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Lições Bíblicas
Discipulando
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O QUE SERIA DO
MUNDO SEM O
CRISTIANISMO?
Será que Deus está morrendo? Isso
é o que algumas pessoas acreditam
ou desejariam que acontecesse. Elas
sustentam que as crenças cristãs e
nosso estilo de vida não são mais re
levantes para os dias de hoje.
Mas a verdade que estas pessoas não
querem ver é que o mundo sem o
cristianismo seria um lugar comple
tamente obscuro. Se você observar,
perceberá que, ao longo da história,
os ensinamentos de Jesus mudaram
o mundo drasticamente e que ainda
hoje segue sendo a força mais pode
rosa em favor do bem da humanidade.
VOCÊ SABIA QUE:
• 0 cristianismo tem ficado contra o mal
da escravidão, racismo, eugenia e in
justiças contra mulheres e crianças?
• A democracia, a liberdade, a edu
cação moderna e o sistema legal
devem muito ao cristianismo?
• Que cristãos através das eras,
tem demonstrado o valor da vida
humana, sacrificialmente se de
dicando aos doentes, marginaliza
dos e agonizantes?
• Que pessoas de fé têm estendido
o reino de Deus por meio da cari
dade, da justiça social, e da saúde
mental etc.?
Não apenas a fé em Jesus, mas a prá
tica dos seus ensinamentos mudou o
mundo drasticamente para melhor.
E você faz parte desta mudança.
CB4D
Lições Bíblicas
Discipulando
Comentarista: Silas Daniel
A Honestidade
com as Palavras
A Fidelidade
no Casamento
Desviando-se da
Cólera e do
Homicídio
Lição 7
Sobre a Vingança
e o Amor
Lição 10
A Ambição do
Discípulo: Não à
48
"Segurança" dos
Lição 8
Sem Hipocrisia, mas
com Verdade
Lição 11
Não Julgue o Próximo,
para que não Sejas
Julgado
53
Lição 9
Oração não Mecânica,
mas Consciente
Lição 12
A Bondade de Deus
e os Falsos Profetas
Bens Materiais
Lição 13
Jesus É a nossa
Identidade
Discípulando @
CWD
EDITORIAL
Caro(a) aluno(a),
A Paz do Senhor Jesus!
A revista Lições Bíblicas Discipulando,
neste módulo, apresentará treze lições
que aprofundarão seus conhecimentos a
respeito da fé cristã, das Escrituras e do
Senhor Jesus.
Chegou o tempo de viver as verdades
bíblicas. Por isso, você aprenderá como os
princípios e conceitos bíblicos impactam e
transformam sua vida no dia a dia.
Você tem feito uma bela caminhada de
aprendizagem e crescimento espiritual
através do estudo de cada módulo neste
curso de discipulado.
E, por isso, você não pode parar. Prossiga
em seus estudos semanais, persista na
leitura bíblica e na prática da oração, e
você verá o poder de Deus em sua vida.
O estudo da Palavra é o melhor caminho
para conhecer a Deus. Mantenha o seu
compromisso com este método de cres
cimento espiritual, e você terá uma vida
de fé frutífera no Espírito. Que o Senhor
o (a) fortaleça a cada dia.
Bons estudos!
CASA PUBLICADORA DAS
ASSEMBLÉIAS DE DEUS
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Editora
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Projeto Gráfico
Leonardo Engel
Estudada em / /
Um Novo
Caráter: A Lei
do Reino
de Deus
MEDITAÇÃO
Porque o Reino de Deus não é comi
da nem bebida, mas justiça, e paz, e
alegria no Espírito Santo. (Rm 14,17)
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
• SEGUNDA - Romanos 14.17-19
• TERÇA - Salmos 51.17
• QUARTA - Apocalipse 21.4
• QUINTA - Hebreus 12.14
• SEXTA - Mateus 6.33
• SÁBADO - Miqueias 6.8
3 - Bem-aventurados os pobres de espírito,
porque deles é o Reino dos céus;
4 - bem-aventurados os que choram, por
que eles serão consolados;
5 - bem-aventurados os mansos, porque
eles herdarão a terra:
6 - bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça, porque eles serão fartos;
7 - bem-aventurados os misericordiosos,
porque eles alcançarão misericórdia;
8 - bem-aventurados os limpos de coração,
porque eles verão a Deus;
9 - bem-aventurados os pacificadores, por
que eles serão chamados filhos de Deus;
10 - bem-aventurados os que sofrem per
seguição por causa da justiça, porque deles
é o Reino dos céus;
11 - bem-aventurados sois vós quando vos
injuriarem, e perseguirem, e. mentindo,
disserem todo o mal contra vós, por minha
causa,
12 - Exultai e alegrai-vos, porque é grande
o vosso galardão nos céus: porque assim
perseguiram os profetas que foram antes
de vós.
Discipulando Aluno | Quarto Ciclo 3
INTRODUÇÃO
No primeiro ciclo de nosso curso, estu
damos sobre o Reino de Deus e a pessoa
de Jesus Cristo. Neste trimestre, o último
desta série de quatro ciclos de estudos,
estudaremos o caráter dos filhos deste Rei
no, ou seja, os valores que devem orientar e
caracterizar a vida de todos aqueles que um
dia entregaram as suas vidas a Jesus, tor-
nando-se filhos, membros e embaixadores
do Reino de Deus. Como membros deste
Reino, temos a responsabilidade de viver
de forma condizente com ele, e essa nova
forma de viver encontra-se resumida no
chamado Sermão da Montanha, proferido
por Jesus no início do seu ministério terreno.
Esse célebre sermão de Jesus encontra-se,
na sua totalidade, nos capítulos 5 a 7 do
Evangelho de Mateus, cujos textos servirão
de base para nosso estudo neste ciclo.
1. O SERMÃO DA
MONTANHA E O CARÁTER
DOS FILHOS DO REINO
1.1.0 Sermão da Montanha. O “Sermão
da Montanha" ou “Sermão do Monte" é a
mais célebre mensagem de Jesus regis
trada na Bíblia. Ele recebeu esse nome
porque foi proferido por Jesus quando este
estava assentado sobre um monte, rodeado
pelos seus discípulos e tendo uma multidão
na planície a ouvi-lo (Mt 5.1,2; Lc 6.17-20).
Originalmente, Jesus proferiu esse ensino
para os seus discípulos. Mas a multidão na
planície, ao pé daquela elevação, também
acabou desfrutando do seu ensinamento
nesse dia (Mt 7.28). Quando proferiu esse
sermão, o Mestre havia escolhido, não fazia
muito tempo, os seus primeiros discípulos
(Mt 4.12-25) e os doze apóstolos (Lc 6.12-16),
e desejava agora, por meio desse sermão,
ensiná-los sobre o verdadeiro discipulado,
sobre como os seus discípulos deveríam
viver e conduzir-se. O Sermão da Montanha
apresenta, portanto, o padrão de vida e de
comportamento estabelecido por Deus
para os seus filhos.
1.2.0 caráter dos filhos do Reino. Jesus
abre o Sermão da Montanha falando aos
seus discípulos sobre um assunto muito
importante: a relação entre o caráter e a
felicidade. Ora, sabemos que o objetivo de
vida do ser humano é buscar a felicidade.
Não há dúvida de que todas as pessoas,
de alguma forma, procuram ser felizes. En
tretanto, nem todas realmente conseguem
isso. O máximo que a maioria consegue
são momentos passageiros de euforia, não
poucas vezes seguidos por momentos de
depressão. No entanto, felicidade tem a
ver com o estilo de vida, ou seja, não tem
nada a ver com “ter", mas, sim, com “ser”.
Mais especificamente, tem a ver com o
que chamamos de “caráter". É o que Jesus
ensina no seu Sermão da Montanha.
No texto bíblico que serve de base para
a lição de hoje, vemos Jesus chamando de
“bem-aventuradas” - ou “felizes" - pessoas
que apresentam determinadas qualidades
no seu caráter que são manifestadas no
seu dia a dia. Ele não está falando, aqui,
de temperamentos, mas de caráter que
se manifesta em atitudes concretas, um
caráter que é fruto da ação do Espirito de
Deus em nossas vidas. Qualquer pessoa,
não importa o seu temperamento, uma vez
que se submeta a essa ação divina, pode
manifestar esse novo caráter na sua vida e,consequentemente, novas atitudes.
Ao afirmar que felizes são os humil
des, os mansos, os misericordiosos e os
pacificadores, Jesus está dizendo que a
verdadeira felicidade é uma consequência
natural na vida daqueles que manifestam
no seu dia a dia um estilo de vida baseado
nos valores divinos. Somente esse estilo de
vida, produzido pela transformação que
o Evangelho de Cristo opera em nossas
vidas, pelo poder do Espírito Santo, poderá
proporcionar a verdadeira felicidade.
4 Discipulando Aluno 4
As qualidades desse novo estilo de
vida são as marcas distintivas dos filhos
do Reino; são marcas identificadoras dos
verdadeiros filhos de Deus. Quando bus
camos diariamente a Deus e permitimos
Ele agir em nossas vidas, por intermédio
da sua Palavra e da oração, o Espirito de
Deus produz essas qualidades em nossa
vida cotidiana (Gl 5.22). E, entre os frutos
por Ele produzidos em nós, estão uma paz
e uma alegria novas, diferentes e especiais.
Essa alegria é de ordem espiritual, é
um prazer e uma satisfação em servir a
Deus e às pessoas, uma sensação de rea
lização e de preenchimento de alma que
nada neste mundo pode proporcionar. O
amor de Deus é derramado em nosso co
ração (Rm 5.5), a presença divina torna-se
patente em nossa vida, animando-nos.
E a paz que passamos a experimentar, a
paz que vem de Cristo (Jo 14.27), é do tipo
que “excede todo entendimento” (Fp 4 7).
porque, diferentemente da paz mundana,
ela não é sentida apenas nos momentos de
bonança, o que é natural, mas também nos
momentos de dificuldade, fazendo-nos
vencer o desespero e o medo nas situa
ções difíceis. O filho de Deus consegue
alegrar-se e exultar até mesmo na - e
apesar da - perseguição, porque o Deus
de paz guarda o seu coração em meio às
dificuldades mais intensas.
Por fim, é importante frisar ainda que,
quando Jesus diz que os filhos do Reino são
bem-aventurados, Ele não se refere a uma
realidade apenas presente da vida, mas
também ao que lhes reserva a eternidade.
Logo, os filhos do Reino ganharão benesses
eternas que nenhum outro ser humano po
derá gozar: “herdarão a terra”, “serão fartos",
“verão a Deus”, receberão “grande galardão
nos céus" (Mateus 5.5,6,8,12) etc.
Sob qualquer perspectiva, seja a do
presente ou a do futuro, os filhos do Reino
são felizes.
2. AS BEM-AVENTURANÇAS
2.1. “Bem-aventurados os pobres de
espírito". A expressão “pobres de espírito”
refere-se àqueles que são humildes de
coração. Lucas 6.20 diz apenas “Bem-a
venturados os pobres", em vez de “Bem-
-aventurados os pobres de espírito". Mas
isso ocorre porque, na cultura judaica da
época de Jesus, mais especificamente
desde o fim do cativeiro babilônico, os
judeus passaram a usar muitas vezes o
termo “pobres" para referir-se “aos piedo
sos, em contraste com os opressores ricos,
ímpios e mundanos dos pobres"; logo, “as
afirmações em Mateus [5.3I e Lucas [6.20]
significam a mesma coisa" (Comentário
Bíblico Beacon, CPAD, vol. 6, p.54).
Os pobres de espírito são aqueles que
reconhecem a sua necessidade espiritual,
a sua dependência de Deus; são aqueles
que destronam o orgulho. Jesus diz que
somente os que manifestam essa dispo
sição nos seus corações “herdarão o Reino
de Deus".
2.2. “Bem-aventurados os que cho
ram”. Jesus refere-se aqui àqueles que são
quebrantados de coração, sensíveis para
as coisas de Deus, para o que é certo, para
as coisas espirituais. São aqueles que cho
ram, em primeiro lugar, arrependidos, em
reconhecimento pelos seus pecados - es
tes alcançarão consolo através do perdão
divino. Mas eles também são aqueles que
choram sinceramente pelo seu próximo,
sensibilizados pelo sofrimento e o estado
espiritual dos outros, e intercedendo por
estes com confiança no Senhor. São ainda
aqueles que choram por mais de Deus
para as suas vidas. Todos estes “serão
consolados", abençoados pelo Senhor.
2.3. “Bem-aventurados os mansos".
Mansidão, aqui, não é uma aparência de
modéstia, nem é também uma referência
a apenas ser paciente com as pessoas. O
termo aqui refere-se a mais do que isso.
Quarto Ciclo 5
Significa, sim, não ser arrogante, mas é,
sobretudo, uma referência à submissão
sincera a Deus, a uma atitude constante
de submissão à vontade divina, É não se
exasperar, mas confiar em Deus, entregar
sua vida totalmente a Ele e seguir ple
namente a vontade divina para sua vida,
não importando as circunstâncias. Os que
assim procedem “herdarão a terra”, isto é,
reinarão com Cristo na terra futura.
2.4. “Bem-aventurados os que têm
fome e sede de justiça". A expressão “jus
tiça” aqui é tanto uma alusão às bênçãos
espirituais quanto à conduta ética: ela é
tanto dotação graciosa da parte de Deus a
ser experimentada quanto exigência ética
a ser vivenciada. Uma coisa está intima
mente relacionada à outra.
“Fome e sede de justiça” é uma refe
rência à busca ávida, prazerosa e cons
tante pelo exercício da justiça divina em
nossas vidas como uma forma de apro-
fundarmo-nos mais na maravilhosa graça
que recebemos do Senhor. Ou seja, se
alguém tem mesmo fome pelas coisas de
Deus, sede por mais da sua presença sobre
sua vida, então deve ter ao mesmo tempo
fome e sede de buscar a sua vontade em
obediência. Aqueles que buscam mais da
vontade de Deus para as suas vidas rece
bem mais dEle. Eles serão “fartos”, isto é,
plenamente satisfeitos em Deus.
2.5. “Bem-aventurados os misericor
diosos”. Misericórdia é a bondade em ação.
Quem recebeu a misericórdia de Deus tem
a obrigação de ser misericordioso para
com os outros. O cristão que não é mise
ricordioso está, na prática, desprezando
a misericórdia de Deus em sua vida, pela
qual foi salvo. Jesus é claro: somente os
misericordiosos “alcançarão misericórdia".
2.6. “Bem-aventurados os Limpos de
coração". Ser limpo de coração é ser puro
de coração, é ter um coração santificado,
o que só é possível quando permitimos
que o amor de Deus seja derramado em
nosso coração pelo Espírito Santo (Rm
5.5). Somente um coração puro poderá ver
Deus, no sentido tanto de usufruir da sua
presença gloriosa aqui na terra quanto de
um dia vê-lo face a face na eternidade. A
Bíblia é clara: sem santificação, ninguém
verá o Senhor (Hb 12.14).
2.7. “Bem-aventurados os pacificado
res”. Aqueles que foram salvos em Cristo
têm paz com Deus (Rm 5.1) e são chama
dos para serem pacificadores, promotores
da paz. Jesus apresenta o ser pacificador
como uma característica marcante da
identidade do cristão, isto é, do caráter que
ele deve manifestar como filho de Deus (Mt
5.9). Alguém que se diz cristão e semeia
contendas é do tipo que não está nem ai
se “o circo pegar fogo”; não é um cristão
verdadeiro, pois um verdadeiro cristão faz
tudo o que estiver ao seu alcance para
promover a paz entre as pessoas.
2.8. “Bem-aventurados os que sofrem
perseguição por causa da justiça". Este
texto não se aplica àqueles que se fazem
de vítimas ou que deliberadamente pro
vocam situações de conflito, mas àqueles
que, por fazerem o que é certo, por cum
prirem a vontade de Deus, são perseguidos
pelo mundo. Estes são bem-aventurados,
porque Deus irá galardoá-los grandemen
te nos céus pela sua fidelidade em meio
às provações.
3. NÓS SOMOS
BEM-AVENTURADOS
Os filhos de Deus são bem-aventura
dos, felizes, porque rejeitaram os valores
do mundo e abraçaram os valores eternos
do Reino de Deus, sem os quais é impossí
vel alguém ser feliz neste mundo perdido.
Ao fim do Sermão do Monte, Jesus é claro:
somente aqueles que praticam os valores
ensinados por Ele no seu sermão, dentre
eles aqueles valores apresentados nas oito
bem-aventuranças, não serão abalados
6 __________________
espiritualmente, mas permanecerão firmes
para sempre (Mt 7.24,25).
CONCLUSÃO
A verdadeira bem-aventurança está
em Cristo. Em meio às tensões deste
mundo, não há como se conduzir de forma
melhor e mais abençoada se não seguindo
às diretrizes de Jesus para nossa forma de
viver. Sejamos, pois, humildes de coração;sensíveis às coisas de Deus, sensíveis ao
que é correto; sejamos submissos à von
tade divina; sejamos pessoas que não se
acomodam em sua vida espiritual, mas que
buscam sempre o mais de Deus; sejamos
misericordiosos; pacificadores; puros de
coração; sempre fiéis, mesmo em meio
às provações. Somente assim seremos, de
fato, bem-aventurados!
VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. Qual o propósito do Sermão da Mon
tanha?
2. O que é a verdadeira felicidade?
3. Qual o significado da expressão “pobre
de espírito”?
APROFUNDANDO-SE
"As virtudes que Jesus exalta no Sermão
do Monte são quase que exatamente o
oposto daquelas admiradas pelos gregos e
romanos em seus dias” (Comentário Bíblico
Beacon, vol.6, p.56). “Não é a pessoa que
afirma ser bem-sucedida espiritualmente
que encontra o Reino, mas o indivíduo que
reconhece enquanto é pobre (v. 3), Não é
a pessoa que está satisfeita com o que o
mundo lhe oferece, mas a pessoa que cho
ra. e olha além do brilho do mundo, a que
encontra consolo (v. 4). Não é a pessoa que
é arrogante, mas o manso, que responde à
voz de Deus, o que herdará a terra (v. 5). Os
que serão fartos não são aqueles que estão
satisfeitos com a sua própria justiça, mas os
que têm fome e sede de uma justiça que
não têm'’ (RICHARDS. Lawrence. Comentário
Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD.
2012, p.556)
4. Quando Jesus falou dos “mansos”, Ele
estava se referindo apenas àqueles que
não são arrogantes com os outros?
5. O que significa ter “fome e sede de
justiça"?
Você Sabia?
Enquanto os pregadores, oradores e
professores de hoje seguem o costume
grego e romano de ficar em pé para
falar, os mestres judeus sempre se sen
tavam enquanto ensinavam (Comen
tário Bíblico Beacon, CPAD. vol.6, p.53).
Por isso encontramos na Bíblia Jesus
proferindo muitos ensinos assentado,
como no caso do Sermão da Montanha,
Quarto Ciclo 7
Você É
Sal e Luz
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 5-13-16
13 - Vós sois o sal da terra; e, se o sal for
insípido, com que se há de salgar? Para
nada mais presta, senão para se lançar fora
e ser pisado pelos homens.
14 - Vós sois a luz do mundo; não se pode
esconder uma cidade edificada sobre um
monte:
15 - Nem se acende a candeia e se coloca
debaixo do alqueire, mas, no velador. e dá
luz a todos que estão na casa.
16 - Assim resplandeça a vossa luz diante
dos homens, para que vejam as vossas
boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que
está nos céus.
MEDITAÇÃO
Para que sejais irrepreensíveis e sin
ceros, filhos de Deus inculpáveis no
meio de uma geração corrompida e
perversa, entre a qual resplandeceis
como astros no mundo. (Fp 2.15)
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
• SEGUNDA - Provérbios 418
• TERÇA - Filipenses 2.14,15
• QUARTA - Malaquias 3.16-18
• QUINTA - João 17.20-23
• SEXTA - Efésios 5 8-13
• SÁBADO - 1 Pedro 2.9,10
8 Discipulando Aluno | Quarto Ciclo
INTRODUÇÃO
Deus nos chamou para fazer diferença
neste mundo, para influenciá-lo. Você não
foi chamado por Deus para apenas receber
bênçãos, mas para também, e principal
mente, ser bênção para a vida das pessoas:
bênção para sua família, bênção para a sua
igreja, bênção para a sociedade e bênção
para o mundo, Por isso, logo após Jesus
falar sobre o caráter do cristão e a verda
deira felicidade, Ele passa a ensinar sobre
a responsabilidade que o cristão tem de
influenciar positivamente o mundo. E para
ilustrar como deve se dar essa influência
positiva, Jesus usou dois símbolos do co
tidiano das pessoas: a luz e o sal. Veremos
na lição de hoje como esses dois símbolos
- o sal e a luz - ilustram perfeitamente a
influência do cristão na sociedade.
1. "VÓS SOIS O SAL
DA TERRA"
1.1. “Sal da terra”. Jesus afirma que
o cristão verdadeiro é como o “sal" (Mt
5.13). O “sal” fala de um tipo específico de
influência que o cristão exerce. O detalhe
inicial, porém, é que Jesus não diz que os
seus discípulos deveríam ser “sal" apenas
na região em que viviam. O mestre afirma
que eles deveríam ser o "sal da terra" -
isto é, deveríam fazer diferença em todo
o mundo. Os discípulos de Cristo foram
chamados para serem testemunhas do
Evangelho em Jerusalém, em toda Judeia
e Samaria, e até os confins da Terra (Atos
1.8). Aplicando esse chamado às nossas
vidas hoje, Jerusalém representaria a
nossa cidade; Judeia representaria o nosso
Estado; Samaria representaria os Estados
vizinhos: e os confins da Terra representa
riam, claro, todo o mundo.
1.2. Os atributos do sal. Quanto ao
tipo de influência ao qual Jesus refere-se,
sabemos que o sal tem dois atributos prin
cipais: dar sabor e conservar. Logo, Jesus
"Você não foi
chamado por Deus
para apenas receber
bênçãos, mas para
também, e principal
mente, ser bênção
para a vida das
pessoas."
está dizendo que o cristão exerce influ
ência sobre o mundo dando-lhe “sabor” e
ajudando a conservar determinadas coisas
cuja preservação significa um grande bem
para a sociedade. Mas o que é “dar sabor"
ao mundo? E que tipos de coisas o crente
pode e deve preservar por meio da sua
influência sobre a sociedade?
1.3. Dando sabor. Uma vez que o
sal tem como função dar sabor, Jesus
está afirmando, ao referir-se aos seus
discípulos como “sal da terra", que eles
poderiam e deveríam dar “sabor” ao
mundo por meio das suas vidas. Ao se
rem mansos, humildes, sensíveis moral e
espiritualmente, incansáveis na busca de
Deus, misericordiosos, limpos de coração
e pacificadores (Mt 5.1-12), os discípulos
estariam manifestando ao mundo, por
meio de suas vidas, os valores divinos e,
dessa forma, influenciando positivamente
as pessoas, Ou seja, “salgar" o mundo, na
Linguagem de Jesus, significa, em primeiro
lugar, influenciar positivamente as pessoas
por intermédio do exemplo. Mas, não só
Quarto Ciclo 9
pelo exemplo. Dar "sabor” ao mundo fala
também da mensagem do Evangelho, que
é a única a dar um sentido real à vida do ser
humano. O Evangelho é o poder de Deus
para salvação de todo aquele que nele
crer (Rm 1.16). O testemunho cristão, seja
por meio da pregação do Evangelho ou da
própria vida que manifesta os valores do
Reino de Deus no dia a dia, é o verdadeiro
sentido de “dar sabor" ao mundo.
1.4. Conservando. O atributo de con
servar, do elemento do sal, ilustra muito
bem outro tipo de influência positiva que o
cristão verdadeiro exerce sobre a socieda
de: o poder de deter ou resistir à corrupção
do mundo. Corrupção, aqui, é aquela tanto
na área moral como espiritual - aliás, essas
áreas estão intimamente relacionadas,
porque nossa condição espiritual afeta
nosso comportamento, nossas escolhas,
nossa moral. Como “sal da terra”, o cristão
verdadeiro não se conforma com o padrão
moral e espiritual da sociedade em que
vive, militando. assim, contra o mal e a
corrupção na sociedade.
