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Instituição: Afya UnifipMoc 2023.2 Período: 3º Alunos: Thomas Petrius e André Amaral RESUMO SOI III Temas: ● Hipertensão Arterial Sistêmica ● Doença de Chagas ● Insuficiência Cardíaca ● Doenças Coronarianas ● Febre Reumática ● Endocardite Infecciosa ● Pericardite, derrame pericárdico, tamponamento cardíaco e pericardite constritiva ● Doença Arterial Periférica ● Insuficiência Venosa Crônica ● Trombose venosa profunda ● Tromboembolismo Pulmonar ● Tuberculose ● Asma ● Câncer geral ● CA de pulmão ● DPOC ● Anemias em geral ● Anemias carenciais (ferro, vitamina b12 e folato) ● Anemias hemolíticas (talassemia e falciforme) ● Malária ● Dengue, chico e zika ● Hemofilia ● Leucemia ● Erisipela ● Impetigo HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA PA = DC x RVP Definição: Aumento da pressão arterial, sendo sistólica e/ou diastólica. É considerado hipertensão valores PAS maior ou igual a 140 e PAD maior ou igual a 90. @thomaspetrius @andreamaralc Fisiopatologia: A hipertensão ocorre por vários fatores, desde fatores genéticos, étnicos, idade, hábitos de vida. Geralmente, uma das principais causas é a aterosclerose. Com o calibre dos vasos diminuídos, o organismo aumenta a pressão arterial, a fim de aumentar a perfusão dos tecidos ao ter que vencer a obstrução gerada pelo calibre menor. Epidemiologia/fatores de risco: ● Tabagismo ● Resistência à insulina ● Idade ● Sexo ● Etnia ● Dislipidemia ● Álcool ● Ingestão de sódio e potássio Obs* → Os barorreceptores, principais responsáveis pelo controle de PA a curto prazo, podem se readaptar se o aumento de PA for contínuo. Dessa forma, filhos de hipertensos podem herdar essa “readaptação”, gerando uma predisposição ao desenvolvimento de HAS. Diagnóstico: ● Medição de PA: O diagnóstico de hipertensão pode ser confirmado em caso de elevação de PA em dois momentos distintos. Em caso de aumento de PA em primeiro momento e PA normal em segunda ocasião, o sugerido é MAPA/MRPA para acompanhar os níveis pressóricos e descartar a hipertensão mascarada. Em caso de valores PAS maiores ou igual a 180 mmhg ou PAD maiores ou igual a 110 mmhg, o diagnóstico é feito já na primeira visita. ● Importância da anamnese: Idade, estilo de vida, hábitos alimentares, história pregressa, histórico familiar são importantes para o raciocínio clínico. ● Exame físico: Atentar para peso, altura, IMC, circunferência abdominal, palpação de pulsos, aferição de PA (2 braços), ausculta, pesquisa de aterosclerose, sopros, aneurisma, possivelmente perceber sinais de lesão de órgão alvo. @thomaspetrius @andreamaralc ● Exames complementares → Um Único Grande Homem Pode Facilmente Conseguir Lembrar ou Esquecer U → Urina (EAS + microalbuminúria) Ú → Ácido Úrico G → Glicemia H → Hemoglobina glicada P → Potássio F → Filtração glomerular C → Creatinina L → Lipidograma E → ECG ● ITB → Importante para mensurar o nível de doença arterial (rigidez) do paciente e avaliar o risco cardiovascular. Pressão tornozelo direito/pressão braço direito e Pressão tornozelo esquerdo/pressão braço esquerdo. Acima de 0,90 é normal, quanto menor o resultado, pior. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA HAS CLASSE PARA DECORAR MECANISMO DE AÇÃO SEM DETALHES EFEITO ADVERSO EXEMPLO Inibidores de enzima conversora de angiotensina (IECA) PRIL Inibe a conversão de angiotensina I em angiotensina II pela IECA, presente principalmente nos pulmões. Tosse excessiva pelo provável acúmulo de bradicinina, hiperpotasse mia, erupção cutânea e hipotensão (em estados hipovolêmicos). Captopril e Lisinopril (não são convertidos no fígado) Benazepril, Enalapril. Bloqueadores do receptor de angiotensina (BRA) Indicados em IC, Doença renal crônica e Diabetes. ANA Bloqueia o receptor de angiotensina, que embora seja produzida, sua ação vai ser comprometida Rico de tosse seca (embora menor que IECA), alteração do paladar e mais raramente, reações de hipersensibilida de. Losartana, Candesartana, Irbesartana. Diuréticos tiazídicos IDA* → talvez seja melhor decorar o Bloqueia a proteína de cotransporte Cefaleia, tontura, disfunção Hidroclorotiazid a, Indapamida, Clortalidona. @thomaspetrius @andreamaralc nome do remédio HIDROCLORO TIAZIDA. NA+ Cl- principalmente no túbulo contorcido distal, aumentando o acúmulo de íons no lúmen, favorecendo acúmulo de líquido e maior excreção sexual, hipopotassem ia, hipercalcemia e hiponatremia podendo ter arritmias ventriculares, resistência à insulina, intolerância à glicose Diurético de alça MIDA* → talvez seja melhor decorar o remédio FUROSEMIDA Bloqueia a proteína de cotransporte Na+2Cl-K+ principalmente na alça ascendente espessa, levando ao acúmulo de íons, favorecendo o aumento de líquido no túbulo (osmola e maior excreção Cefaleia, tontura, disfunção sexual, hipopotassem ia, podendo ter arritmias ventriculares, resistência à insulina, intolerância à glicose. Pode ocorrer perda auditiva. Não indicado em gota devido aumento de ácido úrico. Furosemida, Bumetanida Diuréticos poupadores de potássio Há dois exemplos comuns que a terminação muda Bloqueiam a ação da aldosterona ao bloquear o receptor, diminuindo a reabsorção de sódio que ocorre pela bomba Na+K+, dessa forma, poupando o potássio (espironolacton a) e bloqueiam a proteína de membrana do sódio, diminuindo sua Hiperpotasse mia. Espironolacton a: distúrbios gástricos, ginecomastia (homem) e irregularidade menstrual (mulher), náusea, letargia e confusão mental. Amilorida: aumento de ácido úrico e cálculo renal. Espironolacton a, Amilorida @thomaspetrius @andreamaralc absorção (amilorida) Inibidores adrenérgicos de ação central talvez não seja bom se apegar. decorar o remédio, como por exemplo alfametildopa/ METILDOPA Atuam estimulando os receptores alfa-2 adrenérgicos (metildopa) pré-sinápticos e/ou receptores imidazolidínico s no sistema nervoso central, diminuindo o tônus simpático Sonolência, sedação, fadiga, boca seca, hipotensão e disfunção sexual. Metildopa é indicado na gestação. Alfametildopa/ Metildopa, Clonidina, Guanabenzo Inibidores adrenérgicos beta bloqueadores LOL Bloqueiam os beta receptores simpáticos, diminuindo inotropismo (capacidade de contração da musculatura cardíaca) e cronotropismo (ritmo cardíaco) Broncoespasm o e bradicardia excessiva, distúrbio de condução atrioventricular, vasoconstrição periférica, insônia, depressão psíquica e disfunção sexual. Efeitos vão depender da seletividade. Atenolol (b1 seletivo, significando que tem mais seletividade a agir somente no receptor do coração, diminuindo chance de causar efeitos em outros receptores beta do corpo que não estão no coração) Propranolol (não seletivo) Bloqueadores adrenoceptores Alfa-1 SINA Bloqueio competitivo de receptores Alfa-1 do músculo liso de artéria e veia, causando vasodilatação e diminuição da pressão arterial. Taquicardia reflexa e Hipotensão postural. Prazosina, Doxazosina e Terazosina Inibidores adrenérgicos alfa bloqueadores e NÃO SE APEGAR Bloqueiam os receptores alfa-1, beta-1 e beta-2 Hipotensão postural, palpitação e eventual Carvedilol (podendo ser usado no tratamento de @thomaspetrius @andreamaralc beta bloqueadores presentes no corpo que são estimulados pelo simpático, causando diminuição da pressão arterial astenia (perda ou diminuição da força física). IC), Labetalol Bloqueadores dos canais de cálcio Diidropiridínico s (BCC) PINO Atuam preferencialme nte nos canais de cálcio localizados nos vasos sanguíneos, causando vasodilatação periférica e, assim, diminuindo a resistência vascular e a pressão arterial. Isso é particularmente útil no tratamento da hipertensão arterial. Como não agem tanto no coração, diminui a chance de problemas cardíacos. Edema de membros inferiores, cefaleia, tontura e rubor facial (esse último com maior frequência com diidropiridínicos de curta duração) Anlodipino, Felodipino Bloqueadores dos canais de cálcio Benzodiazepin as (BCC) ZEM* → No livro só cita um, que termina com ZEM Operam tanto nos canais de cálcio dos vasos sanguíneos quanto nos do músculo cardíaco (miocárdio).Isso resulta em efeitos de vasodilatação, bem como em uma diminuição na condução Edema de membros inferiores, cefaléia, tontura e rubor facial (esse último com maior frequência com diidropiridínicos de curta duração) e vertigem. Diltiazem @thomaspetrius @andreamaralc elétrica através do nó sinoatrial e do nó atrioventricular do coração. Bloqueadores dos canais de cálcio Fenilalquilamin as MIL * → No livro só cita um, que termina com MIL Assim como os benzodiazepíni cos, eles realizaram tanto os canais de cálcio vasculares quanto cardíacos. Além disso, os medicamentos dessa classe também experimentara m a frequência cardíaca, observaram a condução elétrica através dos nós cardíacos Edema de membros inferiores, cefaleia, tontura e rubor facial (esse último com maior frequência com diidropiridínicos de curta duração) Verapamil DOENÇA DE CHAGAS Definição: Doença causada pelo Trypanossoma Cruzi, levando a uma resposta inflamatória contínua, podendo gerar alterações crônicas ao paciente. Fisiopatologia: Causada pelo protozoário Trypanossoma Cruzi, tendo como principal vetor o Triatoma Infestans. Atualmente, a principal forma de @thomaspetrius @andreamaralc contaminação é por alimentos infectados pelo protozoário, especialmente açaí e garapa. A infecção causada pelo protozoário causa uma resposta inflamatória do organismo, principalmente pela afinidade do agente por macrófagos residentes, células de Schwann, micróglia do SNC, fibroblastos e células musculares lisas estriadas. A forma que a doença se desenvolve depende do vetor e do hospedeiro. O resultado disso é lesão celular, alteração de matriz extracelular (fibrose). Fases da doença de Chagas ● Aguda ● Crônica indeterminada ● Crónica forma cardíaca ● Crónica forma digestiva Sinais gerais da fase aguda: Febre, edema localizado ou generalizado, esplenomegalia, poliadenopatia, náusea, vômito, diarreia, possível arritmia, pulso fino, ausculta pobre, tendência à hipotensão (geralmente o comprometimento cardíaco é discreto e reversível nessa fase). Sinal de Romaña e Chagoma de Inoculação. Manifestação clínica → marco 0 ● 10 dias → aumento da parasitemia ● 20 a 50 dias → topo da parasitemia @thomaspetrius @andreamaralc Nesse momento, há testes capazes de diagnosticar por identificar a presença de parasita no sangue: ● Pesquisa a fresco de tripanosomatídeos ● Método de concentração ● Lâmina corada de gota espessa (ou esfregaço) ● Xenodiagnóstico não se usa mais Tratamento: Benzonidazol (combate direto ao protozoário), tratar sintomas (repouso, antitérmicos, anticonvulsivante). O diagnóstico laboratorial na fase crônica é essencialmente sorológico. Os testes de ELISA, HAI e IFI são os indicados para determinar o diagnóstico. A confirmação ocorre quando pelo menos dois testes são reagentes, sendo preferencialmente um destes o ELISA. Diagnóstico com 2 exames com diferentes princípios. Sinais gerais da fase crônica indeterminada: ● Sorologia positiva ● ECG normal ● Ausência de sinais ● Coração, esôfago e cólon normais no Raio X ● Paciente pode viver uma vida normal e nunca apresentar sintomas. Sinais gerais da fase crônica forma cardíaca assintomática: ● ECG alterado ● Função ventricular normal ● Ausência de manifestações clínicas ● Bloqueio de ramo direito ● Exame físico normal Sinais gerais da fase crônica forma cardíaca sintomática: ● Arritmia ● IC ● ECG alterado ● Arritmia + diminuição da fração de ejeção → pior prognóstico ● Raio X ● Fenômenos tromboembólicos ● Possível morte súbita Fisiopatologia cardíaca: Inflamação contínua causa fibrose da musculatura cardíaca, diminuindo sua força de contração, além de interromper os fascículos de condução elétrica (fibrose endomísio), gerando arritmia acompanhada de diminuição da força de contração, causando principalmente IC. Sinais gerais da fase crônica forma digestiva: ● Alteração na secreção ● Alteração de motilidade e absorção digestiva @thomaspetrius @andreamaralc ● Disfalgia ● Megas digestivos em situações mais graves ● Megaesôfago e megacólon são dilatações permanentes com aumento de musculatura acompanhada ou não de alongamento INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Definição: Incapacidade do coração de bombear o sangue em quantidade e pressão necessária para manter a perfusão e as necessidades metabólicas dos órgãos. Fisiopatologia: O coração possui uma incapacidade funcional de suprir a demanda do organismo, em resposta a isso, o organismo tenta compensar esse déficit gerando estímulos (sistema nervoso simpático e hormonais) para que haja uma compensação. Inicialmente, essa compensação “é satisfatória”, entretanto, a longo prazo, há uma sobrecarga cada vez maior ao coração, agravando ainda mais o quadro da incapacidade cardíaca. Progressivamente, há uma incapacidade de sustentar esses mecanismos, provocando um acúmulo de sangue no território venoso e sistêmico, caracterizando a congestão pulmonar ou sistêmica da ICC. A ICC pode ser direita/esquerda ou global. Etiologia: ● Isquemia ● Hipertensão ● Chagas ● Valvar ● Cardiomiopatias ● Congênita ● Cardiotoxicidade ● Doença extracardíaca ● Miocardites Classificação → sintomas, fração de ejeção e estágio FE: Nyha @thomaspetrius @andreamaralc Estágio Classificação Característica A Risco de desenvolver, mas não doença estrutural diagnosticada e sintoma de IC (controlar fatores de risco) B Doença estrutural, porém sem sintomas (considerar BB, IECA e MRA) C Doença estrutural e com sintomas prévio ou atual (considerar manejo por equipe multidisciplinar) D Paciente com IC refratária (tomar todas medidas acimas e considerar transplante cardíaco e dispositivo de assistência ventricular) Manifestações clínicas ● Típicos ● Não típicos ● Específicos Típicos: ● Dispneia ● Ortopneia ● Dispneia paroxística noturna ● Fadiga/cansaço ● Intolerância ao exercício Específicos: ● Pressão venosa jugular elevada (refluxo) ● Refluxo hepatojugular ● 3a bulha cardíaca ● Pulso apical desviado para esquerda Sintomas menos típicos: ● Tosse noturna ● Ganho de peso ● Dor abdominal ● Perda de apetite e de peso @thomaspetrius @andreamaralc ● Noctúria (levantar para urinar) e Oligúria (diminuição da diurese) Sinais menos específicos: ● Crepitações pulmonares ● Taquicardia ● Hepatomegalia e ascite ● Extremidades frias ● Edema periférico Diagnóstico (Critérios de Framingham e Fluxograma) Maiores Menores Dispneia paroxística noturna (VE) Edema de tornozelo bilateral (VD) Turgência jugular a 45° (VD) Tosse noturna (VE) Refluxo hepatojugular (VD) Derrame pleural (VD) Estertores pulmonares crepitantes (VE) Taquicardia Cardiomegalia ao raio X de tórax Edema pulmonar agudo (VE) Galope de terceira bulha De Tanto Revisar Eu Consegui Estudar Gostoso Diagnóstico → 2M e 1m ou 1M e 2m → de acordo com https://abccardiol.org/wp-content/uploads/articles_xml/0066-782X-abc-111-03-043 6/0066-782X-abc-111-03-0436.x55156.pdf pagina 52 ● Excluir menores se houver outra razão que justifica a presença dele Tratamento farmacológico com FEr: https://abccardiol.org/wp-content/uploads/articles_xml/0066-782X-abc-111-03-0436/0066-782X-abc-111-03-0436.x55156.pdf https://abccardiol.org/wp-content/uploads/articles_xml/0066-782X-abc-111-03-0436/0066-782X-abc-111-03-0436.x55156.pdf @thomaspetrius @andreamaralc ATEROSCLEROSE/DAC Definição: Placa de ateroma obstruindo o fluxo sanguíneo, causada pelo depósito de LDL, que quando oxidado, gera uma resposta inflamatória, gerando capa fibrosa que obstrui a passagem de sangue. Quando rompida, forma-se um trombo, que é a principal etiologia da DAC. Em caso de dúvidas sobre a fisiopatologia da aterosclerose, é aconselhável voltar ao livro. DAC: Angina estável, angina instável, IAM sem supra e IAM com supra. ANGINA ESTÁVEL Angina típica: ● Dor retroesternal ● Dor desencadeada pelo exercício/stress ● Dor com irradiação ● Dor aliviada com repouso ou uso de nitroglicerina Tipos de Dor Torácica ● Tipo A (Definidamente anginosa): Com todas as características acima ● Tipo B (Provavelmente anginosa): Com 3 características acima. Necessitabiomarcador para diagnóstico. ● Tipo C (Provavelmente não anginosa): Com duas características, necessidade de Biomarcador para diagnóstico ● Tipo D (Definitivamente não anginosa): Dor torácica cujas características não incluem a Síndrome Coronariana Aguda no diagnóstico diferencial. Dor com aspectos evidentes de origem não cardíaca. Angina atípica: ● Duas dessas três características Dor torácica não cardíaca: ● Um ou nenhum das três características @thomaspetrius @andreamaralc Diagnóstico: ● Pacientes apresentando dor torácica serão observados em sua história clínica, com levantamento detalhado dos sintomas, além do exame físico completo e pesquisa dos fatores de risco relacionados. Testes adicionais na suspeita de angina: ● ECG de esforço (mais usado) ● Ecocardiograma com stress ● Cintilografia miocárdica com estresse ● Tomografia e Ressonância Magnética ● Cineangiocoronariografia ● Raio X para descartar diagnóstico diferencial Angina estável Angina instável IAM sem supra IAM com supra Dor Crônica e no esforço físico, melhora no repouso Início agudo, alto grau e não melhora com repouso Início agudo, alto grau e não melhora com repouso Início agudo, alto grau e não melhora com repouso Biomarcador es Negativo Negativo Positivo Positivo @thomaspetrius @andreamaralc ECG Normal Normal Normal Supradesnivel amento segmento ST Evolução no IAM com Supra: ABORDAGEM DE DOR TORÁCICA @thomaspetrius @andreamaralc SCORE HEART: Baixa suspeita: igual ou menor que 3 Suspeita moderada: 4 a 6 Suspeita alta: maior ou igual a 7 FLUXOGRAMA DA DOR TORÁCICA NA SALA VERMELHA TRATAMENTO SÍNDROME CORONARIANA AGUDA (SCA): @thomaspetrius @andreamaralc FEBRE REUMÁTICA Conceito: Mimetismo molecular devido à “confusão” do sistema imunológico. Confunde proteínas de membrana do Streptococcus Pyogenes com proteínas do próprio organismo. Epidemiologia: Mais comuns em crianças com menos de 10 anos, mais recorrente em ambientes aglomerados e países em desenvolvimento. Fisiopatologia: Resposta imune anormal, tanto humoral como celular. Ocorre por mimetismo antigênico. Há reação cruzada dos anticorpos que inicialmente são produzidos contra produtos e estruturas do estreptococos. De maneira genérica, os anticorpos “se confundem” e começam a atacar o próprio organismo, pois a proteína de membrana (em especial, proteína M) “se parece muito” com proteínas de membrana do nosso organismo. Dessa forma, o sistema imune ataca de forma equivocada estruturas do nosso próprio corpo. Fatores necessários para gerar Febre Reumática: ● Paciente precisa ser infectado por uma cepa capaz de gerar febre reumática (Streptococcus Pyogenes) → Streptococcus Beta Hemolíticos do Grupo A de Lancefield ● Infecção deve ser de orofaringe ● Infecção inicial não deve ser tratada ● Precisa ter disponibilidade genética (principalmente em indivíduos portadores dos antígenos HLA-DR7 e DR53) Estruturas do nosso corpo que se parecem com a bactéria: ● Valvas cardíacas ● Miosina ● Tropomiosina ● Proteínas cerebrais ● Tecido sinovial ● Cartilagens Gerando principalmente: acometimento cardiológico, neurológico e articular. Única sequela a longo prazo: Cardiopatia reumática Cardite reumática: ● Pericárdio ● Miocárdio @thomaspetrius @andreamaralc ● Endocárdio → bordas livres das valvas (local de maior inflamação) Fase aguda: nas primeiras semanas, durando até 2 meses, manifestando-se por insuficiência valvar (não por fibrose nesse momento, mas insuficiência devido a inflamação) ● Cardite leve: taquicardia desproporcional à febre, abafamento de 1a bulha, sopro sistólico mitral, RX e ECG normal, prolongamento de PR, regurgitações leves ao doppler ecocardiograma ● Cardite moderada → clínica mais evidente, sopro mitral mais evidente, pode associar com sopro aórtico, sopro de Carey Coombs, IC, aumento leve de área cardíaca e congestão pulmonar pode estar presente ● Cardite grave → IC evidente, sopro grave, cardiomegalia, congestão pulmonar perceptível, ECG mostra, sobrecarga de VE e às vezes, direita, regurgitamento moderado/importante e câmaras dilatadas. ● Pancardite → quando inflamação acomete todas as áreas do coração Sinal patognomônico: Nódulos de Aschoff Artrite: ● Manifestação mais comum (75%) ● Característica migratória ● Resolve de imediato na maioria das vezes com AINEs Coreia de Sydenham: ● Rara após 20 anos de idade ● Prevalência de 5% a 20% ● Manifestação meses após infecção ● Importante achado para Febre Reumática Lesão cutânea (eritema marginado) ● Menos de 3% dos pacientes ● Frequentemente localizado no tronco, abdome e face interna dos membros ● Várias manchas que se “fundem” e dá impressão que é uma só Nódulos subcutâneos: ● 2 a 5% dos pacientes ● Geralmente está associado a cardite grave ● Geralmente localizado em proeminências e tendões extensores ● Aparece 1 a 2 semanas após outras manifestações ● Regride rapidamente ao tratamento de cardite @thomaspetrius @andreamaralc 5-7 dias 2 meses 4 meses 3-6 meses > 10 anos Infecção de orofaringe Cardite (aguda) e artrite Alterações cutâneas (eritema marginado e nódulo subcutâneo) Coreia Cardite crônica (fibrose das válvulas) → fusão das comissuras valvares PROFILAXIA PRIMÁRIA (Até 9 dias após início de sinais) Penicilina Benzatina Dose única PROFILAXIA SECUNDÁRIA (de 21 em 21 dias) Sem cardite prévia Penicilina Benzatina 5 anos após último surto ou até os 21 anos FR com cardite prévia e insuficiência mitral ou resolução da