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Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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Profa. Dra. Vanessa Martins do Monte
Leitura e produção de textos - resumo
Semana 1 (funções sociais entre a leitura e a escrita):
Um professor que colocava a leitura e a escrita como primordiais para a educação foi Paulo Freire.
Você já ouviu falar dele? Paulo Freire nasceu em Recife, no ano de 1921, e morreu em São Paulo, em
1997. Ele desenvolveu uma verdadeira luta em prol da alfabetização de jovens e adultos,
principalmente da zona rural brasileira. Seu método de alfabetização, de leitura e de escrita percorreu
o mundo, fazendo-o receber diversos prêmios internacionais, o que faz com que ele seja um dos
brasileiros mais homenageados da história.
Diz que por conta do seu direito a pergunta que foi preso e exilado.
“Não sou anticomunista no sentido medieval e considerar que comunista come gente e rosbife, mas
também não sou comunista. Sou, porém, um socialista, que acredito no socialismo, acredito na
participação popular, na transformação do mundo realizada por aqueles que se encontram
desprovidos ou roubados do seu direito de ser.”
O que foi a ditadura na educação brasileira:
“Muitos de vocês devem ficar curiosos em saber o que aconteceu com um cara que porque estava
preocupadíssimo em desenvolver um plano de alfabetização de adultos para o país e foi preso por
causa disso. Eu realmente me lembro de que quando eu fui para o exílio e comecei a discutir na
américa latina, discutir na Europa, nos Estados Unidos, as razões do meu exílio, as razões do porquê
fui preso, do porque fui expulso da universidade (...). Evidentemente eu fui preso, eu fui exilado por
causa da ditadura. A ditadura militar de 64 considerou e não só considerou, mas disse por escrito,
publicou, que eu era um perigoso, subversivo internacional, um inimigo do povo brasileiro e um
inimigo de Deus. Ainda me arrumaram essa carga de inimigo de Deus. Eu acho que a ditadura estragou
esse país da gente durante muito tempo e continua estragando hoje. Evidentemente que a ditadura
militar não inaugurou no Brasil o autoritarismo. O autoritarismo está entranhado na natureza mesma
da nossa sociedade. O Brasil foi inventado autoritariamente, mas os militares deram uma indiscutível
contribuição ao autoritarismo. Eles ajudaram muito a crescer o autoritarismo, a violência, a mentira.
Foi uma coisa trágica isso. Eu acho que esse período de ditadura do Brasil que jamais se reinvente. O
meu gosto é que nós todos, brasileiras e brasileiros, meninos e meninas, velhos, maduros, que nós
todos tomemos um tal gosto pela liberdade, pela presença no mundo, pela criatividade, pela ação,
pela denúncia, pelo anúncio. Que jamais seja possível no Brasil a gente voltar àquela experiência do
pesado silêncio entre nós.”
Paulo Freire defendia a materialização do marxismo cultural.
Obra clássica: Pedagogia do oprimido. Neste livro ele faz elogios a Fidel, a Che Guevara.
Pesquisar sobre o artigo do Gabriel de Arruda Castro para a Gazeta do Povo intitulado Cinco Ideias
Indefensáveis de Paulo Freire.
Por maior que seja o reconhecimento de Paulo Freire mundo afora, não existe outro país no mundo
que utiliza o modelo dele como base na educação.
A escrita surge como meio de comunicação. Conjunto de marcas, que são símbolos. Um grupo domina
esse grupo de símbolos e conseguem se comunicar. Eles correspondem a alguma estrutura de
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linguagem. A escrita está relacionada aos símbolos que já existiriam na linguagem oral. A escrita é
uma representação na linguagem e não como representação do pensamento.
Os primeiros registros de símbolos surgiram da necessidade do registro da compra e venda de um
animal, geralmente gado.
A transmissão da cultura de geração em geração que era somente via oral, passa a ser passada por
meio de registro. Essa forma de escrita era algo perene (eterno). As escritas foram feitas em ‘suportes
duros’, que são materiais como pedra e argila. Os ‘suportes brandos’, como o papiro, feito de uma
planta (pasta vegetal) e o pergaminho podem também sobreviver até hoje.
A escrita também tem uma função mnemônica, que está relacionado a memorização.
Funções da escrita: preservação, acumulação de conhecimento, de registro e mnemônica. Com essas
funções, cria-se um arquivo da humanidade.
A criação da escrita começa com a logo gráfica, que desenhos ou símbolos representam alguma
entidade do mundo real. Passando por cada frase de transição até chegar na escrita alfabética. Onde
cada grafema (cada letra) representa um fonema (uma unidade mínima sonora da língua). O nosso
alfabeto foi desenvolvido pelos gregos, foi um alfabeto fenício, adaptado pelos gregos e que é a base
para nosso alfabeto latino com algumas transformações.
Estamos em uma sociedade escrita e toda escola deve ensinar escrever.
A imitação de textos não pode ser o objetivo final da produção de um texto, mas sim a demonstração
de algo que está lhe incomodando, uma inquietude.
A aula que antes era chamada de ‘aula de redação’, agora se tornou ‘aula de produção de textos’. Pois
a redação é algo que se produz para a escola, para o professor e a produção de textos é o texto que
se produz na escola. Ou seja, a produção de texto tem a perspectiva real com o mundo lá fora.
A língua na escola pode ser trabalhada de duas formas: como um instrumento de comunicação e troca
ou como objeto de descrição linguística.
Discurso que discute os pressupostos para o ensino de Língua Portuguesa encampados pelo prof.
Geraldi teve e ainda tem repercussão, a ponto de interferir na materialização de práticas pedagógicas
que se dão via linguagem. Por isso é comum ouvirmos e lermos, em momentos de falas de professores,
menções como “produção de textos” e não mais “redação”. Na universidade – um dos significativos
lugares de produção dos discursos sobre ensinar Língua Portuguesa – o termo “fazer redação” é
passado, digno de menção na história, de um tempo que “fazer redação” era estratégia de
penalização, como bem apresenta a descrição de Gribel (1999), descrevendo a trajetória do menino
Guilherme na escola.
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Semana 2 (funções sociais entre a leitura e a escrita e concepções centrais sobre a linguagem
humana):
O desenvolvimento da escrita levou à acumulação de conhecimento e à preservação da cultura,
possibilitando o surgimento de um verdadeiro arquivo da humanidade. A capacidade de ler e escrever
deve ser desenvolvida na escola, mas também nas universidades.
Há, basicamente, duas teorias sobre a linguagem e a cognição. A cognição pode ser definida como o
processo ou a habilidade de adquirir um conhecimento. Esta palavra é muito próxima de "conhecer":
isso porque ambas derivam do mesmo verbo latino: cognoscĕre.
Há um grande debate sobre pensamento-linguagem: o que vem primeiro?
Existem diferentes teorias:
De um lado (pensamento) tem-se o chamado universalismo. Nesta teoria diz que o pensamento vem
antes da linguagem, portanto, seus pensamentos ditam a linguagem que se desenvolve. Assim,
pessoas (ou grupo de pessoas) que possuem um pensamento limitado sobre determinado assunto, se
elas tivessem conceitos ou ideias sobre outros pontos de vista, expandiriam seus pensamentos e até
criariam palavras para isso, podem expressar esses novos pensamentos. Assim, com o universalismo
tem-se a ideia de que o pensamento determina o idioma por completo. Com isso, há o conceito de
que a o pensamento influencia o idioma.
Esse conceito é atribuído a Piaget. Piaget trouxe a teoria do desenvolvimento cognitivo em crianças,
e foi por causa disto e de suas observações que ele acredita que uma vez que as crianças foram capazes
de pensar de certa forma, em seguida, eles desenvolveram a língua para descrever esses
pensamentos. Por exemplo, quandoas crianças sabem que os objetos continuam a existir embora elas
não possam vê-los, que é quando começam a criar palavras como “foi”, “faltando” e “encontrar”.
Logo, o pensamento da sua linguagem é influenciado pelo desenvolvimento cognitivo e sua recém
descoberta habilidade de compreender que os objetos existem, mesmo quando eles não podem vê-
los mais.
Em seguida, há Vygotsky, que pensava que a linguagem e o pensamento são independentes, mas
convergem por meio do desenvolvimento. De fato, ele não diz se a linguagem influenciou o
pensamento ou se o pensamento influenciou a linguagem. Ele apenas disse que estão ambos lá e que
são independentes e que, eventualmente, aprende-se a utilizá-los ao mesmo tempo. Vygotsky
acreditava que as crianças desenvolviam a linguagem por meio da interação social com adultos que já
conhecem a linguagem. Diz ainda, que por meio da interação eles aprendem a conectar seus
pensamentos e a linguagem que eles eventualmente aprendem.
Há também quem acredite que a linguagem tem uma influência no pensamento. Essa categoria é a
chamada determinismo linguístico. São as chamadas ‘hipóteses fracas’ e ‘hipóteses fortes’. Os
termos fraco e forte estão relacionados com quanta influência eles pensam que o idioma tem sobre o
pensamento. Um fraco determinismo linguístico diz que a linguagem influencia o pensamento,
tornando, assim, mais fácil ou mais comum para nós pensarmos em certas maneiras de acordo com a
forma como a nossa língua. Quando pensamos uma situação acontecendo da direita para a esquerda,
este, provavelmente, é sentido de leitura adotado. Obviamente que é possível pensar no outro sentido
da ação, mas é que dependendo como a língua nativa é estruturada, torna-se mais provável ou mais
fácil para pensar sobre tal ação num determinado sentido. Já o determinismo linguístico forte toma
uma visão mais extrema e diz que a linguagem determina completamente o pensamento. Isso é
chamado de hipótese whorfiana (Whorf).
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Os objetivos desta aula são:
• conhecer as diferentes concepções de linguagem humana;
• identificar essas diferentes concepções em textos acadêmicos.
O universalismo: defende que o pensamento vem antes da linguagem, ou seja, seus pensamentos
ditam a linguagem, que então se desenvolve;
O determinismo linguístico, que argumenta a favor da influência da linguagem sobre o pensamento,
ou seja, o modo pelo qual nossa língua é estruturada nos leva a pensar de determinadas maneiras.
A linguagem e a relatividade
O principal objetivo do vídeo é determinar a relação entre o pensamento, a linguagem e o idioma.
O universalismo diz que o pensamento determina completamente o idioma, embora as traduções não
sejam “ao pé da letra” é possível entender a mensagem que se pretende passar.
O determinismo linguístico nos traz a influência da linguagem do pensamento, podendo ser:
- Hipótese fraca- quando a língua de um ser falante influencia a forma de memorizar a realidade,
podendo haver diferenças na forma de resolver determinado problema de acordo com várias línguas.
- Hipótese forte- determina completamente a forma como se memoriza a realidade que o cerca,
determina fortemente o pensamento, assumindo processos de mudanças por ações verbais.
Linguagem verbal, linguagem não verbal e mista.
A etimologia da palavra verbal mostra que vem da palavra verbo, que é uma ação e pode ser
conjugado; porém há outro significado, que é a origem latina dessa palavra. Em latim, verbum, verbo
significa palavra ou termo. Logo, linguagem verbal é a linguagem que usa as palavras.
Linguagem não verbal pode ser expressa por meio de fotos, por exemplo.
Existe uma gramática do design visual (GDB). Foi escrita pelo inglês Gunther Kress e holandês Theo
Van Leeuwen. As maneiras pelas quais as imagens comunicam significado. Tem uma certa ordenação
do processamento cognitivo e é baseado não somente no texto, como de costume, mas sim nas
imagens.
Diante das revoluções tecnológicas que vivemos, nossa relação com os textos foi alterada diante de
um mundo cada vez mais multimodal. A comunicação vem por meio de gráficos, imagens, técnicas de
leiaute, lettering (que é o trabalho com as letras).
Há uma citação do Gunther Kress de 1996 que diz: “hoje em dia é difícil encontrar um único texto que
use apenas o inglês verbal”.
Com isso, tem-se uma aplicação sobre ler e escrever.
O texto deve ser sempre central, mas o texto deve ser lido na sua parte verbal, porém, também, devem
ser lidas as imagens que compõem um texto, por isso a ideia de um texto multimodal, que é um texto
que tem muitos meios de significação. Por consequência, há outra necessidade de ensino.
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Concepção sócio interacionista da linguagem.
