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Amplificadores de potência Amplificadores de potência objetivos • Compreender as diferenças entre os amplificadores de classes A, AB e C. • Compreender as causas da distorção em amplificadores. • Comparar a eficiência de várias classes de amplificador. • Aprender a calcular a potência para várias classes de amplificador. 121212 12.1 introdução — dEfiniçÕEs E tipos dE AmplifiCAdorEs Um amplificador recebe um sinal de um transdu- tor ou de outra fonte de entrada e fornece uma versão maior desse sinal para um dispositivo de saída ou para outro estágio amplificador. Um sinal de um transdutor na entrada costuma ser pequeno (alguns milivolts de um cassete ou CD, ou alguns microvolts de uma antena) e precisa ser suficientemente amplificado para acionar um dispositivo de saída (alto-falante ou qualquer outro dispositivo de potência). Em amplificadores de pequenos sinais, geralmente os fatores principais são a linearidade na amplificação e a magnitude do ganho. Uma vez que os sinais de tensão e a corrente são pequenos em um ampli- ficador de pequenos sinais, a capacidade de fornecimento de potência e a eficiência têm pouca importância. Um amplificador de tensão fornece amplificação de tensão principalmente para aumentar a tensão do sinal de entra- da. Por outro lado, amplificadores de grandes sinais ou de potência fornecem sobretudo potência suficiente para uma carga de saída para acionar um alto-falante ou outro dispositivo de potência, normalmente na faixa de alguns watts a dezenas de watts. Neste capítulo, nós nos con- centraremos nos circuitos amplificadores utilizados para operar com grandes sinais de tensão e níveis de corrente moderados ou altos. As principais características de um amplificador de grandes sinais são a eficiência de potên- cia do circuito, a máxima quantidade de potência que o circuito é capaz de fornecer e o casamento de impedância com o dispositivo de saída. Um método utilizado para classificar amplificadores é por sua classe. Basicamente, as classes de amplifica- dores indicam quanto o sinal de saída varia em um ciclo de operação para um ciclo completo do sinal de entrada. Uma breve descrição das classes de amplificadores é dada a seguir. Classe A: O sinal de saída varia por um ciclo completo de 360° do sinal de entrada. A Figura 12.1(a) mostra que, para isso, é necessário que o ponto Q seja polarizado em um valor que permita que pelo menos metade do sinal de saída varie para cima e para baixo sem atingir uma tensão suficientemente alta para ser limitada pelo valor da tensão de alimentação ou desça a um ponto suficien- temente baixo para atingir o valor inferior da fonte, ou 0 V nessa descrição. Classe B: Um circuito classe B fornece um sinal de saída que varia durante metade do ciclo da entrada, ou para 180° do sinal, como mostra a Figura 12.1(b). Portanto, o ponto de polarização CC está em 0 V, e a saída varia, então, a partir desse ponto, durante meio ciclo. Obviamente, a saída não é uma reprodução fiel da entrada se apenas meio ciclo estiver presente. São necessárias duas operações classe B — uma para fornecer saída durante o semiciclo positi- vo e outra para operar no semiciclo negativo de saída. A combinação dos semiciclos fornece, então, uma saída para os 360° completos de operação. Esse tipo de conexão é Boylestad_2012_cap12.indd 566 3/11/13 6:08 PM Valor da tensão de alimentação Valor de polarização CC para classe B Variação do sinal de saída para um ciclo de 180° Valor de polarização CC para classe A Variação do sinal de saída para um ciclo completo de 360° Figura 12.1 Classes de operação de amplificadores. conhecido como operação push-pull, a qual será discutida mais adiante neste capítulo. Observe que a operação classe B, por si só, gera um sinal de saída muito distorcido, pois o sinal de entrada é reproduzido na saída somente