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CONTRATOS 
ADMINISTRATIVOS
Lei 14.133/21
SUMÁRIO
1. Contratos Administrativos e Contratos da Administração	4
2. Conceito	5
3. Competência Legislativa e Lei 14.133/2021	6
4. Características dos contratos administrativos	7
4.1. Formalismo	8
5. Garantia	10
6. Cláusulas exorbitantes	13
6.1. Alteração unilateral do contrato	14
6.2. Rescisão unilateral do contrato	16
6.3. Fiscalização da execução do contrato	17
6.4. Ocupação temporária de bens	18
6.5. Aplicação de penalidades	18
7. Equilíbrio econômico-financeiro	22
7.1. Teoria da imprevisão	23
7.2. Alocação de riscos	24
8. Subcontratação nos contratos da administração	26
9. Duração dos contratos	27
9.1. Prorrogação do contrato	29
10. Responsabilidades decorrentes do contrato	29
11. Extinção do contrato administrativo	35
11.1. Solução alternativa de controvérsias	36
12. Portal Nacional de Contratações Públicas	37
13. Contratos administrativos em espécie	38
13.1. Contratos de execução de obra	38
13.2. Contratação integrada e semi-integrada	39
13.3. Contratação de prestação de serviços	40
13.4. Contrato de fornecimento de bens	40
13.5. Contrato de concessão de serviços públicos	40
13.6. Permissão de serviços públicos	41
13.7. Contrato de concessão de uso de bens públicos	42
13.8. Contrato de eficiência	42
13.9. Contrato de gestão	43
13.10. Convênios	43
13.11. Consórcios Públicos	43
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	43
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	44
ATUALIZADO EM 12/09/2022[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS[footnoteRef:2] [2: Por Marcela Albuquerque.] 
1. Contratos Administrativos e Contratos da Administração 
Antes de iniciarmos o estudo sobre a normativa dos contratos administrativos, é preciso salientar a existência de três correntes doutrinárias a respeito da existência e definição dos contratos administrativos. 
	1ª Corrente: Nega a existência de contratos administrativos
	Defendida por Oswaldo Aranha Bandeira de Melo, aduz que os contratos administrativos violariam a autonomia da vontade e o pacta sunt servanda, ante a possibilidade de alteração e rescisão unilateral dos contratos.
	
2ª Corrente: Todos os contratos celebrados pela Administração são contratos administrativos
	Em qualquer contrato celebrado pelo Estado estarão presentes as regras e princípios decorrentes da supremacia do interesse público.
	