É possível percebermos que o uso de linguagem verbal teve um grande aumento exponencial na
década de 1970, com pequenas variações até meados de 1990, onde teve um decréscimo; neste
mesmo período e no começo do século XXI, houve o início de textos multimodais. Isso se deve com a
revolução digital e com a leitura e escrita de textos nesse sentido.
Uma definição de texto multimodal do livro de Porfirio, Souza e Cipriano de 2015:
“ [...] o texto multimodal consiste em uma construção textual calcada na conexão/ união de elementos
provenientes de diferenciados registros da linguagem. Os textos multimodais mais conhecidos são os
que estão pautados na junção de elementos alfabéticos e imagéticos (leia-se linguagem verbal escrita
e visual, respectivamente). Sobre tal conceituação, podemos mencionar a título de exemplificação: os
anúncios, os cartuns, as charges, as histórias em quadrinhos, as propagandas, as tirinhas etc. Tais
gêneros trazem consigo a materialização de signos alfabéticos (letras, palavras e frases) e signos
semióticos (imagéticos e visuais). Ou seja, esses gêneros têm sua construção materializada mediante
múltiplas e diversificadas semioses.”
Sete critérios de textualidade:
1. Coesão;
2. Coerência;
3. Informatividade;
4. Situacionalidade;
5. Intertextualidade;
6. Aceitabilidade;
7. Intencionalidade.
(Beaugrandee Dressler, 1981).
Livro: Ensino de gramática: reflexões sobre a língua portuguesa na escola
Capítulo 1 – ensina de análise linguística: situando a discussão. Livia Suassuna.
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O termo Análise Linguística (AL) apareceu em 1981 e foi utilizado pelo professor João Wanderley
Geraldi (UNICAMP) em seu texto “Subsídios metodológicos para o ensino de língua portuguesa”,
propondo a leitura, a produção de textos e a análise linguística como práticas para ensino da língua
portuguesa. Em seguida teve o título alterado para “Unidades básicas do ensino de português” e, em
uma coletânea intitulada “O texto na sala de aula: leitura e produção” de 1984, foi utilizada pela
ASSOESTE. Em 1997 a coletânea teve seu título alterado para “O texto na sala de aula”.
Geraldi propôs um conceito de sociointeracionista de linguagem, ou seja, como uma prática
social/discursiva realizada entre sujeitos e em contextos sócio-históricos específicos, onde, por não
ser uma prática não neutra, não apenas falamos, mas também nos constituímos e agimos socialmente.
Ao lado da escrita deveria ser feito uma análise linguística (também chamada de metalinguagem ou
reflexão metalinguística), com as seguintes características:
• Linguagem com intuito de referir-se a si próprio;
• Basear-se na capacidade que todo falante tem de refletir e atuar sobre o sistema linguístico;
• Análise do texto do aluno como um processo de revisão e reescrita textual. O qual exige uma tomada
de consciência dos mecanismos linguísticos e discursivos sobre o uso da linguagem. Partir do erro para
a autocorreção;
• Sentido mais amplo do já associadoao termo gramática, pois daria conta de processos e fenômenos
enunciativos, e não apenas de ordem estrutural.
A análise linguística refere-se tanto ao trabalho sobre questões tradicionais da gramática, quanto
questões amplas a propósito do texto, entre as quais vale a pena citar: coesão e coerência internas
do texto; adequação do texto aos objetivos pretendidos; análise dos recursos expressivos utilizados
(metáforas, metonímias, paráfrase, citações, discursos direto e indireto etc.); organização e
inclusão de informações etc. Não basta apenas fazer as correções sobre o texto do aluno, precisa
trabalhar com ele para que o aluno atinja os objetivos junto ao leitor que se destina.
O objetivo essencial da análise linguística é a reescrita do texto do aluno. O objetivo não é o aluno
dominar a terminologia, mas compreender o fenômeno linguístico em estudo.
Logo, a análise linguística se constitui desde a sua concepção, como alternativa à prática tradicional
de conteúdos gramaticais isolados, uma vez que se baseia em textos concretos e com ela se procura
descrever as diferentes operações de construção textual, tanto num nível amplo (discursivo),
quanto num nível menor (quando se toma como objeto de estudo uma questão ortográfica ou
mórfica, por exemplo).
Análise linguística e gramática.
Análise linguística é uma prática mais ampla que inclui gramática. A forma correta de escrita de uma
palavra pode ser considerada gramatical, pois diz respeito estritamente à estrutura da língua, ao
sistema ortográfico do português.
O fundamental no estudo da gramática/análise linguística é contemplar a variedade de recursos
expressivos postos à disposição do falante/escritor para a construção do sentido. Gramática é o
estudo das condições linguísticas da significação (Franchi 1987). É uma resposta sistemática e explícita
à questão fundamental de porquê e como as expressões das línguas naturais significam tudo aquilo
que significam.
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Atividades linguística, epilinguística e metalinguística
Atividade linguística: atividade de linguagem propriamente dita, ou seja, uso que se faz da língua.
Essa atividade se dá nas circunstâncias cotidianas da comunicação no âmbito da família e da
comunidade. A escola deve propor um espaço de interação rica e social, promovendo processos de
intercâmbio verbal;
Atividade epilinguística: capacidade que todo falante tem de operar sobre a linguagem, fazendo
escolhas, avaliando os recursos expressivos de que se utiliza, fazendo retomadas, corrigindo
estruturas etc. A escola deve propor uma vivência de situações mais específicas de linguagem, no qual
façam sentido a escrita, a descrição, a argumentação, assim como os instrumentos verbais da cultura
contemporânea (jornal, livro, literatura, relatório etc.). A atividade epilinguística liga-se à atividade
linguística, à produção e à compreensão de textos;
Atividade metalinguística: é a atividade desenvolvida nas escolas nas aulas de língua portuguesa. Se
assemelha à atividade epilinguística, mas a ultrapassa e desta se diferencia porque é uma ação que:
a. Se pratica de modo consciente;
b. Se desenvolve sistematicamente;
c. Exige uma taxonomia;
d. Resulta em teorias sobre a linguagem.
Por meio da atividade metalinguística, cabe ao professor levar o aluno a se confrontar com
determinados fenômenos e usos da linguagem, estimulando-os a mobilizar suas capacidades
linguística e epilinguística, com vistas à explicação de conhecimentos e à produção de explicações para
os fenômenos estudados.
A vantagem da atividade metalinguística é que o aluno reflete de modo sistemático e consciente,
produzindo teorias com base em situações diversificadas de emprego da linguagem, o aluno vai
progressivamente construindo um corpo de conhecimentos amplo e consistente que lhe assegura
autonomia e capacidade de lidar com a linguagem em situações novas.
Possenti (1997) traz três diferentes conceitos de gramática e de língua, sendo que gramática pode ser
entendido por:
a. Como conjunto de regras que devem ser seguidas (gramática normativa). É a chamada língua padrão
ou norma culta, considerando outras formas de falar como erradas ou não pertencentes à língua;
b. Como conjunto de regras que são seguidas (gramática descritiva). A visão de língua como um
construto teórico. Não avalia nenhum preconceito contra qualquer tipo de língua ou qualquer de suas
variedades;
c. Como conjunto de regras que o falante domina (gramática internalizada). A língua seria um conjunto
de variedades utilizadas por uma comunidade linguística, reconhecidas como heterônimas, isto é,
formas diversas entre si, mas pertencentes à mesma língua.
(Segundo o livro: do ponto de vista do ensino, esses distinções são importantes porque,
diferentemente do que reza a tradição (em geral os alunos são obrigados a dominar a metalinguagem
de análise de uma variedade da língua que ainda não dominam), seria mais produtivo fazer o caminho
inverso: partir do conhecimento que o aluno já tem da língua, de sua capacidade epilinguística, de sua
gramática internalizada, para, em seguida, chegar à situação de explicar o conhecimento linguístico e
gramatical, descrevendo e nomeando os fenômenos; e só depois, numa etapa final, concentrar os
esforços no domínio da variedade padrão e de seus mecanismos, regras e esferas de circulação). Eu
particularmente, não concordo com o texto acima, pois o aluno que não aprende desde o início a
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variedade padrão dos mecanismos da língua, poderá criar vícios de linguagem que serão,
futuramente, difíceis de serem corrigidos.
O ensino da língua portuguesa deve girar em torno de três práticas linguísticas fundamentais e
articuladas: a leitura, a escrita e a análise linguística.
Murrie (1994) sugere alguns procedimentos para o ensino de gramática:
a. Construir um material de trabalho e submetê-lo à classificação, com as categorias já existentes;
b. Aprender como funciona e como se realiza o sistema;
c. Conhecer o uso efetivo da linguagem;
d. Elaborar considerações sobre a fala e a escrita;
e. Despertar o interesse para procedimentos de formulação, análise e síntese de materiais apresentados.
O ler e o escrever devem estar articulados a um processo permanente de reflexão sobre as operações
linguísticas e discursivas. Ou seja, a análise linguística tanto se dá no momento que lemos (porque
extraímos sentidos do texto, comparamos, notamos alguma inovação, percebemos marcas
ideológicas no dizer do outro etc.) quanto momento que escrevemos (porque temos que buscar a
melhor forma de dizer o que queremos, pensar sobre a escrita das palavras, decidir por uma forma
singular ou plural etc.).
livro Gramática do Português Brasileiro – páginas 41 a 46
Lidar com uma linguagem natural é operar com um objeto científico “escondido”. O linguista e o
gramático operam com um objeto guardado em sua mente e na mente dos indivíduos de sua
comunidade, lidando com uma propriedade interna a ele, não evidente no mundo real. O mesmo se
passa com seus colegas psicólogos, antropólogos, sociólogos.
Quatro grandes direções sobre teorias linguísticas:
• “A língua é um conjunto de produto” – e sua gramática será descritiva;
• “A língua é um conjunto de processos mentais, estruturantes” – e sua gramática será funcionalista-
cognitiva.
• “A língua é um conjunto de processos e de produtos que mudam ao longo do tempo” – e sua gramática
será histórica;
• “A língua é um conjunto de ‘uso bons’” – e sua gramática será prescritiva.
Neste livro foi ordenado as teorias linguísticas em quatro grandes blocos:
• Língua como um conjunto de produtos estruturados;
• Língua como um conjunto de processos estruturados;
• Língua como um conjunto de produtos e processos em mudança;
• Língua como um conjuntode bons usos.
(este resumo trata apenas do ‘Língua como um conjunto de produtos estruturados’).
Língua como um conjunto de produtos estruturados: gramática descritiva.
A motivação para a definição de ‘língua’ com o uso da ciência clássica define língua como um conjunto
de sons que podemos gravar, de palavras e sentenças que podemos escrever, descrever, recolher num
dicionário e numa gramática, produzindo algumas generalizações.
As seguintes afirmações configuram a ciência clássica:
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1. Os fenômenos encontrados na natureza são desordenados e confusos, ocultando sua regularidade;
2. Para assegurar alguns resultados e conclusões, temos de considerar os dados em sua estatividade;
3. Os sistemas identificados pela abordagem clássica têm uma grande elegância conceitual e uma
notável simplicidade analítica;
4. O caminho para a descoberta científica é maiormente dedutivo. Cada situação é traduzida em termos
matemáticos, um modelo é construído, e de agora em diante as ocorrências serão explicadas de
acordo com esse modelo;
Os cientistas clássicos veem o mundo como um realidade em equilíbrio. As perguntas da ciência
clássica nem sempre se voltam para os fenômenos de caráter dinâmico, aqueles a caminho de uma
estabilidade, mesmo que relativa.
A Gramática Descritiva:
I. Interpreta a língua como uma estrutura homogênea, composta por signos, os quais são identificados
pelos contrastes que estabelecemos entre eles;
II. Distribuindo tais signos por unidade organizadas em níveis hierarquicamente dispostos: o fonológico,
o morfológico e o gramatical.
A distinção entre ‘forma da língua’ e ‘matéria da língua’ assume maior importância na reflexão
gramatical, mesmo que debaixo de outras terminologias. A ‘forma’ é a percepção idealizada da língua,
isto é, a estrutura abstrata ou padrão, composta pelas unidades que se organizam em níveis. A
‘matéria’ ou substância é o lado concreto da língua, com suas diferentes classes, relações e funções.
