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SÍNDROME CORONARIANA AGUDA (SCA)
IAM= lesão miocárdica aguda + evidência de isquemia miocárdica aguda
➢ Elevação de troponina > percentil 99=Injúria miocárdica
➢ A injúria é considerada aguda se houver padrão de elevação e/ou decréscimo (curva) nos
valores de Tn, e crônica se os valores seriados permanecerem estáveis (variação < 20%).
➢ Injúria miocárdica secundária à isquemia miocárdica = IAM
➢ Todo IAM apresenta injúria, mas nem toda injúria é infarto
Razões para a elevação de troponinas por lesão miocárdica
Manifestações eletrocardiográficas sugestivas de isquemia miocárdica aguda (na ausência
de hipertrofia ventricular esquerda e bloqueio de ramo)
Elevação de ST:
• Nova elevação do segmento ST no ponto J em 2 derivações contíguas com os pontos de
corte: ≥1 mm em todas as derivações, exceto nas derivações V2 a V3 ( ≥2 mm em homens
≥40 anos, ≥2,5 mm em homens <40 anos ou ≥1,5 mm em mulheres, independentemente
da idade*).
Depressão de ST e alterações da onda T:
• Nova depressão do segmento ST horizontal ou descendente ≥0,5 mm em 2 derivações
contíguas; e/ou
• Inversão T >1 mm em 2 derivações contíguas com onda R proeminente ou relação R/S
>1.
*Quando as magnitudes da elevação do ponto J nas derivações V2 e V3 são registradas a partir de um ECG anterior, uma nova
elevação do ponto J ≥ 1 mm (em comparação com o ECG anterior) deve ser considerada uma resposta isquêmica
Elevação isolada de aVR equivale ao supra de ST (IAM com supra)
• A elevação do segmento ST na derivação aVR > 1 mm pode acompanhar o IAMST anterior ou inferior
e está associada ao aumento da mortalidade em 30 dias em pacientes com IM agudo
Critérios eletrocardiográficos de IAMCSST:
➢ Supra de ST em pelo menos 2 derivações contíguas (≥ 1 mm em todas as derivações,
exceto V2 e V3: ≥ 2,5 mm em homens < 40 anos, ≥ 2 mm em homens > 40 anos e ≥ 1,5
mm em mulheres)
➢ Presença de infra de ST em V1-V3 pode sugerir IAM posterior, se associado com supra
de ST ≥ 0,5 mm em V7-V9
➢ Presença de BRE novo ou presumivelmente novo
Alterações eletrocardiográficas na SCASSST:
O ECG pode ser normal ou não diagnosticado em mais de 1/3 dos pacientes com SCASSST.
Constituem alterações sugestivas de isquemia miocárdica aguda:
➢ Infra de ST ≥ 0,5 mm em 2 ou mais derivações contíguas
➢ Inversão de onda T > 1 mm em 2 derivações contíguas com R proeminente ou R/S > 1
➢ Supra de ST transitório
Imagem em espelho
• Normalmente, o supra de ST em uma derivação causa um infra de ST na derivação
oposta.
• Por exemplo: as derivações V1-V3 ficam opostas às derivações V7, V8 e V9. Assim, um
supra de ST nessas derivações causa um infra de ST em V1-V3. O inverso também é
verdadeiro
• O que devemos levar em consideração, o supra ou a imagem em espelho? O supra é que
manda! Ou seja, na presença de supra de ST, com imagem em espelho, o diagnóstico é
de IAM com supra
Análise Topográfica das Manifestações Isquêmicas ao ECG
➢ Parede anterosseptal – Derivações V1, V2, V3;
➢ Parede anterior – Derivações V1, V2, V3 e V4;
➢ Parede anterior localizada – Derivações V3, V4 ou V3-V5;
➢ Parede anterolateral – Derivações V4 a V5, V6, D1 e aVL;
➢ Parede anterior extensa – V1 a V6 , D1 e aVL;
➢ Parede lateral – Derivações V5 e V6.
➢ Parede lateral alta – D1 e aVL;
➢ Parede inferior – D2, D3 e aVF
ECG normal não exclui SCA!
• Um único ECG realizado durante a apresentação inicial do paciente detecta menos de 50% dos
IAMs
Se o ECG de 12 derivações for inconclusivo e o paciente permanece com sintomas anginosos, realizar
ECG com derivações V7-V9 e V3R e V4R para descartar oclusão de artéria circunflexa ou infarto de
VD, respectivamente
Derivações suplementares, bem como registros seriados de ECG, devem ser implantadas com limiar muito
baixo em pacientes que apresentam dor torácica isquêmica e um ECG inicial não diagnóstico. ECG normal e
sintomas persistentes ou recorrentes:
• ECGs em intervalos de 15 a 30 min durante as primeiras 1 a 2 horas; ou
• Monitore ECG de forma contínua
A depressão isolada do segmento ST ≥0,5 mm nas derivações V 1 –V 3 pode indicar oclusão circunflexa
esquerda e pode ser melhor capturada usando derivações posteriores (V7, V8 e V9).
• Registre essas derivações em pacientes com alta suspeita clínica de oclusão circunflexa aguda (por
exemplo, ECG inicial não diagnóstico ou depressão do segmento ST nas derivações V 1 – V3)
• Elevação ST nas derivações V7 –V9: ≥ 0,5 mm ou ≥1 mm (se homens <40 anos)
Em pacientes com infarto inferior e suspeito de infarto do VD, as derivações aVR ou V 1 podem apresentar
elevação do segmento ST ≥1 mm
• O registro precoce das derivações precordiais direitas V3R e V4R deve ser realizado, pois o supra de
ST ≥0,5 mm (≥1 mm em homens <30 anos) fornece critérios de suporte para o diagnóstico.
• As alterações nas derivações precordiais direitas podem ser transitórias e a ausência de alterações no
ECG nas derivações V3R e V4R não exclui infarto do VD
Situações em que devem ser consideradas avaliações adicionais no ECG
Pacientes que permanecem com sintomas típicos e
ECG inicial não diagnóstico
Realizar ECG com as derivações V3R e V4R, V7 à V9
IAM com supradesnivelamento de ST de parede
inferior
Registrar as derivações eletrocardiográficas direitas
(V3R e V4R), para avaliar o acometimento de VD.
Considera-se supradesnivelamento de segmento ST ≥
0,5 mm nessas derivações
Suspeita de acometimento da artéria circunflexa Registrar as derivações V7 à V9 (considerado
significativo a presença de 0,5mm de
supradesnivelamento de segmento ST de V7-V9) e
atentar para infradesnivelamento de ST ≥ 0.5mm
isolado de V1-V3. Diante dessas alterações, na presença
de sintomas sugestivos de SCA, manejar o paciente
como IAM com supra de ST (angioplastia primária)
Infradesnivelamento de segmento ST ≥ 1 mm em 6 ou
mais derivações associado a supradesnivelamento de
ST em avR ou V1
Sugestivo de lesão de tronco de coronária esquerda,
artéria descendente anterior proximal ou
acometimento multivascular. Nesse caso, o
cateterismo precoce está indicado para avaliar
necessidade de intervenção coronariana percutânea
Ondas T hiperagudas e simétricas em pelo menos 2
derivações contíguas
Sinal precoce que pode preceder o aparecimento de
supradesnivelamento de ST, justificando a realização
de ECGs seriados
BRE antigo ≥ 3 nos Critérios de Sgarbossa tem especificidade
elevada para o diagnóstico de IAM com supra de ST.
Nesse caso, o cateterismo de urgência está indicado
https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/dor-toracica/interpretacao-do-eletrocardiograma/
para avaliar necessidade de intervenção coronariana
percutânea
BRD novo Prognóstico reservado, com provável
comprometimento de extensa área miocárdica,
sobretudo no IAM com supra de ST de parede anterior.
Nesse caso, o cateterismo precoce está indicado para
avaliar necessidade de intervenção coronariana
percutânea
Atenção: Na presença de BRD, a estratégia de
angioplastia primária (angiografia coronariana e
intervenção coronariana percutânea se indicada) deve
ser considera se o paciente persistir com sintomas
isquêmicos
Atenção: As alterações no segmento ST e na onda T não são específicas de isquemia e podem ocorrer numa
série de condições que incluem hipertrofia ventricular, pericardite aguda e crônica, miocardite, repolarização
precoce, alteração eletrolítica, choque, alterações metabólicas e intoxicação digitálica
Não é possível distinguir inicialmente as manifestações eletrocardiográficas de lesão
miocárdica aguda ou crônica da isquemia miocárdica aguda
*complexo QS na derivação V 1 é normal
IAMSST
SCASSST se divide em IAM e angina instável (AI)
• Quando o paciente apresenta angina de características típicas de início ou piora recente, odiagnóstico de AI torna-se clínico
Angina instável
• Desconforto torácico de início recente (< 2 meses)
• Caráter intermitente
• Pode ser progressiva, ou seja, torna-se cada vez mais prolongada e/ou mais frequente do
que antes.
