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Escola de Capacitação Bíblica
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Homilética
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Editor Geral: Ev. Jair Alves
Obs. Fundador Presidente da ECB.
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Disciplina: Homilética
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Sumário
Introdução ............................................................................................................................................................... 3
I. DEFININDO HOMILÉTICA ............................................................................................................................. 4
II. A RELAÇÃO ENTRE A HOMILÉTICA E OUTRAS DISCIPLINAS ...................................................... 6
III. VANTAGENS DO ESTUDO DA HOMILÉTICA ....................................................................................... 9
IV. CUIDADOS NO ESTUDO DA HOMILÉTICA ......................................................................................... 11
V. A PREGAÇÃO .................................................................................................................................................... 14
VI. A IMPORTÂNCIA DA PREGAÇÃO ........................................................................................................... 19
VII. ELOQUÊNCIA E RETÓRICA ..................................................................................................................... 22
XIII. A CLASSIFICAÇÃO DOS SERMÕES ...................................................................................................... 25
IX. AS PARTES QUE COMPÕEM O SERMÃO ............................................................................................. 35
X. ESBOÇOS DE SERMÕES BEM ELABORADOS ...................................................................................... 49
XI. O PREGADOR E A MEDITAÇÃO DO TEXTO DO SERMÃO ............................................................. 54
XII. A APLICAÇÃO DO TEXTO DO SERMÃO .............................................................................................. 57
XIII. CONVICÇÕES FUNDAMENTAIS PARA A PREGAÇÃO BÍBLICA ................................................ 59
XIV. QUATRO TIPOS DE PREGADORES ...................................................................................................... 62
XV. AS TRÊS AXIOMAS DO PREGADOR ...................................................................................................... 64
XVI. O PREGADOR E O DECORO NO PÚLPITO ........................................................................................ 65
XVII. O AUDITÓRIO E SEUS COMPONENTES ........................................................................................... 68
XVIII. PENSAMENTOS QUE NÃO PODEM SER ESQUECIDOS PELOS PREGADORES ............... 72
CONCLUSÃO .......................................................................................................................................................... 74
Bibliografia ............................................................................................................................................................ 75
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Introdução
Com a Palavra de Deus, é-nos dado o conteúdo da pregação. Pregamos esta
Palavra, e não meras palavras humanas. Na comunicação da Palavra de Deus,
lembramo-nos de que nossa pregação deve consistir nessa mesma Palavra:
"Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus..." (1 Pe 4.11).
Este falar não é o nosso falar, sendo antes um dom de Deus, um charisma. No
poder de Deus, nosso falar torna-se o falar de Deus: "... tendo vós recebido a
palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de
homem, e, sim, como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito,
está operando eficazmente em vós, os que credes" (1 Ts 2.13; cf. 1 Co 2.4; 2
Co 5.20; Ef 1.13).
Concluímos, pois, que o conteúdo da homilética evangélica é a Palavra de
Deus. Com ela, é-nos confiado um "tesouro em vasos de barro" (2 Co 4.7).
Nesta matéria o aluno estudará de maneia mais abrangente a homilética
formal. Pois ela estuda a estrutura do sermão, as três formas principais de
sermões, as maneiras de apresentar o sermão, as formas alternativas de
pregação e a avaliação do sermão.
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I. DEFININDO HOMILÉTICA
A fim de termos uma compreensão abrangente da homilética podemos dividi-la
nas seguintes partes:
a) homilética fundamental
A homilética fundamental trata das questões introdutórias da matéria, visando
uma compreensão objetiva de seus aspectos, tais como: origem, significado,
tarefa, desenvolvimento histórico, problemas, características, conteúdo,
importância e alvo da prédica evangélica.
b) homilética material
A homilética material refere-se ao material básico para se fazer homilética. O
aluno aprende a lidar com as versões em português da Bíblia, chaves bíblicas,
concordâncias, dicionários, léxicos, comentários, harmonias e panoramas
bíblicos.
c) homilética formal
A homilética formal estuda a estrutura do sermão, as três formas principais de
sermões, as maneiras de apresentar o sermão, as formas alternativas de
pregação e a avaliação do sermão.
A palavra homilética vem do grego, omiletikós, “sociável”. O verbo omileein,
significa “estar em companhia de”; e o substantivo omilos significa
“assembleia”. Visto que a sociabilidade está, intimamente, associada à
linguagem, esse título, homilética, veio a se referir àquele ramo da retórica que
trata da composição e entrega de sermões.
Uma homilia, por sua vez, é um
discurso ou sermão. As homilias
originais, dos pais da Igreja, eram
comentários sobre as Escrituras,
envolvendo também os trechos
bíblicos que eram lidos durante os
cultos religiosos.
"A homilética é ciência, quando considerada sob o ponto de vista de seus
fundamentos teóricos (históricos, psicológicos e sociais); é arte, quando
considerada em seus aspectos estéticos (a beleza do conteúdo e da forma); e
é técnica, quando considerada pelo modo específico de sua execução ou
ensino."
O termo "homilética" tem suas raízes etimológicas em três palavras da cultura
grega:
a) Homilos, que significa "multidão", "turma", "assembleia do povo" (cf. At
18.17);
Em outras palavras, a
homilética é a arte de compor
e entregar sermões.
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b) Homilia, que significa "associação", "companhia" (1 Co 15.33); e
c) Homileo, que significa "falar", "conversar" (cf. Lc 24.14s.; At 20.11,24. 26).
1. UMA DISCIPLINA
Como uma disciplina, a homilética é aquele ramo da teologia prática e das
habilidades ministeriais que trata das regras relativas à preparação e entrega
de sermões. O assunto tem sido seriamente considerado pelas igrejas e pelos
seminários bíblicos.
Alguns estudiosos afirmam que a homilética, de certa maneira, surgiu como
oratória pictográfica (uma espécie de sistema primitivo de escrita no qual as
ideias são expressas por meio de desenhos das coisas ou figuras simbólicas).
Assim sendo, é correto presumir que deva ter se originado nas imediações da
Mesopotâmia primitiva há pelo menos 3.000 anos a. C.
As homilias cristãs ocorriam após a leitura de algum texto bíblico, porquanto
eram os comentários feitos com base nesse texto, de modoformal ou informal.
Podemos supor que tais comentários eram preparados de antemão, e que não
eram apenas extemporâneos.
O sermão (em grego, logos, em latim, oratio) parece ter sido um tanto mais
formal, pois necessariamente estava vinculado à leitura de algum texto bíblico.
Essa palavra portuguesa, “sermão”, vem do latim, sermo, que significa “fala”.
Coletâneas muito antigas e da era medieval, de homilias, tornaram-se bastante
numerosas.
A Igreja Anglicana imprimiu um Livro de Homilias, para garantir a substância no
ensino e na pregação, em suas Igrejas, e para impedir as deficiências e os
erros de pregadores despreparados, de quem não se poderia esperar que
pregassem sermões convincentes.
2. OS HOMILIÁRIOS
Os homiliários eram coletâneas de sermões, compilados para benefício dos
pregadores das paróquias e congregações, ou para serem lidos pelo clero em
certas ocasiões especiais ou para sua ilustração pessoal. O primeiro dos
chamados pais da Igreja a compilar homilias foi Orígenes. Essa prática tornou-
se popular em Alexandria, de onde veio a propagar- se, tornando-se muito
generalizada desde os primeiros séculos do cristianismo. No período medieval,
os homiliários eram populares e muito usados.
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II. A RELAÇÃO ENTRE A HOMILÉTICA E
OUTRAS DISCIPLINAS
Como disciplina teológica, a homilética pertence à teologia prática. As
disciplinas que mais se aproximam da homilética são a hermenêutica e a
exegese.
Enquanto a hermenêutica é a ciência, arte e técnica de interpretar
corretamente a Palavra de Deus, e a exegese a ciência, arte e técnica de expor
as idéias bíblicas, a homilética é a ciência, arte e técnica de comunicar o
evangelho. A hermenêutica interpreta um texto bíblico à luz de seu contexto; a
exegese expõe um texto bíblico à luz da teologia bíblica; e a homilética
comunica um texto bíblico à luz da pregação bíblica.
A homilética depende amplamente da hermenêutica e da exegese. Homilética
sem hermenêutica bíblica é trombeta de som incerto (1 Co 14.8) e homilética
sem exegese bíblica é a mera comunicação de uma mensagem humanista e
morta.
A homilética deve valer-se dos recursos da retórica (assim como da
eloqüência), utilizar os meios e métodos da comunicação moderna e aplicar a
avançada estilística. Não se pode ignorar o perigo de substituir a pregação do
evangelho pelas disciplinas seculares e de adaptar a pregação do evangelho
às demandas do secularismo. A relação entre a homilética e as ciências
modernas é de caráter secundário e horizontal; pois as Escrituras Sagradas
são a fonte primária, a revelação vertical, o fundamento básico de toda a
homilética evangélica.
Por isso, o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios: (Eu, irmãos, quando fui ter
con- vosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação
de lingua-gem, ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a
Jesus Cristo, e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que
eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em
linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de
poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana; e sim, no
poder de Deus) (1 Co 2.1-5).
1. O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA HOMILÉTICA
O modelo predominante no período profético era a palavra vinda diretamente
do Senhor ("assim diz o Senhor") que os profetas anunciavam e ilustravam em
sua próprias vidas: uma prostituta como esposa (Oséias); nomes dos filhos (Is
7.3, 8.3); cinto (Jr 13.1-11); o vaso do oleiro (Jr 18.1-17); a botija quebrada (Jr
19.1-15); a morte da mulher de Ezequiel (Ez 24.15-27). Após o exílio,
desenvolveu-se a homilia primitiva, em que passagens das Escrituras
Sagradas eram lidas em público ou nas sinagogas (Ne 8.1-18).
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Por volta de 500-300 a. C., os gregos Córax, Sócrates, Platão e Aristóteles
desenvolveram a retórica, aperfeiçoada pelos romanos na forma da oratória
(principalmente Cícero, em cerca de 106-43 a. C.). Jesus, no entanto, pregou o
evangelho do reino de Deus com simplicidade, utilizando principalmente
parábolas (Mt 13.34s.; Mc 4.10-12, 33, 34) e aplicando textos do Antigo
Testamento à Sua própria vida (Lc 4.16-22). Uma análise do livro de Atos
revela cinco elementos básicos comuns às mensagens apostólicas: o Messias
prometido no Antigo Testamento; a morte expiatória de Jesus Cristo; Sua
ressurreição pelo poder do Espírito Santo; a gloriosa volta de Cristo; e o apelo
ao ouvinte para que se arrependesse e cresse no evangelho.
A maioria dos cristãos antigos, portanto, seguiu o exemplo da sinagoga, lendo
e explicando de modo simples e popular as Escrituras do Antigo Testamento e
do Novo. Não se percebe muito esforço em estruturar um esboço homilético ou
um tema organizador. A homilia cristã apenas (segue a ordem natural do texto
da Escritura e visa meramente ressaltar, mediante a elaboração e aplicação, as
sucessivas partes da passagem como esta se apresenta). C. W. Koller,
Pregação Expositiva sem Anotações (São Paulo: Mundo Cristão, 1984), p. 21.
As primeiras teorias homiléticas encontram-se nos escritos de Crisóstomo
(345-407 A. D.), o mais famoso pregador da igreja primitiva. A primeira
homilética foi escrita por Agostinho, em De Doctrina Christiana. Agostinho
dividiu-a em de inveniende (como chegar ao assunto) e de proferendo (como
explicar o assunto). Na prática, esta divisão sistemática corresponde hoje às
homiléticas material e formal.
A Idade Média não foi além de Agostinho, mas produziu coletâneas famosas de
sermões, atualmente publicadas em forma de livros devocionais. (A homilética
era quase a única forma de oratória conhecida.) O maior pregador latino da
Idade Média foi Bernardo de Claraval (1090-1153). Graças a Carlos Magno
(768-814), a pregação era feita na língua do povo e não exclusivamente em
latim.
A grande inovação da Reforma Protestante foi tornar a Bíblia o centro da
pregação. Os discursos éticos e litúrgicos foram substituídos pela pregação
evangélica das grandes verdades bíblicas, versículo por versículo. Martinho
Lutero e João Calvino expuseram quase todos os livros da Bíblia em forma de
comentários que, ainda hoje, possuem vasta aceitação acadêmica e espiritual.
Os líderes da Reforma Protestante deram à pregação um novo conteúdo (a
graça divina em Jesus Cristo), um novo fundamento (a Bíblia Sagrada) e um
novo alvo - a fé viva.
Enquanto Lutero enfatizava o conteúdo da pregação do evangelho (a
justificação pela fé), Melanchthon ressaltava o método e a forma da pregação.
Como humanista convertido, Melanchthon escreveu, em 1519, a primeira
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retórica evangélica, seguida de duas publicações homiléticas, em 1528 e 1535,
respectivamente. Melanchthon sugeriu enfatizar a unidade, um centro
organizador, um pensamento principal (loci) para o texto a ser pregado. A
pregação evangélica deveria incluir: introdução, tema, disposição, exposição do
texto e conclusão.
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III. VANTAGENS DO ESTUDO DA HOMILÉTICA
1. CONSCIENTIZA O PREGADOR DE SUA MISSÃO
Como pregadores da Palavra, precisamos ter em mente que somos porta-
vozes do Senhor; simples instrumentos: a mensagem é do Senhor; é Ele quem
determina o que devemos pregar; a inspiração e a capacitação vêm dEle; e
sem Ele qualquer pregador, por mais preparado que se julgue e por mais
eloqüente que pareça ser, estará só fazendo barulho. É somente colocando-
nos nas mãos do Senhor, tornando-nos dependentes das Suas ordens,
sensíveis à Sua vontade, e obedientes ao que Ele nos determina, que
podemos realizar o glorioso trabalho de, através da pregação, levar salvação
aos perdidos e edificação aos salvos.
2. POSSIBILITA A ELABORAÇÃO DE MELHORES SERMÕES
Os ouvintes dão graças a Deus quando têm o seu pastor no rol dosque
investem tempo na elaboração de seus sermões. A realidade é que quanto
mais tempo passamos no gabinete em oração, estudo, meditação e
interpretação da Palavra, e mais tempo dedicamos à elaboração da
mensagem, tanto mais condições temos de pregar com objetividade, clareza e
síntese. O tempo gasto na administração da Igreja, no trabalho de visitação e
no aconselhamento possibilitará o conhecimento das necessidades do povo, o
que é importante para que a pregação possa ser, de fato, relevante, capaz de
alcançar corações. Todavia, o tempo que o pastor gasta no gabinete de
estudos é indispensável. O trabalho no gabinete faz o pregador crescer
espiritualmente e lhe dá condições de conhecer e aplicar as técnicas mais
adequadas à elaboração e à comunicação de suas prédicas. É impossível uma
boa apresentação, sem uma boa elaboração. Um bom sermão é o resultado de
muito tempo de estudo e preparo diante de Deus.
3. AJUDA NA ELABORAÇÃO DE SERMÕES COM FORMA E
CONTEÚDO
A preocupação com a forma tem sentido para tornar mais claro e objetivo o
conteúdo da mensagem, tornando a comunicação mais agradável e
penetrante. Entretanto, um sermão com uma boa forma e sem conteúdo é
como o algodão doce, pode até impressionar a alguns, mas não permanece;
pode ser até bonito, mas não alimenta; pode até atrair, mas não passa de água
com açúcar.
4. FACILITA UM MELHOR DESEMPENHO NO PÚLPITO
John Jowett enfatizou a importância do trabalho do pastor em seu gabinete,
citando a história de um famoso juiz inglês, Lord Bowen. Ao falar sobre o êxito
no tribunal, Bowen afirmou: "As causas são ganhas no quarto". Depois de
mencionar tal fato, Jowett acrescentou: "Se o advogado deve praticamente
vencer o júri antes de o defrontar, pela vitoriosa força e influência dos seus
preparativos, será diferente com o pregador, antes de procurar o veredicto da
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sua congregação? Conosco também as causas são ganhas no quarto". (John
Henry JOWETT. O Pregador, Sua Vida e Sua Obra. Campinas: Casa Editora
Presbiteriana, 1969, p.74.)
O bom pregador será um estudioso incansável da Palavra de Deus e das
técnicas para melhor comunicá-la, procurando conhecer o homem, suas
necessidades e potencialidades, e o contexto social no qual está inserido.
5. PERMITE A INTERDISCIPLINARIDADE
O estudo da Homilética dá ao pregador a oportunidade de conhecer as
disciplinas bíblicas e outras que ajudam na sua interpretação, como
hermenêutica e exegese; enseja o conhecimento da teologia para saber mais
sobre Deus e Sua revelação aos homens. Permite, ainda, a utilização das
matérias que possibilitam uma melhor compreensão do homem, como filosofia,
antropologia, psicologia, sociologia, pedagogia, comunicação e marketing, além
do imprescindível domínio da língua portuguesa.
6. APROXIMA O PREGADOR DO ALTAR
Através do estudo da Homilética, chegamos à compreensão que a chamada
para pregar é um desafio completo. O Senhor não nos chama somente para
falar ao povo; Ele nos chama para viver com o povo. E para vivermos diante do
povo como porta-vozes do Senhor é necessário que nossas vidas estejam
colocadas no Seu altar. Quem quiser tornar-se um pregador da Palavra tem
que se deixar dirigir pelo Senhor da Palavra. Pregação é vida! Assim, pregar é
falar de coração a coração. Por isso, como pregadores, devemos pregar não
apenas com vida, mas com a vida, pois, o pregador que não pode viver as
palavras que fala, precisa calar e viver.
7. MOTIVA O PREGADOR A ESTUDAR SEMPRE
Um estudante, na reta final de seu curso, cansado com tantas pesquisas, falou
ao colega que seu maior desejo era ver chegar o dia da formatura para poder
fechar os livros. O colega, menos ingênuo, respondeu que o bom profissional
tem, a partir da formatura, maior obrigação de abrir os livros. E na vida do
pregador esta é uma realidade marcante. Não basta simplesmente ler para a
elaboração de um sermão. A vida do pregador deve ser de constante estudo. É
de Charles Haddon Spurgeon o conselho ao pregador: "Domine os seus livros.
Leia-os completamente (...) Leia-os e releia-os, mastigue-os, e digira-os".(C. H.
SPURGEON. Lições aos Meus Alunos. vol. ll. São Paulo: PES, sal.. p.23 S.) O
estudo da Homilética deve nos ensinar que quanto mais aprendemos, mais
precisamos aprender. Por mais que saibamos, ainda pouco sabemos.
