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STABACH, Thiago 1 M1 OTORRINOLARINGOLOGIA REVISÃO DE ANATOMIA ORELHA ORELHA EXTERNA Orelha externa → pavilhão e conduto auditivo externo até chegar ao tímpano (parte externa) Membrana timpânica: • Translúcida, maleável, côncava • Martelo e bigorna são ossículos possíveis de ver na otoscopia ORELHA MÉDIA Orelha média → atrás dos tímpanos, contendo os ossículos • Martelo, bigorna e estribo ORELHA INTERNA Orelha interna → Cóclea (faz duas voltas e meia) e labirinto • Nervo facial passa acima do labirinto. • Nervo vestibulococlear se divide em ramo vestibular (inerva labirinto) e coclear (inerva a cóclea) Se tem problema de audição investiga também o labirinto e vice versa • Tuba auditiva ou tuba de Eustáquio Vestibulopatia ou labirintopatia é o nome verdadeiro da famosa “labirintite”. Não devemos falar labirintite pois se trata de uma infecção grave que geralmente leva a morte STABACH, Thiago 2 NARIZ • Osso nasal • Septo nasal (cartilagem no terço anterior e osso no terço posterior) • Corneto inferior, médio e superior (algumas pessoas não tem o superior) • Os cornetos filtram, aquecem e umidificam o ar • Vibrissas • Vestibulite → alteração na entrada do nariz • Meato nasal inferior e médio • Rinofaringe • Óstio da tuba auditiva • Adenoide • Adenoide aumentada tampa o canal da tuba auditiva, diminuindo a audição Doença de hipófise (adenoma por exemplo) pode fazer cirurgia através do nariz com abertura no seio esfenoidal • Palato duro e palato mole • Seio maxilar, etmoidal, frontal e esfenoide Os seios da face servem para ajudar na sustentação da cabeça, diminuindo o peso • O ar passa pelos seios PESCOÇO • Músculos • Glândula submandibular • Parótida • Vasos • Cartilagem tireoide • Cartilagem cricóide • Glândula tireoide • Cartilagem epiglótica STABACH, Thiago 3 Supraglote / glote (região de pregas vocais) / subglote • Abaixo da cricoide já temos traqueia STABACH, Thiago 4 EXAME FÍSICO GARGANTA, NARIZ, OUVIDO EXAME DA OROFARINGE • Abre a boca, coloca o palito e pede para falar “éééé” • Não se coloca a língua para fora • Observa a língua, mucosa, palatos, úvula, bem como faz avaliação da mordida • Amigdalas (entre o palatoglosso e o palatofaríngeo). Divididas em graus I, II, III e IV • ANEL DE WALDEYER (conjunto das tonsilas: faríngea, palatina, lingual e tubária). A retirada de tonsilas palatinas não compromete a capacidade de proteção contra agentes estranhos, pois as outras tonsilas suprem esta falta EXAME DO NARIZ: • Espéculo e lanterna Em queixa de voz e rouquidão → devemos examinar a laringe ÁREAS DA OTORRINO • Otologia • Rinologia STABACH, Thiago 5 • Otorrinopediatria • Otoneurologia • Laringologia • Foniatria • Medicina do sono • Plástica facial LIVROS • Tratado de otorrino • Rotinas em otorrino • Seminários USP DISFONIA INTRODUÇÃO LARINGE • Órgão impar localizado na região cervical ventral mediana • Faz parte das vias aerodigestórias superiores A supraglote é composta pela epiglote, pelas pregas ariepiglóticas (que contêm os músculos ariepiglóticos e as cartilagens corniculadas e cuneiformes), pelas bandas ventriculares (falsas pregas vocais) e pelos ventrículos de Morgagni. A glote contém as pregas vocais, incluindo a comissura anterior e posterior, e divide-se em duas porções: a fonatória (porção intermembranosa ou anterior) e a respiratória (porção intercartilaginosa ou posterior). A porção fonatória se insere anteriormente na cartilagem tireóidea por meio do tendão da comissura anterior e a inserção posterior se dá no processo vocal da cartilagem aritenoide. O plano horizontal da glote possui aproximadamente 1 cm de altura. A subglote, por sua vez, é a região que compreende o limite inferior da glote até a borda inferior da cartilagem cricoidea. Inferiormente, este conjunto se conecta à traqueia. CARTILAGENS A laringe é formada por nove cartilagens unidas por membranas e ligamentos. Três são ímpares (epiglote, tireoide e cricoide) e três são pares (aritenoides, corniculadas e cuneiformes). • A epiglote tem a forma de uma folha e se localiza dorsalmente à base da língua e ventralmente ao ádito laríngeo, sendo fixada à porção mediana do osso hioide e à STABACH, Thiago 6 cartilagem tireoide pelos ligamentos hio- epiglótico e tireo-epiglótico. • A tireoide tem formato de escudo e é a maior cartilagem da laringe. Apresenta duas lâminas que se fundem ventralmente em ângulo diedro na linha média do pescoço, estabelecendo a proeminência laríngea, ou pomo de Adão. O conhecimento preciso da projeção da prega vocal sob a lâmina da cartilagem tireoide é de extrema importância para o sucesso da cirurgia de tireoplastia tipo I. • A cartilagem cricoide é um anel completo que se articula com as aritenoides pela articulação cricoaritenoidea e com a tireoide pela articulação cricotireoidea. • As aritenoides se situam sobre a borda posterior da lâmina da cricoide e exibem formato de uma pirâmide triangular. Apresentam duas projeções: uma apófise ventral ou interna, o processo vocal, onde se insere o ligamento vocal, e uma apófise dorsal ou externa, o processo muscular, onde se inserem os músculos cricoaritenoideos posterior e latera. • Sobre a aritenoide e a prega ariepiglótica encontram-se as cartilagens corniculadas e cuneiformes. O osso hioide, ímpar, em formato de ferradura, é quem exerce a função de suporte e suspensão de todo esse conjunto. MUSCULATURA Os músculos da laringe se dividem em extrínsecos (entre a laringe e os órgãos adjacentes) e intrínsecos (entre estruturas internas). Músculos extrínsecos: • Externamente ao arcabouço laríngeo estão os músculos tireohioideo, estilohioideo, milohioideo, digástrico, estilofaríngeo e palatofaríngeo, os quais são levantadores da laringe. • Dentre os abaixadores, tem-se o omohioideo, esternohioideo, esternotireoideo e o tireohioideo, que se originam e se inserem nas estruturas que compõem seus nomes. Músculos intrínsecos: • A musculatura intrínseca é responsável pelos movimentos de adução, abdução e tensão das pregas vocais. • Todos os músculos intrínsecos são pares, exceto o músculo aritenoideo, o qual une as aritenoides e forma a comissura posterior. • Dentre os adutores, tem-se o cricoaritenoideo lateral e o aritenoideo. • O único músculo abdutor é o cricoaritenoideo posterior. • O músculo cricotireoideo, é o grande tensor, já que aproxima anteriormente as cartilagens cricoide e tireoide, e o músculo tireoaritenoideo é o músculo vocal propriamente dito. • Dentre outros músculos, estão o ariepiglótico e o tireoepiglótico https://www.youtube.com/watch?v=xSqPXiCR62o Todos os músculos intrínsecos da laringe são inervados pelo nervo laríngeo recorrente (inferior), ramo do nervo vago, exceto o músculo cricotireóideo, cuja inervação se dá pelo ramo externo do nervo laríngeo superior → inervação motora • Laríngeo superior faz mais função sensitiva na laringe • O ramo interno, por sua vez, penetra na membrana tireohioidea e faz a inervação sensitiva da mucosa da laringe da epiglote até as pregas vocais, enquanto o nervo laríngeo recorrente, que é misto, inerva sensitivamente a laringe abaixo da glote. • O nervo laríngeo recorrente possui um trajeto peculiar - emerge do nervo vago, contorna o tronco braquiocefálico à direita e o arco aórtico à esquerda, segue um trajeto ascendente no sulco traqueo-esofágico, e penetra na laringe próximo ao corno inferior da cartilagem tireoide e ao músculo critoaritenoideoposterior. À direita, o nervo inicia seu trajeto mais lateral, com trajetória mais oblíqua, por isso a preferência da esofagectomia e da artrodese cervical serem à esquerda, quando optado pela técnica cervical. FUNÇÕES BÁSICAS DA LARINGE • Função esfincteriana (proteção de vias aéreas) → mais importante • Função respiratória • Função fonatória https://www.youtube.com/watch?v=xSqPXiCR62o STABACH, Thiago 7 Fonação: • A energia aerodinâmica gerada pelo fluxo respiratório é convertida em energia acústica através da vibração das pregas vocais; • Para que a vibração ocorra, é necessário que forças antagônicas atuem sobre as pregas vocais, produzindo sua abertura e fechamento de modo sucessivo; • Força de abertura: pressão subglótica; • Forças de fechamento: elasticidade das pregas vocais e o efeito de Bernoulli. A prega vocal se fecha quando falamos e se abre quando respiramos. A movimentação na verdade é ondulatória Efeito de Bernoulli: aproximação das pregas vocais por conta de uma pressão de ar DISFONIA Definição: • Disfonia: distúrbio da fonação • Qualquer dificuldade na emissão vocal que impeça a produção natural da voz • Alterações na qualidade vocal decorrentes de lesões benignas e/ou malignas • Rouquidão ou outras alterações Classificação: • Disfonias orgânicas → causadas por lesões ou alterações anatômicas da laringe. Pode ser dividida em primária e secundária • Disfônicas funcionais • Disfonia psicogênica: disfonia conversiva. Mandamos tossir, se sair normalmente tem voz. Disfonias orgânicas secundárias: • Decorrentes de lesões causadas por distúrbios funcionais; • Nódulos, pólipos e edemas; • Lesões fonotraumáticas da laringe; • Tratamento inclui fonoterapia, associada ou não a cirurgia; Disfonias orgânicas primárias: • Decorrentes de lesões que independem do uso inadequado da voz para seu estabelecimento; • Doenças inflamatórias, infecciosas, neoplasias, malformações congênitas, lesões traumáticas, doenças sistêmicas e disfunções do sistema nervoso central e periférico. OBS: • Artrite reumatoide pode causar artrite na cartilagem e alteração na laringe. • O papiloma (HPV) tem tropismo por mudança de epitélio. Lembrar que ocorre mudança de epitélio respiratório com o epitélio da laringe. • Papiloma (HPV 6,9,11 subtipos mais comuns) FISIOPATOLOGIA Histologia das pregas vocais: mucosa e músculo vocal; Mucosa: • Externamente - epitélio escamoso estratificado; • Internamente - lâmina própria; - Camada