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Prévia do material em texto

Autor: Prof. Flávio Buratti Gonçalves
Colaboradores: Prof. Juliano Rodrigo Guerreiro
 Profa. Christiane Mazur Doi
 Profa. Marília Tavares Coutinho da Costa Patrão
Interpretação Laboratorial 
na Clínica Farmacêutica
Professor conteudista: Flávio Buratti Gonçalves 
Biomédico graduado pela Universidade de Mogi das Cruzes (1996), especialista em Diagnóstico Laboratorial 
de Doenças Tropicais pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e em Acupuntura 
Tradicional Chinesa, mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP (2000), doutor em Patologia 
Ambiental e Experimental pela UNIP (2017) e habilitado nas áreas de Análises Clínicas, Microbiologia, Imunologia, 
Parasitologia, Saúde Pública e Acupuntura. Atualmente, é coordenador do curso de Biomedicina na modalidade 
semipresencial (flex), coordenador auxiliar do curso presencial e docente da UNIP. Atua nas seguintes linhas de 
pesquisa: Patologia Ambiental e Experimental (Neuroimunopatologia), Microbiologia e Imunologia. É membro do 
Banco de Avaliadores (Basis) do Inep.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
G635i Gonçalves, Flávio Buratti.
Interpretação Laboratorial na Clínica Farmacêutica / Flávio 
Buratti Gonçalves. – São Paulo: Editora Sol, 2022.
180 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Estudo. 2. Avaliação. 3. Diagnóstico. I. Título.
CDU 615.03
U516.29 – 22
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Profa. Sandra Miessa
Reitora em Exercício
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades do Interior
Unip Interativa
Profa. Elisabete Brihy
Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Angélica L. Carlini
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. Deise Alcantara Carreiro
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Vitor Andrade
 Leonardo do Carmo
 Caio Ramalho
Sumário
Interpretação Laboratorial na Clínica Farmacêutica
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 ASPECTOS METODOLÓGICOS DO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E 
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS LABORATORIAIS .......................................................................... 11
1.1 Conceitos básicos em análises clínicas ........................................................................................ 14
1.1.1 Valores de referência ............................................................................................................................. 14
1.1.2 Especificidade e sensibilidade ............................................................................................................ 14
1.1.3 Exatidão, precisão e acurácia metodológica ............................................................................... 16
1.1.4 Erros sistemáticos e aleatórios .......................................................................................................... 17
1.2 Qualidade no contexto do laboratório de análises clínicas ................................................ 19
1.2.1 Procedimentos operacionais padrão ............................................................................................... 19
1.2.2 Controle interno e externo de qualidade ...................................................................................... 19
1.2.3 Certificação laboratorial ...................................................................................................................... 22
1.3 Avaliação dos testes laboratoriais na prática clínica do farmacêutico .......................... 23
1.4 Principais métodos empregados no laboratório de análises clínicas .............................. 25
2 AVALIAÇÃO DE MARCADORES BIOQUÍMICOS RELACIONADOS AOS DISTÚRBIOS 
DO METABOLISMO .............................................................................................................................................. 27
2.1 Estudo bioquímico-laboratorial das principais alterações hepáticas 
e das vias biliares ......................................................................................................................................... 28
2.1.1 Aminotransferases ou transaminases: alanina aminotransferase (ALT), ou 
transaminase pirúvica (TGP), e aspartato aminotransferase (AST), ou transaminase 
oxalacética (TGO) ............................................................................................................................................... 28
2.1.2 Desidrogenase lática (LDH) ................................................................................................................. 29
2.1.3 Fosfatase alcalina (FA) .......................................................................................................................... 29
2.1.4 Gama-glutamil transferase (GGT) .................................................................................................... 30
2.1.5 Bilirrubinas ................................................................................................................................................ 30
2.1.6 Albumina .................................................................................................................................................... 31
2.1.7 Globulinas (alfa-1, alfa-2, beta e gama) ....................................................................................... 32
2.1.8 Ferritina e transferrina .......................................................................................................................... 33
2.1.9 Alfa-fetoproteína (AFP) ........................................................................................................................ 33
2.1.10 Fatores de coagulação ........................................................................................................................ 33
2.1.11 Colinesterases ......................................................................................................................................... 34
2.1.12 Amônia ..................................................................................................................................................... 35
2.2 Estudo bioquímico-laboratorial das principais alterações do pâncreas endócrino ................ 36
2.2.1 Glicemia em jejum .................................................................................................................................. 39
2.2.2 Glicemia pós-prandial de 2 horas .................................................................................................... 39
2.2.3 Teste de O’Sullivan.................................................................................................................................. 39
2.2.4 Teste de tolerância oral à glicose (TTOG) ou curva glicêmica .............................................. 39
2.2.5 Hemoglobina glicada (HbA1c) ...........................................................................................................40
2.2.6 Glicosúria ................................................................................................................................................... 41
2.2.7 Frutosaminas ............................................................................................................................................ 42
2.2.8 Insulina plasmática em jejum ou basal ......................................................................................... 42
2.2.9 Curva de insulinemia simplificada de 2 horas ............................................................................ 43
2.3 Estudo bioquímico-laboratorial do perfil pancreático exócrino ....................................... 43
2.3.1 Teste da secretina-colecistocinina ................................................................................................... 44
2.3.2 Quantificação da gordura fecal ........................................................................................................ 45
2.3.3 Quimiotripsina fecal .............................................................................................................................. 45
2.3.4 Tripsina imunorreativa (IRT) ............................................................................................................... 45
2.3.5 Elastase pancreática fecal ................................................................................................................... 46
2.3.6 Amilasemia ................................................................................................................................................ 46
2.3.7 Lipasemia .................................................................................................................................................... 47
2.4 Estudo bioquímico-laboratorial das principais alterações associadas 
às dislipidemias ............................................................................................................................................. 48
2.4.1 Triglicérides (TG) ...................................................................................................................................... 51
2.4.2 Colesterol total (CT) ............................................................................................................................... 51
2.4.3 Colesterol HDL .......................................................................................................................................... 51
2.4.4 Colesterol LDL ........................................................................................................................................... 52
2.4.5 Avaliação lipídica completa ................................................................................................................ 55
2.5 Estudo bioquímico-laboratorial das principais alterações gastrointestinais ............... 56
2.6 Estudo bioquímico-laboratorial das principais alterações do metabolismo ósseo ........... 58
3 MARCADORES DE AVALIAÇÃO DE FUNÇÃO RENAL E DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO 
E HIDROELETROLÍTICO: A IMPORTÂNCIA DA UROANÁLISE ............................................................... 59
3.1 Exame de urina tipo 1 ........................................................................................................................ 61
3.1.1 Exame físico da urina ............................................................................................................................ 61
3.1.2 Exame químico da urina ...................................................................................................................... 63
3.1.3 Exame microscópico do sedimento ................................................................................................. 67
3.2 Avaliação dos distúrbios hidroeletrolíticos ................................................................................ 70
3.2.1 Sódio e potássio ...................................................................................................................................... 71
3.2.2 Cloreto ......................................................................................................................................................... 72
3.2.3 Cálcio ........................................................................................................................................................... 72
3.2.4 Magnésio .................................................................................................................................................... 73
3.2.5 Fosfato ......................................................................................................................................................... 73
3.2.6 Bicarbonato ............................................................................................................................................... 73
3.3 Perfil renal ............................................................................................................................................... 74
3.3.1 Estimativa da taxa de filtração glomerular .................................................................................. 75
3.3.2 Ureia ............................................................................................................................................................. 76
3.3.3 Cistatina C.................................................................................................................................................. 77
4 O LABORATÓRIO CLÍNICO NA AVALIAÇÃO DO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO: 
ANÁLISE DA FERTILIDADE E DA FUNÇÃO PROSTÁTICA ........................................................................ 80
4.1 Infertilidade masculina ...................................................................................................................... 80
4.2 Diagnóstico das doenças prostáticas ........................................................................................... 85
Unidade II
5 O LABORATÓRIO CLÍNICO NA AVALIAÇÃO DOS EXAMES CITOPATOLÓGICOS 
GINECOLÓGICOS .................................................................................................................................................. 97
5.1 Papanicolau ............................................................................................................................................ 97
5.1.1 Principais características do epitélio do colo do útero e da vagina .................................. 97
5.1.2 Etapas do exame de Papanicolau ..................................................................................................... 99
5.2 Diagnóstico das doenças da mama ............................................................................................104
6 O LABORATÓRIO DE HEMATOLOGIA: AVALIAÇÃO DOS EXAMES HEMATOLÓGICOS 
E CORRELAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS ........................................................................................................106
6.1 Hemograma ..........................................................................................................................................106
6.1.1 Interpretação do hemograma..........................................................................................................108
6.2 Diagnóstico diferencial das principais anemias carenciais e hemolíticas ...................110
6.3 Diagnóstico diferencial das doenças benignas dos leucócitos e das principais 
leucemias, linfomas e mielomas ..........................................................................................................112
6.4 Alterações da hemostasia e distúrbios hemorrágicos .........................................................116
7 AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES ENDÓCRINAS: METODOLOGIAS APLICADAS AO 
ESTUDO HORMONAL .......................................................................................................................................118
7.1 O eixo hipotálamo-hipófisee a secreção hormonal ............................................................119
7.1.1 O eixo hipotálamo-hipófise-tireoide ............................................................................................121
7.1.2 Paratireoides .......................................................................................................................................... 123
7.1.3 O eixo hipotálamo-hipófise-testículo ......................................................................................... 124
7.1.4 O eixo hipotálamo-hipófise-ovários ............................................................................................ 127
7.1.5 O eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal .................................................................................... 129
8 AVALIAÇÃO DOS EXAMES MICROBIOLÓGICOS, PARASITOLÓGICOS E SUAS 
CORRELAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS ............................................................................................................132
8.1 O laboratório de microbiologia clínica ......................................................................................132
8.1.1 Automação do laboratório de microbiologia clínica ............................................................. 135
8.1.2 Técnicas moleculares aplicadas à microbiologia clínica ...................................................... 137
8.2 O laboratório de parasitologia clínica ........................................................................................140
8.2.1 Automação do laboratório de parasitologia clínica ...............................................................141
8.2.2 Técnicas de biologia molecular aplicadas à parasitologia clínica .................................... 142
8.3 Testes laboratoriais remotos (point-of-care) ..........................................................................143
8.4 Diagnóstico das principais doenças emergentes e reemergentes no Brasil ...............143
8.4.1 Diagnóstico das hepatites virais .................................................................................................... 143
8.4.2 Diagnóstico da rubéola ..................................................................................................................... 149
8.4.3 Diagnóstico da dengue.......................................................................................................................151
8.4.4 Diagnóstico da infecção por HIV ................................................................................................... 152
8.4.5 Diagnóstico de covid-19 ................................................................................................................... 154
8.4.6 Diagnóstico da tuberculose ............................................................................................................. 155
8.4.7 Diagnóstico das infecções por bactérias KPC-positivas ...................................................... 156
8.4.8 Diagnóstico das infecções por enterobactérias....................................................................... 157
8.4.9 Diagnóstico das infecções fúngicas ............................................................................................. 158
8.4.10 Diagnóstico da malária ................................................................................................................... 159
8.4.11 Diagnóstico das leishmanioses......................................................................................................161
8.5 Vacinação e prevenção de doenças ............................................................................................162
8.6 Antibioticoterapia: regras gerais de prescrição ......................................................................166
9
APRESENTAÇÃO
Este livro-texto apresenta conteúdo atualizado sobre os mais consagrados e os mais modernos 
métodos usados nas análises clínicas diagnósticas, de modo a permitir que o aluno correlacione os 
resultados dos exames laboratoriais e os principais aspectos da clínica farmacêutica.
O objetivo desta disciplina é fornecer informações sobre os principais dados laboratoriais que 
norteiam o diagnóstico, a avaliação do prognóstico e o monitoramento clínico e terapêutico das doenças 
mais comuns na população.
O conteúdo será apresentado de forma a integrar os conhecimentos adquiridos nas várias unidades 
curriculares que constituem o curso. Assim, pretende-se, essencialmente, conferir competências para a 
compreensão dos diversos parâmetros analíticos de modo integrado.
Após a leitura deste livro-texto, esperamos que você consiga discutir casos clínicos, interpretar 
parâmetros analíticos e desenvolver temas relacionados às situações descritas, independentemente da 
área em que vai atuar.
Boa leitura!
INTRODUÇÃO
A evolução metodológica vivenciada nos últimos 50 anos de medicina diagnóstica de precisão 
revolucionou o mercado de saúde mundial. Com equipamentos robustos, rápidos e confiáveis, o mercado 
diagnóstico laboratorial tornou-se referência para os atendimentos clínicos de urgência, de emergência 
e de rotina.
Em uma linha de temporalidade técnica, migramos de métodos 100% manuais, dependentes do 
operador, para processos totalmente automatizados, sem nenhum manuseio humano da amostra 
biológica, de elevada sensibilidade e especificidade.
Atualmente, as análises clínicas laboratoriais apresentam altíssima qualidade técnica, pois utilizam 
protocolos que garantem a exatidão e a reprodutibilidade dos exames, o que tem possibilitado a adoção 
da conduta clínica e terapêutica mais adequada a cada caso. Além disso, cada vez torna-se mais evidente 
a importância do farmacêutico na avaliação global do paciente, que inclui a interpretação dos exames 
e a correlação entre esses resultados e a terapia medicamentosa adotada.
Todos esses aspectos serão discutidos ao longo deste livro-texto, que apresenta seu conteúdo 
dividido conforme descrito a seguir.
•	 Na unidade I, são introduzidos os aspectos metodológicos e de controle de qualidade em laboratórios 
de análises clínicas. Em seguida, são ilustrados os testes laboratoriais de maior impacto no laboratório 
de análises clínicas, destacando-se os serviços de bioquímica e de uroanálise. Estudam-se os 
10
exames para a investigação funcional do sistema reprodutor masculino, com ênfase nas questões 
relacionadas com a fertilidade.
•	 Na unidade II, são acentuados os principais testes e metodologias que envolvem as alterações 
relacionadas ao sistema reprodutor feminino; os exames realizados para avaliar distúrbios 
hematológicos e de hemostasia, com ênfase no hemograma; os testes realizados para verificar as 
alterações no sistema endócrino; e o diagnóstico das principais doenças infecciosas e parasitárias.
Como exemplos de aplicação, foram adicionados alguns casos clínicos em cada unidade, para que 
você compreenda o raciocínio clínico por trás dos resultados dos diferentes exames e testes laboratoriais.
Bom estudo!
11
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Unidade I
1 ASPECTOS METODOLÓGICOS DO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E 
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS LABORATORIAIS
Você já deve ter se perguntado: por que preciso de um teste de laboratório?
Os testes de laboratório são realizados por muitos motivos diferentes. Os principais são descritos 
a seguir.
•	 Para diagnosticar ou descartar uma doença ou uma condição específica. O teste de HPV 
(papilomavírus humano) é um exemplo: ele pode mostrar se a pessoa tem ou não uma infecção por HPV.
•	 Para realizar triagem. Um teste de triagem ajuda a entender o risco de se contrair uma doença 
específica. Também pode diagnosticar doenças, mesmo na ausência de sintomas. O Papanicolau, 
por exemplo, é um tipo de teste de triagem para o câncer do colo do útero.
•	 Para monitorar uma doença e/ou seu tratamento. Se a pessoa já foi diagnosticada com uma 
doença, testes de laboratório podem mostrar se sua condição está melhorando ou piorando. Tambémpode destacar se o tratamento está funcionando. A glicemia, por exemplo, é um teste usado para 
monitorar a diabetes e seu tratamento. Às vezes, também é usado para diagnosticar a doença.
•	 Para a avaliação do estado de saúde. Testes de laboratório são frequentemente incluídos 
em um check-up de rotina. O médico pode solicitar exames de vários órgãos e sistemas para 
monitorar a saúde geral do paciente. Esses testes podem ajudar a encontrar problemas de saúde 
antes que os sintomas apareçam. O hemograma, por exemplo, é um tipo de exame de rotina 
que avalia a quantidade e a qualidade das diferentes células que compõem o sangue. Ele pode 
fornecer ao médico informações importantes sobre a saúde das pessoas e o risco de desenvolver 
certas doenças.
No laudo, os resultados dos testes de laboratório são mostrados com um conjunto de números 
conhecidos como “intervalos de referência”, “valores de referência” ou “valores normais”. Os intervalos de 
referência são baseados nos resultados dos testes de um grande grupo de pessoas saudáveis e mostram 
como deve ser o resultado de um exame cuja amostra não apresenta alteração no parâmetro testado.
No entanto, vale destacar que, às vezes, pessoas saudáveis obtêm resultados fora dos valores de 
referência, enquanto pessoas com problemas de saúde podem ter resultados dentro desses valores. Se os 
resultados estiverem fora do intervalo de referência na ausência de sintomas, ou se a pessoa apresentar 
sintomas apesar de um resultado normal, provavelmente precisará de mais testes.
12
Unidade I
Os resultados do teste laboratorial também podem incluir um dos termos a seguir.
•	 Negativo ou normal: a doença (ou a substância) testada não foi encontrada.
•	 Positivo ou anormal: a doença (ou a substância) testada foi encontrada.
•	 Inconclusivo ou incerto: não há informações suficientes nos resultados para diagnosticar ou 
para descartar a doença, o que indica, na maioria das vezes, a necessidade de que sejam realizados 
mais testes.
Testes que avaliam vários órgãos e sistemas geralmente fornecem resultados quantitativos, que 
podem estar dentro ou fora de um intervalo de referência, enquanto aqueles que diagnosticam ou 
descartam doenças são qualitativos e, comumente, usam os termos listados anteriormente.
Resultados incorretos, que não correspondem à realidade, podem ser falso-positivos ou 
falso-negativos. Esses resultados não acontecem com frequência, mas é mais provável que aconteçam 
com certos tipos de testes, ou caso um teste não tenha sido conduzido de maneira adequada.
•	 Um resultado falso-positivo significa que o teste mostra que a pessoa tem uma doença ou uma 
condição, mas, na verdade, ela não tem.
•	 Um resultado falso-negativo significa que o teste mostra que a pessoa não tem uma doença ou 
uma condição, mas, na verdade, ela tem.
Embora os resultados falso-negativos e falso-positivos sejam incomuns, o médico pode solicitar que 
sejam feitos vários outros testes, a fim de garantir que o diagnóstico esteja correto.
Existem muitos fatores que podem afetar a precisão dos resultados do teste, por exemplo:
•	 certos alimentos e certas bebidas;
•	 medicamentos;
•	 estresse;
•	 exercício vigoroso;
•	 variações nos procedimentos do laboratório;
•	 algumas doenças.
Mas, afinal, como interpretar os resultados dos testes laboratoriais?
13
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
A interpretação dos resultados pode ser tão ou mais complexa do que o teste em si. Uma das causas 
é que nenhum resultado analítico é absoluto, independentemente do método utilizado.
Em outras palavras, todos os resultados têm um grau de incerteza associado: há incerteza na 
identificação correta da substância ou do parâmetro que está sendo avaliado, na sua quantificação etc.
O laboratório de análises clínicas é um serviço de saúde que tem como principal finalidade apoiar a 
conduta clínica perante as mais diversas enfermidades que nos atingem.
Muitos diagnósticos e muitas condutas terapêuticas são conduzidos de acordo com resultados de 
testes laboratoriais. Dessa forma, é fundamental que o laboratório de análises clínicas adote condutas 
que garantam a confiabilidade diagnóstica e metodológica de seus procedimentos.
O laboratório de análises clínicas é composto de diferentes setores técnicos, os quais executam 
a fase analítica do serviço diagnóstico. Entre esses setores, destacam-se os laboratórios de bioquímica 
clínica, gasometria, hematologia clínica, hemostasia, microbiologia clínica, uroanálise, imunologia clínica, 
hormônios, sorologia e de parasitologia clínica. Além desses setores clássicos, o laboratório de análises 
clínicas pode ter, em seu escopo, os serviços de biologia molecular, de citogenética clínica e de citopatologia, 
entre outros.
O quadro a seguir mostra alguns dos principais exames laboratoriais realizados no laboratório de 
análises clínicas.
Quadro 1 – Relação dos principais setores do laboratório de análises 
clínicas e exemplos de exames realizados em cada setor
Setor Principais exames
Hematologia clínica 
e hemostasia
Hemograma (eritrograma, leucograma e plaquetograma), provas de coaulação, 
tipagem ABO e sistema RH, testes de Coombs direto e indireto, contagem de 
reticulócitos, prova de falcização, curva de resistência osmótica
Bioquímica clínica 
e gasometria
Gasometria, dosagens de glicemia, amilase, lipase, ácido úrico, proteínas totais 
e frações, perfil renal (ureia, creatinina, clearance de creatinina, proteinúrias), 
provas AST, ALT, FAL, GGT, bilirrubina total e frações, cálcio iônico, ionograma, 
colesterol total e frações, enzimas cardíacas
Microbiologia 
clínica
Culturas de bactérias e fungos, provas de antibioticoterapia (antibiograma), 
baciloscopia (pesquisa de BK), provas de identificação e classificação 
bacteriana, hemocultura
Imunologia clínica, 
hormônios e sorologia
Prova para sífilis (VDRL), hormônios sexuais masculinos e femininos, 
hormônios tireoidianos, provas de autoimunidade, sorologias para diferentes 
doenças e agentes, entre outros
Uroanálise e fluidos 
corporais
Dosagem de proteinúria em urina de 24 horas, urina tipo I, análise dos 
líquidos cavitários (líquor, líquido ascético, líquido pleural, líquido sinovial)
Parasitologia clínica Provas protoparasitológicas, sangue oculto nas fezes
Outros testes Pesquisa molecular, MLPA, cariotipagem, Fish, arrays
Os testes laboratoriais são desenvolvidos em três fases distintas e inter-relacionadas:
14
Unidade I
•	 a fase pré-analítica, que envolve desde a solicitação do teste laboratorial até a triagem dos 
materiais coletados;
•	 a fase analítica, relacionada com os procedimentos experimentais necessários para a obtenção 
dos resultados;
•	 a fase pós-analítica, que se refere à análise e à interpretação dos resultados, ao preparo do laudo 
e ao estabelecimento da conduta terapêutica.
Atualmente, o laboratório de análises clínicas é composto de plataformas automatizadas, que 
realizam as dosagens dos analitos e a contagem de células com maior rapidez e confiabilidade, devido à 
padronização dos processos e à minimização dos erros decorrentes da manipulação humana.
A automação laboratorial deve ser avaliada com muito critério pelo responsável técnico, a fim de 
garantir a reprodutibilidade de todas as etapas dos testes.
1.1 Conceitos básicos em análises clínicas
Diversos parâmetros são importantes para que os resultados de um exame laboratorial sejam 
interpretados de maneira correta. A seguir, apresentamos os principais.
1.1.1 Valores de referência
Como já discutido anteriormente, os valores de referência são um intervalo de valores obtidos a 
partir da observação ou da avaliação quantitativa de um analito em uma população saudável. Em 
outras palavras, eles indicam a faixa de normalidade da concentração do analito em determinado tipo 
de amostra biológica (sangue, urina, líquor etc.).
Esses valores são diferencialmente expressos de acordo com o tipo de teste realizado (qualitativo ou 
quantitativo).
•	 Nos testesqualitativos, o valor de referência tende a ser apresentado como positivo ou negativo 
ou, ainda, como reagente ou não reagente.
•	 Nos testes quantitativos, os valores de referência são expressos como valores numéricos em 
intervalos de referência, que se referem a uma taxa ou a uma faixa de normalidade, dentro de 
um intervalo de variação dito normal.
1.1.2 Especificidade e sensibilidade
A especificidade e a sensibilidade são parâmetros fundamentais para garantir a confiabilidade do 
teste e para entender as limitações relacionadas com a interpretação dos resultados gerados. Eles são 
expressos em valores relativos, que variam de 0% a 100%.
15
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
A especificidade do teste consiste na probabilidade de detectar corretamente indivíduos sadios 
quando eles são submetidos a um teste laboratorial, ou seja, relaciona-se à capacidade de identificar 
de maneira inequívoca os indivíduos não doentes. Por exemplo, em testes sorológicos, a especificidade 
refere-se à capacidade de detectar somente os antígenos e/ou os anticorpos que sejam específicos para 
a doença diagnosticada pelo teste.
Testes com elevada especificidade têm pouca chance de apresentar resultados falso-positivos, ou 
seja, de evidenciar indivíduos saudáveis como doentes. Por exemplo, um teste que apresenta 98% 
de especificidade consegue indicar resultados verdadeiro-positivos em 98% dos casos e resultados 
falso-positivos em apenas 2% dos casos.
A sensibilidade, por sua vez, refere-se à potencialidade de detectar uma ínfima porção do analito na 
amostra, ou seja, trata-se da capacidade de detectar de maneira correta os pacientes doentes.
Testes com alta sensibilidade são muito utilizados para a triagem diagnóstica, pois a chance de 
revelar resultados falso-negativos é baixa. Por exemplo, um teste que apresenta 98% de sensibilidade 
consegue indicar resultados verdadeiro-negativos em 98% dos casos e resultados falso-negativos em 
apenas 2% dos casos.
Exemplo de aplicação
Em bancos de sangue, os exames de triagem de doenças transmissíveis são essenciais para garantir 
a qualidade do material doado e a segurança do receptor do sangue e dos hemoderivados.
A Resolução RDC n. 153, de 14 de junho de 2004, determina que as amostras de sangue devam ser 
obrigatoriamente testadas para hepatite B, hepatite C, HIV-1 e HIV-2, doença de Chagas, sífilis, HTLV-I 
e HTLV-II e, em situações especiais, para CMV e malária (BRASIL, 2004).
Ainda de acordo com a resolução, é obrigatória a realização de exames laboratoriais de alta 
sensibilidade. Portanto, os testes, quando necessários, devem privilegiar a sensibilidade em detrimento 
da especificidade.