8. ENRIQUECE O ACERVO HOMILÉTICO
Só através do estudo da Homilética é possível termos um esboço bem
elaborado, resultante de exaustiva pesquisa, com horas e horas de estudo e
trabalho. E o pregador que assim enriquece o seu acervo homilético aprende a
desenvolver um sistema de identificação e arquivamento de seus sermões, de
tal modo que todos possam estar disponíveis sempre que necessário.
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IV. CUIDADOS NO ESTUDO DA HOMILÉTICA
1. VENCER A TENTAÇÃO DE SER OUVINTE CRÍTICO
O conhecimento de técnicas homiléticas deve nos equipar à análise do nosso
próprio trabalho da pesquisa ao púlpito. Entretanto, jamais devemos nos tornar
tão observadores das falhas dos outros pregadores, a ponto de perdermos a
condição de ouvir para ser alimentados com a mensagem que está sendo
pregada. O bom pregador nunca perde a condição de ouvir outros pregadores
e ser nutrido com os sermões por eles pregados. Se isso não ocorrer, ele
precisa reavaliar sua vida devocional.
2. BUSCAR INSPIRAÇÃO NO SENHOR
Por mais habilidoso e preparado que seja o pregador, por mais que conheça e
pratique todos os princípios da Homilética, jamais poderá dispensar a
inspiração do Senhor. É preciso que tenhamos em mente que é o Senhor quem
coloca nos nossos lábios a palavra a ser falada. João Mohama mencionou a
declaração de Crisóstomo: "O orador se procura a si. O pregador procura
Deus". O conhecimento da Homilética não dispensa a inspiração e a unção do
Senhor.
3. CONHECER OS OUVINTES E SUAS NECESSIDADES
Sem que o pregador conheça o homem, seus problemas e necessidades,
jamais sua pregação os alcançará plenamente. J. W. Shepard aconselha:
"Quem prega deve ser antes de tudo pescador de homens e não de livros, nem
idéias. Deve ter em mente o auditório quando no gabinete estiver estudando o
sermão".(J. W. SHEPARD. O Pregador. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Batista, 1950, p.34.) A partir do conhecimento dos ouvintes e suas
necessidades, o pregador tem condições de, diante de Deus, definir o que
pregar, como pregar e quando pregar.
4. VIVER A MENSAGEM PREGADA
A vida do pregador fala tão alto que os ouvintes não conseguem ouvir suas
palavras. Se o que afirmamos do púlpito não pode ser confirmado com o modo
como vivemos, jamais a mensagem que pregamos será de fato relevante. O
sermão não é eloqüente pelo modo como é elaborado ou pregado; não são
princípios homiléticos ou retóricos que determinam a eloquência da mensagem,
mas o fato de provir de uma vida nas mãos do Senhor, de ser pregada com a
força do "assim diz a Palavra do Senhor".
5. AGRADAR AO SENHOR DA PREGAÇÃO
O pregador, por mais preparado que seja, precisa ter em mente que a
finalidade da pregação não é agradar a homens, mas ao Senhor. Precisamos
ser sábios para colocar os recursos homiléticos, e todos os demais, a serviço
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do Senhor da Pregação. A habilidade em elaborar bem os nossos sermões
deve nos levar a buscar mais e mais agradar Aquele que deu Sua vida por nós
e nos tem distinguido com tão importante missão.
6. AMAR PARA FALAR AO CORAÇÃO
Princípios homiléticos e retóricos, sem amor, são "como o metal que soa ou
como o sino que tine" (1Co 13.1b). Qualquer pregador, por mais que pense ter
um bom sermão e saiba comunicar bem, se não amar verdadeiramente aos
seus ouvintes, só estará fazendo barulho. Stott desafiou: "Se os amamos,
nosso objetivo não será o de impressioná-los com o nosso conhecimento, mas
ajudá-los dentro do conhecimento que eles possuem". A mensagem que
alcança é a que fala ao coração,e só falamos ao coração conquistando-o.
7. APRENDER AOS PÉS DO SENHOR
Sabendo que nada sabemos, precisamos buscar aprender aos pés do Senhor.
O estudo da Homilética deve nos levar a fazer como Moisés: não dispensar a
presença e o acompanhamento do Senhor em qualquer circunstância. Por mais
que o pregador seja instruído, somente aos pés do Senhor pode aprender mais
do Deus em nome de quem fala, e do povo a quem fala.
8. SER HUMILDE PARA TÃO ELEVADA MISSÃO
O conhecimento da Homilética não deve levar o pregador a uma atitude de
exaltação. Pregar é a mais honrosa missão reservada ao homem, mas o
pregador, por mais erudito e eloquente que julgue ser, se não for capaz de
descer até o mais humilde e inculto ouvinte, jamais terá condições de pregar
com relevância. Precisamos ter sempre diante de nós o exemplo do Senhor da
Pregação: sendo Deus, ele fez-se homem, e, para nos salvar, caminhou até o
Calvário, onde morreu. Ele a si mesmo se humilhou, sendo obediente até a
morte e morte de cruz (Fl 2.5-8).
9. MANTER-SE ATUALIZADO
Para ter uma mensagem que fale ao momento presente, o pregador precisa
buscar atualizar-se a cada instante. Devemos ler a Bíblia diária e
constantemente, mas não devemos nos restringir à leitura das suas páginas. A
contemporaneidade na pregação exige que o pregador leia a Bíblia e também
veja as notícias nos jornais, revistas e televisão; examine a literatura
devocional e ao mesmo tempo procure conhecer as tendências do mundo
atual; conheça Teologia e do mesmo modo procure conhecer o povo e suas
necessidades.
10. COMUNICAR COM VIDA
O fato de alguém finalizar a elaboração do esboço não significa que tenha uma
boa mensagem. Pregar é mais que colocar ideias no papel. O trabalho no
gabinete de estudos é importante e indispensável, mas não se resume à
simples elaboração do esboço. Além do preparo homilético, o pregador deve se
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preparar espiritual, emocional e fisicamente para comunicar com vida a
mensagem capaz de transformar e edificar vidas.
Compreender a tarefa é importante e indispensável, porém, antes de tudo o
pregador precisa se colocar aos pés do Senhor, preparando-se, assim, para
alcançar seus ouvintes com a mensagem.
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V. A PREGAÇÃO
1. DEFINIÇÕES DE PREGAÇÃO
➢ Para Philips Brooks, pregador norte-americano famoso no século 19, a
"pregação é a comunicação da verdade aos homens pelos homens.
Contém em si dois elementos essenciais: a verdade e a personalidade.
➢ Pregação é a comunicação da Palavra de Deus, com aplicação para o
presente e desafios para o futuro.
➢ Pregação é a comunicação eficaz da verdade divina contida nas
Escrituras, por um Homem chamado por Deus para testificar Dele
acerca de um feito redentor, com o propósito de conceder a vida eterna
por meio de Jesus Cristo (Brown).
➢ Pregar é a comunicação verbal da verdade dinina, como o propósito de
persuadir (Harwood Pattison).
➢ Pregação é um elo absolutamente essencial na relação entre Deus e as
pessoas. Sem a pregação torna-se impossível essa relação (Rm 10.14).
John Piper acrescenta um detalhe relevante acerca da pregação: o alvo da
pregação: a glória de Deus; a base da pregação: a cruz de Cristo; o dom da
pregação: o poder do Espírito Santo!
2. A NATUREZA DA PREGAÇÃO
Os termos pregação e pregar vêm do latim praedicare, que significa proclamar.
O Novo Testamento emprega quatro verbos para exemplificar a natureza da
pregação:
a) Kerysso, proclamar, anunciar, tornar conhecido (61 ocorrências no Novo
Testamento). Está relacionado com o arauto (keryx), "que é comissionado pelo
seu soberano... para anunciar em alta voz alguma notícia, para assim torná-la
conhecida". NDITNT, vol. III, p. 739.
Assim, pregar o evangelho significa fazer o serviço e cumprir a missão de um
arauto. João Batista era o arauto de Deus. Para sua atividade, os sinópticos
empregam o termo kerysso: Mt 3.1; Mc 1.4; Lc 3.3.Jesus, por Sua vez, era
arauto de Seu Pai: Mt 4.17, 23; 11.1; e os doze discípulos, Paulo e Timóteo,
arautos de Jesus: Mt 10.7, 27; Mc 16.15; Lc 24.47; At 10.42; Rm 10.8; 1 Co
1.23; 15.11; 2 Co 4.5; Gl 2.2; 1 Ts 2.9; 1 Tm 3.16; 2 Tm 4.2.
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Estas referências bíblicas mostram que a natureza da pregação consiste em
quatro características principais:
a) um arauto fala e age em nome do seu senhor. O arauto é o porta-voz
de seu mestre. É isto que dá à sua palavra legitimidade, credibilidade e
autenticidade;
b) a proclamação do arauto já é determinada. Ele deve tornar conhecidas
a vontade e a palavra de seu senhor. O não-cumprimento desta missão
desclassifica-o de sua função e responsabilidade;
c) o teor principal da mensagem do arauto bíblico é o anúncio do reino de
Deus: Mt 4.17-23; 9.35; 10.7; 24.14; Lc 8.1; 9.2; e
d) o receptor da mensagem do arauto bíblico é o mundo inteiro: Mt 24.14;
26.13; Mc 16.15; Lc 24.47; Cl 1.23; 1 Tm 3.16.
b) Euangelizomai, evangelizar. Quem evangeliza transmite boas novas, uma
mensagem de alegria. Assim se caracteriza a natureza da prédica evangélica.
O pregador do evangelho é o portador de boas novas, de uma mensagem de
salvação e alegria. Ele anuncia estas boas novas de salvação ao homem
corrompido por seu pecado (Is 52.7; Rm 10.15). O conteúdo do evangelho é a
salvação realizada por Jesus Cristo (Lc 2.10; At 8.35; 17.18; Gl 1.16; Ef 3.8;
Rm 1.16; 1 Co 15.1ss.), e seu alcance é o mundo inteiro. O evangelho não
deve limitar-se a uma classe especial. Ele é para todos. Todos têm direito de
ouvir a mensagem de Jesus Cristo (At 5.42; 11.20; 1 Co 1.17; 9.16).
c) Martyrein, testemunhar, testificar, ser testemunha. O testemunho de Jesus
Cristo é outra característica autêntica da prédica evangélica. Jesus convidou
seus discípulos para serem Suas testemunhas do poder do Espírito Santo (Lc
24.48; At 1.8). Neste sentido, os apóstolos compreenderam e executaram seu
ministério (At 2.32; 3.15; 5.32; 10.39; 13.31; 22.15; 23.11; 1 Jo 1.2; 4.14). A
testemunha qualifica-se através da comprovação de sua experiência. Isto lhe
dá credibilidade, convicção e liberdade no cumprimento de sua missão. O
evangelista diz: (... e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus)
(Jo 6.69). Isto significa que somente aquele que experimentou pessoalmente o
poder salvador e transformador de Cristo, por meio da fé em Sua pessoa e
obra, é qualificado para ser testemunha evangélica. Por isso, a testemunha do
Novo Testamento testifica para outras pessoas aquilo que apropriou pela fé. (E
o que de minha parte ouviste, através de muitas testemunhas, isso mesmo
transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros) (2 Tm 2.2).
d) Didaskein, ensinar. Encontramos este verbo 95 vezes no Novo Testamento.
Seu significado é sempre ensinar ou instruir. O Novo Testamento apresenta-
nos Jesus como um grande educador: (Quando Jesus acabou de proferir estas
palavras [o Sermão do Monte], estavam as multidões maravilhadas da sua
doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os
escribas) (Mt 7.28, 29). "É o testemunho unânime de todos os escritores
sinópticos, que sem dúvida coincide com a realidade histórica, que Jesus
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'ensinava' publicamente, ou seja, nas sinagogas (Mt 9.35; 13.54 par.; Mc 6.2;
1.21 e passim), no templo (Mc 12.35; Lc 21.37; Mt 26.55 par.; Mc 14.49; cf. Jo
18.20) ou ao ar livre (Mt 5.2; Mc 6.34; Lc 5.3; e pas-sim). Somente Lucas
4.16ss. dá detalhes acerca da forma externa de Seu ensino, viz., ficava em pé
para ler um trecho dos profetas, depois se sentava para fazer a exposição,
sendo este o costume judaico e rabínico normal (cf. Lc 5.3; Mc 9.35; Mt 5.2).
NDITNT, vol. II, p.44. Jesus recebeu Seu ensino diretamente de Seu Pai (Jo
7.16s.).
Os apóstolos também reconheceram a importância do ensino para as igrejas
recém-fundadas(At 2.42; 5.28). O alvo do ensino apostólico era firmar os
cristãos em sua fé, prepará-los para o serviço e aperfeiçoá-los para a vinda do
Senhor Jesus Cristo (Ef 4.11ss.). Os apóstolos reconheciam o ensino como
charisma do Espírito Santo (Rm 12.6s.; 1 Pe 4.11).
Concluímos, portanto, que a natureza da mensagem evangélica é explicar a
histó-ria da salvação, transparecer a revelação e o plano de Deus para o
mundo, a igreja e o incrédulo (At 2.42; 20.20s.; 1Tm 3.2b,4.13; 2Tm 2.24). Note
bem que o alvo do ensino apostólico não é a cognição nem simplesmente o
conhecimento intelectual, mas o conhecimento místico, prático, salvador e
transformador de vidas, para que sejam santificadas e preparadas a fim de
produzirem as boas obras que o Senhor dispôs de antemão para que
andassem nelas (1Co 1.5; Ef 2.10; 2Ts 2.15; 2Jo 9).
A característica principal de um culto evangélico é a pregação da palavra
de Deus.
Números especiais bem ensaiados, testemunhos autênticos, avisos, tudo isso
é útil e necessário, desde que em seu devido lugar. Devemos zelar para que
nossos cultos não se tornem festivais de música popular ou reuniões para
avisos, mas, sim, encontros com Deus em Sua palavra! Lutero era muito
enfático em afirmar que, onde se prega a palavra de Deus e são ministrados o
batismo e a ceia, é ali que se encontra a verdadeira igreja.
3. A ESTRUTURA DO SERMÃO
Quanto à importância da estrutura do sermão, encontramos na obra intitulada
Estudos no Sermão da Montanhã, de autoria do pastor Martyn Lloyd-Jones, da
Capela de Westminster, em Londres, na Inglaterra, que o sermão não consiste
num mero ensaio, muito menos numa composição literária para publicação, a
qual será lida e relida, mas em uma mensagem cujo objetivp é ser ouvida e
causar impacto imediato sobre os ouvintes.
Todo sermão que valha a pena começa no coração e na mente de Deus, que é
a origem de toda verdade. Ele é a fonte de todo conhecimento.
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A primeira tarefa do pregador eficaz é aprender a receber os pensamentos de
Deus.
Após ter consciência plena sobre o tema a ser pregado, analisada toda a
matéria para o seu assunto e elaborar do uma lista de todos os aspectos das
verdades que pode encontrar, é preciso reunir essas ideias e pensamentos de
uma forma ordenada.
Agrupar a matéria numa sequência adequada será de grande ajuda na
elaboração do sermão. Isso contribuirá na apresentação do assunto aos
ouvintes, haja vista que o compartilhamento de uma progressão de assuntos
devidamente concatenados ajudá-los-á a compreenderem e seguirem a sua
linha de raciocínio.
A estrutura do sermão tem o propósito de simplificar o máximo possível a
compreensão dos seus ouvintes. Para se ter uma ideia mais clara e prática da
elaboração da estrutura de um sermão, apresentamos o seguinte esboço:
Tema: O tema é a segunda parte do sermão e vem depois do título, pela
ordem correta. É a síntese do assunto em discussão.
Título: É o anúncio adequado do sermão. Deve ser interessante e que seja
breve.
Introdução: É o processo pelo qual o pregador procura preparar os ouvintes e
prender-lhes o interesse pela mensagem. Deve ser breve e interessante.
Proposição: Deve expressar a ideia principal do sermão. Deve ser específica.
Formulada no tempo presente, é a afirmação de uma verdade vital e eterna.
Divisões: Devem originar-se da proposição.
Discussão: É o desdobramento das ideias contidas nas divisões.
Ilustração: É o meio de clarear a compreensão de um sermão através de um
exemplo. Não se deve exagerar e deve ser apropriada, clara e acreditável.
Aplicação: Na aplicação, relaciona-se o sermão às necessidades humanas.
Pode-se usar a imaginação para dar vida a textos bíblicos, porém sem deturpá-
los.
Conclusão: É o clímax do sermão. Pode ser um apelo ou um desafio
imperioso. Deve ser breve e simples, podendo ser a reprodução do
pensamento principal do sermão ou a própria citação do texto principal lido.
No capírulo X, estudaremos as partes que compõem o sermão e veremos
desde o título a conclusão do sermão.
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4. PREGAÇÃO EFICIENTE
A pregação é caracterizada como eficiente, não pela sua extensão e nem
mesmo pelas virtudes do pregador, sejam intelectuais ou morais, mas sua
qualidade.
A pregação, para ser relevante, eficiente, precisa estar alicerçada na Palavra
de Deus (Lc 4.17-19,21; Mc 1. 15b;Jl 2.28; At 2.16-21).
John Knox, referindo-se à eficiência da pregação, assim se expressou: "A
mensagem do Senhor precisa provir não de acontecimentos correntes, ou
literatura em voga, ou de tendências prevalecentes de um tipo ou de outro, não
de filósofos, políticos, poetas e nem mesmo, em último recurso, da própria
experiência ou reflexão do pregador, mas sim das Escrituras". Leia Jeremias
23.28-29.
Fidelidade textual é de suma importância, haja vista que os ouvintes estão
atentos ao texto de referência ou ao tema escolhido. Há muitos pregadores que
tomam um texto como referência e depois esquecem dele.
A unidade é fator preponderante na pregação. Toda pregação tem um objetivo
a ser alcançado. O seu conteúdo deve convergir para um único alvo.
Há pregações que são uma verdadeira colcha de retalhos, uma miscelânea de
assuntos, ideias e ensinos.
A pregação eficiente também está relacionada com o testemunho de vida do
pregador. Miguel de Cervantes, escritor espanhol, empresta sua contribuição
quando a aplicamos neste aspecto: "Prega bem quem vive hem".
O apóstolo Paulo era um homem erudito, todavia sua pregação era poderosa
(1Co 2.4). Quando ele pregava tão o fazia "com sublimidade de palavras ou de
sabedoria" (1Co 2.1), mas de acordo com a revelação divina.
"Simplicidade não significa superficialidade. Também não indica a ausência de
habilidade mental ou de estudo árduo e preparação cuidadosa. Significa
declarar a verdade com uma linguagem clara, direta e compreensível.
Paulo evitava uma exibição de truques oratórios confusos. Sua pregação era
desprovida de sugestões filosofias sutis. Não havia nenhuma conversa
teológica dupla, nada misterioso ou oculto. Deus havia lhe dado uma
mensagem e ele entregou o testemunho de Deus.
