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1 Manejo e Produção Florestal Aula 1- Introdução ao manejo florestal e formação de mudas Msc. Flávia Luciane Bidóia • Unidade de Ensino: 1 • Competência da Unidade de Ensino: Conhecer as técnicas manejo florestal e produção de mudas • Resumo: Conhecer a produção de mudas, desde a coleta de sementes até a produção das mudas. • Palavras-chave: Florestas, viveiros, mudas, sementes • Título da tele aula: Introdução ao Manejo Florestal • Tele aula nº: 1 Manejo Florestal A demanda por produtos e serviços florestais fez surgir uma ciência que visa atender a esta necessidade humana e ainda promover a preservação e uso sustentável dos recursos florestais https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons Produtos de origem florestal - Estruturas de construções - Remédios - Resinas e látex - Sementes - Erva-mate https://commons.wikimedia.org Compreender - Implantação e manejo produtivo - Técnicas de manejo - Colheita - Transporte - Beneficiamento - Comercialização Manejo Florestal 1 2 3 4 5 6 2 Manejo florestal - Desenvolvimento da civilização e crescimento populacional: - aumentou o consumo de produtos advindos da floresta Manejo Florestal Florestas: Fonte de energia (combustível/energia) Construções de casas/móveis/ navios PROBLEMA: “NÃO HAVIA REPOSIÇÃO” • EUROPA – INGLATERRA - Em 1.500: florestas inglesas total/e dizimadas - Século XVIII: 1° Reflorestamento: Alemanha - Primeira nação europeia no desenvolvimento sustentável • BRASIL - Exploração do Pau-Brasil - Primeiro defensor: José Bonifácio - Dom Pedro II: primeira ação florestal: “Ordenou e executou o completo reflorestamento das serras de Tijuca, no Rio de Janeiro.” - “Primeiro Parque Nacional da Tijuca” Parque Nacional da Tijuca - Século XX as matas começaram a exaurir, devido ao extrativismo - 1965/66: incentivos fiscais ao florestamento/ reflorestamento - Crescimento de 500 mil ha (1964) para 5,6 milhões de ha (1984) 7 8 9 10 11 12 3 Técnicas de manejo florestal Corresponde: “administração da floresta” para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo (Decreto nº 1182/94). Sistema de manejo florestal • Conjunto de processos agrícolas e agroindustriais necessários para a produção de produtos provenientes de florestas plantadas ou florestas nativas. • Os produtos florestais madeireiros de maior importância comercial são destinados à produção de papel e celulose, carvão vegetal, madeira serrada e madeira processada. Florestas nativas • Manejo sustentável: é administração da floresta para obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando os mecanismos de sustentação do ecossistema; Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) • Exigido por lei para a exploração planejada e organizada dos recursos florestais, utilizando técnicas adaptadas e atendendo a objetivos sociais e econômicos. • Contempla o levantamento ambiental completo (meios, físico, biológico e socioeconômico) além do inventário florestal. Código Florestal Brasileiro • Lei 12.651 de 2012, estabelece as medidas para a conservação das florestas e de outros ecossistemas naturais protegidos por lei dentro das propriedades rurais, posses rurais, áreas de demarcação indígena e reservas públicas e particulares. • Determina a obrigação de preservação de áreas verdes sensíveis e áreas verdes nativas dentro e fora das propriedades rurais privadas (APP, e RL). Conceitos de florestas - Florestas plantadas: voltadas para o comércio, ou seja, para a indústria da madeira, de papel e celulose, ou para a extração de castanhas, frutos, óleo essencial. - As espécies mais cultivadas: Eucalipto e Pinus. - Florestas nativas - Áreas de Preservação Permanente (APP) - Reserva legal (RL 13 14 15 16 17 18 4 Florestas Plantadas • Reaproveitamento de terras degradas pela agricultura • Sequestro de carbono • Maior homogeneidade dos produtos, facilitando a adequação de máquinas na indústria • Ciclos de rotação mais curtos em relação aos países com clima temperado • Diminuição da pressão sobre florestas nativas • Proteção do solo e da água • Sequestro de carbono • Áreas de Preservação Permanente: são definidas como áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, cuja função ambiental inclui a preservação dos recursos hídricos e da paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade e a proteção do sol. • Reserva legal: são áreas que devem ser preservadas pelo ser humano, com