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PROCESSOS CONSTRUTIVOS PROCESSOS CONSTRUTIVOS Processos Construtivos Ana Paula de Sá Gonçalves Eduarda Pereira Barbosa Ana Paula de Sá Gonçalves Eduarda Pereira Barbosa GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro A engenharia, em um sentido amplo, é a aplicação de métodos, criados a partir de conhecimentos cientí� cos e empíricos, para a resolução de problemas. Ela é a aplica- ção da ciência em benefício da sociedade. A engenharia civil, especi� camente, oferece diversas possibilidades, e compete ao pro� ssional da área conhecer o máximo que puder sobre elas, a � m de orientar seus projetos àquilo que é mais viável. Diante de um cenário tão vasto, é impossível dominar todos os assuntos, mas é im- prescindível que o engenheiro civil desenvolva algumas habilidades, como criar, ana- lisar, � scalizar e gerir, e possua determinados conhecimentos. A partir do desenvolvimento dessas competências, ele terá capacidade de acompa- nhar as constantes mudanças nas tecnologias, nos processos e nos sistemas que en- volvem a indústria da construção. O mercado é exigente, e um pro� ssional que não dá respostas rápidas às demandas acaba sendo excluído. Visando munir o(a) aluno(a) de alguns desses conhecimentos essenciais e capacitá- -lo(a) para acompanhar o mercado e desenvolver habilidades, nessa disciplina, iremos conhecer os sistemas construtivos convencionais e não convencionais, as diferenças entre produtos pré-fabricados e exclusivamente industrializados, sistemas tecnoló- gicos, gerenciamento e cálculo de processos construtivos, padronização de custos, análises de processos construtivos, cálculos de perdas construtivas, curvas de agre- gação de recursos, entre outros temas. Capa_formatoA5.indd 1,3 25/03/2021 15:56:14 © Ser Educacional 2021 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Ana Paula de Sá Gonçalves Eduarda Pereira Barbosa DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 2 25/03/2021 14:55:53 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 3 25/03/2021 14:55:53 Unidade 1 - Sistemas e materiais construtivos Objetivos da unidade ........................................................................................................... 13 Sistemas construtivos convencionais ............................................................................. 14 Concreto armado ............................................................................................................. 16 Alvenaria estrutural ........................................................................................................ 18 Parede de concreto ........................................................................................................ 19 Madeira ............................................................................................................................. 20 Metal .................................................................................................................................. 22 Sistemas construtivos não convencionais ...................................................................... 24 Adobe ou pau a pique ..................................................................................................... 24 Bambu ............................................................................................................................... 26 Container ........................................................................................................................... 27 Produtos pré-fabricados e pré-moldados ........................................................................ 28 Pré-moldados de concreto ............................................................................................ 29 Concreto protendido ....................................................................................................... 31 Pré-moldados e pré-fabricados de madeira ............................................................... 32 Pré-fabricados de metal ................................................................................................. 33 Sintetizando ........................................................................................................................... 34 Referências bibliográficas ................................................................................................. 35 Sumário SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 4 25/03/2021 14:55:53 Unidade 2 - Construção industrializada Objetivos da unidade 38 Industrialização da construção civil 39 Produtos pré-fabricados 41 Produtos pré-industrializados 50 Sistemas de pré-fabricação 55 Breve histórico da pré-fabricação 56 Sistemas pré-fabricados de concreto 58 Sistemas tecnológicos 61 Sistema Camus 62 Sistema Bossert 64 Sintetizando 65 Referências bibliográficas 66 Sumário SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 5 25/03/2021 14:55:53 Sumário Unidade 3 – Planejamento e gerenciamento na construção civil Objetivos da unidade ........................................................................................................... 68 Gerenciamento e planejamento das construções ......................................................... 69 Importância de planejar e gerenciar na construção civil ........................................ 69 Principais ferramentas utilizadas ................................................................................. 73 Curva ABC para a gestão de estoques ........................................................................ 85 Produtividade na construção civil .................................................................................... 87 Fatores que influenciam a produtividade .................................................................... 88 Indicadores de produtividade ....................................................................................... 91 Gestão dos custos construtivos ......................................................................................... 93 Importância do orçamento ............................................................................................ 93 Sintetizando ........................................................................................................................... 95 Referências bibliográficas .................................................................................................96 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 6 25/03/2021 14:55:53 Sumário Unidade 4 - O desperdício na construção civil Objetivos da unidade ........................................................................................................... 99 Gestão das perdas construtivas ...................................................................................... 100 Tipos de perdas .............................................................................................................. 100 Cálculo de indicadores de perdas construtivas ....................................................... 104 Construção enxuta (ou lean construction) .................................................................... 107 Produção enxuta (ou lean production) ..................................................................... 108 Conceitos e princípios do lean construction ............................................................ 109 Acompanhamento do desenvolvimento do projeto ..................................................... 112 Curva S de trabalho e curva S de custos .................................................................. 113 Curva S padrão .............................................................................................................. 114 Análise de valor agregado ........................................................................................... 115 Etapas de uma obra ............................................................................................................ 118 Sintetizando ......................................................................................................................... 122 Referências bibliográficas ............................................................................................... 123 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 7 25/03/2021 14:55:53 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 8 25/03/2021 14:55:53 A engenharia, em um sentido amplo, é a aplicação de métodos, criados a partir de conhecimentos científi cos e empíricos, para a resolução de proble- mas. Ela é a aplicação da ciência em benefício da sociedade. A engenharia civil, especifi camente, oferece diversas possibilidades, e compete ao profi ssional da área conhecer o máximo que puder sobre elas, a fi m de orientar seus projetos àquilo que é mais viável. Diante de um cenário tão vasto, é impossível dominar todos os assuntos, mas é imprescindível que o engenheiro civil desenvolva algumas habilidades, como criar, analisar, fi scalizar e gerir, e possua determinados conhecimentos. A partir do desenvolvimento dessas competências, ele terá capacidade de acompanhar as constantes mudanças nas tecnologias, nos processos e nos sis- temas que envolvem a indústria da construção. O mercado é exigente, e um profi ssional que não dá respostas rápidas às demandas acaba sendo excluído. Visando munir o(a) aluno(a) de alguns desses conhecimentos essenciais e capacitá-lo(a) para acompanhar o mercado e desenvolver habilidades, nes- sa disciplina, iremos conhecer os sistemas construtivos convencionais e não convencionais, as diferenças entre produtos pré-fabricados e exclusivamente industrializados, sistemas tecnológicos, gerenciamento e cálculo de proces- sos construtivos, padronização de custos, análises de processos construti- vos, cálculos de perdas construtivas, curvas de agregação de recursos, entre outros temas. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 9 Apresentação SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 9 25/03/2021 14:55:53 A Deus, por ter me capacitado e iluminado. Aos meus pais, Cleuza e Márcio (in memorian), pelo incentivo e confi ança. Aos meus irmãos, Leonardo e Rodrigo, por me entenderem e apoiarem sempre. Ao meu mentor, Carlos Maciel, que me encorajou e estimulou. E à Débora Borges, que me descobriu pelo LinkedIn. A professora Ana Paula de Sá Gon- çalves é especialista em Segurança do Trabalho (2008) e Engenharia Sanitária e Ambiental (2004) pela Universidade Vale do Aço – UNILESTE. É graduada em Engenharia Civil pela Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE (1997). Atua no setor de construção civil com demandas em engenharia e segurança do trabalho há mais de 20 anos. Traba- lhou com atividades operacionais, ten- do sido responsável pelos processos administrativos, logísticos e operacio- nais envolvidos em projetos, com foco principal no escopo e cronograma do cliente. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3246405049348754 PROCESSOS CONSTRUTIVOS 10 A autora SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 10 25/03/2021 14:55:54 Dedico este trabalho a Deus, pela vida e forças para trabalhar todos os dias. A meus familiares, a todos que incentivaram minha vida acadêmica e aos meus alunos, que são a principal fonte de motivação para ser uma profi ssional melhor a cada dia. A professora Eduarda Pereira Barbosa é mestra em Engenharia Civil com ênfase em Materiais Regionais e Não Convencio- nais Aplicados a Estruturas e Pavimentos pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM, 2019) e graduada em Engenharia Civil pelo Centro Universitário do Norte (UniNorte, 2017). Tem experiência como professora conteudista para instituições de ensino superior e é professora de cursos técnicos nas disciplinas de Mate- riais de Construção; Mecânica dos Solos e Pavimentação; Topografi a; Estruturas de Concreto; Instalações Elétricas; Ins- talações Hidrossanitárias; Tecnologia da Construção; e Segurança do Trabalho, entre outras. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0366793836548985 A autora PROCESSOS CONSTRUTIVOS 11 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 11 25/03/2021 14:55:55 SISTEMAS E MATERIAIS CONSTRUTIVOS 1 UNIDADE SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 12 25/03/2021 14:56:15 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Aprender sobre sistemas construtivos convencionais; Aprender sobre sistemas construtivos não convencionais; Diferenciar produtos pré-fabricados dos industrializados. Sistemas construtivos conven- cionais Concreto armado Alvenaria estrutural Parede de concreto Madeira Metal Sistemas construtivos não con- vencionais Adobe ou pau a pique Bambu Container Produtos pré-fabricados e pré-moldados Pré-moldados de concreto Pré-fabricados ou exclusiva- mente industrializados Concreto protendido Pré-moldados e pré-fabrica- dos de madeira Pré-fabricados de metal PROCESSOS CONSTRUTIVOS 13 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 13 25/03/2021 14:56:15 Sistemas construtivos convencionais O processo construtivo acontece a partir do conhecimento aplicado e é motiva- do pela necessidade. Ao longo do tempo, ele evoluiu para atender às novas e mais complexas necessidades da sociedade e às necessidades básicas que pediam por maior efi ciência. Hoje, já é possível construir uma casa em poucas horas, dependen- do da tecnologia, dos recursos naturais e do investimento que se têm disponíveis. Para melhorar entendermos o que são sistemas construtivos, é importante co- meçar conceituando processo, sistema e construção: • Processo: maneira de se fazer alguma coisa, procedimento ou processo de criação. Ação contínua e prolongada, que expressa continuidade na realização de determinada atividade; • Sistema: reunião dos elementos que, concretos ou abstratos, interligam-se de modo a formar um todo organizado. Também pode signifi car qualquer con- junto constituído por elementos ou seções que se inter-relacionam, como um sistema estrutural; • Construção: ação de construir, de dar forma a algo, geralmente partindo de um plano ou projeto elaborado com antecedência. No caso da edifi cação é uma cons- trução como a de um complexo de apartamentos. Sistemas Basicamente, tudo que está ao nosso redor faz parte de um sistema. Sis- temas podem assegurar serviços, gerar segurança e garantir estabilidade, por exemplo, e podem ser artifi ciais ou naturais. Quando analisamos alguns dos sistemas conhecidos, observamos que só existem sistemas se houverem conjuntos. O sistema construtivo,por exemplo, é formado por fundações, pilares, vigas, lajes, vedações e coberturas. Um sistema só tem função se todos os seus componentes, elementos ou agentes atuarem juntos e sincronizados. Cada um assume sua função, colabora com os demais e faz com que o conjunto seja harmônico. O sistema construtivo é o tipo de tecnologia e método que serão utiliza- dos para construção de uma edifi cação. Para cada tipo de método construtivo é aplicado uma tecnologia; antes de escolher um dos modelos construtivos, como em concreto, em madeira ou em metal, é necessário um estudo a fi m de entender qual método é o mais adequado. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 14 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 14 25/03/2021 14:56:15 A escolha do sistema construtivo é pautada pela análise dos cenários, como o projeto arquitetônico e o ambiente. A ponte Vasco da Gama, em Portugal (Figura 1), foi construída em concreto armado e atirantada por cabos de aço. Devido ao terremoto ocorrido em Lisboa, em 1755, avaliado em 8,7 da es- cala Richter, a ponte foi construída com capacidade cinco vezes maior do que a necessária para suportar o terremoto ocorrido, a fim de resistir a abalos sísmi- cos e suportar velocidade de ventos de 250 km/h. É inconcebível pensar em um sistema construtivo de madeira para um cenário como esse. Figura 1. Ponte estaiada Vasco da Gama (sistema construtivo de concreto). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. Tecnologia Tecnologia, por definição, é uma técnica ou conjuntos de técnicas que parte do domínio sobre um assunto, instrumento ou ofício. A tecnologia surge a par- tir da necessidade e do desejo de desenvolver uma nova forma de se realizar uma tarefa, ou criar algo novo. Ela não é, necessariamente, algo exclusivo e inédito, mas dá novos signi- ficados e possibilita novas formas de se executar um serviço, de forma ágil e gerando menos resíduos, por exemplo. A tecnologia deve, preferencialmente, gerar valor. Usar tábuas junto ao barro, em algumas das primeiras construções feitas pelos seres humanos, era usar tecnologia. Elas permitiam que o modelo cons- trutivo tivesse maior estabilidade e possibilitou que as paredes da construção fossem mais altas e trincassem menos. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 15 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 15 25/03/2021 14:56:24 ASSISTA Uma das mais recentes e interessantes tecnologias usadas na construção é das casas feitas com uma estrutura pré-fabricada desdobrável. Por conta de um tufão que devastou uma região das Filipinas, um grupo de arquitetos e designers criou o projeto Casa Borboleta, a fi m de criar residências que atendessem de forma rápida e efi ciente aos desabrigados. O projeto produziu casas pré-fabricadas que só precisam de 15 minutos e três ou quatro pessoas para serem montadas. Veja como funciona a tecnologia no vídeo Uma casa desdobrável em 15 minutos - hi-tech, postado pelo canal Euronews. Quando se fala em tecnologia, deve-se pensar em investimento, seja inte- lectual ou fi nanceiro. Então, sistema construtivo é defi nir qual tecnologia será adotada para a construção. Escolhida a tecnologia, escolhem-se os elementos (materiais) que serão empregados nessa construção. A Figura 2 mostra um sistema construtivo de concreto que usa a tecnologia de pré-fabricado: Figura 2. Sistema construtivo de concreto pré-fabricado. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020. Concreto armado A tecnologia mais usual para a construção civil é o armado, um tipo de tec- nologia que utiliza cinco materiais: areia, brita, cimento, água e aço. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 16 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 16 25/03/2021 14:56:34 A parte do concreto é composta de areia, brita, cimento e água, e ele se torna armado quando é utilizado aço na estrutura da construção. A combinação desses elementos permite ao sistema estrutural do concreto armado resistir a compressões e trações. O concreto é resistente a com- pressões e não resiste bem a trações, e é aí que a ferragem entra, auxi- liando a resistir às trações, formando uma combinação é quase perfeita. O que torna o concreto armado o sistema construtivo mais usual é a facilidade na aquisição dos seus materiais, sua empregabilidade na obra e facilidade em ser moldado, fatores que o tornam de baixo custo quando comparado aos demais. Em contrapartida, controlar a qualidade, a quantidade gera- da de resíduos e ter formas e tamanhos geométricos restritos deixam esse sistema em desvantagem considerável, dependendo do empreendimento. Outro problema com esse modelo construtivo é a mão de obra, que geralmente não é qualificada, o que leva a vários problemas construtivos, patoló- gicos e de instabilidade. O sistema construtivo em concreto armado é considerado convencio- nal quando usa elementos, como fundações, pilares, vigas e lajes, todos em concreto armado in loco, e cada um desses elementos tem seu papel bem definido. A função da laje é receber cargas de todos os objetos que estão deposi- tados sobre ela e lançá-las sobre as vigas. As lajes podem servir somente de cobertura, caso em que lançam sobre as vigas somente a carga do seu próprio peso. As vigas recebem cargas das paredes, das lajes, somadas ao seu pró- prio peso, e as descarregam sobre os pilares. Os pilares lançam todas as cargas nas fundações, que, por sua vez, distribuem todas essas cargas re- cebidas para o solo. Em um sistema convencional, a retirada de um desses elementos, fina- lizada a obra, levará ao colapso parcial ou total da edificação. Não existe emenda e os reparos, geralmente, são caros. A Figura 3 apresenta um sis- tema construtivo convencional de concreto armado. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 17 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 17 25/03/2021 14:56:34 Figura 3. Sistema construtivo convencional em concreto armado. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. O processo construtivo desse sistema é executado por partes. Primeiro, são feitas as fundações, depois, todos os pilares, sobre os quais são feitas as vigas, e, por fi m, as lajes. O processo se repete na sequência até que se atinja a altura projetada para a edifi cação. Concluída a estrutura, executa-se a alvenaria de vedação, esquadrias e facha- da. Outro processo construtivo bastante executado consiste em erguer a alvena- ria de vedação junto com estrutura da edifi cação, com o intuito de economizar forma de fundos na execução das vigas. Nesse caso, estamos considerando que a alvenaria será executada com tijolos cerâmicos ou blocos de concreto. Esse méto- do não se aplica a fachadas com vidro, por exemplo. Como a alvenaria não é considerada estrutural, ela pode sofrer algumas alte- rações, como abertura ou ampliação de vãos não previstos em projeto. Vale res- saltar que seguir o projeto é o recomendado, e toda alteração deve ter o consen- timento dos projetistas. Alvenaria estrutural Esse modelo construtivo utiliza a vedação como estrutura ou parte dela. A vedação pode ser de bloco de concreto ou de cerâmica, e, dentro das aberturas dos blocos, são colocadas as ferragens, formando as vigas e os pilares. A alve- naria servirá de forma e de estrutura, simultaneamente. A Figura 4 mostra um exemplo de alvenaria estrutural. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 18 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 18 25/03/2021 14:56:42 Figura 4. Sistema construtivo convencional em alvenaria estrutural. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. O processo construtivo desse sistema é executado de uma vez só, ou seja, ao assentar os blocos já se executam as vigas e pilares ao mesmo tempo. Assim, é pra- ticamente impossível executar aberturas não previstas em projeto. Como as pare- des são a estrutura da edifi cação, aberturas podem colapsar toda a estrutura. Até aberturas para tubulação, que são muito usuais na estrutura de concreto armado convencional, fi cam comprometidas nesse sistema. As principais vantagens desses sistemas construtivos são a redução de formas, a limpeza no canteiro deobras e o menor desperdício de materiais. Como desvanta- gem, podemos citar a falta de mão de obra especializada (tanto projetistas quanto executores), a limitação estética e a necessidade de cumprir à risca o projeto. Parede de concreto Esse sistema construtivo vem se destacando em obras residenciais, e vem ganhan- do espaço em empreendimentos de larga escala, com alta repetitividade de projetos. O processo construtivo é executado in loco. Sobre as fundações, constrói-se uma parede totalmente de concreto, que assume função de pilar viga ou viga pilar. Sobre essa parede de concreto, lança-se a laje, geralmente de concreto armado. A estrutura se repete até que chegue na altura defi nida em projeto. Entre as vantagens do sistema estão a velocidade na execução, o controle da qualidade, o cumprimento de prazos e a existência de mão de obra qualifi ca- da. Entre as desvantagens, destacam-se o consumo de formas, o alto custo no PROCESSOS CONSTRUTIVOS 19 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 19 25/03/2021 14:56:48 caso de reformas ou reparos, o não oferecimento de bom isolamento térmico e acústico e o fato de a demolição de paredes ser totalmente vedada. Figura 5. Sistema construtivo convencional em paredes de concreto. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. ASSISTA Veja mais sobre paredes de concreto no vídeo Sistema constru- tivo parede de concreto, postado pelo canal Tvdaobra. O vídeo mostra que o método construtivo foi utilizado para revitalizar o Complexo da Penha, no Rio de Janeiro. Madeira A madeira é usada em construções há muito tempo e por diversos povos, mui- tas vezes de forma artesanal. Figura 6. Sistema construtivo convencional em madeira. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 20 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 20 25/03/2021 14:57:03 A escolha desse sistema construtivo está, geralmente, ligada a gostos particulares, à abundância do material ou ao aspecto cultural. É mais co- mum encontrarmos construções assim no Sul do Brasil do que no Sudeste, por exemplo. É pouco provável encontrar uma edificação de madeira em um centro urbano; elas são encontradas com maior frequência na zona rural, em bairros estritamente familiares. Nos EUA e no Canadá, esse sistema é largamente utilizado. Enquanto no Bra- sil a sua utilização mais comum é para fins residenciais, de no máximo dois pavi- mentos, nesses outros países, vemos hotéis e edifícios comerciais em madeira. O edifício em madeira mais alto do mundo está no Canadá e é comercial. Assim como o sistema de concreto, o de madeira também é composto por pilares, vigas e lajes (assoalhos). A estabilidade da edificação será garantida a partir da dimensão das peças e do tipo de madeira. Os esforços cortantes e a flambagem serão combatidos pela fibra da madeira; seu corte deve seguir o direcionamento onde a fibra apresenta maior desempenho, e há outros ele- mentos que auxiliam nessa estabilidade, como a utilização de cabos de aço. A madeira é considerada o melhor material quando falamos de acústica e de conforto térmico. Seu aspecto aconchegante e acolhedor é marcante. Outra característica bem marcante é o conceito de obra limpa: além de gerar pouco resíduo, a execução é ágil e não demanda tempo de cura, como no sistema de concreto. Sua capacidade de vencer grandes vãos permite maior liberdade para pro- jetar. Como seu peso específico é baixo, construir com madeira gera uma carga menor e, consequentemente, fundações mais leves. O grande entrave em construir com madeira está ligado à procedência. Para construir com madeira, é necessário ter certificação, pois usar madeira sem autorização é crime ambiental. No Brasil, as empresas que investem nesse seg- mento usam peroba-rosa, rosadinho, itaúba, angico-preto, eucalipto e taipa, sendo que no Sul do Brasil é muito utilizado o pinho-do-paraná. Outras des- vantagens para o uso da madeira são a ausência de mão de obra qualificada, a manutenção, a conservação e o preço. O processo construtivo segue os demais sistemas: fundação, pilares, vigas e assoalho (piso). Geralmente, em seu fechamento lateral, usa-se a própria ma- deira, mas ele aceita bem qualquer outra tecnologia de vedação. A cobertura, PROCESSOS CONSTRUTIVOS 21 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 21 25/03/2021 14:57:03 geralmente, tem estrutura de madeira com telha de cerâmica ou fi brocimento. A fi xação das peças é realizada por parafusos e/ou cortes de encaixe. Depen- dendo do vão, é necessário o travamento por cabos de aço. Assim como no sistema de concreto, as edifi cações construídas com ma- deira podem ser mescladas com o concreto ou com metal. O sistema cons- trutivo é defi nido pelo gosto pessoal, pelo tempo e pelos custos. O gosto do cliente deve ser considerado e cabe ao projetista orientá-lo sobre as vanta- gens e desvantagens. Metal O sistema construtivo metálico, assim como os anteriores, é formado por fundações, pilares, vigas e lajes. É muito comum em prédios comerciais, tanto verticais quanto horizontais. Como esse sistema é muito utilizado em fábricas e galpões, ele não é tão apreciado para fi ns residenciais. Pes- soas com gostos contemporâneos apreciam mais esse modelo. O prédio metálico mais famoso é, sem dúvida, o Empire State Building, construí- do na década de 1930 e considerado, até 1970, o prédio mais alto do mundo. O que garante resistência ao sistema construtivo metálico é o teor de carbono utilizado, que, alinhado ao dimensionamento da estrutura, dá inúmeras possibili- dades ao arquiteto na criação. Mesmo tendo robustez na estrutura, esse sistema construtivo é mais leve do que o de concreto, o que garante fundações mais leves. As vantagens nesse modelo construtivo são: otimização de espaços, agili- dade na execução da obra, controle de qualidade, confi abilidade e padrão das peças, construção limpa, ambiente de trabalho mais enxuto e cadeia consoli- dada de reciclagem. As desvantagens são: falta de mão de obra especializada, falta de conforto acústico e custos elevados. Em regiões litorâneas, a corrosão é um fator que agrava a escolha desse sistema. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 22 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 22 25/03/2021 14:57:11 Os fechamentos laterais para o modelo construtivo são diversos: vedação tradicional com tijolos, vidro, folhas metálicas, placas cimentícias, entre outros. Vale ressaltar que o fechamento lateral ou acabamento externo devem ser de- finidos ainda em projeto. O processo construtivo metálico se inicia a partir da fixação das peças com parafusos ou solda. Dependendo do vão, a estabilidade da estrutura é garan- tida por cabos de aço. Esse sistema aceita como pisos: laje de concreto e assoalho de madeira ou me- tálico. A escolha é feita a partir da carga que incidirá sobre esse pavimento, os custos e a acústica, e o piso escolhido deve ser contemplado na fase de projeto. Figura 7. Sistema construtivo convencional em metal. