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PROFA. ANGELA TRINDADE Tópicos 2 São fármacos que interferem na disponibilidade de precursores normais de nucleotídeos de purinas (guanina e adenina) ou pirimidinas (citosina, timina, uracila) inibem a síntese de nucleotídeos competem com eles na síntese de DNA ou RNA Análogos do ácido fólico Análogos das purinas Análogos das pirimidinas 3. Antimetabólitos 3 Atuam principalmente na fase S do ciclo celular (fármacos ciclo-celular específicos). 4 Análogos do Ácido Fólico Metotrexato (MTX), pemetrexede e pralatrexato N N N N NH2 NH2 N CH3 O N COOH COOH H Metotrexato PemetrexedePralatrexato Fármacos antagonistas do ácido fólico, ou antifolatos 5 • Ácido fólico: papel central em uma variedade de reações metabólicas envolvendo a transferência de unidades de um carbono e é essencial para a multiplicação celular • Obtido de fontes da dieta ou produzido pela flora intestinal Usos: MTX: Associado a outros fármacos: leucemia linfocítica aguda, o linfoma de Burkitt em crianças, o câncer de mama, o câncer de bexiga e os carcinomas de cabeça e pescoço Certas doenças inflamatórias (psoríase grave, artrite reumatoide, doença de Crohn): fármaco único, doses baixas Todos os pacientes que recebem MTX exigem monitoração cuidadosa quanto aos possíveis efeitos tóxicos Pralatrexato: linfoma de células T (recaídas ou refratárias a outros fármacos) Pemetrexede: câncer pulmonar de células não pequenas 6 Bula do Metotrexato: Neoplasias trofoblásticas gestacionais (coriocarcinoma uterino corioadenoma destruens e mola hidatiforme) Leucemias linfocíticas agudas Câncer pulmonar de células pequenas Câncer de cabeça e pescoço (carcinoma de células escamosas) Cânder de mama Osteossarcoma Tratamento e profilaxia de linfoma ou leucemia meníngea Terapia paliativa de tumores sólidos inoperáveis Linfomas não-Hodgkin e linfoma de Burkitt Psoríase grave Mecanismo de ação: São antagonistas do ácido fólico, inibindo a enzima di- hidrofolato redutase (DHFR), que converte o ácido fólico na sua forma de coenzima ativa, o ácido tetra-hidrofólico (FH4) Pemetrexede: além de inibir a DHFR, também inibe a timidilato sintetase e outras enzimas envolvidas no metabolismo do folato e na síntese de DNA Reversão da inibição da DHFR: somente por um excesso de mil vezes do substrato natural, o di-hidrofolato (FH2), ou pela administração de ácido folínico (ultrapassa a etapa da enzima bloqueada e restabelece o estoque de folato) O ácido folínico é a forma do FH4 contendo o grupo N5-formil 7 Mecanismo de ação do metotrexato: N N N N NH2 OH N H O N COOH COOH H R ácido fólico di-hidrofolato redutase N N N N OH NH2 H N R H ácido di-hidrofólico METOTREXATO di-hidrofolato redutase N N N N H OH NH2 H N R H ácido tetra-hidrofólico N N N N H OH NH2 H N R CHO ácido tetra-hidrofólico formilado O ácido tetra-hidrofólico formilado fornece os C2 e C8 do anel das purinas (A,G) e o C metílico da timina. N N N N H N H N OH O CH3 2 8 ácido folínico 8 Farmacocinética: MTX: Absorção: VO: variável Vias intramuscular (IM), intravenosa (IV) e intratecal (IT) Distribuição: Concentrações elevadas são encontradas no epitélio intestinal, no fígado e nos rins, nas efusões ascite e pleural; também se distribui para a pele. Não atravessa a BHE facilmente; pode ser administrado por via intratecal (alvo: células neoplásicas no SNC) Metabolismo: Doses altas: hidroxilação na posição 7 7-hidroximetotrexato (muito menos ativo; pode causar cristalúria) Importante manter a urina alcalina e o paciente bem hidratado (↓ toxicidade renal) Excreção: MTX e metabólito 7-OH: principalmente na urina; fezes (excreção êntero-hepática); T1/2: 3-10 h (doses baixas); 8-15 h (altas doses) 9 Efeitos