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1 MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS Profª. Me. Márcia Adriana de S. Verona Profª. Me. Danubia da Costa Teixeira 2 MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS PROFª. ME. MÁRCIA ADRIANA DE SOUZA VERONA PROFª. ME. DANUBIA DA COSTA TEIXEIRA 3 Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Esp. Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Profa. Dra. Fabiana Miraz de F. Grecco Revisão técnica: Profa. Dra. Suelen Martins Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza Mendes Leite Fernanda Cristine Barbosa Prof. Esp. Guilherme Prado Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Eliza P. Campos © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza- ção escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 4 MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 1° edição Ipatinga, MG Faculdade Única 2021 5 Doutoranda em Estudos Linguísticos, pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Minas Gerais (PosLin-UFMG), onde faz pesquisa em Linguística Teórica e Descriti- va, linha de pesquisa Estudos da língua em uso. Mestrado em Letras, área de concentração Lite- ratura Brasileira, linha de pesquisa Literatura de Minas: o regional e o universal. Especialização em Língua Portuguesa pela PUC – MG, especia- lização em Gestão de Políticas Públicas em Gê- nero e Raça pela Universidade Federal de Ouro (UFOP). Professora de Língua Portuguesa, Re- dação e Literatura desde 2000. Técnica em As- suntos Educacionais no Instituto Federal de Mi- nas Gerais (IFMG) Campus Conselheiro Lafaiete. MÁRCIA ADRIANA DE SOUZA VERONA Para saber mais sobre a autora desta obra e suas quali- ficações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link : http://lattes.cnpq.br/4705481935045230 Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado. 6 Doutoranda em Linguística Aplicada (UFMG), Mestra em Letras (UNIMONTES) Es- pecialista em Mídias na Educação (UFOP) Es- pecialista em Alfabetização e Letramento (PROMINAS). Atualmente, é Professora da rede pública estadual de ensino de Minas Gerais; Co- ordenadora do curso de Letras-Português da Faculdade Prominas de Montes Claros, tesou- reira da Associação Mineira de Português como Língua Estrangeira - AMPLIE; membra do Gru- po de Estudos Cognição, Educação, Imigração e Refúgio - GECEIR - UFMG, membra do Centro de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas - CEABI - da Faculdade Única de Ipatinga e membra do DIVERSO - grupo de estudos em Diversidade e Gênero da UFMG. DANUBIA DA COSTA TEIXEIRA Para saber mais sobre a autora desta obra e suas quali- ficações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link : http://lattes.cnpq.br/3191062212251535 Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado. 7 LEGENDA DE Ícones Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas quais você precisa ficar atento. Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro. Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-os a suas ações. Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos conteúdos abordados no livro. Apresentação dos significados de um determinado termo ou palavras mostradas no decorrer do livro. FIQUE ATENTO BUSQUE POR MAIS VAMOS PENSAR? FIXANDO O CONTEÚDO GLOSSÁRIO 8 UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3 UNIDADE 4 SUMÁRIO 1.1 Introdução ...........................................................................................................................................................................................................................................................................................12 1.2 Morfologia ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................12 1.3 Morfologia Flexional .................................................................................................................................................................................................................................................................13 1.4 Elementos Estruturais Das Palavras ................................................................................................................................................................................................................................14 1.4.1 Elementos Estruturais Das Palavras ...................................................................................................................................................................................................................................14 1.4.2 Radical............................................................................................................................................................................................................................................................................................15 1.4.3 Afixos ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................17 1.4.4 Desinências .................................................................................................................................................................................................................................................................................18 1.5 Vogais E Consoantes de Ligação........................................................................................................................................................................................................................................20 1.5.1 Vogal Temática ...........................................................................................................................................................................................................................................................................20 FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................22 2.1 Introdução .........................................................................................................................................................................................................................................................................................25 2.2 Morfologia Lexical .....................................................................................................................................................................................................................................,.................................25 2.3 Derivação ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................262.3.1 Derivação Prefixal .....................................................................................................................................................................................................................................................................27 2.3.2 Derivacão Sufixal ......................................................................................................................................................................................................................................................................27 2.3.3Derivação Prefixal e Sufixal ...................................................................................................................................................................................................................................................28 2.3.4 Derivação Parassintética .......................................................................................................................................................................................................................................................28 2.3.5 Derivação Regressiva ..............................................................................................................................................................................................................................................................28 2.3.6 Derivação Imprópria ...............................................................................................................................................................................................................................................................29 2.4 Composição ....................................................................................................................................................................................................................................................................................30 2.4.1 Justaposição ...............................................................................................................................................................................................................................................................................30 2.4.2 Aglutinação ...............................................................................................................................................................................................................................................................................30 2.5 Hibridismo ........................................................................................................................................................................................................................................................................................31 2.6 Onomatopéia...................................................................................................................................................................................................................................................................................31 2.7 Sigla........................................................................................................................................................................................................................................................................................................32 FIXANDO O CONTEÚDO .........................................................................................................................................................................................................................................................33 3.1 Introdução .........................................................................................................................................................................................................................................................................................37 3.2 Classificação Dos Substantivos..........................................................................................................................................................................................................................................38 3.3 Flexões do Substantivo ...........................................................................................................................................................................................................................................................39 3.3.1 Gênero do Substantivo.............................................................................................................................................................................................................................................................39 3.3.2 Número do Substantivo .........................................................................................................................................................................................................................................................41 3.3.3 Grau do Substantivo ................................................................................................................................................................................................................................................................42 3.4 Classificação dos Adjetivos ................................................................................................................................................................................................................................................ 43 3.5 Flexões dos Adjetivos .............................................................................................................................................................................................................................................................. 43 3.5.1 Gênero do Adjetivo ...................................................................................................................................................................................................................................................................43 3.5.2 Número do Adjetivo ................................................................................................................................................................................................................................................................44 3.5.3 Grau do Adjetivo .......................................................................................................................................................................................................................................................................44 FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................46 INTRODUÇÃO À MORFOLOGIA PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS CLASSES DE PALAVRAS NOMINAIS: SUBSTANTIVO E ADJETIVO 4.1 Introdução.........................................................................................................................................................................................................................................................................................50 4.2 Artigo ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................50 4.2.1 Principais Empregos do Artigo .............................................................................................................................................................................................................................................514.3 Numeral .............................................................................................................................................................................................................................................................................................52 4.3.1 Cardinais .......................................................................................................................................................................................................................................................................................53 4.3.2Ordinais .........................................................................................................................................................................................................................................................................................53 CLASSES DE PALAVRAS NOMINAIS 9 5.1 Introdução .........................................................................................................................................................................................................................................................................................66 5.2 Conjugações Verbais ...............................................................................................................................................................................................................................................................67 5.3 Flexões do Verbo ..........................................................................................................................................................................................................................................................................67 5.3.1Flexões em Pessoa e Número ...............................................................................................................................................................................................................................................67 5.3.2 Modos do Verbo ........................................................................................................................................................................................................................................................................67 5.3.3 Tempo Verbal .............................................................................................................................................................................................................................................................................68 5.4 Formas Nominais ........................................................................................................................................................................................................................................................................70 5.4.1 Infinitivo .......................................................................................................................................................................................................................................................................................70 5.4.2 Gerúndio .....................................................................................................................................................................................................................................................................................70 5.4.3 Particípio .....................................................................................................................................................................................................................................................................................70 5.5 Classificação dos Verbos .........................................................................................................................................................................................................................................................71 5.5.1 Verbos Regulares .......................................................................................................................................................................................................................................................................71 5.5.2 Verbos Irregulares .....................................................................................................................................................................................................................................................................71 5.5.3 Verbos Defectivos ......................................................................................................................................................................................................................................................................71 5.5.4 Verbos Abundantes .................................................................................................................................................................................................................................................................72 5.6 Vozes Verbais ..................................................................................................................................................................................................................................................................................72 5.6.1 Voz Passiva Analítica ................................................................................................................................................................................................................................................................73 5.6.2 Voz Passiva Sintética ...............................................................................................................................................................................................................................................................73 5.6.3 Voz Reflexiva ...............................................................................................................................................................................................................................................................................73 5.7 Formação dos Tempos Verbais ..........................................................................................................................................................................................................................................73 5.7.1 Tempos primitivos e Tempos Derivados ...........................................................................................................................................................................................................................73 5.7.2 Formação do Presente do Subjuntivo ..............................................................................................................................................................................................................................74 5.7.3 Formação do Pretérito Imperfeito do Indicativo ..........................................................................................................................................................................................................75 5.7.4 Formação do Imperativo .......................................................................................................................................................................................................................................................75 5.7.5 Pretérito Perfeito e seus Derivados ....................................................................................................................................................................................................................................765.8 Verbo Principal e Verbo Auxiliar ........................................................................................................................................................................................................................................77 FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................79 CLASSE VERBAL 6.1 Introdução ........................................................................................................................................................................................................................................................................................83 6.2 Advérbio ............................................................................................................................................................................................................................................................................................83 6.2.1 Classificação do Advérbio ......................................................................................................................................................................................................................................................83 6.3 Preposição .......................................................................................................................................................................................................................................................................................84 6.4 Conjunção .......................................................................................................................................................................................................................................................................................86 6.4.1 Classificação das Conjunções ..............................................................................................................................................................................................................................................86 6.5 Interjeição ........................................................................................................................................................................................................................................................................................89 FIXANDO O CONTEÚDO.........................................................................................................................................................................................................................................................90 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................................................................................................................................93 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................................................................................................................................................94 CLASSES NOMINAIS INVARIÁVEIS UNIDADE 5 UNIDADE 6 4.3.3 Multiplicativos ...........................................................................................................................................................................................................................................................................54 4.3.4 Fracionários ...............................................................................................................................................................................................................................................................................54 4.4 Pronome ...........................................................................................................................................................................................................................................................................................54 4.5Classificação dos pronomes .................................................................................................................................................................................................................................................54 4.5.1 Pronomes Pessoais ..................................................................................................................................................................................................................................................................55 4.5.2 Pronomes de Tratamento .....................................................................................................................................................................................................................................................56 4.5.3 Pronomes Possessivos ...........................................................................................................................................................................................................................................................56 4.5.4 Pronomes Demonstrativos ..................................................................................................................................................................................................................................................57 4.5.5 Pronomes Indefinidos ............................................................................................................................................................................................................................................................58 4.5.6 Pronomes Relativos ................................................................................................................................................................................................................................................................59 4.5.7 Pronomes Indefinidos ...........................................................................................................................................................................................................................................................60 FIXANDO O CONTEÚDO .........................................................................................................................................................................................................................................................61 10 O N FI R A N O L I C V R O UNIDADE 1 Nesta unidade, discutiremos acerca do significado do termo morfologia, veremos o que é morfologia lexical e morfologia flexional, bem como os elementos estruturais das palavras no âmbito da língua portuguesa. UNIDADE 2 Nesta unidade, será abordado o processo de formação de palavras, ou seja, como as palavras surgem na língua portuguesa. Para isso, estudaremos detalhadamente a morfologia lexical, bem como os processos de derivação e composição das palavras. UNIDADE 3 Daremos início ao estudo das classes de palavras. E o que são as classes de palavras? São as classes gramaticais que se referem ao conjunto constituído de todas as palavras que têm o mesmo propósito. Nesta unidade serão abordadas as classes: substantivo e adjetivo. UNIDADE 4 Nesta unidade, estudaremos três classes de palavras: artigo, numeral e pronome. Como veremos, as três são classes gramaticais variáveis, essas palavras possuem a capacidade de se flexionar, ou seja, assumem formas de plural ou singular (número) e masculino ou feminino (gênero). UNIDADE 5 Nesta unidade trataremos dos verbos. O verbo é uma das classesde palavras mais importantes do nosso idioma. Portanto, conhecê-lo bem e saber empregá-lo adequadamente é uma das principais finalidades do ensino da língua portuguesa. UNIDADE 6 Nesta unidade, estudaremos as classes gramaticais de palavras invariáveis, trata-se das palavras que permanecem iguais, ou seja, não variam em gênero, número e grau. São elas: advérbio, preposição, conjunção e interjeição. 11 INTRODUÇÃO À MORFOLOGIA 12 1.1 INTRODUÇÃO Dando início aos nossos estudos, nesta unidade, discutiremos acerca do significado do termo morfologia, veremos o que é morfologia lexical e morfologia flexional, bem como os elementos estruturais das palavras no âmbito da língua portuguesa. 1.2 MORFOLOGIA O termo morfologia não é novo para nós, pois tivemos contato com esse vocábulo no ensino fundamental e no médio; período em que estudamos a estrutura morfológica das palavras, porém de maneira breve. Já que nesses níveis de ensino, geralmente, estudamos um pouco sobre a estrutura e o processo de formação de palavras e sobre as classes de palavras da língua portuguesa (substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição), conforme são tratados esses conteúdos na gramática tradicional ou gramática normativa. A Morfologia é caracterizada como a parte da gramática que estuda as palavras na perspectiva da forma, sua estrutura e a classificação dessas palavras. Primeiramente, precisamos entender o significado da palavra morfologia. Vale ressaltar que esse termo, antes de ser usado na linguística, já era empregado nas ciências da natureza, nos estudos da botânica e da geologia. Para entendermos seu uso na linguística, recorremos aos dizeres de Rosa (2011), para quem a morfologia se destaca a partir do século XX, e recebeu esse nome, pois foi o resultado da junção dos termos gregos morphe (forma ou aparência) com logos (palavra ou estudo), assim, temos morfologia- estudo da forma da palavra. A primeira corrente linguística, que se dedicou a estudar a morfologia, foi o estruturalismo. Os pioneiros do estudo da morfologia foram os pesquisadores Joseph Vendryes e Leonard Bloomfield. Para esses autores, a palavra não era suficiente para se estudar a língua. Por esse motivo, passou-se a considerar o morfema como unidade mínima para analisar sua acepção e sua função na constituição da palavra. Na língua portuguesa, o estudo da construção das palavras ficou por conta da morfologia. Dessa maneira, a análise morfológica é realizada por cada palavra do texto ou da frase, separadamente. Na gramática, o morfema é a menor unidade linguística com significação, ele serve de pilar para a morfologia. E, afinal, o que é um morfema? Pode ser considerado uma porção, uma parte de uma palavra. Para Castilho (2010, p. 51), “é o segmento maior que o fonema e menor que a palavra”. No entanto, diferente de sílaba, pois esta também é uma parte de uma palavra, todavia, para se formar a sílaba precisa- se de uma vogal, ou a sílaba pode ser apenas a vogal. Observem que ao separarmos os morfemas da palavra bonitas, teremos: bonit- radical + as- desinências de gênero e número. A Morfologia divide-se em duas categorias: a morfologia flexional e a morfologia lexical. Esta se refere aos mecanismos morfológicos por meio dos quais se formam palavras novas, enquanto a morfologia flexional está voltada para a análise das estruturas morfológicas que apresentam informações gramaticais. Estudaremos, detalhadamente, essas duas categorias. A primeira será tratada neste capítulo e a outra no segundo capítulo. 13 A morfologia flexional também conhecida como morfologia gramatical estuda as relações entre as distintas formas de uma palavra. Lembrando que a flexão é uma modificação morfossintática, em outras palavras, a função da morfologia flexional é esclarecer como ocorre a concordância, para isso, quais são os meios e quais são os tipos de flexões utilizados no processo. Normalmente, algumas categorias gramaticais se manifestam por meio dos morfemas flexionais, por exemplo, para os nomes, temos as categorias de gênero, número e caso; para os verbos, há as categorias de aspecto, tempo, modo e pessoa. Vejamos alguns exemplos: 1. As novidades são boas. 2. O menino levado saiu da sala sem autorização. Percebemos que nas duas orações os morfemas flexionais se modificam para se adequarem ao contexto. Sendo assim, o verbo saiu está na terceira pessoa, pois está em consonância com o sujeito menino. Temos ainda o morfema – o no final que indica o gênero do substantivo menino. O mesmo ocorre com boas, o adjetivo se encontra no feminino e plural para concordar com o sujeito novidades. As flexões podem ser formadas a partir de categorias de morfemas conforme nos mostra Faustino e Feitoza (2016): - Gênero: separa os nomes em classes distintas, no entanto, pode variar de uma língua para outra. Pode-se dividir os gêneros em masculino, feminino. Exemplos: menino/ menina, bonito/bonita. - Número: refere-se à quantidade ou enumerações, indicando singular e plural. Exemplo: gatos/gatas. - Caso: designa a função sintática que a palavra desempenha em uma frase, por meio do acréscimo de morfemas. Vejamos os exemplos: cansou-se, neste caso temos o (se) como um complemento que está junto ao verbo. No exemplo: cansou de mim, há um complemento regido por preposição. Dessa maneira, em cada uma dessas formas apresentadas temos um vocábulo com sentido próprio. - Tempo: marca o momento em que acontece a ação expressa pelo verbo em relação em relação ao momento em que se quer expressar. Exemplo: dançávamos, o morfema –va– indica o tempo verbal, ou seja, neste caso o verbo está conjugado no pretérito imperfeito, essa informação é indicada pelo morfema que se refere ao tempo verbal. Neste exemplo, o morfema –mos indica em que pessoa o verbo foi conjugado, ou seja, na primeira pessoa do plural. - Pessoa: sinaliza as pessoas que participam do discurso, em outras palavras, primeira (eu, nós), segunda (tu e vós) e terceira (ele/ela e eles/elas) pessoas. Ainda usando o exemplo anterior, o morfema –mos da palavra dançávamos, indica a pessoa do discurso, que neste caso, refere-se a primeira pessoa do plural. - Modo: a partir do morfema dos verbos, é possível identificar a atitude da pessoa que fala em relação ao que ela diz. Assim o modo verbal indicativo relaciona-se a certeza, enquanto o imperativo indica ordem e o subjuntivo dúvida. - Aspecto: indica o momento no tempo em que o fato expresso na frase ocorre, isto é, a sua duração. Vejamos nos exemplos: estudei para a prova, indica uma ação já 1.3 MORFOLOGIA FLEXIONAL 14 acabada. Enquanto na oração: estudarei para a prova, indica uma ação futura, que ainda ocorrerá. - Voz: trata-se das vozes verbais: ativa, passiva, reflexiva e expressam a relação entre o verbo e as palavras que o complementam na frase ou oração. Vejamos os exemplos. Ele dança, o morfema –a indica a voz ativa do verbo, na frase ele é amado, o morfema – ado refere-se à voz passiva do verbo e na oração ele feriu-se, o morfema –se indica a voz reflexiva. Entendemos que a morfologia flexional estuda a modificação de palavras em diferentes contextos gramaticais, como visto nos exemplos acima. 1.4 ELEMENTOS ESTRUTURAIS DAS PALAVRAS Normalmente, as palavras são criadas a partir de morfemas já existentes na nossa língua, isso contribuiu para que possamos compreender o sentido de uma palavra que estejamos ouvindo pela primeira vez. Nesta seção, estudaremos os elementos estruturais das palavras da Língua Portuguesa, o que, certamente, contribuirá muito para o seu conhecimento da língua e o seu entendimento da estrutura que envolve as palavras. 1.4.1 Estrutura das palavras Fazemos uso das palavras desde o momento em que acordamos até quando vamos dormir, seja esse uso oral ou escrito. Em geral, só pensamos nos sentidos e conceitos dos vocábulos quando falamos ou escrevemos, pois eles devem estarem consonância com a intenção de quem fala ou de quem escreve. Contudo, as palavras são divididas em partes menores que são tratadas por morfemas ou elementos mórficos. Para Ferreira (2007, p. 97), os morfemas são as menores unidades significativas que se combinam para formar as palavras. Vejamos alguns exemplos: Figura 1: Morfemas Fonte: Elaborado pelas autoras (2021) Percebemos que há, nas palavras acima, uma parte que se repete em todos os vocábulos, pedr-, no entanto, essas partes se juntam a outras formando palavras diferentes e sentidos também diferentes. Esses elementos são significativos, pois dão forma e sentido à palavra, são chamados de morfemas. Ferreira (2007, p. 97) conceitua o termo como: Morfemas: são as menores unidades significativas que se combinam para formar as palavras. 15 No entanto, vale ressaltar que há palavras que apresentam apenas um morfema, portanto não podem ser divididas em unidades menores, pois esses vocábulos são, por si só, radicais. Alguns exemplos: sol, luz, gás, má, céu, só etc. Cada morfema que forma uma palavra tem uma função específica e um nome. A seguir, vamos estudá-los, separadamente. 1.4.2 Radical É o elemento lexical básico e significativo das palavras ao qual se pode juntar outros elementos mórficos para se formar diferentes vocábulos. Figura 2: Elementos mórficos Fonte: Elaborado pelas autoras (2021) Figura 3: Radical e elementos mórficos Fonte: Elaborado pelas autoras (2021) Estude mais sobre o assunto, consulte a unidade I: Introdução à morfologia, da obra Morfologia do Português. Essa unidade estuda a morfologia lexical e flexional, bem como os elementos que constituem a formação de palavras na língua portuguesa como as desinências nominais e verbais, classificação dos morfemas, são apresentados de um ponto de vista inusitado que possibilita ao aluno um processo real de aprendizagem. Disponível em: https://bityli.com/MrvaGw. Acesso em: 02 abr. 2021. BUSQUE POR MAIS 16 Nos exemplos acima, o radical - ferr é comum às palavras. Normalmente, os prefixos e sufixos que contribuem para a formação de novas palavra são de origem latina e grega. Forma Sentido Exemplos Agri- Campo Agricultura Ambi- Ambos Ambidestro Arbori- Árvore Arborícola Bis-, bi- Duas vezes Bípede, bisavô Equi- Igual Equilátero, equidistante Loco- Lugar Locomotiva Multi- Muito Multiforme Oni- Todo Onipotente Pedi- Pé Pedilúvio Pisci- Peixe Piscicultor Pluri- Muitos, vários Pluriforme Quadri-, quadro- Quatro Quadrúpede Semi- Metade Semimorto Tri- Três Tricolor -cida Que mata Suicida, homicida -cola Que cultiva ou habita Arborícola, vinícola -fero Que contém ou produz Aurífero, carbonífero -forme Que tem forma de Uniforme, cuneiforme -fugo Que foge ou faz fugir Centrífugo, febrífugo -gero Que contém ou produz Belígero, armígero -paro Que produz Ovíparo, multiparo -vomo Que exepele Ignívomo, fumívomo -voro Que come Carnívoro, herbívoro Quadro 1: Radicais latinos Fonte: Disponível em https://bityli.com/csjNZs. Acesso em 04 de jan.2022. Forma Sentido Exemplos Aero- Ar Aeronave Antropo- Homem Antropologia Arqueo- Antigo Arqueologia Auto- De si mesmo Autobiografia Biblio- Livro Biblioteca Bio- Vida Biologia Cromo- Cor Cromossomo Crono- Tempo Cronologia Deca- Dez Decaedro 17 Quadro 2: Radicais gregos Fonte: Disponível em https://bit.ly/3SiWvnx. Acesso em 04 de jan.2022. Apresentamos acima, os radicais latinos e gregos que se apresentam com mais frequência na formação de palavras na Língua Portuguesa. 