lesão valvar Penicilina Benzatina até os 25 anos ou 10 anos após último surto Lesão valvar residual moderada a severa Penicilina Benzatina até os 40 anos ou por toda a vida Cirurgia valvar Penicilina Benzatina por toda a vida *Adotar medidas para melhorar a dor e aumentar a aderência à profilaxia. Diagnóstico clínico (Critérios maiores e menores de Jones) Maiores Menores Cardite Febre Artrite Artralgia Coréia de Sydenham VHS e PCR alterados Eritema Marginado Intervalo PR prolongado Nódulos subcutâneos Diagnóstico: ASLO + e 2 maiores ou ASLO + e 1 maior e 2 menores Ressalvas: ● Por ser muito específica, a Coréia de Sydenham por si só pode ser indicativo FR. @thomaspetrius @andreamaralc ● Alteração cardíaca pode ser a única presente em determinado momento, pois ainda “não deu tempo” de manifestar os outros sinais. ENDOCARDITE INFECCIOSA Conceito: Doença causada por microrganismos que aderem ao endotélio do coração ou algum dispositivo, gerando inflamação, tendo as válvulas como estruturas mais suscetíveis. Todo o mecanismo inicia por lesão endotelial. O dano endotelial pode ocorrer por fatores como turbilhonamento, lesões por catéteres e lesões bacterianas diretas. Inclusive, a presença de alguma injúria endotelial é fator de predisposição para endocardite infecciosa. Epidemiologia: ● 20% dos casos diagnosticados são classificados como definitivos ● 1 a cada 1000 admissões hospitalares nos EUA. ● Cardiopatia reumática é grande causa de EI, entretanto, o tratamento com antibióticos tem diminuído essa realidade. ● Valvopatia degenerativa também se relaciona com EI ● Defeitos cardíacos congênitos aumentam chance de EI Condições pré-existentes que associam a EI + comum - comum Prolapso de valva mitral Cardiopatia reumática Valvopatia degenerativa Estenose subaórtica hipertrófica idiopática Drogas intravenosa Shunts pulmonar e sistêmicos Valva protética Coarctação da aorta Anormalidade congênita Endocardite precedente Um achado clássico é a relação da valva protética, uma vez que há 150 mil implantes/ano mundo, e 1% a 4% há EI no primeiro ano e 0,8% após o primeiro ano. (números que a longo prazo, são achados tanto pra valva bio protética, como para a mecânica). Ordem de acometimento valvar: ● Mitral ● Aórtica ● Tricúspide ● Mista direita e esquerda ● Pulmonar @thomaspetrius @andreamaralc Passo a passo para estabelecimento de EI: ● Lesão endotelial ● Agregação de plaquetas e fibrina ● Criação de uma vegetação estéril ● Bactérias vão alcançar essa vegetação estéril (contaminações exógenas) ● Proliferaçãodas bactérias ● Invasão da superfície ● Infecção metastática para órgãos viscerais e cérebro (lesão de janeway, nódulos de osler, manchas de roth, hemorragia subungueal) Microbiologia: ● 90% estafilococos, estreptococos ou enterococos (expressam receptores específicos às válvulas danificadas, se ligam a expressão de fibronectina) ● EI sem uso de droga ou tratamento médico → estreptocócicas ● Quando há exposição a um desses dois fatores → S. Aureus (isso explica o S. Aureus ser o mais “chamativo”) ● Estreptococos viridans → Quando é ele, é mais comum em EI valva nativa ● Estreptococos bovis → Maior relevância principalmente na França, se presente, investigar adenocarcinoma de cólon. ● S. Aureus → Patógeno que mais acomete usuários de droga injetável ou histórico médico recente ● Estafilococos coagulase-negativo: raro em EI em valva nativa, mas importante na EI com valva protética (manifestação subaguda) ● Grupo HACEK → 5% dos casos de endocardite ● Fungos → raro, mortalidade elevada Classificação de Endocardite em valva protética Precoce Intermediária Tardia < 2 meses (predomínio de S. Aureus) 2 a 12 meses (Gram - incomuns) > 1 ano (S. Aureus e streptococcus predominam) Manifestações clínicas: ● 50% alegam dores musculoesqueléticas que variam de artrite franca e mialgias difusas ● 5% a 10% lombalgia como principal queixa ● Usuários de drogas intravenosas e com dispositivos implementados no coração direto ou em veias relatam dor pleurítica e pneumonia multilobar. @thomaspetrius @andreamaralc Exame físico: ● Deve ser completo buscando sinais periféricos ● Febre em 90%, menos comum em idosos e pacientes com Insuficiência renal ou cardíaca ● Pressão de pulso alargada → possível insuficiência aórtica aguda ● Buscar petéquias, nódulos de Osler, lesões de janeway e hemorragias subungueais ● Exame de fundo de olho (fundoscopia) para encontrar manchas de Roth ● Exame cardíaco → se presença de sopros sistólicos e diastólicos, ou sinal de IC → sinal de prognóstico ruim ● Palpar abdome buscando esplenomegalia → mais comum na forma subaguda ● Exame neurológico → possível déficit neurológico Testes laboratoriais: ● Hemograma completo como diferencial ● Eletrólitos séricos ● Função renal ● Exame de urina ● RX → anormal, demonstrando consolidação, atelectasia, derrame pleural ou êmbolos sépticos ● ECG → bloqueio A-V ● VHS e PCR quase sempre estará elevada Diagnóstico: Em uma situação hipotética, a melhor opção para diagnóstico é a análise histológica. Porém na prática isso é impossível, a não ser quando se faz a necrópsia, cirurgia de troca valvar ou outros procedimentos. Sendo assim, o diagnóstico normalmente deve seguir os critérios de Duke. Maior Menor Hemocultura positiva (2 amostras) Fatores predisponentes Método de imagem positivo (ECO) Febre Evidências cirúrgicas Fenômenos vasculares (Janeway) Fenômenos imunológicos (Nódulos de Osler) Microbiologia presente, mas não tão positivo para ser maior Evidência de imagem (não maior) @thomaspetrius @andreamaralc Evidência de exame físico (sopro novo) EI → 2M ou 1M e 3m ou 5m EI provável → 1M, 1m ou 3m EI descartado → Outra infecção identificada, sintomas resolvidos 4 dias após antibiótico, ausência na imagem. Doença aguda Doença subaguda Bactéria mais virulenta Bactéria de menor virulência Febre alta Doença mais prolongada Sem doença valvar pré-existente Febre baixa Difícil diagnóstico TRATAMENTO EMPÍRICO, (Pacientes com manifestações da doença, instáveis devem começar tratamento empírico, mesmo antes de resultado de hemocultura) ● EI em válvula nativa → naficilina/oxacilina + penicilina + gentamicina ● EI em válvula protética → vancomicina + gentamicina + rifampicina Fatores que praticamente “forçam” a realização da cirurgia: ● Extensão direta da infecção às estruturas miocárdicas, disfunção de prótese valvar ou IC por lesão valvar induzida por endocardite ● Endocardite causada por fungos e microrganismos gram - anaeróbios ou microrganismos MDR ● Evolução da doença, febre, bacteremia com antibiótico tomando há mais de 7-10 dias ● Pacientes com eventos embólicos recorrentes (2 ou mais) ou vegetações grande (>10mm) com evento embólico → dados menos convincentes ● Endocardite por S. aureus comprometendo a cúspide anterior da mitral, favorecendo eventos embólicos no SNC (intervenção deve ser precoce). Contraindicações para troca de valva ● IC ● Êmbolo recente do SNC @thomaspetrius @andreamaralc Estruturas sangram na cirurgia com anticoagulação (principalmente em êmbolos >2mm). Após a cirurgia: ● Tomar antibiótico adicional (exceto quando já tomou toda a prescrição antes da cirurgia, ou não tenha mais sinais) ● Se tomou menos de 1 semana/hemocultura positiva → tomar do zero ● Se tomou > 2 semanas e hemocultura negativa → tomar até acabar a prescrição atual. PERICARDITE AGUDA Definição: Inflamação do pericárdio com ou sem derrame pericárdico, podendo acontecer de forma isolada ou com manifestações de doenças sistêmicas. Epidemiologia: ● 85% virais e idiopáticas ● 6% neoplasia ● 4% tuberculose ● 3% outras bactérias ou fungos ● 2% por doença vascular do colágeno ● Febre > 38°C/evolução subaguda/ausência de resposta à terapia → mais chance de pericardite por doença autoimune sistêmica, malignidade ou infecção bacteriana. Manifestações clínicas: ● Dor torácica retroesternal aguda, podendo ser muito intensa e debilitante ● Em alguns casos, pode ser assintomática → como ocorre quando associada à artrite reumatóide ● Dor pericárdica piora na inspiração e decúbito dorsal ● Dor pericárdica alivia ao sentar e inclinar para frente ● Dor pericárdica referida para crista da escápula (irritação dos nervos frênicos) ● Atrito pericárdico → som áspero que ocorre quando há ejeção, enchimento rápido e sístole atrial (momento em que os volumes mudam rapidamente) ● Para identificar atrito deve-se auscultar em diferentes áreas cardíacas ● Diferença de atrito pericárdico e pleural → no atrito pleural há ausência de som quando paciente está em apneia. @thomaspetrius @andreamaralc Diagnóstico: ● Avaliação direcionada para buscar causas da pericardite ● Com dois critérios desses 4 pode ser feito o diagnóstico: dor torácica típica, alteração de ECG, atrito pericárdico e derrame pericárdico. Evolução do ECG na pericardite: @thomaspetrius @andreamaralc Obs* → pericardites urêmicas se apresentam tipicamente sem alterações do ECG. Exames complementares para todos (VERENP) ● VHS ● ECG → supra difuso (atentar para as fases de evolução da pericardite) ● Raio X → havendo derrame, pode-se notar aumento de ICT ● ECO → pode demonstrar derrame pericárdico, ECO normal não exclui diagnóstico de pericardite aguda. ● Níveis sanguíneos de ureia e creatinina (excluir pericardite uremica) ● PPD (teste de tuberculose) Na pericardite aguda, normalmente há evidências de inflamação sistêmica e febre baixa, sendo febre alta indicativo de possível pericardite bacteriana. Pode haver aumento pequeno de troponina devido a inflamação poder acometer o endocárdio, entretanto, os níveis se normalizam após 2 semanas e não estão ligados a pior prognóstico. Na dúvida de IAM, angiografia exclui o diagnóstico. Quando realizar pericardiocentese diagnóstica: ● Tuberculose purulenta ● Pericardite maligna ● Tamponamento cardíaco @thomaspetrius @andreamaralc Tratamento: ● AAS ou outro AINE (como ibuprofeno) + Colchicina (durante três meses) ● AINEs de 3 a 4 semanas para evitar pericardite recorrente ● Normalmente é autolimitada ● Importante associar inibidor de bomba de prótons (omeprazol) para melhorar a tolerabilidade gástrica do AINE. ● Evitar heparina e varfarina (evitar hemopericárdio), porém pode ser necessário em fibrilação atrial ou válvula cardíaca protética ● Repouso ● Se reincidente → colchicina + cetorolaco (AINE) intravenoso e posteriormente, AINE oral e colchicina por pelo menos 3 meses. ● Evitar corticóide, a menos que já tentou tudo → devido à grande reincidência de pacientes que trataram com colchicina associada a corticoesteróides.Se usar → prednisona baixa dose (menor reincidência) ● Continuar corticoide durante pelo menos um mês antes de ser retirada de forma gradual (a retirada é guiada pelo retorno do nível de PCR à faixa normal) ● Pericardiocentese só na suspeita pericardite purulenta, tuberculosa ou não melhora após tratamento medicamentoso (AINEs) de duas a três semanas. DERRAME E TAMPONAMENTO PERICÁRDICO Conceito: Derrame pericárdico → Presença de líquido no espaço pericárdico, podendo ser causado por diversas etiologias. Tamponamento pericárdico → Quando o líquido da cavidade pericárdica restringe a dilatação cardíaca. Epidemiologia: ● 10%-15% das pericardites idiopáticas levam ao tamponamento pericárdico ● 50% das pericardites tuberculosa, purulenta e malignas levam ao tamponamento pericárdico. ● Tuberculose e doença neoplásica estão tipicamente associadas a derrames serossanguíneos ● Derrame hemopericárdio, por exemplo, no trauma e ruptura do miocárdio, levam ao tamponamento rápido (100 a 200 ml) Fisiopatologia: O tamponamento pericárdico vai depender da adaptação do pericárdio. Nesse sentido, derrames rápidos, como no caso de trauma e dissecção aórtica, podem levar ao tamponamento imediatamente, devido essa falta de capacidade do pericárdio de se adaptar às pressões do espaço pericárdico. Em contrapartida, derrames lentos e graduais geram “readaptação” do pericárdio, favorecendo o não tamponamento cardíaco mesmo em derrames de quantidade significativa. @thomaspetrius @andreamaralc Fisiologia do derrame que leva ao tamponamento: Acúmulo de líquido no espaço intrapericárdico é suficiente para comprimir o coração, resultando em comprometimento do enchimento cardíaco. Aumento da pressão pericárdica aumenta a interdependência das câmaras, uma vez que o volume cardíaco total é limitado pelo derrame pericárdico. Passo a passo do pulso paradoxal: ● Inspiração ● Aumento do retorno venoso ● VD precisa dilatar para aumentar volume ● Derrame limita dilatação do VD ● Pressão do VD empurra septo em direção a VE ● Diminuição do volume de VE ● Volume sistólico diminuído ● Baixo débito cardíaco ● Alteração revertida durante expiração ● Achado clássico → pulso paradoxal (declínio da PAS>10 mmHG durante inspiração) Manifestações clínicas: ● Acúmulo lento e gradual de derrame é muitas vezes assintomático ● Exame físico → pode ser normal, podendo ter sons cardíacos abafados ● Raio X com cardiomegalia com coração globular ● Pode ser feito com ECO, TC ou Ressonância Magnética para outra indicação Pacientes com tamponamento geralmente apresentam: ● Ansiedade ● Taquicardia sinusal ● Pode queixar dispneia, ortopneia e dor torácica ● Distensão venosa jugular (devido aumento da pressão venosa) ● Colapso X (durante a sístole ventricular) → dominantes ● Colapso Y (durante início da diástole) → pouco ou ausente ● Bulhas hipofonéticas/abafadas → quanto maior o derrame, maior abafamento ● No tamponamento rápido (geralmente, hemorrágico), não é achado a distensão venosa, uma vez que não deu tempo de haver aumento compensatório da pressão venosa ● Pode apresentar congestão sistêmica (IC direita) ● Pulso paradoxal (podendo haver ausência de pulsos radial e braquial, em tamponamento grave) ● Tríade de Beck → distensão jugular, hipotensão arterial e bulhas abafadas/hipofonéticas. @thomaspetrius @andreamaralc Achados no exame: ECG → voltagem baixa e as vezes, alternância elétrica RX → sombra globular cardíaca ECO → principal para diagnóstico, e deve ser feito rapidamente em caso de suspeita (espaço “livre” ao redor do coração, VCI dilatada, colapso de VD e AD). Doppler → variação respiratória aumentada das velocidades de influxo E mitral e tricúspide, essas características podem ser encontradas antes mesmo de comprometimento hemodinâmico. TRATAMENTO: Técnica para salvar tamponamento cardíaco: ● Drenagem urgente ● Repor fluidos pode ser bom se haver hipovolemia ● Ação adrenérgica não resolve ● Ventilação mecânica é contraindicada → maior pressão dificulta ainda mais o preenchimento cardíaco PERICARDITE CONSTRITIVA Conceito: Formação de um pericárdio fibrótico, espessado ou calcificado comprometendo o enchimento cardíaco, limitando assim o volume cardíaco total. Fisiopatologia: Geralmente é o resultado de uma inflamação pericárdica de longa duração, ocorrendo assim formação de tecido cicatricial fibrótico e aderências de ambas as camadas pericárdicas obliteram a cavidade pericárdica. Dessa forma, há dificuldade de enchimento dos ventrículos devido a restrição ocasionada pelo pericárdio fibroso, espesso, ou até mesmo calcificado, essa situação aumenta a dependência entre os ventrículos e dissociação das pressões intracardíaca e intratorácica. Manifestações clínicas: ● Aumento de pressão venosa sistêmica ● Diminuição do débito cardíaco @thomaspetrius @andreamaralc ● Distensão venosa jugular ● Congestão hepática ● Ascite ● Edema periférico ● Pulmões claros → a pericardite constritiva se manifesta principalmente pela congestão sistêmica, dessa forma, na maioria das vezes, os pulmões permanecem limpos. ● Intolerância aos exercícios, podendo progredir para perda de massa muscular. ● Ausculta: KNOCK (golpe) pericárdico. Diagnóstico: ● Calcificação na vista lateral do Raio X (25% de pacientes com pericardite, sendo principalmente os de maior duração). Entretanto, nem sempre é acompanhada de calcificação, uma vez que 20% não apresentam esse achado no Raio X. ● Atentar para exames de imagem para observar calcificação e fibrose do espaço pericárdico. Tratamento: ● AINEs, colchicina e diuréticos (com cautela) → geralmente os que respondem bem a essa terapia são pacientes que se apresentam com alto índice de inflamação (VHS e PCR alta e RM com intensa inflamação). ● Em caso de não melhora, é indicado a decorticação cirúrgica do pericárdio ● O tratamento empírico da tuberculose pode ser necessário em pacientes com pericardite constritiva. Informações complementares (pericardites) Pericardite efusivo-constritiva: Menos de 10%, condição onde a clínica não se resolve ao retirar o líquido pericárdico, ou seja, o comprometimento não é somente pelo líquido, mas também pela constrição. De certa forma, é uma transição da pericardite com derrame para uma constrição. O tratamento indicado é AINEs. Pericardite pós IM: Raro na era de reperfusão. Síndrome de Dressler → autoimune pós IAM (tratamento igual). Pericardite uremica: Comum em IR crônica, principalmente em pacientes com diálise. Pericardite infecciosa: Causada na maioria das vezes por extensão da pneumonia bacteriana, caracterizada por um derrame purulento, sepse sistêmica @thomaspetrius @andreamaralc e tamponamento agudo. Condição grave que requer pericardiocentese urgente, tanto para tratamento, como também para diagnóstico. Pericardite por tuberculose: Acontece como complicação da tuberculose, mais comum em países em desenvolvimento e geralmente em pacientes imunossuprimidos. Sintomas são inespecíficos e a pericardite aguda dolorosa é rara. A maioria dos pacientes apresentam pericardite constritiva. Pericardite fúngica: Geralmente remite em várias semanas e pode ser tratada com sucesso com AINEs. Pericardite maligna: 80% associada ao câncer de mama, extensão tumoral direta de uma lesão maligna adjacente ou tumor de disseminação hematogênica ou linfática. Pericardiocentese é crucial para diagnóstico e tratamento. Pericardite autoimune: 50% das pessoas com lúpus apresentam pericardite, geralmente apresenta a forma aguda com derrame assintomático, pericardite constritiva é raro. Nesses casos, a pericardiocentese é indicada somente se houver presença de líquido purulento. A Causa primária deve ser tratada com agressividade. Miopericardite: Inflamação do miocárdio por extensão pericárdica. Normalmente nesses casos o ECG estará alterado, presença de arritmias ventriculares e aumento de troponina. DOENÇAS OBSTRUTIVAS ARTERIAIS E VENOSAS Conceito: Obstrução arterial periférica, havendo diminuição do fluxo e perfusão sanguínea. Sendo assim, pode ser caracterizadacomo crônica e aguda, a depender do nível de obstrução. A aterosclerose é a principal etiologia, podendo acometer vasos arteriais, venosos e linfáticos. Epidemiologia: ● Envelhecimento ● Exposição aos fatores de risco para aterosclerose ● Tabagismo tem grande associação ● Anormalidades lipídicas ● DM DAP AGUDA Conceito: Obstrução de forma abrupta do fluxo sanguíneo ao membro, diminuindo de forma grave a perfusão, podendo levar à morte celular/perda do membro se não for desobstruída de forma urgente. @thomaspetrius @andreamaralc Fisiopatologia: Obstrução periférica abrupta do vaso. Normalmente, ocorre por formação de trombo ou obstrução por êmbolo, que na maioria das vezes, é oriundo de um trombo formado nas cavidades cardíacas (trombo mural de infarto do miocárdio recente, apêndice atrial de paciente com fibrilação atrial e aneurisma de aorta abdominal, sendo esse último considerado menos comum). Informações adicionais: ● A trombose in situ geralmente é o resultado de uma instabilização de uma placa de aterosclerose, ou seja, seria o estágio final de uma artéria cronicamente doente (sendo assim, mais comum na femoral e poplítea) ● Trombose na ausência de estenose deve levar à suspeita de trombofilia Manifestações clínicas (6P’s) → as manifestações são a partir da obstrução ● Pain → Dor ● Parestesia → Dormência no membro ● Paralisia ● Poiquilotermia → Membro “gelado”. Avaliar diferença de temperatura no membro oposto ● Palidez ● Ausência de Pulsos Obs. → déficit motor é indicativo de pior prognóstico. A paralisia motora é um forte indicativo de obstrução irreversível. Tabela de Isquemia Aguda de Membro: Categoria Descrição Perda sensorial Fraqueza muscular Doppler arterial Doppler venoso I - Viável Não ameaçado imediatame nte Nenhuma Nenhuma Audível Audível IIa- Ameaçado marginalm ente Se tratado de maneira rápida, se recupera Mínima ou nenhuma Nenhuma Inaudível Audível IIb- Ameaçado imediatame nte Se tratado de forma imediata, se recupera Mais do que só nos dedos + dor em repouso Leve ou moderada Inaudível Audível III- Grande Profunda Paralisia e Inaudível Inaudível @thomaspetrius @andreamaralc Irreversível perda de tecido (anestesiad o) rigor Diagnóstico: ● Anamnese e exame físico ● Ao final da anamnese e exame físico, é necessário saber a resposta das seguintes perguntas → Membro viável? Viabilidade ameaçada? Alterações irreversíveis? ● Para conseguir quantificar e seguir um processo coerente, é necessário analisar os achados de acordo com a escala de Rutherford (já citada acima) ● Exames de Imagens para diagnóstico: ● Angiografia ● Duplex Tratamento: ● Trombolítico → ativador de plasminogênio tecidual intra arterial (ao administrar o ativador de plasminogênio, ativará plasminogênio em plasmina, que resultará na degradação das redes de fibrina, de certa maneira, “desfaz” o coágulo) ● Cirurgia → restaura de forma definitiva, mas tem mais riscos por ser invasivo Normalmente, a conduta é a seguinte: Finalidade Escolha Anticoagulação Heparina