Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Amadurecimento dos frutos
Há muito tempo as pessoas sabem que fru-
tas como o mamão e a banana verdes embru-
lhadas em jornal amadurecem mais rápido. 
E sabem também que nas frutas maduras o 
teor de açúcar aumenta, a cor e o cheiro mudam 
e a textura fica mais macia.
Essas alterações são provocadas pelos hor-
mônios vegetais. Nos casos relatados, um dos 
hormônios mais ativos é o gás etileno (C
2
H
4
), 
liberado após uma reação química que ocorre 
dentro da planta. 
Quando embrulhamos as frutas em jornal, 
o gás etileno liberado fica retido no espaço en-
tre as frutas e o jornal. Sabendo disso, podemos 
compreender agora por que, para acelerar o 
amadurecimento, embrulhamos as frutas e, pa-
ra retardá-lo, devemos renovar o ar no local de 
transporte das frutas. Esse fato mostra que, às 
vezes, o conhecimento cotidiano se antecipa ao 
conhecimento científico – um tema discutido em 
Filosofia.
No início do século XIX, observou-se que o 
gás usado na iluminação pública das cidades 
causava a queda das folhas das árvores. A com-
bustão de querosene ou serragem libera um 
pouco de etileno; por isso um fruto exposto à 
fumaça resultante dessa queima amadurece 
mais rapidamente. Mas é difícil aplicar o etileno 
no campo, já que se trata de um gás. Por isso se 
utiliza um derivado dele (obtido aplicando-se 
os conhecimentos de Química) dissolvido em 
água, que é absorvido pela planta.
Biologia e cotidiano
5 Movimentos vegetais
Os vegetais são capazes de reagir a certos estí-
mulos ambientais por meio de movimentos de par-
tes do seu corpo. Entre esses movimentos, estão os 
tropismos (do grego tropein = desvio, mudança de 
direção) e as nastias ou nastismos.
Os tropismos correspondem a mudanças na di-
reção do crescimento. Se a planta crescer no sentido 
do estímulo, o tropismo é positivo; se ela crescer se 
afastando do estímulo, é negativo.
Fototropismo
No fototropismo, o estímulo é a luz. Quando um 
vaso com uma planta é colocado na parte mais es-
cura de uma sala, nota-se que a planta cresce em 
direção à região iluminada, ou seja, no sentido de 
onde vem a luz (figura 8.14). Para que a planta não 
fique torta, pode-se girar periodicamente o vaso.
Diversos estudos feitos por vários cientistas ao 
longo do tempo mostraram que a luz provoca mi-
Figura 8.14 Fototropismo: 
a planta cresce em direção à 
luz da janela.
C
a
th
ly
n
 M
e
ll
o
a
n
/G
e
tt
y
 I
m
a
g
e
s
gração de auxina para o lado mais escuro e que a 
ponta do caule possui um pigmento fotorreceptor 
sensível à luz. A planta cresce em direção à luz porque 
o lado mais escuro fica com células maiores, o que 
provoca, mecanicamente, uma curvatura do caule 
para o lado de onde vem a luz (figura 8.15).
Na região com 
mais auxina, 
as células se 
alongam 
mais.
Sol
auxina
 Planta igualmente 
iluminada
Figura 8.15 Auxina e 
fototropismo: observe que 
a região que recebe menos 
luz fica com mais auxina, o 
que provoca o alongamento 
das células e a curvatura do 
caule. (Os elementos da 
ilustração não estão na 
mesma escala; cores 
fantasia.) Il
u
s
tr
a
ç
õ
e
s
: 
L
u
is
 M
o
u
ra
/A
rq
u
iv
o
 d
a
 e
d
it
o
ra
auxina
 Planta com um lado 
mais iluminado
108 Capítulo 8
100_113_U03_C08_Bio_Hoje_vol_2_PNLD2018.indd 108 05/05/16 08:31
Gravitropismo ou geotropismo
O estímulo é a gravidade. Quando uma semente 
germina, a raiz cresce para o interior da terra, e o 
caule, para fora do solo. Se uma semente germinada 
for colocada deitada, com o eixo caule-raiz na hori-
zontal, alguns dias depois nota-se que o caule se 
curva para cima, e a raiz, para baixo. Como se trata 
do estímulo da gravidade, diz-se que a raiz possui 
gravitropismo positivo, e o caule, gravitropismo ne-
gativo, como mostra a figura 8.16.
O efeito se deve ao acúmulo de auxina na face 
inferior dos órgãos. Lembre-se que as células da raiz 
e do caule possuem sensibilidade diferente para de-
terminada concentração de auxina. A raiz fica com 
uma concentração que inibe o crescimento das cé-
lulas de baixo. Com isso, as células da parte de cima 
crescem mais, e a raiz se curva para baixo. O acúmu-
lo de hormônios nas células da face inferior tem efei-
to estimulador para o caule. Essas células crescem 
mais que as de cima, e o caule curva-se para cima.
L
u
is
 M
o
u
ra
/A
rq
u
iv
o
 d
a
 e
d
it
o
ra
 
A raiz fica com uma concentração que 
inibe o crescimento das células de baixo. 
Com isso, as células da parte de cima 
crescem mais, e a raiz se curva para baixo.
O acúmulo de auxina nas células da 
face inferior tem efeito estimulador 
para o caule. Essas células crescem 
mais que as de cima, e o caule 
curva-se para cima.
sado pela perda de água de pequenos órgãos (pulvi-
nos) situados na base dos folíolos e da folha. Quando 
estão com suas células túrgidas, os pulvinos mantêm 
os folíolos abertos e as folhas levantadas. Com o to-
que, desencadeia-se um impulso elétrico que provoca 
a saída de íons potássio das células dos pulvinos, e elas 
perdem água por osmose (figura 8.17). Essa reação 
ocorre entre um e dois segundos, mas o retorno à 
posição normal leva cerca de dez minutos.
