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Um olhar sobre a história do ensino de Química no Brasil
Chapter · December 2013
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1 author:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
APRENDENDO OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ISOMERIA A PARTIR DE UMA ATIVIDADE LÚDICA View project
José Ossian Gadelha Lima
Universidade Estadual do Ceará
28 PUBLICATIONS   463 CITATIONS   
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All content following this page was uploaded by José Ossian Gadelha Lima on 08 March 2017.
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REFERÊNCIA: LIMA, José Ossian Gadelha de Lima. Um olhar sobre a história do ensino de 
Química no Brasil. In: ROMERO, Marco Antônio Ventura; MAIA, Saulo Robério Rodrigues. O 
ensino e a formação do professor de Química em questão. Teresina: EDUFPI, 2013, 124 p, p. 12-28. 
E-mail: jose.lima@gmail.com 
 
UM OLHAR SOBRE A HISTÓRIA DO ENSINO DE QUÍMICA NO BRASIL 
 
José Ossian Gadelha de Lima 
 
Introdução 
Quando observamos a maneira como o ensino de Química se desenvolve em todas as séries da 
educação básica brasileira, constatamos que existe uma disseminada e completa falta de interesse dos 
estudantes pelos conteúdos explorados nessa disciplina. Não é de admirar, então, que eles adquirem 
uma imagem completamente distorcida sobre a mesma, chegando ao ponto de considerá-la não fazer 
parte de seu cotidiano (LIMA, 2012). 
Muitos estudiosos, debatedores e profissionais da educação têm discutido e apontado os 
inúmeros fatores que impedem a melhoria da prática educativa no Ensino de Química. Alguns 
pesquisadores têm sugerido uma abordagem epistemológica dos conteúdos químicos trabalhados nas 
escolas. Nesta concepção, a história da construção do conhecimento químico poderia fazer parte de 
uma proposta metodológica que explorasse o aspecto dinâmico dos fatos que possibilitaram a 
descoberta desse conhecimento ao longo da história. Essa abordagem poderia se tornar fundamental 
para que o estudante conseguisse atribuir significado ao estudo dos conteúdos dessa ciência 
(MORTIMER, 1992). 
Com o objetivo de contribuir para essa discussão, apresentamos neste texto uma reflexão breve 
sobre a História do Ensino de Química no Brasil, desde as suas primeiras manifestações, passando 
pela sua implantação enquanto disciplina até as novas concepções apresentadas pelos PCN+. Nossa 
intensão foi mostrar que a historicidade do ensino da Química pode possibilitar a vinculação do 
conhecimento científico ao contexto em que é engendrado. 
Neste sentido, merece destaque a argumentação de Santos e Filgueiras (2011): 
“A história do início do ensino regular de Química no Brasil, apesar de ainda pouco 
conhecida, é de enorme interesse, não só por mostrar como se deu o início do cultivo 
institucionalizado da ciência química no Brasil, como também em mostrar as imbricações 
trazidas pela vinda da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro, e como o século XIX, ao 
contrário dos anteriores, ensejou uma inserção internacional crescente do Brasil” (SANTOS; 
FILGUEIRAS, 2011, p. 366). 
Do Brasil Colonial 
Segundo Filgueiras (1990), o processo de institucionalização de um Ensino de Ciências 
estruturado no Brasil foi longo, difícil e levou muito tempo, de modo que foi estabelecido somente a 
partir do século XIX. 
mailto:jose.lima@gmail.com
Até o início dos anos de 1800, o progresso científico e tecnológico brasileiro era condicionado 
ao grau de desenvolvimento do ensino de Ciências no país. Durante o período colonial, muitos fatores 
impossibilitaram ao Brasil um avanço científico significativo. Dentre esses fatores destacou-se 
sobremaneira a dependência política, cultural e econômica que a colônia tinha de Portugal e, 
principalmente, a apatia portuguesa aos avanços tecnológicos e econômicos da Europa ocorridos 
durante os séculos XVII e XVIII. Dessa forma, um avanço científico no Brasil nessa época foi quase 
nulo (RHEINBOLT, 1994). 
