160.000,00. André não deixou descendentes, mas seus pais, Carolina e Carlos estão 
vivos. Explique como se dará a transferência do patrimônio de André, levando em 
consideração para a sua resposta apenas a divisão da herança em valores, sem precisar 
fracionar os respectivos bens. 
R.: 
- Regime da separação total convencional 
- Bens particulares de André: R$ 600.000,00 + R$80.000,00+ R$ 160.000,00= 
R$840.000,00. 
• CS: R$ 280.000,00 
• 1/3 Linha paterna: R$ 280.000,00. 
• 1/3 Linha materna: R$ 280.000,00. 
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em 
concorrência com o cônjuge sobrevivente. 
(...) 
§ 2 o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha 
paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna. 
 
5) Évelin, casada com Carlos pelo regime da comunhão parcial de bens, faleceu ab 
intestato. Durante o casamento, o casal adquiriu um apartamento no valor de R$ 
300.000,00, um terreno no valor de R$ 100.000,00 e dois carros no valor de R$ 
40.000,00. Évelin, além de não deixar descendentes, também não tinha os pais vivos. 
Seus avós paternos, Vanessa e Alberto, e seu avô materno, João, estão vivos. Explique 
como se dará a transferência do patrimônio de Évelin, levando em consideração para a 
sua resposta apenas a divisão da herança em valores, sem precisar fracionar os 
respectivos bens. (Cada carro custa 40.000,00) 
R.: 
- Regime da comunhão parcial de bens 
- Bens comuns: R$ 300.000,00+ R$ 100.000,00+R$80.000,00 = R$480.000,00. 
Herança de Évelin: R$ 480.000,00/2 = R$240.000,00. 
• CS: R$240.000,00/2 = R$ 120.000,00 
• Linha paterna: (R$ 120.000,00/2)/2 = R$60.000,00 
o Vanessa: R$ 30.000,00 
o Alberto: R$ 30.000,00 
• Linha materna: (R$ 120.000,00/2)/2 = R$60.000,00 
o João: R$60.000,00. 
 
6) José faleceu no dia 22 de junho de 2021. Durante sua vida, José adquiriu um 
patrimônio no valor de R$ 560.000,00. José não deixou descendentes, ascendentes ou 
cônjuge, mas possuía 5 irmãos, sendo que Maria e Zélia eram bilaterais e Caio, Geraldo 
e Laerte, unilaterais. Explique como se dará a transferência do patrimônio, levando em 
consideração para a sua resposta apenas a divisão da herança em valores, sem precisar 
fracionar os respectivos bens. 
 29 
R.: 
Herança: R$ 560.000,00 
Irmão bilaterais (2x): 2 
Irmãos unilaterais (x): 3 
2x+2x+x+x+x=560.000 
7x=560.000 
x=560.000/7=80.000 
• Cada irmão bilateral irá receber R$ 160.000,00 
• Cada irmão unilateral irá receber R$ 80.000,00. 
 
7) José faleceu no dia 10 de agosto de 2021. Durante sua vida, José adquiriu um 
patrimônio no valor de R$ 920.000,00. José não deixou descendentes, ascendentes ou 
cônjuge, mas possuía 4 irmãos, sendo que João, Luiz e Laina eram bilaterais e Josefa, 
unilateral. Explique como se dará a transferência do patrimônio, levando em 
consideração para a sua resposta apenas a divisão da herança em valores, sem precisar 
fracionar os respectivos bens. 
R.: 
Herança: R$ 920.000,00 
Irmão bilaterais (2x): 3 
Irmãos unilaterais (x): 1 
2x+2x+2x+x=920.000 
7x=920.000 
x=920.000/7=131.428,57. 
• Cada irmão bilateral irá receber R$ 262.857,14. 
• Cada irmão unilateral irá receber R$ 131.428,57. 
 
 30 
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 
 
Origem e conceito de testamento 
Características: art. 1.858 CC 
a) Negócio unilateral 
b) Personalíssimo 
c) Solene 
d) Gratuito 
e) Mortis Causa 
f) Revogável 
Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo. 
 
– Disposições de caráter não patrimonial – art. 1.857, §2.º CC 
CC, art. 1.857, § 2˚ São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o 
testador somente a elas se tenha limitado. 
 
Capacidade para fazer testamento – arts. 1.857, caput e 1.860 CC 
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, 
para depois de sua morte. 
 
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno 
discernimento. 
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. 
• Pródigo: pode fazer testamento. 
• Maiores de 16 anos – art. 1.860, p. único 
Maior de 16 anos não necessita de assistência ou representação para realizar ato de última vontade. 
- Legítima - art. 1.857, §1.º CC 
§ 1 o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento. 
 
Testamento Conjuntivo – art. 1.863 CC 
Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo. 
• Mão comum / Mancomunado 
a) Simultâneo ou mão comum – duas pessoas (marido e mulher) que beneficiam um 
terceiro; 
b) Recíproco – disposições mútuas sendo herdeiro o sobrevivente; 
c) Correspectivo – disposições em benefício do outro ou de terceiro como compensação 
(retribuição de vantagem correspondente). 
 
Formas ordinárias de testar – art. 1.862 CC 
Art. 1.862. São testamentos ordinários: 
I - o público; 
II - o cerrado; 
III - o particular. 
 
Público: 
- Requisitos – art. 1.864 CC 
- Não sabe ou não pode assinar – art. 1.865 CC 
- Surdo – art. 1.866 CC 
 31 
- Cego – art. 1.867 CC 
Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público: 
I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com as declarações 
do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos; 
II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas testemunhas, a um só 
tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial; 
III - ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião. 
Parágrafo único. O testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, bem como ser 
feito pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de notas, desde que rubricadas 
todas as páginas pelo testador, se mais de uma. 
 
Art. 1.865. Se o testador não souber,ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o 
declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias. 
 
Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber, 
designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas. 
 
Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma 
pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo testador, 
fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento. 
 
Publicação / Apresentação – art. 736 CPC 
Art. 736. Qualquer interessado, exibindo o traslado ou a certidão de testamento público, poderá requerer 
ao juiz que ordene o seu cumprimento, observando-se, no que couber, o disposto nos parágrafos do art. 
735 . 
 
Art. 735. Recebendo testamento cerrado, o juiz, se não achar vício externo que o torne suspeito de 
nulidade ou falsidade, o abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença do apresentante. 
§ 1º Do termo de abertura constarão o nome do apresentante e como ele obteve o testamento, a data e 
o lugar do falecimento do testador, com as respectivas provas, e qualquer circunstância digna de nota. 
§ 2º Depois de ouvido o Ministério Público, não havendo dúvidas a serem esclarecidas, o juiz mandará 
registrar, arquivar e cumprir o testamento. 
§ 3º Feito o registro, será intimado o testamenteiro para assinar o termo da testamentária. 
§ 4º Se não houver testamenteiro nomeado ou se ele estiver ausente ou não aceitar o encargo, o juiz 
nomeará testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal. 
§ 5º O testamenteiro deverá cumprir as disposições testamentárias e prestar contas em juízo do que 
recebeu e despendeu, observando-se o disposto em lei. 
 
Cerrado: 
- Místico ou secreto 
- Elementos 
- Requisitos / Formalidades para aprovação – art. 1.868 CC 
- Auto de aprovação – art. 1.869 CC 
- Ato escrito a rogo / aprovação – art. 1.870 CC 
- Idioma – art. 1.871 CC 
- Analfabeto e cego – art. 1.872 CC 
- Surdo-mudo – art. 1.873 CC 
- Guarda do testamento – art. 1.874 CC 
- Publicação / Apresentação – art. 1.875 CC e art. 735 CPC 
- Revogação – art. 1.972 CC 
 
 32 
Art. 1.868. O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado, 
será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas as seguintes formalidades: 
I - que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas; 
II - que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado; 
III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia, em 
seguida, ao testador e testemunhas; 
IV - que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador. 
Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu subscritor numere 
e autentique, com a sua assinatura, todas as páginas. 
 
Art. 1.869. O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da última palavra do 
testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presença das 
testemunhas; passando a cerrar e coser o instrumento aprovado. 
Parágrafo único. Se não houver espaço na última folha do testamento, para início da aprovação, o tabelião 
aporá nele o seu sinal público, mencionando a circunstância no auto. 
 
Art. 1.870. Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo do testador, poderá, não obstante, aprová-lo. 
 
Art. 1.871. O testamento pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira, pelo próprio testador, ou por 
outrem, a seu rogo. 
 
Art. 1.872. NÃO PODE DISPOR de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler. 
Cego ou analfabeto. 
 
Art. 1.873. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o escreva todo, e o assine de sua 
mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, escreva, na face externa do papel 
ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede. 
 
Art. 1.874. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o tabelião lançará, 
no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue. 
 
Art. 1.875. Falecido o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará registrar, 
ordenando seja cumprido, se não achar vício externo que o torne eivado de nulidade ou suspeito de 
falsidade. 
Só o juiz pode abrir o testamento cerrado. 
 
Art. 1.972. O testamento cerrado que o testador abrir ou dilacerar, ou for aberto ou dilacerado com seu 
consentimento, haver-se-á como revogado. 
 
Art. 735. Recebendo testamento cerrado, o juiz, se não achar vício externo que o torne suspeito de 
nulidade ou falsidade, o abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença do apresentante. 
§ 1º Do termo de abertura constarão o nome do apresentante e como ele obteve o testamento, a data e 
o lugar do falecimento do testador, com as respectivas provas, e qualquer circunstância digna de nota. 
§ 2º Depois de ouvido o Ministério Público, não havendo dúvidas a serem esclarecidas, o juiz mandará 
registrar, arquivar e cumprir o testamento. 
§ 3º Feito o registro, será intimado o testamenteiro para assinar o termo da testamentária. 
§ 4º Se não houver testamenteiro nomeado ou se ele estiver ausente ou não aceitar o encargo, o juiz 
nomeará testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal. 
§ 5º O testamenteiro deverá cumprir as disposições testamentárias e prestar contas em juízo do que 
recebeu e despendeu, observando-se o disposto em lei. 
 
Se um herdeiro inutilizar um testamento cerrado ele é excluído por indignidade: 
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: 
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor 
livremente de seus bens por ato de última vontade. 
 
 33 
Testamento público NÃO PODE ser escrito em língua estrangeira. Todo documento público deve ser escrito 
em língua nacional. 
 
Particular: 
- Aberto ou hológrafo (holo = inteiro + graphos = escrito) 
- Formalidades – art. 1.876 CC 
v Não pode ser escrito a rogo 
- Idioma – art. 1.880 CC 
- Publicação / Apresentação – art. 1.877 CC e art. 737 CPC 
- Intimação das testemunhas – art. 1.878 CC 
- Aprovação em situações excepcionais – art. 1.879 CC 
v Enunciado 611, da Jornada de Direito Civil 
 
Art. 1.876. O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico. 
Não pode ser escrito a rogo. 
§ 1 o Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por quem o 
escreveu, na presença de pelo menos TRÊS TESTEMUNHAS, que o devem subscrever. 
§ 2 o Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, devendo ser 
assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos TRÊS TESTEMUNHAS, que o 
subscreverão. 
Espaçamento simples. 
 
Art. 1.877. Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com citação dos herdeiros legítimos. 
 
Art. 1.878. Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição, ou, ao menos, sobre a sua leitura 
perante elas, e se reconhecerem as próprias assinaturas, assim como a do testador, o testamento será 
confirmado. 
Parágrafo único. Se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos uma delas o 
reconhecer, o testamento poderá ser confirmado, se, a critério do juiz, houver prova suficiente de sua 
veracidade. 
 
Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de próprio punho 
e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz. 
Enunciado 611 JDC: “O testamento hológrafo simplificado, previsto no art. 1.879 do Código Civil, perderá 
sua eficácia se, nos 90 dias subsequentes ao fim das circunstâncias excepcionais que autorizaram a sua 
confecção, o disponente, podendo fazê-lo, não testarpor uma das formas testamentárias ordinárias”. 
 
Art. 1.880. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas 
a compreendam. 
 
Formas especiais de testar: arts. 1.886 e seguintes. 
Art. 1.886. São testamentos especiais: 
I - o marítimo; 
II - o aeronáutico; 
III - o militar. 
 
Art. 1.887. Não se admitem outros testamentos especiais além dos contemplados neste Código. 
 
Seção II 
Do Testamento Marítimo e do Testamento Aeronáutico 
 
 34 
Art. 1.888. Quem estiver em viagem, a bordo de navio nacional, de guerra ou mercante, pode testar 
perante o comandante, em presença de duas testemunhas, por forma que corresponda ao testamento 
público ou ao cerrado. 
Parágrafo único. O registro do testamento será feito no diário de bordo. 
 
Art. 1.889. Quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, pode testar perante pessoa 
designada pelo comandante, observado o disposto no artigo antecedente. 
 
Art. 1.890. O testamento marítimo ou aeronáutico ficará sob a guarda do comandante, que o entregará 
às autoridades administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional, contra recibo averbado no diário 
de bordo. 
 
Art. 1.891. Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não morrer na viagem, nem 
nos noventa dias subseqüentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinária, outro 
testamento. 
 
Art. 1.892. Não valerá o testamento marítimo, ainda que feito no curso de uma viagem, se, ao tempo em 
que se fez, o navio estava em porto onde o testador pudesse desembarcar e testar na forma ordinária. 
 
