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QUÍMICA Capítulo 7 Eletroquímica232 Como essa impureza aparece no ânodo do dispositivo, ela é chamada de lama anódica Como as impurezas do cobre são principalmente prata e ouro, é possível vender a lama anódica por um bom preço. Os íons Cu2+(aq) são os únicos que vão para a solução aquosa Portanto, no cátodo, a única espécie que eletrodeposita sobre o eletrodo é o cobre metálico, purificado Logo, esse processo de eletrólise é também um processo de purificação do cobre O cobre metálico purificado é principalmente utilizado como matéria prima para a produção de fiação elétrica. No polo positivo, pode-se colocar metais como cobalto, cromo, níquel e muitos outros No eletrodo do polo negativo, deve-se colocar um objeto que se deseja galvanizar por eletrodeposição (o zinco não é um metal adequado para se fazer galvanizações por eletrodeposição, pois sua galvanização deve ser feita em banho de zinco fundido, como visto anterior mente neste capítulo). Com a eletrólise, o metal do ânodo funciona como eletrodo ativo, e converte-se em íons dissolvidos em solução. Os mesmos íons metálicos descarregam no cátodo, sobre o material que se deseja galvanizar, formando uma camada fina, uniforme e altamente resistente sobre o objeto que se deseja proteger Portanto, é por eletrodeposição que os objetos de ferro recebem o banho de cromo (cromação), ou o banho de níquel (niquelação). Obtenção do alumínio Diferentemente do ferro, cuja forma metálica é obtida em altos-fornos, o alumínio é obtido industrialmente por eletrólise ígnea de seu minério (bauxita) purificado na forma de seu óxido (Al2O3 purificado, chamado de alumina). Uma vez purificado, o Al2O3 é colocado em uma cuba eletrolítica com criolita (Na3AlF6). A criolita é um fundente, ou seja, atua para que o Al2O3 sofra fusão em temperaturas mais baixas. Com essa fusão, acontece a dissociação, dada pela equação: l l l l l → +∆ + -A O (s) 2A ( ) 3O ( ) 2 3 Na A F 3 2 3 6 Com os íons devidamente dissociados, ocorre condução de corrente dentro da cuba. Assim, a eletrólise ígnea é dada pelas seguintes semirreações: Meia-reação de redução / cátodo / polo negativo: 2 Al3+ (l) + 6 e- → 2Alº (l) Meia-reação de oxidação / ânodo / polo positivo: 3O2- (l) → 6 e- + 3 2 O2(g) Reação global: 2 Al3+ (l) + 302- (l) → 2Alº (l) + 3 2 O2(g) Como os eletrodos são de grafite, no polo positivo ocorre a reação representada pela equação: C(gr) + O2 → CO2(g) Dessa forma, o eletrodo de C(gr) do polo positivo sofre desgaste e deve ser periodicamente trocado. Devido ao fato de que a energia elétrica é bem mais cara do que o carvão (usado em altos-fornos para obter ferro metálico), o alumínio tem um custo mais elevado do que o ferro, mesmo sendo mais abundante. Eletroquímica quantitativa Em 1832, o brilhante cientista inglês Michael Faraday começou a estudar fenômenos eletroquímicos de forma quan- titativa, relacionando grandezas em leis de grande relevância para o estudo da eletricidade na Química. Depois de todo o estudo feito neste capítulo sobre a Eletroquímica, não será difícil compreender o aspecto quantitativo do problema. Veja alguns exemplos de descargas de cátions. l l + → + → + → + - + - + - Na e Na Ca 2e Ca A 3e A 0 2 0 3 0 De forma genérica, pode-se escrever que a descarga de um metal Me de valência v é dada pela seguinte meia-reação: + →+ -Me ve Mev 0 Pela proporção estequiométrica, tem-se: 1 mol de Me : v mols de e- A carga de 1 mol de elétrons é uma das constantes mais importantes da Química, e pode ser calculada da seguinte forma: ( )= ⋅ ⋅ ⋅ ≅-Q 6,02 10 1,6 10 C 96500 C 1 mol de elétrons 23 19 carga elementar � F R E N T E 3 233 À carga de 1 mol de elétrons, dá-se o nome de 1 faraday (símbolo F). Portanto: 1 faraday (1 F) é a carga de 1 mol de elétrons e vale, aproximadamente, 96 500 C Assim: MMe : vF mMe : Q A massa do metal Me eletrodepositada ou corroída em um eletrodo pelo qual passa uma carga Q é dada por: = ⋅ ⋅ ⋅m 1 F M v i t Me Me em que i