superficial (ou espaço de Reinke); - Camada intermediária; - Camada profunda; • As camadas intermediária e profunda compõem o ligamento vocal, que se localiza medialmente em relação ao músculo tireoaritenóideo (músculo vocal) As lesões organofuncionais afetam em geral a camada superficial da lâmina própria → responsável pela perpetuação da onda mucosa e consequentemente pela qualidade vocal; Essas lesões podem causar disfonia por interferirem na vibração, no fechamento glótico, assim como provocar adaptações inadequadas que causarão ainda mais fonotrauma; Comorbidades associadas: • Rinite STABACH, Thiago 8 • Asma • Refluxo laringofaríngeo • Tabagismo Efeitos inflamatórios sinérgicos EPIDEMIOLOGIA • Disfonia: sintoma extremamente prevalente; • Estima-se que 29,9% da população o apresente em algum momento da vida; • Prevalência transversal na população: 6,6% em adultos com < 65 anos; • Prevalência maior em pacientes profissionais da voz, como operadores de telemarketing (31 %) e professores (58%). • Nódulos de pregas vocais e Edema de Reinke: mais comuns nas mulheres; • Pólipos: mais comuns em homens; • Tumores malignos: tabagismo, etilismo, HPV (16, 18, 33); DIAGNÓSTICO História clínica + exame físico • Tempo de instalação da doença; • Características de sua evolução; • Fatores de risco individuais (tabagismo, etilismo, uso abusivo da voz, alergias); • Presença de outras doenças de base e sintomas associados; • Exame físico precisa de laringoscopia Videolaringoscopia e videolaringoestroboscopia • Disfonia persistente (evolução maior que 15 dias) ou suspeita clínica de lesão orgânica na laringe. • Na videolaringoscopia pode-se fazer xilocaína 10% spray um jato a cada 10kg LESÕES ORGÂNICAS PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS • Lesões inflamatórias benignas • Lesões estruturais mínimas • Laringites agudas • Laringites crônicas infecciosas • Laringites crônicas não infecciosas • Manifestações laríngeas das doenças sistêmicas • Lesões tumorais • Lesões neurológicas LESÕES INFLAMATÓRIAS BENIGNAS Nódulos: • Lesão fonotraumática • Espessamento da prega vocal • (fenda em ampulheta) • Tratamento é fonoterapia Pólipo: • Lesão fonotraumática • Tratamento cirúrgico Edema de Reinke: • O cigarro faz edema no espaço de Reinke. • Se o paciente para de fumar geralmente ocorre uma melhora. Porém, se volta a fumar depois da cirurgia, o problema retorna. • O tratamento operatório é para os graus III e IV; grau I e II geralmente orientamos a parar de fumar STABACH, Thiago 9 Úlcera de contato: • Aumentou os casos durante a pandemia em decorrência do contato com o tubo durante a intubação • Doença do refluxo também pode causar Granuloma: • Faz lesão e forma uma vegetação • Alguns parecem tumor e geralmente necessitam ir para biópsia LESÕES ESTRUTURAIS MÍNIMAS Cisto: • Geralmente é congênito e tende a manifestar disfonia quando a pessoa utiliza a voz por conta do trabalho Sulco: Vasculodisgenesia: Ponte: • É mais rara LARINGITES AGUDAS STABACH, Thiago 10 Laringites infecciosas agudas: • Duração média → 8 dias • Etiologia → viral • Autolimitadas • Urgências pediátricas → Qualquer inchaço de laringe em criança pode causar insuficiência respiratória, pela própria anatomia da laringe ter um espaço aéreo pequeno Laringite aguda: • Associada a IVAS • Sintomas de resfriado + disfonia • Etiologia - Rinovírus - Adenovírus (dispneia mais importante) - Piconarvírus Mucosa edemaciada e hiperemiada em regiões glótica e supraglótica • Estroboscopia: redução da onda mucosa • Evolução autolimitada Tratamento: • Sintomáticos • Hidratação • Repouso vocal • Eliminação de fatores predisponentes (abuso vocal, álcool, tabagismo, RFL) Laringite catarral: Laringotraqueíte aguda (crupe): • Crianças 1-6 anos, sexo masculino (18 meses) • Outono e inverno • Duração → 3-7 dias • Edema da subglote (<3 anos é o calibre mínimo VA) • Etiologia: parainfluenza 1, 2 e 3 • Influenza A Clínica: • Obstrução nasal, rinorreia, odinofagia • Febre baixa • Disfonia e tosse “de cachorro” pior a noite • Estridor • Ausculta pulmonar inocente Diagnóstico diferencial: corpo estranho, estenose, traqueíte • <1 ano • >7 dias • Refratária ao tratamento clínico • Bacteriana Tratamento: • Hidratação • Repouso vocal • Dispneia grave - Adrenalina - Corticoides - IOT, traqueostomia Epiglotite (supralotite) • Envolve epiglote, aritenoides e pregas ariepigloticas • Etiologia - Haemophilus influenza tipo B - Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus, estreptococos beta- hemolíticos e Klebsiela pneumoniae Clínica adulto: • Rápida instalação de acentuada odinofagia • Disfagia com sialorreia STABACH, Thiago 11 • Adenopatia cervical • Otalgia • Febre e queda do estado geral • Dispneia e estridor → sintomas tardios • Abscesso epiglótico → complicação rara (TQT + drenagem) Diagnóstico: • Laringoscopia com ópticas rígidas ou flexíveis - Supraglote edemaciada e hiperemiada, cor vermelho-cereja • Evitar estímulos (abaixador de língua easpiração bucal) - Laringoespasmo reflexo • Evitar o decúbito → queda da epiglote • RX cervical em perfil na posição sentada → falso negativo em cerca de 50% dos casos • Hemograma infeccioso • Hemocultura → raramente é positiva no adulto Paciente em posição de tripé, sinal do polegar no raio-X → epiglotite Tratamento: • Suplementação de O2, umidificação, hidratação • Corticoide (dexametasona) • ATB EV (ceftriaxona) • Observação clínica e fibroscopias seriada → nos pacientes menos graves • Suporte respiratório → IOT/TQT Laringites estridulosa (crupe espasmódica ou falso crupe): • Etiologia → incerta • Dispneia de instalação súbita a noite • Sufocação, tiragem supraesternal, respiração ruidosa com estridor, tosse rouca, sudorese intensa, agitação, sem febre • Duração → poucos minutos • Diagnóstico clínico → anamnese e exame físico • Tratamento → inação e tranquilização da família Difteria: • Etiologia → Corynebacterium diphteriae (toxina): bacilo aeróbico gram + • Crianças maiores que 6 anos de idade Clínica: • Febre baixa, tosse, dor de garganta e rouquidão • Edema e eritema da mucosa laríngea e faríngea • Exsudato em placa pseudomembranosa (difícil de descolar) • Adenite cervical • Toxina → paralisia de PPVV, miocardite e paralisia de pares cranianos Diagnóstico: culturas Diagnóstico diferencial → Epstein-Barr, Streptococcus pyogenes, Neisseria gonorrhoeae Tratamento: • ATB (penicilina ou eritromicina) • Soro antitoxina diftérica • Manutenção das vias aéreas → TQT Coqueluche: • Etiologia → Bordotella pertussis • Em crianças <6 meses (não ocorre passagem intraútero de anticorpos maternos) e adultos Clínica: • Tosse paroxística clássica • Febre e leucocitose (>20.000 leucócitos) Diagnóstico → clínico Tratamento: • ATB → eritromicina (diminui o período de transmissibilidade da doença) • Suporte LARINGITES CRONICAS INFECCIOSAS • Adultos • Disfonia persistente (> 20 dias) • Disfagia, dispneia, tosse crônica, perda de peso; STABACH, Thiago 12 • Tabagismo e etilismo; • Diagnóstico diferencial de neoplasias malignas - Biópsia + cultura de fungos + BAAR; Tuberculose: • Etiologia → mycobacterium tuberculosis • Geralmente associada a tuberculose pulmonar ativa • Manifestações ORL + comum da tuberculose (0,5%) • Importante causa de doença granulomatosa laríngea • Porção posterior da glote, aritenoides e o espaço interaritenoideo (próxima a linha de clearence mucociliar da traqueia) • Clínica: disfonia, odinofagia e dispneia (progressivos) Suspeitas: • Tuberculose no passado • História familiar • Fatores de risco (alcoolismo crônico, imunossupressão, contactantes, tratamento incompleto, diabetes) • Achados radiológicos pulmonares (80%) Laringoscopia: lesões ulceradas ou lesões exofiticas Sífilis: • Etiologia → Treponema pallidum • Cancro laríngeo raro • Forma secundaria (+ comum) → pápulas eritematosas difusas, edema e úlceras supraglóticas, linfoadenopatia cervical • Goma sifilítica → pericondrite, fibrose e deformidades cicatriciais → obstrução das vias aéreas Paracoccidioidomicose: • Lesão fúngica que destrói • Aspecto em roda de Leme • Etiologia a Paracoccidioides brasiliensis • Homens (14:1) da zona rural • Transmissão a via inalatória • Mais comum a pulmão (tosse, febre, dispneia) • Doença disseminada (crianças e adultos jovens) a ulceras orofaríngeas, adenopatia cervical e granulomatose da laringe e arvore traqueobrônquica Candidíase: • Etiologia → cândida sp • Achado isolado ou quadro sistêmico • Edema de ppvv → disfonia • Enantema, placas esbranquiçadas esparsas ou vegetante • Doença definidora de SIDA STABACH, Thiago 13 • Associação com candidíase oral e/ou faríngea • Diagnóstico → exame micológico direto, cultura ou biópsia • Formas invasivas → estenose e disfonia permanente • Tratamento → fluconazol, anfotericina B Leishmaniose: • Etiologia → Leishmania brasiliensis • Vetor → mosquito palha • Forma mucocutânea (+ comum) → fossas nasais → mucosa da cavidade oral, orofaringe e laringe • Ulcerogranulomatosas supraglóticas • Disfonia, tosse, disfagia e dispneia • Porta de entrada cutânea em atividade ou cicatricial (úlcera de Bauru) LARINGITES CRÔNICAS NÃO INFECCIOSAS Refluxo faringolaríngeo: Paquidermia (edema e hiperemia de laringe posterior) → refluxo DISFONIAS E DOENÇAS SISTÊMICAS • Granulomatose de Wegener • Sarcoidose • Amiloidose • LES • AR STABACH, Thiago 14 LESÕES TUMORAIS Benigno – papiloma laríngeo: Papiloma laríngeo é uma doença recorrente. Tratamento é cirúrgico Papilomatose respiratória recorrente: • Em geral, histologicamente benigna; • Grande capacidade de recorrência; • Lesões proliferativas exofíticas no tecido conectivo coberto por epitélio; • Potencialmente ameaçadora à vida; • Pode se apresentar em qualquer lugar do trato respiratório • Distribuição etária bimodal Incidência (EUA): • 4 casos por 100 mil crianças; • 2 casos por 100 mil adultos. No estado de SP: • Incidência: 2 a 11 casos