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Indústria: trata-se do conjunto de capitais e de mão-de-obra para transformar matéria-prima em bens. Os Tipos de Indústria: há basicamente três tipos de indústria 1. Indústria de Base ou Pesada: este tipo de indústria está fortemente associada à extração de matéria-prima e à produção de matéria-prima processada, além de se associar a produção de bens de capital. No caso, são ramos da indústria de base a siderurgia (produção de aço), petroquímica (petróleo e derivados), metalurgia e energia, além de mineradoras, petrolíferas e madeireiras. 2. Indústria Intermediária: este tipo de indústria está associada à produção de maquinários, equipamentos, peças e ferramentas que são utilizadas na indústria de consumo. No caso, são ramos da indústria intermediária aquelas que produzem peças e equipamentos industriais, peças para indústria de automóveis, equipamentos para indústria de computadores. 3. Indústria de Consumo: este tipo de indústria está associada à produção de bens para os consumidores finais. Há duas variáveis de indústrias de consumo. No caso, há bens de consumo duráveis e bens de consumo não duráveis. a. Bens Duráveis: indústrias voltadas à produção de longa duração (estimada em 5 anos). São exemplos: indústria automotiva, eletrodomésticos e eletroeletrônicos. b. Bens Não Duráveis: indústrias voltadas ao consumo imediato de curta duração. No caso, indústrias de vestimentas, calçados, remédios, alimentícia, indústria de bebidas etc. Fatores Locacionais: são fatores locacionais toda dinâmica territorial que envolve infraestrutura e disposição geográfica de matéria-prima, mão-de-obra e mercados consumidores. Quer dizer, a instalação de um parque industrial em qualquer região requer uma série de condições geográficas propícias à atração de fábricas e unidades produtivas. Os fatores locacionais influenciam a localização industrial no espaço geográfico, logo para compreendermos o desenvolvimento e história da indústria precisamos considerar que em certas regiões a condição socioespacial atraiu e possibilitou o desenvolvimento das indústrias. Os fatores locacionais são: a. matéria-prima: a proximidade de jazidas minerais (tanto energéticos, quanto metálicas) é um dos fatores mais importantes para a instalação da atividade fabril. Conforme a maior proximidade de matérias-primas haverá menor custo com transportes até a fábrica. b. infraestrutura logística: a disposição de transportes e armazéns são fundamentais para a indústria, logo as regiões que disponham de um sistema de transportes integrado e mais baratos atrai muitas indústrias e possibilita o transporte entre matéria-prima, fábrica e mercado consumidor. c. infraestrutura energética: as atividades fabris requerem enorme quantidade de energia e, portanto, a boa distribuição energética dentro de uma rede geradora (usinas hidroelétricas, energia nuclear, energia com derivados de petróleo etc.) é outro fator fundamental para instalação da atividade fabril. d. mercado consumidor: a presença de mercado consumidor é fator determinante para instalação das indústrias. e. mão-de-obra: a qualificação profissional é imprescindível à instalação das indústrias. Muitas empresas e fábricas nos últimos anos se dirigiram ao interior do país – no caso brasileiro – e uma de suas maiores dificuldades é encontrar mão-de-obra qualificada em cidades do interior, pois as regiões de industrialização clássica concentram escolas técnicas, cursos tecnólogos e universitários voltados à indústria. Por causa disso as empresas quando se desconcentram para novas regiões têm que investir na qualificação profissional local ou deslocar seus trabalhadores para as novas regiões. f. incentivos fiscais: as prefeituras, a fim de conseguirem desenvolver um parque industrial, buscam oferecer vantagens fiscais às indústrias e por isso isentam certas atividades fabris. Em outras palavras, as cidades interioranas – no caso do Brasil – oferecem essas vantagens e conseguem gerar empregos. Através da geração de tais empregos essas prefeituras conseguem divisas por meio do consumo crescente derivado dos empregos criados. Outrossim, a industrialização em países periféricos se deu através de vantagens fiscais. A exemplo da China, que atraiu grande parque industrial em virtude de isenções fiscais nas famosas ZEEs. g. sindicatos: o peso dos sindicatos exerce pressão sobre as atividades industriais através de greves e paralizações que desencadeiam perdas econômicas. A fim de fugirem de sindicatos bem-organizados e em busca de mão-de-obra mais barata muitas empresas se destinam às cidades menores. h. aluguéis caros: Quando há a junção de sindicatos e de impostos elevados, somados aos aluguéis caros, temos um cenário de repulsão de atividades industriais. Figura 1. Totem na entrada da fábrica da FORD na Avenida Taboão, São Bernardo do Campo (SP). A Ford anunciou, em fev/2019, que fechará sua fábrica na cidade. O objetivo da empresa é reduzir custos com os altos impostos locais. Foto: Éder Diego. Breve histórico: A revolução industrial é resultado de novas técnicas aplicadas à produção dos bens que o Homem usa no seu dia a dia. Remonta ao século XVIII, a meados de 1760, na Inglaterra, a invenção do motor a vapor e o uso do carvão mineral como fonte de energia. A partir de então a sociedade deixará, gradualmente, de ser manufatureira e se transformará numa sociedade maquinofatureira. Ou seja, a máquina substituirá a força de trabalho dos homens doravante. As distâncias a partir de então se encurtarão por causa dos novos sistemas de transportes e o tempo gasto na produção dos bens ganhou enorme velocidade com a motorização. Ao longo deste período, desde meados de 1760 até hoje, houve grandes transformações nas máquinas em termos tecnológicos que é possível dividir a história da indústria em três grandes períodos e hoje se discuti uma indústria 4G. Esses períodos se deram em lugares diferentes do planeta, mas a cada dia os frutos da indústria penetram nos mais distantes rincões do globo terrestre transformando profundamente os tipos de vida mais díspares em sociedades de consumo. O impacto da indústria e de todos seus produtos nas sociedades tradicionais foi enorme, grande ao ponto de modificar muito o estilo de vida de sociedades camponesas inteiras ao nível de não as reconhecermos mais no decorrer de poucas décadas. Isto é, a tecnologia e suas técnicas alteraram fortemente muitas comunidades rurais ao redor do globo. Primeira Revolução Industrial (século XVIII) Basicamente é na Inglaterra que houve os primeiros passos da industrialização. Ocorreu entre 1760 e 1830 e não é por acaso que chamamos a Inglaterra de berço da indústria. A Inglaterra apresentava uma série de condições econômicas e históricas propícias ao desenvolvimento industrial. No caso, a ilha bretã dispunha de situação política estável, diferentemente da França que assistiu à uma sangrenta revolução (Revolução Francesa em 1789), além disso a Inglaterra estava livre de tarifas alfandegárias e importante infraestrutura bancária estabelecida. São características da primeira indústria o motor a vapor, como supracitado, o carvão mineral como fonte de energia e a indústria têxtil. Ademais, há o desenvolvimento de ferrovias como modelo de transportes. A partir de então nós deixaríamos a manufatura e adentraríamos na sociedade da máquina, passamos à era da maquinofatura onde a força motriz deixa de ser animal ou humana e passa a ser a máquina. Segunda Revolução Industrial (século XIX) Neste momento a indústria não se restringe mais à Europa e ao seu berço industrial na ilha britânica. Este momento se deu em meados de 1850 e a indústria se desenvolve também na França e nos Estados Unidos. São características da segunda indústria o motor à combustão interna, o petróleo como fonte energética e a indústria automobilística. Ademais, háo desenvolvimento da indústria petroquímica e siderúrgica e, talvez o mais importante, a produção em massa através do fordismo. É a partir dessa fase da industrialização que se desenvolve a energia elétrica, a invenção do telégrafo, bem como corantes sintéticos e a produção siderúrgica. Terceira Revolução Industrial (século XX) Neste momento, sobretudo no pós-Segunda Guerra, a indústria já tinha se espalhado para alguns países do globo. E em boa parte do contexto da indústria do século XX se deu no período de tensão da Guerra Fria. Também chamada de Revolução Técnico-Científico-Informacional. São características da terceira indústria novas técnicas e tecnologia. Tanto técnicas, quanto tecnologias, bem como ciência e informação foram fundamentais ao novo modelo industrial que inovou através de tecnologias da informação, da eletrônica e telecomunicações. São fatores agregadores da produção pós-terceira revolução industrial a informática, robótica, química fina, biotecnologia e engenharia genética. Essas características estão presentes em toda cadeia produtiva hoje e foram fundamentais à globalização. São protagonistas da terceira indústria os Estados Unidos, a Alemanha e o Japão. Hoje, nesses países com alto padrão tecnológico há os tecnopolos. Indústria 4G: indústria de alto padrão tecnológico com forte automação do processo produtivo. Há tentativas de substituir a necessidade de mão-de-obra humana por total robotização que se dá por meio de inteligência artificial, reconhecimento digital pelas máquinas e Internet. São características dessa nova fase da indústria a nanotecnologia, microchips, neuro-tecnologias, sistemas que armazenam energia, impressoras 3D e aviões não tripulados e drones. Observe o esquema abaixo sobre os ciclos tecnológicos, que em boa medida, coincidem com as etapas do desenvolvimento industrial. Figura 2. Ondas e invenções tecnológicas