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CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 1 Direito Processual Penal (Ponto 11) Dos processos em espécie (exceto procedimento do Tribunal do Júri). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 2 CURSO MEGE Site para cadastro: www.mege.com.br Celular / Whatsapp: (99) 98262-2200 (Tim) Turma: Clube Delta Material: Direito Processual Penal – Ponto 11 Direito Processual Penal (Ponto 11) Dos processos em espécie (exceto procedimento do Tribunal do Júri). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 3 SUMÁRIO 1. DOUTRINA (RESUMO) ................................................................................................... 4 1.1. PROCEDIMENTO COMUM E PROCEDIMENTO ESPECIAL........................................... 4 1.2. APLICAÇÃO DOS ARTS. 395 A 397 A QUALQUER PROCEDIMENTO DE PRIMEIRO GRAU ................................................................................................................................. 5 1.3. A LEI MARIANA FERRER (Lei nº 14.245/21) ............................................................... 9 1.4. PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO (arts. 394, § 1º, I, e 395 a 405 do CPP) ..... 12 1.5. PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO (arts. 394, § 1º, I, e 395 a 405 do CPP) ........ 14 1.6. PROCEDIMENTO DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (arts. 513 a 518 do CPP) .................................... 16 1.7. PROCEDIMENTO DOS CRIMES CONTRA A HONRA (arts. 519 a 523 do CPP) .......... 20 1.8. PROCEDIMENTO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL (arts. 524 a 530-I do CPP) .................................................................................................................. 23 2. LEGISLAÇÃO ANOTADA ............................................................................................... 28 3. JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................ 55 4. QUESTÕES ................................................................................................................... 64 5. GABARITO COMENTADO ............................................................................................ 68 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 4 1. DOUTRINA (RESUMO) 1.1. PROCEDIMENTO COMUM E PROCEDIMENTO ESPECIAL Dispõe o art. 394 do CPP que o procedimento será comum ou especial. Procedimento especial é todo aquele previsto no âmbito do CPP ou de Leis Especiais para as hipóteses legais específicas, incorporando regras próprias de tramitação processual visando à apuração dos crimes que constituem o objeto de sua disciplina. Exemplos: procedimento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (arts. 513 a 518) e procedimento dos crimes contra a honra (arts. 519 a 523). Procedimento comum é o rito padrão ditado pelo CPP para ser aplicado residualmente, ou seja, na apuração de crimes para os quais não haja procedimento especial previsto em lei (art. 394, § 2º). De acordo com o art. 394, § 1º, do CPP, o procedimento comum subdivide-se em três espécies, condicionando-se a respectiva aplicação à quantidade da pena máxima cominada in abstrato e, conforme o caso, à natureza da infração. Consistem em: - Procedimento comum ordinário: adequado para a apuração de crimes cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a quatro anos de pena privativa de liberdade (art. 394, § 1º, I); - Procedimento comum sumário: destinado à apuração de crimes cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 anos de pena privativa de liberdade (art. 394, § 1º, II), excluindo-se, porém, as que devam ser apuradas por meio do rito sumaríssimo; - Procedimento comum sumaríssimo: cabível em relação às infrações de menor potencial ofensivo, como tal definidas as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa (art. 394, § 1º, III). Cuida-se, em verdade, do rito adequado à apuração das infrações de competência dos juizados especiais criminais, conforme dispõe o art. 61 da Lei 9.099/1995. OBSERVAÇÃO: há delitos cuja apuração, apesar de submeter-se ao procedimento comum, (dada a ausência de previsão de rito especial), não obedecerá aos critérios do art. 394, § 1º, do CPP, em face da existência de previsão legal expressa determinando regras distintas. Isto ocorre, muito especialmente, nas seguintes hipóteses: crimes tipificados no Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) cuja pena máxima não ultrapasse a quatro anos de prisão; Crimes praticados mediante violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei 11.340/2006); Crimes falimentares (Lei 11.101/2005). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 5 1.2. APLICAÇÃO DOS ARTS. 395 A 397 A QUALQUER PROCEDIMENTO DE PRIMEIRO GRAU De acordo com o art. 394, § 4º, as disposições dos arts. 395 a 397 do CPP deverão ser aplicadas a todos os demais ritos de primeiro grau, mesmo os especiais. A. Art. 395 - Rejeição da denúncia e da queixa-crime ATENÇÃO! As bancas examinadoras adoram confundir as hipóteses de rejeição da denúncia e de absolvição sumária. O art. 395 do CPP dispõe que a denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta: inepta é a inicial acusatória que não apresenta os requisitos do art. 41 (exposição do fato criminoso, qualificação do acusado, classificação do crime e rol das testemunhas). II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal: os pressupostos processuais dividem-se em subjetivos e objetivos. Os pressupostos subjetivos compreendem a capacidade de ser parte e a capacidade postulatória. Já os pressupostos objetivos classificam-se em intrínsecos, correspondendo aos requisitos do art. 41 e à presença da procuração, e extrínsecos, que se referem à ausência de fatos impeditivos à constituição válida do processo, como a litispendência e a coisa julgada. Já as condições da ação penal dividem-se em gerais e especiais. As condições gerais são aquelas que devem estar presentes em qualquer ação penal. São elas: a) possibilidade jurídica do pedido; b) interesse de agir (justa causa); c) legitimidade ad causam, ativa e passiva. Já as condições especiais vinculam o exercício da ação penal ao atendimento de exigências legais expressamente previstas. Ex.: condicionamento da ação penal à prévia representação da vítima no crime de ameaça (art. 147, parágrafo único); exigência de requisição do Ministro da Justiça para o ingresso de ação penal por crimes contra a honra do Presidente da República (art. 145, § único); ingresso no território nacional do indivíduo que praticou o crime no exterior (art. 7º, § 2º, “a”). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esferacível e penal. 6 III - faltar justa causa para o exercício da ação penal: a justa causa traduz a existência de lastro probatório mínimo em que se deve lastrear a acusação. B. Arts. 396 e 396-A do CPP - Recebimento da denúncia ou da queixa pelo juiz das garantias e citação do acusado e resposta à acusação pelo juiz responsável pela instrução e julgamento O art. 396 do CPP dispõe que, nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias. Quanto ao recebimento da denúncia ou da queixa ou sua rejeição é importante ressaltar que o Pacote Anticrime – instituído pela Lei nº 13.964/2019 – trouxe inovações no âmbito do Código de Processo Penal. Prefacialmente, registra-se que se instituiu a figura do Juiz das Garantias, que é o responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário. Nesse diapasão, o art. 3º B, inciso XV, inseridos pela lei ao Código de Processo Penal, elenca que é também o juiz das garantias agora o responsável pelo recebimento ou rejeição da denúncia ou da queixa: Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: (…) XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código; E embora se mencione sobre o ato de recebimento ou rejeição da peça acusatória citando-se o art. 399 do Código de Processo Penal, obviamente a referida mudança atinge o disposto no art. 396, já que é nesse momento que ocorre o efetivo recebimento da denúncia ou da queixa quando afastada a hipótese de rejeição, a qual é cabível nas circunstâncias elencadas no art. 395 do CPP, citadas no tópico anterior. Antes dessa reforma, a decisão sobre o recebimento da denúncia ou queixa era de competência do juiz natural responsável pela instrução e julgamento do processo. Com a atual redação, tal competência passa a ser do juiz das garantias, cuja atribuição também cessa com esse ato processual, já que todas as demais questões pendentes e posteriores ao processo – entre elas a citação do acusado – deverá ser CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 7 determinada pelo juízo da instrução, conforme dispõe o art. 3º C, caput e § 1º, inseridos pela reforma: Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código. § 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. Como se pode observar também, o art. 3º-C é expresso ao elencar que a instituição do juiz das garantias é aplicável para todas as infrações penais, com exceção as de menor potencial ofensivo. Assim, tal alteração é atribuível, inclusive, aos crimes com rito especial, os quais serão elencados no decorrer do presente material e onde se mencionará o momento de recebimento ou rejeição da denúncia ou da queixa. Nesses pontos, será importante rememorar que tal decisão processual não é mais do juiz natural, tampouco as que também necessitem de serem realizadas preliminarmente à apresentação da peça acusatória, mas que também dependam de reserva de jurisdição, porque todas agora são atribuídas ao juiz das garantias. Por outro lado, apesar da mudança significativa, é importante ressaltar que atualmente todas as inserções no Código de Processo Penal que se referem à instituição do Juiz das Garantias, elencadas nos artigos 3ºA a 3º-F, acrescidos à legislação processual penal, encontram-se suspensas por força de medida cautelar parcialmente concedida no âmbito das ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6305, pelo Ministro Relator Luiz Fux. No entanto, tais alterações são elencadas no presente material já que nada obsta que os dispositivos de lei suspensos sejam cobrados em provas de concurso. Isto porque a decisão mencionada apenas SUSPENDEU A EFICÁCIA de tais normativos, mas não os declarou inconstitucionais. Por conseguinte, dando-se sequência à análise da parte final do art. 396 do CPP, não localizado para citação pessoal – cuja competência, repita-se, continua do juiz natural responsável pela instrução e julgamento - será o imputado citado por edital, caso em que o processo ficará suspenso e o prazo para a apresentação de resposta apenas começará a fluir a partir de seu comparecimento pessoal ou do defensor constituído, conforme dispõe o art. 396, parágrafo único, do CPP. OBSERVAÇÕES: 1 - A prescrição deverá ficar suspensa nesse período em que a demanda penal estiver paralisada (art. 366 do CPP); 2 - No âmbito do STJ, firmou-se o entendimento no sentido de que a suspensão do prazo de prescrição não pode ocorrer por prazo indeterminado, pois isto implicaria o estabelecimento de uma nova hipótese de imprescritibilidade para além daquelas delimitadas expressamente na CF (art. 5º, XLII e XLIV). Na esteira desse entendimento, CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 8 foi editada a Súmula 415 do STJ dispondo que o período da suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada; 3 - O STF tem precedente antigo no sentido de que a prescrição deve ficar suspensa até que o acusado seja localizado (HC 460.971, 13.02.07). Segundo estabelece o art. 396-A, na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. Esta resposta substitui a defesa prévia contemplada na legislação anterior. C. Art. 397 - Possibilidade de julgamento antecipado do processo com absolvição sumária do réu Oferecida a resposta pelo acusado, os autos deverão ser conclusos ao juiz que será o responsável pela instrução e julgamento, ocasião em que verificará a possibilidade de antecipar, mediante juízo de valor, o resultado final da demanda, para o fim de absolver sumariamente o acusado, com fundamento no art. 397. OBSERVAÇÃO: nesta oportunidade, a decisão do magistrado deverá louvar-se em critério eminentemente pro societate, o que lhe impõe, na dúvida, não absolver o réu e determinar o prosseguimento normal do processo. São causas de absolvição sumária, nos termos do precitado dispositivo legal: I – Existência manifesta de causa excludente de ilicitude: é preciso que os elementos de convicção até então angariados ao processo permitam ao magistrado certeza absoluta (“existência manifesta”) quanto a ter o acusado praticado a conduta imputada ao abrigo de causas de exclusão da ilicitude, quais sejam, a legítima defesa, o estado de necessidade, o exercício regular de direito e o estrito cumprimento do dever legal; II – Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade: também aqui é necessário juízo de certeza, isto é, prova estreme de dúvidas quanto à ocorrência de excludentes de culpabilidade; OBSERVAÇÃO: na medida em que o art. 397, II, fine, do CPP ressalva a inimputabilidade do acusado como motivo de absolvição sumária, conclui-se que as excludentes de culpabilidade que permitem talabsolvição abrangem o erro de proibição inevitável (art. 21 do CP), a coação moral irresistível e a obediência CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 9 hierárquica à ordem não manifestamente ilegal (art. 22 do CP) e a embriaguez fortuita completa (art. 28, § 1º, do CP). III – Não constituir o fato infração penal: trata-se da hipótese de atipicidade da conduta; IV – Encontrar-se extinta a punibilidade: verifica-se, aqui, um verdadeiro paradoxo jurídico, considerando o legislador causa de absolvição o fato de já se encontrar extinta a punibilidade, pois prevalece o entendimento de que a sentença que declara extinta a punibilidade não tem natureza absolutória, mas sim declaratória. OBSERVAÇÃO: a decisão que absolve sumariamente tem natureza de decisão interlocutória mista terminativa, atacada por apelação (art. 416). Já a decisão de não absolvição sumária que tem natureza de decisão interlocutória simples, é irrecorrível, mas pode ser atacada por HC. Tratando-se de extinção da punibilidade, seu reconhecimento ou negativa desafia RESE (art. 581, VIII e IX). 1.3. A LEI MARIANA FERRER (Lei nº 14.245/21) A. O CASO MARIANA FERRER Mariana Ferrer é uma influenciadora digital que figura como vítima em um processo penal que ainda se encontra em tramitação. Em um trecho divulgado da audiência de instrução, ela teve sua honra, dignidade e vida privada complemente desnudadas pelo advogado defesa, sob o olhar conivente da acusação e do Juiz que presidia o ato. Independentemente do mérito do processo, a forma como Mariana, na posição de vítima do processo, foi tratada na audiência causou muita repercussão e indignação. O advogado mostrou fotos do instagram da vítima dizendo que ela ficava em "posições ginecológicas" e "chupando o dedinho", e que não queria jamais ter uma filha como ela. A vítima bradava aos prantos: "Eu só quero respeito. Nem assassinos são tratados como estou sendo tratada". B. ONDE ESTÃO AS ALTERAÇÕES PROCESSUAIS? Foram alterados os artigos 400-A e 474-A do CPP e art. 81 da Lei nº 9.099/95. Em todos os procedimentos processuais penais, a lei trouxe uma previsão comum: dever de zelo à integridade física e psicológica da vítima, em especial naqueles que apurem crimes contra a dignidade sexual. Veja: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 10 PROCEDIMENTO COMUM - Art. 400-A. Na audiência de instrução e julgamento, e, em especial, nas que apurem crimes contra a dignidade sexual, todas as partes e demais sujeitos processuais presentes no ato deverão zelar pela integridade física e psicológica da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e administrativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento do disposto neste artigo, vedadas: I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos; II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima ou de testemunhas. PROCEDIMENTO DO JÚRI - Art. 474-A. Durante a instrução em plenário, todas as partes e demais sujeitos processuais presentes no ato deverão respeitar a dignidade da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e administrativa, cabendo ao juiz presidente garantir o cumprimento do disposto neste artigo, vedadas: I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos; II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima ou de testemunhas. RITO SUMARÍSSIMO – Art. 81 (...) § 1º-A. Durante a audiência, todas as partes e demais sujeitos processuais presentes no ato deverão respeitar a dignidade da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e administrativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento do disposto neste artigo, vedadas: I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos; II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima ou de testemunhas. C. VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA A Lei 14.245/21 converge com uma imperatividade, já reconhecida em termos internacionais por meio da Resolução nº 40/34 da ONU, que trata sobre os direitos das vítimas de crimes e abuso de poder, sobre um tratamento digno e humanizado à vítima durante a persecução penal. Se o crime inevitavelmente deixa suas marcas, o processo penal muitas vezes também cria cicatrizes que acabam intensificando o abalo já sofrido pela vítima. Vai aí uma tabelinha para vocês guardarem: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 11 QUAIS AS ESPÉCIES DE VITIMIZAÇÃO? PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA Refere-se aos danos físicos, psicológicos e materiais que o crime, de forma imediata, causa na vítima. Por exemplo, a vítima de estupro, além dos danos físicos que são provocados em seu corpo, sofre danos à sua integridade psicológica. Também chamada de revitimização ou sobrevitimização, e ocorre quando a atuação das instituições estatais (controles sociais formais) não acolhe adequadamente a vítima de crime, contribuindo para intensificar ainda mais os danos que já foram provocados. Ex: caso Maria Ferrer. Se opera por meio da comunidade em que a vítima está inserida, que a estigmatiza, a isolada ou ofende sua honra e dignidade. Ex: O caso da criança de 10 anos que foi estuprada e tentava um aborto legal, mas, no hospital, foi hostilizada por manifestantes que levantavam cartazes a chamando de assassina. D. PROVAS VEDADAS NO PROCESSO A) Manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos; Trata-se de previsão que reforça o art. 411, § 2º, do CPP, que afirma que o juiz pode indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. Neste caso de essas manifestações alheias ao processo violarem a integridade moral da vítima, elas não apenas podem, como devem ser indeferidas. B) A utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima ou de testemunha. Neste caso, ainda que tenha relação com os fatos, essas provas não podem ser utilizadas no processo. Trata-se de previsão polêmica e que certamente irá ser objeto de discussão nos tribunais, uma vez que, caso a prova tenha relação com os autos, a vedação da sua utilização violaria a ampla defesa. E. A QUE SE DIRIGE A NORMA? A todos as partes e sujeitos processuais: Juízes, Promotores de Justiça, Advogados e Defensores Públicos. Mas atenção: a lei só trouxe previsão sobre o tratamento humanizado da vítima na fase processual, não havendo previsão durante o trâmite das investigações. Desta forma, o Delegado de Polícia não se encontra abrangido pela norma, o que não significa que lhe seja autorizado ignorar os direitos fundamentais da vítima, especialmente a honra, intimidade e vida privada. F. QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS QUANTO AO DESCUMPRIMENTO? CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 12 Produzida a prova em desacordo com a lei, a consequência processual será sua nulidade. Quanto a quem produziu a prova em desacordo com a lei, a consequência legal será a responsabilização penal, civil e administrativa.G. QUEM É O GARANTIDOR DO CUMPRIMENTO DA NORMA? O Juiz de Direito que preside a audiência de instrução. H. A LEI CRIMINALIZOU A CONDUTA? Apesar de prever a responsabilização penal, a lei não trouxe a previsão de um crime específico para o descumprimento das vedações probatórias. Mas, a depender do caso, pode-se analisar a prática do crime de violência psicológica à mulher (art. 147- B do CP) ou coação no curso do processo (art. 344 do CP). 