3ª Corrente: O contrato administrativo é uma das espécies de contratos celebrados pela Administração
	É a posição majoritária na doutrina. Os contratos administrativos seriam aqueles celebrados pela Administração Pública sob o regime de direito público.
Assim, considerando a terceira corrente, majoritária na doutrina, é preciso distinguir os contratos administrativos dos contratos da administração.
· Contratos da Administração são todos aqueles firmados pela Administração Pública, incluindo os regidos pelo direito privado. Contrato da Administração é gênero, do qual contratos administrativos são espécie.
· Contratos administrativos são os ajustes estabelecidos entre a Administração Pública, agindo nessa qualidade, e terceiros, ou somente entre entidades administrativas, submetido ao regime jurídico-administrativo para a consecução de objetivos de interesse público.
Mesmo nos contratos administrativos, é possível a aplicação subsidiária do direito privado, especialmente na parte da teoria geral dos contratos.
Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, e a eles serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado.
Todavia, no âmbito dos contratos da administração regidos pelo direito privado, o direito civil que irá regular inteiramente o ajuste, de modo que o ente estatal atuará sem as prerrogativas de Estado. 
#SELIGA: Os contratos da administração, estejam regidos pelo Direito Público ou Privado, estão submetidos a:
· Celebração por prazo determinado
· Observância das regras de licitação
· Controle orçamentário e financeiro pelo Tribunal de Contas
· Finalidade de atingir o interesse público
Passaremos ao estudo específico a respeito dos contratos administrativos, nos termos da Lei 14.133/2021. 
2. Conceito
Celso Antônio Bandeira de Mello conceitua contrato administrativo como “um tipo de avença travada entre a Administração e terceiros na qual, por força de lei, de cláusulas pactuadas ou do tipo de objeto, a permanência do vínculo e as condições preestabelecidas sujeitam-se a cambiáveis imposições de interesse público, ressalvados os interesses patrimoniais do contratado privado”.
Já segundo Hely Lopes Meirelles, contrato administrativo “é o ajuste que a Administração Pública, agindo nessa qualidade, firma com particulares ou outra entidade administrativa para a consecução de objetivos de interesse público, nas condições estabelecidas pela própria Administração”.
Para Matheus Carvalho, “os contratos administrativos são as manifestações de vontade entre duas ou mais pessoas visando à celebração de negócio jurídico, havendo a participação do Poder Público, atuando com todas as prerrogativas decorrentes da supremacia do interesse público, visando sempre à persecução de um fim coletivo. Este contrato é regido pelo direito público, sendo inerentes a ele todas as prerrogativas e limitações de Estado”. 
#OLHAOGANCHO: Os contratos administrativos são espécies de atos administrativos?
Celso Antônio Bandeira de Mello, para definição de atos administrativos, estabelece que estes podem ser analisados em sentido restrito ou em sentido amplo.
Em sentido restrito, o ato administrativo seria toda declaração unilateral de vontade de poder público, no exercício das atividades administrativas. Esse conceito exclui da definição de atos administrativos os contratos e convênio firmados pelo poder público, em razão da sua bilateralidade.
Em sentido amplo, por sua vez, a definição de ato administrativo incluiria os atos bilaterais.
A principal característica dos contratos administrativo é a possibilidade de haver tratamento desigual entre a Administração (que atua com prerrogativas públicas) e o contratado. Há uma verticalidade na relação entre o ente público e o particular contratado. Maria Sylvia Zanella Di Pietro assim dispõe: “no contrato administrativo, a Administração age como poder público, com poder de império na relação jurídica contratual, não agindo nessa qualidade, o contrato será de direto privado”[footnoteRef:3]. Desse tratamento desigual existente decorrem as denominadas cláusulas exorbitantes, ou seja, garantias/prerrogativas conferidas ao ente público. Ressalta-se que nos contratos da administração regidos pelo direito privados não haverá a incidência, em regra, das cláusulas exorbitantes, salvo previsão expressa no instrumento do acordo. [3: PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. São Paulo, 2008.] 
3. Competência Legislativa e Lei 14.133/2021
Vale mencionar que é da União a competência privativa para criar normas gerais sobre licitação e contratos administrativos, nos termos do art. 22, inciso XXVII, da CF.
 Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nostermos do art. 173, § 1°, III;         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Portanto, a União irá estabelecer as regras gerais, enquanto que estados e municípios poderão editar normas suplementares. 
No exercício da competência constitucional, a União editou a Lei 14.133/2021 dispondo acerca das licitações e contratos administrativos, visando substituir a legislação anterior, qual seja, a Lei 8.666/93. 
A nova lei de licitações (Lei 14.133/2021) determina que o procedimento anterior da Lei 8.666/93 poderá ser utilizado pelos entes públicos durante o período de dois anos (até abril de 2023).
Assim, durante esse período de transição de 2 anos, a Administração Pública poderá optar por contratar de acordo com a lei 14.133/2021 ou de acordo com a lei 8.666/93, e a opção escolhida deverá vir de forma expressa no edital ou no aviso ou instrumento de contratação direta, vedada a aplicação combinada dos dispositivos legais. 
Importante ressaltar que a Lei 14.133/2021 revogou imediatamente apenas as disposições criminais existentes na Lei 8.666/93. Em seu lugar, inseriu os artigos 337-E a 337-P no Código Penal, tipificando os crimes em licitações e contratos administrativos. 
4. Características dos contratos administrativos
a) Comutativo: Já que gera direitos e deveres previamente estabelecidos para ambas as partes, não havendo a submissão a álea por parte dos contratantes. Não há contratos sujeitos a risco no Direito Administrativo.
b) Consensual: o simples consenso entre as partes formaliza o contrato. Não é necessário a transferência do bem para ele se tornar perfeito. Nestes casos, a transferência do bem é simples consequência do contrato. No Direito Administrativo, o consenso da Administração depende da celebração do contrato.
c) De Adesão: já que não admitem rediscussão de cláusulas contratuais, já que são impostas pelo poder público ao particular. 
d) Oneroso: via de regra, não são admitidos contratos gratuitos firmados com o poder público, devendo o particular ser remunerado pela execução da atividade ou entrega do bem.
f) Sinalagmático: as obrigações das partes são recíprocas, ou seja, a execução da atividade de uma das partes enseja o adimplemento contratual da outra.
g) Personalíssimo: os contratos devem ser celebrados com o vencedor do procedimento licitatório, não podendo ser transferido a terceiro. O contrato tem natureza intuito personae. Apesar de tal característica, a lei admite a subcontratação, nos termos do art. 122, que será estudado mais adiante.
h) Formal: todo contrato administrativo tem uma forma definida na lei, indispensável à sua regularidade. 
4.1. Formalismo
O art. 92 da nova lei de licitações prevê a forma do contrato, indicando as cláusulas necessárias à validade do contrato administrativo. 
Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que estabeleçam:
I - o objeto e seus elementos característicos;
II - a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante vencedor ou ao ato que tiver autorizado a contratação direta e à respectiva proposta;
III - a legislação aplicável à execução do contrato, inclusive quanto aos casos omissos;
IV - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
V - o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e a periodicidade do reajustamento de preços e os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;
VI - os critérios e a periodicidade da medição, quando for o caso, e o prazo para liquidação e para pagamento;
VII - os prazos de início das etapas de execução, conclusão, entrega, observação e recebimento definitivo, quando for o caso;
VIII - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica;
IX - a matriz de risco, quando for o caso;
X - o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços, quando for o caso;
XI - o prazo para resposta ao pedido de restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro, quando for o caso;
XII - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas, inclusive as que forem oferecidas pelo contratado no caso de antecipação de valores a título de pagamento;
XIII - o prazo de garantia mínima do objeto, observados os prazos mínimos estabelecidos nesta Lei e nas normas técnicas aplicáveis, e as condições de manutenção e assistência técnica, quando for o caso;
XIV - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas e suas bases de cálculo;
XV - as condições de importação e a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso;
XVI - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições exigidas para a habilitação na licitação, ou para a qualificação, na contratação direta;
XVII - a obrigação de o contratado cumprir as exigências de reserva de cargos prevista em lei, bem como em outras normas específicas, para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social e para aprendiz;
XVIII - o modelo de gestão do contrato, observados os requisitos definidos em regulamento;
XIX - os casos de extinção.
Outras exigências para a validade e eficácia do contrato administrativo:
a) Realização de procedimento licitatório, excepcionando-se os casos de dispensa e inexigibilidade;
b) O contrato deve ser escrito, deve haver um termo que materializa sua celebração. Via de regra, NÃO é possível contrato verbal celebrado pela administração. 
#OBS: Excepcionalmente, admite-se contrato verbal nas compras e serviços que não ultrapasse R$ 10.000,00 (compra de pronta entrega e pronto pagamento):
Art. 95. O instrumento de contrato é obrigatório, salvo nas seguintes hipóteses, em que a Administração poderá substituí-lo por outro instrumento hábil, como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço:
§ 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de prestação de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de valor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
c) Divulgação ou Publicação do contrato, decorrente do princípio da publicidade:
Art. 94. A divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é condição indispensável para a eficácia do contrato e de seus aditamentos e deverá ocorrer nos seguintes prazos, contados da data de sua assinatura: 
I - 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação; 
II - 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta.
§ 2º A divulgação de que trata o caput deste artigo, quando referente à contratação de profissional do setor artístico por inexigibilidade, deverá identificar os custos do cachê do artista, dos músicos ou da banda, quando houver, do transporte, da hospedagem, da infraestrutura, da logística do evento e das demais despesas específicas.
§ 3º No caso de obras, a Administração divulgará em sítio eletrônico oficial, em até 25 (vinte e cinco) dias úteis após a assinatura do contrato, os quantitativos e os preços unitários e totais que contratar e, em até 45 (quarenta e cinco) dias úteis após a conclusão do contrato, os quantitativos executados e os preços praticados.
A divulgação deve abranger o inteiro teor do contrato, bem como todos os aditamentos que forem feitos posteriormente. Observa-se que a divulgação é requisito para a eficácia do contrato, ou seja, caso a administração pública deixe de publicar o contrato, ele será válido, mas não será eficaz. 
5. Garantia
É possível que o ente público exija do contratado particular a prestação de garantia, com o objetivo de assegurar a plena execução do contrato. Trata-se de exigência para garantir o ressarcimento de danos em caso de descumprimento contratual pelo particular. 
A garantia poderá ser prestada, a critério do particular contratado, por:
	Formas de prestação da garantia
	Dinheiro
	Títulos da dívida pública
	Fiança bancária
	Seguro garantia
O valorda garantia será estabelecido discricionariamente pelo poder público. Terá o limite de 5% do valor do contrato, em regra, e de até 10% do valor do contrato, nos casos que envolvam alta complexidade técnica ou riscos financeiros consideráveis.
	Limite da garantia contratual
	Regra: 5% do valor do contrato
	Exceção: 10% do valor do contrato, em casos que envolvam alta complexidade técnica ou riscos financeiros consideráveis
#OBS: Quando o contrato for de fornecimento contínuo, com vigência superior a 1 ano, será utilizado o valor anual do contrato para a definição e aplicação dos percentuais de garantia. 
Nas contratações de obras e serviços de engenharia de grande vulto, poderá ser exigida a prestação de garantia, na modalidade seguro-garantia, com cláusula de retomada prevista no art. 102 desta Lei, em percentual equivalente a até 30% do valor inicial do contrato (art. 99). Vale lembrar que são obras, serviços e fornecimentos de grande vulto aqueles cujo valor estimado supera R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais).
Art. 102. Na contratação de obras e serviços de engenharia, o edital poderá exigir a prestação da garantia na modalidade seguro-garantia e prever a obrigação de a seguradora, em caso de inadimplemento pelo contratado, assumir a execução e concluir o objeto do contrato, hipótese em que:
I - a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive os aditivos, como interveniente anuente e poderá:
a) ter livre acesso às instalações em que for executado o contrato principal;
b) acompanhar a execução do contrato principal;
c) ter acesso a auditoria técnica e contábil;
d) requerer esclarecimentos ao responsável técnico pela obra ou pelo fornecimento;
II - a emissão de empenho em nome da seguradora, ou a quem ela indicar para a conclusão do contrato, será autorizada desde que demonstrada sua regularidade fiscal;
III - a seguradora poderá subcontratar a conclusão do contrato, total ou parcialmente.
Parágrafo único. Na hipótese de inadimplemento do contratado, serão observadas as seguintes disposições:
I - caso a seguradora execute e conclua o objeto do contrato, estará isenta da obrigação de pagar a importância segurada indicada na apólice;
II - caso a seguradora não assuma a execução do contrato, pagará a integralidade da importância segurada indicada na apólice.
	Lei 8.666/93
	Lei 14.133/21
	Art. 56.  A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras.
§ 1o  Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia:               (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Fazenda;                 (Redação dada pela Lei nº 11.079, de 2004)
II - seguro-garantia;             (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
III - fiança bancária.                       (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 8.6.94)
§ 2o  A garantia a que se refere o caput deste artigo não excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalvado o previsto no parágrafo 3o deste artigo.             (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 3o  Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para até dez por cento do valor do contrato.                (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 4o  A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída após a execução do contrato e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente.
§ 5o  Nos casos de contratos que importem na entrega de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses bens.
	Art. 96. A critério da autoridade competente, em cada caso, poderá ser exigida, mediante previsão no edital, prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e fornecimentos.
§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia:
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública emitidos sob a forma escritural, mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil, e avaliados por seus valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Economia;
II - seguro-garantia;
III - fiança bancária emitida por banco ou instituição financeira devidamente autorizada a operar no País pelo Banco Central do Brasil.
§ 2º Na hipótese de suspensão do contrato por ordem ou inadimplemento da Administração, o contratado ficará desobrigado de renovar a garantia ou de endossar a apólice de seguro até a ordem de reinício da execução ou o adimplemento pela Administração.
§ 3º O edital fixará prazo mínimo de 1 (um) mês, contado da data de homologação da licitação e anterior à assinatura do contrato, para a prestação da garantia pelo contratado quando optar pela modalidade prevista no inciso II do § 1º deste artigo.
Art. 97. O seguro-garantia tem por objetivo garantir o fiel cumprimento das obrigações assumidas pelo contratado perante à Administração, inclusive as multas, os prejuízos e as indenizações decorrentes de inadimplemento, observadas as seguintes regras nas contratações regidas por esta Lei:
I - o prazo de vigência da apólice será igual ou superior ao prazo estabelecido no contrato principal e deverá acompanhar as modificações referentes à vigência deste mediante a emissão do respectivo endosso pela seguradora;
II - o seguro-garantia continuará em vigor mesmo se o contratado não tiver pago o prêmio nas datas convencionadas.
Parágrafo único. Nos contratos de execução continuada ou de fornecimento contínuo de bens e serviços, será permitida a substituição da apólice de seguro-garantia na data de renovação ou de aniversário, desde que mantidas as mesmas condições e coberturas da apólice vigente e desde que nenhum período fique descoberto, ressalvado o disposto no     § 2º do art. 96 desta Lei.
Art. 98. Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a garantia poderá ser de até 5% (cinco por cento) do valor inicial do contrato, autorizada a majoração desse percentual para até 10% (dez por cento), desde que justificada mediante análise da complexidade técnica e dos riscos envolvidos.
Parágrafo único. Nas contratações de serviços e fornecimentos contínuos com vigência superior a 1 (um) ano, assim como nas subsequentes prorrogações, será utilizado o valor anual do contrato para definição e aplicação dos percentuais previstos no caput deste artigo.
Art. 99. Nas contratações de obras e serviços de engenharia de grande vulto, poderá ser exigida a prestação de garantia, na modalidade seguro-garantia, com cláusula de retomada prevista no art. 102 desta Lei, em percentual equivalente a até 30% (trinta por cento) do valor inicial do contrato.
Ao finalizar o contrato, a garantia poderá ter dois destinos:
· Em caso de cumprimento do contrato e adimplemento de seus termos pelo particular: a garantia será devolvida. Se a garantia foi prestada em dinheiro, deve haver correção do valor;
· Em caso de descumprimento do contrato: a garantia deve ser utilizada pelo Estado como mínimo indenizatório, podendo cobrar a indenização excedente. 
6. Cláusulas exorbitantes
São aquelas que extrapolam as regras e características dos contratos em geral, pois apresentam vantagem excessiva à Administração Pública, decorrem da supremacia do interesse público sobre o privado e colocam o Estado em posição de superioridade jurídica na avença. 
Estas cláusulas são implícitas em todos os contratos administrativos, nãodependendo de previsão expressa no acordo, pois decorrem diretamente da Lei. Portanto, são cláusulas necessárias. 
	Lei 8.666/93
	Lei 14.133/21
	Art. 58.  O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado;
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta Lei;
III - fiscalizar lhes a execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo.
§ 1º  As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.
§ 2º  Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual.
	Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, as prerrogativas de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado;
II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta Lei;
III - fiscalizar sua execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato nas hipóteses de:
a) risco à prestação de serviços essenciais;
b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, inclusive após extinção do contrato.
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual.
6.1. Alteração unilateral do contrato
É possível que a Administração Pública altere as disposições contratuais, desde que as modificações sejam feitas no limite da lei, sem atingir o equilíbrio econômico-financeiro e sem modificar a natureza do objeto contratado e explicitado no edital de licitação.
A modificação unilateral poderá ocorrer por: 
a) Modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica a seus objetivos.
b) Necessidade de modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto.
Os limites para alterações do valor contratual são os seguintes:
	Regra geral
	Alteração unilateral
	Até 25% para acréscimos ou diminuições
	Exceções
	Contratos de reforma
	Até 50% para acréscimos
	