por 1 milhão; • Prevalência: 7 a 23 casos por 1 milhão Etiologia: Papilomavírus humano (HPV) • Camada epitelial basal • Expressão desregulada dos genes virais no epitélio celular; • Ativação da via do receptor do fator de crescimento epidérmico e desativação de diversas proteínas supressoras do crescimento tumoral; • Predileção pelas “zonas de transformação”. Sinais e sintomas: • Rouquidão • Tosse crônica • Disfagia • Dispneia • Infecção recorrente das vias aéreas superiores • Pneumonias • Estridor • Insuficiência respiratória; Tratamento: cura não encontrada Cirurgia • Assegurar a patência da via aérea; • Preservar os tecidos laríngeos próximos; • Manter uma qualidade vocal aceitável. Terapias adjuvantes: • Cidofovir • Bevacizumabe Prevenção: • Vacina quadrivalente contra HPV Pré-maligno – leucoplasia Lesão branca na laringe é considerada como pré- maligna. Sintoma de rouquidão fixo que não melhora Maligno – CEC CEC → carcinoma espinocelular STABACH, Thiago 15 LESÕES NEUROLÓGICAS Paralisia de prega vocal → investigar causa Presbifonia → envelhecimento da laringe TRATAMENTO Depende do tipo de lesão • Tumores – TNM; • Medicamentos; • Microcirurgia de laringe; • Fonoterapia; • Cirurgias do arcabouço laríngeo; • Toxina botulínica na laringe; • Preenchimento de pregas vocais; DISFAGIA INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO • Comprometimento da habilidade de deglutir; • Pode resultar de alteração anatômica ou de comprometimento neuromuscular, em qualquer local entre os lábios e o estômago. DEGLUTIÇÃO • O mecanismo sensorial que desencadeia a deglutição ainda não é precisamente conhecido; • A entrada de fluidos ou alimentos na hipofaringe, no território de inervação sensorial do nervo laríngeo superior, parece ser um estímulo fundamental. • A deglutição, entretanto, pode ser iniciada apenas como um esforço volitivo, sem a presença de alimentos. • A frequência de movimentos espontâneos de deglutição em um indivíduo normal em alerta é de 1/min e está relacionada à produção de saliva que ocorre em 0,5 mL/min. • Durante a alimentação ocorre aumento da salivação, que facilita a deglutição e ainda atua como lubrificante. FASES DA DEGLUTIÇÃO: • Oral preparatória; • Oral propriamente dita ou transportiva; • Faríngea ou orofaríngea; • Esofágica; ETIOLOGIA STABACH, Thiago 16 DIAGNÓSTICO QUADRO CLÍNICO • Engasgos ou afogamentos enquanto se engolem alimentos ou líquidos; • Tosse úmida; • Voz úmida ouborbulhante; • Inabilidade de iniciar a deglutição; • Xerostomia; • Sensação de globus faríngeo (algo parado); • Dor à deglutição; • Regurgitação nasal de alimentos; • Dificuldade de manejar as secreções orais; • Elevação ausente ou anormal da laringe durante a deglutição; • Perda de saliva ou de alimentos pela cânula traqueal, em pacientes traqueostomizados; • Perda inexplicável de peso; • Infecções respiratórias de repetição (pneumonias). Objetivos: • Interpretação da repercussão funcional da disfagia; • Avaliação dos padrões de penetração e aspiração; • Inferência da gravidade do comprometimento funcional; Videofluoroscopia (VFC): padrão ouro; Videoendoscopia da deglutição (VED): • FEESS, fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing safety; VED: método de alta sensibilidade para a detecção de resíduos na faringe, penetração laríngea e aspiração laringotraqueal, além de elevados índices de especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo e acurácia; VFC: continua sendo o método para estudo da deglutição, que permite uma avaliação abrangente de toda a dinâmica da deglutição. Manometria: • Avalia o relaxamento, a contração dos esfíncteres esofágicos e a força das ondas peristálticas; • Suspeita de comprometimento da fase esofágica da deglutição; STABACH, Thiago 17 COMPLICAÇÕES • Desidratação • Desnutrição • Pneumonia aspirativa → morte ESTADIAMENTO • Anamnese + exame físico; • Fatores associados; • Etiologia; • Performance para deglutição; • Estado nutricional; • Estado cognitivo; Gravidade: Muito Grave: restrição total por via oral (VO); Grave: dependente de nutrição enteral ou VO parcial; Moderada: restrições de duas ou mais consistências; a dieta é modificada e a hidratação restrita (dieta semi-sólida adaptada, pastosa e hidratação espessada); Leve/Moderada: restrição de uma ou duas consistências alimentares; a dieta pode ser semi- sólida amassada ou umidificada e hidratação adaptada (espessada ou líquidos controlados); Leve: restrição de alguma consistência alimentar ou necessitar de dieta modificada ou adaptada (dieta semi-sólida e líquidos normais); Funcional: dieta normal (consistência sólida e hidratação normal). O paciente necessita de um período maior para refeição; Normal: dieta normal e exclusiva por VO. Não são necessárias estratégias ou compensações para deglutição TRATAMENTO American Gastroenterological Association (AGA): • Certificar-se da presença da disfagia e suas etiologias; • Identificar etiologias estruturais na disfunção orofaríngea; • Certificar-se da integridade funcional da deglutição orofaríngea; • Avaliar o risco de pneumonia aspirativa; • Determinar se os padrões de disfagia são passíveis de tratamento; Multidisciplinar: • Prevenção/reabilitação; • Via alternativa de alimentação; Condutas clínicas/cirúrgicas; • Colocação de sonda nasoenteral; • Gastrostomia endoscópica percutânea; • Diminuição da produção de saliva; • Manejo de cânulas traqueais; • Dilatação endoscópica e com sondas de Hurst; • Cricomiotomia; • Tireoplastia para medialização de prega vocal (paralisias); • Cirurgias de separação da laringe (casos graves de aspiração laringotraqueal); STABACH, Thiago 18 RINITES INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO • Inflamação e/ou disfunção da mucosa de revestimento nasal. Cirurgia de desvio de septo não cura rinite, pois a mucosa permanece • Alta prevalência • Início – infância ou vida adulta. Rinite alérgica → início na infância Rinite não alérgica → geralmente se inicia na vida adulta SINTOMAS • Obstrução nasal • Rinorreia (anterior e posterior) • Espirros • Prurido nasal/ocular • Prurido em CAE / palato, faringe • Hiposmia → diminuição do olfato • Astenia, irritabilidade, diminuição da concentração CLASSIFICAÇÃO Rinite alérgica X Rinite não alérgica Só temos alergia ao que tem proteína (gera reação de hipersensibilidade), geralmente mediado por IgE RINITE NÃO ALÉRGICA • Rinite infecciosa • Rinite eosinofílica não alérgica (RENA) • Rinite idiopática • Rinite ocupacional • Rinite do idoso • Rinite gestacional → progesterona influencia • Rinite medicamentosa • Rinite gustativa ou associada a alimentação • Rinite atrófica Neosoro e etc. → causa morte de células ciliadas, portanto não usar em rinites. Gatilhos: não tem proteína • Mudança de clima (principal) • Produtos de limpeza • Cheiros fortes • Fumaça É importante diferenciar as rinites alérgica de não alérgica porque a forma de tratamento é diferente RINITE ALÉRGICA Gatilhos: tem proteína • Pólens: pólen de gramínea é o que mais causa • Ácaros (principal) • Fungos • Epitélios de animais: gato é pior. Aqui é a descamação • Alimentos RINITE MISTA Rinite alérgica + não alérgico • A vacina serve para a rinite alérgica FISIOPATOLOGIA Reação inflamatória de hipersensibilidade • Anticorpos IgE e alérgenos específicos • Sensibilização alérgica prévia DIAGNÓSTICO • Clínico → sintomas + sinais (avaliação da cavidade nasal) • Anamnese – gatilhos, comorbidades (asma), antecedentes pessoas, antecedentes familiares Endoscopia nasal: • Mucosa nasal geralmente pálida, edemaciada e com secreção clara ou mucoide; • Hipertrofia importante de cornetos inferiores STABACH, Thiago 19 Características faciais típicas da rinite alérgica: olheiras, dupla linha de Dennie-Morgan e prega nasal horizontal (saudação do alérgico) Etiologia: • Testes cutâneos de hipersensibilidade imediata (Prick Test) → antes do teste deve- se ficar 7 dias sem tomar antialérgico • Determinação de IgE sérica total e especifica • Teste de provocação nasal PRICK TEST: TRATAMENTO Antialérgico é anti-sintoma → ou seja, não trata. Portanto, antialérgico serve para crises Lavagem nasal: da para fazer com seringa e a aplicação nasal é reta para trás Corticoide nasal: avamys; dymista. Aplica virando para a orelha, buscando o septo nasal inferior • Funciona tanto na alérgica quanto na não alérgica Antileucotrieno: montelucaste de sódio. Imunoterapia: pingar gotas abaixo da língua na região vestibular antes de dormir, pois depois que aplica precisa de 45min de jejum. HIGIENE AMBIENTAL STABACH, Thiago 20 RINOSSINUSITE AGUDA • Lembrar dos seios da face • Rinossinusite → se acomete os seios, precisa acometer a mucosa nasal. INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO • Inflamação da mucosa de revestimento do nariz e dos seios paranasais • Menos de 12 semanas Maior que 12 semanas → crônica. Nesse caso posso dizer que o paciente tem rinossinusite Rinossinusite aguda recorrente: 4 ou mais episódios por ano • Cada um com duração menor que 12 semanas; • Sempre retorna totalmente à linha de base; ETIOLOGIA 98% → viral (rinovírus e influenza) • 2% dos casos: edema causado pela infecção viral → obstrução dos óstios de drenagem sinusal + aumento da produção de muco → proliferação bacteriana no seio paranasal acometido. • Recrudescimento dos sintomas; 2%: • Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis; • Outras: outros estreptococos, bactérias anaeróbias e Staphylococcus aureus; Bactéria mais comum → Streptococcus pneumoniae FATORES ASSOCIADOS • Anatômicos • Lesão ciliar • Exposição ambiental • Tabagismo • Doença crônica concomitante CLASSIFICAÇÃO Viral tem muco com diversas cores, não significa que se tem muco de qualquer cor é bactéria. Sendo assim, se faz lavagem nasal e pode usar descongestionante oral por no máximo 5 dias. Rinossinusite aguda viral: resfriado comum; • Duraçãodos sintomas < 10 dias; Rinossinusite