Prévia do material em texto
Jorge Antonio Silva Costa, Teonildes Sacramento Nunes, Ana Paula Lopes Ferreira, Maria Theresa Sopena Stradmann e Luciano Paganucci de Queiroz Jorge Antonio Silva Costa Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS Teonildes Sacramento Nunes Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS Ana Paula Lopes Ferreira Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais - SASOP Maria Theresa Sopena Stradmann Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais - SASOP Luciano Paganucci de Queiroz Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS Leguminosas Forrageiras da Caatinga: espécies importantes para as comunidades rurais do sertão da Bahia 2002PRO DOCPRO DOC Programa de Apoio à Instalação de Doutores do Estado da Bahia INSTITUIÇÕES EXECUTORAS Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS Serviços de Assessoria a Organizações Populares Rurais – SASOP COORDENAÇÃO DO PROJETO GUIAS DE BIODIVERSIDADE NO BRASIL Luciano Paganucci de Queiroz (Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS) Carlos Eduardo de Souza Leite (Serviços de Assessoria a Organizações Populares Rurais – SA- SOP) Robert Allkin (Centro Nordestino de Informações sobre Plantas – CNIP/APNE) Frans G.C. Pareyn (Associação Plantas do Nordeste – APNE) Marcelino Lima (Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa - AS-PTA) Anna Lawrence (Environmental Change Institute/University of Oxford – OXF/UK) ENTIDADES E COMUNIDADES COLABORADORAS Royal Botanic Gardens – RBG-Kew/Grã-Bretanha Grupo de Apoio e de Resistência Rural e Ambiental - GARRA /Irecê, BA Instituto de Permacultura em Terras Secas - IPETERRAS /Irecê, BA Centro de Assessoria do Assuruá - CAA /Gentio do Ouro, BA Comunidade de Lagoa Funda - Barro Alto, BA Comunidade do Jatobá - Brotas de Macaúbas, BA Comunidade da Pitomba - Campo Alegre de Lourdes, BA Escola Agrícola da Região de Irecê - Esagri/Irecê, BA I INSTITUIÇÕES FINANCIADORAS Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq Fundação de Amparo a Pesquisa da Bahia - FAPESB/PRODOC Department for International Development - DFID DFID Department forInternationalDevelopment Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais 5 Leguminosas Forrageiras da Caatinga Colaboradores Adailton Nunes dos Santos – “Nita” (Técnico/GARRA) Ananias Pereira Dias (Agricultor/Gameleira do Assuruá) Anderson Carlos Silva Rocha (UEFS) Anderson dos Santos Carneiro (UEFS) André Torres (Técnico/IPETERRAS, Irecê) Antonio Lucas Evangelista da Cruz (Agricultor/Gameleira do Assuruá) Benedito Marques da Silva (UEFS) Bruno Silva Andrade (UEFS) Cosme Correia dos Santos (UEFS) Cornélio Alves de Almeida - “Neli” (Agricultor /Gameleira do Assuruá) Débora Geane Dourado Matos (Técnica/GARRA) Eliel S. Freitas Júnior (Técnico/SASOP-REMANSO) Eudes Alves da Silva (Associação de Agricultores de Lagoa Funda/Irecê) Evaristo Gomes de Oliveira(Agricultor da Comunidade de Jatobá) Franklin Plassmann (Técnico /CAA) Geminiano Viana de Senna (Técnico/CAA) Gerda Nickel Maia (Engenheira Florestal e Pesqui sadora em Caatinga) Gilson Paulo Moreira (Agricultor da Comunidade de Jatobá) Giovanne Henrique Sátiro Xenofonte (Técnico/CAA) Isabel dos Santos Silva (Comunidade Pitomba) Jackson Vitorino de Menezes (Técnico/GARRA) João Bispo da Silva (Agricultor da Comunidade de Jatobá) João Pereira Neto (Associação de Fundo de Pasto da Pitomba) José Fernandes da Silva (Associação de Agricultores de Lagoa Funda/Irecê) Leônidas Gregorio da Silva (Comunidade Pitomba) Lindomar Sancho Paiva - “Pita” (Técnico/CAA) Luciano Rios (UEFS) Manoel Messias da Silva (Agricultor da Comunidade de Jatobá) Marilza Pereira da Silva “Índia” - (Técnica e agricultora/IPETERRAS, Irecê) Milene Maria da Silva Castro (UEFS) Moisés Prado das Neves (Técnico /SASOP-REMANSO) Nadja Rossine da Cruz (UEFS) Nilza Pereira Soares (Comunidade Pitomba) Remígio Soares dos Santos (Associação de Fundo de Pasto da Pitomba) Renato José da Silva (Associação de Agricultores de Lagoa Funda/Irecê) Silver Jonas Farfan (Técnico/SASOP-REMANSO) Valdemar Gomes da Silva (Agricultor/Gameleira do Assuruá) Projeto gráfico e editoração eletrônica Virginia Yoemi Fujiwara e Marcelo Campos Revisão gramatical Tânia Maria Nunes Nascimento Revisão de uso e manejo Professor Fernando Antonio Távora Gallindo (Empresa Pernambucana de Pesquisas Agropecuária - IPA) Fotografias Luciano Paganucci de Queiroz (UEFS): Capa; págs. 33(2,3); 57(4); 61(2,4); 65(4); 87; 89(5); 99; 103(1,3); 107(3) n Moisés Prado das Neves (SASOP): Pág. 45(1,2) n Teonildes Sacramento Nu- nes (UEFS): Págs. 23; 25; 29(2,4); 37(1,3,4); 41; 49; 51; 53; 57(1,2,3,5); 61(1,5); 65(1,2,3,5); 69(2,3); 73(3,4,5); 81(1,2,4); 85; 89(4); 93; 95(1,2,3,4); 103(2,4,5); 107(2); 3ª e 4ª capa n Vinícius Lins Lubambo (CNIP): Págs. 29(1,3,5); 33(1); 37(2); 61(3); 69(1,4,5); 73(1,2); 77; 81(3); 89(1,2,3); 107(1) Desenhos Alano Calheira Durães Fotolito e Impressão Venture Gráfica e Editora Ficha Catalográfica: Biblioteca Central Julieta Carteado Leguminosas forrageiras da caatinga: espécies importantes para as comunidades rurais do sertão da Bahia./ Jorge Antonio Silva Costa ... [et al.]. – Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana, SASOP, 2002. 112 p.: il. ISBN 1. Leguminosas – Caatinga – Bahia. I. Costa, Jorge Antonio Silva. CDU: 582.736(814.2) L529 “Leguminosas Forrageiras da Caatinga: espécies importantes para as comunidades rurais do sertão da Bahia” é um guia de campo direcionado para agricultores e técnicos que assessoram comunidades rurais, trazendo informações sobre vinte e uma espécies de legumi no -sas escolhidas por comunidades do sertão baiano, por sua importância econômica para essas comunidades. Este guia trata-se de um instrumento que traz informações e imagens que apresentam as características botânicas das plantas para auxiliar o usuário na identificação e ou confirmação destas espécies, além de con- tribuir com dados sobre fenologia, uso e manejo. Esta publicação foi resultado de um processo de construção par- ticipativa com técnicos e agricultores das comunidades de Irecê, Brotas de Macaúbas, Barro Alto e Remanso (Estado da Bahia), conduzido pelo “Projeto Guias de Campo de Biodiversidade”. Desde a indicação das espé- cies até o tipo de fonte da letra utilizada no guia, foram pontos discutidos e definidos por pessoas que representavam uma amostragem dos usuários finais do guia, admitindo-se neste trabalho o conceito sobre guia, como “material que permita ao usuário identificar e ou aprender mais sobre as espécies diferentes da flora”. O objetivo desta publicação é valorizar a biodiversidade da caatinga, estimulando o uso de espécies nativas e promovendo o uso sustentável dos recursos naturais deste bioma, através da sistematização e divulgação de informações que possam contribuir com o conhecimento de agricul- tores e técnicos que assessoram comunidades rurais, entendendo ser esta mais uma forma de promover um desenvolvimento sustentável para essas comunidades. Apresentação 7 Leguminosas Forrageiras da Caatinga Sumário Introdução 9 O Projeto Guias de Campo na Bahia Sobre o conteúdo do Guia Quadro de características das leguminosas do Guia Orientações de como usar o Guia 18 Índice dos nomes populares 21 Índice dos nomes científicos 23 Plantas com flores amarelas 25 Plantas com flores brancas 53 Plantas com flores esverdeadas 89 Plantas com flores vermelhas a roxas 95 Glossário ilustrado 111 Referências 117 9 Leguminosas Forrageiras da Caatinga Introdução O Projeto Guias de Campo na Bahia O Projeto “Guias de Campo”, cujas atividades são realizadas em comu- nidades rurais do semi-árido baiano, coordenado localmente e executado pelo SASOP e pela UEFS, faz parte de um projeto maior que visa produzir um manual metodológico para orientar pessoas a elaborar guias de campo. O manual metodológico descreverá vários métodos para elaboração deguias de plantas, opções de ilustrações desenvolvidas através de estudos de caso e dará uma série de informações úteis a autores de futuros guias. Neste texto dá-se destaque à descrição das ações do Projeto na Bahia. O Projeto “Guias de Campo” teve como objetivo principal o desen- volvimento de uma metodologia participativa para preparar e escrever um guia de plantas que seja de fácil utilização. Sua execução aconteceu de 1999 a 2002 e envolveu diversas entidades governamentais e não go- vernamentais em três países (Brasil, Bolívia e Grã-Bretanha). Este projeto tem como produtos um Manual Metodológico, e quatro Guias de Campo: dois produzidos na Bolívia, sobre plantas do Parque Noel Kempff Mercado, e dois produzidos no Brasil, sobre leguminosas da caatinga. No Brasil, o projeto foi coordenado pelo SASOP (Serviço de Assesso- ria a Organizações Populares Rurais – BA), UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana – BA), AS-PTA (Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa – PE), APNE (Associação Plantas do Nordeste – PE) e o CNIP (Centro Nordestino de Informações sobre Plantas – PE). Por que este guia foi elaborado? O objetivo principal do projeto foi concretizar experiências de como fazer guias através do método “aprender fazendo” e sistematizá-las para 10 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 11 Introdução alimentar a elaboração de um manual metodológico útil para pessoas que planejam escrever guias de biodiversidade, levando em conta as opiniões e desejos de seus públicos, garantindo que o produto final seja um instru- mento de ajuda e de fácil utilização pelo usuário. A fim de gerar uma publicação como resultado desse processo, identi- ficou-se, junto com os parceiros (entidades que assessoram o trabalho de agricultores), a necessidade de sistematizar experiências e conhecimentos gerados a respeito de plantas forrageiras utilizadas na caatinga. Optou-se, então, pelas leguminosas forrageiras, um grupo de plantas importantes para garantir a sustentabilidade das comunidades e do ambiente e, ao mesmo tempo, um assunto ainda pouco tratado e com poucas informações sistematizadas e repassadas para um público específico – técnicos que assessoram agricultores. Como este guia foi elaborado? O primeiro passo foi a definição do público-alvo do guia pelas entida- des executoras SASOP e UEFS - técnicos que trabalham diretamente com agricultores familiares. Definido o público, foram realizadas várias oficinas de trabalho e entrevistas. As primeiras oficinas tiveram a presença de vá- rias organizações não-governamentais e governamentais que trabalham com desenvolvimento rural na Bahia. Estas oficinas serviram tanto para esclarecer aos presentes o que era o projeto, como também para definir coletivamente quem seriam os parceiros de execução do projeto. Além das comunidades já trabalhadas pelo SASOP as entidades interessadas foram o GARRA, o CAA e o IPETERRAS, que atuam também em desen- volvimento rural, trabalhando diretamente com agricultores familiares do semi-árido baiano. As entrevistas foram realizadas com autores e usuários de guias já publicados. Com os autores foram feitos questionamentos no sentido de entender o motivo pelo qual o livro tinha sido escrito, qual público buscava alcançar, qual tinha sido a metodologia utilizada para elaboração do livro, quais os principais problemas que enfrentaram desde a elaboração até a publicação, a existência ou não de métodos para monitorar o impacto do livro, entre outras questões. Foram feitas perguntas aos usuários, a fim de entender o que é um guia, quais os efeitos que a utilização de um guia tem ou deveria ter, se existem poucos ou muitos guias de campo para o nordeste. Tanto nas oficinas, quanto nas entrevistas com autores e usuá- rios apresentou-se alguns guias para que as pessoas colocassem suas impressões sobre quatro elementos básicos fortemente relacionados à utilização de um guia: Sistemas de acesso – Qual a forma das pessoas acessarem as infor- mações em um guia? É através dos títulos, dos índices, folheando o guia para ver as fotos, das chaves, da ordem das espécies no guia, dos títulos correntes ou outros? Ilustrações – O que mais agrada as pessoas: fotos ou desenhos? E sobre as cores: preto e branco ou colorido? E o que acham sobre ilustrações da planta: planta inteira ou uma parte da planta? Ampliações de partes da planta? Em seu habitat ou uma amostra? Com ou sem legenda (ex- plicação do conteúdo da ilustração)? Uma só espécie na página ou várias espécies relacionadas? Com ou sem medidas (escala)? Informações textuais – Algumas questões sobre a necessidade ou não de ter uma seção que explique como utilizar o guia, linguagem do texto, tamanho das letras, títulos dos guias. Aspectos físicos – Preferências sobre tamanho do livro, qualidade do papel, capa, peso, encadernação, etc. As espécies foram escolhidas em um processo de reuniões e idas a campo com os técnicos e comunidades rurais apoiadas pelos SASOP, GARRA, CAA e IPETERRAS. Pesquisou-se junto aos agricultores e técni- cos, quais as principais leguminosas forrageiras utilizadas por eles. As plantas indicadas foram coletadas e levadas para o herbário da UEFS para serem identificadas. Com os agricultores e técnicos foram obtidas tam- bém informações sobre fenologia, manejo, usos e restrições das plantas escolhidas. 