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DISCURSIVAS 1. Leia o trecho abaixo: “Tudo isso a propósito da palavra trem, que identifica os mineiros tanto quanto “uai”. Trem é palavra coringa. Serve pra tudo. “Tira esse trem daí...”. Quem ouve entende. Trem é um objeto qualquer. Ou pode ser um conjunto de objetos. Por exemplo: as coisas que se possuem. “Vou guardar os meus trem...” O curioso dessa palavra é que, à semelhança do pastel singular falado no plural, trem vai sempre no singular, mesmo que seja plural.” (ALVES, Rubem. Se eu pudesse viver minha vida novamente. Campinas: Verus, 2004, p.77) Partindo do trecho apresentado nesta questão, elabore um pequeno texto sobre a relação: língua - cultura – ensino – norma padrão. Observações de correção A linguagem é a faculdade humana de representar, de simbolizar, de criar uma língua para se expressar. a língua funciona como um elemento de interação entre o indivíduo e a sociedade em que ele atua. As normas linguísticas são as regras que regulam o funcionamento da língua Para os linguistas, não existe um falar “certo” ou “errado”. Apenas uma língua multifacetada que, devido a nossa história multicultural, se transformou em diferentes falares. (Essa observação foi para uma questão que tirou zero) 15 pontos 15 pontos Resposta: A língua por sua vez consiste num conjunto específico de códigos e palavras diversas, usadas sob regras e leis de combinação que na verdade é o que permite a mensagem seja passada de maneira compreensível. É muito provável que a mensagem não seja compreendida totalmente caso seja passada de forma incomum as regras precisamente estabelecidas. É como escrever uma frase onde as palavras estão fora de ordem e esperar que a outra pessoa entenda exatamente o que se quis dizer. Podemos citar como exemplo básico da língua falada ao redor do mundo, como língua portuguesa, língua inglesa, russa, chinesa e assim por diante. 15 pontos Resposta: Normas padrões são aquelas que registram o processo linguístico Cultura: conforme afirmam os linguistas não temos como julgar como errado ou certo qualquer tipo de fala, visto que a nossa linguagem/língua é multifacetada. Língua são símbolos que os seres humanos usam para se comunicar de acordo com o lugar/local onde vive. Linguagem seria a forma de se comunicar visando as características regionais. 15 pontos 2. A compreensão atual da relação entre a aquisição das capacidades de redigir e grafar rompe com a crença popular de que o domínio do “bê-a-bá” seja pré-requisito para o início do ensino da língua e nos mostra que esses dois processos de aprendizagem podem e devem ocorrer de forma simultânea. Um diz respeito à aprendizagem da escrita alfabética e o outro se refere à aprendizagem da linguagem que se usa para escrever.” Que relação você estabelece entre este trecho adaptado do PCN de Língua Portuguesa (1999) e os conceitos de alfabetização e letramento? 15 pontos Resposta: O ensino da linguagem é um processo de aprendizagem usado para comunicar o ouvinte, não é usado para somente veicular informação. Ambos estão ligados para levar informações. “Aprendizagem da escrita alfabética” = Alfabetização “Linguagem que se usa para escrever” = usos sociais da língua = Letramento Alfabetização e Letramento são processos distintos, mas complementares. Precisam ser simultâneos. Resposta: A alfabetização é iniciação no uso do sistema ortográfico. Consiste no aprendizado do alfabeto e de sua utilização como código de comunicação, e apropriação do sistema de escrita, e pressupõe a compreensão do princípio alfabético, indispensável ao domínio da leitura e escrita. Letramento é incorporação funcional das capacidades a que conduz o aprender a ler e escrever. Compreende-se por letramento ou literacia o resultado da ação de ler e escrever, entendendo a linguagem como prática social. Desse modo, os sujeitos apropriam-se da escrita, criticamente, com a finalidade de interagirem e agirem nos diversos contextos sociais. Resposta: A alfabetização é quando o aluno tradicionalmente lê e escreve dentro dos padrões e métodos de cada estágio enquanto o letramento que Letramento é a leitura do mundo, é o aluno se apropriar dos diferentes saberes e ter a chance de se manifestar reflexivamente e/ou criticamente em cima das informações que recebe de uma forma geral. Não podemos esquecer que a alfabetização deve priorizar a formação de leitura e escrita com visão ampla referente a comunicação. 