Em um banco de sangue, a triagem sorológica é realizada com fins preventivos, ou seja, a finalidade 
dos testes é evitar a contaminação do indivíduo receptor. Portanto, a diminuição dos resultados 
falso-negativos deve ser privilegiada. As amostras de sangue com sorologia falso-positiva, por outro 
lado, não representam risco para o receptor.
Caso o resultado positivo persista, o doador deverá ser convocado para a realização de testes 
confirmatórios, com alta especificidade, para que haja certeza diagnóstica. Esses testes podem ser 
realizados no próprio hemocentro ou em unidades assistenciais indicadas.
A relação entre a sensibilidade e a especificidade de um teste diagnóstico é avaliada por meio de 
ferramentas de validação, por exemplo, a curva ROC (receiver operating characteristic). Essa curva é um 
16
Unidade I
instrumento que previne os erros diagnósticos e contribui para a padronização dos testes laboratoriais. 
Nesse contexto, é importante ressaltar que a sensibilidade e a especificidade do teste são determinadas 
com base em estudos populacionais.
A
Co
nt
ag
em
50
50 70 90
0
Teste 1
40
30
20
10
A3 A1 A2
Controle
Doentes
1 - Especificidade (falso-positivos)
B
Se
ns
ib
ili
da
de
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
A3
Teste 1
Linha de 
referência
A1
A2
Figura 1 – (A) Representação das curvas de distribuição de resultados para um teste hipotético que visa 
classificar pacientes como doentes ou saudáveis. (B) Curva ROC dos resultados do teste 1, segundo sua 
sensibilidade e taxa de falso-positivos. O ponto A1 representa o valor do teste (ponto de corte) com maiores 
sensibilidade e especificidade (maior proximidade do canto superior esquerdo do gráfico). O ponto A2 
representa o valor do teste a partir do qual se atinge a máxima sensibilidade (ausência de falso-positivos). 
O ponto A3 é o valor de máxima especificidade, abaixo do qual não deve haver falso-negativos
Fonte: Polo e Miot (2020, p. 2).
 Saiba mais
Para entender melhor a interpretação de testes, leia:
KAWAMURA, T. Interpretação de um teste sob a visão epidemiológica: 
eficiência de um teste. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 79, n. 4, p. 437-441, 
2002. Disponível em: https://cutt.ly/oAf5qar. Acesso em: 21 set. 2022.
1.1.3 Exatidão, precisão e acurácia metodológica
Os resultados dos testes laboratoriais devem ser condizentes com as manifestações clínicas dos 
pacientes. Nesse cenário, é vital abordar os conceitos de exatidão, precisão e acurácia metodológica.
A exatidão é um termo amplamente utilizado para expressar o quanto determinado teste diagnóstico 
apresenta resultados compatíveis com a realidade do paciente, ou seja, o quanto os resultados dos exames 
são verdadeiros.
17
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
A precisão é importante para a confiabilidade do teste. Esse termo está relacionado à reprodutibilidade, 
ou seja, o quanto aquele determinado teste, quando repetido em uma mesma amostra, apresenta 
resultado igual ou condizente ao resultado anterior.
A acurácia é o termo usado para avaliar a capacidade de determinado teste mensurar ou avaliar o 
analito que ele se propõe avaliar.
A figura a seguir ilustra um modelo esquemático da definição de exatidão e de precisão. À esquerda, 
observa-se um teste com elevada exatidão (acerta o centro do alvo, o que é uma analogia da situação 
ideal em que se acerta a concentração real do analito no teste) e elevada precisão (todos os resultados 
são próximos uns dos outros). À direita, por outro lado, observa-se um teste com alta precisão, mas com 
baixa exatidão.
Exatidão: resultados de 
exames laboratoriais 
condizentes com o valor real
� � ��
� � � � ��
��
Precisão: resultados 
repetidamente iguais ou 
dentro de um intervalo de 
confiança – reprodutibilidade
××
× × ×× × ×× ×× ×
Figura 2 – Representação esquemática dos conceitos de exatidão e de precisão
1.1.4 Erros sistemáticos e aleatórios
Os erros sistemáticos e os erros aleatórios são erros inerentes à automação laboratorial.
•	 Os erros sistemáticos são evidenciados quando os resultados do teste oscilam de maneira equilibrada 
ao redor da média esperada. Eles tendem a acontecer de forma repetida na rotina laboratorial.
•	 Os erros aleatórios estão relacionados com a falta de precisão de determinado teste. Nesse caso, 
os resultados do teste não oscilam em torno da média, mas são distribuídos aleatoriamente
Os erros aleatórios são, muitas vezes, de difícil detecção pelo responsável técnico. O olhar cuidadoso, 
a avaliação do laudo evolutivo de pacientes internados e a relação clínico-laboratorial são fundamentais 
para a sua correta constatação.
Os erros sistemáticos são mais previsíveis e podem ser detectados quando repetimos determinado teste 
quantitativo várias vezes usando uma mesma amostra e obtemos resultados consistentemente diferentes.
18
Unidade I
Ao repetirmos a análise de uma amostra, os resultados muito dificilmente serão idênticos, pois 
existem erros associados à leitura. No entanto, espera-se que a distribuição dos resultados não seja 
aleatória, mas que esses dados apresentem uma distribuição normal, ou seja, uma distribuição gaussiana.
A curva de Gauss é uma função matemática que apresenta a distribuição de normalidade (mais 
precisamente, a função densidadede probabilidade). No contexto do laboratório clínico, ela exprime a 
relação entre os valores avaliados (no caso, os valores dos resultados dos testes), plotados no eixo x do 
gráfico, e a frequência com que cada valor é observado, no eixo y.
Essa curva tem o formato de um sino, com um ponto central, de ordenada “mais alta”, que exprime a 
média dos valores. A variação da distribuição dos pontos em relação a esse ponto central está associada 
ao desvio padrão.
Quanto maior for o número de desvios padrão aceitáveis, maior a margem de aceitabilidade, porém 
maior a probabilidade de incutirmos em possíveis erros diagnósticos.
Atualmente, cabe ao laboratório de análises clínicas determinar a margem de desvios padrão aceitáveis 
em sua rotina, sempre de acordo com as recomendações dos fabricantes dos testes laboratoriais e 
dos padrões de controle de qualidade interno. Um dos critérios mais utilizados é a média do ensaio 
± 2 desvios padrão.
Ressaltamos que, quando os resultados de um teste, realizado em uma amostra específica, 
apresentam distribuição normal, cerca de 68,26% dos resultados estão compreendidos na margem entre 
± 1 desvio padrão; 95,45% dos resultados estão entre ± 2 desvios padrão; e, aproximadamente, 99,73% 
dos resultados estão entre ± 3 desvios padrão da média-alvo do teste.
0,1%
-3σ 3σ-2σ 2σ-1σ 1σ0
0,1%
0,
0
0,
1
0,
2
0,
3
0,
4
2,1% 2,1%
13,6%13,6% 13,6%13,6%
34,1% 34,1%
13,6% 13,6%
Figura 3 – Curva de Gauss padronizada. Os valores de ± 1 desvio padrão, ± 2 desvios padrão e 
± 3 desvios padrão estão indicados pela letra grega σ. A distribuição dos resultados ao longo da curva 
está representada em valores relativos
Disponível em: https://bit.ly/3LBlHCT. Acesso em: 21 set. 2022.
19
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
1.2 Qualidade no contexto do laboratório de análises clínicas
1.2.1 Procedimentos operacionais padrão
Os procedimentos realizados no laboratório de análises clínicas devem ser sistematizados e padronizados, 
a fim de garantir sua qualidade.
Uma das principais ferramentas utilizadas na fase analítica, que permite a reprodutibilidade 
dos processos, é o manual operacional interno dos serviços do laboratório de análises clínicas. Os 
procedimentos operacionais padrões (POPs) são desenvolvidos para cada atividade e exame. Eles devem 
conter os parâmetros mínimos que garantam as boas práticas laboratoriais e precisam ser escritos e 
revisados periodicamente.
Destacamos a seguir alguns dos itens que devem ser contemplados nos POPs.
•	 Descrição detalhada de cada procedimento;
•	 Marca, fabricante, número de catálogo do representante e validade dos reagentes utilizados no 
procedimento;
•	 Normas de biossegurança para a execução das atividades;
•	 Descritivo rápido para utilização dos equipamentos automatizados;
•	 Registro de manutenção preventiva e de controles de qualidade (frequência de resultados 
alterados e possíveis erros de resultados);
•	 Descrição da técnica usada;
•	 Interpretação do resultado e dos valores de referência.
A responsabilidade pela elaboração, pela atualização e pela validação dos POPs é da equipe técnica, 
em conjunto com o gestor do laboratório de análises clínicas. Esses documentos garantem a padronização 
das atividades laborativas, sejam gerenciais, sejam técnicas.
1.2.2 Controle interno e externo de qualidade
O assunto qualidade é extremamente discutido nos laboratórios de análises clínicas por toda a 
equipe de trabalho.
A garantia da qualidade dos exames da fase analítica é mantida pela realização do controle interno 
de qualidade (CIQ) e do controle externo de qualidade (CEQ).
20
Unidade I
•	 O CIQ engloba testes intralaboratoriais, ou seja, realizados dentro de um mesmo laboratório, a fim 
de avaliar a precisão dos ensaios executados diariamente. Em outras palavras, esse processo avalia 
os procedimentos realizados nas dependências de determinado laboratório de análises clínicas.
•	 O CEQ engloba testes interlaboratoriais, ou seja, ensaios que verificam se a análise de uma mesma 
amostra por laboratórios diferentes leva a resultados semelhantes.
O CEQ é realizado a partir da análise de amostras comercialmente distribuídas para validar os testes 
executados nos setores de hematologia, de bioquímica, de sorologia e de hormônios, entre outros.
O CIQ baseia-se na comparação dos valores obtidos na leitura de uma mesma amostra controle, pelo 
mesmo equipamento, em dias sucessivos. Os dados são plotados em um gráfico específico, denominado 
gráfico de Levey-Jennings, e, em seguida, algumas regras de qualidade são aplicadas, chamadas de 
regras de Westgard.
Média + 2 DP
Média + 1 DP
Média - 2 DP
Dia da corrida analítica
203,0
202,5
202,0
201,5
201,0
200,5
200,0
199,5
199,0
198,5
198,0
0 10 20 30 40 50
Média - 1 DP
Média
Re
su
lta
do
 d
o 
te
st
e
Figura 4 – Gráfico de Levey-Jennings (DP = desvio padrão)
Adaptado de: https://bit.ly/3DFYEFd. Acesso em: 21 set. 2022.
Para validar os resultados do controle de qualidade, o gráfico de Levey-Jennings deve ser interpretado 
a partir da aplicação das regras múltiplas de Westgard, que são um conjunto de critérios de decisão que 
objetivam evidenciar um comportamento inadequado em uma ou mais corridas analíticas.
A aplicação de cinco regras de controle diferentes, que analisam o comportamento dos resultados da 
corrida analítica em relação à média, permite julgar se ela é válida ou se deve ser descartada.
21
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
12s
Sim
13s
Sim
Não
22s
Sim
Não
R4s
Sim
Não
41s
Sim
10x
Sim
NãoNão
Sob Controle, Aprovar Corrida Analítica
Fora de Controle, Rejeitar Corrida Analítica
Não
Dados de 
Controle
Figura 5 – Regras múltiplas de Westgard e critérios de aceitabilidade/rejeição de uma corrida analítica
As regras são apresentadas a seguir.
•	 Regra 12s: essa regra é violada quando um resultado da medição da amostra controle excede os limites 
de 2 desvios padrão para cima ou para baixo da média. A violação dessa regra alerta para uma inspeção 
cuidadosa dos dados e, caso mais uma das regras abaixo seja violada, indica-se a rejeição da corrida analítica.
•	 Regra 13s: essa regra é violada quando um resultado da medição da amostra controle excede os 
limites de 3 desvios padrão para cima ou para baixo da média.
•	 Regra 22s: essa regra é violada quando dois resultados consecutivos excedem os limites de 
2 desvios padrão para cima ou 2 desvios padrão para baixo da média (os dois resultados precisam 
necessariamente estar localizados no mesmo lado do gráfico).
•	 Regra R4s: essa regra é violada quando uma medição de controle exceder o limite da média mais 
2 desvios padrão e a seguinte exceder o limite da média menos 2 desvios padrão.
•	 Regra 41s: essa regra é violada quando quatro medições consecutivas excedem o limite de 
1 desvio padrão para cima da média ou 1 desvio padrão para baixo da média (os quatro resultados 
precisam necessariamente estar localizados no mesmo lado do gráfico).
•	 Regra 10x: essa regra é violada quando dez medições de controle consecutivas estiverem no 
mesmo lado em relação à média.
A aplicação das regras de Westgard mostra que, mesmo que determinado ensaio não apresente 
valores fora da margem estabelecida, o seu comportamento em um período deve ser avaliado. Além 
disso, medidas de correção devem ser tomadas pelo responsável técnico, como a calibração do 
equipamento, a verificação da contaminação do equipamento com reagentes e/ou analitos, a detecção 
de erros mecânicos dos equipamentos automatizados etc. Com a resolução das não conformidades da 
fase analítica, o laboratório pode retomar suas atividades com excelência e qualidade.
22
Unidade I
 Observação
As regras de Westgard são utilizadas para avaliar a fase analítica dos 
exames laboratoriais. Quando fazemos os CIQ, os resultados das amostras 
conhecidas são lançados no gráfico de Levey-Jennings, e as regras de 
Westgard são aplicadas para a validação e a liberação da rotina laboratorial.Esse procedimento é uma das principais vias de avaliação da qualidade de 
um teste diagnóstico.
 Saiba mais
Aprofunde seus conhecimentos sobre controle de qualidade em:
BERLITZ, F. A. Controle da qualidade no laboratório clínico: alinhando 
melhoria de processos, confiabilidade e segurança do paciente. Jornal 
Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 46, n. 5, p. 353-363, 2010.
1.2.3 Certificação laboratorial
O processo de certificação laboratorial é uma escolha voluntária que os laboratórios de análises 
clínicas contratam para obter, caso aprovados, a chancela daquele programa. Atualmente, dispomos 
de diferentes programas de acreditação, destacando-se o PALC-SBPC/ML (Programa de Acreditação de 
Laboratórios Clínicos, da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial), o DICQ-SBAC 
(Sistema Nacional de Acreditação, da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas) e o CAP (College of 
American Pathologists).
Considerando-se a globalização, os laboratórios de análises clínicas visam possuir as acreditações 
laboratoriais. Esses selos de qualidade são utilizados como grande diferencial em um mercado tão 
concorrido, e o processo de certificação é uma evidência do comprometimento com a excelência e a 
padronização dos processos e procedimentos.
 Lembrete
O conceito de qualidade é muito amplo e importante, sobretudo nas 
análises clínicas. Os resultados dos testes laboratoriais podem influenciar 
diretamente a sobrevida do paciente, daí a importância de mantermos 
rígidas medidas de controle da qualidade.
23
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
1.3 Avaliação dos testes laboratoriais na prática clínica do farmacêutico
Mesmo com os avanços tecnológicos observados nas últimas décadas, sabemos que há falhas de 
comunicação entre os profissionais responsáveis pelos laboratórios clínicos e os farmacêuticos clínicos.
A farmacoterapia pode beneficiar-se de uma melhor ligação laboratório-farmácia em relação a 
vários aspectos, como os listados a seguir.
•	 Escolha do melhor medicamento, considerando-se as indicações e as contraindicações apontadas 
pelos exames laboratoriais.
•	 Ajustes na dosagem dos medicamentos: pacientes com doença renal ou hepática, por exemplo, 
precisam realizar exames periódicos para ajustar a dose de uma série de medicamentos.
•	 Monitoramento dos níveis plasmáticos do fármaco, a partir da avaliação de sinais indicativos 
de toxicidade.
•	 Considerações a respeito da interferência de fármacos nos resultados dos exames laboratoriais.
•	 Vigilância relativa aos efeitos adversos e tóxicos do fármaco que ainda não são conhecidos.
•	 Monitoramento das intercorrências na resposta terapêutica.
Uma maneira de contemplar esses pontos é a implementação de um sistema que incorpore os 
dados laboratoriais e os dados farmacêuticos em um único protocolo. No âmbito do SUS, o prontuário 
nacional eletrônico interligado desempenha esse papel.
 Saiba mais
Aprenda sobre o prontuário nacional eletrônico interligado em:
ALMEIDA, L. Prontuário Eletrônico Nacional Interligado: integração 
de informações do paciente. Medcloud, 14 jan. 2020. Disponível em: 
https://bit.ly/3xG4Ed8. Acesso em: 21 set. 2022.
Agora vamos conhecer alguns exemplos de situações-problema que mostram a importância da 
integração dos dados laboratoriais e dos dados farmacoterapêuticos.
•	 Prescrição de suplementação de potássio para um paciente hipercalêmico, mas cujos resultados 
laboratoriais o prescritor desconhece, pode levar a um quadro grave de arritmia.
24
Unidade I
•	 Falha no ajuste da dosagem de gentamicina em um paciente com insuficiência renal.
•	 Manutenção da infusão de teofilina em um paciente com níveis tóxicos desse fármaco no sangue.
•	 Manutenção da antibioticoterapia em um paciente cujas hemoculturas mostram um organismo 
resistente a esse medicamento.
•	 Falha no monitoramento das enzimas hepáticas ou musculares em doentes em uso de troglitazona 
ou de cerivastatina sódica.
Todos esses casos podem ser evitados quando os sistemas de informação de laboratórios e farmácias 
comunicam-se de forma eficaz.
De fato, um resultado laboratorial passa a ser mais elucidativo quando consideramos quais 
medicamentos o paciente toma. Por exemplo, anormalidades hepáticas aparentemente menores 
assumem maior importância se o paciente estiver recebendo um medicamento hepatotóxico. Da 
mesma forma, a hipocalemia tem um significado especial para um paciente em uso de digoxina.
Nesse contexto, os resultados laboratoriais anteriores dos pacientes são importantes para detectar 
alterações nos parâmetros laboratoriais decorrentes do uso de medicamentos – alterações sutis que, de 
outra forma, poderiam ser ignoradas.
Do mesmo jeito que a farmacoterapia se beneficia do conhecimento dos parâmetros laboratoriais 
do paciente, também é importante que o laboratório de análises clínicas conheça os medicamentos que 
o paciente está tomando, a fim de evitar a interpretação equivocada dos resultados. Por exemplo, um 
estudo de amostras enviadas para avaliações hormonais que revelou que 11% dessas amostras eram de 
pacientes que estavam tomando um ou mais medicamentos potencialmente interferentes (KAILAJÄRVI 
et al., 2000).
Mesmo perguntas simples, por exemplo, “um nível de glicose de 300 mg/dL requer acompanhamento 
urgente?”, podem ser mais facilmente respondidas quando sabemos se o paciente está tomando um 
hipoglicemiante. Seguindo o mesmo raciocínio clínico, a resposta à anemia em um paciente em uso de 
eritropoietina deve ser diferente daquela de um hematócrito em queda em um paciente em uso de um 
anti-inflamatório não esteroidal.
 Saiba mais
Conheça melhor a interferência dos medicamentos em:
SILVA, R. S. et al. Interferência dos medicamentos nos exames 
laboratoriais. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 57, 
2021. Disponível em: https://bit.ly/3SpPwJ4. Acesso em: 21 set. 2022.
25
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
1.4 Principais métodos empregados no laboratório de análises clínicas
Para que você possa realizar uma avaliação mais completa e elucidativa de seus clientes e pacientes, 
vamos, a partir de agora, aprender os métodos dos principais exames executados no laboratório de 
análises clínicas.
Os ensaios feitos no laboratório de análises clínicas baseiam-se no uso de alguns reagentes que 
permitem a identificação de analitos relacionados a patologias específicas, a partir de reações químicas.
Cada ensaio baseia-se em um sistema analítico específico, que considera, além do reagente e do 
analito, as facilidades instrumentais, a precisão e a exatidão dos resultados, entre outros parâmetros.
De acordo com a natureza do produto formado, podemos dividir as reações químicas que constituem 
os testes laboratoriais nas seguintes categorias:
•	 Reações de aglutinação;
•	 Reações de precipitação ou de turvação;
•	 Reações colorimétricas;
•	 Reações cujos produtos são quantificados a partir da absorbância de luz no espectro ultravioleta;
•	 Reações de quimioluminescência.
Nas reações de aglutinação, partículas ligadas a antígenos ou a anticorpos reagem com o analito 
e produzem uma reação visível a olho nu ou ao microscópio. Em alguns casos, o resultado positivo está 
relacionado à presença de aglutinação; em outros, à sua ausência. Trata-se, portanto, de testes qualitativos.
Nas reações de precipitação, ocorre a precipitação do analito após o contato com o reagente. 
Enquanto o analito encontra-se em suspensão, ele pode ser quantificado por espectrofotometria.
Nas reações colorimétricas, o produto formado pela reação entre o reagente e o analito apresenta 
cor, sendo que sua intensidade é diretamente proporcional à concentração do analito. A quantificação 
é feita em espectrofotômetro, utilizando-se feixes de luz na faixa visível do espectro (comprimentos de 
onda entre 380 e 680 nm).
Nas reações cujos produtos são quantificados a partir da absorbância de luz no espectro 
ultravioleta, a quantificação tambémé feita no espectrofotômetro, porém utilizamos feixes de luz com 
menor comprimento de onda, geralmente entre 340 e 365 nm.
Nas reações de quimioluminescência, ocorre a formação de um produto que emite luz visível. Os 
principais reagentes usados são o luminol, a acridina e o indol.
26
Unidade I
De acordo com o modelo ou o procedimento realizado, as reações descritas anteriormente são, 
ainda, divididas nas seguintes categorias:
•	 Reações de ponto final;
•	 Cinética química.
Nas reações de ponto final, o produto formado atinge o seu ponto máximo de detecção, permanece 
inalterado por determinado tempo e, depois, perde a estabilidade. A quantificação da concentração 
máxima de produto formado é feita por espectrofotometria.
 Observação
Sempre que vamos realizar ensaios espectrofotométricos, temos 
que avaliar se o reagente também absorve luz no comprimento de onda 
usado. Se sim, é importante “zerar” o equipamento com o reagente, que, 
nessas condições, é chamado de “branco”. Ao descontarmos a absorbância 
do “branco”, torna-se possível considerar apenas a absorbância do 
produto formado.
Na cinética química, avaliamos a quantidade de produto formado em diferentes tempos (horas, 
minutos ou, até mesmo, segundos). Podemos avaliar a cinética contínua em tempo fixo ou em dois tempos.
•	 Na cinética contínua, o produto é quantificado continuamente, até o final da reação.
•	 Na cinética de tempo fixo, determinamos a absorbância quando a amostra entra em contato 
com o substrato e no final da reação.
•	 Na cinética de dois pontos, geralmente, determinamos a absorbância da fase inicial da reação, 
aos 30 segundos, e, em seguida, aos 90 segundos. Para obter o resultado, calculamos a diferença 
entre as duas leituras (delta da reação).
Você já deve ter percebido que a espectrofotometria é o principal método de quantificação do 
analito, independentemente do tipo de reação envolvida. Vamos relembrar no que consiste essa técnica?
A espectrofotometria é uma técnica que permite a determinação da concentração de um analito 
com base no seu padrão de absorção de ondas de luz de determinado comprimento de onda. Ela pode 
ser dividida em turbidimetria e nefelometria.
Na turbidimetria, verificamos a diminuição da intensidade da luz transmitida em relação à luz que 
incidiu sobre a amostra. Assim, é possível determinar o nível de turbidez da amostra: quanto maior for 
o número de partículas, mais turva será a amostra e, portanto, maior será o espalhamento da luz, maior 
será a absorbância e menor será a transmitância.
27
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Na nefelometria, determinamos a difração da luz transmitida. Nesse caso, ao atravessar a amostra, 
observa-se alteração do percurso da luz, o que é detectado pelo equipamento.
Além das categorias já apresentadas, temos os testes sorológicos. Esses testes têm o objetivo de 
detectar anticorpos e/ou componentes antigênicos em vários contextos laboratoriais diferentes.
Os principais tipos de testes sorológicos são apresentados a seguir.
•	 Radioimunoensaio (RIE): método quantitativo no qual antígenos marcados com partículas 
radioativas ligam-se a anticorpos específicos, ou vice-versa. Pode ser competitivo ou por excesso 
de reagente.
•	 Enzimaimunoensaio (ELISA, enzyme‑linked immunosorbent assay): a reação antígeno-anticorpo 
é monitorada por medida de atividade enzimática. Um dos reagentes (o antígeno ou o anticorpo) é 
adicionado em placas contendo pequenos poços. A amostra a ser testada também é adicionada aos 
poços e, caso haja algum analito complementar ao reagente (anticorpos, no caso de o reagente ser 
um antígeno; e antígenos, no caso de o reagente ser um anticorpo), ocorre a formação de cor. Essa 
cor deve-se à presença de uma enzima conjugada ao reagente, cujo produto de reação é colorido.
•	 Imunofluorescência: realizada com anticorpo ligados covalentemente a fluorocromos. Ao se 
ligar ao antígeno, ocorre emissão de fluorescência, que pode ser quantificada ou até mesmo 
observada ao microscópio.
Exemplo de aplicação
Anticorpos contra vírus e outros microrganismos, que sinalizam a efetivação de resposta imune pelo 
hospedeiro, podem ser detectados por ensaios de ELISA.
Nesses ensaios, os antígenos virais purificados são adsorvidos a uma placa de plástico contendo 
poços, e o soro do paciente é adicionado à placa. Caso haja presença de anticorpos contra o vírus no 
soro, eles se complexam aos antígenos aderidos à placa. A visualização da reação positiva é possível 
após a adição de anticorpo secundário, antiglobulina humana, associado a um sistema de detecção 
enzimática (peroxidase, fosfatase alcalina ou beta-galactosidase).