cobertura vegetal original. Elas têm a função de garantir o uso econômico sustentável dos recursos naturais, proporcionar a conservação da biodiversidade local, abrigar e proteger a fauna silvestre e a flora nativa. Dendrologia Dendrologia • Parte da botânica que se ocupa com o estudo da caracterização e identificação das árvores dentro da floresta. • Avalia a sistemática vegetal, a taxonomia, a ecologia, a ecofisiologia, a edafologia e anatomia da madeira. • Fornece uma base sólida para o manejo racional da floresta. Levantamentos dendrológicos • Identificação das espécies desejáveis e indesejáveis em florestas naturais ou povoamentos heterogêneos sob manejo; • Regeneração natural, indicando e identificando espécies importantes na fase de plântula e mudas; • Inventários comerciais para exploração de povoamentos naturais. Caracterização das espécies florestais • Morfologia de caule: monopodial e simpodial • Tamanho e forma da copa: influencia na escolha do espaçamentos • Longevidade: grande (vivem mais de 200 anos), média (vivem de 100 a 200 anos) e pequena (vivem menos de 100 anos) 19 20 21 22 23 24 5 Monopodial: Eucalipto Simpodial: Tabebuia sp. Caracterização das espécies florestais • Sociabilidade: capacidade de formar povoamentos homogêneos, como o pinus e o eucalipto, e as espécies disseminadas, que não formam povoamentos homogêneos, como o cedro . • Frugalidade: as frugais têm pequeno consumo de nutrientes do solo (Ex: angico e pinus, e não frugais (Ex: cedro e jequitibá). Caracterização das espécies florestais • Naturalidade: nativas ocorrem naturalmente no país (autóctones e alóctones), e exóticas, aquelas trazidas de outros países. • Tolerância a sombreamento: adaptadas à sombra ou à luz difusa, como cedro e guarantã, e intolerantes, quando exigem bastante luz para se desenvolver. Caracterização das espécies florestais • Resistência a fatores bióticos e abióticos: podem ser resistentes, de resistência média e não resistentes aos diversos fatores abióticos como seca, vento, calor, frio, geada, fogo, solos úmidos e bióticos como pragas e moléstias. • Morfologia de classe: coníferas (gimnospermas) e folhosas (angiospermas). • Grupos ecológicos: pioneiras, secundárias e climácicas Grupos ecológicos - Pioneiras - Secundárias - Climácicas Espécies pioneiras - Iniciam a colonização de uma região inabitada - Espécies resistentes aos fatores abióticos: temperatura, umidade, pressão e salinidade do ambiente - Adaptar às condições do habitat e se instalar no local, iniciando colonização - Morrer e decompor, aumentar o teor de húmus, aumentar capacidade do solo de manter água e nutrientes minerais, favorecendo, assim a sucessão ecológica 25 26 27 28 29 30 6 • Embaúba • Angico vermelho Florestas pioneiras - Essas espécies necessitam de luz para germinar - Têm rápido crescimento - Apresentam ciclo de vida curto - Tendência a pequeno porte - Modificadoras do ambiente Espécies secundárias - Chamadas oportunistas de clareira - Aproveitam a luz de clareiras abertas em florestas primárias para se desenvolver - Produzem sementes aladas com curta longevidade, não dormentes, de pouca reserva e facilmente dispersadas por vento ou animais Espécies secundárias - Função econômica ao oferecer diversos tipos de produtos: madeira, lenha, frutos, sementes, florada para a atividade apícola, fitoterápicos e matéria-prima para artesanatoe confecção de utensílios. - Grupo espécies: Guapuruvu, Ingá e Ipê amarelo • Guapuruvu • Ingá Climácicas - São aquelas de crescimento lento, bem tolerantes a intempéries, que crescem sob sombra, mas precisam de luz para a fase reprodutiva. - Sementes não são dormentes e germinam à sombra 31 32 33 34 35 36 7 Climácicas - Este grupo apresenta madeiras geralmente de elevada densidade e dureza, apropriados para confecção de móveis e estruturas de madeira - Sapucaia e Jatobá do Cerrado - Sapucaia - Jatobá do Cerrado Produção Florestal Viveiros Produção florestal • Reunião de atividades agrícolas de plantio, cultivo, colheita e transformação da madeira (ou outra matéria-prima) em bens de consumo ou produtos de maior valor agregado. • Na produção florestal, a matéria-prima pode ser proveniente de florestas plantadas ou de florestas nativas. Princípios da produção florestal • Mapeamento: consiste no registro da área, criando condições para o planejamento e controle da floresta que será implantada. • Planejamento: a partir dos mapas gerados, confecciona-se