adversos: MTX: Náuseas, vômitos, diarreia, estomatite, urticária, alopecia, mielossupressão Via intratecal: toxicidade neurológica Dose alta: lesão renal Pralatrexato: Mucosite: dependendo da gravidade, as doses devem ser ajustadas ou suspensas Exige suplementação com ácido fólico e vitamina B12 Pemetrexede: Deve ser administrado com ácido fólico e vitamina B12 para diminuir a toxicidade hematológica e GI Recomendação: pré-tratar com corticosteroides para prevenir reações cutâneas 10 Resistência: Aumento dos níveis da DHFR amplificação do gene que codifica a DHFR Afinidade diminuída da enzima pelo MTX Diminuição no influxo de MTX alteração no transporte mediado por carregador responsável pelo bombeamento do fármaco para dentro da célula Células que não estão proliferando são resistentes ao MTX Provavelmente devido à falta relativa de DHFR, timidilato sintetase e/ou enzima glutamilante 11 12 Análogos das purinas (A, G) FLUDARABINA CLADRIBINA 6-Mercaptopurina e Tioguanina 6-Mercaptopurina (6-MP): análogo da hipoxantina 6-tioguanina (6-TG): análogo da guanina Primeiros análogos de purinas que se mostraram eficazes no combate às doenças neoplásicas 13 Usos 6-MP: usada principalmente na manutenção da remissão da leucemia linfoblástica aguda 6-MP e seu análogo azatioprina: tratamento da doença de Crohn 6-TG: tratamento de leucemias não linfocíticas 14 Mecanismo de ação: a. Formação de falso nucleotídeo: 6-MP e 6-TG entram na célula-alvo Conversão dos fármacos nos respectivos análogos nucleotídicos [enzima hipoxantina- guanina fosforribosil-transferase (HGPRT)]: 6-MP → ácido 6-tioinosínico ou TIMP 6-TG → ácido 6-tioguanílico 15 b. Inibição da síntese de purina: Inibição de processos metabólicos envolvendo a biossíntese de purinas TIMP pode inibir a primeira etapa da biossíntese de novo do anel purina (catalisado pela glutamina fosforribosil pirofosfato amidotransferase) e a formação de monofosfato de adenosina e de ácido xantinúrico a partir do ácido inosínico 16 Biossíntese dos nucleotídes de purinas e locais inibidos pelo TIMP Lemke, Thomas L.; Williams, David A.; Roche, Victoria F.; Zito, S. William; Zito, S. William. Foye's Principles of Medicinal Chemistry. Lippincot (Wolters Kluwer Health). 17 c. Incorporação em ácidos nucleicos: Os ácidos 6-tioguanílico e 6-tioinosínico (falsos nucleotídeos) são convertidos nos derivados di e trifosfatos, podendo ser incorporados no RNA Após conversão nos respectivos análogos desoxirribonucleotídeos, podem ser incorporados ao DNA Resultado: RNA e DNA não funcionais apoptose 18 Farmacocinética: Absorção oral: errática e incompleta Amplamente distribuídos, exceto para o LCS Biodisponibilidade pode ser reduzida por biotransformação de primeira passagem Fígado: 6-MP → metabólitos inativos: 6-Metilmercaptopurina Ácido tioúrico, formado pela xantinoxidase Interação medicamentosa com alopurinol (inibidor da xantinoxidase) ↑ os níveis de 6-MP ↑ da toxicidade → Necessidade de redução da dose ou utilizar outro medicamento (ex: TG) Excreção: renal (fármacos e seus metabólitos) Metabólitos inativos Metabólito inativo 19 Resistência: Baixos níveis de HGPRT: incapacidade de biotransformar os fármacos nos nucleotídeos correspondentes Aumento da desfosforilação dos falsos nucletídeos Aumento da biotransformação dos fármacos (ácido tioúrico e outros metabólitos) 20 Fludarabina Fludarabina (5′-fosfato do arabinosídeo 2-fluoroadenina) Usos: Leucemia linfocítica crônica, leucemia de células pilosas e linfoma indolente não Hodgkin Mecanismo de ação: Pró-fármaco: o fosfato é removido no plasma para formar o 2-F-araA, que é captado pelas células e novamente fosforilado (inicialmente pela desoxicitidina cinase) Trifosfato de