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ÉTICA CRISTÃ
Moisés Sanches
1ª Edição, 2021
Fundado em 1915 — www.unasp.br
Missão Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para 
a excelência no serviço a Deus e à humanidade.
Visão Ser uma instituição educacional reconhecida pela excelência nos serviços prestados, 
pelos seus elevados padrões éticos e pela qualidade pessoal e profissional de seus egressos.
Administração da Entidade 
Mantenedora (IAE)
Diretor-Presidente: Maurício Lima
Diretor Administrativo: Edson Medeiros
Diretor-Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães
Diretor Depto. de Educação: Ivan Góes
Administração 
Geral do Unasp
Reitor: Martin Kuhn
Vice-Reitor Executivo Campus EC: Antônio Marcos da Silva Alves
Vice-Reitor Executivo Campus HT: Afonso Ligório Cardoso
Vice-Reitor Executivo Campus SP: Douglas Jeferson Menslin
Pró-Reitor Administrativo: Telson Bombassaro Vargas
Pró-Reitor Acadêmico: Afonso Ligório Cardoso
Pró-Reitor de Educação à Distância: Fabiano Leichsenring Silva
Pró-Reitor de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional: Allan Macedo de Novaes
Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual, Comunitário e Estudantil: Martin Kuhn
Secretário-Geral: Marcelo Franca Alves
Faculdade Adventista 
de Teologia
Diretor: Reinaldo Wenceslau Siqueira
Coordenador de Pós-Graduação: Vanderlei Dorneles da Silva
Coordenador de Graduação: Adriani Milli Rodrigues
Órgãos Executivos 
Campus Engenheiro Coelho
Pró-Reitor Administrativo Associado: Murilo Marques Bezerra
Pró-Reitor Acadêmico Associado: Everson Muckenberger
Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Bruno de Moura Fortes
Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Ebenézer do Vale Oliveira
Órgãos Executivos 
Campus Hortolândia
Pró-Reitor Administrativo Associado: Claudio Valdir Knoener
Pró-Reitora Acadêmica Associada: Suzete Araújo Águas Maia
Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Daniel Fioramonte Costa
Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Wanderson Paiva
Órgãos Executivos 
Campus São Paulo
Pró-Reitor Administrativo Associado: Flavio Knöner
Pró-Reitora Acadêmica Associada: Silvia Cristina de Oliveira Quadros
Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Ricardo Bertazzo
Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Robson Aleixo de Souza
Editor-chefe Rodrigo Follis
Gerente de projetos Bruno Sales Ferreira
Editor associado Alysson Huf
Supervisor administrativo Werter Gouveia
Gerente de vendas Francileide Santos
Editores Adriane Ferrari, Gabriel Pilon Galvani, 
Jônathas Sant’Ana e Thamires Mattos
Designers gráficos Felipe Rocha e Kenny Zukowski
Imprensa Universitária Adventista
1ª Edição, 2021
ÉTICA 
CRISTÃ
Imprensa Universitária Adventista 
Engenheiro Coelho, SP
Moisés Sanches
Campagnoni, Mariana / dos Santos, Diego Henrique Moreira
Formação da identidade profissional do contador [livro eletrônico] / Mariana Campagnoni. -- 1. 
ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2020.
1 Mb ; PDF
ISBN 978-85-8463-172-8
1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como 
profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título.
20-33026 CDD-370.113
Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Índices para catálogo sistemático:
1. Contabilidade : Educação profissional 370.113
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964
Ética cristã
1ª edição – 2021
e-book (pdf)
OP 00123_067
Editoração: Gabriel Pilon
Preparação: Matheus Cardoso
Revisão: Giovanna Sinco, Júlia Galvani
Projeto gráfico: Ana Paula Pirani 
Capa: Jonathas Sant’Ana
Diagramação: Enny Weber
Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp
Engenheiro Coelho, SP CEP 13448-900
Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 
www.unaspress.com.br
Imprensa Universitária Adventista
Validação editorial científica ad hoc:
Hermenérico Moraes
Doutor em Educação pela Universidade Metodista de Piraci-
caba, SP, com ênfase no ensino da Contabilidade
Conselho editorial e artístico: Dr. Martin Kuhn, Esp. 
Telson Vargas, Me. Antônio Marcos, Dr. Afonso Cardoso, 
Dr. Douglas Menslin, Dr. Rodrigo Follis, Dr. Lélio Lellis, Dr. 
Allan Novaes, Esp. Jael Enéas, Esp. José Júnior, Dr. Reinaldo 
Siqueira, Dr. Fábio Alfieri, Dra. Gildene Lopes, Me. Edilson 
Valiante, Me. Diogo Cavalcante, Dr. Adolfo Suárez
Editora associada:
Todos os direitos reservados à Unaspress - Imprensa Universitária Adventista. 
Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da 
editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
SUMÁRIO
FUNDAMENTOS DA ÉTICA ...................................... 13
Introdução ........................................................................................14
O que é ética? ...................................................................................16
Ética .........................................................................................18
Moral .......................................................................................20
Autoridade ..............................................................................25
Valores .....................................................................................31
Leis...........................................................................................34
Como nos tornamos seres éticos? ...................................................36
Desenvolvimento moral por Lawrence Kholberg ...................37
Nosso cérebro, nosso guia .......................................................43
Como saber o que devo fazer? ................................................50
VO
CÊ
 ES
TÁ
 A
QU
I
Considerações finais.........................................................................69
Referências .......................................................................................72
O CRISTIANISMO E A ÉTICA ................................... 79
Introdução ........................................................................................80
A Bíblia é um livro de ética? ............................................................81
Os 10 mandamentos ...............................................................87
Literatura de sabedoria ....................................................................93
Ética dos profetas .............................................................................97
O que é ética cristã? ........................................................................101
Sermão do monte ..................................................................105
Amor ......................................................................................109
Justiça .....................................................................................112
Liberdade ...............................................................................116
Quais as ênfases da ética cristã? .....................................................119
Agostinho de Hipona .............................................................120
Tomás de Aquino ...................................................................125
Lei natural...............................................................................128
Teoria do comando divino .....................................................131
Considerações finais........................................................................134
Referências ......................................................................................136
PARA OTIMIZAR A IMPRESSÃO DESTE ARQUIVO, CONFIGURE 
A IMPRESSORA PARA DUAS PÁGINAS POR FOLHA.
EMENTA
Estudo da ética cristã à luz da perspectiva 
bíblica e sua relevância para a 
humanidade no contexto multicultural 
contemporâneo. 
CONHEÇA O CONTEÚDO
Você alguma vez já se perguntou sobre qual 
seria a melhor decisão a tomar? Já ficouem 
dúvidas sobre o que seria o certo em dada 
situação? Já se perguntou se o cristianismo 
ou a Bíblia poderiam te ajudar a encontrar 
uma resposta para um dilema pessoal? Pois 
se você já se fez alguma destas perguntas, 
essa disciplina foi preparada para você. 
Nós iremos fazer uma jornada pelo mun-
do da Ética, aprendendo desde conceitos 
básicos até teorias que ajudaram já muitas 
pessoas a encontrarem respostas para seus 
questionamentos morais. 
Além disto, faremos esse estudo na perspec-
tiva cristã, ou seja, temos o desafio não só de 
conhecermos um pouco da ética e de alguns 
temas relevantes, como relacionar esse estu-
do com as contribuições que o cristianismo 
já ofereceu para este debate. 
Espero que você possa perceber o quão útil 
e importante será o tempo gasto nesta inte-
ração e que este conteúdo possa realmente te 
ajudar, quer seja nas suas relações pessoais 
ou profissionais.
UNIDADE 1
OB
JE
TI
VO
S
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
- Compreender os conceitos básicos de ética;
- Aplicar modelos éticos no contexto de problemas morais 
básicos;
- Reconhecer a responsabilidade ética para com a sociedade 
como indivíduo e profissional.
14
ÉTICA CRISTÃ
INTRODUÇÃO
Ben Carson, neurocirurgião, escritor e político americano, 
em entrevista à ABC NEWS, declarou que “não há dúvida de 
que, à medida que a ciência, o conhecimento e a tecnologia 
avançam, tentaremos fazer coisas mais significativas. E não há 
dúvida de que sempre teremos que moderar essas coisas com a 
ética” (ABC NEWS, 2006).
No texto acima, lemos uma menção à ética e sua relevância 
feita por um homem que alcançou notoriedade pelo seu 
trabalho como médico em cirurgias pioneiras, por sua história 
de superação de vida e pelo reconhecimento e condecoração 
recebidos no campo da política dos EUA. Como ele afirma, a 
ética é uma questão de suma importância para o indivíduo do 
século XXI, afinal, se trata de uma questão necessária uma vez 
que a sociedade, por meio de todas as suas camadas, clama por 
um mundo mais ético.
Para alguns estudiosos da área é senso comum a 
necessidade de que tenhamos relações mais éticas entre as 
pessoas. Para outros, esse conhecimento pode parecer teórico e 
de pouco proveito, quando não complexo e tedioso. Gostaria de 
que repensássemos essa ideia.
15
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
A ética está presente em muitas situações de nosso 
cotidiano; quando acordamos e decidimos o que iremos comer, 
se seremos pontuais, por onde navegaremos na internet e assim 
por diante, mas é claro que ética não é só isso. Ela se estende 
por temas menos corriqueiros e mais reflexivos, como quando 
queremos descobrir o que devemos fazer como cidadãos, 
profissionais e mesmo como pessoas religiosas. E pode sim, 
se aprofundar na análise de conceitos mais profundos como 
liberdade, justiça, amor, igualdade etc.
Nossa investigação propõe que nos aproximemos da ética 
por um viés particular; por meio do cristianismo. Isso é, refletir 
no modo como Cristo e seus seguidores se questionaram 
sobre o que é certo e errado, e na busca por alguma estratégia 
bíblica para descobrirmos como devemos agir. Dessa forma, 
à luz da perspectiva apresentada, gostaria de convidá-lo(a) 
a explorarmos os caminhos e possibilidades deste campo do 
conhecimento por meio de três questionamentos:
• O que é ética?
• Como nos tornamos seres éticos?
• Como saber o que devo fazer?
Bem-vindo à ética!
16
ÉTICA CRISTÃ
O QUE É ÉTICA?
A Ética é um tema que ganha cada vez mais importância à 
medida que os indivíduos sentem a sociedade cada vez menos ética.