O sistema escolar brasileiro teve origem somente a partir da chegada dos Jesuítas ao Brasil, em 
1549 (Figura 1). Essa primeira ideia de educação formal no país seguia os moldes das escolas 
dirigidas por esses religiosos na metrópole. Conforme estabelecido pelo movimento da 
Contrarreforma, esse ensino privilegiava a formação humanista, de maneira que os colégios fundados 
dedicavam-se estritamente à formação de uma elite letrada. Essa elite social da colônia constituía-se 
numa diminuta aristocracia de letrados, sacerdotes-mestres, juízes e magistrados. Em 1759, a 
educação brasileira contava apenas com alguns colégios, seminários e internatos que chegavam ao 
número de aproximadamente 33. Nesse mesmo ano, por iniciativa do Marquês de Pombal, os jesuítas 
foram expulsos do Brasil, trazendo ao processo educativo brasileiro momentos de incertezas (GILES, 
2003). 
 
(a) (b) 
Figura 1. Pe. Manuel da Nóbrega (a) e Pe. Anchieta (b): os principais educadores jesuítas do 
Brasil colonial, fotografias de pinturas (Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br). 
Através de pesquisas realizadas por Ferraz (1997), pode-se observar a importância dos Jesuítas 
para a colônia: 
Até sua expulsão do Reino português, em 1759, a ordem dos Jesuítas era praticamente a única 
a oferecer no Brasil uma formação escolar, fosse nas chamadas primeiras letras para a 
população em geral, fosse em cursos que se equiparariam aos superiores, destinados à 
formação de quadros para a Companhia de Jesus. Mesmo dedicando muito empenho para 
instalar nas terras brasileiras uma universidade, suas muitas solicitações foram negadas. Sem 
poder contar com as escolasdos Jesuítas, após a expulsão destes, os colonos americanos 
encontraram ainda maiores dificuldades quanto ao ensino, pois mesmo a criação das Aulas 
Régias, em 1772, não repunha minimamente para um grande número de crianças as aulas 
gratuitas antes possíveis nos colégios dos Jesuítas (FERRAZ, 1997, p. 33). 
Antes da Reforma Pombalina, no Brasil, assim como em Portugal, a ciência não “existia”, 
diferentemente do que acontecia em outros países da Europa. As únicas discussões científicas 
ocorriam em algumas poucas academias e sociedades científicas, todas de vida muito efêmera. Com 
a reforma, promovida em 1771, e o advento do ensino das Ciências experimentais, muitos brasileiros, 
objetivando galgar uma carreira científica ou médica, ingressaram na Universidade de Coimbra, em 
Portugal. No entanto, os cursos de direito e letras ainda atraiam a grande maioria dos que buscavam 
uma formação superior. Isso provocava uma acentuada deficiência de mão-de-obra de nível superior 
no Brasil, além de não possibilitar o surgimento de espaços adequados para o desenvolvimento de 
carreiras científicas regulares, como já começavam a surgir na Europa. Nessa época, o incipiente 
ensino de Química era teórico e livresco, quase sempre associado a estudos mineralógicos e 
colocando a Química como uma porção apendicular da Física (OLIVEIRA; CARVALHO, 2006). 
No ano seguinte, em 1772, o Vice-Rei Marquês de Lavradio instalou no Rio de Janeiro a 
Academia Científica, destinada ao estudo das Ciências. Uma seção dedicada à Química existia entre 
as várias outras seções dessa instituição. Fazia parte da academia o português Manoel Joaquim 
Henriques de Paiva (1752 – 1829), autor de Elementos de Química e Farmácia, primeiro livro a ter 
no título a palavra Química (FILGUEIRAS, 1998). 
Também dessa época destaca-se Vicente Coelho de Seabra Silva Telles (1764-1804), a quem 
alguns historiadores atribuem o título de um dos principais químicos do Brasil colonial. Crescido num 
período de grande alvoroço iluminista, o início do curso de Vicente Telles na Universidade de 
Coimbra, foi marcado pelo desenvolvimento de estudos e publicações na área de Química, tendo 
escrito e publicado várias obras. Algumas se tornaram de extrema importância na sociedade química 
europeia. Dentre elas e escrita em português, destaca-se o livro Elementos de Química, no qual ele 
trata de assuntos ligados à história da química desde a alquimia, além de discutir temas relacionados 
à nomenclatura de substâncias químicas e à ação do calor sobre as reações químicas. Durante sua 
vida, porém, nunca obteve reconhecimento, fama ou glória pelo seu trabalho (FILGUEIRAS, 1985). 
As atividades relacionadas às Ciências começaram a se estruturar no Brasil graças à invasão de 
Portugal por Napoleão, obrigando D. João VI e toda a corte real portuguesa a fugir para as terras 
brasileiras e a instaurar aqui o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Isso levou à realização de 
vários eventos importantes para as Ciências no Brasil. Era o início do século XIX, considerado um 
dos períodos mais grandiosos para o estabelecimento do estudo das Ciências, pois seus 
conhecimentos promissores já se encontravam espalhados por todo o mundo civilizado da época 
(OLIVEIRA; CARVALHO, 2006). 