12 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 13 Introdução Paralelamente a este processo junto às comunidades, buscou-se in- formações complementares sobre as plantas selecionadas em literatura, na internet e Embrapa, bem como junto a pesquisadores que conhecem o uso e o manejo das plantas, como o professor Fernando Gallindo (IPA). À medida que o guia tomava corpo, realizaram-se testes junto aos agricultores e técnicos envolvidos no processo. Os elementos norteadores dos testes foram os mesmos pesquisados no início do processo: sistemas de acesso, ilustrações, informações textuais e aspectos físicos. A diferen- ça é que no início do processo testou-se guias já prontos. Dessa forma, estes testes foram feitos a fim de permitir correções no formato do guia, objetivando atender as necessidades do público a que se destina. Através destes testes foram escolhidos como deveriam ser as ilustrações, qual seria a melhor linguagem, qual o tamanho apropriado, quais índices deveriam conter, como deveria ser a capa, que informações deveria trazer, etc. Todo o processo foi sistematizado e fará parte do manual metodológico, assim como as experiências dos outros três guias. Bem, aqui está o guia! O próximo passo agora será a avaliação do seu impacto junto aos seus usuários. Sobre o conteúdo do Guia A caatinga A caatinga é o tipo de vegetação mais característico do semi-árido nordestino, apresentando aspectos especiais que podem ser entendidos como respostas dos organismos ao ambiente físico. A região onde ocorre a caatinga está localizada no interior do Nordeste, principalmente nas áreas de altitude mais baixa entre os planaltos e as serras. Nesta região predomina o clima semi-árido com atributos particu- lares, com um período seco prolongado, que pode se estender por vários meses, e uma estação chuvosa curta, irregular e mal distribuída ao longo dos anos. É essa irregularidade no regime das chuvas o elemento do clima que mais conseqüências acarreta para as plantas da caatinga e para as populações humanas, com os dramáticos efeitos da seca. Na caatinga predominam árvores e arbustos espinhentos e com folhagem decídua, ou seja, que perdem as folhas na estação seca. Muitas espécies apresentam folhas compostas (divididas), reduzidas ou ausentes, como nos cactos. Tanto a queda quanto a redução das folhas têm um papel importante na sobrevivência das plantas, pois diminuem a perda de água por transpiração. Há também espécies suculentas, aquelas que apresentam tecidos que armazenam água como, por exemplo, os cactos (mandacaru, xique-xique e cabeça-de-frade) e bromélias (caroá). Asplantas herbáceas (rasteiras) desaparecem na seca e reaparecem rapidamente na estação chuvosa. A queda das folhas e o desaparecimento das ervas na estação seca estabelecem um forte contraste com a estação chuvosa. O nome caatinga é originado dessa característica, pois a palavra deriva do tupi caa-tinga, que significa “mata clara”, em relação à claridade propiciada pela ausência da folhagem. Em toda esta vasta área da caatinga, a pecuária é a principal ativida- de econômica e apresenta características peculiares, decorrentes tanto de fatores históricos quanto ambientais, dentre as quais a adaptação do homem à caatinga foi de grande importância. É freqüente o uso de plantas da caatinga na alimentação animal. Muitos criadores têm lançado mão deste recurso em época de escassez de ali- mento. Há, por outro lado, pouca sistematização destas informações e sua difusão nos meios técnicos é pequena. Existe assim, grande necessidade de reunir informações sobre plantas forrageiras encontradas neste ambiente, como uma primeira etapa para o uso racional dos recursos naturais do semi-árido. Nesse sentido, as informações reunidas neste livro não têm a pretensão de esgotar o tema, mas antes, o de enriquecer as lacunas de 14 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 15 Introdução conhecimento sobre plantas da caatinga, a fim de que possam ser um dia preenchidas em benefício do homem e da mulher do campo. As leguminosas A família das leguminosas, tecnicamente denominada de Leguminosae ou Fabaceae, é o grupo de plantas mais bem representado na caatinga, onde ocorrem cerca de 264 espécies. Devido às suas características, a família apresenta grande importância ambiental e econômica. O que é uma leguminosa? Como qualquer outro grupo, as legumino- sas são definidas por um conjunto particular de características. No caso das espécies de caatinga, elas podem ser reconhecidas por apresentar os seguintes atributos: Folhas alternas, ou seja, em cada ponto do ramo há apenas uma folha; Folhas compostas, ou seja, divididas em folíolos. O número e dispo- sição dos folíolos varia e isso vai definir o tipo de folha (veja quadro na página 15); Presença de estípulas, dois pequenos apêndices parecidos com “folhi- nhas” ao lado da base da folha verdadeira. É preciso algum cuidado para observar as estípulas pois, às vezes, elas caem muito cedo; por isso, é recomendável observá-las nas folhas jovens. Em alguns casos elas ficam endurecidas e se transformam em espinhos, como no surucucu; O fruto (“vagem”) apresenta um só lóculo, ou seja, se você fizer um corte de um fruto de leguminosa (por exemplo, na vagem do feijão), você vai observar apenas um espaço (o lóculo) não dividido, onde se encontram as sementes. As flores nas leguminosas são, principalmente, de três tipos básicos e definem seus principais grupos (chamados de subfamílias): Na subfamília das mimosoídeas, onde estão a jurema e a unha-de-gato, as flores são pequenas e muito agrupadas. Este conjunto de flores é chamado de inflorescência e, como as flores são tão pequenas e agrupadas, muitos pensam que a inflorescência é a própria flor. Se a inflorescência for comprida, em forma de bastão, ela é chamada de espiga. Se for em forma de bola, é chamada de glomérulo. Na subfamília papilionoídea a flor apresenta uma pétala bem diferencia- da, que é chamada de estandarte, e as outras quatro pétalas ficam juntas em volta dos órgãos reprodutivos da flor. Assim, os órgãos reprodutivos não são visíveis. Na subfamília cesalpinioídea as flores são relativamente grandes, não são muito agrupadas (diferindo assim das mimosóideas) e não apre- sentam estandarte diferenciado, ou seja, não possuem a estrutura da flor papilionóide. Uma das principais características biológicas das leguminosas é a capacidade de fixação do nitrogênio atmosférico. O nitrogênio é um elemento essencial para a fabricação das proteínas. No entanto, a maior parte do nitrogênio está em uma forma gasosa (no ar), que não pode ser usada pelas plantas. Algumas bactérias, que vivem nas raízes de espé- cies de leguminosas, são capazes de transformar esse nitrogênio gasoso em sais que as plantas usam para fabricação de proteínas. Assim, além de produzir alimento mais rico em proteínas (por exemplo, feijão, soja e amendoim), a presença das leguminosas acaba enriquecendo o solo com sais de nitrogênio. Por isso, as leguminosas constituem um dos principais recursos natu- rais para os habitantes da zona da caatinga. O crescimento relativamente rápido e a capacidade de rebrota de muitas de suas espécies, fazem com que sejam plantas úteis para a recuperação de áreas degradadas e fontes importantes de lenha e madeira para pequenas construções. Além disso, fornecem alimento rico em proteínas para o gado, possibilitando o fornecimento de um importante complemento para os rebanhos. Uma pequena amostra dessa diversidade é apresentada neste livro. As 21 espécies nativas e usadas como forrageiras em três comunidades tradicionais na caatinga são descritas, juntamente com informações de uso e manejo. 16 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 17 Leguminosas Forrageiras da Caatinga HÁBITO FLOR FOLHA Árvore Arbusto Erva Mimosoideae Caesalpinioideae Papilionoideae Bifoliolada Trifoliolada Paripinada Imparipinada Bipinada QUADRO DE CARACTERÍSTICAS DAS LEGUMINOSAS DO GUIA Espiga Flor única Flor única FRUTO Legume Craspédio Criptolomento Folículo Legume bacáceo Moniliforme Sâmara de ala distal Orientações de como usar o Guia A intenção deste guia é permitir que técnicos que assessoram comunidades rurais e pessoas interessadas em leguminosas for- rageiras, em especial do Nordeste, possam encontrar informações sobre algumas das principais espécies nativas da caatinga, e tam- bém permitir a identificação destas plantas através das fotografias e descrições aqui existentes. Como reConheCer uma leguminosa O primeiro cuidado que o usuário deve tomar é se a planta que ele está observando é ou não uma leguminosa. Para saber isto o usuário deverá ler as informações do capítulo introdutório sobre as leguminosas e comparar partes da planta que ele está observando com o quadro de características do guia (página 11). Formas de entrada do guia O usuário pode chegar até as informações sobre as espécies das seguin- tes maneiras: Procurando a planta de acordo com a cor da flor Para isto é preciso observar na margem das páginas do guia uma tarja com a cor da flor de cada espécie. Também é possível procurar no sumário, o número da página inicial das plantas com aquela cor de flor. Índices dos nomes populares e científicos Se o usuário conhece o nome popular ou o nome científico da planta, ele pode procurar no índice dos nomes populares que está na página 15 ou no índice dos nomes científicos, na página 17. Os nomes científicos das espécies tratadas neste guia, são destacados em negrito no índice. 18 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 19 Orientações de como usar o Guia Procurando a planta pelas fotos Se o usuário conhece bem as espécies pode procurar as informações folhe- ando o guia, pois as fotos das plantas estão, no guia, sempre do lado direito do leitor. Assim, é possível encontrar todas as fotos das espécies do guia sempre do mesmo lado e comparar com a espécie que deseja encontrar. inFormações sobre as esPéCies As informações das espécies tratadas neste guia foram organizadas em itens da seguinte maneira: Características morfológicas – Neste item o usuário encontra a des- crição das espécies para que ele possa comparar com a planta que está observando. Assim, pode identificar se é a espécie do guia e usar as infor- mações seguintes. Caso o usuário que está lendo a descrição da espécie e observando a planta não esteja muito seguro se é aquela espécie ou se é outra planta parecida, pode tirar a dúvida no item de plantas parecidas com aquela espécie que ele está observando. Fenologia – Neste item estãoas informações sobre quando as espécies estão com folhas, flores e frutos. Estas informações são ilustradas na tabela da fenologia para que o usuário possa visualizar melhor. usos – Este item traz as informações que foram obtidas dos agricultores e técnicos e de outros livros sobre a utilidade de cada espécie deste guia. manejo – Este item traz as informações sobre algumas formas de manejo para com a espécie. Problemas ou restrições de uso – Este item alerta para os problemas que se pode ter caso o uso ou o manejo da espécie não seja feito da forma correta. Plantas parecidas – Este item permite ao usuário comparar a planta que ele está observando e a descrição desta espécie com as espécies que são parecidas com ela. Assim, o usuário pode aumentar a segurança na identificação da espécie. outras informações – Este item apresenta informações adicionais sobre assuntos diversos que foram encontradas sobre cada uma das espécies do guia. Fotos das espécies – Cada espécie possui um conjunto de fotografias para facilitar a sua identificação. glossário ilustrado No final do guia há um glossário que tem a função de ajudar o usuário a entender alguns termos que são usados no guia. Ao final de cada expli- cação sobre o termo, há um número referente a uma figura para que o usuário possa esclarecer as dúvidas com base no desenho. 