um esboço futuro do que acontecerá no momento da implantação da floresta: - Planejamento de implantação; - Planejamento de operação. Princípios da produção florestal • Construção de acessos e estradas: viabiliza toda a logística da floresta, desde a movimentação das máquinas e implementos, veículos de transporte e operações. • Preparo de solo: objetiva criar as condições necessárias para o plantio das mudas florestais e o crescimento da floresta. • Plantio: a partir de mudas ou sementes florestais 37 38 39 40 41 42 8 Princípios da produção florestal • Adubação: atender às necessidades nutricionais da floresta. • Tratos culturais: são as atividades necessárias para o crescimento da floresta e sua adequação aos objetivos de produção. • Inventário florestal: atividade de extração de dados da floresta para otimizar seu uso. Princípios da produção florestal • Proteção florestal: são as ações preventivas e corretivas de proteção da floresta a agentes específicos como incêndios, pragas, doenças, etc. • Colheita e transporte: fase de retirada da floresta do que foi produzido. • Reforma ou condução: - Reforma é o ato de plantar novamente a floresta; - Condução: algumas espécies florestais podem se regenerar a partir do toco cortado condução. Viveiros florestais • Do latim vivarĭum, um viveiro é uma instalação agronômica onde se cultivam, germinam e desenvolvem plantas e árvores até o momento de serem transplantadas. • Grandes projetos de reflorestamento e os plantios comerciais devem contar com o fornecimento de mudas de qualidade e em quantidade suficientes para atender a demanda. Dimensionamento de viveiros O dimensionamento de um viveiro e das estruturas necessárias depende do objetivo da produção de mudas: • Viveiros temporários ou permanentes; • Viveiros especializados ou polivalentes; Dimensionamento das estruturas necessárias • Espécies a serem cultivadas; • Forma de propagação (seminal ou clonal); • Recursos disponíveis; • Nível tecnológico empregado; • Tipo de recipiente; Aspectos desejáveis na instalação de um viveiro • Disponibilidade de água de qualidade; • Topografia plana com pouca inclinação; • Facilidade para obtenção de propágulos de qualidade; • Facilidade para obtenção de insumos; • Boa drenagem; • Boa insolação; • Fácil acesso. 43 44 45 46 47 48 9 Propágulos Os propágulos devem ter qualidade genética. • Nos plantios comerciais os propágulos devem ser produzidos por órgão certificados, com controle de qualidade dos progenitores (pomar de sementes e/ou jardim clonal); • Para espécies nativas deseja-se alta variabilidade genética, obtida na seleção de matrizes de qualidade e em número adequado Recipientes • São definidos em função dos custos e vantagens na operação (durabilidade, possibilidade de reaproveitamento, área ocupada no viveiro, facilidade de movimentação e transporte, dentre outros), bem como as características do recipiente para a formação de mudas de qualidade. • Os mais utilizados são: - Tubetes de propileno - Sacos plásticos Substrato • Meio utilizado para a germinação, enraizamento de estacas e desenvolvimento das mudas; • Pode ser formado por um único material ou por mistura de materiais que proporcionem ao viveirista: - Facilidade de obtenção e baixo custo; - Facilidade de manejo; - Características físicas e químicas favoráveis ao desenvolvimento das mudas; Outros insumos • Água: utilizada na irrigação deve ser abundante e ter qualidade; • Adubos: suprimento de nutrientes para o desenvolvimento das mudas (uso de substratos inertes) • Fitossanitários: controle de pragas e doenças no viveiro Mudas seminais • Mudas produzidas à partir de sementes. • Sementes devem ser obtidas por matrizes devidamente selecionadas, considerando-se as características genéticas desejáveis na formação dos povoamentos florestais. - Sementes de matrizes nativas - Sementes de pomares comerciais Semeadura e germinação • Sementes podem apresentar dormência; • A semeadura pode ocorrer em leito de germinação ou diretamente nos recipientes. • As plântulas germinadas em leito serão repicadas para os recipientes; • Nos recipientes pode haver a necessidade de desbaste 49 50 51 52 53 54 10 Seleção de mudas • Mudas geradas a partir de sementes tem alta variabilidade genética, geram cultivos muito heterogêneos. • A seleção de mudas permite agrupar mudas com desenvolvimento semelhante, para a formação de lotes homogêneos. Mudas clonais • Mudas produzidas