Seção III 
Do Testamento Militar 
 
Art. 1.893. O testamento dos militares e demais pessoas a serviço das Forças Armadas em campanha, 
dentro do País ou fora dele, assim como em praça sitiada, ou que esteja de comunicações interrompidas, 
poderá fazer-se, não havendo tabelião ou seu substituto legal, ante duas, ou três testemunhas, se o 
testador não puder, ou não souber assinar, caso em que assinará por ele uma delas. 
§ 1 o Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento será escrito pelo 
respectivo comandante, ainda que de graduação ou posto inferior. 
§ 2 o Se o testador estiver em tratamento em hospital, o testamento será escrito pelo respectivo oficial de 
saúde, ou pelo diretor do estabelecimento. 
§ 3 o Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por aquele que o substituir. 
 
Art. 1.894. Se o testador souber escrever, poderá fazer o testamento de seu punho, contanto que o date e 
assine por extenso, e o apresente aberto ou cerrado, na presença de duas testemunhas ao auditor, ou ao 
oficial de patente, que lhe faça as vezes neste mister. 
Parágrafo único. O auditor, ou o oficial a quem o testamento se apresente notará, em qualquer parte dele, 
lugar, dia, mês e ano, em que lhe for apresentado, nota esta que será assinada por ele e pelas 
testemunhas. 
 
Art. 1.895. Caduca o testamento militar, desde que, depois dele, o testador esteja, noventa dias seguidos, 
em lugar onde possa testar na forma ordinária, salvo se esse testamento apresentar as solenidades 
prescritas no parágrafo único do artigo antecedente. 
 
Art. 1.896. As pessoas designadas no art. 1.893, estando empenhadas em combate, ou feridas, podem 
testar oralmente, confiando a sua última vontade a duas testemunhas. 
Parágrafo único. Não terá efeito o testamento se o testador não morrer na guerra ou convalescer do 
ferimento. 
 
Formas de nomeação do herdeiro ou do legatário – art. 1.897 CC 
Art. 1.897. A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente, sob condição, para 
certo fim ou modo, ou por certo motivo. 
a) Pura e simples 
b) Sob condição 
c) Modal ou com encargo (para certo fim) 
d) Causal (por causa de – pessoa que cuidou de outra no final da vida) 
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e) A termo – art. 1.898 CC 
Art. 1.898. A designação do tempo em que deva começar ou cessar o direito do herdeiro, salvo nas 
disposições fideicomissárias, TER-SE-Á POR NÃO ESCRITA. 
 
FIDEICOMISSO: Só pode ser instituído em favor dos não concebidos. 
O FIDEICOMITENTE (testador), que é a figura do testador, que institui a substituição mediante sua 
declaração de vontade; 
O FIDUCIÁRIO (1˚ beneficiário), pessoa de confiança do testador que será responsável para suceder no 
lugar no autor da herança, encarregado de cuidar do patrimônio deixado e, posteriormente, repassar para 
o fideicomissário; 
O FIDEICOMISSÁRIO (2˚ beneficiário), que é o último destinatário da herança ou do legado que vai receber 
em razão da morte do fiduciário ou então se for realizada certa condição ou no caso de passado o tempo 
estabelecido pelo testador. 
 
Art. 1.952. A substituição fideicomissária somente se permite em favor dos não concebidos ao tempo da 
morte do testador. 
 
Redução das disposições testamentárias 
- Objetivo 
- Ordem de redução – art. 1.967 CC 
- Prédio divisível – art. 1.968 CC 
- Prédio indivisível – art. 1.968, §§ 1º e 2º CC 
- Ação de redução – momento: se o excesso ocorrer por meio da doação, o herdeiro 
prejudicado não precisa aguardar a sucessão para entrar com a ação de redução. Tendo o 
excesso sido feito por meio de testamento, o herdeiro tem que aguardar a abertura da sucessão. 
 
Art. 1.967. As disposições que excederem a parte disponível reduzir-se-ão aos limites dela, de 
conformidade com o disposto nos parágrafos seguintes. 
§ 1 o Em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção disponível, serão 
proporcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde baste, e, não 
bastando, também os legados, na proporção do seu valor. 
§ 2 o Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem (mantenham intocados), de preferência, 
certos herdeiros e legatários, a redução far-se-á nos outros quinhões ou legados, observando-se a seu 
respeito a ordem estabelecida no parágrafo antecedente. 
 
Art. 1.968. Quando consistir em prédio DIVISÍVEL o legado sujeito a redução, far-se-á esta dividindo-o 
proporcionalmente. 
§ 1 o SE NÃO FOR POSSÍVEL A DIVISÃO, e o excesso do legado montar a mais de um quarto do valor do 
prédio, o legatário deixará inteiro na herança o imóvel legado, ficando com o direito de pedir aos herdeiros 
o valor que couber na parte disponível; se o excesso não for de mais de um quarto, aos herdeiros fará 
tornar em dinheiro o legatário, que ficará com o prédio. 
 
Se o excesso for > ¼ do valor do prédio: o legatário entrega o prédio e pede dos herdeiros o valor disponível 
que o couber; 
Se o excesso for < ¼ do valor do prédio: o legatário fica com o prédio e entrega aos herdeiros valor em 
dinheiro do que cabia a redução. 
 
§ 2 o Se o legatário for ao mesmo tempo herdeiro necessário, poderá inteirar sua legítima no mesmo 
imóvel, de preferência aos outros, sempre que ela e a parte subsistente do legado lhe absorverem o valor. 
 
A redução só se faz a requerimento do herdeiro legítimo necessário. 
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A legítima é um direito disponível do herdeiro legítimo necessário. Se houver dois herdeiros legítimos 
necessários e um quiser e outro não reivindicar o excesso, o que reivindicar só pode fazer pela sua parte e 
não pelo todo. 
 
Ordem de preferência da redução: 
1˚ reduz da parte dos herdeiros instituídos; 
2˚ reduz da parte dos legatários, na proporção do seu valor. 
Obs.: O testador pode dispor de forma diversa. 
 
Interpretação dos testamentos 
- Arts. 1.899 e 112 CC 
Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que 
melhor assegure a observância da vontade do testador. 
 
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao 
sentido literal da linguagem. 
- Erro na designação do herdeiro ou do legatário e da coisa legada – art. 1.903 CC 
a) Erro substancial – qualidades essenciais (anula-se a disposição testamentária) 
b) Erro acidental – qualidades secundárias (se por outros meios for possível identificar a realvontade do testador, essa vontade deve prevalecer) 
- Rateio de herança – arts. 1.904 a 1.908 CC 
Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada anula a 
disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos inequívocos, se 
puder identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria referir-se. 
 
Art. 1.904. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte de cada um, partilhar-
se-á por igual, entre todos, a porção disponível do testador. 
 
Art. 1.905. Se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros coletivamente, a herança 
será dividida em tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos designados. 
ATENÇÃO!!! Questão de prova! 
 
Art. 1.906. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem toda a herança, o 
remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem da vocação hereditária. 
 
Art. 1.907. Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros herdeiros, distribuir-se-á por 
igual a estes últimos o que restar, depois de completas as porções hereditárias dos primeiros. 
 
Art. 1.908. Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e determinado objeto, dentre 
os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos. 
 
Cláusula de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade 
- Art. 1.911 CC 
Art. 1.911. A cláusula de INALIENABILIDADE, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica 
IMPENHORABILIDADE e INCOMUNICABILIDADE. 
A clausulação se encerra com a morte do herdeiro testamentário, não passando para os sucessores deste. 
Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, por conveniência 
econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o produto da venda converter-se-
á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros. 
- Na sucessão legítima – art. 1.848 CC 
Art. 1.848. SALVO SE HOUVER JUSTA CAUSA, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer 
cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os BENS DA LEGÍTIMA. 
 37 
§ 1 o Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos BENS DA LEGÍTIMA em outros de espécie 
diversa. 
§ 2 o Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens gravados, 
convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros. 
- Espécies: 
- Temporária ou vitalícia 
- Absoluta (sobre todos os bens) ou relativa 
- Desapropriação ou alienação – art. 1.911, p. único, CC. 
Art. 1.911, Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, por 
conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o produto da venda 
converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros. 
- Art. 2.042, CC 
Art. 2.042. Aplica-se o disposto no caput do art. 1.848, quando aberta a sucessão no prazo de um ano após 
a entrada em vigor deste Código, ainda que o testamento tenha sido feito na vigência do anterior, Lei 
n o 3.071, de 1 o de janeiro de 1916 ; se, no prazo, o testador não aditar o testamento para declarar a 
justa causa de cláusula aposta à legítima, não subsistirá a restrição. 
 
- Deserdação bona mente (pro bono) – visa proteger o herdeiro. Sua finalidade não é 
sancionatória, mas tutelar, feita pelo autor da herança, o qual estabelece uma 
blindagem no patrimônio. Daí a expressão “pro bono” (boa intenção). Ocorre com a 
imposição de clausulação aos bens. 
 
Invalidade do testamento 
a) Revogação – art. 1.858 CC 
Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo. 
- Forma – art. 1.969 CC 
• Total ou parcial – art. 1.970 CC 
- Revogação e caducidade – art. 1.971 CC 
- Revogação do testamento cerrado – art. 1.972 CC 
Art. 1.969. O testamento pode ser revogado pelo mesmo modo e forma como pode ser feito. 
 
Art. 1.970. A revogação do testamento pode ser total ou parcial. 
Parágrafo único. Se parcial, ou se o testamento posterior não contiver cláusula revogatória expressa, o 
anterior subsiste em tudo que não for contrário ao posterior. 
 
Art. 1.971. A REVOGAÇÃO PRODUZIRÁ SEUS EFEITOS, ainda quando o testamento, que a encerra, VIER A 
CADUCAR por exclusão, incapacidade ou renúncia do herdeiro nele nomeado; NÃO VALERÁ, se o 
testamento revogatório for ANULADO por omissão ou infração de solenidades essenciais ou por vícios 
intrínsecos. 
 
Art. 1.972. O testamento cerrado que o testador abrir ou dilacerar, ou for aberto ou dilacerado com seu 
consentimento, haver-se-á como revogado. 
b) Rompimento – arts. 1.973 a 1.975 CC 
Art. 1.973. Sobrevindo DESCENDENTE SUCESSÍVEL ao testador, que NÃO O TINHA OU NÃO O CONHECIA 
quando testou, ROMPE-SE O TESTAMENTO em todas as suas disposições, se esse descendente sobreviver 
ao testador. 
 
Art. 1.974. Rompe-se também o testamento feito na ignorância de existirem outros herdeiros necessários. 
 
Art. 1.975. Não se rompe o testamento, se o testador dispuser da sua metade, não contemplando os 
herdeiros necessários de cuja existência saiba, ou quando os exclua dessa parte. 
 38 
c) Caducidade – Fato superveniente (Vide art. 1.939, CC) 
Art. 1.939. Caducará o legado: 
I - se, depois do testamento, o testador modificar a coisa legada, ao ponto de já não ter a forma nem lhe 
caber a denominação que possuía; 
II - se o testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte a coisa legada; nesse caso, caducará até 
onde ela deixou de pertencer ao testador; 
III - se a coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem culpa do herdeiro ou legatário incumbido 
do seu cumprimento; 
IV - se o legatário for excluído da sucessão, nos termos do art. 1.815; 
V - se o legatário falecer antes do testador. 
d) Nulidade – art. 1.900 CC 
Art. 1.900. É nula a disposição: 
I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha, também por 
testamento, em benefício do testador, ou de terceiro; 
II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar; 
III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro; 
IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado; 
V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802. 
 
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. 
 
Em matéria de testamento, a doutrina entende que, ainda que ele seja nulo, é possível que ele produza 
efeito. O prazo que o interessado tem para requerer a nulidade esbarra no prazo para pedir a herança (10 
anos). 
e) Anulabilidade – art. 1.909 CC 
Erro – Falsa noção da realidade 
Dolo – captação da vontade do testador 
Coação – Pressão moral, psicológica 
Art. 1.909. São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação. 
Parágrafo único. EXTINGUE-SE em QUATRO ANOS o direito de ANULAR a disposição, contados de quando 
o interessado tiver conhecimento do vício. 
• Prazo: P. único do art. 1.909, CC – 4 anos. (*) 
Impugnação do testamento – Prazo – art. 1.859, CC – 5 anos 
• Descumprimento de formalidades 
• Prazo decadencial 
• Nulidade – art. 169, CC (posição majoritária e jurisprudencial) 
Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, CONTADO O PRAZO 
DA DATA DO SEU REGISTRO. 
 
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. 
Ineficácia de outras cláusulas – art. 1.910 CC 
Art. 1.910. A ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem aquela, não teriam 
sido determinadas pelo testador. 
Espécies de disposições válidas: arts. 1.901 e 1.902, CC 
• Pessoa incerta 
• Remuneração de serviços prestados (causal) 
• Em favor dos pobres, dos estabelecimentos de caridade e de assistência pública 
Art. 1.901. VALERÁ a disposição: 
I - em favor de pessoaincerta que deva ser determinada por terceiro, dentre duas ou mais pessoas 
mencionadas pelo testador, ou pertencentes a uma família, ou a um corpo coletivo, ou a um 
estabelecimento por ele designado; 
 39 
II - em remuneração de serviços prestados ao testador, por ocasião da moléstia de que faleceu, ainda que 
fique ao arbítrio do herdeiro ou de outrem determinar o valor do legado. Disposição causal. 
 
Art. 1.902. A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos particulares de caridade, ou dos 
de assistência pública, entender-se-á relativa aos pobres do lugar do domicílio do testador ao tempo de 
sua morte, ou dos estabelecimentos aí sitos, salvo se manifestamente constar que tinha em mente 
beneficiar os de outra localidade. 
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, as INSTITUIÇÕES PARTICULARES preferirão sempre às públicas. 
 