1.4.3 Afixos Os afixos são morfemas que se ligam ao radical para formar novas palavras que resulta no processo de derivação. De acordo com Ferreira (2007, p. 114) “derivação é o processo pelo qual, a partir de uma única palavra já existente na língua, cria-se uma outra palavra.” Há dois tipos de afixos: prefixo e sufixo. Prefixos O prefixo é acrescentado antes do radical, modificando, assim o sentido básico da palavra. Exemplos: In capaz Des conhecido Assim, como visto acima, nas palavras capaz e conhecido, foram acrescentados os prefixos –in e –des. Ao acrescentarmos esses prefixos, houve uma alteração no sentidos dos vocábulos, com isso, as palavras passaram a ter sentido contrário, o que tratamos na gramática normativa como antônimo. Essa mudança se deu aos sentidos dos prefixos que carregam em si uma ideia de negação. No entanto, não são todos os prefixos que têm esse sentido. Devemos entender que os morfemas; neste caso, os prefixos são capazes de mudar o sentido da palavra. Muitos prefixos usados na formação de palavras na língua portuguesa são os latinos e gregos, os quais listamos a seguir os principais. Forma Sentido Exemplos - Ante Posição anterior Antevéspera, anteontem - Bi, -bis Repetição, duas vezes Bicampeão, bisavô Demo- Povo Democracia Etno- Raça Etnologia Farmaco- Medicamento Farmacologia Filo- Amigo Filologia Fisio- Natureza Fisionomia Fono- Voz, som Fonologia Foto- Fogo, luz Fotosfera Geo- Terra Geografia Hemo- Sangue Hemorragia Hetero- Outro Heterogêneo Hidro- Água Hidrogênio Iso- Igual Isósceles 18 Quadro 3: Prefixos latinos Fonte: Disponível em https://bit.ly/3JnUUJp. Acesso em 04 de jan.2022. - De Movimento de cima para baixo Decrescer, decair - Ex/E Movimento para fora; estado anterior Exposição, ex-marido, emergir - Extra Posição exterior; fora de Extraterrestre, extraconju-gal, extraordinário - In/Im Movimento para dentro, ne-gação Induzir, imigrar, infiltrar -Inter/Entre Posição intermediária; reci-procidade. Interestadual, entreabrir. -Post/Pos Posição posterior Pós-operatório, pós-graduação, pospor. -Pre/Pré Posição anterior Premeditar, prever, pré-eleitoral. -Ré Movimento para trás, repeti-ção Recorrer, recordação, re-nascer. -Trans, tras Posição além ou através de Transdisciplinar, trasladar. - Su-per/Supra/ Sobre Posição acima ou supe- rior Super-homem, sobremesa - Sub/So Posição abaixo Submarino, Sublingual, soterrar. Forma Sentido Exemplos Ex-, Ec, Exo-, Ecto Movimento para fora; posi- -ção exterior Êxodo, eclipse. Epi- Posição superior; acima de; posterioridade Epiderme, epílogo. Hemi- Metade Hemisfério. Hiper- Posição superior; intensida- -de; excesso Hipérbole, hipertensão. Hipo- Posição interior; insuficiên- -cia Hipotrofia, hipotensão, hipodérmico. Meta- Posterioridade; através de; mudança. Metamorfose, metabolis- mo, metáfora. Para- Proximidade; ao lado; opos- -to a Paradoxo, paralelo, paró- -dia. Peri- Em torno de Pericárdio; período, perí- me-tro. Pro- Posição anterior Prólogo, prognóstico. Poli- Multiplicidade, pluralidade Polinômio, poliedro. Quadro 4: Prefixos gregos Fonte: Disponível em https://bit.ly/3vsf3rV. Acesso em 04 de jan.2022. 19 Quadro 5: Tipos de desinências nominais Fonte: Elaborado pela autora (2022) Sufixos: O sufixo é acrescentado após o radical, modificando, assim o sentido básico da palavra ou a classe de palavra a que pertence o radical Exemplos: Feliz mente Vidraçaria No primeiro exemplo, a partir do acréscimo do sufixo, temos uma mudança da classe de palavra, a partir do adjetivo feliz, ao acrescentar o sufixo -mente, formou-se o advérbio felizmente. Além desses sufixos que mudam a classe de palavras, temos também os sufixos que indicam aumentativo e diminutivo como por exemplo: vidrinho, pedregulho, casarão, fogaréu. No segundo exemplo, percebemos uma mudança do sentido básico do vocábulo, pois a partir do substantivo vidro acrescido do sufixo –açaria formou-se uma outra palavra, a qual dá nome ao local onde se comercializa vidros. Neste exemplo, não houve mudança de classe de palavras. 1.4.4 Desinências As desinências são os elementos que acrescentamos ao final de algumas palavras para marcar as flexões dos vocábulos, em outras palavras, as variações de forma. São denominadas desinências nominais, se estiverem ligadas aos nomes, indicam gênero e número. As desinências verbais referem-se aos verbose indicam modo, tempo, número e pessoa. Desinências nominais Aparecem ao final de nomes para indicar a variação do gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural). Há apenas três tipos de desinências nominais, como demonstrado a seguir: Vale ressaltar que a desinência –s, em algumas situações ao indicar o plural, pode passar a ser –es, exemplo: jantar – jantares. Desinências verbais Essas desinências indicam o tempo e o modo, assim como a pessoa e o número Desinência Nominal Indica Exemplos -O Masculino Pato, garoto, menino, arquiteto. -A Feminino Pata, garota, menina, arquiteta -S Plural Patos, garotas, meninos, arquitetos. Prefixo: Morfema que se posiciona antes do radical Sufixo: Morfema que se posiciona depois do radical GLOSSÁRIO 20 Há diferença entre as desinências e os sufixos? Embora tanto as desinências quanto os sufixos venham no final da palavra, há diferença entre eles: Sufixos: de certa maneira, alteram o significado da palavra original, ou seja, do radical. Exemplo: árvore e arvoredo, o vocábulo arvoredo modificou o sentido da palavra árvore, pois esta indica apenas uma árvore, enquanto arvoredo indica várias árvores. Desinências: não mudam os significados da palavra, somente indicam se masculino, fe- minino e plural nos nomes e para nos verbos tempo e modo, número e pessoa. VAMOS PENSAR? São os elementos de ligação que versam nas vogais e consoantes que aparecem para auxiliar a pronúncia de uma determinada palavra. Em outras palavras, pode ocorrer de no ponto de junção de dois morfemas de um vocábulo, apareça uma sonorização não muito agradável aos ouvidos, para se evitar essas situações, acrescenta-se entre esses dois morfemas uma consoante ou uma vogal de ligação. Exemplos: Avo + inha (sufixo) + avoinha – avozinha – Z (consoante de ligação) Café + cultura = cafeicultura – cafeicultura – I (vogal de ligação) Dessa maneira, percebemos que as consoantes e vogais de ligação tornam a pronúncia mais harmoniosa, ou seja, mais agradável. 1.5.1 Vogal temática É um morfema vocálico que se juntam a alguns radicais antes das desinências. O resultado dessa ligação entre o radical e a vogal temática é denominada por tema. Esses temas são divididos em dois: nominais e verbais. Vogal temática nominal Podemos observar que em algumas palavras como criança, estudante, caderno, as vogais –a, -e, -o não deverão ser consideradas desinência nominais, uma vez que não estão estabelecendo o gênero masculino/feminino. Sendo assim, essas vogais finais que dos verbos. Quando se referem ao tempo e ao modo são denominadas por desinências modo-temporais; ao se referirem ao número e pessoa, recebem o nome de desinências número-pessoais. Como veremos no exemplo a seguir que usaremos o vocábulo: cantávamos Canta: tema, formado por cant-radical, + -a: vogal temática -va: desinência modo-temporal (indica que o verbo está no pretérito imperfeito do indicativo. -mos: desinência número-pessoal: (indica a 1ª pessoa do plural) Dessa maneira, cada parte da palavra corresponde a um elemento da sua estrutura. 1.5 VOGAIS E CONSOANTE DE LIGAÇÃO 21 Vogal temática verbal Define os verbos de Exemplos -A 1ª conjugação Dançar, gritar, pular -E 2ª conjugação Perder, vender, render -I 3ª conjugação Sorrir, desistir, assistir aparecem nos exemplos são denominadas por vogais temáticas nominais. Vogal temática verbal A vogal temática verbal tem por objetivo o preparo do radical para receber as desinências. Como já é de nosso conhecimento, as desinências que se juntam ao radical, no caso dos verbos, indicam as variações verbais em modo, tempo, número e pessoa. Assim, retomemos o exemplo dado acima com o vocábulo cantávamos, temos: Canta: cant- radical, -a vogal temática -va e –mos: respectivamente desinências modo-temporal e número-pessoa. Vejam que o –a que aparece entre o radical e as desinências não foi classificado até o momento, pois esse –a é a vogal temática verbal da palavra. Vale lembrar que a vogal temática verbal desempenha uma outra função como elemento estrutural de palavras da língua portuguesa que é a de sinalizar a conjugação a que o verbo pertence, conforme demonstrado no quadro a seguir: Quadro 6: Vogal temática verbal como elemento estrutural de palavras Fonte: Elaborado pela autora (2022) Lembrando que algumas formas verbais não têm vogal temática, vejamos o próximo exemplo: Danço = danç (radical) + - o desinência de número e pessoa. Este – o que aparece no verbo não está ligando o radical à desinência, sua função é indicar a pessoa e o número, por esse motivo, nesse exemplo ele exerce a função de vogal temática. Ao conjunto que se forma com o radical do verbo + a vogal temática, damos o nome de tema verbal. Assim usando como exemplo o vocábulo cantávamos, o tema verbal será canta = cant (radical) + -a (vogal temática) - canta FIQUE ATENTO 22 1. (UNI-RIO) O elemento destacado NÃO é vogal temática em: a) está b) coalhou c) beber d) poupei e) calço 2. (PUC-PR) Na palavra infelizmente temos três partes com um significado próprio: in, feliz e mente. Assinale a alternativa em que todos os elementos constituem partes significativas da palavra desigualdades: a) de - si - gual - da - des. b) des - igual - dade - s. c) desi - gual - da - des. d) des - i - gual - da - des. e) desigual - dades. 3. (UFPB) Os elementos mórficos sublinhados no trecho: "E justamente ela estava subindo a ladeira. Como na véspera, deu adeus;" estão corretamente classificados, EXCETO em a) –mente: sufixo adverbial b) –va: desinência modo-temporal número c) sub–: radical d) –eira: sufixo nominal e) –s: desinência nominal de número 4. (UFAL) Tendo em vista a estrutura das palavras, o elemento em negrito está INCORRETAMENTE classificado nos parênteses em: a) Velha (desinência de gênero). b) Legalidade (vogal de ligação). c) Perdeu (tema). d) Organizara (desinência modo-temporal). e) Testemunhei (desinência número-pessoa). FIXANDO O CONTEÚDO 23 5. (UFMG) “Achava natural que as gentilezas da esposa chegassem a cativar um homem”. Os elementos constitutivos da forma verbal destacada estão analisados corretamente, exceto: a) cheg– radical. b) -a – vogal temática. c) chega – tema. d) -sse – sufixo formador de verbo. e) –m – desinência número-pessoal. 6. (UFSM_RS) Aponte a alternativa em que o prefixo das duas palavras não apresenta o significado existente no prefixo de irreverente: a) irromper - imoral b) apolítico – anormal c) infeliz-desumano d) inútil – ilegal e) impermeável - irrestrito. 7. (Fuvest-1998-adaptada) – O valor semântico de des- NÃO coincide com o do par centralização/descentralização apenas em: a) “Belo, belo, que vou para o Céu…” – e se soltou, para voar: descaiu foi lá de riba, no chão muito se machucou. b) O governo de Israel decidiu desbloquear metade da renda de arrecadação fiscal que Israel devia à Autoridade Nacional Palestina. c) A despoluição do rio Tietê é um repto urgente aos políticos e à população de São Paulo. d) Despregar o prego foi mais difícil do que pregá-lo. e) Enquanto isso ele ficava ali em Casa, em certo repouso, até a saúde de tudo se desameaçar. 8. Assinale a alternativa em que não há sufixo aumentativo. a) caldeirão b) fogaréu. c) ricaço. d) dentuça. e) bocada. 24 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS 25 A morfologia lexical tem como objetivo estudar a estrutura das palavras e dos seus processos de formação; bem como das relações entre padrões diferentes. De acordo com Peter (2010), a formação de novas palavras na língua portuguesa ocorre por meio de dois processos: derivação e composição, os quais veremos detalhadamente a seguir. No entanto, antes de iniciarmos nossos estudos sobre esses processos de formação de palavras, é importante destacarmos alguns conceitos que nos ajudarão a compreender melhor os procedimentos que originam novas palavras. Na língua portuguesa, temos os 2.1 INTRODUÇÃO Você já parou para pensar sobre como as palavrassurgem na língua portuguesa? Nesta unidade, estudaremos os processos de formação de palavras, uma vez que saber como as palavras se formam contribui para compreendê-las no uso, no contexto, ou seja, nos atos de comunicação. De acordo com Rosário (2021), a língua portuguesa, atualmente, possui quase 400 mil palavras. Com o passar do tempo, esse conjunto de vocábulos, só tende a aumentar, conforme nos aponta o acadêmico professor Evanildo Bechara (2021), o trabalho de encontrar novas palavras é como o trabalho de formiguinhas, nunca acaba. Sabemos que novas palavras estão sempre surgindo na língua portuguesa. Esse aumento do léxico se dá tanto pela inclusão de palavras emprestadas de outras línguas, como também pela criação de novos vocábulos a partir de outras palavras e/ou elementos do nosso próprio idioma. 2.2 MORFOLOGIA LEXICAL Figura 4: Palavras Difíceis Fonte: https://bityli.com/fZJTWc. Acesso em 19 dez. 2021 26 A derivação trata-se do processo de adição de afixos – que são morfemas que podem ser acrescidos às palavras antes ou depois do radical – às palavras. Segundo Valter Kehdi (1992, p. 32), é “o processo geral de formação vocabular em que a uma base se agregam formas presas denominadas afixos: prefixos (formas presas à esquerda da base) e sufixos (formas presas à direita da base).” No entanto, como veremos no decorrer da seção que no processo de derivação imprópria não ocorre esse acréscimo de afixos. Vejamos o exemplo da palavra nacionalização: Por exemplo, as palavras flor e amor são consideradas primitivas e simples, pois não foram formadas a partir de outras palavras da língua portuguesa e possuem apenas um radical. As palavras pequeninho e beijinho são palavras derivadas e simples, são formadas por apenas um radical e se formaram de outras existentes: pequeno e beijo às quais foram acrescentados os sufixos: -ninho. E, por fim, classifica-se por composta a palavra beija-flor que se formou pela união das palavras (beija + flor) que já existiam. Beija-flor Beija-flor pequenininho que beija a flor com carinho, me dá um pouco de amor, que hoje estou tão sozinho... Beija-flor pequenininho, é certo que não sou flor, mas eu quero um beijinho, que hoje estou tão sozinho... (Mundo da lua, p. 34) 2.3 DERIVAÇÃO seguintes tipos de palavras: 1. primitivas: não se originam de outras. Ex.: ferro, terra. 2. derivadas: como o mesmo nome indica, são aquelas derivadas de outras. Ex.: ferreiro, terroso. 3. simples: podem ser primitivas ou derivadas, no entanto possuem apenas um radical. Ex.: jardim, pedra, mala, porta. 4. compostas: são aquelas palavras que possuem mais de um radical. Ex.: guarda-roupa, pé de moleque, couve-flor. Vejamos no poema abaixo, de Roseana Murray, algumas palavras que representam os tipos acima. O substantivo nação, que é transformado em um adjetivo ao se acrescentar o sufixo –al (nacional); esse adjetivo se transforma em um verbo com o acréscimo do sufixo –izar (nacionalizar); e, finalmente, esse verbo torna-se um novo substantivo ao se acrescentar mais um sufixo, o –cão (nacionalização). Podemos ainda, não mudando a classe gramatical, mas dando um sentido oposto à palavra, adicionar o prefixo –des para formar desnacionalização. A esse processo de adição de afixos a uma raiz ou radical dá-se o nome de derivação (DIAS, GOMES, 2015, p. 64). 27 O processo de derivação pode ser classificado em: Em seguida, estudaremos detalhadamente, todos os processos de derivação apresentados no esquema acima. 2.3.1 Derivação prefixal A derivação prefixal se dá pelo acréscimo de um prefixo a uma palavra primitiva, dessa maneira, temos: prefixo + palavra ou (radical), ou seja, esse acréscimo do prefixo é anteposto ao radical. Vamos analisar o processo de formação da palavra desleal, podemos perceber que se acrescentou o prefixo –des ao radical leal e formou-se uma nova palavra que é desleal. Neste caso, temos uma palavra formada pelo processo de derivação prefixal. 2.3.2 Derivação sufixal A derivação sufixal como a prefixal também se dá pelo acréscimo de um afixo, esses são divididos em prefixos (antes do radical) e sufixos (depois do radical). a uma palavra primitiva, no entanto, esse acréscimo do prefixo é posposto ao radical, sendo assim, temos: palavra ou (radical) + sufixo. Leiamos o poema a seguir: Ceninha caseira A família reunida No almoço do domingo: - Mãe, me dá laranjada. - A laranja se acabou. - Mãe, me dá limonada. - O limão se acabou. No almoço de domingo Figura 5: Processo de derivação Fonte: Elaborado pela autora (2021) Para estudar o processo de formação de palavras, é necessário ter um conhecimento prévio acerca dos morfemas que constituem as palavras. FIQUE ATENTO 28 Vamos considerar as palavras limonada e laranjada que estão destacadas no poema. Vejamos que elas se formaram a partir da derivação sufixal, pois aos radicais ou palavra primitiva juntou-se um sufixo. Laranjada (laranj+ -ada) e limonada (lim+ - onada). 2.3.3 Derivação prefixal e sufixal Pode ocorrer também de uma palavra que já tenha se formado pelo processo de prefixação ou sufixação receber um outro afixo, e, daí originar uma nova palavra. Neste caso, temos o processo de derivação prefixal e sufixal. Podemos perceber esse processo de formação na palavra DESLEALDADE. Vejamos, foram acrescentados dois afixos na palavra leal, assim temos: des + leal= desleal - derivação prefixal e leal+dade=lealdade – derivação sufixal. Dessa maneira, temos des+leal+dade = deslealdade. 2.3.4 Derivação parassintética Neste caso de formação de palavras, também ocorre o acréscimo de dois afixos ao mesmo tempo a uma palavra primitiva ou radical. Assim temos a seguinte estrutura prefixo+radical+sufixo = derivação parassintética. Vejamos um exemplo, para se formar a palavra entristecer, acrescentou-se simultaneamente o prefixo en e o sufixo cer à palavra primitiva triste. EN TRISTE CER 2.3.5 Derivação regressiva Esse tipo de derivação que ocorre por meio da supressão da palavra primitiva, originando uma derivada. Exemplo: boteco é uma derivação regressiva de botequim, assim como mengo é de Flamengo. No entanto, esse processo ocorre muito dando origem a substantivos que indicam ação, ao se acrescentar as vogais –a, -e ou –o ao radical dos verbos. Vejamos o esquema a seguir que representa essa derivação. Figura 6: Representação de Derivação regressiva Fonte: Elaborado pela autora (2021) Da família reunida Ninguém pede amorada, Que o amor, também se acabou. (Sérgio Antunes. Relógio da sala. SP: Salesiana, 1986). Não devemos confundir as palavras formadas por derivação prefixal e sufixal com paras- sintética. Para que isso não ocorra, segue uma dica para diferenciá-las. Peguemos como exemplo a palavra empobrecer, veja que a ela foram acrescentados dois afixos: em- e -cer. Primeiramente, exclua o prefixo da palavra, neste caso, passaremos a ter pobrecer, em seguida, exclui-se o sufixo – cer teremos então empobre, vejam que a estrutura que sobrou ao retirar o prefixo ou o sufixo não faz sentido, sendo assim temos o processo por parassíntese. No entanto, se pegarmos a palavra descompromissadamente, por exem- plo, se excluirmos o prefixo des-, teremos o termo compromissadamente; e se excluirmos o sufixo –mente, teremos descompromissada, isto é, as palavras que sobraram, após a exclusão dos afixos, têm significado. VAMOS PENSAR? 29 Com o intuito de exemplificarmos, apresentaremos a aplicação do esquema acima em alguns verbos. A esses substantivos que se formam dessa maneira dá-se o nome de derivados regressivos. Como sabermos se foi o verbo que deu origem ao substantivo ou também o contrário, pois sabemos que há substantivos primitivos que são formados de radical do verbo + vogal (a, e ou o)? Para que possamos diferenciarmos esses substantivos dos derivados regressivos, há duas maneiras: - Caso o substantivo nomeie objetosou substâncias, podemos considerá-lo primitivo, e a partir dele, formou-se o verbo correspondente, e assim teremos uma derivação que nos exemplos que seguem é a sufixal, pois houve o acréscimo ao radical da palavra. Prego – pregar Água – aguar - Caso o substantivo indique ação, ele será derivado regressivo, tendo sido sua formação a partir de um verbo, palavra primitiva. 