1.5. "Pisado pelos homens". Jesus disse
que, se o sal perder os seus atributos, “para
nada mais presta, senão para se lançar fora
e ser pisado pelos homens" (Mt 5.13). Isso
significa que aqueles cristãos que deixam
de cumprir a sua responsabilidade de in
fluenciar o mundo positivamente com suas
vidas particulares e com a mensagem do
Evangelho são espiritualmente “insípidos”
e por isso acabam sendo “destruídos pelos
maus costumes e pelos baixos valores da
sociedade ímpia” (Bíblia de Estudo Pente-
costal, CPAD. p.1393).
2. "VÓS SOIS A LUZ
DO MUNDO"
2.1. “Luz do mundo”. Assim como no
caso da expressão “sal da terra”, a ex
pressão “luz do mundo” deixa claro que
o cristão deve exercer a sua influência
no mundo inteiro, em todas as áreas
da sua atuação na sociedade. A luz do
Evangelho, manifestada em sua vida, não
deve ser transmitida apenas para os seus
familiares, mas no trabalho, na escola, na
universidade, etc. Onde o cristão estiver,
ali ele deve ser luz!
2.2. Refletindo a luz de Cristo. O mes
mo Jesus que chamou os seus discípulos
de “luz do mundo" afirmou certa vez que
Ele era a “luz do mundo" (Jo 8.12). Isso
significa que a luz que devemos refletir ao
mundo é a luz que recebemosde Cristo
pelo poder do seu Evangelho e da ação
do Espirito Santo em nossas vidas. Da
mesma forma que “a lua reflete a luz do
sol no lado escurecido da terra, a igreja
deve refletir os raios do 'Sol da Justiça'
[Jesus] (Ml 4.2) em um mundo escurecido
pelo pecado" (Comentário Bíblico Beacon,
vol.6, CPAD, p.57).
2.3. Iluminando lugares em trevas. A
luz tem o poder de iluminar e aquecer.
Da mesma forma, a influência do cristão
na sociedade deve ser como a ação da
"Dar 'sabor'
ao mundo fala tam
bém da mensagem
do Evangelho, que
é a única a dar um
sentido real à vida
do ser humano."
Discipulando Aluno 4
luz, dissipando as trevas da confusão,
do pecado, da imoralidade e do erro, e
aquecendo aqueles que estão se sentindo
"frios” neste mundo.
3. INFLUENCIANDO
A SOCIEDADE
3.1. Boas obras. Ao fim dessa passagem,
Jesus explica que a luz do cristão são as
suas boas obras (Mt 5.16). Por intermédio
das boas obras, o cristão manifesta os
valores do Reino de Deus ao mundo, in
fluenciando muitas vidas para o Senhor.
Jesus ressalta que os diretamente afetados
por essas boas ações, em resposta, louvam
“vosso Pai, que está nos céus”. Quando
encarnamos os valores do Evangelho em
nossas vidas, louvamos a Deus e, o mais
importante, colocamos em prática e ratifi
camos aquilo que afirmamos com os nos
sos lábios. E também nossas ações acabam
inspirando poderosamente outras pessoas
que não conhecem a Deus, a buscá-lo e
adorá-lo. Em meio às trevas espirituais
deste mundo, quando um crente pratica
as boas obras, os seus atos são como um
facho de luz em meio às densas trevas,
sendo logo percebidos pelas pessoas.
3.2 - Não se deve esconder a luz, mas
manifestá-la. Ao falar do cristão como Luz,
Jesus enfatizou que essa luz deve ser ma
nifestada, nunca escondida. Ele compara o
cristão verdadeiro a uma cidade edificada
sobre um monte, ressaltando que não dá
para esconder uma cidade assim (Mt 5.14).
Em seguida, o Mestre lembra que não se
pode acender uma candeia e colocá-la
debaixo do alqueire, mas no velador,
para dar luz “a todos que estão na casa"
(Mt 5.15). Candeia era uma lâmpada pe
quena nos dias de Jesus, geralmente do
tamanho da mão de um homem, feita de
barro, e o seu fogo era alimentado por
azeite. O velador, por sua vez, era o local
onde a candeia era colocada e que sempre
era um local alto para que a luz da candeia
pudesse, a partir de cima, aspergir a sua lu
minosidade sobre todo o cômodo onde se
encontrava. O alqueire era uma referência
a medidas de cereal ou a cubas de farinha
de trigo medidas por um cesto. Ora, uma
lâmpada nunca poderia ficar escondida
debaixo de um cesto. Para alcançar o seu
objetivo de iluminar "a todos que estão
na casa", ela deveria ser sempre coloca
da no lugar mais alto e ideal: o velador.
Assim é o cristão: a sua luz não deve ser
escondida, mas manifestada de tal forma
que possa alcançar e atingir a todos à sua
volta. A Luz que o cristão recebe de Cristo
deve resplandecer “diante dos homens"
(Mt 5.16a). E eles a veem justamente por
meio das nossas boas obras (Mt 5.16b).
CONCLUSÃO
O cristão não deve ser influenciado pelo
mundo (Rm 12.2), mas, sim, influenciá-lo.
Resumidamente, ser “sal da terra” e "Luz do
mundo" nada mais é do que isso. O cristão
é chamado por Deus para fazer diferença
na vida das pessoas à sua volta, em todos
os Lugares onde se encontra.
O cristão deve ser exemplo na sua fa
mília, como pai, mãe, esposa, esposo, filho,
filha, irmão e irmã; ele deve ser exemplo
na vida secular, como estudante, como
profissional, como cidadão; ele deve ser
uma “amostra ambulante" do amor de
Deus ao mundo, manifestando-o em fa
vor dos outros; deve pregar os valores do
Evangelho em contraste com os valores
invertidos deste mundo; e deve também
Levar a mensagem transformadora do
Evangelho ao maior número de pessoas
como demonstração desse amor. Deus
espera isso dos seus filhos.
Ser filho de Deus é a maior bênção
que alguém pode experimentar na vida,
mas, como toda bênção, esta também
exige responsabilidades, deveres que não
podem ser de forma alguma ignorados
pelo cristão.
Quarto Ciclo 11
APROFUNDANDO-SE
“Devemos realizar boas obras que pos
sam ser vistas para a edificação de outros,
mas não que possam ser vistas para a
nossa própria ostentação. Nós devemos
orar em segredo, e o que estiver entre
Deus e as nossas almas deve ser consi
derado conosco, mas aquilo que é aberto
e óbvio à vista dos homens deve ser feito
de modo coerente com a nossa profissão
de fé, e de um modo que glorifique a Deus
(Fp 4.8). Aqueles que estão à nossa volta
não devem apenas ouvir falar das nossas
boas obras, mas devem ver as nossas boas
obras, para que possam se convencer que
a religião é algo mais do que meras pala
vras, e que não fazemos dela somente uma
profissão de fé, mas permanecemos sob o
seu poder" (HENRY, Matthew. Comentário
Bíblico do Novo Testamento: Mateus a
João. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp.49,50)-
3. E o atributo do sal em conservar aponta
para que tipo de responsabilidade do
cristão?
4. O que significa ser “luz do mundo"?
5. Qual a importância das boas obras na
vida do crente?
VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. Quais os dois símbolos do dia a dia usa
dos por Jesus para ilustrar a influência do
cristão no mundo?
Você Sabia?
2. O atributo do sal em dar sabor refere-
-se a que tipo de influência que o cristão
exerce na sociedade?
“Antes do advento das caixas de gelo
e dos modernos refrigeradores, o sal
era um dos principais meios de con
servar os alimentos. Quando peixes
eram transportados no lombo de
burros por cento e sessenta quilô
metros de Cafarnaum até Jerusalém,
eles tinham que ser abundantemen
te salgados. Assim, o seguidor de
Cristo deve agir como um conser
vante do mundo, Não se pode deixar
de imaginar o que aconteceria com a
sociedade moderna, com toda a sua
podridão moral, se não fosse a pre
sença da igreja cristã" (Comentário
Bíblico Beacon. vol.6. Rio de Janeiro:
CPAD, 2006, p.57).
12 Discipulando Aluno 4
MEDITAÇÃO
Porque o fim da lei é Cristo para justi
ça de todo aquele que crê. (Rm 10.4)
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
• SEGUNDA - Gálatas 4.4
• TERÇA - Lucas 24.25-27,44
• QUARTA - Hebreus 4.14-16
• QUINTA - Mateus 15.1-9
• SEXTA - Lucas 18.9-14
• SÁBADO - 1 Coríntios 13.1-7
Cristo,
o Discípulo
ea Lei
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 5.17-20
17 - Não cuideis que vim destruir a lei ou
os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.
18 - Porque em verdade vos digo que, até
que o céu e a terra passem, nem um jota
ou um til se omitirá da lei sem que tudo
seja cumprido.
19 - Qualquer, pois, que violar um destes
menores mandamentos e assim ensinar
aos homens será chamado o menor no
Reino dos céus; aquele, porém, que os
cumprir e ensinar será chamado grande
no Reino dos céus.
20 - Porque vos digo que. se a vossa justiça
não exceder a dos escribas e fariseus, de
modo nenhum entrareis no Reino dos céus.
Discipulando Aluno | Quarto Ciclo 13
INTRODUÇÃO
Depois de tudo o que foi apresentado
por Jesus no início do seu Sermão da
Montanha, era natural que muitos dos
seus ouvintes vissem-no como um re
volucionário religioso, como alguém que
queria destruir "a lei e os profetas" - isto
é, que queria romper com todo o Antigo
Testamento. Entretanto, Jesus faz questão
de deixar claro que o seu posicionamento
era exatamente o oposto do que estavam
supondo naquele momento. Na verdade,
Ele não viera destruir a Lei e os profetas,
mas, sim, cumprir o que diziam a Lei e os
profetas: “Não cuideis que vim destruir a
lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas
cumprir” (Mt 5.17). Mas, o que significa
“cumprir a lei e os profetas"? O que Jesus
queria dizer com isso exatamente? E qual
a relação entre a vida e o ensino de Jesus
e o Antigo Testamento?
1. CRISTO CUMPRIU
TODA A LEI
1.1. O que significa “cumprir a Lei e os
profetas”? Ao afirmar que viera “cumprir a
lei e os profetas”, Jesus estava asseverando
que Ele viera para cumpriros mandamen
tos e as promessas do Antigo Testamento,
isto é, “seus preceitos e profecias”, além de
“seus símbolos e tipos" (Comentário Bíbli
co Beacon, volume 6, CPAD, p.58). Sobre
símbolos e tipos, basta lembrar que muito
do que vemos nos cerimoniais litúrgicos
judaicos registrados no Antigo Testamen
to, na Lei de Moisés e mesmo em alguns
episódios vividos por homens de Deus do
passado, registrados também no Antigo
Testamento, simbolizavam claramente
Jesus e o seu sacrifício na cruz por nós para
remissão de nossos pecados.
A Epístola aos Hebreus, por exemplo,
é dedicada quase que totalmente a de
monstrar como a pessoa e a obra de Jesus
(sua vida, ministério, morte e ressurreição)
estavam simbolizadas e tipificadas no An
tigo Testamento (Exemplos: os capítulos 7
a 10 de Hebreus). Um detalhe importante
aqui é que Jesus está reconhecendo nes
sa passagem que as Escrituras do Antigo
Testamento são divinamente inspiradas,
porque, inclusive, apontam para Ele.
I. 2. Profecias cumpridas. No Antigo
Testamento, encontramos várias promes
sas e profecias sobre o Messias; em o Novo
Testamento, vemos o Messias - Jesus -
cumprindo cada uma delas (Lc 24.44), A
título de amostra, vejamos alguns desses
cumprimentos:
a) Ele nasceu de uma virgem (Mt
i.i8ss), como profetizado (Is 714);
b) Ele nasceu em Belém (Lc 2.4ss),
como profetizado (Mq 5.2);
c) Ele é Deus encarnado (Is 7.14; 9.6;
Mt i.i8ss);
d) Ele entrou em Jerusalém sobre um
jumento (Zc 9.9; Mc 11.1-10);
e) Ele foi traído por um amigo (Mt 26.47-
50; Jo 13.21-30), como profetizado (SL41.9);
f) Ele foi vendido por 30 moedas de
prata (Mt 26.15), como profetizado (Zc
II. 12);
g) O dinheiro da sua venda, depois de
atirado fora (Mt 273-7), foi para o oleiro,
como profetizado (Zc 11.13);
h) Bateram e cuspiram nele em sua
morte (Mt 26.67,68), como profetizado
(Is 50.6);
i) Ficou mudo diante de seus acusa
dores (Mt 27.13,14), como profetizado
(Is 537);
j) Mesmo inocente, Ele seria morto,
para entregar-se como sacrifício pelos
nossos pecados (Is 53.1-12);
L) Tiraram sorte das suas vestes (Jo
19.23,24), como profetizado (Sl 22.18);
m) Ele foi traspassado nas mãos e nos
pés (Lc 23.33; Jo 20.25-27), como pro
fetizado (Sl 22.16);
14 Discipulando Aluno 4
n) Foi crucificado juntamente com
malfeitores (Mc 15.27,28) e intercedeu
por eles (Lc 23.34), como profetizado
(Is 53.12);
o) Os seus ossos não foram quebra
dos (Jo 19.33-36), como profetizado
(Sl 34.20);
p) O seu lado foi traspassado (Jo 19.34),
como profetizado (Zc 12.10);
q) Foi sepultado no túmulo de um rico
(Mt 27.57-60), como profetizado (Is 53.9).
1.3. Jesus cumpriu todos os ritos da Lei
de Moisés. Tudo aquilo que a Lei de Moi
sés exigia, Jesus cumpriu (Mt 8.4; 26.19; Lc
4.16; Jo 7.10; GI4.4). Inclusive, Ele condenou
os fariseus de seus dias porque criavam
tradições para descumprir a Lei (Mt 15.6).
Jesus submeteu-se até mesmo ao ritual
do batismo em águas, criado e ministrado
em sua época por João Batista (Mt 3.13-17).
Ele cumpriu toda a Lei por nós, viveu sem
pecado, mas, mesmo sem pecado, fez-se
pecado por nós, levando toda nossa culpa
sobre si no madeiro (Is 53.5), para hoje ofe
recer perdão e salvação pelo seu sangue
e interceder de forma perfeita por nós (Hb
4.14-16).
[Jesus] mesmo
sem pecado, fez-se
pecado por nós,
levando toda nossa
culpa sobre si no
madeiro...
1.4. Em Cristo, a Lei Mosaica cumpre
o seu objetivo. A Bíblia afirma que “o fim
da Lei é Cristo" (Rm 10.4). A Lei apontava
para Jesus, que a cumpriu cabalmente por
nós. O que isso significa? Significa que não
estamos sujeitos mais àquelas cerimônias
e àqueles rituais litúrgicos do Antigo Tes
tamento, que eram apenas símbolos da
vida, pessoa e obra de Jesus (Cl 2.16,17; Hb
9.7-10). O próprio Jesus considerou as leis
dietéticas já cumpridas (Mc 719), o que foi
corroborado pelos seus discípulos (At 10.10-
16; Gl 2.11-14). Entretanto, os aspectos mo
rais da Lei, os princípios morais subjacentes
nas suas ordenanças e implícitos nos seus
ritos, ainda são válidos para nós hoje em dia:
honrar a Deus acima de todas as coisas; a
prática do amor; a condenação da mentira;
o amor à verdade; a fidelidade conjugal,
etc. O próprio Jesus reiterou muitos des
ses mandamentos do Antigo Testamento
e ainda aprofundou o seu significado em
Mateus 5.21-48. Outro detalhe é que, como
disse Jesus, muitas das profecias do Antigo
Testamento ainda hão de ser cumpridas (Mt
5.18). Ou seja, o Antigo Testamento ainda é
muito importante para nós hoje (Rm 15.4).
1.5. O maior e o menor no Reino de
Deus. Jesus apresenta nessa passagem
um teste de grandeza. Ele deixa claro
que aqueles que violam os mandamen
tos - os preceitos morais da Lei - e ainda
criam ensinos e tradições para justificar tal
conduta (Mt 15.6) são insignificantes em
obras e vida em relação ao Reino de Deus
(Mt 5.19). Note que Jesus fala de “meno
res mandamentos" - ou seja, no Reino de
Deus, mesmo os mandamentos divinos
considerados “menores" são importantes.
Na sequência, Jesus afirma que “grande
no Reino de Deus" é quem não apenas
cumpre os mandamentos divinos, mas
quem também os ensina - e vice-versa: e
também quem não apenas os ensina, mas
vive-os. Entretanto, é importante entender
aqui que Jesus não estava falando de mero
Quarto Ciclo 15
Legalismo. Ele deixa isso claro no versículo
seguinte (Mt 5,20), onde, como veremos
a seguir, enfatizou que alguém pode
ser minucioso no cumprimento de cada
mandamento divino e, mesmo assim, estar
longe do Reino, quando a sua obediência é
meramente formal, mecânica e orgulhosa.
2. O PERIGO DE FAZER DA
LETRA UMA RELIGIÃO
MECÂNICA
2.1. Uma religião voltada só para o ex
terior. Ao contrastar a justiça dos escribas e
fariseus com a justiça dos filhos do Reino,
Jesus deixa claro que esta excede àquela
(Mt 5.19,20). Mas em que sentido? Em
primeiro Lugar, no sentido de que a justiça
dos escribas e fariseus era preocupada
apenas com o exterior (Mt 6.1-8,16-18). Os
seus corações continuavam sujos, porque
procuravam apenas a aprovação e o elogio
dos homens. Jesus afirma que devemos fa
zer o que é certo por temor e amor a Deus,
e não para receber o aplauso dos homens.
2.2. Uma religião voltada para o or
gulho pessoal e o aplauso dos homens.
Em segundo lugar, os escribas e fariseus
confiavam que eram salvos apenas pelo
que faziam exteriormente na religião,
quando, na verdade, Deus olha não apenas
para nossos atos, mas também para nosso
coração, ou seja, para a intenção com que
fazemos as coisas (1 Co 13.1-7). A Parábola
do Fariseu e do Publicano, contada por
Jesus, é bem didática quanto a isso (Lc
18.9-14), Não basta seguirá risca as normas
e os mandamentos bíblicos se os obede
cemos de forma mecânica e orgulhosa,
para sermos Louvados pelos homens ou
achando que somos salvos e abençoados
por nossas boas ações. Não somos salvos
por nossas boas obras; estas são apenas
nosso dever e devem ser também nosso
prazer. Somos salvos pela graça de Deus,
mediante a fé na obra de Cristo na cruz do
Calvário por nós (Ef 2.8-10).
3. A JUSTIÇA DO REINO
DE DEUS
3.1. Uma religião do coração. Devemos
sobejar em boas obras, mas como con
sequência de nossa salvação (Tt 2.12-14),
como dever natural de filhos de Deus (2 Pe
1.3-10), como expressão real de nossa fé
em Cristo (Tg 2.14-17), como manifestação
da graça divina em nossas vidas (2 Co 9.8)
e como gratidão e louvor por aquilo que
Cristo fez por nós (CL 1.10-12; 1 Co 10.31).
Jamais como base para nossa salvação
(Ef 2.8,9).
3.2. Mais do que observâncias. Em
suma, como lembra o teólogo Donald
Stamps, os escribas e fariseus “observa
vam muitas regras, oravam, cantavam,
jejuavam, Liam as Escrituras e frequenta
vam os cultos nas sinagogas"; porém, eles
“substituíam as atitudes interiores corretas
pelas aparências externas". Por isso, Jesus
afirma em Mateus 5.20 que a justiça que
Deus deseja dos seus filhos transcende a
justiça dos escribas e fariseus, indo muitoalém da justiça deles. Mais precisamente,
Ele está dizendo que “o coração e o espíri
to, e não somente os atos externos, devem
conformar-se com a vontade de Deus, na
fé e no amor" (Bíblia de Estudo Pentecostal,
CPAD, p.1394). Essa é a verdadeira vida de
piedade para o cristão.
CONCLUSÃO
Que possamos sempre avaliar não ape
nas nossas ações, mas também nossas in
tenções. Pois, como aprendemos hoje, não
basta fazer o que deve ser feito; é preciso
também o fazer com as motivações certas;
nunca com orgulho, nunca almejando os
aplausos das pessoas, mas sempre pelo
dever e pelo prazer de fazer o que é justo
e sempre apoiados na graça de Deus.
16 Discipulando Aluno 4
APROFUNDANDO-SE
“As leis do Antigo Testamento desti
nadas diretamente à nação de ísrael, tais
como as leis sacrificiais, cerimoniais, sociais
e cívicas, já não são obrigatórias (Hb 10.1-4).
O crente não deve considerar a lei como
sistema de mandamentos legais através do
qual se pode obter méritos para o perdão e
a salvação (Gl 2.16,19). Pelo contrário, a lei
deve ser vista como um código moral para
aqueles que já estão num relacionamento
salvífico com Deus e que, por meio de sua
obediência à lei, expressam a vida de Cristo
dentro de si mesmos (Rm 6.15-22). A fé em
Cristo é o ponto de partida para o cum
primento da lei. Mediante a fé nEle, Deus
torna-se nosso Pai (Jo 1.12). Por isso, a obe
diência que prestamos como crentes não
provém somente do nosso relacionamento
com Deus como legislador soberano, mas
também do relacionamento de filhos para
com o Pai (Gl 4.6)" (STAMPS, Donald (Ed.).
Bíblia de Estudo Pentecostal Rio de Janeiro:
CPAD, 2005, p.1393).
3. Quem é o “menor” em relação ao Reino
de Deus?
4. Quem é o “maior” no Reino de Deus?
5. Em que a justiça do Reino de Deus se di
ferencia da justiça dos escribas e fariseus?
VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. O que significa “cumprir a lei e os pro
fetas"?
Você Sabia?
2. O que é o aspecto moral da Lei? E ele é
válido ainda hoje?
"A expressão ‘Em verdade vos digo',
que aparece no começo das de
clarações mais enfáticas de Jesus,
é a palavra grega amen, que é a
transliteração da palavra hebraica
que Jesus falou, e que é linguagem
cristã especializada, denotando afir
mação sagrada. Jesus assevera que
nem um jota, a menor letra, nem uma
serifa - ou adorno de uma letra -, de
nenhuma maneira passará até que
tudo se cumpra” (STAMPS, Donald
(Ed ). Bíblia de Estudo Pentecostal.
Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p.44).
Quarto Ciclo 17
Desviando-se
da Cólera e do
Homicídio
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 5.21-26
21 - Ouvistes que foi dito aos antigos: Não
matarás; mas qualquer que matar será
réu de juízo.
22 - Eu. porém, vos digo que qualquer
que. sem motivo, se encolerizar contra
seu irmão será réu de juízo, e qualquer
que chamar a seu irmão de raca será réu
do Sinédrio: e qualquer que lhe chamar de
louco será réu do fogo do inferno.
23 - Portanto, se trouxeres a tua oferta ao
altar e ai te lembrares de que teu irmão
tem alguma coisa contra ti.
24 - deixa ali diante do altar a tua oferta, e
vai reconciliar-te primeiro com teu irmão,
e depois vem, e apresenta a tua oferta.
25 - Concilia-te depressa com o teu adver
sário, enquanto estás no caminho com ele,
para que não aconteça que o adversário
te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao
oficial, e te encerrem na prisão.
26 - Em verdade te digo que, de maneira
nenhuma, sairás dali, enquanto não paga
res o último ceitil.