• Não há necrose dos miócitos (marcadores de necrose miocárdica são NEGATIVOS)
IAMSSST
É uma angina instável que evoluiu com marcadores de necrose miocárdica positivos
• Características semelhantes a angina instável
• ECG: normal, infra de ST ou alterações da onda T.
• Dor >30 min
• Com necrose miocárdica (marcadores de necroses POSITIVOS)
Pacientes com suspeita de SCA devem ser divididos em dois grupos de acordo com os
achados do ECG:
➢ SCACSST - Paciente com dor torácica aguda e SCACSST ou BRE novo ou
presumivelmente novo, condição geralmente relacionada com oclusão coronariana e
necessidade de reperfusão imediata.
➢ SCASSST - Paciente com dor torácica aguda sem supra persistente de ST, associado ou
não a outras alterações de ECG que sugerem isquemia miocárdica com amplo espectro de
gravidade. Neste grupo, estão os pacientes com angina instável (sem alterações de
marcadores de necrose miocárdica) e aqueles com IAMSSST (há elevação de marcadores
de necrose miocárdica).
Minoca (myocardial infarction with nonobstructive arteries)
• IAM sem a presença de obstrutiva.
• Cerca de 2/3 dos pacientes com MINOCA apresentam-se com clínica de IAMSSST.
• Para o diagnóstico de MINOCA, três critérios são essenciais: 1. Presença de IAM. 2.
Documentação angiográfica de DAC não obstrutiva (estenose < 50% ou coronárias
normais). 3. Sem outra causa evidente não coronariana que justifique a apresentação
Tinoca (troponin-positive non-obstructive coronary arteries)
• Elevação isolada de troponina na ausência de obstrução coronariana e sem
manifestações clínicas de infarto
• Contempla os pacientes com lesão isquêmica (MINOCA) e outras etiologias de lesão
miocárdica não isquêmica (ex.: miocardite, síndrome de Takotsubo, etc).
Fisiopatologia
Angina instável (AI) e IAMSSST
• Uma placa INSTÁVEL é rompida, resultando na formação de um trombo coronariano
suboclusivo (obstrução parcial).
• Na AI, como o paciente possui uma rede de circulação colateral mais desenvolvida, não há
morte dos miócitos.
• Já no IAMSSST, como há uma menor proteção da circulação colateral, as células
cardíacas sofrem mais com a falta de oxigênio e morrem.
IAMCSST
• A placa aterosclerótica também está instável e rompe-se, com obstrução total.
Inevitavelmente, haverá morte celular, por isso é necessário recanalizar o vaso o mais
rápido possível.
• Como a obstrução ocorre de forma aguda e completa, a área de infarto também é maior,
sendo chamada de infarto transmural (envolve toda a parede do coração).
• No IAMSSST, a área de necrose é menor, ou seja, não acomete toda a parede do coração
(infarto não transmural).
Marcadores de necrose miocárdica
• Ultrassensível negativa: nova dosagem 1-2h
• Convencional negativa: nova dosagem em 3-6 h
Diagnóstico
A dor anginosa nos pacientes com SCASST costuma manifestar-se das seguintes maneiras:
• dor anginosa prolongada (> 20 min) em repouso;
• angina CCS lI ou III de início com menos de 2 meses;
• piora de classe funcional da angina para CCS IlI ou IV;
• angina pós-infarto.
Angina atípica é mais comum em idosos, mulheres, diabéticos, renais crônicos e pacientes com demência.
O exame físico de pacientes com SCA geralmente não apresenta alterações. Ele é útil para avaliar:
• Complicações isquêmicas {presença de sopro de regurgitação mitral, estertores
pulmonares); ou
• Diagnóstico diferencial da dor torácica (sopro sistólico de estenose aórtica, diferença de
pulso e pressão nos membros na dissecção de aorta, diminuição de murmúrio em
pneumotórax, etc.)
ECG
• Deve ser realizado e interpretado em até 10 minutos
Achados: depressão ou elevação transitória do segmento ST e/ou inversão de onda T
• Onda T simétrica e apiculada, com o segmento ST retificado;
• Inversão de onda T; e
• Infradesnivelamento do segmento ST.
Quando o ECG inicial for normal ou não diagnóstico (50%), é preciso realizar traçados a cada 3 h,
além de repetir novo ECG imediatamente após novo episódio doloroso ou aparecimento de
qualquer alteração no quadro clínico/hemodinâmico do paciente.
• Caso haja melhora da dor com uso de nitrato, repetir novamente o ECG com o intuito de
observar alterações dinâmicas do segmento ST
• As derivações V3R-V4R, V7-V9 devem ser realizadas em pacientes que permanecem
sintomáticos e apresentam ECG de 12 derivações não diagnóstico.
Biomarcadores de necrose miocárdica
• Devem ser mensurados em todos os pacientes com suspeita de SCASSST.
• Quando troponina ultrassensível estiver disponível, a dosagem sérica deve ser realizada na
admissão e idealmente reavaliada em 1h ou até 2h
• Caso indisponível, a troponina convencional deve ser coletada na admissão e repetida pelo
menos uma vez, 3 a 6h após, caso a primeira dosagem seja normal ou discretamente
elevada.
• Caso já tenha > 6h de dor, uma única dosagem pode ser suficiente
Na disponibilidade de troponina, nenhum outro marcador necessita ser solicitado para fins diagnósticos.
• Dosagens CK-MB massa podem ser utilizadas se dosagens de troponina não estiverem disponíveis.
Teste ergométrico
• Pacientes de risco baixo (clínica e ECG) e com biomarcadores normais devem ser encaminhados para
teste ergométrico após 9 a 12h em observação.
• Dentro das rotas da unidade de dor torácica (UDT), estes exames podem ser feitos como critério de
alta.
Estratificação de risco
Urna vez dado o diagnóstico SCASST, deve-se estratificar o risco de o paciente evoluir de forma
desfavorável. O mais utilizado é o HEART score:
➢ Escore 0-3: Chance de eventos = 2,5% → alta hospitalar
➢ Escore 4-6: Chance de eventos = 20,3% → Internar para observação clínica
➢ Escore 7-10: Chance de eventos = 72,7% → Cateterismo precoce
Pacientes com escore HEART ≤ 3 associado à troponina negativa, ECG sem alteração
isquêmica e ausência de antecedentes de DAC podem ser liberados do serviço de emergência
para reavaliação ambulatorial
US: ultrassensível; ECOTT: ecocardiograma transtorácico
MANEJO
Condutas iniciais (MOVE):
• Monitorização não invasiva contínua.
• Receber oxigênio suplementar se SatO2 < 90%.
• Acesso venoso periférico.
• ECG (interpretado <10 min)
• Radiografia de tórax
• AAS* 300 mg para todos os pacientes em que se suspeita de IAM.
*Desde que dissecção de aorta não seja a principal suspeita. Alergia verdadeira ao AAS: alternativas:
ticagrelor ou prasugrel.
Indicações de cateterismo de urgência
A estratégia invasiva de urgência (< 2h) está indicada para os casos de muito alto risco de morte.
• A estratégia invasiva reduz a ocorrência de óbito, infarto, angina e novas hospitalizações
quando comparada à estratégia conservadora, principalmente nos pacientes de alto risco.
Se supra de ST:
➢ Iniciar dupla antiagregação e encaminhar para tratamento definitivo
➢ Não é necessário resultado de troponina para essa conduta.
Estratificação do risco do paciente com base na diretriz europeia de IAMSSST
ATC – angioplastia transluminal coronariana; CAT - cateterismo (coronariografia); RM – revascularização
miocárdica; ClCr – clearance de creatinina em mL/min/1,73m²
Terapia medicamentosa
• Pilar do tratamento medicamentoso do IAMSSST: terapia anti-isquêmica, antitrombótica e
na estabilização da placa
Oxigenioterapia
• Oxigenioterapia (2 a 4L/min) em pacientes com risco intermediário e alto, na presença
de SaO2 < 90% e/ou sinais clínicos de desconforto respiratório.
A administração desnecessária de oxigênio por tempo prolongado pode causar vasoconstrição sistêmica e
ser prejudicial
Analgesia
A dor torácica associada à ansiedade aumenta o consumo miocárdico deoxigênio, predispondo
ao aparecimento de taquiarritmias atriais e ventriculares.
• Morfina: propriedade analgésica e ansiolítica, provoca venodilatação e aumento do tônus
vagal, reduzindo a pré-carga e a demanda de oxigênio pelo miocárdio
• Indicação: Administrar sulfato de morfina em pacientes que mantêm dor contínua,
apesar de terapia anti-isquêmica otimizada
• Contraindicações: hipotensão e hipersensibilidade ao medicamento
• Forma de administração: sulfato de morfina 1 a 5mg IV, podendo ser repetido em
intervalos de 5 a 30 minutos
Controle glicêmico
Tanto a hiperglicemia quanto a hipoglicemia estão associadas a pior prognóstico
• É recomendável mensurar, na admissão, os níveis glicêmicos de todos os pacientes
com suspeita de IAM, assim como monitorar evolutivamente a glicemia dos pacientes
diabéticos ou que apresentem hiperglicemia durante a internação.