	
	Até 25% para diminuições
Independentemente da motivação para a alteração contratual, deve-se também observar o limite na preservação do equilíbrio econômico-financeiro. Assim, deverá ser mantida a margem de lucro inicialmente assegurada ao particular contratado. 
Ademais, as alterações unilaterais promovidas pela administração pública devem ter por base motivo de interesse público superveniente, devidamente justificado. 
Na contratação integrada ou semi-integrada, em regra, não é cabível a alteração do valor contratual, salvo nas seguintes hipóteses:
Art. 133. Nas hipóteses em que for adotada a contratação integrada ou semi-integrada, é vedada a alteração dos valores contratuais, exceto nos seguintes casos:
I - para restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro decorrente de caso fortuito ou força maior;
II - por necessidade de alteração do projeto ou das especificações para melhor adequação técnica aos objetivos da contratação, a pedido da Administração, desde que não decorrente de erros ou omissões por parte do contratado, observados os limites estabelecidos no art. 125 desta Lei;
III - por necessidade de alteração do projeto nas contratações semi-integradas, nos termos do § 5º do art. 46 desta Lei;
IV - por ocorrência de evento superveniente alocado na matriz de riscos como de responsabilidade da Administração.
#SELIGA: A lei elenca, ainda, hipóteses de alteração bilateral dos contratos administrativos, ou seja, quando houver acordo entre as partes. Não se trata de cláusula exorbitante, pois apenas a alteração unilateral constitui prerrogativa da administração pública. Admite-se a alteração bilateral nas seguintes hipóteses:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou do serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado e vedada a antecipação do pagamento em relação ao cronograma financeiro fixado sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;
d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de consequências incalculáveis, que inviabilizem a execução do contrato tal como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a repartição objetiva de risco estabelecida no contrato. – Aplicação da Teoria da Imprevisão.
6.2. Rescisão unilateral do contrato
Trata-se da prerrogativa do ente público de extinguir o contrato independentemente do consentimento do particular ou de decisão judicial. Poderá ocorrer nas seguintes hipóteses:
· Interesse público devidamente justificado: Nestas situações, a administração pública deverá indenizar o particular se houver dano, além de indenizar os investimentos não amortizados do contratado. O particular também terá direito à devolução da garantia prestada, ao pagamento pela execução do contrato e ao pagamento do custo da desmobilização. O STJ também já se pronunciou no sentido de que a rescisão do contrato administrativo por ato unilateral da administração pública impõe o dever de indenização do particular pelos lucros cessantes.
· Inadimplemento do particular: Nesta hipótese, o poder público não precisará indenizar o particular, podendo adotar algumas medidas em face do particular inadimplente:
a) Assunção do objeto do contrato;
b) Ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, materiais e pessoal, necessários à garantia da continuidade do objeto contratual; - Dependerá da autorização expressa do Ministro de estado, Secretário estadual ou municipal.
c) Execução da garantia contratual para:
· ressarcimento da Administração Pública por prejuízos decorrentes da não execução;
· pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e previdenciárias, quando cabível;
· pagamento das multas devidas à Administração Pública;
· exigência da assunção da execução e da conclusão do objeto do contrato pela seguradora, quando cabível;
d) Retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos e das multas aplicadas.
#RELEMBRARÉVIVER: Nos contratos de concessão de serviços públicos, regidos pela Lei 8.987/95, a rescisão unilateral também é prevista, mas com nomenclaturas específicas:
- Rescisão por inadimplemento do particular = CADUCIDADE
- Rescisão por motivo de interesse público = ENCAMPAÇÃO
#ATENÇÃO: E o que ocorre se a Administração Pública for inadimplente? 
Nesta situação, o particular não poderá rescindir o contrato unilateralmente, pois se trata de cláusula exorbitante aplicável apenas como prerrogativa da administração pública. Todavia, o particular poderá SUSPENDER a execução do contrato, pela exceção do contrato não cumprido, caso o ente estatal determine:a) A suspensão da execução do contrato por período superior a 3 meses; ou
b) A ocorrência de repetidas suspensões que totalizem 90 dias úteis; ou
c) Atraso superior a 2 meses dos pagamentos ou de parcelas de pagamentos.
Todavia, para haver a RESCISÃO do contrato por iniciativa do particular, em virtude do inadimplemento do ente estatal, será necessária decisão judicial.
#NÃOCONFUNDA #ATENÇÃO Extinção/Rescisão do contrato pelo contratado (particular):
	
	Lei 8.666/93
	Lei 14.133/2021
	Suspensão da execução pela Administração
	120 dias
	3 meses OU repetidas suspensões que totalizem 90 dias
	Atraso dos pagamentos pela Administração
	90 dias
	2 meses
6.3. Fiscalização da execução do contrato
A administração pública poderá designar um ou mais agentes públicos responsáveis pela fiscalização da execução contratual. 
Art. 117. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por 1 (um) ou mais fiscais do contrato, representantes da Administração especialmente designados conforme requisitos estabelecidos no art. 7º desta Lei, ou pelos respectivos substitutos, permitida a contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los com informações pertinentes a essa atribuição.
§ 1º O fiscal do contrato anotará em registro próprio todas as ocorrências relacionadas à execução do contrato, determinando o que for necessário para a regularização das faltas ou dos defeitos observados.
§ 2º O fiscal do contrato informará a seus superiores, em tempo hábil para a adoção das medidas convenientes, a situação que demandar decisão ou providência que ultrapasse sua competência.
§ 3º O fiscal do contrato será auxiliado pelos órgãos de assessoramento jurídico e de controle interno da Administração, que deverão dirimir dúvidas e subsidiá-lo com informações relevantes para prevenir riscos na execução contratual.
§ 4º Na hipótese da contratação de terceiros prevista no caput deste artigo, deverão ser observadas as seguintes regras:
I - a empresa ou o profissional contratado assumirá responsabilidade civil objetiva pela veracidade e pela precisão das informações prestadas, firmará termo de compromisso de confidencialidade e não poderá exercer atribuição própria e exclusiva de fiscal de contrato;
II - a contratação de terceiros não eximirá de responsabilidade o fiscal do contrato, nos limites das informações recebidas do terceiro contratado.
6.4. Ocupação temporária de bens
Essa cláusula visa assegurar a continuidade do objeto do contrato, nas seguintes hipóteses:
· Risco à prestação de serviços essenciais = garantia do princípio da continuidade
· Necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado.
A ocupação temporária deve ser precedida de processo administrativo no qual sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa ao particular contratado, sendo garantido o direito à indenização por eventuais prejuízos causados. 
6.5. Aplicação de penalidades
A lei determina a possibilidade de aplicação de penalidades ante o descumprimento do contrato. O artigo 155 contém rol exemplificativo de infrações que poderão desencadear na aplicação das penalidades:
	INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
	a) dar causa à inexecução parcial do contrato;
	b) dar causa à inexecução parcial do contrato que cause grave dano à Administração, ao funcionamento dos serviços públicos ou ao interesse coletivo;
	c) dar causa à inexecução total do contrato;
	d) deixar de entregar a documentação exigida para o certame;
	e) não manter a proposta, salvo em decorrência de fato superveniente devidamente justificado;
	f) não celebrar o contrato ou não entregar a documentação exigida para a contratação, quando convocado dentro do prazo de validade de sua proposta;
	g) ensejar o retardamento da execução ou da entrega do objeto da licitação sem motivo justificado;
	h) apresentar declaração ou documentação falsa exigida para o certame ou prestar declaração falsa durante a licitação ou a execução do contrato;
	i) fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na execução do contrato;
	j) comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude de qualquer natureza;
	k) praticar atos ilícitos com vistas a frustrar os objetivos da licitação;
	l) praticar ato lesivo previsto no art. 5º da Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013 – Lei Anticorrupção.
As penalidades, por sua vez, estão previstas no artigo 156, sendo as seguintes:
	PENALIDADES
	INFRAÇÕES
	
ADVERTÊNCIA: sempre aplicada por escrito, para sanções mais leves, relacionadas com a inexecução parcial do contrato.
	I - dar causa à inexecução parcial do contrato, quando não se justificar a imposição de penalidade mais grave.
	