MEDITAÇÃO
Não te deixes vencer do mal, mas
vence o mal com o bem. (Rm 12.21)
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
• SEGUNDA - Romanos 12.17-21
• TERÇA - Gálatas 519-22
• QUARTA - CoLossenses 3.8
• QUINTA - Mateus 5 7.9
• SEXTA - 1 Coríntios 6.1-11; 134-7
• SÁBADO - 1 João 2.9-11
18 Discipulando Aluno | Quarto Ciclo
INTRODUÇÃO
Na lição passada, vimos como Jesus
alertou os seus discípulos para a neces
sidade de a justiça deles exceder a dos
escribas e fariseus. Agora, nos versículos
seguintes a esse alerta, mais especifica
mente os versículos 21 a 48 do capítulo 5
de Mateus, Jesus reforça a sua orientação
citando exemplos concretos do dia a dia.
Ele apresenta em sequência seis exem
plos de justiça mais elevada, todos eles
antecedidos pela expressão “Ouvistes que
foi dito" (Mt 5.21,27,31.33.38,43). seguida
pela expressão “Eu, porém, vos digo" (Mt
5.22,28,32,34,39,44). Jesus menciona seis
ordenanças da Lei de Moisés e aprofunda-
-as, demonstrando que a justiça do Reino
de Deus é algo que vai muito além do que
a letra da Lei Mosaica.
Na lição de hoje, veremos especifi
camente o primeiro exemplo citado por
Jesus, que envolve a questão da cólera e
do homicídio.
1. O EVANGELHO NÃO
É ANTINOMIANISTA
1.1. “Ouvistes que foi dito... Eu, porém,
vos digo...". Como vimos na lição passada,
diferentemente do que os ouvintes de
Jesus pensaram dEle quando começaram
a ouvir o seu Sermão da Montanha, Ele
não viera destruir a Lei ou a ab-rogar, mas
completá-la, aprofundá-la, levar a com
preensão dos mandamentos a outro nível.
Em nenhum momento, ao citar esses seis
exemplos concretos dejustiça mais eleva
da, Jesus anula as ordenanças morais da
Lei, mas, ao contrário, aumenta as exigên
cias relacionadas a essas ordenanças - ou
melhor, aprofunda essas exigências, pois
as Leva diretamente ao coração pessoa,
como em seguida.
A expressão “Eu, porém, vos digo” nunca
traz na sequência uma exigência que anula
a exigência explícita da ordenança apre
sentada antes no "Ouvistes o que foi dito". O
“Não matarás" não é seguido por um “Podem
matar agora”, mas, sim, por um “Não apenas
isso...". Ou seja, Jesus não destrói a Lei; Ele
acrescenta a ela algo que a expande, que
a torna mais profunda. Em outras palavras,
Jesus nunca foi um antinomianista.
1.2. O que é o antinomianismo? An-
tinomianismo é um termo cunhado pela
primeira vez no século 16 pelo reformador
protestante Martinho Lutero para designar
uma prática antiga entre algumas pessoas
no meio cristão: a negação da importância
dos mandamentos divinos para a vida do
cristão. Em outras palavras, antinomianismo
é o extremo oposto do legalismo. Ele é o
que o apóstolo Judas denominou na Epís
tola que leva o seu nome de “transformar
em libertinagem a graça de Deus" (Jd v.4 -
ARA). O antinomianismo foi combatido por
Jesus (Mt 7.15-27: Jo 14.15; 1510,14) e pelos
apóstolos - além de Judas, já mencionado,
vemos também Paulo (Rm 3.31; Rm 6; Cl 3),
Pedro (2 Pe 2), Tiago (Tg 2.14-26) e João, na
sua primeira Epístola, combatendo esse
ensino errado. Aliás, João assevera expli
citamente que escreveu a sua primeira
Epístola para combatera influência de duas
heresias gnósticas do seu tempo, a saber: a
negação da divindade de Cristo e a prática
do antinomianismo (1 Jo 5.13).
1.3. Antinomianismo hoje. Infelizmente,
a influência da mentalidade pós-moderna
tem Levado alguns ditos cristãos a con
fundirem obediência aos mandamentos
divinos com legalismo e graça com au
sência de normas de conduta. Trata-se
de uma torção absurda de significados.
Legalismo “é, de forma geral e à luz da
Bíblia, a ideia de justificação pelas obras,
a fixação imprópria de regras de conduta
como necessidades para Salvação e a
negligência ou ignorância em relação à
graça de Deus" (DANIEL, Silas, A Sedução
das Novas Teologias, CPAD, p. 54). Porém,
para alguns cristãos pós-modernos, lega-
Quarto ado 19
lismo não é isso. Legalismo, imaginam, é
qualquer tipo de exortação concernente
à conduta moral. Por isso, para essas pes
soas, “é proibido proibir". Porém, o Novo
Testamento está repleto de passagens
que condenam contundentemente uma
série de comportamentos (Mt 5.28-29; 1 Jo
2.15-17; 2 Tm 2.22; Tt 2.12; Tg 1.14; 1 Pe 2.11).
Tais costumam generalizar dizendo que
“tudo depende da consciência da pessoa”;
entretanto, a Bíblia demonstra que nem
tudo é questão de consciência (Gl 519-25).
Os frutos dessa mentalidade equivoca
da é um cristianismo meramente nominal.
São pessoas que se declaram seguidorasde Jesus, mas cujo comportamento cho
ca-se frontalmente com os mandamentos
divinos e não acham isso absolutamente
nada demais. Dizem que são de Deus, mas
não estão interessadas em nenhum com
promisso com os seus mandamentos. A
sua visão de Deus dá-se apenas em termos
utilitaristas ou na forma de uma "muleta”
psicológica. No primeiro caso, o do Deus
“utilitarista", é quando se busca de Deus
somente bênçãos materiais e físicas (a
bênção de Deus acima do Deus da bênção),
fazendo dEle o meio para um fim, e não
um fim em si mesmo; e no segundo caso,
o do Deus como “muleta" psicológica, é
quando tratam Deus apenas como um ser
preocupado em estimular o ego dos seus
filhos, como um ser que está disposto a ser
usado diariamente, por meio de palavras e
gestos, apenas para inflar a autoestima dos
seus simpatizantes sem “intrometer-se”
na forma como desejam conduzir as suas
vidas. Enfim, acham que o Evangelho é
sinônimo de autoajuda, nada mais.
Não nos iludamos: para ser verdadei
ramente cristão, seguidor de Cristo, o Filho
de Deus, não basta a pessoa ter apenas
uma confissão de fé em Jesus. Mesmo que
a pessoa tenha uma confissão de fé inte
gralmente ortodoxa, isso não basta para
ser considerada uma cristã verdadeira.
Conforme o apóstolo João, as evidências
da verdadeira fé cristã são crer em Jesus
como Filho de Deus (isto é, na deidade de
Jesus; e crer nEle como o Cristo, o Messias
Prometido - 1 Jo 5.1,5-12,20 -, pois aquele
que não aceita Jesus como Filho de Deus
não tem a vida -1 João 512); viver segundo
os mandamentos divinos (1 Jo 2.3-6); amar
seu irmão e praticar esse amor (1 Jo 2.9;
3.10; 5.1); não viver na prática do pecado,
mas buscar sempre viver uma vida de san
tidade (1 Jo 3.2,3; 5.18); e não amar o mundo
nem o seu estilo de vida (1 Jo 2.15-17).
1.4. A Lei e a Graça - A Graça de Deus
não nos libera da obrigação de obedecer
às leis morais do Criador. A graça não é
uma licença para a desobediência, mas
a porta que nos é aberta por Deus para
a possibilidade de vivermos uma vida
santa diante dEle. A Nova Aliança inclui
mandamentos, determinações, ou seja, a
lei moral. Jesus, e não Moisés, disse; “Se
me amardes, obedecereis os meus man
damentos” (Jo 14.15). E mais: “Aquele que
tem os meus mandamentos e os guarda,
esse é o que me ama; e aquele que me
ama será amado de meu Pai, e eu o amarei,
e me manifestarei a ele” (Jo 14.21).
No seu Sermão da Montanha, Jesus ad
verte-nos diretamente contra a ideia de que
Ele estaria defendendo o antinomianismo.
Cristo, como já vimos, fez questão de es
clarecer que não negligenciava nem tinha o
intento de destruir a Lei posteriormente ao
cumpri-la toda (Mt 5.17-19)- O que, então, foi
abolido da Lei por meio de Cristo?
Quando Jesus cumpriu a Lei, foram
abolidas as leis cerimoniais, que aponta
vam para o sacrifício de Cristo, e as leis
regimentares. A lei moral, ou seja, o as
pecto moral da Lei, permanece no Novo
Testamento.
1.5. A “maldição da lei”. A "maldição
da Lei”, de que fala o apóstolo Paulo
em Gálatas 3.13, diz respeito às sanções
20 Discipularido Aluno 4
punitivas a que estamos sujeitos por não
podermos cumprir toda a Lei. Ao cumprir
as exigências da Lei para nós, Cristo re
moveu a maldição da Lei para longe de
nós, e não a Lei, isto é, os mandamentos
morais de Deus para nossas vidas. A graça
de Deus não é chancela para a anarquia. Os
mandamentos de Deus devem ser vividos,
mas não mais como um peso. Não somos
salvos por obedecer aos mandamentos
divinos, mas somos salvos para vivermos
segundo os mandamentos divinos. Não
somos salvos para viver licenciosamente,
mas para viver uma nova vida em Cristo.
2. CÓLERA: O PASSO PARA
O HOMICÍDIO
2.1. “Não matarás”. O sexto manda
mento do Decãlogo, os Dez Mandamentos
(Êx 20.13), mencionado nessa passagem
por Jesus, significa "Não assassinarás”.
Esse é o sentido do vocábulo hebraico
traduzido por "Não matarás" no Antigo
Testamento e reproduzido por Jesus aos
seus discípulos. Trata-se de matar inten
cionalmente. Jesus repete o mandamento,
no entanto, em seguida, aprofunda mais
ainda o seu significado para os seus discí
pulos. Ele afirma que qualquer pessoa que,
sem motivo, está encolerizada contra o
seu irmão já tem o homicídio estabelecido
no seu coração. Mesmo que não venha a
cometê-lo externamente, já o cometeu no
coração, sendo, por isso, já réu do juízo di
vino (Mt 5.22). E mais: com essa afirmação,
Jesus está ressaltando também o fato de
que a cólera é o passo para o homicídio,
de maneira que evitar a cólera nos levará
a evitar o cometimento do homicídio.
2.2. “Sem motivo”. Jesus não é contra o
irar-se diante de uma injustiça cometida. Ele
não condena a “indignação santa". O que
Jesus está combatendo é a ira sem motivo
ou sem moderação. O termo traduzido aqui
por “sem motivo” é a palavra grega e//?e, que
significa, literalmente, “sem causa", “sem
nenhum bom efeito” e “sem moderação”.
Eis aqui, portanto, no próprio sentido desse
vocábulo, três critérios para avaliarmos se
nossa ira é Lícita ou não. Em primeiro lugar,
devemos nos perguntar: ela é baseada em
uma causa coerente? Em segundo lugar,
ela terá um bom efeito? Em terceiro Lugar,
ela se manifesta com moderação ou é uma
ira desgovernada?
2.3. “Raca" e “louco". As expressões
“raca” e “louco”, que aparecem no versí
culo 22, estavam entre as mais odiosas
expressões usadas nos dias de Jesus para
referir-se a alguém, sendo que a segunda
expressão - “louco" - era considerada pior
ainda, conforme o contexto religiosojudai-
co daquela época. “Raca” era um insulto de
zombaria e desdém, cujo significado era
“indigno”. Tal insulto, dependendo do caso,
era passível de julgamento pelo Sinédrio
nos dias de Jesus. Já a expressão mõros,
traduzida como “Louco" nessa passagem,
dentro do contexto religioso judaico da
época, era mais do que uma zombaria.
Enquanto “raca" significava uma pessoa
indigna de ser honrada, “louco" era uma
pessoa indigna de ser amada, uma pessoa
profana, o "réprobo", um “filho do inferno".
Em outras palavras, o que Jesus está di
zendo é que quem chamasse o seu irmão
de “raca” podia ser apenas réu do Sinédrio,
mas quem chamasse o seu irmão, em um
momento de ira e sem motivo, de “louco”,
a não ser que se arrependesse diante de
Deus e que se retratasse diante do seu
irmão, seria réu dojuízo divino. Essa pessoa
estaria cometendo assassinato pela língua.
3. A "OFERTA NO ALTAR"
E OS PROCESSOS LEGAIS
3.1. Reconciliação antes da adoração.
Jesus afirma que, se um judeu trouxesse
uma oferta para o Templo para ser apre
sentada no altar das ofertas e recordasse
que um irmão tinha algo contra ele, deveria
primeiro ir até seu irmão reconciliar-se com
Quarto Ciclo 21
ele para só depois apresentar a sua oferta
diante do altar (Mt 5.23,24). Essa oferta no
altar era uma oferta de adoração a Deus.
Logo, Jesus está dizendo que a adoração
não será aceita por Deus se há algum irmão
que se sente ofendido pelo adorador, que
está magoado com o adorador por algo que
ele fez ou disse lá atrás, porque o problema
entre eles ainda não foi resolvido. Ou seja,
não há relacionamento com Deus se não
há bom relacionamento com meus irmãos.
3.2. O cristão e os processos legais.
Nos versículos 25 e 26, Jesus refere-se a
outro caso. O contexto aqui já não é ado
ração, mas, sim, as disputas nos tribunais.
Ele declara que os seus discípulos devem
resolver as suas eventuais desavenças en
tre si para que não aconteça de um deles
levar a questão às barras dos tribunais, o
que fará com que inevitavelmente um dos
dois vá para a prisão, onde pagará até o
último centavo pelo que fez. Antes de en
frentar qualquer disputa judicial, o cristão
deve buscar a conciliação e deve fazê-lo o
mais depressa possível. O apóstolo Paulo
advertiría décadas depois os cristãos em
Corinto sobre o mesmo (1 Co 6.1-11).
CONCLUSÃO
Como podemos ver, por trás do pecado
de homicídio há uma série de atitudes de
coração que nem semprese materializam
em um homicídio, mas que se manifestam
também de outras formas em nosso dia
a dia e, muitas vezes, as pessoas nem se
dão conta disso. Essas atitudes manifes-
tam-se na ira desgovernada, no rancor, na
ofensa, nas disputas intensas, na falta de
perdão, em um espírito vingativo, nas bri
gas desnecessárias nos tribunais, quando
tudo poderia ter sido resolvido antes entre
irmãos. Devemos ser pacificadores e mise
ricordiosos (Mt 5.7.9). Que Deus nos ajude
a vivermos em profundidade e plenitude a
vontade de dEle para nossas vidas.
VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. O que é antinomianismo?
2. O que é, de fato, legalismo?
3. Quais as três características de uma ira
pecaminosa?
4. Qual a diferença, dentro do contexto ju
daico da época de Jesus, entre os insultos
"raca" e “louco"?
5.0 cristão deve buscar os tribunais sem
pre que tiver desavenças com os seus
irmãos?
Você Sabia?
“O 'ceitil' (Mt 5.26) - que hoje diriamos
ser '*o último centavo" - era, na ver
dade. dentro do sistema monetário
do Império Romano da época de Je
sus. 0 "quadrante". que era "a menor
moeda de cobre romano, valendo
cerca de um quarto de um centavo"
(Comentário Bíblico Beacon. Vol.6.
Rio de Janeiro. CPAD. p 60).
22
Estudada em / /
A Fidelidade
no Casamento
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 5.27-32
MEDITAÇÃO
Venerado seja entre todos o matri
mônio e o leito sem mácula; porém,
aos que se dão à prostituição e aos
adúlteros Deus os julgará. (Hb 13.4)
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
• SEGUNDA - Gênesis 2.18-25
• TERÇA - Malaquias 2.13-17
• QUARTA - iTessalonicenses 4.3-8
• QUINTA - Provérbios 6.20-35
• SEXTA - Jó 311
• SÁBADO - Provérbios 5.15-20
27 - Ouvistes que foi dito aos antigos; Não
cometerás adultério.
28 - Eu porém, vos digo que qualquer que
atentar numa mulher para a cobiçar já em
seu coração cometeu adultério com ela.
29 - Portanto, se o teu olho direito te es
candalizar. arranca-o e atira-o para longe
de ti, pois te é melhor que se perca um dos
teus membros do que todo o teu corpo
seja lançado no inferno.
30 - E, se a tua mão direita te escandalizar,
corta-a e atira-a para longe de ti, porque
te é melhor que um dos teus membros se
perca do que todo o teu corpo seja lançado
no inferno.
31 - Também foi dito: Qualquer que deixar
sua mulher, que lhe dê carta de desquite.
32 - Eu. porém, vos digo que qualquer que
repudiar sua mulher, a não ser por causa de
prostituição, faz que ela cometa adultério;
e qualquer que casar com a repudiada
comete adultério.
Discipulando Aluno | Quarto Ciclo 23
Estudaremos hoje o segundo caso con
creto de justiça mais elevada dos seis que
Jesus menciona em sequência até o fim do
capítulo 5 de Mateus. Neste segundo caso,
está em foco o sétimo mandamento do
Decálogo: “Não cometerás adultério" (Êx
20.14; Dt 5.18). Mais uma vez, Jesus chama
a atenção para o coração. Ele afirma que
tão errado quanto à ação pecaminosa é
a intenção pecaminosa, e que Deus olha
tanto a ação quanto a intenção. No caso
especifico do adultério, não basta não
o cometer: é preciso também não dar
lugar à luxúria no coração, pois aquele
que permite que a Luxúria domine a sua
alma, mesmo que não chegue a cometer
adultério fisicamente, no seu coração já o
cometeu (Mt 5.28). Isso significa também
que a melhor forma de evitar a violação
do sétimo mandamento é não dar lugar à
luxúria em seu coração.
1. JESUS CONDENA
A LUXÚRIA
1.1. Luxúria é algo sério. Na sociedade
de hoje, a luxúria infelizmente já é vista
como algo normal, quando, na verdade,
trata-se de algo pernicioso para a vida das
pessoas, como o próprio Jesus asseverou
no seu Sermão da Montanha. Para Jesus,
a luxúria era algo sério. O termo traduzido
como “cobiçar", no versículo 28 de Mateus
5, no original grego, é epithumia, que signi
fica “desejo intenso por algo ilícito”; enfim,
luxúria é Lascívia. Como explica o teólogo
Donald Stamps, “não é o pensamento
repentino que Satanás pode colocar na
mente de uma pessoa, nem um desejo
impróprio que surge de repente; trata-se,
pelo contrário, de um pensamento ou de
sejo errado, aprovado pela nossa vontade;
é um desejo imoral que a pessoa procu
rará realizar caso surja a oportunidade; é
o desejo íntimo de prazer sexual ilícito,
imaginado e não resistido" (Bíblia de Estu
do Pentecostal, CPAD, p.1394). É isso que
Jesus está condenando explicitamente
nessa passagem e que é a porta para a
infidelidade conjugal.
1,2. “Arranca-o e atira-o para longe de
ti". A Luxúria é algo tão sério e, ao mesmo
tempo, tão fácil de crescer no coração
quando a pessoa dá lugar a ela, que Jesus
usa uma forte figura de linguagem para
enfatizar aos seus discípulos a necessi
dade de repeli-la radicalmente das suas
vidas desde a sua primeira manifestação.
Ela é um mal que deve ser cortado radi
calmente, isto é, pela raiz, porque a luxúria,
uma vez alimentada, só cresce. A figura
que Jesus usa para descrever a atitude
que devemos tomar diante da Luxúria é
a de alguém que arranca o seu próprio
olho ou a sua própria mão para que não
se corrompa (Mt 5 29.30). A ideia aqui,
obviamente, não é de arrancar os olhos e
as mãos literalmente, mas, sim, a ideia de
que, “se olhar é um problema para você,
evite fazê-lo". Ou, ainda, parafraseando e
contextualizando essas palavras de Jesus
para os dias de hoje, significa: “Você co
nhece as suas fragilidades e sabe que não
pode ficar brincando com determinadas
coisas, porque elas poderão despertar
em você desejos impuros, então não dê
ocasião para elas, mas corte radicalmente
[...] tão errado
quanto à ação
pecaminosa
é a intenção
pecaminosa
24 Discipulando Aluno 4
todo tipo de situação que possa despertar
a luxúria em seu coração. Talvez, o que
provoca isso em você não é ao mesmo
tempo tão provocativo para outra pessoa,
mas o que importa é que você identifique
o que o atrapalha nessa área e corte ra
dicalmente de sua vida tudo aquilo que é
fonte de alimentação da luxúria para você:
determinados filmes, revistas, programas,
sites etc.".
2. A INTENÇÃO DO CORA
ÇÃO TRANSPARECERÁ NOS
MEMBROS DO CORPO
2.1. O pecado nasce no coração. Du
rante o seu ministério, e não apenas no
Sermão da Montanha. Jesus enfatizou que
o pecado nasce no coração do homem.
Um dos momentos em que o fez está
registrado no Evangelho de Marcos, onde
Ele afirma: “Porque do interior do coração
dos homens saem os maus pensamentos,
os adultérios, as prostituições, os homicí
dios, os furtos, a avareza, as maldades, o
engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia,
a soberba, a loucura. Todos estes males
procedem de dentro e contaminam o
homem” (Mc 721-23). É por isso que Salo
mão escreveu: “Sobre tudo o que se deve
guardar, guarda o teu coração, porque
dele procedem as saidas da vida” (Pv 4.23).
Tiago, o irmão do Senhor, é claro quan
to à origem das tentações. Ele declara
que elas não provêm de Deus (Tg 1.13) e
também não faz nenhuma referência a
elas procederem diretamente do Diabo ou
do mundo. O apóstolo assevera, conforme
aprendeu com Jesus, que a tentação tem
a sua origem, na verdade, no próprio ser
humano, na sua natureza pecaminosa (Tg
1.14,15). Ou seja, o mundo e o Diabo são
apenas agentes indutores externos da
tentação.
2.2. A natureza pecaminosa. O pro
blema do pecado está no fato de que
os homens são pecadores por natureza.
É verdade que a tentação envolve indu
ções externas, porém o pecado sempre
é uma escolha da pessoa que o comete.
Em alguns momentos, o desejo de fazer
o que é errado pode estar já presente de
forma natural e, em outras vezes, pode
ser estimulado externamente, mas em
qualquer dos casos o indivíduo sempre
é o responsável. O pecado nunca vem de
fora para dentro; ele está dentro de nós.
é resultado de nossa natureza (Mc 715).
O que vêm de fora são apenas estímulos
para que o pecado manifeste-se dentro
de nós. Logo, as tentações, na verda
de, não exercem alguma força sobre a
pessoa para fazê-la cair, mas apenas
revelam a natureza interior dapessoa e a
fragilidade da sua vida espiritual naquele
momento. Basta lembrar que, se não
houvesse natureza pecaminosa, nenhu
ma tentação seria, de fato, tentação. O
que torna a tentação “uma tentação" é o
fato de que temos uma natureza peca
minosa. Como bem explica Tiago, “cada
um é tentado, quando atraído e engo
dado pela sua própria concupiscência"
(Tg 1.14). Finalmente, é importante frisar
ainda que ser tentado não é pecado;
pecado é ceder à tentação.
3. A INDISSOLUBILIDADE
DO CASAMENTO
3.1.0 divórcio. Jesus aproveita o tema
do adultério para falar sobre a indissolu-
bilidade do casamento. Ele lembra, nos
versículos 31 e 32 do texto bíblico base
desta lição, que a Lei permitia o divórcio
(Dt 24.1-3), mas que, na verdade, muitos
desses divórcios acabavam sendo adul
térios autorizados legalmente, pois o cor
reto seria o divórcio só ser permitido, de
forma excepcional, nos casos de adultério,
quando, então, o cônjuge ofendido teria a
possibilidade de divorciar-se e casar-se
novamente. Mais à frente, em Mateus
Quarto Ciclo 25
193-12, Jesus tratará mais detalhadamente
sobre esse assunto e deixará claro que o
casamento foi criado por Deus para ser
uma instituição indissolúvel (Mt 19.4-6). O
divórcio em caso de adultério seria apenas
uma excepcionalidade.