• Os níveis de glicemia devem ser mantidos entre 70 e 180mg/ dl.
TERAPIA ANTI-ISQUÊMICA
Objetivo: reduzir o consumo de oxigênio (diminuindo a FC, a PA e a contratilidade miocárdica) ou
aumentar a oferta de oxigênio (administrando oxigênio ou promovendo vasodilatação).
• Nitratos, BB e BCC
Nitratos
São vasodilatadores independentes do endotélio, que promovem a formação do óxido nítrico.
Aumentam o fluxo sanguíneo do miocárdio por meio da vasodilatação coronária e reduzem a
demanda de oxigênio pela diminuição da pré-carga, por meio da venodilatação.
• Objetivo: alívio da dor (Não reduz a mortalidade)
Indicações:
• Uso de nitrato sublingual para alívio da angina.
• Uso de nitrato endovenoso para controle de angina persistente, hipertensão arterial ou
sinais de congestão
Contraindicações:
• infarto de VD, hipotensão arterial (PAS < 100mmHg); uso prévio de sildenafil nas últimas
24 horas ou tadalafila nas últimas 48h.
Uso:
• o tratamento é iniciado com nitrato sublingual 5mg a cada 5 minutos por no máximo três
vezes.
• Caso não haja alívio da dor, deve ser iniciada a administração de nitroglicerina (Tridil®) IV.
BB
Agem nos receptores betadrenérgicos, diminuindo a FC, a PA e a contratilidade miocárdica.
Dessa forma, promovem redução de consumo de oxigênio pelo miocárdio. A diminuição da FC
aumenta o tempo de diástole, melhorando a perfusão das artérias coronárias
• Indicação: administrar BB via oral nas primeiras 24 horas em pacientes sem
contraindicações (sinais de IC, sinais de baixo débito, risco aumentado de choque
cardiogênico, como idade > 70 anos, FC > 110 bpm ou PAS < 120 mmHg, Killip > 1 ou
outras contraindicações).
• Iniciar com doses pequenas, com o paciente estável, e aumentar progressivamente com o
objetivo de manter a FC em torno de 60 bpm.
• Contraindicações: intervalo PR > 0,24s, BAV 2º ou 3º sem marcapasso, hipotensão arterial
persistente (PAS <90 mmHg), FC <50 bpm, congestão pulmonar evidente na presença de
descompensação cardíaca, broncoespasmo ativo (asma e DPOC), DAOP com isquemia
crítica dos membros inferiores
Em pacientes com IAM, com e sem supra de ST, o uso dos BB reduz mortalidade, tamanho da
área infartada e de reinfarto!
BCC
diminuição do consumo de oxigênio, da pós-carga, da contratilidade e da FC, além do aumento
da oferta de oxigênio ao miocárdio devido à vasodilatação coronária
• Não altera mortalidade!
• Nifedipina aumentou mortalidade
Indicação:
• Pacientes com risco intermediário e alto. Uso de derivado não di-hidropiridínico em casos
de contraindicação aos BB e sem disfunção ventricular esquerda.
• Pacientes com angina variante (Prinzmetal).
• Di-hidropiridínicos de ação prolongada na presença de isquemia refratária para
pacientes em uso adequado de nitratos e BB e sem disfunção ventricular
Contraindicações (as mesmas dos BB):
• Intervalo PR > 0,24s, BAV 2º ou 3º sem marcapasso, FC < 50bpm, PAS < 90mmHg, sinais
de disfunção do ventrículo esquerdo.
TERAPIA ANTITROMBÓTICA
• Objetivo: estabilização do trombo por meio de medicações que atuarão diretamente na sua
formação
• Para prescrição de antiagregantes e anticoagulantes, dissecção de aorta não pode ser a
principal suspeita
• Se a suspeita de síndrome aórtica for razoável, aguardar até descartar a doença para
oferecer antiagregação
Antiplaquetários
ASS
Indicação: AAS (162-300mg em dose de ataque, com dose de manutenção de 81-100mg/dia) em
todos os pacientes, salvo contraindicações, independentemente da estratégia de tratamento,
continuando por tempo indeterminado
→ Reduz mortalidade!
→ Não pode ser AAS em forma tamponada.
→ Orientar paciente a mastigar os comprimidos
• Contraindicações: alergia, intolerância gástrica, sangramento ativo, distúrbio plaquetário
conhecido, alta probabilidade de sangramento gastrointestinal ou genitourinário
• Em pacientes alérgicos a AAS, está indicada monoterapia inicial com inibidor P2Y12
(uso preferencial de ticagrelor ou prasugrel).
A utilização de um segundo antiagregante plaquetário (inibidor P2Y12) associado ao AAS é
considerada obrigatória no tratamento de qualquer SCA
Antagonistas do receptor P2Y12 do ADP
• Reduzem mortalidade!
• Todos devem ser mantidos por, no mínimo, 1 ano.
• Clopidogrel e prasugrel: inibidores irreversíveis da ativação plaquetária pertencentes à
classe dos tienopiridínicos
• Ticagrelor: bloqueio reversível do receptor P2Y12 (pertence a classe
ciclopentiltriazolopirimidina)
• O prasugrel e o ticagrelor são a preferência tanto na estratégia invasiva quanto na
conservadora
Não realizar pré-tratamento com segundo antiplaquetário inibidor do receptor P2Y12 nos
pacientes instáveis e/ou com risco elevado, indicados para estratégia invasiva de forma imediata,
sendo sua utilização recomendada para sala de cateterismo quando anatomia coronariana
conhecida e ICP programada.
• Não há indicação rotineira de se iniciar iP2Y12 como pré-tratamento em pacientes
indicados para estratégia invasiva precoce (< 24h)
Caso o serviço disponha de hemodinâmica e consiga realizar o cateterismo em menos de 24 horas, a
recomendação atual é que se utilizem antiplaquetários potentes (prasugrel ou ticagrelor) e que só sejam
administrados no momento da angioplastia
Indicações:
➢ Tienopiridínicos em pacientes com intolerância ao AAS.
➢ Uso de terapia antiplaquetária dupla por 12 meses após o evento agudo
(independentemente da estratégia inicial – clínico, percutâneo ou cirúrgico), salvo
contraindicações.
➢ Ticagrelor (180mg de ataque seguidos por 90mg 2 vezes/dia) em pacientes portadores de
SCASSST de risco intermediário ou alto, independente da estratégia de tratamento
posterior (clínico, cirúrgico ou percutâneo), preferencialmente ao clopidogrel, por 12
meses.
➢ Prasugrel 60mg de ataque seguidos por 10mg/dia em pacientes portadores de SCASSST
de risco moderado ou alto, com anatomia coronariana conhecida, tratados com ICP e
sem fatores de risco para sangramento (idade ≥ 75 anos; com < 60kg; AVC ou AIT
prévios), preferencialmente ao clopidogrel, por 12 meses.
➢ Clopidogrel (300mg em dose de ataque, com manutenção de 75mg/dia) em adição ao
AAS, em pacientes portadores de SCASSST de risco intermediário ou alto por 12 meses,
em pacientes com risco muito alto de sangramento, em uso concomitante de
anticoagulantes orais ou quando prasugrel ou ticagrelor não estiverem disponíveis.
Anticoagulantes
• Anticoagulantes devem ser acrescentados quando a probabilidade de isquemia é pelo
menos moderada
• HBPM (enoxaparina ou fondaparinux) e, como alternativa, HNF
• A anticoagulação deve ser iniciada logo na admissão, com a terapia antiplaquetária
• Normalmente os anticoagulantes são mantidos por 1 a 8 dias, ou até a alta hospitalar
(estratégia conservadora). Caso o paciente seja submetido à angioplastia, a
anticoagulação pode ser suspensa
• Manejo conservador: enoxaparina plena (1 mg/kg 12/12 h SC)
• Manejo intervencionista: o anticoagulante será feito na sala de cateterismo.Mais importante que saber qual o tipo de heparina escolher para o tratamento da SCASSST, é
nunca alterar o tipo de heparina escolhida (não fracionada ou baixo peso) em uma mesma
internação, para não aumentar o risco de sangramento associado.
• Nos casos de alto risco de sangramento, a preferência é pelo fondaparinux
HNF
• Indicação: uso preferencial em pacientes com disfunção renal grave (clearance < 15
ml/min.) e naqueles que irão para cateterismo imediato; pacientes com peso > 150 kg.
• Dose: 5.000UI IV, seguida de infusão de 1.000UI/h.
• Ajustar a velocidade de infusão para manter um TTPa entre 1,5 - 2 vezes (50 - 70s) o
controle laboratorial.