fortemente usadas na atividade fabril. Fonte: The Economist. Sistemas Produtivos São três os sistemas produtivos. São os mais importantes sistemas produtivos, que se desenvolveram junto com a história da indústria ao longo dos últimos séculos, a saber: taylorismo, fordismo e toyotismo. Taylorismo: é a partir das idéias de Frederick Winslow Taylor, o administrador norte-americano, no contexto da Segunda Revolução Industrial, que se inovou o sistema produtivo através da racionalização do espaço fabril através de metodologias científicas. Ou seja, o taylorismo pressupõe o máximo de produção e o consequente rendimento com o menor tempo possível, afinal time is money! Com Taylor teremos a divisão do trabalho. É a partir de Taylor, portanto, que há o piso fabril dividido em setores por meio da divisão do trabalho e a partir de então veremos a especialização dos trabalhadores em funções muito específicas. É a partir de Taylor que teremos a hierarquização da cadeia produtiva com distinção entre trabalho manual, intelectual e gerencial. Fordismo: Henry Ford é um dos mais importantes nomes da indústria norte- americana e mundial, não só dono de uma das maiores multinacionais (a Ford Motor Company), mas inovador tecnológico no sistema produtivo. O fordismo inovou com a linha de montagem e a produção em série. A produção e o consumo passam a ser em massa e há estoques de bens industriais com trabalhadores cada vez mais especializados em trabalhos repetitivos. Os parques industriais se associam aos fatores locacionais e são concentrados em complexos industriais. Ademais, as plantas industriais são enormes. Figura 3. Linha de Montagem na Fábrica. Toytismo: diferentemente do fordismo, a perspectiva do toyotismo não é a produção em massa para que haja estoques, mas uma produção flexível e conforme a demanda. Também conhecido como Sistema Toyota. A produção toyotista se utiliza fortemente dos recursos logísticos onde se produz no tempo necessário e com a qualidade necessária, trata-se da produção Just in Time! No caso, o fordismo entrara em crise em meados da década de 1970 com a crise do petróleo e entrava no mercado automobilístico os japoneses em pleno contexto da revolução técnico-científico-informacional. Esse sistema de produção foi proposto pelo engenheiro japonês Taiichi Ohno e implantado pela montadora automobilística da Toyota Motor Corporation (TMC) com sede em Toyota na província de Aichi, no Japão. No toyotismo a qualidade dos produtos é de responsabilidade dos trabalhadores empregados que têm alta qualificação profissional. É diferente do fordismo, pois o trabalhador conhece todas as etapas produtivas e há fortes recursos de automação. Um diferencial importante desse sistema é a pesquisa de campo a fim de ajustar a qualidade dos produtos segundo os desejos dos consumidores. Por fim, uma importante característica desse sistema produtivo é a desconcentração da atividade produtiva e a terceirização. Por fim, as plantas das fábricas são menores. Figura 4. Braço Mecânico (prótese). Característica da indústria 4G com alto padrão tecnológico e que envolve diversas tecnologias industriais: robótica, automação, inteligência artificial, bioengenharia. Fonte: PIXABAY. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/engenheiro-engenharia-pr%c3%b3teses- 4904907/ Estrutura do Mercado Monopólio: quando uma empresa domina determinado ramo produtivo ou econômico e não há concorrência. Quando determinados grupos econômicos exercem a economia de monopólio, tais grupos influenciam e, em muitos casos, determinam o preço de dos serviços ou bens monopolizados. A concorrência imperfeita se realiza nestes casos e certamente quem perde são os consumidores. Exemplos de monopólios: Apple, Google, Netflix. Oligopólio: semelhante ao monopólio e seu efeito deletério na economia são os oligopólios. Neste caso não se trata de uma empresa ou grupo econômico dominar certo ramo produtivo, mas de um seleto grupo que concentra a atividade econômica. Tanto os monopolistas, quanto os oligopólios dificultam a entrada de concorrentes no mercado e influenciam no preço e na qualidade do bem- produzido. No caso do Brasil podemos exemplificar os oligopólios bancários (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander) e os oligopólios midiáticos (concessões televisivas: Globo, SBT, Record, Bandeirantes, RedeTV! e Gazeta) e as mídias impressas (os jornais Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e O Globo). Tipos e Modalidades de Concentração Truste: fusão de duas ou mais empresas concorrentes entre si a fim de controlarem a produção e exercerem atividade econômica monopolista. São diferentes dos oligopólios porque não concorrerão entre si porque se unem a fim de controlarem o mercado econômico do ramo em que atuavam separadamente. No Brasil, o exemplo mais recente se deu com a fusão das empresas do ramo alimentício Sadia e Perdigão a fim de criarem a Brasil FOODS. Há outros exemplos de truste no Brasil, a Ambev (fusão entre a Antarticta e Brahma) se tornou enorme empresa do ramo de bebidas a partir de sua criação, outro exemplo é do creme dental Kolynos que foi adquirida pela Colgate em 1996. O caso da Kolynos-Colgate levou o governo brasileiro a se posicionar legalmente com o intuito de aprimorar nossa postura antitruste. Holding: são sociedades comerciais criadas a fim de controlarem ações no mercado. Neste caso, uma empresa domina a maioria do capital da sociedade comercial. A empresa que possui a maior parte das ações é majoritária, as demais são chamadas subsidiárias. Geralmente a empresa majoritária só administra as ações comerciais do grupo. Exemplos: Grupo Votorantim (sócio majoritária da Cimentos Montes Claros, Itaú e Sadia), TelMex (sócia majoritária das empresas de telefonia Oi, Embratel, Vésper e Claro) e Grupo Pão de Açúcar – GPA (sócio majoritário de varejistas como Casas Bahia, Supermercado Extra, Assaí e Ponto Frio). Cartel: talvezo exemplo mais conhecido mundialmente de cartel seja a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) por causa da influência que essa organização exerce no preço mundial do barril do petróleo. Cartéis são práticas monopolistas de algum setor econômico. Quando um grupo diversificado de empresas decidem combinar preços, quotas de produção e divisão de parcelas do mercado consumidor estamos diante da prática cartelista. No caso, os cartéis envolvem produtores do mesmo ramo econômico. Dumping: consiste na prática de pôr à venda produtos com preços muito abaixo do mercado com o objetivo de prejudicar os concorrentes. Resulta daí uma concorrência desleal. A tendência com essa prática é levar à falência os concorrentes e quando isso acontece as empresas que praticaram dumping monopolizam o mercado e impõe os preços que quiserem, notadamente preços altos. Indústria no Reino Unido O berço da indústria tinha, no século XVIII, uma série de fatores que possibilitaram seu desenvolvimento tecnológico e industrial. No caso, o Reino Unido abrange – além da Inglaterra – Escócia, Gales e Irlanda do Norte, ainda que sejam os ingleses os grandes contribuintes para a industrialização. A Inglaterra foi pioneira na invenção de importantes tecnologias que propiciaram o desenvolvimento industrial. No caso, as invenções da locomotiva, de Stephenson, da máquina a vapor, de James Watt, o tear mecânico, de Cartwrigth e a lançadeira volante, de John Kay. Conforme supracitado, a Inglaterra dispunha de estabilidade política e um sistema bancário desenvolvido. Além disso, a Inglaterra dispõe de muitos portos marítimos e fluviais, grandes reservas de ferro e grandes reservas de carvão mineral (hulha) na região central do país, carvão, inclusive, que fora a importante matriz energética para as locomotivas a vapor e navios a vapor. Os portos ingleses são excelentes fatores locacionais e contribuíram demasiadamente para o desenvolvimento da indústria bretã. São importantes os portos de Londres, Liverpool, Portland Dover, Falmouth e Fishguard, Newcastle- upon Tyne. Além disso, destacam-se os portos de Newport, em Gales, Belfast, na Irlanda do Norte e Greenock integrado à região industrial de Glasgow na Escócia. As grandes reservas de carvão em Yorkshire possibilitaram o desenvolvimento econômico de Manchester com indústrias têxteis e siderúrgicas, Manchester está integrada ao porto de Liverpool. Londres é a mais importante cidade do Reino Unido, uma das maiores do mundo porque se trata de cidade global na categoria alfa ++ conforme descrito em capítulo sobre urbanização. A capital londrina é uma cidade multifuncional, pois concentra importantes atividades econômicas como a portuária, o centro comercial e financeiro do país, ademais trata-se da maior aglomeração urbano- industrial do Reino Unido e exerce grande influência em toda Grã-Bretanha. No contexto da Segunda Revolução Industrial, a cidade de Birmingham, naturalmente junto com Londres, figurou como importante centro industrial diversificado. Outrossim, à medida que surgiram indústrias que não dependiam apenas de carvão em seu processo produtivo, mas usavam petróleo se desenvolveu importante parque industrial na grande Londres. Surgiram indústrias das áreas da química, automobilística, elétricas, mecânicas etc. O Mar do Norte, que banha a região da Escócia, é onde se produz petróleo no Reino Unido por causa das jazidas petrolíferas na região. Figura 5. Mapa Indústria no Reino Unido. Indústria na França Após o desenvolvimento industrial na Inglaterra, é a França a segunda potência industrial que surge no século XIX no contexto da Segunda Revolução Industrial. A Revolução Francesa de 1789 retardou o processo de industrialização no país por causa da instabilidade política desencadeada no pós-revolução, mas ao mesmo tempo levou a