Neste sentido, Santos e colaboradores (2000) afirmam: 
No Brasil do começo do século XIX quase nada havia em termos de ensino ou trabalhos 
científicos. [...] a consequente transformação da colônia em sede do governo, [..], facilitou a 
instalação de cursos superiores que contemplavam o estudo das ciências naturais. Assim 
“teve início a história institucional da ciência no país”, seguindo “modelos tradicionalmente 
reconhecidos” na Europa e “vistos pela Coroa como essenciais para a exploração mais 
sistemática das riquezas coloniais” (SANTOS; PINTO; ALENCASTRO, 2000, p. 418). 
O primeiro grande feito de D. João VI a favor das Ciências e da Química no Brasil, foi a criação, 
em 1808, do Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia, em Salvador. Porém, não era o primeiro do país. 
Em 1801, no hospital de Vila Rica das Minas Gerais funcionava um colégio dessa natureza que foi 
fechado 1848. Também em 1808, foi instalado no Rio de Janeiro outro colégio de medicina (ROSA; 
TOSTA, 2005). 
Com a assinatura do decreto que determinava a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, 
D. João VI tirou o país do isolamento, possibilitando a instalação das primeiras indústrias de 
manufaturados, tipografias e criando a Biblioteca Nacional e o Jardim Botânico (MATHIAS, 1979). 
O curso de engenharia da Academia Real Militar, criada em 1810, foi a primeira instituição 
brasileira que passou a ter Química no seu currículo. Logo depois foi criada uma cadeira de Química 
no curso de preparação de engenheiros militares, tendo como fundamento os ensinamentos contidos 
nas obras de Lavoisier, Vauquelin, Fourcroy, de la Grange e Chaptal (RUBEGA; PACHECO, 2000). 
Isso levou a um aumento significativo do número de trabalhadores com mão-de-obra especializada 
nas áreas que necessitavam de um ensino mais voltado para as Ciências. Como resultado dessas 
mudanças, o Brasil passou a publicar livros impressos. Daniel Gardner foi o autor da primeira obra 
impressa no país e que tinha por título Syllabus, ou Compendio das Lições de Chymica 
(MOTOYAMA, 2000). 
Com relação à Academia Real Militar, Santos e Filgueiras (2011) consideram a disciplina nela 
ministrada como o primeiro curso regular de Química no Brasil, e descrevem: 
A fundação desta nova escola representou a institucionalização do ensino regular de ciências 
no Brasil, ou pelo menos seu planejamento, em razão da ousadia de seu programa de estudos, 
de ampla diversidade e de abordagem atualizada e profunda. Embora seu objetivo principal 
fosse o estudo da ciência bélica, a Academia Real Militar foi estruturada de modo a tornar-
se um centro de estudos das “ciências matemáticas, de ciências de observações”. O currículo 
incluía um curso completo de Ciências Matemáticas, Química, Física, Mineralogia, 
Metalurgia e História Natural. O curso completo era de 7 anos, para os quais haveria 11 
Professores Titulares, denominados Lentes, e 5 Professores Substitutos. O primeiro ano era 
uma espécie de preparatório, para suprir a quase inexistência do ensino secundário regular; o 
segundo, terceiro e quarto anos eram de disciplinas básicas de nível superior; finalmente, nos 
três últimos anos ensinavam-se as disciplinas militares aplicadas e de engenharia (SANTOS; 
FILGUEIRAS, 2011, p. 362). 
Segundo Rheinbolt (1994), a decisão de incluir a Ciência Química como parte integrante da 
formação dos engenheiros militares da época estava relacionada a três principais atividades: 
exploração de minérios, fabricação de ligas de metais e produção de pólvora para os armamentos 
militares. Com o objetivo de suprir as necessidades relacionadas aos conhecimentos inerentes dessas 
atividades, foi criada em 1810 a cadeira de Química nessa Academia. Santos e Filgueiras (2011), ao 
se aprofundarem nesse estudo, ainda narram: 
As aulas de Química deviam ser ministradas no quinto ano e o lente responsável “dará todos 
os métodos docimásticos1 para o conhecimento das minas ...” [...]. Antes mesmo da criação 
da Academia, por Decreto de 6 de julho de 1810, havia sido criada uma cadeira de Química, 
sendo nomeado para seu provimento como Lente o médico britânico Dr. Daniel Gardner. 