Postulados da Gramática Descritiva [postulado = fato reconhecido]
A Gramática Descritiva se orienta pelos seguintes postulados:
1. A língua enquanto substância é um conjunto ordenado de itens (ou classes linguísticas) que
estabelecem entre si relações linguísticas e desempenham funções linguísticas identificáveis pelos
contrastes entre eles;
2. A língua enquanto forma, estrutura ou padrão é um conjunto de unidades (ou pontos idealizados
nesse padrão) que se distribuem em níveis hierárquicos, identificados pelas oposições entre eles;
3. A realização dessas unidades no enunciado está sujeita à variação de uso, que deve ser examinada em
suas correlações com fatores linguísticos e extralinguísticos;
Análise do capítulo 1 do livro Gramática do Português Brasileiro, de Ataliba de Castilho.
Língua natural com um objeto científico “escondido”: o autor faz uma analogia (semelhança), muito
utilizado em textos acadêmicos, entre os linguistas e os botânicos, onde os botânicos, especializados
em plantas, cujo objeto científicos são as próprias plantas, logo, tudo relacionado as plantas são
externas ao pesquisados, enquanto a língua, que é o objeto científicos do linguista, ela é interna ao
pesquisador, logo, pesquisar uma língua natural, é pesquisar um objeto científicos que está sempre
escondido, pois está interna ao pesquisador em sua mente.
Essa expressão foi usada pela primeira vez por Ferdinand de Saussure, que é o fundador da Linguística
moderna: “bem longe de dizer eu o objeto precede [vem antes] o ponto de vista, diríamos que é o
ponto de vista que cria o objeto”.
Portanto, é sempre o ponto de vista que cria o objeto de estudo e quando se estuda qualquer objeto,
faz-se necessário dizer qual é a teoria que se usa para observar tal objeto, caracterizando, assim, o
trabalho científico. É um conjunto de métodos verificáveis e reaplicáveis por um grupo de cientistas.
É isso que dá o rigor do trabalho científico.
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Essa teorização [ato de teorizar] vem da palavra grega theōría que tem um sentido muito parecido
com ‘ponto de vista’.
Quatro grandes direções sobre teorias linguísticas:
• “A língua é um conjunto de produto” – e sua gramática será descritiva, que é uma gramática bem
próxima a concepção clássica de ciência, que vai descrever os movimentos, a língua. Então, a língua é
um conjunto de produtos que seriam descritos. Sempre esteve presente na escola, porém muito
mesclado a gramática descritiva normativa;
• “A língua é um conjunto de processos mentais, estruturantes” – e sua gramática será funcionalista-
cognitiva. Essa começa a aparecer na escola de algum tempo para cá.
• “A língua é um conjunto de processos e de produtos que mudam ao longo do tempo” – e sua
gramática será histórica. Essa quase nunca aparece na escola;
• “A língua é um conjunto de ‘uso bons’” – e sua gramática será prescritiva. Esta é a mais conhecida,
pois é a que se dá maior ênfase na escola, pois acompanha o conjunto de normas e prescrições, e de
como se fazer um bom uso da língua.
Três concepções de linguagem:
• A linguagem como expressão do pensamento. Prevalece no ensino até o final da década de 1960.
Preconiza a ênfase na fala e que uma fala organizada era o resultado de um pensamento organizado.
Dá grande ênfase no psiquismo individual. A escola devia ‘ensinar a falar’, onde a escrita era relegada
a um segundo plano e o enfoque era na gramática normativa / prescritiva. Esse enfoque final
prevalece até os dias de hoje nas escolas;
• A linguagem como instrumento de comunicação. Prevalece no ensino durante a década de 1970 e
adentra no anos 1980. Tem a língua como um sistema fechado de regras e convenções, logo, pode-se
dizer, que ela é um código passível de ser analisado internamente, ela tem uma estrutura. Essa correta
é o chamado Estruturalismo. O principal nome do estruturalismo é Ferdinand de Saussure. A partir
desse ponto, inicia-se uma reflexão grande na Europa sobre as línguas e começa-se considerar
também, o caráter social da língua, surgindo, portanto, o Funcionalismo;
• A linguagem como interação. Passa a ser difundida nos anos de 1980. Os dois principais nomes são
os russos Bakhtin e Vygotsky. A linguagem passa a ser entendida como social: resultado de uma
construção coletiva e de processos de interação. Vygotsky traz a ideia de que a linguagem possibilita
um contato do cidadão com o mundo. Já Bakhtin propõe um olhar dialógico sobre a linguagem.
Bakhtin (2004): a linguagem é um ato social que se realiza e se modifica nas relações sociais e é, ao
mesmo tempo, meio para a interação humana e resultado dessa interação, já que seus sentidos não
podem ser desvinculados do contexto de produção. A linguagem é, portanto, de natureza
socioideológica e tudo “que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si
mesmo”.
Sendo assim, essa perspectiva sociointeracionista considera o discurso como objeto científico. Assim,
o que está no centro não é mais a palavra ou o fonema, mas sim o discurso. O discurso possui alguns
elementos que são inseparáveis:
• Língua;
• Falantes e seus atos de fala;
• Esferas sociais;
• Valores ideológicos.
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Essa questão da presença do outro caracteriza, então, essa perspectiva dialógica e interacional dessa
concepção.
A linguagem pode ser compreendida como:
• A expressão do pensamento;
• Um instrumento de comunicação; e
• Uma forma de interação.
Semana 3 (relações entre a leitura e a escrita):
Estabelecer relações entre as práticas de leitura e de escrita, compreender o conceito de discurso e
relacionar o discurso ao exercício do poder. Será visto, também, estratégias para compreensão de
texto, principalmente no tocante aos textos acadêmicos.Para a concepção sociointeracionista da linguagem, o discurso é fundamental. Sob essa teoria, não
analisamos a palavra, ou mesmo o texto, descolada de seu contexto, mas sempre em relação estreita
com o produtor do texto, seu interlocutor, com a esfera social de circulação e os valores ideológicos
inerentes a qualquer discurso.
A leitura e a escrita como ferramentas de formação cidadã
“A estrutura social brasileira, é uma estrutura com bastante desigualdade socioeconômica”
Um dos objetivos centrais para a educação básica é formar leitores e escritores críticos e autônomos,
ou seja, que consigam ir além da etapa de decifração da leitura inicial que acontece nos primeiros
anos do ensino fundamental, mas que passe para um etapa de compressão e verdadeira interpretação
dos textos lidos.
Constituição Federal
CAPÍTULO III - DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
SEÇÃO I - DA EDUCAÇÃO
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I. Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III. Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas
de ensino;
IV. Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
Igualdade: é importante que todos tenham acesso para entrar na escola, quanto permanecer nela
pelo tempo ideal. “[é obrigação do Estado] As condições mínimas de sobrevivência para que as
crianças possam estar de fato na escola e não trabalhando”
Liberdade: “O papel do professor é necessariamente um papel político, pois nesse lugar [sala de aula]
ele precisa ter liberdade para dizer sobre suas visões, sobre seus valores e sobre aquilo que ele
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
12
acredita. É o chamado ‘muitas leituras de mundos possíveis’.” Frase embasada na visão de Paulo
Freire. “O ensino é um lugar de liberdade garantido pela Constituição”.
Pluralismo: “está garantido, também, que cada um de nós professores, possa pensar de maneira
diferente e possam abordar o conteúdo específico de sua disciplina de formas diferentes”. As ideias
criativas são estimuladas pelo pluralismo, assim, é importante que haja professores que pensem
diferentes, que tenham leituras distintas para que o aluno tenha a informação essencial que a
sociedade se constitui pelo pluralismo de ideias.
Gratuidade: o Estado deve garantir o ensino gratuito.
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, [...] por meio de ações integradas dos
poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a:
I. erradicação do analfabetismo;
II. universalização do atendimento escolar;
III. melhoria da qualidade do ensino;
IV. formação para o trabalho;
V. promoção humanística, científica e tecnológica do País. [...]
Existe liberdade para que cada estado e município desenvolva seu próprio plano de educação, logo,
nem tudo está atrelado ao Ministério da Educação de âmbito Federal.
Cidadania
Condição de pessoa que, como membro de um Estado, se acha no gozo de direitos que lhe permitem
participar da vida política. Dicionário Houaiss.
A cidadania é uma condição de alguém, que pertencendo ao Estado, pode usufruir de certos direitos.
Esse gozo de direitos é o que faz com que a pessoa possa participar da vida política.
História da palavra ‘cidadania’: a palavra cidadão é muito mais antiga no português que a palavra
cidadania. Cidadania, por sua vez, não se derivou diretamente de cidadão, mas ela entrou
posteriormente na língua por meio da língua francesa, durante o século XVIII, que foi no contexto da
revolução francesa. A partir desse ponto, essa palavra passa a constar em nossa língua e ser
dicionarizada.
Estratégias para melhor compreensão de textos, principalmente textos acadêmicos.
O primeiro passa é a decifração, pois a criança, quando encontra um texto, ela primeiro se depara
com as letras e que a junção dessas letras forma palavras. Portanto, pode-se chamar a essa decifração
como decodificação. A etapa seguinte é a compreensão.
“A ênfase conferida à compreensão leitora decorre do fato de que muitas pessoas, dentre elas alunos
de Ensino Médio e Superior, não entendem o que leem. Em vista disso, os professores têm de estar
cientes de que não basta ensinar a ler, é necessário que o aluno entenda a leitura feita e aprenda
com o que lê, interpretando os conteúdos contidos no texto, atribuindo-lhes significado, para que a
leitura -enquanto atividade cognitiva -cumpra o seu papel.” (FLORES, 2016, p. 45).
Não basta ensinar a ler, é preciso que o aluno entenda a leitura, aprenda com o conteúdo lido,
interprete e atribua significado do texto. Somente após essas etapas, pode-se dizer que o texto foi
compreendido e serão feitas avaliações sobre isso.
Segundo Flores, os bons leitores são aqueles que:
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13
a) “Classificam e organizam os problemas encontrados no texto [...];
b) Optam por critérios estáveis e coerentes de seleção dos detalhes a serem considerados;
c) Atingem nível de compreensão mais aprofundado e específico [...];
d) Dominam com maior qualidade e em maior quantidade os conceitos específicos de uma dada
área de conhecimento;
e) Estabelecem relações adequadas (de ordem, dependência, causalidade...) entre conceitos
específicos de um dado domínio.”
Estratégias de Leitura:
1. Separar ideias principais de secundárias;
2. Parafrasear;
3. Produzir de inferências;
4. Fazer questões pertinentes sobre o texto;
5. Monitorar a leitura.
Grifar o texto é uma ferramenta (e não uma estratégia) de leitura.
1. Separação de ideias principais de secundárias.
• A clareza do conteúdo permite que criemos esquemas mentais;
• Esquemas < Hierarquia
Relevância > Registro mental > Proeminência > Consolidação na memória
Quando é possível fazer um esquema mental muito claro daquilo que é relevante, é possível
perceber que há um encadeamento das ideias, logo, nota-se que algumas ideias são mais
relevantes, criando um registro mental; por isso que utilizar um marca texto é eficiente. Criado
esse registro mental, haverá uma proeminência no cérebro (funções cognitivas), isso irá permitir
que as informações sejam consolidadas na memória. Ou seja, não é questão de decorar o
conteúdo, mas sim que as informações sejam consolidadas e de fato apropriadas pelo leitor.
2. Paráfrase
• Implica a síntese [resumo] de unidades textuais mais amplas (parágrafos, por exemplo).
• Resultado: produção de um texto, embasado no texto proposto para leitura, em que é possível
clarificar os conteúdos/ideias do texto original, bem como suas inter-relações.
• Representação mental do texto original, de modo coerente e coeso.
(FLORES, 2016, p. 49-50).
Características de fazer paráfrases:
• Reduzir um parágrafo em uma frase. O resultado será a produção de um texto; texto este, feito
pelo leitor com base no original;
• Formar uma representação mental do texto original é o objetivo de uma paráfrase.
3. Produção de inferências
“[...] um tipo de cálculo mental do leitor, realizado para completar ou complementar as lacunas
textuais, sendo essa estratégia mobilizada na leitura de qualquer texto. A necessidade de inferir
decorre de não existir texto algum que contenha tudo aquilo que intenta
transmitir/informar/argumentar, por isso é certo que o leitor, para entender o texto em
profundidade, precisa completá-lo/complementá-lo com suas inferências.”
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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(FLORES, 2016, p.50).
Portanto, não existe um texto completo, logo, algum nível de inferência será necessário fazer.