Toda pregação deve ter inspiração divina. Uma pregação sem unção, ainda
que tenha uma excelente estrutura, não apresentará poder para conversão,
consolação e edificação (1Co 2.1-4).
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VI. A IMPORTÂNCIA DA PREGAÇÃO
1. PREGAR É A TAREFA PRINCIPAL DA IGREJA
A pregação bíblica tem ocupado lugar de destaque na igreja evangélica, uma
vez que a igreja foi organizada como instituição especial, tendo a pregação
como missão especial. Por esta razão é impossível o cumprimento de tão
elevada missão sem o devido preparo.
2. ATRAVÉS DA PREGAÇÃO DEUS TEM FALADO
Antes de Jesus, grandes pregadores são encontrados no Antigo Testamento;
entre eles: Moisés, Elias, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e Amós. A era da
Graça colocou a pregação em especial relevo. João, o Batista, preparou o
caminho para o advento do Mestre, através da pregação: "Apareceu João no
deserto, pregando..." (Mc 1.4).
3. A PREGAÇÃO FOI A PRINCIPAL ATIVIDADE DE JESUS
Ele começou pregando a boa nova da chegada do Reino de Deus (Mc
1.14,15). Ele fez da proclamação da Palavra o centro da sua missão: Ele
pregou durante toda a vida, pregou até na cruz, e depois de ressurreto,
continuou a pregar. Jesus foi o maior pregador que o mundo já conheceu (Jo
7.46). Durante todo seu ministério, Ele não apenas pregou, mas mandou que
os seus discípulos pregassem.
4. A PREGAÇÃO COMUNICA A GRAÇA DE DEUS
Paulo teve uma visão da importância da proclamação da Palavra, ao afirmar:
"Aprouve a Deus salvar o mundo pela loucura da pregação" (1 Co 1.21b).
Desde os tempos bíblicos, a boa nova do amor de Deus tem se tornado
conhecida pela pregação. O pregador é um arauto, um proclamador de boasnovas.
5. PREGAR É PRIORIDADE NO MINISTÉRIO PASTORAL
Pregar não é responsabilidade apenas do pastor, é missão da igreja; entretanto
a igreja espera que o pastor pregue. No ministério pastoral há múltiplas
atividades a serem desenvolvidas; nenhuma delas, porém, é tão importante,
exigente e intransferível quanto a pregação. Do púlpito a mensagem de Cristo
é proclamada, vidas são salvas e os salvos são doutrinados, edificados e
equipados.
Muito do que o pastor realiza pode ser compartilhado com o rebanho. Basta
haver uma compreensão, por parte de cada crente, de que há um ministério a
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ser desempenhado e que o Senhor tem capacitado a todos os crentes para a
realização do trabalho (Ef 4.11-16). O pastor deve ser sábio em delegar
atribuições ao rebanho e assim ter mais tempo para se preparar
adequadamente para a sua principal tarefa.
6. O PREGADOR PRECISA CONHECER, INTERPRETAR E
COMPARTILHAR A PALAVRA DE DEUS
Esta responsabilidade é tão importante que Paulo desafia: "Procura apresentar-
te diante de Deus aprovado como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a Palavra da verdade" (2Tm 2.15). Quanto melhor o pregador
conhece o texto básico de sua mensagem, tanto mais condições tem de
explaná-lo e ilustrá-lo, aplicando suas verdades à vida dos ouvintes.
7. A AUTORIDADE DA PREGAÇÃO ESTÁ NA SUA
CRISTOCENTRICIDADE
Jesus Cristo não é só a pessoa de quem o pregador fala, mas é a pessoa que
fala através do pregador. A mensagem é do Senhor e pregar é tomar parte na
Palavra de Deus, é tornar-se cooperador de Deus. (Pierre Ch. MARCEL. The
Relevance of Preaching. Grand Rapids: Baker Book House, 1977, p.61.) A
responsabilidade que temos, como pregadores, de falar em nome do Senhor, é
imensa. E para o desempenho de tão elevada missão precisamos estar bem
preparados. Assim, o estudo da Homilética é importante e indispensável para
equipar pregadores e futuros pregadores da Palavra, fazendo-os compreender
que a autoridade da pregação não está na eloquência ou sabedoria do
pregador, mas no fato da mensagem apontar para Jesus.
Falta de um bom planejamento ministerial. "O pregador eficiente tem de
planejar sua pregação com antecipação. Muitos pastores falam sem nenhum
plano ou propósito. Eles simplesmente decidem, a cada semana, quais os
tópicos para os sermões do domingo seguinte. Algumas vezes, a decisão é
feita na sexta-feira ou no sábado.
8. A PREGAÇÃO SEM UM PLANO DE LONGO ALCANCE
PRODUZ DIVERSOS RESULTADOS NEGATIVOS:
✓ O pregador é colocado sob tensão e ansiedade desnecessárias;
✓ Muitos pastores simplesmente pregam os mesmos sermões, domingo
após domingo. Eles escolhem um texto novo, mas, no fim, o conteúdo
acaba sendo idêntico ao daquele outro velho sermão;
✓ Outras vezes, o pregador tem uma idéia boa para um sermão, mas não
dá tempo para que ela se desenvolva; e
✓ Aqueles que não planejam sua pregação, geralmente cedem à tentação
do plágio." P. H. Kelley, Mensagem do Antigo Testamento Para os
Nossos Dias. Rio de Janeiro: JUERP, 1980.
9. JESUS CRISTO E A PREGAÇÃO
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Jesus Cristo, após cumprir certas normas religiosas, também começou a
pregar (Mt 4.17,23), cheio do Espírito Santo (Lc 4.16-21; Is 61) e, por fim, deu a
mesma ordem (Mc 16.15).
A liderança apostólica, como Jesus, dedicou-se à pregação (At 6.4). O sermão
de Pedro, no Pentecostes (At 2), resultou numa "colheita" em torno de 3 mil
vidas! Também pregou poderosamente na casa de Cornélio (At 10).
E Paulo, o notável apóstolo, pregou na sinagoga de Antioquia da Psídia (At 13),
no Areópago, em Atenas (At 17), em Mileto (At 20), testemunhou em Jerusalém
(At 22) e para Agripa (At 26); suas epístolas/cartas ratificam sua a eficiência e
eficácia como pregador.
10. NA HISTÓRIA DA IGREJA HÁ GRANDES PREGADORES
Na história da Igreja há grandes pregadores. Do final do século quarto e início
do quinto - época de Crisóstomo, Ambrósio e Agostinho - foi um tempo
fantástico de pregação que antecedeu sete séculos de declínio.36 Os frades,
antes da Reforma, desempenharam papel crucial na área da pregação. Eles,
dizem, revolucionaram o nobre ofício. Comenta-se que o próprio Francisco de
Assis (1182-1226), além do desprendimento, dedicou-se à pregação. Domingo
(1170-1221), Humberto de Romans (1277), Bernardino de Siena (1380-1444)
não foram menos empenhados na arte da pregação.
Já na Reforma destaco Lutero e Calvino. Martinho Lutero foi um gigante da
tribuna. Via no ofício privilégio raro. Disse que "Se hoje pudesse me tornar rei
ou imperador, ainda assim não renunciaria ao meu ofício de pregador". Walther
Von Loewenich disse que ele foi um dos maiores pregadores da história da
cristandade; pregou cerca de três mil sermões.
Fred Meuser finaliza: ele nunca tirou férias do trabalho de pregação, ensino,
estudo individual, produção, escrita e aconselhamento. Há quem diga que John
Calvino, o reformador, era grande teólogo, mas não bom pregador. Outros,
porém, repudiam tal afirmação. Calvino pregou por todo o livro de Gn, Dt (200
sermões), Jó (159 sermões), Jz, 1 e 2 Sm (194 sermões), 324 sermões sobre
Is e 174 sobre Ez, os quatro Evangelho, At (189 sermões), etc. Outrossim, foi
sob a pregação de Calvino que Genebra se tornou, nas palavras de Knox, "a
mais perfeita escola de Cristo na terra".
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VII. ELOQUÊNCIA E RETÓRICA
Ligadas à oratória, aparecem dois outros termos muito relacionados entre si,
mas distintos quanto ao significado: eloquência e retórica.
1. ELOQUÊNCIA
Eloquência é um termo derivado do latim eloquentia, que significa: “elegância
no falar”, “falar bem”, “garantir o sucesso de sua comunicação”, “capacidade de
convencer”.
É a soma das qualidades do pregador. Na verdade, estamos diante de uma
palavra que perdeu o seu sentido original. Muitos falam dela de modo
pejorativo. Há, porém, boas razões para vê-la dentro de um contexto mais
amplo, em que se privilegiam o convencimento e a persuasão daqueles que
falam em público. Isso porque, todo orador, quando fala, quer ser ouvido. Caso
contrário, para que falar em público?
Mas, como será ouvido se não consegui prender a atenção de quem o escuta?
Esse deve ser o grande exercício do orador: ser agradável aos ouvidos e,
também, aos olhos do público. Para tal finalidade, precisa de persuasão e
eloquência. A eloquência não é falar fácil e corretamente, impressionar os
sentidos alheios, antes, é expressar o pensamento próprio, com graça,
equilíbrio, harmonia e muita perspicácia de tempo e lugar.
A eloquência pode ser desenvolvida na teoria e na prática da oratória. E a
faculdade adquirida ou aptidão natural do homem para persuadir, aperfeiçoada
ou não pela arte. Independente de técnicas há pessoas que, mesmo incultas,
possuem o poder da persuasão.
De algum modo, todo ser humano, em maior ou menor grau, é capaz de
promover no ânimo de outras pessoas os afetos, as emoções. E o falar não é o
único modo de exprimir eloquência. Certas atitudes de postura física do
pregador, como, por exemplo, o olhar, os gestos, a mímica facial, as lágrimas,
os suspiros e, até mesmo, o silêncio são procedimentos poderosos de
persuasão.
Antigamente, o sucesso do discurso dependia de tantas regras que cansava os
ouvintes. Nos dias atuais, a eloquência se reveste de regras mais simples.
2. ALGUMAS REGRAS DE ELOQUÊNCIA
• Procurar ler, o mais que puder, sobre o assunto a ser exposto.
• Ter conhecimento do público ouvinte.
• Procurar saber o tipo de reunião e o nível dos ouvintes.
• Seriedade, pois o orador não é um animador de pia- teia.
• Ser objetivo, claro, para não causar desinteresse nos ou- vintes.
• Utilizar uma linguagem bíblica.
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3. RETÓRICA
O vocábulo “retórica” (do grego, "rhetor", - orador) tem sido interpretado como a
arte de falar bem ou arte de oratória, istoé, a arte de usar todos os meios e
recursos da linguagem com o objetivo de provocar determinado efeito nos
ouvintes.
É a arte de falar e escrever bem, tendo como alvo a persuasão dos ouvintes e
leitores. Relaciona-se com a oratória, com a lógica e com a eloquência. E o
estudo teórico e prático das regras que desenvolvem e aperfeiçoam o talento
natural da palavra, baseando-se na observação e no raciocínio.
Convém que o leitor saiba que a retórica inventada pelos gregos passou para o
mundo romano com o nome de oratória e para o campo religioso com o nome
de homilética. Entretanto, a partir do IV século d.C., a retórica e a oratória
tornam-se sinônimos usados para identificar o discurso profano, e a homilética
identifica o discurso sacro, religioso, cristão. A homilética, a partir daí, passou a
ser a arte de pregar o Evangelho.
4. PREGANDO COM CLAREZA
A fim de pregarmos de forma eficiente, precisamos adotar um estilo claro e
simples que é facilmente entendido por aqueles que ouvem. Precisamos
reconhecer que o apóstolo Paulo declarou que ser claro é uma obrigação (Cl
4.4) e até mesmo pediu que seus leitores orassem para que Deus o ajudasse a
cumprir sua obrigação.
Não apenas nós mesmos oraremos pela nossa pregação, mas é necessário
fazer com que nossa congregação se interesse por fazer isso também.
Em nossos esforços para manter completa clareza, precisamos adotar uma
linguagem não técnica (a não ser que a expliquemos). Precisamos evitar
terminologias "tediosas", termos obsoletos e estilo antiquado. Precisamos
proclamar a mensagem de Deus sem entonações estranhas, cacoetes ou
qualquer outra coisa que chame a atenção para si mais do que para a verdade.
A verdade de Deus não deve ser misturada desordenadamente na
proclamação.
Ela deve fluir inexoravelmente do começo ao fim de maneira racional e lógica.
Isso significa que um pregador diligente toma tempo para pensar não apenas a
respeito do conteúdo, mas também sobre a forma em que ele é apresentado.
Pregadores que realmente se importam trabalham para tornar a verdade de
Deus tão simples e fácil de entender quanto possível (sem perda de
significado), para que o seu rebanho possa recebê-la facilmente.
5. RELAÇÃO HOMILÉTICA, RETÓRICA E ELOQUENCIA
✓ A Homilética, como a retórica ou oratória, é uma ciência.
✓ RETÓRICA: é a arte de falar ou escrever bem, tendo em vista a
persuasão dos ouvintes ou leitores.
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✓ ORATÓRIA: é a arte de falar em público de forma elegante, precisa,
fluente e atrativa.
✓ ELOQUENCIA: é a arte e o talento de persuadir convencer, deleitar ou
comover por meio de Palavra.
✓ A FINALIDADE DA HOMILÉTICA, DA RETÓRICA E DA ORATÓRIA:
Levar o ouvinte a concordar com o pregador ou orador. É convencer o ouvinte.
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XIII. A CLASSIFICAÇÃO DOS SERMÕES
1. Sermão temático
Muitas vezes o sermão temático é também chamado de sermão tópico, em
razão do mesmo principiar com um tópico tirado da Bíblia. Há diferença entre o
sermão temático quando confrontado comos sermões textual e expositivo. O
sermão temático não começa com um versículo, ou passagem (longa) especial
da Bíblia como fazemos no caso dos sermões textual e expositivo. Salvo,
quando se trata de versículos, tais como: "Não matarás" (Êx 20.13); "Jesus
chorou" (Jo 11.35), etc.
Geralmente, tem início com um assunto, tópico, ou tema. A dissertação do
sermão temático não se concentra no texto, ou numa parte das Escrituras, a
exemplo do textual e expositivo; e sim, em todas as partes das Escrituras onde
aquele tema está em foco.
O título principal em tal sermão, naturalmente, não se baseia na análise de um
versículo ou passagem, como geralmente se faz nos outros sermões, mas na
análise do assunto.
A distinção que se faz entre sermões temáticos e sermões textuais diz respeito
apenas ao plano do discurso, especialmente no que se refere à fonte de suas
divisões. É somente isso que constitui as espécies diferentes; mas, no entanto,
tal diferença é de considerável importância na prática. As frases em questão -
que alguns substituem por sermões tópicos e sermões textuais, ou sermões
sobre assuntos e sobre textos -, não têm sido geralmente empregadas com
precisão ou uniformidade.
Uma clara aplicação delas que pode ser bem defendida, é a seguinte: sermões
tópicos, ou temáticos, são aqueles cujas divisões provêm do assunto,
independentemente do texto; ao passo que sermões textuais são esses cujas
divisões são tiradas do próprio texto.
Não se pode determinar especificamente que se pregue sobre este tema ou
aquele - isso depende do Espírito Santo e do pregador-, a menos que tal
pregador seja apenas um instrumento teórico e não prático. Há certos temas
que foram sugeridos pelo Espírito Santo para atender uma necessidade ou
necessidades prementes; entretanto, estes temas em outras ocasiões não
chegam a produzir efeito ou edificação.
A Bíblia trata de todas as fases concebíveis da vida e das atividades humanas.
Também revela os propósitos de Deus na Graça para com os homens, no
tempo e na eternidade. Assim, a Bíblia contém uma fonte inesgotável de
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temas, dentre os quais o pregador pode selecionar material para mensagens
temáticas adequadas a toda ocasião e condição em que as pessoas se
encontrem.
Na seleção do tema, devemos buscar a direção do Senhor, que no-la dará à
medida que passamos tempo em oração e meditação.
2. Sermão textual
O sermão textual, de acordo com aquilo que sugere o termo, é aquele em que
as divisões principais são derivadas de um texto constituído de uma breve
porção da Bíblia. Essa porção pode ser, dependendo da natureza do sermão,
uma linha, um versículo ou até mesmo dois ou três versículos. Não deve
ser mais do que isto, pois nesse caso não se trata mais de uma porção para
um sermão textual, e, sim, uma porção para um sermão expositivo.
• A importância do texto
O vocabulário texto deriva-se do latim texere, cujo substantivo textus significa
tecer, e que figuradamente quer dizer reunir, construir, compor, e expressa o
pensamento em contínuo discurso ou escrita. O substantivo textus, então,
indica o produto do tecer, o tecido, a trama, e assim, no uso literário, à trama
do pensamento de alguém, uma composição contínua.
Os oradores romanos usavam a presente expressão para sugerir a tecedura ou
o fundamento das idéias e pensamentos sobre os quais o discurso se baseia.
• Definição teológica
Teologicamente falando, o termo texto passou, então, a significar todo o passo,
ou trecho bíblico lido pelo pregador, que pode ir de uma linha até um livro
inteiro.
Exemplo: Obadias (AT), Filemom, 2 e 3 Epístolas de João e a Epístola de
Judas (NT).
• Na literatura
Na literatura, o sentido do texto passou a indicar qualquer porção escrita.
A sistematização partiu da leitura de narrativas ou discussões contínuas de
algum autor e da adição de comentários, principalmente explicativos, ou de se
tomar o próprio escrito do autor e adicionar notas nas margens, ou na parte
inferior da página.
Assim, a própria obra do autor passou a ser chamada o texto, para distingui-lo
das notas e comentários fragmentados do editor ou orador.
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A dissertação do sermão textual é inversa daquela que se apresenta no
sermão temático; ali, aquela se baseia no tema e segue; aqui, esta se baseia
no texto e segue. Uma das primeiras tarefas do pregador na preparação de um
sermão textual é fazer um estudo completo do texto, descobrir nele a idéia
dominante e, a seguir, estabelecer as divisões principais. Cada divisão se
transforma, pois, numa ampliação ou desenvolvimento do assunto.
• A variação
No sermão textual, o pregador não se prende exclusivamente a um assunto
como, por força de regra, acontece com o sermãotemático, mas são tratados
vários tópicos apresentados pela texto. Tais tópicos, mesmo que não admitam
ser combinados num só assunto, devem ter tal relação mútua que dê unidade
ao discurso.