2.3.6 Derivação imprópria Esse processo ocorre quando a nova palavra é formada pela mudança de classe gramatical da palavra primitiva sem, contudo, mudar sua forma. Para Ferreira (2007, p. 116) derivação imprópria é o processo pelo qual se muda uma palavra de sua classe gramatica usual para uma outra classe, sem lhe alterar a forma. Vejamos como esse processo ocorre por meio da palavra jantar. Normalmente, quando nos referimos à palavra jantar, logo vem a ideia do ato de se fazer uma refeição à noite, e essa palavra é classificada de acordo com os dicionários e gramáticas normativas como pertencente à classe dos verbos. Vamos analisar o emprego dessas palavras nos exemplos que seguem: Iremos jantar na casa da noiva. A família da noiva ofereceu um jantar para todos os convidados. Verbo Terminação Verbal Radical do verbo Acréscimo de vogal ao radical Derivação regressiva Empatar -ar Empat- +e Empate Avançar -ar Avanç +o Avanço Vender -er Vend +a Venda Fugir -ir Fug- +a Fuga Na derivação regressiva, geralmente o verbo é a palavra primitiva e o substantivo é a pa- lavra derivada, isto é, a nova palavra. No entanto, vale ressaltar que não foram todos os substantivos indicadores de ação que se formaram por esse processo. Ex. colheita indica ação, mas formou-se a partir da derivação sufixal FIQUE ATENTO 30 Na primeira frase o termo jantar refere-se ao ato de jantar, portanto, pertence à classe de palavras dos verbos. Na segunda frase, jantar refere-se ao nome de uma refeição e está acompanhado de um artigo indefinido; podemos classificar essa palavra nessa frase como substantivo. Dessa maneira, o vocábulo em foco mudou de classe de palavra; passando de verbo para substantivo, isso ocorreu sem que houvesse alteração em sua forma, resultando no processo de derivação imprópria. Nesses casos, observem que as palavras foram apenas justapostas, isto é, uma está ao lado da outra. Cada uma mantém sua independência fonética. 2.4.2 Aglutinação No processo de aglutinação ocorre o contrário que no processo de justaposição. Pelo menos uma das palavras que se juntam para formar o novo vocábulo sofre mudança em sua pronúncia e/ou sua grafia. Vejam os exemplos a seguir: Observem nos exemplos acima, que para formar um novo vocábulo, as palavras sofreram alterações em sua pronúncia. Vai + vem = vaivém Passa + tempo = passatempo Guarda + roupa = guarda-roupa Água + ardente = aguardente Plano + alto = planalto Perna + longo = pernilongo 2.4 COMPOSIÇÃO Nesse processo, ocorre a junção de dois ou mais radicais ou de duas ou mais palavras para se formar uma nova. Dependendo de como se dá essa junção dos elementos que formarão a nova palavra, o processo de composição pode ocorrer de duas maneiras: justaposição e aglutinação. 2.4.1 Justaposição As palavras que se juntam não sofrem alteração fonética em uma dessas palavras, ou seja, cada uma delas continua sendo usada da mesma forma como antes do processo da composição. E a nova palavra que foi formada tem sentido próprio, diversa das que lhe deram origem. 31 Agora, vamos tratar de mais três tipos de processos de formação de palavras, além dos estudados anteriormente, que são: o hibridismo, a onomatopeia e a sigla. Os quais estudaremos a seguir. Leia o poema “o relógio” de Vinicius de Moraes, observe a palavra tic-tac que se aparece várias vezes no texto. O poeta usou a palavra tic-tac para reproduzir o som do relógio. Essa palavra é formada por onomatopeia, pois está reproduzindo ou imitando um som, no exemplo, como já mencionado, o som do relógio. Automóvel: (grego: auto) + (latim: móvel) Centímetro: (centi: latim) + (metro: grego) O relógio Vinicius de Moraes Passa, tempo, tic-tac Tic-tac, passa hora. Chega logo, tic-tac, Tic-tac e vai embora. Passa o tempo Bem depressa, Não atrasa, Não demora, Estude mais sobre o assunto, consulte a Unidade 4: Formação do léxico da obra Morfologia do Português. Aqui, aprofundaremos os nossos estudos acer- ca dos processos de formação de palavras que podem acontecer na língua portuguesa, como o processo de derivação, de composição e outros processos. Disponível em: https://bityli.com/MrvaGw BUSQUE POR MAIS 2.5 HIBRIDISMO 2.6 ONOMATOPEIA Considera-se hibridismo quando na formação de uma palavra há elementos de outros idiomas. Exemplos: Que já estou Muito cansado. Já perdi Toda a alegria De fazer meu tic-tac Dia e noite Noite e dia Tic-tac Tic-tac Tic-tac… 32 OMS: Organização Mundial da Saúde ONU: Organização das Nações Unidas OAB: Ordem dos Advogados do Brasil O uso das siglas teve sua popularização, principalmente, pelas mídias, ou seja, os meios de comunicação, pois tendem a agilizar a comunicação. 2.7 SIGLA As siglas são palavras formadas pelas iniciais das palavras que formam um nome. Exemplos: “As siglas se comportam como palavras novas, fazendo com que a nomenclatura verda- deira vá se apagando. Veja você, Unesco, Ibope ou IBM: poucos sabem seu sentido origi- nal” (Carvalho, 1984) VAMOS PENSAR? 33 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (UFSC). Aponte a alternativa cujas palavras são respectivamente formadas por justaposição, aglutinação e parassíntese: a) varapau - girassol - enfaixar b) pontapé - anoitecer - ajoelhar c) maldizer - petróleo - embora d) vaivém - pontiagudo - enfurece e) penugem - plenilúnio – despedaça 2. (PUC-SP). Assinale a alternativa em que ocorre o processo de formação de palavras conhecido por derivação imprópria. a) A ética, como morada humana, não é algo pronto e constituído de uma só vez. b) O ser humano está sempre tornando habitável a casa que construiu para si. c) ... tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente. d) Na ética, há o permanente e o imutável. e) A casa, nos seus mais diferentes estilos, deverá ser habitável. 3. (UNIFOR CE). Em relação aos vocábulos filósofo e teólogo é correto afirmar que: a) ambos são formados pela junção de dois radicais de origem grega b) o primeiro é formado por radicais de origem latina e o segundo, por radicais de origem grega. c) são, ambos, exemplos de composição por aglutinação, em que os dois elementos de origem diversa se fundem, para formar uma nova palavra. d) são exemplos de hibridismo, em que se unem radicais, um de origem grega e outro de origem latina, respectivamente. e) ambos são formados pela junção de dois radicais de origem latina. 4. (FUVEST SP). Leia o texto. Só os roçados da morte compensam aqui cultivar, e cultivá-los é fácil: simples questão de plantar; não se precisa de limpa, de adubar nem de regar; as estiagens e as pragas fazem-nos mais prosperar, e dão lucro imediato; nem é preciso esperar pela colheita: recebe-se na hora mesma de semear. 34 (João Cabral de Melo Neto, MORTE E VIDA SEVERINA) O mesmo processo de formação da palavra sublinhada em “não se precisa de limpa” ocorre em: a) “no mesmo ventre crescido”. b) “iguais em tudo e na sina”. c) “jamais o cruzei a nado”. d) “na minha longa descida”. e) “todo o velho contagia”. 5. (EPCAR) Enumere as palavras da primeira coluna conforme os processos de formação numerados à direita. Em seguida, marque a alternativa que corresponde à sequência numérica encontrada: 1) justaposição ( ) aguardente 2) aglutinação ( ) casamento 3) parassíntese ( ) portuário 4) derivação sufixal ( ) pontapé 5) derivação imprópria ( ) os contras 6) derivação prefixal ( ) submarino ( ) hipótese a) 1, 4, 3, 2, 5, 6, 1 b) 4, 1, 4, 1, 5, 3, 6 c) 1,4, 4, 1, 5, 6, 6 d) 2, 3, 4, 1, 5, 3, 6 e) 2, 4, 4, 1, 5, 3, 6 6. (CESGRANRIO) As palavras esquartejar, desculpa e irreconhecível foram formadas, respectivamente, pelos processos de: a) sufixação - prefixação - parassíntese b) sufixação - derivação regressiva - prefixação c) composição por aglutinação - prefixação - sufixação d) parassíntese - derivação regressiva - prefixação e) parassíntese - derivação imprópria – parassíntese 7. (ETF-SP) Assinalar a alternativa correta quanto à formação das seguintes palavras: girassol; destampado; vinagre; irreal. a) sufixação; parassíntese; aglutinação; prefixação b) sufixação; parassíntese; derivação regressiva; sufixação c) justaposição; prefixação e sufixação; sufixação; parassíntese d) justaposição; prefixação e sufixação; aglutinação; prefixação e) aglutinação; prefixação; aglutinação; justaposição 35 8. (IBADE - 2021 - ISE-AC) Leia o texto abaixo. Quarentena de afeto O Brasil tem passado por uma recessão, reflexo do quadro social e sanitário. Ainda assim, segundo Nelo Marraccini, do IPB, mesmo com as dificuldades impostas pela crise que veio junto da pandemia, muitas famílias não deixam de cuidar de seu pet. O abandono aumentou, mas as buscas por adoção subiram 400% de acordo com a União Internacional Protetora dos Animais (Uipa). Entre os que assumiram as “alegrias e agruras” de um animalzinho no período da pandemia, está o casal Marina e Renan Malta do Rio de Janeiro. “Em março do ano passado, quatro meses depois de casados, nós nos vimos trabalhando em home office, sem poder sair de casa. Então resolvemos realizar um sonho e adotar a Lily, um filhote vira-lata de 32 dias. Todo mundo nos dizia que cuidar de um animal dá muito trabalho, mas que compensa, o que é verdade. A gente só não contava que ela apresentasse problemas comportamentais”, conta Marina. “Além de roer quase todos os móveis com seus dentinhos afiados, Lily passou a se sentir a dona da casa entre três e quatro meses, mostrando-se reativa e agressiva. Nesse momento, eu precisei pesquisar tudo sobre o mercado pet e descobri vários serviços e produtos. Contratamos, então, o primeiro adestrador e a colocamos na creche para ajustar a rotina e a socialização. Também conheci os mordedores naturais, que estimulam o instinto do cão e são importantes na preservação do meio ambiente. Assim, ela extravasa toda energia e não rói mais os móveis. ” (Revista Proteste) Em “Também conheci os mordedores naturais...”, a palavra destacada teve o seguinte processo de formação: a) composição por justaposição. b) composição por aglutinação. c) derivação prefixal. d) derivação sufixal. e) derivação regressiva. 36 CLASSES DE PALAVRAS NOMINAIS: SUBSTANTIVO E ADJETIVO 37 3.1 INTRODUÇÃO Neste capítulo daremos início ao estudo das classes de palavras. E o que são as classes de palavras? De acordo com o que prescreve as gramáticas normativas da língua portuguesa, as classes de palavras ou classes gramaticais referem-se ao conjunto constituído de todas as palavras que têm o mesmo propósito. De acordo com Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), na língua portuguesa há dez classes de palavras que são: Vale ressaltar que a classificação das palavras em classes diferentes se pauta em critérios formais semânticos, os quais conversam com o sintático e com o morfológico. Conforme nos orienta Basílio (2007, p. 60), “um item lexical é um complexo de propriedades morfológicas, sintáticas e semânticas.” Assim podemos verificar que em cada classe de palavra, as propriedades semânticas se relacionam às sintáticas e às morfológicas, por exemplo, só há gênero e número nas palavras que nomeiam e caracterizam os seres. As palavras que apresentam tempo, modo etc., não são classificadas como núcleo do sujeito. Outro exemplo, somente as palavras invariáveis modificam o verbo. Daremos início ao nosso estudo a respeito das classes de palavras pelo substantivo que, igualmente ao verbo, configura-se como o núcleo do sintagma nominal. Substantivo adjetivo artigo numeral advérbio Preposição conjunçao pronome verbo interjeição Uma mesma palavra pode pertencer a mais de uma classe gramatical. Ex. Não faça bagunça! - Neste caso, o não é classificado como um advérbio. Ex. Um não pode fazer a diferença na vida de uma criança. Aqui, o não é um substantivo. VAMOS PENSAR? 38 Normalmente, vemos nas gramáticas normativas o seguinte conceito para substantivo: palavra que nomeia os seres e objetos em geral, em outras palavras, o substantivo é a classe de palavra responsável por dar nome a tudo que existe. Para aprofundarmos nossos estudos no conceito de substantivo, vejam a seguir o que alguns gramáticos trazem em suas obras acerca dos substantivos. Para BECHARA (2009, p. 87), substantivo “é o nome com que designamos os seres em geral – pessoas, animais e coisas”. Para o gramático LUFT (2002, p. 102) é a palavra que designa um ser e, sintaticamente, pode funcionar como núcleo de sujeito, predicativo e objeto”. Geralmente, tudo que vemos, sentimos, ouvimos tem um nome, como pessoa, lugar, ações, sentimentos entre outros, sendo assim, a classe de substantivo é a responsável por dar nomes a tudo que existe. O substantivo pode apresentar diferentes características dependendo sobre qual o ponto de vista está sendo analisado. O quadro abaixo sintetiza essa classificação. Vale ressaltar que uma palavra classificada como substantivo poderá ter analisado por vários aspectos, ou seja, uma análise não exclui a outra. Ex. a palavra jardineiro, por exemplo, é derivada, simples, comum e concreta. Além das classificações acima mencionadas, há ainda os substantivos coletivos que são aqueles comuns que mesmo estando no singular refere-se a um grupo ou conjunto de seres de uma mesma espécie. Vejamos alguns exemplos em destaque no poema abaixo. 3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS Aspecto Analisado Classificação Origem - primitivo: não se origina de outra palavra da língua. Exemplos: rua, cidade, máquina, fantasma. - derivado: origina-se de outra palavra. Exemplos: lapiseira, bon- dade, negociação. Forma - simples: Constituído por uma única palavra. Exemplos: planta, menino, lapiseira, coragem. - composto: constituído por mais de uma palavra (ou radical). Exemplos: fruta-pão, passatempo, lobisomem. Designação (geral ou específica) - comum: nomeia, genericamente, todos os elementos de uma mesma espécie. Exemplos: cidade, árvore, lapiseira, professor. - próprio: dá nome a um único ser de uma espécie. Exemplos: Brasília, Fernanda, Marte, Corinthians. Tipo de ser nomeado - concreto: nomeia seres de existência própria (geral ou imaginá- ria). - abstrato: dá nome a sentimentos (ódio, solidão), qualidades/ defeitos (beleza, falsidade, rapidez), sensações (frio, dor), ações (vingança, crítica, choro) e estados (vida, viuvez, morte). Quadro 7: Classificação geral dos substantivos Fonte: Ferreira (2007, p. 134) 39 Vejam os vocábulos em destaque no poema, um conjunto de lobos corresponde ao substantivo coletivo alcateia, boiada refere-se a bois, multidão a pessoas, cardume a peixes, turma a alunos e elenco a artista. Esses são alguns exemplos de substantivo coletivo. As palavras classificadas como substantivos são variáveis, ou seja, a forma dessas palavras pode sofrer variações de acordo com a situação em que é empregada. Os substantivos podem flexionar em gênero, número e grau. A seguir, vamos conhecer essas três flexões. 3.3.1 Gênero do substantivo Em relação ao gênero os substantivos podem flexionar em masculino e feminino. De acordo com a gramática normativa, podemos considerar como substantivo masculino aqueles vocábulos aos quais podemos inserir o artigo o ou os antes deles. E do gênero feminino aqueles que antes do vocábulo possamos inserir o artigo a ou as. Exemplificando: POEMA DO COLETIVO Substantivo coletivo é facinho de entender, não fique muito pensativo, logo vai saber. Coletivo é coleção, todo mundo já conhece. Substantivoé diversão, quando aprende nunca esquece. Pra começar a brincadeira explicar é grande ideia: ver um lobo é tremedeira, muitos lobos é alcateia. Pra entender agora e não depois é só pensar numa coitada na frente de muitos bois sem saber que é boiada. Se não entendeu, se queixe! Dúvida dá azedume! É simples, pense num peixe... Muitos peixes dá cardume. 3.3 FLEXÕES DO SUBSTANTIVO Animal é uma boa, mas humanos também são. Se pensarmos em pessoas, muita gente é multidão. Vamos ver um outro achado, coletivo em outra pista: exército é de soldado e elenco é de artista. Agora pense firme... Coletivo é simples, assuma! Jogadores dá um time e com alunos temos turma. Turma tem que ser boa, alunos espertos e ativos. Não fique mais à toa! Pesquise mais coletivos!!! Evelyn Cordeiro 40 cão – cadela genro – nora homem – mulher profeta – profetisa ator – atriz galo – galinha Menino – menina mestre – mestra cantor – cantora Leão – leoa cidadão – cidadã valentão – valentona Normalmente, ao se tratar de nomes de seres vivos, o gênero coincide com o sexo do ser ao qual o substantivo se refere. Exemplificando, usamos garota para nomearmos um ser do sexo feminino, assim, temos um substantivo do gênero feminino. O mesmo ocorrer com a palavra menino que se refere a um ser do sexo masculino, portanto, substantivo do gênero masculino. Quando o vocábulo se refere a seres não vivos, ou seja, que não tem definição de sexo, fixa-se o gênero convencionalmente. Como nos mostra os exemplos abaixo. Figura 7: Representação de substantivos Fonte: Elaborado pela autora (2021) Figura 8: Representação de substantivos de seres não vivos Fonte: Elaborado pela autora (2021) Formação do feminino Alguns substantivos apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. Exemplos: Há também substantivos que para formarem o feminino partem do masculino, havendo mudanças somente nas desinências. Vejamos os exemplos: Como podemos observar alguns substantivos que ao formarem o feminino não seguem critérios, como expusemos alguns exemplos acima. Ainda acerca do gênero dos substantivos, vale lembrar que alguns substantivos possuem apenas uma forma para designar o masculino e feminino, são os substantivos uniformes, ou seja, uma única forma. O estudante – a estudante O tatu (macho) – O tatu (fêmea) O capital (bem material) – a capital (cidade) O rádio (aparelho) – a rádio (emissora) 41 Dessa maneira, podemos observar que não há somente uma regra ou critério para se formar o feminino do substantivo. 3.3.2. Número do substantivo Na língua portuguesa, há duas maneiras para designarmos o número de seres a que o substantivo se refere, que são: singular e plural. Quando o substantivo está no singular, ele refere-se somente a um ser ou a ape- nas um conjunto de seres. Via de regra, o que determina que o vocábulo está no singu- lar é não ter a desinência –S ao final. Exemplo: casa, matilha. Quando o substantivo está no plural, ele refere-se a mais de um ser ou conjunto de seres, sendo esse plural marcado pela presença da desinência – S ao final do vocá- bulo. Exemplo: casas, matilhas. Formação do plural A formação do plural dos substantivos segue alguns critérios bem variados, abai- xo apresentaremos os casos mais gerais. Pois alguns substantivos podem causar dúvidas em relação ao gênero. Vamos conhecer alguns: Masculinos: O alvará, o grama (peso), o champanha. Feminino: a grama (planta), a alface, a cal, a dinamite. FIQUE ATENTO Substantivo ter- minado em Faz o plural assim Exemplo Observações Vogal ou ditongo +S Casa - casas Pônei- pôneis - ão +S - ão + ões - ão + ães Cidadão- cidadãos Ilusão- ilusões Pão - pães Vários substantivos termina- dos em –ão admitem mais de uma forma de plural. R, Z + es Flor – flores Juiz – juízes - M -m + ns Jovem – jovens - S + es (em oxítonas e em monossílabas) [invariável nos de- mais casos] Freguês – fregueses Rês – reses Pires – pires O substantivo cais não segue a regra, ele é invariável. O cais – os cais. Al, el, ol, ul - l +is Canal – canais Túnel – túneis Anzol – anzóis Paul - pauis Os substantivos mal e cônsul não seguem a regra. O mal – os males; o cônsul – os cônsu- les. il - l +s (em oxítonas) - l +eis (em paroxí- tonas) Barril – barris Réptil – répteis - x Não muda Tórax – tórax. - 42 n +s Hífen – hifens - Quadro 8: Formação do plural Fonte: Ferreira (2007, p. 142 - adaptado) Plural dos substantivos compostos Como já vimos no início do capítulo, os substantivos compostos são aqueles formados por duas ou mais palavras. Seguem algumas regras a serem observadas ao fazer o plural desses substantivos. - De maneira geral, usa-se a junção das formas como se faz o plural das palavras que formam esse substantivo composto. Exemplo: segunda-feira – segundas-feiras. - Se as duas ou mais palavras forem ligadas por preposição, apenas a primeira vai para o plural. Ex. pé de moleque – pés de moleque. - Para os casos dos substantivos compostos em que o segundo termo designa finalidade do primeiro, temos duas formas do plural: 1. aplica-se a regra geral: couve-flor – couves-flores 2. Quando na formação do substantivo composto tiver um verbo, este fica no singular. Ex. guarda- roupa – guarda-roupas. 