para 180° da oscilação do sinal de saída. Classe AB: Um amplificador pode ser polarizado em um valor CC acima do valor correspondente à corrente zero de base do classe B e acima da metade do valor da fonte de alimentação do classe A; essa condição de polarização é empregada em amplificadores classe AB. A operação classe AB requer ainda uma conexão push-pull para atingir um ciclo de saída completo, porém o valor de polarização CC geralmente está mais próximo do valor zero de corren- te de base para aumentar a eficiência em potência, como será descrito mais adiante. Para a operação classe AB, a excursão do sinal de saída ocorre entre 180° e 360°, e não é uma operação classe A nem classe B. Classe C: A saída de um amplificador classe C é pola- rizada para uma operação em menos de 180° do ciclo e opera apenas com um circuito sintonizado (ressonante), o qual fornece um ciclo completo de operação para a frequência sintonizada ou ressonante. Portanto, essa classe de operação é utilizada em amplificações espe- ciais de circuitos sintonizados, como as de rádio ou as de comunicações. Classe D: Essa classe de operação é uma forma de am- plificação que utiliza sinais pulsados (digitais), que per- manecem “ligados” por um curto intervalo de tempo e “desligados” durante um longo intervalo. A utilização de técnicas digitais possibilita a obtenção de um sinal que varia sobre um ciclo completo (utilizando circuitos de amostragem e retenção) para recriar a saída a partir de vários trechos do sinal de entrada. A principal vantagem da operação classe D é que o amplificador está ligado (utilizando potência) apenas durante curtos intervalos, e a eficiência global pode, na prática, ser muito alta, como descrito a seguir. Eficiência do amplificador A eficiência em potência de um amplificador, defi- nida como a razão entre a potência de saída e a potência de entrada, melhora (aumenta) partindo da classe A até a clas- se D. Em termos gerais, verificamos que o amplificador classe A, com polarização CC na metade do valor da tensão de alimentação, utiliza muita potência para manter a po- larização, mesmo sem nenhum sinal de entrada aplicado. O resultado é uma baixa eficiência, principalmente com sinais pequenos de entrada, quando muito pouca potên- cia CA é liberada para a carga. Na verdade, a eficiência máxima de um circuito classe A, que ocorre na situa- ção de maior oscilação de tensão e corrente na saída, é de somente 25% para uma conexão de carga direta ou realimentada em série, e 50% para uma conexão com transformador para a carga. É possível mostrar que a operação classe B, sem polarização CC para o caso de ausência de sinal de entrada, apresenta uma eficiência máxima que chega a 78,5%. A operação classe D pode obter uma eficiência em potência maior do que 90% e apresenta a operação mais eficiente de todas as classes de operação. Como a classe AB situa-se entre a classe A e a classe B em termos de polarização, ela também apresenta eficiência entre as eficiências dessas classes — entre 25% (ou 50%) e 78,5%. A Tabela 12.1 resume a operação das várias classes de amplificador. Essa tabela fornece uma comparação relativa do ciclo de operação de saída e eficiência em potência para os vários tipos de classe. Na operação classe B, obtemos uma conexão push-pull ao utilizarmos um acoplamento por transformador ou uma operação complementar (ou quase complementar) com transistores npn e pnp para proporcionar operação nos Capítulo 12 Amplificadores de potência 567 Boylestad_2012_cap12.indd 567 3/11/13 6:08 PM ciclos de polaridades opostas. Embora uma operação com transformador possa fornecer sinais com ciclos opostos, o transformador em si ocupa um espaço grande demais em muitas aplicações. Um circuito sem transformador que utilize transistores complementares proporciona a mesma operação em um volume muito menor. Circuitos e exemplos serão fornecidos mais adiante neste capítulo. 