pós-viral: • Aumento dos sintomas após cinco dias ou persistência além de 10 dias; STABACH, Thiago 21 Rinossinusite bacteriana aguda: • ≥ 3 sintomas/sinais: muco alterado, dor local intensa, febre> 38, aumento da PCR/VHS, dupla piora; Outros sintomas: dor de garganta, disfonia, tosse, sonolência e mal-estar; DIAGNÓSTICO • Clínico; • 2 ou mais sintomas - inflamação do nariz e dos seios paranasais ADULTOS: • Bloqueio/obstrução/congestão nasal; • Secreção nasal (gotejamento nasal anterior/posterior); • Dor/pressão facial; • Redução ou perda do olfato; CRIANÇAS: • Bloqueio/obstrução/congestão nasal • Secreção nasal • Tosse Endoscopia nasal: • Pólipos nasais; • Secreção mucopurulenta principalmente do meato médio; • Edema / obstrução da mucosa principalmente no meato médio; RX de seios da face: baixa especificidade • Se há suspeita clínica, não há necessidade de radiografia simples para confirmar o diagnóstico; • Caso não haja uma clínica compatível, a radiografia alterada também não tem valor. • Portanto, sua realização não é recomendada. TC de seios da face: • Reservada às suspeitas de complicação ou em caso de falha terapêutica; • Doença grave; • Imunossuprimidos; • Suspeita de alguma condição associada (ex. tumoral); Endoscopia nasal: avaliação da anatomia nasossinusal + biópsia e cultura PCR, VHS TRATAMENTO • ATB: amoxicilina → primeira escolha; • Amoxicilina + clavulonato → segunda opção. • Levofloxacino se alérgico a amoxicilina. • Criança alérgica a penicilina → claritromicina Esquemas terapêuticos para rinossinusite aguda: STABACH, Thiago 22 COMPLICAÇÕES Fatores predisponentes: • Imaturidade imunológica; • Óstios estreitos; • Maior vascularização da parede óssea; • DM; • Imunodeficiências; Orbitarias: Classificação de Chandler: • Grupo 1: celulite periorbitária; • Grupo 2: celulite orbitária; • Grupo 3: abscesso subperiosteal; • Grupo 4: abscesso orbitário; • Grupo 5: trombose de seio cavernoso; Intracranianas: • Meningite; • Abscesso epidural; • Abscesso subdural; • Abscesso cerebral; • Trombose de seio cavernoso; • Trombose de seio sagital superior; Ósseas: • Osteomielite • Tumor de Pott RINOSSINUSITE CRÔNICA INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO • Inflamação da mucosa de revestimento do nariz e dos seios paranasais • Mais de 12 semanas CLASSIFICAÇÃO • Rinossinusite crônica SEM polipose nasossinusal (RSCsPN) • Rinossinusite crônica COM polipose nasossinusal (RSCcPN) FISIOPATOLOGIA • Doença imunológica inflamatória de causa ainda desconhecida; • Fatores genéticos e ambientais; • Quebra na barreira epitelial (infecções virais, tabaco, alergia) → inflamação; • Predisposição genética → perpetuação da inflamação → estimulação da resposta Th0; • Estímulo Th1 mais exacerbado → RSCsPN; • Estímulo Th2 ou Th17 mais exacerbado → RSCcPN; DIAGNÓSTICO • Essencialmente clínico; • Sintomas e sinais endoscópicos; • ≥2 (por ≥ 12 semanas): • Obstrução nasal/congestão facial; • Rinorreia anterior/posterior; • Hiposmia/anosmia; • Dor ou pressão facial; • Tosse; Endoscopia nasal: • Secreção nos meatos nasais; • Edema/obstrução no meato médio; • Pólipos nasais; STABACH, Thiago 23 TC de seios da face: • Estadiamento da extensão da doença; • Estudo anatômico pré-operatório; RNM de seios da face: apenas se suspeita de complicações orbitárias ou intracranianas; Rx de seios da face: baixas sensibilidade e especificidade; TRATAMENTO • Clínico • Cirúrgico CLÍNICO • Inflamação → Infecção; • Antibiótico apenas nas agudizações; • Lavagem nasal com SF 0,9%; • Corticoide nasal; CIRÚRGICO (FESS) • Falha do tratamento clínico; • Objetivos: abertura, drenagem e aeração dos seios paranasais; • Recidivas; BÔNUS 3 causas de tosse crônica: • Refluxo • Asma • Rinossinusite NOÇÕES EM OTORRINOPEDIATRIA • Otorrinopediatria é uma subespecialidade que envolve as crianças Anel de Waldeyer → realiza a imunidade da região. Em conjunto fazem a defesa da região e, a perda de alguma tonsila tende a não afetar tanto a defesa, pois as outras suprem. Retirada de amigdala e adenoide diminui a imunidade? MITO Amigdala grau 0 (não tem, foi removida cirurgicamente), grau 1 (dentro da loja → entre palatoglosso e palatofaríngeo), grau II ocupa 25% da orofaringe, ultrapassando a loja), grau III (ultrapassa mais de 50% da orofaringe), grau IV (ultrapassa mais de 75%, quase encostando uma na outra). STABACH, Thiago 24 Geralmente as amigdalas crescem simetricamente. Se houver assimetria, existe risco de doença linfoproliferativa, sendo assim retiramos e mandamos para biópsia ambas as amigdalas. FARINGOTONSILITES O mesmo que amigdalite. Grande maioria é viral • Infecções autolimitadas que se desenvolvem nas tonsilas, faringe posterior, palato mole, órgãos linfoides; • Uma das infecções mais frequentes de vias aéreas superiores, principalmente na população infantil. • Inespecíficas: quando não há especificidade entre o agente etiológico e o quadro clínico; • Específicas: quando há correlação entre a clínica e o agente etiológico; FARINGOTONSILITES VIRAIS • 75% dos casos em crianças < 2 anos; • Diminuem após a puberdade; • Principal vírus: adenovírus (20%); • Outros: rinovírus, coronavírus, influenzae, parainfluenzae e vírus sincicial respiratório; • Herpes simplex e Epstein-Barr também podem se manifestar como faringotonsilite e/ou estomatite; Quadro clínico: febre, exsudato na faringe e tonsilas, mialgia, coriza e obstrução nasal. Geralmente tem evolução benigna OBS: exsudato não é indicativo de bactéria, é normal acontecer na infecção viral Tratamento: cuidados com estado geral, hidratação, medicação analgésica e antitérmica Mononucleose infecciosa: • Epstein-Barr vírus (EBV), citomegalovírus (CMV), toxoplasma, adenovírus ou vírus da hepatite • Principal: EBV, da família Herpesviriadae – tonsilite aguda, recorrente e/ou hipertrofia tonsilar. • Na população global, a reatividade sorológica para o antígeno EBV tem sido demonstrada em 80-95% dos adultos. • Nos países desenvolvidos, a infecção primária por EBV ocorre na segunda ou terceira décadas de vida – nos países pobres ou em desenvolvimento, em crianças menores. Quanto mais jovem a aquisição do vírus, menos severos são os sintomas. • A transmissão dos vírus ocorre por meio de troca de saliva durante o beijo ou contato próximo Quadro clínico: • Pródromo de mal-estar e fadiga, seguido de febre e dor de garganta Exame físico: • Tonsilas aumentadas eritematosas, em muitos casos com exsudato branco- amarelado, edema de úvula e palato STABACH, Thiago 25 • Adenopatia cervical envolvendo cadeias cervicais posteriores, o que ajuda a diferenciar de outras infecções • Esplenomegalia, hepatomegalia, rash, petéquias palatais e dor abdominal • A febre e a faringite costumam durar até duas semanas, enquanto adenopatia, hepatoesplenomaglia e mal-estar podem se prolongar por até seis semanas OBS: uso de antibiótico (amoxicilina), achando que o problema é bactéria, faz piorar o quadro de mononucleose. OBS: infecção viral tem sintomas nasais (coriza, congestão, tosse), as bacterianas tendem a não ter TONSILITES BACTERIANAS TONSILITES INESPECÍFICAS: A FT bacteriana inespecífica pode desencadear sintomatologia com duração de 3 a 6 dias no adulto, e 6 a 10 dias nas crianças e não teria relevância, se não fossem as complicações, que podem advir quando o agente etiológico é o Streptococcus pyogenes do grupo A (GAS), também denominado Streptococcus beta-hemolítico do grupo A (GABHS). OsEstreptococos do grupo C e G também podem levar a um quadro de angina, mas sem as consequências do GAS. Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae podem ser causa de FT, afetando preferencialmente a população entre 9 e 19 anos, e costumam ser acompanhadas por outros sinais de infecção respiratória, especialmente tosse • Principal bactéria de via aérea → Streptococcus OBS: petéquias no palato fala bastante a favor de infecção bacteriana Testes rápidos para identificação do GAS: • Imunoensaio enzimático (ELISA) • Imunoensaio óptico (OIA) • Sondas (probes) de DNA Custo inferior ao da cultura: especificidade (95%) e sensibilidade (60-90%) OBS: independente da presença dos testes rápidos, o diagnóstico é clínico Critérios Centor modificado → não cai em prova STABACH, Thiago 26 Principais complicações (importante) PANDAS → criança começa a ficar estranha, ter TOC, distúrbios motores finos Am abscesso precisamos drenar → abaixa a língua do paciente com dois palitos e drenamos com agulha rosa, sem anestesia, depois que drenar precisa divulsionar com pinça kelly. Abscesso amigdaliano pode levar a abcesso cervical e mediastinite → temos que evitar essa evolução Depois que drenar um abscesso, temos que pensar em amigdalectomia no paciente, pois a maioria tem abscesso de novo. Critérios de Paradise TONSILITES ESPECÍFICAS • Difteria • Angina de Plaut-Vincent • Angina luética – sífilis • Faringite gonocócica • Faringite herpértica • Herpangina • Leishmaniose • Paracoccidioidomicose • Neoplasia HIPERTROFIA DAS TONSILAS PALATINAS E FARÍNGEA • As tonsilas palatinas e faríngeas são pequenas ao nascimento, e o seu volume aumenta progressivamente do primeiro ao quarto ano. • O maior aumento de volume das tonsilas palatinas ocorre dos 4 aos 10 anos, e o das faríngeas, dos 3 as 7. • Essa hiperplasia fisiológica e natural acompanha o processo de maturação linfoide da criança, e há uma involução fisiológica desses tecidos após a puberdade. • Atopia (pessoas alérgicas) RX de Cavum → Visualização de adenoide e coluna aérea próxima STABACH, Thiago 27 Pode-se usar Montelucaste para tentar reduzir a adenoide antes de pensar em uma cirurgia Respiração oral de suplência diuturna (dia e noite) ANQUILOGLOSSIA • Frênulo lingual anormalmente curto ou com inserção próxima ao ápice da língua; • Limitação dos movimentos linguais, em protrusão e elevação. • Anomalia congênita de etiologia desconhecida; • Permanência de tecido