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441 C a p ít u lo 1 7 • S u ce ss ã o e co ló g ic a e p ri n ci p a is b io m a s d o m u n d o Seção 17.5 As plantas do manguezal têm elevado potencial osmótico em suas células, graças às soluções al- tamente concentradas presentes em seus vacúolos celulares. Trata-se de uma adaptação fisiológica relacionada à absorção de água pelas raízes. Graças ao potencial osmótico elevado, essas plantas têm alto poder de sucção celular, necessária para retirar, por osmose, água do solo salgado. Nos manguezais vivem diversas espécies de caranguejos e moluscos. Também são encontra- das aves aquáticas, entre as quais garças e diversas espécies de pássaros. Manguezais são regiões altamente produtivas e economicamente importantes para as popu- lações caiçaras que vivem em suas proximidades. A alta disponibilidade de nutrientes minerais e de matéria orgânica faz do mangue uma fonte de alimento para diversas espécies marinhas e para a espécie humana. Grande número de peixes, moluscos e crustáceos, além de aves, obtém alimento, direta ou indiretamente, dos manguezais. (Fig. 17.29) Figura 17.29 Animal típico do mangue: caranguejo-chama-maré. Ecossistemas aquáticos 1 Ecossistemas de água doce Uma característica importante que distingue os dois tipos de ecossis- temas de água doce é se a água é parada, como ocorre nos lagos, lagoas e charcos, ou se está em movimento, como nos rios, riachos e corredeiras. Lagos, lagoas e charcos geralmente apresentam maior biodiversidade que os ecossistemas de águas em movimento. Nas águas paradas, os pro- dutores são organismos fotossintetizantes representados tanto por plan- tas que vivem parcial ou totalmente submersas quanto pelo fitoplâncton, ou plâncton fotossintetizante, constituído por uma infinidade de seres microscópicos como algas verdes, cianobactérias e diatomáceas, que flutuam próximo à superfície. O fitoplâncton serve de alimento ao zooplâncton, ou plâncton não fotos- sintetizante, formado por microcrustáceos, protozoários e larvas de diver- sos organismos. Os habitantes de maior porte dos ecossistemas de águas paradas são os peixes. Os maiores ecossistemas lacustres do mundo são o Lago Baikal, localizado na Sibéria, e o Lago Tanganica, na África. Objetivo❱❱❱❱ Caracterizar os CCCCCCC principais ecossistemas aquáticos e conceituar: plâncton, bentos e nécton. Termos e conceitos❱❱❱❱ domínio bentônico• domínio pelágico• região batial• região abissal• região hadal• plâncton• bentos• nécton• Conteúdo digital Moderna PLUS http://www.modernaplus.com.br Animação: Grandes biomas da Terra e do Brasil, veja aba Biomas do Brasil Zona de marés Plataforma continental Zona fótica Zona afótica Domínio bentônico (fundo do mar) Região batial (200-2.000 m) Região abissal (2.000-6.000 m) Região hadal (abaixo de 6.000 m) 0 1.000 5.000 9.000 Pr of un di da de (m ) D om ín io p el ág ic o (200 m) R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Os ecossistemas de águas em movimento são pobres em plâncton. Seus habitantes são principalmente algas fixadas às rochas e também moluscos, insetos e peixes, que dependem de alimento proveniente das margens. (Fig. 17.30) Figura 17.30 Um lago (A) é um ecossistema de águas doces sem correntezas, enquanto um rio (B) é um ecossistema de águas doces em movimento. A B Figura 17.31 Representação esquemática das principais regiões marinhas. (Imagem sem escala, cores-fantasia.) 