é a corrente que circula pelo dispositivo, e t é o tempo de funcionamento da bateria. Quando se tem cubas eletrolíticas em série, a carga que atravessa todas elas é a mesma. Portanto: QI = QII = ... = QN Como = ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅Q m M v F n v F N N N N N N , então, para cubas eletrolíticas em série, tem-se que o produto do número de mols eletrodepositados em cada cuba pela valência do que eletrodepositou é constante. nI ⋅ vI = nII ⋅ vII = ... = nN ⋅ vN Cuba I Cuba II Bateria +– ... ... Cuba N Fig. 28 Cubas eletrolíticas em série. Exercícios resolvidos 7 Para a eletrólise ígnea de um composto cujo cátion é o íon alumínio, determine a massa de alumínio metálico obtida para uma corrente contínua de 2 A durante um dia completo. Dado: MAl = 27 g/mol Resolução: A descarga do íon alumínio pode ser representada pela meia-reação: Al3+ + 3 e- → Al0 Portanto: 1 mol de Al: 3 mols de e- 27 g de Al: 3F = 3 ⋅ 96 500 C mAl : Q = i ⋅ t Assim: = ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ∴ =m 1 96500 27 3 2 24 3600 m 16,12 g A Al l A corrente de 2 A é o dobro da que circula pelos os da rede elétrica residencial em nosso país e, mesmo após um dia inteiro de funcionamento, a massa de alumínio metálico obtida foi de apenas 16 g Isso mostra que, na prática, o processo de eletrólise é extremamente lento e requer uma energia enorme. Por esse motivo o alumínio é tão caro, mesmo sendo um dos metais mais abundantes do planeta Sua metalurgia requer muita energia elétrica Para que o Brasil possa produzir alumínio em quantidades que alimentem as nossas indústrias, cerca de 10% da energia elétrica brasileira é dispendida para essa nalidade É por isso que a reciclagem de alumínio tem um papel econômico pri- mordial, já que traz uma economia de 95% em relação à produção desse metal QUÍMICA Capítulo 7 Eletroquímica234 1 UFRRJ O que é feito com as baterias usadas de celular? Quase nada – cerca de 1 % – vai para a reciclagem, graças aos poucos consumidores que depositam as baterias usadas nos escassos postos de coleta apropriados HAKIME, Raphael. Lixo telefônico. In: "Revista Superinteressante", edição 243, setembro, 2007. A qualidade de vida das futuras gerações depende de cuidados que as pessoas devem ter no presente. Um exemplo é a forma como são descartadas as pilhas e baterias. As baterias de celulares são pilhas de níquel-cádmio, que são muito fáceis de serem recarregadas. O ânodo desta pilha é constituído de cádmio metálico (Cd), o cátodo apresenta óxido de níquel IV (NiO2) e o eletrólito é uma solução de hidróxido de potássio (KOH). Dados: Cd(OH)2(s) + 2 e Cd(s) + 2 OH (aq) NiO2(s) + 2 H2O + 2 e - Ni(OH)2(s) + 2 OH -(aq) a) Quais são os agentes redutor e oxidante existentes nessa pilha? b) Qual é a reação global dessa pilha? Revisando 8 Uma célula eletrolítica fechada, usada para a produção de uma mistura gasosa de H2 e O2, possui dois eletrodos inertes, imersos em uma solução diluída de NaOH. No volume livre de 4,5 L, acima da solução, há uma válvula com um manômetro, indicando 1 atm A temperatura da célula é mantida constante em 27 ºC. No início da eletrólise, a válvula é fechada, sendo fornecida à célula uma corrente constante de 30 A. Qual é o intervalo de tempo necessário para que a leitura do manômetro atinja 2,64 atm? Resolução: Para a eletrólise do NaOH(aq) com eletrodos inertes, a preferência de descarga dos íons resulta nas seguintes meias- reações: Polo positivo / ânodo: → + +- -2OH 2e H O 1 2 O a 2 2 Polo negativo / cátodo: + → +- -2H O 2e H 2OH 2 2 Portanto, a reação global é dada por: → +H O H 1 2 O 2 2 2 Pela equação de Clapeyron, tem-se: ∆P ⋅ V = ∆n(g) ⋅ R ⋅ T ∴ 1,64 ⋅ 4,5 = ∆n(g) ⋅ 0,082 ⋅ 300 ∴ 7,38 = ∆n(g) ⋅ 24,6 ∴ ∆n(g) = 0,3 mol Pela proporção dos gases produzidos e da carga utilizada para tal, tem-se: 1,5 mol de gases + H 1 2 O 2 2 : 2 mols de e- Assim: 1,5 mol de gases : 2 ⋅ 96 500 C 0,3 mol de gases : i ⋅ t Logo: ⋅ = ⋅ ⋅ ∴ = ∴ =30 t 0,3 1,5 2 96500 t 1286,7s 60 s/min t 21,4 min