residual, o qual não sofreu a apoptose esperada durante o desenvolvimento embrionário. • Prevalência em RN: 0,5% a 21% - mais frequente no sexo masculino (subestimada); Exame físico: • Limitações de movimento da língua durante a fala, mastigação • Recessão gengival • Má-oclusão Tratamento: • Frenectomia lingual • Fonoterapia pós-operatória ESTRIDOR LARÍNGEO Estridor: respiração ruidosa decorrente do turbilhonamento de ar em uma via aérea estreitada; Pode ocorrer na via aérea extratorácica (nasofaringe, orofaringe, laringe ou traqueia cervical) ou intratorácica (árvore traqueobrônquica). • Lesões das vias aéreas intratorácicas: estridor expiratório. • Obstrução em orofaringe ou nasofaringe: estridor inspiratório; Se o sítio obstrutivo for localizado na região supraglótica da laringe, ele produzirá um estridor inspiratório, com voz abafada e, frequentemente, problemas relacionados à deglutição. Geralmente, não causam tosse e nem tiragem. Os sinais e sintomas de obstrução que ocorrem na área subglótica ou na traqueia cervical incluem voz rouca, choro débil e estridor bifásico. Se a obstrução for completa, nenhum som é audível durante o exame. A alimentação geralmente é normal, exceto em casos de obstrução acentuada, quando a deglutição agrava o estado geral do paciente. O estridor é um sinal de comprometimento respiratório que afeta predominantemente a faixa etária pediátrica. A laringe do lactente é muito menor que a do adulto, correspondendo a cerca de 1⁄3 desta. Suas pregas vocais têm entre 6 e 8 mm de extensão, sendo o STABACH, Thiago 28 processo vocal da aritenoide responsável pela metade desse comprimento. A subglote tem aproximadamente 5 a 7 mm de diâmetro. Sabe-se que o fluxo de ar em um cilindro é inversamente proporcional ao raio. Um edema de apenas 1 mm na região subglótica de uma criança pequena pode estreitar sua área em até 60%, de modo que pequenas obstruções na altura do anel fixo da cartilagem cricoide podem causar significante comprometimento do fluxo aéreo. OBS: O local de maior estreitamento na criança é na região da cricoide (única cartilagem com circunferência completa) • O estridor que acomete as crianças pode ser de origem congênita ou adquirida, agudo ou crônico, decorrente de patologias laríngeas ou não. • Nas crianças menores que 2,5 anos, aproximadamente 85% dos casos de estridor são secundários a doenças congênitas, o que, não necessariamente, tem manifestação ao nascimento. • Às vezes aparecem após alguns dias de vida, sendo que a grande maioria dos casos ocorre antes dos quatro meses de vida. • Nos casos de patologias congênitas, 80% são decorrentes de problemas laríngeos, sendo necessária exaustiva investigação para afastar também causas extralaríngeas. • Quando se consideram apenas as causas laríngeas, além dos problemas congênitos, o diagnóstico diferencial inclui doenças infecciosas, corpos estranhos e papilomatose laríngea juvenil. Laringomalácia: • Causa mais frequente de estridor no lactente; • Os sintomas geralmente se iniciam nas primeiras semanas de vida e incluem estridor inspiratório, que agrava durante os esforços, tais como choro, alimentação e agitação. • Comumente, a laringomalácia tem curso benigno e resolução espontânea entre os 12 e 18 meses de vida. Casos graves são raros, mas podem acontecer, acompanhados de episódios recorrentes de cianose, dificuldade para se alimentar, déficit de ganho ponderal, bradicardia e eventos de aparente risco de vida. Estenose laríngea: • Segunda causa mais frequente de estridor no lactente; • Pode ser de origem adquirida ou congênita, e localizar-se nas regiões subglótica, glótica ou supraglótica da laringe; • A localização subglótica é a mais frequente e mais comumente decorre de intubação orotraqueal prolongada; • Quando não há história de trauma laríngeo prévio, uma anormalidade da cartilagem cricoide ou dos tecidos moles da região subglótica é tida como congênita, sendo considerada uma falha da recanalização da luz laríngea que ocorre por volta da 10a semana de gestação; Do ponto de vista prático: • Na subglote de um lactente a termo deve passar um tubo orotraqueal número 2.5, cujo diâmetro externo corresponde a 3,6 mm; STABACH, Thiago 29 • Se esse tubo não progride, é pertinente pensar que o paciente apresenta uma região subglótica estreitada. Menos comum que o estreitamento da região subglótica é a estenose glótica que se manifesta com a presença de uma membrana unindo as pregas vocais em extensão variável. A estenose supraglótica é muito rara na população pediátrica e geralmente decorre de lesão química ou térmica. No recém-nascido a termo, diz-se que existe uma estenose subglótica quando a luz da laringe na altura da cartilagem cricoide tiver 4 mm ou menos de diâmetro. Do ponto de vista prático, na subglote de um lactente a termo deve passar um tubo orotraqueal número 2.5, cujo diâmetro externo corresponde a 3,6 mm. Se esse tubo não progride, é pertinente pensar que o paciente apresenta uma região subglótica estreitada. Paralisia de pregas vocais: • 10% das lesões congênitas da laringe;• Sintomas iniciais: estridor inspiratório, que, em casos mais graves, pode ser bifásico, e as crises de falta de ar. • Se paralisia é unilateral: o choro tende a ser fraco, crises de aspiração podem ocorrer e a obstrução de via aérea é menos comum. • Diagnóstico: laringoscopia flexível, com a criança acordada; • Investigar diagnóstico etiológico, que inclui exames de imagem de crânio, pescoço e mediastino superior. • Nas crianças, as imobilidades unilaterais tendem a ser mais frequentes que as bilaterais; Etiologia: • Unilaterais: causas iatrogênicas, principalmente procedimentos cardiotorácicos; • Bilaterais: Distúrbios neurológicos - Arnold- Chiari, hipertensão intracraniana e disgenesia nuclear motora; • Origem idiopática: 35% dos casos; Hemangioma subglótico • Tumor benigno que pode ocorrer nas vias aéreas dos lactentes; • Causa rara de estridor, apesar de representarem uma das neoplasias vasculares das vias aéreas mais comuns nessa faixa etária, acometendo a região subglótica da laringe e a traqueia; • A grande maioria dos casos não apresenta sintomas ao nascimento, vindo a se manifestar com estridor bifásico e episódios de falta de ar por volta dos seis meses de idade; • Cerca de metade dos pacientes apresenta também hemangiomas cutâneos na região de cabeça e pescoço. OBS: um tratamento bom é propranolol Laringotraqueobronquite: • Também conhecida como crupe ou laringite estridulosa, é uma das principais causas de estridor na infância, acometendo cerca de 3% das crianças anualmente, com frequência maior entre seis meses e três anos de vida. • Estima-se que 75% dos casos sejam decorrentes de infecção pelo vírus parainfluenza tipo 1. • O quadro tem início súbito, com sintomas de infecção de vias aéreas superiores que, rapidamente, evoluem com tosse ladrante, rouquidão e estridor inspiratório. • Os sintomas geralmente são leves a moderados e se resolvem espontaneamente em 48 h. O diagnóstico normalmente é baseado na história clínica. Epiglotite: • Também chamada de supraglotite aguda, é uma infecção extremamente grave, mas, felizmente, rara em nossos dias, após a introdução da vacinação pelo Haemophilus influenzae tipo B. • Resulta de infecção da face lingual da epiglote, das pregas ariepiglóticas, das bandas ventriculares e dos espaços paraglóticos causada pelo Haemophilus STABACH, Thiago 30 influenzae, embora também possa ser causada pelo Staphylococcus aureus ou por outros germes Gramnegativos, especialmente nas crianças maiores e nos adultos. • O quadro clínico tem instalação súbita e os sintomas evoluem rapidamente, em poucas horas, com intensa odinofagia, sialorreia, febre alta e dificuldade respiratória. • A criança adota uma posição característica, com pescoço estendido, queixo caído e boca entreaberta e tem aparência toxemiada. • Recomenda-se exame físico sem muita manipulação para não agravar o desconforto respiratório. Em geral, o diagnóstico é feito com base nesses achados clínicos descritos. Quando o diagnóstico não for conclusivo, recomenda-se realizar radiografia lateral do pescoço, que evidencia o edema da epiglote (sinal do polegar). Papilomatose respiratória recorrente: • Decorre da infecção do trato aéreo-digestivo superior pelo papilomavírus humano (HPV, human papillomavirus). • É o tumor benigno mais comum da infância, com incidência de cerca de 4/1.000.000 de crianças. Os sorotipos mais comumente envolvidos são o 6 e o 11. Casos de infecção pelos subtipos 16 e 18 também são descritos e apresentam maior risco de malignização. • A papilomatose respiratória manifesta-se em duas formas distintas: juvenil e adulta. • A forma juvenil é a mais comum e a mais agressiva e tem o diagnóstico firmado antes dos 14 anos de idade. • A forma adulta tem menor tendência à recorrência, entretanto maior potencial de transformação maligna e ocorre geralmente entre 20 e 40 anos, com ligeiro predomínio no sexo masculino. SÍNDROME MÃO-PÉ-BOCA • Doença causada principalmente por vírus Coxsackie A16 (raramente ocasionada por enterovírus) e que acomete principalmente crianças. • Período de incubação: de 3 a 10 dias; • Quadro clínico: sintomas gerais (febre, astenia, mal-estar) e lesões ulceradas ovoides em mucosa oral + vesículas em dedos dos pés e das mãos. • Quadro autolimitado; • Tende a ser mais grave em adultos; • Complicação: encefalite; • Tratamento: sintomático. STABACH, Thiago 31 NOÇÕES EM ESTOMATOLOGIA • ESTOMATO → Orifício • Trabalha com lesões orais INTRODUÇÃO • Histologia normal da cavidade oral: • Revestimento epitelial: pavimentoso estratificado (camada basal, espinhosa, granulosa) • Lâmina própria • Submucosa Variações regionais: espessura epitelial; grau de queratinização; complexidade interface epitélio/lâmina própria; presença ou ausência de submucosa... Ducto parotídeo de Stenon → afastamos a