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COMMON LAW E CIVIL LAW.
É interessante pensar que no civil law / sistema romano-germânico a “lei” é algo que precisa estar
escrito enquanto a “lei” no Common law não precisa, pois neste sistema a lei se baseia principalmente
nas decisões dos tribunais, que se baseiam nos costumes da sociedade. As palavras que aparecem
relacionadas ao common law são: precedentes; stare decisis; jurisprudências; costumes.
A origem do common law veio antes da civil law pois aquela surgiu de maneira primitiva, ou seja, dos
costumes de cada sociedade. Por sua vez o civil law teve um importante marco com Justiniano I (483 a
565 d.C), logo depois de assumir o poder do império bizantino, que foi a continuação do império
romano durante a antiguidade tardia e idade média, que percebeu a importância de guardar a herança
do direito romano e a necessidade de organizar a legislação que se tinha em vigor na época, compilou
todas as normas e jurisprudências da época em um código conhecido como “Código de Justiniano”
publicado em 529 d.C. - Séc. VI. Posteriormente o romanista francês Dionísio Godofredo denominou o
código como “Corpus Juris Civilis”, com atualizações das regras quando foram republicadas em 1583.
Civil law também conhecido como sistema romano-germânico devido a mistura de leis que havia na
Europa entre os romanos e os bárbaros na época. Outro marco importante foi em 1215 (séc. XIII), na
Inglaterra, o imperador John Lackland ou João sem terra, assinou a Magna Charta Libertatum, que era
um documento que continha o princípio da legalidade, que visa limitar os arbítrios do Estado (João sem
Terra não fez isso porque ele era uma pessoa solidária, mas sim porque foi forçado a fazer isso pelos
burgueses, devido ele ter aumentado muitos os impostos e gerado revolta nos burgueses). O terceiro
marco importante da civil law e consequentemente do princípio da legalidade foi no período da
Revolução Francesa (1789) com Paul Johann Anselm von Feuerbach, considerado o pai do direito
moderno, começou a sistematizar o direito penal como uma ciência. Feuerbach foi influenciado por
obras importantes como “Do contrato social” (1762) de Jean Jacques Rousseau e a obra “Dos delitos e
das penas” (1764) de Cesare Beccaria.
Aqui cabe uma observação importante: Quando estudamos criminologia, é comum aprendermos que
Cessare Lombroso foi o primeiro a sistematizar a criminologia com a obra ”O homem delinquente”
(1876) - Escola positivista, enquanto Cesare Beccaria foi o primeiro a sistematizar o Direito Penal com
a obra “Dos delitos e das penas” (1764) - Escola clássica.
O Brasil adotou o sistema civil law devido este ser o sistema de Portugal, que colonizou o Brasil. O
sistema civil law, derivado do sistema romano-germânico é o mais utilizado hoje no mundo.
Outra observação importante é sobre o princípio da legalidade, que está previsto no No Art. 1º do
Código Penal, que diz: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.”
Podemos concluir, deste princípio:
O princípio da legalidade vai sempre limitar o poder estatal;
No ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da legalidade subdivide-se em 3 princípios:
1 - Princípio da Reserva Legal: Afirma que para haver punição, há a necessidade de existir uma lei
afirmando que determinada ação ou omissão será punida.
2 - Princípio da Anterioridade: Afirma que não basta que para punir tenha que ter uma lei escrita
afirmando que determinada ação ou omissão será punida, mas afirma que esta lei deve estar em
execução no ordenamento jurídico antes do acontecimento da ação ou omissão do agente.
3 - Princípio da Irretroatividade da lei penal mais gravosa / Retroatividade da lei Penal mais
benéfica:
Afirma que a lei penal mais grave não vai retroagir, salvo para beneficiar o réu. Suponhamos que Tício
tenha matado alguém, e por isso, tenha sido condenado à pena de privação de liberdade por 10 anos.
Agora suponhamos que venha a vigorar no ordenamento jurídico brasileiro uma lei que afirma que a
pena mínima para a conduta de homicídio seja de 20 anos, neste caso, esta nova lei não irá se aplicar
a Tìcio porque ela o prejudicaria. Agora suponhamos que esta nova lei seja diferente, que ela afirme
que a pena mínima de privação de liberdade seja de 2 anos e a máxima de 5, neste caso, esta lei
aplicaria-se a Tício, porque ela o beneficiaria. Alguns doutrinadores entendem que este princípio é o
mesmo que o da anterioridade da lei.
Alguns doutrinadores (e a maioria das bancas examinadoras de concursos públicos) ainda afirmam que
o princípio da legalidade se subdivide em um outro princípio que é o da Taxatividade. Este princípio da
Taxatividade afirma que não basta que exista uma lei, e que esta lei precise ser anterior ao fato
praticado, mas que ela precisa ser clara, para que ninguém possa dizer que não sabia que
determinada ação ou omissão era crime.
Estas observações sobre o princípio da Legalidade são de muita importância porque como o Brasil
adotou o sistema civil law, é correto dizer que a lei afirmando que determinada ação ou omissão é
crime precisa ser no sentido formal (lei ordinária ou lei complementar).
É sempre importante relacionar o princípio da legalidade com o sistema civil law porque os dois
institutos estão muito relacionados um com o outro, e limitam o poder estatal.
INTRODUÇÃO (1) - DIFERENÇA ENTRE HISTÓRIA E HISTÓRIA DO DIREITO.
História: “O propósito da História, ciência que trata de narrar e fazer conhecer os acontecimentos
sociais ocorridos e vividos, acertando versões, afastando dúvidas, buscando a certeza, sempre com
fundamentos nos dados já existentes ou naqueles que necessitam ser levantados e esclarecidos”.
(AZEVEDO, 2013, p. 16).
E para que os fatos antigos possam ser compreendidos, muitas técnicas deverão ser utilizadas. Pense
que em algumas sociedades do passado nem escrita havia e a história foi contada através de figuras e
desenhos, como os desenhos nas cavernas. Além disso, a maioria dos vestígios históricos são
perdidos ao longo dos séculos, tornando a tarefa do historiador de grande complexidade. Entre as
técnicas mencionadas, podemos mencionar a epigrafia.
Epigrafia: estudo dos textos escritos nos materiais mais variados, como a argila, pedra, madeira ou
bronze; nos papiros empregados na Antiguidade; nos pergaminhos, a partir da alta Idade Média; nos
manuscritos, iluminuras e em toda a sorte de documentos dispersos nas bibliotecas e nos arquivos
públicos e privados, por meio dos quais, em paciente e dedicada análise, vão sendo erguidas as luzes
para o conhecimento da civilização e sociedade pesquisada. (AZEVEDO, 2013).
História do Direito enquanto ciência: “Ciência que pesquisa e estuda o significado dos processos de
alteração das estruturas jurídicas; e se, assim procedendo, ela penetra e convive com as naturais
mutações de ordem política, econômica e cultural inerentes ao substrato social examinado”
(AZEVEDO, 2013, p. 16).
Certo é que o Direito, apesar da necessidade de se manter estável e oferecer segurança jurídica para
as relações, muda constantemente, adaptando-se ao meio social onde está inserido e mantendo-se em
contínua transformação, para poder tutelar e reger os interesses da sociedade, a qual está sempre se
transformando, cabendo ao direito se adaptar e acompanhar tais transformações.
Caro aluno, você saberia indicar quais fatores poderiam influenciar em tais mudanças do Direito na
história? Pense nas modificações de ordem política, econômica, social, religiosa e cultural, por
exemplo. Tais fatores influenciam diretamente a sociedade e, consequentemente, o direito vigente.
A história do direito não é uma disciplina dogmática, ela é uma disciplina zetética, ou seja ,
investigativa, e não formada por dogmas prontos e inquestionáveis
INTRODUÇÃO (2) - VISÃO GERAL.
A palavra 'Direito" se origina do latim "Directum" que significa"estar conforme a regra", vem dos
romanos antigos. É a junção de duas palavras: "DIS" que quer dizer "muito" e rectum, que quer dizer
"reto/justo/certo". Direito pode ser considerado como “o caminho certo”. O direito foi o meio pelo qual as
pessoas acharam de subjugar suas vontades particulares em prol da vontade coletiva.
“Entende-se, em sentido comum, o Direito como sendo o conjunto de normas para a aplicação da
justiça e a minimização de conflitos de uma dada sociedade. Estas normas, estas regras, esta
sociedade não são possíveis sem o Homem, porque é o Ser Humano quem faz o Direito e é para ele
que o Direito é feito.”
(Flávia Lages de Castro, História do Direito Geral e Brasil, p2)
O direito pode ser considerado uma conquista da civilização, porque é o direito que impede que a
vontade dos mais fortes dos mais poderosos e os detentores do poder ideológico, econômico ou
político sobressaia sobre a maioria.