fludarabina Mecanismo citotóxico exato seja incerto: trifosfato é incorporado ao DNA e ao RNA, diminuindo suas sínteses na fase S e afetando suasfunções 21 Farmacocinética: Administrada por via IV (via oral: bactérias intestinais quebram o açúcar, formando o metabólito tóxico fluoroadenina) Resistência: Diminuição da captação pelas células Falta da desoxicitidina cinase Diminuição da afinidade da DNA-polimerase Fludarabina 22 Cladribina Cladribina ou 2-clorodesoxiadenosina Usos: Leucemia de célula pilosa, leucemia linfocítica crônica e linfoma não Hodgkin Mecanismo de ação: Sofre reações similares às da fludarabina e precisa ser convertida em um nucleotídeo para ser citotóxico Incorpora-se na terminação 3′ do DNA e inibe seu alongamento Afeta a reparação do DNA Inibidor potente da ribonucleotídeo redutase 23 Farmacocinética: Administrado em infusão contínua única Distribui-se bem pelo organismo, incluindo o LCS Resistência: Provocada pelos mecanismos análogos aos que afetam a fludarabina, embora não tenha sido observada resistência cruzada Cladribina 24 25 Análogos das pirimidinas (C, T, U) 26 5-Fluorouracila 5-Fluoruracila (5-FU): átomo de flúor na posição 5 do anel da uracila Usos: Tumores sólidos de crescimento lento Carcinomas colorretal, mamário, ovariano, pancreático e gástrico Carcinomas de célula basal superficial (via tópica) 27 Mecanismo de ação: Entra na célula alvo por um sistema de transporte mediado por carregador Pró-fármaco: é convertida ao desoxinucleotídeo correspondente (monofosfato de 5- fluorodesoxiuridina [5-FdUMP]) 5-FdUMP (falso substrato): inibe a enzima timidilato sintase por competição com monofosfato de desoxiuridina (ácido desoxiuridílico) Inibe a síntese do ácido timidílico e priva a célula de timidina, um dos precursores essenciais da síntese de DNA Síntese de DNA diminui por falta de timidina → crescimento celular desequilibrado → morte por falta de timidina das células em divisão rápida 5-FU também é incorporada ao RNA e níveis baixos foram detectados no DNA Uma glicosilase retira a 5-FU, lesando o DNA Importante: Requer coadministração com ácido folínico: folato reduzido é necessário na inibição da timidilato sintase (cofator). Exemplo: câncer colorretal avançado → irinotecano + 5-FU/ácido folínico 28 Mecanismo de ação da 5- fluorouracila Ativação da 5-fluorouracila 29 Farmacocinética: Administração: via tópica (câncer de pele); via IV (grave toxicidade ao TGI) Distribuição: Penetra bem em todos os tecidos, incluindo o SNC Biotransformação: Rapidamente biotransformada no fígado, nos pulmões e nos rins A dose de 5-FU precisa ser ajustada no caso de insuficiência hepática Di-hidropirimidina desidrogenase (DPD): Altos níveis de DPD: a taxa de catabolismo do 5-FU, sua biodisponibilidade Deficiência de DPD: sua biodisponibilidade toxicidade grave, manifestada por pancitopenia, mucosite e diarreia Conhecimento da atividade da DPD do paciente: permite ajuste da dose de 5-FU Eventualmente, é convertida a fluoro-β-alanina, que é eliminada na urina Resistência: Perda da capacidade de converter a 5-FU na sua forma ativa (5-FdUMP) Aumento dos níveis de timidilato sintase 30 Citarabina Citarabina (citosina arabinosídeo ou ara-C) Usos: Leucemia não linfocítica (mielogênica) aguda (AML) Mecanismo de ação: Entra na célula por processo mediado por transportadores É fosforilada sequencialmente pela desoxicitidina cinase e outros nucleotídeos cinases trifosfato de citocina arabinosídeo ou ara-CTP (falso nucleotídeo) Ara-CTP: inibidor eficaz da DNA-polimerase Ara-CTP: incorporado ao DNA e pode terminar o alongamento da cadeia 31 https://www.researchgate.net/figure/Ara-C-metabolism-Ara-C-Cytarabine-Ara-CDP-Ara-C-diphosphate-Ara-CMP- Ara-C_fig1_230739744 