MULTA: penalidade pecuniária e deve ter previsão de valor definida no contrato, que não poderá ser inferior 0,5%, nem superior a 30% do valor do contrato. 
A multa será descontada da garantia prestada, devendo haver a cobrança da diferença caso o valor da multa seja superior à garantia. 
Será facultada a defesa ao contratado, no prazo de 15 dias úteis.
#OBS1: A multa não se confunde com o ressarcimento do prejuízo.
#OBS2: A sanção de multa poderá ser aplicada cumulativamente com qualquer uma das demais sanções. 
	Poderá ser aplicada a qualquer das infrações previstas no art. 155. 
	IMPEDIMENTO DE LICITAR E CONTRATAR: penalidade aplicada por, no máximo, 3 anos. A empresa fica impedida de licitar e contratar apenas com as entidades da Administração Direta ou Indireta do ente federativo que aplicou a penalidade. 
	II - dar causa à inexecução parcial do contrato que cause grave dano à Administração, ao funcionamento dos serviços públicos ou ao interesse coletivo;
III - dar causa à inexecução total do contrato;
IV - deixar de entregar a documentação exigida para o certame;
V - não manter a proposta, salvo em decorrência de fato superveniente devidamente justificado;
VI - não celebrar o contrato ou não entregar a documentação exigida para a contratação, quando convocado dentro do prazo de validade de sua proposta;
VII - ensejar o retardamento da execução ou da entrega do objeto da licitação sem motivo justificado;
	DECLARAÇÃO DE INIDONEIDADE PARA LICITAR OU CONTRATAR: o prazo poderá ser de 3 a 6 anos, a critério da autoridade administrativa. Haverá o impedimento de licitar e contratar no âmbito da administração direta e indireta, de todos os entes federativos. 
Trata-se de penalidade aplicada por autoridade de nível hierárquico mais alto. 
	VIII - apresentar declaração ou documentação falsa exigida para o certame ou prestar declaração falsa durante a licitação ou a execução do contrato;
IX - fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na execução do contrato;
X - comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude de qualquer natureza;
XI - praticar atos ilícitos com vistas a frustrar os objetivos da licitação;
XII - praticar ato lesivo previsto no art. 5º da Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013 (Lei Anticorrupção).
#NÃOCONFUNDA:
	Impedimento de licitar e contratar
	Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
	No máximo, 3 anos
	De 3 a 6 anos
	Atinge apenas o ente da federação que aplicou a pena.
	Atinge todos os entes da federação.
	Ambas dependem da instauração de processo de responsabilização, a ser conduzido por comissão composta de 2 ou mais servidores estáveis. O licitante ou o contratado será intimado para, no prazo de 15 dias úteis, apresentar defesa escrita e especificar provas.
Na hipótese de impedimento ou de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar, é possível a reabilitação do licitante ou contratado perante a autoridade, desde que haja, cumulativamente:
· Reparação integral do dano causado à Administração Pública;
· Pagamento da multa;
· Transcurso do prazo mínimo de 1 (um) ano da aplicação da penalidade, no caso de impedimento de licitar e contratar, ou de 3 (três) anos da aplicação da penalidade, no caso de declaração de inidoneidade;
· Cumprimento das condições de reabilitação definidas no ato punitivo;
· Análise jurídica prévia, com posicionamento conclusivo quanto ao cumprimento dos requisitosdefinidos neste artigo.
· Na infração de apresentação de declaração ou documentação falsa ou da prática de ato lesivo previsto na Lei Anticorrupção, a Lei exigirá, como condição de reabilitação do licitante ou contratado, a implantação ou aperfeiçoamento de programa de integridade pelo responsável.
Na aplicação das sanções deverão ser levadas em consideração as seguintes circunstâncias:
	Aplicação de sanções:
	Natureza e a gravidade da infração cometida;
	Peculiaridades do caso concreto;
	Circunstâncias agravantes ou atenuantes;
	Danos que dela provierem para a Administração Pública;
	Implantação ou o aperfeiçoamento de programa de integridade, conforme normas e orientações dos órgãos de controle.
#ATENÇÃO: Os agentes públicos que praticarem atos que possam prejudicar a licitação ou frustrar seu caráter competitivo ficarão sujeitos às sanção administrativas, civis e penais pertinentes. 
A Lei também previu a possibilidade de aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, sempre que houver abuso de direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos, ou para provocar confusão patrimonial:
Art. 160. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para provocar confusão patrimonial, e, nesse caso, todos os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica serão estendidos aos seus administradores e sócios com poderes de administração, a pessoa jurídica sucessora ou a empresa do mesmo ramo com relação de coligação ou controle, de fato ou de direito, com o sancionado, observados, em todos os casos, o contraditório, a ampla defesa e a obrigatoriedade de análise jurídica prévia.
#OLHAOGANCHO: Impedimento indireto
A intenção do impedimento indireto é evitar que o particular se utilize da personalidade jurídica de uma empresa para burlar proibições de contratação. Alguns indícios podem ser considerados na análise do impedimento indireto, por exemplo, a identidade de sócios da empresa sucedida e sucessora, a atuação no mesmo ramo de atividade e a transferência de acervo técnico e humano entre as empresas. Nestas situações, há verdadeiro abuso da personalidade na tentativa de burlar a legislação, o que poderá ensejar a desconsideração da personalidade jurídica. Neste sentido, a lei 14.133/21 estabelece que:
Art. 14. Não poderão disputar licitação ou participar da execução de contrato, direta ou indiretamente:
III - pessoa física ou jurídica que se encontre, ao tempo da licitação, impossibilitada de participar da licitação em decorrência de sanção que lhe foi imposta;
§ 1º O impedimento de que trata o inciso III do caput deste artigo será também aplicado ao licitante que atue em substituição a outra pessoa, física ou jurídica, com o intuito de burlar a efetividade da sanção a ela aplicada, inclusive a sua controladora, controlada ou coligada, desde que devidamente comprovado o ilícito ou a utilização fraudulenta da personalidade jurídica do licitante.
7. Equilíbrio econômico-financeiro
O equilíbrio econômico-financeiro deve ser entendido como a manutenção da margem de lucro do particular, conforme o pactuado no contrato. 
De acordo com Marçal Justen Filho, “equação econômico-financeira é a relação entre encargos e vantagens assumidas pelas partes do contrato administrativo, estabelecida por ocasião da contratação, e que deverá ser preservada ao longo da execução do contrato”.[footnoteRef:4] [4: JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Editora Forum, 14ª Ed. 2009.] 
O particular contratado não pode sofrer prejuízos de situações não causadas por ele, durante a relação contratual. Então são formas de equilibrar economicamente o contrato:
a) Correção Monetária: Atualização da margem de lucro inicialmente acordada, mantendo o valor real do contrato.
b) Reajustamento de Preço: Reajuste em face do aumento ordinário e regular do custo dos insumos necessários ao cumprimento do acordo. Enquanto que na correção monetária não há alteração de valor, pois se trata de ajuste do montante numérico, no reajuste de preço ocorre uma alteração no custo da prestação do serviço. Nos termos do art. 6º, LVIII, da Lei 14.133/2021, o reajustamento é forma de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro de contrato consistente na aplicação do índice de correção monetária previsto no contrato, que deve retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais.
c) Repactuação: Nos termos do art. 6º, LIX, da Lei 14.133/2021, trata-se de forma de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro de contrato utilizado para serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão de obra, por meio da análise da variação dos custos contratuais, devendo estar prevista no edital com data vinculada à apresentação das propostas, para os custos decorrentes do mercado, com data vinculada ao acordo, à convenção coletiva ou ao dissídio coletivo ao qual o orçamento esteja vinculado, para os custos decorrentes da mão de obra. O custo da mão de obra é uma variável que dificulta que o contrato seja reajustado de acordo com índices previamente estabelecidos. Deve ser respeitado o prazo mínimo de 1 ano para fins de repactuação. 
d) Recomposição de preços ou revisão de preços: Quando o reajustamento de preços não consegue fazer face ao real aumento do preço dos insumos, em virtude de uma situação excepcional – não prevista no contrato – a Administração Pública, como forma de reequilibrar o contrato, precisa fazer a recomposição de preços. Isso ocorre porque a previsão contratual de reajuste não foi suficiente para suprir a efetiva modificação nos custos do contrato celebrado. A recomposição pode decorrer de alterações do contrato, sejam elas unilaterais ou bilaterais, bem como de situações inesperadas, conforme estudaremos a seguir. 
7.1. Teoria da imprevisão
A teoria da imprevisão se aplica aos casos em que uma situação imprevisível altera o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, sendo necessária a recomposição de preços. Os contratos são regidos pela cláusula rebus sic stantibus (estando assim as coisas), ou seja, a obrigatoriedade dos contratos deve estar relacionado com as circunstâncias que envolvem o momento da sua execução. Assim, havendo alteração das circunstâncias fáticas e desequilíbrio contratual, a administração precisará proceder à revisão dos preços e prazos previamente estabelecidos. 
São hipóteses de aplicação da teoria da imprevisão:
a) Caso fortuito e força maior: situações imprevisíveis ou inevitáveis que alteram a relação contratual. Pode decorrer de fatos humanos, desde que não sejam provocados por nenhuma das partes do acordo, ou podem ser causados por fatos da natureza, em relação aos quais nenhuma medida pode ser tomada para impedir os danos. Ex: chuva muito forte que destrói parte de uma obra que se encontra em execução, ensejando uma necessidade de revisão dos valores pagos à empreiteira.
b) Interferências imprevistas: são situações preexistentes à celebração do contrato, mas que só vêm à tona durante sua execução. Situação que as partes não tinham como prever e que ensejam um aumento de gastos no contrato firmado.
c) Fato da administração: o desequilíbrio contratual é causado por uma atuação específica da Administração que incide sobre o contrato e impede a sua execução. Com efeito, o Poder Público atua, no bojo da relação contratual, causando desequilíbrio na avença firmada.
d) Fato do príncipe: é todo acontecimento externo ao contrato e de natureza geral e abstrata (abrange toda a coletividade) provocado pela entidade contratante, “sob titulação jurídica diversa da contratual”. Ex: criação de benefício tarifário não previsto, aumento de tributo promovido pela entidade contratante. Se a majoração de tributo for realizada por outra esfera federativa, aplica -se a teoria da imprevisão, e não o fato do príncipe.
#OBS: Em algumassituações, a teoria da imprevisão irá gerar a impossibilidade de manter o contrato, como, por exemplo, no caso de perda do objeto contratual, de modo que a situação imprevista enseja a rescisão contratual. 
7.2. Alocação de riscos
A lei prevê que o edital poderá conter a denominada “matriz de alocação de riscos”. O cálculo do valor estimado da contratação poderá considerar a taxa de risco compatível com o objeto da licitação e com os riscos atribuídos ao contratado. Assim, haverá a redução da responsabilidade da administração pela manutenção do equilíbrio econômico-financeiro.
A matriz apresentada deverá dividir os riscos de cada contrato entre cada uma das partes, buscando mecanismos que afastem ou mitiguem a ocorrência e os efeitos de sinistros. A previsão da matriz de alocação de riscos deve estar prevista desde a licitação.