2 AVALIAÇÃO DE MARCADORES BIOQUÍMICOS RELACIONADOS AOS DISTÚRBIOS 
DO METABOLISMO
Os distúrbios do metabolismo podem afetar um ou mais sistemas do organismo e, em geral, são 
resultado da alteração funcional de órgãos ou tecidos com elevada atividade enzimática. A seguir, vamos 
conhecer os principais testes que avaliam a função hepática, a função pancreática, a função óssea, a 
função digestiva, os metabolismos do colesterol e dos triglicérides e a função digestiva.
28
Unidade I
2.1 Estudo bioquímico‑laboratorial das principais alterações hepáticas 
e das vias biliares
A avaliação da função hepática, ou perfil hepático, envolve a interpretação de diferentes exames, 
mostrados a seguir.
•	 Determinação dos níveis plasmáticos das transaminases (aminotransferases), da fosfatase alcalina, 
da gama-glutamil transferase (GGT) e da desidrogenase lática (LDH).
•	 Dosagem das concentrações plasmáticas de bilirrubinas.
•	 Quantificação de outras substâncias no plasma, por exemplo, as proteínas totais, a albumina, a 
protrombina e a amônia.
Esses exames são realizados com várias finalidades, que incluem a avaliação de lesões hepatocelulares 
e das vias biliares, a determinação do fluxo biliar e a estimativa da capacidade que o fígado tem de 
sintetizar diferentes proteínas.
Vamos, agora, conhecê-los?
2.1.1 Aminotransferases ou transaminases: alanina aminotransferase (ALT), ou 
transaminase pirúvica (TGP), e aspartato aminotransferase (AST), ou transaminase 
oxalacética (TGO)
A TGO e a TGP são enzimas que promovem a transferência de grupamentos amina de aminoácidos 
para cetoácidos, com a ajuda da vitamina B6.
A TGO é normalmente encontrada em mitocôndrias de uma diversidade de tecidos, inclusive o fígado, 
os músculos esquelético e cardíaco, os rins, o pâncreas e o cérebro. Portanto, a TGO não é exclusiva do 
fígado, e o aumento dos níveis plasmáticos dessa enzima pode indicar lesão em qualquer um dos órgãos 
que a expressa.
A TGP é encontrada principalmente no citoplasma dos hepatócitos. Doenças não hepatobiliares, 
como a obesidade, a diabetes, a hemocromatose, a deficiência de alfa-1-antitripsina, a infecção pelo 
HIV e o hipertireoidismo, podem resultar em aumento dos níveis plasmáticos dessa enzima, o que indica 
envolvimento hepático.
Além disso, é importante ressaltar que o rápido aumento dos níveis plasmáticos das aminotransferases 
é comum a todas as hepatites agudas induzidas por vírus.
A TGO e a TGP apresentam meia-vida plasmática de cerca de 17 e 47 horas, respectivamente. Elas 
podem ser analisadas por método colorimétrico cinético de tempo fixo ou de ponto final em soro, plasma 
ou líquor. Como em qualquer análise enzimática, devemos tomar cuidado especial com a temperatura 
e com o tempo da reação.
29
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
O uso de esteroides anabolizantes e a realização de exercícios elevam as transaminases no sangue. 
Hemoglobina, triglicérides e bilirrubinas elevados no soro também podem influenciar os resultados.
2.1.2 Desidrogenase lática (LDH)
As isoenzimas da família da desidrogenase lática catalisam a oxidação reversível do lactato a piruvato 
e estão presentes em vários órgãos.
 Observação
Isoenzimas são isoformas de enzimas, ou seja, enzimas que têm a 
mesma função, mas que apresentam características estruturaisque diferem 
ligeiramente entre si.
As isoformas da LDH são:
•	 a LDH-1, presente no coração, nas hemácias e nos rins;
•	 a LDH-2, presente no coração (em menor quantidade) e nos leucócitos;
•	 a LDH-3, presente nos pulmões;
•	 a LDH-4, presente na placenta, no fígado e no pâncreas;
•	 a LDH-5, presente no fígado e no músculo esquelético.
A determinação dos níveis plasmáticos de LDH-4 e de LDH-5 não é uma prova específica da 
função hepática. Porém, quando analisadas em conjunto com outros parâmetros, como os níveis de 
transaminases, GGT e fosfatase alcalina, permitem avaliar a gravidade do dano hepático.
Um exemplo é a hepatite ou as neoplasias malignas do fígado, que apresentam LDH total e fosfatase 
alcalina elevadas na ausência de quaisquer outras alterações.
Para realizar as dosagens, amostras de soro são usadas em métodos colorimétricos, fluorimétricos 
e espectrofotométricos cinético de tempo fixo, em aplicação manual e semiautomática. Caso seja 
necessário analisar e identificar as frações, usamos eletroforese em acetato de celulose ou em agarose.
2.1.3 Fosfatase alcalina (FA)
A FA corresponde a uma família de enzimas (isoenzimas) presentes em praticamente todos os tecidos, 
principalmente nos ossos, nos rins, no fígado, no intestino e na placenta.
30
Unidade I
No fígado, a fosfatase alcalina é encontrada principalmente nos microvilos dos canalículos biliares e 
na superfície sinusoidal dos hepatócitos. Por esse motivo, é um marcador para a disfunção biliar e para 
a obstrução do trato biliar por litíase nos ductos ou nos canalículos. Encontra-se aumentada também 
nos processos infecciosos e nos processos inflamatórios que acompanham as lesões invasivas.
O aumento dos níveis plasmáticos da fosfatase alcalina pode ser usado para diferenciarmos a 
icterícia intra-hepática e icterícia extra-hepática, pois seu aumento está relacionado principalmente 
com a obstrução do ducto biliar, de origem extra-hepática.
Alopurinol, colchicina, alguns antibióticos e metotrexato, entre outros fármacos, são fatores 
interferentes no exame de determinação dos níveis plasmáticos de fosfatase alcalina. Soro ou plasma 
com heparina são submetidos ao método mais usado nos laboratórios, que é o de cinética colorimétrica 
de tempo fixo.
2.1.4 Gama‑glutamil transferase (GGT)
A GGT é uma enzima encontrada em vários tecidos, como nos rins, no cérebro, no pâncreas 
e no fígado (órgão no qual a quase totalidade dessa enzima é encontrada). Ela regula o transporte 
de aminoácidos através das membranas microssomais, a partir da catálise da transferência do grupo 
glutamil da glutationa para um aminoácido livre.
Essa enzima pode estar elevada em pacientes alcoólatras, obesos e que fazem uso de acetaminofeno 
(paracetamol). No entanto, estima-se que cerca de 15% das pessoas tenham GGT acima dos valores 
considerados normais sem a presença de quaisquer doenças.
Ressaltamos que o aumento simultâneo dos níveis plasmáticos da GGT e da fosfatase alcalina indica 
obstrução do trato biliar.
2.1.5 Bilirrubinas
O termo icterícia refere-se ao sinal clínico de amarelamento da pele, das escleras e de mucosas em 
resposta ao aumento da concentração de bilirrubina nos tecidos e no sangue (hiperbilirrubinemia).
A icterícia torna-se evidente quando os níveis séricos de bilirrubina são maiores ou iguais a 2 mg/ dL. 
Em adultos, a icterícia não é uma manifestação comum e pode indicar a presença de hemólise, de 
distúrbios metabólicos ou de patologias hepáticas, pancreáticas ou renais.
A bilirrubina, componente dos pigmentos biliares, é sintetizada principalmente a partir da 
hemoglobina liberada de eritrócitos senescentes. A biossíntese da bilirrubina pode ser dividida em três 
fases: pré-hepática, intra-hepática e pós-hepática.
Na fase pré-hepática, a hemoglobina é liberada dos eritrócitos degradados pelas células 
reticuloendoteliais do baço, do fígado e da medula óssea. Nesse processo, o grupamento heme da 
hemoglobina é quebrado e origina a bilirrubina livre, lipossolúvel, também conhecida como bilirrubina 
31
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
indireta ou não conjugada. A bilirrubina não conjugada liga-se à albumina sérica e, então, é transportada 
para os hepatócitos.
Na fase intra-hepática, a bilirrubina atinge o retículo endoplasmático dos hepatócitos, onde é 
conjugada com o ácido glicurônico. O produto dessa reação é a bilirrubina direta, hidrossolúvel, também 
conhecida como bilirrubina conjugada.
Na fase pós-hepática, a bilirrubina conjugada atinge a vesícula biliar, para compor a bile.
A concentração plasmática de bilirrubina reflete o balanço entre a taxa de produção e a taxa de 
depuração hepática. Portanto, elevação nas concentrações séricas de bilirrubina pode ser resultado 
de aumento da sua produção, de prejuízos em sua metabolização ou do obstáculo ao fluxo de bile em 
direção ao intestino. Dependendo da causa da hiperbilirrubinemia, há predomínio de uma das duas 
frações da bilirrubina, não conjugada (indireta) ou conjugada (direta).
•	 Aumento dos níveis plasmáticos da bilirrubina não conjugada (indireta) indica causa 
pré-hepática, por exemplo, a produção excessiva de bilirrubina por hemólise; a hematopoiese 
inefetiva; o uso de alguns fármacos que diminuem a conjugação da bilirrubina no fígado; os 
distúrbios hemolíticos; a icterícia fisiológica do recém-nascido; a síndrome de Gilbert; e a síndrome 
de Crigler-Najjar.
•	 Aumento dos níveis plasmáticos da bilirrubina conjugada (direta) indica causa pós-hepática, 
como a obstrução biliar extra-hepática por cálculos, estenoses ou tumores.
•	 Em alguns casos, ambas as bilirrubinas estão elevadas. Doenças como a cirrose e as hepatites 
levam a prejuízo na captação, na conjugação e na excreção da bilirrubina. Como resultado, há 
aumento na concentração plasmática da bilirrubina não conjugada e da bilirrubina conjugada. Esse 
quadro também é observado em decorrência de neoplasias do fígado e do uso de alguns fármacos.
Para a análise das frações da bilirrubina, amostras de soro e plasma heparinizado e com EDTA podem ser 
usados com o método colorimétrico. Esse método permite a dosagem da bilirrubina total e da bilirrubina 
direta. A bilirrubina indireta é obtida subtraindo-se o valor da bilirrubina direta do valor da bilirrubina total.
2.1.6 Albumina
A albumina é a principal proteína circulante no organismo humano. Ela é produzida pelo fígado, 
portanto, níveis séricos baixos (hipoalbuminemia) são reflexo da destruição extensa do tecido hepático, 
como ocorre na cirrose.
A hipoalbuminemia frequentemente causa edema, pois a albumina é a principal determinante da 
pressão oncótica do sangue.
32
Unidade I
 Observação
Pressão oncótica, ou pressão osmótica coloidal, é a pressão osmótica 
gerada pelas proteínas no plasma sanguíneo.
Amostras de soro (e não de plasma) podem ser analisadas por colorimetria de método de ponto final.
2.1.7 Globulinas (alfa‑1, alfa‑2, beta e gama)
As globulinas são proteínas, presentes no plasma, que desempenham diferentes funções. As principais 
globulinas são descritas a seguir.
•	 Globulinas alfa-1: as principais são a antitripsina, a proteína de ligação do retinol, a protrombina, 
a globulina ligadora de tiroxina e a alfa-fetoproteína.
•	 Globulinas alfa-2: as principais são a ceruloplasmina e a eritropoetina (hormônio glicoproteico 
ligado à produção de hemácias).
•	 Globulinas beta: a principal é a transferrina, cuja função é o transporte de ferro.
•	 Gamaglobulinas, também chamadas de imunoglobulinas ou anticorpos IgA, IgE, IgG e IgM.
As globulinas presentes no sangue podem ser separadas em frações por um método simples, 
chamado de eletroforese de proteínas séricas (EPS), cuja interpretação ajuda no diagnóstico de várias 
patologias. Nesse ensaio, as proteínas são aplicadas em um gel, que é submetido a um campo elétrico. 
Como resultado, elas percorrem distâncias diferentes, formando bandas denominadas albumina; 
alfa-1-globulina; alfa-2-globulina; betaglobulina; e gamaglobulina.A quantificação das globulinas é essencial para o diagnóstico de algumas doenças. Um exemplo é 
a hipergamaglobulinemia observada em paciente com hepatopatias, que geralmente é indicativa de 
doença severa.
•	 A hepatite B crônica ativa, por exemplo, é acompanhada por elevações discretas de gamaglobulinas, 
sobretudo de IgG.
•	 A hepatopatia alcoólica crônica leva ao aumento de IgG e de IgA.
•	 A IgA aumenta na obstrução biliar.
A hipogamaglobulinemia, por sua vez, é observada nos pacientes com mieloma múltiplo.
33
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Para a realização do exame, a coleta de soro deve ser feita preferencialmente pela manhã, devido ao 
efeito circadiano, sendo que a hemólise e a lipemia alta podem interferir nos resultados. A determinação 
de proteína total é feita por método colorimétrico e a eletroforese, por capilaridade.
2.1.8 Ferritina e transferrina
A ferritina e a hemossiderina são proteínas que armazenam ferro no hepatócito. A transferrina é 
uma proteína transportadora de ferro. Essas três proteínas são produzidas no fígado.
A diminuição da transferrina acompanha as hepatopatias e a hemocromatose, que é uma doença 
caracterizada pela retenção de ferro em alguns tecidos, inclusive no fígado, o que resulta na alteração 
da cor desse órgão e no desenvolvimento de cirrose. Como resultado da diminuição dos níveis de 
transferrina, há aumento do ferro no sangue e aumento da porcentagem de saturação da ferritina.
Os principais ensaios usados para a determinação de ferritina e da transferrina no soro são:
•	 o eletroquimioluminométrico ou a imunoturbidimetria com partículas de látex contendo anticorpo 
antiferritina que, ao reagir com a ferritina do soro, resulta em aglutinação;
•	 a imunoturbidimetria para a proteína transferrina, em que anticorpos específicos reagem com a 
transferrina do soro, o que resulta em turvação da amostra;
•	 o método colorimétrico, que pode ser usado para analisar o ferro.
2.1.9 Alfa‑fetoproteína (AFP)
Sintetizada pelos hepatócitos embrionários e pelas células do saco vitelino, a alfa-fetoproteína 
atinge o pico de concentração plasmática no segundo trimestre de gestação e cai após o nascimento. 
Essa proteína está aumentada em 70% a 90% dos pacientes com carcinoma hepatocelular e com 
hepatite crônica.
Para sua dosagem, o método usado é o imunocromatográfico, tipo “sanduíche”, em amostras de 
soro, plasma ou sangue total humano.
2.1.10 Fatores de coagulação
A maioria dos fatores de coagulação é sintetizada no fígado (fibrinogênio ou fator I, protrombina 
ou fator II e os fatores V, VII, IX, X, XI e XII). Como consequência, doenças hepáticas severas costumam 
causar alterações na coagulação, resultando em sangramento.
Pacientes com hepatopatias também podem apresentar trombocitopenia (plaquetopenia) ou 
deficiência/disfunção plaquetária. Esses quadros são relativamente comuns na hepatite viral aguda, na 
hepatoesplenomegalia, no alcoolismo e em portadores de doenças hepáticas crônicas.
34
Unidade I
A falta de fatores de coagulação pode ocorrer por perda da função dos hepatócitos ou por falta de 
vitamina K, que não é produzida no nosso organismo e precisa ser absorvida da dieta.
A absorção da vitamina K ocorre na presença de sais biliares. Na cirrose, a produção desses sais 
diminui, o que resulta em falha da absorção da vitamina K, com consequente diminuição da síntese 
de fatores de coagulação. Além disso, na cirrose, ocorre a destruição dos hepatócitos, o que resulta em 
diminuição ainda mais drástica na produção desses fatores.
 Observação
A varfarina, um conhecido fármaco anticoagulante, inibe a coagulação 
sanguínea, pois é um antagonista da vitamina K.
O primeiro fator de coagulação a diminuir quando ocorre insuficiência hepática e/ou deficiência de 
vitamina K é o fator VII, seguido do II, do X e do IX.
Na prática clínica, usamos a determinação da atividade da protrombina ou do fator II (ou tempo de 
protrombina) no plasma para avaliar o conjunto dos fatores de coagulação, pois trata-se de um método 
simples, barato e facilmente realizável. O método usado é o coagulométrico.
2.1.11 Colinesterases
Podemos classificar as colinesterases presentes em nosso organismo em dois tipos:
•	 acetilcolinesterase, presente nas hemácias e no sistema nervoso, mais especificamente nas sinapses 
dos neurônios colinérgicos;
•	 pseudocolinesterase, ou butirilcolinesterase, encontrada no plasma e no fígado.
A avaliação da atividade das colinesterases é o principal exame que diagnostica a intoxicação por 
agrotóxicos organofosforados e carbamatos, cujo mecanismo de ação envolve a inibição dessas enzimas. 
Como resultado da intoxicação, ocorre aumento da neurotransmissão colinérgica, com aumento do 
tônus parassimpático e da atividade muscular esquelética, além de alterações na função do sistema 
nervoso central.
Atualmente, o método mais usado para o diagnóstico é baseado na taxa de hidrólise da acetiltiocolina 
pela acetilcolinesterase eritrocitária, seguida da quantificação do produto por espectrofotometria em 
comprimento de onda de 412 nm. A confirmação do resultado é feita por um teste que determina a 
porcentagem de inibição da enzima.
A avaliação da atividade das colinesterases deve ser feita obrigatoriamente a cada 6 meses em todos 
os trabalhadores que manipulam esses agrotóxicos. É importante ressaltar que, devido às variações 
interindividuais nos níveis basais das colinesterases, é necessária a realização da avaliação da atividade 
35
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
dessa enzima antes da primeira exposição aos praguicidas. Nesse contexto, quanto menor for a atividade 
da enzima, em relação ao basal, maior será o grau de intoxicação. Atividade menor do que 75% indica 
exposição excessiva.
A atividade da acetilcolinesterase eritrocitária pode permanecer diminuída por até 90 dias, enquanto 
a colinesterase plasmática (pseudocolinesterase) permanece inibida por menos tempo, cerca de 30 dias 
após a última exposição ao praguicida. Por esse motivo, os testes que avaliam a inibição da colinesterase 
plasmática são mais utilizados para detectar intoxicações recentes, e os testes da colinesterase eritrocitária 
avaliam intoxicação passada.
2.1.12 Amônia
A amônia é um produto do metabolismo dos aminoácidos e dos ácidos nucleicos. Ela é produzida por 
bactérias intestinais e pelas células do organismo após o processo de desaminação dos aminoácidos e, 
em seguida, é transportada para o fígado, onde se transforma em ureia e glutamina, no ciclo da ureia.
A amônia é altamente tóxica para o sistema nervoso central por várias razões. Ela é responsável 
pelo quadro de encefalopatia hepática, caracterizada por alterações mentais e neurológicas, como 
desorientação, sonolência, coma e até a morte.
A destruição de 80% ou mais do tecido hepático, decorrente, por exemplo, da cirrose e da insuficiência 
hepática fulminante, leva à não detoxificação da amônia e, consequentemente, ao aumento de seus 
níveis no plasma e no sistema nervoso central.
Outras causas da hiperamonemia são:
•	 a diminuição do fluxo de sangue para o fígado;
•	 a insuficiência renal;
•	 os defeitos hereditários raros do ciclo da ureia;
•	 a síndrome de Reye, condição rara e potencialmente fatal que decorre do uso de anti-inflamatórios 
não esteroidais, principalmente a aspirina, durante quadros de infecção viral aguda.
Para a dosagem da amônia, são realizadas determinações enzimáticas das concentrações desse 
analito no soro. Os níveis séricos de glutamina, algumas vezes, também são utilizados para o diagnóstico 
e o controle da encefalopatia hepática.
Para determinar a amonemia, não devemos usar garroteamento. A coleta é feita sem movimentos 
de abrir e fechar as mãos, e o braço deve ser mantido em repouso. Devemos usar frasco com heparina 
ou EDTA.
36
Unidade I
O sangue total heparinizado é centrifugado em até 20 minutos após a coleta (não devemos usar 
soro ou plasma hemolisado) para a obtenção do plasma. Senecessário, o transporte deve ser realizado 
em gelo. O método mais empregado é o enzimático/automatizado.
 Observação
A determinação de arginase e da OCT (ornitina carbamiltransferase), 
enzimas do ciclo da ureia que podem ser dosadas no soro, é importante 
no diagnóstico de algumas doenças genéticas raras. Nessas doenças, 
ocorre acúmulo de amônia no fígado e no sangue, o que leva a problemas 
musculares e a atraso no desenvolvimento, entre outras sequelas.
2.2 Estudo bioquímico‑laboratorial das principais alterações do pâncreas 
endócrino
O pâncreas é uma glândula que possui função mista (endócrina e exócrina). A porção endócrina 
realiza o controle da glicemia, enquanto a porção exócrina é responsável pela digestão dos alimentos. 
Agora vamos conhecer o pâncreas endócrino.
A porção endócrina do pâncreas é constituída por grupos de células ricamente circundadas por 
capilares sanguíneos. Assim como em todas as glândulas endócrinas, não existem ductos próximos a 
essas células, pois os hormônios produzidos são liberados diretamente no sangue. Essas células estão 
presentes nas ilhotas de Langerhans.
Paul Langerhans (1896) verificou, ao microscópio óptico, grupamentos de células que eram 
diferentes do restante das outras células, pois se coravam menos com os corantes hematoxilina e eosina. 
Como pareciam ilhas no mar, foram nomeadas ilhotas de Langerhans. No pâncreas, temos cerca de 1 a 
2 milhões de ilhotas de Langerhans de diferentes tipos, conforme descrito a seguir.
•	 As ilhotas do tipo alfa fabricam e liberam o hormônio glucagon, o que induz ao aumento 
da glicemia.
•	 As ilhotas do tipo beta fabricam e liberam o hormônio insulina, que é hipoglicemiante. Cerca de 
60% das ilhotas pancreáticas são do tipo beta.
•	 As ilhotas do tipo delta fabricam e liberam somatostatina, que regula a secreção dos dois 
hormônios anteriores.
•	 As células PP fabricam e liberam polipeptídeos pancreáticos, que têm a função contrária à da 
colecistocinina, pois inibem a secreção pancreática e estimulam a secreção gástrica.
37
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Para analisar o funcionamento do pâncreas endócrino, devemos estudar a insulinemia, a determinação 
de glucagon no sangue e todos os exames relacionados com a hipoglicemia e com a hiperglicemia. 
A seguir, vamos conferir as definições desses dois termos.
•	 Hiperglicemia: condição na qual o paciente apresenta o nível de glicose no sangue acima do 
valor de referência (99 mg/dL) após 8 horas de jejum. Se for de 100 a 126 mg/dL, pode ser 
considerada pré-diabetes; igual ou acima de 126 mg/dL, diabetes.
•	 Hipoglicemia: a glicemia abaixo do patamar inferior do valor de referência (69 mg/dL) é chamada 
de hipoglicemia, mas, para ser patológica, deve ser inferior a 50 mg/dL em jejum, com melhora 
dos sintomas após o consumo de carboidratos. A ingestão de álcool em excesso, o jejum, a pouca 
alimentação e o esforço físico levam à hipoglicemia, o que resulta em tremores, nervosismo, 
palidez, taquicardia, sudorese etc. Em casos mais graves, observamos convulsões, estupor e coma.
A hiperglicemia patológica é resultado de um conjunto de doenças denominadas diabetes. Há duas 
categorias de diabetes, a diabetes insipidus e a diabetes mellitus.
Na diabetes insipidus, a urina não tem glicose, mas os sinais apresentados pelo paciente são 
semelhantes aos observados no curso da diabetes mellitus: poliúria e sede. Esse tipo de diabetes é 
consequência da ausência de produção do hormônio vasopressina (hormônio antidiurético, ou ADH) 
pelo hipotálamo. Como consequência, os rins não conseguem controlar a produção de urina, o que 
resulta em grande perda de líquido.
 Lembrete
A diabetes insipidus não causa glicosúria ou hiperglicemia, mas os 
demais sintomas são semelhantes a diabetes mellitus (poliúria e sede).
A diabetes mellitus, por sua vez, decorre da falta de insulina e/ou da incapacidade de esse hormônio 
exercer adequadamente seus efeitos. Como resultado, estabelece-se uma síndrome metabólica, com 
sintomas como a polidipsia (muita sede); a poliúria (excesso de urina); a polifagia (fome excessiva), 
acompanhada ou não de emagrecimento; o cansaço e a sonolência; a pele seca; a dor de cabeça; 
as náuseas e os vômitos; e o hálito com cheiro que lembra a acetona, devido à formação de corpos 
cetônicos pelo organismo.
Os diferentes tipos de diabetes mellitus são descritos a seguir.
•	 Diabetes mellitus tipo 1 (DM1): é geralmente diagnosticada em crianças e jovens adultos. Cerca 
de 5% dos diabéticos têm diabetes tipo 1. Nesse tipo de diabetes, as células beta do pâncreas não 
produzem insulina, provavelmente devido a um ataque autoimune.
•	 Diabetes mellitus tipo 2 (DM2): é a forma mais comum de diabetes. Como se manifesta 
de maneira silenciosa, os pacientes demoram muito para fazer o diagnóstico. Nesse tipo de 
38
Unidade I
diabetes, a produção de insulina não é suficiente para manter a glicemia regulada. Os pacientes 
normalmente têm sobrepeso e há predisposição genética, associada a fatores ambientais. Ela 
pode ser controlada com medicamentos, dieta e exercícios.
•	 Diabetes gestacional: quando a mulher está grávida, a placenta reduz a ação da insulina e, com 
isso, estimula o pâncreas a aumentar a produção desse hormônio. Como o pâncreas não consegue 
produzir insulina suficiente para a mãe e para o bebê, a glicemia aumenta e após o parto tende a 
voltar ao normal. Pode preceder a DM2, em alguns casos.
•	 Diabetes tipo Lada (diabetes latente autoimune do adulto): o surgimento tardio da DM1 
pode ocorrer em pessoas acima de 35 anos de idade. Por ser uma DM1 tardia, chamamos de 
diabetes 1½ (um e meio). A maioria dos pacientes tipo Lada tem IMC normal ou abaixo do normal.