15 pontos 3. Analise a atividade abaixo, apresentando as “bases epistemológicas”, isto é, as teorias do conhecimento em que se fundamenta, o tipo de alfabetização que defende. Copie A base epistemológica deste tipo de exercício é a de que: a) seria fácil para o aprendiz segmentar as palavras orais em fonemas, pronunciando-os isoladamente; b) tal procedimento constituiria um requisito para a aprendizagem bem-sucedida das relações letra-som e c) para aprender a “codificar” e “decodificar” palavras, seria suficiente um casamento da habilidade de segmentá-las em fonemas com a capacidade de memorizar as letras que a eles correspondem, dominando o seu traçado, por isso a necessidade da repetição/cópia. Este tipo de atividades está vinculado a métodos de alfabetização que não seguem a linha construtivista. Normalmente são atividades de cartilhas. A cartilha favorece a formação do “leitor de letras”, não o “leitor de textos”. A cartilha alfabetiza, ensina o código, não letra. 15 pontos 15 pontos 4. (ENADE 2008) A professora Renata, de uma turma do primeiro ano de escolaridade, leva todos os dias para a sala de aula um livro de literatura infantil e o lê para os alunos. Ao terminar, pergunta qual foi a parte da história que eles mais gostaram e a escreve no quadro. Em seguida, lê em voz alta o trecho que escreveu, acompanhando com o dedo a leitura. Como a biblioteca da escola é pequena, ela pediu a contribuição das crianças para que trouxessem livros, revistas ou jornais de suas casas. No dia seguinte ao pedido, recebeu a visita de Alice, mãe de um aluno, indagando-a sobre o motivo do pedido, já que a maioria das crianças daquela turma ainda não sabia ler. Apresente e explique duas justificativas pedagógicas que deverão fundamentar a resposta de Renata a Alice. Resposta: A professora Renata explica para mãe Alice que ler jornais, revistas, livros para os alunos mesmo eles não sabendo, a leitura proporciona experiências ricas em linguagem e que fortalecem suas habilidades de raciocínio e facilitam a aquisição da linguagem. No processo de aquisição da leitura e da escrita, a linguagem já está mais consolidada na criança, a memória tem uma função fundamental na identificação de imagens, letras, números e outros símbolos. 15 pontos Resposta: A professora deve explicar que primeiro o letramento é de fundamental importância nesta fase do desenvolvimento infantil e que ele é feito através da leitura de mundo, de tudo aquilo que está ao alcance dos olhos e ouvidos das crianças e segundo que nesta hipótese do desenvolvimento, a leitura oral e o registro da leitura têm uma função fundamental, pois desta forma está apresentando às crianças, as letras, fonemas e preparando-as para a apropriação da linguagem escrita e oral. 15 pontos 15 pontos 5. Explique a persistência do analfabetismo funcional, apesar de todo o trabalho pedagógico realizado nas escolas contemporâneas. Observação da correção: Parabéns. Pontuação obtida:15 pontos Resposta: Infelizmente ainda encontramos analfabetos funcionais, na sociedade, são pessoas que sabem ler e escrever, se comunicam com a sociedade, mas são incapazes de formar um texto com seu entendimento contextual, não conseguem por muitas vezes pôr em prática aquilo que estão lendo, precisam de auxílio para que possam correlacionar. Problema de ordens culturais, estruturais, afetivas que geram esse desequilíbrio na nossa sociedade. Precisa ser revisto a formação continuada dos educadores e favorecer oportunidades. 