Durante os primeiros anos dividiram a coordenação da nova cadeira de Química o médico 
britânico Dr. Daniel Gardner (1785-1831) e o militar piemontês General Carlo Antonio Maria 
Galleani Napione di Coconato, mais conhecido como General Carlos Antônio Napion (1757-
1814) (SANTOS; FILGUEIRAS, 2011, p. 362-363). 
 
Em 30 de dezembro de 1816, o texto recomendado para o futuro ano escolar é a “Filosofia 
Química” de Fourcroy, traduzida para o português por Manoel Joaquim Henriques de Paiva 
em 1801. Este pode então ser consideradoo primeiro compêndio adotado oficialmente num 
curso regular de Química no Brasil (SANTOS; FILGUEIRAS, 2011, p. 365). 
Um fenômeno curioso e que, de certa forma, demonstra o fim do isolamento do Brasil no 
período colonial, marcando o surgimento de uma nova conexão do país com o resto do mundo, é o 
fato do primeiro professor brasileiro de Química ter sido um inglês e que, segundo Santos e Filgueiras 
(2011), manteve vínculos com eventos importantes relacionados ao desenvolvimento da ciência norte 
americana, mesmo que de forma indireta. 
Rosa, Tosta (2005) e Chassot (1996) concordam com a ideia de que os textos históricos 
pesquisados apontam para um ensino de Química da época dedicado a aspectos utilitários e que, os 
registros encontrados assinalam para “um ensino de Química livresco, teórico, apêndice da Física, 
ou, em geral, em simbiose com a mineralogia” (ROSA; TOSTA, 2005, p. 255). Por outro lado, 
Chassot (1996) ainda cita os documentos deixados por Antonio de Araújo e Azevedo, o Conde da 
Barca (1754-1817). Uma importante contribuição desse ilustre colaborador do Rei é assinalada pelas 
ideias que podem ser consideradas inovadoras para o ensino de Química a época, com um claro 
movimento de aproximação com a Medicina. 
Ainda para Santos e Filgueiras (2011): 
O segundo curso regular de Química no Brasil surgiria no Colégio Médico-Cirúrgico de 
Salvador, sendo nomeado como lente o Dr. Sebastião Navarro de Andrade, formado em 
Coimbra. A Carta Régia de sua criação, de 1817, estipula como compêndio o livro de 
Fourcroy, já prescrito no Rio de Janeiro, sem esquecer o professor de incorporar às aulas as 
novidades surgidas desde a publicação do livro do químico francês, até que o lente 
compusesse seu próprio livro, o que nunca sucedeu (FILGUEIRAS, 2011, p. 363). 
Graças ao início da exploração de ferro no país pelo alemão Willhelm Ludwig von Eschwege 
foram criados, em 1812, o Gabinete de Química e o Laboratório de Química Aplicada, ambos no Rio 
de Janeiro, tendo este último sido fechado em 1819. Em 1818 foi fundado o Museu Real cujas 
 
1 A docimástica ou docimasia era a técnica de analisar o teor de metais em seus minérios ou ligas (SANTOS; 
FILGUEIRAS, 2011) 
instalações contavam com um laboratório de química que sediava pesquisas relacionadas à refinação 
de metais preciosos (SANTOS, 2004). 
Na realidade, os primeiros cursos de Química, que expediam diploma de profissional da 
química, surgem no Brasil no início da década de 1910. O primeiro deles foi de Química Industrial, 
no nível técnico, no Makenzie College que, quatro anos depois, em 1915, se tornou curso de nível 
superior. Neste mesmo ano, foi criada a Escola Superior de Química da Escola Oswaldo Cruz. Mas, 
a explosão dos cursos regulares de química só viria a ocorrer a partir do artigo “Façamos químicos”, 
do farmacêutico formado pela Faculdade de Medicina da Bahia, José de Freitas Machado (1881-
1955), publicado na Revista de Chimica e Physica e de Sciencias Histórico‑Naturaes, de 1918 
(SANTOS; PINTO; ALENCASTRO, 2006; AFONSO; SANTOS, 2009). 
Do Brasil Imperial 
No entanto, o soberano brasileiro a se tornar um dos maiores incentivadores do progresso 
científico brasileiro foi, sem dúvida, o imperador D. Pedro II (1825-1891), que governou entre 1831 
e 1889. Sua visão desenvolvimentista possibilitou a introdução de tecnologias que favoreceram a 
industrialização e o crescimento econômico do Império. A influência de seus professores, José 
Bonifácio e Alexandre Vandelli, fez com que o soberano fosse um aluno dedicado aos estudos da 
Química, sendo quase constante sua presença em aulas, exames, encontros e discussões científicas. 