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020. Vale destacar que uma construção erguida pelo sistema metálico ou de madeira permite reaproveitamento, enquanto na de concreto não há essa possibilidade. As- sim, escolher esse sistema para canteiros de obras é a melhor opção. Vimos que, no sistema convencional de construção, a combinação de elementos é possível. A decisão de usar mais de um tipo de material depende de custos, do projeto arquitetônico, do desejo do cliente e do prazo de entrega. Algumas combinações não são observadas ou indicadas; pro- vavelmente, não existirá uma estrutura de madeira com laje de concreto, assim como uma estrutura de concreto e piso de madeira , pois os esforços, as movimentações e as dilatações são distintas entre esses materiais. As patologias que surgirão em função dessas combinações não se justificam. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 23 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 23 25/03/2021 14:57:20 Sistemas construtivos não convencionais Sistemas construtivos não convencionaissão aqueles de uso incomum, e que, por vezes, são totalmente artesanais. As construções de pau a pique, de bambu, tapumes, adobe e em garrafas PET são alguns dos tipos de sistemas não convencionais. A escolha do sistema construtivo está ligada a costumes, cultura, poder aquisitivo, tipo de edifi cação, tempo de execução, custos e autorizações. Esco- lher o sistema é a decisão mais importante a ser tomada antes de se iniciar a obra, pois uma decisão mal tomada interferirá no custo, no tempo de execução da obra e na sua aparência. É preciso averiguar a disponibilidade do material que será usado na região da construção, assim como se há autorização legal para se realizar um determi- nado tipo de construção em uma região específi ca. Mesmo em sistemas não convencionais, a estabilidade é chave, e precisa ser garantida desde o solo até a maneira com que se unem os materiais escolhidos. Adobe ou pau a pique O modelo construtivo mais antigo ainda existente no Brasil é o pau a pique. A maioria dessas edifi cações está localizada em locais de difícil acesso, abri- gando famílias muito pobres. A chave, nesse caso, é o baixo poder aquisitivo, pois essas edifi cações são feitas com elementos que existem no entorno da construção e não necessitam e mão de obra qualifi cada. Há construções de pau a pique que estão próximas a cidades e que têm acesso fácil ao comércio local, por exemplo, mas isso não quer dizer que as condições fi nanceiras dos proprietários das construções sejam melhores. Por vezes, os municípios não investem em moradia social. Em alguns casos, os mo- radores nasceram e cresceram em lugares assim, e isso acaba ganhando uma importância cultural e de segurança. O processo construtivo ocorre com as casas, geralmente, sendo fi xadas em solo duro, próprio da região. A estrutura pode ser erguida de duas formas, sa- bendo que para ambas serão usados barro, madeira (como o bambu ou outra madeira nativa) e cipó. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 24 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 24 25/03/2021 14:57:20 Primeira forma de se construir Com o barro úmido, faz-se a primeira camada da edificação e sobre ela co- locam-se tiras de bambu. A espessura é em torno de 15 cm. Essas camadas se repetem até a altura do telhado. Geralmente, são estruturas baixas, em torno de 1,9 m de altura. A estabilidade é garantida por meio dos bambus na vertical, servindo de pilar, que são amarrados com cipó. Nos cantos, usa-se um bambu inteiro, roliço, também na vertical. Segunda forma de se construir Faz-se uma caixa de madeira entrelaçada, que é fixada no chão e preen- chida com barro ou utilizando chapisco. Neste caso, é necessário ter uma tela, que servirá de forma. Utiliza-se folha de bananeira ou de palmeira para formar essa tela. Figura 8. Sistema construtivo não convencional em pau a pique. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020. É importante se atentar que a segurança acontece devido ao emaranha- do de madeira combinado com a textura da argila e a boa amarração. Não é qualquer argila que tem como propriedade a adesão; essa argila, geralmente, é pegajosa, com grãos finos. Enquanto nas estruturas de concreto o estribo tem a finalidade de su- portar o esforço transverso da estrutura, apoiar e manter a armadura longi- tudinal durante o processo de betonagem, nesse modelo construtivo, o cipó é que assumirá essa função. Quanto mais amarras tiver a estrutura, mais estável ela ficará. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 25 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 25 25/03/2021 14:57:27 EXPLICANDO Estribo é a armadura longitudinal do elemento, viga ou pilar. Bambu A arte de construir com bambu é milenar. Na Ásia, em especial na China, cons- truir com bambu é tradição. Os chineses têm diversas pontes espetaculares cons- truídas com bambu, e o Taj Mahal, na Índia, tem sua cúpula construída com bambu. Figura 9. Sistema construtivo não convencional em bambu. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020.. Além de ser considerado totalmente ecológico, a velocidade de reprodução do bambu é alta e o aproveitamento é total. É um material de valor econômico baixo, por isso é muito utilizado no continente africano, onde há muitas regiões de condições economicamente desfavorecidas. No mundo, são encontradas cerca de 1300 espécies de bambu, com cores variadas e alturas que podem chegar a 40 metros. O bambu apresenta alta resistência mecânica, o que lhe confere propriedade estrutural. Não há concor- rente no meio vegetal com características tão interessantes quanto o bambu. O sistema construtivo utilizando bambu segue como os demais: os pilares e vigas são feitos com peças de diâmetro maior ou um feixe de bambus com diâ- metros menores. O piso pode ser esteira ou de bambu roliço, e toda a estrutura pode ser amarrada com cipó ou cordas, aparafusada ou com encaixe. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 26 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 26 25/03/2021 14:57:34 Antes de escolher esse sistema, é importante contratar um projetista especialista no material e mão de obra qualificada para a execução. É imprescindível saber onde há fornecedor. As vantagens des- se sistema são a sua sustentabilidade, a inte- gração com o meio ambiente e o desempenho termoacústico. As desvantagens são a ausência de mão de obra especializada e a falta de oferta do produto, dependendo da região onde será erguida a construção. Apesar de ser bem resistente à umidade, o bambu requer manutenção e conservação, além de tratamento prévio. Container O container utilizado para transportar mercadorias se transformou em tendência inovadora de moradia. Muito utilizado como escritório em can- teiro de obras, é considerado uma excelente alternativa construtiva, pois permite montagem e desmontagem rápida, permitindo reutilização. O container é uma caixa de metal, desmontável e que vem sendo adap- tado para gostos mais modernos e práticos. Apesar da ideia ter ganhado visibilidade nos anos 1990, na Inglaterra, o container já aparecia em am- bientes como restaurantes, desde 1850, quando algumas pessoas cons- truíam em vagões de trem, que têm a mesma estrutura. Os arquitetos, ao verem os containers abandonados, tiveram a ideia de utilizá-los de forma mais estilizada. As vantagens em usar esse tipo de construção são: obra limpa e sustentável, execução rápida, terraplanagem e funda- ção econômica, baixo custo e durabilidade. As desvantagens em escolher essa cons- trução são: transporte, carregamento e descarregamento, falta de mão de obra especializada, necessidade de tra- tamento térmico e acústico e difi culdade para conseguir fi nanciamento. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 27 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 27 25/03/2021 14:57:34 Figura 10. Sistema construtivo não convencional em container. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. Produtos pré-fabricados e pré-moldados Os produtos pré-moldados e pré-fabricados têm história desde a Segunda Guerra Mundial. O surgimento desses sistemas se deu a partir da necessida- de de vencer grandes vãos, onde a locação de pilares era inviável, onde havia a aceleração do processo construtivo e onde o sistema tradicional impactava no cotidiano da cidade. Os produtos pré-moldados são fabricados fora da obra. Não possuem controle de qualidade rigoroso, cabendo ao construtor, empresa construtora e/ou ao proprietário a inspeção e fi scalização das peças. Os produtos pré-fabricados, ou também chamados de exclusivamen- te industrializados, também são construídos fora da obra. O controle de qualidade é rigoroso, as etapas de fabricação têm testes de qualidade. O processo, como um todo, tem registros, como a data de fabricação e o tipo de concreto e de aço usados. Dessa forma, toda a inspeção e fi scalização é garantida pela fábrica. Os produtos pré-moldados e/ou pré-fabricados são encontrados no mer- cado em concreto, madeira e metal, tanto para estruturas quanto para fecha- mentos, telhados e acabamentos. PROCESSOS CONSTRUTIVOS28 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 28 25/03/2021 14:57:37 Os pré-fabricados de plástico estão surgindo bem timidamente no mer- cado. Apesar se ser uma tecnologia pouco sustentável, ela pode ser encon- trada em blocos de plástico reciclável, porém ainda encontra resistência, e a maioria dos produtos é utilizada como acabamento, fechamento de paredes e telhado. Pré-moldados de concreto Os produtos pré-moldados podem ser divididos em dois tipos: com fun- ção estrutural e sem função estrutural. Produtos estruturais As lajes maciças ou treliças e os blocos estruturais são exemplos desses produtos. São considerados estruturais por serem um dos elementos do sis- tema, ou seja, a sustentação ou travamento da estrutura depende deles. A laje, como já foi dito, é o elemento que receberá as cargas de pessoas e obje- tos, e o bloco estrutural assume função de viga e pilar. Figura 11. Sistema construtivo pré-moldado (laje moldada). Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020.. Produtos não estruturais Geralmente são utilizados para fechamento ou vedação, não oferecem re- sistência à compressão e/ou tração. Mesmo se forem retirados da construção, ela não entrará em colapso. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 29 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 29 25/03/2021 14:57:43 Figura 12. Sistema construtivo pré-moldado (bloco de concreto não estrutural). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. Figura 13. Sistema construtivo pré-fabricado (laje protendida). Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020. Pré-fabricados ou exclusivamente industrializados Os produtos pré-fabricados vêm ganhando espaço na construção civil, em especial nos grandes centros. Ainda é um modelo com custo elevado. A localização da indústria, o transporte, o carregamento e descarrega- mento, a mão de obra e o controle de qualidade são alguns dos fatores que oneram a sua utilização. A questão cultural também é um fator considerável. A carência de pro- fissionais que dominam o assunto contribui para falta de disseminação da tecnologia. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 30 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 30 25/03/2021 14:57:55 Por usar tecnologia altamente controlada, os produtos pré-fabricados oferecem durabilidade, economia, rapidez e limpeza no canteiro. O merca- do dos pré-fabricados oferta de fundação a acabamento, ou seja, produtos estruturais e não estruturais. Apesar do crescimento dos pré-fabricados para fi ns residenciais, eles ainda têm maior utilização em obras comerciais e em instalações urbanas. Os pré-fabricados em concreto também se destacam com relação ao uso de madeira e de aço. A escolha está relacionada a diversos fatores, como a versatilidade. No caso do concreto, sua disponibilidade é maior, o que o torna mais acessível e com custo menor. Os produtos pré-fabricados vêm apresentando alta tecnologia, efi ciência e beleza, sendo, também, utilizados para fechamento, acabamento e telha- do. À medida que o uso for empregado em larga escala, a tendência é que os custos baixem tornando seu uso acessível. Concreto protendido Vamos entender primeiro a diferen- ça entre concreto armado e protendi- do? O concreto armado é aquele que possui uma estrutura de concreto e aço por dentro. O concreto protendido, além de possuir concreto e aço no in- terior, possui cabos de aço tracionados e ancorados no próprio concreto. Esses cabos de aço proporcionam à estrutura um aumento da resistência à tração. O concreto protendido, existente no Brasil desde o século XIX, começou a ser usado a partir da necessidade de vencer grandes vãos. Com essa tec- nologia, é possível prever uma elevada carga de fl exão, o que para projetos estruturais é um ganho altíssimo. As estruturas protendidas são utilizadas, em geral, para grandes constru- ções, como pontes, viadutos, vigas em balanço e lajes com grandes vãos. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 31 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 31 25/03/2021 14:58:00 Figura 14. Ponte estaiada com concreto protendido. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020. As vantagens em escolher essa tecnologia são: • Redução de esforços cortantes e tensões de tração, possibilitando pe- ças mais esbeltas; • Controle e redução de fissurações e deformações, já que a produção é totalmente industrializada; • Maior impermeabilização. A grande desvantagem é o alto custo de produção, de mão de obra es- pecializada, de controle tecnológico e de transporte. No Brasil, a última obra projetada por Oscar Niemeyer foi o Palácio Ti- radentes, sede do governo do estado de Minas Gerais, situado em Belo Horizonte. O Palácio Tiradentes tem o maior vão livre flutuante do mundo. Executado em concreto protendido e aço, o prédio é sustentado por tirantes metálicos, presos à cobertura, que está sustentada por pórticos metálicos. Pré-moldados e pré-fabricados de madeira Falar de pré-moldados e pré-fabricados de madeira signifi ca dizer que toda a madeira utilizada na construção foi cortada e moldada no formato defi nido no projeto. Desta forma, tem-se um tronco circular que será cortado em uma peça quadrada ou retangular. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 32 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 32 25/03/2021 14:58:06 Com o bambu não há essa possibilidade. Então, o que torna a madeira um pro- duto pré-moldado ou pré-fabricado é essa transformação do formato natural. Ir a uma loja que vende madeira, comprar caibros, ripas, peças que servi- rão de pilar e vigas, tábuas para o piso e forro não confi gura uma construção pré-moldada de madeira. Essas atividades remetem a um sistema construtivo convencional de madeira. A madeira como pré-moldado tem fabricação padrão, só se encontra por catálogo e é oferecida ao mercado com tamanho pré-defi nido. Pode-se dizer, ainda, que se compra esse material por módulos. Já a utilização da madeira como acabamento, fecha- mento de paredes, piso, janelas e portas apresenta uma gama maior de produtos por catálogo. Dessa for- ma, o projetista tem mais liberdade para criar. Pré-fabricados de metal O metal, assim como a madeira, é bem limitado quando o assunto é seu uso como pré-fabricado. O produto tem preço atrativo quando é oferta- do por catálogo. A indústria defi ne o padrão e o projetista apresenta um produto praticamente pronto para o cliente, sem identidade. Para fecha- mentos, revestimentos e acabamen- tos, sua utilidade é fantástica. O prazo de entrega, canteiro de obra limpo e desperdício quase zero tor- nam esse produto bastante interessante. Nos grandes centros, sua utilização está bastante difundida, mas há muito o que evoluir. A Figura 15 mostra a estrutura de casa pré-fabrica- da em metal. Os vãos de portas e janelas são defi ni- dos pelo fabricante e não pelo projetista, que tem a liberdade de defi nir, apenas, quantas aberturas quer no vão. Figura 15. Estrutura de casa pré-fabricada em metal. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 33 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 33 25/03/2021 14:58:13 Sintetizando Nessa unidade, vimos as diferenças entre processo, sistema e construção. A partir desses conceitos, fica clara a interligação das etapas de uma construção, desde a concepção até a execução. Conhecemos os sistemas construtivos mais usuais (concreto armado, madeira e aço), assim como os sistemas não tão usuais como em pau a pique. Também estudamos os sistemas pré-moldados e pré-industrializados. A escolha do processo construtivo é extremamente importante. Ela interfere no custo da construção, no tempo de execução e na estética do empreendimento. Destacamos o quanto a tecnologia contribui para a evolução da construção civil, sobretudo, por meio de novos materiais e formas de executar projetos. É dever do engenheiro civil demonstrar, ao empreendedor, todas as vantagens ou desvantagens dos sistemas construtivos disponíveis, conduzindo à escolha da forma que melhor atenda ao gosto pessoal do cliente, aos critérios de segurança, à estabilidade,à economia, à sustentabilidade e à viabilidade. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 34 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 34 25/03/2021 14:58:13 Referências bibliográficas ARCHTRENDS PORTOBELLO. Construção em container: vale a pena usar essa tendência. Disponível em: <https://archtrends.com/blog/construcao-em-con- tainer/>. Acesso em: 1 out. 2020. CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO – CBIC. Desempenho de edificações habitacionais: guia orientativo para atendimento à norma ABNT NBR 15575/2013. Fortaleza: Gadioli Cipolla Comunicação, 2013. NOVELLI, R. P. Quais são os tipos de tecnologia construtiva estrutural. Noves Engenharia. Disponível em: <https://www.novesengenharia.com.br/tecnolo- gia-construtiva-estrutural/>. Acesso em: 1 out. 2020. SISTEMA construtivo parede de concreto. Postado por Ttvdaobra. (04 min. 01s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zvz- fhVcE92Q>. Acesso em: 1 out. 2020. UMA casa desdobrável em 15 minutos – hi – tech. Postado por Euronews. (02 min. 00s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?- v=Ena9awWCzxo>. Acesso em: 1 out. 2020. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 35 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 35 25/03/2021 14:58:13 CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA 2 UNIDADE SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 36 25/03/2021 15:12:56 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer os principais produtos pré-fabricados de concreto, aço e madeira; Conhecer os principais produtos pré-industrializados utilizados nos sistemas drywall, light wood frame e light steel frame; Compreender o funcionamento dos principais sistemas de pré-fabricação de concreto; Compreender os conceitos a respeito dos sistemas Camus e Bossert. Industrialização da construção civil Produtos pré-fabricados Produtos pré-industrializados Sistemas de pré-fabricação Breve histórico da pré-fabricação Sistemas pré-fabricados de concreto Sistemas tecnológicos Sistema Camus Sistema Bossert PROCESSOS CONSTRUTIVOS 37 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 37 25/03/2021 15:12:56 Industrialização da construção civil A indústria da construção civil é reconhecida por ainda empregar proces- sos produtivos considerados artesanais, principalmente quando comparada a outras indústrias. Isso é infl uenciado por conta das características das edifi ca- ções, pois, diferentemente de outras indústrias, o produto fi nal é considerado único, pois difi cilmente uma edifi cação é igual a outra. Quando um produto é único, são necessários processos específi cos para sua obtenção, o que difi culta a produção racionalizada e em série. Isso se refl ete em uma indústria que apresenta grandes desperdícios e per- das de materiais, marcada por custos de produção elevados e baixo nível de pla- nejamento, baixa qualifi cação da mão de obra, baixo desempenho ambiental e grande incidência de manifestações patológicas. Em comparação com a constru- ção civil dos Estados Unidos e Europa, a construção civil brasileira necessita de aumentar a sua produtividade, promover inovações e a racionalização e padro- nização na produção (ABDI, 2015). Segundo Spadeto (2011), a construção civil tem uma série de características relativas a seu processo produtivo: • Características nômades: difi cultam a repetição e manutenção dos pa- drões de qualidade, com a difi culdade de manutenção das matérias-primas e processos utilizados; • Os produtos da construção são únicos e difi cilmente ocorrem repetições, conforme relatado anteriormente; • Produção centralizada, na qual o produto é fi xo, e os trabalhadores mo- vem-se em torno dele; • É uma indústria bastante conservadora e resistente a grandes mudanças; • Uso de mão de obra com pouca qualifi cação e de caráter bastante rotativo; • Locais de trabalho sujeitos à ação das intempéries, que, muitas vezes, in- terrompem o andamento das obras; • Apresentam menor grau de precisão, o que a torna demasiadamente fl exível. Com o passar dos anos, a construção civil tem buscado empregar processos para otimizar sua produção, via industrialização. A industrialização pode ser considerada o estágio mais elevado de processos construtivos. É um proces- so relacionado à fabricação dos componentes em indústrias, montagem nos PROCESSOS CONSTRUTIVOS 38 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 38 25/03/2021 15:12:56 canteiros de obras, assemelhando-se a uma linha de produção (ABDI, 2015). Envolve o processo produtivo de forma repetitiva, no qual a variabilidade en- volvida nas construções em que prevalecem técnicas artesanais é substituída por ações coordenadas e predeterminadas. A industrialização pode ser alcan- çada plenamente apenas após as fases de racionalização e mecanização da produção. A racionalização está ligada à otimização dos recursos, sejam eles financeiros, humanos, materiais ou tecnológicos. Por sua vez a mecanização está relacionada à produção em massa das construções (SPADETO, 2011). CURIOSIDADE A evolução da industrialização é dividida em três fases: a primeira está relacionada à Revolução Industrial, com o surgimento das máquinas; a se- gunda fase está relacionada ao ajuste dos mecanismos para a execução de tarefas: o ser humano passa relegar as tarefas tidas como repetitivas para as máquinas; a terceira fase está relacionada às implicações das Guerras Mundiais sobre a sociedade (LEITE, 2015). O processo de industrialização pode ser classificado em industrialização de ciclo aberto e de ciclo fechado. No ciclo fechado, grande parte das operações construtivas é trans- ferida para usinas, onde há maior controle da produção e princípios organizacionais. Apresenta a desvantagem de permitir pouca flexibilidade arquitetônica por conta de sua pa- dronização, uma vez que quanto maior o grau de pa- dronização, menores são as possibilidades de modifica- ção nas linhas de produção. No ciclo aberto, os componentes produzidos são destinados para o merca- do, e não apenas para suprir as demandas de uma empresa. Em função dessa característica, nesse ciclo, há uma maior flexibilidade de combinação de ele- mentos produzidos por diferentes fabricantes, o que permite sua utilização em projetos diversos. Sistemas e processos construtivos industrializados permitem a produção dos componentes e edificações em maior quantidade, melhor qualidade, me- lhor controle e menor tempo de construção em comparação com os sistemas construtivos convencionais. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 39 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 39 25/03/2021 15:12:56 Produtos pré-fabricados A utilização de produtos pré-fabricados é uma das formas que a construção civil encontrou para buscar a industrialização. Podem ser eles elementos estru- turais, como lajes, vigas e pilares; ou elementos de vedação, como os painéis e elementos para conexões. São produtos produzidos em fábricas especializadas com elevados níveis de controle de qualidade. Os mais utilizados nas construções são constituídos de concreto, aço e madeira. Pré-fabricados de concreto A indústria da construção civil é caracterizada pela baixa produtividade, gran- de desperdício de materiais, morosidade e baixo controle de qualidade. A utiliza- ção de pré-fabricados de concreto é uma forma de amenizar esses fatores. Dessa forma, partes da construção são fabricadas fora do canteiro de obras em melho- res condições e, depois, são transportadas e montadas, como parte do processo construtivo. No Brasil, a utilização de produtos pré-fabricados de concreto é su- jeita a tributação específi ca, o que desestimula seu uso e, consequentemente, o processo de industrialização da construção civil. No entanto, esses pré-fabricados possibilitam importantes benefícios para construção (EL DEBS, 2017): • Redução do tempo de construção; • Melhor controle dos componentes; • Redução dos desperdícios de materiais de construção. Os produtos pré-fabricados de concreto são elementos estruturais, como lajes, vigas, pilares e painéis de parede. As característicasde cada um desses elementos estão listadas nos itens seguintes. • Lajes: são produzidos quatro tipos de lajes (Figura 1). Cada tipo é indicado para vencer um tipo de vão, por exemplo (ALLEN; IANO, 2013): • Lajes maciças: são indicadas para vencer vãos de menor dimensão, pois, para estes, são necessárias lajes de pequena espessura. À medida que o vão a ser ven- cido aumenta, são necessárias maiores espessuras, o que torna sua utilização inviá- vel. Isso contribui para o aumento de seu peso próprio por conta do preenchimento total de concreto, em que apenas uma parte contribui para a resistência da laje; • Lajes alveolares: são lajes adequadas para vãos intermediários, pois têm vazios longitudinais que substituem o concreto que não contribui para a resistência, permitindo o aumento da espessura; PROCESSOS CONSTRUTIVOS 40 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 40 25/03/2021 15:12:56 • Lajes T e duplo T: são indicadas para vãos de grandes dimensões, que necessitam de lajes com maiores espessuras. Esses tipos de laje eliminam uma parcela maior de concreto sem função estrutural. Laje maciça Laje alveolar Duplo T T simples Figura 1. Tipos de lajes pré-fabricadas. Fonte: ALLEN; IANO, 2013, p. 614. • Vigas: são fabricadas em diversos formatos, como as vigas retangulares, vigas L, vigas T invertido e vigas I (Figura 2). As vigas L e T invertido têm saliência na parte inferior, que serve de apoio para as lajes; Para vigas de cobertura empregadas em galpões, onde não há lajes, a viga I é a mais indicada. Já para vigas juntamente com lajes, a seção retangular e T invertido são as mais indicadas (EL DEBS, 2017). Quando as vigas são de seção transversal I, podem vencer vãos que vão de 10 a 40 m. Quando são de seção transversal retangular, podem vencer vãos de até 15 m (ABDI, 2015; EL DEBS, 2017). Viga retangular Viga L Viga T invertido Viga I Figura 2. Tipos de vigas pré-fabricadas. Fonte: ALLEN; IANO, 2013, p. 615. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 41 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 41 25/03/2021 15:12:57 • Pilares: a seção transversal quadrada e a retangular são as mais usuais para pilares pré-fabricados. Podem ocorrer também a seção circular; I; e tipo Vierendeel, para usos específicos. Tais seções podem ser maciças ou vazadas (Figura 3). As seções I e Vierendeel são mais utilizadas em galpões. A menor di- mensão de um pilar deve ser de 300 mm, e seu comprimento varia até os 30 m. Geralmente, são produzidos com concreto armado, mas é possível a utilização do concreto protendido (ALLEN; IANO, 2013; EL DEBS, 2017); Seção quadrada Seção quadrada vazada Seção retangular Seção retangular vazada Seção circular Seção circular vazada Seção I Tipo Vierendeel Figura 3. Tipos de pilares pré-fabricados. Fonte: EL DEBS, 2017, p. 16. • Painéis: são utilizados em paredes portantes, em edifícios de pequeno e grande porte – e podem alcançar um ou dois andares. Podem ser elementos maciços, vazados, nervurados ou sanduíche, com a utilização de concreto sim- ples, concreto armado ou concreto protendido. CONTEXTUALIZANDO Os elementos de lajes podem, também, ser utilizados como painéis, exer- cendo duas funções; por exemplo, os painéis vazados correspondem aos painéis de lajes alveolares, e, por sua vez, os painéis nervurados correspondem aos painéis de lajes T e duplo T. Os painéis são formados por duas camadas de concreto intercaladas, com enchimentos que têm a função de melhorar o isolamento térmico da edificação (ALLEN; IANO, 2013; EL DEBS, 2017). PROCESSOS CONSTRUTIVOS 42 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 42 25/03/2021 15:12:57 Os produtos pré-fabricados de concreto citados são mais usais nas constru- ções. No entanto, elementos como escadas e até mesmo fundações, como as sapatas, são produzidos dessa forma, tornando-se mais uma alternativa aos elementos usais moldados em obra. Pré-fabricados de aço O aço é um dos materiais mais utilizados na construção civil, e sua versati- lidade permite que sejam fabricados diversos produtos com diferentes forma- tos, características e finalidades. Em tempos em que a sustentabilidade deve ser levada em conta nas construções, a utilização dos produtos de aço torna-se ainda mais importante, pois contribui para a redução de resíduos e para a du- rabilidade das estruturas. Além disso, em termos de projeto, em função de sua resistência mecânica, o aço permite que grandes vãos sejam vencidos, e há redução das cargas nas fundações pelo peso próprio reduzido. As principais propriedades que justificam utilizar os produtos de aço são (ABDI, 2015): • Elevada tensão de escoamento; • Boa soldabilidade; • Susceptibilidade ao corte; • Boa trabalhabilidade em operações de furação e dobramento. Os principais produtos de aço estão destacados a seguir: • Chapas finas: são chapas de aço com espessura entre 0,3 e 6,0 mm, lar- gura-padrão entre 1,00 m e 1,50 m e comprimento variando entre 2,0 e 6,0 m, para chapas laminadas a quente; e 2,0 e 3,0 m, para chapas laminadas a frio. São divididas de acordo com o processo de fabricação (ABDI, 2015; AMBROZE- WICZ, 2012): • Chapa fina laminada a quente: obtidas pelo processo de laminação a quente, têm espessura entre 1,2 e 6,0 mm e são utilizadas em perfis soldados e perfis formados a frio; • Chapa fina laminada a frio: obtidas pelo processo de laminação a frio, têm espessura entre 0,3 e 3,0 mm e são utilizadas em perfis e esquadrias; • Chapas grossas: são produzidas pelo processo de laminação a quente e têm espessura superior a 6,0 mm; largura-padrão entre 1,0 e 3,80 m; e com- primento variando entre 6,0 e 12,00 m. As dimensões preferencias são 2,44 de largura e 12 m de comprimento. São utilizadas em elementos estruturais, como pilares e vigas, para pontes, edifícios etc.; PROCESSOS CONSTRUTIVOS 43 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 43 25/03/2021 15:12:58 • Perfis: têm seção transformação em formato de letras, como I, H, U e Z. Podem ter a seguinte classificação: • Perfis soldados: obtidos pela soldagem de chapas umas com as outras. Isso permite a esses perfis grande versatilidade, pois as combinações de chapas per- mitem formar diversas espessuras, larguras, alturas e formas que levam à redução do seu peso próprio, sendo este um dos fatores positivos para sua larga utilização. Têm custo maior de fabricação em relação aos perfis laminados disponíveis no mer- cado brasileiro; • Perfis laminados: obtidos pelo processo de laminação a quente em usinas siderúrgicas. Não é necessário realizar soldas ou emendas. Os perfis laminados dis- poníveis no mercado brasileiro têm dimensões pequenas e apresentam característi- cas geométricas que tornam sua utilização mais restrita na construção, pois podem ter abas inclinadas, o que dificulta a execução de ligações; • Perfis formados a frio: obtidos pela conformação de chapas em tempera- tura ambiente, por meio de prensa dobradeira ou perfiladeira; • Telhas: são utilizadas principalmente em coberturas e fechamentos para obras industriais, comerciais, residenciais, aeroportos e galpões. Têm desempenho e du- rabilidade maior que as telhas comuns, além de serem mais leves. Outro fator importante está relacionado à oferta de telhas com diferentes for- matos, espessuras e acabamentos; • Steel deck: consiste em elementos de aço galvanizados, perfilados e formados a frio, instalados nas lajes (Figura 4). Funcionam como formas permanentes para o concreto e como armaduras positivas, nas quais a aderência do concreto é facilitada por execução de ranhuras na sua superfície; Figura 4. Construção com a utilização de steel deck nas lajes. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 44 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 44 25/03/2021 15:13:04 • Parafusos: são os elementos responsáveis por realizar a ligação entre os diversos elementos estruturais. Podem ser de aço carbono preto ou galvani- zados, com porca ou de fenda, com cabeça chata ou redonda. Para ligações estruturais,são utilizados o parafuso comum ou o parafuso de alta resistência. Pré-fabricados de madeira A madeira é um dos materiais de construção utilizados desde o início da história humana. Pode ser utilizada em sua forma natural, ou por meio de pro- dutos beneficiados. Pode estar presente de forma provisória ou definitiva em grande parte das etapas de construção de uma edificação, desde as fundações até à cobertura. CITANDO Segundo Falcão Bauer (2019), as principais propriedades que justificam a utilização da madeira como material para a construção consistem em: • Alta resistência mecânica; • Peso próprio reduzido; • Resistência a choques; • Boas características de isolamento térmico e absorção acústica; • Facilidade nas ligações; • Material renovável. Uma de suas desvantagens é a heterogeneidade de uma madeira para outra, mesmo sendo de mesma espécie. Para amenizar tais desvantagens e adequar a madeira para uso na construção, é necessário que seja beneficiada. Com relação ao seu grau de beneficiamento, as madeiras são classificadas em (AMBROZEWICZ, 2012; ZENID, 2009): • Madeira roliça: representa o menor grau de beneficiamento da madeira. As peças são obtidas por cortes transversais ou até com a ausência de cortes, inclusive com as cascas da árvore. Os materiais derivados desse tipo de madei- ra são utilizados temporariamente em escoramentos de fôrmas, construção de andaimes e coberturas; • Madeira serrada: a madeira é processada em serrarias para a produção de peças quadradas e retangulares de menor dimensão que a original. Desse tipo de madeira, são derivados produtos como as pranchas, pranchões, blocos, tábuas, caibros, vigas, vigotas, sarrafos, pontaletes, ripas e outros produtos; PROCESSOS CONSTRUTIVOS 45 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 45 25/03/2021 15:13:04 • Madeira beneficiada: as peças de madeira originais são usinadas e po- dem ser submetidas a processos de beneficiamento, como o aplainamento, molduramento, torneamento, desempeno, destopamento, recorte, duração, ranhurado e outros processos. Para cada um deles, há uma máquina específica para realização; • Madeira em lâminas: as lâminas de madeira são utilizadas, em grande parte, na construção de compensados que se destinam ao revestimento de divisórias com finalidade decorativa. Na produção das lâminas, são utilizadas madeiras de boa qualidade e maior valor comercial; • Painéis: os painéis de madeira representam uma gama de produtos pré- -fabricados de madeira com grande utilização na construção civil. Surgem da necessidade de amenizar as variações dimensionais a que a madeira é suscetí- vel, além da redução do peso próprio e manutenção das características isolan- tes térmicas e acústicas. Em função da sua utilização, ocorrem cada vez mais pesquisas nessa área, e, assim, o desenvolvimento tecnológico proporciona o surgimento de novos produtos para atender ao mercado nacional e internacio- nal. A seguir, estão listados os principais tipos de painéis: • Compensados: são compostos pela associação de várias lâminas de madeira unidas (Figura 5) de forma cruzada (90º) umas com as outras, por meio de colas ou adesivos, sempre em número ímpar de chapas para que sejam estruturalmente balanceadas, pois assim uma compensa a outra e per- manecem simétricas em relação ao seu eixo central. Essa disposição busca equilibrar a rigidez da chapa nas suas duas direções, mantendo sua resis- tência e contribuindo para a estabilidade dimensional (FALCÃO BAUER, 2019; ISAIA, 2017; ZENID, 2009). Os compensados comercialmente disponíveis podem ser encontrados em diversas dimensões padronizadas, sendo as mais comuns: 210 cm x 160 cm; 275 cm x 122 cm, 220 cm x 122 cm, ou 250 cm x 125 cm, com espessuras en- tre 4 mm e 35 mm (ISAIA, 2017). Os preços desses produtos variam conforme a espécie de madeira empregada, tipo de cola utilizada, números de lâminas componentes e qualidade das faces. Cada vez mais, são utilizados compensa- dos de superfície resinada ou plastificada, pois permitem um número maior de reutilizações, especialmente quando utilizados em formas para concreto (ISAIA, 2017; ZENID, 2009); PROCESSOS CONSTRUTIVOS 46 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 46 25/03/2021 15:13:04 Figura 5. Chapa de madeira compensada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. • Chapas de média densidade de fibras (MDF): têm densidade de mas- sa entre 600 e 800 kg/m³ e são produzidas com fibras de madeira aglutinadas por meio de resinas, sob condições, temperatura e pressão determinadas. As- sim, resultam em chapas maciças de alta qualidade. Vale ressaltar que, nes- se processo, podem ser incorporados aditivos com o intuito de melhorar as propriedades desejadas. As chapas têm superfície plana e lisa, o que permite que receba diversos tipos de acabamento, como pintura, envernizamento, re- vestimento e outros. Isso aumenta a versatilidade do produto e permite seu uso em divisórias, forros e outros componentes. As dimensões mais comuns no mercado são: 183 cm x 275 cm, com espessuras entre 6 mm e 35 mm (ISAIA, 2017; ZENID, 2009); • Chapas duras de fibras (HB): também conhecidas como hardboards, são painéis com a densidade superior a 800 kg/m³, obtidos industrialmente por processos secos ou úmidos a partir de fibras lignocelulósicas da própria madeira. Geralmente, são utilizadas as fibras de eucalipto aglutinadas pela sua própria lignina e prensadas a quente por um processo úmido que reativa esse aglutinante. Dessa forma, não há a necessidade do uso de resinas e ocorre a formação de chapas rígidas de alta densidade (AMBROZEWICZ, 2012; ISAIA, 2017; ZENID, 2009); São utilizadas principalmente em portas e revestimento de divisórias. No mercado, estão disponíveis em diversas dimensões padronizadas, sendo as mais comuns: 122 cm x 244 cm; 122 cm x 275 cm; 170 cm x 244 cm; e 183 cm x 275 cm, nas espessuras de 2,5 mm a 6 mm (ISAIA, 2017); PROCESSOS CONSTRUTIVOS 47 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 47 25/03/2021 15:13:18 • Chapas de partículas (aglomerado): também conhecidas como aglomeradas, são chapas formadas pela aglutinação de partículas de ma- deira de diversas dimensões, não superiores a 1 cm, com resinas sintéticas sob determinadas condições de temperatura e pressão. Em função de seu custo inferior em relação aos compensados, parcela significativa da pro- dução de aglomerados é destinada à construção civil para uso em pisos residenciais, divisórias, elementos de escadas, vigamento para telhados e outros. Além disso, são partículas estáveis, o que permite o seu corte em qualquer direção e seu consequente melhor aproveitamento. No entanto, não apresentam resistência à umidade e, por isso, devem ser utilizadas em ambientes internos e secos. São encontrados no mercado nas dimensões mais comuns de: 183 cm x 220 cm; 183 cm x 275 cm; e 183 cm x 440 cm, com espessuras entre 8 mm e 30 mm; • Chapas de partículas de média densidade (MDP): são chapas compostas por partículas de madeira aglutinadas por resinas de última geração que polimerizam sob determinadas condições de temperatura e pressão, dando resistência ao conjunto. As partículas são separadas por camadas em que, na parte mais externa, são depositadas as partículas mais finas; e, na parte interna, as partículas de maior dimensão. Em com- paração ao aglomerado e ao MDF, tem maior resistência à compressão e ao empenamento, maior estabilidade dimensional e menor absorção de umidade (ZENID, 2009); • Chapas de partículas orientadas (OSB): têm a resistência mecâ- nica exigida para fins estruturais e são formadas por resinas e camadas de partículas ou feixes de fibras orientadas em uma mesma direção, prensa- dos para consolidar o conjunto. Essas chapas têm três camadas de partí- culas com orientação alternada de 90º em relação as demais. Isso melho- ra o comportamento à flexão e melhora a estabilidade dimensional. São indicadas para as mesmas utilizações do aglomerado – e comotapumes, divisórias, coberturas, formas e escoramentos. Além disso, podem ser uti- lizadas em ambientes externos, pisos e forros, o que não é muito usual nos sistemas construtivos utilizados no Brasil (Figura 6), mas é característica do sistema construtivo dos Estados Unidos. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 48 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 48 25/03/2021 15:13:18 Figura 6. Residencial construído com paredes externas em painéis. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. Produtos pré-industrializados A cada ano que passa, torna-se cada vez mais necessária a adoção de siste- mas construtivos industrializados, uma vez que se exige mais produtividade em menor tempo na construção civil. A primeira grande mudança provocada nessa realidade está atrelada às funcionalidades dos canteiros de obras, que passaram a ter o caráter de grandes espaços de montagem dos produtos industrializados. CONTEXTUALIZANDO Os métodos construtivos podem ser classifi cados, de acordo com o grau de industrialização, em tradicionais, racionalizados ou industrializados. O método tradicional é caracterizado pela baixa mecanização e fragmen- tação das etapas da obra; o método racionalizado incorpora técnicas de planejamento e controle, com o intuito de aumentar a produtividade e evitar desperdícios; por sua vez, o método industrializado é caracterizado pelo uso intenso de elementos industrializados produzidos em instalações fi xas e pelo emprego de técnicas de produção, transporte e montagem dos mesmos (SPADETO, 2011). O uso de produtos industrializados permite maior produtividade – e, como maior produtividade na execução das construções, podemos citar os sistemas construtivos drywall, light steel frame e light wood frame como aqueles que mais utilizam elementos industrializados. Nesta seção, abordaremos esses produtos tendo como base os mais utilizados nos sistemas construtivos citados. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 49 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 49 25/03/2021 15:13:23 Drywall O sistema drywall é considerado um sistema industrializado utilizado prin- cipalmente na execução de vedações internas, forros e revestimentos das edi- ficações (Figura 7). Teve sua origem nos Estados Unidos em meados de 1894, com finalidade de dar proteção às estruturas de madeira, uma vez que são grandemente empregadas nos sistemas construtivos do País, que na época, sofria com grandes incêndios. No Brasil, o drywall chegou por volta da década de 1970, com a fundação da primeira fábrica de chapas de gesso no País, a Gypsum Nordeste, localizada em Petrolina (ABDI, 2015). Figura 7. Construção com o uso do sistema drywall nas paredes e forros. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. São utilizados materiais como: • Perfis de aço: são fabricados com aços com resistência ao escoamento mínima de 230 Mpa (alta resistência) e espessura mínima de 0,50 mm, revesti- dos com zinco, com intuito de proteger os perfis da corrosão. São conhecidos como montantes e guias (Figura 8) e têm furos com dimensões e espaçamentos padronizados que permitem a passagem das instalações; Figura 8. Perfis de aço utilizados no sistema drywall. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 50 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 50 25/03/2021 15:13:39 • Chapas de gesso: são chapas constituídas por um miolo de gesso revestido, em ambos os lados, por lâminas de cartão, especialmente desenvolvido para essas finalidades. São os responsáveis por conferir resistências mecânicas às placas e propiciam uma excelente superfície para acabamentos. Existem três tipos de chapas de gesso utilizadas em drywall (Figu- ra 9), sendo elas (ABDI, 2015): • Chapa standard (ST): para uso geral; • Chapa resistente à umidade (RU): tem coloração verde e é indicada para áreas molhadas, como cozinhas e banheiros; • Chapa resistente ao fogo (RF): tem coloração rosa e é indicada para áreas que demandam alta resistência ao fogo e rotas de fuga. Figura 9. Chapas de gesso utilizadas no sistema drywall. Fonte: Shutterstock (Adaptado). Acesso em: 19/12/2020. • Parafusos: são utilizados parafusos autoperfurantes e autoatarrachantes específicos para drywall na fixação de perfis e chapas; • Tratamento de juntas: são realizados com o uso de fitas e massas espe- cíficas para drywall, principalmente no encontro com alvenarias, e complemen- tam a rigidez do sistema para evitar as trincas (ABDI, 2015). Além desses materiais, podem ser utilizados outros para melhorar o de- sempenho acústico e térmico dos sistemas drywall, como a lã de rocha e lã de vidro, instalados nos espaços entre as chapas e perfis de aço. Light wood frame É considerado um processo industrializado de fabricação de painéis estru- turais para a montagem de edificações, constituídos de madeira proveniente de florestas plantadas (ABDI, 2015). Países como Estados Unidos e Japão desta- cam-se nesse sistema construtivo. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 51 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 51 25/03/2021 15:13:52 O light wood frame é um sistema construtivo estruturado por peças de madeira maciça serrada com fechamento em chapas. Esse sistema apresenta os seguintes materiais empregados (BRASIL, 2020a; 2020c): • Fechamento externo: formados por quadros estruturais com peças de madeira maciça serrada, cujo revestimento externo é constituído de chapas OSB revestidas por placas cimentícias ou placas de madeira compensada tratadas quimicamente; • Fechamento interno: é constituído de chapas OSB revestidas por placas de gesso utilizadas em drywall; • Entrepiso: são constituídos por quadros estruturais de peças de madeira ser- rada, revestidos em sua face superior por chapas OSB. Em áreas molhadas, essas chapas devem ser substituídas por chapas de madeira maciça ou de compensado, devidamente tratadas com fungicidas e inseticidas. Na face inferior, devem ser for- rados com chapas de gesso e chapas cimentícias em áreas molhadas. Vale ressaltar que, na face superior, é construída uma camada de argamassa (contrapiso), com o objetivo de regularizar a superfície para que receba o revestimento final, que pode ser cerâmico, cimentício, entre outros; • Cobertura: é constituída por peças de madeira, como as cumeeiras, pontale- tes, vigas, terças, caibros, ripa e sarrafo, com resistência natural ao ataque de insetos ou tratadas quimicamente. Além desses produtos, empresas brasileiras têm investido em pesquisas para o desenvolvimento de produtos pré-fabricados para serem utilizados nesse siste- ma, como os painéis prontos apenas para serem montados em casas térreas ou sobrados (Figura 10). Figura 10. Painéis pré-fabricados usados no sistema wood frame. Fonte: BRASIL, 2020b, p. 15. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 52 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 52 25/03/2021 15:13:53 Light steel frame O sistema light steel frame, que consiste em estruturação em perfis de aço galva- nizado, é indicado para residências familiares térreas ou sobrados, edifícios até oito pavimentos, hotéis, clínicas, hospitais, comércios, fachadas e outros usos (ABDI, 2015). A seguir, estão relacionados os principais componentes destes sistemas: • Perfis: nesse sistema, os perfis são obtidos por conformação a frio, e os formatos mais utilizados são C e U; • Vedação externa: são utilizados diversos materiais, sendo os mais usuais as cha- pas OSB devidamente protegidas contra intempéries, painéis de aço tipo sanduíche com isolantes, placas cimentícias; • Vedação interna: são utilizadas placas de gesso para drywall. Seja qual for o tipo de vedação, deve haver o isolamento térmico e acústico das edificações construídas com este sistema para atendimento às normas brasileiras; • Isolantes termoacústicos: são utilizados materiais como placas ou mantas lã de vidro ou a lã de rocha. CURIOSIDADE O sistema light steel frame tem três métodos de construção. No método stick, os perfis são cortados; e os elementos estruturais, montados no canteiro de obras. Já o método modular é caracterizadopelo uso de módulos pré-fabricados, que são apenas entregues nas obras, com acabamentos e louças instalados. O método de painéis, por sua vez, consiste em elementos pré-fabricados fora ou no canteiro de obras, mas com orientações específicas de projetos estruturais e uso de mão de obra qualificada. Este último é o método mais utilizado no Brasil. A Figura 11 apresenta um exemplo de fabricação de painéis para uso no sistema light steel frame. Figura 11. Painéis pré-fabricados para construção no sistema light steel frame. Fonte: ABDI, 2015, p. 139.. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 53 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 53 25/03/2021 15:13:55 Sistemas de pré-fabricação A pré-fabricação pode ser considerada umas das técnicas necessárias para se al- cançar a industrialização na construção civil. Baseia-se na produção dos elementos construtivos fora de seus locais de implantação fi nal e posteriormente ligados e mon- tados no local da obra. A pré-fabricação pode ser dividida em leve e pesada. A leve é relacionada aos produtos de peso reduzido, geralmente não estruturais, como elementos de fachada, divisórias, perfi s metálicos e outros. Por sua vez, a pré-fabricação pesada está rela- cionada aos elementos de concreto armado e concreto protendido, como lajes, vigas, pilares e escadas (LOPES; AMADO, 2012). Em relação aos sistemas construtivos convencionais, uma construção baseada em sistemas pré-fabricados tem características e etapas próprias, como (LEITE, 2015): • Divisão da estrutura em sistemas e subsistemas; • Fabricação dos elementos em local distinto da destinação defi nitiva; • Transporte e montagem no local do empreendimento; • Ligação entre os componentes para garantir o comportamento estrutu- ral adequado. Apesar de toda as vantagens inerentes à adoção dos sistemas pré-fabricados, é importante que todos os seus aspectos sejam analisados, inclusive fatores conside- rados inconvenientes. No Quadro 1, é representada uma análise SWOT dos principais fatores a serem considerados para uma construção pré-fabricada, inclusive pontos que podem representar ameaças na adoção desses sistemas. Construção pré-fabricada Vantagens • Rapidez de construção; • Maior previsibilidade de custos e prazos; • Menos quantidade de energia consumida na fase de construção; • Redução do desperdício de materiais e recursos; Considera o processo de desconstrução; • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Aumento da segurança em estaleiro; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- mento em estaleiro; • Redução das paragens e atrasos em obra. Inconvenientes • Mais energia consumida nas operações de transpor- te e montagem dos componentes; • Custos iniciais mais elevados; • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar alterações em estaleiro; • Necessidades de mão de obra especializada. • Rapidez de construção; • Maior previsibilidade de custos e prazos; • Rapidez de construção; • Maior previsibilidade de custos e prazos; • Menos quantidade de energia consumida na fase de construção; • Rapidez de construção; • Maior previsibilidade de custos e prazos; • Menos quantidade de energia consumida na fase de construção; • Redução do desperdício de materiais e recursos; • Rapidez de construção; • Maior previsibilidade de custos e prazos; • Menos quantidade de energia consumida na fase de construção; • Redução do desperdício de materiais e recursos; Considera o processo de desconstrução; • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; Vantagens • Rapidez de construção; • Maior previsibilidade de custos e prazos; • Menos quantidade de energia consumida na fase de construção; • Redução do desperdício de materiais e recursos; Considera o processo de desconstrução; • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Aumento da segurança em estaleiro; Vantagens • Rapidez de construção; • Maior previsibilidade de custos e prazos; • Menos quantidade de energia consumida na fase de • Redução do desperdício de materiais e recursos; Considera o processo de desconstrução; • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Aumento da segurança em estaleiro; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- mento em estaleiro; Vantagens • Maior previsibilidade de custos e prazos; • Menos quantidade de energia consumida na fase de • Redução do desperdício de materiais e recursos; Considera o processo de desconstrução; • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Aumento da segurança em estaleiro; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- mento em estaleiro; • Redução das paragens e atrasos em obra. Vantagens • Maior previsibilidade de custos e prazos; • Menos quantidade de energia consumida na fase de • Redução do desperdício de materiais e recursos; Considera o processo de desconstrução; • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Aumento da segurança em estaleiro; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- mento em estaleiro; • Redução das paragens e atrasos em obra. • Maior previsibilidade de custos e prazos; • Menos quantidade de energia consumida na fase de • Redução do desperdício de materiais e recursos; Considera o processo de desconstrução; • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Aumento da segurança em estaleiro; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- mento em estaleiro; • Redução das paragens e atrasos em obra. • Maior previsibilidade de custos e prazos; • Menos quantidade de energia consumida na fase de • Redução do desperdício de materiais e recursos; Considera o processo de desconstrução; • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Aumento da segurança em estaleiro; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- mento em estaleiro; • Redução das paragens e atrasos em obra. • Maior previsibilidade de custos e prazos; • Menos quantidade de energia consumida na fase de • Redução do desperdício de materiais e recursos; Considera o processo de desconstrução; • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Aumento da segurança em estaleiro; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- mento em estaleiro; • Redução das paragens e atrasos em obra. • Menos quantidade de energia consumida na fase de • Redução do desperdício de materiais e recursos; Considera o processo de desconstrução; • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Aumento da segurança em estaleiro; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- • Redução das paragens e atrasos em obra. • Menos quantidade de energia consumida na fase de • Redução do desperdício de materiais e recursos; Considera o processo de desconstrução; • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Aumento da segurança em estaleiro; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- • Redução das paragens e atrasos em obra. • Menos quantidade de energia consumida na fase de • Redução do desperdício de materiais e recursos; • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Aumento da segurança em estaleiro; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- • Redução das paragens e atrasos em obra. • Menos quantidade de energia consumida na fase de • Redução do desperdício de materiais e recursos; • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- • Redução das paragens e atrasos em obra. • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- • Redução das paragens e atrasos em obra. • Menor impacto do estaleiro no meio ambiente local; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- • Redução das paragens e atrasos em obra. • Mais energia consumida nas operações de transpor- te e montagem dos componentes; • Diminuição da necessidade de espaço de armazena- • Mais energia consumida nas operações de transpor- te e montagem dos componentes; • Custos iniciais mais elevados; • Mais energia consumida nas operações de transpor- tee montagem dos componentes; • Custos iniciais mais elevados; • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar alterações em estaleiro; • Mais energia consumida nas operações de transpor- te e montagem dos componentes; • Custos iniciais mais elevados; • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar alterações em estaleiro; • Necessidades de mão de obra especializada. Inconvenientes • Mais energia consumida nas operações de transpor- te e montagem dos componentes; • Custos iniciais mais elevados; • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar alterações em estaleiro; • Necessidades de mão de obra especializada. Inconvenientes • Mais energia consumida nas operações de transpor- te e montagem dos componentes; • Custos iniciais mais elevados; • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar alterações em estaleiro; • Necessidades de mão de obra especializada. Inconvenientes • Mais energia consumida nas operações de transpor- te e montagem dos componentes; • Custos iniciais mais elevados; • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar alterações em estaleiro; • Necessidades de mão de obra especializada. Inconvenientes • Mais energia consumida nas operações de transpor- te e montagem dos componentes; • Custos iniciais mais elevados; • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar alterações em estaleiro; • Necessidades de mão de obra especializada. • Mais energia consumida nas operações de transpor- te e montagem dos componentes; • Custos iniciais mais elevados; • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar alterações em estaleiro; • Necessidades de mão de obra especializada. • Mais energia consumida nas operações de transpor- • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar • Necessidades de mão de obra especializada. • Mais energia consumida nas operações de transpor- • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar • Necessidades de mão de obra especializada. • Mais energia consumida nas operações de transpor- • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar • Necessidades de mão de obra especializada. • Mais energia consumida nas operações de transpor- • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar • Necessidades de mão de obra especializada. • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar • Necessidades de mão de obra especializada. • Impossibilidade ou grande difi culdade de efetuar • Necessidades de mão de obra especializada. QUADRO 1. ANÁLISE SWOT DA CONSTRUÇÃO PRÉ-FABRICADA PROCESSOS CONSTRUTIVOS 54 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 