20 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 21 Leguminosas Forrageiras da Caatinga Alecrim, 106 Alecrim-de-bandeira, 106 Aleluia, 48 Amburana, 60 Amburana-de-cheiro, 60 Amorosa, 75 Angambira, 86, 94, 96, 97 Angico, 52, 54, 55 Angico-branco, 52, 82 Angico-de-bezerro, 56, 59 Angico-gambá, 98 Angico-surucucu, 56 Arrebenta-foice, 80 Banha-de-capão, 86 Birro, 44 Cabo-verde, 48 Calumbi, 75 Calumbi-branco,80 Calumbi-de-fuso,80 Calumbi-preto, 80 Calumbi-vermelho, 75 Cambuí-angico, 52 Canafista, 28, 31, 50 Canafístula, 28, 30, 31, 50 Canafístula-de-bezerro, 28 Carqueja, 106, 108 Carvalho-branco, 60 Cassaco, 76 Cássia-do-nordeste, 28 Catanduva, 56 Catinga-de-porco, 24, 26,27 Catingueira, 24, 27 Cerejeira, 60, 62 Cerejeira-rajada, 60 Coração-de-mulato, 80 Caronha, 91 Cumaré, 60 Cumaru-das-caatingas, 60 Cumaru-de-cheiro, 60 Cumaru-do-ceará, 60 Cumbaru-das-caatingas, 60 Espinheira, 98 Espinheiro, 88 Espinheiro-branco-de-âmago- vermelho, 80 Estaladeira, 24 Estralador, 56 Farinheira, 64 Fedegoso, 38, 40, 43, 48 Fedegoso-branco, 40 Feijão-brabo, 102 Feijão-branco, 40, 102 Feijão-bravo, 102, 104 Feijão-de-nambú, 102 Feijão-de-rolinha, 32, 34, 104 Guambira, 94 Guanhambira, 94 Guanhambira-branca, 94 Guanhambira-roxa, 94 Guarambira, 94 Índice dos nomes populares das plantas tratadas neste Guia Imbiúva, 64 Imburana, 60 Imburana-de-cheiro, 60, 63 Inhambira, 94 Jacurutu, 88 Jataí, 64 Jataí-amarelo, 64 Jataí-peba, 64 Jatobá, 64, 66, 67 Jitaí, 64 Jurema, 75, 76 Jurema-branca, 68, 70, 71, 75, 76 Jurema-de-imbira, 68 Jurema-preta, 71, 72, 74, 75 Jurema-vermelha, 68 Jureminha, 68, 75 Mamangá, 48 Manduirana, 48 Mané-ventura, 24 Mata-pasto, 36, 40 Mata-pasto-cabeludo, 36 Mata-pasto-com-pêlos, 36 Mata-pasto-de-ovelha, 40 Mata-pasto-fêmea, 36 Mata-pasto-liso, 38, 40, 42, 43 Mata-pasto-macho, 40 Mata-pasto-peludo, 36, 38, 39, 43 Mata-pasto-sem-pêlos, 40 Mata-pasto-verdadeiro, 36 Mau-vizinho, 98 Monzê, 59, 84, 86 Moró, 52 Mostardinha, 102 Munzê, 84 Paca-rosa, 102 Pau-branco, 56 Pau-de-bica, 24 Pau-de-birro, 44, 47 Pau-de-fuso, 80 Pau-de-ovelha, 28 Pau-de-rato, 24 Pau-fava, 48 Quipé, 56 Rama-de-bezerro, 56 Sabão, 56 São-joão, 28, 31, 48, 50 Sete-capotes, 98 Sete-cascas, 98, 100, 101 Surucucu, 79, 88, 90, 91 Toca d’onça, 76 Umburana, 60 Unha-de-gato, 72, 76, 79, 82, 83, 91 Unha-de-gato-do-miolo-ver- melho, 79, 80, 82, 83 22 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 23 Leguminosas Forrageiras da Caatinga Acacia, 79, 82 acacia bahiensis Benth., 79, 80, 82 Acacia farnesiana (L.) Willd., 91 Acacia piauhiensis Benth., 86 albizia polycephala (Benth.) Killip, 59, 84, 86 amburana cearensis (Fr. Allem.) A.C. Smith, 60, 63 anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, 52, 55 Caesalpinia bracteosa Tul., 24, 27 Caesalpinia gardneriana Benth., 27 Caesalpinia microphylla Mart. ex Tul., 27 Caesalpinia pyramidalis Tul., 27 Calliandra aeschynomenoides Benth., 108 Calliandra depauperata Benth., 106, 108 Calliandra fernandesii Barneby, 108 Dalbergia, 47 diptychandra aurantiaca Tul., 44, 47 Hymenaea courbaril L., 67 hymenaea martiana Hayne, 64, 67 Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne, 67 Machaerium, 47 machaerium hirtum (Vell.) Stellf., 98, 101 macroptilium bracteatum (Nees & Mart.) Maréchal & Baudet, 102, 104 Macroptilium lathyroides (L.) Urban, 104 Macroptilium martii (Benth.) Maréchal & Baudet, 104 Índice dos nomes científicos das plantas tratadas neste Guia Mimosa acutistipula Benth., 71, 75 Mimosa arenosa (Willd.) Poir., 75 mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth., 68, 71, 75 mimosa tenuiflora (Willd.) Poir., 71, 72, 75 Mimosa verrucosa Benth., 75 Parapiptadenia zehntneri (Harms) M.P. Lima & H.C. Lima, 86, 94, 97 Peltogyne, 67 Piptadenia moniliformis Benth., 56, 59 Piptadenia obliqua (Pers.) Macbr., 59 Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke, 76, 79, 82, 83, 91 Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth., 79, 88, 91 Plathymenia reticulata Benth., 97 Pseudopiptadenia contorta (DC.) G.P. Lewis & M.P. Lima, 55 rhynchosia edulis Griseb., 32 Senna acuruensis (Benth.) H.S. Irwin & Barneby, 31, 50 senna macranthera (Collad.) H.S. Irwin & Barneby, 31, 48, 50 senna obtusifolia (L.) H.S. Irwin & Barneby, 38, 40 Senna occidentalis (L.) Link, 38, 43 Senna rizzini H.S. Irwin & Barneby, 31, 50 senna spectabilis (DC.) H.S. Irwin & Barneby, 28, 31, 50 senna uniflora (P. Mill.) H.S. Irwin & Barneby, 36, 43 25 Leguminosas Forrageiras da Caatinga Plantas com flores amarelas 26 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 27 Plantas com flores amarelas Catinga-de-porco Também conhecida como mané-ventura, pau-de-bica, pau-de-rato, catingueira e estaladeira. Seu nome científico é Caesalpinia bracteosa Características morfológicas Árvore que atinge de 2 a 10 metros, com copa arredondada. O tronco pode atingir até 40 cm de circunferência, tem cor clara e o “miolo” é roxo. A casca é lisa quando jovem e rugosa e fissurada (“cascarenta”) quando velha; não tem espinhos. As folhas são bipinadas com 2 a 3 pares de pinas, 4 a 5 pares de folíolos em cada pina e não possuem pêlos. A inflorescência tem a forma de cacho. As flores possuem 5 pétalas amarelas. O fruto é uma vagem ou legume de cor verde-amarelada quando jovem, e castanha a marrom com ponta fina e longa quando maduro. As sementes são achatadas e arredondadas. Fenologia A catinga-de-porco tem folhas durante todo o ano, havendo grande diminuição no período mais seco. Inicia a florada após as primeiras chuvas, geralmente no mês de novembro com outra florada em março. Durante o período das chuvas, enquanto o solo estiver úmido, a planta possui flores. Frutifica sempre durante o período das chuvas. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1. Hábito; 2. Tronco (casca); 3. Folha; 4. Flor; 5. Ramo frutificado 28 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 29 Plantas com flores amarelas Usos: A catinga-de-porco é consumida no chão, por cabras, ovelhas e bovinos. As partes consumidas são as folhas, flores e, princi- palmente, as vagens. É uma planta medicinal, utilizada para problemas intestinais. As flores são utilizadas para dores de barriga em crianças. Agricultoras do agreste da Paraíba utilizam, com sucesso, o cozimento da casca da catinga-de-porco como cicatrizante em ferimentos externos. As flores fornecem alimento para as abelhas. Os agricultores utilizam os troncos das plantas mais velhas para bica, pois estes são ocos. Manejo Quando verdes, as folhas da catinga-de-porco possuem um odor desagradável.Por isso, só são consumidas por cabras, ovelhas e bovinos, quando caem da planta e começam a secar. As folhas devem ser colhidas, secadas e guardadas pelos agri- cultores. No período seco, quando falta forragem no campo, são exce- lente fonte de forragem nutritiva para os animais. Problemas ou restrições de uso Deve-se ter o cuidado com o consumo das vagens pois, segundo os agricultores, as vagens perfuram o estômago dos animais. Plantas parecidas com a catinga-de-porco A catinga-de-porco (Caesalpinia bracteosa) pode ser con- fundida com outras espécies conhecidas como catingueira ou catinga-de-porco (Caesalpinia microphylla, Caesalpinia gardne- riana e Caesalpinia pyramidalis). Porém, todas as outras espécies possuem mais de quatro pares de pinas. 30 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 31 Plantas com flores amarelas Canafístula Também conhecida como canafista, canafístula-de-bezerro, são-joão, cássia- do-nordeste e pau-de-ovelha. Seu nome científico é senna spectabilis Características morfológicas Árvore de 4 a 5 metros de altura. A largura do tronco pode variar de 20 a 30 centímetros. O caule da canafístula é liso, sem espinhos. As folhas são pinadas (paripinadas), com 10 a 20 pares de folíolos, não possuem pêlos e não são quebradiças. As flores são amarelas. A vagem é comprida e cilíndrica. As sementes são achatadas e esverdeadas. Fenologia Em alguns lugares pode ter folhas o ano todo. Segundo de- poimento de agricultores: “é um pau que depende do lugar em que é criado, se for lugar frio tem o ano todo”. Floresce durante os meses de abril e maio. Segundo os agricultores quando a canafístula flora, o “inverno” (período de chuva no sertão) está chegando ao fim. Frutifica de maio a julho. Dependendo do lugar, pode estar totalmente sem folhas de maio a novembro. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1. Hábito; 2. Tronco; 3. Ramo florido; 4. Folha; 5. Frutos 32 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 33 Plantas com flores amarelas Usos Suas folhas, ramos, vagens, casca e sementes são consumi- das por cabras, ovelhas, bovinos, jumentos e cavalos, principal- mente na própria planta. Normalmente, o bode come a casca da planta. Na época seca, fornece como alimento folha, vagem, semente, casca e ramos. Sua madeira é usada para lenha e na fabricação de cadeiras, cangalhas e caixotes. Também tem uso medicinal, contra a indigestão. As flores são utilizadas no tratamento de infecção urinária e o sumo das folhas serve no combate a micoses (p.ex. “pano branco”). Pelo porte pequeno e a beleza de sua florada, é utilizada para arborização de ruas em muitas cidades do Brasil. Também é utilizada para plantios destinados a recomposição de áreas degradadas. Manejo A canafístula é uma planta que rebrota com relativa facilidade quando queimada ou cortada. Para a obtenção de sementes, os frutos devem ser coletados diretamente das plantas, quando iniciarem a queda espontânea, ou recolhidos no chão, após a queda. Devem ser colocados no sol para secar, facilitando a abertura e retirada das sementes. Logo que retiradas, as sementes devem ser colocadas para germinar em locais com alguma sombra. Problemas ou restrições de uso Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos qualquer restrição de uso a essa planta. Plantas parecidas com a canafístula A canafístula (Senna spectabilis) pode ser confundida com ou- tras espécies conhecidas como são-joão, canafístula ou canafista (Senna acuruensis, Senna rizzini e Senna macranthera). A canafístula (Senna spectabilis) possui entre 10 e 20 pares de folíolos e o são-joão ou canafístula (Senna macanthera e Senna rizzini) só possuem 2 pares de folíolos. O outro são-joão ou cana- fista (Senna acuruensis) possui entre 5 e 7 pares de folíolos, por isso é diferente da canafístula aqui descrita (Senna spectabilis). Outras informações A canafístula tem maior ocorrência em áreas de solos mais profundos, bem drenados e de razoável profundidade. Segundo informação dos agricultores “a canafístula não é muito comum na mata virgem, só na capoeira”. Muitos agricultores não gostam da canafístula na “roça” deles porque essa planta é hospedeira de cochonilhas; outros acre- ditam que enquanto a cochonilha está na planta não vai para a lavoura, muito embora ocorram casos em que a cochonilha ataque toda a lavoura. Vinte e sete mil e seiscentas sementes de canafístula pesam aproximadamente um quilo. 34 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 35 Plantas com flores amarelas Feijão-de-rolinha Seu nome científico é rhynchosia edulis Características morfológicas Erva prostrada (rasteira) que atinge cerca de 30 a 50 centímetros de altura. O caule é sem espinhos. As folhas são trifolioladas, com pêlos. As flores têm pétalas amarelas. O fruto é uma vagem peque- na de cor escura, quando madura, e com pêlos. As sementes são marrons ou negras, em forma de rim (reniformes). Fenologia O feijão-de-rolinha brota depois das primeiras chuvas e flo- resce cerca de dois meses depois, normalmente entre janeiro a abril e frutifica a partir de fevereiro até maio ou junho. O feijão-de-rolinha é uma planta que tem o ciclo de vida pa- recido com o do feijão. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1. Hábito; 2. Flores; 3. Frutos 36 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 37 Plantas com flores amarelas Usos Toda a planta é forrageira. O feijão-de-rolinha é consumido por cabras, ovelhas, gados, jumentos e cavalos na própria planta. Manejo Para os animais que são criados em cochos pode-se cortar a planta e dar ainda verde. Alguns agricultores colhem as sementes um pouco antes das plantas começarem a secar. Segundo eles, as sementes podem ser plantadas diretamente no chão, na época própria, que em aproximadamente oito dias a planta começa a nascer. Essa planta também é utilizada para cobrir o solo. Assim, a terra fica mais úmida e fértil nestes locais. Problemas ou restrições de uso As sementes desta espécie são consideradas, por alguns, ve- nenosas para o gado. Porém, é necessário que ocorram maiores estudos para se afirmar ou não este fato. Deve-se mencionar que, em alguns países é uma das forragens usadas cotidianamente na alimentação de bovinos, camelos e cabras. Plantas parecidas com o feijão-de-rolinha O feijão-de-rolinha possui características próprias, bem mar- cantes e, por isso, é dificilmente confundida com outras espé- cies da caatinga. Distingue-se das demais espécies com folhas trifolioladas, descritas nesse guia, pelas suas flores pequenas e amarelas. Outras informações É uma planta encontrada mais frequentemente em áreas de- gradadas, como capoeiras. 38 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 39 Plantas com flores amarelas Mata-pasto-peludo Também conhecido como mata-pasto, mata-pasto-verdadeiro, mata-pasto- cabeludo, mata-pasto-com-pêlos e mata-pasto-fêmea. Seu nome científico é senna uniflora Características morfológicas Erva ou subarbusto com cerca de 1,5 a 2 metros de altura, de crescimento ereto. O caule não apresenta espinhos e sua casca é áspera. As folhas são paripinadas com 3 a 5 pares de folíolos, com muitos pêlos e não são quebradiças. As flores possuem pétalas amarelas. As vagens são retas e pilosas, possuindo cerca de 4 a 7 centímetros de comprimento. Suas sementes são pequenas e quase quadradas. Fenologia O mata-pasto-peludo brota nas primeiras chuvas, normalmen- te no mês de novembro. Está coberto de folhas de novembro a maio. Após o terceiro mês de brotação a planta está com flor, aproximadamente em fevereiro. Os frutos aparecem um mês depois da florada, normalmente a partir de março, persistindo até maio, juntamente com algumas flores. Segundo depoimento dos agricultores, o mata-pasto-peludo segue o ciclodo feijão. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1. Hábito; 2. Flor; 3. Folha; 4. Frutos 40 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 41 Plantas com flores amarelas Usos O mata-pasto-peludo é consumido por cabras, ovelhas e cavalos, diretamente na planta ou no chão, assim que começa a dar flor. Manejo Tem capacidade de rebrota após o corte. O mata-pasto-peludo é utilizado como feno. O corte para o preparo do feno é fácil porque as plantas, além de tenras e ma- cias, crescem bem próximas umas das outras e sempre estão em grande quantidade. Para fenação, recomenda-se o corte das plantas com cerca de quatro semanas, quando se obtém elevada produção e bom valor nutritivo. Problemas ou restrições de uso Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos, alguma restrição de uso a essa planta. Plantas parecidas com o mata-pasto-peludo O mata-pasto-peludo pode ser confundido com o mata-pasto- liso (Senna obtusifolia) e o fedegoso (Senna occidentalis). O mata-pasto-peludo possui muitos pêlos e a vagem é mais curta. O mata-pasto-liso não possui pêlos por toda a planta e tem as vagens maiores. Já o fedegoso possui a folha “de ponta” e o fruto é comprido e achatado. Outras informações Segundo depoimento de agricultores essa planta é melhor que o capim em algumas regiões, porque é nativa e não necessita muitos cuidados no plantio. Para eles o mata-pasto-peludo nasce em terrenos argilosos e úmidos. A produção de sementes é elevada. 42 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 43 Plantas com flores amarelas Mata-pasto-liso Também conhecido como fedegoso, mata-pasto-sem-pêlos, mata-pasto, fedegoso-branco, mata-pasto-de-ovelha e mata-pasto-macho. Seu nome científico é senna obtusifolia Características morfológicas Erva ou subarbusto, com cerca de 1,5 a 2 metros de altura, de crescimento ereto. O caule é sem espinhos e sua casca é áspera. As folhas são paripinadas com 3 pares de folíolos, sem pêlos e não são quebradiças. As flores são em cacho, com pétalas amarelas. As vagens são compridas, finas e curvas, possuem cerca de 10 a 12 centímetros de comprimento. Suas sementes são pequenas e alongadas. Fenologia O mata-pasto-liso brota nas primeiras chuvas, normalmente no mês de novembro. Está coberto de folhas de novembro a maio. Após o terceiro mês de brotação a planta está com flor, aproximadamente em fevereiro. Os frutos aparecem um mês depois da florada, normalmente a partir de março e seguem até maio, juntamente com algumas flores. Segundo o depoimento dos agricultores, o mata-pasto-liso segue o ciclo do feijão. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 2 41. Hábito; 2. Folhas; 3. Ramo florido; 4. Frutos 44 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 45 Plantas com flores amarelas Usos O mata-pasto-liso é consumido no chão por cabras, ovelhas e cavalos, depois de ser cortada e seca. Devido ao seu sabor amargo, os animais preferem a planta quando seca ou fenada, sendo uma alternativa para seu aproveitamento. Usa-se o chá da planta jovem, (incluindo a raiz) em banhos para baixar a febre de crianças. O sumo das folhas com leite combate a tosse. Suas folhas também são utilizadas como pur- gativos. O banho de vapor da planta é usado no combate ao reuma- tismo. Manejo Como o mata-pasto-liso quando verde não é muito apreciado pelos animais, devido ao seu sabor amargo, recomenda-se fená- lo. O corte para o preparo do feno é fácil porque as plantas, além de tenras e macias, crescem bem próximas umas das outras e sempre estão em grande quantidade. Para fenação, recomenda- se o corte das plantas com cerca de quatro semanas, quando se obtém elevada produção e bom valor nutritivo. Segundo depoimento de agricultores, esta planta é melhor que o capim em algumas regiões porque é nativa e não necessita muitos cuidados no plantio. Para eles o mata-pasto-liso nasce muito facilmente em terrenos arenosos . A produção de sementes é elevada e as vagens, quando maduras, “estalam”, espalhando as sementes que germinam ao início das chuvas. Problemas ou restrições de uso Não foi identificado em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos alguma restrição de uso a esta planta. Plantas parecidas com o mata-pasto-liso O mata-pasto-liso pode ser confundido com o mata-pasto- peludo (Senna uniflora) e o fedegoso (Senna occidentalis). O mata-pasto-liso tem a folha arredondada e a vagem é comprida e “fina”, também não possui pêlos visíveis a olho nu. O mata-pasto-peludo possui pêlos por toda a planta e têm as vagens menores. Já o fedegoso possui a folha “de ponta” e o fruto é comprido e achatado. Outras informações Dentre as leguminosas, essa planta é uma das que não pos- suem as bactérias fixadoras de nitrogênio. O mata-pasto-liso é uma planta que ocorre em diferentes tipos de solos, sendo uma planta comum em pátios, áreas cultivadas, capoeiras, margem de estradas, proximidades de currais etc. Segundo os agricultores, o mata-pasto-liso é mais comum em solos arenosos e com pouca água. Em alguns lugares a planta não é utilizada como forrageira mas, em certas comunidades, os agricultores relatam que cortam a planta e deixam secar no chão para que, no dia seguinte, os animais se alimentem. Repetindo essa técnica por alguns dias, os animais aprendem a cortar sozinhos e passam a se alimentar dessa planta. 46 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 47 Plantas com flores amarelas Pau-de-birro Também conhecido como birro. Seu nome científico é diptychandra aurantiaca Características morfológicas Árvore que atinge de 3 a 8 metros de altura. O tronco geral- mente é reto, varia de 30 a 40 centímetros de circunferência e é revestido por casca grossa e fissurada que se solta. As folhas são pinadas (paripinadas), com 2 a 6 pares de folío los sem pê- los e quebradiças. As flores aparecem em cachos, com pétalas amarelas. As vagens apresentam pêlos e a cor varia de castanha a marrom. As sementes ficam contidas em um estojo fino com cor de palha. Fenologia O pau-de-birro está coberto de folhas de novembro até junho e quase sem folhas de julho a outubro, mas antes de caírem apresentam uma bela coloração vermelha. Está com flores de novembro a dezembro e com frutos em janeiro. O pau-de-birro é uma planta importante na caatinga porque tem folhas na época seca. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1. Hábito; 2. Tronco; 3. Folhas; 4. Frutos e sementes 48 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 49 Plantas com flores amarelas Usos A planta é consumida por cabras, ovelhas e bovinos. Suas fo- lhas caem no chão, mas têm muita durabilidade. Só começam a apodrecer depois que chove muito. Quando começa a chover, os animais buscam-na para comer e isso é muito importante porque é justamente no início das chuvas que a caatinga oferece poucas opções de forragem para os animais. Os agricultores utilizam esta planta como medicinal contra sangramento. A planta também é utilizada para se fazer sabão. É uma planta melífera. Ela floresce no início das chuvas, o que é importante para atrair enxames e suprir de néctar e pólen as colônias de abelhas. A madeira é ótima para uso em mourões, postes e dormen- tes. É uma árvore ornamental utilizada na arborização. Manejo Possui a capacidade de rebrotar mesmo quando é cortado e queimado. Essa característica lhe confere uma vantagem caso seja utilizado em manejo de caatinga para fins de produção de forragem. Seus frutos devem ser coletados nas plantas, no início de sua abertura. Depois estes frutos devem ficar expostos ao sol até abrir totalmente e liberar as sementes. Suas sementes per- dem o poder de germinação rapidamente, por isso devem ser colocadas para germinar logoque colhidas, em canteiros ou em recipientes individuais. Problemas ou restrições de uso Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos, alguma restrição de uso a essa planta. Plantas parecidas com o pau-de-birro O pau-de-birro (Diptychandra aurantiaca) pode ser confundi- do com outras espécies dos gêneros Dalbergia e Machaerium. Difere, entretanto, dos mesmos por não apresentar corola papi- lionóide. Outras informações Segundo depoimento dos agricultores, “quando o pau-de-birro cria água na casca sabe-se que está perto de chover”. O pau-de-birro produz, anualmente, moderada quantidade de sementes que são facilmente disseminadas pelo vento. Um quilo de sementes de pau-de-birro contém aproximada- mente mil e setecentas sementes. 50 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 51 Plantas com flores amarelas jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas São-joão Também conhecido como manduirana, pau-fava, aleluia, cabo-verde, fedegoso, mamangá. Seu nome científico é senna macranthera Características morfológicas Árvore que atinge de 2 a 3 metros de altura. O tronco não larga a casca, é liso e tem de 10 a 20 centímetros de circunferência. As folhas são paripinadas com 2 pares de folíolos, possuem pêlos e são quebradiças. As flores possuem pétalas amarelas. Apresenta muitas flores abertas por dia em cada planta. O fruto é um legume comprido de cor marrom quando maduro. Fenologia O são-joão está coberto de folhas de novembro a junho. Está com flores de dezembro a maio e frutos de fevereiro a junho. Apresenta-se sem folhas de julho a outubro. Usos As folhas e vagens do são-joão são consumidos por cabras, jumentos e bovinos, na planta e no chão. Segundo depoimento dos agricultores, percebe-se aumento de peso dos animais e na produção de leite, após o consumo da planta. O são-joão é uma planta de uso medicinal para frieira, micose e coceira. 1. Folhas; 2. Flores; 3. Ramo florido e frutificado; 4. Fruto 52 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 53 Leguminosas Forrageiras da Caatinga Manejo Sua raiz é rasa, mesmo assim, rebrota quando a planta é queimada e cortada. Seus frutos devem ser, preferencialmente, coletados nas plantas, no início de sua abertura, ou recolhidos no chão. Depois, estes frutos devem ficar expostos ao sol, para facilitar a abertura e liberação das sementes. Para uma melhor germinação, as sementes devem ser esca- rificadas mecanicamente antes da semeadura. Problemas ou restrições de uso Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos, alguma restrição de uso a essa planta. Plantas parecidas com o são-joão O são-joão (Senna macranthera) pode ser confundido com ou- tras espécies conhecidas também como são-joão, canafístula ou canafista (Senna acuruensis, Senna rizzini e Senna spectabilis). O são-joão (Senna macanthera) possui 2 pares de folíolos (4 folíolos) e as estípulas são caducas quando a planta está em flor. Já o são-joão (Senna rizzini) também possui 2 pares de folíolos, mas as estípulas são persistentes. A canafístula (Senna spectabilis) possui entre 10 e 20 pares de folíolos e o outro são- joão ou canafista (Senna acuruensis) possui entre 5 e 7 pares de folíolos. Outras informações Produz, anualmente, grande quantidade de sementes viáveis. Um quilo de sementes de são-joão contém aproximadamente vinte e sete mil e seiscentas sementes. Plantas com flores brancas 54 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 55 Plantas com flores brancas Angico Também conhecido como angico-branco, cambuí-angico e moró. Seu nome científico é anadenanthera colubrina Características morfológicas Árvore que atinge uma altura de 12 a 15 metros. Seu tronco é rugoso, apresentando “calos”, às vezes dispersos, às vezes muito próximos uns dos outros. A casca é de cor pardo-escura. A largura do seu tronco pode variar de 30 a 50 cm de circunfe- rência. As folhas são bipinadas, com 12 a 20 pares de pinas e 15 a 20 pares de folíolos por pina. As flores são bem pequenas e estão reunidas em glomérulos (“pompons”), formando panículas na parte de cima dos ramos. A cor das flores varia do branco ao creme. Os frutos são alongados, achatados, com ligeiras entradas, onde estão alojadas as sementes que são redondas e achatadas. Fenologia De novembro a abril o angico está coberto de folhas. Floresce na estação seca, antes das primeiras chuvas, entre novembro e dezembro, e os frutos aparecem entre os meses de março e novembro. De maio a outubro está, quase sempre, sem folhas. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1. Hábito; 2. Tronco; 3. Fruto; 4 e 5. Ramo florido 56 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 57 Plantas com flores brancas Usos O angico é consumido por cabras, ovelhas e bovinos. As partes consumidas são as folhas, na própria planta. Essa planta não produz alimento para os animais na época seca. Sua madeira é usada na construção civil. É excelente para dormentes e também é utilizada na construção de carroças. O angico também é utilizado nos curtumes, por causa da pre- sença de tanino em sua casca. Da sua goma (resina) podem ser feitos remédios e balas para bronquites, infecções do pulmão e vias respiratórias, servindo ainda para depurar ou “afinar” o sangue. É utilizada para suavizar dores de cabeça e enxaquecas. Também serve como cicatrizante. É utilizada como veneno para lagarta. As abelhas fazem um excelente mel da flor do angico. No interior do Brasil, o angico é utilizado para matar formigas. Após deixar a casca ou as folhas de molho em água, durante 24 horas, coar e aplicar direto no “olho” do formigueiro. Manejo O angico rebrota quando cortado. Suas folhas, quando bem secas, são uma excelente forragem para vacas, cabras e ovelhas (veja “restrições de usos”). Como produzem grande quantidade de sementes com alto percentual de germinação, é possível produzir facilmente muitas mudas. Para obter suas sementes, os frutos devem ser coletados quando iniciarem a abertura espontânea e liberação das semen- tes. As sementes retiradas das vagens devem ser postas para germinar em canteiros semi-sombreados e cobertas com leve camada de terra, molhando-se uma vez, ou, se possível, duas vezes ao dia. Quando as mudas atingirem quatro a seis centímetros, devem ser transplantadas para saquinhos individu- ais. Como crescem rápido, não devem demorar mais de um ano para irem a campo, onde atingem facilmente cinco a seis metros, em dois a três anos. Sendo de porte médio a grande, devem ser plantadas em locais com bastante espaço e recuadas pelo menos 5-10 metros das construções. Problemas ou restrições de uso Segundo informações dos agricultores, se a planta estiver murcha ao ser consumida por animais torna-se potencialmente tóxica, podendo levar a morte do animal. Plantas parecidas com o angico O angico (Anadenanthera colubrina) pode ser confundido com outra planta conhecida também como angico (Pseudopiptadenia contorta). Porém, esta última possui inflorescência em espiga e as folhas apresentam entre 10 a 15 pares de pinas com 32 a 40 pares de folíolos. Os frutos também são diferentes, pois em Pseu- dopiptadenia contorta as vagens possuem as margens retas. Outras informações O angico é encontrado em quase todo o Brasil. É uma árvore que prefere solos profundos, não gostando de solos rasos, muito úmidos ou inundados. Um quilo de sementes de angico contém aproximadamente quinze mil e seiscentas unidades. 