região lateral com o palito e massageamos a parótida (conseguimos observar saída de pus em situações de perotidites bacterianas) STABACH, Thiago 32 LESÕES BRANCAS A coloração da mucosa oral é determinada pela interação entre diversos fatores, tais como a pigmentação racial, o grau de espessamento, de queratinização do epitélio e a vascularização dos tecidos. As lesões brancas podem ser benignas, pré- malignas e malignas → iremos diferenciar depois que acompanharmos e analisarmos de a lesão sumiu ou não Não existem sinais clínicos preditivos que indiquem com segurança sua característica histopatológica com relação a esses parâmetros → exame histopatológico! Etiopatogenia: produção anormal ou aumentada de queratina. • A queratina espessada em contato com a saliva torna-se hidratada e esbranquiçada; Mais de 90%: candidíase; Do restante: • 85% leucoplasia; • 4,9% hiperqueratose dos fumantes; • 3,4% mucosa mordiscada; • 3,3% líquen plano; • 2,1% papilite nicotínica; • 0,9% leucoedema; • 0,5% outras; Cuidado: o termo leucoplasia deve ser utilizado exclusivamente para placas esbranquiçadas de risco duvidoso; • Após terem sido excluídas outras causas ou afecções que não acarretem risco de malignização; • Diagnóstico de exclusão LÍQUEN PLANO Doença inflamatória crônica, benigna, de etiologia desconhecida, em que as células da membrana basal de pele e mucosas são destruídas por linfócitos citotóxicos (degeneração imuno-mediada na interface da superfície do epitélio e tecido conjuntivo); Afeta 0,1 a 2 % da população, acometendo adultos (entre 30 e os 60 anos); Quadro clínico: • Lesões cutâneas: pequenas, violáceas e papulares nas superfícies flexoras e extremidades. • Lesões orais: tipo reticular, em placa, atrófica, erosiva e bolhosa; • Localização mais frequente: mucosa jugal → gengiva → língua; • Pode se malignizar em 1-2% dos casos, principalmente as lesões dos tipos atrófica e erosiva; • Se localizadas em base de língua e assoalho bucal, têm chance de malignização de até 17%; Diagnóstico: • Biópsia incisional pode ser necessária para a confirmação do diagnóstico, particularmente se não houver lesão de pele. • Imunofluorescência direta: detecta fibrinogênio na membrana basal em 90- 100% dos casos. STABACH, Thiago 33 Anatomopatológico: hiperqueratose e liquefação do leito das células basais e infiltrado linfocitário na lâmina própria. • São descritas células ovóides eosinofílicas chamadas Corpos de Civatte no leito das células basais - sugestivas de líquen plano, porém não patognomônicas. Líquen plano reticular é o mais comum Tratamento: • Sintomático, uma vez que os medicamentos não são eficazes em erradicar a doença em si; • Nos casosassintomáticos, a conduta é expectante, com higiene oral e acompanhamento semestral (risco de malignização). • As lesões podem desaparecer espontaneamente; • Corticoides tópicos em casos leves (Oncilon orabase 2 a 3 vezes ao dia) e sistêmicos nas formas erosivas, dolorosas (prednisona 20- 30 mg/dia); • Ausência de resposta: ciclosporina em doses progressivas até 500mg/ dia por 4 a 8 semanas; CANDIDÍASE ORAL • Condição patológica mais frequente (98% dos casos) dentro do grupo de lesões brancas da mucosa oral; • Normalmente atinge os extremos da faixa etária (crianças e idosos); • Queilite angular: variante da candidíase que atinge as comissuras labiais. • Frequente em pacientes idosos que fazem uso de prótese dentária; • Etiologia: Candida sp - faz parte da flora normal em 40-60% da população; • Fatores predisponentes locais: higiene oral precária e prótese dentária; • Fatores predisponentes sistêmicos: diabetes, gravidez, neoplasia disseminada, corticoterapia, RT, QT, imunodepressão, antibioticoterapia; OBS: Importante pedir para o paciente retirar prótese caso tenha, pois muitas lesões ficam abaixo. Durante o sono é importante retirar a prótese, pois ela gera um ambiente quente que favorece a proliferação de fungos Quadro clínico: • Forma pseudomembranosa (mais comum); • Formas atrófica aguda e crônica; • Forma hiperplásica; • Candidíase muco cutânea: forma pseudomembranosa com característica familiar, autossômica recessiva. Na queilite angular é importante 5-10ml 5x/dia por 30 dias de nistatina (bochecho) STABACH, Thiago 34 Diagnóstico: • Suspeitado clinicamente e confirmado pelo exame micológico direto do raspado da lesão e preparado com solução de KOH 20% → presença de hifas. • Pode-se realizar cultura do fungo em meio Sabouraud. Tratamento: • Afastar fatores locais e sistêmicos predisponentes; • Próteses devem pernoitar em solução com hipoclorito, clorexidina a 5% ou água bicarbonatada. • Gargarejos de nistatina tópica a 100.000/ml (5 ml) 5 vezes ao dia por 30 dias; LEUCOPLASIA • Lesão mucosa de aspecto branco, em forma de mancha ou placa, que não tem diagnóstico definido (não pode ser caracterizada clínica ou histopatologicamente como nenhuma outra doença) → diagnóstico de exclusão; • O termo é estritamente clínico e não implica nenhuma alteração tecidual específica do ponto de vista histopatológico. • Exame histopatológico: hiperqueratose (aumento da camada de queratina), hiperortoqueratose e acantose (espessamento da camada espinhosa). • A maioria das lesões leucoplásicas não possui aspectos displásicos (5 a 25% dos casos); Etiologia: fumo e álcool; • Mais frequentes no sexo masculino, na quinta e sexta décadas de vida; Quadro clínico: • Não podem ser removidas por raspagem (lesões queratóticas); • Em geral, assintomáticas; • Podem ser planas ou elevadas, com ou sem fissuras; É uma lesão pré-maligna, sofrendo malignização em 4 a 6% dos casos; Diagnóstico: • Pode ser suspeitado ao se encontrar lesão branca sem características de outras patologias, cujo exame histopatológico também não evidencie nenhuma outra doença; • Aumenta a suspeita quando paciente se encontra na faixa etária de maior acometimento ou apresenta fatores de risco; Tratamento: • Cessar tabagismo e etilismo; • Depende da presença ou ausência de displasia e da localização da lesão. LEUCOPLASIA PILOSA • Espessamento da mucosa oral de cor esbranquiçada, frequentemente com pregas verticais e superfície rugosa, lembrando aspecto de pilosidade. • Estas lesões são mais frequentes na borda lateral da língua, porém a superfície dorsal da língua, mucosa bucal, assoalho da boca e o palato podem ser envolvidos. • Histologia: hiperplasia epitelial com hiperparaqueratose. • Associação com o vírus Epstein Barr; • Podem responder com altas doses de aciclovir, mas usualmente recorrem após a parada da medicação; STABACH, Thiago 35 ERITROPLASIA • Lesões vermelhas que não podem ser diagnosticadas como nenhuma outra entidade; • Mais rara que a leucoplasia, mas tem maior potencial de malignização; • Homens a partir da sexta década de vida; • Placa ou mácula eritematosa; • Assoalho de boca, língua ou palato; • Histopatologia: epitélio atrófico, sem queratinização, com tecido conjuntivo subjacente inflamado; • Lesão pré-maligna (85% de malignização); Tratamento: baseado nos achados histopatológicos; • Varia do acompanhamento clínico à retirada da lesão com observação das margens; • Acompanhamento a longo prazo – alta taxa de recidiva; GRÂNULOS DE FORDYCE • Alteração no desenvolvimento que acomete 70% da população; • Grânulos branco-amarelados na mucosa oral, podendo formar placas; • Mais comum ao nível do plano oclusal, lábios e área retromolar; • Histologia: glândulas sebáceas na lâmina própria e submucosa; • Lesão benigna e assintomática - não requer tratamento; ESTOMATITE NICOTÍNICA • Lesões associadas à nicotina, provavelmente devido ao calor do fumo (principalmente cachimbos ou charutos); • Benigna; • Homens de meia idade, fumantes crônicos. • Aspecto inicial: palato duro acinzentado e opaco difusamente, gradualmente revelando pápulas com centro eritematoso e umbilicadas, principalmente em região posterior. • Tais lesões se referem à inflamação de glândulas salivares menores; • Não ocorre na área abrangida pela dentadura em pacientes edêntulos; • Histopatologia: tampão de queratina obstruindo os ductos glandulares. • Cessar tabagismo → remissão do quadro; OBS: Palato duro mais acinzentado e opaco decorrente do tabaco MORSICATIO • Lesão traumática auto-induzida de mucosa jugal caracterizada inicialmente por uma linha esbranquiçada na altura do local de oclusão da arcada dentária; • Casos crônicos: podem formar até mesmo ulcerações; • Causa: psicogênica (associada a estresse, ansiedade) ou alterações de mordida decorrentes de disfunções de ATM, pós- radioterapia, pós-cirurgia, entre outras. Tratamento: tratar a causa; • Terapia psicológica, aparelhos intra-orais, relaxantes musculares etc. OBS: Diagnóstico diferencial com líquen plano STABACH, Thiago 36 FIBROMA • Lesão traumática da mucosa jugal ou língua • Benigna • Tratamento: cirúrgico em casos sintomáticos OBS: Só retiramos se incomodar o paciente LESÕES POR HERPES SIMPLES • Etiologia: o herpes simples vírus (HSV) - DNA vírus; • Transmissão: contágio com fluidos corporais infectados. • Período de incubação: geralmente sete dias (de 1 a 26 dias); • O vírus atravessa a barreira mucosa, migra através da bainha periaxonal, retrogradamente, até atingir o gânglio trigeminal, onde permanece latente até a reativação. • A reativação pode ocorrer em resposta a uma variedade de estímulos, (exposição solar, estresse emocional e resposta ao trauma). Quadro clínico: gengivoestomatite herpética primária e infecções recorrentes; Gengivoestomatite herpética primária: • Crianças entre 2 e 5 anos, soronegativas ou adultos sem exposição prévia; • Na maioria dos casos, é uma infecção subclínica ou com pequenas manifestações, usualmente atribuídas à erupção de dentes; • Quando há maior sintomatologia, estomatite e faringite são as manifestações primárias mais frequentes; Podem ocorrer febre, artralgia, cefaleia e linfoadenopatia (principalmente submandibular). • Adultos são