Sua casa ostentava um laboratório de Química no qual realizava experimentos e estudava obras de 
químicos da Europa, como Dalton e Laurent (FILGUEIRAS, 1990). 
Até essa época, porém, o ensino das Ciências era desprestigiado, pois se associava à formação 
de uma classe trabalhadora, o que o tornava muito pouco atrativo. Dessa forma, a memorização e a 
descrição eram as únicas formas metodológicas aplicadas no ensino das Ciências. Os conhecimentos 
químicos dessa época apenas se resumiam a fatos, princípios e leis que tivessem uma utilidade prática, 
mesmo aqueles que eram completamente desvinculados da realidade cotidiana do estudante. 
Contudo, alguns historiadores julgam que na história da disciplina de Química no Brasil havia uma 
verdadeira oscilação nos conteúdos abordados, de modo que ora os objetivos desse ensino eram 
voltados às questões utilitárias e cotidianas, ora eram centrados nos pressupostos científicos (LOPES, 
1998). 
Nesse clima de incertezas e autoafirmação da disciplina de Química no Brasil, a transformação 
do Seminário de São Joaquim deu origem, em 1837, ao Imperial Colégio de Pedro II (Figura 2), no 
Rio de Janeiro, cujas aulas só iniciaram em 1838. Como agência oficial de educação e cultura, 
formadora das elites que conduziriam o país, um dos grandes objetivos da criação dessa escola foi o 
de servir de modelo para os outros estabelecimentos de ensino e estruturar o ensino secundário 
brasileiro e, para isso, o currículo aí implantado contava com disciplinas científicas (ROSA; TOSTA, 
2005). 
Inicialmente criado com o nome de “Collegio de Pedro Segundo” (Decreto de 02 de dezembro 
de 1837), esta escola foi a primeira instituição de ensino secundário oficial do Brasil (COLEGIO 
PEDRO II, 2013). 
Segundo Andrade (2013), o estabelecimento do colégio caracterizou-se como um elemento de 
grande importância na estruturação do projeto de inserção do Brasil no mundo da educação básica 
formal, além de contribuir para o fortalecimento do Estado brasileiro e para consolidar o processo de 
formação da nação brasileira. 
O Artigo 3º do Decreto de criação do Imperial Colégio de Pedro II estabelecia: 
Neste Collegio serão ensinadas as Línguas Latina, Grega, Francesa, e Ingleza; Rhetorica, e 
os princípios elementares de Geographia, História, Philosophia, Zoologia, Mineralogia, 
Botanica, Chymica, Physica, Arithmetica, Algebra, Geometria, e Astronomia (COLÉGIO 
PEDRO II, 2013). 
 
(a) (b) 
Figura 2. Imperial Colégio de Pedro II: (a) em 1856 e (b) em 1999 (Fonte: http://www.cp2centro.net). 
Com o final da Guerra do Paraguai em 1874, a Escola Central do Rio de Janeiro, criada em 
1858 e vinculada ao Ministério da Guerra, passou ao Ministério do Império, sendo denominada 
Escola Politécnica e destinada apenas a alunos civis. 
Segundo Santos e colaboradores (2000), 
Pelo projeto original, a Escola Politécnica tinha a finalidade de formar, além de engenheiros 
e bacharéis, doutores em ciências físicas e naturais. Neste conjunto de alternativas 
apareceram as novas subdivisões da Química, a Química Inorgânica, a Química Analítica 
Mineral e Orgânica, a Química Orgânica e a Química Industrial, distribuídas pelos vários 
cursos da Escola e com obrigatoriedade de aulas práticas. O projeto foi prejudicado, 
entretanto, pela falta de livros, pela dependência da tradução de obras estrangeiras, pelo apelo 
mais à teoria do que à observação e às experiências, e pela pequena demanda de engenheiros. 
O resultado foi que a comunidade ligada à ciência foi sempre pequena demais para realizar 
qualquer trabalho original continuado, restando apenas as realizações individuais (SANTOS; 
PINTO; ALENCASTRO, 2000, p. 420). 
Com essas fragilidades, os cursos científicos dessa escola foram extintos em 1896. A 
justificativa para essa tomada de decisão fundamentou-se na reduzida procura de seus cursos. No 
entanto, para alguns professores e alunos da época, o verdadeiro motivo do processo de extinção foi 
a predominância de uma visão pragmática da ciência imposta pelo positivismo entre os politécnicos, 
e disseminada com a proclamação da república (FILGUEIRAS, 1986; FERREIRA, 1993). 
