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Todavia, a urbaniza- ção ainda era um fenô- meno circunscrito a es- ses países precursores do processo de indus- trialização, e até o final do século XX o mundo era predominantemente rural. Observe o gráfico da lado. Historicamente, a urbanização foi condi- cionada por dois fatores: os atrativos, que es- timulam as pessoas a migrar para as cidades, e os repulsivos, que as impulsionam a sair do campo. Os fatores atra- tivos estão associados às transformações pro- vocadas na cidade pela industrialização, sobre- tudo geração de empre- gos tanto no setor indus- trial quanto no de comércio e serviços, o que não necessariamente se reflete em melhoria da qualidade de vida. O crescimento desenfreado de cidades nem sempre foi acompanhado de crescimento de infraestrutura, e a maior parte dos trabalhadores que iam para a cidade em busca de emprego ganhava muito pouco e morava em cortiços. Além disso, eram frequentes doenças e epide- mias, pela falta de saneamento básico e de higiene. Só com o passar do tempo e com a luta por direitos trabalhistas, sobretudo no século XX, a elevação da renda dos trabalhadores e os investimentos governamentais em infraestrutu- ra urbana melhoraram as condições de vida nas cidades de muitos países da Europa, da América do Norte e da Ásia. Os fatores repulsivos são típicos de alguns países em desenvolvimento, principalmente nos menos desenvolvidos. Estão associados às más condi- ções de vida na zona rural, por causa da estrutura fundiária bastante con- centrada, dos baixos salários, da falta de apoio aos pequenos agricultores, do arcaísmo das técnicas de cultivo e da falta de infraestrutura que torna a agricultura mais suscetível às intempéries; embora, em regiões que se mo- dernizaram, o processo de mecanização das atividades agrícolas também contribua para a migração rural-urbana. O resultado é o êxodo rural, que, nas grandes metrópoles, provoca o agravamento dos problemas urbanos em ra- zão do aumento abrupto da população. Cortiço: não há uma conceituação oficial para cortiço, que pode ser informalmente definido como moradia que, embora regular, está localizada em zonas degradadas das cidades, na qual os membros de duas ou mais famílias pobres dividem os espaços coletivos da residência, como cozinha, banheiro e tanque de lavar roupa. A infraestrutura quase sempre é precária e há uma superlotação dos cômodos, com condições de higiene inadequadas. Estrutura fundiária: número, tamanho e distribuição dos imóveis rurais. Mundo: evolução da população urbana e rural — 1950-2050 0 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 P op u la •‹ o (b ilh ›e s) 1,0 3,0 2,0 Urbano 4,0 6,0 5,0 7,0 Rural NÃO ESCREVA NO LIVRO Fonte: elaborado com base em UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs. Population Division. World Urbanization Prospects 2018. Highlights. New York, 2019. p. 5. • Analise o gráfico e responda: a) A partir de quando o mundo se tornou predominantemente urbano? Qual é a projeção para o futuro? b) Como se dá o processo de urbanização no município onde você mora? A cidade está crescendo ou não? Veja as respostas no Manual do Professor. Interpretar F ó rm u la P ro d u ç õ e s /A rq u iv o d a e d it o ra 101 V6_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap3_094a121.indd 101V6_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap3_094a121.indd 101 24/09/2020 10:5824/09/2020 10:58 Após a Segunda Guerra, a urbanização se acelerou em muitos países em desenvolvimento que ainda eram agrícolas, mas estavam em proces- so de industrialização, principalmente na América Latina. Em contrapar- tida, a Ásia e sobretudo a África, apesar da aceleração recente, ainda são continentes pouco urbanizados. Ou seja, suas maiores cidades ainda vão crescer muito, com todas as vantagens e todos os problemas decorrentes disso. O continente africano em especial é um caso que tem chamado a atenção. Após um passado de colonização e de exploração humana e de re- cursos naturais por potências imperialistas europeias, que não investiram em desenvolvimento urbano nem de instituições, o continente africano tem protagonizado, desde os anos 2000, altos índices de crescimento econô- mico e de urbanização. Isso porque a China vem investindo muito dinheiro em projetos, sobretudo de infraestrutura e telecomunicações, em vários países africanos, em especial da África subsaariana, que, historicamente, sempre apresentou os menores índices de desenvolvimento. Alguns críti- cos alegam que se trata de um neocolonialismo, outros afirmam que se trata de uma relação de soft power (poder brando) na qual a China busca estabelecer uma área de influência em um grande continente, geralmente negligenciado por outras potências e que, ao mesmo tempo, representa um potencial mercado consumidor para produtos chineses. Taxa de urbanização por regiões (porcentagem da população total) Regiões 1950 2018 América do Norte 63,9 82,2 América Latina e Caribe 41,3 80,7 Europa 51,7 74,5 Oceania 62,5 68,2 Ásia 17,5 49,9 África 14,3 42,5 Mundo 29,6 55,3 Fonte: UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs. Population Division. World Urbanization Prospects 2018. Highlights. New York, 2019. p. 6. Embora as áreas urbanizadas concentrem percentual cada vez maior da população mundial, a proporção de pessoas que vivem nas grandes aglome- rações urbanas continua pequena. Como mostra o gráfico na página a seguir, embora as aglomerações de mais de 10 milhões de habitantes, designadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) de megacidades, venham cres- cendo, metade dos moradores urbanos ainda se concentra em pequenas e médias cidades, situadas na faixa de menos de 500 mil habitantes. Em 2018, segundo a Divisão de População da ONU, a população urbana correspondia a 55% do total mundial, e estima-se que chegue a 68% em 2050. A tendência no futuro é que cada vez mais pessoas se concentrem nas maiores cidades – acima de 500 mil habitantes. ABC do desenvolvimento urbano. Marcelo Lopes de Souza. Bertrand Brasil, 2003. Livro de divulgação científica voltado às pessoas leigas com o intuito de qualificá-las para o debate sobre a cidade e os problemas urbanos. Saber R e p ro d u ç ã o /E d it o ra B e rt ra n d B ra s il O menino que descobriu o vento. Chiwetel Ejiofor. Reino Unido, Malauí, 2019. (1 h 53 min) O filme conta a história real de William Kamkwamba, um garoto que, inspirado num livro de ciências, desenvolveu um moinho de vento elétrico e salvou a vila em que morava, no Malauí, da fome devastadora provocada pela seca. O filme mostra o êxodo que acontecia na vila em decorrência da falta de infraestrutura para lidar com as intempéries. R e p ro d u ç ã o /N e tf lix 102 V6_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap3_094a121.indd 102V6_CIE_HUM_Claudio_g21Sa_Cap3_094a121.indd 102 24/09/2020 10:5824/09/2020 10:58