Direito de acrescer 
- Conceito – art. 1.941 CC 
- Beneficiários: Herdeiros e Legatários 
- Hipóteses de aplicação – art. 1.943 CC 
- Cláusula conjuntiva ou disjuntiva 
• Conjuntiva: beneficiando 02 ou mais pessoas em conjunto. Ex.: deixo uma casa 
para A e B. 
• Disjuntiva: determino a quota-parte de cada um. Ex.: Se deixar 50% para A e 50% 
para B. 
- Direito de acrescer entre os colegatários - Art. 1.942 CC 
Obrigações – P. Único do art. 1.943. CC 
- Não ocorrência do direito de acrescer / retorno para os herdeiros legítimos - Art. 
1.944 CC 
• Princípios fundamentais: 
a) Vontade presumida do autor da herança; 
b) Evitar o fracionamento da coisa; 
c) Ocorre entre coerdeiros e colegatários 
d) Havendo instituições distintas e não conjuntas não haverá o direito de acrescer. 
 
- Pressupostos: 
1) Deixa dos mesmos bens ou mesma porção; 
2) Ausência de quotas hereditárias determinadas. 
- Espécies de disposições conjuntas: 
a) Conjunção mista (re et verbis) - Conjuntiva 
b) Conjunção real (re tantum) - Conjuntiva 
c) Conjunção verbal (verbis tantum) – Disjuntiva 
- Renúncia do acréscimo – art. 1.945 CC 
- No Legado de Usufruto – art. 1.946 CC 
Art. 1.941. Quando vários herdeiros, pela mesma disposição testamentária, forem conjuntamente 
chamados à herança em quinhões não determinados, e qualquer deles não puder ou não quiser aceitá-la, 
a sua parte acrescerá à dos co-herdeiros, salvo o direito do substituto. 
 
Art. 1.942. O direito de acrescer competirá aos co-legatários, quando nomeados conjuntamente a respeito 
de uma só coisa, determinada e certa, ou quando o objeto do legado não puder ser dividido sem risco de 
desvalorização. 
 
Art. 1.943. Se um dos co-herdeiros ou co-legatários, nas condições do artigo antecedente, morrer antes 
do testador; se renunciar a herança ou legado, ou destes for excluído, e, se a condição sob a qual foi 
instituído não se verificar, acrescerá o seu quinhão, salvo o direito do substituto, à parte dos co-herdeiros 
ou co-legatários conjuntos. 
Parágrafo único. Os co-herdeiros ou co-legatários, aos quais acresceu o quinhão daquele que não quis ou 
não pôde suceder, ficam sujeitos às obrigações ou encargos que o oneravam. 
 40 
 
Art. 1.944. Quando não se efetua o direito de acrescer, transmite-se aos herdeiros legítimos a quota vaga 
do nomeado. 
Parágrafo único. Não existindo o direito de acrescer entre os co-legatários, a quota do que faltar acresce 
ao herdeiro ou ao legatário incumbido de satisfazer esse legado, ou a todos os herdeiros, na proporção 
dos seus quinhões, se o legado se deduziu da herança. 
 
Art. 1.945. Não pode o beneficiário do acréscimo repudiá-lo separadamente da herança ou legado que lhe 
caiba, salvo se o acréscimo comportar encargos especiais impostos pelo testador; nesse caso, uma vez 
repudiado, reverte o acréscimo para a pessoa a favor de quem os encargos foram instituídos. 
 
Art. 1.946. Legado um só usufruto conjuntamente a duas ou mais pessoas, a parte da que faltar acresce 
aos co-legatários. 
Parágrafo único. Se não houver conjunção entre os co-legatários, ou se, apesar de conjuntos, só lhes foi 
legada certa parte do usufruto, consolidar-se-ão na propriedade as quotas dos que faltarem, à medida 
que eles forem faltando.	
 
Testamenteiro 
- Conceito – Pessoa nomeada pelo testador encarregada de cumprir suas 
determinações – art. 1.976, CC 
- Funções: arts. 1.980 e 1.981, CC. 
• Assegurar a execução do testamento; 
• Promover a defesa de sua validade. 
- Administração da herança – art. 1.977 CC 
- Testamenteiro e Inventariante – art. 1.978 CC 
- Características: – art. 1.985, CC. 
a) personalíssima; 
b) Indelegável; 
c) Intransmissível. 
• Admite representação (Advogado, p. ex.) 
- Espécies de testamenteiros: 
a) Instituído – pelo falecido - art. 1.976 CC 
b) Dativo – pelo juiz – arts. 1.984, CC e 735, § 4.º CPC 
Art. 1.984. Na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a execução testamentária compete a um 
dos cônjuges, e, em falta destes, ao herdeiro nomeado pelo juiz. 
 
CPC, art. 735. Recebendo testamento cerrado, o juiz, se não achar vício externo que o torne suspeito de 
nulidade ou falsidade, o abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença do apresentante. 
§ 4º Se não houver testamenteiro nomeado ou se ele estiver ausente ou não aceitar o encargo, o juiz 
nomeará testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal. 
c) Universal – Inventariante – art. 1977 CC 
- Tipos de aceitação do testamenteiro: 
a) Expressa – quando o nomeado declara sua aceitação; 
b) Tácita - quando inicia a execução testamentária, sem qualquer pronunciamento; 
c) Presumida – quanto aceita o legado destinado como pagamento da vintena (art. 
1987, CC) 
- Formas de administração: 
a) Singular – sozinho 
b) Plural – Nas modalidades: solidária; conjuntiva ou conjunta; fracionária ou 
sucessiva – art. 1.986 CC 
 41 
- Aceitação do testamenteiro nomeado – art. 735, § 3.º CPC 
Art. 735, § 3º Feito o registro, será intimado o testamenteiro para assinar o termo da testamentária. 
- Prazo para cumprimento – art. 1.983 CC 
- Vintena – art. Art. 1.987 e ss CC 
Art. 1.976. O testador pode nomear um ou mais testamenteiros, conjuntos ou separados, para lhe darem 
cumprimento às disposições de última vontade. 
 
Art. 1.977. O testador pode conceder ao testamenteiro a posse e a administração da herança, ou de parte 
dela, não havendo cônjuge ou herdeiros necessários. 
Parágrafo único. Qualquer herdeiro pode requerer partilha imediata, ou devolução da herança, 
habilitando o testamenteiro com os meios necessários para o cumprimento dos legados, ou dando caução 
de prestá-los. 
 
Art. 1.978. Tendo o testamenteiro a posse e a administração dos bens, incumbe-lhe requerer inventário e 
cumprir o testamento. 
 
Art. 1.979. O testamenteiro nomeado, ou qualquer parte interessada, pode requerer, assim como o juiz 
pode ordenar, de ofício, ao detentor do testamento, que o leve a registro. 
 
Art. 1.980. O testamenteiro é obrigado a cumprir as disposições testamentárias, no prazo marcado pelo 
testador, e a dar contas do que recebeu e despendeu, subsistindo sua responsabilidade enquanto durar a 
execução do testamento. 
 
Art. 1.981. Compete ao testamenteiro, com ou sem o concurso do inventariante e dos herdeiros instituídos, 
defender a validade do testamento. 
 
Art. 1.982. Além das atribuições exaradas nos artigos antecedentes, terá o testamenteiro as que lhe 
conferir o testador, nos limites da lei. 
 
Art. 1.983. Não concedendo o testador prazo maior, cumprirá o testamenteiro o testamento e prestará 
contas em cento e oitenta dias, contados da aceitação da testamentaria. 
Parágrafo único. Pode esse prazo ser prorrogado se houver motivo suficiente. 
 
Art. 1.984. Na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a execução testamentária compete a um 
dos cônjuges, e, em falta destes, ao herdeiro nomeado pelo juiz. 
 
Art. 1.985. O encargo da testamentaria não se transmite aos herdeiros do testamenteiro, nem é delegável; 
mas o testamenteiro pode fazer-se representar em juízo e fora dele, mediante mandatário com poderes 
especiais. 
 
Art. 1.986. Havendo simultaneamente mais de um testamenteiro,que tenha aceitado o cargo, poderá 
cada qual exercê-lo, em falta dos outros; mas todos ficam solidariamente obrigados a dar conta dos bens 
que lhes forem confiados, salvo se cada um tiver, pelo testamento, funções distintas, e a elas se limitar. 
 
Art. 1.987. Salvo disposição testamentária em contrário, o testamenteiro, que não seja herdeiro ou 
legatário, terá direito a um prêmio, que, se o testador não o houver fixado, será de um a cinco por cento, 
arbitrado pelo juiz, sobre a herança líquida, conforme a importância dela e maior ou menor dificuldade na 
execução do testamento. 
Parágrafo único. O prêmio arbitrado será pago à conta da parte disponível, quando houver herdeiro 
necessário. 
 
Art. 1.988. O herdeiro ou o legatário nomeado testamenteiro poderá preferir o prêmio à herança ou ao 
legado. 
 
 42 
Art. 1.989. Reverterá à herança o prêmio que o testamenteiro perder, por ser removido ou por não ter 
cumprido o testamento. 
 
Art. 1.990. Se o testador tiver distribuído toda a herança em legados, exercerá o testamenteiro as funções 
de inventariante. 
 
Sonegados 
- Conceito 
- Pena – art. 1.992 CC 
- Inventariante (testamenteiro) – art. 1993 CC e arts. 621 e 622, VI, do CPC 
Art. 621. Só se pode arguir sonegação ao inventariante depois de encerrada a descrição dos bens, com a 
declaração, por ele feita, de não existirem outros por inventariar. 
 
Art. 622. O inventariante será removido de ofício ou a requerimento: 
IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, se deixar de cobrar dívidas ativas ou se não 
promover as medidas necessárias para evitar o perecimento de direitos; 
- Momento – art. 1.996 CC 
- Ação de Sonegados – art. 1.994 CC 
 - Juízo – Onde tramita ou tramitou o inventário 
 - Polo passivo personalíssimo – não prossegue contra os herdeiros, mas se 
estiverem de má-fé, respondem por perdas e danos. 
- Benefício aos demais herdeiros – P. único 
- Impossibilidade de restituição – art. 1.995 CC 
- Prescrição – 10 anos (semelhante ao da petição de herança) 
Art.1.992. O herdeiro que sonegar bens da herança, não os descrevendo no inventário quando estejam em 
seu poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colação, a que os deva levar, 
ou que deixar de restituí-los, perderá o direito que sobre eles lhe cabia. 
 
Art. 1.993. Além da pena cominada no artigo antecedente, se o sonegador for o próprio inventariante, 
remover-se-á, em se provando a sonegação, ou negando ele a existência dos bens, quando indicados. 
 
Art.1.994. A pena de sonegados só se pode requerer e impor em ação movida pelos herdeiros ou pelos 
credores da herança. 
Parágrafo único. A sentença que se proferir na ação de sonegados, movida por qualquer dos herdeiros ou 
credores, aproveita aos demais interessados. 
 
Art. 1.995. Se não se restituírem os bens sonegados, por já não os ter o sonegador em seu poder, pagará 
ele a importância dos valores que ocultou, mais as perdas e danos. 
 
Art. 1.996. Só se pode argüir de sonegação o inventariante depois de encerrada a descrição dos bens, com 
a declaração, por ele feita, de não existirem outros por inventariar e partir, assim como argüir o herdeiro, 
depois de declarar-se no inventário que não os possui. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 43 
Concorre Não concorre 
Separação convencional de bens. Comunhão universal 
Comunhão parcial, se o cônjuge deixou 
bens particulares. 
Regime da separação obrigatória* (I - das 
pessoas que o contraírem com 
inobservância das causas suspensivas da 
celebração do casamento; II – da pessoa 
maior de 70 (setenta) anos; III - de todos 
os que dependerem, para casar, de 
suprimento judicial.) 
Participação final nos aquestos. Comunhão parcial, se o cônjuge não 
deixou bens particulares. 
 
Exercício 1) 
Afonso era casado com Etelvina pelo regime da comunhão universal de bens. Durante o 
casamento Afonso adquiriu um apartamento no valor de R$500.000,00 e um carro no 
valor de R$60.000,00. Antes de casar Afonso tinha um terreno no valor de 180.000,00. 
O casal teve quatro filhos, Joana, Érica, Fábio e Renato. O falecido possuía, ainda, um 
filho do seu primeiro casamento de nome Flávio. Afonso faleceu no dia 25 de janeiro do 
ano em curso. Afonso deixou em testamento para o filho Fábio 20% de seu patrimônio. 
Diante da situação hipotética descrita, explique como se dará a divisão da herança a ser 
atribuída aos herdeiros em razão do falecimento de Afonso, levando em consideração 
para a sua resposta apenas a divisão dos bens em valores, sem precisar fracioná-los. 
Fundamente sua resposta na lei. Não desejo como resposta apenas os respectivos 
quinhões. É necessário que o aluno explique como e por que se efetivará a partilha e 
como chegou aos respectivos valores. 
R.: 
Regime de comunhão universal de bens. 
Durante o casamento: 500.000 +60.000+180.000 = 740.000,00 
Patrimônio de Afonso é 50% de 740.000 = 370.000,00 
Meação da Etelvina: R$ 370.000,00 (o cônjuge não concorre com os descendentes) 
 
Quantidade de filhos bilaterais: 4 (Joana, Érica, Fábio e Renato) 
Quantidade de filhos unilaterais: 1 (Flávio) 
 
Testamento: 20% do patrimônio para Fábio. 
20% de 370.000 = R$ 74.000,00 
 
Remanescente = R$ 296.000,00 para dividir entre os herdeiros legítimos. 
R$ 296.000,00/5 filhos = R$ 59.200,00 para cada filho. 
 
