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@anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues Dra. Luciana Cardoso (cardiologista) 1 Anemia Roteiro de questões para avaliação inicial de um paciente com anemia2 â: diminuição; VCM: volume corpuscular médio. INTRODUÇÃO A anemia é uma condição muito comum, especialmente em determinadas faixas etárias. Raramente é uma doença por si só, sendo, quase sempre, consequência de alguma anormalidade genética ou adquirida. A maioria das doenças encontradas na prática clínica pode cursar com anemia. A deficiência de ferro é a causa mais frequente de anemia, seguida pela anemia de doenças crônicas. DEFINIÇÃO A anemia ocorre quando a massa de glóbulos vermelhos é insuficiente para oxigenar adequadamente os tecidos. Teoricamente, qualquer uma das 3 medidas de concentração que quantificam a série vermelha poderia ser usada para estabelecer a presença de anemia: a hemoglobina (g/gL), o hematócrito (%) ou o número de glóbulos vermelhos (quantidade/mm3). No entanto, existem limitações para a consideração de todos esses parâmetros, sendo o pior o número de glóbulos vermelhos, cuja concentração depende do tamanho deles. − A Hb é a medida mais utilizada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define anemia como uma redução na concentração de hemoglobina. Definir níveis normais de hemoglobina não é fácil, porque cada indivíduo tem a quantidade de hemoglobina adequada à sua massa muscular ou ao tecido metabolicamente ativo. Apesar disso, são necessários parâmetros para estudar populações e servir de referência na prática clínica. NÍVEIS DE HEMOGLOBINA INDICATIVOS DE ANEMIA AO NÍVEL DO MAR Grupos por faixa etária/gênero Hemoglobina (g/dl) 6 meses a 5 anos < 11 6 anos a 14 anos < 12 Homens adultos < 13 Mulheres adultas < 12 Mulheres gravidas < 11 EFEITOS CLÍNICOS Os sintomas de anemia devem-se à redução da capacidade de transportar oxigênio do sangue e à alteração do volume sanguíneo total, associadas à capacidade compensatória dos sistemas pulmonar e cardiovascular. A velocidade de desenvolvimento das alterações é crucial para a intensidade dos sintomas. Quanto mais abrupta for a queda no volume sanguíneo e/ou nos níveis de hemoglobina, mais intensos serão os sintomas. Assim, nas hemorragias agudas ou nas crises hemolíticas, os pacientes apresentam sintomas mais intensos do que nos quadros de instalação lenta e de longa duração. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues Dra. Luciana Cardoso (cardiologista) 2 São sintomas proeminentes nos casos agudos ou de instalação rápida dispneia, palpitações, tontura e fadiga extrema. Nas anemias crônicas, sejam constitucionais ou de instalação lenta, como por exemplo acontece na anemia ferropênica, o paciente pode permanecer assintomático ou pouco sintomático, mesmo com níveis muito baixos de hemoglobina. De modo geral, nas anemias crônicas, ocorre apenas dispneia moderada ou palpitações, embora, em alguns pacientes, insuficiência cardíaca congestiva ou angina pectoris possa ser a primeira manifestação. A doença de base ou as doenças associadas, particularmente cardiopulmonares, também interferem na intensidade das manifestações clínicas e na adaptação do paciente à anemia. Outros sintomas de anemia são cefaleia, vertigem, hipotensão postural e fraqueza muscular. Palidez é um sinal de anemia, embora vários fatores além da hemoglobina interfiram na coloração da pele. A palidez relacionada à anemia é mais bem detectada nas mucosas da boca, das conjuntivas e do leito ungueal. Icterícia associada à palidez sugere anemia hemolítica. Glossite e alterações das papilas linguais podem ocorrer nas anemias carenciais. Úlceras de perna podem estar presentes nas anemias hemolíticas constitucionais, especialmente na anemia falciforme. Sopros cardíacos são comuns, geralmente sistólicos, de intensidade moderada e mais audíveis no bordo esternal esquerdo. Algumas anemias, especialmente as hemolíticas, podem cursar com