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2015_QUEIROZ et al _Composição do gasto público e resultados eleitorais

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Sobre a existência de ciclos políticos sobre instrumentos de políticas orçamentárias devido à facilidade de manipulação em comparação às variáveis macroeconômicas. O governo oportunista tende a demonstrar sua competência ao adotar uma política fiscal expansionista nos períodos anteriores à eleição, que é interpretada de forma positiva pelos eleitores racionais em função da defasagem temporal informacional. Após a eleição, os governantes adotam uma política de austeridade, completando o ciclo político orçamentário (Political Budget Cycles). Drazen (2001) realizou um estudo sobre as pesquisas relacionadas à Teoria dos Ciclos Políticos nos últimos 25 anos, contados a partir do estudo de Nordhaus (1975). Segundo o autor, há um amplo consenso na literatura que as condições econômicas afetam os resultados das eleições nos Estados Unidos, porém, existe uma divergência significativa se a manipulação oportunista pode ser observada em dados macroeconômicos. Segundo o autor, os modelos baseados na manipulação de variáveis fiscais (Political Budget Cycles) são mais consistentes para avaliar os efeitos eleitorais sobre os resultados econômicos. Diversos estudos recentes identificaram a presença de manipulação eleitoral em variáveis fiscais (ALT; LASSEN, 2006; BRENDER; DRAZEN, 2005; GONZALEZ; HINDRIKS; PORTEIRO, 2013; HAAN, 2013; HANUSCH, 2012; ROSE, 2006; SAPORITI; STREB, 2008; SHI; SVENSSON, 2006; STREB; TORRENS, 2013; VERGNE, 2009). Porém, a presença e magnitude dos ciclos dependem de vários fatores condicionantes, tais como: anos de democracia, nível de desenvolvimento econômico e social, qualidade institucional, nível de transparência, regras fiscais, questões político partidárias, entre outras. Haan e Klomp (2013) afirmam que, em função da heterogeneidade das amostras estudadas, as pesquisas que não controlam os fatores condicionantes dos ciclos políticos podem apresentar resultados distorcidos. Brender e Drazen (2003) atribuem a existência de ciclos políticos aos países menos desenvolvidos e às novas democracias, como o Brasil. Isso se deve ao baixo nível de transparência verificado nesses países e a pouca experiência com as eleições. Segundo Brender e Dranzen (2005), um governo só pode ser recompensado nas urnas se conseguir esconder a manipulação e fizer a sociedade acreditar que as boas condições econômicas refletem o sucesso de sua política ou da sua capacidade. Nesse sentido, os eleitores dos países desenvolvidos compreendem os incentivos e as ferramentas de manipulações eleitorais, ou seja, sabem que anos eleitorais são particularmente suspeitos para manipulação e, portanto, conseguem interpretar as informações com a cautela necessária. Nesse sentido, a manipulação fiscal pode funcionar quando os eleitores não têm as informações necessárias para as inferências ou a capacidade de processá-las corretamente. Essa situação reflete a falta de experiência com um sistema eleitoral, a ausência de dados e a incapacidade dos meios de comunicação de encontrar, analisar e divulgar dados relevantes. Essa realidade é mais comum em novas democracias (BRENDER; DRAZEN, 2005). Ressalta-se que a ocorrência de manipulações fiscais não está restrita ao aumento dos gastos totais ou à realização de déficits em períodos eleitorais. Diversas pesquisas (BRENDER; DRAZEN, 2013; DRAZEN; ESLAVA, 2010; KATSIMI; SARANTIDES, 2012; SCHNEIDER, 2010; SJAHRIR; KIS-KATOS; SCHULZE, 2013; VERGNE, 2009) apontam que os ciclos políticos também acontecem na composição da despesa pública. Drazen e Eslava (2005) explicam que a alteração na composição do gasto público objetiva favorecer itens que são altamente visíveis para o eleitorado na expectativa de melhorar seu nível de reputação e aumentar as chances de reeleição. A literatura aponta que a alteração na composição da despesa pública consiste em uma alternativa à realização de déficits no período eleitoral. Katsimi e Sarantides (2012) e Vergne (2009) identificaram um deslocamento do gasto público em direção às despesas correntes, em detrimento das despesas de capital. Porém, Drazen e Eslava (2010) encontraram que os investimentos em infraestrutura, incluindo construção de rodovias e usinas de energia, são expandidos significativamente no período anterior às eleições nos municípios colombianos, uma vez que são atrativos para os eleitores. No âmbito nacional, as pesquisas sobre ciclos políticos são recentes. Destaca-se as pesquisas realizadas por Sakurai (2005, 2009), Sakurai e Menezes Filho (2011) e Carvalho e Oliveira (2009). Sakurai (2005) identificou impulsos positivos na despesa orçamentária em anos eleitorais nos municípios paulistas. Já Sakurai (2009), avaliou a existência de ciclos eleitorais nas funções orçamentárias dos municípios brasileiros entre 1990 e 2005. O autor identificou indícios de distorção em períodos eleitorais nas funções de saúde, saneamento, assistência, previdência, habitação, urbanismo e transportes. Sakurai e Menezes Filho (2011) identificaram aumentos nos gastos totais e correntes e uma redução nos gastos com investimentos nos anos eleitorais nos municípios brasileiros. Carvalho e Oliveira (2009) estudaram as prefeituras do Estado do Rio de Janeiro no período de 1998 a 2006 com o objetivo de identificar comportamentos cíclicos nos gastos públicos e suas relações com o período eleitoral. As evidências apontaram que o calendário eleitoral exerce influência estatisticamente significativa sobre o comportamento dos prefeitos. Impulsos positivos foram identificados nas funções de transporte e legislativa. Além disso, os autores identificaram que os gestores tendem a realizar superávits financeiros em anos anteriores para descarregar esse excesso no ano eleitoral. Peltzman (1992) realizou um estudo pioneiro ao avaliar a relação de manipulação fiscal e resultados eleitorais nos governos estaduais e federal nos Estados Unidos. As evidências apontaram que os eleitores penalizam o crescimento das despesas estaduais e federal em períodos eleitorais. Brender (2003), através de um estudo realizado em Israel no período de 1989 a 1998, mostra como a resposta eleitoral para o déficit mudou drasticamente ao longo do período estudado. O autor descobriu que quando as eleições para prefeitos foram introduzidas em Israel, os eleitores foram inicialmente indiferentes aos déficits da gestão. Porém, nas eleições de 1998, após a implementação de normas de autoria e evidenciação e à expansão dos meios de comunicação, os eleitores passaram a punir os déficits públicos realizados em períodos eleitorais pelos gestores. Brender e Drazen (2008), após a avaliação de 74 países entre 1960 e 2003, encontraram evidências de que os eleitores não recompensam os gestores que realizam desajustes fiscais em anos eleitorais. Percebe-se que as pesquisas (BRENDER, 2003; BRENDER; DRAZEN, 2008; PELTZMAN, 1992) apontam para uma postura de conservadorismo fiscal por parte dos eleitores, ou seja, as evidências apontam que os eleitores tendem a punir os gestores que realizam déficits em períodos eleitorais. Essa postura de conservadorismo fiscal não foi encontrada nas pesquisas nacionais (ARVATE; MENDES; ROCHA, 2010; KLEIN, 2010; NAKAGUMA; BENDER, 2010; SAKURAI; MENEZES FILHO, 2008), uma vez que as evidências apontaram que, de modo geral, os gestores que expandiram o nível de gastos públicos em períodos eleitorais aumentaram sua probabilidade de reeleição. Ress

De todas as funções orçamentárias testadas, apenas educação e desporto e lazer apresentaram significância estatística ao nível de 5%. O sinal positivo de ambas revela que acréscimos nessas despesas aumentam a probabilidade de reeleição do partido político do prefeito municipal. O teste Hosmer-Lemeshow revela que os valores previstos pelo modelo não diferem dos observados. A estatística Count R2 revela que 55,33% das previsões realizadas pelo modelo foram corretas.