Joana: R$ 59.200,00 
Érica: R$ 59.200,00 
Fábio: R$ 59.200,00 + 74.000,00 = 133.200,00 
Renato: R$ 59.200,00 
Flávio: R$ 59.200,00 
 
Fundamentação: CC, art. 1.829, I; 1.834; 1.835; 1.966. 
 44 
 
Exercício 2) 
Maria Carolina é casada com Sérgio pelo regime da separação de bens. Durante o 
casamento Sérgio amealhou um patrimônio de R$ 420.000,00. Sérgio, durante o 
casamento, comprou também um apartamento com dinheiro que recebeu de doação 
de seu pai, no valor de R$ 380.000,00. Maria Carolina adquiriu, durante o casamento, 
uma casa no valor de R$ 250.000,00. O casal teve quatro filhos, Rosana, Roberto, Renato 
e Raiane. Sérgio faleceu no dia 05 de fevereiro do ano em curso, mas deixou em 
testamento 20% de seu patrimônio para a sua esposa Maria Carolina. Diante da situação 
hipotética descrita, explique como se dará a divisão da herança a ser atribuída aos 
herdeiros em razão do falecimento de Sérgio, levando em consideração para a sua 
resposta apenas a divisão dos bens em valores, sem precisar fracioná-los. 
R.: 
Regime da separação de bens (o CS concorre com os descendentes) 
Sérgio (durante o casamento): 420.000+380.000 = R$800.000,00 
Quantidade de filhos bilaterais: 4 (Rosana, Roberto, Renato e Raiane) 
 
Testamento: 20% do patrimônio para Sérgio. 
20% de R$800.000,00= R$ 160.000,00 
 
Remanescente = R$ 640.000,00 para dividir entre os herdeiros legítimos. 
Sendo que ¼ deve ser separado para Maria Carolina. 
R$ 640.000/4 = R$ 160.000,00 para Maria Carolina. 
 
Sobra R$ 480.000/4 filhos = 120.000,00 
 
Maria Carolina = 160.000 + 160.000 = 320.000 
Para cada filho = 120.000,00. 
 
Fundamentação: CC, art. 1.829, I; 1.832; 1.834; 1.835; 1.966. 
 
Inventário e Partilha 
• Inventário – Processo que se destina a apurar os bens deixados pelo finado, a 
fim de sobre o monte proceder a partilha. (Sílvio Rodrigues) 
ü Importância – art. 195 da Lei de Registros Públicos. 
LRP, art. 195 - Se o imóvel não estiver matriculado ou registrado em nome do outorgante, o oficial exigirá 
a prévia matrícula e o registro do título anterior, qualquer que seja a sua natureza, para manter a 
continuidade do registro. 
- Prazo de abertura e encerramento – art. 611 do CPC 
CPC, art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar 
da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses 
prazos, de ofício ou a requerimento de parte. 
v Penalidade: Súmula 542, STF 
Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-membro, como sanção pelo retardamento do início 
ou da ultimação do inventário. 
- Local de abertura – art. 1.785 CC e 48 CPC 
CC, art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do últimodomicílio do falecido. 
 
 45 
CPC, art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a 
partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de 
partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no 
estrangeiro. 
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: 
I - o foro de situação dos bens imóveis; 
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; 
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. 
 
 Competência Relativa – STF (CC 13.646-PR) 
- Legitimidade – art. 615 CPC 
ü Outros interessados – art. 616 CPC 
- Documento para instrução – art. Art. 615, P. único. 
Art. 615. O requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem estiver na posse e na administração 
do espólio, no prazo estabelecido no art. 611 . 
Parágrafo único. O requerimento será instruído com a certidão de óbito do autor da herança. 
 
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente: 
I - o cônjuge ou companheiro supérstite; 
II - o herdeiro; 
III - o legatário; 
IV - o testamenteiro; 
V - o cessionário do herdeiro ou do legatário; 
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; 
VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; 
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse; 
IX - o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou 
companheiro supérstite. 
 
• Nomeação do inventariante – art. 1.991 CC 
Art. 1.991. Desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha, a administração da 
herança será exercida pelo inventariante. 
 
- art. 617 CPC 
Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem: 
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da 
morte deste; 
II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro 
sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados; 
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio; 
IV - o herdeiro menor, por seu representante legal; 
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver 
distribuída em legados; 
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário; 
VII - o inventariante judicial, se houver; 
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial. 
Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o 
compromisso de bem e fielmente desempenhar a função. 
 
- Obrigações do inventariante – art. 618 e 619 do CPC 
Art. 618. Incumbe ao inventariante: 
I - representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, observando-se, quanto ao dativo, o 
disposto no art. 75, § 1º ; 
 46 
II - administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência que teria se seus fossem; 
III - prestar as primeiras e as últimas declarações pessoalmente ou por procurador com poderes especiais; 
IV - exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos relativos ao espólio; 
V - juntar aos autos certidão do testamento, se houver; 
VI - trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou excluído; 
VII - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe determinar; 
VIII - requerer a declaração de insolvência. 
 Art. 619. Incumbe ainda ao inventariante, ouvidos os interessados e com autorização do juiz: 
I - alienar bens de qualquer espécie; 
II - transigir em juízo ou fora dele; 
III - pagar dívidas do espólio; 
IV - fazer as despesas necessárias para a conservação e o melhoramento dos bens do espólio. 
 
- Remoção do inventariante. Hipóteses: arts. 622, CPC 
- Procedimento – arts. 623 a 625 CPC 
ü Autos apartados – P. único, do art. 623, CPC. 
Art. 622. O inventariante será removido de ofício ou a requerimento: 
I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas declarações; 
II - se não der ao inventário andamento regular, se suscitar dúvidas infundadas ou se praticar atos 
meramente protelatórios; 
III - se, por culpa sua, bens do espólio se deteriorarem, forem dilapidados ou sofrerem dano; 
IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, se deixar de cobrar dívidas ativas ou se não 
promover as medidas necessárias para evitar o perecimento de direitos; 
V - se não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas boas; 
VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio. 
 
Art. 623. Requerida a remoção com fundamento em qualquer dos incisos do art. 622 , será intimado o 
inventariante para, no prazo de 15 (quinze) dias, defender-se e produzir provas. 
Parágrafo único. O incidente da remoção correrá em apenso aos autos do inventário. 
 
Art. 624. Decorrido o prazo, com a defesa do inventariante ou sem ela, o juiz decidirá. 
Parágrafo único. Se remover o inventariante, o juiz nomeará outro, observada a ordem estabelecida 
no art. 617 . 
 
Art. 625. O inventariante removido entregará imediatamente ao substituto os bens do espólio e, caso deixe 
de fazê-lo, será compelido mediante mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se 
tratar de bem móvel ou imóvel, sem prejuízo da multa a ser fixada pelo juiz em montante não superior a 
três por cento do valor dos bens inventariados. 
 
- Primeiras declarações – arts. 620 e 626 CPC 
Art. 620. Dentro de 20 (vinte) dias contados da data em que prestou o compromisso, o inventariante fará 
as primeiras declarações, das quais se lavrará termo circunstanciado, assinado pelo juiz, pelo escrivão e 
pelo inventariante, no qual serão exarados: 
I - o nome, o estado, a idade e o domicílio do autor da herança, o dia e o lugar em que faleceu e se deixou 
testamento; 
II - o nome, o estado, a idade, o endereço eletrônico e a residência dos herdeiros e, havendo cônjuge ou 
companheiro supérstite, além dos respectivos dados pessoais, o regime de bens do casamento ou da união 
estável; 
III - a qualidade dos herdeiros e o grau de parentesco com o inventariado; 
IV - a relação completa e individualizada de todos os bens do espólio, inclusive aqueles que devem ser 
conferidos à colação, e dos bens alheios que nele forem encontrados, descrevendo-se: 
a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local em que se encontram, extensão da área, 
limites, confrontações, benfeitorias, origem dos títulos, números das matrículas e ônus que os gravam; 
b) os móveis, com os sinais característicos; 
c) os semoventes, seu número, suas espécies, suas marcas e seus sinais distintivos; 
 47 
d) o dinheiro, as joias, os objetos de ouro e prata e as pedras preciosas, declarando-se-lhes 
especificadamente a qualidade, o peso e a importância; 
e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, as quotas e os títulos de sociedade, mencionando-se-
lhes o número, o valor e a data; 
f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, os títulos, a origem da obrigação e os nomes 
dos credores e dos devedores; 
g) direitos e ações; 
h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio. 
§ 1º O juiz determinará que se proceda: 
I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era empresário individual; 
II - à apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que não anônima. 
§ 2º As declarações podem ser prestadas mediante petição, firmada por procurador com poderes 
especiais, à qual o termo se reportará. 
 
Art. 626. Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos do inventário e da partilha, 
o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os legatários e intimar a Fazenda Pública, o Ministério Público, 
se houver herdeiro incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se houver testamento. 
§ 1º O cônjuge ou o companheiro, os herdeiros e os legatários serão citados pelo correio, observado o 
disposto no art. 247 , sendo, ainda, publicadoedital, nos termos do inciso III do art. 259 . 
§ 2º Das primeiras declarações extrair-se-ão tantas cópias quantas forem as partes. 
§ 3º A citação será acompanhada de cópia das primeiras declarações. 
§ 4º Incumbe ao escrivão remeter cópias à Fazenda Pública, ao Ministério Público, ao testamenteiro, se 
houver, e ao advogado, se a parte já estiver representada nos autos. 
 
• Pagamento das dívidas – art. 642 CPC 
Art. 642. Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do inventário o pagamento 
das dívidas vencidas e exigíveis. 
§ 1º A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por dependência e autuada em 
apenso aos autos do processo de inventário. 
§ 2º Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor, mandará que se faça a 
separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens suficientes para o pagamento. 
§ 3º Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o pagamento dos credores habilitados, o 
juiz mandará aliená-los, observando-se as disposições deste Código relativas à expropriação. 
§ 4º Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados, para o seu pagamento, os bens 
já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido, concordando todas as partes. 
§ 5º Os donatários serão chamados a pronunciar-se sobre a aprovação das dívidas, sempre que haja 
possibilidade de resultar delas a redução das liberalidades. 
 
- Habilitação do credor – art. 644 CPC 
Art. 643. Não havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de pagamento feito pelo credor, 
será o pedido remetido às vias ordinárias. 
Parágrafo único. O juiz mandará, porém, reservar, em poder do inventariante, bens suficientes para pagar 
o credor quando a dívida constar de documento que comprove suficientemente a obrigação e a 
impugnação não se fundar em quitação. 
 
Art. 644. O credor de dívida líquida e certa, ainda não vencida, pode requerer habilitação no inventário. 
Parágrafo único. Concordando as partes com o pedido referido no caput , o juiz, ao julgar habilitado o 
crédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro pagamento. 
 
ü Testamento – art. 735, §§3.º e 4.º CPC 
Art. 735. Recebendo testamento cerrado, o juiz, se não achar vício externo que o torne suspeito de 
nulidade ou falsidade, o abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença do apresentante. 
(...) 
§ 3º Feito o registro, será intimado o testamenteiro para assinar o termo da testamentária. 
 48 
§ 4º Se não houver testamenteiro nomeado ou se ele estiver ausente ou não aceitar o encargo, o juiz 
nomeará testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal. 
 
- Impugnações – arts. 627 a 629 CPC 
Art. 627. Concluídas as citações, abrir-se-á vista às partes, em cartório e pelo prazo comum de 15 (quinze) 
dias, para que se manifestem sobre as primeiras declarações, incumbindo às partes: 
I - arguir erros, omissões e sonegação de bens; 
II - reclamar contra a nomeação de inventariante 
III - contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro. 
§ 1º Julgando procedente a impugnação referida no inciso I, o juiz mandará retificar as primeiras 
declarações. 
§ 2º Se acolher o pedido de que trata o inciso II, o juiz nomeará outro inventariante, observada a 
preferência legal. 
§ 3º Verificando que a disputa sobre a qualidade de herdeiro a que alude o inciso III demanda produção 
de provas que não a documental, o juiz remeterá a parte às vias ordinárias e sobrestará, até o julgamento 
da ação, a entrega do quinhão que na partilha couber ao herdeiro admitido. 
 Art. 628. Aquele que se julgar preterido poderá demandar sua admissão no inventário, requerendo-a 
antes da partilha. 
§ 1º Ouvidas as partes no prazo de 15 (quinze) dias, o juiz decidirá. 
§ 2º Se para solução da questão for necessária a produção de provas que não a documental, o juiz 
remeterá o requerente às vias ordinárias, mandando reservar, em poder do inventariante, o quinhão do 
herdeiro excluído até que se decida o litígio. 
 Art. 629. A Fazenda Pública, no prazo de 15 (quinze) dias, após a vista de que trata o art. 627 , informará 
ao juízo, de acordo com os dados que constam de seu cadastro imobiliário, o valor dos bens de raiz 
descritos nas primeiras declarações. 
 
• Avaliação dos bens – arts. 630 a 635 CPC 
Art. 630. Findo o prazo previsto no art. 627 sem impugnação ou decidida a impugnação que houver sido 
oposta, o juiz nomeará, se for o caso, perito para avaliar os bens do espólio, se não houver na comarca 
avaliador judicial. 
Parágrafo único. Na hipótese prevista no art. 620, § 1º , o juiz nomeará perito para avaliação das quotas 
sociais ou apuração dos haveres. 
 
Art. 631. Ao avaliar os bens do espólio, o perito observará, no que for aplicável, o disposto nos arts. 872 e 
873 . 
 
Art. 632. Não se expedirá carta precatória para a avaliação de bens situados fora da comarca onde corre 
o inventário se eles forem de pequeno valor ou perfeitamente conhecidos do perito nomeado. 
 
Art. 633. Sendo capazes todas as partes, não se procederá à avaliação se a Fazenda Pública, intimada 
pessoalmente, concordar de forma expressa com o valor atribuído, nas primeiras declarações, aos bens 
do espólio. 
 