“A função precípua da história do direito na formação dos bacharéis encontrasse na desnaturalização
da permanência ou evolução, em fazer o jurista observar que o direito relaciona-se com o seu tempo e
contexto (social, político, moral) e que o direito contemporâneo não é uma nova versão do direito
romano ou uma evolução do direito medieval, mas sim fruto de um complexo de relações presentes na
sociedade e que progride a par das forças indutoras capazes de modificá-lo, transformá-lo,
revolucioná-lo.” (José Fábio Rodrigues Maciel e Renan Aguiar, História do Direito, p.22)
“Destaco que o direito não é apenas um conjunto de regras. É mais do que isso. As regras, escritas
(leis), são um dos instrumentos de aplicação e atuação do direito, que se vale de outros componentes
em sua configuração. Temos assim, ao lado das leis, a doutrina, a jurisprudência, os costumes, os
princípios gerais, que somados compõem o conceito de Direito. E esses elementos em conjunto,
aplicados, buscam atingir o ideal supremo, que é a obtenção da justiça.” (Ronaldo Leite Pedrosa,
Direito em História, p13)
Cada sociedade vai compor o seu conjunto de normas baseado nos seus costumes, tradições, e moral
vigente em determinado período histórico. Para compreender essa questão do período histórico,
adotamos para o estudo do direito, a divisão histórica clássica, que consiste basicamente na divisão da
história em períodos, vejamos:
Tudo o que ocorrer na história da humanidade após o ano 4.000 a.C. é considerado HISTÓRIA,
justamente porque é aqui o surgimento da escrita. É a partir daqui que se tem dados
palpáveis/sólidos/concretos sobre a história do homem no planeta, e por isso é justamente aqui que se
começa a contar a história da humanidade. Todo período anterior a 4.000 a.C. chama-se de
PRÉ-HISTÓRIA.
Do surgimento da escrita até o século V d.C., mais precisamente no ano 476, com a queda do império
romano, chama-se de ANTIGUIDADE.
Do século V até o século XV, mais precisamente em 1453, com a queda do império romano do oriente,
ou com a tomada de Constantinopla pelos turcos temos a IDADE MÉDIA. Constantinopla passou a se
chamar Istambul.
De 1453 até 1789 (do século XV ao século XVIII), com a Revolução Francesa, é chamado de Idade
Moderna ou de modernidade, que é o lapso de tempo de transição entre a idade das trevas (período
medieval), para a era das luzes. “Era das luzes” porque os filósofos e cientistas do movimento
Iluminismo ou Ilustração jogaram luz no entendimento das pessoas, questionando o arbítrio do Estado.
CIVILIZAÇÕES DO ORIENTE PRÓXIMO.
Esta seção abordará os principais elementos e contribuições do povo egípcio, dos povos que
habitaram a região da Mesopotâmia e dos hebreus para o Direito.
O surgimento das cidades, a invenção e domínio da escrita e o advento do comércio são alguns dos
fatores históricos que podemos apontar como responsáveis pela transição de formas arcaicas da
sociedade para as civilizações primeiras da Antiguidade. Os documentos jurídicos mais antigos surgem
por volta de 3100 a.C no Oriente Próximo, na região do Egito e da Mesopotâmia. Maciel e Aguiar
(2013) afirmam que apenas a transmissão oral da cultura se tornou insuficiente para a manutenção e
preservação da memória e identidade dos primeiros povos urbanos, tendo em vista que as estruturas
religiosas, políticas e econômicas se tornaram mais complexas.
Dentre os povos do Oriente Próximo, a civilização egípcia não nos transmitiu nenhum documento
escrito, códigos ou livros jurídicos, mas pode-se afirmar que foi a primeira civilização da humanidade a
desenvolver um sistema jurídico concreto.
A região da Mesopotâmia foi a primeira que teve textos jurídicos. Os sumérios, os acadianos, os
hititas e os assírios redigiram textos jurídicos que podem ser considerados como codificações de
Direito, formulando regras e ditando normas, mesmo que de forma arcaica. Por fim, os hebreus,
registraram na Bíblia um estruturado conjunto de preceitos de ordem moral e jurídica que foram
perpetuados até os dias de hoje, através de grande influência no direito canônico. Agora veremos cada
uma dessas sociedades de forma individualizada, destacando os pontos de maior relevância para o
estudo da história do Direito.
EGITO:
A civilização egípcia se desenvolveu às margens do rio Nilo, localizando-se na parte setentrional do
continente africano. Apresentava organização política provincial e foi uma monarquia que se dividiu em
várias dinastias entre os anos 3000 a.C. até meados de 322 a.C., quando foi conquistada por
Alexandre.
A história do Egito nos remete a mais de 4.000 anos antes de Cristo. Era uma monarquia absoluta e
teocrática (Significado de Teocracia: sistema de governo em que o poder político se encontra
fundamentado no poder religioso, pela encarnação da divindade no governante, como no Egito dos
faraós) regida pelo Faraó. O faraó era visto como uma espécie de divindade viva, um sucessor de
Hórus, o primeiro deus faraó. O reino egípcio era dividido em províncias denominadas de nomos. A
sociedade egípcia era estratificada em classes e as pessoas poderiam ascender ou descender de uma
classe para outra através de seus atos. Além do faraó e sua família, existiam outras cinco classes: os
sacerdotes, os guerreiros, os escribas, os artífices e os camponeses.
Havia bom recenseamento (divisão do número de população por regiões ou classes) da população,
sendo que todas as pessoas tinham o dever de comparecer junto ao magistrado e declarar seu nome,
profissão e meios de subsistência, evidenciando o controle do Estado sobre os cidadãos e bens. Os
egípcios eram bem organizados politicamente e todo o poder político era concentrado nas mãos do
Faraó, considerado uma divindade e confundido com o próprio deus. Competia a ele garantir a ordem,
a soberania e a prosperidade do povo. O poder judiciário, considerando-se aqui a origem divina dos
faraós, concentrava-se na classe sacerdotal, enquanto os principais juízes do tribunal supremo,
responsável pelo julgamento dos crimes mais graves, eram indicados pelas principais cidades. Como
elemento administrativo, os tribunais eram organizados pelo próprio Faraó. A respeito do Direito
codificado em si, destacamos que nenhum texto legal escrito chegou até o homem moderno. No
entanto, há inúmeros excertos de contratos, testamentos, decisões judiciais e atos administrativos,
além de grande quantidade de referências a normas jurídicas em textos sagrados.
A respeito das codificações em si, reitera-se que até o momento não foram encontrados documentos
que pudessem comprovar a existência de textos escritos. Apesar disso, podemos afirmar que os
egípcios tiveram um direito extremamente evoluído, sendo comparado em vários pontos ao Direito
romano, que será estudado mais a frente. As poucas informações sobre uma eventual lei egípcia
escrita chegam aos dias de hoje de forma indireta, seja pelos textos de julgamentos que se
preservaram,seja pela literatura que cita tais codificações de forma indireta.
QUESTÃO: É correto afirmar que no Egito encontramos uma espécie de tribunal, uma justiça
densamente teocrática e escalonada em instâncias.
CERTO. O poder judiciário, considerando-se aqui a origem divina dos faraós, concentrava-se na
classe sacerdotal, enquanto os principais juízes do tribunal supremo, responsável pelo
julgamento dos crimes mais graves, eram indicados pelas principais cidades. Como elemento
administrativo, os tribunais eram organizados pelo próprio Faraó. Era uma monarquia absoluta
e teocrática/teológica.
MESOPOTÂMIA.
A palavra “Mesopotâmia” significa “entre rios”.
É denominada como Mesopotâmia a região localizada entre os rios Tigre e Eufrates, onde atualmente
ficam os países do Iraque e Kuwait. Na Antiguidade, essa região apresentou grande desenvolvimento
do Direito e é de lá que vieram os mais antigos documentos legislativos escritos, principalmente na
forma de códigos. A região era habitada por diversos povos, sendo os de maior relevância para o
estudo da história do direito os sumérios, os acadianos, os babilônios, os assírios e os hititas. As
civilizações eram divididas em cidades-estados, havendo grande diversidade étnica, e a relação entre
os povos era facilitada pela adoção de uma única língua nas relações diplomáticas. Os sistemas
jurídicos desenvolvidos na região da Mesopotâmia são conhecidos como cuneiformes, por causa do
processo de escrita utilizado pelos povos que lá habitavam, e tais sistemas geraram codificações
escritas, sendo o principal deles o Código Hammurabi. Os códigos eram como os de hoje, e nada mais
eram do que compilações de casos concretos, relatando as soluções ou penalidades aplicáveis a cada
caso. As recentes descobertas arqueológicas nos permitem identificar os principais códigos deixados
por estas civilizações:
- Código de Ur-Nammu: com existência aproximada desde 2040 a.C., surgiu na região da Suméria e é,
atualmente, o documento legislativo escrito mais antigo na história do Direito. As normas ali contidas
revelam o perfil dos costumes locais e trazem decisões proferidas em casos concretos. Traz normas,
em sua maioria, de Direito penal.