58 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 59 Plantas com flores brancas jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas Angico-de-bezerro Também conhecido como rama-de-bezerro, sabão, quipé, catanduva, estralador, angico-surucucu e pau-branco. Seu nome científico éPiptadenia moniliformis Características morfológicas Árvore que cresce de 4 até 9 metros e tem copa arredondada. A largura do tronco da planta adulta pode variar de 20 a 30 cm. O tronco tem a casca fina e um pouco rugosa. As folhas são bipina- das com 2 a 4 pares de pinas e 9 a 13 pares de folíolos. As folhas apresentam pêlos e quebram com facilidade. A inflorescência tem a forma de espiga. As flores têm cor branco-esverdeadas quando novas, ficando amarelas ou quase marrons quando velhas. O fruto tem forma bem característica: ela apresenta um estreitamento entre as sementes, e se abre por apenas um dos lados. Sua cor é marrom e a forma é achatada. As sementes são esbranquiçadas. Fenologia O angico-de-bezerro está coberto de folhas de agosto a junho. Floresce nos meses de chuva, normalmente entre janeiro e abril. Está com frutos entre os meses de fevereiro a setembro, porém suas vagens só ficam maduras entre os meses de julho a setem- bro. Fica totalmente sem folhas em julho. 1. Hábito; 2. Tronco; 3. Folha; 4. Ramo florido; 5. Frutos 60 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 61 Plantas com flores brancas Usos Essa planta é uma boa forrageira. Ela produz uma grande quantidade de folhas e boa parte delas se mantêm verdes du- rante a época seca, exceto julho. As folhas verdes chegam a ter vinte por cento de proteína bruta. Caprinos, ovinos e bovinos consomem suas folhas e vagens. Sua madeira é usada para carvão e lenha, para fazer cadeiras, mesas e outros móveis. Também é utilizada para fazer cabo de ferramentas. É indicada para reflorestamentos. Suas flores possuem muito néctar e, por isso, o angico-de- bezerro é uma excelente planta melífera. Manejo Esta planta tem a capacidade de rebrotar na estação seca. Quan- do é feita uma poda baixa crescem muitos galhos da base da planta aumentando a quantidade de forragem verde. Nas plantas podadas as folhas permanecem mais tempo verdes durante a seca. Alguns agricultores servem as ramas do angico-de-bezerro no chão. Entretanto, outros preferem utilizar o cocho, o que evita a contaminação por verminoses e os animais aproveitam melhor as ramas. As folhas apresentam um gosto agradável para os animais. Normalmente as partes servidas no cocho são as ra- mas finas – tecnicamente chamadas de “ramos herbáceos” que podem ser facilmente consumidos junto com as folhas. Seus frutos devem ser coletados nas plantas, no início de sua abertura. Depois, estes frutos devem ficar expostos ao sol até abrir totalmente e liberar as sementes. Para uma boa germinação as sementes devem ser mergulha- das na água quente, antes da fervura, por um minuto. Logo depois devem ser plantadas em canteiros de semeadura, porque com o passar do tempo, elas perdem o poder de germinação. O melhor é plantar a semente direto em saquinhos para ficar mais fácil trans- plantar a muda para o local definitivo. O angico-de-bezerro tem um crescimento rápido. Alcança dois metros de altura aos dois anos de idade e pode ser cultivada de forma adensada. Problemas ou restrições de uso Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos, alguma restrição de uso a essa planta. Plantas parecidas com o angico-de-bezerro O angico-de-bezerro (Piptadenia moniliformis) pode ser confundido com outras espécies como a Piptadenia obliqua e o monzê (Albizia polycephala). Piptadenia obliqua, porém, possui 2 a 3 pares de pinas e 4 a 6 pares de folíolos (sendo que nas pinas mais longas apresentam 10 a 12 pares de folíolos). Além disso, os frutos são mais finos e as sementes menores (cerca de 5 a 7 mm de comprimento). Já o monzê apresenta inflorescência em glomérulo, flores com mais de 10 estames e o fruto não possui o estreitamento entre as sementes como no angico-de-bezerro. Outras informações O angico-de-bezerro é muito comum nas caatingas, mas também ocorre nos cerrados e nas matas, preferindo os solos arenosos. Suas folhas apresentam muita resistência, elas caem e só apodrecem após algumas chuvas. Um quilo de sementes de angico-de-bezerro contém aproxi- madamente vinte e seis mil sementes. 62 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 63 Plantas com flores brancas Imburana-de-cheiro Também conhecida como amburana, amburana-de-cheiro, cerejeira-rajada, cerejeira, cumaré, cumaru-das-caatingas, cumaru-de-cheiro, cumaru-do-ceará, cumbaru-das-caatingas, carvalho-branco, imburana e umburana. Seu nome científico é amburana cearensis Características morfológicas Árvore que cresce de 4 a 10 metros com tronco de circunfe- rência que varia de 40 a 80 centímetros; quando jovem mostra-se liso e quando adulto apresenta uma casca muito fina que se solta com facilidade. A copa é arrendondada e espalhada. As folhas são imparipinadas com 11 a 15 folíolos, não possuem pêlos e não são quebradiças. As flores são alvas ou de coloração amarelo- pálida, pequenas e aromáticas. O fruto é do tipo vagem, achatado e escuro, o qual contém uma semente alada. Fenologia A imburana-de-cheiro está coberta de folhas de novembro a maio. A floração inicia no período seco, normalmente entre os meses de maio e junho. Seus frutos surgem de julho a setembro. Fica totalmente sem folhas entre os meses de junho a outubro. Usos As cabras comem suas folhas e vagens, tanto na planta como no chão. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1. Hábito; 2. Tronco; 3. Folha; 4. Fruto; 5. Ramo florido 64 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 65 Plantas com flores brancas É indicada para o tratamento de gripe, bronquite e asma, podendo ser usada na forma de xarope ou pelo cozimento da casca e das sementes. Suas sementes são utilizadas para facilitar a digestão e combater enxaqueca. Suas folhas são utilizadas para a produção de sabão. É utilizada também contra cólicas, através do uso da semente in natura ou em forma de chá. Tanto a casca quanto as sementes são postas de infusão para o preparo de cachaça, dando um ótimo aperitivo segundo os agricultores. As sementes possuem odor agradável e eram usadas no passado para perfumar as roupas. Sua madeira, conhecida como cerejeira, é empregada na confecção de móveis de luxo, faqueados decorativos, balcões e na tanoaria, escultura e marcenaria em geral. A árvore é muito ornamental, principalmente pelos ramos e pelo tronco, que são lisos e de cor vinho ou marrom-avermelhado. É muito utilizada no paisagismo de várias cidades. Suas flores são bastante visitadas pelas abelhas. Manejo Sua propagação é feita através das sementes. Para se obter as sementes, os frutos devem ser colhidos diretamente das ár- vores quando iniciarem a queda espontânea e colocados para secar. É necessário que a colheita seja feita rapidamente porque seus frutos são muito apreciados pelos animais. Os frutos de- vem ser secos ao sol para facilitar a abertura e a liberação das sementes. Problemas ou restrições de uso Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos alguma restrição de uso a essa planta. Plantas parecidas com a imburana-de-cheiro A imburana-de-cheiro (Amburana cearensis) diferencia-se por possuir o tronco com casca fina, lisa e avermelhada, a qual vai se soltando continuamente. Além disso, as flores têm apenas uma pétala e a semente é alada. Outras informações Árvore nativa do Nordeste do Brasil, podendo ser encontrada, também, na floresta pluvial do vale do Rio Doce, nas matas dos estados do Sudeste e no Paraguai. Segundo informação de agricultores, a cada ano que passa di- minui a quantidade de imburana-de-cheiro. Eles temem que seja “alguma doença atacando as plantas na própria caatinga”. Um quilo de sementes de imburana-de-cheiro contém apro- ximadamente mil seiscentas e cinqüenta sementes. 66 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 67 Plantas com flores brancas Jatobá Também conhecido comojataí, jataí-amarelo, jataí-peba, jitaí, farinheira e imbiúva. Seu nome científico é hymenaea martiana Características morfológicas Árvore que cresce de 6 a 20 metros de altura. O seu tronco pode atingir até 3 metros de circunferência, não tem espinhos e sua casca é lisa, de cor marrom com estrias esbranquiçadas e não larga do tronco. As folhas são bifolioladas, brilhantes, não têm pêlos e são quebradiças. As flores são brancas. O fruto não se abre (fruto indeiscente) e tem o formato de grossas vagens, com poucas sementes, preenchidas por uma massa (“farinha”) amarelo-clara, que é comestível. Fenologia O jatobá está sempre coberto de folhas mesmo na época seca. Floresce em dezembro e frutifica entre os meses de maio e julho. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1. Hábito; 2. Tronco (casca); 3. Folha; 4. Ramo florido; 5. Fruto 68 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 69 Plantas com flores brancas Usos Sua madeira é empregada na construção civil, como ripas, caibros e vigas; para acabamentos internos como “marcos” de portas, tacos e tábuas para assoalhos; peças torneadas, esqua- drias e móveis; para confecção de artigos de esportes, cabos de ferramentas e rodas de carro de boi. A árvore é de fácil multiplicação, por isso é muito comum utilizá-la na composição em reflorestamentos e arborização de parques e jardins. Seus frutos contêm uma “farinha” comestível, que é consumida crua ou cozida no leite e na forma de geléias, licores, farinhas para pães, bolos e mingaus. O valor protéico da “farinha” de jatobá é alto, equivale ao do fubá de milho. Além de ser consumido pe- las pessoas, o fruto do jatobá também é consumido por alguns animais, como por exemplo, porco, boi, papagaio, periquito e roedores. Da resina de sua casca faz-se xarope contra bronquite. A cas- ca também é usada contra dor de estômago, contusão, fraturas, inflamações, anemias, vermes e diarréia. Além de seus usos na culinária e na saúde, conhecidos pelos indígenas há séculos, o jatobá é empregado, também, na fabri- cação de verniz, pois seu tronco contém a resina adequada para esse produto. Manejo O jatobá tem capacidade de rebrota. Há agricultores que cortam os ramos com frutos e os colocam no cocho para os animais. Para a obtenção das sementes, os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore, quando iniciarem a queda espontânea ou apanhados no chão. Nos dois casos, os frutos devem ser secos ao sol, depois devem ser quebrados para tirar as semen- tes. O excesso de “farinha” que envolve a semente deve ser retirado. As sementes de jatobá são duras, porém germinam rapida- mente, levando cerca de dezesseis dias. Devem ser semeadas em canteiros contendo substrato argiloso e cobertas com um centímetro de terra. É preferível semear em recipientes individu- ais. As mudas devem ser levadas a campo quando tiverem seis meses. Problemas ou restrições de uso Os agricultores costumam dizer que os animais podem se engasgar com seus frutos. Plantas parecidas com o jatobá O jatobá (Hymenaea martiana) pode ser confundido com outras espécies de jatobá como a Hymenaea courbaril e Hyme- naea stigonocarpa e com espécies do gênero Peltogyne. Difere das espécies do gênero Peltogyne porque estas possuem frutos deiscentes. A diferença entre Hymenaea martiana e Hymenaea courbaril é que esta última não possui pêlos nas folhas. Já Hyme- naea stigonocarpa possui os folíolos bem maiores que as outras e com muitos pêlos. Outras informações O jatobá foi, e ainda é, muito utilizado na fabricação de bar- cos na região do Rio São Francisco, devido a resistência de sua madeira. Aproximadamente duzentas e cinqüenta sementes equivalem a um quilo. 70 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 71 Plantas com flores brancas Jurema-branca Também conhecida como jurema-vermelha, jureminha e jurema-de-imbira. Seu nome científico é mimosa ophthalmocentra Características morfológicas Arvoreta ou arbusto que atinge a altura entre 3 a 6 metros (às vezes até 12 m) e tem caule rugoso com espinhos retos. As folhas são bipinadas, com 2 a 4 pares de pinas e 15 a 22 pares de folíolos por pina e são quebradiças. A inflorescência tem a forma de espiga. A flor possui cor branca a creme. O fruto é seco e quando está maduro se parte em pequenos pedaços (fruto tipo craspédio). Fenologia A jurema-branca floresce em dois períodos: em janeiro e em abril. Frutifica em fevereiro e maio. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Flores Frutos 41. Hábito; 2. Tronco (casca); 3. Folha; 4. Ramo florido; 5. Frutos 72 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 73 Plantas com flores brancas Usos Essa planta é usada como forrageira. As folhas e vagens são consumidas no chão e na planta por cabras, ovelhas e bovi- nos. A madeira da jurema-branca também é usada pelos agricul- tores como lenha e estacas. A resina é comestível, saborosa, sendo recomendada no combate à gripe. Manejo A planta rebrota quando é cortada. Os caprinos consomem a folhagem verde. Quando é rebaixada, a folhagem verde fica ao alcance dos bodes e ovelhas. Suas folhas ficam verdes por mais tempo do que as outras plantas. Esta é uma questão importante porque mostra que a jurema-branca pode ser bem utilizada para o manejo. Problemas ou restrições de uso Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos, alguma restrição de uso a essa planta. Plantas parecidas com a jurema-branca A jurema-branca (Mimosa ophthalmocentra) pode ser mais facilmente confundida com duas espécies conhecidas como jurema-preta (Mimosa tenuiflora e Mimosa acutistipula). A Mimosa tenuiflora possui entre 5 a 7 pares de pinas nas folhas e pontuações glandulares escuras nos folíolos que, por isso, ficam pegajosos. Já Mimosa acutistipula possui 4 a 6 pares de pinas nas folhas e o fruto é estipitado (com pequena haste que prende o fruto ao ramo). 74 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 75 Plantas com flores brancas Jurema-preta Também conhecida como unha-de-gato. Seu nome científico é mimosa tenuiflora Características morfológicas Arbusto ou arvoreta que varia de 4 a 7 metros de altura. O caule é reto ou levemente inclinado, com muitas ramificações e apresenta espinhos retos ou ligeiramente curvos. Os ramos verdes e as folhas são viscosos (pegajosos) por causa da pre- sença de glândulas minúsculas. A casca é marrom, rugosa e se desprende do tronco. As folhas são bipinadas, com 5 a 7 pares de pinas e 18 a 36 pares de folíolos por pina; os folíolos são bri- lhantes, sem pêlos e não são quebradiços. As flores são reunidas em inflorescências com forma de espiga; a cor varia de branca a creme. O fruto, quando está maduro, se parte em pequenos pedaços (fruto tipo craspédio). As sementes são ovóides e de cor castanha a marrom. Fenologia A planta está coberta de folhas durante todo o ano. A flora- ção ocorre de novembro a fevereiro, com frutificação de março a maio. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1. Hábito; 2. Tronco (casca); 3. Ramo florido; 4. Folhas; 5. Frutos 76 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 77 Plantas com flores brancas Usos A jurema-preta tem suas folhas e vagens consumidas na própria planta por cabras, ovelhas e bovinos. Segundo os agri- cultores, “no lugar que tem jurema-preta o animal passa a seca gordo e sadio”. Esta planta tem uma grande capacidade de produção de estacas e lenha. Seu carvão é considerado de boa qualidade. A casca serve para uso medicinal como cicatrizante e antiin- flamatório, e é empregada também para curtir couros. É uma planta melífera. As flores são ótimas fontes de pólen. Manejo A jurema-preta é considerada como uma boa opção para o semi-árido nordestino pois, além da adaptação àscondições climáticas adversas, apresenta alta capacidade de rebrota após o pastejo. Para a obtenção das sementes, seus frutos devem ser cole- tados nas plantas. Colocar as sementes para germinar, logo após a coleta, em plena luz do sol. Escarificar a semente para melhorar a germi- nação. Problemas ou restrições de uso Vários agricultores falam que o consumo excessivo de folhas de jurema-preta causa cegueira noturna nos animais. Plantas parecidas com a jurema-preta A jurema-preta (Mimosa tenuiflora) pode ser confundida com calumbi ou amorosa (Mimosa arenosa), jurema ou jureminha (Mimosa verrucosa), calumbi-vermelho ou jurema-branca (Mimo- sa ophtalmocentra) e jurema-preta (Mimosa acutistipula). De todas as espécies citadas, apenas a jurema-preta (Mi- mosa tenuiflora) e a jureminha (Mimosa verrucosa) têm os ramos e folhas novas pegajosos, o que ocorre devido a presença de minúsculas glândulas que deixam um substância viscosa nos dedos quando se manipulam essas partes das plantas. Essas glândulas são pontos escuros na face interior dos folíolos, visíveis com o auxílio de uma lupa. Para diferenciar a jurema- preta da jureminha basta observar as flores, que são brancas em Mimosa tenuiflora e rosa-choque em Mimosa verrucosa. Outras informações Há autores que descrevem a jurema-preta como a espécie lenhosa de maior freqüência na região semi-árida dos Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba. A jurema-preta é, geralmente, hospedeira de uma planta que é chamada pelos agricultores de “enxerto”, conhecida em outras regiões como erva-de-passarinho, que é consumida por pássaros e bodes. Um quilo de sementes de jurema-preta contém aproximada- mente cento e dez mil unidades. 78 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 79 Plantas com flores brancas Unha-de-gato Também conhecida como cassaco, jurema, jurema-branca e toca-d’onça. Seu nome científico é Piptadenia stipulacea Características morfológicas É um arbusto ou árvore pequena, de 2 a 4 metros de altura, com casca castanho claro. Apresenta espinhos escuros, ligeira- mente recurvados, tanto em ramos novos quanto em ramos mais velhos. As folhas são bipinadas com 6 a 11 pares de pinas e 27 a 30 pares de folíolos. As flores estão reunidas em espigas isola- das, de cor alva, na extremidade dos ramos, onde se encontram até três espigas por axila de folha. O fruto é uma vagem de cor castanho pálida, com superfície ondulada nas áreas onde ficam as sementes. Contém de 2 a 12 sementes pequenas, ovais, de cor marrom. A madeira é de cor clara. Fenologia Perde as folhas na estação seca. A floração ocorre na estação chuvosa, mas pode também ser encontrada na estação seca, se- guida pela frutificação que se estende de abril a agosto. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 431. Hábito; 2. Tronco; 3. Frutos; 4. Espiga; 5. Folha 80 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 81 Plantas com flores brancas Usos Essa planta é um alimento apreciado pelos animais, principal- mente os caprinos. Sua madeira é utilizada na marcenaria, na construção, como vara e estaca de cerca, como lenha e para a fabricação de car- vão. É uma planta apícola, fornecendo pólen e néctar para as abelhas, inclusive na estação seca. É utilizada em sistemas agrosilvopastoris, na composição de pastos arbóreos, em faixas arbóreas entre plantações, e como pasto para a apicultura. Também é utilizada em reflorestamento, na recuperação de solos (fixadora de nitrogênio). Combate a erosão e é usada para a primeira fase da recomposição florestal mista de áreas degra- dadas. Manejo Para obtenção de sementes, os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore quando iniciarem a abertura espontânea. Em seguida, deixá-los no sol para completar a abertura e libera- ção das sementes. Suas sementes devem ser semeadas logo no lugar definitivo ou plantadas através de mudas. As plantas jovens devem ser protegidas dos animais, especialmente em plantios visando a re- cuperação de áreas muito degradadas, e para melhorar o solo. Problemas ou restrições de uso Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos, alguma restrição de uso a essa planta. Plantas parecidas com a unha-de-gato A unha-de-gato (Piptadenia stipulacea) pode ser confundida com o surucucu (Piptadenia viridiflora), com a unha-de-gato-do- miolo-vermelho (Acacia bahiensis) e com outras espécies do gênero Acacia. Das espécies do gênero Acacia, unha-de-gato difere por apresentar inflorescências em espigas, enquanto que nas demais as inflorescências normalmente se apresentam em glomérulos. A unha-de-gato-do-miolo-vermelho (Acacia bahiensis), apre- senta ainda estípulas em formato de coração, diferindo assim da unha-de-gato que possui estípulas menores e sem esse formato. Já a unha-de-gato possui acúleos dispersos por todos os ramos e as estípulas são herbáceas, e o surucucu possui as es- típulas modificadas em espinhos, que estão sempre aos pares. Outras informações Ocorre na caatinga, do tipo “arbórea densa” até a “arbustiva rala”, do Piauí até a Bahia. É uma planta pioneira que facilmente ocupa capoeiras e margens de estradas, sendo tolerante a elevados níveis de per- turbação da vegetação. 82 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 83 Plantas com flores brancas Unha-de-gato-do-miolo-vermelho Também conhecida como calumbi-branco, calumbi-preto, calumbi-de-fuso, pau-de-fuso, coração-de-mulato, espinheiro-branco-de-âmago-vermelho e arrebenta-foice. Seu nome científico é acacia bahiensis Características morfológicas Árvore que cresce de 3 a 5 metros de altura. O tronco é coberto de espinhos que soltam-se facilmente do tronco, com casca cinza-clara, lisa e com listas escuras, longitudinais, que acompanham os espinhos retos, quase pretos. Os ramos também apresentam esses espinhos. As folhas são bipinadas, com 3 a 5 pares de pinas e 7 a 12 pares de folíolos por pina; não têm pêlos visíveis a olho nu. As flores são reunidas em glomérulos, de cor branco-amarelada quando jovens e creme quando velhas. Os frutos são vagens de cor castanha a marrom, sem pêlos. Cada fruto tem em torno de 7 sementes ovóides a arredondadas e achatadas, de cor castanha a negra. Fenologia A unha-de-gato-do-miolo-vermelho tem folhas durante todo o ano. Está com flor durante a época seca, que normalmente vai de março a outubro. Quando chove, geralmente a planta perde a florada. Frutifica durante todo o ano. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1. Hábito; 2. Ramo florido; 3. Frutos; 4.Tronco 84 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 85 Plantas com flores brancas Usos É consumida por cabras e ovelhas no chão, e por bovinos, jumentos e cavalos na planta. Em geral, jumentos e cavalos quando não alcançam as folhas, mordem e puxam a casca para comer. Sua madeira é resistente, utilizada com bons resultados, para estacas de cerca. Suas flores são perfumadas e muito visitadas por abelhas (melífera). Manejo Essa planta rebrota quando é cortada e seu crescimento, após a rebrota, é rápido. É uma planta interessante para manejo no sertão porque pro- duz alimento (folha, flor, vagem e sementes) na época seca. Produz grande quantidade de sementes e com alto percentual de germinação, o que facilita a obtenção de mudas. Problemas ou restrições de uso Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos, alguma restrição de uso a essa planta. Plantas parecidas com a unha-de-gato-do-miolo-vermelho A unha-de-gato-do-miolo-vermelho (Acacia bahiensis) pode ser confundida com unha-de-gato ou angico-branco (Piptadenia stipulacea) e outras espécies do gênero Acacia. Esta espécie se diferencia das outras espécies de Acacia por possuir estípulas grandes, em forma de coração, bem visíveis, principalmentenos ramos mais novos, enquanto nas outras as es- típulas são pequenas, pouco visíveis ou que caem facilmente. A diferença marcante da unha-de-gato (Piptadenia stipulacea) é que esta possui a inflorescência em espiga, enquanto a unha-de- gato-do-miolo-vermelho possui a inflorescência em glomérulo. Outras informações A casca da unha-de-gato-do-miolo-vermelho larga facilmente quando o animal puxa. No tronco, os espinhos ficam mais esparsados à medida que a planta fica mais velha. Já nos ramos, pode-se observar os espinhos mais próximos uns dos outros, o que os agricultores chamam de “cacho de espinhos”. Segundo os agricultores, a madeira não é muito resistente, por isso os grampos têm que ser colocados invertidos (trocados), caso contrário, a madeira quebra (abre). 86 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 87 Plantas com flores brancas Monzê Também conhecida como munzê. Seu nome científico é albizia polycephala Características morfológicas Árvore sem espinhos, quando adulta atinge uma altura que varia entre 4 a 6 metros, mas podendo alcançar até 20 metros. O tronco é liso, mas a casca cai naturalmente depois de velha, com circunferência que pode atingir até 1 metro. A copa é esgalhada. As folhas são bipinadas, com 6 a 7 pares de pinas e 7 a 19 pares de folíolos por pina. As flores estão reunidas em glomérulos de cor branca. A vagem não possui pêlos. As sementes são arre- dondadas, de cor castanha a marrom. Fenologia O monzê floresce aproximadamente um mês após as primei- ras chuvas, normalmente em janeiro ou fevereiro. A florada tem curta duração (é bastante rápida). Esta espécie está com frutos nos meses de março a abril e totalmente sem folhas nos meses de julho a outubro. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1. Hábito; 2. Folha; 3. Fruto; 4. Ramo florido 88 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 89 Leguminosas Forrageiras da Caatinga Usos O monzê tem suas folhas e vagens consumidas por cabras, ovelhas, bovinos, jumentos e cavalos, sendo que os bovinos normalmente comem as folhas e vagens quando estão verdes e na própria planta. As folhas secas dessa planta são utilizadas como enchimento de sela. Põe-se para secá-las ao sol e depois retira-se as folhinhas para encher a sela. Manejo O monzê rebrota quando cortado e também quando quei- mado. Problemas ou restrições de uso Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos qualquer restrição de uso a esta planta. Plantas parecidas com o monzê O monzê (Albizia polycephala) pode ser confundida com a angambira (Parapiptadenia zehntneri) e com a banha-de-capão (Acacia piauhiensis). O monzê possui a inflorescência em glomérulo (globosa) e de cor branca. Já a angambira e a banha-de-capão possuem inflorescência em espiga. Plantas com flores esverdeadas 90 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 91 Plantas com flores esverdeadas jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas Surucucu Também conhecido como jacurutu e espinheiro. Seu nome científico é Piptadenia viridiflora Características morfológicas Árvore copada. Atinge de 4 a 8 metros, podendo chegar até 15-20 metros de altura. Tem a copa alongada e esgalhada. O tronco tem uma circunferência que pode variar de 40 a 60 centímetros, podendo às vezes chegar até 2 metros. Sua casca é rugosa e fissurada, larga do tronco e tem cor cinza-clara ou escura. Os ramos possuem espinhos que ocorrem sempre aos pares, na base das folhas. As folhas são bipinadas, com 8 a 13 pares de pinas e 23 a 34 pares de folíolos, não possuem pêlos, nem são quebradiças. As inflorescências aparecem em espigas axilares, cilíndricas, geralmente solitárias, de 6 a 8 centímetros de comprimento, com flores esverdeadas ou amareladas. A va- gem se abre antes de cair da planta, é achatada e reta, de cor castanha a marrom. As sementes são arredondadas, pequenas, achatadas e pretas. Fenologia Na seca, o surucucu encontra-se com frutos. Ele nunca está sem folhas, segundo depoimento dos agricultores: “se tiver um espinheiro pelado é porque tá morto ou morrendo”. A floração 2 1. Hábito; 2. Frutos; 3. Tronco (casca); 4. Ramo com espinhos; 5. Espigas 92 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 93 Plantas com flores esverdeadas ocorre normalmente, de abril a maio, e os frutos aparecem, ge- ralmente, durante o mês de agosto. Em algumas regiões essa espécie possui flor de setembro a outubro e tem frutos o ano inteiro, mesmo que estes estejam velhos. Usos Suas folhas e vagens são consumidas por cabras, ovelhas e bovinos na planta. Os agricultores preferem dar aos animais essa planta ainda verde, pois, após o murchamento, a planta se torna tóxica. Tem uso veterinário caseiro, sendo a garrafada recomendada para animais com catarro. A madeira é utilizada para fazer carvão e lenha, e as cinzas servem para sabão. É utilizada também como antiinflamatório. As flores são apreciadas pelas abelhas. Manejo O surucucu rebrota quando é cortado e às vezes quando é queimado. Seus frutos devem ser coletados nas plantas, no início da abertura ou logo que caírem. Depois os frutos devem ficar expos- tos ao sol até abrirem totalmente e liberarem as sementes. Logo depois as sementes devem ser plantadas em canteiros de semeadura, isso porque, com o passar do tempo, elas perdem o poder de germinação. O melhor é plantar as sementes direto nos saquinhos, para ficar mais fácil o plantio no local definitivo. O desenvolvimento das plantas no campo é considerado muito rápido. Problemas ou restrições de uso A planta é tóxica quando murcha. O espinho é difícil de sair quando entra em uma pessoa e, por isso, pode causar inflama- ção. Plantas parecidas com o surucucu O surucucu (Piptadenia viridiflora) pode ser confundida com a unha-de-gato (Piptadenia stipulacea) e a coronha (Acacia far- nesiana). Piptadenia viridiflora é facilmente distinguível da unha- de-gato (Piptadenia stipulacea) porque esta apresenta acúleos distribuídos por todo o ramo e estípulas herbáceas, diferenciando- se assim do surucucu. A coronha (Acacia farnesiana) também possui espinhos aos pares, como o surucucu (Piptadenia viridiflora), mas tem flores amarelas e agrupadas em glomérulo e fruto cilíndrico e indeis- cente, o que a diferencia do surucucu que tem flores esverdeadas e em espigas e frutos compressos e deiscentes. Outras informações O surucucu é comum nas caatingas e no Pantanal Mato- grossense. A planta é chamada de surucucu, nome de uma cobra, por causa da forma de seus espinhos. Um quilo de sementes de surucucu contém aproximadamente trinta e uma mil sementes. 95 Leguminosas Forrageiras da Caatinga Plantas com flores vermelhas a roxas 96 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 97 Plantas com flores vermelhas a roxas Angambira Também conhecida como guanhambira, guanhambira-branca, guanhambira- roxa, guambira, guarambira e inhambira. Seu nome científico é Parapiptadenia zehntneri Características morfológicas Árvore ou arvoreta que atinge uma altura que varia entre 4,5 a 6 metros (podendo atingir até cerca de 20 m). Apresenta o tronco reto, com circunferência que pode variar de 40 cm a 1 metro. A casca é rugosa depois de velha e cai naturalmente. A copa é esgalhada. As folhas são bipinadas, com 3 a 4 pares de pinas e 5 a 9 pares de folíolos por pina. As flores estão reunidas em espigas e possuem cor vinácea. O fruto é um legume sem pêlos. As sementes são suborbiculares, mas adaptadas para serem carregadas pelo vento. Fenologia A angambira possui folhas no período das chuvas, geralmente de novembro a abril. Fica totalmente sem folhas na seca, que normalmente é nos meses de junho, julho e agosto, nos locais onde ocorre de forma espontânea. Floresce nos meses de no- vembro a dezembro e frutificadepois deste período. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 541. Hábito; 2. Tronco; 3. Folha; 4. Frutos; 5. Sementes 98 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 99 Plantas com flores vermelhas a roxas Usos A angambira tem suas folhas e vagens consumidas por cabras, ovelhas e bovinos. A vagem é consumida principalmente seca e no chão. Sua madeira é própria para marcenaria e acabamentos inter- nos em construção civil. É uma árvore bastante ornamental e empregada em paisagis- mo. É uma planta pioneira e muito resistente, por isso sua presença é recomendável nos plantios mistos de áreas degradadas. É também uma planta melífera. Manejo A angambira rebrota ao ser cortada. Porém, se for queimada, não rebrota. Seus frutos devem ser coletados diretamente nas plantas, bem no início de sua abertura. Depois, os frutos devem ficar expostos ao sol até abrir totalmente e liberar as sementes. Não há necessidade de remover a película que envolve as sementes. Para uma boa germinação, colocar as sementes para germinar logo que colhidas e sem nenhum tipo de tratamento. O desen- volvimento das mudas é lento, cerca de 8 a 10 meses. Problemas ou restrições de uso Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos, qualquer restrição de uso a essa planta. Plantas parecidas com a angambira A angambira (Parapiptadenia zehntneri) pode ser confundida com a espécie Plathymenia reticulata. Porém, esta última apre- senta inflorescência de cor alvo-esverdeada e o número de pares de pinas nas folhas é maior (5 a 12 pares), com cerca de 7 a 20 pares de folíolos por pina. Outras informações A angambira não é muito apreciada pelos bodes e cabras. Porém é bastante consumida na época seca. Um quilo de sementes de angambira contém aproximadamen- te trinta e três mil e duzentas sementes. 100 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 101 Plantas com flores vermelhas a roxas Sete-cascas Também conhecido como espinheira, sete-capotes, angico-gambá e mau- vizinho. Seu nome científico é machaerium hirtum Características morfológicas Árvore que cresce até 7 metros de altura. A circunferência do tronco pode variar de 20 a 30 centímetros. A casca é rugosa e solta do tronco. Apresenta espinhos eretos localizados na base da folha. A copa é arredondada. As folhas são pinadas (imparipi- nadas), com 31 a 45 folíolos. As flores são reunidas em cachos, com corola papilionóide e pétalas roxas. Os frutos são do tipo sâmara com pêlos. Fenologia A planta está coberta de folhas de novembro a julho. Floresce logo após as primeiras chuvas, normalmente em novembro, cerca de 5 a 10 dias depois das chuvas. Está com frutos geralmente cerca de 15 a 20 dias após as primeiras chuvas. Está totalmente sem folhas de agosto a outubro, ou um pouco antes das primei- ras chuvas. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1. Hábito; 2. Flores; 3. Frutos; 4. Ramo florido 102 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 103 Plantas com flores vermelhas a roxas Usos As folhas, vagens e flores da sete-cascas são consumidas na planta por cabras, ovelhas, bovinos, jumentos e cavalos. A casca é consumida por jumentos e cavalos. Essa planta também é usada como lenha e madeira. Sua ma- deira é utilizada na construção civil e para confecção de caixotaria e objetos leves. A casca é utilizada para cobrir casas. Por ser uma árvore bonita devido as suas flores, é bastante utilizada no paisagismo em algumas cidades. Sete-cascas é uma planta pioneira e muito resistente, por isso é usada nos plantios mistos de áreas degradadas. Manejo A planta rebrota quando é cortada. Seus frutos devem ser coletados nas plantas no início da queda espontânea. Os frutos, assim obtidos, podem ser direta- mente utilizados para a semeadura como se fossem sementes, uma vez que a abertura e retirada das sementes é praticamente impossível. Problemas ou restrições de uso Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos, alguma restrição de uso a essa planta. Plantas parecidas com a sete-cascas A sete-cascas (Machaerium hirtum) é bem distinta de outras leguminosas do guia por apresentar corola papilionácea de cor roxa e fruto sâmara. Os ramos têm espinhos em forma de bico de pato, sempre aos pares. Outras informações Um quilo de sementes de sete-cascas contém aproximada- mente mil e novecentas sementes. 104 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 105 Plantas com flores vermelhas a roxas Feijão-bravo Também conhecido como feijão-brabo, feijão-de-nambu, feijão-branco, paca- rosa e mostardinha. Seu nome científico é macroptilium bracteatum Características morfológicas Erva de 30 centímetros a 2 metros de comprimento. O caule não possui espinhos. As folhas são trifolioladas, não possuem pêlos e não são quebradiças. A haste (pedúnculo) que sustenta as flores possui brácteas que estão cerca de 1 cm acima da base. As flores são cor-de-vinho e escuras. Seu fruto é um legume, com pêlos esbranquiçados. As sementes são reniformes. Fenologia O feijão-bravo brota após as primeiras chuvas, normalmente em novembro. Está coberto de folhas de dezembro a junho. A partir de 30 dias após as primeiras chuvas, começa a florescer, geralmente de março a abril. Está com frutos de abril a maio. Está totalmente sem folhas de julho a novembro. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1. Hábito; 2. Ramo florido 106 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 107 Plantas com flores vermelhas a roxas Usos A planta é consumida por cabras, ovelhas, bovinos, jumentos e cavalos. As partes consumidas são folhas, ramos, flores, vagens e sementes. São consumidas diretamente na própria planta. É utilizada para fenação e como adubo verde. Também é uma planta melífera. Manejo Rebrota quando queimada ou cortada. Para fenação, recomen- da-se o corte das plantas com cerca de quatro semanas quando se obtém elevada produção e bom valor nutritivo. Problemas ou restrições de uso Segundo depoimento dos agricultores, “não se pode andar a cavalo depois deste animal ter consumido muito feijão-bravo, pois o animal fica “afrontado”, como se estivesse com asma”. Plantas parecidas com o feijão-bravo O feijão-bravo (Macroptilium bracteatum) pode ser confundido com outras plantas conhecidas como feijão-bravo ou feijão-de- rolinha (Macroptilium lathyroides e Macroptilium martii). Porém, estas últimas não possuem o anel de brácteas perto da base da haste (pedúnculo) que sustenta as flores. Outras informações Apresenta bom desenvolvimento vegetativo, livre de doenças ou pragas. 