esplenomegalia. Várias alterações oftalmológicas têm sido descritas acompanhando as anemias, incluindo hemorragia em chama de vela, exsudatos e tortuosidade venosa afetando a retina. CLASSIFICAÇÃO Existem muitos modos de classificar as anemias, mas, provavelmente, a maneira mais útil para uma abordagem clínica eficiente é a associação da classificação fisiopatológica e da morfológica, porque elas são facilmente aplicáveis a partir dos dados do hemograma e da contagem de reticulócitos. CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA Baseia-se na contagem de reticulócitos, o qual é um marcador da produção de eritrócitos. Além disso, reticulócitos são hemácias mais jovens que ainda possuem restos de RNA. A contagem pode ser expressa: − Como porcentagem ou como contagem absoluta (mm3); − Se expressa em porcentagem, e na presença de anemia, deve ser corrigida pelo número total de eritrócitos presentes. Do ponto de vista fisiopatológico, as anemias classificam- se em: − Anemias por falta de produção ou hiporregenerativas; − Anemias por excesso de destruição ou regenerativas; − Anemias por perdas sanguíneas. ANEMIAS POR FALTA DE PRODUÇÃO OU HIPORREGENERATIVAS São caracterizadas por contagem absoluta de reticulócitos (porcentagem de reticulócitos vezes o número de eritrócitos) abaixo de 50.000/mm3 ou < 1%. São sempre decorrentes de produção deficiente de glóbulos vermelhos por acometimento primário ou secundário da medula óssea ou por falta de fator estimulante da eritropoese (eritropoetina) ou ainda pela carência de elementos essenciais à eritropoese (ferro, vitamina B12 e ácido fólico). Podem também acompanhar doenças inflamatórias, infecciosas e neoplásicas (anemia de doenças crônicas, muitas vezes denominada anemia da inflamação). ANEMIAS POR EXCESSO DE DESTRUIÇÃO OU REGENERATIVAS As anemias regenerativas são definidas como anemias com contagens elevadas de reticulócitos (acima de 100.000/ mm3 ou > 1,5%). Essa condição é típica das anemias hemolíticas, mas pode ocorrer também após perdas agudas de sangue. Sob estimulação máxima, a medula óssea pode aumentar sua produção em 6 a 8 vezes. Com compensação medular ideal, a sobrevida dos glóbulos vermelhos na circulação pode encurtar para 15 a 20 dias, sem o desenvolvimento de anemia, mas com a Anemias hipo proliferativas •Reticulócitos baixos Anemias hiper proliferativas •Reticulócitos altos @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues Dra. Luciana Cardoso (cardiologista) 3 presença de reticulocitose (estado hemolítico compensado). Quando a taxa de destruição supera a capacidade de produção da medula óssea, instala-se o quadro de anemia hemolítica. A hemólise pode ocorrer predominantemente na circulação (intravascular) ou, na maioria das vezes, no interior dos macrófagos teciduais (extravascular). Laboratorialmente, as anemias hemolíticas se caracterizam por reticulocitose, aumento da bilirrubina indireta, aumento de desidrogenase lática (DHL), redução de haptoglobina e, muitas vezes, alterações características no sangue periférico. Elas podem ser causadas por defeitos intrínsecos dos eritrócitos ou podem ser secundárias a agressões aos glóbulos vermelhos por agentes extrínsecos. A maioria dos defeitos intrínsecos é hereditária, com exceção da hemoglobinúria paroxística noturna, que é causada por um defeito intrínseco adquirido. ANEMIAS POR PERDAS São decorrentes de perdas agudas ou crônicas de sangue. As perdas agudas (anemias pós-hemorrágicas) podem representar uma situação de emergência e são compensadas pela medula óssea normal, desde que os estoques de ferro estejam preservados. Os sintomas dependem da intensidade da perda. Perdas agudas de 500 a 1.000 mL (10 a 20% do volume sanguíneo) podem ser assintomáticas ou pouco sintomáticas em indivíduos sem doenças associadas. As perdas crônicas causam espoliação deferro e, consequentemente, anemia por falta de produção (anemia ferropênica). CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA As anemias podem ser classificadas também de acordo com aspectos morfológicos. A classificação morfológica baseia-se nos índices hematimétricos (fornecidos no hemograma), que atualmente são determinados por contadores eletrônicos de células. Assim, juntamente com as determinações da concentração de hemoglobina, do número de hemácias e do hematócrito, são fornecidos também o volume corpuscular médio (VCM), a hemoglobina corpuscular média (HCM), a concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) e o red cell distribution width (RDW). O RDW é um índice que reflete o grau de anisocitose, que é a variação de tamanho dos eritrócitos. Embora não seja utilizado para a classificação das anemias, é importante ressaltar que, nas anemias adquiridas, ele se altera antes do VCM, quando começam a coexistir células de tamanho maior ou menor com as de tamanho normal e o número delas ainda não é suficiente para alterar a média e refletir- se no VCM. De acordo com o VCM (medido em fentolitros – fl), as anemias podem ser classificadas do ponto de vista morfológico, conforme segue: − Microcíticas (VCM < 80 fl); − Macrocíticas (VCM > 100 fl); − Normocíticas (VCM 80 a 100 fl). ANEMIA MACROCÍTICA É divida em 2 grandes grupos etiológicos − Anemias megaloblásticas: causadas por deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico; − Não megaloblástica: decorrentes de reticulocitose (reticulócitos tem tamanho maior que as hemácias maduras), como nas anemias hemolíticas, ou de doenças medulares primarias. Obs.: macrocitose isolada (sem anemia) pode preceder anemia perniciosa ou, ainda, ser secundaria a alcoolismo, quimioterapia, hipotireoidismo e hepatopatias. ANEMIA MICROCÍTICA Geralmente é secundaria a um defeito de síntese de Hb. Deficiência de ferro é a causa mais comum de anemia microcítica e hipocrômica. As talassemias (diminuição de síntese de uma das cadeias globínicas) são o principal diagnostico diferencial nesse grupo. ANEMIA NORMOCÍTICA Não apresenta uma linha etiológica única e deve ser abordada avaliando-se se a resposta medular é adequada. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues Dra. Luciana Cardoso (cardiologista) 4 O raciocínio deve partir das condições de hipo ou hiperproliferação medular, por meio da determinação dos reticulócitos e da exclusão de doenças sistêmicas. A avaliação de medula óssea pode ser necessária (mielograma) se essa avaliação inicial não definir a causa de anemia. ABORDAGEM DO PACIENTE COM ANEMIA Na abordagem de um paciente com anemia, todos os aspectos da anamnese e do exame clínico são importantes: a duração dos sintomas, a idade de início, se os sintomas são insidiosos ou agudos e se existem exames anteriores normais ou anormais. A presença de história familiar, especialmente associada a icterícia, esplenomegalia e cálculos biliares, leva à pesquisa de anemias hemolíticas hereditárias. A história ocupacional, os hábitos domésticos e hobbies também são importantes porque a exposição a solventes, fármacos e outros agentes químicos pode causar anemia hemolítica ou aplasia medular, assim como os hábitos sociais para caracterizar o abuso de álcool, as viagens às áreas endêmicas de malária ou de outros agentes infecciosos e a história de consumo de drogas. A dieta também deve ser detalhadamente caracterizada tanto em crianças como em adultos, assim como o hábito intestinal. As perdas sanguíneas pela menstruação e a história gestacional nas mulheres, e os sangramentos gastrintestinais em todos os pacientes devem ser cuidadosamente averiguados. Essas informações são importantes para orientar a investigação para as anemias carenciais. Desconforto nas mucosas, especialmente da língua, e a presença de parestesias também são relevantes, pois sugerem anemia perniciosa. A presença de febre pode significar doença infecciosa, neoplásica ou autoimune associada à anemia. A coloração da urina também é importante porque nas hemólises intravasculares pode haver hemoglobina na