32 Farmacocinética: Não é eficaz por via oral: desaminação para uracil-arabinosídeo (ara-U, não citotóxico) pela citidina desaminase na mucosa intestinal e no fígado Administrada por via IV ou intratecal (IT) Distribuição: Por todo o organismo, mas não penetra no SNC em quantidade suficiente Ação no SNC injetada intratecalmente Preparação lipossomal liberação lenta no LCS Biotransformação: Desaminação oxidativa extensa no organismo para ara-U (metabólito inativo) Excreção: Citarabina e ara-U urina Resistência: Defeito no processo de transporte Alteração na atividade das enzimas fosforiladoras (especialmente a desoxicitidina cinase) Aumento na reserva do nucleotídeo dCTP natural Aumento da desaminação da citarabina a ara-U 33 Capecitabina Carbamato fluoropirimidina. Usos: Câncer colorretal e de mama metastático Mecanismo de ação: Capecitabina sofre uma série de reações enzimáticas, sendo a última a hidrólise a 5-FU Essa etapa é catalisada pela timidina fosforilase, uma enzima concentrada principalmente nos tumores Atividade citotóxica maior no tumor Farmacocinética: Bem absorvida após administração oral Extensamente biotransformada a 5-FU e eventualmente em fluoro-β-alanina Excreção: principalmente renal (metabólitos) 34 Azacitidina Nucleosídeo pirimidínico análogo da citidina Usos: síndromes mielodisplásticas e leucemia não linfocítica (mielogênica) aguda AML Mecanismo de ação: Ativada ao nucleotídeo trifosfato de azacitidina e incorporada no RNA, inibindo seu processamento e sua função 35 Gencitabina Análogo do nucleosídeo desoxicitidina Usos: câncer de pâncreas e câncer pulmonar de células não pequenas Mecanismo de ação: Convertido a trifosfato de 2′-difluorodesoxicitidina pela desoxicitidina cinase (compete pela enzina e forma um falso nucleotídeo) inibição da síntese de DNA 36 Farmacocinética: Usada por via IV É desaminada à difluorodesoxiuridina, que não é citotóxica Excretada na urina Resistência: Alteração na desoxicitidina cinase Aumento dos níveis de desoxicitidinas endógenas que competem pela cinase, superando o bloqueio (competição pela enzima) 37 Hidroxiuréia Usos: Melanoma, leucemia mielocítica crônica resistente e carcinoma metastático recorrente ou inoperável do ovário, anemia falciforme Mecanismo de ação: Inibe a síntese de DNA através da inibição da enzima difosfato ribonucleosídeo redutase NH2 C NH OH O Hidroxiuréia 38 Mobile User Mobile User 39 40 Ação citotóxica principalmente às suas interações com DNA, levando à desorganização da sua função Além de se intercalar no DNA, as propriedades de inibir topoisomerases (I e II) e produzir radicais livres também têm participação significativa no efeito citotóxico 4. Antibióticos antitumorais 41 Ciclo-celular inespecíficos Exceção: bleomicina 42 43 Antraciclinas Doxorrubicina, daunorrubicina, idarrubicina, epirrubicina e mitoxantrona Usos: As aplicações desses fármacos diferem, apesar das similaridades de estrutura e aparentemente do mecanismo de ação Doxorrubicina: Em combinação com outros fármacos para o tratamento de sarcomas e uma variedade de carcinomas, incluindo de mama e de pulmão, leucemia linfocítica aguda e linfomas Daunorrubicina e idarrubicina: leucemias agudas Mitoxantrona: câncer de próstata 44 Mobile User Mecanismo de ação: Citotoxicidade por vários mecanismos diferentes Formação de radicais livres: radicais livres derivados da doxorrubicina podem causar peroxidação dos lipídeos de membrana, ruptura das fitas de DNA e oxidação direta de bases púricas e pirimídicas, tióis e aminas 45 Mobile User 46 Bloqueio da topoisomerase II: “envenenamento” da topoisomerase TopIIa, através da estabilização do complexo enzima-fármaco-DNA, levando à