4. Elaboração de questões pertinentes sobre o texto
• Avaliação feita pelo próprio leitor.
• Responde à pergunta: o que o texto significou para mim?
• Garante o aprofundamento da compreensão leitora.
• Pensar sobre o que entendemos e o que não entendemos sobre o texto permite alterarmos a
perspectiva a partir da qual o texto foi lido.
5. Monitoramento da leitura
• Refletir sobre a própria leitura;
• Assumir o controle do seu processo de entendimento;
• “[...] tomada de consciência do leitor sobre a qualidade e o grau de compreensão atingido,
significando, isso, ficar ele no controle/acompanhamento do entendimento obtido, o que
demanda experiência leitora e envolvimento total com a tarefa.”
(FLORES, 2016, p. 50)
Portanto, quando se lê um texto, é necessário ter a consciência do processo leitor, ou seja, durante a
própria leitura o leitor raciocina o quanto está entendendo do texto de forma imediata; esse processo
somente é possível de ser feito estando consciente e monitorando a leitura.
Atividade avaliativa:
Leia o texto a seguir para responder as questões de 1 a 3:
(grifado em amarelo: ideia principal / sublinhado: ideia secundária)
Em 2016, um médico foi afastado do hospital em que trabalhava depois de publicar uma foto com os
dizeres “Não existe peleumonia e nem raôxis”.
Os erros foram cometidos naquele dia pelo paciente José Mauro, um mecânico de 42 anos. Ao ouvir
o termo “peleumonia”, o médico caiu no riso.
Numa matéria sobre o caso, Cássia Silva disse [http://www.esquerdadiario.com.br/Nao-existe-
peleumonia-e-nem-raoxis-medico-debocha-na-internet]: “A língua portuguesa não pode servir de
objeto de vergonha e humilhação.”
Mas ela é. A língua portuguesa é alvo do preconceito linguístico, e seus falantes sofrem vergonha e
humilhação. Só que não é toda a língua portuguesa que é objeto de preconceito, nem todo falante.
Preconceito é não gostar do outro, não aceitar o que é diferente do que se considera padrão e correto.
O homofóbico, por exemplo, odeia o homossexual porque acredita que essa diferença é um erro.
Então o que é preconceito linguístico? É achar feio e errado o português que é diferente da norma
culta. Pra quem tem esse preconceito, a língua portuguesa certa é a ensinada nas escolas, explicada
nas gramáticas e catalogada nos dicionários. Saiu do triângulo escola-gramática-dicionário? É feio, é
burro, é errado - não é nem português. Quem tem preconceito linguístico quer que a língua seja igual
à gramática.
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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Mas segundo Marcos Bagno, em seu livro Preconceito linguístico: “Uma receita de bolo não é um bolo,
o molde de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi não é o mundo… Também a gramática não
é a língua.”.
A receita de bolo de cenoura não inventou o bolo de cenoura. Ele já existia antes; alguém só anotou
como se faz. Da mesma forma, as gramáticas foram escritas pra fixar como “regras” certos jeitos de
escrever que já eram usados. Isto é, a gramática vem depois da língua! Ela depende da língua pra
existir.
Semana 4 (coesão e coerência):
• Compreender os elementos responsáveis por garantir a coesão e a coerência dos textos;
• Estabelecer relações entre ideias por meio do uso de conectivos;
• Identificar procedimentos distintos de coesão textual.
Já foram vistos: funções sociais da leitura e da escrita; as concepções de linguagem; e as relações da
leitura e escrita. A partir deste momento será visto a estrutura da superfície do texto e suas estruturas
profundas, tanto do ponto de vista de produção da escrita, quanto do ponto de vista de leitura e
compreensão dele.
Dois aspectos centrais para a produção de um texto são: coesão e coerência textuais.
Coesão lida com os aspectos da micro estrutura, ou seja, as palavras e as estruturas linguísticas que
são responsáveis por garantir tanto o processo de referenciação (texto fluido e sem repetição), quanto
por garantir a progressão textual (avanço do texto).
Coerência está relacionada a interpretabilidade do texto, ou seja, um texto bem formado. É uma
categoria abstrata.
Coesão = estrutura.
Utilização de palavras adequadas para construir um texto adequado. Trata-se dos conectivos:
conjunções para ligar as orações; preposições adequadas entre as palavras; advérbios; pronomes que
fazem a retomada de substantivo dentro do texto.
Lógica de escrita, para que a informação do texto esteja clara e objetiva.
Coerência = lógica (da escrita)
Informações transmitidas numa sequência lógica. Portanto, está relacionado com as ideias.
---//---
Referência: utilizar mais de um nome para descrever a mesma coisa ou alguém, evitando a repetição
do nome.
Existem muitas estratégias de coesão, divididas comumente em coesão sequencial e coesão
referencial.
Coesão textual
Opera na micro estrutura do texto. São palavras gramaticais que estabelecem relações entre as ideias
do texto, entre pequenas expressões para construir um texto com fluidez e clareza.
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Compreender o conceito de coesão textual, nomeadamente a coesão referencial e a coesão
sequencial.
Sete critérios de textualidade (Beaugrandee Dressler, 1981):
1. Coesão
2. Coerência
3. Informatividade
4. Situacionalidade
5. Intertextualidade
6. Aceitabilidade
7. Intencionalidade
Coesão = organização linear do texto por meio de um encadeamento.
“A coesão ocorre quando a interpretação de algum elemento no discurso é dependente da de outro.
Um pressupõe o outro, no sentido de que não pode ser efetivamente decodificado a não ser por
recurso ao outro.” (HALLIDAY; HASAN, 1976).
A coesão estabelece relações de sentido: laço ou elo coesivo.
Distinção entre coesão e coerência: um texto pode ter todos os elementos coesivos, porém, sem ter
coerência.
Mecanismos de Coesão:
1. Referência;
2. Substituição;
3. Elipse;
4. Conjunção;
5. Lexical.
Referência: itens que remetem a outros itens.
Referência ao que veio antes: anáfora.
Referência ao que vem após: catáfora.
Palavras típicas que fazem a coesão referencial: pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos e
advérbios.
Substituição: “Colocação de um item em lugar de outro(s) elemento(s) do texto, ou até mesmo, de
uma oração inteira.” (KOCH, 2010, p. 20).
Diferencia-se da referência por haver algum nível de redefinição, ou seja, a identidade não é total. Na
referência, um elemento é igual ao outro, já na substituição, há uma redefinição.
Ex.: Maria comprou uma caneta verde, mas Lígia preferiu uma lilás.
uma ≅caneta
Elipse: a elipse é uma substituição por 0 (zero), ou seja, ao invés de colocar um elemento no lugar,
não se coloca nada.
O elemento suprimido sempre pode ser facilmente recuperado pelo contexto, caso contrário, será
uma elipse falsa, causando problema na fluidez.
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Ex. Meu livro não está aqui! Sumiu!
Conjunção: conectores e partículas de ligação que estabelecem relações específicas entre elementos
ou orações do texto.
Principais tipos:
• Aditiva;
• Adversativa;
• Causal;
• Temporal;
• Continuativa.
Exemplo de conjunção causal:
O inverno no verão é devido ao Aquecimento Global.
Faz inverno no verão porque há o Aquecimento Global. [‘porque’ aqui, é uma conjunção causal].
“As crianças veem muita televisão, porque os adultos não conversam com elas.” [‘porque’ aqui, é uma
conjunção causal].
“Como os adultos não conversam com elas, as crianças veem muita televisão.” [‘como’ aqui, é uma
conjunção causal].
Exemplo de conjunção lexical:
1. O presidente viajou para o exterior. O presidente levou consigo uma grande comitiva.
[substituição pelo mesmo termo];
2. Uma menininha correu ao meu encontro.A garota parecia assustada. [relação de sinonímia];
3. O avião ia levantar voo. O aparelho fazia um ruído ensurdecedor. [neste há uma relação de
hiperonímia, que é relação estabelecida entre um vocábulo de sentido mais genérico e outro
de sentido mais específico];
4. Todos ouviram um rumor de asas. Olharam para o alto e viram a coisa se aproximando. [coisa
é uma palavra generalizante para se referir a algo no texto];
5. Houve um grande acidente na estrada. Dezenas de ambulâncias transportaram os feridos
para os hospitais da cidade mais próxima. [há um caso de coesão lexical pelo campo
semântico {significado} das palavras].
Coerência: está relacionada com a boa formação do texto e pela identificação automática do leitor
para com um texto bem construído.
A coerência é mais de se garantir em um texto falado do que em um texto escrito, pois no texto falado
o ouvinte pode perguntar sobre pontos que ficaram mal entendidos.
Coerência: possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto. Sua base é a continuidade de
sentidos entre os conhecimentos ativados pelas expressões do texto. O texto sempre irá tratar de
alguns tópicos e esses tópicos são expressos na superfície do texto pelas estruturas linguísticas:
palavras, frases, parágrafos etc., isso ativa na mente do leitor a capacidade de compreensão. Essa
capacidade de compreensão tem a ver com a continuidade, ou seja, quando um tópico é ativo, espera-
se que o escritor permaneça nele por um determinado tempo.
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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• Princípio de interpretabilidade (capacidade do leitor de recuperar o sentido) e de
inteligibilidade (ser compreendido pelo leitor para que, em seguida, ele possa interpretá-lo.
Interpretar significa recuperar o sentido);
• Situação de comunicação (podendo estar relacionado a persuasão);
• Receptor e sua capacidade de calcular o sentido (interação do texto com o público alvo).
Texto tem origem latina que significa ‘tecer’.
Enquanto na coesão a organização dava-se em forma linear, na coerência ela se dá de forma de
organização reticulada.
Estabelecimento de coerência no texto:
Interlocução entre os usuários do texto: produtor e receptor;
Qualidade que permite que os falantes reconheçam os textos como bem formados.
Coesão e Coerência
“[...] a separação entre coesão e coerência não é tão nítida quanto às vezes se pensa e sugere. Na
verdade, a coesão tem relação com a coerência na medida em que é um dos fatores que permite
calculá-la e, embora do ponto de vista analítico seja interessante separá-las, distingui-las, cumpre não
esquecer que são duas faces do mesmo fenômeno.” (KOCH; TRAVAGLIA, 2010, p. 52).
A coerência pode se dar por quatro principais itens garantidores:
1. Manutenção temática ou continuidade [quando um texto trata de um tópico e mantem o foco
neste tópico ao longo do texto. Ao mudar de tópico, é importante que isto esteja anunciado
desde o princípio do texto. Pode ser divido em subtítulos ou tópicos];
2. Progressão temática [garante que o texto avance e não fique circular];
3. Articulação [que se relaciona com a coesão];
4. Não contradição.
Semana 5 (informatividade e clareza):
Costurando:
A informatividade versa sobre a capacidade cognitiva de processamento de textos e ela postula que
existem muitas formas de comunicação que processamos com muita facilidade e outras com pouca.
A clareza permite uma leitura fluida e que a comunicação seja o principal ponto.
Revisando conhecimentos:
Beaugrande e Dressler (1981) associam a informatividade a teoria da informação. Essa teoria se divide
em três níveis:
1. Informatividade 1 ou de primeira ordem – informações cotidianas: placas, letreiros e mapas,
por exemplo;
2. Informatividade 2 ou de segunda ordem – textos literários: crônicas, poesias, entre outros;
3. Informatividade 3 ou de terceira ordem – textos de grande esforço cognitivo por parte do
leitor: artigos científicos, dissertações, teses, textos técnicos etc.
Quando há uma conversa entre pessoas conhecedoras de um tema de terceira ordem, a conversa é a
equivalente à de primeira ou no máximo de terceira ordem.
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
19
A informatividade é um dos padrões de textualidade, ela está relacionada a quantidade de
informação nova ou conteúdo novo que um texto traz ao leitor. Há um relação direta entre a
informação que o leitor já tem e a informação nova. Logo, à medida que o leitor toma contato com o
texto, ele aumenta seu repertório; isso é informatividade.
Erros comuns, segundo Beaugrande e Dressler, são a descontinuidade (falta de informação) e a
discrepância (quando o conhecimento do leitor não se ajusta as informações contidas no texto).
Vídeo aula I:
Concepção de texto: “lugar de interação entre atores sociais e de construção interacional de sentidos”
(KOCH, 2017, p. 12).