Não @thomaspetrius @andreamaralc Fracionada (HNF) Analgesia Morfina ISQUEMIA DE MEMBRO CRÔNICA Conceito: Obstrução crônica, havendo obstrução do fluxo sanguíneo de forma parcial. Pelo fato de não ser de forma súbita, o paciente convive com a dor, principalmente em exercícios que necessitam de maior demanda sanguínea. Etiologia/Fatores de risco: ● Aterosclerose (principal) ● Tromboembolismo ● Doença inflamatória ● Trauma ● Aneurisma (mais relacionada à aterosclerose) ● Cisto de adventícia ● Síndrome compressiva ● Anormalidade congênitas Obs. → Nessa fase, pode estar acompanhando o quadro de achados inflamatórios (PCR alta, IL-6 alta, TNF-alfa alta e ativação plaquetária). Manifestações clínicas (crônica estável) ● Podem ser assintomáticos (50%), entretanto, continua com os achados ao exame físico ● 40% apresentam sintomas típicos → cansado/fadiga nas pernas ● 10% apresentam claudicação intermitente ● Pulso anormal ● Existência de sopro vascular ● ITB anormal Conceito de claudicação: Desconforto aos esforços, aliviado com repouso e em grupo muscular específico com risco de isquemia. Normalmente, as manifestações são abaixo do nível da obstrução. Pessoas com circulações colaterais tendem a ter menos sintomas do que pessoas com circulação colateral insuficiente. Com a finalidade de mensurar o estado clínico do paciente a partir da manifestação de claudicação, existe a tabela de Rutherford para claudicação crônica. @thomaspetrius @andreamaralc Categoria Clínica 0 Assintomático 1 Claudicação leve 2 Claudicação moderada 3 Claudicação grave 4 Dor em repouso 5 Perda mínima de tecido 6 Úlcera ou gangrena Fatores que pioram a situação → DM, baixo débito, doença vasoespática (doenças que pioram ainda mais o aporte sanguíneo). Diagnóstico: ● Gravidade avaliada pela tabela ● Diferenciar causas secundárias de claudicação, de modo que exclua causas para uma pseudo claudicação ● História pregressa e exame físico são importantes ● Deve ser avaliado quanto aos fatores de risco ateroscleróticos ● O exame físico deve ser feito de maneira completa, inclusive com ITB. Tratamento: ● Visa melhorar a qualidade de vida do paciente, ou seja, aumentar a distância que o paciente consegue percorrer com ausência de dor @thomaspetrius @andreamaralc ● Modificação dos fatores de risco → cessar tabagismo, controlar DM, melhor alimentação e praticar exercícios regularmentes ● Tranquilizar o paciente e estimular o exercício ● Terapia com exercício ● Farmacologia → AAS (Clopidogrel se AAS não for tolerado) cilostazol (contraindicado em IC) ● Estatina pode ser recomendado para melhorar prognóstico ● Revascularização → revascularização cirúrgica convencional ou angioplastia transmural (preferível se <50 anos) Avaliação laboratorial complementar: ● Elétricos sérios ● Glicemia em jejum ● Avaliar função renal ● Hemograma completo ● Perfil lipídico em jejum ● PCR em alta sensibilidade ● ITB Padrão ouro: Angiografia digital invasiva para diagnóstico e evolução da doença arterial periférica (entretanto, invasiva, por isso é importante buscar outras formas de abordagem). DOENÇA VENOSA CRÔNICA Conceito: Qualquer anormalidade de longa duração do sistema venoso, resultando em alterações estruturais ou funcionais (refluxo, obstrução ou ambos). Epidemiologia: ● 14º principal doença que leva ao afastamento do trabalho ● 80% podem apresentar graus mais leves ● Uma das patologias mais prevalentes do mundo ● Geralmente acomete pessoas mais velhas ● Mais comum em mulheres a partir dos 40 anos e em homens a partir dos 70 anos Fatores de risco: ● Gravidez ● Obesidade ● Genética ● Hábitos de vida ruins Fisiopatologia: Geralmente, por uma insuficiência de válvula, ou por obstrução do fluxo sanguíneo, ocorre diminuição do retorno venoso e automaticamente, @thomaspetrius @andreamaralc acúmulo de sangue nas veias dos membros inferiores, causando hipertensão venosa e levando a dilatação venosa e edema. O acúmulo de sangue na periferia ocorre por colaboração de dois principais mecanismos: aumento de pressão hidrostática (como por exemplo, acúmulo de sangue no ventrículo direito, gerando aumento da pressão venosa) e disfunção da bomba muscular da panturrilha. Alteração de pressão na deambulação: A: Obstrução B: Insuficiência de válvulas @thomaspetrius @andreamaralc C: Normal Classificação pela dilatação das veias: Telangiectasias Reticulares Varizes Dilatação < 1mm 1 a 4mm > 4mm Etiopatogenia: Primárias Secundárias Hereditariedade Aplasia do sistema valvular Incompetência calcular primárias TVP sem recanalização Parede fraca TVP com recanalização Síndrome trombótica pós traumática Como formam as varizes: ● Circulação retrógrada → aumento de cisalhamento ● Durante o exercício, há diminuição do esvaziamento ● Dilatação pelo acúmulo de sangue ● Sangue na parede gera inflamação por ativação endotelial pelo refluxo, a inflamação proporciona extravasamento para a derme, causando manchas e úlceras Manifestações clínicas: ● Sensaçãode peso ● Dor em membros inferiores, podendo ter prurido associado ● Hiperpigmentação → a hemoglobina que permanece no interior tissular transforma-se em hemossiderina, que dá coloração castanha à pele ● Lipodermatoesclerose → alteração devido à substituição progressiva da pele e do tecido subcutâneo pela fibrose ● Edema depressível → maior na perna sintomática ● Melhora se levantar as pernas (favorecendo RV) ● Piora com ortostatismo ● Sensações aumentam ao final do dia ● Presença de veias varicosas ● Úlcera em casos mais avançados Caracterização das úlceras: Indicador Venosa Arterial @thomaspetrius @andreamaralc Localização Terço inferior da perna (maléolo medial) Dedos, pés, calcanhar e lateral da perna Evolução Mais lenta Rápida Profundidade Superficial Profunda Leito Vermelho vivo (podendo ter esfacela → tecido necrótico, massa branca/cinza/amarelada) Pálido, com esfacela ou escara Borda Irregular Bem definida Tamanho Grande Relativamente pequena Exsudato Moderado/abundante Mínimo Edema Presente Ausente Dor Variada/pouca Extrema Pulso Presente Reduzido/ausente Mudança nas pernas Dermatite, varizes, eczema e cicatrizes Brilhante, fria, unhas espessas e redução de pelos Patologia TVP, flebite, varizes, sedentarismo e histórico familiar DM, tabagismo, arteriosclerose Diagnóstico: Basicamente clínico, sendo bem esclarecido na anamnese e exame físico. Após diagnóstico, é possível mensurar a classificação a partir dos achados clínicos. Classificação CEAP 0 Sem sinais visíveis 1 Telangiectasias ou veias reticulares 2 Varizes 3 Edema 4a Hiperpigmentação ou eczema 4b Lipodermatoesclerose ou atrofia branca 5 Úlcera cicatrizada @thomaspetrius @andreamaralc 6 Úlcera ativa Obs. → pode atribuir classe S (sintomático) e classe A (assintomático) Exames auxiliares: ● Ultrassonografia com doppler → mais usado e útil, por conseguir avaliar bem sem ser invasivo. ● Fotopletismografia ● Flebografia ● Angiotomografia venosa/Angioressonância venosa Tratamento (o tratamento tem maior finalidade estética) ● Medicamentoso (drogas vasoativas como tratamento coadjuvante, diuréticos são raramente indicados) ● Meias de compressão ● Escleroterapia ● Laser ● Cirurgia ● Tratar úlcera se houver TROMBOSE VENOSA PROFUNDA Conceito: Formação de trombose no leito venoso profundo devido a diversos fatores. Fisiopatologia: O TVP vai ser a formação de um trombo nas veias profundas, relacionado a três principais fatores (tríade de Virchow): hipercoagulabilidade, lesão endotelial e alterações de fluxo (estase). Epidemiologia: ● ⅔ de Tromboembolismo venoso (TEV) se apresenta com trombose venosa profunda (TVP) de maneira isolada ● A relação de TVP com tromboembolismo pulmonar (TEP) é bem próxima ● 90% dos casos de êmbolos pulmonares, possuem TVP, mesmo que somente 15% desse grupo apresentam sintomas nas pernas ● O tratamento da TVP muito se parece com o tratamento de TEP ● Síndrome apresenta em maior quantidade conforme aumento da idade ● Mulheres possuem maior incidência, principalmente no puerpério ● Gestantes têm mais casos → compressão da veia ilíaca esquerda pelo feto, uma exacerbada “obstrução” que ocorre quando a artéria ilíaca direita cruza a veia ilíaca esquerda e aumento da rede venosa na veia ilíaca esquerda (síndrome de May-Thurner) → tudo leva a crer que são essas @thomaspetrius @andreamaralc questões que ajudam aumentam a prevalência de TEV e consequentemente TVP durante a gestação. Etiologia: ● Imobilidade prolongada ● Neoplasia ● Obesidade ● Politraumatismo ● Varizes de membro inferior ● Terapia de reposição hormonal (anticoncepcionais) ● Doenças cardiovasculares ● Trombofilia pode ser causa também (deficiência de antitrombina ou fator 5 de Leiden) Manifestações clínicas: ● Dor ● Calor ● Vermelhidão ● Proeminência das veias superficiais ● Hipersensibilidade ● Edema (assimétrico dos membros) ● Cordão palpável ● Geralmente podem apresentar sintomas mínimos Sinais característicos da TVP: ● Sinal de Bancroft → dor à palpação da panturrilha contra a tíbia ● Sinal de Homans → dorsiflexão do pé com paciente referindo dor/desconforto na panturrilha ● Sinal de bandeira → baixa mobilidade da panturrilha Diagnóstico: Para diagnóstico, deve-se encontrar risco epidemiológico, na presença dele (deve ser obrigatório), o examinador deve proceder com exame físico. Entretanto, o exame físico, assim como a clínica, não é determinante para o diagnóstico. Dessa forma, deve haver pré-teste e direcionamento para exames complementares. D-Dímero exclui diagnóstico, mas se positivo, não fecha diagnóstico de TVP. @thomaspetrius @andreamaralc Tratamento: O tratamento, basicamente, consiste na anticoagulação. Ao diagnosticar, é recomendado uso de Heparina em dose de ataque (intravenosa) para estabilizar o paciente. Após isso, a administração de heparina deve ocorrer durante 5 a 7 dias, nesse momento, pode haver associação com varfarina desde o início, sendo direcionada pelo TTPa (uma vez que o TTPa é o tempo de tromboplastina ativada, quanto menor o tempo, significa que mais rápido o paciente está coagulando, dessa forma, o tratamento visa aumentar o tempo de TTPa 1,5 a 2,5x o valor basal do paciente), tendo como base esses valores, uma vez alcançado, é recomendado o início da medicação via oral (para evitar futuras manifestações). A Heparina usada nessa fase inicial pode ser heparina não fracionada (HNF) ou heparina de baixo peso molecular (HBPM), sendo a HBPM com maior eficácia. A medicação via oral ocorre por inibidor do Fator Xa (rivaroxabana) ou anticoagulante cumarínico (varfarina). O tratamento por varfarina deve ser associado com heparina, uma vez que o mecanismo de ação da varfarina repercute melhor a longo prazo. Nesse caso, o controle da administração do medicamento é guiado pelo RNI, que deve estar entre 2,0 e 3,0, ao chegar nesses valores (cerca de 5 dias é o prazo estimado), a heparina deve ser dissociada. A duração do tratamento varia de acordo com o fator de risco (removíveis → 3 meses após ausência do fator. Trombose idiopática → 6 meses no mínimo, trombose recorrente ou Fator de Risco não removível → 12 meses ou @thomaspetrius @andreamaralc pela vida toda). Trombolíticos são mais eficazes que a heparina, entretanto, podem induzir sangramento. Outras formas de intervenção: ● Cirurgia (embolectomia) ● Filtro de veia cava TROMBOEMBOLISMO PULMONAR Conceito: Obstrução de uma ou mais artérias pulmonares. Na maioria dos casos, é causada por êmbolo que chega às artérias pulmonares, mais comumente, oriundos de um trombo da circulação venosa profunda. Epidemiologia: Fisiopatologia: Consiste na obstrução da circulação arterial pulmonar causada por um êmbolo. Dependendo do seu tamanho e local de obstrução, pode haver alterações como dificuldade na hematose, hipertrofia de ventrículo direito, morte celular pulmonar, disfunção hemodinâmica etc. Manifestações clínicas: As manifestações são variadas, podendo não ter apresentação de sintomas e o diagnóstico pode ocorrer de forma acidental. Entretanto, quando há manifestação de sinais e sintomas, os mais comuns são: ● Dispneia ● Dor torácica @thomaspetrius @andreamaralc ● Hemoptise ● Síncope ● Pré-síncope ● Taquicardia ● Taquipneia ● Corcova de Hampton ao raio X ● Sinal de Westermark ● S1Q3T3 no ECG ● Angina pode estar presente em casos mais graves devido a sobrecarga de VD Na suspeita de TEP, os teste para TVP se fazem necessários: ● Sinal de Bancroft → dor à palpação da panturrilha contra a tíbia ● Sinal de Homans → dorsiflexão do pé com paciente referindo dor/desconforto na panturrilha ● Sinal de bandeira → baixa mobilidade da panturrilha Obs. → A síncope está presente em cerca de 17% dos casos e está associada a alta prevalência de instabilidade hemodinâmica e falência do ventrículo direito. TEP com instabilidade hemodinâmica não é frequente, entretanto, indica comprometimento maciço da circulação pulmonar. Fatores de risco: Os fatores de risco que colaboram com o TEP são os que correlacionam com a tríade de Virchow(estase venosa, lesão endotelial e hipercoagulabilidade), sendo assim, os principais fatores são: ● Trauma cirúrgico e não cirúrgico ● TVP prévia ● Doença maligna ● Trombofilia ● Idade mais avançada ● Pela relação estreita do TEP com TVP, fatores de risco para trombose também colaboram para a incidência do TEP. Diagnóstico: O diagnóstico de TEP é complexo e de grande dificuldade. Sendo assim, há grande importância de uma boa anamnese, exame físico, score e exames complementares. Inicialmente, é necessária a avaliação clínica do paciente. A partir da quantificação dos achados, é possível estabelecer suspeita baixa, moderada ou alta. Para essa quantificação, há dois escores: Score Wells (“mais comum” que os demais) e Genebra. @thomaspetrius @andreamaralc Escore de Wells: Variáveis Pontuação (simplificada) Sinais clínicos de TVP 3 Diagnóstico alternativo menos provável que TEP 3 FC > 110 bpm 1,5 Imobilização ou cirurgia recente 1,5 TEP ou TVP prévias 1,5 Hemoptise 1 Câncer 1 Resultado: ● 0-2 → baixa ● 3-6 → moderada ● > 6 → alta @thomaspetrius @andreamaralc Tratamento (opções de anticoagulantes): ● Enoxaparina → ● Heparina não fracionada (HNF) → ajustar por TTPA ● Fondaparinux → não indicado se creatinina < 30ml/min ● Rivaroxaban ● Varfarina Se alta instabilidade hemodinâmica: ● Indicação de trombólise TUBERCULOSE Conceito: Doença bacteriana causada pela Mycobacterium tuberculosis, um bacilo ácido-álcool resistente (BAAR). Características da bactéria: ● Aeróbica ● Crescimento lento ● Persiste no meio intracelular por muito tempo ● Forma de bastão ● Cápsula resistente Complexo mycobacterium: ● M. tuberculosis ● M. africanum ● M. bovis @thomaspetrius @andreamaralc ● M. orygis Epidemiologia: ● Países subdesenvolvidos possuem maior incidência ● 65% são homens (principalmente adultos jovens com baixa condição financeira) ● HIV contribui para aumento de patogenia da doença ● Falta de moradia, aumentando aglomeração contribui para doença ● Imigração de pessoas vindas de países com alta prevalência contribui para aumento dos números Levantamento de 2016 segundo OMS: ● 10,4 milhões de casos novos (10% tinha HIV) ● 1,7 milhão de mortes (774 mil tinha HIV) ● 56% dos casos aconteceram cinco principais países: Índia, Indonésia, China, Filipinas e Paquistão Transmissão: ● Infecção área disseminada em partículas pequenas, invisíveis, chamadas núcleos de gotículas (núcleos de Wells) ● As gotículas se alojam nas secreções respiratórias de pessoas com tuberculose ativa ● A gotícula evapora e deixa os microrganismos no ar, onde circulam na corrente de ar ● Quanto maior microrganismos no pulmão, maior a infecciosidade ● Os núcleos goticulares se tornam parte do ar ambiental e podem sobreviver por várias horas ● Para diminuir a transmissão, é aconselhável ventilação do ar, filtração do ar ou luz UV @thomaspetrius @andreamaralc Fisiopatologia: O desenvolvimento da doença está diretamente ligado à resposta imune do hospedeiro ao bacilo invasor da tuberculose. A patogênese da doença se desenvolve da seguinte forma: ● Contato inicial com o bacilo da tuberculose → Bacilo fagocitado por macrófagos alveolares → Bacilos sobrevivem, pois impedem fusão dos fagossomas com os lisossomos → Macrófagos alveolares são infectados → Bacilos conseguem se multiplicar dentro dos macrófagos (também há bacilos que se multiplicam fora dos macrófagos) → Macrófagos começam a liberar enzimas lisossomais em grande quantidade, buscando conter os bacilos → com isso, há uma resposta ineficaz, porém suficiente para matar alguns bacilos e apresentar como antígeno aos Linfócitos T → Esses Linfocitos T vão estimular esses macrofagos a aumentar a produçao dessas enzimas → Com esse aumento enzimático, as enzimas começam a ser liberadas também no meio extracelular → Eficaz em matar alguns bacilos livres porém acaba por destruir parte do epitélio alveolar. Correlacionando patogênese com achados: ● Foco de Ghon → lesão granulomatosa branco-acinzentada bem demarcada, que contém bacilos da tuberculose, macrófagos modificados e outras células imunes. Em grande quantidade de microrganismos, o aumento da hipersensibilidade produz necrose significativa, produzindo necrose caseosa (semelhante ao queijo). ● Granuloma caseoso → paralelamente, os bacilos liberados pelos macrófagos alcançam a circulação linfática e chegam aos linfonodos traqueobrônquicos do pulmão infectado, formando o granuloma. ● Complexo de Ghon → Lesão pulmonar primária + granulomas dos linfonodos @thomaspetrius @andreamaralc ● A última etapa do processo é quando o complexo sofre fibrose, retração e calcificação (detectável na radiologia) ● Porém, ainda restam microrganismos nessas estruturas (pois são altamente resistentes), e caso haja falha ou decaimento da imunidade, essa infecção latente pode evoluir para uma tuberculose secundária. Manifestações clínicas ● Tuberculose primária: 1) A maioria não é conhecida clinicamente, exceto pela conversão do teste cutâneo tuberculínico ou pelo IGRA 2) Pode ter febre, falta de ar, tosse não produtiva e eritema nodoso (raro) 3) Crepitações e sibilos localizados 4) Rx → Pequenas opacidades difusas nos campos pulmonares médios, frequente linfadenopatia hilar unilateral 5) Pode ter colapso dos lobos superior ou médio (comprimidos por linfonodos dilatados ou derrame pleural transitório 6) PET-TC → Adenopatia mediastinal (aumento de gânglios linfáticos) 7) Na maioria dos casos (exceto se houver imunossupressão), a maioria dos casos se resolvem assim que houver o desenvolvimento de uma resposta imune adaptativa 8) Após período de latência, pode-se observar achados dessas infecção primária → complexo e complexo de Ranke, foco de Simon. ● Tuberculose primária progressiva: 1. Mais comum em crianças, idosos e pacientes imunocomprometidos 2. O desenvolvimento da primária progressiva pode se manifestar na forma de TB miliar, TB disseminada ou meningite 3. Clinicamente a TB progressiva e TB por reativação são iguais ● Tuberculose de reativação 1. Desenvolvimento após pelo menos 2 anos de latência clínica, quando, há desenvolvimento de tuberculose no contexto de hipersensibilidade tardia/imunidade adaptativa 2. Entre as TB de reativação a pulmonar é a mais comum 3. Manifestações clínicas da tb pulmonar por reativação → tosse produtiva, sudorese noturna, anorexia, perda de peso, pode ter dor pleurítica se houver inflamação pleural, dispneia não é achado característico principal, febre em 50% dos casos, pode ser assintomática (diagnóstico sugerido por RX feito por outro motivo), escarro às vezes purulento com estrias de sangue @thomaspetrius @andreamaralc 4. No exame físico: macicez à percussão, sopro anfórico (som oco), às vezes crepitações pós tosse, RX pode mostrar outras alterações que não foram percebidas no exame físico. 