3.2. A questão do divórcio na época
de Jesus. Na época de Jesus, havia duas
correntes judaicas divergentes na inter
pretação do que a Lei Mosaica afirmava
em relação ao divórcio: Shamai e Hillel.
A Lei Mosaica dizia que era permitido o
divórcio apenas quando o homem não
achasse mais "graça" em sua esposa “por
haver nela coisa feia" (Dt 24.1).
3.2.1 Shammai. A primeira corrente
judaica sobre o assunto, a mais antiga,
era a do rabino Shammai, que entendia
que a expressão "coisa feia” referia-se ao
adultério, de maneira que a Lei Mosaica
estaria afirmando que o divórcio só seria
permitido no caso de adultério.
3.2.2. Hillel. Já a segunda corrente,
liberal e mais recente, era a do rabino
Hillel (60 a.C. - 20d.C.), que chegou a ser
contemporâneo de Jesus, tendo falecido,
porém, antes que Ele desse início ao seu
ministério terreno. Hillel interpretava “coisa
feia" como se significasse qualquer coisa
desagradável, e não apenas como uma
referência mosaica ao adultério, e ainda
usava como ênfase para essa interpre
tação a expressão “não achar graça em
seus olhos”, de maneira que, na época de
Jesus, muitas pessoas já se divorciavam
“por qualquer motivo" (Mt 19.3).
3.2.3 A palavra de Jesus. Jesus, po
rém, deixa claro que a interpretação de
Shammai estava certa, mas Ele foi além,
ressaltando também a necessidade de
evitar-se a luxúria no coração. Outro fato
importante que se deve levar em conta
é que, mesmo em caso de adultério,
quando o divórcio seria excepcional
mente permitido, é possível o perdão e a
reconstrução do relacionamento do casal
diante de Deus, pois “o que Deus ajuntou
não separe o homem" (Mt 19.4-8).
3.3. O caso do cônjuge abandonado.
Outra exceção que vemos na Bíblia para a
permissão do divórcio é o caso do abando
no do cônjuge. Nesse caso, na verdade, o
cônjuge cristão não buscou o divórcio; ele
é que foi abandonado pelo seu esposo(a).
O apóstolo Paulo, escrevendo aos crentes
em Corinto, é quem fala desse caso, refe
rindo-se a cristãos que são abandonados
pelos seus cônjuges por causa da sua fé.
Paulo assevera que o cônjuge cristão não
deve divorciar-se do não cristão, mas, ao
contrário, fazer de tudo para ganhá-lo para
Cristo (1 Co 7.13,14). Entretanto, no caso em
que o cônjuge cristão é abandonado pelo
não cristão por causa da sua fé, aquele
está, obviamente, desobrigado de man-
ter-se no casamento (1 Co 715),
CONCLUSÃO
Mais uma vez, Jesus demonstra a supe
rioridade da justiça no Reino de Deus em re
lação à justiça dos fariseus, que condenavam
o adultério, mas eram condescendentes em
relação ao divórcio (Mt 19.3-8), e também à
luxúria, por apegarem-se apenas à letra da
Lei - “Não adulterarás" - sem refletir sobre
aquilo que estava implícito nesse man
damento em relação à nossa vida interior,
inicialmente, até mesmo os seus discípulos
acharam o posicionamento de Jesus em
relação ao divórcio muito rígido (Mt 19.10).
No mundo de hoje, onde a licenciosidade
prepondera e onde os relacionamentos con
jugais e o sexo são banalizados, as pessoas
também tendem a ser condescendentes
com o divórcio e a luxúria. Entretanto, como
filhos do Reino, remamos contra a correnteza
de imoralidade deste mundo, afirmando que
“venerado seja entre todos o matrimônio e o
leito sem mácula: porém, aos que se dão à
prostituição e aos adúlteros Deus osjulgará”
(Hb 134).
26 Discipulando Aluno 4
APROFUNDANDO-SE
“‘Qualquer que atentar numa mulher
para a cobiçar' (Mt 5.28). Novamente ve
mos a mudança de ênfase Ide Jesusl. O
adultério é usar outra pessoa como objeto
sexual A luxúria é considerar outra pessoa
como objeto sexual. Cristo deseja que per
cebamos que tanto o ato quanto a atitude
são pecaminosos. Ajustiça exige que con
sideremos todos os seres humanos como
pessoas dignas e de valor. Devemos servir
os outros, e não usá-los. Novamente, Deus
nos convoca para considerarmos a lei
como uma revelação do coração de Deus
- e uma revelação do tipo de pessoas que
se tornarão aqueles que vivem no Reino de
Jesus, quando o Rei usar o seu poder para
transformá-las".
“‘Qualquer que deixar a sua mulher’
(Mt 5.31,32). Esse preceito segue o padrão
dos outros. A Lei permitia o divórcio, mas
Cristo retornava ao ideal de Deus. Embora
o divórcio possa não ser adultério, ele é,
teoricamente, uma violação da lealdade
da aliança que os cônjuges devem um ao
outro. [...] Aquilo de que os homens mais
precisam não são tanto leis a seguir, mas
uma renovação interna que os torna verda
deiramente justos” (RICHARDS, Lawrence.
Comentário Devocional da Bíblia. Rio de
Janeiro: CPAD, 2012, pp.557-58).
3. De onde provêm o pecado? Ele vem de
fora para dentro de nós?
4. Quais eram as duas correntes judaicas
na época de Jesus sobre a questão do
divórcio e o que elas diziam?
5. Quais são as duas únicas exceções bí
blicas quanto ao divórcio?
Você Sabia?
VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. Em o que consiste a luxúria?
2. O que Jesus quer dizer quando fala de
arrancar o olho e a mão e atirá-los fora em
Mateus 5.29,30?
A expressão "coração", na Bíblia, é
uma referência, na maioria esmaga
dora das vezes, não ao músculo que é
o centro da circulação sanguínea em
nossos corpos, mas, sim, ao homem
interior, ao intelecto, ao sentimento
e à vontade. Ou seja, ao falar de co
ração, Jesus refere-se ao centro de
nossa personalidade, ao profundo de
nosso ser, às nossas interioridades, à
nossa alma.
Quarto Ciclo 27
A Honestidade
com as Palavras
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 5-33-37
33 - Outrossim, ouvistes que foi dito aos
antigos: Não perjurarás, mas cumprirás
teus juramentos ao Senhor.
34 - Eu, porém, vos digo que, de maneira
nenhuma, jureis nem pelo céu, porque é o
trono de Deus,
35 - nem pela terra, porque é o escabelo
de seus pés, nem por Jerusalém, porque
é a cidade do grande Rei,
36 - nem jurarás pela tua cabeça, porque
não podes tornar um cabelo branco ou
preto.
37 - Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim:
não. não, porque o que passa disso é de
procedência maligna.
MEDITAÇÃO
Pelo que deixai a mentira e falai a
verdade cada um com o seu pró
ximo; porque somos membros uns
dos outros. (Ef 4,25)
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
• SEGUNDA - Números 30.2
• TERÇA - Eclesiastes 5.4,5
• QUARTA - Tiago 5.12
• QUINTA - Colossenses 4 6
• SEXTA - Salmos 24.3-5
• SÁBADO - Salmos 3.3
28 Discipulando Aluno | Quarto Ciclo
INTRODUÇÃO
Hoje, estudaremos, sob a perspectiva
dajustiça mais elevada pregada por Cristo,
o terceiro mandamento do Decálogo (Êx
20.7a), que é o que proíbe o perjúrio. Esse
mandamento divino fala originalmente de
não tomar o nome de Deus em vão, isto
é, levianamente, hipocritamente, e isso
incluía, claro, o falso juramentousando
o nome de Deus. Esse mandamento era
Levado tão a sério no Antigo Testamento
que o próprio Deus, no Decálogo, afirma
va que não tomaria por inocente quem
tomasse “o seu nome em vão" (Êx 20.7b).
Aliás, naquela época, quem blasfemasse
e amaldiçoasse a Deus publicamente no
meio do seu povo era punido com a morte
(Lv 24.15,16). No Novo Testamento, não há
mais punição com morte para esse tipo
de pecado, como também não há para
o descumprimento de qualquer outro
mandamento divino, mas isso não significa
que tal pecado seja considerado por Deus
agora de pouca importância. Ele ofende
hoje a Deus tanto quanto ofendia antes,
e todo aquele que o comete, se não se
arrepender, haverá de dar contas um dia
diante de Deus pela sua atitude blasfema
tomada em vida. Atentemos, pois, para o
que Jesus fala sobre esse mandamento.
1. NÃO JUREIS NEM PELO
CÉU NEM PELA TERRA
1.1. De maneira nenhuma jureis. Ao
apresentar mais um exemplo da justiça
mais elevada do Reino de Deus, Jesus foi
além do senso comum na sua época na
exposição das verdades divinas que es
tavam implícitas no terceiro mandamento.
Ele afirmou que o homem e a mulher não
apenas pecam quando proferem falso ju
ramento; eles, na verdade, nem deveríam
jurar por nada. Deveríam tão somente
serem sempre verdadeiros e honestos nas
suas afirmações e promessas. O cristão
só deve proferir juramento nos casos em
que é obrigado a isso por força dos magis
trados civis, pois tal medida é necessária
para fins legais no que diz respeito ao
julgamento de causas seculares (Hb 6.16).
Os votos de casamento e os chamados
“juramentos profissionais”, que também
têm força legal, também não se aplicam
ao caso do juramento proibido. São con
denados por Jesus apenas os juramentos
desnecessários e os irreverentes, isto é,
aqueles juramentos que não são obriga
dos por força da lei e aqueles feitos por
brincadeira ou por falsidade, hipocrisia e
manipulação.
1.2. Honestidade o tempo todo. Ao
afirmar que os seus discípulos não deve
ríam jurar “de maneira nenhuma" (Mt 5.34),
Jesus estava frisando o fato de que é da
natureza humana não cumprir promessas,
mentir ou relaxar no cumprimento total de
um compromisso assumido publicamente.
Sabendo disso, Jesus, que conhecia mui
to bem a natureza humana, vai direto ao
âmago da questão: Ele proíbe a prática
do juramento ordinário, o juramento co
mum, do dia a dia, para propor algo muito
mais importante: o sermos honestos todo
tempo e o tempo todo, estejamos sob
juramento ou não.
1.3. Nem pelo céu, nem pela terra.
Essa orientação de Jesus de nãojurar nem
pelo céu e nem pela terra remete-nos
a duas coisas: primeiro, a uma prática
muito comum em seus dias de se fazer
juramentos invocando entidades gené
ricas, como o céu e a terra, como uma
forma de subterfúgio para poder mentir.
Um ditado rabino antigo afirmava: “Como
o céu e a terra passarão, assim também
o juramento passará, pois os conclamou
como testemunhas". Assim pensavam os
que usavam desse expediente. Entretan
to, Jesus afirma que quem usasse desse
subterfúgio equivocava-se no seu objetivo,
porque esquecia que jurar pelos céus é
Quarto Ciclo 29
jurar “pelo trono de Deus”, ejurar pela terra
é jurar “pelo estrado dos seus pés". Mas,
em segundo Lugar, quando Jesus refere-se
a jurar pelo céu e pela terra, Ele também
estava implicitamente se referindo ao jurar
de forma geral, seja invocando coisas da
terra, seja invocando coisas do céu como
garantia de que se está proferindo a ver
dade ao prometer ou afirmar alguma coisa.
Jesus rompeu com isso ao dizer que não
se deve jurar por nada na terra e por nada
no céu, porque, além de ser algo muito
sério, é absolutamente desnecessário,
uma vez que o cristão não precisa jurar
para dizer a verdade. Ele sempre deverá
dizer a verdade.
1.4. A verdade deve ser a regra. Jesus
cita ainda o caso especifico daqueles que
juravam por Jerusalém, por ser um local
sagrado para osjudeus, ou pelas suas pró
prias cabeças (Mt 5.35,36). Era outra prática
muito comum nos seus dias, e que, como
no caso anterior, eram juramentos muito
sérios e absolutamente desnecessários,
uma vez que, como filhos de Deus, não
precisamos proferirjuramentos para dizer
a verdade. A verdade deve ser nosso “dia
a dia” como cristãos.
1.5. As duas categorias de juramentos
usadas nos dias de Jesus. Um detalhe
importante é que, na época de Jesus, as
autoridades religiosas em Israel haviam
classificado osjuramentos em dois grupos:
o grupo daqueles juramentos que não
poderiam ser descumpridos de maneira
nenhuma, e o grupo daquelesjuramentos
que poderiam ser descumpridos à von
tade, sem prejuízo espiritual para quem
descumprisse essesjuramentos. Uma lista
trazendo essas duas categorias de jura
mentos aparece no contundente discurso
de Jesus contra os escribas e fariseus re
gistrado em Mateus 23. A lista encontra-se
mais precisamente nos versículos de 16 a
22 do referido capítulo. De forma geral, os
juramentos que invocassem o nome de
Deus eram de cumprimento obrigatório.
Entretanto, Jesus ensina o contrário: um
juramento deve ter cumprimento obriga
tório independentemente se foi realizado
invocando o nome de Deus ou não. E mais:
o uso de um juramento é uma desneces
sidade quando a palavra da pessoa já é
normalmente confiável - é “sim, sim” ou
"não, não". Aliás, fazer juramento é uma
confissão implícita de que nem sempre
estamos falando a verdade.
2. AS PALAVRAS DO
DISCÍPULO DEVEM SER "SIM,
SIM" E "NÃO, NÃO"
2.1. A pessoa honesta. A essência do
ensino de Jesus sobre essa questão dos
juramentos é que quem é verdadeiramen
te honesto não precisa fazer juramento.
Basta um simples “sim" ou “não". A sua
simples palavra já é suficiente. Tiago, o
irmão do Senhor, reforça mais à frente
esse importante ensino de Jesus, inclusive
citando quase que com 100% de fidelida
de as palavras de Jesus registradas pelo
apóstolo Mateus (Tg 5.12).
[...] quem é
verdadeiramente
honesto não preci
sa fazer juramento.
Basta um simples
"sim" ou "não".
30 Discipulando Aluno 4
2,2, “Sim, sim” e “não, não". As expres
sões “sim, sim” e "não, não” denotam uma
ênfase. É como se Jesus estivesse dizendo
aos seus discípulos: “Se é sim, é sim mes
mo! E quando for não, é não mesmo!". Ou
seja, não há duplo padrão para o verda
deiro cristão. O padrão para este é um só.
Nada de coxear entre dois pensamentos.
3. SEJAMOS HONESTOS COM
AS NOSSAS PALAVRAS
3.1. Palavras e ações. Deus quer que
sejamos honestos não apenas em nossas
atitudes, mas também em nossas palavras.
Ele deseja que falemos sempre a verdade
uns com os outros (Ef 4.25). O verdadeiro
cristão não vive em duplicidade e muito
menos em falsidade. Muito pelo con
trário: as suas ações sempre condizem
com as suas afirmações e vice-versa. As
suas palavras sempre significam um forte
compromisso.
3.2. Procedência maligna. A Bíblia Sa
grada afirma que o Diabo é o “pai da men
tira" (Jo 8.44) - ou seja, a mentira faz parte
de sua essência. Fazer juramentos falsos
é, portanto, tomar o partido dele. Esse é o
significado da expressão “de procedência
maligna" (Mt 5.37). A mentira não faz parte
da vida do seguidor de Cristo. Jesus é a
verdade (Jo 8.32,36:14.6). “Deus é luz, e não
há nele treva nenhuma” (1 Jo 1.5).
3.3. Sendo verdadeiros. Deus é o Deus
da verdade e fomos chamados para pregar
a verdade, viver a verdade e ser verdadei
ros em tudo. Como ressalta o pastor Elienai
Cabral, "vivemos em um mundo de menti
ras que influencia a vida da humanidade.
O papel do cristão é não só proclamar a
verdade, mas viver a verdade no seu com
portamento cotidiano. [...] A mentira (...) vem
maquiada de falsa imagem da verdade,
escondendo a realidade moral e espiritual
por baixo dessa maquiagem. Deus sempre
abominou a mentira, A Igreja de Jesus
Cristo não pode e não deve permitir que
o espírito de mentira domine a sua mente
(Cl 3.9). Mentes dominadas por sentimen
tos carnais fantasiam seus pensamentos
commentiras. Deus abomina a mentira e
a sua Palavra diz em Salmos 119.163: 'Abo
mino e aborreço a falsidade'. É verdadeiro
aquilo que é autêntico e não se baseia em
suposições, boatos, mentiras e coisas sem
comprovação. [...] Atitudes verdadeiras têm
a ver com o caráter de quem as pratica"
(Filipenses - A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja, CPAD, pp.135,36).
CONCLUSÃO
Cada ensino de Jesus traz consigo
muitas reflexões enriquecedoras sobre
nossas vidas. Neste caso em particular,
este seu ensino que apreciamos na lição
de hoje, em resumo, revela a importância
que a palavra tem ou deve ter na vida das
pessoas, e que, infelizmente, tem sido
muito esquecida em nossos dias. Que se
jamos colunas de integridade, verdade e
honestidade neste mundo onde a mentira
tornou-se o “pão de cada dia” de muitas
APROFUNDANDO-SE
“O cerne deste mandamento é proibir
o costume de juramento falso, pois o
verdadeiro juramento se fazia mediante
a invocação do nome de Deus (Lv 19.12).
Era uma necessidade imperiosa que todos
falassem a verdade, bem como era dever
de cada um honrar o compromisso assu
mido com os homens e diante de Deus. Era
dever de todos cumprir os votos feitos a
Deus: a lei era clara sobre essa responsa
bilidade (Nm 30.2; Dt 23.21). Essa exigência
divina se fazia necessária por causa da
inclinação humana à mentira. Era grande
a falsidade no relacionamento entre fami
liares e amigos. Ninguém podia confiar em
Quarto Ciclo 31
ninguém, já que a falta de sinceridade era
a marca do povo. Não era uma questão
desvio ocasional, mas de estilo de vida
(Jr 9.2-5). Uma sociedade não pode viver
numa decadência dessa; a vida se torna in
suportável. Mas, as autoridades religiosas
de Israel classificaram os juramentos em
duas categorias: os que podiam ser des-
cumpridos e os que não podiam. Há uma
lista deles em Mateus 5.33-37; 23.16-22. O
Senhor Jesus reprovou com veemência
essa violação dos escribas e fariseus. A
interpretação rabínica da época permitia
violar o terceiro mandamento e fazer de
conta que ele não havia sido violado. O
terceiro mandamento é um apelo à santifi
cação do nome de Deus. Na oração do 'Pai
Nosso', Jesus nos ensinou a abrir a oração
santificando o nome de Deus: ‘Santificado
seja o teu nome"' (SOARES, Esequias. Os
Dez Mandamentos. Rio de Janeiro: CPAD,
2015, p.59)
3. Por que os judeus juravam até pela
cidade de Jerusalém?
4. Quantas e quais eram as categorias de
juramento estabelecidas pelos fariseus na
época de Jesus?
5. O que significam as expressões “sim,
sim" e “não, não"?
VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. Apresente um resumo do ensino de
Jesus sobre os juramentos.
Você Sabia?
2. Em que casos ojuramento não é proibido
por Jesus?
“Era comum no judaísmo do século
1 fazer uma distinção entre as pro
messas compulsórias e as não com
pulsórias. Por exemplo, uma pessoa
que jurasse pelo altar do Templo não
se via obrigada pelo seu juramento,
mas sejurasse pelo ouro do altar, era
obrigada a cumprir o seu juramento.
Jesus eliminou o engano envolvido e
disse: ‘Seja, porém, o vosso falar: sim,
sim'. Seja o tipo de pessoa cuja pala
vra signifique um forte compromisso”
(RICHARDS, Lawrence. Comentário
Devocionalda Bíblia. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012, p.558).
32 Discipulando Aluno 4
Sobre
MEDITAÇÃO
A ninguém torneis mal por mal;
procurai as coisas honestas perante
todos os homens. (Rm 12.17)
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
• SEGUNDA - Romanos 12.9-21
• TERÇA - Provérbios 20.22
• QUARTA - Provérbios 24.29
• QUINTA - Provérbios 25.21,22
• SEXTA - Salmos 112.5
• SÁBADO - 1 Coríntios 13.1-7
a Vingança
e o Amor
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 5.38-48
38 - Ouvistes que foi dito: Olho por olho e
dente por dente.
39 - Eu, porém, vos digo que nâo resistais
ao mal: mas, se qualquer te bater na face
direita, oferece-lhe também a outra:
40 - e ao que quiser pleitear contigo e tirar-
-te a vestimenta, larga-lhe também a capa;
41 - e, se qualquer te obrigar a caminhar
uma milha, vai com ele duas.
42 - Dá a quem te pedir e não te desvies
daquele que quiser que lhe emprestes.
43 - Ouvistes que foi dito: Amarás o teu
próximo e aborrecerás o teu inimigo.
44 - Eu, porém, vos digo: Amai a vossos ini
migos, bendizei os que vos maldizem, fazei
bem aos que vos odeiam e orai pelos que
vos maltratam e vos perseguem.
45 - para que sejais filhos do Pai que está
nos céus; porque faz que o seu sol se le
vante sobre maus e bons e a chuva desça
sobre justos e injustos.
46 - Pois, se amardes os que vos amam, que
galardão tereis? Não fazem os publicanos
também o mesmo?
47 - E. se saudardes unicamente os vossos
irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os
publicanos também assim?
48 - Sede vós, pois, perfeitos, como é per
feito o vosso Pai, que está nos céus.
Discipulando Aluno | Quarto Ciclo 33
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, Jesus lembra o prin
cípio básico de justiça na Lei de Moisés,
representado na expressão “Olho por olho
e dente por dente” (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt
19.21). Ao estabelecer esse princípio no
Antigo Testamento, em nenhum momento
Deus estava encorajando os homens a sair
por aí retribuindo todas as agressões que
sofressem. O objetivo divino era evitar que
criminosos recebessem penas maiores que
os seus crimes cometidos, controlando os
excessos, tão comuns no Antigo Oriente
Próximo. Tratava-se da defesa do que hoje é
conhecido como princípio penal da propor
cionalidade da pena em relação ao crime. É
um princípio correto e justo. Porém, Jesus,
não condenando o princípio legal, apresen
ta, por sua vez, uma alternativa mais elevada
para os seus discípulos: a não retaliação. E,
em seguida, enfatiza o amor como algo a
ser estendido não só a quem nos ama, mas
também aos nossos inimigos (Mt 5.43-48).
1. A VINGANÇA NÃO
É DE CRISTO
1.1. A outra face, a capa, a segunda
milha e o emprestar. Quando Jesus usa a
figura do “dar a outra face”, do "dar a capa”
e do "andar a segunda milha”, Ele não está
sendo literalista, mas está usando essas
figuras fortes para enfatizar um principio:
o cristão não deve ser litigioso. Ele não
deve ser retaliador, não deve retribuir o
mal com o mal, mas deve ser perdoador,
pacificador, não beligerante, e sim superior
nas suas ações. Ele não deve igualar-se ao
agressor, descendo ao seu nível, contra-
-atacando com outra agressão, mas deve
buscar a paz. a conciliação. Da mesma
forma, quando Jesus fala de “dar a quem
pedir” e “não se desviar daquele que quer
que Lhe empreste" (Mt 5.42), Ele não está
dizendo que o cristão deve sair por aí dan
do dinheiro a qualquer um que lhe pedir,
mas, sim, que deve ser generoso; que
estando em condições de dar e emprestar,
e a causa sendo justa, o cristão deve, sim,
dar e emprestar. Mas tal não pode ser um
amor ignorante, tolo, imprudente, leviano,
mas um amor sábio. O amor é prudente (1
Co 13.4-6).
1.2. A “vingança" na Biblia. Tanto no
Antigo quanto no Novo Testamentos, en
contramos muitas passagens que falam de
vingança como algo positivo, notadamente
as passagens que se referem à vingança
divina - fato que, às vezes, causa certa
estranheza ao leitor hodierno da Bíblia.