Art. 634. Se os herdeiros concordarem com o valor dos bens declarados pela Fazenda Pública, a avaliação 
cingir-se-á aos demais. 
 
Art. 635. Entregue o laudo de avaliação, o juiz mandará que as partes se manifestem no prazo de 15 
(quinze) dias, que correrá em cartório. 
§ 1º Versando a impugnação sobre o valor dado pelo perito, o juiz a decidirá de plano, à vista do que 
constar dos autos. 
§ 2º Julgando procedente a impugnação, o juiz determinará que o perito retifique a avaliação, observando 
os fundamentos da decisão. 
 
- Últimas declarações – art. 636 CPC 
 49 
Art. 636. Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu respeito, lavrar-se-á em seguida o 
termo de últimas declarações, no qual o inventariante poderá emendar, aditar ou completar as primeiras. 
 
- Cálculo do Imposto – arts. 637 e 638 CPC 
Art. 637. Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no prazo comum de 15 (quinze) dias, proceder-
se-á ao cálculo do tributo. 
 
Art. 638. Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as partes no prazo comum de 5 (cinco) dias, que 
correrá em cartório, e, em seguida, a Fazenda Pública. 
§ 1º Se acolher eventual impugnação, o juiz ordenará nova remessa dos autos ao contabilista, 
determinando as alterações que devam ser feitas no cálculo. 
§ 2º Cumprido o despacho, o juiz julgará o cálculo do tributo. 
 
• Pagamento do Imposto – art. 654, 1.ª parte, CPC 
Art. 654. Pago o imposto de transmissão a título de morte e juntada aos autos certidão ou informação 
negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a partilha. 
Parágrafo único. A existência de dívida para com a Fazenda Pública não impedirá o julgamento da partilha, 
desde que o seu pagamento esteja devidamente garantido. 
 
• Alíquota do ITCMD – Súmula 112 STF 
• Lei Complementar n.º 66/2008 – Art. 122-A 
• Amazonas – 2% - Lei Complementar n.º 66/2008 – Art.119. 
• Infrações: Lei Complementar n.º 103/2012 - art. 136-B. (Alterou o Código 
Tributário do AM – LC 19/1997) 
Art. 136-B. As infrações relacionadas ao ITCMD são punidas com as seguintes multas, sem prejuízo do 
recolhimento do imposto, quando devido: 
I - 10% (dez por cento) do imposto devido, pelo atraso na abertura do inventário judicial ou extrajudicial 
por mais de 60 (sessenta) dias, a contar da data da abertura da sucessão, aumentada para 20% (vinte por 
cento) quando o atraso ultrapassar os 120 (cento e vinte) dias; 
Il - 200% (duzentos por cento) do valor do imposto, na falta de seu pagamento em virtude de fraude, dolo, 
simulação ou falsificação, apurados em procedimento fiscal. 
• Quitação de dívidas contra a Fazenda Pública – art. 654, CPC 
 
ESPÉCIES DE INVENTÁRIO: 
1) Inventário pelo Rito Tradicional e solene – arts. 610 e 611 a 658 do CPC; 
Art. 610. Havendo testamento ou interessadoincapaz, proceder-se-á ao inventário judicial. 
§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, 
a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de 
importância depositada em instituições financeiras. 
§ 2 o O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas 
por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. 
 
Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da 
abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses 
prazos, de ofício ou a requerimento de parte. 
 
Art. 658. É rescindível a partilha julgada por sentença: 
I - nos casos mencionados no art. 657 ; 
II - se feita com preterição de formalidades legais; 
III - se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja. 
 
 50 
2) Inventário pelo Rito de Arrolamento Sumário – art. 659 CPC (Herdeiros capazes 
e partilha amigável ou herdeiro único e capaz); 
Art. 659. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos da lei, será homologada de 
plano pelo juiz, com observância dos arts. 660 a 663 . 
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se, também, ao pedido de adjudicação, quando houver herdeiro único. 
§ 2º Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou de adjudicação, será lavrado o 
formal de partilha ou elaborada a carta de adjudicação e, em seguida, serão expedidos os alvarás 
referentes aos bens e às rendas por ele abrangidos, intimando-se o fisco para lançamento administrativo 
do imposto de transmissão e de outros tributos porventura incidentes, conforme dispuser a legislação 
tributária, nos termos do § 2º do art. 662 . 
 
3) Inventário pelo Rito de Arrolamento Comum – art. 664 CPC (Valor dos bens igual 
ou inferior a 1.000 salários-mínimos); 
Art. 664. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 1.000 (mil) salários-mínimos, o 
inventário processar-se-á na forma de arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, 
independentemente de assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas declarações, a 
atribuição de valor aos bens do espólio e o plano da partilha. 
§ 1º Se qualquer das partes ou o Ministério Público impugnar a estimativa, o juiz nomeará avaliador, que 
oferecerá laudo em 10 (dez) dias. 
§ 2º Apresentado o laudo, o juiz, em audiência que designar, deliberará sobre a partilha, decidindo de 
plano todas as reclamações e mandando pagar as dívidas não impugnadas. 
§ 3º Lavrar-se-á de tudo um só termo, assinado pelo juiz, pelo inventariante e pelas partes presentes ou 
por seus advogados. 
§ 4º Aplicam-se a essa espécie de arrolamento, no que couber, as disposições do art. 672 , relativamente 
ao lançamento, ao pagamento e à quitação da taxa judiciária e do imposto sobre a transmissão da 
propriedade dos bens do espólio. 
§ 5º Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, o juiz julgará a partilha. 
 
4) Inventário Administrativo ou Extrajudicial – Lei n.º 11.441 de 2007 – art. 610, §§ 
1.º e 2.º CPC 
Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial. 
§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, 
a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de 
importância depositada em instituições financeiras. 
§ 2 o O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas 
por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. 
 
• Arrolamento: Inventário simplificado e mais célere 
- Hipóteses: 
a) Quando todos os herdeiros são capazes e concordam com a partilha amigável – 
art. 2.015 CC e 659 CPC; 
Art. 2.015. Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura pública, termo 
nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz. 
 
Art. 659. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos da lei, será homologada de 
plano pelo juiz, com observância dos arts. 660 a 663 . 
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se, também, ao pedido de adjudicação, quando houver herdeiro único. 
§ 2º Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou de adjudicação, será lavrado o 
formal de partilha ou elaborada a carta de adjudicação e, em seguida, serão expedidos os alvarás 
referentes aos bens e às rendas por ele abrangidos, intimando-se o fisco para lançamento administrativo 
do imposto de transmissão e de outros tributos porventura incidentes, conforme dispuser a legislação 
tributária, nos termos do § 2º do art. 662 . 
 
 51 
b) Em função do valor dos bens inventariados – art. 664 CPC 
Art. 664. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 1.000 (mil) salários-mínimos, o 
inventário processar-se-á na forma de arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, 
independentemente de assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas declarações, a 
atribuição de valor aos bens do espólio e o plano da partilha. 
§ 1º Se qualquer das partes ou o Ministério Público impugnar a estimativa, o juiz nomeará avaliador, que 
oferecerá laudo em 10 (dez) dias. 
§ 2º Apresentado o laudo, o juiz, em audiência que designar, deliberará sobre a partilha, decidindo de 
plano todas as reclamações e mandando pagar as dívidas não impugnadas. 
§ 3º Lavrar-se-á de tudo um só termo, assinado pelo juiz, pelo inventariante e pelas partes presentes ou 
por seus advogados. 
§ 4º Aplicam-se a essa espécie de arrolamento, no que couber, as disposições do art. 672 , relativamente 
ao lançamento, ao pagamento e à quitação da taxa judiciária e do imposto sobre a transmissão da 
propriedade dos bens do espólio. 
§ 5º Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, o juiz julgará a partilha. 
 
Ø Inventário Judicial: Testamento ou herdeiro incapaz – art. 610 CPC 
Ø Inventário Extrajudicial: Herdeiros maiores e capazes e partilha amigável – art. 
610, §1.º CPC 
Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial. 
§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, 
a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de 
importância depositada em instituições financeiras. 
§ 2 o O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas 
por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. 
- Vedação: Bens localizados no exterior – art. 29, da Res. 35 CNJ 
- Recolhimento dos tributos – art. 15, Res. 35 CNJ 
- Prazo – art. 31, Res. 35 CNJ (pagamento de Multa) 
- Presença de Advogado ou Defensor - § 2.º do art. 610 CPC e art. 8.º da Res. 35 
do CNJ 
Art. 15. O recolhimento dos tributos incidentes deve anteceder a lavratura da escritura. 
 
Art. 8' É necessária a presença do advogado, dispensada a procuração, ou do defensor público, na 
lavratura das escrituras decorrentes da Lei 11.441107, nelas constando seu nome e registro na OAB. 
 
Art. 35. Da escritura, deve constar declaração das partes de que estão cientes das conseqüências da 
separação e do divórcio, firmes no propósito de pôr fim à sociedade conjugal ou ao vínculo matrimonial, 
respectivamente, sem hesitação, com recusa de reconciliação. 
• Inventário Negativo: Hipóteses 
a) Provar que o falecido não deixou bens ou que as dívidas são superiores “as forças 
da herança” (dos bens deixados); 
b) Não aplicação das causas suspensivas – art. 1.523, Parágrafo único do CC; 
- Admite-se que seja feito por Escritura Pública – Resolução 35 do CNJ – art. 28. 
Art. 1.523. Não devem casar: 
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dosbens do casal e 
der partilha aos herdeiros; 
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois 
do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; 
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; 
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a 
pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as 
respectivas contas. 
 52 
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas 
suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, 
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do 
inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. 
• Bens que não se inventariam: 
- Pequenas quantias ou saldo do FGTS, PIS ou dinheiro em conta bancária, desde 
que não haja outros bens sujeitos a inventário. 
- Pode ser feito por Escritura Pública – art. 14 da Resolução 35 do CNJ. 
Art. 14. Para as verbas previstas na Lei no 6.858180, é também admissível a escritura pública de inventário 
e partilha. 
 
• Inventários simultâneos – art. 672 e 673, CPC 
Art. 672. É lícita a cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas diversas quando 
houver: 
I - identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens; 
II - heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros; 
III - dependência de uma das partilhas em relação à outra. 
Parágrafo único. No caso previsto no inciso III, se a dependência for parcial, por haver outros bens, o juiz 
pode ordenar a tramitação separada, se melhor convier ao interesse das partes ou à celeridade processual. 
 Art. 673. No caso previsto no art. 672 , inciso II, prevalecerão as primeiras declarações, assim como o 
laudo de avaliação, salvo se alterado o valor dos bens. 
• Colações – art. 639 CPC e arts. 2.002 a 2.012 CC. 
- Valor das acessões e benfeitorias – art. 639, Parágrafo único CPC. 
- Renúncia e obrigatoriedade de colação – art. 640 CPC; 
Art. 639. No prazo estabelecido no art. 627 , o herdeiro obrigado à colação conferirá por termo nos autos 
ou por petição à qual o termo se reportará os bens que recebeu ou, se já não os possuir, trar-lhes-á o valor. 
Parágrafo único. Os bens a serem conferidos na partilha, assim como as acessões e as benfeitorias que o 
donatário fez, calcular-se-ão pelo valor que tiverem ao tempo da abertura da sucessão. 
 
Art. 640. O herdeiro que renunciou à herança ou o que dela foi excluído não se exime, pelo fato da renúncia 
ou da exclusão, de conferir, para o efeito de repor a parte inoficiosa, as liberalidades que obteve do doador. 
§ 1º É lícito ao donatário escolher, dentre os bens doados, tantos quantos bastem para perfazer a legítima 
e a metade disponível, entrando na partilha o excedente para ser dividido entre os demais herdeiros. 
§ 2º Se a parte inoficiosa da doação recair sobre bem imóvel que não comporte divisão cômoda, o juiz 
determinará que sobre ela se proceda a licitação entre os herdeiros. 
§ 3º O donatário poderá concorrer na licitação referida no § 2º e, em igualdade de condições, terá 
preferência sobre os herdeiros. 
 
 53 
Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para 
igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação. 
Parágrafo único. Para cálculo da legítima, o valor dos bens conferidos será computado na parte 
indisponível, sem aumentar a disponível. 
 
Art. 2.003. A colação tem por fim igualar, na proporção estabelecida neste Código, as legítimas dos 
descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando também os donatários que, ao tempo do falecimento 
do doador, já não possuírem os bens doados. 
Parágrafo único. Se, computados os valores das doações feitas em adiantamento de legítima, não houver 
no acervo bens suficientes para igualar as legítimas dos descendentes e do cônjuge, os bens assim doados 
serão conferidos em espécie, ou, quando deles já não disponha o donatário, pelo seu valor ao tempo da 
liberalidade. 
 
Art. 2.004. O valor de colação dos bens doados será aquele, certo ou estimativo, que lhes atribuir o ato de 
liberalidade. 
§ 1 o Se do ato de doação não constar valor certo, nem houver estimação feita naquela época, os bens 
serão conferidos na partilha pelo que então se calcular valessem ao tempo da liberalidade. 
§ 2 o Só o valor dos bens doados entrará em colação; não assim o das benfeitorias acrescidas, as quais 
pertencerão ao herdeiro donatário, correndo também à conta deste os rendimentos ou lucros, assim como 
os danos e perdas que eles sofrerem. 
 
Art. 2.005. São dispensadas da colação as doações que o doador determinar saiam da parte disponível, 
contanto que não a excedam, computado o seu valor ao tempo da doação. 
Parágrafo único. Presume-se imputada na parte disponível a liberalidade feita a descendente que, ao 
tempo do ato, não seria chamado à sucessão na qualidade de herdeiro necessário. 
 