Enoxaparina
• Indicação: Uso de enoxaparina em pacientes sem disfunção renal grave (clearance <
15mL/min/1,73m²), até a revascularização, por 8 dias ou até a alta hospitalar
• Uso de enoxaparina preferencialmente à HNF, a não ser que cirurgia de
revascularização miocárdica esteja planejada para as próximas 24h.
Dose habitual:
• 1mg/kg SC, de 12/12h.
• Pacientes ≥75 anos: 0,75 mg SC, de 12/12h.
• Se clearance 15-30ml/min: 1 mg/kg SC 1x ao dia (máximo de 150mg por dose)
Fondaparinux
• Indicação: fondaparinux 2,5mg por via subcutânea (SC) 1 vez/dia por 8 dias ou até a alta
hospitalar como alternativa à enoxaparina, especialmente no paciente de elevado risco
hemorrágico
INIBIDORES DO SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA
IECA
Não parece haver benefícios na utilização precoce na SCASSST, mas podem ser úteis na fase
crônica após o episódio agudo
Indicações:
• administrar IECA a pacientes de risco intermediário e alto com disfunção ventricular
esquerda, HAS ou DM
• Administrar IECA a todos os pacientes de risco intermediário e alto
Espironolactona
• Indicação: Uso de espironolactona em pacientes com SCASSST, FEVE ≤ 35%, e sintomas
de IC ou histórico de diabetes.
Estatinas
• efeito estabilizador de placa.
• As estatinas de alta potência devem ser prescritas a TODOS os pacientes, exceto se
houver contraindicação ou intolerância.
• Atorvastatina 40 mg VO 1 x/dia o mais cedo possível em todos os pacientes com SCA
• O valor alvo do LDL-c nos pacientes com evento coronariano é < 50mg/dl.
Alta hospitalar
Antes da alta hospitalar, suspendemos a heparina e a maioria dos pacientes irá para casa com o
famoso “quinteto farmacológico”: AAS + clopidogrel ou prasugrel ou ticagrelor (por pelo menos 1
ano), BB, IECA e estatina.
/------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------/
IAMCSST
O IAMCSST ocorre em decorrência de oclusão aguda, de natureza trombótica, de um vaso
epicárdico coronário, determinando injúria e necrose miocárdica caso não ocorra recanalização
em tempo hábil.
• Os mecanismos envolvidos incluem a rotura de uma placa aterosclerótica com formação
de trombo oclusivo no local, vasoespasmo e microembolias
Diagnóstico
O diagnóstico rápido de SCACSST requer apenas a presença de sintomas suspeitos de
SCA (por exemplo, desconforto torácico, dispneia, morte súbita) e um ECG confirmatório;
não requer evidência de biomarcadores cardíacos elevados
• Em paciente com quadro clínico sugestivo, uma vez identificado supra de ST de pelo
menos 1 mm em 2 ou mais derivações contíguas, faz-se o diagnóstico de IAMCSST.
• Além disso, BRE novo ou presumivelmente novo também se enquadra nessa definição.
• Se houver BRE antigo aplique os critérios de sgarbossa
Apresentações atípicas são mais comuns em idosos, pacientes com IC ou marca passo,
mulheres e diabéticos, podendo apresentar-se como fadiga, dispneia ou síncope
Biomarcadores
Os marcadores devem ser mensurados na admissão e repetidos pelo menos uma vez, 6 a 9
horas após (repetir em 9 a 12 horas se suspeita clínica forte; intervalo pode ser de 3 a 6 horas se
troponina US)
• A maioria dos pacientes que chegam ao pronto-socorro com IAMCSST apresenta
marcadores negativos, pois demora, aproximadamente, 3 a 6 horas após o início da dor,
para que eles sejam detectados.
Radiografia de tórax
• Todos os pacientes com IAMCSST devem realizar uma radiografia de tórax, mas o exame
não deve retardar o tratamento de reperfusão
ECG < 10 min
Considerar registro de derivações adicionais como V7- V8 ou V3R-V4R na suspeita de infàrtos
dorsais e de ventrículo direito, respectivamente.
V7-V9 devem ser realizadas quando houver:
• Infradesnivelamento de segmento ST de V1 a V3 ou V4, com ondas T positiva, com ou sem ondas R
altas.
• Supradesnivelamento de segmento ST inferior
Evolução do ECG no IAMCSST
Padrões de ECG que devem ser considerados equivalentes a supra de ST. Nesses casos, a
recomendação em consenso europeu indica a angioplastia primária, mas não a trombólise:
• Isquemia triarterial ou por obstrução de TCE:
➢ Infra de ST em 6 derivações + supra de ST em aVR e/ou V1
• De Winter (lesão crítica da DA):
➢ Depressão do ponto J > 1 mm de V1 a V6
➢ Segmento ST com padrão ascendente.
➢ Ondas T positivas, altas e simétricas.
• Síndrome de Wellens (lesão grave de DA ): Alterações em derivações anteriores quando o
paciente está sem dor, que pseudonormalizam no momento da dor. É um padrão que ocorre
na reperfusão, por isso aparece após melhora da dor.
➢ Tipo A: ondas T bifásicas (positiva/negativa).
➢ Tipo B: ondas T negativas, profundas e simétricas.
• BRE + Sgarbossa ≥3 (específico, mas pouco sensível):
➢ Elevação do segmento ST ≥1 mm na mesma direção do complexo QRS (concordante) em qualquer
derivação: pontuação 5.
➢ Depressão do segmento ST ≥1 mm em qualquer derivação de V1 a V3: pontuação 3.
➢ Elevação do segmento ST ≥ 5 mm que é discordante com o complexo QRS (ou seja, associado a um
complexo QS ou rS): pontuação 2.
ECO
• Pode ser útil nos casos em que há dúvida sobre a origem da dor
• A presença de alterações segmentares diante de um quadro de dor torácica aguda sugere
isquemia.
• Suspeita de complicações mecânicas (ruptura de parede livre, comunicação interventricular,
ruptura de músculo papilar etc.)
• O ECO também pode ajudar no diagnóstico diferencial com dissecção de aorta, derrame
pericárdico ou embolia pulmonar.
Cinecoronariografia
• Em pacientes em que se pretende realizar ICP primária
• Em pacientes com choque cardiogênico ou disfunção ventricular esquerda grave, de
início agudo, após a instalação do quadro de IAMCSST
• Pacientes submetidos à terapia lítica sem sucesso ou que evoluem com reoclusão da
artéria culpada devem ser referidos à cinecoronariografia visando à realização de
procedimento de ICP, independente do tempo do início do quadro clínico
• Em pacientes não submetidos a nenhuma estratégia de reperfusão e que evoluam com
sinais de isquemia
Estratificação de risco
Classificação Killip do infarto agudo do miocárdio
Classe I Nenhuma evidência de insuficiência cardíaca
Classe II Achados consistentes com insuficiência cardíaca leve a
moderada (p. ex., galope B3, estertores pulmonares a
menos da metade dos campos pulmonares posteriores ou
distensão venosa jugular)
Classe III Edema pulmonar evidente
Classe IV Choque cardiogênico
• Baixo risco: 0 a 2 (mortalidade < 2%)
• Risco intermediário: 3 a 5 (mortalidade 10%)
• Alto risco: ≥ 8 (mortalidade > 40%)
MANEJO
Não aguardar o resultado dos marcadores para iniciar a terapêutica!
• Supra de ST + dor torácica típica = tratar!
Medidas gerais:
• Internação em unidade coronariana.
• Monitoração eletrocardiográfica contínua.
• Acesso venoso periférico.
• Prover O2 se congestão pulmonar ou SatO2< 94% (cateter nasal 2 a 4 L/min).
• Clopidogrel + AAS;
• Ticagrelor + AAS (exceto se fibrinólise)
• Nitrato sublingual (se dor refratária: usar morfina IV de 1 a 5 mg, pode ser repetida a cada 5
ou 10 minutos)
• Betabloqueador oral nas primeiras 24 horas em pacientes de baixorisco de desenvolverem
choque cardiogênico
• Não administrar AINEs e descontinuar nos casos de uso crônico
• Enoxaparina como adjuvante ao tratamento fibrinolítico (alternativa: HNF)
Tempos do IAM com supra de ST
Tempo porta-ECG < 10 minutos
Tempo porta-agulha < 30 minutos
Tempo porta-balão < 90 minutos (se necessitar transferência: < 120 minutos)
INTERVENÇÃO CORONARIANA PERCUTÂNEA (ICP) NO TRATAMENTO DO IAMCSST
A ICP pode ser classificada de três formas:
➢ angioplastia primária;
➢ angioplastia de resgate; e
➢ angioplastia eletiva após fibrinólise.
ICP primária:
• Intervenção no vaso culpado pelo infarto em até 12 horas do início dos sintomas, sem a
utilização de terapia trombolítica prévia.