urina, conferindo uma cor característica, a qual deve ser diferenciada de colúria que acontece nas colestases e de hematúria, que, ao contrário do que ocorre nas hemoglobinúrias, são encontradas hemácias íntegras na urina. A presença de petéquias, de equimoses e de outros sangramentos sugere a associação com doenças da medula óssea, com doenças da hemostasia ou com doenças hepáticas. Os sintomas de doenças de base, como insuficiência renal crônica, doenças hepáticas, endocrinopatias ou neoplasias, devem ser pesquisados porque anemia pode ser a primeira manifestação de muitas delas. O exame físico também pode fornecer pistas para a orientação diagnóstica. A presença de icterícia sugere hemólise ou eritropoese ineficiente. Ausência ou redução de papilas linguais (língua lisa) sugere deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico. Queilite angular e alterações das unhas (coiloníquia) ocorrem na anemia ferropênica de longa duração. Ulceras de pernas em jovens são características das anemias hemolíticas constitucionais. Palpação do fígado, do baço e dos linfonodos fornecem pistas para pesquisa de infecção, linfoma, leucemias ou tumores metastáticos. Para identificar a causa da anemia, a anamnese detalhada e o exame físico devem ser integrados a alguns dados laboratoriais básicos, como os dados do hemograma, da contagem de reticulócitos e a presença de eventuais alterações morfológicas (avaliação da lâmina de sangue periférico) que, por si só, podem sugerir o diagnóstico. Assim, é possível prosseguir de forma objetiva com a investigação diagnóstica. Se a anemia não for isolada e estiver associada com anormalidades nas outras series (leucócitos e plaquetas), de modo geral, indica-se avaliação da medula óssea msia precoce (mielograma e/ou biopsia de medula óssea). Na suspeita de hemólise, deve-se avaliar DHL, bilirrubina indireta e haptoglobina. Na suspeita de ferropenia, avaliam-se os níveis séricos de ferro, ferritina, transferrina e a capacidade total de ligação ao ferro. A realização de mielograma com coloração pelo azul da Prússia (coloração de Perls) é o padrão-ouro para avaliação da ferropenia. ANEMIAS CARENCIAIS FERROPRIVA Um período longo de balanço negativo de ferro é o mecanismo fisiopatológico mais frequente. A deficiência de ferro pode ser decorrente do aumento das necessidades de ferro, como nos casos: gestação, lactação, hemorragia. Pode, ainda, ser decorrente de um suprimento inadequado de ferro: déficit de dieta, alterações de absorção, má absorção intestinal, gastrectomia, gastrite atrófica, distúrbios do transporte de ferro, doença celíaca. MEGALOBLÁSTICA Alterações morfológicas decorrentes de retardo na síntese de DNA. Células de grande tamanho e com cromatina fragmentada. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues Dra. Luciana Cardoso (cardiologista) 5 As principais causas são deficiências de vitamina B12 (cobalamina) e de ácido fólico, ambos participam em vias metabólicas de síntese de nucleotídeos e de metilação do DNA. A deficiência de vitamina B12 pode ser secundaria a: − Deficiência nutricional: causa mais rara, ocorre principalmente em vegetarianos estritos e em casos de extrema pobreza; − Diminuição da secreção acida gástrica: nos casos de cirurgia gástrica previa e gastrite atrófica, há menor liberação de cobalamina dos alimentos; − Deficiência de fator intrínseco: pode ocorrer por gastrectomia previa, gastrite crônica imune (anemia perniciosa) ou pela ingestão de substancias causticas; − Insuficiência pancreática: enzimas pancreáticas e pH alcalino são responsáveis pela dissociação da cobalamina da haptocorrina (proteína R) no duodeno, para posterior ligação com o fatorintrínseco; − Síndrome de Zollinger-Ellison: o pH mais acido leva à inibição da protease pancreática e disfunção na formação do complexo cobalamina-fator intriseco; − Disfunções/ressecções do íleo distal: onde ocorre absorção do complexo cobalamina-fator intriseco; − Medicações: metformina, cloreto de