3. Flor; 4. Frutos; 5. Folhas 108 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 109 Plantas com flores vermelhas a roxas Carqueja Também conhecida como alecrim e alecrim-de-bandeira. Seu nome científico é Calliandra depauperata Características morfológicas Arbusto que cresce de 50 centímetros a 1 metro. Seu tronco é muito ramificado, sem espinhos. As folhas são bipinadas, com 1 a 2 pares de pinas e 8 a 10 pares de folíolos por pina. As flores estão reunidas em inflorescências com forma de pincel e são avermelhadas. Os frutos são legumes que se abrem de cima para baixo, são achatados, variando de 3 a 7 centímetros e têm cor marrom, com pêlos. As sementes são comprimidas. Fenologia A planta está coberta de folhas de novembro a junho. Está florida em janeiro, com frutos de fevereiro a março e totalmente sem folhas de julho a outubro. jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Folhas Flores Frutos Sem folhas 1 1. Hábito; 2. Flor; 3. Fruto 110 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 111 Leguminosas Forrageiras da Caatinga Usos As folhas e ramos da carqueja são excelente forragem para bovinos, caprinos e ovinos.Manejo Sua melhor forma de propagação é por sementes, mas esta é bastante prejudicada pelo ataque de insetos (gorgulhos). Problemas ou restrições de uso Não foi identificada em literatura, nem junto aos agricultores e técnicos, alguma restrição de uso a essa planta. Plantas parecidas com a carqueja A carqueja (Calliandra depauperata) pode ser confundida com outras espécies como a Calliandra aeschynomenoides e a Calliandra fernandesii, mas elas são diferentes porque possuem mais de 4 pares de pinas, enquanto a carqueja possui folhas com apenas 1 a 2 pares de pinas. Outras informações As plantas de carqueja são mais facilmente encontradas nas áreas com solos pobres, ácidos e arenosos. Glossário ilustrado Ala: É o mesmo que asa. Quando se encontra numa planta uma porção que parece asas, se diz que são alas. (Fig. 1) Alado: Provido de alas, isto é, de expan- sões em forma de asas. É dito, por exemplo, de frutos providos de asas (como as sâmaras). (Fig. 1) Arbusto: Vegetal lenhoso, ramificado desde a base e, em conseqüência desprovido total ou quase totalmente de um tronco. (Fig. 2) Árvore: Vegetal lenhoso, de grande porte, provido de um tronco que se ramifica na parte superior formando uma copa. (Fig. 3) Bifoliolada: É quando a folha possui dois folíolos. (Fig. 4) Bipinada: É quando a folha é duas vezes pinada. (Fig. 5) Brácteas: É uma pequena folha modi- ficada que se encontra na base de uma flor Cacho: É o tipo de inflorescência formada por um conjunto de várias flores pedi- celadas (com pedicelo). Caduca: Significa: “que cai”. Características morfológicas: São os aspectos que distinguem visivelmen- te as espécies umas das outras, tais como a forma, a cor, o tamanho das flores, folhas, frutos etc. Figura 1 Figura 3 2 cm Figura 4 2 cm Folíolo AlA Figura 2 112 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 113 Glossário Ilustrado PÉTAlA PEDICElo 1 cm Figura 6 2 cm 2 cm Figura 7 Figura 8 Casca: É formada pelos tecidos que estão por fora, revestindo as plantas no caule, nos galhos e na raiz, e que geralmente é lenhosa. Caule: Haste das plantas. É a parte inter- mediária entre as raízes e as folhas. Corola: Parte da flor que está por dentro do cálice. É geralmente a parte mais vistosa da flor, de cor variada e é cons- tituída pelas pétalas. (Fig. 6) Craspédio: Fruto seco, que se parte em pequenos pedaços. Após a queda destes, fica presa ao pedicelo uma armação formada pela sutura e pela nervura. (Fig. 7) Deiscente: Que se abre; aplica-se, por exemplo a frutos. (Fig. 12) Erva: Planta, em geral, de pequeno porte cujo caule contém muito pouco tecido lenhoso. (Fig. 8) Escarificação: É a forma que o homem utiliza para quebrar ou remover a casca das sementes sem lhes causar danos, a fim de que elas possam germinar. Espiga: Tipo de inflorescência em que as flores são sésseis (ou seja sem pedicelo) e inseridas ao longo de um eixo, muito próximas uma das outras. (Fig. 9) Espinhos: Elemento pontiagudo resultan- te da modificação de um ramo, uma folha ou uma estípula. (Fig. 10) PInA 2 cm Figura 5 Estípula: É uma formação parecida com pequenas folhas que se encontra na base dos pecíolos das plantas; em geral há duas em cada folha, mas elas podem estar unidas, formando uma só peça. (Fig. 11) Fenologia: São as fases do ciclo de vida das plantas, ou seja, é quando podemos observar se elas estão com flores, com frutos ou apenas com folhas, etc. Folíolo: Cada uma das partes laminares de uma folha composta.(Fig. 13) Forrageira: Diz-se das plantas utilizadas na alimentação animal. Fruto: É o ovário desenvolvido e amadu- recido das plantas após a fecundação. (Fig. 12) Garrafada: Tipo de preparado de ervas usado na medicina popular. Globoso: Esférico; com forma redonda ou de globo. Glomérulo: Inflorescência globosa, com as flores muito próximas uma das outras. (Fig. 11) Hospedeira: É a planta que susten- ta outra planta parasita ou semi- parasita. Imparipinada: É a folha pinada cuja raque termina por um folíolo. (Fig. 13) ESPInHo ESPInHo Figura 10 2 cm GloMÉRUlo ESTíPUlA Figura 11 Figura 9 2 cm ESPIGA 114 Leguminosas Forrageiras da Caatinga 115 Glossário Ilustrado Indeiscente: Que não se abre; aplica-se por exemplo a frutos. Inflorescência: Nome dado a um grupo de flores; qualquer sistema de ramificação terminado em flores. (Figs. 9 e 11) Legume: É o mesmo que popularmente é chamado de vagem. Fruto seco, geralmente deiscente, com número variável de sementes. (Fig. 12) Melífera: É a planta que fornece alimen- tos para as abelhas transformarem em mel. Estes alimentos são, em geral, pólen e néctar. Néctar: É uma substância líquida e açucarada encontrada nas flores que são visitadas por abelhas e/ou outros organismos. Paripinada: É a fo lha composta (pinada) que termina em um folíolo. (Fig. 14) Pecíolo: Haste que sustenta as folhas. Pedicelo: Haste que segura a flor. (Fig. 6) Pedúnculo: Haste que sustenta as flores ou inflorescências. Pêlos: Formação epidérmica encontrada na superfície das plantas. (Fig. 15) Pétalas: É cada uma das partes de uma corola. É geralmente a parte mais colorida da flor (amarela, branca, rosa etc.). (Fig. 6) 2 cm Folíolo Figura 14 Figura 15 1m m 2 cm Figura13 2 cm Figura12 Folíolo RAqUE Piloso: Provido de pêlos. (Fig. 15) Pinado: Diz-se da folha composta cujos folíolos estão presos em uma raque. (Fig. 14) Pina: Cada unidade de uma folha bipinada que contém os folíolos. (Fig. 5) Reflorestamento: É o replantio em uma área, especialmente com árvores e arbustos. Reniforme: Em forma de rim. (Fig. 16) Rugosa: Que possui a casca irregular, não lisa. Sâmara: Fruto simples, seco, indeis- cente, provido de uma ou mais alas. (Fig. 1) Subarbusto: Diz-se do vegetal que ocupa o meio-termo entre arbusto e erva, possuindo caule lenhoso apenas na base. Trifoliolada: Diz-se das folhas que são formadas por três folíolos. (Fig. 17) Vagem: O mesmo que legume. Denomi- nação genérica para fruto seco, que geralmente se abre, contendo várias sementes, comum nas leguminosas. (Fig. 12) 2 cm Figura 17 Figura 16 5 m m 117 Leguminosas Forrageiras da Caatinga Referências AGRA, M. de F. Plantas da medic- ina popular dos Cariris Velhos, Paraíba – Brasil: espécies mais comuns. João Pessoa: Editora União. 1996. ANDRADE-LIMA, D. de. Plantas das Caatingas. Rio de Janeiro: Aca- demia Brasileira de Ciências. 1989. ANDRADE-LIMA, D. de. “A vege tação”. In: IBGE. Atlas Nacional do Brasil. Rio de Janeiro, 1996. ARAÚJO FILHO, J. A.; CARVALHO, F. C. de. Desenvolvimento Susten- tado da Caatinga. Circular Téc nica. Nº 13 Sobral: EMBRAPA, 1997. BARROSO, G.M. et al. Sistemática de Angiospermas do Brasil. Vol. 2. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, Impr. Univ., 1991. V. 2, 377p. BRAGA, R. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará. 3. ed. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará. 1976, 395 p. CARVALHO, P. E. Espécies Florestais Brasileiras: recomendações silvi- culturais, potencialidades e uso da madeira. Brasília, DF: EMBRAPA, CNPF/SPI, 1994. CORRÊA, M.P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das cultivadas. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1926-1975. v.1-6. FERRI, M.G.; MENEZES, N.L. de; MONTEIRO, W.R. Glossário Ilus- trado de Botânica. São Paulo: Nobel, 1981. 197p. FONT QUER, P. Diccionario de Botâni- ca. Barcelona: Labor. 1993. Tomos 1 e 2, 1244p. Caatinga. INFORME AGROPE CUÁRIO, Belo Horizonte, v. 17, n. 181, p. 62- 69, 1994. LEWIS, G.P. Legumes of Bahia. Kew: Royal Botanic Gardens, 1987. 369p. LIMA, J.L.S. Plantas Forrageiras das Caatingas: usos e potencialidades. Petrolina: EMBRAPA-CPATSA, 1996. p.20 LORENZI, H. Árvores brasileiras - Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Bra- sil. 3ª ed. São Paulo: Nova Odessa: Instituto Plantarum. 2000. v. 1-2. NASCIMENTO, M. do P.S.C.B. et al. Forrageiras da bacia do Parnaíba: usose composição química. Tere- sina: EMBRAPA-CPAMN/ Recife: Associação Plantas do Nordeste. 1996, 86p. (EMBRAPA-CPAMN. Documentos, 19). PINTO, G.C.P.; BAUTISTA, H.P. & FER- REIRA, J.D.A. 1985. Con tribuição ao conhecimento dos nomes vul- gares das plantas das Caatingas Nordestinas. In. Anais do XXXVI Congresso Nacional de Botânica, Sociedade Botânica do Brasil, 1985, 1, p. 493-518. POLHILL, R.M.; RAVEN, P.H. (eds.). Advances in Legume Systematics, Part 1, Royal Botanic Gardens Kew. 1981, 961p. 118 Leguminosas Forrageiras da Caatinga SITES http://www.esam.br/zoobotanico/vegetais/imburana.htm http://carpa.ciagri.usp.br/planmedi/planger.htm http://www.unb.br/iq/labpesq/lateq/projetos_concluidos_itto_guia_de_plantas_medicinais. htm http://jangadabrasil.com.br/setembro/al10900a.htm http://www.madeirasdobrasil.eng.br/especies/cerejeira.html http://www.sne.org.br/congresso/resumos/biodiversidade/194.htm http://www.arvorit.com.br/madeiras_nomes.html http://car.ciinet.com.br/arvore_nat_list.htm http://www.polmil.sp.gov.br/unidades/cpfm/plantas/angico.htm http://www.ipef.br/especies/ http://www.arvorit.com.br/canafistula.html http://www.iac.br/~braganti/volume/5801/580108.htm http://www.trip.com.br/jardimbotanico/calend.htm http://www.iac.br/~braganti/index.htm http://www.agridata.mg.gov.br/forragei.htm http://www.capritec.com.br/art15.htm http://www.umbuzeiro.cnip.org.br/db/pnerev/index.html QUEIROZ, L.P. de (Coord.). Legu- minosas de Caatinga: espécies com potencial forrageiro. Feira de Santana: UEFS. Relatório Final, 1998, 145p. QUEIROZ, L. P. de. Distribuição das Espécies de Leguminosae na Caatinga. In. Sampaio, E.V.S.B. et al. Vegetação e Flora da Caatinga. Recife: Associação Plantas do Nor- deste – APNE; Centro Nordestino de Informações sobre Plantas – CNIP. 2002, p. 141-153. SAMPAIO, E.V.S.B. et al. Vegetação e Flora da Caatinga. Recife: Associação Plantas do Nordeste – APNE; Centro Nordestino de Informações sobre Plantas – CNIP. 2002, 176p. STEARN, W.T. Botanical Latin: History, Grammar, Syntax, Terminology and Vocabulary. New York: Hafner Pub- lishing Company, 1966. Imagens das oficinas de testes realizadas durante o de- senvolvimento do Projeto Guias de Campo na Bahia: 1. Pôr do sol na caatinga em Campo Alegre de Lourdes (Remanso); 2. Teste verificando a eficiência de outros guias campo já publicados; 3. Testando qualidade e eficiência das fotos para os guias de legu- minosas forrageiras; 4. Testando a funcionalidade do guia em campo com técnicos que assessoram agricultores; 5. Validando a diagramação do guia; 6. Identificação pela comunidade das características diferenciais entre espécies de plantas parecidas; 7. Grupo de trabalho presente em umas das oficinas em Irecê; 8. Testando chaves de identificação e ilustrações botânicas na UEFS. O que vamos apresentar É uma conquista importante De coletiva criação As entidades dando apoio Os agricultores a sua colaboração Veja o que nosso guia mostrará Preste bastante atenção Fala de espécies nativas Sua importância e utilização Por isso se ligue, em cada descrição Nosso guia não mostra tudo Mas você pode estudar Forrageiras leguminosas E o que se pode utilizar Madeira nobre, cipó fino Plantas diversas medicinais Pois o guia só mostra O que serve de alimento Para os nossos animais Os agricultores que participaram Por favor queiram desculpar Pois todos os nomes aqui Não dá para citar Agradecemos a todos Que puderam colaborar Os nomes que cito aqui Foi os que pude lembrar Pois teve muita gente Que deu sua colaboração Gente dessa região E da região de lá Outra participação Essa ninguém esqueceria Foi das agricultoras Que teve grande valia Teve Zélia, D. Anízia e a D. Maria Um exemplo vou citar Pois achei super bacana Foi a D. Maria Que informou precisamente Sobre a espécie imburana Folhas para os caprinos Flores para as abelhinhas Estacas para fazer cerca Quem indicou foi Tomé A função da jurema-preta Olha o que eu vi Pela caatinga andando Achei o maior barato Vi a árvore unha-de-gato Enlaçada com a pau-de rato Pau-de-rato também se chama Catinga-de-porco, pau-de-bica E o famoso mané-ventura Êta planta fabulosa! Sua espécie é Caesalpinia bracteosa Algumas abelhas fazem a festa Com a flora do verão Olha o que nosso guia diz Abelha não passa fome Onde tem são-joão Outra planta pra ter nome É o espinheiro, jacurutu Ou se quiser surucucu Mas por esses nomes Ninguém conhece lá fora Lá fora é bom se falar Da Piptadenia viridiflora A caatinga nordestina É digna de seu valor A coisa que é mais bonita É o angico, jurema-branca e vermelha Se despontando em flor Na estação chuvosa Fica verde nosso chão Sai planta de toda espécie De ciclo longo e curto Como é o caso do feijão Essa é a triste lista Das plantas em extinção Pau-de-birro, guaiambira Canafístula, monzê E também o pau-sabão Para você saber as árvores Que estão em extinção As espécies vou explicar Por isso preste atenção Nesse tal palavriado A Angambira é Parapiptadenia zenht- neri Birro é Diptychandra aurantiaca Canafístula Senna spectabilis E só mais dois informes Monzê é Albizia polycephala E o sabão Piptadenia moniliformis Foi bom demais com vocês Esse trabalho partilhar Precisando do Ipê Terras Para juntos força somar Não se acanhe, é só nos procurar I mportância ao nosso guia N ão se pode dispensar D ez para a equipe que está a coordenar I dem para quem deu sua colaboração A té a próxima se Deus quiser com o Guia em mãos “ÍNDIA” Moradora e agricultora da Roça Permanente – Sede Rural do IPETERRAS, Irecê-BA, desenvol- ve trabalhos com a formação de jovens e técnicos recém formados pela ESAGRI-Escola Agrícola de Irecê, objetivando a fixação do jovem no campo, desenvolvendo práticas agrícolas apropriadas ao semi-árido. Por Índia, Marilza Pereira da Silva. Irecê, fevereiro de 2001.