•	 Diabetes tipo Mody (maturity onset diabetes of the young): jovens com aproximadamente 
25 anos de idade ou antes, que têm um dos pais com diabetes ou que têm diabetes na família há 
pelo menos duas gerações, podem apresentar a diabetes tipo Mody. A mutação de um ou uma 
série de genes da família Mody podem prejudicar a produção ou a ação da insulina. O tipo mais 
comum é o diabetes Mody 3, caracterizado por mutação do gene que codifica o fator HNF1 (fator 
nuclear 1 do hepatócito).
 Saiba mais
Para entender melhor a diabetes, leia:
CASARIN, D. E. et al. Diabetes mellitus: causas, tratamento e prevenção. 
Brazilian Journal of Development, v. 8, n. 2, p. 10062-10075, 2022.
Agora vamos falar sobre o diagnóstico da diabetes.
Entre os exames laboratoriais usados na investigação clínica do perfil pancreático endócrino, 
podemos citar:
•	 a glicemia de jejum;
•	 a hemoglobina glicada (HbA1c);
•	 o perfil lipídico;
•	 o nível de insulina em jejum;
•	 a insulinemia;
•	 a dosagem do peptídeo C.
39
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
2.2.1 Glicemia em jejum
Nos pacientes diabéticos, a glicemia permanece alta mesmo durante o jejum, pois a produção e/ou 
a resposta à insulina estão diminuídas ou ausentes.
Para determinar a glicemia em jejum, a amostra pode ser de plasma, de soro, de líquor ou de 
líquido ascítico, pleural e sinovial, com jejum de 8 horas, nunca acima de 12 horas. O método usado é 
o enzimático colorimétrico, com utilização das enzimas glicose-oxidase e peroxidase (GOD/POD), que 
pode ser de ponto final e cinético. Esse exame avalia a glicemia imediata.
 Observação
A glicemia de jejum, quando aferida no sangue capilar, em testes 
rápidos, pode ser de 5% a 20% mais alta do que a observada na circulação. 
Portanto, serve apenas como um alerta, pois não necessariamente reflete 
a realidade.
2.2.2 Glicemia pós‑prandial de 2 horas
Cada pessoa consome quantidades diferentes de alimentos, com variados intervalos entre refeições. 
Por isso, as dosagens de glicemia sem jejum são falhas, como consequência de não haver padronização.
A glicemia pós-prandial de 2 horas avalia corretamente a secreção de insulina após uma carga de 
glicose. Nesse teste, o paciente colhe uma amostra de sangue em jejum e, após essa coleta,o laboratório 
fornece uma bebida com quantidade fixa de glicose (75 g). Ao final de 2 horas, uma nova amostra de 
sangue é coletada para aferição de sua glicemia.
A glicemia pós-prandial normal é aquela que, após 2 horas, se encontra abaixo dos 140 mg/dL. 
Valores entre 140 e 199 mg/dL indicam intolerância à glicose ou pré-diabetes, mesmo que a glicemia 
em jejum esteja abaixo de 100 mg/dL. Valores acima de 200 mg/dL indicam diabetes.
2.2.3 Teste de O’Sullivan
É usado no diagnóstico da diabetes gestacional (entre as 24 e as 37 semanas de gestação).
Nesse teste, a gestante ingere 50 mg de glicose dissolvidos em 200 mL de água. Após 1 hora, uma 
amostra de sangue é colhida, e a glicemia é aferida. Caso a concentração plasmática de glicose seja 
≥ 140 mg/mL, é preciso fazer o teste de tolerância oral à glicose (TTOG).
2.2.4 Teste de tolerância oral à glicose (TTOG) ou curva glicêmica
No TTOG, com jejum de 8 horas, é colhido o sangue e, após isso, ocorre o estímulo com 75 g de 
glicose por via oral (ou 1,75 g/kg de peso, em crianças). Uma amostra de sangue é colhida aos 30, 60, 90 
e 120 minutos e demais tempos, conforme solicitação médica.
40
Unidade I
 Observação
Na curva glicêmica simplificada, também denominada teste de tolerância 
oral à glicose (TTOG) de duas dosagens ou prova de Exton e Rose, após a 
coleta de sangue em jejum, são administrados 75 g de glicose em solução 
aquosa por via oral. Após 120 minutos, faz-se nova coleta.
O teste não é recomendado para pacientes com cirurgia bariátrica ou com diagnóstico confirmado 
de diabetes mellitus. Os interferentes são hemólise e lipemia acentuadas, ingestão de quantidade 
inadequada de glicose e vômito durante o teste.
Quanto à interpretação dos resultados, temos o que segue.
•	 Tolerância normal à glicose: para pessoas com glicemia normal, os resultados devem ser 
inferiores a 139 mg/dL.
•	 Tolerância diminuída à glicose ou pré-diabetes: resultados entre 140 e 199 mg/dL.
•	 Diabetes mellitus: resultados superiores a 199 mg/dL.
 Observação
A curva glicêmica prolongada também pode ser solicitada para a detecção 
de hipoglicemia após ingestão alimentar. É possível detectar a hipoglicemia 
a partir dos 180 minutos. Considera-se o resultado significativo quando a 
glicemia é inferior a 45 mg/dL.
2.2.5 Hemoglobina glicada (HbA1c)
Quando o nível de glicose está muito alto no sangue, ela é adicionada, por meio de uma reação 
lenta, estável e enzimática, ao aminoácido valina N-terminal da cadeia beta da hemoglobina A (por isso, 
chama-se HbA1c). Como a hemácia tem um ciclo de vida de 90 a 120 dias, a glicose ligada à hemoglobina 
permanece estável por todo esse tempo. Essa medida é indireta, pois pode sofrer interferência de outros 
problemas, como anemias, hemoglobinopatias, idade e etnia.
Para a quantificação da hemoglobina glicada, é usado o sangue total (EDTA ou heparina). A análise 
da subfração HbA1c reflete os níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses, enquanto a glicose sanguínea 
(glicemia de jejum) reflete apenas as 24 horas prévias. Sabemos que pode ocorrer glicação em outros 
pontos da cadeia beta e/ou na cadeia alfa, processo chamado de HbA0 glicada.
41
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Para ter o resultado desse exame, fazemos o seguinte cálculo:
%A1c = A1c (g/dL) / Hb (g/dL) × 100
Considere %A1c a porcentagem de hemoglobina glicada em relação ao total de hemoglobina, A1c 
a concentração da hemoglobina glicada, em g/dL, e Hb a concentração de hemoglobina total (glicada e 
não glicada), em g/dL.
Em pré-diabéticos, a porcentagem de hemoglobina glicada é maior do que 5,7% e menor do que 
6,5%. Em diabéticos, esse valor é maior do que 6,5%.
A relação entre a porcentagem de hemoglobina glicada e a glicemia plasmática é apresentada na 
tabela a seguir.
Tabela 1 – Relação entre os valores de HbA1c e a glicemia média
Valores de HbA1c Glicemia média correspondente
5% entre 76 e 120 mg/dL
6% entre 100 e 152 mg/dL
7% entre 123 e 185 mg/dL
8% entre 183 e 196 mg/dL
9% entre 170 e 249 mg/dL
10% entre 193 e 282 mg/dL
11% entre 217 e 314 mg/dL
12% entre 240 e 347 mg/dL
É importante ressaltar que os resultados do teste de hemoglobina glicada devem ser analisados em 
conjunto com outros exames, como a glicemia de jejum, a glicemia pós-prandial de 2 horas e a glicemia 
aferida ao acaso.
O método mais usado de determinação em laboratório é o sistema de colunas de resina de troca 
catiônica, que separa a hemoglobina A (que, posteriormente, é determinada como HbA1c) das demais 
frações. Essa determinação pode ser realizada por reações de ponto final, usando-se anticorpo 
monoclonal em reação de aglutinação, cuja intensidade da aglutinação, medida em absorbância, é 
proporcional à quantidade de HbA1c presente na amostra. O valor de HbA1c é obtido pela curva de 
calibração. Podemos também realizar eletroforese de hemoglobinas.
2.2.6 Glicosúria
A eliminação de glicose pela urina não é normal. Quando seus níveis ultrapassam os limites 
normais, excede-se a capacidade de reabsorção dos túbulos renais (chamado de limiar renal), que é de 
160 a 180 mg/dL de glicose e, então, o excesso de glicose é excretado pela urina.
42
Unidade I
Como a osmolaridade da glicose é alta, a quantidade de água excretada na urina aumenta, o que 
resulta em excesso de urina e em outro sintoma da hiperglicemia, o excesso de sede (polidipsia).
Caso o paciente elimine muita urina, pode ficar desidratado a ponto de entrar em estado de confusão 
mental (síndrome hiperglicêmica hiperosmolar), coma ou mesmo óbito. A síndrome hiperglicêmica 
hiperosmolar geralmente ocorre em idosos com diabetes tipo 2, e resulta em séria desidratação do 
organismo, pois, além de o paciente perder urina, não ingere água.
A ingestão de fluidos afeta a quantidade de urina. Por esse motivo, o resultado não reflete a glicose 
sanguínea no exato momento do teste, mas durante o tempo em que a urina foi acumulada na bexiga.
A determinação da glicosúria pode ser realizada por exame automatizado com leitor de tiras 
reagentes ou pelo processo enzimático de ponto final.
2.2.7 Frutosaminas
A determinação das frutosaminas mostra o controle a médio prazo da glicemia.
Além da hemoglobina, outras proteínas, principalmente a albumina, podem ser glicadas ou 
glicosiladas pela glicose em excesso no sangue. A albumina glicosilada é denominada frutosamina.
A determinação das frutosaminas pode ser útil para os pacientes com anemia, doenças da hemoglobina 
ou insuficiência renal crônica, pois, nesse caso, a hemoglobina glicada pode estar diminuída.
A vida média da albumina é de cerca de 1 a 3 semanas. Portanto, o exame estima a glicemia nesse 
período antes do exame. O método usado em laboratório é o cinético colorimétrico.
2.2.8 Insulina plasmática em jejum ou basal
Esse exame reflete a produção de insulina e mostra se há alguma desordem endócrina no pâncreas, 
como a resistência à insulina, a produção insuficiente ou o excesso de insulina.
É necessário jejum mínimo de 8 e máximo de 12 horas para colher amostras de sangue (plasma 
fluoretado e soro). Atualmente, os métodos usados são os radioimunológicos ou imunoenzimáticos, que 
estão sendo substituídos pelos grandes laboratórios por métodos de quimioluminescência/colorimetria 
e eletroquimioluminescência ou fluorimetria com 152Eu (europium).
Os valores de referência podem variar com o laboratório, mas se a pessoa tiver o índice de massa 
corporal (IMC) muito alto, a interpretação deverá ser feita pelo médico.
43
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
 Observação
Alguns laboratórios fazem a pesquisa do precursor da insulina, a 
pró-insulina, no plasma, com o uso de anticorpos anti-insulina.
Outra forma de diagnosticar a resistência à insulina é calcular o índice Homa (homeostasis model 
assessment, ou modelo de avaliação da homeostase). Trata-se de um cálculo realizado para avaliar a relação 
entre a quantidade de açúcar e a quantidade de insulina no sangue, o que permite predizera sensibilidade 
à insulina com base na medida da glicemia e da insulina de jejum.
Os índices Homa avaliam a resistência à insulina (Homa-IR) e a atividade do pâncreas (Homa-beta). Caso 
estejam acima dos valores de referência, isso geralmente quer dizer que há maior chance de desenvolvimento 
de doenças cardiovasculares, síndrome metabólica ou diabetes tipo 2. Já o índice Homa-beta abaixo do 
valor de referência é indicativo de que as células do pâncreas não estão funcionando corretamente.
 Saiba mais
Para conhecer melhor o índice Homa, leia:
OLIVEIRA, E. P.; SOUZA, M. L. A.; LIMA, M. D. A. Índice Homa (homeostasis 
model assessment) na prática clínica: uma revisão. Jornal Brasileiro de 
Patologia e Medicina Laboratorial, v. 41, p. 237-243, 2005.
2.2.9 Curva de insulinemia simplificada de 2 horas
O exame compreende dosagens seriadas de insulina e de glicose (basal, 30, 60, 90 e 120 minutos após 
estímulo com 75 g de glicose por via oral ou tempo basal e demais tempos, conforme solicitação médica).
Os valores da insulinemia normalmente acompanham os níveis de glicemia. Os valores da insulina 
são baixos (menos de 10 µU/mL) quando a glicose for menor do que 60 mg/dL.
O método é eletroquimioluminométrico para a determinação da insulina. Também usamos métodos 
de quimioluminescência/colorimetria.
2.3 Estudo bioquímico‑laboratorial do perfil pancreático exócrino
Os alimentos ingeridos, quando chegam ao intestino, recebem as enzimas envolvidas na digestão 
(na quebra) de vários alimentos (carboidratos, proteínas, lipídeos e ácidos nucleicos). Essas enzimas são 
produzidas pelas células exócrinas do pâncreas e atingem o intestino ao passarem pelo ducto pancreático.
44
Unidade I
As enzimas pancreáticas facilitam a absorção dos alimentos, pois, ao clivá-los e torná-los 
menores, facilitam sua passagem pelas células do intestino até chegarem ao sangue, em um processo 
denominado absorção.
Entre as enzimas produzidas pelo pâncreas exócrino, podemos citar as seguintes: endopeptidases 
(elastase, colagenase, tripsina, quimotripsina e calicreína); exopeptidases (carboxipeptidase A e B e 
aminopeptidases); nucleases (ribonuclease e desoxirribonuclease); amilase; lipase; e fosfolipase A e B.
Muitas dessas enzimas são fabricadas na forma de zimogênios, que correspondem à sua forma 
inativa, sendo ativadas ao alcançarem o intestino. O suco pancreático, com pH entre 8 e 8,3, neutraliza 
o quimo (bolo alimentar que vem do estômago e tem pH ácido) com um de seus componentes, o íon 
bicarbonato, para que as enzimas tenham o pH ideal para efetuar a catálise.
Para sabermos como está a função exócrina, é necessário dosar as enzimas pancreáticas no soro. 
Quando, por exemplo, a concentração da lipase, ou da amilase, é superior ao valor de referência, podemos 
ter inflamação ou doença no pâncreas. Por outro lado, quando essa concentração é baixa, podemos estar 
diante de uma insuficiência pancreática.
A função pancreática exócrina pode ser avaliada por diferentes testes. Vamos conhecê-los?
2.3.1 Teste da secretina‑colecistocinina
Entre os testes diretos, o teste da secretina-colecistocinina é o que apresenta maior sensibilidade e 
maior especificidade. Devido à sua confiabilidade, esse teste é o procedimento padrão para a avaliação 
da função pancreática exócrina. Entretanto, devemos ponderar que se trata de um teste demorado, 
caro, desconfortável e que não está padronizado em crianças, o que o torna inadequado para uso em 
pacientes pediátricos.
O teste direto avalia a secreção do bicarbonato e das enzimas pancreáticas na secreção duodenal, 
a qual é obtida por meio da estimulação da glândula por administração intravenosa de secretina/
colecistoquinina ou por meio de uma refeição padrão por via oral.
 Lembrete
A secretina e a colecistocinina estimulam, respectivamente, a produção 
e a liberação da bile pelo fígado. Por ação desses hormônios ocorre, ainda, 
o estímulo da liberação de bicarbonato no intestino.
O teste da secretina-colecistocinina pode ser realizado por dois métodos distintos, descritos a seguir.
•	 Intubação duodenal: nesse caso, é necessário realizar a intubação nasoduodenal por meio de uma 
sonda flexível, para, em seguida, fazer a infusão intravenosa de secretina ou de colecistocinina. 
Após esse procedimento inicial, passa-se a coletar a secreção do suco duodenal, por aspiração 
45
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
em seringa, para a quantificação das enzimas pancreáticas e do bicarbonato. O teste permite a 
classificação da insuficiência pancreática exócrina em disfunção leve, moderada ou grave. O teste 
possui sensibilidade e especificidade superiores a 90%.
•	 Endoscopia: nessa situação, é necessário, inicialmente, realizar a sedação do paciente para efetuar 
a endoscopia digestiva alta. Após a administração intravenosa de secretina ou colecistoquinina, 
faz-se a aspiração da secreção duodenal nos tempos 0, 15, 30, 45 e 60 minutos para a análise da 
concentração do bicarbonato e/ou da atividade das enzimas pancreáticas.
2.3.2 Quantificação da gordura fecal
A avaliação da função digestiva pode ser realizada pelo exame coprológico funcional, que avalia o 
nível de gordura nas fezes.
Quantidade aumentada de gordura nas fezes é denominada esteatorreia, que é característica da 
pancreatite crônica, da fibrose cística, de neoplasias, da doença celíaca etc.
Calculamos o coeficiente de absorção de gordura após uma dieta com sobrecarga de gordura 
por 5 dias. Esse teste é considerado o padrão-ouro para insuficiência pancreática exócrina com má 
absorção de gordura.
A pesquisa da gordura nas fezes é realizada por meio de exame microscópico com corante Sudan III 
ou por método colorimétrico. É importante lembrar que o teste não pode ser realizado se o paciente 
não puder comer pelo menos 100 g de gordura/dia, sendo que as fezes podem ser armazenadas na 
geladeira por 3 dias.
2.3.3 Quimiotripsina fecal
Quantifica a atividade da quimotripsina isolada em pequena amostra de fezes, por radioimunoensaio.
A quimotripsina é variavelmente inativada durante a passagem pelo intestino, portanto, a atividade 
da quimiotripsina fecal não reflete com precisão a secreção pancreática. Além disso, pacientes com 
diarreia de qualquer etiologia apresentarão a enzima com atividade fecal diminuída.
O teste é consistentemente normal em casos de pancreatite leve e em cerca de metade dos pacientes 
com doença moderada ou grave. O resultado sofre interferências das enzimas pancreáticas exógenas, 
portanto, é aplicado para avaliação da terapia de reposição enzimática. Para tal, é utilizado o método 
de radioimunoensaio.
2.3.4 Tripsina imunorreativa (IRT)
A dosagem da IRT é usada na detecção precoce da fibrose cística, uma doença autossômica recessiva, 
para mutações no gene CFTR, que codifica a alfa-1-antitripsina (A1AT).
46
Unidade I
Na obstrução pancreática, os níveis da enzima encontram-se aumentados. É importante ressaltar que 
o diagnóstico da fibrose cística deve ser confirmado por outros testes, como a análise molecular do DNA.
A dosagem é feita pelo método imunofluorimétrico, e a coleta geralmente é realizada em 
recém-nascidos de até 30 dias, a partir de punções de calcanhar, preenchendo completamente todos os 
círculos em papel de filtro com camada fina e homogênea, sem excesso ou manchas.
2.3.5 Elastase pancreática fecal
A elastase é uma enzima proteolítica produzida exclusivamente pelo pâncreas, estável durante o 
trânsito intestinal e analisada nas fezes. Sua dosagem nas fezes reflete a função pancreática exócrina, 
pois correlaciona-se com a quantidade de enzima secretada pelo pâncreas exócrino.
Para a análise, o frasco de coleta é retirado no laboratório, e a amostra deve ser feita sem diarreia 
líquida. À temperatura ambiente, pode ficar armazenada por até 24 horas; refrigerada (entre 2 e 8 °C), 
por até 72 horas; e, se congelada a -20 °C, por até um ano.
O método usado para quantificar a enzima é baseado na ligação de anticorpos humanos monoclonaisespecíficos e não sofre interferência da terapia de substituição de enzimas por via oral.
A quantificação da elastase fecal não é sensível o suficiente para detectar pacientes com pancreatite 
leve, mas sua sensibilidade nas doenças moderadas a graves atinge valores próximos a 100%. Os 
resultados devem ser correlacionados com exames de imagem e com a dosagem de gordura fecal.
A especificidade do teste é alta e limitada apenas pela diluição, em casos de diarreia aguda.
A determinação da elastase fecal é um teste de fácil aplicabilidade clínica e pode ser usado como 
primeiro teste para o estudo de pacientes com suspeita clínica de doença pancreática crônica e para o 
acompanhamento de pacientes suficientes pancreáticos.
2.3.6 Amilasemia
A hiperamilasemia ocorre pelo aumento da amilase pancreática acima do limite superior de referência 
em casos de pancreatite aguda, de carcinoma de pâncreas, de trauma cirúrgico e de obstrução dos 
ductos pancreáticos.
A determinação da amilase pode ser feita no sangue (jejum de 4 horas, soro ou plasma heparinizado), 
na urina e nos líquidos ascítico, pleural e duodenal.
A amilasúria, em geral, é realizada juntamente com o teste de depuração da creatinina (depurações 
de amilase/creatinina, clearance de amilase). Caso não seja feito no mesmo dia da coleta, devemos 
congelar as amostras.
47
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
O método pode ser o cinético automatizado de tempo fixo ou o cinético colorimétrico. A amilase 
aumenta no soro de 6 a 12 horas após o início do quadro, mas existem casos de pancreatite em que não 
se vê aumento da amilase sérica, em decorrência do fibrosamento de tecido.
A especificidade do teste é baixa, mas ele apresenta alta sensibilidade. Vale lembrar que pode ocorrer 
amilasúria (amilase na urina) durante 4 dias após o episódio agudo.
Na pancreatite aguda, o sangue contém pelo menos três vezes as quantidades normais de amilase 
e de lipase. Outras alterações também podem ser observadas no estudo bioquímico, em especial nas 
dosagens de glicose, de cálcio, de magnésio, de sódio, de potássio e de bicarbonato. Nesses casos, podem 
ser necessários os exames de ultrassom abdominal e tomografia computadorizada.
Valores altos de bilirrubina e hemoglobina interferem nos resultados. O método usado para 
determinação de amilase na urina e sérica é o cinético colorimétrico.
A amilase sérica pode ser proveniente de dois locais: do pâncreas e da glândula parótida, que é uma 
glândula salivar. Portanto, a amilase no soro pode aumentar não somente por problemas pancreáticos, 
mas por problemas na glândula parótida, como ocorre no herpes, na catapora, na caxumba, na candidíase, 
na sífilis e na mononucleose infecciosa (doença do beijo).
Para diagnosticar essas doenças, há exames específicos. Além disso, no hemograma, observamos 
linfocitose, presença de linfócitos atípicos e diminuição do número de neutrófilos e de plaquetas.
 Saiba mais
Para entender melhor o funcionamento do pâncreas, leia:
MERRITT, A. D. et al. Salivary and pancreatic amylase: electrophoretic 
characterizations and genetic studies. American Journal of Human Genetics, 
v. 25, n. 5, p. 510-522, 1973.
A macroamilasemia pode ser verificada quando ocorrer a formação de macromoléculas constituídas 
pela ligação da amilase com imunoglobulinas (anticorpos), principalmente o IgG e o IgA. Como não são 
filtradas pelos glomérulos, em razão de seu alto peso molecular, ficam na circulação por um período 
maior do que o habitual, levando a valores de atividade da amilase continuamente elevados. Esse quadro 
é avaliado por cromatografia associada ao método enzimático (imunocromatografia).
2.3.7 Lipasemia
Várias doenças resultam na diminuição da secreção de enzimas digestivas pelo pâncreas, por exemplo, 
a pancreatite crônica, a diabetes tipo 1 e as neoplasias. A pancreatite aguda, por outro lado, resulta no 
aumento da secreção dessas enzimas.
48
Unidade I
O aumento da secreção da lipase ocorre após 24 ou 48 horas de um episódio de doença aguda do 
pâncreas, com um pico máximo em 4 dias. Como esse aumento é lento, a determinação da lipemia é um 
exame desvantajoso.
Para realizar o exame, podemos usar soro ou plasma heparinizado (outros anticoagulantes influenciam 
os resultados). O método usado é o enzimático cinético colorimétrico. Triglicérides, hemoglobina e 
bilirrubina causam interferência nos resultados.
 Observação
A amilasemia e a lipasemia aumentam na pancreatite aguda e diminuem 
na pancreatite crônica.
Em pacientes com pancreatite, é frequente a hipocalcemia, provavelmente pela ação do glucagon 
sobre as glândulas paratireoides. Isso leva ao aumento da incorporação do cálcio e a depósito de cálcio 
na lesão pancreática.
2.4 Estudo bioquímico‑laboratorial das principais alterações associadas às 
dislipidemias
As dislipidemias referem-se aos níveis anormais de um ou mais tipos de lipídeos no sangue. 
Os principais são:
•	 A lipoproteína de baixa densidade (LDL), conhecida popularmente como “colesterol ruim”, pois 
pode se acumular e formar aglomerados ou placas nas paredes das artérias, em uma condição 
denominada aterosclerose.
•	 A lipoproteína de alta densidade (HDL), conhecida popularmente como “colesterol bom”, pois 
retira o colesterol acumulado nas paredes das artérias.
•	 Os triglicérides, que são originários dos alimentos e podem estar livres no sangue ou constituírem 
uma partícula denominada VLDL (lipoproteína de densidade muito baixa).
Quando uma pessoa tem dislipidemia, geralmente significa que seus níveis de LDL ou de triglicérides 
estão muito altos, ou que seus níveis de HDL estão muito baixos, o que pode levar a consequências 
cardiovasculares importantes. Por exemplo, o excesso de colesterol na parede das artérias coronarianas, 
causado por níveis altos de LDL, pode resultar em infarto do miocárdio.
Você pode ouvir o termo hiperlipidemia usado de forma intercambiável com dislipidemia, mas 
saiba que isso não é totalmente preciso. A hiperlipidemia refere-se a níveis elevados de LDL e/ou de 
triglicérides, enquanto a dislipidemia pode se referir a níveis mais altos ou mais baixos do que o normal 
dessas gorduras no sangue.
49
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
A dislipidemia é dividida em dois tipos: primária e secundária.
A dislipidemia primária é hereditária. Ela pode ter diferentes causas, listadas a seguir.