Foi somente a partir de1887 que conhecimentos de Ciências Físicas e Naturais começaram a 
ser exigidas nos exames de acesso aos cursos superiores, principalmente ao de Medicina. Até esta 
data, as disciplinas que abordavam esses conhecimentos não eram procuradas, ainda mais que eram 
ministradas de forma avulsa (CHASSOT, 1996). 
O ensino de Química, durante todo o período imperial, representou apenas uma das disciplinas 
básicas dos cursos de medicina, engenharia e farmácia. Por outro lado, atividades de natureza 
laboratorial configuraram como suplementos aos poucos laboratórios existentes à época. Essa 
tradição seguia os moldes dos cursos das escolas francesas, as quais tinham a finalidade de formar 
profissionais indispensáveis ao funcionamento da sociedade, já que se limitavam a um número não 
muito grande de escolas profissionalizantes (RHEINBOLT, 1994). 
Desta forma, o processo de desenvolvimento do ensino desta ciência foi acentuadamente 
marcante nas escolas de medicina, onde eram ministradas disciplinas com conteúdos relacionados à 
Química por professores com formação médica. Já nas escolas de engenharia, essas disciplinas eram 
geralmente estudadas nos primeiros anos do curso, pois tinham a finalidade de formar técnicos com 
conhecimentos a serem aplicados para possibilitar uma maior eficiência no processo de exploração 
das riquezas minerais e metalúrgicas brasileiras (RUBEGA; PACHECO, 2000). 
Do Brasil Republicano 
Apesar de D. Pedro II ter demonstrado grandes interesses pelos conhecimentos químicos, a 
primeira escola brasileira destinada a formar profissionais para a indústria química só foi criada no 
período republicano. Foi o Instituto de Química do Rio de Janeiro, no começo do século XX, em 
1918, quando foi instituído o primeiro curso oficial de Química no Brasil. O regulamento do curso 
determinava que o ensino de química se desenvolveria sob duas modalidades: uma, com caráter 
científico, era destinado à formação de profissionais em química que cursaram , comprovadamente, 
as disciplinas de Química Mineral e Orgânica das escolas de engenharia , agricultura e/ou medicina, 
e outra, de curta duração, destinava-se a pessoas leigas em conhecimentos científicos de natureza 
química. Esses cursos foram extintos em 1921, quando um novo regulamento para o Instituto de 
Química foi promulgado e no qual não mais figurava o ensino de Química como parte dos objetivos 
do instituto. No entanto, mesmo sendo extintos, esses cursos foram a fonte de ideias para o surgimento 
dos cursos de Química Industrial que foram criados posteriormente (SILVA; SANTOS; AFONSO, 
2006). 
Cabe ressaltar que, em 1918, o então professor de Química Inorgânica e Analítica da Escola 
Superior de Agricultura e Medicina Veterinária (ESAMV), o farmacêutico José de Freitas Machado 
(1881-1955), publicou um artigo intitulado “Façamos Químicos” onde exorta os poderes públicos a 
criarem uma escola superior para o ensino de Química no país (SANTOS; PINTO; ALENCASTRO, 
2006). 
Ainda no mesmo ano de 1918, na Escola Politécnica de São Paulo, foi criado o curso de 
Química Industrial de curta duração e, paulatinamente, a pesquisa científica foi se desenvolvendo 
nessa instituição. Em 1926, resultante da fusão dos cursos de Química e Engenharia Industrial, foi 
criado um novo curso com duração de cinco anos, denominado de Engenharia Química. Seu objetivo 
era “atender às necessidades prementes da indústria química em fase de franca evolução” (RUBEGA; 
PACHECO, 2000, p. 159). 
Em 1919, por iniciativa do Congresso Nacional, foram criados oito cursos de Química 
Industrial em várias instituições espalhadas pelo país e que já apresentavam uma infraestrutura 
mínima (professores e laboratórios): Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Ouro Preto, Belo 
Horizonte, Salvador, Recife e Belém. Em 1920, foi criado, em associação à Escola Superior de 
Agricultura e Medicina Veterinária (ESAMV) do Rio de Janeiro, o curso de Química Industrial 
Agrícola (SANTOS, 2004). 
 
Figura 3. Antigo prédio da Escola Nacional de Química da Universidade do Brasil, atual 
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), localizado na Avenida Pasteur, no bairro 
da Urca (Fonte: http://www.imagem.ufrj.br). 