12.2 AmplifiCAdor ClAssE A Com AlimEntAção-sériE O circuito simples de polarização fixa que é mostra- do na Figura 12.2 pode ser utilizado paradiscutirmos as principais características de um amplificador classe A com alimentação-série. A única diferença entre esse circuito e a versão para pequenos sinais analisada anteriormente é que os sinais tratados pelo circuito para grandes sinais estão na faixa de volts, e o transistor utilizado é um transistor de potência que pode operar em uma faixa de poucos watts até algumas dezenas de watts. Como será mostrado nesta seção, esse circuito não é o melhor para ser utilizado como amplificador de grandes sinais por causa de sua baixa efi- ciência em potência. O beta de um transistor de potência normalmente é menor do que 100, e o circuito amplificador total, utilizando transistores de potência, é capaz de operar em grandes potências ou correntes, enquanto não fornece um ganho de tensão muito elevado. operação com polarização CC A polarização CC estabelecida por VCC e RB fixa a corrente de polarização da base em IB = VCC - 0,7 V RB (12.1) sendo a corrente do coletor IC = βIB (12.2) e a tensão coletor-emissor de VCE = VCC – ICRC (12.3) Para perceber a importância da polarização CC na operação do amplificador de potência, considere as curvas características de coletor mostradas na Figura 12.3. Uma reta de carga CC é desenhada utilizando-se os valores de VCC e RC. A interseção do valor de IB de polarização com a reta de carga CC determina o ponto de operação (ponto Q) para o circuito. Os valores de ponto quiescente são aqueles calculados pelas equações 12.1 a 12.3. Se a cor- rente de polarização CC de coletor for fixada na metade da oscilação possível do sinal (entre 0 e VCC/RC), a maior oscilação da corrente de coletor será possível. Além disso, se a tensão quiescente de coletor-emissor for fixada em um valor correspondente à metade da tensão de alimenta- Carga Transistor de potência Figura 12.2 Amplificador de grandes sinais classe A com alimentação-série. Reta de carga CC Ponto Q Figura 12.3 Curvas características do transistor mostrando a reta de carga e o ponto Q. Tabela 12.1 Comparação entre classes de amplificadores. Classe A Classe AB Classe B Classe Ca Classe D Ciclo de operação 360o 180o a 360o 180o Menor do que 180o Operação por pulsos Eficiência em potência 25% a 50% Entre 25% (50%) e 78,5% 78,5% Normalmente acima de 90% aGeralmente, a classe C não é utilizada para transferir grandes quantidades de potência; portanto, a eficiência não é dada aqui. 568 dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos Boylestad_2012_cap12.indd 568 3/11/13 6:08 PM ção, a maior oscilação de tensão poderá ser obtida. Com o ponto Q fixado nesse ponto ótimo de polarização, as considerações de potência para o circuito da Figura 12.2 serão determinadas como descrito a seguir. operação CA Quando um sinal de entrada CA é aplicado ao ampli- ficador da Figura 12.2, a saída varia em tensão e corrente a partir de seu ponto de polarização CC. Um pequeno sinal de entrada, como o que é mostrado na Figura 12.4, fará a corrente de base variar acima e abaixo do ponto de pola- rização CC, que então fará com que a corrente de coletor (saída) bem como a tensão coletor-emissor variem em relação a seu ponto de polarização CC. Quando o sinal de entrada é ampliado, a saída também aumenta sua oscilação em torno do ponto de polarização CC estabelecido até que a tensão ou a corrente atinjam uma condição limitadora. Para a corrente, essa condição limitadora é representada pela corrente zero no limite inferior ou VCC/RC no limite superior de sua oscilação. Para a tensão coletor-emissor, os limites são 0 V ou a tensão de alimentação VCC. Considerações de potência A potência de um amplificador é fornecida pela fonte de alimentação. Na ausência de um sinal de entrada, a corrente