a) Verdadeiro
b) Falso

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Questões resolvidas

Sobre a existência de ciclos políticos sobre instrumentos de políticas orçamentárias devido à facilidade de manipulação em comparação às variáveis macroeconômicas. O governo oportunista tende a demonstrar sua competência ao adotar uma política fiscal expansionista nos períodos anteriores à eleição, que é interpretada de forma positiva pelos eleitores racionais em função da defasagem temporal informacional. Após a eleição, os governantes adotam uma política de austeridade, completando o ciclo político orçamentário (Political Budget Cycles). Drazen (2001) realizou um estudo sobre as pesquisas relacionadas à Teoria dos Ciclos Políticos nos últimos 25 anos, contados a partir do estudo de Nordhaus (1975). Segundo o autor, há um amplo consenso na literatura que as condições econômicas afetam os resultados das eleições nos Estados Unidos, porém, existe uma divergência significativa se a manipulação oportunista pode ser observada em dados macroeconômicos. Segundo o autor, os modelos baseados na manipulação de variáveis fiscais (Political Budget Cycles) são mais consistentes para avaliar os efeitos eleitorais sobre os resultados econômicos. Diversos estudos recentes identificaram a presença de manipulação eleitoral em variáveis fiscais (ALT; LASSEN, 2006; BRENDER; DRAZEN, 2005; GONZALEZ; HINDRIKS; PORTEIRO, 2013; HAAN, 2013; HANUSCH, 2012; ROSE, 2006; SAPORITI; STREB, 2008; SHI; SVENSSON, 2006; STREB; TORRENS, 2013; VERGNE, 2009). Porém, a presença e magnitude dos ciclos dependem de vários fatores condicionantes, tais como: anos de democracia, nível de desenvolvimento econômico e social, qualidade institucional, nível de transparência, regras fiscais, questões político partidárias, entre outras. Haan e Klomp (2013) afirmam que, em função da heterogeneidade das amostras estudadas, as pesquisas que não controlam os fatores condicionantes dos ciclos políticos podem apresentar resultados distorcidos. Brender e Drazen (2003) atribuem a existência de ciclos políticos aos países menos desenvolvidos e às novas democracias, como o Brasil. Isso se deve ao baixo nível de transparência verificado nesses países e a pouca experiência com as eleições. Segundo Brender e Dranzen (2005), um governo só pode ser recompensado nas urnas se conseguir esconder a manipulação e fizer a sociedade acreditar que as boas condições econômicas refletem o sucesso de sua política ou da sua capacidade. Nesse sentido, os eleitores dos países desenvolvidos compreendem os incentivos e as ferramentas de manipulações eleitorais, ou seja, sabem que anos eleitorais são particularmente suspeitos para manipulação e, portanto, conseguem interpretar as informações com a cautela necessária. Nesse sentido, a manipulação fiscal pode funcionar quando os eleitores não têm as informações necessárias para as inferências ou a capacidade de processá-las corretamente. Essa situação reflete a falta de experiência com um sistema eleitoral, a ausência de dados e a incapacidade dos meios de comunicação de encontrar, analisar e divulgar dados relevantes. Essa realidade é mais comum em novas democracias (BRENDER; DRAZEN, 2005). Ressalta-se que a ocorrência de manipulações fiscais não está restrita ao aumento dos gastos totais ou à realização de déficits em períodos eleitorais. Diversas pesquisas (BRENDER; DRAZEN, 2013; DRAZEN; ESLAVA, 2010; KATSIMI; SARANTIDES, 2012; SCHNEIDER, 2010; SJAHRIR; KIS-KATOS; SCHULZE, 2013; VERGNE, 2009) apontam que os ciclos políticos também acontecem na composição da despesa pública. Drazen e Eslava (2005) explicam que a alteração na composição do gasto público objetiva favorecer itens que são altamente visíveis para o eleitorado na expectativa de melhorar seu nível de reputação e aumentar as chances de reeleição. A literatura aponta que a alteração na composição da despesa pública consiste em uma alternativa à realização de déficits no período eleitoral. Katsimi e Sarantides (2012) e Vergne (2009) identificaram um deslocamento do gasto público em direção às despesas correntes, em detrimento das despesas de capital. Porém, Drazen e Eslava (2010) encontraram que os investimentos em infraestrutura, incluindo construção de rodovias e usinas de energia, são expandidos significativamente no período anterior às eleições nos municípios colombianos, uma vez que são atrativos para os eleitores. No âmbito nacional, as pesquisas sobre ciclos políticos são recentes. Destaca-se as pesquisas realizadas por Sakurai (2005, 2009), Sakurai e Menezes Filho (2011) e Carvalho e Oliveira (2009). Sakurai (2005) identificou impulsos positivos na despesa orçamentária em anos eleitorais nos municípios paulistas. Já Sakurai (2009), avaliou a existência de ciclos eleitorais nas funções orçamentárias dos municípios brasileiros entre 1990 e 2005. O autor identificou indícios de distorção em períodos eleitorais nas funções de saúde, saneamento, assistência, previdência, habitação, urbanismo e transportes. Sakurai e Menezes Filho (2011) identificaram aumentos nos gastos totais e correntes e uma redução nos gastos com investimentos nos anos eleitorais nos municípios brasileiros. Carvalho e Oliveira (2009) estudaram as prefeituras do Estado do Rio de Janeiro no período de 1998 a 2006 com o objetivo de identificar comportamentos cíclicos nos gastos públicos e suas relações com o período eleitoral. As evidências apontaram que o calendário eleitoral exerce influência estatisticamente significativa sobre o comportamento dos prefeitos. Impulsos positivos foram identificados nas funções de transporte e legislativa. Além disso, os autores identificaram que os gestores tendem a realizar superávits financeiros em anos anteriores para descarregar esse excesso no ano eleitoral. Peltzman (1992) realizou um estudo pioneiro ao avaliar a relação de manipulação fiscal e resultados eleitorais nos governos estaduais e federal nos Estados Unidos. As evidências apontaram que os eleitores penalizam o crescimento das despesas estaduais e federal em períodos eleitorais. Brender (2003), através de um estudo realizado em Israel no período de 1989 a 1998, mostra como a resposta eleitoral para o déficit mudou drasticamente ao longo do período estudado. O autor descobriu que quando as eleições para prefeitos foram introduzidas em Israel, os eleitores foram inicialmente indiferentes aos déficits da gestão. Porém, nas eleições de 1998, após a implementação de normas de autoria e evidenciação e à expansão dos meios de comunicação, os eleitores passaram a punir os déficits públicos realizados em períodos eleitorais pelos gestores. Brender e Drazen (2008), após a avaliação de 74 países entre 1960 e 2003, encontraram evidências de que os eleitores não recompensam os gestores que realizam desajustes fiscais em anos eleitorais. Percebe-se que as pesquisas (BRENDER, 2003; BRENDER; DRAZEN, 2008; PELTZMAN, 1992) apontam para uma postura de conservadorismo fiscal por parte dos eleitores, ou seja, as evidências apontam que os eleitores tendem a punir os gestores que realizam déficits em períodos eleitorais. Essa postura de conservadorismo fiscal não foi encontrada nas pesquisas nacionais (ARVATE; MENDES; ROCHA, 2010; KLEIN, 2010; NAKAGUMA; BENDER, 2010; SAKURAI; MENEZES FILHO, 2008), uma vez que as evidências apontaram que, de modo geral, os gestores que expandiram o nível de gastos públicos em períodos eleitorais aumentaram sua probabilidade de reeleição. Ress

De todas as funções orçamentárias testadas, apenas educação e desporto e lazer apresentaram significância estatística ao nível de 5%. O sinal positivo de ambas revela que acréscimos nessas despesas aumentam a probabilidade de reeleição do partido político do prefeito municipal. O teste Hosmer-Lemeshow revela que os valores previstos pelo modelo não diferem dos observados. A estatística Count R2 revela que 55,33% das previsões realizadas pelo modelo foram corretas.