Art. 2.006. A dispensa da colação pode ser outorgada pelo doador em testamento, ou no próprio título de 
liberalidade. 
 
Art. 2.007. São sujeitas à redução as doações em que se apurar excesso quanto ao que o doador poderia 
dispor, no momento da liberalidade. 
§ 1 o O excesso será apurado com base no valor que os bens doados tinham, no momento da liberalidade. 
§ 2 o A redução da liberalidade far-se-á pela restituição ao monte do excesso assim apurado; a restituição 
será em espécie, ou, se não mais existir o bem em poder do donatário, em dinheiro, segundo o seu valor 
ao tempo da abertura da sucessão, observadas, no que forem aplicáveis, as regras deste Código sobre a 
redução das disposições testamentárias. 
§ 3 o Sujeita-se a redução, nos termos do parágrafo antecedente, a parte da doação feita a herdeiros 
necessários que exceder a legítima e mais a quota disponível. 
§ 4 o Sendo várias as doações a herdeiros necessários, feitas em diferentes datas, serão elas reduzidas a 
partir da última, até a eliminação do excesso. 
 
Art. 2.008. Aquele que renunciou a herança ou dela foi excluído, deve, não obstante, conferir as doações 
recebidas, para o fim de repor o que exceder o disponível. 
 
Art. 2.009. Quando os netos, representando os seus pais, sucederem aos avós, serão obrigados a trazer à 
colação, ainda que não o hajam herdado, o que os pais teriam de conferir. 
 
Art. 2.010. Não virão à colação os gastos ordinários do ascendente com o descendente, enquanto menor, 
na sua educação, estudos, sustento, vestuário, tratamento nas enfermidades, enxoval, assim como as 
despesas de casamento, ou as feitas no interesse de sua defesa em processo-crime. 
 
Art. 2.011. As doações remuneratórias de serviços feitos ao ascendente também não estão sujeitas a 
colação. 
 
Art. 2.012. Sendo feita a doação por ambos os cônjuges, no inventário de cada um se conferirá por metade. 
 
 54 
Partilha 
• Conceito: Repartição dos bens da herança ou a distribuição do acervo hereditário 
entre os herdeiros. (Washington de Barros Monteiro). 
- Indivisibilidade da herança – art. 1.791 CC 
- Antes da partilha: Acervo = Condomínio – art. 1.791, Parágrafo único do CC 
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. 
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será 
indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. 
 
• Qualquer herdeiro pode requerer a partilha – art. 2.013 CC 
Art. 2.013. O herdeiro pode sempre requerer a partilha, ainda que o testador o proíba, cabendo igual 
faculdade aos seus cessionários e credores. 
 
- Usucapião (Posse mansa e pacífica, de boa-fé e exclusiva). 
USUCAPIÃO. HERDEIRO. POSSE EXCLUSIVA. 
A Turma deu provimento ao recurso especialpara, dentre outras questões, reconhecer a legitimidade dos 
recorrentes para a propositura, em nome próprio, de ação de usucapião relativamente a imóvel de cujo 
adquirente um dos autores é herdeiro. Consoante acentuado pelo Min. Relator, a jurisprudência entende 
pela possibilidade de o condômino usucapir bem sobre o qual exerça a posse exclusiva, desde que haja 
efetivo animus domini e estejam preenchidos os requisitos impostos pela lei, sem oposição dos 
demais herdeiros. Precedente citado: AgRg no Ag 731.971-MS, DJe 20/10/2008. (REsp 668.131-PR, Rel. 
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/8/2010). 
• Finalidade da partilha: Extinção da comunhão hereditária 
ü Coisa que fica em comum a vários herdeiros após a partilha – permanência do 
condomínio regido pelo Direito das Coisas – art. 1.314 e seguintes do CC 
 
• Espécies de partilha: 
Ø Amigável – art. 2.015 CC 
- Formas: Por instrumento público, particular ou termo nos autos, sempre 
homologado pelo juiz. 
Art. 2.015. Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura pública, termo 
nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz. 
 
Ø Judicial – art. 2.016 CC 
Art. 2.016. Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim como se algum deles for 
incapaz. 
 
• Regras a serem observadas quanto à partilha (art. 648 CPC): 
a) Maior igualdade possível – art. 2.017 CC; 
b) Melhor acomodação dos bens – Respeitar a posse anterior; 
c) Evitar conflitos (permanência do condomínio); 
Art. 2.017. No partilhar os bens, observar-se-á, quanto ao seu valor, natureza e qualidade, a maior 
igualdade possível. 
 
Art. 648. Na partilha, serão observadas as seguintes regras: 
I - a máxima igualdade possível quanto ao valor, à natureza e à qualidade dos bens; 
II - a prevenção de litígios futuros; 
III - a máxima comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou do companheiro, se for o caso. 
 
• Procedimento: 
 55 
a) Pedido de quinhão; 
b) Deliberação (Despacho do juiz); 
c) Esboço – art. 652 CPC – Feito pelo juiz, se judicial ou pelas partes, se amigável; 
d) Prazo para manifestação dos interessados (15 dias) – art. 652 CPC; 
Art. 652. Feito o esboço, as partes manifestar-se-ão sobre esse no prazo comum de 15 (quinze) dias, e, 
resolvidas as reclamações, a partilha será lançada nos autos. 
e) Auto de partilha, com posterior decisão (sentença); 
f) Expedição do Formal ou Carta de Partilha – Tratando-se de herdeiro único é 
expedida a Carta de Adjudicação – art. 655 CPC 
Art. 655. Transitada em julgado a sentença mencionada no art. 654 , receberá o herdeiro os bens que lhe 
tocarem e um formal de partilha, do qual constarão as seguintes peças: 
I - termo de inventariante e título de herdeiros; 
II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro; 
III - pagamento do quinhão hereditário; 
IV - quitação dos impostos; 
V - sentença. 
Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão de pagamento do quinhão 
hereditário quando esse não exceder a 5 (cinco) vezes o salário-mínimo, caso em que se transcreverá nela 
a sentença de partilha transitada em julgado. 
 
Conteúdo da Partilha (art. 653, CPC): 
I – Auto de orçamento; 
II – Folha de pagamento. 
 
Partilha em vida – arts. 2.014 e 2.018 CC 
 
Partidor Judicial – art. 651, CPC 
Art. 653. A partilha constará: 
I - de auto de orçamento, que mencionará: 
a) os nomes do autor da herança, do inventariante, do cônjuge ou companheiro supérstite, dos herdeiros, 
dos legatários e dos credores admitidos; 
b) o ativo, o passivo e o líquido partível, com as necessárias especificações; 
c) o valor de cada quinhão; 
II - de folha de pagamento para cada parte, declarando a quota a pagar-lhe, a razão do pagamento e a 
relação dos bens que lhe compõem o quinhão, as características que os individualizam e os ônus que os 
gravam. 
 
Art. 2.014. Pode o testador indicar os bens e valores que devem compor os quinhões hereditários, 
deliberando ele próprio a partilha, que prevalecerá, salvo se o valor dos bens não corresponder às quotas 
estabelecidas. 
 
Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto 
que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários. 
 
Art. 651. O partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a decisão judicial, observando nos 
pagamentos a seguinte ordem: 
I - dívidas atendidas; 
II - meação do cônjuge; 
III - meação disponível; 
IV - quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho. 
Parágrafo único. O auto e cada uma das folhas serão assinados pelo juiz e pelo escrivão. 
 
• Alienação de bens insuscetíveis de divisão cômoda – art. 2.019 CC e art. 649, CPC 
 56 
Art. 2.019. Os bens insuscetíveis de divisão cômoda, que não couberem na meação do cônjuge 
sobrevivente ou no quinhão de um só herdeiro, serão vendidos judicialmente, partilhando-se o valor 
apurado, a não ser que haja acordo para serem adjudicados a todos. 
§ 1 o Não se fará a venda judicial se o cônjuge sobrevivente ou um ou mais herdeiros requererem lhes seja 
adjudicado o bem, repondo aos outros, em dinheiro, a diferença, após avaliação atualizada. 
§ 2 o Se a adjudicação for requerida por mais de um herdeiro, observar-se-á o processo da licitação. 
 
Art. 649. Os bens insuscetíveis de divisão cômoda que não couberem na parte do cônjuge ou companheiro 
supérstite ou no quinhão de um só herdeiro serão licitados entre os interessados ou vendidos 
judicialmente, partilhando-se o valor apurado, salvo se houver acordo para que sejam adjudicados a 
todos. 
 
• Frutos e reembolso das despesas dos bens do acervo hereditário – art. 2.020 CC 
Art. 2.020. Os herdeiros em posse dos bens da herança, o cônjuge sobrevivente e o inventariante são 
obrigados a trazer ao acervo os frutos que perceberam, desde a abertura da sucessão; têm direito ao 
reembolso das despesas necessárias e úteis que fizeram, e respondem pelo dano a que, por dolo ou culpa, 
deram causa. 
 
• Partilha de bens em locais remotos / reserva – art. 2.021 CC 
Art. 2.021. Quando parte da herança consistir em bens remotos do lugar do inventário, litigiosos, ou de 
liquidação morosa ou difícil, poderá proceder-se, no prazo legal, à partilha dos outros, reservando-se 
aqueles para uma ou mais sobrepartilhas, sob a guarda e a administração do mesmo ou diverso 
inventariante, e consentimento da maioria dos herdeiros. 
 
• Bens de nascituro – art. 650, CPC 
Art. 650. Se um dos interessados for nascituro, o quinhão que lhe caberá será reservado em poder do 
inventariante até o seu nascimento. 
 
• Sobrepartilha – art. 2.022 CC e 670 CPC 
Art. 2.022. Ficam sujeitos a sobrepartilha os bens sonegados e quaisquer outros bens da herança de que 
se tiver ciência após a partilha. 
 
Art. 670. Na sobrepartilha dos bens, observar-se-á o processo de inventário e de partilha. 
Parágrafo único. A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da herança. 
 
- Bens sujeitos a sobrepartilha: art. 669 CPC 
 Art. 669. São sujeitos à sobrepartilha os bens: 
I - sonegados; 
II - da herança descobertos após a partilha; 
III - litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa; 
IV - situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário. 
Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados à sobrepartilha sob a guarda 
e a administração do mesmo ou de diverso inventariante, a consentimento da maioria dos herdeiros. 
 
• Emenda da partilha – art. 656 CPC 
Art. 656. A partilha, mesmo depois de transitada em julgado a sentença, pode ser emendada nos mesmos 
autos do inventário, convindo todas as partes, quando tenha havido erro de fato na descrição dos bens, 
podendo o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, a qualquer tempo, corrigir-lhe as inexatidões 
materiais. 
 
• Anulação da partilha: Erro, dolo ou coação – art. 657 CPC e 2.027 CC. 
• Prazo para anulação: Parágrafo único 
 57 
 Art. 657. A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termonos autos do inventário 
ou constante de escrito particular homologado pelo juiz, pode ser anulada por dolo, coação, erro essencial 
ou intervenção de incapaz, observado o disposto no § 4º do art. 966 . 
Parágrafo único. O direito à anulação de partilha amigável extingue-se em 1 (um) ano, contado esse prazo: 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessou; 
II - no caso de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato; 
III - quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade. 
 
Art. 2.027. A partilha é anulável pelos vícios e defeitos que invalidam, em geral, os negócios jurídicos. 
(Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) 
Parágrafo único. Extingue-se em um ano o direito de anular a partilha. 
 
• Rescisão da partilha: hipóteses – art. 658 CPC 
 Art. 658. É rescindível a partilha julgada por sentença: 
I - nos casos mencionados no art. 657 ; 
II - se feita com preterição de formalidades legais; 
III - se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja. 
 