- Código de Esnhunna: datado de cerca de 1930 a.C., continha cerca de 60 artigos, sendo uma mistura
entre Direito penal e civil.
- Código de Hammurabi, rei da Babilônia: foi descoberto apenas em 1901 e tem existência aproximada
a 1694 a.C. Esse documento legal foi gravado em uma pedra negra e atualmente se encontra no
Museu do Louvre, em Paris (França). Junto ao código foram encontradas diversas tábuas de argila
com a reprodução do texto, que provavelmente eram utilizadas pelos aplicadores do direito da época.
O Código de Hammurabi é composto por 282 artigos escritos em 3.600 linhas de texto cuneiforme.
Esse código evidencia a existência de um sistema jurídico extremamente desenvolvido, principalmente
no direito privado e contratos, prevendo várias modalidades de contratos e negócios jurídicos.
Entende-se esse enfoque pelo fato dos povos que habitavam a Mesopotâmia praticarem amplamente o
comércio, sendo necessário que as transações fossem regulamentadas.
Como critério de punição, o código utilizava a Lei de Talião, muito usada pelos povos antigos. Consistia
em uma retaliação a algum ato praticado, em que a pena para o delito era equivalente ao dano
causado, ou seja, a punição é impor ao criminoso o mesmo sofrimento causado pelo crime. É o famoso
“olho por olho, dente por dente”.
O Código de Hammurabi foi escrito pelo rei da Babilônia, que fez conter ali decisões judiciais com base
naquilo que ele pensava ser correto. Em contraponto, hoje no Brasil há um sistema legislativo
complexo e democrático, permitindo que toda a população participe do processo, mesmo que de forma
indireta.
Os principais institutos do Direito mesopotâmico podem ser divididos em contratos, adoção, sucessão e
Direito penal. Graças ao desenvolvimento da economia e das relações comerciais, havia previsão de
contratos de compra e venda, arrendamento de terras, depósito, empréstimo a juros e títulos de
crédito. No campo de Direito de família, o sistema familiar era monogâmico e patriarcal. A mulher era
dotada de personalidade jurídica e tinha liberdade na gestão de seus bens, traços modernos para sua
época. Havia a possibilidade do marido repudiar a esposa, mas também o inverso. Caso a mulher
alegasse má conduta do marido, poderia propor ação para retornar à sua família originária, levando
consigo seu patrimônio. O casamento era próximo ao que hoje conhecemos como comunhão de bens.
O instituto da adoção era previsto com detalhes, estipulando as consequências jurídicas da ruptura do
vínculo entre adotante e adotado. A sucessão previa limitações ao poder de dispor sobre o patrimônio,
resguardando os direitos dos demais filhos.
Os códigos das civilizações que habitavam a região da Mesopotâmia na antiguidade, em sua maioria,
eram advindos do Rei, sendo impostos para os demais setores da sociedade. Ou seja, não havia um
processo legislativo democrático, como há atualmente.
Por fim, o Direito penal era bem severo, prevendo pena capital para muitos casos. A pena de morte era
largamente aplicada, quer seja pela fogueira, forca, afogamento ou empalação. Havia também a
previsão de mutilação, dependendo do caso. Além disso, havia a previsão da condenação pela
receptação de bens advindos de furto ou roubo, punido o agente e também aquele que recebesse tais
bens.
HEBREUS.
O direito hebraico pautava-se em preceitos jurídicos de ordem religiosa, embasados em uma religião
monoteísta, diferentemente do politeísmo predominante na Antiguidade. Como as normatizações
jurídicas tinham origem divina, ou seja, dadas por Deus ao seu povo, eram imutáveis, cabendo apenas
a Deus o direito de modificá-las. Os hebreus adoravam ao Deus Jeová e tinham por base a Bíblia
Sagrada, livro sagrado no qual constavam as bases jurídicas do povo hebraico. A Bíblia hebraica, além
de fonte formal do Direito, também é a principal fonte histórica do povo hebreu e os textos sagrados,
utilizados e existentes à época do povo hebreu, correspondem ao que conhecemos hoje como Antigo
Testamento, que se divide em três partes principais:
a) Pentateuco: escrito por Moisés, é composto por cinco primeiros livros da bíblia – Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio.
b) Profetas: aborda principalmente o aspecto histórico do povo.
c) Hagiógrafos: enfoca nos costumes e tradições do povo. Como características do Direito hebreu,
podemos apontar a criação de três tribunais, com funções distintas:
a) Tribunal dos Três: julgava delitos e causas de interesse pecuniário.
b) Tribunal dos Vinte e Três: recebia apelações e os processos criminais relativos a crimes punidos
com a pena de morte.
c) Sinédrio (Tribunal dos Setenta): poderia ser equiparado à magistratura suprema dos hebreus, sendo
composto por 70 juízes. Competia ao Sinédrio interpretar as leis, julgar senadores, profetas, chefes
militares, cidades e tribos rebeldes. Como lei hebraica, podemos citar aquela conhecida como “Lei dos
10 Mandamentos”, fornecida por Deus a Moisés, prevendo regras expressas de conduta.
Entre os conhecidos 10 Mandamentos contidos na Bíblia Sagrada, encontramos as seguintes regras:
- Não assassine.
- Não cometa adultério.
- Não furte.
- Não dê falso testemunho ao depor contra o seu próximo.
Essas normatizações, encontradas no capítulo 20 do livro de Êxodo, tratam de regras que hoje seriam
consideradas como sendo de Direito penal, Direito processual e Direito de família. Destaca-se a partir
de agora os principais institutos jurídicos do povo hebreu, iniciando-se pelo que hoje entendemos como
Direito de Família. Era consolidada a estrutura patriarcal, sendo vitalício o pátrio poder, com o pai
respondendo pelos atos ilícitos que porventura os filhos praticassem.A respeito do casamento, a futura
esposa poderia ser comprada através de pagamento em dinheiro ou em serviços. A respeito da
sucessão entre os filhos, o único que possuía direito de herança era o primogênito e as mulheres não
possuíam direito sucessório.
O sistema penal dos hebreus era dominado pela razão religiosa, havendo previsão legal de pena
capital, que era o apedrejamento até a morte, e penas pecuniárias. A lei Mosaica previa delitos que
podem ser divididos em:
a) Delitos contra a divindade: idolatria, blasfêmia, não guardar o sábado, etc.;
b) Delitos praticados pelo homem contra seu semelhante: lesões corporais, homicídio, etc.;
c) Delitos contra a honestidade: adultério, fornicação, etc.;
d) Delitos contra a propriedade: furto, roubo, falsificação; etc.
e) Delitos contra a honra: falso testemunho e calúnia.
O direito hebraico estava presente em diversos campos da vida do povo hebreu, tendo grande relação
com preceitos de ordem religiosa. Tais preceitos estão registrados na Bíblia Sagrada, sendo fruto de
análise dos estudiosos até os dias atuais.
RESUMO:
- Egípcios: até hoje não foram encontrados registros escritos sobre o Direito, mas é certo que
possuíam um regime jurídico bastante avançado para sua época.
- Região da Mesopotâmia: os diversos povos que ali habitavam possuíam codificações escritas do
Direito, sendo a mais conhecidas delas o Código de Hammurabi, e o mais antigo de todos: o Código de
Ur-Nammu. Outro código importante é o Código de Esnhunna.
- Hebreus: possuíam regras e normas de conduta claras, que eram advindas de Deus e registradas na
Bíblia Sagrada.
QUESTÕES.
QUESTÃO: Assinale a alternativa que apresenta o povo que os historiadores afirmam que
apesar de ter um direito bastante concreto em funcionamento na época, na área do direito penal
e civil, não deixaram praticamente documentos escritos.
a) Hebreus. (ERRADO. O povo hebreu deixou a bíblia (pentateuco) como código.)
b) Egípcios. (GABARITO. Apesar de não deixarem escritos, possuíam uma sociedade
organizada, pois faziam muitas transações comerciais , como contratos, empréstimos , compra
e venda, adoção e sucessão.)
c) Sumérios. (ERRADO. Os sumérios eram povos da mesopotâmia, que deixou vários códigos)
d) Babilônicos. (ERRADO. Os babilônicos eram povos da mesopotâmia, que deixou vários
códigos)
e) Assírios (ERRADO. Os assírios eram povos da mesopotâmia, que deixou vários códigos)
COMENTÁRIO: Sobre a mesopotâmia: A região era habitada por diversos povos, sendo os de
maior relevância para o estudo da história do direito os sumérios, os acadianos, os babilônicos,
os hititas e os assírios.
QUESTÃO: É correto afirmar que na Mesopotâmia o sistema jurídico era chamado de
cuneiforme devido o processo da escrita ser feita em pedras. O mais conhecido código deste
povo é o Còdigo de Hamurabi.
Correto. Este Código está atualmente no museu de Louvre em Paris.
QUESTÃO: É correto afirmar que os Hebreus baseavam suas leis na fé.