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COMPOSIÇÃO DO GASTO PÚBLICO E RESULTADOS ELEITORAIS: UM ESTUDO 
NOS MUNICÍPIOS NORDESTINOS NO ANO DE 2012 
 
COMPOSITION OF PUBLIC SPENDING AND ELECTION RESULTS: A STUDY IN THE 
NORTHEAST´S MUNICIPAL DISTRICTS IN THE YEAR 2012 
 
Dimas Barrêto de Queiroz1 
Aneide Oliveira Araújo2 
Lívia Maria Freire de Morais3 
Vanessa Karla Rebouças da Silva4 
 
Resumo 
Baseado nos estudos que apontam para a existência de manipulação fiscal na composição dos 
gastos públicos em períodos eleitorais, essa pesquisa objetivou avaliar qual a influência dessa 
composição sobre a probabilidade de reeleição do grupo político do gestor público. A 
composição da despesa pública foi avaliada pela ótica da natureza do gasto e por funções 
orçamentárias. A reeleição do grupo político foi desmembrada na reeleição do prefeito 
municipal e de seu partido político. A amostra foi composta por 1.426 dos 1.793 municípios 
nordestinos nas eleições de 2012. Como metodologia, utilizou-se a técnica de regressão 
logística por fornecer outputs em termos de probabilidade. As evidências apontaram que os 
gastos com pessoal e encargos sociais e com investimentos exercem influência positiva 
significativa sobre a probabilidade de reeleição do grupo político do prefeito municipal. 
Avaliando as funções orçamentárias, as evidências também apontaram uma relação positiva e 
significativa para as funções educação e desporto e lazer. A pesquisa concluiu que a 
composição dos gastos públicos influencia de forma significativa a probabilidade de reeleição 
do grupo político do prefeito municipal. 
Palavras chave: Municípios nordestinos; Composição do gasto público; Reeleição. 
 
Abstract 
Based on studies that point to the existence of fiscal manipulation in the composition of public spending 
in election periods, this research aimed to assess the influence of this composition on the probability of 
reelection of the political group of the public manager. The composition of public expenditure was 
 
1 Doutorando no Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós-graduação em Ciências Contábeis 
UnB/UFPB/UFRN Professor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Av. Francisco Mota, 
572 - Sala 18, DACS - Bairro Costa e Silva, Mossoró/RN. (84) 3317-8556 (Ramal 1351). 
dimasqueiroz@gmail.com 
2 Doutora em Controladoria e Contabilidade pela USP. Professora da Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte (UFRN). Professora do Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós-Graduação em Ciências 
Contábeis UnB/UFPB/UFRN. Av. Senador Salgado Filho. S/N - Campus Universitário - Lagoa Nova, Natal/RN 
(84) 3215-3485. aneide.ufrn@gmail.com 
3 Graduanda em Ciências Contábeis na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Rua Miguel 
Antônio da Silva Neto, 98 - Aeroporto, Mossoró/RN. liviamfm@gmail.com 
4 Graduanda em Ciências Contábeis na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Rua General 
Péricles, 45 - Ilha de Santa Luzia, Mossoró/RN. vanks@gmail.com 
 
Artigo editado por Luiz Carlos Marques dos Anjos. Recebido em 17/11/2014. Avaliado e revisões requeridas em 
16/02/2015. Reformulado em 03/03/2015. Recomendado para publicação em 14/04/2015. 
 
mailto:dimasqueiroz@gmail.com
mailto:aneide.ufrn@gmail.com
mailto:liviamfm@gmail.com
mailto:vanks@gmail.com
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assessed by optical of expense nature and budget functions. The reelection of the political group was 
split on mayor's reelection and of his political party. The sample comprised 1.426 of the 1.793 
Northeast’s municipalities in elections of 2012. As methodology, we used the logistic regression 
technique for providing outputs in terms of probability. The evidences showed that spending on staff 
and social costs and investments exerts a significant positive influence on the probability of reelection 
of the mayor's political group. Assessing the budget functions, the evidences also showed a positive and 
significant relationship to the functions education and sport and leisure. The research concluded that 
the composition of public spending significantly influences the probability of reelection of the mayor's 
political group. 
Keywords: Northeast’s municipal districts; Composition of Public Spending; Reelection. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O processo de redemocratização e a promulgação da Constituição Federal de 1988 
alteraram profundamente as relações intergovernamentais existentes no Brasil. O federalismo 
brasileiro migrou de um sistema centralizado, característico da ditadura militar, para uma 
configuração descentralizada, na qual os Estados e Municípios ficaram responsáveis pela 
execução de uma parcela significativa dos serviços prestados à sociedade. Nesse sentido, os 
entes subnacionais passaram a gerenciar um grande volume de recursos financeiros, físicos e 
humanos. 
O pensamento econômico tradicional considera que o dever do Estado é aplicar os 
recursos disponíveis para maximizar o bem-estar coletivo. Porém, essa hipótese passou a ser 
rejeitada por teorias que avaliam a gestão pública na perspectiva dos indivíduos, que em 
determinado momento são gestores públicos e serão avaliados periodicamente através de 
eleições. 
A Teoria dos Ciclos Políticos pode ser considerada um viés da Teoria da Agência de 
Jensen e Meckling (1976), na qual os agentes podem optar por alternativas que o favoreçam 
em detrimento do principal. Na gestão pública, especificamente, os gestores podem alterar os 
rumos da economia ou simplesmente manipular variáveis fiscais para melhorar sua reputação 
e aumentar sua probabilidade de reeleição. 
Downs (1957), precursor da Teoria dos Ciclos Políticos, afirma que os partidos políticos 
possuem o objetivo prioritário de se manter no cargo. Nesse sentido, os governantes 
negligenciam os efeitos de suas políticas sobre a economia, exceto na medida em que 
influenciam as escolhas dos eleitores. A Teoria dos Ciclos Políticos foi sistematizada a partir 
do estudo de Nordhaus (1975), que introduziu na literatura o political business cycle, que 
consiste em um ciclo no qual imediatamente após a eleição, o vencedor aumentará o 
desemprego até um nível relativamente alto com o objetivo de combater a inflação. Com a 
aproximação das eleições, a taxa de desemprego será reduzida a um nível ótimo. O autor parte 
da premissa que os eleitores têm preferência por um baixo nível de desemprego e comportam-
se de forma míope, ou seja, as informações mais recentes possuem um peso maior na decisão 
dos eleitores do que informações mais antigas. 
Rogoff (1990) contrapôs o ciclo identificado por Nordhaus (1975) ao constatar que a 
manipulação em períodos eleitorais era mais forte em variáveis fiscais, tais como: despesas 
orçamentárias, correntes, com pessoal e encargos sociais, com investimento, entre outras. O 
ciclo identificado por Rogoff (1990) ficou conhecido como political budget cycle e ampliou o 
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campo de pesquisa sobre teoria dos ciclos políticos ao possibilitar testes sobre diversas 
variáveis fiscais, além de estender a análise para Estados e Municípios. 
A partir do estudo de Rogoff (1990), diversas pesquisas internacionais (ALT; LASSEN, 
2006; BRENDER; DRAZEN, 2005; GONZALEZ; HINDRIKS; PORTEIRO, 2013; HAAN, 2013; 
HANUSCH, 2012; ROSE, 2006; SAPORITI; STREB, 2008; SHI; SVENSSON, 2006; STREB; 
TORRENS, 2013; VERGNE, 2009) e nacionais (CARVALHO; OLIVEIRA, 2009; SAKURAI, 
2005, 2009;SAKURAI; MENEZES FILHO, 2011) comprovaram a existência de ciclos políticos. 
A relação entre ciclos políticos e resultados eleitorais foi estudada por Peltzman (1992), 
Brender (2003) e Brender e Drazen (2008). Os autores encontraram evidências de que 
desajustes fiscais, caracterizados por déficits correntes e aumento de endividamentos, não 
aumentam a probabilidade de reeleição do grupo político do gestor, ou seja, as evidências 
internacionais apontam para um comportamento de conservadorismo fiscal por parte dos 
eleitores. Porém, esse comportamento não foi identificado pelas pesquisas brasileiras 
(ARVATE; MENDES; ROCHA, 2010; KLEIN, 2010; NAKAGUMA; BENDER, 2010; SAKURAI; 
MENEZES FILHO, 2008), uma vez que os gestores que aumentaram gastos em períodos 
eleitorais elevaram suas chances de reeleição. 
Pesquisas recentes (DRAZEN; ESLAVA, 2005, 2010; KATSIMI; SARANTIDES, 2012; 
SCHNEIDER, 2010; VEIGA; VEIGA, 2007a) afirmam que a manipulação fiscal também ocorre 
na composição das despesas públicas, ou seja, os gestores tendem a expandir determinados 
tipos de gastos públicos com o objetivo de melhorar sua reputação e aumentar sua chance de 
reeleição. Baseado nessa evidência, o seguinte problema de pesquisa foi formulado: Qual a 
influência da composição dos gastos públicos sobre a probabilidade de reeleição do grupo 
político do prefeito municipal? 
O objetivo geral dessa pesquisa consiste em avaliar a influência da composição dos 
gastos públicos sobre a probabilidade de reeleição do grupo político do prefeito nos 
municípios nordestinos no ano de 2012. A reeleição do grupo político foi desmembrada na 
reeleição do prefeito municipal e de seu partido político, uma vez que o gestor pode alterar a 
composição dos gastos públicos visando sua reeleição ou a eleição de um correligionário. 
Para atingir tais objetivos, optou-se pelo modelo de regressão logística em função de 
fornecer outputs em termos de probabilidade. A amostra da pesquisa foi composta por 1.426 
municípios dos nove estados da região Nordeste. O período de estudo corresponde ao ano de 
2012 em função de ser a eleição municipal mais recente. A composição da despesa foi analisada 
por funções orçamentárias e pela natureza da despesa pública. 
Justifica-se essa pesquisa em função de uma lacuna existente na literatura nacional ao 
não relacionar a composição dos gastos públicos aos resultados eleitorais, uma vez que as 
pesquisas brasileiras (ARVATE; MENDES; ROCHA, 2010; KLEIN, 2010; NAKAGUMA; 
BENDER, 2010; SAKURAI; MENEZES FILHO, 2008) decompõem as despesas públicas, no 
máximo, em correntes, de capital e de custeio. Além disso, a decomposição da reeleição do 
grupo político na reeleição do prefeito municipal e de seu partido político representa uma 
inovação em relação às pesquisas supracitadas. 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 Teoria dos Ciclos Políticos e suas Vertentes 
 