Isso porque o termo vingança traz à nossa
mente a ideia de algo que não tem um
valor ético louvável. Como, então, entender
essa discrepância?
A questão é que o termo vingança, em si
mesmo, no seu sentido original, e não com a
conotação popular que ganhou com o pas
sar do tempo, nada mais é do que castigar
ou punir alguém de quem recebemos uma
lesão real, seja ela uma lesão em palavras
ou atos. É nesse sentido que o termo apa
rece muitas vezes na Bíblia. Nesses casos,
vingar significa literalmente defender,
indenizar, compensar, desafrontar, isto é,
responderjusta e proporcionalmente a uma
lesão genuína. Resumindo, vingar, nesses
casos, significa fazer justiça. É como quando
afirmamos nos dias de hoje que, quando um
criminoso é condenado na justiça pelo seu
crime, a pessoa que foi lesada por ele e a
sociedade são vingadas.
Vingança,portanto, em seu sentido
original usado na Bíblia, só aparece como
um mal quando é (1) fruto de um senso
distorcido de justiça, (2) aplicada des
proporcionalmente e (3) aplicada pelos
meios e pelas pessoas erradas. Vingança
nessas condições é o que chamamos de
vingança no sentido popular usado hoje
em dia: é fazerjustiça pelas próprias mãos,
sem um julgamento justo e sem regras
que respeitem os direitos do acusado.
34 ____________
Ora, a Bíblia condena esse tipo de coisa.
Aliás, a sociedade ocidental condena essa
vingança porque o seu sistema jurídico foi
erigido sobre os princípios judaico-cris-
tãos. Portanto, o termo "vingança" na Bíblia
nem sempre significa mero revanchismo,
resposta ilegal ou desproporcional a um
ataque que sofremos ou retribuir uma
maldade com outra maldade. Depende
muito do contexto onde ela é encontrada
no texto sagrado. Na maioria das vezes em
que o termo aparece na Bíblia, o sentido
é apenas de fazer justiça, como no caso
de Apocalipse 6.10, em que a vingança é
executada pelo Justo Juiz: Deus.
1.3- Cristo e o perdão. A Bíblia, de
forma geral, desestimula os servos de
Deus a buscarem vingança (no sentido
original bíblico) aqui na Terra. Em lugar
disso, estimula-os a exercerem o poder
do perdão - e isso não só no Novo Testa
mento, mas no Antigo Testamento também
(Lv 19.18), de maneira que, quando Jesus
estava orientando os seus discípulos a não
retribuírem o mal com o mal, mas a per
doarem e serem bondosos com os que os
maltratavam, Ele não estava, na verdade,
falando de nada que fosse completamente
estranho à Lei mosaica. Sim, a Lei mosaica
legitimava o “olho por olho"; ela não o con
denava. Porém, ela também apresentava
o perdão como uma alternativa (Lv 19.18).
Jesus, por outro lado, colocou o perdão em
primeiro plano. E mais: seguindo o princípio
da justiça mais elevada, de que falamos na
Lição 3 desta revista, Ele foi além, conde
nando de forma geral o retribuir o mal com
o mal. Ou seja, a vingança não é de Cristo.
1.4. Cristo não desautorizou de forma
geral a reparação legal. Quando Jesus diz
para os seus discípulos preferirem sofrer o
dano em vez de procurar repará-lo, não está
desautorizando de forma geral a reparação
legal, muito menos a reparação via justiça
secular em casos graves. Ele mesmo citou
como bom exemplo o caso de uma viúva
que importunava um juiz iníquo para que
este julgasse com correção a sua causa,
e o seu dano fosse finalmente reparado
legalmente (Lc 18.1-8). O que Jesus estava
querendo dizer é que nunca devemos fazer
justiça com nossas próprias mãos e que
devemos relevar as injustiças e maus trata
mentos do cotidiano, que sofremos eventu
almente no dia a dia. E mais: que devemos
também confiar que o Senhor, que é o Justo
Juiz e que também foi ofendido por aquela
ofensa ou ataque aos seus filhos, irá vingar
(julgar, compensar, reparar, punir, castigar) o
mal feito contra os seus filhos. Há também
o fato, frisado nas Sagradas Escrituras, de
que, independentemente de a punição se
cular ser dada ou não ao ofensor, o cristão
ofendido deve sempre perdoar o ofensor
e não retribuir o crime com outro crime, a
maldade com outra maldade, o erro com
outro erro. Não retribuir o mal com o mal
não quer dizer que, cometido um crime
contra mim, minha família ou próximos, não
devamos denunciar o crime para que o cri
minoso seja preso e condenado pelos seus
crimes. Não retribuir o mal com o mal quer
dizer: “Não haja com ele da mesma forma
como ele agiu com você. Não retribua a
maldade com maldade, injustiça com injus
tiça. E, apesar de tudo, não guarde mágoa
ou rancor, mas perdoe e siga em frente".
1.5, O poder do perdão. O perdão
exerce um poder transformador tanto so
bre a vida de quem é o ofendido quanto
de quem é o ofensor. Sobre o ofendido,
tem o poder de curar a ferida aberta; e
em relação ao ofensor, tem o poder de
fazer com que reflita sobre os seus atos,
caia em si, arrependa-se e mude o seu
comportamento. O amor constrange. O
amor transforma. Mas, para isso, deve ser
um perdão, um amor, não só em palavras,
mas também em obras (Rm 12.20), o que
só é possível pela ação do Espírito Santo
em nossas vidas (Rm 5.5).
Quarto Ciclo 35
2. AMAR O PRÓXIMO É
AMAR ADEUS
2.1. Amai a vossos inimigos. Jesus tra
tou antes do tema da vingança justamente
porque Ele queria, na sequência, falar so
bre amar nossos inimigos. O interessante é
que Jesus, ao citar o mandamento “Amarás
o teu próximo" (Mt 5 43a), que se encontra
no Antigo Testamento justamente naquela
passagem que também condenava a vin
gança (Lv 19.18), acrescentou em seguida
“...e aborrecerás o teu inimigo” (Mt 5 43b),
o que não está escrito em parte alguma
do Antigo Testamento. A razão para isso é
que Jesus estava chamando a atenção dos
seus discípulos para um acréscimo que os
mestres judeus dos seus dias haviam feito
e que consideravam uma fiel interpretação
do texto sagrado. Segundo eles, o próximo
que eles deveríam amar e do qual nunca
deveríam vingar-se era o seu próprio povo,
os da sua religião, e não as pessoas de
forma geral. É verdade que há passagens
do Antigo Testamento que dá margens
para essa interpretação, mas também é
fato que não há nenhuma ordem explícita
de odiar os inimigos no Antigo Testamento.
Jesus, por sua vez, condena explicitamente
esse acréscimo, afirmando que devemos,
sim, amar nossos inimigos, aqueles que
nos maltratam e perseguem, sejam ou não
de nosso povo, família, grupo ou fé.
2.2. Deus é compassivo com todos: deve
mos ser como Ele. O próprio Deus, conforme
frisa Jesus, mesmo condenando a impiedade,
pela sua graça e misericórdia, concede sol e
chuva para justos e injustos igualmente (Mt
5.45b). Ora, se somos filhos de Deus, se o
amamos mesmo como nosso Pai e Senhor,
devemos agir como Ele (Mt 545a). Ou seja,
amar o próximo é amar a Deus.
3. BUSCANDO A PERFEIÇÃO
DE CRISTO
3.1. Nossa justiça não deve igualar-se
à dos publicanos. Os publicanos eram os
cobradores de impostos para o Império
Romano. Exatamente pela sua função,
mas não apenas por ela, pois costumavam
ter também uma vida de devassidão, os
publicanos eram considerados desprezí
veis pela maioria dos judeus da sua época.
Eles eram tidos “como estando no pata
mar mais baixo da escala da iniquidade"
pelos judeus dos tempos de Jesus (Co
mentário Bíblico Beacon, vol.6. CPAD, p.
61). Logo, Jesus afirma que, se os escribas
e os fariseus defendiam que deveriamos
odiar nossos inimigos, eles estavam, na
prática, defendendo uma ética que em
nada distanciava-se da ética dos publi
canos (Mt 546,47). Ou seja, a justiça dos
escribas e fariseus era tão baixa quanto
à dos publicanos, a quem desprezavam.
Nossa justiça, como filhos do Reino, deve
exceder a de ambos. Devemos seguir o
padrão de nosso Pai (Mt 5.48), que é o
padrão de Cristo.
3.2. Chamados para sermos perfeitos.
Não somos perfeitos, mas somos cha
mados para sermos perfeitos (Mt 5.48). A
vida cristã, essencialmente, nada mais é
do que isso: um processo constante de
aperfeiçoamento operado por Deus em
nossas vidas pela ação do seu Santo Es
pírito; um processo diário de santificação.
E nosso modelo nesse processo, nosso
alvo, nosso padrão, é Cristo (Rm 8.28,29;
Ef 4.12-16). Busquemos, pois, a perfeição
de Cristo!
CONCLUSÃO
O padrão ético do cristão está bem
acima do padrão ético do mundo. Sim
plesmente, esse padrão é o padrão de
Deus. Logo, devemos honrar a Deus e
também nos tornar cada vez mais humil
des pelo fato de termos o compromisso
de pregarmos e vivermos os valores
divinos neste mundo tão corrompido.
Cristo é nosso modelo. Sigamos, pois, o
seu exemplo.
36 Disciptilando Aluno 4
APROFUNDANDO-SE
"O mandamento de Jesus foi: ‘Não retri
bua a agressão!' Ele aplicou este princípio
de cinco maneiras específicas: ofereça a
outra face (v.39), deixe levar a sua capa
(v.40), acompanhe a pessoa em uma segun
da milha (v.41), dê a quem lhe pedir e não se
desvie daquele que quiser que lheempres
te (v.42). Muitas pessoas têm presumido
que essas palavras de Jesus devem ser
entendidas de forma totalmente literal. Mas
pensar um pouco a respeito mostrará como
esta posição é equivocada. Por exemplo,
se um homem pedir algum dinheiro para
se embriagar, será que você fez uma boa
ação? Você agiu de acordo com um amor
inteligente? Ou será que aquilo que você
pretendia que fosse uma bênção se tornou
uma maldição? O que Jesus estava orde
nando era um espírito generoso e compas
sivo em relação aos necessitados. O que se
deve sempre lembrar é que 'a letra mata,
e o Espírito vivifica' (2 Co 3.6). A nova lei de
Jesus é primeiramente um novo espírito. O
Mestre estava principalmente interessado
nas atitudes. Deve ser reconhecido que o
Sermão da Montanha trata, em toda a sua
extensão, de princípios e não de regras"
(Comentário Bíblico Beacon. Vol.6. Rio de
Janeiro: CPAD, 2012, p.61).
VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. O que Jesus estava ensinado ao usar as
figuras da “outra face", do “dar a capa” e
do “andar a segunda milha"?
2. Quando é que o termo “vingança", no seu
sentido original na Bíblia, aparece em um sen
tido totalmente negativo, que é o usado hoje?
3. Jesus desautorizou de forma geral a
busca por reparação legal?
4. Há algum texto do Antigo Testamento
condenando a vingança? Se sim, qual?
5. No que consiste, essencialmente, a vida
cristã?
Você Sabia?
“É dever dos cristãos desejar, aspirar
e perseverar em direção à perfeição
na graça e na santidade (Fp 3.12-14).
E devemos estudar este assunto para
que possamos estar de acordo com
o exemplo do nosso Pai celestial (1
Pe 1.15,16). I...1 A perfeição de Deus
é mostrada [aos homens] à medida
que Ele perdoa as ofensas, recebe
os estranhos e faz bem aos iníquos
e ingratos. A nossa responsabilidade
consiste em procurarmos ser perfei
tos. assim como Ele é perfeito. Nós,
que devemos tudo o que somos à ge
nerosidade divina, devemos imitá-la
tão bem quanto pudermos” (HENRY,
Matthew. Comentário Bíblico do Novo
Testamento - Mateus a João. Rio de
Janeiro: CPAD, 2013, pp.60,61).
QuartoCiclo 37
Lição 8
Estudada em__/ /
Sem
Hipocrisia,
mas com
Verdade
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 6.1-4
1 - Guardai-vos de fazer a vossa esmola
diante dos homens, para serdes vistos por
eles; aliás, não tereis galardão junto de
vosso Pai. que está nos céus.
2 - Quando, pois, deres esmola, não faças
tocar trombeta diante de ti, como fazem
os hipócritas nas sinagogas e nas ruas,
para serem glorificados pelos homens.
Em verdade vos digo que já receberam o
seu galardão.
3 - Mas, quando tu deres esmola, não saiba
a tua mão esquerda o que faz a tua direita,
4 - para que a tua esmola seja dada ocul
tamente. e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará publicamente.
MEDITAÇÃO
O amor seja não fingido. Aborrecei o
mal e apegai-vos ao bem. (Rm 12.9)
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
• SEGUNDA - Lucas 12.33
• TERÇA - Atos 10.1-4.31
• QUARTA - Romanos 12.8,9
• QUINTA - 2 Corintios 913
• SEXTA - Lucas 11.40-42
• SÁBADO - Deuteronómio 6.5
38 Discipulando Aluno | Quarto Ciclo
INTRODUÇÃO
A esmola, a oração e o jejum eram
práticas bastante comuns do judaísmo
nos dias de Jesus. Eles eram considerados
exigências básicas para um judeu piedoso.
Jesus, por sua vez, não poderia deixar de
falar sobre esses importantes assuntos
no seu sermão, só que combatendo as
distorções frequentes na prática dessas
exigências. Nos primeiros oito versículos
do capítulo 6 de Mateus, Ele redefine
essas três práticas, resgatando o seu real
sentido para a vida dos servos de Deus.
Ou seja, mais uma vez Ele contrasta a
justiça do Reino de Deus com o conceito
popular de justiça ensinado e pregado
pelas autoridades religiosas da sua época.
O foco de Jesus é, mais uma vez, a pureza
de motivos. Vejamos, nesta lição, o ensino
de Cristo sobre as esmolas.
1. ESMOLAS SEM HIPOCRISIA
1.1. “Quando, pois, deres esmola". A
primeira coisa que chama a atenção nes
te texto do Sermão da Montanha é que a
prática de dar esmola como ato de justiça
estava tão arraigada entre os judeus da
época de Jesus, que nosso Senhor não
diz "Se deres esmola”, mas, sim, "Quando
deres esmola”. Isso quer dizer que os seus
ouvintes tinham o hábito natural de dar
esmolas. Que bom seria se as pessoas
de hoje tivessem o bom hábito de ajudar
as outras! Entretanto, mesmo que todos
tivessem esse hábito, isso não seria ainda
tudo, porque, como aprendemos com
Jesus, além do ato correto, é preciso ter a
motivação correta.
1.2. Motivos errados. Jesus condena
o uso indevido da prática de dar esmolas.
Ele não estava condenando o fato de os
fariseus darem esmolas, mas, sim, os mo
tivos errados pelos quais estes e muitas
pessoas nos seus dias estavam dando
esmolas. Ou seja, Jesus chama a atenção
dos seus discípulos para as motivações
corretas. Mesmo boas coisas podem ser
feitas pelas motivações mais vis. Não
basta que algo em si seja bom, mas que
os meios e as intenções de fazer tal coisa
sejam também boas.
1.3. Hipocrisia. As pessoas que dão
esmolas pelos motivos errados são cha
mados por Jesus de “hipócritas" (Mt 6.2).
O vocábulo grego traduzido aqui como
"hipócrita” é hypokrites, que significa li
teralmente “ator". Nada mais pertinente,
uma vez que a descrição que Jesus faz da
atitude desses homens que dão esmolas
objetivando ser louvados pelas pessoas
é a de atores em plena atuação. Esses
homens gostavam de dar esmolas em lu
gares públicos, onde pudessem ser vistos
pela maior quantidade de pessoas na hora
de conceder as esmolas. Eles atuavam,
literalmente, como bons moços, visando
ao elogio e aos aplausos das pessoas, à
sua própria glorificação. A expressão “to
car trombeta" denota isso. A ideia aqui é
de chamar a atenção das pessoas. Jesus
reprova contundentemente essa atitude,
enfatizando que o dar esmolas não é um
ato que existe para glorificar quem as doa,
mas para beneficiar o próximo mais neces
sitado. O ato deve ser feito com amor, e o
amor é desinteressado; ele não busca os
seus próprios interesses (1 Co 13.5).
2. AJUDANDO O PRÓXIMO
SEM ALARDE
2.1. A ostentação de piedade. Jesus,
em nenhum momento, objetiva alertar os
seus discípulos sobre alguma espécie de
“perigo" ou “pecado" em as pessoas verem
as suas boas obras. Ao contrário, Ele mes
mo havia dito antes que as boas obras dos
seus discípulos deveríam ser vistas pelos
homens, para que eles glorificassem a
Deus (Mt 5.16). O que Jesus condena aqui
é a ostentação de piedade, é fazer as boas
obras para ser glorificado pelos homens
em vez de fazê-las como fruto do amor
Quarto Ciclo 39
de Deus por nós e pelo próximo. As boas
obras não são para serem escondidas,
pois uma lâmpada escondida debaixo
do alqueire não é útil (Mt 515). Por outro
lado, elas não devem ter como centro da
atenção quem faz as boas obras, mas, sim,
Deus, que as impele e inspira pelo seu
amor derramado em nossos corações.
As boas obras, portanto, devem ser feitas
com discrição.
2.2. “Já receberam o seu galardão". O
vocábulo grego traduzido por "galardão
ou “recompensa" em Mateus 6.2 é apecho,
que era usado com frequência nos reci
bos emitidos nos dias de Jesus. Ou seja,
“a força plena da afirmação de Jesus é
que aquele que almeja e obtém o louvor
dos homens está dando virtualmente um
recibo de 'Totalmente pago'"; logo, essa
declaração de Jesus quer dizer que não
haverá nenhum outro galardão aguardan
do por essa pessoa no céu" (Comentário
Bíblico Beacon. vol.6, CPAD, p. 63).
3. DEUS VÊ O BEM QUE
FAZEMOS EM SECRETO
3.1. “Não saiba a tua mão esquerda
o que faz a direita”. Jesus usa aqui mais
uma figura de linguagem, desta feita para
enfatizar a necessidade de fazermos o bem
às pessoas sem querer chamar a atenção
para nós mesmos. A expressão “não saiba
a tua mão esquerda o que faz a direita” é
outro hiperbolismo de Jesus, assim como
o “arrancar o olho” ou o “cortar a mão para
“atirar para longe de ti" em Mateus 5.29,30, os
quais comentamos na Lição 5 destarevista.
Hiperbolismo é uma expressão ou
imagem exagerada para enfatizar alguma
coisa; no caso, um principio. A imagem da
mão direita fazendo algo com discrição,
que nem mesmo a sua “colega", a mão
esquerda, bem ali ao lado, percebe o que
ela faz, traz uma mensagem muito clara
para nós. Jesus está dizendo, em outras
palavras: “Não faça boas obras com alarde,
mas faça-as com discrição". Não é escon
der as ações de maneira obsessiva e quase
neuroticamente, como se estivéssemos
escondendo das outras pessoas algo
muito feio de nossa parte. É tão somente
fazer o que precisa ser feito com o cuidado
de não chamar a atenção para si, sem os
tentação, sem exibicionismo, sem vaidade.
3.2. “E teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará publicamente". Ainda que
ninguém aqui na terra - a não ser você e a
pessoa beneficiada - saiba das ações que
você praticou em beneficio de uma pessoa,
saiba que o teu Pai celestial está vendo, e
conhece tudo, e promete recompensar você
pelo bem que está fazendo. Deus honra os
seus filhos que o honram com as suas vidas,
com as suas palavras, com as suas ações,
com a sua dedicação sincera e apaixonada.
Nós muitas vezes sentimos a necessidade
de sermos reconhecidos pelas pessoas
quando fazemos alguma coisa que julgamos
muito significativa. Esse é um sentimento
natural, mas que devemos tomar o cuidado
para que eventualmente não se torne em
Deus honra os seus
filhos que o hon
ram com as suas
vidas, com as suas
palavras, com as
suas ações, com a
sua dedicação sin
cera e apaixonada.
Discipulando Aluno 4
algo doentio, vaidoso. E uma das formas de
evitar que isso aconteça é lembrar que o
bem que fazemos “em oculto”, isto é, com
discrição, sem alarde e que - justamente por
isso - muitas vezes não chama a atenção das
pessoas, é reconhecido e visto com amor,
prazer e alegria pelo nosso Pai celestial, a
quem amamos e que nos ama com amor
eterno! Como declara Matthew Henry, um
pastor inglês do século 17, “o fato de Deus
ver todas as coisas em secreto é um terror
para os hipócritas, mas é um conforto para
os cristãos sinceros".
3.3. A recompensa divina. Jesus pro
mete que o próprio Pai nos recompensará
pelo que fizermos para Ele aqui na terra
em favor dos outros. E essa recompensa,
que se dará na Eternidade, será pública,
diante dos homens e dos anjos. A Bíblia
dá a entender que o galardão celestial
será alguma espécie de poder (Ap 1.6;
5 9.10), glória (Mt 5.12; cf. 2 Co 417,18) e
posição que os fiéis a Deus receberão na
Eternidade como recompensa pela sua
dedicação humilde, sincera e fervorosa a
Deus na terra (Mt 20.20-28; 1 Co 3.8).
3.4. Deus: Galardoador dos que o
buscam sinceramente. A Bíblia diz que
Deus tem prazer em abençoar. Ele é ga
lardoador de todos que o buscam (Hb 11.6).
Veja que grande contraste: aqueles que
fazem boas obras visando à glória entre
os homens terão um galardão humano,
passageiro, vazio em sua essência. En
tretanto, aqueles que faziam boas obras
visando à glória de Deus receberão um
galardão divino, eterno, perene, de glória
indizível (Pv 11.18; Mt 25.23). Vale a pena
servir ao Senhor! Somos salvos pela sua
graça, abençoados na terra e, depois, ga-
lardoados na Eternidade pelo que fizemos
em seu nome, para a sua glória, quando
estávamos aqui. Portanto, como disse o
apóstolo Paulo: “Não sejamos cobiçosos
de vanglorias, irritando-nos uns aos outros,
invejando-nos uns aos outros; “[...] não nos
cansemos de fazer o bem, porque a seu
tempo ceifaremos, se não houvermos
desfalecido”; “Mas longe esteja de mim
o gloriar-me, a não ser na cruz de nosso
Senhor Jesus Cristo” (Gl 5.26; 6.9,14).
CONCLUSÃO
Desde o Antigo Testamento, Deus
deixou claro o que deseja dos seus filhos.
Por meio do profeta Miqueias, Ele afirmou:
“Ele te declarou, ó homem, o que é bom;
e que é o que o Senhor pede de ti, senão
que pratiques a justiça, e ames a benefi
cência, e andes humildemente com o teu
Deus?" (Mq 6.8). O que Jesus exige dos
filhos do Reino nada mais é do que isso:
amor sincero por Deus e pelo próximo,
bondade, humildade, integridade, submis
são à vontade divina. Aqueles que fazem a
obra de Deus com esse espírito, com esse
sentimento, nunca buscarão a glória para
si quando estiverem praticando uma boa
ação, mas sempre farão o que devem fazer
em favor do seu próximo para a glória de
Deus e por amor ao seu próximo, e nunca
por interesse meramente pessoal.
Boas ações não devem ser nunca uma
competição de egos ou um exibicionismo
de “piedade externa”, mas, sim, uma de
monstração sincera do amor de Deus der
ramado em nossos corações e em favor
dos necessitados. Qualquer coisa diferente
disso é apenas aparência de piedade, e
não piedade cristã de fato. É hipocrisia,
farisaísmo, e não vida cristã genuína. Que
Deus nos livre desse cristianismo artificial,
falso, teatralizado. Que vivamos um cris
tianismo verdadeiro, genuíno, do coração!
APROFUNDANDO-SE
“‘Guardai-vos de fazer a vossa esmola
diante dos homens, para serdes vistos
por eles: aliás, não tereis galardão junto
de vosso Pai, que está nos céus’ (Mt 6.1).