Correto. Apesar de ser baseado na fé, eles tinham um código, que é a Bíblia. Na época existia
apenas o pentateuco, que são os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levíticos,
Números e Deuteronômio. Era um povo monoteísta, ou seja, acreditavam em um único Deus -
Jeová.
CIVILIZAÇÃO GREGA: O DIREITO GREGO NA ANTIGUIDADE.
Estudaremos uma das principais civilizações da Antiguidade, a Civilização Grega. Enfocaremos as
suas principais e mais relevantes contribuições para o Direito. Na pura acepção do termo, não se pode
considerar que os gregos tenham sido grandes juristas, tendo em vista que não buscaram sistematizar
ou codificar suas instituições de Direito, ou então construir a ciência do Direito. Tinham uma
compreensão que ia além disso: entendiam que conhecer o Direito deveria fazer parte da educação de
todo cidadão. Dessa forma, na civilização grega todos os cidadãos deveriam conhecer seus direitos e
deveres, estando todos aptos para participar e se defender nos tribunais, não propiciando a
profissionalização do operador do Direito, por assim dizer. Porém, os gregos, ao melhorarem a
aplicação das tradições do Direito cuneiforme e transmiti-las aos romanos, deram valiosas
contribuições. Nesta seção de estudo enfocaremos o Direito das cidades gregas, com destaque para
Atenas. Tal estudo não será norteado através de textos legislativos ou sob ensinamento de juristas.
Como bem afirma a melhor doutrina, “o direito era consequência da noção de justiça que estava difusa
na consciência coletiva” (MACIEL; AGUIAR, 2013, p. 103).
Os pensadores gregos consideram como principal fonte do Direito o nomos, normalmente traduzido
como lei, que tem a função de limitar o poder das autoridades. Os gregos fizeram poucas leis
codificadas, da forma que temos hoje, sendo os costumes a forma mais comum do nomos. A principal
contribuição dos gregos para a cultura ocidental está na Filosofia, tendo como principais expoentes
Sócrates, Platão e Aristóteles. A participação na vida pública era uma dos principais alvos pelo qual o
homem grego, em especial o Ateniense, poderia ter, sendo comum que os cidadãos participassem de
forma ativa nas assembleias. Desta forma, entende-se que os cidadãos gregos governavam de forma
direta, discutindo e influenciando nas decisões importantes para a sociedade grega, mesmo na esfera
judiciária. Contudo, comparada com as Constituições das democracias modernas, a Constituição de
Atenas pode ser considerada bem pouco democrática. Os escravos não possuíam nenhum direito
político ou civil. Só participavam das reuniões os homens maiores de idade. Os gregos tinham o
costume de aprender os textos jurídicos recitando-os de forma poética, por exemplo, as leis de Sólon,
que eram ensinadas como poemas. Dessa forma, grande parte da população ateniense conhecia a
tradição político-jurídica de sua nação e cidade. Como os cidadãos sabiam ler, a literatura jurídica era
uma das fontes de instrução e prazer e as leis faziam parte da educação dos jovens, permitindo que o
Direito fosse aprendido no cotidiano. Antes de adentrarmos em temas propriamente do Direito,
destacamos que os gregos foram grandes pensadores políticos e filosóficos, com contribuições que
perduram até hoje, como no caso de regimes políticos pensados por teóricos gregos. Os pensadores
gregos tiveram grande contribuição para a Filosofia e a Política.
A respeito das características do Direito grego, em especial ao que era difundido em Atenas, temos nas
Leis de Drácon a legislação mais antiga conhecida da região, datando o ano de 621 a.C. Esta lei põe
fim à solidariedade familiar, com o objetivo de expandir a esfera de atuação dos cidadãos, que não
deveriam se manter fechados em seus clãs familiares, e também tornava obrigatório que as
divergências entre as famílias fossem resolvidas nos tribunais.
As leis draconianas, conhecidas pela sua severidade, introduziram, através do primeiro Código de Leis
de Atenas, um importante princípio do Direito Penal, estabelecendo a distinção entre os tipos de
homicídios, fazendo a classificação entre homicídio voluntário, involuntário e em legítima defesa.
Entre 594 e 593 a.C., S ólon, sob influência do Direito egípcio, cria o Novo Código de Lei, alterando o
que fora criado por Drácon, promovendo ampla reforma institucional, social e econômica, influenciando
o desenvolvimento dos cidadãos de Atenas.
Entre as principais mudanças estabelecidas pela reforma institucional promovida por Sólon, podemos
citar a criação do Tribunal da Heliaia, local onde qualquer pessoa poderia apelar das decisões de
outros tribunais, assegurando a ideia de que a lei se encontrava acima do magistrado. Este tribunal
julgava todas as causas, tanto as públicas quanto as privadas, exceto crimes considerados de sangue.
Os heliastas, membros do Tribunal de Heliaia, eram sorteados anualmente entre os cidadãos
atenienses. Além disso,foi instaurada a igualdade civil, suprimindo a propriedade coletiva dos clãs
familiares e a servidão por dívidas. E ainda, limitou o poder paternal, estabeleceu o testamento e a
adoção.
“Ao que parece, estas três constituem as medidas mais populares do regime de Sólon: primeiro, e a
mais importante, a proibição de se dar empréstimos incidindo sobre as pessoas; em seguida, a
possibilidade, a quem se dispusesse, de reclamar reparação pelos injustiçados; e terceiro, o direito de
apelo aos tribunais, disposição esta referida como a que mais fortaleceu a multidão, pois quando o
povo se assenhoreia dos votos, assenhoreia-se do governo.” Fonte: Aristóteles, em sua obra A
Constituição de Atenas, IX, 1
Ainda entre os avanços da reforma promovida por Sólon, é instaurada uma democracia moderada em
Atenas, permitindo que os cidadãos participassem ativamente nas assembleias e que a Justiça
estivesse nas mãos do povo, e não no controle de operadores do direito. Tal mudança permitiu que o
debate e reflexão sobre o que é justo e o que é justiça fosse além da aplicação de normas codificadas.
Justamente por ser uma sociedade tão democrática, todo cidadão deveria estar preparado para
argumentar em favor daquilo que defendia e pensava, valendo-se do poder de convencimento e
persuasão para tal tarefa. Assim, a boa retórica era algo fundamental para os cidadãos atenienses.
Nos tribunais, não havia juízes, promotores ou advogados, apenas dois litigantes dirigindo-se a
centenas de jurados. A advocacia era vista com maus olhos e o ideal era que todo cidadão tivesse
imbuído em si o senso e ideal de justiça, sendo capaz de fazer suas próprias defesas e se insurgindo
contra qualquer ato ilícito com que se deparasse. Porém, havia os logógrafos, pessoas que redigiam
discursos para as partes que atuavam no processo, naquilo que pode ser considerado como uma
prática da advocacia de forma bastante incipiente.
Havia boa evolução do Direito processual grego, que possuía e distinguia árbitros públicos e privados.
A arbitragem privada era a maneira mais simples e rápida de se resolver um litígio e acontecia fora dos
tribunais. Os árbitros procuravam obter o acordo e a conciliação entre as partes, não emitindo um
julgamento de valor. Seria algo próximo ao que temos hoje no instituto da mediação. Já a arbitragem
pública era utilizada nos estágios preliminares do processo de alguns tipos de ações legais. O
magistrado designava o árbitro, que tinha como principal função a emissão de um julgamento, que
poderia ser alvo de apelação. Também havia a distinção entre ação pública, que poderia ser iniciada
por qualquer cidadão que se considerasse lesado pelo Estado, e a ação privada, debate judiciário entre
dois ou mais litigantes, que reivindicavam direitos ou contestavam ações.
Além disso, o direito processual grego possuía características de destaque. Havia o direito popular de
acusação e julgamento, a publicidade de todos os atos do processo, inclusive o julgamento, prisão
preventiva, liberdade provisória sob caução, procedimento oficial nos crimes políticos, etc. Já o sistema
penal era fundado na acusação popular, quando se tratava de crimes públicos, permitindo que
qualquer cidadão pudesse sustentar acusações apresentando suas provas e suas alegações ao
Tribunal competente. As penas previstas, em regra, eram castigos, multas, mutilações, morte e exílio.
Havia quatro instâncias nas jurisdições criminais em Atenas. A Assembleia do Povo era composta
pelos Senadores e Magistrados populares, que discutiam apenas os crimes políticos mais graves. O
Areópago, mais antigo e célebre Tribunal, julgava apenas os crimes com morte, apesar de inicialmente
julgar todos os crimes. O Tribunal de Efetas, composto por 51 juízes escolhidos pelo Senado, julgava
pessoas que cometiam homicídios não premeditados. Por fim, o Tribunal de Heliaia, assembleia que se
reunia na praça pública da cidade e tinha jurisdição comum, julgava causas e recursos que ali eram
apresentados.