Em dezembro de 2018, Tim Cook, CEO da Apple, foi 
premiado pela Liga Antidifamação (ADL), uma organização 
não governamental, por combater discursos de ódio por 
intermédio de sua plataforma iTunes. No evento em que 
recebeu o prêmio Coragem contra o ódio, ele fez um discurso 
contra a supremacia branca e teorias conspiratórias. Relembrou 
também as dificuldades que o Facebook passou relacionadas 
à privacidade dos dados de seus clientes e declarou “se não 
podemos ser claros quanto a questões morais como essas, temos 
grandes problemas. Na Apple, não temos medo de dizer que 
nossos valores conduzem nossas decisões cuidadosamente”, e 
continuou, “acredito que a coisa mais sagrada que cada um de 
nós recebe, é nosso poder de julgar, nossa moralidade, nosso 
desejo inato de separar o certo do errado” e em dado momento 
afirmou, “temos apenas uma mensagem para aqueles que 
procuram empurrar o ódio, a divisão e a violência: vocês não 
têm lugar em nossas plataformas” (ADL, 2018).
O discurso do executivo é muito interessante por várias 
razões, mas gostaria de destacar somente o valor que ele dá 
17
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
à moralidade, não só como “o que há de mais sagrado no ser 
humano”, mas também como um valor que ele quer que seja 
vivido em sua empresa. Claro, Tim Cook não é o único no 
século XXI que, diante dos graves problemas éticos de nossa 
sociedade, apresenta a moralidade como algo mais que teórico, 
algo que deve permear as relações sociais e comerciais.
Mesmo em locais onde no passado havia uma fama moral 
negativa como Hollywood, hoje há mobilizações exigindo 
um comportamento ético de seus integrantes, como o que 
foi visto em 2017 no movimento desencadeado pela hashtag 
#metoo (eu também). Várias atrizes e empregados da indústria 
cinematográfica vieram a público para fazer denúncias de 
abusos sexuais cometidos por figuras importantes do setor, 
gerando escândalos envolvendo personalidades como o 
produtor Harvey Weinstein e o ator Kevin Spacey (VARY, 2020).
Há uma luta pois, se por um lado temos algumas vozes 
clamando por um nível moral mais elevado, por outro, o 
cenário mundial parece repleto de ações e modelos antiéticos 
criando em alguns um senso de descaso e desânimo.
É preciso lembrar que diante desse cenário, há aqueles 
que deliberadamente se opõe à vida ética, preferem viver 
sem se preocupar como o certo e o errado, assim como os 
18
ÉTICA CRISTÃ
que desconhecem os meios para tomar boas decisões e até 
mesmo os que desconhecem essa possibilidade. Por isso, é 
importante perceber na ética um campo de aprendizado, 
pois não viemos à vida com instruções de como vivê-la bem, 
nem de como nos comportarmos em nosso meio. Além disso, 
precisamos reconhecer que nem todas as pessoas que falam 
sobre ética sabem de fato o que ela significa ou como utilizá-la, 
todos precisam se desenvolver nessa área. Em função disso, 
comecemos nossa investigação a partir dos elementos mais 
básicos da ética. Tratemos de 5 conceitos principais: ética, 
moral, autoridade, valores e lei.
ÉTICA
Desde sua origem, esse termo já apresentava um problema, 
pois no grego temos duas palavras com grafias diferentes e 
a mesma pronúncia, ethos (hqoz e eqoz), que são apontadas 
como tendo gerado a palavra ética. A primeira (hqoz) tem o 
sentido de morada, abrigo, lugar costumeiro, caráter ou índole 
(BEEKES, 2010, p. 511). A princípio, essa palavra era utilizada 
para se referir a um local de proteção, como uma casa onde 
o ser humano podia ser acolhido e ser ele mesmo, se mostrar 
como realmente era (FIGUEIREDO; GUILHEM, 2008, p. 31). 
Ainda no 4º século a. C, essa mesma palavra já apresentava 
19
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
a ideia de traços comportamentais, mais próxima do sentido 
de caráter. Já a segunda palavra (eqoz) carrega o sentido de 
hábitos, uso, costumes e tradições, aqui mais no âmbito social 
(BEEKES, 2010, p. 378). Dessa forma, temos, grosso modo, os 
seguintes sentidos, ética como caráter e ética como hábitos 
(LIDDELL; SCOTT, 1996, p. 480 e 766; NULLENS; MICHENER, 
2010, p. 8). A relação dos significados é próxima e faz eco ao 
entendimento que temos do termo hoje.
Uma vez que por meio da etimologia podemos entender 
ética dessas duas maneiras, como área de estudo, o conceito 
de ética pode ser definido de várias formas. Uma maneira de 
o definirmos é como a “ciência da conduta” (ABBAGNANO, 
2003, p. 380) ou o “estudo filosófico da moralidade” (DEIGH, 
2010,p. 7). Há ainda conceituações mais elaboradas como a 
que diz ser a ética uma “reflexão crítica sobre os costumes [..., 
o] pensamento metódico sobre a moralidade” (NULLENS; 
MICHENER, 2010, p. 9) ou a teoria “do comportamento moral 
dos homens em sociedade” (VAZQUEZ, 2013, p. 23).
Observando essas definições, pode-se perceber que a 
recorrente menção à moral torna os dois conceitos próximos; o que 
é de fato. Por isso, para explicarmos um, precisamos apresentar 
o outro. Antes disso, percebamos também que a ideia de ética 
permanece mais no âmbito teórico, do estudo, do pensamento 
20
ÉTICA CRISTÃ
metódico etc. Sintetizando, podemos identificar a ética como a 
reflexão sobre a moral, ou seja, a ética tem como objeto de estudo 
a moral (VAZQUEZ, 2013, p. 24). Para entendermos melhor essa 
ideia passemos para o segundo conceito.
MORAL
Como vimos no tópico anterior, a ética pensa e reflete 
sobre a moral, e etimologicamente, a palavra moral procede da 
expressão latina mos ou mores que significa costume ou uso e tem 
o mesmo significado de ethos (eqoz) no grego. Essa aproximação 
fez com que historicamente os termos fossem usados com o 
mesmo sentido (MAUTNER, 2011, p. 509). Isso, porém, tem 
mudado, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, 
quando surgiu uma tendência de distinguir os conceitos das 
duas palavras (BUNNIN; YU, 2004, p. 229). Desse modo, a moral, 
quando diferenciada da ética, costuma ser entendida como a 
parte prática. Temos moral como um “conjunto de normas ou 
regras adquiridas por hábito” (VAZQUEZ, 2013, p. 24), ou “parte 
da filosofia que trata dos atos humanos, bons costumes e deveres 
dos homens” (REIFLER, 1992, p. 17).
Como é possível perceber a partir das definições acima, 
moral aproxima-se mais da ideia de conduta, ou das ações 
21
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
que são geradas a partir da ética e sua reflexão. Então temos 
ética como o refletir sobre o certo e o errado e a moral como 
as normas do bom comportamento. Ao pensar em estruturar 
ou organizar essas ideias, podemos concluir que o indivíduo 
que reflete sobre como deve agir, faz ética, e guiará sua vida 
em direção a uma boa conduta, uma vida moral. Dessa forma, 
podemos relacionar os dois termos de forma que uma boa ética 
gera uma boa moral e uma má ética gera uma má moralidade. 
Mas nem sempre é assim.
Vamos pensar um pouco sobre a diferença entre estes dois 
termos. É possível que haja uma ética sem moral ou uma moral 
sem ética? Vejamos um caso. Em 2013, Edward Snowden, um 
funcionário público de empresas de inteligência americana 
como a CIA e NSA (Agências de segurança nacional) expôs 
ao mundo, mediante entrevistas aos jornais americanos 
The Guardian e The Washington Post, o sistema de vigilância 
massivo que os EUA usam para espionar sem autorização 
todo o planeta. Esse ato de divulgar ao público informações 
confidenciais, as quais ele não estava autorizado a fazer, 
provocou reações do governo americano o acusando de traidor 
do país, o que o mantém em asilo político em outro país.
Analisemos essa situação à luz dos conceitos aprendidos, se 
entendemos que moral é o conjunto de regras que um indivíduo 
22
ÉTICA CRISTÃ
deve seguir, ele quebrou essas regras ao revelar os segredos do 
governo americano, ou seja, ele cometeu um ato contra a moral 
americana. Como funcionário público deveria guardar essas 
informações em segredo, assim deveria ser seu comportamento. 
É incorreto divulgar informações confidenciais do seu país, 
isso é errado e ponto. Contudo, também não é correto os EUA 
espionarem o mundo sem autorização, e o ato de Snowden, 
apesar de moralmente incorreto, se justifica, ao menos para 
ele, por ser mal menor (O’NEILL, 2013). Desse modo, para ele, 
apesar do ato (denunciar o governo) não ser moral, é ético, pois 
uma regra foi quebrada para um bem maior; manter o direito 
de privacidade das pessoas. Em outras palavras, uma boa ética 
pode gerar um ato imoral.
Situações como essa podem ser encontradas até na Bíblia. 
No livro de Daniel, por exemplo, temos a história de três jovens 
que deliberadamente agiram contra as normas estabelecidas, 
cometendo então, um ato contra a moral.
No terceiro capítulo do livro de Daniel, lemos que 
Sadraque, Mesaque e Abedenego, jovens judeus, participaram 
de uma festividade real na Babilônia e foi exigido deles, 
juntamente com o restante dos oficiais do reino, que a um sinal 
combinado se curvassem e adorassem a estátua do rei. Esses 
23
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
três jovens, por seus princípios religiosos, não concordaram 
com isso, e refletiram que agir assim seria errado, pelo menos 
de acordo com seus valores. O sinal sonoro foi tocado e eles não 
se curvaram, o rei furioso ordenou que fossem punidos com 
a morte, sendo lançados numa fornalha em brasa. Observe, 
o costume e as normas do local determinavam que eles se 
curvassem, porém, eles foram contra a moral local, pelo fato de 
entenderem que manter seus princípios de adoração a Deus, 
seria uma ação moralmente superior à homenagem ao rei e sua 
estátua. Podemos perceber mais uma vez que nem sempre uma 
reflexão ética coerente pode levar a um ato moral correto.
Vejamos outro caso. Em 1997, uma reportagem do The New 
York Times apresentou uma estratégia para diminuir as “colas” 
na Universidade de Maryland. Meryle Freiberg, a presidente 
do Conselho de honra dos estudantes, tinha uma situação singular: 
o número crescente de alunos reprovados nas disciplinas por 
“desonestidade acadêmica”, uma margem de 100 por ano. Para 
tentar reverter a situação, ela teve a ideia de convidar os alunos 
a assinar uma declaração de honestidade, se comprometendo 
a não entregar trabalhos copiados da internet nem “colar” nas 
provas. Os que assim fizessem voluntariamente, receberiam 
um cupom de descontos de 10% a 25% no comércio local 
(HERRING, 1997).