Na repartição de responsabilidades entre o contratante e o contratado, deverá haver a indicação dos riscos a serem assumidos pelo setor público ou pelo setor privado, bem como aqueles a serem compartilhados. O particular ficará, preferencialmente, responsável pelos riscos que possam ser cobertos por contratos de seguro. 
Havendo a previsão da matriz de alocação de riscos, o reequilíbrio do contrato administrativo não poderá ocorrer por situações decorrentes dos riscos previstos, só cabendo o reestabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro em face de alteração unilateral do contrato e do aumento de tributos nas hipóteses de fato do príncipe.
#ATENÇÃO: Em regra, a matriz de alocação de riscos é uma faculdade do ente contratante. Todavia, em se tratando de contratação de obrigação e serviços de grande vulto ou de regimes de contratação integrada ou semi-integrada, a matriz de alocação de riscos será obrigatória.
Art. 103. O contrato poderá identificar os riscos contratuais previstos e presumíveis e prever matriz de alocação de riscos, alocando-os entre contratante e contratado, mediante indicação daqueles a serem assumidos pelo setor público ou pelo setor privado ou daqueles a serem compartilhados.
§ 1º A alocação de riscos de que trata o caput deste artigo considerará, em compatibilidade com as obrigações e os encargos atribuídos às partes no contrato, a natureza do risco, o beneficiário das prestações a que se vincula e a capacidade de cada setor para melhor gerenciá-lo.
§ 2º Os riscos que tenham cobertura oferecida por seguradoras serão preferencialmente transferidos ao contratado.
§ 3º A alocação dos riscos contratuais será quantificada para fins de projeção dos reflexos de seus custos no valor estimado da contratação.
§ 4º A matriz de alocação de riscos definirá o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em relação a eventos supervenientes e deverá ser observada na solução de eventuais pleitos das partes.
§ 5º Sempre que atendidas as condições do contrato e da matriz de alocação de riscos, será considerado mantido o equilíbrio econômico-financeiro, renunciando as partes aos pedidos de restabelecimento do equilíbrio relacionados aos riscos assumidos, exceto no que se refere:
I - às alterações unilaterais determinadas pela Administração, nas hipóteses do inciso I do caput do art. 124 desta Lei;
II - ao aumento ou à redução, por legislação superveniente, dos tributos diretamente pagos pelo contratado em decorrência do contrato.
§ 6º Na alocação de que trata o caput deste artigo, poderão ser adotados métodos e padrões usualmente utilizados por entidades públicas e privadas, e os ministérios e secretarias supervisores dos órgãos e das entidades da Administração Pública poderão definir os parâmetros e o detalhamento dos procedimentos necessários a sua identificação, alocação e quantificação financeira.
8. Subcontratação nos contratos da administração
Como mencionado no início do estudo, os contratos administrativos possuem como característica o fato de serem personalíssimos, intuitu personae, não podendo ser transferido a terceiros. Todavia, a própria legislação estabelece a possibilidade de subcontratação dos contratos administrativos. 
A subcontratação não poderá ser do objeto integral do contrato, pois configuraria uma fraude ao procedimento licitatório, isso porque o objeto do contrato só pode ser entregue ao licitante vencedor. 
Art. 122. Na execução do contrato e sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, o contratado poderá subcontratar partes da obra, do serviço ou do fornecimento até o limite autorizado, em cada caso, pela Administração.
§ 1º O contratado apresentará à Administração documentação que comprove a capacidade técnica do subcontratado, que será avaliada e juntada aos autos do processo correspondente.
§ 2º Regulamento ou edital de licitação poderão vedar, restringir ou estabelecer condições para a subcontratação.
§ 3º Será vedada a subcontratação de pessoa física ou jurídica, se aquela ou os dirigentes desta mantiverem vínculo de natureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista ou civil com dirigente do órgão ou entidade contratante ou com agente público que desempenhe função na licitação ou atue na fiscalização ou na gestão do contrato, ou se deles forem cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral, ou por afinidade, até o terceiro grau, devendo essa proibição constar expressamente do edital de licitação.
	Requisitos para a subcontratação
	Subcontratação parcial do objeto do contrato, até o limite estabelecido, em cada caso, pela administração
	Apresentação pelo contratado de documentação que comprove a capacidade técnica do subcontratado
	Não há exigência de previsão editalícia ou contratual permitindo a subcontratação, mas poderá haverá a vedação ou restrição da subcontratação
9. Duração dos contratos
O contrato deve ter prazo de vigência predefinido no Edital e no próprio instrumento de contrato, estabelecendo a lei que são vedados contratos por prazo indeterminado. 
#ATENÇÃO Contrato por prazo indeterminado
Art. 109. A Administração poderá estabelecer a vigência por prazo indeterminado nos contratos em que seja usuária de serviço público oferecido em regime de monopólio, desde que comprovada, a cada exercício financeiro, a existência de créditos orçamentários vinculados à contratação.
Regra: a duração ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, ou seja, duração de um ano. 
Exceções:
· Projetos contemplados na lei do Plano Plurianual – até 4 anos.
· Prestação de serviços a serem executados de forma contínua – até 5 anos, com possíveis prorrogações posteriores, desde que, ao final, não ultrapasse o prazo de 10 anos. Deverão ser adotadas as seguintes diretrizes:
- autoridade competente deverá atestar a maior vantagem econômica vislumbrada em razão da contratação plurianual;
- a administração deverá atestar, no início da contratação e em cada exercício, a existência de créditos orçamentários;
- a administração terá a opção de extinguir o contrato, sem ônus, quando não dispuser de créditos orçamentários para sua continuidade ou quando entender que o contrato não mais lhe oferece vantagem.
· Aluguel de equipamentos de informática – até 5 anos, seguindo as mesmas regras dos contratos contínuos.
· Contratações previstas nas alíneas f e g do inciso IV e nos incisos V, VI, XII e XVI do caput do art. 75 da Lei 14.133/21 – até 10 anos.
Art. 75 (...)
IV - para contratação que tenha por objeto:
f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional;
g) materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante autorização por ato do comandante da força militar;
V - para contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação constantes da referida Lei; (- acordos de cooperação firmados com institutosde ciência e tecnologia, com entidades privadas sem fins lucrativos, voltadas para atividades de pesquisa e desenvolvimento, que objetivem a geração de produtos, processos e serviços inovadores e a transferência e a difusão de tecnologia)
VI - para contratação que possa acarretar comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos pelo Ministro de Estado da Defesa, mediante demanda dos comandos das Forças Armadas ou dos demais ministérios;
XII - para contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição desses produtos durante as etapas de absorção tecnológica, e em valores compatíveis com aqueles definidos no instrumento firmado para a transferência de tecnologia;
XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de insumos estratégicos para a saúde produzidos por fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da Administração Pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e de estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o SUS, nos termos do inciso XII do caput deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à entrada em vigor desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.
· Contratos de operação continuada de sistema estruturantes de tecnologia da informação – até 15 anos. 
#FIQUEDEOLHO Os contratos que não geram despesas à Administração Pública não precisam estar previstos na lei orçamentária, logo, não precisam respeitar o limite de vigência da Lei de Licitação (Art. 105). Não se trata de celebração de contrato por prazo indeterminado, mas tão somente da possibilidade de ajustes que extrapolam a vigência de um exercício, podendo ter duração mais alongada. 
9.1. Prorrogação do contrato
A legislação estabelece que o contrato administrativo poderá ser prorrogado, desde que seja feito dentro do prazo de vigência, havendo previsão no edital e no contrato, bem como a existência de autorização do poder público. 
Em regra, a prorrogação deverá ser feita expressamente, através de aditivo contratual, devendo o requerimento de prorrogação ser feito enquanto ainda vigente o contrato. Ademais, é indispensável que haja previsão orçamentária e que a empresa mantenha todas as condições necessárias à sua habilitação para contratar com o poder público. 
Excepcionalmente, poderá haver a prorrogação tácita de contratos administrativos, na hipótese de contratos de escopo pré-definido, sendo a prorrogação necessária para a conclusão do objeto contratual.
10. Responsabilidades decorrentes do contrato
Celebrado o contrato, ambas as partes possuem o dever de cumprir as obrigações assumidas, podendo haver a responsabilização pelo descumprimento das cláusulas contratuais. Vejamos algumas dessas obrigações:
a) Contratado deverá manter preposto, aceito pela Administração, no local da obra ou serviço, para representa-lo na execução do contrato;
b) Contratado deverá reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregado;
c) O contratado deverá cumprir a reserva de cargos prevista para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social ou para aprendiz;
d) Os prejuízos causados ensejarão a responsabilização do contratado, a qual não será excluída ou reduzida pela fiscalização ou acompanhamento do órgão público;
e) O contratado deve arcar com os encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais. 
#DEOLHONAJURIS O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93. Obs: a tese acima foi a fixada pelo STF. No entanto, penso que é importante um esclarecimento revelado durante os debates: é possível sim, excepcionalmente, que a Administração Pública responda pelas dívidas trabalhistas contraídas pela empresa contratada e que não foram pagas, desde que o ex-empregado reclamante comprove, com elementos concretos de prova, que houve efetiva falha do Poder Público na fiscalização do contrato. STF. Plenário. RE 760931/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 26/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).
#AJUDAMARCINHO:[footnoteRef:5] [5: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público a responsabilidade pelo seu pagamento. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/79e785d63f00348ff360d5a86528580b>. Acesso em: 07/09/2021] 
Imagine a seguinte situação hipotética:
A União possui um contrato com a empresa privada "XXX Vigilância Ltda.".
Por meio deste contrato, a empresa, com seus funcionários, obrigou-se a fazer a vigilância armada do prédio onde funciona o órgão público federal, recebendo, em contraprestação, R$ 200 mil mensais.
Desse modo, a União terceirizou os serviços de vigilância, algo extremamente comum na administração pública federal, sendo, inclusive, uma recomendação expressa no Decreto nº 2.271/97:
Art. 1º No âmbito da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional poderão ser objeto de execução indireta as atividades materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que constituem área de competência legal do órgão ou entidade.
§ 1º As atividades de conservação, limpeza, segurança, vigilância, transportes, informática, copeiragem, recepção, reprografia, telecomunicações e manutenção de prédios, equipamentos e instalações serão, de preferência, objeto de execução indireta.
 