No campo das provas, as testemunhas podiam depor por escrito ou pessoalmente. Por fim, destaca-se
quais conceitos e práticas do Direito grego influenciaram o direito moderno. Em linhas simples,
podemos afirmar que o Direito grego avançou e contribuiu com os seguintes institutos:
- Noção de democracia.
- Política e Filosofia.
- A publicidade de todos os atos do processo.
- Criação da figura do advogado, originária do logógrafo.
- Mediação e arbitragem.
- Gradação das penas de acordo com a gravidade dos delitos.
- Retórica e eloquência forense.
- Júri popular.
- Diferenciação de homicídio voluntário, involuntário e legítima defesa.
- A limitação do poder paternal e o fato da maioridade do filho permitir que este não estivesse mais sob
a autoridade do pai.
- Transferência da propriedade apenas por contrato e a criação de um sistema de publicidade, que
trazia proteção aos terceiros interessados. A criação do júri popular formado por cidadãos comuns, ao
invés de especialistas, foi fundamental para a democracia.
QUESTÕES:
QUESTÃO: É correto afirmar que foram importantes fontes do Direito Grego as Leis de Drácon e
as Leis de Sólon, sendo que as leis de Drácon vieram primeiro, e foram reinventadas
posteriormente por Sólon.
CERTO.
QUESTÃO: É correto afirmar que o ensino jurídico era difundido entre todas as classes da
sociedade grega, permitindo que todo cidadão participasse ativamente da vida pública,
manifestando-se e fazendo sustentações orais nas Assembleias e Tribunais.
CERTO. Lembrando que Escravos; Menores de idade; Estrangeiros; e Mulheres não eram
considerados cidadãos.
QUESTÃO: É correto afirmar que o significado de “helênico” é a pessoa que nasceu na Grécia
antiga.
CERTO.
DIREITO IBÉRICO, DIREITO MEDIEVAL E IDADE MÉDIA.
Para facilitar nosso estudo, vamos rever a imagem da linha do tempo da história da humanidade:
Denomina-se Idade Média o período da história europeia que vai da queda do Império Romano do
Ocidente, ocorrida no século V, até o século XV, época em que ocorreu a ascensão da burguesia, as
grandes navegações e a ascensão da cultura renascentista (o renascimento ocorreu no séc. XII). A
Idade Média pode ser dividida em dois espaços de tempo: a Alta Idade Média, que vai do século V até
a consolidação do Feudalismo, fato que ocorreu entre os séculos IX e XII, e a Baixa Idade Média, que
vai desse período até o século XV.
A queda do império romano se deu por diversos motivos que facilitaram a dominação dos povos
bárbaros sobre os romanos. Nessa dominação o império romano não sumiu de uma hora pra outra. Os
bárbaros conviveram com os romanos por muito tempo. Os bárbaros submetiam-se ao direito dos seus
reinos e aos seus costumes, e os romanos ao direito do antigo Império Romano, gerando o DUALISMO
JURÍDICO-ADMINISTRATIVO. Nessa convivência, durante um séc. houve situações conflitantes
porque cada um seguia uma coisa. Bárbaros, do latim, quer dizer "estrangeiro" e os germânicos eram
uns destes estrangeiros perto de Roma.
DIREITO GERMÂNICO.
Era um dos povos bárbaros que tomaram Roma na Idade Média. “Bárbaros” significa estrangeiro.
TInham um direito consuetudinário (direito que surge dos costumes). Os costumes vinham da família,
onde o pai era a autoridade absoluta. Entendia-se que a família seria responsável pelas dívidas, atos
ilícitos e erros de seus filhos.
Ao longo do tempo o direito germânico recebeu influência do direito romano, pois ao contrário do que
alguns possam pensar, os bárbaros não extinguiram os Romanos. Os bárbaros queriam deixar os seus
costumes e por isso, nesta época, os bárbaros e os romanos conviviam juntos, cada um seguindo as
suas leis.
QUESTÃO: Os costumes dos germânicos, em alguns casos, foram reduzidos a escritos partir do
séc. V.
CORRETO.
DIREITO FEUDAL.
O feudalismo foi um fenômeno político, social e econômico, ocorridona sociedade européia, tendo
como marco inicial o séc. X, contendo registros entre o séc. IX e XIV. Era um contrato entre um senhor
e um vassalo, em que o vassalo prestava trabalhos ao seu senhor, principalmente militar, em troca de
um pedaço de terra para si e seus herdeiros. Havia uma tentativa do reino de estabelecer as regras do
feudalismo, mas cada senhor da terra que editava as suas próprias regras no final das conta, eles
foram ganhando cada vez mais poder
DIREITO ROMANO MEDIEVAL.
Com o fim o Império Romano do ocidente e a destruição das bibliotecas, o Direito romano permaneceu
na memória e em alguns textos esparsos, sendo gradualmente transformado conforme os novos
costumes e anseios da sociedade, reelaborado de acordo com os interesses vigentes à cada época,
perdendo gradualmente, de certo modo, o vínculo com o direito romano antigo.
Desde a invasão dos bárbaros e a junção deles ao povo romano se tem o nascedouro de um novo
direito em um novo período.
No império Bizantino o processo de vulgarização do Direito, de forma menos intensa, mas semelhante
promoveu a perda do direito romano clássico. Mas é com Justiniano, no séc. VI, que se inicia em em
Bizância a compilação do Corpus Iuris Civilis, contendo um conjunto de textos jurídicos clássicos - um
momento importante para a civil law.
A partir do séc. XIII que o direito romano passa indiscutivelmente a compor o conjunto de fontes do
direito dos diversos reinos europeus. Tal fenômeno pode ser explicado pela necessidade de segurança
jurídica e de um direito inter-regional e individualista. Todos os caminhos levam à Roma, importante
para o comércio. O direito romano foi adotado (não de maneira absoluta) na dividida região da Europa
porque parecia um direito razoável e evoluído para a época, apresentando diversos modos de
resoluções de conflitos entre as pessoas.
DIREITO CANÔNICO E MEDIEVAL.
Está diretamente ligada com a igreja católica. Em decorrência da descentralização o poder político e da
Idade Média, fruto da queda do Império Romano,a igreja permanece como única estrutura
político-administrativa organizada. Na multiplicidade de poderes políticos medievais que a igreja irá
assumir papel de destaque na ordem jurídica-política, especialmente por meio da autoridade política de
seus representantes.
O imperador Constantino em 313 D.C. outorgou a liberdade de culto conferindo o poder ao Papa e aos
bispos de julgar as pessoas, que voluntariamente se diziam cristãs. A igreja passa a ter competência
privativa para julgar questões exclusivamente religiosas, mas com o passar do tempo a igreja passa
reger a sociedade em quase tudo.
As fontes do direito canônico estavam dispostos nos decretos dos concílios, nas constituições e
estatutos aprovados e nos decretos pontífice. Diante da quantidade de produção normativa das
autoridades religiosas, tornou-se necessária as organizações de tais textos de Direito canônico, que
ocorreram através de grandes compilações. É a necessidade de ter o direito escrito.
Conjunto de textos canônicos: Corpus Iuris Canonici.
DIREITO ROMANO.
Mesmo após 476, o direito romano continuou a influenciar a produção jurídica dos povos ocidentais. O
direito romano foi importante para o marco da civil law, com o Corpo de Direito Civil (de Justiniano,
no séc VI - ano 529). Este documento é de muita importância pois foi baseado nele que no século XII,
João sem Terra, no ano de 1215, na Inglaterra assina a Magna Charta Libertatum, em que continha o
princípio da legalidade. Em termos gerais, a história do direito romano abarca mais de mil anos, desde
a Lei das Doze Tábuas (Lex Duodecim Tabularum; 449 a.C.) até o Corpo de Direito Civil por Justiniano
I (c. 530 d.C.). Os historiadores do direito costumam dividir o direito romano em fases:
Época Arcaica (753 a.C. a 130 a.C.);
Época Clássica (130 a.C. a 230 d.C.);
Época Pós-Clássica (230 d.C. a 530 d.C.);
Época Justiniana (530 d.C. a 565 d.C.);
A influência do direito romano sobre os direitos nacionais europeus é imensa e perdura até hoje. O
sistema romano-germânico é adotado por diversos Estados continentais europeus e em todos os
países latino-americanos.
Sobre o direito romano:
- Diferenciação do direito público para o privado;
- Civil law de Justiniano em 529 (séc VI) e redescoberto em 1215 com João sem Terra na Inglaterra,
que por sua vez foi redescoberto por Paul Johann Anselm Ritter von Feuerbach no séc. XVIII e XIX na
Alemanha. Documentos que foram de suma importância para a garantia dos direitos fundamentais da
nossa Constituição de 1988.
- A desigualdade social definia a posição desigual do indivíduo perante a lei. Só depois os Plebeus
foram conquistando direitos, mas antigamente só quem tinha direitos eram os patrícios.