24
ÉTICA CRISTÃ
Acredito que todos podemos concordar com a ideia de que 
a honestidade é um comportamento moral que todos devemos 
seguir e que se todos formos honestos teremos uma sociedade 
melhor, mas o quanto a motivação que nos faz tomarmos certas 
atitudes contam em nossas ações? Não podemos saber o que 
se passou na mente dos alunos que assinaram a declaração 
e receberam os cupons, mas se sua honestidade se baseou 
somente no desejo de receber os cupons, parece que não houve 
muita ética na situação. Com isso, podemos perceber uma 
reflexão pobre sobre o que é certo e errado e que mesmo assim 
reproduziu um comportamento moral correto. Um detalhe 
curioso sobre o caso é que se qualquer um dos alunos que 
assinou a declaração fosse pego em alguma “desonestidade 
acadêmica” naquele semestre, precisaria devolver todos os 
descontos à Universidade.
No Novo Testamento, no livro de Mateus, há uma 
afirmação dura de Cristo a um grupo de religiosos que 
mantinham um bom comportamento, uma moralidade 
exterior elogiável, mas em seus pensamentos e reflexões 
eram condenáveis. Jesus disse que essas pessoas eram como 
sepulcros caiados, ou sepulturas pintadas, por fora limpas e 
belas, mas escondiam dentro de si “ossos de mortos e toda 
imundície” (Mt 23:27, NVI). Uma imagem forte para descrever 
uma boa moral sem boa ética.
25
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Em suma, até agora vimos que a ética é a reflexão 
sobre o que é bom e correto, e a moral o comportamento ou 
conduta adequados. Identificamos também que nem sempre 
esses dois conceitos, apesar de próximos, se relacionam de 
forma harmônica. No geral, ser ético produzirá uma moral 
positiva e não ser ético uma moral negativa. No entanto, 
pode acontecer de uma ética positiva gerar uma ação contra 
a moral, e uma ética negativa, uma moral acertada. Passemos 
para os próximos conceitos.
AUTORIDADE
Um outro conceito muito importante para organizarmos a 
nossa estrutura ética é o de autoridade. Essa palavra deve ser 
entendida aqui na sua definição fundamental, de base. Ela se 
liga à ética, pois quando buscamos saber o que é certo e errado, 
a resposta precisa ser justificável e real (verdadeira),precisa de 
uma base, um parâmetro.
Há algumas teorias que classificam quais seriam as 
fontes de autoridade moral (SMITH, 1962, p. 447; JENSEN, 
1997, p. 331), mas de forma geral podemos agrupá-las em 
três possibilidades. Podemos basear a ética na autoridade 
individual (1), ou seja, a própria pessoa é quem determina 
26
ÉTICA CRISTÃ
o que é o certo e errado, e somente ela, a partir de suas 
experiências e conhecimento. A segunda fonte de autoridade 
são os coletivos sociais (2), nesse caso temos a sociedade 
ou grupos associados que mediante um acordo mútuo 
estabelecem o que se deve fazer, e por fim temos as fontes 
externas (3), divididas em conceitos, figuras de autoridade ou 
divindades. Vamos analisar cada uma delas:
1. Individual – Nesta categoria temos o próprio 
individuo como fator determinante do certo 
e errado. Por meio de sua razão ou emoção, 
ele determina como deve agir. Historicamen-
te temos o crescimento dessa forma de jus-
tificar a tomada de decisão ética a partir do 
século XVII, junto com o início da moderni-
dade. Desde então, a sociedade tem passado 
por uma crise de autoridade. Os líderes, que 
até então eram prestigiados, têm perdido a 
credibilidade e respeito por causa de escân-
dalos e mal exemplo, o que tornou o indiví-
duo cada vez mais descrente em qualquer 
líder. Há de se notar que ao indivíduo se es-
tabelecer como autoridade, isso não significa 
que qualquer ação que ele tomar estará cor-
reta. Esse tipo de fonte propõe reunir aqueles 
27
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
que não apoiam suas decisões na autoridade 
de nenhum elemento externo, somente em 
si próprio. Ele estabelece suas próprias leis 
podendo até mesmo ser condenado por elas.
2. Coletivos sociais – Essa autoridade se susten-
ta no poder do grupo e no estabelecimento 
de normas de comum acordo. Toda vez que 
indivíduos se associam e estabelecem regras 
para reger o espaço partilhado, temos esse 
tipo de autoridade. Essa regulamentação 
pode ser formal como num condomínio, 
numa empresa, num país ou pode ser infor-
mal como na expectativa de tratamento entre 
amigos de infância ou das atitudes de grupo 
de turistas. Uma das características desse 
tipo de autoridade é que se reconhece que as 
orientações são restritas ao grupo e ao local 
compartilhado. Um fator importante dessa 
categoria, é que o indivíduo tem algum tipo 
de participação no grupo, quer diretamente 
na criação das leis ou por outros identifica-
dores que o submetem àquela autoridade, 
como a tradição, cultura, local ou lugar de 
nascimento por exemplo.
28
ÉTICA CRISTÃ
3. Fontes externas – Esse último tipo reúne 
qualquer fonte que o indivíduo adote, se 
abstendo de participar do processo deci-
sório. Faz parte desta categoria aqueles 
que seguem um líder político, professor, 
pai, guru, cantor, divindade ou divindades 
cumprindo suas ideias sem criticá-las ou 
analisá-las. Juntamente a esses, temos os 
que adotam uma ideologia, como o marxis-
mo ou ateísmo; religião ou conceito, como 
o prazer, fama, dinheiro etc., sujeitando-se 
à sua lógica e prestando obediência cega. 
É importante deixar claro que aqueles que 
têm uma ideologia de vida, uma religião ou 
buscam a fama, mas que o fazem mantendo 
essas coisas sob sujeição de sua racionali-
dade e estabelecendo limites, se situam no 
primeiro grupo, somente estão aqui aque-
les que renunciam ou desistem de fazer o 
exame crítico para depender de uma razão e 
autoridade alheia a si mesmos.
Cada pessoa que busca respostas a dilemas éticos precisa, 
antes disso, refletir sobre o problema em si, estabelecer 
qual parâmetro determinará o que é certo e errado. Em 
29
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
nossa mente, buscaremos uma dessas fontes de autoridade 
citadas acima para gerar as justificativas a favor ou contra 
determinada atitude. Por exemplo, se somos questionados 
sobre o dever de falar a verdade, alguns argumentos possíveis 
à pergunta poderão ser usados, a saber: “porque Deus diz nos 
mandamentos ‘não dirás falso testemunho’”, ou “por que a 
mentira trai a confiança e fere as pessoas“, ou “tenho como 
princípio nunca mentir, não importa a situação”.
Observe a autoridade que está por trás da resposta, na 
primeira, a justificativa se sustenta na autoridade divina, o 
indivíduo se abstém da análise moral e recorre a alguém que, 
para ele, garanta a qualidade da decisão e se submete à sua 
orientação; os que partilham dessa ideia se encontram no 
grupo 3. Na segunda situação, a argumentação se apoia numa 
autoridade coletiva anônima representada pelas “pessoas” que, 
por experiência ou suposição, cremos que ficarão chateadas se 
alguém mentir para elas. A última afirmação apoia em si mesma 
a decisão e argumentação que valida a escolha.
Cada uma dessas autoridades irá afetar o processo 
de decisão ético de uma forma diferente. O que significa 
eticamente, por exemplo, escolher abdicar de suas próprias 
percepções ou experiências a fim de seguir o que um indivíduo 
determina que você faça? Seria ainda assim ético?
30
ÉTICA CRISTÃ
Ainda há uma questão que precisa ser levada em conta: 
qual a melhor fonte de autoridade entre as três? Se por um 
lado a autonomia moral parece ser melhor que simplesmente 
seguir uma ideia alheia, todos sabemos que os indivíduos 
são falhos e podem julgar errado. Então, como posso me 
estabelecer como autoridade quando sei que posso errar? 
Ou ainda, por que escolher a autoridade de um grupo social, 
quando já está implícito nesta categoria a relatividade de 
sua aplicação, ou seja, a extensão restrita àquele grupo? 
Reconhecendo a falha humana, seria uma opção seguir um 
ser transcendente que por suas subentendidas características 
morais elevadas poderia garantir a ética correta? Se preferimos 
a autoridade individual ou coletiva estamos fadados à falha 
e ao erro, já que homens e grupos são falhos, se abdicamos 
e nos apoiamos em uma divindade podemos incorrer numa 
obediência cega e irracional. O que fazer?
Há de se considerar ainda o fato de algumas pessoas não 
terem uma fonte de autoridade exclusiva, umas podem se 
posicionar como a fonte de autoridade em casa, no trabalho adotar 
uma postura de acordo social e na igreja de sujeição à divindade. 
Podemos questionar da situação apresentada a viabilidade e 
coerência do trânsito de fontes de autoridades da mesma forma 
que se transita em diferentes espaços, mas apesar disso, até certo 
ponto, é comum às pessoas utilizarem essa estratégia.
31
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Por fim, a reflexão sobre quem é a autoridade que 
escolhemos vai impactar em nossa ética e determina o 
primeiro nível de nosso processo decisório. Cientes da fonte de 
autoridade, um novo elemento surgirá, sobre o qual trataremos 
no próximo tópico.
VALORES
Os valores são algo de difícil definição. Quando pensamos 
neles, lembramos de justiça, educação, honestidade, coragem, 
honra etc., pois eles são os componentes com os quais as 
autoridades nos presenteiam e que utilizamos ao tomar uma 
decisão. Alguns autores que pensaram sobre esse conceito, o 
definiram como “algo que se considera desejável, que justifica 
nossas ações e funciona como horizonte para organizar a vida” 
(MAY, 2008, p. 78), ou “elementos, concretos ou abstratos, 
sobre os quais colocamos alguma importância” (TILLMAN, 
1988, p. 11) ou ainda “objetos de preferência ou escolha moral” 
(ABBAGNANO, 2003, p. 989).
Na verdade, os valores são pontos de referência que 
recebemos das figuras de autoridade, principalmente no início 
de nossa vida e que se mantêm como marcadores ou limites 
que gostamos de ter. Portanto, se admiramos alguém que 
32
ÉTICA CRISTÃ
foi honesto e olhamos para essa característica como algo que 
desejamos nos identificar, esse valor passa a ser um guia, uma 
fronteira que quando corre o risco de ser cruzada, cria uma 
tensão ou alerta em nossa vida. Atravessar um desses marcos 
ou quebrar um desses valores pode nos afetar negativamente 
e destruir nosso bem estar, portanto preservamos esses limites 
como os guardas protegem as divisasentre países.