3. Sermão expositivo
O sermão expositivo parece um pouco em sua estruturação com o sermão
textual. Sendo que, necessariamente, ele assume um caráter mais extenso e
progressivo. Define-se este tipo de sermão como aquela mensagem em que
uma porção mais ou menos extensa das Escrituras é interpretada em relação a
um tema ou assunto.
O sermão temático gira em torno de um tema; o textual, em torno de
um texto enquanto que o expositivo, em torno de um assunto.
Especificamente, a unidade da mensagem expositiva consiste em um bom
número de versículos dos quais emerge uma ideia central.
Em outros casos, podemos tomar como base para nossa exposição um
capítulo completo, ou um livro completo da Bíblia.
Para exemplificar: Uma exposição sobre a vida do patriarca Jó. Deve-se,
nesse caso, tomar como base todo o seu livro do capítulo 1 ao 42. É claro que
não leremos no início do sermão todos estes capítulos. Entretanto, por força do
argumento, aqui, ali e acolá, temos que fazer uma citação tópica, pois somente
assim o sermão apresentaria unidade e estilo de natureza expositiva.
Se nossa exposição tem como base o Sermão do Monte pregado por Jesus, é
óbvio que tomaremos como base três capítulos do livro de Mateus (5,6,7) e
ainda uma pequena porção do capítulo 8.
Numa exposição sobre lágrimas, ou sobre alguém que chorou, teríamos como
base João 11.35: "Jesus chorou". Neste caso, o pregador exploraria a largura,
o comprimento, a altura e a profundidade do versículo em foco, e assim teria
material substancial para toda a dissertação do sermão.
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Na apresentação dum sermão expositivo, requer-se maior preparo para o
pregador. Razão por que uma mensagem desta natureza engloba assuntos de
variados temas. Neste caso, a escolha do tema ou assunto, deve ser bem
definida. Além desta escolha, o pregador deve se ater a uma série de recursos
internos e externos que lhe possibilitem melhor apresentação do sermão.
Durante a fase preparatória, o pregador precisa reunir todos os recursos
que estiverem ao seu alcance.
➢ A escolha da passagem
• Deve ser um texto completo: ditado, parágrafo, secção, parábola, livro.
Uma unidade literária.
• Deve ter integridade hermenêutica - tudo que se expõe deve ser fiel ao
texto e argumento principal.
• O contexto deve estar em sintonia direta com o texto e se coadunar
emcada detalhe do subtexto e outras formas de expressão.
• Deve ter coesão - um colar de pedras preciosas.
• Deve ter movimento e direção - leva o ouvinte para a frente.
• Deve ter aplicação prática na vida.
➢ Familiarização com o texto
Ler várias vezes. Campbell Morgan opina que se deve ler o texto 50 vezes
antes do sermão.
• Luiz King: para um sermão modelo e completo (um ano), 8h por dia.
• Ler o livro da Bíblia onde o texto está encravado várias vezes com o
propósito de descobrir o sentido retrospectivo e prospectivo.
• Leitura sintética - buscar o tema principal, o desenvolvimento do tema e
subsídios para o esboço.
• Leitura biográfica - tudo que lança luz sobre o autor e os indivíduos
importantes mencionados no episódio.
• Leitura histórica - buscar a situação histórica, social, geográfica e cultural
do escritor e seus leitores (contemporâneos) originais.
• Leitura teológica - buscar ensinamento doutrinário e pressuposições que
levam o autor a argumentar tal como ele faz.
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• Leitura teórica - notar as figuras de linguagem, tantas a de cor como de
forma.
• Leitura tópica - buscar os assuntos principais no livro sagrado, tais como
éticos, práticos ou doutrinários.
• Leitura analítica - buscar o inter-relacionamento entre frases e palavras.
• Leitura devocional - buscar o alimento espiritual com atenção à voz de
Deus.
Um sermão expositivo é, de fato, uma exposição por ordem, baseada no
contexto duma acurada investigação!
Eis a razão por que recomenda-se ao pregador abstenção total para com a
preguiça. A preguiça, como um dos pecados capitais, destrói a oportunidade e
mata a alma, pois significa "aversão ao trabalho, indolência, vadiagem,
negligência, ociosidade, descuido" (N.K.).
4. Sermão Inferencial
O sermão inferencial é também conhecido como sermão ilativo. São vários os
elementos que constituem a natureza deste sermão; com efeito, porém, o
elemento central nesta categoria de sermão é o da indução. A indução pode
ser definida de duas maneiras: a formal e a bíblica.
a) Indução formal
Mills a define assim: "Indução é essa operação mental pela qual inferimos que
aquilo que sabemos ser verdade num caso particular, ou em casos
particulares, é também verdade em todos os casos semelhantes ao primeiro,
nos mesmos alegados respeitos".
N. K. Davis opina assim: "Indução é uma inferência imediata que se generaliza
da experiência e além dela". Em termos mais claros e simples, indução é o
processo de se extrair (obter) uma regra geral dum número suficiente de casos
particulares. Indução assim definida, é um raciocínio pelo qual o espírito, de
dados singulares suficientes, infere uma verdade universal. Esta verdade pode
até mesmo ser falsa (empírica); entretanto, na imaginação é verdadeira.
A indução é o inverso da dedução. Com efeito, está no raciocínio dedutivo a
conclusão contida nas premissas como a parte no todo, enquanto que, no
raciocínio indutivo, a conclusão está para as premissas como o todo para as
partes.
• Dedução
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- O metal conduz eletricidade.
- Ora, o ferro é um metal.
- Logo, o ferro conduz eletricidade.
• Indução
- O ferro, o cobre e o zinco conduzem eletricidade.
- Ora, o ferro, o cobre e o zinco são metais.
- Logo, o metal conduz eletricidade.
b) Indução bíblica
O Dr. Genung acha que indução bíblica deve ser entendida como uma forma
de analogia. Assim entendida, podemos tirar alguns exemplos de sermões
indutivos tanto no Antigo como no Novo Testamentos.
No episódio entre Davi e Bate-Seba, a parábola do profeta Natã é sem dúvida
um sermão indutivo.
A referência aparece no versículo um e a inferência no versículo dois. No
versículo um a expressão "um rico e outro pobre", não é analogia. Porque, de
fato, Davi era rico; Urias era pobre em relação ao rei. Já no versículo dois, a
expressão "muitíssimas ovelhas" é inferência. É inferência porque a expressão
ovelhas, nesse caso, é tomada para representar as mulheres e concubinas de
Davi. No versículo 3, a expressão "o pobre" continua sendo referência;
enquanto que a expressão "pequena cordeira" é inferência. No decorrer da
dissertação inferencial, o profeta levou o rei a despertar seu estado de
consciência.
A seguir, Natã fez a aplicação do sermão e o rei se arrependeu. O sermão
inferencial ou indutivo também pode ser pregado através de uma circunstância,
uma maravilha, um evento.
No episódio de Lázaro, de Betânia, não foram propriamente as palavras
proferidas por Jesus que convenceram os judeus, e, sim, o efeito extraordinário
do milagre operado por Ele.
Observemos a inferência entre linhas: "E os principais dos sacerdotes tomaram
deliberação para matar também a Lázaro; porque muitos dos judeus, por
causa dele, iam, e criam em Jesus". Ora, numa referência direta, se crê, por
causa de Jesus; entretanto, numa inferência, afirma-se que os judeus criam em
Jesus por causa de Lázaro (Jo 12.10,11).
Com respeito a João Batista se diz o seguinte: "Na verdade João não fez sinal
algum, mas tudo quanto João disse deste era verdade. E muitos ali creram
nele" (Jo 10.41,42). Aqui, nesta passagem, encontramos um verdadeiro sentido
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de indução. Isto é,"..que aquilo que sabemos ser verdade num caso
particular... é também verdade em todos os casos semelhantes ao primeiro".
5. Sermão Extemporâneo
Este tipo de sermão (o mais usado pelo povo de Deus em geral, especialmente
pelos grupos pentecostais) é também chamado de sermão de enunciação livre.
O sentido técnico deste termo significa, primeiramente, falar sem preparação
prévia, simplesmente com os recursos do momento. A expressão coloquial
para isso é falar de improviso, falar sem apoio.
Com efeito, o sermão de enunciação livre não significa, de todo, que o
pregador não tenha uma preparação de pensamento; pois, evidentemente, com
o passar dos anos, o pregador consegue arrumar na imaginação uma bagagem
imensa das experiências espirituais mais profundas. Com efeito, entretanto, o
sermão extemporâneo deve ser sugerido diretamente pelo Espírito Santo.
Quando assim acontece, não existe nenhuma desvantagem. Quando, porém,
ele surge dentro de uma necessidade momentânea, pode trazer suas
vantagens e suas desvantagens, conforme estudaremos em secções
posteriores.
Spurgeon afirma que muitas vezes passou por experiências assim: pregar uma
outra mensagem e não aquela que de antemão tinha preparado. Ele lembra ter
passado por vários episódios desta natureza, mas um deles marcou
terminantemente seu ministério de pregador. Ele narra o que segue:
Uma vez, na rua New Park, passei por experiência singular. Eu tinhapassado
com felicidade por todas as partes iniciais do culto de domingo à noite, e estava
anunciando o hino anterior ao sermão. Abri a Bíblia para achar o texto que
tinha estudado cuidadosamente como o tópico do discurso, quando na página
oposta outra passagem da Escritura saltou sobre mim como um leão de uma
moita, com muitíssimo mais poder do que eu sentira ao considerar o texto que
havia escolhido.
O povo cantava e eu suspirava. Eu estava esprimido de ambos os lados, e
minha mente pendia como em pratos de balança.
Naturalmente, eu estava desejoso de seguir a trilha que tinha planejado
cuidadosamente, mas o outro texto não queria aceitar recusa, e parecia puxar-
me pela orla do casaco, gritando: Não, não! Você tem que pregar sobre mim.
Deus quer que você me siga. Eu deliberava dentro de mim quanto ao meu
dever, pois não queria ser nem fanático nem incrédulo, e por fim pensei comigo
mesmo: Bem, eu gostaria de pregar o sermão que preparei, eé um grande risco
meter-me a traçar nova linha de pensamento. Mas como esse texto insiste em
constranger-me, talvez seja do Senhor, e portanto me aventurei com ele, venha
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o que possa vir. Quase sempre anuncio as minhas divisões logo depois da
introdução, mas nessa ocasião, contrariamente ao meu costume, não o fiz,
pela razão que talvez alguns de vocês (seus alunos) adivinhem.
Passei pelo primeiro subtítulo com considerável liberdade, falando
perfeitamente, de improviso, quanto ao pensamento e à palavra. O segundo
ponto foi tratado com a consciência de um poder incomum, tranquilo e eficaz,
mas eu não tinha ideia do que seria ou poderia ser o terceiro, pois o texto já
não oferecia mais conteúdo, e eu nem poderia dizer agora o que teria feito, se
não ocorresse um fato que eu nunca teria imaginado. Tinha me metido em
grande dificuldade, obedecendo ao que julgava ser um impulso divino, e me
sentia relativamente sossegado sobre isso, crendo que Deus me socorreria, e
sabendo que ao menos poderia encerrar a reunião se não houvesse mais nada
que dizer. Não tinha que ficar deliberando, pois de repente ficamos em
completa escuridão. O gás se acabara, e os corredores da igreja estavam
repletos de gente, e os lugares todos estavam superlotados; havia grande
perigo, mas também houve grande bênção. Que deveria fazer eu então? Os
presentes assustaram-se um pouco, mas eu os tranquilizei na hora, dizendo-
lhes que não se alarmassem por faltar a luz, pois logo seria reacendida; e
quanto a mim, como não tinha manuscrito, podia falar com luz ou sem luz,
desde que eles tivessem a bondade de sentar-se e ouvir. Se o meu discurso
fosse muito elaborado, seria absurdo continuá-lo. E assim, no aperto em que
eu estava, fiquei livre do embaraço. Voltei-me mentalmente para o bem
conhecido texto que fala do filho da luz andando nas trevas, e do filho das
trevas andando na luz, e vi que se me derramavam observações e ilustrações
apropriadas; e quando as luzes se acenderam, vi diante de mim um auditório
tão arrebatado e subjugado como nenhum outro homem jamais viu em sua
vida.
O estranho nisso tudo foi que, passadas algumas reuniões da igreja, duas
pessoas foram à frente para fazer a sua confissão de fé, e declararam que
foram convertidas naquela noite. A primeira deveu a sua conversão à primeira
parte da pregação, sobre o novo texto que me viera, e a outra atribuiu o seu
despertamento à última parte, ocasionada pela súbita escuridão. Todos os
pregadores agrupando-se em torno do seu ministério. Portanto, digo: observem
o curso da Providência... subam ao púlpito firmemente convictos de que
receberão uma mensagem quando chegar a hora, mesmo que não tenham
uma palavra naquele momento."
Quando, porém, o sermão extemporâneo é pregado apenas por circunstâncias,
não deixa de apresentar suas vantagens e desvantagens. O Dr. John A.
Broadus apresenta estas vantagens e desvantagens.
Elas são:
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a) As vantagens
• Este método acostuma a pessoa a pensar mais rapidamente, e com
menor dependência de recursos externos, do que habitualmente dependesse
de um manuscrito.
• Este método poupa tempo para o melhoramento geral e para outros
deveres pastorais... (se se trata de um ministro).
• No ato da apresentação, o que prega extemporaneamente goza de
extraordinárias vantagens. Com muito maior facilidade e eficácia do que se
lesse ou recitasse o sermão, o pregador pode aproveitar as idéias que lhe
ocorrem no momento.
• Toda a massa do material que se preparou (na mente) se apresenta
iluminada, aquecida, e algumas vezes transfigurada, pela inspiração da
apresentação, da enunciação. O discurso instintivamente se transporta para
uma tonalidade mais elevada.
• O pregador pode observar o efeito de suas palavras à medida em que
vai falando, e pode propositadamente alterar suas formas de expressão, bem
como o modo de enunciação, de acordo com o seu próprio sentir e de acordo
com o sentir de seus ouvintes.
• Somente na fala de improviso podem a voz e a ação dos olhos ser
justamente aquilo que a natureza dita, a alcançar todo o poder que eles
possuem.
• É ainda grande vantagem deste método o facilitar a apresentação sem
preparo imediato. Muitas vezes as palavras proféticas de Jesus se cumprem
neste sermão: "...Naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de
dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito do vosso Pai é que fala
em vós" (Mt 10.19,20).
• Para as massas populares, é este o método popular.
a) As desvantagens
Há certa dificuldade de se fixar a mente no trabalho de preparação, quando
não se escreve todo o discurso e há facilidade de se aprender alguns pontos
importantes do sermão.
• Outra desvantagem mui séria do método extemporâneo está na
tendência de impedir a formação do hábito de escrever... O escrever provoca e
promove a segurança dos pensamentos, bem como a exatidão da afirmação
com evidência e certeza.
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• Se se pregar de novo o sermão, e ele não estiver escrito no seu todo,
certamente isso exigirá nova preparação. Outrossim, com a morte do pregador
o sermão termina, enquanto que sendo escrito, continua!
• Aquele que improvisa, não pode citar tanto as Escrituras como o que lê,
ou mesmo fazer largas citações de outros escritos.
• O estilo dum sermão pregado extemporaneamente é menos condensado
e pode também sofrer defeitosna conclusão, o que não aconteceria com um
sermão escrito, lido ou recitado.
• Outra desvantagem semelhante e mais séria ainda está no perigo de se
cometer erros ou gafes (indiscrição involuntária) em afirmações.
• O êxito dum sermão extemporâneo depende grandemente dos
sentimentos do pregador na ocasião da apresentação, ou enunciação, e
também das circunstâncias, de modo que ele corre o perigo de completo
insucesso.
• Por último, ocorre o perigo do pregador se esquecer das linhas de
imaginação.
Diante destes argumentos, alguém perguntará: "Devemos pregar com ou sem
esboço?" A Bíblia nos ensina que devemos "crescer na graça e no
conhecimento...". Este pensamento da Bíblia aplicado no campo da homilética
sagrada, ensina-nos o seguinte: Devemos pregar (ou ensinar), tendo como
orientação técnica um esboço e como orientação divina o Espírito S anto.
Jesus disse: "...deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas" (cf. Mt
23.23). Entretanto, se a "agradável, e perfeita vontade de Deus" é que
preguemos sem nos determos a nenhum destes recursos apresentados,
devemos seguir sua orientação, dizendo: "não se faça a minha vontade, mas a
tua".
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IX. AS PARTES QUE COMPÕEM O SERMÃO
1. Os elementos gerais do sermão
Os elementos gerais (ou funcionais) que compõem o sermão, conforme a
divisão correta, são:
• O título
• O tema
• O texto
• A introdução
- exórdio
- introdução central –intróito
• Preposição
• O corpo do sermão
- divisões, subdivisões e transições
• A aplicação do sermão
• A conclusão do sermão.
2. As diretrizes básicas da enunciação
Alguém poderá então perguntar: Por que tantos elementos funcionais na
composição do sermão? Estabelecer uma idéia central como âmago do sermão
nem sempre é fácil, especialmente quando se trata de sermões textuais e
expositivos. É aí, segundo a divisão correta, que necessariamente deve o
pregador fixar sua mente e a de seus ouvintes sobre as palavras, frases e
cláusulas do título, do tema e do texto. Somente assim eles terão percepção
correta do assunto em discussão.
O TÍTULO
1. Definição
O título, como sabemos, é a primeira parte do sermão. A função do título é
chamar a atenção, interessar e atrair as pessoas. Ele dá nome ao sermão,
como uma peça literária completa. Não devemos confundir o título com o tema.
O título dá nome ao conteúdo. O tema dá nome ao assunto em discussão.
O título deve ser bem sugestivo para que possa despertar atenção ou
curiosidade. Tem de ser atraente, não pelo uso de mera novidade, mas por ser
de vital interesse às pessoas.
Para ser interessante, o título deve relacionar-se com as situações e
necessidades da vida. Muitas circunstâncias, tanto internas como externas,
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influenciam a vida e o pensamento da Igreja, ou do auditório em geral. Épocas
de bênçãos espirituais, dias de provações, prosperidade ou adversidade,
sublevações sociais ou políticas, comemorações e aniversários, ocasiões de
regozijos ou de lutas. Tudo isso, bem como os assuntos pessoais dos
membros da congregação, influenciam as pessoas a quem o pregador ministra.
2. O título não deve ser negativo
O pregador nunca deve usar títulos extravagantes ou negativos. Embora
procuremos criar interesse, usando um título atraente, é preciso manter sempre
a dignidade devida à Palavra de Deus. Certa feita tive o desprazer de ouvir um
pregador transmitir um sermão baseado no seguinte título: "Cristo não pode".
Enquanto que o tema trazia a seguinte frase: "Sete razões porque Cristo não
salva".