5. A doença pode alcançar outras áreas, inclusive, o outro pulmão (broncopneumonia TB) 6. Normalmente, as lesões nos segmentos apicais e posteriores dos lobos superiores e segmento superior do lobo inferior. ● Tuberculose por reinfecção: 1. Clínica igual 2. Única evidência de TB por reinfecção → alteração documentada na impressão digital, ou na sequência do DNA ou surto recente (inclusive pacientes internados em enfermaria de TB) Outras manifestações: ● Tuberculose extrapulmonar ● Tuberculose pleural ● Pericardite tuberculosa ● Tuberculose gastrointestinal ● Tuberculose renal ● Tuberculose miliar Diagnóstico: Latente Ativa Método PPD (sensibilidade menor em imunossuprimodos e tb ativa) Baciloscopia (necessário três amostras, principalmente na parte da manhã), teste rápido e cultura (se clínica positiva e exame de cultura negativo, a clínica prevalece e deve tratar) Obs.: o tratamento pelo achado clínico é importante, sobretudo em imunossuprimidos, uma vez que o tratamento ocorreria sem que a doença progrida. Tratamento: @thomaspetrius @andreamaralc BRONCOASPIRAÇÃO MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIAGREGANTES E ANTICOAGULANTES Antiagregantes Medicamento Mecanismo de açãoASS Inibe síntese de tromboxano A2 pela inibição da COX-1 (inativação da função plaquetária irreversível) Ticagrelor Inibe ligação de ADP ao receptor P2Y12 ao bloquear tal receptor (ligação reversível) Pressugel Inibe ligação de ADP ao receptor P2Y12 ao bloquear tal receptor (ligação irreversível) Ticlopidina Inibe ligação de ADP ao receptor P2Y12 ao bloquear tal receptor (ligação irreversível) Clopidogrel Inibe ligação de ADP ao receptor P2Y12 ao bloquear tal receptor @thomaspetrius @andreamaralc (ligação irreversível) Abciximabe Inibe o complexo receptor GPIIb/IIIa, com isso impede a ligação do fibrinogênio e fator de Vonwillebrand Anticoagulantes Medicamento Mecanismo de ação Heparina não fracionada Se liga a antitrombina III e acelera a reação da antitrombina III com a trombina (Fator IIa) e o Fator Xa Heparina de baixo peso molecular Se liga a antitrombina III e acelera a ligação da antitrombina III com o Fator Xa Fondaparinux Inibe seletivamente apenas o fator Xa, ligando-se seletivamente a antitrombina III Rivaroxabana Inibem o Fator Xa, se ligando ao centro ativo do Xa, prevenindo a conversão de protrombina e trombina Varfarina (Marevan) Antagoniza a vitamina K por meio da inibição da epóxido redutase Menção honrosa: Nitrato → Relaxar a musculatura lisa. Seu efeito vasodilatador afeta tanto as artérias quanto as veias → . O predomínio da ação é na circulação venosa. O efeito vasodilatador reduz a pré-carga ventricular, que, por sua vez, reduz a tensão parietal miocárdica e os requerimentos de oxigênio AAS (de forma não resumida) → Inibe a síntese de TXa2 por meio da acetilação do resíduo serina no centro ativo da COX1. Evitar o uso de ibuprofeno pois há uma competitividade com o AAS, gerando a ineficiência do ácido acetilsalicílico . Cetorolaco também é contraindicado no uso do AAS pois mesmo sendo seletivo para cox 2, ha evidencias que mostram que atrapalha o funcionamento do AAS ASMA Conceito: Doença inflamatória crônica, tendo como principal característica a hiperresponsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável do fluxo aéreo. A asma pode ser responsiva aos medicamentos, como também se resolver de forma espontânea. @thomaspetrius @andreamaralc Epidemiologia: ● Prevalência de asma em adolescentes no Brasil foi de 20% (uma das maiores no mundo) ● 23% dos adultos entre 18 a 45 tiveram sintomas de asma, porém, somente 12% tinha diagnóstico ● 350 mil internações por ano no Brasil ● Quarta maior causa de hospitalização no SUS ● Asma grave tem alto custo, principalmente quando não controlada ● Mortalidade é baixa, porém os números vêm aumentando nos últimos anos em alguns países Fisiopatologia: Resposta exagerada ao estímulo, gerando inflamação a partir das interações entre células inflamatórias, mediadores e danificação das células do epitélio respiratório. A inflamação é obrigatória. A resposta inflamatória é guiada por TH2, que ao serem apresentados aos estímulos, liberam fatores que levam a diferenciação de células B em plasmócitos, que por sua vez vão secretar IgE, aumentar os fatores de crescimento de mastócitos e estimulação de células inflamatórias (eosinófilos). Os mastócitos, ao serem estimulados e infiltrar, vão liberar potentes grânulos para a inflamação (histamina, prostaglandina D2, IL-1 a IL-5, leucotrienos, interferon y e UFC-MG → todos levam a exacerbação da inflamação e broncoconstrição), além disso, os mastócitos também liberam TNF-alfa (fator de necrose tumoral), que vão agir de diversas formas. TNF-alfa age aumentando recrutamento de eosinófilo, aumentando recrutamento de neutrófilo, aumentando e ativando fibroblastos e juntamente com os leucotrienos (também liberados pelos mastócitos) geram hiperplasia das células mucosas e aumento da síntese de glicoproteínas da MEC. As glicoproteínas da MEC produzidas a partir da estimulação aumentam a pressão oncótica do interstício, favorecendo ainda mais o edema. Ou seja, na asma o paciente sofre pela broncoconstrição, edema e hiperplasia de células mucosas, tudo isso favorecendo a diminuição do lúmen do sistema respiratório, prejudicando (acentuadamente) a passagem do ar. A exacerbação, isto é, a hiperresponsividade é estimulada por fatores genéticos e ambientais. A inflamação com frequência aumenta a produção de MEC e pode causar danos irreversíveis, muito pela deposição de colágeno na lâmina reticular da membrana basal. Segue um resumo da fisiopatologia: @thomaspetrius @andreamaralc Obs → Asmáticos devem evitar o uso de AAS, pois esse medicamento ao inibir a COX-1, desvia o metabolismo do Ácido Araquidônico para a COX-2 e outros mediadores inflamatórios. Manifestações clínicas → podem desenvolver de forma espontaneamente ou em resposta a gatilhos ● Dispneia ● Tosse crônicas ● Sibilância ● Aperto no peito ou desconforto torácico (principalmente a noite e no início da manhã) ● Sintomas episódicos ● Melhora naturalmente ou com uso de medicamento para asma ● Murmúrio vesicular com hipofonese ou inaudível ● 50% a 90% das crianças asmáticas já apresentam sintomas nos primeiros 5 anos de vida Diagnóstico: ● Anamnese + exame clínico ● Sempre que possível fazer prova de função pulmonar e pesquisar alergias ● Espirometria → importante teste para diagnóstico @thomaspetrius @andreamaralc Espirometria indica asma quando: ● VEF1 abaixo de 80% do previsto ● Relação VEF1/CVF < 75% ● Capacidade vital forçada <75% em adultos e <86% em crianças ● Melhora de VEF1 em 7% ou 200ml (valor absoluto) dos números após administrar medicamentos (broncodilatador → beta agonista de curta duração) ● Aumento de VEF1 > 20% ou 250 ml ao decorrer do tempo ou uso de medicamento controlado ● Asmático crônico pode apresentar baixa mudança de valores devido inflamação crônica que gerou mudanças irreversíveis do epitélio respiratório DPOC Conceito: Obstrução crônica e recorrente do fluxo de ar das vias respiratórias e pulmonares. Geralmente é progressiva e acompanhada de uma reação inflamatória a partículas ou gases nocivos. Epidemiologia: ● Tabagismo é o mais comum (80-85%) ● Deficiência hereditária da alfa-1 antitripsina também pode ser causa Fisiopatologia: A obstrução basicamente ocorre a partir de quatro principais mecanismos: @thomaspetrius @andreamaralc ● Inflamação e fibrose da parede brônquica → obstrução do fluxo aéreo leva a diminuição do “equilíbrio” entre ventilação e perfusão. ● Hipertrofia das glândulas submucosas e aumento de secreção → obstrução do fluxo aéreo leva a diminuição do “equilíbrio” entre ventilação e perfusão. ● Perda das fibras elásticas pulmonares → diminuição da taxa de fluxo expiratório, levando ao aumento da retenção de ar e predisposição ao colapso. ● Perda do tecido alveolar → diminuição da área de superfície para a troca gasosa A DPOC se divide em duas formas: bronquite crônica e enfisema, ambas as formas proporcionam uma dificuldade na expiração, levando ao acúmulo de CO2 intra-alveolar e diminuição da troca gasosa. Obs→ DPOC pode-se manifestar como uma das formas ou presença de ambas. Bronquite crônica: Inflamação brônquica crônica causada (principalmente) pelas toxinas do tabaco, que leva a uma obstrução das vias aéreas, acompanhada na maioria das vezes por tosse crônica e aumento gradual nos períodos de exacerbação aguda, com expectoração purulenta. Condição mais comum em homens de meia idade, muito pelo consumo do tabagismo, podendo ocorrer também por inflamações recorrentes. Características precoces: hipersecreção de muco nas vias respiratórias + hipertrofia das glândulas submucosas na traqueia e nos brônquios. Fatores que causam a bronquite crônica: ● Aumento de células caliciformes ● Obstrução do lúmen ● Infiltração inflamatória ● Fibrose da parede bronquiolar Obs. → Todo o processo ocorre partindo de um mecanismo de defesa do organismo, visando se proteger de outros poluentes, fator que enfatiza ainda mais a relação das toxinas do tabaco com DPOC. Enfisema pulmonar: Perda de elasticidade pulmonar e aumento anormal dos alvéolos distais aos bronquíolosterminais, com destruição das paredes alveolares e dos leitos capilares. O aumento dos alvéolos gera hiperinsuflação pulmonar, aumentando a capacidade pulmonar total, com o ar contido no interior dos alvéolos sem que consiga ser expirado, a troca gasosa torna-se cada vez mais deficitária. Acredita-se que ocorra pela degradação da elastina e outros componentes dos alvéolos por enzimas (proteases). A inflamação contínua resulta na liberação de elastase e outras proteases. @thomaspetrius @andreamaralc A perda de elasticidade pode ocorrer por fatores ambientais (na maioria das vezes é a causa principal), entretanto, há um “defeito” genético, cuja consequência é a má inibição das enzimas degradadoras de elastina. No caso, a alfa1-Antitripsina é um importante inibidor, que ao agir, inibe importantes proteases, que são liberadas inclusive, por neutrófilos e demais células inflamatórias, a falta genética de alfa1-Antitripsina gera uma degradação exacerbada de elastina, gerando perda de elasticidade pulmonar e podendo causar DPOC. Importante salientar que o tabaco além de toda sua toxicidade, também tem capacidade de inibir alfa1-antitripsina. Há dois tipos de enfisemas: centroacinar e panacinar: ● Centroacinar → bronquíolos da parte central do lobo respiratório, com preservação inicial dos ductos e sacos alveolares (mais comum em fumantes). ● Panacinar → envolvimento dos alvéolos periféricos e depois evolui envolvendo os bronquíolos mais centrais (mais comum em deficiência de alfa1). Manifestações clínicas: @thomaspetrius @andreamaralc Os indivíduos denominados "pink puffers" são tipicamente pessoas afetadas pela enfisema, caracterizadas pela dispneia expiratória e pela aparência magra. Durante a inspeção, observou-se apenas pletora e expansão torácica reduzida, sem sinais evidentes de cor pulmonale ou hipoxemia acentuada. Na ausculta pulmonar, nota-se apenas a diminuição significativa do murmúrio vesicular, sem a presença de ruídos adventícios. Por outro lado, os “blue bloaters” estão associados ao estereótipo dos pacientes com DPOC bronquite grave. Eles enfrentam um distúrbio mais severo na troca gasosa em comparação com os pacientes com enfisema puro, manifestado por hipoxemia significativa e cianose evidente. A presença de hipoxemia leva ao desenvolvimento da cor pulmonale, resultando em insuficiências ventriculares direitas e de gestão sistêmica, o que causa o inchaço corporal (inchaço). Esses pacientes muitas vezes são obesos e podem apresentar síndrome da apneia do sono. Durante a ausculta pulmonar, é comum ouvir uma variedade de ruídos adventícios, incluindo sibilos, roncos e estertores. É fundamental ressaltar que a maioria dos pacientes com DPOC apresentam uma combinação de bronquite obstrutiva crônica e enfisema, resultando em um quadro clínico misto que não se encaixa perfeitamente em nenhum dos estereótipos mencionados acima. @thomaspetrius @andreamaralc Manifestações gerais: ● Tosse ● Fadiga ● Dispneia → se agrava com a progressão da doença ● Intolerância ao exercício ● Produção de escarro ● Tosse produtiva mais comum na parte da manhã ● Exacerbações ocorrem geralmente em decorrência de infecções Um agravamento importante da DPOC é a hipoxemia (pO2 <55 mmhg), podendo gerar uma vasoconstrição reflexa e policitemia (pela baixa de O2, há aumento exagerado de hemácias por um mecanismo compensatório). Diagnóstico: ● Analisar presença de fatores de risco/exposição → cigarro, tabagismo passivo, poluição, asma, pós tuberculose, condições genéticas (deficiência de alfa-1) ● Observar se há sintomas respiratórios persistentes → dispnéia, tosse, expectoração, chieira e exacerbação ● Observar se há sinais respiratórios persistentes → sibilo, murmúrio vesicular reduzido, tempo expiratório aumentado, sinal de hiperinsuflação, timpanismo à percussão e redução de FTV ● Observar limitação do fluxo aéreo persistente → Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (VEF1) / Capacidade vital forçada (CVF) ● O diagnóstico para DPOC ocorre quando VEF1/CVF <0,7 após broncodilatador. Exames complementares que podem auxiliar o diagnóstico: ● RX PA e perfil (excluir diagnóstico diferencial e observar se há hiperinsuflação pulmonar → achado bem característico de DPOC) ● TC de tórax de alta resolução ● Hemograma ● Gasometria @thomaspetrius @andreamaralc Tratamento: MECANISMO GERAL DO CÂNCER Conceito: O câncer passa por uma mutação genética, passando por uma mutação gênica. Dentro disso, há diversos mecanismos que podem causar esta mutação, entretanto, a mutação é específica ao tumor. Os genes podem ser alterados de diversas formas, e a mutação causa a doença. As mutações podem ser somáticas (encontradas no câncer, que ocorreram especificamente a algo) ou germinativas (hereditárias que estão presentes em todas as células do corpo). Oncogenes (dominante): Genes que estimulam vias de crescimento, e no tumor, estão hiperestimulados de forma anormal (devido à mutação ocorrida por diversos fatores). Ex: RAS Genes supressores de tumor (recessivo): Genes que geralmente controlam para menos o crescimento celular, no câncer, estão inativos. Como o ser humano nasce com pares iguais é necessário “dois golpes” para esses genes ficarem inativos, ou seja, o paciente que possui uma mutação germinativa, ao sofrer uma mutação somática, levará a uma mudança da ação dos genes supressores de tumor. Genes estimuladores de apoptose: ● BCL-Z e BCL-XL inibem apoptose ● BAX, BAD, BCL-X5 favorecem apoptose Genes reparadores de DNA: Quando estão inativados, a mutação aumenta, uma vez que os reparadores estão inibidos. Sendo assim, há hipermutabilidade dentro da célula, podendo gerar câncer por aumento de oncogenes ou diminuição dos supressores de tumor. Câncer hereditário ● Gene supressor de tumor → Uma mutação hereditária faz com que haja mutação em todas as células, com isso, há aumento do risco, pois a partir de uma mutação presente desde o início da vida, basta perder o segundo para ter a doença. Nascer com ambos e perder ambos é estatisticamente improvável. Rb → Retinoblastoma familiar P53 → Síndrome de Li-Fraumeni P16 → Síndrome de mela-melanoma múltiplo atípico familiar e do câncer pancreático ● Quando a mutação é no gene reparador de DNA o problema é mais complexo @thomaspetrius @andreamaralc Mutação no alelo de um gene MMR do DNA (MSH2, MSH6, MCH1 ou MCH2), se perder o outro, a célula fica totalmente NÃO CONTROLADA pelo MMR. Obs. → encontram-se evidências de que uma mutação (deleção) no gene EPCAM, pode silenciar MSH2, gerando mutação, sem que houvesse mutação do MSH2 propriamente dito. Biologia do câncer Como o dano genético: ● Translocação de genes que conseguem justapor, causando desregulação ● Efeitos nocivos aos genes ● Mutações desativam genes que previnem o câncer ● Modificações das proteínas que associam ao DNA ● Normalmente, a mutação de gene ocorre no que impede mutação de outro gene Células do câncer: ● Invadem ao gerar metástase, aumento da propagação de células malignas ● Escapam de apoptose ● Angiogênese para nutrir massa tumoral crescente ● Escapar da vigilância imune que suprime neoplasia ● Ao criar tais mecanismos, automaticamente essas células criam resistências aos medicamentos Como agem as células do câncer em relação a: ● Telomerase→ A medida que as células primitivas se dividem e se diferenciam, as extremidades dos cromossomos chamados de telômeros encurtam-se progressivamente e finalmente levam a uma “parada” de crescimento, a sonolência replicativa → telomerase acrescenta material perdido e “rejuvenesce os telômeros”, porém, essa atividade é significativa somente nas células-tronco. Porém, está muito expressa nos tecidos malignos “renovando o fenótipo maligno”. ● Apoptose → Inativam via da apoptose ao liberar BCL-2 e MCL-2 e survinina ● Epigenética → No câncer, há aumento da metilação dos genes supressores de tumor ● Evasão imunológica ao tumor → Burlam T e NK ao diminuir expressão dos principais complexos de histocompatibilidade, ao liberar TGF beta ● EfeitoWarburg (gene AKT anormal desvia metabolismo) ● Angiogênese (VEGF) CÂNCER DE PULMÃO Epidemiologia: ● 13% de todos os tipos de câncer no mundo @thomaspetrius @andreamaralc ● 1,1 milhão de novos diagnósticos/ano ● 1 milhão de mortes/ano ● 1 homem a cada 13 e uma mulher a cada 17 terão risco de desenvolver CA de pulmão ● Idade média de diagnóstico aos 71 anos ● Homens afro americanos têm maior chance Fator de risco: ● Tabagismo (principal) → responsável a 85% a 90% de CA de pulmão Nunca fumou 1x de chance fuma < ½ maço dia 15x chance fuma > ½ <1 maço dia 17x chance fuma 1 a 2 maço dia 42x fuma > 2 maço dia 64x Obs. → Para voltar a 1,5x chance, o fumante deve ter abstinência de no mínimo 30 anos ● Radônio ● Amianto ● Arsênico ● Berílio ● Cádmio ● Cromo ● Níquel ● Doenças pulmonares pré-existentes (DPOC aumenta risco de CA 4x) ● Fatores alimentares (frutas e vegetais diminuem risco, aumento de gordura está relacionada a maior incidência) ● Gênero e raça (mulheres tem 1,7x chances do que homens → efeito hormonal, metabolismo da nicotina, enzima citocromo p450, alta incidência em afro-americanos → tabaco excessivo, difícil metabolização do tabaco, mais gordura na direta) ● Infecção de HIV ● Hereditariedade Fisiopatologia: ● Múltiplas etapas desde a lesão maligna até o câncer de fato ● Cigarro e demais carcinógenos geram lesão ● Alteração pode afetar, oncogenes, genes supressores de tumor aumento de fatores de crescimento @thomaspetrius @andreamaralc ● Principais oncogenes no CA de pulmão → RAS (K-ras principalmente), família MYHC (10 a 40% CPCP e 10% CPCNP), Bd-2 ● Genes supressores de tumor → P53 relaciona com tabagismo, comum no CPCNP (50%) e no CPCP (80%), RB ● Fatores de crescimento → peptídeo liberador de gastrina, IGF-1, fator de crescimento hepatócito Manifestações clínicas: ● 15% assintomáticos ● Diagnóstico geralmente por RX pedido por outras razões ● Tosse ● Dor torácica ● Hemoptise ● Dispneia ● Pneumonia ● Disseminação intratorácica → síndrome da veia cava ● DIsseminação extratorácica ● Síndromes paraneoplásicas Diagnóstico: ● Lavado brônquico ● Biópsia ● Escarro Nódulo pulmonar solitário → lesão assintomática <3 cm de diâmetro ● Haverá informações que colaboram para suspeita de neoplasia ● Idade ● Velocidade do crescimento → se não cresceu nos últimos dois anos, provavelmente é benigno ● Histórico de tabagismo ● História prévia de malignidade ● Se ficar > 8cm a TC é indicada e deve considerar biópsia Patologia: ● Adenocarcinoma → o mais frequente em mulheres e não fumantes, distribuição periférica, maior chance de metástase e acesso a broncoscopia mais difícil ● Carcinoma de células escamosas (mal diferenciado tem prognóstico pior) → distribuição central, endobrônquico, crescimento lento-/metástase tardia, pode ser acessível a broncoscopia ● Carcinoma de células grandes → células poligonais volumosas constituem grupo de células anaplásicas, ocorre na periferia e invade brônquios, prognóstico ruim @thomaspetrius @andreamaralc ● Carcinoma de células pequenas → mais agressivo, células ovais e de pequeno formato, metástase tumoral é um achado comum e pode se manifestar antes mesmo dos sintomas do tumor, está associado a várias síndromes paraneoplásicas (secreção inadequada de ADH, síndrome de Cushing e síndrome de Eaton Lambert → distúrbio neuromuscular) PNEUMONIA DA COMUNIDADE Definição: Processo inflamatório, necessariamente agudo (questão de horas a dias), está necessariamente associada às infecções virais, por bactérias ou fungos, sendo o fungo mais comum em pacientes imunossuprimidos. O processo infeccioso é caracterizado como PAC se for no máximo 48h da admissão hospitalar. Epidemiologia e fatores de risco: ● 8% que internam com PAC morrem na internação ● 982 reais por internação para o SUS ● 630.352 pacientes por ano (grande quantidade não é pneumonia, mas diagnosticada como pneumonia) ● Idade > 65 anos → verificar vacinas pneumocócicas ● Comorbidades como DPOC, ICC, DM, Desnutrição . ● Infecção viral prévia → geralmente precede, pois diminuem a mobilidade ciliar ● Tabagistas e etilista ● Pessoas com disfagia da orofaringe Principais bacilos: ● Streptococcus Pneumoniae, famoso “Pneumococo” (mais comum, exceto nas crianças pequenas) ● Mycoplasma Pneumoniae ● Chlamydophila pneumoniae ● Vírus respiratórios ● Haemofilus Influenzae (comum na sem gravidade) A medida que ele agrava e segue na PAC, surgem demais possíveis bacilos ● Legionella ssp + os demais citados Formas mais graves: ● Bacilos Gram Negativos ● Stafilococcus Aureus ● Legionella ● H. Influenzae ● S. pneumoniae Obs. → em vermelho são os atípicos @thomaspetrius @andreamaralc Fisiopatologia: Os alvéolos vão ser acometidos, iniciando um processo infeccioso, onde há preenchimento por exsudato inflamatório, levando a um preenchimento alveolar → Desacoplamento entre ventilação e perfusão, levando a um quadro hipoxêmico. ● Microaspiração: Colonização da orofaringe pelo agente causador → microaspiração de secreções → atinge o parênquima pulmonar, onde pode ser eliminado, porém quando não é, vai causar uma disbiose ● Macroaspiração: Quando há falha no fechamento da glote ou/é reflexo da tosse, com isso há uma aspiração de grande conteúdo gastro esofágico para dentro dos pulmões → Pneumonia química que pode evoluir para bacteriana (sugestão de bactéria anaeróbia) Obs→ Disseminação hematogênica pode fazer com que tenha um acometimento bilateral Mecanismo de defesa contra micro e macro aspiração: ● Divisão dicotômica (o fato do nosso sistema respiratório conter diversas bifurcações colabora para que o patógeno fique em “quinas”, facilitando para que ele seja “varrido” pelo aparelho mucociliar ● Aparelho mucociliar (já citado sua função) ● Mecanismos imunológicos (quanto mais desenvolvido, menos acometimento) ● Reflexo de tosse e espirro Manifestações clínicas: ● Tosse ● Dispneia ● Febre (principalmente no jovem) ● Dor torácica (associar derrame pleural) ● Pode evoluir sem febre em idosos, porém, altera nível de consciência (principalmente no final do dia), pode ter dor abdominal e quadro de