- Os juristas romanos separavam o direito de usar uma coisa (propriedade) da habilidade factual de
usá-la e manipulá-la. Estabeleceram a propriedade como direito pleno aos bens, diferenciando-a da
posse.
QUESTÃO: (CESPE. 2017. Analista de gestão. TCE-PE) (QUESTÃO DE DIREITO PROCESSUAL
CIVIL) É correto afirmar que o sistema processual na Roma antiga, era rudimentar e
fundamentado em discursos míticos e crenças religiosas.
ERRADO. Era bastante razoável e evoluído pra época. As leis romanas foram criadas para dar
uma solução prática aos problemas decorrentes das lutas entre os grupos sociais e pelas
guerras de conquista. Estava dividido em Civil, que regulamentava a vida dos cidadãos;
Estrangeiro, aplicado aos que não eram cidadãos; e Natural, que regulamentava a vida de todos
os habitantes de Roma.
QUESTÃO: (ESPM) Já é lugar comum dizer que a maior contribuição que Roma deu à civilização
ocidental foi a do Direito Romano. (F. H. Lawson. O Direito Romano. In: O Mundo Romano de J.
P. V. D. Balsdon) Quanto ao Direito Romano o Édito de Caracala, de 212, estabeleceu:
a) a abolição da escravidão por dívida.
b) a permissão para o casamento misto, ou seja, entre patrícios e plebeus.
c) a repartição do consulado, com a eleição de dois cônsules, um patrício e outro plebeu.
d) a extensão do direito de cidadania romana a todos os habitantes livres do império.
(GABARITO)
e) a elevação do cristianismo à condição de religião oficial do Estado.
QUESTÃO: (FATEC SP) A civilização romana exerceu uma grande influência sobre as
civilizações posteriores, e dentre os maiores legados deixados por ela temos:
a) o direito romano, que continua ainda hoje a ser a base da ciência jurídica, e o idioma.
b) a organização social e sua estrutura administrativa.
c) a cultura clássica, as ciências e as artes, além da religião politeísta e do idioma.
d) o sistema econômico e a religião dualista copiada dos persas. (GABARITO)
e) a religião politeísta, bastante semelhante à grega, e a educação, que valoriza a escrita e a
leitura.
QUESTÃO: (UFMA) Assinale a opção que indica as principais contribuições culturais de Roma
para o mundo ocidental.
a) A escolástica, o nicolaísmo e o cesaropapismo.
b) O absolutismo, a literatura, a filosofia e a religião.
c) O iluminismo, a língua italiana e o estilo romântico.
d) O direito, o cristianismo, a língua e a literatura latinas. (GABARITO)
e) As heresias, a religião politeísta e a universidade.
QUESTÃO: (Mackenzie SP) Costuma-se afirmar que a sociedade romana foi determinante para a
construção e formação do mundo ocidental. Suas contribuições, ainda hoje, influenciam muito o
homem ocidental em sua forma de pensar as leis e normas que organizam as sociedades.
Acerca do Direito Romano é INCORRETO afirmar que:
a) foi o primeiro conjunto de leis da antiguidade a apresentar uma diversidade de procedimentos
jurídicos e determinação de penas para uma vasta gama de crimes. (GABARITO)
b) dividia-se em Jus Naturale (Direito Natural), compêndio de filosofia jurídica, Jus Gentium
(Direito das Gentes), compilação de leis abrangentes, isto é, que nãolevam em conta as
nacionalidades e Jus Civile (Direito Civil), conjunto de leis aplicáveis aos cidadãos de Roma.
c) pode ser considerado o mais importante legado romano às civilizações posteriores.
d) pela primeira vez emancipou a propriedade privada de qualquer requisito ou restrição,
diferenciando “posse factual” de “propriedade plena”.
e) serve, até hoje, como base para os códigos jurídicos de vários povos.
QUESTÃO: (UFPE) O crescimento do Império Romano contribuiu para aumentar suas
dificuldades administrativas. O Direito teve uma importância fundamental na superação dessas
dificuldades. Na história do Ocidente, o Direito Romano:
a) foi totalmente superado pelos ensinamentos trazidos pelos mestres bizantinos da Idade
Média.
b) mantém um lugar de destaque nos estudos das normas sociais existentes na Antiguidade.
(GABARITO)
c) teve uma importância limitada ao mundo europeu medieval, sendo esquecido pelos
modernos.
d) conseguiu firmar–se no mundo europeu, mas manteve–se desconhecido nas culturas
orientais.
e) está superado no mundo atual, não merecendo atenção dos estudos jurídicos
contemporâneos.
QUESTÃO: (UEFS BA) Os iluministas adotaram o princípio de que a natureza fez com que todos
os homens nasçam iguais. Isso quer dizer que a lei deve ser universal, ou seja, todos os
homens, exatamente por terem nascidos humanos, têm os mesmos direitos. Portanto, o regime
político só seria justo se estabelecesse a igualdade jurídica. [...] não se trata da igualdade social
e econômica. Os iluministas não aceitavam as leis e tribunais especiais para os nobres, nem
que principais cargos do Estado fossem reservados para as famílias nobres. (SCHMIDT, 2005, p.
250). A concepção iluminista relativa à universalidade da lei, como indicada no texto, opunha-se
à antiga concepção do Direito Romano, segundo a qual
a) os direitos individuais eram estabelecidos pela religião oficial. (ERRADO. Tinham leis
específicas. Não era baseado na religião.)
b) os patrícios e os plebeus gozavam dos mesmos direitos perante a lei. (ERRADO. Os patrícios
eram beneficiados, enquanto os Plebeus não tinham os mesmos direitos Políticos. Os Plebeus
foram ganhando direitos políticos com o “Conflito das Ordens”, que foi uma disputa política
entre plebeus ("comuns") e patrícios ("aristocratas") na antiga República Romana e que durou
de 494 até 287 a.C., no qual os plebeus lutaram por igualdade política com os patrícios. O
conflito teve um papel preponderante no desenvolvimento da Constituição republicana.)
c) a garantia dos direitos era fundamentada no poder do pater família. (Pater família significa
poder de família que se encostava no pai de família. Mas a garantia dos direitos não se baseava
nisso.)
d) a desigualdade social definia a posição desigual do indivíduo perante a lei. (GABARITO)
e) a Lei das Doze Tábuas garantia iguais direitos a todos que nascessem na cidade de Roma,
capital do Império. (Na Roma antiga o poder estava todo nas mãos dos patrícios e o fato das leis
não serem escritas, facilitava para que eles manipulassem as leis em seu próprio favor. Os
plebeus não tinham acesso à lei, além de os patrícios terem direitos políticos e os plebeus não.
Os Plebeus entravam em conflito com os patrícios reivindicando seus direitos, e exigindo que
as leis fossem escritas e publicadas, para que não mais fossem de acesso exclusivo dos
pontífices (patrícios poderosos), e não mais possibilitasse a manipulação das leis em favor dos
patrícios. Deste conflito gerou a lei das 12 tábuas, que era uma lei escrita e exposta a todos, que
possibilitava os Plebeus de reivindicar seus direitos. Essas leis vieram para apaziguar o conflito
de classes que existia entre os patrícios (os nobres) e a plebe. As reivindicações dos Plebeus
eram praticamente 3: Distribuição de terras; participação na política; Igualdade de direitos. A lei
das doze tábuas foi importante para dar esses direitos aos plebeus. Além disso, vale ressaltar
que esse maior equilíbrio de forças teve grande importância para que as conquistas militares
romanas avançassem e, de tal modo, a formação do império romano seguisse a largos passos,
porque durante a República, os plebeus tinham suma importância na proteção militar da cidade
de Roma e na conquista de territórios. Em alguns casos, alguns plebeus também possuíam uma
condição econômica abastada, estabelecida a partir do desenvolvimento das atividades
comerciais. Apesar disso, não usufruíam dos mesmos direitos políticos, não eram igualmente
recompensados na divisão dos espólios de guerra obtidos em situação de conflito e muitas
vezes se tornavam escravos pelo não pagamento de suas dívidas.
QUESTÃO: A forma de governo na Roma antiga era a República.
CERTO.
QUESTÃO: É correto afirmar que os direitos humanos consolidados na CF/88 tem base na
Magna Charta Libertatum de João sem terra, na Inglaterra, em 1215 (séc. XIII), que foi uma
redescoberta do Código de Justiniano em 529 (séc. VI) em Roma no império bizantino. A
expressão Corpus Juris Civilis (referente ao código de Justiniano) não é justinianeia e sua
difusão se deve à edição publicada em 1583 por Dionísio Godofredo. Atualmente, entende-se
que o que se convencionou chamar de Corpus Iuris Civilis compreende quatro partes: Institutas,
Digesto, Código e Novelas. O Código de Justiniano e a Magna Charta Libertatum datam da Idade
Média.
CERTO.
IDADE MODERNA.