Título dessa natureza e tema extravagante assim, nem salva e nem converte a
ninguém. Ele expressa uma mensagem negativa. "Porque o Filho do homem
veio buscar e salvar o que se havia perdido" (Lc 19.10).
Melhor seria pregar:
Três razões porque Cristo salva". Sem dúvida alguma, o resultado seria
glorioso!
3. A divisão do título
O título pode ser, segundo a divisão correta, local, geral ou intermediário.
• Local, quando se prende apenas a um assunto ou obra literária.
• Geral, quando encabeça outros títulos.
• Intermediário, quando transita entre o título local e o geral. O título
intermediário também pode ser definido como sendo o subtítulo.
O subtítulo, quando é uma parte apenas do título geral, também pode ser
chamado de título parcial. De acordo com as regras homiliastas, o título deve
ser breve. Há ocasiões em que é necessário usar uma sentença completa, mas
concisa.
4. A natureza do título
A natureza do título pode ser declarativa, interrogativa, afirmativa ou
exclamativa.
Biblicamente falando, pode ser apresentado este gráfico assim:
• Declarativa
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"O que Deus não pode fazer" (curiosidade) - Tito 1.2.
• Interrogativa
"Onde está Jesus?" (vontade de conhecer) - Mateus 2.2.
• Afirmativa
"Jesus foi e voltará" (a evidência e a certeza) - João 14.3.
• Exclamativa
"Para mim o viver é Cristo!" (determinação) - Filipenses
1.21.
5. A Escolha do Título
Na homilética, a escolha do título deve ser mais um assunto particular de
cada pregador. Cada um de nós tem as vantagens e as desvantagens para
desenvolver um tema baseado num certo título. Há pregadores que se
amoldam a certos títulos e outros não. Entretanto, certas ocasiões são
sugestivas para a escolha do título. Exemplo:
a) Por ocasião do Natal:
• "O presente de Deus".
b) No Dia das Mães
• "Amor e ternura exemplificados".
c) No Dia de Finados
• "A esperança da ressurreição".
d) No Dia da Independência
• "Liberdade e Fraternidade".
e) No Dia de Ano Novo
• "Uma nova etapa" (aguardando nova esperança, etc.).
f) Sexta-Feira Santa
• "A morte de Cristo".
g) Sábado de Aleluia
• "O silêncio de Cristo".
h) Domingo de Páscoa
• "O Cristo Redivivo".
i) Por ocasião dum culto de missões
• "A Igreja e sua missão prioritária", j) Num culto evangelístico
• "O IDE de Cristo em evidência", etc.
Em algumas ocasiões estes títulos são sugeridos diretamente pelo Espírito
Santo.
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O TEMA
1. A síntese do assunto
O tema é a segunda parte do sermão e vem depois do título, pela ordem
correta. É a síntese do assunto em discussão. Vem de uma raiz grega "théma"
que significa ponho, coloco, guardo, deposito, trazendo assim a idéia de algo
que está dentro, ou no meio de alguma coisa. Dentro do sermão (em síntese) é
exatamente esta aposição do tema. Sua posição técnica no sermão encontra-
se entre o título e o texto.
2. O tema e sua função
A função do tema é sintetizar o assunto e personificá-lo. Por isso, tema é o
nome do assunto que vamos tratar ou a síntese do conjunto deles, enquanto
que o assunto (corpo do sermão propriamente dito), vai ser a argumentação
(ou conteúdo do tema).
Em razão do tema gravitar bem perto do título, alguns mestres da oratória
chegaram até sugerir que o tema devia vir antes do título, e não depois. É
verdade que em algumas passagens ou assuntos da Bíblia, isso parece lógico;
mas em outras não. Portanto, o tema deve vir depois do título e não antes.
Quando o tema é geral, pode servir de título. Em alguns casos, isso é natural.
Exemplo: numa dissertação sobre a morte de Cristo, o tema geral seria A morte
de Cristo, enquanto que, nesse caso, o título viria depois com a seguinte frase:
Os sofrimentos de Cristo. Com efeito, portanto, o tema viria primeiro e o título
depois, sem que alterasse as regras do procedimento. Mas, no contexto
prático, o título deve vir mesmo, em primeiro lugar.
O TEXTO
1. Definição do texto
O texto, ou a porção, refere-se à passagem bíblica em síntese ou no seu todo,
usado pelo pregador para fundamentação do sermão.
O vocábulo deriva-se do latim texere, que significa tecer e, figuradamente, quer
dizer reunir, construir, compor,expressar o pensamento em contínuo discurso
ou escrita. O substantivo textus, então, indica o produto do tecer, o tecido, a
trama e, assim, no uso literário, a trama do pensamento de alguém, uma
composição contínua (leia mais sobre texto, quando abordarmos uma
importante definição sobre texto, contexto, subtexto, etc., no capítulo quatro).
2. Dependendo da natureza do sermão
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Dependendo da natureza do sermão, o texto pode sofrer alterações no uso da
pronúncia.
a) Sermão textual (o texto)
b) Sermão expositivo (a porção)
c) Sermão temático (a passagem)
d) Sermão ilativo (uma inferência)
e) Sermão extemporâneo (uma palavra)
f) Sermão para ocasiões especiais (uma frase)
Num sermão temático, muitas vezes o texto é substituído pelo tema central.
Entretanto, ele deve ter o nome de a passagem, para melhor compreensão do
significado do pensamento.
• Na literatura
Na literatura, texto é tudo o que está escrito.
• Na homilética
Na homilética, texto é o nome da porção curta da Bíblia que se toma como
base para um sermão. Neste sentido, o texto pode ser apenas uma palavra,
uma frase ou um período curto. Já a porção extensa, usada num sermão
expositivo, pode incluir vários versículos ou até um capítulo todo.
A INTRODUÇÃO
A introdução é a parte inicial do corpo do sermão. É o vestíbulo, ou a
plataforma de acesso ao ponto central da argumentação. O propósito da
introdução é despertar a atenção do povo e desadiar-lhe o pensamento de tal
modo que se interesse ativamente pelo assunto. Alguém até comparou-a a
fortes garras de ferro que prendem imediatamente a mente dos seus ouvintes.
Podemos comparar a missão da introdução como uma comissão de recepção
de um grande evento. Quando esta funciona mal, todo o curso fica prejudicado.
No sermão, acontece também a mesma coisa; quando a introdução é mal feita,
a tese se desenvolve defeituosa.
1. Deve visar diretamente o assunto
A introdução deve visar diretamente o assunto principal. Para tanto, as
afirmativas nela contidas devem consistir em idéias progressivas que culminem
no objetivo principal do sermão. Toda citação, explicação, exemplo ou incidente
devem ser apresentados com este propósito em mente. Os oradores antigos
dividiam a introdução em duas espécies: a formal e a não-formal.
• A formal
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A introdução formal consistia numa ligeira palavra distinta do verdadeiro
assunto (início) do sermão.
• A não-formal
A introdução não-formal consistia na forma atual do início do discurso. A
primeira era para levar à invocação; a segunda para preparar a divisão. Os
oradores mais exigentes dividiam a introdução em três partes, a saber:
- O exórdio (prelúdio)
- A introdução central (plataforma)
- O intróito (entrada). Com efeito, a parte final da introdução deve ser
chamada de intróito, visto ser ela a que dá entrada no corpo do sermão
propriamente dito.
PREPOSIÇÃO
Após a introdução vem a proposição. A palavra proposição origina-se do grego
prótasis: "Enunciado declarativo ou aquilo que é declarado, expresso ou
designado por tal enunciado".
"Proposição é o ato ou efeito de propor; aquilo que se propõe; proposta"
(Dicionário Aurélio). i
Proposição é uma declaração simples do assunto que o pregador se propõe
apresentar, desenvolver, provar ou explicar.
Em outras palavras, é uma afirmativa da principal lição espiritual ou da verdade
eterna do sermão, reduzida a uma sentença declarativa. Este é o conceito.
Este é o conceito emitido pelo professor James Braga.
Através de um processo semântico, a palavra proposição originou-se da
palavra tese, que por sua vez vem do termo grego thêsis (do verbo thesô, que
tem o significado de títhemi. Em decorrência desse processo semântico,
"proposição é uma declaração em fornia de proposta para discussão ou análise
de um tema" (Plínio Moreira da Silva).
A proposição tem por escopo resumir as verdades teológicas ou os princípios
espirituais em uma declaração simples e objetiva. Daí o fato de que alguns
estudiosos da homilética denominarem a proposição como tese, afirmação
teológica ou ideia homilética.
De acordo com o ensino do escritor pastor Walter Bastos, "a proposição
apresentada em uma frase com cerca de dez palavras revela-se a base de
sustentação das demais ideias que serão desenvolvidas nas divisões principais
do sermão".
Segundo Bastos, quando o pregador apresenta a sua proposição, ele está ao
mesmo tempo dando rumo ao sermão e por conta disso obrigando-se a,
trabalhar ideias que confirmem sua afirmação.
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O eminente professor James Braga estabeleceu sete princípios para a
formulação da proposição.
São eles:
1. A proposição deve expressar, em um enunciado completo, a ideia principal
ou essencial do sermão.
2. A proposição deve ser um enunciado afirmativo.
3. A proposição deve ser uma verdade eterna, em geral, formulada no tempo
presente.
4. A proposição deve ser formulada com simpli-. cidade e clareza.
5. A proposição deve ser a afirmação de uma verdade vital.
6. A proposição deve ser específica.
7. A proposição deve ser apresentada tão concisa-mente quanto possível, sem
perda da clareza.
Para que o pregador elabore uma proposição mais adequada, é necessário
estudar bem o texto bíblico escolhido, procurando interpretá-lo de acordo com
as regras da hermenêutica. Em seguida, deve-se fazer uma contextualização
ainda que simples, além de buscar ideias centrais e naturais do texto ou do
tema.
Vejamos a seguir alguns exemplos de proposições
Título: A recompensa da felicidade;
Texto: Lucas 15.11-24;
Proposição: "A vida abençoada é fruto da obediência irrestrita e continuada da
Palavra de Deus".
Título: Nos domínios do Espírito;
Texto: Gaiatas 5.22-25;
Proposição: "Ser cheio do Espírito Santo não é ter mais do seu poder, mas Ele
ter mais de nós".
TÍTULO: “A Vida de Dependência"
Proposição: A vida cristã é uma vida de constante dependência
I. Dependemos de Cristo para a salvação, Tito 3:5.
II. Dependemos da Palavra de Deus para crescimento espiritual, 1 Pedro 2:2.
III. Dependemos da oração para poder espiritual, Tiago 5:15.
IV. Dependemos da comunhão para encorajamento mútuo, 1 João 1:3.
Observe o esboço à cima e veja como a tese ou proposição é expressa numa
sentença declarativa.
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O CORPO DO SERMÃO
As divisões principais de um sermão ordenado, corretamente planejado e
dividido em partes distintas é chamada de corpo ou plano do sermão, ou ainda,
desnvolvimento ou argumentação.
1. Definição
O corpo do sermão, conforme soa melhor em termos prático, entre os
pregadores cristãos, é o conjunto de fatos, de idéias, de provas ou de
argumentos arrolados pelo pregador.
Esta argumentação deve ser bem apresentada e ao mesmo tempo mesclada
com o sabor da graça de Deus (Mc 9.50; Cl 4.6). Somente assim, o pregador
pode se enquadrar no exemplo típico do divino Mestre. Dele se diz:
"...todos...se maravilhavam das palavras de graça que saíam da sua boca..."
(Lc 4.22) e "...nunca homem algum falou assim como este homem" (Jo 7.46b).
Dependendo da cultura geral ou ambiental, esta parte do sermão (ou este
conjunto de idéias, fatos, provas e argumentação) pode ser chamada de:
- A descrição
- A narração
- A dissertação
- A exposição
- A discussão
- A oração
- A explanação
- A argumentação
- A tese
- A proposição
- A prédica
- O assunto
- O corpo do sermão
- O conteúdo da mensagem
- O calor da eloqüência
- O centro da pregação
- O âmago da oratória
- O corpo do discurso
- O desenvolvimento
- O tratado
Algumas dessas expressões, são apenas termos designativos para classificar
métodos gerais de exposição. Por exemplo:
• A descrição
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A descrição éa exposição analítica, detalhada, particular e minuciosa de um
objeto (coisa ou pessoa). A descrição é a forma de se dizer como uma coisa é,
em detalhes.
• A narração
A narração é a exposição de fatos, do modo como eles aconteceram. O
narrador se limita a dizer as coisas como elas se deram. É o método típico do
cronista, do repórter, do historiador, da testemunha fiel a si mesma e aos
outros.
• A dissertação
A dissertação é a exposição discursiva onde os fatos são analisados,
interpretados, as idéias elaboradas e os conceitos estabelecidos, segundo a
visualização e a opinião do autor (pregador). No conceito geral, entretanto,
todos esses termos apontam de uma maneira ou de outra para o corpo do
sermão.
2. O objetivo do sermão
Em linhas gerais, o sermão tem dois objetivos: persuadir e dissuadir . O alvo do
pregador, ou mesmo da mais humilde testemunha de Cristo, é salvar e edificar
seus ouvintes.
Tratando-se de pecadores, a missão daquele que ministra a Palavra de Deus é
dissuadi-los do pecado e persuadi-los a crer em Jesus como Salvador (Lc
24.47,48; At 8.4,5; 14.15).
No tocante aos salvos, segue-se a mesma sentença, isto é, dissuadi-los
daquelas coisas que são contrárias à vontade divina e persuadi-los a
"...permanecerem no Senhor com propósito do coração" (At 11.23).
Para persuadir os ouvintes e levá-los à salvação ou edificação espiritual, todas
as formas de sermão podem ser usadas.
3. As divisões do sermão
As divisões do sermão variam em número, dependendo do conteúdo e da
capacidade do pregador. Aconselha se a limitação de pontos a um máximo de
cinco numa série. A memória tende a falhar, quando há mais de cinco pontos
num sermão. Testes psicológicos no campo da educação revelaram que,
quando há mais de cinco pontos dentre os quais escolher, o discernimento fica
mais ou menos nebuloso e, por conseguinte, as escolhas são menos
confiáveis.
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Sugere-se, portanto, para melhor compreensão do significado do pensamento,
nos sermões temáticos e textuais, três divisões, e cinco para um sermão
expositivo. Também as divisões não devem ser páreas e, sim, ímpares. É
muito fácil para os ouvintes acompanhar uma mensagem falada, quando as
idéias principais estão organizadas corretamente e proferidas com clareza, do
que quando elas não têm organização ou não se relacionam. À medida que o
pregador anuncia as divisões e passa de um ponto principal a outro, os
ouvintes conseguem identificar as divisões das partes entre si e discernir a
progressão da mensagem.
a) As divisões
Algumas divisões, por causa do seu conteúdo, podem exigir mais atenção,
enquanto que outras não terão tanta importância em relação ao objetivo ou
propósito da pregação. Em casos específicos, material que não foi necessário
se aplicar numa divisão, podemos aplicar na outra, pois com a mesma
ferramenta podemos usar vários tipos de atividade.
b) As subdivisões
As subdivisões de cada divisão principal devem derivar do tema da divisão e
desenvolver-se dentro do assunto e argumento principal.
c) As transições
A função primordial das transições durante o sermão é fazer a ligação (ou
junção) da passagem de um assunto para o outro. Na linguagem jornalística,
chama-se de gancho e na linguagem homiliasta, de transições. Seja a
transição mediata ou imediata, sempre é desejável empregar alguma forma de
expressão que, juntamente com uma natural mudança de tom e de maneira,
leve o ouvinte a observar que aí estamos passando para outra linha de
pensamento.
As transições usadas durante um sermão devem ser caracterizadas com
palavras-chaves e nunca com palavras adversas. Observando bem, as
transições funcionam entre uma divisão e outra, como uma espécie de
minúsculas introduções.
Nos sermões pregados por Jesus, encontramos estas transições em estilo
natural, ligando um assunto ao outro. Tomemos como base:
O Sermão do Monte
No Sermão do Monte, pregado por nosso Senhor, "bem- aventurança" é a
primeira palavra do assunto que irá ser desenvolvido. Nesse caso, não se trata
de transição ainda e, sim, da introdução discurso. As transições começam na
"bem-aventurança" seguinte:
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1ª Divisão - Mateus 5
- As transições:
- "Vós sois..." - v. 13 "
- Vós sois..." - vv. 14-16 "Não cuideis..." - vv. 17-20 "Ouvistes..." - vv. 21-
26 "Ouvistes..." - vv. 27-30 "Também..." - vv. 31,32 "Outrossim..." - vv. 33-37
"Ouvistes..." - vv. 38-42 "Ouvistes..." - vv. 43-48.
2a Divisão - Mateus 6
- As transições: "Guardai-vos..." - vv. 1-4
"E, quando..." - vv. 5-15
"E, quando..." - vv. 16-18 "Não..." -19-34.
3ª Divisão - Mateus 7
- As transições:
"Não..." - vv.' 1-5
"Não..." - v. 6
"Pedi..." - vv. 7-12
"Entrai..." - vv. 13,14 "Acautelai-vos..." - vv. 15-23 "Todo..." - vv. 24-27.
O leitor deve observar que cada sentença dessa, curta ou longa, liga o ponto
anterior ao ponto seguinte, dando cores e tonalidades ao assunto seguinte.
As transições, portanto, como parte auxiliatória do sermão, estão presentes em
todos os discursos registrados na Bíblia.
A APLICAÇÃO DO SERMÃO
1. Convite ou apelo
A aplicação do sermão é um dos elementos mais importantes do nosso
discurso. Mediante esse processo, obtemos o resultado negativo ou positivo
daquilo que pregamos ou ensinamos. A aplicação do sermão deve ser de
acordo com o tipo de mensagem que pregamos. Definimos a aplicação como
sendo o apelo ou melhor posição correta, o convite oferecido aos ouvintes.
Esta parte é a penúltima peça do sermão. Antecedendo assim a conclusão do
discurso.
2. O objetivo da aplicação
O objetivo da aplicação no sermão visa o resultado positivo daquilo que
ministramos. Por exemplo: quando pregamos a palavra da salvação aos
pecadores, a aplicação deve ser o convite (o apelo).
Se ministrarmos a palavra de Deus num auditório, mostrando a necessidade do
crente ser batizado com o Espírito Santo, a aplicação, nesse caso, deve ser um
convite para uma oração de poder, a fim de que nosso Salvador batize com o
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Espírito Santo; em outras palavras, conforme nosso dia-a-dia, convidamos para
"vira frente".
Quando o sermão se baseia na cura divina, a aplicação deve ser um apelo às
pessoas doentes a participarem de uma oração, geralmente intitulada a oração
da fé, a fim de que recebam saúde. Vamos observar estes exemplos na Bíblia,
onde os sermões tiveram aplicação imediata:
a) No cárcere de Filipos
• O sermão: "Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos".