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Kalecki (1943) e Akerman (1947) realizaram as primeiras pesquisas relacionadas à 
Teoria dos Ciclos Políticos. O primeiro autor realizou uma reflexão sobre os aspectos políticos 
do pleno emprego, no qual recessões e desempregos seriam criados por atos políticos para 
reestabelecer o poder dos líderes empresariais. Já Akerman (1947) avaliou a relação entre ciclos 
econômicos e a duração de diferentes mandatos. O autor identificou pequenos ciclos 
econômicos de quatro anos, sobretudo nos Estados Unidos. 
Downs (1957) elaborou a plataforma teórica da Teoria dos Ciclos Políticos ao avaliar se 
os partidos políticos em uma democracia formulam políticas estritamente como meio de 
ganhar votos. Baseado em um cenário de conhecimento imperfeito e informação dispendiosa 
e no pressuposto de que cada partido é uma equipe de homens que procuram cargos políticos 
apenas para desfrutar da renda, prestígio e poder que a posição oferece, Downs (1957) avaliou 
como aspectos relacionados à persuasão, ideologias e irracionalidade afetam as decisões 
econômicas dos gestores públicos. 
A partir do estudo de Downs (1957), a Teoria dos Ciclos Políticos foi sistematizada e 
ganhou vertentes nas décadas de 1970 e 1980 (ALESINA, 1987; HIBBS, 1977; NORDHAUS, 
1975; ROGOFF, 1990). 
Os estudos sobre comportamento dos gestores públicos se intensificaram a partir do 
trabalho de Nordhaus (1975). O autor parte da premissa que os eleitores são considerados 
“míopes”, uma vez que tendem a sobrevalorizar o desempenho econômico recente às questões 
macroeconômicas, tornado previsível sua decisão de voto. Em função de conhecer o 
funcionamento da economia e ser capaz de influenciar seu desempenho, o gestor público tende 
a estimular a economia às vésperas das eleições buscando aumentar sua probabilidade de 
reeleição. 
Nordhaus (1975) baseou seu estudo na curva de Phillips, que realiza um trade-off entre 
nível de desemprego e a taxa de inflação. O autor propôs um modelo de escolha pública 
intertemporal onde as decisões são tomadas dentro de um contexto político de eleições 
periódicas. No curto prazo, a redução no nível de desemprego não provoca um aumento 
significativo na taxa de inflação, uma vez que as quantidades respondem mais rapidamente 
do que alterações nas condições macroeconômicas. Por ser conhecedor da economia, o 
governo tende a reduzir o nível de desemprego no período imediatamente anterior à eleição, 
uma vez que o efeito na inflação será sentido apenas após o período eleitoral (NORDHAUS, 
1975). 
Baseado no comportamento míope dos eleitores e que estes valorizam um baixo nível 
de desemprego para a determinação do voto, os gestores direcionam a economia para um nível 
alto de desemprego e baixa inflação no início do mandato. Com a proximidade das eleições, o 
governo estimula a economia de modo que o nível de desemprego atinja o menor nível às 
vésperas do pleito. Esse ciclo é conhecido na literatura como business political cycle. 
Hibbs (1977) introduziu a perspectiva político partidária em seu modelo. O autor parte 
da premissa que os eleitores não são idênticos, logo a sua função utilidade individual 
diferencia-se pelo peso dado aos fatores econômicos. Hibbs (1977) observou que as classes 
mais baixas preferem um cenário de baixo desemprego e alta inflação, enquanto as classes 
mais altas optam pela configuração de baixa inflação e alto desemprego. Nesse caso, os 
eleitores optam pelos partidos de esquerda ou direita de acordo com suas preferências 
ideológicas, sendo que os partidos de esquerda são preferidos pelas classes menos favorecidas, 
enquanto a camada mais alta da sociedade apoia os partidos de direita. 
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Alesina (1987) contrapõe a ideia proposta por Nordhaus (1975) na medida em 
pressupõem que o eleitor é conhecedor da economia e cria expectativas racionais sobre o 
desempenho econômico. Alesina (1987) segue a linha de raciocínio de Hibbs (1977) ao assumir 
que diferentes partidos têm preferências diversas relativas às propriedades intrínsecas de sua 
política econômica. Cada partido representa os interesses de um eleitorado distinto, ou seja, 
presume-se que os partidos se preocupam com os efeitos inerentes de suas políticas e que os 
partidos têm diferentes objetivos e incentivos. 
O modelo proposto por Rogoff (1990) consiste em outra abordagem da teoria dos ciclos 
políticos. O autor propõe um modelo oportunista, na medida em que a existência de assimetria 
informacional entre eleitores possibilita ao gestor público distorcer a política fiscal no período 
anterior à eleição, aumentando a probabilidade de sucesso no pleito. O modelo também é 
considerado racional em função da demonstração de competência administrativapor parte 
dos gestores públicos através das manipulações de políticas governamentais, que são 
compreendidas e apoiadas pelos eleitores racionais. 
Rogoff (1990) direcionou seu estudo sobre a existência de ciclos políticos sobre 
instrumentos de políticas orçamentárias devido à facilidade de manipulação em comparação 
às variáveis macroeconômicas. O governo oportunista tende a demonstrar sua competência 
ao adotar uma política fiscal expansionista nos períodos anteriores à eleição, que é 
interpretada de forma positiva pelos eleitores racionais em função da defasagem temporal 
informacional. Após a eleição, os governantes adotam uma política de austeridade, 
completando o ciclo político orçamentário (Political Budget Cycles). 
Drazen (2001) realizou um estudo sobre as pesquisas relacionadas à Teoria dos Ciclos 
Políticos nos últimos 25 anos, contados a partir do estudo de Nordhaus (1975). Segundo o 
autor, há um amplo consenso na literatura que as condições econômicas afetam os resultados 
das eleições nos Estados Unidos, porém, existe uma divergência significativa se a manipulação 
oportunista pode ser observada em dados macroeconômicos. Segundo o autor, os modelos 
baseados na manipulação de variáveis fiscais (Political Budget Cycles) são mais consistentes 
para avaliar os efeitos eleitorais sobre os resultados econômicos. 
Diversos estudos recentes identificaram a presença de manipulação eleitoral em 
variáveis fiscais (ALT; LASSEN, 2006; BRENDER; DRAZEN, 2005; GONZALEZ; HINDRIKS; 
PORTEIRO, 2013; HAAN, 2013; HANUSCH, 2012; ROSE, 2006; SAPORITI; STREB, 2008; SHI; 
SVENSSON, 2006; STREB; TORRENS, 2013; VERGNE, 2009). Porém, a presença e magnitude 
dos ciclos dependem de vários fatores condicionantes, tais como: anos de democracia, nível de 
desenvolvimento econômico e social, qualidade institucional, nível de transparência, regras 
ficais, questões político partidárias, entre outras. Haan e Klomp (2013) afirmam que, em função 
da heterogeneidade das amostras estudadas, as pesquisas que não controlam os fatores 
condicionantes dos ciclos políticos podem apresentar resultados distorcidos. 
Brender e Drazen (2003) atribuem a existência de ciclos políticos aos países menos 
desenvolvidos e às novas democracias, como o Brasil. Isso se deve ao baixo nível de 
transparência verificado nesses países e a pouca experiência com as eleições. Segundo Brender 
e Dranzen (2005), um governo só pode ser recompensado nas urnas se conseguir esconder a 
manipulação e fizer a sociedade acreditar que as boas condições econômicas refletem o sucesso 
de sua política ou da sua capacidade. Nesse sentido, os eleitores dos países desenvolvidos 
compreendem os incentivos e as ferramentas de manipulações eleitorais, ou seja, sabem que 
anos eleitorais são particularmente suspeitos para manipulação e, portanto, consegue 
interpretar as informações com a cautela necessária. 
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Nesse sentido, a manipulação fiscal pode funcionar quando os eleitores não têm as 
informações necessárias para as inferências ou a capacidade de processa-las corretamente. 
Essa situação reflete a falta de experiência com um sistema eleitoral, a ausência de dados e a 
incapacidade dos meios de comunicação de encontrar, analisar e divulgar dados relevantes. 
Essa realidade é mais comum em novas democracias (BRENDER; DRAZEN, 2005). 
Ressalta-se que a ocorrência de manipulações fiscais não está restrita ao aumento dos 
gastos totais ou à realização de déficits em períodos eleitorais. Diversas pesquisas (BRENDER; 
DRAZEN, 2013; DRAZEN; ESLAVA, 2010; KATSIMI; SARANTIDES, 2012; SCHNEIDER, 
2010; SJAHRIR; KIS-KATOS; SCHULZE, 2013; VERGNE, 2009) apontam que os ciclos políticos 
também acontecem na composição da despesa pública. Drazen e Eslava (2005) explicam que 
a alteração na composição do gasto público objetiva favorecer itens que são altamente visíveis 
para o eleitorado na expectativa de melhorar seu nível de reputação e aumentar as chances de 
reeleição. 
A literatura aponta que a alteração na composição da despesa pública consiste em uma 
alternativa à realização de déficits no período eleitoral. Katsimi e Sarantides (2012) e Vergne 
(2009) identificaram um deslocamento do gasto público em direção às despesas correntes, em 
detrimento das despesas de capital. Porém, Drazen e Eslava (2010) encontraram que os 
investimentos em infraestrutura, incluindo construção de rodovias e usinas de energia, são 
expandidos significativamente no período anterior às eleições nos municípios colombianos, 
uma vez que são atrativos para os eleitores. 
No âmbito nacional, as pesquisas sobre ciclos políticos são recentes. Destaca-se as 
pesquisas realizadas por Sakurai (2005, 2009), Sakurai e Menezes Filho (2011) e Carvalho e 
Oliveira (2009). 
Sakurai (2005) identificou impulsos positivos na despesa orçamentária em anos 
eleitorais nos municípios paulistas. Já Sakurai (2009), avaliou a existência de ciclos eleitorais 
nas funções orçamentárias dos municípios brasileiros entre 1990 e 2005. O autor identificou 
indícios de distorção em períodos eleitorais nas funções de saúde, saneamento, assistência, 
previdência, habitação, urbanismo e transportes. Sakurai e Menezes Filho (2011) identificaram 
aumentos nos gastos totais e correntes e uma redução nos gastos com investimentos nos anos 
eleitorais nos municípios brasileiros. 
Carvalho e Oliveira (2009) estudaram as prefeituras do Estado do Rio de Janeiro no 
período de 1998 a 2006 com o objetivo de identificar comportamentos cíclicos nos gastos 
públicos e suas relações com o período eleitoral. As evidencias apontaram que o calendário 
eleitoral exerce influência estatisticamente significativa sobre o comportamento dos prefeitos. 
Impulsos positivos foram identificados nas funções de transporte e legislativa. Além disso, os 
autores identificaram que os gestores tendem a realizar superávits financeiros em anos 
anteriores para descarregar esse excesso no ano eleitoral. 
 