• Tratamento padrão-ouro no IAMCSST
ICP de resgate:
• Estratégia de reperfusão realizada de forma precoce nos pacientes que apresentaram falha
da terapia fibrinolítica, ou seja, a artéria culpada permanece ocluída, mesmo após a
fibrinólise
ICP eletiva pós fibrinólise:
• Após a terapia fibrinolítica, os pacientes devem ser transferidos em 2 a 24 horas para um
hospital com capacidade de realizar a angioplastia, independentemente de ocorrência ou
não de reperfusão.
• A finalidade é recanalizar de forma definitiva a artéria culpada, pois, em 50% dos casos, o
fluxo sanguíneo não é restabelecido de forma completa após a fibrinólise
TERAPIA DE REPERFUSÃO
Preferencialmente, o paciente com < 12 horas do quadro ou aquele com > 12 horas do quadro e
com evidência de isquemia deve ser encaminhado para angioplastia primária. Indicações:
• Pacientes com diagnóstico de IAM com sintomas iniciados < 12 horas, com persistência
de elevação do segmento ST ou evidência presumida de BRE recente
• Pacientes com disfunção ventricular grave e/ou choque cardiogênico relacionado a
IAMCST independente do retardo do início dos sintomas
• Pacientes com diagnóstico de IAM com sintomas iniciados > 12 a 24 horas e evidência de
isquemia miocárdica persistente (dor persistente e/ou alteração de ECG) ou evidência de
instabilidade hemodinâmica/arritmias ventriculares graves
Trombolíticos versus angioplastia
Angioplastia primária é o tratamento de escolha:
• O tempo porta-balão deve ser < 2 horas em qualquer paciente submetido à angioplastia
primária.
• Nos pacientes que se apresentam em até 2 horas do início dos sintomas, esse tempo deve
ser idealmente < 90 minutos
O tratamento com fibrinolítico está indicado quando não há possibilidade de angioplastia primária
em tempo adequado e na ausência de contraindicações:
• Tempo porta-agulha: <10 minutos (o tempo entre diagnóstico de infarto com supra e injeção
de trombolítico deve ser <10 minutos.)
• Preferir agentes fibrino-específicos.
• Considerar trombólise pré-hospitalar.
Não há benefício do uso de trombolíticos após 12 horas do início dos sintomas. O maior
benefício em mortalidade do seu uso é até 3 horas
• Evolução > 12 horas, com quadro clínico e elétrico estável, a avaliação com cateterismo
pode ser realizada de forma eletiva, como no IAMSSST.
• Evolução > 12 horas mas ainda esteja sintomático (dor anginosa, instabilidade
hemodinâmica ou elétrica), deve ser considerada a indicação para cateterismo com
angioplastia primária
• Considere a angioplastia primária mesmo em pacientes estáveis, que se apresentam entre 12 e 48 horas
após o IAMCSST
Se houver contraindicações:
• Transferência para um centro de cardiologia intervencionista em pacientes com
contraindicação formal para a fibrinólise, desde que a ICP possa ser realizada em até 12
horas do início do quadro agudo
Todos os pacientes submetidos a trombolítico devem ser encaminhados para cateterismo
coronariano com vistas à angioplastia em 24 horas do início do quadro (mesmo quando há sucesso
no procedimento)
• Transferência para um centro terciário apto na aplicação da ICP primária é recomendada
para todos pacientes após a fibrinólise
• ICP emergencial (de resgate) diante da evidência de isquemia miocárdica persistente e/ou
ausência de 50% de redução do supra de ST
• Cinecoronariografia com a intenção de revascularizar o vaso-culpado ou outras estenoses
coronárias deve ser realizada de 6 até 24 horas após a fibrinólise em pacientes estáveis sem
evidência de isquemia miocárdica persistente
A angioplastia de resgate é indicada na falha da trombólise e deve ser realizada assim que possível
após o fibrinolítico. É definida para pacientes em que, após 60 a 90 minutos do fibrinolítico:
➢ Não apresentam redução > 50% do supra de ST.
➢ Continuam apresentando instabilidade elétrica ou hemodinâmica.
➢ Continuam apresentando isquemia contínua ou em piora
Indicação de ICP de resgate:
• insucesso da fibrinólise comprovado por ausência de sinais clínicos e/ou
eletrocardiográficos de reperfusão e persistência de sintomas isquêmicos ou
instabilidade hemodinâmica
Critérios de reperfusão:
• Redução do supra > 50% após 60 ou 90 minutos do início da infusão.
• Melhora da dor.
• Arritmias de reperfusão (ritmo idioventricular acelerado).
• Pico precoce de marcadores de necrose miocárdica
Ritmo idioventricular acelerado: QRS largo e regular + FC 50 a 120 bpm
• Este ritmo origina-se no ventrículo (QRS alargado) em consequência de automatismo aumentado.
Selecionando uma estratégia de reperfusão em pacientes com IAMCSST
*Este tempo inclui todo o tempo necessário para a transferência e outros aspectos do cuidado até que a dilatação por
balão, trombectomia ou outra intervenção percutânea definitiva seja realizada.
§ Pacientes com alto risco de reoclusão devem ser submetidos a ICP mais cedo, enquanto pacientes de baixo risco
podem ser submetidos a ICP mais tarde.
Indicações de revascularização cirúrgica de urgência no IAMCSST
➢ Insucesso da ICP com instabilidade hemodinâmica e/ou grande área em risco.
➢ Isquemia recorrente.
➢ Arritmias ventriculares complexas (ex.: taquicardia ventricular).
➢ Choque cardiogênico.
➢ Complicações mecânicas do infarto (ruptura do VE, comunicação interventricular, ruptura
de músculo papilar).
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA SCACSST
Oxigênio
• É indicada sua administração rotineira em pacientes com SatO2 < 94%, congestão
pulmonar ou na presença de desconforto respiratório
• Forma de administração: 2 a 4 L/min, por meio do cateter nasal ou máscara de oxigênio. Se
houver hipoxemia importante: VNI ou IOT (intubação orotraqueal).
Quando utilizada de forma desnecessária, a administração de oxigênio por tempo prolongado pode causar
vasoconstrição sistêmica, e aumento da resistência vascular sistêmica e da PA, reduzindo o débito cardíaco,
sendo, portanto, prejudicial
Analgesia
Diminui o consumo de oxigênio pelo miocárdio isquêmico, provocado pela ativação do sistema
nervoso simpático.
• A analgesia deve ser feita de preferência com sulfato de morfina IV*
• dose inicial: 2 a 4 mg (pode chegar até 25 a 30 mg)
• Com a monitorização da PA, essas doses podem ser repetidas a intervalos de 5 a 15 minutos
• Contraindicação: hipotensão, alergia a morfina e IAM de parede inferior**
• efeitos colaterais: náuseas, vômitos, hipotensão, bradicardia e depressão respiratória.
Hipotensão e bradicardia geralmente respondem à atropina (0,5 a 1,5 mg EV) e a depressão
respiratória ao uso de naloxane (0,1 a 0,2 mg EV a cada 15 minutos)
• Outra opção: sulfato de meperidina, em doses fracionadas de 20 a 50 mg IV.
*Além da sua propriedade analgésica e ansiolítica, ela provoca venodilatação e aumento do tônus vagal,
reduzindo a pré-carga e a demanda de oxigênio pelo miocárdio. Também é de grande utilidade nos pacientes
com EAP. Além de seus efeitos de venodilatação e redução da pré-carga, proporciona melhora da sensação
de dispneia, aliviando a congestão pulmonar
** Na circunstância específica de IAM de parede inferior, não deve ser feita analgesia com morfinae seus
derivados pelo grande potencial de ocasionar hipotensão arterial grave e refratária.
Suspender AINES, se o paciente fizer uso crônico de AINES, este deve ser suspenso
Nitratos
São vasodilatadores independentes do endotélio que promovem a formação do óxido nítrico.
Aumentam o fluxo sanguíneo do miocárdio através da vasodilatação coronária e reduzem a
demanda de oxigênio pela diminuição da pré-carga, por meio da venodilatação.
• Não melhoram a sobrevida nem diminuem desfechos, mas são indicados para controle de
PA, IC e alívio de sintomas anginosos.
• Podem ser utilizados na formulação sublingual (nitroglicerina, mononitrato de isossorbida ou
dinitrato de isossorbida), para reversão de eventual espasmo e/ou para alívio da dor
anginosa
• Indicações: Nitratos por via endovenosa por até 48 horas e após por via oral para dor de
origem isquêmica, hipertensão arterial ou congestão pulmonar
• Mononitrato ou Dinitrato de isossorbida: 5 mg sublingual (administrar até 3 doses separadas
por 5 minutos)
• Nitroglicerina: iniciar com 10 µg/min e ir aumentando até o controle dos sintomas e da
pressão arterial.