quebra do DNA. Isso permite que o DNA seja cortado e permaneça covalentemente ligado ao resíduo de tirosina da topoisomerase, impedindo a reação de religação dos resíduos de DNA. 47 Mobile User Intercalação no DNA: interagem com as bases nitrogenadas no DNA (especialmente por interações hidrofóbicasentre os anéis), desestabilizam as fitas e inibem a DNA polimerase 48 Mobile User Farmacocinética: Administração: via IV (todos são inativados no TGI) Cuidado na aplicação IV: extravasamento pode causar necrose tissular Amplamente distribuídos: se ligam às proteínas plasmáticas, bem como a outros componentes tissulares; não penetram a barreira hematoencefálica nem nos testículos Sofrem extensa biotransformação hepática Ajustar a dosagem em pacientes com função hepática insuficiente Eliminação: via biliar Alguma excreção renal Antraciclinas: coloração vermelho-escuro → as veias podem se tornar visíveis ao redor do local de infusão; urina também pode corar de vermelho 49 Efeitos adversos: Mais grave: cardiotoxicidade dose-dependente e irreversível Resultante da geração de radicais livres e da peroxidação de lipídeos Mais comum com a daunorrubicina e doxorrubicina do que com a idarrubicina e epirrubicina Protocolos com doxorrubicina ou epirrubicina + trastuzumabe: aumenta a insuficiência cardíaca congestiva Quelante de ferro dexrazona pode proteger contra a cardiotoxicidade Doxorrubicina em lipossomos: menos cardiotóxica Doxorrubicina é um dos mais importantes e mais usados fármacos anticâncer 50 51 Bleomicina Mistura de antibióticos glicopeptídicos É ciclo-celular específica e faz as células se acumularem na fase G2 Diferente dos demais antimicrobianos antineoplásicos Usos: Câncer nos testículos e de linfomas de Hodgkin Mobile User Mobile User Mecanismo de ação: Forma-se um complexo DNA-bleomicina-Fe2+ Complexo DNA-bleomicina-Fe2+ oxidação à DNA- bleomicina-Fe3+ Elétrons liberados reagem com o oxigênio formam radicais superóxido ou hidroxilas atacam as ligações fosfodiéster do DNA quebra das fitas + aberrações cromossômicas 52 Mobile User Farmacocinética: Administrada por várias vias Biotransformação: enzima inativadora de bleomicina (uma hidrolase) Elevada em vários tecidos, como fígado e baço Baixa nos pulmões e ausente na pele: responsável pela toxicidade da bleomicina nesses tecidos Excreção: maior parte do fármaco é excretada, inalterada, na urina Necessário ajuste da dose em pacientes com insuficiência renal 53 Efeitos adversos: Comuns: reações mucocutâneas, alopecia, alterações hipertróficas da pele e hiperpigmentação das mãos Elevada incidência de febre e calafrios Baixa incidência de reações anafiláticas graves Raro: mielossupressão Grave: toxicidade pulmonar, evoluindo de estertores, tosse e infiltrados até fibrose potencialmente fatal “pulmão bleomicina” Resistência: Mecanismo de resistência não elucidado Aumento dos níveis de bleomicina hidrolase (ou desaminase), de glutationa-S- transferase e, possivelmente, o aumento do efluxo da bleomicina Reparação do DNA 54 Mobile User 55 Mitomicina C Antibiótico isolado de Streptomyces caespitosus Mecanismo de ação: alquilação do DNA Usos: Câncer biliar; câncer de cabeça; câncer de mama; câncer de cólon; câncer de pâncreas; câncer de pulmão N O O NH2 CH3 CH2 O C NH2 NH O OCH3 Mitomicina C N O O NH2 CH3 O NH2 NH O OCH3 Mitomicina C [H] enzima N O O NH2 CH3 O NH2 NH O OCH3 N OH OH NH2 CH3 O NH2 NH O OCH3 - CH OH3 N OH OH NH2 CH3 O NH2 NH O DNA N OH OH NH2 CH3 NH2 DNA N O O NH2 CH3 NH2 DNA 2 H+ e- enzima O 2 - HO 2 Mecanismo de ação da Mitomicina C 56 Algumas substâncias (derivadas de plantas) desorganizam o processo da mitose, afetando o equilíbrio entre as formas polimerizadas e despolimerizadas dos