diarreia (muito comum na Legionella) Achados semiológicos: @thomaspetrius @andreamaralc ● Palpação: aumento de frêmito toracovocal → possível consolidação (frêmito aumenta quando a onda passa por algo sólido), se derrame, pode diminuir frêmito ● Percussão: macicez ou submacicez ● Ausculta: Murmúrio diminuído (particularmente em derrame pleural), crepitação, sopro tubário, broncofonia (escuta muito bem o “33” na ausculta, o que não é o normal, uma vez que normalmente, o “33” é auscultado de forma abafada), egofonia, pectorilóquia afônica (as últimas relacionadas a voz parte do mesmo princípio; a onda ao passar por uma consolidação tende a aumentar o som) Diagnóstico: ● Quadro clínico ● Alteração na imagem processo inflamatório ● Escarro ● Hemocultura (difícil ter no sangue) ● Aspirado e lavado broncoalveolar ● Testes sorológicos ● Antígenos urinários ● Métodos moleculares Estratificação de risco → Quanto mais pontos, mais grave Confusão Uréia >50 Respiratório (FR >30) Baixa pressão (PAS <90 e PAD <60) 65: Maior que 65 anos Curb-65 <2: tratamento em casa, forma leve Curb-65= 3: internar e tomar antibiótico, avaliar melhora nas próximas 24h/48h Curb-65 >3: UTI (mortalidade nesses casos é de até 40%) Tratamento: Ambulatorial Ausência de comorbidade Possui comorbidade (IC, DM, HAS) ● Macrolídeo ● Beta-lactâmico ● Macrolídeo + Beta-lactâmico ● Quinolona respiratória (caso haja alergia) Obs. → Priorizar monoterapia @thomaspetrius @andreamaralc Hospitalar Enfermaria UTI ● Macrolídeo + beta-lactâmico ● Quinolona Não há consenso sobre qual é melhor ● Beta-lactâmico + Macrolídeo (mesmo esquema da enfermaria) ● Beta-lactâmico + Quinolona Conforme o paciente se torna mais crítico, ele fica mais suscetível a germes atípicos, e os que mais matam os atípicos são o Macrolídeo e a Quinolona, havendo necessidade de associar. ● Caso o paciente tenha risco para pseudomonas (gênero de bactériasgram-negativas, mais presentes em DPOC, bronquiectasia, sequela de tuberculose etc) → Beta-lactâmico + Quinolona Macrolídeos: Eritromicina, Claritromicina, Azitromicina e Espiramicina Beta-lactâmicos: Penicilina, Cefalosporinas Quinolonas: Levofloxacina, Ofloxacina, Norfloxacina, Acrosoxacina Prevenção: ● Diminuir tabagismo ● Diminuir etilismo ● Status nutricional ● Contato com crianças (evitar contato com doentes) ● Má higiene oral ● Vacinação ANEMIAS Eritropoiese: Por estímulo da eritropoetina, hormônio produzido principalmente nos rins em resposta a baixa oxigenação tecidual, há maturação medular até alcançar a forma de hemácia (célula anucleada, bicôncava com gigantesca importância para o transporte de oxigênio). Proeritroblasto → Eritroblasto basófilo → Eritroblasto policromático → Eritroblasto ortocromático → Reticulócito → Hemácia. Obs. → para que a hemácia torna-se bicôncava e flexível e se mantenha no formato, de modo que consiga passar pelos capilares e oxigenar todo o corpo, ela precisa de duas proteínas fibrosas: espectrina e anquirina. @thomaspetrius @andreamaralc Conceito: Deficiência de hemácias e/ou hemoglobinas, resultando na diminuição da capacidade de transporte de oxigênio. A anemia não é doença/causa e sim consequência. De modo que na presença de anemia, é importante investigar a causa base para tal achado. Fatores de risco: ● Dieta vegetariana → anemia por deficiência de vitamina B12 ● Etilismo → eleva risco de anemia por deficiência de folato ● Hereditariedade ● Fármacos e infecções → predispõem à hemólise ● Câncer, doenças reumáticas e doenças inflamatórias crônicas → podem suprimir produção de eritrócitos Quadro clínico geral da anemia: ● Fadiga ● Dispneia ● Angina ● Cefaleia ● Astenia ● Sopro sistólico ejetivo ● Sonolência ● Pode ser assintomático* Classificação das anemias (hipoproliferativa e hiperproliferativa) Tipo Causa Exemplos Hiperproliferativa Problema na periferia Consumo exagerado (hemorragias, infecção), destruição Hipoproliferativa Problema na síntese Falta de substrato, falta de estímulo, desordem da produção Hemograma: ● Valores de referência de hemoglobina: Homens → 14,9g/dL em média (13,0-16,9) Mulheres → 13,2 g/dL em média (11,5-14,9) Ref: https://www.scielo.br/j/jbpneu/a/qWmCZGwZRNcyLNB4LSDtrSx/abstract/?lang=pt ● Hematócrito → avaliar a massa de hemácias em 100ml de plasma, eleva na desidratação e diminui com a expansão do líquido extracelular. Quanto maior, mais grosso, quanto menor, mais ralo. https://www.scielo.br/j/jbpneu/a/qWmCZGwZRNcyLNB4LSDtrSx/abstract/?lang=pt @thomaspetrius @andreamaralc ● Volume corpuscular médio (VCM) → Reflete o tamanho das hemácias, pode indicar hemácias normocítica (80-100), microcítica (<80) e macrocítica (>100) ● Hemoglobina corpuscular média (HCM) → Reflete a quantidade de hemoglobina por hemácia ● Concentração de hemoglobina corpuscular média → Reflete a concentração de hemoglobina por hemácia, podendo ser hipocrômica (<32), normocrômica (>32 <36) e hipercrômica (>36) ● Grau de heterogeneidade das hemácias (RDW) → Indica o quanto as hemácias estão heterogêneas, com valor de referência variando entre 11%-14% ● Anisocitose → variedade do tamanho das hemácias ● Poiquilocitose → variedade da forma da hemácias Obs → A contagem e os níveis de Hb indicam gravidade, já as características como tamanho, cor, formato vão indicar as causas. Drepanócitos Falciforme Pleocariócitos Deficiência B12 Leptócitos Hemoglobinopatias Dacriócitos (lágrima) Invasão medular Esquizócitos Anemia hemolítica Esferócitos Esferocitose hereditária, AHAI Obs. → o quadro acima é com intuito de tentar relacionar achados com causas, não sendo indicado deduzir como regra. ANEMIAS CARENCIAIS Anemia ferropriva Conceito: Deficiência do ferro de modo que prejudique a síntese de hemoglobina, principalmente a parte heme, gerando um quadro de anemia. Epidemiologia: ● Anemia mais comum do mundo ● Maior prevalência em países subdesenvolvidos → pela baixa ingestão de ferro ou contaminação por helmintos ● Acomete principalmente crianças, mulheres jovens ou grávidas. Fisiopatologia: @thomaspetrius @andreamaralc O controle do ferro no organismo parte principalmente pela absorção do ferro da alimentação, entretanto, há perda de ferro de 1mg diária por urina, fezes, cabelo e unhas. O ferro heme (2+) consegue ser absorvido diretamente, entretanto, o ferro não heme (3+) (comum nos vegetais e grãos) precisa ser convertido em 2+ para ser absorvido. Ao passar do lúmen para o enterócito, o ferro captado pode ser armazenado (na forma de ferritina), ser utilizado, ou absorvido para o plasma, ao passar por uma proteína de canal (ferroportina). A ferroportina, por sua vez, é controlada (negativamente) pela Hepcidina, que na alta de ferro atua inibindo a ferroportina, favorecendo a diminuição da absorção férrica. A hepcidina pode estar elevada em situação de inflamação. Qualquer desregulação da absorção (seja por algum mecanismo fisiológico ou mesmo pela baixa ingestão de alimentos ricos em ferro) ou sangramento gastrointestinal podem causar anemia ferropriva. @thomaspetrius @andreamaralc Manifestações clínicas: ● Manifestações gerais de anemia (já citadas acima) ● Glossite atrófica ● Estomatite angular ● PICA ● Coiloníquia ● Queda de cabelo ● Síndrome das pernas inquietas Achados laboratoriais/Diagnóstico: ● Anemia @thomaspetrius @andreamaralc ● VCM baixo (microcítica) ● HCM baixo (hipocrômica) ● Aumento de RDW (anisocitose) ● Hipoproliferativa (ausência de reticulócitos) ● Aumento das plaquetas discreto ● Ferritina baixa (pode estar alta em situações de inflamação) ● Ferro sérico baixo ● Saturação de transferrina baixa ● Capacidade total de ligação do ferro (TIBC) aumentado ● Protoporfirina eritrocitária livre aumentada ● Mielograma é o padrão ouro, pois avalia a quantidade de ferro na medula, entretanto, por ser um procedimento invasivo, recomenda-se diagnóstico laboratorial. Tratamento: ● A terapia tradicionalmente é a reposição do ferro pelo sulfato ferroso, em doses de 60 a 200 mg/dia, administrada em doses fracionadas. ● Reticulócitos aumentam cerca de 4 a 7 dias ● Pico no 10o dia, seguindo por reinicio da eritropoiese @thomaspetrius @andreamaralc Anemia megalobástica Conceito: Tipo de anemia que ocorre devido a deficiência de B12 e/ou ácido fólico, uma vez que ambos são importantes para o amadurecimento das células hematopoiéticas, sendo um achado anormal característico nos eritroblastos. Como ocorre a absorção da B12: A vitamina B12 é ingerida pela dieta e se liga ao Fator Intrínseco (FI) no estômago. Após isso, o complexo FI-B12 vai até o duodeno, onde se liga ao receptor de FI, a cubilina. A cubilina irá se ligar a Amnionless, que promove a endocitose da B12 nas células do íleo, onde a B12 é absorvida e o FI é destruído. A vitamina B12 é absorvida pelo sangue portal, onde se liga a transcobalamina que entrega a B12 para a Medula Óssea e a outros tecidos. Fisiopatologia: Qualquer déficit do mecanismo descrito é capaz de gerar anemia megaloblástica, uma vez que a vitamina B12 e ácido fólico estimulam síntese de DNA, divisão celular e maturação das células, de modo que a ausência desses fatores geram uma divisão e diferenciação deficitária das células (conceito estende para demais células, como leucócitos e plaquetas), favorecendo uma hemácia com citoplasma aumentado e um núcleo pouco desenvolvido (célula megaloblástica). Leucócitos hipersegmentados é um achado clássico que acompanha anemia megaloblástica. Dentre todas as causas de déficit de deficiência de B12 (baixa ingestão, por exemplo) há um fator contribuinte importantíssimo: anemia perniciosa. A anemia perniciosa é uma anemia com presença de anticorpo anti fator intrínseco, desfavorecendo todo o mecanismo citado acima. É uma anemia mais comum em mulheres e acima dos 60 anos de idade, e tende a ter maiores @thomaspetrius @andreamaralc associações com outras doenças autoimunes. Visto ser considerada uma patologia autoimune, na maioria dos casos de anemiaperniciosa, o sistema imunitário ataca e destrói as células do organismo, designadas de células parietais, que produzem fator intrínseco no estômago. Para diagnóstico de anemia perniciosa é estabelecido por meio da detecção de células parietais e anticorpos de fator intrínsceco. O tratamento é por toda a vida e consiste em suplementação por toda a vida de B12 intramuscular ou doses orais de vitamina B12. Manifestações clínicas: ● Icterícia leve ● Glossite ● Estomatite angular ● Sintomas leves de má absorção, como perda de peso ● Púrpura e hiperpigmentação generalizada (raro) ● Pode ser assintomático, recebendo diagnóstico por hemograma feito por outros motivos indicando macrocitose ● Problemas neurais (deficiência de B12) Laboratório/diagnóstico: Tratamento: @thomaspetrius @andreamaralc ANEMIAS HEMOLÍTICAS Talassemias Conceito: Doença hereditária, caracterizada pela deficiência na síntese de globinas, gerando uma produção de hemoglobina deficitária, podendo ser talassemia alfa e beta. Epidemiologia: ● Práticas de casamentos consanguíneos em países subdesenvolvidos ● Idade materna elevada ● Efeito de mudança genética e fundador ● Mais comum em países do mediterrâneo, sul e sudeste da Ásia e Oriente Médio ● Beta talassemia é mais comum no mediterrâneo ● Alfa talassemia é mais comum no oriente Talassemia beta: Fisiopatologia: Lesão genética no cromossomo 11, podendo haver envolvimento de dois genes que são encontrados neste cromossomo. Em caso de acometimento de apenas um gene, a talassemia se configura como beta menor (beta+), produzindo ainda uma certa quantidade de cadeias beta. Entretanto, quando há acometimento de ambos os genes do cromossomo 11, configura-se talassemia beta maior (beta 0), tendo como característica a produção nula das cadeias beta. Com o déficit na síntese de cadeias beta, a quantidade não se equivale às cadeias alfa (que nesse caso, a produção está normal). Dessa forma, há globinas alfas livres, que se precipitam, gerando danos à membrana e causando destruição celular. Ou seja, a anemia nesse caso é causada pela precipitação de alfa livre e pela deficiência da síntese de cadeias beta. Manifestações clínicas talassemia beta menor (beta +): ● Fraqueza ● Cansaço ● Dores na perna ● Não responde ao tratamento de ferro ● Pode ser assintomático Hemograma da talassemia beta menor (beta +): ● Glóbulos vermelhos normais ou até um pouco acima ● Discreta anemia ● Reticulócitos presente ● VCM baixo ● HCM baixo ● Possível variedade da forma das hemácias @thomaspetrius @andreamaralc ● Nível de HBA2 >3,5% + eritrócitos microcíticos e hipocrômicos é diagnóstico de beta talassemia menor. ● O achado acima pode se justificar pelo fato de que na falta de globina beta há aumento de cadeia delta em um mecanismo compensatório visando “regular” a quantidade de alfa livre por conta do déficit de síntese de beta. Manifestações clínicas da talassemia beta maior (beta 0): ● Grave desde o nascimento ● Icterícia ● Atraso no crescimento ● Anemia acentuada ● Hepatoesplenomegalia ● Proeminência óssea (espessamento da dípode), “cabelos” no raio X → a medula óssea sofre hiperplasia buscando compensar a falha genética ● Face talassêmica ● Pelo aumento de ferro devido às constantes transfusões, o ferro vai estar elevado e sem o tratamento quelante, esse ferro em excesso pode levar a uma morte precoce por danos cardíacos Diagnóstico laboratorial: ● Grave anemia microcítica e hipocrômica, com aumento de reticulócitos e presença de eritroblastos ● Cromatografia de líquida de alta resolução ou eletroforese de hemoglobina Tratamento: ● Transfusões regulares para manter a Hb acima de 10 @thomaspetrius @andreamaralc ● Terapia quelante de ferro ● Ácido fólico ● Esplenectomia → importante para diminuir a necessidade de transfusões, porém deve ser evitada até os 6 anos de idade devido riscos de infecções ● Vacinação ● Transplante de MO Talassemia alfa: Fisiopatologia: Doença causada por deleções, mais raramente, por mutações de genes da alfa globina. Havendo 4 cópias de genes da alfa globina, a gravidade clínica é dependente do número de genes que faltam ou estão inativos. ● 1 gene afetado → talassemia mínima/portador silencioso, geralmente é assintomático, descobrindo a doença somente com análise de DNA ● 2 genes afetados → talassemia menor/traço talassêmico, geralmente é assintomático, descobrindo somente com análise de DNA ● 3 genes afetados → doença da hemoglobina H (B4) ● 4 genes afetados → hidropsia fetal (incompatível com a vida) Obs. → hemoglobina Bart´s possui muita afinidade com oxigênio, gerando assim um péssimo desempenho funcional (4 γ) Diagnóstico: ● Em casos das mínimas e menores, somente com DNA. ● Já a doença da HbH a eletroforese ou HPLC identifica @thomaspetrius @andreamaralc Tratamento: ● Transfusões de sangue ● Quelantes de ferro ● Ácido fólico ● Em casos específicos, transplante MO Anemia Falciforme Conceito: Causada por uma mutação no gene das globinas Beta. Epidemiologia: ● População afro-descendente ● Traço falciforme apresenta proteção de 90% contra malária grave ● os deslocamentos por conta da escravidao e por causa da migração aumentaram portadores pelo globo Fisiopatologia: Há uma substituição de Adenina por timina no códon 6 do gene da HBB, resultando na presença de um resíduo valina em lugar do resíduo ácido glutâmico. A HbS sofre uma polimerização quando está desoxigenada, fazendo com que a hemácia se distorça, adotando uma forma de foice. Dessa forma, irá gerar danos à hemácia, resultando em vasoclusão e hemólise precipitada. Nessa anemia, há um ciclo de falcização-desfalcização, que se repete com a circulação dos eritrócitos. Quanto mais demorada for a passagem das hemácias mais vai ocorrer a falcização e o dano na membrana eritrocitária. @thomaspetrius @andreamaralc ● Valina B6 possibilita a polimerização da HbS quando desoxigenada → Lesão aos eritrócitos → Membrana danificada → hemólise ● Eritrócitos falciformes interagem com o endotélio e com outras células sanguíneas causando vasoclusão. ● Hemólise intravascular libera hemoglobina para o sangue que diminui a disponibilidade óxido nítrico, gerando um desvio do equilíbrio para vasoconstrição e ativação endotelial, contribuindo ainda mais para piora do quadro, pois soma-se à oclusão gerada pelas próprias hemácias falciformes ● A maior parte da hemólise é extravascular, quando os macrofagos do baço reconhecem as células falciformes resultando em eritrofagocitose. ● Além de tudo, os eritrócitos falcizados aderem ao endotélio vascular gerando inflamação e aderência dos leucócitos e plaquetas. ● Quanto maior a formação de polímeros, pior. É intensificado por: Aumento da concentração intracelular de HbS; Diminuição do pH e aumento da temperatura. ● Doença falciforme homozigoto (HbSS) ou na coerança de HbS e B talassemia, não há presença de HbA e estão associadas a maior gravidade clínica Manifestações Clínicas: ● Anemia ● Icterícia ● Dor ● Atraso no crescimento ● Úlceras ● Retinopatias ● Priapismo ● Esplenomegalia -Traço falciforme: ● Eritrócitos com predomínio de HbA (hemoglobina normal). Nesse caso, a polimerização é quase nula, exceto em hipóxia prolongada, acidose e desidratação. O indivíduo traço, isto é, com apenas um gene para anemia falciforme, possui expectativa de vida normal, como uma pessoa não traço. -Doença falciforme: ● Manifestações clínicas bem variáveis, ainda mais em casos de HbSS e HbSB° que apresentam evolução grave. ● A doença falciforme apresenta doença em múltiplos órgãos e suas manifestações são específicas de acordo com a faixa etária. ● Manifestações agudas: Risco de infecções, AVE e complicações torácicas @thomaspetrius @andreamaralc ● Manifestações crônicas: Doença pulmonar crônica, insuficiência renal crônica, hipertensão pulmonar e complicações oftalmológicas. ● Essa sintomatologia varia de acordo com a idade, sendo a dactilite a primeira manifestação em crianças. Ao nascer, a criança tem prevalência de HbF entre os 6 meses de idade, onde há umaconversão para a HbA, por isso após esses 6 primeiros meses as manifestações tendem a aparecer. ● Esplenomegalia → O baço vai fazer um sequestro de hemácias falciformes, aumentando a hemólise devido a falcização das hemácias, expandindo seu tamanho e agravando a anemia devido a diminuição de hemácias no sangue periférico. Esse baço pode estar disfuncional, sendo um fator para aumento de infecções. ● Acidente Vascular Encefálico (AVE) → Antes do rastreamento com Doppler e a prevenção, era a principal causa de morte em crianças. @thomaspetrius @andreamaralc ● A maior parte das lesões crônicas, se dão no adulto, mesmo que não exclua a possibilidade na infância. Insuficiência Renal em estágio terminal e incomum antes da vida adulta → microalbuminúria e hipostenúria. ● Agudização: Crise álgica (vasoclusão) com frequência e baixa previsibilidade. Desencadeado por infecções, estresse, desidratação ou frio. Crianças a dor é na mão e nos pés e no adulto a dor é nos braços, MMII e tronco. Diagnóstico: ● Solicitar hemograma completo → Em falciforme, a Hb é de 6 a 9. ● Eletroforese de hemoglobina. Tratamento: ● Em casos indicados, administrar hidroxiureia → esse medicamento irá aumentar o nível de HbF, consequentemente reduzindo as agudizações e promovendo melhor qualidade de vida. ● Ácido fólico. ● Transfusões sanguíneas quando necessárias. ● Em crises álgicas: Hidratação + Opióides para alívio da dor + oxigenioterapia + RX tórax para verificar se não há síndrome torácica aguda. ● Transplante de MO caso haja indicação. @thomaspetrius @andreamaralc MALÁRIA Conceito: Doença causada por uma infecção pelos protozoários parasitas do gênero Plasmodium, que são transmitidos por picadas de fêmeas dos mosquitos Anopheles infectados. Epidemiologia: ● Doença parasitária mais importante dos seres humanos ● Centenas de milhões de casos/ano ● Centenas de milhares de mortes/ano ● Endêmica na maior parte dos trópicos (América do Sul, Central, África, Oriente Médio, Subcontinente Indiano, Sudeste Asiático e Oceania) ● Transmissão, mortalidade e morbidade são maiores na África, muito pelo fato de que o protozoário mais comum por lá é o principal responsável pela forma grave da doença (Plasmodium Falciparum) ● Áreas endêmicas predominam falciparum e vivax ● Em áreas altamente endêmicas as principais vítimas são crianças e em segundo lugar, grávidas (elevado risco de morbidade maternal, baixo desenvolvimento infantil, morte pós nascimento) ● Queda significativa entre os anos 2000 a 2015, entretanto, desde 2015 os números parecem ter estagnados Malária em viajantes: ● Comum em viajantes que saíram de áreas não endêmicas para áreas endêmicas→ pode se manifestar somente meses após a visita, sendo a mais comum doença febril em viajantes que retornam do trópico para países desenvolvidos Tipos de patógenos: ● Plasmodium falciparum: responsável pela maioria dos casos graves, predominante na África ● Plasmodium vivax: gera doença grave com baixa frequência, é tão popular quanto o falciparum, com exceção da África. Embora gere doença grave com baixa frequência, hoje em dia tem-se a ideia de que é mais comum do que anteriormente se pensava ● Plasmodium ovale: casos menos comum da doença e em geral não provocam doença grave ● Plasmodium malariae: casos menos comum da doença e em geral não provocam doença grave ● Plasmodium knowlesi: parasita de macacos, muito comum em partes da ásia e tem sido responsável por casos da malária (inclusive grave) em pacientes expostos a vetores que picam macacos em área de florestas @thomaspetrius @andreamaralc Característica do vetor: ● Antropofílica→ preferência por humanos ● Endofílica→ característica de estar dentro da casa ● Endofágica→ característica de picar dentro da casa ● Hábitos noturnos Fisiopatologia: Mosquito do gêneros Anopheles, cuja sua distribuição é variável, de acordo com distribuição geográfica, preferências ecológicas, suscetibilidade às medidas de controle do mosquito, possuem maior atividade a noite, levando à exposição excessiva do residente em áreas endêmicas, passando por raras exposições em áreas não endêmicas. Ciclo biológico do parasita da malária. As metades superior e inferior do diagrama indicam as fases do ciclo do parasita no ser humano e no mosquito anofelino, respectivamente. A partir da glândula salivar de uma fêmea do mosquito Anopheles, os esporozoítos são injetados sob a pele (1). Em seguida, @thomaspetrius @andreamaralc circulam pela corrente sanguínea até o fígado (2) e amadurecem no interior dos hepatócitos, transformando-se em esquizontes teciduais (4). Até 30 mil parasitas são então liberados na corrente sanguínea, na forma de merozoítos (5), produzindo infecção sintomática à medida que invadem e destroem os eritrócitos. Entretanto, na infecção por Plasmodium vivax e Plasmodium ovale, alguns parasitas permanecem dormentes no fígado, como hipnozoítos (3), que podem mais tarde se desenvolver em esquizontes teciduais e merozoítos, resultando em recaída. Na corrente sanguínea, os merozoítos (5) invadem os eritrócitos (6) e amadurecem nos estágios assexuados em forma de anel (7, 8), trofozoíto (9) e esquizonte (10). Os esquizontes maduros provocam os eritrócitos hospedeiros e liberam a próxima geração de merozoítos (11), que invadem células ainda não infectadas. Alguns parasitas eritrocitários diferenciam-se em formas sexuadas (gametócitos masculinos e femininos) (12). Quando ingeridos pelo mosquito, os gametócitos amadurecem em gametas masculinos e femininos (13), fundem-se para formar os zigotos (14) e, em seguida, desenvolvem-se em oocinetos, que invadem o intestino do mosquito (15) e transformam-se em oocistos (16). Os oocistos maduros produzem esporozoítos, que migram para a glândula salivar do mosquito (1), possibilitando outra infecção humana. O que acompanha o ciclo: ● Febre é a característica clínica mais comum → coincide com a ruptura de eritrócitos infectados e com aumento de níveis circulantes de TNF alfa e demais citocinas inflamatórias. ● O protozoário pode invadir eritrócitos de qualquer idade, e o mecanismo pelo qual há invasão e lise celular acompanhada por febre, tende a se manifestar de forma cíclica (falciparum: 48h/ vivax e ovale: 48h/ malariae: 72h/ knowlesi: 24h) ● Na gravidez, algumas cepas do falciparum ligam-se a ligantes da placenta, fazendo com que mulheres de zonas endêmicas (principalmente em primeira gestação) tenham elevado risco de morbidade (devido anemia, má formação, aborto espontâneo etc) ● A virulência em si do parasita não está bem elucidada, entretanto, há uma característica específica atribuída ao falciparum que provavelmente está relacionada com a forma grave da doença: citoaderência Citoaderência: Protozoários falciparum estimulam aderência (por meio principalmente da PfEMP-1) dos eritrócitos à ligantes das células endoteliais. Com isso, eritrócitos infectados por estágios mais evoluídos não circulam, ficando aderidos a pequenos vasos no encéfalo e outros órgãos, evitando assim, que os infectados cheguem ao baço e sejam eliminados. É justamente a citoaderência que tem grande parcela na geração da forma grave da doença, pois o processo gera alterações inflamatórias locais com consequente disfunção orgânica. @thomaspetrius @andreamaralc A malária por P. falciparum, em particular, pode evoluir para: ● Malária cerebral → pode levar ao coma ● Edema pulmonar não cardiogênico, → comprometimento respiratório grave ● Insuficiência renal, anemia grave → acidose, hipoglicemia e outras síndromes de disfunção orgânica. Parasitas “enganam” o sistema imune do hospedeito: Os parasitas da espécie P. falciparum utilizam a variação antigênica para escapar da resposta imune do hospedeiro. A principal proteína que medeia a citoaderência dos eritrócitos infectados às células endoteliais, a proteína de membrana eritrocitária de P. falciparum 1 (PfEMP-1), é transportada até a superfície do eritrócito e constitui um alvo das reações imunes do hospedeiro que limitam a infecção. A família da PfEMP-1compreende cerca de 60 proteínas, porém apenas uma variante da PfEMP-1 é expressa na superfície de um eritrócito infectado. Durante o curso da infecção, os parasitas frequentemente variam a expressão da PfEMP-1 para impedir as respostas do hospedeiro. Esse fator e a alta variabilidade na sequência de muitas moléculas de PfEMP-1 apresentam um amplo repertório de antígenos e, provavelmente, ajudam a explicar a aquisição lenta da imunidade antimalárica protetora. Manifestações clínicas -Malária não complicada: Maioria dos pacientes ● 10 a 14 dias de incubação, após uma picada para P.Falciparum e 2 semanas para outras espécies ● Febre → inicialmente irregular, porém sem o tratamento se torna regular com ciclos dependendo do parasita. ● Sintomas parecidos com a gripe: cefaléia, fadiga ● Paroxismo clássico da malária: Calafrios, febre alta e sudorese] ● Geralmente assintomático entre os períodos febris ● Também é comum: Mal estar; mialgia; artralgia, confusão; tosse; dor torácica e abdominal; anorexia; vômitos; diarreia ● Sinais físicos: Ausentes ou sinais de anemia; icterícia; esplenomegalia e hepatomegalia discreta ● Convulsões → em decorrência da febre em crianças pequenas ou indicativo de comprometimento neurológico. -Malária grave por P. Falciparum: ● Apresentação de sinais ou disfunções orgânicas como: 1) Prostração 2) Comprometimento da consciência 3) Convulsão 4) Desconforto respiratório → mais comum em adultos; edema pulmonar @thomaspetrius @andreamaralc 5) Choque 6) Acidose 7) Anemia grave → em decorrência da lise das hemácias 8) Sangramento excessivo → muito por conta da CIVD, com redução dos fatores de coagulação e plaquetas. 9) Hipoglicemia → o protozoário aumenta o consumo de glicose e aumento da demanda. 10) Icterícia → decorrente da hemólise e disfunção hepática 11) Hemoglobinuria 12)Comprometimento renal → Decorrente a hipoperfusão e necrose tubular aguda Obs → Malária cerebral é a causa grave mais comum em crianças. Nessa faixa etária também é comum anemia grave em decorrência da malária, sendo a transfusão de extrema importância. -Complicações por não P.Falciparum ● Geralmente não apresenta complicações em áreas endêmicas e em viajantes não imunes ● P.vivax é comum em várias áreas e tem mostrado ¼ das mortes em crianças internadas com malária grave ● Características: 1) Anemia Grave ou desconforto respiratório 2) Ruptura esplênica ou esplenomegalia reativa Diagnóstico: ● Características clínicas: Febre + região endêmica ● Diagnóstico microscópico → Gota espessa (alta sensibilidade, melhor em áreas endêmicas) e Esfregaço fino (alta especificidade, melhor em áreas não endêmicas) ● Detecção antígenos por teste rápido → imunocromatográficos ● Outros: Primers (codificação genética para gênero e espécie) Tratamento: ● Recomendado o tratamento com a base artemisinina em quase todos os países com Plasmodium Falciparum e cloroquina em não P.Falciparum. ● Drogas Hipnozoítas → Primaquina, tafenoquina ● Drogas Esquizontes → Cloroquina ● Para tratar Plasmodium Vivax/Malariae: Cloroquina + primaquina (em esquema curto ou longo.) ● Para tratar Plasmodium Falciparum: 1) 1° Linha: Artemeter + Lumefantrina 2) Esquema alternativo: Artesunato + mefloquina @thomaspetrius @andreamaralc DENGUE Conceito: Arbovirose causada por qualquer um dos sorotipos da dengue que pertencem a Flaviridae (mesma família da febre amarela), e são transmitidos ao homem pela picada da fêmea do gênero Aedes Agente etiológico/Epidemiologia: ● Arbovírus do gênero flavivirus da família Flaviridae ● Vírus RNA de filamento único, esférico e envelopado ● Existem 4 sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV- 3 e DENV-4 ● 100 países apresentam epidemias ou surtos de dengue ● Há relatos de transfusão vertical ● Transmissão por transferência sanguínea é possível (se doação ocorrer na fase virêmica) ● Não há transmissão pessoa/pessoa (como se fosse gripe) ● A transmissão vetorial é a mais importante ● Vetores hematófagos ● Aedes é o principal vetor (muito adaptado ao ambiente urbano) Fisiopatologia ● Picada do vetor → vírus terá preferência pelas células mononucleadas e/ou musculoesqueléticas → replicação ● Penetra nos monócitos → segunda onda de replicação → se dissemina seja no interior das células ou livre no plasma. ● Tropismo: 1° Macrofagos e 2° Celulas musculares (justificando a intensa mialgia da dengue) ● A replicação viral estimula a produção de citocinas pelos macrofagos, e indiretamente, pelos linfocitos T helper específicos que interagem com o HLA CII dessas células → TNF-α e IL-6 (explicando a relação da febre) ● A resposta imune começa na 1° semana da doença → tanto a resposta celular e humoral participam do controle da doença ● Linfócitos TCD8+ são capazes de destruir células infectadas pelos vírus, por intermédio da ação dos anticorpos específicos → citotoxicidade anticorpo-dependente ● A partir do sexto dia, IgM já é detectado e continua no soro por alguns meses. Já o IgG, iniciam na primeira semana com pico no final da segunda, ficando positivo por vários anos e gerando imunidade soro específica por toda a vida. → Forma Grave: ● Maior chance de piora quando há segunda infecção pelo sorotipo 2. Do pior para o melhor: 2,3,4,1. @thomaspetrius @andreamaralc ● Nem sempre o portador de dengue grave terá uma infecção prévia. Alguns evoluem para a forma grave já na primoinfecção e a explicação mais provável disso é que haja uma predisposição genética. → Qual a explicação desse fenômeno (piora na infecção secundária)? ● Na primeira infecção, o sistema imune produz anticorpos contra aquele sorotipo específico, denominados anticorpos homólogos, que provavelmente permanecerão por toda a vida do indivíduo, esses anticorpos vão fornecer proteção contra outros sorotipos (imunidade cruzada), porém de curta duração (alguns meses) ● Caso um indivíduo seja infectado anos depois por outro sorotipo, por exemplo, o sorotipo 2, aqueles anticorpos produzidos na primeira infecção (para o primeiro sorotipo) não serão capazes de neutralizá-lo. ● Para esse novo sorotipo, eles são considerados anticorpos heterólogos, de caráter “subneutralizante”. ● Basicamente, a dengue grave irá ocorrer por uma resposta inadequada. Os anticorpos produzidos contra o sorotipo da primoinfecção serão incapazes de neutralizar o novo sorotipo. Com isso, será facilitada a entrada do vírus nos macrofagos, tendo alta replicação. O resultado disso é a liberação de @thomaspetrius @andreamaralc citocinas pelos monócitos. Além disso, os linfócitos TCD4 + específicos para o vírus, vão secretar IFN-GAMA que irão agir potencializando ainda mais a internalização viral nos monócitos infectados, aumentando a resposta inflamatória, basicamente, por um feedback positivo. O resultado de todo esse processo é o aumento da permeabilidade vascular e trombocitopenia (resultando alto hematócrito, má perfusão e em casos mais graves, choque hipovolêmico) ● O antígeno NS1 é secretado durante a infecção e é capaz de neutralizar moléculas do glicocálice (substância da membrana endotelial capaz de “frear” a permeabilidade → o resultado disso é o aumento da permeabilidade, agravando ainda mais o extravasamento) Manifestações clínicas: 1) Fase Febril: ● Principal manifestação: Febre alta (39°C a 40°C), de início súbito com duração de 2 a 7 dias. ● Febre acompanhada geralmente de: adinamia, cefaléia, dor retroorbitária, mialgia e artralgia. ● Queixas gastrointestinais são frequentes durante essa fase, como náusea, vômitos e diarreia. ● Exantema maculopapular (vermelhidão) que acomete o tronco, face e extremidades, podendo ou não ser pruriginoso (coceira). Costuma surgir na defervescência (baixa da febre). 2) Fase crítica: ● Nem todos os pacientes passam por essa fase ● Ocorre geralmente entre o 3° e 7° dia, após início dos sintomas ● São os indivíduos que ocorrem o extravasamento plasmático. ● Nessa fase, é obrigatório comunicar ao paciente a observar e estar alerta aos SINAIS DE ALARME. Sinais de alarme → A Vó Hoje aumentou o Sal Ao Ler HipotensãoAcúmulo de líquido (Ascite, Derrame pleural etc) Vômito Hepatomegalia Aumento progressivo do hematócrito Sangramento de mucosas Dor abdominal intensa (referida ou a palpação) Letargia e/ou irritabilidade Hipotensão ortostática e/ou lipotimia Obs→ o “Ao” se refere a dor abdominal. @thomaspetrius @andreamaralc ● O choque circulatório é muito grave e deve ter grande atenção. ● Sinal de choque ocorre em média de 24 a 48h após início do extravasamento ● se choque não tratado, o óbito ocorre em 12 a 24h ● Constatado choque, deve ocorrer reposição volêmica imediatamente. 3) Fase de recuperação ● Normalmente, o indivíduo evolui para essa fase após ótimo tratamento da fase crítica ● O paciente pode evoluir direto da fase febril para a fase de recuperação ● Líquido começa ser reabsorvido e a melhora é nítida ● Ter atenção para sinais de hipervolemia (HAS, edema agudo de pulmão etc) ● Muitos pacientes podem apresentar bradicardia Prova do laço: Diagnóstico: ● Em epidemias, os critérios clínicos/epidemiológicos são suficientes para diagnóstico, sendo os testes específicos obrigatórios somente no primeiro caso ● Exame físico ● O diagnóstico pode ocorrer de duas formas: identificação do antígeno viral ou identificação dos anticorpos específicos ao vírus ● A escolha do exame vai depender da fase da doença, muito embasada no tempo em que os sintomas iniciaram ● Até o 5o dia → identificar virus (NS1 → hoje, é o mais usado, isolamento viral, RT-PCR e biópsia) @thomaspetrius @andreamaralc ● Do sexto dia em diante → sorologia (elisa indireto para IgM), a presença de IgG não é tão forte para fechar diagnóstico, uma vez que podem estar presentes por uma infecção prévia ● A partir da suspeita, devemos alocar os pacientes em seus devidos grupos para iniciar o tratamento e quais exames serão necessários; Sinais de choque: Obs→ Tento Estudar Pra Ensinar PAra os Tutores a Origem da Hipotensão Diagnóstico, condução e tratamento da dengue Grupo Manifestação Conduta obrigatória Tratamento A Caso suspeito de dengue, sem sinal de alarme, ausência de sangramento, sem comorbidade, sem condição clínica especial o ou risco social Exames específicos só em zonas não epidêmicas, exames exames, exames complementares fica a critério do médico Hidratação oral de 60ml/kg/ B Caso suspeito, ausência de sinal de alarme, presença de sangramento (espontâneo ou prova do laço positiva) Exames específicos seguem a regra do grupo A, hemograma obrigatório (para ver hematócrito), demais exames fica a critério do médico Reposição oral igual grupo A, se hematócrito for normal, manter prescrição e reavaliar em até 48h. Se houver sinais de alarme e/ou hemograma alterado, deverá ser conduzido como grupo C C Caso suspeita + sinal de alarme Exames específicos sempre + alguns complementares (rx de tórax, hemograma, aminotransferase, usg de abdômen e albumina sérica), outros exames como gasometria, glicose, eco fica a critério do médico Reposição IV → 1a hora (fase de expansão): soro fisiológico 10 ml/kg/h → se melhora do hematócrito e sinais, deve seguir para a fase de manutenção. Em caso de ausência de melhora, a fase de expansão deve ser repetida até 3x, se mantida a NÃO melhora, conduzir como grupo D. 2a hora (fase de manutenção): manter soro e avaliar hematócrito @thomaspetrius @andreamaralc D Caso suspeita + sinais de choque Exames seguem grupo C Reposição IV e UTI 1a fase (expansão rápida): SF 0,9% ou ringer lactato 20ml/kg em até 20 minutos, não havendo melhora, a 1a fase pode ser repetida em até 3x, havendo melhora, conduzir como grupo C. Conduta em caso de não melhora: analisar hemoconcentração → hematócrito em ascensão e choque: infundir albumina 0,5-1g por kg hematócrito em queda e choque: investigar hemorragias e coagulopatias de consumo constatada hemorragia: pedir exames de coagulopatia e dosagem e analisar possível transferência de plaquetas @thomaspetrius @andreamaralc @thomaspetrius @andreamaralc CHIKUNGUNYA Conceito: Doença infecciosa febril, causada pelo vírus Chikungunya, que pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. No continente africano a doença pode ser transmitida pelo Culex, Mansonia e Anopheles. Virologia: ● Arbovírus de RNA fita única pertencente ao gênero Alphavirus, da família Togaviridae ● Principais vetores → Ae. aegypti e Ae. albopictus ● No ciclo natural → homem é hospedeiro definitivo e outros animais são os intermediários @thomaspetrius @andreamaralc Manifestações clínicas: ● Incubação de 1 a 12 dias ● Fase aguda → febre alta durando no máximo 10 dias ● 2o a 5o dia → intensa poliartralgia (dor pode ser incapacitante) ● Pode ter queixas gastrointestinais e linfadenopatia ● Linfadenomegalia ● Rash maculopapular ao 3o dia (4o-75% dos pacientes) ● Após fase aguda → queixas articulares são comuns (fase subaguda), duração variável, na maioria dos casos, regride em até 3 meses ● Alguns apresentam artrite > 3 meses (fase crônica) → a maioria evolui sem sequelas ● Fenômeno de Raynaud (20%) → artérias dos dedos ficam mais estreitas, diminuindo o fornecimento de sangue ● Fase crônica pode durar até 3 anos (fadiga, cefaleia, prurido, distúrbio do sono, déficit de atenção, alterações cerebelares e outros achados podem acompanhar a fase crônica) ● Fatores que “facilitam” o estabelecimento da fase crônica → > 45 anos; doença articular prévia; intensidade alta de sintomas na fase aguda ● Acredita-se que após infecção, o paciente tenha para sempre imunidade contra a doença Diagnóstico: ● Sorologia IgM e IgG (> 6 dias) ● RT-PCR (até 5o dia) Tratamento e prevenção: ● Tratamento visando amenizar sintomas ● Paracetamol, podendo associar dipirona. ● Evitar Aines na fase aguda ● Se sintoma refratário → imunossupressor pode ser tentado ZIKA Conceito: Doença febril causada por um vírus, geralmente com febre baixa. Virologia: ● Gênero flavivirus ● Vírus RNA encapsulado ● Aedes é o principal vetor no Brasil, em outros países, há outros vetores ● Contaminação pode ser sexual ● Transmissão intrauterina Manifestações clínicas: ● > 80% são assintomáticos @thomaspetrius @andreamaralc ● Há uma “ideia” de que os sintomas são mais exacerbados em mulheres ● Período de incubação de 2 a 14 dias ● Início com sintomas leves e inespecíficos (exantema maculopapular, hiperemia conjuntival) ● Febre, mialgia, artralgia e edema periférico podem ocorrer eventualmente ● ZIKA gestacional ou ZIKA com fraqueza muscular (possível Guillain Barré) deve gerar preocupação maior Provavelmente: ● PCR alto ● VHS alto ● LDH alto ● TGP E TGO alterados levam a outros diagnósticos Diagnóstico: ● RT-PCR (podendo ser encontrado no soro até o 7o dia e na urina até 14 dias) ● Nas gestantes, pode haver replicação viral persistente, sendo a positividade de ambos os testes por mais tempo (podendo chegar até 10 semanas) ● Sorologia IGM anti-zica e confirmação pelo PRNT (capaz de identificar se a sorologia positiva é verdadeira ou não) Tratamento: ● Sintomático ● Dipirona e paracetamol ● Evitar anti-inflamatório (risco de ser dengue) ● Muito prurido pode pensar em anti-histamínicos @thomaspetrius @andreamaralc HEMOFILIA Conceito: Doença genetica relacionada ao sexo recessiva, cuja consequencia é a deficiencia na produçao dos fatores de coagulaçao e com isso maior incidencia de hemorragias. Podendo ser hemofilia A (fator VIII) e hemofilia B (fator IV), Epidemiologia: ● 1 em 5 mil nascidos vivos possuem Hemofilia A ● 1 em 30 mil nascidos vivos possuem hemofilia B ● Maior incidência de Hemofilia A devido à maior quantidade de DNAs que podem sofrer mutações (186K genes). Já a tipo B 34K genes. Fisiopatologia: ● Os genes para o Fator VIII e IX estão localizados no braço longo do cromossomo X ● Homem portador transmite para todas as filhas e nenhum filho, pois o Y é normal. ● Mulheres portadoras podem sofrer hemorragia, principalmente em casos de Lionização ● A proporção para qual o gene anormal é suprimido pelo alelo normal nas mulheres varia de acordo com o Fenômeno da inativaçãorandômica dos cromossomos X → Lionização. ● Para ocorrer mulheres hemofílicas: 1) Mulheres heterozigotas com Lionização extrema 2) Pai hemofílico + Mãe portadora = filha hemofílica 3) Alelo mutante em mulher com somente um cromossomo X (síndrome de turner) 4) Raros casos de Hemofilia A, transmitido como autossômico dominante, decorrente de uma nova mutação. ● Numa mesma família, na hemofilia A, a gravidade é constante → Quando há diferença de agravos dentro da mesma família há de se pensar no desenvolvimento de inibidor ou de lesões anatômicas que predispõem o sangramento frequente ou grave Diagnóstico: ● Se baseia na quantificação dos fatores VIII e IX ● O tempo TTPa irá depender da gravidade da hemofilia ● O diagnóstico das graves geralmente ocorre no primeiro ano de vida ● O diagnóstico das moderadas/leves ocorrem ao longo da vida, após algum trauma ou procedimento cirúrgico Classificação: ● A gravidade será diretamente proporcional a deficiência do fator @thomaspetrius @andreamaralc Hemofilia A Gravidade Porcentagem de produção do fator Acometimento Grave <1% do fator Hemorragia desde a infância, com o aparecimento de sangramento intra articular, hematomas musculares por traumas e/ou espontâneo Moderada 1 a 5% Hemorragias secundária a trauma ou pequenas cirurgias, hematomas espontâneos Leve 5 a 40% Difícil diagnóstico, especialmente em paciente que nunca fez cirurgia Manifestações clínicas: ● Grave: 1) Hemorragias de repetição e hemartroses graves, que quando não tratadas evoluem para artropatias crônicas e incapacitantes. Sujeitos a hemorragias graves que comprometem os órgãos vitais. ● Moderada: 1) Hematomas e hemartroses nem sempre estão associados a traumas. Se não tratar corretamente, evolui para instabilidade articular, resultando em sangramentos importantes e evidentes. ● Leve: 1) Sangramento somente após traumas ou cirurgias. Hemartroses espontâneas principalmente em articulações onde já teve hemorragia pós traumatismo não tratado corretamente ● Geralmente as manifestações de sangramento surgem quando começam a engatinhar. Ao andar aparecem hemorragias articulares e musculares + equimoses pós traumáticas @thomaspetrius @andreamaralc ● Sangramentos orais frequentes (ao morder a língua e lábios) de forma intermitente e persistente por semanas ● Para entender as manifestações, as mais frequentes são: 1) Hemartroses → manifestação hemorrágica mais comum nos hemofílicos, principalmente na forma grave. Articulações. 