•	 Hiperlipidemia combinada familiar: é a causa hereditária mais comum de colesterol LDL 
alto e triglicérides elevados. A pessoa com essa condição geralmente desenvolve a doença na 
adolescência ou na faixa dos 20 anos.
•	 Hipercolesterolemia familiar e hipercolesterolemia poligênica: ambos são caracterizados por 
colesterol total elevado. O colesterol total é a somatória dos níveis de LDL, de HDL e de metade 
dos níveis de triglicérides. Colesterol total inferior a 200 mg/dL é o ideal.
•	 Hiperapobetalipoproteinemia familiar: nessa condição, são observados altos níveis de 
apolipoproteína B, uma proteína que faz parte do colesterol LDL.
A dislipidemia secundária, por sua vez, é uma condição adquirida, sendo as principais causas a 
obesidade, a diabetes e o tabagismo. Algumas patologias também podem afetar o nível sanguíneo de 
lipídeos, como o hipertireoidismo, a insuficiência renal crônica, a diabetes mellitus, a síndrome nefrótica 
e o lúpus eritematoso sistêmico, entre outras.
O perfil lipídico é um conjunto de exames muito importante, pois permite estimar o risco de doença 
cardíaca coronariana. Ele constitui, portanto, um bom indicador do risco de infarto do miocárdio ou de 
acidente vascular cerebral causados pela aterosclerose. Esse perfil inclui os seguintes parâmetros:
•	 Determinação do colesterol total;
•	 Determinação do colesterol HDL;
•	 Estimativa, por meio de cálculos, do colesterol LDL;
•	 Determinação dos triglicérides;
•	 Estimativa, por meio de cálculos, do colesterol VLDL;
•	 Estimativa, por meio de cálculos, do colesterol não HDL.
Ressaltamos que saíramda rotina dos exames a dosagem de lipídeos totais e a eletroforese de 
lipoproteínas.
Devemos minimizar os efeitos dos fatores pré-analíticos descritos a seguir.
•	 A ingestão de álcool deve ser evitada por pelo menos 72 horas antes dos exames, pois interfere 
diretamente nos valores dos lipídeos, especialmente dos triglicérides.
50
Unidade I
•	 Os exames não devem ser realizados antes de 8 semanas posteriores à recuperação de traumas, 
cirurgias, infecções bacterianas e virais agudas ou doenças crônicas debilitantes.
•	 Os exames em grávidas apresentam valores habitualmente elevados e só devem ser realizados 
3 meses após o parto.
É muito importante, também, avaliarmos o uso concomitante de medicamentos que podem influenciar 
os resultados, como os anti-hipertensivos (tiazidas, clortalidona, espironolactona, betabloqueadores), os 
imunossupressores (ciclosporina, prednisolona, prednisona), os esteroides (estrógenos, progestágenos, 
contraceptivos orais), os anticonvulsivantes, o ácido acetilsalicílico, o ácido ascórbico, o antiarrítmico 
amiodarona e o alopurinol etc.
Para a realização dos ensaios, a qualidade da amostra é fundamental. Períodos de jejum inferiores a 
8 horas e superiores a 14 horas não são recomendados. Nos casos de jejum inferiores a 9 horas, ocorrem:
•	 diminuição de 2% a 4% do colesterol LDL e de 1% a 4% do colesterol HDL;
•	 aumento de 2% a 4% dos triglicérides.
O jejum será recomendado em situações específicas, por exemplo, quando o paciente possuir alta 
concentração de triglicérides no sangue (acima de 440 mg/dL, sendo que o normal é de até 150 mg/ dL), 
quando houver uso de medicação para hipertrigliceridemia severa e quando for acompanhado de 
outros exames.
Para o diagnóstico definitivo, a dosagem deve ser repetida em um intervalo de 8 a 15 dias quando 
encontrado um valor alterado. Recomenda-se que as dosagens sejam realizadas em um mesmo 
laboratório, possibilitando, assim, a comparação com a diminuição da variabilidade analítica.
No final de 2016, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Sociedade Brasileira de 
Diabetes, a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina 
Laboratorial e a Sociedade Brasileira de Cardiologia publicaram um consenso sobre a normatização da 
determinação laboratorial do perfil lipídico, para dispensar a necessidade de jejum de 12 horas para 
avaliação laboratorial do perfil lipídico, o que teve início em 2017 nos laboratórios clínicos.
Pelos resultados obtidos, pode ocorrer a flexibilização do jejum para avaliação do perfil lipídico, já 
que estar em jejum ou alimentado não interfere sobremaneira na avaliação do risco cardiovascular 
estimada pelas medidas do LDL e dos triglicérides.
Além disso, os valores do perfil lipídico no estado alimentado são melhores indicadores de risco 
cardiovascular do que os valores em jejum. Afinal, passamos a maior parte do tempo no estado 
alimentado, e não no estado de jejum.
Somamos a isso o fato de a dosagem dos lipídeos no estado alimentado:
51
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
•	 ser mais prática (por exemplo, por permitir a coleta em qualquer horário do dia);
•	 ser mais segura (por exemplo, por evitar hipoglicemias em diabéticos);
•	 ser mais conveniente (por exemplo, por possibilitar a coleta do sangue logo após a consulta médica);
•	 ser mais econômica (por exemplo, por não haver necessidade de agendar dosagem em jejum em 
dias subsequentes);
•	 reduzir o congestionamento de pacientes atendidos nos laboratórios nas primeiras horas da manhã.
 Observação
O estado de jejum, em geral após 8 horas, ainda é necessário para a 
realização de alguns exames, como a glicemia e as dosagens de insulina, de 
hormônio do crescimento, de cortisol e de paratormônio.
Agora vamos entender como as dosagens lipídicas são realizadas.
2.4.1 Triglicérides (TG)
Trata-se de um dos fatores de risco para doença coronariana isquêmica. Obesidade, sobrepeso, 
tabagismo, falta de atividade física e consumo excessivo de álcool também elevam os níveis de 
triglicérides no sangue.
O método baseia-se em liberar o glicerol dos trigicérides (a partir de amostras de soro ou plasma) e, 
posteriormente, realizar a medição por método de ponto final (sistema enzimático colorimétrico).
2.4.2 Colesterol total (CT)
Como o processo de aterosclerose é silencioso, torna-se imprescindível a análise de colesterol e 
frações, principalmente da fração LDL, para estimar o risco de doença arterial coronariana.
O método para a determinação de colesterol total é enzimático em soro por reação de ponto final. 
O uso de anticoagulantes, como citrato, oxalato e EDTA, produz falsos resultados diminuídos.
2.4.3 Colesterol HDL
O HDL é considerado o “protetor das artérias” porque essa lipoproteína de alta densidade, conhecida 
popularmente como “colesterol bom”, pode remover uma parte do colesterol LDL das artérias e 
transportá-lo até o fígado, onde será metabolizado.
52
Unidade I
Usa-se soro ou plasma (com heparina ou EDTA), e o método é por precipitação seletiva das lipoproteínas 
de baixa e de muito baixa densidade (LDL e VLDL), sobrando apenas o HDL no sobrenadante, que é usado para 
a determinação de sua quantidade por reação de ponto final.
2.4.4 Colesterol LDL
A LDL, partícula altamente aterosclerótica (por essa razão, chamada de “colesterol ruim”), deposita-se 
nas paredes das artérias, liga-se aos receptores localizados nelas e é internalizada. Quando os monócitos 
“percebem” essa deposição, penetram na artéria no mesmo local, transformam-se em macrófagos e tentam 
digerir essas partículas com colesterol, mas não conseguem, pois não têm lipase, e tornam-se células 
espumosas que ali ficam, formando os ateromas. Portanto, quanto maior for a concentração de LDL no 
plasma, maior será a chance de desenvolvimento de ateromas.
Para a determinação dessas partículas, usa-se soro ou plasma (heparina ou EDTA, pois citrato e 
oxalato interferem diminuindo os resultados). O método empregado chama-se surfactante seletivo, 
pois usa dois surfactantes até liberar apenas LDL. Depois, ocorre a reação que gera cor, a qual deve ser 
analisada em espectrofotômetro. Haverá dois tempos em ponto final.
Esse exame laboratorial não é muito usado, e a ultracentrifugação após a precipitação é inviável 
para a maioria dos laboratórios clínicos. Dessa forma, utiliza-se uma equação que estima a quantidade 
de LDL no sangue. Trata-se da fórmula de Friedewald, mostrada a seguir.
LDL = CT – (HDL + TG/5)
Na fórmula, TG/5 fornece a estimativa dos níveis de colesterol ligado ao VLDL.
Essa equação tem bom desempenho em amostras com níveis de TG entre 151 e 300 mg/dL. No 
entanto, se o TG estiver com concentração maior do que 400 mg/dL, mesmo com jejum, o LDL não pode 
ser estimado por essa fórmula (lembre-se de que é estimativa, e não determinação!). Erros na estimativa 
do LDL por essa fórmula devem ser considerados e são consequência da soma de vários erros analíticos, 
tanto de imprecisão quanto de inexatidão, dos três parâmetros utilizados no cálculo devido ao excesso 
de TG na amostra.
Portanto, para melhor estimar o LDL quando os níveis de TG forem maiores que 400 mg/dL, usamos 
a fórmula de Martin (veja a tabela a seguir), com alguns pontos a serem destacados. Vejamos.
•	 O jejum não é exigido.
•	 Na fórmula de Martin, o quociente que estima os níveis de VLDL (que, na fórmula de Friedwald, 
é igual a TG/5) é variável. Para saber por qual fator devemos dividir o valor dos TG, devemos 
consultar a tabela a seguir.
•	 Os fatores indicados na tabela dependem tanto da concentração de TG (localizado na coluna 
vertical, à esquerda) quanto da estimativa da concentração do colesterol não HDL (não HDL-C).
53
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
•	 O colesterol não HDL é a soma de todas as frações do colesterol, excetuando-se o HDL, portanto, 
pode ser calculado subtraindo-se o HDL do CT. Esse valor está localizado na primeira linhada 
tabela a seguir.
Tabela 2 – Cálculo de LDL usando a fórmula de Martin e de valores de 
referência do colesterol total e frações
Não HDL-C (mg/dL)
Triglicérides (mg/dL) < 100 100-129 130-159 160-189 190-219 > 220
7-49 3,5 3,4 3,3 3,3 3,2 3,1
50-56 4,0 3,9 3,7 3,6 3,6 3,4
57-61 4,3 4,1 4,0 3,9 3,8 3,6
62-66 4,5 4,3 4,1 4,0 3,9 3,9
67-71 4,7 4,4 4,3 4,2 4,1 3,9
72-75 4,8 4,6 4,4 4,2 4,2 4,1
76-79 4,9 4,6 4,5 4,3 4,3 4,2
80-83 5,0 4,8 4,6 4,4 4,3 4,2
84-87 5,1 4,8 4,6 4,5 4,4 4,3
88-92 5,2 4,9 4,7 4,6 4,4 4,3
93-96 5,3 5,0 4,8 4,7 4,5 4,4
97-100 5,4 5,1 4,8 4,7 4,5 4,3
101-105 5,5 5,2 5,0 4,7 4,6 4,5
106-110 5,6 5,3 5,0 4,8 4,6 4,5
111-115 5,7 5,4 5,1 4,9 4,7 4,5
116-120 5,8 5,5 5,2 5,0 4,8 4,6
121-126 6,0 5,5 5,3 5,0 4,8 4,6
127-132 6,1 5,7 5,3 5,1 4,9 4,7
133-138 6,2 5,8 5,4 5,2 5,0 4,7
139-146 6,3 5,9 5,6 5,3 5,0 4,8
147-154 6,5 6,0 5,7 5,4 5,1 4,8
155-163 6,7 6,2 5,8 5,4 5,2 4,9
164-173 6,8 6,3 5,9 5,5 5,3 5,0
174-185 7,0 6,5 6,0 5,7 5,4 5,1
186-201 7,3 6,7 6,2 5,8 5,5 5,2
202-220 7,6 6,9 6,4 6,0 5,6 5,3
221-247 8,0 7,2 6,6 6,2 5,9 5,4
248-292 8,5 7,6 7,0 6,5 6,1 5,6
293-399 9,5 8,3 7,5 7,0 6,5 5,9
400-13.975 11,9 10,0 8,8 8,1 7,5 6,7
54
Unidade I
Colesterol total (mg/dL) LDL-colesterol (mg/dL) HDL-colesterol (mg/dL) Triglicérides (mg/dL)
Desejável: < 200
Limítrofe: 200-239
Elevado: > 240
Ótimo: < 100
Subótimo: 100-129
Limítrofe: 130-159
Elevado: 160-189
Muito elevado: > 190
Normal: > 40 Normal: < 150
Limítrofe: 150-199
Elevado: 200-499
Muito elevado: > 500
Nota: valores de referência do colesterol total, das frações e dos triglicérides.
Fonte: Faludi et al. (2017, p. 25).
Exemplo de aplicação
Considere uma paciente com colesterol total (CT) igual a 200 mg/dL, HDL igual a 40 mg/dL e 
triglicérides (TG) iguais a 400 mg/dL. Qual é o valor estimado do LDL?
Usando a fórmula de Friedewald, temos o que segue.
LDL = (CT – [HDL + TG/5])
LDL = (200 – [40 + 400/5])
LDL = (200 – [40 + 80])
LDL = 80 mg/dL
No entanto, como o TG é igual a 400 mg/dL, a estimativa fornecida pela fórmula de Friedwald é 
imprecisa e, nesse caso, devemos usar a fórmula de Martin, conforme mostrado a seguir.
TG: 400 mg/dL (última linha da tabela apresentada anteriormente).
Colesterol não HDL = (CT – HDL)
Colesterol não HDL = (200 – 40)
Colesterol não HDL = 160 mg/dL (quarta coluna da tabela apresentada anteriormente).
A intersecção da última linha com a quarta coluna da tabela mostra o valor 8,1. Portanto, 
a fórmula de Friedewald deve ser aplicada mudando-se o divisor do parâmetro “TG” de 5 para 
8,1, ou seja:
LDL = (CT – [HDL + TG/8,1])
LDL = (200 – [40 + 400/8,1])
55
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
LDL = (200 – [40 + 49,38])
LDL = 200 – 89,38
LDL = 110,62 mg/dL
Logo, o LDL estimado é de aproximadamente 110 mg/dL, e não 80 mg/dL.
A partir de 2017, os laboratórios de análise clínica brasileiros passaram a adotar uma série de critérios 
relativos à realização e à interpretação do perfil lipídico. Vejamos.
•	 É necessário relatar “em jejum” e “sem jejum”, mas 12 horas de jejum não são mais obrigatórias, 
conforme instruções médicas.
•	 É necessário estimar o valor do LDL usando a fórmula de Martin (ou de Friedewald, se triglicérides 
< 400 mg/dL) ou realizar a dosagem direta do LDL.
•	 É necessário relatar o cálculo do colesterol não HDL (no laudo).
•	 É necessário relatar ou não o cálculo do VLDL (caso esse valor não seja descrito, o médico pode 
estimar o VLDL, dividindo os triglicérides por 5).
•	 É necessário manter a orientação de solicitar jejum de pelo menos 8 horas para aferição da 
glicemia e/ou para a realização de outros exames nos quais o jejum seja indicado.
2.4.5 Avaliação lipídica completa
Na avaliação lipídica completa, são observados parâmetros adicionais, que auxiliam na verificação 
mais aprofundada do risco cardiovascular em situações específicas. Agora vamos conhecer esses 
parâmetros.
•	 Proteína C reativa (PCR): é uma proteína produzida no fígado em resposta à inflamação 
por agente infeccioso (por exemplo, bactérias) ou até mesmo pela placa ateromatosa. Está 
relacionada com a maior probabilidade de ruptura e subsequente evento oclusivo agudo. Para 
a determinação de risco cardiovascular, a referência é de até 0,1 mg/dL ou abaixo de 1 mg/L. 
Trata-se de um importante marcador de inflamação que pode aparecer em diversas situações. 
O exame não necessita de preparo, e o soro é analisado pelo método de imunoturbidimetria.
•	 Glicemia de jejum: não deve ultrapassar 100 mg/dL.
56
Unidade I
•	 Fibrinogênio: seu aumento pode estar relacionado com a formação de depósitos de fibrina na 
placa ateromatosa. Como promove coagulação, valores acima de 350 mg/dL indicam grave risco 
de trombose. O plasma é colhido em citrato trissódico e analisado por método de coagulometria.
•	 Homocisteína: é um aminoácido plasmático parecido com a cisteína, que causa lesões nas paredes 
arteriais, provocando a migração de monócitos para esse local, além de propiciar a proliferação 
de células arteriais para reconstruir o local. Está relacionada com o aumento da possibilidade de 
vasoclusão arterial e venosa e com o surgimento de doenças cardiovasculares, como acidente 
vascular cerebral, doença coronariana ou infarto cardíaco. Quando abaixo de 8 mmol/L, está 
associada com longevidade. Amostras de soro e plasma podem ser analisadas pela metodologia 
de reação enzimática, em modo cinético ou HPLC.
 Observação
O aumento dos níveis plasmáticos de homocisteína também pode 
acontecer devido: ao consumo excessivo de proteínas (carne vermelha); à 
baixa ingestão de alimentos com vitamina B6, folato ou vitamina B12; ao 
hipotireoidismo; à doença renal; à psoríase; ao uso de alguns medicamentos; 
ao estilo de vida (tabagismo, consumo excessivo de café e falta de 
atividade física).
•	 Apolipoproteínas A-1 (Apo A-1) e B-100 (Apo B-100): são, respectivamente, os componentes 
proteicos do HDL e do LDL. Atualmente, os níveis plasmáticos dessas apolipoproteínas têm sido 
descritos como melhores preditores de doenças ateroscleróticas, sendo que alterações na razão 
Apo A-1/Apo B-100 são melhores indicativos do risco cardiovascular do que os valores isolados. 
O método mais usado para a dosagem é a imunoturbidimetria.
•	 Lipoproteína A: sintetizada pelo fígado, é uma lipoproteína idêntica em tamanho e em composição 
à LDL, que migra, na eletroforese, entre as bandas VLDL e HDL. Ela contém a Apo-A fortemente 
ligada a uma molécula de Apo B-100 por uma ponte dissulfeto. É altamente aterogênica e tem 
um componente estrutural similar ao plasminogênio, fato que resulta na redução da fibrinólise, 
portanto, em maior risco trombogênico. Níveis acima de 30 mg/dL indicam risco cardiovascular, 
especialmente na presença de aumento de fibrinogênio. O método mais usado para sua detecção 
é a imunoturbidimetria.
2.5 Estudo bioquímico‑laboratorial das principais alterações gastrointestinais
As doenças que afetam o trato gastrointestinal podem ser divididas em duas categorias principais:
•	 funcionais, como a diarreia secundária a uma intoxicação alimentar;
•	 estruturais, como o íleo paralítico.
57
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Doenças funcionais são aquelas em que não há nenhuma alteração morfológica evidente no trato 
gastrointestinal, mas, por algum motivo, ele não está funcionando de maneira adequada. Os problemas 
mais comuns que afetam esse sistema são a constipação, a síndrome do intestino irritável, as náuseas, 
a intoxicação alimentar, os gases e a diarreia.
Doenças gastrointestinais estruturais são aquelas em que o trato gastrointestinal apresenta alterações 
morfológicas evidentes e, como consequência, não funciona de maneira adequada. Às vezes, a anormalidade 
estrutural precisa ser removida cirurgicamente. Exemplos comuns de doenças gastrointestinais estruturais 
incluem a estenose, as hemorroidas, a doença diverticular, os pólipos do cólon, o câncer de cólon e a 
doença inflamatória intestinal.
É importantesalientar que algumas manifestações podem indicar deficiência imunológica, por 
exemplo, a diarreia crônica ou aguda, a má absorção dos nutrientes, a dor abdominal e a inflamação. 
O trato gastrointestinal é o maior órgão linfoide do corpo, portanto, não é surpreendente que as 
doenças intestinais sejam comuns entre pacientes imunodeficientes.
Outra causa de alterações na fisiologia do trato gastrointestinal é o uso de certos medicamentos. 
Analgésicos opioides, por exemplo, diminuem a motilidade gastrointestinal, o que pode resultar em 
constipação severa. O uso de anti-inflamatórios não esteroidais, por sua vez, pode resultar em úlceras 
no estômago e no duodeno.
As doenças estruturais do trato gastrointestinal podem ser diagnosticadas a partir de exames de 
imagem, como a ressonância magnética, a tomografia computadorizada, a endoscopia e a colonoscopia, 
e também por exames laboratoriais. Vamos conhecer algumas dessas doenças?
•	 A diverticulose, ou diverticulite, é caracterizada pela presença de pequenas bolsas (divertículos) na 
parede muscular do intestino grosso. Essas bolsas formam-se em áreas enfraquecidas do intestino 
grosso inferior, principalmente no cólon sigmoide, e podem ser observadas na colonoscopia.
•	 Os pólipos são tumores benignos (não cancerosos) nos tecidos que revestem o cólon e o 
reto. O câncer colorretal desenvolve-se quando esses pólipos crescem e células anormais se 
desenvolvem e começam a invadir o tecido circundante. A colonoscopia permite não só a 
visualização desses pólipos, como também sua retirada cirúrgica.
•	 O câncer colorretal é resultado da transformação neoplásica dos pólipos citados anteriormente. 
Além dos exames de imagem (colonoscopia, ressonância magnética etc.), diversos marcadores 
podem ser dosados no sangue para se avaliar o estadiamento da doença, entre eles, o CEA 
(antígeno carcinoembrionário), o CA-242, o CA-19-9, o CA-72-4 e as citoqueratinas.
•	 As úlceras esofágicas, estomacais e duodenais podem ser observadas a partir da realização do 
exame de endoscopia. Para acompanhar essa condição, é comum realizar o exame laboratorial de 
sangue oculto nas fezes: caso as fezes apresentem sangue digerido (oculto), é indicativo de que 
existe sangramento ativo na úlcera.
58
Unidade I
 Observação
A presença de sangue oculto nas fezes indica sangramento da porção 
superior do trato gastrointestinal. Quando, por outro lado, observa-se 
sangue vivo (não digerido) nas fezes, o sangramento está acontecendo na 
porção inferior (final) do trato gastrointestinal.
•	 A doença celíaca é uma doença autoimune causada pela intolerância ao glúten, uma proteína 
encontrada no trigo, na cevada e em outros grãos. Biópsias do intestino de pacientes com doença 
celíaca ativa mostram alterações significativas em sua arquitetura, como a diminuição ou até 
o desaparecimento das microvilosidades intestinais. Exames laboratoriais que complementam o 
diagnóstico incluem a detecção de anticorpos antitransglutaminase, da classe IgA, no soro.
Além desses exames, o perfil hepático e o perfil pancreático, já estudados anteriormente, complementam 
o diagnóstico de doença gastrointestinal.
2.6 Estudo bioquímico‑laboratorial das principais alterações do metabolismo 
ósseo
Os marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo podem refletir a formação do osso ou a 
sua reabsorção.
A remodelação óssea obedece ao ritmo circadiano e acontece com maior intensidade durante a 
noite. Por esse motivo, a primeira urina da manhã, ou a amostra de soro coletada nesse horário, reflete 
o pico de reabsorção óssea e apresenta níveis de biomarcadores mais altos que uma amostra colhida 
em outro horário. O ciclo menstrual também influencia os níveis desses marcadores bioquímicos, que se 
encontram mais elevados durante a fase lútea.
São acentuados a seguir os principais marcadores de reabsorção óssea.
•	 Fosfatase alcalina óssea: essa isoenzima apresenta sequência de aminoácidos idêntica à da 
variante hepática (fosfatase alcalina hepática), e ambas denotam concentrações equivalentes 
no plasma. Porém, como apresentam diferenças pós-traducionais relacionadas à glicosilação, é 
possível identificar cada isoforma a partir de ensaios de eletroforese.
•	 Osteocalcina: é uma proteína de matriz óssea marcadora da atividade do osteoblasto, ou seja, 
está envolvida na formação do osso, e não em sua reabsorção. De fato, é destruída quando há 
reabsorção pelos osteoclastos.
•	 Hidroxiprolina urinária: com o desenvolvimento dos métodos mais específicos para avaliação 
da reabsorção óssea, esse ensaio tem sido abandonado.
59
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
•	 Interligadores do colágeno (cross‑links): são estruturas interligadoras compostas de 
três radicais hidroxilisina (chamada de piridinolina) ou uma lisina e duas hidroxilisinas 
(deoxipiridinolina). As piridinolinas atuam como interligadores nos colágenos tipo I, II e III e são 
encontradas na maioria dos tecidos.
Ressaltamos que os melhores marcadores séricos de formação óssea (fosfatase alcalina óssea e 
osteocalcina) devem ser considerados mediante a interpretação dos valores de meia-vida biológica, pois 
a fosfatase alcalina óssea tem em torno de 1,6 dia, e a osteocalcina, menos de 1 hora. Dessa forma, crises 
agudas estão relacionadas com os níveis de osteocalcina.
Além dos exames laboratoriais, os exames de imagem, como a densitometria óssea, têm a função de 
diagnóstico e de acompanhamento da osteoporose.
3 MARCADORES DE AVALIAÇÃO DE FUNÇÃO RENAL E DO EQUILÍBRIO ÁCIDO‑BÁSICO 
E HIDROELETROLÍTICO: A IMPORTÂNCIA DA UROANÁLISE
Neste tópico, aprenderemos sobre a importância do exame de urina. Vamos iniciar nossa jornada 
relembrando as principais características desse fluido?
A formação da urina acontece a partir da filtração do sangue. O sangue chega aos rins pela artéria 
renal, que se ramifica até formar as chamadas arteríolas aferentes. Cada uma dessas arteríolas penetra 
uma cápsula renal e forma o glomérulo renal. Ocorrem, assim, quatro processos consecutivos: a filtração 
glomerular, a reabsorção tubular, a secreção tubular e, por fim, a excreção para o meio externo.