burguesia ao poder (a partir de 1815) que engendrou a industrialização nacional. Os fatores locacionais, sobretudo os recursos minerais, são fundamentais ao processo produtivo e industrial, entretanto a França não é autossuficiente em recursos importantes como ferro e carvão e precisara importar ao longo de sua história industrial. A França dispõe de importante bacia carbonífera em Lorena e em Pas de Calaii ao norte do país. Em Lorena há grande produção de ferro, siderurgia (aço) e carvão. A sudeste da França, em Provença, há importante parque industrial associado à atividade industrial de transformação de bauxita por causa da concentração desse minério na região. Na região sudoeste há forte produção energética no país. Nos Pirineus há importante usina hidroelétrica e em Lacq há importante termelétrica. É em Lacq que encontramos grandes reservas de gás natural que é importantíssimo à termelétrica local e às atividades fabris da grande Paris. Há importante infraestrutura logística de gasodutos que transportam este recurso para diversas regiões francesas. No quesito energético, destaque-se a exploração de urânio em jazidas do Maciço Central e da região – a noroeste do país – conhecida como Bretanha, e a grande produção de energia nuclear francesa. Na Europa, a França é o país que mais utiliza energia elétrica através do enriquecimento de urânio e consequente usinas nucleares. Ademais, excede os 70% a eletricidade francesa por meio da matriz nuclear. Quanto ao petróleo, a França tem produção irrisória e importa tal recurso do norte da África e do Oriente Médio em consideráveis quantidades. A indústria petroquímica francesa e suas refinarias se localizam em cidades portuárias por onde chegam os barris petrolíferos do exterior. Destaque-se Marselha, no mar Mediterrâneo, e Le Havre, no oceano Atlântico. Há importantes refinarias também em Lyon, Estrasburgo e na grande Paris que recebem petróleo via oleodutos nacionais. Paris é a grande cidade francesa que tem importante e diversificada atividade industrial, trata-se de cidade multifuncional com centro financeiro, comercial e econômico, além de cultural não só da França, mas da Europa. Paris, tanto quanto Londres, é importante metrópole global e ambas as cidades polarizam a economia da Europa Ocidental. Por fim, a grande Paris concentra diversificada atividade industrial desde calçados e vestuários, passando pela indústria química e farmacêutica, até a atividade fabril de máquinas e automóveis. Figura 6. Mapa Indústria França. O espaço industrial dos Estados Unidos A maior economia do planeta Terra tem enormes espaços industriais e participou fortemente da Segunda Revolução Industrial e é a mais importante protagonista da revolução Técnico-Científico-Informacional. O Manufacturing Belt: as regiões nordeste e norte dos Estados Unidos concentraram, ao longo dos séculos XIX e XX, as mais importantes cidades industriais da indústria estadunidense e mundial. O Manufacturing Belt (cinturão da indústria) concentra-se entre os Grandes Lagos – ao norte – e a região montanhosa dos Apalaches – ao sul. Os fatores locacionais convergiram ao desenvolvimento econômico na região. Ou seja, a imigração de origem inglesa e protestante, fortemente influenciada pela lógica do trabalho de que fala o sociólogo Max Weber, e a colonização de povoamento, e, além disso, as condições naturais em importantes reservas de minério de ferro, bem como as jazidas de carvão mineral, tanto quanto o rio São Lorenzo e os Grandes Lagos que foram fundamentais para o transporte e escoamento. Ademais, as ferrovias que cruzaram os território norte-americano no sentido leste/oeste foram essenciais à integração do território. Ao todo são treze estados que compõe importante cinturão industrial nos Estados Unidos no contexto da Segunda Revolução Industrial. Ao sul dos Grandes Lagos se localizam os estados com grande concentração industrial: Wisconsin, Illinois, Indiana, Michigan, Ohio, Pensilvânia e Nova Iorque. Na costa leste temosdesde Maine até Maryland, passando por Vermont, New Hampshire, Rhode Island, Connecticut e Nova Jérsei. Figura 7. Manufacturing Belt. A região concentra grandes reservas de minério de ferro e jazidas carboníferas. Além disso, o transporte nos Grandes Lagos possibilitou o desenvolvimento econômico local. Estão nessa região indústrias pesadas e intermediárias como a importante produção siderúrgica em Pittsburgh, na Pensilvânia, e a indústria automobilística em Detroit, no estado de Michigan. Pittsburgh é conhecida como a capital do aço em virtude da grande atividade siderúrgica na cidade. Pittsburgh é importante metrópole industrial integrada à Megalópole ChiPitts e segunda cidade mais povoada da Pensilvânia, fica atrás da Philadelphia. Já Detroit ficou conhecida como a capital do motor e foi uma das maiores cidades industriais do mundo até meados da década de 1950. Situam-se em Detroit as sedes da General Motors (GM), da Ford e da Chrysler, importantes montadoras de automóveis. Na Pensilvânia há importantes jazidas de carvão em áreas próximas a Youngstown e Pittsburgh, bem como em Cleveland, em Ohio, e em Detroit, em Michigan. Há fortes concentrações de carvão em Chicago, em Illinois, e em Gary, em Ohio. A grande presença de carvão nessa região foi fundamental para o desenvolvimento industrial local e desenvolvimento de grandes cidades industriais que formariam a importante concentração urbano-industrial dos Grandes Lagos. Há forte indústria pesada no ramo siderúrgico nessa região. O Sun Belt: os fatores locacionais dinamizam o espaço industrial dos países e nos Estados Unidos não foi diferente. A região conhecida como o cinturão da indústria perdeu importância econômica porque muitas indústrias migraram, bem como os investimentos econômicos e pessoas, para outras regiões nos Estados Unidos. Houve significativa desconcentração industrial. Nasce o Sun Belt (Cinturão do Sol) na região Sul dos Estados Unidos, sobretudo em estados como a Califórnia, o Texas e também a Flórida. No caso, a mão-de- obra mais barata, bem como aluguéis e incentivos fiscais remodelaram o espaço industrial do território norte-americano. Os estados de Ohio, Michigan, Wisconsin, Pensilvânia e Massachusetts perderam muitas indústrias que migraram ou fecharam. O outrora cinturão industrial hoje é chamado de Rust Belt (cinturão da ferrugem) por causa da decadência econômica. É sobretudo a partir da década de 1950 que houve forte desconcentração industrial e desenvolvimento de atividades fabris fortemente associadas às novas tecnologias e no contexto da Guerra Fria e da Terceira Revolução Industrial. Destacam-se, portanto, indústria de alto padrão tecnológico no Sun Belt. Os mais importantes espaços industriais do Sun Belt estão nos estados da Califórnia e no Texas, há, em alguma medida, o desenvolvimento industrial na região noroeste nos estados do Oregon e de Washington. No Texas destaca-se o parque industrial ligado à corrida espacial, no caso, a industrial aeroespacial norte-americana. É no Texas, por exemplo, que se localiza a sede da NASA no Centro Espacial de Houston, bem como a indústria aeronáutica em Fort Worth. Ainda associada à questão aeroespacial se destaca na Flórida o Cabo Canaveral que é importante base de lançamento de foguetes, o Centro Espacial John F. Kennedy. No Texas há importante atividade petrolífera nas cidades de Houston e em Dallas. Em Houston ainda há indústrias de computação como a sede da Compaq, importante fabricante de microcomputadores. O grande destaque da indústria de alto padrão tecnológico norte-americana é o Vale do Silício, na Califórnia. Destaca-se na Califórnia indústrias no ramo tecnológico tanto de hardware, a exemplo da Apple e da HP, quanto de software, a exemplo da Microsoft. Figura 8. Indústria nos EUA. Snow Belt se refere à região sujeita a neve ao longo do inverno, é nessa região que temos o Manufacturing Belt. Expansão do espaço industrial A seguir discutiremos a industrialização tardia de países desenvolvidos (Alemanha, Japão e Itália).Os países que são periféricos no contexto da economia internacional, invariavelmente, dependem de tecnologia dos países desenvolvidos para desenvolver seu próprio parque industrial. Ou seja, há os países centrais que aprofundaram e desenvolveram importante atividade industrial no contexto da Segunda Revolução Industrial (Inglaterra, Estados Unidos, França) e aqueles que deram início à sua industrialização no final do século XIX (Alemanha, Itália e Japão), por outro lado há os países que se industrializaram mais tardiamente, inclusive o Brasil, e são compreendidos como países de industrialização periférica. Além disso, há os países que se transformaram em grande e importante plataformas de exportação de bens industriais tecnológicos, a exemplo de Hong Kong e Coréia do Sul. Indústria na Alemanha A mais importante economia da Europa apresentou um desenvolvimento industrial rápido e significativo no final do século XIX. A Alemanha só deixou de ser a terceira maior economia do mundo em 2009 quando foi ultrapassada pela China, mas continua como a quarta maior economia mundial e a maior da Europa. É importante lembrarmos que a Alemanha demorou a se unificar como país se comparada à Inglaterra ou à França, mas apesar da unificação tardia houve forte surto e crescimento industrial no país a partir de 1871. A Alemanha, em fins do século XIX, administrava a riquíssima região em matéria- prima de Alsácia e Lorena e certamente este é um dos fatores responsáveis pela rápida industrialização alemã. Foi através do Tratado de Frankfurt que a Alemanha obteve o direito sobre a administração das províncias francesas que são ricas em carvão minerais metálicos como o ferro. Foi a partir da Primeira Guerra Mundial, entretanto, que