3. Para os substantivos compostos formados por onomatopeias, apenas o segundo termo vai para o plural. Ex.: tique-taque – tique-taques. 3.3.3. Grau do substantivo Os substantivos podem ser perfeitamente alterados conforme os objetivos a que se propõem, essas mudanças relacionam-se às flexões de grau dessas palavras. Dessa maneira, temos os graus dos substantivos em aumentativo e diminutivo, sendo eles designados por dois processos: sintético e analítico. - sintético: quanto se trata desse processo, acrescenta-se ao substantivo um sufixo aumentativo ou diminutivo. Exemplo: carta- cartinha; janela – janelão; escritor – escritorzinho. - analítico: nesse processo ao invés de acrescentar o sufixo, usa-se as palavras grande ou pequeno próximo ao substantivo. Ex. casa grande, quarto pequeno. Estudamos, nesta primeira parte do capítulo, as três flexões do substantivo: gênero, número e grau. Na segunda parte, nos dedicaremos ao estudo de uma outra classe de palavra: o adjetivo. Estude mais sobre o assunto, consulte o sexto capítulo: Principais processos de mudança de classe que trata da formação de substantivos, da obra Formação e classes de palavras no português do Brasil. Esse capítulo remete à formação de substantivos a partir de verbos, formação de substantivos a partir de adjetivos. Disponível em: https://bityli.com/muOxbZ. Acesso em 08 jun, 2022 BUSQUE POR MAIS 43 Para darmos início aos nossos estudos acerca dos adjetivos, primeiramente, leremos com bastante atenção o poema Retrato, escrito por Cecília Meireles. Observem as palavras que foram destacadas no poema. Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, Tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração Que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil: — Em que espelho ficou perdida a minha face? Fonte: Cecília Meireles. Retrato. Poesia completa. 4 ed. Rio de Janeiro Vejam que as palavras em destaque expressam características e estão exercendo a função de adjetivos no poema. Logo, podemos dizer que os adjetivos expressão não só características mas também qualidade e estados dos seres. Observem que os adjetivos destacados a seguir estão caracterizando o vocábulo rosto, o qual é classificado como substantivo. Não só os adjetivos caracterizam os substantivos, essa caracterização ou apresentação de qualidades ou estados pode ocorrer também pelas locuções adjetivas. Que são as expressões formadas por preposição acompanhadas de um substantivo ouadvérbio, no entanto, funcionam como adjetivo e tem valor de tal. Ex. O carro bateu na banca de revistas. O termo sublinhado é uma locução adjetiva, pois há preposição + substantivo, tem a função de adjetivo e refere-se ao substantivo banca. 3.4 CLASSIFICAÇÃO DOS ADJETIVOS Ex.: Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro 3.5 FLEXÕES DOS ADJETIVOS Assim como os substantivos, o adjetivo também flexiona de três maneiras: Gênero, número e grau. 3.5.1. Gênero adjetivo Para acompanhar o substantivo ao qual se refere, o adjetivo também flexiona em gênero, ou seja, masculino e feminino. Exemplos: 44 - substantivo no feminino e adjetivo no feminino: Bola pequena - substantivo no masculino e adjetivo no masculino: carro velho - Alguns adjetivos não variam, ou seja, refere-se ao substantivo masculino e ao feminino. Ex.: moto veloz e menina veloz. 3.5.2 Número do adjetivo O adjetivo faz a concordância em singular ou plural com o substantivo ao qual se refere. Exemplos: casa pequena cidades belas carros velhos BUSQUE POR MAIS A seguir veremos como formar o plural dos adjetivos compostos, lembrando que o adjetivo composto é aquele constituído por duas palavras ou mais. Normalmente para pluralizar esse adjetivo, basta flexionar somente o último termo. Ex. Cabelos castanho- claros. Há algumas exceções, nestes casos, o adjetivo é invariável, ou seja, mantém-se no singular. Ex. blusas azul-celeste e camisas azul-marinho. Há o adjetivo surdo-mudo, nesse caso, os dois termos são flexionados. Ex.: meninos surdos-mudos. Para que você possa aprofundar seus conhecimentos acerca de como fazer o plural dos adjetivos compostos, assistam ao vídeo: Adjetivo – flexão de número. Disponível em https://bityli.com/JzkIJv. Acesso em 08 jun. 2022 3.5.3 Grau do adjetivo O grau demonstra como o adjetivo se expressa para caracterizar o substantivo. O adjetivo apresenta-se em dois graus: comparativo e superlativo. Grau comparativo Estabelece uma relação de comparação das características entre dois seres. Há três tipos de grau comparativo: superioridade, igualdade e inferioridade. Vejamos - superioridade: A torre é mais alta que a casa. Nesse exemplo, temos a estrutura mais... que. - igualdade: Maria é tão alta quanto Vera. A comparação se dá por meio de tão.... quanto. - inferioridade: Marta é menos estudiosa que João. Aqui, temos menos...que indicando a comparação. Podemos observar que em cada exemplo há uma comparação de uma mesma característica entre dois seres. Pode também ocorrer a comparação com duas características do mesmo ser. Ex.: Maria é mais dedicada que inteligente. 45 Adjetivo Comparativo de superioridade Superlativo absoluto sintético Superlativo relativo de superioridade. Bom Melhor que Ótimo O melhor de Mau Pior que Péssimo O pior de Grande Maior que Máximo O maior de Pequeno Menor que Mínimo O menor de Quadro 9: Adjetivos superlativo relativo Fonte: Ferreira (2007, p. 177) Os adjetivos bom, mau, pequeno e grande possuem algumas particularidades para o comparativo de superioridade e para o superlativo, expressando-se com algumas pala- vras específicas. FIQUE ATENTO Grau superlativo O grau superlativo sugere a característica ou a qualidade em sua máxima intensidade ao substantivo a que se refere. Há dois tipos de superlativo: absoluto e relativo. Superlativo absoluto Neste caso, a característica é conferida a um ser, sozinho, isolado, ou seja, de maneira absoluta. Esse superlativo expressa-se de dois modos diferentes, vamos conferir: Superlativo absoluto analítico: usa-se uma palavra intensificadora + adjetivo. Ex.: O aluno é muito inteligente. Superlativo absoluto sintético: usa-se adjetivo + sufixo de intensificação. Ex.: o aluno é inteligentíssimo. Superlativo Relativo Neste caso, a característica é conferida a um ser em relação a outros seres que também tenham as mesmas características. O superlativo relativo pode ser de: superioridade ou inferioridade. Superioridade: usa-se o(a) mais + adjetivo + de (dentre). Ex.: O aluno é o mais inteligente da turma. Assim temos: o aluno (ser) em relação a um conjunto de seres (turma). Inferioridade: usa-se o(a) menos + adjetivo + de (dentre). Ex.: O aluno é o menos inteligente da turma. Assim temos: o aluno (ser) em relação a um conjunto de seres (turma). Observem o quadro a seguir. nome do quadro: Adjetivos superlativo relativo 46 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (PUC-SP) Indique a alternativa correta no que se refere ao plural dos substantivos compostos: casa-grande, flor-de-cuba, arco-íris e beija-flor a) casa-grandes, flor-de-cubas, os arco-íris, beija-fior b) casas-grandes, flores-de-cuba, arcos-íris, beijas-flores c) casas-grande, as flor-de-cubas, arcos-íris, os beija-flor d) casas-grande, flores-de-cuba, arcos-íris, beijas-flores e) casas-grandes, flores-de-cuba, os arco-íris, beija-flores 2. (UFF) Assinale a única frase em que há erro no que diz respeito ao gênero das palavras. a) O gerente deverá depor como testemunha única do crime. b) A personagem principal do conto é o Seu Rodrigues. c) Ele foi apontado como a cabeça do motim. d) O telefonema deixou a anfitriã perplexa. e) A parte superior da traqueia é o laringe. 3. (UFSM) Identifique a alternativa em que o plural do diminutivo das palavras escritor, informações, ligação e material está de acordo com a língua-padrão: a) escritorezinhos, informaçãozinhas, ligaçãozinhas, materialzinhos b) escritorzinhos, informaçãozinhas, ligaçãozinhas, materialzinhos c) escritorezinhos, informaçõezinhas, ligaçõezinhas, materiaizinhos d) escritorezinhos, informaçãozinhas, ligaçõezinhas, materialzinhos e) escritorzinhos, informaçõezinhas, ligaçõezinhas, materialzinhos 4. (INSTITUTO AOCP-2021). Leia o texto abaixo. Quais são os principais temas de pesquisa no Brasil? Um relatório analisou mais de 300 mil artigos publicados entre 2015 e 2020. Confira os principais assuntos – e com quais países o Brasil mais colabora. A produção brasileira de artigos científicos cresceu 32,2% entre 2015 e 2020. É mais do que a média mundial, que foi de 27,1%. Mas o que o brasileiro pesquisa? O relatório “Panorama da ciência brasileira: 2015 – 2020”, produzido pelo Observatório de Ciência, Tecnologia e Inovação, mapeou os principais temas de estudo no Brasil. O levantamento se baseou nos artigos científicos presentes no Web of Science, uma plataforma que reúne pesquisas de todo o mundo. No total, mais de 11 milhões de artigos foram publicados entre 2015 e 2020. Desses, 372 mil contaram com a participação de ao menos um brasileiro. Educação lidera o pódio, com 16.672 artigos publicados entre 2015 e 2020. Se o tema surpreendeu, lembre que Pedagogia é o curso que mais recebe estudantes de graduação no Brasil. Logo, há mais mão de obra. Os temas seguintes 47 são Biodiversidade, Nanopartículas e Pecuária e Aquicultura. Para chegar ao resultado, o relatório fez uma análise da frequência das palavras-chave contidas nas pesquisas. Por exemplo: as palavras “ovelha” e “gado” estão relacionadas à agricultura, enquanto “entrelaçamento quântico” e “ondas gravitacionais” são campos da física teórica. O relatório ainda mostra os países que mais fazem pesquisa em parceria com o Brasil. Os Estados Unidos está presente em 36% dos artigos brasileiros realizados em colaboração internacional. Depois vêm Inglaterra, Espanha, França e Alemanha. Maria Clara Rossini 15 out. 2021 Considerando a palavra no plural “palavras-chave”, identificada no texto, assinale a alternativa que também apresenta o correto plural dos compostos. a) Couve-flores, abaixo-assinados e guarda-roupas. b) Saca-rolhas, beijas-flor e guardas-noturnos. c) Manga-espadas, pé de cabras e vice-presidentes. d) Guardas-marinha, pé de moleques e couve-flores. e) Salvos-condutos, bananas-prata e abaixo-assinados. 5. (CESGRANRIO) Assinale a oração em que o termo cego(s) é um adjetivo: a) Os cegos, habitantes de um mundo esquemático,sabem onde ir... b) O cego de Ipanema representava naquele momento todas as alegorias da noite escura da alma… c) Todos os cálculos do cego se desfaziam na turbulência do álcool. d) Naquele instante era só um pobre cego. e) ... da Terra que é um globo cego girando no caos. 6. (PUC) Adjetivo no grau superlativo relativo ocorre em: a) Acrescento que nada mais bonito existe do que um barco a vela. b) E havia também as casas dos pobres do outro lado, construções muito admiráveis no ar. c) O milagre da pobreza é sempre o mais novo e o mais cálido de todos os milagres. d) O maior barco a vela seguia o caminho invisível do vento. e) O domingo se aquietara, quando passou zunindo um automóvel vermelho. 7. (CESGRANRIO) Assinale a opção em que todos os adjetivos não se flexionam em gênero: a) delgado, móbil e forte b) oval, preto e simples c) feroz, exterior e enorme d) brilhante, agradável e esbelto e) imóvel, curto e superior 8. (UDFM-RS) Leia o texto: 48 Numa aparente CONTRADIÇÃO à famosa lei da OFERTA e da PROCURA, o livro no Brasil é CARO porque o BRASILEIRO não lê. No texto acima, uma das palavras a seguir não faz parte da classe dos substantivos. Assinale-a. a) contradição b) oferta c) procura d) caro e) brasileiro 49 CLASSES DE PALAVRAS NOMINAIS 50 Dando prosseguimento aos nossos estudos, neste capítulo, conheceremos mais três classes de palavras: artigo, numeral e pronome. São palavras variáveis, ou seja, têm variação em gênero, grau ou número. 4.1 INTRODUÇÃO Leia o poema abaixo. O bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. Manuel Bandeira. Rio, 27 de dezembro de 1947. Você percebe alguma diferença de sentido entre “um bicho” e “o bicho”? Em que situação se empregaria um ou outro? Quando lemos “Vi ontem um bicho”, o substantivo bicho não está sendo especificado, ou seja, está se referindo a qualquer bicho, de forma genérica. Não se sabe qual é o bicho. Enquanto no segundo caso, há uma especificação, o bicho está determinado, especificado, já se falou desse bicho. Conforme nos aponta Ferreira (2007, p. 156), artigo “é a palavra que se coloca antes do substantivo para determiná-lo de modo particular (definido) ou geral (indefinido).” Desse modo, o artigo vem anteposto ao substantivo, normalmente indica se este substantivo a que se refere está sendo usado de modo definido ou indefinido, bem como indica o gênero e o número desse substantivo. Ainda em consonância com Ferreira (2007), os artigos podem ser classificados em dois tipos: 4.2 ARTIGO Definidos Indefinidos O, a, os, as. Um, uns, uma, umas. Quadro 10: Classificação dos artigos Fonte: Ferreira (2007) 51 A palavra “belo”, por exemplo, pertence à classe gramatical dos adjetivos. Na oração acima, no entanto, por estar determinada pelo artigo “o”, ela está funcionando como um substantivo. Observem um outro exemplo, agora, com o emprego da palavra cantar que pertence à classe gramatical dos verbos. A própria conceituação dessa classe gramatical proporciona essa subdivisão dos artigos. 4.2.1 Principais empregos do artigo Substantivação Como já mencionado, o emprego do artigo está sempre relacionado a um substantivo, desse modo, caso seja empregado com outra palavra que não seja substantivo, essa passa a funcionar como substantivo, conforme nos aponta Amaral et al. (2000, p. 373), esse “fato gramatical recebe o nome de substantivação. Vejamos um exemplo: Nem sempre é fácil classificar o belo. Vossa Excelência, senhor senador, vetou o projeto. * Em janeiro, visitamos Bahia. * Pablo Picasso foi um artista plástico famoso. * Em janeiro, visitamos a bela Bahia. * O genial Pablo Picasso foi um artista plástico famoso. Neste caso, o verbo “cantar”, por estar determinado pelo artigo “o”, passa a exercer a função de substantivo. Algumas palavras não admitem o artigo definido Em algumas situações o artigo definido não pode ser empregado, veja as principais de acordo com Amaral et al (2000, p. 374), a. Antes de nomes de cidades e de pessoas famosas, conhecidas, exceto quando estiverem caracterizados. Exemplos: b. Antes de pronomes de tratamento (Vossa Majestade, Vossa Excelência etc.). Exemplo: O cantar dos pássaros soa como uma melodia aos meus ouvidos. 52 Caso o artigo faça parte de um nome próprio e haja uma preposição antes dele, não poderá haver a combinação entre eles. Lemos o primeiro capítulo de Os Lusíadas. (Correto) Lemos o primeiro capítulo dos Lusíadas. (Incorreto) FIQUE ATENTO Fábula é um tipo de narrativa que transmite um ensinamento moral. Você tem o original do documento cujas cópias me entregou? c. Ao conceituar os termos. Exemplo: d. Após o pronome “cujo” e suas variações. Exemplo Combinações dos artigos com outras palavras Os artigos podem juntar-se a preposições, formando, portanto, uma outra palavra. Exemplos: * (Preposição + artigo) a + a: Os professores aderiram à greve. * (Preposição + artigo) per/por + os: Os simulados foram organizados pelos professores. * (Preposição + artigo) em + uma: Moro num bairro tranquilo. * (Preposição + artigo) de + o: As praias do litoral sul são tranquilas. A classe gramatical de uma palavra, em algumas situações, pode variar de acordo com a combinação que se estabelece entre ela e outras palavras na mesma frase. Como veremos a frente, a palavra a nem sempre será artigo, poderá também ser pronome, preposição. O além de artigo poderá ser pronome. Um pode pertencer a três classes gramaticais: artigo, numeral ou pronome. FIQUE ATENTO 4.3 NUMERAL Leia com atenção a reportagem abaixo. Campinas e Guarulhos decidem o Paulista masculino de vôlei a partir de quarta Os finalistas do Campeonato Paulista Masculino de Vôlei estão definidos. Vôlei Renata/Campinas e Vedacit Vôlei Guarulhos disputarão o título do principal torneio regional país em melhor de dois jogos. A programação começará nesta quarta-feira, dia 13, com o primeiro jogo em Guarulhos, no Ginásio da Ponte Grande, a partir das 21h 30, enquanto a segunda partida está marcada para o dia 18, a partir das 19h, no Ginásio do 53 4.3.2 Ordinais São aqueles que indicam sequência, ou seja, a posição que alguém ou alguma coisa ocupa. Ex.: A segunda partida está marcada para o dia 18, a partir das 19h, no Ginásio do Taquaral, em Campinas. Conforme nos aponta Ferreira (2007, p. 188), “nas referências a reis, papas, séculos e capítulos, os numerais são empregados de formas distintas.” Vejamos como se dão esses usos: 1. Quando o numeral aparece após o substantivo, temos os seguintes empregos: a. Até dez lê-se em ordinais. Ex.: Capítulo IX (nono), D. Pedro I (primeiro). b. A partir de onze lê-se em cardinais. Ex.: Capítulo XII (doze), século XV (quinze). 2. Quando o numeral antecede o substantivo, empregam-se sempre os ordinais. Ex.: XVI século (lê-se: vigésimo primeiro). O numeral cardinal 14 admite duas grafias: catorze e quatorze. FIQUE ATENTO Taquaral, em Campinas. Caso seja necessário, o Golden Set está marcado para as 21h, no mesmo dia e local. Atual campeão estadual, o Campinas teve de vencer duas vezes para assegurar a vaga na final, a terceira consecutiva. Após perder o jogo de ida para o Sesi-SP, na Vila Leopoldina, a equipe campineira entrou em quadra no sábado com apenas uma opção: conseguir derrotar o adversário para provocar o Golden Set. Pois o time comandado pelo técnico Marcos Pacheco devolveu o placar de 3 a 1 e ainda fechou as semifinais com um 25/14 no set de desempate. (...) Disponível em: https://bityli.com/WQxDXK. Acesso em 08 de abril de 2022. No texto acima, todas as palavras que estão em destaque são numerais. Para Ferreira (2007, p. 187), numeral “é a palavra que exprime uma quantidade definida, exata de seres (pessoas, coisas etc.), ou a posição que um ser ocupa em determinadasequência.” Os numerais podem ser classificados em: cardinais, ordinais, multiplicativos e fracionários. 4.3.1 Cardinais São os numerais que indicam a quantidade, ou seja, o número preciso de seres, objetos etc. Ex.: A programação começará nesta quarta-feira, dia 13. Vale lembrar que somente os numerais cardinais um, dois e as centenas a partir de duzentos admitem o feminino, assim o feminino será: uma, duas, duzentas, trezentas etc. É importante ressaltar que os numerais cardinais milhão, bilhão etc. são do gênero masculino, portanto, sempre serão empregados no masculino. Ex. três milhões de pessoas. 54 4.3.3 Multiplicativos Expressam a multiplicação de certa quantidade. No entanto, efetivamente, usamos somente dobro e o triplo, nos demais casos usamos quádruplo, quíntuplo, sêxtuplo etc. Ex.: O pai tem o triplo da idade do filho. 4.3.4 Fracionários Indicam uma divisão, em outras palavras, o número de vezes pelo qual uma quantidade é dividida. Ex. Cada aluno recebeu um quinto do bolo de aniversário. FIQUE ATENTO Quando exerce a função de numeral, a palavra meio deve concordar com o substantivo a que se refere. Ex. Ela tomou meia garrafa de água. O trem partirá ao meio-dia e meia. 4.4 PRONOME 4.5 CLASSIFICAÇÃO DOS PRONOMES Leia o poema de Mario Quintana. Poeminha do Contra Todos estes que aí estão Atravancando o meu caminho, Eles passarão. Eu passarinho! Mario Quintana: poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005. As palavras destacadas no poema são pronomes. Para Amaral et al. (2000, p. 379), o pronome é “a palavra que substitui o substantivo ou acompanha o substantivo, determinando a sua significação.” Antes de apresentarmos a classificação dos pronomes, é importante lembrarmos que os pronomes estão diretamente ligados às pessoas gramaticais que são: Figura 9: Ligação dos pronomes Fonte: Elaborado pela autora (2021) 55 Desse modo, a classificação dos pronomes está relacionada às pessoas gramaticais e apresentam-se em seis tipos: Pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. 