Os valores têm um papel fundamental na ética e 
criação de regras de comportamento. As vezes eles são 
explícitos como por exemplo na introdução ou preâmbulo da 
constituição brasileira, ne qual lemos:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia 
nacional constituinte para instituir um Estado democrático, 
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e 
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, 
a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade 
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia 
social e comprometida, na ordem interna e internacional, 
com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, 
sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (BRASIL, 1988).
Os valores acima expostos são os guias do comportamento 
social brasileiro, e foram utilizados no processo de construção 
33
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
da constituição de nosso país, mas os valores que um indivíduo 
ou grupo social seguem podem não ser declarados. Uma família 
pode ter muito forte o senso de união e apoio mútuo, o valor 
unidade, sem que isso esteja escrito em lugar algum, mas seja 
simplesmente vivido entre as figuras de autoridade, os pais, e 
reforçado nas orientações que são dadas aos filhos. Portanto, 
independentemente de estarem escritos ou não, os valores irão 
guiar a conduta dos indivíduos. 
Apesar de podermos concordar com a importância dos 
valores, isso não quer dizer que todas as pessoas concordem 
com a definição de cada um deles. Podemos dizer por exemplo, 
que o respeito é um valor básico em qualquer tipo de relação 
entre quaisquer pessoas, mas se perguntarmos às pessoas o que 
é respeito, provavelmente teremos muitas respostas, inclusive 
pode acontecer de termos respostas em oposição. Pensemos 
na seguinte situação, um jovem resolve investir todas as suas 
economias num negócio arriscado, o pai pode analisar a ideia 
do filho e entender que respeito é deixá-lo tomar suas decisões 
e apoiá-lo se algo de errado acontecer. Por outro lado, um irmão 
pode entender que respeito e intervir e orientá-lo a desistir, 
pois quem tem real afeição e consideração pelo outro não deixa 
a pessoa tomar decisões que serão prejudiciais sem alertá-la. 
Dessa forma, neste caso, o mesmo valor, respeito, pode levar 
pessoas a tomarem direções diferentes.
34
ÉTICA CRISTÃ
Em suma, os valores são os elementos que estão dispostos 
na sociedade e os utilizamos para tomarmos decisões, ainda 
que sua interpretação possa variar nos diferentes grupos 
sociais e até mesmo entre elementos do mesmo grupo. 
Passemos ao próximo conceito.
LEIS
O último conceito que iremos tratar neste tópico é o de lei. 
Esta é outra ideia que, além de ser bastante clara para a maioria 
das pessoas, tem um papel importante em nossa estrutura ética. 
As leis podem ser definidas como “fórmulas que expressam a 
necessidade de uma ação” (KANT, 2018, p. 144), dessa definição 
compreendemos que a lei é o produto da reflexão ética que 
elabora regras e determinam os deveres do indivíduo. O que 
é importante notarmos aqui é que essas leis depois de criadas 
são obrigações para aqueles a quem ela se dirige, precisam ser 
levadas a sério. Lemos essa ênfase na seguinte definição: “Leis 
são acordos de caráter obrigatório, estabelecidos entre pessoas 
de um grupo, para garantir justiça mínima, ou direito mínimos 
de ser” (PONCHIROLLI, 2009, p. 18).
Organizando nossa estrutura, temos que as leis são 
proposições elaboradas a partir de uma autoridade apropriada, 
35
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
tendo em conta os valores para regular o comportamento ou a 
moral dos indivíduos. Podemos visualizar a relação entre essas 
partes na Figura 1 abaixo:
Figura 1 – Relação entre os conceitos éticos
Ética
Valores
Autoridade
Lei Moral
Fonte: elaborado pelo autor
Algo importante sobre as leis é que elas são tão 
relevantes para os grupos ou para o indivíduo que ir contra 
essas determinações traz conflito interno ou externo; gera 
punições, isolamento ou mesmo a exclusão do sujeito que 
rompeu com a moral.
Dessa forma, concluímos o primeiro tópico tendo 
conhecido os conceitos de ética, moral, autoridade, valores e 
lei. Aprendemos também como esses elementos se relacionam 
na estrutura ética determinando o comportamento moral. A 
partir desses conhecimentos podemos nos perguntar, mas 
como essa estrutura é construída nos indivíduos? Esse é o 
conteúdo do próximo tópico.
36
ÉTICA CRISTÃ
COMO NOS TORNAMOS SERES ÉTICOS?
Na maior parte do tempo, imagino, todos queremos que as 
pessoas ajam de forma ética. Reconhecemos que a ética pode 
ajudar não somente o próprio indivíduo, mas a sociedade como 
um todo. Quanto mais somos éticos, mas criamos um ambiente 
de boa convivência e bem-estar para todas as pessoas. Com isso, 
a falta de ética fere o desejo ou sonho de um mundo melhor.
Já sabemos que existe uma estrutura lógica que nos ajuda 
a tomar boas decisões, vimos que a autoridade é um fator 
fundamental nesse arranjo, assim como os valores defendidos 
por essa autoridade, que acabam por se tornar referências ao 
refletirmos sobre o que é certo e errado. É sabido também que o 
bom discernimento e domínio dessas ferramentas irá produzir 
melhores regras de conduta e por fim um comportamento 
exemplar. Contudo, mesmo tendo o conhecimento desses 
diversos fatores, sabemos que nem todos conseguem tomar boas 
decisões éticas e, às vezes, nem mesmo sabem como tomá-las.
Uma vez que por um lado há pessoas que buscam o 
melhor moralmente para sua vida, por sua vez, um outro 
lado parece não se interessar muito por isso. Mas onde está o 
problema? O que acontece com essas pessoas? O que tornou 
uma pessoa ética e a outra não?
37
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
DESENVOLVIMENTO MORAL 
POR LAWRENCE KHOLBERG
Essa é uma dúvida não somente nossa, cientistas também 
já debateram sobre como isso acontece, e uma das teorias 
mais conhecidas que busca responder essa questão foi 
formulada por Lawrence Kholberg, um psicólogo americano 
que, baseado nas ideias de Jean Piaget, elaborou uma teoria 
do pensamento moral, sendo assim, considerado um dos 
fundadores da ciência do desenvolvimento moral. Mas o que 
sua teoria propõe?
Para Kholberg, a criança pensa sobre a moralidade 
diferente do adulto, seu mecanismo ou filosofia moral é 
organizado de tal forma que sua autoridade e raciocínio 
terão características próprias e distintas a cada etapa desse 
processo, até que possa alcançar um estado de “maturidade”. 
Para ele, esse é um processo pelo qual todas as crianças 
passam, mas não do mesmo modo, ou seja, elas iniciam 
de maneira semelhante, porém algumas não conseguem 
percorrer todo o caminho até o amadurecimento pleno, dessa 
forma, podemos encontrar adultos no nível convencional, 
ou mesmo pré-convencional. Os estágios são divididos em 
níveis, 6 estágios em 3 níveis, e se relacionam da seguinte 
forma, veja na Figura 2:
38
ÉTICA CRISTÃ
Figura 2 – Estágios do desenvolvimento moral de Lawrence Kholberg
NÍVEL ESTÁGIOS
1
Pré-
convencional
1
Foca nas consequências e é obediente por 
medo da punição.
2
Age por interesse próprio e cumpre as regras 
negociando trocas.
2 Convencional
3
Busca a aprovação do grupo e toma as 
decisões a fim de manter as relações mútuas.
4
Segue rigidamente as regras sociais, pois 
acha importante manter a ordem social.
3
Pós-
convencional
5
Reconhece que dilemas éticos podem ser 
resolvidos por meio de um contrato moral 
entre as partes.
6
Utiliza princípios éticos universais para 
avaliar suas decisões.
Fonte: GAZZANIGA, HEATHERTON; HALPERN, 2018, p. 382-383; PAPALIA; FELDMAN, 2013, p. 409
ESTUDO DE CASO
Vamos entender essa distribuição utilizando um caso? Em 
uma escola, está sendo organizada uma excursão para os alunos 
do 3º ano que estão muito ansiosos pelo evento. Na semana 
39
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
anterior ao passeio, Tiago vê sem querer, um de seus colegas 
pichando uma parede do colégio.
Quandoo ato é descoberto, identifica-se rapidamente que 
o autor do vandalismo é do 3º ano. O diretor então faz uma 
reunião com os alunos dessa turma e pede para que o culpado 
se entregue. Como ninguém se revela, ele ameaça cancelar a 
excursão se o pichador não se apresentar. Diante dessa situação, 
o que Tiago deveria fazer? Deve entregar o colega para que a 
excursão aconteça? Ou deve ficar em silencio e não dedurar o 
amigo? Se fizéssemos essa pergunta para todos os alunos desta 
turma, com certeza teríamos respostas diferentes. Kohlberg 
concordaria com isso, mas afirmaria que as respostas refletiriam 
o nível moral em que cada um se encontra. Ele também diria 
que o que é importante perceber nas respostas, não é se ele 
agiria de um modo ou outro, mas a justificativa, pois a cada 
estágio poderemos encontrar respostas a favor ou contra, mas a 
lógica será característica de um momento desse processo.
RESOLUÇÃO DO CASO
Vamos imaginar então quais seriam as respostas possíveis. 
Aqueles que estão no primeiro estágio pensariam que o mais 
importante é evitar a punição, portanto para eles, uma solução 
poderia ser dizer quem foi culpado para não serem prejudicados: 
“você deve dizer para não ser punido e não viajar”.
40
ÉTICA CRISTÃ
Os que estão no segundo estágio, ainda no nível pré-
convencional, estariam focados em seu próprio interesse. 
Poderiam entender que a melhor solução seria não dizer, por 
que não gostariam de que seu amigo ficasse e não participasse 
da excursão com todos: “Tiago, não diga a ninguém, pois o 
diretor não poderá impedir que todos viajem se ele não sabe 
quem é”. Observe que nas duas respostas não se pensa no certo 
ou errado mas no desfecho que se espera.
No segundo nível, estágios 3 e 4, as respostas são mais 
direcionadas para o grupo. No terceiro, estágio temos a busca 
da aprovação dos outros, a lógica para aqueles desse estágio 
poderia sugerir não se pronunciar: “não diga nada, pois se 
entregar o colega todos vão achar que você é um traidor”.
No quarto estágio, há uma tendência de se cumprir as 
leis rigidamente, a resolução para aqueles que estão nesse 
estágio poderia ser contar a verdade, pois isso é algo que todos 
deveriam fazer: “Tiago, conte quem foi, os alunos devem 
obedecer ao diretor”. Não sei se você percebeu que até agora há 
pouca reflexão utilizando valores; não se chega a um resultado 
pelo qual é formada uma opinião sobre o que é certo e errado. 