A regulação da função renal baseia-se na ação de dois hormônios:
•	 o hormônio antidiurético (ADH), principal agente fisiológico regulador do equilíbrio hídrico, 
produzido no hipotálamo e armazenado na hipófise;
•	 a aldosterona, produzida nas glândulas suprarrenais e responsável por aumentar a absorção ativa 
de sódio e a secreção ativa de potássio nos túbulos distal e coletor.
Em 24 horas, são filtrados cerca de 180 litros de fluido do plasma. No entanto, são formados apenas 
1 a 2 litros de urina por dia, o que significa que aproximadamente 99% do filtrado glomerular são 
reabsorvidos. Quando há necessidade de reter água no interior do corpo, a urina fica mais concentrada, 
em virtude da maior reabsorção de água. Por outro lado, quando há excesso de água no corpo, a urina 
fica menos concentrada, em razão da menor reabsorção de água.
Os exames de urina auxiliam no diagnóstico de uma série de condições renais e extrarrenais. São 
exames relativamente simples, cuja coleta das amostras é realizada conforme descrito a seguir.
•	 Primeira amostra da manhã: para urina tipo 1 ou de rotina, teste de gravidez e proteinúria 
ortostática. Essa amostra fornece o reflexo mais preciso da presença de bactérias e de elementos 
formados, como cilindros e cristais.
60
Unidade I
•	 Em jejum: para monitoramento da diabetes.
•	 Pós-prandial: para monitorização da diabetes e da glicosúria.
•	 Exame de urina de 24 horas: deve-se esvaziar completamente a bexiga pela manhã, ao acordar, 
desprezando a urina e marcando a hora exata, e começar a coletar as amostras de urinas durante o 
dia e a noite, juntando-as em frascos dados pelo laboratório, durante as 24 horas, sob refrigeração 
e ao abrigo da luz. Nesse exame, são realizados testes bioquímicos quantitativos.
•	 Cateterização: com cateter, para obtenção de bactérias para cultura.
•	 Jato médio:para urina tipo 1 ou rotina e cultura de bactérias.
•	 Aspiração suprapúbica: coleta de urina direto da bexiga para a cultura de bactérias e citologia.
•	 Coleta do jato inicial, do jato médio e do jato final em frascos separados: prova de Valentine, 
indicada para pacientes com infecção da próstata.
 Observação
O analista laboratorial deve ter atenção aos fatores que afetam os 
resultados dos exames de urina.
Demora para realizá-lo pode causar valores falsamente reduzidos de 
glicose, de cetonas, de bilirrubina e de urobilinogênio.
Amostras coletadas e mantidas à temperatura ambiente ou tardiamente 
entregues ao laboratório podem causar valores falsamente elevados de 
bactérias.
O método mais usado para a conservação da urina é a refrigeração, que evita a decomposição 
bacteriana da urina pelo período de uma noite. Podemos, ainda, adicionar conservantes à amostra 
(formalina, ácido bórico, timol, ácido clorídrico, fluoreto de sódio e bicarbonato de sódio), a fim de evitar 
alterações na cor e na transparência da amostra; aumento do pH, da concentração de nitritos e do 
número de bactérias; diminuição da concentração de glicose, de cetonas e de bilirrubina; e desintegração 
das hemácias e dos cilindros.
O exame mais realizado no laboratório de análises clínicas é a urina tipo 1. Vamos estudá-lo 
a seguir.
61
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
3.1 Exame de urina tipo 1
A urina contém, aproximadamente, 96% de água e 4% de substâncias diversas, provenientes da 
alimentação e do metabolismo normal. Ela é, essencialmente, uma solução de sais (cloreto de sódio e 
potássio) e ureia. A composição da urina varia em torno das seguintes proporções: água, 95%; resíduos 
orgânicos, 3,7%; e resíduos inorgânicos, 1,3%.
A urina tipo 1, ou exame EAS (elementos anormais do sedimento) ou EQU (exame qualitativo de 
urina), é um exame não invasivo e extremamente informativo que pode indicar alterações no sistema 
urinário e renal, além de apontar uma série de outras doenças que acometem os diferentes sistemas 
corporais. Portanto, todos os achados devem ser sempre interpretados diante do quadro clínico do 
paciente e de outros resultados laboratoriais.
Para a coleta da amostra de urina, devemos higienizar muito bem os genitais externos com água 
e sabão, desprezar o início e o fim da micção e coletar somente o jato médio. Recomenda-se, para as 
mulheres, abstinência sexual de pelo menos 24 horas e que não estejam menstruadas.
O exame de urina tipo 1 ocorre em três etapas. Vejamos.
•	 Etapa 1: exame físico (avaliação da cor, do aspecto, do odor, da densidade e do volume).
•	 Etapa 2: exame químico (avaliação do pH e quantificação da bilirrubina, das cetonas, das hemácias, 
da hemoglobina, da glicose, dos leucócitos, das proteínas e do urobilinogênio).
 Observação
O exame químico é realizado com o uso de fitas reagentes impregnadas 
de reagentes sólidos que, em contato com os analitos presentes na 
urina, mudam de cor. Há equipamentos que analisam essa alteração de 
cor, mas, em muitos laboratórios, essa etapa é realizada manualmente 
pelos funcionários.
•	 Etapa 3: exame microscópico do sedimento (detecta as células epiteliais, os cilindros, os cristais, as 
hemácias, os leucócitos, as células tumorais, as bactérias e os fungos, sob aumento de 100x e 400x).
3.1.1 Exame físico da urina
Os parâmetros físicos avaliados no exame de urina tipo 1 são a cor, o aspecto, o odor, a densidade e 
o volume. Vamos aprender mais sobre a importância da análise desses parâmetros.
62
Unidade I
3.1.1.1 Cor
A observação da cor da urina é realizada a partir da inspeção visual da amostra pelo examinador.
A ingestão de água influencia na concentração das substâncias dissolvidas na urina, portanto, em 
sua cor. Quanto mais concentrada, mais escura sua cor amarela e, quanto mais diluída, mais clara. 
Portanto, urina amarelo-escura pode indicar desidratação.
Urina avermelhada, amarronzada ou enegrecida pode estar relacionada à hematúria, à mioglobinúria, 
à alcaptonúria ou à porfiria aguda intermitente. A cor avermelhada também pode estar relacionada à 
ingestão de alimentos com corantes artificiais ou naturais (como a beterraba), ou, ainda, ao uso de 
drogas, como a fenitoína, a rifampicina e a fenazopiridina (Pyridium).
Urina esbranquiçada pode ser decorrente de piúria intensa, cristais de fosfato ou uso de propofol.
Urina em tom verde-azulado pode ser causada pela administração de azul de metileno, de propofol, 
de amitriptilina ou do analgésico urinário Sepurin (metenamina e metiltionínio).
Urina alaranjada pode estar relacionada com a ingestão de alimentos ricos em betacaroteno (como 
a cenoura), mas pode indicar doenças no fígado ou o uso de certos medicamentos.
3.1.1.2 Aspecto
O aspecto refere-se à transparência da amostra, que pode ser transparente/límpida, semiturva, turva/
opaca ou leitosa.
Tem relação com precipitação de cristais na urina ou com a presença de grande quantidade de células.
3.1.1.3 Odor
A urina possui um cheiro característico e normal denominado sui generis. Pode ficar com cheiro 
forte de amônia ou amoníaco, devido à hidrólise bacteriana da ureia.
O odor adocicado (cheiro de frutas) é devido à presença de corpos cetônicos característicos na urina 
de pacientes diabéticos.
Por sua vez, o odor pútrido relaciona-se com as infecções urinárias.
3.1.1.4 Densidade
A densidade da urina varia em função do estado de hidratação do paciente. Reflete a capacidade 
renal de reabsorção e de concentração, ou seja, a capacidade de concentração de substâncias sólidas 
diluídas na urina.
63
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
A baixa densidade da urina, próxima a 1 mg/mL (que é a densidade da água pura a 4 oC), pode 
representar ingestão excessiva de líquidos, diabetes e hipertensão. Por outro lado, a alta densidade 
pode indicar desidratação ou insuficiência cardíaca.
A densidade da urina deve, idealmente, oscilar entre 1,015 e 1,025 mg/mL. Caso haja ingestão 
abundante de líquidos, pode chegar a 1,001 mg/mL; em caso de restrição hídrica, pode chegar a 
1,040 mg/mL.
3.1.1.5 Volume
O volume para urina tipo 1 (jato médio) deve estar compreendido entre 6 e 10 mL. A urina de 
24 horas deve ter o volume medido com o máximo de precisão possível, para avaliarmos a taxa 
de filtração glomerular e o nível de proteinúria, principalmente.
3.1.2 Exame químico da urina
O exame químico da urina é realizado com o uso de fitas reagentes. Essas fitas são constituídas de 
um suporte plástico com pequenas áreas impregnadas com reagentes químicos secos que desenvolvem 
cor ao serem expostas aos analitos presentes na urina.
Devemos ter alguns cuidados ao usar as fitas reagentes, tais como: não utilizar após a data de 
expiração; guardar em frasco original; não expor à luz nem à umidade; e manter os frascos bem fechados 
e em temperatura adequada.
Precisamos homogeneizar bem a urina não centrifugada para o exame, submergir completamente 
todas as áreas da fita, retirar a fita imediatamente de dentro do recipiente, eliminar o excesso e aguardar 
o tempo recomendado para a reação.
A análise dos resultados é visual, e alguns resultados são liberados em forma de cruzes, como a 
concentração de proteínas na urina, conforme detalhamento a seguir.
•	 Valor normal: nenhuma cruz (corresponde a valores menores que 10 mg/dL).
•	 Traços de proteínas: 1+, 2+, 3+, 4+, sendo que quanto mais intensa a cor, maior o número 
de cruzes.
3.1.2.1 pH
O pH da urina pode variar entre 4,5 e 8, sendo que os valores de referência são de 5,5 a 6,5.
Urina ácida indica possíveis distúrbios eletrolíticos de origem metabólica ou respiratória, que se 
traduzem em liberação de íons H+ pelos rins.
Valores de pH altos ou baixos também podem indicar cálculos renais e presença de microrganismos.
64
Unidade I
3.1.2.2 Bilirrubina
O valor de referência é negativo. Presença de bilirrubina na urina indica doenças hepáticas biliares.
Quando positivo, o resultado deve ser liberado em cruzes, de+ a 3+, ou ser acompanhado dos 
termos “pequena quantidade”, “quantidade moderada” ou “grande quantidade”.
Resultados negativos na presença de icterícia indicam aumento da bilirrubina indireta; demora na 
realização do exame; e/ou presença de vitamina C, que atua como interferente no exame.
Resultados positivos na ausência de icterícia estão relacionados com a excreção rápida da bilirrubina.
3.1.2.3 Corpos cetônicos
Os corpos cetônicos são produtos da metabolização dos lipídeos, comumente encontrados em 
amostras de urina de pacientes em jejum prolongado e em pacientes diabéticos em cetoacidose.
O valor de referência é negativo. Quando positivo, é expresso por cruzes (de + a 4+); pela concentração 
aproximada, em mg/dL; ou pelo uso dos termos “traços”, “pequena quantidade”, “quantidade moderada” 
e “grande quantidade”.
Urina de paciente sem diabetes, mas positiva para corpos cetônicos, indica dieta rica em proteínas e 
pobre em carboidratos, dieta cetogênica ou uso de algumas medicações.
Resultados negativos em urina de pacientes com aparente cetoacidose podem estar relacionados com a 
volatilidade dos corpos cetônicos. Por essa razão, a urina deve ser analisada o mais rapidamente possível.
3.1.2.4 Nitritos
A presença de nitritos na urina é indicativa de infecção bacteriana nos rins ou nas vias urinárias.
O nitrato urinário pode ser convertido a nitrito pela ação da enzima nitrato redutase, presente em muitas 
bactérias que causam infecção urinária. Portanto, a presença de nitrito correlaciona-se com a bacteriúria.
É importante ressaltar que o nitrito negativo não descarta o quadro de infecção urinária, que deve 
ser confirmada com a realização da urocultura e do antibiograma.
3.1.2.5 Glicose
A glicosúria aparece quando a concentração plasmática de glicose ultrapassa o valor de 160 a 
180 mg/dL, dependendo da altura e do peso do paciente, ou seja, do seu biotipo.
Quando a glicosúria é acompanhada de fosfatúria, de uricosúria e de aminoacidúria, devemos 
suspeitar de síndrome de Fanconi.
65
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
 Observação
A síndrome de Fanconi é um distúrbio raro da função tubular renal. Ela 
é caracterizada por quantidades excessivas de glicose, de bicarbonato, de 
fosfatos, de ácido úrico, de potássio e de aminoácidos na urina.
Essa síndrome é resultado da exposição a certos fármacos, como a 
acetazolamida, o topiramato e o tenofovir; da exposição a metais pesados; 
da deficiência de vitamina D; e de algumas doenças, como o mieloma 
múltiplo e a amiloidose.
O valor de referência é negativo. Quando o resultado for positivo, pode ser liberado em cruzes, de 
+ a 4+, ou em valor aproximado de concentração, expressa em mg/dL.
Resultados falso-negativos podem ser decorrentes de erros na refrigeração da amostra ou da 
presença de cetonas.
Resultados falso-positivos são observados na presença de agentes oxidantes, como a vitamina C.
3.1.2.6 Leucócitos
A fita detecta a presença das esterases dos leucócitos.
A presença de leucócitos na urina está relacionada com processos infecciosos e inflamatórios do 
trato urinário e pode ocorrer com ou sem bacteriúria.
O valor de referência é negativo. Quando positivo, é liberado em cruzes (de + a 3+) ou, ainda, com 
os temos “traços”, “pequena quantidade”, “quantidade moderada” ou “grande quantidade”.
Caso a fita seja positiva para leucócitos e a análise do sedimento urinário ao microscópio não mostre 
essas células, suspeitamos de urina alcalina e diluída, que provoca a lise dos leucócitos.
Caso a fita seja negativa e o sedimento positivo, suspeitamos de doença do trato urinário, por 
exemplo, a inflamação renal.
3.1.2.7 Proteínas
A fita reagente detecta albumina excretada em níveis maiores do que 300 mg/dia, que correspondem 
à macroalbuminúria.
A proteinúria geralmente está associada à doença renal, à nefropatia diabética e à amiloidose. 
Podemos solicitar a análise complementar por urina de 24 horas ou calcular a razão albumina/creatinina 
em amostra isolada.
66
Unidade I
O valor de referência é negativo. Quando positivo é expresso em cruzes (de + a 4+) ou em valor 
aproximado de concentração, em mg/dL.
Podem ocorrer resultados falso-positivos em urinas alcalinas ou acondicionadas em frascos lavados 
com desinfetantes.
Resultados falso-negativos são associados ao uso de preservativos (camisinhas) contendo ácido 
bórico.
Em casos de suspeita de mieloma múltiplo, são pesquisadas as proteínas de Bence-Jones (cadeias 
leves livres, ou seja, fragmentos de imunoglobulinas monoclonais). Esse tipo de proteína é nefrotóxica e 
está associada às complicações renais do mieloma múltiplo. Pela análise da fita reagente, não é possível 
detectá-la, sendo necessário solicitar amostra de urina de 24 horas para fazer eletroforese de proteínas 
na urina e a imunofixação.
3.1.2.8 Urobilinogênio
A presença de urobilinogênio na urina é indicativa de distúrbios hepáticos e hemolíticos. Concentrações 
menores do que 1 mg/dL são consideradas normais.
3.1.2.9 Sangue
A presença de sangue na urina indica hemorragia do sistema urinário, secundária e de diferentes 
causas (infecção, cálculo renal etc.). O valor de referência é negativo.
O nível de hematúria é indicado em cruzes (de + a 3+), ou com o uso dos termos “traços”, “pequena 
quantidade”, “quantidade moderada” ou “grande quantidade”.
3.1.2.10 Hemoglobina
A hemoglobinúria pode causar alteração da cor da urina, de amarelada para vermelha, mas não 
necessariamente é acompanhada de outros sinais e sintomas.
Problemas nos rins, como nefrite aguda ou pielonefrite, queimaduras graves e câncer de rim, levam 
a esse estado. O resultado é dado em cruzes.
 Observação
Apesar de não estar na análise na fita reagente, a lipidúria (presença de 
lipídeos livres ou no interior das células tubulares) normalmente pode ser 
encontrada em pacientes com síndrome nefrótica. Ela pode ser detectada 
pela microscopia simples, em amostras coradas com Sudan, corante que 
demonstra a presença de triglicérides.
67
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
3.1.3 Exame microscópico do sedimento
Para a análise microscópica do sedimento, acondicionamos de 5 a 10 mL da amostra de urina 
em tubo cônico e centrifugamos por 5 a 10 minutos, em centrífuga clínica, de 1.000 a 1.500 rpm. 
Desprezamos o sobrenadante, deixando apenas 0,5 a 1 mL no tubo, e ressuspendemos o sedimento com o 
próprio sobrenadante.
Em seguida, colocamos uma gota do sedimento em uma lâmina e depositamos uma lamínula sobre 
a gota, para observação do sedimento a fresco não corado. Em outra lâmina, colocamos uma gota do 
sedimento e outra gota de corante urinário Sternheimer-Malbin, homogeneizamos e cobrimos com 
lamínula para observação do sedimento urinário corado.
 Observação
O corante Sternheimer-Malbin é utilizado para diferenciar leucócitos 
e/ou células epiteliais, que se coram de roxo, do Trichomonas vaginalis, 
que não se cora.
A observação do sedimento é realizada ao microscópio, com baixa intensidade de luz, em menor 
aumento (100x) e, em seguida, em maior aumento (400x).
Agora vamos conhecer os elementos que podem ser visualizados no exame microscópico da urina.
3.1.3.1 Cilindros
Quando células e proteínas se acumulam nos túbulos renais, elas precipitam e são levadas pela urina. 
A presença de cilindros na urina, portanto, indica doença renal.
Os cilindros são classificados conforme o material que os constitui. Vejamos.
•	 Cilindros hemáticos: constituídos principalmente de hemácias. São observados quando há 
hematúria glomerular, o que sugere glomerulonefrite.
•	 Cilindros leucocitários: constituídos principalmente de leucócitos. Indicam inflamação renal por 
infecção (pielonefrite) ou glomerulonefrite.
•	 Cilindros epiteliais: aparecem em descamações do epitélio tubular decorrentes da necrose 
tubular renal, da nefrite e/ou da glomerulonefrite.
•	 Cilindros granulares: constituídos de células degeneradas agregadas a proteínas, características 
de necrose tubular aguda.
•	 Cilindroshialinos: inespecíficos, sem característica patológica. Ocorrem em urina concentrada 
(após exercício ou em casos de desidratação) ou como consequência do uso de diuréticos.
68
Unidade I
•	 Cilindros cerúleos: considerados o estágio final da degeneração dos cilindros granulosos. 
Relacionados com doenças renais agudas e crônicas.
•	 Cilindros largos: tipicamente associados à doença renal crônica avançada.
3.1.3.2 Células epiteliais
São constantemente descamadas do revestimento interno do trato urinário, portanto, são 
frequentemente observadas no sedimento urinário. As células do epitélio vaginal e uretral são grandes, 
planas, com núcleo distinto e grande citoplasma.
Células menos comuns no sedimento urinário são as da bexiga e do túbulo renal. A presença das 
últimas pode ser indicativa de doença renal.
3.1.3.3 Hemácias
A presença de raras hemácias na urina é considerada normal.
O aumento dessas células na urina é chamado de hematúria e pode ser decorrente de infecções do 
trato urinário, por exemplo, as cistites e as prostatites (quando aparecem acompanhadas de bacteriúria 
e piúria); de traumatismos; e de hemorragias de diversas origens.
A hematúria pode ser transitória e sem significado em pacientes jovens que realizaram exercícios 
intensos ou têm atividade sexual. Em pacientes do sexo feminino, também pode ser decorrente da 
contaminação da urina pela menstruação. Em pacientes mais idosos, a hematúria, mesmo que transitória, 
pode estar relacionada à doença neoplásica.
Quando a hematúria é persistente, costuma estar associada aos cálculos, à doença neoplásica ou à 
doença glomerular. A melhor forma de fazer a diferenciação é pela presença de dismorfismo eritrocitário, 
indicativo de glomerulonefrite, ainda mais quando associado à proteinúria.
3.1.3.4 Leucócitos
A presença de grande quantidade de leucócitos na urina é chamada de piúria. Ao microscópio, 
consideramos normal até oito piócitos por campo.
A presença de grande quantidade de leucócitos na urina pode acontecer em decorrência de infecções 
do trato urinário, de inflamações de diversas origens, de doenças renais, de alguns tipos de câncer etc.
Neutrófilos são associados a infecções, à colonização do trato urinário, aos cálculos, à nefrite 
intersticial e à glomerulonefrite proliferativa. A presença de eosinofilúria, por sua vez, é indicativa de 
nefrite intersticial alérgica.
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INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Assumindo que não há contaminação por secreções vaginais, a piúria isolada é altamente sugestiva 
de infecção de trato urinário (incluindo tuberculose, quando culturas tendem a ser repetidamente 
negativas na vigência de piúria).
A piúria com culturas negativas também pode ocorrer com cálculos ou com doença tubulointersticial, 
por exemplo, a nefropatia por AINEs (anti-inflamatórios não esteroidais).
3.1.3.5 Microrganismos
No sedimento urinário, podemos encontrar bactérias, leveduras e protozoários. A presença de 
bactérias, em particular, só tem significado clínico quando associada a sintomas.
As leveduras são semelhantes às hemácias, só que menores e ovoides, podendo aparecer brotamento 
ou hifas. A mais comumente encontrada no sedimento urinário é a Candida albicans.
Os protozoários do tipo Trichomonas sp (Trichomonas vaginalis e Trichomonas hominis) também 
podem ser encontrados no sedimento. Eles são transmitidos sexualmente e causam infecções vaginais, 
de uretra, de bexiga e de próstata.
Ovos ou larvas de parasitas também podem ser encontrados no sedimento urinário, devido à 
contaminação fecal por falta de assepsia adequada.
3.1.3.6 Cristais
A formação de cristais na urina depende de uma variedade de fatores, como pH, densidade 
e temperatura. Cristais uratos amorfos, ácido úrico e oxalato de cálcio podem ser encontrados 
em urina ácida; já em urina alcalina é possível encontrar cristais fosfatos amorfos, fosfato triplo e 
carbonato de cálcio.
•	 Cristais amorfos podem ser encontrados na urina normal. Uratos amorfos podem ocorrer devido 
ao pH ácido da urina, assim como fosfatos amorfos, devido à urina alcalina ou, simplesmente, 
pelo resfriamento da amostra.
•	 Cristais de oxalato de cálcio possuem forma de envelope e podem ser encontrados na urina 
normal, mas podem ser resultado da intoxicação por etilenoglicol, diabetes, hepatopatias, doença 
renal crônica e ingestão de grande quantidade de vitamina C.
•	 Cristais de fosfato de cálcio e de fosfato amorfo são pleomórficos, possuem aparência de estrelas 
ou alfinetes e podem aparecer na urina normal ou na alcalina (pH > 7).
•	 Cristais de uratos (ácido úrico) apresentam geometrias variadas, desde “agulha” até formas 
romboide ou discoide. Eles são comumente observados na urina armazenada por tempo 
prolongado, devido à ação de bactérias produtoras de amônia; na gota úrica; em situações de 
metabolismo elevado das purinas; em enfermidades febris; e nas nefropatias crônicas.
70
Unidade I
•	 Cristais de estruvita (fosfato amônio magnesiano) são cristais de triplo fosfato, transparentes e 
retangulares, observados na infecção urinária devido a agentes produtores de urease (exemplos: 
Proteus, Pseudomonas, Klebsiella, Staphylococcus e Mycoplasma, entre outros).
•	 Cristais de cistina não são vistos na urina normal. São cristais hexagonais e característicos da 
cistinúria e das hepatopatias tóxicas.
3.1.3.7 Espermatozoides
Espermatozoides podem estar presentes tanto em amostras de urina de homens quanto de mulheres.
Por questões éticas, a presença de espermatozoides em amostras de urina de mulheres não deve 
ser relatada.
Em homens, essa presença pode indicar espermatorreia, cuja causa mais comum é a ejaculação 
retrógrada, em que o sêmen, que sai da uretra, flui em direção à bexiga urinária.
3.2 Avaliação dos distúrbios hidroeletrolíticos
O desequilíbrio hidroeletrolítico ocorre sobretudo pelo desbalanço entre a ingesta de substâncias 
ricas em eletrólitos e a sua eliminação pela urina, pelo suor e pelas fezes. Ele é resultado da tentativa, 
por vezes não efetiva, de compensar a ingestão ou a eliminação anormal dos eletrólitos. Também pode 
ser decorrente de alterações no balanço e no transporte dos líquidos intracelulares e extracelulares.
Essa condição pode ser percebida, clinicamente, pela presença de edema, caracterizado pelo acúmulo 
de líquido no espaço intersticial, de forma localizada ou sistêmica.
 Observação
Outras causas do edema são os processos inflamatórios, as queimaduras, 
os traumas, as reações alérgicas, a insuficiência cardíaca, a trombose, a 
cirrose, a pericardite, a desnutrição, as síndromes nefróticas, as doenças 
gastroentéricas relacionadas com hipoproteinemias, as diferentes formas de 
câncer relacionadas com a obstrução linfática e, por fim, as dietas hipersódicas.
Mudanças no equilíbrio da pressão exercida pelos líquidos intra e extracelulares podem, por 
exemplo, ser decorrentes de uma perda grande de peso. Nesse caso, é comum que ocorra uma alteração 
isotônica, ou seja, a pressão osmótica dos líquidos intracelulares e a pressão osmótica dos líquidos 
extracelulares são iguais.