microtúbulos e causando citotoxicidade → úteis como fármacos antineoplásicos 5. Inibidores de Mitose 57 Fármacos ciclo-celular específicos e fase- específicos, pois bloqueiam a mitose na metáfase (final da fase G2 e fase M) Microtúbulos: são parte do esqueleto intracelular (citoesqueleto), essencial para o movimento de estruturas presentes no citoplasma de todas as células eucarióticas Formados por um processo de polimerização de proteínas tubulina (a e b) Fuso mitótico: cromatina + sistema de microtúbulos partição e carreamento do DNA para as duas células filhas, durante a divisão celular https://www.youtube.com/watch?v=gYIAFXlfEw8 58 59 60 61 Alcalóides da Vinca Vincristina, vimblastina e vinorelbina Catharanthus roseus (vinca) (menos neurotóxico)Nome comercial: Oncovin Vincristina (VX) Mecanismo de ação: Ligam-se à proteína microtubular, a tubulina (dímero), e bloqueiam a polimerização da tubulina para formar microtúbulos Formam-se aglutinados paracristalinos consistindo de dímeros de tubulina e alcaloide Fuso formado não é funcional, paralisa na metáfase e impede a separação dos cromossomos e a proliferação celular 63 Farmacocinética: Administrados por injeção IV: efeitos citotóxicos rápidos e destruição celular Isso, por sua vez, pode causar hiperuricemia, devido à oxidação de purinas liberadas das moléculas de DNA fragmentadas Se concentram e são biotransformados no fígado pela via CYP450 Eliminados na bile e nas fezes As dosagens precisam ser ajustadas em pacientes com função hepática comprometida ou obstrução biliar Efeitos adversos: VX e a VBL: flebites e celulites (fármaco extravasa durante a injeção), náusea, vômito, diarreia e alopecia VX: neuropatia periférica (parestesias, perda de reflexos, falta de tônus para manter o pé na posição e ataxia), constipação VBL: mielossupressora mais potente do que a VX Não devem ser administrados por via intratecal (pode resultar em morte do paciente) 64 65 Taxanos Paclitaxel e docetaxel Taxus brevifolia (teixo do Pacífico) mais potente Alguns usos: Abraxano: paclitaxel ligado a albumina (nanopartículas) Paclitaxel (taxol) Mecanismo de ação: Ligam-se à b-tubulina dos microtúbulos, estabilizando o polímero e levando ao acúmulo de microtúbulos Os microtúbulos formados, excessivamente estáveis, não são funcionais, e não ocorre desagregação dos cromossomos Isso resulta na morte da célula 67 Farmacocinética: Via IV Sofrem biotransformação hepática pelo sistema CYP450 Dose deve ser ajustada em pacientes com disfunção hepática Excretados pelo sistema biliar Efeitos adversos: Alopecia (vômito e diarreia são incomuns) Neutropenia Reações de hipersensibilidade, que podem ser graves (dispneia, urticária e hipotensão) Pacientes que devem ser tratados com paclitaxel são pré-medicados com dexametasona e difenidramina, bem como com um bloqueador H2 68 Abraxano: Paclitaxel ligado a albumina (nanopartículas) Aumenta a absorção e a biodisponibilidade de paclitaxel no tumor e reduz reações de hipersensibilidade e outras toxicidades associadas ao paclitaxel 69 6. Inibidores da Topoisomerase 70 São fármacos específicos da fase S Estes fármacos (produtos naturais) exercem seu mecanismo de ação via inibição das enzimas topoisomerases Topoisomerase: Enzimas que aliviam a tensão torsional no DNA, reduzindo o superespiralamento durante a separação da dupla fita para replicação, causando quebras reversíveis de fitas simples 71 72 Camptotecinas Irinotecano e topotecano Camptotecinas são alcaloides isolados da árvore chinesa Camptotheca Irinotecano e topotecano são derivados semissintéticos da camptotecina Usos: Topotecano: câncer de ovário metastático e câncer das células pulmonares pequenas Irinotecano: carcinoma