2.2 Manipulação Fiscal e Resultados Eleitorais 
 
Peltzman (1992) realizou um estudo pioneiro ao avaliar a relação de manipulação fiscal 
e resultados eleitorais nos governos estaduais e federal nos Estados Unidos. As evidências 
apontaram que os eleitores penalizam o crescimento das despesas estaduais e federal em 
períodos eleitorais. Brender (2003), através de um estudo realizado em Israel no período de 
1989 a 1998, mostra como a resposta eleitoral para o déficit mudou drasticamente ao longo do 
período estudado. O autor descobriu que quando as eleições para prefeitos foram introduzidas 
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em Israel, os eleitores foram inicialmente indiferentes aos déficits da gestão. Porém, nas 
eleições de 1998, após a implementação de normas de autoria e evidenciação e à expansão dos 
meios de comunicação, os eleitores passaram a punir os déficits públicos realizados em 
períodos eleitorais pelos gestores. Brender e Drazen (2008), após a avaliação de 74 países entre 
1960 e 2003, encontraram evidências de que os eleitores não recompensam os gestores que 
realizam desajustes fiscais em anos eleitorais. 
Percebe-se que as pesquisas (BRENDER, 2003; BRENDER; DRAZEN, 2008; 
PELTZMAN, 1992) apontam para uma postura de conservadorismo fiscal por parte dos 
eleitores, ou seja, as evidências apontam que os eleitores tendem a punir os gestores que 
realizam déficits em períodos eleitorais. 
Essa postura de conservadorismo fiscal não foi encontrada nas pesquisas nacionais 
(ARVATE; MENDES; ROCHA, 2010; KLEIN, 2010; NAKAGUMA; BENDER, 2010; SAKURAI; 
MENEZES FILHO, 2008), uma vez que as evidências apontaram que, de modo geral,os 
gestores que expandiram o nível de gastos públicos em períodos eleitorais aumentaram sua 
probabilidade de reeleição. Ressalta-se que as pesquisas nacionais não aprofundaram o estudo 
sobre a influência da composição da despesa pública sobre os resultados eleitorais. 
Algumas pesquisas recentes (DRAZEN; ESLAVA, 2010; VEIGA; VEIGA, 2007b) 
partem do pressuposto que a manipulação fiscal também ocorre na composição da despesa 
pública e avaliam sua influência sobre os resultados eleitorais. Veiga e Veiga (2007b) 
identificaram que a expansão de gastos com investimentos aumenta a chance de reeleição do 
gestor público em municípios portugueses. Já Drazen e Eslava (2010) concluiu que os eleitores 
recompensam o partido do gestor que aumentar o volume gastos capazes de agrada-los. 
 