mais sintomáticos que crianças; • Pequenas vesículas surgem na mucosa e logo se rompem, formando lesões eritematosas que aumentam progressivamente de tamanho, até desenvolverem áreas centrais de ulceração; • Posteriormente, as ulcerações são recobertas por fibrina e podem coalescer formando grandes úlceras rasas; • Háacometimento da gengiva, que se torna edemaciada e eritematosa; • Podem ocorrer vesículas na região perioral; • O quadro primário é altamente doloroso, mas autolimitado, com duração de 1 a 3 semanas; STABACH, Thiago 37 Histopatologia: vesículas intraepiteliais - formadas pela degeneração de células epiteliais infectadas pelo vírus; membrana basal íntegra e células de Tzanck; Tratamento: sintomático, com analgésicos e hidratação. • Em caso de infecção bacteriana secundária é usado antibiótico; • O uso de aciclovir pomada a 5% pode ser útil quando usado no início do quadro, na fase de hiperestesia; • Aciclovir em casos severos na dose de 200mg cinco vezes ao dia e 400mg cinco vezes ao dia para imunossuprimidos. Efeitos colaterais do uso de aciclovir incluem diarreia, artralgia, letargia, tremores, diminuição da função renal, hematúria, neutropenia, hepatotoxicidade, cefaleia e náuseas. HERPANGINA • Etiologia: vários tipos de vírus Coxsackie e ECHO; • Primariamente afeta crianças e geralmente no verão e início do outono; • Quadro clínico: geralmente é assintomático, mas pode haver febre, anorexia, cervicalgia e cefaleia. • Pápulas ou vesículas branco-acinzentadas, múltiplas e pequenas com base eritematosa no palato mole, úvula e pilares amigdalianos; • As vesículas se rompem em 2 a 3 dias, deixando úlceras que podem aumentar. • Podem durar por mais de uma semana e pode ocorrer linfonodomegalia; • Autolimitada; • Tratamento: sintomáticos; LESÕES AFTOIDES • Lesões orais caracterizadas por ulcerações superficiais, dolorosas, únicas ou múltiplas, localizadas na mucosa oral não queratinizada; • A lesão aftoide típica é pequena, redonda ou ovoide, com margens circunscritas, halo eritematoso e fundo branco ou amarelado; Estomatite aftoide recidivante (EAR): • Lesões ulceradas, solitárias ou múltiplas; • Aparecimento na infância ou adolescência; • Período ≥ 1 ano, em intervalos regulares de 15 a 30 dias; • Curam em 1 a 4 semanas, na ausência de doenças sistêmicas associadas; Etiologia: incerta; • Infecções virais (HSV, EBV), bacterianas (Streptococcus sanguis), déficits nutricionais (vitamina B12, ácido fólico, ferro), alterações hormonais, estresse, trauma, alergia a alimentos (chocolates, glúten) e alterações imunológicas. Estudos demonstram pH bucal mais baixo nos pacientes acometidos em relação à população em geral As evidências mais importantes apontam para um mecanismo imunológico, mediado por auto- anticorpos, porém também há alterações na imunidade celular, evidenciado por um aumento no número de linfócitos T helper, um número reduzido de linfócitos T supressores e células basais expressando antígenos HLA-DR que são necessários para a apresentação de antígenos às células T helper. Além disso, foi demonstrado que os linfócitos de pacientes acometidos têm atividade citotóxica contra cultura de células de epitélio gengival, mas não contra outros tipos de epitélio. Há também evidências recentes que sugerem que as lesões aftóides estejam relacionadas com a reativação do citomegalovírus e do vírus da varicela-zoster, devido ao aumento nos títulos de IgM relacionado a esses vírus em pacientes com desenvolvimento recente de lesões aftóides. • EAR acomete 10-20% da população geral. • Podem ser de três tipos: menores, maiores e herpetiformes. Acredita-se que sejam formas diferentes da mesma doença. STABACH, Thiago 38 As úlceras aftóides menores, também conhecidas como Doença de Mikulicz, ocorrem em indivíduos de 10 a 40 anos. As lesões são múltiplas (normalmente 2 ou 3 lesões), dolorosas, ovais e arredondadas, de 2 a 4 mm de diâmetro, estão localizadas na gengiva, são bem delimitadas e duram 7-10 dias. A recorrência é variável, caracteristicamente, existem longos períodos de remissão. Um terço dos pacientes apresentam história familiar e 10 a 20% apresentam anormalidades hematológicas como déficit de ferro, deficiência de vitamina B 12 ou folato e em 3% dos casos o paciente apresenta doença celíaca, sendo que a retirada de alimentos contendo glúten melhora a sintomatologia. As úlceras aftóides maiores são menos frequentes, porém mais severas, múltiplas (normalmente 1 a 6 lesões), durando de 6 semanas até vários meses. Também é conhecida como Doença de Sutton. As úlceras são usualmente maiores que 1 cm, podendo acometer qualquer área da mucosa oral, língua e palato. As úlceras herpetiformes são pequenas, dolorosas e múltiplas (2 a 200), diferentes das lesões por HSV por não ter o vírus e pela ausência do estágio vesicular. Duram de 1 a 2 semanas. Histopatologia: infiltrado inflamatório inespecífico; antes do estágio de úlcera, pode-se identificar numerosos linfócitos na camada submucosa; Tratamento: anti-inflamatórios, imunossupressores, antibióticos se necessário; • Controle emocional com psicoterapia ou medicação caso o componente psicogênico desempenhe um papel importante. • AINH e analgésicos orais; • Corticoide tópico com orabase; • Antibioticoterapia quando houver suspeita de infecção secundária; Prevenção das crises: talidomida, dapsona ou colchicina; MUCOSITE • Pacientes submetidos à radioterapia, quimioterapia e imunossupressão para transplante de medula óssea. • Úlceras orais dolorosas e eritema generalizado com ou sem hemorragia, devido à inibição do crescimento do epitélio. • Aparecem por volta da primeira e segunda semana da radioterapia e persistem por duas a três semanas após o seu término. • Tratamento: higiene e lubrificação orais (com solução fisiológica, vaselina líquida ou saliva sintética) e anestésicos locais. STABACH, Thiago 39 SÍFILIS Úlcera oral pode ser vista em qualquer estágio da doença, mais particularmente na sífilis secundária. Sífilis primária: cancro primário após 3 semanas do contato com o Treponema pallidum. • Pode envolver lábio, língua e palato: pápula ulcerada não dolorosa e se desenvolve no local da penetração do microorganismo; • O cancro cicatriza e desaparece espontaneamente em 3 a 8 semanas e é extremamente contagioso e associado a gânglios aumentados e não dolorosos. Diagnóstico: achado do treponema ou reações sorológicas; Pesquisa do treponema em campo escuro: importante na fase primária, quando as reações sorológicas ainda são negativas. Testes sorológicos: • VDRL: teste de triagem; • FTA-ABS: alto grau de especificidade, permanece positivo por anos, mesmo após tratamento adequado; seus títulos não podem ser usados para avaliar a resposta do paciente ao tratamento. Tratamento: penicilina G benzatina. • Alergia: doxiciclina. GLOSSITE MIGRATÓRIA BENIGNA • Língua geográfica; • Acomete 1 % da população, sem predileção por sexo ou idade; • Clinicamente é assintomática ou associada à dor em queimação quando em contato com comidas quentes e apimentadas; • As lesões aparecem e desaparecem em regiões diferentes da língua • Lesão atrófica com eritema central – ausência de papilas nestas áreas → lesão lisa e não ulcerada; bordas mais elevadas; • Nenhum tipo de tratamento é preconizado; • Caso o paciente tenha sintomas, corticoterapia tópica pode ser utilizada. GLOSSITE ROMBÓIDE MEDIANA • Lesão atrófica eritematosa bem definida na linha mediana da parte posterior do dorso da língua; • Perda das papilas linguais; • Etiologia: não é bem definida - infecção crônica por C.albicans (?) • Tratamento: terapia antifúngica sistêmica (fluconazol) com remissão na maioria dos pacientes. • Investigar imunossupressão (HIV). GLOSSODÍNIA • Síndrome da boca ardente; • Dor em queimação que envolve a língua, mas pode ocorrer em palato, gengiva e mucosa jugal. • Mulheres, na fase de climatério, ou com candidíase, anemia, diabetesmelitus, problemas psicogênicos (depressão) ou deficiências de vitamina B e ácido fólico. STABACH, Thiago 40 • Não há alteração no exame clínico. Tratamento: identificar fatores sistêmicos e psicológicos; • Terapia estrogênica para mulheres no climatério e o uso de antidepressivos. • Gargarejos com chá de camomila gelado, usar pasta de dente infantil, evitar agressões à mucosa; COMPLEMENTANDO DOENÇA DE BEHÇET • A doença de Behçet é uma doença multissistêmica definida inicialmente por uma tríade: aftas orais, genitais e uveíte de caráter recidivante. • A etiologia é desconhecida. Úlceras aftoides dolorosas recorrentes na boca é o maior componente e sempre devem estar presentes, sem as mesmas não é possível fazer o diagnóstico. Úlceras genitais, uveíte e vasculite pustular cutânea podem aparecer. • O diagnóstico é clínico-patológico, com dois destes sinais presentes associados com a úlcera oral. • O anátomo-patológico típico, porém, raro, é tecido inflamatório com vasculite. • A conduta terapêutica é semelhante ao das úlceras aftoides, enfatizando-se o uso de colchicina (3 mg/dia) nas formas mucocutâneas e artríticas. Nas formas mais graves está indicado o uso de ciclofosfamida e/ou corticoides. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO ETIOLOGIA: é uma doença autoimune, com envolvimento humoral e celular. Autoanticorpos são encontrados no soro, assim como nos mais variados tecidos. QUADRO CLÍNICO: três formas: sistêmico, cutâneo subagudo e discóide crônico. • Qualquer uma delas pode acometer a mucosa oral. • Discóide crônico é mais frequente em mulheres da terceira a quinta décadas de vida, sendo a forma menos agressiva. Existem períodos de exacerbação e remissão. Não há acometimento visceral, as lesões cutâneas são placas eritematosas elevadas com margens hiperpigmentadas. • As lesões orais aparecem em 20 a 25% dos casos, sendo placas eritematosas que podem ulcerar, dolorosas, mais frequente na região posterior da mucosa jugal. Classicamente, a erupção envolve as bochechas e o nariz, em forma de borboleta. • Na forma cutânea subaguda, as lesões cutâneas são pápulo-escamosas e anulares, os quais persistem por semanas a meses, curando sem deixar cicatriz. O envolvimento oral é similar ao da forma discóide crônica. • A forma sistêmica é caracterizada pelo envolvimento de múltiplos órgãos, pele e mucosa oral. A lesão cutânea é em asa de borboleta na região malar. As lesões orais são semelhantes às outras formas. TRATAMENTO: • Prednisona nas doses de 10-20mg/dia até 200mg/dia. AINH para artralgias na forma sistêmica. • O antimalárica cloroquina pode ser empregado na forma sistêmica, na dose de 250 a 500 mg/dia, por 6 semanas a 6 meses. Toxicidade ocular pode ocorrer, devendo STABACH, Thiago 41 haver acompanhamento oftalmológico concomitante. • Metotrexate na dose de 7,5 mg ao dia é efetivo em pacientes resistentes à corticoterapia. ERITEMA MULTIFORME ETIOLOGIA: erupção inflamatória, caracterizada por lesões eritematosas, edematosas ou bolhosas simétricas. Reação de hipersensibilidade, com deposição de imunocomplexos em pequenos vasos da derme e submucosa, desencadeada por infecções (HSV, tuberculose), medicamentos (sulfonamidas), neoplasias, vacinas, stress, radioterapia. QUADRO CLÍNICO: é geralmente autolimitado, mais frequente em adultos jovens (geralmente entre 10 e 30 anos), com predominância masculina. Em uma fase prodrômica, o paciente apresenta cefaleia, náusea, tosse, faringite, artralgia e febre alta. A seguir, de forma brusca, originam-se as lesões cutâneas máculo-papulares, vésico- bolhosas, simétricas. Lesões orais atingem mucosas bucal, labial, palatina, lingual, associadas a dor, cefaleia e adenopatia (as localizações mais comuns são lábio, bochecha e língua). As lesões de mucosas em todas estas localizações são dolorosas e interferem com a capacidade de alimentação. As lesões orais apresentam-se em 5 estágios: macular, bolhoso, escara, pseudomembranoso e cicatricial. Embora novas lesões possam surgir no curso da doença, os estágios macular e bolhoso são raramente encontrados. A fase de escara é marcada por mucosa colapsada que cobre o local, a qual é branca e friável, e que usualmente pode ser removida produzindo o estágio pseudomembranoso. A fase final é a cicatrização da ferida deixada. O tempo usual de evolução é de cerca de 2 a 3 semanas. As lesões orais podem ocorrer sem envolvimento cutâneo entre 25 e 50% dos pacientes. Ao exame histopatológico, encontram-se bolhas subepidérmicas, edema dérmico, infiltrado perivascular e dilatação vascular. TRATAMENTO: • Para alguns autores, o único tratamento eficaz consta de administração de corticoides sistêmicos. A dose e a duração não estão perfeitamente estabelecidas. • Quando há relação com ingestão de drogas, deve-se suspendê-las. SÍNDROME DE STEVEN-JOHNSON Forma severa do eritema multiforme e eventualmente fatal acometendo boca, olhos, pele, genitália e ocasionalmente esôfago e trato respiratório. Geralmente acompanhado de febre, fotofobia e mal estar. TRATAMENTO: internação do paciente para tratamento de suporte. Hidratação, analgésicos e antibióticos quando há infecção secundária podem ser usados em casos moderados, além de corticoides tópicos. Prednisona 40-80mg/dia por curto tempo em casos severos PÊNFIGO • Trata-se de doença mucocutânea que se manifesta em forma de vesículas. Sua etiologia é desconhecida, mas há evidências de que seja uma doença autoimune caracterizada pela produção de anticorpos contra a desmogleína 3, uma glicoproteína transmembrana que compõe os desmossomos das células epiteliais da epiderme e mucosa. • Com isso há uma perda de adesividade intercelular, com consequente separação entre as células epiteliais (acantólise) e resultante formação de bolhas intraepiteliais. Os anticorpos que provocam a ruptura intraepitelial são predominantemente da classe IgG, porém o sistema do complemento também atua na STABACH, Thiago 42 patogênese da doença, embora a formação das bolhas possa ocorrer sem ele. • São divididos em pênfigo vulgar, vegetante, foliáceo e eritematoso. Lesões orais ocorrem principalmente no pênfigo vulgar e vegetante. • As vesículas no pênfigo são intraepiteliais (supra-basal). PÊNFIGO VULGAR: Acomete principalmente indivíduos na faixa etária de 40-50 anos, frequente em povos do mediterrâneo e judeus. A distribuição por sexo é semelhante, com ligeira predominância feminina. QUADRO CLÍNICO: Em mais da metade dos pacientes, encontram-se lesões bucais e genitais que com frequência precedem o aparecimento das lesões cutâneas. O paciente pode apresentar aumento de salivação, dificuldade na deglutição e fonação, espoliação proteica e mineral progressiva, levando à caquexia e à morte. As lesões orais são vesículas que ulceram, dolorosas, podendo levar a gengivite descamativa. O sinal de Nikolsky é positivo, mas pode estar associado a outras doenças auto-imunes. A vesícula, que pode ter conteúdo hemorrágico, está presente por pouco tempo. A lesão, então, se apresenta como uma área erosiva, irregular e friável e pode ser descolada com mínimo de pressão ou trauma. Os locais mais acometidos são o palato, a mucosa bucal e a língua. O índice de mortalidade é alto, em torno de 90% dos pacientes sem tratamento evoluem para óbito. DIAGNOSTICO: o diagnóstico inicialmente é baseado na história e achados clínicos. A confirmação deve-se dar pelo exame histopatológico e imunofluorescência direta. TRATAMENTO: não há tratamento curativo, obtendo-se apenas remissão temporária dos quadros. Usa-se prednisona 80 a 100 mg/dia por uma semana e em casos refratários, associados a imunossupressorescomo ciclosporina ou azatioprina. • Nas lesões mucosas pode-se usar corticoide tópico (triancinolona) ou infiltração de corticoides, apenas se for uma lesão única. Outra opção é a injeção intramuscular de sais de ouro. • Para o controle das infecções secundárias pode-se empregar 1 a 2 g diários de tetraciclina ou de eritromicina. • Para infecções secundárias usam-se cefalosporinas ou derivados de penicilina. PÊNFIGO VEGETANTE • É menos frequente que o pênfigo vulgar e alguns autores colocam-no como uma variante do mesmo. • Trata-se de doença semelhante ao pênfigo vulgar, com vesículas intraepitelias. • A doença pode se iniciar pelas mucosas bucal e genital em forma de vesículas que ulceram e posteriormente provocam lesão vegetante. Pode ser vista principalmente nas comissuras labiais, sulco submamário e umbigo. Apesar de ter evolução mais benigna, é mais refratário a tratamento. PÊNFIGO ERITEMATOSO E FOLlÁCEO • Têm curso mais benigno. As lesões vesiculares são mais superficiais. As lesões na pele são parecidas às escamas seborréicas e acometem principalmente o rosto, couro cabeludo e região interescapular. Lesões orais são raras. • O pênfigo foliáceo acomete todo o corpo. As vesículas são planas e superficiais. PENFIGÓIDE STABACH, Thiago 43 Trata-se de um conjunto de enfermidades que apresentam similaridade clínica com o pênfigo mas etiologia, histologia (vesículas são subepiteliais e não intraepiteliais), evolução e prognóstico diferentes. Acredita-se ser de origem autoimune, causada por anticorpos contra a membrana basal, separando-as das células basais. Pode ser cicatricial ou bolhoso CASOS CLÍNICOS Professora, 43 anos, tabagista. Rouquidão há 4 meses que piora no final do dia • Exame complementar → videolaringoscopia • Encontrado nódulo (calo) • Poderia ser também: edema de Reinke, tumor, papiloma • Tratamento: fonoterapia por 6 meses (falar mais baixo, não gritar, beber água, comer maçã, comer gengibre, escrever no quadro, virar e falar). Estimular o término do tabagismo • Retornar depois de 6 meses para ver se melhorou, podendo ser necessário fazer até cirurgia. Homem, 22 anos. Congestão nasal, coriza, febre, mal-estar e tosse há 2 dias • B/O (boca/orofaringe) → hiperemia de mucosa e tonsilas (amigdala grau I), sem placa • RA (rinoscopia anterior) → edema de mucosa, congestão, secreção hialina • OTO (otoscopia) → normal • RCF (região cervico-facial) → normal • AR (ausculta respiratória) → normal • Diagnóstico: resfriado comum, rinossinusite aguda viral • Tratamento: sintomático (dipirona para dor e febre ou tylenol; lavagem nasal quantas vezes quiser • Retornou e não melhorou depois de 9 dias, inclusive piorou. A secreção ficou mais grossa e não tinha febre • Pensamos em rinossinusite pós-viral, sendo assim, podemos prescrever antibiótico (amoxicilina), corticoide nasal, corticoide. O paciente tende a melhorar em 2-3 dias. • OBS: neste tipo de caso a azitromicina não é tão boa • Orientar lavagem nasal adequada, repouso, boa alimentação, não se preocupar com a tosse pois é um reflexo de proteção que irá persistir enquanto houver gotejamento nasal Valentina, 6 anos, dor de garganta há 4 dias, febre e inapetência. Frequenta escola desde 1 ano de idade. Sem sintomas nasais. Peso de 17kg. Possui asma sem necessidade de medicação. Não tem alergia • B/O → hiperemia de mucosa, edema de úvula e amigdala, petéquias de palato • Gânglios palpáveis na cadeia cervical anterior • Diagnóstico: faringoamigdalite bact. • Tratamento: hidratação, repouso, insistir em sopa ou outra alimentação. Dipirona se dor e febre, corticoide (1mg/kg) ou AINE (cetoprofeno). Antibiótico: amoxicilina (se alergia: eritromicina) Enzo, 4 anos, roncos, respiração oral, agitado, IVAS de repetição, 12kg, frequenta creche desde os 6 meses, irritação nasal • B/O → tonsilas grau IV, mordida aberta anterior • RA → congestão • OTO → normal • RCF → normal • AR → normal • Diagnóstico possível: síndrome do respirador oral • Exame complementar: RX de cavum (hipertrofia adenoidiana) • Tratamento: cirurgia de adenoamigdalectomia, corticoide nasal, lavagem nasal • Antes da cirurgia pedir hemograma, coagulograma e tipagem sanguínea, pois a cirurgia sangra bastante. TRABALHO DISTÚRBIOS DO SONO (SAOS)