No segundo nível, já se apela às autoridades, mas ainda assim 
suas regras são aceitas sem questionar a moralidade.
41
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Chegando no nível pós-convencional, as respostas já 
revelam uma reflexão sobre valores. Apesar de Kohlberg 
afirmar que nem todos chegam a esse nível na vida, ele diz 
que, no meio da adolescência, alguns começam a desenvolver 
uma mente com essas características. No quinto estágio, temos 
uma lógica de contrato social, ou seja, se entende que se deve 
buscar o bem de todos, mas que há situações em que os valores 
e as leis podem entrar em conflito, algumas leis não se baseiam 
em valores corretos e por isso deve-se verificar nos grupos o 
que é melhor para todos.
Talvez você esteja se perguntando, depois da frase anterior: 
como é possível que o valor esteja em oposição à lei? Mas sim! 
Existem situações pelas quais a lei está baseada em valores 
incorretos, por exemplo, entre os anos 1948 – 1994, na África 
do Sul, foi estabelecida uma política de separação entre negros 
e brancos conhecida como apartheid, foram criadas leis para a 
população sul-africana que restringia os direitos dos negros 
no país, proibindo o relacionamento e a proximidade entre os 
indivíduos de tons de pele diferentes, ou seja, esse é um exemplo 
de lei baseada na desigualdade social e no determinismo étnico.
Diante das leis da África do Sul daquele período, não 
importava quem você era, mas simplesmente a sua raça. Se 
42
ÉTICA CRISTÃ
ela fosse negra, automaticamente você teria menos direitos 
(BRUCE; YEARLEY, 2006, p. 12). Nesse caso, Kohlberg entende 
que, percebendo essa incoerência, a pessoa que chegou nesse 
estágio, reconhece a imoralidade da lei e não a segue.
No sexto e último estágio, encontramos uma moralidade 
autônoma, que não é impressionada pela opinião dos outros e 
que se volta para os seus valores internos. Para Kohlberg, esse 
é o alvo, a posição mais elevada que o indivíduo pode alcançar 
eticamente. Para ele, alguém nesse estágio, poderia pensar 
numa resposta como a seguinte: “Tiago precisa dizer quem foi, 
nosso colega estava errado, não se pode danificar a propriedade 
alheia ou pública, não se deve pintar um lugar que não é sua 
propriedade sem autorização. Ele deveria ter solicitado e, se 
fosse autorizado, ok, mas agir como ele agiu é errado!”
Essas seriam possibilidades, e você? Se passasse por essa 
situação qual seria a melhor solução? Veja em que estágio 
você daria uma resposta para esse caso. Resumindo, todos nós 
passamos por um processo de amadurecimento moral que 
começa na infância. Kholberg descreveu seis estágios, cada 
um com características próprias. Essa estrutura tem sido aceita 
por eticistas e é uma das mais conhecidas e utilizadas para se 
estudar o desenvolvimento da moral.
43
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Kohlberg admite a influência do meio nesse processo, mas 
entende que essa é uma teoria universal, quer dizer, se aplicaria 
a todas as pessoas. Agora depois de entendermos como a criança 
vai se tornando um adulto moral, vamos examinar quais são os 
outros fatores que afetam as nossas decisões morais.
NOSSO CÉREBRO, NOSSO GUIA
Acredito que já saiu da boca de todo ser humano frases 
como: “não sei o que estava fazendo! Não sei onde estava com 
a cabeça!” Bem, onde estava sua cabeça quando você não sabia 
onde ela estava?
Vamos ver uma história que vai nos ajudar a refletir um 
pouco mais sobre essa questão. No início da década de 1940 
nasceu, nos Estados Unidos, um menino chamado Charles 
Whitman. Ele foi criado por um pai rigoroso e uma mamãe 
religiosa, nesse ambiente ele acabou dominando com destreza 
certas habilidades. Foi um escoteiro de destaque nacional, 
aprendeu a usar armas de fogo na adolescência e se tornou um 
excelente atirador. Na juventude se tornou um fuzileiro e aos 
25 anos de idade estudava arquitetura, trabalhava num banco 
44
ÉTICA CRISTÃ
e era casado. Aparentemente uma vida normal, se não fosse 
por um incidente chocante.
No dia 1 de agosto de 1966 esse jovem subiu até o 28º andar 
da torre da Universidade do Texas e passou a atirar com uma 
espingarda nas pessoas que cruzavam as ruas ao seu redor. 
Antes de subir na torre, ele havia matado sua mãe e sua esposa 
a facadas. Depois de 90 minutos foi alvejado por um policial 
e morreu, ele havia atirado em 46 pessoas, das quais 14 não 
resistiram. O que faz com que uma pessoa aparentemente 
normal tenha uma atitude tão incompreensível? Essa história 
se torna mais curiosa pra nós por conta de uma carta que ele 
escreveu antes do seu ato homicida:
Com sinceridade, não me entendo ultimamente. Eu deveria 
ser um jovem mediano, racional e inteligente. Mas, nos 
últimos tempos (não consigo lembrar quando começou), 
tenho sido vítima de muitos pensamentos incomuns e 
irracionais (...). Depois de minha morte, desejo que seja 
feita uma autópsia em mim, para verificar se há algum 
distúrbio físico visível (EAGLEMAN, 2017, p. 33).
O seu desejo foi concedido, e foi descoberto um pequeno 
tumor em seu cérebro que pressionava a amígdala, região 
responsável por emoções como medo e agressividade. Será 
então que o seu comportamento foi determinado por essa 
45
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
formação fisiológica doentia? Será que ele, assim como nós, teve 
suas ações determinadas por seu cérebro, mesmo as morais?
Muito bem, a resposta é sim e não. Há um grande debate, 
principalmente no campo da neuroética, sobre o quanto somos 
conduzidos por nosso cérebro. Há aqueles que acreditam que 
um dia a ciência irá descobrir os segredos mais íntimos da nossa 
mente,quando será possível prever o comportamento humano 
olhando para o cérebro e seu funcionamento. Do outro lado, 
estão aqueles que acreditam que nunca poderemos descobrir 
de fato o seu funcionamento e o fenômeno da consciência. 
Contudo, independente do posicionamento que você toma, já 
se sabe que sim, há uma influência de nosso sistema nervoso 
sobre nosso comportamento. Há alguns relatos de casos por 
meio uma pessoa pode desenvolver um tumor e comprimir 
regiões do córtex pré-frontal, região responsável pelo raciocínio 
lógico e tomada de decisão, modificando seu comportamento 
habitual, como no caso de Charles Whitman (GAZZANIGA, 
HEATHERTON; HALPERN, 2018, p. 98).
Pessoas que têm, por acidente ou condição de saúde, 
esta área ou parte dela retirada, desenvolvem certas 
características como uma certa frieza em tratar determinadas 
cenas, que em pessoas não lesionadas, provocam fortes 
emoções, o que já foi caracterizado como “saber mas não 
46
ÉTICA CRISTÃ
sentir”. Indivíduos com esse quadro podem sofrer grandes 
perdas e não demonstrarem sentimento, justamente por não 
o sentirem (DAMÁSIO, 2012, p. 187).
A diminuição da racionalidade é acompanhada também 
por uma diminuição das emoções. Isso tem um impacto quando 
pensamos em moralidade, pois é um debate histórico, que 
vem desde Platão, a ideia de que para tomarmos boas decisões 
precisamos ser racionais, frios, e não emocionais, mas segundo 
esta proposta nem podemos ser racionais nem morais se não 
utilizarmos as nossas emoções. Ademais, os Neurônios espelho 
(ver box) são uma outra descoberta que demonstra como 
sentimentos como empatia e simpatia são importantes para 
sermos seres morais.
SAIBA MAIS
Células espelho
Você já passou pela situação de, ao ver alguém se ma-
chucando, por exemplo, cortando o dedo, sentir um ar-
repio ou colocar a mão na parte do seu corpo em que o 
outro se feriu? Pois é, essa é uma reação provocada pelos 
neurônios espelho.
47
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
As famosas células-espelho são neurônios que se ati-
vam quando observamos alguém fazer alguma ação 
com propósito, como alcançar um copo, construir um 
armário ou comer, e da mesma forma como o outro tem 
áreas do cérebro ativadas ao fazer o ato, quem observa 
também tem áreas semelhantes ativadas. É como se en-
trássemos na mente da pessoa para entendermos o que 
ela está fazendo (GAZZANIGA, HEATHERTON; HALPERN, 
2018, p. 259-260).
Esses neurônios têm muito a ver com a moralidade, pois 
funcionam da mesma forma quando “adquirimos” carac-
terísticas que observamos especialmente em pessoas
senciamos alguém ter uma atitude moral, por causa des-
ses neurônios, experimentamos, de certa forma, a expe-
riência do outro (ILLES; SAHAKIAN, 2011, p. 344–348). 
Esses neurônios são a base da empatia (“compreensão 
do estado emocional do outro”) e simpatia (“sentimen-
tos de piedade, preocupação e tristeza pelo próximo”), 
emoções fortemente ligadas à moralidade pois é por 
meio dessas emoções que valores morais como justiça 
e igualdade surgem (GAZZANIGA, HEATHERTON; HAL-
PERN, 2018, p. 382).
Isso não quer dizer que não utilizamos a razão, pois vimos 
desde o início que a razão tem um papel muito importante. 
O que queremos frisar é que ela não é o único fator quando 
tomamos decisões éticas, inclusive em alguns momentos ela 
48
ÉTICA CRISTÃ
fica em segundo plano pois alguns juízos morais que fazemos 
não são resultados de nossa razão, mas das emoções, intuições e 
absorção de tradições culturais (BLOOM, 2014, p. 236).
Talvez uma analogia que possa ajudá-lo seja comparar o 
nosso processo de decisão moral com uma câmera fotográfica 
que tenha função automática e manual. Quem já utilizou uma 
dessas câmeras, sabe que no modo automático só é preciso 
apertar um botão e o mecanismo da máquina organiza tudo o 
que é necessário para que a foto seja feita, esse é o papel das 
emoções. Enquanto no modo manual é preciso se preocupar 
com abertura do diafragma, velocidade de exposição e 
sensibilidade à luz. Se alguém escolhe este último modo para 
tirar fotografias, tem que lidar com vários elementos que 
podem gerar aos menos experientes, no mínimo, uma certa 
confusão; esse é o papel da razão (EDMONDS, 2014, p. 326).