• Contraindicações: PAS < 90, infarto de VD ou uso recente de inibidores de fosfodiesterase
(sildenafila 24 horas, tadalafila 48 horas)
Antiplaquetários
Os antiagregantes plaquetários são os pilares do tratamento da SCA (com ou sem supra de ST)
• Dupla antiagregação plaquetária, por 1 ano, para TODOS os pacientes que sofreram de SCA
(com ou sem supra de ST).
Aspirina
Indicada a todos os pacientes com IAMCSST independentemente do tratamento (angioplastia,
fibrinólise ou ausência de terapia de reperfusão).
• Na admissão: 160 a 325 mg, via oral, macerados.
• Manutenção: 100 mg, via oral/dia.
• Contraindicações: alergia comprovada, sangramento digestivo ativo, doença hepática grave,
coagulopatia.
Um inibidor do P2Y12 (clopidogrel, prasugrel ou ticagrelor) deve ser associado ao AAS em todos
os pacientes e mantido idealmente por 1 ano.
• A escolha vai depender da estratégia de recanalização utilizada
Clopidogrel
• A dose vai depender da terapia de reperfusão escolhida
• Clopidogrel 300 mg, em adição ao AAS, como dose de ataque, em pacientes submetidos à
terapia trombolítica há menos de 24 horas e seguem a estratégia invasiva e ICP
• Único dos inibidores P2Y12 estudado para uso durante a terapia fibrinolítica
Angioplastia:
• Ataque: 600mg, via oral, na admissão.
• Manutenção: 75 mg, via oral/dia (A partir do segundo dia)
Fibrinólise:
• Dose de ataque: 300 mg se < 75 anos; sem ataque se > 75 anos.
• Manutenção: 75 mg, via oral/dia
Sem terapia de reperfusão:
• Dose de ataque: 300 mg.
• Manutenção: 75 mg, via oral/dia.
Prasugrel
• Prasugrel 60 mg de ataque, em adição ao AAS, seguido por 10 mg 1x/dia em pacientes
virgens de tratamento com clopidogrel, com anatomia coronária conhecida, submetidos à
ICP primária e sem fatores de risco para sangramento (≥ 75 anos de idade, < 60 kg, AVC ou
AIT)
• Não se deve administrar prasugrel para pacientes que receberão fibrinólise como terapia de
reperfusão coronariana
• Não deve ser administrado como pré-tratamento na emergência, mas sim no laboratório de
hemodinâmica, após o cateterismo descartar a necessidade de cirurgia
• Contraindicações: > 75 anos, < 60 kg (ajustar dose), passado de AVC/AIT.
Angioplastia:
• Ataque: 60 mg, via oral, na admissão.
• Manutenção:10 mg, via oral/dia; 5 mg/dia se < 60 kg.
Sem terapia de reperfusão:
• Dose de ataque: 60 mg se < 75 anos.
• Manutenção: 10 mg, via oral/dia; 5 mg/dia se < 60 kg.
Ticagrelor
• Indicado a todos os pacientes com IAMCSST não submetidos à fibrinólise.
• Ticagrelor 180 mg de ataque seguido, em adição ao AAS, por 90 mg a cada 12 horas em
pacientes submetidos à ICP primária
• Pode ser utilizado após a fibrinólise no lugar do clopidogrel, sem aumento significativo nos
sangramentos maiores
• Antiplaquetário de efeito reversível (diferente de clopidogrel e prasugrel).
• Contraindicações: hemorragia ativa, AVCH a qualquer tempo, hepatopatia, hemodiálise, uso
de inibidores do CYP3A4 (ritonavir, atazanavir, claritromicina e cetoconazol).
• Precaução em pacientes com bradiarritmias ou tendência a bradicardia e com antecedente
de DPOC/ asma (o medicamento pode induzir broncoespasmo).
Angioplastia:
• Ataque: 180 mg, via oral, na admissão.
• Manutenção: 90 mg, via oral, 2x/dia.
Sem terapia de reperfusão:
• Dose de ataque: 180 mg, via oral, na admissão.
• Manutenção: 90 mg, via oral, duas vezes ao dia.
* Evitar em idosos > 75 anos, peso < 60 kg e pacientes com AVC ou AIT. **300 mg no caso de reperfusão química (em idosos >
75 anos não fazer dose de ataque) e 600 mg no caso de reperfusão percutânea (independentemente da idade). *** Se o peso for <
60 kg ou idade ≥ 75 anos, considerar 5 mg ao dia
Fibrinolíticos
• Os fibrinolíticos disponíveis no mercado nacional: estreptoquinase, TNK (Metalyse®) e rt-PA
(Actilyse®)
Alteplase (t-PA):
➢ Se ≥ 65 kg: 15 mg em bolus, 50 mg em 30 minutos, 35 mg em 60 minutos.
➢ Se < 65 kg: 15 mg em bolus, 0,75 mg/kg em 30 minutos, 0,5 mg/kg em 60 minutos
• Reconstituição da solução: dissolver o conteúdo de um frasco de alteplase liofilizado (50 mg)
com 50 ml de diluente (concentração final de 1 mg/ml).
Anticoagulantes
• A anticoagulação parenteral está indicada em associação com a dupla antiagregação
plaquetária, independentemente da estratégia de reperfusão (fibrinólise ou ICP primária)
Angioplastia:
• HNF 60 Ul/kg EV (ataque), (máximo 4.000 UI), seguido por infusão contínua de 12
UI/kg/hora, máximo de 1.000 Ul/hora, inicialmente.
• Manter por um período mínimo de 48 horas com ajustes na infusão para que o TTPa
permaneça entre entre 50-70 s (ou 1,5-2 vezes o controle)
Não use Fondaparinux (aumenta a incidência de trombose de cateter!)
Fibrinólise:
• Enoxaparina: indicada para uso com todos os fibrinolíticos.
• Pacientes< 75 anos: bolus, EV, 30 mg. Iniciar, após 15 minutos, 1 mg/kg, SC, a cada 12/12
h durante 8 dias ou até a alta hospitalar em pacientes com < 75 anos. Não ultrapassar 100
mg para as duas primeiras doses.
• Pacientes > 75 anos: não fazer o bolus. Iniciar 0,75 mg/ kg, SC, de 12/12 h (máximo de 75
mg para as duas doses iniciais).
• Clearance < 30 ml/min: não fazer bolus; 1 mg/kg, 1x/dia
• Alternativa: fondaparinux 2,5mg SC, 1 x/dia por 8 dias ou até a alta hospitalar (não deve ser
usado em pacientes submetidos à ICP primária)
Sem terapia de reperfusão:
• Doses semelhantes às de pacientes submetidos à fibrinólise
Resumindo
Em caso de trombólise:
➢ Clopidogrel: 300 mg se ≤ 75 anos; 75 mg se > 75 anos.
➢ Enoxaparina plena: Dose de ataque 30 mg EV e na sequência 1 mg/kg SC 12/12 h por 7
dias. Se idade > 75 anos: não fazer dose de ataque. A dose nesse caso é 0,75 mg/kg SC
12/12 h por 7 dias. Se clearance de creatinina entre 15 e 30: 1 mg/kg SC 1 x/d.
➢ Não use ticagrelor ou prasugrel em pacientes submetidos à terapia trombolítica
Em caso de angioplastia primária: Segundo antiagregante
➢ Ticagrelor 180 mg (e depois 90 mg 12/12 h); OU
➢ prasugrel 60 mg (e depois 10 mg 1 x/dia); OU
➢ clopidogrel 600 mg (ticagrelor e prasugrel têm maior benefício nessa situação).
➢ Não fazer anticoagulante (será feito na sala de cateterismo após punção arterial)
Anti-isquêmicos
BB
Agem nos receptores beta-adrenérgicos, diminuindo a FC, a PA e a contratilidade miocárdica.
Dessa forma, promovem redução de consumo de oxigênio pelo miocárdio. A diminuição da FC
aumenta o tempo de diástole, melhorando a perfusão das artérias coronárias.
• Indicados para todos os pacientes nas primeiras 24 horas do infarto com supra em pacientes
sem contraindicação.
• Reduz mortalidade!
• Deve ser continuado no longo prazo para todos os pacientes sem contraindicações ao seu
uso
• Contraindicações:FC <60, PAS <100, PR > 240 ms, BAV de 2° ou 3° grau, história de asma
ou DPOC (relativas), doença vascular periférica grave, IC aguda, disfunção ventricular grave
e Killip lI-IV (não utilizar na fase aguda < 24-48 horas, podendo considerar o seu início em
baixas doses após estabilização clínica), baixo débito e risco de choque cardiogênico (idade
> 70 anos, PAS < 120 mmHg, FC > 110 bpm ou < 60 bpm e duração prolongada dos
sintomas).