DIREITO DE ACRESCER ENTRE HERDEIROS E LEGATÁRIOS 
 O direito de acrescer ocorre quando o testador contempla vários beneficiários 
(coerdeiros ou colegatários), deixando-lhes a mesma herança, ou a mesma coisa 
determinada e certa, em porções não determinadas, e um dos concorrentes vem a 
faltar. Nesse caso, a parte do faltoso acresce à dos demais, exceto se houver substituto 
indicado pelo testador, conforme previsão do art. 1.941 do Código Civil. 
 Deve-se esclarecer que esse acréscimo só é possível na sucessão testamentária 
porque na sucessão legítima, a herança reparte-se entre os herdeiros existentes ao 
tempo da abertura da sucessão, sem que a falta de um possa aumentar o quinhão de 
outro, isso porque, nos casos em que a lei admite o direito de representação, este 
impedirá o direito de acrescer. 
 No entanto, na hipótese de renúncia, prevista no art. 1.810 do Código Civil, 
ocorrerá o direito de acrescer, porque a parte do renunciante acrescerá a dos demais 
herdeiros da mesma classe. 
Poderá ocorrer também entre colegatários, na hipótese prevista no art. 1.942 quando 
estes são nomeados conjuntamente a respeito de uma só coisa determinada e certa, ou 
quando o objeto do legado não puder ser dividido sem que haja o risco de 
desvalorização. 
 O art. 1.943 elenca as situações em que o nomeado não pode ou não quer 
recolher a deixa. Essas hipóteses são: pré-morte, exclusão por indignidade, falta de 
legitimação (incapacidade relativa), não verificação da condição sob a qual foi instituído 
e renúncia. 
 Nesse caso, “a parte do que faltar será recolhida pelo substituto designado pelo 
testador se este, prevendo o acontecimento, tiver feito a nomeação”. Do contrário, essa 
cota acrescerá ao quinhão dos coerdeiros ou colegatários, mas, se o testador fizer 
nomeação conjunta especificando o quinhão de cada um, como por exemplo, A fica com 
a metade ou um terço e B com a outra metade ou outro terço e aí por diante, entende-
se que a vontade do testador era beneficiar esta pessoa com apenas a porção indicada 
no ato de última vontade e, por esse motivo, a quota vaga do contemplado que vier a 
faltar será devolvida aos herdeiros legítimos do testador, ou o substituto, se houver. 
Essa é a regra do art. 1.944 do Código Civil. 
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 Nessa senda, verifica-se que, se em uma disposição testamentária, em vez de um 
beneficiário houver vários herdeiros ou legatários, sem que haja determinação quanto 
ao quinhão de cada um, a renúncia ou exclusão de um deles, bem como a caducidade 
do legado em relação a um deles, faz com que o quinhão acresça ao dos demais 
nomeados conjuntamente. Mas quando se tratar de quinhão devidamente especificado 
este será recolhido pelos herdeiros legítimos. 
 Por exemplo, o quinhão do legatário renunciante será incorporado ao 
patrimônio dos herdeiros legítimos, que só terão obrigatoriedade de pagar o quinhão 
dos demais colegatários e não ao legatário que renunciou. 
 Washington de Barros Monteiro ensina que “quando não se efetua o direito de 
acrescer, transmite-se aos herdeiros legítimos a quota vaga do nomeado (art. 1.944), 
Óbvia a razão do dispositivo: se não existe disposição conjunta, segundo define o citado 
art. 1.941, se ela é nula, ou vem a ser anulada, a quota não recolhida pelo nomeado se 
devolve ao herdeiro legítimo, prevalecendo, destarte, em tal conjuntura, a sucessão 
legítima”. 
 Quanto às obrigações, os coerdeiros ou colegatários a quem acrescer o quinhão 
do que deixou de herdar, ficam sujeitos às obrigações ou encargos que o oneravam, 
conforme o parágrafo único do art. 1.943 do Código Civil. É a aplicação do princípio 
portio portioni adcrescit, non personae. Assim, operado o acréscimo, serão transmitidos 
aos beneficiários os ônus que acompanhavam as liberalidades e não somente as 
vantagens que deveriam caber ao faltoso. 
 Entretanto, há encargos que são estritamente pessoais como, por exemplo, se o 
legado foi deixado para que o beneficiário se case. Nesse caso, quando o legado acresce 
ao de outro colegatário o encargo desaparece, porque não se pode cogitar de sua 
transmissão ao favorecido com o acréscimo. 
 Vale acrescentar que paira na doutrina dúvida se subsiste o direito de acrescer 
quando um dos herdeiros é incapaz de receber por testamento, como no caso de 
incapacidade prevista no art. 1.801 do Código. Para Clóvis Bevilácqua, citado por 
Washington de Barros Monteiro, ocorrendo tal hipótese haverá nulidade da disposição, 
e não simples incapacidade. Já Carlos Maximiliano e Carvalho Santos sustentam que, 
verificada a incapacidade surge o direito de acrescer, opinião também corroborada por 
Washington de Barros Monteiro, segundo o qual “incontestavelmente parece o melhor, 
porque o art. 1.943, enumerando os casos de caducidade, contempla também os que 
forem excluídos da herança, expressão que compreende, sem dúvida, o incapaz de 
herdar”. 
 Outra controvérsia que perdura na doutrina diz respeito a hipótese do herdeiro 
que aliena sua quota e posteriormente outro coerdeiro vem a faltar. Quem será 
favorecido pelo direito de acrescer? O adquirente ou o alienante (herdeiro)? 
 Uma das correntes pende em favor do alienante, mas a outra invoca o princípio 
portio portioni adcrescit, non personae, que defende que o direito de acrescer se 
compara ao fenômeno da aluvião, que não pode verificar-se senão em favor daquele 
que possui o imóvel aumentado. E mais, o alienatário toma o lugar do alienante, 
investindo-se em todos os seus direitos, máxime se este, sem qualquer ressalva, 
transfere os direitos inerentes à sucessão, presentes e futuros, certos e individuais . 
 Washington de Barros Monteiro ensina ainda que está isento do imposto de 
transmissão causa mortis o que couber ao herdeiro em virtude do direito de acrescer . 
 
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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 O direito de acrescer obedece a alguns princípios fundamentais, quais sejam: 
 a) O direito de acrescer é decorrência da vontade presumida do autor da 
herança, que em testamento, nomeia herdeiros para toda a deixa ou para uma quota-
parte dela, sem determinar a porção de cada um, ou então, deixa a vários legatários a 
mesma coisa, ou parte dela. Nesses casos, a lei presume que o testador desejava instituir 
o direito de acrescer para os demais coerdeiros ou colegatários, caso um deles venha a 
faltar, mesmo que não faça alusão ao direito de acrescer no ato de última vontade. 
 b) Nos casos em que ocorre o direito de acrescer, reputa-se o acréscimo como 
forçado. Tal presunção decorre do fato de que o legislador tenta coibir, o quanto 
possível, o fracionamento da propriedade, fundando-se em ordem econômica. 
 c) O direito de acrescer verifica-se tanto entre coerdeiros, quanto entre 
colegatários, uma vez que a lei civil não distingue a herança e o legado em relação ao 
jus acrescendi. 
 d) Havendo instituições distintas e não conjuntas, os coerdeiros ou colegatários 
não podem ver acrescidas suas quotas com a parte do herdeiro pré-morto. 
 
Pressupostos (requisitos) para o exercício do direito de acrescer 
 Para queocorra o direito de acrescer faz-se necessário a presença dos seguintes 
requisitos: 
 a) nomeação de coerdeiros ou colegatários na mesma disposição testamentária, 
sem que necessariamente ocorra na mesma frase tal nomeação; 
 b) deixa dos mesmos bens ou da mesma porção de bens; 
 c) ausência de quotas hereditárias determinadas. 
 A presunção é de que o autor da herança nomeia em testamento herdeiros para 
toda a testamentaria ou deixa a vários legatários a mesma coisa ou parte dela. 
 
Espécies de disposições conjuntas 
 No direito romano distinguiam-se três espécies de disposições conjuntas: a re et 
verbis, a re tantum e a verbis tantum. 
 Nosso ordenamento jurídico acolheu essas espécies e, por esse motivo, 
podemos afirmar que são disposições conjuntas: 
 a) Conjunção mista (re et verbis) – quando o testador, numa mesma frase, 
designa vários herdeiros ou legatários para a mesma coisa (uma universalidade de bens 
ou uma coisa certa), sem distinção de partes. Exemplo: “deixo o imóvel da Rua Joaquim 
Nabuco para Cláudio e Roberto”. Nesse caso, há uma conjunção verbal, uma vez que a 
deixa testamentária conjunta se encontra em uma mesma cláusula do testamento, e 
uma conjunção real, pois há unidade do objeto, daí conjunctio re et verbis. 
 b) Conjunção real (re tantum) – quando os vários herdeiros instituídos são 
chamados, por frases distintas, na mesma cédula, a suceder na mesma coisa e sem 
discriminação dos quinhões. Exemplo: “deixo o imóvel da Rua Joaquim Nabuco a 
Cláudio”, e mais adiante no mesmo ato de última vontade, “deixo o imóvel da Rua 
Joaquim Nabuco a Roberto”. Veja que se trata do mesmo imóvel anteriormente citado, 
e nessa instituição os dois legatários são conjuntos re, porque contemplados com a 
mesma coisa, mas não conjuntos verbis, porque efetivados os legados através de 
disposições diferentes, embora no mesmo testamento. 
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 c) Conjunção verbal (verbis tantum) – quando o autor da deixa, na mesma 
disposição testamentária, designa herdeiros ou legatários conjuntamente, mas 
especifica o quinhão de cada um. Exemplo: “deixo o imóvel da Rua Joaquim Nabuco a 
Cláudio e a Roberto, metade para cada um”. 
 
 As duas primeiras (real e mista) geram o direito de acrescer, porque não há 
discriminação dos quinhões, entretanto o mesmo não sucede com a última (conjunção 
verbal), porque o testador expressa sua vontade de que cada um receba a quota por ele 
determinada. Tais regras são interpretadas de acordo com a vontade do autor da 
herança e só aplicáveis quando não for clara e precisa. 
 
Direito de acrescer no legado de usufruto 
 Nesta espécie de legado o testador, ao dispor de seu patrimônio, transfere ao 
usufrutuário o direito de usar e gozar da coisa por certo tempo ou de forma vitalícia. 
Haverá direito de acrescer entre os colegatários se a nomeação for conjunta, sem 
especificação de quotas. Essa é a regra contida no art. 1.946 do Código Civil. 
 Assim, existindo disposição de usufruto de forma conjunta, em favor de duas ou 
mais pessoas, haverá direito de acrescer, desde que se verifique algum dos casos de 
caducidade em relação a qualquer dos usufrutuários, o que não ocorre no usufruto 
constituído por ato inter vivos, porque, neste caso, de acordo com o estabelecido no 
art. 1.411, havendo usufrutuários simultâneos, o usufruto vai se extinguindo 
paulatinamente de forma que a posse vai de forma gradativamente se consolidando, 
conforme vai falecendo cada usufrutuário, exceto se, por determinação expressa, 
houver cláusula estipulando que o quinhão caberá ao sobrevivente. 
 No caso do usufruto instituído mortis causa, haverá conjunção mista se a 
determinação constar da mesma cláusula testamentária, ou conjunção real, se o mesmo 
usufruto for deixado a mais de um usufrutuário, em mais de um testamento. 
 Mas, se não houver disposição conjunta, ou se, apesar de serem conjuntos, 
houver distribuição do usufruto em partes certas entre os beneficiários, não há o que se 
falar em acréscimo, mas em consolidação da propriedade em favor do nu-proprietário, 
se um deles vier a faltar, e assim sucessivamente até que seja extinto o direito real. 
 E mais, a morte de todos os legatários extingue o usufruto, se não for estipulado 
outro prazo, e o falecimento do nu-proprietário não extingue o direito do usufrutuário. 
Se um legatário ficou com o usufruto de metade ideal de um imóvel e nele residir, 
deverá pagar metade do aluguel ao nu-proprietário, uma vez que só pode usufruir da 
metade ideal e o nu-proprietário é titular pleno da outra parte . 
 
Das substituições testamentárias 
 Conceito – consiste na instituição de herdeiro ou legatário com a obrigação de, 
por sua morte, a certo tempo ou condição preestabelecida, transmitir outra pessoa a 
herança ou o legado. 
 Para a professora Maria Helena Diniz, "A substituição hereditária é a disposição 
testamentária na qual o disponente chama uma pessoa para receber, no todo ou em 
parte, a herança ou o legado, na falta ou após o herdeiro ou legatário nomeado em 
primeiro lugar, ou seja, quando a vocação deste ou daquele cessar por qualquer causa". 
 
Princípios que regem as substituições 
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 1) o substituto deve ter capacidade para ser instituído em primeiro grau, 
existindo esta ao tempo da abertura da sucessão; 
 2) podem ser dados substitutos a um só herdeiro ou um substituto único a 
muitos herdeiros; 
 3) não é permitida a substituição de mais de um grau (art. 1.959, CC); 
 4) a substituição é uma instituição condicional, podendo ser subordinada a uma 
condição, a um termo ou a um encargo; 
 5) a nomeação do substituto pode ser feita no próprio testamento ou em cédula 
testamentária posterior, desde que observados os requisitos subjetivos e formais; 
 6) o substituto deverá cumprir o encargo ou a condição imposta ao substituído, 
exceto se o testador estabeleceu de forma diferente, ou se o contrário resultar da 
natureza da condição ou do encargo (art. 1.949, CC). 
 
Espécies de substituição: 
 1) Vulgar, direta ou ordinária – consiste na indicação da pessoa que deve ocupar 
o lugar do herdeiro ou do legatário que não quer ou não pode aceitar a liberalidade (art. 
1.947, CC). 
 A substituição vulgar, direta ou ordinária ocorre quando o testador designa 
expressamente, no ato de última vontade, uma pessoa que deverá suceder em lugar do 
herdeiro ou do legatário, para o caso de um ou outro não querer ou não poder aceitar 
a liberalidade, havendo a presunção de que a substituição foi determinada para as duas 
alternativas, ainda que o testador refira-se a apenas uma delas. (art. 1.947, CC). 
 A substituição vulgar se realizará se o instituído morrer antes do testador, se 
repudiar a herança ou o legado, ou for excluído por indignidade. Nessa espécie o 
testador pode favorecer um estranho, um parente sucessível ou não, ou um herdeiro 
legítimo. Porém, somente poderá favorecer herdeiro necessário fora da sua legítima, na 
hipótese de se lhe deixar a quota disponível do testador, com indicação de substituto, 
sem quaisquer danos à sua quota reservatária. 
 Ao recolher a herança ou o legado, o substituto não só será beneficiado com as 
suas vantagens, mas ficará sujeito aos encargos e condições impostas ao substituído, 
quando não foi outra a intenção manifestada pelo testador, ou não resultar outra coisa 
da natureza da condição ou encargo (art. 1.949, CC). 
 
Caducidade da substituição vulgar 
 a) aceitação da herança ou do legado pelo herdeiro instituído em primeiro lugar; 
 b) falecimento do substituto antes do substituído ou do testador; 
 c) incapacidade do substituto para suceder por testamento; 
 d) renúncia do substituto à herança ou legado; 
 e) inadimplemento de condição suspensiva imposta à substituição; 
 f) aceitação da herança ou do legado pelos sucessores do instituído, morto 
depois de aberta a sucessão, mas antes de se pronunciar sobre ela, visto que o direito 
de aceitar passa aos sucessores. 
 