Ocorre que a empresa "XXX", por estar enfrentando dificuldades financeiras, passou a não mais pagar os salários e demais verbas trabalhistas de seus funcionários.
 
Diante da inadimplência da empresa contratada perante seus funcionários, a responsabilidade pelo pagamento dos salários e demais verbas trabalhistas é transferida para a União (contratante dos serviços)?
O que diz a Lei nº 8.666/93: NÃO
A inadimplência do contratado com relação aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere para a Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento. Essa é a regra expressa no art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93:
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.
§ 1º A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. (Redação dada pela Lei nº 9.032/95)
 
Esse dispositivo foi declarado constitucional pelo STF no julgamento da ADC 16:
(...) É constitucional a norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995.
STF. Plenário. ADC 16, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 24/11/2010.
 
Qual foi o entendimento da Justiça do Trabalho:
Como o STF declarou que o art. 71, § 1º da Lei nº 8.666/93 é constitucional, a Justiça do Trabalho não poderia deixar de aplicar esse dispositivo. No entanto, a intenção era continuar condenando o Poder Público. Diante disso, o TST criou a seguinte interpretação do art. 71, § 1º:
• Em regra, a inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais nãotransfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento (art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93).
• Exceção: a Administração Pública terá responsabilidade subsidiária se ficar demonstrada a sua culpa "in vigilando", ou seja, somente será responsabilidade se ficar comprovado que o Poder Público deixou de fiscalizar se a empresa estava cumprindo pontualmente suas obrigações trabalhistas, fiscais e comerciais.
Assim, para o TST, a Administração Pública deveria ter o dever de fiscalizar se a empresa contratada (prestadora dos serviços) está cumprindo fielmente seus encargos trabalhistas, fiscais e comerciais. Se houve fiscalização, não haveria responsabilidade subsidiária do Poder Público em caso de inadimplemento. Se não houve fiscalização, o Poder Público deveria responder subsidiariamente pelas dívidas deixadas pela empresa, considerando que houve culpa "in vigilando".
O TST editou um enunciado espelhando esse entendimento:
Súmula 331-TST: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE
(...)
IV — O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial.
V — Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada.
VI — A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.
 
Na prática, contudo, o Poder Público era sempre condenado pela Justiça do Trabalho em caso de inadimplemento da empresa contratada. Isso porque a jurisprudência trabalhista construiu a tese de que a culpa da Administração seria presumida. Em outras palavras, o trabalhador não tinha o ônus de provar a culpa da Administração Pública. Esta seria presumivelmente culpada, salvo se conseguisse provar o contrário.
Assim, pela tese trabalhista, para não ser condenado a indenizar subsidiariamente, o ente público teria que provar que cumpriu o poder-dever de fiscalizar o contrato. Ocorre que o TST ia além e dizia que se não houve o pagamento dos direitos trabalhistas pela empresa, o Estado falhou em seu dever de fiscalizar. Logo, no fim das contas, sempre em caso de inadimplemento da empresa contratada a Administração era presumida culpada e tinha que pagar o débito trabalhista.
 
A Fazenda Pública não se conformou com esse entendimento do TST e conseguiu levar o caso à apreciação do Supremo Tribunal Federal. O STF concordou com a interpretação dada pelo TST?
NÃO. O STF não concordou com o posicionamento do TST e editou a seguinte tese:
O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93.
STF. Plenário. RE 760931/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 26/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).
 
A responsabilização do Poder Público não pode ser automática nem genérica como estava sendo decidido pela Justiça do Trabalho.
A interpretação dada pelo TST ao art. 71 da Lei nº 8.666/93, com o reconhecimento da responsabilidade subsidiária da Administração Pública de forma quase que automática e genérica, contraria a decisão tomada pelo próprio STF no julgamento da ADC 16/DF, ofendendo, por conseguinte, a coisa julgada.
O legislador teve a clara intenção de excluir a responsabilidade subsidiária automática da Administração, tendo o dispositivo sido declarado constitucional.
A imputação da culpa “in vigilando” ou “in elegendo” à Administração Pública, por suposta deficiência na fiscalização da fiel observância das normas trabalhistas pela empresa contratada, somente pode acontecer nos casos em que se tenha a efetiva comprovação da ausência de fiscalização.
Não se pode considerar válida a interpretação que cria uma culpa presumida da Administração Pública. A Administração Pública não pode responder pelas dívidas trabalhistas da empresa contratada a partir de qualquer tipo de presunção, somente admitindo que isso ocorra caso a condenação esteja inequivocamente lastreada em elementos concretos de prova da falha da fiscalização do contrato.
A alegada ausência de comprovação em juízo da efetiva fiscalização do contrato não substitui a necessidade de prova taxativa do nexo de causalidade entre a conduta da Administração e o dano sofrido.
 
Pela tese do STF, a Administração Pública nunca irá responder pelas dívidas trabalhistas geradas pela empresa contratada? É isso?
NÃO. É possível sim, excepcionalmente, que a Administração Pública responda pelas dívidas trabalhistas contraídas pela empresa contratada e que não foram pagas, desde que o ex-empregado reclamante comprove, com elementos concretos de prova, que houve efetiva falha do Poder Público na fiscalização do contrato.
Ex: a Administração Pública é comunicada que a empresa contratada está descumprindo a legislação trabalhista, atrasando os salários dos seus funcionários etc, no entanto, mesmo assim, o Poder Público não toma nenhuma providência para sanar o problema. Neste caso, está demonstrada a desídia do ente, ensejando a sua responsabilidade subsidiária.
 
E quanto aos encargos previdenciários? A regra é a mesma?
NÃO. Caso a empresa contratada não pague seus encargos previdenciários (ex: não pagou a contribuição previdenciária dos funcionários), a Administração Pública contratante irá responder pelo débito de forma solidária. Essa foi a opção do legislador:
 
Art. 71 (...)
§ 2º A Administração Pública responde solidariamente com o contratado pelos encargos previdenciários resultantes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. (Redação dada pela Lei nº 9.032/95)
A respeito do julgado acima, observe o que dispõe a Lei 14.133/2021:
Art. 121. Somente o contratado será responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.
§ 1º A inadimplência do contratado em relação aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transferirá à Administração a responsabilidade pelo seu pagamento e não poderá onerar o objeto do contrato nem restringir a regularização e o uso das obras e das edificações, inclusive perante o registro de imóveis, ressalvada a hipótese prevista no § 2º deste artigo.
§ 2º Exclusivamente nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, a Administração responderá solidariamente pelos encargos previdenciários e subsidiariamente pelos encargos trabalhistas se comprovada falha na fiscalização do cumprimento das obrigações do contratado.
§ 3º Nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, para assegurar o cumprimento de obrigações trabalhistas pelo contratado, a Administração, mediante disposição em edital ou em contrato, poderá, entre outras medidas:
I - exigir caução, fiança bancária ou contratação de seguro-garantia com cobertura para verbas rescisórias inadimplidas;
II - condicionar o pagamento à comprovação de quitação das obrigações trabalhistas vencidas relativas ao contrato;
III - efetuar o depósito de valores em conta vinculada;
IV - em caso de inadimplemento, efetuar diretamente o pagamento das verbas trabalhistas, que serão deduzidas do pagamento devido ao contratado;
V - estabelecer que os valores destinados a férias, a décimo terceiro salário, a ausências legais e a verbas rescisórias dos empregados do contratado que participarem da execuçãodos serviços contratados serão pagos pelo contratante ao contratado somente na ocorrência do fato gerador.
§ 4º Os valores depositados na conta vinculada a que se refere o inciso III do § 3º deste artigo são absolutamente impenhoráveis.
§ 5º O recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.
 