1.4. PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO (arts. 394, § 1º, I, e 395 a 405 do CPP) Conforme previsto no art. 394, § 1º, I, do CPP, o procedimento comum ordinário deve ser aplicado ao processo criminal quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a quatro anos de pena privativa de liberdade, desimportando tratar-se de reclusão ou detenção. O procedimento comum ordinário é constituído das seguintes etapas: I - Oferecimento da denúncia ou queixa-crime: em se tratando de acusado preso, a exordial deverá ser oferecida no prazo de 5 dias e, se estiver solto, em 15 dias (art. 46), devendo conter os requisitos do art. 41 do CPP, instruídas, ainda, com o mínimo de lastro probatório quanto à autoria e à materialidade do fato. II - Rejeição liminar ou recebimento: conclusa a peça vestibular ao juiz das garantias, este poderá rejeitá-la liminarmente, caso constate a ocorrência de qualquer das situações previstas no art. 395 do CPP. Não sendo, pois, caso de rejeição liminar, procederá esse magistrado ao recebimento da inicial (art. 396 do CPP). III - Recebimento pelo magistrado (art. 396): constitui marco interruptivo da prescrição (art. 117, I, do CP). IV - Citação do acusado para resposta (art. 396): uma vez recebida a denúncia ou a queixa, ordenará o magistrado – responsável pela instrução e julgamento, e não o juiz de garantias, conforme exposto anteriormente - a citação pessoal do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias. Não sendo possível a citação pessoal, determinará o juiz a citação por edital (arts. 361 e 363, § 1º) ou a citação por hora certa (art. 362). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 13 V - Resposta do acusado (art. 396-A): na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interessa à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. Nesta fase, poderão ser arroladas até 8 testemunhas, não se computando neste número aquelas não sujeitas a compromisso, conforme se infere do art. 401. Se, devidamente citado, o acusado não apresentar resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 dias (art. 396-A, § 2º). VI - Julgamento antecipado do processo e absolvição sumária do acusado (art. 397): com a resposta do acusado, sobrevém ao magistrado a possibilidade de proceder ao julgamento antecipado da demanda penal, absolvendo sumariamente o réu, desde que reconheça a ocorrência de qualquer das situações contempladas no art. 397 do CPP. VII - Audiência de instrução, interrogatório e julgamento (art. 399): estabelece o art. 399 do CPP que, recebida a denúncia ou a queixa pelo juiz das garantias, o juiz responsável pela instrução e julgamento designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. ATENÇÃO! Em face do que dispõe o art. 201, § 2º, do CPP, será necessário, também, notificar quanto ao ato o ofendido (vítima), ainda que não esteja ocupando a posição de querelante ou de assistente do Ministério Público e mesmo que não tenha sido requerido seu depoimento por qualquer das partes. Caso todas as pessoas notificadas estejam presentes ao ato, deverá o juiz, no curso da instrução, proceder-lhes à oitiva na seguinte ordem: tomada das declarações do ofendido; inquirição das testemunhas de acusação e, após, das arroladas pela defesa; esclarecimentos dos peritos; acareações; reconhecimento de pessoas e coisas; e interrogatório do acusado. VIII - Requerimento de diligências e alegações finais orais: Depois de produzidas as provas orais em audiência, sendo encerrada a instrução, facultará o juiz ao Ministério Público, ao querelante e ao assistente, e, a seguir, ao acusado, requererem as diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução (art. 402), as quais poderão ser indeferidas pelo juiz se as considerar irrelevantes, impertinentes ou protelatórias (simetria ao art. 400, § 1º). OBSERVAÇÃO: descabe recurso da decisão do juiz que defere ou indefere as diligências pretendidas. Entretanto, contra o deferimento, se evidenciado o caráter meramente protelatório ou a evidente ausência de fundamento da providência solicitada, poderá o interessado ingressar com correição parcial ou até mesmo mandado de segurança. Caso sejam indeferidas, a atuação processual da parte prejudicada dependerá do procedimento adotado pelo juiz em audiência. Assim, se CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 14 logo após o indeferimento o juiz proferir sentença em audiência, na forma do art. 403, caput, do CPP, restará ao prejudicado apelar da sentença, arguindo, em preliminar, nulidade processual por cerceamento de acusação ou de defesa, conforme o caso. Se, contudo, relegar o juiz a prolação da sentença para momento posterior, na forma do que lhe é autorizado pelo art. 403, § 3º, do CPP, poderá o interessado, nesse interregno entre o encerramento da audiência e a publicação da sentença, deduzir impugnações como o habeas corpus, o mandado de segurança e a própria correição parcial para tentar modificar a decisão judicial que indeferiu as diligências oportunamente requeridas. IX – Sentença: se realizadas as alegações finais em audiência, de forma oral, poderá o juiz, na própria solenidade judicial, proferir a decisão (art. 403, caput). Se entender o magistrado por substituir as alegações orais por memoriais escritos em face da complexidade do caso, do número de acusados (art. 403, § 3º) ou da necessidade de serem realizadas diligências (art. 404, parágrafo único), faculta-se ao juiz o prazo de dez dias, após lhe serem conclusos os autos, para prolatar a sentença. X - Lavratura do termo de audiência: estabelece o art. 405 do CPP que, do ocorrido em audiência, será lavrado termo assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos no curso da solenidade. 1.5. PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO (arts. 394, § 1º, I, e 395 a 405 do CPP) Segundo dispõe o art. 394, § 1º, II, do CPP, o procedimento comum sumário deverá ser aplicado ao processo criminal quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 anos de pena privativa de liberdade, não importando a natureza dessa pena, vale dizer, se reclusão ou detenção. OBSERVAÇÃO: é necessário excluir da abrangência desse rito as infrações de menor potencial ofensivo (as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não ultrapasse 2 anos, cumulada ou não com multa) quando em tramitação perante o juizado especial criminal, pois, de acordo com o art. 394, § 1º, III, do CPP, nesses casos, o procedimento aplicável será o sumaríssimo. Contudo, se as infrações de competência do JECRIM forem encaminhadas ao juízo comum, v.g., em razão da necessidade de citação editalícia ou da complexidade dos fatos, deverão ser apuradas por meio do procedimento sumário, ex vi do que estabelece oart. 538 do CPP. O procedimento comum sumário é constituído das seguintes etapas: I - Oferecimento de denúncia ou queixa-crime: a inicial acusatória deve observar os requisitos do art. 41 do CPP. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 15 OBSERVAÇÃO: enquanto no procedimento comum ordinário poderão ser arroladas até 8 testemunhas, no rito comum sumário o número máximo é de 5, não computadas as que não forem sujeitas a compromisso, nos termos do art. 401, § 1º, aplicável por força do art. 394, § 5º. II - Observância, pelo juiz, das regras dos arts. 395 a 397, aplicáveis a qualquer rito em razão do que prevê o art. 394, § 4º: - Possibilidade de rejeição liminar da inicial pelo juiz das garantias, caso ocorrentes as situações contempladas no art. 395; - Não sendo o caso dessa rejeição, procederá o juiz das garantias ao recebimento da denúncia ou queixa, determinando, na sequência, o juiz responsável pela instrução e julgamento a citação do acusado para apresentar resposta em 10 dias, momento em que poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa (art. 396), além de arrolar testemunhas até o máximo de 5 (art. 532), excluindo-se desse número as não compromissadas. Se não oferecer tal manifestação, o juiz procederá à nomeação de defensor dativo para esse fim. Observe-se que a citação do réu para resposta deverá ser pessoal, como regra. Não localizado, far-se-á via edital (arts. 361 e 363, § 1º), facultada, ainda, a citação por hora certa caso constatado que o réu se oculta para não ser citado (art. 362); - Apresentada a resposta, serão os autos conclusos ao juiz natural, que poderá, em julgamento antecipado, absolver sumariamente o acusado, caso constate, nos termos do art. 397, a existência manifesta de causa excludente de ilicitude ou de culpabilidade (salvo inimputabilidade), a atipicidade da conduta ou que já se encontra extinta a punibilidade (por exemplo, em razão das causas previstas no art. 107 do CP). III - Audiência de instrução, interrogatório e julgamento (art. 531): vencidas essas etapas e não tendo ocorrido a absolvição sumária prevista no art. 397 do CPP, segue-se a audiência para colheita de prova oral, que deverá ser aprazada para daí a, no máximo, 30 dias. Nessa oportunidade, procederá o juiz à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como os esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate oral pelas partes. IV - Alegações orais: produzida em audiência a prova oral, concederá o juiz às partes, em seguida, a palavra para alegações finais orais. Nesse momento, acusação e defesa terão 20 minutos, prorrogáveis por mais 10, para sustentação. Havendo mais CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 16 de um acusado, o prazo para a defesa de cada um será individual (art. 534, § 1º). Caso exista assistente de acusação habilitado, este poderá se manifestar em 10 minutos após o Ministério Público, caso em que o tempo a este concedido será acrescido ao tempo da defesa (art. 534, § 2º). OBSERVAÇÕES: 1 - no rito comum sumário, inexiste a previsão de oportunidade para que as partes requeiram diligências complementares ao juiz, ao contrário do que ocorre no rito comum ordinário. Tal, porém, não significa que haja uma proibição neste sentido, até porque, sem dúvida, haverá casos em que será necessária, antes da sentença, a realização de diligências consideradas imprescindíveis à elucidação dos fatos; 2 - no rito comum sumário, também não há previsão de que possam os debates ser substituídos por memoriais escritos, impondo-se, pelo regramento legal, que em seguida às alegações orais, o juiz profira sentença em audiência (art. 534). Contudo, a doutrina entende que a regra pode ser flexibilizada em dadas situações, por exemplo, o número elevado de acusados – mesmo porque o art. 394, § 5º, estabelece a possibilidade de aplicação subsidiária das regras do procedimento ordinário ao sumário. V - Sentença: no rito comum sumário, devendo a sentença ser proferida em audiência, o princípio da identidade física do juiz (art. 399, § 2º, do CPP) terá aplicação natural. Contudo, ainda que situações excepcionais obriguem à prolação de sentença em momento posterior (necessidade de melhor exame da prova, por exemplo), tal princípio deverá ser observado (ressalvadas de sua incidência, por óbvio, situações relacionadas à impossibilidade temporária ou definitiva de permanecer o Juiz oficiando no processo – gozo de licença, promoção, remoção etc.), pois não haveria sentido algum de sua imposição existir apenas em relação ao rito comum ordinário. 1.6. PROCEDIMENTO DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (arts. 513 a 518 do CPP) 1.6.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS O conceito de funcionário público, para efeitos penais, é bastante amplo, incluindo quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública, a este se equiparando, também, quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública (art. 327 do CP). E, quanto aos crimes funcionais, podem ser classificados em próprios ou impróprios. Os primeiros são aqueles em que a conduta apenas é ilícita quando praticada por um funcionário público, não havendo qualquer tipificação caso perpetrada pelo particular, tal como ocorre com os delitos de prevaricação e de abandono de função. Os segundos, aqueles cuja conduta é penalmente relevante CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 17 independentemente de ser ou não o agente funcionário público, modificando-se tão somente a tipificação do crime, como é o caso do peculato, que é o crime resultante da apropriação ou furto perpetrado por funcionário público, ações estas que, se praticadas por particulares, terão enquadramento nos arts. 155 ou 168 do Estatuto Repressivo. Sem embargo dessa distinção, desde que o agente seja um funcionário público ou a ele equiparado no exercício da função pública e que o delito esteja sendo praticado contra a administração pública, tanto os crimes funcionais próprios como os impróprios serão processados segundo o rito especial ditado pelo CPP. É o caso das infrações previstas nos arts. 312 a 326 do CP e no 3º da Lei 8.137/1990. 1.6.2. ATOS QUE COMPÕEM O PROCEDIMENTO Na apuração dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, estabelece o CPP procedimento diferenciado conforme o caráter inafiançável ou afiançável do delito. Ocorre que, na atualidade, tendo em vista a nova disciplina introduzida pela Lei 12.403/2011 ao CPP, tal distinção perdeu completamente a relevância. Isto porque, nos termos do art. 323 do CPP alterado pela referida lei, são inafiançáveis apenas os crimes de racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo, os crimes definidos como hediondos e aqueles cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. Considerando que, neste rol, não está inserido qualquer dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, infere-se que tais delitos,agora, são todos afiançáveis. Deste modo, independentemente de qual tenha sido o crime praticado, para definição do procedimento deve-se conciliar o rito ditado pelos arts. 514 a 518 do CPP com o estabelecido no art. 394, § 4º (redação da Lei 11.719/2008) do mesmo Código, ao prever que as disposições dos arts. 395 a 398 aplicam-se a todos os procedimentos de primeiro grau. Neste contexto, infere-se que, na atual concepção legislativa, o procedimento de apuração dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos compõe-se da seguinte ordem de atos: I - Oferecimento da denúncia e da queixa-crime: a inicial deverá observar os requisitos do art. 41 do CPP, instruída, ainda, com os documentos ou justificações que façam presumir a existência do crime ou declaração fundamentada quanto à impossibilidade de fazê-lo (art. 513). Não previsto número diferenciado de testemunhas, poderão ser arroladas até o máximo de 8 (descontadas as não compromissadas). II - Autuação e notificação para resposta preliminar em 15 (quinze) dias (art. 514): não sendo o caso de rejeição liminar pelo juiz das garantias com fundamento no art. 395 do CPP, determinará também esse mesmo juiz (porque é responsável pela atuação até o recebimento da denúncia ou queixa) a notificação do acusado para responder à acusação. Segundo a norma do art. 514 do CPP, essa notificação deverá ser pessoal ao acusado, e, se não localizado ou residente em comarca distinta, deve o magistrado proceder à nomeação de defensor dativo para apresentá-la. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 18 III - Deliberação quanto ao recebimento ou rejeição da inicial: apresentada a defesa preliminar, os autos serão conclusos ao magistrado das garantias, que terá duas opções: - Rejeitar a denúncia ou a queixa, se verificar a ocorrência de qualquer das hipóteses do art. 395 do CPP ou se concluir no sentido da inexistência do crime ou da improcedência da ação (art. 516 do CPP); - Receber a exordial acusatória, sendo, na sequência, competência do juízo natural do processo a ordenação da citação do acusado para, em 10 dias, responder à acusação com base no art. 396 do CPP, ocasião em que poderá o advogado arguir preliminares e alegar tudo o que interessa à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário (art. 396-A). IV - Prosseguimento segundo os termos do rito comum ordinário (art. 518 do CPP): recebida a exordial, ordenada a citação do réu e apresentada a resposta do acusado (arts. 396 e 396-A), determinará o magistrado o prosseguimento do processo nos exatos termos previstos para o procedimento ordinário. Isto significa que, a partir deste momento, caberá ao magistrado analisar a possibilidade de absolvição sumária do acusado com base em qualquer das hipóteses referidas no art. 397 do CPP. Não sendo o caso de absolvição sumária nesta etapa, aprazará o juiz audiência de instrução e interrogatório para daí a no máximo 60 dias (art. 400, caput). Em audiência, produzida a prova oral segundo a ordem legal, facultará o magistrado às partes requerer diligências (art. 402). Não requeridas diligências ou sendo estas indeferidas pelo juízo, as partes apresentarão alegações orais e, depois, será proferida decisão, sem prejuízo da possibilidade de o magistrado, considerando a complexidade dos fatos ou o número de acusados, substituir tais alegações por memoriais escritos e proferir, após, sentença em dez dias (art. 403, § 3º). Sendo, opostamente, requeridas e deferidas diligências, após o cumprimento destas, as partes serão notificadas para apresentarem memoriais escritos, sendo, depois, proferida a sentença (art. 404, parágrafo único). 1.6.3. CRIME PRATICADO DURANTE O EXERCÍCIO FUNCIONAL, DEIXANDO O AGENTE DE SER FUNCIONÁRIO PÚBLICO EM MOMENTO POSTERIOR O procedimento especial apenas tem lugar quando o acusado estiver no exercício da função pública no momento em que recebida a inicial. Aliás, entendendo necessário limitar a aplicação de procedimentos especiais e a permissão de foros especiais apenas a quem está no exercício da função pública que enseja tais prerrogativas, o próprio STF revogou a Súmula 394, a qual estabelecia que, “cometido o crime durante o exercício funcional, prevalece a competência especial por CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 19 prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a cessação daquele exercício”. 1.6.4. FALTA DE NOTIFICAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DA RESPOSTA PRELIMINAR PREVISTA NO ART. 514 QUANDO SE TRATAR DE CRIME FUNCIONAL AFIANÇÁVEL No âmbito do STF, entende-se que é indispensável a defesa preliminar nas hipóteses do art. 514 do CPP, mesmo quando a denúncia é lastreada em inquérito policial, já que a finalidade precípua dessa defesa é a de evitar a propositura de ações penais temerárias contra funcionários públicos. Já no STJ, consagrou-se entendimento oposto, compreendendo-se, nos termos da Súmula 330, que “é desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 do CPP, na ação penal instruída por inquérito policial”. De todo o modo, cabe ressaltar que ambas as Cortes Superiores – STF e STJ – compreendem que a nulidade eventualmente configurada em razão da falta de notificação para defesa preliminar é relativa, devendo ser arguida tempestivamente, com demonstração de prejuízo, sob pena de preclusão. 1.6.5. FUNCIONÁRIO PÚBLICO COM FORO PRIVILEGIADO O rito especial previsto no art. 514 e seguintes do CPP não se aplica a quem possua foro privilegiado junto ao STF, STJ, Tribunais de Justiça dos Estados e Tribunais Regionais Federais. Isso porque, sendo o acusado detentor de foro privilegiado no STF e no STJ (v.g., Deputados Federais, Desembargadores etc.) e se encontrando no exercício da função, o procedimento a ser aplicado é o previsto nos arts. 1º a 12 da Lei 8.038/1990. A mesma situação ocorre com quem detenha foro privilegiado junto aos Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais (Juízes de Direito, Promotores de Justiça etc.), relativamente aos quais a Lei 8.658/1993 (art. 1º) estende as disposições da precitada Lei 8.038/1990. Atenção para a AP 937, julgada em 03/05/18 pelo Plenário do STF, que restringiu o foro por prerrogativa de função. Nesta oportunidade, o STF resolveu questão de ordem no sentido de fixar as seguintes teses: 1. O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas; 2. Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 20 Segundo o STF, este entendimento deve se aplicar imediatamente aos processos em curso, com a ressalva de todos os atos praticados e decisões proferidas pelo STF e pelos demais juízos com base na jurisprudência anterior. 1.6.6. COAUTOR PARTICULAR Considerando que o objetivo da defesa preliminar é o resguardo da função pública, não possui direito à notificação para defesa preliminar o particular que sejacoautor ou partícipe do crime praticado pelo funcionário público. 