Uma hipótese para a vantagem adaptativa dessa 
reação seria que o fechamento dos folíolos expõe os 
espinhos do caule, o que afasta os animais herbívoros. 
Ou é possível que esses animais se assustem com o 
brusco movimento da planta. Um vento forte também 
desencadeia o fenômeno. Nesse caso, o fechamento 
dos folíolos diminuiria a superfície de transpiração da 
planta. A evaporação aumenta quando venta, o que 
poderia levar à desidratação da planta.
O fechamento da folha da dioneia (planta carní-
vora descrita no início do capítulo) também é uma 
resposta ao estímulo de contato: o pouso de um 
inseto, por exemplo. Apesar de mais rápido, o meca-
nismo é idêntico ao da sensitiva, dependendo de um 
impulso elétrico que provoque a perda de água de 
certas células da folha.
Figura 8.16 Gravitropismo na raiz e no caule. (Os elementos da 
ilustração não estão na mesma escala; as células são microscópicas; 
cores fantasia.)
Nastias
Correspondem a movimentos que não envolvem 
crescimento e não são orientados, ou seja, são sem-
pre iguais, não importando a direção do estímulo.
Um exemplo ocorre na sensitiva (Mimosa pudica): 
quando tocada, seus folíolos se fecham, e as folhas 
inclinam-se. Esse movimento, chamado sismonastia 
(do grego seismós = abalo; nastos = apertado), é cau-
Figura 8.17 Na ilustração, esquema da reação da folha da sensitiva ao 
toque (os elementos não estão em escala; cores fantasia). Nas fotos, 
sensitiva (altura da planta: de 15 cm a 45 cm) antes e depois do toque.
pulvino
saída de água das 
células e perda de 
turgor
In
g
e
b
o
rg
 A
s
b
a
ch
/A
rq
u
iv
o
 d
a
 e
d
it
o
ra
F
o
to
s
: 
F
a
b
io
 C
o
lo
m
b
in
i/
A
c
e
rv
o
 d
o
 f
o
t—
g
ra
fo
vasos condutores
estímulo
Fisiologia vegetal 109
100_113_U03_C08_Bio_Hoje_vol_2_PNLD2018.indd 109 05/05/16 08:31
6 Fotoperiodismo
A duração do dia em relação à noite, em um 
período de 24 horas, recebe o nome de fotoperíodo. 
A reação da planta a essa duração é chamada de 
fotoperiodismo. A floração pode ser influenciada 
pelo fotoperíodo, que serve de indicador das esta-
ções do ano. 
Algumas plantas florescem em qualquer estação 
(não dependem do fotoperíodo), de acordo com a 
sua maturação e outros fatores ambientais, como 
a disponibilidade de água e a temperatura; são as 
chamadas plantas neutras ou indiferentes (milho, 
feijão, algodão, tomate, girassol, etc.).
Outras florescem apenas em determinada esta-
ção do ano, havendo as plantas de dia longo e as de 
dia curto. Elas receberam esses nomes porque, quan-
do o fotoperiodismo foi descoberto, pensou-se que 
a duração do dia fosse o fator determinante na flo-
ração. Mas os dias longos (no verão) são acompanha-
dos por noites curtas, e as noites longas (no inverno) 
estão ligadas a dias curtos.
Com a realização de experimentos, comprovou-
-se que o fatorque desencadeia a floração é a dura-
Figura 8.18 Experiência de fotoperiodismo. (Os elementos da ilustração não estão na mesma escala; cores fantasia.)
dia longo noite curta dia curto noite longa dia curto com noite interrompida
Planta de dia curto (noite longa)
não floresce não floresce
não floresce
floresce
floresce floresce
Planta de dia longo (noite curta)
Il
u
s
tr
a
ç
õ
e
s
: 
In
g
e
b
o
rg
 A
s
b
a
ch
/A
rq
u
iv
o
 d
a
 e
d
it
o
ra
ção da noite: o que importa é o tempo que a planta 
passa sem luz. Assim, as plantas de dia longo flores-
cem quando a duração da noite (do período que elas 
passam no escuro) é inferior a um determinado valor, 
o fotoperíodo crítico. É o caso da beterraba, do trevo, 
da petúnia e da cevada, entre outras, que florescem 
principalmente no verão.
Já as plantas de dia curto florescem quando a 
duração da noite (do período que elas passam no 
escuro) é maior que o fotoperíodo crítico. É o caso do 
crisântemo, da dália, do morango e da violeta, entre 
outras, que florescem principalmente no início da 
primavera ou no outono.
Uma planta de dia longo (de noite curta), cujo 
fotoperíodo crítico é de treze horas, floresce apenas 
quando as noites duram menos que esse intervalo. 
Uma planta de dia curto (de noite longa), cujo foto-
período crítico é de oito horas, floresce apenas quan-
do as noites duram mais que esse intervalo. Além 
disso, é necessário que o fotoperíodo seja contínuo. 
Se um período no escuro, mesmo suficientemente 
longo, for interrompido, em certos momentos, por 
alguns minutos (por meio de iluminação artificial), 
a planta de dia curto não florescerá (figura 8.18).
110 Capítulo 8
100_113_U03_C08_Bio_Hoje_vol_2_PNLD2018.indd 110 05/05/16 08:31

Mais conteúdos dessa disciplina