Portanto, nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, a Administração responde solidariamente com o contratado por encargos previdenciários e subsidiariamente pelos encargos trabalhistas, caso comprovada a falha na fiscalização do cumprimento das obrigações do contratado.
Com vistas a eximir-se de possíveis responsabilizações, a Administração Pública poderá fazer certas exigências contratuais. Nos contratos de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, a administração, mediante disposição no edital ou no contrato, poderá exigir caução, fiança bancária ou contratação de seguro-garantia com cobertura para verbas rescisórias inadimplidas.
O contrato poderá condicionar o pagamento do fornecedor à comprovação de quitação de obrigações trabalhistas vencidas, bem como poderá o ente público efetuar diretamente o pagamento das verbas trabalhistas inadimplidas, descontando o valor do pagamento devido ao contratado.
O contrato poderá dispor que os valores destinados a férias, décimo terceiro salário, ausências legais e verbas rescisórias dos empregados sejam pagos pelo ente público ao particular somente na ocorrência do fato gerador. 
#DEOLHONAJURIS A União possui um contrato com a empresa privada "XXX Vigilância Ltda.". Por meio deste contrato, a empresa, com seus funcionários, obrigou-se a fazer a vigilância armada do prédio onde funciona o órgão público federal, recebendo, em contraprestação, R$ 200 mil mensais. A União, percebendo que a empresa estava atrasando os salários e com receio de ser condenada por responsabilidade subsidiária (Súmula 331 do TST), decidiu suspender o pagamento da contraprestação mensal devida e ajuizar ação de consignação em pagamento a fim de depositar em juízo os R$ 200 mil previstos no contrato. Surgiu, no entanto, uma dúvida: onde deverá ser proposta essa ação, na Justiça Federal comum ou na Justiça do Trabalho? Justiça do Trabalho. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação de consignação em pagamento movida pela União contra sociedade empresária por ela contratada para a prestação de serviços terceirizados, caso a demanda tenha sido proposta com o intuito de evitar futura responsabilização trabalhista subsidiária da Administração nos termos da Súmula 331 do TST. STJ. 2ª Seção. CC 136739-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 23/9/2015 (Info 571).
11. Extinção do contrato administrativo
As hipóteses de extinção do contrato podem decorrer da lei ou da própria execução do contrato.
1) Extinção Natural: decorre da conclusão do objeto ou advento do termo do contrato. Ex: entrega definitiva da obra. 
2) Anulação: aplicada em caso de vício de ilegalidade na licitação ou na celebração do contrato, com efeitos retroativos à data de início da vigência do acordo. Todavia, a lei estabelece a possibilidade de modulação dos efeitos da anulação do contrato administrativo, tendo em vista a continuidade do serviço ou atividade. 
#ATENÇÃO: Mesmo que o contrato seja nulo, a administração deverá remunerar o particular contratado, que esteja de boa-fé, pela prestação dos serviços, sob pena de indevido enriquecimento sem causa do ente público. Todavia, caso o particular esteja de má-fé, não terá direito à remuneração pelos serviços prestados, pois a ninguém é admitido beneficiar-se da própria torpeza. 
#DEOLHONAJURIS: Se for reconhecida a nulidade do contrato administrativo por ausência de prévia licitação, a Administração Pública, em regra, tem o dever de indenizar os serviços prestados pelo contratado. No entanto, a Administração Pública não terá o dever de indenizar os serviços prestados pelo contratado na hipótese em que este tenha agido de má-fé ou concorrido para a nulidade do contrato. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1394161-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 8/10/2013 (Info 529).
A nulidade do contrato poderá ser relevada, ainda que seja insanável, convertendo em perdas e danos, quando isso for relevante para atender ao interesse da coletividade. 
3) Extinção unilateral: decorre de razões de interesse público ou por inadimplemento total ou parcial do contrato pelo particular. Trata-se de cláusula exorbitante nos contratos administrativos, sendo prerrogativa exclusiva da administração pública. 
4) Extinção arbitral ou judicial: ocorre a partir de provocação do particular, quando o ente público é inadimplente, já que o contratado não poderá utilizar a rescisão unilateral. Para que haja a extinção arbitral, é necessária a existência de compromisso arbitral no contrato. Quando a rescisão ocorrer por culpa da Administração Pública, o particular terá direito ao ressarcimento pelos prejuízos, devolução da garantia, pagamentos devidos pela execução do contrato e pagamento do custo da desmobilização. 
5) Extinção bilateral (distrato): é uma rescisão amigável, em que ambas as partes estão de acordo com o rompimento do acordo. Dependem de prévia autorização escrita e fundamentada da autoridade competente e poder ser efetivadas por mediação ou comitê de resolução de disputas. 
6) Extinção de pleno direito: ocorre por motivos alheios à vontade das partes, ou seja, casos excepcionais que impedem a manutenção do contrato.
11.1. Solução alternativa de controvérsias
A lei 14.133/2021 prevê a possibilidade de utilização de meios alternativos de resolução de conflitos para tratar das disputas ao longo da execução do contrato administrativo. Somente serão admitidos os métodos alternativos em situações relativas a direitos patrimoniais disponíveis.
São admitidas as seguintes forma de solução de conflitos:
· Arbitragem
· Mediação
· Conciliação
· Comitê de resolução de disputas
Art. 151. Nas contratações regidas por esta Lei, poderão ser utilizados meios alternativos de prevenção e resolução de controvérsias, notadamente a conciliação, a mediação, o comitê de resolução de disputas e a arbitragem.
Parágrafo único. Será aplicado o disposto no caput deste artigo às controvérsias relacionadas a direitos patrimoniais disponíveis, como as questões relacionadas ao restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, ao inadimplemento de obrigações contratuais por quaisquer das partes e ao cálculo de indenizações.
Art. 152. A arbitragem será sempre de direito e observará o princípio da publicidade.
Art. 153. Os contratos poderão ser aditados para permitir a adoção dos meios alternativos de resolução de controvérsias.
Art. 154. O processo de escolha dos árbitros, dos colegiados arbitrais e dos comitês de resolução de disputas observará critérios isonômicos, técnicos e transparentes.
12. Portal Nacional de Contratações Públicas
A lei determinou a criação do Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), sítio eletrônico destinado à divulgação centralizada e obrigatória de atos e à realização facultativa das contratações por órgãos e entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todos os entes federativos. 
O Portal ficará responsável por dar publicidade aos procedimentos licitatórios e poderá realizar contratos firmados pelos entes públicos. 
· Composição:
O PNCP será gerido pelo Comitê Gestor da Rede Nacional de Contratações Públicas, a ser presidido por representante indicado pelo Presidente da República e composto de:
I - 3 (três) representantes da União indicados pelo Presidente da República;
II - 2 (dois) representantes dos Estados e do Distrito Federal indicados pelo Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração;
III - 2 (dois) representantes dos Municípios indicados pela Confederação Nacional de Municípios.
· Informações presentes no Portal acerca das contratações:
I - planos de contratação anuais;II - catálogos eletrônicos de padronização;
III - editais de credenciamento e de pré-qualificação, avisos de contratação direta e editais de licitação e respectivos anexos;
IV - atas de registro de preços;
V - contratos e termos aditivos;
VI - notas fiscais eletrônicas, quando for o caso.
O PNCP adotará o formato de dados abertos e deverá obedecer às exigências previstas na Lei de Acesso às Informações (Lei 12.527/11). 
A gestão do PNCP será compartilhada entre todos os entes da federação. Mesmo com a criação do portal nacional, os entes federativos poderão criar sítios eletrônicos próprios para divulgação e realização das contratações. 
A lei permite a realização de cadastro unificado anual, ensejando a possibilidade de procedimentos licitatórios somente para empresas previamente cadastradas, otimizando as contratações públicas.
13. Contratos administrativos em espécie
13.1. Contratos de execução de obra
São contratos celebrados para que o particular execute uma obra pública, para utilização pelo ente estatal ou pela coletividade, dentro um prazo determinado. O termo “obra” deve ser compreendido como construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação. 
A execução da obra poderá ser de forma direta ou indireta. Quando não executada diretamente pela administração, poderá ser contratada para execução de instrumentos definidos na lei:
a) empreitada por preço unitário: contratação da execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades determinadas;
b) empreitada por preço global: contratação da execução da obra ou do serviço por preço certo e total;
c) empreitada integral: contratação de empreendimento em sua integralidade, compreendida a totalidade das etapas de obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade do contratado até sua entrega ao contratante em condições de entrada em operação, com características adequadas às finalidades para as quais foi contratado e atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização com segurança estrutural e operacional;
d) contratação por tarefa: regime de contratação de mão de obra para pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais.
Antes da celebração de contratos para a execução de obras, a administração deverá ajustar a elaboração de projeto básico e de projeto executivo. 
O projeto básico é o projeto arquitetônico que deve apresentar todos os elementos necessários e suficientes para a caracterização da obra ou serviço. Será elabora a partir de estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica, adequado tratamento ambiental e avaliação do custo da obra. 
O projeto executivo, por sua vez, trata-se do conjunto de elementos necessários e suficientes à execução completa da obra. 
13.2. Contratação integrada e semi-integrada
A contratação semi-integrada é o regime de contratação de obras e serviços de engenharia em que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver o projeto executivo, executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto.
Mediante prévia autorização da administração o projeto básico poderá ser alterado, demonstrada a superioridade das inovações propostas pelo contratado, assumindo este a responsabilidade integral pelos riscos associados à alteração do projeto básico. Nesta espécie de contratação, a administração não escolhe a tecnologia ou metodologia a ser utilizada, deixando a cargo dos licitantes a apresentação de mais de uma. 