No entanto, foi somente em 1933, que surgiu a primeira instituição do país voltada 
exclusivamente para o ensino de Química: a Escola Nacional de Química no Rio de Janeiro. A criação 
desta escola se deu com o desligamento do curso de Química Industrial Agrícola da ESAMV, cujas 
instalações se constituíram nas suas primeiras estruturas (Figura 3), e estava inicialmente subordinada 
ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. No ano seguinte, foi transferida para o Ministério 
da Educação e Saúde, como unidade didática pertencente à Universidade Técnica Federal, a qual foi, 
em 1937, agregada à Universidade do Brasil, que originaria mais tarde a Universidade Federal do Rio 
de Janeiro (UFRJ) (SILVA; SANTOS; AFONSO, 2006). 
O objetivo da criação desta Escola foi implantar um novo currículo, mais amplo e adaptado à 
evolução da Química, especialmente no sentido físico-químico e matemático. A matriz curricular 
continha doze disciplinas: Matemática Superior, Física, Química Inorgânica (Análise Qualitativa), 
Química Analítica, Físico-Química, Química Orgânica (1ª Cadeira), Química Orgânica (2ª Cadeira), 
Elementos de Microbiologia (Tecnologias das Fermentações), Física Industrial (Operações 
Unitárias), Tecnologia Inorgânica, Tecnologia Orgânica e Economia das Indústrias. Distribuído em 
4 anos, esse currículo visava possibilitar a ampliação do leque de atuação dos químicos industriais 
(AFONSO; LIMA, 2003). 
Na realidade, a criação dos cursos de Química no Brasil foi uma necessidade nascida dos 
resultados da Primeira Grande Guerra Mundial, quando foi verificado que o país apresentava um 
grande atraso em relação a outras nações. Os primeiros cursos foram de Química Industrial, cujos 
modelos eram fundamentados na escola francesa e muito contribuíram para o desenvolvimento da 
ciência Química brasileira, possibilitando sua inclusão como parte importante no processo de 
modernização da sociedade (SANTOS; PINTO; ALENCASTRO, 2000). 
No ano de 1934, foi criado o Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e 
Letras da Universidade de São Paulo (USP). É importante registrar que a USP foi também fundada 
em 1934 e foi a primeira universidade do país. Esse departamento é considerado a primeira instituição 
brasileira criada com objetivos explícitos de formar químicos cientificamente preparados. Ressalte-
se que hoje, tendo se transformado no Instituto de Química da USP, é destaque internacional em 
pesquisas químicas (MATHIAS, 1979). 
No Ensino Secundário brasileiro, a Química começou a ser ministrada como disciplina regular 
somente a partir de 1931, com a Reforma educacional Francisco Campos. Segundo documentos da 
época, o ensino de Química tinha por objetivos dotar o aluno de conhecimentos específicos, despertar-
lhes o interesse pela ciência e mostrar a relação desses conhecimentos com o cotidiano (MACEDO; 
LOPES, 2002). 
No entanto, essa visão do científico relacionado ao cotidiano foi perdendo força ao longo dos 
tempos e, com a reforma da educação promovida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação no 5.692 
de 1971, pela qual foi criado o ensino médio profissionalizante, foi imposto ao ensino de Química 
um caráter exclusivamente técnico-científico. Alguns estudiosos do campo do currículo afirmam que 
as disciplinas relacionadas às Ciências só se constituíram definitivamente como componentes 
curriculares, quando se aproximaram das vertentes que deram origem aos seus saberes puramente 
científicos (SCHEFFER, 1997). 
Até o início dos anos de 1980 havia duas modalidades que regiam o ensino médio brasileiro. A 
modalidade humanístico-científica, que se constituía numa fase de transição para a universidade e 
formava jovens para ter acesso a uma formação superior,e a modalidade técnica, que visava uma 
formação profissional do estudante. Essas duas vertentes não conseguiram atender a demanda da 
sociedade e, por isso, agonizaram durante muito tempo, até praticamente se extinguirem nos últimos 
anos do século XX (MOTOYAMA, 2000). 
Os anos de 1990 são caracterizados por uma reforma profunda no Ensino Médio brasileiro. 