Em situações de desidratação grave com hipernatremia (alta concentração de sódio na circulação 
sanguínea) ou em pacientes com doenças renais, podem acontecer alterações hipertônicas, nas quais a 
concentração dos íons no líquido extracelular é maior do que no líquido intracelular, o que resulta em 
extravasamento de água das células, que passam a apresentar menor volume.
71
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
A hiper-hidratação, por outro lado, resulta na diluição do líquido extracelular, que se torna hipotônico. 
Nesse caso, a pressão osmótica o conduz para o interior da célula, o que gera aumento do volume celular.
Os principais eletrólitos que devem ser mantidos em equilíbrio nos líquidos intra e extracelulares, 
a fim de garantir o pleno funcionamento dos sistemas corporais, são o sódio, o potássio, o cálcio, o 
magnésio, o fosfato e o bicarbonato.
3.2.1 Sódio e potássioOs principais cátions presentes no líquido extracelular e intracelular são, respectivamente, o sódio 
(Na+) e o potássio (K+).
Entre os diferentes papéis exercidos por ambos os íons, encontramos, por exemplo, a manutenção 
adequada da tonicidade do líquido extracelular; a promoção e a facilitação do impulso nervoso 
e da função neuromuscular; a manutenção da neutralidade elétrica das células, de modo a evitar a 
hiperpolarização; a promoção da contratilidade do músculo cardíaco; e a manutenção do equilíbrio 
acido-básico.
A determinação das concentrações de sódio e de potássio no plasma e na urina é realizada por 
métodos químicos (que vêm sendo abandonados); por fotometria de chama; por espectrofotometria 
de absorção atômica; e, mais recentemente, pelo uso de eletrodos íons seletivos (ISE). Esses exames 
são importantes para determinarmos alterações nas concentrações plasmáticas do sódio (hipo e 
hipernatremia) e do potássio (hipo e hipercalemia).
A hiponatremia é a diminuição dos níveis séricos de sódio para valores inferiores a 135 mmol/L. 
Essa condição está associada ao desenvolvimento de letargia, de confusão mental, de hipotensão, de 
náuseas, de vômitos e de arritmias.
A hipernatremia, por sua vez, é o aumento dos níveis séricos de sódio a valores superiores a 
145 mmol/L. Nesse caso, as principais manifestações são agitação, febre, hipertensão, taquicardia, 
edema, sede, dispneia e parada respiratória.
Tanto a hiponatremia quanto a hipernatremia são achados comuns nos ambientes de internação e 
ambulatorial e estão relacionados com risco aumentado de morbidade e mortalidade. Essas condições 
são classificadas com base no status do volume (hipovolemia, euvolemia ou hipervolemia).
Os desequilíbrios envolvendo o cátion potássio são denominados hipocalemia e hipercalemia e 
caracterizam-se pela diminuição (abaixo de 3,5 mmol/L) ou pelo aumento dos níveis séricos do íon 
(acima de 5 mmol/L), respectivamente.
A hipocalemia causa tontura, hipotensão, arritmias, cãibras, fraqueza muscular e, sobretudo, 
diminuição da excitabilidade neuromuscular. Nas hipercalemias, é comum notarmos a presença de 
taquicardia, que evolui para bradicardia, parada cardíaca e paralisia flácida.
72
Unidade I
O método mais preciso para avaliar a calemia é a determinação do potássio na urina de 24 horas. 
As determinações dos níveis séricos de glicose e de magnésio, dos níveis de eletrólitos e de creatinina 
na urina, além da determinação do equilíbrio ácido-base, são exames complementares que auxiliam na 
avaliação do caso clínico.
Uma abordagem mais prática é o cálculo da relação potássio/creatinina na urina a partir de uma 
amostra de urina pontual. Razão maior do que 1,5 mEq por mmol (13 mEq por g) é indicativa de perda 
renal de potássio. Se nenhuma causa for identificada com a investigação inicial, a avaliação da função 
tireoidiana e adrenal deve ser considerada.
3.2.2 Cloreto
O cloreto (Cl-) é um ânion extracelular secretado pela mucosa do estômago na forma de ácido 
hidroclorídrico. Ele é responsável pela ativação das enzimas digestivas e facilita a substituição do oxigênio 
pelo dióxido de carbono no interior das hemácias.
A hipocloremia é definida quando ocorre a diminuição dos níveis séricos de cloreto a valores inferiores 
a 98 mmol/L. Nessas situações, o paciente refere hipertonicidade muscular, tetania e respirações 
superficiais e deprimidas.
Nas hipercloremias, caracterizadas por níveis séricos do ânion superiores a 108 mmol/L, são 
percebidos sintomas como respiração profunda e acelerada, fraqueza e diminuição da capacidade 
cognitiva, conhecida como confusão mental.
A determinação do cloreto no soro e na urina é realizada pela titulação de Mohr, pelo método de 
Volhard e pela mercurimetria.
3.2.3 Cálcio
É inegável a contribuição do cálcio (Ca2+) para a manutenção da permeabilidade celular, para 
a formação dos ossos, para o processo de coagulação, para a propagação dos impulsos nervosos e 
para a contração muscular.
A deficiência do cálcio é denominada hipocalcemia e está fortemente associada a convulsões 
espáticas conhecidas como tetanias; a quadros de ansiedade e de irritabilidade; à hipotensão; e a 
arritmias. Na hipocalcemia, os níveis séricos de cálcio estão abaixo de 8,5 mg/dL.
A hipercalcemia, por sua vez, é o aumento da concentração de cálcio no plasma, que atinge valores 
superiores a 10,5 mg/dL. Essa condição está relacionada com o desenvolvimento de: arritmias cardíacas; 
tonturas; cefaleia; fraqueza e flacidez muscular; dor nos ossos e nas articulações; e cálculos renais. Em 
alguns casos, pode resultar em coma.
A avaliação da calcemia deve incluir a análise dos níveis séricos de cálcio total e de cálcio ionizado. 
O cálcio ionizado é, fisiologicamente, a forma mais importante de cálcio no corpo.
73
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Os níveis séricos totais de cálcio são afetados pelos níveis de proteínas séricas que podem se ligar 
ao cálcio. Nesse contexto, a proteína mais importante é a albumina. Portanto, o cálcio total pode estar 
baixo, devido à hipoalbuminemia, enquanto o nível de cálcio ionizado permanece normal. Por esse 
motivo, os níveis séricos totais de cálcio devem ser corrigidos com base no nível total de albumina. Para 
cada diminuição de 1 g/dL na albumina, provavelmente haverá uma diminuição de 0,8 mg/dL no cálcio 
sérico total.
A determinação do cálcio no soro e na urina é feita por método colorimétrico, utilizando-se 
a cresolftaleína.
Exames complementares que auxiliam na avaliação do quadro clínico incluem: a dosagem do fósforo, 
do magnésio e da creatinina no soro e na urina; a determinação dos níveis de fosfatase alcalina no soro; 
e as dosagens de paratormônio, de 1,25-di-hidroxivitamina D e de 25-hidroxivitamina D.
3.2.4 Magnésio
O magnésio tem papel fundamental na amplificação da comunicação neuromuscular, nos transportes 
do sódio, do cálcio e do potássio e na modulação da atividade de uma série de proteínas.
Pacientes com valores de magnésio abaixo de 0,62 mmol/L apresentam hipomagnesemia, cujas 
consequências incluem cãibras, tetania, irritabilidade, hipotensão, vasodilatação e arritmias.
Por outro lado, indivíduos que apresentam hipermagnesemia, caracterizada por níveis séricos de 
magnésio superiores a 1,2 mmol/L, apresentam diminuição dos reflexos, desconforto respiratório e 
fraqueza muscular.
A determinação dos níveis de magnésio no soro e na urina é feita por métodos colorimétricos.
3.2.5 Fosfato
O fosfato (PO4
3-) é um ânion envolvido no metabolismo das células e na regulação das funções 
neuromusculares e hematológicas.
Pacientes com hipofosfatemia apresentam níveis séricos de fosfato inferiores a 2,5 mg/dL. As principais 
manifestações clínicas são fraqueza muscular, tremores e, sobretudo, parestesias.
Pacientes com hiperfosfatemia apresentam níveis séricos de fosfato acima de 4,5 mg/dL. Nesse caso, 
não existem manifestações clínicas aparentes, exceto nos casos que cursam com hipocalcemia. Neles, 
pode haver desenvolvimento de tremores, tetania e convulsões.
3.2.6 Bicarbonato
Em condições normais, o sangue é levemente básico e apresenta pH entre 7,35 e 7,45. A avaliação 
dos distúrbios que afetam o pH sanguíneo pode ser feita pela dosagem de bicarbonato no sangue.
74
Unidade I
A acidose é a condição na qual o pH do sangue arterial é menor do que 7,35, como resultado de maior 
produção de ácido no sangue, o que acarreta maior concentração de íons H+ no líquido extracelular. 
Esse aumento da acidez do sangue pode ser secundário ao metabolismo (acidose metabólica) ou à 
ineficiência da eliminação do dióxido de carbono (CO2) pelos pulmões (acidose respiratória).
A alcalose ocorre quando o pH do sangue arterial ultrapassa 7,45. Nesse caso, as substâncias 
alcalinas estão em excesso no sangue, e a concentração de íons H+ aumenta apenas no líquido 
intracelular. A alcalose também pode ser classificada em metabólica ou respiratória e caracteriza-se, 
de maneira geral, pela redução sistêmicade prótons no sangue e pela perda excessiva de CO2.
Os rins e os pulmões exercem papel fundamental na manutenção do equilíbrio ácido-base. De maneira 
simplificada, podemos dizer que a acidose e a alcalose respiratórias são devidas a alterações na função 
pulmonar, enquanto a acidose e a alcalose metabólicas são devidas a alterações na função renal.
O exame de CO2 total afere a quantidade total de dióxido de carbono no sangue. Ele aparece 
principalmente na forma de bicarbonato (HCO3
-) e, por esse motivo, o exame também é chamado de 
dosagem de bicarbonato.
O bicarbonato é um íon carregado negativamente que é excretado e reabsorvido pelos rins. É usado 
pelo organismo para ajudar a manter o equilíbrio ácido-base (pH) e, em conjunto com o sódio, o potássio 
e o cloreto, mantém a neutralidade elétrica em nível celular.
A dosagem de bicarbonato integra o perfil metabólico e ajuda a diagnosticar o desequilíbrio 
eletrolítico e, também, a acidose ou a alcalose que resultam de uma doença ou de um estado clínico. 
Ela pode ser realizada por método colorimétrico enzimático ou pela submissão da amostra a eletrodos 
íons seletivos.
3.3 Perfil renal
Entre as patologias que acometem os rins, as mais importantes são a insuficiência renal aguda (IRA) 
e a insuficiência renal crônica (IRC).
A IRA é uma emergência médica que se baseia na perda rápida de função renal. Nesse quadro, 
observam-se aumento da ureia e da creatinina no plasma, além de distúrbios metabólicos, como a 
acidose metabólica, a hipercalemia e as mudanças no balanço hídrico corpóreo.
A seguir, indicamos as possíveis causas da IRA.
•	 Pré-renal (causas relacionadas ao suprimento ou ao fluxo sanguíneo renal): hipotensão 
(fluxo sanguíneo diminuído), habitualmente por choque ou desidratação; infarto do miocárdio; e 
problemas vasculares, tais como a trombose da veia renal.
75
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
•	 Renal (dano no rim propriamente dito): infecção; toxinas ou uso contínuo de medicamentos 
(por exemplo, alguns AINEs, antibióticos aminoglicosídeos, anfotericina B, contrastes iodados e 
lítio); rabdomiólise e hemólise, pois a mioglobina e a hemoglobina danificam os túbulos renais.
•	 Pós-renal (danos no trato urinário): retenção urinária (devido ao uso de alguns medicamentos, 
à hipertrofia prostática benigna ou à presença de cálculos renais); pielonefrite; obstrução 
secundária a neoplasias (câncer ovariano e câncer colorretal).
A IRC é caracterizada pela perda progressiva, irreversível e geralmente lenta da função renal. Suas 
possíveis causas englobam a glomerulonefrite crônica, a hipertensão arterial, a diabetes mellitus, o 
lúpus eritematoso sistêmico e os rins policísticos. Em casos graves, pode haver necessidade de diálise ou 
de transplante renal, pois o ritmo de filtração glomerular é muito baixo.
Como resultado da deficiência na filtração glomerular, observamos hipervolemia; edema, causado pela 
retenção de sal e de água; insuficiência cardíaca; hipoalbuminemia, hiperpotassemia e hiperfosfatemia; 
acidose; intolerância à glicose; anemia, como consequência da produção deficiente de eritropoetina 
pelos rins; osteodistrofia renal, que está relacionada com dores ósseas, fraturas patológicas e colapso de 
vértebras; e síndrome urêmica, devido à retenção de produtos tóxicos do metabolismo.
Os diagnósticos da IRA e da IRC podem ser feitos a partir:
•	 da determinação da creatinina e do nitrogênio ureico no sangue, que estarão elevados; da 
dosagem dos eletrólitos (cálcio, magnésio, sódio e potássio);
•	 da determinação dos níveis plasmáticos das enzimas desidrogenase láctica (LDH) e creatina 
quinase (CK ou CPK);
•	 dos estudos de coagulação;
•	 da realização de um perfil imunológico básico.
Radiografias de tórax (RX de tórax), bem como estudo ultrassonográfico do trato urinário, são 
essenciais.
Quanto aos marcadores da lesão renal, os principais são proteinúria, microalbuminúria, ureia, 
creatinina, cistatina C e, como marcador endógeno, a inulina.
Vamos aprender mais sobre os principais exames da função renal?
3.3.1 Estimativa da taxa de filtração glomerular
A estimativa da taxa de filtração glomerular (TFG) expressa o volume plasmático de uma substância 
que pode ser completamente filtrada pelos rins em determinada unidade de tempo. A TFG permite 
estimar o número de néfrons funcionais e inferir precocemente sobre alterações da função dos rins.
76
Unidade I
Para a realização desse exame, são coletadas três amostras de urina – de 4, 12 ou 24 horas – e 
uma amostra de sangue. Nessas amostras, determinamos o clearance ou a depuração da creatinina, 
um produto da biotransformação da creatina, presente nos músculos, que é excretado de maneira 
relativamente constante na urina.
O clearance da creatinina, ou taxa de filtração glomerular (TFG), é calculado conforme indicado a seguir.
concentração urinária da creatinina × volume urinário
concentração plasmática da creatinina
TFG =
Os valores de creatinina, essas amostras biológicas, são comparados à estimativa do clearance da 
creatinina. Uma das correlações mais utilizadas em nosso país, a equação de Cockcroft-Gault, também 
conhecida como estimativa do clearance da creatinina está indicada a seguir.
(140 - idade) × massa corporal magra (kg)
creatinina sérica (mg/dL) × 72
CrCl (mL/min) = ( × 0,85 se mulher )
Na equação, CrCl é a estimativa do clearance da creatinina, em mL/min.
Alterações da TFG, em relação à estimativa fornecida pela equação de Cockcroft-Gault, que persistam 
por mais de 3 meses configuram doença renal crônica. Nesses casos, a creatinina sérica encontra-se 
elevada, já que a capacidade de os rins produzirem o filtrado está diminuída. Os resultados podem 
ser confirmados pela dosagem da cistatina C, pela dosagem da inulina ou por métodos radiológicos 
utilizando contrastes.
3.3.2 Ureia
Produzida pelo fígado durante o ciclo da ureia e liberada pelos rins, a ureia é um metabólito 
importante para a avaliação da função renal. É livremente filtrada pelos glomérulos renais, sendo que entre 
40% e 70% das moléculas de ureia são reabsorvidas por difusão passiva no túbulo contorcido proximal.
As patologias que mais frequentemente levam ao aumento da concentração da ureia no sangue são 
a insuficiência renal (crônica e aguda) e os cálculos renais. Além disso, a ureia pode estar aumentada 
como consequência da insuficiência cardíaca congestiva, das hemorragias, da hiperalimentação e do 
uso de corticoides e de alguns antibióticos.
Níveis diminuídos de ureia no sangue podem ser consequência de quadros de cirrose, de desnutrição 
proteica e de hepatopatia grave.
O estudo da relação ureia/creatinina no soro é o melhor indicador do catabolismo proteico ou de 
doença renal. O método usado é o cinético-UV.
77
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
3.3.3 Cistatina C
A cistatina C, inibidora de proteases lisossômicas, principalmente catepsinas, é uma enzima 
presente em líquidos biológicos, como soro, líquido cefalorraquiano e leite. É livremente filtrada pelos 
glomérulos, em virtude de seu baixo peso molecular em combinação com carga elétrica positiva, e 
sua concentração sérica independe da idade, do sexo, da dieta, da massa muscular e do peso corporal.
Essa protease de baixo peso molecular é reabsorvida no túbulo contorcido distal, não sendo detectada na 
urina. Após ser reabsorvida, é metabolizada nos túbulos, portanto, não retorna à circulação sanguínea.
A diminuição da função renal causa a diminuição da taxa de filtração glomerular, portanto, o 
aumento da cistatina C e dos seus resíduos no sangue. A presença de cistatina C foi associada à elevação 
do risco de doença cardiovascular e de insuficiência cardíaca em idosos.
O método usado normalmente é a imunoturbidimetria em soro ou plasma com heparina ou EDTA, 
em que a cistatina C se liga a um anticorpo anticistatina C, que está ligado a partículas de látex, 
causando aglutinação, que é analisada em espectrofotômetro.
Exemplo de aplicação
Casoclínico: injúria renal aguda
J.L., mulher, deu entrada na emergência, com queixa de oligúria, urina escura, fraqueza e dores 
musculares há 24 horas. Nega uso de drogas de abuso, inclusive de álcool e de anfetaminas.
Referiu hepatite A há 4 meses, sem necessidade de internação hospitalar (diagnóstico confirmado 
por sorologia). Sem história prévia pessoal ou familiar de hipertensão arterial sistêmica, diabetes 
mellitus ou nefropatias.
A paciente relatou que faz uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) constantemente e que 
faz muito exercício físico, chegando à exaustão.
No exame físico, demostrou estar consciente, orientada, corada e desidratada (++/4). Apresentou 
pressão arterial igual a 160 × 110 mmHg; frequência cardíaca de 120 bpm, com batimentos rítmicos; e 
temperatura axilar igual a 36,5 °C. Sem edemas. Exame de força muscular limitado, principalmente nos 
membros inferiores.
Nos exames complementares, observaram-se os resultados a seguir.
•	 USG renal: rim direito = 12,9 cm; rim esquerdo = 12 cm;
•	 Elevação difusa da ecotextura do parênquima, sem perda da relação corticomedular;
78
Unidade I
•	 Biópsia renal: observaram-se alguns túbulos em necrose e outros em fase de regeneração 
e atróficos;
•	 Eletrocardiograma e ecocardiograma normais.
Os resultados dos exames laboratoriais são indicados a seguir.
Urina tipo 1
Cor: marrom-escura
Aspecto: turvo
pH: 5
Densidade: 1,018 mg/mL
Glicose: ausente
Proteínas: +
Cetonas: ausente
Bilirrubina: ausente
Urobilinogênio: +
Leucócitos: ausente
Hemoglobina: +++
Nitritos: negativo
Células epiteliais: ausente
Leucócitos: 5 por campo
Hemácias: 15 por campo
Muco: ausente
Bactérias: ausente
Cristais: ausente
79
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Cilindros: presente
Creatinina (soro): 1,9 mg/dL
Valores de referência (acima de 12 anos, feminino): 0,6 a 1,1 mg/dL
Ureia (soro): 72 mg/dL
Valores de referência: 10 a 50 mg/dL
Depuração da creatinina: 52 mL/min/1,73 m2
Valores de referência (mulheres): 75 a 115 mL/min/1,73 m2
Cálcio: 6,6 mg/dL
Valores de referência (maiores de 18 anos): 8,6 a 10,3 mg/dL
Sódio: 159 mEq/L
Valores de referência (adultos): 136 a 145 mEq/L
Potássio: 5,6 mEq/L
Valores de referência (adultos): 3,5 a 5,1 mEq/L
Desidrogenase lática (LDH): 311 U/L
Valores de referência (feminino, acima de 18 anos): 135 a 214 U/L
Creatinoquinase (CPK): 567 U/L
Valores de referência (feminino, adulto): 26 a 140 U/L
Discussão
A IRA (injúria renal aguda ou insuficiência renal aguda) pode ter várias causas, que podem ser 
pré-renais, renais ou pós-renais. Entre as causas renais, podemos citar o uso de alguns medicamentos, 
a rabdomiólise, a doença falciforme e o lúpus eritematoso.
Valores elevados de creatinina no soro (acima de 1,2 mg/dL nos adultos), redução do débito urinário 
(< 0,5 mL/kg/h por 6 horas) e alterações nos níveis plasmáticos de ureia e de íons, principalmente o 
sódio, o potássio e o cálcio, são indicativos de IRA. Outras alterações comuns são a urina escura, com 
cilindros granulosos pigmentados, a elevação da CPK, o aumento muito rápido da creatinina sérica 
80
Unidade I
(aproximadamente 2,5 mg/dL por dia) e do potássio (acima de 1 mEq/L por dia), com hiperfosfatemia, 
hipocalcemia e hiperuricemia.
As causas prováveis da IRA da paciente são o uso de AINEs e a rabdomiólise secundária ao exercício 
físico intenso. É importante salientar que as glomerulopatias associadas ao HIV e ao vírus das hepatites B 
e C e as doenças autoimunes foram descartadas (dados não mostrados).
A nefrotoxicidade dos AINEs está relacionada com seu mecanismo de ação, que é a inibição da enzima 
ciclo-oxigenase (COX), responsável pela síntese das prostaglandinas. As prostaglandinas produzidas nos 
rins são vasodilatadoras e, como resultado da inibição de sua síntese, observamos vasoconstrição no 
órgão, o que pode resultar em lesão renal aguda.
Na rabdomiólise, ocorre liberação das mioglobinas e da creatinina quinase na corrente sanguínea 
e na urina. Essa situação pode ser induzida por exercício físico intenso, por abuso de drogas, por 
traumatismos graves, por cirurgia e por comas prolongados. Além disso, foram relatados casos 
secundários ao alcoolismo, à deficiência de potássio, ao uso de barbitúricos, à exposição a alguns 
venenos, à cetoacidose diabética, à insolação, ao envenenamento por monóxido de carbono (CO) e à 
insuficiência cardíaca congestiva.
A rabdomiólise pode ter como sinais a mialgia aguda, a fraqueza muscular e a mioglobinúria, que estão 
associadas a enzimas musculares séricas elevadas, pois a mioglobina causa obstrução nos túbulos renais.
Como a CPK está alta, deve ser feita hidratação intravenosa agressiva com salina 0,9% (1.000 
a 2.000 mL/h) para obtenção de 200 a 300 mL/h de diurese. Alternativamente, podemos fazer uso do 
manitol, até os valores de CPK na urina caírem, e realizar a alcalinização da urina (pH > 6,5) para prevenir 
a precipitação dos pigmentos heme e a consequente formação de cilindros.
4 O LABORATÓRIO CLÍNICO NA AVALIAÇÃO DO SISTEMA REPRODUTOR 
MASCULINO: ANÁLISE DA FERTILIDADE E DA FUNÇÃO PROSTÁTICA
O sistema reprodutor masculino é constituído dos órgãos genitais externos (pênis, porção final 
da uretra e escroto) e internos (testículos, epidídimos, ductos deferentes, porção proximal da uretra, 
vesícula seminal e próstata). A fertilidade e as características sexuais masculinas dependem do 
funcionamento normal do sistema reprodutor masculino, bem como dos hormônios liberados pelo eixo 
hipotálamo-hipófise-testículos.
As principais patologias que acometem o sistema reprodutor masculino podem levar à infertilidade, à perda 
de libido, à impotência e à dificuldade em urinar, entre outros. Agora vamos discutir algumas dessas situações.
4.1 Infertilidade masculina
Um casal é considerado infértil se não conseguir engravidar após um ano de relações sexuais 
frequentes desprotegidas. A infertilidade masculina é usada para classificar a infertilidade quando a 
parceira feminina é conhecida como fértil.
81
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
A infertilidade pode ser classificada em primária e secundária. A primária é a incapacidade fisiológica 
de uma primeira gestação; a secundária ocorre quando o casal encontra dificuldades de conceber uma 
gestação, ainda que já tenha conseguido pelo menos uma em conjunto.
A infertilidade primária é mais prevalente entre mulheres jovens (20 a 24 anos), enquanto a fertilidade 
secundária está fortemente relacionada com a idade materna, podendo atingir 27,1% das mulheres 
entre 40 e 44 anos (BRASIL, 2013b).
A prevalência da infertilidade também varia quando países desenvolvidos e subdesenvolvidos são 
comparados. Nos primeiros, varia de 3,5% a 16,7% dos casais e deve-se principalmente à idade da 
mulher. Nos países subdesenvolvidos, varia de 6,9% a 9,3% e tem como importantes fatores as infecções 
sexualmente transmissíveis e as sequelas de abortos inseguros. No Brasil, estima-se que mais de 278 mil 
casais tenham dificuldade para gerar um filho em algum momento de sua idade fértil (BRASIL, 2013b).
Um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com 7.273 casais inférteis, mostrou 
que 24% dos casos de infertilidade foram devidos somente a fatores masculinos; 41% a fatores femininos, 
isoladamente; e 24% a fatores femininos e masculinos combinados (BRASIL, 2013b).
Quando não é possível diagnosticar as causas da infertilidade de um casal, dizemos que a infertilidade 
é idiopática (sem causa conhecida). Os casos de infertilidade idiopática corresponderam a 11% do total. 
Esses valores diferem muito de estudo para estudo, principalmente devido a diferenças amostrais 
(BRASIL, 2013b).