Já a contratação integrada constitui regime de contratação de obras e serviços de engenharia em que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver os projetos básico e executivo, executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto.
Na contratação integrada, após a elaboração do projeto básico pelo contratado, o conjunto de desenhos, especificações, memoriais e cronograma físico-financeiro deverá ser submetido à aprovação da Administração, que avaliará sua adequação em relação aos parâmetros definidos no edital e conformidade com as normas técnicas, vedadas alterações que reduzam a qualidade ou a vida útil do empreendimento e mantida a responsabilidade integral do contratado pelos riscos associados ao projeto básico.
O valor estimado do objeto a ser licitado será calculado com base em valores de mercado, em valores pagos pela administração em serviços ou obras similares ou em avaliação do custo global da obra. 
A matriz de alocação de riscos será obrigatória nas hipóteses de contratação integrada ou semi-integrada. Ademais, em tais contratações será vedada a alterações de valores contratuais, exceto:
I - para restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro decorrente de caso fortuito ou força maior;
II - por necessidade de alteração do projeto ou das especificações para melhor adequação técnica aos objetivos da contratação, a pedido da Administração, desde que não decorrente de erros ou omissões por parte do contratado, observados os limites estabelecidos no art. 125 desta Lei;
III - por necessidade de alteração do projeto nas contratações semi-integradas, nos termos do § 5º do art. 46 desta Lei;
IV - por ocorrência de evento superveniente alocado na matriz de riscos como de responsabilidade da Administração.
O edital e o contrato deverão prever as providências para a efetivação da desapropriação autorizada pelo poder público nas contratações integrada e semi-integrada. Ou seja, a desapropriação será executada pela entidade privada contratada, desde que a declaração de utilidade pública tenha sido efetivada pela administração pública. 
13.3. Contratação de prestação de serviços
É todo aquele que tem por objeto a prestação de uma atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Administração Pública ou para a coletividade, predominando o fazer sobre o resultado final.
Mediante pesquisa prévia de mercado a administração definirá o valor máximo de que dispõe para pagar pelo serviço, servindo como base para o procedimento licitatório. 
O edital de licitação poderá exigir que um percentual de mão de obra seja egressa do sistema prisional, com a intenção de garantir a ressocialização do ex-presidiário.
13.4. Contrato de fornecimento de bens
É a contratação para aquisição de bens necessários à execução das atividades do órgão público, mediante pagamento, nos termos da proposta vencedora na licitação. Deverá haver a adequada caracterização do objeto e indicação dos recursos orçamentários para o pagamento. 
13.5. Contrato de concessão de serviços públicos
Tal contrato é regulamentado pela lei 8.987/95, por meio da qual a Administração transfere, mediante procedimento licitatório na modalidade concorrência ou diálogo competitivo, a prestação de um determinado serviço público ao particular que deverá prestá-lo por sua conta e risco, por prazo determinado, mediante a remuneração por meio de cobrança de tarifas dos usuários do serviço. A concessão de serviço público poderá ser simples, ou precedida de obra.
A lei 11.079/04 criou duas novas espécies de concessões de serviços públicos, designadas, pela própria lei, como Parceria Público-Privada. Tais parcerias se dividem em duas novas espécies de ajustes, quais sejam a concessão patrocinada e a concessão administrativa:
a) Concessão patrocinada: se configura como contrato de concessão de serviço público no qual, adicionalmente às tarifas pagas pelos usuários, o particular contratado recebe uma contraprestação pecuniária do poder público, como forma de complementar seus ganhos, mantendo a cobrança de tarifas módicas.
b) Concessão administrativa: também é concessão de serviço público, na qual, por ser a Administração Pública a usuária, direta ou indireta, do serviço público prestado, ela fica responsável pelo pagamento das tarifas.
(Atualizadoem 12/09/2022)* #DEOLHONAJURISPRUDENCIA # INFO 554, STJ – 2015: Concessão de rodovia. Possibilidade de cobrança de valores pela concessionária de rodovia no caso de instalação de postes e cabos aéreos. Concessionária de rodovia pode cobrar de concessionária de energia elétrica pelo uso de faixa de domínio de rodovia para a instalação de postes e passagem de cabos aéreos efetivada com o intuito de ampliar a rede de energia, na hipótese em que o contrato de concessão da rodovia preveja a possibilidade de obtenção de receita alternativa decorrente de atividades vinculadas à exploração de faixas marginais. (STJ. 1ª Seção. EREsp 985.695-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 26/11/2014)
#NÃOCONFUNDA: É indevida a cobrança promovida por concessionária de rodovia, em face de autarquia prestadora de serviços de saneamento básico, pelo uso da faixa de domínio da via pública concedida.
Embora cedido ao particular, o bem público de uso comum do povo não se desnatura, permanecendo, portanto, afetado à destinação pública. Por esse motivo, mostra-se ilegítimo exigir remuneração pela sua utilização, quando voltada a viabilizar a execução de serviço público de saneamento básico prestado por entidade estatal, cuja configuração jurídica seja adversa à lucratividade, ou seja, esteja fora do regime concorrencial. STJ. 1ª Seção.REsp 1817302-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 08/06/2022 (Tema IAC 8) (Info 740).
13.6. Permissão de serviços públicos
Segundo a doutrina, a permissão de serviço público é o contrato administrativo celebrado, mediante procedimento licitatório, com pessoas físicas ou jurídicas, por meio do qual se transfere a particular a prestação do serviço público, por sua conta e risco, mediante remuneração por tarifas dos usuários, a título precário.
#NÃOCONFUDA
	Permissão de serviço público
	Permissão de uso de bens públicos
	Contrato de adesão
	Ato unilateral
#SELIGA: Permissão é ato ou contrato administrativo?
A maioria da doutrina considera a permissão de serviço público um ato administrativo unilateral. Nesse sentido, Celso Antônio Bandeira de Mello, Hely Lopes Meirelles e Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Trata-se da orientação mais coerente levando em consideração a natureza precária da permissão e a ausência de significativos, direitos do permissionário em face do Poder Público.
Entretanto, após a Constituição de 1988 o direito positivo brasileiro passou a tratar, equivocadamente, da permissão como um contrato de adesão.
Na mesma linha, é o que se depreende da leitura do art. 40 da Lei n. 8.987/95: “A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder concedente” (original sem grifos).
A expressão contrato “de adesão”, empregada pela Lei n. 8.987/95, remete a ajustes privados disciplinados pelo Direito das Relações de Consumo nos quais as disposições contratuais são elaboradas unilateralmente pelo fornecedor, sem qualquer participação do consumidor, cabendo a este aderir às regras preestabelecidas.
Nos contratos administrativos, o contratado não tem o poder de definir ou modificar o conteúdo das regras aplicáveis ao vínculo. As disposições contratuais são estabelecidas unilateralmente pelo Poder Contratante antes mesmo de ser realizada a licitação para escolha do contratado.
Embora haja certa semelhança nas posições fáticas de hipossuficiência ocupadas pelo consumidor nos contratos de adesão e pelo particular nos contratos administrativos, em termos jurídicos as diferenças entre as duas figuras contratuais são evidentes. A começar pelo fato de o contrato de adesão estar regido pelo Direito Privado, baseando-se no princípio da autonomia da vontade, ao passo que o contrato administrativo se submete ao Direito Público, tendo como fundamento a supremacia do interesse público sobre o privado.
Assim, os princípios e regras aplicáveis ao contrato de adesão são absolutamente distintos daqueles válidos para os contratos administrativos.
Inexiste qualquer utilidade concreta na aproximação entre tais institutos.
Todavia, lamentando o erro cometido pelo legislador, autores como José dos Santos Carvalho Filho vêm admitindo que a permissão de serviço público tem natureza de contrato administrativo de adesão. É a mesma orientação adotada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 1.491/98.
Desse modo, parece mais seguro, para o fim específico de obter aprovação em concurso público, seguir a visão baseada na literalidade de nossos textos normativos, e abonada pelo STF, segundo a qual a permissão de serviço público é contrato administrativo de adesão.
13.7. Contrato de concessão de uso de bens públicos
Concessão de uso de bem público é o contrato administrativo pelo qual o Poder Público outorga ao particular, mediante prévia licitação, a utilização privativa de um bem público, por prazo determinado, de forma remunerada ou não, no interesse predominantemente público.
13.8. Contrato de eficiência
É o contrato cujo objeto é a prestação de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, na forma de redução de despesas correntes, remunerado o contratado com base em percentual da economia gerada.
Trata-se do contrato firmado com o particular com o intuito de reduzir custos de serviços prestados de forma contínua. 
13.9. Contrato de gestão
Contrato de gestão é a terminologia genérica utilizada pela doutrina para designar qualquer acordo operacional firmado entre a Administração central e organizações sociais ou agências executivas, para fixar metas de desempenho, permitindo melhor controle de resultados.
13.10. Convênios
Convênio é o acordo administrativo multilateral firmado entre entidades públicas de qualquer espécie, ou entre estas e organizações particulares, visando a cooperação recíproca para alcançar objetivos de interesse comum a todos os conveniados.
Nos termos da Lei 14.133/21:
Art. 184. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber e na ausência de norma específica, aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da Administração Pública, na forma estabelecida em regulamento do Poder Executivo federal.
13.11. Consórcios Públicos
Os consórcios públicos consistem na gestão associada de entes federativos para a prestação de serviços de interesse comum a todos eles. Somente se admite a participação de entes políticos no acordo, ou seja, União, Estados, Municípios e Distrito Federal.
	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
	DIPLOMA
	DISPOSITIVO
	Lei 14.133/2021
	Artigos 89 a 194.
	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
- CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador: Juspodivm, 2021.
Contratos da Administração
Regidos pelo Direito Privado = Estado não goza de prerrogativas de poder público
Regidos pelo Direito Público = contratos administrativos
Ex: concessão de uso de bens públicos, permissão de serviço público
Ex: contrato de locação, contrato de compra e venda
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