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
3.1 Coleta de Dados e Amostra 
 
O processo de coleta ocorreu exclusivamente através da internet. A Região Nordeste foi 
escolhida por conveniência para a realização da pesquisa e o período de estudo compreende 
apenas o ano de 2012 em função de ser a eleição municipal mais recente. Os dados sobre 
reeleição dos grupos políticos foram coletados diretamente do site do Tribunal Superior 
Eleitoral. Os gastos municipais foram coletados do banco de dados Finanças do Brasil 
(FINBRA). A população municipal foi coletada no site do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE) e corresponde à população no ano de 2012. As variáveis de controle foram 
coletadas do site do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil. 
A Região Nordeste conta com nove Estados e 1.793 municípios. Desse total, 367 
municípios foram retirados da amostra em função da indisponibilidade de algumas das 
informações levantadas. Desse modo, a amostra da pesquisa foi composta por 1.426 
municípios, representando 79,53% da população. 
 
3.2 Hipóteses de Pesquisa 
 
Baseado na literatura (BRENDER; DRAZEN, 2013; DRAZEN; ESLAVA, 2010; 
KATSIMI; SARANTIDES, 2012; SCHNEIDER, 2010; SJAHRIR; KIS-KATOS; SCHULZE, 2013; 
VERGNE, 2009) que aponta que a manipulação fiscal ocorre tanto nas mensurações agregadas 
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das despesas públicas quanto na sua composição, as seguintes hipóteses de pesquisa foram 
elaboradas: 
 
H1: A composição dos gastos públicos afeta a probabilidade de reeleição do partido político 
do prefeito municipal. 
 
H2: A composição dos gastos públicos afeta a probabilidade de reeleição do prefeito municipal. 
 
Justifica-se a averiguação da influência da composição das despesas públicas sobre a 
probabilidade de reeleição tanto do prefeito quanto de seu partido em função da manipulação 
poder ocorrer tanto em benefício do próprio gestor quanto de um correligionário. 
 
3.3 Variáveis Utilizadas no Modelo 
 
As variáveis dependentes foram definidas de acordo com as hipóteses de pesquisas 
formuladas. Possuem natureza binária e identificam a ocorrência de sucesso na eleição 
municipal de 2012, conforme revela o Quadro 01. A pesquisa averiguou as variáveis 
dependentes de forma individual, implicando em modelos distintos para cada uma delas. 
 
Quadro 01: Descrição das variáveis dependentes 
Variáveis Classificação Descrição 
RPA 
1 
Partido do prefeito fez parte da coligação vencedora nas eleições 
municipais de 2012. 
0 
Partido do prefeito fez parte da coligação perdedora nas eleições 
municipais de 2012. 
RPR 
1 Prefeito municipal foi reeleito nas eleições municipais de 2012 
0 Prefeito municipal não foi reeleito nas eleições municipais de 2012 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
 
As variáveis independentes foram definidas baseadas nas evidências encontradas nas 
diversas pesquisas nacionais levantadas (CARVALHO; OLIVEIRA, 2009; SAKURAI, 2005, 
2009; SAKURAI; MENEZES FILHO, 2008, 2011). Utilizou-se a despesa empenhada e a 
composição das despesas públicas foi avaliada por duas classificações: natureza da despesa 
pública e por funções orçamentárias. Ressalta-se que todas as variáveis independentes foram 
divididas pela população dos municípios no ano de 2012, implicando em valores per capita. 
A classificação quanto à natureza da despesa pública é composta por seis grupos e foi 
estabelecida pela portaria interministerial dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, 
Orçamento e Gestão nº 163 de 2001. O Quadro 02 revela os seis grupos e os sinais esperados 
para cada um deles. 
 
Quadro 02: Natureza das Despesas Orçamentárias 
Código do Grupo Grupo Sigla Inclusão no Modelo Sinal Esperado 
1 Pessoal e Encargos Sociais PES SIM + 
2 Juros e Encargos da Dívida - NÃO 
3 Outras Despesas Correntes ODC SIM - 
4 Investimentos INV SIM + 
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5 Inversões Financeiras - NÃO 
6 Amortização da Dívida - NÃO 
Fonte: Portaria MF-MP nº 162/2001. 
 
Ressalta-se que os grupos dois e seis foram excluídos da análise em função de ser 
decorrente de questões contratuais, ou seja, possuem pequena margem de manipulação. O 
grupo cinco foi excluído por não ser uma despesa finalística passível de manipulação, já que 
corresponde às despesas orçamentárias com a aquisição de imóveis ou bens de capital 
já em utilização; aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou 
entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe 
aumento do capital; e com a constituição ou aumento do capital de empresas. 
 
Espera-se um sinal positivo para o grupo pessoal e encargos sociais, corroborando a 
pesquisa de Vergne (2009), que identificou que os políticos tendem a alterar a composição dos 
gastos pré-eleitorais em direção às despesas correntes, sobretudo salários e subsídios. Em 
relação ao grupo investimentos, também se espera uma relação positiva. Essa expectativa 
baseia-se na pesquisa de Drazen e Eslava (2010), que identificou uma tendência de elevação 
desse tipo de gastos em períodos pré-eleitorais em municípios colombianos e, sobretudo, no 
estudo de Veiga e Veiga (2007b), que identificou que a elevação dos investimentos aumenta a 
probabilidade de reeleição do gestor público em municípios portugueses. Por fim, espera-se 
um sinal negativo para o grupo outras despesas correntes. Essa expectativa é consequência da 
elevação dos gastos com pessoal e investimentos apontados pelas pesquisas supracitadas e da 
limitação dos recursos financeiros dos municípios. Nesse sentido, os prefeitos devem reduzir 
as outras despesas correntes para aumentar os gastos com pessoal e investimentos. 
O segundo tipo de composição das despesas públicas refere-se às funções 
orçamentárias, que representam o maior nível de agregação das diversas áreas que competem 
ao setor público e são definidas pela Portaria do Ministério do Orçamento e Gestão (MOG) nº 
42 de 1999. As funções analisadas foram selecionadas com base na literatura nacional 
(CARVALHO; OLIVEIRA, 2009; SAKURAI, 2009) que enumera as possíveis funções passíveis 
de manipulação, apresentadas no Quadro 03. 
 
Quadro 03: Funções orçamentárias incluídas no modelo 
Código da Função Função Sigla 
08 Assistência Social ASS 
09 Previdência Social PRS 
10 Saúde SAU 
12 Educação EDU 
13 Cultura CUL 
15 Urbanismo URB 
16 Habitação HAB 
20 Agricultura AGR 
24 Comunicações COM 
26 Transporte TRA 
27 Desporto e Lazer DL 
Fonte: Portaria MOG nº 42/1999. 
 
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Ressalta-se que as pesquisas (CARVALHO; OLIVEIRA, 2009; SAKURAI, 2009) não 
constataram indícios de manipulações em todas as variáveis listadas no Quadro 03. Porém, 
existejustificativa teórica para testa-las, já que são despesas finalísticas. Em função da ausência 
de pesquisas que relacionem funções orçamentárias à probabilidade de reeleição de gestores 
públicos, optou-se por não estabelecer os sinais esperados. Essa pesquisa optou pela utilização 
do método stepwise forward para seleção das funções orçamentárias significantes. 
Em função do tamanho e diversidade da amostra, optou-se pela utilização de algumas 
variáveis de controle capazes de influenciar a reeleição do grupo político do prefeito 
municipal. O Quadro 04 apresenta as variáveis utilizadas, que foram selecionadas baseadas 
nas pesquisas nacionais (ARVATE; MENDES; ROCHA, 2010; CARVALHO; OLIVEIRA, 2009 
SAKURAI, 2005, 2009; SAKURAI, MENEZES FILHO, 2008, 2011). 
 
Quadro 04: Variáveis de Controle 
Nomenclatura Variável Utilizada Descrição 
IDHME 
Índice de Desenvolvimento Humano 
Municipal - Educação 
Representa o nível educacional dos 
municípios 
IDHMR 
Índice de Desenvolvimento Humano 
Municipal - Renda 
Representa o nível econômico dos 
municípios 
IDHML 
Índice de Desenvolvimento Humano 
Municipal - Longevidade 
Representa o nível de expectativa de 
vida dos municípios 
GINI Índice GINI 
Representa o nível de desigualdade 
social dos municípios 
TAM 
Logaritmo Natural da Receita 
Orçamentária 
Representa uma proxy para tamanho 
dos municípios 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
 
Com exceção da variável TAM, que consiste no logaritmo natural da receita 
orçamentária municipal do ano de 2012, as demais variáveis correspondem ao ano de 2010 em 
função de ser a última medição de caráter censitário no Brasil. 
 