CC drenada é a corrente de polarização do coletor, ICQ. A potência drenada da fonte é, então, Pi(CC) = VCCICQ (12.4) Mesmo com um sinal CA aplicado, a corrente média drenada da fonte permanece igual à corrente quiescente ICQ, de maneira que a Equação 12.4 representa a potên- cia de entrada fornecida ao amplificador classe A com alimentação-série. Potência de saída A variação da tensão e da corrente de saída em torno do ponto de polarização fornece potência CA para a carga. Essa potência é entregue para a carga RC no circuito da Figura 12.2. O sinal CA Vi faz a corrente de base variar em torno da corrente de polarização CC, e a corrente de coletor variar em torno de seu valor quiescente, ICQ. Como mostra a Figura 12.4, o sinal de entrada CA resulta em sinais CA de corrente e tensão. Quanto maior o sinal de entrada, maior a oscilação de saída, até o máximo fixado pelo circuito. A potência CA entregue à carga (RC) pode ser escrita de várias maneiras. Utilização de sinais RMS A potência CA entregue à carga (RC) pode ser expressa utilizando-se Po(CA) = VCE (rms)IC )smr( (12.5) Po(CA) = I2 C (rms)RC (12.6) Po(CA) = V2 C (rms) RC (12.7) Sina l de en trad a Sina l de en trad a Oscilação da corrente de saída Oscilação da corrente de saída Oscilação da tensão de saída Oscilação da tensão de saída Figura 12.4 Variação dos sinais de entrada e de saída do amplificador. Capítulo 12 Amplificadores de potência 569 Boylestad_2012_cap12.indd 569 3/11/13 6:08 PM Eficiência A eficiência de um amplificador representa a quan- tidade de potência CA entregue (transferida) a partir da fonte CC. Ela é calculada utilizando-se % h = Po(CA) Pi(CC) × %001 (12.8) Eficiência máxima Para o amplificador classe A com alimentação-série, a eficiência máxima pode ser de- terminada utilizando-se as oscilações máximas de tensão e corrente. Para a oscilação de tensão é: máxima VCE(p-p) = VCC Para a oscilação de corrente é: IC(p@p) = VCC RC máxima Utilizando a oscilação máxima de tensão na Equação 12.7, obtemos: Po(CA) = VCC (VCC>RC) 8 = V 2 CC 8RC máxima A potência máxima de entrada pode ser calculada utilizando-se a corrente de polarização CC fixada na me- tade do valor máximo: Pi(CC)= VCC (máxima IC)/2 = VCC VCC>RC 2 = V2 CC 2RC máxima Podemos, então, utilizar a Equação 12.8 para calcu- lar a eficiência máxima: % h = Po(CA) Pi(CC) × 100% = V2 CC>8RC V2 CC>2RC × 100% = %52 máxima máxima máxima A eficiência máxima de um amplificador classe A com alimentação-série é, portanto, 25%. Como ela somente ocorre para condições ideais de oscilação tanto de tensão quanto de corrente, a maioria dos circuitos com alimenta- ção-série apresenta eficiências bastante inferiores a 25%. EXEmplo 12.1 Calcule a potência de entrada, a potência de saída e a eficiência do circuito amplificador na Figura 12.5 para uma tensão de entrada que resulte em uma corrente de base de 10 mA de pico. (b) 40 30 20 10 5 10 15 20 25 900 800 700 600 500 400 300 200 100 ICQ VCE (V) IC (mA) IB = 0 mA VCEQ IBQ VCE VCC= RC = 20 Ω = 20 VVCC = 25β RB 1 kΩ (a) RC VCCIC = 20 V 20 Ω = = 1000 Ponto de operação Reta de carga CC Ci IC Vi Figura 12.5 Operação de um circuito com alimentação-série para o Exemplo 12.1. 570 dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos Boylestad_2012_cap12.indd 570 3/11/13 6:08 PM solução: Utilizando as equações 12.1 a 12.3, podemos determi- nar o ponto Q como: IBQ = VCC - 0,7 V RB = 20 V - 0,7 V 1 k = 19,3 mA ICQ = βIB = 25(19,3 mA) = 482,5 mA ≅ 0,48 A VCEQ = VCC – ICRC = 20 V – (0,48 Ω)(20 Ω) = 10,4 V Esse ponto de polarização está marcado sobre as curvas características de coletor do transistor da Figura 12.5(b). A variação CA do sinal de saída pode ser obtida gra- ficamente utilizando-se a reta de carga CC desenhada na Figura 12.5(b), ao conectar VCE = VCC = 20 V com IC = VCC/RC = 1000 mA = 1 A, como mostrado. Quando a corrente CA de entrada da base aumenta