por via assexuada. • Propágulos devem ser obtidos de material genético altamente selecionado; • Produção de propágulos deve ser feita em jardim clonal, pois garante maior controle de qualidade. Estaqueamento e enraizamento • Jardim clonal: Confecção de estacas produzidas a partir de ramos do progenitor, que é cultivado para este fim. Deve ter o enraizamento estimulado; • Minijardim clonal: Confecção de mini estacas produzidas a partir dos brotos do progenitor que é cultivado em ambiente controlado. A maior concentração de auxinas, proporciona melhor enraizamento. Seleção de mudas • Mudas produzidas por estacas não apresentam variabilidade genética, mas pode apresentar heterogeneidade no desenvolvimento, por esta razão devem ser selecionadas para formação de lotes mais homogêneos. Técnicas e equipamentos em viveiros florestais Mudas florestais de qualidade São um pré-requisito fundamental para se ter bons povoamentos florestais: - maior percentual de sobrevivência - menor necessidade de tratos culturais após o plantio 55 56 57 58 59 60 11 Escolha dos recipientes - Custos e vantagens: durabilidade, possibilidade de reaproveitamento, área ocupada no viveiro, facilidade de movimentação e transporte, características do recipiente para a formação de mudas de qualidade - Tubetes de propileno e os sacos plásticos - Papel biodegradável, garrafas pet, moldes de isopor (poliestireno) e tubos de papelão Sacos plásticos: - Pequenos viveiros, em virtude de sua maior disponibilidade e menor preço - Infinidades de tamanhos: tempo de permanência no viveiro - Desvantagem: grande enovelamento das raízes https://www.istockphoto.com Uso de tubetes - Menor tamanho, menor necessidade de área de viveiro total - Menor gasto com substrato, facilidade de manuseio dentro do viveiro, menor custo de transporte para área de plantio e facilidade das operações - São recicláveis e apresentam menor risco de enovelamento de raízes - Desvantagens: elevado custo inicial para a aquisição dos tubetes, bandejas e suportes, o que o torna recomendável apenas para viveiros permanentes Sacos biodegradáveis - Vantagens: preservação da arquitetura radicular bem próxima ao normal e a facilidade de plantio das mudas - Desvantagens: custos elevados de implantação, necessidade de bandejas e máquinas apropriadas para o manuseiodo papel 61 62 63 64 65 66 12 Escolha do substrato - Boa capacidade de retenção de água drenagem, aeração, leveza, fertilidade, capacidade de absorção de nutrientes - Ausência de patógenos e substâncias tóxicas às plantas - Disponibilidade durante todo o ano, o custo de obtenção e a experiência em sua utilização Coleta e seleção de sementes - Maturidade da planta, exposição da copa - Vigor da árvore, hereditariedade - Condições do solo, clima - Competição - Pragas e doenças Sucesso na coleta de sementes - Condições ambientais: chuvas, acesso e topografia - Características das espécies: forma de dispersão de sementes e épocas de maturação de frutos - Estado das matrizes: altura, diâmetro, sanidade e distância de outras matrizes Maturidade fisiológica - Sementes apresentam o máximo de germinação e vigor - Visuais: coloração, rigidez da casca, posição dos frutos e folhas nos ramos - Índices de tamanho: semente na maturidade fisiológica atinge seu máximo tamanho. - Densidade aparente: determinado em campo por teste de flutuação - Teor de umidade: obtido por pesagem e secagem de sementes. - Peso da matéria seca: melhor índice de maturidade fisiológica, mas não deve ser utilizado isoladamente. Principais métodos de quebra de dormência - Escarificação química - Escarificação mecânica - Estratificação - Choque térmico - Água quente Tratos culturais - Irrigação - Adubação - Controle de doenças e pragas 67 68 69 70 71 72 13 Qualidade das mudas em viveiros florestais - Bom vigor e ausência de sintomas de deficiência nutricional - Ausência de pragas e doenças, sem perda precoce de folhas. - Caules devem ter um bom diâmetro de colo, ser bem desenvolvidos, rígido, com internódios curtos, sem tortuosidade e bifurcação. Qualidade das mudas em viveiros florestais - As raízes devem ter coloração branca (cor negra indica mortalidade do sistema radicular), finas e bem agregadas ao substrato. - A parte aérea deve ser bem formada, e sua altura não deve ultrapassar mais de quatro vezes a altura do recipiente Fechamento Fechamento - Manejo florestal - Técnicas de produção - Mudas de qualidade 73 74 75 76 77