 2) Recíproca – é aquela em que o testador, ao instituir a pluralidade de herdeiros 
ou de legatários,os declara substitutos uns aos outros para o caso de algum deles, não 
querer ou não puder aceitar a liberalidade (arts. 1.948 e 1950, CC). 
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Em sendo contemplados em partes desiguais, a mesma proporção dos quinhões fixados 
na primeira, será mantida na segunda disposição, sendo que o quinhão do que vier a 
falecer ou renunciar será partilhado entre os demais, não em partes iguais, mas na 
proporção do que o testador fixara ao nomeá-los herdeiros (art. 1950, 1.ª parte, CC). 
No entanto, se com os herdeiros ou legatários for incluída mais alguma pessoa na 
substituição, o quinhão vago pertencerá em partes iguais para todos os herdeiros, 
inclusive para o substituto vulgar que concorre com os substitutos recíprocos (art. 1950, 
2.ª parte, CC). 
 
 3) Fideicomissária (arts. 1.951 a 1.960) – consiste na instituição por parte do 
testador (fideicomitente) de herdeiro ou legatário, designado fiduciário ou gravado, 
com a obrigação de, por sua morte, a certo tempo ou sob condição preestabelecida, 
transmitir a uma outra pessoa, chamado fideicomissário, a herança ou o legado (art. 
1.952, CC). 
 
O fideicomisso pode ser: 
 a) vitalício, quando a substituição se der por morte do fiduciário; 
 b) sob condição, se esta for imposta como determinante da resolução do 
direito do fiduciário; 
c) a tempo certo, quando o fiduciário deva cumprir o encargo de transmitir no momento 
prefixado pelo testador. 
 O Código Civil estabelece que a substituição fideicomissária somente é possível 
em favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador (art. 1.952). Para que se 
preserve a vontade do autor da herança, se ao tempo da abertura da sucessão fiduciária 
(seja esta subordinada à morte do fiduciário ou qualquer outra ocorrência), o 
fideicomissário não estiver ainda concebido, incidirá o disposto no art. 1.800, § 4º, do 
Código Civil, no tocante ao prazo de dois anos para que ocorra a concepção, contados a 
partir do advento do termo ou do implemento da condição resolutiva do direito do 
fiduciário, e não da abertura da sucessão do próprio testador. 
 É de se observar que, caso a instituição de primeiro grau (fiduciário) seja anulada, 
não prevalecerá o fideicomisso. No entanto, se a substituição for anulada, a nomeação 
do fiduciário prevalece como se fora simplesmente de herdeiro sem encargo resolutório 
(art. 1.960). 
 
Requisitos necessários: 
 1. Dupla vocação, isto é, deve haver duas disposições do mesmo bem em favor 
de pessoas diferentes, que receberão a herança ou o legado, uma depois da outra; 
 2. Eventualidade da vocação do fideicomissário - enquanto perdurar o direito do 
fiduciário, ou seja , não se verificando a substituição, o fideicomissário tem um direito 
meramente eventual sobre o bem fideicometido; 
 3. Sucessividade nos bens herdados ou legados; 
 4. Capacidade testamentária passiva do fiduciário que é apurada no momento 
da abertura da sucessão, e do fideicomissário, por ocasião da substituição; 
 5. Obrigação do fiduciário de conservar a coisa fideicometida para depois 
restituí-la ao fideicomissário. 
 
Direitos do fiduciário: 
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 a) Ter, desde logo, a propriedade, restrita e resolúvel da herança, percebendo-
lhe os frutos e rendimentos, para uso e consumo sem qualquer restrição à sua 
disponibilidade, salvo se o testador lhe houver imposto cláusula de inalienabilidade; 
 b) Transmitir, se falecer depois do testador, mas antes de vencido o prazo, a 
propriedade fiduciária a seus herdeiros legítimos ou testamentários, gravada da mesma 
cláusula resolutiva e da mesma obrigação restituitória, até o advento do termo ou 
condição resolutória, momento em que o fideicomissário receberá os bens 
fideicometidos; 
 c) Ter a propriedade plena, em caso de renúncia do fideicomissário, sem 
disposição em contrário, se o fideicomissário falecer antes do testador ou, antes de 
realizar-se a condição resolutória do direito do fiduciário; 
 d) Receber indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias que aumentaram 
o valor da coisa fideicometida, podendo exercer, pelo valor delas, o direito de retenção, 
por ser possuidor de boa fé; 
 e) Renunciar expressamente ao fideicomisso, por termo judicial ou escritura 
pública; 
 f) Sub-rogar o fideicomisso para outros bens, desde que com prévio 
consentimento do fideicomissário; 
 
 7. Usar de todas as ações do herdeiro, inclusive a de petição de herança. 
 
Deveres do fiduciário: 
 a) Inventariar os bens fideicometidos (art. 1.953, parágrafo único), não podendo 
ser este dispensado, por ser obrigação legal e para caracterizar o objeto do fideicomisso, 
respondendo pelas despesas do inventário e pelo pagamento do imposto de 
transmissão causa mortis; 
 b) Prestar caução de restituí-los, se assim exigir o fideicomissário (art. 1.953); 
 c) Conservar e administrar os bens, enquanto estiverem sob sua guarda, sem 
direito ao reembolso de despesas pela conservação; 
 d) Restituir a coisa fideicometida no estado em que se encontrava quando da 
substituição, não respondendo, porém, pelas deteriorações decorrentes do uso regular, 
caso fortuito ou força maior, mas deve indenizar as oriundas de sua culpa ou dolo. 
 
Direitos do fideicomissário: 
 a) Exigir do fiduciário o inventário das coisas fideicometidas e que preste caução 
de restituí-las; 
 b) Receber a parte da liberalidade advinda ao fiduciário por direito de acrescer 
(art. 1.956); 
 c) Recolher a herança ou o legado, como substituto do fiduciário, se este vier a 
falecer antes do testador, se renunciar à sucessão ou dela for excluído, ou não se 
verificar a condição sob a qual o fiduciário foi nomeado; 
 d) Renunciar ou aceitar a herança, em caso de o fiduciário repudiar a 
liberalidade, antecipando-lhe a vocação hereditária do fideicomisso. Se houver a 
renúncia por parte do fideicomissário ter-se-á a caducidade do fideicomisso, ficando o 
fiduciário com a propriedade plena do bem, desde que não haja disposição contrária do 
testador (art. 1.955, CC), podendo este, se perceber a possibilidade de renúncia por 
parte do fideicomissário, nomear um substituto que ocupará o seu lugar; 
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 f) Receber os bens, com a extinção do fideicomisso, livres de quaisquer ônus, 
salvo a hipótese prevista no art. 1.957; 
 
Deveres do fideicomissário: 
 a) Responder pelos encargos da herança que ainda restarem quando vier à 
sucessão, se o fiduciário não pôde satisfazê-los (art. 1.957); 
 b) Indenizar o fiduciário pelas benfeitorias úteis e necessárias, que aumentarem 
o valor da coisa fideicometida. 
 
Extinção do fideicomisso: 
 1) Nulidade (arts. 1.959 e 1.960, CC) – tendo em vista que é vedado o 
fideicomisso além do 2º grau, é nula a cláusula que assim o determine, sendo esta 
invalidada, prevalecendo, no entanto, a deixa instituída em favor do fiduciário que 
recebe os bens em plena e livre propriedade. Também são nulos os fideicomissos 
instituídos sobre a legítima. 
 
 2) Caducidade - O fideicomisso caducará por: 
 a) Perecimento do objeto, sem culpa do fiduciário, no entanto, subsistirá sobre 
o remanescente se parcial for o perecimento; 
 b) Renúncia do fideicomissário. A propriedade e posse dos bens se consolidam 
no fiduciário; 
 c) Renúncia ou não aceitação da herança pelo fiduciário. Neste caso o bem passa 
diretamente para o fideicomissário, salvo se o testador dispôs em contrário; 
 d) Nascimento do fideicomissário antes da morte do testador. Aqui o 
fideicomisso não chega a ser instituído, convertendo-se em usufruto do fiduciário (art. 
1.952, parágrafo único). Se o fideicomissário morrer antes do fiduciário, ou, antes de 
realizada a condição, consolida-se neste a propriedade (art. 1.958); 
 e) Falta de legitimação - Não tendo o fideicomissário, legitimação para suceder 
ou, antes de suceder, for condenado por indignidade. 
 Fideicomisso singular – incide sobre bens certos e determinados do acervo 
quando assumir o aspecto de um legado. 
 Fideicomisso universal – quando assume o aspecto de uma herança abrangendo 
a totalidade ou quota-parte do espólio. 
 
 4) Compendiosa– é um misto de substituição vulgar e fideicomissária. É o que 
se verifica na hipótese em que o testador dá substituto ao fiduciário ou ao 
fideicomissário, prevendo que um outro não queira ou não possa aceitar a herança ou 
o legado. 
 
Sonegados 
 Trata-se de uma pena civil, a ser utilizada pelo interessado contra o herdeiro, o 
legatário ou o inventariante que oculta bens do espólio, prejudicando desta forma 
conjunto de pessoas interessadas na herança (herdeiro, legatário, testamenteiro, 
credores do espólio e eventuais cessionários). 
 O instituto existe para que os herdeiros ou interessados na deixa não deixem de 
cumprir seu dever jurídico e moral de informar os bens que estão em seu poder ou no 
de outrem com o seu consentimento, ou receberam de doação do de cujus em vida, e 
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deixou de informar no processo de inventário. Assim, aquele que não entrega esses bens 
que estão em sua posse ou em posse de terceiros, incorrerá em pena civil consistente 
na perda do direito sucessório do bem sonegado. Se o sonegador for o inventariante 
este será removido da função de administrador do espólio. 
 O processo de inventário tem como objetivo realizar a descrição dos bens, das 
dívidas e o rol de herdeiros para igualitária partilha, cumprindo eventual disposição 
testamentária. 
 Na lição do professor Itabaiana de Oliveira, sonegação é a “Ocultação dolosa de 
bens que devam ser inventariados ou levados à colação”. 
 
Pena 
 O art. 1.992 do Código Civil dispõe que “O herdeiro que sonegar bens da herança, 
não os descrevendo no inventário quando estejam em seu poder, ou, com o seu 
conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colação, a que os deva levar, ou que 
deixar de restituí-los, perderá o direito que sobre eles lhe cabia”. 
 Nesse sentido, se o herdeiro sonegar bens da herança ou deixar de restituí-los 
perderá o direito a esses bens. Note-se que não basta que o herdeiro deixe de herdar 
tal bem ou bens. O valor respectivo deverá ser abatido do montante a ser recebido pelo 
sonegador. 
 Se o sonegador for o inventariante, além de perder o direito sobre o bem 
sonegado, será ele removido, conforme dispõe o art. 1993, do Código Civil e arts. 621 e 
622, VI, do Código de Processo Civil. 
 
Requisitos: 
 Os requisitos objetivos para se arguir a sonegação são: Omissão de colação, 
ocultação de bens, falta de descrição no inventário. 
 E os requisitos subjetivos são: Consciência do ato ilícito, o propósito malicioso e 
deliberado de ocultar. 
 A mera omissão ou esquecimento de declarar o bem não se justifica o manejo 
da ação de sonegados. 
 
Momento – art. 1.996, CC 
 Segundo o art. 1.996, o momento para se arguir de sonegação o inventariante é 
depois de encerrada a descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de não 
existirem outros por inventariar e partir (últimas declarações). Quanto ao herdeiro, o 
momento será depois de ele declarar no inventário que não possui os referidos bens, 
quando sabe-se que estão em seu poder ou de terceiro com o seu consentimento. 
 No mais, é pacífico o entendimento de que o fisco não tem legitimação para 
propor a ação de sonegados. 
 
Ação de Sonegados – art. 1.994, CC 
 É por meio da ação de sonegados que se atinge o sonegador e será aplicada a 
pena prevista no artigo 1.992, do Diploma Civil. 
Deve-se atentar que a pena, consistente na perda do direito aos bens sonegados, só será 
possível após regular trâmite da ação ordinária, conforme dispõe o artigo 1.994, e seu 
parágrafo único, da lei civil. 
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 No polo passivo podem figurar o herdeiro, o legatário, o testamenteiro, os 
credores do espólio, eventuais cessionários e até mesmo o inventariante, que perderá 
o cargo segundo o que determina o artigo 1993 do Código Civil. 
Enfim, todo aquele que não for estranho à herança pode cometer sonegação, e a 
sentença proferida na ação de sonegados, movida por qualquer dos interessados, 
aproveitará aos demais interessados. 
 A finalidade da ação é proteger os prejudicados na herança e deve ser proposta 
no juízo onde tramita ou tramitou o inventário e seu pólo passivo é personalíssimo, mas 
segue contra os herdeiros do réu caso este venha a falecer no curso da ação. 
 O prazo é contado a partir da homologação da partilha, e será de 10 anos, 
semelhante ao prazo da ação de petição de herança. 
 A sentença de procedência devolve o bem ou o valor deste, ao monte e será 
objeto de sobrepatilha aos demais herdeiros porque o bem sonegado torna-se 
inexistente ao sonegador para fins de partilha, uma vez que ele perde o direito 
sucessório a esse bem, como antedito. 
 
Impossibilidade de restituição – art. 1.995 CC 
 Na hipótese de impossibilidade de devolução do bem sonegado, deve-se restituir 
o valor equivalente, acrescido de perdas e danos, conforme indica o art. 1.995, do 
Código Civil. 
 Se o sonegador for o testamenteiro perde o cargo e, obviamente o direito a 
vintena. 
Para finalizar, ressalte-se que os adquirentes de boa-fé de bens sonegados estão 
protegidos, mas, se restar comprovada a má-fé, a ação de sonegados tem força para 
anular o negócio e condenar sonegador e o terceiro adquirente a indenizar os 
prejudicados no valor do bem, acrescido de perdas e danos.

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