Deus recompensa atos altruístas feitos em
Quarto Ciclo 41
segredo. É mais fácil fazer o que é certo
quando recebemos reconhecimento e
louvor. Para ter certeza de que os nossos
motivos não são egoistas, devemos rea
lizar nossas boas obras silenciosamente,
ou em segredo, sem nenhum pensamento
sobre recompensa. Jesus diz que devemos
examinar os nossos motivos em três áreas:
generosidade (Mt 6.2-4). oração (Mt 6.5.6)
e jejum (Mt 6.16-18). Esses atos não devem
ser egocêntricos, mas centrados em Deus,
feitos não para que pareçamos bons, mas
para que a bondade de Deus seja vista.
A recompensa que Deus promete não é
material, e nunca é dada àqueles que a
buscam listo é, que fazem as coisas só por
recompensas). Fazer alguma coisa apenas
para si mesmo(a) não é um sacrifício de
amor. Na sua próxima boa ação, pergunte-
-se: 'Eu ainda faria isto se ninguém jamais
descobrisse que eu o fiz?'" (Manual da Bí
blia de Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro:
CPAD. 2012. p.706).
3. O que Jesus quer dizer quando afirma
que os que "tocavam trombeta diante de
si” já haviam “recebido o seu galardão"?
4.0 que significa a orientação de Jesus de
que “não saiba a tua mão esquerda o que
faz a direita"?
5. Que recompensa pública é esta que os
filhos de Deus receberão no céu pelas suas
boas obras na terra realizadas em amor?
VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. O que Jesus condenou exatamente na
prática de dar esmolas como executada
pelos fariseus da sua época?
2. O que Jesus quer dizer quando afirma
que muitos das sinagogas “tocavam trom
beta diante de si” ao dar esmolas?
Você Sabia?
“A doaçào caridosa era tão impor
tante neste período Ide Jesus] que
a palavra hebraica para 'justiça' ad
quiriu o significado de 'dar esmolas',
Este talvez seja o motivo pelo qual a
prática de dar esmolas seja discutida
primeiramente aqui [na seção do
Sermão da Montanha sobre os atos
de justiça: esmolas, oração e jejum],
Hoje em dia, a oraçào provavelmente
recebería o primeiro lugar, e dar es
molas o último" (Comentário Bíblico
Beacon. Vol.6. Rio de Janeiro: CPAD,
2012, p.62).
42
Lição 9
Estudado em / /
Oração não
Mecânica, mas
Consciente
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 6,5-18
5 - E. quando orares, não sejas como os hi
pócritas. pois se comprazem em orar em pé
nas sinagogas e às esquinas das ruas, para
serem vistos pelos homens. Em verdade
vos digo que jà receberam o seu galardão.
6 - Mas tu. quando orares, entra no teu
aposento e. fechando a tua porta, ora a
teu Pai. que vé o que está oculto; e teu Pai.
que vé o que está oculto, te recompensará.
7 - E. orando, não useis de vãs repetições,
como os gentios, que pensam que. por
muito falarem, serão ouvidos.
8 - Não vos assemelheis, pois, a eles, por
que vosso Pai sabe o que vos é necessário
antes de vós Iho pedirdes.
9 - Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que
estás nos céus, santificado sejao teu nome.
10 - Venha o teu Reino. Seja feita a tua von
tade. tanto na terra como no céu.
11-O pão nosso de cada dia dá-nos hoje
12 - Perdoa-nos as nossas dividas, assim
como nós perdoamos aos nossos devedores
13 - E não nos induzas à tentação, mas
livra-nos do mal: porque teu é o Reino, e
o poder, e a glória, para sempre. Amém!
14 - Porque, se perdoardes aos homens as
suas ofensas, também vosso Pai celestial
vos perdoará a vós.
15 - Se, porém, não perdoardes aos
homens as suas ofensas, também vosso
Pai vos não perdoará as vossas ofensas.
16 - E, quando jejuardes, não vos mostreis
contrístados como os hipócritas, porque
desfiguram o rosto, para que aos homens
pareça que jejuam. Em verdade vos digo
que já receberam o seu galardão.
17 - Porém tu, quando jejuares, unge a
cabeça e lava o rosto,
18 - para não pareceres aos homens
que jejuas, mas sim a teu Pai, que está
oculto: e teu Pai, que vê o que está
oculto, te recompensará.
MEDITAÇÃO
E buscar-me-eis e me achareis quando
me buscardes de todo o vosso coração.
(Jr 29.13)
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
• SEGUNDA - Romanos 12.12
• TERÇA - Lucas 18.1-8
• QUARTA - Colossenses 4.2
• QUINTA - Lucas 18.9-14
• SEXTA - Marcos 9.25-29
• SÁBADO - Lucas 21.36
Díscipulando Aluno | Quarto Cido 43
INTRODUÇÃO
Assim como é possível dar esmolas
pelas motivações erradas, é possível orar e
jejuar dominado por motivações erradas. E
assim como é possível realizar boas obras
como fruto de uma religião meramente
mecânica e ativista, é possível também
orar e jejuar de forma mecânica e me
ramente ritualística. É o que Jesus alerta
na passagem em apreço do Sermão da
Montanha que estudaremos na lição de
hoje. Nela, Cristo ensina que a oração é, na
verdade, uma conversa com o Pai Celestial
e apresenta um modelo de oração para
inspirar os seus discípulos a orar de forma
correta. Na chamada “Oração do Pai Nos
so", encontramos, resumidamente, tudo
aquilo que deve haver em uma oração. E
Jesus ainda ensina aos seus discípulos so
bre como deve ser o momento de oração.
Aprendamos a orar com Jesus!
1. A ORAÇÃO É UMA CON
VERSA COM O PAI
1.1. A falsa oração: uma forma de apa
rentar piedade. Jesus inicia a sua exposição
sobre o importante tema da oração conde
nando mais uma vez a ostentação de “pie
dade" dos fariseus, desta vez manifestada
nas orações públicas que realizavam nas
sinagogas e nas esquinas das ruas (Mt 6.5).
Tudo isso eles faziam “para serem vistos
pelos homens", assim como no caso das
esmolas (Mt 6.1,2). Eles chegavam a orar
em pé nas esquinas só para parecerem
piedosos diante dos demais judeus.
1.2. A oração deve ser um momento
particular de intimidade com Deus. Je
sus nunca condenou a oração coletiva no
templo ou nas casas, mas reprovou, sim, as
orações públicas nas sinagogas e nas ruas
com objetivos exibicionistas. Ele mesmo
participava das reuniões das sinagogas
(Lc 4.16 - “segundo o seu costume"), que
incluíam momentos de oração coletiva, e
instou com os seus discípulos Pedro, Tiago
e João certa vez para que orassem junta
mente com Ele, fazendo-lhe companhia
na oração e nas súplicas que derramou
diante do Pai no momento tão intenso do
Getsêmani (Mt 26.36-38,40).
A ênfase de Jesus, porém, sempre foi
na oração em particular, individual, na vida
privada, realizada individualmente entre o
cristão e o seu Pai Celestial (Mt 6.6). Mesmo
na oração do Getsêmani, Jesus chegou a
ficar só em alguns momentos (Mt 26.39)- A
oração em privado é muito importante. É
necessário orar com nossos irmãos, com
nossos familiares, com nosso cônjuge, com
nossos filhos, etc., mas devemos, sobretudo,
ter momentos particulares de oração. Deve
mos valorizar muito os momentos a sós com
Deus. Devemos valorizar muito as experiên
cias particulares com Deus em oração, por
que são parte importante e imprescindível
de nosso crescimento e amadurecimento
espirituais e do aprofundamento de nossa
comunhão com nosso Pai Celestial.
1.3. Respostas de Deus. Jesus afirma
que o Pai recompensará os filhos que o
buscam “em oculto" (Mt 6.6), isto é, em
particular, na intimidade, nas suas orações.
Essa “recompensa” a que se refere Jesus
é a resposta de Deus às nossas petições
feitas em oração (Mt 6.8). O Senhor é galar-
doador dos que o buscam (Hb 11.6). Deus
tem prazer em abençoar os seus filhos.
1.4. “Vãs repetições”. Ao reprovar as
“vãs repetições" (Mt 6.7), Jesus não está
condenando todo tipo de repetição na
oração. Ele mesmo, no seu momento de
angústia no Getsêmani, passou horas em
oração “dizendo as mesmas palavras" (Mt
26,44). Jesus refere-se claramente a repe
tições que, como Ele mesmo designa, são
"vãs", isto é, vazias, mecânicas, e deixa claro
ainda que se refere a um hábito dos gentios
(“...como os gentios...", Mt 6.7), isto é, a um
costume dos pagãos que provavelmente
44 LWipütendo Aluno 4
era imitado petos fariseus para chamar a
atenção das pessoas que presenciavam
as suas orações públicas. Possivelmente,
esses judeus religiosos imitavam tal prática
porque achavam que ela denotava espi
ritualidade. Como bem explica o teólogo
A. T. Robertson, os pagãos da antiguidade
“pensavam que por meio de repetições infi
nitas e muitas palavras eles informariam os
deuses sobre o que estivessem precisando
e os cansariam para que lhes concedessem
os pedidos, mas a intenção dos fariseus
não era ganhar os ouvidos de Deus, mas os
olhos dos homens" (Comentário Mateus &
Marcos à Luz do Novo Testamento Grego.
Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p.81).
1.5- “BLá, blá, blá”. Não precisamos ficar
repetindo informações para Deus em ora
ção, como se Ele dependesse que essas
informações fossem repetidas por nós
para, então, saber - ou não se esquecer
- delas; nem precisamos orar em público
floreando nossas palavras, pavoneando
nossas preces, como se quiséssemos im
pressionar as pessoas à nossa volta com a
nossa “bela oratória” de oração. Tudo isso
para Deus é, literalmente, o que chama
mos de "blá-blá-blá". O vocábulo traduzido
por “vãs repetições" nessa passagem do
ensino de Jesus é battalogeõ, que, segun
do obras especializadas, como o Dicionário
Vine, que traz o significado exegético e
expositivo das palavras do Antigo e do
Novo Testamentos, é uma palavra “prova
velmente advinda de uma frase aramaica e
de caráter onomatopeico” (Dicionário Vine,
CPAD, p. 1049). Ou seja, battalogeõ é uma
onomatopéia como nosso “blá, blá, blá", e
com o mesmo significado deste: palavras
sem sentido e mecanicamente repetidas.
Orações mecânicas, empavonadas para
impressionar as pessoas, são para Deus
mero “blá, blá, blá” para os seus ouvidos.
1.6. Uma relação de amor sincero
entre um Pai e os seus filhos. Jesus
orientou os seus discípulos a dirigirem-se
a Deus em oração chamando-o de “Pai”.
Tal prática não era comum na cultura
judaica da época. O uso que Jesus faz
dessa expressão para referir-se à Primei
ra Pessoa da Trindade e o fato de ensinar
os seus discípulos a dirigirem-se assim a
Ela demonstram o desejo que Cristo tinha
de os seus discípulos entenderem que
o momento da oração era um momento
de intimidade, de comunhão, de relação
sincera e aberta entre Pai e filho. E, numa
relação assim, a conversa é sempre de
respeito, reverência, mas também, e
sobretudo, amorosa e sincera.
Deus quer que nossos momentos de
oração sejam corretamente entendidos
como momentos em que os filhos de Deus
lançam-se nos braços do seu Pai celestial
para abrirem os seus corações para Ele,
terem comunhão com Ele, gozarem da sua
presença, ouvirem a sua voz e receberem
toda força e consolo de que precisam.
2. A ORAÇÃO QUE JESUS
ENSINOU
2.1, O propósito da Oração do Pai
Nosso. A Oração do Pai Nosso (Mt 6.9-13)
não trata de uma oração para ser repetida
mecanicamente. Ela é apenas um modelo
de oração ensinado por Jesus aos seus
discípulos resumindo tudo o que uma
oração deve ter; é um esboço didático
da oração ideal. Erra, portanto, quem faz
dessa oração apenas mais uma oração
mecânica. Issoé tudo o que Jesus não
queria que ela fosse. Analisemos a seguir
cada trecho dessa oração-modelo e o que
basicamente ela nos ensina.
2.2. “Pai nosso”. O termo “nosso" de
nota intimidade. Na abertura desse mo
delo de oração ideal, mais uma vez Jesus
enfatiza a intimidade reverente que deve
haver entre os filhos do Reino e o seu Pai
Celestial. Ele não é simplesmente “o Pai”.
Ele é “nosso Pai”! Aleluia!
Quarto Ciclo 45
2.3- “Santificado seja o teu nome”.
Essa expressão significa “Que teu nome
seja santificado em minha vida!". O cristão
deve ter como objetivo principal da sua
vida exaltar e glorificar a Deus. E ele faz
isso quando escolhe encarnar os princípios
do Evangelho na sua vida, quando decide
honrar a Deus nos seus pensamentos,
palavras e ações. Essa expressão signifi
ca também que a oração ideal deve não
apenas ser um momento de intimidade, re
verência, sinceridade e amor ("Pai nosso"),
mas deve também começar com adoração
(“Santificado seja o teu nome”).
2.4. “Venha o teu reino". Trata-se de
um pedido para que Deus reine sobre nós;
ou melhor, para que o seu senhorio esteja
não apenas sobre nós, mas que alcance
todo o mundo. Essa expressão demonstra
a preocupação que o filho de Deus deve
ter em ver a expansão do Reino de Cristo
na terra. Devemos orar pela conversão de
vidas, pela obra de Deus, pelos nossos
irmãos, pela causa divina na terra, e não
apenas por nossas questões pessoais. Elas
vèm depois.
2.5. “Seja feita a tua vontade". Aqui
vemos uma petição específica para que
a vontade divina seja cumprida em nossa
vida, na vida de nossos familiares, na vida
de nossos irmãos. A expressão “Tanto na
terra como no céu" (Mt 6.10b) significa que
da mesma forma que a vontade de Deus é
cumprida no céu - e lá ela é cumprida de
forma plena - ela seja cumprida em nossas
vidas aqui na terra.
2.6. “O pão nosso de cada dia dá-nos
hoje”. Finalmente, vemos a petição por
necessidades pessoais, particulares e
de nosso próximo (“pão nosso"). Essas
petições devem fazer parte de nossas
orações. Deus nos estimula a orar pedindo
a sua ajuda, graça, força e intervenções em
nosso favor e em favor de nossos entes
queridos, suprindo nossas necessidades
(Mt 7.7-n). Entretanto, a oração, como já
vimos até aqui, não é constituída apenas
de petições por questões pessoais. Em
primeiro plano, está nossa comunhão
com Deus, a adoração, a glória de Deus,
a expansão do Reino de Deus, a vontade
de Deus para nossas vidas, e logo depois
vêm nossas necessidades pessoais. Em
primeiro lugar, está “o Reino de Deus e a
sua justiça”, e “Todas essas coisas vos serão
acrescentadas" (Mt 6.33). Primeiro vem o
“Pai nosso", depois o “pão nosso".
2.7. “Perdoa as nossas dívidas, assim-
como nós perdoamos". Na oração, preci
samos tratar também, arrependidos, de
nossos pecados, de nossas falhas diárias.
Mas não só isso: devemos também ter
disposição para perdoar nossos ofensores.
2.8. “E não nos induzas à tentação,
mas livra-nos do mal". Devemos orar para
que Deus nos livre de toda artimanha do
Maligno contra nossas vidas. Se quiser
mos proteção divina, devemos buscar a
presença de Deus. Não podemos querer
a proteção divina se não buscamos a sua
presença. Deus promete livrar aqueles que
“habitam” na sua presença (SI91.1). Isso não
significa dizer que quem busca a Deus está
isento de aflições, mas, sim, que, quando
elas nos sobrevierem, Deus certamente
nos dará vitória em todas elas (Sl 34-19)
Quanto à expressão "E não nos induzas à
tentação", ela significa "E não permita que
sejamos provados de tal forma que não
suportemos", pois o termo traduzido por
“tentação" aqui quer dizer “provação".
2.9. “Porque teu é o Reino, o poder e a
glória para sempre". A oração ideal come
ça com adoração e termina com adoração.
Ela é um momento especial de comunhão
com nosso Pai Celestial, com o Deus do
Universo. Portanto, nossa oração deve
começar e terminar com um momento
especial de devoção, de adoração sincera
e fervorosa à glória dELe.
46
2.10. “Amém!” A expressão “Amém!"
significa literalmente “Assim seja!".
Quando concluímos nossas orações com
“Amém!”, estamos dizendo a Deus: "Senhor,
te peço que tudo o que coloquei diante de
ti seja uma realidade", “Peço que seja as
sim”. E quando acrescentamos “Em nome
de Jesus” ao “Amém”, estamos dizendo
“Pedimos-te que seja assim em nome de
Jesus", isto é, “por Jesus", “pelos méritos de
Jesus" Essa é uma bela forma de concluir
nossas orações, reconhecendo que tudo
o que somos e temos certamente são por
intermédio de Jesus.
3. ORAÇÃO E JEJUM
3.1. Ojejum espirituale o jejum hipócri
ta. Nos dias de Jesus, havia religiosos que
infelizmente se fingiam contritos e jejuavam
só para parecerem espirituais e ganharem
a honra do povo pela sua “consagração".
Entretanto, esse jejum não era recebido por
Deus. Ojejum verdadeiro é abstinência de
alimentos como um desprendimento es
pontâneo das coisas terrenas para focar-se
nas coisas espirituais. Ele é algo pessoal,
íntimo, que você faz para Deus, e não para
aparecer para os outros. Esse jejum, que é
de ordem espiritual, é recebido por Deus.
CONCLUSÃO
Que todos os nossos “atos de justiça”
- como eram chamadas as práticas das
esmolas, da oração e do jejum nos dias
de Jesus - sejam realizados cumprindo
o propósito pelo qual existem: glorificar a
Deus, e não aos homens.
VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. Como deve ser a oração?
2.0 que são as "vãs repetições" que Jesus
condenou?
3. Qual o propósito da Oração do Pai
Nosso?
4. O que quer dizer “Venha o teu reino”?
5. Qual a diferença entre ojejum espiritual
e o hipócrita?
Você Sabia?
“Muitos fariseus jejuavam duas vezes
por semana como um dever religioso.
Estes não eram jejuns de 24 horas,
mas jejuns de 12 horas, de sol a sol.
Jesus não criticou o costume de
jejuar. O que Ele realmente criticou
foram aqueles que anunciavam seu
jejum desfigurando seu rosto. O que
fazemos para Deus deve ser feito para
Deus. O que fizermos para 'mostrar
aos homens' estará corrompido"
(RICHARDS, Lawrence Comentário
Devocional da Biblia. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012, p.560).
Quarto Ciclo 47
Lição 10
Estudada em / /
A Ambição do
Discípulo: Não à
Segurança dos
Bens Materiais
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 6.24-29; 31-33
24 - Ninguém pode servir a dois senhores,
porque ou há de odiar um e amar o outro ou
se dedicará a um e desprezará o outro. Não
podeis servir a Deus e a Mamom.
25 - Por isso, vos digo: não andeis cuidado
sos quanto à vossa vida, pelo que haveis de
comer ou pelo que haveis de beber: nem
quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de
vestir. Não é a vida mais do que o manti
mento. e o corpo, mais do que a vestimenta?
26 - Olhai para as aves do céu. que não
semeiam, nem segam, nem ajuntam em ce
leiros: e vosso Pai celestial as alimenta. Não
tendes vós muito mais valor do que elas?
27 - E qual de vós poderá, com todos os
seus cuidados, acrescentar um côvado à
sua estatura?
28 - E, quanto ao vestuário, porque andais
solícitos? Olhai para os lírios do campo, como
eles crescem; não trabalham, nem fiam.
29 - E eu vos digo que nem mesmo Salo
mão, em toda a sua glória, se vestiu como
qualquer deles.
31 - Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que
comeremos, ou que beberemos. ou com
que nos vestiremos?
48 Discipulando Aluno | Quarto Ciclo
32 - Porque todas estas coisas os
gentios procuram. Decerto vosso Pai
celestial bem sabe que necessitais de
todas estas coisas;
33 - Mas buscai primeiro o Reino de
Deus, e a sua justiça, e todas essas
coisas vos serão acrescentadas.
MEDITAÇÃO
Porque o amor do dinheiro é a raiz
de toda espécie de males; e nessa
cobiça alguns se desviaram da fé e
se traspassaram a si mesmos com
muitas dores. (1 Tm 6.10)
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
• SEGUNDA - 1 Timóteo 6.6-12
• TERÇA - Hebreus 13.5
• QUARTA - Filipenses 410-13
• QUINTA - 1 Pedro 1.3,4
• SEXTA - Filipenses 4.6-8
• SÁBADO - 1 Timóteo 6.17-19
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, estudaremos o ensino de Jesus contra o materialismo, que
sempre foi um dos principais males para
a vida espiritual. Trata-se do apego e da
obsessão pelas coisas materiais, pelos
bens terrenos. Jesus não condenou os
bens terrenos, mas, sim, o apego a eles.
Há pessoas que, infelizmente, vivem mais
para amontoar bens na terra do que para
qualquer outra coisa. A finalidade da vida
dessas pessoas é o material; as coisas es
pirituais ficam em segundo plano, quando
não em terceiro, no seu dia a dia. Entretan
to, Jesus ensina-nos a priorizar o espiritual.
Não é negar ou condenar o material. Ele
é importante, só não é o mais importante
nem deve ser o centro de nossa vida. O
centro de nossa vida deve ser Deus. Aliás,
Ele é a razão de nosso viver, o sentido de
nossas vidas, Fomos feitos por Ele e para
Ele. Glórias, pois, a Ele!
1. A RIQUEZA DA TERRA EA
RIQUEZA DO CÉU
1.1. A loucura de amontoar riquezas na
terra. Jesus chamou a atenção dos seus
discípulos para a loucura que é uma pes
soa viver apenas amontoando riquezas na
terra. Ele não está aqui condenando o ser
rico, mas, sim, a obsessão em enriquecer
mais e mais, de maneira a apenas amon
toar riquezas em vez de usá-las de forma
sábia. Jesus cita como exemplos realida
des da sua época: quem ajuntava muitas
roupas acabava perdendo muitas delas
para as traças, que faziam a festa; quem
amontoava metais, fazia com que boa par
te deles, por não estarem em circulação,
fossem acometidos pela ferrugem; e quem
guardava os seus bens mais preciosos nas
paredes das suas casas, que geralmente
eram feitas de barro, muitas vezes eram
alvos de ladrões, que “minavam" as pare
des das casas, cavavam-nas, para roubar
as riquezas dos outros (Mt 6.19). Claro
que muita coisa mudou de lá para cá na
questão dos métodos de preservação
das coisas, mas a principal lição de Jesus
aqui, para nossas vidas, permanece. O que
Jesus quis dizer nessa passagem é que
os bens materiais são passageiros, razão
pela qual não devemos ficar presos a eles,
não devemos permitir que nos dominem,
mas devemos ser bons mordomos, admi
nistradores sábios e liberais dos bens que
recebemos.
1.2. Riqueza do céu. A única riqueza
que pode ser amontoada sem prejuízo
para a pessoa, enfatiza Jesus, é a riqueza
de ordem espiritual (Mt 6.20), isto é, tudo
aquilo que fazemos para Deus aqui na terra
e que resultará em galardão para nós na
eternidade. Acumulemos boas obras, de
dicação sincera à obra de Deus, e seremos
grandemente galardoados nos céus.
1.3. “Onde estiver o vosso tesouro, ali
estará também o vosso coração". Essa
frase lapidar de Cristo quer dizer que se
consideramos mais os bens terrenos do
que as riquezas espirituais, então nosso
coração está preso às coisas terrenas: e
se valorizamos mais as coisas celestiais do
que os bens materiais, então claramente
nosso coração está voltado para o céu. O
que desejamos: ser escravos do que pere
ce ou servos de um Reino incorruptível? O
que é melhor: servir a Deus ou às riquezas?