a Alemanha perde o direito sobre a administração de Alsácia e Lorena através do Tratado de Versalhes. Desde a Primeira Guerra até o final da Segunda Guerra, a economia alemã enfrentou muitas crises econômicas, mas reconstruiu seu parque industrial a partir dos anos 1950. No contexto do pós-Segunda Guerra e da Guerra Fria, a Alemanha foi dividida em duas e houve grande desenvolvimento econômico e industrial da República Federal da Alemanha, a parte do território ocidental. Neste contexto a Alemanha Ocidental se beneficiou da ajuda econômica dos Estados Unidos para reconstruir sua indústria, no caso o Plano Marshall, sob a Doutrina Truman, enviou milhões de dólares para Europa ocidental a fim de que se reconstruísse a Europa que saíra destruída da guerra. A reconstrução da indústria alemã se deu nos mesmos espaços geográficos de sua industrialização em fins do século XIX. O grande destaque de indústria no território germânico é o vale dos rios Reno e Ruhr. Na confluência dos rios Reno e Ruhr há jazidas minerais e carvão que são fatores fundamentais para o desenvolvimento da indústria. Ademais, a bacia hidrográfica dos rios Reno e Ruhr foram fundamentais para o sistema de transporte de matéria-prima e mercadorias do parque industrial nacional. Essa região é conhecida como Renânia e é aí que se localizam as mais importantes cidades industriais alemãs. São importantes cidades com forte concentração urbano-industriais nessa região: Colônia, Düsseldorf, Bonn e Essen. Destacam-se aí indústrias pesadas como a siderurgia e a química, além da metalurgia e importante parque industrial de peças e equipamentos. Os mais importantes conglomerados que atuam em vários setores como o químico, metalúrgico e mecânico se localizam na Renânia a exemplo do Krupp e do Thyssen. No caso da Krupp, que produz equipamentos bélicos como armas e munições, aço e diversos equipamentos industriais, tem sede em Essen. A partir de 1999 houve a junção da Thyssen e da Krupp que formaram um truste a fim de atuarem em vários ramos da atividade industrial. Entretanto, apesarda forte concentração industrial alemã na Renânia há importantes indústrias espalhadas pelo seu território em cidade menores. Merecem destaque Stuttgart com sua importante atividade industrial automobilística da Daimler-Benz, que produz os automóveis da Mercedes-Benz. À Sudeste, na região da Baviera, destaca-se Munique com indústrias importantíssimas como a Bayer, bem como a BMW, dos ramos farmacêuticos e automobilístico, respectivamente. No vale do rio Meno se localiza a cidade financeira da Alemanha, pois é em Frankfurt que há a bolsa de valores e mercados alemã, além de diversificada atividade industrial. Outrossim, em Frankfurt há o importante aeroporto internacional da Alemanha. Na região nordeste do país se localiza, às margens do rio Elba, a importante cidade de Hamburgo com o mais importante porto alemão e com indústrias navais. Estende-se na região de Wolfsburg, até Hannover, importante polo industrial automobilístico na Alemanha. Wolfsburg sedia a Volkswagem que é uma das mais importantes montadoras de automóveis mundiais e a maior da Alemanha. Figura 9. Principais cidades alemãs. Tecnopolos alemães São importantes polos industriais com grande disponibilidade tecnológica, concentra grandes vultos de capitais, mão-de-obra qualificada e indústrias ligadas a centros de pesquisas. A Alemanha é o país mais industrializado da Europa e dispõe de dois tecnopolos: Munique e Chempark. Munique é capital da Bavária. Concentra importantes empresas de alta tecnologia nos setores eletrônicos, informação, biotecnologia e aeroespacial. Destacam-se a Siemens e a Bosch. Chempark se localiza na Renânia e dispõe de importantes empresas do setor farmacêutico e químico. Destaca-se a Bayer. Industrialização no Japão O grande país do extremo oriente apresentou industrialização bastante rápida, semelhantemente à Alemanha no final do século XIX. É conhecido o rápido desenvolvimento econômico e industrial do Japão a partir de 1868 e que se estendeu até 1912. Este período é conhecido como Era Meiji, no caso houve importante modernização do país e abertura ao mundo Ocidental. Neste contexto houve fortes investimentos em infraestrutura logística portuária e ferroviária. Ademais, é a partir de então que o governo japonês buscou investir na educação a fim de universalizá-la e obteve, portanto, a possibilidade de mão- de-obra qualificada. A Era Meiji (1868-1912) é conhecida como a do ‘’governo ilustrado’’. Uma das marcas desse período é a Constituição de 1889 que instituí o imperador do país como chefe sagrado do Estado. O xintoísmo foi adotado como religião oficial japonesa em 1882. Por fim, neste contexto houve abertura à tecnologia estrangeira no país. Figura 10. Polos industriais do Japão. A Franja do Pacífico: o parque industrial japonês se estende em importantes cidades nipônicas em suas quatro mais importantes ilhas. O detalhe é que as cidades industriais japonesas se concentram em regiões litorâneas, e notadamente em suas planícies, próximas aos portos locais. Destaca-se a megalópole Tokkaido (Tóquio, Nagóia e Osaka) com grande aglomeração urbano-industrial especialmente na ilha de Honshu. O Japão é um dos mais importantes países industrializados do planeta e foi a segunda maior economia mundial, em termos de PIB, até ser ultrapassado pela China em 2011. Hoje, o Japão tem a terceira maior economia mundial. Entretanto, apesar de toda pujança econômica e industrial do país, o Japão não dispõe de grandes reservas energéticas (carvão, petróleo etc.), nem de recursos minerais e precisa, invariavelmente, importar tais produtos. Tecnopolos do Japão O Japão figura, junto com Alemanha e Estados Unidos, como grande potência tecnológica. A produção industrial no Japão basicamente se concentra no eixo Tóquio-Osaka, no sudeste da ilha de Honshu, apesar de haver indústrias importantes em todo o país. A estimativa é que metade da produção industrial nipônica se concentra nessa região. O principal tecnopolo japonês é Tsukuba. Tsukuba reúne a Agência Nacional Espacial do Japão (NASDA) e o instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Industrial Avançada (AIST), além da universidade de Tsukuba. O Japão é grande exportador de produtos com alto padrão tecnológico: relógios, automóveis, produtos eletrônicos diversos, máquinas, produtos fotográficos etc. Destaca-se em Tsukuba a Cidade da Ciência de Tsukuba que se destaca nos setores da robótica, da mecânica e da microeletrônica. Indústria na Itália O importante país do Mediterrâneo é a quarta economia da Europa e tem parque industrial diversificado. No final do século XIX a Itália também se unificará (1870) e a partir de então apresentará rápido desenvolvimento econômico e industrial. A Itália apresenta diversidade econômica e industrial interna, destaque-se que a indústria italiana se concentra na região norte do país. Remonta, ao Renascimento Urbano no contexto da Baixa Idade Média, o crescimento e importância das cidades de Gênova – cujo espaço dispõe do segundo mais importante porto europeu – e Veneza com centros comerciais. Os principais centros industriais, ao norte da Itália, são além de Gênova e Veneza, Turim (sede da FIAT), Milão, Verona e Parma. Há importante indústria automobilística na região conhecida como Vale do Pó. No sul do país, que apresentou desenvolvimento industrial apenas no pós- Segunda Guerra, destacam-se as indústrias pesadas de siderurgia e da petroquímica. Figura 11. Indústria na Itália. A Industrialização Brasileira. Nas linhas abaixo falaremos sobre a industrialização do Brasil e suas fases ao longo dos anos, sobretudo no século XX. Fatores que explicam a indústria no Brasil Fatores Externos: em boa medida são os fatores externos que impulsionaram a industrialização no Brasil. À medida que os países de industrialização pioneira entravam em crise econômica ou iam à guerra faltava bens industrializados no mercado internacional e o Brasil precisava desenvolver uma atividade industrial própria. É neste contexto que se desenvolveu uma indústria brasileira por causa de nossas necessidades de substituição de importações. E uma marca da industrialização brasileira é que nosso país se industrializou tardiamente. A política de substituição de importações seria o fator fundamental no processo de desenvolvimento industrial nacional. No caso, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) envolveu os mais importantes países industrializados da época e consequentemente escassearam os produtos que o Brasil importava. Ambas as tríplice, ao longo da Grande Guerra, se constituem de países que já apresentavam economias industrializadas. Se por um lado há dois pioneiros da indústria e compõem a Tríplice Entente (Inglaterra, França e Rússia) e do outro há países que se industrializaram rapidamente no final do século XIX e compõem a Tríplice Aliança (Alemanha, Itália e o Império Austro-Húngaro). Além da ‘’guerra de trincheiras’’, nome atribuído à Primeira Guerra Mundial, outro fator externo que impulsionou a industrialização do Brasil foi a Crise de 1929. A quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque afetou a economia mundial e certamente os países industrializados, bem como o Brasil. Novamente faltaram produtos e bens industrializados no mercado internacional e o Brasil se viu na necessidade de expandir sua própria indústria. Com a Crise de 1929 a economia cafeicultora nacional sofreu forte impacto negativo, lembre-se que o Brasil dependia enormemente de sua exportação de café às economias dos países centrais. O café foi o grande produto nacional que impulsionou nosso desenvolvimento de infraestrutura na região Sudeste, notadamente o estado de São Paulo. Além de nossa retração econômica, decorrente