• A aplicação: "Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu eatua casa"
(At 16.28,31).
b) Em Efeso
• O sermão: "Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes?...em
que sois batizados então?... certamente João batizou com o batismo do
arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto
é, em Jesus Cristo".
• A aplicação: "E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito
Santo; e falavam línguas e profetizavam" (At 19.1-6).
c) Em Jerusalém, na porta formosa
• O sermão: "Olha para nós". Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho
isso te dou".
• A aplicação: "Em nome de Jesus, o Nazareno, levanta-te e anda" (At
3.4,6). São inúmeras as passagens e os episódios na Bíblia, onde o sermão foi
seqüenciado pela aplicação. Portanto, numa linguagem clara e acessível, a
aplicação do sermão é o convite (apelo) baseado naquilo que pregamos.
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A CONCLUSÃO DO SERMÃO
1. Definição
A conclusão, como o próprio termo sugere, no sentido técnico, é a última parte
do sermão; no sentido homiliasta, é uma síntese de todas as verdades que
foram ditas no sermão.
A conclusão torna-se a parte mais gratificante do sermão para o pregador, pois,
segundo se diz, é o momento quando o pregador se obriga a fazeruma síntese
de tudo o que disse, não só para destacar e fazer lembrar as verdades
principais, mas para ajudar os ouvintes a se beneficiarem da mensagem. Por
essa razão, ela deve ser breve.
Lamentavelmente, alguns pregadores, porém, se esquecem da importância da
conclusão, e, como resultado, seus sermões, embora cuidadosamente
preparados nas outras partes, fracassam no ponto crucial. Portanto, aconselha-
se, por outro lado, uma boa conclusão; ela pode, às vezes, suprir as
deficiências de outras partes do sermão, ou servir para aumentar o seu
impacto.
2. A conclusão deve ser conclusiva
O objetivo da conclusão é suprir algumas falhas do sermão e concluí-lo no
sentido restrito da palavra.
Dependendo das circunstâncias (se o sermão for pregado pelo pastor ou
dirigente local), a conclusão pode ser, salvo as exceções, o cântico de um hino,
um corinho, uma oração, à bênção apostólica, ou mesmo o amém final.
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Título?
INTRODUÇÃO ?
Texto ?
Apelo?
Pontos principais do sermão
I. ?
II. ?
III. ?
CONCLUSÃO ?
RESUMO: ESQUELETO DE UM ESBOÇO DE SERMÃO
Tema?
1°
2°
3°
4°
5°
Cada ponto deve ser
Comentado, Explicado e
Aplicado aos ouvintes.
6°
7°
Há pregadores que usa apenas o tema
em seus sermões, ou seja, deixa de
fora o título.
Após a conclusão do sermão, você deve convidar os não crentes a receberem a
Jesus como Senhor e Salvado de suas vidas. É isso que os pregadores antigos
chamavam de “fazer o apelo”.
Ciro Sanches Zibordi, em sua obra Mais erros que os Pregadores
devem evitar, editado pela CPAD, informa que: “O esboço é muito
importante para ajudar o pregador na sua exposição progressiva da mensagem.
Deve-se dedicar tempo na sua preparação. Não é algo para se fazer com pressa,
como se fosse um rascunho qualquer. Um esboço bem feito permite ao expoente
pregar a mesma mensagem várias vezes, além de possibilitar um bom
arquivamento. Para isso, é preciso que essa composição literária seja feita com
profunda meditação na Bíblia e oração”.
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Dicas para a divisão do esboço do Sermão
Um sermão bem organizado, dividido corretamente, com linhas claras e
definidas, é preferível a um que divague por toda a Bíblia, e aborde vários
pontos teológicos. Para facilitar a exposição da mensagem, adotam-se divisões
numeradas como se sugerem abaixo:
• os pontos principais devem ser assinalados com algarismos romanos;
• os pontos secundários ou subpontos, com algarismos arábicos ou letras
maiusculas, seguidos de ponto (o sinal);
• se necessário ainda subdividir, usem-se algarismos arábicos com fechar
parênteses ou entre parênteses; melhor é que os assuntos ou subdivisões dos
assuntos sejam redigidos na forma de frases ou orações;
• cada ponto a ser dividido, deve ter, no mínimo, duas partes; o mesmo se
diga dos subpontos;
• as ilustrações não são consideradas divisões; fazem parte delas.
São elementos funcionais na preparação: explicação, argumentação, ilustração
e aplicação;
São partes estruturais do sermão: introdução, corpo ou desenvolvimento, e
conclusão.
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X. ESBOÇOS DE SERMÕES BEM ELABORADOS
Temos bons exemplos de esboços de sermões bem elaborados (com começo,
meio e fim) por servos de Deus, os quais são dedicados ao estudo da
Homilética. Cito aqui como exemplos.
1. EXEMPLOS DE ESBOÇOS TEMÁTICOS
Título: “As Marcas de Jesus”
Tema: As marcas de um crente dedicado.
I. Como o escravo, o crente dedicado leva a marca da posse do Mestre a quem
ele pertence, 1 Coríntios 6:19- 20, Romanos 1:1.
II. Como o soldado, o crente dedicado leva a marca da devoção ao
Comandante a quem serve, 2 Timóteo 2:3,2 Coríntios 5:15.
III. Como o devoto, o crente dedicado leva a marca de adorador do Mestre, à
quem venera, Filipenses 1:20; 2 Coríntios 4:5.
***
Título: “Digno de Adoração”
Tema: Verdades vitais referentes a Jesus Cristo.
I. Ele é Deus manifestado na carne, Mateus 1:23.
II. Ele é o Salvador dos homens, 1 Timóteo 1:15.
III. Ele é o Rei vindouro, Apocalipse 11:15.
***
Título: “Esperança do Crente”
Tema: Características da esperança do crente
I. É uma esperança salvadora, 1 Tessalonicenses 5:8.
II. É uma esperança segura, Hebreus 6:19.
III. É uma esperança invisível, Romanos 8:24.
IV. É uma esperança eterna, Tito 3:7.
***
Título: “Conhecendo a Palavra de Deus”
Tema: Alguns benefícios do conhecimento da Palavra de
Deus.
I. O conhecimento da Palavra de Deus toma a pessoa sábia para a Salvação, 2
Timóteo 3:15.
II. O conhecimento da Palavra de Deus nos impede de pecar, Salmo 119:11.
III. O conhecimento da Palavra de Deus produz crescimento espiritual, 1 Pedro
2:2.
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51
IV. O conhecimento da Palavra de Deus resulta num viver vitorioso, Josué
1:7,8.
***
Título: “Um Testemunho Eficaz”
Tema: Comparação do testemunho do crente com o sal.
I. Como o sal, o testemunho do crente deve temperar, Colossenses 4:6.
II. Como o sal, o testemunho do crente deve purificar, 1Tessalonicenses 4:4.
III. Como o sal, o testemunho do crente não deve perder o sabor, Mateus 5:13.
IV. Como o sal, o testemunho do crente deve produzir sede, 1 Pedro 2:12.
***
2. EXEMPLOS DE ESBOÇOS EXPOSITIVOS
Observação.
O sermão expositivo baseia-se em uma “porção mais ou menos extensa da
Escritura”. A passagem pode consistir em uns poucos versículos ou pode
incluir um capítulo inteiro ou até mesmo mais de um capítulo.
TÍTULO: “O Salmo do Contentamento"
TEXTO: Salmo 23.
Assunto: As bases do contentamento das ovelhas do Senhor.
I. O Pastor das ovelhas, v. 1.
1. Um Pastor divino, v. 1.
2. Um Pastor pessoal, v. 1.
II. A provisão das ovelhas, vv. 2-5.
1. Descanso, v. 2.
2. Direção, v. 3.
3. Conforto, v. 4.
4. Fartura, v. 5.
III. O futuro das ovelhas, v. 6.
1. Um futuro brilhante nesta vida, v. 6.
2. Uma bendita esperança para o além, v. 6.
***
TÍTULO: “O Melhor Amigo”
TEXTO: João 11:1-6, 19-44.
Assunto: Jesus, nosso melhor amigo.
I. Jesus, um amigo amoroso, vv. 3-5.
1. Que ama cada um de nós individualmente, w. 3, 5.
2. Que permite, não obstante, que nos sobrevenham aflições, v. 3.
II. Jesus, um amigo compreensivo, vv. 21 -36.
1. Que compreende nossos pesares mais profundos, vv. 21-26, 32.
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2. Que se compadece de nós em nossas dores mais profundas, vv. 33-36.
III. Jesus, um amigo poderoso, vv. 37-44.
1. Que pode realizar coisas miraculosas, v. 37.
2. Que realiza milagres quando cumprimos as condições que ele exige, vv. 38 -
44.
***
TÍTULO: “Andando em Amor”
TEXTO: Efésios 4:31— 5:2.
Assunto: Uma disposição verdadeiramente cristã.
I. É marcada pela ausência de sentimentos maus, 4:31.
1. De toda espécie, v. 31.
2. De todo grau, v. 31.
II. É marcada pela atitude de perdão, 4:32.
1. Uns para com os outros, v. 32.
2. Em vista da graça de Deus para conosco, v. 32.
III. É marcada pela atitude de devoção amorosa, 5:1-2.
1. Como filhos, v. 1.
2. Com o amor de Cristo, v. 2.
3. EXEMPLO DE ESBOÇO TEXTUAL
Título: “O Salvador de Pecadores”
Assunto: Características do nosso Salvador.
I. Ele é um Salvador perfeito
1. Nunca pecou contra Deus ou o homem, João 18:38; 19:4; Mateus 27:3-4; 1
Pedro 2:22.
2. Foi íntima e exteriormente perfeito, Mateus 17:5; Hebreus 10:5-7; 1 Pedro
1:19.
II. É um Salvador vicário
1. Levou nossa culpa na cruz, Isaías 53:6; 1 Pedro 2:24.
2. Morreu para salvar-nos de nossos pecados, Romanos 4:25; 1 Pedro 3:18.
III. É um Salvador que justifica
1. É o meio, pela graça, de nossa justificação perante Deus, Romanos 3:24.
2. Toma-se nossa justiça mediante a fé em sua obra redentora, Romanos 3:21-
22; 5:1; 1 Coríntios 1:30.
Observações
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1) Sermão textual é aquele em que as divisões principais são derivadas de um
texto constituído de uma breve porção da Bíblia. Cada uma dessas divisões é
usada como uma linha de sugestão, e o texto fornece o tema do sermão.
2) No sermão textual temos um tipo de discurso diferente do sermão temático.
Neste, iniciamos com um texto; naquele, começamos com um tema.
3) As divisões principais deste tipo de sermão são tiradas inteiramente do
próprio texto, ao passo que as subdivisões não derivam, necessariamente, do
texto, mas têm por base outras passagens bíblicas.
RESUMO GERAL:
Sermão temático.
E o que expõe a. verdade bíblica num tema utilizado pelo pregador. Após a
escolha ele faz a divisão do sermão para enfatizar o texto lido. O esboço do
sermão deriva do tema. Esse tipo de pregação oferece algumas vantagens
quando bem aproveitado e pode contribuir para trazer clareza aos ouvintes.
O pregador deve ter cuidado para não se exceder no uso de sermões desse
tipo, porque pode inclinar-se a falar demais em conquistas, em ocorrências da
vida política, da técnica, e da ciência, e passar a apresentar suas próprias
opiniões, perdendo a capacidade de dizer; "Assim diz o Senhor". Falará bem,
como sociólogo, psicólogo, mas não como mensageiro de Deus.
Sermão textual
É a exposição da verdade contida num texto bíblico escolhido. Suas divisões
derivam do texto tomado, e não do tema do sermão.
Sermão expositivo
Suas divisões vêm do texto tomado e ainda apoiadas por referências bíblicas.
É uma análise pormenorizada, lógica, aplicada ao texto lido.
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XI. O PREGADOR E A MEDITAÇÃO DO TEXTO
DO SERMÃO
1. FUNDAMENTOS DA TAREFA DO PREGADOR
A tarefa primordial de um pregador do Evangelho bem-sucedido deve estar
fundamentada nessas duas assertivas:
1°) ELE DEVE SER MINISTRO DA PALAVRA DE DEUS;
2°) ELEDEVEMINISTRAR A PALAVRA DE DEUS COM EXATIDÃO.
Escreve Bernard Ramm: "O pregador é um ministro da Palavra de Deus. Sua
tarefa fundamental na pregação não é ser inteligente ou didático, solene ou
profundo, mas ministrar a verdade de Deus. Os apóstolos foram chamados
ministros da Palavra (Lc 1 .2)".
"Os apóstolos foram ordenados como testemunhas de Jesus Cristo (At 1 .8). A
tarefa deles era pregar o que tinham ouvido e visto com referência à vida,
morte e ressurreição de Jesus Cristo.
O obreiro deve afadigar-se na palavra e no ensino (1Tm 5.17). O servo de
Cristo no Novo Testamento não era livre para pregar conforme lhe aprouvesse,
mas era obrigado a pregar a verdade do cristianismo, pregar a Palavra de
Deus, e ser testemunha do Evangelho".
O servo de Cristo deve fazer mais do que pregar a Palavra. É possível ser
fervoroso, eloquente e ter excelente conhecimento das Escrituras e, não
obstante, pregá-la com inexatidão ou ficar aquém de sua plena verdade (Apoio
em Atos 18.24-28).
Paulo ordena a Timóteo: “ Procura apresenta-te a Deus, aprovado, como
obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneje bem a palavrada da
verdade (2Tm 2.15).
Um obreiro deveria se sentir envergonhado se descobrissem incompetência ou
desleixo em seu trabalho. Paulo diz a Timóteo que o modo de não se
envergonhar e de sei aprovado diante de Deus é "manejar bem " a Palavra da
verdade. Por conseguinte, a dupla tarefa do pastor, conforme definida no texto
em apreço é "pregar a Palavra de Deus e interpretá-la com exatídão" (Henry A.
Virkler).
2. O PREGADOR E A MEDITAÇÃO DO TEXTO BÍBLICO
A palavra meditação é conhecida desde o século XIV e deriva da forma verbal
latina meditari, que significa medir ou medir espiritualmente, avaliar, julgar. A
meditação tenta medir em profundidade um objeto ou uma afirmação, para
avaliar, julgar e compreender melhor seu significado e suas implicações.
As palavras portuguesas que mais se aproximam do verbo meditar são
ponderar, pensar sobre, matutar, projetar, intentar, estudar, refletir, considerar.
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A meditação é a contemplação profunda de um objeto ou de uma afirmação
(pode ser um versículo bíblico); é uma forma de oração mental.
A meditação bíblica é a contemplação e reflexão espiritual das Sagradas
Escrituras na presença de nosso bendito Salvador: Maria, porém, guardava
todas estas palavras, meditando-as no coração (Lc 2.19). É uma contemplação
espiritual da presença do Cristo ressurreto e vivo. O objeto da meditação é Sua
Palavra (Js 1.8; Sl 1.1-3; 119.97, 99).
A meditação durante a elaboração da prédica não é primordialmente a busca
de novas idéias, mas a recordação de algo já existente pressupondo-se,
naturalmente, que de fato existe algo. Se a meditação encontro entre o texto e
a vida se realiza apenas durante a elaboração da prédica, o resultado só
poderá ser fraco. Sem considerar a sua finalidade para a prédica, a meditação
ou é um processo vivo e constante da fé, ou ela não merece ser assim
chamada. O encontro entre o texto tendo em vista a Sagrada Escritura global
como texto e a vida é sinônimo de fé. A. Sommerauer, Guia do Pregador, p. 42.
A meditação bíblica é importante para a prédica evangélica, porque trata-se de
uma contemplação espiritual em profundidade da Palavra de Deus e de uma
reflexão entre o texto e a vida.
Lembre-se: a meditação começa com a oração, é caracterizada pela oração
contínua e leva à oração!
Gostaríamos, ainda, de mencionar algumas questões práticas para a
meditação no texto do sermão.
A quietude e o silêncio proporcionam uma ajuda imensa e fundamental na
meditação. Procure um lugar tranqüilo. Alguns pregadores levantam-se de
madrugada, só para meditar sobre o texto da próxima prédica. A ordem externa
também ajuda a concentração. Uma mesa desarrumada convida-o a primeiro
arrumar as coisas e desvia sua atenção, mas um lugar simples, limpo e
tranqüilo ajuda-o a entrar num espírito de meditação. Um terceiro auxílio
externo é o tempo. Precisa-se de bastante tempo para a meditação. A
meditação não é um exercício mental de apenas cinco minutos. A mente, o
coração, nosso íntimo, devem penetrar profundamente na Palavra de Deus. É
um processo que exige paciência e tempo.
A concentração mental também é de suma importância na meditação. O
silêncio apropriado é indispensável. A reflexão mental e a repetição constante
do texto bíblico ajudam-no imensamente na meditação bíblica.
Leia o texto bíblico vagarosamente, palavra por palavra, versículo por
versículo, muitas vezes, em espírito de oração, contemplação e adoração
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Conscientize-se da presença real de Cristo na meditação e identifique-se com
o texto bíblico, fazendo perguntas pessoais, tais como:
- O que o texto me diz pessoalmente?
- Onde eu me encontro no texto?
- Como eu teria agido na situação desta pessoa mencionada no texto?
- Qual exemplo devo seguir, qual erro evitar?
Escreva o resultado de sua meditação numa folha de papel. Lápis e papel,
portanto, são auxílios indispensáveis na meditação. Anote o que lhe vem à
mente enquanto medita sobre o texto bíblico; só depois você avalia e escreve a
prédica na forma final.
O alvo da meditação é a frutificação e o enriquecimento do trabalho exegético,
com o impulso pessoal para uma boa prédica. Aquilo que nós mesmos
apropriamos é mais fácil de ser comunicado. Desta maneira, a meditação
bíblica ajuda-nos também na aplicação da Palavra de Deus.
É importante resumir com as seguintes palavras as linhas-mestras do texto
sobre o qual meditamos: O texto diz a mim que...
Às vezes, a meditação bíblica indica também a forma da prédica:
- Qual o tema adequado, qual o núcleo do texto?
- Como poderia esboçar o texto?
- Como poderia ilustrar o texto?
- Que materiais áudio-visuais seriam aconselháveis (retratos, fotografias,
figuras, fantoches, desenhos animados, quadro-negro, retroprojetor, slides)?
Estas perguntas técnicasnão devem ser feitas no início da meditação, para
não impedir a aproximação pessoal do pregador da presença de Deus. Mas a
meditação nunca deve tornar-se uma mera auto-satisfação, uma experiência
puramente individualista. Ela merece ser compartilhada com outros, com nosso
próximo, e aí está o alvo da meditação. A meditação bíblica me conduz ao
próximo!