retal ou de colo, com 5-FU e ácido folínico camptotecina Topotecano Irinotecano Mecanismo de ação: Inibem a topoisomerase I, essencial para a replicação do DNA em células humanas O metabólito ativo do irinotecano (SN-38) é cerca de mil vezes mais potente do que o irinotecano como inibidor da topoisomerase I Farmacocinética: Topotecano: Via IV Ação curta (T1/2 de 3,5-4,1 h) Excreção:rins (fármacos inalterados e metabólitos) Irinotecano: Metabolizado no fígado por carboxilesterases; metabólito ativo SN-38, com meia vida maior que topotecano 73 Metabolismo da irinotecana: O pró-fármaco irinotecana é metabolizado inicialmente por uma esterase sérica (CES2) ao inibidor da topoisomerase SN-38, um análogo ativo da camptotecina que retarda o crescimento tumoral. Em seguida, o SN-38 sofre glicuronidação, que acarreta a perda da atividade biológica e facilita sua eliminação na bile. 74 Alvos celulares do SN-38 no sangue e nos tecidos intestinais. SN-38 pode causar efeitos tóxicos na medula óssea, inclusive leucopenia e neutropenia, além de lesão do epitélio intestinal. Esses efeitos tóxicos são acentuados nos indivíduos com capacidade reduzida de formar glicuronídeo de SN-38, inclusive pacientes com síndrome de Gilbert. Efeitos adversos: Supressão da medula óssea, particularmente neutropenia Contagens sanguíneas frequentes devem ser feitas em pacientes que recebem esses fármacos Diarreia aguda e tardia pode ser grave e exigir tratamento com atropina, durante a infusão, ou doses altas de loperamida, nos dias seguintes à infusão 75 76 Derivados de podofilotoxina Etoposídeo Derivado semissintético do alcaloide vegetal podofilotoxina. Usos: câncer pulmonar e no carcinoma testicular, em combinação com bleomicina e cisplatina Podophyllum peltatum Podofilotoxina Etoposídeo Mecanismo de ação: Alvo principal: enzima topoisomerase II O fármaco se liga ao complexo enzima-DNA e resulta na persistência da forma transitória e hidrolisável do complexo, tornando-o suscetível a quebras irreversíveis da fita dupla do DNA Farmacocinética: Absorção VO variável; usado via IV Penetra pouco no SNC (até 10% da conc plasmática) Metabolismo parcial (~ 60%) T1/2: 6-8 h (função renal normal) Corrigir dose em caso de insuficiência renal Efeitos adversos: mielossupressão (fundamentalmente leucopenia) 77 78 79 • LAPLANT, K.; LOUZON, P. Anticâncer. In: WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia Ilustrada. 6ª . ed. Porto Alegre: Artmed. Cap. 46, p. 587-617, 2016. • RITTER et al., Rang e Dale Farmacologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: GEN Grupo Editorial Nacional. Cap. 57, p. 716-732. 2020. • CHU, E.; SARTORELLI, A. C. Quimioterapia do câncer. In: In: KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia Básica e Clínica. 13ª ed. Porto Alegre: AMGH, cap. 54, p. 918-945, 2017. • ROCHE, V. F. Cancer and chemotherapy. In: LEMKE, T. L.; WILLIAMS, D. A.; ROCHE, V. F.; ZITO, S. W. Foye's Principles of Medicinal Chemistry. 7th ed. Lippincot (Wolters Kluwer Health). 2013. Edição do Kindle. • https://saude.gov.br/saude-de-a-z/ • https://www.drugbank.ca/drugs Bibliografia 80 Slide 1: Quimioterapia Antineoplásica 3 Slide 2: Tópicos Slide 3: 3. Antimetabólitos Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41: 4. Antibióticos antitumorais Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47 Slide 48 Slide 49 Slide 50 Slide 51 Slide 52 Slide 53 Slide 54 Slide 55 Slide 56 Slide 57: 5. Inibidores de Mitose Slide 58 Slide 59 Slide 60 Slide 61 Slide 62 Slide 63 Slide 64 Slide 65 Slide 66 Slide 67 Slide 68 Slide 69 Slide 70: 6. Inibidores da Topoisomerase Slide 71 Slide 72 Slide 73 Slide 74 Slide 75 Slide 76 Slide 77 Slide 78 Slide 79 Slide 80: Bibliografia