da crise na exportação de café, nós sofremos grande revés econômico em nossa pauta de exportação agrícola de cana-de-açúcar, de cacau, tabaco e algodãoque eram produzidos na região Nordeste. Os países centrais são potências econômicas e, geralmente tecnológica, e desempenham funções de comando e decisões no cenário da geopolítica global. Outro fator externo que seria decisivo à industrialização nacional foi a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que envolveu as maiores economias industriais da época, logo a necessidade de expandir a indústria no Brasil se fez presente mais uma vez. A Segunda Guerra levou ao campo de batalha as Potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) contra as Forças Aliadas do Reino Unido e da França, além da Polônia, num primeiro momento. A disputa travada na Europa mais uma vez colocou em conflitos as economias industrializadas e consequentemente faltaria bens industrializados no mercado internacional. Breve História da Indústria no Brasil Não seria exagero dizer que o Brasil nasceu como potência agrícola e ainda hoje isso se mantém de pé. Ocorre que o Brasil, entretanto, apresenta um diversificado parque industrial, apesar da marca de sermos um País de industrialização tardia. À medida que os pioneiros da indústria desenvolviam tecnologias produtivas, o Brasil ainda era colônia de Portugal e em 1785 D. Maria I, a Louca, proibiu a implantação de atividades industriais no Brasil. Este cenário só se alteraria com a vinda da Família Real ao Brasil em 1808. A partir de 1810, em decorrência do Tratado de Navegação e Comércio, chegaria – em crescentes quantidades – bens manufaturados da Inglaterra ao Brasil. Entretanto a isso, nos séculos XIX e XX o Brasil vivenciou alguns momentos de surtos industriais. O primeiro se deu a partir de 1844 em decorrência da Tarifa Alves Branco e o segundo se deu a partir da Primeira Guerra Mundial. Primero surto industrial: com a Tarifa Alves Branco nosso país protegeu o mercado interno através de legislação que favorecia o consumo de produtos nacionais. No caso, o Brasil aumentou as taxas de importação e o resultado disso seria uma ligeira industrialização. Neste contexto ainda foi promulgada a Lei Eusébio de Queirós em 1850 que proibiria o Tráfico Negreiro. A partir de então viriam ao Brasil muitos imigrantes que trabalhariam em atividades fabris em nosso incipiente processo de industrialização, notadamente na região Sul do País. A Tarifa Alves Branco foi a primeira lei protecionista nacional e surtiu forte efeito, o grande exemplo industrial desse momento foi Irineu Evangelista de Sousa – o famigerado Barão de Mauá. O protecionismo dessa época funcionava da seguinte maneira: caso a importação do produto encontrasse similar no Brasil, seria cobrada uma taxa aproximada de 60% na importação, se não houvesse similar a taxa seria de aproximadamente 30%. O Barão de Mauá foi grande entusiasta da industrialização nacional e inovou em algumas áreas como a indústria naval (estaleiro em Ponta da Areia, Niterói, RJ) e uma fundição. É de Barão de Mauá a primeira ferrovia (1854) no Brasil, a Estrada de Ferro Barão de Mauá que ligaria Petrópolis e Raiz da Serra, no Rio de Janeiro. Mauá participaria de outros empreendimentos ferroviários tais quais a Estrada de Ferro Central do Brasil e a São Paulo Railway, a qual se tornaria na Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. O Barão de Mauá enfrentou muitos desafetos da oligarquia rural nacional. Atribui-se a falência dos empreendimentos de Mauá a inexistência de um mercado consumidor significativo no Brasil porque ainda vivíamos sob o jugo da Escravidão e, além disso, a revogação da Tarifa Alves Branco em 1860. Segundo surto industrial: a Primeira Guerra exerceu influência decisiva na industrialização brasileira por causa de nossa necessidade de substituição de importações. A Era Vargas (1930-1945) A Revolução de 1930, que derrubou a oligarquia agrária do poder no Brasil, levou ao poder Getúlio Vargas que daria grandes saltos ao processo de industrialização nacional. Outrossim, a Crise de 1929 afetou demasiadamente nossa economia cafeicultora e a partir de então a infraestrutura que servia para escoar o ‘’ouro verde’’ seria usada pela matéria-prima industrial e os diversos bens oriundos das fábricas. Além disso, o baronato do café investiria recursos econômicos em atividades fabris. Enquanto isso o governo de Getúlio Vargas investiria pesado em atividades industriais consideradas essenciais para toda cadeia produtiva. Vargas investiu em indústrias consideradas estratégicas para a economia do País. Basicamente é a indústria de base que se desenvolveu sob a administração varguista nas áreas da siderurgia, energia e metalurgia. O Estado brasileiro, sob a perspectiva do nacional-desenvolvimentismo de Getúlio, passou a taxar bens industrializados em notório protecionismo alfandegário e a controlar fortemente o câmbio. Ademais, a indústria do período apresentava como importante característica o fato de ser estatal. Indústria de Base: Getúlio Vargas levou adiante uma perspectiva de governo e desenvolvimento econômico fortemente nacionalista e investiu pesado no setor de indústrias pesadas, especialmente ao longo do Estado Novo (1937-1945). Seu primeiro governo é marcado pela fundação das empresas estatais: Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ) e pela então Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em Itabira (MG). A posição estratégica da CSN visa atender a demanda de aço para os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Os minerais metálicos, especialmente ferro, é extraído do Quadrilátero Ferrífero (MG) e transportado via Estrada de Ferro Central do Brasil até Volta Redonda. Já o carvão necessário para a siderúrgica tem origem no Cinturão Carbonífero brasileiro, notadamente o estado de Santa Catarina. A Cia Vale do Rio Doce foi fundada a fim de controlar a exploração de minério no País. A VALE, assim rebatizada em 1997, é uma das maiores multinacionais mineradoras do mundo e grande empresa logística nacional. Atua nos mais importantes enclaves minerais do Brasil, a saber o Quadrilátero Ferrífero (MG), a Serra dos Carajás (PA) e o Maciço Urucum (MS). Atua tanto no mercado interno, quanto no mercado externo. Ambas as empresas tiveram seus capitais abertos na década de 1990, em processo conhecido como privatizações, segundo a corrente econômica do neoliberalismo. A CSN foi fundada em 1940 com a ajuda dos Estados Unidos, já a VALE foi fundada em 1942 e hoje sua sede está no Rio de Janeiro. Em 1943 Vargas inaugurou a Fábrica Nacional de Motores a fim de produzir motores de avião. No transcorrer dos anos, a empresa passou a atuar na produção de motores de automóveis e caminhões. Em 1977 foi comprada pela FIAT que a fechou em 1979. Figura 12. FNM tinha sede em Duque de Caxias, RJ. Atuou na área industrial de automóveis e caminhões e seus modelos mais conhecidos são do caminhão D-9500 e D-11000. Outro setor estratégico desenvolvido por Vargas foi o da energia hidroelétrica e em 1945 é inaugurada a Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco (CHESF). A CHESF administra diversas usinas hidroelétricas no rio São Francisco e tem sede em Recife (PE). Além disso, hoje a CHESF administra duas Usinas Eólicas. Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) O fim do Estado Novo (1937-1945) trouxe a redemocratização ao país. Curiosamente o vice-presidente de Getúlio Vargas foi eleito Presidente da República. Em termos econômicos, o grande feito do governo Dutra foi a propositura do Plano SALTE. SALTE é um acrônimo para saúde, alimentação, transporte e energia. O governo pretendia investir de maneira planejada, via intervenção estatal, a fim de coordenar os gastos públicos às áreas da saúde, alimentação, transporte e energia. O Plano SALTE previa investimentos econômicos entre 1949 e 1953. Percebe- se, portanto, que este projeto de desenvolvimento econômico atravessou o segundo governo Vargas (1951-1954) e só foi desfeito pelo então presidente Café Filho (1954-1955). Resultam do Plano SALTEa construção do Hospital dos Servidores do Estado (RJ) e do Hospital do Subúrbio (BA), além disso, no setor energético foi construída a Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso (BA) no rio São Francisco e em relação aos transportes foram abertos importantes rodovias como a Rio- Bahia e a Rodovia Presidente Dutra que interliga São Paulo e Rio de Janeiro, tais rodovias são importantes trechos da BR-116 que é a mais importante rodovia nacional. O governo Dutra levou adiante uma política de contingenciamento de importações em notória política de substituição de importações e concedeu créditos à atividade manufatureira. Vargas: segundo governo Em 1951 Getúlio Vargas volta ao governo com sua perspectiva nacionalista e funda três grandes empresas nacionais. Getúlio Vargas foi eleito Presidente do Brasil e governou entre 1951 e 1954 quando se suicida. Vargas criou a PETROBRAS com sede no Rio de Janeiro. Quando criada a PETROBRAS era uma estatal com o monopólio da exploração, produção, refino e distribuição de petróleo, gás e derivados. Anteriormente à criação da estatal, sob o slogan: ‘’o petróleo é nosso’’, Getúlio Vargas tinha criado o Conselho Nacional do Petróleo (CNP) em 1938 a fim de regulamentar a indústria de petróleo e gás nacional. A partir de então haverá intenso debate no Brasil a respeito da produção petrolífera no País, pois em 1948 – sob o governo Dutra – foi criado o Estatuto do Petróleo com o fim de regulamentar a questão energética petrolífera e o mercado nacional quanto à concorrência. É em 1953, porém, que se cria a empresa Petróleo Brasileiro S. A. No ano de 1997, sob o manto do neoliberalismo do governo