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XII. A APLICAÇÃO DO TEXTO DO SERMÃO
A meditação e a aplicação estão nitidamente relacionadas. O que nós
aprendemos e reconhecemos na meditação bíblica, na presença de Cristo,
transmitimos ao ouvinte por meio da aplicação. É exatamente esta a tarefa do
pregador: pregar o evangelho de tal modo que fale às situações cotidianas do
ouvinte. Não seria justo deixar a aplicação com o ouvinte. Ele precisa ser
desafiado e estimulado pelo sermão. É evidente que o ouvinte não é desafiado
por causa de nossa retórica polida, experiência marcante ou aplicação perfeita,
mas ele honra a ação objetiva do Espírito Santo em convencer do pecado, da
justiça e do juízo (Jo 16.7ss.).
Jesus não apenas pregou a mensagem do reino de Deus, mas fez também
aplicações pessoais, confrontando o ouvinte de Sua Palavra com uma decisão
a ser tomada (Mt 4.17; 11.28-30; 18.15ss.; 19.16; Lc 10.25ss.).
Os santos apóstolos também não se deram por satisfeitos com a mera entrega
do sermão. Eles aplicaram o ensino às necessidades do povo, desafiando o
ouvinte a tomar uma decisão (At 2.23, 37ss.; Rm 12-14; 1 Co 5.6, 8, 11).
Não existe um esquema definido e fechado para a aplicação das verdades
bíblicas na prédica. Antes de pensarmos na execução ou nas necessidades do
povo moderno, precisamos refletir sobre as circunstâncias e situações em que
o texto a ser estudado surgiu, porque nelas ele geralmente fornece uma
aplicação direta ou indireta. Em seguida, fazemos a aplicação pessoal do texto
bíblico, para só depois considerarmos as necessidades de nossos ouvintes.
Uma aplicação direta é possível em textos bíblicos que oferecem a salvação,
chamam para seguir a Cristo, convidam para crer e obedecer, requerem
fidelidade para com Deus ou amor pelo próximo. Encontramos aplicações
indiretas em textos que se dirigem a situações específicas e circunstâncias
historicamente bem definidas (Gn 12.1ss.; 22.1ss.; Lc 18.18ss.; Mt 5.29s., 39-
41; Cl 3.5; 1 Co 11.5).
Vale a pena refletir sobre as necessidades de quem recebe nosso sermão.
Liefeld menciona algumas situações concretas que existem em qualquer
comunidade:
- Necessidades pessoais (ansiedade, solidão, tristeza, depressão, vazio
espiritual, carência de orientação etc.).
- Problemas coletivos (preocupações financeiras, desânimo, conflitos, falta de
entusiasmo na igreja, abalo por causa de uma morte recente na comunidade,
apreensão diante de um programa de construção etc.).
- Situações sociais ou éticas momentâneas (entre os cristãos ou na sociedade).
- Crises públicas (eleições, atentados, problemas internacionais, desastres
etc.).
- Marcos espirituais na vida da igreja.
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- Situação espiritual de grupos especiais (crentes novos, anciãos, jovens,
aqueles em crise de meia-idade, solteiros, casados, divorciados etc.).
- Carência de edificação e instrução normal. ENT, p. 98.
Quanto à forma específica da aplicação do sermão, mencionaremos
brevemente os quatro aspectos essenciais:
A aplicação deve ser textual. Com isso queremos dizer que a boa aplicação
surge do texto principal, que é a base de nossa prédica. Se a aplicação não
tem nada a ver com o texto bíblico, então não pregamos mais a Palavra de
Deus; pregamos apenas nossas experiências subjetivas. A boa aplicação
encontra suas raízes no próprio texto bíblico que estamos expondo.
A aplicação deve ser objetiva. Nunca deve ser legalista, mas diretiva; não
subjetiva, mas objetiva. O objetivo principal da aplicação é a transparência, a
compreensão do texto bíblico. Uma aplicação complexa, muito detalhada e
desordenada apenas confunde o ouvinte. A boa aplicação mostra seu objetivo
e o modo como o ouvinte pode alcançá-lo. Não adianta enfatizar que o pecador
precisa se converter sem mostrar como pode fazê-lo. Não adianta convidar o
ouvinte a ter uma vida de consagração sem mostrar, ao mesmo tempo, como
vencer os obstáculos para gozar uma vida consagrada e também os meios de
consagração: oração, leitura da Bíblia, dedicação, obediência e comunhão.
É melhor fazer poucas aplicações numa mensagem, sendo estas bem
definidas, práticas e convincentes, para não deixar nenhuma sombra de
dúvida, do que fazer dez ou mais aplicações.
A aplicação deve ser pessoal. Em todas as pregações, o indivíduo merece
atenção específica. Isto se torna mais óbvio na aplicação. Nela, dirigimo-nos
aos indivíduos, com suas necessidades e seus problemas. A comunidade dos
ouvintes é composta de indivíduos: jovens e velhos, homens e mulheres,
cristãos maduros e recém-convertidos, aflitos e consolados, perplexos e
seguros, esperançosos e desolados, deprimidos e alegres, pobres e ricos,
necessitados e satisfeitos.
A questão principal é: como posso aplicar a Palavra de Deus à necessidade de
cada um de meus ouvintes? Será impossível atender satisfatoriamente às
necessidades de todos. Mas é possível dirigirmo-nos a alguns. Por isso, a
aplicação da prédica deve ser pessoal e individual.
A aplicação deve ser pastoral. As aplicações sempre são pastorais, seja a
prédica evangelística, missionária, diaconal, didática, temática, expositiva ou
exortativa. Na aplicação, deve-se fazer sentir a preocupação pastoral do
pregador, o amor do pastor pelas ovelhas. O verdadeiro pastor não critica, mas
ama suas ovelhas; não arma carapuças, mas orienta; não desabafa, mas
direciona.
Os apóstolos Paulo e João cuidaram de seus filhos na fé como verdadeiros
pais (Fp 2.22; 1 Ts 2.11; 1 Jo 2.1, 12, 14, 18, 28; 3.7, 18; 4.4; 5.21).
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XIII. CONVICÇÕES FUNDAMENTAIS PARA A
PREGAÇÃO BÍBLICA
As nove convicções a seguir são fundamentais para a pregação bíblica.
1. O OBJETIVO FUNDAMENTAL DA PREGAÇÃO É AGRADAR A
DEUS
E uma convicção central da fé que Deus é soberano e que todas as coisas
precisam ser feitas para agradá-lo. Agradar a um Criador soberano significa
descobrir o que ele deseja e, por meio de sua graça, fazer sua vontade.
Pregar a Palavra de Deus do modo de Deus deveria ser o alvo de pregadores
fiéis. Como soberano, Deus nos diz o que pregar e como fazer isso. Ministros
da Palavra não têm o direito de se desviar de suas instruções. Ideias e
especulações humanas, portanto, precisam ser estranhas ao púlpito.
2. A PREGAÇÃO AGRADA A DEUS UNICAMENTE QUANDO É
FIEL ÀS ESCRITURAS
A pregação cristã começa com as Escrituras. A eficácia da nossa pregação não
é determinada pelo número de pessoas que a estão presenciando, nem pelo
número de profissões de fé, mas pela fidelidade dos pregadores à mensagem
que somos chamados a pregar.
Aqueles que não proclamam a Palavra de Deus fielmente podem alegar
números e supostas conversões e profissões de fé. E alguns que fazem isso
falham em atrair seguidores em grandes números.
O Deus soberano é o que produz os resultados. Quando Isaías começou a
pregar a um povo rebelde, foi informado anteriormente que os resultados
seriam mínimos porque o povo carecia dos olhos para ver e dos ouvidos para
ouvir. O fracasso para obter resultados visíveis, entretanto, não deve ser usado
como uma desculpa para pregações defeituosas.
O pregador é um arauto cuja incumbência é transmitir a verdade de Deus a seu
povo.
3. AS ESCRITURAS SÃO AS INERRANTES E INSPIRADAS
PALAVRAS ESCRITAS DE DEUS
Todos os verdadeiros pregadores reconhecem a Bíblia como uma fonte da qual
aprendem e proclamam a verdade de Deus. Eles aceitam o que leem ali como
palavra inspirada e inerrante nos originais. Por "inspiração" (o termo em 2Tm
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3.16 significa "soprado por Deus"), eles entendem que as palavras bíblicas são
tanto a palavra de Deus como se ele as tivesse dito por meio do sopro. As
Escrituras são as exatas palavras de Deus por escrito.
4. A PREGAÇÃO É UMA RESPONSABILIDADE SAGRADA
A atitude que essas convicções deveriam trazer à tona é a reverência pelo
texto que o pregador expõe, junto com um grande desejo de aprender o que
cada trecho significa, de modo a comunicar esse entendimento dessa
mensagem àqueles que ouvem. Além disso, intérpretes de confiança das
Escrituras reconhecem que estão lidando com a informação mais importante de
toda a vida e querem ser fiéis ao fazer isso.
Ser fiel ao texto e ao Espírito Santo que fez com que ele fosse escrito é nossa
preocupação fundamental. Em relação a isso, ministros conscientes sempre
mantêm 2Timóteo 2.15 como seu referencial.
5. AS ESCRITURAS FORAM PLANEJADAS NÃO APENAS PARA
OS OUVINTES ORIGINAIS, MAS PARA NOSSOS OUVINTES
SINGULARES DE HOJE
Nós somos gratos porque as Escrituras são para todos os tempos, para
pessoas em todos os países. Nós nos lembramos das palavras de Paulo
quando ele declarou que "essas coisas [do Antigo Testamento] ocorreram
como exemplos para nós" (1 Co 10.6) e que "foram escritas como advertência"
(v. 11). Consequentemente, precisamos entender que a mensagem do texto é
para a edificação de nossos ouvintes tanto quanto para aqueles a quem ela foi
originariamente escrita.
6. A INTENÇÃO ORIGINÁRIA DO TEXTO DETERMINA SUA
MENSAGEM PARA OS OUVINTES HOJE
O Espírito, que produziu a Bíblia, abençoa seu uso quando a intenção do
pregador é a mesma que a sua própria. Não é sem razão que o evangelho de
João é usado mais frequentemente que qualquer outro para levar ao
conhecimento salvador de Jesus Cristo; ele foi escrito para esse propósito.
7. O TEMA DE CADA MENSAGEM É DEUS E PESSOAS
Precisamos "abrir" as Escrituras como Jesus o fez (Lc 24.32), informando
nossos ouvintes sobre seu conteúdo, mas sempre tornando visível a relevância
do texto para eles. Nós reconhecemos que não estamos apenas fazendo um
discurso, mas estamos pregando para pessoas sobre sua relação pessoal com
Deus e seu próximo.
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8. A CLAREZA É FUNDAMENTAL
A fim de pregarmos de forma eficiente, precisamos adotar um estilo claro e
simples que é facilmente entendido por aqueles que ouvem. Precisamos
reconhecer que o apóstolo Paulo declarou que ser claro é uma obrigação (Cl
4.4) e até mesmo pediu que seus leitores orassem para que Deus o ajudasse a
cumprir sua obrigação.
Em nossos esforços para manter completa clareza, precisamos adotar uma
linguagem não técnica (a não ser que a expliquemos).
Precisamos evitar terminologias "tediosas", termos obsoletos e estilo
antiquado. Precisamos proclamar a mensagem de Deus sem entonações
estranhas, cacoetes ou qualquer outra coisa que chame a atenção para si mais
do que para a verdade. Nós mesmos precisamos permanecer no fundo da
cena o máximo possível, confiando que Cristo está na frente da mensagem.
A fim de atingirmos clareza, usaremos ilustrações e exemplos que ajudem os
leitores na compreensão. Essas ilustrações e exemplos precisam ser
escolhidos primariamente das experiências contemporâneas, de modo que por
meio deles sejamos capazes de demonstrar não apenas o que a passagem
significa no dia-a-dia, que ela é prática, e não apenas teórica, mas também
como Deus espera que o leitor se aproprie da verdade.
Pregadores que realmente se importam trabalham para tornar a verdade de
Deus tão simples e fácil de entender quanto possível (sem perda de
significado), para que o seu rebanho possa recebê-la facilmente.
9. NOSSO DEVER É PREGAR CORAJOSAMENTE
Pregadores humildes são parecidos com o apóstolo Paulo, que pediu por
oração para que, "destemidamente" tornasse "conhecido o mistério do
evangelho" (Ef 6.19). Eles se lembram do que pode ser chamado de a oração
do pregador, em que o discípulo orou para comunicar a palavra de Deus
"corajosamente" (At 4.29).
Pregadores desse tipo reconhecem que a palavra para "coragem" usada aqui
(parresta) e em todo o livro de Atos, a que caracterizou a pregação do Novo
Testamento, significa "liberdade para falar sem medo das consequências".
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XIV. QUATRO TIPOS DE PREGADORES
Veremos quatro tipos de pregadores: Os pregadores mestres, mensageiros,
indutivos e pregadores narrativos.
1. PREGADORES MESTRES
Pregadores mestres têm uma convicção distintiva de que os ouvintes devem
compreender as Escrituras. Tais pregadores permanecem próximos do texto e
explicam o seu significado de forma dedutiva.
Frequentemente racionais no estilo, pregadores mestres querem tornar as
informações compreensíveis. Uma forma de sermão frequentemente usada por
pregadores mestres é a exposição versículo por versículo.
2. PREGADORES MENSAGEIROS
Pregadores mensageiros têm uma ênfase distintiva na capacitação de Deus
tanto das Escrituras como do próprio evento da pregação. Embora tal pregação
compartilhe características dedutivas e proposicionais em comum com o
ensino, ela soa bem diferente. Pregadores mensageiros frequentemente são
dramáticos no estilo.
Enquanto pregadores mestres usam a parte esquerda do cérebro, referindo-se
a pequenos detalhes e construindo seus sermões com muitos tijolos,
pregadores mensageiros usam o cérebro direito, usando alguns blocos de
construção grandes.
Frequentemente, pregadores mensageiros apresentam algumas questões
audaciosas e chamam para uma reação holística. Exemplos de pregadores
mensageiros incluem Billy Graham, e o reformador Martinho Lutero.
Martinho Lutero (1483-1546), desenvolveu um estilo de pregação mensageira
que priorizava o conteúdo, a simplicidade e a aplicação diária da Bíblia. Sua
teologia da pregação descrevia a Palavra de Deus em três formas: a Palavra
encarnada (Jesus), a Palavra escrita (a Bíblia) e a palavra proclamada (a
pregação).
No tempo de Cristo, a adoração da sinagoga judaica incluía leituras da Lei,
seguidas pelos profetas por meio de comentário na forma de uma pregação de
ensino. Entretanto, no primeiro sermão de Jesus no contexto de ensino da
sinagoga (Le 4.14-21), ele, dramaticamente, apareceu como um pregador
mensageiro, anunciando boas novas em si mesmo — "Hoje se cumpriu a
Escritura que vocês acabaram de ouvir" (Lc 4.21). Tal pregação mensageira
forte e preposicional encontra- se no coração do ministério de Jesus,
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proclamando o reino de Deus (Mc 1.14; Lc 4.43) e incumbindo discípulos (Mt
28.20; Lc 9.2; 10.9).
Nós também vemos Jesus como um pregador narrativo. Suas parábolas
continuam sendo exemplos clássicos desse ensino (Mt 18.23) e revelam o
poder da comunicação por meio da narração de histórias.
O século XIX foi uma época de ouro para a pregação mensageira. A maioria
das denominações afirmava possuir "pregadores estrelas", como Charles
Simeón (1759-1836), anglicano, C. H. Spurgeon (1834-1892), batista e
Catherine Booth (1829-1890), do exército da Salvação. Charles Finney (1792-
1875) e Dwight Moody (1837-1898) usaram técnicas de evangelismo de
massa.
3. PREGADORES INDUTIVOS
Pregadores indutivos têm uma convicção distintiva de que as necessidades dos
ouvintes são mais importantes e que a pregação precisa ser relevante para
eles.
Em contraste marcante com a pregação dedutiva dos mestres e mensageiros,
esse estilo tem uma dinâmica indutiva que parte de onde as pessoas estão e
volta às Escrituras achar o texto apropriado.
Tal pregação indutiva pode ser evangelística (como acontece com a orientação
de "necessidades sentidas" ou com a pregação sensível aos que buscam),
apologética (defendendo o cristianismo contra doutrinas falsas), pastoral
(suprindo as necessidades da congregaçãoou sociedade), ou política
(chamando a atenção para temas atuais).
4. PREGADORES NARRATIVOS
Pregadores narrativos têm uma convicção distintiva de que os sermões devem
ter um formato de história que cativa os leitores em uma experiência da
verdade de Deus.
Embora a maioria dos pregadores use histórias, esse tipo de pregação presta
atenção particular no padrão em que ouvintes ouvem e planeja sermões
apropriados.
Com suas raízes na narrativa das Escrituras e, especialmente, nas parábolas
de Jesus, ela recentemente ganhou popularidade. Exemplo notável de
pregador narrativo é Max Lucado.
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XV. AS TRÊS AXIOMAS DO PREGADOR
Todo pregador precisa ter em mente três grandes axiomas:
1. Nunca ouse ficar em frente de um grupo de pessoas com uma
Bíblia na mão sem esperar mudanças.
Nós precisamos ter uma confiança divina — confiança em Deus e em sua
Palavra, confiança de que Deus mudará a vida das pessoas sempre que
falarmos com base no seu livro.
2. Lembre-se que o objetivo de todo ministério é a transformação.
O objetivo do ministério não é para que as pessoas gostem de você, nem para
que o aceitem. O objetivo final de Deus é mudar a vida das pessoas.
3. No final das contas, a eficácia de nossa pregação jorra da
santidade de nossa vida pessoal.
Em 2Coríntios 2.17, Paulo diz: "Ao contrário de muitos, não negociamos a
palavra de Deus visando lucro". Não nos tornarmos tão preocupados com a
"comunicação" a ponto de o conteúdo puro ficar diluído.
Paulo continua a dizer: "antes, em Cristo falamos diante de Deus com
sinceridade". Isso nos diz para sermos genuínos em nossa comunicação,
mantendo nossa integridade.
Não seja um orador que se torna ator, que se torna tão escravizado pela
necessidade de dizer algo de tal modo que as pessoas o ovacionem em pé.
Não esteja excessivamente preocupado em transformar uma frase de um modo
que ganhe os sorrisos e a aprovação das pessoas.
Nós precisamos lembrar que estamos lidando com questões eternas, com a
verdade, com coisas que exigem transparência e integridade completas.