a partir de seu valor de polarização CC, a corrente do coletor se eleva de: IC(p) = βIB(p) = 25(10 mA de pico) = 250 mA de pico Utilizando a Equação 12.6, temos: Po(CA) = I2 C(rms)RC = I2C(p) 2 RC = (250 × 10-3 A)2 2 (20 ) = 0,625 W Utilizando a Equação 12.4, obtemos: Pi(CC) = VCCICQ = (20 V)(0,48 A) = 9,6 W A eficiência em potência do amplificador pode, então, ser calculada por meio da Equação 12.8: % h = Po(CA) Pi(CC) × 100% = 0,625 W 9,6 W × 100% = 6,5% 12.3 AmplifiCAdor ClAssE A Com ACoplAmEnto A trAnsformAdor Uma forma do amplificador classe A ter eficiência máxima de 50% utiliza um transformador para acoplar o sinal de saída à carga, como mostra a Figura 12.6. Trata-se de um circuito simples utilizado para a apresentação de alguns conceitos básicos. Algumas versões mais utilizadas na prática serão abordadas mais adiante. Visto que o circuito utiliza um transformador para acoplar tensão ou corrente, apresentamos a seguir uma revisão das relações de transformador elevador e abaixador para tensão e corrente. Ação do transformador Um transformador pode aumentar ou diminuir os valores de tensão ou corrente de acordo com sua relação de espiras, como explicaremos a seguir. Além disso, podemos mostrar que a impedância conectada de um lado de um transformador possui um valor maior ou menor (aumento ou redução) no outro lado do transformador, dependendo do quadrado da relação de espiras do enrolamento do trans- formador. A discussão a seguir considera a transferência de potência ideal (100%) do primário para o secundário, isto é, nenhuma perda de potência é computada. Transformação de tensão Como mostra a Figura 12.7(a), o transformador pode elevar ou reduzir uma tensão aplicada de um lado diretamente de acordo com a relação entre espiras (ou número de voltas) em cada lado. A transformação de tensão for dada por: V2 V1 = N2 N1 (12.9) A Equação 12.9 mostra que, se o número de espiras de fio no lado do secundário for maior do que no lado do Figura 12.6 Amplificador de potência de áudio acoplado com transformador. Capítulo 12 Amplificadores de potência 571 Boylestad_2012_cap12.indd 571 3/11/13 6:08 PM primário, a tensão no lado do secundário será maior do que a tensão no lado do primário. Transformação de corrente A corrente no en- rolamento secundário é inversamente proporcional ao número de espiras nos enrolamentos. A transformação de corrente é dada por: I2 I1 = N1 N2 (12.10) Essa relação é mostrada na Figura 12.7(b). Se o número de espiras no lado secundário for maior do que no primário, a corrente no secundário será menor do que a corrente no primário. Transformação de impedância Uma vez que a tensão e a corrente podem ser modificadas por um trans- formador, a impedância “vista” do outro lado (primário ou secundário) também pode ser modificada. Como mostra a Figura 12.7(c), uma impedância RL é conectada através do secundário do transformador. Essa impedância é modifica- da pelo transformador quando vista pelo lado do primário (R′L). Isso pode ser mostrado da seguinte maneira: RL R L = R2 R1 = V2>I2 V1>I1 = V2 I2 I1 V1 = V2 V1 I1 I2 = N2 N1 N2 N1 = a N2 N1 b 2 Se definirmos a = N1/N2, onde a é a relação de espiras do transformador, a equação anterior se transformará em: RL RL = R1 R2 = a N1 N2 b 2 = a2 (12.11) Podemos expressar a resistência da carga refletida para o lado primário por R1 = a2R2 ou RL = a2RL (12.12) onde R′L é a impedância refletida. Como mostra a Equação 12.12, a impedância refletida está relacionada diretamente ao quadrado da relação de espiras. Se o número de espiras do secundário for menor do que o do primário, a impe- dância vista pelo primário é maior do que a verificada no secundário por uma razão que é o quadrado da relação de espiras. EXEmplo 12.2 Calcule a resistência efetiva vista no lado primário de um transformador 15:1 conectado a uma carga de 8 Ω. solução: Equação 12.22: R′L = a2RL = (15)2(8 Ω) = 1800 Ω = 1,8 kΩ V2 N2N1 : V1 Primário Secundário Primário Secundário Primário Secundário = V2 V1 N2 N1 = I2 I1 N1 N2 N2N1 R2 = RLR1 = = a2 RLRL'RL' = a b N1 N2 RL 2 I1 I2 N2N1 )b()a( (c) Figura 12.7 Operação do transformador: (a) transformação de tensão; (b) transformação de corrente; (c) transformação de impedância. 