Fernando Henrique Cardoso, a PETROBRAS deixa de ter o monopólio petrolífero no Brasil, mas a empresa ainda atua como monopólio petrolífero porque detém o controle majoritário da cadeia produtiva dos combustíveis. Além disso, o governo brasileiro, em diversos momentos, controlou o preço dos combustíveis por meio da PETROBRAS. “Em diversos momentos do passado, o governo controlou o preço dos combustíveis por meio da Petrobras, o que não necessariamente refletia a realidade do mercado internacional”, diz o advogado Paulo Valois, sócio do escritório especializado em energia e infraestrutura Schmidt Valois. “Isso acaba inibindo os investimentos de possíveis interessados.” FONTE: UOL. Acessado: 10.06.2019 Outro fator que dificulta a concorrência é o tamanho do Estado em sua infraestrutura energética. Historicamente a PETROBRAS dominou o refino e possui as maiores reservas, logo as concorrentes não vêem segurança na hora de investir no mercado brasileiro. Algumas empresas externas, como a Shell, a Chevron e Repsol atuam nos ramos de extração e produção, mas não atuam no refino do óleo. Há 17 refinarias no Brasil e 13 são da PETROBRAS, as demais são de empresas privadas como Manguinhos, Riograndense, Dax Oil e Univen. Estima-se que tais empresas concorrentes da PETROBRAS refinam apenas 5% do óleo no Brasil. Em seu segundo governo, Vargas propôs a criação de importante empresa no setor energético que só seria criada em 1961 já no contexto do governo Jânio Quadros, trata-se da estatal ELETROBRAS. A ELETROBRAS atua como uma holding na economia brasileira e coordena empresas do setor elétrico nacional quanto à geração, transmissão e distribuição de energia. Tem sede no Rio de Janeiro. Estão sob a coordenação da ELETROBRAS importantes usinas hidroelétricas nacionais como a FURNAS e ITAIPU BI-NACIONAL. Outra marca do segundo governo Vargas foi a criação do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) em 1952. Esboçado no Plano SALTE o objetivo da autarquia Federal é o financiamento econômico a longo prazo em diversos ramos da atividade econômica. Trata-se de um banco de fomento à atividade econômica. No início o BNDE investiu em obras de infraestrutura nacional a fim de desenvolver setores básicos e importantes de nossa atividade econômica e industrial, nos anos seguintes a atuação do banco se expandiu para atividades econômicas a fim de substituir importações, geração de energia e agronegócio. Nos anos 1980 o banco mudou de nome para BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Com a saída de Getúlio Vargas do poder, assume seu Vice-Presidente, o Café Filho. Ao longo da presidência de Café Filho não houve notória expansão da atividade industrial brasileira, mas as coisas mudariam de maneira significativa ao longo do governo Juscelino Kubistchek. J. K. (1956-1961) Os Anos Dourados são marcados por abertura econômica ao capital externo, política rodoviarista e o Plano de Metas de Juscelino Kubistchek, tudo sob o manto do desenvolvimentismo econômico sintetizado no slogan: ‘’50 anos em 5’’! J.K. chegaria ao poder após vencer as eleições contra Juarez Távora, da UDN. Elegeu-se através de coalização partidária e tinha João Goulart, ex-Ministro do Trabalho de Vargas, como Vice-Presidente da República. O governo J.K. é marcado por grande crescimento econômico que resultaram do Plano de Metas do governo. PLANO DE METAS: o Plano de Metas previa fortes investimentos estatais em diversos setores da atividade econômica. Notadamente são cinco os setores em que o Plano de Metas investiu: Energia, Transportes, Alimentação, Indústria de Base e Educação. O plano tinha 31 metas em muitas áreas do desenvolvimento econômico. O objetivo era atrair investimentos externos ao Brasil. O pano de fundo era o desenvolvimentismo, pois o País teria que se desenvolver 50 anos em 5. Parte considerável dos investimentos foram para os setores de energia e transportes com significativos desenvolvimentos na área de infraestrutura. Estima-se que 71,3% dos recursos do Plano foram investidos nesses dois setores. Os recursos do plano correspondem a 5% do PIB no contexto dos anos 1957 a 1961. No setor energético J.K. investiu na construção de barragens importantes como a de Furnas (MG), no rio Grande, de Paulo Afonso (BA) e Três Marias (MG), ambas no rio São Francisco. Além disso, J.K. criou a Furnas Centrais Elétricas, hoje subsidiária da ELETROBRAS. No setor de transportes se destacam as rodovias que em boa medida irão integrar regiões nacionais. Destaque-se a Rodovia Fernão Dias, iniciada por Vargas, mas concluída sob a administração J.K., as Rodovias Belém-Brasília (BR-153) e a BR-364 que interliga Cuiabá a Porto Velho (RO) e a Rio Branco (AC) que possibilitou a ocupação territorial do estado de Rondônia. Por fim, a Rodovia Regis Bittencourt que interliga São Paulo ao Sul do País. Essas rodovias certamente se desenvolveram sob a perspectiva rodoviarista que o Brasil adotou ao longo do século XX, mas com seu auge ao longo do governo J.K. Por sua vez, o Plano de Metas previa investimentos estrangeiros e privados nacionais em áreas importantes da econômica, especialmente a indústria automobilística e a indústria química e de farmácia. O Brasil continuava com sua política de substituição de importações, e expandindo diversos ramos da atividade industrial. Deriva daí o famigerado Tripé Econômico que evolveu capitais de diferentes fontes. O alicerce do Tripé Econômico diz respeito a investimentos que se originam do Estado nacional, de empresários brasileiros e de empresários internacionais. No caso, há o Capital Estatal com forte atuação em infraestrutura e indústrias de base, há o Capital Nacional Privado com forte atuação em indústrias de consumo não duráveis nos setores têxtil e de alimentos e, por fim, o Capital Externo com grande atuação em indústrias de bens de consumo duráveis nos ramos automobilístico e eletrônico. Política Rodoviarista: é no contexto do governo Juscelino Kubitschek que vieram ao Brasil as mais importantes empresas do ramo automobilístico. O Brasil pretendia integrar as diversas regiões do País a fim de articular o território nacional e as rodovias, em alguma medida, cumpririam esse papel. Para tantonosso País abriu a economia para grandes indústrias estrangeiras e, se por um lado houve modernização da indústria brasileira, por outro, resultou num país que depende sobretudo do transporte rodoviário que é o mais caro de todos quando comparado aos demais modais de transportes, a exemplo das ferrovias ou as hidrovias. A proporção estimada seria de 1US$/tonelada/km para hidrovia, 3US$/tonelada/km para ferrovia e 9US$/tonelada/km para rodovia. Vieram ao Brasil, nas décadas de 1950 e 1960, as empresas Volkswagem, Ford, Scania, Toyota, Mercedes-Benz, todas em São Bernardo do Campo (SP), e a General Motors (GM) que se instalou em São Caetano do Sul (SP). Nascia aí o polo econômico e industrial do ABC paulista. Figura 13. GM do Brasil na Avenida Goiás, em São Caetano do Sul, SP. Foto: Éder Diego. O Brasil oferecia muitas vantagens para as multinacionais automobilísticas que se instalaram no Brasil: mão-de-obra barata e mercado consumidor em potencial, além disso, a política rodoviarista atraiu tais empresas com fortes subsídios em isenções de impostos. Ademais, no Brasil há consideráveis reservas de matéria-prima como ferro e já produzia aço na CSN desde os anos 1940. Observe o mapa das principais montadoras de automóveis no Brasil. Figura 14. Indústria automobilística no Brasil. Principais concentrações. A região industrial do ABC paulista tem grande concentração de indústrias de automóveis nesse mapa de 2013. Destacavam-se a Ford, a Mercedes-Benz, a Scania, a Toyota e a GM. O que podemos constatar é que a região Sudeste, especialmente São Paulo, se beneficiou muito da concentração industrial automobilística. Outra região de destaque industrial e automobilístico é o Sul Fluminense (RJ). É digno de nota, entretanto, que o mapa acima destaca as instalações industriais contemporânea. No caso, a política de J.K. acentuou a concentração industrial no Sudeste que já ocorria desde o primeiro governo de Getúlio Vargas. Resulta daí, por isso, forte contraste regional no território nacional. Não por acaso à medida que o Brasil desenvolvia um parque industrial no Sudeste ocorria o grande fluxo migratório de todas as regiões do Brasil. Diante disso, em 1959 o governo criou a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) com a finalidade de desenvolver de maneira mais equitativa a região Nordeste. A SUDENE pretendia, conforme seu próprio site na Internet, "promover o desenvolvimento includente e sustentável de sua área de atuação e a integração competitiva da base produtiva regional na economia nacional e internacional." Brasília: outro marco do governo J.K. foi a construção e inauguração de Brasília em 1960. A nova capital possibilitou a ocupação interiorana do País e diversificou a indústria de construção civil nacional. Economia no Governo J.K. Observe a tabela a respeito da economia nacional ao longo do governo J.K. Figura 15. Economia no governo J.K. Fontes: Luis Raul Contreras, IBGE, Banco Central e FGV. Observa-se, na figura acima, significativo crescimento econômico em termos de PIB de 1956 a 1960. O PIB nacional cresceu em média 7,9% ao ano no período. Entretanto, apesar do crescimento econômico considerável a dívida externa apresentou ligeiro crescimento e a inflação se elevou. Por outro lado, houve avanços sociais em diversas áreas. A expectativa de vida aumentou de 45,9 anos para 52,7 anos. Ocorreu diminuição na mortalidade infantil de 144/1000 para 118/1000 e, por fim, o analfabetismo foi reduzido a 40%. Jânio Quadros e João Goulart Ambos os Presidentes após a saída de Juscelino Kubitschek