Ou seja, um texto só se estabelece a partir do momento que há uma interação, que é quando existe
o receptor e o emissor. Assim, o texto agora está de fato se constituindo como tal. É somente quando
o sentido se completa que há o texto. O texto sempre tem o caráter dialógico, que é alguém falando
o escrevendo e alguém lendo ou ouvindo, seja para um grupo ou para apenas uma pessoa.
Do latim. tēxtus, us no sentido de ‘narrativa, exposição’. Tēxtus, por sua vez, vem do verbo latino tēxo,
is, xŭi, xtum, ĕreno no sentido de ‘tecer, fazer tecido, entrançar, entrelaçar; construir sobrepondo ou
entrelaçando’. (HOUAISS, 2001).
Sete critérios de textualidade:
1. Coesão (elos);
2. Coerência (organização reticulada);
3. Informatividade;
4. Situacionalidade;
5. Intertextualidade;
6. Aceitabilidade;
7. Intencionalidade.
(Beaugrandee Dressler, 1981).
Informatividade
“extensão à qual uma apresentação é nova ou inesperada pelos receptores” (Beaugrandee Dressler,
1981).
A informatividade mede o grau de extensão sob uma dada informação apresentada no texto, podendo
ser uma informação esperada ou inesperada pelo receptor (público alvo do texto).
Três graus de informatividade:
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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1. Baixo ou de primeira ordem – informações cotidianas e previsíveis: placas, letreiros e mapas,
por exemplo;
2. Médio ou de segunda ordem – textos literários e menos previsíveis: crônicas, poesias, entre
outros.
a. Não está na escala mais alta de probabilidade contextual;
b. Configuraria o padrão usual de informatividade;
c. As informações novas e dadas devem ser balanceadas a fim de que o interlocutor
compreenda o texto. (ARNEMANN; VEÇOSSI, 2018);
3. Alto ou de terceira ordem – textos de grande esforço cognitivo por parte do leitor e
aparentemente fora do conjunto como um todo: artigos científicos, dissertações, teses,
textos técnicos etc.
a. Apresentação de informações que não estão no grupo das mais prováveis nem no
grupo das menos prováveis;
b. “Quebra de expectativas”;
c. Essas ocorrências demandam mais atenção e fontes de processamento, todavia são
mais interessantes; (ARNEMANN; VEÇOSSI, 2018)
d. Estado instável de informatividade, que pode gerar um desconforto para o receptor.
A importância do público-alvo de um texto pode ser vista inclusive na divulgação de nome de uma
pandemia, por exemplo. (público leigo) O corona vírus recebeu o nome de covid-19 pelo motivo de
que “co” significa corona, “vi” vem de vírus, “d” representa doença e o número 19 indica o ano de sua
aparição, 2019. Esse nome substitui o de 2019-nCov, decidido provisoriamente após o surgimento da
doença respiratória. O novo nome foi escolhido por ser fácil de pronunciar e não ter referência
estigmatizante a um país ou a uma população em particular.
A importância do público-alvo do texto: (público específico) “a doença de coronavírus2019 (COVID-
19), uma forma de zoonose respiratória e sistêmicacausada por um vírus pertencente à família
Coronaviridae, originária da cidade de Wuhan, na China, ainda está se espalhando pelo mundo,
assumindo assim as características dramáticas de uma emergência pandêmica.” LIPPI, Giuseppe;
PLEBANI, Mario. Laboratory abnormalitiesin patientswithCOVID-2019 infection. Clinical Chemistryand
Laboratory Medicine (CCLM), 2020.
Vídeo aula II:
A clareza na comunicação
Identificar mecanismos responsáveis por garantir clareza ao texto escrito:
• A desconstrução de um mito;
• O paralelismo;
• A importância de uma boa introdução.
Há um mito de que escrever bem, significa escrever difícil. Ou seja, que a escrita empolada [volumoso,
que é forçado e pouco natural, orgulhoso] é uma escrita que deve ser buscada. Temos ainda hoje que
um bom escritor é aquele que busca palavras em latim, por exemplo, ou termos rebuscados. A escrita
do filósofo Immanuel Kant (1724 – 1804), por exemplo, é difícil porque o assunto em si já é complexo;
neste caso especificamente, Kant escreveu seus textos há muito tempo. Sendo assim, o que para nós
é uma linguagem difícil, para ele é algo típico.
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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É importantíssimo saber quem é o público leitor e como pode ser escrito de uma maneira clara para
esse público. E saber que a clareza é muito mais importante do que uma escrita empolada, cheia de
frases e palavras que poderiam ser escritas de forma mais sintética.
A importância do paralelismo.
Paralelismo é a manutenção de estruturas linguísticas paralelas. Normalmente estruturas linguísticas
sintáticas, ou seja, da ordem, dos constituintes, das orações.
Desejamos que todos os funcionários aproveitem as férias e uma boa estada no hotel da empresa
Fonte: ciber dúvidas (bom site de para tirar dúvidas)
A reescrita em busca de clareza.
“Desejamos que todos os funcionários aproveitem as férias e uma boa estada no hotel da empresa.”
Quando se deseja, deseja-se algo: que todos os funcionários tenham boas as férias.
O segundo desejo (uma boa estada no hotel) é dedicado ao mesmo grupo de pessoas (os funcionários).
De fato, o termo 'todos os funcionários' pode realmente ficar implícito e ser, portanto, omitido.
Porém, o que não pode ficar implícito é o verbo, pois o verbo não é 'aproveitem uma boa estada no
hotel da empresa', até poderia ser em uma leitura diferente, no entanto, o verbo mais adequado é o
que dá conta do segundo desejo (verbo ter), já que se você ‘aproveita’ algo, já significa ser bom.
“Desejamos que todos os funcionários aproveitem as férias e tenham uma boa estada no hotel da
empresa.”
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-ausencia-de-paralelismo-sintatico/31299
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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Andrea Vesalius
De humani corporis fabrica (1543).
Um texto é como a conexão de cada uma das vértebras, tais
vértebras são os parágrafos, ou seja, uma pequena unidade
textual.
“No Ensino Médio, é preciso que os alunos aprendam a base da construção de um texto a partir dos
mecanismos textuais, ou seja, a coesão lexical por repetição. A prolixidade do texto, isto é, a
repetição desnecessária de palavras pode tornar o texto cansativo, fraco de ideias e sem
conhecimento de palavras sinonímicas. O ideal seria apresentar aos alunos os mecanismos coesivos
textuais. O professor, como mediador do conhecimento, precisa deixar claro os devidos mecanismos
textuais que melhorem o texto, tornando-o rico de informações, como coerência, coesão,
contextualização, intertextualidade, colocação etc. O educador precisa, cada vez mais, buscar
soluções para suprir as necessidades dos seus alunos, tornando-os cidadãos ativos na sociedade que,
por sua vez, cobra tanto o uso da língua materna.”
Análise do texto:
O parágrafo introdutório é um dos parágrafos mais importantes de qualquer texto, ele precisa ser
muito claro, precisa conter as ideias iniciais que serão desenvolvidas ao longo do texto; é na
introdução que o leitor será guiado e saberá o que encontrará naquele texto.
O termo ‘ou seja’, faz com que coesão lexical e mecanismos textuais sejam equivalentes, o que não é
verdade, já que coesão lexical é um dos mecanismo textuais.
O termo ‘isto é’, remete a definição de que prolixidade é a repetição desnecessária de palavras,
porém, prolixidade é um texto ou discurso oral com muitas palavras para dizer poucas coisas,
portanto, não é a repetição de palavras, mas sim o excesso de matéria textual para uma comunicação
de uma informação que poderia ser dito com menos matéria textual.
Há três informações sobre ‘mecanismos textuais’ que são repetidas, portanto, e que poderia ser
sintetizado em uma frase somente.
O termo ‘como’, seguido de ‘informações’, entende-se que o que torna um texto rico são ‘coerência,
coesão, contextualização, intertextualidade, colocação’, mas na verdade, essas características são os
mecanismos textuais.
Ou seja, está incoerente este texto.
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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Aprofundando o tema:
Textualidade:
• Conjunto de características que fazem com que o um texto seja um texto, e não apenas uma
sequência de frases ou palavras;
• Princípio geral que faz parte do conhecimento textual dos falantes e que os leva a aplicar a
todas as produções linguísticas que falam, escrevem, ouvem ou leem;
• Componente do saber linguístico das pessoas. Relação que se faz com o mundo.
Intertextualidade:
Fator que torna a interpretação de um texto dependente da interpretação de outros. Cada texto
constrói-se não isoladamente, mas em relação a outro já dito, do qual abstrai alguns aspectos para
dar-lhes outra feição.
Aceitabilidade:
Fator que avalia o grau de adequação do ato de linguagem: “esse ato de comunicação é aceitável?”.
Está focado na interpretação, naquele que é atingido pela comunicação.
Situacionalidade:
É a adequação do texto a uma situação comunicativa ao contexto. A situação comunicativa permite
que o ato seja X e não Z.
Informatividade:
Fator que envolva a mensagem. Corresponde ao grau de previsibilidade das informações contidas no
texto:
• Informações previsíveis: baixo grau de informatividade;
• Informações não previsíveis: grau maior de informatividade.
Semana 6 (efeitos de sentido em um dado texto):
Costurando:
Em todo texto, há um efeito de sentido pretendido. Pouca quantidade de texto, não necessariamente
significa pouca quantidade de matéria discursiva.
Outro conceito será a adequação linguística. As variedades linguísticas fazem parte do corpo da língua
e não parte da língua. Ou seja, as línguas são heterogêneas, não existe homogeneidade linguística.
Gramática tem sentido polissêmico. Não apenas o bom uso das palavras, mas também a construção
da estrutura da língua.
Desafio:
Procure criar uma tirinha em que haja diferentes efeitos de sentido, a depender dessas duas situações
de comunicação.
Revisando conhecimentos:
Efeitos de sentidos pretendidos e realizados em um texto e a adequação linguística.
E-mail:
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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• Dica 1: pensar antes de escrever;
• Dica 2: seja polido;
• Dica 3: seja objetivo e claro;
• Dica 4: seja formal;
• Dica 5: não utilizar termos como ‘no qual’ e ‘na qual’, além de palavras muito formais;
• Dica 6: enviar e-mail para quem realmente precisa receber;
• Dica 7: não enviar e-mail para um colega de trabalho com cópia ao chefe para que haja
pressão.
Vídeo aula I:
Avaliar os efeitos de sentido pretendidos nos textos de diversos atores sociais.
Parte-se do pressuposto da linguagem como forma de interação, ou seja, não existe um texto neutro
que não carregue um valor. Todo texto carrega, em maior ou menor grau, a posição de seu autor.
O principal efeito de sentido na tirinhaé o humor, porém, há outro sentido, outro efeito claro, que é
a crítica social à essa relação às vezes promíscuas entre cabo eleitoral e figuras políticas.
Na primeira cena há uma ambiguidade no que o candidato diz “pelas costas”. Ou seja, pode ser
interpretado de duas maneiras, e é isso que provoca o humor e o riso, pois aquilo que se faz pelas
costas é aquilo que se faz sem a outra pessoa saber. Porém na segunda cena há o sentido literal de
fazer algo pelas costas. Logo, essa ambiguidade é o que provoca o sentido humorístico na tirinha.
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Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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Aqui há uma relação com a tragédia do Titanic com a tragédia que se vive atualmente.
O valor dos conectivos
Não há botes para todos e (logo, por isso) só os mais ricos sobrevivem. (aqui há uma relação de causa
e consequência)
Como não há botes para todos, só os mais ricos sobrevivem. (ainda continua havendo essa relação de
causa e consequência).
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O efeito de humor aqui é a relação com a realidade com as crianças do mundo infantil, onde os pais
tentam contar uma história razoavelmente comprida para que a criança caia no sono antes de chegar
no fim da história.
No segundo quadro há a conjunção ‘mas’, e o mas, que pode estabelecer uma relação de oposição,
porém aqui, tem mais uma relação de adição, que é bastante desempenhada pela conjunção ‘e’.
A repetição nem sempre é negativa, haja visto que aqui ela teve papel fundamental para causar o
humor da tirinha, pois é repetindo a informação dessa característica do reino que o ratinho vai
alongando a história.
A escola ensina que deve evitar ao máximo a repetição, mas a oralidade é fundada na repetição.
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A volta do conhecimento
Tínhamos nos acostumado a viver na névoa da opinião; mas hoje, pela primeira vez desde que temos
memória, prevalecem as vozes de pessoas que sabem e de profissionais qualificados e corajosos.