Com a LDB nº 9.394 de 1996, o MEC (Ministério da Educação) lançou o Programa de Reforma do 
Ensino Profissionalizante, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM) e os 
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM). Esses documentos atendiam a 
exigência de uma integração brasileira ao movimento mundial de reforma dos sistemas de ensino, 
que demandavam transformações culturais, sociais e econômicas exigidas pelo processo de 
globalização. Em se tratando de Ensino de Química e dos conhecimentos neles envolvidos, a proposta 
dos PCNEM é que seja explicitados a multidimensionalidade, o dinamismo e o caráter epistemológico 
de seus conteúdos. Assim, severas modificações no currículo dos livros didáticos e nas diretrizes 
metodológicas estão sendo conduzidas, a fim de romper com o tradicionalismo que fortemente ainda 
se impõe (BRASIL, 1999). 
Um Ensino Médio significativo exige que a Química assuma seu verdadeiro valor cultural 
enquanto instrumento fundamental numa educação humana de qualidade, constituindo-se num meio 
coadjuvante no conhecimento do universo, na interpretação do mundo e na responsabilidade ativa da 
realidade em que se vive. Com esta visão, em 2002 foram divulgados os PCN+ (Orientações 
Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais) direcionados aos professores 
e aos gestores de escolas. Esses documentos apresentam diretrizes mais específicas sobre como 
utilizar os conteúdos estruturadores do currículo escolar, objetivando o aprofundamento das propostas 
dos PCNEM (BRASIL, 2002). 
Alguns estudiosos e pesquisadores (SCHNETZLER, 2002; NARDI; ALMEIDA, 2007), 
quando ao avaliar as conquistas mais significantes relacionadas ao ensino de Química no Brasil 
durante as últimas décadas, destacam a criação da divisão de Ensino da Sociedade Brasileira de 
Química (SBQ), em 1988 durante a sua 11ª Reunião Anual. Segundo esses autores, esse fato foi 
resultado de um processo iniciado no ano de 1980 quando ocorreram os encontros nacional e regionais 
de ensino de Química. No entanto, essa divisão (seção) foi oficialmente criada em 1978, por ocasião 
da realização da primeira Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química. Foi durante esse evento 
que ocorreu pela primeira vez uma seção coordenada de ensino de Química. 
À guisa de conclusão 
Apesar de muito pouco conhecida, a História do Ensino de Química, transcorrida ao longo do 
tempo nas instituições educacionais brasileiras, desperta grande interesse entre aqueles que buscam 
conhecer melhor como esse ensino evoluiu. Neste sentido, é importante mapear a trajetória histórica 
dos processos que contribuíram para o cultivo institucionalizado dos conhecimentos químicos. 
Esse mapeamento pode possibilitar uma compreensão melhor dos atuais problemas enfrentados 
por professores e alunos no processo de ensino e aprendizagem da Química, de modo que, 
possivelmente, muitas soluções poderiam ser encontradas a partir de reflexões e discussões originadas 
do conhecimento da História do Ensino de Química. 
Por outro lado, na estruturação das práticas de Ensino de Química, é de grande importância 
utilizar uma abordagem destacando a visão dos conhecimentos por ela desenvolvidos numa 
perspectiva de construção histórica da natureza humana. O conhecimento químico, constituído de 
processos sistemáticos que permeiam o contexto sociocultural da humanidade, deveria ser usado de 
forma contextualizada e significativa para o educando. Esta abordagem demanda o uso de uma 
linguagem própria e de modelos diversificados (LIMA, 2012). 
Hoje existe um grande número de cursos de Química mantidos por muitas instituições de ensino 
médio e ensino superior no Brasil. Essas escolas têm oferecido cursos de Química em nível técnico e 
em nível de graduação, este último nas modalidades de bacharelado e de licenciatura. Práticas 
laboratoriais e oportunidades para a iniciação científica têm contribuído para a desmistificação do 
ensino da Química, além de se ter uma razoável disponibilidade de periódicos e publicações 
científicas e de farto material em português (SILVA; SANTOS; AFONSO, 2006). 
O contexto do mundo globalizado exige do estudante a capacidade de analisar, julgar, se 
posicionar e tomar decisões pelas quais ele se sinta responsável e possa ser responsabilizado. Neste 
sentido, não é mais cabível um ensino que apenas treina o aluno a dar respostas prontas e acabadas. 
Além disso, a grande complexidade do contexto mundial não admite mais um ensino que apenas 
prepara o aluno para um vestibular. Segundo a LDB, uma educação básica deve suprir de 
competências e habilidades adequadas os jovens que atingem o final do Ensino Médio, de modo que 
sua formação tenha permitido galgar os quatro pilares da educação do século XXI: aprender a 
conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser (MÁRCIO, 2011). 
 
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