são marcados por instabilidade política e no período (1961-1964) o Brasil não apresentou expressivo desenvolvimento industrial, entretanto no contexto do governo Jânio Quadros (31 de janeiro de 1961 até sua renúncia em 25 de agosto do mesmo ano) houve a unificação do câmbio e o país apresentou um crescimento econômico na casa dos 8,6%, apesar da inflação alta em torno de 47,8% A renúncia de Jânio Quadros desestabilizou a política no Brasil e a nação viveu anos de crise política e forte indecisão sobre que regime político vigoraria no País, pois havia fortes oposições no meio político e na sociedade brasileira em relação ao João Goulart, população contrária ao sucessor natural de Jânio Quadros, pois João Goulart era associado ao comunismo. Quando da renúncia de Jânio o político gaúcho, João Goulart, estava na China. A instabilidade política gerada com a renúncia de Jânio Quadros levou o Congresso a propor uma saída conciliatória através de um regime Parlamentarista, pois o presidente perderia alguns poderes para um eventual primeiro-ministro que seria chefe do governo, assim foi feito. Em 2 de setembro de 1961 Jango, nome popularmente conhecido, assumiu a presidência e Tancredo Neves ficou a cargo de primeiro-ministro. Até a saída de Jango o País teve três primeiro-ministro, além de Tancredo Neves, Brochado da Rocha e Hermes Lima. Em 1963 houve o plebiscito que reconduziu o país ao regime presidencialista. Neste contexto de indecisões políticas, a inflação grassava a economia nacional e aumentava a cada ano, já o crescimento econômico em 1962 foi de 6,6% ante os 8,6% de 1961. Houve, portanto, pequena retração econômica. Eis que o governo ‘’lança mão’’ do Plano TRIENAL a fim de recuperar a economia nacional. As diretrizes do plano do Ministro do Planejamento, Celso Furtado, eram reestabelecer o crescimento econômico e baixar a inflação, além de fortalecer nossa política de substituição de importação. Além disso, o plano previa aumento de salários, pretendia realizar a reforma agrária e renegociar a dívida externa. Reformas de Base: no plano econômico e social João Goulart desenvolveu uma série de medidas que ficaram conhecidas como Reformas de Base, pois entendia que seriam necessárias reformas estruturais na sociedade brasileira. Vários setores econômicos deveriam passar por reformas segundo a concepção do governo Jango. No caso, deveria ocorrer as seguintes reformas: Reforma Agrária: a síntese dessa bandeira talvez seja a expressão democratização do acesso à terra. É daí que deriva a idéia de função social da propriedade privada presente na Constituição Federal de 1988. Reforma Educacional: ensino público em todos os níveis e política contrária ao analfabetismo. Reforma Eleitoral: havia pretensões de estender o direito ao voto para os analfabetos, fato que ocorreria também após a promulgação da Constituição Federal de 1988. Além disso, tornar legal o Partido Comunista Brasileiro que estava na ilegalidade desde o governo Dutra. Reforma Urbana: dar uso social ao solo urbano. Em 1963 o governo Jango criou o Estatuto do Trabalhador Rural a fim de regulamentar as relações de trabalho no campo. O objetivo era equiparar as condições trabalhistas do trabalhador rural com as condições do trabalhador urbano que já tinha legislação própria desde a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) do governo Vargas. 1964: ano de profundas mudanças! João Goulart foi Presidente do Brasil até 01 de abril de 1964 quando foi afastado do cargo de Presidente pelo Congresso Nacional. O mês de março de 1964 foi marcado por grandes eventos políticos que nos dão uma noção do quadro político nacional. No dia 13, houve o comício do governo no Rio de Janeiro, conhecido como o Comício da Central, onde Jango defendeu as propostas das Reformas de Base. Quatro dias depois, em São Paulo, houve forte manifestação contra o governo que ficou conhecida como Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Na soma de forças o Jango perdeu, seu mandato foi cassado. Os militares assumiriam o poder e só sairiam em 1985 com a redemocratização. Período Militar (1964-1985) No plano econômico houve avanços consideráveis no contexto dos governos militares quanto ao desenvolvimento de infraestrutura, e do PIB, pois deixamos de ser o 95° PIBpara nos transformarmos na 8° economia mundial, entretanto a híper-inflação dos anos 1980 e a dívida externa gigante depõem contra certos avanços ao longo do Período Militar. Outrossim, no decurso do período militar houve significativa intervenção do Estado na economia quando se criaram muitas estatais. Figura 16. Número de empresas estatais criadas ao longo do governo militar é de 274, isso equivale a criação de 1,08 estatal por mês ou 13,04 estatais por ano. Tais números denotam forte intervenção estatal. Os militares ao assumirem o poder buscaram desenvolver mecanismos econômicos a fim de fazer o País sair da crise em que estava ao longo do governo João Goulart. Uma das mais importantes medidas foi o Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG) que perdurou entre 1964 e 1967. O plano econômico foi elaborado pelos economistas Roberto Campos e Octávio Gouveia de Bulhões, Ministros do Planejamento e Fazenda, respectivamente. Os objetivos do plano eram combater a inflação, minimizar as diferenças regionais do País e desenvolver uma série de reformas estruturais na economia que, em certa medida, seriam responsáveis pelo grande crescimento econômico nacional no período 1967-1973 que é conhecido como Milagre Brasileiro. Em essência, o plano trazia reformas em três áreas econômicas: tributária, financeira e trabalhista. Outrossim, o governo de Castelo Branco pretendia equilibrar as regiões em termos de desenvolvimento econômico. A política financeira do plano consistia em controle dos gastos públicos e em aumentar a arrecadação. O Milagre Brasileiro: 1968-1973! O crescimento econômico do País foi significativo nesse período, o Brasil cresceu em torno de 11%. No período do Milagre Econômico nossos Presidentes foram Costa e Silva (1967-1969) e Médici (1969-1974). Conforme citado o PAEG teria possibilitado nosso milagre econômico. O governo Castelo Branco conseguiu corrigir alguns problemas de nossa economia como desordem tributária e fiscal, bem como do sistema financeiro. O governo do primeiro militar reduziu a inflação e conseguiu aumento na arrecadação tributária. Além disso, foi em 1964 que se criou o Banco Central (BACEN) que reordenou o sistema financeiro nacional. A construção civil se expandiu em virtude da criação do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) que oferecia crédito imobiliário e, é nesse contexto, que se criou o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) que é uma poupança obrigatória e possibilitou que o SFH financiasse através de crédito imobiliário às pessoas. Observe o quadro abaixo e observe que a inflação cai de 87,8% em 1964 para 27,8% em 1968, ano em que se inicia o crescimento econômico significativo. A inflação cairá até a casa dos 17% em 1972 e subirá ligeiramente em 1973, ano em que se encerra nosso milagre econômico. Outro dado importante de nosso desempenho econômico no período é a dívida externa que sairá de 3,9 bilhões de dólares para 12,6 bilhões de dólares. Em outras palavras, houve forte crescimento econômico do país, mas com crescente dívida externa. O PIB nacional chegou a crescer 14% em 1973 em notória expansão industrial e econômica do país. Figura 17. Dados aproximados do desempenho econômico nacional no período PAEG e Milagre Br. Infraestrutura! Uma das grandes marcas do governo militar brasileiro é a construção de grandes obras de infraestrutura que impulsionaram a economia nacional e diversificaram nossa indústria. Os militares construíram desde portos, pontes, usinas hidroelétricas, aeroportos, rodovias até usinas nucleares. As grandes obras de infraestrutura do modelo desenvolvimentista do período recebem a alcunha, por alguns, de obras faraônicas. Apesar de algumas críticas a projetos malsucedidos como a rodovia Transamazônica, houve importantes projetos. Integrar para não entregar! Este é o slogan dos governos militares a fim de desenvolver as diversas regiões do Brasil através de projetos minerais (Carajás, Trombetas e Jari), projetos logísticos e de desenvolvimento regional. No setor dos transportes podemos destacar a Ponte Rio-Niterói que interligou a importante região metropolitana no estado do Rio de Janeiro. Antes da estrutura logística era necessário um percurso de 120 km ou optar pela balsa, ou seja, o caminho era muito mais longo e demorado, mas com a construção da ponte houve maior fluidez e economia no tempo e em recursos. Outro projeto logístico do período foi a rodovia dos Imigrantes, que é fundamental artéria entre o ABC paulista e a zona portuária de Santos. Quanto à rodovia BR-230, conhecida como Transamazônica, temos um exemplo de projeto malsucedido e não terminada. O objetivo da rodovia transversal (trajeto: leste-oeste) seria integrar as regiões Norte e Nordeste do País, pois a BR-230 – com extremos em Cabedelo (PB) e Lábrea (AM) – seria a maior rodovia brasileira e uma das maiores do mundo. Além da integração regional, o objetivo da via era atrair densidades demográficas a fim de ocupação territorial da Amazônia. Figura 18. Trecho da Transamazônica, são 4182km de extensão com muitos trechos inconcluídos e parte considerável sem pavimentação. Energia! Quanto à questão energética, os militares construíram grandes usinas hidroelétricas em diversas regiões do País. Destacam-se ao menos três grandes hidroelétricas: Binacional Itaipu, fronteiriça entre o Paraná, BR, e o Paraguai, Tucuruí, no Pará, e em Sobradinho, Bahia. É também do final do período militar a usina de Balbina, no Amazonas. A