54 25/03/2021 15:13:56 Oportunidades • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- dos; • Maior controle e coordenação ao longo de todos os processos; • Flexibilidade de soluções; • Aumento da produtividade do setor da construção; • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de concessão – maior acompanhamento. Ameaças • Aumento dos custos de transporte; • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da construção pré-fabricada; • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- teiros e utilizadores. • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí-• Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- dos; • Maior controle e coordenação ao longo de todos os • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- • Maior controle e coordenação ao longo de todos os processos; • Flexibilidade de soluções; • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- • Maior controle e coordenação ao longo de todos os processos; • Flexibilidade de soluções; • Aumento da produtividade do setor da construção; Oportunidades • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- • Maior controle e coordenação ao longo de todos os processos; • Flexibilidade de soluções; • Aumento da produtividade do setor da construção; • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de Oportunidades • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- • Maior controle e coordenação ao longo de todos os • Flexibilidade de soluções; • Aumento da produtividade do setor da construção; • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de concessão – maior acompanhamento. Oportunidades • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- • Maior controle e coordenação ao longo de todos os • Flexibilidade de soluções; • Aumento da produtividade do setor da construção; • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de concessão – maior acompanhamento. Oportunidades • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- • Maior controle e coordenação ao longo de todos os • Flexibilidade de soluções; • Aumento da produtividade do setor da construção; • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de concessão – maior acompanhamento. Oportunidades • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- • Maior controle e coordenação ao longo de todos os • Flexibilidade de soluções; • Aumento da produtividade do setor da construção; • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de concessão – maior acompanhamento. • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- • Maior controle e coordenação ao longo de todos os • Flexibilidade de soluções; • Aumento da produtividade do setor da construção; • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de concessão – maior acompanhamento. • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- • Maior controle e coordenação ao longo de todos os • Aumento da produtividade do setor da construção; • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de concessão – maior acompanhamento. • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- • Maior controle e coordenação ao longo de todos os • Aumento da produtividade do setor da construção; • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de concessão – maior acompanhamento. • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- • Maior controle e coordenação ao longo de todos os • Aumento da produtividade do setor da construção; • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de concessão – maior acompanhamento. • Aumento da qualidade dos produtos fi nais construí- • Maior controle e coordenação ao longo de todos os • Aumento da produtividade do setor da construção; • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de concessão – maior acompanhamento. • Maior controle e coordenação ao longo de todos os • Aumento da produtividade do setor da construção; • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de concessão – maior acompanhamento. • Aumento da produtividade do setor da construção; • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de • Aumento dos custos de transporte; • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- • Edifícios sustentáveis e energeticamente efi cientes; • Participação do cliente e fabricante no processo de • Aumento dos custos de transporte; • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da construção pré-fabricada; • Aumento dos custos de transporte; • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da construção pré-fabricada;• Participação do cliente e fabricante no processo de • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com • Aumento dos custos de transporte; • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da construção pré-fabricada; • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- Ameaças • Aumento dos custos de transporte; • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da construção pré-fabricada; • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- teiros e utilizadores. Ameaças • Aumento dos custos de transporte; • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da construção pré-fabricada; • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- teiros e utilizadores. Ameaças • Aumento dos custos de transporte; • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da construção pré-fabricada; • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- teiros e utilizadores. • Aumento dos custos de transporte; • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da construção pré-fabricada; • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- teiros e utilizadores. • Aumento dos custos de transporte; • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- teiros e utilizadores. • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- • Falta de conhecimento e formação dos vários inter- venientes da indústria da construção na temática da • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- • Percepção errada de edifícios pré-fabricados com fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- fraca qualidade por parte da maioria da população; • Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei-• Inércia à mudança por parte de projetistas, emprei- Fonte: LEITE, 2015, p. 35. Segundo Fonyat (2013), os sistemas construtivos de pré-fabricação podem ser classifi cados em: • Sistemas pré-fabricados de ciclo fechado; • Sistemas pré-fabricados de ciclo aberto; • Sistemas pré-fabricados fl exibilizados. O sistema construtivo de ciclo fechado é caracterizado pelo completo pla- nejamento de todas as etapas que envolvem o ciclo de um elemento pré-fabri- cado, como a fabricação, transporte e montagem. Nesse sistema, apenas um fabricante é responsável pela produção de todos os elementos da construção, sendo as peças projetadas apenas para uma edifi cação. No sistema construtivo de ciclo aberto, é utilizado o conceito de produção em massa do edifício por meio dos elementos que o constituem. É caracteri- zado por proporcionar uma grande quantidade de possibilidades construtivas, pois os seus elementos apresentam compatibilidade com elementos de fabri- cantes distintos. Por fi m, o sistema construtivo de ciclo fechado tem como base o toyotismo, que permite variações no sistema de acordo com o desejo de seus consumido- res, assim como a produção de determinado produto apenas quando houver demanda, sem a necessidade de utilização de estoques de produtos. Breve histórico da pré-fabricação A história da pré-fabricação está diretamente ligada à evolução do concreto armado; porém, apenas entre o fi nal do século XIX e XX começou a ser reconhe- cida e ganhar espaço. Pode-se considerar a construção do Cassino Biarritz, no ano de 1891, na França, como uma das primeiras construções a utilizar pré-fa- bricados (LEITE, 2015). PROCESSOS CONSTRUTIVOS 55 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 55 25/03/2021 15:13:56 Nesse período, ocorreram diversos eventos importantes para a introdução da pré-fabricação como prática construtiva (Quadro 2). Ano Acontecimento 1895 Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado – Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. 1900 Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos da América. 1904 Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré--fabricados – Inglaterra. 1905 Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Estados Unidos da América. 1906 Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de betão armado, na Europa. 1907 Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Unidos da América. 1907 Execução das primeiras aplicações do processo tilt up, no qual as paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- tados Unidos da América. Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado – Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado – Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado– Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado – Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado – Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado – Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado – Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado – Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado – Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos da América. Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- -fabricados – Inglaterra. Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado – Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos da América. Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- -fabricados – Inglaterra. Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Estados Unidos da América. Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado – Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos da América. Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- -fabricados – Inglaterra. Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Estados Unidos da América. Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado – Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- -fabricados – Inglaterra. Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Estados Unidos da América. Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado – Construção de Weavne’s Mill, em Inglaterra. Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- -fabricados – Inglaterra. Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Estados Unidos da América. Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de betão armado, na Europa. Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial emque todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- -fabricados – Inglaterra. Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Estados Unidos da América. Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de betão armado, na Europa. Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- -fabricados – Inglaterra. Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Estados Unidos da América. Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de betão armado, na Europa. Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Estados Unidos da América. Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de betão armado, na Europa. Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Unidos da América. foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Unidos da América. foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Estados Unidos da América. Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de betão armado, na Europa. Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Unidos da América. foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Unidos da América. foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo coberturas (elementos com dimensões de aproximadamente 1,20 m de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de betão armado, na Europa. Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Unidos da América. foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Unidos da América. foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- de altura, 5,10 m de largura e 0,05 m de espessura) – Estados Unidos Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de betão armado, na Europa. Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Unidos da América. foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Unidos da América. foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeirasaplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de betão armado, na Europa. Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Unidos da América. foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Unidos da América. foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Arquiteto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré- Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Unidos da América. foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Unidos da América. foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares – Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Início da execução daqueles que devem ser considerados os primei- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- Execução das primeiras aplicações do processo tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- tados Unidos da América. paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- ros elementos pré-fabricados – vigas treliça “Visintini” e estacas de Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos tilt up paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- tilt up paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- tilt up Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos tilt up, no qual as paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- tilt up paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- tilt up Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-fabricados e executados no estaleiro de obras – Estados Construção de um edifício industrial em que todos os elementos , no qual as paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- , no qual as paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- , no qual as , no qual as paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- , no qual as paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- , no qual as , no qual as paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- , no qual as paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- , no qual as paredes são fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Es- QUADRO 2. ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS RELATIVOS À UTILIZAÇÃO DE PRÉ-FABRICADOS Fonte: LEITE, 2015, p. 8. Após essa fase, a consolidação da pré-fabricaçãono mercado foi infl uen- ciada pelo cenário do pós-guerra da Europa. Após o encerramento da Segunda Guerra Mundial, teve início, de fato, a história da pré-fabricação no mundo. O período compreendido entre as décadas de 1950 a 1970 foi marcado por um pós-guerra com grande parte das cidades europeias destruídas e com deman- das urgentes na construção de habitações, hospitais, escolas e demais edifi ca- ções necessárias para a vida em sociedade. Essa necessidade impulsionou a pré-fabricação como método construtivo racional que podia promover a pro- dução em massa e com tempo reduzido, além de necessitar de menos mão de obra e materiais envolvidos em construções convencionais. Nessa época, sur- giram os pré-fabricados de ciclo fechado e com o uso de elementos pesados. Por volta da década de 1970 a 1980, a incidência de acidentes em edifícios que utilizaram, em sua construção, painéis pré-fabricados, foi fundamental PROCESSOS CONSTRUTIVOS 56 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 56 25/03/2021 15:13:57 para o declínio dos pré-fabricados de ciclo fechado, pois criou-se um clima de insegurança em relação ao sistema. A partir de 1980, o uso de pré-fabricados foi marcado pela adoção de elementos de ciclo aberto, criado para ser uma alternativa oposta aos produtos de ciclo fechado. O Brasil foi um País na contramão dos países europeus, pois o contexto pós-guerra nestes não ocorreu da mesma forma no País. Não havia, por exem- plo, a mesma necessidade de construções em larga escala. A construção do Hipódromo da Gávea, em 1926, é considerada o grande marco da pré-fabrica- ção do País, pois, em seu andamento, a construção utilizou diversos elementos pré-fabricados. Sistemas pré-fabricados de concreto A construção de uma estrutura pré-fabricada de concreto envolve quatro etapas distintas: a concepção, a produção, o transporte e a montagem. Na fase de concepção, é elaborado o projeto dos elementos estrutu- rais e o planejamento das etapas a serem seguidas. Na fase de produ- ção, estão envolvidas atividades preliminares no local da obra e processo produtivo dos elementos em fábrica. A fase de transporte é fundamental, pois realiza a liga- ção entre fase de produção e a montagem dos elementos pré-fabricados na obra. Por fim, tem-se a montagem, que engloba pro- cessos de elevação, posicionamento, esta- bilização e a execução das ligações entre os elementos (LAGARTIXO, 2011). Os elementos de concreto pré-fabricado permitem diversas soluções estruturais para as construções das edificações. No entanto, essas so- luções são derivadas da associação de um ou mais sistemas estruturais considerados básicos. Segundo Van Acker (2003), esses são os principais tipos de sistemas estruturais básicos para pré-fabricados de concreto: • Estruturas aporticadas: nesse sistema, são utilizados vigas e pila- res de fechamento, principalmente em construções industriais e arma- zéns (Figura 12); PROCESSOS CONSTRUTIVOS 57 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 57 25/03/2021 15:13:57 Figura 12. Estrutura aporticada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. • Estruturas em esqueleto: sistema constituído de lajes, vigas e pilares, principalmente em construções de escritórios, escolas, hospitais e estaciona- mentos (Figura 13); Figura 13. Estrutura em esqueleto. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. • Estruturas em painéis estruturais: sistema constituído de painéis por- tantes verticais e painéis de lajes, utilizados em construções de casas, aparta- mentos, hotéis e escolas (Figura 14); PROCESSOS CONSTRUTIVOS 58 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 58 25/03/2021 15:14:16 Figura 14. Estrutura em painéis estruturais. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. • Estruturas para pisos: sistema constituído por lajes montadas para a for- mação do piso e distribuição de carga na estrutura. São utilizados na maioria dos sistemas construtivos (Figura 15); Figura 15. Estrutura para pisos. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. • Sistema para fachadas: sistema constituído por painéis maciços ou san- duíche, que podem ter ou não função estrutural. Podem ter diversos formatos, desde o simples até os mais detalhados (Figura 16); PROCESSOS CONSTRUTIVOS 59 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 59 25/03/2021 15:14:26 Figura 16. Sistema para fachadas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. • Sistemas celulares: sistemas constituídos por células de concreto para uso principalmente em banheiros, cozinhas e garagens. Sistemas tecnológicos Os painéis pré-fabricados podem ser considerados os primeiros sistemas dessa natureza a serem utilizados em escada industrial, e sua utilização está relacionada à Revolução Industrial, por meio do uso de painéis metálicos (ABDI, 2015). No período que compreende o fi nal do século XIX e início do XX, as diver- sas indústrias passaram a buscar a industrialização de seus meios de produção. A produção em série da indústria automobilística de Henry Ford em 1913 re- presentou um marco histórico, inclusive para a indústria de construção, já que, nessa época, já se viam movimentos por parte de engenheiros e arquitetos de forma a otimizar os processos construtivos artesanais. A adoção de sistemas tecnológicos nas construções foi impulsionada com o con- texto mundial após o término da Segunda Guerra. As inovações tecnológicas pro- postas visavam a uma nova forma de construir, com ênfase na produtividade nas construções das edifi cações. Os planos de reconstrução propostos pelos diversos países europeus possibilitaram o emprego em larga escada dos sistemas tecnoló- gicos da época, com o objetivo de se tornarem uma alternativa para os desafi os complexos de execução de um grande número de moradias e demais edifi cações. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 60 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 60 25/03/2021 15:14:29 Os sistemas desse período empregavam elementos de concreto com gran- des dimensões e pesados, provenientes de uma mesma empresa fornecedora, o que caracteriza o ciclo fechado. Especialmente na França, a adoção de sistemas tecnológicos na construção civil promoveu o aumento da produtividade e redu- ção de custos na construção de milhares de unidades habitacionais. Figura 17. Cidade destruída na Segunda Guerra Mundial. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. Entre os principais sistemas tecnológicos adotados na época e que ser- viram de base para alguns sistemas atuais, destacam-se os sistemas de pai- néis pré-fabricados Camus e Bossert. Sistema Camus O sistema Camus é considerado o pioneiro em painéis pré-fabricados de concreto produzidos em larga escala, e sua origem está ligada à destruição provocada pela Primeira e Segunda Guerra Mundiais. As cidades europeias ainda se recuperavam dos estragos causados pela Primeira Guerra quando mais cidades foram destruídas pela Segunda Guerra. A partir disso, houve a necessidade de reconstrução de habitações coletivas, escolas, hospitais, comércios e outros. No entanto, com essa demanda urgente aliada à escas- PROCESSOS CONSTRUTIVOS 61 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 61 25/03/2021 15:14:30 sez de mão de obra e falta de materiais, foi necessário repensar os métodos construtivos vigentes e adotar sistemas construtivos racionais que permitis- sem as construções em larga escala e com tempo reduzido. O pensamento para a produção em massa na construção começou com o francês Raymond Camus, por volta da década de 1930, influenciado pelo fordismo, especialmente com a produção do carro modelo T, produzido em massa por Henry Ford nos Estados Unidos. A ideia principal de Camus con- sistia em produzir moradias acessíveis por meio de linhas de produção, divi- dindo-a em componentes separados. Nesse modelo, os empreiteiros eram responsáveis apenas por preparar o local e montar as paredes, pisos e tetos (MOREIRA NETO, 2015). Com o contexto do pós-guerra em 1948, apenas o governo da França estimava um deficit de aproximadamente 10 milhões deunidades habita- cionais, sendo esse País o berço da idealização do sistema Camus. Assim, Raymond Camus ganhou diversos contratos para a construção de milhares de habitações com a implementação de seu siste- ma, que teve seu auge na União Soviética no período de governo de Nikita Khrushchev, que adquiriu suas patentes; na época, o sistema tinha a capacidade de produ- ção de 2 mil unidades habitacionais por ano. A União Soviética aprimorou um sistema próprio a partir do sistema Camus, com exportação para países como Chile e Cuba na década 1970. Os principais componentes do sistema Camus são (CUEVA PÉREZ, 2012): • Painéis de fachada compostos por dois painéis de concreto armado, se- parados por uma camada de material isolante térmico de 24 cm; • As paredes de suporte são constituídas por lajes maciças de concreto armado; • As divisórias são constituídas pelos mesmos materiais dos painéis por- tantes, diferindo-se apenas na espessura; • Lajes maciças de concreto armado com armadura de união em seu contorno. Estima-se que, até a década de 1970, tenham sido construídas cerca de 180 mil habitações com a utilização do sistema Camus. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 62 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 62 25/03/2021 15:14:30 Sistema Bossert De acordo com Vieira (2008), o sistema Bossert tem origem alemã e pode ser considerado um sistema de pré-fabricação parcial ou misto. Em algumas etapas, são empregadas técnicas da construção convencional, como nas eta- pas de fundação, execução de paredes internas, que podem ser portantes ou divisórias, assim como placas de piso, cisternas e outros. É utilizado em edifícios que variam de quatro a 14 pavimentos. Seu método construtivo consiste na produção in loco de paredes, pisos e como elementos pré-fabricados em paredes externas e escadas. A montagem dos elementos estruturais é realizada por meio de parafusos e chapas metálicas. Nesse sistema, as paredes externas devem conter diversas camadas su- cessivas, com o intuito de garantir o isolamento técnico e acústico. Essas ca- madas podem ser constituídas de isopor, concreto, lã de rocha, pinho e ou- tros materiais. Para as instalações, são aproveitados os vãos deixados pelos painéis em po- sições preestabelecidas em sua fabricação antes do processo de concretagem. Nos pisos, os eletrodutos são fi xados no assoalho ou teto. Para tubulações de esgoto, são utilizados shafts, devidamente projetados para essas fi nalidades. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 63 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 63 25/03/2021 15:14:30 Sintetizando O contexto atual do mundo pede que as construções sejam mais ágeis, com maior produtividade e que isso seja associado à sustentabilidade nas edificações, gerando menos desperdícios de materiais e causando menos transtornos para a sociedade. Dessa forma, a industrialização desse setor tão importante para a economia nacional foi a solução tecnológica encontrada. Nos sistemas construtivos industrializados, são utilizados produtos específi- cos, como conhecemos os produtos pré-fabricados, que podem ser de concreto, aço e madeira. Os pré-fabricados são caracterizados por sua produção fora dos locais definitivos das obras e com rigoroso controle de qualidade; por sua vez, também conhecemos os produtos pré-industrializados, que têm como função dar mais velocidade e agilidade às obras e são utilizados principalmente em sistemas construtivos, como o drywall, light steel frame e light wood frame. Nesse contexto, pudemos compreender os conceitos iniciais e os sistemas de pré-fabricação de estruturas de concreto, cuja pré-fabricação foi umas das pri- meiras técnicas empregas para industrializar a construção civil. Seu emprego é diretamente ligado ao cenário pós-guerra de destruição das cidades europeias. O principal sistema de pré-fabricação são os pré-fabricados de concreto, os quais, de acordo com os elementos e disposição estrutural no projeto, podem ser classifi- cados em estruturas aporticadas, estruturas em esqueleto, estruturas em painéis estruturais, estruturas para pisos, sistemas para fachadas e sistemas celulares. Por fim, compreendemos os principais conceitos a respeito dos sistemas de painéis pré-fabricados Camus e Bossert, que representam a base para os painéis de concreto atuais. Os sistemas painéis representam os primeiros elementos pré- -fabricados a serem produzidos em larga escala pela indústria, com o objetivo de acelerar a construção de unidades habitacionais. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 64 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 64 25/03/2021 15:14:30 Referências bibliográficas Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDI. Manual da cons- trução industrializada: conceitos e etapas: estrutura e vedação. Brasília, DF: ABDI, 2015, v. 1. Disponível em: <http://www.abcem.org.br/site/arquivos/ma- nual-versao-digital-selecao.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2020. ALLEN, E.; IANO, J. Fundamentos da engenharia de edificações: materiais e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, apli- cações e ensaios de laboratório. São Paulo: Pini, 2012. BRASIL. Ministério da Cidade. DATec n. 20: sistema construtivo TECVERDE: sistema leve em madeira. Brasília, DF: Secretaria Nacional da Habitação, Pro- grama Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (SINAT), 2020a. BRASIL. Ministério da Cidade. DATec n. 40: sistema construtivo Immergrün de painéis pré-fabricados de wood frame para casas térreas e sobrados. Brasí- lia, DF: Secretaria Nacional da Habitação, Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (SINAT), 2020b. BRASIL. Ministério da Cidade. Diretriz Sinat n. 005: sistemas construtivos es- truturados em peças de madeira maciça serrada, com fechamentos em cha- pas delgadas (sistemas leves tipo “light wood framing”). Brasília, DF: Secretaria Nacional da Habitação, Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (SINAT), 2020c. CUEVA PÉREZ, J. S. Sistematización en el diseño de una vivienda modular con estructura metálica y paneles de concreto. [s.l.], 2012. Disponível em: <http:// dspace.ucuenca.edu.ec/handle/123456789/582>. Acesso em: 02 fev. 2020. EL DEBS, M. K. Concreto pré-moldado: fundamentos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2017. FALCÃO BAUER, L. A. Materiais de construção. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019, v. 2. FONYAT, M. A. R. A pré-fabricação e projeto de arquitetura. 2013. 189 f. Dis- sertação (mestrado em Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013. Disponível em: <https://lume. ufrgs.br/handle/10183/80415>. Acesso em: 01 fev. 2021. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 65 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 65 25/03/2021 15:14:30 ISAIA, G. C. Materiais de construção civil e princípios de ciência e engenharia de materiais. São Paulo: Ibracon, 2017. LAGARTIXO, P. M. R. Sistemas estruturais de edifícios industriais pré-fabricados em betão. 2011. 