(Antônio Muñoz Molina).
Ele versa a questão de opinião e o conhecimento.
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Opinião – Jornal El País
Pela primeira vez desde que temos memória, as vozes que prevalecem na vida pública espanhola são
as de pessoas que sabem. Pela primeira vez assistimos à aberta celebração do conhecimento e da
experiência, e ao protagonismo merecido e até então inédito de profissionais de diversas áreas cuja
mistura de máxima qualificação e coragem civil sustenta sempre o mecanismo complicado de toda a
vida social. Nos programas de televisão em que, até recentemente, reinavam exclusivamente
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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dissertadores especializados em opinar sobre qualquer coisa a qualquer momento, agora aparecem
médicos de família, epidemiologistas, funcionários públicos que enfrentam diariamente uma doença
que perturbou tudo e que a qualquer momento pode atacá-los. Todas as noites, às oito, nas ruas
vazias, eclodem aplausos como uma tempestade repentina, dirigidos não a demagogos embusteiros,
mas a trabalhadores da saúde, que até ontem cumpriam sua tarefa acossados por cortes contínuos,
pela falta de meios, pelo desdém às vezes agressivo de usuários caprichosos ou resmungões. Agora,
exceto nos redutos habituais, não ouvimos slogans, nem lemas de campanha criados por publicitários,
nem banalidades cunhadas por essa espécie de gurus ou de aprendizes de feiticeiro que inventam
estratégias de “comunicação” e que aqui também, que remédio, já são chamados de spin doctors:
charlatães, trapaceiros, vendedores de fumaça.
A realidade nos obrigou a nos colocarmos no terreno até agora muito negligenciados dos fatos: os
fatos que podem e devem ser verificados e confirmados, para não serem confundidos com delírios
ou mentiras; os fenômenos que podem ser medidos quantitativamente, com o mais alto grau de
precisão possível. Tínhamos nos acostumado a viver na névoa da opinião, da diatribe [crítica severa
ou ríspida] sobre as palavras, do descrédito do concreto e do comprovável, inclusive do aberto desdém
pelo conhecimento. O espaço público e compartilhado do real havia desaparecido em um turbilhão
de bolhas privadas, dentro das quais cada um, com a ajuda de uma tela de celular, elaborava sua
própria realidade sob medida, seu próprio universo cujo protagonista e centro era ele mesmo, ela
mesma.
(...)
Fonte: https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-03-27/a-volta-do-conhecimento.html
No primeiro parágrafo a oposição fica muito explícita. Pois em “...dissertadores especializados em
opinar sobre qualquer coisa a qualquer momento...” são as pessoas que não são especialistas em
nenhuma área e nesse momento perdem espaço para as pessoas que de fato são especialistas. Logo,
o conhecimento se opõe à opinião. Ao final, o autor coloca que os problemas vêm justamente das
pessoas que “...por publicitários, nem banalidades cunhadas por essa espécie de gurus ou de
aprendizes de feiticeiro...”, ou seja, aqueles que são especializadas na comunicação.
Já no início do segundo parágrafo há oposição dos fatos que podem ser verificados e confirmados e
que se diferenciam de delírios e mentiras. Antes desse momento a sociedade vivia na “viver na névoa
da opinião” e “O espaço público e compartilhado do real havia desaparecido em um turbilhão de
bolhas privadas...”, onde cada pessoa criava uma realidade que, segundo o autor, não corresponde
aos fatos.
Não é à toa que o autor repete fatos (“...dos fatos: os fatos...”), é para frisar bem. Voltando ao primeiro
parágrafo o autor repete “pela primeira vez”, pois ele fala justamente de uma mudança que está em
curso, uma mudança que representa a volta do conhecimento, que é o título do texto.
Texto de Valdir Barzotto – Nem respeitar, nem valorizar, nem adequar as variedades linguísticas:
O debate sobre as variedades linguísticas da Língua Portuguesa e sua relação com o trabalho em sala
de aula trouxe pelo menos pelo menos três verbos: respeitar, valorizar e adequar.
Três são os objetivos:
1. contribuir para o debate, fazendo inclusive uma outra proposta, sobre a relação entre as
variedades linguísticas e o ensino de Língua Portuguesa;
https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-03-27/a-volta-do-conhecimento.html
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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2. chamar a atenção para a instauração de um senso comum imobilizante, oriundo das áreas
dos diversos campos do conhecimento, como tenho feito em outros trabalhos; e,
3. indicar que, em decorrência disso, frequentemente pesquisas sobre o ensino de Língua
Portuguesa, responsabilizam os professores, entre outras coisas, por suas atitudes frente às
variedades dos alunos, devido a aplicação apressada e pouco refletida de postulados que se
tornaram senso comum no interior dos campos do conhecimento em que foram produzidos.
O papel da pesquisa acadêmica não se limita apenas ao de aplicar as formulações já consolidadas aos
fatos cotidianos, mas também de passar elas mesmas e seus pressupostos pelo crivo de considerações
críticas.
Se até o início da década de 80 era possível falar tranquilamente em respeitar a variedade do aluno,
hoje este verbo causa um certo estranhamento.
Constituição Federal de 1988:
Art. 3º.
§ IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.
Assim, a insistência em reafirmar o dever de respeitar, mais parece uma aceitação pacífica da
existência de desrespeito do que uma resistência ativa.
Para tornar óbvia a necessidade de respeito e não incorrer em hierarquizações sociais entre falantes,
basta tomar a primeira possibilidade de significação expressa 5 que consta no dicionário Aurélio sobre
o verbo respeitar: “Não causar dano a.”
O uso do verbo respeitar associado à variedade linguística sem um exercício de estabelecimento de
um contorno mais bem definido de seu significado pode resultarna criação de uma ilusão de que
todos os ouvintes ou leitores sabem em que acepção o termo está sendo tomado. Isso pode tornar o
campo de significação bastante fluido e permitir a manutenção da discriminação de falantes. Tome-
se como exemplo suportar e aturar, expressos em 7 no referido dicionário.
Outro verbo bastante usado é valorizar, que, como o anterior, pressupõe hierarquia entre os falantes.
A utilização deste verbo manifesta a exigência de uma postura que permita ao seu usuário o
reconhecimento de que algo tem pouco ou nenhum valor. O sujeito de valorizar coloca-se então numa
posição tal que lhe permita dar ou aumentar o valor da variedade em questão. Ora, a existência desta
postura, por si só, já implica numa desvalorização da variedade. A explicação de que é a sociedade
que não valoriza e por isso pessoas conscientes teriam de fazê-lo.
Propor-se a valorizar a variedade linguística praticada por outro falante exige reconhecer que a
variedade do outro está desprovida de algum valor. Aquele que se a valorizar pode fazê-lo a partir do
lugar eleito para si e para a sua variedade, necessariamente de maior valor.
O terceiro verbo sobre o qual interessa falar é adequar.
Quem estudou linguística provavelmente já ouviu a frase comumente usada para exemplificar a ideia
de adequação: é tão inadequado ir à igreja de biquíni quanto ir à praia de terno.
As propostas centradas na vertente que se apoia no verbo adequar também fazem o falante
“conscientizar-se” de que o seu falar é bom para uso junto ao seu grupo, mas não para junto aos
grupos diferentes do seu. O problema é que geralmente o grupo de referência, tomado como
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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diferente do grupo do falante, é aquele composto por integrantes com mais tempo de escolarização
e supostamente falante da variedade de prestígio.
Se alguém, com bom poder aquisitivo e um elevado nível de escolaridade, usar a frase dê-me três
cafés em um “buteco”, as consequências, se forem negativas, não vão além de ele ser considerado
arrogante ou esnobe. No entanto, se alguém, de baixo poder aquisitivo e com pouca escolaridade,
escrever numa carta, ou mesmo falar em uma entrevista, Aí chapa, ruma um trampo pra mim aí, pode
acontecer algo mais grave com ele como não conseguir melhorar seu poder aquisitivo com o salário
do emprego pretendido. De acordo com a vertente da adequação, ambos estariam inadequados, mas
as consequências serão mais pesadas sobre o segundo.
DISCURSO, IMAGINÁRIO SOCIAL E CONHECIMENTO - Eni Puccinelli Orlandi
Vamos definir diretamente o discurso como efeito de sentido entre locutores. Temos de pensar a
linguagem de uma maneira muito particular: aquela que implica considerá-la necessariamente em
relação à constituição dos sujeitos e à produção dos sentidos. Isto quer dizer que o discurso supõe um
sistema significante, mas supõe também a relação deste sistema com sua exterioridade já que sem
história não há sentido, ou seja, é a inscrição da história na língua que faz com que ela signifique. Daí
os efeitos entre locutores.
(não finalizei o resumo deste artigo).
Vídeo aula II:
Discutir a noção de adequação linguística.
Nem respeitar, nem valorizar, nem adequar as variedades linguísticas.
Por Valdir Heitor Barzotto.
Resumo:
“Este trabalho insere-se na discussão que tem procurado, nos últimos anos, estabelecer relações entre
as variedades linguísticas e o ensino da Língua Portuguesa. Neste debate, são identificadas três
vertentes que procuram dizer qual seria a melhor atitude a se tomar frente às variedades praticadas
por estudantes de ensino fundamental e médio. Após uma breve reflexão sobre estas vertentes é feita
uma outra proposta sobre o trabalho em sala.”
Nem respeitar, nem valorizar, nem adequar as variedades linguísticas.
“Além disso, depois de tanto debate sobre a necessidade e a importância de o Brasil assumir sua
diversidade linguística e cultural, já se pode tratar casos de desrespeito, que envolvam aspectos
culturais, na delegacia mais próxima.”
Ou seja, o autor diz que o verbo respeitar não é indicado como variedade linguística porque o
desrespeito já está previsto na Constituição Federal de 1988.
“É importante verificar que quem se propõe a valorizar, precisa assumir uma posição de onde possa
fazê-lo, reconhecendo, em primeiro lugar uma falta de valor na variedade praticada pelo outro e
elevando esse valor apoiando-se em sua capacidade de reconhecer essa falta, conferida pela imagem
que faz de si.”
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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A posição daquele que valoriza é uma posição superior aquele que é valorizado, pois, assumir valor
em algo, implica que a pessoa que ira dizer que tem valor ela é capaz de reconhecer a falta de valor
ou a presença de valor pela imagem que ela faz de si mesma.
“Isso é indicador de uma discriminação. Portanto, propor-se a valorizar a variedade linguística
praticada por outro falante exige reconhecer que a variedade do outro está desprovida de algum valor.
Aquele que se a valorizar pode fazê-lo a partir do lugar eleito para si e para a sua variedade,
necessariamente de maior valor.”
O autor colocar aqui que os falantes que podem valorizar são aqueles que conseguem reconhecer que
uma oura variedade diferente da sua necessariamente não tem valor. Logo, segundo o autor do texto,
diante dessa hierarquia automática que se estabelece não se deve valorizar.
Nem respeitar, nem valorizar, nem adequar as variedades linguísticas.
“Se alguém, com bom poder aquisitivo e um elevado nível de escolaridade, usar a frase dê-me três
cafés em um “buteco”, as consequências, se forem negativas, não vão além de ele ser considerado
arrogante ou esnobe. No entanto, se alguém, de baixo poder aquisitivo e com pouca escolaridade,
escrever numa carta, ou mesmo falar em uma entrevista, Aí chapa, ruma um trampo pra mim aí, pode
acontecer algo mais grave com ele como não conseguir melhorar seu poder aquisitivo com o salário
do emprego pretendido. De acordo com a vertente da adequação, ambos estariam inadequados, mas
as consequências serão mais pesadas sobre o segundo.”
Cabe ressaltar que o uso de boteco, com U (“buteco”) é algo proposital do autor, pois é o modo como
se fala no dia-a-dia. No primeiro exemplo, o de ênclise (-me) não é comum no modo coloquial de dizer,
porém, não haveria grandes consequências a pessoa que assim disser. No segundo caso há um
preconceito linguístico, que na verdade é um preconceito social que acontece na sociedade também
por meio da linguagem.
Incorporar
“Admitindo-se ou recebendo-se as variedades na sala de aula, sem hierarquização ou valoração,
respeita-se melhor a Constituição, pois evitam-se os danos causados por julgamentos negativos como
o de atribuição de uma falta de valor ou de inadequação.”