usina de Belo Monte, no rio Xingu, construída na última década no estado do Pará é um projeto dos militares e tinha o nome de Kararaô. Na questão energética ainda os militares incentivaram nossa diversificação através de projetos de biomassa. É de 1975 o Pró-Álcool em que se concederam empréstimos e subsídios fiscais para produção canavieira a fim de produção de álcool combustível (etanol) para substituir a gasolina em decorrência do Choque do Petróleo de 1973. O Programa Nacional do Álcool atendeu à demanda crescente de automóveis movidos à álcool no País na década de 1980. Ademais, na questão energética os militares levaram adiante o projeto nuclear com as usinas Angra I e Angra II. 1973! O choque do petróleo: com a oscilação no valor do barril de petróleo, nossa economia sofreu drasticamente por causa da ausência dessa fonte de energia barata, deriva daí nossa diversificação energética a exemplo do Pró- Álcool e de Itaipu. Além disso, o crédito internacional ficou mais caro e escasso e uma das soluções que os militares encontraram foi o crescimento econômico com o endividamento. Conhecido como marcha forçada! Figura 19. Dívida externa brasileira em bilhões de dólares. Vê-se que o crescimento de nossa dívida foi astronômico, sobretudo a partir do fim do milagre, pois para continuar crescendo economicamente o Brasil recorreu aos bancos internacionais. Ao longo do fim do governo Médici, o Brasil apresentará crescimento da dívida, mas a explosão de nossa dívida se deu especialmente a partir dos governos Ernesto Geisel e João Figueiredo. Década perdida: os anos 1980! Os anos 1980 são caracterizados como a década perdida no Brasil em virtude da desintegração econômica que vivemos ao longo desses anos. A crise econômica que ocorrera no Brasil desestabilizou nosso crescimento e inviabilizou nossa diversificação econômica. Os anos 1980 são marcados pelo baixo crescimento do PIB, inflação crescente e desemprego. O elevado número de desemprego resulta em emigração para países da Europa, Estados Unidos e Japão. Tal fato é novo em nossa história porque o Brasil sempre recebeu grande quantidade de migrantes das mais diversas regiões do globo terrestre no curso de nossa história, entretanto, as crises econômicas tendem a intensificar as emigrações e no Brasil dos anos 1980 não foi diferente. Além do crescente desemprego houve significativa inflação quedestruía o poder de compra da população. Em consequência da híper-inflação, os sucessivos governos levaram adiante uma série de planos econômicos que não ajustavam nossa crise econômica, nem nossa híper-inflação que se estenderia até os anos 1990. Figura 20. Inflação anual de 1980 a 2012. Escala logarítmica. Os planos econômicos: ao todo foram cinco planos econômicos, cinco ministros da fazenda, três moedas diferentes por meio de reformas monetárias sob o comando de três Presidentes da República que tentaram reajustar a economia nacional a fim de conter a inflação, gerar empregos e retomar o crescimento econômico nacional. Plano Cruzado (1986): encabeçado pelo então ministro da fazenda, Dilson Funaro, o primeiro plano econômico do governo de José Sarney (1985-1990) mudou nossa moeda de Cruzeiro para Cruzado, congelou os preços e salários por um ano, extinguiu a correção monetária, declarou moratória e suspensão do pagamento da dívida externa. Além disso, criou o mecanismo de reajuste automático dos salários. Foi um desastre, pois os congelamentos de preços resultaram em escassez de produtos nos mercados e houve consequente crise de abastardamento e a volta da inflação. Plano Bresser (1987): o segundo plano econômico do governo Sarney manteve as principais características do Plano Cruzado, no caso, não alterou a moratória e não alterou o congelamento dos preços. A novidade foi que, o novo Ministro da fazenda, Luis Carlos Bresser Pereira, modificou e aumentou as tarifas públicas e acabou com o gatilho salarial. Plano Verão (1989): no terceiro plano econômico do governo Sarney houve cortes nos zeros da moeda, três zeros deixaram de existir em nossas cédulas. A moeda deixou de ser o Cruzado para se transformar no Cruzado Novo, houve tentativa de controlar o déficit público e o governo fez privatização de estatais e a manteve a moratória e, por fim, novos congelamentos de preços. O ministro da fazenda era Maílson da Nóbrega. Plano Collor (1990): nosso quarto plano econômico se deu no governo de Fernando Collor (1990-1992). Collor herda uma economia com elevada taxa de inflação (80% ao mês). O Plano Collor é encabeçado por Zélia Cardoso, economista à frente do Ministério da Fazenda. O Plano Collor tem as seguintes características: há retorno da moeda Cruzeiro, houve confisco de 80% de depósitos bancários e aplicações. O Plano Collor contemplava amplo projeto de privatização de empresas estatais em notório aceno à perspectiva econômica do neoliberalismo que vigorará doravante na economia nacional. Há demissão de funcionários públicos com objetivo de enxugar e diminuir a máquina pública, além disso, houve fechamento de órgãos públicos e, por fim, abertura de nossa economia à competição externa. Como se pode perceber, o Plano Collor é bastante amplo. Ao longo do tempo o governo foi desgastado pela corrupção e pela exploração política de seu plano, sobretudo quanto ao confisco da poupança da população. O governo Collor chega ao fim através de um processo de impeachment, em 1992, e assume a presidência do País seu vice, Itamar Franco. É no governo de Itamar, em 1994, que teremos o Plano Real. O ex-ministro do exterior, Fernando Henrique Cardoso, é nomeado Ministro da Fazenda e encabeça o novo plano econômico. Plano de Ação Econômica: Fernando Henrique Cardoso escolhe grandes nomes da economia nacional para compor sua equipe econômica. Foram responsáveis pelo Plano Real, os economistas Gustavo Franco, Pérsio, Rubens Ricupero, Pedro Malar, Paulo Haddad e o próprio FHC. Plano Real (1994): as características do plano econômico são a mudança da moeda para o Real, houve fixação do câmbio e 1R$ passou a valer 1U$S – 1 Real é igual a 1 dólar americano –, além disso, houve aceleração no processo de privatizações. A medida provisória criou a Unidade Real de Valor e houve aumento na taxa de juros pelo Banco Central para tentar conter o processo inflacionário. Ademais, o Plano pretendeu facilitar as importações e previa o controle dos gastos públicos. Anos 1990 e 2000: a década de 1990, após a estabilização macroeconômica oriunda do Plano Real, se desenvolveu sob o neoliberalismo com maior exposição de nossos produtos domésticos à concorrência externa, redução do papel do Estado na economia como produtor de bens e serviços. A indústria no Brasil ao longo dessas décadas sofreu algumas modificações importantes diante das privatizações, estabilização econômica e abertura ao capital estrangeiro. Sob a perspectiva do neoliberalismo, que ganhou força no final da Guerra Fria, o Brasil ‘’lançou mão’’ do Programa Nacional de Desestatização no governo Collor. O programa de privatização no Brasil estava sob a influência do Consenso de Washington (EUA) cujas diretrizes foram formuladas pelos Estados Unidos, Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional. O governo Collor levou adiante um amplo processo de abertura econômica à concorrência internacional que fez importantes empresas brasileiras irem à falência, notadamente o setor automobilístico a exemplo do Gurgel, pois nossas indústrias não tinham capacidade tecnológica para concorrer com empresas estrangeiras. Figura 21. Automóvel Gurgel, modelo X15. As empresas de automóveis nacionais não resistiram à concorrência externa. Foto: Éder Diego. As privatizações começaram no governo Collor se aprofundaram ao longo dos demais governos. Um caso notório foi a privatização da Usiminas, importante siderúrgica no Vale do Aço mineiro, em 1991 que beneficiou o grupo Gerdau. Em 1993, no governo Itamar, foi privatizada a grandiosa Cia Siderúrgica Nacional (CSN) inaugurada pelo governo Vargas em 1942. Outra privatização marcante do governo Itamar foi da estatal do ramo aeronáutico criada em 1969, a EMBRAER. No curso do governo FHC houve privatizações em vários setores chave da economia nacional, desde as telecomunicações, energia e siderurgia. Ocorria nos anos 1990 um desmonte da indústria nacional estatal. No curso do governo FHC, houve privatização do Sistema Telebrás (Telerj, RJ; & Telesp, SP) e da Cia Vale do Rio Doce. Os governos estaduais privatizaram bancos como por exemplo Banerj e Banespa, Rio de Janeiro e São Paulo respectivamente. Outro setor privatizado pelo governo FHC foi o dos transportes com concessões nas rodovias federais e privatização da Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Já nos governos Lula as privatizações continuaram. Destaque-se às rodovias federais, sobretudo na região Sudeste. As BR-381 (BH-São Paulo), BR-101 (Ponte Rio-Niterói) e BR-116 trecho São Paulo-Curitiba. Desconcentração Industrial: nas últimas décadas o que se viu no Brasil foi uma tentativa de desconcentração industrial para novas regiões, além da Guerra Fiscal dos últimos anos. Historicamente houve forte concentração industrial na região Sudeste do país, sobretudo São Paulo, em virtude da infraestrutura local que foi usada para instalação do parque fabril. Em boa medida a concentração industrial no país remonta à atividade cafeicultora de São Paulo. Nos governos Vargas e J.K. a atividade industrial se concentrou no Sudeste, ainda que o governo de J.K. tenha desenvolvido políticas a fim de desenvolver outras regiões do País como a construção de Brasília e fundada a SUDENE. É no período do governo militar que teremos esforços mais robustos para desenvolver outras regiões, notadamente as regiões Amazônica e Centro-Oeste.