99 f. Dissertação (mestrado em Engenharia Civil – Ramo de Cons- trução) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2011. Disponível em: <https://run.unl.pt/handle/10362/5328>. Acesso em: 01 fev. 2021. LEITE, R. E. M. Métodos construtivos de edifícios: comparação entre pré-fabri- cação e construção tradicional em betão armado. 2015. 175 f. Dissertação (mes- trado em Engenharia Civil – Ramo de Construções) – Instituto Superior de En- genharia do Porto, Porto, Portugal, 2015. Disponível em: <https://recipp.ipp.pt/ bitstream/10400.22/8105/1/DM_RuiLeite_2015_MEC.pdf>. 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PROCESSOS CONSTRUTIVOS 66 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 66 25/03/2021 15:14:30 PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 3 UNIDADE SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 67 25/03/2021 16:08:12 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer a importância do planejamento e gerenciamento nas obras de construção civil; Conhecer as principais ferramentas utilizadas no gerenciamento de obras; Compreender a importância da produtividade; Conhecer os principais tipos de indicadores de produtividade; Compreender a importância e as características do orçamento de obras. Gerenciamento e planejamento das construções Importância de planejar e gerenciar na construção civil Principais ferramentas utiliza- das Curva ABC para a gestão de estoques Produtividade na construção civil Fatores que influenciam a produ- tividade Indicadores de produtividade Gestão dos custos construtivos Importância do orçamento PROCESSOS CONSTRUTIVOS 68 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 68 25/03/2021 16:08:12 Gerenciamento e planejamento das construções Ainda hoje a indústria da construção civil é reconhecida por empregar pro- cessos produtivos considerados artesanais, principalmente quando compara- da a outras indústrias. Isso ocorre por ela ser infl uenciada pelas características das edifi cações, que diferente das indústrias tem o produto fi nal considerado único, posto que uma edifi cação difi cilmente será igual a outra. Quando um produto é único, são necessários processos específi cos para sua obtenção, o que difi culta a sua produção racionalizada e em série. Assim, gerenciar projetos na construção civil não signifi ca controlar revisões de dese- nhos ou plantas. O gestor de uma obra tem como atribuições e responsabili- dades garantir a solidez e durabilidade da construção, assim como cumprir o orçamento e prazos estipulados para a obra, sempre atendendo as legislações pertinentes (PORTUGAL, 2016). Podemos dizer então, que os principais benefí- cios do planejamento são (MATTOS, 2010): • conhecimento pleno da obra – ao planejar, o profi ssional estuda os pro- jetos, analisando os métodos e processos construtivos, o que permite que te- nha tempo hábil para mudanças de planos, se necessário, uma vez que está por dentro de todo o processo; e • detecção de situações desfavoráveis – detectar inconformidades com o máximo de antecedência permite ao gestor da construção a adoção de medi- das preventivas ou corretivas em tempo hábil. EXPLICANDO O planejamento é um dos fatores para o sucesso de um empreendimento. Nesta etapa, é necessária a integração entre diversos setores da empre- sa, fornecedores, prestadores de serviços terceirizados e demais empre- sas envolvidas na execução (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). A importância de planejar e gerenciar na construção civil Segundo Aldo Dórea Mattos (2010), o Gráfi co 1 representa a oportunidade construtiva e destrutiva de realização de intervenções em construção. Veja que as intervenções realizadas, com o passar do tempo, têm cada vez menos potencial de agregar valor ao empreendimento. Além disso, quanto mais avan- PROCESSOS CONSTRUTIVOS 69 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 69 25/03/2021 16:08:12 GRÁFICO 1. GRAU DE OPORTUNIDADE DE MUDANÇA EM FUNÇÃO DO TEMPO çada a fase de construção, maior será o valor destinado para a realização desta. Fonte: MATTOS, 2010. p. 22. Desse modo, o planejamento de construção deve figurar: • agilidade de decisões – permite que se tenha uma visão geral da obra, fa- zendo com que decisões gerenciais possam ser tomadas mais rapidamente, , seja por meio da mobilização e desmobilização de equipamentos, da aceleração de serviços, do aumento de turnos, da alteração dos métodos e dos processos cons- trutivos, entre outros; • relação com o orçamento – parâmetros utilizados no planejamento. Eles são: os índices de produtividade. • otimização da alocação dos recursos – por meio do planejamento, o ges- tor poderá nivelar os recursos e decidir como melhor alocá-los; • referência para acompanhamento – permite analisar as etapas previs- tas, juntamente com as etapas realizadas; • padronização – facilita a comunicação da equipe responsável pela cons- trução, pois reduz os desentendimentos surgidos do fato de que, muitas vezes, os profissionais envolvidos entendem as etapas de formas distintas; • referência para metas – ao planejar a construção, os programas de me- tas e bonificações podem ser instituídos de forma facilitada; Gr au d e op or tu ni da de Concepção Desenvolvimento Tempo FinalizaçãoExecução Potencial para agregar valor Cu sto da m ud an ça Oportunidade construtiva Oportunidade destrutiva PROCESSOS CONSTRUTIVOS 70 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 70 25/03/2021 16:08:12 • documentação e rastreabilidade – gera um histórico da obra, que pode- rá ser utilizado na resolução de problemas, de forma mais ágil; • criação de dados históricos –O gestor deve criar planilhas com cronogra- mas que o ajude a saber o andamento da obra e para que também lhe sirva como modelo para qualquer outra construção similar; • profissionalismo – Por fim, o gestor de projetos deve passar confiança para os seus clientes, buscando causar boas impressões da sua obra. Antes de planejar e gerenciar uma construção, é importante que você co- nheça o ciclo de vida do projeto. Segundo Antônio Carlos F. B. Pinheiro e Marcos Crivelaro (2014), este corresponde ao período que compreende a sua concepção e operação. Assim, o projeto de uma construção apresenta, como características, ser: • temporário – uma construção tem duração finita com início e fim defini- dos; • produto único – cada construção possui caráter único, por mais padro- nizados que sejam os empreendimentos, não se trata de uma linha de monta- gem ou fabricação em série. Desse modo, conforme demonstrado pelo Gráfico 2, o ciclo de vida de um projeto compreende quatro estágios, cada um correspondendo a uma fase de seu desenvolvimento (MATTOS, 2010). O estágio I corresponde à concepção e à viabilidade do projeto, do qual fazem parte das atividades: GRÁFICO 2. CICLO DE VIDA DE UM PROJETO. Fonte: MATTOS, 2010. p. 22. % pronto Pronto Estágio I Estágio II Estágio III Estágio IV 100% PROCESSOS CONSTRUTIVOS 71 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 71 25/03/2021 16:08:12 • a definição do escopo, para determinação dos principais pontos do projeto; • a formulação do empreendimento, para a determinação do lote, tipo de contração a ser utilizada;• a estimativa de custos, para a definição do orçamento preliminar necessá- rio para a execução do projeto; • o estudo da viabilidade, para a verificação do custo-benefício e avaliação dos resultados desejados; • a identificação da fonte orçamentária, que podem ser recursos próprios, linhas de financiamento, empréstimos ou outras fontes; e • o desenvolvimento do anteprojeto, para a produção do projeto básico. O estágio II corresponde ao detalhamento do projeto e seu planejamento, do qual fazem parte das atividades: • a definição do orçamento analítico, com suas respectivas composições de custo; • a elaboração do planejamento, com a elaboração de cronogramas e prazo de execução das atividades; e • o desenvolvimento do projeto executivo, com base no projeto básico. O estágio III corresponde à execução do empreendimento, com as ativida- des de: • execução dos serviços de campo; • montagens mecânicas e instalações elétricas e sanitárias; • controle de qualidade para atendimento dos requisitos estabelecidos no contrato; • administração contratual por meio de medições, acompanhamento do diário de obras; • fiscalização de obra ou serviço com supervisão das atividades desenvolvi- das no campo, para verificar a evolução do empreendimento. O estágio IV corresponde à finalização do projeto, com as atividades de: • realização dos testes de operação; • inspeção final da obra; • transferência de responsabilidades do empreendimento; • liberação de retenção contratual, para casos em que a contratante tenha retido dinheiro da empresa executante; • resolução das últimas pendências, como pagamentos atrasados; • elaboração de termo de recebimento. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 72 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 72 25/03/2021 16:08:12 Principais ferramentas utilizadas Para a execução de um bom planejamento de construção, é essencial a identifi cação das atividades a serem realizadas que serão componentes do cro- nograma. É importante que esta identifi cação seja a mais detalhada possível, pois o que não for identifi cado não será incluso no cronograma e escopo do projeto, que pode ser entendido como o conjunto de componentes para a ob- tenção do produto, logo, a edifi cação e os resultados esperados. Estabelecen- do o escopo, delimita-se o projeto e, consequentemente, seu planejamento. Esta tarefa deve ser realizada de forma colaborativa entre os integrantes do projeto, uma vez que a omissão de uma atividade ou série destas poderá oca- sionar prejuízos fi nanceiros e atrasos na obra. De acordo com Mattos (2010), detalhar as atividades necessárias para o desenvolvimento de uma obra não é uma tarefa das mais simples, pois exige leitura cuidadosa de esquemas e plan- tas, entendimentos dos métodos e processos construtivos adotados, além da capacidade de representar as atividades realizadas em campo em formato de pacotes de trabalho. Estes pacotes de trabalho têm o objetivo de detalhar as etapas da constru- ção, de modo que o planejamento seja facilitado, para a defi nição da duração das atividades, dos recursos necessários e da atribuição dos responsáveis. A partir disso, é obtida uma estrutura hierarquizada das atividades, denominada de Estrutura Analítica de Projeto (EAP). A EAP de um projeto faz analogia a uma árvore genealógica, com suas ramifi cações, sendo estas divididas em níveis distintos. No primeiro nível, há apenas um item, que representa o projeto como um todo. A partir disso, as atividades vão ganhando mais níveis, em forma de rami- fi cações. Quanto maior é o nível utilizado, maior é nível de detalhamento. Po- demos ver, no Diagrama 1, um exemplo de EAP para as atividades necessárias para a construção de uma casa. Um mesmo projeto pode apresentar EAPs com diferentes estruturas, dependendo do profi ssional responsável por elaborá-lo. Porém, o profi ssional deve saber mensurar o limite até onde este detalhamen- to poderá agregar valor ao projeto, evitando que ele apenas torne a EAP mais extensa e complexa. Para isso, deve-se analisar cada tipo de obra, pois cada uma apresenta requisitos específi cos. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 73 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 73 25/03/2021 16:08:12 DIAGRAMA 1. EXEMPLO DE EAP PARA CONSTRUÇÃO DE UMA CASA QUADRO 1. EXEMPLO DE EAP ANALÍTICA/SINTÉTICA Outra forma de representar a EAP se dá por meio de tabelas com as ativi- dades listadas, chamada de EAP analítica ou sintética, sendo este o formato mais utilizado na elaboração dos orçamentos. Podemos ver o exemplo deste formato no Quadro 1, que lista as etapas iniciais de uma construção, como os serviços preliminares e as execuções da infraestrutura, superestrutura, vedação e cobertura, assim como o detalhamento das atividades envolvidas para a sua execução. ETAPAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA RESIDÊNCIA 1. Serviços Preliminares 1.1. Placa de obra 1.2. Instalações de água e esgoto provisórias Casa Superestrutura EsquadriasInfraestrutura CoberturaServiçospreliminares Vedação Pilares PortasEscavação MadeiramentoPlaca de obra Alvenaria Vigas JanelasSapatas TelhamentoInstalações de águae esgoto provisório Limpeza do terreno Revestimento Lajes AcabamentosImpermeabilizaçãoInstalação deenergia Terraplanagem Locação Pintura PROCESSOS CONSTRUTIVOS 74 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 74 25/03/2021 16:08:13 1.3. Instalação de energia 1.5. Terraplenagem 1.6. Locação 2. Infraestrutura 2.1. Escavação 2.2. Sapatas 2.3. Impermeabilização 1. Superestrutura 3.1. Pilares 3.2. Vigas 3.3. Lajes 4. Vedação 4.1. Alvenaria 4.2. Revestimento 4.3. Pintura 5. Coberturas 5.1. Madeiramento 5.2. Telhamento 6. Esquadrias 6.1. Portas 6.2. Janelas 6.3. Acabamentos Além disso, uma forma menos usual pode ser os mapas mentais (Diagrama 2), que representam uma forma mais didática e atraente, sendo recomendados principalmente para trabalhos em equipe e desenvolvimento inicial de ideias. Mattos (2010, p.70) lista como benefícios da utilização da EAP aspectos como: PROCESSOS CONSTRUTIVOS 75 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 75 25/03/2021 16:08:13 DIAGRAMA 2. EXEMPLO DE EAP EM FORMATO DE MAPA MENTAL • a ordenação do pensamento em uma matriz de trabalho lógica e organizada; • a individualização das atividades que irão compor o cronograma; • a permissão do agrupamento de atividades com finalidades semelhantes; • a facilitação do entendimento das atividades; • a facilitação da verificação por pessoas externas ao projeto; • a facilitação da inclusão de novas atividades; • a facilitação da localização das atividades dentro do cronograma; • a facilitação da elaboração do orçamento, pois estabelece atividades mais precisas; • a permissão da atribuição de códigos de controle para a alocação de recursos; • a evitação de que atividades sejam criadas em duplicidade. No cronograma físico-financeiro (Tabela 1), são correlacionadas as etapas defi- nidas para a construção, com seus respectivos prazos de duração e custos relativos à sua realização, assim como os custos acumulados, de acordo com a evolução da exe- cução dessas etapas. Esta é uma das ferramentas de planejamento e gerenciamento mais comuns na construção civil. De acordo com a realização das etapas, estas são analisadas com uma barra horizontal, que indica o seu início e término, que pode ser de forma contínua ou intermitente (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). Com base no crono- grama, o gestor da obra pode tomar como providências (MATTOS, 2010): • programar as atividades de equipes de campo; • fazer pedidos de compras; • alugar equipamentos; • recrutar trabalhadores quando necessário; • acompanhar o progresso das atividades; • replanejar a obra; • pautar reuniões. · Placa de obra · Instalações de água · Instalações de energia · Limpeza do terreno · Terraplanagem · Locação Serviços preliminares Vedação Superestrutura Esquadras Infraestrutura Cobertura · Escavação · Execução de sapatas · Impermeabilização · Pilares · Vigas · Lajes · Alvenaria· Revestimento · Pintura · Portas · Janelas · Acabamentos · Madeiramento · TelhamentoCasa PROCESSOS CONSTRUTIVOS 76 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 76 25/03/2021 16:08:13 TA BE LA 1 . E XE M PL O DE C RO NO GR AM A FÍ SI CO -F IN AN CE IR O SE Q U ÊN - CI A A TI VI D A D E D U - RA Çà O (D IA S) FA SE D U RA Çà O (S EM A N A S) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 CU ST O T O TA L D A A TI VI D A D E (1 0³ X R $) ; 1 Lo ca çã o 5 Pl an ej ad o R$ 10 R$ 10 Ex ec ut ad o 2 Al ve na ri a 30 Pl an ej ad o R$ 20 R$ 20 R$ 20 R$ 20 R$ 20 R$ 10 R$ 12 0 Ex ec ut ad o 3 Co be rt ur a 8 Pl an ej ad o R$ 8 R$ 2 R$ 10 Ex ec ut ad o 4 Pi so 10 Pl an ej ad o R$ 15 R$ 15 R$ 30 Ex ec ut ad o 5 Li m pe za 6 Pl an ej ad o R$ 8 R$ 2 R$ 7 Ex ec ut ad o Cu st o to ta l d a at iv id ad e R$ 10 R$ 20 R$ 20 R$ 20 R$ 20 R$ 20 R$ 35 R$ 23 R$ 7 R$ 2 R$ 17 7 Cu st o to ta l s em an al a cu m ul ad o R$ 10 R$ 30 R$ 50 R$ 70 R$ 90 R$ 11 0 R$ 14 5 R$ 16 8 R$ 17 5 R$ 17 7 Fo nt e: P IN H EI RO ; C RI VE LL AR O , 2 01 4, p . 9 6. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 77 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 77 25/03/2021 16:08:13 CONTEXTUALIZANDO O cronograma físico-financeiro é conhecido também como gráfico de Gantt, pois foi desenvolvido pelo engenheiro mecânico Henry Gantt. O cronograma foi descrito por seu criador como um método gráfico de acompanhamento de fluxos de produção. Foi utilizado especialmente em meados de 1917, época da Primeira Guerra Mundial, para a construção de navios de Guerra (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). O diagrama PERT/CPM representa todas as atividades a serem realizadas e as relações de dependências entre elas, segundo sua sequência de execução, para determinar quais são as atividades mais críticas que poderão sofrer atrasos e comprometer o prazo estimado de conclusão do projeto. Além disso, permite observar a coerência do que foi planejado para a obra e, assim, gerar uma esti- mativa mais aproximada para sua conclusão (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). O diagrama PERT/CPM surgiu da união de dois programas distintos: o Pro- gram Evaluation and Review Technique (PERT, ou Técnica de Avaliação e Revisão de Programas) e o Método do Caminho Crítico (CPM). O primeiro, desenvolvi- do pela Marinha Americana para o planejamento do desenvolvimento de um míssil balístico complexo, conta com atividades distintas de qualquer outro projeto, sendo a duração destas determinada por durações probabilísticas, considerando situações otimistas, pessimistas e uma mais provável de ser alcançada. Por sua vez, o Método do Caminho Crítico (CPM) foi desenvolvido pela empre- sa norte-americana Dupont, que possuía o computador mais potente da época e, por meio deste, matemáticos estudaram as correlações entre o tempo e o custo de projetos de engenharia desenvolvidos na empresa. A partir disso, foi definido que certas atividades poderiam ser aceleradas ou ocasionar aumento de custos, essa cadeia principal de atividades é denominada de caminho crítico (MATTOS, 2010). Assim, em um diagrama PERT/CPM são utilizados os conceitos de (PINHEIRO, CRIVELARO, 2014): • evento – um ponto no tempo, o instante que marca o início ou o término de uma atividade, sem consumir tempo. Os recursos são representados por um círculo; • atividade – tudo que consome recursos financeiros, humanos e de tempo. Situam-se entre dois eventos e, no diagrama, o sentido das flechas orienta-se sempre da esquerda para a direita; PROCESSOS CONSTRUTIVOS 78 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 78 25/03/2021 16:08:13 • atividade fantasma – consiste em uma atividade intermediária, com prazo de execução zero, criada apenas para evitar que duas setas iniciem em um even- to e terminem em outro; • folga – diferença entre o intervalo de tempo e o início e término de uma atividade e sua duração; e • caminho crítico – representa o caminho das atividades que vão do início ao fim da obra, que apresentam folgas nulas. Isso significa que, nessas atividades, qualquer atraso poderá causar problemas na obra. Existem dois métodos para construir um diagrama de rede: o método das fle- chas e o método dos blocos (Figura 1), ambos representando o mesmo resulta- do, de formas distintas. No primeiro, as atividades são representadas por flechas conectadas a eventos e, no segundo, as atividades são representadas por blocos, com as setas fazendo apenas o papel de ligação entre estas (MATTOS, 2010). Figura 1. Modelo de flechas (a) e blocos (b) de diagrama PERT/CPM. Fonte: MATTOS, 2010. (Adaptado). O ciclo PDCA (Figura 2) é baseado em um princípio de melhoria contínua, no qual o processo deve ser controlado de forma permanente, para permitir a aferi- ção do desempenho dos meios utilizados e a mudança de procedimentos, para o alcance de metas (MATTOS, 2010). Este conceito foi desenvolvido na década de A) B) A D G B E C A G B D E C F PROCESSOS CONSTRUTIVOS 79 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 79 25/03/2021 16:08:14 1930, pelo estatístico Walter Shewart, e popularizado na década de 1950, por Ed- ward Deming, ao aplicá-lo em trabalhos desenvolvidos no Japão (PINHEIRO; CRIVE- LARO, 2014). O modelo é dividido em quatro quadrantes principais, representados por letras que denominam o respectivo ciclo. Estas letras representam as fases envolvidas no processo, como: Planejar (P), Desempenhar (F), Checar (C) e Agir (A). Figura 2. Ciclo PDCA. Fonte: MATTOS, 2010. (Adaptado). De acordo com Pinheiro e Crivelaro (2014), devem ser estabelecidos, na fase de planejar, os objetivos e processos a serem utilizados para o alcance dos resulta- dos desejados. Na fase de desempenhar, os processos propostos são implemen- tados, enquanto na fase de checar é realizado o monitoramento dos produtos e processos implementados, de acordo com a política da empresa de atuação. Nessa etapa também é realizado o comparativo entre os itens estabelecidos no planejamento e o que realmente foi realizado. Por fim, na fase de agir, são execu- tadas ações para promover a melhoria contínua do processo, de forma a buscar sua padronização. Na construção civil, cada uma destas fases pode ser dividida em etapas (MATTOS, 2010): Implementar ações corretivas Comparar previsto e realizado Executar a atividadeAferir o resultado Gerar cronograma Informar e motivar Definir metodologia Estudar o projeto A (Agir) P (Planejar) D (Desempenhar) C (Checar) PROCESSOS CONSTRUTIVOS 80 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 80 25/03/2021 16:08:14 Planejar • estudo do projeto – análise e avaliação dos projetos para a identificação de possíveis interferências e a realização de visitas técnicas, se necessário; • definição da metodologia – definição dos processos construtivos que serão utilizados, assim como a determinação das etapas construtivas, equipamentos e materiais de construção necessários; e • elaboração de cronograma e programações – ordenação das informações para a obtenção de cronogramas, levando em conta os parâmetros adotados no orçamento, como quantitativos e índices de produtividade e mão de obra. Desempenhar • informar e motivar – informar aos colaboradores os métodos a serem em- pregados, as atividades a serem desenvolvidas, a duração destas, além de sanar as dúvidas existentes. Estas ações aumentam o grau de envolvimento das equipes no projeto; e • executar a atividade – nesta etapa, ocorre a realização das tarefas estipula- das. É necessário que a execução ocorra o mais próximo possível daquilo que foi planejado. Checar • aferição das etapas do projeto realizadas – são levantados os quantitativos dos serviços realizados no período analisado; • elaboração de comparativo entre o resultado previsto e o realizado – após a aferição inicial, com os dados obtidos, é realizado um estudo comparativo com a quantidade de serviços planejada para o período.Esta é uma das etapas mais importantes para o construtor, pois ele poderá constatar o impacto causado por possíveis atrasos no prazo final da obra e, assim, decidir os melhores caminhos a serem seguidos. É essencial identificar se os atrasos detectados ocorrem de for- ma pontual ou recorrente, para que o gestor possa agir na origem do problema. Agir • compatibilização das informações – utilizar todas as informações obti- das nas etapas anteriores, por meio dos indivíduos envolvidos neste processo, contribui para a identificação de oportunidades de melhoria dos métodos utili- zados e a definição da origem dos erros detectados, possibilitando a mudança da estratégia adotada, assim como permite a adoção de medidas corretivas, quando necessário. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 81 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 81 25/03/2021 16:08:14 Por meio do ciclo PDCA, a obra é planejada com o máximo de informações co- letadas e, em seguida, ela deve ser executada de acordo com o planejado, poden- do ser obtidos os índices de produtividade das equipes de trabalho e os desvios do plano elaborado. Por fim, o gestor decide como agir diante do contexto apresen- tado, de forma a colocar a obra nos eixos ou devendo rever o planejamento rea- lizado. Este ciclo continua sucessivas vezes, até a finalização do empreendimento (MATTOS, 2010). DICA Na elaboração do PDCA, segundo Pinheiro e Crivelaro (2014), é importante que o gestor do projeto avalie a eficácia e a eficiência de suas propostas, sendo que cada uma destas significa: a comparação do realizado com o planejado (eficácia) e a comparação dos recursos utilizados com aqueles disponíveis (eficiência). Outra ferramenta de gestão, o 5W2H, consiste em um formulário para o controle de atividades e deter- minação da forma como estas serão realizadas e a quem serão atribuídas. Sua denominação está relacionada aos pontos principais abordados, sendo estes em língua inglesa. Sendo assim, os cinco Ws e os dois Hs são (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014): • What – O que será feito? – Define a ação a ser realizada; • Who – Quem fará? – Define o responsável pela atividade; • When – Quando será feito? – Define o prazo de realização da atividade; • Where – Onde será feito? – Define o local onde será realizada; • Why – Por que será feito? – Justifica a motivação para realizar tal atividade; • How – Como será feito? – Define o procedimento a ser realizado; e • How – Por quanto será feito? – Define os custos. Podemos ver, pelo Quadro 2, um exemplo de aplicação do 5W2H para o serviço de realização de paredes internas de uma edificação. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 82 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 82 25/03/2021 16:08:17 Plano de ação 5W2H Objetivo: Realização das paredes internas do andar térreo Item Ação Local Responsá-vel Justificativa Procedimento Prazo Custo 1 Prepa- ração de 3 m³ de argamassa Beto- neira do canteiro de obras Servente Para ser utilizada na alvenaria de elevação do andar térreo Misturar cimento e areia média no traço 1:3 1 h R$ 300,00 2 Marcação de 20 m de parede interna Andar térreo Pedreiro Marcar o local de cons- trução da parede Utilizar trena e planta executiva 2 h R$ 1.000,00 3 Levanta- mento de 60 m² de parede interna Andar térreo Pedreiro Construir as paredes Utilizar masseiro, régua, escanti- lhão, prumo de face, nível de mão, desempena- deira, colher de pedreiro 16 h R$ 4.000,00 4 Aplicação de arga- massa de revesti- mento em 90 m² de parede interna Andar térreo Pedreiro Revestir as paredes Utilizar masseiro, régua, escanti- lhão, prumo de face, nível de mão, desempena- deira, colher de pedreiro 40 h R$ 6.000,00 5 Fixação de 6 batentes de portas internas Andar térreo Pedreiro Fazer acaba- mentos Utilizar martelo, prumo de face, nível de mão 8 h R$ 2.000,00 6 Limpeza Andar térreo Pedreiro Limpar a obra Utilizar vassoura e mangueira 3 h R$ 1.000,00 QUADRO 2. EXEMPLO DE APLICAÇÃO DO 5W2H Fonte: PINHEIRO; CRIVELARO, 2014. p. 38. Por fim, o diagrama de Ishikawa, também conhecido como diagrama espinha de peixe, foi desenvolvido por Kaoru Ishikawa, em 1943. Ele é for- mado por uma seta na horizontal, que aponta as irregularidades obser- vadas para colaborar na determinação das causas, intensidades e efeitos de tais irregularidades. Como podemos ver na Figura 3, a qualidade da alvenaria depende de três fatores principais, sendo estes os materiais, a mão de obra e a tecnologia. Assim, cada seta ligada a estes fatores indica os parâmetros que influenciam cada um destes fatores (PINHEIRO; CRIVE- LARO, 2014). PROCESSOS CONSTRUTIVOS 83 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 83 25/03/2021 16:08:17 Figura 3. Exemplo de diagrama de causa e efeito para a qualidade de uma alvenaria. Fonte: PINHEIRO; CRIVELARO, 2014. p. 23. Curva ABC para a gestão de estoques É de grande importância para o orçamentista, e para os demais responsáveis pela obra, o conhecimento dos principais serviços e insumos, o total de cada um destes e sua representatividade. Isso porque este fator auxilia nas cotações, na de- fi nição de negociações mais criteriosas e na despesa de energia para as compras. Isso pode ser realizado com o auxílio da curva ABC (MATTOS, 2006), que surgiu por meados de 1800, na Itália, tendo sido desenvolvida por Wilfredo Paretto para medir a distribuição de renda entre a população. Assim, ele descobriu que 20% da população absorvia 80% de toda a renda (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). A curva ABC (Gráfi co 3) é o resultado, representado por meio de tabelas ou gráfi cos, dos preços de serviços ou insumos, como a mão de obra, os materiais e os equipamentos, agrupados em ordem decrescente. No topo estão situados os itens mais relevantes em termos de custo da planilha orçamentária, juntamente com os valores acumulados percentualmente (CARVALHO, 2019). Nela, 80% das consequências são causadas por 20% das causas, sendo divididas entre: • classe A, que representa o percentual de custo acumulado de até 50% do total do orçamento dos serviços ou insumos; • classe B, que representa o percentual entre 50% a 80% do custo total do orçamento; e Materiais Fabricante Preço Disponibilidade Armazenamento Qualifi cação Quantidade Motivação Qualidade da alvenaria Remuneração Máquinas FerramentasTecnologia Projeto Mão de obra PROCESSOS CONSTRUTIVOS 84 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 84 25/03/2021 16:08:17 • classe C, que representa o percentual acumulado entre 80% e 100% do custo total do orçamento, contemplando todos os itens que nele constam. GRÁFICO 3. CURVA ABC Fonte: CARVALHO, 2019. p. 216. Segundo a curva ABC, os sujeitos envolvidos em obra são o orçamentista, o gestor da obra e o auditor, tendo cada um responsabilidades próprias. Assim, o orçamentista (CARVALHO, 2019): • identifica erros quantitativos e nas composições de custo unitário; • colabora na obtenção de cotações para os insumos mais expressivos; e • permite a análise do custo da obra de forma simplificada. O gestor da obra: • hierarquiza os insumos e os fornece ao setor de aquisições, para auxiliar na compra de insumos; • auxilia no planejamento e na programação da obra; • atribui as responsabilidades, para a priorização das compras; • avalia o efeito da variação de preço de determinado insumo; e • negocia a contratação de serviços terceirizados. E o auditor: • verifica as conformidades e não conformidades em um orçamento; e • verifica o comportamento da curva ABC dos insumos. A forma mais comum de apresentação da curva ABC se dá por meio de ta- belas com a descrição, a unidade, a quantidade, o custo unitário, o custo total e 100 95 80 20 50 % Quantidade de itens 100 % V al or A B C PROCESSOS CONSTRUTIVOS 85 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 85 25/03/2021 16:08:18 as porcentagens unitárias e acumuladas de cada serviço ou insumo (MATTOS, 2006). Entre as vantagens da adoção da curva ABC, podemos destacar asua im- portância na gestão de estoques na construção civil, especialmente quando se fala do desperdício de materiais que ocorre nesta indústria. Este pode ocor- rer não apenas de forma física, mas também financeira, quando, por exemplo, são adquiridos materiais em menor ou maior volume, em função de erros de cálculo e planejamento dos insumos necessários. A curva ABC pode atuar como uma ferramenta importante e eficiente para a gestão dos insumos, atuando para identificar os insumos disponíveis e aque- les que estão em falta, bem como norteando sua aquisição, para que não seja desnecessária. Assim, além de evitar as perdas, esta ação pode acarretar na re- dução do custo de obra, podendo evitar também um dos erros de planejamen- to mais comuns na construção civil, que está relacionado com a paralisação da obra por falta de materiais. Segundo Nogueira, Saffaro e Guadanhim (2018), um projeto de obra ade- quado deve possibilitar a utilização dos componentes de forma a minimizar os desperdícios e garantir o melhor aproveitamento, devido ao valor agregado. Assim, fatores que permitem a simplificação do processo construtivo devem ser considerados, pois possibilitam um fluxo de materiais com menores eta- pas, que não agregam valor ao produto e, em função disso, reduzem as perdas construtivas (que ocorrem sempre que se utiliza uma quantidade maior que a necessária), proporcionando custos mais baixos. Esses fatores são: • uma complexidade individual dos componentes; • uma baixa variedade de componentes e possibilidade de utilizá-los em diferentes famílias de produtos; e • um grau de flexibilidade, para conectar componentes entre si. De acordo com Pinheiro e Crivelaro (2014), os materiais de construção civil possuem alta rotatividade e, para facilitar o controle por meio da curva ABC, eles podem ser divididos em três classes, segundo o seu valor aquisitivo, cada uma exigindo um tratamento de controle particular. Desse modo, os materiais podem ser de: • classe A – materiais de maior importância, que merecem tratamento pre- ferencial, justificando procedimentos detalhados e que exigem grande atenção da administração; PROCESSOS CONSTRUTIVOS 86 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 86 25/03/2021 16:08:18 • classe B – materiais de menor importância, que justifi - cam pouca atenção da administração; e • classe C – materiais em situação intermediária entre as classes A e B. Assim, as principais vantagens de se adotar a curva ABC para gerir o estoque são: facilidade para fazer o inventário de estoques, redução do tamanho dos in- ventários, custos de serviços burocráticos mais baixos e o planejamento dos estoques. Produtividade na construção civil A produtividade varia de uma obra para outra, uma vez que a construção gera produtos considerados únicos. Quando se conhece a produtividade de uma obra, ela pode ser utilizada como fator balizador para a determinação da demanda de recurso e a alocação correta destes, a fi m de gerar um ambiente organizado, com menor custo e maior segurança (SOUZA, 2017). De acordo com a apostila A produtividade da Construção Civil brasileira (SI- MONSEN, 2016), o conceito amplo de produtividade é a obtenção de uma pro- dução maior, com uma mesma quantidade de recursos empregados, ou quan- do menos recursos são empregados para a obtenção da mesma produção. Segundo a obra “Estudo sobre produtividade na construção civil: desafi os e tendências no Brasil” (BARREIROS et al., 2014), são consideradas sete alavan- cas da produtividade na construção, como podemos ver no Quadro 3, onde esses fatores são elencados e detalhados de forma a apresentar os pontos onde a produtividade pode ser trabalhada. Alavancas de produtividade Descrição resumida e exemplos de elementos envolvidos 1. Planejamento da execução de empreen- dimentos • Planejamento da necessidade de recursos e de materiais em diferen- tes horizontes de planejamento (curto, médio e longo prazo). • Processos estruturados de atualização do planejamento conforme a execução. • Escritório integrado de gestão de projetos (PMO – Project Management Offi ce). • Aplicação de softwares tipo BIM (Building Information Model). QUADRO 3. ALAVANCAS DA PRODUTIVIDADE PROCESSOS CONSTRUTIVOS 87 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 87 25/03/2021 16:08:18 2. Adoção de métodos de gestão • Lean Construction – construção baseada no paradigma de redução de desperdícios que fi cou conhecido como método Toyota de produção • Melhor sincronização do empreendimento e melhoria do fl uxo de ma- teriais, visando a eliminação das atividades que não agregam valor • Strategic Sourcing – otimização dos fornecedores e das compras 3. Equipamentos • Modernização de equipamentos (gruas fl exíveis, elevadores mais rá- pidos etc.) • Maior taxa de utilização de equipamentos 4. Materiais • Adoção de novos materiais mais efi cientes (concreto autocurativo, ci-mento magnesiano etc.). 5. Métodos construtivos • Aplicação de métodos construtivos mais efi cientes (vigas pré-molda-das, alvenaria estrutural, estruturas metálicas etc.). 6. Melhorias de projeto • Foco na melhoria dos projetos e sua adequação para a execução. 7. Qualifi cação da mão de obra • Ações para aprimorar recrutamento • Ações para aumentar a qualifi cação atual (treinamento, motivação etc.). • Plano para retenção de profi ssionais. Fonte: BARREIROS et al., 2014. p. 5. O sucesso de qualquer indústria, assim como da Construção Civil, está direta- mente ligado à sua produtividade, pois trata-se de uma ferramenta de apoio para a tomada de decisões necessárias para o andamento da obra. Assim, por meio de seus indicadores, é possível mensurar o rendimento dos processos construtivos e da mão de obra, bem como dos materiais e equipamentos utilizados dentro dela. Fatores que influenciam a produtividade A produtividade, na construção civil, é infl uenciada por diversos fatores. Assim, é importante que os profi ssionais e empresas compreendam a in- fl uência exercida por cada um destes. Segundo o Relatório de Inteligência da Construção Civil, elaborado pelo SEBRAE (2015), podem ser considerados fatores que infl ueciam a produtividade: • o planejamento e controle de obras, que deve possuir todas as infor- mações disponíveis (a quantidade de material, o tempo de execução das ativi- dades e outras), que podem impactar o prazo fi nal da entrega da obra. Além disso, quando o planejamento é negligenciado, podem ocorrer atrasos na obra por falta de materiais, aumento dos custos e indisponibilidade das equipes; • a capacitação e treinamento da mão de obra, pois uma mão de obra bem qualifi cada executa as atividades com mais qualidade, evitando retrabalhos. Uma das características de empresas de construção é a utilização de empresas tercei- PROCESSOS CONSTRUTIVOS 88 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 88 25/03/2021 16:08:18 rizadas na execução de determinados serviços, o que dificulta a criação de vínculo com a empresa e reduz o interesse de investimento em capacitação; • o retrabalho, que prejudica a qualidade dos serviços executados, sen- do necessária a realização das atividades diversas vezes, podendo acarretar em atraso da obra e a utilização de materiais além do previsto; • a matéria-prima, pois a falta de padronização das matérias-primas uti- lizadas pode ocasionar a perda de controle do estoque, além de resultar em desperdícios. Outro fator a ser considerado está relacionado à aquisição de materiais, pois são necessários mais fornecedores e o tempo de espera entre um material e outro pode ser distinto; • o layout do canteiro de obras, que deve facilitar a circulação dos ma- teriais e trabalhadores, sem afetar a produtividade das operações. Um can- teiro de obras mal planejado tem a tendência de aumentar as distâncias e tempos utilizados na realização das atividades; e • a segurança do trabalho, pois a falta de aplicação das normas re- gulamentadoras de segurança no trabalho pode resultarem aciden- tes com os profissionais envolvidos na obra. Estes acidentes geralmente vêm acompanhados de afastamen- tos, sendo necessário a contratação de outros trabalhadores, que neces- sitarão de integração para conheci- mento dos processos construtivos adotados. Ainda segundo o SEBRAE (2015), uma das medidas para melhorar a pro- dutividade na construção civil é a utilização de tecnologias que podem tra- zer vantagens, tais como: o aumento da agilidade nas construções, a redu- ção do tempo de construção, a padronização das atividades, a redução de desperdícios de materiais e a redução de retrabalhos. No Quadro 4, pode- mos ver as principais tecnologias que podem ser adotadas para melhorar a produtividade na construção civil e o impacto destas nos principais fatores que a influenciam. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 89 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 89 25/03/2021 16:08:24 Principais tecnologias Áreas onde a tecnologia auxilia a aumentar a produtividade Áreas onde a tecnologia tem pouco impacto na produtividade Item Qualifi cação da mão de obra Retraba- lho Matéria-prima Planejamento e controle Layout do can- teiro Segurança do traba- lho BIM BIM 4D Automação Telas soldadas Monoforte Sistema de alvenaria es- trutural Sistema de lajes mistas Sistema de CES Tecnologia móvel Microconcre- to de alto de- sempenho Concreto au- toadensável Painéis EPS EAD RFID QUADRO 4. TECNOLOGIAS PARA A MELHORIA DA PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO Fonte: SEBRAE, 2015. p. 5. Indicadores de produtividade Para mensurar o grau de produtividade de uma determinada obra, são uti- lizados indicadores de produtividade, que, de acordo com Souza (2017), estabe- lecem a relação entre a quantidade de recursos demandados e a quantidade de produtos realizados. Os mais utilizados são: Razão Unitária de Produção (RUP) e o Consumo Unitário de Materiais (CUM). PROCESSOS CONSTRUTIVOS 90 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 90 25/03/2021 16:08:25 A Razão Unitária de Produção (RUP) é utilizada, principalmente, para medir a produtividade da mão de obra por meio da equação: RUP = Hh Qs (1) Onde: Hh = Homens-hora; Qs = Quantidade de serviço realizado. Quanto maior é o valor do RUP calculado, menor é a produtividade da equipe. Como podemos ver na relação, o índice de homem-hora é diretamente propor- cional ao RUP. Desta forma, quanto maior este indicador, mais mão de obra será necessária para a realização de determinado serviço. Desse modo, O RUP pode ser apresentado como (SOUZA, 2017): • RUP acumulativo, que leva em conta o esforço total realizado em um serviço, sendo bastante utilizado em orçamento, por representar um valor global. Neste caso, não se faz distinção entre os momentos bons e ruins de produção, ocorridos no serviço; e • RUP potencial, que não leva em conta os momentos ruins de produtividade, sendo utilizado principalmente para dimensionar a quantidade de mão de obra, partindo do conceito de que a equipe fará o serviço com boa produtividade. O Consumo Unitário de Materiais (CUM) é utilizado para medir a produtividade dos materiais. Ele representa a razão entre a quantidade de materiais adquiri- dos e a quantidade do serviço realizado, de acordo com a equação: CUM =Qmat Qserviço (2) Onde: Qmat = Quantidade de material; Qserviço = Quantidade de serviço. Além disso, pode ser também estabelecida uma função de consumo uni- tário teórico (CUMteórico) e do percentual de perdas de materiais (Perdas%), de acordo com a equação: CUM = CUMteórico ∙ Perdas%1001 + (3) PROCESSOS CONSTRUTIVOS 91 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 91 25/03/2021 16:08:25 Gestão dos custos construtivos A indústria da construção civil é considerada uma das mais relevantes para o crescimento do país, em função de suas características de proporcionar habi- tação e desenvolvimento, por meio das obras de infraestrutura, e por empre- gar profi ssionais de diversos níveis de formação. Apesar disso, este ramo ainda é conhecido pela sua inefi ciência, grande desperdício, atrasos nas entregas dos produtos e patologias construtivas. Em qualquer obra, o custo tem papel fundamental, e é por meio do orça- mento que são determinados os custos previstos. Assim, o orçamento deve ser elaborado por um profi ssional habilitado, como o engenheiro civil. O orça- mento de uma obra contém a discriminação dos diversos serviços necessários para a realização da construção, suas quantidades e o custo unitário de execu- ção. Geralmente, ele é elaborado com base em projetos, memoriais, análises in loco, entendimento do tempo e local da construção (CARVALHO, 2019). Importância do orçamento O orçamento é fundamental para o sucesso de um empreendimento, pois, por meio dele, pode ser obtida a previsão de custo para uma obra. Deve-se quantifi car os insumos, como a mão de obra, os materiais, as máquinas, as ferramentas e os equipamentos necessários para a execução de cada serviço (PINHEIRO; CRIVELA- RO, 2014). Assim, o orçamento pode ser: • por estimativa – elaborado para estudar a viabilidade de empreendimentos, com base no projeto de arquitetura e apresentando 20% de margem de erro. São utilizados dois fatores principais, sendo estes a área da construção e o custo unitá- rio básico do metro quadrado de construção (CUB), calculado mensalmente pelos Sindicatos da Indústria da Construção Civil em todo o Brasil; • preliminar – realizado com base no planejamento inicial da obra, utilizados os projetos de arquitetura, de estruturas, as instalações elétricas e hidráulicas, bem como memoriais descritivos e que possuem margem de erro de 10%. São utiliza- dos fatores como: a planilha de custo unitário e o levantamento de quantitativos; e • executivo – elaborado com base em todos os projetos disponíveis, memo- riais descritivos e acabamentos, possuindo 5% de margem de erro. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 92 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 92 25/03/2021 16:08:25 EXPLICANDO O CUB foi criado em 1964, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para sanar a necessidade de uma metodologia de cálculos de custos unitários. Ele representa este valor por metro quadrado de construção, de acordo com o tipo de obra (CARVALHO, 2019). De acordo com Aldo D. Mattos (2006), um orçamento é determinado soman- do-se os custos diretos, como a mão de obra, os materiais e os equipamentos, aos custos indiretos, como as equipes de apoio e supervisão e as despesas gerais de canteiro de obras, e adicionando, por fim, os impostos e lucros. Se o orçamento for elaborado de forma paralela às fases do projeto, ele pode transformar-se em uma ferramenta para a tomada de decisões quanto aos projetos, podendo ser revistas as especificações de materiais. Segundo Carvalho (2019), na área de gerenciamento de custos, são apresenta- dos processos para etapas de planejamento, monitoramento e controle dos cus- tos. Na etapa de planejamento de custos, é realizado primeiro a estimativa de custos e, posteriormente, a orçamentação. Isso significa dizer que, para projetos em fases iniciais e sem muito detalhamento, é necessário que o custo seja estima- do, sendo realizada a orçamentação à medida em que o projeto evolui. Na etapa de monitoramento e controle, ocorre o controle dos custos, sendo necessário o monitoramento de (CARVALHO, 2009): • temporalidade e aproximação; • mudanças e imprevistos, que podem ocorrer nos processos construtivos; e • orçamento como ferramenta de gerenciamento, para acompanhamento e controle, podendo ser atualizado e revisado para a obtenção de melhores resul- tados. O orçamentista necessita do projeto em mãos, para a elaboração do orçamen- to, assim como as pranchas do projeto arquitetônico e estrutural, as instalações hidrossanitárias e elétricas, a proteção contra descargas atmosféricas e a preven- ção contra incêndios, entre outros, e seus respectivos memoriais descritivos. O orçamento é de grande importância para guiar a tomada de decisões,pois, se um custo está fora do previsto, ele pode ser revisto (CARVALHO, 2019). Desse modo, a elaboração de um orçamento pode ser dividida em seis fases, sendo estas: • Fase 1 – análise de projetos, documentações e condições de contorno; • Fase 2 – identificação e listagem de todos os serviços; PROCESSOS CONSTRUTIVOS 93 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 93 25/03/2021 16:08:25 • Fase 3 – cálculo dos quantitativos em função das unidades de medição; • Fase 4 – cálculo dos custos unitários de cada serviço; • Fase 5 – cotação de preços, equipamentos e encargos sociais e complemen- tares; • Fase 6 – cálculo do BDI, preço de venda e elaboração de relatórios. Além de definir o custo de uma obra, contudo, o orçamento também dá base para aplicações como (MATTOS, 2006): • o levantamento dos materiais e serviços para a descrição e quantificação dos materiais e serviços que auxiliam o construtor na definição das metodologias construtivas; • a obtenção de índices para o acompanhamento, para a análise da utilização dos insumos; • o dimensionamento de equipes para a determinação da quantidade de traba- lhadores, para a realização dos diversos serviços; • a capacidade de revisão de valores e índices, pois muitas vezes é necessário recalcular o orçamento em função da atualização de preços; • a realização de simulações para a verificação do comportamento do orça- mento, a partir do emprego de diversos processos construtivos; • a elaboração do cronograma físico-financeiro, que retrata a evolução dos ser- viços ao longo do tempo; e • a análise da viabilidade financeira, para realizar o comparativo entre custos e as receitas. De acordo com Carvalho (2019) e Mattos (2006), são características de um or- çamento de obras a especificidade, que considera o projeto como único. Assim, o orçamento possui dentre suas características a temporalidade, pois os valores dos insumos estão em constante variação de preço, e a aproximação, pois o orçamen- to é baseado em previsões durante sua elaboração. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 94 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 94 25/03/2021 16:08:25 Sintetizando O contexto atual da Construção Civil necessita que as empresas sejam cada vez mais competitivas, para obterem uma quantidade mínima de lucratividade e competitividade no mercado. Dessa forma, torna-se cada vez mais importan- tes as ferramentas de planejamento e gerenciamento. Neste contexto, explo- ramos a importância do gerenciamento de obras, cujos principais benefícios são o conhecimento pleno da obra, a detecção de situações desfavoráveis, a agilidade nas decisões, a otimização da alocação de recursos e a padronização dos procedimentos, entre outros. Além disso, foi realizada a correlação do planejamento com os estágios do ciclo de vida do projeto, sendo apresentadas também as principais ferramentas de planejamento e gerenciamento utilizadas na construção civil. Compreende- mos, assim, os conceitos de produtividade e sua importância na construção civil, identificando os principais fatores que podem impactar a obra em função da redução de produtividade. Vimos ainda os principais índices de medição de mão de obra e do consumo de materiais. Por fim, compreendemos a importância e os principais conceitos a respeito dos custos construtivos, especialmente com o papel exercido pelo orçamento, no planejamento, para a realização de uma obra, sendo as prin- cipais características do orçamento na construção civil a sua especificidade, temporalidade e aproximação. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 95 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 95 25/03/2021 16:08:26 Referências bibliográficas BARREIROS, F.; et al. Estudo sobre a produtividade na construção civil: desa- fios e tendências no Brasil. Rio de Janeiro: EY, 2014. CARVALHO, M. Conhecendo o orçamento de obras. São Paulo: LTC, 2019. MATTOS, A. D. Como Preparar Orçamento de Obras. 1. ed. São Paulo: PINI, 2006. MATTOS, A. D. Planejamento e Controle de Obras. 1. ed. São Paulo: PINI, 2010. NOGUEIRA, C. F. B; SAFFARO, F. A; GUADANHIM, S. J. Diretrizes de projeto para a redução de perdas na produção de Habitações de Interesse Social customiza- das com painéis pré-fabricados em sistemas de construção a seco. Ambiente Construído, v. 18, n. 1. Porto Alegre, 2018. p. 67-89. Disponível em: <https://doi. org/10.1590/s1678-86212018000100210>. Acesso em: 05 mar. 2021. PINHEIRO, A. C. F. B; CRIVELARO, M. Planejamento e custos de obras. São Paulo: Érica, 2014. PORTUGAL, M. A. Como gerenciar projetos de Construção Civil: do orçamen- to à entrega da obra. Rio de Janeiro: Brasport, 2016. SANTOS, P. R. R; SANTOS, D. G. Investigação de perdas devido ao trabalho inaca- bado e o seu impacto no tempo de ciclo dos processos construtivos. Ambiente Construído, v. 17, n. 2. Porto Alegre, 2017. p. 39-52. Disponível em: <https://doi. org/10.1590/s1678-86212017000200145>. Acesso em: 05 mar. 2021. SEBRAE. Use a tecnologia para aumentar a produtividade na construção civil. SE- BRAE, set. 2015. 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PROCESSOS CONSTRUTIVOS 97 SER_ENGCIV_PROCON_UNID3.indd 97 25/03/2021 16:08:26 O DESPERDÍCIO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 4 UNIDADE SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 98 25/03/2021 16:20:05 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Compreender a existências das perdas construtivas; Conhecer a classificação das perdas construtivas; Entender os indicadores de perdas; Apreciar a construção enxuta e seus princípios; Interpretar a curva S de trabalho e de custos; Aprender o conceito de análise de valor agregado; Distinguir as etapas de uma obra. Gestão das perdas construtivas Tipos de perdas Cálculo de indicadores de per- das construtivas Construção enxuta (ou lean construction) Produção enxuta (ou lean production) Conceitos e princípios do lean construction Acompanhamento do desen- volvimento do projeto Curva S de trabalho e curva S de custos Curva S padrão Análise de valor agregado Etapas de uma obra PROCESSOS CONSTRUTIVOS 99 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 99 25/03/2021 16:20:05 Gestão das perdas construtivas Debatidas desde o início do século XX, as perdas de produção são entendidas como qualquer atividade que consuma recursos, porém, não crie valor, como a pro- dução de itens em que não há clientes interessados, estoques parados, entre outros. De acordo com Gonçalves e Brandstetter, em trabalho apresentado no XXXVI Encon- tro Nacional de Engenharia de Produção, em 2016, as perdas vão além do conceito de desperdício e podem existir também na execução de tarefas desnecessárias e que não geram nenhum valor, apenas gerando custos adicionais de produção. O mercado da construção civil tem se tornado cada vez mais competitivo, cujo cenário exige das empresas e profi ssionais maiores investimentos no plane- jamento e gerenciamento das obras de forma a obter um controle mais efi ciente da produção e qualidade, como lembrado por Santos e Santos, em artigo para a revista Ambiente construído em 2017. Assim, é necessário obterum controle maior das perdas construtivas pois representam uma parcela signifi cativa dos custos de produção. A indústria da construção civil requer uma grande quan- tidade de materiais para a produção, como cimento, britas, areia, aço, blocos de concreto, tijolos, cabos, tubulações e demais materiais necessários para as insta- lações. Segundo Souza, autor do livro Como reduzir perdas nos canteiros – manual de gestão do consumo de materiais na construção civil, de 2005, cada metro qua- drado de construção necessita de aproximadamente e toneladas de materiais. CITANDO De acordo com Souza, comparando a construção civil com outras in- dústrias, é possível afi rmar que, ao longo de 1 ano de atividades, o setor consome cerca de 100 a 200 mais materiais do que a indústria automobi- lística. Dessa forma, qualquer ação que vise a maior efi ciência no uso de materiais de construção pode ter refl exos relevantes quanto ao desenvol- vimento sustentável. Tipos de perdas De acordo com Souza, as perdas são classifi cadas segundo os seguintes cri- térios: PROCESSOS CONSTRUTIVOS 100 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 100 25/03/2021 16:20:05 • O tipo de recurso consumido; • A unidade para a sua medição; • O momento de incidência na produção; • Sua natureza; • Sua causa; • Sua origem. Perdas segundo o tipo de recurso consumido Uma obra, para que seja concretizada, demanda recursos físicos e financei- ros interligados, pois o uso com eficiência dos recursos físicos reduz a demanda por recursos financeiros. Como recursos físicos, são entendidos os materiais de construção, a mão de obra e os equipamentos utilizado e, quanto a esse parâ- metro, as perdas são classificadas de acordo com o Diagrama 1. DIAGRAMA 1. PERDAS SEGUNDO O RECURSO CONSUMIDO Fonte: SOUZA, 2005, p. 31. Como exemplos de perdas financeiras, Souza cita alguns casos: • Perdas estritamente financeiras: casos em que, por erros de cálculo, os materiais são adquiridos em menor número que o necessário ao fornecedor, ne- cessitando de compra emergencial, às vezes realizadas em fornecedores locais a preços mais altos. Ocorrem também quando certos materiais estão em falta no mercado, sendo preciso adquirir outros tipos com preço mais elevado. Além disso, compras em excesso representam perdas financeiras para a construção, pois o recurso deixou de ser alocado em outras aquisições; Perdas Financeiras Estritamente financeiras Decorrentes das perdas de recursos físicos Mão de obra Equipamentos Materiais Físicas PROCESSOS CONSTRUTIVOS 101 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 101 25/03/2021 16:20:05 • Perdas decorrentes das perdas de recursos físicos: conforme relatado, quando há muitas perdas físicas, mais recursos financeiros são necessários para a aquisição dos materiais adicionais; Ainda segundo o mesmo autor, como exemplos de perdas físicas, é possível citar os seguintes casos: • Perdas de mão de obra: quando um trabalhador precisa parar sua pro- dução em função de possuir informações imprecisas a respeito do serviço a ser feito, sendo necessária a pausa para aguardar as informações corretas; • Perdas de equipamentos: quando os equipamentos não podem ser utili- zados em função de situações climáticas, mecânicas ou outras; • Perdas de materiais: em função do armazenamento, manuseio e emprego incorreto dos materiais de construção. • Perdas segundo a unidade para a sua medição As perdas são expressas em diversas unidades de medida, a depender do tipo de material analisado, como em unidade de massa, volume e unidades monetá- rias. Além dessas, são utilizadas unidades em valores absolutos ou percentuais; • Perdas segundo o momento de incidência na produção A fase de produção da edificação é a que possui maiores índices de perda de materiais, o que pode ocorrer nas diversas etapas da produção de uma edifica- ção, como no recebimento dos materiais, na estocagem, no processamento inter- mediário, processamento final e no transporte que pode ocorrer entre as etapas; • Perdas segundo a natureza De acordo com Souza, as perdas podem ter as seguintes naturezas: Entulho Roubo Incorporada Figura 1. Perdas na construção civil segundo sua natureza. Fonte: SOUZA, 2017, p. 25. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 102 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 102 25/03/2021 16:20:09 a) Entulho: gerado na realização de diversos serviços e originado de materiais dis- tintos como, ao se quebrar um painel de fôrmas, as partes inutilizáveis devem ser des- cartadas e novos materiais, adquiridos; b) Incorporada: representam as perdas menos perceptíveis a olho nu, todavia, são frequentes nas edifi cações e incidem na utilização de quantidades superiores de mate- riais do que o recomendado, como ao concretar uma laje mais espessa que o indicado no projeto estrutural ou executar revestimentos de parede com espessura excessiva; c) Furtos ou roubos: com a falta de segurança patrimonial em canteiros, podem haver roubos ou furtos de materiais por terceiros, o que demanda a compra de material adicional. • Perdas segundo a sua origem Num projeto, é importante entender as razões que representam a origem das per- das, como ao quebrar um bloco para a confecção de uma alvenaria, em que o profi ssio- nal perde parte dele. Portanto, a perda não tem origem no referido ato, mas na fase de projeto, na qual foram especifi cados componentes incompatíveis com as dimensões da parede gerando a necessidade de cortes, conforme Souza. Dessa forma, são considera- das algumas origens para as perdas que podem ocorrer em diversas fases do projeto: • Falta ou inadequação dos procedimentos de produção; • Especifi cação de componentes não compatíveis com as dimensões do produto a ser realizado; • Falta de coordenação de trabalho entre os projetistas. No Quadro 1, está a correlação entre alguns tipos de perdas, suas origens e as fases do empreendimento. Manifestações de perdas Causas Origens Fase do empreendimento Entulho de blo- cos de concreto Corte com ferramenta e/ou técnica inadequadas Falta de procedimento de produção for- mal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de blocos Planejamento Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Produção Falta de compatibilização modular entre as dimensões das paredes e a dos compo- nentes de alvenaria Concepção QUADRO 1. PERDAS E SUAS ORIGENS Entulho de blo- cos de concreto Entulho de blo- cos de concreto Entulho de blo- cos de concretocos de concreto Corte com ferramenta Corte com ferramenta e/ou técnica inadequadas Falta de procedimento de produção for- ferramenta e/ou técnica inadequadas Falta de procedimento de produção for- mal para prescrição da ferramenta e da e/ou técnica inadequadas Falta de procedimento de produção for- mal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de blocos Falta de procedimento de produção for- mal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de blocos inadequadas Falta de treinamento dos operários quan- Falta de procedimento de produção for- mal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de blocos Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Falta de compatibilização modular entre Falta de procedimento de produção for- mal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de blocos Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Falta de compatibilização modular entre as dimensões das paredes e a dos compo- Falta de procedimento de produção for- mal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de blocos Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Falta de compatibilização modular entre as dimensões das paredes e a dos compo- Falta de procedimento de produção for- mal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de blocos Falta de treinamento dos operáriosquan- to ao procedimento a ser seguido Falta de compatibilização modular entre as dimensões das paredes e a dos compo- Falta de procedimento de produção for- mal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de blocos Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Falta de compatibilização modular entre as dimensões das paredes e a dos compo- nentes de alvenaria Falta de procedimento de produção for- mal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de blocos Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Falta de compatibilização modular entre as dimensões das paredes e a dos compo- nentes de alvenaria mal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de blocos Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Falta de compatibilização modular entre as dimensões das paredes e a dos compo- nentes de alvenaria Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Falta de compatibilização modular entre as dimensões das paredes e a dos compo- nentes de alvenaria Planejamento Falta de compatibilização modular entre as dimensões das paredes e a dos compo- nentes de alvenaria Planejamento Falta de compatibilização modular entre as dimensões das paredes e a dos compo- Planejamento Produção as dimensões das paredes e a dos compo- ProduçãoProdução ConcepçãoConcepçãoConcepção PROCESSOS CONSTRUTIVOS 103 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 103 25/03/2021 16:20:09 Cálculo de indicadores de perdas construtivas De acordo com Souza, os indicadores representam informações quantitati- vas e qualitativas que medem e permitem a avaliação de comportamento de de- terminado objeto de estudo e, a partir da utilização deles, são criados sistemas informações com o intuito de auxiliar os gestores nas tomadas de decisões. Para entender e compreender como ocorre este processo de perdas na construção civil, é necessário o emprego dos indicadores de quantifi cação das perdas para identifi car o tipo de recurso perdido, mensurá-los, determinar a fase do projeto em que ocorreram e o momento de incidência na produção. Sobretudo, é fun- damental entender os dados, por meio dos indicadores qualitativos, como forma de buscar a razão para o número de perdas, dando atenção para identifi car a sua natureza, forma de incidência, causa, origem e sua caracterização tecnológica. Indicadores de mensuração • Indicador de perdas físicas de materiais global – IPM Glob (%); Este indicador tem o intuito de mensurar as perdas físicas globais ocorridas na fase de produção do empreendimento, levando em consideração o projeto Entulho de pla- cas cerâmicas Corte com ferramenta e/ou técnica inadequadas Falta de procedimento de produção formal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de placas cerâmicas Planejamento Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Produção Projeto prescrevendo placas muito grandes para ambientes muito pequenos gerando percentual elevado de placas cortadas Concepção Espessura média elevada do reves- timento interno de paredes com argamassa Falta de es- quadro entre paredes projetadas para serem perpendicu- lares Falta de treinamento do encarregado quanto aos procedimentos para inspeção do serviço Produção Vigas de concreto mais espes- sas que a alvenaria Falta de coordenação de projetos Concepção Fonte: SOUZA, 2005, p. 41. Entulho de pla-Entulho de pla- cas cerâmicas Entulho de pla- cas cerâmicas Entulho de pla- cas cerâmicas Corte com ferramenta Corte com ferramenta e/ou técnica inadequadas Falta de procedimento de produção formal ferramenta e/ou técnica inadequadas Falta de procedimento de produção formal para prescrição da ferramenta e da técnica Espessura média e/ou técnica inadequadas Falta de procedimento de produção formal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de placas cerâmicas Falta de treinamento dos operários quan- Espessura média elevada do reves- inadequadas Falta de procedimento de produção formal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de placas cerâmicas Falta de treinamento dos operários quan- Espessura média elevada do reves- timento interno Falta de es- quadro entre Falta de procedimento de produção formal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de placas cerâmicas Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Projeto prescrevendo placas muito grandes Espessura média elevada do reves- timento interno de paredes com Falta de es- quadro entre Falta de procedimento de produção formal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de placas cerâmicas Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Projeto prescrevendo placas muito grandes para ambientes muito pequenos gerando elevada do reves- timento interno de paredes com argamassa Falta de es- quadro entre paredes projetadas Falta de procedimento de produção formal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de placas cerâmicas Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Projeto prescrevendo placas muito grandes para ambientes muito pequenos gerando percentual elevado de placas cortadas timento interno de paredes com argamassa quadro entre paredes projetadas para serem perpendicu- Falta de procedimento de produção formal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de placas cerâmicas Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Projeto prescrevendo placas muito grandes para ambientes muito pequenos gerando percentual elevado de placas cortadas argamassa projetadas para serem perpendicu- Falta de procedimento de produção formal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de placas cerâmicas Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Projeto prescrevendo placas muito grandes para ambientes muito pequenos gerando percentual elevado de placas cortadas para serem perpendicu- lares Falta de treinamento do encarregado quanto aos procedimentos para inspeção Falta de procedimento de produção formal para prescrição da ferramenta e da técnica adequadas para corte de placas cerâmicas Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Projeto prescrevendo placas muito grandes para ambientes muito pequenos gerando percentual elevado de placas cortadas Falta de treinamento do encarregado quanto aos procedimentos para inspeção Vigas de concreto adequadas para corte de placas cerâmicas Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Projeto prescrevendo placas muito grandes para ambientes muito pequenos gerando percentual elevado de placas cortadas Falta de treinamento do encarregado quanto aos procedimentos para inspeção Vigas de concreto mais espes- Planejamento Falta de treinamento dos operários quan- to ao procedimento a ser seguido Projeto prescrevendo placas muito grandes para ambientes muito pequenos gerando percentual elevado de placas cortadas Falta de treinamento do encarregado quanto aos procedimentos para inspeção mais espes- sas que a alvenaria Planejamento Projeto prescrevendo placas muito grandes para ambientes muito pequenos gerando percentual elevado de placas cortadas Falta de treinamento do encarregado quanto aos procedimentos para inspeção do serviço mais espes- sas que a alvenaria Planejamento Produção para ambientes muito pequenos gerando percentual elevado de placas cortadas Falta de treinamento do encarregado quanto aos procedimentos para inspeção do serviço alvenaria Produção Falta de treinamento do encarregado quanto aos procedimentos para inspeçãodo serviço Falta de coordenação de projetos Produção Concepção Falta de treinamento do encarregado quanto aos procedimentos para inspeção Falta de coordenação de projetos Concepção Falta de treinamento do encarregado quanto aos procedimentos para inspeção Falta de coordenação de projetos Concepção quanto aos procedimentos para inspeção Falta de coordenação de projetosFalta de coordenação de projetos Produção Falta de coordenação de projetos Produção Falta de coordenação de projetos ConcepçãoConcepçãoConcepção PROCESSOS CONSTRUTIVOS 104 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 104 25/03/2021 16:20:10 como um todo e utilizando a porcentagem como unidade de medida, sendo cal- culado por meio da fórmula: Em que: QMR = quantidade de material realmente necessária; QMT = quantidade de material teoricamente necessária. Os QMR e QMT usados no indicador são determinados da seguinte forma: Em que: QMT = quantidade material teoricamente necessária; QS = quantidade de serviço executado; QM = quantidade de material demandada; QMS = quantidade de material simples demandada. • Indicador de perdas financeiras de materiais global – IPF Glob (%). De maneira análoga ao IPM Glob (%), este indicador de perdas financeiras diz respeito ao processo de produção como um todo, com medidas em unidades monetárias relacionadas com a perdas físicas, pois são compostas pelas perdas estritamente financeiras e as decorrentes de perdas físicas. O cálculo deste indi- cador é possível por meio da fórmula: Em que: QMoR = quantidade monetária realmente necessária; QMoT = quantidade monetária teoricamente necessária. Além disso, o indicador de perdas de materiais global (IPM Glob) pode ser divido em parcelas menores ao longo das etapas do processo de produção com o intuito de aprimorar a identificação destas perdas ao utilizar partes menores. Os indicadores parciais são úteis para localizar as fases da produção mais propensas às ocorrências de perdas e, assim, propor soluções para resolvê-las, apesar de, na teoria, ser mais indicado, a depender do tipo de produto produzido, diversas fases e serviços, o que torna inviável a utilização de muitos indicadores. Por isso, Souza recomenda que seja utilizado o indicador global com o auxílio de indicadores parciais específicos. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 105 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 105 25/03/2021 16:20:10 No Diagrama 2, as etapas de recebimento, estocagem, processamento in- termediário e processamento final possuem um índice ΔQM específico que, so- mados, resultam no índice ΔQM de todo a produção. Esse índice representa a quantidade de materiais utilizadas além do necessário em tese. Desse modo, o índice de perdas de materiais global (IPM Glob) é dado pela fórmula: Para a obtenção do índice ΔQM nas diversas etapas da produção, pode ser utilizada a fórmula a seguir: Indicadores explicadores Esses indicadores têm a função de auxiliar os indicadores quantitativos no entendimento da razão pelas quais ocorreram as perdas, de forma a facilitar a sua mitigação. São utilizados os seguintes indicadores: • Indicadores de natureza percentual: usados para aumentar a explicação dos motivos que podem ter causado as perdas, indicando a parcela de perdas segundo a sua natureza como furtos, entulhos e incorporação. Quando se fala em perdas construtivas, é comum sua associação com o desperdício de sobras de materiais em entulhos e, por meio dos indicadores de natureza percentual em estudos de Souza na construção de edifícios, foi demonstrado que esse tipo de perda representa uma parcela de 30% do total, enquanto as perdas incorporadas representam 70% en- quanto as perdas por furtos, por sua vez, apresentam valor irrelevante; DIAGRAMA 2. INDICADOR DE PERDAS DE MATERIAIS GLOBAL EM FUNÇÃO DAS ETAPAS DO PROJETO Fonte: SOUZA, 2005, p. 49. ΔQMreceb. ΔQMmovimentação ΔQMmovimentação ΔQMmovimentação ΔQMprodução = ΔQMreceb. + ΔQMestoc. + ΔQMproc. int. + ΔQMproc. final + ΔQMmovimentações IPMGlob. = IPMreceb. + IPMestoc. + IPMproc. int. + IPMproc. final + IPMmovimentações ΔQMestoc. ΔQMproc. int. ΔQMproc. final Recebimento Estocagem Processamento intermediário Processamento final PROCESSOS CONSTRUTIVOS 106 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 106 25/03/2021 16:20:10 • Fatores quantitativos: mensuram as características do produto relaciona- das com as perdas identifi cadas, apontam as formas de manifestação e indicam o seu valor aproximado na obtenção da espessura de revestimentos de alvena- ria, em que as espessuras além do usual podem ser as causadoras das perdas de argamassa; • Fatores indutores e caracterizadores: não mensuram as perdas, mas in- dicam as possíveis causas e origens e relacionam as perdas com as condições em que o serviço foi executado. A diferença entre eles reside no tipo de item analisado, como os fatores indutores, que tratam das possíveis causas ou ori- gens das perdas, e os caracterizadores, que analisam as características tecnoló- gicas associadas ao serviço, como o tipo de ferramenta utilizada, tipo de forneci- mento de materiais, entre outros. Construção enxuta (ou lean construction) Nos últimos anos, a construção civil tem se voltado cada vez mais para o plane- jamento e controle de produção como forma de melhorar os processos adminis- trativos e gerenciais para modernizar processos, melhorar a qualidade e buscar a redução do preço dos produtos, adaptando conceitos e técnicas utilizados no setor industrial, o que é salientado por Bernardes em Planejamento e controle da produção para empresas de construção civil, de 2021. No entanto, a produção na construção civil possui um caráter distinto dos demais ramos industriais e nem sempre é fácil realizar tal adaptação, o que resulta na adoção de sistemas inefi cientes. O planeja- mento e o controle da produção são necessários em função dos seguintes aspectos: • Facilitar a compressão dos objetivos do empreendimento; • Habilitar cada indivíduo envolvido na produção do empreendimento a pla- nejar sua parcela de trabalho; • Desenvolver referências para a elaboração de orçamentos e programação; • Produzir informações para a tomada de decisão mais consistente; • Evitar decisões errôneas em projetos futuros; • Melhorar o desempenho da produção por meio da análise dos processos; • Aumentar a velocidade de resposta frente à futuras mudanças; • Fornecer padrões de monitoramento, revisão e controle da execução de empreendimentos; PROCESSOS CONSTRUTIVOS 107 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 107 25/03/2021 16:20:10 • Estabelecer um processo de aprendizado sistemático com a experiência acumulada com os empreendimentos executados. Adotar o planejamento na construção é tão importante quanto produzir os orçamentos, planejar as atividades ou elaborar documentos. As obras de cons- trução civil são marcadas pelo desperdício e sua baixa inefi ciência em relação aos demais as demais indústrias, os atrasos frequentes e o aumento nos custos são os principais fatores que impulsionam o setor a buscar cada vez mais o pla- nejamento e monitoramento constante dos projetos de construção, conforme relatado por Teixeira Netto, em artigo publicado em 2020 na revista Interações. Dentre os conceitos abordados cada vez é abordada a Construção Enxuta ou Lean Construction. CONTEXTUALIZANDO De acordo com Bernardes. os principais benefícios da adoção de um modelo de planejamento da produção são: • Contribuir para a área do conhecimento, estabelecendo um referen- cial teórico para discussões; • Orientar empresas para o desenvolvimento de sistema de planeja- mento e controle da produção; • Mostrar como o planejamento pode ser utilizado em vários níveis gerenciais; • Defi nir os papéis de quem deve participar do planejamento. Produção enxuta (ou lean production) Para entender o Lean Construction, é importante abordar suas origens em outras indústrias. A partir do fi nal da década de 1970, muitos setores industriais estabeleceramum novo paradigma na gestão da produção, passando por diver- sas modifi cações em suas atividades produtivas, visto que os sistemas europeus e norte-americanos de produção em massa começaram a entrar em crise em decorrência do aumento de salários aliada à redução das jornadas de trabalho. Com esta situação, surgiram diversas iniciativas de novas maneiras de pro- dução, dentre as quais tem destaque a indústria automobilística japonesa, com a aplicação do Sistema Toyota de Produção, conhecido como Lean production ou Produção enxuta, conforme escrito por Bernardes. A produção enxuta surgiu nas fábricas da montadora Toyota, no Japão, após a Segura Guerra Mundial com PROCESSOS CONSTRUTIVOS 108 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 108 25/03/2021 16:20:10 a devastação da economia do país e busca da empresa para tentar se reerguer, algo exposto por Euphrosino em artigo para a revista Matéria no ano de 2019. Produção enxuta foi a denominação mais conhecida entre acadêmicos e profi ssionais. Um dos principais pontos da construção enxuta é baseado no princípio do Pensamento Enxuto (Lean Thinking), que visa a eliminação de qual- quer trabalho considerado desnecessário no processo produtivo de determina- do bem ou serviço, em função disso são chamados de perdas ou desperdícios, como ressaltado por Bernardes e Euphrosino. As perdas no sistema produtivo podem ser encaradas como qualquer elemento que gere custos, mas não agre- gue valor no produto ou serviço. Assim, as melhorias são focadas na identifi ca- ção de tais perdas. Segundo Ballé, no livro Estratégia Lean: para criar vantagem competitiva, inovar e produzir com crescimento sustentável, de 2019, o lean é uma estratégia de negó- cios que representa uma nova maneira de pensar, pois a Toyota não inventou um método para a otimização das organizações mecanicistas, mas criou uma nova maneira de pensar sobre o trabalho de forma dinâmica para aprender a melhor satisfazer seus clientes. De uma forma resumida, o pensamento enxuto pode ser considerado como uma forma de fazer cada mais com menos recursos, sejam eles representados pelo esforço humano, menos equipamentos, menos tempo, menos movimenta- ções, menos espaços, eliminando os desperdícios e agregando valor por meio das atividades necessárias, além de oferecer ao cliente o que ele deseja, como relatado por Gonçales Filho, Campos e Assumpção em artigo para a revista Ges- tão e Produção em 2016. Conceitos e princípios do lean construction É conhecido que o sistema de produção na construção civil pode ser conside- rado irracional, com grandes índices de perdas e altos custos produtivos, repre- sentando um setor bastante complexo que depende de diversos fatores, como a qualidade dos materiais empregados, a mão de obra e os recursos disponíveis. Quando não há controle sobre eles, surgem as perdas construtivas. Em função deste cenário, o Lean Construction ou Construção enxuta nasceu a partir dos conceitos da produção enxuta, como uma fi losofi a de produção específi ca para PROCESSOS CONSTRUTIVOS 109 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 109 25/03/2021 16:20:10 a construção civil a partir de estudos de um grupo internacional denominado de The Internacional Group for Lean Construction, sendo o pesquisador finlandês Lauri Koskela o primeiro a adotar esta denominação, em 1992. A construção enxuta tem como principal desafio tornar as construto- ras adaptáveis às mudanças de demandas e à eliminação de atividades e processos que não agregam valor ao produto para reduzir os custos, au- mentando a produtividade e os lucros, conforme proposto por Bernardes e Euphrosino. Em seus estudos, apresentados no livro Application of the new production philosophy to construction, de 1992, Koskela estabeleceu 11 prin- cípios básicos para a implementação do Lean Construction: 1. Redução da parcela de atividades que não agregam valor: são con- sideradas atividades que agregam valor aquelas que convertem os insumos utilizados para atender aos requisitos do cliente. Logo, atividades que não geram valor são aquelas sem a conversão para atender ao cliente, apenas consumindo tempo, recursos ou espaços. Neste grupo de atividades, se encaixam as operações de movimentação, inspeção e espera, por isso, a importância do planejamento do processo produtivo para a implementação do Lean Construction com a redução destas operações; 2. Aumentar o valor do produto por meio de uma consideração siste- mática dos requisitos do cliente: uma das atividades de grande importân- cia é uma pesquisa prévia com os clientes, de modo a ter uma compreen- são daquilo que se espera do produto, em especial, antes da realização de qualquer tipo de operação, pois evita que o cliente se frustre com o produto bem como o retrabalho de adequar o produto de acordo com os gostos do cliente. Além disso, a ação parece simples, mas passa a noção de que a empresa se preocupa com seus clientes e com os prazos estabelecidos. Desta forma, um produto tem valor agregado quando consegue satisfazer seus clientes internos e externos; 3. Redução da variabilidade: este princípio é importante, pois a variabilidade pode acar- retar no aumento dos custos e tempo de pro- dução, assim como influencia a aceitação dos clientes. A variabilidade, por ser reduzida, tem a PROCESSOS CONSTRUTIVOS 110 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 110 25/03/2021 16:20:10 implantação facilitada com a adoção de processos de produção padroniza- dos ou, em outras palavras, do planejamento do processo produtivo; 4. Redução do tempo de ciclo: o tempo de ciclo corresponde ao total dos prazos necessários para a realização das atividades que não geram va- lor ao produto citados no princípio 1. Logo, reduzi-los significa diminuir o tempo de ciclo. A implementação de inovações é facilitada em empreendi- mentos com menor tempo de ciclo, podendo ser alcançada ao sincronizar os fluxos de material e mão de obra, além da adoção de atividades repetiti- vas e padronizadas; 5. Simplificação pela minimização do número de passos e partes: a simplificação tem como intuito eliminar atividades que não agregam valor, podendo ser alcançada com a redução de componentes e processos. Quan- to maior o número de atividades envolvidas, maior a necessidade de opera- ções de movimentação, inspeção e espera que, conforme visto, consomem os recursos de forma desnecessária e em excesso; 6. Aumento da flexibilidade na execução do produto: os empreendi- mentos devem estar preparados para mudanças de forma satisfazer a exi- gência de seus consumidores. Coletar informações dos clientes é essencial para o conhecimento da possibilidade de mudanças no decorrer do projeto; 7. Aumento na transparência: reduzir os erros na produção dá mais transparência aos processos produtivos, detectando erros de forma mais rápida na execução dos serviços. Para isso, ter informações mais completas contribui não só para a existência de erros como para o aumento das ati- vidades que não agregam valor. À medida que os funcionários possuem as informações necessárias para o desenvolvimento de suas atividades, elas são realizadas de maneira mais eficaz; 8. Foco no controle de todo o processo: é importante que o projeto seja visto como um todo e não apenas de forma segmentada, posto que o processo construtivo dividido em partes facilita a ocorrência de perdas. Controlar todo o processo possibilita a identificação e correção de possíveis desvios que podem resultar em atraso na entrega da obra, assim, os diver- sos níveis de planejamentos devem ser integrados; 9. Estabelecimento de melhoria contínua ao processo: a redução das perdas nos processos produtivos deve ser contínua, uma vez que o princípio PROCESSOS CONSTRUTIVOS 111 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 111 25/03/2021 16:20:10 da melhoria contínua também pode ser alcançado à medida que os demais princípios citados são alcançados. A tomada de decisões frente aos desviosdetectados é um processo de melhoria contínua do processo produtivo; 10. Balanceamento da melhoria dos fl uxos com a melhoria das con- versões: Quanto maior a complexidade de um processo produtivo, maior o impacto da melhoria no fl uxo. Melhores fl uxos carecem de menor capacidade de conversão e, por consequência, menores investimentos em equipamentos; 11. Benchmarking: representa um processo de aprendizado realizado a partir de práticas adotadas em outros empresas consideradas como ex- poentes em determinado seguimento. Por buscar desenvolver processos de acordo com as melhores práticas que existem no mercado, pode ser considerado como uma ferramenta de inserção de inovações tecnológicas nos processos produtivos. Acompanhamento do desenvolvimento do projeto Os projetos na construção civil são de caráter longo e compostos por uma diversidade de atividades que deman- dam grandes quantidades de recursos. Em função disso, é importante para o gerente de projetos acompanhar a evolução da obra ao longo do tempo, como apontado por Mattos, em Plane- jamento e controle de obras, de 2010. Ainda segundo o autor, o ritmo de trabalho na construção civil se inicia com ritmo lento, caracterizado por poucas atividades ocorrendo de forma simultânea para, depois, passar a ter várias atividades simultâneas em ritmo mais acelerado e, próximo ao fi m, voltar a ocorrer a queda no ritmo. Ao longo da obra, o ritmo dos custos segue o de atividades. Para o controle da quantidade de trabalho e custos ao longo do desenvolvimen- to do projeto, é empregada a curva S, que mostra o ritmo de andamento do projeto e recebe esse nome porque o parâmetro analisado, plotado em função do tempo no gráfi co obtido, possui formato de S, como o exemplo trazido no Diagrama 3. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 112 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 112 25/03/2021 16:20:11 DIAGRAMA 3. EXEMPLO DE UMA CURVA S Fonte: MATTOS, 2010, p. 258. CURIOSIDADE Projetos distintos possuem podem ter curvas S com aspectos distintos, pois isso depende da sequência de atividades, da produtividade da mão de obra, e dos custos para a realização do projeto. De acordo com Mattos, projetos curtos tendem a formar curvas S deformadas por não permitir o desenvolvimento completo de uma curva S e, assim, ela não possui o formato característico, com duas concavidades bem defi nidas. Curva S de trabalho e curva S de custos O projeto de construção civil é formado de uma grande quantidade de ativi- dades e serviços de naturezas diferentes sendo mensurados por meio de unida- de de medida distintas, o que torna quase impossível o somatório para avaliação do progresso da obra. Por isso, é fundamental estabelecer medidas padroniza- das que consigam atender a todos as atividades, sendo elas o trabalho medido por homem-hora e os custos. Após determinar o parâmetro a ser acompanhado para a elaboração da curva, o gerente da obra deve acompanhá-lo por meio do cronograma e acumular seus valores em função do tempo, segundo Mattos. A curva S de trabalho é determina- da em função da quantidade de mão de obra utilizada ao longo do tempo. Av an ço a cu m ul ad o Tempo PROCESSOS CONSTRUTIVOS 113 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 113 25/03/2021 16:20:11 De modo análogo, a curva S de custos é obtida com base no parâmetro utili- zado, que pondera o valor de cada atividade realizada levando em consideração a mão de obra, materiais e equipamentos utilizados. Apesar de serem obtidas da mesma forma, as curvas não são consideradas iguais, já que estes parâmetros não evoluem na mesma proporção. É possível ver o exemplo de uma curva S de custos no Diagrama 4. DIAGRAMA 4. CURVA S DE CUSTOS Fonte: PINHEIRO; CRIVELLARO, 2014, p. 107. Curva S padrão A curva S padrão, também conhecida como teórica, é aproveitada quando o projeto ainda se encontra nas fases preliminares e não são obtidos dados sufi - cientes, sendo necessário acompanhar uma estimativa de avanço. Para a obten- ção dos dados utilizados na plotagem da curva, é empregada a fórmula: Em que: %acum(n) = avanço acumulado até o período n, expresso em %; n = número de ordem do período; N = prazo; R$ 180 R$ 160 R$ 140 R$ 120 R$ 100 R$ 80 R$ 60 R$ 40 R$ 20 R$ 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 PROCESSOS CONSTRUTIVOS 114 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 114 25/03/2021 16:20:11 t = mudança de concavidade da curva; representa o percentual do prazo total no ponto máximo da curva de Gauss; s = coefi ciente de forma que depende do ritmo da obra. Os parâmetros podem ser exemplifi cados no modelo de curva S padrão pre- sente no Diagrama 5. DIAGRAMA 5. CURVA DE GAUSS E CURVA S Fonte: MATTOS, 2010, p. 265. Análise de valor agregado A análise de valor agregado também representa uma forma de avaliação do desempenho dos empreendimentos, fornecendo resultados precisos por meio de dados reais de tempo e custo, o que faz com que o gerente compreenda a CONTEXTUALIZANDO Mattos, em seu livro, aponta alguns dos benefícios decorrentes da utilização da curva S: • Mostra o desenvolvimento do projeto do começo ao fi m; • Permite visualizar os valores acumulados em qualquer fase do projeto; • Ótima ferramenta de controle entre o previsto e o realizado; • Pode ser utilizada na tomada de decisões gerenciais; • É de fácil leitura e permite a apresentação rápida da evolução do projeto. % no mês % n o m ês ordenada máxima da curva de Gauss (sino) mudança da concavidade da curva S I = 45% 8% 100% 80% 60% 40% 20% 0% 7% 6% 5% 4% 3% 2% 1% 0% 1 112 123 134 145 156 167 178 189 1910 20 % acumulado % a cu m ul ad o Mês PROCESSOS CONSTRUTIVOS 115 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 115 25/03/2021 16:20:11 DIAGRAMA 6. ELEMENTOS UTILIZADOS NA ANÁLISE DO VALOR AGREGADO situação atual do projeto de forma clara. O método compara o valor do trabalho estipulado no planejamento com o trabalho efetivamente concluído para ana- lisar se os custos e as atividades estão dentro daquilo estipulado no planeja- mento, segundo proposto por Mattos. Ainda segundo o autor, a análise de valor agregado é composta a partir de elementos como o cronograma físico-finan- ceiro que, por sua vez, é baseado na estrutura analítica de projeto (EAP), dando origem a uma curva S que expressa o avanço do projeto. Fonte: MATTOS, 2010, p. 353. Na análise de valor agregados, Mattos destaca que são comparados os seguintes itens: • Valor previsto: custo estabelecido no planejamento com o auxílio do orça- mento; não representa aquilo que foi de fato realizado e corresponde à linha de base que deve nortear a equipe de projetos; • Valor agregado: custo que determinado serviço executado deveria apre- sentar, correspondente à quantia que deveria ter sido gasta; • Custo real: valor real demandado para a execução do serviço, corresponde à realidade física e não está relacionado ao planejamento do projeto. S S S SS S S S Escopo (EAP) Cronograma (planejamento) Custo (orçamento) Custo Tempo Curva S (linha de base) PROCESSOS CONSTRUTIVOS 116 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 116 25/03/2021 16:20:11 Ainda de acordo com o autor, esses três itens podem apresentar variações em função do custo e do prazo: • Variação de custo: representa a diferença entre o quanto o serviço deveria ter custado e quanto realmente custou, dada pela subtração entre o valor agre- gado e o custo real, de acordo com a fórmula: VC = VA - CR Com base no valor obtido para a variação de custos, é possível obter in- formações a respeito do projeto a partir de algumas formulações presentes no Quadro 2. Valores Signifi cado Observação VA > CR → VC > 0 O projeto gastou menos do que o previsto para realizar o trabalho = abaixo do orçamento. Razões possíveis: • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de preços e controle de gastos; • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do serviço ou dos insumos. Medidas: • Identificar a fonte de ganho; • Manter o ritmo do trabalho. VA = CR → VC = 0 O projeto gastou exata- mente o que foi previsto para realizar o trabalho = no orçamento. Medida: • Manter o ritmo do trabalho. VA < CR → VC < 0 O projeto gastou mais do que o previsto para realizar o trabalho = aci- ma do orçamento. Razões possíveis: • Produtividade real fi cou aquém da produtividade orçada; • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- ralisação, falta de material, etc. Medidas: • Identifi car a fonte da perda; • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo inadequado. QUADRO 2. VARIAÇÃO DE CUSTO COM BASE NO VALOR APRESENTADO VA > CR VA > CR 0 → VC O projeto gastou menos do que o previsto para O projeto gastou menos do que o previsto para realizar o trabalho = abaixo do orçamento. VA = CR O projeto gastou menos do que o previsto para realizar o trabalho = abaixo do orçamento. VA = CR = 0 O projeto gastou menos do que o previsto para realizar o trabalho = abaixo do orçamento. VC O projeto gastou menos do que o previsto para realizar o trabalho = abaixo do orçamento. Razões possíveis: O projeto gastou exata- mente o que foi previsto realizar o trabalho = abaixo do orçamento. Razões possíveis: • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de preços e controle de gastos; O projeto gastou exata- mente o que foi previsto para realizar o trabalho = Razões possíveis: • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de preços e controle de gastos; • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do serviço ou dos insumos. O projeto gastou exata- mente o que foi previsto para realizar o trabalho no orçamento. VA < CR < 0 • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de preços e controle de gastos; • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do serviço ou dos insumos. Medidas: O projeto gastou exata- mente o que foi previsto para realizar o trabalho no orçamento. → • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de preços e controle de gastos; • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do serviço ou dos insumos. Medidas: • Identifi car a fonte de ganho; • Manter o ritmo do trabalho. O projeto gastou exata- mente o que foi previsto para realizar o trabalho no orçamento. VC O projeto gastou mais • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de preços e controle de gastos; • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do serviço ou dos insumos. • Identifi car a fonte de ganho; • Manter o ritmo do trabalho. para realizar o trabalho Medida: O projeto gastou mais do que o previsto para realizar o trabalho = • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do serviço ou dos insumos. • Identifi car a fonte de ganho; • Manter o ritmo do trabalho. Medida: • Manter o ritmo do trabalho. O projeto gastou mais do que o previsto para realizar o trabalho = ma do orçamento. • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do • Identifi car a fonte de ganho; • Manter o ritmo do trabalho. • Manter o ritmo do trabalho. O projeto gastou mais do que o previsto para realizar o trabalho = ma do orçamento. • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do • Identifi car a fonte de ganho; • Manter o ritmo do trabalho. • Manter o ritmo do trabalho. O projeto gastou mais do que o previsto para realizar o trabalho = ma do orçamento. Razões possíveis: • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do • Manter o ritmo do trabalho. • Manter o ritmo do trabalho. do que o previsto para aci- ma do orçamento. Razões possíveis: • Produtividade real fi cou aquém da produtividade orçada; • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do • Manter o ritmo do trabalho. Razões possíveis: • Produtividade real fi cou aquém da produtividade orçada; • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- ralisação, falta de material, etc. • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do • Manter o ritmo do trabalho. • Produtividade real fi cou aquém da produtividade orçada; • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- ralisação, falta de material, etc. Medidas: • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do • Produtividade real fi cou aquém da produtividade orçada; • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- ralisação, falta de material, etc. Medidas: • Identifi car a fonte da perda; • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo • Custo real fi cou abaixo do orçado em virtude de uma boa negociação de • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do • Produtividade real fi cou aquém da produtividade orçada; • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- ralisação, falta de material, etc. • Identifi car a fonte da perda; • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo inadequado. • Economia pode ter sido conseguida por meio de uma má qualidade do • Produtividade real fi cou aquém da produtividade orçada; • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- ralisação, falta de material, etc. • Identifi car a fonte da perda; • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo inadequado. • Produtividade real fi cou aquém da produtividade orçada; • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- ralisação, falta de material, etc. • Identifi car a fonte da perda; • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo • Produtividade real fi cou aquém da produtividade orçada; • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- • Identifi car a fonte da perda; • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo • Produtividade real fi cou aquém da produtividade orçada; • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo • Produtividade real fi cou aquém da produtividade orçada; • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo • Produtividade real fi cou aquém da produtividade orçada; • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo • Contratempos encareceram o serviço: mudança de projeto, chuva, pa- • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo • Adotar providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo • Variação de prazo: representa a diferença entre a quantidade de trabalho efetivamente produzido e o quanto deveria ser produzido de acordo com o esta- belecido no planejamento.Para tanto, é empregada a seguinte fórmula: VPr = VA - VP É medida em dinheiro, e não em tempo, fornecendo informações se o pro- jeto está agregando valor de acordo com o previsto. Da mesma forma que a Fonte: MATTOS, 2010, p. 357. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 117 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 117 25/03/2021 16:20:11 variação de custos, a variação de prazos pode ter diversos signifi cados, como demonstrado no Quadro 3. Valores Signifi cado Observação VA > VP → VPr > 0 Foi realizado mais trabalho do que o previsto = projeto adiantado. Razões possíveis: • Produtividade real superou a orçada; • Projeto andou rápido à custa de serviço malfeito. Medidas: • Identifi car a fonte de ganho – talvez a equipe esteja “in- chada” demais; • Manter o ritmo do trabalho. VA = VP → VPr = 0 O trabalho realizado foi exata- mente igual ao que havia sido previsto = no prazo. Medidas: • Manter o ritmo do trabalho. VA < VP → VPr < 0 Foi realizado menos trabalho do que o previsto = projeto atrasado. Razões possíveis: • Produtividade real não conseguiu atingir a orçada – tal- vez a equipe esteja com gente de menos; • Contratempos atrasaram o projeto: mudança de projeto, chuva, paralisação, falta de material, etc. Medidas: • Identifi car a fonte da perda; • Adotar providências para prevenir futuras perdas e para corrigir o ritmo inadequado. Fonte: MATTOS, 2010, p. 358. QUADRO 3. VARIAÇÃO DE PRAZO COM BASE NO VALOR APRESENTADO VA > VP VA > VP VPr Foi realizado mais trabalho Foi realizado mais trabalho do que o previsto = adiantado. VA = VP = 0 Foi realizado mais trabalho do que o previsto = adiantado. → Foi realizado mais trabalho do que o previsto = adiantado. VPr Foi realizado mais trabalho do que o previsto = O trabalho realizado foi exata- mente igual ao que havia sido Foi realizado mais trabalho projeto Razões possíveis: O trabalho realizado foi exata- mente igual ao que havia sido previsto = VA < VP projeto Razões possíveis: O trabalho realizado foi exata- mente igual ao que havia sido previsto = VA < VP < 0 Razões possíveis: • Produtividade real superou a orçada; • Projeto andou rápido à custa de serviço malfeito. Medidas: O trabalho realizado foi exata- mente igual ao que havia sido no prazo. → Razões possíveis: • Produtividade real superou a orçada; • Projeto andou rápido à custa de serviço malfeito. Medidas: O trabalho realizado foi exata- mente igual ao que havia sido no prazo. VPr Foi realizado menos trabalho • Produtividade real superou a orçada; • Projeto andou rápido à custa de serviço malfeito. • Identifi car a fonte de ganho – talvez a equipe esteja “in- chada” demais; O trabalho realizado foi exata- mente igual ao que havia sido Foi realizado menos trabalho do que o previsto = • Produtividade real superou a orçada; • Projeto andou rápido à custa de serviço malfeito. • Identifi car a fonte de ganho – talvez a equipe esteja “in- chada” demais; • Manter o ritmo do trabalho. Medidas: Foi realizado menos trabalho do que o previsto = atrasado • Produtividade real superou a orçada; • Projeto andou rápido à custa de serviço malfeito. • Identifi car a fonte de ganho – talvez a equipe esteja “in- chada” demais; • Manter o ritmo do trabalho. Medidas: Foi realizado menos trabalho do que o previsto = atrasado • Produtividade real superou a orçada; • Projeto andou rápido à custa de serviço malfeito. • Identifi car a fonte de ganho – talvez a equipe esteja “in- • Manter o ritmo do trabalho. • Manter o ritmo do trabalho. Foi realizado menos trabalho do que o previsto = • Produtividade real superou a orçada; • Projeto andou rápido à custa de serviço malfeito. • Identifi car a fonte de ganho – talvez a equipe esteja “in- • Manter o ritmo do trabalho. • Manter o ritmo do trabalho. Foi realizado menos trabalho projeto Razões possíveis: • Projeto andou rápido à custa de serviço malfeito. • Identifi car a fonte de ganho – talvez a equipe esteja “in- • Manter o ritmo do trabalho. • Manter o ritmo do trabalho. projeto Razões possíveis: • Projeto andou rápido à custa de serviço malfeito. • Identifi car a fonte de ganho – talvez a equipe esteja “in- • Manter o ritmo do trabalho. Razões possíveis: • Produtividade real não conseguiu atingir a orçada – tal- vez a equipe esteja com gente de menos; • Projeto andou rápido à custa de serviço malfeito. • Identifi car a fonte de ganho – talvez a equipe esteja “in- • Manter o ritmo do trabalho. • Produtividade real não conseguiu atingir a orçada – tal- vez a equipe esteja com gente de menos; • Contratempos atrasaram o projeto: mudança de projeto, chuva, paralisação, falta de material, etc. Medidas: • Identifi car a fonte de ganho – talvez a equipe esteja “in- • Manter o ritmo do trabalho. • Produtividade real não conseguiu atingir a orçada – tal- vez a equipe esteja com gente de menos; • Contratempos atrasaram o projeto: mudança de projeto, chuva, paralisação, falta de material, etc. Medidas: • Identifi car a fonte de ganho – talvez a equipe esteja “in- • Produtividade real não conseguiu atingir a orçada – tal- vez a equipe esteja com gente de menos; • Contratempos atrasaram o projeto: mudança de projeto, chuva, paralisação, falta de material, etc. • Identifi car a fonte da perda; • Adotar providências para prevenir futuras perdas e para • Identifi car a fonte de ganho – talvez a equipe esteja “in- • Produtividade real não conseguiu atingir a orçada – tal- vez a equipe esteja com gente de menos; • Contratempos atrasaram o projeto: mudança de projeto, chuva, paralisação, falta de material, etc. • Identifi car a fonte da perda; • Adotar providências para prevenir futuras perdas e para corrigir o ritmo inadequado. • Produtividade real não conseguiu atingir a orçada – tal- vez a equipe esteja com gente de menos; • Contratempos atrasaram o projeto: mudança de projeto, chuva, paralisação, falta de material, etc. • Identifi car a fonte da perda; • Adotar providências para prevenir futuras perdas e para corrigir o ritmo inadequado. • Produtividade real não conseguiu atingir a orçada – tal- vez a equipe esteja com gente de menos; • Contratempos atrasaram o projeto: mudança de projeto, chuva, paralisação, falta de material, etc. • Identifi car a fonte da perda; • Adotar providências para prevenir futuras perdas e para corrigir o ritmo inadequado. • Produtividade real não conseguiu atingir a orçada – tal- vez a equipe esteja com gente de menos; • Contratempos atrasaram o projeto: mudança de projeto, chuva, paralisação, falta de material, etc. • Identifi car a fonte da perda; • Adotar providências para prevenir futuras perdas e para corrigir o ritmo inadequado. • Produtividade real não conseguiu atingir a orçada – tal- • Contratempos atrasaram o projeto: mudança de projeto, chuva, paralisação, falta de material, etc. • Adotar providências para prevenir futuras perdas e para corrigir o ritmo inadequado. • Produtividade real não conseguiu atingir a orçada – tal- • Contratempos atrasaram o projeto: mudança de projeto, • Adotar providências para prevenir futuras perdas e para • Produtividade real não conseguiu atingir a orçada – tal- • Contratempos atrasaram o projeto: mudança de projeto, • Adotar providências para prevenir futuras perdas e para • Contratempos atrasaram o projeto: mudança de projeto, • Adotar providências para prevenir futuras perdas e para • Adotar providências para prevenir futuras perdas e para • Adotar providências para prevenir futuras perdas e para Etapas de uma obra Uma construção é segmentada em diversas etapas, sendo cada uma com suas peculiaridades. Instalações prediais As instalações prediais são de grande importância para promover conforto e higiene aos seus usuários, dentre as quais estão as instalações hidrossanitárias e elétricas. • Instalações hidrossanitárias: dividem-se em instalações de água fria, água quente, esgoto e pluviais. Os dispositivos mais comuns nestas instalações são osregistros de gaveta, torneiras, registros de pressão e válvulas de fluxo, entre outros; PROCESSOS CONSTRUTIVOS 118 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 118 25/03/2021 16:20:12 • Instalações elétricas: as verificações dos pontos de luz, a posição dos interruptores e o posicionamento das tomadas de uso corrente são pontos importantes a serem abordados. A primeira fase de trabalho na execução das instalações elétricas, conforme registrado pelo livro de Borges, Prática das peque- nas construções, publicado no ano de 2009, trata da instalação dos eletrodutos, instalados nas paredes e lajes. A segunda fase está relacionada com passagem dos condutores pelo interior dos eletrodutos, enquanto a terceira corresponde às terminações onde os pontos são efetivamente ligados sejam eles pontos de luz ou tomadas. CURIOSIDADE Segundo o livro Técnicas e práticas construtivas para edificação, escrito por Salgado e publicado em 2018, as novas tecnologias em tubulações têm ganhado espaço em relação ao PVC, sendo possível citar alguns materiais: • Polipropileno Copolímero Random – PPR: utilizado em instalações de água fria. Por ser mais flexível, reduz o uso de conexões; • PVC mineralizado: são tubulações de PVC com paredes de maior es- pessura em relação à tubulação de PVC comum. Tem as propriedades de reduzir os barulhos nas instalações; • Sistema PEX – ponto a ponto: são utilizadas espécies de mangueiras para excluir as curvas e cotovelos, usado para água fria e quente. Acabamentos Nesta fase, são realizadas as atividades com finalidades estéticas para a obra e também funcionais. Revestimento Os revestimentos são elementos que têm a função de proteger as estruturas de intempéries como ventos, chuvas, excesso de umidade que com o tempo podem causar danos à obra. • Paredes: grande parte dos revestimentos de parede são realizados com a aplicação de argamassas, tipo mais tradicional, sendo os mais recomendados para a proteção de paredes de vedação de alvenaria interna ou externa. Um revestimento argamassado é composto das camadas de chapisco, que é a pri- meira camada aplicada diretamente nos blocos ou tijolos, com espessura em torno de 5 a 7 mm e cuja principal função é promover aderência para as demais camadas. A próxima camada é o emboço que regulariza o revestimento, sendo mais espesso em torno de 2 a 2,5 cm. Por sua vez, a camada reboco é a camada PROCESSOS CONSTRUTIVOS 119 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 119 25/03/2021 16:20:12 final, apenas com o intuito de cuidar da estética do revestimento. Porém, grande parte dos profissionais opta por utilizar apenas o chapisco e emboço, tendo o reboco também a finalidade de cuidar da estética do revestimento. • Pisos: nos pisos, são mais utilizados os revestimentos cerâmicos, em es- pecial nas áreas molhadas como cozinhas, banheiros e áreas de serviço. Nesta etapa, a destreza do profissional na aplicação dos revestimentos é fundamental. Impermeabilização O uso da água é fundamental na construção civil, pois ela é empregue no preparo de concretos, argamassas, tintas e demais materiais, além de sua utili- zação na limpeza dos ambientes. No entanto, ela pode se tornar um problema, dado que muitos materiais utilizados se deterioram na presença de umidade. Conforme Salgado, os problemas mais comuns são: • Presença de umidade as estruturas executadas no nível do solo; • Presença de umidade nas paredes próximas ao piso; • Umidade em piso; • Acúmulo de águas nas lajes com a ocorrência de infiltrações. A solução adotada para evitar tais problemas é a impermeabilização que, segundo o autor, é qualquer sistema destinado a promover a estanqueidade da água. Os usos mais comuns são na impermeabilização de vigas baldrame, argamassas, concretos e reservatórios, sem esquecer das superfícies de concre- to, como pequenas lajes e terraços. Os principais materiais impermeabilizantes empregados são os aditivos, revestimentos impermeabilizantes, emulsões e o material mais conhecido como a manta asfáltica, usada para impermeabilizar lajes, banheiros, piscinas e outros. Pintura A pintura consiste na aplicação de tintas nas superfícies e compreende ativi- dades como o preparo do substrato, diluição da tinta e aplicação, por meio de diferentes demãos e através de utensílios específicos. De acordo com Salgado, os principais conceitos utilizados no serviço de pintura são: • Superfície: madeira, concreto ou metal; • Ambiente: residencial, comercial, industrial, interno, externo, seco, úmido, etc.; • Condições do substrato: a superfície pode estar em boas condições ou não; • Textura: pode ser rústica ou lisa; • Acabamento: brilhante, acetinado, fosco ou transparente; PROCESSOS CONSTRUTIVOS 120 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 120 25/03/2021 16:20:12 • Cores: podem ser utilizadas as mais diversas cores; • Contato com água potável: algumas tintas são impróprias para o uso em ambientes que tem contato direto com a água. Finalizada a obra, é necessário tratar dos trâmites que envolvem sua entrega ao usuário. Procedimentos para a entrega da obra • Vistoria final: é uma atividade essencial, pois é a última checagem do fun- cionamento dos componentes construtivos, além da detecção de possíveis de- feitos. Tudo o que apresentar problemas deve ser corrigido, pois o cliente deve receber a obra em perfeitas condições. São verificadas as cerâmicas, em especial se possuem boa aderência com a argamassa colante e não estão ocas, se há pe- ças trincadas ou quebradas, dentre outros aspectos. É possível citar também a verificação de manchas, no chão, nas paredes ou no teto, se a cobertura está em boas condições, se portas e janelas funcionam, além do teste de funcionamento da rede elétrica e hidráulica. Tudo o que se possa imaginar dentro de uma obra deve ser verificado antes, a fim de que não ocorram surpresas na hora da en- trega; • Limpeza final: a limpeza final de uma obra não se restringe apenas à edifi- cação em si, mas também à área externa, envolvendo atividades como a remo- ção do excesso de solo, remoção de entulhos e regularização final do terreno; • Termo de entrega ou recebimento da obra: após realizar as atividades já descritas e com o aceite do cliente, é recomendado elaborar um termo em que o cliente confirma a obra como recebida e que pode encerrar as obrigações contratuais entre ambas as partes, embora não exima a construtora das respon- sabilidades técnicas em relação aos serviços executados. Manutenção e patologias das construções As obras de engenharia requerem cuidado e monitoramento constante em relação aos seus usuários por serem estruturas propensas a patologias que podem surgir em função da elaboração de um projeto inadequado, durante a execução da obra, da qualidade dos materiais em- pregados e em relação ao uso da edificação de for- ma incorreta, acompanhada de uma manutenção quase inexistente. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 121 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 121 25/03/2021 16:20:12 Sintetizando A construção civil é um setor industrial caracterizado por processos cons- trutivos muitas vezes ineficientes, com a ocorrência de grandes quantidades de perdas. Num contexto econômico de elevação dos custos para a construção, cada vez mais se torna necessária a adoção de ferramentas que possam gerir as perdas e propor novas estratégias, monitorando e controlando os custos ao longo do desenvolvimento do empreendimento. Diante disso, nesta unidade, foi possível conhecer os principais conceitos re- lacionados às perdas construtivas, como sua natureza e os critérios de classifica- ção. Além disso, foi possível ver os principais indicadores adotados para a acom- panhar as perdas construtivas. Foi introduzido o conceito de Produção Enxuta e o pensamento enxuto, bem como a transformação dessa metodologia para seu emprego na indústria da construção civil, atuando de modo a eliminar as perdas. O conceito de curva S foi apresentado e aplicado para acompanharo desen- volvimento dos projetos de construção civil, a fim de analisar parâmetros como o trabalho e os custos envolvidos no projeto. Outra ferramenta de acompanha- mento dos projetos apresentada foi a Análise de Valor Agregado. Por fim, foram conhecidas algumas das etapas de uma obra, como as instalações hidrossanitá- rias e elétricas, revestimentos, pintura e atividades envolvidas no processo de entrega da obra. Lidar com perdas é algo que, embora natural, precisa ser amenizado. Numa obra, como visto nesta unidade, é possível reduzir tais perdas a partir de ações simples, embasadas sempre nos recursos físicos e financeiros, que são diversos e estão interligados de tal forma que ambos devem receber a mesma atenção, de modo que o planejamento e a execução do projeto não sofram tanto com imprevistos de qualquer natureza. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 122 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 122 25/03/2021 16:20:12 Referências bibliográficas BALLÉ. M. A Estratégia Lean: para criar vantagem competitiva, inovar e produzir com crescimento sustentável. Porto Alegre: Bookman, 2019. BERNARDES, M. M. S. Planejamento e controle da produção para empresas de construção civil. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2021. BORGES, A. C. Prática das pequenas construções. São Paulo: Blucher, 2009. EUPHROSINO, C. A. et al. Mapeamento do processo produtivo e construtivo de alve- naria de tijolo de solo-cimento para habitação de interesse social. Matéria, Rio de Ja- neiro, v. 24, n. 4, e12523, 2019. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?s- cript=sci_arttext&pid=S1517-70762019000400341&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 04 mar. 2021. GONÇALES FILHO, M; CAMPOS, F. C; ASSUMPCAO, M. R. P. Revisão sistemática da literatura com análise bibliométrica sobre estratégia e Manufatura Enxuta em segmentos da indústria. Gestão e Produção, São Carlos, v. 23, n. 2, p. 408-418, abr./jun. 2016. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art- text&pid=S0104-530X2016000200408&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 04 mar. 2021. GONÇALVES, P. H. G. BRANDSTETTER, M. C. G. O. Proposta para a gestão da pro- dução em sistemas construtivos – análise de perdas e reuso. Encontro Nacional de Engenharia de Produção, XXXVI., 2016, João Pessoa. Anais... Rio de Janeiro: ABEPRO, 2016. KOSKELA, L. Application of the new production philosophy to construction. CIFE Technical Report #72. Palo Alto (CA): Stanford University, 1992. Disponível em: <https://www.leanconstruction.org/media/docs/Koskela-TR72.pdf>. Acesso em: 04 mar. 2021. MATTOS, A. D. Planejamento e controle de obras. São Paulo: Editora PINI, 2010. PINHEIRO, A. C. F. B; CRIVELARO, M. Planejamento e custos de obras. Série Eixos. São Paulo: Érica, 2014. SALGADO, J. C. P. Técnicas e práticas construtivas para edificação. 4. ed. rev. atual. São Paulo: Érica, 2018. SANTOS, P. R. R.; SANTOS, D. G. Investigação de perdas devido ao trabalho inacabado e o seu impacto no tempo de ciclo dos processos construtivos. Ambiente construído, Por- to Alegre, v. 17, n. 2, p. 39-52, abr./jun. 2017. Disponível em: <https://www.scielo.br/scie- PROCESSOS CONSTRUTIVOS 123 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 123 25/03/2021 16:20:12 lo.php?script=sci_arttext&pid=S1678=86212017000200039-&lng=pt&nrm=iso&tlng- pt>. Acesso em: 04 mar. 2021. SOUZA, U. E. L. Como reduzir perdas nos canteiros – manual de gestão do con- sumo de materiais na construção civil. São Paulo: Editora Pini, 2005. v. 1. TEIXEIRA NETTO, J. et al. Proposta de melhorias na gestão de empresas de cons- trução civil: um estudo de caso internacional. Interações, Campo Grande, v. 21, n. 3, p. 499-512, jul./set. 2020. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?s- cript=sci_arttext&pid=S1518-70122020000300499&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 04 mar. 2021. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 124 SER_ENGCIV_PROCON_UNID4.indd 124 25/03/2021 16:20:12