3.4 Tratamento e Processamento dos Dados 
 
Em função das hipóteses de pesquisas estabelecidas, optou-se pelo modelo de 
regressão logística em função de fornecer outputs em termos de probabilidade, permitindo a 
estimação da probabilidade de ocorrência de um evento, dado um conjunto de variáveis 
explicativas. Nesse caso específico, a técnica fornece a probabilidade de reeleição do grupo 
político a partir da composição da despesa pública. 
O pressuposto da ausência de multicolienaridade foi avaliado pelo teste VIF (Variance 
Inflation Factor). A significância estatística dos coeficientes foi avaliada pela estatística Z, 
enquanto a significância do modelo foi avaliada pela LR statistic (Teste de Razão de 
Verossimilhança). 
Para verificar o nível de ajustamento do modelo aos dados, optou-se pelos testes 
Hosmer e Lemeshow e pelo Count R2. O teste Hosmer e Lemeshow divide os dados em 
aproximadamente 10 classes iguais. Posteriormente, os números de eventos reais e previstos 
são comparados em cada classe com a estatística qui-quadrado (HAIR et al, 2009). 
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A estatística Count R2 consiste no somatório de estimações certas tomando como 
referência o valor 0,5. Se a probabilidade estimada pelo modelo for maior que 0,5, atribui-se o 
valor 1, se for menor que 0,5, atribui-se o valor 0. Posteriormente, basta comparar as previsões 
do modelo e os dados reais e realizar um somatório do número de previsões corretas. 
 
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
Dos 1.426 municípios nordestinos avaliados, em 758 (53,16%) o partido político do 
gestor fez parte da coligação vencedora nas eleições de 2012. Além disso, 634 prefeitos 
tentaram a reeleição no pleito de 2012, porém apenas 380 (26,65% do total) obtiveram êxito e 
conseguiram mais um mandato. 
A apresentação da relação entre a composição da despesa pública e a probabilidade de 
reeleição do gestor público e de seu partido foi subdividida em duas seções. A primeira aborda 
a composição da despesa pública com base em sua natureza e a segunda a avalia a composição 
de acordo com as funções orçamentárias. Em ambas, a análise parte da abordagem mais ampla, 
na qual o partido é reeleito, para uma abordagem mais restrita, na qual o gestor público é 
reeleito. 
 
4.1 Composição baseada na natureza do gasto público 
 
A relação entre a composição da despesa pública, baseada na natureza do gasto, e a 
probabilidade de reeleição do partido político do prefeito municipal é apresenta na Tabela 01. 
 
Tabela 01: Relação entre a natureza da despesa e a reeleição do partido político 
Variável Coeficiente 
Erro 
Padrão 
Z Prob. (Z) 
Efeito 
Marginal 
VIF 
CONST 0,014596 1,665524 0,008764 0,9930 - - 
PES 0,000561 0,000245 2,290145 0,0220 0,000140 1,856 
ODC - 0,000350 0,000243 - 1,443505 0,1489 - 0,000087 1,855 
INV 0,000975 0,000358 2,726164 0,0064 0,000243 1,220 
IDHME 0,255226 1,089139 0,234338 0,8147 0,063534 1,843 
IDHMR - 0,868237 1,712671 - 0,506949 0,6122 - 0,216133 2,192 
IDHML 1,806931 2,101879 0,859674 0,3900 0,449805 1,438 
GINI 0,162548 1,189129 0,136695 0,8913 0,040464 1,163 
TAM - 0,085347 0,080780 - 1,056533 0,2907 - 0,021246 1,743 
LR Statistic 22,09481 Hosmer – Lemeshow 10,9000 
Prob (LR Statistic) 0,004743 Prob (Hosmer – Lemeshow) 0,2074 
Count R2 56,73% 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
 
Observa-se que o teste VIF (Variance Inflation Factor) indica que não há 
multicolinearidade entre as variáveis, atendendo ao pressuposto da regressão logística. As 
variáveis PES (pessoal e encargos sociais) e INV (investimento) apresentaram significância 
estatística ao nível de 5%. O sinal positivo de ambos os coeficientes indica que uma elevação 
nessas despesas aumenta a probabilidade de reeleição do partido político do prefeito 
municipal. Essa evidência também foi encontrada na análise da composição da despesa 
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pública quanto à sua natureza e a probabilidade de reeleição do prefeito municipal, 
apresentada na Tabela 02. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 02: Relação entre a natureza da despesa e a reeleição do prefeito 
Variável Coeficiente 
Erro 
Padrão 
Z Prob. (Z) 
Efeito 
Marginal 
VIF 
CONST - 1,995378 0,856410 - 1,074858 0,2824 - - 
PES 0,000544 0,000253 2,146351 0,0318 0,000106 1,856 
ODC - 0,000219 0,000266 - 0,824036 0,4099 - 0,000043 1,855 
INV 0,000729 0,000368 1,982133 0,0475 0,000142 1,220 
IDHME - 0,642403 1,231726 - 0,521547 0,6020 - 0,124971 1,843 
IDHMR 1,408903 1,931682 0,729366 0,4658 0,274083 2,192 
IDHML 0,919846 2,352826 0,390954 0,6958 0,178944 1,438 
GINI 1,275315 1,330913 0,958225 0,3379 0,248095 1,163 
TAM - 0,080818 0,090319 - 0,894811 0,2824 - 0,015722 1,743 
LR Statistic 15,60747 Hosmer – Lemeshow 8,76136 
Prob (LR Statistic) 0,048356 Prob (Hosmer – Lemeshow) 0,3628 
Count R2 73,49% 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
 
A significância e o sinal positivo da variável investimento são consistentes com a 
pesquisa de Veiga e Veiga (2007b), que identificou que a elevação dos gastos com investimento 
aumenta a probabilidade de reeleição do gestor em municípios portugueses. Já a influência 
significativa e positiva dos gastos com pessoal é consistente com os achados de Vergne (2009), 
que identificou uma tendência de elevação desse tipo de gasto em períodos pré-eleitorais em 
países em desenvolvimento. O sinal da variável ODC (outras despesas correntes) foi negativo, 
conforme esperado, porém os modelos revelaram não existir influência significativa sobre a 
probabilidade de reeleição do grupo político do gestor público. 
O teste Hosmer-Lemeshow avalia se os valores previstos pelos modelos não diferem dos 
valores observados. Em ambos os modelos, o teste não rejeita a hipótese nula, indicando um 
bom nível de ajustamento aos dados. A estatística Count R2 revela que 56,73% e 73,49% das 
previsões realizadas pelos modelos um e dois foram corretas, respectivamente. 
O efeito marginal corresponde a taxa instantânea de variação. Nessesentido, um 
aumento de uma unidade na variável PES aumenta a probabilidade de reeleição em 0,0140% 
e 0,0106% nos modelos um e dois, respectivamente. Já uma elevação de uma unidade na 
variável INV aumenta a probabilidade de reeleição em 0,0243% e 0,0142% nos modelos um e 
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dois, respectivamente. Ressalta-se, porém, que por se tratar de uma taxa de variação 
instantânea, não há garantia de que essa relação será precisa para grandes variações nas 
variáveis independentes. Essa situação deve-se à natureza não linear do modelo logit e da 
dimensionalidade das variáveis independentes. 
Ressalta-se que nenhuma das variáveis de controle apresentou significância estatística 
nos dois modelos elaborados. Isso significa que o nível educacional, econômico, de expectativa 
de vida, de desigualdade social e o tamanho do município não influenciam significativamente 
a reeleição do grupo político do prefeito municipal 
Adicionalmente, essa pesquisa realizou o teste não paramétrico de Mann-Whitney para 
verificar se as médias das despesas não diferem entre os grupos. A Tabela 03 apresenta as 
médias e as estatísticas dos testes das variáveis significativas. 
 