4.5.1 Pronomes pessoais São aqueles que substituem ou representam às pessoas gramaticais e se apresentam em dois tipos: pessoais e oblíquos, estes se subdividem em átonos e tônicos como veremos na tabela abaixo. Empregos dos pronomes pessoais a. Tratamento uniforme - Dentro de um mesmo contexto, deve-se ter uniformidade do uso dos pronomes referentes à pessoa gramatical. Concordei contigo, portanto te apoiei na decisão. Os dois pronomes empregados na frase acima referem-se à segunda pessoa do singular. b. Uso dos pronomes eu e mim - O pronome pessoal do caso reto eu sempre se apresentará na função de sujeito da oração. Enquanto o pronome pessoal oblíquo “mim” nunca exercerá a função de sujeito na oração. Vejamos os exemplos Ex.: Os alunos entregaram os textos para eu corrigir. Para mim, fazer as correções não será uma tarefa fácil. c. Ações reflexivas - Os pronomes átonos “me, nos, te, vos, se” em algumas situações são empregadas para indicarem a ação praticada pelo sujeito que reflete nele próprio. Esses pronomes, nesse tipo ocorrência, são chamados de pronomes reflexivos. Podem ocorrer somente de maneira reflexiva, bem como reflexiva recíproca como nos exemplos a seguir. Exemplos: A menina atirou-se na piscina. (Reflexivo) O garoto cortou-se com a tesoura. (Reflexivo recíproco) Ainda em relação a ações reflexivas, temos os empregos dos pronomes tônicos “si e consigo” que sempre desempenharam a função de pronomes reflexivos. Ex.: As pessoas egoístas querem tudo para si. (Pronome reflexivo= ela mesma) Pronomes pessoais Retos Pronomes pessoais Oblíquos Átonos (sem preposição) Tônicos (com preposição) Singu- lar Eu Tu Ele/Ela Me Te O, a, lhe, se Mim Ti Si, ele, ela Plural Nós Vós Eles/Elas Nos Vos Os, as, lhes, se Nós Vós Si, eles, elas Quadro 11: Classificação dos pronomes Fonte: Adaptado (Ferreira, 2007, p.199) 56 4.5.2 Pronomes de Tratamento Para Amaral (2000, p. 382), os pronomes de tratamento são palavras ou expressões equivalentes a pronomes pessoais e são empregados quando nos dirigimos ou nos referimos a alguém de maneira formal e respeitosa. Veja no quadro a seguir alguns pronomes de tratamento. Empregos dos pronomes de tratamento a. Quando usar as formas Vossa e Sua - Usa-se a forma Vossa quando se fala com a própria pessoa; a forma Sua é empregada ao se falar acerca da pessoa. Exemplos: Vossa Santidade deverá descansar hoje. (Falando com o Papa) Sua Santidade deverá descansar hoje. (Falando acerca do Papa) b. Embora a forma de tratamento Vossa indique a 2ª pessoa, ou seja, com que se fala; essa forma estabelece que os demais pronomes e verbos empregados na oração sejam usados na 3ª pessoa. Exemplo: Vossa Santidade se engana em relação ao seu auxiliar. 4.5.3 Pronomes Possessivos Nos dizeres de FERREIRA (2007, p. 208), o pronome possessivo “refere-se a uma das três pessoas gramaticais (1ª, 2ª ou 3ª) para indicar que alguma coisa lhe cabe ou pertence.” Os pronomes possessivos relacionam a pessoa gramatical que possui algo à coisa possuída. Sendo assim, há uma correlação entre os pronomes pessoais e possessivos, como demonstrado no quadro abaixo: Pronome Abreviatura Usado em relação a Vossa Alteza V.A. Duques e príncipes Vossa Majestade V.M. Reis e imperadores Vossa Santidade V.S. Papas Vossa Eminência V.Em.ª Cardeais Vossa Excelência V.Ex.ª Altas autoridades Vossa Senhoria V. S.ª Pessoas graduadas em geral Você V. Pessoas intimas, amigas Quadro 11: Pronomes de tratamento Fonte: Ferreira (2007, p.204) Pessoa gramatical Pronomes pessoais Pronomes possessivos 1ª pessoa do singular Eu Meu, minha, meu, minhas 2ª pessoa do singular Tu Teu, tua, teus, tuas 57 Empregos dos pronomes possessivos a. Ao empregar os pronomes de tratamentos, deve-se lembrar de que se deve usar os pronomes possessivos na 3ª pessoa (seu, sua etc.), e não na 2ª pessoa (vossa, vossa etc.). Exemplo: Vossa Senhoria deve se preocupar com seu bem estar. b. Em algumas situações, os pronomes possessivos poderão ser substituídos por pronomes oblíquos. Do seguinte modo: Exemplo: O cansaço atrapalhava-me o sono. (Atrapalhava o meu sono) 4.5.4 Pronomes demonstrativos Bechara (2006) define os pronomes demonstrativos como aqueles que indicam a posição dos seres em relação às três pessoas do discurso e adiciona que esse posicionamento pode se dar no tempo, no espaço ou no discurso. Para melhor elucidar, apresentaremos a seguir o quadro no qual consta todos os pronomes demonstrativos. Empregos dos pronomes demonstrativos a. Os pronomes este, esta, estes, estas e isto devem ser empregados observando- se os seguintes aspectos: - No espaço: indicam o que está próximo de quem fala ou escreve. - No contexto: indicam algo que ainda será dito ou escrito. Quadro 12: Pronomes pessoais e possessivos Fonte: Ferreira (2007, p.208) Quadro 13: Pronomes possessivos e oblíquos Fonte: Ferreira (2007, p.209) Quadro 14: Pronomes demonstrativos Fonte: Ferreira (2007, p.218) Pronome possessivo Pronome oblíquo equivalente Meu(s), minha (s) Me Teu(s), tua(s) Te Seu(s), sua(s) Lhe (s) Nosso (s), nossa(s) Nos Vosso(s), vossas(s) Vos Variáveis Invariáveis Este, esta, estes, estas Isto Esse, essa, esses, essas Isso Aquele, aquela, aqueles, aquelas Aquilo 3ª pessoa do singular Ele/ela Seu, sua, seus, suas 1ª pessoa do plural Nós Nosso, nossa, nossos, nossas 2ª pessoa do plural Vós Vosso, vossa, vossos, vossas 3ª pessoa do plural Eles/elas Seu, sua, seus, suas 58 - No tempo: indicam o presente, ou seja, o tempo atual em relação ao momento da fala ou escrita. Exemplos: Este cordão que estou usando é uma lembrança de família. A grande motivação da minha é esta: minha família. Este momento de pandemia ficará marcado na história. b. Os pronomes esse, essa, estes, essas e isso devem ser empregados observando- se os seguintes aspectos: - Noespaço: indicam o que está próximo de quem ouve ou lê. - No contexto: indicam algo que já foi mencionado ou escrito. - No tempo: indicam o tempo passado próximo ou futuro próximo. Ex. Eu poderia dar uma olhada nesse livro que está com você? c. Os pronomes aquele, aquela, aqueles, aquelas e aquilo devem ser empregados observando-se os seguintes aspectos: - No espaço: indicam o que está longe de quem fala ou escreve, de quem lê ou ouve. - No contexto: indicam algo que já foi mencionado anteriormente a outro. - No tempo: indicam tempo distante, ou seja, bem posterior ou anterior ao momento da fala ou escrita. Ex. Antônio e Marcos são irmãos. Aquele é advogado; este é ator. (aquele refere-se Antônio e este a Marcos. 4.5.5 Pronomes Indefinidos Considere a oração a seguir: Alguém entregou várias encomendas para você. Vejam, é possível identificar quem fez a entrega? O que foi entregue? Sendo assim, os pronomes indefinidos são classificados como os que se referem à terceira pessoa do discurso de maneira vaga e imprecisa. No quadro abaixo, serão demonstrados os pronomes indefinidos. Quadro 15: Pronomes indefinidos Fonte: Apostila e-Tec Brasil – Redação e Expressão Oral (p. 188) 59 A palavra “qualquer” quando vier após o substantivo poderá assumir valor pejorativo, desse modo, passará a ser classificada como adjetivo. Exemplo: Era homem qualquer. O plural do pronome indefinido qualquer é quaisquer. FIQUE ATENTO 4.5.6. Pronomes Relativos Empregamos os pronomes relativos com o objetivo de retornar a um termo mencionado anteriormente na oração, de maneira a unir duas ou mais ideias. No quadro abaixo, apresentamos a relação e classificação dos pronomes relativos. Quadro 15: Pronomes relativos Fonte: Apostila e-Tec Brasil – Redação e Expressão Oral (p. 186) Emprego dos pronomes relativos a. Pode-se usar o pronome relativo para se referir a pessoas ou a coisas. Exemplo: Não conheço a senhora que saiu da sala. b. Ao empregar o pronome relativo quem se referindo a pessoas, ele deve vir precedido de preposição. Exemplo: Não conheço a pessoa de quem você falou. c. Os pronomes cujo e suas variáveis são relativos possessivos. Desse modo, equivale do qual. Portanto, deverá concordar com a coisa possuída. Exemplo: Esta é a família em cuja casa me hospedei. d. O pronome relativo onde é empregado somente para indicar lugar. Equivalendo a em que e no (a) qual. Exemplo: Este é o prédio onde moro. Ao classificar os pronomes, além de observar sua função na frase, é preciso atentar-se ao contexto e ao significado das palavras, bem como a ideia transmitida pela Empregos dos pronomes indefinidos a. O pronome indefinido cada deve ser empregado sempre acompanhado de substantivo ou numeral. Exemplo: Recebemos um presente de cada um. b. Quando após o nome, o pronome indefinido algum, assume valor negativo, equivalendo a nenhum. Exemplos: Motivo algum me fará desistir da aprovação. c. A palavra Certo será pronome indefinido quando estiver antes do nome a que se refere. Ex.: Não sei resolver certos exercícios. 60 4.5.7. Pronomes Indefinidos Os pronomes indefinidos são na verdade pronomes interrogativos empregados para fazer uma pergunta, de forma direta ou indireta. Lembrando, a pergunta será direta quando se utiliza o ponto interrogação. Será indireta quando a frase for formulada de maneira a parecer uma pergunta, no entanto, sem o uso da interrogação. Os pronomes que podem se apresentar como interrogativos são: que, quem, qual(quais), quanto(s), quanta(s). Exemplos: Quem venceu o campeonato brasileiro de futebol? (Direta) Gostaria de saber quem venceu o campeonato brasileiro de futebol. (Indireta) Enfim, conhecer a classificação e compreender a função dos pronomes é salutar para que saibamos aplicá-los corretamente nos diferentes contextos de uso, procurando transmitir a ideia de maneira clara, tornando a comunicação o mais eficiente possível. Bem como, precisamos saber empregar os pronomes da forma correta em relação ao verbo, nas frases. Uma vez que o próximo capítulo tratará sobre a classe gramatical do verbo. Estude mais sobre o assunto, consulte as seções 4.3, 4.6 e 4.7 que tratam das classes de palavras: artigo, numeral e pronome da obra Complexidade Lexical e Teoria Geral de Classes de Palavras, Vol. 1 de Luiz Antônio Gomes Senna apresenta um esforço teórico-descritivo na busca por integrar à gramática traços de sistemas complexos aplicados à análise lexical. Disponível em https://bityli.com/xntHWh. Acesso em 8 jun. 2022 BUSQUE POR MAIS Por que é importante conhecer o papel desempenhado pelos pronomes relativos? Em primeiro lugar, porque esses pronomes desempenham importante papel entre as partes do texto, o que resulta na coesão textual. Além de ser um pré-requisito para estu- darmos as orações subordinadas adjetivas. VAMOS PENSAR? oração. Pois assim, será possível identificar, por exemplo, se “que” será pronome relativo, pronome indefinido ou conjunção. 61 FIXANDO O CONTEÚDO 01. (FUVEST-2000). Leia: As duas manas Lousadas! Secas, escuras e gárrulas como cigarras, desde longos anos, em Oliveira, eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de todas as maledicências, as tecedeiras de todas as intrigas. E na desditosa cidade, não existia nódoa, pecha, bule rachado, coração dorido, algibeira arrasada, janela entreaberta, poeira a um canto, vulto a uma esquina, bolo encomendado nas Matildes, que seus olhinhos furantes de azeviche sujo não descortinassem e que sua solta língua, entre os dentes ralos, não comentasse com malícia estridente. (Eça de Queirós, A ilustre Casa de Ramires) No texto, o emprego de artigos definidos e a omissão de artigos indefinidos têm como efeito, respectivamente: a) atribuir às personagens traços negativos de caráter; apontar Oliveira como cidade onde tudo acontece. b) acentuar a exclusividade do comportamento típico das personagens; marcar a generalidade das situações que são objeto de seus comentários. c) definir a conduta das duas irmãs como criticável; colocá-las como responsáveis pela maioria dos acontecimentos na cidade. d) particularizar a maneira de ser das manas Lousadas; situá-las numa cidade onde são famosas pela maledicência. e) associar as ações das duas irmãs; enfatizar seu livre acesso a qualquer ambiente na cidade. 2. (UFPA). Observe o uso do artigo nas seguintes frases: I. "...perdia a sua musculatura estudando em Belém." II. "...até invejou o fumar do vaqueiro." III. "...dela a escola era um lombo de búfalo." IV. "De repente foi ouvido que andava pelo Por Enquanto uma pequena..." Em quais delas foi usado o recurso da substantivação? a) Em I e II b) Em I e III c) Em II e III d) Em II e IV e) Em III e IV 3. (UFSM). Leia o trecho do texto abaixo: “Os livros são, como é óbvio, a principal fonte de instrução já inventada pelo 62 homem. E, para aprender com os livros, são necessárias apenas duas condições: saber lê-los e poder adquiri-los. Pelo menos 23% dos brasileiros já encontraram um obstáculo intransponível na primeira condição. Um número incalculável, mas certamente bastante alto, esbarra na segunda." Pode-se afirmar que: I. Em “saber lê-los", “los" remete para os “livros"; II. A expressão “primeira condição" retoma “saber lê-los"; III. A palavra “segunda" refere-se a “aprender com os livros"; a) Apenas a afirmativa I é correta b) Apenas a afirmativa II é correta c) Apenas a afirmativa III é correta d) Apenas as afirmativas I e II são corretas e) Todas as afirmativas são corretas 4. (UNIV. DE PASSO FUNDO- RS). No período “semanalmente [os desempregados] obrigam-se a cumprir o mesmo ritual”, o SE, é chamado de pronome reflexivo, porque faz recair a ação verbal sobre o mesmo sujeito que a pratica. A alternativa em que o pronome oblíquo átono NÃO apresenta essa mesma característica é: a) O cachorrinho esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se e fechou os olhos. b) Quem nos ridicularizou? c) Ferimo-nos com a ponta da faca.d) Saia de perto do fogo, menino, tu vai te queimar. e) Voltando-se aos presentes, disse: Estes canalhas não perdem por esperar. 5. (UEL-PR). No início de 2000, a imprensa fez uma série de acusações o prefeito de São Paulo. Diante da divulgação de sua provável renúncia, o prefeito Celso Pitta declarou que continuaria no governo, o que foi objeto da seguinte manchete em um jornal: “Pitta promete ficar no governo municipal até o seu final”. Sobre essa manchete, considere as seguinte afirmações: I. A palavra seu, na manchete, só pode referir-se à palavra governo, por ser a mais próxima. II. A frase, como está estruturada, pode significar que Pitta será prefeito até o fim de sua vida. III. A frase, como está estruturada, pode significar que Pitta cumprirá integralmente seu mandato na prefeitura. Agora, assinale a alternativa correta. a) Apenas I é correta. 63 b) Apenas II e III são corretas c)Apenas II é correta. d) Apena I e II são corretas e) I, II e III são corretas 6. (Univ. de Passo Fundo – RS) Pronomes muitas vezes retomam palavras enunciadas no texto, constituindo uma opção para que se evitem repetições enfadonhas ao longo dele. Considere, em relação ao uso do pronome isso, neste anúncio publicitário, as afirmações abaixo: MOTOQUEIRO, O CAPACETE É SUA SEGURANÇA: PONHA ISSO NA CABEÇA. I. O pronome isso retoma “capacete”, advertindo, assim, o leitor a que use esse protetor de cabeça. II. O pronome isso retoma toda a ideia “o capacete é sua segurança”, insistindo, dessa forma, em que o leitor abrace essa causa. III. O anúncio é incoerente, pois o emprego de isso leva o destinatário da mensagem a uma leitura ambígua (duplo sentido). IV. A força apelativa do anúncio encontra-se, exatamente, no fato de o uso de isso desencadear uma leitura ambígua (duplo sentido). Dessas afirmativas, são verdadeiras apenas: a) I e II b) III e IV c) I, III e IV d) I, II e IV e) II, III e IV 7. (UEL-PR- Adaptado). Leia o trecho a seguir: “Apesar de abominar, por exemplo, a violência e a corrupção, acho-as consequência de nossos atos, pelos quais somos, em medidas diversas, responsáveis." (João Ubaldo Ribeiro) As palavras em destaque referem-se respectivamente a: a) A violência e a corrupção – nossos atos b) A corrupção – nossos atos. c) A violência e a corrupção – responsáveis d) A Violência – responsáveis e) Medidas diversas – nossos atos 8. (PUCCAMP-SP) 64 Considere com atenção as frases que se seguem. I. Durante a campanha promovida pela Rádio Bandeirantes, milhares de kits de primeiros socorros foram trocados por bonés que serão doados a várias instituições carentes de materiais hospitalares. II. O porteiro e o vigilante da empresa foram chamados a depor, mas observou-se que o depoimento do funcionário contradisse o do colega. III. Mulher paga vizinha para ter seu parto de emergência filmado. Há ambiguidade provocada pela má formação da frase em: a) I, somente. b) III, somente. c) I e II, somente. d) II e III, somente. e) I, II e III. 65 CLASSE VERBAL 66 Nesta unidade trataremos dos verbos. O verbo é uma das classes de palavras mais importantes do nosso idioma. Portanto, conhecê-lo bem e saber empregá-lo adequadamente é uma das principais finalidades do ensino da língua portuguesa. Vamos iniciar lendo o poema conjugação de Affonso Romano. Conjugação Eu falo tu ouves ele cala. Eu procuro tu indagas ele esconde. Eu planto tu adubas ele colhe. Eu ajunto tu conservas ele rouba. Eu defendo tu combates ele entrega. Eu canto tu calas ele vaia. Eu escrevo tu me lês ele apaga. In: Os melhores poemas de Affonso Romano Sant’Anna. São Paulo: Global, 1991. As palavras em destaque no poema são exemplos de verbos. Para os gramáticos Cunha & Cintra (2008), verbo é uma palavra de forma variável que exprime o que se passa, isto é, um acontecimento representado no tempo. Nos dizeres de Cegalla, verbo é uma palavra que exprime ação, estado, fato ou fenômeno. A partir desse conceito, vamos conhecer as conjugações verbais. 5.1 INTRODUÇÃO 67 5.3.2 Modos do verbo Tufano (2001, p. 130) argumenta que os “modos são as diferentes formas assumidas pelo verbo em relação à atitude de quem fala.” Temos três modos verbais que são: indicativo, subjuntivo e imperativo. Indicativo: as formas verbais que indicam certeza pertencem a esse modo. Número Pessoa Pronome pessoal Exemplo Singular 1ª Eu Amei 2ª Tu Amaste 3ª Ele/ela/você Amou Plural 1ª Nós Amamos 2ª Vós Amastes 3ª Eles/elas/vocês Amaram Quadro 16: Combinações das pessoas gramaticais Fonte: Ferreira (2007, p. 240, adaptado) 5.3 FLEXÕES DO VERBO Ressaltando que o verbo pôr e seus respectivos derivados: repor, sobrepor etc. foram originados do verbo poer, por esse motivo são considerados de 2ª conjugação. Dentre as classes gramaticais, o verbo é a classe que apresenta o maior número de flexões, podendo variar em: • Pessoa: primeira, segunda e terceira. • Número: singular e plural. • Modo: indicativo, subjuntivo e imperativo. • Tempo: presente, pretérito e futuro. • Voz: ativa, passiva e reflexiva. 5.3.1 Flexões em pessoa e número Ao estudarmos os pronomes na unidade 4, vimos que a comunicação envolve três pessoas gramaticais que são: 1ª, 2ª e 3ª. Estudamos também no capítulo 3, que número, ou seja, singular e plural, refere-se à quantidade de seres. Apresentaremos no quadro abaixo as combinações das pessoas gramaticais com o número. 5.2 CONJUGAÇÕES VERBAIS Como há uma quantidade significativa de verbos na língua portuguesa, para facilitar o estudo dessa classe gramatical, os verbos foram divididos em três conjugações, conforme descritas abaixo: • 1ª conjugação – verbos terminados em –ar (amar, rodar). • 2ª conjugação – verbos terminados em –er (poder, esquecer). • 3ª conjugação – verbos terminados em –ir (sorrir, partir). 68 Quadro 17: Modo indicativo: tempos básicos Fonte: Amaral et al: (2000, p. 394) Ex.: Hoje, jantarei com minha família. Subjuntivo: Composto pelas formas que sugerem hipótese, dúvida, desejo. Ex.: Gostaria muito que meus irmãos jantassem conosco. Imperativo: Constituído pelas formas verbais que implicam ordem, pedido, conselho, convite, ameaça. Ex. Não saia para jantar, hoje. 5.3.3 Tempo Verbal O tempo verbal refere-se ao momento em que falamos ou escrevemos. Sendo assim o fato expresso pelo verbo pode indicar os tempos: • Presente: o fato ocorre no momento da fala. Ex.: Ele anda de bicicleta. • Pretérito (passado): o fato ocorre antes do momento da fala. Ex.: Ele andou de bicicleta. • Futuro: O fato ocorre após momento em que se fala. Ex.: Ele andará de bicicleta. Tempo Exemplos Presente Ela viaja diariamente. Perfeito Pretérito: Imperfeito Mais que perfeito Ela viajou à noite. Ela viajava à noite. Ela viajara à noite. Futuro: do presente do pretérito Ela viajará à noite. Ela viajaria à noite. Em resumo - O presente indica um fato que acontece quando é apresentado. - O pretérito perfeito indica um fato que já foi concluído. - O pretérito imperfeito indica um fato habitual ou contínuo ou que foi interrompido, portanto, não foi concluído. - Pretérito mais que perfeito indica fato ocorrido, anterior a outra ação já acontecida. - Futuro do presente indica fato que ocorrerá num tempo futuro em relação ao tempo do presente. - Futuro do pretérito indica um fato futuro em relação a uma referência do passado. Vale lembrar que a noção de tempo presente poderá ser expressa também por algumas estruturas constituídas por duas ou mais formas verbais: ex. Os alunos estão estudando para a prova. Quadro 18: Modo subjuntivo: tempos básicos Fonte: Amaral et al: (2000, p. 395) Tempo Exemplos Presente Talvez ela viaje à noite. Pretérito Imperfeito Talvez ela viajasse à noite. Futuro Quando ela viajar à noite. 