1.6.7. CONCURSO DE CRIMES: CRIME FUNCIONAL E CRIME NÃO FUNCIONAL Considere-se a hipótese em que tenham sido imputados ao agente crimes de falsidade ideológica (art. 299 do CP) e concussão (art. 316 do CP), em concurso material. Neste caso, tratando-se de imputação de crime não funcional e de crime funcional, não se aplica a defesa preliminar prevista no art. 514 do CPP. 1.7. PROCEDIMENTO DOS CRIMES CONTRA A HONRA (arts. 519 a 523 do CPP) 1.7.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS Embora os dispositivos que regulam este procedimento estejam inseridos em capítulo do CPP que trata “do processo e do julgamento dos crimes de calúnia e injúria”, é evidente que se aplicam, também, à apuração da difamação. OBSERVAÇÕES: 1 - o procedimento dos arts. 519 a 523 do CPP é aplicável tão somente às hipóteses em que a pena máxima cominada ao crime for superior a 2 anos de prisão. Caso contrário, vale dizer, se a infração classificar-se como de menor potencial ofensivo, o rito a ser observado será o sumaríssimo da Lei 9.099/1995 (arts. 77 a 81); 2 - delitos com apenamento máximo in abstrato superior a 2 anos e, portanto, sujeitos ao procedimento ditado pelo CPP são apenas os seguintes: crime de injúria qualificada (art. 140, § 3º, do CP); crime de calúnia, quando majorado em face da previsão do art. 141 do CP, que determina o acréscimo de 1/3 sobre a pena; crimes praticados sob a forma de violência doméstica e familiar contra a mulher (violência moral), nos termos definidos no art. 7º, V, da Lei 11.340/2006. Trata-se, na verdade, de rito em que os atos são idênticos aos previstos para o procedimento comum ordinário, agregando-se, apenas, as seguintes modificações: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 21 - Previsão de audiência de tentativa de conciliação previamente ao recebimento da inicial acusatória (art. 520 do CPP): Certamente, essa audiência ficará a cargo do juiz das garantias, tendo em vista que nessa fase ainda não houve o recebimento da denúncia. Nada obstante, tal posicionamento ainda deverá ser confirmado no âmbito da doutrina e da jurisprudência acerca das mudanças promovidas pelo Pacote Anticrime na legislação processual penal; OBSERVAÇÃO: tratando-se de crimes de ação penal privada, o procedimento tipificado nos referidos dispositivos do CPP é aplicado na sua integralidade, envolvendo a audiência prévia de tentativa de conciliação, possibilidade de exceções da verdade e da notoriedade do fato e demais atos que compõem o procedimento comum ordinário. Sendo hipótese de crimes de ação penal pública, resta afastada a fase prévia da audiência de conciliação devido à indisponibilidade que rege esta espécie de demanda. Neste último caso, o procedimento de apuração será o próprio rito comum ordinário, sem embargo de não ficar obstado o manejo das exceções da verdade e da notoriedade do fato. - Possibilidade de serem deduzidas, em determinados casos, as exceções da verdade e da notoriedade do fato (art. 523 do CPP). 1.7.2. ATOS QUE COMPÕEM O RITO I - Ajuizamento da ação penal e audiência de tentativa de conciliação; Oferecida a queixa-crime, deverá o magistrado, antes de recebê-la, ordenar a notificação do querelante e do querelado para comparecerem à audiência de tentativa de conciliação (art. 520 do CPP), a qual se realizará sem a presença de advogados. Havendo a conciliação, será assinado termo de desistência da ação penal, arquivando-se o feito. Por outro lado, se restar inexitosa a tentativa conciliatória, caberá ao juiz proceder ao seu recebimento, ordenando a citação do réu para resposta em 10 dias (art. 396 do CPP). OBSERVAÇÕES: 1 - prevalece na doutrina que a natureza jurídica da audiência de tentativa de conciliação é de condição de prosseguibilidade da ação penal; 2 - a ausência de aprazamento desta audiência consubstancia constrangimento ilegal, produzindo nulidade processual relativa em face da omissão de formalidade essencial (art. 564, IV, do CPP); CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 22 3 - se a audiência de tentativa de conciliação for realizada após o recebimento da queixa-crime, não há que se falar em nulidade, pois o ato terá cumprido sua finalidade; 4 - no tocante à ausência do querelante, se injustificada, o processo deve ter prosseguimento, inexistindo razão para extingui-lo simplesmente porque deixou o querelante de comparecer a uma audiência de conciliação, devendo isto ser interpretado como ausência de vontade em transigir; 5 - em relação à ausência do querelado, duas soluções apresentam-se ao magistrado: receber a ação penal e ordenar seu prosseguimento ou determinar a condução coercitiva do querelado com base no art. 260 do CPP (desde que resida na sede do juízo processante, logicamente). De todo o modo, a ausência do querelado não acarreta, para ele, nenhum ônus ou sanção processual. II - Exceção da verdade e exceção da notoriedade do fato (art. 523); Contemporaneamente à apresentação da resposta (arts. 396 e 396-A do CPP), poderá o querelado, em petição distinta, apresentar exceção da verdade ou exceção da notoriedade do fato. A exceção da verdade consiste na oportunidade assegurada ao réu para demonstrar a veracidade das afirmações consideradas ofensivas pelo querelante. É admitida nos seguintes casos: - No processo por crime de calúnia (art. 138, § 3.º, do CP); - No processo por crime de difamação praticado contra funcionário público no exercício de suas funções (art. 139, parágrafo único, do CP). Por outro lado, a exceção da notoriedade do fato é aquela que visa demonstrar que a afirmação realizada pelo réu não causa reação no meio social, já que respeita a fato conhecido por todos. É cabível apenas na difamação, independentemente da condição do ofendido (funcionário público ou não). OBSERVAÇÃO: parte da doutrina considera que a exceção da verdade não é oponível no crime de difamação, mas apenas a exceção da notoriedade do fato. Neste sentido, Guilherme de Souza Nucci referindo que “a exceção da verdade diz respeito ao crime de calúnia (imputar a alguém, falsamente, fato definido como crime), enquanto a exceção da notoriedade do fato refere-se ao delito de difamação de funcionário público, no exercício das suas funções (imputar a alguém fato ofensivo à sua reputação)”. Norberto Avena discorda deste entendimento, afirmando que a exceção da verdade está prevista no Código Penal tanto em relação à calúnia (art. 138, § 3º), quanto no tocante à difamação (art. 139, parágrafo único, do CP), vinculando-se, neste último caso, a que se trate de crime praticado contra funcionário público no exercício das suas funções. Portanto, enquanto na calúnia é possível apenas a exceção da verdade, na difamação admite-se tanto a exceção da verdade (desde que se trate de crime cometido contra funcionário público no exercício das suas funções, a teor do CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 23 citado art. 139, parágrafo único, do CP), quanto a exceção da notoriedade do fato (esta independente de quem tenha sido a pessoa difamada). Não se admitem as exceções da verdade e da notoriedade do fato no crime de injúria, pois, neste caso, é violada a honra subjetiva da pessoa, não importando a verdade ou a notoriedade do que foi afirmado pelo réu. III - Pedido de explicações(art. 144 do Código Penal). Estabelece o art. 144 do CP que, “se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa”. Como se vê, trata-se o pedido de explicações de uma medida não obrigatória e preliminar ao ingresso de ação penal por crime contra a honra, que visa obter do suposto ofensor um esclarecimento sobre o real sentido de suas expressões. O pedido, na verdade, possui natureza jurídica de uma interpelação, processando-se com base nos arts. 726 e seguintes do CPC/2015. OBSERVAÇÃO: contra o indeferimento do processamento do pedido de explicações cabe apelação, com base no art. 593, II, do CPP, pois se trata de decisão interlocutória mista terminativa (decisão definitiva) contra a qual não há previsão de cabimento do recurso no sentido estrito. 1.8. PROCEDIMENTO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL (arts. 524 a 530-I do CPP) 1.8.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS O procedimento de apuração dos crimes contra a propriedade imaterial, mormente após a promulgação da Lei 10.695/2003, depende da natureza da ação penal correspondente a cada figura típica prevista. São crimes de ação penal pública os previstos no art. 191 da Lei 9.279/1996 (por força do art. 199 da mesma Lei) e nos §§ 1º, 2º e 3º, do art. 184, do CP, bem como aqueles perpetrados em desfavor de entidade de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público (art. 186, II, III e IV, do CP). Opostamente, procedem-se mediante queixa-crime os delitos tipificados nos arts. 183 a 190, 192 a 195 da Lei 9.279/1996, bem como a figura incriminada no art. 184, caput, do CP (art. 186, I, do CP). Todos os demais crimes previstos no Código Penal, inclusive a figura do art. 185 (esta por força de revogação expressa ditada pelo art. 4º da Lei 10.695/2003) encontram-se revogados. 1.8.2. PECULIARIDADES PRÉ-PROCESSUAIS DO RITO DE APURAÇÃO DOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA (ARTS. 524 A 530-A DO CPP) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 24 O procedimento judicial é exatamente igual ao rito comum ordinário. Bem por isso também se lhe aplicam as inovações trazidas pela Lei nº 13.964/2019 – Pacote Anticrime - ao Código de Processo Penal. Assim, as modificações introduzidas pelos arts. 525 a 530 referem-se tão somente à fase pré-judicial, que comporta as seguintes peculiaridades: a) Obrigatoriedade da perícia: tratando-se de infração que deixa vestígios, é indispensável que a queixa seja instruída com a perícia realizada nos objetos que constituem o corpo de delito, nos termos do art. 525 do CPP. Trata-se a prova pericial de condição de procedibilidade para a ação penal, não admitindo o suprimento por outro meio de prova. Desaparecendo os vestígios, a perícia deverá ser indireta (realizada pelos peritos à vista de outros elementos que não o contato direto com o objeto). Nesse diapasão, será o juiz de garantias quem acompanhará toda a fase investigatória antes da propositura da peça acusatória e também quem deferirá eventual pedido de assistente técnico para acompanhar a produção de perícia: Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (...) XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) b) Providências preliminares à ação penal: a Lei 9.279/1996 condiciona o ingresso da ação penal à colheita preliminar de determinadas provas, tais como a apreensão do material que representa a violação da propriedade imaterial, da marca falsificada, entre outras. Pois bem. Tratando-se de crime de ação penal privada, o requerimento destas diligências ao juiz, pelo constrangimento que representam, deverá ser acompanhado da prova do direito de ação, ou seja, legitimidade ad causam ativa do postulante. E a decisão sobre o deferimento ou não da colheita preliminar de provas é atribuída, igualmente, ao juiz de garantias, consoante citado anteriormente. Para tanto, veja-se o disposto no inciso VII do art. 3º-B, inserido no Código de Processo Penal pela Lei nº 13.964/2019: Art. 3º-B. (...) VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 25 contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) c) A busca e apreensão: provada a legitimidade ativa e deferida pelo magistrado a busca e apreensão, esta será cumprida por dois peritos por ele nomeados, os quais verificarão, inicialmente, a existência de fundamento para apreensão. Previamente à perícia, podem formular quesitos o juiz, o Ministério Público e a parte que se diz prejudicada, mas não a parte contrária (provável acusado), a qual não poderá sequer contestar as diligências realizadas e seus resultados, já que não há contraditório neste momento que precede o processo propriamente dito. Reafirma-se, nesse âmbito, que cabe expressamente ao juiz de garantias decidir também sobre requerimento de busca e apreensão: Art. 3º-B. (...) XI - decidir sobre os requerimentos de: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (...) c) busca e apreensão domiciliar; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (...) e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) OBSERVAÇÃO: o art. 527 do CPP exige que dois peritos realizem a perícia. Apesar da modificação introduzida pela Lei 11.690/2008 ao art. 159, caput, do CPP, facultando que sejam as perícias em geral realizadas por apenas um perito oficial (o § 1º requer dois peritos apenas quando se tratar de exame realizado por peritos leigos), tal regra não parece se aplicar ao procedimento dos crimes contra a propriedade imaterial, mesmo porque o art. 527 refere-se à redação original do Código, época em que, assim como hoje, não se exigia que mais de um técnico realizasse o exame. Além do mais, trata-se de procedimento especial, regido, portanto, por normas próprias. Nada obstante, ao se realizar a busca e apreensão, deve-se agora atentar-se os agentes envolvidos para o cumprimento da chamada “Cadeia de Custódia”, outra inovação trazida pela Lei nº Lei nº 13.964/2019 ao Código de Processo Penal. A Cadeia de Custódia, elencada nos art. 158-A ao art. 158-F então inseridos, é definida como “o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte”. Compreende, portanto, a sistematização de procedimentos que objetivam a preservação da prova pericial, tratando-se de uma atividade de responsabilidade de CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 26 todos sujeitos que, no âmbito da investigação preliminar e do processo penal, entre em contato com provas criminais, seja recebendo, preservando,assegurando ou valorando. A título de exemplo, o perito, o policial, civil ou militar e demais agentes da justiça criminal que tenham contato com uma prova criminal, devem se submeter à aplicação dos trâmites da cadeia de custódia, procedendo-se com devidos cuidados estabelecidos pelas inovações, visando assegurar a autenticidade, a confiabilidade e a integridade dos elementos probatórios colhidos. Assim, os artigos 158-A ao art. 158-F do Código de Processo Penal devem ser observados por todas as autoridades envolvidas no cumprimento da medida, inclusive porque, importantíssimo ressaltar, que tais dispositivos não foram objeto de suspensão pelo Supremo Tribunal Federal ao se debruçar pelo Pacote Anticrime, estando, portanto, em plena vigência. d) Homologação pelo juiz: encerradas as diligências e apresentado o laudo, serão os autos conclusos ao juiz das garantias para homologação. Essa homologação não importa em julgamento definitivo sobre a materialidade do crime, a qual poderá ser revista mais tarde, em juízo, quando, havendo o processo instaurado, presente estará o contraditório. Entende-se apelável a decisão que homologa o laudo pericial (art. 593, II, do CPP). e) Prazo decadencial (art. 529 do CPP): há dúvidas na doutrina e na jurisprudência quanto à possibilidade de serem harmonizadas as regras dos arts. 103 do CP e 38 do CPP, que estabelecem a decadência do direito de queixa em seis meses a partir da data do conhecimento da autoria do crime, com a disciplina do art. 529 do CPP, este último dispondo que nos crimes contra a propriedade imaterial de ação privada não se admitirá a queixa se decorrido o prazo de 30 dias, após a homologação do laudo. Uma parte da doutrina compreende que não há, propriamente, conflito entre essas previsões, que podem ser compatibilizadas. Em síntese, o conhecimento quanto ao autor do crime faz iniciar-se a fluência do prazo decadencial de seis meses para o ingresso da ação penal. Adotadas as providências preliminares dentro desse prazo e homologado o laudo no mesmo interregno, dessa data (da homologação) correrá o prazo de 30 dias para o ajuizamento da queixa, caso em liberdade o imputado. Agora, se ocorreu prisão em flagrante e, convertida esta em preventiva, não foi posto em liberdade o agente, tal lapso para o ingresso da ação penal será de oito dias (arts. 529 e 530). Trilha esta orientação Guilherme de Souza Nucci. Outro segmento, aderindo ao entendimento oposto, sustenta que o prazo é sempre de 30 dias (ou de oito dias, se preso o agente) a contar da homologação do laudo, até porque os arts. 103 do CP e 38 do CPP, ao estabelecerem o prazo decadencial de seis meses, ressalvam a existência de disposição em contrário, na qual se enquadraria a regra do art. 529 do CPP. Neste sentido, Mirabete. Independente de se aderir a uma ou outra linha de pensamento, é certo que, em qualquer caso, produzido o laudo pericial e constatada a materialidade do crime, o prazo de 30 dias para o oferecimento da peça acusatória, flui a partir da intimação da sentença de homologação do laudo pericial. Esta, então, é que deve ser a data a ser considerada como termo inicial do prazo de decadência. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 27 Evidentemente, se o crime não deixar vestígios, e, portanto, for dispensável a perícia, o prazo decadencial será sempre de seis meses, conforme preceituam os arts. 103 do CP e 38 do CPP. f) Ajuizamento da ação penal: uma vez materializada a produção ou reprodução ilícita e sobrevindo o ajuizamento de ação penal, seguir-se-á, após o recebimento da queixa pelo juiz das garantias, o rito comum ordinário. 1.8.3. PECULIARIDADES PRÉ-PROCESSUAIS DO RITO DE APURAÇÃO DOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA (ARTS. 530-B A 530-I DO CPP) Também aqui, conforme observamos antes, uma vez materializado o vestígio da infração e ajuizada a ação penal, o procedimento judicial de apuração dos crimes contra a propriedade imaterial nada mais é do que o próprio rito comum ordinário. Assim, as modificações introduzidas pelos arts. 530-B a 530-H referem-se à fase pré- judicial. Observe-se que, ao contrário do que ocorre nos crimes de ação penal privada, em que a perícia deverá ser requerida pelo ofendido ao juiz – das garantias - instruído com prova do direito de ação, sendo crime de ação penal pública (incondicionada ou condicionada) e deixando vestígios a infração, a autoridade policial, observadas as restrições constitucionais à busca domiciliar e as estabelecidas pela cadeia de custódia, poderá realizar ex officio a apreensão dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos, juntamente com os equipamentos que possibilitaram a existência de tais bens (desde que caracterizado que se destinam precipuamente à prática do ilícito), lavrando-se, ato contínuo, auto circunstanciado de apreensão subscrito, no mínimo, por duas testemunhas. Uma vez materializada a produção ou a reprodução ilícita, sobrevindo o ajuizamento de ação penal, seguir-se-á, após o recebimento da denúncia pelo juiz das garantias, o rito comum ordinário, nos mesmos moldes do que ocorre quando se trata de crime de ação penal privada, como já expusemos retro. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 28 2. LEGISLAÇÃO ANOTADA Livro I Do Processo em Geral Título I Disposições Preliminares Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) * No dia 22.01.2019, o Ministro Luiz Fux, Ministro Relator das ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6305, concedeu parcialmente a medida cautelar pleiteada, para, revogando a decisão monocrática constante das ADIs 6.298, 6.299, 6.300 (proferida pelo Ministro Dias Toffoli), suspender sine die a eficácia, ad referendum do Plenário, dos dispositivos referentes ao Juiz das Garantias, quais sejam, os artigos 3º A a 3º F, inseridos no Código Penal pela Lei nº 13.964/2019, conhecida popularmente como Pacote Anticrime. Nada obstante, apesar da suspensão, é possível que os dispositivos de lei suspensos pela decisão do Ministro Luiz Fux sejam cobrados em provas de concurso, razão para sua compreensão. Isso porque a decisão apenas SUSPENDEU A EFICÁCIA de tais normativos, mas não os declarou inconstitucionais. I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 deste Código; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o disposto no § 1º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradasurgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 29 IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) XI - decidir sobre os requerimentos de: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de comunicação; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) c) busca e apreensão domiciliar; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) d) acesso a informações sigilosas; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) * Antes da reforma, o julgamento de HC impetrado antes do oferecimento da denúncia, a determinação de instauração do incidente de sanidade mental e a decisão sobre o recebimento da denúncia ou queixa, eram medidas de competência do juiz que dirigiria a instrução. Com a atual redação, tal competência passa a ser do juiz das garantias. XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) * A redação original do CPP só permitia a figura do assistente técnico depois de já instaurada a ação penal, conforme consta do art. 159, § 4º: “O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão”. Atualmente, diante da redação do inciso XVI do art. 3º-B do CPP, houve a viabilização da atuação do assistente técnico para acompanhar a produção da perícia durante a instrução criminal. XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 30 XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) * De acordo com o art. 3º-C, § 1º, é o juiz das garantias quem fica responsável pela decisão de recebimento da denúncia ou queixa e não mais o juízo natural da instrução na ação penal. Este, por seu turno, fica responsável pelas decisões a serem tomadas a partir da decisão de recebimento da denúncia ou queixa. § 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do juízo das garantias. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no processo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 31 Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Título VII Da Prova Capítulo II Do Exame de Corpo de Delito, da Cadeia de Custódia e das Perícias em Geral Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo atendimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas características e natureza; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 32 garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua posse; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do laudo correspondente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a realização de exames complementares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua realização. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza do material. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de informações sobre seu conteúdo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, motivadamente, por pessoa autorizada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado. (Incluído pela CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 33 Lei nº 13.964, de 2019) § 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da ação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de custódia, devendo nela permanecer. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito do referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) * Importante ressaltar que os dispositivos referentes à Cadeia de Custódia encontram- se em plena vigência desde a entrega em vigor da Lei nº 13.964/2019, tendo em vista que não foram atingidos pela decisão de suspensão concedida nas ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6305. Livro II Dos Processos em Espécie Título I Do Processo Comum Capítulo IDa Instrução Criminal Art. 394. O procedimento será comum ou especial. * Caput com a redação dada pela Lei nº 11.719, de 20-6-2008. § 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 34 I – ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 anos de PPL; II – sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 anos de PPL; * FCC – MP/AL 2012: “Será sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja igual ou inferior a 4 anos de PPL”. (E) * Os crimes falimentares são processados pelo rito do procedimento sumário, independentemente da pena cominada (art. 185 da Lei 11.101/2005). III – sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. * As infrações de menor potencial ofensivo são os crimes cuja pena máxima não seja superior a 2 anos e as contravenções penais. Elas são, em regra, processadas e julgadas pelo JECRIM. Contudo, se elas forem encaminhadas ao juízo comum, em razão, por exemplo, da necessidade de citação editalícia, da complexidade dos fatos ou de concurso de crimes, deverão ser apuradas por meio do procedimento sumário (art. 538). * Havendo concurso de crimes, as penas são somadas como indicativo do procedimento a ser seguido. Devem também ser levadas em conta as qualificadoras e as causas de aumento, estas tomadas com a exasperação da fração máxima. § 2º Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em contrário deste Código ou de lei especial. § 3º Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código. § 4º As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de 1º grau, ainda que não regulados neste Código. * Portanto, com a alteração do art. 396, mesmo que as leis especiais prevejam diferentemente, o réu sempre será citado para apresentar resposta à acusação quando o processo se desenrolar no 1º grau. § 5º Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário. * FCC – DPE/SP 2012: “A ausência de previsão expressa da possibilidade de conversão das alegações finais orais em memoriais no rito sumário não impede que o juiz conceda às partes o prazo de 5 dias para a juntada de memoriais”. (C) Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias. * Incluído pela Lei nº 13.285/2016. * Como o art. 394-A do CPP é uma norma genuinamente processual, não há vedação para se utilizar a interpretação extensiva e alcançar os crimes equiparados a hediondos. Rejeição da inicial Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 35 * O despacho que rejeita a denúncia ou queixa, com as alterações promovidas pela Lei nº 13.964/2019 (CPP, arts. 3º B, XIV; 3º C, caput e § 1º), é de competência do Juiz das Garantias – inobstante tal alteração atualmente encontra-se suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal - precisa ser fundamentado e contra ele cabe RESE. I – for manifestamente inepta; → Inépcia formal. * Inciso I acrescido pela Lei 11.719/08. * Inepta é a inicial acusatória que não apresenta os requisitos do art. 41 (exposição do fato criminoso, qualificação do acusado, classificação do crime e rol das testemunhas). * STF: A inépcia da inicial só pode ser suscitada até antes da prolação da sentença. Advindo sentença, o que se pode questionar, a partir de então, é a própria decisão condenatória, e não mais a denúncia que deu ensejo à mesma. * STJ: O oferecimento de denúncia por delito tipificado em norma penal em branco sem a respectiva indicação da norma complementar constitui evidente inépcia, uma vez que impossibilita a defesa adequada do acusado (HC 174165, 08/03/2012). II – faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou * Inciso II acrescido pela Lei 11.719/08. * Os pressupostos processuais dividem-se em subjetivos e objetivos. Os pressupostos subjetivos compreendem a capacidade de ser parte e a capacidade postulatória. Já os pressupostos objetivos classificam-se em intrínsecos, correspondendo aos requisitos do art. 41 e à presença da procuração, e extrínsecos, que se referem à ausência de fatos impeditivos à constituição válida do processo, como a litispendência e a coisa julgada. * As condições da ação penal dividem-se em gerais e especiais. As condições gerais são aquelas que devem estar presentes em qualquer ação penal. São elas: a) possibilidade jurídica do pedido; b) interesse de agir (justa causa); c) legitimidade ad causam, ativa e passiva. Já as condições especiais vinculam o exercício da ação penal ao atendimento de exigências legais expressamente previstas. Ex.: condicionamento da ação penal à prévia representação da vítima no crime de ameaça (art. 147, parágrafo único); exigência de requisição do Ministro da Justiça para o ingresso de ação penal por crimes contra a honra do Presidente da República (art. 145, § único); ingresso no território nacional do indivíduo que praticou o crime no exterior (art. 7º, §2º, “a”). * A ausência de indícios de autoria não reflete na legitimidade passiva, mas sim na justa causa. * O art. 43 do CPP previa que, uma vez satisfeita a legitimidade ou suprida a condição da ação faltante, a inicial acusatória poderia ser reproposta. Apesar de ter sido revogado, a sua ideia subsiste. III – faltar justa causa para o exercício da ação penal. → Inépcia material * Inciso III acrescido pela Lei 11.719/08. * Este inciso é redundante, pois a justa causa é uma condição da ação (“interesse de agir”). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 36 * Justa causa = prova da materialidade + indícios suficientes de autoria ou participação. A justa causa traduz a existência de lastro probatório mínimo em que se deve lastrear a acusação. * STF: A denúncia ostenta como premissa para seu recebimento a conjugação dos arts. 41 e 395 do CPP, porquanto deve conter os requisitos do art. 41 e não incidir em nenhuma das hipóteses de rejeição previstas no art. 395 (Inf. 640 – set/11). * STJ: A acusação, no seio do Estado Democrático de Direito, deve ser edificada em bases sólidas, corporificando a justa causa, sendo abominável a concepção de um chamado princípio in dubio pro societate (HC 175.639, 11/04/2012). * A doutrina clássica afirma que no recebimento da denúncia aplica-se o princípio in dubio pro societate. * Em se tratando de provas ilícitas, se a contaminação probatória for ampla, faltará verdadeira justa causa para a deflagração da ação penal, de sorte que a inicial acusatória deve ser rejeitada. * STF/STJ: Se a prova irregular era a única do IP, a consequência é que a denúncia deve ser rejeitada por falta de suporte probatório mínimo (justa causa), nos termos do art. 395, inciso III, do CPP (1ª T, HC 73271, em 04/10/1996; 6ª T, HC 3556, em 12/06/1995). Parágrafo único. Revogado pela Lei 11.719/08. Recebimento da inicial Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito,no prazo de 10 dias. * O recebimento da inicial interrompe a prescrição (art. 117, I, do CP) e fixa a prevenção. * Com as alterações promovidas pela Lei nº 13.964/2019 (CPP, arts. 3º B, XIV; 3º C, caput e §§ 1º e 2º), é de competência do Juiz das Garantias – inobstante tal alteração atualmente encontrar-se suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal – a decisão de recebimento da denúncia ou queixa, cuja atribuição cessa com essa deliberação, passando ao juiz natural responsável pela instrução e julgamento a atribuição de determinar a citação do acusado para oferecer resposta à acusação. * O momento do recebimento da denúncia se dá após o oferecimento da acusação e antes da apresentação de resposta à acusação, seguindo-se ao juízo de absolvição sumária do acusado, tal como disposto no art. 397. * O STF entende que o ato de recebimento da denúncia não precisa ser fundamentado, pois tal ato não se qualifica nem se equipara, para os fins a que se refere o art. 93, IX, da CF, a ato de caráter decisório, razão pela qual não reclama a motivação como condicionante de sua validade (HC 93.056, em 15.05.09). Na mesma linha, o STJ afirma que é desnecessária a fundamentação extensa ou complexa no despacho de recebimento da denúncia, pois este ostenta natureza interlocutória, dispensando, assim, aqueles requisitos próprios de uma decisão judicial (RHC 43.490, em 12.12.14). A exceção ocorre no rito da Lei 8.038/90, em que a decisão de recebimento da peça acusatória deve ser fundamentada, mesmo que de forma sucinta (STJ, HC 29.937, 11.06.07). Contra o recebimento não cabe recurso, mas apenas HC. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 37 * Tendo em vista que o § 4º do art. 394 dispõe que as disposições dos arts. 395 a 398 aplicam-se a todos os procedimentos penais de 1º grau, ainda que não regulados neste Código, mesmo que as leis especiais prevejam diferentemente, o réu sempre será citado para apresentar resposta à acusação quando o processo se desenrolar no 1º grau. * STF: A defesa prévia (resposta à acusação) manejada nos termos do art. 396 do CPP não se confunde com a defesa preliminar, que é anterior ao recebimento da acusação e é estabelecida em procedimentos como os das Leis 8.038/90, 9.099/95 e 11.343/2006 (Inf. 654 – fev/12). * STF: O art. 409 prevê a réplica no Procedimento do Júri, dispondo que, apresentada a defesa, o juiz ouvirá o MP ou o querelante sobre preliminares e documentos, em 5 dias. Apesar de não haver previsão semelhante no Procedimento Comum, na prática ocorre e o STF entende que não há nulidade (Inf. 654 – fev/12). Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. * Art. 396 com a redação dada pela Lei nº 11.719, de 20-6-2008. * Se o acusado não for localizado para a citação pessoal, será citado por edital. Se não comparecer nem constituir advogado, a prescrição e o processo ficarão suspensos (art. 366). * STF: As disposições dos arts. 396 e 396-A do CPP aplicam-se a todos os procedimentos penais de 1º grau, ainda que não regulados no CPP, incluindo-se, assim, os processos apuratórios de crimes eleitorais (HC 107.795). Defesa prévia ou resposta à acusação ou resposta escrita ou resposta preliminar Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. * Art. 396-A acrescido pela Lei nº 11.719, de 20-6-2008. * A defesa deve arrolar as testemunhas na resposta à acusação, sob pena de preclusão. Inclusive, o STF entende que não contraria os princípios da ampla defesa e do contraditório o indeferimento de rol de testemunhas apresentado fora do prazo legal da resposta à acusação. * STJ: O magistrado pode, de forma motivada, deferir o pedido apresentado em resposta à acusação pela defesa no sentido de lhe ser permitida a indicação do rol de testemunhas em momento posterior. Não há que se falar em preclusão porque não houve inércia da parte. Não se trata, em neste caso, de testemunha do juízo (art. 209 do CPP). Tais testemunhas serão ouvidas como testemunhas de defesa (6ª T, REsp. 1.443.533, em 23/06/2015). * STJ: O juiz deverá fundamentar, ainda que sucintamente, a decisão que acolher ou não as teses defensivas declinadas na resposta à acusação, sob pena de configurar a negativa de prestação jurisdicional (6ª T, RHC 46.127, em 12/02/2015). Inclusive, se a resposta à acusação convencer o juiz acerca da presença de alguma causa que CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 38 justificaria o não recebimento da denúncia (art. 395), o juiz poderá reconsiderar o ato que a recebeu (6ª T, REsp. 1.318.180, 16/05/2013). * Apesar de o CPP ser omisso, recebida a defesa, o juiz ouvirá o MP (ou o querelante) sobre as preliminares e documentos, no prazo de 5 dias, em analogia ao que ocorre no procedimento do júri (art. 409). § 1º A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. * As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão, em regra, o andamento da ação penal (art. 111). * É no prazo de resposta à acusação que a defesa deve opor as exceções de incompetência relativa, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada, sob pena de preclusão (art. 108 c/c art. 110). § 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 dias. * Se o acusado não for encontrado para citação pessoal, será citado por edital. Se, citado por edital, não comparecer e nem constituir advogado, o processo e o curso do prazo prescricional serão suspensos (art. 366). * STF: As disposições dos arts. 396 e 396-A do CPP aplicam-se a todos os procedimentos penais de 1º grau, ainda que não regulados no CPP, incluindo-se, assim, os processos apuratórios de crimes eleitorais (HC 107.795). Absolvição sumária no procedimento comum ordinário Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: * Caput alterado pela Lei nº 11.719/2008. * No procedimento do Júri, a absolvição sumária é regulada pelo art. 415, que, diferentemente do art. 397, oportuniza a absolvição sumária apenas após o encerramento da instrução. * A decisão que absolve sumariamente tem natureza de decisão interlocutória mista terminativa, atacada por apelação (art. 416). Já a decisão de não absolvição sumária tem natureza de decisão interlocutória simples, é irrecorrível, mas pode ser atacada por HC. Tratando-se de extinção da punibilidade, seu reconhecimento ou negativa desafia RESE (art. 581, VIII e IX). * Nesta fase vigora o princípio in dubio pro societate. Assim, no caso de dúvida, o juiz não deve absolver o réu, determinando o prosseguimento normal do processo. Neste sentido, o STJ decidiu que quando há dúvida de que o réu sabia ou não que o produto era criminoso, não deve o juiz absolver sumariamente o réu por ausência de dolo, já que, para isso, será indispensável a instrução probatória (REsp. 1.206.320, 04.09.12). I – a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II – a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com| CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 39 * No caso de inimputabilidade (por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado que torne o sujeito, à época do fato, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento), deve-se conduzir o processo até o seu final para, então, ser aplicada medida de segurança, ao que se chama de absolvição imprópria. * No Júri, a inimputabilidade autoriza a absolvição sumária, desde que ela seja o único argumento da defesa (art. 415, parágrafo único, CPP). III – que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV – extinta a punibilidade do agente. * A presença de causa extintiva da punibilidade não está elencada entre as causas de absolvição sumária na 1ª fase do Tribunal do Júri, o que é mais correto, pois prevalece o entendimento de que a sentença que declara extinta a punibilidade não tem natureza absolutória, mas sim declaratória. * Nestor Távora afirma que as hipóteses de absolvição sumária no procedimento comum não são exaustivas, pois é possível acrescentar, por analogia, as trazidas pelo art. 415, que trata da absolvição sumária no Júri: negativa de autoria e inexistência do fato. Ele também sustenta que todas as hipóteses de absolvição sumária, quando cabalmente demonstradas desde o início, também justificam o arquivamento do IP ou a rejeição da inicial acusatória. Este, porém, não é o entendimento dos Tribunais Superiores, para quem as excludentes de culpabilidade (inciso II), estritamente vinculadas ao mérito, devem ser analisadas no momento da sentença. * A exceção de incompetência relativa deve ser oposta pelo acusado no prazo da resposta à acusação. Se não oposta, o juiz poderá reconhecê-la de ofício até este momento, qual seja a absolvição sumária. Após, a competência se prorroga. * STF/STJ: No procedimento previsto na Lei 8.038/90, não é necessário que seja aplicada, por analogia, a fase de absolvição sumária estabelecida no art. 397 do CPP, pois o rito previsto nessa lei especial já traz a previsão do denunciado apresentar uma resposta preliminar e a possibilidade do Tribunal julgar improcedente a acusação antes mesmo da ação penal se iniciar. Dessa forma, o art. 4º da Lei 8.038/1990 tem a mesma finalidade e substitui a absolvição sumária do art. 397 do CPP (2ª T, HC 116.653, em 18/02/2014; Corte Especial, APN 697, em 03/10/2012). Art. 398. Revogado pela Lei 11.719/2008. Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. * De acordo com a redação expressa do art. 3º-B, XIV, do Código de Processo Penal, inserido pela Lei nº 13.964/2019, é de competência do Juiz das Garantias decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 – inobstante tal alteração atualmente encontrar-se suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal. * STF: Considera-se ajuizada a ação penal no momento do recebimento da denúncia ou queixa. * Na verdade, recebida a denúncia ou queixa, o juiz citará o acusado para que o mesmo apresente a resposta à acusação (art. 396). Com base nesta resposta, o juiz CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 40 pode reconsiderar a decisão de recebimento da inicial (STJ, REsp. 1.318.180, 16.05.13) ou absolver sumariamente o acusado. Somente se isso não acontecer é que o juiz marcará a audiência. * A audiência de instrução e julgamento deve ser realizada no prazo máximo de 60 dias, em se tratando de rito ordinário (art. 400), ou de 30 dias, se sumário (art. 531), contados do recebimento da denúncia, sendo indiferente o réu estar preso ou solto. * A vítima também deve ser intimada acerca da realização da audiência (art. 201, § 2º). * STF: A decisão de recebimento da denúncia prescinde de fundamentação por não se equiparar a ato decisório para os fins do art. 93, IV, da CF. Assim, não precisa ser fundamentada (1ª T, RHC 118.379, em 11/03/2014). * STJ: O juiz deverá fundamentar, ainda que sucintamente, a decisão que acolher ou não as teses defensivas declinadas na resposta à acusação e, consequentemente, não absolver sumariamente o réu, sob pena de configurar a negativa de prestação jurisdicional (5ª T, HC 183.355, em 03/05/2012; 6ª T, RHC 46.127, em 12/02/2015). § 1º O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua apresentação. * Em regra, o interrogatório do réu preso será realizado no estabelecimento em que estiver recolhido (art. 185, § 1º). Excepcionalmente, e desde que para atender as finalidades previstas no § 2º do art. 185, o juiz poderá realizar o interrogatório do réu preso por videoconferência. Somente se não for possível realizar o interrogatório no estabelecimento prisional ou por videoconferência é que o juiz requisitará a apresentação do réu preso para comparecer ao interrogatório (art. 185, § 7º). * A não apresentação do réu preso acarretará a nulidade do processo. Já em se tratando de réu solto, caso não compareça, nem justifique, poderá ser conduzido coercitivamente. Princípio da identidade física do juiz § 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. * STF/STJ: O princípio da identidade física do juiz não se aplica ao procedimento para a apuração de ato infracional (2ª T, RHC 105.198, 23.11.10; 5ª T, HC 162.737, 03.02.11; e 6ª T, RHC 26.050, 14.06.11). * STJ: O juiz que está em gozo de suas férias não pode sentenciar. Esta função cabe ao juiz substituto (HC 184.838, 04.08.11). Audiência de instrução e julgamento no procedimento comum ordinário Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 dias, proceder-se-á (1º) à tomada de declarações do ofendido, (2º) à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como (3º) aos esclarecimentos dos peritos, (4º) às acareações e (5º) ao reconhecimento de pessoas e coisas, (6º) interrogando-se, em seguida, o acusado. * Caput com a redação dada pela Lei nº 11.719/2008. * STJ: Superado o período de vacatio legis, a Lei 11.719/2008 incide imediatamente sobre os feitos em curso. Assim, mesmo que o interrogatório já tenha sido agendado, CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 41 se o mesmo ainda não foi realizado, agora terá que ser transferido para o final da instrução. O art. 196 apenas confere ao juiz a possibilidade de reinterrogar o réu, não lhe sendo facultada a possibilidade de subverter a ordem dos atos instrutórios (Inf. 470 – abr/11). * O prazo de 60 dias para a realização da audiência é contado do recebimento da denúncia, sendo indiferente o réu estar preso ou solto. Lembrando que no Procedimento Sumário (art. 531) e no procedimento relativo aos processos por crimes da Lei de Drogas o prazo é de 30 dias (art. 56, § 2º, da Lei 11.343/2006). * Podem ser ouvidas até 8 testemunhas (art. 401). Lembrando que no Procedimento Sumário e Sumaríssimo são 5 testemunhas. * A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória. * No Procedimento Sumário, a audiência de instrução e julgamento tem o mesmo formato. A diferença é que lá será realizada no prazo máximo de 30 dias. Já no Procedimento Sumaríssimo, nãohá previsão de esclarecimentos dos peritos, acareações e reconhecimento de pessoas e coisas (art. 81 da Lei 9.099/95). * STF: Não há direito absoluto à produção de prova. Em casos complexos, há que se confiar no prudente arbítrio do juiz da causa, mais próximo dos fatos, quanto à avaliação da pertinência e relevância das provas requeridas pelas partes. Assim, não há nulidade se o juiz indefere, de modo fundamentado, a oitiva das vítimas do crime. Em regra, o ofendido deverá ser ouvido na audiência de instrução. No entanto, a obrigatoriedade de oitiva da vítima deve ser compreendida à luz da razoabilidade e da utilidade prática da colheita da referida prova (1ª T, HC 131.158, em 26/04/2016). * STF/STJ: O art. 400 do CPP, em sua nova redação, deve suplantar o estatuído no art. 7º da Lei 8.038/90, haja vista possibilitar ao réu o exercício de sua defesa de modo mais eficaz, inclusive nos procedimentos de competência originária do STF. Assim, mesmo nos feitos de competência originária de Tribunal Superior, o interrogatório deve ser realizado ao final da instrução, caso o mesmo ainda não tenha sido realizado (Plenário, AP 528, 24/03/2011; 5ª T, HC 208.554, 06/08/2013; 6º T, HC 257.068, 30/04/2013). * STJ: O depoimento sem dano consiste na oitiva judicial de crianças e adolescentes que foram supostamente vítimas de crimes contra a dignidade sexual por meio de um procedimento especial que consiste no seguinte: a criança ou o adolescente fica em uma sala reservada, sendo o depoimento colhido por um técnico (psicólogo ou assistente social) que faz as perguntas de forma indireta, por meio de uma conversa em tom mais informal e gradual, à medida que vai se estabelecendo uma relação de confiança entre ele e a vítima. O juiz, o Ministério Público, o réu e o Advogado/Defensor Público acompanham, em tempo real, o depoimento em outra sala por meio de um sistema audiovisual que está gravando a conversa do técnico com a vítima. Atualmente a legislação não prevê expressamente essa prática. Apesar disso, o STJ entende que, nos crimes sexuais contra criança e adolescente, é válida a inquirição da vítima na modalidade do “depoimento sem dano”, em respeito à sua condição especial de pessoa em desenvolvimento, inclusive antes da deflagração da persecução penal, mediante prova antecipada. Assim, não configura nulidade por cerceamento de defesa o fato de o defensor e o acusado de crime sexual praticado CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 42 contra criança ou adolescente não estarem presentes na oitiva da vítima devido à utilização do método de inquirição denominado “depoimento sem dano” (5ª T, RHC 45.589, em 24/02/15). * Plenário: A exigência de realização do interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o art. 400 do CPP, é aplicável no âmbito de processo penal militar. A realização do interrogatório ao final da instrução criminal, prevista no art. 400 do CPP, na redação dada pela Lei nº 11.719/2008, também se aplica às ações penais em trâmite na Justiça Militar, em detrimento do art. 302 do CPPM. Logo, na hipótese de crimes militares, o interrogatório também deve ser realizado depois da oitiva das testemunhas, ao final da instrução (HC 127.900, em 03/03/2016). * STF/STJ: Se o art. 57 da Lei 11.343/2006 determina que o interrogatório do acusado será o primeiro ato da audiência de instrução e julgamento, ao passo que o art. 400 do CPP prevê a realização de tal ato somente ao final, não há dúvidas de que deve ser aplicada a legislação específica, pois as regras do procedimento comum ordinário só têm lugar no procedimento especial quando nele houver omissões ou lacunas (2ª T, HC 121.953, em 10/06/2014; 5ªT, RHC 40.837, 11/12/2013; 6ª T, HC 212.273, em 11/03/20/14). * O Plenário do STF decidiu que o art. 400 do CPP deve suplantar o art. 302 do CPPM, de forma que no processo penal militar, o interrogatório também deve ser o último ato da instrução. Durante os debates, os Ministros assinalaram que este também deve ser o entendimento a ser seguido no procedimento previsto na Lei de Drogas (art. 57) e no processo de crimes eleitorais (HC 127.900, em 03/03/2016). * LEI DE DROGAS. O interrogatório, na Lei de Drogas, é o último ato da instrução. Importante!!! O art. 400 do CPP prevê que o interrogatório deverá ser realizado como último ato da instrução criminal. Essa regra deve ser aplicada: - nos processos penais militares; - nos processos penais eleitorais e - em todos os procedimentos penais regidos por legislação especial (ex: lei de drogas). Essa tese acima exposta (interrogatório como último ato da instrução em todos os procedimentos penais) só se tornou obrigatória a partir da data de publicação da ata de julgamento do HC 127.900/AM pelo STF, ou seja, do dia 11/03/2016 em diante. Os interrogatórios realizados nos processos penais militares, eleitorais e da lei de drogas até o dia 10/03/2016 são válidos mesmo que tenham sido efetivados como o primeiro ato da instrução. STF. Plenário. HC 127.900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info 816). STJ. 6ª Turma. HC 397.382-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 3/8/2017 (Informativo 609-STJ.2017). Princípio da concentração § 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. * Não cabe recurso contra a decisão do juiz que defere ou indefere as diligências requeridas. Entretanto, contra o deferimento, poderá o interessado ingressar com correição parcial ou MS. Já contra o indeferimento, se logo após o juiz proferir sentença em audiência, restará ao interessado apelar da sentença, arguindo, em CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 43 preliminar, nulidade processual por cerceamento de defesa ou de acusação, conforme o caso. Se, contudo, relegar o juiz a prolação da sentença para momento posterior, poderá o interessado, neste interregno, deduzir HC, MS ou correição parcial. § 2º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes. * Este dispositivo deve ser conjugado ao art. 159, § 5º, I, de forma que o mandado de intimação dos peritos e os quesitos a serem esclarecidos devem ser encaminhados com antecedência mínima de 10 dias da audiência. ATENÇÃO – NOVIDADE LEGISLATIVA Art. 400-A. Na audiência de instrução e julgamento, e, em especial, nas que apurem crimes contra a dignidade sexual, todas as partes e demais sujeitos processuais presentes no ato deverão zelar pela integridade física e psicológica da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e administrativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento do disposto neste artigo, vedadas: I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos; II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima ou de testemunhas. Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 testemunhas arroladas pela acusação e 8 pela defesa. * Em relação ao MP e ao querelante, o arrolamento das testemunhas deve ser feito na inicial acusatória (art. 41); já para a defesa, o arrolamento deve ser feito na resposta à acusação, sob pena de preclusão (art. 396-A). * Para a acusação, o número de testemunhas é definido segundo a quantidade de fatos imputados, independentemente da quantidade de acusados. Para a defesa, o número de testemunhas é definido não apenas em relação aos fatos, mas também em relação ao número de réus. * Serão 8 testemunhas nos seguintes procedimentos: ordinário, 1ª fase do Júri,crimes de responsabilidade de funcionário público, crimes contra a honra, crimes contra a propriedade imaterial, crimes de competência dos tribunais e crimes eleitorais cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 anos. * Serão 5 testemunhas nos seguintes procedimentos: sumário, sumaríssimo (JECRIM), 2ª fase do Júri, crimes falimentares, lei de drogas e crimes eleitorais cuja pena máxima seja inferior a 4 anos. * Serão 3 testemunhas na audiência que se segue após o aditamento em razão da mutatio libelli (art. 384, § 4º) e no procedimento do crime de abuso de autoridade. § 1º Nesse número não se compreendem as que não prestem compromisso e as referidas. * Além dessas, também não serão computadas as testemunhas judiciais e aquelas que nada souberem que importe à decisão da causa (art. 209, caput e § 2º). * As testemunhas que não prestam compromisso são: o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge ou companheiro, ainda que desquitado, o irmão, o pai, a mãe, o filho adotivo do acusado, os menores de 14 anos e os doentes e deficientes mentais. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 44 * Testemunhas referidas são aquelas que, embora não tenham sido arroladas nos momentos ordinários, poderá ser inquirida pelo juiz de ofício ou a requerimento das partes, em razão de ter sido citada por outra testemunha. * STF: O rito especial do Tribunal do Júri limita o número de testemunhas a serem inquiridas e, ao contrário do procedimento comum, não exclui dessa contagem as testemunhas que não prestam compromisso legal (1ª T, HC 131158, em 26/04/2016). § 2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 deste Código. * STF: A desistência da oitiva de testemunha arrolada pela própria defesa, que inclusive poderia vir a ser inquirida em plenário caso algo de relevante tivesse a dizer, constitui adequada tática da defesa (HC 103569, 24.08.10). * Nestor Távora e Norberto Avena defendem que, em atenção ao princípio da comunhão das provas, se a parte contrária insistir na oitiva, a testemunha deve ser ouvida. Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. * Norberto Avena afirma que no Procedimento Sumário não há previsão de oportunidade para que as partes requeiram diligências complementares ao juiz. Contudo, isso não implica vedação, pois as disposições do Procedimento Ordinário podem ser aplicadas subsidiariamente ao Sumário (art. 394, § 5º). Alegações finais orais Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10, proferindo o juiz, a seguir, sentença. § 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. § 2º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. Memoriais § 3º O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 dias para proferir a sentença. * A mera conveniência das partes não deve lastrear a substituição dos debates orais por memoriais. Procedendo desta forma, o magistrado estará tumultuando o processo, o que dá ensejo ao manejo da correição parcial. Advirta-se, entretanto, que o STJ, em outros procedimentos que contemplam sustentação oral, já entendeu que a substituição por memoriais, com aquiescência das partes, não implica nulidade. * Norberto Avena afirma que no Procedimento Sumário e no Tribunal do Júri não há previsão de que as alegações finais orais possam ser substituídas por memoriais. Contudo, isso não implica vedação, pois as disposições do Procedimento Ordinário podem ser aplicadas subsidiariamente (art. 394, § 5º). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 45 * FCC – DPE/SP 2012: “A ausência de previsão expressa da possibilidade de conversão das alegações finais orais em memoriais no rito sumário não impede que o juiz conceda às partes o prazo de 5 dias para a juntada de memoriais”. (C) Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais. Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determinada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 dias, suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 dias, o juiz proferirá a sentença. Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. * Caput com a redação dada pela Lei nº 11.719, de 20-6-2008. § 1º Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. * § 1º acrescido pela Lei nº 11.719, de 20-6-2008. § 2º No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição. (...) Título II Dos Processos Especiais Capítulo I Do Processo e do Julgamento dos Crimes de Falência Arts. 503 a 512. Revogados pela Lei 11.101/2005. Capítulo II Do Processo e do Julgamento dos Crimes de Responsabilidade dos Funcionários Públicos * STJ: O procedimento especial previsto nos arts. 513 a 518 do CPP só se aplica aos delitos funcionais típicos previstos nos arts. 312 a 326 do CP. No caso dos autos, os recorrentes foram denunciados pelo crime de fraude à licitação, o que afasta a incidência do art. 514 do CPP (5ª T, RHC 37.309, em 03/09/2013). * STJ: Não cabe a defesa preliminar prevista no art. 514 do CPP se a denúncia imputa ao agente público crime funcional e crime não funcional (6ª T, HC 171.117, 23/04/2013). * O procedimento especial previsto nos arts. 513 a 518 do CPP não se aplica a quem possua foro privilegiado junto ao STF, STJ, TJ e TRF, pois neste caso é aplicada a Lei 8.038/90. Art. 513. Nos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será instruída com documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 46 declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas. * Este dispositivo permite que a denúncia ou a queixa sejam oferecidas sem a prova pré-constituída da materialidade do crime. Defesa preliminar Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de 15 dias. * Este artigo trata da defesa preliminar no processo e julgamento dos funcionários públicos, em que o acusado tentará convencer o juiz acerca da rejeição da denúncia ou queixa. * Todos os crimes previstos nos arts. 312 a 326 do CP são afiançáveis.* Rememorando que a notificação do acusado, para resposta da defesa preliminar, e a eventual rejeição da denúncia ou da queixa, são atribuições do juiz das garantias. * STJ: Havendo mais de um réu, a defesa preliminar somente será oportunizada àqueles que estejam na condição de funcionário público (HC 102.816, 08/09/2011). * STF/STJ: Configura nulidade relativa à ausência de abertura de prazo para o oferecimento de defesa preliminar, devendo ser arguida em momento oportuno e com demonstração de prejuízo, sob pena de preclusão (2ª T, RHC 120.569, em 11/03/2014; 6ª T, REsp. 1.209.625, em 13/08/2013). * STF/STJ: Com a superveniência de sentença condenatória, que denota a viabilidade da ação penal, está prejudicada a alegação de nulidade processual por falta de defesa prévia à denúncia (2ª T, HC 128109, em 09/09/2015; 5ª T, HC 152198, 16.03/2012). * Súmula 330 do STJ. É desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 do CPP, na ação penal instruída por inquérito policial. Obs.: o atual entendimento das duas turmas do STF é no sentido de que o fato de a denúncia estar acompanhada por IP não dispensa a notificação para a apresentação da defesa preliminar (1ª T, HC 95.969, 12.06.09; 2ª T, RHC 120.569, em 11/03/14). Apesar disso, o STJ continua aplicando a sua Súmula (6ª T, AREsp. 614.524, em 14/04/2015). * Plenário: Se o acusado, à época do oferecimento da denúncia, não era mais funcionário público, não terá direito à defesa preliminar de que trata o art. 514 do CPP (AP 465, em 24/04/2014). * STJ: Nos casos de crimes praticados por servidor público contra a Administração, não tem validade a notificação prévia se, ao tempo da ação penal, ele não mais exercia a função pública (RHC 31.752, 04.05.12). * STF: O procedimento especial previsto no art. 514 do CPP não é de ser aplicado ao funcionário público que deixou de exercer a função na qual estava investido (HC 95.402). Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta preliminar. * Não haverá citação por edital nesta etapa. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 47 Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante o prazo concedido para a resposta (15 dias), os autos permanecerão em cartório, onde poderão ser examinados pelo acusado ou por seu defensor. Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com documentos e justificações. * A defesa preliminar pode ser apresentada pelo próprio funcionário público, pois o ato não exige capacidade postulatória. Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se convencido, pela resposta do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da improcedência da ação. * Essa decisão de recebimento ou de rejeição é de competência do juiz das garantias. * Contra esta decisão cabe RESE. * O juiz das garantias também rejeitará a denúncia ou queixa se verificar a ocorrência das hipóteses do art. 395 (ex: falta de justa causa), não detectadas previamente à notificação para a defesa preliminar. * STJ: Em regra, a decisão que recebe a denúncia prescinde de fundamentação complexa, justamente em razão da sua natureza interlocutória. Contudo, há casos em que se poderia falar em necessidade de recebimento fundamentado da peça vestibular, como por exemplo, nos crimes cujo rito estabeleça a apresentação de defesa preliminar, visto que não faria sentido o acusado expor os motivos para elidir o recebimento da denúncia e o Juízo não rebater os argumentos trazidos, aduzindo as razões que o levaram a realizar um juízo de admissibilidade positivo (HC 173.212, 01.12.11). * STF: A decisão que recebe a inicial deve ser minimamente motivada quanto aos argumentos expostos, sob pena de nulidade absoluta (HC 84.919, 02.02.10). * STJ: A decisão do juiz quanto ao recebimento ou rejeição da denúncia deverá ser motivada, sob pena de nulidade relativa (HC 173.212, 01.12.11). Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusado citado, na forma estabelecida no Capítulo I do Título X do Livro I. * A citação é atribuição do juiz natural responsável pela instrução e julgamento. * Neste momento, o réu será citado para apresentar resposta à acusação. Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos do processo, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III, Título I, deste Livro. * Acusação e defesa poderão arrolar 8 testemunhas. Capítulo III Do Processo e do Julgamento dos Crimes de Calúnia, Difamação e Injúria, de Competência do Juiz Singular. * A omissão do CPP a respeito da difamação deve-se à circunstância de que, à época em que foi editado, o CP não estabelecia a difamação com um tipo penal autônomo. Art. 519. No processo por crime de calúnia ou injúria, para o qual não haja outra forma estabelecida em lei especial, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III, Título I, deste Livro, com as modificações constantes dos artigos seguintes. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 48 * Acusação e defesa poderão arrolar 8 testemunhas. * Se a PPL não for superior a 2 anos, será aplicado o rito sumaríssimo (Lei 9.099/95), salvo se praticado mediante violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 7º, V, da Lei Maria da Penha), pois o art. 41 da Lei Maria da Penha veda a incidência a Lei 9.099/95. Audiência de conciliação Art. 520. Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às partes oportunidade para se reconciliarem, fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente, sem a presença dos seus advogados, não se lavrando termo. * Certamente essa audiência ficará a cargo do juiz das garantias, tendo em vista que nessa fase ainda não houve o recebimento da denúncia. Nada obstante, tal posicionamento ainda deverá ser confirmado no âmbito da doutrina e da jurisprudência acerca das mudanças promovidas pelo Pacote Anticrime na legislação processual penal; * Prevalece que esta audiência é uma condição de prosseguibilidade. * Não há que se falar em audiência de conciliação na ação penal pública, seja ela incondicionada ou condicionada à representação. * STJ: O não comparecimento do querelante à audiência de conciliação prevista no art. 520 do CPP não implica na ocorrência de perempção, visto que esta pressupõe a existência de ação penal privada em curso, o que se dá apenas com o devido recebimento da inicial acusatória (REsp. 605.871, 14/06/2004). * Avena: O não comparecimento do querelado à audiência de conciliação abre duas opções ao juiz: a) receber a queixa e ordenar o prosseguimento da ação; ou b) determinar a condução coercitiva do querelado. * STJ: O art. 520 do CPP estabelece dois momentos para a conciliação. No 1º momento, o juiz deve conversar separadamente com cada uma das partes e, em um segundo momento, avistando possível conciliação promoverá o entendimento entre querelante e querelado. Assim, o 2º momento da conciliação, audiência conjunta entre as partes, é necessário tão-somente em caso de o juiz entrever a possibilidade de conciliação (REsp. 631.596, 09/05/2005). * STJ: Não existe violação ao art. 520 do CPP, nos casos em que o magistrado indefere liminarmente a queixa-crime, sem marcar audiência de tentativa de conciliação, quando entende ausente requisito necessário para o recebimento da exordial acusatória, como a atipicidade da conduta (REsp 647.446, 08/11/2004). * Corte Especial: Tratando-se de ação penal privada sujeita à Lei 8.038/90, não há falar-se em audiência de conciliação (APn 165, 22/04/2002). * STJ:A realização da audiência de conciliação após o recebimento da queixa não acarreta, por si só, a nulidade do processo. Para tanto, é preciso que se demonstre o prejuízo (HC 112.003, 16/11/2010). * Avena: A não realização da audiência de conciliação consubstancia constrangimento ilegal gerador de nulidade absoluta, em que se presume o prejuízo. Art. 521. Se depois de ouvir o querelante e o querelado, o juiz achar provável a reconciliação, promoverá entendimento entre eles, na sua presença. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 49 Art. 522. No caso de reconciliação, depois de assinado pelo querelante o termo da desistência, a queixa será arquivada. * Exceção da verdade e exceção de notoriedade Art. 523. Quando for oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade do fato imputado, o querelante poderá contestar a exceção no prazo de 2 dias, podendo ser inquiridas as testemunhas arroladas na queixa, ou outras indicadas naquele prazo, em substituição às primeiras, ou para completar o máximo legal. * A exceção da verdade consiste na oportunidade assegurada ao querelado para demonstrar a veracidade das afirmações consideradas ofensivas pelo querelante. Só é admitida na difamação praticada contra funcionário público no exercício de suas funções (art. 139, parágrafo único) e no crime de calúnia (art. 138, § 2º CP). Não obstante, mesmo na calúnia, não será possível a exceção da verdade se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no inc. I do art. 141 (Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro); e se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. * A exceção de notoriedade consiste na oportunidade assegurada ao querelado para demonstrar que a afirmação realizada não causou reação no meio social, já que respeita a fato conhecido por todos. Só é admitida na difamação, independentemente da condição do ofendido. * O art. 523 não prevê o prazo que o querelado possui para apresentar a exceção da verdade. Diante desta lacuna da lei, a doutrina e a jurisprudência sempre afirmaram que a exceção da verdade deve ser apresentada na primeira oportunidade em que a defesa se manifestar nos autos. * Apesar de o art. 523 fazer referência apenas ao querelante, sugerindo que essas exceções seriam cabíveis apenas em ação penal privada, nada impede que elas sejam manejadas em ação penal pública. * Contemporaneamente à apresentação da resposta, poderá o querelado, em petição distinta, apresentar exceção da verdade ou exceção da notoriedade do fato. O processo principal será suspenso. * Corte Especial: Não ocupando mais o ofendido a condição de funcionário público, a razão de ser da exceção desaparece (Exceção da Verdade 52, 27.03.08). * Se o ofendido goza de foro privilegiado, a exceção de verdade ou de notoriedade será julgada perante o respectivo tribunal. Exemplificando, se a suposta vítima do crime contra a honra é um Deputado Federal, caso seja apresentada a exceção, esta deverá ser julgada perante o STF. * Contra a decisão do juiz que não admite a juntada da exceção da verdade ou da notoriedade, o excipiente poderá interpor apelação baseada no art. 593, II, pois tal decisão tem natureza de decisão interlocutória mista terminativa; ou aguardar a sentença final e, se houver condenação, apelar com base no art. 593, I, suscitando, em preliminar, nulidade processual em face da violação à ampla defesa decorrente da inadmissão da exceptio. Capítulo IV CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 50 Do Processo e do Julgamento dos Crimes contra a Propriedade Imaterial * As peculiaridades atinentes ao processo dos crimes contra a propriedade imaterial ocorrem apenas na fase pré-processual. Isto porque, oferecida e recebida a inicial acusatória, o procedimento a ser seguido será idêntico ao rito comum ordinário. * Os crimes praticados contra a propriedade imaterial (inclusive os contra a propriedade industrial) são, de regra, apurados mediante ação penal privada, com exceção dos elencados nos arts. 184, §§ 1º, 2º e 3º, do CP e 191 da Lei n. 9.279/1996, além dos cometidos em prejuízo de entes de direito público. * O disposto nos arts. 524 a 530 é aplicado para os crimes de ação penal privada. Art. 524. No processo e julgamento dos crimes contra a propriedade imaterial, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III do Título I deste Livro, com as modificações constantes dos artigos seguintes. * Acusação e defesa poderão arrolar 8 testemunhas. Art. 525. No caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou a denúncia não será recebida se não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito. * A admissibilidade da inicial acusatória só é condicionada à apresentação de prova pericial quando, a exemplo deste caso, é exigida por lei, ou seja, não é a regra geral. * O despacho que rejeita a denúncia ou queixa é de competência do Juiz das Garantias. Art. 526. Sem a prova de direito à ação, não será recebida a queixa, nem ordenada qualquer diligência preliminarmente requerida pelo ofendido. Art. 527. A diligência de busca ou de apreensão será realizada por 2 peritos nomeados pelo juiz, que verificarão a existência de fundamento para a apreensão, e quer esta se realize, quer não, o laudo pericial será apresentado dentro de 3 dias após o encerramento da diligência. * A maioria dos crimes contra a propriedade imaterial deixa vestígios, daí por que a parte deve requerer a realização da medida preparatória de busca e apreensão como forma de colher a prova da materialidade delitiva e dos indícios de sua autoria. * A medida de busca e apreensão deve atender aos procedimentos dispostos na Cadeia de Custódia, elencados nos artigos 158-A a 158-F, do Código de Processo Penal, inseridos pela Lei nº 13.964/2019, cujos dispositivos encontram-se plenamente em vigor. * STJ: O fato de apenas um perito oficial ter efetivado a diligência não leva à nulidade do procedimento. Exige-se a presença de 2 peritos apenas quando estes não forem oficiais (RMS 31.050, 28.06.11). Parágrafo único. O requerente da diligência poderá impugnar o laudo contrário à apreensão, e o juiz ordenará que esta se efetue, se reconhecer a improcedência das razões aduzidas pelos peritos. * A parte contrária (provável acusado) não poderá contestar as diligências, pois nesta fase não há contraditório. Art. 528. Encerradas as diligências, os autos serão conclusos ao juiz para homologação do laudo. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 51 * Essa homologação não importa em julgamento definitivo sobre a materialidade do crime. * Cabe apelação contra a decisão que homologa o laudo (art. 593, II). Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 dias, após a homologação do laudo. * STJ: Produzido o laudo pericial e constatada a materialidade do crime, o prazo de 30 dias para o oferecimento da queixa flui a partir da intimação da sentença de homologação do laudo pericial (REsp. 402.488, 07.12.09). * Cespe – TRF 5ª R 2011: “Tratando-se de delitos contra a propriedade imaterial que deixem vestígios, o prazo para o oferecimento de queixa-crime é de 30 dias contados daciência da homologação do laudo pericial produzido na medida preparatória de busca e apreensão”. (C) Parágrafo único. Será dada vista ao Ministério Público dos autos de busca e apreensão requeridas pelo ofendido, se o crime for de ação pública e não tiver sido oferecida queixa no prazo fixado neste artigo. Art. 530. Se ocorrer prisão em flagrante e o réu não for posto em liberdade, o prazo a que se refere o artigo anterior será de 8 dias. Art. 530-A. O disposto nos arts. 524 a 530 será aplicável aos crimes em que se proceda mediante queixa. * O disposto nos art. 530-B a 530-H é aplicado para os crimes de ação penal pública, condicionada ou incondicionada. Art. 530-B. Nos casos das infrações previstas nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 184 do CP, a autoridade policial procederá à apreensão dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos, em sua totalidade, juntamente com os equipamentos, suportes e materiais que possibilitaram a sua existência, desde que estes se destinem precipuamente à prática do ilícito. Art. 530-C. Na ocasião da apreensão será lavrado termo, assinado por duas ou mais testemunhas, com a descrição de todos os bens apreendidos e informações sobre suas origens, o qual deverá integrar o inquérito policial ou o processo. * STJ: Não enseja nulidade a falta da assinatura de testemunhas, especificamente designadas para esse fim no termo de busca e apreensão, por se tratar de mera irregularidade formal, sendo certo que os policiais e os oficiais de justiça que participaram da medida podem figurar como testemunhas (Inf. 479 – jun/11). Art. 530-D. Subsequente à apreensão, será realizada, por perito oficial, ou, na falta deste, por pessoa tecnicamente habilitada, perícia sobre todos os bens apreendidos e elaborado o laudo que deverá integrar o inquérito policial ou o processo. * STJ: É suficiente, para a comprovação da materialidade do delito previsto no art. 184, § 2º, do CP, a perícia realizada por amostragem sobre os aspectos externos do material apreendido, sendo desnecessária a identificação do seu conteúdo. Além disso, é dispensável a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou de quem os represente (3ª Seção, REsp. 1.456.239 e REsp. 1.485.832, em 12.08.15 - Recurso Repetitivo). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 52 Art. 530-E. Os titulares de direito de autor e os que lhe são conexos serão os fiéis depositários de todos os bens apreendidos, devendo colocá-los à disposição do juiz quando do ajuizamento da ação. Art. 530-F. Ressalvada a possibilidade de se preservar o corpo de delito, o juiz poderá determinar, a requerimento da vítima, a destruição da produção ou reprodução apreendida quando não houver impugnação quanto à sua ilicitude ou quando a ação penal não puder ser iniciada por falta de determinação de quem seja o autor do ilícito. Art. 530-G. O juiz, ao prolatar a sentença condenatória, poderá determinar a destruição dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos e o perdimento dos equipamentos apreendidos, desde que precipuamente destinados à produção e reprodução dos bens, em favor da Fazenda Nacional, que deverá destruí-los ou doá-los aos Estados, Municípios e Distrito Federal, a instituições públicas de ensino e pesquisa ou de assistência social, bem como incorporá-los, por economia ou interesse público, ao patrimônio da União, que não poderão retorná-los aos canais de comércio. Art. 530-H. As associações de titulares de direitos de autor e os que lhes são conexos poderão, em seu próprio nome, funcionar como assistente da acusação nos crimes previstos no art. 184 do Código Penal, quando praticado em detrimento de qualquer de seus associados. Art. 530-I. Nos crimes em que caiba ação penal pública incondicionada ou condicionada, observar-se-ão as normas constantes dos arts. 530-B, 530-C, 530-D, 530- E, 530-F, 530-G e 530-H. Capítulo V Do Processo Sumário * O procedimento sumário deverá ser aplicado ao processo criminal quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 anos de PPL, não importando a natureza dessa pena, vale dizer, se reclusão ou detenção (art. 394, § 1º, II, do CPP). Necessário, porém, excluir da abrangência desse rito as infrações de menor potencial ofensivo (as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não ultrapasse 2 anos, cumulada ou não com multa) quando em tramitação perante o juizado especial criminal, pois, nesses casos, o procedimento aplicável será o sumaríssimo (art. 394, § 1º, III, do CPP). Audiência de instrução e julgamento no procedimento comum sumário Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 30 dias, proceder-se-á à (1º) tomada de declarações do ofendido, se possível, (2º) à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como (3º) aos esclarecimentos dos peritos, (4º) às acareações e (5º) ao reconhecimento de pessoas e coisas, (6º) interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, (7º) ao debate. * O prazo de 30 dias para a realização da audiência é contado do recebimento da denúncia pelo juiz das garantias, sendo indiferente o réu estar preso ou solto. Lembrando que no Procedimento Ordinário o prazo é de 60 dias (art. 400). * STJ: O depoimento sem dano consiste na oitiva judicial de crianças e adolescentes que foram supostamente vítimas de crimes contra a dignidade sexual por meio de um procedimento especial que consiste no seguinte: a criança ou o adolescente fica em CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 53 uma sala reservada, sendo o depoimento colhido por um técnico (psicólogo ou assistente social) que faz as perguntas de forma indireta, por meio de uma conversa em tom mais informal e gradual, à medida que vai se estabelecendo uma relação de confiança entre ele e a vítima. O juiz, o Ministério Público, o réu e o Advogado/Defensor Público acompanham, em tempo real, o depoimento em outra sala por meio de um sistema audiovisual que está gravando a conversa do técnico com a vítima. Atualmente a legislação não prevê expressamente essa prática. Apesar disso, o STJ entende que, nos crimes sexuais contra criança e adolescente, é válida a inquirição da vítima na modalidade do “depoimento sem dano”, em respeito à sua condição especial de pessoa em desenvolvimento, inclusive antes da deflagração da persecução penal, mediante prova antecipada. Assim, não configura nulidade por cerceamento de defesa o fato de o defensor e o acusado de crime sexual praticado contra criança ou adolescente não estarem presentes na oitiva da vítima devido à utilização do método de inquirição denominado “depoimento sem dano” (5ª T, RHC 45.589, em 24/02/15). * STF: Não há direito absoluto à produção de prova. Em casos complexos, há que se confiar no prudente arbítrio do juiz da causa, mais próximo dos fatos, quanto à avaliação da pertinência e relevância das provas requeridas pelas partes. Assim, não há nulidade se o juiz indefere, de modo fundamentado, a oitiva das vítimas do crime. Em regra, o ofendido deverá ser ouvido na audiência de instrução. No entanto, a obrigatoriedade de oitiva da vítima deve ser compreendida à luz da razoabilidade e da utilidade prática da colheita da referida prova (1ª T, HC 131.158, em 26/04/2016). * Podem ser ouvidas até 5 testemunhas (art. 532). Lembrando que no Procedimento Ordinário podem ser arroladas até 8 testemunhas (art. 401). * A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência,expedindo-se, para esse fim, carta precatória. * No Procedimento Ordinário, a audiência de instrução e julgamento tem o mesmo formato. A diferença é que lá será realizada no prazo máximo de 60 dias (art. 400). Já no sumaríssimo, não há previsão de esclarecimentos dos peritos, acareações e reconhecimento de pessoas e coisas (art. 81 da Lei 9.099/95). Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 testemunhas arroladas pela acusação e 5 pela defesa. * Serão 5 testemunhas nos seguintes procedimentos: sumário, sumaríssimo (JECRIM), 2ª fase do Júri, crimes falimentares, lei de drogas e crimes eleitorais cuja pena máxima seja inferior a 4 anos. * Serão 8 testemunhas nos seguintes procedimentos: ordinário, 1ª fase do Júri, crimes de responsabilidade de funcionário público, crimes contra a honra, crimes contra a propriedade imaterial, crimes de competência dos tribunais e crimes eleitorais cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 anos. * Serão 3 testemunhas na audiência que se segue após o aditamento em razão da mutatio libelli (art. 384, § 4º) e no procedimento do crime de abuso de autoridade. Art. 533. Aplica-se ao procedimento sumário o disposto nos parágrafos do art. 400 deste Código. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 54 * De acordo com o § 1º, as provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. Já o § 2º dispõe que os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes, exigindo que o perito seja intimado com 10 dias de antecedência. * Avena: no procedimento ordinário, o juiz oportunizará às partes, ao final da audiência de instrução, o pedido de novas diligências (art. 402). No procedimento sumário, não há essa previsão, mas isso não implica vedação, pois o art. 394, § 5º, manda aplicar as disposições do procedimento ordinário subsidiariamente. Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10, proferindo o juiz, a seguir, sentença. * Avena: no procedimento ordinário, há previsão de que as alegações finais possam ser substituídas por memoriais escritos (art. 403, § 3º). No procedimento sumário, não há essa previsão, mas isso não implica vedação, pois o art. 394, § 5º, manda aplicar as disposições do procedimento ordinário subsidiariamente. § 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. § 2º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. Art. 535. Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível a prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. §§ 1º e 2º Revogados pela Lei 11.719/08. Art. 536. A testemunha que comparecer será inquirida, independentemente da suspensão da audiência, observada em qualquer caso a ordem estabelecida no art. 531 deste Código. Art. 537. Revogado pela Lei 11.71908. Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo. Arts. 539 e 540. Revogados pela Lei 11.719/08. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 55 3. JURISPRUDÊNCIA STJ: A realização da gravação, nas circunstâncias em que levada a efeito – em oitiva formal de assistido seu, oficial e notoriamente registrada em sistema audiovisual pela autoridade administrativa responsável pelo ato – não se confunde com a escuta ambiental indevida (tipificada como crime no art. 20 da Lei 9.296/96) e é legalmente permitida, independentemente de prévia autorização da autoridade incumbida da presidência do ato, nos explícitos termos do art. 387, § 6º, do Código de Processo Civil, diploma jurídico de aplicação supletiva aos procedimentos administrativos em geral. STJ, HC 662.690, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª Turma, j. 17.05.2022 STJ: Ainda que não se tenha verificado, por ocasião da apresentação da primeira resposta à acusação, a citação formal do recorrente para responder à ação penal, este estava ciente da acusação, tendo, inclusive, constituído advogado, o qual apresentou resposta à acusação, em observância ao regramento legal. Nesse contexto, a citação formal do recorrente em momento posterior não tem o condão de invalidar a primeira resposta à acusação. Assim, não havendo qualquer mácula a ser reconhecida com relação à primeira resposta à acusação, a qual apenas reforça que o recorrente já estava a par da acusação e pôde exercer a tempo e a modo sua ampla defesa, a nova resposta à acusação não pode ser considerada, haja vista a preclusão consumativa. STJ, AgRg no RHC 166.837, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma, j. 02.08.2022 STJ: A jurisprudência desta Corte se firmou no sentido de que é possível a retirada do réu da sala de audiência, desde que devidamente fundamentado pelo juiz que sua presença pode causar humilhação, temor ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido. No caso em que a audiência para oitiva da vítima e da testemunha é realizada por meio de videoconferência, a interpretação mais consentânea com o objetivo do disposto no art. 217 do CPP é a de que o réu também pode ser impedido de acompanhar os depoimentos, pois busca-se a fidedignidade da prova colhida, bem como a preservação da dignidade e intimidade dos depoentes, que seriam prejudicadas pela presença do réu, mesmo a distância. Ademais, o contraditório e a ampla defesa do acusado permanecem resguardados pela indispensável presença da defesa técnica no ato processual. STJ, Ag em REsp 1.961.441, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª Turma, j. 02.08.2022 STF: Ao receber a denúncia e ordenar a citação dos réus para a apresentação de resposta à acusação, o juiz federal consignou que eles deveriam “justificar, circunstanciadamente, a necessidade da oitiva em juízo de eventuais testemunhas arroladas, frisando-se que os depoentes, consoante o disposto no artigo 400, § 1º, do Código de Processo Penal, devem ter conhecimento sobre os fatos relevantes para o julgamento da causa”. Na resposta à acusação, a defesa do paciente arrolou 3 (três) testemunhas, com a indicação dos respectivos endereços, e requereu a expedição de carta precatória para a oitiva delas. O magistrado federal, no entanto, indeferiu a produção da prova testemunhal, justificando que, mesmo devidamente cientificados CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 56 da necessidade de justificar, circunstancialmente, a necessidade da oitava em juízo, os réus nada manifestaram, impossibilitando a análise da sua relevância e pertinência. A produção de elementos probatórios é um direito do réu e o art. 396-A do CPP dispõe ser esse o momento processual para se arrolar testemunhas de defesa. Segundo se infere da leitura do art. 400, § 1º, do CPP, o juiz pode indeferir provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. No entanto, isso deve ocorrer a partir da audiência de instrução e julgamento, ou seja, após a colheita da prova, oportunidade em que poderá efetuar a valoração do que colhido. Não há obrigação legal para que a defesa justifique, nessa fase préviaà audiência, a necessidade de uma prova por ela requerida tempestivamente. STF, HC 222.405, Rel. Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática de 21.11.2022. STF: Diante da inequívoca manifestação do querelante no sentido da impossibilidade da conciliação, não há qualquer nulidade diante da não realização de audiência para esse fim, nos termos do art. 520 do Código de Processo Penal. STF, Pet 10.409, Rel. Min. Alexandre de Moraes, Plenário, j. 26.09.2022. STJ: Como é de conhecimento, nos moldes do art. 396-A do Código de Processo Penal, o rol de testemunhas deve ser apresentado no momento processual adequado, ou seja, quando da apresentação da resposta preliminar, sob pena de preclusão. Em respeito à ordem dos atos processuais não configura cerceamento de defesa o indeferimento da apresentação extemporânea do rol de testemunhas. A teor dos precedentes desta Corte, inexiste nulidade na desconsideração do rol de testemunhas quando apresentado fora da fase estabelecida no art. 396-A do CPP. Na hipótese, não há falar em manifesto prejuízo para a defesa do réu, em razão do indeferimento da apresentação do rol de testemunhas em momento posterior. Consoante a fundamentação apresentada pela Corte local, não obstante a defesa do acusado seja exercida pela Defensoria Pública, observa-se, no caso em exame, que houve pedido genérico para apresentação do rol de testemunhas de forma extemporânea, sem levar em consideração que a audiência de instrução foi designada para data distante, havendo, portanto, tempo disponível para que a defesa tenha acesso ao acusado, atualmente recolhido ao cárcere, mesmo com todas as dificuldades e limitações decorrentes da pandemia. Ademais, em sede de resposta à acusação, a Defensoria Pública não noticiou qualquer dificuldade para contato com o réu e seus familiares, tampouco para a identificação de testemunhas. AgRg no RHC 161.330, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma, j. 05.04.2022 STF: A ausência do representante do MP na audiência de instrução e julgamento, apesar de devidamente intimado, não impede que o Magistrado prossiga com o ato, bem como não obsta o Juiz de promover a inquirição das testemunhas, desde que respeitadas às formalidades previstas no Código de Processo Penal Brasileiro. AgRg no HC 212.669, Rel. Min. Alexandre de Moraes, 1ª Turma, j. 01.04.2022 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 57 STF: Os corréus delatados têm direito de falar por último no processo penal, após as declarações de delatores. Condenação anulada e determinação para realizar novo interrogatório. AgRg no RHC 181.870, Rel. Min. Cármen Lúcia, Rel. p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, 2ª Turma, j. 21.03.2022 STJ: A retirada do réu da sala virtual de audiência, durante a oitiva das testemunha, a pedido destas, que manifestaram temor em prestar declarações com o acompanhamento do acusado, não configura nulidade, considerando-se que foi assegurada a presença da defesa técnica durante o ato. RHC 158.94, Rel. Min. Olindo Menezes (desembargador convocado), decisão monocrática de 21.02.2022 STJ: A apresentação espontânea das alegações finais defensivas antes da acusação não é causa de nulidade do feito. HC 71.320, Rel. Min. Jane Silva (desembargadora convocada), 5ª Turma, j. 14.08.2007 STJ: A apresentação das alegações finais do Ministério Público, após as do querelado na ação penal privada, em que se apura crimes de imprensa, constitui mera irregularidade, especialmente se o prejuízo não restou demonstrado. HC 16.308, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª Turma, j. 02.08.2001 STJ: Eventual descumprimento do prazo para o oferecimento da denúncia não gera qualquer nulidade à peça acusatória, cuidando-se de mera irregularidade, que pode, no máximo, afetar a legalidade da manutenção da custódia cautelar; ademais, a verificação do alegado excesso de prazo deve ser feita de forma global, ou seja, como um todo diante do prazo previsto para a conclusão da instrução criminal e não em relação a cada ato procedimental. HC 109.313, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 5ª Turma, j. 21.10.2008 STJ: O oferecimento de resposta à acusação de forma oral em audiência constitui mera irregularidade, sendo inviável a declaração de nulidade pois, a despeito de não observada a tipicidade formal para o ato, foi atingida a finalidade insculpida no artigo 406 do CPP. RHC 72.379, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma, j. 17.11.2016 STJ: Não há vício na hipótese em que, apesar de intimado, o Ministério Público deixa de comparecer a uma das audiências e o Magistrado formula perguntas às testemunhas sobre os fatos constantes da denúncia, sobretudo no caso em que não há demonstração de efetivo prejuízo. AgRg no RHC 69.711, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 27.02.2018 STF: O empate em julgamento de ação penal originária deve resultar na absolvição, a partir de uma interpretação ampliava sobre os dispositivos do CPP sobre julgamento CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 58 de habeas corpus e recursos de natureza ordinária. QO na AP 470, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, j. 17.12.2012 STF: A expedição de carta precatória não suspende o curso do processo penal, mas, deferida a produção de prova testemunhal defensiva, de cujo depoimento se extrairão dados para subsidiar a sentença na primeira fase do Júri, é prematura a realização do depoimento do acusado pendente a devolução da carta pelo juízo deprecado, sob pena de violação aos princípios da ampla defesa e do contraditório. HC 207.410, Rel. Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática de 18.10.2021 STF: Nos termos do art. 209 do Código de Processo Penal, não configura nulidade a oitiva de testemunha indicada extemporaneamente pela acusação, como testemunha do Juízo, assim como não prevê a legislação processual momento próprio para inquirição das testemunhas indicada pelo Juízo na forma dos arts. 156 e 209 do CPP. HC 175.330, Rel. Min. Marco Aurélio, 1ª Turma, j. 25.06.2021 STJ: A forma legal para impugnar eventuais discordâncias com as decisões tomadas pelo magistrado na condução da ação penal não pode ser a negativa de oferecimento de alegações finais. O juiz tem poderes diante da omissão de alegações finais para oportunizar à parte a substituição do causídico ou, na inércia, para requerer que a defensoria pública ofereça as alegações finais. Admitir, por hipótese, a validade de tal conduta implicaria, em última instância, conferir o poder de definir a legalidade da atuação do juiz não aos Tribunais, mas ao próprio advogado. RMS 47.680, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 05.10.2021 STJ: A regra insculpida no art. 231 do CPP, no qual se estabelece que as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo não é absoluta, sendo que nas hipóteses em que forem manifestamente protelatórias ou tumultuárias podem ser indeferidas pelo magistrado. HC 250.202, Rel. Min. Marilza Maynard (desembargadora convocada), 5ª Turma, j. 10.09.2013 STF: Na ausência de regramento específico sobre os requisitos para substituição de testemunhas na legislação processual penal, o que ocorre desde a edição da Lei n. 11.719/2008, é válida a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil sobre o tema. AgRg no RHC 199.621, Rel. Min. Nunes Marques, 2ª Turma, j. 17.08.2021 STF: A abertura de vistas ao órgão ministerial após o recebimento de resposta à acusação, em que pese não encontrar previsão legal, não configura hipótese de nulidade, cujo reconhecimento, nos termos do art. 563 do CPP,implica a demonstração de prejuízo efetivo. AgRg no HC 173.880, Rel. Min. Edson Fachin, 2ª Turma, j. 11.06.2021 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 59 STJ: O fato de a denúncia já ter sido recebida não impede o Juízo de primeiro grau de, logo após o oferecimento da resposta do acusado, prevista nos arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal, reconsiderar a anterior decisão e rejeitar a peça acusatória, ao constatar a presença de uma das hipóteses elencadas nos incisos do art. 395 do Código de Processo Penal, suscitada pela defesa. As matérias numeradas no art. 395 do Código de Processo Penal dizem respeito a condições da ação e pressupostos processuais, cuja aferição não está sujeita à preclusão (art. 267, § 3º, do CPC, c/c o art. 3º do CPP). Hipótese concreta em que, após o recebimento da denúncia, o Juízo de primeiro grau, ao analisar a resposta preliminar do acusado, reconheceu a ausência de justa causa para a ação penal, em razão da ilicitude da prova que lhe dera suporte. REsp. 1.318.180, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, j. 16.05.2013 STJ: a decisão que recebe a denúncia se trata de ato que dispensa maior fundamentação, não se subsumindo à norma insculpida no art. 93, inciso IX, da Constituição da República. Assim, admite-se, inclusive, o recebimento tácito ou implícito da denúncia, justamente diante da ausência de formalidade que o ordenamento jurídico empresta ao ato judicial em questão. RHC 113.973, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, 6ª Turma, j. 03.03.2020 STJ: É possível a aplicação dos arts. 536 e 537 do Código de Processo Civil, com a fixação de astreintes para o caso de descumprimento de determinações judiciais praticado por terceiros, no âmbito de processos criminais, sem que isso configure ofensa ao princípio da legalidade, devido processo legal, ampla defesa ou isonomia. O fato de o descumprimento de decisão judicial relativa à colaboração com as investigações ocorrer no âmbito de procedimento que investiga a prática de crimes não conduz à conclusão automática de que, nessa hipótese, a relação jurídica estabelecida entre Estado e o particular possui natureza criminal. Ao revés, nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, a imposição de astreintes à empresa responsável pelo cumprimento de decisão relativa ao fornecimentos de dados determinada em inquérito estabelece entre esta e o Juízo criminal uma relação jurídica de direito processual civil. RMS 61.717, Rel. Min. Laurita Vaz, 6ª Turma, j. 02.03.2021 STJ: Não existe violação ao art. 520 do CPP, nos casos em que o magistrado indefere liminarmente a queixa-crime, sem marcar audiência de tentativa de conciliação, quando entende ausente requisito necessário para o recebimento da exordial acusatória, como a atipicidade da conduta. REsp 647.446, Rel. Min. Laurita Vaz, 5ª Turma, j. 05.10.2004 STJ: O juízo de admissibilidade, o processamento e a instrução da exceção da verdade oposta em face de autoridades públicas com prerrogativa de foro devem ser feitos pelo próprio juízo da ação penal originária que, após a instrução dos autos, admitida a exceptio veritatis, deve remetê-la à instância superior para julgamento do mérito. Rcl 6.595, Rel. Min. Laurita Vaz, Corte Especial, j. 19.06.2013 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 60 STJ: A interpelação judicial do art. 144 do CP cumpre a função de medida cautelar preparatória e facultativa, tendente a aparelhar e instruir futura e eventual ação penal condenatória pela prática de crimes contra a honra. AgRg. na IJ 158, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, j. 22.09.2020 STF: A notificação prevista no Código Penal (art. 144) traduz mera faculdade processual sujeita à discrição do ofendido. E só se justifica na hipótese de ofensas equívocas. O pedido de explicações em juízo acha-se instrumentalmente vinculado à necessidade de esclarecer situações, frases ou expressões, escritas ou verbais, caracterizadas por sua dubiedade, equivocidade ou ambiguidade. Ausentes esses requisitos condicionadores de sua formulação, a interpelação judicial, porque desnecessária, revela-se processualmente inadmissível. Pet 4.444 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Plenário, j. 26.11.2008 STJ: O prazo do art. 529 do CPP não afasta a decadência pelo não exercício do direito de queixa em seis meses, contados da ciência da autoria do crime. STJ. 6ª Turma. REsp. 1.762.142/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 13/04/2021 (Info 692). STJ: Diante da omissão do advogado que não apresenta as alegações finais, o juiz tem poderes para oportunizar ao réu a substituição do causídico. Se o réu, mesmo intimado para fazer essa substituição, ficar inerte, o magistrado tem poderes para requerer que a Defensoria Pública ofereça as alegações finais. STJ. 6ª Turma. RMS 47.680-RR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/10/2021 (Info 715). STF: Em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados os crimes previstos na Constituição Federal como imprescritíveis, é constitucional limitar o período de suspensão do prazo prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime, a despeito de o processo permanecer suspenso. STF. Plenário. RE 600.851, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 04/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 438) (Info 1001). STJ: Nos crimes contra a propriedade imaterial que deixam vestígios, depois que o ofendido tem ciência da autoria do delito, ele possui o prazo decadencial de 6 meses para a propositura da ação penal, nos termos do art. 38 do CPP. Se, antes desses 6 meses, o laudo pericial for concluído, o ofendido terá 30 dias para oferecer a queixa crime. Assim, em se tratando de crimes contra a propriedade imaterial que deixem vestígio, a ciência da autoria do fato delituoso dá ensejo ao início do prazo decadencial de 6 meses (art. 38 do CPP), sendo tal prazo reduzido para 30 dias (art. 38) se homologado laudo pericial nesse ínterim. STJ. 6ª Turma. REsp. 1.762.142/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 13/04/2021 (Info 692). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 61 STF: Promotor de Justiça condenado criminalmente pelo Tribunal de Justiça impetrou habeas corpus alegando que o julgamento seria nulo por não ter observado o art. 400 do CPP, já que o interrogatório do acusado não foi o último ato da instrução. O Min. Relator Marco Aurélio indeferiu a ordem manifestando sua posição no sentido de que não se deve aplicar a regra geral do art. 400 do CPP (interrogatório como último ato) considerando que, por se tratar de Promotor de Justiça, julgado perante o Tribunal de Justiça, a norma aplicável seria a do art. 7º da Lei nº 8.038/90, segundo a qual a audição do acusado é o primeiro ato do procedimento. O Min. Alexandre de Moraes votou por indeferir a ordem com base em outro fundamento, alegando que a defesa não demonstrou prejuízo, afirmando, portanto, que não haverá declaração de nulidade quando não demonstrado o efetivo prejuízo causado à parte (pas de nullité sans grief). Obs: penso que o STF continue com o entendimento de que o interrogatório deve ser o último ato da instrução, mesmo nos processos regidos pela Lei nº 8.038/90. STF. 1ª Turma. HC 178.252/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020 (Info 980). STF: Nos processos criminais que tramitam perante o STF e o STJ, cujo procedimentoé regido pela Lei nº 8.038/90, o interrogatório também é o último ato de instrução. Apesar de não ter havido uma alteração específica do art. 7º da Lei 8.038/90, com base no CPP, entende-se que o interrogatório é um ato de defesa, mais bem exercido depois de toda a instrução, porque há possibilidade do contraditório mais amplo. Assim, primeiro devem ser ouvidas todas as testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa para, só então, ser realizado o interrogatório. STF. 1ª Turma. AP 1.027/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luís Roberto Barroso, julgado em 2/10/2018 (Info 918). STJ: Após a reforma operada pela Lei n. 11.719/2008 no CPP, as alegações finais passaram a ser apresentadas, em regra, na forma oral (art. 403, caput), em homenagem ao princípio da oralidade e, portanto, à celeridade processual. Excepcionalmente, nas hipóteses admitidas pela lei, serão as alegações finais apresentadas na forma escrita, como ocorre, por exemplo, quando o magistrado, diante de casos complexos ou com significativa número de acusados, concede às partes prazo para a apresentação de memoriais (art. 403, § 3º). O § 3º do artigo 403 do CPP, ao utilizar o verbo “poderá” - em vez de “deverá” - confere o magistrado uma faculdade, não um dever, ante a complexidade do caso ou se houver muitos réus. Assim, a conversão da sustentação oral em memoriais escritos constitui faculdade do magistrado que examinará a necessidade da adoção da citada medida, de acordo com a complexidade do caso ou a quantidade de acusados. STJ. 5ª Turma. HC 418.911/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 07/12/2017. STJ. 6ª Turma. RMS 33.922/RN, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 13/10/2015. STJ: Não é cabível a imposição de multa por litigância de má-fé no âmbito do processo penal. Isso porque não existe previsão expressa no CPP e aplicar as regras do CPC configuraria indevida analogia in malam partem. STJ. 5ª Turma. HC 401.965/RJ, Rel. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 62 Min. Ribeiro Dantas, julgado em 26/09/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg. no AREsp. 618.694/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/09/2017. STF: Se o réu é denunciado por crime previsto no art. 1º do DL 201/67 em concurso com outro delito cujo rito segue o CPP, ex: art. 312 do CP, art. 90 da Lei nº 8.666/93, o magistrado ou Tribunal, antes de receber a denúncia, deverá dar oportunidade para que o denunciado ofereça defesa prévia. Não pode a defesa prévia ser concedida apenas para a imputação referente ao art. 1º do DL 201/67. A defesa prévia antes do recebimento da denúncia é prevista no art. 2º, I, do DL 201/67, que é considerado procedimento especial e, portanto, prevalece sobre o comum. STF. 1ª Turma. AP 912/PB, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2017 (Info 856). STJ: O magistrado pode, de forma motivada, deferir o pedido apresentado em resposta à acusação pela defesa no sentido de lhe ser permitida a indicação do rol de testemunhas em momento posterior. Não há que se falar em preclusão porque não houve inércia da parte. Não se trata, em neste caso, de testemunha do juízo (art. 209 do CPP). Tais testemunhas serão ouvidas como testemunhas de defesa (6ª T, REsp. 1.443.533, em 23/06/2015). STJ: O juiz deverá fundamentar, ainda que sucintamente, a decisão que acolher ou não as teses defensivas declinadas na resposta à acusação e, consequentemente, não absolver sumariamente o réu, sob pena de configurar a negativa de prestação jurisdicional (5ª T, HC 183.355, em 03/05/2012; 6ª T, RHC 46.127, em 12/02/2015). Plenário: A exigência de realização do interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o art. 400 do CPP, é aplicável no âmbito de processo penal militar. A realização do interrogatório ao final da instrução criminal, prevista no art. 400 do CPP, na redação dada pela Lei nº 11.719/2008, também se aplica às ações penais em trâmite na Justiça Militar, em detrimento do art. 302 do CPPM. Logo, na hipótese de crimes militares, o interrogatório também deve ser realizado depois da oitiva das testemunhas, ao final da instrução (HC 127.900, em 03/03/2016). STF: O rito especial do Tribunal do Júri limita o número de testemunhas a serem inquiridas e, ao contrário do procedimento comum, não exclui dessa contagem as testemunhas que não prestam compromisso legal (1ª T, HC 131.158, em 26/04/2016). STF: Não há direito absoluto à produção de prova. Em casos complexos, há que se confiar no prudente arbítrio do juiz da causa, mais próximo dos fatos, quanto à avaliação da pertinência e relevância das provas requeridas pelas partes. Assim, não há nulidade se o juiz indefere, de modo fundamentado, a oitiva das vítimas do crime. Em regra, o ofendido deverá ser ouvido na audiência de instrução. No entanto, a obrigatoriedade de oitiva da vítima deve ser compreendida à luz da razoabilidade e da utilidade prática da colheita da referida prova (1ª T, HC 131.158, em 26/04/2016). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 63 STF: É constitucional a citação por hora certa no âmbito do processo penal (Plenário, RE 635.145, em 01/08/2016). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 64 4. QUESTÕES 1. Assinale a alternativa correta a respeito de procedimento e provas no Código de Processo Penal. a) O juiz não pode determinar a publicação de sentença condenatória de forma resumida por referida prática caracterizar cerceamento de defesa. b) A oitiva de testemunha referida somente será deferida se ao juiz parecer conveniente. c) Dá-se à fotografia do documento, ainda que não autenticada, o mesmo valor do original. d) O procedimento será sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade. 2. No procedimento comum: a) o Juiz, se não rejeitar liminarmente a denúncia ou a queixa, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de dez dias, se ordinário, ou de cinco, se sumário; b) produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução e, realizada a diligência determinada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de cinco dias, suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de dez dias, o Juiz proferirá a sentença; c) apresentada ou não a resposta no prazo legal, o Juiz, de imediato, ratificando o recebimento da denúncia ou da queixa, designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente; d) a audiência de instrução e julgamento deve ser realizada no prazo máximo de noventa dias, se ordinário, ou sessenta dias, se sumário, procedendo-se à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado as ouvidas por carta precatória, bem como os esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado; e) a acusação e a defesa poderão arrolar até oito testemunhas, se ordinário o procedimento, não se compreendendo nesse número as que não prestem compromisso e as referidas, defeso ao Juiz, por expressa previsão legal,ouvir aquela que a parte houver manifestado desistência de inquirição. 3. Davi, servidor público comissionado municipal sem vínculo efetivo com a prefeitura do respectivo município, foi denunciado pelo suposto cometimento do delito de peculato — art. 312 do CP. Durante o IP, Davi foi interrogado na presença de seu advogado. Na fase judicial da persecução penal, ao chefe de sua repartição foi encaminhada notificação, que não foi considerada cumprida em razão da exoneração CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 65 do servidor; no local, noticiaram que ele continuava residindo no endereço mencionado no inquérito. Após o recebimento da denúncia, considerando-se que o servidor estava em local incerto, foi determinada sua citação por edital. O advogado constituído pelo réu, após tomar conhecimento da tramitação da ação penal, apresentou resposta à acusação, nos termos do art. 396 do CPP. Posteriormente, ainda que não intimado pessoalmente, Davi compareceu à audiência designada. Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta. a) Por se tratar de crime funcional, a desobediência ao procedimento especial — não oportunizar a defesa preliminar, nos termos do art. 514 do CPP — gerou a nulidade do processo. b) A apresentação de resposta à acusação por advogado constituído por Davi durante o IP supre eventual nulidade da citação. c) No caso de o réu continuar atuando como servidor público, a notificação encaminhada ao chefe da repartição, nos termos do art. 359 do CPP, dispensaria o mandado de citação. d) A obrigação de esgotamento dos meios de localização para a validade da citação por edital não alcança as diligências em todos os endereços constantes no IP. e) Citado por edital, o réu poderá, a qualquer tempo, integrar a relação processual, e o prazo para resposta à acusação começará a fluir a partir do referido ato de ingresso no processo. 4. Acerca dos procedimentos processuais penais no Brasil, julgue os itens a seguir. I. Nos crimes contra a propriedade imaterial que deixem vestígios, o exame do corpo de delito será condição de procedibilidade para o exercício da ação penal. II. No procedimento sumário, o prazo para resposta à acusação é de cinco dias. III. Registro de depoimento tomado na audiência de instrução por meio audiovisual terá de ser encaminhado às partes, sendo obrigatória a transcrição. IV. No procedimento por crime funcional, em caso de ilícito afiançável, o réu será notificado para apresentar defesa preliminar por escrito no prazo de quinze dias. Estão certos apenas os itens: a) I e IV. b) II e III. c) III e IV. d) I, II e III. e) I, II e IV. 5. Tício foi denunciado pelo Ministério Público pela prática de crime tributário (apenado com reclusão de 2 a 5 anos), em vista de sonegação de imposto, no montante de 1 milhão de reais. Citado, apresentou resposta à acusação, tendo arrolado 8 testemunhas de defesa, duas delas residentes fora da jurisdição, tendo CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 66 sido expedidas cartas precatórias, com prazo de cumprimento de 90 dias. Ouvidas as testemunhas de acusação e defesa, com exceção das duas residentes fora da jurisdição, tendo esgotado o prazo de cumprimento da precatória, Tício foi interrogado, abrindo-se vista às partes para apresentação de alegações finais. O órgão de acusação manifestou-se pela absolvição de Tício, por não restar comprovada a autoria. Já a defesa, alegou cerceamento de defesa, por não se aguardar o retorno das cartas precatórias. Conclusos os autos ao Juiz, foi proferida sentença condenatória. Na sentença, a despeito da não imputação pelo órgão da acusação, o Juiz reconheceu a causa de aumento prevista na legislação de crimes tributários, consistente na ocorrência de grave dano à coletividade, pelo valor sonegado, incidindo aumento da pena de 1/3. Diante da situação hipotética, assinale a alternativa correta. a) Haja vista que o órgão de acusação, titular da ação penal, manifestou-se pela absolvição de Mévio, não poderia o Juiz ter proferido sentença condenatória. b) Haja vista que a denúncia ofertada pelo órgão de acusação não imputou a Tício qualquer causa que implicasse agravamento da pena, não poderia o Juiz ter reconhecido a causa de aumento consistente na ocorrência de grave dano à coletividade. c) A sentença condenatória não violou os princípios do contraditório e devido processo legal, pois pode o juiz condenar o réu, contrariamente à posição do órgão de acusação, não sendo obrigado aguardar o retorno de cartas precatórias, expedidas com prazo. d) Haja vista que o crime imputado a Tício processa-se sob o procedimento comum sumário, o número de testemunhas arroladas deveria ser de, no máximo, 5 (cinco). e) Haja vista a expedição de carta precatória para oitiva de testemunhas de defesa residentes fora da jurisdição, o Juiz não poderia ter sentenciado o feito, devendo, ao contrário, ter suspendido o processo, até o retorno. 6. Nos casos submetidos ao procedimento comum ordinário, em relação ao juízo de admissibilidade da imputação, é correto afirmar que: a) em razão da impugnação por resposta à acusação, a fundamentação de recebimento deverá ser exaustiva; b) em razão da impugnação por resposta à acusação, a fundamentação de recebimento deverá ser exauriente; c) no momento do recebimento da denúncia, o standard probatório é menos rigoroso; d) o juízo progressivo de admissibilidade da imputação dispensa fundamentação, ainda que superficial; e) a ratificação do recebimento da denúncia dispensa fundamentação suficiente para rejeitar as teses defensivas. 7. Considerando as disposições do Código de Processo Penal relativas à audiência de instrução e julgamento no procedimento comum ordinário, assinale a opção correta. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 67 a) A inquirição das testemunhas de acusação precede a das testemunhas de defesa e a tomada de declarações do ofendido. b) Produzidas todas as provas em audiência, as partes poderão requerer diligências ensejadas por fatos apurados na instrução no prazo máximo de 24 horas. c) Poderão ser inquiridas até oito testemunhas da defesa e oito da acusação, não devendo ser computadas nesse número as que não prestem compromisso e as que tenham sido referidas. d) A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, desde que a outra parte concorde. e) Caso não haja requerimento de diligências ou caso este seja indeferido, serão oferecidas alegações finais, pela acusação, pelo prazo de 10 minutos, tendo a defesa idêntico período para apresentar seus argumentos. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 68 5. GABARITO COMENTADO 1. B. ALTERNATIVA A: INCORRETA A sentença poderá ser publicada de forma resumida, nos termos do art. 387, VI, do CPP: Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de 2008) VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, § 1o, do Código Penal). ALTERNATIVA B: CORRETA De acordo com o art. 209, §1º, do CPP: Art. 209. O juiz, quandojulgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. § 1º Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem. ALTERNATIVA C: INCORRETA A fotografia deverá ser autenticada para que tenha o mesmo valor do original, nos termos do art. 232, parágrafo único, do CPP: Art. 232 (...) Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original. ALTERNATIVA D: CORRETA Se a sanção máxima cominada for igual a 4 anos, o procedimento será o ordinário. Se for inferior, será o sumário. Veja o art. 394 do CPP: Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). § 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 2. B. ALTERNATIVA A: INCORRETA Art. 396 do CPP. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 69 Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias; ALTERNATIVA B: CORRETA Art. 402 caput e § 3º, do CPP. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença; ALTERNATIVA C: INCORRETA Art. 396, caput c/c Art. 396-A § 2º e Art. 399 ambos do CPP. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente; ALTERNATIVA D: INCORRETA Art. 400 e art. Art. 531, ambos do CPP. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO: Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 do CPP, bem como os esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. PROCEDIMENTO SUMÁRIO: Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 do CPP, bem como os esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate. ALTERNATIVA E: INCORRETA Art. 401 do CPP e parágrafos c/c art. 209. Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 (oito) pela defesa. § 1º Nesse número não se compreendem as que não prestem compromisso e as referidas (Testemunhas referidas são aquelas citadas pela testemunha em juízo). § 2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 deste Código. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 70 A assertiva encontra-se incorreta, pois não existe expressa previsão legal que impeça o juiz de ouvir testemunha da parte que houver manifestado desistência de inquirição. Ao contrário, o parágrafo 2º do art. 401 traz uma ressalva prevista no art. 209, que permite ao juiz, quando julgar necessário, ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes e se lhe parecer conveniente, poderá ouvir as pessoas a que as testemunhas se referirem. As disposições do art. 209 do CPP são prerrogativas conferidas ao juízo e há doutrina minoritária sustentando sua inconstitucionalidade em virtude do sistema acusatório. Assim, ainda que a parte desista pode o juiz entender necessária a oitiva daquela testemunha, chamadas testemunhas do juízo. Além do mais, é possível que ouça testemunhas não arroladas, as chamadas extranumerárias; 3. E. ALTERNATIVA A: INCORRETA Súmula 330 do STJ. ALTERNATIVA B: INCORRETA A citação é ato essencial à autodefesa e à apresentação de resposta à acusação por advogado garante apenas a defesa técnica. Assim, eventual resposta à acusação por advogado constituído não supre a necessidade de citação pessoal. ALTERNATIVA C: INCORRETA O art. 359 do CPP não dispensa a notificação ao próprio acusado. ALTERNATIVA D: INCORRETA O esgotamento deve abranger todos os endereços constantes dos autos, inclusive os constantes do IP. STJ – RHC 93.509/MG ALTERNATIVA E: CORRETA Informativo 736 do STF. HC 116.653. 4. A. ITEM I: CORRETO Em relação aos crimes contra a propriedade imaterial que deixam vestígios, prevê o Código de Processo Penal a necessidade de realização de exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito e que o respectivo laudo deverá instruir a ação penal. RHC 27.694/RS. ITEM II: INCORRETO Não há previsão de prazo para a resposta à acusação no procedimento sumário. Deve ser aplicada a regra do procedimento ordinário (art. 396 do CPP), com prazo de 10 dias para a resposta à acusação. ITEM III: INCORRETO Não há necessidade de transcrição (art. 405, § 1º, do CPP). ITEM IV: CORRETO CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 71 Art. 514 do CPP. O esgotamento deve abranger todos os endereços constantes dos autos, inclusive os constantes do IP. STJ – RHC 93.509/MG 5. C. ALTERNATIVA A: INCORRETA Vide art. 385 do CPP: Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. ALTERNATIVA B: INCORRETA O juiz, neste caso, aplicou o instituto da emendatio libelli, nos termos do art. 383 do CPP, sendo plenamente viável sentenciar reconhecendo a referida situação jurídica mais grave, uma vez que foi relatada na inicial: Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). ALTERNATIVA C: CORRETA A expedição da carta precatória não suspende a instrução criminal, nos termos do art. 222, § 1º, do CPP: Art. 222. A testemunha quemorar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes. § 1º A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal. ALTERNATIVA D: INCORRETA Trata-se do procedimento comum ordinário, nos termos do art. 394, § 1º, I, do CPP: Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). § 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). ALTERNATIVA E: INCORRETA Vide explicação do item C. 6. C (A) INCORRETA I - Na linha da jurisprudência desta Corte Superior e do col. STF, acerca da decisão de recebimento da peça acusatória, "[...] o exame da admissibilidade da denúncia se CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 72 limita à existência de substrato probatório mínimo e à validade formal da inicial acusatória" (Inq n. 3.113/DF, Primeira Turma, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 6/2/2015). II - Dessarte, por se tratar de decisão interlocutória simples, o recebimento da denúncia prescinde de exaustiva fundamentação. (STJ - RHC: 63562 ES 2015/0215095-4, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 19/11/2015, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/12/2015) (B) INCORRETA I - Na linha da jurisprudência desta Corte Superior e do col. STF, acerca da decisão de recebimento da peça acusatória, "[...] o exame da admissibilidade da denúncia se limita à existência de substrato probatório mínimo e à validade formal da inicial acusatória" (Inq n. 3.113/DF, Primeira Turma, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 6/2/2015). II - Dessarte, por se tratar de decisão interlocutória simples, o recebimento da denúncia prescinde de exaustiva fundamentação. (STJ - RHC: 63562 ES 2015/0215095-4, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 19/11/2015, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/12/2015) (C) CORRETA No momento do recebimento da denúncia o standard probatório [é] menos rigoroso" (STF, Inq 4.657, Rel. Ministro GILMAR MENDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 14/08/2018, DJe 11/10/2018) - o que categoricamente impede, mormente nesta análise de cognição sumária, sobrepor-se à jurisdição de primeiro grau e, em substituição ao juízo competente para a instrução e julgamento do feito, reconhecer prontamente a ausência de elementos de autoria. 8. Pedido parcialmente conhecido e, nessa extensão, ordem de habeas corpus denegada. (STJ - HC: 617542 MG 2020/0262083-4, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 22/03/2022, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 28/03/2022) (D) INCORRETA CF, Art. 93. X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; (E) INCORRETA Dentro deste diapasão, necessário mencionar que a fundamentação a ser empregada quando do recebimento da denúncia e da sua posterior ratificação deve ser realizada de modo suscinto, não induzindo a um prejulgamento da demanda, mormente pela impossibilidade, neste momento processual, de análise meritória. (STJ - HC: 386441 CE 2017/0016194-4, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Publicação: DJ 03/02/2017) 7. C (A) INCORRETA. CPP, Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 73 ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como os esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. (B) INCORRETA. CPP, Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. (C) CORRETA. CPP, Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 (oito) pela defesa. § 1º Nesse número não se compreendem as que não prestem compromisso e as referidas. (D) INCORRETA. Não é necessária a concordância da parte contrária (princípio da comunhão da prova). CPP, Art. 401. (...) § 2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 deste Código. Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. (E) INCORRETA. CPP, Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.