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XVI. O PREGADOR E O DECORO NO PÚLPITO
Ao ocupar o púlpito, conscientize-se o obreiro de que está num lugar santo;
que dali ele vai orientar a adoração e ministrar a santa Palavra de Deus; que
todos estão com a atenção voltada para ele. Por conseguinte, deve portar-se
com dignidade e reverência, para que receba de Deus as bênçãos, e contribua
para que outros sejam abençoados, e também seja exemplo a todos.
1. APRESENTAÇÃO PESSOAL
O pregador deve apresentar-se bem vestido (sem exagerada preocupação com
a indumentária), barbeado, cabelos feitos, sapatos limpos.
2. AO ASSENTAR-SE
Quando assentar-se atrás do púlpito, sempre após rápida oração individual ou
pessoal, seja discreto, a fim de dar exemplo a fiéis e infiéis.
3. COM RELAÇÃO AOS COMPANHEIROS
Havendo no púlpito companheiros ou visitantes, deve o pregador evitar distraí-
los, conversando ou dando atenção demasiada à conversa deles, pois além de
parecer mal, tal procedimento prejudica grandemente os trabalhos e tira a
autoridade do obreiro para advertir aos infratores da ordem.
4. EVITE:
• assentar-se de maneira deselegante: pernas abertas, braços estendidos para
os lados, curvado, pernas cruzadas com joelhos elevados;
• mexer-se ou coçar-se em demasia, como se estivesse em lugar privativo;
• pregar com as mãos nos bolsos, mesmo que seja uma só, bem como ficar
trocando de mão e de bolso, como se estivesse procurando alguma coisa;
• ajeitando as calças, como se estivessem caindo;
• com a mão no microfone, estando este no pedestal;
• gesticulando só com a mão esquerda;
• com a gravata ou colarinho em desarranjo;
• gesticulando só com a mão esquerda;
• com a gravata ou colarinho em desarranjo:
• com o olhar voltado para o teto, para a Bíblia ou qualquer outro lugar que não
o auditório;
• tamborilando com os dedos;
• alheio ou distraído com relação ao que se passa ao redor;
• soltando piadas ou gracejos de mau gosto;
• mexer com o lenço demoradamente;
• abotoar e desabotoar o paletó inconscientemente;
• olhar para o relógio ou fazer outras coisas inconvenientes que diminuam a
eficácia dos trabalhos, especialmente do sermão;
• assoar o nariz indiscretamente;
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• ficar com as mãos cruzadas às costas ou ao peito durante o tempo da
pregação;
• distração, mesmo por um momento durante o culto.
FATORES DE PERSONALIDADE DO PREGADOR
1. Perfeição Espiritual
O pregador tem que ser uma pessoa de fé.
2. Perfil Moral
O pregador deve ser um exemplo de nova vida. A sua vida fala mais alto do
que as suas palavras.
3. Perfil Intelectual
A pessoa que abraça a carreira de pregador deve estar bem consciente de que
escolheu uma função intelectual. Ele irá trabalhar mais com o cérebro do que
com as mãos.
4. Perfil Psicológico
O pregador tem que ser uma pessoa equilibrada mental e emocionalmente.
5. Perfil Físico
A expressão física do pregador ajuda muito na entrega do sermão.
6. Perfil Sonoro
A voz é essencial para o sucesso do pregador. Portanto pronuncie
corretamente as palavras, com firmeza e clareza.
O PREGADOR DIANTE DO AUDITÓRIO
a) Suba à plataforma bem preparado, mas dependente do Espírito Santo.
b) Comece com calma.
c) Prossiga de modo modesto.
d) Não trema.
e) Fale com clareza, sem declamar.
f) Empregue frases curtas e bem claras.
g) Evite monotonia.
h) Seja sempre senhor da situação.
i) Não empregue sarcasmos, expressões maliciosas, nem provoque risos, pois
o pregador é representante de Deus e não de um circo.
j) Não ataque hostilmente.
k) Ande na plataforma com a devida dignidade.
l) Não ilustre com narrações longas.
m) Não se elogie a si mesmo.
n) Não se afaste do texto ou do tema.
o) Não canse os ouvintes com discursos extensos.
p) Procure suscitar interesse.
q) Fale com autoridade, mas não em tom de mando.
r) Fixe o olhar nos ouvintes.
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s) Não crave os olhos nem no chão, nem no teto, nem tampouco em algum
ouvinte particular.
t) Quando for citar um texto bíblico, cite primeiro o livro, depois o capítulo e por
último verso.
u) Exalte a Cristo.
“As pessoas não vêm à igreja para ouvir um sermão. Vêm à igreja esperando
que o sermão chegue ao coração, satisfaça as suas necessidades e modifique
a sua vida. As pessoas querem ser mudadas. Estão cansadas, tão cansadas
da vida de fracassos que vivem. Não querem somente pregação, mas ajuda e
se alguém pode dar-lhes esta ajuda o povo vem”.
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XVII. O AUDITÓRIO E SEUS COMPONENTES
1. OS ELEMENTOS BÁSICOS
Não tão-somente o sermão precisa ter seus elementos funcionais, para facilitar
a transmissão verbal do pregador, mas também se torna necessário que o
próprio auditório, seus utensílios e comportamento ético das massas condigam
com as exigências cabíveis ao procedimento.
Isso significa que o local (seja templo, estádio, ginásio, salão, praça, etc.),
sistema de som, púlpito e o povo, onde e a quem se vai ministrar, estejam
preparados para tal evento.
São vários os locais onde o pregador é convidado para transmitir a mensagem
divina; entretanto, é no templo onde ele já pregou e irá pregar a maior parte de
sua vida. Portanto, o auditório físico, onde ele vai pregar, tem muito que haver
com seu sermão.
2. O AUDITÓRIO
De acordo com o testemunho dos evangelhos, Jesus sempre pregava ao ar
livre; mas a maior parte de sua vida também foi encontrada nas sinagogas e no
Templo, pregando e ensinando a; Palavra de Deus. Não nos esqueçamos que
o último sermão pregado por nosso Senhor, em seu ministério terreno, foi
"...num grande cenáculo mobilado e preparado" (Mc 14.15).
Em nossos dias, alguns obreiros (não são todos), não se preocupam como
modelo, estética e estrutura do templo. "Tendo as quatro paredes", dizem
alguns, "já está muito bom!". Com efeito, a vontade de Deus é que façamos
sempre um santuário modelo e, nalgumas vezes, este modelo é mostrado pelo
próprio Deus (Êx 25.40; 40.16, 19.33; 1 Cr 28.10-12,19). Após sua
consagração e dedicação para o serviço divino, o templo é concebido como
sendo a "casa de Deus" e a "porta dos céus" (Gn 28.17). Não nos referimos
aqui apenas a templos suntuosos. Não! Pois o templo deve ser construído de
acordo com as circunstâncias regionais e possibilidades da Igreja. Entretanto,
grande ou pequeno, seja como for, deve ser edificado com zelo e capricho. Um
bom templo também inspira o pregador a entregar uma boa mensagem.
3. O PÚLPITO
Por incrível que pareça, era esse aparte do auditório que mais intrigava
Spurgeon. E, com efeito, ele tinha razão. O púlpito (tomamos aqui o móvel
central para representar a base e a extensão de toda tribuna) é, sem dúvida, o
lugar central do auditório.
Dependendo do local da concentração, ele deve ser chamado, conforme a
definição correta de:
• Púlpito (na igreja)
• Tribuna (numa concentração de médio porte)
• Plataforma (numa concentração de grande porte)
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• Escabelo (numa pequena reunião ao ar livre). Entretanto, o sentido
coloquial, conforme o pensamento geral da Bíblia, é púlpito. Em Neemias 8.4
diz que Esdras, o escriba, estava sobre "...um púlpito de madeira".
•
a) O formato do púlpito
O formato do púlpito, quando bem delineado, traz uma certa vantagem para o
pregador. Spurgeon faz referência a determinados púlpitos em que pregou, e
passou por maus momentos. Ele os descreve assim: "Notáveis são as formas
que os púlpitos têm assumido de acordo com os caprichos da fantasia e da
tolice humanas. Há anos alcançaram provavelmente a sua pior forma. Quais
poderiam ter sido o seu propósito e a sua finalidade, seria difícil conjecturar.
Um alto púlpito de madeira, no velho estilo, podia bem lembrar ao ministro a
sua moralidade, pois não passa de um caixão posto em pé. Muitas dessas
construções assemelham-se a barris; outras são de forma de taças, para os
copos. Uma terceira categoria evidentemente seguia o modelo de um paiol
sobre quatro pernas. Uma quarta variedade pode comparar-se a ninhos de
andorinha cravados na parede... Alguns deles são tão altos que fazem rodar
as cabeças dos ocupantes, quando estes se atrevem a olhar para as temíveis
profundidades abaixo deles, e dão torcicolo naqueles que olham durante
qualquer espaço de tempo para o pregador lá no alto..."
Numa secção declara Spurgeon: "Geralmente são altos estes púlpitos que
uma pessoa de. baixa estatura como eu (Spurgeon era de pequena estatura),
mal pode ver por cima deles... e são estas pequenas coisas que fazem a
nossa mente saltar da engrenagem, embaralham os nossos pensamentos e
perturbam o nosso espírito..."
b) O púlpito e sua estética
Segundo minha visualização neste sentido, o obreiro, ao construir um templo,
deve, com muito cuidado, zelar por esta parte do santuário. No Antigo
Testamento, Deus falava com Moisés "...de cima do propiciatório, do meio dos
dois querubins..." (Êx 25.22). O propiciatório (a cobertura da Arca) era uma
espécie de púlpito d'onde Deus falava a Moisés. Dali, Moisés saía com a
mensagem para o povo. Nos nossos dias, o púlpito é o lugar onde Deus
sempre fala ao seu povo; por isso, o mesmo deve ser bem planejado, ter
estética e ser confortável.
O móvel central deve ser bem delineado. Em algumas igrejas, ele é acabado
em cima em sentido horizontal e, na parte inferior, colocado um suporte, para
dar sustentação a Bíblia. A meu ver, este modelo de púlpito é o mais bem
pensado; pois, muitas vezes, o pregador se preocupa bastante em ver sua
Bíblia deslizando em direção ao solo; entretanto, se o púlpito tem este formato
descrito acima, não é necessária tal preocupação; e, além disso, há também
lugar confortável para se colocar o esboço ou mesmo um sermonário.
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4. O SOM
Sempre costumo dizer: "a fé vem pelo ouvir" e o ouvir através de um bom
som!". Muitos obreiros não têm se preocupado com esta parte em suas igrejas;
entretanto, ela é bastante necessária.
No que tange ao fraco ou forte, deve haver também boa regulamentação, a fim
de que o mesmo não se torne indesejável, a ponto de gerar doenças e mal-
estar nos ouvintes.
a) O microfone
O microfone é um pequeno instrumento sensível dentro do sistema eletrônico,
que capta os sons a serem enviados aos ouvintes. Ele converte a energia
mecânica do som - as ondas originárias do som e outros barulhos - em energia
eléctrica. Fundamentalmente, o microfone é constituído de duas partes: o
diafragma e o sistema de conversão. A missão principal do microfone é
aumentar a intensidade.
b) A distância entre o pregador e o microfone
Outro fator importante para o pregador e sua postura ética é manter a
distância apropriada entre si e o microfone.
Dependendo da capacidade dos dois, na introdução deve ser mantida a
distância entre 10 e 15 centímetros e no calor da eloquência, entre 20 e 50
centímetros. As curtas distâncias dão ao pregador um certo sentimento de
intimidade e tornam-se mais clara e distinta a sua voz. Contudo, deve haver
cuidado em não se aproximar demasiado, pois, do contrário, o som dos lábios
e a respiração podem perturbar.
c) A altura do microfone
Ao acertar a altura do microfone, procure não deixá-lo na frente do rosto, para
não dificultar o auditório a ver o seu semblante. Deixe-o ao nível do queixo na
introdução e a um ou dois centímetros abaixo do mesmo na dissertação.
Se for preciso segurar o microfone com a mão para se movimentar no púlpito, o
cuidado com o jato de voz deverá ser o mesmo; nesse caso não movimente a
mão que segura o microfone e deixe-o sempre à mesma distância.
5. A MASSA HUMANA
Outro elemento fundamental no auditório é o comportamento do povo em
geral. A parte ética ou moral diz respeito à ordem e maneira de estar, postura,
prática e obediência em todos os trabalhos que são realizados pela Igreja -
dentro ou fora de suas portas.
É bom lembrar que uma das coisas que mais impressionou a rainha Makeda
de Akssun (conhecida na Bíblia como a rainha de Sabá), quando visitou
Salomão, foi a maneira de estar ou a ética disciplinar dos servos do rei. Eis o
que diz a narrativa: "Vendo, pois, a rainha de Sabá toda a sabedoria de
Salomão, e a casa que edificara, e a comida da sua casa, e o assentar de seus
servos, e o estar de seus criados e os vestidos deles, e os seus copeiros, e a
subida, pela qual subia à casa do Senhor, não houve mais espírito nela" (1 Rs
10.4,5).
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6. LEVANTAR-SE DURANTE O CULTO
Outra coisa deselegante, e que demonstra grande falta de disciplina, é alguém
se levantar durante a mensagem. Pessoas há que se levantam mais de duas
vezes durante a pregação. Isso não somente chama a atenção de muitos, que
voltam os seus olhares, como também desnorteia o pregador e pode até tirar-
lhe a linha de raciocínio. Portanto, o cristão ou mesmo o ouvinte comum, no
auditório onde irá se processar a pregação, deve manter um espírito de
adoração, ético e reverente. Isso não só impressiona e comove o visitante,
mas é também agradável a Deus.
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XVIII. PENSAMENTOS QUE NÃO PODEM SER
ESQUECIDOS PELOS PREGADORES
“Nenhum pastor pode desafiar efetivamente as pessoas ou conduzir pessoas
para Deus sem o poder da oração” (Jay Kesler).
***
Os grandes pregadores são bons comunicadores, mas nem todos os bons
comunicadores são necessariamente grandes pregadores. E a diferença é a
autoridade (Crawford Loritts).
***
“O principal chamado do pastor como líder e alimentador não é apenas liderar
a igreja como um corpo, mas liderar cada indivíduo como uma ovelha. Há
ovelhasque às vezes precisam ser carregadas nos braços (Jack Hayford)”.
*****
“Viva em tal união com Jesus Cristo que seu poder e sua força fluam pela sua
pregação (Bill Hybels)”.
***
“Nossa pregação deve ser fundamentada na Bíblia, ser energizada pelo
Espírito Santo (Robertson McQuilkin)”.
***
“Seja qual for a estrutura ou a abordagem homilética toda palavra que eu disser
do púlpito precisa estar sob a autoridade funcional das Escrituras. Ela precisa
ser fiel ao significado das Escrituras, fiel às ênfases das Escrituras, fiel ao
propósito das Escrituras (Robertson McQuilkin)”.
***
“Entre as inúmeras atividades de um pastor, a preparação de um sermão é
classificada como aquela que ocupa mais tempo. Levantamentos indicam uma
media de dez a quinze horas por semana, e essa média não inclui as horas de
preparação informal que ocorrem por meio de leitura auxiliar, da observação da
cultura e da interação com membros da congregação” (Robertson McQuilkin).
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“A obra da salvação começa quando a Palavra é pregada, e a obra da salvação
continua à medida que a Palavra é pregada” (Robertson McQuilkin).
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“Um único meio e uma forma de cura nos foi dada [...] e esse meio é ensinar a
Palavra. Esse é o melhor instrumento, essa é a melhor dieta e é o melhor
clima; isso serve no lugar da medicina, isso serve no lugar da cauterização e
incisão; onde quer que seja necessário cauterizar e amputar, esse método
precisa ser usado; e, sem ele, nada servirá” (Crisóstomo).
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“Depois de descobrir o pensamento do autor em seu contexto, os pregadores
precisam discernir o que o Espírito Santo quer que eles digam a homens e
mulheres na presente geração a que eles pertencem” (Haddon Robinson).
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“Sermões bíblicos fortes precisam ser "bifocais". Eles refletem tanto a ideia e o
desenvolvimento do texto como também refletem as preocupações e questões
do ouvinte. É apenas por meio de pregação relevante e bíblica que homens e
mulheres podem vir a entender e experimentar o que o Deus Eterno tem a
dizer para eles hoje (Haddon Robinson).
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CONCLUSÃO
Ciro Sanches Zibordi, em sua obra Mais erros que os Pregadores devem evitar,
editado pela CPAD, declarou:
“Existem quatro coisas imprescindíveis a todo pregador, nesta ordem:
fidelidade a Deus, que nos dá a mensagem (Jo 7.16; 1 Co 11.23);
interpretação correta das Escrituras (2 Tm 2.15), levando-se em conta
os princípios da Hermenêutica; exposição bíblica de acordo com a
Homilética (Is 50.4); e comportamento ético diante dos ouvintes (At
2.22a; 7.2a).
Todo pregador deve saber que há dois lados na exposição da Palavra
de Deus: o divino e o humano (1 Co 11.23; 2 Tm 2.15). Uma parte
não substitui a outra — ambas são necessárias —, mas a divina é a
mais importante (1 Co 2.1-5). Em Isaías 50.4, vemos esses dois
aspectos. A Homilética é uma ciência que ajuda os pregadores a
conhecerem as regras essenciais à exposição da Palavra do Senhor,
principalmente no lado humano”.
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Bibliografia
* Apontamentos de A arte de falar em público, Por Jones Ross
* Apontamentos de Crawford Loritts
* Apontamentos de Jay E. Adams
* Apontamentos do curso de homilética, Jornal Mensageiro da Paz de fevereiro
de 2017 – CPAD
* BRAGA. J, Como preparar Mensagens Bíblicas, Ed. Vida, 1994
* CHAGAS, José Roberto de Oliveira Noções de Homilética - Análise Crítica,
Histórica e Teológica da Pregação Cristã (Série CRESCER: Programa de
Capacitação Bíblica-Teológica-Prática - Vol. 7).
* CHAMPLIN R.N. O, Ph. D. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 11ª
EDIÇÃO DE 2013 – Editora Hagnos
* DANTAS, Anísio Batista. Como Preparar Sermões. 1995 - CPAD
* MORAIS, Jailton Homilética da Pesquisa ao Púlpito. Editora Vida
* REIFLER, Hans Ulrich. Pregação ao Alcance de Todos. Editora Vida Nova
* Revista Pregador Cristão – Edição 1, PCA – Edições
* SILVA, Severino Pedro da. Homilética: o pregador e o sermão. 1ª Ed. - Rio de
Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias. 1992
* SOUSA, Severino dos Ramos de Homilética, A eloquência do pregador. 1ª
EDIÇÃO E 1999 – AD. Santos
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