O autor, alegando que os três verbos para variedade linguística não são adequados, propõe o verbo a
postura do verbo incorporar.
Tanto 3. Reunir (diversas companhias mercantis) em uma só. como 4. Juntar num só corpo; dar
unidade a; reunir; ou 6. Unir, reunir, juntar, em um só corpo ou um só todo. corroboram a ideia de
corpo, permitem pensar que a unidade da Língua Portuguesa é garantida pelas suas variedades.”
Ou seja, a incorporação dá ideia de reunião e de que todas as suas variedades fazem parte da língua.
E de que a língua somente existe porque ela é constituída dessas variedades, e isso vai contra a
hierarquização, da valorização, do respeito e da adequação. A língua é heterogênea.
Semana 7 (autocorreção de textos - a escrita como processo e não como produto):
Costurando:
Estratégias para a autocorreção de textos escritos.
Textos acadêmicos são os chamados papers.
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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Criar um roteiro para revisar as produções escritas. Trata-se de um roteiropessoal, pois o que se
espera ter mostrado ao longo do texto é algo particular.
Revisando conhecimentos:
Textos interpretativos são texto que vão propor problemas interpretativos. Será próximo ao
fichamento expandido.
No fichamento expandido precisa-se ler e formular qual é o problema do texto, qual a tese do autor e
qual o caminho argumentativo.
Uma aplicação especializada ao fichamento expandido. É especializada, pois, não precisa focar no
problema central do texto, pode-se sim, formular problemas específicos. Por exemplo de problema
interpretativo: “o que o conceito X quer dizer na primeira parte do texto?” “Como o conceito Y se
relaciona com o conceito Z na tese principal do autor?” “Será que o conceito R é decorrente do
conceito S ou eles são formulados independentemente?”
Não é apenas dizer: “Será que o autor está certo ou errado?” Isso é genérico e aprende-se pouco
assim, faz-se necessário aprender a trabalhar com a finura dos textos, uma análise conceitual mais
fina. Formular para ter ocasião de discutir mais sobre o texto.
A ideia é interpretar no sentido de tornar claro algum conceito do texto que não foi tão bem formulado
assim. Ou seja, lançar luz sobre onde há obscuridade. Daí que existem os comentadores de textos.
Esse tipo de dissertação é para entender o imperativo da comunicabilidade para que se façam
entender. Tem algumas tarefas específicas que a introdução deve cumprir, pois se cumpre bem as
ideias do texto na introdução, a tendência é o texto ficar muito mais claro.
Revisando conhecimentos:
Imperativo da comunicabilidade: textos ‘para circulação’ devem ser compreensíveis para o público em
vista.
5 dicas para escrever melhor qualquer texto:
1. Seja claro;
2. Utilize a norma culta, que a variante que se ensina em uma escola;
3. Entenda do que você está falando para falar com propriedade;
4. Seja honesto, ou seja, faça as citações necessárias e expresse suas dúvidas;
5. Conheça seu leitor, diga o que o leitor quer ouvir, modelando sua linguagem.
Se não tiver nada para dizer, não diga.
Orientação de Estudo:
A primeira estratégia de autocorreção que devemos utilizar é o distanciamento. Ou seja, começamos
o processo de autocorreção deixando o texto “descansar” por um ou mais dias. Isso gera o
distanciamento necessário do processo de escrita e permite que avaliemos de maneira mais isenta o
quão claro está nosso texto e se as ideias que pretendíamos discutir estão, de fato, colocadas no texto
da melhor maneira possível. Esses dias de descanso servem para esquecermos as ideias que tínhamos
em nossa mente no momento em que escrevíamos. Assim, podemos avaliar se o texto está falando
por si.
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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Vídeo aula I:
Táticas de Revisão
Como a escrita é muito pessoal, as táticas de revisão são importantes, logo, cada tática também é
pessoal. É importante escrever um texto estimulado pela curiosidade criativa e não apenas para
reproduzir o que outros textos já disseram, ou seja, é interessante que um texto escrito avance o
conhecimento do leitor. É só quando atingimos um certo estado da pesquisa de um determinado tema
é que percebe-se que um artigo avança ou não sobre determinado conhecimento. As táticas são:
1. Deixar o texto “descansar”. Fazer o texto, em uma primeira versão e esperar alguns dias para
reler o texto;
2. Releia o texto na posição de leitor. E para isso acontecer, o afastamento do texto é algo muito
importante, pois ao ler novamente, é quase como se o texto não tivesse sido escrito por você.
Assim, será possível analisar se todas as relações pretendidas foram atingidas;
3. Anotar, grifar e marcar o texto nas partes minimamente obscuras. Dicas é criar código de
cores ou códigos de siglas;
4. Reescreva o texto;
5. Estabelecer um roteiro de revisão. Por exemplo, analisar coerência, ortografia etc. Isso fará
com que você se conheça como escritor. Isso é chamado de atividade epilinguística (reflexão
sobre a própria língua e os instrumentos da língua).
Sugestão de Roteiro:
• Coerência. Não pode apenas fazer sentido na cabeça do escrito, mas pelo texto escrito apenas;
• Coesão:
o Retomadas. As palavras usadas para retomar uma ideia, estão fazendo isso de
maneira clara. Cuidado com o pronome ‘esse’;
o Repetições. A ideia não é eliminar completamente a repetição, mas algumas devem
ser evitadas;
o Substituições. Pode substituir por termos mais amplos ou mais restritos que têm a
mesma ideia, como também consultar um dicionário de sinônimos. É o caso também
de hiponímia e hiperonímia;
A hiperonímia indica uma relação hierárquica de significado que uma palavra superior estabelece com
uma palavra inferior. O hiperônimo é uma palavra hierarquicamente superior porque apresenta um
sentido mais abrangente que engloba o sentido do hipônimo, uma palavra hierarquicamente inferior,
com sentido mais restrito.
A hiponímia indica, assim, essa mesma relação hierárquica de significado. Foca-se, no entanto, na
perspectiva da palavra hierarquicamente inferior - hipônimo, que, a nível semântico, pode ser incluída
numa classe superior que abrange o seu significado - hiperônimo.
País é hiperônimo de Brasil.
Mamífero é hiperônimo de cavalo.
Jogo é hiperônimo de xadrez.
Brasil é hipônimo de país.
Cavalo é hipônimo de mamífero.
Xadrez é hipônimo de jogo.
Os hiperônimos:
Apresentam um sentido abrangente;
Transmitem a ideia de um todo;
Representam as características genéricas de uma classe;
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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Permitem a formação de subclasses associadas a elas.
Os hipônimos:
Apresentam um sentido restrito;
Transmitem a ideia de um item ou uma parte de um todo;
Representam as características específicas de uma subclasse;
Permitem a associação a uma classe superior mais abrangente.
o Pontuação. Regras de pontuação é primordial, por exemplo: não separar por vírgula
o sujeito e o objeto, o sujeito e o predicado da oração, o verbo do seu objeto.
• Concordância:
o Sujeito posposto. Cuidado com a concordância do verbo com o sujeito (plural e
singular). É comum em língua escrita a concordância zero, por exemplo: “foi feita
muitas mudanças”. É um erro que não pode aparecer em textos;
o Sujeito distante. Sujeito no início da frase, adiciona várias características ao sujeito e
coloca o verbo longe. Logo, é necessário perceber onde está o verbo e o sujeito e
concordá-los;
o Termos distantes como substantivos e verbos, ou substantivos, artigos, adjetivos.
Quando as palavras estão muito distantes, é importante analisar se a concordância
está bem feita.
• Ortografia. Consultar dicionários. É interessante gerar uma lista de vocábulos próprios com as
maiores dúvidas;
• Oralidade/Informalidade. Evitar termos e expressões em textos.
Vídeo aula II:
Reescrita Acadêmica
Ao apresentar em um trabalho acadêmico o resultado de sua pesquisa, você necessariamente precisa
indicar as ideias de outros autores que lhe serviram de inspiração e estímulo, seja mostrando que você
concorda com essas ideias ou que você as questiona.
Vídeo aula III:
Entrevista com professor Valdir Heitor Barzotto.
O que significa ensinar a ler e a escrever na escola e na universidade?
“Eu diria que ensinar o aluno ler a escrever é ensinar a trabalhar com a língua. O aluno precisa dominar
as regras da língua a ponto dele construir um posição própria, frente ao assunto sobre o qual ele está
lendo ou escrevendo.
Um curso de leitura não é somente um aprendizado do código da leitura, mas sim o aprendizado de
como dizer uma coisa, como marcar sua posição frente a um texto que ele está lendo ou frente a um
assunto sobre o qual ele tem que escrever e essa posição que ele vai marcar ela vai acontecer na
medida ele que tiver a condição de relacionar o que ele está lendo e escrevendo com o mundo real
comque ele participa.”
Considerando o que acontece na escola e na universidade, de que forma esse ensino de leitura e
escrita se aproxima ou se afasta desse significado específico que você coloca?
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
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“Se você vai para uma escola ou uma universidade em que os exercícios de leitura são feitos só até o
ponto em que o aluno compreende o texto lido, e levam o aluno a simplesmente redizer o que ele leu,
podemos dizer então que a leitura está reduzida a um primeiro passo do que se espera de uma leitura
e se o objetivo dos exercícios é só levar o aluno a compreender o que ele leu e dizer de novo, fazer
uma paráfrase, esse exercício de leitura está deixando de lado os passos seguintes que levariam o
leitor a produzir sua própria leitura, ou seja, a produção e um conhecimento próprio e de um
posicionamento próprio frente a um determinado tema ou assunto. A construção de um
posicionamento próprio a respeito de um tema e a inserção desse tema no mundo é que deve ser
registrado como produto final da escrita do aluno. Se o que o aluno registra é só resultado de uma
compreensão, novamente nós precisamos observar para esse aluno que estamos deixando de lado
um conjunto de coisas que devem ser feitas até chegar na leitura e escrita.”
Na sua percepção, professor, os alunos efetivamente chegam a tomar uma posição crítica frente a
leitura e escrita e ir além dessa etapa da compreensão ou de redizer o que os outros já disseram?
Pela sua experiência dentro da USP é possível dizer que os alunos têm chegado a esse lugar de
produzir conhecimento?
“No geral, o que a universidade busca no aluno é a proficiência em leitura e escrita. Para o aluno entrar
na universidade avalia-se a capacidade do aluno de entender a ideia central do texto e de expor essa
compreensão da ideia central de maneira clara e objetiva. Com relação a escrita a universidade avalia
o aluno e considera bom aquele que faz uma escrita sem muito erros de ortografia, de pontuação e
articulação entre um parágrafo e outro. Nas últimas décadas as avaliações já não são mais para
analisam a capacidade do aluno de construir uma leitura mais criativa, mais dele e que seja resultado
da articulação de vários textos e da compreensão que ele tem do mundo. O que tem se buscado é o
aluno que é capaz de dizer o que está em cada um dos textos, busca-se também verificar se o aluno é
capaz de compreender os formatos, as composições desses textos, tanto na hora de escrever quanto
na hora de ler. E esse é um tipo de leitura e de escrita que ser muito pouco para os objetivos da
universidade. A universidade é um lugar de produção de conhecimento, então se esperamos do aluno
que ele produza algum conhecimento, temos que ensinar o aluno a ler na universidade de maneira
que ele vá além daquilo que foi avaliado quando ele entrou. Se a universidade não insistir para que o
aluno aprenda e além de tudo, se disponha para o que o aluno aprenda a ler e a escrever, esses alunos
não farão os conhecimentos em suas áreas avançadas e eles serão apenas replicadores dos
conhecimentos já existentes. O que é muito pouco para o avanço da humanidade para o avanço do
conhecimento, mesmo para a preservação da humanidade que cada vez mais depende de uma leitura
e um escrita que produza soluções para os novos problemas de segurança, de saúde etc. Estamos
falando aqui de um aprendizado de leitura e de escrita que pretende abranger todas as áreas do
conhecimento. Um aluno da área de saúde nos dias de hoje, se ele não é capaz de fazer avançar o
conhecimento por meio da leitura, ele não dá conta dos problemas que nós vivenciamos.”
Então, isso significa que não só os alunos das áreas de humanas, que normalmente são os mais
relacionados com a área de leitura e escrita, devem saber ler e escrever criticamente, mas os alunos
de todas as áreas, porque eles fazem parte da universidade e como tal devem produzir
conhecimento. Então o ensino de leitura e escrita seria uma área que deveria estar presentes em
todos os cursos de graduação da universidade. Seria isso?