69 1ª conjugação: verbos terminados em – AR – modo indicativo Pessoa Presente PretéritoFuturo Perfeito Imperfeito Mais-que- -perfeito Do presente Do pretérito Eu Amo Ame Amava Amara Amarei Amaria Tu Amas Amaste Amavas Amaras Amarás Amarias Ele Ama Amou Amava Amara Amará Amaria Nós Amamos Amamos Amávamos Amáramos Amaremos Amaríamos Vós Amais Amastes Amáveis Amáreis Amareis Amaríeis Eles Amam Amaram Amavam Amarão Amarão Amariam 2ª conjugação: verbos terminados em – ER – modo indicativo Pessoa Presente Pretérito Futuro Perfeito Imperfeito Mais-que- -perfeito Do presente Do pretérito Eu Como Comi Comia Comera Comerei Comeria Tu Comes Comeste Comias Comeras Comerás Comerias Ele Come Comeu Comia Comera Comerá Comeria Nós Comemos Comemos Comíamos Comêramos Comeremos Comeríamos Vós Comeis Comestes Comíeis Comêreis Comereis Comeríeis Eles Comem Comeram Comiam Comeram Comerão Comeriam 3ª conjugação: verbos terminados em – IR – modo indicativo Pessoa Presente Pretérito Futuro Perfeito Imperfeito Mais-que- -perfeito Do presente Do pretérito Eu Parto Parti Partia Partira Partirei Partiria Tu Partes Partiste Partias Partiras Partirás Partirias Ele Parte Partiu Partia Partira Partirá Partiria Nós Partimos Partimos Partíamos Partíramos Partiremos Partiríamos Vós Partis Partistes Partíeis Partireis Partireis Partiríeis Eles Partem Partiram Partiam Partirão Partirão Partiram Quadros 20, 21 e 22: Conjugação de verbos terminados em AR, ER e IR Fonte: Elaborados pelas autoras (2022) Quadro 19: Modo imperativo: tempo presente Fonte: Amaral et al: (2000, p. 395) Imperativo afirmativo Viaje à noite. Imperativo negativo Não Viaje à noite. Agora, que conhecemos os modos verbais, apresentaremos algumas conjugações verbais para facilitar nosso entendimento acerca do assunto. 70 O verbo além de se apresentar em um dos três modos que vimos, anteriormente, indicativo, subjuntivo e imperativo, poderá também se apresentar em uma forma nominal. 5.4 FORMAS NOMINAIS São três as formas nominais do verbo: infinitivo, gerúndio e particípio. 5.4.1.Infinitivo: Demonstra o fato em si, sem mostrar seu início nem seu término. Ele se divide em dois tipos: •Infinitivo impessoal (não há sujeito). Ex. Nadar é um excelente exercício. •Infinitivo pessoal (há sujeito). Ex. É importante ouvirmos nossos pais. (aqui temos nós como sujeito de ouvirmos) 5.4.2.Gerúndio: Exprime um fato verbal em andamento, ou seja, enquanto está acontecendo, continuidade. Ex. Estou andando na orla da lagoa. 5.4.3.Particípio: Expressa o resultado do fato verbal, ou seja, indica uma ação já realizada, finalizada. Ex.: Meu filho tem dormido muito tarde. Para facilitar a compreensão e a identificação das formas nominais, apresentaremos abaixo um quadro no qual consta as terminações de cada uma. Quadros 23: Terminações das formas nominais Fonte: Elaborado pelas autoras (2022) Forma nominal Terminação Exemplos Infinitivo -R Amar, perder, sorrir Gerúndio -NDO Amando, perden- do, sorrindo Particípio -ADO (1ª conjugação) -IDO (2ª e 3ª conjugações) Amado, cantado Perdido, sorrido Por que são chamadas de formas nominais? As formas nominais: infinitivo, particípio e gerúndio recebem esse nome, porque em algumas situações de uso, ocorrem nas frases como substantivos ou adjetivos. VAMOS PENSAR? Agora, que já conhecemos as flexões do verbo, os modos verbais, os tempos verbais, bem como as formas nominais do verbo, passaremos ao estudo da classificação dos verbos. 71 5.5 CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS Eu amo tu amas ele ama Nós amamos vós amais eles amam Verbo irregular Radical Algumas formas irregulares Dizer Diz- Digo, disser, direi Fazer Faz- Faço, fizessem, faremos Caber Cab- Caibo, coubessem, caibam Pedir Ped- Peço, peçamos, peçam Quadros 24: Verbos irregulares Fonte: FERREIRA (2007, p. 249) Pois para que um verbo seja classificado como irregular, não é obrigatório que todas as suas formas sofram alteração no radical. FIQUE ATENTO O que é radical? Estudamos esse conteúdo na primeira unidade, caso, tenha alguma dú- vida acerca do assunto, volte a essa unidade. No caso dos verbos, para se saber qual é o radical, exclua as terminações: -ar, -er, ou –ir que aparecem no infinito. Ex.: amar – radical: am VAMOS PENSAR? Ao considerarmos as flexões que os verbos apresentam ao serem conjugados, podemos classificá-los em quatro tipos: regulares, irregulares, defectivos e abundantes. 5.5.1 Verbos regulares São considerados verbos regulares aqueles que, ao serem conjugados, não sofrem alterações no radical. Por exemplo, se conjugamos o verbo “amar” em qualquer tempo e modo o radical am- não terá alteração. Vejamos: Desse modo, o verbo amar é regular, pois não sofre alteração no radical. 5.5.2 Verbos Irregulares São considerados irregulares aqueles verbos que, ao serem conjugados, sofrem alterações no radical. Vejam estes exemplos: 5.5.3 Verbos defectivos São aqueles que apresentam falhas ao serem conjugados em alguma pessoa gramatical. Os verbos defectivos mais usuais são: colorir, abolir, falir e chover, pois não 72 Verbo abundante Particípio regular Particípio irregular Aceitar Aceitado Aceito Acender Acendido Aceso Eleger Elegido Eleito Entregar Entregado Entregue Enxugar Enxugado Enxuto Expulsar Expulsado Expulso Extinguir Extinguido Extinto Imprimir Imprimido Impresso Limpar Limpado Limpo Morrer Morrido Morto Murchar Murchado Murcho Soltar Soltado Solto Suspender Suspendido Suspenso há conjugação desses verbos na primeira pessoa do singular do presente do indicativo. Sendo assim, não existem as conjugações eu coloro, eu abulo, eu falo (do verbo falir) e eu chovo, são conjugações incorretas. 5.5.4 Verbos Abundantes. São os verbos que apresentam duas formas com mesmo valor. Geralmente, essas duas formas que se equivalem ocorrem na forma nominal particípio. A seguir, alguns verbos que possuem duas formas: Quadros 25: Verbos abundantes Fonte: FERREIRA (2007, p. 249) Alguns verbos possuem somente particípio irregular que são: Abrir (aberto), cobrir (coberto), dizer (dito), escrever (escrito), fazer (feito), pôr (posto), ver (visto), vir (vindo). FIQUE ATENTO Os verbos que expressam ação, ao serem flexionados, poderão indicar quem pratica e quem recebe essa ação. Esse tipo de flexão recebe o nome de voz do verbo e são de três tipos: ativa, passiva e reflexiva, essas vozes estão relacionadas ao sujeito da 5.6 VOZES VERBAIS 73 5.7 FORMAÇÃO DOS TEMPOS VERBAIS Quadros 26: Vozes verbais Fonte: Elaborado pelas autoras (2022) Voz verbal Como se comporta o sujeito Exemplo Ativa O sujeito é agente, ou seja, pratica a ação. O aluno leu o livro. Passiva O sujeito é paciente, ou seja, recebe a ação. O livro foi lido pelo aluno. Reflexiva Neste caso, o sujeito pratica e recebe a ação. As crianças olhavam-se no espelho. oração. Vejamos abaixo: A voz passiva subdivide em duas: analítica e sintética (ou pronominal). 5.6.1 Voz passiva analítica A voz passiva analítica é formada por sujeito paciente, verbo auxiliar ser ou estar, verbo principal que indica a ação no particípio, portanto, formando a locução verbal passiva e agente da passiva. Ex.: Os livros foram lidos pelos alunos. 5.6.2. Voz passiva Sintética A voz passiva sintética é formada por verbo transitivo direto, pronome se (partícula apassivadora) e sujeito paciente. Ex. Compram-se eletrodomésticos. 5.6.3. Voz Reflexiva A voz reflexiva poderá ser de dois tipos: reflexiva, quando o sujeito praticar a ação sobre si mesmo e reflexiva recíproca, quando existir dois elementos como sujeito, ou seja, um pratica a ação sobre o outro, que pratica a ação sobre o primeiro. Exemplos: O menino machucou-se. Os irmãos agrediram-se durante a confraternização. 5.7.1 Tempos primitivos e tempos derivados Para facilitar o entendimento de como é feita a flexão verbal nos diversos tempos e modos, dividem-se os tempos verbais em dois grupos: Tempos primitivos: são aqueles cujos radicais são utilizados para a formação de outrostempos verbais. Tempos derivados: são os tempos verbais que utilizam os mesmos radicais em um dos tempos primitivos. Apresentaremos no quadro abaixo os tempos primitivos e seus respectivos tempos derivados. 74 Tempos primitivos Tempos derivados Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo (afirmativo e negativo) Pretérito perfeito do indi- cativo Pretérito mais que perfeito do indicativo Futuro do subjuntivo Pretérito imperfeito do subjuntivo Infinitivo impessoal Pretérito imperfeito do indicativo Futuro do presente do indicativo Futuro do pretérito do indicativo Infinitivo pessoal Quadros 27: Tempos primitivos e tempos derivados Fonte: Elaborado pelas autoras (2022) Quadros 28: Formação do presente do subjuntivo para os verbos de 1ª conjugação (verbo amar): Fonte: Elaborado pelas autoras (2022) Estude mais sobre o assunto, consulte o quinto capítulo: Principais processos de mudança de classe: formação de verbos que trata da formação de verbos, da obra Formação e classes de palavras no português do Brasil. Esse capítulo remete à formação de verbos a partir do substantivo, bem como a mudança de estado em verbos a partir de substantivo. Disponível em: https://bityli.com/muOxbZ. Acesso em 8 jun. 2022 BUSQUE POR MAIS Presente do indicativo Presente do subjuntivo Eu amo Que eu ame Tu amas Que tu ames Ele ama Que ele ame Nós amamos Que nós amemos Vós amais Que vós ameis Eles amam Que eles amem 5.7.2 Formação do presente do subjuntivo a. Para os verbos de 1ª conjugação: basta trocar a desinência O da 1ª pessoa do singular do presente do indicativo pela desinência E, que se repetirá em todas as formas do presente do subjuntivo. Vejamos o exemplo abaixo, com o verbo amar: b. Para os verbos de 2ª e 3ª conjugações: deve-se trocar a desinência O da 1ª pessoa do singular do presente do indicativo pela desinência A, que se repetirá em todas as formas do presente do subjuntivo. Vejamos o exemplo abaixo, com o verbo perder: Presente do indicativo Presente do subjuntivo Eu perco Que eu perca Tu perde Que tu percas 75 Quadros 29: Formação do presente do subjuntivo II Fonte: Elaborado pelas autoras (2022) Quadros 30: Formação do pretérito imperfeito do indicativo para os verbos de 2ª e 3ª conjugações Fonte: Elaborado pelas autoras (2022) Amar: radical: am- Perder: radical: perd- Sorrir: radical: sorr- Pretérito imperfeito Do indicativo Pretérito imperfeito Do indicativo Pretérito imperfeito Do indicativo Eu amava Eu perdia Eu sorria Tu amavas Tu perdias Tu sorrias Ele amava Ele perdia Ele sorria Nós amávamos Nós perdíamos Nós sorríamos Vós amáveis Vós perdíeis Vós sorríeis Eles amavam Eles perdiam Eles sorriam Presente do indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo Eu amo xxxxxxxxxx Que eu ame Tu amas Ama (tu) Que tu ames Ele perde Que ele perca Nós perdemos Que nós percamos Vós perdeis Que vós percais Eles perdem Que eles percam 5.7.3 Formação do pretérito imperfeito do indicativo Para se formar esse tempo verbal, basta juntar-se ao radical do presente do indicativo as desinências que esse pretérito tem em cada conjugação como segue: a. Para os verbos de 1ª conjugação as desinências: -ava, -avas, -ava, -ávamos, -áveis, -avam. b. Para os verbos de 2ª e 3ª conjugações as desinências: -ia, -ias, -ia, -íamos, -íeis, -iam. Vejamos nos exemplos a seguir: Vale lembrar que as formas do imperfeito do indicativo geralmente se referem a fatos já iniciados, mas que não chegaram ao final ou fatos usuais no passado. 5.7.4 Formação do imperativo As formas do imperativo afirmativo e negativo são usados para manifestar ordem, conselho, pedido, convite etc. a) Imperativo afirmativo: é formado por duas formas do presente do indicativo e por três formas do presente do subjuntivo. Ficando assim: “Tu e vós” derivadas do presente do indicativo sem o s. “Você, nós e vocês” derivadas do presente do subjuntivo, sem alteração. 76 Presente do subjuntivo Imperativo negativo Que eu ame xxxxxxxxxx Que tu ames Não ames (tu) Que ele ame Não ame (você) Que nós amemos Não amemos (nós) Que vós ameis Não ameis (vós) Que eles amem Não amem (vocês) Pretérito perfeito Eu amei Tu amaste Ele amou Nós amamos Vós amastes Eles amaram Quadros 31: Imperativo afirmativo Fonte: Elaborado pelas autoras (2022) Quadros 32: Imperativo negativo Fonte: Elaborado pelas autoras (2022) Quadros 33: Pretérito perfeito Fonte: Elaborado pelas autoras (2022) Ele ama Ame (você) Que ele ame Nós amamos Amemos (nós) Que nós amemos Vós amais Amai (vós) Que vós ameis Eles amam Amem (vocês) Que eles amem b. Imperativo negativo: para este caso, as cinco formas desse tempo vêm, sem nenhuma alteração, do presente do subjuntivo. Vejamos no exemplo: 5.7.5 Pretérito perfeito e seus derivados O pretérito perfeito do indicativo é um tempo é primitivo. É empregado para se referir a fatos que começaram no passado e já finalizaram, ou seja, já foram concluídos. Vejamos um exemplo desse tempo: Desse tempo verbal derivam-se os seguintes tempos: Pretérito mais-que-perfeito do indicativo, futuro do subjuntivo e pretérito imperfeito do subjuntivo. Esses três tempos derivados formam-se a partir do tema do pretérito perfeito, que é obtido da seguinte maneira: conjuga-se esse tempo na 2ª pessoa do singular (tu) e retira-se dessa forma verbal a desinência –ste. Observem nos exemplos a seguir: 77 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito Tema Tu amaste Ama Tu perdeste Perde Tu sorriste Sorri Quadros 34: 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito e Tema Fonte: Elaborado pelas autoras (2022) Quadros 35: Exemplo 1 Fonte: Elaborado pelas autoras (2022) Quadros 35: Exemplo 2 Fonte: Elaborado pelas autoras (2022) Tempo Desinências Pretérito mais-que-perfeito do indicativo -ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -ram Futuro do subjuntivo -r, -res, -r, -rmos, - rdes, -rem Pretérito imperfeito do subjuntivo -sse, -sses, -sse, -ssemo, -sseis, -ssem Pretérito mais-que- perfeito do indicativo Futuro do subjuntivo Pretérito imperfeito do subjuntivo Eu amara Quando eu amar Se eu amasse Tu amaras Quando tu amares Se tu amasses Ele amara Quando ele amar Se ele amasse Nós amáramos Quando nós amarmos Se nós amássemos Vós amáreis Quando vós amardes Se vós amásseis Eles amaram Quando eles amarem Se eles amassem A partir da formação do pretérito perfeito, acrescentam-se a ele as desinências que se referem a cada um dos três tempos derivados, vejamos os exemplos: O estudo dessa classe gramatical é essencial para se possa entender o processo de análise sintática, tanto dos períodos simples quanto dos períodos compostos. Desse modo, estudamos questões referentes à estrutura das formas verbais, flexões, conjugações e formação dos tempos verbais. 5.8 VERBO PRINCIPAL E VERBO AUXILIAR Para Ferreira (2007, p. 252), o verbo principal “é aquele que, exprimindo seu significado próprio, real, funciona como informação nuclear da frase. Pode apresentar-se sozinho ou acompanhado de verbos auxiliares.” Ainda em consonância com o autor (p. 252), para quem o verbo auxiliar “é aquele que se junta a um verbo principal para formar as estruturas formais compostas e exprimir determinadas informações, por exemplo, o 78 Todos os professores tinham entrado em greve. Tinham: verbo auxiliar entrado: verbo principal modo, o tempo verbal e a pessoa gramática.” Vejamos o exemplo: Sendo assim, algumas frases são formadas por mais de um verbo. Nesses casos, o verbo da direita é denominado por verbo principal, enquanto o da esquerda é o verbo auxiliar. 79 1. (Adaptado de Fuvest – SP). “(…) e tudo ficou sob a guarda de Dona Plácida, suposta, e, a certos respeitos, verdadeira dona da casa. Custou-lhe muito a aceitar a casa; farejara a intenção, e doía-lhe o ofício; mas afinal cedeu.[...]” (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas) Em relação a “Custou-lhe muito a aceitar a casa”, as formas verbais farejara e doía expressam, respectivamente,a) posterioridade e simultaneidade. b) simultaneidade e anterioridade. c) posterioridade e anterioridade. d) anterioridade e simultaneidade. e) simultaneidade e posterioridade. 2. (Fuvest-SP/adaptado). Leia este trecho de diálogo: Folha - De todos os ditados envolvendo o seu nome, qual o que mais lhe agrada? Satã - O diabo ri por último. Folha - Riu por último. Satã - Se é por último, o verbo não pode vir no passado. ["O Inimigo Cósmico", Folha de S. Paulo, 03/09/95] Rejeitando a correção ao ditado, Satã mostra ter usado o presente do indicativo com o mesmo valor que tem em: a) Romário recebe a bola e chuta. Gooool! b) D. Pedro, indignado, ergue a espada e dá o brado de independência. c) Todo dia ela faz tudo sempre igual... d) O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos. e) Uma manhã destas, Jacinto, apareço no 202 para almoçar contigo. 3. (UFRN/2000). Considere o período a seguir: “Um alimento em pó incolor (..) poderá ser modificado para ter o sabor que se DESEJE. Para se manter a correspondência temporal no período, a forma verbal DESEJE deverá ser substituída por: a) desejasse b) desejar c) desejará FIXANDO O CONTEÚDO 80 d) desejaria e) desejaste 4. (UEL-PR). Transportando a frase “Os danos deveriam ter sido reparados pelo responsável” para a voz ativa, obtém-se a forma verbal: a) haviam de ter reparados. b) tinha reparado. c) deveria ter reparado. d) devia ter reparado. e) deve ter reparado. 5. (UFF-RJ) As formas verbais do futuro do subjuntivo e do futuro do indicativo na frase: “Quando realizamos o nosso acorde, então seremos usados na harmonia da civilização.” expressam, respectivamente uma probabilidade e uma certeza. Assinale a alternativa em que ocorre a mesma correlação de formas verbais. a) Ninguém que seja verdadeiramente (...) deixará de ser nacional. b) (...) esse ‘despaisamento’ é mais ou menos fatal, não há dúvida num país primitivo e de pequena tradição como o nosso. c) O dia em que nós formos inteiramente brasileiros e só brasileiros, a humanidade estará rica de mais uma raça (...) d) As raças são acordes musicais. Um é elegante, discreto, cético. Outro é lírico, sentimental, místico e desordenado. e) Pois é preciso desprimitivar o país (...). 6. (ITA - 2001 - 1ª FASE). Os versos abaixo são da letra da música "Cobra", de Rita Lee e Roberto de Carvalho: "Não me cobre ser existente Cobra de mim que sou serpente" Com relação ao emprego do imperativo nos versos, podemos afirmar que: a) a oposição imperativo negativo e imperativo afirmativo justifica a mudança do verbo cobre/cobra. b) a diferença de formas (cobre/cobra) não é registrada nas gramáticas normativas, portanto há inadequação na flexão do segundo verbo (cobra). c) a diferença de formas (cobre/cobra) deve-se ao deslocamento da 3ª para a 2ª pessoa do sujeito verbal. d) o sujeito verbal (3ª pessoa) mantém-se o mesmo, portanto o emprego está adequado. e)o primeiro verbo no imperativo negativo opõe-se ao segundo verbo que se encontra no presente do indicativo. 7. (FUVEST). Considerando a necessidade de correlação entre tempos e modos verbais, 81 assinale a alternativa em que ela foge às normas da língua escrita padrão: a) A redação de um documento exige que a pessoa conheça uma fraseologia complexa e arcaizante. b) Para alguns professores, o ensino da língua portuguesa será sempre melhor, se houver o domínio das regras de sintaxe. c) O ensino de Português tornou-se mais dinâmico depois que textos de autores modernos foram introduzidos no currículo. d) O ensino de Português já sofrera profundas modificações, quando se organizou um Simpósio Nacional para discutir o assunto. e) Não fora a coerção exercida pelos defensores do purismo linguístico, todos teremos liberdade de expressão. 8. (Adaptada de UFPE). Indique a alternativa em que os verbos destacados estão corretamente flexionados: a) As influências africanas manteram-se, principalmente, em relação às palavras. Quem se propor a estudar as línguas faladas na América pode constatar isso. b) A ama negra interviu junto ao filho do senhor branco, abrandando-lhe a linguagem. Não pôde ser diferente, creiamos. c) Muitas palavras do português provieram do contato com línguas estrangeiras. Os brasileiros nem sempre precavêm diante de influências linguísticas estrangeiras. d) Propusemo-nos a analisar a língua sem preconceitos e vimos que as influências estrangeiras são inevitáveis. Passeemos pelo seu vocabulário e creiamos nisso. e) Influências estrangeiras também norteam o destino das línguas. Assim creem os estudiosos dos fatos que interveem na história das línguas. 