2. NÃO PODEMOS SERVIR A
DEUS E AO DINHEIRO
2.1. Olhos maus, corpo em trevas;
olhos bons, corpo iluminado. Nos versícu
los 22 a 24. Jesus fala sobre a necessidade
de haver no cristão uma unidade correta
de propósitos. Para isso. Ele usa mais uma
figura de linguagem. Nesse caso, os olhos
e o corpo. Diz Jesus que se os olhos forem
bons, o corpo terá luz; e se foram maus, o
corpo estará em trevas. Olhos falam de
foco, de visão. Ou seja, Jesus está afirman
do que se nosso foco e visão forem equi
Quarto Ciclo 49
vocados, toda a nossa vida estará imersa
em trevas; mas se nossos foco e visão
forem acertados, estaremos na luz. Não
pode haver sobre nós luz - que simboliza
aqui a presença de Deus - se não há um
foco acertado, uma unidade de propósito,
uma pureza de intenção em tudo o que
fazemos. Devemos priorizar a Deus. Não
podemos dividir nosso foco, dividir nossa
lealdade. Deus tem que reinar sem rival no
trono de nosso coração. Ele é nosso foco.
2.2. "Mamom": o amor ao dinheiro.
A palavra “Mamom" é a forma aramaica
para dinheiro ou riquezas usada nos dias
de Jesus. Logo, “servir a Mamom” significa
"servir às riquezas", colocá-las como prio
ridade em nossas vidas. A Bíblia classifica
como algo ruim o amor às riquezas, o
confiar nelas. Isso está claro também em
várias outras passagens das Escrituras. A
Bíblia nos diz, por exemplo, que passamos
a ser ímpios em relação às riquezas quan
do; (1) passamos a amar as riquezas (1 Tm
6.10); (2) as riquezas passam a ser senhor
em nossas vidas, e não um servo (Mt 6.24);
(3) tornamo-nos avarentos (Lc 12.15a); (4)
passamos a medir a qualidade de nossa
vida pela abundância do que possuímos
(Lc 12.15b); (5) pomos o coração nas rique
zas (Mt 6.19-21), colocando nossa espe
rança nelas (1 Tm 6.17b); (6) tornamo-nos
altivos, soberbos, arrogantes, por causa
das riquezas (1 Tm 6.17a); (7) cobiçamos as
riquezas (1 Tm 6.10), tornando-as a obses
são de nossa vida (1 Tm 6.9). Como já disse
alguém com grande acerto, “as riquezas
são um excelente servo, mas um péssimo
senhor". Que as riquezas nos sirvam, e não
nós a elas. Afinal, não servimos ao que
perece. Servimos a Deus.
2.3. Ser materialmente pobre ou rico
não necessariamente tem algo a ver com
condição espiritual. Há casos na Bíblia de
servos de Deus ricos e pobres, de servos
de Deus ricos que empobreceram e de
servos de Deus pobres que enriquece
ram, Por exemplo: Abraão foi rico; Isaque
foi rico; Jacó nasceu em uma família rica,
depois foi ganhar a vida como empregado
do seu tio Labão até que Deus fez com que
enriquecesse sem precisar da ajuda dos
seus pais; o rico Jó era um homem justo e
reto diante de Deus, mas tornou-se mise
rável e voltou a ser rico; o profeta Jeremias
era pobre, permaneceu assim e morreu
assim; os profetas Sofonias e Isaías foram
aristocratas palacianos, mas o profeta
Amós foi um simples camponês; o pobre
Lázaro da história contada por Jesus em
Lucas 16, e que morreu pobre e na miséria,
era um homem justo; a Bíblia diz que um
profeta que realmente “temia ao Senhor"
e auxiliava no ministério do profeta Eliseu
morreu pobre e endividado (2 Rs 4.1), mas
a sua esposa acabou prosperando após
um milagre de Deus (2 Rs 4.7), etc. Deus
abençoa, sim, materialmente os seus
filhos, só que bens materiais não podem
ser necessariamente sinal da bênção de
Deus, se não o que dizer de ímpios que são
prósperos financeiramente, porém infeli
zes por não terem Jesus nas suas vidas?
As riquezas não são o mais importante
na vida de um crente. Muito longe disso,
podem tornar-se ainda um mal, quando se
tornam um deus na vida da pessoa. Deus
nos Livre disso!
Deus tem que reinar
sem rival no trono
de nosso coração.
Ele é nosso foco.
50 Discipulando Aluno 4
3. VIVENDO A QUIETUDE DO
REINO DE DEUS
3.1. “Não andeis cuidadosos". Ainda
dentro do tema materiatismo ou foco ou
obsessão nas coisas terrenas, Jesus fala, na
sequência, nos versículos 25 a 34, sobre a
ansiedade em relação às coisas materiais.
E Ele não está falando mais de amontoar
riquezas, mas de necessidades básicas.
Jesus diz aos seus discípulos que eles
devem aprender a confiar na providência
divina, crer que Deus haverá de prover
todas as nossas necessidades básicas: da
alimentação ao vestuário. Ou seja, o cristão
deve fazer a sua parte, que é trabalhar (1
Ts 4.11,12) - assim como os pássaros são
diligentes e as plantas esforçam-se nor
malmente para crescer e confiar que
Deus cuidará dEle (Sl 127.1,2). Afinal, como
lembra Jesus, Deus cuida das aves do céu
e dos lírios do campo, que valem menos
do que nós; então como Ele não cuidaria
de nós, que somos os seus filhos amados?
Confiemos no Senhor! Não permitamos
que as ansiedades pelas coisas naturais
dessa vida levem-nos a um estado desne
cessário e doentio de preocupação. Não
devemos ficar ansiosos pelo que havere
mos de comer, beber ou vestir (v.31), porque
nosso Pai Celestial sabe muito bem de que
precisamos (v.32). Apenas façamosnossa
parte e confiemos na sua provisão amorosa.
3.2. O contentamento cristão - Em
Tiago 1.9-11, Tiago fala que da mesma for
ma como o cristão pobre deve alegrar-se
na sua melhora de vida (v.9), o cristão rico
também deve alegrar-se nas circunstâncias
difíceis (v.ioa), porque as riquezas terrenas
são passageiras, transitórias; logo, não
devemos ficar apegados a elas (vv.iob-11).
Ou seja, o cristão deve aceitar as ordens da
providência divina com gratidão.
O cristão transforma a sua provação
em grande alegria quando reconhece na
provação uma oportunidade para ama
durecer e fortalecer-se na fé (Tg 1.2-4);
quando se aproxima de Deus em oração,
pedindo-lhe sabedoria (Tg 1.5-8): e quando
aceita com gratidão a soberania e a provi
dência divinas em todas as circunstâncias
da sua vida (Tg 1.9-11), sabendo que Deus
está no controle de tudo e Ele sabe o que
faz e o que é melhor para a sua vida (Pm
8.28; 12.2).
O apóstolo Paulo declara: “[...] já apren
dí a contentar-me com o que tenho. Sei
estar abatido, e sei também ter em abun
dância; em toda maneira, e em todas as
coisas, estou instruído, tanto a ter fartura,
como a ter fome: tanto a ter abundância,
como a padecer necessidade. Posso todas
as coisas naquele que me fortalece" (Fp
411-13). Em 1 Timóteo 6.8, ele ainda diz:
“Tendo, porém, sustento, e com que nos
cobrirmos, estejamos com isso contentes”.
O que Tiago e Paulo estão dizendo é que,
rico ou pobre, o cristão deve ser humilde
e temperante. O cristão deve aprender
a ser contente e satisfeito em todas as
situações da vida.
CONCLUSÃO
A vida cristã não despreza as coisas
materiais, muito menos nossas neces
sidades materiais, mas tem como foco
o espiritual, e isso não quer dizer que o
material deve ser anulado pelo espiritual,
mas, sim, que deve estar subordinado ao
espiritual. Deus deseja que sejamos bons
mordomos de tudo o que temos recebido
da sua parte, inclusive as bênçãos mate
riais. Quando aprendemos isso, usufruímos
melhor do que temos, somos mais sábios
na administração de nossos recursos, não
ficamos presos às ansiedades consumistas
desta vida e somos mais contentes e gra
tos a Deus por tudo o que temos, em vez
de nos sentirmos sempre e doentiamente
insatisfeitos com tudo o que conquistamos
na vida.
Quarto Ciclo 51
APROFUNDANDO-SE
“O materialismo é um sintoma comum
e fatal de hipocrisia como qualquer outro,
porque por nenhum pecado Satanás pode
ter um domínio mais seguro e mais rápido
da alma, sob a capa de uma profissão de
religião visível e admissível, do que por
meio do materialismo. Portanto, tendo
nos alertado contra cobiçar o louvor dos
homens, Cristo, em seguida, nos alerta
contra cobiçar a riqueza do mundo: tam
bém devemos prestar atenção a isto para
que não sejamos como os hipócritas e
não façamos o que eles fazem. O erro
fundamental de que eles são culpados
consiste em escolher o mundo como o
seu galardão. Devemos, portanto, estar
alertas contra a hipocrisia e o materialismo
na escolha que fazemos do nosso tesou
ro, do nosso fim e dos nossos senhores"
(HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do
Novo Testamento - Mateus a João. Rio de
Janeiro: CPAD, 2013 p.70).
3. O que significa a metáfora usada por
Jesus dos "olhos bons, corpo iluminado;
olhos maus, corpo em trevas"?
4. O que significa “Mamom”?
5. O que é o contentamento cristão ensi
nado na Bíblia?
VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. Ao falar contra o amontoar riquezas na
terra, que mensagem Jesus estava que
rendo enfatizar aos seus discípulos de
ontem e de hoje?
2. Quais as únicas riquezas que podem ser
amontoadas sem prejuízo para a pessoa
que as tem?
Você Sabia?
‘‘Quando compreendermos o quanto
Deus realmente nos ama, não mais
nos sentiremos pressionados para
'correr atrás’ das necessidades da
vida. Isso nos liberta para estabele
cer as prioridades corretas, e buscar
‘primeiro o Reino de Deus, e a sua
justiça’ (Mt 6.33). Que alegria não se
preocupar com nada, exceto agradar
a Jesus!” (RICHARDS, Lawrence. Co
mentário Devocionalda Bíblia. Rio de
Janeiro: CPAD, 2012, p.560).
52 Discipulando Aluno 4
Não Julgue
o Próximo, para
que não Sejas
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 7.1-6
MEDITAÇÃO
Olhai por vós mesmos. E se teu irmão
pecar contra ti, repreende-o; e se ele
se arrepender, perdoa-lhe. (Lc 17.3)
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
• SEGUNDA - Romanos 14.4,13
• TERÇA - João 7 24
• QUARTA - Lucas 17.1-4
• QUINTA - Romanos 2.1
• SEXTA - 1 Coríntios 4.3-5
• SÁBADO - 1 Coríntios 11.28-32
1 - Não julgueis, para que não sejais jul
gados,
2 - porque com o juízo com que julgardes
sereis julgados, e com a medida com que
tiverdes medido vos hão de medir a vos.
3 - E por que reparas tu no argueiro que
está no olho do teu irmão e não vès a trave
que está no teu olho?
4 - Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me
tirar o argueiro do teu olho, estando uma
trave no teu?
5 - Hipócrita, tira primeiro a trave do teu
olho e. então, cuidarás em tirar o argueiro
do olho do teu irmão.
6 - Não deis aos cães as coisas santas,
nem deiteis aos porcos as vossas pérolas:
para que não as pisem e, voltando-se, vos
despedacem.
Discipulando Aluno | Quarto Ciclo 53
INTRODUÇÃO
Na Lição de hoje, veremos o ensino de
Jesus a respeito da forma como deve ser
nossa conduta diante das falhas das outras
pessoas. A sua crítica recai sobre a ques
tão do juízo, e o alvo original desse trecho
do seu Sermão da Montanha parece ser
mais uma vez os escribas e fariseus, que
eram conhecidos pela forma arrogante
como tratavam as outras pessoas que
eles entendiam não serem “dignas". Logo,
Jesus não está aqui condenando todo tipo
de julgamento, como pode parecer à pri
meira vista, para os mais desatentos, mas
apenas o julgamento falso e o julgamento
arrogante. Vejamos, a seguir, as principais
lições que aprendemos sobre os outros e
também sobre nós mesmos a partir dessa
importante parte do ensino do Mestre.
1. NÃO DEVEMOS SER
JULGADORES DOS OUTROS
1.1. Juízo de condenação. Quando Je
sus condena julgarmos os outros (Mt 7.1),
Ele não está condenando, por exemplo,
os magistrados civis que julgam as cau
sas dos homens - isto é, Ele não estava
condenando a instituição judiciária, que é
um braço importante e necessário para o
Estado cumprir a sua função de proteção
social (Rm 13.1-7). Jesus também não es
tava dizendo que nunca devemos ter po
sições definidas em relação às atitudes e
pensamentos expressos das pessoas. Se
fosse assim, o próprio Jesus não orientaria
os seus discípulos depois a fazer esse tipo
de avaliação, alertando, porém, que não
deveríam fazê-la segundo padrões pró
prios, mas, sim, “segundo a reta justiça",
isto é, segundo o padrão divino (Jo 7.24).
No seu Sermão da Montanha, Jesus está
condenando uma disposição doentia à
crítica, e uma critica condenatória. O te
ólogo A. T. Robertson, já falecido e consi
derado um dos maiores especialistas em
grego do Novo Testamento em todos os
tempos, frisa que o vocábulo traduzido
em Mateus 7.1 como “julgar" refere-se
“ao hábito da disposição de condenar e
criticar", à “crítica acentuada e injusta"
(Comentário Mateus & Marcos à Luz do
Novo Testamento Grego, CPAD, p.91).
Jesus está condenando a crítica injusta,
o falar mal dos outros, a crítica arrogante,
maldosa e destrutiva. O julgar aqui não
tem nada a ver com “avaliar", mas, sim,
com “condenar". E é um juízo feito pelas
pessoas em particular.
1.2. “Para que não sejaisjulgados”. Je
sus apresenta a razão dessa proibição do
juízo maldoso e condenatório: “[...] para que
não sejaisjulgados" (Mt 7.1b). O que Cristo
está dizendo aqui é que aqueles que se
mostram mais rigorosos ejuízes dos outros
serão naturalmente os que mais estarão
sujeitos à censura de terceiros. Quem mui
to exige será muito exigido pelos outros.
Se os misericordiosos alcançarão miseri
córdia (Mt 5.7), os não misericordiosos tam
bém não receberão misericórdia quando
cometerem alguma falha. O próprio Deus
estabelece que devemos aprender a
perdoaros outros se queremos receber o
perdão de Deus. Jesus ensinou-nos a orar
nessa perspectiva (Mt 6.12).
1.3. “Com a medida com que tiverdes
medido vos hão de medir a vós". Esse é o
princípio da proporcionalidade. A mesma
medida que usarmos para medir nossos
irmãos será usada para medir-nos. O
propósito de Jesus ao alertar os seus dis
cípulos para isso é conscientizá-los de que
eles devem evitar ser rigorosos no relacio
namento com os seus irmãos. Precisamos
reconhecer que todos nós somos falhos e
dependentes da graça e da misericórdia
divina. Ninguém é superior ao outro, mas
todos somos pecadores agraciados pela
misericórdia divina. Isso não significa dizer
que devemos relevar o pecado, como se
ele não fosse nada demais, nem que um
54 Di$( ipulando Aluno 4
cristão que cometeu um pecado que es
candalizou os seus irmãos não é passível
de disciplina da igreja, mas que mesmo
na disciplina devemos agir com amor, e
não com arrogância; com misericórdia, e
não com o intuito de "esmagar" aquele ou
aquela que já está sofrendo as consequ
ências dos seus próprios pecados.
2. DEVEMOS PRIMEIRO
OLHAR PARA NÓS MESMOS
2.1. O argueiro e a trave. O termo "ar-
gueiro", que aparece nos versículos 4 e 5.
não é uma referência a um grão de pó, mas
a uma lasquinha de madeira, um pedacinho
muito pequeno, que cai no olho da pessoa,
prejudicando e irritando o olho. Já o termo
“trave”, que aparece nesses mesmos versí
culos, é uma alusão a uma viga ou travessa
enorme, que segura muitas tábuas. Ou seja,
Jesus está usando aqui de uma hipérbole
mais uma vez: “Por que reparas na minús
cula lasquinha de madeira irritando o olho
do teu irmão e não vês antes a imensa
viga no teu olho?”. Há, inclusive, um antigo
ditado árabe, provavelmente inspirado nas
palavras de Jesus, que afirma: “Como tu vês
a lasca no olho do teu irmão, e não vês a
viga-mestra no teu próprio olho?".
2.2. Um princípio ético. Em primeiro
lugar, Jesus está estabelecendo aqui um
princípio ético claro: por questão de ética,
uma pessoa não pode chamar a atenção
de outra por ter cometido o mesmo erro
que ela cometeu, a não ser que chame
a sua atenção particularmente, e em
amor, e reconhecendo, antes de qualquer
palavra, o seu próprio erro. E se o seu
próprio erro ainda não foi resolvido, que
ela resolva antes o seu próprio erro, antes
de querer cuidar dos erros das outras
pessoas. Se a pessoa não agir assim, agirá
como um perfeito hipócrita, como afirma
Jesus (Mt 7.5). Antes do argueiro do outro,
nossa própria trave: “[...] tira primeiro a tra
ve do teu olho e, então, cuidarás em tirar
o argueiro do olho do teu irmão".
2.3. Devemos ser mais tolerantes com
o próximo do que com nossos próprios
erros. Em segundo lugar, o ensino de Je
sus sobre o “argueiro" e a “trave” significa
que devemos ser mais tolerantes com
os erros do próximo do que com nossos
próprios erros. Aquilo que é “argueiro" no
meu irmão, quando o vejo em mim, devo
vê-lo como uma “trave”. Aliás, já imaginou
se todos agissem assim? Como o mundo
seria totalmente diferente!
2.4. Visão distorcida. Em terceiro lugar,
os olhos são usados nesta metáfora de Jesus
não por acaso. Olhos falam de visão. Logo,
Jesus está afirmando aqui que não assumir
e resolver nossos próprios erros distorce
nossa visão das coisas, das situações e das
pessoas. Somente depois de livrarmo-nos
daquilo que turva nossa visão, poderemos
ajudar de forma correta aqueles que estão
passando por situação semelhante à nossa.
Somente depois de livrarmo-nos de nossa
“trave”, poderemos ajudar nossos irmãos
com os seus “argueiros".
3. E SE FÔSSEMOS
JULGADOS PELA
SEVERIDADE DE DEUS?
3.1. Uma reflexão muito importante.
Sempre quando precisarmos lidar com o
problema de um irmão, um bom exercício
para nós será fazer a seguinte reflexão: “E
se fôssemos julgados pela severidade de
Deus?”. Comentando esse texto de Mateus,
que ora estudamos hoje, o teólogo britânico
Matthew Henry, do século 17, faz a seguinte
e precisa reflexão: “O que faremos quando
Deus se levantar (Jó 31.14)? O que seria de
nós, se Deus fosse tão rigoroso e severo ao
nos julgar como somos ao julgar os nossos
irmãos? Se Ele fosse nos pesar na mesma
balança? Podemos justamente esperar que
isso [julgar-nos com a mesma medida que
Quarto Ciclo 55
julgamos os outros] venha a acontecer, se
formos exagerados ao registrar o que nossos
irmãos fazem de errado. Nisso, como em
outras coisas, o violento comportamento
dos homens irá recair sobre suas próprias
cabeças" (Comentário Bíblico do Novo Tes
tamento - Mateus a João, CPAD, pp.77-78).
3.2. Sobre dar “coisas santas” aos
"cães" e “pérolas" aos “porcos". O versícu
lo 6 de Mateus 7 parece, à primeira vista,
destoar completamente do assunto dos
versículos 1 a 5 e dos temas da bondade
de Deus e dos falsos profetas, que são
tratados a seguir, nos versículos de 7 a
20. Porém, isso é apenas uma impressão.
O que Jesus afirma ali está intimamente
ligado com o tema do juízo condenatório.
Ao orientar os seus discípulos a não lançar
“coisas santas” aos "cães" e “pérolas” aos
“porcos", para que estes não as “pisem" e
depois voltem-se contra os discípulos para
os “despedaçarem", Jesus está querendo
dizer que devemos ser prudentes em
nosso zelo contra o pecado. Em alguns
casos - e isso significa que é importante
ter discernimento para identificá-los -,
convém não sair por aí aconselhando e
exortando aqueles que realmente me
recem censura (os religiosos hipócritas e
pecadores de forma geral declaradamente
arrogantes e zombadores), porque isso
poderá ser perda de tempo, uma vez que
eles poderão não dar ouvidos aos seus
importantes conselhos e depois ainda se
voltarão contra você, que só queria aju
dá-los. Lançar uma pérola para um porco
ou para um cão é como lançar uma pedra
contra ele - isso só irá irritá-lo. Ou seja, em
determinados casos, é melhor não perder
tempo voltando-se para essa gente.
CONCLUSÃO
Que esse importante ensino de Jesus
sobre o juízo condenatório possa ser
aplicado em nossa vida sábia e obedien
temente, para que possamos nos conduzir
com sabedoria no relacionamento com
nosso próximo. Esses conselhos do Mestre
são "pérolas" que seríamos absolutamente
tolos em desprezar. Se assim o fizéssemos,
seríamos como os “porcos" e “cães” da sua
fala. Deus, porém, pela sua graça, deu-nos
discernimento para entendermos e apre
ciarmos o valor das “pérolas" do Evangelho!
VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. Que tipo de julgamento Jesus está con
denando?
2. Que princípio ético Jesus está estabele
cendo ao usar as figuras do argueiro e da
trave nos olhos?
3. Qual o propósito do autoexame que o
cristão deve praticar com frequência na
sua vida?
4.0 que são as “pérolas" e "coisas santas"
de que fala Jesus?
5. Quem são os “porcos" e “cães"?
56 Disopulando Aluno 4
A Bondade
de Deus e os
Falsos Profetas
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 7-7-20
7 - Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encon
trareis; batei, e abrir-se-vos-á.
8 - Porque aquele que pede recebe; e o
que busca encontra; e. ao que bate, se abre.
9 - E qual dentre vós é o homem que. pedin
do-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra?
10 - E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma
serpente?
11 - Se. vós. pois, sendo maus, sabeis dar
boas coisas aos vossos filhos, quanto mais
vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos
que lhe pedirem?
12 - Portanto, tudo o que vós quereis que os
homens vos façam, fazei-lho também vós.
porque esta é a lei e os profetas.
13 - Entrai pela porta estreita, porque larga é
a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à
perdição, e muitos são os que entram por ela;
14 - E porque estreita é a porta, e apertado,
o caminho que leva à vida, e poucos há que
a encontrem.
15 - Acautelai-vos, porem, dos falsos profe
tas, que vêm até vós vestidos como ovelhas,
mas interiormente são lobos devoradores.
16 - Por seus frutos os conhecereis. Por
ventura, colhem-se uvas dos espinheiros
ou figos dos abrolhos?
17 - Assim, toda árvoreboa produz bons
frutos, e toda árvore má produz frutos
maus.
18 - Não pode a árvore boa dar maus
frutos, nem a árvore má dar frutos bons.
19 - Toda árvore que não dá bom fruto
corta-se e lança-se no fogo.
20 - Portanto, pelos seus frutos os co
nhecereis,
MEDITAÇÃO
Misericordioso e piedoso é o Senhor;
longânimo e grande em benignidade.
(Sl 103.8)
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
• SEGUNDA - Salmos 103.1-22
• TERÇA - Êxodo 34.5-7
• QUARTA - Jeremias 33.3
• QUINTA - Mateus 24,11,24
• SEXTA - 2 Pedro 2.1-8
• SÁBADO - 1 João 2.3-6
Discipulando Aluno | Quarto Ciclo 57
INTRODUÇÃO
Na Lição de hoje, começaremos a ver
a parte final do Sermão da Montanha.