• Ajustar a dose até atingir FC de 50 a 60 bpm
• Reservar o uso intravenoso ( choque cardiogênico) aos pacientes que apresentem
hipertensão arterial ou taquiarritmias, na ausência de disfunção ventricular importante
BCC
Ações: vasodilatação, reduzir a contratilidade miocárdica e retardar a condução AV. Os efeitos
benéficos no IAMCST devem-se à combinação de suas ações, diminuindo o consumo de oxigênio
pelo coração, a pós-carga, a contratilidade e a FC, ao lado de melhora da oferta de oxigênio pelo
aumento do fluxo coronário provocado pela dilatação das artérias coronárias.
• Indicação: pacientes que apresentem contraindicação específica para o BB
• Não é recomendado o emprego rotineiro
• Contraindicações - PR> 0,24 s, BAV de segundo ou terceiro grau sem marca-passo
implantado, FC< 50 bpm, PAS < 90 mmHg, sinais de disfunção de ventrículo esquerdo.
• No controle de sintomas anginosos, esses medicamentos são tão eficientes quanto os BB;
porém, não reduzem a incidência de angina refratária, infarto ou óbito
• Não reduzem mortalidade nem reinfarto.
Doses iniciais:
• diltiazem: 30 mg, VO, de 8/8 h;
• verapamil: 80 mg, VO, de 8/8 h.
Inibição do sistema renina-angiotensina-aldosterona
IECA
Indicação na fase aguda do infarto:
• Uso de rotina em todos os pacientes, desde as primeiras 24 horas do quadro.
• Uso em todos os pacientes com evidência de IC, fração de ejeção ≤ 40%, diabetes ou infarto
anterior
Progredir doses até dose-alvo ou maior dose tolerada.
• Contraindicações: hipercalemia (> 5,5 mEq/L), estenose de artéria renal bilateral ou
unilateral de rim único, gestação, antecedentes de angioedema com uso da medicação,
hipotensão arterial sintomática.
Indicação após fase inicial do infarto:
• Uso de rotina por tempo indeterminado na disfunção ventricular, diabetes e/ou doença
renal crônica
• Uso por pelo menos 5 anos nos pacientes com: idade > 55 anos e pelo menos um dos
seguintes fatores de risco: HAS, colesterol total elevado, redução HDL-c, tabagismo ou
microalbuminúria
BRA
• Indicação: alternativa ao IECA
• Contraindicações: as mesmas dos IECA
Dose inicial:
• losartana: 25 mg, VO, 1x/dia;
• valsartana: 40 mg, VO, 1x/dia;
• candesartana: 4 mg, VO, 1x/dia.
Antagonistas da aldosterona
• Indicação: todo paciente pós-IAMCST que apresente FE <40% e IC e/ou DM, e já utilize
doses terapêuticas de IECA ou BRA
• Contraindicações: creatinina > 2,5 em homens e > 2,0 em mulheres, K > 5,5.
Dose inicial:
• espironolactona: 12,5 a 25 mg, VO, 1x/dia.
Estatinas
• Indicação: Iniciar e continuar com altas doses de estatina após admissão de pacientes com
IAMCST, exceto se houver contraindicação.
• Iniciar em até 24h da admissão
• As estatinas mais potentes (Atorva e Rosuvastatina) mostraram benefícios adicionais na
redução de desfechos cardiovasculres e, portanto, devem ser as de uso preferencial.
• Contraindicações: hepatopatia descompensada, alergia à medicação.
• Meta terapêutica: LDL < 50 mg/dL
Dose o perfil lipídico nas primeiras 24 horas após admissão
• Nas primeiras 24 horas após o início dos sintomas, a dosagem do perfil lipídico pode fornecer valores
muito próximos dos que antecederam a SCA. Após esse período, são observadas reduções da LDL-c
e da HDL-c, que retornam gradativamente aos seus valores iniciais nos próximos 30 dias.
Doses:
• atorvastatina: 40 a 80 mg ao dia;
• rosuvastatina: 20 a 40mg ao dia;
• sinvastatina:40 mg ao dia.
PRESCRIÇÃO PÓS-ALTA HOSPITALAR
➢ Ácido acetilsalicílico: deve ser prescrito por tempo indeterminado para todo paciente que
não possui contraindicação à droga. A dose utilizada deve ser baixa, entre 81 e 100 mg/dia.
➢ IP2Y12: Todos podem ser utilizados em associação ao AAS, respeitando as
contraindicações e as particularidades de cada medicação. A recomendação é manter a
dupla antiagregação plaquetária com AAS + inibidor do receptor do ADP por 12 meses
➢ BB: devem ser usados de forma indefinida em todos os pacientes pós-IAM, exceto na
presença de contraindicações ao seu uso
➢ iECA/BRA: benefício comprovado na redução da morbimortalidade cardiovascular dos
pacientes pós-IAM. Sendo assim, é recomendado o uso rotineiro e por tempo
indeterminado, principalmente nos pacientes de maior risco cardiovascular (FE < 40%;
IAM de parede anterior; DM e insuficiência renal crônica compensada).
➢ Estatinas: devem ser prescritas para todos os pacientes por reduzirem a mortalidade
cardiovascular. Iniciar nas primeiras 24h após o infarto, dando-se preferência às estatinas
de alta potência (atorvastatina ou rosuvastatina), em dose máxima. O alvo para o LDL-c é <
50 mg/dL
➢ Anticoagulantes orais: se indicação específica (ex. presença de trombo apical no VE e de
FA).
➢ Nitratos: seu uso rotineiro no pós-IAM não é recomendado. Principais indicações: presença
de angina ou de isquemia miocárdica persistente.
➢ BCC: seu uso no pós-IAM com supra de ST não deve ser feito de forma rotineira. As
principais indicações são: (1) como alternativa aos BB(utilizar, preferencialmente, o diltiazem
ou o verapamil) e (2) nos pacientes com hipertensão arterial e/ou angina refratários (utilizar
os BCC diidropiridínicos)
➢ Espironolactona: deve fazer parte da prescrição para pacientes que evoluem com
disfunção ventricular esquerda (FE < 40%), IC ou nos portadores de DM
*benefício maior nos pacientes com FE < 40%, IC ou DM.
COMPLICAÇÕES DO IAMCSST
• Fibrilação ventricular é causa de morte súbita nas primeiras horas após o infarto.
• PCR
• O paciente pode ainda apresentar FA e bloqueio atrioventricular.
• Complicações mecânicas: ruptura miocárdica e disfunção valvar aguda (tratamento
cirúrgico)
• IC aguda (revascularização precoce é a melhor prevenção)
• Não adie IOT se o paciente evoluir com fadiga e insuficiência respiratória.
RESUMO
Avaliação inicial:
• Considere o diagnóstico em pacientes com desconforto torácico, falta de ar ou outros sintomas sugestivos.
Mulheres, idosos e pacientes com diabetes podem apresentar apresentações “atípicas”.
• Obter ECG de 12 derivações dentro de 10 minutos após a chegada; repetir a cada 10 a 15 minutos se o ECG
inicial não for diagnóstico, mas a suspeita clínica permanecer alta (o ECG inicial geralmente não é diagnóstico).
1. SCACSST: Elevações do segmento ST ≥1 mm (0,1 mV) em 2 derivações anatomicamente contíguas ou ≥2 mm
(0,2 mV) em derivações V2 e V3 ou novo BRE e apresentação compatível com SCA. Se o ECG for suspeito, mas
não for diagnóstico, consulte o cardiologista precocemente.
2. Angina instável ou SCASSST: depressões do ST ou inversões profundas da onda T sem ondas Q ou
possivelmente sem alterações no ECG.
• Obtenha consulta cardiológica de emergência para pacientes com SCA com choque cardiogênico, insuficiência
cardíaca esquerda ou TV sustentada.
Intervenções iniciais:
• Avalie e estabilize as vias aéreas, a respiração e a circulação.
• Anexe monitores cardíacos e de saturação de oxigênio; forneça oxigênio para manter a SatO 2 >90%.
• Estabeleça acesso IV.
• Trate rapidamente a arritmia ventricular sustentada de acordo com os protocolos ACLS.
• Administre 325 mg de aspirina (com revestimento não entérico) para ser mastigada e engolida (a menos que
esteja sendo considerada dissecção da aorta).
• Se a administração oral não for viável, administre como supositório retal.
• Realizar história e exame específicos: procurar sinais de comprometimentohemodinâmico e insuficiência
cardíaca esquerda; determinar a função neurológica basal, particularmente se for administrada terapia
fibrinolítica.
• Obtenha sangue para biomarcadores cardíacos (de preferência troponina), eletrólitos,
hematócrito/hemoglobina.
• Realizar estudos de coagulação para pacientes em uso de anticoagulantes ou conforme indicado de outra
forma (por exemplo, coagulopatia conhecida).
• Administre 3 comprimidos sublinguais de nitroglicerina (0,4 mg), um de cada vez, com intervalo de 5 minutos
entre eles, durante 3 doses, se o paciente apresentar desconforto torácico persistente, hipertensão ou sinais
de IC e não houver nenhum sinal de comprometimento hemodinâmico (por exemplo, infarto de VD) e não uso
de inibidores de fosfodiesterase (por exemplo, para disfunção erétil);
• Adicione nitroglicerina IV para sintomas persistentes.