Um fato ainda curioso sobre o funcionamento desse 
sistema duplo, é que diante de situações de pressão, estresse ou 
quando estamos em estado de alerta, buscamos o modo manual 
e não o automático, o que até certo ponto pode parecer fazer 
sentido, pois esse estado de tensão pede que tomemos melhores 
decisões, mas ao mesmo tempo pode gerar uma desorientação 
da mesma forma que alguns de nós teríamos se tivéssemos que 
tirar fotos no modo automático.
49
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Enfim, o desenvolvimento moral inclui tanto um processo 
de maturação que começa na infância e se estende pela vida 
adulta quanto o equilíbrio, e bom uso de nossas capacidades 
racionais e emocionais. Por isso, tornar-se um ser ético é como 
aprender uma linguagem. Leia as duas frases abaixo e pense em 
qual delas as palavras foram colocadas numa ordem melhor:
a. Barulhentos carros pretos, velozes e grandes.
b. Grandes carros pretos, barulhentos e velozes.
Provavelmente você terá escolhido a opção B, mas se 
eu pedir para que você justifique o porquê dessa frase ter as 
palavras melhor organizadas, você provavelmente também terá 
algum tipo de dificuldade, poderá dizer que soa melhor, mas 
a verdade é que não existe uma regra clara sobre qual a ordem 
correta, nós simplesmente achamos que é assim. Para falarmos, 
utilizamos vários elementos da linguagem: a gramática, nossos 
diálogos cotidianos, nossa experiência e nossa criatividade, 
assim, mesmo sendo um processo complexo, conseguimos 
usá-la e nos comunicamos. De igual modo, a nossa moral 
funciona com uma série de elementos, racionais e emocionais, 
conscientes e inconscientes, subjetivos e objetivos, e todos eles 
se organizam na hora em que vamos tomar uma decisão.
50
ÉTICA CRISTÃ
COMO SABER O QUE DEVO FAZER?
Em 1967, Philippa Foot, uma filósofa britânica criou o 
dilema do bondinho, um exercício de ética que acabou se 
tornando um clássico que todos os que se interessam por ética 
vão um dia encontrar e tentar responder. Se você ainda não 
conhece, chegou sua vez (EDMONDS, 2014, p. 27)
O problema apresenta uma situação curiosa. Imagine 
que um bondinho perdeu o freio e está descontrolado pelos 
trilhos de uma ferrovia e não há nada que se possa fazer para 
pará-lo. Perto dali, cinco funcionários da estrada de ferro estão 
consertando os trilhos com seus ouvidos tapados, indiferentes 
à vinda do bonde, quando eles o virem, será tarde demais, 
nenhum dos cinco irá sobreviver.
Você observa a situação de longe, não tem nenhum meio 
que possa utilizar para avisar a qualquer um dos funcionários 
da proximidade do trenzinho, se você tentar correr para avisar, 
chegará tarde demais pois, pela velocidade do bondinho, ele 
chegará aos trabalhadores antes de você. Entretanto, há uma 
coisa que você pode fazer. Perto dali, há uma alavanca que 
pode ser acionada desviando o bondinho do trilho principal, 
com os cinco funcionários, para um trilho secundário onde 
há um único funcionário fazendo reparos. Se você acionar a 
51
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
alavanca, o trem passará para esse outro trilho com esse único 
trabalhador que infelizmente morrerá. Se você não acionar a 
alavanca, o bondinho seguirá seu rumo e vai matar os cinco. 
O que você faria? Acionaria a alavanca ou não? Pense um 
pouco, escolha uma opção e tenha certeza do que faria antes de 
prosseguir. Pronto? Já decidiu? Ok, vamos em frente.
Agora iremos mudar só um pouco essa história. Imagine 
agora que o mesmo bondinho descontrolado pelos trilhos está 
vindo em direção aos mesmos cinco funcionários trabalhando 
na ferrovia. Você agora está em cima de um pontilhão sobre 
o qual o bondinho irá passar por debaixo, um pouco antes 
de encontrar-se com os trabalhadores. Mais uma vez, não há 
como você avisá-los pois eles estão com seus ouvidos tapados 
eantes que você consiga chegar até eles, o bondinho já os terá 
alcançado. Desta vez, porém, ao seu lado há um indivíduo 
de porte grande que com toda certeza, se você o empurrar 
do pontilhão nos trilhos irá parar o bondinho e os cinco 
trabalhadores serão salvos. E agora, o que você faria? Você 
empurraria esse indivíduo que você não conhece? Ou deixaria 
o trenzinho tirar a vida dos cinco empregados? Mais uma vez 
escolha uma opção!
Quando este dilema é apresentado e os dados recolhidos, 
algo interessante acontece, 90% dos respondentes diante do 
52
ÉTICA CRISTÃ
primeiro questionamento, dizem que puxariam a alavanca e 
salvariam os cinco. 90% deste mesmo grupo diante do segundo 
questionamento, escolhe não empurrar o homem do pontilhão 
embaixo. O que é curioso é que, observando friamente o 
problema, ele é o mesmo, ou seja, cinco homens diante de um 
destino fatídico, a opção de um morrer em lugar dos outros e 
você diante desse dilema.
Este quadro curioso pelo qual em uma configuração se tem 
uma resposta e na mudança de alguns detalhes tem-se outra 
quase oposta, é justificado por alguns assim: “no primeiro caso 
é uma questão de salvar cinco em lugar de um, mas no segundo 
é uma questão de assassinar uma pessoa!”
Essa é a meu ver uma boa resposta, apesar de não afirmar 
que seja a resposta certa. Eu vejo na reflexão feita, a percepção 
de que no primeiro caso a situação é exposta de modo frio, 
você está distante, puxa uma alavanca, todas essas ações 
fazem com que você veja o dilema de modo calculista, “cinco 
vidas valem mais do que uma”. Já no segundo caso, ao ser 
inserido ativamente, com suas próprias mãos, a coisa toda 
desperta um alerta, e a discussão passa para o âmbito dos 
princípios, matar é errado! “Não posso matar alguém, nem 
que seja para salvar outras pessoas!”
53
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Ainda assim, nas discussões sobre se deve puxar a 
alavanca ou não, empurrar o homem ou não, é comum 
pessoas se posicionarem firmemente em seu argumento tendo 
dificuldades de entender a perspectiva do outro, uns dizem 
“é lógico que eu empurraria o homem! É a mesma situação, 
puxando a alavanca ou empurrando o homem, cinco vão 
sobreviver, as famílias de todos eles irão concordar e me 
agradecer!”, outros, no entanto reagem, “Não se pode fazer 
isso! E se fosse alguém conhecido seu, você continuaria a 
pensar assim?”. Pois bem, essa é uma discussão na maioria 
das vezes agradável, por meio da qual é preferível continuar 
se questionando a ter que definir uma resposta, e o mais 
interessante é justamente isso, tentar pensar quais os elementos 
que cada um usou e como foi que ele lidou com o dilema.
Ao conversarmos sobre o dilema do bondinho, podemos 
entender um pouco de algumas lógicas que as pessoas utilizam 
para encontrar suas respostas, isso ajuda muito não só pela 
possibilidade de compreendermos o raciocínio dos outros, 
os valores que o outro carrega, mas acima de tudo, ajuda a 
todos crescermos eticamente, pois ao invés de discutirmos 
quem está certo ou errado, o que na prática pode não levar a 
lugar nenhum, trocamos ideias sobre as lógicas e os valores 
adequados para cada tipo de dilema ético, nos afastamos da 
54
ÉTICA CRISTÃ
postura de tentar provar que a minha lógica é a correta. A 
questão de quem está certo ou não pode até ser construída 
depois, mas a partir da análise dos elementos que usamos em 
nossa avaliação moral. Por esse motivo, iremos gastar esse 
tópico tratando justamente disso, as lógicas que as pessoas 
utilizam para resolver seus dilemas.
Entre o vasto número de sistemas éticos existentes, 
podemos fazer uma separação entre aqueles que procuram 
criar uma estrutura que dê respostas sobre que ação deve-
se tomar e aqueles que têm o foco no aspecto mais a longo 
prazo do desenvolvimento humano, ou seja, a formação 
do caráter. Procuraremos então para este tópico, aqueles 
sistemas éticos que têm a preocupação em dar respostas para 
as dificuldades do dia a dia. Dois exemplos influentes do tipo 
de sistemas que estamos procurando, são o utilitarismo de 
Jeremy Bentham e a deontologia de Immanuel Kant. Ambos 
foram produzidos na modernidade e pretendem dar uma 
resposta para a nossa pergunta “e o que eu faço agora?”. 
Vamos primeiro ao utilitarismo.
UTILITARISMO DE JEREMY BENTHAN
Jeremy Benthan (ver box Saiba Mais) foi o idealizador 
do utilitarismo, ele pensava em ajudar a sociedade mediante 
um sistema ético que fosse simples e funcional. Por aspiração 
55
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
política, pensava em ajudar também líderes a tomarem boas 
decisões que beneficiassem o povo. Seu sistema é bastante 
simples e gira em torno dos conceitos de felicidade e maioria e 
consequência. Benthan sugere de início ser um fato os homens 
naturalmente buscarem ser felizes ou o prazer, ninguém 
escaparia a essa lógica, portanto esse valor seria o mais 
importante, estaria no ponto mais elevado da hierarquia de 
valores, e tudo estaria sujeito a essa busca pela felicidade.
Tão importante quanto entender essa busca para Benthan, 
é a definição que ele dá para a felicidade: mais prazer e 
menos dor, ou seja, em Benthan, todos os homens estão em 
busca do prazer e por sentir menos dor. Um outro elemento 
significativo nessa ética é a questão da autoridade. No 
utilitarismo quem define o que é certo é o maior número de 
pessoas envolvidas numa dada condição, então o que o grupo 
social decidir ser o correto, é moral.
Em suma, o utilitarismo é bem claro em sua aplicação. 
Para tomar decisões usando essa lógica, só é preciso pensar 
qual ação trará mais utilidade para a coletividade. Uma 
boa forma de entender utilidade, é compreendê-la no seu 
sentido de benefício, dessa forma ao se perguntar: “qual será 
a consequência desta minha ação? E quantas pessoas serão 
afetados por ela?” O que se quer dizer é, o que trouxer mais 
56
ÉTICA CRISTÃ
benefícios como consequência para a maioria das pessoas, isso é 
o que cada um deveria fazer.
Essa forma prática de descobrir o que é correto foi 
resumida assim: “a maior felicidade para o maior número 
é a medida do certo e errado” (BENTHAM, 1776, p. II), 
e pode parecer a princípio se tratar de um pensamento 
egoísta, mas pelo contrário, é preciso que a todo momento 
você se coloque como um no meio de todos, nunca é o que 
vai trazer felicidade para você, mas sim, o que vai trazer 
felicidade no mínimo, à maioria.