82 CLASSES NOMINAIS INVARIÁVEIS 83 Nesta unidade, estudaremos as classes gramaticais de palavras invariáveis, trata- se das palavras que permanecem iguais, ou seja, não variam em gênero, número e grau. São elas: advérbio, preposição, conjunção e interjeição. 6.2 ADVÉRBIOS 6.1 INTRODUÇÃO Leia o poema de Mário Quintana. Seiscentos e sessenta e seis A vida é um dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são 6 horas: há tempo… Quando se vê, já é 6ª feira… Quando se vê, passaram sessenta anos… Agora, é tarde demais para ser reprovado… E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade, Eu nem olhava o relógio Seguia sempre, sempre em frente… E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas. Mário Quintana. “Esconderijos do tempo”. São Paulo: Globo, 2005. As palavras destacadas no poema indicam tempo, observem que essas palavras se relacionam aos verbos, são palavras invariáveis, ou seja, palavras que não flexionam, são chamadas de advérbio. Para Cereja e Magalhães (2008, p. 214), Advérbio é a “palavra que indica principalmente as circunstâncias em que se dá a ação verbal. Na frase refere-se essencialmente ao verbo, dando noção de tempo, lugar, modo, dúvida, intensidade etc.” Ainda em consonância com os autores, “embora o papel principal do advérbio seja o de modificador de verbos, ele pode também acompanhar substantivos, adjetivos e até mesmo advérbios”. Neste caso, sempre indicando intensidade. Vejamos os exemplos desses casos: A mãe se diz muito mulher para criar os filhos sozinha. Neste caso, o advérbio muito está intensificando o substantivo mulher. A mãe diz estar cansada demais para sair hoje. Aqui, temos o advérbio demais que intensifica o adjetivo cansada. Em algumas situações, a circunstância em que acontece o fato verbal é expressa não somente por uma palavra, e sim por duas ou mais palavras, neste caso, temos a locução verbal. Observem no exemplo a seguir: No próximo ano, vou me dedicar a atividades filantrópicas. Neste caso, temos uma locução adverbial que exprime circunstância de tempo. 6.2.1 Classificação do advérbio Como já mencionado na conceituação do termo, os advérbios e locuções adverbiais 84 geralmente manifestam uma circunstância em relação ao verbo a que se referem, para classificá-los levamos em consideração o valor semântico que apresentam nas orações. Abaixo, alguns valores semânticos dos advérbios e das locuções adverbiais. Classificação Valor semântico Tempo Cedo, tarde, amanhã, sempre, nunca, jamais, no mês passado, numa tarde, às vezes, de vez em quando etc. Lugar Cá, aqui, ali, lá, acolá, na esquina, em casa, na rua etc. Modo Depressa, devagar, rápido, com cuidado, mal, melhor, pior, bem, e quase todos os advérbios terminados em –mente: regularmente, gradativamente etc. Intensidade Muito, pouco, bem, tão, tanto, bastante, quase, mais etc. Afirmação Sim, sem dúvida, realmente, certamente etc. Negação Não, nem, de modo algum. Dúvida Talvez, possivelmente, provavelmente, acaso, quem sabe etc. Meio ou instrumento Jogar com o taco, escrever à mão, ir a pé etc. Quadros 36: Locuções adverbiais Fonte: Cereja e Magalhães (2008, p. 215/ adaptado) Em resumo, o papel básico do advérbio é relacionar-se ao verbo adicionando situações ao fato verbal. Leia o poema “Chão”, de Roseana Murray, observando as palavras destacadas,principalmente a função que essas palavras desempenham no texto. Chão Roseana Murray Meu universo é um chão de terra, aí fermentam as palavras, os símbolos, os sons com que me unto todos os dias para atravessar a ponte entre a poesia e as horas. (Poemas para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. p. 40.) Considerando as palavras em destaque no poema, percebemos que elas servem para ligar as palavras e estabelecer sentido entre elas. Por exemplo, o de está ligando “chão a terra”. A essas palavras dá-se o nome de preposição. Nos dizeres de Cereja e Magalhães (2008, p. 221), preposição “é a palavra que liga duas outras palavras de forma que o sentido da primeira é completado pela segunda.” As preposições são classificadas em dois grupos: •Essenciais: são as palavras que desempenham somente o papel de preposição. São elas: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob 6.3 PREPOSIÇÃO 85 Preposição Relação semântica Exemplos A Lugar Modo Distância Tempo Roupas coloridas secavam ao sol. Ali as coisas eram ditas a meia voz. Moro a 10km da cidade. À chegada do promotor, fez-se silêncio. Com Causa Companhia Instrumento Modo Oposição Com a seca, o gado começou a morrer. Ele foi à Europa com alguns amigos. Ele cortou a árvore com o machado. Todos o tratavam com respeito. O Brasil jogará com o Uruguai. De Lugar Causa Tempo Modo Meus amigos voltaram do Pantanal. Todo o rebanho morreu de fome. De madrugada, começou um temporal. Sempre falamos de futebol. Em Lugar Tempo Modo Ele sempre quis moram em uma praia. Em meia hora terei terminado o dever. Ela exigiu que ficássemos em silêncio. Para Finalidade Lugar (destino) A cidade foi enfeitada para a festa. Você quer voltar para sua terra natal? Por Lugar (por onde) Tempo Causa A caravana passava por trilhas. Ele trabalhou por dois anos como pintor. Por ser jovem, julgavam-no distraído. Sobre Assunto Lugar Raras vezes falamos sobre política. A árvore caiu sobre a casa. e sobre. •Acidentais: são outras classes de palavras que, em alguns contextos de uso, desempenham a função de preposição. Vejam alguns exemplos de preposições acidentais: como, conforme, durante, fora, mediante, segundo, senão e visto. Há também as locuções prepositivas que são expressões que também estabelecem a relação entre duas palavras. Vejamos, algumas: abaixo de, atrás de, por causa de, ao lado de, de acordo com, até a, perto de etc. Ao empregarmos as preposições nas orações, elas estabelecem algumas relações semânticas. Vejamos alguns exemplos no quadro a seguir: Uma preposição pode se juntar a outras palavras, estabelecendo combinações e contrações. A combinação acontece quando a preposição a se junta ao artigo o(s) ou ao advérbio onde. Nesses casos, há a união de palavras sem a perda do som. a + o(s)= ao(s), a + onde= aonde. Vejamos o exemplo. Aonde o aluno foi durante a aula? Enquanto a contração se estabelece quando as preposições a, de, em e por (per) se juntam a artigos e pronomes. Vejamos algumas contrações: • Do = de (preposição) + o (artigo) • Na = em (preposição) + a (artigo) • Pelo = per (preposição) + o (artigo) Quadros 37: Preposições e relações semânticas Fonte: FERREIRA (2007, p. 308, adaptado) 86 • Desse = de (preposição) + esse (pronome demonstrativo) • Daquele = de (preposição) + aquele (pronome demonstrativo) Vale ressaltar que os valores semânticos das preposições sempre estarão relacionadas ao contexto em que estão sendo empregadas. Ao produzirmos um texto, podemos observar que as orações se relacionam uma com as outras, portanto, dizemos que o texto está coeso, pois há algumas palavras que têm essa função de ligar as orações. Essas palavras são as conjunções. Desse modo, podemos dizer que as conjunções colaboram para a textualidade, em outras palavras, elas contribuem para a coerência e a coesão textual. Cereja e Magalhães (2008, p. 229) argumentam que conjunção “é a palavra que relaciona duas orações ou dois termos de mesmo valor sintático.” Ainda para os autores, “duas ou mais palavras que, juntas, exercem o papel de conjunção, são chamadas de locução conjuntiva, exemplos: Já que, se bem que etc.” 6.4.1 Classificação das conjunções Há dois processos pelos quais duas orações podem se ligar uma à outra: coordenação e subordinação. Conjunções coordenativas As orações, que são sintaticamente independentes entre si, são chamadas de orações coordenadas. Neste caso, como vimos, anteriormente, as conjunções ligam palavras ou orações de mesmo valor sintático. As conjunções, que ligam essas orações, são as conjunções coordenativas. Essas conjunções podem constituir cinco relações semânticas diferentes entre duas orações coordenadas. Conforme veremos essa classificação no quadro abaixo: 6.4 CONJUNÇÃO CONJUNÇÕES COORDENATIVAS Relação que esta- belece Principais conjun- ções Exemplos Aditivas Adição, soma E, nem (e não) A garota não estuda nem trabalha. Adversativas Oposição, contraste Mas, porém, todavia, contudo Fui procurá-lo, mas não o encontrei. Alternativas Separação, exclusão Ou, ou...ou, já...já, quer...quer. Ou você estuda, ou você trabalha. Conclusivas Conclusão Logo, pois, portanto, por isso Andou devagar, por isso chegou atrasado. Explicativas Explicação, justifica- tiva Que, porque, por- quanto, pois Fale baixo, pois o bebê dormiu. Quadros 38: Conjunções coordenativas Fonte: Cereja e Magalhães (2008, p. 232) 87 Leia o poema O mundo é grande de Carlos Drummond de Andrade. O mundo é grande O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar. (In ANDRADE, Carlos Drummond de. Declaração de amor – Canção de namorados. Ed. Record) Percebemos que o elemento linguístico e aparece mais de uma vez no poema, se consultarmos a tabela disposta acima, veremos que esse elemento é classificação como conjunção coordenativa aditiva, no entanto, não há elementos gramaticais com sentido de adversidade, porém, percebemos claramente o valor semântico de adversidade. Ex.: o mundo é grande (mas) cabe; o mundo é grande e (entretanto) cabe cama... (Chaves, 2012). VAMOS PENSAR? Conjunções subordinativas As conjunções subordinativas, conforme Cereja e Magalhães (2008, p. 230), “insere uma oração na outra, estabelecendo entre elas uma relação de dependência sintática.” As conjunções subordinativas ligam duas orações, uma principal e outra subordinada, de maneira que a subordinada completa sintaticamente a principal. Há dois tipos de conjunções subordinativas: integrantes e adverbiais. As conjunções subordinativas integrantes são o que e se quando introduzem as orações subordinadas substantivas, ou seja, orações que funcionam como sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal e aposto da oração principal. Vejamos o exemplo: Pesquisa revela que a pobreza vem aumentando gradativamente. Nessa oração, temos:Oração principal: pesquisa revela Conjunção subordinativa: que (introduzindo a oração subordinada) Oração subordinada: que a pobreza vem aumentando gradativamente As demais conjunções subordinadas introduzem as orações subordinadas adverbiais e são classificadas conforme relação semântica que estabelece entre as orações, apresentamos abaixo um quadro com as principais conjunções adverbiais. CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS ADVERBIAIS Circunstâncias que expressam Principais conjunções Exemplos Causais Causa, motivo, razão de efeito Porque, como, visto que, já que, uma vez que Como a chuva estava mui- to forte, não fui ao cinema. 88 Comparativas Comparação Como, que, assim como, (mais, menos) do que O pai está mais preocupado do que a mãe com o atraso do filho. Concessivas Concessão Embora, ainda que, se bem que, mesmo que Mesmo que não haja sol, iremos à praia. Condicionais Condição Se, caso, contanto que, desde que, a menos que Se você precisar de ajuda,telefone para mim. Conformativas Conformidade Conforme, como, se- gundo Nas férias, tudo ocorreu como havíamos previsto. Consecutivas Consequência (tal, tão, tanto) que, de modo que Chorou tanto, que ficou com os olhos inchados. Finais Finalidade Para que, a fim de que, que Abrimos as janelas, para que entrasse um pouco de ar na casa. Proporcionais Proporção À proporção que, à me- dida que À medida que envelhece, a prata fica mais bonita. Temporais Tempo, momento Quando, antes que, de- pois que, logo que Enquanto as crianças brin- cavam, fiz um bolo para o lanche. Quadros 39: Conjunções coordenativas Fonte: Cereja e Magalhães (2008, p. 232) Em resumo, a conjunção relaciona dois termos de mesma função na oração, bem como duas orações, são palavras invariáveis. E se classifica em coordenativa e subordinativa. O estudo das conjunções está ligado diretamente ao estudo das orações. FIQUE ATENTO Para que você possa estudar mais sobre o assunto, sugerimos a leitura do capítulo: As construções coordenadas que consta no livro A construção das orações complexas, organizado por Maria Helena de Moura Neves. Como ve- rão, a equivalência funcional dessas construções coordenadas significa que os membros devem ter as mesmas funções semântica, sintática e pragmá- tica e não somente sintática como nos apresenta as gramáticas normativas. Disponível em: https://bityli.com/PhVyfy. Acesso em 8 jun. 2022 BUSQUE POR MAIS 89 6.5 INTERJEIÇÃO Leia o trecho da música Garota de Ipanema e observe as palavras destacadas. Ah, porque estou tão sozinho Ah, porque tudo é tão triste Ah, a beleza que existe A beleza que não é só minha Que também passa sozinha (Vinícius de Moraes) As palavras destacadas no poema são interjeições, pois exprimem emoções do eu lírico. Para Cereja e Magalhães (2008, p. 242), interjeição é a palavra que expressa emoções, impressões, apelos, sensações, estados de espírito.” A seguir apresentamos os valores semânticos de algumas interjeições, baseando-nos nos autores Cereja e Magalhães (2008). Lembrando que esses valores semânticos estão relacionados ao contexto de uso: • Advertência: Cuidado!, Olhe!, Atenção!, Fogo! • Agradecimento: Obrigado!, grato!, valeu! • Alegria: Ah!, eh!, Oh!, Oba!, Viva! • Alívio: Ufa!, Ah! • Ânimo: Coragem!, Ânimo!, Força! • Apelo ou chamamento: Socorro!, Ei!, Ô!, Oi, Alô!, Psiu! • Aplauso: Muito bem!, Bravo!, Bis!, É isso aí! • Aversão ou contrariedade: Droga!, Porcaria!, credo! • Desejo: Oxalá!, Tomara!, Quisera!, Queira Deus! • Dor: Ai!, Ui!, Ah! • Espanto, surpresa: Oh!, Puxa!, Quê!, Nossa! Nossa mãe!, Virgem!, Caramba! • Reprovação: Bah!, Ora!, Oras bolas!, Só faltava essa! • Satisfação: Viva!, Oba!, Boa!, Bem! • Silêncio: Silêncio!, Psiu! • Medo: Oh!, Credo!, Cruzes! Vale ressaltar que qualquer palavra pode transformar-se em uma interjeição, de acordo com o contexto que é usada ou conforme a pronuncia. 90 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (FUVEST-SP). "Olhava mais era para Mãe. Drelina era bonita, a Chica, Tomezinho. Sorriu para Tio Terêz: - “Tio Terêz, o senhor parece com Pai...” Todos choravam. O doutor limpou a goela, disse: - “Não sei, quando eu tiro esses óculos, tão fortes, até meus olhos se enchem d’água...” Miguilim entregou a ele os óculos outra vez. Um soluçozinho veio. Dito e a Cuca Pingo-de-Ouro. E o Pai. Sempre alegre, Miguilim... Sempre alegre, Miguilim... Nem sabia o que era alegria e tristeza. Mãe o beijava. A Rosa punha-lhe doces-de-leite nas algibeiras, para a viagem. Papaco-o-Paco falava, alto, falava. “Não sei, quando eu tiro esses óculos, tão fortes, até meus olhos se enchem d’água...” O valor semântico de até coincide com o do texto em: a) Me disseram que na casa dele até cachorro sabe padre-nosso. b) Bebeu uma bagaceira, saiu para a rua, sob a chuva intensa, andou até a segunda esquina, atravessou a avenida... . c) Até então, ele não inquietava os investidores, uma vez que era utilizado para financiar investimentos. d) Não sei se poderei esperar até a próxima semana. e) Foi até a sala e retornou. 2. (FUVEST-SP). Leia este trecho de texto: “Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele possuía um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se seguiram ao inventário de meu pai.” Machado de Assis O efeito expressivo obtido em “ferozmente honrado” resulta de uma inesperada associação de advérbio com adjetivo, que também se verifica em: a) sorriso maliciosamente inocente. b) formas graciosamente curvas. c) sistema singularmente espantoso. d) opinião simplesmente abusada. e) expressão profundamente abatida 3. (UFRN/adaptado). Leia este fragmento de texto: " Pouca coisa se pode dizer com certeza sobre o futuro. Não sabemos se nossos bisnetos vão passear ou, um dia, viver em Marte. [...] Não sabemos quando teremos robôs escravos, máquinas de orgasmo ou naves para viajar no tempo". (Veja, Especial do Milênio, ano 31, nº 5.123/dez de 1998) 91 O vocábulo OU expressa, respectivamente, ideia de: a) Adição e exclusão b) Alternância e exclusão c) Exclusão e Adição d) Adição e Alternância e) Alternância e Exclusão. 4. (ITA-SP) No texto abaixo sobre as eleições em São Paulo, há ambiguidade no último período, o que pode dificultar o entendimento. “Ao chegar à Liberdade*, a candidata participou de uma cerimônia xintoísta (religião japonesa anterior ao budismo). Depois, fez um pedido: “Quero paz e amor para todos”. Ganhou um presente de um ramo de bambu.” (Folha de S. Paulo, 9/7/2000, adaptado.) (*) Bairro da cidade de São Paulo. A ambiguidade deve-se a) à inadequação na ordem das palavras. b) à ausência do sujeito verbal. c) ao emprego inadequado dos substantivos. d) ao emprego das palavras na ordem indireta. e) ao emprego inadequado de elementos coesivos. 5. (FUVEST-SP) O segmento em que a preposição destacada estabelece uma relação de causa é: a) A carruagem parou ao pé de uma casa amarelada. b) A escada, de degraus gastos, subia ingrememente. c) No patamar da sobreloja, uma janela com um gradeadozinho de arame […] d) […] uma janela com gradeadozinho de arame, parda do pó acumulado... e) […] coava a luz suja do saguão. 6. (UFJF-MG/adaptado) Em “As megafusões de empresas não passam de jogos financeiros que protegem algum criminoso e determinam a riqueza ou a desgraça de uma empresa ou de um país”, a conjunção em destaque tem, respectivamente, o valor semântico de: a) inclusão e exclusão b) exclusão e inclusão c) inclusão em ambos os casos d) exclusão em ambos os casos e) Exclusão e alternância 7. (UEL-PR) Considere as possibilidades de diferentes leituras e assinale a alternativa que NÃO apresenta ambiguidade. 92 a) Os alpinistas foram à estação de trem. b) Os alunos desta turma, que são inteligentes, criticaram as mudanças. c) Os policiais assistiram ao incêndio do prédio. d) Pedro contou ao André que o carro dele estava batido. e) Nunca bata num homem com óculos. 8. (UEL-PR) “Certamente você conhece a marca X por seu sucesso no mundo das copiadoras. Mas o que talvez você não saiba é que essa marca tem uma história muito, mas muito ligada aos grandes nomes que hoje são destaques no mundo da informática.” Sobre o uso das palavras destacadas no texto, é correto afirmar: a) Nos dois casos, mas é usado para indicar a oposição entre afirmações contidas no texto. b) No primeiro caso, mas tem valor adversativo, no segundo, valor enfático. c) No primeiro caso, mas não foi usado adequadamente, pois não deveria ocorrer no início da frase. d) Nos dois casos, mas é empregado para dar ênfase a expressões. e) Em ambas as ocorrências, mas poderia ser substituído, sem alteração do significado, por porém. 93 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO UNIDADE 1 UNIDADE 3 UNIDADE 5 UNIDADE 2 UNIDADE 4 UNIDADE 6 QUESTÃO 1 E QUESTÃO 2 B QUESTÃO 3 E QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 D QUESTÃO 6 A QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 E QUESTÃO 1 D QUESTÃO 2 D QUESTÃO 3 A QUESTÃO 4 CQUESTÃO 5 E QUESTÃO 6 D QUESTÃO 7 D QUESTÃO 8 A QUESTÃO 1 E QUESTÃO 2 C QUESTÃO 3 C QUESTÃO 4 E QUESTÃO 5 E QUESTÃO 6 C QUESTÃO 7 C QUESTÃO 8 D QUESTÃO 1 D QUESTÃO 2 D QUESTÃO 3 E QUESTÃO 4 B QUESTÃO 5 B QUESTÃO 6 D QUESTÃO 7 A QUESTÃO 8 E QUESTÃO 1 D QUESTÃO 2 D QUESTÃO 3 B QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 C QUESTÃO 6 C QUESTÃO 7 E QUESTÃO 8 D QUESTÃO 1 A QUESTÃO 2 A QUESTÃO 3 C QUESTÃO 4 E QUESTÃO 5 D QUESTÃO 6 B QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 B 94 BANDEIRA, M. Estrela da Vida Inteira. 20ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. BASILIO, M. Formação de classes e palavras no Português do Brasil. São Paulo: Contexto. 2004. BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006. BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37.ed. revista, ampliada e atualizada conforme o novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. CARVALHO, N. O que é neologismo. São Paulo, Brasiliense, 1984. CARVALHO, V. G; VOLKER, F. Coleção Estudos. Língua Portuguesa, volume 2. Capítulo 4. Estrutura e formação de palavras. Editora Bernoulli. CEREJA, W. R; MAGALHÃES, T. C. Gramática: texto, reflexão e uso. 3. ed. São Paulo: Atual Editora. 2008. CASTILHO, A. T. Nova Gramática do Português Brasileira. São Paulo: Contexto, 2010. CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48.ed.rev. – São Paulo: Companhia Editorial Nacional, 2008. CHAVES, C. 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