• Tratar a insuficiência cardíaca esquerda, se presente: administrar um agente redutor da pós-carga (por
exemplo, comprimido sublingual de nitroglicerina e/ou soro intravenoso a 40 mcg/minuto, desde que não haja
hipotensão nem inibidores da fosfodiesterase; titular o gotejamento rapidamente com base na resposta;
administrar diurético de alça (furosemida IV); administrar ventilação não invasiva com pressão positiva (por
exemplo, BLPAP) aos pacientes apropriados.
• Administre BB (p. ex., tartarato de metoprolol 25 mg por via oral) se não houver contraindicações;
• Se for hipertenso, pode-se iniciar BB IV (por exemplo, tartarato de metoprolol 5 mg intravenoso a cada 5
minutos por 3 doses conforme tolerado).
• O sulfato de morfina é indicado para desconforto torácico refratário a nitratos e outras terapias anti-
isquêmicas.
• Administre 2 a 4 mg em injeção intravenosa lenta a cada 5 a 15 minutos.
• Iniciar 80 mg de atorvastatina o mais cedo possível e de preferência antes da ICP em pacientes que não
utilizam estatina.
• Se o paciente estiver tomando estatina de intensidade baixa a moderada, mude para atorvastatina 80 mg.
Manejo agudo SCACSST:
• Selecione a estratégia de reperfusão: ICP primária fortemente preferida, especialmente para pacientes com
choque cardiogênico, IC, apresentação tardia ou contraindicações à fibrinólise.
• Ative a equipe de cateterismo cardíaco conforme indicado.
• Para pacientes com sintomas >12 horas, a terapia fibrinolítica não está indicada, mas a ICP emergencial pode
ser considerada, particularmente para pacientes com evidência de isquemia contínua ou aqueles com alto risco
de morte.
• Trate com fibrinólise se a ICP não estiver disponível dentro de 120 minutos após o primeiro contato médico,
sintomas <12 horas e sem contraindicações.
• Administre terapia antiplaquetária oral (além da aspirina) a todos os pacientes:
3. Pacientes tratados com terapia fibrinolítica: Administre dose de ataque de clopidogrel de 300 mg se ≤ 75; se a
idade > 75 anos, administrar dose de ataque de 75 mg.
4. Pacientes tratados sem terapia de reperfusão: Administre dose de ataque de ticagrelor de 180 mg.
5. Pacientes tratados com ICP primária: administrar dose de ataque de ticagrelor de 180 mg ou dose de ataque
de prasugrel de 60 mg (se não houver contraindicações: AVC prévio ou AIT, ou contraindicações relativas para
prasugrel, como aqueles com idade ≥ 75 anos, peso < 60 kg). Para pacientes com alto risco de sangramento ou
para aqueles para os quais prasugrel ou ticagrelor não podem ser usados, administramos clopidogrel 600 mg.
• Administre terapia anticoagulante a todos os pacientes:
6. Para pacientes tratados com ICP primária use HNF. Esta recomendação pressupõe que os pacientes receberão
um agente antiplaquetário oral potente (ticagrelor ou prasugrel), que preferimos ao clopidogrel.
• Dosagem de HNF: Um bolus IV inicial de 50 a 70 unidades/kg até um máximo de 5.000 unidades.
7. Para pacientes tratados com fibrinólise, preferimos enoxaparina para pacientes sem alto risco de
sangramento ou fondaparinux para aqueles com alto risco de sangramento. Para aqueles pacientes nos quais a
ICP é possível ou provável após terapia fibrinolítica, a HNF é razoável.
• Dosagem de enoxaparina
➢ Pacientes <75 anos: Dose de ataque de 30 mg IV em bolus seguida de 1 mg/kg por via subcutânea a cada 12
horas; máximo de 100 mg nas primeiras 2 doses subcutâneas. A primeira dose subcutânea deve ser
administrada com o bolus IV.
• Ajuste de dose para insuficiência renal (CrCl <30 mL/minuto): Dose de ataque de 30 mg IV seguida de 1 mg/kg
por via subcutânea a cada 24 horas. A primeira dose subcutânea deve ser administrada com o bolus IV.
➢ Pacientes ≥75 anos: Sem dose de ataque IV. Administrar 0,75 mg/kg por via subcutânea a cada 12 horas;
máximo de 75 mg nas primeiras 2 doses.
• Ajuste de dose para insuficiência renal (CrCl <30 mL/minuto): Sem dose de ataque IV. Administrar 1 mg/kg por
via subcutânea a cada 24 horas.
➢ Dose suplementar em bolus IV para pacientes que receberão ICP após >1 dose de enoxaparina terapêutica: 0,3
mg/kg se a última dose de enoxaparina tiver sido administrada 8 a 12 horas antes; nenhuma dose IV
suplementar se a última dose de enoxaparina ocorreu dentro de 8 horas; usar HNF se a última dose de
enoxaparina foi há mais de 12 horas.
• Dosagem de HNF: bolus IV de 60 a 100 unidades/kg até um máximo de 4.000 unidades, seguido por uma
infusão IV de 12 unidades/kg por hora (máximo de 1.000 unidades por hora) ajustada para atingir uma meta de
TTPa de aproximadamente 50 a 70 segundos (controle de 1,5 a 2 vezes).
• Dosagem de fondaparinux: 2,5 mg por via intravenosa, seguido de 2,5 mg por via subcutânea a cada 24 horas.
Este medicamento deve ser evitado em CrCl <30 mL/minuto.
8. Para pacientes que não recebem terapia de reperfusão, utilizamos enoxaparina ou HNF.
• Dosagem de enoxaparina: Dose igual à dos pacientes tratados com fibrinólise (consulte a seção 2 acima).
• Dosagem de HNF: bolus IV de 50 a 70 unidades/kg até um máximo de 5.000 unidades, seguido por uma infusão
IV de 12 unidades/kg por hora ajustada para atingir uma meta de aPTT de aproximadamente 50 a 70 segundos
(1,5 a 2 vezes o controle ).
Manejo agudo da angina instável ou SCASSST:
• Administre terapia antiplaquetária (além da aspirina) a todos os pacientes:
9. Pacientes não tratados com abordagem invasiva: Administre dose de ataque de ticagrelor de 180 mg.
10. Para pacientes tratados com abordagem invasiva: Administre dose de ataque de ticagrelor de 180 mg na
apresentação. A dose de ataque de prasugrel de 60 mg pode ser usada como alternativa se administrada após
angiografia coronária diagnóstica.
➢ Para pacientes com idade ≥ 75 anos, que pesam < 60 kg, ou com passado de AVC ou AIT, o ticagrelor ou o
clopidogrel são preferidos ao prasugrel.
➢ O clopidogrel pode ser administrado na dose de 300 a 600 mg, mas preferimos 600 mg.
➢ Para pacientes com alto risco de sangramento devido a AVCH prévio, sangramento contínuo, diátese
hemorrágica ou anemia ou trombocitopenia clinicamente relevante, clopidogrel 300 a 600 mg é uma opção.
• Administre terapia anticoagulante em todos os pacientes:
11. Para pacientes submetidos a cateterismo urgente (dentro de 4 horas) ou aqueles tratados com estratégia
invasiva precoce (angiografia dentro de 4 a 48 horas), usamos heparina.
• Dosagem de HNF: bolus IV de 60 a 70 unidades/kg até um máximo de 5.000 unidades, seguido por uma infusão
IV de 12 unidades/kg /h ajustada para atingir uma meta de aPTT de aproximadamente 50 a 70 segundos (1,5 a
2 vezes o controle ).
12. Para pacientes que recebem abordagem não invasiva, recomendamos fondaparinux ou enoxaparina.
• A enoxaparina é uma alternativa à HNF para pacientes que não foram submetidos a abordagem invasiva
precoce. Nenhuma dose de ataque é necessária. A dosagem é de 1 mg/kg por via subcutânea a cada 12 horas.
Ajuste de dose para insuficiência renal (CrCl <30 mL/minuto)*: 1 mg/kg por via subcutânea a cada 24 horas.
• Fondaparinux:2,5 mg por via subcutânea a cada 24 horas. Este medicamento deve ser evitado em pacientes
com ClCr <30 mL/minuto.
Outras considerações importantes:
• SCA relacionada à cocaína: administrar benzodiazepínicos (p. ex., 2 a 4 mg de lorazepam IV a cada 15 minutos
ou mais) conforme necessário para aliviar os sintomas; Administre terapias padrão (por exemplo, aspirina,
nitroglicerina), mas não administre betabloqueadores.
• Interrompa a terapia com AINEs, se possível.
• Corrija quaisquer anormalidades eletrolíticas, especialmente hipocalemia e hipomagnesemia, que geralmente
ocorrem juntas.
Situações em que devem ser consideradas avaliações adicionais no ECG