442 2 Ecossistemas marinhos Os mares e oceanos cobrem mais de 3 __ 4 da superfície terrestre, com profundidades que variam de alguns metros, nas regiões litorâneas, a mais de 11 km, nas zonas mais profundas. Um dos aspectos mais marcantes do ambiente marinho é sua grande estabilidade e homo- geneidade no que se refere à composição química e temperatura. A salinidade dos mares é de cerca de 3,5 g/L de sais, com predominância de cloreto de sódio (NaC). Podem-se distinguir dois grandes domínios marinhos: um relativo ao assoalho, ou seja, ao fundo dos mares, o domínio bentônico, e outro relativo às massas d’água, o domínio pelágico. A luz consegue penetrar na água do mar até a profundidade máxima de 200 m, estabelecendo o que se denomina zona fótica (do grego photos, luz). Abaixo dos 200 m de profundidade não há luz, essa região escura é denominada zona afótica. Na metade superior da zona fótica vive o fitoplâncton marinho, formado por algas fotossinte- tizantes que produzem praticamente todo alimento necessário à manutenção da vida nos mares. Essa zona também é rica em plâncton não fotossintetizante e em grandes cardumes de peixes. A região que se estende dos 200 aos 2.000 m de profundidade é a região batial. Suas águas são frias e pobres em fauna. Os peixes, moluscos e alguns outros animais que aí vivem são sustentados pela matéria orgânica proveniente da superfície. Mais abaixo encontra-se a região abis- sal, que se estende dos 2.000 aos 6.000 m de profundidade. Nela há poucas espécies de organismos, que chamam atenção por suas características exóticas, como peixes bioluminescentes e lulas gigantes. A região mais profunda dos oceanos, abaixo de 6.000 m, é conhecida como região hadal. Sua fauna ainda é pouco conhecida, pelo que se sabe constituída principalmente por esponjas e moluscos. (Fig. 17.31) R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 443 C a p ít u lo 1 7 • S u ce ss ã o e co ló g ic a e p ri n ci p a is b io m a s d o m u n d o Os organismos que habitam os mares podem ser classificados em três grandes grupos: plâncton, bentos e nécton. O plâncton (do grego plankton, errante) é constituído de seres flutuantes. Embora alguns organismos planctônicos sejam capazes de executar movimentos próprios, nadando ativamente, eles não conseguem superar a força das correntes, sendo carregados por elas. O plâncton é subdividido em duas categorias: plâncton fotossintetizante (fitoplâncton) e plâncton não fotossintetizante (zooplâncton). O plâncton fotossintetizante é representado por organismos produtores: algas microscópicas (principalmente diatomáceas e dinoflagelados) e bactérias fotossintetizantes (principalmente proclorófitas). O plâncton não fotossintetizante é representado por organismos consumidores como os foraminíferos (protozoários), crustáceos e cnidários, além de larvas de moluscos, equinodermos, anelídeos e peixes. O bentos (do grego benthos, fundo do mar) é constituído de organismos relacionados ao fundo do mar. Os organismos bentônicos podem ser sésseis, isto é, fixados ao fundo, ou errantes, deslocando-se sobre o fundo. O bentos séssil é representado por algas macroscópicas e por animais como celentera- dos e vermes. O bentos errante, por sua vez, é representado principalmente por crustáceos (camarões, caranguejos e lagostas), equinodermos (ouriços-do-mar, holotúrias e estrelas-do-mar) e também por moluscos (caramujos e polvos). Os animais bentônicos geralmente se alimentam de cadáveres e detritos orgânicos, embora existam representantes carnívoros que caçam ativamente suas presas. O nécton (do grego nektos, apto a nadar) é constituído por organismos que se deslocam ativamente na água e não estão à mercê das correntezas. Fazem parte desse grupo a maioria dos peixes, as baleias, os golfinhos, certos crustáceos (camarões) e alguns moluscos (lulas e sépias). Os peixes herbívoros e as baleias são os consumidores secundários mais importantes da comunidade nectônica. Tubarões, peixes, lulas e outros animais carnívoros estão situados em níveis superiores das cadeias alimentares. (Fig. 17.32) Figura 17.32 Micrografias ao microscópio óptico de fitoplâncton, ou plâncton fotossintetizante (A) e de zooplâncton, ou plâncton não fotossintetizante (B). O bentos é composto de animais relacionadoscom o fundo do mar, como as estrelas-do-mar e as anêmonas (C). O nécton é constituído por animais que se deslocam ativamente na água, dos quais os peixes são os representantes mais típicos (D). Conteúdo digital Moderna PLUS http://www.modernaplus.com.br Texto: Procurando por um refúgio A C B D