2) Hematomas → os musculares são o 2° mais comum em pacientes hemofílicos. Se pequenos são autolimitados, porém graves podem comprometer órgãos, nervos, contraturas musculares. Hematomas em musculatura ou partes moles do pescoço podem levar a obstrução das vias aéreas superiores. Obs.: síndrome compartimental em hemorragias intramusculares. 3) Hematúria → comum em 2 ⁄ 3 dos hemofílicos, após os 12 anos. Geralmente autolimitado. 4) Sangramentos gastrointestinais 5) Sangramentos no SNC → pior evento hemorrágico. Geralmente acomete na infância (recém nascido) ou após os 50 anos Tratamento: ● Baseia-se na reposição do fator deficiente, tratamento adjuvante, preventivo e tratamento das complicações associados a hemofilia ● Deve tomar várias vezes por semana de modo profilático para diminuir sangramentos Situação Meta Sangramentos espontâneos ou traumáticos (hemartrose) 25% a 30% do fator Hemorragia grave (em cirurgia dental de grande porte, por exemplo) 50% no mínimo do fator Qualquer evento hemorrágico em risco de vida 80% a 100% do fator Traumatismo importante, ou suspeita de hemorragia visceral ou intracraniana 100% ● Aumenta cerca de 2% de fator para cada unidade de fator VIII por kg ● Aumenta cerca de 1% para cada unidade de fator IX por kg ● Frequência de reposição de dose passa muito pelo alívio da dor, função articular e resolução do sangramento ativo ● Infusão contínua pode ter custo-benefício melhor, porém, pode estar associado ao desenvolvimento de aloanticorpos @thomaspetrius @andreamaralc ● Desmopressina → Bom em hemofilia A leve ou moderado. Pre procedimentos odontológicos. Vai agir aumentando fator de von willebrand e fator VIII. ● ASS é contraindicado ● Terapia gênica é promissora LEUCEMIAS AGUDAS (LMA e LLA) Introdução (Geral de Leucemia Aguda) ● 1 em cada 10 mil indivíduos desenvolvem leucemia aguda (neoplasia muito agressiva com elevada letalidade) ● Em nosso meio, em 2014, foram cerca de 11370 novos casos ● Leucemias são responsáveis por 3% dos cânceres nos EUA ● No Brasil, ocupam a 9a posição no ranking de neoplasias em homens e 10a em mulheres (excluídos tumores de pele não melanoma) ● Forma mais comum: Leucemia Mielóide Aguda (LMA) → muito incidente em orientais, elevando a quantidade de casos no mundo todo ● Em países ocidentais: LLC é a mais comum → a maioria das referências citam LCC com a maior incidente por conta disso ● Leucemias agudas são as mais comuns em crianças <15 anos (LLA é o tipo mais comum de câncer (considerando outros sem ser leucemia também) em crianças ● Definição para ser considerada aguda: presença de acúmulo de progenitores da linhagem linfoide ou mieloide (blastos), >20% na medula ou >5% no sangue periférico ● Tais blastos, característicos das leucemias agudas, são INCAPAZES de se diferenciar em células maduras → Há, por diferentes causas, um bloqueio de maturação (marco característico da doença) ● A nível de diferenciação, as leucemias crônicas possuem acúmulo de CÉLULAS MADURAS OU QUASE MADURAS, enquanto as agudas possuem CÉLULAS IMATURAS (BLASTOS) Patogênese: ● A doença inicia partindo do ponto em que uma célula progenitora (por sofrer alguma mutação genética) não consegue mais seguir a diferenciação hematopoiética ● Por não conseguir se diferenciar, o máximo que a diferenciação pode chegar é na forma de BLASTO ● A partir dessa “barreira”, a célula começa se multiplicar de forma descontrolada ● Ao se multiplicar de forma descontrolada, o acúmulo de células ocupa a medula óssea e impede o crescimento e diferenciação das células normais ● Leucemia Mieloide Aguda (LMA) → clone (isto é, as células que estão se proliferando após um “bloqueio da diferenciação”) pode ter origem na célula-tronco, CFU-mieloide, CFU-G/M ou CFU-E/mega, mieloblasto/promielócito, monoblasto, eritroblasto ou megacarioblasto etc. @thomaspetrius @andreamaralc ● Leucemia Linfoide Aguda (LLA) tem origem a partir da linhagem linfóide, ou seja, uma célula pré-t e pré-b precoce, células pré-t e pré-b ou mesmo um linfócito B com características de blasto (tudo isso recebe o nome de LINFOBLASTOS) ● 80% LLA é da linhagem B ● 20% LLA é da linhagem T (nesse caso, pode haver proliferação para timo (alto grau de malignidade, típico de crianças) A partir da célula que sofreu transformação, a LMA e a LLA são classificadas em um tipo: CLASSIFICAÇÃO LMA Subtipo Frequência (%) Nome Característica do Blasto M0 2-3 Leucemia aguda indiferenciada Indiferenciados, sem grânulos citoplasmáticos M1 20 Leucemia mieloide aguda com diferenciação mínima Mieloblastos com poucos grânulos azurófilos no citoplasma M2 30-40 Leucemia mieloide aguda com diferenciação (mieloblastos) Mieloblastos com grânulos azurófilos M3 5-10 Leucemia promielocítica aguda (pró mieloblastos) Promielócitos hipergranulares M4 15-20 Leucemia mielomonocítica aguda (mieloblastos, monoblastos) M4E: M4 com eosinófilos Mieloblastos, Monoblastos M5 10 Leucemia monocítica aguda (monoblastos) M5a: sem maturação M5b: com maturação M6 5 Eritroleucemia aguda (eritroblastos) Precursores eritróides megaloblásticos M7 1 Leucemia megacariocítica aguda (megacarioblastos) Megacarioblastos @thomaspetrius @andreamaralc * percentual em adultos CLASSIFICAÇÃO LFA Subtipo Crianças Adultos Nome Características L1 80% 25% LLA - Variante infantil Pré b precoce, pré-b, T L2 17% 70% LLA - Variante do adulto Pré b precoce, pré b, B e T L3 3% 5% LLA - Variante Burkitt-sím ile Célula B do Linfoma de Burkitt Evolução da Leucemia aguda: ● Blastos infiltrama MO e ocupam > 20% (OMS), a ocupação pode chegar até 100% ● Primeira consequência (fruto dessa ocupação): diminuição da hematopoiese normal ● Pancitopenia (anemia, leucopenia e plaquetopenia) → grande marco clínico da doença ● Além de ocupar, os blastos anormais liberam fatores inibitórios de hematopoiese e indutores de fibrose, aumentando ainda mais a disfunção medular ● Ao passo que causam esse problema na medula, esses blastos podem ser lançados na circulação sanguínea → gerando LEUCEMIA (células brancas no sangue) de tal modo que determina leucocitose ● Porém, sabendo que são células incapazes de se diferenciar, elas não possuem função, ou seja, altos leucócitos imaturos não adiantam nada, elas não conseguem exercer função imunológica ● Agora, além do problema causado na MO, esses blastos em excesso na corrente sanguínea podem gerar ainda mais problemas → infiltrar órgãos alvos (linfonodos, baço, fígado, gengiva, órbita, SNC, meninges, testículos, pele etc). A infiltração é MUITO GRAVE e pode LEVAR O PACIENTE AO ÓBITO devido a invasão tecidual maciça (gerando falência do órgão). ● Ou seja, o órgão pode “morrer” pela infiltração, ou pelas complicações graves da PANCITOPENIA (anemia, hemorragia, infecção), levando o indivíduo ao óbito. Caracterização: ● Blastos LMA são um pouco maiores do que LLA @thomaspetrius @andreamaralc ● Bastonetes de Auer é patognomônico de LMA (presentes no M1, M2, M3 e M4) ● Imunofenotipagem é padrão ouro para tipar as leucemias → pesquisa de marcadores na membrana e citoplasma do blasto a partir da administração de anticorpos específicos ligados a substâncias fluorescentes. Citogenética: ● Anomalias citogenéticas podem ser visualizadas no exame do cariótipo (citogenética convencional) ou através da técnica FISH (Fluorescence In Situ Hibridization). ● As alterações genéticas nas leucemias agudas, na prática, representam os principais parâmetros prognósticos para guiar a melhor terapia Citogenética na LMA: ● 50% dos casos há alterações cromossomiais ● Podem ocorrer deleções (del), inversões (inv) e translocações (t) ● Algumas alterações são importantes para especificar o tipo de leucemia. Cariótipo Principais anomalias Favorável t(8;21), t(15;17), inv16 Intermediário Cariótipo normal, trissomia do 6 (ou simplesmente “+6”), +8, +21, +22-Y, del(9q) Desfavorável -5/del(5q), -7/del(7q), t(6;9), t(9;22) ou cromossomo Filadélfia (muito comum na LMC) e cariótipo “complexo” (≥ 3 alterações), monossomias cromossomais Citogenéticas na LLA: ● > 85% possuem alterações cromossomiais ● Hiperploidia (cromossomos > 46) é uma alteração típica dessa leucemia na forma infantil, indicando BOM PROGNÓSTICO. ● Translocação t(9;22) → cromossomo Filadélfia: possui prognóstico reservado ● A maioria das translocações possuem prognóstico preservado, EXCETO t(12;21), que possui BOM prognóstico → alteração mais comum nas crianças, RARA em adultos LLA CRIANÇA @thomaspetrius @andreamaralc Cariótipo Principais anomalias Baixo risco HIPERploidia Alto risco T(1;19) Muito alto risco HIPOploidia LLA ADULTO Baixo risco Hiperploidia Alto risco Hipoploidia Informação: O termo “leucemia” é aplicado às neoplasias hematológicas originárias da medula óssea, nas quais o clone leucocitário aparece no sangue periférico (leucemia = “células brancas no sangue”). No entanto, eventualmente o diagnóstico é feito numa fase em que a neoplasia ainda se encontra restrita à medula (“leucemia aleucêmica”). Fatores de Risco: ● Primárias → surgem em paciente sem nenhuma doenças hematológica e sem uso prévio de quimioterápicos leucemogênicos (origem idiopática) ● Secundárias (pior) → surgem em pacientes com; 1) doenças hematológicas pré-leucêmicas (síndrome mielodisplásicas) ou 2) uso prévio de quimioterápicos: leucemia secundária possui pior prognóstico reservado, pois geralmente SEU CLONE É MAIS RESISTENTE AO TRATAMENTO LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA) DE FORMA ESPECÍFICA Introdução: ● Mais comum no mundo todo, por ter grande incidência em populações orientais (em países ocidentais LLC é a mais comum) ● Automaticamente, LMA é a leucemia aguda mais comum → incidência começa se elevar a partir dos 15 anos e tende a aumentar progressivamente com o passar do tempo → mais comum em adultos ● Ou seja, se o adulto for diagnosticado com leucemia, PROVAVELMENTE será LMA. ● Maior preferência ao sexo masculino Manifestações clínicas: ● Evolução pode ser aguda (dias) ou subaguda (semanas) → pacientes geralmente quando chegam ao serviço já apresentam sintomas nos últimos três meses ● Tríade: astenia, hemorragia e febre (lembrar da pancitopenia) ● Tríade se parece com anemia aplásica → importante diagnóstico diferencial ● Doenças infecciosas graves (como meningococcemia) podem se apresentar de forma semelhante (pelo déficit leucocitário) @thomaspetrius @andreamaralc ● Astenia é sintoma inicial em metade dos casos (difícil imaginar que seja leucemia somente com um sintoma tão subjetivo assim) → muito mais fácil de ser relacionada com anemia, por exemplo ● Anemia moderada/grave de instalação rápida ● Outros sintomas de anemia podem aparecer: cefaleia, dispneia, tontura ● Sangramento (plaquetopenia grave) → petéquias, equimoses, sangramento gengival, epistaxe, metrorragia, hemorragia digestiva ● M3 podem ter CIVD (coagulação intravascular disseminada) ● Febre → infecções bacterianas sistêmicas pela baixa de leucócitos funcionantes ou a chamada febre neoplásica (devido rápida proliferação clonal), que é uma condição menos frequente Obs. → todo portador de leucemia aguda com febre deve ser conduzido como se possuísse infecção grave, até que se prove o contrário ● Sinais de infiltração em órgãos → hepatoesplenomegalia (importante para diferenciar da aplásica) ● Esplenomegalia não tão proeminente quanto a LMC ● Linfadenopatia (mais comum na LLA) ● Dor óssea (mais comum na LLA) → possível invasão do periósteo ● Leukemia cutis → placas eritematosas devido infiltração cutânea ● Se leucometria > 50.000 ou > 100.000/mm3 (a depender do laboratório) pode ocorrer leucostase → Leucócitos em grande quantidade (hiperleucocitose) aumentam a viscosidade do sangue, podendo se aderir ao endotélio das vênulas pulmonares e outros órgãos, como o cérebro: paciente apresenta sintomas neurológicos (cefaleia, borramento visual, parestesias, torpor, coma, crise convulsiva), pulmonares (dispneia, taquipneia, insuficiência respiratória com hipoxemia grave) e geniturinários (priapismo, insuficiência renal aguda) → TRATAR URGENTEMENTE COM LEUCAFÉRESE (RETIRAR LEUCÓCITOS DO SANGUE) + QUIMIOTERAPIA Principais sintomas LMA ● Leucocitose às custas de Blastos mielóides ou leucopenia ● Plaquetopenia: equimoses, petéquias, epistaxe, gengivorragia ● Sarcoma mielóide (mais frequente em M2) ● Hiperplasia gengival (mais frequente em M4 e M5) ● Anemia: fraqueza, cansaço, dispneia aos esforços, palpitações Laboratório: ● Hemograma com anemia + plaquetopenia ● Leucometria é variável (podendo ter leucopenia ou leucocitose) ● Anemia é um achado universal, geralmente Hb (>5 <9) ● 25% dos casos a plaquetopenia é < 20.000 ● Leucocitose é comum (embora inicialmente pode ter leucopenia) ● 50% apresentam leucócitos 5k - 50k ● 25% < 5k ● 25% > 50k ● Blastos quase sempre encontrados no esfregaço (<5% dos casos blastos são ausentes na periferia) @thomaspetrius @andreamaralc ● Comum predomínio >70% de blastos em relação a outros leucócitos ● Blastos > 5% no sangue periférico configura leucemia aguda ● Blastos são leucócitos de maior tamanho, com cromatina nuclear imatura (mais clara) e na maioria das vezes possui mais de um nucléolo ● Bastonetes de Auer é patognomônico de LMA. ● Hiperuricemia em 50% dos casos → aumento da produção de ácido úrico devido hiperproliferação celular ● Aumento de lisozima (presente em monócitos e monoblastos é indicativo de M4 e M5, podendo levar a lesão tubular renal) ● Pseudo-hipercalemia e pseudo-hipoglicemia → quando sangue é colhido e demora para processar, os blastos liberam potássio e consomem glicose.Diagnóstico: ● Mielograma para confirmar diagnóstico (aspirado de medula óssea) → crista ilíaca geralmente é o local que se faz a aspiração ● > 20% de blastos (segundo OMS) entre as células nucleadas aspiradas fecha diagnóstico ● Após definir como leucemia, o aspirado deve ser analisado com finalidade de classificar o tipo da leucemia e o seu subtipo, além de analisar grau de mielofibrose associada (blastos liberam fatores pró-fibrose) ● Atenção para LMA-M3 → Promielócitos liberam fatores pró-coagulantes como fator tecidual, podendo levar a uma CIVD (coagulação intravascular disseminada), o que era até pouco tempo característico de um dos PIORES prognósticos das LMA. Entretanto, a terapia com ácido trasretinoico (ATRA, TAMBÉM CHAMADO DE TRETINOÍNA) os pacientes com LMA-M3 apresentam o melhor prognóstico. ● ATRA induz maturação de promielócitos Tratamento: Para plaquetopenia: ● Transfusão se 1) sangramento mucoso ou orgânico com plaquetometria < 50k (transfusão terapêutica) ou 2) plaquetometria <10k (ou 20k com febre ou infecção) (transfusão profilática). O esperado é que a transfusão produza aumento de 30k na contagem plaquetária total. @thomaspetrius @andreamaralc ● Plaquetopenia refratária se o incremento após 1h é inferior a 10.000 células/ mm3 após a transfusão de 06 unidades ou 1 unidade extraída por aférese, ou se o incremento for inferior a 2.000 células/mm3 por cada unidade de plaquetas transfundida → aloimunização por anticorpos anti-HLA é a principal causa de plaquetopenia refratária Para anemia: ● Transfusão se sintomática (manter hb. acima de 8) Para CIVD (M3): ● ATRA (dura 3 dias) + durante o sangramento: transfusão de plaquetas deve ser prescrita para manter a contagem plaquetária acima de 50.000/mm3 e a de crioprecipitado (rico em fibrinogênio), para manter o fibrinogênio sérico superior a 100 mg/dl. Alguns estudos demonstraram benefício com o uso de baixas doses de heparina 5-10 U/kg/h, em infusão contínua Para Leucostase: ● Transfusão de hemácias piora (aumenta viscosidade) ● Transfusão se hemorragia (mesmo com plaquetas relativamente “normais) ● Tratar LMA ● Leucoaférese se quimioterapia não puder ser iniciada Tratamento específico para LMA (duas fases): ● Indução da remissão ● Terapia pós-remissão 1) Indução da remissão → remissão completa quando desaparecimentos dos blastos do sangue periférico, medula óssea com menos de 5% de blastos, ausência de bastonetes de Auer e recuperação hematopoiética (avaliar plaqueta e leucócito no hemograma): ● arabinosídeo-C (citarabina ou ara-C) + daunorrubicina (uma antraciclina), nas doses 100 mg/m2 de ara-C em infusão contínua de 7 dias (ara-C) + 40-60 mg/m2 IV 1x/dia de daunorrubicina por 3 dias, o chamado esquema 7 + 3; ● Se após a administração do primeiro ciclo não houver remissão completa, repete-se mais um ciclo com o mesmo esquema, sendo o ara-C administrado em cinco dias e a daunorrubicina ou a idarrubicina em 2 dias (esquema 5 + 2). 2) Terapia pós-remissão (ou consolidação) → ● indicada para os pacientes com cariótipos de bom prognóstico, como t(8;21) no subtipo M2 e inv(16) ou t(16;16) no subtipo M4, e nos pacientes sem condições de receber o transplante de células hematopoiéticas. O melhor esquema utiliza altas doses de ara-C (3g/m2 IV 2x/dia no total de 6 doses), por 4 ciclos (ou 2 ciclos seguidos de transplante autólogo). Uma remissão duradoura (> 5 anos) é atingida em 30-50% dos pacientes com @thomaspetrius @andreamaralc cariótipo favorável que haviam atingido a remissão completa, com grande chance de cura. A taxa é inferior nos casos sem cariótipo favorável ● Transplante de Células Hematopoiéticas: o transplante “alogênico” de células hematopoiéticas (células-tronco) é considerado a terapia mais eficaz da LMA, em termos de cura, embora possua alta toxicidade, com mortalidade em torno de 20%. Se for recidiva: ● Transplante alogênico com idade inferior a 60 anos e doador HLA compatível LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA (LLA) DE FORMA ESPECÍFICA ● Mais comum na infância (90% dos casos) ● Pico de incidência entre 2-10 anos (maior aos quatro anos) → ou seja, Leucemia da Criança ● Mais comum na raça branca e predominância no sexo masculino (57%) ● LLa infantil responde bem a quimioterapia (cura em torno de 90% de chances) ● LLA pode ocorrer no adulto, apresentando pior prognóstico (25% a 40% de cura) ● Adultos respondem bem inicialmente, mas a maioria experimenta recaída da doença Manifestações clínicas: ● Clínica semelhante com LMA ● Diferenças encontradas: 1) dor óssea muito frequente (80%); 2) adenomegalia cervical ou generalizada é mais frequente (75%); 3) massas mediastinais (por conta do timo); 4) acometimento do SNC e testículos, (muito pelo fato desses locais serem santuários para esses linfócitos) (especialmente na recidiva; 5) febre neoplásica mais comum (75%); 6) hiperplasia gengival NÃO FAZ PARTE DO CASO CLÍNICO Diagnóstico: ● Se linfoblastos na medula óssea em proporção > ou igual a 25% do total de células nucleadas ● Leucocitose a custa de linfoblastos ● Difere linfoblastos de blastos da LMA por alguns critérios, como a morfologia ● Há três subtipos de LLA (L1, L2 e L3) → L1 é o mais comumente encontrado em crianças (80%), apresentando melhor prognóstico e resposta / L2 é a forma mais comum no adulto (70%) / L3 é o menos comum (<5% dos caso), representando o linfoma de Burkitt. ● LLA de células T é menos frequente @thomaspetrius @andreamaralc RESUMINDO (medcurso) “Para a abordagem diagnóstica do paciente com LLA, devemos inicialmente realizar anamnese e exame físico minuciosos, com atenção para presença de edema testicular e sinais meníngeos, pois, como dito anteriormente, o acometimento destes “santuários” é muito mais comum na LLA do que na LMA. Os exames laboratoriais devem incluir hemograma completo, análise do sangue periférico, coagulograma, dosagem de fibrinogênio, provas de função renal e hepática, tipagem sanguínea ABO e fator Rh além de tipagem HLA do paciente e seus irmãos (caso haja necessidade de transplante alogênico). Deve ser realizado RX ou TC de tórax em busca de adenomegalias (comum nos casos de “leucemização” do linfoma linfoblástico). A punção lombar é necessária como parte do tratamento para a administração de quimioterapia intratecal (profilaxia do SNC), porém, na primeira punção lombar deve ser coletado líquor para análise de invasão por blastos. Tal procedimento deve ser feito com muito cuidado, pois uma punção lombar traumática (com hemorragia importante) pode causar a contaminação do espaço subaracnóide com blastos presentes no sangue extravasado… Finalmente, para confirmação diagnóstica, tipagem, e avaliação de fatores prognósticos citogenéticos moleculares, devemos realizar o aspirado e a biópsia de medula óssea, com envio de material para imunofenotipagem, citogenética, biologia molecular e histopatológico/imuno-histoquímica” Tratamento: O tratamento ocorre seguindo 4 fases: ● Indução da remissão ● Profilaxia SNC ● Consolidação da remissão ● Manutenção 1) Indução da remissão: ● Infantil com prognóstico favorável → corticosteróide + vincristina + L-asparaginase ● Adulto e crianças com prognóstico desfavorável: esquema acima + daunorrubicina. Obs. → o esquema mais usado nos adultos (HyperCVAD) acrescenta também a ciclofosfamida 300 mg/m2 12/12h nos primeiros três dias 2) Profilaxia do SNC: ● Metotrexato (MTX) intratecal @thomaspetrius @andreamaralc LLA tem grande tendência à recidiva no SNC (SNC é uma barreira ótima barreira para os linfoblastos, pois a BHC bloqueia a passagem dos quimioterápicos) 3) Consolidação da remissão (2 a 8 meses) ● MTX em doses intermediárias (1-2 g/m2 IV quinzenal). ● O uso do metotrexato exige o chamado “resgate” com ácido folínico (leucovorin), para diminuir a toxicidade medular (pancitopenia) e mucosa (mucosite e translocação bacteriana). Sem essa fase, a maioria dos casos votam em poucos meses. Essa fase ocorre com doses diferentes da fase da indução. 