“Claro. Não estamos aqui entendendo leitura e escrita com aquela aula de português. Nós estamos
entendendo a leitura e a escrita como um lugar específico a partir do qual se produz conhecimento. E
isso não é ensinado só na aula de português, isso não é ensinado só na escola básica. Isso é um
aprendizado que tem que ter na universidade. Não há como um aluno progredir, no sentido de
Feito pelo aluno Caio Bastos – UNIVESP – Leitura e produção de textos
34
inscrever o seu nome no interior da área, se ele não se dispuser a aprender bem a leitura e escrita e a
possiblidade de fazer o conhecimento da sua área avançar.”
Nesse sentido, qual seria a importância específica para um aluno iniciante que está começando o
seu curso de graduação, dos textos chamados textos científicos, que mais recentemente receberam
o nome em inglês de paper. Qual a importância do aluno ter conhecimento nesse tipo de texto?
“O aluno precisa se dispor a ler esses textos, considerando, em primeiro lugar, que é necessário
entendê-los. Em segundo lugar, redizer esses textos, mas fundamentalmente, é necessário analisar
esses textos. A universidade hoje enfrenta um problema com relação a leitura do texto acadêmico
que está ligada a hiperprodução de papers. São muitos textos que a universidade é obrigada a produzir
muito ela é avaliada pela quantidade. Então, isso demanda do aluno uma capacidade de leitura que
seja uma leitura também avaliativa. Que pode ser chamada de leitura crítica. O aluno precisa ler esses
textos e saber avaliar o quanto esses textos trazem de novidade ou não para sua área. Imagine que
um aluno de engenharia não consiga entender o que aquele texto que ele tem em mãos trouxe de
novo pra área. Ele não tem o que fazer com esse texto, pois a única função que esses textos têm na
faculdade é de questionar e de propor um conhecimento novo sobre o que está naquele texto. Esse é
um aprendizado que se precisa ter. Há uma ilusão por parte do aluno universitário que basta pegar
um paper e ler e já suficiente. Muitas vezes esses papers trazem um conhecimento que está
desatualizado. Quando eu digo desatualizado ou publicado há muito tempo, não quer dizer fora da
data de validade. Desatualizado quer dizer que embora eles estejam muito recente, com bibliografia
muito recente, esse texto pode não trazer nada de novo. Algo que já foi dito há muitos anos atrás. E
esse é um aprendizado que o aluno precisa ter.”
Ou seja, o aluno precisa continuar a aprender ler e a escrever mesmo estando na universidade,
porque ele precisa aprender a fazer a leitura e escrita diferente do que ele aprendeu durante a
educação básica. Nesse sentido, então, esse leitor crítico tem que perceber a diferença de um paper
que só reproduz, de um paper que avança no conhecimento.
Qual seria o papel da gramática normativa ou da gramática prescritiva, com conjunto de regras a
serem seguidas, no ensino de leitura e escrita?
“Ensinar o aluno a trabalhar com a língua, envolve também o trabalho com as regras da língua padrão.
Então, a gramática normativa e as regras da escrita padrão e outros aspectos formais, eles devem ter
um papel de apoio a apresentação dos resultados da produção do aluno por escrito. Ou seja, depois
que o aluno tiver condições de a que resultado ele chegou, até que ponto ele foi com as leituras dele
e a compreensão de um assunto, aí sim, vale a pena ele ter um conhecimento gramatical da estrutura
do texto dentro das convenções que farão com que outras pessoas também entendam. Então, o
aprendizado desses aspectos mais formais, eles não podem ser o objetivo principal eles devem ter
como objetivo dar sustentação para o aluno fazer uma boa apresentação do texto. Desde muito cedo
é importante que o aluno aprenda, que uma forma sem conteúdo tem pouca importância. Paraisso,
nas aulas é melhor a gente desafiar o aluno a construir um bom raciocínio sobre um determinado
tema e depois pouco a pouco ir ensinando as normas e as regras da escrita padrão para que ele
sustente bem o raciocínio que ele está fazendo de forma clara e de forma compartilhável, para que
ele possa dialogar com outras pessoas que entendem o mesmo idioma escrito.”
Quais são as estratégias utilizada tanto pela USP quanto por outras universidades que você conheça
para o ensino efetivo de leitura e escrita ao alunos de nível superior.
“Uma estratégia que eu defendo, que é uma que nós construímos e que tem muita gente trabalhando
hoje, é algo que nós chamamos hoje de ‘Movimento pela pesquisa na graduação’. Esse movimento
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significa que ele conduz a disciplina que ele ministra com uma pesquisa envolvida e o aluno desenvolve
durante todo período que ele está cursando a disciplina e com uma escrita para ser apresentada
publicamente no final. Essa é uma estratégia interessante, pois a cada aula o aluno incorpora vários
elementos a escrita dele e essa escrita pode voltar ao professor no meio do semestre, para que o
professor vá levando o aluno a escrever o melhor possível. É uma estratégia que consiste em fazer
com que o ensino à pesquisa e a extensão tenham um peso equilibrado, já que na mesma sala em que
ocorre a disciplina, ocorre também a pesquisa e o resultado da pesquisa é uma escrita. E, depois, ao
final, ocorre a extensão, que é quando o aluno vai apresentar esse trabalho. Isso é para todos os alunos
da disciplina e não somente para alguns. Já defendo há 30 anos e hoje tem várias universidades que
trabalham nesse sentido.
Mas há outras igualmente válidas em algumas universidades. Por exemplo, na Colômbia, elas (as
universidades) têm praticamente um escritório de escrita e de leitura. Todo aluno de todo curso,
obrigatoriamente, ele tem que passar por esses escritórios onde há monitores que ajudam na leitura
e na escrita. Quando ouvimos um estudante colombiano falando em público ou lendo seus textos, nós
vemos que eles têm uma proficiência em leitura e escrita bastante elevada, mas é porque há muito
tempo as universidades fazem esse tipo de trabalho.
Além disso, todo professor pode lidar com a escrita, mas há um momento em que precisa de um
especialista na escrita para ajudar o aluno a superar os problemas que ele tem.
Basicamente, eu diria, que a universidade inteira tome nas mãos o trabalho para leitura e escrita
considerando que isso é importante para todas as áreas e toda as áreas são responsáveis por isso.”
Semana 8 (revisão):
Webconferência:
Coesão referencial e sequencial:
Referencial:
Retoma elementos já mencionados ou introduz elementos a serem mencionados. São chamados de
referentes, pois são palavras que se relacionam com outras palavras.
• Formas gramaticais (depende do conteúdo para ter um significado):
o substituição por: pronomes, verbos, advérbios;
o Elipse (substituição por zero);
o Definitivização: artigos definidos e indefinidos;
o Numerais.
• Formas lexicais:
o Sinônimos;
o Hiperônimos (termo genérico) e hipônimos (termo específico);
o Nomes genéricos;
o Nominalizações (nomes deverbais, substantivos abstratos...).
Sequencial:
Garante que o texto avance e progrida. Faz com que um texto tenha início, meio e fim.
Repetição de estrutura sintática (paralelismo) e de conteúdo semântico que se garante a evolução:
• Manutenção temática (termos do mesmo campo lexical);
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• Orações subordinadas;
• Operadores lógicos e discursivos (conectores, conectivos). São as palavras que ligam as ideias;
• Partículas temporais;
• Correlação dos tempos verbais.
Coesão Referencial – formas gramaticais
Substituição por pronomes, advérbios, verbos etc. O uso de catáfora e anáfora é bem comum para
esses casos.
Elipse
Ex.: Os alunos da etnia tupi falaram sobre sua cultura, e os Ø da etnia terena, Ø sobre as histórias de
seus avós.
Definitivização
Muitas formas de trabalho criativo têm sido mais anunciadas na internet. Uma é o trabalho remoto.
Comprei um quadro na galeria do museu. O quadro era de Picasso, famoso pintor espanhol.
Numerais
Há várias soluções para o problema da violência contra a mulher. Duas dizem respeito a debates
públicos e à divulgação da questão na mídia.
Hiperônimo - Hipônimo
Aquele jovem sabe tocar vários instrumentos. O violino é seu favorito.
Nomes Genéricos (fato, evento, fenômeno, crença etc.).
Algumas pessoas disseram que as vacinas podem causar doenças. A hipótese é constantemente
negada pela comunidade científica.
Nominalizações
Os dirigentes se manifestaram contra o arrefecimento do isolamento social. A manifestação chamou
a atenção da imprensa, que rapidamente publicou uma série de manchetes.
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Coesão Sequencial
Chamamos de coesão sequencial o elemento que é responsável, em uma narrativa, por apontar a sua
evolução e caracterizar a passagem de tempo. São marcadores verbais no decorrer do texto que irão
apontar a passagem do tempo, permitindo que o texto tenha uma progressão lógica e coesa. São
responsáveis pelo estabelecimento e pela manutenção desse tipo de coesão as flexões de tempo e de
modo dos verbos, e as conjunções.
Os elementos usados para a coesão sequencial são, portanto, usados como uma forma de garantir
que as partes do texto conversem entre si, apresentando relações claras entre as informações
apresentadas.
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Gramática e polissemia (poli = muito, semia = sentido, significado)
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“A gramática apareceu depois de organizadas as línguas. Acontece que meu
inconsciente não sabe da existência de gramáticas, nem de línguas organizadas. E
como Dom Lirismo é contrabandista...
Você perceberá com facilidade que si na minha poesia a gramática às vezes é
desprezada, graves insultos não sofre neste prefácio interessantíssimo. [...]
Pronomes? Escrevo brasileiro. Si uso ortografia portuguesa é porque, não alterando o
resultado, dá-me uma ortografia”
Mário de Andrade - Paulicéa Desvairada (1922)
Nesta época o Brasil não tinha acordo ortográfico, pois o primeiro é de 1943. Por isso
Mario de Andrade disse que escreve “brasileiro”.
A língua prescinde antes do conjunto de prescrições e regras. Ela é passada de geração em geração,
de um falante para outro falante.
Quando se pensa em gramática no sentido gramatical, tem-se que: “conjunto de prescrições e regas
que determinam o uso considerado correto da língua escrita e falada”.
Quando se pensa em gramática no sentido linguístico, tem que que: “em linguística descritiva, estudo
objetivo e sistemático dos elementos (fonemas, morfemas, palavras, frases etc.) e dos processos (de
formação, construção, flexão e expressão) que constituem e caracterizam o sistema de uma língua.”
A gramática do ponto de vista linguístico é uma gramática do ponto de vista descritiva, ou seja,
descrever com a língua funciona e não prescrever como ela deve funcionar.
Gramática no sentido linguístico ainda, a gramática pode ser o “modelo da competência linguística do
falante nativo.” É como cada pessoal tivesse uma gramática interna em si e que faz parte de uma
gramática universal que seria comum a todos os falantes. Ou seja, cada nasceria com essa gramática
universal e iríamos preenchendo esses componentes pela língua nativa que somos expostos.
(Houaiss, 2001.)
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Estratégias de Leitura:
1. Separar ideias principais de secundárias;
2. Parafrasear;
3. Produzir de inferências;
4. Fazer questões pertinentes sobre o texto;
5. Monitorar a leitura.
Paráfrase
Implica a síntese de unidades textuais mais amplas (parágrafos, por exemplo).
Resultado: produção de um texto,embasado no texto proposto para leitura, em que é possível
clarificar os conteúdos/ideias do texto original, bem como suas inter-relações.
[Na maioria dos casos uma paráfrase de um texto acadêmico é uma leitura pessoal para ajudar o
escritor na compreensão do texto.]
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Representação mental do texto original, de modo coerente e coeso.
(Flores, 2016, p. 49-50)
O conceito de paráfrase inclui a (re) produção das ideias do texto, é claro, mas, além de reproduzir o
texto, a produção parafrástica resultante também pode reformular as ideias nele contidas.
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Reforçar o estudo para prova:
• Análise sintática e dicionário de regência;
• “O texto ‘Análise do discurso’ é o texto mais difícil do curso.”;
• Sujeito, discurso e ideologia: o sujeito sempre carrega uma ideologia e como todo discurso é
produzido pelo sujeito, não tem como não ser portador de ideologia;
• Estudar sobre referentes e inferência.