572 dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos Boylestad_2012_cap12.indd 572 3/11/13 6:08 PM EXEmplo 12.3 Que relação entre espiras de um transformador é ne- cessária para casar uma carga de alto-falante de 16 Ω de maneira que a resistência de carga efetiva vista pelo primário seja de 10 kΩ? solução: Equação 12.11: a N1 N2 b 2 = RL RL = 10 k 16 = 625 N1 N2 = !625 = 25:1 operação do estágio amplificador Reta de carga CC A resistência (CC) de enrolamen- to de um transformador determina a reta de carga para o circuito da Figura 12.6. Essa resistência CC costuma ser pequena (idealmente 0 Ω) e, como mostra a Figura 12.8, uma reta de carga CC de 0 Ω é uma linha vertical. A resistência do enrolamento de um transformador é, nor- malmente, de alguns ohms, mas apenas o caso ideal será considerado nessa discussão. Não há queda de tensão CC através da resistência de carga CC de 0 Ω, e a reta de carga é desenhada verticalmente do ponto de tensão, VCEQ = VCC. Ponto quiescente de operação O ponto de ope- ração sobre as curvas características da Figura 12.8 pode ser obtido graficamente pelo ponto de interseção da reta de carga CC e da corrente de base determinada pelo cir- cuito. A corrente quiescente de coletor pode, então, ser obtida do ponto de operação. No caso da operação classe A, lembramos que o ponto de polarização CC determina as condições para a máxima oscilação não distorcida do sinal tanto para a corrente de coletor quanto para a ten- são coletor-emissor. Se o sinal de entrada produzir uma oscilação de tensão menor do que a máxima possível, a eficiência do circuito naquele instante será menor do que a máxima de 50%. O ponto de polarização CC é, portanto, importante na determinação da operação de um amplifi- cador classe A com alimentação-série. Reta de carga CA Para desenvolver a análise CA, é necessário calcular a resistência de carga CA “vista” quando se olha para o primário do transformador e, a seguir, é desenhada a reta de carga CA sobre as curvas características de coletor. A resistência de carga refletida (R′L) é calculada pela Equação 12.12 com o valor da carga conectada através do secundário (RL) e a relação de espiras do transformador. A técnica de análise gráfica ocorre então como segue. Desenhe a reta de carga CA de maneira que ela passe através do ponto de operação e tenha um coefi- ciente angular de –1/R′L (a resistência de carga refletida), sendo o coeficiente angular da reta de carga o negativo do inverso da resistência de carga CA. Observe que a reta de Reta de carga CA Reta de carga CC Sinal de corrente do coletor , , , , , , , , , , Ponto de operação Variação da tensão de coletor Figura 12.8 Retas de carga para um amplificador classe A acoplado com transformador. Capítulo 12 Amplificadores de potência 573 Boylestad_2012_cap12.indd 573 3/11/13 6:08 PM carga CA mostra que a oscilação do sinal de saída pode exceder o valor de VCC. Na verdade, a tensão desenvolvida através do primário do transformador pode ser bastante grande. É necessário, então, após a obtenção da reta de carga CA, verificar se a oscilação de tensão não excede os valores nominais máximos do transistor. Oscilação do sinal e potência de saída CA A Figura 12.9 mostra as oscilações dos sinais de tensão e corrente no circuito da Figura 12.6. Das variações do sinal mostradas na Figura 12.9, os valores pico a pico das oscilações do sinal são: VCE (p-p) = VCEmáx – VCEmín IC (p-p) = ICmáx – ICmín A potência CA desenvolvida através do primário do transformador pode ser calculada utilizando-se: Po(CA) = (VCEmáx - VCEmín)(ICmáx - ICmín) 8 (12.13) A potência CA calculada é desenvolvida através do primário do transformador. Supondo que se trate de um transformador ideal (um transformadormuito eficiente tem uma eficiência de pelo menos 90%), verificamos que a potência entregue pelo secundário para a carga é aproximadamente a mesma calculada pela Equação 12.13. A potência de saída CA também pode ser deter- minada a partir do valor da tensão entregue para a carga. Para o transformador ideal, a tensão liberada para a carga pode ser calculada pela Equação 12.9: VL = V2 = N2 N1 V1 A potência eficaz através da carga pode ser escrita por PL = V2 L(rms) RL e se iguala à potência calculada utilizando-se a Equação 12.7. Ao utilizarmos a Equação 12.10 para calcular a corrente de carga, teremos IL = I2 = N1 N2 IC e a potência de saída CA é calculada por: PL = IL 2(rms)RL EXEmplo 12.4 Calcule a potência CA entregue ao alto-falante de 8 Ω do circuito da Figura 12.10. Os valores dos componen- tes do circuito resultam em uma corrente CC de base de 6 mA, e o sinal de entrada (Vi) resulta em uma oscilação de corrente de base de 4 mA de pico. solução: A reta de carga CC é desenhada verticalmente (veja a Figura 12.11) a partir do ponto de tensão: VCEQ = VCC = 10 V Para IB = 6 mA, o ponto de operação na Figura 12.11 é: VCEQ = 10 V e ICQ = 140 mA A resistência CA efetiva vista pelo primário é: R L = a N1 N2 b 2 RL = (3)2(8) = 72 (b) VCE (V) 0 tt (a) IC (A) 0 VCEQ VCEmín VCEmáx VCEp-p = (VCEmáx − VCEmín) I C p- p = (I C m áx − I C m ín ) ICmín ICmáx ICQ Figura 12.9 Gráfico da operação de um amplificador classe A acoplado com transformador. 574 dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos Boylestad_2012_cap12.indd 574 3/11/13 6:08 PM A reta de carga CA pode ser então desenhada com um coeficiente angular de –1/72, que passa através do ponto de operação indicado. Para ajudar no desenho da reta de carga, considere o seguinte procedimento. Para uma oscilação de corrente de IC = VCE R L = 10 V 72 = 139 mA marque um ponto A: ICEQ + IC = 140 mA + 139 mA = 279 mA ao longo do eixo y Conecte o ponto A ao ponto Q para obter a reta de carga CA. Para a oscilação de corrente de base de 4 mA de pico fornecida, a máxima e a mínima correntes de coletor e a tensão coletor-emissor obtidas da Figura 12.11 são, respectivamente, VCEmín = 1,7 V ICmín = 25 mA VCEmáx = 18,3 V ICmáx = 255 mA A potência CA entregue à carga pode ser então calculada utilizando-se a Equação 12.13: Po(CA) = (VCEmáx - VCEmín)(ICmáx - ICmín) 8 = (18,3 V - 1,7 V)(255 mA - 25 mA) 8 = 0,477 W Eficiência Consideramos, até agora, o cálculo da potência CA entregue à carga. Consideraremos, em seguida, a potência de entrada fornecida pela fonte, as perdas de potência no amplificador e a eficiência global em potência do ampli- ficador classe A acoplado a transformador. A potência de entrada (CC) obtida da fonte é calcu- lada a partir do valor da tensão de alimentação CC e da potência média drenada da fonte: Pi(CC) = VCCICQ (12.14) Para o amplificador acoplado a transformador, a potên- cia dissipada pelo transformador é pequena (devido à pequena Devido a pico Figura 12.10 Amplificador classe A acoplado a transformador para o Exemplo 12.4. VCE (V) IC (mA) IB = 2 mA 8 mA 6 mA 4 mA 400 350 300 250 200 150 100 50 14 mA 12 mA 10 mA 400 350 300 250 200 150 100 50 IB = 2 mA 8 mA 6 mA 4 mA 14 mA 12 mA 10 mA VCE (V) IC (mA) ICmáx = 255 mA ICmín = 25 mA Reta de carga CC Ponto de operação ICQ ∆ IC VCEmín = 1,7 V VCEmáx = 18,3 V 5 10 15 20 2505 10 15 20 250 )b()a( A (R'L = 72 Ω)Reta de carga CA Figura 12.11 Curvas características do transistor classe A acoplado a transformador para os exemplos 12.4 e 12.5: (a) características do dispositivo; (b) retas de carga CC e CA. Capítulo 12 Amplificadores de potência 575 Boylestad_2012_cap12.indd 575 3/11/13 6:08 PM 12Boylestad_cap12_ALTA_COR_11mar