Aqui, Jesus aproxima-se do fim da sua
exposição. Ele fala sobre a bondade de
Deus e, em seguida, introduz o desfecho
do sermão, conclamando os seus ouvintes
a tomarem uma decisão.
Depois de tudo o que falou, fica claro
que só há dois caminhos, duas portas, duas
alternativas: uma Leva à perdição, e a outra,
à salvação. Não há meio termo: ou você
está em um caminho ou você está no outro.
Para reforçar o seu alerta sobre o falso
caminho, Jesus fala dos falsos profetas
e como identificá-los para não sermos
enveredados pelo caminho da perdição.
Atentemos, pois, aos alertas de Jesus.
1. DEUS É BOM
1.1. “Pedi e dar-se-vos-á”. Em primei
ro lugar, Jesus inicia essa parte falando
sobre a bondade divina. A bondade de
Deus é manifestada em nossa vida não
apenas na bênção da salvação e no seu
cuidado diário por nós, mas também na
sua disposição em abençoar-nos. Sim, Ele
é galardoador dos que o buscam (Hb 11.6).
Mas nem sempre o buscamos como deve
riamos: ou, então, às vezes, pedimos coisas
que pensamos que serão para nosso bem,
quando, na verdade, não serão. Ou seja,
pedimos mal (Tg 4.3). A Bíblia diz que Deus
só atenderá àquilo que estiver dentro da
sua vontade (1 Jo 5.14), que é boa, perfeita
e agradável (Rm 12.2). Confiemos! Ele sabe
o que é melhor para nossas vidas.
1.2. “Pedir", “buscar" e “bater”. Jesus
usa esses três verbos em sequência para
descrever a atitude dos seus discípulos em
relação à oração. Eles deveríam colocar os
pedidos nesta ordem dramática crescente:
primeiro, pede; depois, busca; por fim, bate.
Buscar é uma atitude mais fervorosa
ainda que pedir; e bater já é um ato de
maior dramaticidade, quase de desespero.
Em outras palavras, Jesus está dizendo
aqui: "Não pare de clamar! Peça”.
Ora, por que Deus, às vezes, adia a
chegada das respostas que pedimos?
Muitas vezes porque ainda não é a hora de
recebermos e também porque, durante o
processo em que continuamos a pedir a
Ele pela bênção, o Altíssimo aperfeiçoará
nossa vida para que finalmente, quando a
bênção chegar, estejamos em condições
de recebê-la. Dessa forma, a oração não
é apenas um meio para recebermos algo
de Deus, mas também um dos meios pe
los quais somos preparados por Ele para
recebermos o que precisamos.
1.3. A certeza da bondade de Deus es
timula nossa perseverança. Deus é bom e,
por isso, podemos nos aproximar dEle com
confiança, pelos méritos de Cristo, como
os seus filhos, e pedirmos a Ele com humil
dade o que precisarmos. É isso que Jesus
afirma, Ele estimula os seus discípulos a
perseverarem em oração, pedindo a Deus
o que precisam, justamente porque eles
podem ter certeza de que Deus deseja
abençoá-los (Mt 7.7-11). O Pai Celestial nos
ouvirá justamente porque Ele nos ama. Se
até mesmo um pai, aqui na terra, por mais
imperfeito que seja, não daria pedra ao seu
filho que pede um peixe, muito mais o Pai
Celestial, que é bom e perfeito, dará aos
seus filhos, a quem ama, o que realmente
precisam e pedem a Ele (Mt 7.11).
1.4. A “Regra de Ouro”. Jesus encerra
o seu ensino sobre a bondade divina ma
nifestada através da sua busca em oração
pelo crente com o que tradicionalmente
ficou conhecido como “A Regra de Ouro”:
“Portanto, tudo o que vós quereis que os
homens vos façam, fazei-lho também vós”
(Mt 7.12). E Ele ainda acrescenta que esse
princípio sintetiza toda “a lei e os profetas”
- ou seja, resume todos os preceitos mo
rais do Antigo Testamento. Esse princípio,
58 Mfema.l.1» i'il'l fI
claro, ainda é válido para nós hoje. A prá
tica cristã não é nada menos do que isso.
2. ELE NOS OFERECE
A ESCOLHA DE DOIS
CAMINHOS
2.1. Os dois caminhos e as duas portas.
Já iniciando o fim do seu sermão, Jesus
conclama os seus discípulos e ouvintes
de forma geral a tomarem a decisão cer
ta. E para descrever a importância dessa
decisão e os perigos de confundi-la, Jesus
usa a imagem dos dois caminhos, que já
fora usada antes no Antigo Testamento (Sl
i; Jr 21.8), sendo que agora Ele acrescenta
também as duas portas: o caminho para
perdição é espaçoso, e a sua porta é larga,
e o caminho para salvação é apertado, e a
sua porta é estreita (Mt 7.13,14).
2.2. Renúncia. Esses dois caminhos e
essas duas portas significam que o caminho
para salvação exige renúncia, enquanto o
caminho da perdição, não. Como bem define
o teólogo Myer Pearlman, “o caminho espa
çoso é um caminho onde não há necessida
de de grande esforço para andar nele. Basta
abandonar-se à turba e ser levado por ela.
O homem, como criatura [espiritualmente]
caída, tende para o mal. E, satisfeito consigo
mesmo, consentindo nos costumes egoístas
da sociedade e no hábito do mal refinado,
deixando-os correr livremente, será levado
por maligna correnteza à morte eterna.
O caminho é largo, porque ali se acham
aqueles entregues aos prazeres, sensuais,
céticos, ateus e criminosos. A destruição é
o seu fim, este determinado pela natureza
do caminho. O resultado lógico e inevitável
será a destruição da fé, do amor, da espe
rança e do caráter. O fim do caminho é a dor
da condenação final da parte de Deus e o
eterno banimento de sua presença” (Mateus:
O Evangelho do Grande Rei, CPAD, p.41).
A expressão “porta” dá a ideia de início,
entrada. Logo, isso quer dizer que não só
o caminho para a perdição é espaçoso,
como a entrada a esse caminho é larga,
cheia de facilidades. Já a porta da salva
ção é estreita e o caminho, apertado, pois
exigem renúncia. O resultado natural disso,
como afirma o próprio Jesus, é que poucos
são os que tomam o caminho certo, e mui
tos são os que se perdem pelo caminho
destrutivo das facilidades.
3. A MENTIRA DOS FALSOS
PROFETAS
3.1. Os falsos profetas. Após alertar
sobre os dois caminhos, Jesus alerta sobre
os falsos profetas, que são guias para o
falso caminho; são enganadores, falsos
mestres, lobos em pele de ovelha. E lobos
devoradores (Mt 715b) - ou seja, o seu
estrago é grande no meio do rebanho que
o acolhe, que lhe dá ouvidos. Mas, como
identificá-los? Como ter certeza de que
estamos na frente de um falso profeta e
não de um homem de Deus? Jesus usou
um critério bastante simples para isso: o
das duas árvores.
3.2. “Por seus frutos os conhecereis":
os dois tipos de árvores. Segundo Jesus,
uma das melhores formas de identificar o
falso profeta é analisar os seus frutos. Uma
árvore boa não produzirá frutos maus, e
uma árvore má não produzirá frutos bons.
Árvore má? Frutos maus. Árvore boa?
Frutos bons. Os frutos, aqui, representam a
conduta, as obras, as ações, as atitudes das
pessoas. Isto é, os falsos profetas serão
facilmente identificados quando olharmos
não para as suas palavras lisonjeiras, mas
para as suas atitudes, as suas ações, a sua
forma de ser. “Pelos seus frutos os conhe
cereis" (Mt 7.19).
3.3. “Corta-se e lança-se no fogo". O
fim do falso profeta e dos seus seguidores
é a condenação eterna. As palavras de
Jesus aqui são claras: “toda a árvore que
não dá bom fruto” terá inevitavelmente
Quarto Ciclo 59
esse fim (Mt 7.19). A não ser que haja ar
rependimento e volta genuína para Deus,
todos que tomam esse caminho serão
condenados para sempre. Eis a seriedade
e o cuidado que devemos ter com falsos
ensinos e falsos mestres, que muitas vezes
aparecem com uma áurea de piedade
absolutamente falsa, enganando a mui
tos. Devemosconhecer bem a Palavra
de Deus, buscar de Deus o discernimento
espiritual e estarmos atentos para os frutos
da pessoa para certificar-nos de que não
estamos sendo enganados.
CONCLUSÃO
No mundo de hoje, reina o relativismo.
As pessoas não gostam muito de defini
ções claras, de certo e errado, bom e mal.
Tudo é muito turvo, impreciso. Porém, o
Evangelho é diferente: há bem e mal, certo
e errado, Céu e Inferno, acerto e erro, luz
e trevas. Há dois caminhos, duas portas,
duas alternativas. Cabe a nós tomarmos o
caminho certo, entrarmos pela porta certa
e permanecermos nesse caminho. Mas
não só isso. Não tenhamos receio de pre
gar a mensagem objetiva do Evangelho a
este mundo de incertezas, de indefinições,
de flexibilidade moral, de valores inverti
dos. A luz do Evangelho tem o poder de
dissipar as trevas e trazer para a luz todos
aqueles que estavam profundamente
imersos nelas.
VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1, O que Jesus invocou como base para
nossa perseverança em oração?
2. Qual é a chamada “Regra de Ouro", en
sinada por Jesus?
3. O que significam os caminhos apertado
e espaçoso, e as portas estreita e larga,
citadas por Jesus?
4. Como identificar um falso profeta?
5. Qual será o destino do falso profeta e
dos seus seguidores?
Você Sabia?
"A Regra de Ouro havia sido declara
da de forma negativa antes da vinda
de Cristo. Confúcio disse: Não faça
aos outros o que você não gostaria
que fizessem a vocé'. Os mestres
judeus tinham um ditado similar.
Mas, é geralmente reconhecido que
Jesus foi o primeiro a apresentá-lo de
uma forma positiva. Isso é algo muito
diferente. Deixar de ferir é uma coisa;
estender uma mão para ajudar é ou
tra. Esta atitude positiva é ilustrada
pela Parábola do Bom Samaritano
(Lc 10.30-35)" (Comentário Bíblico
Beacon. vol.6. Rio de Janeiro: CPAD,
2006, p.68).
60 Aíuiiq 4
MEDITAÇÃO
Pelo que, rejeitando toda imundícia
e acúmulo de malícia, recebei com
mansidão a palavra em vós enxerta-
da, a qual pode salvar a vossa alma.
(Tg 1.21)
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
• SEGUNDA - Tiago 1.21-27
• TERÇA - 2 Pedro 2.17-22
• QUARTA - 1 João 2.3-6
• QUINTA -1 João 2.18,19
• SEXTA - Colossenses 3.12
• SÁBADO - Mateus 24.24,25
Lição 13
Jesus É
a nossa
Identidade
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 7.21-29
21 - Nem todo o que me diz: Senhor. Senhor!
entrará no Reino dos céus, mas aquele que
faz a vontade de meu Pai. que está nos céus.
22 - Muitos me dirão naquele Dia: Senhor,
Senhor, não profetizamos nós em teu
nome? E, em teu nome, não expulsamos
demônios? E, em teu nome, não fizemos
muitas maravilhas?
23 - E, então, lhes direi abertamente: Nunca
vos conheci: apartai-vos de mim. vós que
praticais a iniquidade.
24 - Todo aquele, pois, que escuta estas
minhas palavras e as pratica, assemelhá-
-lo-ei ao homem prudente, que edificou a
sua casa sobre a rocha.
25 - E desceu a chuva, e correram rios, e
assopraram ventos, e combateram aquela
casa, e não caiu, porque estava edificada
sobre a rocha.
26 - E aquele que ouve estas minhas pa
lavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao
homem insensato, que edificou a sua casa
sobre a areia.
27 - E desceu a chuva, e correram rios, e
assopraram ventos, e combateram aquela
casa, e caiu, e foi grande a sua queda.
28 -[...] a multidão se admirou da sua doutrina.
29 - porquanto os ensinava com autoridade
e não como os escribas.
Discipulando Aluno | Quarto Ciclo 61
INTRODUÇÃO
Para fechar com chave de ouro o seu
sermão, o Mestre apresenta uma ilustração
clara e contundente sobre a obediência à
Palavra de Deus como o verdadeiro teste
do discipulado cristão (Mt 7.24-29). Isto é,
nessa parte final do Sermão da Montanha,
encontramos uma síntese de toda a sua
mensagem e um alerta sobre a necessi
dade de vivermos, de fato, a mensagem
do Evangelho do Reino de Deus.
1. A CONDENAÇÃO DOS
FALSOS PROFETAS
1.1. Uma falsa profissão de fé. Jesus é
claro: não adianta termos uma profissão de
fé correta; é preciso viver conforme essa
profissão de fé correta (Mt 7.21), e isso só
é possível quando permitimos que a men
sagem da Palavra de Deus tome-se uma
realidade em nossa vida (Tg 1.21), inclusive
buscando todos os dias a presença do
Espirito Santo para ajudar-nos cotidiana
mente a viver as verdades do Evangelho
(Fp 2.13). Jesus disse: “Nem todo o que me
diz ‘Senhor! Senhor!’...". Ou seja, não basta
chamar Jesus de “Senhor"; é preciso tam
bém viver como se Ele fosse realmente
Senhor de nossas vidas.
1.2. Operação de milagres não é tudo.
Jesus enfatiza aos seus discípulos e à mul
tidão que o ouvia (Mt 728) que nem mesmo
milagres são comprovação definitiva de
um verdadeiro discipulado cristão. Os
milagres fazem, sim, parte da vida cristã;
entretanto, eles não podem ser conside
rados a prova definitiva. Jesus afirma que é
possível alguém efetuar milagres, até mes
mo em nome dEle, apresentando-se como
porta-voz do Reino de Deus, mas mesmo
assim serem falsos discípulos, porque eles
não fazem “a vontade do Pai, que está nos
céus" (Mt7.2i). Mas "praticam a iniquidade"
(Mt 7.22,23). Pois como Jesus disse: “Por
seus frutos o conhecereis" (Mt 7.16).
1.3. Sem comunhão com Deus. Jesus
afirma que, infelizmente, muitos, e não
poucos, tomarão o caminho do falso disci
pulado: “Muitos me dirão naquele Dia..." (Mt
7.22) . Ele afirma também que tais pessoas
nunca foram realmente "conhecidas" por
Ele: “Nunca vos conhecí..." (Mt 723). O verbo
“conhecer" aqui, como em muitas outras
passagens da Bíblia, significa ter um re
lacionamento íntimo, estar em comunhão
pessoal com alguém. Logo, o que Jesus
está declarando é que não há relaciona
mento entre Jesus e um falso discípulo.
Só há comunhão entre Cristo e os seus
verdadeiros discípulos.
1.4. A condenação dos falsos discípu
los e profetas. Jesus é igualmente claro
sobre a condenação daqueles que são fal
sos discípulos e/ou profetas: “Apartai-vos
de mim, vós que praticais a iniquidade" (Mt
7.23) . Enquanto estamos vivos, há tempo
de consertarmo-nos com Deus. Porém,
se desperdiçarmos essa oportunidade e
morrermos em duplicidade de vida, viven
do descarada e deliberadamente um falso
evangelho, nosso destino será a separação
eterna de Deus.
2. EM QUE ESTAMOS
ALICERÇADOS?
2.1. O homem insensato e o homem
prudente. Como desfecho do seu célebre
sermão, Jesus usa mais uma ilustração,
onde Ele fala de um homem insensato e
de um homem sábio. O insensato é aquele
que edificou a sua casa sobre a areia (Mt
7.26), e o homem prudente é aquele que
edificou a sua casa sobre a rocha (Mt 724);
ou seja, todo aquele que não pratica, ou
não cumpre o Evangelho - isto é, não o
vive -, é um verdadeiro tolo, pois conhece
a verdade, mas não a aplica em sua vida,
de maneira que está semeando conde
nação para si. O prudente é aquele que,
conhecendo a verdade, teme e aplica-a
sábia e obedientemente à sua vida. Este
62 Discipulando Aluno 4
nunca será abalado pelas circunstâncias
(2 Co 4-8.9). porque está firmado em Jesus,
de maneira que Cristo vive nele (2 Co 4.10).
2.2. Duas casas, dois fundamentos.
Nessa ilustração de Jesus, as duas casas
representam nossa vida; e se guardar a
Palavra de Deus é ser edificado sobre a
rocha e o oposto é ser edificado sobre a
areia, isso significa dizer que ser edificado
sobre a rocha representa edificar a vida
verdadeiramente sobre a Palavra de Deus,
e ser edificado sobre a areia é, por sua vez,
edificar a vida sobre um fundamento falso,
sobre uma falsa confissão de fé, sobre
uma vida de incoerência e desobediência
à Palavra de Deus.
2.3. Vencendo as tempestades da
vida. Agora, Jesus afirma que as duas
casas sofreram as mesmas intempéries.
Tanto a casa edificada sobre a areia
quanto a casa edificada sobre a rocha
enfrentaram “chuva”, “rios” e “ventos"
(Mt 7.25,27). Entretanto, uma casa na
turalmente permaneceu de pé - a
edificada sobre a rocha - e a outra veio
abaixo - a edificada sobre a areia. Isso
significa que aquele que tem a sua vida
edificada sobre um fundamento verdadeiro resiste às tempestades da vida,
enquanto aquele que edifica a sua vida
sobre um fundamento falso não resistirá
às tempestades mais intensas. Ou seja, é
como disse o apóstolo João, “aquele que
faz a vontade de Deus permanece para
sempre” (1 Jo 2.17).
2.4. Sobrevivendo ao julgamento di
vino. Essa tempestade de que fala Jesus
na sua ilustração final não representa
apenas as adversidades desta vida, mas
também o julgamento divino, que apa
rece na Biblia, em algumas passagens,
descrito metaforicamente como uma
inundação (Is 28.17; Ez 13.10-16). Em outras
palavras, Jesus está dizendo também aqui
que, quando o juízo divino se manifestar,
aqueles que estiverem sobre fundamento
verdadeiro não serão destruídos, mas
aqueles que estiverem edificados sobre
um fundamento falso não sobreviverão
ao julgamento divino.
3. JESUS: A NOSSA
VERDADEIRA IDENTIDADE
3.1. A autoridade de Jesus. A multidão
maravilhou-se com o ensino de Jesus, re
conhecendo nEle uma autoridade que não
viam nos escribas e fariseus (Mt 7.28,29).
Essa autoridade de Jesus era uma autori
dade divina que se refletia naturalmente
nas suas palavras e gestos. Mais do que
isso: quando Jesus falava de humildade,
amor, misericórdia, etc., eles viam na sua
própria vida aquilo que Ele estava ensi
nando, de maneira que as suas palavras
ganhavam um peso muito maior. Pregar
e ensinar com autoridade o Evangelho é
pregá-lo e ensiná-lo vivendo-o e sob o
poder divino, como Jesus o fez.
3.2. Jesus: nosso exemplo. Cristo en
fatiza que o discípulo verdadeiro é aquele
que segue, de fato, ao seu senhor. Ele não
apenas o chama de “senhor”, mas também
se relaciona com ele, de fato, como tal. O
discípulo tem o seu mestre como modelo,
padrão, exemplo a ser seguido. O apóstolo
Paulo, que foi um discípulo verdadeiro de
Cristo, afirmou aos seus discipulandos:
“Sede meus imitadores, como também eu,
de Cristo" (1 Co 11.1). Somos chamados para
seguir os seus passos, para viver como
Ele viveu. Isso significa que a verdadeira
identidade do cristão é Cristo. Aliás, a ex
pressão "cristão" nada mais quer dizer do
que “seguidor de Cristo” Todo aquele que
se declara como cristão deve viver como
tal. Todo aquele que se diz filho de Deus,
cidadão do Reino dos Céus, deve imitar
o seu Senhor e viver segundo os valores
do Reino ao qual pertence. Esse é o ideal
máximo dos filhos do Reino (Rm 8.29; Fp
313,14).
Quarto Ciclo 63
CONCLUSÃO
O Evangelho de Cristo conclama-nos à
obediência. O Reino de Deus nada mais é
do que Deus reinando sem rival no trono
de nosso coração. Não há Evangelho de
Cristo em nossa vida se não procuramos
viver como Ele viveu. Cristo é nossa iden
tidade. Vivamos, pois, os seus passos, a
sua mensagem, o seu exemplo e a sua
vida não apenas hoje, mas todos os dias.
Só assim poderemos, de fato, dizer que
somos seguidores de Cristo. Só assim
poderemos vencer as tempestades da
vida e, no dia do juízo divino, sermos
louvados por Deus pela nossa fidelidade
sincera a Ele.
4.0 que significam as duas casas e os dois
fundamentos da ilustração final de Jesus
no Sermão do Monte?
5. Qual é nossa maior referência e exemplo
como filhos do Reino?
VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. Qual é o verdadeiro teste do discipulado
cristão?
Você Sabia?
2. É possível alguém se dizer de Jesus, falar
e operar milagres em seu nome, e ser um
falso discípulo dEle?
3. Qual será a condenação dos falsos dis
cípulos e profetas?
“O clima da Palestina é como o do
sul da Califórnia IEUA1, sob muitos
aspectos. Os leitos dos rios ficam
secos durante a maior parte do ano.
Mas quando as chuvas do inverno
e da primavera chegam, surgem as
inundações. Jesus retratou o ouvinte
descuidado como um homem que
de forma insensata construiu a sua
casa sobre a areia, e então a perdeu.
As casas na Palestina eram em sua
maioria construídas com pedras ou
com tijolos secos ao sol. Quando as
tempestades dissolviam a argamassa,
as paredes tendiam a cair" (Comen
tário Bíblico Beacon. vol.6. Rio de
Janeiro: CPAD. 2006, p.69).
64 Discipulando Aluno 4
ENCONTRE SEU GRANDE
OBJETIVO NESTE MUNDO
Matthew Barnett, filho do pastor Tommy Barnett, descobriu a causa
para a qual foi criado quando abandonou seus sonhos de sucesso
e começou a ouvir o sonho de Deus para a sua vida. Ele sentiu que
Deus o chamava para servir aos pobres e necessitados.
Pessoas entusiasmadas são impulsionadas pela causa especial que
Deus plantou dentro delas. O Senhor as direciona para estarem
exatamente onde Ele quer que estejam, ou seja, no centro de Sua
vontade, expressando sua causa.
Se você tem um sonho, talvez o realize. Mas se ele não for a sua
causa? se sentirá iludido, como quem teve uma decepção. Deus criou
você para uma grande causa em seu Reino e pode usar todas as
experiências da vida, até as mais difíceis, para realizá-la. Peça ao
Senhor que revele qual a sua missão no Reino, qual a causa dentro de você.
"Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas
poucos são os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande
ceifeiros para a sua seara.” Mt 9.37 e 38
CP/D
Saiba mais em:
Os cristãos sempre se sobressaíram como leitores habituais por
entenderem que o ato de examinar a Palavra de Deus é uma
condição necessária para uma vida cristã sadia e frutífera. E a
leitura de outras obras cristãs reforça não somente a nossa dou
trina, mas igualmente o ensino das verdades sagradas.
Para que mantenhamos um crescimento constante na graça e
no conhecimento do Senhor Jesus, é importante reservar um
tempo adequado para a leitura da Palavra de Deus e de uma
literatura cristã pautada nas Escrituras.
Ler a Bíblia Sagrada e livros cristãos traz orientações dos céus ao
leitor na sua vida pessoal e ministerial, desperta a vocação rece
bida da parte de Deus, aumenta a comunhão com o Eterno e
influencia a sua família e amigos a também se tornarem leitores.
Entre as muitas opções de lazer e distrações que chegam diaria
mente às nossas mãos, necessário se faz ter uma constância no
tocante à leitura como uma disciplina pessoal.
Por isso, a CPAD convida a todos os cristãos a seguirem a orienta
ção do apóstolo Paulo:
“Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá”. 1 Timóteo 4.13
(5) @editora_cpad
©EditoraCPAD
r /editoraCPAD