potássio de liberação lenta, colestiramina, colchicina e neomicina podem alterar o transporte de cobalamina. A deficiência de acido fólico, por sua vez, pode ser secundaria a: − Deficiência nutricional; − Aumento da demanda fisiológica: gestação e lactação, anemias hemolíticas crônicas; − Aumento das perdas: doenças esfoliativas de pele e dialise crônicas; − Doenças do intestino delgado e menor absorção; − Abuso de álcool; − Medicamentos: trimetoprima, pirimetamina, metotrexato, contraceptivos orais, anticonvulsivantes, sulfassalazina. QUADRO CLINICO – deficiência de Vit. B12 − Perda de peso, atrofia de papilas linguais e sintomas neurológicos; − A presença de sintomas neurológicos pode ocorrer na ausência de quadro hematológico, sendo as alterações sensoriais as mais comuns e precoce; − Alterações de marcha, fraqueza muscular e até alterações psiquiátricas podem ocorrer. Ocorre aumento dos níveis de bilirrubina indireta e DHL como consequências da eritropoiese ineficaz. A elevação de DHL é marcante na doença. A presença de reticulócitos baixos diferencia essa condição de anemias hemolítica. As altas dosagens dos metabolitos homocisteína e ácido metilmalônico (MMA) são consideradas padrão de referências. ANEMIAS HEMOLÍTICAS Situações de destruição periférica de eritrócitos acompanhadas de compensação medular (aumento de reticulócitos). Aumento dos níveis de bilirrubina indireta, pela elevação da DHL e pela redução da haptoglobina. Hemoglobinemia (Hb livre no plasma), hemoglobinúria (Hb livre na urina) e hemossiderinúria (hemossiderina nas células tubulares renais) estão presentes quando há destruição intravascular dos eritrócitos. CLASSIFICAÇÃO − Defeitos intrínsecos dos eritrócitos: em sua maioria, hereditários (doenças da Hb, da membrana eritrocitária, eritroenzimopatias, HPN). − Defeitos extrínsecos dos eritrócitos: em sua maioria, adquiridos (mecanismo imune, fragmentação eritrocitária, infecções, agentes físicos, químicos e toxinas). A exceção a essa classificação é a hemoglobina paroxística noturna, um defeito intrínseco adquirido do eritrócito. ANEMIAS HEMOLÍTICAS HEREDITÁRIAS CLASSIFICADAS de acordo com o defeito intrínseco do eritrócito: − Defeitos da membrana eritrocitária: esferocitose hereditária, eliptocitose hereditária e estomatocitose hereditária; − Eritroenzimopatias: deficiência de glicose-6- fosfato-desidrogenase (G6PD), deficiência de piruvatoquinase (PK); − Defeitos da Hb: doenças falciformes e síndromes talassemicas. QUADRO CLINICO − Grau variável de anemia, a depender da doença de base; @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues Dra. Luciana Cardoso (cardiologista) 6 − A icterícia pode ser crônica ou agudizada nas crises de hemólise; − Estão presentes espelonomegalia (à exceção de anemia falciforme, que cursa com autoesplenectomia por infartos esplênicos), colelitíase e complicações associadas, como ulceras de membros inferiores e anormalidades esqueléticas. DEFEITOS DA MEMBRANA ERITROCITÁRIA: ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA − Anemia leve a moderada, icterícia intermitente e esplenomegalia; − Graus variáveis de anemia com aumento da concentração de Hb corpuscular media, reticulocitose, hiperbilirrubinemia e aumento de DHL estão presentes; − Fragilidade osmótica esta aumentada; − O diagnostico diferencial mais importante é com a anemia hemolítica autoimune que pode apresentar esferócitos; − O teste de Coombs direto será negativo. ELIPTOCITOSE HEREDITÁRIA: presença de eliptócitos no sangue periférico ESTOMATOCITOSE HEREDITARA: alterações nos mecanismos de regulação do volume celular − Anemia leve, mecrocitose, reticulocitose e sobrecarga de ferro; − O estudo de deformabilidade de acordo com o gradiente osmótico é uma das avaliações possíveis para o diagnóstico. ERITROENZIMOPATIAS: enzimas para produção de energia e proteção contra danos oxidativos DEFICIÊNCIA DE G6PD − Doença metabólica eritrocitária mais comum e causa perda dos mecanismos de proteção