15 pontos Observações de correção: Em sua resposta faltou você considerar de forma mais clara que a persistência do analfabetismofuncional deve ser explicada, dentre outros, pelos fatores a seguir: • Acesso limitado à linguagem escrita durante e após o processo de alfabetização. • Utilização esporádica, pelo alfabetizando, da linguagem escrita na vida cotidiana. • Separação entre os processos de alfabetização e letramento. • Alfabetização mecânica, baseada em métodos descontextualizados. • Alfabetização baseada exclusivamente na aquisição da escrita como código e não como representação. Em sua resposta você poderia também ter considerado o conceito de analfabetismo funcional. 6. Leia um trecho da história de Ruth Rocha “Marcelo, Marmelo, Martelo” e relacione-a com os conceitos de linguagem, língua e fala. “E Marcelo continuou pensando: “Pois é, está tudo errado! Bola é bola, porque é redonda. Mas bolo nem sempre é redondo. E por que será que a bola não é a mulher do bolo? E bule? E belo? E bala? Eu acho que as coisas deviam ter nome mais apropriado. Cadeira, por exemplo. Devia chamar sentador, não cadeira, que não quer dizer nada. E travesseiro? Devia chamar cabeceiro, lógico! Também agora, eu só vou falar assim. [...] O pai de Marcelo resolveu conversar com ele: — Marcelo, todas as coisas têm um nome. E todo mundo tem que chamar pelo mesmo nome, porque, senão, ninguém entende... — Não acho, papai. Por que é que eu não posso inventar o nome das coisas?” (ROCHA, 1999: 13-15) 15 pontos 15 pontos Resposta: No texto Marcelo está questionando a linguagem, os nomes, os objetos, sendo que linguagem é a maneira do ser humano se relacionar, interagir com a sociedade e sua cultura, a língua é constituída por códigos nos quais o ser humano interage com o mundo e adquire cultura e a fala, segundo o texto Marcelo gostaria de se comunicar de uma forma que ele ache mais adequada, na sua concepção entre a fala e a maneira que o ser humano tem de se comunicar e elaborar suas construções através de sua cultura.Pontuação obtida: 15 7. Leia a tirinha abaixo, depois a partir dos conceitos trabalhados em nossa disciplina, analise-a em até 15 linhas. É importante perceber a crítica que a Mafalda faz. Observações de correção Mafalda critica a alfabetização por meio de cartilhas que se utilizam de textos artificiais para que a criança perceba o fonema trabalhado. A cartilha favorece a formação do “leitor de letras”, não o “leitor de textos”. A cartilha alfabetiza, ensina o código, não letra. Resposta: A crítica é sobre a ausência de contexto social nos exercícios de alfabetização. A Mafalda representa uma pessoa que foi alfabetizada e não letrada, pois ela não compreende o que foi lido, o que o texto quer passar. 8. Resposta: Mafalda critica a alfabetização por meio de cartilhas que se utilizam de textos artificiais para que a criança perceba o fonema trabalhado. A cartilha favorece a formação do “leitor de letras”, não o “leitor de textos”. A cartilha alfabetiza, ensina o código, não letra.Pontuação obtida: 15 15 pontos 9. (UFBA) "A linguagem não é usada somente para veicular informações, isto é, a função referencial denotativa da linguagem não é senão uma entre outras; entre estas ocupa uma posição central a função de comunicar ao ouvinte a posição que o falante ocupa de fato ou acha que ocupa na sociedade em que vive. (...) A língua padrão é um sistema comunicativo ao alcance de uma parte reduzida dos integrantes de uma comunidade; é um sistema associado a um patrimônio cultural apresentado como um corpus definido de valores, fixados na tradição escrita. Uma variedade linguística 'vale' o que 'valem' na sociedade os seus falantes, isto é, vale como reflexo do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas e sociais." GNERRE, Maurizio. Linguagem, escrita e poder. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 5-7. Comente o ponto de vista enunciado por Maurizio Gnerre sobre o poder da linguagem, a partir da variedade linguística representada nas falas da senhora entrevistada no texto a seguir. “— Como a senhora planta algodão? — Uai. É igual a mio. Abre a cova e tampa. — A senhora colhe alguma coisa aqui na horta? — Cói. Cói fejão, cói mio, cói farinha. — Como é que a senhora planta arroz? — Vai abrino os caminhos com a enxada e a gente vai caminhando." (VEADO, Rosa Maria Assis. Comportamento linguístico do dialeto rural. Belo Horizonte: UPMG/Proed, 1982. p. 26.) 15 pontos 15 pontos 15 pontos 15 pontos 15 pontos Resposta: No texto podemos observar o uso de uma linguagem não formal, com fortes características regionais e sociais, evidenciando patrimônio cultural da senhora entrevistada. Observamos o poder da linguagem a partir da variedade linguística, que ocupa a função de comunicar ao ouvinte a posição que o falante ocupa, ou acha que ocupa no meio em que está inserido. Resposta: A diferente cultura do nosso povo faz com que a linguagem seja diferente. A variedade linguística é notória em povos de culturas diferentes ou não. Algumas palavras possuem mais de um significado e em uma conversa dá para entender o que o outro quer dizer, no dia a dia vamos nos adaptando, às vezes uma palavra abreviada, às vezes uma gíria e algumas cantamos nas mesmas aulas. Existem vários tipos de linguagem, através de gestos, do cantar e até mesmo o bebê quando chora ou balança os braços está tentando se comunicar. Todas as variáveis linguísticas são válidas. Resposta: A linguagem é a faculdade humana de representar, de simbolizar, de criar uma língua para se expressar. A língua funciona como um elemento de interação entre o indivíduo e a sociedade em que ele atua. Não existe um falar certo ou errado, apenas uma língua multicultural, que se transformou em diferentes falares. 10. O que você diria a uma professora alfabetizadora que tem a seguinte opinião sobre a abordagem construtivista: “Eu acho que o construtivismo é um método que veio bagunçar o trabalho do professor. Essa história de deixar a criança dizer o que vai aprender... é brincadeira!!! Como ele pode dizer o que pensa? Ele não sabe. Isso é óbvio! Bom mesmo é como eu sempre z. Pela silabação. Eu alfabetizo pela silabação. Dá certo. As crianças aprendem. Agora com essa coisa de ter que alfabetizar com listas. A criança não sabe ler. Pra que lista? Pra que texto completo se ela não lê?” Redija um comentário de até 12 linhas concordando ou discordando da professora. Procure basear-se em seus estudos sobre o construtivismo. Cuidado com a armação de que construtivismo é um método. Procure analisar seu discurso para além da ideia de que ela está certa ou errada. Há razões para que a professora em questão defenda essa posição. 15 pontos Resposta: Não concordo e também não discordo, acho que tanto a abordagem construtivista quanto a abordagem tradicional têm sua importância e eficácia. Acho válido analisar o grupo em questão e saber a necessidade dele, pois, não é sempre que pessoas do mesmo grupo apresentam sucesso em um só tipo de abordagem. Geralmente quem defende um só tipo de abordagem é porque tem o costume de só utilizá-la e também porque não conhece ou não sabe lidar com outra. Resposta: O processo de alfabetização é mais complexo do que se imagina, pois é a partir dele que milhares de pessoas aprendem a ler e escrever. O mais preocupante é que para se alfabetizar usa-se métodos tradicionais que engloba o analítico, sintético e o construtivista. Temos que partir do pressuposto que alfabetizar não é só ensinar a ler e escrever através do método que a cartilha propõe e sim formar sociedade, proporcionar aos alunos caminhos para que eles aprendem de forma consciente e consistente.