 
 
Tabela 03: Testes de Igualdade de Médias 
Reeleição do Partido Reeleição do Prefeito 
Variáveis 
Grupo 
0 
Grupo 
1 
Mann-
Whitney 
Variáveis 
Grupo 
0 
Grupo 
1 
Mann-
Whitney 
PES 903,17 958,67 0,000 PES 915,52 979,89 0,001 
INV 194,65 226,63 0,000 INV 203,79 233,29 0,001 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
 
Observa-se, inicialmente, que tanto para a reeleição do partido quanto do prefeito, as 
médias das variáveis PES e INV diferem entre os grupos. Sabe-se que o grupo 1 representa os 
municípios cujos partidos ou prefeitos foram reeleitos. Logo, esse resultado corrobora as 
evidências obtidas pelas regressões logísticas: os municípios cujos grupos políticos foram 
reeleitos gastaram mais com pessoal e encargos sociais e investimentos, aumentando sua 
probabilidade de reeleição. 
 
4.2 Composição baseada nas funções orçamentárias 
 
Essa seção destina-se a avaliar a influência da composição da despesa pública, 
discriminada por funções orçamentárias, sobre a probabilidade de reeleição do grupo político 
do gestor público. Ressalta-se que foi adotado o método stepwise forward para selecionar as 
funções orçamentárias significantes nos modelos de regressão logística. Optou-se pela 
exclusão das variáveis de controle nos modelos apresentados nessa seção, já que as variáveis 
dependentes são iguais à seção anterior, que revelou não haver significância estatística entre 
as variáveis de controle e a reeleição do grupo político do prefeito municipal. 
A Tabela 04 apresenta as funções que influenciam de forma significativa a 
probabilidade de reeleição do partido político do prefeito municipal. 
 
Tabela 04: Relação entre as funções orçamentárias e a reeleição do partido político 
Variável Coeficiente 
Erro 
Padrão 
Z Prob. (Z) 
Efeito 
Marginal 
VIF 
CONST - 0,499651 0,189310 - 2,639 0,0083 - - 
EDU 0,000770 0,000266 2,890 0,0039 0,000192 1,038 
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DL 0,006330 0,002435 2,600 0,0093 0,001576 1,038 
LR Statistic 19,53157 Hosmer – Lemeshow 5,0144 
Prob (LR Statistic) 0,000057 Prob (Hosmer – Lemeshow) 0,7560 
Count R2 55,33% 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
 
De todas as funções orçamentárias testadas, apenas educação e desporto e lazer 
apresentaram significância estatística ao nível de 5%. O sinal positivo de ambas revela que 
acréscimos nessas despesas aumentam a probabilidade de reeleição do partido político do 
prefeito municipal. O teste Hosmer-Lemeshow revela que os valores previstos pelo modelo não 
diferem dos observados. A estatística Count R2 revela que 55,33% das previsões realizadas 
pelo modelo foram corretas. 
De forma análoga à seção anterior, utilizou-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney 
para avaliar se as médias não diferem entre os grupos. A Tabela 05 revela que os municípios 
cujos partidos dos prefeitos foram reeleitos apresentaram gastos mais elevados nas funções 
avaliadas e as médias dos grupos são estatisticamente diferentes ao nível de 5%. 
 
Tabela 05: Teste de Igualdade de Médias 
Variáveis Grupo 0 Grupo 1 Teste de Mann-Whitney 
EDU 675,81 714,83 0,000 
DL 12,55 16,73 0,030 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
 
Por fim, o último modelo elaborado por essa pesquisa averigua a relação entre as 
funções orçamentárias e a probabilidade de reeleição do prefeito municipal. De forma 
semelhante ao modelo anterior, utilizou-se a técnica stepwise forward para selecionar as 
variáveis significativas, apresentadas pela Tabela 06. 
 
Tabela 06: Relação entre as funções orçamentárias e a reeleição do prefeito 
Variável Coeficiente 
Erro 
Padrão 
Z Prob. (Z) 
Efeito 
Marginal 
VIF 
CONST - 1,66808 0,205834 - 8,104 0,000000 - - 
EDU 0,000819 0,000281 2,914 0,0036 0,000159 1,038 
DL 0,005008 0,002325 2,154 0,0312 0,000974 1,038 
LR Statistic 15,96749 Hosmer – Lemeshow 5,3249 
Prob (LR Statistic) 0,000341 Prob (Hosmer – Lemeshow) 0,7224 
Count R2 73,21 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
 
Percebe-se que as funções educação e desporto e lazer também apresentaram 
significância estatística ao nível de 5%, corroborando a evidência anterior. Os sinais positivos 
indicam que uma elevação dos gastos nessas funções aumenta a probabilidade de reeleição do 
prefeito municipal. 
A Tabela 07 revela gastos mais elevados nas funções educação e desporto e lazer para 
os municípios cujos prefeitos foram reeleitos e suas médias são estatisticamente diferentes ao 
nível de 5%. 
 
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Tabela 07: Teste de Igualdade de Médias 
Variáveis Grupo 0 Grupo 1 Teste de Mann-Whitney 
EDU 684,93 728,55 0,002 
DL 13,67 17,82 0,000 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
 
Os resultados obtidos apontam que gastos per capita maiores nas funções educação e 
desporto e lazer aumentam a probabilidade de reeleição do grupo político do prefeito 
municipal. As demais funções avaliadas não apresentaram significância estatística. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Baseado nas pesquisas que apontam para a existência de manipulação fiscal na 
composição dos gastos públicos em períodos eleitorais, essa pesquisa objetivou avaliar qual a 
influência dessa composição sobre a probabilidade de reeleição do grupo político do gestor 
público. As despesas públicas foram segregadas quanto a sua natureza e de acordo com suas 
funções orçamentárias. Já a reeleição do grupo político foi desmembrada na reeleição do 
prefeito municipal e de seu partido político. 
Avaliando a natureza da despesa pública, as evidências apontaram que os grupos 
pessoal e encargos sociais e investimento exercem influência significativa e positiva sobre a 
probabilidade de reeleição do prefeito municipal e de seu partido. O teste de média de Mann-
Whitney identificou que o gasto médio per capita com pessoal e investimentos nos municípios 
cujos grupos políticos foram reeleitos foi superior e é estatisticamente diferente ao nível de 5% 
em relação ao gasto médio dos municípios cujos grupos políticos não obtiveram êxito na 
eleição de 2012. 
Avaliando a despesa pública de acordo com suas funções orçamentárias, as despesas 
com educação e desporto e lazer apresentaram influência significância e positiva sobre a 
probabilidade de reeleição do grupo político do prefeito. O teste de média de Mann-Whitney 
comprovou que as médias dessas funções são maiores nos municípioscujos grupos políticos 
foram reeleitos e estatisticamente diferentes em relação aos municípios cujos grupos políticos 
não foram reeleitos. 
As variáveis de controle testadas não apresentaram significância estatística. Isso 
significa que o nível de desenvolvimento educacional, econômico, de expectativa de vida, de 
desigualdade social e o tamanho dos municípios não influenciam de forma significativa a 
reeleição do grupo político do prefeito municipal. 
Essa pesquisa restringe-se aos municípios da Região Nordeste. Nesse sentido, essa é 
uma limitação natural desse estudo, uma vez que as evidências aqui obtidas podem não 
representar a realidade das demais regiões da Federação. O estudo apenas no ano de 2012 
também é um fator limitador, uma vez que não se pode afirmar que essas evidências são 
comuns nas eleições municipais anteriores. Outra limitação diz respeito aos limites existentes 
na legislação brasileira, tais como os limites para gastos com pessoal e encargos sociais 
estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A presente pesquisa não controlou o 
cumprimento ou não desse limite por parte dos municípios. 
Sugere-se, para pesquisas posteriores, a ampliação da amostra para todo o país, de 
modo que se possa comparar as regiões e estados brasileiros e a ampliação da pesquisa para 
as eleições de 2008 e 2004, tornando os achados mais robustos. 
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1o do art. 2o e § 2o do art. 8o, ambos da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964, estabelece os 
conceitos de função, subfunção, programa, projeto, atividade, operações especiais, e dá outras 
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