aos danos oxidativos; − A herança é ligada ao X; − Anemia hemolítica ocasional, aguda, precipitada por infecções ou drogas. Entre as drogas desencadeantes, encontram-se: sulfas, antibióticos, antimaláricos e analgésicos. DEFEITOS DA HEMOGLOBINA DOENÇA FALCIFORME: graus variáveis de anemia hemolítica e fenômenos vasooclusivos; As complicações secundarias são divididas em agudas e crônicas: − Agudas: crises dolorosas, síndrome torácica aguda, sequestro esplênico, AVC, crise aplástica e priapismo; − Crônicas: ulceras de perna, colecistopatia crônica calculosa, doença renal crônica, hipertensão pulmonar, retinopatia proliferatica, insuficiência cardíaca congestiva, necrose isquemia da cabeça do fêmur, sobrecarga de ferro e osteomielite. Avaliação laboratorial − Anemia moderada, normocítica ou microcítica (a depender do subtipo) associada a reticulocitose − Pode haver leucocitose e plaquetose. − Aumento de DHL e bilirrubina indireta e redução de haptoglobina. − Esfregaço de sangue periférico: hemácias falcizadas, hemacias em alvo (hemoblobinopatias SC) e hemácias microcítica (S beta-talassemia). − O diagnostico é confirmado com a eletroforese de Hb. TALESSEMIAS: diminuição ou pela ausência da síntese de ≥ 1 cadeias globínicas de Hb. Há 3 modos de se classificar esse grupo de doença: − Classificação clínica: major, intermediaria, minor e portador assintomático; − Genética: de acordo com os genes alterados e o grau de produção da cadeia globinica; − Molecular: de acordo com o tipo de defeito, p. ex., mutação ou deleção. O desequilibro da produção das cadeias globinicas (a cadeia excedente acumula-se e lesa a membrana celular) e a síntese diminuída de Hb geram as características da doença. Anemia microcítica e hipocromica, reticulocitose, sinais de hemólise e eritropoese ineficaz. Expansão medular com hematopoese extramedular (massas constituídas de medula óssea habitualmente em localização paravertebral) e sobrecarga de ferro nos casos mais graves ANEMIAS HEMOLÍTICAS ADQUIRIDAS ANEMIAS HEMOLÍTICAS AUTOIMUNES Presença de sinais de destruição de eritrócitos causada por autoanticorpos dirigidos aos antígenos eritrocitários Classificas de acordo com a sensibilidade térmica do anticorpo em: − Anemias hemolíticas a quente (reagem mais fortemente a 37°C); @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues Dra. Luciana Cardoso (cardiologista) 7 − Anemias hemolíticas a frio ou doença das crioaglutininas (reagem mais fortemente a 4°C); − Anemias hemolíticas do tipo misto, que apresentam os 2 tipos de anticorpos ANEMIAS DE DOENÇA CRÔNICA − Doenças inflamatórias, neoplasias e doenças infecciosas. − O nível de anemia tende a ser leve a moderado, com valores de Hb > 8 g/dl. − Anemia hipoproliferativa, normocítica e normacromica, com níveis de ferro e saturação de transferrina baixos, associados a níveis elevados de ferritina. − A capacidade total de ligação do ferro (e transferrina) tipicamente está baixa. − Diagnostico de exclusão, devendo ser pesquisada a doença subjacente. − A avaliação medular não auxilia no diagnostico, mas pode ser necessária para excluir doenças como neoplasias hematológicas, infecções com infiltração da medula óssea e deficiência de ferro. APLASIA PURA DE SERIE VERMELHA − Anemia secundaria à ausência de precursores eritroides na medula óssea. − Congênita ou adquirida (primaria ou secundaria). − Entre as causas da forma adquirida, estão neoplasiascomo timoma e linfoproliferações, doenças infecciosas como a infecção pelo parvovirus B19, hepatite viral e mononucleose infecciosa, além de doenças autoimune, como lúpus eritematoso sistêmico. − Drogas também estão associaas: isoniazida, azatioprina, clopropramida, aloputinol e ribavirina. − Anemia normocistica com reticulocitopenia acentuada. − Geralmente, os leucócitos e plaquetas estão normais. − Diagnostico: avaliação medular, que evidencia uma medula normocelular com ausência de precursores eritroides (< 5% das células nucleadas da medula óssea).