Na prática, o utilitarismo funciona como uma forma de 
avaliar o custo e o benefício de cada ação, o próprio Benthan 
deu a esse processo o nome imponente de Hedonic calculus, ou 
cálculo Hedonista. Seria como, diante de um problema, fazer 
uma lista de tudo de bom, ou o que gerasse prazer em uma 
dada situação e ao seu lado outra lista com todos os problemas, 
ou dores, do mesmo caso e se fizesse uma análise. Depois de 
um “cálculo”, para o lado que a balança pendesse, lá estaria 
o que é moral, ou seja, se aquilo gerasse mais prazer que dor, 
estaria correto, e se a balança pendesse mais para o sofrimento, 
isso não estaria correto (BECKER; BECKER, 2001, p. 1737; 
SANDEL, 2012, p. 48).
57
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Além de simples, o utilitarismo parece muitas vezes 
ser o modo natural como certas pessoas encaram os seus 
dilemas pessoais. Por vezes, pode-se ouvir em meio a uma 
argumentação o seguinte: “mas se você fizer isso, terá 
tal consequência!”, essa resposta revela, grosso modo, a 
semente do utilitarismo.
SAIBA MAIS
Jeremy Benthan
Jeremy Benthan não era um filósofo, mas se propôs ser 
um reformador do seu tempo. Nasceu em 1748 numa fa-
mília rica que logo cedo percebeu que ele era uma crian-
ça prodígio. Aos três anos aprendeu a ler e seu pai muito 
orgulhoso, gabava-se de seu filho estimulando cada vez 
mais os seus dons intelectuais. Aos quatro anos de ida-
de já lia grego e latim, mas fisicamente era um menino 
pouco desenvolvido, fraco e baixinho. Começou o seu 
período de estudos em Westminster, Londres, mas não 
se lembrava positivamente da escola, onde era alvo de 
bullying por colegasmais velhos.
Depois do colégio, preparou-se para se formar em direito 
em Oxford, mas também lá viu pouco benefício na edu-
cação. Formado, nunca praticou a profissão, mas resolveu 
ser escritor. Seus interesses eram a crítica da lei e reformas 
sociais. Chegou mesmo a criar um projeto de presídio 
modelo, chamado de Panopticon onde um único guarda 
poderia tomar conta de todo o prédio e seus presos.
58
ÉTICA CRISTÃ
Ao final de sua vida conseguiu o reconhecimento como 
pensador influente, não somente por meio da criação de 
seu sistema ético, que para ele poderia beneficiar desde 
os grandes líderes até o povo comum, mas também por 
ser um dos primeiros a defender os direitos dos animais 
e a igualdade das mulheres.
Chegando aos 80 anos de idade ficou preocupado 
em como poderia se manter como influência para fu-
turos jovens e alunos da escola onde dava aulas, para 
isso escreveu seu último pedido, que foi atendido 
após o seu falecimento em 1832. Nele, deixava orien-
tações para ser dissecado, mumificado e colocado 
em uma caixa de vidro nos corredores da University 
College em Londres, onde está até hoje e disponível 
para visitação (SANDEL, 2012, p. 48-49; BECKER; BEC-
KER, 2001, p. 137-140).
Vamos pensar em alguns casos para aplicar o utilitarismo 
e assim o avaliarmos na prática. Imagine comigo uma 
situação hipotética, toda a população mundial corre o risco 
de ser contagiada por um vírus que em alguns casos é fatal. 
Diante deste quadro, foi estabelecida uma lei pela qual todas 
as pessoas que estiverem no espaço público devem utilizar 
máscaras cobrindo a boca e o nariz. Alguns resistem, outros se 
revoltam com a obrigação e ainda outros disfarçam utilizando a 
máscara de maneira errada. De acordo com o utilitarismo qual 
deveria ser a minha atitude? 
59
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Já conhecemos a estrutura, devemos perguntar ao 
problema: o que geraria mais felicidade para a maioria como 
consequência? A resposta não é difícil de saber, a maioria das 
pessoas será beneficiada se todos utilizarem as suas máscaras, 
pois além do fator de segurança contra a doença, teremos da 
parte de quem cumpre a regra e aceita a norma, uma maior 
tranquilidade nas interações sociais. Dessa forma, a atitude 
correta é usar a máscara adequadamente pois isso tornará a 
maioria mais feliz como consequência.
Vamos a outro caso. Imagine que em um determinado 
país, devido a uma crise, foi decretado que 10% da população, 
pessoas que recebem mais do que cinco salários-mínimos, 
deverão pagar um imposto correspondente a 1/4 do seu 
salário a fim de contribuir com a restauração da sua nação. 
Segundo o utilitarismo esta seria uma lei moral? Acredito que 
você já percebeu também que sem dúvida seria. No caso nós 
temos uma minoria que sofrerá para beneficiar o restante da 
população, 90% dos afetados pela crise. Sendo assim, temos 
uma maioria que ficará feliz como consequência desse imposto, 
dessa forma, sim, é um ato moral.
Acredito que você já percebeu que o utilitarismo não leva 
em conta outro princípio que não a felicidade, pois tudo está 
sujeito a ela. Qualquer outro princípio deve ser desprezado.
60
ÉTICA CRISTÃ
Vamos a uma última situação. Foi descoberto e preso 
um terrorista com sua família, esposa e duas filhinhas bebês, 
ao chegarem a um aeroporto. Por meio do exame de suas 
bagagens é detectado que ele havia arquitetado um atentado 
que pode matar centenas de pessoas nas horas subsequentes. 
Ele é interrogado pelos policiais, mas não diz nada, ele se 
mantém calado diante de todas as pressões. Diante da recusa do 
interrogado em dar quaisquer informações sobre o seu plano, os 
policiais se reúnem pensando numa forma de extrair informações 
dele, já que o ato violento pode acontecer a qualquer momento. 
Um dos policiais sugere a tortura. Segundo o utilitarismo esta 
seria uma possibilidade moral? Tempo para pensar.
Nesses dois primeiros exemplos tivemos respostas sobre 
as quais, com certas ressalvas, até podíamos concordar, todos 
devem usar a máscara como modo de proteção e a minoria 
deve pagar impostos que contribuam para a felicidade da 
maioria, mas agora algo parece estranho, pois o que trará mais 
felicidade para a maioria como consequência será torturá-lo. E 
se o seu sistema de alerta moral ainda não ligou, imagine que 
ele foi torturado, continuou em silêncio e os policiais têm uma 
outra ideia, torturar a família dele em sua frente para que ele 
declare o seu plano. Desse modo, a situação parece passar dos 
limites, você não acha?
61
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Pois bem, em muitas situações, o utilitarismo parece 
dar uma boa resposta, mas em certos casos, ele irá 
privilegiar a maioria em detrimento de uma minoria não se 
incomodando com o sofrimento deles ou qualquer princípio 
moral, como honestidade, respeito à vida ou justiça, pois 
todos os valores estão sujeitos à felicidade e em nome dela 
todos eles podem ser desprezados.
Uma última consideração relevante sobre as 
dificuldades do uso do utilitarismo, é a dificuldade de se 
avaliar previamente quais serão as consequências de uma 
determinada ação. Com certeza temos noção do que pode 
vir a acontecer se tomarmos certa decisão, ainda assim 
podemos ter grandes surpresas esperando que determinada 
consequência aconteça e na realidade outro cenário surja. 
Portanto, basear nossas ações naquilo que supomos, também 
não parece ser uma base tão segura.
Com isso devemos estar cientes das dificuldades que 
podem surgir com o uso deste sistema ético, apesar de que 
em muitas situações, pensar no bem que podemos causar 
para as pessoas como consequência é uma forma bastante 
ética de direcionar a vida.
62
ÉTICA CRISTÃ
DEONTOLOGIA DE IMMANUEL KANT
Caso você tenha visto algum valor no utilitarismo, mas 
ficou preocupado quando ele foi aplicado em certos casos, você 
não está sozinho. No século XIX, um filósofo conheceu essa 
ética e não só a criticou, como também, criou ele próprio um 
sistema que em seu entender daria uma resposta melhor às 
questões éticas humanas. Esse indivíduo foi Immanuel Kant.
SAIBA MAIS
Immanuel Kant
Antes de conhecermos a vida de Kant, é útil saber que 
ele já foi considerado um dos maiores filósofos da era 
moderna (VAUGHN, 2016, p. 102; RACHELS; RACHELS, 
2013, p. 122). Immanuel Kant nasceu em 1724 em Ko-
nigsberg na Prússia, hoje Rússia. Sua família era pobre, 
seguia a doutrina cristã pietista e seu pai era um arte-
são que fabricava arreios para selas. Sem condições para 
estudar em bons colégios, foi auxiliado por um pastor 
que viu o seu potencial e conseguiu os meios para que 
pudesse ter uma boa educação formal.
Trabalhou por algum tempo como tutor para algumas 
famílias, depois se tornou uma espécie de professor de 
reforço para os alunos da Universidade de Konigsberg e 
aos 46 anos de idade, professor de lógica e metafísica da 
mesma universidade. 
63
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Viveu uma vida modesta, sempre muito atarefado e com 
a saúde debilitada. Costuma ser retratado como alguém 
moralista e metódico, mas essa imagem precisa ser ba-
lanceada com a de alguém sociável e professor popular. 
É dito que seus alunos “nunca deixaram uma de suas pa-
lestras de ética sem terem se tornado homens melhores” 
(BECKER; BECKER, 2001, p. 929).
Ele nunca chegou a casar-se ou viajar para muito além 
dos arredores da sua cidade natal e faleceu um pouco an-
tes de completar 80 anos (SANDEL, 2012, p. 136; VAUGHN, 
2016, p. 102).
Kant foi um filósofo de capacidade analítica muito 
profunda, seus livros não são fáceis de ler, mas contribuem para 
discussão de como descobrir o que é certo e errado. Sua ética é 
conhecida como deontológica, essa palavra remete aos termos 
gregos deon que significa dever, e logos que pode ser traduzido 
como estudo e em alguns momentos essa ética se posiciona 
como crítica ao pensamento de Jeremy Benthan.
Sobre o utilitarismo, Kant escreveu: “[O princípio 
utilitarista] não traz nenhuma contribuição para o 
estabelecimento da moralidade, visto que fazer um homemfeliz 
é muito diferente de fazê-lo um homem bom” (KANT, 2007, 
p. 442). Essa crítica toca num ponto realmente complicado do 
utilitarismo, afinal a busca pelo prazer levará invariavelmente 
64
ÉTICA CRISTÃ
o homem para ações morais ou poderá levá-lo a tomar decisões 
sem princípios éticos? Vejamos a proposta de Kant.