4) Manutenção (2 a 3 anos) ● 6-mercaptopurina + metotrexato Com asquatro fases da quimioterapia, a LLA pode ser curada em 90% das crianças e em cerca de 30-40% dos adultos Idade > 10 anos (especialmente > 30 anos) Cromossomo Filadélfia prognóstico MUITO RUIM Idade < 1 anos t(4;11) prognóstico MUITO RUIM Hiperleucocitose (> 50k) prognóstico MODERADAMENTE RUIM ● Os pacientes de prognóstico favorável são as crianças entre 1-10 anos com cariótipo apresentando hiperploidia, ou t(12;21), ou trissomias dos cromossomos 4, 10 ou 17 LEUCEMIAS CRÔNICAS (LMC e LFC) Introdução: ● Acúmulo lento e gradativo de leucócitos neoplásicos na medula óssea e no sangue ● Na crônica, as células estão na forma madura da diferenciação ● LMA é a mais comum ● LLC em países ocidentais é a maior LEUCEMIA LINFOIDE CRÔNICA DE MANEIRA ESPECÍFICA Caracterizada por ser originada por células linfóides maduras que por algum motivo, passam a se multiplicar de forma descontrolada. Quando estão originadas em excesso, ocupam a medula óssea e prejudicam a produção de tipos celulares normais, além de poderem se infiltrar em órgãos linfóides, como baço e linfonodos. Epidemiologia: ● LLC é a mais comum dentre as doenças linfoproliferativas ● 30% dos casos de leucemias @thomaspetrius @andreamaralc ● 2 a 6 casos a cada 100 mil habitantes (quanto mais velho, maior a incidência) ● Pode e costuma acometer idosos com 65 anos (somente 10% são menores que 50 anos) ● Maior prevalência no sexo masculino ● Provavelmente há alguma predisposição genética para o desenvolvimento ● Agentes químicos como petróleo é fator de risco para a doença Manifestações clínicas: ● Maioria assintomáticos ● Normalmente a doença é descoberta em exames de rotina (encontra linfocitose importante) ● Depois da leucocitose, adenomegalia cervical é o achado mais comum ● Inicialmente os linfonodos aumentados geralmente são < 2 cm, móveis e consistência elástica (sugerindo benignidade). Posteriormente, evoluem para aumento de tamanho e confluência (podendo se apresentar como grandes massas cervicais) ● Linfocitose acentuada + adenomegalia → marco da LLC ● Demais sintomas que podem acompanhar: febre, astenia, sudorese noturna, fadiga, perda ponderal e queda do estado geral ● Linfocitose (definida quando > 5 mil) é característico da doença → na LLC, normalmente se encontra > 25 mil <150 mil → alguns casos podem ultrapassar 500 mil ● Exame físico com esplenomegalia (40% dos casos) ● Exame físico com hepatomegalia (10% dos casos) ● Raramente derrame pleural e ascite → quando presentes, é sinal de doença já avançada ● Anemia normocítica, normocrômica e hipoproliferativa pode ser encontrada e plaquetopenia → ambas alterações são achados que indicam pior prognóstico, pois apontam que há maior ocupação medular pelo clone neoplásico ● Hipogamaglobulinemia (25% dos casos), entretanto, quando a doença avança, a maioria dos paciente vão apresentar → geram infecções de repetição por bactérias encapsuladas Diagnóstico: ● Linfocitose persistente no hemograma ● Fecha diagnóstico quando: 1) linfocitose persistente > 10 mil + aspirado de MO com 30% de linfócitos; 2) linfocitose persistente > 5 mil + aspirado de MO > 30% de linfócitos + imunofenotipagem positiva para linfócito B maduro em conjunto com marcador CD5 ● 20% apresentam anemia ou trombocitopenia ● Diagnóstico após análise das células Estadiamento: ● Estágio 0: Observa-se linfocitose no sangue e medula óssea com 40%, ou mais, de células infiltradas. ● Estágio I: Há linfocitose com linfadenopatia localizada ou generalizada. @thomaspetrius @andreamaralc ● Estágio II: Além da linfocitose, há esplenomegalia e/ou hepatomegalia. A sobrevida costuma ser de 71 meses. ● Estágio III: Há linfocitose e anemia (hemoglobina abaixo de 11g/ dL independentemente do sexo). ● Estágio IV: Há linfocitose com trombocitopenia. Tratamento: ● LLC estágio inicial e assintomático → observar e acompanhar ● Sugere-se iniciar tratamento no estágio II e obrigatório no estágio III e IV ● Doença incurável por quimioterapia ● Para curar, precisa haver transplante de medula óssea alogênico (procedimento de alta mortalidade) ● Se houve piora → iniciar tratamento ● O tratamento consiste na realização de quimioterapia, em 6 ciclos, com três drogas: fludarabina e rituximabe (podendo ou não associar ciclofosfamida) ● Outra opção: Bendamustina + rituximab, porém muitos preferem reservá-los para os pacientes com a característica que recidivam. ● Em 95% dos casos, há resposta global, e remissão completa em 52% dos pacientes ● Pacientes mais frágeis podem receber um tratamento com intensidade reduzida, com administração de clorambucil, associado, ou não, ao rituximabe. ● Sem transplante, a recaída provavelmente irá ocorrer ● Caso a remissão tenha sido curta, é melhor optar pelo uso de outras drogas, além de considerar a realização de transplante de medula óssea não-mieloablativo, isto é, um transplante em que não há a destruição completa da medula óssea do paciente. LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA DE MANEIRA ESPECÍFICA Conceito: A leucemia mieloide crônica é uma doença clonal da célula progenitora hematopoiética. Nessa doença, há a multiplicação excessiva de células precursoras da linhagem mielóide sanguínea, sendo que a transformação maligna ocorre nas células mais maduras Fisiopatologia: ● O clone neoplásico da LMC provavelmente é uma célula-tronco (stem cell). Por razões desconhecidas essas células adquirem uma anomalia citogenética denominada cromossomo Filadélfia que, na verdade, é uma translocação entre os braços longos do cromossomo 9 (banda 34) e 22 (banda 11), representada por t(9;22) (q34; q11). ● Essa simples translocação aproxima o gene c-abl, presente no cromossomo 9, a um gene do cromossomo 22 denominado bcr (breakpoint cluster region). Manifestações clínicas: ● Muitos são descobertos em uma fase assintomática da doença @thomaspetrius @andreamaralc ● Exame físico mostrando esplenomegalia e/ ou hemograma revelando leucocitose neutrofílica acentuada, com desvio para esquerda até mielócito ou mieloblasto ● Leucocitose neutrofílica acentuada com desvio à esquerda + esplenomegalia de grande monta → Marco da LMC ● Os sintomas mais comuns de apresentação da doença são decorrentes do estado hipercatabólico, da esplenomegalia, da anemia e/ ou da disfunção plaquetária, tais como: febre, perda ponderal, astenia, sudorese noturna, desconforto abdominal no hipocôndrio esquerdo, saciedade precoce, palpitação, dispneia, equimoses ● As infecções na LMC não são frequentes, nem caracterizam a doença. ● O clone neoplásico é capaz de se diferenciar até o neutrófilo maduro (segmentado). Este neutrófilo possui função normal ou levemente diminuída ● Esplenomegalia em 60-80% dos casos, que pode ser de grande monta (> 5 cm do RCE), e algumas vezes com o baço palpável na fossa ilíaca esquerda. A esplenomegalia pode ser indolor ou dolorosa. ● Hepatomegalia indolor pode estar presente em até 50% dos casos. ● O quadro laboratorial da doença caracteriza-se pela acentuada leucocitose neutrofílica → contagens bem elevadas de até 1 milhão, sendo normal valores de até 100.000 (hiperleucocitose). ● Uma anemia normocítica normocrômica está presente na apresentação em 50% dos casos. ● Anemia + Hiperleucocitose + Trombocitose → característico LMC Diagnóstico ● O diagnóstico é inicialmente suspeitado diante da presença de leucocitose acentuada (> 25.000-50.000/mm3 ) num paciente com esplenomegalia. ● A confirmação é dada pela detecção do RNAm da mutação bcr/abl, o que atualmente pode ser feito através da técnica de RT-PCR (Reverse Transcriptase Polymerase Chain Reaction) no sangue periférico. ● Porém um aspirado/biópsia de MO sempre acaba sendo feito para auxiliar na estratificação prognóstica. Evolução e prognóstico: ● 3 fases sendo: 1) Fase Crônica 2) Fase acelerada → caracterizada por uma alta contagem granulocítica (neutrófilos, basófilos) e esplenomegalia refratárias à terapia mielossupressora e pela perda progressiva da capacidade de diferenciação do clone neoplásico, surgindo maior número de blastos namedula e sangue periférico. @thomaspetrius @andreamaralc 3) Fase blástica → a leucemia aguda rapidamente fatal (sobrevida média de três meses); a causa mais comum de óbito na doença. Tratamento: ● Tirosina quinase (imatinibe) → tratamento de primeira linha ● Transplante alogênico → segunda linha ● Imatinibe age como inibidor específico da tirosina-quinase “mutante” codificada pelo gene bcr/abl. Logo, ele atua apenas nas células neoplásicas, bloqueando o estímulo hiperproliferativo, o que evita seu acúmulo no organismo. Em geral os efeitos adversos são leves a moderados, incluindo anasarca, náuseas, diarreia, hemorragias, cãibras e rash cutâneo. A dose padrão é 400 mg/ dia, via oral. Tipo Faixa etária mais comum Hemograma Achado característico Manifestação clínica LMA Adulto (a partir dos 15 anos) *Plaquetopenia (leucocitose com a evolução da doença), leucopenia e anemia * Blastos * Bastonete de Auer * M3 com CIVD * Astenia * Hemorragia * Febre * Hiperplasia gengival (M4 e M5) LLA Crianças * Parecido com LMA * Leucocitose a custas de linfoblastos (difere linfoblastos de blastos da mielóide por alguns critérios, como morfologia) Em tese, pode-se citar a maior chance de ter dor óssea, adenomegalia, massas mediastinais, acometimento SNC e testículos e dor óssea * Dor óssea * Adenomegalia cervical ou generalizada é bem mais frequente * Massas mediastinais * Acometimento do SNC e testículos * Febre neoplásica é mais comum LMC Fase adulta > 55 anos Raramente (2%) em crianças * Anemia * Trombocitose *Hiperleucocitose *Cromossomo Philadelphia muito mais presente *Leucocitose *Neutrofilia acentuada com desvio à esquerda + esplenomegalia * Pode ser assintomático * Esplenomegalia * Febre * Perda ponderal * Desconforto abdominal no hipocôndrio esquerdo LLC Idoso > 60 anos * Linfocitose * Anemia (20%) * Plaquetopenia (10%) Linfocitose acentuada + adenomegalia * Adenomegalia * Pode ter hepatomegalia (40%) ou esplenomegalia @thomaspetrius @andreamaralc (10%), achados parecidos com LMC INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES ● Incidência estimada de 100 casos por 100k habitantes ao ano ● Por natureza e definição, as infecções (erisipela e celulite) são diferentes, entretanto, as diferenças não são tão significantes, levando alguns autores até propor que as doenças sejam consideradas a mesma coisa ● Na prática clínica, é muito difícil diferenciar erisipela da celulite Infecções de pele e partes moles podem receber algumas classificações: ● Primária → sem porta de entrada aparente ● Secundária → complicações de lesões de pele (feridas, lesões. abrasivas ou traumas) ● Aguda → duram poucos dias ● Crônicas → duram meses ou anos ● Monomicrobianas → um agente etiológico ● Polimicrobianas → variedade de agentes etiológicos Como ocorrem as infecções: A pele íntegra é importantíssima para a defesa contra patógenos, umas vez que os patógenos (bactérias) conseguem acessar de alguma forma o nosso organismo, estaremos diante de uma potencial infecção. Dentre as formas em que os patógenos podem ter esse acesso, é importante citar: ● Microtraumatismo ou macrotraumatismo ● Perda da integridade da pele (queimaduras, processos cirúrgicos, implantes, mordeduras, picadas de insetos etc) ● Via hematogênica (disseminação de toxinas ou de microrganismos) @thomaspetrius @andreamaralc IMPETIGOS Conceito: Infecções piogênicas primárias da pele, contagiosas, superficiais, produzidas por estafilococos e estreptococos. Geralmente, acomete a face e membros superiores. Em caso de disseminação por autoinoculação, pode comprometer qualquer região. Impetiginização: impetigo complica uma dermatose pré-existente (ex.: pediculose, escabiose, eczema etc). s. Pode ser classificado em primário (por invasão direta da pele previamente sadia) ou secundário (como consequência de uma ruptura da barreira epidérmica, por exemplo, em abrasões, picadas de inseto, fissuras de eczemas, etc. – nesses casos, é comum o uso do termo “impetiginização”). Epidemiologia: Bem mais frequente em crianças e nos meses de mais calor. Manifestações clínicas: ● Há dois tipos: impetigo não bolhoso (70%) e impetigo bolhoso. O que vai levar ou não a manifestação da forma do impetigo é o estado do portador. Impetigo não bolhoso (ou impetigo infeccioso de Tilbury Fox) → 70% ● S. Aureus predomina (sobretudo nos países industrializados), porém, em países em desenvolvimento o S. pyogenes tem sua relevância, de modo que muitas vezes eles se associam. ● Localização preferencialmente em torno do nariz e da boca e nas extremidades ● Pele apresenta solução de continuidade para instalação do processo (exposição de receptores proteicos com a fibronectina, que possibilitam a aderência pelo ácido teicóico das bactérias ● Geralmente, ocorre em locais que houveram pequenos traumatismos (escoriações, queimaduras, picadas de inseto ● Achado clínico → mácula eritematosa inicialmente, porém, muito rapidamente, evolui bolha e/ou vesícula efêmeras de paredes finas, porém a crosta resultante é espessa e de coloração amarelada (lembra mel - melicérica) ● Pode lembrar queimadura de cigarro Impetigo bolhoso → 30% ● Etiologia 100% estafilocócica (em geral fago II, tipos 71 principalmente e 55) ● Não há necessidade de solução de continuidade cutânea para o aparecimento das lesões ● Mais comum em neonatos e também em crianças (o não bolhoso não tem essa característica) ● Achado clínico: vesículas se formam e rapidamente se transformam em bolhas grandes que sofrem processo de pustulização → crostas resultantes são finas e acastanhadas e, por vezes, tomam aspecto circinado. ● Geralmente são face, períneo, nádegas e extremidades Diagnóstico: ● Essencialmente clínico ● Pode realizar bacterioscópicos e cultura para identificar agente @thomaspetrius @andreamaralc ● Diagnósticos diferenciais: herpes simples, candidíase, dermatofitose, periporite e miliária Tratamento: ● Antibiótico iniciado imediatamente ● Limpeza local com água e sabão ● Usar antissépticos ● Antibiótico de uso local (mupirocina, ácido fusídico, neomicina) ● Não usar localmente antibióticos de uso geral (grande risco de desenvolver alta sensibilidade e possível impedimento futuro do paciente em utilizar) ● Água d’alibour a 5 a 10% é excelente para compressas rápidas e retirada de crostas ● Nos casos mais extensos, a antibioticoterapia sistêmica é mandatória e cepas de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) comunitário devem ser consideradas (ver adiante). ERISIPELA Conceito: Infecção aguda da derme e epiderme, com importante comprometimento linfático. Estreptococcia cutânea, configurando a instalação aguda da lesão com síndrome infecciosa (febre, calafrios, cefaleia, mal estar toxemia etc) Etiopatogenia: ● Estreptocócica na maioria das vezes, principalmente do grupo A ● Pode ocorrer às vezes por grupo B, C e G ● Há alguns registros de infecção estafilocócica, porém, provavelmente foi uma presença secundária de estafilococo, ou que fosse uma celulite confundida com erisipela ● A infecção parte da perda de barreira cutânea Fatores de risco: ● Tinea pedis (pé-de-atleta → infecção fúngica que geralmente ocorre entre os dedos) ● Insuficiência venosa; ● Diabetes; ● Tromboflebite; ● Trauma; ● Desnutrição; ● Abuso de álcool ou drogas ilícitas; ● Infecções respiratórias (casos de erisipela na face). Manifestações clínicas: ● Período de incubação é poucos dias ● Eritema vivo e intenso edema doloroso ● Bordas bem definidas que avançam rapidamente sobre a pele circunvizinha ● Se processo intenso → bolhas e até necrose com ulceração posterior @thomaspetrius @andreamaralc ● Local de maior acometimento nos casos do Brasil → parte distal do membro inferior (em função do intertrigo interpododáctilo → maceração e inflamação da pele entre os dedos devido ao atrito e umidade ● Local de maior acometimento nos casos do EUA e Europa → face (dermatite seborreica é mais prevalente em países frios, aumentando a chance de erisipela) ● Acompanha linfangite e linfadenopatia regional aguda, seguidade fenômenos gerais (febre, mal-estar, calafrios etc). ● Característica relevante → recorrente e após cada uma delas edema duro (linfedema crônico) geralmente permanece → acaba levando à elefantíase nostra, favorecendo novos surtos ● Processo exuberante → pele verrucosa e com aspecto musgoso (comum em obesos ou em pessoas interessadas em lucro secundário) ● Complicações → nefrite e septicemia ● Raramente mata (pode ocorrer em crianças e quando a doença acomete a face) ● Bolhas e localização facial confere gravidade ao processo Diagnóstico: ● Essencialmente clínico, porém, pode-se realizar cultura para identificar o agente infeccioso ● O médico deve compreender e diferenciar da trombose venosa profunda e tromboflebite ● Exames complementares: hemograma, proteína C reativa, hemocultura (2 amostras) e febre: positiva em menos de 10% dos casos, USG para afastar coleções Tratamento: ● Repouso com membros elevados, compressas frias e desbridamento (ato de remoção de material necrótico, tecido desvitalizado, crostas, tecido infectado, hiperqueratose, corpos estranhos, fragmentos de ossos, microorganismos ou qualquer outro tipo de carga biológica de uma ferida), caso necessário Caso Opção Dose Normalmente Penicilina-procaína (baixo custo e extrema eficácia) 400 a 600000 U,IM 12h/12h Casos mais graves Penicilina cristalina 3000000 U IV 4h/4h Outras opções e com igual benefício Cefalosporina de primeira geração (ampicilina, eritromicina e clavulanato + amoxicilina) @thomaspetrius @andreamaralc Casos recorrentes Penicilina benzatina 12000000 U de 3 em 3 semanas por muitos meses Obs. → A maioria dos pacientes não necessita de internação, exceto nos casos de comorbidade. ● Corticoterapia é apontada por alguns autores falando que há evolução mais rápida ● Importante combater intertrigo interpododáctilo e a obesidade em casos refratários, pois esses dois fatos possuem grande associação com erisipela. CELULITE Conceito: Processo que ocorre na erisipela, porém, nesse caso, acontece na hipoderme. Etiopatogenia: ● Predominantemente estreptocócica ● Também pode ser Staphylococcus, H. influenzae (celulite facial na infância), pneumococos, pseudomonas e outros ● Em diabéticos e imunocomprometidos → mais comum anaeróbios e Gram-negativos Fatores de risco: ● Igual erisipela Manifestações clínicas: ● Evolução semelhante à da erisipela ● Eritema menos vivo ● Bordas mal delimitadas (difícil delimitar o que está afetado e o que não está) ● Celulite hemorrágica → rara de acontecer, quando ocorre, geralmente é em diabéticos, imunodeprimidos ou em uso de terapia anticoagulante → área de hemorragia dérmica e bolhas ● Fator de necrose tumoral (TNF-alfa) parece ser o responsável pelo dano vascular ● Celulite periorbital → manifestação mais grave e que há indicação de tratamento endovenosa Diagnóstico: ● Essencialmente clínico ● Cultura para identificar agente ● Exames complementares (mais comum em casos mais graves): hemograma, proteína C reativa, hemoculturas (2 amostras se febre) ● Diagnósticos diferenciais: tromboflebite (pernas), angioedema, herpes-zóster (face) e erisipelóide (mãos) Tratamento: ● Repouso com elevação de membro ● Analgesia ● Antibioticoterapia sistêmica, sendo parental (injeção) nos casos intensos ou localizados na face @thomaspetrius @andreamaralc Suspeita etiológica Opção Dose do fármaco adicional Estafilocócica (desde que não seja Staphylococcus aureus resistente à meticilina -MRSA) Fármacos da erisipela + Oxacilina ou Cefalotina ● Oxacilina: 100 a 150 mg/kg/dia IV 4h/4h ● Cefalotina: 100 a 150 mg/kg/dia IV 4h/4h ou 6h/6h Casos graves de internação hospitalar IV. Oxacilina, Clindamicina Celulite hemorrágica Fármacos da erisipela + oxacilina ou cefalotina + corticoides sistêmicos H. influenzae → principal causador de celulite pré-septal e orbitária não relacionada com traumatismo em crianças < 5 anos IV. Ampicilina, Cloranfenicol e Ceftriaxona Obs. → O uso de prednisona na dose de 0,5 mg/kg/ dia é preconizado por alguns autores como terapia coadjuvante nos casos mais exuberantes ou com pouca resposta à antibioticoterapia. DERMATITE ATOPICA