Relembrando a famosa imagem:
Os séculos XV e XVI marcam o começo de um período histórico chamado Idade Moderna, que se
estende até o final do século XVIII. A idade moderna aconteceu com a tomada da cidade de
Constantinopla pelos Turcos - Otomanos, em 1453, e encerrou-se com a queda da Bastilha e a
Revolução Francesa em 1789.
Entre os principais acontecimentos da idade moderna podemos citar:
As grandes navegações (aqui houve a troca do feudalismo pelo capitalismo, por isso as navegações);
O renascimento;
Reforma religiosa de Martinho Lutero que questionava as indulgências da igreja católica em troca da
salvação;
Absolutismo (e por isso a crítica ao absolutismo pelo Iluminismo);
Iluminismo;
Revolução Francesa (que foi resultado de todos os fatores anteriores juntos)
A queda de Constantinopla, originalmente conhecida como Bizâncio, simboliza a tradição formal da
Idade Média para a Idade Moderna, e foi responsável pelo fim do Império Bizantino. Antes de sua
queda, Constantinopla era uma das cidades mais importantes do mundo sendo uma importante rota
comercial que ligava a Europa à Ásia e o principal porto das rotas que viajavam entre o mar negro e o
mar mediterrâneo.
A Idade moderna foi um período de transição da Idade das Trevas para a Idade da Luz. Idade das
trevas tem esse nome porque era um período dominado pela religião (No meio pro final da idade
média, a igreja católica ficou muito forte como a detentora da lei - junto com o estado - e até se
confundindo com o próprio estado. Isso aconteceu porque, na Europa, no início da idade média, havia
o dualismo-jurídico entre os romanos e os bárbaros, mesmo após a queda do império romano do
ocidente, porque embora os bárbaros tivesse invadido Roma, eles queriam deixar a sua cultura que era
voltado a um direito de família, deixando o direito sem um dono. Aproveitando-se disso, a igreja
católica tomou para si o direito e as leis, gerando o absolutismo), criando uma sombra sobre as artes e
as ciências, impedindo-as de florescer livremente. No renascimento ou renascimento cultural surgiu
vários artistas como Leonardo da Vinci e Michelangelo. No Iluminismo:
John Locke - Considerado o pai do Iluminismo;
Voltaire: Destacou-se pelas críticas feitas ao clero católico;
Montesquieu: Defendeu a tripartição de poderes - Legislativo, Executivo e Judiciário;
Jean - Jacques Rousseau - Afirma que o soberano deveria dirigir o Estado conforme a vontade do
povo;
Adam Smith: principal representantede um conjunto de idéias denominado liberalismo econômico.
O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVIII na Europa, que defendia o
uso da razão (luz) contra o antigo regime (trevas) e pregava maior liberdade econômica e política. Este
movimento promoveu mudanças políticas, econômicas e sociais, baseadas de liberdade, igualdade e
fraternidade. O Iluminismo tinha apoio da burguesia, pois os pensadores e os burgueses tinham
interesses comuns. O Iluminismo defendia:
A liberdade econômica, ou seja, sem a intervenção do estado na economia;
O antropocentrismo, ou seja, o avanço da ciência e da razão;
O predomínio da burguesia e seus ideais.
A Idade Moderna termina com a Queda da Bastilha, movimento revolucionário que saiu às ruas, com
camponeses revoltados com o regime absolutista. Marcada por grande radicalização caracterizada por
invasões de propriedades senhoriais nobres e cartórios invadidos, onde os títulos de propriedades
feudais eram queimados. Havia grande miséria por parte dos camponeses. Ao fugir do controle da
burguesia, o movimento camponês foi responsável por uma das primeiras mudanças significativas da
Revolução: foi aprovada a DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO, de
inspiração iluminista. Este documento defendia o direito à liberdade e à igualdade perante à lei, a
inviolabilidade da propriedade privada e o direito de resistir à opressão.
O fim do regime absolutista na Inglaterra se marca com a Revolução Gloriosa/Revolução Inglesa, foi
um movimento revolucionário de caráter pacífico, ocorrido na Inglaterra entre os anos de 1688 e 1689.
Foi através desta revolução que ocorreu a troca do absolutismo monárquico pela monarquia
parlamentar na Inglaterra.
QUESTÃO: Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: MPE-SP. Prova de Analista Jurídico do
Ministério Público. Em relação ao conceito, evolução histórica e dimensões dos Direitos
Humanos, assinale a alternativa correta.
A) As Declarações americana (1776) e francesa (1789) são documentos relacionados aos
direitos humanos de segunda geração ou dimensão. (ERRADO. Declaração Americana e
Francesa são diplomas da 1ª Geração. A francesa é a declaração humana de direitos humanos,
enquanto a americana é a da independência dos Estados Unidos.)
B) As distinções apresentadas na doutrina entre as expressões direitos humanos e direitos
fundamentais são focadas na ideia de que os direitos humanos são absolutos ao passo que os
direitos fundamentais podem ser relativizados no caso concreto. (ERRADO. A distinção na
verdade é que Direitos Humanos são os valores consagrados internacionalmente para garantir
uma vida digna, e dizer que são absolutos é errado. Direitos Fundamentais são os direitos
consagrados/positivados, em regra, na ordem constitucional de um estado.)
C) A expressão direitos humanos ou direitos do homem é reservada aos direitos relacionados
com posições básicas das pessoas, inscritos em diplomas normativos de cada Estado. São
direitos que vigem numa ordem jurídica concreta, sendo, por isso, garantidos e limitados no
espaço e no tempo, pois são assegurados na medida em que cada Estado os consagra.
(ERRADO. Direitos Humanos são direitos universais, enquanto Direitos Fundamentais são os
direitos relacionados à Constituição específica de cada “Estado”. Observação: “Estado” aqui
está no sentido de ser: POVO + GOVERNO SOBERANO INTERNO E RECONHECIDO
EXTERIORMENTE + TERRITÓRIO)
D) Na visão majoritária da doutrina, a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é um
tratado internacional, no sentido formal, e, apesar de orientar as relações sociais no âmbito da
proteção da dignidade da pessoa humana, não possui, em si, força vinculante. (GABARITO. Mas
isso vai depender da banca examinadora. Em regra é bom gravar que a Declaração Universal
dos Direitos Humanos é um tratado internacional sim.)
E) Os direitos humanos de quarta geração ou dimensão são os direitos difusos relacionados à
sociedade atual, a exemplo do direito ambiental, frequentemente violados sob os mais diversos
aspectos. (ERRADO. Os direitos referentes ao meio ambiente são de terceira geração.)
QUESTÃO: No Brasil, o Código Civil de 1916 e o de 2002 reconheceram muitos institutos.
Nascidos pelas mãos do Código Napoleão, a exemplo do princípio da irretroatividade das leis
(um desdobramento do princípio da legalidade por ser o mesmo que o princípio da anterioridade
da lei), do direito de propriedade, do casamento, do direito de família e do regime de bens,
dentre tantos outros temas. CERTO. Devemos toda essa modernização do Direito Civil a
Napoleão Bonaparte.
IDADE CONTEMPORÂNEA.
A idade contemporânea se inicia com a Revolução Francesa (1789) e vai até os dias atuais. As
conquistas trazidas pela Revolução Francesa refletem até hoje na nossa Constituição e nas leis.
Devido estas conquistas a doutrina costuma estudar a evolução dos direitos fundamentais no tópico
chamado de dimensões dos direitos fundamentais / gerações dos direitos fundamentais.
Direitos de primeira geração/dimensão (LIBERDADE): São referentes aos direitos de defesa do
cidadão contra o poder autoritário do Estado. São direitos à Liberdade; direitos civis e políticos (vida,
liberdade, voto, nacionalidade, propriedade, etc.). Exige do Estado uma postura negativa, ou seja,
exige que o Estado não faça nada, no sentido de que ele não possa interferir na vida das pessoas com
arbitrariedade.
Para corrigir os exageros dos direitos adquiridos pela primeira geração, nasceu a necessidade do
nascimento dos direitos de segunda geração/dimensão, devido a alta desigualdade social, as
pessoas começaram a exigir do estado uma postura positiva, ou seja, começaram a exigir do estado
políticas afirmativas, para que ele interferisse na vida das pessoas com projetos sociais, culturais,
econômicos e políticos. (Direitos de IGUALDADE). No Brasil, exemplos de políticas afirmativas são o
FIES, bolsa família, eventos culturais gratuitos à população.
Direitos de terceira geração/dimensão (FRATERNIDADE/SOLIDARIEDADE): São direitos de toda a
coletividade humana e não a um grupo só. Por exemplo o direito ao meio ambiente.
Direitos de quarta geração/dimensão: Refere-se a globalização; aos direitos da genética, como
clone; direitos à informática (direitos cibernéticos)
Direito de quinta geração/dimensão: Direito à Paz.
Perceba que os direitos de primeira à terceira geração são equivalentes ao tema da Revolução
Francesa: Liberdade; Igualdade; Fraternidade. Foram direitos exigidos pelo povo que teve reflexo na
Constituição de 1988 além de refletir também em diversas leis que garante estes direitos ao povo
brasileiro.