Kant conheceu o utilitarismo e corretamente entendeu 
que a ação era avaliada somente pela sua consequência, não 
importava o porquê de se agir daquela forma. Se por acaso uma 
pessoa estivesse diante de alguém se afogando e fosse salvá-
lo, o único fator que importava era se o indivíduo havia sido 
salvo ou não, mas para Kant a motivação fazia muita diferença. 
Alguém poderia ter ido em ajuda do afogado por compaixão, 
responsabilidade ou para conseguir uma recompensa, por isso 
para Kant, o utilitarismo apresentava um sistema sem base 
moral, pois para ele o motivo da ação era fundamental para 
determinar seu valor.
Sendo assim, em seu sistema, Kant precisava preservar a 
pureza do propósito da conduta. Para isso ele estabeleceu que 
todas as ações deveriam ser motivadas pelo dever e só por isso, 
qualquer outra motivação seria um meio para conseguir algo e, 
portanto, não era puro. Vamos entender isso melhor.
Por que um aluno deve estudar? Bem, há vários motivos 
tais quais, querer uma boa profissão, ter uma carreira de 
sucesso, impressionar seus pais ou amigos, para Kant a única 
motivação correta seria “este é o meu dever!”
65
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Sua lógica está fundamentada na ideia de que, por 
exemplo, se a motivação fosse “quero ter sucesso!”, o que 
o motivava o aluno a agir daquela forma seria o desejo por 
sucesso, e por isso, seu objetivo seria de fato o sucesso e não 
a moralidade, e dessa maneira, em busca do sucesso, ele 
poderia até cometer atos imorais. Se alguém salva uma pessoa 
de se afogar por conta de uma recompensa, o seu objetivo é 
a recompensa e não a moralidade, por isso Kant desprezava 
a lógica da consequência e se apegava à pureza moral que só 
poderia ser conseguida, segundo ele, relacionando todos os 
nossos atos ao dever.
Esse dever ele ligava a um conceito muito importante 
em sua ética, o conceito do imperativo categórico. O que ele 
entendia por essa expressão? Kant definiu em dois momentos 
o que seria isso e porque só isso manteria a pureza de nossa 
obrigação moral. O primeiro conceito do imperativo diz 
que se deve agir “somente conforme aquela máxima pela 
qual simultaneamente você pode desejar que tal ato torne-se 
uma lei universal” (KANT, 2007, p. 33), isso posto, pode-se 
entender que os nossos atos deveriam ser de tal forma que 
você desejasse que todas as pessoas do planeta agissem do 
mesmo modo. Ajudar o próximo é algo que todas as pessoas 
do planeta deveriam fazer? Sim, então pelo primeiro conceito, 
isso seria um ato moral.
66
ÉTICA CRISTÃ
Caso você encontre uma carteira jogada no chão, o que 
deveria fazer? Se você entende que todas as pessoas do mundo, 
diante dessa situação, deveriam devolver o objeto ao seu devido 
dono, então devolver a carteira é o ato moral correto.
Você pode agora até perguntar: e se alguém pensar 
diferente disso? E se alguém raciocina que o melhor seria ficar 
com o dinheiro pois quem perdeu é descuidado?, Kant apelaria 
ao bom senso, diria que se todos usassem a sua razão da forma 
correta, se colocando no lugar do outro, chegariam todos à 
mesma conclusão, o melhor seria devolver.
O outro conceito que Kant utiliza para definir o 
imperativo categórico é aja “de forma a tratar a humanidade, 
seja na sua pessoa, seja na pessoa de outrem, nunca como 
um simples meio, mas sempre, e ao mesmo tempo, como 
fim” (KANT, 2007, p. 69). Deste outro conceito entendemos 
que é preciso respeitar todos os indivíduos, não é moral 
utilizar qualquer pessoa como meio para conseguir algo que 
eu quero. Se nos lembrarmos do caso acima mencionado 
da minoria dos indivíduos pagando um imposto para o 
benefício de uma maioria que era visto como moral no 
utilitarismo, a deontologia se oporia a essa ideia afirmando 
que nunca seria moral que um indivíduo, ou uma sociedade, 
se beneficiassem do prejuízo de outra pessoa ou de um grupo 
67
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
menor. É preciso respeitar a liberdade de cada pessoa, esse é 
um limite para a ação ética.
Com esses dois conceitos em mente podemos avaliar 
os atos segundo esta ética. Se o nosso dilema ético passar 
afirmativamente por estas duas definições, “isso é algo que 
todos deveriam fazer? Estou respeitando todas as pessoas e não 
usando ninguém como meio para conseguir o que eu quero?” 
Então o ato é moral, segundo Kant.
Em seus escritos, no intuito de manter puros os propósitos 
de cada ato, Kant chega ao ponto de dizer, por exemplo, que se 
alguém ajudar uma outra pessoa por compaixão, este não seria 
um ato moral, apenas louvável, pois diante de nossos dilemas 
devemos olhar a intenção à luz dos imperativos categóricos, ou 
seja, ajudar ao próximo é algo que todos deveriam fazer? Sim. 
Estou respeitando o outro e não o utilizando como meio? Sim. 
É pela afirmativa às duas perguntas que um ato 
surge como dever moral, se por acaso sou motivado pela 
compaixão, essa seria um meio frágil que não garante a 
moralidade, ou seja, se essa é a motivação, no dia em que 
não sentir compaixão não ajudarei o próximo, sendo assim a 
minha ética se torna instável e não garante o que de fato seria 
certo ou errado. Compreendendo a lógica, parece realmente 
68
ÉTICA CRISTÃ
que Kant consegue estabelecer uma estrutura não sujeita às 
variações emocionais, culturais ou de um grupo, que era o 
caso do utilitarismo.
Essas duas éticas, o utilitarismo e a deontologia, são 
até hoje bastante influentes e usadas como recurso para se 
descobrir o que é o certo e o errado. Em alguns momentos se 
opõem, mas há casos em que concordam. O mais importante 
é que cada uma delas tem seus pontos positivos e negativos; 
o utilitarismo parece uma boa lógica enquanto lidamos com 
um número grande de pessoas quando os princípios não são 
feridos, já a deontologia parece se adequar mais a situações 
em que um indivíduo precisa definir o que é o certo para ele 
próprio de acordo com seus valores.
Para finalizar então vamos aplicar as duas teorias no 
problema do bondinho e analisar a resposta que vamos obter. 
Focaremos na primeira situação, devemos puxar a alavanca?
Utilizando a lógica utilitarista devemos pensar na 
ação que trará mais felicidade para a maioria como 
consequência, e essa opção seria puxar a alavanca, pois 
dessa forma teremos cinco pessoas mais felizes, juntamente 
com seus familiares, e uma pessoa falecida com seus 
familiares sofrendo.
69
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Ao usar a deontologia, devemos nos perguntar: puxar 
alavanca e salvar cinco ao invés de um é algo que todos 
deveriam fazer? A resposta neste caso pode ser dividida, e não 
termos uma resposta precisa. Fazendo a segunda pergunta 
temos, estou respeitando o outro e não o utilizando como 
meio? Bem, neste caso é claro que se eu puxar alavanca estarei 
utilizando o indivíduo da pista secundária como meio para 
salvar cinco pessoas, isso a deontologia considera errado. 
Logo, uma vez que eu não encontro uma resposta negativa 
para qualquer uma das duas definições de imperativo 
categórico o ato não é moral, então, segundo esta teoria, não 
devemos puxar a alavanca.
Agora que já temos os conceitos básicos de ética, estamos 
prontos para avançarmos para o próximo tópico por meio do 
qual discutiremos a ética cristã.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos nesta unidade, ao tomarmos uma decisão 
moral utilizamos uma estrutura processual que funciona 
em nosso cérebro organizando um complexo sistema de 
referências, experiência e raciocínio. Saber, tanto como isso 
funciona em nós, quanto no outro, nos ajuda a sairmos das 
70
ÉTICA CRISTÃ
conversações corriqueiras dentre as quais se discute quem está 
certo sem saber como se chegou àquele resultado. Podemos 
tanto sozinhos, em casa, quanto no trabalho,percebermos como 
estamos tomando decisões e como as pessoas com quem nos 
relacionamos também utilizam esses elementos.
É importante também lembrar do que aprendemos sobre 
o desenvolvimento moral com Kholberg, a sua afirmação de 
que muitas pessoas não conseguem ter um desenvolvimento 
moral adequado e podem chegar a se tornar adultos incapazes 
de fazerem análises éticas, refletir sobre valores e que 
podemos auxiliar essas pessoas a se desenvolverem também. 
Se começamos essa unidade apresentando os grandes desafios 
éticos que nossa sociedade enfrenta, um modo de tentarmos 
ajudar esse cenário é promover um ambiente de trabalho por 
onde o refletir e a oportunização de crescimento moral possa 
ser uma realidade.
Por fim, ao estudarmos o utilitarismo e a deontologia, foi 
possível conhecer duas estruturas de análise de tomada de 
decisão que puderam ser examinadas, não só como auxiliares 
do pensar ético, mas que foram exaltadas em seus pontos 
positivos e criticadas em seus pontos negativos. Saber isso, 
também nos ajuda a perceber se tomamos decisões mais 
deontológicas ou utilitaristas, seus pontos fortes e frágeis.
71
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
Espero realmente que este conteúdo tenha sido útil para 
você e para suas relações profissionais. Nos vemos na unidade 2.
RESUMO
Nesta unidade aprendemos que:
• O processo de tomada de decisão compreende os seguintes 
elementos: autoridade, valores, ética, leis e moral;
• A autoridade é dividida em três fontes, a saber: a individual, 
em que a própria pessoa é quem determina o que é o certo 
e errado; a segunda fonte são os coletivos sociais, em que 
a sociedade ou grupos associados estabelecem o que se 
deve fazer; e, por fim, as fontes externas que são divididas 
em conceitos, figuras de autoridade ou divindades;
• Os valores são pontos de referência que recebemos 
das figuras de autoridade, e que se mantêm como 
marcadores ou limites que gostamos de ter;
• A ética pode ser vista de duas formar: 
como caráter e como hábitos;
72
ÉTICA CRISTÃ
• A lei é o produto da reflexão ética que elabora 
regras e determinam os deveres do indivíduo;
• O desenvolvimento moral acontece, segundo 
Kholberg, em 6 estágios e as emoções têm um 
papel tão importante quanto a razão;
• Existem sistemas éticos que nos ajudam a tomar decisões 
como o utilitarismo de Jeremy Bentham que tem o foco na 
felicidade e consequências e a deontologia de Immanuel 
Kant que propõe o uso da razão para descobrir o dever à luz 
do imperativo categórico, sempre pesando as intenções.
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