No que diz respeito à infertilidade masculina, suas principais causas são:
•	 falhas na espermatogênese ou obstrução das vias espermáticas;
•	 alterações no eixo hipotálamo-hipófise-testículos;
•	 desenvolvimento de resposta imunológica contra os espermatozoides, quando a integridadeda 
barreira hematotesticular é rompida;
•	 infecções no epidídimo, na próstata, na uretra ou na bexiga;
•	 criptorquidia, quando os testículos permanecem na cavidade abdominal;
•	 varicocele, que é a dilatação das veias do cordão espermático;
•	 consumo de tabaco e de etanol, entre outras substâncias;
•	 aumento da temperatura na região dos testículos, causado pelo uso de calças apertadas ou pelo 
uso de dispositivos eletrônicos no colo.
82
Unidade I
Essas alterações podem levar à ausência de espermatozoides no sêmen (azoospermia), à diminuição 
de sua contagem (oligozoospermia), às alterações em sua motilidade (astenozoospermia) ou às alterações 
no formato do gameta (teratozoospermia).
 Saiba mais
Amplie seus conhecimentos sobre infertilidade masculina em:
ROSENBLATT, C. et al. Infertilidade masculina: novos conceitos. Prática 
Hospitalar, a. 12, n. 71, set./out. 2010.
Para avaliar a fundo as características do sêmen, devemos realizar um exame denominado 
espermograma. Ele serve tanto para diagnosticar a infertilidade masculina quanto para avaliar a qualidade 
dos espermatozoides que serão utilizados em procedimentos de fertilização assistida.
Nesse exame, o sêmen é coletado em frasco estéril de polipropileno, a partir da masturbação, e, 
então, submetido a vários ensaios, dentro dos próximos 30 minutos. Esses ensaios visam a determinar:
•	 as características físicas do sêmen (volume, aspecto, cor, pH, coagulação, liquefação e viscosidade);
•	 a concentração de espermatozoides na amostra;
•	 a motilidade, a vitalidade e a morfologia dos espermatozoides;
•	 a presença de células não espermáticas, como os leucócitos, na amostra.
Para que a análise seja adequada, faz-se necessária abstinência sexual mínima de 48 horas, para não 
haver comprometimento da avaliação do volume do sêmen e do número de espermatozoides. Períodos 
de abstinência maiores do que 7 dias também não são recomendados.
O paciente deve relatar se houve algum quadro febril ou de doenças nos últimos 3 meses. Também 
deve relatar as medicações utilizadas contínua ou esporadicamente durante esse período. Todos esses 
fatores podem comprometer a qualidade do sêmen e, consequentemente, a análise dos resultados.
A tabela seguinte indica os principais parâmetros analisados no espermograma, assim como as 
técnicas aplicadas e os resultados de referência.
83
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Tabela 3 – Principais parâmetros avaliados no espermograma
Parâmetro Método de avaliação Resultados esperados 
Volume Aferição em pipetas graduadas Entre 1,5 e 5 mL
Viscosidade Aspiração do sêmen em pipetas de 5 mL, seguida de fácil gotejamento Formação de gotas sem filamentos 
Cor e aparência Análise macroscópica Cor branca opalescente, aspecto homogêneo
Liquefação Análise macroscópica Processo de liquefação se completa em até 60 minutos
pH Análise colorimétrica (papel de pH) Entre 7,2 e 7,8
Concentração 
Análise microscópica com uso de 
câmara de contagem (câmara de 
Makler, Horwell ou Neubauer)
Normozoospermia: entre 20 × 106 e 
20 × 107 espermatozoides/mL
Motilidade 
Análise microscópica com uso de 
câmara de contagem ou análise 
microscópica automatizada (Casa – 
computer-assisted semen analysis) 
Normal: 50% ou mais espermatozoides 
com progressão rápida e anterógrada 
(tipo A) ou com progressão lenta e 
anterógrada (tipo B)
Morfologia Análise microscópica após coloração de Shorr 
30% ou mais dos espermatozoides 
examinados apresentando formato normal
Vitalidade Análise microscópica após coloração com eosina e nigrosina 
Por apresentarem membranas lesadas, 
os espermatozoides mortos se coram 
de vermelho; os espermatozoides vivos 
permanecem não corados
Teste hiposmótico
A amostra é submetida a meio 
hiposmótico e analisada em 
microscópio
No mínimo 60% dos espermatozoides 
apresentando inchaço na cauda, o 
que indica que o processo de osmose 
está acontecendo normalmente e que, 
portanto, a membrana plasmática 
encontra-se funcionalmente íntegra
Exame citológico Análise microscópica com o uso de câmaras de contagem
Contagem acima de 106 leucócitos/mL 
sugere infecção nas glândulas sexuais 
acessórias. Deve-se também avaliar a 
presença de hemácias, de protozoários e 
de fungos
Adaptada de: Feijó et al. (2012).
A contagem de espermatozoides é o primeiro parâmetro do espermograma a ser avaliado. Tal avaliação 
pode ser feita de duas maneiras, conforme mostrado a seguir.
•	 Manualmente, a partir da análise microscópica de amostra de sêmen com uso de câmara de 
contagem (câmara de Makler, Howelll e Neubauer).
•	 Com o auxílio de métodos automatizados, como a análise microscópica automatizada (Casa – 
computer-assisted semen analysis).
Resultados acima de 2 × 107 espermatozoides/mL de sêmen indicam que o indivíduo é 
normozoospérmico (normal). Se a contagem for inferior a esse valor, o indivíduo é oligozoospérmico. 
Ausência de espermatozoides no sêmen caracteriza azoospermia.
84
Unidade I
D1D1
LL
LL
LL
D2D2
Figura 6 – Fotomicrografia de espermatozoides corados com eosina e nigrosina. Os gametas indicados 
pela letra L estão vivos, enquanto aqueles indicados pela letra D (D1 e D2) estão com a membrana 
lesionada, portanto, mortos
Fonte: (WHO, 2010, p. 28).
Além dos testes descritos, outros podem ser realizados, como:
•	 o teste de penetração espermática, que avalia a habilidade dos espermatozoides de penetrar o 
muco cervical, mimetizado pela clara do ovo;
•	 o teste do hamster, que avalia a capacidade dos espermatozoides de penetrar os ovócitos da 
mulher, mimetizados pelos ovócitos do animal.
 Saiba mais
Para saber mais sobre análise do semên, leia:
WHO. WHO laboratory manual for the Examination and processing of 
human semen. 5. ed. Genebra, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3S1fySU. 
Acesso em: 21 set. 2022.
Caso sejam detectadas anormalidades no espermograma, realizamos as dosagens de FSH, de LH e de 
testosterona. Essas dosagens hormonais serão abordadas mais adiante.
A análise microbiológica do sêmen, a ultrassonografia da região pélvica, a realização do cariótipo e 
a biópsia testicular também podem ser necessárias para determinar a causa da infertilidade masculina.
85
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
4.2 Diagnóstico das doenças prostáticas
As doenças da próstata normalmente são descobertas a partir da dificuldade do homem em urinar, 
visto que a uretra passa pela próstata.
Além da dificuldade em urinar, outros sintomas sugestivos de doença prostática são a micção 
frequente, de pequenas quantidades de urina, e a sensação de que a bexiga não se esvaziou 
completamente; a dor ou o ardor ao urinar; a dor ao ejacular; a urina turva ou com sangue; e a dor 
no escroto, no pênis, nos testículos ou no reto.
Existem três condições principais que podem afetar a próstata:
•	 a hipertrofia prostática;
•	 a inflamação da próstata (prostatite);
•	 o câncer prostático.
A hipertrofia prostática e o câncer da próstata geralmente afetam os homens com mais de 50 anos. 
Cerca de metade dos homens acima dessa idade terão alguma afecção na próstata.
A prostatite é causada por bactérias e pode afetar homens de qualquer idade.
O câncer de próstata ocorre quando as células desse órgão crescem de maneira incomum e formam 
uma neoplasia. Existem diferentes tipos de câncer de próstata: enquanto a maioria cresce lentamente e não 
causa sintomas por muitos anos, alguns se espalham agressivamente e podem levar rapidamente à morte.
Em 1% a 2% dos casos, os homens herdam genes (BRCA1 ou BRCA2) com polimorfismos que 
aumentam o risco de desenvolver câncer de próstata. Esses genes também aumentam o risco de mulheres 
desenvolverem câncer de mama e de ovários.
Existem diferentes métodos para o diagnóstico do câncer de próstata. O mais importante, sobretudo 
sob aspectos preventivos, é o teste do PSA (antígeno prostático específico).
O PSA é uma proteína produzida pelas células da próstata, que mantém o sêmen na forma líquida 
para que os espermatozoidespossam movimentar seus flagelos.
Quando um homem tem câncer de próstata, a concentração de PSA no sangue aumenta. Por esse 
motivo, a dosagem de PSA é usada como ferramenta de triagem.
A interpretação do exame de PSA deve ser feita considerando-se os valores a seguir.
•	 Concentração de 0 a 2,5 ng/mL: níveis seguros de PSA.
86
Unidade I
•	 Concentração de 2,6 a 4 ng/mL: níveis seguros na maioria dos homens, sendo prudente avaliar 
outros fatores de risco.
•	 Concentração de 4 a 10 ng/mL: suspeito; está relacionado com a probabilidade de 25% de se 
ter o tumor.
•	 10 ng/mL e acima: perigoso; está relacionado com a probabilidade de 50% de se ter o tumor.
Se o resultado do PSA for alto, recomendamos fazer uma segunda testagem de PSA, realizar o exame 
de toque retal e/ou fazer uma biópsia da próstata.
A determinação dos níveis de PSA, isoladamente, não é suficiente para diagnosticar o câncer de 
próstata. Afinal, existem várias condições que podem aumentar os níveis séricos dessa proteína, como:
•	 idade avançada;
•	 realização recente de uma biópsia;
•	 uso de cateter;
•	 lesões na região pélvica ou próstata;
•	 prostatites e outras infecções no trato urinário;
•	 andar de bicicleta;
•	 atividade sexual nas últimas 24 horas;
•	 suplementos que afetam os níveis de testosterona;
Se os níveis de PSA estiverem baixos, é necessário cuidado para avaliar se existe algum fator que 
estaria mascarando a condição real do paciente. Entre os fatores responsáveis pela diminuição dos níveis 
de PSA estão o uso de estatinas e de anti-inflamatórios e a obesidade.
O teste de PSA também é usado para rastrear os efeitos do tratamento do câncer de próstata. 
Quando um homem faz tratamento para câncer de próstata, seus níveis plasmáticos de PSA caem 
significativamente. Por esse motivo, a triagem regular com PSA é uma das ferramentas usadas para 
avaliar se o câncer retornou.
Exemplo de aplicação
Caso clínico: diabetes e disfunção erétil
C.P.M., homem, 45 anos, fumante e hipertenso, um pouco fora de peso ideal e sedentário, foi ao 
urologista e relatou que seu desejo sexual diminuiu e que observou alterações na ejaculação. Esses 
sintomas manifestaram-se de forma progressiva, e o paciente relacionou-os aos problemas de estresse e 
ansiedade, o que o levou a beber mais do que estava acostumado.
87
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
O médico pediu que C.P.M. fizesse um check-up e obteve os resultados descritos a seguir.
Testosterona total: 5 ng/dL
Valores de referência (homens adultos): 241 a 827 ng/dL
PSA (antígeno prostático específico) total: 1,5 ng/dL
Valores de referência: PSA total até 2,5 ng/mL; relação PSA livre/PSA total > 25%
TSH (hormônio tireoestimulante): 3,1 mUI/L
Valores de referência (acima de 20 anos): 0,45 a 4,5 mUI/L
Urina tipo 1
Cor: amarelo-citrino
Aspecto: límpido
pH: 5
Densidade: 1,013 mg/mL
Glicose: ausente
Proteínas: ausentes
Cetonas: ausente
Bilirrubina: ausente
Urobilinogênio: ausente
Leucócitos: 5 por campo
Hemácias: ausentes
Hemoglobina: ausente
Nitritos: negativo
Células epiteliais: ausentes
88
Unidade I
Muco: ausente
Bactérias: ausentes
Cristais: ausentes
Cilindros: ausentes
Tabela 4 – Hemograma
Série vermelha Valores de referência Resultados
Hemácias 4,2 a 5,9 milhões/µL 5 milhões/µL
Hemoglobina 13 a 18 g/dL 15 g/dL
Hematócrito 38% a 52% 43%
VCM 80 a 100 fL 85 fL
HCM 27 a 32 pg 28 pg
CHCM 31 a 36 g/dL 32 g/dL
RDW 10% a 16% 14%
Tabela 5 – Leucograma
Série branca Valores de referência Resultados
Leucócitos totais 3.500 a 10.500/mm³ 7.080/mm³
Neutrófilos 1.700 a 7.000/mm³ 4.260/mm3
Linfócitos 900 a 2.900/mm³ 1.930/mm3
Monócitos 300 a 900/mm³ 510/mm3
Eosinófilos 50 a 500/mm3 290/mm3
Basófilos 0 a 300/mm3 90/mm3
Plaquetas 150.000 a 450.000/mm³ 338.000/mm3
PCR (proteína C reativa): 0,1 mg/dL
Valores de referência:
Indicador de risco cardiovascular
< 0,1 mg/dL: risco baixo
0,1 e 0,3 mg/dL: risco intermediário
> 0,3 mg/dL: risco aumentado
Sódio: 139 mEq/L
89
INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Valores de referência (adultos): 136 a 145 mEq/L
Potássio: 4,7 mEq/L
Valores de referência (adultos): 3,5 a 5,1 mEq/L
Glicemia em jejum: 100 mg/dL
Valores de referência: 70 a 99 mg/dL
Hemoglobina glicada fração A1c: 6,4%
Valores de referência:
< 5,7% – baixo risco de diabetes
5,7% a 6,4% – risco aumentado para diabetes
≥ 6,5% – consistente com diabetes*
Frutosamina: 310 µmol/L
Valores de referência (adultos sem diabetes): 205 a 285 µmol/L
Gama GT: 57 U/L
Valores de referência (masculino): 12 a 73 U/L
TGO (transaminase glutâmica oxalacética): 18 U/L
Valores de referência (maiores de 2 anos): até 32 U/L
TGP (transaminase glutâmico pirúvica): 21 U/L
Valores de referência (maiores de 1 ano): até 33 U/L
Fosfatase alcalina: 56 U/L
Valor de referência: 35 a 104 U/L
Ácido úrico: 5,9 mg/dL
Valores de referência (masculino): 3,4 a 7 mg/dL
90
Unidade I
Ureia (soro): 43 mg/dL
Valores de referência: 10 a 50 mg/dL
Creatinina (soro): 0,9 mg/dL
Valores de referência (> 12 anos, sexo masculino): 0,7 a 1,3 mg/dL
Colesterol HDL: 20 mg/dL
Valores de referência (≥ 20 anos, com ou sem jejum de 12 horas): > 40 mg/ dL (desejável)
Colesterol LDL: 167 mg/dL
Valores de referência (≥ 20 anos, com ou sem jejum de 12 horas):
Ótimo: < 100 mg/dL
Desejável: 100 a 129 mg/dL
Limítrofe: 130 a 159 mg/dL
Alto: 160 a 189 mg/dL
Muito elevado: ≥ 190 mg/dL
Colesterol VLDL: 31 mg/dL
Valores de referência (≥ 20 anos):
Com jejum de 12 horas: < 30 mg/dL (desejável)
Sem jejum de 12 horas: < 35 mg/dL
Triglicérides: 176 mg/dL
Valores de referência (≥ 20 anos):
Com jejum de 12 horas: < 150 mg/dL
Sem jejum de 12 horas: < 175 mg/dL
Colesterol total: 280 mg/dL
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INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
Valores de referência (≥ 20 anos, com ou sem jejum de 12 horas): < 190 mg/dL (desejável)
Creatinoquinase total (CK): 47 U/L
Valores de referência (acima de 18 anos): 26 a 140 U/L
Discussão
Entendemos por disfunção erétil a incapacidade, durante pelo menos 3 meses, de atingir e 
manter uma ereção suficiente para realizar uma atividade sexual satisfatória. Trata-se de uma 
condição multifatorial e, por isso, é importante avaliar parâmetros metabólicos e endócrinos para 
sua correta caracterização.
Analisando as provas hepáticas, podemos afastar problemas relacionados ao alcoolismo leve ou a 
outras doenças do fígado. Os exames hormonais não revelaram problema endócrino.
Quanto aos exames da função cardiovascular, a CK está normal e o perfil lipídico mostrou elevação 
do LDL e do colesterol total, bem como HDL baixo. Os valores de VLDL e de triglicérides estão “borderline”, 
ou seja, limítrofes.
Os resultados do perfil renal não estão alterados.
Os exames do perfil pancreático foram decisivos para fechar o diagnóstico. A glicemia do jejum 
estava pouco alterada, provavelmente porque alguns dias antes resolveu fazer um pequeno regime, 
parou de beber e fumou poucos cigarros, mas esse exame não foi o mais importante. A hemoglobina 
glicada estava alta e a frutosamina também.
A glicemia em jejum demonstra a concentração de glicose no plasma no momento da medida, 
mas a frutosamina indica como estava a glicemia de 1 a 3 semanas antes do exame. A hemoglobina 
glicada indica a glicemia 90 a 120 dias antes do exame. Esses resultados sugeriram diabetes mellitus, 
o que foi confirmado pelo teste oral de tolerância à glicose (resultados não mostrados).
É importante salientar que a diabetes é um fator que contribui para o aumento do LDL e de outras 
frações do colesterol, o que aumenta o risco de aterosclerose.
A respeito da disfunção erétil, o excesso de açúcar, por longo período, provoca uma série de 
alterações nos vasos sanguíneos e nos nervos (neuropatia diabética), inclusive na região do pênis, o 
que diminui a sensibilidade e a circulação de sangue na região. O enchimento dos corpos cavernosos 
fica comprometido, impedindo a ereção, o que também pode ser resultado de umaobstrução da artéria 
peniana por placas ateroscleróticas.
A disfunção erétil causada pela diabetes pode não ser totalmente revertida, dependendo do grau de 
acometimento dos vasos sanguíneos penianos.
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Unidade I
São passos importantes para prevenção de várias doenças, inclusive a descrita neste caso clínico: fazer 
controle da glicemia, do colesterol e da pressão arterial; manter o peso ideal e uma dieta equilibrada; 
praticar exercícios físicos regularmente (1 hora, 3 vezes por semana); e fazer visitas periódicas ao médico.
A adoção dessas medidas por C.P.M., o paciente de nosso caso, possibilitou a reversão da disfunção 
erétil, sem que houvesse necessidade do uso de medicamentos vasodilatadores (como a sildenafila ou a 
tadalafila) ou o implante de prótese semirrígida no pênis. A manutenção de uma vida saudável ajudou 
no tratamento da disfunção erétil e, também, na própria diabetes e na aterosclerose.
 Resumo
Esta unidade destacou o conhecimento dos princípios básicos que 
regem o laboratório de análises clínicas e o controle de qualidade dos 
exames laboratoriais.
Também foi possível discutirmos o diagnóstico das principais doenças 
e desordens do metabolismo. Vimos a importância da uroanálise e 
abordamos os testes aplicados aos estudos da fertilidade masculina e do 
câncer prostático.
Apresentamos, como exemplos práticos de aplicação, dois casos clínicos 
que possibilitam ao leitor compreender o raciocínio lógico que baseia a 
análise dos laudos laboratoriais.
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INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
 Exercícios
Questão 1. (Enade 2016) A ureia, o sódio, o potássio, a creatinina, o exame qualitativo de urina (EQU) 
e a depuração de creatinina endógena (DCE) são exames realizados na investigação de doenças renais.
Considerando esses exames laboratoriais, avalie as afirmativas a seguir.
I – Os valores de creatinina e ureia mostram-se elevados no sangue de pacientes em suspeita de 
insuficiência renal crônica.
II – A presença de proteinúria, hematúria, cilindros hialinos, granulosos e hemáticos encontrados no 
EQU sugerem o diagnóstico de glomerulonefrite ou dano tubular.
III – Para a realização do exame de DCE, a urina deve ser coletada em 24 horas, e quanto maiores 
os valores encontrados no exame, maior é o grau de insuficiência renal e maior a concentração de 
creatinina no sangue.
IV – Os valores dos eletrólitos sódio e potássio séricos mostram-se alterados nos casos de doenças 
renais, ao contrário de outros eletrólitos, como cloretos, cálcio e magnésio.
É correto apenas o que se afirma em:
A) I e II.
B) II e III.
C) III e IV.
D) I, II e IV.
E) I, III e IV.
Resposta correta: alternativa A.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: na insuficiência renal crônica, a taxa de filtração glomerular está diminuída. Portanto, 
as quantidades de creatinina e de ureia na urina também estão diminuídas e, como consequência, suas 
concentrações no sangue aumentam.
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Unidade I
II – Afirmativa correta.
Justificativa: glomerulonefrite refere-se à lesão nos glomérulos de Malpighi, e dano tubular refere-se à 
lesão nos túbulos renais. Nesses casos, observam-se proteinúria e hematúria devido à perda da capacidade 
de ultrafiltração da interface glomérulo/túbulo renal. Os cilindros são formados no túbulo contorcido 
distal e nos ductos coletores em resposta a uma lesão. Esses cilindros desprendem-se, atingem a bexiga 
e são detectados na urina. Os cilindros hialinos são agregados de mucoproteínas segregadas pelo 
túbulo renal. Os cilindros granulosos são agregados de proteínas do plasma, como a albumina, e de 
imunoglobulinas. Os cilindros hemáticos, como o próprio nome diz, são agregados de hemácias.
III – Afirmativa incorreta.
Justificativa: quanto maiores os valores encontrados no exame de depuração da creatinina 
endógena (DCE), maior a concentração de creatinina na urina e menor a concentração desse metabólito 
no sangue. Na insuficiência renal, a DCE está diminuída, pois a capacidade de o rim produzir o filtrado 
está reduzida.
IV – Afirmativa incorreta.
Justificativa: no túbulo renal, ocorre reabsorção ativa de virtualmente todos os eletrólitos presentes 
no filtrado. Portanto, o sódio, o potássio, os cloretos, o cálcio e o magnésio estarão alterados.
Questão 2. (Enade 2013) Leia o texto a seguir.
Estatísticas mundiais a respeito da infertilidade mostram que mais ou menos 15% dos casais que 
desejam engravidar apresentam algum tipo de infertilidade. Durante muito tempo, os empecilhos 
eram todos atribuídos às mulheres e só recentemente passaram a fazer parte do universo masculino. 
Talvez seja essa a razão de se saber tão pouco sobre a infertilidade no homem. Por isso, atualmente, a 
conduta é encaminhar o casal para avaliação. A dificuldade pode estar tanto em um quanto no outro, 
ou nos dois parceiros. Estudos mostram que varicocele, processos infecciosos e disfunções hormonais 
são praticamente as únicas causas reversíveis da infertilidade masculina.
Ninguém sabe como aumentar o número e a qualidade dos espermatozoides. Também não se sabe 
explicar os casos de infertilidade idiopática ou de infertilidade sem causa aparente, quando, apesar 
de homem e mulher preencherem totalmente as condições necessárias para a gravidez, ela não 
acontece. Outra constatação indiscutível é que os anabolizantes podem acabar com a produção dos 
espermatozoides, e maconha, cocaína e álcool comprometem sua qualidade. Depois do surgimento 
da inseminação artificial e da feritlização in vitro, a infertilidade masculina não significa mais a 
impossibilidade definitiva de ter filhos. O diagnóstico bem feito é fundamental para a escolha do método 
mais indicado para superar essa dificuldade.
Adaptado de: https://bit.ly/3Cce96I. Acesso em: 25 jul. 2013.
Quando um casal procura o serviço de saúde para avaliar a infertilidade, um dos primeiros testes 
solicitados ao homem é o espermograma. No que diz respeito a esse teste e à fase pré-analítica, assinale 
a alternativa correta.
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INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL NA CLÍNICA FARMACÊUTICA
A) A coleta do esperma deve ser realizada na mesma data que a coleta dos óvulos.
B) O material (esperma) pode ser armazenado por até 6 horas a 4 °C até o momento das análises.
C) São necessários 5 exames consecutivos com intervalo de 2 semanas para produzir um 
diagnóstico confiável.
D) Recomenda-se realizar abstinência sexual de 2 a 5 dias, coletar o esperma preferencialmente no 
laboratório e evitar a perda de volume da amostra.
E) Na ficha do paciente devem constar itens como doenças atuais e medicamentos de uso contínuo, 
sendo desnecessários itens como doenças pregressas e terapêuticas anteriores.
Resposta correta: alternativa D.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: o espermograma é um conjunto de análises que visam a determinar as características 
do sêmen. Tais análises são realizadas independentemente da coleta dos óvulos, já que os gametas 
masculinos não são postos em contato com os gametas femininos.
B ) Alternativa incorreta.
Justificativa: a manutenção do esperma em temperaturas inferiores a 20-25 °C compromete a 
avaliação de alguns parâmetros, como a motilidade espermática. Além disso, a avaliação deve ser feita 
em até 30 minutos a partir da coleta da amostra.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: são necessários de 2 a 3 exames consecutivos para produzir um diagnóstico confiável, 
com intervalo de 7 a 15 dias entre eles.
D) Alternativa correta.
Justificativa: a abstinência sexual de 2 a 7 dias (segundo a maioria dos autores) é necessária para 
manter a proporção adequada de fluidos testiculares, prostáticos e da vesícula seminal. A coleta deve 
ser feita, preferencialmente, em local próximo ao laboratório (uma sala anexa, por exemplo) devido ao 
curto tempo disponível após a coleta para a realização das análises (30 minutos). A perda de volume da 
amostra impossibilita a determinação do volume do ejaculado, que deve ser, idealmente, de 1,5 a 5 mL.96
Unidade I
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: doenças pregressas (como estados febris) e medicamentos ingeridos anteriormente 
à coleta do material podem alterar as características do sêmen; portanto, devem ser informados. Os 
esteroides sexuais e a finasterida, por exemplo, podem alterar a espermatogênese e resultar em baixa 
contagem de espermatozoides (oligozoospermia), um efeito que pode perdurar algum tempo após a 
interrupção do uso.

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