Como exemplos de direitos que grupos de pessoas conquistaram ao longo dos anos no Brasil,
podemos citar as conquistas que as mulheres tiverem sobre o direito de voto e a lei Maria da Penha;
Vamos abordar estes assuntos, entre outros, em questões comentadas, a partir da próxima página.
QUESTÕES SOBRE TODO O CONTEÚDO.
QUESTÃO: É correto afirmar que uma novidade trazida pelo Novo Còdigo de Processo Civil foi a
arbitragem e a mediação como formas de resolução de conflito.
CERTO.
QUESTÃO: É correto afirmar que os romanos seguiam suas regras, enquanto os bárbaros
seguiam alguns as regras dos romanos e outros as regras dos bárbaros, com a convivência
gerou a tradição bárbaro-romana ou romano-germânico. Só posteriormente a igreja católica
começou a ser a detentora das regras e julgamentos.
CERTO.
QUESTÃO: O Código de defesa do consumidor é resultado de muitas reivindicações feitas pelas
sociedades, exigindo direitos, assim como aconteceu na Revolução Francesa. Uma das
conquistas consagradas no Código de Defesa do Consumidor é o direito que o consumidor tem
de se arrepender de qualquer compra no prazo de 7 dias (ERRADO pois este prazo de
arrependimento só cabe para compras realizadas fora do ambiente físico,ou seja, compras
realizadas por telefone ou internet por exemplo)
QUESTÃO: Ano: 2019. Banca: MPE-GO. Órgão: MPE-GO. Prova de Auxiliar Administrativo.
Os direitos fundamentais do cidadão, previstos nas constituições, constituem um processo que
busca uma igualdade cada vez maior entre os homens. A Constituição Brasileira de 1988, em
seu artigo 5º, tratou dos direitos e garantias fundamentais. Diante desta afirmação, assinale a
única alternativa correta:
A) A conquista dos direitos fundamentais remonta a antiguidade clássica, principalmente na
civilização grega.
B) Os direitos fundamentais encontram seu apogeu no Império Romano, com a edição de várias
leis que protegiam o cidadão romano.
C) É na Inglaterra que surgem as principais manifestações referentes ao reconhecimento de
direitos que vão incorporar as constituições do final do século XVIII. (GABARITO, conforme já
estudamos.)
D) As constituições que surgem depois da 1ª Guerra Mundial é que passaram a reconhecer os
direitos individuais do cidadão.
E) Os direitos sociais apenas foram reconhecidos depois da 2º Guerra Mundial, no caso
brasileiro na Constituição de 1946.
QUESTÃO: É correto afirmar que os direitos humanos consolidados na CF/88 tem base na
Magna Charta Libertatum de João sem terra, na Inglaterra, em 1215 (séc. XIII), que foi
redescoberto por Paul Johann Anselm von Feuerbach na época da revolução Francesa para o
século XIX.
CERTO.
QUESTÃO: A troca do sistema feudal pelo capitalismo aconteceu no período da Revolução
Francesa, devido a revolta dos camponeses e vassalos.
CERTO. A revolta dos camponeses e vassalos resultou na troca do sistema de produção, mas é
importante dizer que a revolta nesta época, contra a autoridade absoluta do estado não era
apenas destes grupos de pessoas citados, mas também dos burgueses porque estes, queriam
menos impostos e queriam o liberalismo econômico, ou seja, queriam que o Estado não se
intrometesse no comércio.
QUESTÃO: Quem foi João Sem Terra?
João Sem Terra, ou também conhecido como O Rei João da Inglaterra (1199-1216), após se
envolver em longas e onerosas guerras, aumentou drasticamente a cobrança de impostos.
Contra sua política de impostos, os nobres se rebelaram contra o rei, num processo decisivo na
formação do Estado Moderno Inglês, fazendo o rei assinar o documento conhecido como Magna
Charta Libertatum (1215), que continha o princípio da Legalidade, em que visa limitar a atuação
estatal e garantir liberdade aos particulares. Depois de muitos anos, na época da Revolução
Francesa - séc. XVIII, Paul Johann Anselm von Feuerbach, começa a sistematizar o Direito Penal
baseado na Magna Charta Libertatum (que foi um documento do séc. XIII), e em outras obras
com o mesmo pensamento de limitar o poder do estado, como "Do contrato social" de
Jean-Jacques Rousseau, em 1762, e "Dos delitos e das penas" de Cesare Beccaria em 1764.
Estes documentos foram importantes para que pudéssemos chegar ao Direito Penal como
conhecemos hoje, e influenciaram também diretamente nos direitos fundamentais previstos na
Constituição Federal de 1988.
QUESTÃO: É correto afirmar que o feudalismo era caracterizado por um contrato entre um
senhor e um vassalo, que o obrigava a ser fiel ao seu senhor, fornecendo-lhe ajuda,
especialmente militar, e a participar dos conselhos e cortes do senhor. Em contrapartida, o
senhor obrigava-se a proteger e reconhecer o domínio do vassalo sobre uma determinada
parcela territorial que se tornaria hereditária. A justiça era aplicada de forma ordinária pelos
senhores, baseando-se especialmente em costumes regionais, podendo ter como fontes, ainda,
algumas legislações romano-germânicas.
CERTO.
QUESTÃO. Ano: 2008. Banca: FCC. Órgão: MPE-PE. Prova de Promotor de Justiça
A Lei Maria da Penha, Lei no 11.340/2006,
A) visa a coibir apenas a violência física e sexual contra a mulher, no âmbito doméstico e
familiar.
B) admite a renúncia à representação da ofendida perante o juiz, ouvido o Ministério Público,
antes ou após o recebimento da denúncia.
C) permite a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de
cesta básica ou outras de caráter pecuniário.
D) dispõe que o Ministério Público intervirá somente nas causas criminais decorrentes da
violência doméstica e familiar contra a mulher.
E) dispõe que caberá ao Ministério Público, entre outras atribuições, requisitar força policial e
serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, nos casos de
violência doméstica e familiar contra a mulher. (GABARITO)
COMENTÁRIOS:
a) não apenas física e sexual nos âmbitos doméstico e familiar, mas psicológica, moral e
patrimonial e também no âmbito de qualquer relação íntima de afeto (Arts. 5º e 7º);
b) só será admitida a renúncia à representação antes do recebimento da denúncia e ouvido o
Ministério Público (Art. 16 da lei nº 11.340/2006);
c) é vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas
de cesta básica ou outra prestação pecuniária (Art. 17 da lei nº 11.340/2006);
d) o MP intervirá, quando não for parte nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência
doméstica e familiar contra a mulher (Art. 25 da lei nº 11.340/2006);
QUESTÃO: No Brasil, as mulheres passaram a ter direito ao voto nas eleições nacionais a partir
de 24 de fevereiro de 1932 (durante a Era Vargas), contudo, desde o século XIX, movimentos a
favor da ampliação do direito de voto a camadas sociais excluídas já ocorriam. A Nova Zelândia
foi o primeiro país a garantir o direito de voto às mulheres, em 1893.
CERTO. Essa conquista se deu graças à primeira onda dos movimentos feministas no Brasil em
1930. Apenas em 1946 este direito da mulher votar, se ela quiser, vem a se tornar obrigatório.
Entre 1930 e 1946 as mulheres não eram obrigadas a votar porque muitos entendiam que elas
não tinham discernimento para votar.
QUESTÃO: Ano: 2008. Banca: CESPE / CEBRASPE. Órgão: TJ-DFT. Prova de Analista Judiciário
- Área Judiciária.
À luz da Lei Maria da Penha, julgue os próximos itens.
Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz pode determinar o comparecimento
obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.
CERTO.
LEI Nº 11.340/2006:
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta
Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as
seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente,
nos termos da
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus
familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da
ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de
atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em
grupo de apoio.
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na
legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem,
devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições
mencionadas no o juiz comunicará aorespectivo órgão, corporação ou instituição as medidas
protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o
superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob
pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a
qualquer momento, auxílio da força policial.
QUESTÃO: Os marcantes acontecimentos da Revolução Francesa resultaram na elaboração de
um histórico documento chamado Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Nele, foi
garantido sobretudo que todos os cidadãos franceses deveriam ter direito à liberdade,
propriedade, segurança e resistência à opressão.
CERTO. Esse documento é considerado importante precursor escrito para muitos dos
documentos de direitos humanos atuais, entre eles a Declaração Universal Dos Direitos
Humanos de 1948. A Declaração Universal Dos Direitos Humanos é resultante do pós segunda
Guerra Mundial, em que a Alemanha nazista tinha o objetivo de eliminar as pessoas que não
pertenciam ao que chamavam de raça superior. Art. 1ª da Declaração internacional dos Direitos
Humanos: “Todos Nascemos Livres e Iguais. Todos os seres humanos nascem livres e iguais
em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos
outros com espírito de fraternidade.”